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1ANO I - edio 3
Ago/Set 2014 - GAZETA DO ADVOGADO: A REVISTA DE QUEM PENSA DIREITO
Entrevista: Maria Elizabeth Teixeira RochaCapa
2 Ago/Set 2014 - GAZETA DO ADVOGADO: A REVISTA DE QUEM PENSA DIREITO
Entrevista: Maria Elizabeth Teixeira Rocha
3
ANO I - edio 3
Ago/Set 2014 - GAZETA DO ADVOGADO: A REVISTA DE QUEM PENSA DIREITO
Sumrio
4 Ago/Set 2014 - GAZETA DO ADVOGADO: A REVISTA DE QUEM PENSA DIREITO
ENTREVISTA.........................................................06Maria Elizabeth Teixeira Rocha:Temos que mostrar quem somos
FRUM DE IDEIAS................................................14Fim da discriminao tributria
CAPA.......................................................................18Quem quer ser juiz leigo?
PARLATRIO........................................................25
CARREIRA.............................................................26Um mergulho no mais humano dos direitos
PERFIL....................................................................28William Douglas
OPINIO.................................................................32Marcello Rodante: Divrcio Colaborativo: Nova Opo
CHARGE E FRASES..............................................34
CARTA DOS LEITORES
ANUNCIE!
Para a satisfao de nossos leitores,
a Gazeta do Advogado abrir espao,
a partir da prxima edio, para que
voc possa sugerir, criticar e comentar as
publicaes anteriores. Envie um e-mail [email protected]
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Design:Natalia Sttrazzeri
GAZETA DO ADVOGADOPublicao Bimestral
Envie Sugestes:[email protected]
Capa:Mailson Santana
Os artigos e anncios publicados so de inteira responsabilidade dos autores, no representando, necessariamente, a opinio da revista.
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Entrevista
Frum deIdeias
Capa
Perfil
Expediente
5Ago/Set 2014 - GAZETA DO ADVOGADO: A REVISTA DE QUEM PENSA DIREITO
CARTA AO LEITORO acmulo de processos o grande gargalo do Judicirio brasileiro. As razes so as mais diversas, do excesso de recursos carncia de mo-de-obra. Cada vez mais demandados pelo cidado, os magistrados no conseguem se livrar dos estoques, por mais que trabalhem. E foi para aliviar o problema que surgiu a figura do juiz
leigo, um advogado com poder para realizar audincias e alinhavar acordos. Os tribunais vinham selecionando os seus a partir de critrios definidos por eles
mesmos. Mas o Conselho Nacional de Justia decidiu estabelecer um padro. O modelo de contratao, porm, vem recebendo crticas e, a julgar pelo pleito em andamento no Rio de Janeiro, afastando candidatos.
Todo mundo se acostumou a associar a imagem de estouro da boiada quando se pensa em concurso pblico no Brasil. Esquea! A seleo para os 200 juzes leigos do TJRJ atraiu menos de 2 mil candidatos, causando estranhamento na prpria direo do rgo. Poucos se dispuseram a encarar uma atividade sem remunerao fixa ou qualquer outro benefcio trabalhista, ainda que por um trabalho temporrio.
No h absolutamente nada de irregular no concurso do TJRJ, que segue estritamente as determinaes do CNJ. A pergunta que fica por que uma atividade
to importante, apontada por muitos como panaceia para o mal da morosidade, no mereceu a deferncia de oferecer, pelo menos, os benefcios trabalhistas mais elementares? essa discusso que nossa reportagem de Capa quer levantar.
Mas nem tudo decepo para a advocacia. Acaba de ser sancionada a lei que permite a incluso da atividade no SuperSimples, uma medida com potencial para aliviar o bolso do advogado e aumentar significativamente o nmero de escritrios no Pas. Esta edio
mostra como foi a tramitao no Congresso e o que muda a partir de agora.
E por falar em concursos, a Gazeta do Advogado apresenta uma autoridade no assunto: o juiz federal William Douglas, considerado o guru dos concurseiros, personagem da seo Perfil. Aprovado em sete concursos depois de amargar
sucessivas reprovaes, ele passou a dedicar boa parte do seu tempo a ajudar aos que querem melhorar seu desempenho, seja por meio de palestras ou de livros que vendem como gua.
Outra autoridade destacada nesta edio derrubou um tabu. Nova presidente do Superior Tribunal Militar, Maria Elizabeth Teixeira Rocha a primeira mulher a ocupar o posto em 206 anos da Corte. E chega com ideias progressistas, como a insero irrestrita de gays e mulheres nas foras armadas e a abertura dos arquivos da ditadura. Que bons ventos a tragam.
Boa Leitura!A EDITORA
Gazeta do Advogado Ltda.
CNPJ 10.992.108/0001-61
Fone: (21) 3172-8980 [email protected]
www.gazetadoadvogado.adv.br
EDIODbora Diniz
REPORTAGEMNdia Mendes
CONTATO PUBLICITRIOFelipe Nascimento
EDIO DE ARTENatalia Sttrazzeri
TIRAGEM20.000 exemplares
proibida a reproduo total ouparcial desta publicaosem autorizao prvia
Entrevista: Maria Elizabeth Teixeira Rocha
6 Ago/Set 2014 - GAZETA DO ADVOGADO: A REVISTA DE QUEM PENSA DIREITO
Fotos: Plnio Xavier - STM
Entrevista: Maria Elizabeth Teixeira Rocha
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ANO I - edio 3
Ago/Set 2014 - GAZETA DO ADVOGADO: A REVISTA DE QUEM PENSA DIREITO
Temos que mostrarquem somos
Por Dbora [email protected]
Por mais paradoxal que parea, a Justia Militar foi uma das poucas trincheiras de resistncia ditadura. Graas a liminares expedidas em habeas corpus pelos ministros do Superior Tribunal Militar (STM), muitos presos polticos ganharam a liberdade
antes que pudessem ser levados para os pores do regime. essa histria
que Maria Elizabeth Teixeira Rocha, recm-empossada presidente da Corte, quer contar sociedade. Existe um desconhecimento muito grande, inclusive
por parte dos operadores do Direito, lamenta. Primeira mulher a ocupar o cargo em 206 anos de existncia da
Corte, a ministra chega Casa com
ideias que em nada lembram o perfil
normalmente atribudo aos homens da caserna: defende a abertura dos arquivos da ditadura, favorvel ao ingresso das
mulheres nas Foras Armadas de forma
irrestrita e acha inadmissvel que homossexuais ainda sejam impedidos
de se assumir nos quarteis. Doutora em Direito Constitucional pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, Maria Elizabeth leciona desde os 23 anos e possui vasta produo
acadmica. O Direito, como ela diz, est no prprio DNA.
Qual o sentimento de ser a primeira
mulher a presidir a mais alta corte
da Justia Militar? um desafio muito grande, mas,
ao mesmo tempo, me sinto muito honrada. Tenho a conscincia da responsabilidade que ser a primeira mulher frente de uma corte que ainda um reduto de homens. Alm de as Foras Armadas serem uma instituio muito masculina, apesar de j terem mulheres em suas fileiras, o Superior
Tribunal Militar teve a sensibilidade de indicar, no Dia Internacional da Mulher, em 2007, uma mulher para comp-lo. a corte mais antiga do Brasil e nenhum outro chefe de estado tinha se dado conta da importncia da questo de gnero ali. uma alegria porque a corte tem uma tradio muito grande, uma jurisprudncia, ao contrrio do que muitas pessoas pensam. Jurisprudncia essa que sempre fortaleceu o Estado Democrtico de Direito, na medida em que sempre defendeu a democracia, nos mais duros anos de regime militar. Defendeu a liberdade de imprensa, a liberdade de expresso, o direito de greve, enfim, todo esse plexo de
garantias hoje consagradas, mas que foram arrancadas a duras penas do Poder Judicirio naquele perodo da nossa histria. Acredito que isso faz parte de um movimento irreversvel
Entrevista: Maria Elizabeth Teixeira Rocha
8 Ago/Set 2014 - GAZETA DO ADVOGADO: A REVISTA DE QUEM PENSA DIREITO
de empoderamento feminino. No tenho a menor dvida de que as mulheres tm alcanado espaos pblicos e privados cada vez maiores e que isso consequncia inevitvel do fortalecimento dos direitos individuais e dos direitos humanos.
A maioria das pessoas no sabe
que a Justia Militar assegurou os
direitos de muitos presos polticos
durante a ditadura. A que podemos
atribuir esse desconhecimento?A sociedade civil no conhecer eu at posso entender, j que no existe o conhecimento tcnico sobre o Poder Judicirio em geral, mas dentro da prpria sociedade jurdica, os operadores do Direito muitas vezes desconhecem o papel da Justia Militar. Ns somos confundidos com as justias
militares estaduais, que tambm tm
um papel muito importante, mas que
tem uma jurisdio completamente diferente da nossa. A justia estadual julga os crimes somente dos militares estaduais, ou seja, Polcia Militar e Corpo de Bombeiros (no julga Polcia Civil). A Justia Militar da Unio julga
civis e militares pelos crimes contra as instituies militares, ou seja, Marinha, Exrcito e Aeronutica, e contra a administrao militar. Para alm dessa questo, a Justia Militar teve papel primordial para a garantia do estado de direito nos anos de chumbo. A primeira liminar em habeas corpus foi dada pelo STM e serviu de precedente para o Supremo Tribunal Federal. Antes mesmo de julgar o habeas corpus, o juiz concedeu uma medida liminar, antecipando a deciso de mrito. Com isso, o STM salvou muitas vidas, como foi dito pelos prprios advogados que atuaram nesse perodo, como Luiz Cludi