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DIRECTOR JOSÉ ROCHA DINIS | DIRECTOR EDITORIAL EXECUTIVO SÉRGIO TERRA | Nº 3982 | QUINTA-FEIRA, 08 DE MARçO DE 2012 10 PATACAS PÁG 5 Sede da APOMAC abre portas a exposições de artistas locais Comunidade macaense carrega pedaços de Oriente onde quer que esteja PÁG 7 Melco acusada de aceitar dinheiro desviado de firma de advogados PÁG 9 Mitt Romney venceu seis estados mas Obama é que tem ganho PÁG 12 Japão agradece apoio da RAEM às vítimas do sismo e tsunami ÚLTIMA Prédio em Toi San sem risco de queda, assegura DSSOPT Uma comissão de vistoria da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) considerou que o prédio no bairro social de Toi San que os moradores temem que esteja em risco de queda, não apresenta problemas estruturais. Porém, segundo foi referido numa nota de imprensa, há partes que carecem de manutenção e reparação. Entretanto, técnicos da Universidade de Macau vão instalar instrumentos de monitorização da inclinação do edifício para recolher dados duas vezes por semana. De igual forma, a segurança dos edifícios vizinhos vai ser testada. Por outro lado, o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas encomendou um outro estudo ao Laboratório de Engenharia Civil. Familiares de idosa atropelada recorrem ao Ministério Público Sete familiares da idosa atropelada com gravidade por um autocarro da Reolian recorreram ontem aos serviços de consulta jurídica do Ministério Público (MP), para obterem pormenores de como avançarem com um processo judicial e com um pedido de indemnização. De acordo com uma nota de imprensa daquele órgão judicial, o acidente pode ser enquadrado no crime de ofensa à integridade física por negligência, que depende de queixa uma vez que é um crime semi-público. Só após o ofendido, ou representante legal, manifestar a vontade da efectivação de responsabilidade penal, o MP procederá a inquérito criminal. Agora a família poderá requerer apoio judiciário para avançar com o caso. PÁGS 2 a 4 e CENTRAIS Destinos desiguais na “outra metade do céu” • Histórias de mulheres que aprenderam a vencer sozinhas • Elas ocupam 305 lugares de chefia na Função Pública em Macau • As 150 mais poderosas do mundo

JTM 08--03-2012

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Jornal Tribuna de Macal

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Director José rocha Dinis | Director eDitorial executivo sérgio Terra | Nº 3982 | quiNta-feira, 08 De março De 2012

澳門論壇日報 10 PaTacas

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Sede da APOMAC abre portas a exposições de artistas locais

Comunidade macaense carrega pedaços de Orienteonde quer que esteja

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Melco acusada de aceitar dinheiro desviado de firma de advogados Pág 9

Mitt Romney venceu seis estados mas Obamaé que tem ganho Pág 12

Japão agradece apoioda RAEM às vítimasdo sismo e tsunami última

Prédio em Toi San sem risco de queda, assegura DSSOPTuma comissão de vistoria da Direcção dos Serviços de Solos, obras Públicas e transportes (DSSoPt) considerou que o prédio no bairro social de toi San que os moradores temem que esteja em risco de queda, não apresenta problemas estruturais. Porém, segundo foi referido numa nota de imprensa, há partes que carecem de manutenção e reparação. entretanto, técnicos da universidade de macau vão instalar instrumentos de monitorização da inclinação do edifício para recolher dados duas vezes por semana. De igual forma, a segurança dos edifícios vizinhos vai ser testada. Por outro lado, o Gabinete para o Desenvolvimento de infra-estruturas encomendou um outro estudo ao laboratório de engenharia civil.

Familiares de idosa atropeladarecorrem ao Ministério PúblicoSete familiares da idosa atropelada com gravidade por um autocarro da reolian recorreram ontem aos serviços de consulta jurídica do ministério Público (mP), para obterem pormenores de como avançarem com um processo judicial e com um pedido de indemnização. De acordo com uma nota de imprensa daquele órgão judicial, o acidente pode ser enquadrado no crime de ofensa à integridade física por negligência, que depende de queixa uma vez que é um crime semi-público. Só após o ofendido, ou representante legal, manifestar a vontade da efectivação de responsabilidade penal, o mP procederá a inquérito criminal. agora a família poderá requerer apoio judiciário para avançar com o caso.

Págs 2 a 4 e CENTRAIS

Destinos desiguaisna “outra metade do céu”

• Histórias de mulheres que aprenderam a vencer sozinhas

• Elas ocupam 305 lugares de chefia na Função Pública em Macau

• As 150 mais poderosas do mundo

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Pág 02 quinta-feira, 08 de março de 2012 jornAl tribunA dE MAcAu

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jornAl tribunA dE MAcAu

localMULHERES ENSINADAS PELA TRADIÇÃO APRENDERAM A VENCER SOZINHAS

Relatos de destinos (des)iguaisLou, Kong e Lee pertencem a gerações diferentes, mas unidas por laços culturais, que custam a quebrar. Se Lou teve um casamento arranjado durante Revolução Cultural, sem violência, Lee e Kong viveram matrimónios marcados pela brutalidade. As suas vidas cruzaram-se em Macau. No dia Internacional da Mulher, o JTM revela histórias de violência, de coragem para acabar com a dor e superar a morte quando se cresceu a pensar que um enlace é para sempre. O passado e o presente, as tempestades e bonanças de quem teve força para continuar sem o casamento, contra o que lhes fizeram crer que seria o destino

Até aos 15 anos, o mundo da senhora Kong era do tamanho de uma terra tão pequena que nem tinha nome

que possamos conhecer. Mais parecia que o casario frágil apareceu nas encostas, tra-zido por mãos vazias, sem respostas para os sonhos. Há 29 anos, nas montanhas da província de Guangxi ser mulher era um mistério. Os trabalhos domésticos já esta-vam restritos ao sexo feminino, sem ques-tões, e Kong tinha apenas a ideia que “a mulher era para casar um dia”. Abandonar a escola antes de concluir o 9º ano foi como perder o seu maior desejo. Ainda que tenha adiado o matrimónio até aos 33 anos, o fac-to de lhe ensinarem que a mulher era para casar um dia, inevitavelmente, fê-la temer que os irmãos pudessem ser maridos inca-pazes de escrever caracteres. Trocou o seu sonho pelo da família. Foi solidária e partiu para a multidão. Hoje tem 44 anos.

A senhora Lou é quase 20 anos mais velha e a Revolução Cultural entrou-lhe na adolescência sem licença. Os estudos tam-bém ficaram para trás com a mesma dificul-dade que enfrentava o trabalho no campo, que abria as portas muito antes do sol tra-zer os dias. Chegou a sonhar que podia ser “cantora, actriz, apesar de ser mulher”, mas a miséria da aldeia dizia-lhe: “esses sonhos não cabem nesta realidade”. Casou com um colega da primária, aos 21 anos, sem paixão, mas não deixou o trabalho, obrigatório por 0,2 yuans. Palha a palha vendia um fardo de 50 quilos todos os dias.

O rosto de Lee (nome fictício) é ainda o espelho da juventude, e faz crer que a sua história poderia ser diferente, mas os olhos vão acumulando pequenas gotas de água que não escorregam logo ao princípio das palavras. Teve o mesmo destino que Kong depois de partir de Henan. Casou, mas movida por um amor que desapareceu nos vícios do marido, sem conseguir con-quistar um lar de abraços para sempre. Até quebrar o silêncio cinco anos depois, de a tradição, o medo, mas sobretudo a vontade de ter um pai para a filha, a impedirem de

contar as marcas no corpo.O JTM falou com três mulheres de ge-

rações diferentes, mas ainda ligadas pelos fios da tradição. Lou, Lee e Kong não te-meram o destino até terem de se soltar de cárceres impostos pelo tempo. Gritar por liberdade.

NADAR ATÉ À LIBERDADEAndou a pé dez horas até chegar ao

cais, onde partiria o barco que a levava da terra. Só depois de mais 48 horas a nave-gar em incertezas chegaria à província de Guangdong. O choque foi tremendo, como se nada do que vira até então fosse capaz de acompanhar a realidade. “Só quando cheguei é que vi pela primeira vez cenou-ras, tomates, aqueles produtos alimentares mais básicos. Antes não sabia o que eram sequer. Na aldeia não usávamos fogão, era só lenha”, recorda a senhora Kong, usando os dedos para contar as travessias, como se a mão fosse um livro cheio de capítulos.

Saída da escola teve de se habituar a novos mecanismos. Mas não precisava de matemática para trabalhar na fábrica de motores de ventoinhas em Shiqi e ganhar 28 renminbis. Um desastre fê-la arriscar a vida para contrariar a necessidade. “Surgiu uma oportunidade. Conheci um homem que me ajudou quando tive um acidente de carro e ficou a saber que eu tinha difi-culdades financeiras. Indicou-me um em-prego em Macau. Na altura aqui conseguia ganhar 500 dólares de Hong Kong ao invés de 28”, relatou. “Tinha dois irmãos para cuidar”, repete, como que assumindo que fossem os homens da casa a prosseguir os estudos.

A proposta incluía entrar no território sem cruzar a fronteira. Com ajuda dos co-legas de trabalho, Kong conseguiu mais de 2.000 renminbis e partiu a nado de Wanzai – pelo que se lembra da geografia antiga. A água que lhe escorria pelo rosto não a impe-dia de ver uma terra ainda mais diferente. Quase um susto aos 18 anos. “O primeiro obstáculo foi a língua. Depois não conhe-cia as coisas modernas. Na minha casa só comíamos arroz uma vez por semana, de resto eram batatas doces, alimentos mais fáceis de cultivar”, comparou.

No primeiro emprego como domésti-ca em casa de uma família, a complexida-de repetiu-se. “Não sabia como trabalhar com os eletrodomésticos nem com deter-minados utensílios e não conseguia falar a língua, aprendi depois com os programas de televisão”, desabafa a mulher com um sotaque hoje perfeito que não deixaria adi-vinhar a sua história. O desconhecimento do ritmo a que evoluem as fronteiras fê-la cair na injustiça. Apesar das dificuldades, a estrada que ficou para trás estava a apa-gar-se, como se não houvesse mais terra ou mar que se ligasse Macau. A morte do irmão mais velho agravou a necessidade. “Não havia caminho para regressar. Não podia voltar atrás, para aquela pobreza”, reforçou. “Uma vez trabalhei a cuidar de um bebé de nove meses e à noite, quando chorou, os pais gritaram muito comigo e trataram-me mal. Pensaram que eu demo-rei muito a pegar no bebé e incomodei-lhes o sonho”, descreve Kong a quem a vontade de ser mãe levou a casar.

Já tinha 33 anos quando voou para a boda longe de ideais. O namoro não che-gou a três meses. O amor ausente em ple-no Verão culminaria na assinatura dos pa-péis em Outubro e a festa aconteceria em Xangai já no frio de Dezembro, quando se deslocou à terra do marido não pelo medo do fado de ficar sozinha. “Sempre tive o sonho de ter um filho. Como estava a ficar mais velha casei com esse homem que me foi apresentado em Macau”, contou. As pá-ginas duras que já escrevera não a fizeram pingar pela paixão, mas nunca pensou que o homem que se confessou apaixonado lhe desse uma bofetada 15 dias depois de ter o primeiro rebento.

“Na tradição chinesa, as mulheres durante o primeiro mês após o parto de-vem repousar e comer bons alimentos, mas mesmo durante esse mês bateu-me”, relembra. Com o segundo rebento não foi diferente. O pesadelo começava e só na altura do divórcio conseguiu perceber que, quando se conheceram, tinha vindo a Macau para jogar. Teve força para levar em frente uma separação com dois filhos nos braços, o mais novo com pouco mais de quatro anos. “Não tinha sonhos em rela-

ção ao casamento porque já tinha assistido a muitas experiências domésticas e vi mui-tas famílias separadas. Claro que há a ten-dência para pensar que é para sempre, mas quando há problemas temos de enfrentá-los”, disse com coragem.

Divorciou-se em 2008 sem aceitar mais desculpas pedidas de joelhos, que sempre se desfaziam numa força desumana. Ain-da aguentou pelos filhos, mas conseguiu libertar-se pela mesma razão. “Acho que é melhor que não assistam às disputas entre pais e esta foi a solução que encontrei para libertar os dois lados”, assentiu, ciente que há quem ainda se veja na obrigação de vi-ver no pesadelo. “Há muitas mulheres que não conseguem. A condição básica deve ser a independência económica”, nota.

A DOR NÃO É PARA SEMPRELee aguentou cinco anos. Só durante

uma discussão em que os móveis serviam de armas contra si teve coragem de ligar para a polícia. “Vi a minha filha a chorar num canto e percebi que se não o afastasse podia morrer pela violência”, recorda com um tom baixo como se quisesse arrecadar o passado num baú. Quando se conheceram, Lee já tinha deixado Henan para trabalhar em Zhuhai num salão de beleza. “Depois de um ano de casamento mudou muito, começou a tratar-me mal”.

Menina nascida também numa terra muito pobre nunca lhe faltou carinho ao ponto de não se preocupar com o que o mundo concebia fora de portas da aldeia. O que sabia sobre ser mulher via-o nas no-velas até que aos 18 anos partiu. “Estudei até ao nono ano e nunca me preocupei com nada, porque os meus pais me tratavam muito bem”. A mudança para uma “cidade grande” fê-la confiar no marido e a solidão afastava-se. “Nunca tinha pensado que me sentia sozinha aqui, confiava nele e acre-ditava que conseguia cuidar bem de nós”, expressou a mulher de 29 anos.

De repente vemos a mão rondar a ca-beça como se recordasse de algumas pan-cadas, mas as suas mãos só conseguem ser suaves. Chegam depois as palavras. “Reparei que eu e a minha filha podíamos sair magoadas pelos maus hábitos do meu marido”, que bebia e jogava, confessou. Lee ainda tentou fugir para casa dos pais, mas quando chegou não teve coragem de contar o seu sofrimento. “Disse-lhes ape-nas que os fui visitar. O meu marido ligou-me”. E tudo se repetiu. “O stress vinha da família. Tinha vergonha. Não sabia como contar que seria uma mãe solteira... iria ser discriminada”, reconheceu. “Nunca contei a ninguém que me batia, mas cheguei a conversar com ele sobre a situação do di-vórcio. Reagiu mal, a chamar-me nomes”.

A visão de que um casamento é para sempre, mesmo debaixo de farpas, foi des-truída pelo medo de que, mais do que o amor, a vida não subsistisse à violência. “A minha maior razão para aguentar foi não tirar o pai à minha filha, mas depois tomei consciência que se continuasse ela sofreria de uma forma pior”, disse.

A polícia perguntou-lhe se queria se-guir com o caso e aceitou, mas quando o processo chegou ao tribunal Lee desistiu.

(...) “Vinha de uma terra simples e não conhecia coisas más, nunca tinha pensado que uma mulher precisava de ser independente e continuar com o seu emprego” (...) – Lee

(...) “Sempre tive o sonho de ter um filho. Como estava a ficar mais velha casei com esse homem que me foi apresentado em Macau” (...) – senhora Kong

fátima almeidaviviana chan

(...) “não tinha sonhos em relação ao casamento porque já tinha assis-tido a muitas experiências domésti-cas e vi muitas famílias separadas”

(...) – senhora Kong

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local (...) “O que agora sei sobre o amor é que não pode magoar, se assim for não é amor” (...) – Lee

(...) “Quando o meu marido morreu não sabia como havia de continuar, pensei que também poderia morrer, mas naquela altura o nosso filho mais novo tinha 11 anos e precisava que cuidasse dele” (...) – senhora Lou

Só queria um lar com protecção para si e para a filha, o qual chegou a encontrar com a ajuda dos trabalhadores sociais. “Conse-gui ser alojada num centro, encontrei uma solução e assim percebi que podia conti-nuar a minha vida sem estar dependente de um marido”, notou. Lee fala menos porque as feridas rasgaram-lhe uma pele mais jovem e as crenças foram abaladas de repente, sem suporte. “Vinha de uma terra simples e não conhecia coisas más, nunca tinha pensado que uma mulher precisava de ser independente e continuar o com o seu emprego”. “O que agora sei sobre o amor é que não pode magoar, se assim for não é amor”.

UM CASAMENTO NA REVOLUÇÃOO pai da senhora Lou cantava ópera.

Apesar das dificuldades conseguiu uma espécie de gira-discos em segunda mão e a música chegou a ser paixão para se ima-ginar nos palcos. “Quando era pequena tinha sonhos de ser actriz”, confessa indo a um passado longínquo. Andar na escola já era uma sorte, mas que não duraria mui-to. Aos 15 anos a mãe pediu-lhe para tra-balhar e o aviso que não frequentaria mais as aulas foi enviado por carta. “Não senti nada [quando vi que não podia concretizar o que pensava]. Nasci numa família mui-to pobre, os meus pais não tinham tempo para entender esses sonhos. Mas, a minha mãe perguntava-me sempre se estava tudo bem comigo”, relembra.

Era a filha mais velha e “tinha de ajudar a criar” os irmãos. Apesar dos tra-balhos serem cansativos nos subúrbios de

Jiangmen, sentia-se feliz porque não tinha de se preocupar com nada. “Fazia as coisas sem pensar”. A equipa que trabalhava no campo com a senhora Lou, menina na al-tura da Revolução Cultural, tinha cerca de 300 pessoas e a maioria não tinha sequer escola. “Eu já tinha quase o 9º ano, sentia-me feliz. Fui convidada para ser contabilis-ta”, relata.

Depois do casamento, quando tinha cerca de 20 anos, continuou o trabalho. Em meados da década de 60, a Revolução Cultural, tornou-se “oficial” tinha a se-nhora Lou por volta de 15 anos e seguiu os destinos de Mao Tsé-tung – a juventude foi mobilizada para trabalhar pelos ideais do Partido Comunista. Lou não descreve muito essa época. Apanhada na surpresa de ainda ser adolescente reparava que os quotidianos eram iguais. “Não sentia dife-rença entre a minha vida e das outras pes-soas, porque sempre vivi naquele ambiente pobre”, descreveu.

A senhora Lou foi a única, das mulhe-res com quem conversámos, que teve um casamento arranjado, mas sem marcas de violência. “O meu marido também vivia na minha aldeia e era de uma família que ti-nha mais rendimentos do que a nossa, por-que o pai dele trabalhava em Hong Kong e mandava uma remessa. De resto, nós só tínhamos o que o Partido dava”, mencio-nou, confessando que quando os pais lhe falaram que teria de casar não tinha noção do que seria dar esse passo.

“O meu marido foi meu colega na pri-mária. Ele disse que gostou de mim, porque já me conhecia. Como isso aconteceu, os

pais dele aceitaram. Eu nem gostava nem deixava de gostar. Havia poucos namoros na altura porque as pessoas tinham vergo-nha”, realça, mostrando alguma desilusão. “Senti-me triste porque não queria sair de casa dos meus pais. Quando saísse já não podia voltar e nem sabia como era a casa do meu marido”, notou.

Depois encontrou uma mesa mais farta, mas o trabalho aumentou. Além das jornadas no campo teve de lidar com os afazeres domésticos. Só quando a revolu-ção terminou, em 76, pôde deixar a terra. O marido foi ter com o pai a Hong Kong, mas Lou só conseguiu chegar a Macau em 1983 e por cá permaneceu. Apesar da dis-tância que mantiveram, Lou diz ter tido um casamento feliz. “Tratava-me de uma forma muito simples. Gostou de sempre de mim e respeitou-me”, afirmou. “Vivia em Hong Kong e vinha-me visitar aos sába-dos. Não estávamos assim tão separados, já que quando vivia na aldeia e ele estava fora não nos víamos tantas vezes”, referiu como quem se apaixonou com o tempo.

A dois a vida foi mais fácil. “Quando o meu marido morreu não sabia como ha-via de continuar, pensei que também po-deria morrer, mas naquela altura o nosso filho mais novo tinha 11 anos e precisava que cuidasse dele”, desabafou, encontran-do força no seu rebento que hoje estuda Cinema em Taiwan.

“O meu marido partiu muito cedo [há 11 anos] não pudemos envelhecer juntos. No início nem tinha confiança em mim. Podia sorrir em frente às pessoas, mas em casa...”, suspira. Nos primeiros três anos após o falecimento do marido nem sequer saiu do seu lar, pois temia que as pessoas fizessem perguntas. Os sentimentos mis-turavam-se, atormentava-a a solidão e a vergonha de o perder para sempre. “Mes-mo nas visitas à minha terra, onde estão os meus outros cinco filhos, continuava a dizer que estava connosco”.

Lou mantém a simplicidade, mas aumentou a garra. Não pôde desistir. Pre-cisava de trabalhar, não para recuperar o conforto mas para ter a certeza que o fi-lho podia ter uma vida segura. “Trabalhei numa empresa de limpezas. O meu filho também poupa muito. Durante um semes-tre é capaz de não comer uma fruta. E tra-ta-me muito bem”, confidencia com uma ponta de sorriso.

Apesar de o sentido de uma família sem “pai” a afligir foi-se conseguindo li-bertar da dor de uma perda, que diz nun-ca esquecer, através das actividades da Associação Geral das Mulheres, onde nos

partilha a sua história. “Conhecia várias famílias na mesma situação, em 2005. Re-latos diferentes que ainda conseguiam ser mais tristes”, disse, não tecendo planos e recolhendo apenas uma certeza. “Não que-ro mais ninguém na minha vida, já tenho filhos e casa na nossa terra”, confessou a mulher que nunca perdeu a vontade de es-tudar e até o inglês lhe entrou no currículo quando chegou a Macau.

NAS NOSSAS MÃOS Aos 62 anos, mesmo que Lou não

tenha conseguido cumprir os sonhos da juventude e ter sido actriz de ópera o seu menino não perdeu o sentido das artes e as telas são um refúgio perfeito para o suces-so. Com uma ausência sentida no coração e na organização da vida vê o papel da mu-lher sob outro prisma. “O mais importante é que se consiga ter autonomia financeira. Como quero apoiar o meu filho tenho de trabalhar muito”. Não parece duvidar que a sociedade está a mudar. Há mais “opor-tunidades de emprego” e os casamentos já não são pela força dos pais, acredita.

Lee até hoje “não percebeu como uma relação” pode magoar assim. A es-tudar contabilidade na escola profissional só quer concluir o curso e prosseguir uma vida em que volte a encontrar a paz. Sabe que ainda há desigualdades entre sexos, mas mesmo depois de ter sentido o peso da tradição não olha para o que lhe acon-teceu como se fosse um reflexo disso. “A tradição pode tirar abertura e optimismo, mas neste caso não posso avaliar assim”. Falamos antes em actos desumanos, sem género. É quando chega ao futuro que as lágrimas começam a cair. Será difícil voltar a confiar em alguém. Não duvida, porém, que “é importante manter a independên-cia”. Depois, “o destino ninguém sabe”.

Kong pouco se queixa. Ter consegui-do fugir à pobreza valeu a pena pela famí-lia. Não se inibe de falar do divórcio, que acabou com o sofrimento. Habituada a ser independente, desde cedo temeu apenas pelo sustento dos filhos, mas encontrou soluções com apoios governamentais e associativos. O trabalho também nunca lhe meteu medo. Ainda que haja “muitas diferenças” entre os sexos sobretudo nos trabalhos domésticos, a ideia que tinha do que poderia ser uma mulher mudou mui-to. “Agora já há muitas na política e antes não se viam”, confessou a mulher que nun-ca parou de estudar. As linhas que traçou nunca se vão encolher de vergonha. É uma história grande e a liberdade “foi a melhor opção”.

muitas mulheres recorrem ao centrode apoio familiar da associação Geral das mulheres

(...) “O mais importante é que se consiga ter autonomia financeira. Como quero apoiar o meu

filho tenho de trabalhar muito” (...)– senhora lou

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Pág 04 quinta-feira, 08 de março de 2012 jornAl tribunA dE MAcAu

localMULHERES EM FESTIVAL DESPORTIVO. o instituto do Desporto e a associação Geral das mulheres organizam nos próximos dias 24 e 25 mais um “festival Desportivo das mulheres de macau”. o programa abre, no dia 24, com um seminário na Doca dos Pescadores e fecha com jogos recreativos e desportivos no Pavilhão do tap Seac.

REFORÇADA COMISSÃO DAS MULHERES. a comissão consultiva para os assuntos das mulheres passou a ter 35 membros, mais cinco do que anteriormente, com a entrada em vigor, na terça-feira, da revisão do regulamento administrativo sobre aquele órgão de consulta do Governo. o secretariado também vai trabalhar a tempo inteiro, segundo anunciou o conselho executivo.

helder almeida

DADOS DA FUNÇÃO PÚBLICA

Elas mandam em 305 lugaresNa RAEM, as mulheres constituem mais de metade da população. Porém, os cargos de chefia e direcção ainda não lhes são entregues na mesma proporção em relação aos homens. Ao nível do Governo, nos 86 serviços contados pelo JTM, mandam 15 mulheres. Incluindo os vários departamentos, o total chega a 305

Na administração pública da RAEM 305 mulheres exercem cargos de chefia ou direcção, segundo dados avançados ao JTM pelos Serviços de Admi-

nistração e Função Pública. Este é um número que corres-ponde a 30% do total do efectivo feminino, que se cifra em 9.634 mulheres. Apesar de solicitados, não foram enviados em tempo útil, pelo mesmo serviço, os dados sobre o total de homens nas mesmas funções de chefia, números que também não estão disponíveis nas estatísticas oficiais já publicadas.

Mas se as contas se restringirem ao Governo, tudo fica mais facilitado: há uma mulher, neste caso Florinda Chan, que é Secretária para a Administração e Justiça e com quem o JTM tentou contactar várias vezes, mas sem sucesso. Na Assembleia Legislativa, sentam-se quatras de-putadas: Kwan Tsui Hang, Angela Leong, Melinda Chan e Ho Sio Kam e destas apenas a primeira preside a comis-sões (está na 1ª Comissão Permanente e na Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Conces-sões Públicas). Nos tempos recentes, salientou-se ainda Su-sana Chou, que foi presidente da Assembleia Legislativa.

Ainda ao nível do Governo, segundo os dados dispo-níveis, 15 mulheres surgem à frente das chefias de gabinete (dos Secretários e outros) e direcções dos principais servi-

ços. Equivalem a 17% do pessoal com cargos de chefia e direcção, em 86 serviços considerados mais importantes. Apenas a título de exemplo, ao nível das chefias de gabi-netes dos Secretários, Grace Cheong está com a Adminis-tração e a Justiça, Laren Lok com a Economia e Finanças e Cecília Cheung com os Assuntos Sociais e Cultura.

Apesar das mulheres serem minoritárias nos cargos de poder, a população de Macau até é maioritariamente feminina. De acordo com as últimas estatísticas demográ-ficas, referentes ao final de 2011, dos 557.400 habitantes de Macau, mais de metade são mulheres: 289.300. Destas, 167.500 (58%) estavam empregadas. O escalão etário entre

os 35 e os 44 anos é onde se situa a maior fatia: 46.900 mu-lheres.

Elas são mais do que eles em actividades relaciona-das com o comércio e actividades domésticas, alojamento e restaurantes, actividades financeiras, educação, saúde e acção social e actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais.

Por profissão, em 2011, as mulheres ficam claramente a perder enquanto membros de órgãos legislativos, qua-dros superiores da administração pública e de outras as-sociações, directores e quadros dirigentes de empresas: são 32% do total (ou seja, 6.300 de um total de 19.500). Domi-nam, por outro lado, em empregos administrativos (são 63% de 91.500) e em trabalhos não qualificados (são 69% de 55.600).

Um outro pormenor curioso, nas Linhas de Acção Governativa para 2012, as mulheres foram especialmente visadas duas vezes: quando se sublinha a necessidade de incentivar políticas de “apoio ao emprego das mulheres”, numa questão relacionada com o emprego doméstico, e o aumento da protecção das mulheres vítimas de violência doméstica.

MULHERES SÃO MAIS MAS GANHAM MENOS

Disparidade de salários e cargos no jogoA principal indústria de Macau ainda discrimina o sexo feminino, dado que as mulheres, apesar de representarem mais de metade da mão de obra, mantêm-se arredadas de posições elevadas e ganham menos, sobretudo nos cargos de chefia

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos indicam que, no final de Junho de 2011, encontra-

vam-se ao serviço do sector do jogo 47.321 trabalhadores, dos quais mais de metade, ou 52,4%, eram do sexo feminino. Contu-do, apenas quatro em cada dez directores ou quadros dirigentes eram mulheres - 492 contra um total de 821 homens.

Não só há menos mulheres no topo como elas ganham, em média, menos 17,4% comparativamente aos colegas do sexo masculino.

O salário médio de directores e qua-dros dirigentes das empresas (excluindo os subsídios de férias e Natal, os prémios de fim de ano - 13.º mês - e as participações nos lucros e similares) fixou-se em 46.970 patacas. Porém, enquanto os homens aufe-riam uma média de 50.240 patacas, as mu-lheres não foram além das 41.500 patacas.

Ou seja: as mulheres ganhavam, em média, menos 8.740 patacas do que os ho-mens, apesar de desempenharem exacta-mente a mesma função.

Os dados oficiais - recolhidos junto de 13 empresas do sector de lotarias e outros jogos de aposta e excluindo os promotores e colaboradores de jogos - mostram que

a diferença entre géneros está patente em praticamente todas as categorias profis-sionais, ainda que a discrepância seja mais evidente nos cargos mais próximos do topo da hierarquia.

Em termos globais, por exemplo, a re-muneração média na indústria do jogo dos trabalhadores a tempo inteiro (excluindo os subsídios de férias e Natal, os prémios de fim de ano - 13.º mês -, bem como as participações nos lucros e similares) fixou-se, no final de Junho, em 16.460 patacas.

Mas os homens, apesar de em menor número, ganhavam, em média, mais 910 patacas do que elas, uma diferença na or-dem dos 5,4%.

Embora domine o universo global em número, o sexo feminino tem menos repre-sentatividade não só no topo (directores e quadros dirigentes), mas também nos ní-veis imediatamente inferiores. Além disso, as que lá chegaram também recebem me-nos do que os seus pares.

A título de exemplo, no final de Junho de 2011, exerciam funções de “especialistas das profissões intelectuais e científicas” 208 homens contra 58 mulheres, com a diferen-ça entre géneros no sector do jogo a ser transversal ao patamar relativo aos técni-

cos e profissionais de nível intermédio (930 homens contra 682 mulheres). Em ambos os casos, elas recebiam menos ao final do mês.

No caso das profissões intelectuais e científicas, a discrepância entre géneros a nível salarial é mesmo superior a 10.500 patacas, diferença que, em termos percen-tuais, corresponde a 28,5%.

Os homens perdem hegemonia para as mulheres neste nível, na medida em que os empregos administrativos (em que se inclui os ‘croupiers’) são “dominados” por elas que eram, no final de Junho, 20.247,

contra os 15.376 homens.Mas só em termos de número, já que,

no final do mês, os homens levavam para casa 16.840 patacas e elas menos 330 pata-cas, o equivalente a menos 3,5%.

Já na subcategoria de ‘croupiers’, são elas quem mais dá cartas, mas neste caso não apenas em termos numéricos. Além de serem mais (12.024 contra 8.792 homens) auferiam mais, com um vencimento médio de 14.620 patacas ligeiramente superior (mais 140 patacas) ao dos seus pares do sexo masculino.

JTM/Lusa

Números No femiNiNo:

52% de mulheres em relação ao total da população

170.200 mulheres pertencem à população activa

mais de 60% nas profissões ligadas a actividades financeiras e trabalhos não qualificados

A Secretária Florinda Chan é a única mulherentre os principais titulares de cargos públicos

cOnheÇa aS fiGUraS maiS POderOSaS na “OUtra metade dO cÉU” - naS centraiS

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jornAl tribunA dE MAcAu quinta-feira, 08 de março de 2012 Pág 05

local

Pormenor da serigrafia na qual se destaca o Largo do Senado, onde figura um “triângulo aristotélico da justiça”

helder almeida

TAM CAUTELOSO SOBRE SUBIDA NO JOGO. as receitas brutas do jogo deverão atingir este ano um crescimento de apenas um dígito alto ou dois baixos, estimou o Secretário para a economia e finanças, citado pelo jornal “ou mun”. o jogo cresceu 42% em 2011 e 28% nos primeiros dois meses do corrente ano.

SEGURANÇA NO TRABALHO COM CERTIFICAÇÃO. a DSal e a universidade de macau vão organizar mais um curso de certificação para “encarregados de segurança no trabalho da construção civil”. além de um certificado, os formandos receberão um subsídio de 2.500 patacas, pago pela DSal. com a duração de 150 horas, o curso será ministrado entre março e Novembro e visa reforçar a prevenção nas obras.

SEDE DA APOMAC QUER EXPOR OBRAS DE ARTISTAS DE MACAU

De portas abertas para a arteCarlos Marreiros ofereceu uma serigrafia feita a partir de um desenho de 2004, que descreve as várias idades de Macau, cujo epicentro é o Largo do Senado, onde figura um “triângulo aristotélico da justiça”

Eram paredes vazias que agora se disponibilizam a acolher as obras de arte de todos aqueles que pro-curem um espaço para expor, sejam portugueses ou

chineses. Fica na sede da Associação dos Aposentados, Re-formados e Pensionistas de Macau (APOMAC) e foi ontem inaugurado. O arquitecto Carlos Marreiros ofereceu uma serigrafia de Macau, de edição limitada, em que o território surge sob a luz de uma “cidade de justiça”.

Para Jorge Fão, presidente da assembleia-geral, aquele “era um espaço vazio que se quis aproveitar”. Nesta medi-da, optou-se por abrir as portas do edifício da associação, que “é muito frequentado”, a todos os artistas que queiram expor. E o limite é apenas um: o espaço disponível.

Foi neste contexto que Jorge Fão convidou Carlos Marreiros para oferecer a primeira obra, num local que se pretende dinâmico.

Intitulada “Cidade de Justiça”, a serigrafia é feita a partir de um quadro original feito por encomenda por João

Nuno Riquito. “A cidade de justiça resulta de conversas, tertúlias, entre três pessoas: o João Nuno Riquito, o Luís Sá Cunha e eu. Tomei muitos apontamentos em guardanapos de mesa e depois passei meses a fazê-lo. Foi aqui em Ma-cau, era ele [Riquito] professor de direito, na altura em que era também consultor numa firma de advogados”.

Mas que cidade é essa? “Se formos à praça do Senado, vemos um triângulo. No topo está a Igreja de São Domin-gos, em baixo, na base, temos o Senado, do lado esquer-do, onde está o turismo, e onde antigamente funcionava alfândega chinesa, e do lado direito temos a Santa Casa da Misericórdia. E a teoria do Nuno Riquito é que este equilí-brio tem tudo a ver com o direito enquanto forma de justi-ça aristotélica”. Desta forma, “no topo da pirâmide temos deus, representado pela igreja, na base temos o senado, que trabalha para o povo, do lado esquerdo o poder efectivo, na altura e mesmo agora, a China, representado pela alfân-dega, e do lado direito a Santa Casa, ou seja, a base, o povo, que trabalha para deus através do poder, do governo. Este trabalho é bem feito e deus retribui fazendo benfeitoria”.

E nessa Macau, cujo epicentro está no Senado, situa-se um “triângulo aristotélico da justiça”. Paralelamente, “ao longo do desenho acontecem várias coisas: as várias ida-des de uma cidade, da fortificação de Macau aos pagodes e templos chineses, passando pela arquitectura barroca e neoclássica, até à arquitectura dos nossos dias”. O Rio das Pérolas está sempre presente, bem como o encontro de cul-

turas. “A cidade que se mescla entre o ocidente e o oriente, entre o moderno e o antigo, o erudito e o vernáculo e onde a tolerância é o ponto fulcral”, como explica Marreiros.

Mas porquê este desenho para a sede da APO-MAC? Porque “os meus desenhos são mais locais e numa casa como esta, julgo que ser-se mais localista, contando historietas de Macau, fazia mais sentido”, responde o arquitecto.

GARANTIU ANA PAULA LABORINHO À RÁDIO MACAU

Instituto camões mantém aposta na RaEMA crise em Portugal vai reflectir-se na contribuição do Instituto Camões para o IPOR, mas a aposta em Macau será mantida e até “consolidada”, garantiu Ana Paula Laborinho, em declarações à Rádio Macau

Ficámos muito agradados, por um lado, pelo bom desempenho que houve em relação ao Centro de Lín-

gua Portuguesa, ao número de alunos, às receitas. Naturalmente não vou esconder que estamos num momento particularmen-te difícil em Portugal e que essa diminuição dos nossos meios também se irá reflectir na contribuição associativa do Instituto Camões para o IPOR. Mas estamos a pro-curar fazê-lo sem que isso ponha em causa os projectos maiores e sem impedimento de um outro aspecto que cada vez é mais relevante e que é o mecenato e a capacidade de uma intervenção maior de empresas e outros parceiros nestes projectos”, afirmou

Ana Paula Laborinho à Rádio Macau.Sublinhando que a conjuntura difícil

não irá traduzir-se necessariamente num orçamento mais reduzido, a presidente do Instituto Camões (IC) recordou que a con-tribuição para o IPOR é a maior entre os centros culturais portugueses que a institui-ção tem espalhados pelo mundo. “Isso quer dizer que a nossa aposta em Macau é uma aposta que se mantém e que nós queremos, até, que possa ser consolidada. O que te-mos é de encontrar outras parcerias, temos de encontrar formas de também fazer parti-cipar empresas portuguesas”, defendeu.

Ana Paula Laborinho não avançou o valor do orçamento do IPOR para 2012, mas sublinhou que ainda é um número re-dondo e significativo, até porque o valor de receitas do IPOR continua a aumentar, con-forme avançou o JTM. “Tivemos este ano - há uma previsão - de cerca de 600 mil euros de receitas, o que é muito significativo. [...] Mas isso não impede que tenhamos tam-bém de continuar a ter uma participação activa no IPOR e é isso que iremos fazer”, adiantou.

Relativamente à comparticipação do Estado português, Ana Paula Laborinho disse que o valor ultrapassou os 160 mil eu-ros (mais de um milhão e meio de patacas), só para a gestão do IPOR.

Recorde-se que, na semana passada, o director do IPOR, Rui Rocha, revelou ao JTM que a instituição que lidera obteve um lucro de 537 mil patacas no ano passado,

facto que vai permitir aos contribuintes as-sociativos participarem com menos 15 por cento no orçamento de 2012.

Rui Rocha adiantou ainda quem, para o segundo semestre (do ano lectivo 2011/12) estão previstos 2.050 alunos nos cursos de língua portuguesa, mais 110 do que no semestre passado. Pela primeira vez, foi superada a barreira dos 2.000 estu-dantes.

No âmbito de actuação cultural, o IC deseja um reforço de parcerias, sobretu-do, com o Instituto Cultural de Macau. “O que nós desejamos é que essas parcerias possam alargar àquilo que são parceiros naturais - para além das universidades, do Politécnico -, que possam também alargar-se a outras instituições. E falo claramente do Instituto Cultural da RAEM, com o qual queremos desenvolver parcerias, não só em Macau, mas também em Portugal”, afir-mou Ana Paula Laborinho, dando como exemplo a exposição do arquitecto Carlos Marreiros, que está prevista para este ano no Instituto Camões, numa parceria com o Instituto Cultural.

Francisco Manhão, Carlos Marreiros, Jorge Fão e vários membros da APOMAC após a apresentação do desenho

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Pág 06 quinta-feira, 08 de março de 2012 jornAl tribunA dE MAcAu

localDESACONSELHADO USO DE PRODUTO DE EMAGRECIMENTO. os Serviços de Saúde apelaram ontem à população para não consumir o produto “the extreme-thin fat Burning Bomb”, destinado ao emagrecimento. o alerta foi motivado pelo facto do produto incluir sibutramina, um inibidor de apetite que pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares.

UMA VÍTIMA DE INALAÇÃO DE GASES AINDA EM COMA. Duas mulheres continuavam ontem em estado grave, uma das quais em coma, depois de terem inalado gases desconhecidos na véspera. o caso afectou ainda um homem e uma criança de um ano, mas ambos já tiveram alta.

Condutor tinha um saco com 5 gramas de “ketamina”

QUATRO RESIDENTES FORAM DETIDOS

Droga de mão em mãoUm veículo foi interceptado durante uma operação “stop”, tendo sido encontradas várias quantidades de “ketamina” em cada um dos passageiros. O condutor, que alegadamente tinha comprado a droga, foi o único que não chegou a consumir a substância

Mais uma operação “stop”, mais detidos por pos-se de “ketamina”. Desta vez a acção das auto-ridades foi realizada na madrugada de ontem

na Avenida de Amizade, onde foi mandado parar um veículo com quatro pessoas.

Na posse do condutor foi encontrado um saco com 5,34 gramas de “ketamina”. Os passageiros tinham to-dos notas com a droga, totalizando cerca de 5 gramas.

Segundo terá contado o condutor, a droga foi ad-quirida quando chegou a Macau juntamente com um amigo, vindos de Zhuhai, tendo encontrado outro ami-go numa paragem de táxi que lhe vendeu a “ketamina” a troco de mil dólares de Hong Kong. O passageiro con-sumiu uma parte e guardou o resto numa nota.

Os dois amigos continuaram a viagem e foram en-contrar-se com outro que entrou no carro. Foi contem-plado também com uma parte de “ketamina”, que con-sumiu e guardou o restante, também numa nota.

Nova paragem para apanharem o terceiro passa-geiro, e mais uma “rodada” de “ketamina” para o novo tripulante, que acabou por guardar o resto numa nota.

Pouco depois, porém, a paragem foi a última já que acabaram por ser interceptados pelas autoridades que descobriram a droga.

Análises feitas posteriormente no hospital revela-ram que todos os tripulantes, com a excepção do con-dutor, tinham consumido a droga, confirmando assim a história que tinha sido contada.

Os detidos são todos residentes de Macau e têm cer-ca de 30 anos.COZINHEIRO HONESTO. Dois agentes detectaram um homem que tinha caído do seu motociclo, e quando o abordaram para saber o que se tinha passado ele terá dito que se tinha despistado porque tinha bebido dema-siado antes de conduzir.

Um teste de alcoolemia acabou por confirmar a ver-são do residente de Macau, cozinheiro de profissão, acu-sando 1,76 gramas de álcool por litro no sangue.

CANTOR DE HONG KONG NO BANCO DOS RÉUS

acusado de agredir médicoserá julgado dois anos depois

O julgamento do caso de alega-da agressão a um médico do hospital público, no dia 2 de

Janeiro de 2010, está marcado para o próximo mês de Abril no Tribunal Judicial de Base, anunciou ontem o Ministério Público (MP), organismo que deduziu acusação contra o ar-guido em Julho de 2010. O arguido é um cantor de apelido Kong e 34 anos de idade que nasceu em Hong Kong mas passou muitos anos em Macau.

De acordo com um comunicado do MP, o arguido agrediu um médi-co na sala de urgência do Hospital Conde de São Januário, por suspeita

de que “terá molestado sexualmen-te a sua namorada que se apresen-tava no hospital na companhia de familiares e amigos devido a do-res abdominais”. “Sem ter ligado à proibição do pessoal do hospital, Kong entrou muitas vezes na sala de diagnóstico sem permissão e teve acesa discussão com o médico, que acabou por ser agredido e feri-do”, sofrendo mesmo uma fractura do osso na face, refere ainda o or-ganismo, acrescentando que “o mé-dico, o Hospital C. S. Januário e a Associação dos Médicos do Hospi-tal Público de Macau querem apu-

rar a responsabilidade criminal do infractor”.

Após a análise do caso e das provas obtidas, o delegado do Procu-rador titular do processo considerou haver fortes indícios dos crimes de in-trusão em lugares com acesso vedado ao público e de ofensa qualificada à integridade física, pelo que foi dedu-zida a acusação contra o arguido.

Em Agosto de 2010, após ter sido conhecida a decisão do MP, a agência responsável pela gestão da carreira do cantor descreveu o in-cidente como um “mal entendido”, lembrando que Kong não foi preso.

Um cantor de Hong Kong que foi acusado pelo Ministério Público de ter agredido um médico do hospital S. Januário, em Janeiro de 2010, vai a julgamento no próximo mês

Breves

Condutores acusamReolian de pressãoalguns condutores da reolian asseguraram ontem que estão a ser alvos de pressão por parte da empresa. Segundo a tDm, os condutores afirmam que a falta de calma nas estradas deve-se à quantidade de voltas que a companhia lhes exige. em reacção, a reolian garantiu que nunca repreendeu os funcionários por não completarem o número de rotas pré-definidas, acrescentando que os condutores estão conscientes da situação de trânsito no território. o deputado ung choi Kun expressou também a sua revolta pelo número de acidentes registados, pedindo ao Governo que reformule o sistema de serviços de autocarros.

Mais de 40 nomeaçõespara Conselho Económico

mais de quatro dezenas de personalidades integram uma lista de membros do conselho para o Desenvolvimento económico, ontem nomeados pelo chefe do executivo. os directores dos Serviços de economia e de turismo e o presidente do conselho de administração da autoridade monetária representam a administração num órgão que conta ainda com a presença de elementos da associação comercial (vong Kok Seng) e federação das associações dos operários (Wong Kuai leng). a lista inclui ainda filipe Santos, Stanley Ho, ambrose So, David chow, Ng fok, leong Kam chun, eric Yeung, Patrick Huen, Ho man cheong, Ng lap Seng, ma iao Hang e os deputados Kou Hoi in, tsui Wai Kwan, vítor cheung lup Kwan e fong chi Keong, entre outros. o conselho foi criado em Janeiro de 2007.

PME’s “desconfiam”da Ilha da Montanha

Stanley au não acredita que a ilha da montanha possa “oferecer quaisquer oportunidades significativas às pequenas e médias empresas de macau (Pme’s) nos próximos cinco anos”. “Para ser honesto, podemos esquecer a ilha da montanha nos próximos 10 anos”, frisou o presidente da associação das Pme’s, em entrevista à edição de março da revista macau Business. Stanley au voltou ainda a apelar ao Governo para que preste mais apoio às Pme’s, até porque muitas empresas estão a ser penalizadas pelo forte aumento do valor das rendas das lojas e escritórios nos últimos três anos.

TDM desiste da concessão de terreno na Taipaa tDm-teledifusão de macau comunicou a desistência da concessão, por arrendamento, de um terreno situado na taipa, no aterro da Baía do Pac on, com a área de 1.504 metros quadrados. De acordo com um despacho do Secretário para os transportes e obras Públicas, ontem publicado no Boletim oficial da raem, o terreno será revertido à posse da raem, para integrar o seu domínio privado, e tem um valor atribuído de 12,37 milhões de patacas.

PedrO andrÉ SantOS

Tentou extorquira ex-namoradaa Polícia Judiciária deteve um homem suspeito de ter extorquido à ex-namorada 80 mil patacas a troco de fotografias e um vídeo erótico que tinham feito durante a relação. a vítima tem 25 anos e foi namorada do suspeito entre 2009 e 2010. Durante a relação tiraram mais de 50 fotografias eróticas e fizeram um vídeo. findo o relacionamento, o homem usou as imagens para chantagear a ex-namorada. Primeiro terá exigido a devolução de todos os presentes que lhe tinha dado, avaliados entre 20 e 30 mil patacas, e depois dinheiro. a vitima denunciou o caso à polícia, e quando combinaram um encontro na zona dos três candeeiros foi detido por agentes.

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localCINCO DETIDOS POR ENTRADA ILEGAL. as autoridades locais detiveram quatro pessoas do continente que tentaram entrar ilegalmente em macau, bem como um indivíduo que as transportou numa sampana, junto à avenida Panorâmica do lago Sai van. os detidos declararam que a viagem tinha fins meramente turísticos.

ORDEM PARA RECOLHER ANTIBIÓTICO. os Serviços de Saúde solicitaram aos importadores e exportadores a recolha e suspensão do fornecimento do antibiótico “ospexin” (500mg e 250mg), depois do laboratório “Sandoz” ter admitido não ser capaz de evitar que o medicamento fique húmido. tal facto poderá, por isso, “influenciar a estabilidade do medicamento”.

ISABEL PINTO APRESENTA AMANHÃ OBRA SOBRE COMUNIDADE MACAENSE EM PORTUGAL

“Há sempre um bocadinho de oriente presente”Chegou a Portugal com um vazio no peito. Pensou que tal como ela, também os macaenses que abandonaram Macau depois da transição terão sentido a ausência da terra longínqua. Isabel Pinto estudou o tema e concluiu que a comunidade macaense onde quer que esteja carrega pedaços de Oriente. Mesmo distantes, mantêm a cultura viva, garante. A investigação culminou num livro, que é apresentado amanhã, pelas 18h, no auditório do Instituto Cultural

Enfermeira de profissão, pisou Macau pela pri-meira vez na década de 80. Não pensou que conseguiria ficar nem um ano, muito menos 18.

Construiu uma vida, casou-se com um macaense, re-gressou a Portugal em 2001. E eis que uma enorme fenda se abriu no peito. “Tive que voltar a integrar-me na sociedade portuguesa”, conta Isabel Maria Rijo Correia Pinto. Esse sentimento levou-a a colocar uma outra questão: “E como será para os macaenses?”. Fez a tese de doutoramento sobre o tema, que tomou a for-ma de livro no ano passado. A apresentação da obra “A Comunidade Macaense em Portugal: alguns aspec-tos do seu comportamento cultural” acontece amanhã, pelas 18h, no auditório do Instituto Cultural.

Foi a profissão que a empurrou para a primeira pesquisa que realizou sobre macaenses. Isabel Pinto aproximava-se do final dos anos 90, altura em que es-tava a fazer um mestrado sobre relações interculturais, quando se apercebeu que existiam grandes diferenças entre os costumes das mulheres chineses e portugue-sas no que toca ao nascimento. “Julguei interessante perceber qual seria o comportamento das mulheres macaenses nessa situação”, conta a investigadora, em entrevista ao JTM.

A dissertação de mestrado sobre “O Comporta-mento Cultural dos Macaenses perante o Nascimen-to” acabaria por ser publicada já Isabel Pinto estava a viver em Portugal. Apanhou o avião de regresso em 2001 e deixou para trás 18 anos de Macau. “Quando cheguei, a minha experiência de integração na socie-dade portuguesa não foi fácil...senti algumas dificul-dades.” E esse foi um ponto de partida para “pensar novamente nos macaenses e reflectir sobre o modo como se integraram”, conta Isabel Pinto. “Questionei-me também sobre o que eles conservariam das suas raízes, da sua cultura, da sua parte oriental. Achei que isso dava um bom tema de investigação”. Iniciou-se então num doutoramento em Estudos Asiáticos.

Depois de 50 inquéritos a macaenses e uma en-trevista ao presidente da Casa de Portugal em Macau, Isabel Pinto constatou que “os macaenses que estão em Portugal conservam tudo o que podem da sua cul-tura.” E tudo é sinónimo de, por exemplo, “hábitos alimentares”, bem como o “modo de falar, com mistu-ra de palavras em cantonense, português e inglês.”

Há ainda a presença da música e das palavras presas em papel. “Todos têm os CD’s macaenses que existem, e também música oriental, bem como livros macaenses, literatura oriental, da China e de outros locais da Ásia.” A bagagem cultural reflecte-se igual-mente na decoração da casa e também no vestuário. “A decoração da casa tem muitas influências orien-tais. Quase todos possuem móveis chineses. E o modo como se vestem também é diferente, sobretudo em casa. Usam nomeadamente os minapes e as camisas com coche...”, descreve Isabel Pinto.

A distância leva, porém, a riscar algumas festi-vidades do calendário. “Em Macau festejavam tudo, tanto chinesas como portuguesas, em Portugal res-tringem-se às portuguesas, talvez com a excepção do Ano Novo Chinês, que ainda é celebrado por muitos.” Mesmo que algo se tenha perdido, a investigadora nota que “em todos os aspectos da vida há sempre

qualquer coisa oriental. Há sempre um bocadinho de Oriente presente. Em alguns aspectos mais, noutros menos, mas a cultura – tanto quanto lhes é possível – é preservada.”O QUE DIZEM DE PORTUGAL. A grande maioria dos macaenses ouvidos por Isabel Rijo sentem-se, hoje em dia, integrados na sociedade portuguesa. “Gostam de viver em Portugal, pelo clima, o espaço, as casas maiores... Apesar de apontarem algumas diferenças também encontram muitas vantagens.” No entanto, “sentem saudades de muita coisa. A comida é a pri-meira coisa que referem, depois o ambiente e alguns também falam nos cheiros das ruas de Macau.”

Os portugueses não escapam à avaliação dos ma-

caenses, divididos entre bem-estar e saudades. “Re-conhecem nos portugueses alguns defeitos, como a mesquinhez e a inveja.” Aquilo que menos gostam em Portugal é o facto de “possuírem menos poder eco-nómico, terem de fazer coisas que não faziam antes, não terem tantas empregadas domésticas, bem como haver menos tempo livre.”

Quase todos os macaenses que residem em Portu-gal possuem curso superior e trabalham no sector dos transportes. Trata-se, no entanto, de uma comunidade algo envelhecida. “A maioria possui mais de 40 anos, embora também existam alguns na faixa dos 30 anos. E os que têm 20 anos já não foram inseridos no meu estudo, porque não nasceram em Macau.” Este fenó-meno acontece, uma vez que “já não há o cruzamen-to que existia entre homens portugueses e mulheres asiáticas. E os jovens macaenses já não vão estudar para Portugal como iam no passado, muitos preferem ir para outros países.” Sinais dos tempos, diz Isabel Pinto. “É fruto da época, digamos assim, já que a con-juntura financeira em Portugal não é tão boa.”

Aqueles com quem conversou são quase todos ca-sados com uma pessoa de etnia portuguesa. Contudo, “isso não faz com que tenham esquecido as suas ori-gens”, garante a investigadora. “Continuam a preser-var a sua cultura, de uma forma muito forte, embora se sintam integrados em Portugal.” Além disso, “têm interesse e vontade de transmitir essa cultura aos seus filhos. E tentam fazê-lo dentro do possível.”

Isabel Pinto não tem dúvidas de que “a comuni-dade está viva e tem uma cultura bem conservada.” A investigadora não sabe, porém, se tudo estará as-sim “daqui a 10 ou 20 anos.” Mas certo é que quase todos continuam a visitar Macau com “frequência, geralmente de três em três anos para o encontro dos macaenses.”

Em Portugal, os encontros entre membros da co-munidade ocorrem sobretudo em núcleos reduzidos. “Há pequenos grupos que se encontram com alguma regularidade. O sentimento de pertença existe. Sen-tem que pertencem a Macau, que gostam do mesmos pratos...embora possam estar demasiado distantes para se encontrarem com muita frequência”, esclarece Isabel Pinto. Porto, arredores de Coimbra e sobretu-do a capital são as zonas do país onde se concentram mais macaenses.

Já entre a população portuguesa, os macaen-ses acabam por “passar despercebidos.” Isto porque existe “um grande desconhecimento sobre a cultura macaense. O facto de falarem português faz com que os portugueses assumam que o contexto cultural é igual”, observa a investigadora.VOLTAR A CASA. Para Isabel Pinto, o regresso que acontece agora é o primeiro desde 2001. Nunca mais pisou o território. Porém, aquilo que encontrou soou-lhe a casa. “Às vezes tenho a sensação de que ainda cá vivo, que fui de férias e cheguei agora. Senti isso quando estava a chegar de ‘jetfoil’. Estava sentada na sala de espera e a sensação é a de que ia voltar a casa. Nunca pensei que isso me acontecesse”, confessa.

A cidade mudou muito, mas a investigadora tem encontrado muitos vestígios familiares. “A casa onde vivemos perto do Hospital S. Januário ainda existe, o trajecto até ao Leal Senado também se mantém... de resto, noto que Macau tem mais pessoas, mais prédios, algumas ruas ganharam um ambiente mais chinês.”

Embora continue ligada à terra que repousa no Sul da China, Isabel Pinto não pensa voltar a viver de modo permanente em Macau. No entanto, deseja con-tinuar a estudar sobre os filhos da terra. “Gostava de investigar sobre as comunidades macaenses noutros pontos do mundo. Seria muito abrangente e não mui-to fácil de concretizar. Vamos ver se consigo tempo e apoio para fazer essa investigação”, revela.

Antes do novo desafio, Isabel Pinto apresenta amanhã o resultado de cinco anos de investigação. Ivo Carneiro de Sousa, vice-reitor para a investigação da Universidade de São José, fará a introdução à obra. Após o lançamento, segue-se a palestra intitulada “Dinâmicas e Estratégias Interculturais: o exemplo macaense.”

raqUel carvalhO

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puBlIcIDaDE

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localSHUN TAK ADIA OPERAÇÃO BOLSISTA. a Shun tak adiou na terça-feira, por dois dias e pela segunda vez este mês, o lançamento de uma oferta de direitos sobre acções na Bolsa de Hong Kong, alegando que precisa de mais tempo para definir “uma base de atribuição mais justa e equitativa”. a Shun tak pretende angariar pelo menos 1,65 mil milhões de dólares de Hong Kong através desta operação.

RENOVADA NOMEAÇÃO DE VICE-PRESIDENTE DO IACM. o chefe do executivo renovou, por dois anos, a nomeação de lo veng tak, como vice-presidente do conselho de administração do instituto para os assuntos cívicos e municipais. a renovação vigora a partir de 3 de março.

K&L Gates diz que ex-sócio transferiu mais de 30 milhões de dólares de Hong Kong de contas de clientes para a Melco Crown

ESCRITÓRIO DE ADVOGADOS FOI LESADO POR EX-SÓCIO VICIADO NO JOGO

Melco acusadade aceitar dinheiro desviadoA filial de uma firma internacional de advogados fundada por Bill Gates (pai), em Hong Kong, intentou uma acção contra a Melco Crown, denunciando ter conhecimento de que elevadas somas de dinheiro apostadas no casino resultavam de apropriação indevida

O escritório de advocacia, K&L Gates, alega ter despen-dido cerca de 200 milhões de dólares de Hong Kong em restituições, depois de um antigo sócio se ter ale-

gadamente apropriado de dinheiro de clientes da empresa para financiar o seu hábito de jogar em Macau.

Com efeito, e por considerar que o casino, da proprieda-de da Melco Crown, estava ciente de que os fundos tinham sido apropriados de forma indevida, decidiu intentar uma acção também contra o espaço de jogo.

A K&L Gates indica que o antigo funcionário Navin Ku-mar Aggarwal “escreveu uma carta em jeito de confissão”, depois de se ter demitido em Junho último, onde dizia: “Eu não sei que ‘diabo’ entrou em mim”.

No início da semana, a empresa deu entrada num tri-bunal de Hong Kong com uma acção contra a Melco Crown, que gere os casinos “City of Dreams” e “Altira”.

O escritório de advogados aguarda agora uma ordem ju-dicial que lhe permita descobrir que quantidade de dinheiro da empresa equivale aos fundos que Navin Kumar Aggarwal terá desviado, os seus ganhos líquidos, ou ambos, de modo a que a Melco Crown pague o que o antigo sócio deve.

Quatro clientes foram recompensados num valor total de 117 milhões de dólares de Hong Kong, segundo a acção que foi intentada e onde se lê ainda, de acordo com a edição de ontem do jornal “South China Morning Post”, que Navin Kumar Aggarwal se apropriou de milhões de dólares de de-pósitos de garantia de clientes, incluindo os quatro já ressar-cidos pela firma.

Navin Kumar Aggarwal, que se tornou sócio em 2000, deixou a empresa em Junho último, foi subsequentemente acusado de crimes de roubo e de falsificação, que, alegada-mente, ocorreram entre Janeiro e Julho de 2010.

Inicialmente, o montante em causa era de 16,6 milhões de dólares de Hong Kong, mas, mais tarde, o valor em jogo foi revisto em alta pelo Ministério Público para 780 milhões.

No processo, a K&L Gates indica ainda que Navin Ku-mar Aggarwal transferiu, pelo menos, 34 milhões de dóla-res de Hong Kong de contas de clientes para a Melco, tendo apostado em casinos esse dinheiro e outros fundos. Ainda, de acordo com o escritório de advogados, o antigo funcionário teve prejuízos líquidos de pelo menos 9,9 milhões de dólares de Hong Kong.

A K&L Gates sustenta que a Melco recebeu o dinheiro apropriado de forma indevida, sabendo que não tinha direito para o fazer, dado que o capital não pertencia a Navin Kumar Aggarwal e que este tinha um historial de mau jogador, entre outros. A empresa diz ter uma confissão que Aggarwal enviou para o seu parceiro na Ásia, David Tang, quando abandonou a firma. “Caro David, lamento imenso tudo o que aconteceu. Não tenho a certeza se isso é possível, mas eu realmente espe-ro que a firma possa sobreviver a tudo isto causado por mim. Sei a gravidade do crime cometido. Não consigo viver com isto”, diz a carta, citada pelo jornal de Hong Kong.

“Lamento imenso que tu e os outros tenham de enfren-tar tudo isto e limpar esta confusão. O dinheiro que roubei foi usado para pagar as minhas perdas no jogo que acumulei ao longo dos anos”, lê-se na carta.

Uma breve audiência está marcada para o dia 2 de Abril.JTM/Lusa

campanha turística junta18 províncias do continente

Dezoito províncias do interior da China lançaram ontem em Ma-cau uma “operação de charme”

na tentativa de atrair mais residentes e turistas do território, numa actividade promocional “patrocinada” pela Ad-ministração Nacional do Turismo da China.

A iniciativa, de carácter promo-cional, que teve como palco o Largo do Senado contou com a presença do vice-presidente da autoridade do Turismo da China, Du Jiang, que chefiou uma comitiva composta por representantes dos 18 destinos que se estão a promo-ver junto dos residentes e turistas que visitam Macau.

A actividade promocional que co-loca a tónica no turismo de qualidade no interior da China vai ser realizada, de seguida, na vizinha região de Hong Kong.

De acordo com o director dos Ser-viços de Turismo, João Manuel Costa Antunes, estão a ser facultadas infor-mações sobre as 18 províncias em cau-sa e dados mais detalhados sobre as vá-rias cidades para que haja “realmente uma maior comunicação e melhor in-formação sobre os destinos do interior

da China” que se abriu há 30 anos ao turismo.

“Entendemos que isto é que é o turismo, uma actividade nos dois sen-tidos”, realçou Costa Antunes, ao apon-tar que Macau poderá servir como uma “plataforma multi-destinos”.

JTM/Lusa

“Tour Feliz e Saudável 2012” é o lema de uma acção promocional na área do turismo ontem lançada em Macau por 18 províncias do Continente chinês. Para Costa Antunes, a iniciativa mostra que Macau poderá funcionar como “plataforma multi-destinos”

Breves

SSM refutam acusaçõesao hospital Kiang Wu os Serviços de Saúde consideraram ontem que as queixas feitas contra o Hospital Kiang Wu por um casal, no âmbito de um caso de alegado mau tratamento do seu filho, que contraiu gripe B, devem-se sobretudo a “problemas de comunicação entre as duas partes” e a “ideias erróneas dos queixosos sobre o diagnóstico e tratamento da gripe sazonal e a respectiva prevenção e controlo”. após uma análise preliminar, o organismo concluiu que a gestão do caso está “correspondente aos critérios”, não tendo sido verificadas situações como “o diagnóstico errado e a violação de orientações para a respectiva prevenção e controlo”.

Macau já acolheu 50 docentesda Universidade Tsinghuaa universidade tsinghua, em Pequim, destacou 50 especialistas e académicos, ao longo dos anos, para exercerem funções de docentes em macau, revelou o reitor da instituição, chen Jining, durante uma visita do chefe do executivo da raem às instalações daquele estabelecimento de ensino. Na ocasião, chui Sai on encontrou-se com mais de 20 alunos de macau que estão a estudar na universidade tsinghua. No âmbito da visita, o chefe do Gabinete do chefe do executivo, alexis tam, disse esperar que o novo centro de estudos Hong Kong-macau da universidade tsinghua, criado este ano, possa formar mais quadros qualificados para a raem. ontem, chui Sai on também visitou a fundação Soong ching ling e teve um encontro com o director da administração Geral do Desporto da china, liu Peng.

Rádio ONU ouve Hélder Fernandosobre língua portuguesaa língua portuguesa em macau foi o tema central de uma entrevista concedida pelo jornalista Hélder fernando à rádio oNu, órgão que tem um acordo de cooperação com o Jornal tribuna de macau. Na entrevista concedida a Joyce Pina, jornalista que viveu vários anos em macau, o profissional da rádio macau falou do que entende ser a língua materna e dos vários falares com influência da língua portuguesa no mundo. a entrevista pode ser acompanha na internet, através do endereço: www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2012/03/a-lingua-portuguesa-em-macau.

Instituto Cultural vai restaurar60 relíquias este anoo instituto cultural vai restaurar pelo menos 60 relíquias este ano, entre elas vários templos. o anuncio foi feito ontem por ung vai meng durante uma cerimónia em Hac Sa. o presidente do instituto cultural referiu que a restauração dos templos, o seu significado e respectiva promoção histórica, são algumas das prioridades do organismo para este ano. o trabalho deverá ser feito com a ajuda do Governo e coordenado por grupos locais. No total serão 70 projectos de restauro e manutenção, afirmou ung vai meng em declarações à tDm.

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Pág 10 quinta-feira, 08 de março de 2012 jornAl tribunA dE MAcAu

as figuras mais

poderosas na

“outra metade do céu”Começaram revoluções, abriram escolas, lançaram discos, chegaram ao topo de empresas e ao topo de países – foras as primeiras, desbravaram caminhos para outras mulheres. E estão a transformar o mundo. Lentamente. Enfrentando preconceitos, criticas e muitas resistências. A revista “Newsweek” elegeu 150 mulheres sem medo. Sem medo de serem diferentes. Sem medo de represálias. Sem medo de se fazerem ouvir: De Cabul a Copenhaga. De Detroit a Pequim. Stas são apenas algumas das mulheres corajosas que fazem o mundo avançar. Hoje é o seu dia. Maria João Caetano

NA

POLÍTICAConquistar o poder quandonão se usa fato e gravataDirectora do Fundo Monetá-rio Internacional ( FMI), cargo no qual substituiu o polémico Dominique Strauss- Kahn, a francesa Christine Lagarde, de 56 anos, é, de acordo com a Forbes, a nona mulher mais poderosa do mundo. Numa lista mista, com homens e mulheres poderosos, Lagar-de ficaria no 39.º lugar. Para chegar onde chegou, é claro que tem também de ser uma mulher sem medo. A advoga-da foi ministra da Agricultura e Pescas e, depois, das Finan-ças, Indústria e Emprego, tra-vando difíceis lutas em Fran-ça até se tornar, em Junho, a primeira mulher a liderar o FMI. “Odeio dizer que há uma forma feminina e outra mas-culina de lidar com o poder. Penso que todos temos uma parte feminina e outra mas-culina”, disse numa entrevis-ta em 2009. As estatísticas di-zem-nos que ainda há poucas mulheres nos cargos de topo nas instituições políticas, mas sobretudo financeiras. Em muitos casos, estas mulheres são as primeiras. É o caso de Dilma Roussef, a Presidente do Brasil, de Cristina Kirch-ner, Presidente da Argentina, ou de Angela Merkel, chance-ler alemã, ou ainda de Helle Thorning-Schmidt, Chefe do Governo na Dinamarca. Mas o caminho foi mais duro para Fawzia Koofi, a primeira mu-lher vice-presidente do parla-mento num país tão conser-vador como o Afeganistão.

NO

JORNALISMOÉ alto o preçoa pagar por querer dar uma notícia ao mundoAs jornalistas não são activistas mas quantas vezes dar notícias é já, por si só, um ato de cora-gem? Foi isto que todos pensa-ram, a 22 de Fevereiro, quando se soube da morte de Marie Colvin, em Homs. A ameri-cana de 56 anos era uma das mais conhecidas e respeitadas correspondentes de guerra. Uma mulher sem medo, se-gundo a Newsweek. Como Pa-riza Hafezi, a responsável pela delegação da Reuters no Irão. Um trabalho que lhe valeu o Prémio Coragem no Jornalis-mo atribuído pela Associação Internacional de Mulheres nos Media. Como Faezeh Hashe-mi, iraniana e fundadora do jornal Zan. Como Lara Logan, a correspondente da CBS que esteve na linha da frente no Afeganistão e no Iraque, mas não foi na guerra que foi mal-tratada. Foi no Cairo, durante os tumultos aquando da queda de Mubarak, que acabou por ser atacada e violada.

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LITUÂNIA LIDERA LISTA DE PAÍSES COM MULHERES EXECUTIVAS. a maioria dos cargos de topo nos países europeus é ocupado por homens, revela um estudo da empresa de consultoria mercer, que coloca Portugal no 19º lugar, com uma percentagem de 27%, numa lista liderada pela lituânia. a média europeia é de 29% de mulheres nos cargos de administração ou gestão. Dos 34 países analisados, a lituânia tem uma distribuição mais equitativa de cargos executivos (44% são mulheres), seguida da Bulgária (43%) e da federação russa (40%).

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EspEcIalas figuras mais

poderosas na

“outra metade do céu”Começaram revoluções, abriram escolas, lançaram discos, chegaram ao topo de empresas e ao topo de países – foras as primeiras, desbravaram caminhos para outras mulheres. E estão a transformar o mundo. Lentamente. Enfrentando preconceitos, criticas e muitas resistências. A revista “Newsweek” elegeu 150 mulheres sem medo. Sem medo de serem diferentes. Sem medo de represálias. Sem medo de se fazerem ouvir: De Cabul a Copenhaga. De Detroit a Pequim. Stas são apenas algumas das mulheres corajosas que fazem o mundo avançar. Hoje é o seu dia. Maria João Caetano

NO

ACTIVISMODiferentes maneiras de lutar pelos direitos das mulheresNo ano passado, o Prémio No-bel da Paz foi atribuído a três mulheres: Ellen Johnson Sirle-af, Leymah Gbowee (ambas da Libéria) e Tawakkul Karman (Iémen), pelo modo como cada uma tem lutado “pela segu-rança das mulheres e pelo seu direito à participação plena na construção de uma sociedade pacífica”. Sem surpresa, estas três mulheres estão na lista da Newsweek. Aliás, se a primei-ra é Presidente da Libéria, as outras são activistas, uma “ca-tegoria” que compõe o mais importante grupo entre as 150 mulheres “sem medo”. Há as activistas políticas, como Yoa-ni Sánchez, a bloguer cubana que, em 2008, foi considera-da uma das pessoas mais in-fluentes do mundo com o seu blogue Geração Y. Ou como Aung San Suu Kyi, liberta-da em 2010 após 15 anos de prisão e galardoada com o Nobel da Paz, que é o princi-pal exemplo da luta contra a ditadura na Birmânia. Ou a queniana Wahu Kaara. E há as inúmeras activistas pelos di-reitos das mulheres. Como Sa-mira Ibrahim, a egípcia de 25 anos que, apesar de ter estado presa e ter sido torturada, afir-ma: “Não abdicarei dos meus direitos como mulher nem como ser humano.” Na lista encontramos também grupos de mulheres que lutam con-tra a discriminação: a Brigada Rosa, na Índia, e as Avós da Praça de Maio, na Argentina, são exemplos.

JTM/DN

NAS

ARTESChegar ao topoa cantar,a representar,a escreverou a realizarCampeã de vendas, elogiada pela sua voz única, Adele é um exemplo e uma inspira-ção para mulheres em todo o mundo. Porque, aos 23 anos, não teve um percurso fácil, porque a sua carreira não se baseia no facilitismo e na imagem, e porque, chegada ao topo, tem sabido usar o seu poder mediático para de-fender algumas causas. Mas não é a única. Meryl Streep é a actriz mais nomeada para os Óscares (ganhou este ano, com a sua interpretação de Margaret Thatcher). Angeli-na Jolie usa a fama para de-fender as suas causas, por exemplo sendo uma das vo-zes dos refugiados nas Na-ções Unidas. Kristen Wiig, actriz e argumentista, é a co-mediante por trás do sucesso do filme “Bridesmaid”. São percursos muito diferentes, mas todas elas estão entre as mulheres que não temem ser diferentes e lutar por aquilo em que acreditam. Outros ca-sos nesta lista: a realizadora e documentarista iraniana Ta-naz Eshaghian; a escritora ni-geriana Chimamanda Ngozi Adichie; a popular apresenta-dora de televisão americana Oprah Winfrey; ou a cantora de ópera russa Anna Netre-bko. A lista não ficaria com-pleta sem a polémica Lady Gaga que, mais do que can-tora, é uma performer que se afirma tanto através de uma música como de um vestido ou de uma sessão de fotos.

NO

DESPORTOMostrarcoragem comluvas de boxe ou de raquetena mãoA tenista norte-americana Serena Williams já venceu 13 torneios do Grande Slam e, embora esteja a atravessar um período de lesões que a têm afastado dos courts, se há algo que sabemos sobre Sere-na é que ela não desiste facil-mente. Aos 31 anos tenciona participar nos Jogos Olímpi-cos ao lado de Andy Roddick. Não são muitas as desportis-tas que aparecem na lista da Newsweek, mas entre elas há duas tenistas: além de Serena, Na Li, a chinesa que se recu-sou a integrar o programa na-cional de desporto. Sozinha, sem apoio mas com liberdade para escolher o treinador e os destinos da sua carreira, Li Na acabou por no ano passa-do vencer em Roland-Garros. Foi a primeira asiática a con-segui-lo. Verdadeiras lutado-ras são Hetal Dave, a única lutadora de sumo na Índia, e Claressa Shields, a pugilista americana de 16 anos.

ADELEReino Unido

AnGELA MERKELAlemanha

SEREnA WiLLiAMS EUA

CLARESSA SHiELDSEUA

AunG SAn Suu KyiBirmânia

tAWAKKuL KARMAnIémen

LARA LOGAn África do Sul

Li nAChina

MERyL StREEPEUA

CHRiStinE LAGARDEFrança

KRiStEn WiiGEUA

25% DAS MULHERES NA EUROPA EM RISCO DE POBREZA. uma em cada quatro (24,5%) mulheres europeias está em risco de pobreza, um valor superior ao dos homens (22,3%). De acordo com o gabinete de estatísticas da ue, a tendência verifica-se em todos os estados-membros, incluindo Portugal, que supera a média europeia em ambos os sexos: 25,8% das mulheres está em risco de pobreza, ao passo que 24,8% dos homens estão em igual situação. o número total de mulheres europeias em risco de pobreza é de 62 milhões, de acordo com números de 2010, citados pelo eurostat. Já nos homens, são 54 milhões os europeus em risco de pobreza.

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Pág 12 quinta-feira, 08 de março de 2012 jornAl tribunA dE MAcAu

VOLTA AOMUNDCHINAo ministro de recursos Humanos e Segurança Social da china, Yin Wei-min, afirmou ontem que a situação geral do emprego no país está está-vel, mas ainda enfrenta uma pressão considerável. Durante uma conferên-cia de imprensa da sessão anual da assembleia Nacional Popular, Yin disse que a china precisa de criar em 2012 postos de trabalho para 25 milhões de habitantes nas cidades e 10 milhões nas zonas rurais.

RÚSSIAo Presidente eleito da rússia, vladi-mir Putin, convidou ontem o magnata russo mikhail Prokhorov, que ficou em terceiro lugar nas presidenciais de do-mingo, a participar no seu novo gover-no. “mikhail Dimitrievich (Prokhorov) é uma pessoa séria, um bom empre-sário. em princípio, poderia ser útil ao governo, se quiser”, declarou Putin, ci-tado pelas agências russas. Putin pe-diu ainda à oposição russa que “ouça a voz do povo”, em alusão à recusa desta em reconhecer os resultados eleitorais.

ÍNDIAum jornalista indiano que colabora com a imprensa iraniana foi detido por suspeita de envolvimento no atentado contra um veículo diplo-mático israelita que causou quatro feridos em fevereiro em Nova Deli, informou a polícia indiana. o deti-do, Syed mohammed Kazmi, de 50 anos, terá estado em contacto com os autores materiais do ataque.

NORUEGABehring Breivik foi ontem formal-mente acusado pelo ministério Pú-blico norueguês de dois actos de terror e de 77 homicídios preme-ditados, segundo a imprensa no-rueguesa. a acusação contém 119 nomes, entre mortos e feridos com gravidade. Breivik cometeu a 22 de Julho um atentado à bomba contra um edifício governamental em oslo, tendo seguido para a ilha de utøya, onde matou 68 pessoas, num acam-pamento de jovens do Partido tra-balhista.

IRÃOo chefe do conselho Nacional de Segurança de israel, Yaacov ami-dror, felicitou a retoma do diálogo das Nações unidas com o irão sobre o seu programa nuclear, mas aler-ta para a possibilidade de fracasso. “estou muito satisfeito com a retoma das negociações entre o irão e as grandes potências, sobretudo se re-sultar no abandono pelo irão do seu programa nuclear, mas devemos prepararmo-nos para o seu fracas-so”, afirmou amidror em declarações à rádio pública israelita.

AFEGANISTÃOSeis Soldados britânicos estão de-saparecidos depois de o veículo blindado em que viajavam ter sido atingido por uma explosão, indicou ontem o ministério da Defesa do rei-no unido. o referido ministério está a tentar estabelecer as circunstân-cias da explosão e o paradeiro dos seis militares britânicos, que patru-lhavam a província de Helmand, no sul do afeganistão.

acTualCADÁVERES DE ESTRANGEIROS ENCONTRADOS EM HOMS. as autoridades sírias afirmam ter descoberto no bairro de Baba amr, em Homs, vários cadáveres de estrangeiros, incluindo o de um europeu suspeito de dirigir os rebeldes sírios, noticiou ontem a imprensa síria.

SÍRIA

Vaga de refugiados para o líbanoACNUR fala em duas mil pessoas que atravessaram a fronteira desde o fim de semana. Exército bombardeou ponte na véspera da chegada da representante da ONU

As forças fiéis a Bachar al-Assad bombardearam, esta terça- feira, uma ponte junto a Qousseir, na

província de Homs, utilizada pelos re-fugiados sírios, nomeadamente feridos, que fogem para o Líbano”, indicou on-tem à AFP Rami Abdel Rahmane, líder do Observatório sírio dos Direitos do Homem, precisando que a referida pon-te ficava muito perto da fronteira entre os dois países. E precisou: “As autorida-des tentam fechar todos os acessos entre o Líbano e a Síria, nomeadamente na re-gião de Qousseir e Tall Kalakh.” Ambas ficam na zona de Homs.

O jornal britânico Telegraph refere que a ponte ficava na aldeia de Rableh, a três quilómetros da fronteira libanesa. E é a mesma que, na semana passada, serviu para retirar de Homs a jornalis-ta francesa ferida Edith Bouvier, disse Hadi Abdallah, um aCtivista sírio, cita-do pelo mesmo jornal. “A ponte foi atin-gida por disparos de artilharia. E agora já não pode ser utilizada”, acrescentou o responsável, que falou por telefone, a partir da capital libanesa, Beirute.

O ACNUR alertou que, durante o fim de semana, distribuiu com os seus parceiros junto à fronteira comida e ajuda aos sírios que vinham em fuga de Homs. E situou o número em pelo menos duas mil pessoas. Uma porta-voz da agência das Nações Unidas que é liderada pelo ex-primeiro- ministro português António Guterres indicou ainda que “há muitas mais centenas de refugiados” no vale de Bekaa no Líba-no. O ACNUR diz que desde o início da revolta contra o regime de Assad, a 15 de Março de 2011, 7 058 já se registaram

no Líbano.Os refugiados que chegam ao norte

do Líbano levam como única bagagem a roupa que têm vestida no corpo, vivem em condições miseráveis e são alberga-dos por famílias libanesas ou abrigam-se em escolas abandonadas. A televisão, refere a AFP, é a única via que têm para saberem notícias da sua cidade e do seu país.

A Cruz vermelha tem feito o que pode para ajudar as populações de Homs, onde nem os feridos internados no hospital parecem conseguir escapar às barbaridades dos fiéis ao regime de Assad.

A responsável pelas operações hu-manitárias da ONU chegou ontem à Síria para fazer um levantamento das necessidades no terreno. Valerie Amos deverá também preparar a visita de Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU, en-viado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe que é esperado sexta-feira na Síria. A França avisou já que espera que Amos tenha acesso incondicional a todas as partes do país e não seja obri-gada a ficar só na zona de Damasco.

Aí ainda é Assad quem mais ordena. Citado pela agência oficial Sana, o chefe do Estado sírio insistiu na mesma tecla: “O povo sírio provou a sua capacidade para defender a pátria e construir uma nova Síria com a sua determinação para continuar as reformas paralelamente à luta contra o terrorismo apoiado pelo estrangeiro.”

JTM/DN

O ex-governador de Massachusetts Mitt Romney ganhou no Alasca, Ohio, Idaho, Virgínia, Vermont e Massachusetts, mas as sondagens salientam que a “luta” republicana tem ajudado o Presidente Obama

Mitt Romney foi o grande vencedor na superterça-feira, quando estavam em disputa 437 delegados à convenção nacional republicana de Tampa (Florida),

um quarto do total em disputa. Os candidatos precisam de 1144 para alcançar a a nomeação e Romney tem agora 356, contra os 157 de Santorum.

Mas apesar da vitória, o milionário Romney não conven-ceu por completo. No estado do Ohio, um dos mais impor-tantes e disputados, a sua vitória foi “por um fio”: 38% contra 37% de Santorum. “Ganhámos no Oeste, Centro-Oeste e Sul e estamos prontos para ganhar em todo o país”, afirmou o ex-senador da Pensilvânia.

A Geórgia era o Estado em que estavam em jogo mais delegados (76) e destoou, dando a vitória a Newt Gingrich, que ali tem raízes pessoais e políticas. É a segunda conquis-ta do antigo líder da Câmara dos Representantes, depois da vizinha Carolina do Sul. Nos outros estados, Gingricht teve votações irrisórias, o mesmo acontecendo a Ron Paul.

Com as vitórias para os três principais candidatos, a su-perterça-feira voltou a mostrar a profunda divisão dentro do eleitorado republicano, a oito meses das presidenciais. No to-tal, desde Janeiro, Romney venceu em 13 estados, Santorum em seis e Gringrich em dois.

Na sequência dos resultados, contem conhecidos, ne-nhum dos quatros candidatos afirmou desistir. Rick Santo-

rum que ganhou Dakota do Norte, Tennessee e Oklahoma, anunciou mesmo preparar-se para disputar a nomeação até ao fim.

Analistas ouvidos pela CNN durante a noite de super-terça-feira avançaram com dados de sondagens que mostram que a “luta” pela nomeação republicana tem ajudado o Pre-sidente Barack Obama a subir nas intenções de votos. “No meio dos ataques entre os candidatos republicanos, o único que aparece a tratar dos graves problemas do país é Obama”, salientou um dos membros do painel da CNN, perante o as-sentimento geral dos outros.

EUA

Romney venceu seis estados mas obama é que tem ganho

Patrícia vieGaS

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jornAl tribunA dE MAcAu quinta-feira, 08 de março de 2012 Pág 13

acTualCINCO CHINESES ENTRE OS 83 HOMENS MAIS RICOS DO MUNDO. cinco chineses, quatro dos quais de Hong Kong, têm uma fortuna superior a 10 mil milhões de dólares, figurando entre os 83 homens mais ricos do planeta, segundo um estudo divulgado ontem na imprensa chinesa.

OITO EMPRESAS PORTUGUESAS À CONQUISTA DE XANGAI. oito empresas portuguesas de calçado e vestuário participam na feira internacional de moda iniciada ontem em xangai, na maior representação do género na “capital económica da china”, destinada a atrair a nova classe média local.

PORTUGAL

Vacas magras deram superpoderes às FinançasA ninguém surpreenderá que no actual momento em que o País vive o Ministério das Finanças seja o mais importante do Governo e o seu titular, neste caso Vítor Gaspar, um governante com superpoderes, desde logo sendo ministro de Estado e das Finanças

Ainda antes do pedido de ajuda externa, o Governo de José Sócrates já tinha aprovado um reforço de poderes do ministro das Finanças, então Teixeira

dos Santos, nomeadamente no controlo da admissão de funcionários públicos – a famosa regra da redução de dois funcionários por cada nova contratação – e utilização de saldos de entidades públicas, incluindo cortes nos gastos com viaturas e comunicações. Estas três medidas faziam parte do decreto que estabelecia as normas de execução do Orçamento do Estado para 2010.

Aliás, o próprio decreto-lei que aprovava a lei orgâni-ca do Ministério das Finanças, no final de 2006 já introduzia alterações que iam no mesmo sentido – dar mais poderes ao Ministério das Finanças –, entre elas um reforço da fun-ção fiscalizadora da Inspeção-Geral de Finanças.

A lei orgânica que lhe sucedeu com o Governo de Pe-dro Passos Coelho, em Dezembro de 2011, já com o País sob o programa de ajustamento da troika, é explícita quanto a ser o Ministério das Finanças incumbido de prosseguir “a missão de definir e conduzir a política financeira do Estado e as políticas da administração pública, agora reforçadas pela extensão do controlo e fiscalização sobre as autarquias locais e em áreas cruciais ligadas à gestão de recursos hu-

manos da administração pública”.Também no que se refere à recente polémica sobre a

quem cabe o quê na questão dos fundos de Bruxelas en-quadradas no Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), a mesma lei já previa, na alínea c, do número 2 do artigo 25. º , que “o Ministério das Finanças actua ain-da em articulação com o membro do Governo responsável pelas áreas da economia e do emprego, quanto à definição de orientações, acompanhamento, avaliação e controlo glo-bal da gestão e execução dos investimentos financiados por fundos europeus, no âmbito da política de coesão, e em ar-ticulação com os membros do Governo responsáveis pelas respectivas estruturas de gestão”.

Quanto às contratações do Ministério da Educação terem de passar pela aprovação do titular das Finanças, como noticiou a comunicação social, fonte do Ministério das Finanças alertou para o facto de o mesmo estar previs-to em um despacho conjunto dos ministros da Educação e das Finanças de 2007, daí não resultando, portanto, ne-nhum poder acrescido para Vítor Gaspar.

Não é de admirar que, com o fantasma do défice como pano de fundo e sendo a prioridade o saneamento das contas públicas sob o olhar atento da troika, tudo o que implique mais despesa e gestão de dinheiros passe pelo cri-vo das Finanças.

O reforço dos poderes de Vítor Gaspar foi mesmo de-fendido pelo seu antecessor, Teixeira dos Santos, quando da aprovação do Orçamento para 2012, “condição necessá-ria mas não suficiente para que o País ultrapasse a crise”, na sua opinião. “É fundamental reforçar os instrumentos de acompanhamento, controlo e de correcção no âmbito da execução orçamental e para isso acho fundamental refor-çar os poderes do Ministério das Finanças neste domínio”, afirmava o anterior ministro em Dezembro de 2011.

Também o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, já tinha defendido, cerca de um mês antes, o reforço das funções do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, que na sua opinião tem de ter poder “sobre todas as entidades com impacto imediato ou potencial nas contas”, para evi-tar surpresas na execução orçamental.

Na óbvia função de conceber e executar a política fis-cal, talvez o ato mais arrojado de Vítor Gaspar tenha sido a criação do imposto extraordinário equivalente a 50% do subsídio de Natal em 2011 e o corte ou eliminação dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos e pensionistas em 2012, além do exigido pela troika. Com o cumprimento das metas do défice por mira, também não espanta que o ministro tenha uma palavra a dizer nas des-pesas de acção social e que a negociação sobre a transferên-cia dos fundos de pensões da banca não tenha dispensado a sua coordenação.

JTM/DN

edUarda frOmmhOld

peregrinos de santiagopreferem portugalCaminho. 22 mil crentes usaram a rota portuguesa em 2011 em direcção a Compostela

Há o lado da fé, claro, e depois há também a mística deste per-curso: as aldeias são fantásticas,

os sítios igualmente. É uma experiência que mesmo para quem tenha menos fé ganha sempre alguma coisa”, explica Diogo Palhinha, 31 anos, que percorreu já por duas vezes o caminho português de peregrinação até Santiago de Com-postela.

O número de peregrinos que pas-saram por Portugal rumo à cidade espa-nhola quase duplicou entre 2009 e 2011, consagrando o itinerário português como aquele que actualmente regista um maior aumento de procura. Segundo o que a Associação Espaço Jacobeus (AEJ) avan-çou à Agência Ecclesia, “foram 22 062 os peregrinos que seguiram este itinerário” durante 2011, entre os quais 6048 portu-gueses, 8196 espanhóis e 2557 alemães. Uma experiência cuja apoteose é a chega-da ao destino, conta Diogo. “E depois há a chegada a Santiago: passamos de uma paisagem e experiência rurais para uma zona histórica com pessoas de todo o mundo. É muito bom, mesmo”, explica . “A primeira vez que fui foi em 1998, mas dessa vez tinha partido o dedo do pé e tive de ir de carro e o resto do grupo de bicicleta. Na segunda, já fiz o percurso a pé, durante quatro dias.”

agridem os técnicosdo rendimento social

filiPa amBrÓSiO de SOUSa

Os cerca de 50 técnicos das equipas que acompanham os beneficiários do rendimento social de inserção

(RSI) em Setúbal dizem que estão a traba-lhar num clima de terror. Segundo denun-ciaram os próprios psicólogos, sociólogos e assistentes sociais, são várias as famílias a quem foi retirado o subsídio nos últimos meses que começaram a ameaçar, a agredir e a vandalizar as viaturas dos profissionais. Contactada pela DN, a Segurança Social ga-rante estar a avaliar a situação.

Ontem, foi a própria Equipa Multi-disciplinar de Apoio ao Tribunal (EMAT) que aconselhou uma das instituições da cidade que presta este serviço a não abrir portas, ficando os funcionários barricados no seu interior. A Segurança Social tinha retirado os cinco filhos a um casal proble-mático, a quem recentemente fora cortado o RSI e que já havia mesmo agredido um professor, pelo que as autoridades recea-vam represálias.

“Não somos nós que retiramos as crian-ças, mas como fazemos domicílios para aju-dar na reinserção é a nós que conhecem e pensam que a decisão é nossa”, diz uma psicóloga.

Reclamando anonimato, os técnicos re-lataram ao DN que já são raros os colegas que não sentiram na pele “todo o tipo” de ameaças e intimidação quando vão avaliar as famílias a casa. Há mesmo quem ponha

armas à vista, avisando que sabe onde o profissional mora e até a escola que os filhos frequentam.

Recentemente, um técnico foi agredido à chapada, mas um dos últimos episódios foi o de uma família que no dia em que sou-be que iria perder o RSI perseguiu os carros e destruiu viaturas das equipas multidisci-plinares, havendo elementos que deixaram de usar os seus automóveis.

Por exemplo, enquanto na Associação Cristã e Mocidade foi preciso chamar a polícia seis vezes num mês face aos focos e conflito sempre que o RSI foi retirado a alguém, na Associação Batista Shalom sabe-se quem é o indivíduo que destrói os carros da instituição, mas ainda não hou-ve flagrante delito.

“Nós temos de fazer um trabalho im-parcial, mas não temos segurança nenhuma junto de pessoas que vêem o RSI como salá-rio adquirido”, lamentam.

Os técnicos dizem que há cada vez mais medo sempre que é preciso deslocar uma equipa às casas de algumas pessoas que se sabe não terem condições para rece-ber o RSI, porque nada fazem pela sua rein-tegração.

As equipas já se queixaram à Seguran-ça Social em Setúbal, que lhes disse apenas para continuarem, podendo os casos “mais perigosos” ser tratados no edifício do cen-tro regional. “O problema é que eles conti-nuam a saber quem somos”, resume uma socióloga.

JTM/DN

Contactado pelo DN, o presidente da Associação dos Amigos do Caminho Português de Santiago, João de Abreu Lima, avança que de Agosto de 2010 a Março deste ano passou 497 credenciais para os peregrinos poderem optar por esse percurso. “Apesar de não termos números anteriores a estes, claramente que é uma grande subida, apesar dos pedidos que nos são feitos serem ape-nas representativos e não serem dados totais”, explica o responsável. “Este ca-minho vive à custa do voluntariado e temos uma óptima estrutura em termos de segurança, de comodidade e óptimos estabelecimentos”, diz a mesma fonte.

O ponto de partida “mais escolhi-do” de entre os caminhos portugueses, no ano passado, foi a região do Porto, com perto de sete mil peregrinos, entre os quais cerca de dois mil representantes nacionais. Ponte de Lima, Lisboa, Braga e Chaves são as outras cidades preferi-das para iniciar a peregrinação.

JTM/DN

Famílias a quem foi retirado o subsídio nos últimos meses começaram a ameaçar e vandalizar veículos dos profissionais

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Pág 14 quinta-feira, 08 de março de 2012 jornAl tribunA dE MAcAu

MARSELHA MAIS LONGE DA LIGA DOS CAMPEÕES. o marselha desperdiçou a oportunidade de se aproximar dos lugares da frente do campeonato francês de futebol e do acesso à liga dos campeões, ao perder no terreno do evian-thonon, por 2-0.

CHELSEA VENCE NA TAÇA DE INGLATERRA. raul meireles e mata marcaram na vitória por 2-0 do chelsea no terreno do Birmingham, em jogo em atraso dos oitavos de final da taça de inglaterra de futebol. Na próxima fase o chelsea, agora comandado interinamente por roberto Di matteo, terá pela frente o leicester city, da segunda divisão. DEspoRToo “plano” de Villas-Boas para o InterImprensa italiana já projecta “onze” do português. Fernando prioritário, mas há mais

Em Itália não há dúvidas: André Villas-Boas será o novo treinador do Inter de Milão na próxima tem-porada. E mais: o ex-treinador do FC Porto poderá

recrutar vários jogadores aos azuis-e-brancos, com o mé-dio Fernando à cabeça.

Segundo o jornal Tuttosport, André Villas-Boas tem tudo apalavrado com o Inter para a nova temporada. “A informação que temos é que está escolhido. Também por isso, Moratti não está muito interessado em encontrar já um substituto imediato para Ranieri”, começou por dizer ao DN Andrea Berzatti, jornalista do Tuttosport, revelando também o interesse em Fernando: “Já no ano passado ten-taram a sua contratação, e com a chegada de Villas-Boas essa hipótese é ainda mais séria. Eles querem o jogador, mas também dependerá do novo treinador, que acredita-mos ser o português”, referiu.

Apesar de Massimo Moratti, presidente do clube, ter referido que tudo não passava de “boatos”, durante terça-

feira surgiram notícias também sobre o interesse em mais cinco jogadores dos azuis-e-brancos. Guarin, que está em-prestado aos “nerazurri”, Alvaro Pereira, Cristián Rodrí-guez, James Rodríguez e Hulk são os nomes apontados pela imprensa transalpina como prováveis reforços dos italianos.

Este interesse, contudo, adivinha-se complicado de

concretizar, muito devido à frágil situação económica por que passa o clube de Milão. De todos estes, Cristián Rodíguez, que termina contrato no final da temporada, e Guarín, com opção de compra de 11 milhões de euros, pa-recem ser os mais “credíveis”. Os restantes parecem quase impossíveis dado que, por Fernando e Alvaro Pereira, a SAD portista não admite propostas abaixo dos 20 milhões de euros por cada, enquanto James Rodríguez tem uma cláusula de 45 milhões e Hulk de 100.

Por este último, refira-se, também em Itália a Juventus está entre os interessados. A cláusula de 100 milhões pare-ce, no entanto, assustar a “vechia signora”, que só estaria disposta a chegar aos 30 milhões pelo brasileiro.HIPÓTESE ROMA NEGADA. Entretanto, na terça-feira foi veiculado um alegado encontro entre André Villas-Boas e a Roma. O empresário do treinador português, no entanto, desmentiu tal contacto. “Estou em Londres com o André e não tivemos qualquer contacto com a Roma. Ele ainda está a reflectir no que aconteceu no Chelsea e, defi-nitivamente, não quer pensar em mais nada. Não sei qual é a origem dessa notícia, sendo certo que respeitamos uma grande equipa e um grande clube como a Roma”, salien-tou Carlos Gonçalves.

JTM/DN

GOnÇalO lOPeS

Fernando poderá reencontrar Villas-Boas na próxima época

Pela primeira vez desde que a China autorizou a profissionalização do futebol, há 20 anos, apenas três das 16 equipas que disputam a prova são orientadas por locais e, num caso destacado pela imprensa oficial, a equipa técnica estrangeira ganha 40

vezes mais do que um treinador chinês.O caso diz respeito ao francês Jean Tigana e adjuntos, contratados pelo Xangai She-

nhua por três milhões de euros.Este ano, o Xangai Shenhua já contratou também o ex-internacional francês Nicolas

Anelka e, segundo o jornal China Daily, está a tentar contratar Didier Drogba.Mas a equipa considerada mais rica é o Guangzhou Evergrande, que na época passa-

da ganhou a Super Liga, com uma vantagem de 15 pontos sobre o segundo classificado, o Beijing GuoAn, orientado por Jaime Pacheco.

O presidente e proprietário do Guangzhou Evergrande, Xu Jiayin, é um dos empre-sários mais ricos da China, com uma fortuna estimada em 43 mil milhões de yuan (5,18 mil milhões de euros).

No primeiro jogo da Super Liga de 2012, o Beijing GuoAn recebe o Guangzhou R&F, que ascendeu este ano à primeira divisão, e o Dalian Shide também joga em casa, frente ao Changchun.

É a segunda temporada consecutiva de Jaime Pacheco e Nelo Vingada na China, mas, no segundo caso, a experiência só começou no Verão passado, quando o Dalian Shide corria o risco de descer à segunda divisão.

Sob a direção de Nelo Vingada, o Dalian Shide evitou a despromoção e, entretanto, Jaime Pacheco foi considerado “o treinador do ano” na China pelo mais importante sema-nário desportivo do país.

Apesar de ter herdado uma equipa desfalcada dos seus melhores jogadores e des-moralizada pelo modesto quinto lugar alcançado na época anterior, o antigo treinador do Boavista conseguiu elevar o Beijing GuoAn ao segundo lugar da tabela e qualificar-se para a Liga dos Campeões Asiáticos.

JTM/Lusa

Recorde de técnicos estrangeiros na chinaA Super Liga chinesa começa no próximo sábado com um número recorde de técnicos estrangeiros, entre os quais os portugueses Jaime Pacheco e Nelo Vingada, que estão à frente do Beijing GuoAn e do Dalian Shide, respectivamente

2ª Vez

Execução Ordinária nº CV2-11-0001-CEO 2° Juízo Cível

Exequente: BANCO NACIONAL ULTRAMARINO, SA, com sede em Macau, na Avenida Almeida Ribeiro, n.º 22Executado: lun Kai Cheong (袁繼祥), masculino, de nacionalidade chinesa, com última residência conhecida em Macau, no Pátio do Cordeiro, n.º 10, rés-do-chão, ora ausente em parte incerta.

Correm éditos de trinta (30) dias, a contar da segunda e última publicação do anúncio, citando o executado acima identificado, para no prazo de vinte (20) dias, decorrido que seja o dos éditos, pagar ao exequente a quantia de MOP39.521,96 (trinta e nove mil, quinhentas e vinte e uma patacas e noventa e seis avos), e os acréscimos legais ou, no mesmo prazo, nomear bens à penhora suficientes para o pagamento da quantia exequenda, ou no mesmo prazo, deduzir oposição por embargos ou nomear bens à penhora, sob pena de, não o fazendo, ser devolvido ao exequente o direito de nomeação de bens à penhora, seguindo o processo os ulteriores termos até final à sua revelia. Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 2.º Juízo se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente.

Foram lavrados o presente edital e dois duplicados, com o mesmo teor, afixados no lugar determinado pela lei.

Macau, 19 de Julho de 2011.

A Juiz,Cheong Un Mei

O Oficial de Justiça,Cheong Io Wa

“JTM” - 8 de Março de 2012

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUízO CíVEL

ANÚNCIO

2ª Vez

Acção Ordinária nº CV1-12-0011-CAO 1° Juízo Cível

Autores: Wong, Sandy San Yee, casada, residente em Hong Kong, Flat C, 6/F, Block 3, Phoenix Court, 39 Kennedy Road, Mid Levels.Réus: 1º - Herdeiros desconhecidos de CHONg SI ou CHEONg SAN KEI e CHEONg LOK I;2º - demais Interessados incertos.

FAz-Se SABeR que, por esta Secção, correm éditos de TRINTA DIAS, contados da segunda e última publicação este anúncio, citando os Réus acima identificados, para no prazo de TRINTA DIAS, decorrido que sejam os dos éditos, contestarem a Acção Ordinária, cujo pedido resumidamente consiste em:

Ser a autora declarada para todos os legais efeitos, designadamente para efeitos de registo, única e plena proprietária do prédio urbano sito em Macau, Taipa, na Rua dos Clérigos, antigos nºs 37 e 37-A, actualmente com o nº 42, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o nº 8977, a fls. 294 do Livro B25, inscrito na Matriz Predial Urbana sob o artigo 40407-00, por aquisição orginária por usucapião, nos termos e ao abrigo do disposto nos artºs 1212º e ss., 1221º, 1179º e 1180º do Código Civio.

Tudo como melhor consta da petição inicial, cujo duplicado se encontra nesta secretaria à disposição do citando.

A intervenção do citando no autos implica a constituição de advogado - art 74º do C.P.C. de Macau.

R.A.e.M., aos 29 de Fevereiro de 2012.

A Juiz de Direito,Kan Cheng Ha

A Escrivã Judicial Principal,Ana Capelo

“JTM” - 8 de Março de 2012

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUízO CíVEL

ANÚNCIO

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jornAl tribunA dE MAcAu quinta-feira, 08 de março de 2012 Pág 15

AZERBAIJÃO E GEÓRGIA QUEREM ORGANIZAÇÃO DO EURO2020. o azerbaijão e a Geórgia pretendem candidatar-se a uma organização conjunta ao europeu 2020 de futebol, revelou ontem o presidente georgiano mikheil Saakashvili.

MANUEL CAJUDA COLOCOU LUGAR À DISPOSIÇÃO. manuel cajuda colocou o lugar à disposição no comando da união de leiria, aguardando-se ainda uma decisão da SaD. Segundo mário cruz, presidente do clube, cajuda e restantes técnicos “puseram o lugar à disposição sem exigências”, mas “não houve aceitação da SaD até ao momento”. DEspoRTo

arsenal ainda sonhouo arsenal precisava de um autêntico milagre para atingir os quartos de final, depois de ter sido goleado em itália, por 4-0, mas ao intervalo os adeptos dos “gunners” acreditavam que tal era possível. logo aos sete minutos, o defesa francês Koscielny inaugurou o marcador, com o checo rosicky e o holandês van Persie, na marcação de uma grande penalidade, a recolocarem o arsenal no caminho da fase seguinte. contudo, na segunda parte os londrinos não conseguiram igualar a eliminatória, com o capitão van Persie a desperdiçar ainda uma grande oportunidade, ao tentar um “chapéu” já na pequena área, permitindo a defesa a abbiati. o sorteio da próxima ronda será efectuado a 16 de março, em Nyon. a primeira mão dos quartos de final está marcada para 27 e 28 de março e a segunda para 3 e 4 de abril.

Carriço celebra uma vitória, um cenárioque a equipa espera repetir esta noite

LIGA DOS CAMPEÕES

Benfica com 20 milhões nos cofres

O Sporting joga hoje em casa frente ao Manchester City na primeira mão dos oitavos de final da Liga Europa. A equipa inglesa é claramente favorita e um dos principais candidatos a vencer a competição, mas os “leões” jogam em casa e terão certamente uma palavra a dizer

Olhando para as equipas em competição, excluindo talvez o Manchester United, dificilmente o Spor-ting teria um adversário mais complicado do que

o Manchester City para os oitavos de final. De resto, os “leões” já sabiam que iam defrontar os

“citizens” ou o Futebol Clube do Porto nesta ronda caso eli-minassem os polacos do Légia. Infelizmente o duelo entre equipas portuguesas não se concretizou, cabendo ao Spor-ting tentar “vingar” os “dragões” que acabaram por sofrer

duas derrotas frente aos ingleses.A troca de Domingos por Ricardo Sá Pinto pouco ou

nada tem trazido em termos de melhorias ao Sporting, mas a “raça” do novo treinador poderá vir a ser decisiva para arrancar um resultado positivo na recepção ao líder

da liga inglesa. Mas para conseguir vencer esta partida a equipa ver-

de-e-branca terá que realizar uma exibição a roçar a perfei-ção, esperando ainda que o adversário esteja em dia não.

O principal problema estará com certeza na defesa leonina, debilitada face à ausência de Onyewu, com Polga fora de forma e Xandão a realizar exibições com alguns al-tos e baixos. Como se não bastasse, na frente do City estão jogadores com grande poderio ofensivo, como Aguero, Ba-lotelli ou Dzeko, que raramente falham uma oportunidade em frente à baliza.

Também no meio-campo se sentirá a ausência de Ri-naudo que tanta falta tem feito no “miolo” do terreno. Car-riço, que o tem substituído, está claramente alguns furos abaixo do argentino.

Um empate poderá deixar ainda tudo em aberto para o jogo da segunda mão, mas a jogar em casa o Sporting não poderá procurar outro resultado que não seja a vitória, pelo menos se tiver pretensões de seguir em frente na com-petição. A partida, recorde-se, terá transmissão na TDM a partir das 2h.

PedrO andrÉ SantOS

LIGA EUROPA

“leões” contra as probabilidades

Paulo Bento, seleccionador nacional, adoptará critério de justiça para fazer convocatória final para o Euro 2012

Seis anos depois, o Benfica voltou a garantir um lugar entre as oito melhores equipas da Europa, dan-

do um pontapé certeiro numa crise que começara precisamente com a derrota por 3-2 frente ao Zenit na primeira mão destes oitavos de final da Liga dos Cam-peões, há três semanas, na Rússia. Desde aí, a equipa somou três derrotas e um empate e, mais do que isso, deitou pela janela cinco pontos de vantagem na Liga portuguesa, onde está agora a três pon-

tos do FC Porto.Só que o que começou com o Ze-

nit parece ter terminado com o Zenit. O Benfica retomou o caminho das vitórias – a última tinha sido a 11 de Fevereiro com o Nacional – e garantiu mais 4,1 milhões de euros na Champions, totali-zando agora 20 milhões nesta caminha-da europeia que se iniciou a 27 de Julho, na Luz, com uma vitória por 2-0 sobre o Trabzonspor.

A vitória permite desde já a Jorge Jesus igualar o feito do holandês Ronald Koeman na época 2005/06, em que de-pois de eliminar o campeão europeu Li-

verpool, com uma fantástica vitória por 2- 0 em Anfield, não conseguiu ultrapas-sar o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, Deco, Eto’o e companhia nos quartos de final.

Esta é a 15. ª vez na sua história que o Benfica alcança esta fase da prova – mas a terceira apenas nesta moderna e milionária era da Liga dos Campeões. Nas duas ocasiões anteriores, a equipa da Luz foi sempre eliminada nesta fase, primeiro em 1995 diante do AC Milan, era então Artur Jorge o treinador, e em 2006 frente ao Barça.

O 197. º jogo do Benfica na Taça/Liga dos Campeões, disputado na Luz frente ao Zenit, foi perfeito para Jorge Jesus, que pode orgulhar-se de ser o trei-nador do Benfica com mais jogos euro-peus (40), deixando o sueco Sven-Goran Eriksson para trás. E, com as duas parti-das que irá disputar nos quartos de final, tem já garantido que irá igualar o registo de Jaime Pacheco, que à frente do Boa-vista disputou 42 desafios internacio-nais, recorde em Portugal no comando de uma só equipa.

Além disso, Rodrigo recebeu uma bela prenda pelo seu 21. º aniversário,

e Nélson Oliveira, outra joia da coroa encarnada, teve um baptismo de sonho na UEFA ao marcar o seu primeiro golo e logo na mítica Liga dos Campeões, a maior montra do futebol europeu.

JTM/DN

Paulo Bento explicou que não irá premiar jogadores quando tiver de escolher

os atletas que irão representar Portugal na fase final do Euro 2012, que terá palco na Polónia e na Ucrânia.

“Prémio carreira é algo que não se justifica. Os treinadores não têm de fazer esse tipo de acções. Têm, sim, de tentar ser o mais justos possível. Entendo que em

SELECÇÃO PORTUGUESA

“Não há prémios carreira para o Euro 2012”

determinados momentos alguns jogadores se possam sentir injus-tiçados, mas eu procuro fazer o melhor para a selecção nacional”, sublinhou Paulo Bento. Palavras do treinador português durante a cerimónia de assinatura do proto-colo com a Câmara Municipal de Óbidos, local onde a selecção por-tuguesa irá estagiar, de 21 de Maio a 2 de Junho, na preparação para a presença no Europeu de futebol.

Paulo Bento admitiu, de resto, que tem a convocatória para o Europeu já praticamen-te definida na mente. “O grupo tem mantido a estabilidade. Não faz sentido que a dois meses da prova sofra grandes alterações. O grupo não está fechado, claro, continua em aberto. Vamos con-tinuar a observar jogadores, cla-ro, para compor o grupo, mas a estabilidade irá continuar”, co-

mentou o selecionador.Fernando Gomes, presidente

da FPF, definiu Óbidos como “a capital do futebol português”. “A selecção nacional volta a um local que bem conhece. Um local que foi uma referência, onde foi muito feliz, em vésperas do Euro 2004, e onde terá excelentes condições para preparar, da melhor forma, a fase final do Euro 2012”, afirmou.

Entretanto, foram anuncia-

dos dois desafios de carácter par-ticular que a selecção portuguesa irá cumprir antes do início do Eu-ropeu na Polónia e na Ucrânia. No dia 2 de Junho, ainda sem hora de-terminada, Portugal jogará com a Turquia no Estádio da Luz. Antes, no dia 26 de Maio, medirá forças no Estádio Magalhães Pessoa, em Leiria, com a congénere da Mace-dónia.

JTM/Lusa

nélson Oliveira estreou-sea marcar na “Champions”

Terceira presença entre os oito finalistas na era moderna da prova milionária

carlOS nOGUeira

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Pág 16 quinta-feira, 08 de março de 2012 jornAl tribunA dE MAcAu

... “É que nem todos são filhos de deputados com negócios a sugar os cofres públicos”

Vanessa Amaro in “Hoje Macau”

Dit

oopINIão

In “Jornal de Macau”e “Tribuna de Macau”

08/03/1992

Há 20 anos

concurso paraa etar começa hojeO concurso público inter-nacional para a concepção, construção e exploração da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da península de Macau abre hoje até 1 de Junho. A abertura das propostas concorrentes será efectuada em 2 de Junho. O concurso integra duas partes, das quais a primeira refere-se aos projectos e execução das instalações e a segunda à concessão para explora-ção da ETAR de Macau. A primeira fase inclui ainda a bombagem e a conduta de transporte de lamas até ao local onde, posterior-mente, virá a ser construída a ETAR da Ilha da Taipa (o concurso público para aquele processo já se encon-tra em preparação), na qual serão tratadas as respecti-vas lamas. A ETAR da pe-nínsula de Macau destina-se ao tratamento das águas e respectivo lançamento ao mar. De acordo com o gabi-nete do secretário-adjunto para os Transportes e Obras Públicas, a ETAR, à seme-lhança do que acontece nas estações de tratamento situadas em meios urbanos, terá um impacto ambiental quase nulo.

1. A vida sedentária prejudica a saúde e fa-cilita o aparecimento de muitas doenças.

2. Por outro lado a actividade física diária contribui para a melhoria da saúde, tanto física como mental, e reduz os riscos das doenças já estabelecidas: hipertensão arte-rial, doença coronária, insuficiência vascu-lar cerebral, diabetes (do adulto), osteopo-rose, obesidade, doença pulmonar crónica, alguns reumatismos e até alguns cancros, e ainda melhora o colesterol. A actividade física reduz também os triglicéridos (outra gordura do sangue que pode facilitar doen-ças), e tem um efeito calmante e revigoran-te, contribuindo para reduzir a ansiedade e para uma sensação de bem-estar.

3. A vida diária convida permanentemente à inactividade física, de tal forma que o se-dentarismo se tornou o factor de risco mais prevalente para as doenças que dependem de estilos de vida pouco saudáveis.

4. Devemos incluir a actividade física diá-ria nos nossos tempos livres – pelo menos uma marcha a pé de 30 a 60 minutos –, de forma adequada para a idade e a condição clínica de cada um.

5. Cada um de nós deve usar também a sua própria imaginação e o seu gosto pessoal para introduzir mais actividade física no dia-a-dia:• Descer dos transportes na paragem an-terior, ou parar o carro mais longe do em-

os nossos conselhos sobre actividade física

Fernando de pádua*

prego• Subir as escadas (ou pelo menos alguns andares) em vez de usar o elevador • Jardinar• Dançar• Saltar à corda (mesmo sem corda…) • Passear o cão• Inscrever-se como sócio “militante” no ginásio ou clube desportivo mais próximo da sua residência ou do local de trabalho• Praticar regularmente pelo menos uma modalidade desportiva.

6. A actividade física diária deve iniciar-se na infância, continuar na adolescência, mantê-la na vida adulta, incluindo no lo-cal de trabalho (não abandonar as amiza-des, e as actividades em grupo, ao cons-tituir família) e levar a família para todos os recreios no exterior. Se entretanto tiver parado alguns anos, ou tiver engordado, não recomece o exercício físico, mesmo que gradualmente, sem ouvir o seu médico e fazer um exame ao coração (check-up). Depois da reforma (quando mais do que nunca a actividade física é necessária, e o conselho do seu médico também), poderá gozar uma velhice saudável.

7. A existência de uma doença crónica, inclusive do coração, não contra-indica a actividade física; pelo contrário torna-se muitas vezes acompanhante obrigatório dos outros tratamentos. É preciso contudo vigilância médica e doses adequadas, com programas combinando exercício e dieta.

8. Um conselho simples: para que a sua ac-tividade física não seja excessiva procure não ultrapassar o nível em que pode con-tinuar falando sem sentir dificuldade em respirar (sem “perder o fôlego”). Também pode verificar se a sua frequência cardía-ca (pulsações por minuto) não excede 220 menos a sua idade (Ex: se tem 50 anos não deve ultrapassar os 220-50, ou seja, 170 por minuto).

Se porventura sentir falta de ar, palpi-tações anormais, dor ou aperto a meio do peito, ou sensação de desmaio durante a actividade, consulte o seu médico!

9. Antes de terminar, relembro-lhe que, se introduzir uma qualquer actividade física razoável e salutar na vida de todos os dias, vai ser-lhe mais fácil acrescentar outros be-nefícios:• Manter uma alimentação equilibrada e inteligente • Reduzir ou parar de fumar• Consumir pouco álcool• Lidar com o stress,• Controlar a tensão arterial, a diabetes, o peso e o colesterol!

Seja qual for a sua idade – jovem, trabalhador activo, ou menos jovem e re-formado – vai sentir-se melhor, com mais saúde e mais bem-estar: activo e com qua-lidade de vida!

*Professor Catedrático. Fundador do MOSCEP - Movimento Mundial Saúde e Coração em Português

BANCO DELTA áSIA, S.A.

Convocatória

É convocada, nos termos legais e estatuários, para reunir em sessão ordinária, no dia 30 de Março de 2012, pelas 14:00 horas (sexta-feira), no Centro Administrativo do Banco Delta Ásia, no Largo de Santo Agostinho, em Macau, a Assembleia Geral do BANCO DELTA áSIA, S.A., em chinês 滙業銀行股份有限公司,e em inglês DeLTA AsiA BAnk LiMiTeD, registado na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o nº 457(sO), com o capital social de MOP210.000.000,00 com a seguinte ordem de trabalhos:

1. Apreciação e deliberação sobre o balanço, a conta de ganhos e perdas e o relatório da adminstração, acompanhados do parecer do Conselho Fiscal e relatório dos auditores;

2. eleição dos membros dos órgãos sociais;3. nomeação de auditores;4. Determinação dos honorários dos membros do Conselho de

Administração e do Conselho Fiscal; e5. Outros assuntos de interesse social.

nos termos das disposições legais aplicáveis, encontram-se na sede da sociedade, para consulta dos accionistas, o relatório, balanço e contas do Conselho de Administração, o parecer do Conselho Fiscal e o relatório dos auditores.

Macau, aos 29 dias de Fevereiro de dois mil e doze.

Pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral,Au Chong Kit, Stanley

COMPANHIA DE SEgUROS DELTA áSIA, S.A.

Convocatória

É convocada, nos termos legais e estatuários, para reunir em sessão ordinária, no dia 30 de Março de 2012, pelas 12:30 horas (sexta-feira), no Centro Administrativo do Banco Delta Ásia, no Largo de Santo Agostinho, em Macau, a Assembleia Geral da COMPANHIA DE SEgUROS DELTA áSIA S.A., em chinês 滙業保險股份有限公司,e em inglês DeLTA AsiA insURAnCe LiMiTeD, registada na Conservatória dos Rgistos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o nº 1932(SO), com o capital social de MOP30.000.000,00 com a seguinte ordem de trabalhos:

1. Apreciação e deliberação sobre o balanço, a conta de ganhos e perdas e o relatório da adminstração, acompanhados do parecer do Conselho Fiscal e relatório dos auditores;

2. eleição dos membros dos órgãos sociais;3. nomeação de auditores;4. Determinação dos honorários dos membros do Conselho de

Administração e do Conselho Fiscal; e5. Outros assuntos de interesse social.

nos termos das disposições legais aplicáveis, encontram-se na sede da sociedade, para consulta dos accionistas, o relatório, balanço e contas do Conselho de Administração, o parecer do Conselho Fiscal e o relatório dos auditores.

Macau, aos 29 dias de Fevereiro de dois mil e doze.

Pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral,Au Chong Kit, Stanley

MCS – SERVIÇOS DE CATERINg DE MACAU, S.A.(com sede em Macau, na Avenida de Wai Long, s/nº,

Aeroporto internacional de Macau, edifício “Catering”, Taipa, registada na Conservatória dos

Registos Comercial e de Bens Móveis sob o nº 10278)

CONVOCATÓRIA

nos termos e para efeitos do disposto no artigo 14º dos estatutos é convocada a Assembleia-geral da sociedade “MCs – serviços de Catering de Macau, s.A.” para, em sessão ordinária, reunir no próximo dia 30 de Março de 2012, pelas 15:00, no Mandarin Room, Hotel Lisboa, em Macau, com a seguinte ordem de trabalhos:

1. Apreciação e deliberação do Relatório, Balanço e Contas do Conselho de Administração e Parecer do Conselho Fiscal relativos ao exercício de 2011;

2. Apreciação e deliberação da proposta do Conselho de Administração relativa à distribuição de lucros;

3. Renovação do mandato do auditor; e4. Outros assuntos de interesse social.

Macau, 8 de Março de dois mil e doze.

O Vice-presidente da Mesa da Assembleia-geral,António Ferreira

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jornAl tribunA dE MAcAu quinta-feira, 08 de março de 2012 Pág 17

car

toon

JTM/DN

opINIão(...) “Enquanto os democratas de Hong Kong revelam uma idoneidade política claramente superior à dos seus colegas de Macau, justamente por aqui o cenário mete algum medo, tal o modo como defendem algumas das suas posições” (...) - Jorge Silva

(...) “A União Europeia retirou o vídeo e pediu desculpa. Para a próxima que se faça simbolizar por um hipócrita a bater no peito, ‘mea culpa, mea culpa...’ (...) – Ferreira Fernandes

A Comissão Europeia fez um vídeo de propa-ganda, uma mensagem em segundos.Dá jeito usar símbolos quando se conta tão

condensado. Um símbolo é um significante em forma de coisa que representa algo de abstracto.

No vídeo, a Europa fez-se representar por uma mulher branca.

Também podia ter escolhido aquele minis-tro alemão da Economia que é de origem vietna-mita ou um escritor inglês de origem indiana ou um qualquer futebolista francês negro, mas era um vídeo curto.

Dava jeito um símbolo imediato para perce-

união ‘peço Desculpa’ Europeiabermos em segundos.

No vídeo, saltaram, à volta da Europa, um tipo com gestos de kung fu, era a Ásia, um sultão com cimitarra, o árabe, e um negro a dançar capoeira, esse, uma conjugação de África e das Américas.

Os três estavam muito mexidos à volta da Eu-ropa, que, embora parecendo calma, estava mani-festamente numa alhada.

Que fez ela? Multiplicou-se, várias iguais a si própria, e fez um círculo como o da bandeira da União Europeia.

Os três remexidos acalmaram e sentaram-se a dialogar com a mulher branca. A Europa unida (27

países, e com mais na fila) fica fortalecida sem precisar de andar a distribuir bofetadas - era a mensagem do vídeo.

Mas houve quem protestasse: ela era “racis-ta e imperialista”.

A União Europeia retirou o vídeo e pediu desculpa.

Para a próxima que se faça simbolizar por um hipócrita a bater no peito, “mea culpa, mea culpa...”

Mas, sobretudo, não o ponham louro, que pode parecer demasiado arrogante.

JTM/DN

1. Os dados já estão lançados e não vale a pena chorar no molhado - a

escolha de Chefe do Executivo ou a eleição de deputados por via direc-ta não encerram grandes surpresas, pois a última palavra pertenceu, tal como estava previsto, a Pequim.

A visita a semana passada de dirigentes do governo central a Ma-cau serviu, apenas, para carimbar um processo que, à partida, estava decidido.

O que, realmente, é novo e constitui alguma surpresa é a dife-renciação entre os calendários polí-tico-eleitorais de Hong Kong e Ma-cau. No caso da RAEHK, o governo central fez cedências e aceitou um alargamento do método de escolha até à eleição directa para Chefe do Executivo por volta de 2020, algo que, agora, foi totalmente omisso em relação a Macau.

Leonel Alves foi muito claro quando disse que não será nesta ge-ração que um Chefe do Executivo será eleito pela população.

Certamente, mas porquê esta

uma situação normal

distinção entre as duas regiões, sa-bendo todos nós que o aluno pior comportado, aos olhos de Pequim, sempre foi Hong Kong?

Afinal, onde decorreram e de-correm, amiúde, manifestações de rua a favor de mais democracia no sistema político e contra o peso de Pequim? Em Hong Kong ou em Macau?

Claro que em Hong Kong. Ma-cau sempre foi um local onde a agita-ção política e a opinião pública pra-ticamente não existem, o que adensa a decisão tomada por Pequim.

Podemos, no entanto, avançar para algumas conjecturas ou teorias da conspiração, todas elas vão de-sembocar na qualidade ou calibre dos chamados democratas da terra.

Enquanto os democratas de Hong Kong revelam uma idoneidade política claramente superior à dos seus colegas de Macau, justamen-te por aqui o cenário mete algum medo, tal o modo como defendem algumas das suas posições.

Mas a democracia tem os seus custos e é preciso saber enfrentá-los. Infelizmente, Pequim não pen-sa assim, o que está de acordo com um sistema político assente no tota-litarismo do partido único.

Só que nós pensávamos, inge-nuamente, que o chavão do segun-do sistema afinal existia em toda a sua plenitude...

2. É por essas e por outras, que o sistema favorecido por Pequim

nem sempre funciona da melhor forma.

Veja-se o caso de Hong Kong onde uma classe política anda pe-las ruas de amargura, mergulhada em escândalos devido ao tal conluio com o grande capital patriótico que se julga acima do julgamento popu-lar.

E, na verdade, assim é, quem não precisa de se sujeitar a eleições livres e democráticas pode sempre continuar no poder ou nos seus cor-redores, desde que seja ou esteja abençoado por uma entidade mais acima...

O que é um duplo erro. Se Hen-ry Tang, condenado pela opinião pú-blica nas sondagens, for o escolhido por um restrito e pouco representa-tivo Colégio Eleitoral, Hong Kong ficará ingovernável, tantas são as dúvidas sobre o seu carácter e since-ridade política.

Será isto que o governo central quer?

*Jornalista

uM ouTRo olHaR Jorge Silva*

uM poNTo é TuDo Ferreira Fernandes

Se Henry Tang, condenado pela opinião pública nas sondagens, for o escolhido por um restrito e pouco representativo Colégio Eleitoral, Hong Kong ficará

ingovernável, tantas são as dúvidas sobre o seu carácter e sinceridade política.

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lazERESTILISTA ACUSADO DE EXPLORAÇÃO. alexander Wang foi processado por 30 funcionários de uma fábrica que confecciona as suas roupas na Broadway. Segundo o “New York Post”, os queixosos dizem ter sido obrigados pelo estilista e o irmão a trabalhar em condições de escravidão, durante 16 horas ou mais, sem descanso ou pagamento extra, tendo sido alojados num quarto de 20m2 sem janelas e ventilação.

MORREU O COMPOSITOR DE “MARY POPPINS”. o norte-americano robert Sherman, responsável pelas canções de diversos filmes da Walt Disney, como “mary Poppins”, morreu em londres aos 86 anos. robert e richard eram conhecidos como os “irmãos Sherman” e em 1976 tiveram direito a uma estrela no Passeio da fama em Hollywood.

Piqué tornou Shakira numa fã do futebolShakira admitiu que, antes de namorar com Piqué, não era fã de futebol, mas hoje não perde um jogo do Barcelona

É complicado viver com um fute-bolista, mas também não deve ser fácil ser namorado de uma

artista! A verdade é que entendo que é uma carreira difícil, que exige dedi-cação, compromisso, disciplina e tra-balho de equipa, que é muito diferente do que faço. Eu não tenho que dar sa-tisfações a ninguém, mas um jogador de futebol é como um soldado, e tem grandes responsabilidades dentro do campo e fora dele. Isso fez-me enten-der e apoiar o Gerard em tudo o que seja preciso”, explicou Shakira, em en-trevista ao site da FIFA.

A viver em Barcelona, cidade natal de Gerard Piqué, Shakira contou que cresceu numa cultura muito futebolís-tica. “Os meus irmãos eram e são mui-

to fanáticos, o meu pai nunca foi tanto. Claro que agora, que tem um ‘genro’

jogador, se mostra muito mais interes-sado”, afirmou.

A cantora colombiana, que deu voz à música oficial do Mundial de Fu-tebol da África do Sul, “Waka Waka”, confessou ainda que, antes de namorar com o defesa do Barcelona, não assistia a jogos de futebol na televisão. “Agora, sim, vejo uma partida até ao fim. Vejo os jogos até quando o Gerard não joga. Gosto de aprender, sou curiosa”.

Foi no Mundial de Futebol 2010 que Shakira e Piqué se conheceram e apaixonaram, fazendo com que a pai-xão futebolística da colombiana au-mentasse. “Agora em casa o futebol é o tema principal, tenho a impressão que me persegue por todos os lados e que não consigo escapar”, admitiu.

Beleza na agenda diáriade Anna SemenovichDepois de ter sido considerada a patinadora mais sexy de sempre, anna Semenovich deixou as pistas de gelo mas não parou de “derreter” os russos, agora como cantora, actriz e modelo. aos 31 anos de idade, anna confessa que se preocupa todos os dias com a beleza, convicta de que os tratamentos estéticos são “absolutamente lógicos e justificáveis”.

Madonna pedida em casamentomadonna está a ponderar se aceita ou não a proposta de casamento feita pelo namorado, de 24 anos, no início deste ano. a cantora de 53 anos já foi casada duas vezes. De acordo com o jornal “Daily mail”, o bailarino francês Brahim Zaibat pediu a estrela pop em casamento há três semanas no centro de cabala em Nova iorque.

Miss Bahamas faz corar príncipe Harryo príncipe Harry não conseguiu esconder o embaraço quando ficou frente a frente à miss Bahamas, anastagia Pierre, depois da jovem de 23 anos ter dito aos media que tinha a certeza que ia haver “química no encontro” e que se ia “apaixonar por ele”. o contacto visual da miss foi bastante incisivo e Harry, talvez apanhado de surpresa, corou.

Rihanna não gosta de estar solteira

apesar dos rumores relacionados com a controversa relação com chris Brown, rihanna voltou a garantir que está solteira, embora tenha admitido que gostaria de encontrar alguém “cool, divertido e cómico”. “Sim, estou solteira. Não é algo de que goste muito. a vida de solteira não é o que dizem”, disse a cantora no “Jonathan ross Show”.

Fátima Almeida

COCHES NA RUA... E O RESTO

BACHMANNDE THOMAS BERNHARD Thomas Bernhard gostava muito de Bachmann por ser uma mulher “mui-to inteligente”. E questionava “É estra-nho, não é?”. Tinha a ideia que a “maio-ria das vezes as mulheres são tontas, mas aceitáveis”, atenção, e “de vez em quando inteligentes também”, mas isso é “mais raro”, afirmava. Começava sempre por discordar com ele, mas aca-bava os textos a assentir com a cabeça como se as palavras arrancassem ra-zão. Afinal nem sequer havia um sinal evidente de comparação entre os sexos ali, era apenas a imaginação de que a História tinha sido cruel (?). Cresci sem acreditar que as diferenças podiam ser ditadas pelo tamanho do cabelo, a cor dos lábios ou contornos do corpo, porque em criança sempre conseguia vencê-lo no braço de ferro ainda que nas montanhas da Europa os lares fos-sem isso, duas divisões distintas, para sonhos que se queriam iguais, a colidir. Chegavam sempre as histórias de ca-samentos amaldiçoados quando as ve-lhas de preto se colocavam no centro do cruzeiro – com as caras mais duras que a cruz em cimento - à conversa e eram apenas histórias que não cabiam na re-alidade, apenas na aldeia, acreditava, com fúria. Todos reprovavam o rosto negro, que escondia colado ao ombro, mas além das palavras e julgamento, sem juiz ou sentença, nada mudava na aldeia - continuava como se os lares fossem isso, duas divisões distintas, para sonhos que se queriam iguais, a colidir. Era impossível não agarrar nas palavras de Bernhard e pensar sair pelo orifício fechado – o centro do cruzeiro estava cheio de vergonha, mas Bach-mann “viveu muito, conheceu muitas sociedades, de cima a baixo, como eu, e isso dá-nos uma certa visão das coisas”, continuava o texto e as diferenças su-primiam-se na possibilidade de a dife-rença estar numa oportunidade, numa vontade de partir, ainda que haja desti-nos impossíveis de mudar. “É-se sem-pre apenas o produto final do que se fez, experimentou e viu. Quanto mais intensamente se olhou uma coisa, tanto mais, logicamente, essa coisa se afasta. Ver mais significa fugir para mais lon-ge”. Continuou a frase na minha cabeça e regressou nitidamente no início desta semana quando me disse a mulher que estava agradecida pelo seu destino, por ter agarrado na liberdade depois de ver que o homem que a abraçou, sem que-rer, a poderia ver morrer, sem culpas, ainda que houvesse salvação depois do parto. Porque arriscou a vida para se salvar da pobreza – daquelas em que só há um prato de arroz por semana e os irmãos precisavam de saber ler ca-racteres porque o sonho de alguém que aprende a casar é ter quem ainda saiba ler caracteres.

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28822866www.macaucabletv.comRoTEIRo Boardwalk

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02:00 22:00Sporting vsManchester City

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TDm 13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO18:20 Lost Sr.4 19:00 Montra do Lilau (Repetição)19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 TDM Talk Show21:30 Castle22:15 Passione23:00 TDM News23:35 Resumo Liga dos Campeões23:45 Herman 201200:40 Reportagem Sic01:10 Telejornal (Repetição)01:30 RTPi DIRECTO01:40 Retrospectivas02:00 Sporting - Manchester City

30 esPn12:30 US Figure Skating Cham.16:30 European Top 12 Semifinals & Finals19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201220:00 ABL 2012 Weekly H/L20:30 Global Football 201121:00 Mundialito De Clubes - Seattle Sounders vs Sporting22:00 Sportscenter Asia 201222:30 European Top 12 Semifinals & Finals 31 sTar sPorTs 13:00 Mobil 1 The Grid 201213:30 Smash 201214:00 Australia Ironwoman Champs15:00 Isps Handa New Zealand Women’s Open Highlights16:00 Wimbledon Lawn Tennis Ladies Singles Final18:00 Billie Jean King19:00 FA Cup 2011/12 Tottenham Hotspur vs. Stevenage21:00 Total Rugby21:30 (LIVE) Score Tonight 201222:00 Wimbledon Classic Matches 1978

40 FoX movies12:00 Stone13:45 Damage15:30 2117:35 The Family Stone19:20 Nowhere Boy21:00 The Road22:55 The Way Back

41 hbo12:00 Planes, Trains & Automobiles13:35 Yogi Bear15:00 Luck16:00 Open Season 317:15 Beethoven18:40 Beethoven’S 2Nd20:05 Panic Room22:00 Boardwalk Empire23:50 The American 42 cinemaX12:30 Blown Away14:30 The Goods16:00 20 Million Miles To Earth17:25 Merrill’S Marauders19:00 Critters 420:30 XIII22:00 Faster23:40 Tank Girl

43 mgm12:00 Eureka14:00 Troll15:30 Audrey Rose17:30 Diary of a Hitman19:00 Sunday Bloody Sunday21:00 F.I.S.T23:30 A Passage to India

50 Discovery13:00 I (Almost) Got Away With It14:00 Rebuilding Japan14:30 Eye On Malaysia15:00 River Monsters16:00 Dinosaur Revolution17:00 Deadliest Catch18:00 Everything You Need To Know

18:30 How Do They Do It19:00 Man Made Marvels20:00 Deadliest Catch21:00 Rebuilding Japan21:30 Eye On Malaysia22:00 American Chopper23:00 Sons Of Guns00:00 Rebuilding Japan00:30 Eye On Malaysia

51 ngc12:30 Inside13:25 Chasing Earthquakes14:20 Alaska State Troopers15:15 Japan’s Tsunami16:10 Seconds From Disaster17:05 Inside 18:00 Dog Whisperer19:00 Secrets Of The Cross20:00 Mumbai Mega Flood21:00 Witness22:00 Seconds From Disaster00:00 Witness

54 hisTory13:00 Modern Marvels14:00 The Stoned Ages16:00 Ancient Aliens17:00 The Universe 18:00 Pawn Stars18:30 Kings Of Restoration19:00 The Pickers20:00 UFO Hunters21:00 Ice Road Truckers23:00 Top Shot00:00 Pawn Stars

55 biograPhy channel14:00 Aftermath With William Shatner15:00 One Born Every Minute17:00 The Jacksons18:00 Storage Wars18:30 Airline USA19:00 Aftermath With William Shatner20:00 The Quon Dynasty21:00 Private Chefs Of Beverly Hills22:00 Celebrity Close Calls23:00 Aftermath With William Shatner

00:00 Hoarders

62 aXn13:00 Justified13:55 Wipeout14:50 Ncis: Los Angeles15:45 The Amazing Race Asia16:40 The Challenger Muaythai,17:30 Csi: Crime Scene Investigation18:20 Wipeout19:15 Csi: Ny20:10 Wipeout Canada21:05 Csi: Crime Scene Investigation22:00 Chaos22:55 The Firm23:50 Wipeout Canada00:45 The Challenger Muaythai

63 sTar WorlD12:10 Best of How I Met Your Mother13:05 Beauty and the Geek Australia14:55 Traffic Light15:25 Ugly Betty17:10 Best of How I Met Your Mother18:00 American Idol21:50 Model Specials22:45 Best of How I Met Your Mother23:40 American Idol

82 rTPi18:00 Telejornal Madeira 18:38 Histórias Que A Vida Conta19:01 Poplusa20:00 Bom Dia Portugal 21:00 O Elo Mais Fraco 21:53 Resistirei 22:49 Moda Portugal 2 23:20 Os Compadres 00:00 Jornal Da Tarde 01:15 O Preço Certo 02:06 Com Ciência(R/) 02:36 Surf Total02:52 Portugal No Coração 05:00 Portugal Em Directo

a programação é da responsabilidadedas estações emissoras

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28715732 / 63018939TeleFone:

FaX: 28703224

TeleFones ÚTeis

avenida da Praia Grande, 975, macautel: 28714000

Clube Militar de Macau

cinema

número de Socorro 999Bombeiros 28 572 222PJ (Linha aberta) 993PJ (Piquete) 28 557 775PSP 28 573 333Serviços de alfândega 28 559 944Centro Hospitalar Conde S. Januário 28 313 731Hospital Kiang Wu 28 371 333CCaC 28 326 300iaCm 28 387 333dSt 28 882 184aeroporto 88 982 873/74táxi (amarelo) 28 519 519táxi (Preto) 28 939 939Água - avarias 28 990 992telecomunicações - avarias 28 220 088electricidade - avarias 28 339 922directel 28 517 520rádio macau 28 568 333

cineTeaTros1 Safe House14:30 • 16:30 • 19:30 • 21:30

s2 John Carter 3D14:15 • 16:45 • 19:15 • 21:45

Torre De macauUnderworld Awakening (3D)14:30 • 16:30 • 19:30 • 21:30

galaXyTheaTer 7* (8)Love12:30 • 15:15 • 19:35 • 22:15*

TheaTer granD TheaTerJohn Carter in 3D 14:40 • 17:10 • 19:40 • 22:10 • 00:40

TheaTer DirecTors cl 1* (7)This Means War 12:45 • 15:00* • 19:35*

TheaTer 7The Artist15:55 • 20:15

TheaTer DirecTors cl 2* (6)Safe House 12:35 • 15:40* • 22:35*

TheaTer 6 (9*)Underworld: Awakening In 3D12:30* • 14:00 • 18:10 • 22:20

TheaTer 9The Iron Lady14:00 • 16:00 • 18:00 • 20:00 • 22:00 • 00:05

TheaTer granD TheaTer* (8)Ghost Rider: Spirit of Vengeance 3D 12:45* • 13:20 • 17:40 • 22:00 • 23:50

TheaTer 6 e 7*Hugo in 3D13:30* • 15:45 • 17:55* • 19:55

TheaTer DirecTors club 23d Sex & Zen: Exteme Ecstasy00:30

www.iacm.gov.mo

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Concurso Público sobre o Arrendamento do Centro Comercial do Lago

Faz-se público que, por deliberação do Conselho de Administração do iACM, tomada em sessão de 24 de Fevereiro de 2012, se acha aberto o concurso público para o Arrendamento do Centro Comercial do Lago, sito no r/c da zona B do edf. do Lago, Terreno n.º Tn27, Taipa.

Os interessados poderão obter, durante o horário normal do expediente, o Programa do Concurso e o Caderno de encargos no núcleo de expediente e Arquivo do iACM, sito na Avenida de Almeida Ribeiro n.º 163, r/c.

O prazo para a entrega das propostas termina às 17,00 horas do dia 10 de Abril de 2012. Os concorrentes ou quem os represente devem entregar as suas propostas e documentos no núcleo de expediente e Arquivo do iACM, bem como prestar uma caução provisória no valor de MOP100 000,00 (cem mil patacas) na Tesouraria da Divisão de Contabilidade e Assuntos Financeiros do iACM, sita na Avenida de Almeida Ribeiro n.º 163, r/c, Macau, por depósito em dinheiro, cheque ou garantia bancária, em nome do “instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais”. A renda mínima mensal que propõe, será no valor de MOP50 000.00 (cinquenta mil patacas).

A data de abertura das propostas terá lugar no dia 11 de Abril de 2012, pelas 10H00, na Divisão de Formação e Documentação, sita na Avenida da Praia Grande n.º 804, edf. China Plaza, 6º andar. no dia 15 de Março de 2012, pelas 10H00, na Rua da Ponte negra n.º 75k, Bairro social da Taipa, Centro de Prestação de serviços ao Público das ilhas, decorrerá uma sessão de esclarecimento, seguida de uma visita in loco.

Aos 02 de Março de 2012.

O Vice-Presidente do Conselho de AdministraçãoLo Veng Tak

ANÚNCIO[ N.º 59/2012 ]

Para os devidos efeitos, vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares de candidatura para aquisição de habitação económica abaixo indicados, nos termos do n.º 2 do artigo 72.° do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Após as verificações deste instituto, notamos que os elementos dos agregados familiares de candidatura para aquisição de habitação económica acima mencionados são proprietários de fracções autónomas com finalidade habitacional na Região Administrativa especial de Macau, pelo que, estes não cumprem o disposto da alínea 1) do nº 3 do artigo 14º da Lei nº 10/2011.

Tendo este instituto publicado um anúncio na imprensa de língua chinesa e língua portuguesa, no dia 12 de Janeiro de 2012, a solicitar aos interessados acima mencionados para apresentarem por escrito as suas contestações pelos factos acima referidos no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de publicação do referido anúncio, entretanto não fizeram a entrega das suas contestações. De acordo com as competências delegadas nos termos da alínea 10) do nº 1 do Despacho nº 32/iH/2011, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa especial de Macau nº 32, ii série, de 10 de Agosto de 2011, do nº 1 do artigo 16º do Regulamento de acesso à compra de habitações construídas no regime de contrato de desenvolvimento para a habitação, aprovado pelo Decreto-Lei nº 26/95/M, 26 de Junho, revisto pelo Regulamento Administrativo nº 25/2002 e com a decisão do despacho do signatário, exarado na informação nº 558/DAHP/DAH/2012, os elementos dos agregados familiares foram retirados dos agregados familiares, por não reunirem osrequisitos para aquisição de habitação económica, e os novos agregados familiares são reordenados na lista do concurso, caso a nova pontuação seja inferior à inicial.

* Simultaneamente, com a diminuição dos elementos nos boletins acima mencionados, o número dos elementos remanescentes não se preenche o disposto de aquisição de fogo com tipologia de T3 nos locais seleccionados, e sendo cancelada a classificação na lista geral de espera de T3 e reordenado na mesma lista de T2, de acordo com o Anexo iii do Decreto-Lei nº 26/95/M, revisto pelo Regulamento Adminstrativo nº 5/2004.

e nos termos do artigo 3° do Despacho nº 32/iH/2011 e do artigo 155º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei nº 57/99/M, de 11 de Outubro, cabem recursos hierárquicos necessários da respectiva decisão administrativa, ao Presidente deste instituto, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, os recursos hierárquicos têm efeitos suspensivos.

O Chefe do Departamento de Assuntos de Habitação Pública, Cheang Sek Lam

5 de Março de 2012

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Pág 20 quinta-feira, 08 de março de 2012 jornAl tribunA dE MAcAu feCHo deSta edição Jtm - 02:20HoraS

úlTIMajornAl tribunA dE MAcAu

hoje amanhã

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Administração, Direcção e Redacção: Calçada do Tronco Velho, EdifícioDr. Caetano Soares, Nos4, 4A, 4B - Macau Caixa Postal (P.O. Box): 3003Tel.: (853) 28378057 Fax: (853) 28337305 • Email: [email protected] [email protected]

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EX-cHEFE dA PolÍciA dE cHongQingconsidErAdo “trAidor dA PátriA”

O popular chefe da polícia que protagonizou no mês pas-sado um dos episódios mais intrigantes da opaca política chinesa, Wang Lijun, foi considerado “traidor à Pátria”, anunciou ontem o South China Morning Post. O veredicto foi comunicado pelo secretário-geral do Partido Comunis-ta Chinês (PCC) e presidente da República, Hu Jintao, num encontro realizado no fim de semana com militantes que participam na sessão anual da Conferência Política Consul-tiva do Povo Chinês, disse o jornal. Wang Lijun, de 52 anos,

antigo chefe da polícia e vice-presidente do governo municipal de Chongqing, sudoeste da China, foi colocado “sob investigação” depois de passar um dia no consulado dos EUA em Chengdu, onde terá pedido asilo político. O Governo norte-americano confirmou a ida do responsável chi-nês ao consulado, um gesto bastante insólito para um funcionário daquela categoria, mas não se pronunciou sobre o eventual pedido de asilo, referindo apenas que Wang Lijun “saíu do edifício de livre vontade”. O caso passou-se a 6 de Fevereiro, três dias depois de ter sido anunciado o afas-tamento de Wang Lijun da direcção da polícia de Chongqing por “razões de saúde”.

AKiHito no HosPitAlcoM lÍQuido nos PulMÕEs

O imperador do Japão, Akihito, deu ontem entrada no hospital da Casa Imperial para que lhe seja drenado líquido dos pulmões, situação detec-tada após uma operação de ‘bypass’ coronário a que foi submetido em Fe-vereiro. O imperador, de 78 anos, teve alta no domingo do Hospital Univer-sitário de Tóquio após uma cirurgia e

realizou na terça-feira uma sessão de raios-X que permitiu detectar líquido nos seus pulmões. De acordo com a agência da Casa Imperial, Akihito não tem co-mido como era esperado e tem tido problemas em respirar. A equipa de médicos que tem tratado o imperador deu conta de algumas complicações derivadas da cirurgia cardíaca a que Akihito foi submetido a 18 de Fevereiro e informou que a drenagem do líquido dos seus pulmões deverá demorar várias semanas, sem requerer internamento. Mas tal não afectará a sua vida quotidiana.

jAPÃo AgrAdEcE APoio dE MAcAuÀs vÍtiMAs do sisMo E tsunAMiO cônsul-geral do Japão em Hong Kong, Yuji Ku-mamaru, esteve ontem em Macau para apresen-tar a reconstrução das zonas destruídas pelo for-te sismo de 11 de Março do ano passado e para agradecer todo o apoio prestado pela RAEM. Um ano após o desastre, do qual ainda hoje se sen-tem as consequências, nomeadamente devido à libertação de radioactividade de uma central em Fukushima, este responsável diplomático tam-bém aproveitou a ocasião para promover o turis-mo no seu país, que sofreu uma queda abrupta após o desastre natural e nuclear. Ainda assim, o diplomata referiu que, desde Outubro do ano passado, o número de turistas da RAEM voltou a estar mais ou menos ao mesmo nível de antes do sismo. Por outro lado, Yuji Kumamaru apelou à confiança nos produtos alimentares importados do Japão. Expli-cando que o volume de importações também sofreu uma descida – o que foi “compreensível”, segundo disse - a partir do Verão de 2011 as compras de Macau ao país do sol nascente começaram, contudo, a voltar ao caminho normal. A maior parte das doações internacionais têm sido gastas, de acordo com o cônsul - na construção de um centro de evacuação temporário. O próximo passo das autoridades locais é alojar as pes-soas afectadas em casas permanentes, um objectivo que “está próximo de ser alcançado”. De Macau segui-ram mais de quatro milhões dólares de Hong Kong, dinheiro que foi transferido através de Cruz Vermelha. Perante uma pergunta sobre uma polémica recente à volta da negação do Massacre de Nanquim, por parte do presidente da câmara da cidade japonesa de Nagoya, o diplomata deu uma resposta... diplomática, di-zendo que é essa é uma questão que deve ser resolvida entre os governos chinês e japonês. Mas expressou o desejo de que a polémica não esteja a melindrar os turistas chineses em visitar o Japão. v.c.

EN passaNT

As primárias republicanas nos Estados Unidos têm sido um regabo-fe, que promete continuar em face dos resultados inconclusivos da “superterça-feira” que, como aliás já se esperava, não clarificaram nada.A profunda divisão das elites republicanas alastrou ao eleitorado que surge dividido como o fiambre: “às fatias”. Num ambiente de enorme indiferença, aparece o mundo rural por contraposição ao urbano, os mais velhos contra os mais novos e os grupos religiosos, maiores ou menores, todos uns contra os outros.Naturalmente que Barack Obama esfrega as mãos de contente. Os candidatos republicanos fazem o “trabalho sujo” que estaria reser-vado à sua campanha, atiram para a abstenção e confusão ideológi-ca ainda mais filiados e simpatizantes republicanos.Numa coisa tem que se aplaudir os republicanos. Com os milhões que têm gasto nas televisões a dizer mal uns dos outros e no “arre-banhar” de voluntários para as campanhas para “animarem a mal-ta”, contribuem de forma significativa para menos desemprego e a recuperação económico-financeira.O que significa que também aqui ajudam Obama...

José Rocha Dinis

Obama

bin lAdEn tErá sido crEMAdo nos EuAA empresa de análise de in-formação norte-americana Stratfor acredita que o cor-po do líder da Al-Qaeda não foi sepultado no mar, como revelou Washington, mas levado para os EUA para serem feitos testes e depois cremado. A informação faz parte de um dos quase três

milhões de emails da Statfor (conhecida como a “sombra da CIA”), alegadamente obtidos pelo grupo de piratas informáticos Anonymous, e divulgados pela WikiLeaks. Fred Burton, vice-presidente da Stratfor, escreveu um email a um colega às 5:51 de 2 de Maio de 2010, o dia em que Osama Bin Laden foi morto por uma equipa especial de marines em Abbottabad, no Paquistão: “Corpo com destino a Dover, DE [Dela-ware] num avião da CIA. Depois, directo ao Instituto de Patologia das Forças Armadas em Bethesda.” Mais cedo tinha escrito: “Alegadamen-te, levámos o corpo. Graças a Deus.” Contudo, na última comunicação sobre o tema, enviada ao responsável máximo da Stratford, George Friedman, às 15:10, escreve: “Já dorme com os peixes...”

sArKoZY diZ QuE Há dEMAsiAdos EstrAngEiros O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, candidato à sua suces-são nas eleições presidenciais, disse que “há demasiados es-trangeiros” em França e prometeu reduzir os imigrantes que entram anualmente no país. “O nosso sistema de integração funciona cada vez pior, porque temos demasiados estrangei-ros no nosso território”, afirmou Sarkozy, durante uma en-trevista à noite na estação de televisão France 2. Na ocasião prometeu ainda que, se fosse eleito nas eleições presidenciais de Abril e Maio, dividiria por dois o número de imigrantes acolhidos cada ano. “Considero que, para relançar as boas condições de integração, é preciso dividir por dois o número de pessoas que recebemos, isto é, passar de 180 mil a cem mil”, propôs. Sarkozy, cujo pai era um imigrante húngaro, anunciou ainda que pretende modificar as condições necessárias para que os imigrantes tenham acesso ao rendimento mínimo. Será preciso que estejam há dez anos em França e tenham trabalhado no mínimo cinco anos, para terem direito à ajuda do Estado francês. “Quero que a França continue a ser um país aberto, porque essa é a tradição da França. Mas não quero uma imigração que seja fundada no desejo de receber os rendimentos sociais”, porque em França “há um sistema de protecção social mais favorável que nos nossos vizinhos”, explicou. Sarkozy surge nas sondagens atrás do candidato socialista François Hollande, tendo optado nos últimos dias por regressar ao tema da imigração e da segu-rança, que lhe garantiram a vitória em 2007.