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GONÇALO LOBO PINHEIRO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 19 DE AGOSTO DE 2014 ANO XIII Nº 3156 hojemacau A CAMPANHA O candidato saiu à rua mas ainda não desencadeou um debate aberto com a população. Contudo, por onde andou, Chui até abordou temas fracturantes e deixou cair algumas novidades. PÁGINAS 2 - 5 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB CALMA PORTUGUESES AINDA FAZEM FALTA AO GOVERNO DA RAEM PÁGINA 3 SOCIEDADE PÁGINA 7 POLÍTICA PÁGINA 6 PLANO B TUI dá nega ao “referendo” mas Jason Chao tem solução JOGO Trabalhadores respondem a Angela e voltam à rua

Hoje Macau 19 AGO 2014 #3156

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Hoje Macau N.º3156 de 19 de Agosto de 2014

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Page 1: Hoje Macau 19 AGO 2014 #3156

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A CAMPANHAO candidato saiu à rua mas ainda não desencadeou um debate aberto com a população.

Contudo, por onde andou, Chui até abordou temas fracturantes e deixou cair algumas novidades. PÁGINAS 2 - 5

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CALMA PORTUGUESES AINDA FAZEM FALTA AO GOVERNO DA RAEM PÁGINA 3

SOCIEDADE PÁGINA 7 POLÍTICA PÁGINA 6

PLANO BTUI dá nega ao “referendo” mas Jason Chao tem solução

JOGOTrabalhadores respondem

a Angela e voltam à rua

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CANDIDATO GARANTE LIBERDADE DE IMPRENSANo primeiro dia de campanha, Chui Sai On deu a entender num evento público de que os media deveriam publicar com maior regularidade boas notícias. “A preocupação das pessoas é sobre a influência do jogo na economia de Macau, a sobrelotação e a habitação, e os feitos sociais e as contribuições locais para a sociedade não são mencionados. Acho que as noticias têm um grande impacto na sociedade. Devemos incentivar os meios de comunicação a dar mais informações sobre as pessoas que contribuíram para o desenvolvimento da sociedade”, terá dito, segundo a TDM. Contudo, ontem, depois do encontro com a AGMM, negou qualquer pressão sobre os jornalistas. “Nunca disse isso e não deve dizer que mencionei isso”, disse, em resposta a um jornalista. “Sempre respeitei os media e a liberdade de imprensa. Nunca pedi aos media para informar sobre alguma coisa”, garantiu.

HOJE

MAC

AU

hoje macau terça-feira 19.8.20142 A CAMPANHA

FLORA FONG*[email protected]

O único candi-dato ao quarto mandato para Chefe de Exe-

cutivo da RAEM realizou ontem o seu segundo dia de campanha eleitoral com um encontro na sede da Associa-ção Geral das Mulheres de Macau (AGMM), marcado pelas questões sociais.

CHUI SAI ON DEFENDE LICENÇA DE PATERNIDADE

Laços de famíliaNum encontro na sede da Associação Geraldas Mulheres de Macau, o candidato a Chefedo Executivo defendeu que os homens tambémdevem ter direito a dias de descanso pagos por leipara estar com os filhos recém-nascidos

ficará melhor”, disse Chui Sai On, que avançou mais dados quanto à concretização dessa medida.

“Quanto às mudanças na licença, é preciso discussão e a realização de uma consulta pública para a revisão da lei. Acredito que nos próximos um ou dois anos possa co-meçar a discussão da Lei das Relações do Trabalho”, disse ainda o candidato.

Confrontado com críticas sobre os atrasos no actual serviço público de saúde, bem como pela falta de transparên-cia no tratamento de pacientes fora de Macau, Chui Sai On disse “lamentar” que a popu-lação não tenha confiança nos Serviços de Saúde (SS).

“Tenho muito pena que os residentes não tenham confiança nos SS. O sistema de transferência de pacientes para o estrangeiro nunca mu-dou desde a altura do Governo português e o Governo já ajudou muitos doentes a terem tratamento fora de Macau, es-pecialmente em Hong Kong. Apelo a que haja confiança nos SS”, disse ao público presente.

O encontro, que decorreu durante a tarde de ontem, contou com cerca de 200 participantes, tendo Tina Ho, presidente da AGMM, falado dos “problemas e conflitos profundos que surgiram com o rápido desenvolvimento de Macau”, lembrando que “as solicitações da sociedade são

cada vez maiores, as quais devem ser ouvidas”.

Chui Sai On lembrou a forte ligação com a AGMM. “Compreendo que as mulhe-res modernas têm de dar apoio à família e trabalhar, não é uma coisa fácil. Se for eleito, irei executar políticas favoráveis à família, para manter a harmo-nia familiar”, apontou.

“OU NOS CASINOS, OU NO GOVERNO”Durante a sessão com o candidato, uma mulher falou do facto da economia estar dependente da indústria do jogo, receando que os seus filhos acabem por ter de tra-balhar num casino, devido aos salários mais atractivos.

“Se for eleito, irei executar políticas favoráveis à família, para manter a harmonia familiar” CHUI SAI ON

Um dos presentes, que disse ir casar em breve e que pretende ser pai, defendeu ainda mais dias para a licença de paternidade, algo com o qual Chui Sai On concordou.

“Pessoalmente concordo com a licença de paternidade, porque as mulheres têm mui-ta pressão no período de gra-videz. Se os homens puderem ter uma licença para cuidar das suas esposas, a situação

“Acredito que nos próximos um ou dois anos possa começar a discussão da Lei das Relaçõesdo Trabalho”

Chui Sai On admitiu que actualmente em Macau existe o fenómeno de “ou se trabalha nos casinos ou se trabalha no Governo”, defendendo que de-vem ser criadas medidas para a promoção de outros sectores, na área das exposições e con-venções ou indústrias criativas. O candidato falou ainda da importância de novas medidas na área da educação, por forma a ajudar os jovens a planear a sua carreira para outras áreas de actividade, por forma a serem mais competitivos.

Chui Sai On referiu ainda que é importante ter uma maior participação das mulhe-res nos assuntos sociais, tendo lembrado que pretende rever o mecanismo de organização de consultas públicas, tal como já tinha anunciado no seu programa político. - com A.S.S.

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LEI DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA PENDENTENo encontro que realizou com a Federação dos Operários de Macau (FAOM) este domingo, Chui Sai On disse ainda, segundo um comunicado, que “o esboço da Lei de Combate à Violência Doméstica tem sido discutido na sociedade, e o Governo estudará activamente a fronteira entre o crime público e semi-público”. Recorde-se que o diploma tem sido alvo de contestação na sociedade há mais de um ano.

CONSULTA PÚBLICA PARA REGIME DE RESPONSABIL IDADEApesar de querer renovar o sistema de realização de consultas públicas, Chui Sai On prometeu ainda no encontro com a FAOM que a criação do regime de avaliação de desempenho e de responsabilidade na Função Pública estará dependente, em primeiro lugar, da realização de uma consulta pública.

HOJE

MAC

AU

hoje macau terça-feira 19.8.2014 3 a campanha

Num colóquio com associações do sector económico, o candidato a Chefe do Executivo garantiu que, caso seja eleito, vai criar um grupo institucional para que os produtos locais estejam nos quartos de hotele nos casinos

FLORA FONG*[email protected]

N O segundo dia de cam-panha de Chui Sai On, a manhã ficou marcada pela realização de um

colóquio com associações do sec-tor comercial e económico, tendo sido prometido novas medidas para uma maior promoção dos produtos locais.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Chui Sai On pro-meteu avançar com os processos legislativo e administrativo para a criação de um grupo oficial en-carregue de promover os produtos “Made in Macau”, por forma a que estejam presentes nos hotéis e casinos.

“Acho que é mais fácil, atra-vés de medidas administrativas, impulsionar os produtos através do Governo, os quais acho que são bem-vindos pelos residentes. Contudo, no que diz respeito ao impulsionamento junto das em-presas de jogo, penso que deverá existir um grupo no Governo que analise o assunto”, apontou Chui Sai On.

CANDIDATO QUER PRODUTOS “MADE IN MACAU” NOS CASINOS

A marca que vem de longe

“O facto da zona Ater no futuro habitações públicas não significa que não será uma zona adequada para viver”CHUI SAI ON

Segundo a TDM, o candidato a mais um mandato como Chefe do Executivo garantiu ainda que vai negociar com o Governo Cen-tral a possibilidade dos produtos “Made in China”, com destino ao mercado lusófono, poderem vir a passar por Macau.

O encontro, onde estiveram presentes representantes da As-sociação Industrial de Macau, Associação de Exportadores e Importadores de Macau, Asso-ciação de Comerciantes Têxteis e Associações de Fretadores, serviu não só para questões so-bre os produtos e marcas feitos em Macau, como também para

esclarecimentos sobre os novos aterros.

ZONA A “ADEQUADA PARA VIVER”Em relação ao futuro empreendimen-to de habitação pública, Chui Sai On garantiu que a zona A não será “um território trágico”, com congestiona-mento de pessoas e infra-estruturas.

“O facto da zona A ter no futuro habitações públicas não significa que não será uma zona adequada para viver. Espero que as ques-tões do trânsito, infra-estruturas e espaços sociais e de lazer possam satisfazer as necessidades, porque já aprendemos com as outras ex-periências”, disse, segundo o canal chinês da Rádio Macau.

I NDEPENDENTEMENTE das mudanças governa-mentais, os assessores

portugueses podem estar descansados que haverá sem-pre trabalho para eles, disse ao HM uma fonte próxima de Chui Sai On. “Não faria sentido afastar pessoas que conhecem bem Macau e os seus problemas. Para além disso, seria muito difícil arranjar alguém para os substituir, na medida em que se trata de gente com grande experiência de Ma-cau, sobretudo em termos de legislação”, avançou a mesma fonte.

Nos últimos meses tem havido alguma inquietação

GOVERNO ASSESSORES PORTUGUESES SÃO PARA CONTINUAR

Imprescindíveisentre os assessores portu-gueses, devido às mudan-ças governamentais que se avizinham. Isto é, com a troca de Secretários e, eventualmente, de directores de serviços, será natural que as novas faces pretendam outros assessores.

No entanto, segundo a nossa fonte, “o Governo não pretende prescindir daqueles que tão bem conhecem a RAEM e as suas especifi-cidades”. Assim, o pior que

poderá acontecer será uma mudança de gabinete ou de secretaria, mas nunca des-pedimentos ou afastamentos compulsivos de pessoas que detêm uma grande expe-riência de Macau e que são consideradas pelo Governo como uma mais-valia.

A BENÇÃO DASLIGAÇÕES LUSÓFONASAo que o HM apurou, a tendência poderá até ser con-trária. É que a insistência de

Pequim em fazer de Macau uma ponte para a Lusofonia faz com que sejam cada vez mais necessários falantes competentes de português. “É natural que o Governo recrute

mais assessores que falem e escrevam português, ou mes-mo para outros cargos, como secretariado, por exemplo”, disseram ao nosso jornal.

A tendência para di-versificar o modelo de cooperação com os países lusófonos poderá também ser favorável à integração de mais quadros falantes de português. “A questão deixará de passar somente pelos negócios, o que vai obrigar Macau a comunicar noutro nível e com outra capacidade”, explicaram.

A inquietação que tem assolado alguns membros da comunidade portugue-sa, nomeadamente os que

desempenham funções pú-blicas sem fazerem parte do quadro local, parece assim ser totalmente injustificável. Para a nossa fonte, pelo menos por enquanto, os portugueses continuam a ser “imprescindíveis”. - HM

“O Governo não pretende prescindir daqueles que tão bem conhecem a RAEM e as suas especificidades”

Em relação ao Parque de Me-dicina Tradicional Chinesa, Chui Sai On prometeu ainda a criação de grupos que, em Janeiro do próximo ano, ficarão encarregues de estudar o licenciamento de medicamentos e produtos vindos do interior da China, bem como do sistema de certificação conjunto. Em relação à localização de Pequenas e Médias Empresas (PME) em Hengqin, Chui Sai On voltou a frisar que a negociação com o Governo Central está em andamento. - com A.S.S.

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4 hoje macau terça-feira 19.8.2014POLÍTICALarry Sou • Agnes Lam • Arnaldo Gonçalves

O arranque oficial da campanha de Chui Sai On enquanto

candidato a mais um man-dato como Chefe do Execu-tivo começou no domingo, tendo vindo a pautar-se por encontros e seminários com associações tradicionais. Contudo, dois académicos consideram que Chui Sai On deveria ir além do círculo de 400 pessoas que o irão eleger no próximo dia 31.

“Esta espécie de campanha deveria ter uma ligação mais forte com o público para que existisse um maior reconheci-mento por parte das pessoas. A população não se sente próxi-ma desta eleição. As pessoas nas ruas dizem simplesmente que, como não têm de votar, não se preocupam”, disse ao HM Larry So, professor aposentado do Instituto Poli-técnico de Macau (IPM).

Já Agnes Lam, acadé-mica da Universidade de

ACADÉMICOS ANALISAM CAMPANHA E FAZEM SUGESTÕES A CHUI

A IMPORTANCIA DE SAIR DA CASCAˆ

Por uma proximidade improvável

Larry So e Agnes Lam defendem que Chui Sai On deveria procurar formas mais directas de contacto com os cidadãos no período de campanha eleitoral. Já Arnaldo Gonçalves diz que não haverá outro tipo de campanha, porque a candidatura “está viabilizada por Pequim” e o candidato é mesmo assim

Macau (UM) e membro da Comissão Eleitoral, defen-de, ela própria, uma aproxi-mação ao público. “Muitos dos membros da Comissão Eleitoral pertencem às as-sociações tradicionais, logo Chui está a percorrer o cami-nho certo para chegar a essas pessoas. Mas olhando para o público em geral... Chegou a ser sugerido que Chui Sai On deveria participar num debate na rádio e criar uma espécie de nova plataforma de comunicação”, defendeu a docente ao HM.

“Seria uma forma de debater as questões de forma mais próxima da população e penso que ele deveria ter essa iniciativa. Tentar o seu melhor para chegar a uma maior fatia da população”, acrescentou Agnes Lam.

UMA CAMPANHA “INSTITUCIONAL”Já Arnaldo Gonçalves, dou-torado em ciência política

e relações internacionais, considerou que Chui Sai On se limitará a uma “consulta institucional com essas as-sociações”. “Não é possível existir outra campanha porque é algo que tem a ver com o estilo dele. Os políticos são o que são e, em termos de personalidade, o doutor Chui Sai On é uma pessoa modera-da, tímida e que não gosta do confronto”, explicou.

“Estando a candidatura absolutamente viabilizada pelo apoio de Pequim, e não havendo nenhuma al-ternativa da parte de socie-dade de Macau e das forças pró-Pequim — que nunca quiseram apresentar outro candidato quando podiam ter apresentado — não tem de fazer grandes esforços e uma grande apresentação pública para passar a sua

Ausências da Comissão Desagradável sintomaA apresentação do programa político no passado sábado ficou ainda marcada pela presença de apenas 135 membros da totalidade dos 400 que compõem a Comissão Eleitoral

Agnes Lam revela que ficou “chocada” com a ausência de um terço dos membros e fala de falta de interesse

mensagem”, sublinhou Ar-naldo Gonçalves.

O académico considera que Chui Sai On “está a cumprir o calendário e a fa-zer uma gestão inteligente e moderada da sua campanha, tentando baixar as expectati-vas dessa oligarquia econó-mica que detém o poder ins-titucional em Macau e que influencia o poder político. Vai procurar manter pontos e ligações com essas pessoas para que a sua acção não seja directamente contestada”.

Contudo, Arnaldo Gon-

L ARRY So diz que as au- sências não significam perda de apoio a Chui

Sai On. “Espero que não seja isso. Porque, se for esse o caso, Chui Sai On deveria repensar a sua estratégia nesta campanha”, explicou ao HM.

“Na hora de avaliar o tra-balho da Comissão Eleitoral, deveria haver uma espécie de

estudo. Pode ter a ver com a falta de informação em tempo oportuno. É uma coisa impor-tante em Macau, no sentido em que estamos a eleger o próximo Chefe do Execu-tivo e estão supostamente a representar indirectamente a população. Depois não apa-recem, porquê?”, questionou ainda o docente.

Agnes Lam revela que ficou “chocada” com a ausência de um terço dos membros e fala de falta de interesse. “As pessoas não

estão motivadas. Chui Sai On vai ser eleito de qualquer das formas e não sentem grandes apelos para estar presentes, sentem que não

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5 políticahoje macau terça-feira 19.8.2014

Celebrado contrato de “consultadoria técnica” para hospital das ilhasO Executivo celebrou um contrato de prestação de serviços de “consultadoria técnica” com a empresa Companhia CPG Consultants Limitada, relativo à primeira fase do projecto de construção do novo Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. O despacho, assinado pelo Secretário Cheong U, foi ontem publicado em Boletim Oficial (BO) e não refere quaisquer valores pagos à empresa.

Universidade nega motivos políticos pela saída de Bill Chou

Radical Kwan Tsui Hang pedemudança de todos os Secretários

ANDREIA SOFIA [email protected]

L ARRY So considera uma “boa ideia” que as ope-radoras de jogo devam,

num futuro próximo, garantir alojamento e transporte aos trabalhadores não residentes, tal como foi anunciado por Chui Sai On na apresentação do seu programa político.

Contudo, o professor frisa que isso deverá ser alvo de negociações com as autoridades chinesas. “Se as operadoras tiverem as suas próprias formas de alojamento, em Zhuhai ou na Ilha da Montanha, e os seus autocarros, então vai haver menos pressão pela procura de casa. Mas pen-so que esses terrenos terão de ser discutidos entre o Governo de Macau e de Zhuhai. Penso que isso irá acontecer, porque seriam depois as operadoras a

VONG HIN FAI “O DOUTOR CHUI SAI ON OLHOU PARA ESSA NECESSIDADE”Em declarações à Rádio Macau, Vong Hin Fai, mandatário da campanha de Chui Sai On, comentou a proposta de Chui sobre casinos e TNR. “Os trabalhadores têm de ter habitação e transporte e, assim sendo, o doutor Chui Sai On olhou para essa necessidade e pensou que as empresas de jogo podem assumir mais responsabilidades para arranjar esses meios, de forma a que os trabalhadores não residentes não façam concorrência com os residentes locais”, disse o também deputado nomeado.

De uma forma geral, Larry Sou considera que o programa “não teve nada de surpreendente”, porque “não existem pontos fulcrais para futuras políticas”. Arnaldo Gonçalves considera que faltam planos a longo prazo. “Se estivessena posição do Chefe do Executivo pensaria numa política integrada para a questão da habitação, sendo queo Governo poderia contratualizar instituições internacionais que têm este tipo de estudos já feitos.” Já Agnes Lam, docente da Universidade de Macau (UM) destaca a ausência de políticas na área da educação e apoios sociais.

“Estando a candidatura absolutamente viabilizada pelo apoio de Pequim e não havendo nenhuma alternativa da parte de sociedade de Macau não tem de fazer uma grande apresentação pública”ARNALDO GONÇALVES

Ausências da Comissão Desagradável sintoma

Casinos e TNR

çalves chama a atenção para mudanças do foro sócio-polí-tico: “Existem novas camadas da população, os jovens, que, em movimentos recentes, mostraram uma grande capa-

tem importância”, aponta ao HM.

Já Arnaldo Gonçalves considera estas ausências “uma questão de politiquice local” à qual prefere “não dar atenção”. “Tem a ver com o sistema político. Quem é a comissão eleito-ral? Quem a elegeu? Qual o peso específico desta gente? Macau está virado do avesso neste aspecto: eu vejo pessoas tomar posições quando ninguém as elegeu.

cidade de contestação e que, mais tarde ou mais cedo, vão ter um grande protagonismo em Macau. Essas forças vão--se afirmar e ele vai ter de as ouvir”, concluiu.

O poder delas resulta de uma investidura de uma no-meação. Mas isso no futuro não vai acontecer, porque esses órgãos tendem a ser eleitos, há uma exigência de abertura”, aponta.

Chui Sai On pretende que os casinos arranjem casa para os TNR que contratem

comprar ou a arrendar estes espaços”, disse ao HM.

A Universidade de Ma-cau (UM) emitiu

ontem um comunicado, citado no canal chinês da Rádio Macau, onde afirma que a saída de Bill Chou da instituição académica não está relacionada com a sua actividade política. Contudo, a UM explica que o docente de ciência política violou o processo disciplinar e o código de conduta ao qual estava sujeito.

“A investigação feita por uma comissão inde-pendente da universi-dade confirma que Bill Chou violou o processo

disciplinar e resolveu-se então aplicar a sanção disciplinar adequada ao professor”, frisa o comu-nicado, que não explica concretamente de que formas é que Bill Chou violou o processo.

A UM afirma ainda “respeitar a liberdade académica e de expres-são”, mas lembra que Bill Chou “não reco-nhece os seus próprios erros” e que “prejudicou a reputação da universi-dade, a confiança entre as duas partes e o respeito por essa relação”.

Entretanto, Chui Sai On voltou ontem a ga-rantir que o Governo não está ligado ao assunto. O Gabinete de Apoio ao Ensino Superior foi ainda contactado pela TDM, tendo explicado que garante a liberdade académica e que as ques-tões de recrutamento são da responsabilidade da instituição. - F.F.

A deputada Kwan Tsui Hang e vice-presi-

dente da Federação das Associações dos Operá-rios de Macau (FAOM) garantiu em entrevista à Rádio Macau que o novo Governo deve iniciar funções com a renovação de todos os Secretários.

“Penso que os Secre-tários que já trabalham há 15 anos devem ser substituídos por outras pessoas, para trazer um novo impacto. Por outro lado, no caso dos Secretá-rios em funções há menos tempo, não se trata de te-rem de ser substituídos ou não, é preciso olhar para os resultados reais, para o trabalho que realizaram e ponderar se é necessária uma substituição”, disse ainda à Rádio.

A deputada eleita pela via directa defendeu ainda a transferência da área do turismo para a tutela da Economia e Finanças, à semelhança do que já defenderam outros rostos políticos publicamente.

Em jeito de balanço dos últimos cinco anos de Governo, Kwan Tsui Hang dá “uma nota po-sitiva”. “Não dou uma nota muito alta, mas é uma nota positiva. Pelo menos, Chui Sai On resolveu a questão das 19 mil fracções da habi-tação pública e construiu o regime da segurança social de dois níveis para Macau. Tenho de reco-nhecer a concretização destes dois trabalhos”, assumiu.

Bill Chou

“Se as operadoras tiverem as suas próprias formas de alojamento, em Zhuhai ou na Ilha da Montanha, e os seus autocarros, então vai haver menos pressão pela procurade casa.LARRY SO

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hoje macau terça-feira 19.8.20146 política

LEONOR SÁ [email protected]

O Tribunal de Úl-tima Instância (TUI) voltou a recusar o pedi-

do da associação Sociedade Aberta de Macau de utili-zar locais públicos para a realização de actividades relacionadas com o “refe-rendo civil”, justificando que não considera que estas sejam reuniões. Os juízes do

“REFERENDO CIVIL” TUI RECUSA, MAS COMITÉ TEM PLANO B

Ninguém os páraÀ segunda é de vez. O TUI recusou o segundo e último recurso da Sociedade Aberta de Macau para a realização de reuniões como actividades do “referendo civil” que está a ser organizado por três associações. No entanto, nada parece demover Jason Chao, que garantiu ontem que as reuniões vão realizar-se, ainda que não em locais públicos

entidade governamental pode vir a impedir a realização de reuniões com base na nomen-clatura dada aos eventos. Isto é, para o presidente da asso-ciação, algo “preocupante”. Para o activista, a decisão de ontem representa mesmo “um retrocesso na liberdade

de expressão e na protecção dos direitos humanos” no território.

A ideia da realização do “referendo civil” sobre o sufrágio universal para a eleição do Chefe do Execu-tivo partiu das associações Juventude Dinâmica de Ma-cau, Consciência de Macau e Sociedade Aberta de Macau. Esta é já a segunda vez que o mesmo grupo de activistas entrega um recurso ao Tri-bunal de Última Instância, requerendo permissão para a realização de actividades re-lativas ao “referendo civil”.

Vários têm sido os depu-tados e membros do Governo que estão contra esta iniciati-va, alguns dizendo mesmo que não passa de um espectáculo e uma tentativa de distrair os ci-dadãos da eleição para o Chefe do Executivo, actualmente em curso. No passado dia 13, houve mesmo deputados que, durante uma reunião plenária da Assembleia Legislativa, apelaram à população que boicotasse a iniciativa. Os deputados nomeados Tsui Wai Kwan e Dominic Sio estavam entre as vozes contra o evento.

tribunal consideram ainda que o Instituto para os As-suntos Cívicos e Municipais (IACM) não tem obrigação de permitir tais actividades. Isso mesmo foi o que o pre-sidente da associação, Jason Chao, disse ontem. Contudo, a decisão do TUI não foi unânime. A juíza relatora, Song Man Lei, quis, tal como no final do mês passado, ar-gumentar que o tribunal não tinha competência para ana-lisar o caso, mas teve voto

vencido face à opinião dos outros dois juízes. Recorde--se que a recusa em analisar o recurso interposto pelas três associações baseou--se no facto do documento não referir uma reunião ou manifestação, ou seja, as duas únicas instâncias sobre as quais o organismo tem poder de decisão. De acordo com o acórdão do tribunal, as autoridades não têm obrigação de garantir o direito de ocupar locais

públicos para a realização do “referendo civil”.

NAS MÃOS DO IACMMesmo depois de ver o seu pedido recusado, Jason Chao garante que o “referendo civil” vai acontecer, desta vez com a certeza de que não vai passar pela realização de actividades em locais públicos, sendo que a decisão do IACM se mantém inalterada. “Decidiram não aprovar o recurso, mas o docu-mento diz, muito claramente, que os cidadãos podem fazer tudo o que quiserem, desde que não seja proibido pela lei”, disse o activista, à porta do TUI. “Vamos fazer todos os possíveis para garantir a rea-lização do referendo”. Chao afirmou ainda que há já um “plano de contingência”, que promete revelar na próxima quarta-feira.

“Gostava de falar sobre as consequências desta deci-são [apoiar o argumento do IACM de que as actividades não constituem reuniões] do tribunal. Futuramente, dá ao IACM o poder de determinar a natureza do que é, ou não, uma reunião”, frisou Chao. O activista considera ainda que a

“Gostavade falar sobreas consequências desta decisão (...). Futuramente, dá ao IACM o poder de determinara natureza do que é, ou não,uma reunião”JASON CHAO

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7SOCIEDADEhoje macau terça-feira 19.8.2014

D EPOIS de Ângela Leong, directora executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), ter torna-

do público que não existirá aumento dos ordenados dos trabalhadores dos casinos, Ieong Man Teng, líder da Forefront of Tge Macau Gaming, garante: as manifestações vão continuar.

Em declarações ao HM, o res-ponsável pelas recentes manifes-tações frente aos casinos, garantiu que o protesto agendado para esta tarde na Praça da Amizade, em frente à Escola Portuguesa, vai acontecer. Isto porque, segundo Ieong Man Ten a SJM “continua a não responder de forma razoável ao pedidos dos funcionários”.

“Assumo que depois das nossas actividades, as empresas estão a dar mais atenção aos funcionários, aliás, metade dos funcionários do Sands e do Galaxy já viu o seu salário aumentar, incluindo os ‘croupiers’. Também foi cancelada a posição de ‘supervisor estagiário’, isso é bom”, assumiu o líder. No en-tanto, na sua visão, estas mudanças não são suficientes para suspender os protestos. “Mesmo os funcioná-rios que já viram as suas condições melhorar pretendem continuar com as manifestações afim de ajudar os outros colegas que continuam na luta”, frisou o jovem activista.

Para além do protesto de hoje, está agendado um outro para dia 29 deste mês em que se pretende reunir os funcionários das seis empresas de jogo. Só depois desse encontro é que Ieong Man Teng e os outros organizadores decidirão se, “dependendo das necessidades dos funcionários da SJM”, haverá ou não mais protestos.

SINAIS DE TENSÃONuma análise às constantes ma-nifestações, o economista José Duarte não acredita que a onda de

“Mesmo os funcionários que já viram as suas condições melhorar pretendem continuar com as manifestações afim de ajudar os outros colegas que continuam na luta”IEONG MAN TENGLíder da Forefrontof Tge Macau Gaming

(os protestos)“São uma boa forma de aviso,não apenas paraas operadorasmas tambémpara a sociedade”SAMUEL HUANGCoordenador do Centro Pedagógico e Científicosobre o Jogo do IPM

Quatro manifestações em três semanas e mais uma a caminho. Para o líder da Forefront of Tge Macau Gaming, Ieong Man Teng, os protestos vão continuar até que todos vejam suas reivindicações serem atendidas, apesar das regalias já conquistadas

TRABALHADORES MANIFESTAÇÕES SÃO PARA CONTINUAR

A união faz a força

projectos possa influenciar traba-lhadores de outros sectores. “Claro que é um dos factores, todos nós sabemos que essa influência existe, mas não me parece que seja um motivo forte para dar início a que outros profissionais se reúnam para protestar”, afirmou ao HM.

Para o economista os momen-tos a que temos assistido são um sinal claro, por um lado, de uma “tensão laboral que não existia anteriormente, ou que, pelo menos, não era tão visível”, e por outro,

mostra também uma “capacidade reivindicativa [dos trabalhadores] que não tinham até há pouco tempo”. No entanto, José Duarte defende que os protestos terão consequências sobre os custos das empresas, “na medida em que elas [empresas] respondam às situações que são pedidas”. Consequências estas que podem não se fazer notar com tanto ênfase caso o “Governo abra mais ou menos a importação de mão-de-obra”.

Toda a situação vivida em Macau, para o economista, revela alguma “tensão” e é resultado claro da “situação geral do mercado de trabalho”, sendo ainda muito pre-maturo fazer especulações sobre as consequências das manifestações”.

AVISOS À NAVEGAÇÃOPara o coordenador do centro pe-dagógico e científico sobre o jogo do Instituto Politécnico de Macau (IPM), Samuel Huang, os protestos são “uma boa forma de aviso, não apenas para as operadoras mas também para a sociedade”.

“Do meu ponto de vista pes-soal, temos vindo a acreditar que os ‘croupiers’ são profissões des-tinadas aos residentes e que são os mais bem pagos. O problema é que agora eles dizem que não

têm benefícios salariais, tendo em conta a performance dos casinos”, explica o coordenador. Para si, Macau tem vindo a ter um bom desempenho no que se refere às

receitas do jogo ou da taxa de em-prego, e a situação das “finanças públicas também está perfeita”, contudo, os funcionários “não conseguiram obter os mesmos benefícios”, a sua qualidade de vida não acompanhou o desen-volvimento económico e está, então, “abaixo das receitas de jogo”. Apesar dos “salários ou a média salarial da maioria dos em-pregados de Macau ter aumentado nos últimos dez anos, ainda está abaixo do crescimento do PIB ou das receitas”, diz.

Na sua análise, os protestos mostram, também, que os profis-sionais do jogo sentem a “pressão dos custos de vida”, que na sua opinião aumentaram “demasiado nos últimos dez a 14 anos”.

Samuel Huang compara ainda os funcionários do jogo aos traba-lhadores da função pública, que segundo ele a sociedade acredita que eles são “os mais bem pagos, mas os próprios sentem que não estão a beneficiar do crescimento económico de Macau”, tal como acontece com os ‘croupiers’.

Questionado sobre a possibi-lidade dos protestos alimentarem novos projectos, tal como José Duarte, Samuel acredita que é difícil que isso aconteça, porque o número de trabalhadores das operadores de jogo é elevado o que permite uma maior organização e poder de argumentação para levar a cabo estas actividades. “Nas outras áreas e empresas, principal-mente nas pequenas e médias em-presas, penso que isso [protestos] será mais difícil de acontecer”, defendeu o coordenador.

Segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, no final de Dezembro de 2013, os trabalhadores residentes da indústria do jogo auferiam um salário médio de 19.120 patacas, mais 6% do que no ano anterior.

No espaço de três semanas, foram organizadas quatro manifes-tações contra as operadoras de jogo: duas dirigidas à operadora Sands China, uma à Galaxy, e outra contra a SJM, hoje acontecerá mais uma, e já está agendada a próxima para o final deste mês. - Hoje Macau com A.S.S.

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hoje macau terça-feira 19.8.20148 sociedade

A ideia é facilitar a entrada no mercado asiático das marcas lusófonas. A plataforma agora criada conta já com três empresas locais, duas portuguesase uma angolana

O S criadores do já co-nhecido laboratório de design em Macau, Lines Lab, lançam

agora uma plataforma que tem como objectivo principal trazer para a Ásia as marcas lusófonas que por alguma razão não conseguem cá chegar.

“Como directores do projecto Lines Lab, sabemos o esforço que é preciso para levarmos os nossos produtos ao mercado. Portanto esta plataforma que agora surge é o resultado daquilo que tem sido a nossa experiência nestes últimos anos e queremos assim partilhá-la”, conta Manuel Correia da Silva, mentor do projecto.

“R ECEBI uma respos-ta escrita da provín-cia de Guangdong,

onde foi autorizada a aber-tura da zona Fronteiriça Industrial Zhuhai-Macau, tornando-se assim numa passagem da fronteira para os trabalhadores não resi-dentes (TNR), embora até agora não veja nenhumas acções”, afirmou Melinda Chan, no programa “Fórum Macau” transmitido pela TDM.

Durante o programa televisivo, o presidente da Associação Comercial da Zona Fronteiriça Industrial Zhuhai-Macau, Chan Wai Chi, referiu que poderá haver uma nova medida de abertura da passagem da fronteira da meia noite

às sete horas da manhã, ou seja, durante o horário fechado do posto fronteiriço das Portas do Cerco.

“Caso o plano seja implementado, deverá transformar-se a função da zona, porque agora é não passa de uma zona especial para o sector comercial. Su-giro então que em primeiro lugar se ouçam as opiniões da sociedade e depois que se melhorem as instalações ”, defendeu Chan Wai Chi.

O deputado de Ma-cau à Assembleia Popu-lar Nacional, Lao Ngai Leong, considera que existe uma tendência de distribuição do movimen-to dos passageiros para a Zona Fronteiriça Industrial Zhuhai-Macau e outros

postos fronteiriços, mas, contudo, acha que a medida [a abertura da fronteira] provocará conflitos. “Mui-tos residentes de Macau preocupam-se com esta medida porque moram em Zhuhai, mas trabalham ou estudam em Macau. Se os TNR podem passar e os residentes de Macau não podem isto não é razoável, deve haver um equilíbrio e assim não existe”, referiu Lao Ngai Leong. Para o deputado, se futuramente tantos os residentes como não residentes possam pas-sar a fronteira, devem ser acrescentadas mais vias na zona, bem como assegurar a prioridade dos investido-res da zona e funcionários da passagem. - Flora Fong

A PESAR da taxa de utilização dos cré-ditos às pequenas e

médias empresas (PME) não indicar qualquer alteração, a aprovação do novo crédito continua a apresentar valores de crescimento. Os dados foram fornecidos pela Auto-ridade Monetária de Macau (AMCM) e referem-se ao primeiro semestre do ano.

A ultrapassar os 23 mil milhões de patacas, o novo

MUNHUB INTERNACIONALIZAR MARCAS LUSÓFONAS

Uma ponte para a Ásia

FRONTEIRA ABERTURA DA ZONA INDUSTRIAL ZHUHAI-MACAU

À espera que saiaPME NOVO CRÉDITO CRESCE NO PRIMEIRO SEMESTRE

Com bolsos cheios

“O mercado asiático é algo que estas empresas procuram e portanto a plataforma funciona como uma ‘prestação de serviços’”MANUEL CORREIA DA SILVA Mentor do projecto

Com a ideia fixa na exporta-ção, a dupla de criadores torna agora possível às marcas de Ma-cau e de países lusófonos verem os seus produtos expostos em feiras de moda e design em lo-cais como Hong Kong e Taiwan. “Conhecemos empresas idênticas à nossa, com os mesmo tipos de necessidades. Sabes que o mer-cado asiático é algo que estas empresas procuram e portanto a plataforma funciona como uma ‘prestação de serviços’, porque este projecto permite também a nós [Lines Lab] diversificar a nossa oferta ao nível dos produtos nas feiras”, explica.

Ainda na sua fase inicial, a iniciativa já conta com a partici-pação de marcas locais [Macau], “duas portuguesas e uma ango-lana”, refere Manuel. Ao visitar o site da plataforma Munhub, as empresas interessadas poderão consultar os pacotes de acções, idealizadas pelos mentores da plataforma. Para já, no próximo

domingo decorrerá o segundo momento do evento “Design Market”, em Hong Kong, onde os designers são expositores já com produtos das marcas parceiras. Seguir-se-á o evento “In Bed With Designers”, em Taiwan, em que os quartos de hotel são transfor-mados em ateliers de exposição dos produtos.

A partilha da mesma língua é um vantagem para Manuel Correia que afirma que “tudo se torna mais fácil”. Para o criador a língua por-tuguesa permite a que as marcas “consigam claramente perceber o que a plataforma Munhub tem para oferecer e o que verdadeiramente se propõe nos pacotes”.

Esta ponte portuguesa per-mite assim que as várias marcas parceiras para além de trocarem experiências e ensinamentos, te-nham acesso ao mercado que mui-tas vezes se mostra impenetrável. “Para algumas destas empresas a Ásia é muito longe e muitas delas não conhecem o mercado. Mas ao conhecer a nossa marca e ao identificarem-se com ela conseguem um aliado”, frisa Manuel Correia, que defende que “em Portugal existem projectos muito interessantes a acontecer” e trazê-los será uma “mais-valia” para o mercado. - HM

52mil milhões de patacas,

total dos empréstimos

concedidos às PME até

fim de Junho

limite do crédito aprovado às PME registou uma subida de mais de 42%, compa-rativamente ao semestre anterior. Relativamente ao mesmo período do ano pas-sado, o aumento foi de 84%.

No final de Junho de 2014, o valor utilizado do total dos empréstimos conce-didos às PME atingiu os 52 mil milhões de patacas, au-mentando 28,9%, comparado com o final de Dezembro de 2013, e 57,9% comparativa-mente ao ano anterior.

Relativamente ao secto-res, e fazendo análise com o final de Dezembro de 2013, os empréstimos concedidos às PME fixaram-se nas áreas de: “Comércio por Grosso e a Retalho”, “Construção e Obras Públicas” e “Trans-

porte, Armazenagem e Co-municações” aumentando 64,5%, 31,7% e 17,1%, res-pectivamente. O sectores da “Electricidade, Gás e Água”, “Educação” e “Agricultura e Pescas” registaram quebras de 49,4%, 8,7% e 6,1%, res-pectivamente.

A taxa de utilização, de-finido como a proporção do balanço relativo aos créditos em dívida decresceu 0,6% desde os últimos seis meses, atingindo os 64,4%.

Já os empréstimos não pagos pelas PME, no final de Junho, diminuíram 1,5% nos últimos seis meses, para um total de 142 mil milhões de patacas – uma quebra de quase 14% no saldo, se a comparação for feita com o ano anterior. - HM

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9 sociedadehoje macau terça-feira 19.8.2014

O número de frac-ções habitacio-nais e lugares de estacionamento

comprados e vendidos caiu 36% no segundo trimestre deste ano, comparando com o período homólogo de 2013. De acordo com dados dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), foram transaccionadas quase 2500 casas no segundo trimestre

A resposta do Instituto de Acção Social (IAS) tardou mas che-gou. Entre 2015 a 2017 serão

construídos “quatro novos asilos para idosos” e o mesmo número de creches.

“Os novos asilos localizar-se-ão na Estrada Nordeste da Taipa, Bairro de Mong-Há, Rua de S. Lourenço, Seac Pai Van”, afirmou os IAS, mencionando ainda que um dos asilos já existentes será transferido para a Avenida da Ilha Verde, e que outro está a ser alvo de obras reconstrução.

Relativamente às creches, o IAS informou que os novos espaços ocu-parão as zonas do Fai Chi Kei, Bairro da Ilha Verde e Avenida do Nordeste.

GDIF Continuação das obras Terminou o fecho da tabuleiro da passagem superior pedonal na rotunda do Istmo, seguindo-se agora os trabalhos de acabamentos do tabuleiro e de estruturação dos pontos de encontro desta passagem para peões, segundo informou o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas.A obra iniciou-se no terceiro trimestre do ano passado e prevê-se que toda a empreitada esteja concluída e a funcionar no primeiro trimestre de do próximo ano. “Após conclusão da construção desta passagem superior pedonal, juntamente com as vias de circulação desnivelada e as faixas de rodagem em rodeio da rotunda, disporão um sistema tridimensional de circulação relevante que pode contribuir para a separação entre viaturas e peões e melhorar o nível da segurança pedonal”, defende o gabinete.

Jogo Trabalhadores da Birmânia enviados para Macau

TRABALHADORES da Birmânia vão ser

enviados para trabalhar em casinos e em fábricas em Macau, de acordo com o portal noticioso Eleven Myanmar que cita decla-rações do presidente da Federação de Agências de Emprego no Exterior do país, Min Hlaing, proferidas no sábado.

A agência deverá as-sinar um Memorando de Entendimento com uma agência em Macau a fim de permitir que tal aconteça, segundo a mesma fonte.

“Macau é um territó-rio pacífico e tranquilo. Os seus níveis salariais são duas ou três vezes melhores do que os Tai-lândia e Malásia. Eles [Macau] oferecem um salário superior a mil dó-lares norte-americanos aos funcionários da segurança. Além disso, têm suficien-tes direitos laborais”, afirmou. “Vamos enviar trabalhadores para Macau depois de firmar o memo-

rando. O Ministério do Trabalho também apelou à assinatura do Memorando de Entendimento sem atra-sos”, acrescentou o mesmo responsável.

De acordo com Min Hlaing, o universo de trabalhadores, que inclui mulheres, vão trabalhar ou em fábricas ou em casinos. “Os nossos trabalhadores não devem perder as oportunidades porque os salários são bons”, frisou.

De acordo com o mes-mo portal, os trabalhadores birmaneses que forem para Macau deverão receber vencimentos de pelo menos 600 dólares (448 euros).

Milhões de birmane-ses trabalham no exterior devido à falta de oportuni-dades laborais e aos baixos salários auferidos no país.

No final de Junho, existiam 735 cidadãos da Birmânia a trabalhar em Macau, de acordo com dados oficiais da Região Administrativa Especial chinesa. - LUSA

HABITAÇÃO VENDA DE CASAS DIMINUI E PREÇOS AUMENTAM

Números asfixiantesOs dados dos Serviços de Estatística e Censos não deixam margem para dúvidas. O valor do metro quadrado das habitações não pára de subir de trimestre para trimestre registando-se, nalguns casos, aumentos de 70% em relação ao ano passado

2500casas transaccionadas no

segundo trimestre deste ano

IAS NOVOS ASILOS E CRECHES ATÉ 2017

Quatro por quatro

deste ano, no valor de 17,6 mil milhões de patacas, excluindo lugares de esta-cionamento.

Se, por um lado, o nú-mero de imóveis compra-dos e vendidos diminuiu, o valor do metro quadrado das habitações aumentou significativamente. Compa-rando os números da DSEC do segundo trimestre deste ano, o preço médio do metro

“Além disso, o Governo vai continuar a planear a criação de mais creches na zona A e outras habitações públicas no futuro”, esclarece.

No mês passado, o presidente do IAS, Iong Kong admitiu que a procura de creches tem vindo a aumentar nos últimos anos e que várias entidades tinham apresentado pedidos junto ao instituto.

“Até 2016, vamos aumentar as vagas em 40 ou 50%, o que será cerca de oito a dez mil vagas”, garantiu na altura o presidente. Para além disso, Iong afirmou que o IAS irá “tentar encontrar mais espaços nas próprias habitações públicas para que sejam

autorizados mais recursos, por forma a aumentar o número de vagas nas ilhas”.

O presidente justificou o aumento da procura devido ao facto de se con-siderar que uma criança que esteja com a família, em vez de estar numa creche, terá mais dificuldade de entrar no ensino primário.

Recorde-se que o deputado José Pereira Coutinho, aquando o encontro entre o Chefe do Executivo, Chui Sai On, e os representantes da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau no início do presente mês, reforçou a necessidade de criar novos espaços para as crianças e idosos de Macau. “É preciso que o Governo esteja sensível a este assunto. É importante reservar terrenos para a construção de asilos para idosos e creches. É obriga-tório criarmos boas condições para os nossos idosos e crianças”, defendeu o deputado. - Hoje Macau

quadrado aumentou 25% relativamente aos primei-ros três meses anteriores. Assim, o preço do metro quadrado fixou-se nas 111,5

mil patacas “devido aos preços relativamente ele-vados dos novos edifícios vendidos neste trimestre [de Abril a Junho]”, explicou a entidade em comunicado. O preço do metro quadrado de prédios em construção aumentou 48% face aos três meses anteriores e mais de 70% em relação ao mesmo período de 2013.

Cruzando estes dados com os números mais recentes da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) sobre o núme-ro de empreendimentos construídos – bem como de projectos aprovados –, é se-guro afirmar que há cada vez mais casas a ser construídas em Macau e cujo preço se torna significativamente mais elevado em termos trimestrais. De acordo com notícia publicada pelo HM, a DSOPPT avançou que foram criados 11 novos empreendimentos com capacidade para albergar 1580 fogos habitacionais. Os dados divulgados pela Obras Públicas avançam ainda que outros 220 em-preendimentos entraram em fase de projecto durante os meses de Abril, Maio e Junho, possibilitando a criação de mais de 20 mil fracções de habitação.

O relatório da DSEC avança ainda que o preço das casas em construção é manifestamente mais elevado do que das habita-ções já construídas, sendo que as zonas com o preço médio de metro quadrado mais elevado são os NAPE e os aterros da baía da Praia Grande. - L.S.M.

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10 hoje macau terça-feira 19.8.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

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2032: A NOVA IDADE DE OURO • Diana CooperO dia 21 de Dezembro de 2012 assinala o fim de um período astronómico de 26 000 anos e o início de uma nova era. As energias envolvidas nessa transição irão ter um enorme impacto no planeta, nos seres humanos e em áreas específicas como a economia, política e clima. Diana Cooper, reconhecida mestre espiritual, desvenda aquilo que será a evolução do mundo até 2032, um ano-chave. Nesta obra visionária, o leitor irá encontrar informação preciosa que o ajudará a compreender as mensagens das antigas profecias e a antecipar as incríveis mudanças planetárias que ocorrerão nos próximos 20 anos. Explica ainda, país a país, os principais acontecimentos da colossal transição que se prevê durar até 2032. Prepare-se para esta nova era, conhecendo as fantásticas oportunidades que estarão à sua disposição para elevar a sua consciência e abraçar um futuro de prosperidade.

Os documentários de Hu Jie desafiam a censura para contar a história de estudantes cujas críticas aos excessos maoístas lhes custaram a vida

TANIA BRANIGANThe Observer, em Pequim

P ARA os estudantes chineses modernos não é a Grande Fome, mas os Três Anos de

Dificuldades. A catástrofe permanece um assunto tão sensível que os livros de história não documentam

Harpago

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

HOJE NA CHÁVENA

Nome botânico: Harpagophytum procum-bens DC. ex MeissnerFamília: Pedaliaceae.Nomes populares: Garra-do-diabo; Har-pagófito; Unha-do-diabo.

Nativo das savanas do Kalahari (Namíbia, Botswana e África do Sul), o Harpago é uma planta rastejante de folhas recorta-das e belas flores solitárias, de cor rosa a vermelho-púrpura, em forma de dedal; o fruto, lenhoso, cresce junto ao solo e apresenta umas saliências em forma de gancho, o que originou alguns dos seus nomes populares; da raiz principal, comprida, saem raízes secundárias tube-rizadas com atividade medicinal. Devido a colheitas pouco escrupulosas, é cada vez mais raro no estado selvagem sendo atualmente uma espécie protegida.Usado há milhares de anos pelos curan-deiros de várias tribos africanas, no-meadamente Bosquímanos, Hotentotes e Bantu, o Harpago tem sido intensamente investigado desde o início do século XX, sendo uma das plantas mais validadas pela ciência.

COMPOSIÇÃOGlucoiridóides muito amargos (harpagó-sido, harpagido), flavonoides, fitosteróis, ácido cinâmico, glucósidos fenólicos, ceras, glúcidos, lípidos e vestígios de óleo essencial.

ACÇÃO TERAPÊUTICAAnalgésico, anti-inflamatório e antir-reumático o Harpago é uma das plantas mais eficazes para as dores articulares e musculares, agudas ou crónicas, dimi-nuindo a inflamação e a dor e aumentando a mobilidade das articulações. Artroses (cervical, lombar, das ancas ou joelhos), lombalgias, cervicalgias, ciática, bursites, fibrosites, epicondilites, fibromialgia, artrite reumatoide e traumatismos são algumas das suas várias indicações pos-síveis. Segundo as investigações, é mais eficaz a ingestão de preparações contendo todos os constituintes químicos da raiz do que apenas os seus princípios ativos isolados (o harpagósido ou o harpagido).Com propriedades tónicas e amargas, o Harpago aumenta o apetite e as secre-ções digestivas favorecendo a digestão e a absorção dos nutrientes; acalma os espasmos e estimula o funcionamento do fígado. É útil na falta de apetite, digestões

difíceis, flatulência, obstipação, diarreia, cólon irritável, dores de estômago, cóli-cas intestinais ou biliares, diverticulose, perturbações do fluxo biliar e inflamação da vesícula. É empregue na diabetes por melhorar o metabolismo (tónico amargo).

OUTRAS PROPRIEDADESDiurético e depurativo, o Harpago induz a eliminação de ácido úrico fazendo descer o seu nível no sangue, tendo indicação na inflamação da bexiga, ácido úrico elevado, gota e cólicas renais. É ainda antioxidante, reduz a taxa de colesterol no sangue, regenera as fibras elásticas das paredes das artérias combatendo a arteriosclerose e desinflama varizes e hemorroidas. É igualmente usado nas dores de cabeça, sinusite, amigdalite e no tratamento da febre e alergias (como adjuvante). Em uso externo, além de antio-xidante e anti-inflamatório é um excelente cicatrizante empregando-se nas feridas e úlceras de qualquer tipo, furúnculos e queimaduras solares.

COMO TOMARUSO INTERNO• Maceração: 1 colher de chá de raízes trituradas por chávena de água, 8 horas de maceração. Tomar 3 vezes por dia. Na falta de apetite e afeções do sistema digestivo tomar antes das refeições.• Em ampolas, tintura, vinho medicinal, cápsulas e comprimidos, o Harpago inte-gra numerosas fórmulas para a saúde do sistema locomotor. Nas doenças reumá-ticas os tratamentos devem ser de, pelo menos, três meses.USO EXTERNO• Infusão: 30 gramas de raízes trituradas por litro de água fervente. Aplicar em lavagens, compressas ou fomentações, várias vezes por dia.• Em creme ou gel para as dores articu-lares ou musculares.

PRECAUÇÕESEm doses terapêuticas, o Harpago é uma planta segura mesmo em tratamentos prolongados. Devido ao seu sabor amargo, as preparações líquidas podem ocasionar perturbações digestivas ligeiras, como náuseas e vómitos ou diarreia. Contrain-dicado em caso de úlcera gástrica ou duodenal, obstrução das vias biliares e gravidez. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.

CINEASTA CHINÊS REVELA HORRORES DA GRANDE FOME DE MAO

Em nome da memóriaquantos morreram de fome, ou por quê. Há mais de 50 anos, porém, no auge do desastre, um punhado dos seus antecessores publicaram uma revista “underground” que acusava abertamente os líderes comunistas de causar a devastação. “Os mortos não podiam falar”, diz um dos au-tores, Xiang Chengjian. “Eu decidi sacrificar-me... estava disposto a morrer.”

A história de Spark (Faís-ca), e da ousadia dos estu-dantes, é a última peça do passado chinês desenterrado pelo cineasta Hu Jie. Os seus documentários percorreram os excessos maoístas dos anos 1950, 60 e 70, e os indivíduos extraordinários que nadaram contra a corrente. “Quero que as pessoas tenham uma opor-tunidade de saber a história verdadeira”, disse.

O ex-soldado barbudo, ainda musculoso com os seus 50 e tantos anos, foi demitido da agência de notícias estatal

Xinhua depois de ter come-çado a trabalhar no seu novo filme, intitulado “Procurando a alma de Lin Zhao”. Lin foi uma jovem e talentosa dissidente, executada como contra-revolucionária, que escreveu cartas desafiadoras com o seu próprio sangue na prisão.

Pouco depois apareceram dois documentários chocantes sobre a revolução cultural. Though I Am Gone, regista a morte brutal da professora Bian Zhongyun pelas mãos de seus próprios alunos; My Mother Wang Peiying retrata a execução de uma mulher que pediu a renúncia de Mao.

Os temas que Hu aborda são tão delicados que alguns dos envolvidos não os discuti-ram sequer com as famílias. O cineasta convenceu uma série de testemunhas a aparecer em vídeo; algumas ficaram gratas pela oportunidade de falar após anos de supressão da verdade. “Estou a tentar

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Fei Yu Ching regressa ao VenetianO músico de Taiwan Fei Yu Ching vai regressar à arena do Venetian para um espectáculo no dia 20 de Setembro, pelas 20:00 horas. De acordo com o comunicado de imprensa, o artista, que é conhecido como o “rei da voz de ouro”, começou a sua carreira no final dos anos 70, dando desde aí mais de 30 concertos por ano. Em relação ao concerto que vai apresentar no território, Fei salientou que “isto é um milagre. Estou muito contente que os meus admiradores me tenham apoiado durante todos estes anos. A minha apresentação em palco é muito simples, uso sempre um fato para os meus concertos. Nesta minha terceira visita ao Venetian, vou levar o público numa viagem pelo tempo, acompanhado de uma banda de músicos muito talentosos. O espectáculo conta também com um design de palco especial com animações 3-D”. Os bilhetes para o evento custam entre 280 e 1.080 patacas cada.

Programa para crianças no CCMO Centro Cultural de Macau abre portas a crianças e pais para o “InspirARTE à Solta”, uma série actividades ao ar livre que decorre na Praceta da Arte do CCM no dia 31 de Agosto, a partir das 15:00 horas. O dia vai ser marcado por uma variedade de peças coloridas e workshops criativos concebidos para levar todos os participantes a um universo artístico de música e canções, segundo a organização. As actividades começam com os clássicos musicais “Cinderela” e “Aladino” da Disney, apresentados pelos participantes do workshop musical “GoGoGo!”, seguidos por uma série de actividades ao ar livre que incluiem trabalhos manuais criativos, pinturas faciais, pintura, jogos e uma sessão de percussão para os pais. O dia vai ser também marcado por um concerto que junta os percussionistas e cantores “Kumara” ao Coro Infantil do CCM, oferecendo ao público vários temas internacionais. O evento tem entrada livre e acolhe participantes de todas as idades.

Semana de Jazz de XangaiA “Parmigiani Semana de Jazz de Xangai 2014” vai ter lugar entre 22 de Setembro e 4 de Outubro em várias localidades junto ao rio Huangpu da cidade de Xangai. Esta décima edição do evento, inspirado pelo Festival de Jazz de Montreal, conta com as participações de Cui Jian, conhecido como um dos pioneiros do rock na China, Dee Dee Bridgewater, que ganhou o seu terceiro Grammy em 2011 com o seu álbum de homenagem a Billie Holiday “Eleanora Fagan (1915–1959): To Billie with Love From Dee Dee Bridgewater” e Anthony Strong, reconhecido como a nova estrela do universo do jazz de Inglaterra.

hoje macau terça-feira 19.8.2014

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

2032: A NOVA IDADE DE OURO • Diana CooperO dia 21 de Dezembro de 2012 assinala o fim de um período astronómico de 26 000 anos e o início de uma nova era. As energias envolvidas nessa transição irão ter um enorme impacto no planeta, nos seres humanos e em áreas específicas como a economia, política e clima. Diana Cooper, reconhecida mestre espiritual, desvenda aquilo que será a evolução do mundo até 2032, um ano-chave. Nesta obra visionária, o leitor irá encontrar informação preciosa que o ajudará a compreender as mensagens das antigas profecias e a antecipar as incríveis mudanças planetárias que ocorrerão nos próximos 20 anos. Explica ainda, país a país, os principais acontecimentos da colossal transição que se prevê durar até 2032. Prepare-se para esta nova era, conhecendo as fantásticas oportunidades que estarão à sua disposição para elevar a sua consciência e abraçar um futuro de prosperidade.

11 eventos

CINEASTA CHINÊS REVELA HORRORES DA GRANDE FOME DE MAO

Em nome da memóriasalvar todo este material. Se estas pessoas morrerem, as memórias desaparecerão”, disse Hu.

Mas alguns simplesmente recusam-se a falar, e uma das entrevistas com Spark pára abruptamente quando o entrevistado recebe um telefonema advertindo-o para não falar. Estes desafios ajudam a explicar por que o filme demorou cinco anos para ser feito.

“Eu não começo com uma pré-concepção destes filmes”, disse Hu. “É um processo de descoberta para mim. Sempre soube que ha-via algo ali, mas não sabia exactamente o que era. No processo de fazer os filmes, descobri. Sabia que havia uma publicação, mas não do que se tratava; apenas sabia que pessoas morreram por causa dessa publicação.”

A Grande Fome foi cau-sada pela adopção por Mao, em 1958 do Grande Salto

“Estas pessoas nos documentários estavam a morrer por nós – sacrificaram--se para nos salvar. Temos uma dívida moral de contar as sua histórias”HU JIE Cineasta

à Frente, uma tentativa de fazer a produção industrial e agrícola aumentar através da colectivização e do zelo revolucionário.

As autoridades locais, usando a ambição e o medo, exageravam grosseiramente as suas colheitas; alimentos muito necessários no inte-

rior eram enviados para as cidades e até para o exterior. Burocratas assediavam, es-pancavam, detiam e chega-ram a matar os que tentassem alertar as autoridades, roubar comida para sobreviver ou fugir da fome.

Enquanto viam os ca-dáveres a amontoar-se, um pequeno grupo de estudantes decidiu agir. As duas edições de Spark – tudo o que eles produziram antes de ser apa-nhados – diziam que as auto-ridades tinham transformado os agricultores em escravos e criticavam os graduados que festejavam enquanto o povo passava fome.

“Os intelectuais chineses permaneceram em silêncio. Ninguém ousava criticar o governo”, disse Hu. “Só os es-tudantes ousaram manifestar--se, à custa das suas próprias vidas.”

Hu não é o único a fazer este trabalho; outros chi-neses tentaram documentar a catástrofe. Yang Jisheng, um ex-repórter da Xinhua, passou 15 anos a vasculhar os arquivos oficiais para produzir seu relato, Tom-bstone. Outro cineasta, Wu Wenguang, contratou jovens para recolher histórias orais. Mas nenhum destes trabalhos pode ser divulgado na China, e Yang foi atacado recente-mente por cépticos que se recusam a aceitar que dezenas de milhões de pessoas mor-reram ou que o Grande Salto à Frente foi responsável pela catástrofe.

“Estas pessoas nos docu-mentários estavam a morrer por nós –sacrificaram-se para nos salvar. Temos uma dívida moral de contar as sua histó-rias”, disse Hu.

A certa altura, gravou vídeos de casamento para financiar os documentários; hoje, Hu e a sua mulher, Jiang Fenfen, contam com as suas reformas. Trabalham com um orçamento aperta-do, compram passagens de pé nos comboios e dormem nos hotéis mais baratos. “O meu sacrifício pessoal não deve ser citado, mas admiro a contribuição de minha es-posa”, disse.

Hu está a desacelerar com a idade, e dedica mais tempo ao seu antigo amor, a pintura – embora os seus trabalhos muitas vezes sejam inspirados por temas ligados aos filmes. Mas espera que uma nova geração de documentaristas perceba a importância dessa época e assuma a tarefa que ele iniciou. “Se vocês não re-gistarem isso, talvez ninguém o faça”, advertiu.

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12 CHINA hoje macau terça-feira 19.8.2014

O aumento de protestos de rua por grupos pró-Pequim e pró-democracia ressaltam os desafios que a China vai ter de enfrentar para formar a sua visão do futuro político de Hong Kong

D EZENAS de milha-res de manifestantes pró-Pequim protes-taram neste domingo

em Hong Kong para apoiar o governo local contra o movimento de desobediência civil “Occupy Central”, que ameaça paralisar a metrópole financeira caso re-formas democráticas não sejam realizadas.

A polícia contabilizou 111.800 pessoas no início do protesto, mas Paul Yip, do Departamento de Estatística da Universidade de Hong Kong, indicou à AFP que o número de participantes rondou os 57.000. Por sua vez, o South China Morning Post indica que dados do programa de opinião pública da mesma universidade estimaram que entre 79.000 e 88.000 pessoas tomaram parte na manifestação.

Em 1 de Julho, o tradicional

Impostor religioso presoSegundo o Strait Herald, uma mulher de Xiamen pagou 2.46 milhões de yuan a um homem que afirmava ser capaz de interceder junto dos deuses para que o seu marido fosse promovido. A mulher acreditava que o indivíduo já tinha tornado realidade quatro dos seus desejos anteriores, por isso decidiu dar-lhe o dinheiro para que o seu marido se tornasse o director de uma escola secundária. O homem, que foi entretanto preso, afirmou ter perdido quase todo o dinheiro no jogo.

Clube de artes marciais prende assaltanteSeis membros de um clube de artes marciais de Zhangzhou ajudaram a polícia a apanhar um homem suspeito de ter levado a cabo uma série de assaltos no centro da cidade, revelou o Strait News. Para o efeito, passaram oito noites seguidas à espera dos assaltantes, tendo conseguido capturar um deles quando este tentava roubar uma mulher na sexta-feira, tendo o seu parceiro conseguido escapar.

Incertezas sobre meta de 7,5% no comércio exterior Apesar da forte recuperação das exportações da China em Julho, o porta-voz do Ministério do Comércio do país, Shen Danyang, afirmou ontem em Pequim que existe ainda uma grande pressão para alcançar o alvo de 7,5% de aumento no volume do comércio exterior, até ao final do ano. Segundo Shen, a instabilidade da procura do mercado internacional e as fricções comerciais são os principais obstáculos para o país. As exportações da China evidenciaram em Julho um forte aumento de 14,5% para USD 212,9 mil milhões, ultrapassando em grande escala a expectativa do mercado. O volume total das importações e exportações chegaram aos 378,5 mil milhões, apresentando um aumento de 6,9%.

HONG KONG MILHARES PROTESTAM CONTRA “OCCUPY CENTRAL”

O futuro discute-se nas ruas

“Queremos dizer ao mundo que queremos paz, queremos democracia, mas, por favor, não nos ameacem, não tentem mergulhar a cidade na violência”ROBERT CHOW Aliança para a Paz e a Democracia

desfile pró-democracia reuniu 98.600 manifestantes, de acordo com a polícia, e entre 122 mil e 172 mil, segundo estimativas independentes.

Criticando o que entendem como uma intromissão crescente de Pequim, os reformistas exigem a liberdade de candidatura ao car-go de chefe executivo e o sufrágio universal directo - um homem, um voto - a partir de 2017. Durante um referendo não oficial realizado em Junho, 800.000 pessoas soli-citaram a introdução do sufrágio universal.

PRÓS E CONTRASPequim concorda com o sufrágio universal, porém insiste que os candidatos sejam avaliados por um comité formado por uma elite que apoia Pequim.

Esta proposta é um obstáculo inaceitável para o movimento pró--democracia “Occupy Central”, que ameaça agora paralisar o distrito comercial da cidade, que está entre os principais centros financeiros da Ásia.

De acordo com os organi-zadores da manifestação de do-mingo, a Aliança para a Paz e a Democracia, a maioria silenciosa de Hong Kong rejeita a ameaça do grupo “Occupy Central”, um movimento inspirado no “Occupy Wall Street”, nascido em Nova Iorque em Setembro de 2011 para denunciar os excessos do sector financeiro.

O grupo disse que até agora conseguiu reunir cerca de 1.5 milhões de assinaturas contra o movimento de desobediência

civil, incluindo a do líder de Hong Kong, Leung Chun-ying, dizendo que a campanha “ilegal” mancharia a reputação de Hong Kong e atrapalharia os negócios da cidade.

“Queremos dizer ao mundo que queremos paz, queremos de-mocracia, mas, por favor, não nos ameacem, não tentem mergulhar a cidade na violência”, declarou à AFP uma das vozes da Aliança, Robert Chow. “O que estão a dizer é que, se a China não concordar com as suas exigências, vão ocupar o distrito financeiro de Central. Isso significaria cruzar a linha amarela.”

Durante a manifestação, que decorreu de forma pacífica à excepção de confrontos me-nores que levaram à detenção de quatro pessoas, milhares de manifestantes estavam vestidos de vermelho como forma de marcar a sua lealdade a Pequim. Alguns exibiam faixas em que

era possível ler “Viva o Partido Comunista Chinês”.

“Eu estou aqui para dizer não ao movimento ‘Occupy Central’. O que pretendem é uma coisa má para a juventude”, disse Wong à AFP, um cozinheiro aposentado de 70 anos de idade.

“Eu não tenho uma opinião sobre a democracia, pois isso é uma política de alto nível. O que eu sei é que não há prosperidade sem paz”, disse Kwok, de 40 anos, um operário da construção civil.

Outros manifestantes pare-ciam menos certos sobre as razões para a sua presença no protesto, como um morador da cidade chi-nesa de Shenzen, de 18 anos, que chegou a Hong Kong no domingo de manhã, a pedido de um dos seus amigos.

Uma estação de televisão local informou que algumas pessoas transportadas por autocarro rece-beram um “auxílio de transporte” de 200 dólares de Hong Kong. Outras acusações fazem referên-cia à distribuição de alimentos por grupos pró-Pequim. Os slogans de várias organizações e conglo-merados estatais chineses eram visíveis na procissão.

“Vemos claramente que tudo foi muito bem organizado, por isso é claramente o resultado de uma mobilização. Só espero que essas pessoas tenham vindo por conta própria”, disse à AFP Chan Kin-man, fundador do “Occupy Central”.

Chow nega as acusações, dizendo que “se as pessoas não quiserem participar, não são obrigadas a fazê-lo”.

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13 chinahoje macau terça-feira 19.8.2014

N O penúltimo dia da sua visita de cinco dias à Coreia do Sul, o papa Francisco fez um ges-

to de aproximação à China. O pontífice enviou uma das suas mais explícitas mensagens para o gigante asiático e expressou a sua esperança de estabelecer relações com Pequim

Durante um encontro com bispos asiáticos no domingo, Francisco declarou que “espera firmemente que os países asiáticos com quem a Santa Sé ainda não tem relações não hesitem em perseguir um diálogo que beneficie todas as partes”. O Vaticano, que tem rela-ções diplomáticas com a maioria dos países no mundo, não tem um relacionamento com a China.

Francisco declarou ainda que “os cristãos não vêm como con-quistadores”, uma referência velada destinada a acalmar as preocupa-ções chinesas de que actividades religiosas possam fomentar dis-córdia política. Embora cautelosos e breves, os comentários foram os primeiros sobre um tema de grande interesse para o Vaticano, já que há

A Apple começou a armaze-nar os dados pessoais de alguns utilizadores chine-

ses, assinalando a primeira vez que a companhia armazena dados de utilizadores em território chinês.

Os dados serão mantidos em servidores fornecidos pela China Telecom, a terceira maior opera-dora de telefones móveis do país, disse a Apple em comunicado na sexta-feira.

A Apple atribuiu a decisão a um esforço para melhorar a velocidade e a fiabilidade do seu serviço “iCloud”, que permite que utilizadores armazenem fotos, emails e outros dados. Isto coincide também com a tentativa da Apple de apoiar a sua “iTunes Store” na China, onde downloads locais de áudio e vídeo têm crescido de maneira constante.

“A Apple leva a segurança

Suspeito de violação despedidoO vice-director do comissariado anti-corrupção de Donglan foi despedido após ter sido acusado de violar uma mulher, anunciou a Xinhua. A mulher, que trabalha para os serviços de meteorologia locais, alegou na internet que o indivíduo a tinha violado, vindo posteriormente a ameaçar o seu namorado.

Rede de jogo ilegal desmanteladaUm tribunal de Lishui condenou 12 pessoas a penas de prisão que vão de 18 meses a três anos por organização de jogo ilegal, avançou a Xinhua. Um dos envolvidos tinha recebido prémios governamentais pelas suas acções de caridade, mas tornou-se viciado no jogo, o que o levou a organizar jogos de póquer num hotel, em conjunção com dois dos seus colegas. Esta actividade permitiu-lhes lucrar mais de 200 mil yuan em menos de um mês.

APPLE ARMAZENA DADOS DE UTILIZADORES

Privacidade posta em causae a privacidade dos utilizadores muito a sério”, disse a companhia. “Acrescentámos a China Telecom à nossa lista de provedores de centros de dados para aumentar a

largura de banda e melhorar o nosso desempenho para os nossos con-sumidores na China continental. Todos os dados armazenados nos nossos provedores são sujeitos a

criptografia. A China Telecom não tem acesso ao conteúdo”.

A Apple alegou ter desenvol-vido sistemas de criptografia para serviços como o “iMessage” que até a própria companhia não conse-gue quebrar. Alguns especialistas, no entanto, mostraram-se cépticos de que a Apple conseguirá reter dados de utilizadores no caso de uma solicitação do governo.

“Se estão a querer dizer que os dados estão protegidos e seguros isso é um pouco malicioso, pois se querem operar um negócio aqui, terão que atender aos pedidos das autoridades”, disse Jeremy Gol-dkorn, director da Danwei.com, uma empresa de pesquisa focada em consumidores, Internet e média na China.

Goldkorn acrescentou que os dados armazenados nos Estados Unidos estão sujeitos a regulamen-tos semelhantes, onde o governo pode usar ordens judiciais para exigir dados privados.

Um porta-voz da China Te-lecom não quis comentar estas declarações.

PAPA FAZ GESTO DE APROXIMAÇÃO A PEQUIM

Sinal de boa fé

“Espero firmemente que os países asiáticos com quem a Santa Sé ainda não tem relações não hesitem em perseguir um diálogo que beneficie todas as partes”

a percepção de erosão na ideologia comunista na China face ao rápido crescimento económico, o que estaria a criar um vácuo espiritual.

As palavras do papa chegam no quarto dia de uma viagem de cinco dias à Coreia do Sul, a primeira do pontífice para a Ásia. O Vaticano não tem relações com a China há mais de 60 anos, com o tema delicado da nomeação de bispos ca-tólicos como um problema central. A Associação Patriótica Católica, controlada pelo governo chinês, reclama o direito de nomear bispos,

enquanto a Santa Sé resguarda isso como um direito inalienável.

O padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, descreveu os comentários do papa como “um sinal de boa-fé”, destinado a mostrar que autoridades chinesas

“não devem temer a Santa Sé como uma potência que vem exercer o seu poder, mas sim vê-la como uma autoridade religiosa”.

Desde que chegou à Coreia do Sul na quinta-feira, Jorge Bergo-glio foi recebido de forma calorosa,

reunindo uma audiência de mais de 50 mil pessoas num estádio de futebol na sexta-feira e levando uma multidão de cerca de 800 mil pessoas para uma cerimónia de beatificação de 124 mártires coreanos no sábado.

Mais cedo no domingo, o papa baptizou o pai de uma das vítimas do naufrágio em Sewol, que matou mais de 300 pessoas em Abril, a maioria crianças em idade escolar. Durante a tarde, celebrou ainda uma missa no Castelo de Haemi, um popular destino de peregrinação.

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LUSA

14 DESPORTO hoje macau terça-feira 19.8.2014

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PAULO CURADOin Público

E NTRE duas tradi-ções benfiquistas de maus arranques na Liga e de bons resul-

tados caseiros frente ao Pa-ços de Ferreira, prevaleceu a segunda. Dez campeonatos depois, os “encarnados” voltaram a vencer na jornada inaugural, batendo a equipa de Paulo Fonseca por 2-0. Os pacenses ainda amea-çaram na primeira metade do encontro, tendo falhado mesmo um penálti, mas de-sapareceram ofensivamente na segunda parte, acabando por ser tranquilo o triunfo da equipa da casa.

D IOGO Chen apurou-se domingo para os oitavos de final do torneio de ténis de mesa dos Jogos Olímpicos da Ju-

ventude, no primeiro dia de competição, em que a missão portuguesa sofreu eliminações no ciclismo e natação.

Em Nanquing, na China, o mesa-tenista luso somou triunfos nos dois jogos que dis-putou e garantiu o primeiro lugar do grupo E, que dá acesso aos “oitavos”.

Diogo Chen estreou-se perante o egíp-cio Aly Ghallab com uma vitória por 3-1 e repetiu o feito frente ao sul-coreano Kim Minhyeok, por 3-2.

“O jogo de manhã foi um bocado difícil porque era o primeiro. É normal no primeiro jogo termos de nos habituar ao ambiente, às mesas. O segundo jogo foi melhor, joguei melhor, estive mais confiante, perdi o primeiro ‘set’, ganhei o segundo e deu-me mais con-fiança para ganhar os outros”, afirmou Chen.

No ciclismo, na prova de eliminação em BTT, Tiago Antunes, com o 14.º lugar da sua

TÉNIS DE MESA CHEN NOS “OITAVOS” DOS JO JUVENTUDE

Missão cumprida

“Encarnados” bateram o Paços de Ferreira por 2-0, num jogo em que Artur defendeu uma grande penalidade

BENFICA QUEBRA TRADIÇÃO DE ESTREIAS SEM VITÓRIAS

Dez anos depois

Como era esperado, Jorge Jesus apostou nos mes-mos jogadores que iniciaram a partida da Supertaça, frente

ao Rio Ave, há uma semana, e que valeu o primeiro troféu da época aos lisboetas. Um encontro que deixou boas

recordações em especial a Artur, o grande protagonista da vitória em Aveiro, ao tra-var três remates na decisão por grandes penalidades. Neste domingo, voltou a ser fundamental, defendendo mais um penálti que poderia ter deixado o Paços de Fer-reira em vantagem logo aos 10’. O lance foi festejado nas bancadas como se tratasse de um golo da equipa da casa.

Se Artur voltou a ser herói, o papel de vilão coube ao

defesa esquerdo Eliseu, autor de uma falta sobre Hurtado na área, que resultou no castigo máximo. Mal na fotografia ficou ainda o pacense Manuel José, que cobrou a falta, per-dendo uma soberana oportu-nidade de surpreender a Luz. Mesmo assim, o lance não desmoralizou os nortenhos nem motivou particularmente o Benfica.

Na verdade, continuou a ser a equipa visitante a pro-curar com mais afinco o golo, com Artur a voltar a evitar a desvantagem aos 17’, a remate de Hurtado, e aos 19’, num livre de Sérgio Oliveira. Tal como prometera na véspera, Paulo Fonseca não estacionou um autocarro à frente da sua baliza e procurou lutar pelo resultado, mas a força dos ar-gumentos benfiquistas acabou por prevalecer, mesmo sem uma exibição deslumbrante dos campeões nacionais.

Depois de 24’ pouco con-vincentes, os “encarnados” reapareceram de rompante na partida. Maxi Pereira foi o jogador mais inconfor-mado e, após uma primeira combinação com Lima — o ponta-de-lança brasileiro atirou ligeiramente por cima da barra —, seria o próprio lateral direito a chamar a si a responsabilidade da finalização no minuto se-guinte, quando o cronómetro marcava o minuto 25. Após um excelente passe de Nico Gaitán, o uruguaio, sozinho perante Rafael Defendi, não falhou.

O Benfica voltou depois

a cair numa espécie de letargia praticamente até ao intervalo, que coincidiu com as queixas físicas de Enzo Pérez. O médio, que poderá ter feito o último jogo com a camisola do Benfica (o Valência poderá ser o seu destino), acabou por ser substituído aos 42’, cedendo o lugar a Franco Jara — Talisca recuou para o meio-campo. Nos instantes finais da primeira metade, o Paços ainda falhou mais uma oportunidade, com Minhoca a atirar ligeiramente ao lado.

A equipa da Luz não voltou mais veloz para a se-gunda metade, mas o adver-sário também não impunha uma maior intensidade. Os pacenses desceram as suas linhas, procurando a baliza contrária apenas através de remates de longe, que Artur travava sem grandes dificuldades. E foi preciso aguardar até aos 72’ para as individualidades “encar-nadas” voltarem a fazer a diferença, novamente com Gaitán em destaque. Desta vez, o argentino tirou da car-tola um grande cruzamento, que Salvio, ao segundo poste, desviou de cabeça para as redes.

O triunfo estava asse-gurado, mas Jorge Jesus tem ainda muito trabalho pela frente para preparar a equipa para missões mais exigentes. E os próximos dias irão clarificar qual será a matéria-prima que terá à disposição para defender o título.

manga, e Ana Lopes, com a 26.ª posição na prova feminina, foram eliminados. Os dois portugueses voltam a competir na segunda--feira, desta vez no contra-relógio em estrada.

O ciclismo nos JO Juventude compreende a participação dos corredores nas vertentes de estrada (fundo e crono), BTT (eliminação e cross-country olímpico) e BMX.

Na natação, Rafael Gil e André Farinha competiram na mesma série dos 400 metros masculinos e terminaram na sétima e na oitava posições, respectivamente, falhando assim as finais.

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15 publicidadehoje macau terça-feira 19.8.2014

A Associação dos Aposentados, Reforma-dos e Pensionistas de Macau (APOMAC), ao tomar conhecimento das intervenções havi-das na Assembleia Legislativa da RAEM, no passado dia 12 de Agosto corrente e as conse-quentes respostas do director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), dr. José Chu, sobre a questão do não pagamen-to do Subsídio de Residência a determinados aposentados e Pensionistas da Função Públi-ca de Macau vem manifestar publicamente o seguinte:

1. A Lei N.º 2/2011, de 28/3/11, tem como prin-cipal objectivo político, através da alteração dos princípios que norteavam a concessão do Subsídio de Residência para, tão somente, melhorar as condições de vida dos funcioná-rios quer no activo quer aposentados.

2. Porém, o director dos SAFP, dr. José Chu, não teve, infelizmente, o devido farejo político em perceber o alcance daquele preceito legal isto, talvez, se deveu, em larga medida, à sua mesquinhez aliada à incompetência para, com um toque de “curandeiro” marginalizou um grupo de aposentados e residentes permanen-tes da RAEM, que, no passado recente, con-tribuiu toda uma vida de trabalho para este Território Chinês e não em qualquer outro lugar.

3. O director dos SAFP quando se atreveu afirmar que os aposentados que “optaram

por transferir as suas pensões para a CGA” demonstrou, desconhecer de forma grossei-ra a situação dos visados pois todos eles não tiveram nenhuma “opção” pelo contrário, fizeram-na em cumprimento do Decreto-Lei N.º 357/93, de 14/10/93, e tratando-se duma situação legada pela história, consensualmen-te resolvida por dois Estados Soberanos, Por-tugal e a China, logo, nunca se pode nem deve advogar que houve lugar a qualquer opção pois, na verdade, não se tratou de nenhuma opção na verdadeira acepção da palavra, uma vez que a China por via da Declaração Con-junta e posteriormente confirmada pelo art. 98.º da Lei Básica que assumia, tão somente, a responsabilidade pelo pagamento das pen-sões dos funcionários que aposentarem após 20/12/1999.

4. Perante o presente cenário a APOMAC ousa questionar, publicamente, ao dr. José Chu e os demais dirigentes da Administração Pública da RAEM por que razão o Governo da RAEM, logo após o “handover”, resolveu pagar as pensões de mais de 200 (duas cen-tenas) de funcionários que se aposentaram antes de 1999 violando, consequentemente, o Anexo 1, Ponto VI, da Declaração Conjunta e o art. 98.º da Lei Básica?!

5. Consideramos ter havido, por parte de quem assumiu esta responsabilidade uma ex-traordinária coragem política mas, acima de tudo muito Humanismo, qualidades que, infe-

lizmente, faltam a muitos dirigentes da nossa Administração Pública.

6. Quando se afirma que a Administração irá violar o art. 98.º da Lei Básica da RAEM caso vier a pagar os referidos Subsídios de Resi-dência aos aposentados da CGA pelo simples facto de os considerarem, hoje, aposentados de Portugal (CGA) e não da RAEM também não colhe uma vez que já estão a ser pagos os mesmos subsídios a muitos aposentados em semelhantes situações! Sendo, por conseguin-te, uns “filhos da Boa RAEM!” e outros “en-teados da Má RAEM!”.

7. Assim, resta-nos a única esperança de que o assunto seja uma constante preocupação dos senhores Deputados da Assembleia Legislati-va da RAEM e que o Governo saiba assumir a sua quota parte de responsabilidade para ultrapassar este dilema bastando, para o efei-to, melhorar a redacção do respectivo preceito legal a bem dos interesses de Macau em geral e dos Aposentados aqui residentes em parti-cular.

Região Administrativa Especial de Macau,aos 18 Agosto de 2014.

A DIRECÇÃO,

COMUNICADOMALDITA INCOMPETÊNCIA!... BENDITA PACIÊNCIA!

澳門退休退役及領取撫恤金人士協會(退休人士協會)對行政公職局朱偉幹局長於八月十二日在立法會上就不向某部份澳門之退休公務發放房屋津貼問題之回覆,謹作以下之公開聲明:

1. 二零一壹年三月廿八日第2/2011號法律之主要政治標的就是通過修改規範發放房屋津貼的原則,從而改善現職或退休的公務員的生活條件。

2. 很不幸地,行政公職局朱偉幹局長缺少了半點政治觸覺,毫不明白該法律的含意,當然這主要是因為其狹小的胸襟與及工作無能,以其平庸拙劣的「醫術」,犧牲了一班從來都只在這塊中國土地上、未在其他地方工作過,貢獻其一生的澳門特區的永久居民。

3. 當行政公職局局長竟敢說出該批退休人士選擇把退休金轉往葡萄牙退休管理局是自願的時候,表明他的無知及完全不了解有關人士的境況。事

實上,這批退休人士是在別無他選的情況下,根據一九九三年十月十四日第357/93法令把退休金轉往葡萄牙的。這是歷史留下來的問題,並經兩個政府協商後解決的,所以絕不能够說有選擇的餘地。事實上,「選擇」這個詞語是不正確的,因為根據中葡聯合聲明和基本法第98條,中國政府只負責支付在澳門特別行政區成立後退休人士的退休金。

4. 在這情形下,退休人士協會公開向行政公職局朱偉幹局長及其他領導問一句:澳門特別行政區政府是根據甚麼法理依據,於回歸後給二百多名在一九九九年前退休的公務員發放退休金,公然違反中葡聯合聲附件一,六‧以及基本法第98條的規定?

5. 我們非常敬佩這個毅然負起該責任的人的非凡政治勇氣,但很不幸地,他的這種人道精神在今天的澳門行政官員身上已蕩然無存。

6. 就算今天說行政當局不欲違反基本法第98條,故不向從葡萄牙退休管理局領取退休金人士發放房屋津貼,因為他們已不算是澳門特區的退休公務員的說法也是站不住腳的,因為有一批為數更多相似領取葡國退休金的人士正享受特區房屋津貼的福利!難道真的是「親生子」與「二奶仔」的分別!

7. 故此,本會謹此期盼尊敬的立法議員正視這一困擾退休公務員的問題,而行政當局亦應勇於承擔其責任去尋求解決方法,其實只需要將該法律稍作修改,問題便能迎刃而解,一眾居住本澳的退休人士亦因此受惠。

二零一四年八月十八日。

澳門退休人士協會理事會啟

公 開 聲 明庸官害人!百忍成金!

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JIA ZHANGKE ELOGIO DO

AMADORISMO

“A ERA DOS FILMES AMADORES ESTÁ PARA VOLTAR. É MINHA IMPRESSÃO MAIS VIVAZ. (...) EU INSISTO NESSE PONTO. (...) É CERTO QUE ASSIM EU COLOCO ASSIM EM QUESTÃO AQUELES QUE CHAMAMOS DE ‘PROFISSIONAIS DO CINEMA’. ESSES PROFISSIONAIS, QUE VÊEM OS PRINCÍPIOS DA PROFISSÃO COMO REGRAS ABSOLUTAS E FAZEM BRILHAR ARDENTEMENTE OS SEUS POTENCIAIS DE MERCADO, PERDERAM HÁ MUITO TEMPO A CAPACIDADE DE PENSAR”JIA ZHANGKE

C OM 20 anos de carreira e prémios de festivais como Cannes e Veneza no cur-rículo, o cineasta chinês

Jia Zhangke diz que gosta mesmo é de amadorismo. “Gosto de trabalhar com argumentos abertos, actores amadores e improvisação, por uma questão de inspiração”, afirma o di-rector.

“Os actores amadores têm rostos mais maleáveis. Dá para perceber uma história por trás, imaginar como era aquela pessoa aos 17, 18 anos, por exemplo”, disse o realizador.

Jia, que tem 44 anos, passou a vida a observar o seu país transformar-se de nação maoísta em capitalista. Os seus filmes narram a rotina de pessoas que vivem essas rápidas mudanças. Nascido na província de Shanxi, onde decorrem muitos dos seus filmes, Jia Zhangke diz que, mais jovem, a for-

ma de arte que mais o interessava era a literatura. “Organizei um grupo de poetas na escola, e chegamos a pu-blicar um pequeno livro”, diz, rindo discretamente.

Depois, passou a gostar de artes plásticas, que frequentou na facul-dade – também porque, segundo ele, era um curso mais fácil de entrar. “Mas ainda tinha um sentimento de insatisfação”, comenta.

A revelação ocorreu quando as-sistiu, durante a faculdade, ao filme “Terra Amarela” (1985), do realizador chinês Chen Kaige. Jia Zhangke afir-ma que ali se deu conta de que pode-ria retratar a China que conhecia e inscreveu-se na Academia de Cinema de Pequim.

O realizador diz não ver contra-dição entre o desejo de retratar a realidade e o estilo dos seus filmes, que misturam o documental e a fic-ção. “24 City” (2008), que fala sobre as gerações de pessoas que trabalha-ram numa fábrica estatal, mistura de-poimentos de personagens reais e de actores.

“Há diferentes maneiras de ex-pressar os sentimentos humanos. A imaginação, as histórias fictícias, po-dem revelar a essência da pessoa”, diz Jia. Para ele, o seu filme mais recente, “Um Toque de Pecado” (2013), ven-cedor do prémio de melhor argumen-to em Cannes, em 2013, foi censura-do pelo governo chinês exactamente por representar uma “realidade inegá-vel”, apesar de ser uma ficção.

O filme é baseado em histórias reais sobre as quais o realizador leu na rede social Sina Weibo, uma espé-cie de Twitter chinês. Os seus perso-nagens são levados a cometer actos de violência por causa das duras cir-cunstâncias da vida.

Jia refuta a ideia de que seus filmes sejam políticos, apesar de retratarem a China de hoje. “Os meus filmes são muito subjectivos. Eu narro a China através dos personagens. O meu ob-jectivo é expressar o que sentimos e o que vivemos.”

16 hoje macau terça-feira 19.8.2014

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17 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 19.8.2014

C OM 78 anos, Mario Vargas Llosa continua eloquen-tíssimo acerca da crise na Europa e dos progressos

vividos na América Latina. O prémio Nobel da Literatura, em 2010, fala da “frivolização” da cultura e da trans-formação dos cidadãos em autómatos obedientes.

O seu último romance, O Herói Discre-to, foi editado em 2013. Está a traba-lhar nalgum novo livro?Acabo de terminar uma peça de teatro que se chama  Os Contos da Peste e que é baseada livremente nos contos de Boccaccio, o Decameron. Desde a pri-meira vez que li o Decameron que me pareceu que essa situação inicial, esse grupo de jovens que, quando Florença está invadida pela peste, se refugiam numa vila a contar contos, era uma si-tuação muito teatral. E sempre pensei escrever uma peça de teatro a partir desta situação: há uma peste, uma cida-de fechada sobre si mesma, e um grupo de jovens que se isola e que consegue escapar através da fantasia e através da imaginação, contando contos. Essa é a peça que estive a escrever este ano. Es-tou a fazer as últimas correcções e, se tudo correr dentro dos prazos, estrear--se-á no teatro espanhol, em Madrid, no início do próximo ano.

Essa é uma das ideias fundamentais do seu pensamento, nomeadamente no ensaio  A Civilização do Espectáculo, em que defende que o papel da litera-tura, da cultura, é ajudar as pessoas a libertarem-se das suas circunstâncias adversas.Sem dúvida nenhuma. A literatura não é apenas uma fonte maravilhosa de prazer. Cumpre, além disso, uma função social e histórica de primeira ordem que é a de desenvolver nos leitores um espírito crí-tico. Depois de termos lido uma grande obra literária, um grande romance, um grande poema, um ensaio, regressamos ao mundo real convencidos de que a realidade está mal feita, que está muito aquém daquela ficção que somos capa-

MARIO VARGAS LLOSAO INIMIGO DA DEMOCRACIA

É O DESAPARECIMENTO DA CULTURA

A DEMOCRACIA, O INIMIGO MAIOR TEM-NO NO SEU SEIO, E É O DESAPARECIMENTO DA CULTURA ENQUANTO QUESTIONAMENTO CONSTANTE DA REALIDADE

zes de inventar através da fantasia e da palavra. Isso faz-nos olhar para a nossa envolvência social, cultural e política com olhos muito críticos. E creio que essa é a razão pela qual a literatura, ao longo de toda a História, foi sempre vis-ta com muita desconfiança e com muito temor pelos governos autoritários, pelas ditaduras, por todos os regimes que, no fundo, tratam de controlar a vida e querem demonstrar aos cidadãos que

o mundo está bem feito. É essa a razão da censura. E efectivamente a literatura é um perigo para esse tipo de regimes porque tem sempre uma atitude muito crítica face ao mundo tal como ele é.

Mas que pode hoje a literatura con-tra a indiferença e o conformismo dos cidadãos, nomeadamente dos jovens?O problema é que a literatura hoje em dia vive uma crise muito profunda, con-verteu-se sobretudo em entretenimento, perdeu a sua pugnacidade, a sua belige-rância crítica, e busca sobretudo entre-ter. E o entretimento também é uma espécie de adormecimento, uma ma-neira de desmobilizar criticamente os cidadãos. Creio que essa crise da cultu-ra, que é muito profunda na minha opi-nião, pode ter um efeito gravíssimo na vigência da democracia e da liberdade. Pela primeira vez na história, o pesade-lo de [George] Orwell, de uma ditadura tecnológica, com um absoluto controlo sobre a vida das pessoas, um mundo de cidadãos convertidos em autómatos, já é possível. Isso acontece por causa da degradação da cultura no nosso tempo.

Considera que esta deriva da cultura para o entretenimento, a sua banali-zação, foi intencional?Não, não, foi acontecendo. O desapa-recimento do espírito crítico vem com a frivolização de uma cultura que só pro-cura entreter e divertir, e que se conver-teu muito mais num espectáculo do que o que tradicionalmente era: pensamento, ideias, uma visão crítica da realidade, da vida e de todas as manifestações das re-lações humanas. Creio que esse proble-ma – um problema mundial, porque dá--se tanto em países desenvolvidos ,como em países subdesenvolvidos – é a maior ameaça à democracia. No passado, a de-mocracia tinha a ameaça do comunismo, do marxismo, de doutrinas totalitárias, mas essas doutrinas caíram por si e não são hoje o perigo maior que tem a cultu-ra democrática. A democracia, o inimigo maior tem-no no seu seio, e é o desapare-cimento da cultura enquanto questiona-mento constante da realidade.

Natália Faria IN PÚBLICO

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TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 27 MAX 32 HUM 70-95% • EURO 10.6 BAHT 0.2 YUAN 1.2

ACONTECEU HOJE 19 DE AGOSTO

João Corvofonte da inveja

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

18 hoje macau terça-feira 19.8.2014(F)UTILIDADES

Bernstein rege o último concerto, a 7.ª Sinfonia de Beethoven• Hoje é dia de recordar Leonard Bernstein, maestro, compositor, e pianista norte-americano que guardou a batuta a 19 de Agosto de 1990, regendo a 7.ª Sinfonia de Beethoven. O maestro Leonard Bernstein liderou a Boston Symphony no dia 19 de Agosto de 1994, para a sua des-pedida, ao som de Beethoven. Vencedor inúmeros Emmys, Bernstein foi o primeiro compositor norte-americano do século XX a ser reconhecido mundialmente.Ficou famoso na direcção da Filarmónica de Nova Iorque, com concertos célebres para jovens na televisão (‘Young People’s Concerts’), entre 1954 e 1989, e em composições como ‘West Side Story’, ‘Candide’, e ‘On the Town’.Tornou-se numa das personagens mais influentes na história da música clássica norte-americana, apoiando diversos compositores e inspirando carreiras de uma geração de novos músicos. Hoje, recorda-se Leonard Bernstein, que morreu a 14 de Outubro de 1990, dois meses depois deixar a orquestra.Nasceram a 19 de Agosto Coco Chanel, estilista fran-cesa (1883), Jerzy Andrzejewski, escritor polaco (1909), Rajiv Gandhi, primeiro-ministro da Índia (1944), Ian Gillan, vocalista dos Deep Purple (1945), Bill Clinton, ex-Presidente dos EUA (1946), John Deacon, baixista dos Queen (1951) e Maria de Medeiros, actriz e realizadora portuguesa (1965).

Não me chames pelo nome. Podes só assobiar.

C I N E M ACineteatro

SALA 1LUCY [C]Um filme de: Luc BessonCom: Scarlett Johansson, Morgan Freeman14.15, 18.00, 19.45, 21.30

DORAEMON THE MOVIE: NOBITA IN THE NEWHAUNTS OF EVIL-PEKO AND THE FIVE EXPLORERS [A]FALADO EM CANTONÊS E LEGENDADO EM CHINÊSUm filme de: Yakuwa Shinnosuke16.00

SALA 2INTO THE STORM [B]Um filme de: Steven Quale

Com: Richard Armitage, Alycia Debnam-Carey, Matt Walsh14.15, 16.00, 17.45, 21.30

BREAK UP 100 [B]Um filme de: Lawrence ChengCom: Ekin Cheng, Chrissie Chau19.30

SALA 3CAFE • WAITING • LOVE [B]Um filme de: Chiang Chin LinCom: Vivian Chow, Megan Lai, Pauline Lan, Lee Luo14.30, 16.45, 19.15, 21.30

INTO THE STORM

Troca de línguasOntem à tarde decidi dar uma volta pela nossa terra e fui ali a um sítio bem conhecido da comunidade portuguesa. Confesso que quando lá vou sinto que estou em plena praça lisboeta – claro, sem o céu de Lisboa – porque só ouço português e nunca, nas minhas visitas, vi alguém asiático. Bem, fui lá sentar-me um pouco e deixar a vida acontecer. À minha frente estava uma mesa de jovens, percebi que dois dos grupo de seis, eram aquisições muito recentes de Macau. As linhas de conversa debatiam-se sobre casas, comidas, hábitos dos “chineses”, viagens à Tailândia. Uma das jovens perguntou onde se podiam aprender a falar mandarim ou cantonense. Não me pareceu que ela estivesse interessada numa específica, percebi – através dos meus bigodes altamente sensoriais – que o que ela queria mesmo era aprender. “Não vou sair daqui sem aprender alguma coisa, algo que me permita pelo menos ter uma conversa de circunstância”, dizia. Fiquei contente, senti como se me fizessem uma festa pelo pêlo, aliás, até me apeteceu ronronar um bocadinho. Prontamente um jovem “sénior” de Macau responde-lhe: “Ui para aprender a falar só te safas com professores privados. Os cursos disponíveis são muito fracos!” De imediato todos concordaram e partilharam as suas experiências, alguns apontavam até para a jovem – quando tivesse tempo – fosse para Pequim tirar um curso intensivo. “Porque só lá é que consegues aprender alguma coisa”, defendiam.Entristeceu-me ouvir aquela conversa, perceber que há pessoas que se interessam por Macau e a sua língua. Que existem humanos que, contrariamente àqueles de espírito colonialista, querem interagir com os locais. Que querem ir ao mercado e pedir em cantonense ou até mandarim. Entristeceu-me saber que para isso precisam de contratar – e gastar muito mais dinheiro – professores privados. Mas o Governo não investe em bons profissionais criando esta partilha de línguas? Para quando esta aposta?

Considerado um dos maiores escritores portugueses do século XX, Luiz Pacheco, falecido em 2008, foi também apontado por muitos como um louco e um “libertino”, que dizia o que pensava sem receios de chocar. Na sua boca, grandes escritores, como Natália Correia ou José Saramago, ficavam, subitamente, transformados em nada. Este livro compila as maiores entrevistas dadas por Luiz Pacheco à imprensa portuguesa entre 1992 e 2008 e é uma excelente oportunidade para

conhecer o outro lado de um escritor que nunca respeitou convenções sociais. - Andreia Sofia Silva

“O CROCODILO QUE VOA: ENTREVISTAS A LUIZ PACHECO”TINTA DA CHINA, 2008

U M L I V R O H O J E

Page 19: Hoje Macau 19 AGO 2014 #3156

hoje macau terça-feira 19.8.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Turistas, mas relutantes

19OPINIÃO

Q UEM mora em Lisboa, na “zona histórica” (designa-ção que é já uma entrada no assunto), teve de se iniciar, desde há algum tempo, a um novo hábito: o do autóctone que partilha a cidade, na condição de minoritário, com uma multidão de turistas.

A maior parte das vezes, para descrever essa multidão, o autóctone utiliza palavras

como “rebanho” ou “horda”, pois não consegue evitar um olhar com vagas e espontâneas pre-tensões antropológicas ou etológicas. A partilha não é simétrica, de maneira que o convívio, parecendo harmonioso, poderia testemunhar um diferendo insanável: para os autóctones, a cidade é objecto de um uso (que não tem de ser sempre pragmático); para os turistas, a cidade é objecto de consumo. Muitos destes autóctones que reagem silenciosamente com alguma impa-ciência à invasão do seu espaço vital (conceito com conotações sinistras) têm de se lembrar, em cada momento, que também já foram invasores, e continuarão a sê-lo, munidos de um mapa e de um guia turístico que fornece o programa e a lista de tudo “o que há para ver”.

Poucos serão hoje os que se podem gabar de fazer a objectivação jocosa da figura do turista sem estarem a falar de si próprios. Mas esta guerra silenciosa entre autóctones e turistas (da

carta ao director

VENHO por este meio manifestar a minha discordância com o comunicado emitido pela APOMAC, por este criticar o director dos SAFP, José Chui. No meu entender, os aposentados que optaram pela recepção das reformas através da CGA e que partiram definitivamente para Portugal, antes de 1999, deixaram de ter ligação à administração pública da RAEM.Terão o direito de regressar ao território, mas sem direito ao subsídio de residência, que é atribuído aos funcionários e aposentados da RAEM, como foi decidido pelo Tribunal.

Melhores cumprimentos

AtentamenteJosé Sales

António Guerreiroin Público

“Os turistas são um pesadelo uns para aos outros, recíprocos ladrões do sentido da aventura e da magia com que partiram para a viagem”

qual algumas artérias de Veneza, não toda a cidade, são o campo de batalha mais exemplar) não é a única que se desenrola nos centros das cidades europeias que têm património histórico “a ver” e que, por isso, disponibilizam hoje uma vasta parafernália de veículos e instrumentos para o sightseeing people.

não tem nada de original e corresponde sempre a um ponto de vista muito reaccionário. Todo o turista — isto faz parte da ilusão com que parte e, mesmo que o desencanto seja sistemático, ela renova-se sempre que faz uma viagem turística — reclama implicitamente uma exclusividade da sua viagem e quer distinguir-se do bando si-ghtseeing, da plebe itinerante que viaja a baixo preço com uma lista preparada do “para ver” e que lhe irá roubar toda a ilusão de liberdade com que partiu.

Com a invenção da viagem comum, Thomas Cook nem imaginava certamente aquilo a que estava a dar origem. O diletante Lord Byron é talvez o arquétipo da versão romantizada do turista moderno. Já Goethe, com a sua Viagem a Itália (empreendida ao longo de 1786 e 1787) pertence a uma outra categoria. O seu impulso é de outro tipo (de resto, no seu tempo ainda nem tinha aparecido a palavra “turista”), como mostra bem o gesto que o leva a sair das termas de Karlsbad, de madrugada, não para regressar à sua casa de Weimar, mas para iniciar a viagem, sem dizer nada a ninguém. E, cerca de 30 anos depois, essa viagem a Itália transforma-se em literatura, transmite-se como uma verdadeira experiência a que nenhum turista e nenhum viajante podem hoje aspirar.

Para o nosso tempo, o turismo é o modo por excelência de nos darmos conta de que estamos irremediavelmente incapacitados de viver uma verdadeira experiência.

Há uma outra guerra ainda mais inconfes-sável: os turistas são um pesadelo uns para aos outros, recíprocos ladrões do sentido da aventura e da magia com que partiram para a viagem; e, além disso, cada turista é, para o seu semelhante, um espelho onde este vê reflectida a sua imagem de pessoa caricata, infantil, gregária, rendida a uma alegria imbecil, parodiante de uma mobili-zação geral. Por isso, o ethos do turista consiste em imaginar que se pode subtrair à multidão, mesmo no momento em que participa activa-mente nos fluxos e tropismos que a movem. Denunciar e criticar desta maneira o turismo

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hoje macau terça-feira 19.8.2014

cartoon por Stephff

O exercício dura doze dias e visa testar um planode dissuasão contra as ameaças norte--coreanas

A Coreia do Sul e os Es-tados Unidos inicia-ram ontem exercícios militares conjuntos

anuais para testar os seus sistemas de defesa contra a Coreia do Nor-te, contestados já por Pyongyang que ameaçou realizar um “ataque preventivo”.

O exercício conjunto “Ulchi Freedom Guardian” (UFG) prolongar-se-á durante 12 dias e conta com a participação de cerca de 50 mil soldados sul-coreanos e outros 30 mil norte-americanos procedentes das bases na Coreia

Sismo Câmarade Comércio chinesa em Luanda dá 260 mil euros

A Câmara de Comércio chi-nesa em Angola doou mais

de 260 mil euros às vítimas do terramoto de Ludian, que matou pelo menos 617 pessoas e deixou milhares de pessoas desalojadas, disse o responsável desta entidade.

De acordo com o jornal chinês China Daily, o donativo que a entidade liderada por Zhao Hongbing vai entregar, no valor de 350 mil dólares, deverá destinar-se principal-mente à reconstrução das escolas.

O forte sismo de magni-tude 6,1 que foi sentido no dia 03 de Agosto nas regiões montanhosas do sudoeste da China fez mais de 1.300 feridos e 180 pessoas estão desapare-cidas, referiu a agência oficial de notícias Nova China no dia do tremor de terra.

O sismo ocorreu às 16:30 locais, no nordeste da província de Yunnan, com o seu epicentro situado a uma profundidade de aproximadamente dez quilómetros, segundo o insti-tuto geofísico norte-americano (USGS).

“O sismo provocou a queda e danos em numerosos edifícios, particularmente nos imóveis residenciais de construção antiga”, indicou a Nova China.

A região montanhosa entre as províncias de Yunnan, Si-chuan e Guizhou, são de difícil acesso e já conheceram graves episódios sísmicos nos últimos decénios.

Em Sichuan, uma das pro-víncias mais populosas da China, registou-se em Maio de 2008 um sismo de magnitude 8,0, que fez 87 mil mortos e desaparecidos.

817 milhões de euros em vistos douradosDesde que o programa foi lançado, em Outubro de 2012, foram concedidos 1360 vistos gold. Só nos sete primeiros meses de 2014 atribuiu-se o dobro dos vistos dados em todo o ano de 2013. O investimento estrangeiro realizado em Portugal através dos vistos gold aproxima-se rapidamente dos mil milhões de euros. Segundo dados do Ministério dos Negócios Estrangeiro (MNE), foram aplicados perto de 817 milhões de euros desde que o programa foi lançado, em Outubro de 2012, e até 31 de Julho deste ano. Até ao início do mês de Julho, o investimento global era de 724 milhões, o que significa que, em apenas um mês, entraram quase 100 milhões de euros no país, e só por via dos vistos gold. No total, foram atribuídas 1360 licenças, das quais perto de 900 foram concedidas este ano, ou seja, em apenas sete meses concedeu-se quase o dobro do atribuído em todo o ano de 2013.

Índia Pelo menos 28 mortos em inundações Pelo menos 28 pessoas morreram devido às inundações no estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia, onde 60 mil foram obrigadas a abandonar as suas casas, informou ontem a imprensa local. As fortes chuvas dos últimos dias e a subida do nível dos rios Rapti, Saryu e Ghaghra devido à abertura das barragens no vizinho Nepal inundaram 1.500 povoações em nove distritos de Uttar Pradesh, numa situação “sem precedentes” de acordo com o governo local.“As inundações foram provocadas pelas fortes chuvas no Nepal, levando a que vários rios que têm origem nos Himalaias transbordassem”, disse Alok Ranjan, ministro daquele estado indiano, à imprensa local.

Ucrânia recupera parte de LuganskO exército ucraniano recuperou parte da cidade de Lugansk, no leste do país, e os combates com os separatistas pró-Rússia chegaram às ruas, disse ontem o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia (CSND), Andrei Lisenko. «Os militares ucranianos conseguiram tomar parte de Lugansk. A cidade está totalmente cercada. Está a ser realizada uma operação de libertação», disse Lisenko. Segundo o porta-voz do CSND, vários refugiados morreram ontem quando fugiam da cidade, após serem atingidos pelos separatistas. «Morreu muita gente, mulheres e crianças. O número de vítimas está a aumentar», denunciou Lisenko. Lugansk, sitiada há semanas pelas forças governamentais e cenário dos mais duros combates entre os dois lados, «está no limite da sobrevivência», advertiu em comunicado a Assembleia Legislativa da localidade.

COREIA DO SUL E EUA TESTAM SISTEMAS DE DEFESA

Manobras conjuntas

50mil soldados sul-coreanos

30mil norte-americanos

participam no exercício

do Sul ou destacados a partir dos Estados Unidos, informaram as Forças Armadas de Seul.

Os dois países vão testar, pela primeira vez, “o seu plano de dissuasão contra as ameaças nu-cleares e as armas de destruição massiva de Pyongyang”, além de outros sistemas de defesa, assinalaram fontes militares sul--coreanas à agência local Yonhap.

Esta nova estratégia foi de-senhada durante uma reunião ministerial que Seul e Washing-ton mantiveram no ano passado e define a actuação conjunta que ambos seguiriam em caso de um ataque da Coreia do Norte.

RESPOSTA DO COSTUMEA Coreia do Norte condenou, como é hábito, a realização das manobras militares, qualifican-do-as como uma “inaceitável

provocação militar” e ameaçou responder com “ataques preven-tivos mais fortes e sem piedade”, segundo um comunicado emitido pelo regime de Pyongyang.

Na mesma linha, o principal jornal norte-coreano, o Rodong, escreve na sua edição de ontem que o país comunista “mantém mísseis de alta tecnologia e pre-cisão apontado a forças militares e bases” da Coreia do Sul e dos Estados Unidos.

Na passada quinta-feira, o regime norte-coreano levou a cabo vários lançamentos de projécteis de curto alcance para o mar, por ocasião do aniversário da independência da Coreia, os quais foram supervisionados pessoalmente pelo seu líder, Kim Jong-un, segundo a agência oficial KCNA.

O Exército Popular de Pyon-gyang efectuou três lançamentos minutos antes da aterragem em Seul na manhã de dia 15 do avião que transportava o papa Francisco que termina hoje a sua histórica visita à Coreia do Sul. Horas depois da chegada do pontífice, o regime norte-coreano levou a cabo dois lançamentos adicionais.

As Coreias continuam tec-nicamente em guerra desde o conflito em que se enfrentaram (1950-53), uma vez que este ter-minou com um armistício nunca substituído por um tratado de paz definitivo.