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• CHUI SAI ON NA AL Chefe promete subsídios para a função pública PÁGINA 7 • BAIRROS ANTIGOS Reordenamento discutido depois das eleições PÁGINA 5 • UMSU/UMAC Suspeita de uso inadequado de dinheiro público PÁGINA 8 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 16 DE AGOSTO DE 2013 • ANO XII • Nº 2916 PUB MOP$10 PUB Ter para ler GONÇALO LOBO PINHEIRO PUB “Dou atenção a Macau há muitos anos” PUB À conversa com o HM, o antigo líder e actual deputado do CDS-PP, José Ribeiro e Castro falou do desenvolvimento de Macau, do ami- go Carlos D’Assumpção, da ADIM, do Fórum Macau, da crise política portuguesa, da TVI, do Benfica e muito mais. Uma entrevista ex- clusiva onde Ribeiro e Castro deixou a certeza que não será novamente candidato à liderança do seu partido. PÁGINAS 2, 3 E 4 ENTREVISTA A JOSÉ RIBEIRO E CASTRO

Hoje Macau 16 AGO 2013 #2916

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Edição do jornal Hoje Macau N.º 2916 de 16 de Agosto de 2013.

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• CHUI SAI ON NA AL

Chefe promete subsídios paraa função pública

PÁGINA 7

• BAIRROS ANTIGOS

Reordenamento discutido depois das eleições

PÁGINA 5

• UMSU/UMAC

Suspeita de uso inadequado de dinheiro público

PÁGINA 8

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006 D IRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FE IRA 16 DE AGOSTO DE 20 13 • ANO X I I • Nº 29 16

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“Dou atenção a Macauhá muitos anos”

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À conversa com o HM, o antigo líder e actual deputado do CDS-PP, José Ribeiro e Castro falou do desenvolvimento de Macau, do ami-go Carlos D’Assumpção, da ADIM, do Fórum Macau, da crise política portuguesa, da TVI, do Benfica e muito mais. Uma entrevista ex-clusiva onde Ribeiro e Castro deixou a certeza que não será novamente candidato à liderança do seu partido. PÁGINAS 2, 3 E 4

ENTREVISTAA JOSÉ RIBEIRO

E CASTRO

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GONÇ

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2 hoje macau sexta-feira 16.8.2013ENTREVISTAANDREIA SOFIA [email protected]

F OI o redactor do protocolo que ligou o partido portu-guês à Associação da Defesa dos Interesses de Macau,

mas hoje “sente pena” pela ligação “ter enfraquecido”. Em entrevista ao HM, José Ribeiro e Castro, ex-líder e actual deputado do CDS-PP, partido que forma coligação com o PSD no Governo português, gostaria de ver “o mais cedo possível” Xi Jinping em Portugal. De visita a Macau por motivos “estritamente” pessoais, aponta como “lamentável” a última crise política portuguesa e diz que não quer regressar à liderança do partido

A sua estadia em Macau é por motivos pessoais ou trouxe alguns projectos profissionais?É uma visita estritamente pessoal. Mas é evidente que vou aproveitar para contactar alguns conhecidos, contudo vim por razões familiares.

Há um ano atrás Paulo Portas (líder do CDS-PP e vice primeiro--ministro) fez uma visita oficial a Macau. Que balanço traça dessa visita?Não acompanhei em pormenor. Sei que correu bem, mas não tenho in-formação suficiente para comentar.

Mas essa viagem significa que Portugal está a dar mais aten-ção a Macau por causa da crise económica que atravessa neste momento? Dou atenção a Macau há muitos anos, e creio que no geral o interes-se por Macau se mantém. Estamos numa fase de estreitamento de relações entre Portugal e a Chi-na e Macau tem aí uma posição privilegiada. É importante que o Governo português, a Assembleia da República e os portugueses acompanhem esse desenvolvi-mento e que saibam aprofundar as relações culturais entre China e Portugal. Defendo há muitos anos a valorização da Língua Portuguesa como um idioma internacional. Nós, portugueses, muitas vezes não temos consciência do capital do recurso extraordinário que a Língua Portuguesa é. A China percebeu isso e investiu, através de Macau como plataforma, em todo o mundo lusófono, através do Fó-rum (Macau). Defendo há alguns anos que os portugueses devem ter políticas oficiais de promoção e aprendizagem do mandarim, porque quantos mais portugueses souberem falar mandarim melhor colocados ficaremos.

Porque é que ainda não existem essas políticas?Não sei. Há uma procura espon-tânea, porque há cada vez mais portugueses a quererem aprender chinês. É uma linha que devemos intensificar. Recentemente fiz uma conferência sobre o português e o

JOSÉ RIBEIRO E CASTRO, DEPUTADO DO CDS-PP, SOBRE ADIM

“É uma jóia da memória do CDS que gostaria de ver retomada”

mandarim como duas línguas glo-bais. E a tese que desenvolvo é que cada português no mundo deve ser um pequeno Macau. Se souber falar chinês tem emprego garantido em qualquer parte do mundo. Não é só um recurso profissional para essas pessoas como é também um recurso estratégico para o país, porque são pessoas que ficarão muito próximas dos que serão as grandes linhas de comunicação com a economia chinesa e o ocidente, a Europa. Portugal deve desenvolver isso, e tudo isso são linhas e projectos que consolidamos e aprendemos

vindo a Macau. Impressiona-me que desde a transição haja mais gente a aprender português do que antes e há mais gente na China a aprender português. Isso é muito bom sinal e devemos replicar isso do nosso lado.

O Fórum Macau celebra este ano dez anos de existência. Como olha para o seu posicionamento? Funciona na prática ou ainda há muitos acordos que não saíram do papel?Há sempre mais acordos no papel do que realizações. Mas estas não se fazem sem os acordos no papel.

São alamedas políticas que se abrem e que depois é preciso concretizar. Mas foi uma iniciativa muito impor-tante do Governo de Pequim e de Macau, que deve ser acompanhada com a maior simpatia, e nunca com frustração. Vejo com muito inte-resse que outros países de Língua Portuguesa frequentam Macau, e isso é muito importante.

O sector empresarial português está a aproveitar da melhor for-ma o fundo criado por Pequim? Creio que ainda não.

O que está a falhar?Não sei, talvez o facto de ser uma iniciativa ainda muito nova e não estar ainda divulgada. Mas é impor-tante que continuemos a investir na China, Macau e em zonas como Cantão e Xangai. A experiência que acumulamos ao longo de séculos nesta pequena terra pode ser fecunda nesta altura em que a China se abre cada vez mais ao mundo. Pode ser importante não só para a internacionalização da nossa economia mas também para a aproximação geral do ocidente europeu e da China.

Como olha para o futuro das rela-ções entre Portugal e China com o novo presidente, Xi Jinping?Há uma expectativa muito positi-va. Creio que confirmará o que se passou sobretudo na última década com os presidentes anteriores, e será cada vez melhor. A China é um país complexo, cuja cultura temos de compreender. Mas creio que é muito importante para a China e para o mundo essa abertura, que representa também um desafio para as instituições chinesas, e, por isso, têm de amadurecer num país que está a crescer e que assume respon-sabilidades à escala global. A última visita do presidente chinês a Portugal correu muito bem. Não sei se estará prevista, mas desejaria que sim, que este presidente pudesse visitar Portugal tão cedo quanto possível.

Portugal precisa de conhecer melhor a China, e vice-versa?Sim. Há várias Chinas. No conceito “Um país, dois sistemas” há vários sistemas. É uma fórmula de enorme sabedoria. Desde Deng Xiaoping, o progresso que a China tem vindo a conhecer é notável, apesar das dificuldades e dos aspectos críti-

Dou atenção a Macau há muitos anos, e creio que no geral o interesse por Macau se mantém. Estamos numa fase de estreitamento de relações entre Portugal e a China e Macau tem aí uma posição privilegiada. É importante que o Governo português, a Assembleia da República e os portugueses acompanhem esse desenvolvimento e que saibam aprofundar as relações culturais entre China e Portugal

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3 entrevistahoje macau sexta-feira 16.8.2013

cos. Deve-se à sabedoria dos seus dirigentes e de algumas fórmulas. Macau, Zhuhai, Xangai e Cantão são realidades diferentes umas das outras. Temos muito a ganhar em conhecer melhor a China. Por isso é que defendo que Portugal deve ter políticas oficiais para o conhecimen-to da língua. Não é apenas uma forma de falar, mas de sentir e pensar. Não é difícil prever que o século XXI será da China e de África. A China é o mais poderoso dos BRIC e África também será um continente que vai saindo daquilo que tem sido uma crise profunda de transição e das guerras de independência. Temos muito interesse em acompanhar esse processo e creio que temos algum talento para o fazer, com vantagens do ponto de vista económico.

projectos com a consciência da sua dimensão. Portugal não é os Estados Unidos e nunca seremos, não é essa a nossa aspiração. Mas talvez isso facilite. Na experiência que tenho em termos ibero-americanos é que hoje temos as relações mais facilitadas porque incomodamos menos que os espanhóis. A nossa dimensão e atitude são factores positivos porque não ameaçamos, temos outra forma de nos realçar. O mesmo com a China, nas relações entre a Europa e China. Não somos a Alemanha ou o Reino Unido, mas talvez o facto de sermos um país na ponta ocidental da Europa facilite que Portugal tenha um papel privi-legiado e extraordinário ligando os dois extremos da Euro-Ásia.

MACAU E A ADIM

Esperava este crescimento eco-nómico de Macau, o “boom” do jogo, 13 anos depois da transição para a China?Já se esperava. Mas devo dizer que Macau surpreende-me sempre.

Conheci Macau em 1980, na altura era secretário de Estado para os As-suntos de Macau e o governador era o general Melo Egídio. Fui muito amigo do Carlos D’Assumpção, de quem tenho muitas saudades e com quem aprendi muito. A única coisa que posso dizer é parabéns. É de se tirar o chapéu. É uma ex-periência bem sucedida e felicito as autoridades de Macau pelo que têm

feito. Não sinto que as relações com Portugal se tenham perdido, pelo contrário, sinto que se têm reforça-do. É uma experiência frutuosa, que seja para Macau, Portugal e China. Foi uma política certa os acordos da transição e espero que não sejam abandonados, que os sinais positi-vos possam sempre ser reforçados ao longo dos 50 anos e para além deles. É extraordinário o que se tem

feito em termos de desenvolvimento urbano e espero que se aproveitem bem as políticas internas, mas aí não me cabe pronunciar.

Falou de Carlos D’Assumpção. Em termos partidários o CDS--PP estabeleceu uma ligação com a Associação para a Defesa dos Interesses de Macau (ADIM). Ainda se mantém?Infelizmente enfraqueceu. Essa é uma matéria que me causa muita pena, porque fui o redactor do primeiro protocolo entre o CDS e a ADIM em 1976. Enquanto estive na primeira fase do CDS, até 1983, acompanhei isso com grande carinho e dedicação. De-pois afastei-me da vida partidária e quando voltei mais tarde percebi que isso se tinha perdido.

Porquê?Acho que a responsabilidade foi de sucessivas direcções e de crises que o partido foi atravessando, no final dos anos 80. Indiscutivelmente éramos o partido líder na relação com as comunidades portuguesa e macaense, mas fomos perdendo um pouco isso. Era bom que isso fosse recuperado, mas não me cabe a mim falar, é uma matéria que só a direcção do partido pode falar e não sou da direcção. Quando fui presidente do CDS tentei retomar isso, percebi que era um pouco difícil e que ia levar tempo e não tive tempo para isso. É uma jóia da memória do CDS que gostaria um dia de ver retomada e construída.

Que projectos é que poderiam sair desse reforço de ligação? Projectos políticos creio que hoje é um pouco difícil. É evidente que as comunidades participam nas eleições portuguesas, mas tivemos um peso importante e perdemo-lo, é um território que foi ocupado, digamos assim, mais pelo Partido Social Democrata (PSD) e depois pelo Partido Socialista (PS). Em Macau, a política desenvolve-se hoje com outro tipo de associações. Esse quadro (de participação da ADIM) teria mais sentido aquando da Admi-nistração Portuguesa. Hoje as coisas têm uma outra lógica. Mas sobre a valorização e preservação do papel da comunidade macaense, do legado histórico de Macau e a experiência do cruzamento da China e Portugal, o estreitamento das relações com a ADIM seria muito importante.

Vai fazer uma proposta mais formal ao partido?Não. A direcção sabe que esse capi-tal existe, mas se o quer recuperar por esta via não sei.

“REFLECTIR SOBRE O EURO”

Uma das notícias da semana em Portugal é o crescimento do PIB em 1,1%. É o início do fim da recessão? São notícias muito positivas, mas não é caso para deitar foguetes.

A tese que desenvolvo é que cada português no mundo deve ser um pequeno Macau. Se souber falar chinês tem emprego garantido em qualquer parte do mundo

Em que áreas específicas? Na área do comércio, coisa que sem-pre fizemos bem, desde os Desco-brimentos. Mas também com trans-ferências de tecnologia e atracção de investimento. Quando digo que temos de investir aqui também é im-portante que temos de ter investimen-to da China, de Taiwan, Hong Kong, para a Europa e Portugal, connosco a sermos o veículo de comércio de investimento. Temos através da rede de lusofonia condições privilegiadas para o fazer. Das línguas globais, há duas que estão presentes em todos os continentes, que é o inglês e o portu-guês. Isso é um grande capital para nos sabermos recolocar nesta nova fase de economia global. Temos de conhecer melhor a China, acompa-nhar o desenvolvimento africano e o processo ibero-americano. São linhas que desenham o futuro que pode ser muito auspicioso e frutífero ao longo do século XXI. Não tenho nenhum medo do futuro, bem pelo contrário.

Não acha que Portugal, por ser um país mais pequeno em termos territoriais do que o Brasil ou mesmo Angola, possa ficar para trás nesse conjunto lusófono, em termos comerciais? Não temos razão para ficar para trás, nem temos que nos embaraçar com o crescimento do Brasil e Angola. Vejo com a maior simpatia o cres-cimento do Brasil e a nova fase de desenvolvimento de Angola. Cada um de nós tem que desenvolver os

“HÁ MUITAS COISAS NA TVI QUE NÃO GOSTO”Mais do que político e advogado, José Ribeiro e Castro chegou a ser administrador da TVI (Televisão Independente). Ao HM, considera que a TVI é hoje “uma grande estação de televisão”, embora haja “coisas de que não gosta” como é o caso dos reality-shows. “Vejo com muito agrado e simpatia que o sector da informação tenha muita importância na TVI, quer no canal geral quer do novo canal por cabo, a TVI 24. A TVI mudou muito com o José Eduardo Moniz e pode crescer. Não tínhamos o projecto de ser uma televisão liderante e de ter uma audiência, seríamos uma televisão mais económica, com audiências na casa dos 15, 16%. Deve-se muito a Moniz este galope. Há coisas na TVI de que não gosto, detesto mesmo e acho degradante, como os reality-show, Big Brother e Casa dos Segredos. É uma área de desenvolvimento na TVI que não compreendo. Depois da saída de Moniz tem-se aguentado e tem feito um esforço de internacionalização. Desejo boa sorte à TVI e que sejam um canal com uma informação sólida e independente.”

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hoje macau sexta-feira 16.8.20134 entrevista

Ainda estamos em baixo e temos um longo caminho de dificuldades. A situação a que o país chegou é muito crítica. Mas é como quem mergulha no mar, tem de vir cá a cima, e há um momento em que se dá o golpe de rins e o sentido da marcha se mantém. E pode ser que estejamos nessa altura. Estamos com quebra de produto comparando com o ano anterior, e este ano ainda vai haver uma baixa de produto. Mas é muito importante que no segundo trimestre a situação se mantenha. A situação da zona Euro também é muito negativa. Pode ser que ainda aconteçam trimestres negativos – desejava que não. Mas é preciso estarmos preparados para isso. De-pois da fase mais dura dos cortes e da política de rigor podermos entrar num período de crescimento, ainda que ténue, é muito positivo.

Em que aspectos?Significa que teremos de fazer menos cortes para o futuro, a consolidação orçamental poderá fazer-se num contexto mais favorável. Não é o que vai acontecer ainda este ano, e também não é seguramente o que vai ter de ser feito na preparação do orçamento para 2014. O esforço da consolidação orçamental pode ser mais suave face ao passado, que era inevitável ser feito de outra forma. É importante que os portugueses com-preendam que o que temos seguido não são políticas da nossa liberdade de escolha. Resultam da absoluta necessidade em que o país foi coloca-do, porque não temos dinheiro para sustentar o Estado que construímos. É tão simples quanto isto.

Está a referir-se ao Estado Social?Em geral, não interessa se é social, militar ou da justiça. Temos de fazer uma reforma do Estado que nos permita sustentar um Estado Social generoso como queremos. Não faz sentido também ter um Estado Social falido, porque não serve ninguém. É o risco em que estamos ainda. O orçamento des-te ano, se for cumprido, e que é muito difícil, ainda vai fechar com um défice de nove mil milhões de euros. É um orçamento que teve de recorrer a uma dose brutal de impostos, inaceitável. Temos de criar espaço para baixar os impostos para que a economia possa crescer e gerar mais emprego. Estamos numa taxa de desemprego completamente inaceitável. É o resultado do país ter entrado numa deriva louca, de défices contínuos, de despesa públi-ca completamente descontrolada e de dívida pública desregulada que colocou Portugal fora dos merca-dos. A Troika veio porque Portugal perdeu a sua liberdade financeira e porque se endividou para além das suas capacidades. Compreendo a indignação de alguns portugueses, mas o que não compreendo é a irres-ponsabilidade da esquerda que nos conduziu a esta situação e que não quer pagar parte do preço político.

Está a referir-se ao Partido So-cialista?Em particular do PS, mas também do Partido Comunista (PCP) e do Bloco de Esquerda (BE), que não estão isentos de contribuir para a resolução dos problemas do país. Gosto muito de os ouvir protestar, mas não chega. Precisamos de propostas no sentido certo.

Como olha para as formas de descontentamento usadas pelos cidadãos, como, por exemplo, a canção Grândola Vila Morena?Os portugueses estão, de facto, a fazer um grande esforço. Quando olhamos para os números sociais, e sabemos a compressão de rendi-mentos, com redução de salários e pensões, entendo que haja um grande descontentamento. Mas é preciso

explicar que parte dos cortes devem--se a sermos hoje uma economia da zona euro. É importante que os portugueses reflictam se querem ou não manter-se no euro. Se querem isso exige um esforço muito grande. Endividámo-nos porque não soube-mos estar à altura das responsabili-dades de termos uma moeda como o euro. Quando entrámos para o euro o crédito tornou-se mais barato, e isso valeu para o Estado, para as famílias e empresas. Agora estamos um pouco na ressaca disso. Mas se não estivéssemos na zona euro se calhar tínhamos a nossa moeda e não tinha de haver cortes nos sa-lários e pensões no valor nominal em escudo. Desvalorizava-se o escudo em 20 ou 30%, que foi o que aconteceu no passado. O Governo

não suportava o efeito político dos cortes, mas as pessoas iam sentir em casa. É preciso perguntar às pessoas que viveram nos anos 80, quando os reformados não tinham um corte da pensão mas um corte brutal do po-der de compra – tínhamos taxas de inflação na ordem dos 30%. Nunca pensei viver num país onde se cor-tassem os salários às pessoas, como o meu próprio também foi. Todos

os que trabalham para o Estado têm sofrido cortes. Nunca pensei, é contra-natura, crescemos na cultura do aumentozinho. Também tenho de saudar a serenidade que, de uma forma geral, os portugueses têm mantido. Não temos tido as confrontações que houve na Grécia e que contribuíram para o declínio da Grécia. O clima de confrontação que se instalou na Grécia contribuiu muito para o pesadelo do povo grego. Temos que denunciar os profetas da desgraça, que apelam ao desespero e à revolta.

“UMA CRISE POLÍTICA LAMENTÁVEL”

Um mês depois da saída do minis-tro Vítor Gaspar, considera que a crise política está ultrapassada?

Espero que sim. Foi uma crise polí-tica a mais, que não precisávamos, no meu entender muito deplorável, que minou, enquanto durou, a cre-dibilidade e confiança das pessoas. Agora que passou espero que todos tenham aprendido com ela. Até estes números que agora saíram ajudam a explicar-nos melhor o que podía-mos ter perdido em Junho. Resultam de um esforço feito por famílias e

a economia ao longo do trimestre, e parece que a partir de 2 de Julho queríamos deitar tudo isto fora. Vivi tempos de alguma ansiedade e de alguma incerteza. Recordo aliás que o PM teve de ir fazer o debate do Estado da Nação com a crise ainda em aberto. Nesse discurso, o PM já referia alguns indicadores positivos que estavam a surgir. Espero que a crise de Julho, que é um péssimo exemplo, lamentável, fique como memoria para o futuro, e que nunca mais se repita. Não podemos perder por politiquices um caminho muito duro e exigente do ponto de vista da reconstrução das finanças do pais. Sobretudo que a coesão dos dois partidos da maioria não mais seja posta em causa.

A credibilidade de Paulo Portas e do partido ficou debilitada? A expressão “irrevogável” foi bastante comentada. É natural que as pessoas se agarrem às palavras. Não vou entrar nesse jogo, faz parte do parlatório políti-co, que creio não ser tão relevante, embora seja sintoma de que se es-corregou numa casca de banana. O que não pode haver duvida é quanto à determinação do CDS de levar adiante as tarefas fundamentais desta legislatura, que é retirar Portugal da crise em que está metido. Há um re-forço de grau de comprometimento do partido para com as linhas mais exigentes do trabalho político.

Surgiram depois outros episó-dios, como caso Rui Machete\BPN e os Swaps com ligação a Maria Luísa Albuquerque. Como olha para estes casos?Com tristeza. Uma coisa que me sur-preende é que, de facto, precisamos de uma mudança na forma de fazer política em Portugal. As notícias do crescimento de 1,1% praticamente apagaram o resto. As pessoas andam atrás de temas, há falta de assunto. Essa é uma política medíocre, não vai resolver os problemas de Portugal e temos de criar alguma resistência a esse tipo de ataques. São episódios de desgaste político. O que se passou com o secretário de Estado entristeceu-me, porque significou, depois da transição, um grau de vulnerabilidade que não estava à espera e preferia que não tivesse acontecido. A questão dos Swaps não é aquela que se tem vindo a discutir com o secre-tário de Estado, mas sim quem é que ordenou os Swaps tóxicos e uma política de financiamento de empresas públicas completamente irresponsável e altamente danosa para as finanças e contribuintes. O resto, se uma pessoa estava ou não numa reunião, são episódios superficiais. Espero que o Gover-no e a coligação sejam capazes de encontrar remédios para reagir com estoicismo e alguma indiferença a ataques que são evitados e que nos desviam da linha principal. Não se deve andar atrás de foguetes que a oposição vai lançando para criar estes ‘fait-divers’.

Nas próximas legislativas, Paulo Portas pode continuar a ser o líder do partido?Estamos muito longe. Não sei, vai haver um congresso, talvez ainda haja outro antes das legislativas, é natural. Nesta altura não temos as eleições de 2015 para resolver, nem as autárquicas. O que temos para resolver é o país que conti-nua a ter dificuldades financeiras duríssimas e que continua a ser intervencionado por estrangeiros.

Pondera voltar à liderança do partido?Não, não pondero. Como disse devemos concentrar as nossas energias nas responsabilidades que o país e o partido têm. Recebemos um mandato dos portugueses, que é muito ingrato, porque governar nestas circunstâncias é uma coisa que ninguém quer. São boas alturas para estar na oposição a dizer mal do Governo. Não podemos ter medo das eleições, ganharemos se desempenharmos um bom papel. Mas só seremos julgados em 2015, não é agora. Não nos devemos preocupar com sondagens. E não estou muito preocupado com o meu papel, sou um deputado do partido.

Põe completamente de parte essa possibilidade.Sim, sim.

“JORGE JESUS MUDOU A FORMA DO BENFICA JOGAR”Benfiquista ferrenho, José Ribeiro e Castro chegou a ser dirigente do clube encarnado. Ao HM, o deputado do CDS-PP comentou a mais recente polémica com o avançado Óscar Cardozo e a renovação do contrato com o treinador Jorge Jesus. “Espero que o Cardozo continue e marque muitos golos. Sou um adepto do Cardozo, acho que continue. Jorge Jesus teve um final de época mau, e fui um dos defensores da sua continuação. A direcção fez bem em renovar o contrato. O Jorge Jesus mudou a forma do Benfica jogar e trouxe um estilo de futebol que os sócios e o público gostam, que é um futebol ambicioso, de ataque, com fome de bola. Não é aquele futebol medroso e defensivo. Acredito que o Benfica pode ter apostas duradouras nas suas equipas técnicas como o Manchester ou o Ajax. Espero que tenha sucesso esta época e que traga sucesso para o Benfica, porque o que se passou na época passada não se pode repetir. O Benfica fez tudo bem mas faltou o quase, e isso não pode acontecer. É preciso que o Benfica se concentre nesse quase e que estude esse quase.”

Nunca pensei viver num país onde se cortassem os salários às pessoas, como o meu próprio também foi. Todos os que trabalham para o Estado têm sofrido cortes. Nunca pensei, é contra-natura, crescemos na cultura do aumentozinho

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5hoje macau sexta-feira 16.8.2013 POLÍTICA

RITA MARQUES RAMOS*[email protected]

C HEGADOS ao fim da legis-latura, não causa estranheza que o Regime Jurídico de Reordenamento dos

Bairros Antigos, que deu entrada na Assembleia Legislativa (AL) em 2011, caia por terra. O Governo decidiu, por isso, pôr esta carta fora do baralho para posterior reparação, que é como quem diz, uma actualiza-ção desta proposta conforme as leis correlacionadas aprovadas.

Ontem tiveram fim os trabalhos legislativos e esta proposta – ao contrário das restantes votadas na especialidade nas últimas semanas – teve interregnos nestes dois anos de análise, uma consulta pública pelo meio, e acabou mesmo por ficar parada nos últimos tempos em sede de comissão. Havia ainda muitas pontas soltas que se preten-diam ver resolvidas e coordenadas com os restantes diplomas mas, a falta de tempo, não o permitiu. Até porque, tal como anunciaram os deputados, já as demais se viram aceleradas, o que as fez serem passadas com algumas lacunas e incongruências, para manutenção posterior.

Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão Permanente da AL, que estudava a proposta de lei na especialidade, entende que era previsível, depois das opções do Governo durante o processo legislativo. “O Governo disse que apenas quando se aprovasse as leis respeitantes ao urbanismo, terras e património, se podia discutir novamente o diploma. Mas quando foram aprovadas as três leis, já não havia tempo para discutir o Regime Jurídico do Reordenamento de Bairros Antigos”, lembrou, em declarações ao canal chinês da Rádio Macau.

Por essa razão, o Gabinete do Secretário das Obras Públicas e Transportes, Lau Si Io, anunciou ontem que “retira o projecto” para “reconsideração e nova redacção,

O Governo decidiu que o Regime Jurídico de Reordenamento dos Bairros Antigos deve ser alvo de reformulação para a próxima legislatura. Chan Chak Mo considera a decisão “ajustada” e reitera que sem conceito de bairro antigo era difícil avançar na discussão. Ng Wan Sin critica o Executivo por falta de celeridade

BAIRROS ANTIGOS CHAN CHAK MO DIZ QUE SEM DEFINIÇÃO É DIFÍCIL SEGUIR EM FRENTE

Reordenamento fica para mais tarde

fazendo com que o conteúdo da proposta de lei seja mais actua-lizado”, lê-se num comunicado publicado no Gabinete de Comu-nicação Social.

As razões? Fundamentalmente, o articulado já foi redigido há muito tempo (a partir de 2006) e, agora, é preciso conjugá-lo com a legis-lação recente, até entregá-lo para a AL para aprovação novamente na generalidade. “Com o vertiginoso desenvolvimento económico que se tem registado nos últimos anos, verificaram-se alterações das con-dições objectivas e solicitações da sociedade comparando com a situ-ação do início da redacção [...] nos projectos de “Lei de Planeamento Urbanístico”, “Lei de Salvaguarda do Património Cultural” e “Lei de Terras” parte das matérias que se pretendia responder já estão pre-vistas”, justifica o Governo, com-plementando com um exemplo. “Preservação das particularidades da paisagem urbanística e medidas para o património cultural em bens imóveis, optimização da finalidade e utilização dos terrenos, elevação do nível de construção urbana e

melhoria da qualidade do ambien-te”, sustenta.

A justificação, no entanto, não agrada a Ng Wan Sin, membro do Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos. “O desenvolvimento é realmente tão rápido mas o reor-denamento dos bairros antigos não tem acompanhado esta evolução económico-social”, avalia membro da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo, em declarações proferidas ao canal chinês da Rá-dio Macau. “No decorrer destes últimos oito a nove anos [desde que se pensei e formalizou a lei], não houve solução nem respostas para esta questão premente. Os morado-res depositavam muita esperança [na melhoria de condições de vida nos bairros]”, enfatiza.

Por sua vez, Chan Chak Mo, considera a ideia de rectificação da redacção “adequada” até porque lhe faltam bases que devem ser criadas antes de ser discutida. Entre as quais, a concretização sobre o conceito de bairro antigo. “Neste regime jurídico não há uma definição sobre bairro antigo. Já tínhamos inclusivamente pedido ao Governo para ponderar sobre isto porque tínhamos dificul-dade de a discutir quando não há uma definição”, reagiu.

O pedido foi feito logo de início, já que não há uma “idade” para definir edifícios antigos, mas o Governo entendeu não aditar

O Governo disse que apenas quando se aprovasse as leis respeitantes ao urbanismo, terras e património, se podia discutir novamente o diploma. Mas quando foram aprovadas as três leis, já não havia tempo para discutir o Regime Jurídico do Reordenamento de Bairros AntigosCHAN CHAK MO deputado

este artigo para garantir maior flexibilidade.

Também Tommy Lau, de-putado e membro do Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos, considera

“racional” a opção do Governo (de reaver a proposta de lei), em declarações à Ou Mun Tin Toi. “Quando as outras leis entrarem em vigor, acho que existem mais condições de discutir a proposta da lei e espero que então possa ser aprovada o mais rápido possível.”

O QUE VOLTA DO QUE VAI...A proposta de lei determinava, por exemplo, que o reordenamento dos bairros antigos é de interesse público o que justificava a expro-priação por utilidade pública. Algo que levantava dúvidas em sede de comissão. O processo de reordena-mento - que incluiu a expropriação, o despejo e a projecção do plano de reconstrução e atribuição da indemnização – tinha sido deixado

finalmente a cargo de empresas privadas ou dos proprietários e não do Executivo, que defendia os gastos do erário público.

Ao Governo cabia, por isso, apenas a decisão de escolha do bairro

que deveria ser revitalizado, por meio de uma Comissão de Avaliação, que também determinaria o valor dos imóveis, de um total de cerca 60 mil fracções construídas nos anos 60, 70 e 80 em bairros antigos, e definir o valor da indemnização a pagar aos moradores ou proprietários que sejam expropriados.

Havia ainda um conselho de arbitragem, responsável por fixar os termos da expropriação.

A maior preocupação que se colocava entre os deputados, à data de discussão, era o direito à propriedade privada no âmbito da lei, o que os levou a querer um parecer da Associação dos Ad-vogados de Macau. Resta agora saber se todas estas questões se manterão. - *com Cecília Lin

O desenvolvimento é realmente tão rápido mas o reordenamento dos bairros antigos não tem acompanhado esta evolução económico-socialNG WAN SIN membro do Conselho Consultivo parao Reordenamentodos Bairros Antigos

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6 política hoje macau sexta-feira 16.8.2013

JOANA [email protected]

F ERNANDO Chui Sai On quer aproveitar a indústria do jogo para a diversificação

da economia. O Chefe do Executivo visitou ontem a Assembleia Legislativa (AL), para responder às perguntas dos deputados naquele que foi o último dia dos deputados desta legislatura. Chui Sai On admitiu que a indústria do jogo é o pilar da economia de Macau e “a maior fonte de receitas do Governo”, mas assegura que espera que o jogo “ajude Macau a diversificar-se”. “Em breve, o sector vai ter um papel importante, creio que, futu-ramente, o desenvolvimento do jogo vai trazer diferen-

N O último dia da IV legislatura da Assembleia (AL),

Chui Sai On não fez um único comentário a uma eventual fiscalização quanto à cobrança exces-siva de tarifas feitas pelos taxistas, em dias de tufão número oito [consultar primeiro texto da página 9 na secção de Sociedade].

O Chefe do Executivo foi instado a comentar sobre os problemas sen-tidos pelos cidadãos a turistas face à escassez de táxis durante o tufão Utor – que, na quarta--feira, obrigou ao içar do sinal 8 em Macau -, mas Chui Sai On foi peremp-tório, dizendo que todos devem evitar sair à rua em

dia de tufão e os taxistas também correm riscos. “Não se deve apoiar, nem incentivar esta ameaça, mas os taxistas tam-bém estão sob ameaça e numa situação de risco. Não esperamos que, por causa dos rendimentos adicionais, se sujeitem a riscos, porque, durante o tufão oito, a segurança

dos residentes é mais importante.”

O Governo não espera, mas a verdade é que já é há-bito os taxistas cobrarem tarifas abusivas em dias de tufão, devido, dizem, ao facto de as seguradoras não cobrarem estragos causa-dos por causas naturais.

Chui diz que a segu-rança é mais importante,

daí não haver transportes em dia de tufão oito, e aponta que vai ser neces-sário reforçar a capacidade para que os turistas possam permanecer abrigados e aguardar a passagem do tu-fão. “É preciso mais espaço nos postos fronteiriços e terminal marítimo, onde possamos fornecer bens essenciais aos turistas.” - J.F.

A té 2012 havia, no sistema de saúde pública de Macau, 421 médicos, 925 enfermeiros e 674 camas. Chui Sai On quer ver esses números crescer até 2020, tendo anunciado os novos objectivos do Governo face à área da saúde. O líder do Executivo anunciou que vão ser contratados mais profissionais para complementar as novas infra-estruturas de saúde que estão, actualmente, em fase de construção ou planeamento. “Até 2020, vamos ter mais 400 médicos, mais mil enfermeiros e mais 1026 camas”, começou por dizer Chui Sai On. “Temos necessidades [de dobrar] estas infra-estruturas e queremos prazos definidos para o recrutamento de pessoal para os hospitais.”Prazos esses que passam, por exemplo, pelo máximo de “seis anos para a formação de médicos especialistas”, sendo que alguns destes serão formados em colaboração com Hong Kong. Um dos objectivos com a captação de mais médicos, diz Chui Sai On, é diminuir a lista de espera. “Queremos encurtar o prazo de espera para as consultas de especialidade.”

IDOSOS COM MAIS CAMAS Uma das consultas de especialidade que o Chefe do Executivo aponta é a de geriatria. Chui admitiu que a sociedade de Macau é envelhecida e garante que o Governo vai definir políticas para os mais idosos. “Vamos implementar políticas que incluem a assistência médica e a assistência social. A 3ª idade tem de fazer fila para entrar num asilo, mas em 2016 vamos ter mais mil camas nas habitações públicas. Há necessidade de criar mais instalações deste género”, admitiu o líder do Governo. - J.F.

CECÍLIA L [email protected]

C ERCA de cem pessoas participaram, ontem, em manifestações à porta do

edifício da AL, no dia em que o Chefe do Executivo visitou o hemiciclo.

A Associação de Auxílio dos Operários de Macau (AAOM), que se apresentava com meia dúzia de manifestantes, falou sobre a questão de habitação. O presidente da associação, Cheong Weng Fa, e o activista Lei Kin Ion instaram Chui Sai On a experimentar as casas de

JOGO SECTOR DEVERÁ TER PALAVRA IMPORTANTE NA DIVERSIFICAÇÃO DA ECONOMIA

Governo pede “um papel ainda maior”LEI ORÇAMENTAL VAI SER REVISTA

TUFÕES CHUI QUER MAIS ESPAÇO PARA TURISTAS E DIZ QUE TÁXIS NÃO DEVIAM CIRCULAR

Cidadãos devem ficar em casa

IMOBILIÁRIO, HABITAÇÃO PÚBLICA E COMPOSIÇÃO DA AL NA AGENDA DOS MANIFESTANTES

Pedido o fim do deputado-empresário

JASON CHAO ACUSA CAEAL DE FAZER CENSURA POLÍTICA O número um da lista Liberais da Nova Macau, Jason Chao, que acusa a CAEAL de censura política, enviou ontem aos jornalistas uma cópia da carta de Ip Son Sang, presidente da Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), onde se pode ler que o grupo não pode ter no seu programa político das frases “Florinda Chan deve sair do cargo por causa de incapacidade no seu trabalho” e “investigação completa ao ex-Chefe do Executivo, Edmund Ho”.

Saúde Médicos de especialidade vão ser formados em seis anos

ças”, começou por dizer o líder do Executivo. “Face ao passado, penso que é altura para se fazer retrospectivas e perspectivas para o futuro.”

Perspectivas essas que, segundo Chui Sai On, passam pelo facto de os casinos explorarem outro tipo de actividades que não o jogo. A restauração é um dos exemplos dados

ontem na AL, mas o Chefe do Executivo garante ter mais em mente. “Para o ano, o Governo vai estudar a questão dos contratos de concessão especialmente na vertente de não-jogo. Temos que saber como aproveitar o sector do jogo para alargar as nossas actividades. Para além de manter o desenvolvimento

do Executivo pare de nomear os empresários deputados.”

Cerca de 70 agentes imobi-liários também se juntaram aos protestos. Acusaram o Governo de ter consultado mal o sector imobiliário para elaborar a Lei de Mediação Imobiliária. Recorde--se que, no dia 1 de Julho, os agentes imobiliários realizaram uma manifestação e entregaram uma carta ao Chefe do Executivo, mas até ontem o Governo ainda não tinha dado qualquer resposta aos manifestantes. Nos cartazes podia ler-se, entre muitos apelos, a um “salve-me, Chefe do Execu-tivo! Como posso sobreviver?”.

habitação pública, que dizem ser pequenas.

Mas os temas foram também outros. A associação referiu que a maioria dos cargos da AL é ocupado por empresários. “Cla-

ro que vão procurar defender o seu interesse, assim a AL apenas pode reflectir as opiniões dos empresários mas não as espe-ranças dos cidadãos. Por isso, também queremos que o Chefe

do sector do jogo, também vamos desenvolver outras áreas”, referiu.

Chui Sai On garante que, em 2016, o sector do jogo vai desempenhar um papel de ajuda “ainda maior” na economia do território e relembra que já há instituições académicas a estudar estas possibili-dades.

Chui Sai On comprometeu-se ontem a fazer a revisão da Lei de Enquadramento Orçamental. Numa resposta à deputada Melinda Chan, que interpelou o líder do Governo sobre a derrapagem “assustadora” dos preços das obras de grande envergadura do Executivo, Chui Sai On disse concordar que os orçamentos têm de ser vigiados e deixou promessas. “Já pedimos também aos [Serviços de] Finanças que dêem estimativas mais detalhadas para que sejam apresentadas à

Assembleia Legislativa”, começou por dizer. “O Comissariado de Auditoria também vai adoptar medidas de fiscalização contínua e um controlo mais rigoroso, bem como serão implementadas medidas dentro dos próprios serviços.” As derrapagens nas obras do Governo têm sido constantes e têm levantado alguma polémica no seio dos deputados, que se queixam de não conseguir fiscalizar os orçamentos devido a estes não passarem pela aprovação da AL.

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TIAG

O AL

CÂNT

ARA

7 políticahoje macau sexta-feira 16.8.2013

JOANA [email protected]

O S funcionários públicos das camadas mais baixas podem

vir a receber mais apoios financeiros. Quem o garantiu foi Fernando Chui Sai On, em mais uma visita ao plenário da Assembleia Legislativa (AL), naquele que foi o último dia em vigor da IV legislatura.

O Chefe do Executivo garantiu que “iriam ser envidados todos os es-forços” para que fossem apresentadas na AL leis que possam “ajudar a camada mais baixa” da função pú-blica. Apesar de não falar em medidas concretas, o líder do Governo admitiu a possibilidade de se virem aumentar salários, através de apoios financeiros. “Va-mos tentar adoptar medidas flexíveis para o aumento dos rendimentos, através de subsídios ou apoios finan-ceiros aos trabalhadores. Queremos atenuar a pressão das camadas mais baixas, vamos tentar apresentar proposta à AL quanto ao trabalho extraordinário.”

Os pedidos de apoio a funcionários públicos saíram da boca de vários deputados, entre eles José Pereira Coutinho, presi-dente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau. O depu-

Protecção do ambiente regulada em dois anos O Regime de Avaliação de Impacto Ambiental tem que estar concluído entre 2014/2015. O desejo foi ontem manifestado pelo Chefe do Executivo na Assembleia Legislativa (AL). “Há toda a necessidade de levar a cabo este regime, para realizarmos os trabalhos dentro de critérios e controlar o impacto ambiental”, frisou Chui Sai On. O líder do Governo referiu ainda que vai ser iniciada a formação de pessoal e que, em 2014, irá ser lançada uma consulta pública sobre esta matéria. A ideia é a definição de uma lista que crie critérios que as empresas tenham de seguir antes das construções, de forma a respeitar o meio ambiente. A RAEM está há dez anos a estudar um regime como este.

ADMINISTRAÇÃO CHUI SAI ON PROMETE AUMENTOS DE RENDIMENTOS ATRAVÉS DE SUBSÍDIOS

“Funcionários públicos são um tesouro”LEIS SOBRE TRABALHO EM BREVE NA ALO texto de consulta sobre a lei de implementação de um salário mínimo vai ser distribuído à população em Setembro. De acordo com Chui Sai On, Chefe do Executivo, o Governo vai ainda alterar o regime de acidentes de trabalho e doenças profissionais , bem como alargar os subsídios em casos de acidente de trabalho. O anúncio, feito ontem na AL, inclui ainda a promessa de que um regime sobre os salários em atraso deverá ser entregue à AL “até ao final do ano”. “Vamos ainda acelerar a revisão da Lei Laboral.”

RESPONSABILIZAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS EM VIGOR EM 2014

Altos cargos sob avaliação

tado questionou o líder do Executivo sobre o premio de antiguidade, que consi-dera injusto por não con-tabilizar todos os anos de serviços dos funcionários.

Chui Sai On garante que os trabalhadores da Administração são “um tesouro” e promete, por isso, fazer mais. “Entendo muito bem o fardo que pesa nos ombros dessa camada [mais baixa], em termos de renda, da carestia de vida, por isso vamos apresentar medidas para que possam receber apoios financeiros extraordinários.”

O regime de responsabiliza-ção dos funcionários do Governo pode vir a ser

implementado para o próximo ano. Foi Chui Sai On quem o garantiu, ontem, a Lam Heong Sang, na últi-ma visita à Assembleia Legislativa (AL) antes da próxima legislatura. ”Vamos tentar implementar para o ano, para melhorar os serviços prestados pelo Governo e elevar a qualidade desses serviços”, afirmou Chui Sai On.

O pedido da implementação de um regime que avalie o desem-penho dos funcionários públicos já tem vindo a ser feito há algum

tempo. Na sessão de ontem, Lam Heong Sang foi quem fez primei-ro a pergunta sobre o assunto, apesar de muitos deputados terem levantado a questão.

O Chefe do Executivo admite que poderá ser implementado o sistema, mas assegura que os funcionários já são respon-sabilizados. “Os funcionários públicos e os altos cargos já têm de se responsabilizar perante o Governo, o regime actual já fun-ciona assim: ou pedem desculpa, ou demitem-se ou até podem ser exonerados.”

Chui Sai On diz que é necessá-

rio ter em conta diversos aspectos face aos actos cometidos pelos funcionários, por exemplo, se es-ses violam políticas ou leis, bem como tem de se ter em conta “todo o desempenho a longo-prazo”. O Chefe do Executivo admite que já tem critérios suficientes para implementar o regime de avaliação, tendo inclusive um esboço preliminar, e foca-se, principalmente, nos altos cargos. “O Governo está a trabalhar ener-gicamente para que os titulares dos principais cargos, sobretudo, possam prestar cabalmente os seus serviços.” - J.F.

Vamos tentar adoptar medidas flexíveis para o aumento dos rendimentos, através de subsídios ou apoios financeiros aos trabalhadores. Queremos atenuar a pressão das camadas mais baixas, vamos tentar apresentar proposta à AL quanto ao trabalho extraordinário CHUI SAI ON Chefe do Executivo da RAEM

Educação contínua é para ter seguimento O Governo vai aumentar o investimento na área da educação e melhorar a qualidade do ensino. Chui Sai On anunciou ontem, na Assembleia Legislativa, que o Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo é para continuar no próximo ano, “ainda que com uma revisão”. O Chefe do Executivo descartou mais pormenores para a apresentação das Linhas de Acção Governativa para o próximo ano, mas admite que este é um instrumento necessário para “dar uma segunda oportunidade a quem não a teve e para que Macau possa formar quadros qualificados”. Ficou ainda prometido um reforço dos investimentos no ensino.

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8 hoje macau sexta-feira 16.8.2013SOCIEDADE

ZHOU XUEFEI*[email protected]

N EM no site oficial da Universidade de Ma-cau (UMAC), nem na página do Facebook

da União de Estudantes da Uni-versidade de Macau (UMSU), se encontrava qualquer informação sobre a actividade “Partir de Macau 2013” antes do término do prazo de inscrição, a 12 de Agosto. O organizador, que pediu cerca de 220 mil patacas ao Gabi-nete de Apoio ao Ensino Superior, manteve-se calado, enquanto uniões de estudantes de outras escolas, inclusive outras regiões, publicavam o recrutamento. Quem o diz é o Orange Post, um jornal da Sociedade da Comunicação da UMAC, que divulgou o caso a 8 de Agosto, depois de ter conhe-cimento da iniciativa por meio de uma associação de alunos de Hong Kong.

Foi a Federação de Estudantes de Macau em Universidades de Hong Kong (FMSHK Officer, em língua inglesa), ao lançar na sua página oficial na Internet nesse dia informações sobre a activida-de “Partir de Macau 2013” (ou, oficialmente reconhecida como, Grupo de Investigação à Suíça de estudantes jovens líderes de Macau), que fez levantar suspeitas. Segundo explicava numa apresen-tação, a actividade pretendia levar alunos universitários, com cartão de residência de Macau, que estu-dam dentro e fora do território, de

A actividade tem dinheiro público atribuído pelo GAES. Sendo eu um cidadão, queria saber quanto dinheiro público foi desperdiçado por esta união para organizar ‘festas privadas’SOU KA HOU AssociaçãoNovo Macau

A actividade “Partir de Macau 2013” era destinada a residentes de Macau inscritos em instituições locais e estrangeiras de ensino superior mas os líderes da União de Estudantes da Universidade de Macau (UMSU), à qual foram atribuídos subsídios, decidiram não informar os alunos da instituição. A associação justificou ontem tratar-se de uma viagem “para líderes” e não de “lazer”

UNIÃO DE ESTUDANTES DA UMAC SUSPEITA DE FURTAR DINHEIRO PÚBLICO

“Partir de Macau” ou partir da corrupção?

visita à Suíça por um período de 10 dias, entre 5 e 14 de Setembro.

Os inscritos necessita-vam de mandar o seu curriculum vitae a par de uma carta de motiva-ção, e de participar numa entrevista com uma comissão composta por membros da UMSU, que atribuiria 6000 patacas a cada um dos 30 participantes. Ou seja, a despesa total saldava-se em 180 mil patacas e as restantes 40 mil ficariam para usufruto da UMSU. O HM tentou, sem sucesso, apurar os factos com o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES).

No entanto, o prazo de inscrição expirou e o público-alvo da UMAC não foi informado da actividade, ao contrário do que aconteceu, por exemplo na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) e na Es-cola de Enfermagem do Kiang Wu.

Ao divulgar este episódio, o Orange Post conseguiu de imediato reter a atenção de muitos alunos e suscitar alguma polémica no meio.

Um aluno da UMAC manifestou--se num comentário deixado à publicação. “Provavelmente será para um grupo turístico da UMSU”, referiu. Outra aluna revelou que um amigo seu, que estuda numa universidade de Pequim, recebeu a notificação por e-mail mas “para os alunos da UMAC, nada”. Noutros comentários, pessoas referiam que a implementação do ensino superior em Macau trouxe muita corrupção.

“NÃO É PASSEAR, É EDUCARLÍDERES”, JUSTIFICA UMSUPassados mais de cinco dias sobre o espoletar da polémica, a

220mil patacas foi o valor que União

de Estudantes da Universidade de

Macau pediu ao Gabinete de Apoio

ao Ensino Superior

Ao contrário do que muitos colegas pensam, a actividade não é para um grupo turístico. Os participantes não vão à Suíça divertirem-se mas sim estudar e fazer práticas sociaisUNIÃO DE ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE DE MACAU

UMSU quebrou o silêncio. On-tem, por volta da uma da manhã, foi publicado na sua página do Facebook um pequeno texto a defender a União. “Enfatizamos primeiro que a actividade custa mais do que as 6000 patacas pelo que o remanescente teria de ser suportado pelos alunos. Queremos também esclarecer que o dinheiro não pertence ao orçamento anual da UMSU pelo que não terá nenhum impacto ao apoio financeiro às outras actividades [requisitadas pelos estudantes]”, começa por dizer, antes de se remeter à iniciativa.

“É uma actividade inter-escolar destinada aos líderes da UMSU e uniões de estudantes de Macau noutras regiões. Gostávamos de apresentar uma actividade para ampliar a visão dos líderes a fim que estes possam aplicar o que aprendem na Suíça ao serviço dos colegas”, justificando a não divul-gação da mesma. “Ao contrário do que muitos colegas pensam, a actividade não é para um grupo turístico. Os participantes não vão à Suíça divertirem-se mas sim estudar e fazer práticas sociais.”

A união disse ainda que rea-lizará um fórum este sábado às 21h no Centro de Estudantes da UMAC para comunicar com os alunos que mante-nham opiniões diferentes.

NOVO MACAU FALAEM CONTRADIÇÕES Sou Ka Hou, jovem activis-ta, e número dois da lista en-cabeçada por Au Kam San, chamou a atenção do público para o caso na sua página de Facebook. Sou aponta que a UMSU é muito astuta, refe-rindo que a sua explicação é contraditória e levantou ainda mais confusão. “A ac-tividade tem dinheiro público atribuído pelo GAES. Sendo eu um cidadão, queria saber quanto dinheiro público foi

desperdiçado por esta união para organizar ‘festas privadas’”,

começou por dizer o jovem que apela ainda a que todos os alunos da UMAC participem no fórum para combater esta injustiça.

A Revista Macau Concealers, detida pela Associação Novo Ma-cau, também publicou ontem na sua página na mesma rede social uma notícia sobre o caso, dizendo que consultou o GAES mas que até às 13h não recebeu qualquer respos-ta. Nos comentários à publicação foram muitas as pessoas que se mostraram indignadas sobre este “escândalo”. - *com Rita Marques Ramos

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9 sociedadehoje macau sexta-feira 16.8.2013

CECÍLIA L [email protected]

H Á um novo mecanismo de burla dos passageiros de táxi em dia de tufão. A denúncia foi feita ao HM

por uma residente de Macau que disse ter apanhado em flagrante um taxista a falar com o seu “mediador”. Hasteado o sinal oito, o táxi passou a ser o único meio de transporte público em trânsito, e depois é tudo uma ques-tão de se jogar com os passageiros o valor - francamente inflacionado - a ser cobrado. É aí que entra o papel destes intermediários. “Eles vão falar com o turista ou residente sobre o preço da distância e levam depois dois terços da tarifa cobrada”, explica Huang Hanbing, professora primária em Macau, depois de ter apanhado uma conversa do motorista que, anteontem, a transportava.

Segundo este taxista, na quarta--feira, o mediador pediu 300 patacas das Portas do Cerco para um hotel de Macau mas o taxista sabe que o ‘preço de mercado’ [em dias de tufão oito] subiu para 500 patacas. Dessa forma, o mediador ganha 300 patacas e o taxista 200 patacas. Quando a tarifa fica apenas 300 patacas, a mediação ganha 200 patacas e a taxista fica com 100 patacas.

Além dos táxis, os carros particulares também participa-ram neste “negócio”. De acordo com o mesmo taxista, a tarifa mínima de durante um tufão de sinal oito é de 200 patacas. Já a tarifa dos carros privados, ou seja, “táxi ilegal”, pode ascender às mil patacas.

O Jornal do Cidadão referiu, ontem, que a tarifa de um táxi da Taipa para Macau foi cobrada a 800 patacas, enquanto que do centro para aeroporto foram co-bradas 500 patacas. Mas os turis-tas mostravam-se, mesmo assim,

ZHOU [email protected]

E M declarações publicadas, ontem, na edição do Jor-nal do Cidadão, Ella Lei,

vice-presidente da Federação da Associação dos Operários de Macau (FAOM), apontou a falta de legislação que proteja trabalhadores que se envolvam em acidentes de trabalho du-rante os dias de tufão de sinal oito. A também candidata às eleições deste ano refere que actualmente os seguros de acidentes não cobrem sinistros ocorridos durante um tufão de sinal oito, o que pode tornar-se

num fardo pesado tanto para os trabalhadores como para os empregadores. “Já houve con-senso nesta matéria por parte de patrões e empregados. Falta que o Governo incluía os acidentes de trabalhos ocorridos nestes moldes nos seguros de acidentes de trabalho. Foram entregues, há dois anos, sugestões ao Executivo, mas o progresso é excessivamente lento”, refere Ella Lei.

A vice-pres idente da FAOM referiu ainda que, sem lei, não há quem cumpra. “Há trabalhadores de casinos que tiveram a trabalhar durante 20 horas em situação de tufão”,

disse, acrescentando: “As empresas devem dar mais tempo de descanso aos seus trabalhadores.”

Já o Leong Sun Iok, vice--presidente da Associação dos Trabalhadores da Indústria de Jogos de Fortuna e Azar de Macau (ATIJFAM), afirmou ao jornal Ou Mun que o meca-nismo de compensação exis-tente já está “desactualizado”, manifestando insatisfação com a falta de resposta do Governo. “Macau é frequen-temente atacado por tufões, razão pela qual o Governo está ciente dos riscos que os traba-lhadores correm nesses dias.

Não criar legislação relevante nesse sentido é, no mínimo, absurdo especialmente numa cidade tão internacionaliza-da”, apontou.

Em relação aos rumores que acusam os casinos de forçar os funcionários a tra-balhar sob sinal oito, Leong disse não ter recebido qual-quer queixas, considerando isso um avanço na gestão das empresas de jogo. Contudo, o vice-presidente reconhece que existe a possibilidade dos casinos forçarem alguns funcionários a trabalhar mais tempo do que o estipulado no horário laboral normal.

Jovens Macaenses vão “reforçar laços” a Pequim e TianjinA Associação de Jovens Macaenses (AJM) vai levar uma delegação de 17 sócios em visita a Pequim e a Tianjin entre os próximos dias 19 e 23, a convite do Governo Central da República Popular da China em Macau. O objectivo da visita passa, sobretudo, pela “apresentação oficial da Associação dos Jovens de Macau ao Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado” e pelo “estabelecimento de laços de amizade e cooperação com associações congéneres de Pequim e de TianJin”. Do programa constam encontros com vários departamentos e associações locais, tais como o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, a Federação Nacional da Juventude, a Beijing Overseas Friendship Association e o Comité Central de TianJin. Sobre a estreia de muitos dos elementos, a AJM realça o seu interesse pela identidade e cultura macaenses e pela história e realidade actual da República Popular da China. Por sua vez, a AJm diz querer a visita proporciona concretizar um dos seus objectivos, o de “ajudar a criar entre a comunidade jovem macaense uma atitude de participação nos assuntos”.

TÁXIS MACAU CRIOU “NOVA PROFISSÃO” EM DIA DE TUFÃO

Mediadores “burlam” condutores

FAOM APONTA FALTA DE LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA NO TRABALHO EM CASO DE TUFÃO

Governo acusado de ficar impávido

DEPUTADO PEDE TARIFAS RESTRIT IVAS E MULTAS MAIORESO pró-democrata Paul Chan Wai Chi pediu uma tarifa “restritiva” para os táxis durante os tufões de sinal oito e, por outro lado, um aumento das multas em caso de violações. Numa interpelação escrita ao Governo, o deputado pediu ainda que fosse melhorado o sistema de compensação sobre acidentes de trabalho e doenças profissionais, a fim de proteger os funcionários que trabalham em condições meteorológicas adversas.

disponíveis para pagar mil patacas para não arriscarem perder o voo.

TONY KUOK DEFENDE SERVIÇOS MÍNIMOS DE AUTOCARROSO presidente da Associação de Mútuo de Condutores de Táxi de Macau, em declarações ao Jornal do Cidadão, culpou o Governo da confusão sobre o excesso de tarifas cobradas pelos táxis e deu como referência a região administrativa especial vizinha. “Em Hong Kong, durante um tufão oito há alguns autocarros que oferecem serviços

mínimos mas em Macau nenhum autocarro funciona. O Governo está a fugir das suas responsabi-lidades.”

O responsável apelou ainda aos taxistas para não trabalhar durante tufão a fim de mudar as acusações de que os táxis é prevaricam, até

porque, justifica, as críticas não são justas para com uma profissão que é livre. Em seu entender, por exemplo, os casinos e as empresas é que devem ter a responsabilidade de, nestes dias, levar e trazer os seus funcionários.

Tony Kuok acusou, ainda, o Executivo de não enviar inspectores para os pontos de espera de táxis. Já sobre o regulamento dos táxis, Tong Kuok refere que o Governo já discute o assunto há dois anos mas até agora ainda não há nenhuma proposta apre-sentada, por isso é difícil de deter as “ovelhas negras”.

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10 hoje macau sexta-feira 16.8.2013ANGOLA

P RIMEIRO, a revista For-bes considerou Isabel dos Santos, empresária e filha do presidente angolano

Eduardo dos Santos, como a mulher mais rica de África. Agora afirma que a sua riqueza, avaliada em três mil milhões de dólares, tem como origem esquemas corruptos alavancados pelo pai em contratos e assinaturas. “É uma rara janela para a mesma trágica narrativa cleptocrática em que ficam presos muitos outros países ricos em recursos naturais”, escreve a Forbes, sem esquecer que a riqueza de Dos Santos contrasta com a situação sócio-económica de um país onde 70% das pessoas vivem com menos de dois dólares por dia.

Com 40 anos de idade, Isabel dos Santos conseguiu em poucos anos ter uma posição estratégica nas maiores empresas do país, que operam em áreas da banca, comércio e extracção de diamantes ou telecomunicações. A Forbes diz que metade dos acti-vos dessas empresas são detidos por empresas portuguesas cotadas em bolsa, o que traz credibilidade internacional.

A revista escreve que, desde o ano passado, “foi traçando o cami-nho de Isabel dos Santos para a sua riqueza”, “revendo documentos e falando com dezenas de pessoas no terreno”. “Em traços gerais, a maior parte do investimento feito por Isabel dos Santos em Angola vem da compra de uma parte da empresa que quer fazer negócios no país ou através de um golpe de caneta do presidente. Para José Eduardo dos Santos trata-se de uma maneira infalível de extrair dinheiro do seu país. Se o presiden-te de 71 anos sair do poder, pode

A filha do presidente de Angola, Eduardo dos Santos, já veio a publico desmentir a mais última reportagem da revista Forbes, que analisa a origem da fortuna de Isabel dos Santos. O artigo, assinado por Kerry A. Dolan e Rafael Marques de Morais, aponta a corrupção como a causa para tantos milhões e intitula Isabel como sendo a “menina do papá”

REPORTAGEM DA REVISTA FORBES SOBRE FILHA DO PRESIDENTE ANGOLANO

Isabel dos Santos, a “menina do papá”

recuperar os bens da sua filha. Se ele morrer ainda no poder, mantém o saque na família.”

À Forbes, Marcolino Moco disse que “não é possível justificar essa ri-queza, apresentada descaradamente. Não há dúvida de que foi o pai que gerou tal fortuna”.

Isabel dos Santos negou falar com a revista, mas já foi emitido um

comunicado onde todos os factos são negados. “Dos Santos é uma mulher de negócios independente e uma investidora privada que representa exclusivamente os seus próprios interesses”. O texto é um trabalho de “um conhecido activista políti-co que, patrocinado por interesses escondidos, passeia pelo mundo a atacar Angola e angolanos”, numa

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11 angolahoje macau sexta-feira 16.8.2013

REPORTAGEM DA REVISTA FORBES SOBRE FILHA DO PRESIDENTE ANGOLANO

Isabel dos Santos, a “menina do papá”

clara referência ao jornalista Rafael Marques.

OS DIAMANTES E A ENDIAMAActualmente Angola é o quarto maior produtor de diamantes em todo o mundo, industria que gere cerca de mil milhões de dólares norte-americanos todos os anos. Mas este negócio está nas mãos de

uma única concessionária do Esta-do, a Endiama, a qual é detida em 24,5% por Isabel dos Santos. Em 1999, Eduardo dos Santos empur-rou a Endiama para a formação de uma parceria para o negócio destas pedras preciosas. Três comercian-tes do ramo de Israel, incluindo Lev Leviev, envolveram-se com contactos e conhecimentos. Com

base em registos da justiça britâni-ca consultados pela Forbes, a pedra basilar do negócio foi Arkady Gaydamak, traficante de armas russo e ex-confidente do presiden-te angolano durante a Guerra Civil de Angola (1992-2002).

A nova empresa seria chamada Ascorp, detida em 24,5% por Le-viev, amigos e Gaydamak. Embora

Em traços gerais, a maior parte do investimento feito por Isabel dos Santos em Angola vem da compra de uma parte da empresa que quer fazer negócios no país ou através de um golpe de caneta do presidente. Para José Eduardo dos Santos trata-se de uma maneira infalível de extrair dinheiro do seu país. Se o presidente de 71 anos sair do poder, pode recuperar os bens da sua filha. Se ele morrer ainda no poder, mantém o saque na famíliaREVISTA FORBES

Dos Santos é uma mulher de negócios independente e uma investidora privada que representa exclusivamente os seus próprios interessesCOMUNICADO DE ISABELDOS SANTOS À REVISTA FORBES

o Governo tenha mantido a posição accionista em 51%, Isabel dos San-tos surgiu no negócio comprando acções através da Trans Africa Investment Services, empresa de investimentos em Gibraltar que criou com a sua mãe. O Conselho de Ministros de Angola viria a aprovar o acordo Endiama-Ascorp. “Num país com uma separação de poderes e uma democracia real, essas acções do presidente para enriquecer a sua

família teriam causado procedimen-tos legais para o seu impedimento”, afirmou à Forbes Salvador Freire, presidente de um grupo ligado aos Direitos Humanos. “Em Angola, ele é a lei.”

A TELECOM E O DECRETOEduardo dos Santos publicou um decreto-lei em 1997 sobre o controlo do mercado das teleco-municações, em que o Governo deveria controlar o concurso público para a obtenção de novas licenças de operação no mercado. Passados dois anos criou um novo decreto-lei que determinava que uma licença poderia ser concedida sem concurso público, caso fosse feita uma joint-venture entre uma empresa privada e o Estado. Então a Unitel, empresa estatal de petró-leo, surgiu com uma participação de 25%, sem esquecer mais 25% de Isabel dos Santos. Hoje a em-presária detém aproximadamente mil milhões de dólares, com base em declarações de analistas perto da Portugal Telecom (PT). A PT viria a pagar mais 12,6 milhões de dólares americanos para obter mais 25% da joint-venture. O ano

passado, a Unitel teve lucros de dois mil milhões de dólares, sendo hoje a maior empresa privada de Angola.

A BANCA E A EUROPAAquando da criação do Banco Internacional de Crédito (BIC), parceria entre Isabel dos Santos e Américo Amorim, empresário português com negócios em várias áreas, Eduardo dos Santos terá

autorizado, no papel de chefe do Conselho de Ministros, à injecção de investimentos estrangeiros no capital do BIC. Contudo, não há quaisquer registos públicos desses investimentos.

O último relatório do BIC aponta para a detenção de 25% do banco por parte de Amorim, sendo que outros 25% serão detidos por Isabel dos Santos, com base em documentos consultados pela Forbes. O seu porta-voz disse que Dos Santos foi um “membro fundador” do BIC e que tinha “meios independentes” para pagar a sua posição accionista.

PETRÓLEO, CIMENTO E ZONA produção e extracção do petróleo é uma das principais indústrias da economia angolana, através da es-tatal Sonangol. Aqui o milionário Américo Amorim também viria a desempenhar um importante papel, num processo que envolve a criação da subsidiária Amorim Energia, a compra de 33,3% da Galp Energia e a colocação de Sindika Dokolo, marido de Isabel dos Santos, na Amorim Energia.

O investimento de 500 milhões na empresa portuguesa Zon, ligada às telecomunicações, e o facto de Isa-bel dos Santos ter ficado à frente da cimenteira estatal Nova Cimangola, são negócios cuja origem também é explicada pela Forbes. Também aqui Américo Amorim tem uma palavra a dizer.

O facto da Forbes ter apontado Isabel dos Santos como a mulher mais rica de África foi motivo de orgulho para o Governo angolano. O Jornal de Angola publicou um texto onde se mostra “o orgulho” por tal distinção. Mas a Forbes espera que os angolanos “deve-riam ficar envergonhados. Não orgulhosos.” - A.S.S.

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12 hoje macau sexta-feira 16.8.2013CHINA

O Ministério dos Ne-gócios Estrangeiros chinês “condenou firmemente” a visita

realizada ontem por dois ministros japoneses ao santuário Yasukuni, em Tóquio, considerado pelos vizinhos do Japão como símbolo do seu passado militarista.

O Governo chinês convocou o embaixador do Japão na China para lhe apresentar um protesto oficial no dia do aniversário da capitula-

A condenação à morte esta semana de dois uigures na região

chinesa de Xinjiang é uma “sentença política”, afirmou o Congresso Mundial Ui-gur, organização com sede nos Estados Unidos.

Estas condenações “pro-vam que os uigures não são tratados em pé de igualdade [com os restantes chine-ses]”, declarou a presidente desta organização Rebiya Kadeer, num comunicado enviado na quarta-feira à noite à agência AFP.

As sentenças demons-tram que “nada permite [aos uigures] esperar o gozo pleno dos seus direitos à liberdade de expressão e de opinião sob a nova lideran-ça chinesa”, acrescentou a dissidente uigur no exílio.

Os dois condenados fo-

PEQUIM CONDENOU VISITA DE MINISTROS JAPONESES A SANTUÁRIO POLÉMICO

Remexer no passado é que não

CONGRESSO MUNDIAL UIGUR DENUNCIA CONDENAÇÕES À MORTE

Tudo questões de índole políticaAid el-Fitr, a festa do fim do Ramadão.

Etnia de religião muçul-mana e cultura turcófona, os uigures constituem 45% dos cerca de 21,5 milhões de habitantes de Xinjiang, uma Região Autónoma da China, rica em petróleo e outros recursos minerais, que confina com o Paquis-tão, Afeganistão e várias ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central.

Xinjiang é regularmente abalada por incidentes de violência, em consequência das fortes tensões entre os han - a etnia maioritária na China - e os uigures.

Os mais violentos inci-dentes do género remontam aos tumultos de Julho de 2009 em Urumqi, a capital de Xinjiang, que causaram cerca de 200 mortos.

ram declarados culpados na segunda-feira de homicídio e de actividades terroristas. Um dos indivíduos foi igualmente condenado pelo fabrico de explosivos.

Três outros indivíduos foram condenados a penas que vão desde nove anos de prisão até à pena perpétua.

Os cinco condenados - que segundo a imprensa chinesa assumiram todos serem culpados - foram acusados de terem partici-pado nos actos de violência registados em Xinjiang, em Abril, de que resultaram 21 mortos, incluindo seis polícias.

Foi também provado o “extremismo religioso”, de acordo com a agência oficial Xinhua.

O Congresso Mundial Uigur apelou às autori-dades chinesas para apre-sentarem as provas que serviram para condenar estes homens e afirmou que as confissões poderão ter sido obtidas pela força, de-nunciando o uso frequente da tortura na China.

A organização denun-ciou também as recentes acções das forças de se-gurança chinesas com o objectivo de impedir os uigures de celebrarem o

Akihito e da imperatriz Michiko, Abe limitou-se a prestar homenagem às vítimas do conflito e a desejar que a paz perdure. “Não esquecerei jamais que a paz e a prosperidade actuais são um resultado do sacrifício das vossas vidas e iremos dar o nosso melhor para dar a nossa contribuição para a paz no mundo”, disse Abe, referindo--se aos japoneses que morreram durante a guerra do Pacífico.

ção do Japão, em 1945, acrescenta o Ministério em comunicado.

A visita foi realizada pelo ministro do Interior e da Comuni-cação japonês, Yoshitaka Shindo, e pelo ministro responsável pelos assuntos relacionados com os se-questros de japoneses pela Coreia do Norte, Keiji Furuya, informou a agência Kyodo.

De acordo com a imprensa japonesa, Abe decidiu abster-se de visitar o templo para não agravar

as já complicadas relações com a China e a Coreia do Sul.

As visitas de membros do Gover-no nipónico a Yasukuni, no centro de Tóquio, que presta homenagem aos milhões de soldados mortos em conflitos armados entre 1853 e 1945 e a 14 famosos criminosos da II Guerra Mundial, gera todos os anos o protesto dos países brutalmente ocupados pelo Japão no século XX.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, não exprimiu qual-

quer arrependimento em relação à Ásia pelo sofrimento causado pelo Japão durante a II Guerra Mundial, num discurso por ocasião do 68.º aniversário da capitulação nipónica.

Abe rompeu, assim, com uma tradição de 20 anos, segundo a qual o chefe de Governo japonês apresentava sempre o seu pesar no discurso proferido a 15 de agosto.

Numa breve intervenção em Tóquio durante uma cerimónia que contou com a presença do imperador

Ao romper com este costume, o conservador Abe marca mais uma vez a sua posição de firmeza em relação aos vizinhos asiáticos, que consideram que o Japão não se arrependeu ainda o suficiente pelo seu passado militarista

Os primeiros-ministros japo-neses costumam – como Abe o fez quando liderou o Governo entre 2006 e 2007 – aproveitar o dia de hoje para exprimir arrependimento pelos atos cometidos contra as popu-lações vizinhas durante a ocupação da península coreana (1910-1945) e de uma parte da China (1931-1945).

Ao romper com este costume, o conservador Abe marca mais uma vez a sua posição de firmeza em relação aos vizinhos asiáticos, que consideram que o Japão não se arrependeu ainda o suficiente pelo seu passado militarista.

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hoje macau sexta-feira 16.8.2013 13REGIÃO

O antigo primei-ro-minis t ro britânico Tony Blair afirmou

ontem em Díli, onde reali-zou uma visita de cerca de cinco horas, que vai ajudar o Governo de Timor-Leste a alcançar as suas prioridades. “Tive um excelente encontro com o primeiro-ministro e falámos sobre formas de o meu gabinete cooperar com o dele para ajudar o país a

A Presidente sul--coreana, Park Geun-hye, pro-

pôs ontem à Coreia do Norte retomar outros projectos interrompidos entre as duas Coreias, um dia depois de um acordo histórico para a reabertura do complexo industrial conjunto de Kaesong.

Por ocasião da ce-lebração na península coreana do “Dia da Li-bertação” da colonização japonesa (1910-1945), Park Geun-hye propôs, no seu discurso, pro-mover as reuniões das famílias separadas pela

TIMOR-LESTE TONY BLAIR EM DÍLI PARA AJUDAR PAÍS A ALCANÇAR PRIORIDADES

“Timor-Leste é um país com um enorme potencial”

CRISE NAS COREIAS SEUL PROPÕE RETOMAR ASSUNTOS COM PYONGYANG APÓS ACORDO HISTÓRICO

Conversar para resolver questões pendentes

O antigo primeiro-ministro britânico e representante do Quarteto para o Médio Oriente Tony Blair afirmou ontem que a nova ronda de negociações israelo-palestinianas é um sinal de optimismo e esperança para a região. “Estou satisfeito com o enorme esforço que o secretário [John] Kerry dedicou ao assunto e o facto de as negociações terem sido retomados é um grande sinal de optimismo e esperança para a região”, afirmou Tony Blair no final de um encontro com o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão. Após três anos de impasse e mais de seis décadas de um conflito histórico, as negociações israelo-palestinianas foram retomadas, no final de Julho, em Washington. O secretário de Estado norte-americano John Kerry, que apostou muita da sua reputação como secretário de Estado na ideia de obter um acordo de paz no Médio Oriente, declarou que a maioria dos conflitos poderia

ser solucionada através de negociações. Os chamados “conflitos do estatuto final” incluem problemas tão emotivos e difíceis quanto o direito de regresso dos refugiados palestinianos, expulsos das suas terras com a criação de Israel, em 1948; as fronteiras exactas de um Estado palestiniano, complicadas pela construção sucessiva de colonatos judaicos ao longo da Cisjordânia ocupada; e o destino da cidade santa de Jerusalém, reclamada por ambos os lados como futura capital. Na quarta-feira, Israel libertou 26 presos políticos, no âmbito de um acordo de relançamento das negociações de paz, que devem continuar em Jerusalém, e depois em Jericó, na Cisjordânia. Ao mesmo tempo, anunciou o lançamento de um concurso para a construção de mil novas habitações nos colonatos judeus, em Jerusalém-Oriental e na Cisjordânia, suscitando o descontentamento palestiniano.

nhar e naquilo que pudermos vamos ajudar”, disse.

A organização Associa-dos Tony Blair trabalha com governos através de apoio e assessorias para imple-mentação de reformas em áreas chaves da governação, modernização e implemen-tação.

Questionado sobre a forma como vai ajudar o Governo timorense, o ex--primeiro-ministro britânico explicou que “o Governo vai definir as prioridades” e que o seu gabinete vai ajudar a implementá-las. “É o que já fazemos em algumas partes do mundo. Pela minha experiência de governação, o mais difícil em governar é conseguir fazer as coisas. O difícil não é ter as ideias, é pô-las em prática”, salientou.

No encontro com Xana-na Gusmão esteve também presente o ministro dos Negócios Estrangeiros timo-rense, José Luís Guterres, que explicou aos jornalistas que Tony Blair foi a Timor-Leste para, em conjunto com o chefe do Governo, “discutir assuntos relacionados com a implementação de um programa” para melhorar a administração pública e a governação. “A organização de Tony Blair vai dar apoio a Timor-Leste no sentido de melhorar a administração pública e a governação, para ser mais transparente e eficiente”, disse.

Esta é a segunda visita de Tony Blair a Timor-Leste. A primeira realizou-se em Agosto de 2011.

alcançar as suas priorida-des”, afirmou Tony Blair no final de um encontro com o primeiro-ministro timoren-se, Xanana Gusmão.

Tony Blair chegou a Díli para uma curta visita, tendo mantido encontros com o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, e o secretário--geral da Frente Revolu-cionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri.

BLAIR FALA DAS NEGOCIAÇÕES ISRAELO-PALESTINIANAS COM OPTIMISMO

Em declarações aos jor-nalistas, Tony Blair afirmou que “Timor-Leste é um país com um enorme potencial” e que agora é altura de o primeiro-ministro e os mi-nistros se focarem na forma de melhor servir as pessoas e de criar infra-estruturas. “Faremos tudo o que pu-dermos para ajudar nesse processo. Timor-Leste é um país importante, com um papel importante a desempe-

Guerra da Coreia (1959-1953) e estabelecer um parque memorial da paz na zona desmilitarizada fronteiriça entre os dois países. “Espero que o acordo ajude a corrigir os comportamentos errados do passado nas relações inter-coreanas e abra caminho para uma nova etapa”, afirmou Park, em declarações citadas pela agência Yonhap.

Também no seu discurso, a Presidente sul-coreana instou os políticos japoneses a “mostrarem uma lide-rança corajosa para curar as feridas do passado”,

através de “medidas responsáveis e sinceras” que permitam resolver os conflitos, ainda abertos, do seu passado colonial.

Durante os anos de domínio do território coreano, o Japão expro-priou terras aos cidadãos, a quem proibiu o uso do seu idioma nas escolas, obrigou a alistarem-se no exército e condenou a realizar trabalhos for-çados, além de usar cerca de 200.000 mulheres como “escravas” sexuais do Exército Imperial, descreve a agência Efe.

O discurso de Park foi proferido um dia depois de as duas Co-reias terem acordado a reabertura do complexo industrial de Kaesong, após sete rondas de ne-gociações.

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14 hoje macau sexta-feira 16.8.2013VIDA

U TILIZANDO células es- taminais, uma equipa de cientistas criou tecido do coração humano, que

se contraiu espontaneamente num pratinho de laboratório, um avanço na direcção do fabrico de órgãos para transplante.

A equipa, da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos,

O primeiro catálogo abrangente das mu-tações genéticas que

originam os 30 tipos de cancro mais comuns é publicado na revista Nature, na edição em papel desta quinta-feira. A equipa internacional, que inclui os portugueses Carlos Caldas e Samuel Aparício, identificou — mediante o estudo do genoma de cerca de 7000 doentes — mais de 20 processos de mutações no ADN que conduzem ao aparecimento de cancro.

Todos os cancros resultam de mutações na molécula de ADN, que dá instruções às células para fabricarem as proteínas de que somos feitos. Essas alterações podem ser substituições nas “letras” (qua-tro pequenas moléculas) que compõem a molécula de ADN, em forma de dupla hélice, ou inserções de novas “letras” e o apagamento de outras.

Nalguns tipos de cancro sabe-se bem o que causa as mutações, como os químicos

no fumo do tabaco ou a radia-ção ultravioleta, que danificam respectivamente o ADN das células dos pulmões e da pele e que, mais tarde, desembocam em cancro. Mas em muitos outros cancros desconhece-se a origem das mutações.

A equipa, liderada por Mike Stratton, director do Wellcome Trust Sanger Institute, no Reino Unido, compilou quase cinco milhões de mutações nos 30 cancros mais vulgares (desde o colorrectal e colo do útero até ao da mama, estôma-go e próstata) em 7042 doentes. Também sequenciou o ADN normal dos doentes, para se poder estabelecer a origem das mutações. Chegou-se assim a 21 processos distintivos (ou “assinaturas”) de alterações no ADN ligadas ao cancro. “Identificámos a maioria das assinaturas mutacionais que explicam o desenvolvimen-to genético e a história dos cancros dos doentes”, frisa o primeiro autor do artigo, Lud-mil Alexandrov, do Wellcome

Trust Sanger Institute, citado num comunicado. “Estamos a começar a compreender os complicados processos bioló-gicos que ocorrem ao longo do tempo e deixam estas assina-turas mutacionais no genoma dos cancros.”

Todos os cancros têm duas ou mais assinaturas, o que reflecte, segundo o comunicado, a variedade de processos envolvidos. Mas cancros diferentes têm dife-rentes processos mutacionais: se são só dois no cancro dos ovários, no do fígado são pre-cisos seis. Algumas mutações existem em diversos cancros (há uma família de enzimas chamada APOBEC que está ligada a mais de metade dos tipos de cancro), enquanto outras são específicas de um único cancro. Em 25 cancros, as alterações genéticas estão ligadas à idade. Além de facto-res ambientais como o tabaco, outras mutações devem-se a problemas na reparação de danos no ADN.

A Foxconn Technolo-gy, mais conhecida por ser a montadora

dos iPhones da Apple, de-cidirá até ao final do ano se ingressará num território nada convencional, o de painéis solares na China.

Trata-se de uma in-dústria que opera com capacidade acima da de-manda, enquanto os preços dos painéis caíram em mais de dois terços nos últimos dois anos. No entanto, alguns analistas afirmam que a estratégia da Foxconn é positiva,

num momento em que o sector mostra alguns sinais de estabilidade.

A Foxconn, nome fan-tasia da empresa de Taiwan Hon Hai Precision Industry, está a testar esse mercado há dois anos, mas revelou pouca informação sobre a sua unidade de energia solar Fox Energy. A em-presa tem uma pequena fábrica de painéis solares no leste da China, e iniciou conversas com a província de Guangxi, sudoeste do país, para constituir novas unidades. “Precisamos de

decidir se entraremos nesse mercado até ao final deste ano”, disse o porta-voz da Foxconn, Simon Hsing, à Reuters. “Acreditamos que a energia renovável seja um bom negócio potencial. É uma indústria sobre a qual precisamos saber mais”, completou.

A empresa pretende reduzir a sua dependência da Apple, que representa aproximadamente 60 por cento das receitas da Hon Hai, que superaram os 100 biliões de dólares no ano passado.

CÉLULAS CARDÍACAS FABRICADAS COM CÉLULAS ESTAMINAIS CONTRAÍRAM-SE A UM RITMO DE 40 A 50 BATIMENTOS POR MINUTO

Criado tecido do coração humano que bateu espontaneamente

IDENTIFICADOS MAIS DE 20 PROCESSOS MUTACIONAIS NO ADN QUE ORIGINAM O DESENVOLVIMENTO DE CANCRO

Descoberta importante com cunho português

FOXCONN PRETENDE ENTRAR NO MERCADO DE PAINÉIS SOLARES DA CHINA

Tentar outro negócio para fugir à dependência

ção. Após 20 dias de fornecimento de sangue ao órgão reconstruído, este “começou a contrair-se a um ritmo de 40 a 50 batimentos por mi-nuto”. “Está ainda longe a criação de um coração humano completo”, declarou o investigador Lei Yang.

Os cientistas têm de descobrir como fazer o coração bater com força suficiente para bombear o sangue e como reconstruir o sistema de condução eléctrica do coração. Lei Yang espera que, um dia, o estudo “seja utilizado para substituir parte de tecido danifi-cado devido a um ataque cardíaco ou talvez um órgão completo em pessoas com doença cardíaca”.

Segundo a Organização Mun-dial de Saúde, calcula-se que 17 milhões de pessoas morrem anualmente com problemas car-diovasculares, a maioria devido a doenças cardíacas.

usou células estaminais pluripo-tentes induzidas, geradas a partir da pele humana, para criar células precursoras do coração, segundo a agência AFP.

As células estaminais pluri-potentes induzidas são criadas a partir de células adultas, já espe-cializadas – neste caso, da pele –, que são “reprogramadas” para

ficarem num estado primitivo e versátil. Nessa altura, são capazes de originar tipos muito variados de células do corpo e foi isso que os cientistas fizeram, obrigando--as aqui a desenvolverem-se em células do coração.

As células precursoras do cora-ção geradas foram ligadas à “arma-ção” (rede de proteínas e hidratos

de carbono) de um coração de um ratinho, ao qual os investigadores tinham retirado previamente todas as células cardíacas desse animal, refere o artigo científico publicado na revista Nature Communications.

Num comunicado, a Univer-sidade de Pittsburgh informa que as células precursoras cresceram e desenvolveu-se o músculo do cora-

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hoje macau sexta-feira 16.8.2013 15CULTURA

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PRECISA-SEJornalista fluente em português,

inglês, cantonês e mandarim

Por favor, contactar o nosso jornal através do número de telefone 28752401

O livro A noite das mu-lheres cantoras , da escritora Lídia Jorge, é finalista do Prémio

Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura, que distingue o melhor romance de literatura portuguesa publicado recentemente no Brasil.

O galardão tem um valor pe-cuniário de 49 mil euros e os dez finalistas foram revelados esta terça-feira em Porto Alegre, no Brasil. O vencedor será anunciado no próximo dia 27, na Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo.

Editado em 2011, A noite das mulheres cantoras narra a história de um “grupo de cinco raparigas que têm uma ambição que é normal, mas que se torna desmedida em relação àquilo que elas podem realizar”, disse na altura a escritora em entrevista à agência Lusa. “O livro tece-se em torno dessa relação de poder que se estabelece no interior do grupo e da sua relação com a sociedade que a envolve”, acrescentou.

“É um romance, de certa forma, de geração - definiu Lídia Jorge -, é um livro de instrução em torno da construção de figuras muito jovens que aprendem a viver e se tornam

H Á um ano, Cecilia Gi--ménez era uma per-feita desconhecida. O

resultado do “restauro” que esta espanhola, de 82 anos, fez ao quadro de Elías García Martínez Ecce Homo também conhecido como Cristo de Borja – que decora o Santu-ário da Misericórdia naquela localidade, em Saragoça – trouxe o seu nome para a ribalta e atraiu milhares de turistas. Depois das dores de cabeça que a fama inespera-da lhe deu, Cecília resolveu mostrar o talento escondido e montou uma exposição com quadros originais.

A mostra, que se pode visitar até 24 de Agosto na sala de exposições Villa Sabina, de Borja, inclui 25 quadros que Cecília Giménez pintou durante o último ano. Entre eles está a sua versão recente de Ecce Homo, que é agora a imagem de marca de um vinho da região, da casa Bodegas Ruberte. “Em todo este tempo houve pessoas que me apoiaram muito e, depois do mal que passei, a inauguração desta exposição faz-me ser feliz

PRÉMIO PASSO FUNDO ZAFFARI & BOURBON DE LITERATURA SERÁ DIVULGADO A 27 DE AGOSTO

Lídia Jorge está entre os finalistas

“RESTAURADORA” DO ECCE HOMO MOSTRA-SE EM EXPOSIÇÃO DE PINTURA

Um talento que andava escondidode novo”, disse a pintora ao jornal local Aragón Digital, na terça-feira.

Cecilia Giménez ficou conhecida em todo o mun-do, mas não pelas melhores razões. A 7 de Agosto de

2012, o Centro de Estudos Borjanos detectou que a pintura do século XIX, que segundo a respectiva legen-da demorou dois dias a fazer, tinha ficado destruída após um restauro “espontâneo”

feito pela octogenária. O quadro decorava as pare-des de uma pequena igreja de uma pousada do século XVI, em Borja, propriedade do Hospital Sancti Spiritus. Aquela representação do Cristo de Borja era a única obra de arte da cidade e tinha sido doada pelo autor.

A mulher fez o res-tauro “sem dizer nada a ninguém”, ainda que “com boa intenção”, dizia então o conselheiro da Cultura do Consistório, Juan María de Ojeda, citado pelo diário

espanhol El País. Quando se apercebeu do estado em que a obra ficara, a senhora avisou o responsável do património cultural de Borja e confessou o dano causado - que os especialistas consi-deraram ser “muito difícil” de reparar. Os tempos que se seguiram foram negros para Cecilia Giménez, que teve mesmo crises de ansiedade.

Desde então, Borja tor-nou-se local de romaria para milhares de turistas. O “novo” Cristo de Borja ficou tão famoso que, em

Setembro, a fundação pro-prietária da igreja começou a cobrar um euro por visitante. Conseguiu assim arrecadar 50 mil euros, segundo o jornal espanhol El Mundo, um valor que será repartido entre Ceilia Giménez e a fundação. Nos últimos 12 meses, a obra foi vista por 70 mil pessoas.

O caso animou as redes sociais, onde se multiplica-ram piadas sobre o assunto. No Facebook nasceu até um grupo chamado “Senhoras que restauram Cristos de Borja”, que apresentava vá-rias fotografias satirizando a situação. Agora, Cecilia Giménez tem um clube de fãs naquela rede social com mais de 24 mil seguidores.

adultas sob o efeito do impacto dos seus actos em relação a um projecto que as ultrapassa”.

O romance também é este ano semifinalista do Prémio Portugal Te-lecom de Literatura e esteve indicado para o prémio Fernando Namora.

O Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura, ao qual concorreram, nesta edição, 326 obras de língua portuguesa edita-das entre Junho de 2011 e Maio

de 2103, foi criado em 1999 pela Prefeitura Municipal de Passo Fundo, Rio Grande do Sul.

O Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura distin-guiu, por exemplo, o escritor mo-çambicano Mia Couto (em 2007) e os autores brasileiros Chico Buarque e Cristovão Tezza.

Além do romance de Lídia Jorge, são finalistas, entre outros, Infâmia, de Ana Maria Machado,

Domingos sem Deus, de Luiz Ru-ffato e Barba ensopada em sangue, de Daniel Galera.

Lídia Jorge, eleita em Julho uma das “dez grandes vozes da literatura estrangeira” pela revista francesa Magazine Littéraire, tem 67 anos, nasceu em Boliqueime, estudou Filologia Românica, deu aulas em Angola e Moçambique e é autora de mais de dezena de romances.

Da obra literária fazem parte ro-mances como O dia dos prodígios e O vento assobiando nas gruas, contos, teatro e ensaio.

De acordo com a editora Dom Quixote, Lídia Jorge irá editar um novo romance em 2014.

“É um romance, de certa forma, de geração - definiu Lídia Jorge -, é um livro de instrução em torno da construção de figuras muito jovens que aprendem a viver e se tornam adultas sob o efeito do impacto dos seus actos em relação a um projecto que as ultrapassa”

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16 hoje macau sexta-feira 16.8.2013DESPORTO

AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO PREDIAL URBANA

1. A única prestação da Contribuição Predial Urbana referente ao exercício de 2012, será cobrada nos meses de Junho, Julho e Agosto do ano corrente.2. No mês de pagamento, se os Srs. Contribuintes não tiverem recebido o conhecimento de cobrança, agradece-se que se

dirijam ao NÚCLEO DE INFORMAÇÕES FISCAIS, situado no r/c do Edifício “Finanças”, ao Centro de Atendimento Taipa ou ao Centro de Serviços da RAEM, trazendo consigo conhecimento de cobrança ou fotocópia do ano anterior, para efeitos de emissão de 2.ª via do conhecimento de cobrança.

3. O pagamento pode ser efectuado, até ao último dia do mês indicado no conhecimento de cobrança (Junho, Julho ou Agosto), nos seguintes locais: - Nas Recebedorias do Edifício “Finanças”, do Centro de Atendimento Taipa, do Centro de Serviços da RAEM ou do Edifício Long Cheng;

Os impostos/contribuições poderão ser pagos por intermédio de cartão de crédito ou de débito emitidos pelo Banco da China ou pelo Banco Nacional Ultramarino (incluindo “Maestro” e “UnionPay”). O montante total de pagamento não pode ser inferior a MOP$200,00 (duzentas patacas), nem superior a MOP$100 000,00 (cem mil patacas). O pagamento, através de cartão de crédito ou de débito, deve ser efectuado pelo montante total da dívida, sendo apenas permitido utilizar na operação um único cartão.

- Nos balcões dos Bancos a seguir discriminados: Banco da China; Banco Comercial de Macau; Banco Delta Ásia; Banco Industrial e Comercial da China; Banco Luso Internacional; Banco Nacional Ultramarino; Banco Tai Fung, e, Banco Weng Hang. - Nas máquinas ATM da rede Jecto de Macau, assinaladas com a indicação “Jet payment”; - Por pagamento electrónico “[ “banca-on-line”] , no Banco da China, no Banco Nacional Ultramarino ou no

Banco Tai Fung, através dos endereços: www.bocmacau.com, www.bnu.com.mo e www.taifungbank.com, respectivamente;

- Por pagamento telefónico “banca por telefone”, no Banco da China ou no Banco Tai Fung.4. Se o pagamento for efectuado por meio de cheque, a data de emissão não poderá ser anterior, em mais de três dias, à

da sua entrega nas Recebedorias da DSF, e deve ser emitido a favor da “Direcção dos Serviços de Finanças”, nos termos das alíneas 2) e 3) do n.º1 do Artigo 4.º do Regulamento Administrativo n.º 22/2008.Se o valor do cheque for igual ou superior a MOP$50 000,00, deverá o mesmo ser visado, nos termos da alínea 4) do Artigo 5.º do Regulamento Administrativo acima mencionado.

5. Os contribuintes podem também efectuar o pagamento através do envio de ordem de caixa, cheque bancário ou cheque por correio registado para a Caixa Postal 3030. Note-se que não se pode enviar dinheiro, mas apenas ordem de caixa, cheque bancário ou cheque, devendo incluir-se um envelope devidamente selado e endereçado ao próprio contribuinte, afim de se enviar posteriormente o respectivo conhecimento, comprovando o pagamento. Lembra-se que devem ser respeitadas as regras descritas no ponto 4, relativamente aos cheques.

- O envio para a caixa postal deve ser feito 5 dias úteis antes do termo do prazo de pagamento indicado no conhecimento de cobrança.6. Nenhum dos métodos acima mencionados acarreta quaisquer encargos adicionais aos contribuintes pela prestação do serviço de cobrança.7. Para a sua comodidade, evite pagar os impostos nos últimos dias do prazo.

Aos 24 de Maio de 2013.

A Directora dos ServiçosVitória da Conceição

SÉRGIO FONSECACHEONG CHI [email protected]

J ERÓNIMO Badaraco é o segundo piloto da RAEM a confirmar a participação nas três

rondas que compõem o novo “Troféu Asiático” do Cam-peonato do Mundo FIA de Viaturas de Turismo (WTCC), juntando-se ao já garantido e noticiado neste jornal Filipe Clemente de Souza.

A informação foi pu-blicada no pretérito fim--de-semana na rede social Facebook pela sua equipa, a Son Veng Racing Team. Contudo, “Nóni”, o melhor classificado dos pilotos de Macau na “Taça CTM” do Grande Prémio de Macau do ano passado, irá trocar o seu Honda Accord preparado em Itália, com que participou no campeonato do território, por um mais competitivo Chevrolet Cruze WTCC que foi utilizado a temporada

U M golo de Cristiano Ronaldo, a escassos minutos do fim da

partida, evitou que Portu-gal voltasse a perder com a Holanda 21 anos depois. A equipa de Paulo Bento empatou (1-1) num encon-tro disputado no Estádio Algarve em que foi batido o recorde de assistência do recinto. A selecção nacional esteve mais de uma hora em desvantagem no marcador, e foi já ao cair do pano que evitou a derrota.

Frente a uma selecção contra a qual a equipa por-tuguesa é tradicionalmente bem-sucedida (em 12 jogos disputados Portugal só perdeu uma vez), Paulo Bento aproveitou para fazer algumas experiências e dar confiança aos seus jogado-res tendo em vista os im-portantes compromissos de apuramento para o Mundial 2014 que aí vêm — visita à Irlanda do Norte e recepção a Israel e Luxemburgo.

Portugal e Holanda, que protagonizaram um dos jogos mais duros de que há memória (apelidado de batalha de Nuremberga, no Mundial 2006) voltaram a relativizar o conceito de jogo “amigável”. A partida foi intensamente disputada, com mais ritmo do que é tradicional nesta altura da temporada.

Os dias antes do encon-tro foram marcados pela sucessão de mudanças nos convocados da selecção nacional. Paulo Bento foi obrigado a abdicar de Nani, Varela, João Mou-

AUTOMOBILISMO MACAENSE JERÓNIMO BADARACO VAI CONDUZIR UM CHEVROLET CRUZE

Confirmado no “Troféu Asiático” do WTCC

transacta por um piloto de Hong Kong e que é em tudo semelhante ao carro dominador do WTCC nas últimas temporadas.

Badaraco é um dos ha-bitues do Campeonato de Macau de Carros de Turismo (MTCS) mas, tal como o seu companheiro de equipa

FUTEBOL PORTUGAL EMPATOU (1-1) COM A HOLANDA

“Laranja” de casca rija

Leong Ian Veng, é um dos poucos pilotos locais que corre na categoria rainha do MTCS que ainda não experi-mentou medir força com os pilotos do WTCC. Porém, o piloto macaense, que conta no seu currículo com o triunfo na última edição do Troféu ACP (Automóvel Club de Portugal), em 1999, não é um estranho à Corrida da Guia, pois chegou a ser um interveniente quando

esta ainda não contava para o mundial da especialidade.

No início de 2013, o Eurosport Events, em con-junto com o canal televisivo Eurosport Asia Pacific, anunciou a organização de um mini-troféu dentro do mundial para os pilo-tos asiáticos e em que o Grande Prémio de Macau é a última prova pontuável. Apenas as provas do WTCC de Suzuka, de Xangai e

do Circuito da Guia são pontuáveis e só os pilotos com licenças desportivas emitidas por federações ou associações do continente asiático, e que não estejam inscritos a tempo inteiro no mundial de turismos, serão elegíveis.

Para além de Badaraco e Souza, a representação de Macau neste troféu asiático poderá contar ainda com mais um ou dois elementos.

tinho, Raul Meireles e Vieirinha. Juntando a isto a rotatividade implemen-tada pelo técnico, não admirou que o “onze” ini-cial escolhido incluísse algumas escolhas menos óbvias.

O holandês Vorm foi o primeiro guarda-redes a ter trabalho — cabeceamento de Cristiano Ronaldo (3’) - mas a equipa de Louis van Gaal contou com algumas facilidades defen-sivas por parte de Portugal para chegar à vantagem no marcador. Aos 17’ os centrais não foram rápidos para bloquear o remate de Strootman, que inaugurou o marcador.

Portugal reagiu, mas sem a eficácia que se impunha. O lance mais

flagrante foi de Rúben Micael, mas o médio fa-lhou de forma incrível o que seria o golo do empate (28’), atirando ao lado da baliza adversária.

Fábio Coentrão voltou a ameaçar logo no início do segundo tempo, mas Vorm opôs-se. Portugal foi melhorando e Cristiano Ronaldo, aos 64’, dispa-rou para mais uma boa intervenção do guardião holandês. Aos 87’, porém, o capitão da selecção não falhou: na sequência de um canto, rematou de primeira sem hipóteses para Vorm. Foi o 40.º golo de Cristiano Ronaldo com a camisola da selecção — já só está a um de Eusébio na lista dos melhores marcadores da equipa nacional.

Page 17: Hoje Macau 16 AGO 2013 #2916

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hoje macau sexta-feira 16.8.2013 FUTILIDADES 17

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FALO

Uma portaque se abre e sefecha ao de leve

[ ]

SABER ESTACIONAR É UMA VIRTUDE Foto: Facebook

• Que terá passado pela cabeça desta alma quando estacionou o seu bólide desta forma? Se ainda fosse um 4x4, poderíamos deixar passar mas uma van? E agora como vai a criatura retirar o veículo? Este Macau ficou bem “assado”...

SALA 1PERCY JACKSON: THE SEA OF MONSTERS [B]Um filme de: Thor Freudenthalcom: Logan Lerman, Sean Bean14.30, 16.30, 21.30

MONSTERS UNIVERSITY [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Dan Scanlon19.30

Sala 2 DRAGON BALL Z:BATTLE OF GODS [B](FALADO EM JAPONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Masahiro Hosoda14.30, 16.10, 17.50, 21.30

PERCY JACKSON: THE SEA OF MONSTERS [3D] [B]Um filme de: Thor Freudenthalcom: Logan Lerman, Sean Bean19.30

Sala 3DORAEMON THE MOVIE:NOBITA IN THE SECRETGADGET MUSEUM [A](FALADO EM CANTONÊS)14.30

THE HEAT [C]Um filme de: Paul Fiegcom: Sandra Bullock, Melissa McCarthy16.30, 19.15, 21.30

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Telejornal + 360° (Diferido)14:40 RTPi Directo18:00 Caminho das Índias (Repetição) 19:00 TDM Talk-Show (Repetição)19:30 Vingança 20:30 Telejornal21:00 Portugueses Sem Fronteiras21:30 Cenas do Casamento22:00 Caminho das Índias 23:00 TDM News23:30 Portugueses Pelo Mundo00:20 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi Directo

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:35 A História dos Açores15:30 Novos Descobridores16:00 Bom Dia Portugal17:00 AntiCrise17:20 Arte de Animar Portugal18:10 Aniversário RTP Madeira20:00 Jornal da Tarde 21:10 Portugal Low Cost21:40 Há Volta23:55 Ciclismo: 75.ª Volta a Portugal em Bicicleta

30 - FOX Sport13:00 La Liga: Bbva Goals 14:00 El Clasico Match 2011/2012 FC Barcelona vs. Real Madrid CF16:00 Best Of La Liga Express 2012/13 FC Barcelona vs. Malaga CF16:30 Liga Bbva 2013/14 Pre Season Preview17:30 Road To Kona Klagenfurt, Germany18:00 Ricoh Women’s British Open 2013 - Highlights19:00 Football Asia 2013/1419:30 (LIVE) FOX SPORTS Central20:00 Liga Bbva 2013/14 Weekly Preview20:30 La Liga: Messis21:00 Liga Bbva 2013/14 Pre Season Preview22:00 FOX SPORTS Central22:30 Liga Bbva 2013/14 Weekly Preview23:00 Liga Bbva 2013/14 Pre Season P

31 - STAR Sports13:00 Indian Badminton League 2013 Hyderabad Hotshots vs. Awadhe Warriors16:00 Hot Water 2013/1417:00 (Delay) Louis Vuitton Cup Semi-Finals17:30 2 Wheels18:00 Liga BBVA 2012/13 Match Real Madrid CF vs. FC Barcelona19:30 The Football Review 2012-201320:00 WTA - Sony Swedish Open Final21:30 (LIVE) Score Tonight 201322:00 Football Asia 2013/1422:30 Total Rugby23:00 Mobil 1 The Grid 201323:30 FIM Mx1 & Mx2 World Championship 2013 - Highlights

40 - FOX Movies12:30 The Karate Kid14:50 Once Upon A Time15:40 Delete - Part 1 Of 217:10 Frankenweenie18:40 Hook21:00 Scary Movie 422:25 Zombieland23:55 National Treasure

41 - HBO12:00 Analyze This13:40 Batman Begins16:00 The Interpreter18:30 Mars Attacks!20:15 Mirror Mirror22:00 Battleship 00:15 Lethal Weapon 3

42 - Cinemax13:00 Get Smart’S Bruce And Lloyd Out Of Control14:15 Unbreakable 16:00 The Vengeance Of She18:00 The Juror20:15 Deathlands: Homeward Bound21:45 Epad On Max22:00 Spartacus: War Of The Damned23:00 Captain America

PERCY JACKSON: THE SEA OF MONSTERS

“Bate leve levemente como quem chama por mim, Será chuva? Será gente?Gente não é certamentee a chuva não bate assim. É talvez a ventania: mas há pouco, há poucochinho, nem uma agulha bulia na quieta melancolia dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente, com tão estranha leveza, que mal se ouve, mal se sente? Não é chuva, nem é gente, nem é vento com certeza.”

Augusto Gil, neste Luar de Janeiro, falava da neve branca, fria e leve. Mas eu aqui, em pleno Verão, quis recordar com as suas palavras, quem veio de visita ao território na quarta-feira... também em jeito leve. O amigo Utor que ameaçou levar tudo atrás, veio afinal levezinho e gentilmente. Ainda assim, abriu novamente uma ferida nunca sarada. Quem bateu novamente com a porta, de insatisfação, foram as centenas de passageiros que se tentavam transportar nesta pequena cidade pelo único meio possível: o táxi. E, mais uma vez, aproveitando-se desta fraqueza da cidade – a falta de transportes em dia de tufão de nível oito -, e naturalmente da fragilidade da população nestas alturas, os taxistas foram longe demais. Cobraram o impensável. Mas soube recentemente que mercenários não operam as falcatruas sozinhos. Têm parceiros em campo que sondam as pessoas, negoceiam preços, e dividem louros com os profissionais. Ou seja, em dias de tufão, mais do que em qualquer outro dia, em que os taxistas exercem a sua profissão à mercê dos seus interesses e não do serviço público, funcionam como autênticas seitas. E quem sai a ganhar, naturalmente, é quem leva o bolso mais pesado. Agora carregar-lhes, em exclusivo, com as culpas também não me parece sensato. Há que repartir responsabilizações com o Governo, talvez o mais responsável. Não regula a profissão. Não fiscaliza. Não põe travão a estes incumprimentos. Disse ontem ter detectado oito casos irregulares?! Centenas e centenas de passageiros nas filas e foram apenas oito, em 10 horas sem autocarros, que cobraram excessivamente os passageiros? Quem acredita? E quem acredita que, ao fim de dias de chuva e de verões de tufões, se cumpram promessas de aperfeiçoamento à regulação? As promessas vêm com a pressão. Depois a poeira acalma. Volta a bonança. E ao de leve deixam-se ficar a transitar nas ruas de Macau...

O SEMINARISTA • Ruben FonsecaPara o protagonista, matar não causa remorso, mas também não causa prazer. É apenas o seu trabalho, que lhe permite dedicar-se àquilo que realmente ama: livros, filmes e mulheres. Quando decide que já é hora de abandonar a profissão, descobre que não é tão imune aos efeitos dos seus trabalhos e das suas escolhas como acredita ser...

MILTON FRIEDMAN • Eamonn ButlerAs ideias e influência do economista que liberalizou os mercados e moldou o mundo em que vivemos. Poucos economistas tiveram uma influência tão grande no curso da humanidade como Milton Friedman. O seu pensamento foi determinante na política monetária de Reagan e Thatcher, nos anos 80 e 90, ou na liberalização económica da China (que posteriormente se alastrou à Índia). Controverso, amado e odiado, Milton Friedman deixou uma marca na história. E o efeito das suas ideias sente-se hoje de maneira particularmente violenta. Com este guia, percebemos o modo como o economista minou o pensamento então prevalecente de Keynes, como inventou novas soluções para combater a inflação, como se opôs ferozmente a um papel excessivamente interventivo do Estado, ou a medidas como o salário mínimo. Obra que se lê de um fôlego, Milton Friedman é essencial para quem procura compreender melhor o modo como hoje funciona a economia global.

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18 hoje macau sexta-feira 16.8.2013OPINIÃO

“Poverty is ‘gendered’ because women and men experience poverty differently - and unequally - and become poor through different, though related, processes.”

Naila KabeerGender Mainstreaming in Poverty Eradication and the

Millennium Development Goals

A S alterações climáticas são uma das mais graves ame-aças ao desenvolvimento sustentável e que põe em causa o cumprimento dos “Objectivos de Desenvolvi-mento do Milénio (ODM)” constantes da “Declaração do Milénio”, conclusiva da “Cimeira do Milénio”, de

8 de Setembro de 2000, organizada pela ONU e adoptada por 189 Estados Membros, no que diz respeito ao combate à pobreza e ao desenvolvimento sustentável, como cumprimento das suas obrigações comuns para com “todas as pessoas, especialmente as mais vulneráveis, em particular, as crian-ças do mundo a quem pertence o futuro”.

Os ODM até 2015, são erradicar a po-breza extrema e a fome, alcançar o ensino primário universal, promover a igualdade de género e a autonomização da mulher, reduzir a mortalidade das crianças, melhorar a saúde materna, combater o VIH/SIDA, malária, hepatite e outras doenças, garantir a sustentabilidade ambiental e criar uma parceria global para o desenvolvimento. O exercício de actividades que influem nas alterações climáticas está directamente ligado à erradicação da pobreza.

A Assembleia-geral da ONU na sua sexa-gésima quarta sessão, cujo tema foi “Cumprir a promessa: um balanço prospectivo tendo em vista promover um programa de acção concertado para a realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio até 2015”, elaborou um relatório a 12 de Fevereiro de 2010, mencionando nos números 5 e 6 da “Introdução” que a sua realização continuava a ser exequível, desde que houvesse o empe-nhamento, as políticas, os recursos e os esforço adequados por parte dos Estados Membros.

A “Declaração do Milénio” é considerada como a mais importante promessa colectiva jamais feita às populações mais vulneráveis do mundo. Tal promessa, não tem como fundamento a piedade ou a caridade, mas a solidariedade, a justiça e o reconhecimento de que as pessoas são cada vez mais depen-dentes umas das outras no que se refere à prosperidade e segurança colectivas.

Os ODM definem as orientações e são um dispositivo de responsabilização que representam uma viragem histórica. Todavia, esse mecanismo de responsabilização está a ser testado e terá de ser reforçado para que os ODM sejam atingidos até 2015. E são ainda, mais importantes, na medida em que são fases cruciais para a instauração de um desenvolvimento justo e sustentável para todos. Entretanto, o impacto devastador das

A economista social, Naila Kabeer, no “The World Survey on Women and Development” que liderou, é resumida a desigualdade de género como sendo um dos mais perversos tipos de desigualdade, tornando-se uma característica quer de ricos, como de pobres, quer de grupos raciais dominantes, como de dominados, quer de castas privilegiadas, como de intocáveis…a desigualdade de género entrelaça-se com a miséria económica, gerando condições mais implacáveis de pobreza para as mulheres que para os homens

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

O papel da mulher na crise ambientalalterações climáticas paira sobre o mundo e a comunidade internacional enfrenta o desafio de trabalhar, conjuntamente, para garantir o fim da pobreza extrema e a instauração de um desenvolvimento sustentável que salve o planeta e os seus habitantes, sobretudo os mais vulneráveis.

O relatório faz uma avaliação dos resul-tados obtidos e das dificuldades encontradas e propõe um programa de acção para o pe-ríodo compreendido entre 2011 e 2015. Os progressos alcançados quanto à redução da pobreza foram desiguais e estão ameaçados. A fome está a aumentar e continua a ser um problema importante a nível mundial; a meta do pleno emprego e do trabalho digno para todos continua por atingir; o acesso univer-sal à educação registou algum progresso, mas o objectivo continua por alcançar; os progressos no domínio da igualdade entre sexos são insuficientes.

Os progressos realizados foram modes-tos, quanto à redução da mortalidade materna e limitados no domínio da sustentabilidade ambiental. O grande desafio centra-se nas alterações climáticas. É de extrema impor-tância a existência de um novo acordo inte-gral e global sobre as alterações climáticas.

A “Cimeira sobre as Alterações Climáti-cas”, realizada de 26 de Novembro a 8 de De-zembro de 2012, em Doha, conseguiu alargar a vigência do “Protocolo de Quioto” até 2020, previsto na “Conferência Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (CQNUAC)”, resultante da “Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD)”, também conhecida como “Cúpula da Terra”, realiza-da no Rio de Janeiro, em 1992.

A “Cimeira de Doha” muito pouco avan-çou na redução de emissões de “Gases de Efeito de Estufa (GEE)”, tendo no entanto, criado um mecanismo de compensação dos países ricos para com os países pobres, por prejuízos que estes sofram, derivados das al-terações climáticas. O fundo de compensação de dez mil milhões de dólares funcionará entre 2015 e 2020, data prevista para a entrada em vigor do novo acordo global sobre o clima.

As medidas mais importantes para mitigar as alterações climáticas são a utilização cada vez maior de energia renovável, o reflorestamento, e a diminuição da taxa de desflorestação. A adaptação às alterações climáticas afectará a agricultura, a segurança alimentar e a gestão dos recursos hídricos nas áreas rurais.

A agricultura regenerativa de base eco-lógica pode converter-se num adequado e bom instrumento de mitigação. A maior parte destes meios de subsistência costumam ser tarefas da mulher nos países em desenvol-vimento e subdesenvolvidos. Em África, por exemplo, 80 por cento da produção de alimentos é efectuado por mulheres.

O quarto relatório sobre a avaliação das alterações climáticas, de 2007, efectuado pelo “Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC na sigla inglesa)”, criado em 1988 pela “Organização Meteorológica

Mundial” e pelo “Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)” indica que os fenómenos climáticos atingirão com maior intensidade as regiões e as pessoas mais pobres, que possuem recursos limitados para fazer face aos impactos das frequentes secas, inundações e tempestades.

É de considerar que cerca de 70 por cento desses pobres são mulheres, o que significa que as mulheres pobres passarão por maiores problemas de subsistência e sofrerão mais doenças devido às alterações climáticas. Todavia, deve-se ter em conta que as mulheres são fortes agentes de mudança. A consolidação do poder das mulheres na preparação e tomada de decisões, bem como a sua participação nas medidas de implemen-tação que influem nas alterações climáticas, farão que os seus esforços comuns se tornem mais efectivos, em particular ao nível local.

É necessário à consecução dos ODM, que tanto os homens, como as mulheres, enten-dam o processo das alterações climáticas e partilhem informação e experiências sobre como resolver os seus impactos negativos e para tal, devem as mulheres terem um equitativo acesso ao conhecimento, recursos e tecnologia que são necessários ao desen-volvimento de actividades que influam nas alterações climáticas.

É igualmente importante, que as mulheres

possam participar de forma mais activa nas negociações sobre o novo acordo global sobre as alterações climáticas, pois, só através do aumento de conhecimento e entendimento de tais ligações, é possível fortalecer a cooperação entre os países, as organizações não governa-mentais, as organizações internacionais e as instituições financeiras, bem como a sociedade civil global e o sector privado, devendo todos participar do esforço comum de salvação da espécie humana e do planeta.

As relações entre género e alterações climáticas têm sido pouco estudadas, e sem tal conhecimento de capital importância é inexequível, uma política de protecção ambiental respeitante à mitigação do aque-cimento global que tem vindo a ser estudada há trinta e três anos. O mundo apenas, em 2006, tomou consciência real de que a crise ambiental é uma das consequências imedia-tas das alterações climáticas.

A economista social, Naila Kabeer, no “The World Survey on Women and Development” que liderou, é resumida a desigualdade de gé-nero como sendo um dos mais perversos tipos de desigualdade, tornando-se uma característica quer de ricos, como de pobres, quer de grupos raciais dominantes, como de dominados, quer de castas privilegiadas, como de intocáveis…a desigualdade de género entrelaça-se com a miséria económica, gerando condições mais implacáveis de pobreza para as mulheres que para os homens. A desigualdade de género é uma parte inerente dos processos que causam e intensificam a pobreza na sociedade e daí que deva fazer parte das medidas para a sua erradicação.

A socióloga Florinda Riquer, em “The Sociodemographic Effects of the Crisis in Mexico”, resume lapidarmente, que o con-ceito de género, refere-se a papéis, respon-sabilidades e oportunidades atribuídos pela sociedade, que são associadas a mulheres e homens, assim como as estruturas ocultas de poder que regulam as suas relações. O género é em essência, um conceito que se utiliza para realçar que a desigualdade sexual não é provocada pelas diferenças anatómicas e fisiológicas que caracterizam homens e mulheres, mas pelo tratamento desigual e injusto que socialmente é dado. O género, neste sentido, diz respeito às condições cul-turais, sociais, económicas e políticas que constituem a base de certas normas, valores e padrões de comportamento, relacionados com os géneros e as suas relações.

Apesar dos avanços alcançados, o certo é que, na maior parte das sociedades, conti-nuam a existir diferenças significativas entre os direitos e oportunidades de mulheres e homens. É de considerar, entre outros, as diferenças relacionadas com o direito à terra e outros recursos; possibilidades de ascender na carreira profissional e melhores salários e oportunidades de participar na tomada de decisões e de as influenciar. A realidade é que a desigualdade entre homens e mulheres está implantada em normas e valores sociais ao redor do mundo.

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19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos; Zhou Xuefei [estagiária] Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Helder Fernando; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Tiago Alcântara; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

RicaRdo Pinhotwitter.com/ricardo

Sigam os vossos sonhos, e acabarão nus a voar por cima dum precipício.

disse-me um passarinho...

hoje macau sexta-feira 16.8.2013

Q UEM caminha na direc-ção do Largo do Senado através da Rua Pedro Nolasco da Silva, vulgo “Mariazinhas”, encontra à sua esquerda a Rua da Palha, arruamento com um nome curioso. Quan-do pensamos em “pa-lha” lembramo-nos da forragem que serve de alimento a certos animais de quinta e bestas de carga,

como o boi ou o burro. A palavra lembra ainda as cartas de jogar sem valor no jogo da bisca, e a zona da Reserva Natural do Estuário do Tejo é conhecida por “Mar da Palha”. Desta Rua da Palha não dá para ver o mar, vale mais que os duques da bisca mas não faltam as senas tristes (ou cenas), e ultimamente é possível encontrar por lá um número considerável de “bestas”.

Onde a Rua da Palha termina, começa a Rua de S. Paulo, e no fim desta encontra-mos as ruínas da igreja da Madre de Deus, mais conhecidas por “Ruínas de S. Paulo”, ex-líbris de Macau, visitado diariamente por milhares de turistas de todo o mundo. Ponto de passagem incontornável quem se desloca do centro da cidade até às Ruínas de S. Paulo e vice-versa, na Rua da Palha existem sobretudo espaços comerciais, onde encontramos um pouco de tudo: lojas de roupa de marca, sapatos, pechisbeque, livrarias, as famosas “Portuguese egg tarts”, a versão local do pastel de nata, as lojas de carne assada e bolinhos de amêndoa típicos de Macau, muito requisitadas pelos visi-tantes, e até farmácias, muito úteis no caso das guloseimas caírem mal nos estômagos menos habituados. E à volta de tudo isto anda gente, muita gente.

É praticamente impossível atravessar a Rua da Palha durante o dia sem precisar de fintar centenas de turistas, que a passo de caracol vão contemplando o centro his-tórico, alienados do restante que se passa à sua volta. Alguns fazem uma pausa para consultar o mapa e saber a quantas andam, e para o efeito não podiam escolher um sítio melhor: o meio da rua. Outros olham para cima enquanto andam, sem que se perceba bem para o quê. Se calhar estão

bairro do or ienteLEOCARDO

Atravessar a Rua da Palha de manhã não é assim tão mau, com os turistas ainda na caminha ou a desjejuar, mas pela hora de almoço é que são elas. Após os desvios, encontrões, empurrões e pisadelas, a sensação com que se fica ao chegar à Rua das Mariazinhas é a que se acabou de marcar um ensaio num jogo de futebol americano

Vejam como é, a Rua da Palha

a ver se chove. E por falar em chuva, na eventualidade dela cair, acrescenta-se ao calvário de quem por ali passa precisar de desbravar uma floresta de guarda-chuvas. A forma anárquica com que os visitantes circulam pelo centro histórico leva-me a desconfiar que os guias sobre Macau omitiram o facto de que aqui vivem pes-soas, e nem todas trabalham nos casinos ou no sector do turismo, têm horários a cumprir e querem ir à sua vida.

Uma das vantagens de viver em Ma-cau, e que nunca me canso de referir, é a possibilidade de poder fazer o trajecto entre casa e emprego sem depender de transporte, bastando para tal viver a não mais de quinze ou vinte minutos a pé do local de trabalho. Nestes vinte anos desde que aqui cheguei consegui cumprir com sucesso esse desígnio, mas no actual estado de coisas o caminho casa-trabalho--casa deixou de ser um simples passeio.

Ainda bem que temos tanta gente de fora a vir até cá gastar o seu dinheirinho, mas as ruas não têm capacidade e amplitude para tanto. Cabemos todos, sim, mas apertados. Mas já que é assim, bem que se podia respeitar e ficar atento quem não tem tempo para andar a ver as montras e às vezes está com pressa.

Quando saio de casa para percorrer o caminho que me separa dos meus com-promissos atravesso a belíssima Rua dos Ervanários, o que me levanta sempre o astral, mas é ao chegar à Rua dos Mercadores que o dia começa a azedar. Corto pela subida da Rua das Estalagens, e apanho logo pela frente os vendedores ambulantes de frutas e flores, mais o seu estaminé de baldes, cestos e chapéus de sol montado na via pública. Junto a estes encontra-se um vendedor de massas chinesas muito apreciadas pelos lo-cais ao pequeno-almoço, com a sua carripana de metal, rodeado da sua clientela faminta

ARNO

LD F

RIBE

RG, O

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MEI

RO JO

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TEBO

L AM

ERIC

ANO que por vezes faz de tampão a quem quer

ali passar. Um sorriso e um “com licença, fáxavôr”, e dão um passinho para o lado sem tirar os olhos da canja, dos “van-tan” ou do pão cozido a vapor, não vá alguém levar aquilo por engano e depois lá vão eles morrer de fome. Quando chove levanta-se um tapume tão baixo que os mais distraídos arriscam-se a bater lá com a testa.

Atravessar a Rua da Palha de manhã não é assim tão mau, com os turistas ainda na caminha ou a desjejuar, mas pela hora de almoço é que são elas. Após os des-vios, encontrões, empurrões e pisadelas, a sensação com que se fica ao chegar à Rua das Mariazinhas é a que se acabou de marcar um ensaio num jogo de futebol americano. Um grupo de rapazes turcos abriu há mais ou menos dois anos uma tendinha de gelados mesmo no meio da Rua da Palha, e entretêm habitualmente a freguesia com malabarismos, o que desperta a curiosidade de quem por ali passa. Chega a juntar-se uma multidão que assiste estarrecida ao espectáculo, como se fosse um elaborado número de trapézio, obstruindo por completo o ca-minho. Peço sempre que se afastem com diplomacia, mas às vezes sai-me um pala-vrão ou dois. Nem sempre é fácil manter a cabeça fria, especialmente debaixo de um sol escaldante.

Agora a pergunta que se impõe: porque não resolvo o problema optando por outro caminho? Porque este é o mais curto, e porque haveria eu de ficar condicionado na cidade onde vivo? Detesto ter que ser desagradável, empurrar os turistas e dar safanões nos guarda-chuvas, mas se isso fosse um crime, alegava auto-defesa. Quando visito uma cidade da região tento fazer o melhor para não interferir com o dia-a-dia de quem lá vive e trabalha, e só posso esperar o mesmo dos nossos turistas. É complicado resolver o problema, não dá para esticar os passeios ou construir uma passagem aérea que atravesse o centro histórico. Paciência. O meu maior receio é que um dia nos vedem o acesso à Rua da Palha, alegando a mesma razão que o comandante da PSP para impedir o acesso de um grupo de manifestantes à Colina da Penha: “é só para os turistas”.

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MARCA LUSA NOS SUPERMERCADO DE TIMOR-LESTE

Continente chega à Ásia

hoje macau sexta-feira 16.8.2013

Utor matou uma pessoa e deixoucinco desaparecidasA passagem do tufão «Utor» pelo sul da China, que originou ventos fortes e chuva, provocou pelo menos um morto. Cinco pessoas estão desaparecidas. Segundo a agência oficial «Xinhua», o tufão tocou em terra na província de Cantão e afectou sobretudo a cidade de Maoming, local onde foi registada a vítima mortal e reportados os desaparecidos. Na sequência da passagem do tufão, o 11.º este ano na China, o transbordo dos rios provocou inundações.

Sede da Câmara Municipalde S. Paulo invadidaNovas manifestações no Rio de Janeiro e em S. Paulo terminaram em confrontos com a polícia e uma tentativa de invasão à sede da câmara municipal da cidade paulista. Um grupo de manifestantes tentou invadir o edifício ao início da noite e entrou em confronto com a Polícia Militar. Em causa, ainda, a questão dos transportes, especificamente o desvio de recursos destinados a obras no metro e nos comboios suburbanos. O grupo disse que acção era de solidariedade para com 10 manifestantes que estão à porta da Câmara do Rio de Janeiro desde sexta-feira. Foram atiradas pedras contra o edifício. Os manifestantes queimaram ainda um boneco em representação do governador do Estado, Geraldo Alckmin, pedindo a sua demissão. No conflito, e de acordo com o site Terra, pelo menos cinco elementos da polícia militar ficaram feridos e três manifestantes foram presos.

Tema inéditodos Nirvana lançado em SetembroUm tema inédito dos Nirvana, de seu nome Forgotten Tune, será lançado em Setembro, música incluída na reedição do álbum In Utero. Recorde-se que In Utero foi o terceiro e último álbum que o grupo liderado por Kurt Cobain lançou em 1993. A versão remasterizada do cd vai estar à venda a 23 de Setembro e inclui nada mais nada menos que 70 músicas. In Utero traz ainda um DVD do concerto Live and Loud que os Nirvana deram em Dezembro de 1993, em Seattle.

Egipto Número de vítimas mortais já passa as 500Um porta-voz do ministério da Saúde do Egipto voltou a actualizar esta quinta-feira o número de mortos resultantes dos confrontos registados ontem, sobretudo no Cairo, mas também noutras cidades egípcias. Numa terceira actualização dos números, estão agora confirmados 525 mortos. Khaled el-Khateeb disse à agência AP que o número de feridos chega agora quase aos quatro mil: 3,717. A maioria das vítimas mortais foi contabilizada no acampamento de apoiantes do presidente deposto Mohamed Morsi, na praça Rabea al Adauiya, 202 pessoas. O Egipto está em estado de emergência desde ontem, em vigor para o próximo mês, valendo também um recolher obrigatório a partir das 19 horas locais.

Mulher conduziu 300 quilómetros enquanto dormiaUma mulher conduziu 300 quilómetros durante cinco horas, na Ilha Norte, na Nova Zelândia, enquanto dormia. A mulher que sofre de sonambulismo não só conduziu como enviou mensagens de texto. O marido ligou para a polícia e explicou que mulher, que sofre de distúrbios de sono, tomou soporíferos e tinha saído de casa, segundo revelou ao grupo Fairfax Media o chefe da polícia local, Dave Litton. A sonâmbula saiu da sua casa, em Hamilton, e só parou na sua antiga casa de férias, a 300 quilómetros, em Mount Maunganui. A mulher foi encontrada pela polícia devido ao GPS no telemóvel. Ao acordar, a mulher explicou que não se lembrava de nada. A condutora ficou proibida de conduzir até receber tratamento médico e volte então a poder conduzir, noticia a agência EFE.

Google admite falta de privacidade no GmailA Google admitiu que os utilizadores do Gmail, serviço de correio electrónico da empresa, não devem ter «expectativas razoáveis» de que as suas comunicações são privadas. Esta falta de privacidade é admitida pela Google em documentos judiciais, num total de 30 páginas, apresentados pelos advogados da empresa nos tribunais de San José, na Califórnia. A resposta surgiu após uma denúncia colectiva em que a Google foi acusada de espiar os utilizadores. Os queixosos alegam que «a Google abre, lê e adquire ilegalmente conteúdo privado dos correios electrónicos das pessoas». A empresa considera que esta queixa não faz sentido, porque a sua conduta é conivente com a legislação.

cartoonpor Stephff

DIA SANGRENTO NO EGÍPTO

V ÁRIOS produtos da marca de uma grande superfície portuguesa estão a ser vendidos

por um supermercado em Díli, Timor-Leste, que os está a adquirir através do seu agente em Portugal. “Temos um contacto em Portugal e pedimos coisas e eles enviam. Ele faz pesquisa, arranja o melhor preço e a melhor qualidade para o supermercado. Temos um agente e não conhecemos nenhum produto português”, afirmou à agência

Lusa Efren Valles, responsável pelo departamento de compras dos supermercados Kmanek, situado em Díli.

Questionado pela Lusa so-bre se tinha conhecimento que aquela marca (Continente) é detentora de uma das maiores redes de supermercados em Portugal, Efren Valles disse que não. “Não fazia ideia. Mas quando vi os produtos percebi que eram de uma grande em-presa”, disse.

Efren Valles explicou que vai agora explorar mais a marca e “contactar directamente o pro-dutor”, porque o seu objectivo é vender o mais barato possível aos timorenses. “Sabemos que Timor--Leste foi colonizado por portu-gueses e a cultura continua cá e observamos que os timorenses gostam de produtos portugueses e também temos bastantes clientes portugueses”, disse.

Os supermercados Kmanek são propriedade de um empresá-rio de Singapura, que se estabe-leceu em Timor-Leste em 2002.

Actualmente, o Kmanek Group tem os dois supermerca-dos, um restaurante, e trabalha directamente com agricultores e pescadores locais para obter produtos frescos.

Nos dois supermercados é possível adquirir da marca Con-tinente enlatados, bolachas, leite, biscoitos, temperos e massas, mas, segundo Efren Valles, há mais produtos em armazém que ainda não estão a ser disponibi-lizados aos clientes.

O Ministério Público (MP) decidiu arquivar a acção judicial interposta por José Luís Estor-

ninho, anterior mandatário da lista Macau Século XXI às eleições legislativas, contra Luiz Pedruco. O MP diz que há insuficiência de indícios criminais, já que a substituição do mandatário é o resultado de uma discussão colectiva. Estorninho apresentou a queixa judicial alegando que foi destituído das funções sem conhecimento prévio, depois de ter trabalhado na recolha de assinaturas. Já Pedruco disse que Estorninho tinha perdido o seu lugar na

lista depois de algumas afirmações na comunicação social contra membros da comissão de candidatura. O despacho do MP diz que o mandatário é escolhido colectivamente pela mesma e que não é anormal a alteração desde que traduza a vontade colectiva. Recorde-se que os impressos de reconhecimento da lista validados por Estorninho foram posteriormente rasurados por Pedruco, onde se chegou a apresentar como mandatário, mas que foi posteriormente inva-lidada pelos Serviços de Administração e Função Pública devido às alterações nos documentos.

Estorninho vê processo contra Pedruco arquivado