137
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA - DOUTORADO LUIS FELIPE TUBAGI POLITO VALIDADE DA ESCALA PICTÓRICA DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DO ESFORÇO PARA JOGADORES DE FUTEBOL – ESCALA GOL Orientadora: Profa. Dra. Maria Regina Ferreira Brandão Coorientador: Prof. Dr. Aylton José Figueira Junior SÃO PAULO 2018

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA - DOUTORADO

LUIS FELIPE TUBAGI POLITO

VALIDADE DA ESCALA PICTÓRICA DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DO ESFORÇO PARA JOGADORES DE FUTEBOL – ESCALA GOL

Orientadora: Profa. Dra. Maria Regina Ferreira Brandão Coorientador: Prof. Dr. Aylton José Figueira Junior

SÃO PAULO 2018

Page 2: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

LUIS FELIPE TUBAGI POLITO

VALIDADE DA ESCALA PICTÓRICA DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DO

ESFORÇO PARA JOGADORES DE FUTEBOL – ESCALA GOL

Tese de Doutorado apresentada à

Universidade São Judas Tadeu, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em

Educação Física, sob a orientação da Profa.

Dra. Maria Regina Ferreira Brandão e coorientação do Prof. Dr. Aylton José Figueira

Junior

SÃO PAULO 2018

Page 3: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

Polito, Luis Felipe Tubagi P769e Evidências da validade da escala pictórica de percepção

subjetiva do esforço para jogadores de futebol / Luis Felipe Tubagi. - São Paulo, 2018.

137 f.: il.; 30 cm.

Orientadora: Maria Regina Ferreira Brandão. Tese (doutorado) – Universidade São Judas Tadeu, São

Paulo, 2018.

1. Futebol. 2. Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título

CDD 22 – 796

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Universidade São Judas Tadeu

Bibliotecária: Cláudia Silva Salviano Moreira - CRB 8/9237

Page 4: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

LUIS FELIPE TUBAGI POLITO

EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DA ESCALA PICTÓRICA DE PERCEPÇÃO

SUBJETIVA DO ESFORÇO PARA JOGADORES DE FUTEBOL

Tese de Doutorado apresentada à Universidade São Judas Tadeu,

como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Educação

Física, sob a orientação da Profa. Dra. Maria Regina Ferreira

Brandão e coorientação do Prof. Dr. Aylton José Figueira Junior

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________

Profa. Dra. Maria Regina Ferreira Brandão Orientadora – Universidade São Judas Tadeu

______________________________________________________________________

Prof. Dr. Aylton José Figueira Junior Universidade São Judas Tadeu

______________________________________________________________________

Prof. Dr. João Paulo Borin Universidade Estadual de Campinas

______________________________________________________________________

Prof. Dr. Sérgio Gregório da Silva Universidade Federal do Paraná

______________________________________________________________________

Profa. Dra. Íris Callado Sanches Universidade São Judas Tadeu

______________________________________________________________________

Prof. Dr. Marcelo Callegari Zanetti Universidade São Judas Tadeu

Page 5: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

DEDICATÓRIA

A minha mãe, Laila Tubagi Polito, detentora do mais complexo dos conhecimentos: o

amor. Com ele me ensinou absolutamente tudo que eu sei, em especial aquilo que a

Academia não pode ensinar. Sem ela, não teria chegado nem na metade do caminho.

A meu pai, Luiz Carlos Polito, exemplo de pai, homem, marido e, principalmente, amigo.

Quem serve de inspiração todos os dias e todas as noites. Com ele tive as duas melhores

experiências em toda minha carreira no Esporte: Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio

2016.

A Jéssica F. Alves, quem me ensinou que a vida pode ser melhor quando se tem uma

companhia para os shows de Rock N’ Roll. Companheira em todos os momentos

maravilhosos e, principalmente, nos não tão maravilhosos assim.

Às minhas sobrinhas, Anna Lara & Letícia, as quais me servem de inspiração para mostrar

que a dedicação e a humildade sempre valem a pena.

Ao Prof. Gunnar Borg, sem ele este trabalho não existiria.

Ao futebol...

Page 6: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus e à Nossa Senhora Aparecida, por tudo de bom.

Aos meus pais, que acima de tudo, tiveram por mim um amor incondicional, fazendo questão de demonstrarem este amor dia após dia ao longo destes 31 anos de vida. Agradeço

também por sempre, sem medirem esforços, me propiciarem absolutamente todas as condições que me permitiram chegar até aqui, principalmente a sabedoria da vida nos

momentos de enfrentar as dificuldades e as minhas próprias limitações

A minha mulher Jéssica Fossati Alves. Nos últimos meses me mostrou que o maior dom do “ser mulher” é ser companheira nos momentos mais difíceis. Obrigado por ter sido e

continuar sendo uma base sólida da minha felicidade e das minhas perspectivas, uma das melhores coisas que me aconteceu

A minha orientadora, Profa. Dra. Maria Regina Ferreira Brandão, quem dedicou

carinhosamente parte do seu tempo para o meu enriquecimento profissional, acadêmico e pessoal, se configurando mais do que uma orientadora, uma verdadeira amiga.

Ao Prof. Dr. Aylton José Figueira Junior, a Luciene Figueira Junior e a Sophie por terem

sido, ao longo destes 10 anos, verdadeiros amigos Ao Prof. Dr. Sérgio Gregório da Silva pelo fraterno acolhimento e por toda a aprendizagem

no meu estágio doutoral na Universidade Federal do Paraná

A Profa. Dra. Elisabet Borg pela oportunidade ímpar na Universidade de Estocolmo

Ao Prof. Gunnar Borg, por representar, através de seus trabalhos, um marco-histórico na Educação Física e no Treinamento, e também pela inesquecível oportunidade de ter, ao

lado dele, tomado um café enquanto apresentava a Escala GOL

Ao Prof. Marcelo Callegari Zanetti, por ter se mostrado um grande amigo e parceiro, compartilhando comigo as angústias da vida, acadêmica e pessoal

A Profa. Maria Luiza de Jesus Miranda pela oportunidade e pelo auxílio em várias tarefas

ao longo destes 10 anos de Universidade São Judas Tadeu.

Aos meus irmãos acadêmicos, Carla Giuliano de Sá Pinto Montenegro e Fábio Luis Ceschini, orgulho eterno da minha origem ter sido ao lado destes dois, com os quais apenas

aprendo

Page 7: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

Ao Prof. Mário Augusto Charro pelas inúmeras oportunidades que me motivaram a continuar investindo meu tempo no constante estudo da Fisiologia do Esporte e do

Treinamento

Ao Prof. Ricardo Ramunno pelas constantes palavras de incentivo, carinho e confiança

Ao Prof. Rogério Toto por tornar o ambiente de trabalho muito mais agradável, não apenas nos incentivando a crescer, mas nos dando a oportunidade de. Faz nosso trabalho docente

ser simples.

A Profa. Mariantonia pela compreensão e contínuo apoio dado para o meu desenvolvimento profissional

Ao Prof. Marcelo Luis Marquezi, quem, com suas aulas, me despertou pela primeira vez o

interesse pela Fisiologia do Exercício e pelo Treinamento Desportivo

Ao Prof. Dalton Viesti, quem me deu a primeira oportunidade como docente na Trevisan Escola de Negócios

A toda diretoria do Oeste Futebol Clube, especialmente Valter da Conceição Ribas Lima,

Rodrigo Braghetto e Marcelo Bertazzo Costa. Também a todos os atletas e aos demais funcionários que tornaram possível a execução deste trabalho

Ao Dr. Marcelo de Mesquita Spinola, pela oportunidade de aprendizado na execução dos

testes e tratamento dos dados.

A todos os alunos e funcionários que tornaram as coletas de dados possíveis, especialmente Yago de Moura Carneiro, Felipe Dorta Valverde e João Lourenção

A dois especiais alunos que, após pouco tempo, se tornaram grandes amigos, Helton

Magalhães Dias e Sérgio Rubem Miranda Júnior.

A todas as instituições que me permitem, todos os dias, de domingo a domingo, exercer a docência, enfrentando as saborosas dificuldades da sala de aula: Universidade Metodista de São Paulo, Faculdades Metropolitanas Unidas, Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, Universidade Estácio de Sá, Universidade Anhembi Morumbi,

Trevisan Escola de Negócios

Ao Prof. Thiago Bagüês, sem os seus ensinamentos na língua inglesa nenhuma experiência internacional teria sido possível. E se fosse, não teria dado tão certo.

Ao futebol, por todas as experiências incríveis

Page 8: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

Epígrafe

“Qualquer teoria física é sempre provisória, o sentido de que é apenas uma hipótese: nunca se pode prová-la. Não importa quantas vezes os resultados dos experimentos coincidam com alguma teoria, nunca se pode ter certeza de que o resultado não irá contradizê-la da vez seguinte. Em contrapartida, podemos refutar uma teoria ao encontrar uma única observação em desacordo com as previsões” (HAWKING, 2015, p. 21)

Page 9: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

POLITO, L.F.T. Validade da escala pictórica de percepção subjetiva do esforço para

jogadores de futebol – Escala GOL. 2018. 137 f. Tese (Doutorado em Educação Física) –

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física – Universidade São Judas

Tadeu, São Paulo.

RESUMO

A percepção subjetiva do esforço (PSE) pode ser utilizada tanto para monitoramento da

intensidade dos esforços realizados no treinamento do futebol, como para estimativa da carga

interna de treinamento pelo protocolo Foster et al. (2001). Apesar desta variável ser

frequentemente utilizada no futebol, não há uma escala de percepção subjetiva do esforço

específica desenvolvida e validada para tal modalidade, sendo utilizada, na maioria das vezes,

escalas genéricas constituídas de ancoragens verbais, que podem favorecer problemas

semânticos de interpretação e tradução (quando traduzida sem o devido processo de adaptação

transcultural). Com isso, a presente Tese foi dividida em dois estudos, o primeiro teve o objetivo

de desenvolver e validar a escala pictórica de percepção subjetiva do esforço para jogadores de

futebol, denominada Escala GOL, enquanto o segundo objetivou verificar a validade ecológica

da Escala GOL para estimativa da carga interna de treinamento em atletas de futebol pelo

protocolo Foster. Na fase de desenvolvimento os desenhos da escala foram desenvolvidos com

base na construção teórica do esforço percebido e dos sinais fisiológicos provenientes do

exercício incremental. Para garantir a representatividade dos desenhos, estes foram validados

por 9 juízes (nove professores com titulação de Doutor: fisiologistas, preparadores físicos e

psicólogos esportivos). A versão final da escala é composta por seis desenhos que demonstram

diferentes graus de esforço (1: baixo esforço até 6: exaustão). Na fase de validação, 20

jogadores profissionais de futebol (16,40 ± 0,68 anos; estatura 175,45 ± 9,00 cm; massa

corporal total 66,39 ± 7,75 kg; % de massa gorda 12,39 ± 3,31; massa gorda de 8,21 ± 2,28 kg;

massa isenta de gordura 58,18 ± 7,30 kg) foram avaliados em um protocolo progressivo de 3

minutos de estímulo por 1 de recuperação entre os estágios até a exaustão voluntária no Teste

de Esforço Cardiopulmonar Máximo (TECM), e no Yo Yo Intermittent Recovery Test – Level

1 (Yo-Yo). A PSE identificada pela Escala GOL, pela Escala Borg 6 – 20 e pela Escala

Cavasini, bem como a frequência cardíaca (FC), percentual de frequência cardíaca máxima

(%FCmáx) e a concentração sanguínea de lactato ([La]) foram imediatamente avaliadas após

cada estágio de ambos os testes. Foi utilizado coeficiente de correlação de Spearman e adotado

Page 10: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

margem de segurança de 95% (p < 0,05). No TECM, foram encontradas correlações

significantes da Escala GOL com Escala Borg RPE 6 – 20 (r = 0,93), Escala Cavasini (r = 0,91),

%FCmáx (r = 0,91), FC (r = 0,87) e [La] (r = 0,68), enquanto que no Yo-YoIRT1, foram

encontradas correlações significantes da Escala GOL com Escala Borg RPE 6 – 20 (r = 0,88),

Escala Cavasini (r = 0,90), %FCmáx (r = 0,86), FC (r = 0,83) e [La] (r = 0,83). Para verificar a

validade ecológica da Escala GOL, 21 atletas profissionais de futebol (21,90 ± 4,04 anos;

estatura 180,30 ± 6,24 cm; massa corporal total 74,9 ± 8,57 kg; % de massa gorda 12,10 ± 2,20;

massa gorda de 9,10 ± 2,27 kg; massa isenta de gordura 65,80 ± 7,07 kg) foram avaliados

durante 62 sessões de treinamento, elaboradas pelos profissionais da comissão técnica, e a 3

jogos oficiais da modalidade. O cálculo da CIT foi feito pela multiplicação da PSE identificada

por ambas as escalas, Foster e Escala GOL pelo tempo da sessão de treinamento em minutos.

A monotonia do treinamento foi calculada pela divisão da média da CIT da semana pelo desvio

padrão da CIT da semana, enquanto que a tensão do treinamento foi calculada pela somatória

da CIT da semana multiplicada pela monotonia. Os dados mostraram correlações significantes

entre a CIT mensurada a partir da Escala Foster e a a partir da Escala GOL (r = 0,94), assim

como para monotonia e tensão do treinamento (r = 0,92 e r = 0,97, respectivamente). Em ambos

os estudos, foi utilizado coeficiente de correlação de Pearson para medidas paramétricas e

correlação de Spearman para não paramétricas (p < 0,05). CONCLUSÃO: os resultados

demonstram que o uso de uma escala pictórica de percepção subjetiva do esforço, denominada

Escala GOL, apresenta evidências fortes de validação para ser empregada no acompanhamento

dos atletas de futebol ao longo de testes incrementais, realizados tanto em laboratório como em

campo, e ao longo das sessões de treinamento. A ausência de ancoragens verbais possibilita o

uso deste instrumento para atletas de diferentes idiomas, sem haver problemas semânticos

provenientes da tradução do instrumento sem a devida adaptação transcultural.

Palavras Chaves: Futebol, Psicofisiologia, Esforço Físico

Page 11: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

POLITO, L.F.T. Validity of pictorial scale of perceived exertion for soccer athletes – GOL

Scale. 2018. 137 f. Thesis (Doctorate in Physical Education) – Graduate Program in Physical

Education – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo.

ABSTRACT

The rate of perceived exertion (RPE) can be used to monitor the intensity of efforts made on

soccer training sessions, such as to estimate the internal training load by Foster et al. (2001)

protocol. In spite of the fact that this variable is often used in soccer, there is not a perceived

exertion scale developed and validated specifically for this sport. Instead, generic scales which

have verbal anchors, which can propitiate semantic problems in understanding and translation

(without the fundamental process of cross-cultural validation) have been frequently used.

Therefore, the present thesis was divided in two studies, the first one aimed to develop and to

validate a pictorial perceived exertion scale specific to soccer athletes called GOL Scale, the

second one aimed to verify the ecologic validation of the GOL Scale to estimate the internal

training load in soccer players using the Foster’s method. In the developing phase, the drawings

of the scale were developed based on the theoretical construction of perceived exertion and on

the physiological signals from incremental exercise. In order to ensure the representativeness

of the drawings, they were validated by nine judges (nine PhD professors: physiologists,

physical trainers and sports psychologists). The final version of the scale is composed by six

drawings, which demonstrate different exertion levels (1: low exertion to 6: exhaustion). In the

validation phase, twenty professional soccer players (16,40 ± 0,68 y; stature 175,45 ± 9,00 cm;

total body mass 66,39 ± 7,75 kg; % fat mass 12,39 ± 3,31; fat mass 8,21 ± 2,28 kg; fat free mass

58,18 ± 7,30 kg) were evaluated in a progressive protocol involving stimuluses of three minutes

with one minute for the rest into the stages until the voluntary exhaustion in Maximal

Cardiopulmonary Effort Test (MCET), and in the Yo Yo Intermittent Recovery Test – Level 1

(Yo-Yo). The RPE identified by the GOL Scale, by the Borg Scale 6 – 20 and by the Cavasini

Scale, as well as the heart rate (HR), perceptual of the heart rate (%HRmáx) and the blood

lactate concentration ([La]) were immediately evaluated after each stage of both tests.

Spearman’s correlation coefficient (p < 0,05) was used. In the MCET, significant correlation

values of the GOL Scale with Borg Scale (r = 0,93), Cavasini Scale (r = 0,91), %HRmáx (r =

0,91), HR (r = 0,87) and [La] (r = 0,68) were found, as in the Yo-YoIRT1, significant correlation

values of the GOL Scale with Borg Scale (r = 0,88), Cavasini Scale (r = 0,90), %HRmáx (r =

Page 12: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

0,86), HR (r = 0,83) and [La] (r = 0,83) were found. To verify the ecologic validation of The

GOL Scale, twenty-one professional soccer athletes (21,90 ± 4,04 y; stature 180,30 ± 6,24 cm;

total body mass 74,9 ± 8,57 kg; % fat mass 12,10 ± 2,20; fat mass 9,10 ± 2,27 kg; fat free mass

65,80 ± 7,07 kg) were evaluated during sixty-two session trainings, planned by the professionals

of the technical team, and three official soccer matches. The calculation of the ITL was done

by the multiplication of the RPE identified by both scales, Foster and GOL Scale, by the time

of training session in minutes. The training monotony was calculated by the division of the

average of the week ITL by the standard deviation of the week ITL, as the training strain was

calculated by the sum of the week ITL multiplied and the training monotony. The data showed

significant correlation between the internal training load calculated by the Foster Scale and

calculated by the GOL Scale (r = 0,94), as well as for the monotony and strain training (r = 0,92

and r = 0,97, respectively). In both studies, Pearson’s correlation coefficient for parametric

variables and Spearman’s for the non-parametric was used (p < 0,05). The results showed that

the use of a pictorial perceived exertion scale, called GOL Scale, shows strong evidence of

validation to be employed in the following-up of the soccer athletes in incremental tests, made

in laboratory or field, and also in training sessions. The absence of verbal anchors makes the

use of this instrument to soccer athletes of different languages possible, and there are no

semantic problems arising from the translation of the instrument without the needed

transcultural adaptation.

Key Words: Soccer, Psychophysiology, Physical Effort

Page 13: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

13

SUMÁRIO

Pg

LISTA DE FIGURAS 16

LISTA DE GRÁFICOS 18

LISTA DE TABELAS 19

LISTA DE ANEXOS 20

LISTA DE APÊNDICES 21

LISTA DE ABREVIATURAS 22

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 24

1.1. CONTEXTUALIZANDO A TEMÁTICA DO ESTUDO 24

1.2. OBJETIVOS 29

ESTUDO 1 - Elaboração e validação de uma escala pictórica de percepção

subjetiva do esforço especifica para o futebol (Escala GOL)

29

Objetivos específicos do Estudo 1 29

ESTUDO 2 – Aferição da validade ecológica da Escala GOL para

estimativa da carga interna de treinamento pelo protocolo Foster

29

Objetivos específicos do Estudo 2 29

1.3. HIPÓTESES 29

1.4. JUSTIFICATIVA 30

CAPÍTULO 2 REVISÃO SISTEMÁTICA INDICADORES

PSICOFISIOLÓGICOS DE DESEMPENHO E MONITORAMENTO DA

INTENSIDADE DE TREINAMENTO EM ATLETAS DE FUTEBOL

33

2.1. RESULTADOS E ANÁLISE DOS ESTUDOS 35

2.2. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 40

Frequência cardíaca (FC) 40

Concentração sanguínea de lactato ([La]) 43

Aptidão cardiorrespiratória 45

Instrumentos psicofisiológicos aplicados ao futebol 52

CAPÍTULO 3 ESTUDO 1 ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DE UMA

ESCALA PICTÓRICA DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DO ESFORÇO

ESPECÍFICA PARA O FUTEBOL (ESCALA GOL)

57

3.1. INTRODUÇÃO 57

3.2. MÉTODO 66

Page 14: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

14

3.2.1. Participantes 66

3.2.2. Instrumentos 67

3.2.3. Validação por juízes 68

3.2.4. Teste de esforço cardiopulmonar máximo (TECM) 71

3.2.5. Medidas antropométricas e composição corporal 71

3.2.6. Consumo de oxigênio (VO2) e frequência cardíaca (FC) 73

3.2.7. Concentração sanguínea de lactato ([La]) 77

3.2.8. Percepção subjetiva do esforço 79

3.2.9 Procedimentos 80

Instruções 80

Sequência de Procedimentos – Teste Laboratorial (Teste de Esforço

Cardiopulmonar Máximo)

81

Sequência de Procedimentos – Teste de Campo (Yo-Yo Intermittent

Recovery Test – Level 1)

82

3.2.10. Análise Estatística 83

3.3. RESULTADOS 84

3.3.1. Validação Concorrente – ESCALA GOL 86

3.3.2. Validação de Constructo – ESCALA GOL 88

3.4 DISCUSSÃO 91

3.5 CONCLUSÃO 95

CAPÍTULO 4 ESTUDO 2 AFERIÇÃO DA VALIDADE ECOLÓGICA

DA ESCALA GOL PARA ESTIMATIVA DA CARGA INTERNA DE

TREINAMENTO PELO PROTOCOLO FOSTER

96

4.1. INTRODUÇÃO 96

4.2. MÉTODO 99

4.2.1. Participantes 99

4.2.2. Desenho experimental 100

4.2.3. Medidas antropométricas e composição corporal 101

4.2.4. Percepção subjetiva do esforço 101

4.2.5. Procedimentos 101

4.2.6. Análise estatística 103

4.3. RESULTADOS 104

4.4. DISCUSSÃO 106

Page 15: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

15

4.5. CONCLUSÃO 112

CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 113

6. REFERÊNCIAS 114

ANEXOS 126

APÊNDICES 130

Page 16: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

16

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Modelo de feedback aferente simplificado (A) e modelo de

descarga corolária (B) para percepção subjetiva do esforço. Adaptado de

MARCORA (2009)

27

Figura 2. Processo de filtragem dos artigos encontrados nas bases de dados

de acordo com os critérios de inclusão e exclusão 35

Figura 3. Esquema representativo dos principais esquemas utilizados para

avaliação da fadiga psicofisiológica no futebol 39

Figura 4. Yo-yo Intermitent Recovery Test 47

Figura 5. Teste de habilidade de sprints repetidos 48

Figura 6. Teste de agilidade de Illinois 50

Figura 7. Taxas subjetivas de qualidade de sono, fadiga, estresse e dor

muscular. Adaptado de Hooper e Mackinnon (1995) 53

Figura 8. Escala de ativação 54

Figura 9. Escala de afetividade 54

Figura 10. Primeira versão da Escala Borg RPE 6-20 59

Figura 11. Versão final da Escala Borg RPE 6-20 59

Figura 12. Primeira versão da Escala Borg CR10 60

Figura 13. Versão final da Escala Borg CR10 61

Figura 14. Escala CR100® 62

Figura 15. Escala Cavasini de PSE 63

Figura 16. Escala OMNI para treinamento resistido em adultos. 65

Figura 17. Desenho Experimental da validação da escala GOL 68

Figura 18. Exemplificação da evolução da Escala GOL, utilizando as

imagens 4 e 6 do instrumento 70

Figura 19. Ergômetro PrecorÒ USA, modelo C964i 71

Figura 20. Balança mecânica modelo – FilizolaÒ 72

Figura 21. Estadiômetro fixo Prime MedÒ 72

Figura 22. Adipômetro científico da marca SannyÒ, modelo AD1011-

LDC 73

Figura 23. Analisador de gases expirados modelo Vmax Encore 29c

System, SensorMedicsÒ 74

Page 17: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

17

Figura 24. Eletrocardiógrafo computadorizado modelo ErgoPC 13.

MicromedÒ 74

Figura 25. Bocal VacuMedÒ devidamente esterilizado, armazenado antes

da utilização 75

Figura 26. Clipe nasal pronto para utilização 75

Figura 27. Monitor de frequência cardíaca da marca PolarÒ modelo RC3

GPS 76

Figura 28. Aparelho de pressão arterial da marca Welch Allyn

DurashockÒ modelo DS44 76

Figura 29. Estetoscópio da marca LitmannÒ, modelo Classic III 77

Figura 30. Lactímetro da marca ROCHEÒ modelo Accutrend Plus 78

Figura 31. Lancetas descartáveis da marca ROCHEÒ modelo Accu-Check

Safe-T-Pro Uno 78

Figura 32. Fitas reagentes de lactato da marca ROCHEÒ modelo

Accutrend 78

Figura 33. Capilares heparinizados com 80 IU/ml de heparina sódica 79

Figura 34. Estágios do Yo-Yo Intermittent Recovery Test – Level 1 82

Figura 35. Escala Visual Analógica – questionário para avaliação da carga

de treinamento no futebol. Adaptado de REBELO et al. (2012) 98

Page 18: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

18

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Validação concorrente da Escala GOL – TECM 86

Gráfico 2. Validação concorrente da Escala GOL – Yo-Yo Intermittent Recovery

Test – Level 1

87

Gráfico 3. Validação de constructo da Escala GOL – TECM 88

Gráfico 4. Validação de constructo da Escala GOL – Yo Yo Intermittent

Recovery Test – Level 1

89

Gráfico 5. CIT ao longo das 62 sessões de treinamento por 2 distintos

instrumentos de PSE

104

Gráfico 6. Monotonia calculada ao longo das sessões de treinamento por 2

distintos instrumentos de PSE

105

Gráfico 7. Tensão calculada ao longo das sessões de treinamento por 2 distintos

instrumentos de PSE

106

Page 19: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

19

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Descrição dos estudos em relação ao tamanho amostral, idade e

categoria dos jogadores avaliados

36

Tabela 2 Valores da escala PEDro para os estudos revisados 37

Tabela 3. Variáveis antropométricas e fisiológicas dos atletas de futebol –

Estudo 1

66

Tabela 4. Variáveis fisiológicas, metabólicas e perceptivas em relação às

ancoragens da Escala GOL durante TECM

84

Tabela 5. Variáveis fisiológicas, metabólicas e perceptivas em relação às

ancoragens da Escala GOL durante Yo-Yo Intermittent Recovery Test – Level 1

85

Tabela 6. Correlação entre variáveis durante Teste de Esforço Cardiopulmonar

Máximo

89

Tabela 7. Correlação entre variáveis durante Yo-Yo Test 90

Tabela 8. Percentual de uso das ancoragens de diferentes instrumentos de PSE

no TECM e no Yo-Yo Test

90

Tabela 9. Relação dos limiares com as ancoragens de diferentes instrumentos de

PSE no TECM e no Yo-Yo Test

91

Tabela 10. Variáveis antropométricas e fisiológicas dos atletas de futebol –

Estudo 2

99

Tabela 11. Valores médios de CIT por Foster e GOL para as sessões de

treinamento e jogos oficiais da modalidade

104

Tabela 12. Valores de correlação entre a escala Foster e a escala GOL para três

variáveis do treinamento

106

Page 20: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

20

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1. Escala OMNI de percepção do esforço para treinamento em cicloergômetro

126

Anexo 2. Tabela Pictórica de Taxa do Esforço para Criança 127

Anexo 3. Escala OMNI de caminhada/corrida de percepção subjetiva do esforço para crianças

128

Anexo 4. Escala CR10 Adaptada 129

Page 21: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

21

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice 1. Termo de consentimento livre e esclarecido 130

Apêndice 2. Termo de assentimento livre e esclarecido 133

Apêndice 3. Planilha de coletas do teste de esforço cardiopulmonar máximo 135

Apêndice 4. Planilha de coletas do Yo-Yo intermittent recovery test – level 1 136

Apêndice 5. Meses e microciclos de treinamento relativos ao período de monitoramento da CIT

137

Page 22: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

22

LISTA DE ABREVIATURAS

%FCmáx percentual da frequência cardíaca máxima

%FCpico percentual da frequência cardíaca de pico

%MG Percentual de Massa Gorda

[La] concentração sanguínea de lactato

Borg Escala de PSE Borg 6 – 20

CAF atletas de futebol suplementados com cafeína

Cavasini Escala de PSE Cavasini

CHO carboidrato

CIT carga interna de treinamento

CITmuscular carga interna de treinamento da muscular

CITrespiração carga interna de treinamento da respiração

CON atletas de futebol suplementados com carboidrato

DALDA Daily analysis of life demands in athletes

FC frequência cardíaca

GPS sistema de monitoramento da posição global

HIGH alta intensidade

LAn 1 Limiar Anaeróbico 1

LAn 2 Limiar Anaeróbico 2

LDH lactato desidrogenase

LIST Loughborough Intermittent Shuttle Test

LO baixa intensidade

LSPT Loughborough Soccer Passing Test

MCT massa corporal total

MG Massa Gorda

MIG Massa Isenta de Gordura

MOD intensidade moderada

PCERT Tabela Pictórica de Taxa do Esforço para Criança

pH potencial hidrogênionico

POMS Perfil do Estado de Humor

PSE percepção subjetiva de esforço

PSEsessão PSE da sessão de treinamento

Page 23: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

23

RAST teste de habilidade de sprints repetidos

TALE Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TECM teste de esforço cardiopulmonar máximo

TMB Taxa Metabólica Basal

VAS Escala Visual Analógica

VO2máx consumo máximo de oxigênio

Yo-Yo IE 1 Yo-Yo Intermittent Endurance Test – Level I

Yo-Yo IE 2 Yo-Yo Endurance Test – Level 2

Yo-Yo IRT 1 Yo-Yo Intermittent Recovery Test – Level I

Yo-Yo IRT 2 Yo-Yo Intermittent Recovery Test – Level II

Page 24: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

24

CAPITULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZANDO A TEMÁTICA DO ESTUDO

O futebol é o esporte mais popular do mundo, sendo praticado pelos públicos mais

diversos, incluindo homens e mulheres, crianças, adolescentes e adultos. O sucesso no futebol,

assim como em qualquer modalidade esportiva, depende de uma somatória de fatores diversos,

em que podem ser incluídos: biomecânica adequada dos gestos técnicos e bom nível de

preparação técnica, tática e psicológica, o que torna essencial a integração de profissionais de

distintas áreas, dentre eles, os profissionais de educação física (preparadores físicos) e os

psicólogos esportivos (STØLEN et al., 2005).

Ao longo do processo de preparação de um jogador de futebol o grande desafio

enfrentado pelos preparadores físicos é o controle das unidades do treinamento, incluindo

volume, intensidade e densidade que cada atleta é submetido (WEINECK, 1999). O controle

de tais variáveis, segundo Platonov (2008), ocorre em dois níveis distintos, porém relacionados:

no primeiro nível, encontra-se a coleta e o registo da maior quantidade possível de informações

acerca da rotina do treinamento da equipe e, em níveis mais específicos, dos atletas

individualmente. Deve-se incluir nestas informações: o volume total de trabalho por hora,

número de dias de treinamento, número de dias de recuperação, meios e métodos de treinamento

utilizados nos diferentes períodos e fases, número de tarefas de cada sessão de treinamento,

sistemas energéticos priorizados nas tarefas, dias de competição, entre outros itens

característicos de cada situação. O segundo nível implica na análise detalhada das informações

coletadas e registradas, e a consequente interpretação para que ocorram as manipulações

adequadas no sistema de preparação desportiva afim de otimizar o desempenho e evitar, ao

máximo, o aparecimento de lesões, cujas causas não sejam o contato físico inerente da prática

da modalidade.

Gomes (2009) acrescenta que a relação entre as cargas impostas no treinamento e a

condição física do atleta constitui o problema central da teoria e da prática do planejamento do

treinamento. De igual modo, a intensidade da carga, definida por Grosser, Starischka e

Zimmermann (1988) como a força do estímulo manifestada pelo praticante no momento do

Page 25: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

25

esforço, também apresenta relação direta com o nível de condicionamento físico do indivíduo,

e relação indireta com as variáveis que o influenciam, como momento da temporada, por

exemplo.

Nesse sentido, é de fundamental importância na rotina de treinamento dos mais diversos

esportes, a utilização de variáveis que possam ser utilizadas para estimativa da intensidade de

esforço ao qual os atletas serão submetidos. Tais indicadores podem ser de ordem

predominantemente fisiológica, como o consumo máximo de oxigênio (VO2máx), a frequência

cardíaca (FC), os limares ventilatórios, metabólica, como a concentração sanguínea de lactato

([La]) (BELLOTTI et al., 2013; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016), e também de ordem

psicofisiológica, como a percepção subjetiva de esforço (PSE) e a carga interna de treinamento

(CIT), calculada frequentemente a partir do produto da PSE pela duração das sessões de treino

(FOSTER et al., 2001).

O conceito da PSE está na capacidade de interpretação pelo indivíduo da intensidade

do exercício que executa, de acordo com os seus níveis de referência. Assim, a percepção

subjetiva do esforço pode ser definida como “sentimento de quão forte, extenuante e árduo é o

exercício” (BORG, 1961; NOBLE; ROBERTSON, 2004), refletindo assim sentimentos de

esforço, tensão, desconforto e fadiga, como afirmam Robertson e Noble (1997). Trata-se de

uma variável frequentemente utilizada no âmbito do exercício físico e, mais especificamente,

dos esportes coletivos, pois permite de forma prática que os treinadores e preparadores físicos

avaliem a intensidade proveniente dos vários exercícios que compõem, por exemplo, uma

determinada sessão de treinamento (IMPELLIZZERI; RAMPININI; MARCORA, 2005).

Apesar de a construção do primeiro instrumento utilizado para mensuração da PSE

datar de meados da década de 60, tendo sido elaborado e validado pelo psicólogo sueco Gunnar

Borg, então pesquisador da Stockholms Universitet (NOBLE; ROBERTSON, 2004), foram os

psicólogos Ernst Weber, Gustav Fechner, Hermann Helmholtz e Wilhem Wundt os primeiros

a enfocar seus estudos experimentais nos processos mentais das sensações, já que tais

pesquisadores acreditavam este ser a chave para compreensão da mente, originando assim o

campo da psicofísica e da neurofisiologia (KANDEL et al., 2014), entendida como a relação

entre as características físicas de um determinado estímulo e os atributos de experiência

sensorial por ele promovidos (GESCHEIDER, 2013).

Dois modelos teóricos são apresentados na literatura científica envolvendo a

interpretação da PSE. Em um primeiro modelo acredita-se que os sinais provenientes da

atividade muscular e respiratória, como por exemplo, elevação da frequência cardíaca e

Page 26: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

26

respiratório, aumento da temperatura muscular, acúmulo de hidrogênio, ou redução do pH, são

identificadas pelos receptores sensoriais (mecanorreceptores, barorreceptores,

termorreceptores, quimiorreceptores) e levadas até o encéfalo, local onde são processadas,

culminando assim na sensação do esforço percebido (PIRES et al., 2011; PROSKE, 2005; ST

GIBSON et al., 2006).

No segundo e mais contemporâneo modelo, Marcora (2009) sugere que os sinais

eferentes gerados nas vias superiores do sistema nervoso central, após sua integralização, são

responsáveis pela sensação do esforço percebido. Um dos clássicos estudos utilizados por

Marcora (2009) para sustentar sua teoria é o estudo de Gallagher et al. (2001), em que 13

sujeitos foram submetidos a uma dosagem de Norcuron (10 mg/10 ml), droga responsável pelo

bloqueio dos receptores de acetilcolina na musculatura, impedindo assim a efetivação dos

mecanismos envolvidos na contração muscular. Após a administração do fármaco, os

indivíduos apresentaram ligeiro aumento da concentração sanguínea de lactato (0,36 mM),

acompanhado do desproporcional aumento dos valores de PSE (4,8 pontos), o que demonstra

que as alterações periféricas, segundo as hipóteses, não são diretamente responsáveis pelos

valores de PSE.

A figura 1 demonstra os dois modelos de percepção do esforço acima mencionados.

Page 27: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

27

Figura 1. Modelo de feedback aferente simplificado (A) e modelo de descarga corolária (B) para percepção subjetiva do esforço. Adaptado de MARCORA (2009)

A postura adotada na presente Tese é que a combinação de ambos os conceitos

anteriores apresenta relevância para sustentação neurofisiológica da percepção subjetiva do

esforço, assim como afirmam Bergstrom et al. (2015).

Uma vez expostos os pressupostos teóricos da PSE, seria adequado discutir como tal

variável pode ser utilizada na rotina dos profissionais do futebol e, ao mesmo tempo,

compreender como os dados a ela relacionados são integrados para compreensão do fenômeno

esportivo. De acordo com Coutts et al. (2009), a validade da PSE e a consequente consistência

como ferramenta de monitoramento da intensidade do treinamento foi, em parte, constituída a

partir do estudo de sua associação com indicadores objetivos de esforço, incluindo: (1)

frequência cardíaca; (2) consumo máximo de oxigênio; (3) concentração sanguínea de lactato

(COUTTS et al., 2009).

Costa et al. (2013) demonstraram que, apesar do uso dos instrumentos de

monitoramento da frequência cardíaca e do sistema de posicionamento global, em atletas de

futebol, serem estratégias interessantes para acompanhamento dos parâmetros relacionados ao

trabalho realizado pelos atletas de uma equipe de futebol (carga externa de treinamento), bem

como para avaliar o efeito das cargas sobre o organismo dos jogadores (carga interna de

treinamento), têm-se demonstrado cada vez mais que o uso da percepção subjetiva do esforço

é um meio de baixo custo e alta aplicabilidade no contexto desta modalidade. Tais relações

podem ser evidenciadas no estudo aplicado de Coutts et al. (2009), em que os autores

verificaram a correlação da PSE (identificada pela Escala Borg CR-10) com a FC e com a [La]

durante jogos de futebol realizados em campo reduzido, encontrando valores fortes de

Page 28: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

28

correlação de r = 0,60 e r = 0,63, respectivamente. A importante descoberta do citado estudo

foi de que, a combinação do %FCpico com a [La] possui maior capacidade de predição da PSE

quando comparada com as variáveis fisiológicas de forma individualizada, demonstrando assim

que o controle de mais de um fator de intensidade fornece informações complementares

importantes para o acompanhamento e reorientação do processo de treinamento.

As variáveis cardiometabólicas também foram analisadas no estudo de Halouani et al.,

(2017a; 2017b). Os autores avaliaram o comportamento da PSE, FC (expressa a partir do

%FCmáx) e da [La] em diferentes jogos feitos em campo reduzido que envolviam diferentes

números de jogadores e diferentes regras, demonstrando que tanto a PSE como a FC e a [La]

eram sensíveis à tais alterações, devendo estas serem utilizada no monitoramento dos

programas de treinamento no futebol.

Dellal et al. (2011) examinaram, por sua vez, a influência das instruções técnicas,

ministradas pelos treinadores (apenas um toque na bola, dois toques ou três toques) sobre as

respostas psicofisiológicas de atletas de futebol durante jogos realizados em campo reduzido,

mostrando maiores valores de PSE e de [La] durante os jogos realizados com apenas um toque

na bola, sinalizando com isso possibilidades de interferência do treinador sobre as demandas

físicas do treinamento a partir da manipulação das regras colocadas nos pequenos jogos.

Segundo Polito et al. (2017), o instrumento mais utilizado na mensuração

psicofísiológica do esforço nessa modalidade é a PSE, sendo ela interpretada na maioria dos

estudos sob dois vieses diferentes, sendo: (1) unidade de controle da intensidade dos exercícios;

(2) unidade de controle da carga de treinamento das sessões de treino. Assim sendo, o uso desta

variável no esporte mencionado possibilita adequada estimativa e acompanhamento do estresse

induzido nos atletas por meio das cargas de trabalho impostas pelos treinamentos técnicos,

táticos e físicos.

Nesta perspectiva, destaca-se os dois instrumentos mais frequentemente utilizados, a

Escala Borg RPE 6 – 20 e a Escala CR10 de Borg adaptada de Foster et al. (2001), ambos

constituídos de ancoragens verbais e elaborados de forma genérica, sem levar em consideração

o contexto da modalidade nas quais são aplicados, o que leva ao questionamento da validade

ecológica destes instrumentos (CHAYTOR; SCHMITTER-EDGECOMBE; BURR, 2006).

Ressalta-se ainda que o fato de apresentarem ancoragens verbais, predispõem o

instrumento a erros provenientes de interpretação (de acordo com o grau de escolaridade e

alfabetização dos atletas) e também a problemas semânticos provenientes da tradução do

instrumento (sem o devido processo de validação transcultural).

Page 29: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

29

1.2 OBJETIVOS

Após as considerações apresentadas, esta tese serve a dois grandes propósitos,

denominados de ESTUDO 1 e ESTUDO 2:

ESTUDO 1 - Elaboração e validação de uma escala pictórica de percepção subjetiva do

esforço especifica para o futebol (Escala GOL)

Objetivos específicos do Estudo 1

1. Estabelecer a associação entre a Escala GOL e indicadores fisiológicos (cardiovascular

ventilatório e metabólico) de fadiga em teste laboratorial e de campo;

2. Estabelecer a associação entre a Escala GOL e demais constructos já validados de

identificação da percepção subjetiva do esforço em teste laboratorial e de campo;

ESTUDO 2 – Aferição da validade ecológica da Escala GOL para estimativa da carga

interna de treinamento pelo protocolo Foster

Objetivo específico do Estudo 2

1. Verificar a associação entre a Escala GOL e a Escala Foster adaptada de Borg (2001) na

estimativa da carga interna de treinamento em atletas de futebol durante sessões de

treinamento específicas da modalidade

1.3 HIPÓTESES

A partir dos objetivos expostos, tendo como base o marco teórico da presente Tese de

Doutorado, se formularam as seguintes hipóteses:

Hipótese 1. A percepção subjetiva do esforço, identificada pela Escala GOL, apresentará

associação positiva com indicadores fisiológicos (frequência cardíaca, consumo de oxigênio e

concentração sanguínea de lactato), tanto no teste incremental de laboratório como no de

campo.

Page 30: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

30

Hipótese nula 1. A percepção subjetiva do esforço, identificada pela Escala GOL, não

apresentará associação positiva com indicadores fisiológicos (frequência cardíaca, consumo de

oxigênio e concentração sanguínea de lactato), tanto no teste incremental de laboratório como

no de campo.

Hipótese 2. A percepção subjetiva do esforço, identificada pela Escala GOL, apresentará

associação positiva com os demais constructos elaborados para identificação da PSE, tanto no

teste incremental de laboratório como no de campo.

Hipótese nula 2. A percepção subjetiva do esforço, identificada pela Escala GOL, não

apresentará associação positiva com os demais constructos elaborados para identificação da

PSE, tanto no teste incremental de laboratório como no de campo.

Hipótese 3. A percepção subjetiva do esforço, identificada pela Escala GOL, apresentará

associação positiva com a escala Foster, adaptada de Borg (2001), para estimativa da carga

interna de treinamento em sessões específicas de treinamento de futebol.

Hipótese nula 3. A percepção subjetiva do esforço, identificada pela Escala GOL, não

apresentará associação positiva com a escala Foster, adaptada de Borg (2001), para estimativa

da carga interna de treinamento em sessões específicas de treinamento de futebol.

1.4 JUSTIFICATIVA

Alguns procedimentos foram adotados nos estudos em Ciências do Esporte para

controle da intensidade do exercício por preparadores físicos e treinadores. Dentre esses

mecanismos de controle estão os mais complexos e custosos, como o monitoramento da

frequência cardíaca a partir dos monitores de FC e, e em períodos mais atuais, o sistema de

monitoramento da posição global (GPS), e também aqueles menos custosos, como a

identificação da percepção subjetiva de esforço (PSE) por meio de instrumentos genéricos,

utilizados para todas as modalidades sem levar em consideração a especificidade de cada uma

delas, todos esses validados pela literatura científica (IMPELLIZZERI et al., 2005).

Vale ressaltar que grande parte dos clubes brasileiros carece de estrutura básica de

treinamento para os atletas, deixando a comissão técnica com recursos limitados ao longo do

Page 31: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

31

processo de treinamento, dificultando assim o acesso aos instrumentos adequados para

identificação da FC e da [La] (concentração sanguínea de lactato), o que deixa exposto mais

uma razão lógica para o uso de instrumentos de baixo custo e baixa complexidade, como as

escalas de percepção subjetiva do esforço. Além disso, Thorpe et al. (2016) demonstram maior

tendência dos instrumentos psicofísicos de apresentarem sensibilidade às cargas de treinamento

quando comparados com variáveis mais objetivas, como a frequência cardíaca.

Entretanto, é comum na rotina de treinamento do futebol observar a dificuldade dos

atletas na interpretação dos instrumentos genéricos, elaborados a partir de ancoragens verbais

e numéricas, como a Escala Borg RPE 6 – 20 (BORG, 1970) e a escala modificada de Borg CR

– 10 (FOSTER et al., 2001), ainda mais quando se considerada que, muitas vezes, os atletas

envolvidos no programa de treinamento são provenientes de ambientes socioculturais pobres,

o que dificulta a interpretação dessas ancoragens.

Oded Bar-Or, em 1989, já afirmava que as ancoragens verbais presentes nos

instrumentos poderiam dificultar o processo de compreensão por parte do atleta avaliado,

prejudicando assim a eficácia do instrumento e, portanto, a fidedignidade das respostas

perceptivas frente à intensidade do esforço.

Também Costa et al. (2008) reforçaram as ideias de Bar-Or (1989) e defenderam que as

escalas pictóricas, elaboradas a partir de imagens faciais, podem contribuir com a aplicação do

instrumento para indivíduos com diferentes idiomas, evitando ainda os erros de tradução das

ancoragens verbais entre os diferentes dialetos, bem como os erros de compreensão das

ancoragens, inclusive, por parte dos avaliados.

Robertson et al. (2000), assim como Utter et al. (2006), afirmaram que as escalas

pictóricas de percepção subjetiva de esforço apresentam algumas vantagens em comparação à

RPE 6 – 20, sendo a principal delas o fato de facilitar o entendimento do instrumento por parte

daqueles que apresentam dificuldade na compreensão das ancoragens verbais do modelo

tradicional. Além disso, Kang et al. (2003) afirmaram que as escalas compostas por imagens

facilitam a reprodutibilidade da intensidade alvo do exercício experimentada anteriormente,

aumentando assim a aplicabilidade do instrumento no âmbito esportivo.

O Comitê Científico da Sociedade Europeia de Psicologia do Esporte na década de 90

sugeriu que os instrumentos psicológicos devem refletir o contexto único do esporte a que eles

se destinam, aumentando assim a validade ecológica de tais instrumentos (TENENBAUM;

BAR-ELI, 1995). Dessa forma, a validade ecológica de um instrumento pode ser entendida

como quão bem a ferramenta de monitoramento (no caso da presente Tese de Doutorado, a

Page 32: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

32

Escala GOL) reflete o estado do atleta sobre aquela determinada variável que está sendo

analisada, naquele determinando instante, bem como a forma como tal instrumento pode ser

aplicado em situações reais da modalidade, como testes de campo e sessões de treinamento,

envolvendo a menor interferência possível do pesquisador (MCGUIGAN, 2017). Barkley

(1999) e Chaytor et al. (2006) afirmaram que quanto mais próximas as avaliações diretas de

comportamento ocorrerem em ambientes naturais, a partir da utilização de instrumentos

específicos, mais provável é que os resultados sejam ecologicamente válidos.

Deste modo, a justificativa do presente estudo se dá no momento que se propõe a

oferecer para os profissionais da área da Educação Física, incluindo os preparadores físicos,

treinadores e fisiologistas que atuam com futebol, um instrumento específico adequado para

mensuração da intensidade e da carga de treinamento que os atletas de futebol são submetidos

ao longo da temporada, sendo estes também beneficiados, uma vez que o instrumento foi

elaborado levando-se em consideração a especificidade da modalidade. Por último, o

instrumento contribui com a área da Psicologia do Esporte, já que leva em consideração a

integração do esforço tanto em ordem física como psíquica, fornecendo assim informações

adicionais relevantes para a atuação dos psicólogos esportivos a respeito do efeito da rotina de

treinamento dos atletas.

Segundo Rogers, Kadar e Costall (2005) nenhum estudo de simulação possui

propriedades tais que permitam a validação de um instrumento de forma tão satisfatória quanto

a aplicação em um ambiente real (validação ecológica supramencionada). Nesse sentido ainda,

Yelling, Lamb e Swaine (2002) encorajam a elaboração de instrumentos de percepção subjetiva

do esforço que se configurem específicos para aplicação em um determinado contexto. Sendo

assim, futuros avanços na validade ecológica apontam para a necessidade das avaliações dos

comportamentos e dos instrumentos em ambientes naturais, o que justifica o estudo 2 da

presente Tese de Doutorado.

Page 33: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

33

CAPÍTULO 2

REVISÃO SISTEMÁTICA

INDICADORES PSICOFISIOLÓGICOS DE DESEMPENHO E MONITORAMENTO DA INTENSIDADE DE TREINAMENTO EM ATLETAS DE FUTEBOL

Ao longo das últimas décadas, os pesquisadores têm-se atentado ao estudo da carga de

trabalho, do dispêndio energético e de outros parâmetros durante os treinamentos e partidas de

futebol, utilizando para isso novas tecnologias, que possibilitaram por exemplo identificar a alta

variabilidade e alto volume de ações durante o jogo (CARLING et al., 2008; MOHR;

KRUSTRUP; BANGSBO, 2003; STEVENS et al., 2015).

Deste modo, pode-se afirmar que o conhecimento das variáveis fisiológicas,

psicológicas e biomecânicas da modalidade são de extrema importância para fornecer aos

profissionais informações suficientes para a correta prescrição do treinamento e consequente

incremento no nível de condicionamento dos atletas, sendo de igual importância o

conhecimento das questões relacionadas à identificação e controle da intensidade do esforço

nesta modalidade, principalmente em relação aos meios e métodos de identificação desta

variável, incluindo os meios subjetivos. (MOHR et al., 2003).

Muitas são as pesquisas publicadas recentemente que abordam a avaliação dos aspectos

psicofisiológicos dos atletas de futebol, porém não há um consenso na literatura a respeito dos

melhores instrumentos a serem utilizados para interpretação do esforço, da fadiga, e nem

mesmo para mensuração das diversas capacidades físicas, normalmente mensuradas a partir de

testes realizados até a exaustão. Nesse sentido, esta revisão literária propõe a verificação do que

predomina na modalidade no que diz respeito aos instrumentos utilizados para percepção

subjetiva do esforço e da fadiga nos últimos cinco anos, fornecendo, deste modo, um consenso

até o momento quase inexistente na comunidade científica.

Para a realização desta revisão sistemática, foram utilizadas três bases de dados, sendo

elas PubMed, Medline e SPORTDiscus. Os descritores utilizados para as buscas foram

“Perceived Exertion”, and “Fatigue” and “Soccer”, sendo que tais termos deveriam ser

localizados no título ou no resumo do artigo. Foram encontrados ao todo 22 artigos, número

Page 34: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

34

que foi reduzido para 18 quando selecionado apenas aqueles publicados nos últimos cinco anos.

Foram excluídos da nossa amostra estudos que abordaram futebol em caráter recreativo, bem

como aqueles que utilizaram como amostragem crianças, idosos, atletas colegiais, juniores e

sêniors (masters). Para que fossem incluídos na análise, os trabalhos deveriam atender aos

seguintes critérios: ter avaliado fadiga no futebol por indicadores psicológicos, fisiológicos ou

psicofisiológicos, ter utilizado instrumentos específicos para avaliação do nível de desempenho

esportivo em suas mais diversas esferas, sendo estudo descritivo ou experimental. Após a

aplicação dos critérios de inclusão e exclusão chegou-se a um total de 11 artigos dos 22

inicialmente encontrados, como detalha a figura 2 a seguir. Os estudos foram analisados de

acordo com a autoria, característica amostral, caracterização do estudo e variáveis de avaliação

do desempenho e da fadiga, bem como os instrumentos específicos para mensuração.

Page 35: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

35

Figura 2. Processo de filtragem dos artigos encontrados nas bases de dados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão

2.1 RESULTADOS E ANÁLISE DOS ESTUDOS

O número amostral apresentou alta variação em números de jogadores, pois há estudos

com 12 atletas e outros envolvendo até com 51, conforme pode ser visto na tabela 1

(HAMMOUDA et al., 2011; REBELO et al., 2012). Interessante ser notado também que mais

Exclusão: futebol recreacional

Publicados nos últimos 5 anos

Exclusão: comportamento motor

Exclusão: futebol júnior e futebol colegial

Exclusão: aspectos biomecânicos da modalidade

Page 36: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

36

de 90% dos estudos foram elaborados com amostra do sexo masculino, sendo exceção o estudo

de Ros et al. (2013) que também envolveu o sexo feminino, tendência esta que pode,

parcialmente, ser explicada por uma questão de gênero, sendo o futebol um esporte

predominantemente masculino em âmbito mundial, mas principalmente em nações que vivem

da monocultura desta modalidade como o Brasil (KNIJNIK; SOUZA, 2011; ROS et al., 2013).

Ainda observado na tabela 1, pode-se dizer que não houve uma homogeneidade entre a

idade dos atletas nem do nível de classificação daqueles que foram avaliados, sendo encontradas

amostras com participantes de 15 anos de idade aproximadamente (GANT; ALI; FOSKETT,

2010) até amostras com média de idade de 24 ± 7,0 (GOEDECKE et al., 2013), sendo que todos

eram jogadores de futebol não recreativo, mas de diferentes níveis de classificação. A partir

disso, pode-se concluir previamente que houve certa heterogeneidade em relação ao número

amostral, características pertinentes à faixa etária e ao nível de classificação dos atletas.

Tabela 1. Descrição dos estudos em relação ao tamanho amostral, idade e categoria dos jogadores avaliados Autores n Idade Categoria

GANT et al. (2010) 15 21,3 ± 3,0 Jogadores de futebol da divisão Premier

CHTOUROU et al. (2011) 20 17,6 ± 0,6 Jovens jogadores de futebol HAMMOUDA et al. (2011) 12 17,4 ± 0,4 Jogadores de futebol (não

especifica a categoria) DE NARDI et al. (2011) 18 15,5 ± 1,0 Jogadores juvenis do

Campeonato da Liga Regional Júnior

REBELO et al. (2012) 51 15,6 ± 0,3 Jogadores de futebol juvenil de nível regional

ROS et al. (2013) 20 Homens: 20,7 ± 3,4 Mulheres: 21,8 ± 4,8

Jogadores de futebol da sub-elite

GOEDECKE et al. (2013) 22 24,0 ± 7,0 Jogadores de futebol da liga local

HADDAD et al. (2013) 17 18,2 ± 0,5 Jogadores de futebol junior ROBEY et al. (2014) 12 18,5 ± 1,4 Jogadores de futebol de

elite LOS ARCOS et al. (2014) 21 21,0 ± 1,7 Jogadores de futebol da

terceira divisão FANCHINI et al. (2015) 19 16 ± 1 Jogadores de futebol da

segunda divisão

Page 37: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

37

A qualidade dos estudos analisados foi identificada por meio da utilização do PEDro

Scale, com pareceres de três distintos professores com titulação mínima de doutor em cada um

deles, culminando no resultado apresentado na tabela 2.

Tabela 2. Valores da Escala PEDro para os estudos revisados

Escala PEDro Referências Total Pontos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 GANT et al. (2010) 9 X X X X X X X X X X CHTOUROU et al. (2011) 7 X X X X X X X HAMMOUDA et al. (2011) 7 X X X X X X X DE NARDI et al. (2011) 7 X X X X X X X REBELO et al. (2012) 6 X X X X X X ROS et al. (2013) 7 X X X X X X X GOEDECKE et al. (2013) 9 X X X X X X X X X HADDAD et al. (2013) 7 X X X X X X X ROBEY et al. (2014) 8 X X X X X X X X LOS ARCOS et al. (2014) 7 X X X X X X X FANCHINI et al. (2015) 8 X X X X X X X X

Os estudos em Ciências do Esporte contribuem com o desenvolvimento do desempenho

dos atletas e também dos fatores associados, entre eles, as questões relacionadas ao controle

das unidades de treinamento e também da fadiga.

Pôde-se observar a partir da pesquisa que os instrumentos que fornecem diretrizes a

respeito das variáveis do treinamento foram utilizados em estudos que apresentaram os

objetivos mais diversos, envolvendo:

-Investigação da influência da alimentação e suplementação no desempenho

(CHTOUROU et al., 2011; GANT et al., 2010; GOEDECKE et al., 2013);

-Avaliação de instrumentos já utilizados, bem como elaboração de novos protocolos

para mensuração da fadiga (HAMMOUDA et al., 2011; LOS ARCOS, ASIER et al., 2014;

REBELO et al., 2012);

-Identificação de parâmetros cronobiológicos (HAMMOUDA et al., 2011; ROBEY et

al., 2014);

-Estabelecimento e descrição psicometabólica dos efeitos dos diferentes meios e

métodos de treinamento e de recuperação (DE NARDI et al., 2011; FANCHINI et al., 2015;

ROS et al., 2013).

Por meio do levantamento dos procedimentos metodológicos utilizados nos estudos

analisados foi possível encontrar instrumentos que apresentaram maior frequência de uso pelos

Page 38: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

38

pesquisadores, sendo eles, em ordem decrescente de frequência de utilização: escala de

percepção subjetiva do esforço (RPE Borg 6 – 20), frequência cardíaca, concentração sanguínea

de lactato, Yo-Yo Test, escala de percepção subjetiva do esforço de Foster adaptada de Borg

(CR-10 de FOSTER et al. (2001)) e o teste de habilidade de sprints repetidos (RAST). Todos

os demais testes utilizados nos estudos analisados foram divididos em suas respectivas

categorias e organizados no esquema abaixo (Figura 3).

Page 39: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

39

Figura 3. Esquema representativo dos principais instrumentos utilizados para avaliação da fadiga psicofisiológica no futebol

Page 40: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

40

2.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

No contexto esportivo, a fadiga pode ser entendida como a incapacidade de manutenção

do esforço muscular, normalmente refletida pela redução do trabalho nos períodos finais do

jogo, que pode ser ocasionado por diferentes mecanismos metabólicos, dentre elas, a maior

produção de hidrogênio proveniente da alta atividade da via glicolítica e conseguinte redução

do pH muscular (aumento da acidose), aumento do conteúdo de K+ intersticial, redução do

conteúdo de substratos energéticos (creatina fosfato e glicogênio), desidratação ou até mesmo

barreira ao rendimento imposto pelo clima como altas temperaturas (ALGHANNAM, 2012).

Trabalha-se também com a hipótese da fadiga causada diretamente nos mecanismos

neuromusculares, uma vez que a modalidade apresenta ações de duração relativamente curta,

cerca de 5s cada, mas que ocorrem com alta frequência durante o jogo (cerca de 1300 por

partida, com cerca de 15% correspondendo a atividades de alta intensidade), o que gera aumento

da dor muscular e redução da capacidade de contração voluntária máxima, tanto por

mecanismos de fadiga central como de fadiga periférica (RAMPININI et al., 2011).

O monitoramento da carga de treinamento, bem como da carga fisiológica imposta pelos

jogos se torna de essencial importância para o processo de elaboração do treinamento

desportivo, especialmente como forma de manipular adequadamente as cargas de treino, não a

tornando débil nem excessiva (REBELO et al., 2012).

Frequência cardíaca (FC)

A frequência cardíaca (FC) tem sido utilizada como forma de mensurar a intensidade

de esforço durante a prática desportiva, uma vez que apresenta grande correlação com os

limiares ventilatórios e metabólicos, que estimam o metabolismo principal de geração de

energia durante o esforço, podendo culminar na acidose metabólica e conseguinte fadiga

muscular (GANT et al., 2010; GOEDECKE et al., 2013; LOS ARCOS, ASIER et al., 2014).

De modo similar, os estudos utilizam a frequência cardíaca como principal método para

monitoramento da carga de esforço devido à sua forte relação com o estresse psicofisiológico

causado pela prática esportiva (LUCÍA et al., 2000).

A FC foi uma das variáveis analisadas para avaliar o efeito da ingestão de carboidrato

isolado ou combinado com cafeína em parâmetros indicadores de desempenho, como o sprint

de 15m, salto contra-movimento e habilidade de passe, sendo encontrado valores de FC

Page 41: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

41

significativamente superiores no grupo que ingeriu solução contendo 1,8g/Kg de carboidrato

(CHO) a concentração de 6% combinado com 3,7 mg/Kg de cafeína quando comparado ao

grupo suplementado apenas com CHO (GANT et al., 2010). Por outro lado, não foi observada

diferença nos níveis da FC em resposta ao treinamento em jogadores que fizeram uso ou não

de solução contendo CHO (GOEDECKE et al., 2013).

Por permitir o controle da intensidade de treinamento de maneira direta, a FC também

foi utilizada como forma de prescrição de treinamento em determinados estudos em que os

atletas necessitavam ser expostos a determinado grau de estresse fisiológico para que outros

parâmetros fossem avaliados, como o efeito da terapia de imersão em água fria ou terapia de

contraste da água (fria/termoneutra) pós esforço. Neste estudo os atletas foram submetidos a

protocolo de shuttle running de 5 min (velocidade constante de 12 km/h em uma distância de

ida e volta em espaço de 20 m, demarcado por duas linhas opostas) por quatro dias, sendo em

seguida submetidos a uma das duas potenciais intervenções terapêuticas. Ressalta-se que não

foi encontrado variação da FC entre os dias de treinamento para a velocidade constante que o

protocolo preconizava, o que reflete a manutenção do estado de condicionamento físico dos

jogadores (DE NARDI et al., 2011).

Como o estudo anterior, outros artigos analisados também utilizaram a FC como

controle da intensidade para prescrição de exercícios, verificando se o trabalho aeróbico

intermitente exerceria influência no nível de desempenho alcançado em testes de potência

muscular dos membros inferiores, como One-leg Hop Test e do Square Hop Test, visto à fadiga

local induzida pelo protocolo (ROS et al., 2013). A fim de verificar a correlação entre as

variações do Índice Hooper (descrito adiante neste texto) na percepção subjetiva do esforço

durante o exercício, os autores utilizaram como protocolo de treinamento 75% da FC de reserva

(FCmax – FCrep) durante 10 minutos, verificando que a variação de tal índice não apresentou

correlação significante com a percepção subjetiva de esforço (HADDAD et al., 2013).

Uma das principais formas de controle e estimativa da carga interna de treinamento é o

método TRIMP, em que o cálculo da carga envolve tanto o volume de treino em minutos como

a intensidade do treino identificado por meio da frequência cardíaca (BANISTER, 1991).

Page 42: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

42

!"#$% = ' ×(∆,-./01çã4) ×/6 ×(∆,-./01çã4)

Em que: D = duração da sessão de treinamento em minutos; b = 1.92 para homens; b

= 0,86 para mulheres; e = 2,712.

∆,-./01çã4 = (,-/7/.8í8:4 − ,-./<4=>4) ÷ (@ABáD − @AEFGHIJH)

Em que: FCrepouso = média da FC durante repouso; FCexercício = média da FC durante o

exercício; FCmáx = frequência cardíaca máxima alcançada em teste direto ou estimada por teste

indireto

Outro método frequentemente utilizado é o método de Edwards, em que a mensuração

da carga interna de treinamento ocorre a partir da divisão das zonas de intensidade relativas à

FCmax (zona 1 = 50 a 60% da FCmáx, zona 2 = 60 a 70% da FCmáx, zona 3 = 70 a 80% FCmáx, zona

4 = 80 a 90% da FCmáx e zona 5 = 90 a 100% da FCmáx) (EDWARDS, 1993).

A associação de parâmetros subjetivos com a carga interna e com a carga externa de

treinamento pode ser utilizada como forma de validar novos instrumentos para mensuração da

fadiga psicofisiológica, como é o caso da Visual Analogic Scale – Training Load (Escala Visual

Analógica – Carga de Treinamento), que apresentou bons índices de correlação com os métodos

de estimativa de carga acima descritos, sendo configurada a partir disto como um instrumento

de fácil aplicação e boa validade para ser utilizada com jogadores de futebol (REBELO et al.,

2012).

Como já discutido, o futebol se caracteriza enquanto uma modalidade intermitente, em

que a alternância da intensidade de esforço ocorrendo em frações muito curtas de tempo. Com

uso do monitor cardíaco foi possível identificar o percentual de tempo encontrado em cada zona

de intensidade em microciclo básico do futebol, composto por 4 treinos que antecederam a

partida oficial da modalidade. Os dados encontrados mostraram que os jogadores

permaneceram na maior parte do tempo em intensidades abaixo de 70% FCmax (50,2 + 19,9%),

seguido de intensidades moderadas entre 70 e 90% FCmax (40,5 + 16,0%) com uma parcela

pequena do tempo dispendida em atividades de alta intensidade caracterizada por valores

superiores a 90% da FCmax (9,3 + 10,0%) (LOS ARCOS, ASIER et al., 2014).

Fanchini et al. (2015) observaram a resposta da FC em quatro situações distintas

compostas por distribuições de blocos com intensidades variadas, sendo que cada bloco

Page 43: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

43

apresentou duração de 20 minutos. Os blocos correspondiam à baixa intensidade (LO),

envolvendo treino de fundamentos técnicos como passe, drible, corrida com bola; intensidade

moderada (MOD) correspondente a jogo reduzido nas dimensões de 25 x 12 m de oito jogadores

ofensivos contra 4 defensores, realizando um total de 5 estímulos com 3 minutos de duração e

1 minuto de intervalo entre eles; alta intensidade (HIGH) correspondente a jogo reduzido nas

dimensões de 30 x 18 m de 3x3, realizando um total de 3 estímulos de 4 minutos de duração e

4 minutos de intervalo entre eles. A média de %FCmax durante os diferentes blocos foi de 63%

(range 61 – 65%) no aquecimento (20 minutos envolvendo corrida, movimento de intensidade

leve, alongamento dos membros inferiores e exercícios de agilidade), 73% (range 71 – 75%)

no LO, 76% (range 73 – 80%) no MOD e 90% (range 89 – 91%) no HIGH bloco. Contudo, a

média de %FCmax entre as diferentes ordens dos blocos de intensidade foi similar, sendo

encontrada diferença apenas na condição 3 (baixo-alto-moderado) quando comparada com a

condição 2 (moderado-alto-baixo), o que foi explicado no estudo pela condição técnica dos

jogadores (FANCHINI et al., 2015).

Concentração sanguínea de lactato ([La])

Este metabólito é formado a partir da combinação do hidrogênio com o piruvato durante

a via glicolítica como forma de retardar a acidose metabólica (primeiro sistema de

tamponamento), podendo contribuir para estimar o metabolismo predominantemente ativo em

determinadas intensidades de esforço, sendo por isso frequentemente utilizado em conjunto

com a FC para prescrição de treinamento e análise da carga de treinamento (FOSTER;

FITZGERALD; SPATZ, 1999).

Skinner e Mclellan (1980) estabeleceram o modelo de limiares múltiplos a fim de

identificar a transição do metabolismo aeróbio para o metabolismo misto, bem como a transição

do metabolismo misto para a via predominantemente anaeróbia e glicolítica. Segundo os

autores, em intensidades mais baixas de esforço (abaixo de 40% do VO2máx) os lipídios são a

principal fonte de geração de energia, ocorrendo então baixa atividade glicolítica, o que gera

baixa concentração de lactato (até 2 mmol/L), já quando em intensidades mais moderadas (40%

a 75% do VO2máx) ocorre maior contribuição do carboidrato devido à maior atividade do sistema

glicolítico, o que propicia ligeiro aumento da concentração sanguínea de lactato, gerando um

acúmulo agora que varia entre aproximadamente 2 e 4 mmol/L, sendo este último valor um

indicativo da transição para o metabolismo predominante anaeróbio, a partir do qual a

Page 44: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

44

concentração de lactato só tende a aumentar, representando assim participação cada vez maior

da utilização de carboidratos para geração de energia, já que a intensidade do exercício é bem

elevada (acima de 75% do VO2máx) (SKINNER; MCLELLAN, 1980).

Em contrapartida, alguns estudos analisaram as concentrações de lactato sanguíneo e

muscular durante jogos de futebol, não encontrando correlação entre essas duas variáveis, o que

levou os autores a afirmarem que a mensuração sanguínea do metabólito não é um bom

parâmetro para estimativa da produção local de lactato (KRUSTRUP et al., 2006). O mesmo

estudo observou outras alterações metabólicas e bioquímicas, tanto no término do primeiro

período de jogo como no término do segundo período de jogo, sendo constatadas redução do

conteúdo de glicogênio muscular do primeiro para o segundo tempo do jogo, característica esta

intimamente relacionada com a redução dos níveis de insulina em detrimento do aumento dos

hormônios contra reguladores produzidos durante a prática do exercício físico, mecanismo que

também explica o aumento da biodisponibilidade de ácidos graxos livres na corrente sanguínea

(KRUSTRUP et al., 2006).

Apesar de não serem encontradas diferenças significantes na concentração sanguínea de

lactato em atletas de futebol que utilizaram solução carboidratada ou solução combinada de

carboidrato com cafeína, foi observado aumento nas concentrações de lactato sanguíneo após a

sessão de treinamento proposto pelo delineamento experimental do estudo, o que refletiu maior

contribuição anaeróbia correspondente à intensidade do treinamento (GANT et al., 2010).

Sendo assim, foi encontrado aumento nos níveis de lactato sanguíneo após realização do Yo-

Yo Endurance Test – Level 2 (Yo-Yo IE 2), retornando aos níveis basais após 30 minutos de

recuperação (ROS et al., 2013).

Assim como a frequência cardíaca, a concentração fixa de lactato pode ser utilizada

como forma de prescrição do exercício submáximo. Los Arcos et al que observaram como

coeficientes de correlação intraclasse teste-reteste e coeficiente de variação para a velocidade

associada a uma concentração sanguínea de lactato fixa valores de 0,94 e 2,2%, respectivamente

(LOS ARCOS et al., 2014). Com isso, os autores utilizaram como protocolo de teste endurance

duas corridas de intensidade moderada, a uma taxa fixa de 3,0 mmol/L, sendo a primeira com

duração de 10 minutos e a segunda com duração de 15 minutos. O lactato produzido durante o

exercício submáximo a uma certa velocidade fixa tem-se mostrado mais sensível para avaliação

fisiológica do desempenho no futebol do que a própria estimativa do VO2máx (IMPELLIZZERI

et al., 2005). Colaborando com esses dados, Bangsbo et al. (1994) mostraram que apesar de não

haver aumento da capacidade cardiorrespiratória máxima expressa pelo consumo máximo de

Page 45: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

45

oxigênio ao longo da temporada, houve um decréscimo na produção de lactato para mesma

intensidade submáximo de exercício, sinalizando menor estresse fisiológico para mesma carga

de trabalho e, consequentemente, melhora do desempenho.

Durante o exercício intenso ocorre acúmulo citoplasmático de NADH (nicotinamida

adenina dinucleotídeo), resultando em relação elevada de NADH/NAD+, o que culmina na

redução do piruvato a lactato por meio da ação da enzima lactato desidrogenase (LDH)

(REILLY; WOODBRIDGE, 1999). No exercício, altas concentrações de lactato e de lactato

desidrogenase são indicativos de diferentes ordens, sendo o primeiro um indicador de

intensidade do exercício e do metabolismo predominante, como já discutido, enquanto o

segundo indica lesão muscular, na grande maioria das vezes induzida pelo próprio exercício

(ECHEGARAY; RIVERA, 2001).

Parâmetros como LDH, creatinina plasmática, fosfatase alcalina, creatina quinase,

aspartato aminotransferase, alanina, ácido úrico, glicose, nível total de bilirrubina, ϒ –

glutamiltransferase e hemocisteína foram utilizados para verificar a influência da hora do dia

em marcadores biológicos e níveis de força muscular em jogadores de futebol. O protocolo de

teste envolveu Teste de Habilidade de Sprints Repetidos (RAST) em dois momentos distintos:

07h00 – 08h30 e 17h00 – 18h30, observando com isso uma variação diurna dos níveis de

hemocisteína de repouso e maior desempenho e fadiga muscular durante o RAST feito a noite

em comparação com o protocolo administrado nas primeiras horas do dia (HAMMOUDA et

al., 2011).

Aptidão Cardiorrespiratória

O teste de esforço cardiopulmonar máximo (TECM) se trata ainda de um dos métodos

mais fidedignos para mensuração da capacidade cardiorrespiratória, por meio do qual o

analisador de gases mensura a quantidade de oxigênio consumido e a quantidade de dióxido de

carbono expirado, bem como a relação destes entre si e com a ventilação pulmonar, sinalizando

o consumo máximo de oxigênio, a intensidade correspondente aos limiares ventilatórios e

também a economia de trabalho apresentada pelo atleta (HELGERUD et al., 2007). Porém,

apesar de sua alta validade e reprodutibilidade, o TECM é um método altamente custoso e de

moderada complexidade de realização, sendo este o motivo que tenha levado a apenas um

estudo da presente análise utilizá-lo (REBELO et al., 2012).

Page 46: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

46

Existem procedimentos menos custosos e mais práticos para a estimativa do VO2máx,

sendo o Yo-Yo Intermittent Test um dos mais utilizados para modalidades acíclicas como

futebol. Trata-se de um teste intermitente que gera aumento da intensidade de corrida até que o

atleta chegue em sua capacidade máxima, consistindo em corridas de 20 m no modelo ida e

volta em ritmo imposto por sinais sonoros, ressaltando que a cada 40 m o avaliado possui 5 ou

10s em um espaço de 5m destinado à recuperação ativa entre os estímulos. A interrupção de

teste é feita quando o avaliado não conseguir atingir a marca pré-estabelecida por duas vezes

(BANGSBO, J; IAIA; KRUSTRUP, 2008). Este teste possui quatro variações: Yo-Yo

Intermittent Recovery Test – Level I (Yo-Yo IRT 1) e II (Yo-Yo IRT 2), Yo-Yo Intermittent

Endurance Test – Level I (Yo-Yo IET 1) e II (Yo-Yo IET 2), sendo que eles diferem entre si

em relação ao tempo de recuperação entre os estímulos (tipo recovery = 10s; tipo endurance =

5s) e à velocidade inicial de execução destes (tipo recovery maior que o tipo endurance)

(BANGSBO, JENS, 1994).

A resposta, validade e a confiabilidade do teste do Yo-Yo Intermittent Recovery Test 2

(Yo-Yo IRT 2) foram verificadas por meio da correlação deste com testes laboratoriais e

invasivos mais diretos, incluindo frequência cardíaca, biópsia e lactato muscular, o que

confirmou a reprodutibilidade do teste como forma de avaliar os atletas em atividades

intermitentes (KRUSTRUP et al., 2015). Estudo semelhante verificou a capacidade física e a

resposta fisiológica ao teste de Yo Yo Intermittent Endurance Test 2 em sujeitos não treinados

e treinados praticantes de futebol, encontrando boa validade para o teste, já que foram

encontradas grandes diferenças entre os grupos para desempenho e metabolismo anaeróbio,

analisados por meio da comparação da FC entre os grupos (KRUSTRUP et al., 2015).

Page 47: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

47

Figura 4. Yo-Yo Intermittent Recovery Test

O efeito fisiológico sobre o desempenho esportivo provocado pelo jejum obrigatório

proveniente do ramadã em culturas islâmicas foi verificado por meio do Yo-Yo Test, em que

os autores verificaram a máxima velocidade aeróbia e o tempo total de teste, antes do ramadã e

durante a primeira e a quarta semana do período religioso sagrado, encontrando redução

significativa em ambas as variáveis na última semana avaliada (CHTOUROU et al., 2011;

KRUSTRUP et al., 2015). Os autores utilizaram ainda o Teste de Habilidade de Sprints

Repetidos e o teste de Wingate, encontrando para ambos os testes realizados a mesma tendência

de redução do desempenho na quarta semana do ramadã quando comparado com o período

prévio ao início do jejum.

O teste de Wingate trata-se de um teste em que a potência máxima é gerada durante 30

segundos no cicloergômetro contra uma resistência fixa, não envolvendo, portanto, padrão

motor específico do futebol (BAR-OR, 1987). Em contrapartida, o Teste de Habilidade de

Sprints Repetidos (figura 5), elaborado por Bangsbo e Jens (1994) é um teste específico para o

futebol que preconiza a realização de sete sprints máximos de 34,2m, sendo que cada sprint

deve ser executado com uma mudança de direção e, após cada sprint, o atleta deve percorrer

cerca de 40 m em 25 s (o avaliador deve informar o tempo de pausa aos 5, 10, 15 e 20 s) como

forma de recuperação ativa, conforme ilustra a figura 5 (BANGSBO, JENS, 1994; VALENTE-

DOS-SANTOS et al., 2012). Recomenda-se ainda como forma de legitimar o teste a utilização

de fotocélulas para mensuração mais segura do tempo executado pelos atletas.

Page 48: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

48

Figura 5. Teste de Habilidade de Sprints Repetidos

O RAST também foi utilizado para verificar possíveis oscilações de desempenho ao

longo dia. Hammouda et al. (2011), utilizando o RAST, verificaram melhores resultados

quando o teste foi realizado às 5h00 p.m. em detrimento do teste realizado às 7h00 a.m.

Haddad et al. (2013) utilizaram o Yo-Yo IR 1 para identificar a FCmáxima (máximo

valor alcançado por três vezes consecutivas nos intervalos de gravação da FC de 15 s),

permitindo assim o cálculo da FCres estimada para o protocolo de treinamento proposto pelo

estudo a partir da fórmula:

%,-./>/.L1 = (#MN/M>:O1O/ ×(,-Pá7:P1 − ,-./<4=>4) ÷ QRR) + ,-./<4=>4

A exemplo do estudo anterior, (ROS et al., 2013), utilizaram o Yo-Yo IE 2 para induzir

a fadiga em atletas de futebol, possibilitando os pesquisadores identificarem as alterações de

potência muscular expressas nos resultados do One-Leg Hop Test e no Square Hop Test, não

encontrando diferença em ambos os testes logo após o Yo-Yo IE2, permitindo afirmar que a

fadiga induzida pelo teste anaeróbio não exerceu influência negativa na geração de força e

potência musculares. Tal achado se configura importante para a organização da ordem dos

exercícios ao longo das sessões de treinamento no futebol.

Page 49: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

49

A fim de avaliar duas estratégias distintas de recuperação, envolvendo imersão em água

fria e terapia de contraste da água (fria/termoneutra), os autores utilizaram salto contra

movimento (realizado 3 vezes com intervalo de 30`` entre cada tentativa), protocolo de teste de

habilidade de sprints repetidos envolvendo 12 tiros de 20m e 20`` de recuperação entre cada

tiro (calculando-se o tempo total do teste), e o submaximal shuttle run test, cujo protocolo

preconizou ida e volta em trajetória de 20 m à velocidade constante de 12 Km/h durante 5 min.

Por último, os atletas foram submetidos a jogos em campo reduzido por meio de jogos 3x3 sem

a atuação dos goleiros, em um espaço delimitado de 18 x 36 m, estratégia de treinamento que

culminou em valores altos da média de FC (180 – 190 bpm), sendo estes parecidos àqueles

encontrados em jogos oficiais da modalidade (170 – 180 bpm) (DE NARDI et al., 2011;

STRØYER; HANSEN; KLAUSEN, 2004). Por meio dos testes de capacidade física realizados

observou-se que nenhuma das intervenções exerceu efeito significante no nível de desempenho

dos atletas (DE NARDI et al., 2011).

Na tentativa de elaborar um teste com estímulos mais próximos da realidade da

modalidade, foi elaborado o Loughborough Intermittent Shuttle Test (LIST), um teste de campo

que simularia padrões de ações do futebol relativas às frequentes intensidades (NICHOLAS;

NUTTALL; WILLIAMS, 2000). O teste consiste em aquecimento de 15 minutos, seguido de 5

blocos de esforço, sendo cada bloco caracterizado por:

-3 x Caminhada 20m

-1 x Sprint 20m

-1 x Recuperação Ativa (~4 s)

-3 x Trote 20 m ® 55% VO2máx

-3 x Sprints 20m ® 95% VO2máx

A parte final do teste foi programada para esgotar os atletas em aproximadamente 10

minutos, preconizando alternância de intensidade (55% e 95% do VO2máx) a cada 20 m

(NICHOLAS et al., 2000). Autores utilizaram o LIST e o Teste de Agilidade de Illinois para

observarem o efeito da suplementação de carboidrato, não encontrando diferenças entre o grupo

suplementado e o grupo placebo, demonstrando assim meios de referência e de controle para o

estudo das possíveis intervenções nutricionais em atletas de futebol (GOEDECKE et al., 2013).

No Teste de Agilidade de Illinois (figura 6), os atletas devem percorrer no menor tempo

possível uma trajetória pré-definida que envolve mudança de direção, podendo ser realizado

com ou sem bola e no máximo quatro tentativas no dia, desde que respeitado o intervalo mínimo

de 2 minutos entre elas, conforme ilustrado na figura 6 (ROOZEN, 2004)

Page 50: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

50

Figura 6. Teste de Agilidade de Illinois

Mais próximo da especificidade da modalidade, foi criado o LSPT (Loughborough

Soccer Passing Test), que tem como propósito a avaliação do desempenho das tarefas motoras

do futebol, principalmente o passe, sendo este um teste validado principalmente para atletas

com nível elevado de habilidade técnica e tática (ALI et al., 2007). O protocolo preconiza 8

passes de diferentes distâncias (3,5 e 4,0 m), sendo que cada um destes pode ser feito

exclusivamente dentro da área devidamente demarcada, com a bola obrigatoriamente passando

por entre os cones. O resultado do teste é classificado de acordo com o tempo total de execução

do teste, que seria mensurado por um dos avaliadores, enquanto o outro ficaria em posição

possível de se ver todos os quatro alvos do teste, analisando assim a execução do teste de forma

a propiciar as penalidades cabíveis no tempo quando do erro na execução do teste.

Page 51: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

51

Semelhante ao estudo anteriormente analisado, o LIST e o LSPT foram utilizados como

forma de verificar o efeito da ingestão de carboidrato combinado ou não com cafeína sobre o

desempenho de atletas de futebol, sendo encontrado tempo estatisticamente inferior nos últimos

blocos do LIST para o grupo suplementado com CHO + Cafeína quando comparado com o

grupo suplementado apenas com CHO, diferença esta que não foi encontrada no tempo de

execução do LSPT. Tais descobertas reforçam o uso destes testes de controle para avaliação

dos possíveis efeitos ergogênicos em atletas de futebol de diferentes suplementos alimentares

(GANT et al., 2010).

A fim de estimar a potência anaeróbia alática, Los Arcos et al. (2014) utilizaram o

Maximal Sprint Test, cujo protocolo preconiza três sprints máximos de 15 m com 90`` de

recuperação entre eles, enquanto que para estimativa da potência aeróbica os pesquisadores

utilizaram o Maximal Endurance Running, cujo protocolo preconiza um estágio submáximo de

velocidade constante na intensidade correspondente aos 3 mmol/L de lactato por 10 minutos, e

após dois minutos de recuperação um estágio na mesma intensidade por 15 minutos, observando

em ambos os testes o tempo total de execução ao longo de 9 semanas do período competitivo

do futebol, não encontrando diferença estatística ao longo do período avaliado. Os testes de

capacidade física devem ser utilizados ao longo dos diferentes ciclos de treinamento com a

finalidade de acompanhar a evolução dos atletas, ou em casos mais específicos, o decréscimo

de desempenho observado ao longo do tempo (BOMPA, 2002).

Apenas dois estudos daqueles que compõem esta revisão utilizaram controle nutricional,

sendo que o instrumento utilizado para tal avaliação foi o Recordatório Alimentar, instrumento

este que permite por meio do relato dos avaliados a identificação do consumo alimentar atual

(24 horas) (GOEDECKE et al., 2013) ou habitual, que inclui medidas repetidas já que os atletas

devem relatar todos os itens de sua alimentação com as respectivas dosagens ingeridas (DE

HENAUW et al., 2002; HAMMOUDA et al., 2011).

O controle do consumo alimentar é de fundamental importância quando a investigação

aborda aspectos relacionados ao uso de substâncias ergogênicas. Antes de verificar o efeito da

suplementação de carboidrato, Goedecke et al. (2013) constataram que no dia prévio ao teste

não houve diferença entre o consumo energético e percentual de carboidrato, proteína e gordura

dos sujeitos avaliados. Hammouda et al. (2011) analisaram a média de macro e micronutrientes

ingeridos pelos avaliados que fariam parte da amostra do estudo, corrigindo desta forma

qualquer interferência que o aporte nutricional pudesse exercer, prejudicando os resultados da

pesquisa.

Page 52: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

52

Da mesma forma, Chtourou et al. (2011) utilizaram o Perfil do Estado de Humor

(POMS) para verificar os níveis de tensão, depressão, raiva, vigor, fadiga e confusão em atletas

submetidos ao período do ramadã, encontrando elevação da fadiga ao final deste período, o que

pode ter sido gerado pelas alterações promovidas na dieta dos atletas, reforçando assim a

importância de se fornecer condições multifatoriais adequadas para a promoção do rendimento

esportivo (CHTOUROU et al., 2011). O POMS, idealizado por Mcnair e Lorr (1992) com a

finalidade de verificar alterações no estado de humor de populações psiquiátricas logo foi

adaptado para utilização em populações não clínicas, sendo também utilizado com grande

frequência no contexto esportivo, até mesmo para verificar a eficácia de distintas estratégias de

suplementação nas variações dos estados de humor (MCNAIR; LORR, 1992; WINNICK et

al., 2005).

Instrumentos psicofisiológicos aplicados ao futebol

A psicofisiologia configura-se como uma área de investigação que se ocupa a estudar a

integração entre o comportamento humano e as variáveis fisiológicas, indo no sentido contrário

ao reducionismo unidirecional, em que as variáveis fisiológicas e psicológicas são mensuradas

e estudadas seguindo rígidos padrões de isolacionismo, muitas vezes critério dos estudos

experimentais que têm como objetivo explicar parcialmente o treinamento esportivo (UMER,

1996; CACIOPPO, TASSINARY e BERNTSON, 2007). Nesse sentido, os instrumentos

elaborados na tentativa de integrar respostas provenientes tanto do aspecto fisiológico como

psicológico, foram validados a partir de sua associação positiva com indicadores objetivos,

sejam eles os mais comuns, descritos acima, como frequência cardíaca e concentração

sanguínea de lactato, ou aqueles mais específicos, como a creatina quinase.

Hooper e Mackinnon (1995) forneceram um instrumento capaz de auxiliar na

identificação da síndrome do excesso do treinamento, denominada pela literatura como

overtraining. A validação de tal instrumento ocorreu por meio da associação deste com demais

indicadores objetivos, incluindo creatina quinase, contagem total de leucócitos, eritrócitos e

catecolaminas, por exemplo. O Índice de Hooper, como foi denominado, é também uma escala

numérica de autoanálise que varia de 1 a 7 em diferentes quesitos previamente ao treino ou à

competição, sendo eles: sono, estresse, fadiga e dor muscular, conforme mostrado na figura 7.

Ressalta-se que o Índice Hooper é calculado pela soma das quatro taxas subjetivas (HOOPER;

MACKINNON, 1995).

Page 53: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

53

Figura 7. Taxas subjetivas de qualidade de sono, fadiga, estresse e dor muscular. Adaptado de Hooper e Mackinnon (1995) Sono Estresse 1 – Muito, muito bom 1 – Muito, muito baixo 2 – Muito bom 2 – Muito baixo 3 – Bom 3 – Baixo 4 – Razoável 4 – Razoável 5 – Ruim 5 – Alto 6 – Muito ruim 6 – Muito alto 7 – Muito, muito ruim 7 – Muito, muito alto Fadiga Dor muscular 1 – Muito, muito baixa 1 – Muito, muito baixa 2 – Muito baixa 2 – Muito baixa 3 – Baixa 3 – Baixa 4 – Razoável 4 – Razoável 5 – Alta 5 – Alta 6 – Muito alta 6 – Muito alta 7 – Muito, muito alta 7 – Muito, muito alta

Issurin (2009) aponta que índices subjetivos de dor muscular, estresse, fadiga e

qualidade do sono são indicadores subjetivos adequados para fornecer informações a respeito

do controle do treinamento dos atletas, tanto de modalidades individuais, como de modalidades

coletivas. Apesar do estudo de Haddad et al. (2013) não ter encontrado correlação significante

entre o Índice Hooper e a percepção subjetiva do esforço durante 10 minutos de sessão de

treinamento em exercício submáximo, outros estudos na literatura demonstram seguro uso de

tal instrumento para acompanhamento de variáveis do treinamento (CHARLOT et al., 2016;

FESSI et al., 2016; CLEMENTE et al., 2017; POLITO et a;., 2017).

Propõe-se que tal índice não tenha contribuição significativa no treinamento tradicional

do futebol, uma vez que, como já visto, não foram observadas correlações significantes entre o

Índice de Hooper e a percepção subjetiva do esforço durante 10 minutos de sessão de

treinamento de exercício submáximo (HADDAD et al., 2013).

As pesquisas científicas levaram também à validação de outras escalas psicofísicas,

como a Felt Arousal Scale (Escala de Ativação) (SVEBAK; MURGATROYD, 1985) e a

Feeling Scale (Escala de Afetividade) (HARDY; REJESKI, 1989), demonstradas nas figuras 8

e 9, respectivamente.

Page 54: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

54

Figura 8. Escala de Ativação. Adaptado de Svebak e Murgatroyd (1985)

Figura 9. Escala de Afetividade. Adaptado de Hardy e Rejeski (1989)

O primeiro instrumento apresentado (figura 8) se trata de uma escala de percepção de

ativação composta de 6 itens, sendo que o número 1 corresponde a um baixo nível de ativação

Page 55: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

55

e o número 6 corresponde ao alto nível de ativação. O segundo (figura 9) segue tendência

similar, avaliando o nível de prazer-desprazer em relação à atividade, sendo que, por se tratar

de uma escala bipolar, tem início no -5 e termina no +5 (-5 = muito mal, -3 = mal, -1 =

razoavelmente mal, 0 = neutro, +1 = razoavelmente bom; +3 = bom, +5 = muito bom)

(SHEPPARD; PARFITT, 2008).

Apesar de não ser encontrada diferença estatística no nível de ativação entre atletas de

futebol que foram suplementados com carboidrato a 1,8 g/Kg de peso corporal (CON) e atletas

que fizeram igual suplementação porém com adição de 3,7 mg/Kg de cafeína (CAF), quando a

variável analisada foi a taxa de prazer-desprazer por meio da Escala de Afetividade, foram

encontradas diferenças nos períodos finais do exercício para o grupo CAF em relação ao grupo

CON, com valores de 1,3 + 2,2 (razoavelmente bom) e -1,0 + 1,9 (razoavelmente ruim),

respectivamente (GANT et al., 2010). Estudo similar analisou a percepção de esforço em atletas

de futebol que fizeram o uso da suplementação de carboidrato à concentração de 7% (volume

total líquido ingerido foi 700 mL) e comparou com grupo placebo, não encontrando diferenças

estatisticamente significantes (GOEDECKE et al., 2013).

Por meio do uso da Escala de Borg de 15 ítens (variação de 6 – 20) foi observado que a

taxa de esforço percebido pode variar também de acordo com os hábitos alimentares dos atletas,

visto que jogadores de futebol durante o período do ramadã apresentam maiores valores quando

comparados à sua condição antes do início da prática islâmica sagrada (CHTOUROU et al.,

2011).

Apesar de, na grande maioria dos estudos, a PSE identificada se referir ao corpo como

um todo, tais instrumentos podem ser utilizados para refletir o esforço percebido dos músculos

e da respiração, isoladamente, como feito por Los Arcos et al., que acompanharam os atletas de

futebol durante 9 semanas do período competitivo de treinamento, encontrando que após as

partidas oficiais da modalidade, o esforço muscular percebido foi significativamente superior

ao respiratório (LOS ARCOS et al., 2014).

Outra possibilidade referia-se ao uso da PSE se deve à utilização desta como mecanismo

de controle na prescrição do treinamento, como demonstra o estudo de (ROS et al., 2013), em

que utilizaram, dentro da escala RPE 6 – 20 de Borg, o valor 11 como limite para a prescrição

do treinamento. Ressalta-se ainda que, apesar de tal demonstração, não é comum o uso dos

instrumentos da PSE para prescrição da intensidade do esforço, sendo seu uso mais comum

como variável dependente, e não independente, em qualquer sessão de exercício.

Page 56: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

56

Considera-se, a partir da revisão feita, que a percepção subjetiva do esforço representa

a variável mais verificada nos programas de treinamento e também nas pesquisas envolvendo

futebol e rendimento, estando sempre associada a outros parâmetros objetivos, como a

frequência cardíaca e a concentração sanguínea de lactato (CHTOUROU et al., 2011; DE

NARDI et al., 2011; FANCHINI et al., 2015; GANT et al., 2010; GOEDECKE et al., 2013;

HADDAD et al., 2013; HAMMOUDA et al., 2011; LOS ARCOS et al., 2014; RABELO et

al., 2016; ROBEY et al., 2014; ROS et al., 2013). Ressalta-se ainda que, apesar de apresentar

bons valores de associação com os indicadores mencionados, não se correlaciona

adequadamente com marcadores bioquímicos representativos de inflamação tecidual

(leucócitos, concentração de ácido úrico, creatina quinase) (DE NARDI et al., 2011).

Page 57: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

57

CAPÍTULO 3

ESTUDO 1

ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DE UMA ESCALA PICTÓRICA DE PERCEPÇÃO

SUBJETIVA DO ESFORÇO ESPECÍFICA PARA O FUTEBOL (ESCALA GOL)

3.1 INTRODUÇAO

Os primeiros estudos acerca da PSE iniciaram no final da década de 1950, mais

aproximadamente em 1958, quando na Faculdade de Medicina de Umeå, Suécia, surgiu da

discussão entre o psicólogo sueco Gunnar Borg (professor de Psicologia) e o fisiologista Hans

Dahlström (chefe do laboratório de fisiologia clínica) a ideia inicial da classificação subjetiva

por parte de um indivíduo quanto à sua capacidade de trabalho, e a possível associação positiva

com as medidas objetivas dessa capacidade (BORG, 2000). Tal discussão deu origem, pouco

tempo depois, à psicofisiologia do esforço percebido, área de estudos que investiga a

interpretação e a mensuração das percepções sensoriais.

A percepção subjetiva do esforço percebido teria então, como principal objetivo, não

apenas saber quão intenso um exercício é em comparação a outro, mas também identificar se

os exercícios presentes em uma sessão de treinamento alcançam intensidades adequadas para o

programa de condicionamento físico, apresentando assim uma forte validade do ponto de vista

da Teoria Geral do Treinamento (BORG, G. A., 2000; PLATONOV, 2008). Para tanto, ouve

a necessidade da elaboração de instrumentos específicos para classificação do esforço,

conceituando a PSE como “sentimento de quão forte, extenuante e árduo é o exercício” (BORG,

1961; NOBLE e ROBERTSON, 2004).

As primeiras testagens para elaboração do instrumento específico foram constituídas

com escalas de 7 e 21 ancoragens, tendo sido verificada a associação destas com uma variável

fisiológica objetiva, a frequência cardíaca, o que culminou em altos valores de correlação

estatística (em torno de r = 0,83 para a escala de 21 ancoragens). Apesar destes altos valores,

não foi observada linearidade entre a pontuação obtida por este instrumento, a intensidade do

exercício e a FC. Tal ausência de linearidade levou à necessidade de alterações do instrumento

(BORG, 2000).

Partindo-se do princípio de que uma amostragem populacional significativa de adultos

jovens, aparentemente saudáveis, apresentam FC de repouso em torno de 60 bpm, o Prof.

Page 58: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

58

Gunnar Borg estabeleceu como ponto de partida para o novo instrumento a ancoragem

numérica de valor “6”, em uma escala que teria como valor máximo a ancoragem “20”

(equivalente à FC máxima de um adulto jovem, 200 bpm). Um dos pressupostos do instrumento

era de que este apresentaria uma relação razoavelmente linear com a frequência cardíaca e com

o consumo de oxigênio durante a prática do ciclismo e, a posteriori, durante a prática da corrida,

verificando a validade do instrumento em dois meios distintos de treinamento (BORG, 2000).

Afim de otimizar o instrumento, tornando-o mais linear, algumas alterações foram realizadas

no que diz respeito às suas ancoragens, resultando assim em uma segunda versão da RPE 6 –

20 (figuras 10 e 11, respectivamente).

Page 59: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

59

Figura 10. Primeira versão da Escala Borg RPE 6-20

6

7 Muito, muito leve 8

9 Muito leve

10 11 Razoavelmente leve

12 13 Um pouco intenso

14

15 Intenso (pesado) 16

17 Muito intenso 18

19 Muito, muito intenso

20

Figura 11. Versão final da Escala Borg RPE 6-20

6 Sem nenhum esforço

7 Extremamente leve

8

9 Muito leve 10

11 Leve

12 13 Um pouco intenso

14 15 Intenso (pesado)

16

17 Muito intenso 18

19 Extremamente intenso 20 Máximo esforço

Page 60: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

60

A Escala Borg RPE 6 – 20 (versões ilustradas nas figuras 10 e 11) foram então

instrumentos elaborados por meio de experimentos psicofísicos que possibilitaram a

mensuração do estado interno do indivíduo e da intensidade que esse estado refletia nas

referências do avaliado, levando em consideração, segundo o pressuposto de (BORG, G. A.,

1970) a integração das informações aferentes provenientes das sensações do peito, das

articulações envolvidas e também das informações somatossensoriais de pressão, tensão e

temperatura geradas durante o esforço físico (BORG, 1970), como mencionado no modelo

teórico de feedback aferente, discutido na introdução da presente Tese de Doutorado.

Apesar da alta confiabilidade da RPE 6 – 20, surge, levando-se em consideração a

necessidade de estabelecimento de um instrumento que contemplasse uma unidade

interindividual para determinações diretas dos níveis de intensidade, uma escala de relações de

categorias, chamada de Escala Categoria-Relação CR10 de Borg (BORG, 1982). Para preservar

os “efeitos de piso e teto”, e também para tornar a escala mais finamente graduada, algumas

soluções foram pensadas pelos autores, incluindo, respectivamente: (1) possíveis valores

superiores à ancoragem numérica máxima do instrumento; (2) pontuações com decimais entre

as âncoras. A primeira Escala CR10 de Borg (figura 12) foi modificada, utilizando assim

decimais abaixo de 0,5 ponto (tornando-a mais sensível às alterações), como ilustrado na figura

13.

Figura 12. Primeira versão da Escala Borg CR10 0 Absolutamente nada

0,5 Extremamente fraco Apenas perceptível 1 Muito fraco 2 Fraco Leve 3 Moderado 4 5 Forte Intenso 6 7 Muito forte 8 9

10 Extremamente forte Quase máximo . Máximo

Page 61: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

61

Figura 13. Versão final da Borg CR10 0 Absolutamente nada Sem Percepção

0,3 0,5 Extremamente fraco Apenas perceptível

1 Muito fraco

1,5 2 Fraco Leve

2,5 3 Moderado

4

5 Forte Intenso 6

7 Muito forte

8 9

10 Extremamente forte Percepção máxima 11

...

. Máximo absoluto O mais intenso possível

Posteriormente, acreditou-se que seria necessário um número maior de ancoragens em

um instrumento que apresentasse então graduações mais finas, apontando melhor congruência

com a dinâmica de oscilação das mudanças subjetivas relacionadas à interpretação do esforço

(BORG; BORG, 2001). Tal fato, levou ao desenvolvimento da Escala com uso de decimais

(escala com graduações muito discretas), denominada Escala CR100 (figura 14).

Page 62: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

62

Figura 14. Escala CR100® (BORG; BORG, 2001) . Máximo absoluto

120 110

100 Máximo esforço

95 90 Extremamente intenso

85 80

75

70 Muito intenso 65

60

55 50

45 Intenso (pesado) 40

35

30 25 Moderado

20 15

13 Leve

10 8

6 Muito leve 5

4

3 Extremamente leve

2

1,5 Esforço mínimo 1

0 Nenhum esforço

Page 63: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

63

Com o objetivo de qualificar ainda mais o uso das escalas de esforço para controle da

intensidade, fundamentando-se na realidade brasileira, foi desenvolvida a Escala Cavasini de

PSE, que conta então com apenas duas ancoragens verbais e 11 ancoragens numéricas, indo do

0 (zero) ao 10 (dez), como ilustrada na figura 15 (CAVASINI; MATSUDO, 1983).

Figura 15. Escala Cavasini de PSE (1983) 0 Nenhum Esforço 1

2

3 4

5

6 7

8 9

10 Máximo Esforço

Apesar de originalmente ter sido implementada para a identificação da intensidade do

exercício, alguns pesquisadores testaram a utilização do instrumento de PSE para predição de

outras variáveis.

Nesse sentido, Coquart et al. (2009) não encontraram diferenças entre o VO2pico

(consumo de oxigênio de pico) alcançado no teste máximo padrão ouro e o estimado pela PSE

(13,9 ± 3,0 ml/kg/min e 14,2 ± 3,3 ml/kg/min, respectivamente). Apesar do teste aplicado no

estudo ter sido máximo, as coletas de PSE foram feitas apenas até o score “15”, possibilitando

a estimativa do VO2pico sem a necessidade de testes máximos e os afetos negativos e o risco por

ele gerados.

Lambrick et al. (2009), por sua vez, investigaram a possibilidade de predição da

capacidade cardiorrespiratória máxima, expressa pelo VO2máx, a partir de um valor fixo de PSE

(PSE de 13), identificada pela Escala Borg RPE 6 – 20. Os autores não encontraram diferenças

entre o VO2máx mensurado e aquele estimado por meio da PSE. Os resultados do estudo ainda

mostraram que não houve diferença entre a média da FC do limiar anaeróbico (134.7 ± 18,3

Page 64: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

64

bpm) com a média da FC no valor 13 da PSE (140,4 ± 15,0 bpm), demonstrando assim alta

associação entre o valor 13 do instrumento a o limiar anaeróbico, ponto de transição metabólica

importante para a prescrição do exercício e acompanhamento do nível de capacidade física dos

praticantes.

A percepção subjetiva de esforço também tem sido utilizada para predição da 1

Repetição Máxima, teste frequentemente relacionado com a mensuração da capacidade de força

muscular, definida pela capacidade de um músculo ou de um grupo muscular exercer força

contra uma determinada resistência em um único esforço máximo. Com a finalidade de evitar

os riscos na execução do teste máximo, várias foram as fórmulas de estimativa da 1 RM a partir

de cargas submáximas (LESUER et al., 1997). Nesse sentido, Eston e Evans (2009) verificaram

a eficácia da predição da 1 RM em adultos jovens a partir da PSE, identificada pela RPE 6 –

20. Os autores não encontraram diferenças entre a 1 RM calculada por meio do teste

protocolado pelo National Strength and Conditioning Association (BAECHLE; EARLE;

WATHAN, 2008) e aquela estimada por meio da PSE, tanto para membros superiores (rosca

direta) como para membros inferiores (cadeira extensora), envolvendo ambos os sexos.

Uma vez exposto o delineamento histórico da PSE, bem como a explorar a possível

aplicabilidade dela para estimativa de capacidade cardiorrespiratória ou força muscular, cabe

agora verificar o uso do instrumento na rotina do treinamento esportivo. Na elaboração de

qualquer programa de treinamento é indispensável que haja o controle da intensidade e demais

unidades como volume e densidade dos estímulos aos quais os atletas são submetidos e, em

casos mais específicos, das competições também, fornecendo assim dados relevantes para que

os membros da comissão técnica tenham maior controle do rendimento de seus atletas, evitando

assim cargas excessivas que predisponham os atletas às lesões ao longo da temporada. Portanto,

a percepção subjetiva do esforço pode contribuir como uma das variáveis de controle e

acompanhamento da distribuição da intensidade dos treinamentos (STÖGGL; SPERLICH,

2015).

Nessa perspectiva, Naclerio et al., 2011 verificaram a possibilidade de aplicar a escala

OMNI de percepção subjetiva do esforço (figura 16) no controle da intensidade do treinamento

com pesos. Os resultados mostraram que a PSE produzida do início até o final de cada série

correspondente às respectivas zonas percentuais de 1 RM (de 30 a 90% da 1 RM) apresentou

relação com as alterações ocorridas na potência mecânica mensurada durante o teste,

proveniente da instauração da fadiga, demonstrando assim associação positiva entre tais

variáveis.

Page 65: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

65

Figura 16. Escala OMNI para treinamento resistido em adultos (ROBERTSON et al., 2003)

Kraft, Green e Gast (2014) compararam sessões de treinamento com pesos envolvendo

diferentes manipulações das variáveis de intensidade e volume, verificando assim como a PSE

e a FC se comportavam em ambas as intervenções. Os resultados indicaram maiores valores de

PSE e de FC pós séries no grupo submetido ao protocolo de alta carga e baixo número de

repetições (3 séries x 6 repetições x 80% de 1 RM x 1,5’ recuperação entre as séries) em

comparação com o protocolo de baixa carga e alto número de repetições (2 séries x 12

repetições x 60% de 1 RM x 3’ recuperação entre as séries), mostrando assim que tais variáveis

são sensíveis à diferentes manipulações de uma sessão de treinamento de força.

Além da escala OMNI para treinamento com pesos, foram desenvolvidas e validadas

outras escalas específicas de PSE para monitoramento da intensidade do esforço em populações

ou atividades específicas, dentre elas:

-Escala OMNI de PSE para caminhada/corrida de crianças (UTTER et al., 2002);

-Escala OMNI de PSE para treinamento resistido em crianças (ROBERTSON et al.,

2005);

-Escala OMNI de PSE para atividades em cicloergômetro (UTTER et al., 2006);

Tais instrumentos foram desenvolvidos com a finalidade de aumentarem a validade

ecológica da aplicação das escalas de percepção subjetiva do esforço, já que foram desenhadas

e elaboradas para contextos ou públicos específicos.

Após análise do delineamento histórico traçado até o momento, pode-se levantar alguns

pontos que justificam a execução do presente projeto, sendo eles: 1) falta de recursos

Page 66: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

66

tecnológicos para mensuração da intensidade do esforço em grande parte dos clubes brasileiros;

(2) a percepção subjetiva do esforço ser um instrumento válido e frequente para mensuração da

intensidade em atletas de futebol; (3) as escalas pictóricas apresentarem vantagem em relação

às escalas constituídas por ancoragens verbais, devido ao problema existente na interpretação

dos valores semânticos; (4) as escalas pictóricas favorecem a aplicação do instrumento em

atletas de diferentes nacionalidades, já que não apresentam necessidade de tradução quando da

utilização com jogadores de diferentes idiomas; (5) a validade ecológica dos instrumentos se

torna mais propícia quando estes são elaborados e validados especificamente para um contexto;

(6) não foi encontrado na literatura científica nenhum instrumento validado especificamente

para atletas de futebol. Sendo assim, deu-se início ao processo de elaboração e validação da

Escala Gol.

3.2 MÉTODO

3.2.1 Participantes

Participaram do estudo vinte atletas, do sexo masculino, de uma equipe sub-17 do

futebol nacional, com experiência mínima de três anos na modalidade e tempo médio diário de

treinamento de 2 horas. A média de idade foi 16,40 ± 0,68 anos; estatura média de 175,45 ± 9,0

cm; massa corporal total de 66,39 ± 7,75 (kg); percentual de gordura corporal de 12,39 ± 3,31%;

massa livre de gordura de 58,18 ± 7,30 (kg); consumo máximo de oxigênio de repouso de 60,77

± 4,36 ml/kg/min, conforme demonstrado na tabela 3. Tabela 3. Variáveis antropométricas e fisiológicas dos atletas de futebol – Estudo 1

Idade MCT

(Kg)

Estatura

(cm)

%MG MG

(Kg)

MIG (Kg) VO2máx TECM

(ml/Kg/min)

VO2máx Yo-Yo

(ml/Kg/min)

x 16,40 66,39 175,45 12,39 8,21 58,18 60,77 54,95

st 0,68 7,75 9,00 3,31 2,28 7,30 4,36 2,76

MCT = Massa Corporal Total; %MG = Percentual de Massa Gorda; MG = Massa Gorda; MIG = Massa Isenta de Gordura; TMB = Taxa Metabólica Basal; VO2máx TECM = Consumo Máximo de Oxigênio no Teste de Esforço Cardiopulmonar Máximo; %VO2máx Yo-Yo = Consumo Máximo de Oxigênio no Yo-Yo Intermittent Recovery Test – Level 1

Foram adotados como critérios de inclusão: (1) praticar futebol competitivo,

apresentando o mínimo de 1h30 de treino por dia, 5 dias da semana; (2) ter experiência mínima

Page 67: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

67

de prática do futebol de 3 anos; (3) não fumante. Como critérios de exclusão foram adotados:

(1) qualquer lesão ósteo-mio-articular recente que impedisse a realização dos testes físicos; (2)

qualquer contraindicação clínica que impedisse a realização dos testes de esforço; (3) estar em

processo de reabilitação; (4) atuar no futebol na posição de goleiro.

Os atletas foram informados que a pesquisa apresentava os seguintes riscos: (1) lesões

ósteo-mio-articulares durante os testes de esforço; (2) irritabilidade da polpa digital do dedo

indicador, onde seriam feitas as coletas de sangue. Quando do surgimento de qualquer tipo de

lesão ou desconforto, os atletas foram comunicados que teriam toda a assistência da

Universidade São Judas Tadeu e dos pesquisadores responsáveis pelo presente projeto, não

sendo obrigatória a participação na pesquisa e, em caso de aceite, haveria a possibilidade de

desistência em qualquer momento, não ocorrendo nenhum prejuízo profissional em detrimento

disso.

Assim como em relação aos riscos, os benefícios da pesquisa foram apresentados aos

jogadores (ou responsáveis em caso de menor de idade) no momento da explicação do Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo eles: desenvolvimento e validade de um

instrumento específico para jogadores de futebol, que permitisse a medição da intensidade do

esforço. Ressalta-se que os menores de dezoito anos assinaram a TALE (Termo de

Assentimento Livre e Esclarecido)

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade São Judas

Tadeu sob o número de protocolo 37500414.4.0000.0089.

3.2.2 Instrumentos

O estudo de cunho experimental ocorreu em 2 fases, sendo elas: 1) elaboração inicial

do instrumento por cartunista profissional e sua validação por juízes; 2) validação concorrente

e validação de constructo do instrumento em teste laboratorial e de campo.

A validade concorrente foi realizada através de variáveis psicofísicas e fisiológicas

analisadas durante os testes experimentais sendo analisadas para isso as seguintes variáveis:

PSE através da Escala Borg 6 – 20, frequência cardíaca (FC) e concentração sanguínea de

lactato ([La]). Cada sujeito recebeu as orientações específicas à realização dos testes, bem como

realizaram no dia do eletrocardiograma de repouso uma sessão de familiarização com o teste

cardiopulmonar proposto e seu respectivo protocolo. Todos os participantes foram testados em

estado pós-prandial de 3 horas, e foram orientados a não ingerirem bebidas diuréticas e nem

Page 68: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

68

bebidas alcoólicas no dia anterior, tampouco de café, bebidas energéticas e chá no dia do exame.

Como forma de padronização, foi sugerido que os sujeitos urinassem 30 minutos antes do teste.

Os ensaios foram separados por um prazo mínimo de 48 horas.

O desenho experimental está ilustrado na figura 17.

Figura 17. Desenho experimental de validação da Escala GOL

3.2.3 Validação por Juízes

A Escala GOL foi elaborada por um cartunista profissional, as exigências iniciais para

elaboração dos desenhos foram baseadas nos ajustes fisiológicos induzidos pelo incremento de

carga de esforço durante a prática da atividade, incluindo uma maior sudorese, rubor facial e

hiperventilação, considerando os diferentes níveis de esforço (MCARDLE et al., 2016). Nesse

sentido, foram constituídas inicialmente seis imagens, adotando-se o critério de duas imagens

para cada fase de exercício, quando considerado o modelo dos limiares múltiplos de Skinner e

Mclellan (1980).

ElaboraçãoCartunista

Profissional

ValidaçãoDoutores

9 JuízesDiferentes Áreas

Validação emLaboratório

TECM

Validação emCampo

Yo-YoIntermittent

Recovery Test 1

Validação da Escala GOL

ValidadeConcorrente

FrequênciaCardíaca

ConcentraçãoSanguínea de

Lactato

Consumo de Oxigênio

Validade de Constructo

RPE Borg 6 -20 Escala Cavasini

Page 69: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

69

O instrumento foi então enviado para nove juízes, professores doutores, de sete áreas

distintas de pesquisa: treinamento esportivo, fisiologia cardiovascular, fisiologia do futebol,

psicologia do esporte, biomecânica, metabolismo e psicobiologia do exercício. Após o

recebimento do instrumento inicial, cada avaliador teve três meses para sugerir modificações

nos desenhos, podendo recomendar a inclusão, exclusão ou alterações nas imagens

apresentadas.

A figura 18 exemplifica com base na quarta e na sexta imagem da Escala GOL, a

evolução do instrumento pictórico desde a sua primeira configuração. Como pode ser

observado, foram realizadas alterações em detalhes como rubor facial e sudorese (versão 1 para

versão 2; versão 2 para versão 3 na quarta imagem; versão 2 para versão 3 na sexta imagem),

ângulo de flexão da articulação do joelho, distância do pé esquerdo da bola e inclusão da

numeração (versão 2 para versão 3 na quarta imagem), ventilação (versão 2 para versão 3 na

sexta imagem); alteração das cores do uniforme (versão 3 para versão 4 em ambas as imagens).

Page 70: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

70

Figura 18. Exemplificação da evolução da Escala GOL, utilizando as imagens 4 e 6 do instrumento

Page 71: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

71

3.2.4. Teste de esforço cardiopulmonar máximo (TECM)

Durante as sessões de orientação, os sujeitos foram familiarizados com o teste de esforço

cardiopulmonar máximo em esteira e o uso da Escala GOL de Percepção Subjetiva de Esforço.

O procedimento consistiu em teste cardiopulmonar máximo em ergômetro obedecendo o

protocolo escalonado que consistia em estímulos de 3 minutos e 1 minuto de recuperação

passiva, o que facilitava a apresentação dos instrumentos, bem como a leitura e interpretação

destes por parte dos atletas. A velocidade inicial da esteira e os respectivos incrementos por

estágio foram 6 km/h seguidos de 1 km/h, respectivamente. O bocal para análise das trocas

gasosas, bem como o clipe nasal (evitar o escape de ar), e também o monitor de frequência

cardíaca foram acoplados nos participantes antes do teste. Estes foram instruídos a utilizar a

Escala GOL como referência da percepção subjetiva de esforço em todos os estágios do teste.

Foi utilizado ergômetro PrecorÒ USA, modelo C964i (figura 19).

Figura 19. Ergômetro PrecorÒ USA, modelo C964i

3.2.5. Medidas antropométricas e composição corporal

Previamente ao protocolo experimental, a massa corporal total (kg), estatura (cm), a

massa gorda (kg) e a massa isenta de gordura (kg) foram determinadas, respectivamente, com

o uso da Balança Mecânica modelo - FilizolaÒ (figura 20), estadiômetro fixo Prime MedÒ

(figura 21) e adipômetro científico da marca SannyÒ, modelo AD1011-LDC (figura 22). A

Page 72: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

72

balança mecânica, bem como o adipômetro científico foram devidamente calibrados antes da

execução dos testes.

As medidas antropométricas foram realizadas sempre entre as 06h00 e as 09h00,

previamente ao TECM. Figura 20. Balança mecânica modelo - FilizolaÒ

Figura 21. Estadiômetro fixo Prime MedÒ

Page 73: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

73

Figura 22. Adipômetro científico da marca SannyÒ, modelo AD1011-LDC

3.2.6. Consumo de oxigênio (VO2) e frequência cardíaca (FC)

Os dados ventilatórios, incluindo ventilação pulmonar, consumo de oxigênio (VO2),

produção de dióxido de carbono, equivalente ventilatório de O2 e CO2, fração expirada de O2 e

CO2 e razão de troca respiratória foram coletados pelo analisador de gases utilizado sistema

computadorizado de análise de gases expirados modelo Vmax Encore 29c System,

SensorMedicsÒ. VIASYS Healthcare Inc, Yorba Linda, CA (figura 23), ao final de cada

estágio. O equipamento foi calibrado pelo sistema de circuito fechado. O sensor de volume foi

calibrado utilizando uma seringa de calibração 3L (Hans Rudolph). A seringa manipulada

manualmente para produzir um fluxo de 0,4 a 12 L/s. O sensor de O2 e CO2 era calibrado com

o uso de um gás composto de 11,97% O2 e 4,95% CO2 original, atestado pelo fabricante.

Page 74: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

74

Figura 23. Analisador de gases expirados modelo Vmax Encore 29c System, SensorMedicsÒ

Para elaboração do eletrocardiograma de repouso foi utilizado o Eletrocardiógrafo

computadorizado modelo ErgoPC 13. MicromedÒ (figura 24).

Figura 24. Eletrocardiógrafo computadorizado modelo ErgoPC 13. MicromedÒ

A ventilação ocorreu por meio do bocal da marca VacuMedÒ (figura 25), tomando-se

o devido cuidado com o clipe nasal (figura 26) de forma a não permitir a saída de ar pela

cavidade nasal, prejudicando assim a análise dos gases. Ressalta-se ainda que, tanto o bocal

como o clipe nasal, foram devidamente submetidos aos procedimentos de esterilização.

Page 75: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

75

Figura 25. Bocal VacuMedÒ pronto para utilização

Figura 26. Clipe nasal pronto para utilização

A frequência cardíaca foi mensurada durante todo o teste e no final de cada estágio para

fins de controle. Utilizou-se o monitor de frequência cardíaca da marca PolarÒ modelo RC3

GPS (figura 27).

Page 76: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

76

Figura 27. Monitor de frequência cardíaca da marca PolarÒ modelo RC3 GPS

A pressão arterial (PA) foi mensurada com o indivíduo em repouso mínimo de 5

minutos, sentado, utilizando para isso aparelho de pressão arterial da marca Welch Allyn

Durashock DS44Ò (figura 28) e estetoscópio da marca LitmannÒ, modelo Classic III (figura

29).

Figura 28. Aparelho de pressão arterial da marca Welch Allyn DurashockÒ modelo DS44

Page 77: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

77

Figura 29. Estetoscópio da marca LitmannÒ, modelo Classic III

3.2.7. Concentração sanguínea de lactato ([La])

A concentração sanguínea de lactato foi verificada ao final de cada estágio do teste

realizado em ergômetro com o uso do equipamento Accutrend Plus da ROCHEâ (figura 30).

Imediatamente ao final de cada estágio, o dedo indicador foi devidamente higienizado e a

perfuração da polpa digital foi realizada, utilizando-se lancetas descartáveis Accu-Check Safe-

T-Pro Uno ROCHEâ (figura 31). Após a punção e limpeza da primeira gota de sangue, foram

coletados 40 microlitros de sangue, imediatamente despejados nas fitas reagentes (figura 32)

para determinação da [La]. A coleta sanguínea foi feita com auxílio de capilares heparinizados

com 80 IU/ml de heparina sódica para melhor padronização da quantidade de sangue em cada

fita (figura 33).

Page 78: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

78

Figura 30. Lactímetro da marca ROCHEÒ modelo Accutrend Plus

Figura 31. Lancetas descartáveis da marca ROCHEÒ modelo Accu-Check Safe-T-Pro Uno

Figura 32. Fitas reagente de lactato da marca ROCHEÒ modelo Accutrend

Page 79: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

79

Figura 33. Capilares heparinizados com 80 IU/ml de heparina sódica

3.2.8 Percepção subjetiva do esforço

A percepção subjetiva de esforço foi identificada ao final de cada estágio por 3

instrumentos distintos: Escala de Percepção Subjetiva do Esforço de Borg 6–20 (1982); Escala

Cavasini (1983); Escala GOL.

Devido aos detalhes das imagens da Escala GOL como rubor facial, sudorese e

hiperventilação, a Escala GOL foi impressa em lona nas seguintes dimensões: 80 cm (largura)

x 23 cm (altura), com cada imagem apresentando 13 cm de largura x 15 cm de altura. As demais

escalas, RPE 6 – 20 e Cavasini, foram apresentadas em papel sulfite plastificado nas dimensões

297 (largura) x 420 mm (altura), dimensões do papel A3.

Em estudo piloto inicial, quando as escalas foram apresentadas de forma randomizada,

os atletas relataram confundir os instrumentos devido à instauração da fadiga e o curto tempo

para mensuração de todas as variáveis. Como a Escala GOL estava ilustrada em banner

colocado afrente do avaliado, na altura da cabeça, por motivos de praticidade optou-se por ser

o primeiro instrumento a ser avaliado, deixando as outras duas para serem avaliadas com os

instrumentos colocados nas mãos do avaliado. A escala Borg RPE 6 – 20 foi colocada em

segundo por constituir o instrumento mais utilizado no Futebol, segundo os dados encontrados

na literatura. Dessa forma, ficou estabelecido como ordem de apresentação dos instrumentos:

(1) Escala GOL, (2) Escala Borg e (3) Escala Cavasini.

Page 80: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

80

O bocal, colocado para análise dos gases, impossibilitou a comunicação verbal durante

o teste, sendo assim os atletas foram orientados a apontar com o indicador da mão dominante

para a correta ancoragem dos instrumentos apresentados (Escala GOL, Borg RPE 6-20 e

Cavasini). O avaliador foi devidamente treinado na aplicação do teste, o que facilitou a

observação do atleta e as classificações apontadas por estes nos períodos de recuperação

passiva.

3.2.9 Procedimentos

Instruções

Antes do início do teste, os avaliadores forneceram as seguintes recomendações aos

atletas: “Você irá se exercitar durante os períodos de estímulo de 3 minutos, enquanto que na

recuperação passiva de 1 minuto nós gostaríamos que você colocasse os pés nas bordas e

permanecesse parado. Por favor, utilize os números e as expressões destas duas escalas (Borg

e Cavasini), bem como os números e as imagens da Escala (GOL) para nos dizer como seu

corpo se sente enquanto está em movimento. Olhe para a primeira imagem em que o jogador

está apenas começando o jogo. Se você se sentir como este jogador quando estiver

caminhando/correndo, sua percepção de esforço será mínima, equivalente ao número 1. Agora

olhe para a última imagem do instrumento. Se você se sentir como este jogador, sua percepção

de esforço será máxima, equivalente ao número 6. Se você se sentir entre a primeira e a última

figura, aponte a imagem e o número que melhor corresponde ao seu grau de fadiga”.

É importante ressaltar que os atletas foram alertados de que a PSE não se tratava de um

teste para mensuração de desempenho, o que poderia interferir negativamente na resposta e

consequentemente na real interpretação da fadiga. Foi esclarecido aos atletas que a PSE

representaria uma estimativa do grau de fadiga ao longo dos estágios de um exercício máximo.

Foi alertado que não haveria escolhas certas ou erradas, podendo ser utilizada qualquer

ancoragem que melhor definisse como ele estava se sentindo durante o exercício.

Page 81: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

81

Sequência de Procedimentos – Teste Laboratorial (Teste de Esforço Cardiopulmonar Máximo)

Cada atleta foi avaliado individualmente, o que tornou o ambiente de coleta mais

controlado e menos passível de interferências provenientes da competitividade entre eles, visto

a natureza da função desempenhada dentro do contexto esportivo.

Com o TCLE (apêndice 1) e TALE (apêndice 2) devidamente assinados, os atletas

foram submetidos primeiramente ao Eletrocardiograma de Repouso, avaliação executada e

interpretada por um médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina do

Estado de São Paulo. Uma vez atestadas as condições necessárias para execução do teste, foram

mensuradas a concentração sanguínea de lactato e a pressão arterial do atleta, 30 e 5 minutos

antes do teste, respectivamente. Os indivíduos foram solicitados a subir no ergômetro, quando

foram passadas as instruções referentes ao teste. Após a colocação do bocal analisador de gases,

os sujeitos foram solicitados a responder a PSE, utilizando os três instrumentos supracitados.

Logo em seguida das coletas iniciais, o teste foi iniciado, respeitando os estágios de 3

minutos de estímulo com períodos de recuperação passiva de 1 minuto. Durante os estágios de

recuperação, as coletas foram feitas por três pesquisadores, simultaneamente, que ficaram

responsáveis por: (1) coleta da PSE pelos instrumentos apresentados na ordem descrita

anteriormente; (2) FC e do VO2 e (3) concentração sanguínea de lactato.

Após o encerramento do teste, definido pela exaustão voluntária, os atletas foram

solicitados a responder a PSE pela última vez, com a mensuração da concentração sanguínea

de lactato e a aferição da FC e da pressão arterial ocorrendo logo em seguida.

O teste de cada atleta, desde o controle inicial dos parâmetros até o seu encerramento,

durou aproximadamente 30 minutos. O tempo entre cada atleta foi de 10 minutos, suficientes

para organização dos materiais de coleta e instruções necessárias pertinentes aos procedimentos

adequados.

Page 82: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

82

Sequência de Procedimentos – Teste de Campo (Yo-Yo Intermittent Recovery Test – Level 1)

Assim como ocorrido no teste laboratorial, cada atleta foi avaliado individualmente,

amenizando assim as interferências externas que poderiam ser provocadas pela observação ou

acompanhamento de outros atletas.

Como o Eletrocardiograma de Repouso já havia sido realizado, os atletas chegaram no

campo oficial de jogo da equipe e logo em seguida os procedimentos de coleta se iniciaram.

Primeiramente, foram mensuradas a concentração sanguínea de lactato e a pressão arterial do

atleta, 30 e 5 minutos antes do teste, respectivamente. Os indivíduos foram instruídos sobre o

funcionamento do teste, podendo observar um dos pesquisadores o executando.

Após as coletas iniciais da PSE, o teste foi iniciado, respeitando os estágios propostos

pelo Yo-Yo Intermittent Recovery Test – Level 1, respeitando estágios demonstrados na Figura

34:

Figura 34. Estágios do Yo-Yo Intermittent Recovery Test – Level 1 Estágio Velocidade

(km/h)

Estímulos Distância do

estágio

Distância

acumulada

1 10 1 40 40

2 12 1 40 80

3 13 2 80 160

4 13,5 3 120 280

5 14 4 160 440

6 14,5 8 320 760

7 15 8 320 1.080

8 15,5 8 320 1.400

9 16 8 320 1.720

10 16,5 8 320 2.040

11 17 8 320 2.360

12 17,5 8 320 2.680

13 18 8 320 3.000

14 18,5 8 320 3.320

15 19 8 320 3.640

Adaptado de (CASTAGNA et al., 2006)

Page 83: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

83

As coletas perceptivas, de FC e da concentração sanguínea de lactato foram realizadas

por três pesquisadores, simultaneamente, após o último estímulo de cada estágio.

Após o encerramento do teste, que foi definido pela exaustão voluntária, ou quando o

atleta não conseguisse, por duas vezes, completar o estímulo no tempo adequado do sinal

sonoro, os atletas foram solicitados a responder a PSE pela última vez, com a mensuração da

concentração sanguínea de lactato e a aferição da FC e da pressão arterial ocorrendo logo em

seguida.

O teste de cada atleta, desde o controle inicial dos parâmetros até o seu encerramento,

durou aproximadamente 30 minutos. O tempo entre cada atleta foi de 10 minutos, suficientes

para organização dos materiais de coleta e instruções necessárias pertinentes aos procedimentos

adequados.

O período entre o teste de esforço cardiopulmonar máximo e o Yo-Yo Intermittent

Recovery Test – Level 1 foi de uma semana para cada atleta.

Para facilitar a organização dos dados na coleta, foram feitas planilhas específicas de

coletas, referidas nos apêndices 3 e 4 da presente Tese de Doutorado.

3.2.10 Análise Estatística

As variáveis antropométricas, fisiológicas, metabólicas e perceptivas foram calculadas

a partir de média e desvio padrão. O teste de normalidade de Shapiro Wilk foi aplicado para

definição das variáveis paramétricas e não paramétricas, possibilitando melhor definição dos

testes correlacionais subsequentes. As evidências da validade do constructo foram determinadas

pela correlação linear de Spearman (amostras não paramétricas). Foram adotados em todos os

casos margem de segurança de 95% (p < 0,05).

Os testes foram conduzidos com o auxílio do pacote estatístico GraphPad Prism 7â for

Macâ. Os valores referentes à força de correlação foram referenciados em Cohen (1998)

adaptado por Hopkins et al. (2009), sendo: .01 a .029 (pequena), .030 a .049 (moderada), .050

a .069 (forte), .070 a .089 (muito forte), .090 a .099 (quase perfeita) e .1 (perfeita).

Page 84: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

84

3.3 RESULTADOS

Estão descritos na Tabela 4 a média e o desvio padrão de resposta da frequência

cardíaca, do consumo de oxigênio, da concentração sanguínea de lactato e da percepção

subjetiva do esforço (identificada por diferentes instrumentos) mensuradas em relação às

ancoragens da Escala GOL ao longo dos estágios do Teste de Esforço Cardiopulmonar Máximo.

Tabela 4. Variáveis fisiológicas, metabólicas e perceptivas em relação às ancoragens da Escala GOL durante TECM

GOL 1 GOL 2 GOL 3 GOL 4 GOL 5 GOL 6 FC (bpm)

115 ± 17 141 ± 15 159 ± 16 173 ± 12 184 ± 10 190 ± 11 %FCmáx 59,32 ± 8,51 73,08 ± 6,86 82,69 ± 7,04 90,31 ± 4,81 96,21 ± 3,21 99,05 ± 1,79 RPE 6-20 (UA) 7 ± 1 9 ± 1 11 ± 1 14 ± 2 16 ± 2 19 ± 1

Cavasini (UA) 1 ± 1 3 ± 1 4 ± 1 6 ± 1 8 ± 1 9 ± 1

[La] (mmol/l) 2,11 ± 0,82 2,31 ± 1,05 2,78 ± 1,25 3,94 ± 1,81 6,26 ± 2,56 8,64 ± 2,78

VO2 (ml/kg/min) 20,33 ± 5,44 32,13 ± 8,19 43,50 ± 7,57 49,95 ± 7,10 56,35 ± 6,41 60,77 ± 4,45

%VO2máx 33,16 ± 8,62 52,21 ± 12,88 71,29 ± 11,97 81,43 ± 9,07 92,73 ± 6,21 99,24 ± 1,49

De acordo com o exposto, os valores encontrados de FC e de VO2 em cada ancoragem

da Escala GOL foram, respectivamente: (1) 115 ± 17 bpm e 20,33 ± 5,44 ml/kg/min; (2) 141 ±

15 bpm e 32,13 ± 8,19 ml/kg/min; (3) 159 ± 16 bpm e 43,50 ± 7,57 ml/kg/min; (4) 173 ± 12

bpm e 49,95 ± 7,10 ml/kg/min; (5) 184 ± 10 bpm e 56,35 ± 6,41 ml/kg/min; (6) 190 ± 11 bpm

e 60,77 ± 4,45 ml/kg/min, refletindo assim aumento do estresse fisiológico em paralelo com o

aumento da percepção do esforço identificada pela Escala GOL, assim como foi observado nos

valores da concentração sanguínea de lactato, em que os valores para cada ancoragem da Escala

GOL foram: 2,11 ± 0,82 mmol/l (escala GOL - 1); 2,31 ± 1,05 mmol/l (escala GOL - 2); 2,78

± 1,25 mmol/l (escala GOL - 3); 3,94 ± 1,81 mmol/l (escala GOL - 4); 6,26 ± 2,56 mmol/l

(escala GOL - 5) e 8,64 ± 2,78 mmol/l (escala GOL - 6).

Page 85: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

85

Na Tabela 5 estão descritos a média e o desvio padrão das respostas fisiológicas,

metabólicas e perceptivas dos atletas ao longo dos estágios do Yo-Yo Intermittent Recovery Test

– Level 1 em relação às ancoragens da Escala GOL.

Tabela 5. Variáveis fisiológicas, metabólicas e perceptivas em relação às ancoragens da Escala GOL durante Yo-Yo Intermittent Recovery Test – Level 1

GOL 1 GOL 2 GOL 3 GOL 4 GOL 5 GOL 6 FC (bpm) 134 ± 19 161 ± 20 180 ± 10 189 ± 13 192 ± 12 195 ± 10

%FCmáx 70,39 ± 11,03 82,42 ± 10,86 92,98 ± 6,09 95,98 ± 3,17 98,95 ± 1,17 99,96 ± 0,14

RPE 6-20 (UA) 7 ± 2 9 ± 2 11 ± 2 13 ± 2 16 ± 2 19 ± 1

Cavasini (UA) 1 ± 1 3 ± 1 4 ± 2 6 ± 1 7 ± 1 9 ± 1

[La] (mmol/l) 2,14 ± 1,06 3,58 ± 2,05 5,46 ± 2,96 8,03 ± 3,24 10,79 ± 4,19 13,94 ± 3,53

VO2 (ml/kg/min) 37,62 ± 1,15 40,55 ± 3,37 44,03 ± 5,46 48,94 ± 3,12 52,44 ± 3,42 54,72 ± 2,81

%VO2máx 69,25 ± 3,88 73,13 ± 7,06 79,91 ± 10,80 87,48 ± 4,95 94,49 ± 4,11 98,91 ± 1,76

Os valores encontrados de VO2 e de %VO2 para cada valor da Escala GOL no teste de

campo foram, respectivamente: (1) 37,62 ± 1,15 ml/kg/min (69,25 ± 3,88% do VO2máx); (2)

40,55 ± 3,37 ml/kg/min (73,13 ± 7,06% do VO2máx); (3) 44,03 ± 5,46 ml/kg/min (79,91 ±

10,80% do VO2máx); (4) 48,94 ± 3,12 ml/kg/min (87,48 ± 4,95% do VO2máx); (5) 52,44 ± 3,42

ml/kg/min (94,49 ± 4,11% do VO2máx); (6) 54,72 ± 2,81 ml/kg/min (98,91 ± 1,76% do VO2máx).

A frequência cardíaca apresentou aumento de acordo com o incremento da intensidade

do esforço, tendo sido encontrado os seguintes dados em relação às ancoragens da Escala GOL:

(1) 134 ± 19 bpm; (2) 161 ± 20 bpm; (3) 180 ± 10 bpm; (4) 189 ± 13 bpm; (5) 192 ± 12 bpm;

(6) 195 ± 10 bpm.

Da mesma forma como ocorrido com o TECM, pôde-se observar que houve incremento

da intensidade do esforço ao longo dos diferentes estágios do teste de campo, verificando-se

aumento das respostas fisiológicas, ventilatórias e metabólicas em detrimento do aumento das

ancoragens da Escala GOL.

Page 86: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

86

3.3.1 Validação Concorrente – ESCALA GOL

Para validação concorrente, por meio do Teste de Esforço Cardiopulmonar Máximo e

do Yo-Yo Intermittent Recovery Test – Level 1, foi feita associação entre os valores obtidos na

Escala GOL e as variáveis fisiológicas (frequência cardíaca – FC, consumo de oxigênio – VO2,

percentual da frequência cardíaca máxima - %FCmáx e percentual do consumo máximo de

oxigênio - %VO2máx) e metabólica (concentração sanguínea de lactato).

No TECM, os dados expressaram uma relação positiva entre o incremento da

intensidade do esforço, representada pelos aumentos do %VO2máx e do %FCmáx, e a interpretação

do esforço a partir da Escala GOL. Os valores médios encontrados de %VO2máx e %FCmáx para

cada ancoragem do instrumento no TECM foram: (1) 33,16 ± 8,62% VO2máx e 59,32 ± 8,51%

FCmáx ; (2) 52,21 ± 12,88% VO2máx e 73,08 ± 6,86% FCmáx; (3) 71,29 ± 11,97% VO2máx e 82,69 ±

7,04% FCmáx; (4) 81,43 ± 9,07% VO2máx e 90,31 ± 4,81% FCmáx; (5) 92,73 ± 6,21% VO2máx e

96,21 ± 3,21% FCmáx; (6) 99,24 ± 1,49% VO2máx e 99,05 ± 1,79% FCmáx. Os dados estão

demonstrados no gráfico 1.

Gráfico 1. Validação concorrente da Escala GOL – TECM

O cálculo de correlação foi feito levando em consideração: (1) correlação geral, do

início ao fim do teste; (2) correlação em três fases distintas, sendo cada fase composta de duas

ancoragens da Escala GOL (1 e 2, 3 e 4, 5 e 6), conforme demonstrado na figura 36. Os valores

59,32

73,08

82,69

90,31

96,2199,05

33,16

52,21

71,29

81,43

92,7399,24

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

50,00

55,00

60,00

65,00

70,00

75,00

80,00

85,00

90,00

95,00

100,00

1 2 3 4 5 6

%V

O2m

ax

%FC

max

Escala GOL

Validação Concorrente - Teste de Esforço Cardiopulmonar Máximo

%FCmáx %VO2max

r = 0,66

r = 0,65

r = 0,43

r = 0,52 r = 0,65

r = 0,45

r = 0,43

r = 0,52

r = 0,45

r = 0,65

r = 0,66

r = 0,65

Page 87: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

87

de correlação foram considerados significantes, tanto para a associação da Escala GOL com o

%FCmáx, como para a associação com o %VO2máx, tendo sido encontrados os seguintes valores:

r = 0,66 e r = 0,65 (GOL – 1 e 2), r = 0,52 e r = 0,43 (GOL – 3 e 4), r = 0,45 e r = 0,65 (GOL –

5 e 6). Quando a análise foi realizada do primeiro ao último estágio do protocolo de exaustão

na esteira, os achados foram: FC (r = 0,87), %FCmáx (r = 0,91), VO2 (r = 0,89) e %VO2máx (r =

0,91); e metabólico: [La] (r = 0,68).

No Yo-Yo IRT1, os dados também expressam uma relação positiva entre o incremento

da intensidade do esforço, representada pelos aumentos do %FCmáx e da concentração sanguínea

de lactato, e a interpretação do esforço, a partir da Escala GOL. Os valores médios encontrados

de %FCmáx e [La] para cada ancoragem do instrumento no Yo-YoIRT1 foram: (1) 70,39 ±

11,03% FCmáx e 2,14 ± 1,06 mmol/l de lactato; (2) 82,42 ± 10,86% FCmáx e 3,58 ± 2,05 mmol/l

de lactato; (3) 92,98 ± 6,09% FCmáx e 5,46 ± 2,96 mmol/l de lactato; (4) 95,98 ± 3,17% FCmáx e

8,03 ± 3,24 mmol/l de lactato; (5) 98,95 ± 1,17% FCmáx e 10,79 ± 4,19 mmol/l de lactato; (6) 99,96

± 0,14% FCmáx e 13,94 ± 3,53 mmol/l de lactato. Os dados estão demonstrados no gráfico 2.

Gráfico 2. Validação concorrente da Escala GOL – Yo-Yo Intermittent Recovery Test – Level 1

Os valores de correlação foram considerados significantes, tanto para a associação da

Escala GOL com o %FCmáx, como para a associação com a [La], tendo sido encontrados os

seguintes valores: r = 0,48 e r = 0,47 (GOL – 1 e 2), r = 0,30 e r = 0,40 (GOL – 3 e 4), r = 0,62

e r = 0,36 (GOL – 5 e 6). Quando considerados todos os valores da Escala GOL, foram

70,39

82,42

92,9895,98

98,95 99,96

2,14

3,585,46

8,03

10,79

13,94

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

65,00

70,00

75,00

80,00

85,00

90,00

95,00

100,00

1 2 3 4 5 6

[La]

%FC

máx

Escala GOL

Validação Concorrente - Yo-Yo Intermittent Recovery Test - Level 1

%FCmáx [La]

r = 0,47

r = 0,48 r = 0,40

r = 0,30

r = 0,36

r = 0,62

r = 0,30 r = 0,62

r = 0,48 r = 0,40

r = 0,36

r = 0,47

Page 88: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

88

encontrados os seguintes valores de correlação no Yo-Yo IRT1: FC (r = 0,83), %FCmáx (r =

0,86), VO2 (r = 0,88) e %VO2máx (r = 0,83); e [La] (r = 0,83).

3.3.2 Validação de Constructo – ESCALA GOL

No TECM, os dados expressaram uma relação positiva entre os diferentes instrumentos

utilizados para mensuração da PSE. Os valores médios encontrados de PSE pela Borg RPE 6 –

20 e pela Cavasini em relação à cada ancoragem da Escala GOL no TECM foram,

respectivamente: (1) 7 ± 1 e 1 ± 1; (2) 9 ± 1 e 3 ± 1; (3) 11 ± 1 e 4 ± 1; (4) 14 ± 2 e 6 ± 1; (5) 16

± 2 e 8 ± 1; (6) 19 ± 1 e 9 ± 1. Os dados estão demonstrados no gráfico 3.

Gráfico 3. Validação de constructo da Escala GOL – TECM

Os valores de correlação foram considerados significantes, tanto para a associação da

Escala GOL com a escala Borg RPE 6 – 20, como para a associação com a escala Cavasini,

tendo sido encontrados os seguintes valores r = 0,71 e r = 0,74 (GOL – 1 e 2), r = 0,70 e r =

0,69 (GOL – 3 e 4), r = 0,68 e r = 0,59 (GOL – 5 e 6). Quando considerados todos os valores

da Escala GOL, foram encontrados os seguintes valores de correlação: RPE 6 – 20 (r = 0,93) e

Cavasini (r = 0,91), conforme demonstrado na Tabela 6.

Page 89: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

89

Tabela 6. Correlação entre variáveis durante Teste de Esforço Cardiopulmonar Máximo TECM GOL Borg Cavasini Vel

(Km/h) [La] (mmol/L)

FC (bpm)

%FCmáx VO2

(ml/Kg/min) %VO2max

GOL 0,93* 0,91* 0,91* 0,68* 0,87* 0,91* 0,89* 0,91* Borg 0,96* 0,90* 0,70* 0,88* 0,91* 0,87* 0,89* Cavasini 0,87* 0,69* 0,86* 0,90* 0,86* 0,89* Vel 0,74* 0,95* 0,92* 0,97* 0,95* [La] 0,75* 0,78* 0,74* 0,77* FC 0,96* 0,95* 0,95* %FCmáx 0,91* 0,94* VO2max 0,82*

*Correlação significante p < 0,05 – Correlação de Spearman

Similarmente ao teste realizado no laboratório, no teste de campo, os dados expressaram

uma relação positiva entre os diferentes instrumentos utilizados para mensuração da PSE. Os

valores médios encontrados de PSE pela Borg RPE 6 – 20 e pela Cavasini em relação à cada

ancoragem da Escala GOL no TECM foram, respectivamente: (1) 7 ± 2 e 1 ± 1; (2) 9 ± 2 e 3 ±

1; (3) 11 ± 2 e 4 ± 2; (4) 13 ± 2 e 6 ± 1; (5) 16 ± 2 e 7 ± 1; (6) 19 ± 1 e 9 ± 1. Os dados estão

demonstrados no gráfico 4.

Gráfico 4. Validação de constructo da Escala GOL – Yo Yo Intermittent Recovery Test – Level 1

Os valores de correlação foram considerados significantes, tanto para a associação da

Escala GOL com o a escala Borg RPE 6 – 20, como para a associação com a escala Cavasini,

tendo sido encontrados os seguintes valores r = 0,53 e r = 0,69 (GOL – 1 e 2), r = 0,53 e r =

0,50 (GOL – 3 e 4), r = 0,72 e r = 0,73 (GOL – 5 e 6). Quando considerados todos os valores

7 9

11

13

16

19

1

3

4

6

7

9

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

6789

1011121314151617181920

1 2 3 4 5 6

Cava

sini

RPE

Borg

Escala GOL

Validação de Constructo - Yo-Yo Intermittent Recovery Test - Level 1

RPE Borg Cavasini

r = 0,69

r = 0,53

r = 0,53

r = 0,50

r = 0,73

r = 0,72

r = 0,50

r = 0,53 r = 0,69

r = 0,53

r = 0,73 r = 0,72

Page 90: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

90

da Escala GOL, foram encontrados os seguintes valores de correlação: RPE 6 – 20 (r = 0,88) e

Cavasini (r = 0,90), conforme demonstrado na Tabela 7.

Tabela 7. Correlação entre variáveis durante Yo-Yo Test Yo-YoIRT1 GOL Borg Cavasini Vel

(Km/h) [La] (mmol/L)

FC (bpm)

%FCmáx VO2

(ml/Kg/min) %VO2max

GOL 0,88* 0,90* 0,89* 0,83* 0,83* 0,86* 0,88* 0,83* Borg 0,88* 0,84* 0,78* 0,78* 0,80* 0,82* 0,77* Cavasini 0,82* 0,72* 0,78* 0,75* 0,81* 0,73* Vel 0,85* 0,90* 0,94* 0,98* 0,91* [La] 0,77* 0,80* 0,85* 0,85* FC 0,87* 0,88* 0,82* %FCmáx 0,92* 0,89* VO2max 0,92*

*Correlação significante p < 0,05 – Correlação de Spearman

Quando comparados os três instrumentos para identificação da percepção subjetiva de

esforço, os atletas utilizaram, no TECM e no Yo-Yo Intermittent Recovery Test – Level 1,

respectivamente: 94,17 ± 11,18% e 89,17 ± 15,56% do total de ancoragens da Escala GOL (6

ancoragens ao todo); 76,82 ± 14,89% e 64,09 ± 15,18% de ancoragens da Escala Cavasini (11

ancoragens ao todo); 58,67 ± 12,35% e 49,67 ± 12,70% da Borg RPE 6 - 20 (15 ancoragens ao

todo), conforme demonstrado na tabela 8.

Tabela 8. Percentual de uso das ancoragens de diferentes instrumentos de PSE no TECM e no Yo-Yo Test Natureza do Teste Escala GOL RPE 6 – 20 Escala Cavasini

TECM 94,17 ± 11,18% 58,67 ± 12,35% 76,82 ± 14,89%

Yo-Yo IRT - 1 89,17 ± 15,56% 49,67 ± 12,70% 64,09 ± 15,18%

Em relação aos limiares anaeróbicos 1 e 2 foram encontrados, respectivamente, os

seguintes valores para as diferentes escalas de percepção subjetiva do esforço, como mostrado

na tabela 9: GOL (TECM - 3 ± 1 e 4 ± 1; Yo-Yo IRT1 - 2 ± 1 e 3 ± 1); RPE 6 – 20 (TECM –

11 ± 2 e 13 ± 2; Yo-Yo IRT1 – 9 ± 2 e 10 ± 2); CAVASINI (TECM – 4 ± 1 e 5 ± 2; Yo-Yo

IRT1 – 2 ± 2 e 10 ± 2).

Page 91: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

91

Tabela 9. Relação dos limiares com as ancoragens de diferentes instrumentos de PSE no TECM e no Yo-Yo Test

Instrumento TECM LAn 1 TECM LAn 2 Yo-Yo IRT1 LAn 1 Yo-Yo IRT1 LAn 2

GOL 3 ± 1 4 ± 1 2 ± 1 3 ± 1

RPE 6 – 20 11 ± 2 13 ± 2 9 ± 2 10 ± 2

CAVASINI 4 ± 1 5 ± 2 2 ± 2 1 ± 2

3.4 DISCUSSÃO

O objetivo geral deste estudo foi desenvolver e validar uma escala pictórica de

percepção subjetiva do esforço específica para atletas de futebol, denominada Escala GOL. Os

resultados serão discutidos sob três perspectivas distintas: 1) características antropométricas e

fisiológicas da amostra avaliada, verificando assim a similaridade com o perfil dos atletas desta

modalidade em estudos publicados; 2) processos de validação do instrumento neste estudo

adotadas e a concordância destes com aquelas adotadas nas demais produções da literatura

científica que apresentavam objetivos similares; 3) análise da aplicabilidade da percepção

subjetiva do esforço no futebol. Além disso, serão abordados ao longo dos tópicos propostas de

estudos futuros, identificadas a partir de limitações metodológicas peculiares da atual pesquisa.

Analisando as características antropométricas dos atletas avaliados, os valores foram

equivalentes aos encontrados na literatura para atletas da mesma categoria e nacionalidade. Os

valores para massa corporal total, estatura, IMC, percentual de gordura corporal e massa magra

da amostra do presente estudo e do estudo de (MANTOVANI et al., 2009) foram,

respectivamente: 66,39 ± 7,75 Kg x 67,06 ± 1,39 Kg; 1,75 ± 0,09 m x 1,75 ± 0,02 m; 21,58 ±

2,07 Kg/m2 x 21,86 ± 0,31 Kg/m2; 12,39 ± 3,31% x 9,30 ± 0,65%; 58,18 ± 7,30 Kg x 60,72 ±

1,02. Tais valores vão ao encontro dos achados de Moraes et al. (2009). Uma das hipóteses

levantadas para o maior %GC apresentado pelos atletas do presente estudo se deve ao tempo

mais extenso (2 meses) entre as temporadas em que os dados foram coletados (entre 2016 e

2017). Abad et al. (2016) mostraram que apenas 2 semanas de destreinamento são responsáveis

pelo aumento do percentual de gordura corporal em média 2,96%.

A equação de 3 dobras de Jackson e Pollock é frequentemente utilizada no futebol

devido à praticidade e maximização do tempo por parte dos avaliadores, bem como a validade

comprovada a partir da moderada associação com teste gold standard de avaliação da

composição corporal (FONSECA; MARINS; SILVA, 2007). Para avaliação dos atletas do

Page 92: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

92

presente estudo, foi escolhido para estimativa do percentual de gordura o protocolo de Durnin

e Womersley (1974), a exemplo do estudo de Le Gall et al. (2010).

Já no que diz respeito às variáveis de desempenho, o valor de consumo máximo de

oxigênio encontrado em situação de laboratório (teste padrão ouro) em nosso estudo foi de

60,77 ± 4,36 ml/Kg/min, enquanto que no teste de campo (Yo-Yo IRT 1) foi de 54,95 ± 2,76

ml/Kg/min. Tal diferença significante nos valores obtidos em teste considerado padrão ouro e

teste de campo também foi encontrada no estudo de Metaxas et al. (2005), levando os autores

a defenderem a necessidade do teste de esforço cardiopulmonar máximo para quantificação

mais fidedigna do consumo máximo de oxigênio, já que os testes de campo parecem subestimar

tal variável. Apesar das diferenças, a presente amostra apresentou resultados similares aos

demonstrados na literatura. (IMPELLIZZERI et al., 2004; LEATT; SHEPHARD; PLYLEY,

1987; RAHKILA; LUHTANEN, 1991; RAVAGNANI et al., 2012).

Outro aspecto observado no estudo foi a relação das imagens com os limiares

anaeróbicos, seguindo assim o modelo dos limiares múltiplos em diferentes fases de exercício

proposto por Skinner e Mclellan em 1980. Os resultados demonstraram que os valores 3 e 4

correspondiam, respectivamente, aos limiares 1 e 2 no teste de esforço cardiopulmonar máximo.

Optou-se, no presente estudo, pela ausência de analisador portátil de gás, estimar os limiares

durante o Yo-Yo IRT 1 pela FC correspondente aos limiares ventilatórios identificados em

ambiente laboratorial. A partir dessa análise, os valores 2 e 3 foram correspondentes,

respectivamente, aos limiares 1 e 2 em teste aplicado. A mesma tendência foi encontrada nas

demais escalas perceptivas (RPE 6 – 20 e Cavasini), que demonstraram maiores valores para

mesma carga submáxima relativa no Teste de Esforço Cardiopulmonar Máximo quando

comparado com o teste de campo. Nosso estudo está de acordo com as evidências recentes da

literatura, que demonstram maiores valores de PSE em condições laboratoriais, já que estas são

menos específicas as atividades inseridas na rotina dos atletas (ST GIBSON et al., 2006). Tais

descobertas contribuem para o entendimento da sensibilidade apresentada pelos atletas na

identificação do esforço percebido em diferentes situações, apesar de não terem sido realizados

testes para estimativa da confiabilidade do instrumento que o presente estudo se propõe a

validar.

Silva, Deresz e Lima (2008) encontraram valores de 15 e 18 da RPE 6 – 20 para os

limiares 1 e 2, respectivamente, o que diferiu nos valores da presente amostra (9 e 10 para teste

de campo; 11 e 13 para teste laboratorial). A diferença entre os estudos pode estar relacionada

Page 93: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

93

com o público avaliado, já que o estudo de Silva et al. (2008) envolveu indivíduos não atletas,

o que pode incidir maiores valores percebidos referentes à intensidade relativa.

Uma vez selecionada a amostra, seguiu-se para os procedimentos de validação do

instrumento, sendo encontradas relações significantes entre a PSE, identificada pela Escala

GOL, e as demais variáveis fisiológicas (FC, %VO2 e [La]) e perceptivas (PSE identificada pela

RPE Borg 6 -20), tanto no teste progressivo realizado em ambiente laboratorial (Teste de

Esforço Cardiopulmonar Máximo), como aquele realizado em campo, mais específico à

modalidade (Yo-Yo IRT 1).

Tais métodos de validação foram selecionados por estarem presentes desde o início do

processo de construção e validação das escalas de esforço, como a própria validação da RPE 6

– 20, instrumento mais frequentemente utilizado para mensuração da intensidade do esforço,

conforme meta-análise de Chen et al. (2002). Além disso, diversas outras escalas foram

validadas a partir dos modelos de validação por constructo e por concorrência.

Robertson et al. (2003) realizaram validação concorrente da Escala OMNI de percepção

do esforço para treinamento resistido, utilizando para isso a correlação entre a PSE identificada

pela escala pictórica proposta e a concentração sanguínea de lactato em exercício de 4. 8 e 12

repetições, realizados a 65% da 1RM. Por terem sido utilizados exercícios envolvendo

musculatura localizada (bíceps e tríceps braquial), os pesquisadores identificaram, nos

avaliados, a PSE geral (no final da série) e da musculatura ativa (no meio e no final da série).

Foram encontradas correlações positivas entre o volume de peso total superado e a PSE (r =

0,79 a 0,91) e entre a PSE e a [La] de r = 0,87.

Analogamente, Robertson et al. (2004) verificaram a associação dos valores obtidos de

PSE a partir da Escala OMNI de percepção do esforço para treinamento em cicloergômetro

(anexo 1) com variáveis fisiológicas e ventilatórias durante teste incremental, encontrando

valores de correlação entre VO2 e PSE de r = 0,88 (mulheres) e r = 0,94 (homens) e entre FC e

PSE de r = 0,83 (mulheres) e r = 0,90 (homens). Para a validade de constructo, foram

observados valores de r = 0,96 e r = 0,97 (mulheres e homens, respectivamente) para correlação

de RPE Borg 6 – 20 e a Escala OMNI de PSE para cicloergômetro. Os dados do estudo não

demonstraram influência do sexo na identificação da percepção do esforço e utilização do

instrumento, o que motiva, em estudos futuros, a testagem da Escala GOL para jogadoras de

futebol, possibilitando assim a ampliação de sua aplicabilidade.

Destacando as dificuldades das escalas constituídas de ancoragens verbais para

mensuração do esforço percebido em crianças, Yelling et al. (2002) desenvolveram a Tabela

Page 94: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

94

Pictórica de Taxa do Esforço para Criança (PCERT, anexo 2), encontrando valores de

correlação nas diferentes fases de exercício que variavam de 0,34 a 0,52 (para meninos) e 0,66

a 0,87 (para meninas), consolidando o uso de tal escala para esse público em especial.

Roemmich et al. (2006), em estudo envolvendo crianças, verificaram valores muito

fortes e quase perfeitos de correlação (meninas e meninos) entre o consumo de oxigênio, a FC

e duas diferentes escalas perceptivas, a PCERT e a OMNI (anexo 3). Os autores encontraram

valores significativos de correlação, sendo eles: PCERT e FC (r = 0,86 para meninos, r = 0,92

para meninas), PCERT e VO2 (r = 0,86 para meninos, r = 0,94 para meninas), OMNI e FC (r =

0,90 para meninos, r = 0,93 para meninas), OMNI e VO2 (r = 0,90 para meninos, r = 0,94 para

meninas).

A validação concorrente também foi empregada no estudo de Robertson et al. (2005),

em que os autores verificaram os índices de correlação das variáveis objetivas (VO2 e FC) com

a Escala OMNI – Escalonada em crianças, verificando assim a validade desta. Os autores

encontraram os seguintes valores para correlação para meninas e meninos, respectivamente: r

= 0,77 e r = 0,86 (VO2); r = 0,69 e r = 0,77 (FC).

Mais recentemente, Micklewright et al. (2017) desenvolveram e validaram a

Classificação de Fadiga, instrumento formado a partir de ancoragens numéricas, verbais e

diagramáticas para mensuração da percepção subjetiva de fadiga, definida pelos autores como

“consciência de um declínio na capacidade física ou mental devido a um desequilíbrio na

disponibilidade, uso e/ou restauração dos recursos necessários para a execução da atividade”

(p. 2377), conceito que a difere da percepção subjetiva do esforço, definido pelos autores por

sua vez como “quão intenso ou pesado o sujeito sente uma determinada tarefa” (p. 2377). O

processo de validação do instrumento durante o exercício foi executado a partir da correlação

com demais constructos fisiológicos e perceptivos, envolvendo FC, VO2, [La] e PSE (RPE 6 -

20), como executado com a Escala GOL. Os valores encontrados foram: r = 0,99 (RPE 6 – 20),

r = 0,97 (FC), r = 0,97 (VO2) e r = 0,96 ([La]).

Cabe ressaltar nessa discussão que, apesar de estarem diretamente relacionados, esforço

e fadiga se diferem conceitualmente. Se durante o exercício ambas as variáveis apresentam uma

relação positiva entre si, assim que ele cessar, a percepção subjetiva do esforço tenderá a cair

imediatamente, apesar de a percepção de fadiga se manter elevada (MICKLEWRIGHT et al.,

2017). Haddad et al. (2013) reforçam essa ideia quando demonstram, em seu estudo envolvendo

17 jovens jogadores de futebol, que a percepção subjetiva do esforço da sessão de treinamento

se configurou enquanto um instrumento interessante para mensuração da intensidade dos

Page 95: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

95

treinamentos, não estimando diretamente outras variáveis, mesmo que associadas, como a

percepção de fadiga, dor muscular de início tardio e os níveis de estresse.

3.5 CONCLUSÃO

Os fortes valores de correlação identificados a partir da associação da Escala GOL com

os indicadores objetivos de intensidade do esforço (consumo de oxigênio e seu percentual,

frequência cardíaca e seu percentual, e a concentração sanguínea de lactato), bem como com os

demais constructos já validados para a identificação da percepção subjetiva do esforço,

promovem evidências preliminares de validação da Escala GOL para atletas de futebol, tanto

em testes progressivos realizados em laboratório (máximos ou submáximos) como em testes de

campo, aplicados. Sugere-se ainda que a ausência de ancoragens verbais contribui para a

aplicação do instrumento validado para atletas de futebol de diferentes idiomas e níveis de

alfabetização. Com isso, defende-se a utilização da Escala GOL como instrumento capaz de

estimar, a partir da percepção subjetiva, o esforço que o atleta de futebol realiza, podendo assim

contribuir com o monitoramento da intensidade do treinamento e dos testes incrementais, feitos

em laboratório ou em campo.

Page 96: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

96

CAPÍTULO 4

ESTUDO 2

AFERIÇÃO DA VALIDADE ECOLÓGICA DA ESCALA GOL PARA ESTIMATIVA DA CARGA INTERNA DE TREINAMENTO PELO PROTOCOLO

FOSTER

4.1 INTRODUÇÃO

Apesar de se apresentar como uma boa alternativa para o controle da intensidade do

exercício a PSE tem sido comumente estudada como forma de estimar a carga interna de

treinamento (CIT), definida como estresse biológico e psicológico imposto ao organismo

durante os treinamentos e competições (BOURDON et al., 2017).

Nesse sentido, Carl Foster et al. publicaram, em 2001, um estudo que sugeria o uso da

percepção subjetiva de esforço relativa à toda sessão de treinamento do atleta. Para tanto, os

autores propuseram que a CIT, expressa em Unidades Arbitrárias (UA), deveria ser calculada

a partir da multiplicação do valor atingido na escala de percepção subjetiva do esforço

(identificada por meio da Escala CR10 Adaptada, anexo 4) pelo volume total da sessão de

treinamento, calculada sempre em minutos, ressaltando que a coleta da PSE deve ser feita cerca

de 30 minutos depois do término da sessão de treino, reduzindo assim as chances de o atleta

levar em consideração a PSE da última tarefa realizada na sessão caso a coleta fosse realizada

imediatamente após, como observado no estudo de (ROS et al., 2013), em que os autores

encontraram altos valores de PSE imediatamente após a realização do Yo-Yo IE 2, com a média

para os homens sendo 16 (com variação de 14 – 18) e a média das mulheres 17 (com variação

de 13 - 18), ocorrendo uma esperada redução após 30 minutos da realização do teste (homens

9,5 e mulheres 9).

No processo de validação da CIT pela PSE, Foster et al. (2001) investigaram a

associação entre a CIT calculada por meio da PSE, verificando assim a associação com a CIT

identifica pelo uso da frequência cardíaca (método TRIMP). Os dados mostraram que, apesar

de os valores relativos à CIT terem sido diferentes pelos dois métodos, o que era esperado já

Page 97: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

97

que cada protocolo leva em consideração uma variável específica, houve padrão consistente e

similar nas diferenças observadas durante as várias fases de exercício.

Além do instrumento sugerido por Foster et al. (2001), há na literatura científica dados

adicionais relacionados ao próprio instrumento utilizado para identificação da PSE da sessão

de treinamento. Scott et al. (2013) verificaram a validade de dois distintos instrumentos de

mensuração da CIT para PSE: Borg CR10 e a Borg CR100Ò (mais sensível às pequenas

alterações do estresse geradas frente às alterações da intensidade do esforço). Apesar dos dados

obtidos desvelarem correlação ligeiramente mais leve da escala CR10, a escala CR100Ò

apresentou correlação com as demais variáveis analisadas, relacionadas tanto à carga interna

(TRIMP de Edwards, TRIMP de Banister e CR10) como à carga externa de treinamento

(resultado do trabalho realizado, entendido aqui como distância percorrida), configurando

assim, ambas as escalas válidas para mensuração da CIT em atletas de futebol australiano.

Vários são os estudos sobre a validade da carga interna de treinamento estimada pela

percepção subjetiva do esforço para as mais diversas modalidades esportivas como rugby em

cadeira de rodas (PAULSON et al., 2015), polo aquático (LUPO; CAPRANICA; TESSITORE,

2014), basquetebol (MANZI et al., 2010), voleibol (FREITAS et al., 2014), futsal (MILOSKI

et al., 2016).

Pode-se dizer que uma das grandes vantagens da estimativa da CIT pelo uso da PSE em

modalidades esportivas coletivas e, mais especificamente, no futebol, é a praticidade e o baixo

custo do método, já que há um número significativo de jogadores a serem avaliados. Utilizando

a Escala CR100Ò, Fanchini et al. (2015) analisaram a percepção subjetiva do esforço da sessão

de treinamento de atletas de futebol em diferentes situações, cada qual envolvendo variações

específicas da intensidade ao longo de uma sessão, sendo que em todas as situações os atletas

passaram por todas as intensidades de esforço (situação 1: alto-baixo-moderado, situação 2:

moderado-alto-baixo, situação 3: baixo-alto-moderado e situação 4: baixo-moderado-alto). Os

autores mostraram que a PSE final não diferiu entre as situações e que a percepção de esforço

relatada no imediato término da sessão de treinamento não diferiu daquela coletada 30 minutos

após o término, reafirmando a sensibilidade de tal instrumento para a análise proposta

(FANCHINI et al., 2015).

Outro instrumento passível de ser utilizado como forma de estimar a carga interna de

treinamento no futebol é a Escala Visual Analógica (VAS) ilustrada na figura 35, sendo

composta de duas perguntas com cada uma destas colocada em duas linhas horizontais de 10

cm, onde cada 1 cm representa um nível na escala. Após a mensuração, a carga de treinamento

Page 98: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

98

pode ser calculada pela multiplicação do valor obtido em cada escala pelo volume de treino ou

jogo dos atletas em minutos. Tal instrumento apresentou forte correlação com o método

Edwards e método TRIMP de estimativa da carga, já discutidos anteriormente (REBELO et al.,

2012).

Figura 35. Escala Visual Analógica – questionário para avaliação da carga de treinamento no futebol. Adaptado de Rebelo et al. (2012)

Utilizando a proposta de Foster et al. (2001) para mensuração da CIT, Impellizzeri et

al. (2004) verificaram, em atletas de futebol, a associação entre o método da PSE e o método

Edwards de CIT, encontrando valores fortes de correlação.

Apesar de o estado da arte da literatura mostrar forte associação do método de estimativa

da carga interna de treinamento pelo método da percepção subjetiva do esforço com a estimativa

feita por variáveis objetivas, como a FC, não há na literatura nenhum instrumento que tenha

sido elaborado levando em consideração o contexto do futebol, e, consequentemente, tenha sido

aplicado para estimativa da carga interna de treinamento, o que justifica a aferição da validade

ecológica da Escala GOL, instrumento isento de problemas semânticos, possivelmente

encontrados nas escalas que utilizam ancoragens verbais. Sendo assim, deu-se início ao

processo de aferição da validade ecológica da escala gol para estimativa da carga interna de

treinamento.

No effort at all Maximal effort

Not demanding at all Maximally demanding

How physically demanding did you perceive the training session or match today?

How do you classify the effort made during the training session or match today?

Page 99: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

99

4.2 MÉTODO

4.2.1 Participantes

Foram avaliados vinte e um atletas, do sexo masculino, de uma equipe profissional do

futebol nacional, com experiência mínima de três anos na modalidade e tempo médio diário de

treinamento de 1h30 hora. Estes atletas foram avaliados durante as sessões de treinamento e os

jogos-treinos por nove semanas do período introdutório e pré-competitivo.

As características dos atletas avaliados foram: idade de 21,9 ± 4,04 anos; estatura de

180,3 ± 6,24 cm; massa corporal total de 74,9 ± 8,57 (kg); índice de massa corporal de 23,0 ±

2,16 Kg/m2, percentual de gordura corporal de 12,1 ± 2,20%; massa gorda de 9,1 ± 2,27; massa

livre de gordura de 65,8 ± 7,07 Kg, conforme demonstrado na Tabela 10.

Tabela 10. Variáveis antropométricas e fisiológicas dos atletas de futebol – Estudo 2

Idade MCT

(Kg)

Estatura

(cm)

IMC

(Kg/m2)

%MG MG (Kg) MIG (Kg)

x 21,9 74,9 180,3 23,0 12,1 9,1 65,8

st 4,04 8,57 6,24 2,16 2,20 2,27 7,07

MCT = Massa Corporal Total; IMC = Índice de Massa Corporal; %MG = Percentual de Massa Gorda; MG = Massa Gorda; MIG = Massa Isenta de Gordura;

Foram adotados como critérios de inclusão: (1) praticar futebol profissionalmente,

apresentando o mínimo de 1h30 de treino por dia, 5 dias da semana; (2) ter experiência mínima

de prática do futebol de 3 anos; (3) não fumante; (4) ter participado de ao menos 75% dos

treinamentos que foram monitorados para a presente pesquisa. Como critérios de exclusão

foram adotados: (1) qualquer lesão ósteo-mio-articular recente que impedisse a realização dos

testes físicos; (2) qualquer contraindicação clínica que impedisse a realização dos testes de

esforço; (3) se encontrar em processo de reabilitação; (4) atuar no Futebol na posição de goleiro.

Os atletas foram informados que a pesquisa apresentava os seguintes riscos: (1) lesões

osteo-mio-articulares durante os treinos e jogos. Os atletas foram informados também que,

quando do surgimento de qualquer tipo de lesão ou desconforto, eles teriam toda a assistência

da Universidade São Judas Tadeu e dos pesquisadores responsáveis pelo presente projeto, não

sendo obrigatória a participação na pesquisa e, em caso de aceite, haveria a possibilidade de

Page 100: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

100

desistência em qualquer momento, não ocorrendo nenhum prejuízo profissional em detrimento

disso.

Assim como em relação aos riscos, os benefícios da pesquisa foram apresentados aos

jogadores (ou responsáveis em caso de menor de idade) no momento da explicação do Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo eles: desenvolvimento e validade de um

instrumento específico para jogadores de futebol, que permitisse a medição da intensidade do

esforço. Ressalta-se que os menores de dezoito anos assinaram a TALE (Termo de

Assentimento Livre e Esclarecido)

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade São Judas

Tadeu sob o número de protocolo 37500414.4.0000.0089.

4.2.2 Desenho experimental

O presente estudo de cunho experimental ocorreu em fase única, em que os atletas foram

submetidos às sessões de treinamento elaboradas pelos profissionais da comissão técnica, que

após o encerramento da sessão de treinamento seriam responsáveis pela estimativa da carga

interna de treinamento por dois instrumentos distintos, sendo eles a Escala Foster (adaptada de

Borg, 2001) e a Escala GOL.

Cada atleta recebeu as orientações específicas para resposta de ambas as escalas,

estando estes cientes de que os instrumentos não teriam como objetivo primário a avaliação do

desempenho, e sim o controle da carga do treino que acabara de ser realizado. Todos os sujeitos

foram orientados a não fazerem uso de diuréticos no dia dos treinamentos, não ingerirem

bebidas alcoólicas no dia anterior tampouco bebidas energéticas e outras substâncias que

pudessem alterar a percepção subjetiva do esforço a partir da maior ativação do sistema nervoso

central. Como forma de padronização, foi sugerido que os sujeitos urinassem 30 minutos antes

do teste.

A divisão dos treinamentos em que foram avaliadas as cargas internas de treinamento

dos atletas está demonstrada no apêndice 5 desta Tese de Doutorado.

Page 101: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

101

4.2.3 Medidas antropométricas e composição corporal

Previamente ao protocolo experimental, a massa corporal total (kg), estatura (cm), a

massa gorda (kg) e a massa isenta de gordura (kg) foram determinadas, respectivamente, com

o uso da Balança Mecânica modelo - FilizolaÒ (figura 21), estadiômetro fixo Prime MedÒ

(figura 22) e adipômetro científico da marca SannyÒ, modelo AD1011-LDC (figura 23). A

balança mecânica, bem como o adipômetro científico foram devidamente calibrados antes da

execução dos testes.

As medidas antropométricas foram realizadas sempre entre as 08h30 e as 11h00 em

semana específica para o controle de tais variáveis.

4.2.4 Percepção subjetiva do esforço

A percepção subjetiva de esforço foi identificada 10 minutos após o encerramento de

cada sessão de treinamento por 2 instrumentos distintos: Escala de Percepção de Esforço de

Foster (adaptada de Borg, 2001) e pela Escala GOL.

Devido aos detalhes das imagens da Escala GOL como rubor facial, sudorese e

hiperventilação, a Escala GOL foi impressa colorida em alta qualidade de imagem em papel A4

(tornando assim a aplicação mais próxima da prática do profissional de preparação física) nas

seguintes dimensões: 210 mm (largura) x 297 mm (altura), com cada imagem apresentando 6.5

cm de largura x 7.0 cm de altura. A escala Foster também foi impressa em papel sulfite A4.

Ambas as escalas foram plastificadas a fim de preservar o material e manter a integridade do

instrumento.

A fim de evitar a confusão relatada no estudo 1 do presente projeto quando da

apresentação randomizada das escalas, foi padronizado que os instrumentos fossem

apresentados na seguinte ordem: (1) Escala GOL e (2) Escala Foster.

4.2.5 Procedimentos

Antes do início dos treinos, os avaliadores forneceram as seguintes recomendações aos

atletas, baseados em Borg (2000): “Vocês irão se exercitar normalmente durante a sessão de

treinamento, seguindo as recomendações dos treinadores e dos profissionais da preparação

física. Após o treinamento pedimos que repouse por 10 minutos, quando então iremos

Page 102: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

102

questioná-lo a respeito do seu esforço. Por favor, utilize os números e as expressões da Escala

Foster (adaptada de Borg, 2001), bem como os números e as imagens da Escala GOL para nos

dizer como foi o seu esforço na sessão de treinamento. Olhe para a primeira imagem em que o

jogador está apenas começando o jogo. Se você se sentiu como este jogador ao longo da sua

sessão de treinamento, sua percepção de esforço será mínima, equivalente ao número 1. Agora

olhe para a última imagem do instrumento. Se você se sentiu como este jogador ao longo da

sessão de treinamento, sua percepção de esforço será máxima, equivalente ao número 6. Se

você se sentiu entre a primeira e a última figura, aponte a imagem e o número que melhor

corresponde ao seu grau de esforço”.

É importante ressaltar que os atletas foram alertados de que a PSE não se tratava de um

teste para mensuração de desempenho, o que poderia interferir negativamente na resposta e,

consequentemente, na real interpretação da fadiga. Foi esclarecido aos atletas que a PSE

representaria uma estimativa do grau de fadiga gerado pela sessão de treinamento. Foi alertado

que não haveria escolhas certas ou erradas, podendo ser utilizada qualquer ancoragem que

melhor definisse como ele estava se sentindo durante o exercício. Após as instruções iniciais

por parte do preparador físico, os atletas iniciaram a sessão de treinamento, organizada

previamente pelo treinador da equipe.

Optou-se por avaliar as sessões de treinamento que foram organizadas por toda a

Comissão Técnica, sem interferências específicas da presente pesquisa, permitindo assim

melhor avaliação da validade ecológica da Escala GOL.

Sendo assim, as sessões de treinamento apresentaram, de maneira geral, jogos em campo

reduzido que respeitassem o modelo de jogo escolhido pelo treinador da equipe. Além disso,

não havia uma sistematização única das unidades do treinamento (volume, intensidade e

densidade), já que estas variavam de acordo com os exercícios técnicos e táticos propostos em

cada sessão. Ressalta-se que não houve, em nenhuma das sessões, treinamentos coletivos em

campo todo.

Aproximadamente 10 minutos após o encerramento da sessão de treinamento, definido

pela ordem do treinador e comando dos membros da comissão técnica, os atletas foram

solicitados a responder a PSE pelos dois instrumentos. Os mesmos procedimentos foram

adotados na avaliação dos três jogos oficiais de nível estadual que a equipe disputou.

Cada atleta foi avaliado individualmente, o que tornou o ambiente de coleta mais

controlado e menos passível de interferências provenientes da competitividade entre eles, visto

a natureza da função desempenhada dentro do contexto esportivo. Após a identificação da PSE

Page 103: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

103

da sessão de treinamento, a CIT foi calculada a partir da equação proposta por (FOSTER et al.,

2001).

!"#$"&'()#'"*)+#),'"-)'(.(!&+)

= 234567877ã: × <8=>:567877ã:58?@8AB6=8B?:(=ABC?:7)

Após cálculo da CIT, a monotonia e a tensão do treinamento foram calculadas seguindo

as equações propostas por Foster (1998).

D.'.(.',"*.+#),'"-)'(.

= Dé*,"*)!&+*"F)-"'" ÷ H)FI,.J"*#ã.*"!&+*"F)-"'"

+)'Fã.*.+#),'"-)'(. = K.-"(ó#,"*"F!&+F*"F)-"'" × D.'.(.',"*"F)-"'"

Destaca-se ainda que a unidade de medida da CIT adotada foi Unidade Arbitrária,

conforme orientação dos autores proponentes do método.

4.2.6 Análise Estatística

As variáveis antropométricas e perceptivas (carga interna, monotonia e tensão do

treinamento) foram tabuladas com auxílio do Microsoft Excel for Mac versão 2010, e calculadas

a partir da estatística descritiva, envolvendo média e desvio padrão. O teste de normalidade de

Shapiro Wilk foi aplicado para definição das variáveis paramétricas e não paramétricas,

possibilitando melhor definição dos testes correlacionais subsequentes. As evidências da

validade do constructo foram determinadas pela correlação linear de Spearman (amostras não

paramétricas) e correlação linear de Pearson (amostras paramétricas). Foram adotados em

todos os casos margem de segurança de 95% (p < 0,05).

Os testes foram conduzidos com o auxílio do pacote estatístico GraphPad Prism 7â for

Macâ. Os valores referentes à força de correlação foram referenciados em Cohen (1998)

adaptado por Hopkins et al. (2009), sendo: .01 a .029 (pequena), .030 a .049 (moderada), .050

a .069 (forte), .070 a .089 (muito forte), .090 a .099 (quase perfeita) e .1 (perfeita).

Page 104: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

104

4.3 RESULTADOS

Os resultados descritivos das perceptivas referentes à Escala GOL durante os testes

incrementais, tanto de laboratório como de campo estão expressos a seguir. Na Tabela 11

podem ser observadas a média e o desvio padrão das cargas internas de treinamento (CIT) ao

longo das diferentes sessões de treinamento, bem como os valores referentes aos três jogos

oficiais realizados pela equipe.

Tabela 11. Valores médios de CIT por Foster e GOL para as sessões de treinamento e jogos oficiais da modalidade CIT – Foster (UA) CIT – GOL (UA) Sessões de Treinamento (n = 62) 279,26 ± 95,43 252,04 ± 83,73 Jogos oficiais (n = 3) 392,07 ± 26,25 304,33 ± 24,49

A média dos valores encontrados de carga interna para as 62 sessões de treinamento

analisadas, utilizando a Escala Foster (2001) e a Escala GOL, respectivamente, foram: 279,26

± 95,43 UA e 252,04 ± 83,73 UA. Em relação aos três jogos analisados, a média dos valores

encontrados foi: 392,07 ± 26,25 UA (Foster) e 304,33 ± 24,49 UA (GOL).

O gráfico 5 expressa os valores de CIT identificadas pelos dois distintos instrumentos

ao longo das 62 sessões de treinamento investigadas.

Gráfico 5. CIT ao longo das 62 sessões de treinamento por 2 distintos instrumentos de PSE

Page 105: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

105

Os valores de monotonia encontrados para as 09 semanas de treinamento foram, a partir

da escala Foster e da escala GOL, respectivamente: 3,44 e 4,24 (semana 1); 3,01 e 2,93 (semana

2); 3,77 e 3,60 (semana 3); 2,65 e 2,42 (semana 4); 3,68 e 3,67 (semana 5); 2,60 e 2,72 (semana

6); 4,13 e 3,96 (semana 7); 1,94 e 2,12 (semana 8); 2,22 e 2,31 (semana 9), conforme ilustrado

no gráfico 6.

Gráfico 6. Monotonia calculada ao longo das sessões de treinamento por 2 distintos instrumentos de PSE

Os valores de tensão encontrados para as nove semanas de treinamento foram, a partir

da escala Foster e da escala GOL, respectivamente: 9.660,49 e 10.203,16 (semana 1); 6.107,27

e 5.697,15 (semana 2); 7.666,93 e 6.713,55 (semana 3); 3.380,76 e 2.906,05 (semana 4);

7.555,48 e 6.630,24 (semana 5); 3.430,03 e 3.284,24 (semana 6); 9.567,92 e 8.392,56 (semana

7); 3.720,67 e 3.784,52 (semana 8); 3.447,33 e 2.806,29 (semana 9), conforme ilustrado no

gráfico 7.

Page 106: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

106

Gráfico 7. Tensão calculada ao longo das sessões de treinamento por 2 distintos instrumentos de PSE

A tabela 12, a seguir, expressa os valores de correlação entre os dois diferentes

instrumentos utilizados para mensuração da PSE a fim de cálculos da CIT (r = 0,94), monotonia

(r = 0,92) e tensão do treinamento (r = 0,97).

Tabela 12. Valores de correlação entre a escala Foster e a escala GOL para três variáveis do treinamento

Carga Interna de Treinamento

Monotonia do Treinamento

Tensão do Treinamento

Valores de r 0,94* 0,92** 0,97**

*Correlação significante a partir do Teste de Correlação Linear de Spearman **Correlação significante a partir do Teste de Correlação Linear de Pearson Margem de erro de 95% (p < 0,05)

4.4. DISCUSSÃO

O objetivo deste estudo foi aferir a validade ecológica da Escala GOL para estimativa

da carga interna de treinamento em atletas de futebol pelo protocolo Foster et al. (2001). Os

resultados serão discutidos então sob três perspectivas distintas: 1) características

antropométricas da amostra avaliada; 2) discussão dos valores de CIT encontrados no presente

estudo; 3) análise da aplicabilidade da Escala GOL para cálculo das variáveis de treinamento

(carga interna, monotonia e tensão). A exemplo da discussão do estudo 1, serão apresentadas,

ao longo da discussão dos itens citados, propostas para futuros estudos com a escala GOL.

Analisando-se as características antropométricas dos atletas avaliados os valores foram

equivalentes aos achados na literatura para atletas da mesma categoria e nacionalidade. Os

valores para massa corporal total e estatura da amostra do presente estudo e do estudo de Jeong

Page 107: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

107

et al. (2011) foram, respectivamente: 74,90 ± 4,04 Kg x 73,00 ± 4,00 Kg; 180,3 ± 6,24 cm x

178,00 ± 6,00 cm. Em relação ao percentual de gordura corporal, os dados do presente estudo

foram confrontados com os valores correspondentes a jogadores profissionais de futebol

avaliados no estudo de Balikian Junior et al. (2002), em que se obteve, respectivamente: 12,10

± 2,20% x 12,21 ± 3,67%. Seguindo as recomendações de Fonseca et al. (2007) foi adotada a

equação de 3 dobras cutâneas de Jackson; Pollock (1978) para estimativa do percentual de

gordura corporal.

Uma vez dentro dos padrões encontrados na literatura, os atletas foram submetidos à

análise da carga interna ao longo de diferentes sessões de treinamento, caracterizadas

predominantemente por exercícios técnicos e táticos, já que parece ser tendência do sistema de

preparação física do futebol contemporâneo o uso de meios específicos de treino para o

desenvolvimento das capacidades físicas como a capacidade aeróbica, a força e a potência

musculares (HOFF, 2005). Nesse sentido, a literatura demonstra que os jogos em campo

reduzido, utilizados em todos os 62 treinos analisados, parecem contribuir com o

desenvolvimento das diferentes valências físicas, desde que sejam controladas e, quando

preciso, manipuladas, as seguintes variáveis deste modelo de exercício: tamanho do campo,

número de jogadores, duração dos estímulos e da recuperação e encorajamento dos treinadores

(DELLAL; CHAMARI; et al., 2011; DELLAL; HILL-HAAS; et al., 2011; DELLAL; LAGO-

PENAS; et al., 2011; HILL-HAAS et al., 2009; IMPELLIZZERI et al., 2006).

Castagna et al. (2017), por sua vez, demonstraram maiores intensidades de esforço nos

exercícios gerais de treinamento (corridas de agilidade) quando comparado com exercício

especiais (jogos em campo reduzido). Com isso, pode-se sugerir que os profissionais da

preparação física mesclem sessões mais específicas com aquelas mais genéricas, de acordo com

a especificidade das diferentes fases de treinamento, apesar do presente estudo não ter como

objetivo a discussão de tais variáveis.

Entretanto, independentemente do tipo de exercício e do método de treinamento

empregado, se configura de fundamental importância o controle das cargas, tanto das sessões

de treinamento como dos jogos oficiais da modalidade. Gabbett et al. (2016) corroboram com

tal afirmação quando defendem que o controle das cargas pode fornecer uma taxa de trabalho

ótima para os atletas, evitando assim cargas excessivas e o consequente aumento do número de

lesões. A partir da quantificação e acompanhamento da CIT ao longo dos diferentes

microciclos, pode-se, por exemplo, estimar o risco de lesões dos atletas, considerando a taxa

aguda e crônica de trabalho (BLANCH; GABBETT, 2015)

Page 108: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

108

+"M"N$O*")!#ô',Q"*)+#"R"ST.

= Dé*,"*"!&+*"F)-"'"Q.##)'() ÷ Dé*,"*"!&+*"FUúS(,-"FF)-"'"F

Segundo os autores, quando tal relação alcança valor igual ou superior a 1,5 aumenta-

se o risco de lesão dos jogadores, já que estes são submetidos a 1,5x a carga que vinham sendo

preparados nos últimos microciclos de treinamento, mostrando assim uma descompensação das

cargas (CROSS et al., 2016; HULIN et al., 2013; ROGALSKI et al., 2013). No sentido

contrário, Fanchini et al. (2018) mostraram baixa capacidade de predição deste método para

lesões ocorridas por sobrecarga, e não por contato físico, em atletas de futebol.

Um dos meios que tem se tornado cada vez mais frequente para controle das cargas é o

uso de dispositivos eletrônicos, devidamente validados cientificamente para tal propósito,

porém a estimativa da carga interna por meio da PSE, pelo modelo proposto originalmente por

Foster et al. (2001), ainda é um dos principais métodos utilizados no esporte. Outro fator

interessante de ser analisado é que a Federação Internacional de Futebol Association (FIFA),

apesar de permitir o uso de monitores de deslocamento – GPS (de custos financeiros elevados),

a FIFA não permite o monitoramento da intensidade dos jogos por meio de monitores de FC, o

que justifica também a necessidade de uso das escalas perceptivas, principalmente daquelas

válidas, levando-se em consideração o contexto da modalidade (SPARKS; COETZEE;

GABBETT, 2017).

Somado aos fatores já levantados, reforça-se a ideia de que o monitoramento pela FC

exige aparelhos custosos, favorece erros técnicos de aplicação e exige o tratamento complexo

dos dados de todos os atletas individualmente, além de não responder de forma satisfatória a

diversos modelos de treinamento como pliometria, treinamento intervalado de alta intensidade

e treinamento resistido, todos estes envolvendo prioritariamente metabolismos energéticos com

baixa demanda de oxigênio (IMPELLIZZERI et al., 2004).

São vários os estudos publicados que procuraram estabelecer relação entre o método de

CIT pela PSE da sessão de treinamento com outros métodos mais objetivos, incluindo TRIMP,

calculado a partir da FC, encontrando associação positiva entre os métodos que utilizaram

variáveis fisiológicas e psicofisiológicas (ALEXIOU; COUTTS, 2008; COSTA et al., 2013;

FOSTER et al., 2001; IMPELLIZZERI et al., 2004).

Ao longo das 62 semanas de treinamento analisadas no presente estudo foram

encontrados valores de CIT de 279,26 ± 95,43 (escala Foster) e 252,04 ± 83,73 (escala GOL).

Page 109: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

109

Apesar de não ser o objetivo do presente estudo verificar a magnitude da CIT e sim a

aplicabilidade da escala GOL para sua estimativa, foram encontrados na literatura resultados

similares para CIT (308,28 ± 159,82 em microciclos com apenas uma partida e 245,66 ± 153,97

em microciclos com duas partidas) no estudo de Clemente et al. (2017).

Jeong et al. (2011) analisaram os valores de CIT de um microciclo na pré-temporada e

de um microciclo incluído na temporada de treinamento, encontrando, respectivamente, 240,00

± 36 UA e 187 ± 18 UA, valores muito próximos àqueles encontrados por nós ao longo das

semanas investigadas. Os valores encontrados por Scott et al. (2013) também foram próximos

(297 ± 158 UA).

Los Arcos, Mendez-Villanueva e Martínez-Santos (2017) encontraram valores similares

para a PSE da sessão, porém os autores mensuraram a CIT de forma isolada, da musculatura e

da respiração (média de 232,60 UA ao longo de cinco sessões de treinamento para CITrespiração e

média de 225,20 para CITmuscular). Os autores ainda verificaram maior valor de CIT quando

analisado o jogo (média de 554 UA para CITrespiração e média de 590 para CITmuscular) em relação

às sessões de treinamento. Apesar de não terem sido analisadas pelo viés da estatística pelo

baixo número de jogos (n = 3), nosso estudo também encontrou maior tendência de CIT do jogo

(392,07 ± 26,25 – Foster; 304,33 ± 24,49 – GOL) em relação aos treinos.

Propõe-se em estudos futuros verificar a aplicabilidade da escala GOL para

identificação da PSE da sessão, tanto muscular, como respiratória, isoladamente, bem como

analisar microciclos em diferentes períodos competitivos.

A proposição do cálculo de monotonia e tensão do treinamento foi sustentada pela

tentativa de evitar erros na prescrição do treinamento e na sobrecarga gerada ao longo dos ciclos

periodizados. Teoricamente, tais variáveis, refletiriam, respectivamente, a variedade das cargas

ao longo do microciclo (monotonia) e a implicância disso sobre o organismo do atleta,

demonstrando ser benéfico para a adaptação dos atletas a alternância entre cargas altas e baixas

(dias de recuperação) ao longo do microciclo (FOSTER, 1998; FRENCKEN et al., 2012;

GABBETT; JENKINS, 2011).

Apesar de algumas evidências científicas suportarem associação positiva entre o

surgimento de lesões por sobrecarga e a consequente implicância sobre o rendimento esportivo

com altos valores de monotonia (> 2,0) e de tensão (FOSTER, 1998; KREIDER; FRY;

O’TOOLE, 1998; ROWBOTTOM; KEAST; MORTON, 1998), tal relação não é

adequadamente sustentada pela literatura, que reforça maior associação das lesões com a taxa

aguda e crônica de trabalho demonstrada ao longo do processo, o que também, como já visto,

Page 110: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

110

é passível de discussão (CROSS et al., 2016; FANCHINI et al., 2018; HULIN et al., 2013;

ROGALSKI et al., 2013).

Apesar das relações entre a monotonia e a tensão do treinamento com as lesões ocorridas

ser discutível, parece consenso da literatura o uso de tais variáveis para fornecimento de dados

adicionais a respeito dos volumes de treinamento impostos aos esportistas (BRINK et al., 2010;

COMYNS; FLANAGAN, 2013).

Aquino et al. (2016) acompanharam 15 jogadores durante 22 semanas de treinamento

periodizado com ênfase na habilidade técnica e tática, descrevendo dados de monotonia e

tensão, respectivamente, de 1,21 UA, 2.961 UA (período preparatório), 1.24 UA, 3.324 UA

(período competitivo 1) e 1.26 UA 3.477 UA (período competitivo 2), enquanto que em nosso

estudo delineado ao longo do período preparatório a média de tensão e monotonia foi,

respectivamente, 3,04 UA e 6.059,65 (escala Foster); 3,10 UA e 5.601,97 UA (escala GOL).

Em relação à monotonia, fundamentando-se nos valores encontrados quando da utilização do

mesmo instrumento (escala de Foster) nossos valores estão aproximadamente 53% (monotonia)

e 40% (tensão) superiores à média das 3 fases encontrada no estudo de Aquino et al. (2016).

Fessi et al. (2016) encontraram valores de tensão e monotonia, respectivamente, de 42%

(média de 1,3 ± 0,2 UA) e 38% (média de 2.306,9 ± 433.8 UA) menores que os achados do

nosso estudo. Os autores ainda demonstraram que a tensão foi sensível as alterações de volume

induzidas pelo período de tapering em atletas de futebol, já que houve significativa redução do

volume de treinamento.

Tais diferenças de intensidade podem refletir diferenças metodológicas no programa de

treinamento elaborado pela comissão técnica (BORRESEN; LAMBERT, 2009). Pode-se ainda

sustentar a diferença relativa aos valores encontrados pela idade da amostra, já que Malisoux et

al. (2013) mostraram influência da idade em tais variáveis. Além disso, Coutts et al. (2008) e

Thornton et al. (2016) defendem maiores valores de monotonia e tensão de treinamento em

períodos preparatórios do treinamento, aquele que nossa amostra se encontrava quando da

análise e coleta dos dados.

Aughey et al. (2016) sugerem que, a exemplo da taxa aguda e crônica de trabalho,

explícita anteriormente, o mesmo seja utilizado com a tensão, seguindo a fórmula:

+"M"N$O*")!#ô',Q"*)+#"R"ST.

= +)'Fã.*"F)-"'"Q.##)'() ÷Dé*,"*"+)'Fã.*"FUúS(,-"FF)-"'"F

Page 111: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

111

A partir do cálculo acima, os autores demonstraram maior associação das semanas de

treinamento com saldo positivo (quando a tensão da semana foi menor quando comparada com

a média das últimas quatro semanas de treinamento) para predição de vitórias nos jogos a serem

realizados, levando os autores a apoiarem o uso desse instrumento no futebol. Nesse sentido, a

escala pictórica validada no estudo 1 do presente projeto pode contribuir gerando valores de

referência para a própria equipe, possibilitando: (1) comparação do jogador com sua respectiva

equipe; (2) comparação da média da equipe em diferentes períodos de treinamento; e (3)

comparação de uma equipe com valores de outras equipes de igual nível ou nível

inferior/superior.

O estudo de Impellizzeri et al. (2004) mostrou associação positiva entre o método de

estimativa da CIT pelo método da PSE e os demais métodos que utilizam como parâmetro a

frequência cardíaca (Banister’s Trimp de r = 0,50 a r = 0,77; Edward’s Trimp de r = 0,54 a r =

0,78; Lucia’s Trimp de r = 0,61 a r = 0,85; p < 0,01). De igual modo, Akubat et al. (2012)

encontraram correlação entre o método Banister’s Trimp e o método CIT – PSE de r = 0,75,

considerando p < 0,02. Por sua vez, Alexiou e Coutts (2008) mostraram pela primeira vez os

valores de tais associações em jogadoras de futebol, encontrando valores de correlação de r =

0,84 (Banister’s Trimp) e r = 0,85 (Edward’s Trimp), ambos considerando p < 0,01.

Fortalecendo os resultados dos estudos anteriores, Scott et al. (2013) encontraram

associação positiva entre os indicadores de carga externa de treinamento e a carga interna de

treinamento identificada pela PSE da sessão (volume de atividade de baixa velocidade < 14,4

Km/h, distância total percorrida e carga do jogador identificada por acelerômetros apresentaram

associação positiva com valores de r variando de 0,71 a 0,84). De forma similar, Casamichana

et al. (2013) encontraram correlação positiva entre a CIT identificada por meio do método

Edward’s e o método da PSE da sessão de r = 0,57. De igual modo, encontraram associação

positiva entre a CIT calculada pela PSE da sessão e carga do jogador identificada pelo

acelerômetro de r = 0,74, adotando para ambos o nível de significância p < 0,01.

A partir do exposto, parece seguro afirmar que a estimativa da carga interna de

treinamento a partir da percepção subjetiva do esforço da sessão, originalmente identificada por

meio da escala adaptada de Borg por Foster et al. (2001), é um método que apresenta associação

positivas com outros mais objetivos baseados no registro da frequência cardíaca e também com

indicadores de volume, dentre eles a distância percorrida e o total de trabalho de cada jogador,

identificado pelo uso de acelerômetros. Recentemente, Mclaren et al. (2017) publicaram revisão

sistemática indicando que ambos os métodos de estimativa da CIT (PSE e FC) são seguros por

Page 112: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

112

apresentarem fortes associações com indicadores de carga externa, sendo esta relação mais forte

com a PSEsessão.

Diante do apresentado, optou-se no presente estudo, em não avaliar a carga interna pelos

métodos da FC, já que estas análises já parecem consistentes na literatura científica, cabendo

ao presente projeto identificar associação positiva da escala GOL com a escala Foster,

ampliando assim a aplicabilidade do instrumento neste projeto validado para as sessões de

treinamento em campo.

Fanchini et al. (2016) verificaram a aplicabilidade da escala CR100 para cálculo da CIT,

encontrando valores de correlação entre a escala de Foster e a Escala CR100 de .95. Em relação

às evidências preliminares de validação da escala GOL para identificação da carga interna de

treinamento, o valor de correlação encontrado com o constructo já validado para tal estimativa

(escala de Foster adaptada de Borg) foi de .94, considerado quase perfeito quando adotado o

critério de Cohen (1988) adaptado por Hopkins et al. (2009), a exemplo do estudo de Fanchini

et al. (2016).

4.5 CONCLUSÃO

Torna-se evidente o benefício do uso da Escala GOL como parâmetro de identificação

da CIT, por este instrumento apresentar alta validade ecológica, não sendo limitado a atletas

alfabetizados ou que tenham domínio de um idioma em específico, já que se utiliza de imagens

para ilustração dos diferentes níveis de esforço percebido. Este estudo também demonstra que

o método da PSE, a partir da utilização da Escala GOL, permite não apenas o controle das

cargas de treinamento, mas também de outras variáveis fundamentais no controle da rotina de

treinamento, não só da equipe de maneira geral, mas também dos atletas individualmente, como

a monotonia e a tensão ao longo do programa de treinamento.

Page 113: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

113

CAPITULO 5

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados encontrados tanto no estudo 1 quanto no estudo 2 demonstram que o uso

de uma escala pictórica de percepção subjetiva do esforço, denominada Escala GOL, apresenta

fortes evidências de validação para ser empregada no acompanhamento dos programas de

treinamento aplicados aos atletas de futebol, servindo tanto para o monitoramento da

intensidade do esforço, em testes incrementais de laboratório e de campo, como para o

monitoramento da carga interna de treinamento, representando assim alta aplicabilidade para

os profissionais que atuam com esta modalidade.

Desse modo, conclui-se que a Escala GOL é um instrumento adequado para ser utilizado

tanto para mensuração da intensidade do esforço (nos exercícios isolados que compreendem

uma sessão de treinamento), como para mensuração da PSE da sessão de treinamento, de forma

geral, permitindo assim o cálculo da carga interna de treinamento. Por se tratar de um

instrumento isento de ancoragens verbais, sua aplicação não está limitada a atletas alfabetizados

de um determinado idioma, o que amplia suas possibilidades de uso.

Futuras investigações podem ser realizadas: (1) verificar possíveis associações do

instrumento validado com outros instrumentos psicofísicos relevantes para o entendimento do

fenômeno futebol; (2) verificar possíveis associações da Escala GOL com indicadores objetivos

de fadiga e recuperação, incluindo método TRIMP e variabilidade da frequência cardíaca,

respectivamente; (3) elaborar escalas pictóricas 3D, contemplando as necessidades relativas ao

controle de carga pela PSE da sessão em atletas cegos; (4) elaborar escala pictórica generalista,

que poderia ser aplicada para um público maior, como por exemplo os frequentadores de

academias.

Page 114: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

114

6. REFERÊNCIAS

ABAD, C. et al. Efeito do destreinamento na composição corporal e nas capacidades de salto vertical e velocidade de jovens jogadores da elite do futebol brasileiro. Revista Andaluza de Medicina del Deporte, v. 9, n. 3, p. 124-130, 2016. ALEXIOU, H.; COUTTS, A. J. A comparison of methods used for quantifying internal training load in women soccer players. International Journal of Sports Physiology and Performance, v. 3, n. 3, p. 320-330, 2008. ALGHANNAM, A. F. Metabolic limitations of performance and fatigue in football. Asian journal of sports medicine, v. 3, n. 2, p. 65, 2012. ALI, A. et al. Reliability and validity of two tests of soccer skill. Journal of sports sciences, v. 25, n. 13, p. 1461-1470, 2007. AQUINO, R. L. et al. Periodization training focused on technical-tactical ability in young soccer players positively affects biochemical markers and game performance. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 30, n. 10, p. 2723-2732, 2016. ARNASON, A. et al. Physical fitness, injuries, and team performance in soccer. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 36, n. 2, p. 278-285, 2004. AUGHEY, R. J. et al. Does the recent internal load and strain on players affect match outcome in elite Australian football? Journal of science and medicine in sport, v. 19, n. 2, p. 182-186, 2016. BAECHLE, T. R.; EARLE, R. W.; WATHAN, D. Resistance Training. In: BAECHLE, T. R., EARLE, R. W (Ed.). Essentials of Strength Training and Conditioning. 3: Champaign, IL, 2008. ISBN 149250162X. BALIKIAN JUNIOR, P. et al. Consumo máximo de oxigênio e limiar anaeróbio de jogadores de futebol: comparação entre as diferentes posições. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, p. 32-36, 2002. BANGSBO, J. Fitness training in football: a scientific approach. August Krogh Inst., University of Copenhagen, 1994. ISBN 8798335073. BANGSBO, J.; IAIA, F.; KRUSTRUP, P. The Yo-Yo intermittent recovery test: a useful tool for evaluation of physical performance in intermittent sports. Sports medicine (Auckland, NZ), v. 38, n. 1, p. 37, 2008. BANISTER, E. Modeling elite athletic performance. In: WENGER, D. e GREEN, H. (Ed.). Physiological testing of elite athletes. Illinois: Human Kinetics Books, 1991. p.403-424. BAR-OR, O. The Wingate anaerobic test an update on methodology, reliability and validity. Sports medicine, v. 4, n. 6, p. 381-394, 1987.

Page 115: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

115

BAR-OR, O.; WARD, D. S. Rating of perceived exertion in children. In: BAR-OR, O. (Ed.). Advances in pediatric sport sciences: Champaign, v.3, 1989. cap. 6, p.151-168. BARKLEY, R. A. The ecological validity of laboratory and analogue assessment methods of ADHD symptoms. Journal of abnormal child psychology, v. 19, n. 2, p. 149-178, 1991. BELLOTTI, C. et al. Determination of maximal lactate steady state in healthy adults: can NIRS help. Med Sci Sports Exerc, v. 45, n. 6, p. 1208-1216, 2013. BERGSTROM, H. C. et al. Factors underlying the perception of effort during constant heart rate running above and below the critical heart rate. European journal of applied physiology, v. 115, n. 10, p. 2231-2241, 2015. BLANCH, P.; GABBETT, T. J. Has the athlete trained enough to return to play safely? The acute: chronic workload ratio permits clinicians to quantify a player's risk of subsequent injury. Br J Sports Med, p. bjsports-2015-095445, 2015. BOMPA, T. O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. Phorte, 2002. ISBN 8586702501. BORG, G.; BORG, E. A new generation of scaling methods: Level-anchored ratio scaling. Psychologica, v. 28, n. 1, p. 15-45, 2001. BORG, G. A. Physical performance and perceived exertion. Studia Psychologica et Paedagogica, v. Series altera, Investigationes, XI. , n. Lund: Gleerup. , 1961. ______. Perceived exertion as an indicator of somatic stress. Scand j rehabil med, v. 2, p. 92-98, 1970. ______. A category scale with ratio properties for intermodal and interindividual comparisons. In: GEISSLER H-G e P, P. (Ed.). Psychophysical judgment and the process of perception. Berlin: VEB Deutscher Verlag der Wissenschaften, 1982. p.25-34. ______. Escalas de Borg para a dor eo esforço: percebido. Manole, 2000. ISBN 8520409326. BORRESEN, J.; LAMBERT, M. I. The quantification of training load, the training response and the effect on performance. Sports medicine, v. 39, n. 9, p. 779-795, 2009. BOURDON, P. C. et al. Monitoring athlete training loads: consensus statement. International journal of sports physiology and performance, v. 12, n. Suppl 2, p. S2-161-S2-170, 2017. BRINK, M. S. et al. Monitoring stress and recovery: new insights for the prevention of injuries and illnesses in elite youth soccer players. British journal of sports medicine, v. 44, n. 11, p. 809-815, 2010.

Page 116: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

116

CARLING, C. et al. The role of motion analysis in elite soccer. Sports medicine, v. 38, n. 10, p. 839-862, 2008. CASAMICHANA, D. et al. Relationship between indicators of training load in soccer players. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 27, n. 2, p. 369-374, 2013. CASTAGNA, C. et al. Long-Sprint Abilities in Soccer: Ball Versus Running Drills. International journal of sports physiology and performance, v. 12, n. 9, p. 1256-1263, 2017. CASTAGNA, C. et al. Aerobic fitness and yo-yo continuous and intermittent tests performances in soccer players: a correlation study. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 20, n. 2, p. 320, 2006. CAVASINI, S.; MATSUDO, V. Desenvolvimento de uma escala brasileira de percepção subjetiva de esforço. Anais do 3º Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, 1983. p.23. CHAYTOR, N.; SCHMITTER-EDGECOMBE, M.; BURR, R. Improving the ecological validity of executive functioning assessment. Archives of clinical neuropsychology, v. 21, n. 3, p. 217-227, 2006. CHTOUROU, H. et al. The effect of Ramadan fasting on physical performances, mood state and perceived exertion in young footballers. Asian Journal of Sports Medicine, v. 2, n. 3, p. 177, 2011. COHEN, J. Statistical power analysis for the behavioral sciences 2nd edn: Erlbaum Associates, Hillsdale 1988. COMYNS, T.; FLANAGAN, E. P. Applications of the session rating of perceived exertion system in professional rugby union. Strength & Conditioning Journal, v. 35, n. 6, p. 78-85, 2013. COQUART, J. B. et al. Prediction of peak oxygen uptake from sub-maximal ratings of perceived exertion elicited during a graded exercise test in obese women. Psychophysiology, v. 46, n. 6, p. 1150-1153, 2009. COSTA, E. C. et al. Monitoring external and internal loads of Brazilian soccer referees during official matches. Journal of sports science & medicine, v. 12, n. 3, p. 559, 2013. COSTA, M. G. et al. Subjective exertion perception. Perceived exertion classification: face scale utilization proposal. Fitness & Performance Journal, v. 3, p. 305-313, 2008. COUTTS, A. J. et al. Monitoring training in soccer: Measuring and periodising training. De l’entraînement à la performance en football, p. 242-258, 2008. COUTTS, A. J. et al. Heart rate and blood lactate correlates of perceived exertion during small-sided soccer games. Journal of Science and Medicine in Sport, v. 12, n. 1, p. 79-84, 2009.

Page 117: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

117

CROSS, M. J. et al. The influence of in-season training loads on injury risk in professional rugby union. International journal of sports physiology and performance, v. 11, n. 3, p. 350-355, 2016. DE HENAUW, S. et al. Operationalization of food consumption surveys in Europe: recommendations from the European Food Consumption Survey Methods (EFCOSUM) Project. European journal of clinical nutrition, v. 56, n. S2, p. S75, 2002. DE NARDI, M. et al. Effects of cold-water immersion and contrast-water therapy after training in young soccer players. The Journal of sports medicine and physical fitness, v. 51, n. 4, p. 609-615, 2011. DELLAL, A. et al. Influence of technical instructions on the physiological and physical demands of small-sided soccer games. European Journal of Sport Science, v. 11, n. 5, p. 341-346, 2011. DELLAL, A. et al. Small-sided games in soccer: amateur vs. professional players' physiological responses, physical, and technical activities. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 25, n. 9, p. 2371-2381, 2011. DELLAL, A. et al. Effect of the number of ball contacts within bouts of 4 vs. 4 small-sided soccer games. International Journal of Sports Physiology and Performance, v. 6, n. 3, p. 322-333, 2011. DURNIN, J. V.; WOMERSLEY, J. Body fat assessed from total body density and its estimation from skinfold thickness: measurements on 481 men and women aged from 16 to 72 years. British journal of nutrition, v. 32, n. 1, p. 77-97, 1974. ECHEGARAY, M.; RIVERA, M. A. Role of creatine kinase isoenzymes on muscular and cardiorespiratory endurance. Sports Medicine, v. 31, n. 13, p. 919-934, 2001. EDWARDS, S. High performance training and racing. In The heart rate monitor book. Sacramento (CA) Feet Fleet Press, 1993. ESTON, R.; EVANS, H. J. L. The validity of submaximal ratings of perceived exertion to predict one repetition maximum. Journal of sports science & medicine, v. 8, n. 4, p. 567, 2009. FANCHINI, M. et al. Use of the CR100 scale for session rating of perceived exertion in soccer and its interchangeability with the CR10. International journal of sports physiology and performance, v. 11, n. 3, p. 388-392, 2016. FANCHINI, M. et al. Effect of training-session intensity distribution on session rating of perceived exertion in soccer players. International journal of sports physiology and performance, v. 10, n. 4, p. 426-430, 2015. FANCHINI, M. et al. Despite association, the acute: chronic work load ratio does not predict non-contact injury in elite footballers. Science and Medicine in Football, p. 1-7, 2018.

Page 118: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

118

FESSI, M. S. et al. Effects of tapering on physical match activities in professional soccer players. Journal of sports sciences, v. 34, n. 24, p. 2189-2194, 2016. FONSECA, P. H. S. D.; MARINS, J. C. B.; SILVA, A. T. D. Validação de equações antropométricas que estimam a densidade corporal em atletas profissionais de futebol. Rev Bras Med Esporte, v. 13, n. 3, p. 153-6, 2007. FOSTER, C. Monitoring training in athletes with reference to overtraining syndrome. Medicine and science in sports and exercise, v. 30, p. 1164-1168, 1998. FOSTER, C.; FITZGERALD, D. J.; SPATZ, P. Stability of the blood lactate-heart rate relationship in competitive athletes. Medicine and science in sports and exercise, v. 31, n. 4, p. 578-582, 1999. FOSTER, C. et al. A new approach to monitoring exercise training. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 15, n. 1, p. 109-115, 2001. FREITAS, V. H. et al. Sensitivity of physiological and psychological markers to training load intensification in volleyball players. Journal of sports science & medicine, v. 13, n. 3, p. 571, 2014. FRENCKEN, W. et al. Variability of inter-team distances associated with match events in elite-standard soccer. Journal of sports sciences, v. 30, n. 12, p. 1207-1213, 2012. GABBETT, T. J. et al. High training workloads alone do not cause sports injuries: how you get there is the real issue: BMJ Publishing Group Ltd and British Association of Sport and Exercise Medicine 2016. GABBETT, T. J.; JENKINS, D. G. Relationship between training load and injury in professional rugby league players. Journal of Science and Medicine in Sport, v. 14, n. 3, p. 204-209, 2011. GALLAGHER, K. et al. Effects of partial neuromuscular blockade on carotid baroreflex function during exercise in humans. The Journal of Physiology, v. 533, n. 3, p. 861-870, 2001. GANT, N.; ALI, A.; FOSKETT, A. The influence of caffeine and carbohydrate coingestion on simulated soccer performance. International journal of sport nutrition and exercise metabolism, v. 20, n. 3, p. 191-197, 2010. GESCHEIDER, G. A. Psychophysics: the fundamentals. Psychology Press, 2013. ISBN 113480122X. GOEDECKE, J. H. et al. The effect of carbohydrate ingestion on performance during a simulated soccer match. Nutrients, v. 5, n. 12, p. 5193-5204, 2013. GOMES, A. C. Treinamento desportivo: estrututuração e periodização. Artmed Editora, 2009. ISBN 8536320885.

Page 119: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

119

GROSSER, M.; STARISCHKA, S.; ZIMMERMANN, E. Principios del entrenamiento deportivo: teoría y práctica en todas las especialidades deportivas. Martínez Roca, 1988. ISBN 8427012098. HADDAD, M. et al. Influence of fatigue, stress, muscle soreness and sleep on perceived exertion during submaximal effort. Physiology & behavior, v. 119, p. 185-189, 2013. HALOUANI, J. et al. The effects of game types on intensity of small-sided games among pre-adolescent youth football players. Biology of sport, v. 34, n. 2, p. 157, 2017a. ______. Soccer small-sided games in young players: rule modification to induce higher physiological responses. Biology of sport, v. 34, n. 2, p. 163, 2017b. HAMMOUDA, O. et al. Diurnal variations of plasma homocysteine, total antioxidant status, and biological markers of muscle injury during repeated sprint: effect on performance and muscle fatigue—a pilot study. Chronobiology international, v. 28, n. 10, p. 958-967, 2011. HARDY, C. J.; REJESKI, W. J. Not what, but how one feels: The measurement of affect during exercise. Journal of Sport and Exercise Psychology, v. 11, n. 3, p. 304-317, 1989. HELGERUD, J. et al. Aerobic high-intensity intervals improve V˙ O2max more than moderate training. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 39, n. 4, p. 665-671, 2007. HILL-HAAS, S. V. et al. Acute physiological responses and time-motion characteristics of two small-sided training regimes in youth soccer players. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 23, n. 1, p. 111-115, 2009. HOFF, J. Training and testing physical capacities for elite soccer players. Journal of sports sciences, v. 23, n. 6, p. 573-582, 2005. HOOPER, S. L.; MACKINNON, L. T. Monitoring overtraining in athletes. Sports medicine, v. 20, n. 5, p. 321-327, 1995. HOPKINS, W. et al. Progressive statistics for studies in sports medicine and exercise science. Medicine+ Science in Sports+ Exercise, v. 41, n. 1, p. 3, 2009. HULIN, B. T. et al. Spikes in acute workload are associated with increased injury risk in elite cricket fast bowlers. Br J Sports Med, p. bjsports-2013-092524, 2013. IMPELLIZZERI, F. M. et al. Physiological and performance effects of generic versus specific aerobic training in soccer players. International journal of sports medicine, v. 27, n. 06, p. 483-492, 2006. IMPELLIZZERI, F. M. et al. Use of RPE-based training load in soccer. Medicine & Science in sports & exercise, v. 36, n. 6, p. 1042-1047, 2004. IMPELLIZZERI, F. M.; RAMPININI, E.; MARCORA, S. M. Physiological assessment of aerobic training in soccer. Journal of sports sciences, v. 23, n. 6, p. 583-592, 2005.

Page 120: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

120

JACKSON, A. S.; POLLOCK, M. L. Generalized equations for predicting body density of men. British journal of nutrition, v. 40, n. 3, p. 497-504, 1978. JEONG, T.-S. et al. Quantification of the physiological loading of one week of “pre-season” and one week of “in-season” training in professional soccer players. Journal of sports sciences, v. 29, n. 11, p. 1161-1166, 2011. KANDEL, E. et al. Princípios de Neurociências-5. AMGH Editora, 2014. ISBN 8580554063. KANG, J. et al. Regulating intensity using perceived exertion during extended exercise periods. European Journal of Applied Physiology, v. 89, n. 5, p. 475-482, 2003. KNIJNIK, J. D.; SOUZA, J. S. S. Brazilian women in the sports press: a case study. Journal of Human Sport and Exercise, v. 6, n. 1, 2011. KRAFT, J. A.; GREEN, J. M.; GAST, T. M. Work distribution influences session ratings of perceived exertion response during resistance exercise matched for total volume. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 28, n. 7, p. 2042-2046, 2014. KREIDER, R.; FRY, A.; O’TOOLE, M. Overtraining in sport: Terms, definitions and prevalence In: Overtraining in Sport. Champaign, IL: Human Kinetics, p. 3-18, 1998. KRUSTRUP, P. et al. The Yo-Yo IE2 test: physiological response for untrained men versus trained soccer players. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 47, n. 1, p. 100-108, 2015. KRUSTRUP, P. et al. Muscle and blood metabolites during a soccer game: implications for sprint performance. Medicine and science in sports and exercise, v. 38, n. 6, p. 1165-1174, 2006. LAMBRICK, D. M. et al. Prediction of maximal oxygen uptake from submaximal ratings of perceived exertion and heart rate during a continuous exercise test: the efficacy of RPE 13. European journal of applied physiology, v. 107, n. 1, p. 1-9, 2009. LE GALL, F. et al. Anthropometric and fitness characteristics of international, professional and amateur male graduate soccer players from an elite youth academy. Journal of Science and Medicine in Sport, v. 13, n. 1, p. 90-95, 2010. LEATT, P.; SHEPHARD, R. J.; PLYLEY, M. J. Specific muscular development in under-18 soccer players. Journal of sports sciences, v. 5, n. 2, p. 165-175, 1987. LESUER, D. A. et al. The accuracy of prediction equations for estimating 1-RM performance in the bench press, squat, and deadlift. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 11, n. 4, p. 211-213, 1997. LOS ARCOS, A.; MENDEZ-VILLANUEVA, A.; MARTÍNEZ-SANTOS, R. In-season training periodization of professional soccer players. Biology of sport, v. 34, n. 2, p. 149, 2017.

Page 121: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

121

LOS ARCOS, A. et al. Rating of muscular and respiratory perceived exertion in professional soccer players. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 28, n. 11, p. 3280-3288, 2014. LUCÍA, A. et al. Heart rate and performance parameters in elite cyclists: a longitudinal study. Medicine and science in sports and exercise, v. 32, n. 10, p. 1777-1782, 2000. LUPO, C.; CAPRANICA, L.; TESSITORE, A. The validity of the session-RPE method for quantifying training load in water polo. International journal of sports physiology and performance, v. 9, n. 4, p. 656-660, 2014. MALISOUX, L. et al. Monitoring of sport participation and injury risk in young athletes. Journal of Science and Medicine in Sport, v. 16, n. 6, p. 504-508, 2013. MANTOVANI, T. V. L. et al. Composição corporal e limiar anaeróbio de jogadores de futebol das categorias de base. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 7, n. 1, 2009. MANZI, V. et al. Profile of weekly training load in elite male professional basketball players. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 24, n. 5, p. 1399-1406, 2010. MARCORA, S. Perception of effort during exercise is independent of afferent feedback from skeletal muscles, heart, and lungs. Journal of applied physiology, v. 106, n. 6, p. 2060-2062, 2009. MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Exercise physiology: nutrition, energy, and human performance. Lippincott Williams & Wilkins, 2016. ISBN 0781797810. MCGUIGAN, M. Monitoring training and performance in athletes. Human Kinetics, 2017. ISBN 1492535206. MCLAREN, S. J. et al. The relationships between internal and external measures of training load and intensity in team sports: A meta-analysis. Sports Medicine, p. 1-18, 2017. MCNAIR, D. M.; LORR, M. Edits manual for the profile of mood states: POMS. Edits, 1992. MICKLEWRIGHT, D. et al. Development and Validity of the Rating-of-Fatigue Scale. Sports Medicine, v. 47, n. 11, p. 2375-2393, 2017. MILOSKI, B. et al. Seasonal training load distribution of professional futsal players: effects on physical fitness, muscle damage and hormonal status. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 30, n. 6, p. 1525-1533, 2016. MOHR, M.; KRUSTRUP, P.; BANGSBO, J. Match performance of high-standard soccer players with special reference to development of fatigue. Journal of sports sciences, v. 21, n. 7, p. 519-528, 2003.

Page 122: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

122

MORAES, M.V. L.; HERDY, C. V.; DOS SANTOS, M. P. Análise dos aspectos antropométricos em jovens atletas de alto rendimento praticantes da modalidade futebol. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 17, n. 2, 2009. NACLERIO, F. et al. Control of resistance training intensity by the OMNI perceived exertion scale. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 25, n. 7, p. 1879-1888, 2011. NICHOLAS, C. W.; NUTTALL, F. E.; WILLIAMS, C. The Loughborough Intermittent Shuttle Test: a field test that simulates the activity pattern of soccer. Journal of sports sciences, v. 18, n. 2, p. 97-104, 2000. NOBLE, B. J.; ROBERTSON, R. J. Perceived Exertion. Human Kinetics, 2004. PAULSON, T. A. et al. Individualized internal and external training load relationships in elite wheelchair rugby players. Frontiers in physiology, v. 6, p. 388, 2015. PIRES, F. O. et al. The influence of peripheral afferent signals on the rating of perceived exertion and time to exhaustion during exercise at different intensities. Psychophysiology, v. 48, n. 9, p. 1284-1290, 2011. PLATONOV, V. N. Tratado geral de treinamento desportivo. São Paulo: Phorte, 2008. ISBN 8576551330. POLITO, L. et al. Psychophysiological indicators of fatigue in soccer players: A systematic review. Science & Sports, v. 32, n. 1, p. 1-13, 2017. PROSKE, U. What is the role of muscle receptors in proprioception? Muscle & nerve, v. 31, n. 6, p. 780-787, 2005. RABELO, F. N. et al. Monitoring the intended and perceived training load of a professional futsal team over 45 weeks: a case study. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 30, n. 1, p. 134-140, 2016. REBELO, A. et al. A new tool to measure training load in soccer training and match play. International Journal of Sports Medicine, v. 33, n. 04, p. 297-304, 2012. RAHKILA, P.; LUHTANEN, P. Physical fitness profile of Finnish national soccer teams candidates. Science and football, v. 5, p. 30-34, 1991. RAMPININI, E. et al. Match-related fatigue in soccer players. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 43, n. 11, p. 2161-2170, 2011. RAVAGNANI, F. et al. Avaliação física de jogadores de futebol pertencentes a diferentes categorias. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, v. 4, n. 11, p. 67-73, 2012. REBELO, A. et al. A new tool to measure training load in soccer training and match play. International journal of sports medicine, v. 33, n. 04, p. 297-304, 2012.

Page 123: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

123

REILLY, T.; WOODBRIDGE, V. Effects of moderate dietary manipulations on swim performance and on blood lactate-swimming velocity curves. International journal of sports medicine, v. 20, n. 02, p. 93-97, 1999. ROBERTSON, R. J. et al. Validation of the Children’s OMNI-Resistance Exercise Scale of perceived exertion. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 37, n. 5, p. 819-826, 2005. ROBERTSON, R. J. et al. Children's OMNI scale of perceived exertion: mixed gender and race validation. Medicine and science in sports and exercise, v. 32, n. 2, p. 452-458, 2000. ROBERTSON, R. J. et al. Validation of the adult OMNI scale of perceived exertion for cycle ergometer exercise. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 36, n. 1, p. 102-108, 2004. ROBERTSON, R. J. et al. Concurrent validation of the OMNI perceived exertion scale for resistance exercise. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 35, n. 2, p. 333-341, 2003. ROBERTSON, R. J.; NOBLE, B. J. 15 Perception of Physical Exertion: Methods, Mediators, and Applications. Exercise and sport sciences reviews, v. 25, n. 1, p. 407-452, 1997. ROBEY, E. et al. Sleep quantity and quality in elite youth soccer players: a pilot study. European journal of sport science, v. 14, n. 5, p. 410-417, 2014. ROEMMICH, J. N. et al. Validity of PCERT and OMNI walk/run ratings of perceived exertion. Medicine and science in sports and exercise, v. 38, n. 5, p. 1014-1019, 2006. ROGALSKI, B. et al. Training and game loads and injury risk in elite Australian footballers. Journal of Science and Medicine in Sport, v. 16, n. 6, p. 499-503, 2013. ROGERS, S. D.; KADAR, E. E.; COSTALL, A. Gaze patterns in the visual control of straight-road driving and braking as a function of speed and expertise. Ecological Psychology, v. 17, n. 1, p. 19-38, 2005. ROOZEN, M. Illinois agility test. NSCA’s Performance Training Journal, v. 3, n. 5, p. 5-6, 2004. ROS, A. G. et al. Responsiveness of the one-leg hop test and the square hop test to fatiguing intermittent aerobic work and subsequent recovery. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 27, n. 4, p. 988-994, 2013. ROWBOTTOM, D. G.; KEAST, D.; MORTON, A. R. Monitoring and preventing of overreaching and overtraining in endurance athletes. Overtraining in sport, p. 47-66, 1998. SCOTT, B. R. et al. A comparison of methods to quantify the in-season training load of professional soccer players. International Journal of Sports Physiology and Performance, v. 8, n. 2, p. 195-202, 2013. SHEPPARD, K.; PARFITT, G. Patterning of physiological and affective responses during a graded exercise test in sedentary men and boys. 2008.

Page 124: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

124

SILVA, G. S.; DERESZ, C. S.; LIMA, J. R. P. Associação entre limiares ventilatórios e percepções do esforço. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 14, n. 2, p. 73-80, 2008. SKINNER, J. S.; MCLELLAN, T. H. The transition from aerobic to anaerobic metabolism. Research quarterly for exercise and sport, v. 51, n. 1, p. 234-248, 1980. SPARKS, M.; COETZEE, B.; GABBETT, T. J. Internal and external match loads of university-level soccer players: a comparison between methods. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 31, n. 4, p. 1072-1077, 2017. ST GIBSON, A. C. et al. The role of information processing between the brain and peripheral physiological systems in pacing and perception of effort. Sports medicine, v. 36, n. 8, p. 705-722, 2006. STEVENS, T. et al. Measured and estimated energy cost of constant and shuttle running in soccer players. Med Sci Sports Exerc, v. 47, n. 6, p. 1219-24, 2015. STÖGGL, T. L.; SPERLICH, B. The training intensity distribution among well-trained and elite endurance athletes. Frontiers in physiology, v. 6, p. 295, 2015. STØLEN, T. et al. Physiology of soccer. Sports medicine, v. 35, n. 6, p. 501-536, 2005. STRØYER, J.; HANSEN, L.; KLAUSEN, K. Physiological profile and activity pattern of young soccer players during match play. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 36, n. 1, p. 168-174, 2004. SVEBAK, S.; MURGATROYD, S. Metamotivational dominance: a multimethod validation of reversal theory constructs. Journal of Personality and Social Psychology, v. 48, n. 1, p. 107, 1985. TENENBAUM, G.; BAR-ELI, M. Contemporary issues in exercise and sport psychology research. European perspectives on exercise and sport psychology, p. 292-323, 1995. THORNTON, H. R. et al. Predicting self-reported illness for professional team-sport athletes. International journal of sports physiology and performance, v. 11, n. 4, p. 543-550, 2016. THORPE, R. T. et al. Tracking morning fatigue status across in-season training weeks in elite soccer players. International journal of sports physiology and performance, v. 11, n. 7, p. 947-952, 2016. UTTER, A. C. et al. Validation of Omni scale of perceived exertion during prolonged cycling. Medicine and science in sports and exercise, v. 38, n. 4, p. 780-786, 2006. UTTER, A. C. et al. Children's OMNI Scale of Perceived Exertion: walking/running evaluation. Medicine & Science in Sports & Exercise, 2002.

Page 125: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

125

VALENTE-DOS-SANTOS, J. et al. Modelling developmental changes in repeated-sprint ability by chronological and skeletal ages in young soccer players. International journal of sports medicine, v. 33, n. 10, p. 773-780, 2012. WEINECK, J. Treinamento ideal. São Paulo: Manole 1999. WINNICK, J. J. et al. Carbohydrate feedings during team sport exercise preserve physical and CNS function. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 37, n. 2, p. 306-315, 2005. YELLING, M.; LAMB, K. L.; SWAINE, I. L. Validity of a pictorial perceived exertion scale for effort estimation and effort production during stepping exercise in adolescent children. European Physical Education Review, v. 8, n. 2, p. 157-175, 2002.

Page 126: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

126

ANEXOS

ANEXO 1

ESCALA OMNI DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DO ESFORÇO EM

CICLOERGÔMETROS

Robertson et al. (2004)

Page 127: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

127

ANEXO 2

TABELA PICTÓRICA DE TAXA DO ESFORÇO PARA CRIANÇA

Yelling et al. (2002)

Page 128: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

128

ANEXO 3

ESCALA OMNI DE CAMINHADA/CORRIDA DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DO

ESFORÇO PARA CRIANÇAS

Utter et al. (2001)

Page 129: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

129

ANEXO 4

ESCALA CR10 ADAPTADA DE BORG

Foster et al. (2001)

0 Repouso

1 Muito, Muito Fácil

2 Fácil

3 Moderado

4 Um Pouco Difícil

5 Difícil

6 -

7 Muito Difícil

8 -

9 -

10 Máximo

Page 130: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

130

APÊNDICES

APÊNDICE 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Comitê de Ética da Universidade São Judas Tadeu sob o número de protocolo

37500414.4.0000.0089

Eu, _________________________________________________, fui convidado (a) a

participar da pesquisa sobre “Validação da Escala de Percepção de Subjetiva de Esforço

para Atletas de Futebol: Abordagem Psicofisiológica” de responsabilidade do Prof. Ms. Luis

Felipe Tubagi Polito, aluno do Programa de Doutorado da Universidade São Judas Tadeu em

São Paulo, orientado pela Profa. Dra. Maria Regina Ferreira Brandão e pelo Prof. Dr. Aylton

Figueira Júnior. Fui informado que participarei de avaliações físicas. Assim declaro que tomei

conhecimento dos seguintes pontos que envolvem a pesquisa:

1. O motivo que nos leva a estudar o problema da fadiga metabólica e psicofísica do

Futebol é que atualmente não se tem um instrumento de avaliação da fadiga que

seja prático para utilização em jogos e competições, onde o presente estudo se

justifica. Com isso, o objetivo desse projeto é elaborar uma Escala de Percepção de

Esforço Específica para Futebol, correlacionando a mesma com indicadores

metabólicos e fisiológicos de fadiga;

2. Os procedimentos de coleta de material dados serão da seguinte forma:

primeiramente será avaliada a composição corporal por meio de peso, estatura e

percentual de massa gorda por meio de bioimpedância elétrica. Posteriormente

será feito teste máximo de aptidão cardiorrespiratória a fim de identificar VO2máx,

limiares ventilatórios, limiares de lactato, frequência cardíaca dos limiares e realizar

as correlações adequadas com escala de percepção subjetiva de esforço modificada

categoria-relação de Borg, escala visual analógica de dor, “Escala GOL”. Nos testes

de campo, você será monitorado durante os 90` de jogo-treino, sendo que o mesmo

deverá ser interrompido aos 15’, 30 e 45’do primeiro e do segundo período a fim

de mensuração e coleta das seguintes variáveis: frequência cardíaca, gasto calórico

e distância percorrida (Polar modelo RCX3 GPS), lactato (Accutrend Plus Roche),

Page 131: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

131

percepção de esforço por escala modificada de Borg, percepção de dor pela escala

visual analógica, percepção de esforço pela “Escala GOL”. Além destas mensurações

serão feitas coletas também antes do início do jogo.

3. Sei que não sou obrigado (a) a participar da pesquisa e não terei nenhum prejuízo

se não quiser participar, ou desistir a qualquer momento;

4. Não terei nenhum gasto financeiro e também não receberei nada pela minha

participação.

5. Fui informado que os meus resultados serão utilizados para fins científicos, não

havendo menção do nome e que ao final da pesquisa. me serão devolvidos.

Reconheço que essa avaliação será útil para a organização de estratégias para a

reposição hídrica durante os jogos a fim de impedir o efeito do processo de

desidratação nos jogos e após eles, bem como conhecerei sobre minha atual

condição física, o que permitirá uma melhora na preparação física para a

temporada competitiva.

6. Como mínimo risco da pesquisa fui informado que posso sofre lesões osteo-mio-

articulares, mas que as mesmas não serão causadas diretamente pelos

procedimentos da pesquisa, mas sim pela rotina do treinamento, sendo que caso a

mesma ocorra em períodos de coleta os pesquisadores notificarão os responsáveis

médicos do Clube ao qual sou filiado, bem como buscarão outros serviços de

emergência quando o mesmo se tornar necessário. Além disso, fui informado que

existe mínimo risco de irritabilidade da polpa digital do dedo indicador onde serão

feitas as coletas sanguíneas, mas caso isso ocorra os pesquisadores irão realizar a

assepsia do local, realizar o curativo adequado e encaminhar para o corpo médico

em plantão no clube. Em relação aos testes máximos fui informado que o mesmo

será imprescindivelmente acompanhado de um médico portador do CRM

(Conselho Regional de Medicina) e caso haja alguma intercorrência o mesmo irá

realizar o atendimento inicial e posteriormente serei levado a uma unidade de

pronto atendimento.

7. Os resultados obtidos na pesquisa são confidenciais e que qualquer dúvida que eu

tiver sobre a minha participação nesta pesquisa posso procurar os pesquisadores

para esclarecimento pelos telefones: 55 11 X.XXXX-XXXX (Ms. Luis Felipe T. Polito),

Page 132: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

132

55 11 X.XXXX-XXXX (Dra. Regina Brandão) ou 55 11 X.XXXX-XXXX (Dr. Aylton

Figueira). O contato pode ser feito também diretamente com o Comitê de Ética da

Universidade São Judas Tadeu, cujo endereço é Rua Taquari, 865, Mooca, CEP:

03.166-000 São Paulo, SP, 55 11 2799-1944 / 55 11 2694-2512 (Fax), sendo que o

mesmo pode ser usado também para informações sobre a veracidade do projeto.

8. Assino esse original (rubricando todas as páginas) e fico com uma cópia do Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido Sendo assim, concordo em participar desta

pesquisa.

________________________________________ Data: ____/____/________

Luis Felipe Tubagi Polito – Universidade São Judas Tadeu

________________________________________ Data: ____/____/________

Mª Regina Ferreira Brandão – Universidade São Judas Tadeu

________________________________________ Data: ____/____/________

Aylton José Figueira Júnior – Universidade São Judas Tadeu

________________________________________ Data: ____/____/________

Participante: ____________________________________________

________________________________________ Data: ____/____/________

Testemunha:____________________________________________

Page 133: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

133

APÊNDICE 2

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Comitê de Ética da Universidade São Judas Tadeu sob o número de protocolo 37500414.4.0000.0089

Você está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa: “Validação de Escala de

Percepção Subjetiva de Esforço para Jogadores de Futebol: Escala GOL”

O motivo que nos leva a estudar o problema da fadiga metabólica e psicofísica do Futebol é que

atualmente não se tem um instrumento de avaliação da fadiga que seja prático para utilização em jogos e

competições, onde o presente estudo se justifica. O objetivo desse projeto é elaborar uma Escala de Percepção de

Esforço Específica para Futebol, correlacionando esta com indicadores metabólicos e fisiológicos de fadiga. Os

procedimentos de coleta de material dados serão da seguinte forma: primeiramente será avaliada a composição

corporal por meio de peso (através de balança analógica) estatura (através de estadiômetro) e percentual de massa

gorda e massa magra através da bioimpedância. Posteriormente, será feito teste máximo de aptidão

cardiorrespiratória a fim de identificar VO2máx, limiares ventilatórios, limiares de lactato, frequência cardíaca dos

limiares, realizando as correlações adequadas com escala de percepção subjetiva de esforço de Borg 6-20 e Escala

GOL.

Em uma segunda etapa será feito um teste de campo para estimar o consumo máximo de oxigênio

chamado teste de Yo-Yo IRT1, sendo que a cada estágio serão verificadas as mesmas variáveis citadas no teste

anterior. Na terceira e última etapa, você será monitorado também durante os 90` de jogo-treino, que deverá ser

interrompido aos 15’, 30` e 45’ do primeiro e do segundo período a fim de mensuração e coleta das seguintes

variáveis: frequência cardíaca, gasto calórico e distância percorrida (Polar modelo RCX3 GPS), lactato (Accutrend

Plus Roche), percepção de esforço de Borg 6-20, percepção de esforço pela Escala GOL. Estas mensurações serão

feitas também antes do início do jogo.

Existe um desconforto e risco mínimo para você se submeter à coleta do material, uma vez que o protocolo

de teste máximo leva à intensidade máxima de esforço e as coletas de lactato são feitas por pequenas incisões na

polpa digital com a coleta de uma gota de sangue, sendo que o citado protocolo se justifica para que você tenha

acesso a métodos padrão ouro de avaliação da aptidão cardiorrespiratória e de limiares de lactato, bem como terá

acompanhamento e assistência no que diz respeito à Fisiologia do Esforço/Exercício e Treinamento Desportivo.

Você será esclarecido (a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar. Você é livre para recusar-se

a participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é

voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de benefícios.

Os pesquisadores irão tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados dos

exames clínicos, laboratoriais e de campo serão enviados para você e permanecerão confidenciais. Seu nome ou o

material que indique a sua participação não será liberado sem a sua permissão. Você não será identificado (a) em

nenhuma publicação que possa resultar deste estudo, sendo tratado de forma genérica. Uma cópia deste

Page 134: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

134

consentimento informado será arquivada no Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Educação Física da

Universidade São Judas Tadeu e outra será fornecida a você.

A participação no estudo não acarretará custos para você e não será disponível nenhuma compensação

financeira adicional, nos cabendo apenas custear um pequeno lanche após a realização dos testes. No caso de você

sofrer algum dano decorrente dessa pesquisa nem os pesquisadores nem a Universidade se responsabilizam, porém,

toda a assistência necessária será prestada.

Eu, _______________________________________________________, portador do RG

________________________ fui informado dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada e

esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e motivar minha

decisão se assim o desejar. Os pesquisadores certificam-me de que todos os dados desta pesquisa serão

confidenciais.

Também sei que caso existam gastos adicionais com alimentação após os testes, estes serão absorvidos

pelo orçamento da pesquisa. Em caso de dúvidas poderei chamar o responsável pela pesquisa Prof. Luis Felipe

Tubagi Polito no telefone (11) X.XXXX-XXXX. Caso queira dados adicionais da pesquisa poderá entrar em

contato também com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu, sito à Rua Taquari, 546,

Mooca – São Paulo, SP.

Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre

e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.

Nome Assinatura do Participante Data

Nome Assinatura do Pesquisador Data

Nome Assinatura da Testemunha Data

Page 135: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

135

APÊNDICE 3

PLANILHA DE COLETAS DO TESTE DE ESFORÇO CARDIOPULMONAR

MÁXIMO

Page 136: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

136

APÊNDICE 4

PLANILHA DE COLETAS DO YO-YO INTERMITTENT RECOVERY TEST – LEVEL

1

Page 137: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRÓ-REITORIA DE …Psicofisiologia. 3. Esforço Físico. I. Brandão, Maria Regina Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de ... Na fase

137

APÊNDICE 5

MESES E MICROCICLOS DE TREINAMENTO RELATIVOS AO PERÍODO DE

MONITORAMENTO DA CIT

Legendas. U = treino em apenas 1 período; M = treino matutino; T = treino vespertino