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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA GIOVANNA BAYERLEIN XOCAIRA FANUCCHI LARISSA MARCHANT FERRÃO PRESENÇA DE METAIS PESADOS EM PRODUTOS COSMÉTICOS E OS POSSÍVEIS RISCOS Á SAÚDE UMA REVISÃO DA LITERATURA SÃO PAULO 2021

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

GIOVANNA BAYERLEIN XOCAIRA FANUCCHI

LARISSA MARCHANT FERRÃO

PRESENÇA DE METAIS PESADOS EM PRODUTOS COSMÉTICOS E OS

POSSÍVEIS RISCOS Á SAÚDE – UMA REVISÃO DA LITERATURA

SÃO PAULO

2021

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Giovanna Bayerlein Xocaira Fanucchi

Larissa Marchant Ferrão

PRESENÇA DE METAIS PESADOS EM PRODUTOS COSMÉTICOS E OS

POSSÍVEIS RISCOS Á SAÚDE – UMA REVISÃO DA LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao curso de Farmácia da Universidade São

Judas Tadeu, como requisito parcial para a

obtenção do título de Farmacêutica.

Orientadora: Prof.ª Drª. Thatiane A. Russo

SÃO PAULO

2021

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1: A UTILIZAÇÃO DO COSMÉTICO KOHL NOS OLHOS DURANTE O

EGITO ANTIGO. ....................................................................................................... 14

FIGURA 2: FRASCO DE PERFUME ROMANO DO SÉCULO I. .............................. 15

FIGURA 3: GUEIXA PASSANDO BATOM NOS LÁBIOS. ........................................ 16

Page 4: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Elementos metálicos, suas utilizações e os riscos oferecidos à saúde dos

usuários......................................................................................................................18

Tabela 2: Casos registrados no Sistema Nacional de Informações Tóxico-

Farmacológicas (Sinitox) entre 1999 – 2017 de intoxicação humana por cosméticos

no Brasil de acordo com a faixa etária.......................................................................21

Tabela 3: Evolução dos casos registrados no Sistema Nacional de Informações

Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) entre 1999 – 2017 de intoxicação humana por

cosméticos no Brasil...................................................................................................22

Tabela 4: Percentual de concentrações de absorção e de quantidades permitidas de

derivados e seus metais nas formulações cosméticas versus principais malefícios

acerca da intoxicação humana por metais pesados..................................................29

Page 5: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

µg - Micrograma

AAS - Espectrometria de absorção atômica (do inglês, atomic absorption

spectrometry)

ABIHPEC - Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e

Cosméticos

Al - Alumínio

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

As - Arsênio

Ba - Bário

Cd - Cádmio

Co - Cobalto

Cr - Cromo

Cu - Cobre

FAAS - Espectrometria de absorção atômica com chama (do inglês, flame atomic

absorption spectrometry)

FDA - Food and Drug Administration

Fe - Ferro

GF-AAS - Espectrometria de absorção atômica com forno de grafite (do inglês,

graphite furnace atomic absorption spectrometry)

Hg - Mercúrio

ICP-OES - Espectrometria de emissão óptica com plasma indutivo acoplado (do

inglês, inductively coupled plasma optical emission spectrometry)

ICP-MS - Espectrometria de massa acoplada ao plasma induzido (do inglês,

inductively coupled plasma mass spectrometry)

kg - Quilograma

mg - Miligrama

Ni - Níquel

Pb - Chumbo

ppb - Partes por bilhão

ppm - Partes por milhão

ppt - Partes por trilhão

Sb - Antimônio

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Sinitox - Sistema Nacional de Informação Tóxico Farmacológicas

Ti - Titânio

Zr - Zircônio

Page 7: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM

RESUMO

A utilização dos produtos cosméticos com finalidade de higiene pessoal, proteção,

odorização ou embelezamento do corpo são datados a partir de 4000 a.C., com

relatos de seu uso no Antigo Egito, Grécia e Japão, bem como em textos religiosos

como na própria Bíblia que associa seu uso em diversas passagens com a utilização

de pinturas de origem animal e vegetal, como óleos e perfumes, e desde então os

cosméticos progressivamente vem sendo amplamente comercializados e utilizados.

O presente estudo tem como objetivo o levantamento bibliográfico sobre a presença

de metais pesados em produtos cosméticos e os possíveis riscos à saúde. Realizou-

se uma revisão bibliográfica integrativa da temática, nas bases dados PubMed,

SciELO e LILACS, publicados no período de 2001 a 2020, sendo selecionados 25

artigos que atenderam aos critérios de inclusão. Este estudo visa abordar a

presença intencional ou acidental de metais tóxicos nas formulações cosméticas,

suas funções, os malefícios a saúde humana, a importância do controle de

qualidade de cosméticos e as legislações vigentes que regulamentam e especificam

os limites de metais pesados permitidos nos cosméticos.

Palavras-chaves: cosméticos, metais pesados, riscos á saúde, controle de

qualidade.

Page 8: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM

ABSTRACT

The use of cosmetic products for the purpose of personal hygiene, protection,

odorization or beautification of the body is dated from 4000 b.C. with reports of its

use in Ancient Egypt, Greece and Japan, as well as in religious texts such as in the

Bible, which associates in several passages the use of paintings of animal and

vegetable origin, as well as oils and perfumes, and since then cosmetics has been

progressively widely marketed and used. This study aims to survey the literature on

the presence of heavy metals in cosmetic products and possible health risks. An

integrative bibliographic review of the theme was carried out, in the data bases

PubMed, SciELO and LILACS, published in the period from 2001 to 2020, and 25

articles that mach the inclusion criteria were selected. This study aims to focus on the

intentional or accidental presence of toxic metals in cosmetic formulations, their

functions, the harms to human health, the importance of quality control of cosmetics

and the current legislation that regulate and specify the limits of heavy metals

allowed in cosmetics.

Keywords: cosmetics, heavy metals, health risks, quality control.

Page 9: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10

2. OBJETIVO ............................................................................................................ 12

2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 12

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 12

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 13

4. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 14

4.1 HISTÓRICO DA UTILIZAÇÃO DOS COSMÉTICOS ...................................... 14

4.2 FUNÇÃO DOS METAIS NOS COSMÉTICOS ................................................ 16

4.3 CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS COSMÉTICOS .................... 19

4.4 LEGISLAÇÕES ............................................................................................... 24

4.5 MALEFÍCIOS A SAÚDE HUMANA ................................................................. 26

5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 30

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 31

Page 10: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM

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1. INTRODUÇÃO

A utilização de cosméticos por parte da população mundial vem crescendo

exponencialmente e no Brasil esta realidade não é distinta.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,

Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), em seu anuário de 2019 apresentou o Brasil

como a quarta posição no ranking mundial de consumo de HPPC (Higiene Pessoal,

Perfumaria e Cosméticos), sendo este responsável por 6,1% do consumo mundial

de produtos cosméticos, totalizando US$ 29.616 bilhões de dólares em 2019, e a

terceira posição no consumo de produtos de beleza e cuidados pessoais de massa

(ABIHPEC,2019).

Com a relevância do volume de cosméticos que movimentam o mercado

atual e seu amplo uso por parte da população, se faz necessária uma discussão

acerca da repercussão desta grande exposição do uso de cosméticos tópicos pelos

seres humanos, dos malefícios destes materiais no corpo humano e a reação do

organismo a estes produtos.

A maioria dos cosméticos destinados ao uso humano tende a possuir alguns

metais potencialmente tóxicos, estes são denominados de óxidos metálicos

insolúveis que são encontrados em corantes e pigmentos de formulações

cosméticas com a finalidade de fornecer cor, fixação e garantir a durabilidade

desses produtos. O problema é que a grande exposição do organismo a estes

materiais, sobretudo os produtos que são utilizados perto dos olhos, boca e

próximos a mucosas, podem ser facilmente absorvidos pelo organismo (AHMED,

2017).

Os óxidos metálicos insolúveis estão presentes na formulação de

cosméticos pigmentados, e são metais definidos quimicamente como um grupo de

elementos situados entre o cobre e o chumbo na tabela periódica, ou seja,

antimônio, arsênio, cádmio, cobre, chumbo, mercúrio, níquel, selênio, telúrico e gálio

(GIMBERT et al., 2008), a sua eliminação é praticamente nula por serem insolúveis,

fazendo com que sejam acumulados e depositados em nossas células.

A entrada desses metais em nosso organismo pode ocorrer através da

inalação, ingestão ou absorção pela pele, assim sendo há estudos que relacionam a

maioria das causas alérgicas com a utilização de produtos cosméticos,

Page 11: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM

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especialmente as maquiagens que contém metais pesados, com foco no níquel,

cromo e cobalto, e também da relação de sua absorção com as nanopartículas de

óxidos metálicos. No caso do chumbo, por exemplo, há uma relação direta de sua

exposição com danos no sistema nervoso e renal (CONTADO, 2012).

No Brasil, o órgão responsável pela fiscalização e regulamentação dos

cosméticos é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que determina

que os componentes usados nas formulações de cosméticos para área dos olhos e

lábios devem seguir especificações de identidade e pureza, estabelecidas por

órgãos internacionais, como o Food and Drug Administration (FDA) que é o órgão

regulamentador dos Estados Unidos da América (EUA) e que determinam que toda

coloração usada em cosméticos para a área dos olhos e lábios deve ter origem em

pigmentos inorgânicos ou corantes naturais.

Assim nossas legislações para a fabricação, venda e uso de cosméticos são

baseadas em normas internacionais a fim de garantir a segurança e o uso dos

consumidores frente a esses produtos, e em âmbito nacional é determinado pela

ANVISA que os elementos metálicos Cádmio (Cd), Cromo (Cr) e Chumbo (Pb) não

podem ser utilizados para a produção de cosméticos no Brasil e ainda regulariza o

teor máximo de metais em cosméticos pigmentados para os outros elementos

(BATISTA, 2016).

Dessa forma frente ao cenário atual de consumo e demanda há uma

necessidade de conscientização e conhecimento por parte dos consumidores

desses produtos, acerca da composição e o nível de metais pesados, o que a

ANVISA e outros órgãos regulamentadores como o FDA, que auxiliam na

fiscalização, e por este motivo nesse trabalho abordamos através de revisão de

literatura a importância desse conhecimento e sua interferência direta na saúde do

consumidor.

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2. OBJETIVO

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem como objetivo principal, realizar uma revisão da

literatura sobre a presença de metais pesados em cosméticos, como o chumbo,

cádmio, cobalto, alumínio, titânio, manganês, cromo, cobre e níquel, e avaliar ao

final da pesquisa a segurança da utilização desses cosméticos a longo prazo.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Levantamento de dados qualitativos e quantitativos permitidos pelas

legislações vigentes

Avaliar, através de estudos em literatura, a segurança da utilização

desses produtos a longo prazo.

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3. METODOLOGIA

Para realizar esse trabalho de revisão bibliográfica foram consultados livros,

artigos científicos e teses nos bancos de dados. Os artigos científicos foram

buscados nas bases de dados LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em

Ciências da Saúde), PubMed, SciELO e Google Scholar. Foram selecionados

somente artigos publicados entre o período de 2001 e 2020, e incluindo publicações

em português e inglês. As buscas foram realizadas no período compreendido entre

os meses de agosto de 2020 a abril de 2021.

Foram utilizadas estratégias de buscas com as seguintes palavras-chaves:

metais pesados, cosméticos, maquiagem, riscos à saúde, controle de qualidade,

heavy metals, cosmetics, makeup, health risks, quality control. Foram usados como

critérios de inclusão os textos que abordassem a utilização de metais pesados nas

formulações cosméticas e seus possíveis riscos à saúde. Foram usados como

critérios de exclusão textos repetidos, textos incompletos, textos que não abordavam

o tema com foco em cosméticos e maquiagem.

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4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1 HISTÓRICO DA UTILIZAÇÃO DOS COSMÉTICOS

O uso dos produtos cosméticos que podem apresentar constituição sintética,

natural ou mista não são apenas algo datado da atualidade, há inúmeros fatos

históricos e relatos que garantem sua utilização desde a antiguidade, como fator de

higiene pessoal, proteção, odorização ou embelezamento do corpo (ALMEIDA, A et

al 2019). Assim a “habilidade em adornar” de acordo com a palavra do grego

kosmetikós, vem sendo continuamente inserida mundialmente e os relatos quanto

ao uso de cosméticos para embelezamento são datados a partir de 4000 a.C.

(KUMAR, 2005).

Há relatos de sua utilização em escritos do Egito antigo como uma forma de

contemplar o Deus Sol a partir da pintura da face, o chamado Kohl que era

composto por fragmentos desse pó escuro derivado de uma mistura do mineral

malaquita com carvão e cinzas, os egípcios acreditavam que esta pintura afastava

os espíritos malignos.

FIGURA 1: A UTILIZAÇÃO DO COSMÉTICO KOHL NOS OLHOS DURANTE O EGITO ANTIGO.

Fonte: http://hudsonvalleygeologist.blogspot.com/2013/03/ancient-chemistry-etymology-beauty.html

(2013).

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Na Antiga Grécia, os romanos utilizavam o azeite de oliva como produto

cosmético, corantes vegetais para maquiagens e até mesmo amoras, algas

marinhas, substâncias naturais e cinabre (sulfeto de mercúrio), sendo este utilizado

nos lábios como forma de adorno devido a sua coloração avermelhada, entretanto,

por ser aplicado na boca, o sulfeto de mercúrio era facilmente ingerido, resultando

no envenenamento devido à alta concentração e sua toxicidade, fato este que não

era propriamente incomum ou raro já que ainda na Antiga Roma mortes por

intoxicação eram comuns entre os atores de teatro principalmente, já que muitos se

utilizavam de pigmentos minerais para se caracterizarem para os grandes

espetáculos que eram apresentados na época, pigmentos estes que muitas vezes

possuíam altas concentrações de chumbo e mercúrio que se tornavam altamente

mortais com a elevada exposição a esses elementos (VITA, 2009).

FIGURA 2: FRASCO DE PERFUME ROMANO DO SÉCULO I.

Fonte: https://www.worldhistory.org/image/4595/roman-perfume-bottle/ (2016).

É possível ainda observar relatos do uso de cosméticos pelo povo israelita

na própria Bíblia, livro considerado diretriz na religião católica, com o uso de um

produto à base de carvão, que eles denominam como a “pintura nos olhos de

Jezebel”, a lavagem de pés e banhos com óleos, e essências de flores e perfumes,

foram alguns dos principais meios de embelezamento do corpo na era cristã (VITA,

2009).

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Na China, por outro lado, a tintura da face e das unhas era um indicativo da

classe social ao qual o individual pertencia, já que muitos desses produtos tinham

um valor alto, e se caso o indivíduo tivesse condições de arcar com a utilização do

mesmo, era um indicativo de alta prosperidade por parte da família.

FIGURA 3: GUEIXA PASSANDO BATOM NOS LÁBIOS.

Fonte: https://www.newhanfu.com/3486.html (Acesso em 21/05/21).

Apesar da grande influência que os cosméticos tiveram ao longo dos anos,

foi principalmente no século XX, com os avanços da indústria química fina, que os

cosméticos se tornam produtos de uso geral, e com o início das indústrias de

cosméticos esses produtos passam a ser fabricados em maior quantidade e escala

sendo assim amplamente utilizados pela população mundial (TREVISAN, 2011).

4.2 FUNÇÃO DOS METAIS NOS COSMÉTICOS

A presença intencional ou acidental de metais tóxicos em cosméticos pode

acarretar em eventos adversos que colocam em risco a saúde e segurança dos

usuários. Necessários ou não dentro das formulações, metais como Pb, Hg, Cd, As,

Ni, Al, Cu, Fe, Cr e Co, são exemplos de metais detectados em vários tipos de

cosméticos, sejam eles, cosméticos com cor, produtos para o rosto e corpo,

cosméticos para cabelos, cosméticos à base de plantas, entre outros (BOROWSKA,

2015).

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Os metais podem ser incorporados nas formulações cosméticas com

diferentes finalidades. Alguns são utilizados como conservantes, já que podem

possuir propriedades antibacterianas e antifúngicas, podendo causar uma

desregulação endócrina, pois são facilmente absorvidos através da pele. Outros são

introduzidos durante a fabricação de cosméticos para agregar coloração, como os

pigmentos minerais que contêm elementos muitas vezes tóxicos, como Cu, Ni, Co,

Pb, Cr e Cd, que contaminam os produtos. A adição acidental de metais pode

acontecer em diversos estágios da produção. A matéria-prima, os dispositivos e

instrumentos utilizados e até mesmo a água adicionada na preparação de

cosméticos pode conter impurezas metálicas (ARSHAD et al., 2020).

Em cosméticos labiais como batons, delineadores de boca, cremes,

hidratantes e brilhos labiais, são utilizados pigmentos inorgânicos e corantes, que

são encarregados de conferir maleabilidade, fixação, durabilidade e coloração

desses produtos. O grande problema desses componentes é que eles são

constituídos de elementos metálicos, que muitas vezes não apresentam a pureza

adequada e acabam incluindo metais indesejados na formulação, como por

exemplo, o Hg, Pb, Ni, entre outros, além dos pigmentos inorgânicos utilizados,

temos os óxidos metálicos de titânio (Ti), Cu, Fe ou Cr, os metais em forma de pó (Al

ou Fe) e cromatos de chumbo. Os óxidos metálicos dão as cores básicas aos

cosméticos labiais, o óxido de ferro é muito utilizado como base para diversos

pigmentos (MAEHAT, 2016).

O Sb, Cd, Pb, Co, Cr e Ni são utilizados nas formulações de batons. Já em

cosméticos pigmentados de cor avermelhada, estão presentes o As, Pb e Hg. São

empregados na produção de lápis de olho o Sb, Pb e Cr. Em sombras também

encontra-se a presença de Co, Cr e Ni. Cada elemento pode ser utilizado em

diferentes formulações cosméticas, e consequentemente, oferecem diversos riscos à

saúde (Tabela 1), já que muitos deles podem se acumular na pele e em órgãos

internos, causando efeitos tóxicos que são classificados em tópicos e sistêmicos

(PEREIRA, 2018).

Page 18: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM

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TABELA 1: ELEMENTOS METÁLICOS, SUAS UTILIZAÇÕES E OS RISCOS OFERECIDOS À

SAÚDE DOS USUÁRIOS.

Elemento Utilização Riscos à saúde

Antimônio (Sb) Batons, lápis de olho e pó facial Pneumoconiose, alterações da

função pulmonar, bronquite,

enfisema, dor abdominal, vômitos,

diarreia e úlceras

Arsênio (As) Cosméticos pigmentados de cor

avermelhada; pó de maquiagem e

cremes para a pele

Distúrbios de pele, distúrbios

circulatórios e nervosos periféricos,

aumento do risco de câncer de

pulmão e possível aumento do risco

de câncer do trato gastrointestinal e

do sistema urinário

Cádmio (Cd) Cremes para o cabelo, batons e

cremes para a pele

Pode se acumular nos rins,

causando possíveis danos. A

exposição crônica a baixos níveis

também pode causar fragilidade

óssea e consequentes fraturas

ósseas

Chumbo (Pb) Cosméticos pigmentados de cor

avermelhada; tinturas para cabelo

(como acetato de chumbo) e

batons, delineador, lápis de olho

e creme para cabelo

A ingestão de grandes quantidades,

pode interferir na síntese da

hemoglobina e dos canais de cálcio,

cujas funções são importantes para a

condução nervosa

Cobalto (Co) Sombra, pinturas faciais, cremes

para os cabelos e batons

Pode causar alergias, como

dermatite de contato

Cromo (Cr) Substância pigmentar, utilizado

em sombras,blushs, delineador,

lápis de olhos, batom e pó de

maquiagem

Em seu estado oxidado pode causar

alergias de contato

Mercúrio (Hg) Cosméticos pigmentados de cor

avermelhada

Pode causar reações alérgicas,

irritação da pele ou manifestações

neurotóxicas

Níquel (Ni) Sombra, pinturas faciais, cremes

para os cabelos e batons

Pode causar alergias, como

dermatite de contato

Fonte: Adaptado de PEREIRA, 2018.

Page 19: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM

19

Existem também os cosméticos à base de ervas, que são constituídos por

plantas e seus extratos bioativos, porém nem todo o produto que apresenta essas

características é de fato natural, muitas vezes contém apenas vestígios de extratos

de plantas e grandes quantidades de ingredientes sintéticos, conservantes e metais

tóxicos (BOROWSKA, 2015). Há relatos que ingredientes naturais, como materiais à

base de plantas e ervas, que são a principal fonte de contaminação de metais

pesados em cosméticos. Isso se deve ao fato do uso pré-existente de fertilizantes,

inseticidas ou por conta do cultivo próximo a zonas industriais. Por isso, é de

extrema importância que os materiais fitoterápicos usados na produção de

cosméticos sejam provenientes de culturas ecológicas certificadas ou plantações

silvestres controladas (ARSHAD et al., 2020).

4.3 CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS COSMÉTICOS

De acordo com o Painel de Dados de Mercado da ABIHPEC, o setor de

HPPC fechou 2020 com crescimento de 5,8% de faturamento ex-factory, líquido de

imposto sobre vendas, em comparação com o mesmo período de 2019. Dados

como este sugerem uma tendência no crescimento do consumo desses produtos,

que são utilizados diariamente por milhares de pessoas no mundo todo,

comprovando a importância de efetuar a vigilância da qualidade de cosméticos

(ABIHPEC, 2019).

Segundo o Guia de Controle de Qualidade de Produtos Cosméticos

publicado pela ANVISA, um dos principais requisitos da Garantia da Qualidade de

uma empresa fabricante de cosméticos, bem como de outras áreas envolvidas com

a produção, é o controle de qualidade. As operações de controle de qualidade são o

conjunto de operações que são seguidas para monitorar a qualidade durante o

processo de fabricação, avaliando as características físico-químicas e

microbiológicas das matérias-primas, embalagens, produtos em processo e produtos

acabados. Elas se dividem em dois grupos:

1) Controle das matérias-primas no início do processo de fabricação e controle

final dos produtos acabados;

2) Controle de processo durante a fabricação.

Page 20: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM

20

Além das atividades feitas durante o processo de fabricação, também

existem a análise realizada imediatamente após a entrada do produto no mercado

(análise de controle), que tem como objetivo comprovar a conformidade do produto

em relação à documentação apresentada em seu registro, e a análise realizada em

caráter de rotina (análise fiscal), para apuração de infração ou verificação de

ocorrência de desvio quanto à qualidade, segurança e eficácia dos produtos ou

matérias-primas (RITO et al., 2012).

Uma grande parcela da população mundial não tem conhecimento sobre os

riscos à saúde associados às substâncias presentes nos cosméticos e a importância

de se investigar a segurança toxicológica dos componentes de suas formulações.

Dados entre 1999-2017, fornecidos pelo Sistema Nacional de Informação Tóxico

Farmacológicas (Sinitox), apontam que com o passar dos anos ocorreu o aumento

do número de casos registrados de intoxicação humana por cosméticos no Brasil. O

ano com menos registros foi em 1999, que resultou em 685 casos. Em contrapartida,

o ano com mais registros foi em 2016, totalizando 2060 casos de intoxicação

humana por cosméticos no Brasil. Além disso, a faixa etária entre < 1 a 14 anos de

idade é a que apresenta o maior número casos de intoxicação por cosméticos, e a

faixa entre 70 anos de idade a >, apresenta o menor número de registros (Tabela 2).

Page 21: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM

21

TABELA 2: CASOS REGISTRADOS NO SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES TÓXICO-

FARMACOLÓGICAS (SINITOX) ENTRE 1999 – 2017 DE INTOXICAÇÃO HUMANA POR

COSMÉTICOS NO BRASIL DE ACORDO COM A FAIXA ETÁRIA.

Ano Nº de

Casos Faixa Etária

(<14 anos) (15 a 29 anos) (30 a 69 anos) (>70 anos) (Ignorada)

1999 685 540 64 54 5 22

2000 735 597 66 55 3 14

2001 766 617 74 56 4 15

2002 695 556 76 48 5 10

2003 761 627 66 55 4 9

2004 822 659 91 59 5 8

2005 1058 836 103 92 12 15

2006 1350 1031 127 159 7 26

2007 1439 1076 150 152 16 45

2008 1347 1032 133 128 14 40

2009 1297 903 154 187 20 33

2010 1391 968 154 202 13 54

2011 1743 1267 143 228 19 86

2012 1578 1124 162 257 19 16

2013 1225 929 126 121 7 42

2014 1640 1228 151 218 19 24

2015 1783 1469 104 176 25 9

2016 2060 1659 112 149 19 121

2017 1067 762 73 126 7 99

Fonte: Elaborada pelas autoras com base em Sinitox, 2021.

Grande parte dos casos de intoxicação por cosméticos tem como evolução a

cura, porém entre os anos de 1999 e 2017 existiram dez casos em que a evolução

resultou em sequela e oito casos em óbito. Com isso, fica claro que os cosméticos,

assim como diversos outros agentes intoxicantes, podem colocar em risco a saúde

dos usuários (Tabela 3).

Page 22: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM

22

TABELA 3: EVOLUÇÃO DOS CASOS REGISTRADOS NO SISTEMA NACIONAL DE

INFORMAÇÕES TÓXICO-FARMACOLÓGICAS (SINITOX) ENTRE 1999 – 2017 DE INTOXICAÇÃO

HUMANA POR COSMÉTICOS NO BRASIL.

Ano Nº de

Casos Evolução

Cura Cura não

Confirmada Sequela Óbito Outra Ignorada

1999 685 295 146 1 0 3 240

2000 735 307 173 0 0 4 251

2001 766 331 174 1 0 4 256

2002 695 299 159 0 0 2 235

2003 761 340 143 0 0 13 265

2004 822 449 158 1 1 4 209

2005 1058 581 192 0 0 3 282

2006 1350 743 207 1 1 5 393

2007 1439 595 217 2 0 13 612

2008 1347 435 218 1 2 46 645

2009 1297 680 228 0 0 15 374

2010 1391 746 179 0 0 15 451

2011 1743 759 246 1 3 12 722

2012 1578 1023 243 1 0 17 294

2013 1225 666 262 0 1 235 61

2014 1640 446 261 1 0 91 841

2015 1783 1349 256 0 0 138 50

2016 2060 590 24 0 0 443 1003

2017 1067 752 32 0 0 62 221

Fonte: Elaborada pelas autoras com base em Sinitox, 2021.

Estudos demonstram uma grande dificuldade na fiscalização de produtos

cosméticos, incluindo os destinados ao público infantil, e da importância de provar a

qualidade dos mesmos antes de chegarem ao mercado consumidor (BATISTA et al.,

2016).

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23

Para a determinação de pequenas quantidades de impurezas elementares

potencialmente tóxicas, é necessário o uso de um equipamento altamente sensível.

Os metais presentes nas amostras são medidos em partes por milhão (ppm), partes

por bilhão (ppb) ou até mesmo partes por trilhão (ppt), e essa escolha irá depender

da técnica utilizada e da complexidade da amostra. A maior parte dos métodos

analíticos necessitam da preparação de uma série de soluções de padrões de

referência de calibração com concentrações variáveis, gerando resultados que são

representados por uma ''curva de calibração''. Para a preparação desses padrões, é

extremamente importante a utilização de metais ou produtos químicos altamente

puros que serão utilizados para preparar a solução-base. Alguns métodos analíticos

não necessitam de uma solução-base, possibilitando a preparação direta da solução

de amostra, porém a maior parte dos procedimentos de análise de traços de metais

exige que a amostra esteja na forma líquida. Para o cálculo e a análises de dados

obtidos a partir dos métodos realizados, é feita uma comparação dos íons

detectados no procedimento de análise com as curvas de calibração, permitindo a

identificação dos metais pesados (METTLER TOLEDO, 2021).

Dentre os inúmeros processos que fazem parte do controle de qualidade,

existem várias técnicas analíticas qualitativas, quantitativas e semiquantitativas

disponíveis para auxiliar na determinação de metais pesados e metaloides em

produtos cosméticos. A espectrometria de absorção atômica (AAS) é um método

qualitativo e quantitativo que possibilita a determinação de cerca de 70 elementos,

incluindo os metálicos (MUSTRA, 2009). A espectrometria de absorção atômica com

chama (FAAS) e a espectrometria de absorção atômica com forno de grafite (GF

AAS) também são comumente empregadas na determinação de metais, porém a

FAAS é utilizada quando o analito apresenta-se em altas concentrações na amostra.

Já a GF AAS é utilizada quando o analito apresenta-se em baixas concentrações na

amostra, sejam elas líquidas ou sólidas (ATZ, 2008).

Uma desvantagem da AAS é não permitir a análise multielementar

simultânea, totalizando um número máximo de 6 elementos sendo monitorados ao

mesmo tempo. Em contra partida, a espectrometria de massa acoplada ao plasma

induzido (ICP-MS) possibilita a análise multielementar com elevada sensibilidade,

porém apresenta um custo muito elevado e problemas com interferências isobáricas,

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que ocorrem quando um determinado íon apresenta a mesma massa que o íon do

analito (MUSTRA, 2009).

A técnica analítica de espectrometria de massa acoplada ao plasma induzido

foi aceita rapidamente por possibilitar a utilização da amostra em diferentes formas

(sólida, líquida ou gasosa), possuir elevada frequência analítica, baixos limites de

detecção, ampla faixa linear (ppt-ppm), rápida análise semiquantitativa e análise

isotópica. Existem disponíveis diversos modelos de equipamentos para realização

da ICP-MS, porém todos possuem como componentes básicos um sistema de

introdução de amostra (nebulizador e câmera de nebulização), tocha de quartzo,

bombas de vácuo, interface, lentes iônicas, analisador de massa e detector

(PEREIRA, 2012).

Para o doseamento do zircônio (Zr) e do Al, utiliza-se a técnica de

espectrometria de absorção atômica. Além disso, outra alternativa é recorrer a

espectrometria de emissão óptica com plasma indutivo acoplado (GUIA DE

CONTROLE DE QUALIDADE DE PRODUTOS COSMÉTICOS, 2008). O Hg é

frequentemente determinado através da espectrometria de absorção atômica com

vapor frio (ATZ, 2008).

4.4 LEGISLAÇÕES

Por apresentarem diversos riscos à saúde, os metais pesados tem sido alvo

de muitas pesquisas envolvendo a segurança dos consumidores de cosméticos,

tendo em vista que uma grande parte desses produtos contém metais pesados

como ingredientes ou impurezas. Por esse motivo é de extrema importância que

existam regulamentações que especifiquem os limites permitidos dessas

substâncias.

Cada país possui diferentes regulamentações para especificar os níveis de

metais pesados nas matérias-primas dos cosméticos. No Brasil, o limite máximo

permitido de impurezas em corantes orgânicos é 500 ppm para bário (Ba), 3ppm

para As, 20 ppm para Pb e 100 ppm para outros elementos. (BATISTA et al., 2016)

Segundo a resolução da ANVISA, a RDC n° 83/2016, inclui uma lista de

substâncias que não podem ser utilizadas em produtos de higiene pessoal,

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cosméticos e perfumes, e dentre essas substâncias, são citado alguns metais

pesados e seus derivados: o As e seus compostos, Cd e seus compostos, Sb e seus

compostos, Pb e seus compostos (com exceção daqueles mencionados em outras

listas de substâncias), Hg e seus compostos (exceto aqueles casos especiais

mencionados em outras listas de substâncias); monóxido, dióxido e sulfeto de

niquel, trióxido de diniquel, dissulfeto de triniquel e tretacarbonilniquel; pentóxido de

divanádio.

Nos Estados Unidos, o FDA é o órgão regulador responsável por proteger a

saúde pública e garantir a segurança, eficácia e proteção de medicamentos

humanos e veterinários, produtos biológicos e dispositivos médicos, suprimento de

alimentos, cosméticos e produtos que emitem radiação. Esse órgão também

especifica os limites de metais pesados permitidos em cosméticos. Compostos de

Hg são permitidos em produtos para a área dos olhos e apenas como conservantes,

e somente se nenhum outro conservante eficaz e seguro estiver disponível, não

sendo superior a 65 ppm no produto acabado. Ele só é permitido em outro produto

cosmético se estiver em quantidades menores que 1ppm e somente se sua

presença for inevitável. Para o Pb como impureza, é recomendável um nível máximo

de 10 ppm e essa orientação se aplica a produtos cosméticos para os lábios (como

batons, gloss e delineador labial) e cosméticos aplicados externamente (como

sombras, blushes, xampus e loções corporais). Não há uma regulamentação que

limite o uso de Cr em cosméticos, apenas o limite do mesmo como impureza, que é

de 50 ppm. Não há uma regulamentação que limite o uso de Cr em cosméticos,

apenas o limite do mesmo como impureza, que é de 50 ppm.

Os aditivos de cor devem ter a aprovação do FDA e atender aos requisitos

de seus regulamentos. As, Pb e Hg podem ser utilizados em aditivos de cor,

respectivamente dentro dos seguintes limites: 3 ppm (As), 20 ppm (Pb) e 1 ppm

(Hg).O hidróxido de cromo verde e o óxido de cromo verde, esses são permitidos

como aditivos de cor em cosméticos aplicados externamente.

Na Alemanha, em 2017 o BVL (The Federal Office of Consumer Protection

and Food Safety) estabeleceu novos limites para os metais pesados em cosméticos,

sendo Pb inferior a 2ppm, Cd 0,1 ppm, As 0,5 ppm, Hg 0,1 ppm e Sb 0,5 ppm. O

objetivo da redução do limites permitidos é garantir a segurança dos consumidores,

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já que os valores anteriores foram considerados desatualizados (SAADATZADEH et

al, 2019).

A legislação da União Europeia (EU) proíbe o uso de metais pesados de

acordo com o Regulamento (EC) Nº. 1223/2009, tanto as formas metálicas das

substâncias, se forem classificadas como perigosas, quanto qualquer composto feito

a partir delas. É apenas permitido que vestígios sejam incluídos em produtos

cosméticos, desde que em pequenas quantidades e caso seu uso seja inevitável. No

entanto, é permitida a presença de vários pigmentos em cosmético, com uma ampla

gama de cores: branco (alumínio, sulfato de bário, óxido de cloreto de bismuto,

carbonato de cálcio, sulfato de cálcio, carbonato de magnésio, prata, nitrato de prata

4% - apenas para colorir cílios e sobrancelhas, bem como dióxido de titânio e óxido

de zinco), verde (óxido de cromo (III), hidróxido de cromo (III), óxido de cobalto e

alumínio), marrom (cobre e ouro) e óxidos de ferro em cores como laranja, vermelho,

amarelo e preto. Porém, não são permitidos óxido de chumbo (amarelo ou vermelho)

e dióxido de chumbo (BOROWSKA, 2015).

As quantidades máximas permitidas de PB e Cd, de acordo com a OMS, em

materiais vegetais secos usados na cosmetologia são de 10 e 0,3 mg kg-1. Já nos

EUA, o FDA aconselhou a indústria cosmética que a contaminação de qualquer

ingrediente derivado de plantas deve ser limitada a não mais do que 3 mg kg-1 para

As, 5 mg kg-1 para Pb e 20 mg kg-1 para outros metais pesados. A concentração de

metais tóxicos no óleo de semente de algodão usado na produção de cosméticos

coloridos e produtos para o rosto e corpo é permitido na seguinte concentração:As ≤

3 mg kg-1, Pb ≤ 0,1 mg kg-1 e Hg ≤ 1 mg kg-1 (BOROWSKA, 2015).

4.5 MALEFÍCIOS A SAÚDE HUMANA

Muito se tem abordado acerca da utilização dos metais pesados em

formulações cosméticas, e seus malefícios à saúde humana, e com isso se fez

possível notar que a utilização de cosméticos aprovados pelos órgãos regulatórios

podem vir a apresentar danos à saúde humana a longo prazo, de forma mais branda

e menos danosa do que cosméticos que possuem concentrações de metais pesados

acima do permitido pela legislação local, porém tanto os produtos legalizados quanto

os não legalizados podem vir a ser tóxicos ou potencialmente perigosos à saúde

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dependendo de sua concentração no organismo, principalmente levando-se em

conta que são bioacumulativos(BOROWSKA, 2015).

Os metais pesados podem modificar e interferir nas funções metabólicas do

corpo de várias maneiras. Já que tendem a se acumular em órgãos vitais, como

fígado, coração, rins e cérebro, perturbando o funcionamento biológico normal do

corpo (REHMAN,2017) assim os cosméticos por estarem em contato com a pele

(bases, pós), boca (batom, gloss labial) e olhos (sombra, máscara de cílios)

possuem porta de entrada para nosso organismo podendo ser absorvidos pela pele

e pela cavidade oral (mucosas).

Os elementos Ni, Co e Cu são principalmente acumulados no estrato córneo

e podem causar dermatite alérgica por contato o que é confirmado segundo Sainio

et al (2001) que afirma que é possível associar a dermatite de contato

principalmente com o Ni, em seu estudo observou-se quantidades que variam de 40

a 49 ppm , que estão dentro do limite de 100 ppm segundo a ANVISA, porém Sainio

et al (2001) indica que a recomendação afim de evitar estes danos seria 5 ppm.

Sabe-se que a alergia cutânea por produtos cosméticos, como a dermatite, é

causada pela exposição ao Ni que está contido em concentrações com alta

variabilidade nos pigmentos cosméticos de óxidos de ferro(KLAASSEN, 2001).

Estudos afirmam que um dos mecanismos da toxicidade do Ni é o dano ao

DNA que ocorre como resultado da ligação do Ni a proteínas nucleares e também

por causa de sua ligação ao DNA. O processo de reparo de DNA está sendo

prejudicado pelo Ni. Outros estudos revelaram o fato de que os proto-oncogenes são

ativados como resultado da proliferação aumentada de células por causa da

expressão alterada de genes. E a razão por trás dessa expressão alterada é que

pode tornar o metal cancerígeno (NORRIS, 2018).

O Ba por outro lado é encontrado principalmente em pigmentos e sua

periculosidade está relacionada à grande parte de seus compostos serem azo

compostos (MAEHATA, 2016). O efeito toxicológico está relacionado à grande

quantidade de exposições frequentes a baixas concentrações, de forma crônica,o

que tem possibilitado relacionar os azocorantes com a proliferação de células

tumorais principalmente de câncer de bexiga em humanos, e além de sarcomas

esplênicos e hepatocarcinomas(CHEQUER et al.,2009).

Page 28: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE GRADUAÇÃO EM

28

Efeitos psicológicos, diminuição do desempenho mental, hipertensão, risco

de doença cardiovascular, aterosclerose carotídea e câncer de pulmão, são alguns

dos efeitos toxicológicos a longo prazo e com grande exposição que podem ser

encontrados na utilização ou ingestão de grandes quantidades de arsênio (REHMAN

et al., 2017).

Ainda segundo Liu et al. (2013) disfunções renais e ósseas podem vir a ser

causadas pela exposição crônica pelas vias orais de substancias ou compostos

contendo cádmio e seus derivados. Liu afirma em seu estudo, que 20% das

amostras estudadas apresentavam valores acima dos limites aceitáveis assim

variavam de 0,002ppm a 3,48 ppm, e de acordo com a EPA (Agência de Proteção

Ambiental Americana), que considera um limite aceitável para ingestão diária de

0,38 μg/dia.

O Pb é um dos metais pesado mais amplamente utilizados em diversas

formulações e que possui diversos interferentes para a saúde humana. Isso porque

seu mecanismo de toxicidade envolve a capacidade do Pb de inibir as ações do Ca

e de reagir com outras proteínas. No organismo ele se incorpora aos minerais no

lugar do Ca. Em seguida, ele interage com as moléculas biológicas, interferindo

assim em suas ações normais. Além de diminuir a atividade enzimática é também

responsável pela sua inibição quando passa a competir pelos sítios de ligação dos

cátions (BOROSKA, 2015).

Segundo Liu et al (2013), o Pb causa principalmente danos ao sistema renal

e nervoso central além de perda de memória, e na gestação e em crianças, risco é

maior afetando o desenvolvimento das funções cognitivas.

No Brasil temos uma legislação específica para cosméticos e produtos de

beleza e higiene pessoal utilizados em crianças, porém marcas não aprovadas pela

ANVISA podem passar sem esse controle, facilitando assim esse tipo de exposição

a concentrações tóxicas pelo uso indevido de produtos inadequados à sua idade, ou

do uso de cosméticos destinados ao público adulto em crianças (MAEHATA, 2016),

Abaixo podemos observar na Tabela 4 a quantidade de absorção dos metais

listados pelo corpo humano e seus tecidos, bem como a quantidade máxima

permitida pela ANVISA para a porcentagem de metais e seus derivados nas

formulações e os malefícios que podem vir a ser causados com doses consideradas

tóxicas.

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TABELA 4: PERCENTUAL DE CONCENTRAÇÕES DE ABSORÇÃO E DE QUANTIDADES

PERMITIDAS DE DERIVADOS E SEUS METAIS NAS FORMULAÇÕES COSMÉTICAS VERSUS

PRINCIPAIS MALEFÍCIOS ACERCA DA INTOXICAÇÃO HUMANA POR METAIS PESADOS.

Elementos

encontrados em

formulações.

% de

Absorção no

organismo

humano.

% permitida para a

utilização de

metais pesados e

seus derivados.

Principais Malefícios ou

alterações causadas no corpo em

quantidades consideradas

tóxicas pela Legislação (ANVISA).

Arsênio 1,9% 3ppm Efeitos psicológicos, diminuição do

desempenho mental, hipertensão,

risco de doença cardiovascular,

aterosclerose carotídea e diabetes

mellitus, câncer de pulmão,

carcinogênese.

Níquel 0,2% 100ppm Dermatite de contato alérgica,

hipersensibilidade oral e risco de

hiperplasia gengival, câncer oral,

câncer de pele, câncer de pulmão,

asma, bronquite, toxicidade

reprodutiva, carcinogênese.

Chumbo 0,3% 20ppm Efeitos neurotóxicos na inteligência,

diminuição da memória, anemia

hemolítica, doenças, toxicidade

reprodutiva, câncer de pulmão,

câncer de bexiga.

Cádmio 0,8% 100ppm Doenças neurodegenerativas,

câncer de mama, câncer de

próstata, desmineralização de

ossos.

Bário *Quantidade

não relevante

ao estudo

500ppm Problemas Renais, câncer de

bexiga, sarcomas esplênicos e

hepatocarcinoma.

Fonte: Adaptada de (MAEHATA, 2016); (BOROSKA, 2015); (LIU et al 2013)

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5. CONCLUSÕES

A partir do levantamento de dados e informações coletadas nesta revisão da

literatura, podemos constatar que foram encontrados achados que respaldam a

necessidade de uma fiscalização acerca dos produtos liberados a população adulta

e infanto-juvenil, isto se deve a existência de casos de intoxicação de leves á graves

por metais pesados e seus derivados presentes nas formulações desses

cosméticos, e até casos de óbitos já relatados.

As legislações encontradas que determinam os dados qualitativos e

quantitativos permitidos na utilização dessas substancias em formulações de uso

cosmético são divergentes em relação aos órgãos regulamentadores de cada país, o

que dificulta uma análise mais assertiva acerca dos produtos importados e dos

nacionais, assim há uma necessidade de legislações mais restritivas e

padronizadas, que contemplem a necessidade do mercado atual e possibilitem o uso

desses produtos de forma segura a população.

Os dados encontrados em literatura em relação aos valores concretos e

mensuráveis e seus níveis permitidos não estão contidos de forma clara e de fácil

acesso a população e as informações muitas vezes não estão contidas nos frascos

e rótulos dos produtos, sendo assim é importante destacar até onde os

consumidores desses produtos têm o conhecimento acerca dos possíveis riscos e

malefícios a saúde humana. Desta forma o presente trabalho nos abre a

possibilidade de explorar a necessidade por parte da indústria cosmética, e dos

órgãos responsáveis sobre a divulgação desses dados em suas embalagens de

forma obrigatória, já que a tendência do mercado atual se faz presente através de

consumidores mais preocupados e conscientes sobre o que de fato estão

consumindo e utilizando visto que vemos isso ocorrendo cada vez mais em outras

indústrias como a Alimentícia e a Farmacêutica.

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31

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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