Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Instituto Politécnico de Coimbra
Instituto Superior de Engenharia de Coimbra
Departamento de Engenharia Informática e de Sistemas
Software Open Source de
Contabilidade para PME
Maria José Moreira Coutinho de Carvalho
Licenciatura em Engenharia Informática
Coimbra, novembro, 2013
Instituto Politécnico de Coimbra
Instituto Superior de Engenharia de Coimbra
Departamento de Engenharia Informática e de Sistemas
Licenciatura em Engenharia Informática
Projeto
Relatório Final
Software Open Source de
Contabilidade para PME
Maria José Moreira Coutinho de Carvalho
Orientador:
Prof. Doutor Jorge Bernardino
ISEC
Coimbra, novembro, 2013
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Doutor Jorge Bernardino que me orientou neste trabalho e me deu
conhecimentos para que ele pudesse ser realizado da melhor forma.
Especialmente aos meus filhos – José, João e Joana. Foi por eles que tomei a decisão de
concluir mais esta etapa da minha vida. Eles que foram privados de muito do nosso tempo
em conjunto e sempre com palavras de apoio e compreensão.
Ao meu marido – António, que em tudo me incentivou e apoiou. Muito colaborou para
que eu pudesse dedicar todo o tempo possível a este objetivo.
Aos meus pais – José e Teresa. Este é também um objetivo para eles.
Aos meus sogros – Carlos e Luísa, que em tudo têm também colaborado para que tudo
possa ser concretizado.
À minha família em geral.
À empresa “A CASCA - Accounting & Consulting, Lda” e a todos os seus clientes que
colaboraram na elaboração deste trabalho.
A todos os professores e colegas que me acompanharam ao longo do meu percurso
académico.
A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME RESUMO
i
RESUMO
Todos os empreendedores no desenvolvimento inicial do seu negócio têm de decidir quais
os investimentos prioritários face ao capital financeiro disponível. Um software de apoio
à gestão é uma importante ferramenta de trabalho para PME uma vez que auxilia no seu
correto funcionamento e, entre outras coisas, ajuda a aumentar a produtividade, melhorar
a precisão e reduzir erros. Mas a implementação e manutenção deste software tem custos
que poderão ser demasiado elevados para a maioria das empresas, especialmente na fase
inicial da sua atividade. Assim, a escolha do software de apoio à gestão open source ou
gratuito em alternativa a uma ferramenta comercial, poderá ser uma forma de minimizar
os investimentos iniciais. Neste trabalho são analisadas quatro das principais áreas de
apoio à gestão: faturação, contabilidade, processamento de salários e gestão de ativo
imobilizado. Dentro de cada uma delas são analisadas ferramentas de software open
source, ferramentas de software gratuitas e ferramentas de software comerciais no que se
considera ser as principais características e funcionalidades para cada uma destas áreas. O
principal objetivo é o de analisar os três tipos de software, contribuindo dessa forma no
apoio aos responsáveis de empresas no momento da escolha do software que irão utilizar,
para o desenvolvimento e manutenção dos seus negócios.
Em conclusão, verificámos que nos três tipos de software aqui analisados existem
ferramentas open source que, caso sejam adaptadas à atual legislação nacional, poderão
ser uma alternativa válida às ferramentas de software comercial. Existem também
ferramentas de software gratuitas que cumprem os requisitos essenciais para ferramentas
de software nas áreas de apoio à gestão aqui abordadas. Ainda de referir que todos os
tipos de software aqui analisados têm vantagens e desvantagens, o que deve ser tido em
consideração no momento da escolha, já que isso pode fazer com que um tipo de software
se adeque mais a uma empresa que a outra.
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ABSTRACT
ii
ABSTRACT
All businesspersons at the initial stage of their business development must decide which
investments to prioritize according to the financial capital available. A software of
management support is an important tool for SME as it helps them to operate well and,
among other things, to increase productivity, improve accuracy and reduce errors.
However, the costs of implementation and maintenance of this software may be too high
for most companies, especially in the initial phase of their activity. Thus, the choice of an
open source or free software of management support, as an alternative to a commercial
tool, may be a way to minimize the initial investment. In this paper, four areas of work
are analysed: billing, accounting, payroll and fixed assets management. Within each area,
the main features and functionalities of each of the following tools are analysed: open
source software tools, free software tools and business software tools. The main objective
is to analyse these three types of tools, in order to support those responsible for the
company’s choice of software to use for the development and maintenance of their
business.
In conclusion, it was observed that, for the three types of software presently analysed,
there are open source tools which, if adapted to the current national legislation, can be a
valid alternative to commercial software tools. There are also free software tools that
meet the essential requirements for software tools in the addressed areas of management
support. It should also be noted that all types of software analysed here present
advantages and disadvantages, which must be taken into account when choosing a tool,
where a type of software may be better suited to a company than the other.
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME PALAVRAS-CHAVE
iii
PALAVRAS-CHAVE
Software open source
Software livre
Software comercial
Software de apoio à gestão
Software de faturação
Software de contabilidade
Software de processamento de salários
Software de gestão de ativo imobilizado
Pequenas e Médias Empresas (PME)
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ABREVIATURAS
ABREVIATURAS
AT - Autoridade Tributária
BSD - Berkeley Software Distribution
ERP - Enterprise Resource Planning
FLOSS - Free, Libre and Open Source Software
FSF - Free Software Foundation
GNU - GNU’s Not Unix
GNU GPL - GNU General Public Licence
GNU LGPL - GNU Lesser General Public License
HTML - HyperText Markup Language
IES - Informação Empresarial Simplificada
INE - Instituto Nacional de Estatística
IRC - Imposto sobre Rendimento de Pessoas Coletivas
IRS - Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares
IVA - Imposto sobre o Valor Acrescentado
MIT - Massachusetts Institute of Technology
OSI - Open Source Initiative
PHP - Hypertext Preprocessor
PME - Pequenas e Médias Empresas
POC - Plano Oficial de Contabilidade
POS - Point of Sale
ROC - Revisor Oficial de Contas
SAFT-PT - Standard Audit File for Tax Purposes
SIG - Sistemas Integrados de Gestão
SNC - Sistema de Normalização Contabilística
TI - Tecnologias da Informação
TOC - Técnico Oficial de Contas
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1
2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 5
3. TIPOS DE SOFTWARE E SUAS LICENÇAS DE UTILIZAÇÃO ......................... 11
3.1. Tipos de software ................................................................................................ 11
3.1.1. Free Software ............................................................................................... 12
3.1.2. Open Source Software ................................................................................. 13
3.1.3. Free, Libre and Open Source Software (FLOSS) ........................................ 14
3.1.4. Software freeware ........................................................................................ 15
3.1.5. Software comercial ...................................................................................... 15
3.2. Tipos de licenças de software .............................................................................. 15
3.2.1. Licenças copyleft .......................................................................................... 16
3.2.2. Licenças permissivas ................................................................................... 17
3.2.3. Licenças freeware ........................................................................................ 18
3.2.4. Licenças comerciais ..................................................................................... 18
4. METODOLOGIA E RESULTADOS DO INQUÉRITO .......................................... 19
4.1. Metodologia utilizada para a realização dos inquéritos ...................................... 19
4.2. Análise dos dados ................................................................................................ 19
5. FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO ................................. 31
5.1. Identificação dos requisitos de software para apoio à gestão .............................. 31
5.2. Ferramentas de software para faturação .............................................................. 32
5.2.1. Software open source para faturação ........................................................... 34
5.2.1.1. GnuCash ............................................................................................... 35
5.2.2. Software gratuito para faturação .................................................................. 37
5.2.2.1. Projeto Colibri ...................................................................................... 37
5.2.2.2. Primavera Express ................................................................................ 40
5.2.2.3. Gescom Enterprise Express .................................................................. 42
5.2.2.4. Time Fatura ........................................................................................... 44
5.2.3. Software comercial para faturação ............................................................... 46
5.2.3.1. Projeto Colibri ...................................................................................... 46
5.2.3.2. Primavera Starter .................................................................................. 47
5.2.3.3. Gescom Enterprise 2013 ....................................................................... 48
5.2.3.4. Time Fatura ........................................................................................... 50
5.2.3.5. Fac2011 ................................................................................................ 50
5.2.4. Análise comparativa entre software open source, gratuito e comercial para
faturação ..................................................................................................................... 51
5.3. Ferramentas de software para contabilidade ....................................................... 55
5.3.1. Software open source para contabilidade .................................................... 56
5.3.1.1. GnuCash ............................................................................................... 56
5.3.1.2. Turbo Cash ........................................................................................... 57
5.3.2. Software gratuito para contabilidade ........................................................... 59
5.3.2.1. Gescom Contabil Express ..................................................................... 59
5.3.3. Software comercial para contabilidade ........................................................ 60
5.3.3.1. Snc2010 ................................................................................................ 61
5.3.3.2. Software de Contabilidade .................................................................... 62
5.3.3.3. Gescom Contabil 2013 ......................................................................... 63
5.3.4. Análise comparativa entre software open source, gratuito e comercial para
contabilidade .............................................................................................................. 64
5.4. Ferramentas de software para processamento de salários ................................... 69
5.4.1. Software open source para processamento de salários ................................ 69
5.4.1.1. GnuCash ............................................................................................... 70
5.4.2. Software gratuito para processamento de salários ....................................... 71
5.4.2.1. Time Process ......................................................................................... 71
5.4.2.2. Gescom Salários Express ...................................................................... 72
5.4.3. Software comercial para processamento de salários .................................... 73
5.4.3.1. Time Process ......................................................................................... 74
5.4.3.2. Gescom Salários 2013 .......................................................................... 74
5.4.3.3. Sal2011 ................................................................................................. 74
5.4.4. Análise comparativa entre software open source, gratuito e comercial para
processamento de salários .......................................................................................... 76
5.5. Ferramentas de software para gestão de ativo imobilizado ................................. 79
5.5.1. Software open source para gestão de ativo imobilizado .............................. 79
5.5.1.1. GnuCash ............................................................................................... 80
5.5.1.2. Fixed Assets Pro (Excel) ...................................................................... 81
5.5.2. Software gratuito para gestão de ativo imobilizado ..................................... 82
5.5.3. Software comercial para gestão de ativo imobilizado ................................. 82
5.5.3.1. Imo2010 ................................................................................................ 82
5.5.3.2. Gestão de Ativos ................................................................................... 84
5.5.4. Análise comparativa entre software open source e comercial para gestão de
ativo imobilizado ....................................................................................................... 85
5.6. Outras ferramentas de apoio à gestão .................................................................. 88
5.6.1. SQL-Ledger ................................................................................................. 88
5.6.2. XTuple PostBooks ....................................................................................... 89
5.6.3. Compiere ...................................................................................................... 90
5.6.4. OpenERP ...................................................................................................... 91
5.6.5. Análise comparativa das ferramentas ERP para apoio à gestão .................. 91
6. ESTUDO DE CASO .................................................................................................. 95
7. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO ............................................................ 101
7.1. Principais dificuldades ...................................................................................... 103
7.2. Trabalho futuro .................................................................................................. 103
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 105
ANEXOS ......................................................................................................................... 111
ANEXO 1 – PROPOSTA DE PROJETO ........................................................................ 113
ANEXO 2 – ARTIGO PUBLICADO NA CIEM2013 - 3ª CONFERÊNCIA IBÉRICA
DE EMPREENDEDORISMO ......................................................................................... 115
ANEXO 3 – INQUÉRITO REALIZADO ÀS EMPRESAS ........................................... 121
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Distribuição das empresas pelos setores de atividade ...................................... 20
Figura 2 – Percentagem de empresas por classes do volume de negócios ........................ 22
Figura 3 – Empresas por setor 2004-2010 ......................................................................... 23
Figura 4 – Requisitos mais importante para software de apoio à gestão ........................... 24
Figura 5 – Principais características do software de faturação .......................................... 25
Figura 6 – Principais características do software de contabilidade ................................... 26
Figura 7 - Principais características do software de processamento de salários ................ 27
Figura 8 - Principais características do software de gestão de ativo imobilizado ............. 27
Figura 9 – Interface do software “GnuCash” ..................................................................... 36
Figura 10 – Criação de uma fatura no software “Projeto Colibri” .................................... 39
Figura 11 – Criação de uma venda POS no software “Projeto Colibri” ............................ 39
Figura 12 – Criação de uma fatura no software “Primavera Express” .............................. 41
Figura 13 - Criação de uma venda POS no software “Psst!” ............................................. 42
Figura 14 – Criação de fatura no software “Gescom Enterprise Express” ........................ 43
Figura 15 - Criação de uma venda POS no software gratuito “Gescom POS Express” .... 44
Figura 16 - Erro de instalação do software gratuito "Time Fatura" ................................... 45
Figura 17 – Exportação de faturação através do ficheiro SAFT-PT .................................. 49
Figura 18 – Criação de fatura na ferramenta “Fac2011” ................................................... 51
Figura 19 - Interface do software para contabilidade “Gnucash” ...................................... 57
Figura 20 – Registo de movimentos contabilísticos na ferramenta “Turbo Cash” ............ 58
Figura 21 – Lançamento de movimentos contabilísticos na ferramenta “Gescom Contabil
Express” ..................................................................................................................... 60
Figura 22 - Interface do software comercial “Snc2010” ................................................... 62
Figura 23 - Interface do software comercial “Software de Contabilidade” ....................... 63
Figura 24 – Processamento de pagamento na ferramenta “GnuCash” .............................. 70
Figura 25 - Erro de instalação do software "Time Process" .............................................. 72
Figura 26 – Criação de ficha de funcionário na ferramenta “Gescom Salários Express” . 73
Figura 27 – Criação da ficha de funcionário na ferramenta comercial “Sal2011” ............ 75
Figura 28 – Interface para visualização de contas na ferramenta “GnuCash” ................... 80
Figura 29 – Relatório de Depreciações na ferramenta “Fixed Assets Pro” ....................... 81
Figura 30 – Criação de uma ficha de bem imobilizado na ferramenta “Imo2010” ........... 83
Figura 31 - Interface do software “Gestão de Ativos” ....................................................... 85
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Estratificação das empresas por classes ........................................................... 21
Tabela 2 – Características com maior importância numa ferramenta de software ............ 28
Tabela 3 - Análise comparativa de software para faturação .............................................. 52
Tabela 4 - Análise comparativa de software para contabilidade ....................................... 65
Tabela 5 – Análise comparativa de software para processamento de salários .................. 77
Tabela 6 – Análise comparativa de software para gestão de ativo imobilizado ................ 86
Tabela 7 – Análise comparativa entre ferramentas ERP ................................................... 92
Tabela 8 - Ferramentas a avaliar ........................................................................................ 96
Tabela 9 – Avaliação das ferramentas avaliadas ............................................................... 98
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1
1. INTRODUÇÃO
O software de apoio à gestão pretende auxiliar os gestores de empresas na tomada de
decisões estratégicas. Um software de gestão é por isso uma importante ferramenta de
trabalho para uma Pequena e Média Empresa (PME) uma vez que auxilia no seu correto
funcionamento e deve por isso ser fiável, para que os utilizadores possam ter confiança
nos resultados. Deve também ser robusto, de forma a evitar problemas de ordem técnica,
como por exemplo a permissão de alterar documentos já emitidos ou permitir numerar
documentos de forma não sequencial. Deve ainda ser funcional, de forma a permitir um
bom desempenho das tarefas a qualquer utilizador.
Cada vez mais o mundo depende das tecnologias da informação e a sobrevivência das
empresas depende, em grande parte, dos dados que possui sobre as operações que realiza
e sobre os seus clientes. E, atualmente, numa sociedade onde já domina a tecnologia, não
faria sentido que o futuro das PME não englobasse o seu uso para apoiar no
desenvolvimento e manutenção do seu negócio. As ferramentas informáticas, na sua
generalidade, permitem realizar várias tarefas nas empresas, que de outra forma seriam
muito mais demoradas e mais sujeitas a erros (Neves & Ranito, 2010).
A utilização do software de apoio à gestão pode, entre outras coisas, ajudar a melhorar o
atendimento, aumentar a produtividade, melhorar a precisão e reduzir erros (Gouveia &
Ranito, 2004). Isto tudo pode resultar num aumento da receita e dos lucros (Beraldi,
2000).
Para selecionar um software para uma PME devem ser tidas em conta as necessidades da
empresa para os seus processos de negócio fazendo para isso um levantamento dessas
mesmas necessidades. Devem depois ser avaliadas as diferentes opções de software
existentes no mercado e que cumprem essas necessidades, para finalmente selecionar o
que mais se adequa à empresa.
Existem diferentes soluções de software de apoio à gestão que são projetadas para atender
as diferentes necessidades das empresas embora estas possam optar por software
desenvolvido à medida do seu processo de negócio (Gouveia & Ranito, 2004).
Assim, no momento da escolha do software deve ser tida em conta a situação financeira
da empresa e a sua capacidade de investimento e manutenção do software (Bernardino &
Tereso, 2013), uma vez que a implementação e manutenção destes sistemas possuem
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
2
custos que poderão ser demasiado elevados para grande parte das PME, especialmente na
fase inicial da sua atividade. Também algumas das melhores soluções comerciais de
software de apoio à gestão para PME têm poucas aplicações que sejam flexíveis e
modificáveis e isto pode contribuir para que muitas PME ponderem a escolha de software
open source ou gratuito em alternativa ao software comercial.
Além disso, numa fase de contenção de gastos achamos ser esta uma área onde se pode
reduzir nas despesas usando ferramentas de software open source, software livre ou
software gratuito em substituição do software comercial sem que haja necessariamente
perda das funcionalidades essenciais ao funcionamento de uma empresa. O montante
assim poupado poderá ser utilizado noutros investimentos necessários ao
desenvolvimento ou manutenção do negócio.
Este trabalho pretende auxiliar as PME no momento da escolha do software de apoio à
gestão do seu negócio, conforme descrito no Anexo 1. Vamos para isso analisar e avaliar
algumas ferramentas de software de apoio à gestão open source existentes direcionadas
para as PME e comparar as suas funcionalidades com o software disponibilizado de
forma comercial. Vamos também analisar algumas ferramentas de software que, não
sendo open source, são de utilização gratuita e poderão assim ser também uma alternativa
válida para as PME relativamente ao uso do software comercial.
A focalização deste trabalho nas PME é pela importância que este tipo de empresas
apresenta no contexto económico do nosso país e que, segundo dados do Instituto
Nacional de Estatística (INE) (www.ine.pt), no ano de 2011 84.7% das sociedades não
financeiras eram microempresas (englobadas na definição de PME)
(www.enterpriseeuropenetwork.pt).
Ao longo do trabalho adotámos várias metodologias de investigação. Na pesquisa
bibliográfica recorremos às bases de dados B-On e PROQUEST para identificação de
trabalhos, realizados e publicados por outros autores, relacionados com a temática do
nosso trabalho. Para a identificação do software existente nesta área efetuámos pesquisas
utilizando o motor de pesquisa Google. Posteriormente, elaborámos um padrão de itens
para comparação dos vários tipos de software analisados com base na pesquisa
bibliográfica e nos resultados de um inquérito realizado. A metodologia utilizada no
inquérito consistiu em entrevistas realizadas aos gestores/gerentes das empresas da
amostra.
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
3
O inquérito foi dirigido a responsáveis de empresas, no intuito de analisar quais as
principais ferramentas de apoio à gestão e quais as suas principais características e
funcionalidades para o desenvolvimento e manutenção dos seus negócios.
Consideramos que o nosso trabalho contribui para auxiliar os gestores de PME no
momento da escolha do software de apoio à gestão dos seus negócios, mostrando-lhes
aqui as principais características e funcionalidades de diversas ferramentas das principais
áreas de apoio à gestão – faturação, contabilidade, processamento de salários e gestão de
ativo imobilizado, bem como as principais vantagens e desvantagens de cada um dos três
tipos de software aqui analisados – open source, gratuito e comercial.
Durante a realização deste trabalho foi publicado um artigo na “CIEM2013 – 3ª
Conferência Ibérica de Empreendedorismo”, realizada nos dias 26 e 27 de setembro deste
ano. O artigo descreve e avalia ferramentas de software open source, gratuitas e
comerciais para faturação de uma PME, conforme Anexo 2.
Este trabalho está estruturado da seguinte forma:
No capítulo 2 é feita uma revisão da literatura de trabalhos relacionados com a área do
software open source e as suas principais vantagens e desvantagens, comparativamente
com o software comercial.
No capítulo 3 são abordados os tipos de software analisados neste trabalho – Free
Software, Open Source Software, Free, Libre and Open Source Software (FLOSS),
software freeware e software comercial - bem como os tipos de licença mais utilizados
nos vários tipos de software – Licenças copyleft, licenças permissivas, licenças freeware e
licenças comerciais.
No capítulo 4 é descrita a metodologia utilizada para realização dos inquéritos, bem como
os resultados obtidos.
No capítulo 5 são descritas e analisadas diversas ferramentas de software open source,
gratuitas e comerciais para apoio à gestão, nas quatro áreas de apoio à gestão
anteriormente referidas.
No capítulo 6 é descrito um estudo de caso comparativo entre ferramentas gratuitas e
comerciais, em ambiente empresarial real.
E por fim, no capítulo 7 são apresentadas as conclusões, as principais dificuldades
sentidas no decorrer do nosso trabalho e proposto algum trabalho futuro.
CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA
5
2. REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo iremos sucintamente rever alguns trabalhos relacionados com a temática
do software open source e as suas principais vantagens e desvantagens,
comparativamente com o software comercial.
As PME são vistas como a principal força para promover a competitividade da economia
e melhorar a capacidade de competir noutros mercados. Elas não só afetam o
desenvolvimento local e regional como respondem de forma mais flexível às mudanças
nas condições de mercado, uma vez que têm uma estrutura simples e por isso o processo
de tomada de decisões é rápido (Patalas-Maliszewska & Krebs, 2011).
O setor das PME, para melhorar a competitividade, deve perceber a necessidade de
reduzir o risco de tomar decisões erradas e obter redução de custos. Nesse sentido, cada
vez mais as PME estão a tomar medidas para implementar e desenvolver sistemas de
apoio à gestão. O sucesso de uma empresa dependerá do nível do desenvolvimento das
técnicas e dos métodos utilizados para a transmissão de informações sendo as
Tecnologias de Informação (TI) uma solução para analisar e processar dados e
informações (Patalas-Maliszewska & Krebs, 2011).
Para uma PME se manter competitiva na atualidade, não pode privar-se do uso das TI
(Schweizerische Kreditanstalt, 1986).
No entanto, muitas PME têm dificuldade em decidir qual a melhor ferramenta de software
para o desenvolvimento e manutenção dos seus negócios (Bernardino & Tereso, 2013)
dada a grande diversidade de preços, características e funcionalidades existentes no
mercado (Raghunathan & Wobser, 1995). E, dado que as PME habitualmente não
dispõem de profissionais com experiência para conduzir o processo de seleção de
software, o que obrigaria à contratação de empresas de consultadoria com os custos que
isso implica, as empresas acabam muitas vezes por escolher soluções com base na
indicação de terceiros ou baseando-se apenas no preço (Breternitz, 2004). Na maioria das
PME não existe uma pessoa responsável por essa escolha e é geralmente o funcionário
que vai utilizar o software que decide (Beraldi, 2000). E, falhas no processo de seleção de
um software podem significar problemas de incompatibilidades e limitações funcionais
(Ivancevich, 2010), que podem trazer grandes prejuízos para uma empresa (Beraldi,
2000).
CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA
6
A primeira grande dúvida dos responsáveis pela seleção de um software é se deve adotar,
ou não, por um Enterprise Resource Planning (ERP), (Breternitz, 2004), uma ferramenta
de software que inclui vários módulos de apoio à gestão integrados numa única aplicação
Numa fase inicial do desenvolvimento do negócio, as empresas devem optar por
ferramentas de software independentes e posteriormente tentar a sua integração, já que
um ERP pode garantir grande parte das necessidades da empresas (faturação,
contabilidade, processamento de salários) mas também é, usualmente, uma ferramenta de
maior dificuldade de instalação e formação, com maior custo de aquisição e pode conter
módulos desnecessários para a empresa (Breternitz, 2004).
No entanto, as TI são um recurso de difícil acesso para as PME, uma vez que o seu custo
de aquisição é demasiado alto para a sua maioria e isso resulta também numa dificuldade
de adequação das TI às necessidades da empresa, o que pode também contribuir para o
insucesso do desenvolvimento do negócio (Beraldi, 2000). O autor diz ainda que as PME
investem muito mais em hardware que em software e que o único tipo de software que
recebe um pouco mais de investimento por parte das empresas é o de contabilidade,
processamento de salários e tesouraria.
E existe, efetivamente, uma grande necessidade de reduzir custos, especialmente numa
fase inicial da atividade da empresa. E, esta é uma área onde achamos que isso pode ser
feito, usando ferramentas de software open source ou gratuitas como alternativa ao
software comercial.
De acordo com (Almeida, 2006), já desde finais do século passado, tem surgido um
interesse crescente pelo modelo de software open source e pela sua sustentação, não só do
ponto de vista científico e social, mas também do estudo da sua viabilidade económica. Já
em 2006, em (Almeida, 2006) foram estudadas empresas que usavam o software open
source no seu processo de comercialização, tendo concluído que entre elas existiam casos
de sucesso mas também de insucesso. Ainda na perspetiva do autor (Almeida, 2006), o
modelo de software open source só poderá ser sustentado se a empresa que o desenvolve
e disponibiliza se dedicar também ao desenvolvimento e comercialização de software
comercial. Isto explica, na nossa opinião, o facto deste tipo de ferramenta não estar ainda
tão desenvolvida como seria desejado. Considera ainda que a principal vantagem do
software open source diz respeito a custos de aquisição, custos de manutenção e custos de
atualização já que, este tipo de ferramenta é, em grande parte dos casos, disponibilizada
gratuitamente.
CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA
7
O software open source pode oferecer menores custos, segurança e um aumento na
produtividade. Além disso, permite a adaptação às diferentes necessidades de cada
empresa. No entanto, são ainda poucos os profissionais competentes que trabalham nesta
área e, em caso de perdas e danos em consequência de problemas com o sistema, não
existe um responsável jurídico claramente identificado (Lopes et al., 2011).
Já (Bernardino & Tereso, 2013) consideram que o aspeto mais relevante das ferramentas
de software open source é o facto de elas permitirem o acesso ao código fonte, com a
possibilidade de modificação dos vários módulos. Outra vantagem apontada pelos autores
para este tipo de software prende-se com o facto de, caso este não sirva as necessidades
da empresa, poder ser substituído sem custos por outra solução, uma vez que não tem
período de subscrição. Consideram ainda que este tipo de software geralmente requer
menos requisitos de sistema relativamente às aplicações disponibilizadas de forma
comercial, já que se assume que quem não pode investir em software também não pode
investir em hardware.
Mas (Bernardino & Tereso, 2013) apontam também desvantagens às ferramentas de
software open source relativamente às ferramentas de software comercial. Dizem que os
projetos open source, por estarem em constante desenvolvimento, poderão ainda não ter
atingido a maturidade desejada. Também o facto de este tipo de software ser
desenvolvido por uma comunidade de colaboradores faz levantar algumas dúvidas sobre a
qualidade do produto, embora considerem que nos últimos anos os métodos de
desenvolvimento e o processo de teste melhoraram. Referem ainda a ausência de
documentação para apoiar a utilização do software e, um outro fator muito importante que
os autores referem é, sem dúvida, a falta de garantia da continuidade dos projetos.
Dizem também que, geralmente as ferramentas comerciais são mais atraentes e têm uma
interface mais simples, para além de existir por parte dos utilizadores uma maior
confiança no software comercial, devido aos seus procedimentos de testes rígidos. Este
software evolui para facilitar a adaptação aos utilizadores fornecendo também um bom
suporte documental. Referem ainda que, as ferramentas comerciais apresentam novidades
e técnicas mais atraentes mas, em troca, os custos de aquisição são altos. Para além disso,
normalmente exigem mais recursos de hardware e dificuldade de transição para outros
fornecedores.
É, no entanto, necessário ter cuidados com soluções com grandes descontos ou gratuitas
porque é importante garantir que a escolha do software assegure o serviço pós-venda. Um
CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA
8
atraso em matéria de manutenção ou de reparação pode ter consequências financeiras que
ultrapassem largamente o “melhor desconto” (Schweizerische Kreditanstalt, 1986).
Embora, dizer que a aquisição de software open source não envolve custos seja por vezes
errado. Muitas vezes, para que esse software satisfaça as necessidades das empresas, é
necessário adaptá-lo e isso envolve custos que podem, nalguns casos, ser elevados
(Bernardino & Tereso, 2013).
Mas, de acordo com (Olsen & Satre, 2007), o desenvolvimento interno nas empresas de
software open source é a melhor alternativa para as PME, uma vez que torna possível a
empresa permanecer flexível e dinâmica e em conformidade com as alterações que podem
surgir a qualquer momento. Muitas empresas têm excluído a possibilidade de desenvolver
o seu próprio software por acharem ser demasiado demorado e caro, optando por software
comercial mas (Olsen & Satre, 2007) consideram que, assim, se pode estar a forçar uma
estrutura mais rígida sobre a PME, contribuindo para o enfraquecimento da sua vantagem
competitiva. O desenvolvimento interno de software open source pode estar de acordo
com as necessidades específicas da empresa e, deste modo, reforçar a sua
competitividade; será também mais fácil para os utilizadores da ferramenta identificarem-
se com a mesma. Uma mais-valia deste tipo de software é o facto do desenvolvimento
interno poder limitar-se apenas às funções essenciais sendo por isso necessário adaptar
apenas partes do código fonte, podendo mesmo utilizar-se partes de códigos fonte de mais
do que um fornecedor.
Em 2008 começaram a surgir os programas de software open source para apoio à gestão
como uma alternativa viável para as organizações e, estando as principais preocupações
no que se refere à escolha de uma ferramenta de software relacionadas com a
funcionalidade, compatibilidade, estabilidade de preços, licenciamento do software à
empresa, suporte técnico e manutenção, deve começar-se por entender o código desses
programas e avaliar-se a sua adequação às necessidades da empresa (Tribunella &
Barrody, 2008). Os autores consideram ainda que as ferramentas open source estão a
amadurecer e a ganhar aceitação e por isso preveem que venham a revelar-se aplicações
estáveis.
No entanto, é importante que os custos de desenvolvimento não excedam os custos que a
empresa pagaria por utilizar software comercial (Olsen & Satre, 2007).
É necessário portanto, segundo (Bernardino & Tereso, 2013), no momento da escolha do
software, ter em conta as vantagens e as desvantagens de cada tipo de software, bem
CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA
9
como as necessidades específicas da empresa, a sua situação financeira e a sua capacidade
de investimento e manutenção do software.
CAPÍTULO 3 TIPOS DE SOFTWARE E SUAS LICENÇAS DE UTILIZAÇÃO
11
3. TIPOS DE SOFTWARE E SUAS LICENÇAS DE UTILIZAÇÃO
Para o desenvolvimento deste trabalho é importante distinguir o Free Software do Open
Source Software. As diferenças residem no tipo das licenças de utilização do código o que
gerou mesmo o aparecimento de duas comunidades distintas: a comunidade Free
Software (www.fsf.org) e a comunidade Open Source Software (www.opensource.org).
As principais diferenças são que no Open Source Software as licenças não restringem a
redistribuição de cópias idênticas ou modificadas, enquanto que no Free Software as
licenças impõem uma restrição: que a redistribuição deve estar sob licença Free Software.
Isto conduz a uma incompatibilidade entre Free Software e Open Source Software:
embora seja possível usar código Open Source Software em projetos Free Software (por
exemplo para o Linux Operating System copiar drivers Free BSD) o inverso não é
permitido.
Embora tecnicamente as licenças Open Source Software possam usar a mesma definição
do Free Software, na prática, nem todas as licenças aprovadas pela comunidade Open
Source Software têm a aprovação da comunidade Free Software.
Neste capítulo vamos definir os tipos de software livre e open source – Free Software,
Open Source Software, e Free, Libre and Open Source Software. Vamos também definir
o software freeware e o software comercial e fazer uma breve abordagem aos tipos de
licença mais utilizados nos vários tipos de software - licenças copyleft, licenças
permissivas, licenças freeware e licenças comerciais.
3.1. Tipos de software
Software é uma sequência de instruções escritas para serem interpretadas por um
computador com o objetivo de executar tarefas específicas. Existem no entanto várias
formas de disponibilizar o software.
Nesta secção vamos definir os conceitos de Free Software, Open Source Software, Free,
Libre and Open Source Software (FLOSS), software freeware e software comercial.
CAPÍTULO 3 TIPOS DE SOFTWARE E SUAS LICENÇAS DE UTILIZAÇÃO
12
3.1.1. Free Software
De acordo com a Free Software Foundation (FSF), o conceito de Free Software foi
criado em 1983 por Richard Stallman, quando iniciou o projeto GNU (GNU Não é Unix),
com o objetivo de criar um sistema operativo baseado em software livre e que respeitasse
as liberdades de quem o utiliza (www.fsf.org). Então em 1985, Stallman criou a Free
Software Foundation, uma organização sem fins lucrativos com a missão mundial de
promover a liberdade dos utilizadores de computadores e de defender os direitos de todos
os utilizadores de software livre.
Free Software é um software que contém permissão para que qualquer pessoa o possa
usar, copiar e distribuir, como adquirido ou modificado, gratuitamente ou não. Software
nestas condições geralmente é gratuito, mas isso não é regra: um programa pode ser livre,
mas não necessariamente gratuito. Uma pessoa pode pagar para receber um software livre
ou cobrar para distribuir um programa nesta condição.
Mais especificamente, há a exigência de que o código fonte da aplicação esteja disponível
e não entre em conflito com as liberdades apontadas pela FSF (www.gnu.org):
Liberdade 0: A liberdade para executar o programa, para qualquer propósito;
Liberdade 1: A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo às
suas necessidades (modificar);
Liberdade 2: A liberdade de redistribuir cópias de modo a ajudar os outros;
Liberdade 3: A liberdade de modificar o programa e disponibilizar essas
modificações de modo a que toda a comunidade beneficie.
O acesso ao código fonte é um pré-requisito para as liberdades 1, 2 e 3.
É também possível acrescentar cláusulas ou restrições na licença quando se redistribui o
software desde que também não entrem em conflito com as liberdades principais. Isto é
chamado de copyleft um termo que surge como complemento ao copyright e que visa
impedir que o software se torne fechado protegendo as liberdades garantidas aos
utilizadores através do projeto GNU. Este e outros tipos de licenças serão descritos com
maior detalhe mais adiante neste capítulo.
CAPÍTULO 3 TIPOS DE SOFTWARE E SUAS LICENÇAS DE UTILIZAÇÃO
13
3.1.2. Open Source Software
Em 1998 foi fundada por Eric Raymond e Bruce Perens a Open Source Initiative (OSI),
uma organização sem fins lucrativos com abrangência global, criada para educar sobre os
benefícios do open source e defendê-los, construindo pontes entre os diferentes
participantes da comunidade open source (www.opensource.org).
Segundo a OSI, open source não significa apenas acesso ao código fonte. Os termos de
distribuição de software open source devem cumprir os seguintes critérios
(www.opensource.org):
1. Redistribuição livre: A licença não deve restringir nenhuma parte de vender ou
doar o software como um componente de uma distribuição agregada de software
contendo programas de várias fontes diferentes. A licença não deve exigir um
royalty ou outra taxa para tal venda;
2. Código fonte: O programa deve incluir o código fonte e deve permitir a sua
distribuição tanto em código fonte, bem como em formato compilado. Se o
programa não for distribuído com o seu código fonte, deve haver algum meio de
se obter o mesmo, gratuitamente ou por apenas um custo reprodução;
3. Obras derivadas: A licença deve permitir modificações e trabalhos derivados, e
deve permitir que eles sejam distribuídos sob a mesma licença do software
original;
4. Integridade do código fonte do autor: A licença pode restringir o código fonte
de ser distribuído em forma modificada apenas se a licença permitir a distribuição
de arquivos patch (arquivos que contêm apenas as atualizações feitas ao código
original) com o código fonte para o propósito de modificar o programa no
momento da sua construção. A licença deve permitir explicitamente a distribuição
do programa construído a partir do código fonte modificado. Contudo, a licença
pode ainda requerer que programas derivados tenham um nome ou número de
versão diferentes do programa original;
5. Sem discriminação contra pessoas ou grupos: A licença não deve discriminar
qualquer pessoa ou grupo de pessoas;
6. Sem discriminação contra áreas de trabalho: A licença não deve restringir
ninguém de fazer uso do programa num campo específico de atuação. Por
CAPÍTULO 3 TIPOS DE SOFTWARE E SUAS LICENÇAS DE UTILIZAÇÃO
14
exemplo, ela não pode restringir o programa de ser usado numa empresa, ou de ser
usado para pesquisa genética;
7. Distribuição da licença: Os direitos associados ao programa devem ser aplicáveis
para todos aqueles cujo programa é redistribuído, sem a necessidade da execução
de uma licença adicional para estas partes;
8. Licença não deve ser específica para um produto: Os direitos associados ao
programa não devem depender do programa ser parte de uma distribuição
específica de programas. Se o programa é extraído desta distribuição e usado ou
distribuído dentro dos termos da licença do programa, todas as partes para quem o
programa é redistribuído devem ter os mesmos direitos que aqueles que são
garantidos em conjunto com a distribuição do programa original;
9. Licença não deve restringir outro software: A licença não pode colocar
restrições noutros programas que são distribuídos juntamente com o programa
licenciado;
10. Licença deve ser neutra em relação à tecnologia: Nenhuma cláusula da licença
pode estabelecer uma tecnologia individual ou estilo de interface a ser aplicada ao
programa.
Neste caso, as liberdades deixam de ser quatro e passam a ser dez o que pode tornar as
licenças open source menos restritivas que as licenças free software.
3.1.3. Free, Libre and Open Source Software (FLOSS)
Na prática existem pequenas diferenças entre o Free Software e Open Source Software.
Ambos seguem modelos de desenvolvimento semelhantes mas com diferentes filosofias.
As diferenças prendem-se essencialmente com a terminologia usada. Os defensores de
negócios por trás da OSI, foram relutantes em usar o termo "free" por considerar que
pode causar confusão entre "livre" e "gratuito". Também a OSI permite licenças menos
restritivas, como iremos ver ainda neste capítulo.
Por outro lado, (Reina, 2012) diz que o open source tem sido historicamente rejeitado por
uma parte da comunidade, alegando que ele perde o sentido de liberdade.
A fim de evitar a confusão do termo "free", mas mantendo o sentido de liberdade,
"libertation", o termo "libre software" ganhou popularidade nos últimos anos, e com ele
CAPÍTULO 3 TIPOS DE SOFTWARE E SUAS LICENÇAS DE UTILIZAÇÃO
15
apareceu a sigla FLOSS (Free, Libre and Open Source Software), também denominado
de software livre e de código aberto.
O software FLOSS é duplamente livre e de código aberto, já que pode ser usado para
ambas as abordagens (Free Software ou Open Source Software).
A partir de agora, neste trabalho será usado o termo "software open source" para fazer
referência a qualquer código que seja compatível com a definição de Free Software (de
acordo com a FSF) ou Open Source Software (de acordo com a OSI).
3.1.4. Software freeware
Software freeware é um tipo de software que é disponibilizado gratuitamente e por tempo
ilimitado mas geralmente sem acesso ao seu código fonte e com direitos de uso restritos,
como iremos ver mais à frente neste capítulo.
3.1.5. Software comercial
Software comercial é um tipo de software desenvolvido para comercializar com o
objetivo de obter lucros. A sua distribuição é realizada por comercialização e,
habitualmente, não permite o acesso ao seu código fonte e possui licenças de distribuição
muito restritivas, como iremos ver mais à frente neste capítulo.
3.2. Tipos de licenças de software
Os termos de uso e distribuição de qualquer software podem ser lidos na sua licença.
Cada produto de software precisa de uma licença escrita porque os trabalhos de software
precisam de estar protegidos por direitos de autor, uma lei que afirma que todos os
direitos (usar, distribuir, modificar, etc.) pertencem ao autor (Decreto-Lei nº252/94,
publicado em Diário da República, 1ª série - Nº 243 de 20 de outubro), o que muitas
vezes se aplica também aos manuais de utilizador.
CAPÍTULO 3 TIPOS DE SOFTWARE E SUAS LICENÇAS DE UTILIZAÇÃO
16
O software comercial, um tipo de software para computadores que é licenciado com
direitos exclusivos para o autor, usa a licença para afirmar o que os utilizadores podem
fazer com o programa, que é geralmente muito pouco (por exemplo, usá-lo e talvez
distribui-lo mas sem alterações). Normalmente estas licenças aparecem escritas na
negativa, dizendo o que os utilizadores podem fazer (por exemplo, “pode usar este
programa apenas para fins educacionais, uso profissional não é permitido”). Já os
programadores de software open source colocam nas suas licenças as liberdades que
proporcionam aos utilizadores.
As licenças de software open source facilitam a evolução do software já que permitem
modificar os programas e distribuir o programa modificado, pelo que os utilizadores de
software open source podem inclusivamente traduzi-lo no idioma ou dialeto que
desejarem. Esta liberdade legal é promovida mediante o acesso ao código fonte e o uso de
normas de internacionalização que permitem adaptar o software à língua e cultura de cada
país. A comunidade open source aceita que as licenças possam ser divididas em dois
tipos: copyleft ou permissivas, que irão ser descritas nas secções seguintes.
Irão ainda ser descritas, nas secções seguintes, as licenças freeware e as licenças
comerciais. Serão também referidas as licenças mais utilizadas pela FSF e pela OSI.
3.2.1. Licenças copyleft
“Copyleft” é um termo usado pela FSF para referir um tipo licença que alarga a já
existente licença copyright relativamente aos termos da distribuição de um programa. É
um método legal de tornar um programa em software livre exigindo que todas as versões
do programa não deixem de o ser (copyleftmanual.wordpress.com).
Enquanto as licenças copyright reservam para o autor do programa todos os direitos de
distribuição, não permitindo que o mesmo seja modificado ou distribuído, as licenças
copyleft dão a todos o direito de usar, modificar e redistribuir o código fonte do programa
ou qualquer derivado dele, desde que a redistribuição seja feita nos mesmos termos e
condições em que é disponibilizado (www.gnu.org).
De acordo com o referido em (www.gnu.org), para tornar um programa em copyleft, é
necessário começar por afirmar que ele está sob copyright e só depois adicionar os termos
da distribuição que concedem a todos o direito de usar, modificar e redistribuir o seu
CAPÍTULO 3 TIPOS DE SOFTWARE E SUAS LICENÇAS DE UTILIZAÇÃO
17
código fonte. Só assim o código e as liberdades se tornam legalmente inseparáveis. As
duas licenças copyleft mais comuns são a GNU General Public Licence (GNU GPL) e a
GNU Lesser General Public Licence (LGPL).
A licença GNU GPL (www.gnu.org) pretende garantir a liberdade de modificar e
redistribuir todas as versões de um programa requerendo que os trabalhos derivados
permaneçam sob a mesma licença para garantir que o software permanece livre para
todos os utilizadores (www.opensource.org).
A licença GNU LGPL (www.gnu.org) é um pouco menos rígida nos seus termos copyleft
uma vez que permite a ligação com módulos de software não-livre
(www.opensource.org).
3.2.2. Licenças permissivas
“Licenças permissivas” é um termo usado para definir um tipo de licença menos restritivo
em termos de distribuição de um programa. São também conhecidas como “licenças não-
copyleft”.
Este tipo de licença não requer que modificações ao código fonte de um programa
licenciado ou a derivados dele sejam redistribuídas nos mesmos termos e condições do
original.
As duas licenças permissivas mais comuns são a licença Berkeley Software Distribution
(BSD) e a licença Massachusetts Institute of Technology (MIT).
A licença BSD para além de requerer o reconhecimento do autor impõe poucas restrições
sobre as formas de uso, alterações e distribuição do software. Podendo por isso ser usada
tanto em software open source como em software comercial (www.opensource.org).
A licença MIT é nos seus termos muito idêntica à licença BSD mas não impõe o
reconhecimento dos autores (www.opensource.org).
As licenças GNU GPL, GNU LGPL, BSD e MIT são geralmente consideradas como as
licenças essenciais de software open source, sendo todas elas aceites tanto pela FSF como
pela OSI, embora a FSF tente promover o princípio copyleft e defenda por isso o uso das
licenças GNU GPL e GNU LGPL.
CAPÍTULO 3 TIPOS DE SOFTWARE E SUAS LICENÇAS DE UTILIZAÇÃO
18
Existem muitas outras licenças de software open source que podem ser usadas, embora a
maioria do software open source use umas das quatro anteriormente referidas, ainda que
por vezes com ligeiras alterações.
3.2.3. Licenças freeware
“Licenças freeware” são licenças de software, normalmente distribuído por empresas de
software comercial, mas de forma gratuita, geralmente sem acesso ao código fonte e
habitualmente sem limitações temporais para o seu uso. São, no entanto, licenças
restritivas podendo limitar por exemplo o uso comercial, a distribuição ou a modificação,
entre outros tipos de restrições.
3.2.4. Licenças comerciais
“Licenças comerciais” são licenças de software usadas na distribuição de software
comercial, isto é, colocado à disposição do utilizador de forma não gratuita e
normalmente sem acesso ao código fonte. São licenças geralmente usadas para afirmar os
direitos de autor e o que os utilizadores podem fazer com o programa. São normalmente
muito restritivas, estando as restrições mais comuns relacionadas com os direitos de
modificação, cópia e redistribuição.
Em muitos casos estas licenças definem também os serviços que a empresa vendedora do
software disponibiliza aos seus utilizadores que adquirem a ferramenta.
CAPÍTULO 4 METODOLOGIA E RESULTADOS DO INQUÉRITO
19
4. METODOLOGIA E RESULTADOS DO INQUÉRITO
Para analisar e desenvolver um software de apoio à gestão é fulcral conhecer qual a
perceção dos gerentes sobre as ferramentas e suas principais características e
funcionalidades. Nas secções seguintes será descrita a metodologia utilizada para
aplicação dos inquéritos a PME e os resultados obtidos.
4.1. Metodologia utilizada para a realização dos inquéritos
No presente trabalho elaborámos e aplicámos um questionário, conforme o Anexo 3, a
PME clientes de uma empresa da área de contabilidade - “A CASCA - Accounting &
Consulting, Lda”, que aceitaram colaborar connosco na elaboração deste trabalho.
O questionário é composto por nove questões em que as três primeiras têm o intuito de
caracterizar a empresa através do seu ramo de atividade, número de colaboradores e
volume de negócio. As restantes questões são feitas com o objetivo de se poder concluir
quais os requisitos que os inquiridos consideram mais importantes para apoio à gestão da
sua empresa bem como as principais características de cada uma das ferramentas de
software para apoio à gestão.
O universo da pesquisa é coincidente com a amostra – vinte e três empresas. Recorremos
a este método devido ao reduzido número de empresas inquiridas e devido à facilidade no
contacto com os responsáveis das empresas. Os inquéritos foram realizados por meio de
entrevista presencial.
4.2. Análise dos dados
As empresas estão todas sediadas no distrito de Coimbra, sendo que dez delas estão no
concelho de Coimbra, oito no concelho de Lousã e sete no concelho de Oliveira do
Hospital. Através da questão nº 1 “Ramo de atividade”, podemos verificar que onze são
do setor de serviços, sete do setor de comércio e cinco são do setor da produção.
As empresas do setor de serviços desenvolvem um conjunto de atividades com forte
componente intelectual como é o caso dos serviços de contabilidade e apoio à gestão.
CAPÍTULO 4 METODOLOGIA E RESULTADOS DO INQUÉRITO
20
Algumas prestações de serviços têm associado a incorporação de material o que acontece,
por exemplo, em reparação de equipamentos. As empresas do setor do comércio têm
como finalidade a transação de produtos sem qualquer transformação, como por exemplo
a venda a retalho. E as empresas do setor de produção têm como finalidade a produção de
produtos. Para isso utilizam matérias-primas que transformam em produto acabado.
A Figura 1 mostra o gráfico com a distribuição das empresas pelos setores de atividades.
Figura 1 – Distribuição das empresas pelos setores de atividade
Podemos verificar que a maioria das empresas inquiridas pertence ao setor dos serviços
(48%), seguida do setor do comércio (30%). O setor de produção é o que tem menos
inquiridos nesta amostra (22%).
Relativamente à questão nº 2 “Nº Total de Colaboradores” e à questão nº 3 “Volume de
negócios” podemos concluir que o portfólio de clientes é composto por microempresas e
pequenas empresas com volume de negócios que variam entre os 50.000,00€ e
1.000.000,00€ com número médio de cinco colaboradores.
De acordo com a recomendação Europeia de PME 2003/361/CE
(www.enterpriseeuropenetwork.pt), a categoria de micro, pequenas e médias empresas
(PME) é constituída por empresas que empregam menos de duzentos e cinquenta
trabalhadores e cujo volume de negócios anual não excede os cinquenta milhões de euros
ou cujo balanço total anual não excede os quarenta e três milhões de euros. Na categoria
Produção 22%
Serviços 48%
Comércio 30%
Distribuição das empresas por setor de atividade
CAPÍTULO 4 METODOLOGIA E RESULTADOS DO INQUÉRITO
21
das PME, uma pequena empresa é definida como uma empresa que emprega menos de
cinquenta pessoas e cujo volume de negócios anual ou balanço total anual não excede os
dez milhões de euros. Ainda na categoria das PME uma microempresa é definida como
uma empresa que emprega menos de dez pessoas e cujo volume de negócios anual ou
balanço total anual não excede os dois milhões de euros.
Para melhor estratificar as empresas pelo seu volume de negócios criámos classes em
intervalos de cinquenta mil euros (50.000,00€). A Tabela 1 mostra a que classes irão
corresponder as empresas, consoante o seu volume de negócio.
Tabela 1 – Estratificação das empresas por classes
O gráfico da Figura 2, mostra também essa mesma estratificação mas permite uma análise
mais precisa.
Classes do volume de negócios
Classes Volume de negócios Nº Empresas
Classe I <=50.000,00 € 6
Classe II De 50.001,00 € a 100.000,00 € 5
Classe III De 100.001,00 € a 150.000,00 € 7
Classe IV De 150.001,00 € a 200.000,00 € 2
Classe V De 200.001,00 € a 250.000,00 € 0
Classe VI De 250.001,00 € a 300.000,00 € 0
Classe VII De 300.001,00 € a 350.000,00 € 0
Classe VIII >=350.001,00 € 3
CAPÍTULO 4 METODOLOGIA E RESULTADOS DO INQUÉRITO
22
Figura 2 – Percentagem de empresas por classes do volume de negócios
Através do gráfico da Figura 2 podemos verificar que o maior número de empresa da
amostra pertence à Classe III, isto é, 30% das empresas tem um volume de negócio entre
100.000,00€ e 150.000,00€.
Assim, podemos dizer que a amostra é composta maioritariamente por empresas que
prestam serviços e com um volume de negócios até 150.000,00€/ano. Face ao trabalho
proposto consideramos que existe heterogeneidade da amostra com uma repartição por
setor de atividade semelhante ao tecido empresarial português de acordo com os dados do
Instituto Nacional de Estatística (Evolução do Setor Empresarial em Portugal 2004-2010
– Edição 2012, INE, p.15).
A Figura 3 mostra a divisão das empresas por setor, entre 2004 e 2010, segundo dados do
INE.
Classe I 26%
Classe II 22%
Classe III 30%
Classe IV 9%
Classe V 0%
Classe VI 0% Classe VII
0% Classe VIII
13%
Percentagem das empresas por classes do volume de negócios
CAPÍTULO 4 METODOLOGIA E RESULTADOS DO INQUÉRITO
23
(Fonte: Evolução do Setor Empresarial em Portugal 2004-2010 – Edição 2012, INE)
Figura 3 – Empresas por setor 2004-2010
Como podemos analisar na Figura 3, tanto nas empresas individuais como nas sociedades
o setor do comércio detém o maior número de empresas, com 486.868 e 164.094,
respetivamente. Logo de seguida encontra-se o setor do comércio com 158.014 empresas
individuais e 97.609 sociedades.
Relativamente à questão nº 4 “Que requisitos considera importantes para o apoio à gestão
do seu negócio”, dos vinte e três gerentes das empresas da amostra, 74% (17 gerentes)
considera muito importante o software de faturação. A Figura 4 mostra as quatro
principais áreas no apoio à gestão de uma empresa, por importância atribuída pelos
gerentes das empresas inquiridas.
CAPÍTULO 4 METODOLOGIA E RESULTADOS DO INQUÉRITO
24
Figura 4 – Requisitos mais importante para software de apoio à gestão
Na Figura 4 é possível observar que a área a que foi dada maior importância foi a área de
faturação, onde dezassete dos inquiridos (74%) a considerou muito importante e cinco
dos inquiridos (22%) a considerou importante. A área a que foi dada menor importância
foi a área de gestão de ativo imobilizado, em que vinte e um dos inquiridos (91%) a
considerou mesmo desnecessária.
Da questão nº 5 “Características que considera importantes numa ferramenta de software
de faturação”, resulta a Figura 5 que mostra as características de um software de faturação
que os gerentes inquiridos consideraram mais importantes.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
74%
22% 4% 0%
13%
65%
22%
0%
13% 9%
78%
0%
0% 0%
9%
91%
A importância por tipo de software
Gestão ativo imobilizado
Processamento salários
Contabilidade
Faturação
CAPÍTULO 4 METODOLOGIA E RESULTADOS DO INQUÉRITO
25
Figura 5 – Principais características do software de faturação
Todos os gerentes inquiridos consideraram importante as funcionalidades de “Vendas”,
“Mapas fiscais” e “Gestão de contas correntes de clientes”. Nove gerentes (39%) acharam
também importante a funcionalidade de “Gestão de stocks” e ainda seis gerentes (26%)
atribuíram importância à funcionalidade de “Gestão de contas correntes de fornecedores”.
Relativamente ao restante software de apoio à gestão - contabilidade, processamento de
salários e gestão de ativo imobilizado - os gerentes têm pouca afinidade e poucos sabem
quais as tarefas que este tipo de ferramentas realizam, pelo que transcrevemos uma
afirmação de um gerente quando questionado sobre as funcionalidades deste tipo de
software:
“(…) bem relativamente a esses programas que acabou de falar vou responder mas pouco sei
sobre eles porque é o meu contabilista que trata da contabilidade, da gestão do pessoal e da
gestão do imobilizado e não tenho qualquer preocupação (…)”
De acordo com o depoimento anterior salientamos que nas microempresas a
contabilidade, o processamento de salários e a gestão de ativo imobilizado é, na maioria
dos casos, realizada por entidades externas pelo que os gerentes não têm o devido
conhecimento sobre este tipo de software. Vamos analisar de seguida as respostas dos
inquiridos para estas ferramentas de software.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Vendas
Gestão de stocks
Gestão de contas correntes de clientes
Gestão de contas correntes de fornecedores
Tesouraria
Exportação de dados para outros formatos
Relatórios mensais/trimestrais
Mapas fiscais
Caraterísticas do software de faturação
CAPÍTULO 4 METODOLOGIA E RESULTADOS DO INQUÉRITO
26
Relativamente ao software de contabilidade foi colocada a questão nº 6 “Características
que considera importantes numa ferramenta de software de contabilidade”, e podemos
analisar as respostas dos inquiridos através da Figura 6.
Figura 6 – Principais características do software de contabilidade
Observa-se então que, a totalidade dos inquiridos considera importante as funcionalidades
de “Lançamentos contabilísticos (débito/crédito)” e “Mapas fiscais”. Ainda catorze dos
inquiridos (61%) consideram também importante a funcionalidade de “Exportação de
dados para outros formatos”.
Para o software de processamento de salários, colocou-se a questão nº 7 “Características
que considera importantes numa ferramenta de software de processamento de salários”
que obteve as respostas mostradas através do gráfico da Figura 7.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Lançamentos contabilísticos (débito/crédito)
Criação de contas no plano de contas
Criação de entidades
Criação de documentos
Exportação de dados para outros formatos
Mapas de gestão
Mapas fiscais
Caraterísticas do software de contabilidade
CAPÍTULO 4 METODOLOGIA E RESULTADOS DO INQUÉRITO
27
Figura 7 - Principais características do software de processamento de salários
Podemos ver que a totalidade dos gerentes considera que os programas devem ter as
funcionalidades de “Processamento de salários”, “Folha de pagamentos” e “Mapas para
entidades”.
Relativamente ao software para gestão de ativo imobilizado colocou-se a questão nº 8
“Características que considera importantes numa ferramenta de software de gestão de
ativo imobilizado”. Podemos analisar as respostas dos inquiridos através do gráfico da
Figura 8.
Figura 8 - Principais características do software de gestão de ativo imobilizado
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Processamento de salários
Recolha de variáveis
Folha de pagamentos
Exportação de dados para outros formatos
Mapas para entidades
Caraterísticas do software de processamento de salários
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Gestão de património
Depreciações/Amortizações
Processamento por centros de custo
Revalorizações, reversões, imparidades
Relatórios
Mapas legais e fiscais
Caraterísticas do software de gestão de ativo imobilizado
CAPÍTULO 4 METODOLOGIA E RESULTADOS DO INQUÉRITO
28
A totalidade dos gerentes considera que os programas devem ter as funcionalidades de
“Gestão do património” e “Mapas fiscais”.
Outro aspeto analisado no nosso trabalho foi conseguir perceber quais as características a
que os gerentes atribuem maior importância numa ferramenta de software. Para isso
colocou-se a questão nº 9 “Características que mais valoriza para a escolha do software
para apoio à gestão do seu negócio”. A Tabela 2 mostra os resultados dessa análise.
Tabela 2 – Características com maior importância numa ferramenta de software
Muito importante Importante Pouco importante Desnecessário
Custo de aquisição 96% 4%
Fiabilidade 100%
Funcionalidade 22% 78%
Atratividade 13% 87%
Desempenho 100%
Apoio técnico 78% 22%
Acesso ao código fonte 100%
Outros NR NR NR NR
Da análise da Tabela 2 pode concluir-se que os vinte e três gerentes indicaram a
fiabilidade e o desempenho como “Muito importante” seguido das características do custo
de aquisição e do apoio técnico.
Da análise ao inquérito concluímos que os gerentes esperam que os programas funcionem
sem problemas e quando necessitarem de apoio técnico este esteja disponível. Um dos
principais critérios de seleção do software é o custo de aquisição. A conclusão do nosso
inquérito está de acordo com o estudo realizado por (Elikai et al., 2007) que identificaram
que funcionalidade, fiabilidade e desempenho são as características mais importantes na
seleção do software no momento da aquisição.
Relativamente ao acesso ao código fonte os gerentes não demonstraram interesse mas,
quando questionados sobre esse facto, 91% dos inquiridos refere que se as ferramentas de
CAPÍTULO 4 METODOLOGIA E RESULTADOS DO INQUÉRITO
29
software open source conseguirem responder e satisfazer os utilizadores eles não os
descartam como uma opção válida para o apoio à gestão na evolução e manutenção dos
seus negócios.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
31
5. FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
Um software de apoio à gestão deve ter a capacidade de gerar informação para ajudar os
gestores na tomada da decisão nas áreas funcionais das empresas. (Gouveia & Ranito,
2004).
Existe no mercado alguma variedade de opções de ferramentas de software de apoio à
gestão, desde a contabilidade à faturação, controlo de stocks, ponto de venda (POS), entre
outros. Essas ferramentas podem ser disponibilizadas em open source, de forma gratuita
ou de forma comercial.
Vamos mais à frente, neste capítulo, analisar algumas das ferramentas de software open
source, ferramentas de software gratuito e também ferramentas de software comercial,
existentes no mercado, segundo os requisitos considerados essenciais para o
funcionamento de uma PME, descritos na secção seguinte.
As ferramentas comerciais têm custos de aquisição e por isso não serão instaladas para
serem testadas. Assim, serão apenas descritas nas respetivas secções e analisadas com
base na pesquisa efetuada e, em alguns casos, na visualização de vídeos de demostração
disponibilizados pelas empresas que as comercializam.
5.1. Identificação dos requisitos de software para apoio à gestão
Como foi referido anteriormente, um software de apoio à gestão deve ter a capacidade de
gerar informação para ajudar os gestores na tomada da decisão nas áreas funcionais das
empresas. A literatura evidencia as seguintes áreas: área financeira, área operacional e a
área dos recursos humanos como sendo as principais áreas (Oliveira, 2001). Assim
definimos que o software deve conter as seguintes características para responder às
necessidades das empresas e dos gestores:
Faturação – permite efetuar o registo de vendas, gestão de contas correntes de
clientes e fornecedores, emissão de relatórios/mapas e ficheiro SAFT-PT
(Standard Audit File for Tax Purposes);
Gestão de stocks – permite efetuar o controle de stocks. Normalmente está
incluído no software de faturação;
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
32
Tesouraria – permite efetuar o controlo de pagamentos e recebimentos (previsão
da tesouraria no futuro em função dos prazos de pagamentos e recebimentos, caso
estes sejam cumpridos). Normalmente está incluído no software de faturação ou
no software de contabilidade;
Contabilidade – permite efetuar o registo de transações a débito e a crédito,
controle de contas correntes de clientes e fornecedores, emissão de
relatórios/mapas e ficheiro SAFT-PT;
Processamento de salários – permite efetuar o processamento de vencimentos,
controlo de faltas, férias e mapas associados ao pessoal e emissão de mapas legais
e fiscais;
Gestão de ativo imobilizado – permite efetuar o registo dos bens adquiridos e
cálculo das amortizações e mapas complementares (listagem/ficha dos bens,
mapas fiscais).
5.2. Ferramentas de software para faturação
Os programas de faturação disponíveis no mercado apresentam um conjunto de funções
como por exemplo a emissão dos documentos de vendas e compras, controlo das contas
correntes de clientes e de fornecedores e controlo de stocks quando estamos perante
matérias-primas e mercadorias. A par destas funcionalidades emitem relatórios como o
volume de vendas (diário, mensal e anual), créditos vencidos e relatórios das mercadorias
em stock. Existem programas de faturação mais complexos com a capacidade do controlo
de tesouraria das empresas com a emissão de relatórios com os fluxos monetários e
alguns elaboram relatórios com uma tesouraria previsional de acordo com as datas de
vencimentos das faturas de clientes e fornecedores.
Em suma um programa de faturação mais complexo é uma ferramenta fundamental de
apoio à gestão. Salientamos que muitas das PME dispõem somente deste software para o
apoio à gestão do seu negócio porque é considerado suficiente para a gestão da empresa e
também porque uma parte das PME recorre à subcontratação do apoio contabilístico e
fiscal não tendo por isso necessidade de adquirir software para outras áreas do apoio à
gestão, como contabilidade, processamento de salários e gestão de ativo imobilizado.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
33
A escolha certa do software de faturação aumentará a velocidade e eficiência das
operações de contabilidade e, consequentemente a eficiência da empresa e deverá ser
sempre feita tendo em conta a evolução e crescimento do negócio para que toda a
informação carregada no software possa ser transferida para futuras atualizações do
mesmo.
As imposições legais introduzidas pela Autoridade Tributária (AT) às empresas com
atividade em Portugal, relativamente à comunicação da faturação da empresa à AT,
obrigaram que estas utilizem exclusivamente software de faturação certificado pela AT
em conformidade com a portaria 363/2010, publicado em Diário da República, 1ª série -
Nº 120 de 23 de junho. A Portaria nº 22-A/2012, publicado em Diário da República, 1ª
série - Nº 17 de 24 de janeiro, veio alargar o universo das empresas abrangidas pela
obrigatoriedade de utilização de software certificado, baixando o volume de negócios a
partir do qual é obrigatório o seu uso de 150.000,00€ para 100.000,00€, a partir de 1 de
janeiro de 2013. Contudo exclui dessa obrigatoriedade as empresas que:
Utilizem software produzido internamente, do qual sejam detentores dos
respetivos direitos de autor;
Tenham tido, no período de tributação anterior, um volume de negócios inferior a
100.000,00€, a partir de 1 de janeiro;
Tenham emitido, no período de tributação anterior, um número de faturas,
documentos equivalentes ou talões de venda inferior a 1.000 unidades.
Esta mesma Portaria estabelece ainda que, a partir de 1 de abril de 2012, apesar destes
limites qualquer empresa que opte por utilizar um software de faturação seja, sem
exceção, obrigado a usar um software certificado.
Ainda para empresas com volume de negócios superior a 100.000,00€ no período de
tributação anterior, o Decreto-Lei nº 198/2012, publicado em Diário da República, 1ª
série - Nº 164 de 24 de agosto, veio impor a obrigatoriedade de comunicação da emissão
de documentos de transporte à AT.
Para isso, os programadores de software foram obrigados a mudar o seu software de
faturação de forma a incluírem o envio da informação da faturação e transporte da forma
recomendada pela AT (Webservice ou ficheiro SAFT-PT, uma vez que cada programador
de software é responsável por implementar o módulo que vai enviar os documentos
(Autoridade Tributária, 2013).
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
34
A aquisição ou utilização de programas ou equipamentos informáticos de faturação, que
não estejam certificados nos termos do n.º 9 do artigo 123.º do Código do IRC, é punida
com coima variável entre 375,00€ e 18.750,00€. Estas sanções são elevadas para o dobro,
quando aplicadas a pessoas coletivas, nos termos do n.º 4 do Artigo 26.º do RGIT
(www.portaldasfinancas.gov.pt/).
Assim, vamos de seguida analisar algumas ferramentas para faturação de uma PME –
open source, gratuitas e comerciais - tentando, sempre que possível, escolher para análise
as que cumprem estas imposições legais.
5.2.1. Software open source para faturação
Um software open source é usualmente gratuito e permite o acesso ao seu código fonte.
Assim, permite que este seja modificado podendo por isso ser adaptado às necessidades
específicas de cada empresa ou utilizador.
Um software gratuito e de código aberto não é necessariamente menos fiável que um
software comercial, mas naturalmente que não dispõe de garantias do fornecedor no que
se refere a falhas. São habitualmente ferramentas que carecem de manutenção e apoio
técnico. É por isso necessário haver alguma ponderação por parte das empresas no
momento de decidir o software a usar para o desenvolvimento do negócio.
O acesso ao código fonte convida à participação de todos no desenvolvimento do
software, nomeadamente dos utilizadores que são quem usa o software e sente as
necessidades e dificuldades, o que permite criar uma comunidade virtual em torno do
projeto, sendo por isso ferramentas desenvolvidas à escala mundial.
Se uma empresa desenvolver o seu próprio programa de faturação e do qual dispõe do
respetivo código-fonte, este não precisará de ser certificado pela AT desde que seja usado
apenas pela empresa. O programa deve, no entanto, ter a funcionalidade de gerar ele
próprio o ficheiro SAFT-PT (de acordo com o estabelecido na atual redação da Portaria
n.º 1192/2009, de 08 de outubro, publicada em Diário da República, 1ª série - Nº 164 de
24 de agosto) e cumprir os requisitos enunciados no atual artigo 5.º do Decreto-Lei
n.º198/90, de 19 de junho (www.portaldasfinancas.gov.pt).
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
35
Vamos, na secção seguinte, analisar uma ferramenta de software open source para
faturação de PME disponibilizada através da Internet – “GnuCash”, instalando-a para
avaliação apenas em ambiente Windows.
.
5.2.1.1. GnuCash
O software “GnuCash” é uma ferramenta de software open source, licenciada sob a
licença GNU GPL, desenvolvida nas linguagens C e Scheme. A linguagem de
programação Scheme é utilizada nas funcionalidades de importação de ficheiros, geração
de relatórios e apresentação de sugestões de ajuda. Começou a ser desenvolvida para
GNU/Linux mas já está também disponível para Mac OS X e Microsoft Windows, entre
outras. O “GnuCash” é uma ferramenta que, embora tenha como principal funcionalidade
o controlo financeiro, permite também realizar a faturação de uma pequena empresa, visto
que dispõe de funcionalidades como (www.gnucash.org):
Gestão de contas a receber (Receitas);
Gestão de contas a pagar (Despesas);
Gestão de stocks;
Criação de tabelas de imposto a aplicar sobre as vendas (IVA, ou similar);
Controlo de tesouraria.
A ferramenta não é um software certificado pela AT e não está em conformidade com as
já referidas imposições legais atualmente em vigor para Portugal relativamente à
comunicação da faturação à AT, uma vez que não emite o ficheiro SAFT-PT. Por esse
motivo não é, nestas condições, uma ferramenta de software de faturação para PME que
possa ser utilizada no contexto da legislação nacional. Pode, no entanto, ser modificada
no sentido de passar a cumprir essas imposições. Ainda assim, a ferramenta foi instalada e
utilizada e, perante isso, podemos ainda referir as seguintes funcionalidades:
Permite instalação em onze idiomas entre eles o português;
É uma ferramenta de fácil instalação, bastando que se execute o ficheiro de
instalação disponível em www.gnucash.org e seguir os passos apresentados pelo
assistente de instalação até que esta esteja concluída. Também disponibiliza guia
de instalação em inglês.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
36
Tem uma interface intuitiva;
Permite definir, de entre cerca de duzentas moedas, a que se pretende utilizar,
entre elas o Euro;
Permite definir as contas a utilizar;
Disponibiliza alguma ajuda acerca do seu funcionamento quando se inicia a
aplicação e durante a sua execução e disponibiliza também documentação de
ajuda em quatro idiomas – alemão, inglês, italiano e japonês - mas não em
português.
Tem como requisitos mínimos:
300MB de espaço livre em disco;
128MB de memória RAM.
A Figura 9 mostra a interface gráfica da ferramenta “GnuCash” para efetuar uma venda.
Figura 9 – Interface do software “GnuCash”
Como se pode observar na Figura 9, é necessário inserir a descrição, a conta onde ficará
registado o lançamento e o valor, a débito ou a crédito consoante o caso.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
37
5.2.2. Software gratuito para faturação
Algumas PME procuram também software de faturação gratuito no intuito de minimizar
os encargos com as TI. Estas ferramentas sendo na maioria dos casos de utilização
gratuita, dispõem geralmente de menos funcionalidades que as ferramentas comerciais e
também habitualmente não permitem o acesso ao código fonte, não possibilitando por
isso a adaptação às necessidades da empresa. Vamos de seguida analisar quatro dessas
soluções de software gratuitas – “Projecto Colibri”, “Primavera Express”, “Gescom
Enterprise Express” e “Time Fatura”, instalando-as para avaliação apenas em ambiente
Windows.
5.2.2.1. Projeto Colibri
O “Projeto Colibri” é um software de gestão que aborda as principais necessidades da
área comercial de uma PME e dispõe de uma versão gratuita (versão RCP9) que inclui
(www.projectocolibri.com):
Gestão de compras;
Gestão de vendas;
Gestão de contas correntes;
Gestão de stocks;
Exportação para o ficheiro SAFT-PT.
Este software é multiplataforma e tem uma base de dados pré-configurada - a H2, embora
suporte também as bases de dados PostgreSQL e MySQL (já incluídas no ficheiro de
instalação). Estes motores de bases de dados são todos eles gratuitos e open source.
A base de dados H2 está licenciada sob a licença EPL (Eclipse Public Licence)
(www.h2database.com), uma licença de software livre aprovada pela OSI e listada pela
FSF. Esta licença não é compatível com a GNU GPL porque permite a cada programador
identificar-se como autor da sua contribuição no código (www.opensource.org).
A base de dados PostgreSQL está licenciada sob a licença BSD que funciona nos
principais sistemas operativos, incluindo Linux, Mac OS X e Windows
(www.postgresql.org).
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
38
A base de dados MySQL está licenciada sob as licenças GNU GPL e comercial uma vez
que, não deixando de ser uma licença GPL, obriga à sua aquisição caso seja usada por um
programa que não seja licenciado sob essa mesma licença.
De acordo com informação disponibilizada no site da empresa, o “Projeto Colibri” é o
primeiro software de gestão gratuito certificado pela AT sob o nº 38.
Permite instalação em português ou inglês e, após a sua instalação e utilização,
observámos que ainda dispõe das seguintes características e funcionalidades:
É de fácil instalação e configuração. Basta executar o ficheiro de instalação que é
disponibilizado em www.projectocolibri.com/downloads-colibri e seguir os passos
apresentados pelo assistente até a instalação estar concluída;
Disponibiliza manuais de instalação e de utilização em português que, apesar de
sucintos, são muito explícitos;
Tem uma interface intuitiva;
Mono empresa;
Não dispõe de assistência técnica gratuita mas dispõe de alguma ajuda gratuita
através de fórum online em www.projectocolibri.com/forum/.
Os requisitos mínimos são:
Sistema operativo Windows XP/7, Linux Ubuntu ou Mac OS X-Leopard;
Java Runtime Enviroment 1.6;
Leitor de PDF;
Motor de base de dados (H2, PostgreSQL ou MySQL).
Na Figura 10 podemos ver a interface da ferramenta para criação de uma fatura.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
39
Figura 10 – Criação de uma fatura no software “Projeto Colibri”
Para criação de uma fatura deve inserir os dados do cliente, as linhas de produtos a faturar
e outra informação que considere importante como o modo de pagamento e o modo de
expedição, como exemplificado na Figura 10. Tem ainda um separador para eventuais
observações.
Dispõe, nesta versão, do módulo de POS (Point of Sale), para vendas efetuadas ao balcão.
Na Figura 11 é mostrado o interface para criação de uma venda POS.
Figura 11 – Criação de uma venda POS no software “Projeto Colibri”
Os artigos encontram-se divididos por classes e terão que ser selecionados, indicando a
quantidade pretendida, para efetuar a venda, como mostra a Figura 11.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
40
5.2.2.2. Primavera Express
Segundo a empresa Primavera (www.primaverabss.com/pt), o software “Primavera
Express” é uma solução lançada com o objetivo de ajudar PME a desenvolver o seu
negócio, sendo já utilizada por milhares de PME portuguesas. Ainda de acordo com a
informação disponibilizada no site, foi o primeiro software de gestão de marca
reconhecida a ser disponibilizado para download de forma totalmente gratuita.
O “Primavera Express 7” é um software de faturação certificado pela AT sob o nº 1450,
que permite efetuar a faturação e gestão de uma empresa com volume de faturação até
trinta mil euros, de forma gratuita. Algumas das suas funcionalidades são
(www.primaverabss.com/pt):
Gestão de caixa;
Gestão de stocks;
Contas correntes de clientes;
Introdução e emissão de documentos de entrada, saída e movimento de stocks e
respetivas atualizações integradas com a faturação;
Emissão de documentos necessários à atividade comercial como etiquetas,
cotações/propostas, faturas pró-forma, faturas, vendas a dinheiro, notas de crédito,
notas de débito, guias de remessa e de transporte, recibos e notas de pagamento;
Gestão de devoluções;
Múltiplos modos de pagamento (numerário, cheque, etc.) e emissão de
documentos com ou sem IVA;
Gestão controlada da conta corrente de clientes e outros devedores;
Mapas de gestão como mapas de vendas gerais diárias, mensais ou trimestrais, por
clientes, artigos, etc.;
Extratos de contas correntes e consultas de valores a pagar e a receber; etc.;
Exportação para o ficheiro SAFT-PT.
Esta ferramenta foi instalada e analisada. Para executar a instalação começámos por fazer
o registo em www.primaverabss.com/pt/Solu%C3%A7%C3%B5es-ERP-
PRIMAVERA%20Express-Download.aspx. Após registo rececionámos um e-mail no
endereço indicado no registo, com o link onde a ferramenta se encontra disponível para
download. Executada a instalação podemos ainda afirmar que:
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
41
Permite instalação em português ou espanhol;
É de fácil e rápida instalação e configuração. Depois de obter o ficheiro
executável, basta descompactá-lo e aceitar as opções sugeridas pelo assistente de
instalação;
Dispõe de manuais de apoio à instalação e de utilização em português;
Tem uma interface intuitiva;
Funciona apenas em ambiente mono posto ou mono utilizador;
Não dispõe de assistência técnica gratuita.
Os requisitos mínimos são:
Sistema operativo Windows XP SP3;
Processador 1.4GHz x86/x64 (recomendado 2.0GHz ou superior);
512MB de memória RAM (recomendado 1GB);
2GB de espaço livre em disco;
Resolução mínima de ecrã 1024x768.
A Figura 12 permite visualizar a criação de uma fatura na ferramenta.
Figura 12 – Criação de uma fatura no software “Primavera Express”
A Figura 12 mostra a interface onde são inseridos os dados do cliente e os artigos a ser
faturados.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
42
Dispõe de um módulo de POS – “Psst!”, vocacionado para vendas ao balcão. O caso
concreto da Figura 13 mostra a interface do software para criação de uma venda POS de
restaurante ou cafetaria.
Figura 13 - Criação de uma venda POS no software “Psst!”
Para realizar a venda é necessário selecionar o produto, dentro da sua categoria, e indicar
a quantidade vendida, como mostra a Figura 13.
5.2.2.3. Gescom Enterprise Express
O “Gescom Enterprise Express” é uma versão gratuita para faturação de uma PME,
disponibilizada pela empresa Inforlíder e é, segundo a empresa, uma solução completa e
profissional com funcionalidades muito acima da média (www.inforlider.com).
É um software certificado pela AT sob o nº 441, compatível com o Microsoft Windows
Server 2008, Windows XP, Windows Vista, Windows 7 e Windows 8 e integra-se com o
Microsoft Office.
Algumas das suas funcionalidades são (www.inforlider.com):
Gestão de clientes e recebimentos;
Gestão de fornecedores;
Gestão de compras e pagamentos;
Gestão de stocks;
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
43
Faturação (Vendas, Orçamentos, Guias, etc.);
Contas corrente de clientes e fornecedores;
Importação de dados de qualquer formato;
Possibilidade de alterar os formatos dos documentos;
Licença ilimitada;
Exportação para o ficheiro SAFT-PT.
Para proceder à sua instalação é necessário ter, ou instalar previamente, uma componente
de base de dados SQL, que não é disponibilizada com o software.
Permite instalação em português. O ficheiro executável é disponibilizado em
website.inforlider.com/produtos/. Terão de ser indicados os dados solicitados pelo
assistente de instalação e, após receção do ficheiro executável, deverá escolher-se a
ferramenta que se pretende instalar. De seguida basta seguir os passos do assistente de
instalação.
Tem uma interface intuitiva e dispõe de um manual de utilização em português.
Não dispõe de assistência técnica gratuita mas para além do manual de utilizador existem
vários vídeos disponibilizados pela empresa que, embora sejam referentes à versão
comercial, poderão ajudar os utilizadores da versão gratuita.
A Figura 14 mostra a interface da ferramenta para criação de uma venda.
Figura 14 – Criação de fatura no software “Gescom Enterprise Express”
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
44
Podemos ver, através da Figura 14, todos os campos que fazem parte da interface para
criação de uma fatura, como por exemplo, informação do cliente, informação do
vendedor e artigos a faturar.
Dispõe também de uma solução POS destinada essencialmente ao comércio a retalho -
“Gescom POS Express”.
A Figura 15 permite visualizar o interface da ferramenta para criação de uma venda POS.
Figura 15 - Criação de uma venda POS no software gratuito “Gescom POS Express”
Para efetuar a venda pode selecionar o artigo pela sua categoria ou inserir manualmente o
seu código, como é mostrado na Figura 15. Deve também indicar a quantidade vendida.
5.2.2.4. Time Fatura
A empresa AClogik Lda. (www.aclogik.com), disponibiliza o software de faturação
“Time Fatura” que é, segundo a empresa, uma aplicação de gestão ideal para PME, com
um ambiente gráfico agradável e intuitivo, permitindo elaborar qualquer tipo de
documento relacionado com a faturação, como guias de remessa, faturas, etc.
Dispõe de uma versão gratuita, com motor de base de dados em Microsoft Access que
inclui:
Gestão de clientes e fornecedores;
Gestão de stocks;
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
45
Criação de entidades;
Criação de documentos;
Contas correntes de clientes e fornecedores;
Multiempresa;
Multiposto;
Multiutilizador;
Editor de relatórios;
Integração com software POS;
Exportação/importação para/de ficheiro SAFT-PT.
Os requisitos mínimos são:
Sistema operativo Windows XP SP2 ou Vista;
Processador Pentium 4 3.0GHz / Centrino 1.4GHz;
50MB de espaço livre em disco;
512MB de memória RAM (recomendado 1GB).
Não tem a certificação imposta pela AT, mas integra-se com a versão “Time POS” que,
segundo o site da empresa, espera certificação para breve.
Disponibiliza o ficheiro executável para instalação em
www.aclogik.com/software/software.html, mas não foi possível instalar por dar um erro
de instalação e os contactos com a empresa terem sido infrutíferos.
A empresa disponibiliza manual de utilizador em português mas não disponibiliza vídeos
de demonstração da ferramenta, pelo que a sua análise será feita apenas com base nos
resultados das pesquisas efetuadas.
A Figura 16 mostra o erro resultante do download.
Figura 16 - Erro de instalação do software gratuito "Time Fatura"
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
46
A versão “Time POS” depende desta e como tal também não foi possível obter resultados
da sua utilização.
5.2.3. Software comercial para faturação
Existem no mercado várias ferramentas de software comercial para faturação que podem
ser adaptadas às necessidades de cada empresa caso a empresa compradora o pretenda e a
empresa vendedora o possibilite. Existe também software comercial feito à medida das
necessidades de cada empresa mas, para além de serem ferramentas menos fiáveis são
muitas vezes inacessíveis por razões de preço (Schweizerische Kreditanstalt, 1986).
As ferramentas que vão ser descritas na secção seguinte são “Projecto Colibri”,
“Primavera Starter”, “Gescom Enterprise 2013”, “Time Fatura” e “Fac2011”.
5.2.3.1. Projeto Colibri
O “Projeto Colibri” dispõe de quatro versões comerciais às quais acrescem algumas
funcionalidades para além das já incluídas na versão gratuita (www.projectocolibri.com):
Licenciada: a única diferença desta versão comparativamente com a versão
gratuita é simplesmente o facto de ser licenciada para a empresa. Tem um custo de
aquisição de cinquenta euros acrescidos de IVA;
Licenciada +: para esta versão acresce relativamente à “Licenciada” a assistência
telefónica até ao limite de cinco horas. Tem um custo de aquisição de cento e
sessenta euros acrescidos de IVA;
Profissional: esta versão, para além das funcionalidades das versões referidas
anteriormente, tem ainda outras funcionalidades, como por exemplo:
o Artigos compostos (criados a partir da junção de artigos), sem limitação de
unidades e preços;
o Artigos por cores e tamanhos;
o Criação de entidades;
o Criação de documentos;
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
47
o Criação de layouts e edição de pesquisas;
o Envio de documentos por e-mail;
o Webservices para a AT;
o Importação de ficheiros SAFT-PT (para além da exportação);
A assistência telefónica para esta versão é de apenas uma hora. Tem um custo de
aquisição de trezentos e sessenta e cinco euros, aos quais acresce o IVA;
Profissional +: uma versão que difere da versão “Profissional” em dois aspetos:
o Alargamento do tempo para assistência telefónica para dez horas e
o Uma atualização anual do software.
Obteve a certificação imposta pela AT sob o nº 38.
5.2.3.2. Primavera Starter
De forma comercial a Primavera disponibiliza várias soluções mas vamos aqui abordar
apenas uma delas - a “Primavera Starter”, uma solução para empresas que não limita o
seu volume de faturação.
O “Primavera Starter” foi criado “com o intuito de auxiliar os pequenos empresários na
fase de arranque de um negócio e/ou na adaptação dos seus atuais programas de faturação
à obrigatoriedade de certificação, (...)” (www.primaverabss.com/pt)
É, segundo a Primavera, um software de faturação de fácil instalação e utilização, com
todas as funcionalidades necessárias para a gestão de um espaço comercial ou serviço e
que acompanha o crescimento e evolução de cada negócio, estando disponível em três
diferentes configurações para que possa responder às diferentes necessidades das
empresas (www.primaverabss.com/pt):
Starter Easy - com funcionalidades idênticas à versão gratuita da Primavera
estando as diferenças relacionadas com o licenciamento do software, através do
qual a empresa passa a beneficiar de cinco incidentes de assistência por cada ano
de subscrição, acesso a um software de faturação eletrónica com 50 faturas e ao
portal da comunidade Primavera.
Tem um custo anual de licenciamento de cento e vinte e dois euros acrescidos de
IVA (www.primaverabss.com/pt);
Starter - a esta configuração já acrescem mais algumas funcionalidades como:
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
48
o Controlo de conta corrente de fornecedores;
o Pagamentos;
o Movimentos bancários;
o Reconciliação bancária;
o Encomendas de clientes;
o Criação de novos documentos;
o Cópias de segurança automáticas;
o Integração de documentos de clientes com a contabilidade;
o Multiempresa;
o Multiposto.
Segundo informação recebida via e-mail da empresa parceira da Primavera que
comercializa esta solução, tem um custo anual de licenciamento de trezentos e
quinze euros acrescidos de IVA;
Starter Plus - esta configuração é a mais completa acrescendo ainda as
funcionalidades de
o Encomendas a fornecedores e
o Compras.
Também segundo informação recebida via e-mail da empresa parceira da
Primavera que comercializa esta solução, tem um custo anual de licenciamento de
quinhentos e cinquenta euros acrescidos de IVA.
Obteve a certificação imposta pela AT sob o nº 1449.
5.2.3.3. Gescom Enterprise 2013
A Inforlíder (website.inforlider.com) disponibiliza de forma comercial a solução
“Gescom Enterprise 2013”, uma solução também compatível com o Windows Server
2003.
Para além das funcionalidades da versão gratuita este software disponibiliza ainda:
Integração com a contabilidade;
Alteração de formatos de faturas, recibos, guias, orçamentos, etc.;
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
49
Implementação na fatura de retenção IRS, despesas de transporte, comissões de
vendedores, moeda estrangeira, pagamentos automáticos por referências
multibanco;
Artigos por cores e tamanhos;
Multiempresa.
Obteve a certificação imposta pela AT sob o nº 441.
Segundo a loja online da empresa (ecommercedemo.inforlider.com/lojaonline/) esta
solução tem um custo de duzentos e noventa e oito euros e trinta e sete cêntimos
acrescidos de IVA para uma licença por tempo ilimitado.
Nesse caso a empresa disponibiliza um vídeo de demonstração que ajuda a fazer a
avaliação da ferramenta (website.inforlider.com).
A Figura 17 mostra um exemplo de uma exportação do ficheiro SAFT-PT para
comunicação de faturação de uma empresa à AT.
Figura 17 – Exportação de faturação através do ficheiro SAFT-PT
Como pode ser observado na Figura 17, para efetuar a exportação é necessário indicar o
período de faturação a que se refere e anexar o ficheiro. Tem ainda um separador para
eventuais observações.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
50
5.2.3.4. Time Fatura
A empresa AClogik Lda. dispõe também de uma solução comercial para faturação de
PME, também ela designada de “Time Fatura” mas com motor de base de dados em SQL
Server e que contém todas as funcionalidades da versão gratuita acrescidas de mais
algumas, tais como:
Gestão de acessos para diferentes níveis de utilizadores;
Atualizações automáticas.
Nesta versão, as funcionalidades multiempresa, multiutilizador e multiposto estão
condicionadas à obtenção de uma licença por empresa.
Obteve a certificação imposta pela AT sob o nº 1068.
Apesar de várias tentativas de contacto com a empresa, tal não se concretizou, pelo que
não foi possível apurar os custos de licenciamento da ferramenta.
5.2.3.5. Fac2011
“Fac2011 “é uma solução de software composta pelos módulos de faturação, gestão de
stocks, contas correntes clientes/fornecedores/bancos, entre outros, disponibilizada de
forma comercial pela empresa Comograma (www.comograma.pt).
Segundo a empresa, é uma ferramenta de gestão comercial profissional para PME. Tem
como principais características:
Multiempresa;
Multiutilizador;
Multi moeda;
Mapas fiscais;
Configuração de documentos;
Exportação de todas as listagens para os formatos pdf, rtf, xls e html;
Integração de valores diretamente para a aplicação de contabilidade da empresa;
Exportação para o ficheiro SAFT-PT.
Obteve a certificação imposta pela AT sob o nº 48.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
51
Segundo informação da empresa recebida via e-mail, tem um custo de aquisição de
quinhentos euros acrescidos de IVA. Apesar de não ter sido instalada para ser avaliada,
foi no entanto possível, com a colaboração da empresa A CASCA, testá-la em ambiente
empresarial real de onde pudemos verificar ser uma ferramenta com interface muito
intuitivo e de fácil utilização. Cumpre as funcionalidades desejadas para este tipo de
ferramenta e dispõe ainda de funcionalidades acrescidas tais como visualização dos
utilizadores ligados ao servidor com a indicação da empresa à qual estão ligados.
A Figura 18 mostra a interface para criação de uma fatura na ferramenta.
Figura 18 – Criação de fatura na ferramenta “Fac2011”
Depois de indicar o código do documento (Fatura) e o número de cliente, pode inserir os
artigos que pretende faturar, indicando a quantidade, o preço e eventuais descontos, como
é mostrado na Figura 18.
5.2.4. Análise comparativa entre software open source, gratuito e
comercial para faturação
A Tabela 3 mostra a análise comparativa entre as soluções de software open source,
gratuito e comercial, anteriormente analisadas, para faturação de uma PME.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
52
Tabela 3 - Análise comparativa de software para faturação
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
53
Foram consideradas oito funcionalidades como fundamentais para software na área de
faturação, confirmadas através do inquérito às empresas – “Vendas”, “Gestão de Stocks”,
“Gestão de contas correntes de clientes”, “Gestão de contas correntes de fornecedores”,
“Tesouraria”, “Exportação de dados para outros formatos”, “Relatórios
mensais/trimestrais” e “Mapas fiscais”.
Da análise à Tabela 3 pode verificar-se que há funcionalidades que todas as ferramentas
dispõem, como é o caso das “Vendas”, “Gestão de stocks”, “Gestão de contas correntes
de clientes” e “Relatórios mensais/trimetrais”.
A ferramenta open source “GnuCash”, dessas oito funcionalidades, cumpre ainda as
funcionalidades de “Gestão de contas correntes de fornecedores” e “Tesouraria”. Cumpre
assim seis das oito funcionalidades consideradas fundamentais, ficando por cumprir
apenas as funcionalidades de “Exportação de dados para outros formatos” e “Mapas
fiscais”. É uma ferramenta de fácil instalação e pode ser feita em onze idiomas.
Disponibiliza alguma ajuda acerca do seu funcionamento quando se inicia a aplicação e
durante a sua execução, permite definir a moeda e o tipo de contas a utilizar.
Disponibiliza também documentação em quatro idiomas (inglês, alemão, italiano e
japonês) mas não em português. É gratuito e dá acesso ao código fonte. É uma ferramenta
de software open source para faturação de PME que, apesar de não cumprir as imposições
legais atualmente em vigor em Portugal no que se refere a software de faturação, pode vir
a ser usada pelas empresas para esse fim, caso seja modificada nesse sentido. Para isso
deverá cumprir também, pelo menos, a funcionalidade de “Exportação para ficheiro
SAFT-PT”.
Relativamente às quatro ferramentas gratuitas analisadas apenas três são certificadas pela
AT – “Projecto Colibri”, “Primavera Express” e “Gescom Enterprise Express”. Todas
elas cumprem seis das oito funcionalidades consideradas fundamentais para esta área de
apoio à gestão. A ferramenta “Time Fatura” não estando certificada pela AT não pode ser
usada para faturação, no contexto atual nacional. Todas disponibilizam manual de
utilização mas não dão acesso ao código fonte, pelo que não poderão ser modificadas para
que possam ser adaptadas a eventuais necessidades das empresas. São ferramentas muito
equilibradas a nível de funcionalidades mas, por não impor limites de volume de negócio
e dispor de ferramentas gratuitas noutras áreas de apoio à gestão, achamos que a melhor
ferramenta gratuita para faturação de uma PME é a “Gescom Enterprise Express”.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
54
Finalmente, no que se refere às ferramentas comerciais analisadas, podemos dizer que são
as que oferecem um maior leque de funcionalidades, embora também nenhuma cumpra as
oito consideradas fundamentais. Dessas oito, as ferramentas “Primavera Starter Easy”,
“Gescom Enterprise 2013“ e “Fac2011” disponibilizam seis e as restantes ferramentas –
“Projecto Colibri”, e “Time Fatura” dispõem de cinco. Todas disponibilizam manuais de
utilização, todas são licenciadas às empresas que as adquirem mas também todas têm
custos de aquisição e eventualmente de manutenção. Por ter o maior número das
funcionalidades descritas, consideramos a ferramenta comercial “Fac2011” a melhor para
faturação de uma PME.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
55
5.3. Ferramentas de software para contabilidade
Um programa de contabilidade é utilizado para o registo das operações diárias das
empresas como vendas, compras e outros registos contabilísticos definidos no Sistema de
Normalização Contabilística (SNC). O SNC é o modelo de normalização contabilística,
em vigor desde 1 de janeiro de 2010, que visa aproximar o modelo português das normas
internacionais de contabilidade adotadas na União Europeia. Este tipo de programa deve
emitir os relatórios obrigatórios que são os balancetes analíticos e gerais e a emissão do
diário com o registo das operações patrimoniais e financeiras. Existem programas de
contabilidade mais desenvolvidos que conseguem a integração da informação nas bases
de dados com outros programas como por exemplo com o programa de faturação,
processamento de salários e gestão de ativo imobilizado. Esta é uma funcionalidade
extremamente útil porque permite aos responsáveis pela área de contabilidade das
empresas minimizar o tempo de introdução de documentos.
Uma grande parte dos programas de contabilidade comerciais inclui os módulos da
contabilidade orçamental e analítica. A contabilidade orçamental tem como objetivo o
controlo e a execução do orçamento, ou seja, regista todas as previsões, pagamentos e
recebimentos. A contabilidade analítica tem como objetivo o controlo dos gastos e ganhos
por secções ou departamentos.
Um programa de contabilidade deve emitir as peças contabilísticas do final do exercício
previstas no SNC - balanço, demonstração de resultados e o anexo ao balanço e
demonstração de resultados.
Esta é a ferramenta indispensável ao gestor para a tomada de decisão no seu negócio e
para a maioria das PME é usada externamente, através de Técnicos Oficiais de
Contabilidade (TOC) ou gabinetes de contabilidade.
A já referida alteração do Plano Oficial de Contabilidade (POC) para o Sistema de
Normalização Contabilística (SNC) obrigou a alterações nos vários tipos de software
destinados à contabilidade. Também na sequência das imposições legais introduzidas pela
AT às empresas, relativamente à comunicação da faturação da empresa à AT, passou a ser
obrigatório que o software de contabilidade passasse a incluir o módulo para emissão de
ficheiro SAFT-PT (Decreto-Lei nº382/2012, publicado em Diário da República, 1ª série -
Nº 227 de 23 de novembro).
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
56
Vamos de seguida analisar algumas ferramentas de software para contabilidade de uma
PME - open source, gratuitas e comerciais - tentando, sempre que possível, referir-nos a
ferramentas que cumprem estas imposições legais.
5.3.1. Software open source para contabilidade
Vamos aqui analisar duas ferramentas de software open source para contabilidade de uma
PME disponibilizadas através da Internet – “GnuCash” e “Turbo Cash” ”, instalando-as
para avaliação apenas em ambiente Windows.
.
5.3.1.1. GnuCash
O software “GnuCash”, já descrito anteriormente (ver secção 5.2.1.1), é uma solução
também para contabilidade pessoal ou de pequenas empresas e, no que se relaciona com a
contabilidade, permite (www.gnucash.org):
Controlar contas bancárias;
Lançamento de receitas e despesas;
Gerar relatórios;
Gráficos;
Multi moeda;
Multiplataforma;
Transações agendadas;
Cálculos financeiros;
Quem pretender fazer modificações quer ao código fonte, quer à documentação basta
juntar-se à comunidade GnuCash em svn.gnucash.org/trac/browser/.
Esta ferramenta foi também testada no que se refere às suas funcionalidades para
contabilidade. Podemos assim dizer que, para esta área de apoio à gestão:
É uma ferramenta com uma interface intuitiva apesar de diferente do mais usual
neste tipo de ferramenta, uma vez que trabalha com contas e não com o SNC;
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
57
Permite importar dados existentes nos formatos .QIF e .OFX (os mais comuns em
arquivos de dados financeiros);
Permite gravar em formato xml, mysql, postgres e sqlite3;
Não emite o ficheiro SAFT-PT.
A Figura 19 mostra a interface do software para fazer importação de ficheiros.
Figura 19 - Interface do software para contabilidade “Gnucash”
Na Figura 19 podemos ver os tipos de ficheiros que a ferramenta permite fazer
importação.
5.3.1.2. Turbo Cash
A ferramenta “Turbo Cash” é um software de contabilidade gratuito e open source que
disponibiliza o seu código fonte sob a licença GNU GPL (www.turbocash.net).
É desenvolvida em linguagem PHP/5.2.13, uma linguagem de programação muito
utilizada para desenvolvimento Web já que permite ser incorporada em HyperText
Markup Language (HTML) (www.php.net). É desenvolvida a partir dos contributos de
muitos programadores através de muitos projetos compatíveis com o open source.
Quem quiser juntar-se à comunidade Turbo Cash deve começar por tornar-se membro da
Sourceforge em sourceforge.net/user/registration, e depois deve registar-se em
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
58
www.turbocashlive.com ou instalar a versão 4.51 ou superior. O registo irá dar um
número de série único que irá permitir identificar o programador.
Todos os conteúdos e dados, incluindo componentes criados pela comunidade são
propriedade dos detentores dos direitos de autor.
Tem como principais funcionalidades:
Lançamentos a débito/crédito;
Multiplataforma;
Multi moeda;
Balanços;
Documentação para utilizadores.
Após a sua instalação e utilização podemos ainda acrescentar as seguintes características
e funcionalidades:
É uma ferramenta de fácil instalação. Basta executar o ficheiro de instalação,
escolher as componentes que deseja instalar e seguir os passos apresentados pelo
assistente até que a instalação esteja concluída;
Permite instalação em mais de oitenta idiomas, entre eles o português;
Tem uma interface muito pouco intuitiva;
Disponibiliza alguma ajuda acerca da instalação e funcionamento;
Permite definir a moeda a utilizar;
Permite definir as contas a utilizar.
Na Figura 20 podemos ver a interface da ferramenta para registo de movimentos
contabilísticos.
Figura 20 – Registo de movimentos contabilísticos na ferramenta “Turbo Cash”
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
59
Depois de escolher o diário onde pretende efetuar os lançamentos, devem ser inseridas
linhas para efetuar os movimentos a débito ou a crédito, conforme ilustrado na Figura 20.
5.3.2. Software gratuito para contabilidade
Algumas PME e alguns Técnicos Oficiais de Contas (TOC), profissionais de
contabilidade que apoiam PME nesta área de apoio à gestão, procuram software de
contabilidade gratuito no intuito de minimizar os encargos com as TI.
Assim, vamos nesta secção analisar uma ferramenta de software gratuita para
contabilidade de uma PME “Gescom Contabil Express” ”, instalando-a para avaliação
apenas em ambiente Windows.
5.3.2.1. Gescom Contabil Express
A ferramenta “Gescom Contabil Express” é uma solução gratuita de contabilidade
disponibilizada pela empresa Inforlíder (website.inforlider.com). É compatível com o
Windows XP, Windows Vista, Windows 7, Windows 8 e Microsoft Office. Pode ser
instalada num número ilimitado de computadores e até em rede local
(website.inforlider.com).
As suas principais funcionalidades são (website.inforlider.com):
Lançamentos contabilísticos (a débito/crédito);
Criação de entidades;
Criação de contas no plano de contas;
Multiempresa;
Exportação de dados formatos do Microsoft Office, como Excel e Word;
Licença por tempo ilimitado.
Impõe limitação também nas funcionalidades, por exemplo, não faz integração com a
faturação e processamento de salários.
Permite fazer exportação para ficheiro SAFT-PT e está preparada para o SNC.
Permite instalação em português. O ficheiro executável é disponibilizado em
website.inforlider.com/produtos/. Devem ser indicados os dados solicitados pelo
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
60
assistente de instalação e, após receção do ficheiro executável, deve ser escolhida a
ferramenta que se pretende instalar. Deve então ser executado o ficheiro seguindo os
passos do assistente de instalação.
A Figura 21 mostra a interface da ferramenta para lançamento de movimentos
contabilísticos.
Figura 21 – Lançamento de movimentos contabilísticos na ferramenta “Gescom Contabil
Express”
Como mostra a Figura 21, nesta interface deve escolher o diário onde vai efetuar os
lançamentos contabilísticos e, linha a linha, efetuar esses mesmos lançamentos a débito
ou a crédito, consoante o caso.
5.3.3. Software comercial para contabilidade
Vamos agora analisar duas ferramentas de software comercial para contabilidade de uma
PME que cumprem as normas do SNC e efetuam a emissão do ficheiro SAFT-PT –
“Snc2010” e “Software de Contabilidade”.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
61
5.3.3.1. Snc2010
“Snc2010“ é uma solução para o processamento de contabilidade tal como é definido no
novo Sistema de Normalização Contabilística (SNC), disponibilizada de forma comercial
pela empresa Comograma (www.comograma.pt).
Segundo a empresa foi uma ferramenta desenvolvida com o objetivo de satisfazer a
organização e planificação contabilística e financeira de qualquer empresa, bem como
Técnicos Oficiais de Contas (TOC), Revisores Oficiais de Contas (ROC) e demais
profissionais das áreas contabilística, financeira e fiscal. Permite ainda a integração com
outras aplicações de gestão disponibilizadas pela empresa.
Tem como principais características:
Contabilidade geral, analítica e orçamental;
Integração de dados de outras aplicações de contabilidade;
Código de contas SNC já elaborado e pré-configurado;
Exportação automática de dados para qualquer mapa do Microsoft Excel;
Tabelas diversas já elaboradas e pré-configuradas;
Recolha de movimentos com lançamentos simples;
Lançamentos automáticos de apuramento de IVA.
Foi testada em ambiente empresarial, novamente com o apoio da empresa A CASCA,
onde pudemos verificar ser uma ferramenta com interface muito intuitivo de fácil
utilização. Cumpre as funcionalidades desejadas para este tipo de ferramenta e dispõe
ainda de funcionalidades acrescidas tais como suportes magnéticos para entrega online de
obrigações legais e fiscais. Cumpre as normas do SNC e emissão do ficheiro SAFT-PT.
Segundo informação da empresa recebida via e-mail, tem um custo de aquisição de
quinhentos euros acrescidos de IVA. Para quem quiser adquirir também a opção de mapas
(Anexo ao balanço e à Demostração de Resultados e IES) tem ainda mais o custo de
duzentos e cinquenta euros acrescidos de IVA.
A Figura 22 mostra a interface da ferramenta para iniciar o registo de movimentos
contabilísticos.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
62
Figura 22 - Interface do software comercial “Snc2010”
À semelhança das ferramentas gratuitas já analisadas, também aqui deve escolher o diário
onde serão efetuados os lançamentos e depois efetuá-los a débito ou a crédito, consoante
o caso.
5.3.3.2. Software de Contabilidade
A empresa CentralGest disponibiliza de forma comercial a ferramenta “Software de
Contabilidade” que, segundo a empresa, facilita bastante o processamento das tarefas
contabilísticas e “assegura a máxima eficiência na introdução dos lançamentos
contabilísticos e prepara com facilidade as obrigações fiscais” (www.centralgest.com).
Tem como principais funcionalidades:
Lançamento automático da ferramenta de faturação, disponibilizado pela empresa,
a partir do ficheiro SAFT-PT (importação);
Contabilidade geral, analítica e orçamental;
Declarações para cumprimento de obrigações fiscais;
Planos de contas flexíveis segundo as normais legais de cada organização;
Reflexão da contabilidade em múltiplas moedas e flutuações cambiais;
Mapas de gestão, rácios e indicadores financeiros.
O software faz parte de um pack, o “Pack Contabilidade”, que inclui as ferramentas de
contabilidade, recursos humanos, imobilizado e faturação, e tem um custo de seiscentos e
cinquenta euros acrescidos de IVA (www.centralgest.com). Foi visualizado um vídeo de
demonstração disponibilizado pela empresa (www.centralgest.com) onde se verifica que é
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
63
uma ferramenta com interface muito intuitivo e de fácil utilização. Cumpre as
funcionalidades desejadas para este tipo de ferramenta e dispõe ainda de funcionalidades
acrescidas tais como verificação da consistência de dados entre a contabilidade geral e a
contabilidade analítica. Cumpre as normas do SNC e emissão do ficheiro SAFT-PT.
A Figura 23 mostra a interface inicial da ferramenta.
Figura 23 - Interface do software comercial “Software de Contabilidade”
A partir desta interface pode escolher-se qual a tarefa contabilística que se pretende
realizar – Apuramento de IVA, Importação do ficheiro SAFT-PT, entre outras.
5.3.3.3. Gescom Contabil 2013
A empresa Inforlider disponibiliza de forma comercial a ferramenta para contabilidade
“Gescom Contabil 2013” que é, segundo a empresa, uma solução que integra a
contabilidade geral, analítica e orçamental e que está já preparada para SNC. A acrescer
às funcionalidades da versão gratuita, dispõe também de funcionalidades como
(website.inforlider.com):
Integração com outras áreas de apoio à gestão;
Alterar relatórios existentes ou desenhar novos;
Gráficos ou mapas personalizáveis;
Utilizar fórmulas matemáticas, por exemplo para calcular rácios.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
64
Segundo a loja online da empresa (ecommercedemo.inforlider.com/lojaonline/) esta
solução tem um custo de duzentos e noventa e oito euros e trinta e sete cêntimos
acrescidos de IVA para uma licença por tempo ilimitado.
A empresa disponibiliza um vídeo de demonstração que ajuda a fazer a análise da
ferramenta (website.inforlider.com).
5.3.4. Análise comparativa entre software open source, gratuito e
comercial para contabilidade
A Tabela 4 mostra a análise comparativa entre as soluções de software open source,
gratuito e comercial, analisadas nas secções anteriores, para contabilidade de uma PME.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
65
Tabela 4 - Análise comparativa de software para contabilidade
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
66
Foram consideradas sete funcionalidades como fundamentais para a área de contabilidade
de uma PME, confirmadas através do inquérito às empresas – “Lançamentos
contabilísticos (débito/crédito)”, “Criação de contas no plano de contas”, “Criação de
entidades”, “Criação de documentos”, “Exportação de dados para outros formatos”,
“Mapas de gestão” e “Mapas fiscais”.
Na Tabela 4 estão resumidas as funcionalidades de cada uma das ferramentas analisadas,
onde podemos verificar que as ferramentas open source “GnuCash” e “Turbo Cash”
apenas possuem três dessas oito funcionalidades “Lançamentos contabilísticos
(débito/crédito)”, “Criação de contas no plano de contas” e “Mapas de gestão”.
A ferramenta “GnuCash” tem funcionalidades para a contabilidade de uma pequena
empresa, desde que sejam criadas de raiz todas as contas necessárias para tal. Tem uma
interface intuitiva mas, por trabalhar com contas e não com o SNC, é diferente do mais
usual na maioria das soluções de contabilidade existentes de forma gratuita ou comercial.
A ferramenta “Turbo Cash” é também de fácil instalação, embora necessite de registo
para atribuir um número de série que nos irá identificar, e pode ser feita em mais de
oitenta idiomas. Disponibiliza alguma documentação mas apenas em inglês. Tem também
funcionalidades para a contabilidade de uma PME, desde que sejam criadas de raiz todas
as contas necessárias para tal. Tem uma interface muito pouco intuitiva
comparativamente com a maioria das soluções de contabilidade existentes de forma
gratuita ou comercial.
Nenhuma destas ferramentas está preparada para SNC nem faz a exportação para o
ficheiro SAFT-PT. Disponibilizam, no entanto, o seu código fonte o que permite a sua
modificação no sentido de introduzir as funcionalidades em falta. Antes disso não pode,
no contexto atual, ser usado para contabilidade de PME em Portugal.
Por ter uma interface mais intuitiva e disponibilizar manual de utilizador, consideramos a
ferramenta “GnuCash” a melhor escolha para ferramenta open source de software para
contabilidade.
A ferramenta gratuita “Gescom Contabil Express” cumpre cinco das sete funcionalidades
consideradas fundamentais. Não disponibiliza manual de utilização e não dá acesso ao
código fonte. Faz a exportação para o ficheiro SAFT-PT e está preparada para o SNC, o
que faz dela uma ferramenta gratuita válida para efetuar a contabilidade de uma PME.
Relativamente às três ferramentas comerciais analisadas – “Snc2010”, “Software de
Contabilidade” e “Gescom Contabil 2013”, todas disponibilizam manuais de utilização e
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
67
todas são licenciadas às empresas que as adquirem mas também todas têm custos de
aquisição e eventualmente de manutenção. Apenas a ferramenta “Snc2010” cumpre todas
as funcionalidades consideradas fundamentais para esta área de apoio à gestão e por isso
consideramos ser a melhor solução comercial para contabilidade de uma PME.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
69
5.4. Ferramentas de software para processamento de salários
Na área dos recursos humanos existem ferramentas de software para efetuar o
processamento de salários que têm como principal finalidade ajudar a organizar e
planificar os vencimentos dos colaboradores de uma empresa. Devem ainda ter a função
de organizar e controlar informações sobre os seus colaboradores, como dados pessoais, e
número de titulares, dependentes a cargo, etc..
As declarações à AT podem ser feitas diretamente no site da AT e as declarações à
Segurança Social, para empresas com menos de dez colaboradores, podem ser feitas
diretamente no site da Segurança Social. Ainda assim, um software de processamento de
salários deve criar um relatório da declaração de retenções na fonte IRS/IRC e imposto de
selo, da declaração de remunerações para a Segurança Social e para a AT e ainda a
declaração anual de rendimentos, para facilitar os gestores nas suas tarefas. Deve ainda
permitir a recolha de variáveis como os diversos tipos de faltas, horas extra,
remunerações, descontos.
Com a informação de todas as variáveis deve a ferramenta efetuar o processamento de
salários automaticamente e emitir os respetivos recibos de vencimento.
A folha de pagamentos é um resumo com a soma de todos os registos financeiros e é
também uma funcionalidade importante neste tipo de ferramenta, uma vez que mostra
todos os salários e encargos sociais da empresa.
O processamento de salários pode ser efetuado diretamente pela empresa mas no que se
refere a PME é, muitas das vezes, efetuado por profissionais de contabilidade
subcontratados.
Vamos na secção seguinte analisar algumas ferramentas de software para processamento
de salários de uma PME - open source, gratuitas e comerciais.
5.4.1. Software open source para processamento de salários
Na pesquisa que fizemos encontrámos algumas ferramentas de software open source com
a funcionalidade de folha de pagamentos mas nenhuma que fizesse a já referida recolha
de variáveis para processamento automático de salários e a emissão dos mapas legais e
fiscais. Vamos de seguida analisar uma ferramenta de software open source
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
70
disponibilizada através da Internet – “GnuCash”, instalando-a para avaliação apenas em
ambiente Windows.
.
5.4.1.1. GnuCash
A ferramenta “GnuCash” permite efetuar o pagamento de salários aos colaboradores de
uma empresa mas este processamento terá de ser feito de forma manual uma vez que a
ferramenta não dispõe de funcionalidades para a introdução das variáveis necessárias ao
processamento automático dos salários, como por exemplo o estado civil e o número de
dependentes a cargo para cálculo de imposto sobre os rendimentos (IRS). Não dispõe
também, por exemplo, das tabelas de IRS para cálculos automáticos de deduções. Ainda
assim, permite fazer a folha de pagamentos, mas não emite os mapas para a AT e
Segurança Social.
É, no entanto, uma ferramenta que disponibiliza o seu código fonte podendo assim ser
modificada para incluir estas funcionalidades.
A Figura 24 mostra a interface da ferramenta para efetuar o processamento de pagamento
a colaboradores.
Figura 24 – Processamento de pagamento na ferramenta “GnuCash”
Para efetuar o pagamento, deve inserir os dados do colaborador em causa, o montante a
pagar e a conta onde pretende que fique registada a transação, como se pode ver na Figura
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
71
24. O campo “Voucher” refere-se a eventuais vales que o colaborador possua, como por
exemplo adiantamento de vencimento.
5.4.2. Software gratuito para processamento de salários
Nesta secção vamos analisar duas soluções gratuitas para processamento de salários -
“Time Process” e “Gescom Salários Express”, instalando-as para avaliação apenas em
ambiente Windows.
5.4.2.1. Time Process
A empresa AClogik Lda., disponibiliza de forma gratuita o software de processamento de
salários “Time Process”, com motor de base de dados em Microsoft Access e que é,
segundo a empresa, uma aplicação com uma interface simples e agradável, que permite
processar de forma fácil os salários de parte ou de todos os colaboradores da empresa
(www.aclogik.com).
Tem como principais funcionalidades:
Recolha de variáveis para processamento automático de salários;
Emissão de cheques / Transferências bancárias;
Exportador do quadro de pessoal;
Exportador para a Segurança Social;
Gestão de remunerações;
Multiutilizador;
Multiempresa;
Multiposto.
Os exportadores facilitam as entregas obrigatórias de informação às respetivas entidades.
Os requisitos mínimos são:
Sistema operativo Windows XP SP2 ou Vista;
Processador Pentium 4 3.0GHz / Centrino 1.4GHz;
50MB de espaço livre em disco;
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
72
512MB de memória RAM (recomendado 1GB).
Dispõe de manual de utilizador em português e ficheiro de instalação em
www.aclogik.com/software/software.html mas, à semelhança da ferramenta gratuita de
faturação distribuída pela mesma empresa, não foi possível instalar por dar um erro de
instalação e não ter sido possível estabelecer o contacto com a empresa.
A Figura 25 mostra o erro resultante do download.
Figura 25 - Erro de instalação do software "Time Process"
5.4.2.2. Gescom Salários Express
O “Gescom Salários Express” é uma solução gratuita de software para processamento de
salários, disponibilizada de forma gratuita pela empresa Inforlíder, está disponível
também para Windows 8 e integra-se com a solução gratuita para contabilidade
disponibilizada pela mesma empresa (website.inforlider.com).
Algumas das suas funcionalidades são:
Recolha de variáveis diversas para processamento automático de salários;
Mapas de férias;
Mapas oficiais que incluem os de informações obrigatórias às respetivas
entidades;
Multiempresa;
Exportação de dados para quase todos os formatos do Office;
Possibilidade de adquirir assistência técnica, formação e serviços especializados;
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
73
Dados compatíveis com a sua versão comercial.
Não tem limitação do tempo de uso, no entanto esta versão gratuita apenas admite um
máximo de cinco colaboradores por empresa.
A sua instalação está disponível em website.inforlider.com/produtos/. Para efetuar a
instalação devem ser indicados os dados solicitados pelo assistente de instalação e, após
receção do ficheiro executável, escolher a ferramenta que se pretende instalar. Depois
disso deve executar o ficheiro e seguir os passos do assistente de instalação.
Na Figura 26 podemos ver a interface da ferramenta para a criação da ficha de um
colaborador.
Figura 26 – Criação de ficha de funcionário na ferramenta “Gescom Salários Express”
Para preencher a ficha de colaborador deve indicar toda a informação do colaborador
relevante para o processamento do salário, como mostra a Figura 26.
5.4.3. Software comercial para processamento de salários
Nesta secção vamos analisar três soluções comerciais para processamento de salários de
uma PME – “Time Process”, “Gescom Salários 2013” e “Sal2011”.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
74
5.4.3.1. Time Process
A empresa AClogik Lda. dispõe também de uma solução comercial para processamento
de salários, também ela designada de “Time Process” mas com motor de base de dados
em SQL Server e que contém todas as funcionalidades da versão gratuita acrescidas de
mais algumas, tais como:
Mapa de vencimentos por colaborador para os lançamentos na contabilidade;
Gestão de acessos através de perfis de utilizador.
Nesta versão, as funcionalidades multiempresa, multiutilizador e multiposto estão
condicionadas à obtenção de uma licença por empresa.
Se for TOC e tiver uma licença válida para a solução “Time Conta” poderá utilizar esta
versão de forma gratuita.
Apesar das várias tentativas de contacto com a empresa, tal não se concretizou, pelo que
não foi possível apurar os custos de licenciamento da ferramenta.
5.4.3.2. Gescom Salários 2013
A Inforlíder disponibiliza de forma comercial a solução “Gescom Salários 2013”, uma
solução também ela disponível para Windows 8, com as mesmas funcionalidades da
versão gratuita mas sem limitação no que se refere ao número de colaboradores por
empresa.
Segundo a loja online da empresa (ecommercedemo.inforlider.com/lojaonline/) esta
solução tem um custo duzentos e noventa e oito euros e trinta e sete cêntimos acrescidos
de IVA para uma licença por tempo ilimitado.
5.4.3.3. Sal2011
“Sal2011 “é uma solução para o processamento de salários e outro tipo de rendimentos,
bem como a gestão de recursos humanos, disponibilizada de forma comercial pela
empresa Comograma (www.comograma.pt).
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
75
Segundo a empresa foi uma ferramenta desenvolvida com o objetivo de satisfazer a
organização e planificação dos vencimentos dos quadros de qualquer empresa, bem como
TOC, ROC e demais profissionais da área dos recursos humanos. Permite fazer a gestão
declarativa e fiscal à AT e à Segurança Social. Permite ainda a integração com outras
aplicações de gestão disponibilizadas pela empresa.
Tem como principais características:
Recolha de variáveis diversas para processamento automático de salários;
Registo de dados de colaborador;
Registo de movimentos diários, fixos, mensais;
Mapas legais e fiscais;
Multiutilizador;
Exportação de listagens e mapas para os formatos pdf, xls e rtf;
Geração automática de documentos para Word, como por exemplo contratos;
Atualização automática das taxas de IRS através da Internet.
Segundo informação da empresa recebida via e-mail, tem um custo de aquisição de
quinhentos euros acrescidos de IVA. Foi possível testá-la também em ambiente
empresarial real de onde pudemos verificar ser uma ferramenta com interface muito
intuitivo e de fácil utilização. Cumpre as funcionalidades desejadas para este tipo de
ferramenta e dispõe ainda de funcionalidades acrescidas tais como opção para alteração
automática de vencimentos por percentagem.
A Figura 27 mostra a interface da ferramenta para criação da ficha de funcionário.
Figura 27 – Criação da ficha de funcionário na ferramenta comercial “Sal2011”
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
76
Na ficha mostra na Figura 27, podemos ver os campos que devem ser preenchidos com os
dados de cada funcionário, relevantes para o processamento do seu salário, como por
exemplo o número de dependentes a cargo, os dados fiscais, entre outros.
5.4.4. Análise comparativa entre software open source, gratuito e
comercial para processamento de salários
A Tabela 5 mostra a análise comparativa entre as soluções de software open source,
gratuito e comercial, analisadas para processamento de salários de uma PME.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
77
Tabela 5 – Análise comparativa de software para processamento de salários
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
78
Foram consideradas cinco funcionalidades como fundamentais para a área de
processamento de salários de uma PME, confirmadas através do inquérito às empresas –
“Processamento de salários”, “Recolha de variáveis”, “Folha de pagamentos”,
“Exportação de dados para outros formatos” e “Mapas para entidades”.
A ferramenta open source “GnuCash”, dispõe de duas dessas cinco funcionalidades –
“Processamento de salários” e “Folha de pagamentos”. Não faz recolha de variáveis e por
isso também não faz o processamento automático de salários. Também não emite os
mapas legais para as entidades. Por disponibilizar o seu código fonte pode ser modificada
no sentido de cumprir as funcionalidades consideradas fundamentais para esta área do
apoio à gestão de uma PME.
Relativamente às duas ferramentas gratuitas analisadas – “Time Process” e “Gescom
Salários Express”, apenas a ferramenta “Time Process” disponibiliza manual de utilização
e nenhuma dá acesso ao código fonte, pelo que não poderão ser modificadas para que
possam ser adaptadas a eventuais necessidades das empresas. Apenas a ferramenta
“Gescom Salários Express” disponibiliza as cinco funcionalidades consideradas
fundamentais, pelo que consideramos ser esta a melhor ferramenta gratuita para
processamento de salários de uma PME.
Finalmente, no que se refere às três ferramentas comerciais analisadas – “Time Process”,
“Gescom Salários 2013” e “Sal2011”, apenas a ferramenta “Time Process” não
disponibiliza todas as funcionalidades. Todas são licenciadas às empresas que as
adquirem e todas têm custos de aquisição e eventualmente de manutenção. A ferramenta
“Gescom Salários 2013” não disponibiliza manual de utilizador.
Por cumprir o maior numero de funcionalidades, consideramos a melhor solução
comercial para processamento de salários a ferramenta “Sal2011”.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
79
5.5. Ferramentas de software para gestão de ativo imobilizado
Existem bens e direitos que uma empresa necessita para funcionar como terrenos,
edifícios, máquinas, computadores, marcas, etc. Esses bens denominam-se de bens
imobilizados. O registo contabilístico desses bens é feito numa conta denominada de
“Ativo Imobilizado”.
Um software de gestão de imobilizado é uma importante ferramenta na gestão do
património de uma empresa, para que possa ser tratado todo o ciclo de vida dos bens
imobilizados e ser feita a sua avaliação em termos financeiros.
Com o decorrer do tempo esses bens desgastam-se e podem até perder utilidade e por isso
sofrem desvalorizações, tendo um tempo de vida útil limitado e previsível. A depreciação
é o método para quantificar esses bens ao longo do tempo de vida útil. Esse valor deve ir
sendo amortizado ao valor inicial do bem até ao final da sua vida útil.
Um software de gestão de ativo imobilizado deve permitir efetuar o registo dos bens
imobilizados e efetuar os cálculos de depreciações. Deve ainda incluir os mapas de
amortizações e depreciações que devem estar de acordo com a legislação em vigor,
segundo a Portaria nº 94/2013 (Diário da República, 1.ª série - N.º 44 de 4 de março de
2013).
A gestão de ativo imobilizado de PME é, habitualmente, realizada pelos gabinetes de
contabilidade, externos às empresas.
Na secção seguinte iremos analisar algumas ferramentas de software para gestão de ativo
imobilizado de uma PME - open source e comerciais.
5.5.1. Software open source para gestão de ativo imobilizado
Existem algumas ferramentas open source que permitem controlar os bens de ativo
imobilizado. Vamos na secção seguinte descrever e analisar duas dessas ferramentas –
“GnuCash” e “Fixed Assets Pro”, instalando-as para avaliação apenas em ambiente
Windows..
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
80
5.5.1.1. GnuCash
A ferramenta “GnuCash” permite separar por contas os bens de ativo imobilizado e as
respetivas despesas de depreciação. Assim será possível visualizar os valores de despesas
com os bens através de relatório de ativos.
No entanto, todo este processo terá de ser feito de formal manual o pode tornar-se
impraticável para algumas empresas. Também não emite os mapas de amortizações e
depreciações de acordo com a legislação em vigor em Portugal.
Contudo, disponibiliza o seu código fonte, permitindo assim ser adaptada às necessidades
e obrigatoriedades.
A mostra Figura 28 a interface da ferramenta depois de lançado um bem ativo
imobilizado.
Figura 28 – Interface para visualização de contas na ferramenta “GnuCash”
Na Figura 28 podemos ver o resumo de todas as contas onde, depois de ter sido lançada a
compra de um computador, se pode ver o custo do bem e as respetivas despesas de
depreciação.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
81
5.5.1.2. Fixed Assets Pro (Excel)
A solução “Fixed Assets Pro” é uma ferramenta open source, licenciada sob a licença
GNU GPL, baseada em Excel, que permite efetuar o registo detalhado de ativo
imobilizado e o cálculo das respetivas depreciações.
Algumas das suas funcionalidades são (sourceforge.net):
Seis categorias de ativos;
Três métodos de depreciação;
Sete centros de custo/departamentos, para atribuição da despesa;
Macros para adicionar/excluir bens;
Relatórios detalhados de ativos e depreciações.
A ferramenta está disponível para download em
sourceforge.net/projects/fixedassets/?source=directory e não requer instalação. Apenas é
necessário descompactar o ficheiro e executá-lo.
Tem uma interface de muito simples utilização e disponibiliza manual de utilização em
inglês.
Elabora, efetivamente, relatório de ativos e depreciações mas não de acordo com a
legislação nacional. Esta ferramenta permite a sua edição podendo assim ser adaptada às
imposições.
A Figura 29 mostra um relatório de depreciações.
Figura 29 – Relatório de Depreciações na ferramenta “Fixed Assets Pro”
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
82
No relatório mostrado na Figura 29, é possível consultar os bens de ativo imobilizado que
a empresa possui e as respetivas depreciações anuais.
5.5.2. Software gratuito para gestão de ativo imobilizado
Nas pesquisas que efetuámos não foram encontradas ferramentas de software gratuitas
para gestão de ativo imobilizado de uma PME.
5.5.3. Software comercial para gestão de ativo imobilizado
Vamos aqui analisar duas soluções comerciais de software para gestão de imobilizado de
uma PME - “Imo2010” e “Gestão de Ativos”.
5.5.3.1. Imo2010
“Imo2010 “é uma solução para a gestão de imobilizado de qualquer empresa,
disponibilizada de forma comercial pela empresa Comograma (www.comograma.pt).
Segundo a empresa foi uma ferramenta desenvolvida com o objetivo de satisfazer as
exigências legais desta área. Possibilita a integração com a aplicação de contabilidade
“Snc2010”, da mesma empresa. Tem como principais características:
Identificação e descrição do bem;
Reavaliações;
Centros de custo;
Amortizações;
Alienações e abates;
Emissão de todos os mapas fiscais de amortizações;
Gestão de mais-valias reinvestidas;
Listagens de estatísticas;
Extratos de bens;
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
83
Abertura automática do bem no plano de contas do programa de contabilidade
geral “Snc2010”, com imputação direta na contabilidade;
Ligação à faturação (Fac2011) para identificação do documento de venda.
Segundo informação da empresa recebida via e-mail, tem um custo de aquisição de
quinhentos euros acrescidos de IVA. Ainda esta ferramenta foi avaliada em ambiente
empresarial real e foi possível concluir ser uma ferramenta com interface muito intuitivo
de fácil utilização. Cumpre as funcionalidades desejadas para este tipo de ferramenta e
dispõe ainda de funcionalidades acrescidas tais como alertas de término de apólices de
seguros e de garantias de bens. Emite os mapas de amortizações e depreciações segundo a
legislação em vigor.
Na Figura 30 podemos ver o interface da ferramenta para criação de uma ficha de um
bem imobilizado.
Figura 30 – Criação de uma ficha de bem imobilizado na ferramenta “Imo2010”
Na Figura 30 podemos ver a ficha para inserir um bem de ativo imobilizado, onde devem
ser inseridos todos os dados do bem, como a sua descrição, a data de aquisição, o código
de amortização que define o número de anos de vida útil do bem, o valor da aquisição,
etc..
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
84
5.5.3.2. Gestão de Ativos
A empresa CentralGest disponibiliza a solução “Gestão de Ativos” que permite gerir
operações relacionadas com ativos imobilizados de uma PME, e tem funcionalidades
como (www.centralgest.com):
Gestão do património novo e usado;
Integração na contabilidade;
Processamento de depreciações/amortizações contabilísticas e fiscais em
separado;
Processamento por centros de custo;
Revalorizações, reversões e imparidades;
Cálculo e simulação de processamentos;
Controlo total das vendas, sinistros e abates;
Análises das mais e menos valias contabilísticas e fiscais;
Mapas legais e fiscais.
O software faz parte do “Pack Contabilidade” (ver secção 5.3.3.2) que tem um custo de
seiscentos e cinquenta euros acrescidos de IVA (www.centralgest.com). Para além das
pesquisas efetuadas foi visualizado um vídeo de demonstração disponibilizado pela
empresa onde se verifica ser uma ferramenta com interface muito intuitivo de muito fácil
utilização. Cumpre as funcionalidades desejadas para este tipo de ferramenta e dispõe
ainda de funcionalidades acrescidas como por exemplo importações do ficheiro SAFT-PT
entre aplicações da mesma empresa. Emite os mapas de amortizações e depreciações
segundo a legislação em vigor.
Na Figura 31 podemos ver a interface inicial da ferramenta.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
85
Figura 31 - Interface do software “Gestão de Ativos”
Na Figura 31 pode ver-se a interface da ferramenta onde se deve selecionar a
funcionalidade que se pretende usar, como por exemplo cálculo de amortizações ou
manutenção de bens de investimento.
5.5.4. Análise comparativa entre software open source e comercial
para gestão de ativo imobilizado
A Tabela 6 mostra a análise comparativa entre as soluções de software open source e
comercial, analisadas para gestão de ativo imobilizado de uma PME.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
86
Tabela 6 – Análise comparativa de software para gestão de ativo imobilizado
Funcionalidades
Open Source Comercial
GnuCash Fixed Assets Pro Imo2010 Gestão de Ativos
Gestão de património
Depreciações/Amortizações
Processamento por centros de custo
Revalorizações, reversões, imparidades
Relatórios
Mapas legais e fiscais
Licenciado à empresa
Gratuito
Manual de utilizador
Acesso ao código fonte
Foram consideradas seis funcionalidades como fundamentais para a área de gestão de
ativo imobilizado, confirmadas através do inquérito às empresas – “Gestão de
património”, “Depreciações/Amortizações”, “Processamento por centros de custo”,
“Revalorizações, reversões, imparidades”, “Relatórios” e “Mapas legais e fiscais”.
A ferramenta open source “GnuCash”, dispõe de duas dessas funcionalidades –
“Depreciações/Amortizações” e “Relatórios”. As depreciações e amortizações têm de ser
feitas de forma manual o que consideramos impraticável para a boa gestão do património
de uma PME e também não emite os mapas legais e fiscais. Por disponibilizar o seu
código fonte pode ser modificada no sentido de cumprir as funcionalidades consideradas
fundamentais esta área de trabalho.
A ferramenta open source “Fixed Assets Pro” para além das funcionalidades de
“Depreciações/Amortizações” e “Relatórios”, cumpre também a funcionalidade
“Processamento por centros de custo”. É uma ferramenta desenvolvida em Excel podendo
assim ser facilmente adaptada.
Tal como se encontram, nenhuma das soluções open source emite os mapas legais e
fiscais de acordo com a legislação vigente.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
87
Por cumprir o maior número de funcionalidades, consideramos a ferramenta open source
“Fixed Assets Pro” a mais adequada para a área de gestão de ativo imobilizado, podendo
ser utilizadas pelas empresas caso seja adaptada às imposições da legislação nacional.
Relativamente às duas ferramentas comerciais analisadas – “Imo2010” e “Gestão de
Ativos”, ambas cumprem todas as funcionalidades e são ferramentas equivalentes a esse
nível. Assim consideramos qualquer uma delas, uma ferramenta capaz de satisfazer as
necessidades de uma PME para a área de gestão de ativo imobilizado.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
88
5.6. Outras ferramentas de apoio à gestão
Na proposta de projeto foram dadas como exemplo outras ferramentas de software open
source para contabilidade de uma PME. As ferramentas “SQL-Ledger”, “XTuple
PostBooks” e “Compiere” são efetivamente ferramentas open source que incluem não só
o módulo de contabilidade mas também outros módulos para apoio à gestão integrados
numa única aplicação. Este tipo de ferramentas é denominado de Enterprise Resource
Planning (ERP) ou, em português Sistemas Integrados de Gestão (SIG).
Também a ferramenta “OpenERP” é uma solução ERP open source que ganhou o prémio
Bossie 2013 para “A melhor aplicação open source”, pelo segundo ano consecutivo
(www.openerp.com).
Ainda assim e apesar destas ferramentas, de certa forma, facilitarem a agilização entre
processos uma vez que estão todos num único sistema, são também ferramentas
habitualmente de maior dificuldade de instalação, formação e manutenção, considerando
que, numa fase de início de atividade, as PME devem usar ferramentas de software
independentes para cada uma das áreas de apoio à gestão do seu negócio e, eventualmente
mais tarde, tentar a sua integração (Breternitz, 2004). Optámos, por isso, por não as
instalar mas vamos descrevê-las para fazer uma breve análise das suas funcionalidades.
5.6.1. SQL-Ledger
De acordo com (www.sql-ledger.com), o “SQL-Ledger” é um sistema ERP open source
que corre em plataformas Windows, Mac e Unix. Escrito em linguagem perl, uma
linguagem multiplataforma, eficiente e versátil (www.perl.org), com motor de base de
dados PostgreSQL (www.postgresql.org).
Ainda de acordo com (www.sql-ledger.com) tem uma interface intuitiva mas não é de
fácil utilização, precisando o utilizador de ter conhecimentos básicos para conseguir
trabalhar com a ferramenta. Está disponível para download em http://www.sql-
ledger.com/cgi-bin/nav.pl?page=source/index.html&title=Download e apesar de ser
considerada no site como uma ferramenta de fácil instalação, de acordo com o guia de
instalação disponibilizado achamos ser uma ferramenta que já obriga a alguns
conhecimentos informáticos para ser instalada corretamente.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
89
Tem funcionalidades nas áreas de faturação, contabilidade e processamento de salários.
Na área de faturação tem funcionalidades como:
Gestão de clientes;
Gestão de fornecedores;
Gestão de stocks;
Multi utilizador;
Multiempresa
Multi moeda;
Impostos personalizáveis;
Relatórios personalizáveis;
POS.
Na área de contabilidade tem funcionalidades como:
Plano de contas configurável;
Relatórios personalizáveis;
Demostrações financeiras;
Exportação para outros formatos;
Importação de ficheiros.
Na área de processamento de salários tem funcionalidades como:
Definição de salários e deduções;
Relatórios detalhados para os funcionários;
Folha de pagamento;
Controle de ponto por registo de cartões.
Disponibiliza manual e suporte técnico mas não gratuitamente. Disponibiliza ainda
versões demostração em http://four.e-accountant.net.
5.6.2. XTuple PostBooks
“XTuple PostBooks” é um sistema ERP open source para apoio à gestão, construído em
linguagem C++, com motor de base de dados PostgreSQL (www.xtuple.com/postbooks).
Tem funcionalidades nas áreas de faturação e contabilidade.
Na área de faturação tem funcionalidades como:
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
90
Gestão de clientes;
Gestão de fornecedores;
Multi moeda;
Relatórios personalizáveis.
Na área de contabilidade tem funcionalidade como:
Lançamentos contabilísticos;
Relatórios financeiros.
Está disponível para download em http://www.xtuple.com/get-xtuple-erp. Pela pesquisa
efetuada consideramos ser de fácil instalação e disponibiliza suporte documental gratuito
online em http://www.xtuple.org/docs/reference-guide. Disponibiliza também suporte
documental em formato .pdf de forma comercial.
5.6.3. Compiere
“Compiere” é um sistema ERP open source que permite também trabalhar na “nuvem”,
podendo assim não necessitar de investimento em hardware.
A “nuvem” (cloud computing) é uma expressão usada para descrever um conjunto de
computadores ligados em tempo real com a Internet. O serviço, embora possa parecer
fornecido pelo hardware do servidor real, na realidade é fornecido pelo hardware do
servidor virtual, simulado pelo software da máquina real.
Segundo o site da empresa, é uma ferramenta fácil de implementar porque pode ser usado
numa grande variedade de plataformas, sistemas operativos, bases de dados e
navegadores. Foi nomeado para o prémio Bossie como “A melhor aplicação open source”
em 2008 e 2009.
Está disponível para download em http://www.compiere.com/products/free-erp-trials-
downloads/index.php.
Tem funcionalidade de “Vendas, “Gestão de Stocks”, “POS” e “Relatórios” na área de
faturação e disponibiliza documentação de forma não gratuita.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
91
5.6.4. OpenERP
“OpenERP” é um sistema ERP open source para apoio à gestão, construído com motor de
base de dados PostgreSQL (www.openerp.com).
Está disponível para download em https://www.openerp.com/start?download.
Este ERP foi instalado e podemos dizer que é de fácil instalação e utilização e dispõem de
diversos módulos para apoio à gestão.
Na área de faturação tem módulos como “Faturação e pagamentos”, “Ponto de venda”,
“Gestão de compras” e “Gestão de vendas”. Na área de contabilidade tem o módulo de
“Contabilidade e finanças”.
Dispõe também de módulos para gestão de recursos humanos, como “Lista de
colaboradores”, “Folha de horas”, “Avaliação de funcionários” e “Processo de
recrutamento”, mas não para o processamento de salários.
5.6.5. Análise comparativa das ferramentas ERP para apoio à gestão
Vamos nesta secção fazer a análise comparativa entre as ferramentas ERP de apoio à
gestão anteriormente analisadas. Essa análise pode ser vista na Tabela 7.
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
92
Tabela 7 – Análise comparativa entre ferramentas ERP
Funcionalidades SQL-Ledger
XTuple
PostBooks
Compiere OpenERP
Fatu
raçã
o
Vendas
Gestão de stocks
Conta corrente de clientes
Conta corrente de fornecedores
Tesouraria
Relatórios mensais/trimestrais
Mapas fiscais
Con
tab
ilid
ad
e
Lançamentos contabilísticos (débito/crédito)
Criação de contas no plano de contas
Criação de entidades
Criação de documentos
Mapas de gestão
Mapas fiscais
Pro
cess
am
ento
de
Salá
rios
Processamento de salários
Mapas para entidades
Recolha de variáveis
Folha de pagamento
Exportação de dados para outros formatos
Licenciado à empresa
Integração com outras áreas de apoio à gestão
Gratuito
Manual de utilizador (não gratuito)
Acesso ao código fonte
CAPÍTULO 5 FERRAMENTAS DE SOFTWARE DE APOIO À GESTÃO
93
Das quatro ferramentas de software open source ERP aqui analisadas, nenhuma cumpre
as imposições legais em vigor para as empresas nacionais e também nenhuma tem
funcionalidades para a área de gestão de ativo imobilizado. A ferramenta “SQL-Ledger”
cumpre funcionalidades em três das áreas de apoio à gestão consideradas essenciais –
faturação, contabilidade e processamento de salários, pelo que, caso seja modificada no
sentido de cumprir as imposições legais, poderá ser uma ferramenta usada pelas empresas
para o apoio à gestão dos seus negócios.
CAPÍTULO 6 ESTUDO DE CASO
95
6. ESTUDO DE CASO
O presente estudo de caso tem como objetivo a análise comparativa entre software
comercial e software gratuito em simulação empresarial.
A empresa A CASCA - Accounting & Consulting, Lda” (A CASCA) aceitou o pedido de
colaboração no presente estudo. A CASCA é uma empresa que presta serviços de
consultadoria a PME, nomeadamente o apoio à gestão de PME (contabilidade,
fiscalidade, apoio nas decisões de investimento e financiamento e a elaboração de
projetos de investimentos).
O portfólio de clientes é composto por microempresas e pequenas empresas com volume
de negócios que variam entre os 50.000,00€ e 1.000.000,00€ com número médio de cinco
colaboradores. Atualmente os clientes estão sediados no distrito de Coimbra mais
precisamente nos concelhos de Lousã, Oliveira do Hospital e Coimbra, tendo a empresa
escritórios nestes três concelhos. O quadro de pessoal é constituído por um administrativo
e dois colaboradores em outsourcing.
A empresa A CASCA no desenvolvimento da sua atividade utiliza o software comercial
da empresa Comograma, designados por “Fac2011”, “Snc2010”, “Sal2011” e “Imo2010”,
para as áreas de faturação, contabilidade, processamento de salários e gestão de ativo
imobilizado, respetivamente.
Para a realização da análise comparativa com o software da Comograma selecionámos o
software gratuito da empresa Gescom com o software “Gescom Enterprise Express”,
“Gescom Contabil Express” e “Gescom Salários Express”, para as áreas de faturação,
contabilidade e processamento de salários, respetivamente.
A empresa Gescom não tem disponível um software de registo de ativo imobilizado com
licença gratuita pelo que não vamos analisar o software “Imo2010” da empresa
Comograma. Assim vamos efetuar a análise comparativa às ferramentas conforme
correspondência indicada na Tabela 8.
CAPÍTULO 6 ESTUDO DE CASO
96
Tabela 8 - Ferramentas a avaliar
Comograma Gescom
Faturação Fac2011 Gescom Enterprise Express
Contabilidade Snc2010 Gescom Contabil Express
Processamento de salários Sal2011 Gescom Salários Express
A instalação das ferramentas foi feita num computador portátil da empresa com
processador Pentium Dual-Core 2GHz, 4GB memória RAM, 300GB de disco e sistema
operativo Windows 7 Service Pack 1. A avaliação das ferramentas foi feita pela
administrativa que colabora com a empresa.
Para a análise comparativa tiveram de ser criadas as bases de dados nas ferramentas de
software da empresa Gescom. No software da empresa Comograma já existiam as bases
de dados utilizadas pela empresa A CASCA.
Depois da sua utilização e análise verificou-se que:
Relativamente à ferramenta para faturação “Gescom Enterprise Express”, apesar
de não disponibilizar as funcionalidades de “Gestão de contas correntes de
fornecedores” e “Tesouraria”, a administrativa da empresa A CASCA que avaliou
o software, considerou que cumpre as funcionalidades essenciais a este tipo de
ferramenta, podendo por isso ser uma alternativa à ferramenta comercial
“Fac2011” utilizada pela empresa A CASCA. A ferramenta para faturação
“Fac2011” também não disponibiliza a funcionalidade de “Tesouraria”;
A ferramenta de contabilidade “Gescom Contabil Express”, não disponibiliza as
funcionalidades “Criação de entidades” e “Criação de documentos”. Regista os
movimentos contabilísticos e emite o ficheiro SAFT-PT. O plano de contas
disponível na pré-configuração está de acordo com o SNC. Considerou-se assim
que dispõe das pré-configurações suficientes para começar a introdução dos
registos contabilísticos, podendo ser também uma alternativa à ferramenta
comercial “Snc2010” utilizada pela empresa;
A ferramenta de processamento de salários “Gescom Salários Express”, cumpre
também as funcionalidades essenciais para este tipo de ferramenta mas limita o
número de funcionários a cinco. Neste momento, porque a empresa A CASCA
CAPÍTULO 6 ESTUDO DE CASO
97
tem apenas um gerente, um administrativo e dois colaboradores em outsourcing,
pode ainda ser uma alternativa válida à ferramenta comercial usada pela empresa,
mas pode limitar o seu crescimento;
As ferramentas “Gescom Enterprise Express” e “Gescom Contabil Express” nas
suas versões gratuitas não dispõem da funcionalidade de integração entre as
ferramentas. As ferramentas comerciais da Comograma usadas pela empresa
dispõem todas dessa funcionalidade. Testámos esta funcionalidade porque otimiza
o trabalho, não só pelo menor tempo despendido nas tarefas como pela redução da
probabilidade de inconsistência de informação entre as ferramentas;
Tanto as ferramentas gratuitas da Gescom como o software comercial da
Comograma exportam a informação e os relatórios para outros formatos como
Excel e Word;
Solicitámos o apoio técnico na configuração do plano de contas no software de
contabilidade nas duas empresas no software – “Snc2010” e “Gescom Contabil
Express”. Verificamos total disponibilidade, de ambas as empresas, de assistência
remota após a celebração de um contrato de assistência ou o pagamento por cada
hora despendida na assistência;
Como estamos perante bases de dados de pequenas dimensões o acesso à
informação é muito rápido não existindo diferenças significativas entre as
ferramentas analisadas;
Segundo informação da empresa, as bases de dados da empresa Gescom no
software gratuito podem ser migradas para o software de licença comercial da
mesma empresa.
A Tabela 9 mostra a avaliação dada a cada funcionalidade em cada uma das ferramentas
avaliadas. A avaliação foi feita de um a cinco (1 a 5), sendo “1” o menos satisfatório e
“5” o mais satisfatório.
CAPÍTULO 6 ESTUDO DE CASO
98
Tabela 9 – Avaliação das ferramentas avaliadas
Gescom Comograma
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Fatu
raçã
o
Vendas X X
Gestão de stocks X X
Gestão de contas correntes de clientes X X
Gestão de contas correntes de
fornecedores X
Tesouraria
Exportação de dados para outros
formatos X X
Relatórios X X
Mapas fiscais X X
Con
tab
ilid
ad
e
Lançamentos contabilísticos X X
Criação de contas no plano de contas X X
Criação de entidades X
Criação de documentos X
Exportação de dados para outros
formatos X X
Mapas de gestão X X
Mapas fiscais X X
Pro
cess
am
ento
de
salá
rios
Processamento de salários X X
Recolha de variáveis X X
Folha de pagamentos X X
Exportação de dados para outros
formatos X X
Mapas para entidades X X
CAPÍTULO 6 ESTUDO DE CASO
99
As ferramentas avaliadas são muito semelhantes em termos das que se consideraram ser
as principais funcionalidades para este tipo de ferramentas nas respetivas áreas, o que nos
leva a concluir que todas as ferramentas de software gratuito da empresa Gescom aqui
avaliadas podem ser uma alternativa válida ao software de licença comercial da
Comograma para esta empresa, neste momento.
CAPÍTULO 7 CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
101
7. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
As ferramentas de apoio à gestão permitem que as empresas agilizem as operações e
processos que, em Portugal, têm que estar em conformidade com as imposições legais da
Autoridade Tributária. Estas ferramentas permitem também obter informações financeiras
mais precisas, podendo deste modo melhorar o planeamento e análise estratégica do
negócio.
Quando uma empresa tem que decidir sobre o software a adquirir deve ter em atenção as
vantagens e desvantagens de cada um dos tipos de software, bem como as necessidades
específicas da empresa, a sua situação financeira e a sua capacidade de investimento e
manutenção.
Neste trabalho comparámos ferramentas de software open source, gratuitas e comerciais
para apoio à gestão de PME, no sentido de avaliar se as ferramentas open source e
gratuitas seriam uma alternativa válida às ferramentas comerciais disponíveis no mercado.
Cada um destes três tipos de software, aqui analisados, têm vantagens e desvantagens o
que pode contribuir para que um tipo se adeque mais a uma empresa que a outra.
As ferramentas open source, por darem acesso ao seu código fonte, permitem maior
flexibilidade e adaptabilidade às necessidades específicas da empresa. Normalmente são
de utilização gratuita e necessitam de menos requisitos de sistema. Mas têm também
algumas desvantagens: a falta de garantia da sua continuidade de desenvolvimento é, na
nossa opinião, um fator que não ajuda a que este tipo de ferramentas se torne mais
confiável perante as empresas.
As ferramentas open source aqui analisadas não cumprem as funcionalidades essenciais
para este tipo de ferramentas, não podendo por isso no contexto atual nacional ser uma
alternativa válida às ferramentas de software gratuito ou comercial. Podem, no entanto,
ser modificadas no sentido de passarem a cumprir as funcionalidades em falta e assim
passarem a ser uma alternativa válida às ferramentas de software gratuito ou comercial.
Caso isso venha a acontecer, consideramos que a ferramenta “GnuCash” reúne condições
para ser uma ferramenta open source válida, nas áreas de faturação, contabilidade e
processamento de salários. Na área de gestão de ativo imobilizado, por dispor de maior
número de funcionalidades, escolhemos a ferramenta “Fixed Assets Pro” como a melhor
CAPÍTULO 7 CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
102
ferramenta de software open source para esta área, embora precise também de ser
modificada no sentido de cumprir a legislação vigente.
Contudo, consideramos que para que esta seja uma alternativa válida às soluções
comerciais, é também muito importante que os custos de desenvolvimento não excedam
os custos que as empresas pagariam por utilizar software comercial.
As ferramentas gratuitas aqui analisadas, na nossa opinião, cumprem na sua generalidade
as funcionalidades essenciais mas muitas delas impõem limitações de funcionalidades, o
que pode condicionar o crescimento do negócio. Escolhemos as ferramentas Gescom –
“Gescom Enterprise Express”, “Gescom Contabil Express” e “Gescom Salários Express”
– para as áreas de faturação, contabilidade e processamento de salários, respetivamente.
Na área de gestão de ativo imobilizado, não encontrámos ferramentas de software
gratuitas que cumprissem os pré-requisitos.
As ferramentas comerciais aqui analisadas são, na nossa opinião, as mais completas mas
têm custos de licenciamento e também eventualmente de manutenção e atualização. Após
a avaliação das ferramentas analisadas, consideramos a melhor escolha para este tipo de
ferramentas na área de apoio à gestão, as ferramentas Comograma – “Fac2011”,
“Snc2010”, “Sal2011” e “Imo2010” - para as áreas de faturação, contabilidade,
processamento de salários e gestão de ativo imobilizado, respetivamente.
Analisámos também quatro ERP que englobam uma ou mais destas quatro áreas de apoio
à gestão para PME. Para esse tipo de ferramenta considerámos a ferramenta “SQL-
Ledger” a que melhor, já que oferece maior variedade de funcionalidades nas diversas
áreas, embora precise, para ser uma opção válida, de ser modificada para ser adaptada às
exigências legais.
Consideramos assim ter contribuído para auxiliar as PME no momento da escolha do
software de apoio à gestão a utilizar no desenvolvimento e manutenção dos seus
negócios.
CAPÍTULO 7 CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
103
7.1. Principais dificuldades
As principais dificuldades sentidas na elaboração deste trabalho prenderam-se com
contactos feitos às empresas fornecedoras de algumas das ferramentas de software aqui
analisadas que, quando tiveram resposta, era por vezes demorada e, em alguns casos a
ajuda pretendida não foi disponibilizada de forma gratuita.
7.2. Trabalho futuro
Atualmente há ainda alguma falta de confiança por parte dos utilizadores relativamente ao
software open source e este tipo de software ainda não cumpre as imposições legais
atualmente em vigor em Portugal para estas áreas de apoio à gestão. Também a falta de
garantia da continuidade de desenvolvimento deste tipo de software é, na nossa opinião,
um fator que não ajuda a que este tipo de software se torne mais confiável por parte dos
responsáveis das empresas.
Mas apesar disso, existe também uma crescente necessidade de contenção de despesas por
parte das empresas e acreditamos que será por isso um tipo de ferramenta de software
cada vez mais procurada pelas empresas e, numa sociedade cada vez mais habilitada no
que respeita ao uso da informática, pretendemos, como trabalho futuro, o
desenvolvimento quer deste tipo de software quer do seu suporte documental.
Pretendemos também avaliar o uso deste tipo de software em ambiente empresarial real
com a avaliação por parte dos seus utilizadores.
105
REFERÊNCIAS
AcLogik, 2013. http://www.aclogik.com/, acedido em 01/04/2013.
Almeida, F. L. F. (2006). Empreendedorismo de software livre. Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto.
URL: http://www.b-on.pt/, acedido em 11/03/2013.
Autoridade Tributária (2013), Manual de integração de software - Comunicação das faturas à
AT.
URL: http://info.portaldasfinancas.gov.pt, acedido em 11/03/2013.
Beraldi, L. C. & Filho, E. E. (2000). Impacto da tecnologia de informação na gestão de
pequenas empresas. USSP-São Carlos.
DOI: 10.1590/S0100-19652000000100005.
Bernardino, J. & Tereso, M. (2013). Business Intelligence Tools. Springer.
DOI: 10.1007/978-94-007-4722-7_25.
Breternitz, V. J. (2004). A seleção de sistemas ERP (Enterprise Resource Planning) para
pequenas e médias empresas. Revista das Faculdades de Tecnologia e de Ciências
Econômicas, Contábeis e de Administração de Empresas Padre Anchieta.
URL:
http://www.ead.fea.usp.br/eadonline/grupodepesquisa/publica%C3%A7%C3
%B5es/vivaldo/7.pdf, acedido em 06/03/2013.
CentralGest, 2013. http://www.centralgest.com/, acedido em 11/10/2013.
Comograma, 2013. http://www.comograma.pt/, acedido em 11/10/2013.
106
Compiere, 2013. http://www.compiere.com/, acedido em 04/11/2013.
Copyleft, 2013. http://copyleftmanual.wordpress.com/, acedido em 09/07/2013
EcommerceInforlíder, 2013. http://ecommercedemo.inforlider.com/lojaonline/, acedido em
04/10/13.
EEN, 2013.
http://www.enterpriseeuropenetwork.pt/info/polserv/pol%C3%ADticas/Paginas/p1.as
px, acedido em 08/04/2013.
Elikai, F., Ivancevich, D. M. & Ivancevich, S. H. (2007). Accounting Software Selection and
User Satisfaction. The CPA Journal, vol:77 fasc:5 pág:26.
URL: http://www.b-on.pt/, acedido em 20/11/2013.
Evolução do Setor Empresarial em Portugal 2004-2010 – Edição 2012, INE
FSF, 2013. http://www.fsf.org/, acedido em 11/03/2013.
GNU, 2013. http://www.gnu.org/, acedido em 06/03/13.
GnuCash, 2013. http://www.gnucash.org/, acedido em 16/04/2013.
H2, 2013. http://www.h2database.com/html/main.html, acedido em 18/10/2013.
INE, 2013. http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_main, acedido em
08/10/2013.
Inforlíder, 2013. http://website.inforlider.com/, acedido em 27/03/2013.
107
Ivancevich, S. (2010). Accounting Software Selection and Satisfaction: a survey of
accounting professionals. The CPA Journal vol:80 fasc:1 pág:66.
URL: www.proquest.com/, acedido em 20/11/2013.
Lopes, M. M., Costa, M. M. & Cruz, T. B. (2011). Os impactos da utilização de Softwares
Livres na comunicação social das organizações, tanto no âmbito acadêmico quanto
no mercado de trabalho. Universidade Federal de Minas Gerais.
URL: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/ueadsl/article/view/2903/2862,
acedido em 11/03/2013.
Neves, E. & Ranito, J. “Tecnologias de Informação”. SPI.
URL:http://www2.spi.pt/documents/books/hortofruticolas/Wc840bd44a3875.asp,
acedido em 27/03/2013.
Neves, L. B. & Ranito, J. (2004). “Sistemas de Informação de Apoio à Gestão”. SPI.
URL: http://www2.spi.pt/inovaut/docs/Manual_VII.pdf, acedido em 13/11/2013.
Oliveira, P. R. O. (2001). Sistemas, Organização & Métodos. Editora Atlas.
Olsen, K. A. & Satre, P. (2007). ERP for SMEs – is proprietary software an alternative?
University of Bergen and Molde University College.
DOI: 10.1108/14637150710752290
OpenERP, 2013. https://www.openerp.com/, acedido em 04/11/2013.
OSI, 2013. http://opensource.org/, acedido em 11/03/2013.
Patalas-Maliszewska, J. & Krebs, I. (2011). Business Intelligence as an Innovate Computer
Tool for Supporting Decisiom in SME.
URL: http://publik.tuwien.ac.at/files/PubDat_204703.pdf, acedido em 13/11/2013.
108
PERL, 2013. http://www.perl.org/about.html, acedido em 04/11/2013.
PHP, 2013. http://www.php.net/, acedido em 22/10/2013.
PostgreSQL, 2013. http://www.postgresql.org/, acedido em 30/10/2013.
Primavera, 2013. http://www.primaverabss.com/pt/Home-pt%20-%20Homepage.aspx,
acedido em 27/03/2013.
PrimaveraExpress, 2013.
http://www.primaverabss.com/pt/Solu%C3%A7%C3%B5es-ERP-
PRIMAVERA%20Express-PRIMAVERA%20EXPRESS.aspx, acedido em
27/03/2013.
ProjectoColibri, 2013. http://www.projectocolibri.com/, acedido em 27/03/2013.
Raghunathan, B. & Wobser, S. L. (1995). Accounting software selection by small business
organizations. The National public accountant vol:40 fasc:9 pág:20.
URL: www.proquest.com/, acedido em 20/11/2013.
Reina, L. A. (2012). Translations in Libre Software. Universidad Rey Juan Carlos p. 17-19.
Schweizerische Kreditanstalt (Zürich) (1986). Manuel pour les petites et moyennes
entreprises. Edtora Credit Suisse.
SourceForge, 2013. http://sourceforge.net/, acedido em 27/03/2013.
SQLLedger, 2013. http://www.sql-ledger.com/, acedido em 04/11/2013.
109
Tribunella, T. & Barrody, J. (2008). 20 Questions on open source accounting software. The
CPA Journal, vol:78 fasc:7 pág:67.
URL: http://www.b-on.pt/, acedido em 21/11/2013.
TurboCash, 2013. http://www.turbocash.net/, acedido em 24/04/2013.
XTuple, 2013. http://www.xtuple.com/postbooks, acedido em 04/11/2013.
ANEXOS
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ANEXOS
113
ANEXO 1 – PROPOSTA DE PROJETO
Proposta de Projecto / Estágio Ano Lectivo de 2012/2013
TEMA
Software Open Source de Contabilidade para PMEs
SUMÁRIO
Existem dezenas de excelentes opções de software open source de contabilidade para
tudo, desde a contabilidade básica simples à facturação, controlo de stocks, ponto de
venda (POS), pagamento de salários, impostos, relatórios e previsão de vendas. Este
projecto pretende analisar e avaliar as principais ferramentas existentes mas direccionadas
para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) que constituem mais de 90% das empresas
portuguesas. Também devem ser comparadas as funcionalidades com o software
disponível comercialmente.
Este projecto destina-se a um aluno.
1. ÂMBITO
Este projecto pretende mostrar que qualquer PME para o seu funcionamento normal não
necessita de usar software de contabilidade proprietário e por isso pode poupar algum
dinheiro que pode ser útil para outros investimentos. Assim, pretendemos mostrar que
usando o modelo de negócio FLOSS (Free/Libre and Open Source Software) as PMEs
têm ao seu dispor software com características e potencialidades equivalentes às
fornecidas por software comercial.
2. OBJECTIVOS
Os principais objectivos deste projecto são estudar e avaliar as diferentes ferramentas
open source existentes na Web que podem servir de suporte a uma PME. Alguns
exemplos deste tipo de software de contabilidade são:
GnuCash
SQL Ledger
XTuple PostBooks
Compiere
Turbo Cash
...
3. PROGRAMA DE TRABALHOS
O projecto/estágio consistirá nas seguintes actividades e respectivas tarefas:
T1 – Levantamento de requisitos – Levantamento das necessidades de uma PME.
T2 – Pesquisa – Pesquisa de software open source de contabilidade para PMEs.
T3 – Estudo e avaliação – Avaliação e comparação de cada uma das ferramentas.
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ANEXOS
114
T4 – Proposta de software – Proposta do software mais adequada para uma PME
e aplicação a um caso específico.
T5 – Elaboração do Relatório – Preparação do relatório final. A elaboração do
relatório deverá ser efectuada gradualmente ao longo do projecto.
T6 – Artigo científico – Submissão de um artigo científico a uma conferência
nacional ou internacional.
4. CALENDARIZAÇÃO DAS TAREFAS
O plano de escalonamento dos trabalhos é apresentado em seguida:
Meses
Tarefas N N+1 N+2 N+3 N+4 N+5
T1
T2
T3
T4
T5
T6
Metas INI M1 M2 M3 M4 M5/6
INI Início dos trabalhos
M1 (INI + 3 Semanas) Tarefa T1 terminada
M2 (INI + 6 Semanas) Tarefa T2 terminada
M3 (INI + 18 Semanas) Tarefa T3 terminada
M4 (INI + 22 Semanas) Tarefa T4 terminada
M5 (INI + 24 Semanas) Tarefa T5 terminada
M6 (INI + 24 Semanas) Tarefa T6 terminada
5. LOCAL
O trabalho decorrerá no LIIT (Laboratório de Investigação e Inovação Tecnológica) do
ISEC.
6. METODOLOGIA
Será organizado um Dossier de Projecto, no qual será documentado todo o progresso do
projecto e que servirá de entrada para o Relatório de Projecto. Reuniões de coordenação
semanais: Discussão e apresentação de resultados, brainstorming, avaliação e
coordenação dos trabalhos.
7. ORIENTAÇÃO
DEIS-ISEC:
Jorge Bernardino ([email protected] ) - Professor Coordenador
Aluno: Maria José Moreira Coutinho de Carvalho - [email protected]
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ANEXOS
115
ANEXO 2 – ARTIGO PUBLICADO NA CIEM2013 - 3ª
CONFERÊNCIA IBÉRICA DE EMPREENDEDORISMO
Que software de faturação usar numa PME:
open source, gratuito ou comercial?
Maria José Moreira Coutinho de Carvalho
Departamento de Engenharia Informática e de Sistemas
Instituto Superior de Engenharia de Coimbra
Instituto Politécnico de Coimbra
Coimbra, Portugal
Jorge Bernardino
Departamento de Engenharia Informática e Sistemas
Instituto Superior de Engenharia de Coimbra
Instituto Politécnico de Coimbra
Coimbra, Portugal
Instituto Superior de Engenha
Resumo — Todos os empreendedores no desenvolvimento inicial
do seu negócio têm de decidir quais os investimentos prioritários
face ao capital financeiro disponível. Assim, a escolha do software
de apoio à gestão open source ou gratuito em alternativa a uma
ferramenta comercial, poderá ser uma forma de minimizar os
investimentos iniciais. Neste artigo são comparadas três
ferramentas de faturação open source, gratuitas e comerciais, no
que se refere ao que se considera serem as principais
características e funcionalidades deste tipo de ferramentas. O
principal objetivo é o de apoiar uma empresa no momento da
escolha do software que irá utilizar, para o desenvolvimento e
manutenção do seu negócio, tendo em consideração as vantagens
e desvantagens de cada um dos modelos de software.
Keywords – software open source; software livre; software
gratuito; software comercial; software de faturação; PME.
I. INTRODUÇÃO
Numa sociedade onde domina a tecnologia, não faria sentido que o futuro das PME não englobasse o seu uso, para apoiar no desenvolvimento e manutenção do seu negócio. As ferramentas informáticas, na sua generalidade, permitem realizar várias tarefas nas empresas, que de outra forma seriam muito mais demoradas e mais sujeitas a erros.
Na fase inicial de criação de uma PME é importante minimizar os custos e uma das principais áreas onde isso é possível é nas Tecnologias da Informação (TI). Atualmente, já existem ferramentas de software livre e gratuito, que podem ser consideradas como alternativa válida às ferramentas comerciais.
Uma das ferramentas informáticas essencial em qualquer empresa é o software de gestão financeira. Este permite às empresas agilizarem as operações e processos mais complexos, em conformidade com as imposições legais cada vez mais rígidas, permitindo assim facilitar o cumprimento das suas
obrigações. Estas ferramentas permitem também obter informações financeiras mais precisas e acessíveis e assim, melhorar o planeamento e análise estratégica do negócio.
Quando se fala de “software livre” existem algumas interpretações erradas. Confunde-se frequentemente os conceitos de software livre, gratuito e open source pelo que vamos começar por estabelecer as diferenças entre eles e também com o software comercial.
A principal diferença entre software comercial e software gratuito diz respeito simplesmente à forma como ele é disponibilizado ao cliente, ou seja, quando se desenvolve e disponibiliza um software comercial, espera-se obter proveitos já que o cliente terá de pagar para poder utilizá-lo. No software gratuito isso não acontece! O cliente tem acesso ao produto de forma gratuita, mas não tem acesso ao código fonte, não podendo por isso fazer qualquer tipo de alterações no software, e tendo assim que se limitar às funcionalidades disponibilizadas pelo produto.
No software open source é disponibilizado o acesso ao código fonte e é dada a possibilidade de usar, modificar e distribuir o código. Isto desde que sejam respeitados os direitos de autor do software e que a sua utilização não entre em conflito com as quatro liberdades apontadas pela Free Software Foundation (FSF) 0, como veremos mais adiante.
Neste artigo pretendemos fazer uma análise comparativa de ferramentas de software open source, gratuito e comercial. O objetivo é analisar se uma qualquer PME no seu funcionamento normal, necessita de usar software comercial ou se, em alternativa, pode usar software gratuito ou o modelo de negócio FLOSS (Free/Libre and Open Source Software) [2] dispondo de software com características e potencialidades equivalentes às fornecidas pelo software comercial, podendo assim poupar algum dinheiro, que pode ser útil para outros investimentos.
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ANEXOS
116
Este artigo está estruturado da seguinte forma: na secção II é apresentada de forma sucinta, uma revisão de outros trabalhos relacionados com a área do software open source e as suas principais vantagens. Na secção III são descritas as principais diferenças entre software open source, software gratuito e software comercial, analisando algumas vantagens e desvantagens de cada um. Na secção IV reflete-se sobre a importância do uso de ferramentas de software para faturação numa PME e é também feita a descrição de três tipos de ferramentas de software de faturação: open source, gratuito e comercial. Na secção V é feita a análise e comparação entre as três ferramentas de software de faturação anteriormente descritas. Por fim, na secção VI são apresentadas as conclusões e proposto algum trabalho futuro.
II. REVISÃO DA LITERATURA
Nesta secção iremos sucintamente rever alguns trabalhos relacionados com a área do software open source e as suas principais vantagens.
Desde o início deste século, tem surgido um interesse crescente pelo modelo de software open source e pela sua sustentação, não só do ponto de vista científico e social, mas também do estudo da sua viabilidade económica [3]. Já em 2006, em [3] foram estudadas empresas que usavam o software open source no seu processo de comercialização, tendo concluído que entre elas existiam casos de sucesso mas também de insucesso. Na perspetiva do autor, o modelo de software open source só poderá ser sustentado se a empresa que o desenvolve e disponibiliza se dedicar também ao desenvolvimento e comercialização de software comercial [3]. Considera ainda que a principal vantagem do software open source diz respeito a custos de aquisição, custos de manutenção e custos de atualização já que, este tipo de ferramenta é, em grande parte dos casos, disponibilizada gratuitamente. Existem porém outros custos que podem fazer com que o software open source não seja necessariamente menos dispendioso que o software comercial, como por exemplo os custos de desenvolvimento e de formação dos utilizadores.
De acordo com [4], o desenvolvimento interno nas empresas de software open source é a melhor alternativa para as PME, uma vez que torna possível a empresa permanecer flexível e dinâmica e em conformidade com as alterações que podem surgir a qualquer momento. Muitas empresas têm excluído a possibilidade de desenvolver o seu próprio software por acharem ser demasiado demorado e caro, optando por software comercial mas [4] considera que, assim, se pode estar a forçar uma estrutura mais rígida sobre a PME, contribuindo para o enfraquecimento da sua vantagem competitiva. O desenvolvimento interno de software open source pode estar de acordo com as necessidades específicas da empresa e, deste modo, reforçar a sua competitividade; será também mais fácil para os utilizadores da ferramenta identificarem-se com a mesma. Uma mais-valia deste tipo de software é o facto do desenvolvimento interno poder limitar-se apenas às funções essenciais sendo por isso necessário adaptar apenas partes do código fonte, podendo mesmo utilizar-se partes de códigos fonte de mais do que um fornecedor. Apesar disso, [4] considera que os custos de desenvolvimento não poderão
exceder os custos que as empresas pagariam por utilizar software comercial.
Na secção seguinte, iremos analisar as características e funcionalidades de um software open source, de um software gratuito e de um software comercial. O objetivo é o de apoiar na decisão da escolha do melhor tipo de software a adquirir na criação de uma PME, para que este satisfaça as necessidades da empresa com o menor custo possível.
III. DIFERENÇAS ENTRE SOFTWARE OPEN
SOURCE, SOFTWARE GRATUITO E
SOFTWARE COMERCIAL
A Free Software Foundation (FSF) é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 1985 por Richard Stallman, com a missão de promover a liberdade dos utilizadores de computadores e de defender os direitos de todos os utilizadores de software livre [1].
De acordo com a Free Software Foundation (FSF)0, “free software” é um software que contém permissão para que qualquer pessoa possa usar, copiar e distribuir, como adquirido ou modificado, gratuitamente ou não. Tem a exigência que o código fonte esteja disponível e que não entre em conflito com as quatro liberdades apontadas pela FSF [1]:
Liberdade 0: A liberdade para executar o programa, para qualquer propósito;
Liberdade 1: A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo às suas necessidades (modificar);
Liberdade 2: A liberdade de redistribuir cópias de modo a ajudar os outros;
Liberdade 3: A liberdade de modificar o programa e disponibilizar essas modificações de modo a que toda a comunidade beneficie.
O acesso ao código fonte é um pré-requisito para as liberdades 1, 2 e 3.
Em 1998, foi criada por Eric Raymond e Bruce Perens, a Open Source Initiative (OSI) [5], que é uma organização sem fins lucrativos com abrangência global, criada para educar sobre os benefícios do open source e defendê-los, construindo pontes entre os diferentes participantes da comunidade de open source. A OSI defende que open source não significa apenas acesso ao código fonte e considera poder criar-se ambiguidade entre “livre” e “gratuito” [5].
Por haver diferenças mínimas entre a definição de Free Software (de acordo com a FSF) [1] e Open Source Software (de acordo com a OSI) [5], surgiu o termo “libre software” que ganhou popularidade nos últimos anos e com ele surgiu a sigla FLOSS - Free/Libre and Open Source Software 0 pelo que, de agora em diante, neste artigo, qualquer código que seja compatível com a definição de Free Software (de acordo com a FSF) ou Open Source Software (de acordo com a OSI) será referenciado apenas como “software open source”.
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ANEXOS
117
A. Vantagens do software open source vs comercial
De acordo com 0, a vantagem mais relevante das ferramentas de software open source comparativamente com as ferramentas comerciais é o facto de serem ferramentas livres e permitirem o acesso ao código fonte. Têm ainda a possibilidade de, para além da utilização, permitirem modificar e distribuir, enquanto que as ferramentas de software comercial são pagas e muitas vezes representam uma despesa insuportável para a maior parte das PME.
As ferramentas de software open source normalmente requerem menos requisitos do sistema que as ferramentas comerciais, já que se pressupõe que aqueles que não podem investir em software também não podem investir em hardware.
Uma das grandes vantagens deste tipo de software é que no que diz respeito a licenciamento de software não existem custos, permitindo que os utilizadores possam avaliar o software gratuitamente. Por outro lado, o curto ciclo de vida do software e o facto de não ter custos de licenciamento permite que os utilizadores possam testar e experimentar novas versões, e dar feedback mais rapidamente do que com software comercial. Deste modo, alterações ou correções podem ser facilmente realizadas, uma vez que não é preciso esperar por uma versão oficial, pois qualquer pessoa com o conhecimento adequado pode alterar ou corrigir o software e conceber uma solução.
B. Desvantagens do software open source vs comercial
As ferramentas de software open source têm também algumas desvantagens comparativamente com as ferramentas comerciais. O facto de serem ferramentas de software desenvolvidas por uma comunidade de colaboradores e também de serem projetos que estão em constante desenvolvimento e ainda não terem por isso atingido, na maioria dos casos, as funcionalidades desejadas faz levantar algumas dúvidas sobre a qualidade do produto. A ausência de documentação que apoie a utilização deste tipo de software e a falta de garantia da sua continuidade são outros fatores que não ajudam que se torne confiável perante as empresas [7].
Também existe a ideia de que a aquisição de ferramentas de software open source não envolvem custos, o que por vezes está errado, pois acontece que muitas vezes para que estas ferramentas possam satisfazer as necessidades das empresas necessitam de ser adaptadas, o que envolve custos de desenvolvimento que podem ser elevados.
IV. FERRAMENTAS DE FATURAÇÃO PARA PME
O software de faturação é uma ferramenta fundamental para a gestão de qualquer empresa. Este permite manter toda a faturação da empresa pronta e organizada, poupando tempo e diminuindo a possibilidade de erros relativamente à faturação manual.
O software de faturação deve ter a capacidade de gerar relatórios sendo que os mais complexos devem permitir criar relatórios personalizados com base nas necessidades da empresa. Deve também permitir converter os relatórios e faturas para formatos comuns como sejam os usuais .xls, .pdf e .docx.
A escolha certa do software de faturação aumentará a velocidade e eficiência das operações de gestão da empresa e, consequentemente a eficácia da empresa. Esta opção também deverá ser sempre feita tendo em consideração a evolução e crescimento do negócio para que toda a informação carregada no software possa ser transferida para futuras atualizações do mesmo.
Quando uma empresa tem de decidir sobre o software a adquirir deve ter em atenção as vantagens e desvantagens de cada um, já abordadas anteriormente, bem como as necessidades da organização [7].
As imposições legais introduzidas em Portugal pela Autoridade Tributária (AT) 0 relativamente à comunicação da faturação das empresas à AT, obrigaram que estas utilizem, exclusivamente, software de faturação certificado pela AT. Por isso, os programadores de software foram obrigados a mudar o seu software de faturação de forma a incluírem o envio da informação da faturação na forma recomendada pela AT (Webservice ou ficheiro SAFT-PT (Standard Audit File for Tax Purposes), um ficheiro normalizado que permite a fácil exportação dos arquivos pretendidos [9]), uma vez que cada programador de software é responsável por implementar o módulo que vai enviar os documentos, de acordo com o Decreto-Lei nº 197/2012 0.
Nas secções seguintes iremos descrever três tipos de ferramentas de software de faturação: open source, gratuito e comercial, correspondendo às ferramentas “GnuCash”, “Primavera Express” e ”Primavera Starter”, respetivamente.
A. Software open source de faturação para uma PME
A ferramenta “GnuCash” é uma ferramenta de software open source que, segundo [11] tem uma média de 7948 downloads semanais, o que faz dela uma das ferramentas de software open source para apoio à gestão mais procuradas em todo o mundo.
Não sendo uma ferramenta exclusivamente de faturação, pode no entanto, satisfazer as necessidades de uma PME nessa área e ainda tem a possibilidade de poder ser adaptada 0.
A ferramenta “GnuCash”, apesar de ter sido inicialmente desenvolvida para o sistema operativo Linux, tem já uma versão completa para Windows. Na sua versão 2.4.13, a mais recente versão estável disponibilizada pela equipa de desenvolvimento do software, é um software de licenciamento open source que pode ser instalado e utilizado sem a necessidade de registo. Esta versão está disponível para os sistemas operativos GNU/Linux, BSD, Solaris Mac OS X, Microsoft Windows e também para pendrives (GnuCash Portable, versão 2.43.13). A “GnuCash” tem como requisitos mínimos de sistema 300Mb de espaço livre em disco e 128MB de memória RAM.
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ANEXOS
118
A ferramenta “GnuCash” permite controlar as receitas e despesas de uma empresa através de transações entre contas e permite ainda programar transações automáticas, bem como controlar contas bancárias, elaborar diversos tipos de relatórios e ainda efetuar a gestão de fornecedores, colaboradores e clientes onde se inclui a criação de faturas. Permite ainda a instalação em onze idiomas e disponibiliza alguma ajuda acerca do seu funcionamento quando se entra na aplicação e durante a sua execução. Permite também definir, de entre cerca de duzentas moedas, a que se pretende utilizar e também a definição das contas. Permite importar dados existentes em formato .QIF e .OFX (os mais comuns em arquivos de dados financeiros) e gravar em formato xml, mysql, postgres e sqlite3. Disponibiliza documentação em quatro idiomas (inglês, alemão, italiano e japonês). Permite ainda fazer reconciliação de contas, personalização de relatórios, controlo de tesouraria, bem como o processamento de salários. É adaptável às necessidades da empresa, mas isso requer que o utilizador possua conhecimentos básicos de informática e contabilidade. Também é necessário o domínio de um dos idiomas em que a documentação é disponibilizada, para o seu desenvolvimento e possíveis consultas à sua documentação.
É, na nossa opinião, uma ferramenta de fácil instalação e pronta a ser utilizada, dispondo de uma interface intuitiva apesar de diferente do mais usual neste tipo de software. Contudo, podemos enumerar algumas desvantagens das quais salientamos o facto de não cumprir as já referidas imposições legais impostas pela AT, a falta de numeração automática que permite a duplicação de numerações e o facto de, à meia-noite (hora de sistema), caso estejamos a trabalhar na ferramenta, obrigar que a aplicação seja encerrada e novamente iniciada para que a data seja atualizada.
B. Software gratuito de faturação para uma PME
A empresa Primavera foi fundada em Braga, Portugal no ano de 1993, estando atualmente presente em nove países em todo o mundo, sendo líder de mercado em muitos deles, de acordo com [13]. Disponibiliza de forma gratuita uma ferramenta de software para faturação de uma PME que cumpre as imposições legais impostas pela AT, a ferramenta ”Primavera Express” 0. Este é o primeiro software de gestão de marca reconhecida a ser disponibilizado para download de forma totalmente gratuita.
A ferramenta “Primavera Express” permite efetuar, de forma gratuita, a faturação e gestão de uma empresa com volume de faturação anual até trinta mil euros. Dispõe de um manual de apoio à instalação que é disponibilizado juntamente com o download do software e está disponível para a plataforma Microsoft Windows XP SP3 ou superior. Tem como requisitos mínimos de sistema processador 1.4GHz x86/x64, 512Mb de memória RAM, 2Gb de espaço livre em disco, resolução mínima de ecrã 1024x868 e placa de rede para acesso à Internet.
Como principais funcionalidades podemos destacar a possibilidade de efetuar gestão de stocks, controle de contas correntes de clientes, emissão de documentos necessários à atividade da empresa como por exemplo faturas, recibos, notas de crédito, etc., emissão do ficheiro SAFT-PT, mapas de gestão, entre outras.
É, na nossa opinião, de fácil instalação, configuração e utilização através de um interface intuitivo, embora necessite de registo e não permita efetuar conversões de documentos para outros formatos.
C. Software comercial de faturação para uma PME
A empresa Primavera [14] também disponibiliza de forma comercial várias ferramentas com diferentes funcionalidades, de forma a estar de acordo com as diferentes necessidades de cada empresa. Apesar de todas elas terem a funcionalidade de faturação e cumprirem as imposições legais impostas pela AT, vamos aqui abordar a versão mais simples, a ”Primavera Starter” 0, uma vez que estamos focados numa empresa em fase de arranque do negócio.
De acordo com a empresa, a ferramenta “Primavera Starter” é de fácil instalação e utilização e possui todas as funcionalidades necessárias para a gestão de um espaço comercial ou serviço e acompanha todo o crescimento e evolução de cada negócio, estando disponível, também ela, em três diferentes configurações para responder às diferentes necessidades das empresas, “Starter Easy”, “Starter” e “Starter Plus” [15], sendo a “Starter Easy” a mais semelhante à versão gratuita já analisada.
A ferramenta “Starter Easy” está disponível para a plataforma Microsoft XP SP3 ou superior, podendo ser utilizada em três idiomas (português, inglês e espanhol). Tem como requisitos mínimos de sistema processador 1.4GHz x86/x64, espaço livre em disco de 2GB, 512Mb de memória RAM, resolução mínima de ecrã 1024x768 e placa de rede para acesso à Internet [16].
Esta ferramenta já permite um volume de faturação anual superior a trinta mil euros e permite também transformar, por exemplo orçamentos ou faturas pró-forma em guias de remessa/transporte ou faturas. Também dispõe de um pacote de cinquenta faturas eletrónicas mas não permite efetuar conversões de documentos para outros formatos.
O período de licenciamento mínimo é de um ano e tem um custo anual de cento e quinze euros acrescidos de IVA, dando no entanto, direito a suporte gratuito de cinco pedidos de assistência técnica por ano, acesso ao portal da comunidade Primavera e quinze por cento de desconto em formação Primavera.
V. COMPARAÇÃO DAS FERRAMENTAS
Após a análise das três ferramentas de software: “GnuCash”, “Primavera Express” e “Primaver Starter”, podemos confirmar algumas diferenças entre elas que, também na nossa opinião, devem ser tidas em consideração no momento da escolha do software a adotar para o desenvolvimento do negócio.
A ferramenta open source “GnuCash” requer menos requisitos de sistema relativamente às ferramentas gratuita e comercial o que pode ajudar a diminuir as despesas da empresa e, sendo gratuita e de livre acesso ao código fonte, tem como principal vantagem a possibilidade de adaptação às necessidades específicas da empresa. No entanto, tem como
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ANEXOS
119
desvantagem que, para essa adaptação, necessita que o utilizador tenha conhecimentos de informática, contabilidade e de um dos idiomas nos quais é disponibilizada a documentação, o que pode trazer custos acrescidos e que por vezes podem ser elevados.
A ferramenta gratuita “Primavera Express” não tem custos de aquisição mas não permite o acesso ao código fonte o que pode ser limitativo perante as necessidades específicas da empresa e normalmente não dispõe de todas as funcionalidades para a evolução do negócio, relativamente à versão comercial.
A ferramenta comercial “Primavera Starter” oferece um maior leque de funcionalidades mas tem custos de subscrição e também eventualmente de manutenção, atualização, etc. e impõe ainda que a empresa esteja ligada à empresa vendedora do software.
A TABELA I mostra o resumo da análise comparativa das ferramentas no que se refere àquelas que são usualmente consideradas as principais características de um software de faturação para uma PME.
TABELA I - ANÁLISE COMPARATIVA DE CARACTERÍSTICAS
Características Ferramentas de software de faturação
GnuCash Primavera
Express
Primavera
Starter Easy
Vendas X X X
Stocks X X X
Contas Correntes X X X
Tesouraria X X X
Relatórios X X X
Exportação para outros formatos
X
Volume de vendas
ilimitado X Até €30.000 X
Certificado pela AT
X X
Faturação
eletrónica X
Suporte técnico e
formação X
Subscrição Gratuito Gratuito €115+IVA/Ano
Verificámos que a ferramenta comercial “Primavera Starter Easy” dispõe de um maior leque de funcionalidades mas tem um custo anual de cento e quinze euros acrescidos de IVA, o que pode não ser suportável para o orçamento de muitas PME.
A ferramenta gratuita “Primavera Express” dispõe da maioria das funcionalidades que considerámos importantes num software de faturação mas limita o volume de vendas da empresa, limitando assim também o crescimento do negócio.
A ferramenta open source “GnuCash” dispõe também da maioria das funcionalidades que considerámos importantes num software de faturação mas, por ser desenvolvida a nível mundial, não é certificada pela AT o que a torna incompatível com as imposições legais em vigor em Portugal.
Analisámos também, de forma quantitativa, as mesmas ferramentas no que se refere a algumas das funcionalidades que são consideradas mais importantes no momento da escolha do software. Usámos para isso uma escala de um (menos significativo) a cinco (mais significativo) de onde resulta a TABELA II.
TABELA II – ANÁLISE COMPARATIVA DE FUNCIONALIDADES
Funcionalidades
Ferramentas de software de faturação
GnuCash Primavera
Express
Primavera
Starter Easy
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Facilidade de
instalação
Documentação
Interface intuitivo
Facilidade de utilização
A ferramenta comercial “Primavera Starter Easy”, por ter custos de subscrição, não foi instalada e por isso não está classificada nessa funcionalidade. Tem um bom suporte documental e pela visualização de demonstrações que a empresa disponibiliza consideramos que tem uma interface intuitiva e de fácil utilização.
A ferramenta gratuita “Primavera Express” é de instalação relativamente fácil mas exige registo. À semelhança da ferramenta comercial tem um bom suporte documental e uma interface intuitiva e de fácil utilização.
A ferramenta open source “GnuCash” é de fácil instalação não necessitando de registo. No entanto não disponibiliza documentação em português e tem uma interface que, apesar de intuitiva, é um pouco diferente do mais comum neste tipo de ferramenta, o que pode parecer um pouco complicado numa primeira utilização.
VI. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
As ferramentas de gestão financeira permitem que as empresas agilizem as operações e processos que, em Portugal, têm que estar em conformidade com as imposições legais da Autoridade Tributária. Estas ferramentas permitem também obter informações financeiras mais precisas, podendo deste modo melhorar o planeamento e análise estratégica do negócio.
Quando uma empresa tem que decidir sobre o software a adquirir deve ter em atenção as vantagens e desvantagens de cada um dos tipos de software, bem como as necessidades específicas da empresa.
Cada um dos três tipos de ferramentas aqui analisados tem vantagens e desvantagens o que pode contribuir para que um tipo de ferramenta se adeque mais a uma empresa que a outra.
A ferramenta comercial é, na nossa opinião, a mais completa mas tem custos de subscrição e também eventualmente de manutenção, atualização, etc.
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ANEXOS
120
A ferramenta gratuita é, na nossa opinião, boa mas limita o volume de vendas da empresa o que pode limitar o crescimento do negócio.
A ferramenta open source permite maior flexibilidade e adaptabilidade às necessidades específicas da empresa.
A escolha do software de faturação depende em parte do contexto da empresa e das suas necessidades específicas mas, por ser gratuito, ter as funcionalidades que consideramos fundamentais para este tipo de ferramenta e ainda a possibilidade de adaptação às necessidades específicas da empresa, consideramos a ferramenta open source “GnuCash” a melhor opção.
Apesar de ainda haver grande falta de confiança por parte dos utilizadores relativamente ao software open source, existe também uma crescente necessidade de contenção de despesas por parte das empresas e será por isso uma ferramenta cada vez mais utilizada pelas empresas.
Numa sociedade cada vez mais habilitada no que respeita ao uso da informática, pretendemos, como trabalho futuro, o desenvolvimento quer deste tipo de ferramentas quer do seu suporte documental. Pretendemos também avaliar o uso deste tipo de software em ambiente empresarial real com a avaliação por parte dos seus utilizadores.
REFERÊNCIAS
www.fsf.org/ (acedida em 11/03/2013).
www.flossworld.org/ (acedida em 24/05/2013).
Almeida, F., Empreendedorismo de software livre, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 2006.
Olsen, K, e Satre, P., ERP for SMEs – is proprietary software an alternative?, University of Bergen and Molde University College, 2007.
opensource.org/ (acedida em 11/03/2013).
Reina, L., Translations in Libre Software, CA: Universidad Rey Juan Carlos, 2012, p. 17-19.
Bernardino, J, e Tereso, M., Business Intelligence Tools, CA: Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, 2013.
Autoridade Tributária, Manual de integração de software - Comunicação de faturas à AT, 2013.
info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/apoio_contribuinte/NEWS_SAF-T_PT.htm (acedida em 11/05/2013).
Diário da República, 1ª série - Nº 164 - 24 de agosto de 2012.
sourceforge.net (acedida em 02/08/2013).
www.gnucash.org/ (acedida em 24/04/2013).
http://www.primaverabss.com (acedida em 27/03/2013).
www.primaverabss.com/pt/Solu%C3%A7%C3%B5es-ERP-PRIMAVERA%20Express-PRIMAVERA%20EXPRESS.aspx (acedida em 27/03/2013).
www.primaverabss.com/pt/Solu%C3%A7%C3%B5es-ERP-PRIMAVERA%20Starter-Solu%C3%A7%C3%B5es%20Starter.aspx (acedida em 17/04/2013).
www.primaverabss.com/pt/Solu%C3%A7%C3%B5es-ERP-PRIMAVERA%20Starter-Starter%20Easy.aspx (acedida em 17/05/2013).
Lopes, M. e Costa, M. e Cruz, T., Os impactos da utilização de Softwares Livres na comunicação social das organizações, CA: Universidade Federal de Minas Gerais.
www-usr.inf.ufsm.br/~cacau/elc202/cap1.html (acedida em 04/03/2013).
www.gnu.org/ (acedida em 06/03/2013).
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ANEXOS
121
ANEXO 3 – INQUÉRITO REALIZADO ÀS EMPRESAS
REQUISITOS DE SOFTWARE PARA UMA PME
QUESTIONÁRIO
1. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
Ramo de Atividade:
2. COLABORADORES
Nº Total de Colaboradores:
3. VOLUME DE NEGÓCIOS
Volume de negócios:
4. REQUISITOS QUE CONSIDERA IMPORTANTES PARA O APOIO À
GESTÃO DO SEU NEGÓCIO
MUITO
IMPORTANTE IMPORTANTE
POUCO
IMPORTANTE
DESNECESSÁR
IO
Faturação
Contabilidade
Processamento salários
Gestão ativo imobilizado
Outros (especifique):
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ANEXOS
122
5. CARACTERÍSTICAS QUE CONSIDERA IMPORTANTES NUMA
FERRAMENTA DE SOFTWARE DE FATURAÇÃO
Vendas
Gestão de stocks
Gestão de contas correntes de clientes
Gestão de contas correntes de fornecedores
Tesouraria
Exportação de dados para outros formatos
Relatórios mensais/trimestrais
Mapas fiscais
Outros (especifique):
6. CARACTERÍSTICAS QUE CONSIDERA IMPORTANTES NUMA
FERRAMENTA DE SOFTWARE DE CONTABILIDADE
Lançamentos contabilísticos (débito/crédito)
Criação de contas no plano de contas
Criação de entidades
Criação de documentos
Exportação de dados para outros formatos
Mapas de gestão
Mapas fiscais
Outros (especifique):
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ANEXOS
123
7. CARACTERÍSTICAS QUE CONSIDERA IMPORTANTES NUMA
FERRAMENTA DE SOFTWARE DE PROCESSAMENTO DE SALÁRIOS
Processamento de salários
Recolha de variáveis
Folha de pagamentos
Exportação de dados para outros formatos
Mapas para entidades
Outros (especifique):
8. CARACTERÍSTICAS QUE CONSIDERA IMPORTANTES NUMA
FERRAMENTA DE SOFTWARE DE GESTÃO DE ATIVO
IMOBILIZADO
Gestão de património
Depreciações/Amortizações
Processamento por centros de custo
Revalorizações, reversões, imparidades
Relatórios
Mapas legais e fiscais
Outros (especifique):
SOFTWARE OPEN SOURCE DE CONTABILIDADE PARA PME ANEXOS
124
9. CARACTERÍSTICAS QUE MAIS VALORIZA PARA A ESCOLHA DO
SOFTWARE PARA APOIO À GESTÃO DO SEU NEGÓCIO
MUITO
IMPORTANTE IMPORTANTE
POUCO
IMPORTANTE
DESNECESSÁR
IO
Custo
Fiabilidade
Funcionalidade
Atratividade/Interface
Desempenho
Apoio técnico
Acesso ao código fonte
Outros (especifique):
Gratos pela colaboração.