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LUSA Acusado de desobediência pelo MP, juntamente com outros sete mora- dores, o presidente da Comissão de Administração de Condominío do Sin Fong Garden atira a toalha ao chão e abdica da luta pela reconstrução do prédio. Vong Kuok Fai não deixa no entanto de acusar o Governo de faltar ao prometido e fala de uma situação de “encobrimentos, ocultação e enganos”. Contas capitais Entre a nega e o silêncio BENS CASO FIC DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 11 DE MAIO DE 2015 ANO XIV Nº 3327 hojemacau POLÍTICA PÁGINA 4 SOCIEDADE PÁGINA 9 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB SIN FONG COMISSÃO DESISTE DE RECONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO Novela de “enganos” REINO UNIDO | ELEIÇÕES Olhares britânicos em Macau REPORTAGEM PÁGINAS 2-3 PÁGINA 7 h Do espírito da paisagem

Hoje Macau 11 MAI 2015 #3327

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Hoje Macau N.º3327 de 11 de Maio de 2015

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Page 1: Hoje Macau 11 MAI 2015 #3327

lusa

Acusado de desobediência pelo MP, juntamente com outros sete mora-dores, o presidente da Comissão de Administração de Condominío do Sin Fong Garden atira a toalha ao chão e

abdica da luta pela reconstrução do prédio. Vong Kuok Fai não deixa no entanto de acusar o Governo de faltar ao prometido e fala de uma situação de “encobrimentos, ocultação e enganos”.

Contas capitais

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lusa

2 hoje macau segunda-feira 11.5.2015reportagem

A lan Mak, um advo-gado cujos pais emi-graram para o Reino

Unido a partir do sul da China, tornou-se a primeira pessoa de etnia chinesa a ser eleita para a Câmara dos Comuns. Formado em Cambridge, Mak, de 31 anos, ganhou a circunscrição de Havant, no sul de Inglaterra, pelos Con-servadores, ao conquistar mais de 51% dos votos, de acordo com os resultados da eleição de quinta-feira.

“Estou honrado e feliz por ter sido eleito novo membro do parlamento por Havant”,

“o s britânicos vota-ram pela econo-mia, para que se mantenha estável”.

Jill Rigg, britânica, acérrima defen-sora do Partido dos Conservadores, olha assim para o resultado das elei-ções no seu país. Directora executi-va da associação de Comércio do Reino Unido em Macau, residente no território há vários anos, esta britânica acredita que, com a maio-ria obtida pelo Governo de David Cameron, o partido sai reforçado para implementar as políticas num país que quer manter-se estável num contexto de crise europeia.

“Pessoalmente fico contente que os conservadores tenham regressado [à maioria]. a questão agora é ver como vão terminar o trabalho que começaram e aquele que pretendem realizar, e que consta do memorando. Claro que estamos a falar de políticos, que dizem sempre uma coisa e depois acabam por fazer outra. Mas es-peramos pelo melhor”, disse Jill Rigg ao HM.

as sondagens feitas em terras de sua majestade estavam longe de revelar a maioria obtida por David Cameron, que já falou de uma “doce vitória” para o par-tido. Esperava-se que o Partido dos Trabalhistas, liderado por Ed Miliband, obtivesse uma maior aproximação dos rivais, o que acabou por não acontecer.

Para sten Idris Verhoeven, docente da Faculdade de Direito da Universidade de Macau (UM), especialista em legislação euro-peia, as eleições britânicas mais renhidas de que há memória tam-bém se revelaram uma surpresa.

“não estava prevista uma maioria, pelo que estes resultados são algo surpreendentes. Claro

Chinês entra na Câmara dos Comuns

Um caso inéditodisse Mak, num comentário publicado pelo ‘site’ do Ports-mouth news. “Tivemos uma campanha muito forte, com muito apoio dos residentes porta-a-porta. Estou ansioso por trabalhar arduamente para apoiar todos nesta circunscri-ção”, acrescentou.

O pai de Mak emigrou para a Grã-Bretanha nos anos 1960 e a sua mãe fê-lo mais

tarde. ambos são oriundos da província de Guangdong, disse o político numa entre-vista à revista que aborda temas relacionados com a Grã-Bretanha e a China. O casal gere um restaurante na cidade inglesa de York, onde o parlamentar recém-eleito nasceu.

Mak desvalorizou o impac-to político das suas raízes em

recentes entrevistas. “Certa-mente não me interessa o que as pessoas em Hong Kong ou na China pensam de mim, porque eu não os represento”, disse este mês ao jornal south China Morning Post (sCMP) publicado em Hong Kong. “Eu represento as pessoas de Havant”, vincou. segundo o sCMP, Mak foi um de 11 can-didatos de etnia chinesa a entrar na corrida para o parlamento e foi o único a ser eleito até ago-ra. apenas 1% da população britânica é de etnia chinesa, de acordo com os censos do país, de 2011. LUSA/HM

É possível os resultados de umas eleições serem praticamente o oposto das sondagens? no Reino Unido sim. Poucos esperavam uma vitória assim do Partido dos Conservadores, liderado por David Cameron, mas a verdade é que estes saem de uma coligação para liderarem em maioria. Dois britânicos radicadosem Macau - um conservador, outro social democrata - acreditam queos votos foram dados em prolda economiae da estabilidade

reino unido Britânicos em macau expectantes soBre novo governo conservador

a doCe vitória de david Cameron

que os conservadores conseguiram uma maioria com uma pequena margem, mas ainda assim muitos ficaram surpreendidos pelo facto dos resultados serem tão diferen-tes”, defendeu ao HM.

O docente acredita que a es-tabilidade foi a regra seguida por muitos na hora de se dirigem aos locais de voto. “sem dúvida que essa foi uma das razões pelas quais as pessoas votaram nos conser-

vadores. não tínhamos a certeza do que poderia acontecer porque os outros partidos mudaram de estratégia muitas vezes, podia ser uma aventura. E Ed Miliband não era um líder forte.”

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3 reportagemhoje macau segunda-feira 11.5.2015

A maioria num sistema bicameralista

AguArdAvA-se um em-pate técnico entre Con-

servadores e Trabalhistas, que iria trazer um impasse ao reino unido, mas nada disso aconte-ceu. As eleições parlamentares, que elegem 650 deputados para a Câmara dos Lordes e Câmara dos Comuns, levaram david Cameron a obter 327 assentos no parlamento. Numa declaração oficial após os resultados, Ca-meron prometeu governar para todos. e por todos entenda-se a Inglaterra, Escócia, País de

gales e Irlanda do Norte. Ficou ainda a promessa de redução de impostos, criação de mais empregos, apoios às famílias e o tão esperado referendo sobre a permanência da Escócia no reino unido.

Para além das demissões de Ed Miliband e de Nigel Farage, líder do Partido para a Independência do reino unido, é curioso ver a subida do Partido Nacionalista escocês, que conquistou 56 dos 59 lugares na Câmara dos Comuns que estão destinados

à Escócia, sendo que, até es-tas eleições, o partido apenas obtinha seis assentos. Na rede social Twitter, os representantes do partido mostraram toda a sua satisfação. “Parabéns aos nossos 56 deputados e obrigado a todos aqueles que depositaram a sua fé no SNP (sigla do partido, em inglês)”. recorde-se que david Cameron promoveu um referendo sobre a possível independência da Escócia no Reino Unido no anterior mandato, referendo esse que resultou na vitória do não.

Reino Unido Britânicos em macau expectantes soBre novo governo conservador

A doce vitóRiA de dAvid cAmeRon“Não sou apoiante dos trabalhistas e não gosto do Miliband. Daqui para a frente vão ter um trabalho mais difícil e claro que o partido dos trabalhistas sofreu um retrocesso”Jill Rigg directora executiva da Associação de comérciodo Reino Unido em macau

“Sem dúvida que essa (estabilidade) foi uma das razões pelas quais as pessoas votaram nos conservadores. Não tínhamos a certeza do que poderia acontecer porque os outros partidos mudaram de estratégia muitas vezes, podia ser uma aventura. E Ed Milliband não era um líder forte”

“O novo governo vai tentar levar a cabo o máximo das políticas que não conseguiram implementarpor estaremnum governode coligação. Penso que vamos ter uma governação mais pró- -conservadora. (...) Isto significamais cortesna área sociale o referendosobre a UE”Sten idRiS veRhoeven docente da Faculdadede direito da Um

A vitória de Cameron signifi-cou uma limpeza na liderança dos partidos da oposição, tendo ed Miliband pedido a demissão logo a seguir aos resultados eleitorais. Apesar de enfraquecido, o partido dos trabalhistas não perderá a sua importância, acredita Jill rigg.

“Não sou apoiante dos trabalhis-tas e não gosto do Miliband. daqui para a frente vão ter um trabalho mais difícil e claro que o partido dos trabalhistas sofreu um retrocesso. Vão ter de escolher um novo líder e o caminho para eles vai ser mais trabalhoso. Não será uma espécie de fim para o partido dos trabalhistas no reino unido, de maneira nenhuma, porque penso que o Partido dos Trabalhistas é necessário.”

As diferenças eleitorais em relação às sondagens foram de tal dimensão que vai ser elaborado um inquérito de investigação pelo Bri-tish Polling Council, a associação que supervisiona a publicação de sondagens no reino unido.

“As últimas sondagens antes da eleição claramente não foram tão precisas quanto gostaríamos. O facto de todas as análises subesti-marem a vantagem dos Conserva-dores sobre os Trabalhistas sugere que os métodos usados devem ser sujeitos a uma investigação cuidadosa e independente”, revela um comunicado da organização, citado pelo jornal online português Observador.

EspErar para vEr Questionada sobre o futuro do seu país, Jill Rigg prefere esperar para ver o que vai acontecer. Há muitas coisas em jogo com a vitória de Cameron, sendo a realização do referendo sobre a permanência do país na União Europeia (UE) uma delas. Mas para a represen-tante da associação de comércio britânica em Macau, ainda há muito caminho a percorrer para que a população seja ouvida sobre esse assunto.

“dependendo das preocupa-ções da equipa de Cameron, vai ser um assunto ainda a ser analisado. Mas penso que não é algo urgente. Acredito que 2017 é a data certa para começar e aí será o momento certo. Ainda há muito trabalho a fazer até tomarmos esse passo.”

A economia será outro ponto importante na agenda do novo governo inglês.

“O partido dos conservadores saiu reforçado. Claro que o país ainda está em austeridade e acredi-to que as pessoas estão à espera para ver se o trabalho fica feito, para que se mantenha estável. Não podemos esquecer a confusão causada pelos trabalhistas em determinadas fases, como na de Blair (Tony Blair, antigo primeiro-ministro).”

Para Sten Idris Verhoeven, que se assume “mais crítico” em relação aos Conservadores, vêm aí mais cortes na área social. “O novo governo vai tentar levar a cabo o máximo das políticas que não con-seguiram implementar por estarem num governo de coligação. Penso que vamos ter uma governação mais pró-conservadora, uma vez que os liberais tentavam recuar nas propostas que pudessem ser mais radicais. eles têm um pro-grama político, então vão tentar cumprir a agenda o máximo que conseguirem. Isto significa mais cortes na área social e o referendo sobre a ue.”

sobre este, o docente da uM revela-se céptico sobre eventuais mudanças na estrutura do projecto europeu. “Ainda não sabemos quan-do é que o referendo vai acontecer, mas é provável que a maioria das pessoas votem contra a saída do país da UE. Aí o Reino Unido po-derá negociar alguns aspectos. Os responsáveis da Comissão europeia já disseram que vão esperar pelas propostas, para saber o que podem ou não aceitar. Contudo, uma das propostas feitas é a limitação dos emigrantes e aí os responsáveis europeus já disseram que não po-derão existir medidas significativas. No final do referendo, poderemos chegar à conclusão que os parceiros europeus não querem isso. estou bastante céptico quanto à possibi-

lidade do reino unido deixar a ue, acredito que o país se vai manter na UE. Penso que essa é a melhor op-ção, em termos de negócios, temos maior facilitação no movimento de mercadorias e capitais. Se saírmos da UE haverá muitos negócios e empresas a saírem porque preferem estar na ue. Mas teremos de esperar pelo referendo”, concluiu.

andreia sofia silva com agê[email protected]

Ed Miliband

lusa

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4 hoje macau segunda-feira 11.5.2015política

o s membros do Conse-lho Executivo acumu-lam dezenas de em-presas, a sua maioria

ligada ao sector do imobiliário e do investimento. Dos altos cargos do Governo, Raimundo do Rosário, secretário para as Obras Públicas e Transportes, é o responsável que mais bens imóveis detém, ainda que não seja o que mais bens e rendimentos tenha declarado.

Desde que é obrigatório fazer esta declaração, os altos cargos do Governo, bem como mem-bros do Conselho Executivo, Assembleia Legislativa, chefes de departamento e tribunais têm exposta uma lista online. Ao que o HM analisou, são os membros do Conselho Executivo quem mais bens detêm, pelo menos ao nível das empresas.

É o caso de Liu Chak Wan, empresário e membro do Conse-lho Executivo e do Conselho de Curadores da Fundação Macau. Liu declarou a posse de quatro vivendas, três apartamentos, três lugares de estacionamento e duas lojas. Mas é na participação de capital que o membro do Conselho Executivo soma mais bens: são 42 as empresas com participação de Liu Chan Wan, a maioria de investimento e construção.

Liu’s Commerce and Industry Limited é uma das companhias da lista, que se juntam a outras como a Companhia de Investimento Tian An, a detentora de dois polémicos lotes no Fai Chi Kei. No total, Liu soma mais de 600 milhões de patacas em capital investido nas empresas locais e mais de 1,35 milhões de dólares americanos

Mais dois representantes portugueses este mêsO Secretário de Estado português da Alimentação e da Investigação Agroalimentar vai visitar Macau. Nuno Vieira Brito chega ao território na quarta feira, para uma visita de quatro dias, de acordo com a Rádio Macau. Pouco depois, no dia 19, realiza também uma visita a Macau o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, que fica na região dois dias. O Secretário de Estado Adjunto e da Economia, recorde-se, chegou ontem. Leonardo Mathias parte terça-feira para Hong Kong.

600milhões de patacas de capital

investido em empresas locais

e mais de 1,35 milhões

de dólares americanos

em empresas estrangeiras

Flora [email protected]

Joana [email protected]

Os números são eloquentes e estão expostos online. Da participação em empresas locais e estrangeiras à aquisição de imóveis, os membros do Conselho Executivo concentram em si uma generosa fatia da riqueza de Macau

Declaração De bens MEMBROS dO CONSELHO ExECutIVO ACuMuLAM EMPRESAS

Vamos jogar Monopólio?

em empresas estrangeiras, como a Flashing Galaxies, Lessie Lead e a Million Luck Investments, entre outras.

Já Peter Lam, membro dos mesmos Conselhos que Liu Chak Wan, declarou possuir duas frac-ções autónomas e três lugares de estacionamento em conjunto com

a esposa. De acordo com as notas do documento, serão todos para uso próprio.

Na participação de capitais, Pe-ter Lam – que recentemente entrou para o Conselho de Curadores da Fundação Macau, depois de ter pedido demissão do Conselho de Administração do mesmo organis-mo, declarou ter 19 companhias, incluindo a da Escola Internacional de Macau, o Centro de Comércio Mundial de Macau, do qual é direc-tor executivo, e várias empresas de investimento e fomento imobiliá-rio. No total, o capital atinge mais de 44 milhões de patacas e cem mil dólares americanos.

No topoChan Meng Kam, que além de membro do Conselho Executivo, é também deputado, é o que soma mais propriedades. são 28 fracções autónomas: 12 em Macau, 24 no interior da China e duas no estran-geiro. Chan tem ainda 54 lojas - seis em Macau e 48 no continente -, 28 escritórios em Macau, 82 lugares de estacionamento - 22 em Macau, 59 no interior da China e um no estrangeiro – e ainda um hotel no continente. Na participação de capitais, declarou a participação em 115 companhias, principalmente locais.

Angela Leong segue-se a este de-putado, com 39 fracções autónomas – além da que usa como morada -,

11 lugares de estacionamento e duas lojas. A número um da sociedade de Jogos de Macau é ainda sócia de mais de 30 companhias.

Recorde-se que, recentemente, uma fracção no nome da também deputada foi selada por ser uma pensão ilegal.

Os também membros do Con-selho Executivo Vong Hin Fai e Leong Heng Teng também foram obrigados a declarar bens, com o primeiro – também deputado da AL – a dizer que possui 14 fracções habitacionais em Macau, Hong Kong e interior da China, 18 fracções comerciais e 17 lugares de estacionamento para automóvel e oito para motocicletas, tendo ainda um escritório.

Já o porta-voz do Conselho Executivo tem apenas um aparta-mento, onde vive com a família, um “quarto” de outra fracção que está para arrendar e não tem empresas.

Leonel Alves, deputado e advogado membro do Conselho Executivo, conta com cinco mo-radas – duas em Portugal, uma em Macau e duas no Reino Unido -, um escritório local. Alves é ainda administrador da empresa FAL – Turismo e Hotelaria Limitada, onde tem 0,7% da empresa, vice--presidente da Kingsland, Gestão Hoteleira, onde injectou cem mil patacas e é ainda vice-presidente da Ocean Villa, Gestão Hoteleira.

42empresas com participação

de Liu Chan Wan

O deputado detém ainda 100% do capital das empresas Amigo Gain Holding Limitada e superior Charme International, ambas nas Ilhas Virgens Britânicas.

Mais cargo, MeNos coNtasConforme a declaração de rendi-mentos e interesses patrimoniais dos altos cargos, pode verificar--se que Chui sai On, Chefe do Executivo, tem em seu nome seis imóveis. As informações mostram que o Chefe do Executivo tem uma fracção para habitação própria em Macau e metade de uma proprie-dade com o mesmo objectivo no interior da China e três lugares de estacionamento. Chui sai On não declarou investimento em compa-nhias ou estabelecimentos comer-ciais, nem acções, nem participação de capitais, sendo a sua declaração igual à de 2013, na altura em que o Regime entrou em vigor.

Mas é Raimundo do Rosário o secretário com mais fracções: ao todo, são 23.

segundo a lista, o secretário para as Obras Públicas e Transpor-tes detém 12 prédios rústicos, seis prédios urbanos e cinco habitações. Todas elas, à excepção de uma, são divididas com a esposa ou frutos de herança.

Já a secretária sónia Chan de-clarou três fracções e dois lugares de estacionamento, o secretário para a segurança, Wong sio Chak, possui duas fracções e dois lugares de estacionamento e o secretário para os Assuntos sociais e Cultura, Alexis Tam, declarou ter cinco apartamentos e quatro lugares para estacionamento juntamente com a esposa e outros três apartamentos e dois lugares arrendados.

Nenhum dos secretários, à ex-cepção de Lionel Leong, da pasta da Economia, tem empresas em seu nome. Já Leong, que detém duas fracções, uma delas no Reino Unido e outra em Hong Kong, de-tém 50% de duas empresas – a Add Grant e a Valuever. Há ainda uma outra empresa, cujo nome só está disponível em chinês, e onde não é possível perceber a participação de Leong.

Já nos departamentos, o di-rector dos serviços de Polícia Unitários, Ma Io Kun, declarou três fracções e um lugar para estacionamento, André Cheong , Comissário do CCAC, detém duas fracções já com lugares de estacionamento em Macau e duas no interior da China.

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gcs

5 políticahoje macau segunda-feira 11.5.2015

Ilha da Montanha Negada entradade carros de Macau em Agosto Afinal não há uma data específica para a implementação da política de livre circulação de automóveis de Macau na Ilha da Montanha. O anúncio é feito pelo Executivo e chega em resposta a algumas notícias publicadas na imprensa local na semana passada e que davam conta que os veículos de Macau iriam poder circular na Montanha já em Agosto. “Esclarece-se que esta é uma política da China interior, para a qual o Governo da RAEM tem colaborado, orientando os seus departamentos. No entanto, esse trabalho ainda está a ser realizado, sem que haja uma data específica para a sua implementação”, refere o Executivo em comunicado. O Governo vem, assim, desmentir a alegada entrada em funcionamento desta medida em Agosto próximo. No entanto, o Executivo assegurou que as negociações para a implementação desta medida continuam em curso.

Pedida legislação sobrecigarros electrónicos

Cooperação Aposta na tecnologia e cultura em Qianhai

A Associação de Pro-tecção da Saúde e

Abstenção do Fumo pe-diu que sejam criados regulamentos para os cigarros electrónicos. A Associação considera que, por ser considerado mais saudável, o cigarro elec-trónico venha a criar mais dependência da nicotina e vício do tabaco, sendo, alega ainda, uma forma de consumo de substâncias alternativa.

“O conteúdo de nicoti-na num cigarro electrónico pode ser superior ao de um cigarro normal. Se consumirmos em demasia, iremos fumar mais e mais, porque a nicotina é uma substância viciante. Irá causar um tipo alternativo de abuso de ‘drogas’”, afir-mou Ao Ka Fai, director da Associação, à TDM.

Chao Wai Man, do Hospital Kiang Wu, con-corda e diz mesmo que não existe informação científica suficiente para se assumir que os cigarros electrónicos contribuem

para deixar de fumar. Em vez disso, o médico da clínica de abstenção para o tabagismo dá outras ideias.

“Alguns medicamen-tos de substituição de ni-cotina, incluindo os pensos de nicotina e as pastilhas, tornam a abstenção da nicotina menos difícil. Não reduzem o abuso do fumo, de forma repentina”, aponta à TDM.

Mas há mais pessoas a manifestarem-se contra a utilização deste tipo de cigarros e contra a falta de legislação que os regule. De acordo com a televisão, uma outra associação local alertou para os perigos do cigarro electrónico, que começam pela bateria.

“É fortemente volátil. As faíscas podem fazer com que o líquido contido no interior da bateria ex-pluda”, começa por dizer à TDM Cheang Tak Shun, director da Sociedade de Operações de Engenhei-ros, que propõe que o Governo defina lei sobre estes cigarros.

SHENzHEN quer direccionar a cooperação com Macau nas áreas

da Ciência e Tecnologia e da Cultura, especialmente na zona de Qianhai, que estará completa em 2020 e está pensada para ser base para uma série de indústrias de serviços. A intenção de “alargar a coo-peração para outras áreas” foi expressa pelo Secretário do Comité Municipal de Shenzhen do Partido Comunista Chinês (PCC), Ma Xingrui, em visita a Macau. O anúncio foi feito durante um encontro

do responsável com o Chefe do Executivo local, que se mostrou aberto a explorar esta ideia. Segundo um comunicado Ma pretende que seja estudada a possibilidade de criar em Qianhai uma plataforma de cooperação com a região.

“[Ma] adiantou que Shenzhen enfrenta questões ligadas à transfor-mação das indústrias, e tem de alargar o espaço da cooperação, considerando que ambas as cidades podem estudar a possibilidade de cooperação em

Qianhai de Shenzhen”, lê-se no docu-mento. Esta zona vai servir de ponte para o desenvolvimento da estratégia “Uma faixa, uma rota”, anunciada re-centemente pelo Governo Central. De acordo com o website oficial da cidade, Qianhai será uma zona costeira com uma forte componente de “indústrias vibrantes”. É também considerada uma “zona-piloto” para avaliar a poten-cialidade de um plano de cooperação inter-regional.

D EPOIS da renovação do we-bsite do gabinete do Chefe do Executivo, que permite à população ter acesso ao seu

currículo pessoal e até deixar sugestões para as políticas públicas, Chui Sai On tem agora a rubrica online “Palavras do CE”.

O Chefe do Executivo parece querer aproximar-se ainda mais dos seus concidadãos e ontem publicou já online a primeira mensagem, intitula-da “Sereno e tranquilo, ele observa o andar das coisas com sabedoria”, que contém um discurso optimista não só em relação a Macau como à economia local, numa altura em que os casinos registam quebras sucessivas dos lucros.

“Estou muito contente por hoje po-der lançar um novo meio para compar-tilhar os meus pensamentos e emoções com todos. Há muitas pessoas que têm voltado os seus olhos para o futuro da economia de Macau. Por conseguinte, valho-me deste espaço para dividir as minhas opiniões com todos”, começou por escrever. “Recentemente o sector do Jogo, um dos pilares económicos de Macau, entrou numa fase de ajustamento e consolidação. A economia local está a ajustar a sua velocidade, de onde vêm as preocupações que identificamos na sociedade. Obviamente é necessário estarmos atentos para os problemas, mas o mais importante é ter coragem para suportar reveses”, referiu Chui Sai On.

Tendências posiTivasContudo, para o líder do Executivo, ao considerar a situação como um todo, “vemos que a taxa de desemprego ainda se mantém num nível baixo, a situação financeira é vigorosa e estável e a maio-ria dos projectos de investimento ainda estão a desenrolar-se normalmente”, acrescentou Chui Sai On. “Em 2015,

“Vemos que a taxade desemprego ainda se mantém num nível baixo, a situação financeira é vigorosa e estável e a maioria dos projectos de investimento ainda estão a desenrolar-se normalmente”

CE tEM NOvA fORMA dE COMuNICAçãO E fAlA dAs quEbRAs dO JOGO

As palavras de Chui Sai OnO Chefe do Executivo já tem mais uma plataforma para comunicar com os residentes. A rubrica “Palavras do CE”, no site do líder do Governo, irá mostrar as ideias e a análise de Chui Sai On sobre os mais variados temas. O primeiro texto desdramatiza o abrandamento do sectordo Jogo e até deixa uma mensagem sobre o Dia da Mãe

Macau foi escolhida como uma das dez melhores regiões turísticas, de modo que a nossa Região Especial mantém a sua tendência positiva de desenvolvimento geral”, disse ainda.

Traçando um olhar sobre os últimos 15 anos, Chui Sai On considera que a di-versificação económica é possível. “Nos 15 anos de construção da [RAEM], a sua

economia já realizou um crescimento avançado e já produziu muitos efeitos secundários favoráveis. Neste momento há um crescimento contínuo dos ele-mentos não jogo. Sectores associados ao Jogo, como o turismo, hotelaria, retalho, bancos e construção mantêm um perfil de crescimento estável. São triunfos alcan-çados pelo incremento da diversificação adequada da economia”, considerou.

Chui Sai On não deixou ainda de falar do Regime de Reserva Financei-ra, através do qual “o Governo virá a adoptar um padrão, esforçando-se por dar um bom destino às divisas”.

Com um tom intimista, Chui Sai On teceu ainda mais considerações sobre a atitude que a população deve adoptar em relação aos próximos anos, repetindo slogans políticos com os quais tem feito muitos dos seus discursos oficiais. Como a rubrica “Palavras do CE” nasceu no Dia da Mãe, Chui Sai On não quis deixar de escrever umas breves palavras “a todas as mães de Macau”.

andreia sofia [email protected]

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6 política hoje macau segunda-feira 11.5.2015

O deputado Si Ka Lon pediu ao Governo que regulamente a publi-ci tação em Macau

de imóveis que ainda não estão construídos no exterior e a compra destes por residentes de Macau. Para isso, o deputado sugere uma colaboração entre Macau e Zhuhai, especialmente a Ilha da Montanha.

Numa interpelação escrita entregue ao Governo, Si Ka Lon recorda as previsões de um académico da Universidade de Macau (UM), que revelam que, daqui a 10 anos, entre 50 a 80 mil residentes de Macau vão estar a viver na Ilha de Montanha. Con-tudo, cerca de 90% dos imóveis da zona publicitados no território não estão sujeitos ao regime de pré-venda, porque não têm o cer-tificado do interior da China para tal. A situação traz a lume casos de residentes de Macau que pagaram uma pré-venda que é ilegal e que

não conseguiram obter a casa que supostamente compraram.

Si Ka Lon relembra que há cada vez mais residentes de Macau a comprar apartamentos na Ilha de Montanha, sob grande risco devido à falta de leis.

Alto risco“Não existe uma regulamentação concreta para o mercado de pré--vendas de imóveis estrangeiros em Macau, sobretudo os do interior da China, criando um grande risco para os residentes que adquirem imóveis fora do território”, diz.

O deputado questionou se os Governos de Macau e Zhuhai não só fizeram actividades de combate ao grande número de pré-vendas ilegais promovidas por agentes de Macau, mas também se estão a pensar implementar um regime de apreciação ou registo de imóveis e pré-vendas estrangeiras.

Flora [email protected]

A deputada Song Pek Kei e o membro do Conse-lho para os Assuntos de

Habitação Pública, Ung Choi Kun, concordam com a decisão de Raimundo do Rosário sobre a suspensão das obras de habi-tação pública do Bairro de Toi San. Song Pek Kei e o também ex-deputado esperam que o Governo avalie a situação de moradores em redor do local e pedem um novo plano que inclua uma “renovação urbanística”.

O projecto de habitação pública de Toi San foi suspenso há três anos por causa de fendas surgidas nos edifícios em redor. O Secretário para os Transportes

Residentes querem licençade maternidade de três meses Um inquérito de rua feito pela Associação Geral das Mulheres de Macau revela que a maioria das inquiridas está de acordo com o aumento da licença de maternidade dos actuais 56 dias para três meses. Segundo a TDM, a associação vai agora reunir todas as opiniões recolhidas, para elaborar depois uma proposta formal ao Governo. “Todas desejam ter mais tempo para descansar e recuperar depois de dar à luz, o que seria melhor para elas quando regressam ao trabalho na sociedade, no futuro. Contudo, será que seria mais adequado se fosse acrescentado subitamente? Estamos a reunir as opiniões dos cidadãos primeiro”, disse a deputada Wong Kit Cheng.

Associação Promotora de Enfermagem a favor do exame de avaliação

OS responsáveis da Associação Promotora de Enfermagem de

Macau reuniram com Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, tendo referido não estarem contra a introdução do exame para estes profissionais, no âmbito da elaboração do novo sistema de acreditação para o sector. Segundo um comunicado, Tin Kit Peng, presidente da associação, re-feriu que a mesma “nunca assumiu uma posição contra a introdução do exame como um instrumento de fiscalização e controlo para a qualificação do exercício de actividades”.

Por isso, a associação “propôs nova-mente que os licenciados em enfermagem fiquem sujeitos à aprovação num exame de qualificação profissional promovido pelo Governo para efeitos de inscrição, antes de entrarem no mercado de trabalho”.

Quanto aos alunos das duas escolas superiores de enfermagem de Macau, por já passarem, durante o curso, por “uma avaliação contínua a nível teórico e clínico” e por “acumularem uma duração de estágio superior ao estipulado na proposta de lei”, a asso-ciação entende que “não é necessária a fixação de um período de estágio sujeito à avaliação, desde que os alunos sejam aprovados no exame”.

A mesma associação pediu ainda ao Secretário que seja feita uma maior planificação em termos de recursos humanos, bem como uma melhor defi-nição dos “critérios profissionais para o exercício de actividades de diversos tipos de profissionais de saúde”. O Governo prometeu continuar a ouvir as opiniões sobre o assunto, até que haja uma proposta final para o regime de acreditação.

ImóveIs ApElo à rEGUlAMEnTAção DE pré-vEnDAS Do ExTErior

Acabar com as casas fantasmaSi Ka Lon quer que o Governo faça algo face à pré-vendas de imóveisdo exterior no território, depois de residentes de Macau terem ficado sem as casas que compraram Zhuhai

ToI sAn Um novo plAneAmenTo pArA A hAbITAção públIcA

De volta ao caminho certo e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, afirmou que o plano original - com três andares de estacionamento em cave - não é viável, sendo necessário elaborar um novo plano.

Song Pek Kei concorda com o Secretário, a fim de que a construção de habitação pública “volte ao caminho correcto”. A deputada sugere, por isso, que o Governo convoque os moradores

dos edifícios em redor e faça uma explicação sobre o novo planeamento da construção, que inclua a situação actual dos edi-fícios, a avaliação da segurança da estrutura e um plano de obra mais completo.

Ung Choi Kun recorda que já em 2010 tinha sugerido alterar os três andares de esta-cionamento para cima, devido à demora com as escavações. No entanto, relembra o ex--deputado, a ideia foi rejeitada pelo então director do Instituto da Habitação.

O membro do Conselho para os Assuntos de Habitação Públi-ca pede que o Governo faça a habitação pública combinar com a ideia de “renovação urbanísti-ca”, apresentado pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, para o reordenamento dos bairros antigos. F.F.

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7sociedadehoje macau segunda-feira 11.5.2015

o presidente da Comissão de Administração de Condomínio

do Sin Fong Garden, Vong Kuok Fai, decidiu abando-nar a luta pela reconstru-ção do edifício, depois de receber uma acusação do Ministério Público (MP) por causa do protesto e ocupação da estrada no ano passado. O homem foi acusado junta-mente com outros sete mo-radores de desobediência, mesmo após garantir que o Governo assegurou que não ia acusá-los.

“Não estamos a perce-ber porque estamos a ser acusados não apenas pela ocupação da estrada, mas também pelo crime de desobediência qualificada. Pensámos que os casos já tinham sido arquivados. Não se pode confiar totalmente nas promessas orais dos oficiais do Governo”, frisou.

Mas o responsável critica ainda o Governo alegando que este nunca ajudou de forma apropriada e diz ain-da que “foram quebradas as promessas” feitas pelo Executivo. Vong Kuok Fai assegura que o responsável do grupo especializado do Governo – constituído preci-samente para acompanhar o processo – tinha “prometido oralmente que não ia acusar os moradores manifestan-tes” por estes terem ocupado a rua em frente ao edifício e que “estes precisavam apenas de assinar um docu-mento no MP e o caso seria arquivado”.

Decisão rápiDa Foi através de uma carta pública que Vong Kuok Fai alertou todos os moradores do Sin Fong Garden, o edifício evacuado em 2013 por estar em perigo de der-rocada, para o abandono da luta. Na carta, Vong assegura que decidiu abandonar “a sua própria habitação”, deixando também de ser um dos responsáveis pelo processo de negociações na reconstrução do edifício.

“Não estamos a perceber porque estamos a ser acusados não apenas pela ocupação da estrada, mas também pelo crime de desobediência qualificada. Pensámos que os casos já tinham sido arquivados. Não se pode confiar totalmente nas promessas orais dos oficiais do Governo”Vong KuoK Fai

Sin Fong Porta-voz desiste da luta Pela reconstrução devido a acusação do MP

Situação mal explicada?Sete moradores e o presidente da Comissão de Administração de Condomínio do Sin Fong estão a ser acusados de desobediência pelo Ministério Público por terem ocupado a rua durante os protestos do ano passado. Agora, o responsável diz que o Governo não só não cumpriu promessas, como está a tentar desviar a atenção do público para o que os condóminos dizem ser os verdadeiros responsáveis. Vong Kuok Fai caracteriza mesmoa situação como “cheia de encobrimentos, actos de ocultação e enganos”

“Há um esforço enorme na reconstrução do Sin Fong Garden [e esta é uma situação] cheia de encobrimentos, ocultações e enganos” Vong KuoK Fai Presidente da Comissão de administraçãode Condomínio do Sin Fong garden

Mas estas não são as únicas razões. Vong disse, em declarações ao HM, que a possibilidade de res-tauração ou reconstrução do edifício foi apenas uma tentativa de “alterar as opi-

niões do público e enganar o público.” O responsável afirmou que o problema principal deveria ser inves-tigar quem é o responsável pelo problema e deixar este decidir se era preciso indemnizar. Só depois, diz, teria de se reunir consenso para reconstruir ou restaurar o prédio.

Na óptica do presiden-te, os responsáveis nunca foram apurados. Apesar da Associação dos Con-terrâneos de Kong Mun de Macau ter manifestado von-tade de apoiar em 60% das despesas de reconstrução, e do grupo especializado do Governo ter realizado reuniões com a Comissão

de Administração para ofe-recer apoios, o presidente aponta que o Governo “nun-ca fez investigações” sobre as questões apresentadas pelos moradores.

“O que as pessoas viram durante estes dois anos pode não ser a verdade. O que se vê por fora, pode não ser a verdade. Nós temos declarado que não concor-

damos com os relatórios apresentados pelo Governo, onde é apontado que o pré-dio pode ser restaurado ou reconstruído. Suspeitamos que uma obra de demolição e construção do sítio ao lado foi o que criou danos nas colunas do nosso prédio, porque foi feito sem medidas de protecção. O Governo nunca fez investigação sobre

estas questões apresentadas pelos moradores”, disse o porta-voz.

Os dois relatórios nunca apontaram para ilegalidades cometidas pelo estaleiro do lado. Mas Vong Kuok Fai não tem dúvidas: “há um esforço enorme para a reconstrução do Sin Fong Garden [e esta é uma situação] cheia de encobrimen-tos, ocultações e enganos”.

Se acusados, os oito notificados pelo MP ficam sujeitos a dois anos de prisão ou multas, sendo que a exis-tência de um registo criminal, diz, pode causar a demissão dos que trabalham na Função Pública ou nos casinos.

Flora [email protected]

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8 sociedade hoje macau segunda-feira 11.5.2015

H Á 11 meses consecutivos que as receitas dos casi-nos de Macau registam quebras acentuadas, mas

para os residentes nada mudou e poucos encontram motivos de preocupação.

“Não me preocupo com isso porque as receitas dos anos ante-riores podem durar ainda algum tempzo”, considera o senhor Leong, defendendo que, por agora, “não há grande influência na vida dos cidadãos de Macau”.

O reformado de 58 anos acredita que se podem até veri-ficar consequências positivas a longo prazo, já que uma descida prolongada do jogo pode levar a uma redução dos salários e uma consequente redução dos custos da habitação e bens de consumo.

Será, então, temporária esta situação? Todos os entrevistados concordam: “depende das políti-cas do Governo da China”.

Iao, funcionário público, prevê que o quadro de Macau “estabilize” dentro de dois ou três anos, quando a “situação política da China acal-mar”, referindo-se à campanha anti--corrupção lançada pelo Presidente Xi Jinping e que é apresentada como a grande causa da queda no jogo em Macau.

Para este frequentador assíduo da Biblioteca do Tap Seac, os “benefícios sociais podem ser in-fluenciados”, o que causa alguma apreensão entre os residentes de bai-xos rendimentos. “Mas eu não estou preocupado, as receitas dos casinos não podem ser sempre altas. Além disso, Macau é uma boa plataforma para atrair investimento”, comenta, enquanto folheia o jornal do dia.

Apesar dos números parecerem alarmantes - os casinos encerraram Abril com receitas brutas homólogas a cair 38% - Macau não aparenta ser uma cidade em crise. Os mercados mantêm-se em intenso movimento, as lojas continuam repletas de tu-ristas, que continuam a chegar em numerosos autocarros turísticos, o Venetian continua a atrair multidões de curiosos e as zonas de jogo não se mostram mais folgadas.

A Sands China anunciou que vai disponibilizar a partir de hoje um serviço

adicional de transporte para os seus trabalhadores da construção civil que vivem no interior da China. A medida está em linha com as políticas pedidas pelo Governo, para aliviar os transportes públicos.

“A partir de 11 de Maio, a em-presa vai operar uma frota extra de autocarros para transportar os trabalhadores da construção civil entre o posto fronteiriço em Zhuhai e o estaleiro localizado no COTAI através da Ponte Flor de Lótus”, re-fere em comunicado a Sands China.

A operadora de Jogo informou que tem vindo a assegurar as des-

Jogo Residentes sem medo das quedas nas Receitas

“Antes não haviae sobrevivíamos”

Actualmente, 84,58% das re-ceitas totais de Macau são prove-nientes dos impostos recolhidos no sector do Jogo, uma proporção que alguns moradores desconhecem ou não consideram relevante.

“Não me preocupo com as quedas das receitas. Antigamente não havia casinos em Macau e so-brevivíamos”, comenta a senhora Ng, interrompendo o seu passeio com a neta no jardim Lou Lim Ieoc.

Para a reformada de 60 anos, o abrandamento pode afectar os

salários dos trabalhadores dos casinos mas será sempre tempo-rário, diz. “De qualquer forma, os clientes são principalmente da China e nós, cidadãos de Macau, não vamos ao casino.”

Hora de diversificarOpinião semelhante tem Lam, de 54 anos, que aproveitou a manhã solarenga para visitar o mesmo jardim: “Não me preocupo, não tem nada que ver connosco. Nunca fui jogar ao casino e acho

“Eu não estou preocupado, as receitasdos casinos não podem ser sempre altas.Além disso, Macau é uma boa plataformapara atrair investimento”IAo Funcionário público

TNR SANdS ARRANJA TRANSpoRTe pARA TRAbAlhAdoReS

Todos no autocarrolocações dos seus trabalhadores da construção civil não residentes des-de Setembro do ano passado: “Em linha com os pedidos do Governo, os trabalhadores da construção civil têm sido transportados em autocarros desde o posto frontei-riço de Gongbei, em Zhuhai, até ao estaleiro no COTAI, num total de 90 viagens diárias”.

Em Abril, o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, anunciou

que não há influência nenhuma nas pessoas de Macau”.

Já o estudante de turismo Ho, de 21 anos, admite que a situação o inquieta porque “a indústria de Jogo é a fonte principal dos rendimentos de Macau” e porque um agravamento do cenário pode prejudicar as suas probabilidades de encontrar um bom emprego.

No entanto, o estudante salienta que esta “é uma boa oportunidade para o Governo de Macau mudar a fonte principal de rendimentos e focar-se noutras indústrias”.

Mais apreensiva mostra-se a se-nhora Chen, cujo filho é trabalhador num casino. “Vai ter grandes efeitos porque a fonte principal das receitas de Macau vem dos casinos, vai causar desemprego e as pessoas vão ter de ir para fora, onde há muita competi-ção”, lamenta. LUsa/HM

que a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e a Melco Crown aceitaram disponibilizar, a curto prazo, o transporte para os seus trabalhadores não residentes, em linha com a política desenhada pelo Governo.

Contactada pela Lusa, a MGM China afirmou que já está a realizar o transporte dos seus trabalhadores, incluindo pessoal que trabalha na construção do segundo ‘resort’ da empresa,

embora não tenha precisado as datas do início da operação.

Não foi possível à Lusa obter resposta das restantes duas ope-radoras de jogo - Wynn Macau e Galaxy - quanto ao transporte de TNR.

Macau contava, no final de Março, com 174.924 trabalhadores do exterior, os quais representavam 44% da população empregada. Destes, 113.465 eram provenientes do interior da China. LUsa/HM

DICJ Receitascaem 36,6% no primeiro trimestreas receitas dos casinos de macau caíram 36,6% no primeiro trimestre deste ano para 64,7 mil milhões de patacas, com o jogo ViP a contrair 42%. os dados oficiais, divulgados pelos serviços de inspecção e coordenação de Jogos, indicam que entre Janeiro e março, o bacará ViP arrecadou 37,67 mil milhões de patacas, menos 42% que no primeiro trimestre do ano passado, quando as receitas dos casinos ainda registavam fortes subidas. o bacará jogado nas mesas do mercado de massas sofreu uma queda de 28,6% nos primeiros três meses deste ano e na comparação ao período homólogo do ano passado, somando receitas no valor de 20,33 mil milhões de patacas. o peso do bacará ViP nas receitas totais foi de 63,66% no primeiro trimestre de 2014, percentagem que caiu para 58,15% nos primeiros três meses de 2015. as receitas dos casinos de macau caíram 38,8% em abril para 19.167 milhões de patacas (2.143 milhões de euros), na sequência de 11 meses de quedas homólogas consecutivas.

Melco comqueda de 22% a melco crown registou uma diminuição de 22% nas receitas líquidas para 1054 milhões de dólares norte-americanos no primeiro trimestre deste ano. a empresa liderada por Lawrence Ho (filho de stanley Ho) e pelo australiano James Packer atribui a quebra aos desempenhos nos segmento ViP e de massas, segundo comunicado enviado na quinta-feira à bolsa de Hong Kong. a melco crown registou também uma descida de 35% no eBitda ajustado (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) face ao primeiro trimestre do ano passado, para 253,3 milhões de dólares norte-americanos. citado no comunicado, Lawrence Ho, considerou tratar-se de “um sólido desempenho operacional e financeiro para a melco crown entertainment naquele que continua a ser um período desafiante para macau”.

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9 sociedadehoje macau segunda-feira 11.5.2015

O Comissariado contra a Cor-rupção (CCAC) nega que haja

provas de que Chao Son U te-nha pressionado funcionários do Fundo das Indústrias Cul-turais (FIC) e assegura que o caso foi arquivado porque o ex-vogal do Fundo – inves-tigado por ser suspeito de ter beneficiado familiares – até pediu escusa da avaliação do projecto.

Num comunicado en-viado aos jornalistas após o grupo de funcionários ter de-nunciado pressões de Chao Son U para “responderem de determinada forma” durante o processo de investigação do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, o CCAC diz “que as matérias referidas [pe-los funcionários] já foram tomadas em consideração e esclarecidas no processo de averiguações” tanto do Gabinete de Alexis Tam, como nas diligências com-plementares levadas a cabo pelo CCAC.

“Sobre se o vogal in-fluenciou os trabalhadores do Fundo quanto à forma como deveriam prestar declarações no processo de averiguações do [Gabinete], no sentido de prejudicar a imparcialidade do proces-so, já foram efectuadas as respectivas averiguações e análise por parte do instrutor do processo o qual concluiu que não teve lugar a prática de qualquer acto ilegal ou irregular”, frisa o CCAC.

O organismo diz já ter analisado se existiu qual-quer circunstância tendente a influenciar a prestação de declarações, tanto no proces-

Incêndios Bombeiros detectam falhas da segurança O Corpo de Bombeiros detectou falhas na segurança contra incêndios de alguns estaleiros de obras de construção da cidade. A detecção destas falhas foi feita por equipa dos Bombeiros em 24 estaleiros locais e terrenos desocupados, nos dias seguintes ao incêndio que teve lugar na Rua Seis do Bairro da Areia Preta, na semana passada, e o que aconteceu numa zona de depósito de pneus na Taipa, na madrugada de sexta-feira. Alguns dos locais inspeccionados incluem a Avenida de Kwong Tung, a Avenida do Comendador Ho Yin, a Rua de Viseu, a Rua de Entrecampos e a Rua da Barca. Contudo, não foi avançado o número de estaleiros que não cumpriam todas as normas de segurança contra fogos.

H3N2 Plano de vacinação gratuitaarranca hojeÉ já hoje que os Serviços de Saúde (SS) começam o plano de vacinação gratuita da população contra a gripe H3N2, que já causou muitas mortes em Hong Kong, mas que ainda não gerou casos graves em Macau. Os destinatários com prioridade são, na primeira fase, “todos os indivíduos nos lares e centros de reabilitação, bem como os residentes idosos com idade igual ou superior a 75 anos”, revelam os SS. No total, o Governo encomendou “de forma urgente” dez mil doses da vacina.

Coordenadora-adjunta da Comissão do GP será nova voGal A coordenadora-adjunta da Comissão do Grande Prémio (GP), Davina Chu Monteiro, poderá vir a assumir o cargo de vogal do Conselho de Administração do Fundo das Indústrias Culturais (FIC). A sugestão do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, a Chui Sai On foi avançada na passada sexta-feira. Um comunicado do mesmo dia refere que Alexis Tam está confiante de que o Fundo está agora “num caminho mais tranquilo” depois de ter passado por “momentos difíceis”, numa referência ao afastamento de Chao Son U, o vogal alegadamente envolvido num esquema de favorecimento a um familiar (ver texto acima). Antes de exercer funções como coordenadora-adjunta da Comissão do GP, Davina Chu terá pertencido ao Conselho de Administração da TDM. Segundo indica um despacho publicado em Boletim Oficial em Fevereiro de 2001, a representante terá pedido a demissão – que lhe foi concedida – para cerca de dez meses depois começar a exercer o cargo que ainda hoje ocupa. Alexis Tam vem assim sugerir ao Chefe do Executivo um novo nome para substituir o vogal demitido do seu cargo. O mesmo comunicado revela que o Secretário já havia avançado com o nome de Chu, justificando a sua experiência de “mais de vinte anos a trabalhar para o Governo”. L.S.M.

“ Já foram efectuadasas respectivas averiguaçõese análise por parte do instrutor do processo o qual concluiu que não teve lugar a prática de qualquer acto ilegal ou irregular”ComuniCado do CCaC

O CCAC mantém o que disse: não há provas suficientes que indiquem que houve pressões de Chao Son U perante os funcionários do FIC e, à excepção de um, todos os outros dizem que não as houve. O organismo diz ainda que a rapidez na averiguação se deveu ao interesse de Chao e da população. Alexis Tam não comenta o caso, mas sugeriu Davina Chu como a substitua do ex-vogal

FiC CCAC NEGA PRESSõES. AlExiS TAM NãO COMENTA

Está tudo ditoso de averiguações como nas diligências complementares levadas a cabo pelo CCAC, e afirma que “à excepção de um trabalhador, os restantes mais de 20 trabalhadores do FIC declararam nos autos que o então vogal não tinha exercido qualquer influência relativamente à sua presta-ção de declarações”.

Apesar dos funcionários terem dito aos média que responderam da forma que Chao Son U “mandou” por este ser seu “superior hierárquico”, o CCAC diz que “não há provas credí-veis [nem] suficientes” de indiciem eventual influência do ex-vogal perante os tra-balhadores do FIC.

TeMpo úTiL Questionado sobre o caso – e uma vez que Alexis Tam demitiu de imediato o vogal que, segundo o CCAC, não foi então considerado culpa-do, o Secretário optou por não comentar as decisões do CCAC, nem as queixas dos funcionários do FIC.

De acordo com a TDM, Tam disse mesmo que “não tem recursos” para fazer novas investigações sobre as queixas apontadas pelos trabalhadores. Alexis Tam disse apenas estar no seu direito para substituir um funcionário público que foi alvo de suspeitas e sugeriu já uma substituição (ver caixa).

Os funcionários do FIC consideraram ainda que o caso foi investigado em pouco tempo, já que alegam que o CCAC procedeu ao arquivamento deste proces-so apenas uma hora e meia depois de terem sido feitos os últimos inquéritos sobre o sucedido e cinco dias depois do caso acontecer. Também aqui, o CCAC explica.

“O CCAC recebeu o processo de averiguações e os respectivos documentos remetidos pelo GSASC na parte da tarde do dia 30 de Abril. Como o assunto já tinha sido divulgado am-plamente pelos órgãos de imprensa na altura, tendo em consideração o direito de informação dos cida-dãos, bem como os direitos e os interesses legítimos do interessado, o CCAC pro-cedeu de imediato à célere instrução do correspondente processo nos termos da lei.”

Chao Son U trabalhou no CCAC durante dez anos. De acordo com o jornal Ponto Final, U foi assessor do organismo.

Joana [email protected]

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10 hoje macau segunda-feira 11.5.2015eventos

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

FeRnando peSSoa, o menino que eRa muiToS poeTaS • João FazendaTexto de José Jorge Letria«Era uma vez um menino que era vários meninos e em cada menino morava um poeta e em cada poeta um outro poeta. Assim, nunca mais ninguém podia saber quantos poetas havia, ao certo, dentro daquele menino e quantos meninos havia, ao certo, dentro daquele poeta. A coisa começou a ficar confusa, porque nunca antes se vira uma coisa assim, nem havia notícia de outro caso igual, (para dar entrada à rima) dentro ou fora de Portugal.»

BiogRaFia involunTáRia doS amanTeS • João ToRdoNuma estrada adormecida da Galiza, dois homens atropelam um ja-vali. A visão do animal morto na estrada levará um deles — Saldaña Paris, um jovem poeta mexicano de olhos azuis inquietos — a puxar o primeiro fio do novelo da sua vida. Instigado pelas confissões des-conjuntadas do poeta, o seu companheiro de viagem — um professor universitário divorciado — irá tentar descobrir o que está por trás da persistente melancolia de Saldaña Paris.

A S festividades do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Por-tuguesas deste ano aco-

lhem o escritor e ex-agente policial Francisco Moita Flores, a companhia de dança lusa Clara Andermatt e o cantor Sérgio Godinho com a sua banda. O programa de celebração do 10 de Junho acontece durante vários dias ao longo de quase uma semana, começando a 28 deste mês, com uma exposição de marionetas do acervo privado de Elisa Vilaça.

O evento de inauguração terá lugar na sala de exposições da Residência Consular. De acordo com Vítor Sereno, Cônsul Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, aquele espaço – que foi recentemente remodelado – serve para “mostrar Portugal” e um local da região que o representante considera ser um dos mais bonitos.

No entanto, o evento mais aguar-dado parece ser o concerto do músico e autor português Sérgio Godinho, que ficou conhecido por êxitos como “Um brilhozinho nos olhos” e essencialmente pelo seu repertório relativo ao período salazarista e um tom de liberdade da chamada música de intervenção.

O concerto tem lugar no Centro Cultural de Macau (CCM), às 20h00 de 9 de Junho e tem, como nos úl-timos dois anos, entrada gratuita. No dia 10 realiza-se a já conhecida cerimónia do hastear da bandeira portuguesa, às 9h30. O dia segue com a habitual romagem à gruta de Camões por alunos de escolas locais

As comemorações do 10 de Junho trazem ao território Sérgio Godinho, a companhia de dança Clara Andermatt e o escritor Francisco Moita Flores para uma série de actividades. Concertos e conferências juntam-se mais uma vez ao hastear da bandeira, à recepção da comunidade e à romagem à gruta de Camões

10 de Junho Moita Flores, sérgio godinho e Clara anderMatt eM MaCau

Música, dança e outras palestras

e com a recepção da comunidade na Residência Consular, a partir das 18h00, evento que vai contar com a presença de Chui Sai On, a Secretária para a Administração e Justiça Sónia Chan e um represen-tante do Governo luso que está ainda por confirmar.

ConheCimento tambémoCuPa LugarTal como anos anteriores também esta edição das comemorações do Dia de Portugal contam com uma série de actividades culturais. A primeira iniciativa acontece a 4 de Junho no CCM e serve para apre-sentar o disco “Tributo a Macau”, totalmente criado por escritores locais e cantado por um colectivo composto por membros da banda 80 & Tal e outros.

De acordo com Amélia Antó-nio, presidente da Casa de Portugal em Macau, este projecto engloba uma parceria entre compositores locais de músicas que ganham vida através da Língua Portuguesa. No entanto, duas das faixas são em patuá.

O programa cultural continua com a chegada da companhia por-tuguesa Clara Andermatt, que actua com a peça “Fica no Singelo” no Sands, às 20h00 de dia 6.

Há também espaço para uma conferência com Francisco Moita Flores sobre Criminologia, organi-zada pela comissão das festividades – constituída por Laurentino Neves, presidente do IPOR, Amélia Antó-nio, e Vítor Sereno – em parceria

com a Associação de Advogados de Macau. O local da conferência, que se realiza dia 11 de Junho, está ainda por confirmar.

Moita Flores vai ainda conduzir uma outra palestra no dia 8, desta vez dedicada à escrita e literatura portuguesas. No dia 11 há ainda espaço para a realização de uma palestra sobre Estudos Camonia-nos por Carlos Ascenso André e José Seabra, dois especialistas que Sereno considera serem “os melhores” nesta maté-ria. “Amor e Viagem em Camões” realiza-se às 18h00 nas instalações do Instituto Politécnico de Macau.

As comemorações encerram com um concerto de Tó Zé Santos intitulado “O homem dos sete instrumentos”, que se realiza às 20h00, no auditó-rio Stanley Ho do Consulado. Além disto, há ainda a possibilidade de organizar um jogo de futebol por equipas desportivas locais, mas esta é uma hipótese que está ainda por confirmar.

A iniciativa é pa-trocinada pelo grupo MGM em cerca de 20 mil patacas, mas conta também com o apoio do Governo, do Sands e do Banco Nacional Ultrama-rino na disponibilização de instalações, entre outras faci-lidades. Amélia António referiu mesmo que “jamais se conseguiria fazer” um 10 de Junho sem a ajuda destas entidades, uma vez que os orçamentos disponíveis do IPOR, do Consulado e da Casa de Portugal parecem não chegar para fazer face aos gastos necessários.

leonor Sá machado [email protected]

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Macau na Bienal de Veneza

11 eventoshoje macau segunda-feira 11.5.2015

cinema «cavalo dinheiro»de Pedro costa premiado no BrasilO filme «Cavalo Dinheiro», do português Pedro Costa, ganhou os prémios para o melhor realizador, melhor argumento e melhor fotografia no Festival do Recife, Brasil, que terminou na sexta-feira, anunciou sábado a produtora. De acordo com a OPTEC, o filme recebeu ainda o prémio da crítica, atribuído pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema, na 19.ª edição do festival. O filme estreou-se no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, dando ao autor o Leopardo de Melhor Realizador e o prémio da Federação Internacional de Cineclubes, entre outras distinções já conquistadas.

Rua da Felicidade associação de Históriaquer Museu de Prostituição A Associação de História Oral de Macau quer criar um Museu de Prostituição no Beco da Felicidade. A ideia, dizem, é revitalizar a zona, regressando ao passado, quando a Rua da Felicidade era conhecida pelos bordéis e casas de ópio. O plano, que vai custar cerca de um milhão de patacas, é dirigido ao número nove do Beco da Felicidade, actualmente arrendado por uma associação de restaurantes. O pedido de ajuda para revitalizar o espaço foi, então, feito à Associação de História Oral de Macau, que já tem um projecto concluído. “Dividimos o plano em três partes. Em primeiro está a construção de um museu da prostituição, um café e uma loja cultural c riativa. Queremos organizar algumas actuações artísticas [neste espaço do café]. A sala ao lado vai ser um museu de prostituição”, referiu Laura Lee, directora da Associação de História, à TDM. A loja cultural, de acordo com a TDM, estará aberta em Setembro.

O Centro Cultu-ral de Macau (CCM) vai orga-

nizar uma série de activi-dades dedicadas aos mais novos e que incluem peças de teatro, espectáculos de dança e workshops para pequenos e graúdos.

De 16 a 19 do próximo mês, a peça “A Ovelha Negra” ocupa o espaço .ART. Da autoria do grupo de teatro infantil italiano Teatrodistinto, a peça tem estado em digressão pela Europa e aborda o tema da diferença, explicando que não é um ponto negativo. Entre os vários galardões que obteve, estão o prémio de Melhor Espectáculo no Festival Internacional de Marionetas de Pinerolo e um outro de Melhor Encenação no Festival Valise da Polónia.

O Centro Cultural de Macau (CCM) vai acolher

ainda, entre os dias 23 e 26 de Julho, “O Céu Aqui Tão Alto”, peça destinada a um público mais novo, especificamente bebés.

“É uma aventura imer-siva criada para ser a primeira experiência per-formativa dos bebés”, refere a organização em comunicado. A peça sobe a palco pela mestria da companhia australiana Polyglot.

“A Vaquinha Voadora” e “A Floresta dos Grimm” acontecem em Agosto, nomeadamente nos dias 1, 2, 15 e 16. O primeiro espec-táculo integra uma peça de dança criada pela De Stilte, que tem andado em digres-são mundial desde 1994 e foi pensada para ajudar as crianças a reinventar o seu mundo e criarem as suas próprias histórias.

“Através da lingua-gem da dança, os cria-

dores descobriram uma forma perfeita de abrir novos horizontes que dispensa palavras e onde a imaginação é a única regra do jogo”, explica o CCM, adiantando que se trata de uma peça des-tinada a crianças a partir dos quatro anos.

“A Flores ta dos Grimm” foi feita pelo gru-po espanhol La Maquiné e é composta por uma história com marionetas e projecções multimédia. É inspirada em contos clássicos, como são os dos irmãos Grimm.

Férias preenchidasA sessão de workshops prolonga-se durante os três meses de Verão, ini-ciando-se a 27 de Junho e tendo fim a 30 de Agosto, acontecendo em vários locais da cidade. Estes pretendem dar às crianças

algumas noções artísticas relacionada com a música e as artes performativas. “Esta é uma ocasião ideal para cultivar relações de proximidade, para que os pais descubram real-mente o talento dos mais pequeninos”, adianta o CCM.

O programa do Ins-pirARTE acaba no dia 30 de Agosto na Praceta das Artes. O evento inclui comes e bebes e uma festa ao livre que junta não só crianças mas adultos tam-bém. Os bilhetes estão à venda desde o passado sábado e o registo para os workshops decorre até final esta semana. Já as inscrições acontecem de 17 deste mês a 9 de Junho. Os bilhetes variam entre as 60 e as 250 patacas dependendo do pacote e espectáculo escolhidos. L.s.M.

CCM ACtividAdes de verão CoM teAtro, dAnçA e workshops

De pequenino se torce o artista

10 de Junho MOITA FLORES, SéRgIO gODInHO E CLARA AnDERMATT EM MACAu

Música, dança e outras palestras

• Já abriu a exposição “Caminho e Aventura”, de Mio Pang Fei, na 56.ª edição da Bienal de Veneza. Esta é a quinta vez que Macau é convidado a participar. A delegação de Macau conta com cerca de duas dezenas de convidados, entre representantes do Governo e personalidades do território.

Guilherme Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural, esteve presente na cerimónia e falou na possibilidade de criar exposições de arte e actividades culturais no centro histórico de Macau, como acontece em Veneza. A exposição de Mio Pang Fei estará patente até 22 de Novembro.

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12 china hoje macau segunda-feira 11.5.2015

pub

AnúncioHM-1ª vez 11-5-15

Execução Ordinária nº CV1-13-0025-CEO 1º Juízo Cível

Exequente: MELCO CROWN (MACAU), S.A., residente em Macau na Avenida Dr. Mário Soares, n.º 25, Edifício Montepio, 1.º andar, Comp. 13.Executada: 1) AMA INTERNATIONAL SOCIEDADE UNIPESSOAL LIMITADA, registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.º 28410 SO, residente em Macau na Travessa da Misericórdia, n.º 6, 2.º andar B; 2) CHEN MEI HUAN, de sexo feminino, titular do Bilhete de Identidade de Residente da R.A.E.M. n.º 1xxx3xx(7), residente em Macau, Taipa, na Avenida Tomás Pereira, n.º 889.

*** FAZ-SE SABER que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos do executado para, no prazo de QUINZE DIAS, que começa a correr depois de finda a dilação de VINTE DIAS, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamarem o pagamento dos seus créditos pelo produto dos bens penhorados sobre que tenham garantia real, e que são os seguintes:

Bens penhorados da segunda executada1. Fracção autónoma: “A7” do 7.º andar “A”. Situação: Estrada Lou Lim Ieok n.ºs 619 a 699. Fim: Habitação. Número de matriz: 040719. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: n.º 21986-I de fls. 168v do Livro B104A. Número de descrição da propriedade horizontal: n.º 8061 do Livro F33K. Número de inscrição do sujeito activo: n.º 177340 do Livro G.

***2. Fracção autónoma: “B7” do 7.º andar “B”. Situação: Estrada Lou Lim Ieok n.ºs 619 a 699. Fim: Habitação. Número de matriz: 040719. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: n.º 21986-I de fls. 168v do Livro B104A. Número de inscrição da propriedade horizontal: n.º 8061 do Livro F33K. Número de inscrição do sujeito activo: n.º 177340 do Livro G.

***3. Fracção autónoma: “A3” do 3.º andar “A”. Situação: Estrada Governador Albano de Oliveira n.ºs 282 a 410, Avenida de Kwong Tung n.ºs 46 a 176, Rua de Braga n.ºs 1 a 107, Rua de Chaves n.ºs 3 a 11.. Fim: Habitação. Número de matriz: 040709. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: n.º 21853-V de fls. 151 do Livro B101A. Número de inscrição da propriedade horizontal: n.º 3359 do Livro F15K. Número de inscrição do sujeito activo: n.º 79346 do Livro G.

***4. Fracção autónoma: “B3” do 3.º andar “B”. Situação: Estrada Governador Albano de Oliveira n.ºs 282 a 410, Avenida de Kwong Tung n.ºs 46 a 176, Rua de Braga n.ºs 1 a 107, Rua de Chaves n.ºs 3 a 11.. Fim: Habitação. Número de matriz: 040709. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: n.º 21853-V de fls. 151 do Livro B101A. Número de inscrição da propriedade horizontal: n.º 3359 do Livro F15K. Número de inscrição do sujeito activo: n.º 79346 do Livro G.

***5. Quota no valor nominal de MOP$10.000.000,00 da Norte Oeste Expresso Limitada, sociedade registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.º 23689 SO.

***NA R.A.E.M., 27/04/2015

Dez mortos e três feridosapós colapso de parede Dez trabalhadores morreram e três outros ficaram feridos depois de uma parede em construção ter desabado, no leste da China, informou ontem a agência Xinhua. O acidente ocorreu ao final da tarde de sábado no interior de uma empresa de transportes no condado de Lanling, na província de Shandong, quando partes da parede em construção subitamente caíram. Dos 13 operários que estavam na zona aquando do acidente, seis tiveram morte imediata, de acordo com as autoridades locais. As causas do acidente estão a ser investigadas.

Inflação subiu 1,5% em AbrilO Índice de Preços no Consumidor (IPC) na China, um dos principais indicadores da inflação, subiu 1,5% em Abril, anunciou ontem o Gabinete Nacional de Estatísticas. O valor – o mais elevado desde Dezembro – traduz um aumento ligeiro relativamente à taxa de 1,4% referente a Março. Para o conjunto de 2015, Pequim propõe-se a “manter a inflação em torno dos 3%”, ou seja, um ponto percentual acima do valor apurado em 2014. Em Janeiro último, o IPC cresceu apenas 0,8% face a igual período do ano passado, o valor mais baixo em mais de cinco anos.

Pequim Detidos oito estrangeiros em operação anti-droga

O secretário de Estado da Eco-nomia portu-guês, Leonar-

do Mathias, caracterizou sábado a China como “um sólido parceiro de Portugal”, afirmando que a cotação do país dentro do governo chi-nês “é alta e com potencial para crescer”.

“Acima de tudo, encon-trei uma atitude positiva, construtiva, amigável e disponível para aprofundar as relações com Portugal”, disse Leonardo Mathias à agência Lusa depois de três dias de contactos em Pequim.

Leonardo Mathias, que seguiu para Macau, foi o pri-meiro governante português recebido este ano na capital chinesa e antes de regressar a Lisboa, na próxima quarta--feira, visitará ainda Hong Kong.

Em declarações à agên-cia Lusa, o secretário de

“Portugal, para eles, é a língua portuguesa, as relações com os países de língua portuguesa e a sua posição dentro da União Europeia”Leonardo Mathias secretário de estadoda economia

Leonardo Mathias ChINA é “uM SóLIDO PArCEIrO DE POrtuGAL”

potencial de crescimento

Estado destacou também que os responsáveis chine-ses, políticos e empresariais, “tem uma visão estratégica de Portugal que vai para além do espaço português”.

“Portugal, para eles, é a língua portuguesa, as rela-ções com os países de língua portuguesa e a sua posição dentro da União Europeia”, acrescentou.

Segundo Leonardo Ma-thias, nos últimos anos, “a

imagem da China em Por-tugal mudou” e as parcerias entre grandes empresas dos dois países “têm funcionado bem”.

O governante citou os casos da EDP (Energias de Portugal), cujo maior accio-nista é hoje a China Three Gorges (CTG), e a compa-nhia de seguros Fidelidade, comprada pelo grupo Fosun.

“Em 2008 tínhamos 750 empresas que exportavam para a China e em 2014 já são cerca de 1.100”, referiu.

Leonardo Mathias reco-nheceu que “Portugal devia ter mais meios” diplomá-ticos e institucionais para aproveitar as oportunidades proporcionadas pelo de-senvolvimento da China e admitiu que “a evolução das nossas relações bilaterais vai fazer com que isso aconte-ça”, mas por ora - disse - “os recursos, a nível humano e de capital, são limitados”.

Caminho asCendenteAinda em Pequim, Leonardo Mathias visitou na sexta--feira o centro tecnológico da empresa Huawei, mul-tinacional de equipamen-tos telecomunicações que emprega cem pessoas em

Portugal e que abastece as três grandes operadoras do país (Vodafones, Nos e PT).

“A Huawei tem uma confiança acrescida em Portugal”, afirmou.

Pelas contas da adminis-tração-geral das Alfândegas chinesas, as exportações portuguesas para a China cresceram 18,8% em 2014, ultrapassando pela primeira vez os 1.600 milhões de dólares.

“As relações económicas bilaterais têm um dinamismo e um crescimento assinaláveis em variadíssimos sectores. Em 2008 a China era o nosso 28.º parceiro comercial, hoje é o 12.º. Houve uma pro-gressão de mais de 300% em seis anos”, realçou Leonardo Mathias à agência Lusa.

Nos últimos anos, a China tornou-se também um dos maiores investidores em Portugal, estimando-se em cerca de 10.000 milhões de euros o montante do capital chinês atraído pela economia portuguesa desde que a CTG pagou 2.700 milhões de euros por uma participação de 21,3% na EDP, em 2012.

Em Pequim, além do homólogo chinês, o primeiro vice-ministro do Comércio, Zhong Shan, Leonardo Mathias encontrou-se com responsáveis da CTG e do fundo soberano do país, a China Investment Corpo-ration, que gere activos no valor de mais de 600.000 milhões de dólares.

O governante português, cuja delegação integra a primeira missão à China da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), reuniu-se também com os organismos conge-ners chineses: a China Foods and Drugs Administration e da State Administration for Industry and Commerce.

“Não há nenhum precon-ceito contra a China. Há 500 anos que não há”, comentou o inspector-geral da ASAE, Pedro Portugal Gaspar.

Em Março de 2006, sob a direcção de outro inspector--geral, a ASAE mandou fechar 14 restaurantes chi-neses, na sequência de uma mediática inspecção a mais de uma centena de estabele-cimentos do género, de norte a sul de Portugal.

A polícia chinesa dete-ve oito estrangeiros

numa operação anti-droga na capital, Pequim, infor-mou ontem a imprensa oficial.

As autoridades anun-ciaram esta sexta-feira que as detenções ocorreram no mês passado – sem precisar a data em concreto – , depois de recebidas “pistas” sobre o consumo de droga por parte de estrangeiros numa escola internacional no dis-trito de Chaoyang. Foram apreendidas 37,64 gramas de droga, incluindo marijuana, heroína e metanfetaminas, alegadamente pertencentes a cidadãos dos Estados Unidos, Serra Leoa e Mali.

Os três foram detidos pela suspeita de tráfico e posse de droga, segundo o China Daily.

A polícia confirmou ter detido outros cinco suspei-tos – da Nova Zelândia e Estados Unidos.

Seis dos oito suspeitos deram positivo no teste de marijuana e todos confes-saram, segundo as auto-ridades, terem cometido o delito.

O Governo chinês tem levado a cabo uma forte campanha contra o consu-mo de droga nas grandes cidades, como Pequim, onde 8.000 pessoas foram detidas no ano passado, incluindo celebridades, como cantores, actores ou realizadores de cinema.

O tráfico de droga é um crime grave na China, onde o tráfico de mais de 50 gramas de heroína pode ser punido com a pena capital.

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13 chinahoje macau segunda-feira 11.5.2015

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Tufão Noul Taiwanactiva alerta O Serviço Meteorológico Central de Taiwan emitiu um alerta devido à aproximação do tufão Noul, que passa pelas Filipinas e deveria começar a afectar Taiwan ontem à noite. O tufão move-se a uma velocidade de 17 quilómetros por hora, com ventos sustentados de 185 quilómetros por hora e rajadas de mais de 226, segundo as informações meteorológicas da ilha.O alerta aplica-se às zonas costeiras do sudeste de Taiwan. O Noul deve mover-se paralelamente à costa leste da ilha durante esta segunda-feira, afectando toda a região, acrescentou o serviço de meteorologia da Formosa. As autoridades advertiram as populações para que se abstenham de realizar actividades nas zonas costeiras, uma vez que se espera que o tufão venha a desencadear ondas grandes.

“Não posso deixar de destacar o elevado nível e a confiança que definem as nossas relações”Vladimir putin presidente russo

No seguimento da deslocação à Rússia para assistir às comemorações do 70.º aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazi, o Presidente chinês convidou o seu homólogo russo para uma visita a Pequim, em Setembro, por ocasiãodo aniversário do êxito sobre os japoneses

Xi JiNpiNg CONvidA puTiN pArA CelebrAçãO dA viTóriA SObre JApãO

relações de alto nívelO Presidente de

China, Xi Jin-ping, convidou sexta-feira o ho-

mólogo russo, Vladimir Putin, a participar nas comemora-ções dos 70 anos da vitória chinesa sobre o Japão, que se realizam em Pequim, a 3 de Setembro próximo.

“A 03 de Setembro co-memoramos o 70.º aniver-sário da vitória na guerra popular chinesa contra o militarismo japonês e o fim da Segunda Guerra Mundial. Convido-o a participar nas cerimónias”, disse Xi, no início da reunião bilateral com Putin, na capital russa.

O líder chinês esteve numa visita oficial à Rússia para assistir, no sábado, ao desfile militar na praça Vermelha para comemorar o 70.º aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazi.

“A China foi durante a Segunda Guerra Mundial a

principal frente na Ásia. Na-queles anos, estabeleceu-se uma grande amizade militar entre os nossos povos”, su-blinhou Xi.

Putin agradeceu a visita do Presidente chinês “numa altura em que todo o povo da Rússia celebra a vitória na Grande Guerra Patriótica”, nome que os russos dão ao conflito entre a antiga União Soviética e a Alemanha de Hitler.

“Não posso deixar de destacar o elevado nível e a confiança que definem as nossas relações”, afirmou o líder do Kremlin.

Os dois responsáveis assinaram numerosos acor-dos bilaterais, incluindo uma declaração sobre a convergência da União Económica Euroasiática (UEE), liderada pela Rússia, e o projecto “Rota da Seda”, impulsionado por Pequim.

O documento manifesta

a vontade dos dois países “de agir em conjunto na convergência da UEE e da ‘Rota da Seda’”, um ambicioso projecto chinês para ligar o país à Europa através de infra-estruturas e transportes, explicou antes do encontro Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.

Durante a visita oficial do Presidente chinês, que termi-nou no domingo, Putin e Xi assinaram outra declaração sobre cooperação integral e estratégica entre Moscovo e Pequim, além de assistirem à assinatura de cerca de 40 documentos entre várias instituições e empresas dos dois países.

Os dois líderes anali-saram diversos temas da agenda bilateral e da actua-lidade internacional, como o conflito sírio, o programa nuclear iraniano, a crise na Ucrânia e a situação na península coreana.

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ShitaoPropósitos Sobre a Pintura do Monge Abóbora Amarga

hoje macau segunda-feira 11.5.2015

1 - repartição de atributos retirados da «doutrina do Meio»: «a extensão e a profundidade (da virtude perfeita) correspondem à terra, a sua altura e a sua luz correspondem ao Céu (…). O dao do Céu e da terra é extenso, profundo, alto, luminoso…»2 - literalmente: «olhando através de um tubo», alusão a uma anedota clássica presente na biografia de Wang Xianzhi:«esse rapaz é como aquele que, olhando um leopardo com o olho colado a um tubo (crendo-o todo negro), não tendo visto senão uma das suas manchas».3 - Na expressão «Participar nas metamorfoses do Universo», o primeiro caracter tem o significado de «fazer o terceiro», entende-se então que o pintor, na sua actividade criadora, forma uma trindade com o Céu e a terra. Na «doutrina do Meio» fala-se do mesmo privilégio atribuído ao Homem Honesto, fruto da sua santidade: «só no mundo, o homem integralmente honesto é capaz de realizar totalmente a sua natureza; podendo realizar totalmente a sua natureza, ele torna-se capaz de permitir aos outros homens realizarem totalmente a sua natureza; tendo permitido aos outros homens realizarem totalmente a sua natureza, ele pode permitir às coisas de realizarem totalmente a sua natureza; tendo permitido às coisas realizarem totalmente a sua natureza, ele pode contribuir na obra criadora do Céu e da terra; sendo capaz de contribuir na obra criadora do Céu e da terra, ele pode formar uma trindade com o Céu e a terra.» (Cap. 22)4 - ryckmans usa a expressão «co-naissance» expressão com três

sentidos: «nascimento», «conjuntamente» e «conhecimento».5 - No Zhuang Zi está escrito: «O meu nascimento é solidário com o do Universo; não faço senão um com a infinidade dos seres.»6 - sabe-se da biografia de shitao que foi um incansável viajante, respondendo à tradição. O pintor tang dai, por exemplo, citado na antologia de textos sobre a pintura Hualun Congkan (2 vol. reed. Pequim, 1960), retomando uma hierarquia de classificações críticas tradicionais, escreve que, para atingir o grau inferior de «capaz», basta seguir atentamente as regras, para o grau médio de «maravilhoso» é necessário estudar e copiar as obras primas da antiguidade, mas para o grau superior de «natural - desenvolto», o artista deve apoiar-se numa contemplação directa da Natureza.7 - Mas a Natureza não era apenas objecto de contemplação e meditação para os pintores, eles deveriam ir aos lugares específicos, às diferentes montanhas e delas fazer notas. O grande paisagista da dinastia Yuan, Huang Gongwang que se instalara num ermitério de montanha, fazia caminhadas diárias transportando sempre tinta e pincel no seu alforge para apreender os diversos aspectos das nuvens e das árvores (shen Hao, in Hualun Congkan). a comparação fotográfica que hoje se pode fazer, com as obras clássicas, atesta essa preocupação de fidelidade ao modelo. 8 - Ou seja dadizi, o «discípulo da Grande Pureza», um dos «nomes de pincel» de shitao.

Capítulo VIIIa paIsagem (ContInuação)

***

O altivo e o luminoso são a medida do Céu, o vasto e o profundo são a medida da Terra1.O Céu abraça a Paisagem por meio dos ventos e das nuvens;A Terra anima a Paisagem por meio dos rios e dos rochedos.Se não se referir a esta medida fundamental do Céu e da Terra, não se poderão compreender todas as metamor-foses imprevisíveis da Paisagem; porque ventos e nuvens não enlaçam todas as diversas paisagens da mesma ma-neira, rios e rochedos não animam todas as diversas pai-sagens seguindo uma única receita de pincel.Quanto à imensidade da paisagem: com as suas terras estendidas por mil léguas, suas nuvens que se enro-lam por dez mil léguas, suas sucessões de cumes, seus alinhamentos de falésias, mesmo um Imortal, que no seu voo, não quisesse formar senão uma apreciação superficial2 não poderia fazer o contorno.Mas se se servir do Traço Único do Pincel como me-

dida, então começa a ser entretanto possível de par-ticipar nas metamorfoses do Universo3, de sondar as formas dos montes e dos rios, de medir a imensidão longínqua da terra, de aferir a disposição dos cimos, decifrar os segredos sombrios das nuvens e das bru-mas. Quer nos instalemos na perpendicular face a uma extensão de mil léguas, quer lancemos uma es-preitadela enviesada na fieira de mil cumes, é neces-sário sempre regressar a essa medida fundamental do Céu e da Terra.É em função dessa medida do Céu que a alma da pai-sagem pode variar; é em função dessa medida da Terra que se pode exprimir o sopro orgânico da paisagem. Eu possuo o Traço Único do Pincel e é por isso que posso abraçar a forma e o espírito da paisagem. Há cinquenta anos ainda não se tinha dado a mútua reve-lação4 do meu Eu com os Montes e os Rios, não que eles fossem valores negligenciáveis, mas eu deixava--os existir por si próprios. Mas agora os Montes e Rios encarregam-me de falar por eles; eles nasceram em mim, e eu neles5. Procurei sem tréguas cimos ex-traordinários6, deles fiz esboços7; montes e rios en-contraram-se com o meu espírito, e aí a sua impressão metamorfoseou-se, de tal forma que finalmente eles vêm reconduzidos a mim, Dadi8.

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15 artes, letras e ideias

Paulo Maia e CarMotradução e ilustração

hoje macau segunda-feira 11.5.2015

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hoje macau segunda-feira 11.5.201516 h

N os meios literários, Junho é tradicionalmente um mês dedicado a reflexões sobre o Ulysses, romance

revolucionário de James Joyce (1842-1941). No dia 16 desse mês, comemora--se o Bloom’s Day, pois esta é a data em que se passa a acção do livro do autor irlandês. Em 2012, o “Dia de Bloom” foi ainda mais especial, pois encontramo--nos a noventa anos da publicação da obra. Além disso, o recente lançamento do filme  Notícias da antiguidade ideológi-ca (Versátil Home Video, 2011), de Ale-xander Kluge provoca a reflexão sobre a dinâmica de forças estéticas/filosóficas/históricas que envolvem os nomes de Marx, Joyce, Kluge e Eisenstein.

Nestes 90 anos, o  Ulysses  foi pró-digo em espalhar mundo afora fascí-nio e polémica. Como monumento incontornável da moderna literatura ocidental, o romance do autor irlan-

EntrE JamEs JoycE E Karl marxdês não para de seduzir críticos, ao mesmo tempo que se conserva à prova de qualquer leitura que seja capaz de aludir à totalidade de sua eficácia esté-tica. Como sempre ocorre em grandes obras, qualquer leitura do texto parece ser bem menor do que o próprio tex-to; mas isso, no seu caso específico, adquire uma consistência ainda mais lancinante. se já é um tormento para os críticos do livro tentar acercá-lo e compreendê-lo, imaginemos o tama-nho da tarefa de inverter um pouco a ordem natural da coisas e usar o Ulys-ses  como método de compreensão de um construto crítico-teórico como  O Capital, de Karl Marx (1818-1883).

o primeiro a se propor esse desafio foi o cineasta russo sergej Eisenstein (1898-1948), que alimentou a ideia por fim malograda de filmar O Capital a par-tir do método estético empregado por James Joyce em Ulysses. Joyce ansiava

por conhecer Eisenstein, porque julga-va que ele seria o único cineasta capaz de filmar o Ulysses. Por outro lado, o cineasta russo procurara Joyce porque julgava que O Capital poderia tornar-se filme estruturando-se de modo similar ao  Ulysses, graças à concentração nos movimentos triviais de um homem co-mum em apenas um dia de sua vida.

No filme  Notícias da Antiguidade Ideo-lógica: Marx, Eisenstein, O Capital  (Versá-til, 2011), o escritor e cineasta alemão Alexander Kluge retoma o projeto de Eisenstein de maneira a potencializar alguns elementos de leitura do mundo contemporâneo bastante explorados tanto por Marx quanto por Joyce e o ci-neasta russo. É precisamente a partir do projecto não-realizado de Eisenstein, de filmar O Capital a partir do Ulysses, que nascem as nove longas horas do filme de Kluge. o cineasta alemão tem uma perspectiva interessante para a observa-ção do pensamento de Marx, que está apresentada logo no início do texto do encarte que acompanha os DVDs:“- o senhor considera Karl Marx um poeta?- Um poeta talentoso.- Ele senta-se na mais imponente bi-blioteca de Londres, faz excertos de historiografia e compõe uma história em forma de poesia em torno desses núcleos de fantasia?- Assim surge o enfoque mais amplo de sua teoria.- o senhor não estaria sendo injusto ao degradar esse materialista científico à condição de poeta?”

A partir desse texto de Kluge, lan-çamos uma hipótese para a verifica-ção das forças interpretativas que se intercambiam em nosso quadrilátero de pensadores/artistas: tendo em vis-ta a proposta de Kluge, não apenas o Ulysses pode ser usado como media-ção ficcional para ler  O Capital, mas também O Capital pode ser a mediação teórica necessária para conectar as ex-periências formais de Joyce em  Ulys-ses com a totalidade histórica de onde emanam tanto formas literárias quanto contradições objectivas formadoras da subjectividade sob a égide do capitalis-mo. o ponto de apoio para essa análise é o movimento dialéctico entre subjec-tividade e objectividade (afinal, não é esta a grande matéria dos poetas?!), ou, como afirma Kluge no texto do encarte que acompanha o conjunto de DVDs, a “longa marcha do mundo exterior para o interior do homem”. Essa longa marcha estava entre as mais fundas as-

pirações de Eisenstein na pesquisa que engendra o conjunto de técnicas que caracterizava o seu método fílmico. Ademais, a dialéctica entre objectivi-dade/subjectividade pode ser rastrea-da em todos os volumes de  O Capital – de modo especial no primeiro, que trata mais especificamente da lógica da mercadoria e do seu alcance na or-ganização social (colectiva) e psíquica (individual) do mundo capitalista. Mais que tudo isso, esta dialéctica interno/externo é uma chave para a leitura e a compreensão do imenso filme de Ale-xander Kluge, pois o cineasta alemão está claramente atento a ela. Lembre-mos a famosa passagem do Ulysses em que se contrasta a história com um pe-sadelo: “A história – disse stephen – é um pesadelo de que tento despertar.”i

História e poesia irmanam-se dia-leticamente pela sua consistência de pesadelo e utopia. Dizendo mais: uma consistência de pesadelo que deriva precisamente do fato se ser uma forma consciente da necessidade da perspec-tiva da negatividade. Nesses termos, se a história (ou sua metanarrativa) é um pesadelo, a poesia é um jeito pe-culiar de acordar dele; por outro lado, a poesia também é um pesadelo, de que podemos acordar pela história. Unidas dialeticamente, história e poe-sia, tecem aos olhos do leitor atento um novo horizonte, re-significando de uma vez por todas a palavra uto-pia. Assim, não haverá utopia sem o consórcio da poesia como interpreta-ção do mundo e da história como nar-rativa de autoconsciência do homem relativamente ao seu lugar na luta de classes. Quando reflectimos sobre esta relação história/poesia, estamos, nada mais nada menos, que operando inte-lectualmente, como Kluge e Joyce e Marx e Eisenstein entre o externo e o interno. Estamos nos acercando do dinamismo do próprio mundo. Um dinamismo que para Eisenstein é a própria força estruturante da forma dramática do filme.

“Unidas dialeticamente, história e poesia, tecem aos olhos do leitor atento Um novo horizonte, re- -significando de Uma vez por todas a palavra Utopia”

Page 17: Hoje Macau 11 MAI 2015 #3327

17 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 11.5.2015

AlexAndre PilAtiin outrAsPAlAvrAs.net*

Joyce tem, como poucos em seu tem-po, uma consciência catastrófica relativa-mente ao avanço modernizador; algo que se exibe em seus textosii. Não são poucos os momentos em que o Ulysses nos apre-senta uma perspectiva duramente embe-bida em negatividade, ao descrever os movimentos triviais do mundo, os quais sem esforço podemos utilizar na compo-sição de uma complexa mirada acerca da totalidade capitalista.

Mas pode Joyce ser historiador no Ulysses assim como Marx foi poeta no  Capital? Sob certa perspectiva, po-deríamos afirmar que sim; e podería-mos afirmar mais: essa consistência de revelação da história no  Ulysses  é um dos elementos-chave da sua actuali-dade. O que talvez tenha contribuído para instigar Kluge à tarefa de reler os textos de Marx não tanto com a inten-ção de “descrição da economia exterior e de suas ‘leis’, senão sobretudo o capi-talismo dentro de nós.” Essas contradições podem nos dar um mapa para a inte-ligibilidade da crise do capitalismo no início do século XXI.

Vejamos, por exemplo, a partir de um excerto do  Ulysses, a proble-mática do entesouramento, que, conforme descrita por Marx, tem impactos no mundo objetivo e na consciência do homem ocidental. O entesouramento é um dos aspectos básicos, não é demais lembrar, para compreendermos as razões do de-sencadeamento da crise financeira de 1929, por exemplo; e para o clima de abalos e contradições da moderniza-ção a que o Ulysses de alguma forma dá visibilidade.

No capítulo “O catecismo”, vemos a agudização dessa reificação irrestrita na descrição crua do que é a vida humana, perdida no fundo das gavetas. Não são apenas as coisas recônditas; mas o que somos nós dentro das gavetas. Vejamos o parágrafo por inteiro:

“O que continha a segunda gaveta?Documentos: a certidão de nasci-

mento de Leopold Paula Bloom: uma apólice de seguro de £500 na Socieda-de de Seguros das Viúvas Escocesas em nome de Millicent (Milly) Bloom, res-gatável aos 25 anos de idade com uma apólice nominal de £430, £462-10-0 e £500 aos 60 anos ou morte, 65 anos ou morte e morte, respectivamente, ou com apólice nominal (à vista) de £299-10-0 junto com pagamento em dinheiro de £133-10-0, opcionalmente: uma car-teira bancária para o semestre termina-ria em 31 de Dezembro de 1903, saldo em favor do correntista: £18-46-6 (de-zoito libras, catorze xelins e seis pence, esterlinos), bens líquidos: certificado de posse de £900, títulos a 4% (autentica-dos) do governo canadense (livres de taxação): extracto de ata do Comité do Cemitérios (Glasnevin), referente a uma sepultura adquirida: um recorte da im-prensa local a propósito de uma mudan-ça de nome por processo cível.”iii

Atentemos neste trecho do  Ulys-ses  para a forma como a linguagem se dobra à instrumentalização da lógica do dinheiro para dar a ver precisamente as contradições de seu alcance avassala-dor. Num parágrafo que principia falan-do de nascimento e termina falando de morte, temos a hipoteca de toda uma existência à especulação financeira. São títulos, bens, seguros, ações. Valores que tilintam, ainda que sem a forma de ouro ou de moeda. Trata-se uma belís-sima metáfora do conceito marxista de entesouramento. “O que sou é o dinhei-ro; a vida minha é meu acúmulo”: é o que parece nos dizer uma alma fantas-magórica de dentro da gaveta.

Marx dizia que o dinheiro deve, no capitalismo, possuir a consistência elástica e fantasmagórica de uma ma-téria capaz de expandir-se e contrair--se. Não nos esqueçamos de que a vida cabe numa gaveta e que Marx diz assim em O Capital: “Para reter o ouro como dinheiro e, portanto, como elemen-to de entesouramento, é necessário impedi-lo de circular ou de dissolver--se como meio de compra, em artigos de consumo. O entesourador sacrifica, por isso, ao fetiche do ouro os seus pra-zeres da carne. Abraça com seriedade o evangelho da abstenção.”iv

Para sobreviver, o dinheiro no ca-pitalismo depende de que o entesou-ramento não seja excepcional, mas sim sistémico, trivial. O homem comum cumpre o entesouramento, no fundo da gaveta mais comum. A disposição reveladora de Joyce está em desejar articular tudo isso aos movimentos orgânicos do personagem, mostrando que o entesourar é tornar-se homem comum, homem médio, pedestre. Um

“Lendo Marx a partir da Literatura, coMo fez KLuge (e coMo aqui ensaiaMos) coLocaMo-nos diante de aLguMas das Mais instigantes forMas de questionar os Mitos pós-Modernos de que a história acabou e de que o único horizonte possíveL é a não-superação (ou no MáxiMo doMesticação) do capitaLisMo”

homem como Bloom é um entesoura-dor comum: sem o “defeito” excepcio-nal da avareza, mas com a virtude tri-vial da “precaução”. Trata-se de alguém que incorpora a mercadoria ao próprio existir, com isso garantindo os fluxos de expansão e retração necessários à manutenção da lógica do dinheiro no capitalismo. A força da narrativa de Joyce está em revelar o dado sistémi-co, global e total do comum. Não é a excepcionalidade que revela a tota-lidade, mas a forma despercebida e às vezes dispersa com que o quotidiano anuncia as forças da dinâmica histórica global. O método – concentrar-se nas minúcias aparentemente mais insignifi-cantes – tornou possível um dos relatos da vida quotidiana mais completos já apresentados por um romancista.

Lendo Marx a partir da literatura, como fez Kluge (e como aqui ensaia-mos) colocamo-nos diante de algumas das mais instigantes formas de ques-tionar os mitos pós-modernos de que a história acabou e de que o único ho-rizonte possível é a não-superação (ou no máximo domesticação) do capita-

lismo. A dinâmica de forças que está por trás do quadrilátero Marx-Kluge--Joyce-Eisenstein inclui certamente a ideia de que as contradições da práxis ainda podem ser captadas pela litera-tura, pela crítica ou pelo cinema. Acti-var essas contradições já uma boa jus-tificativa para a tarefa monumental de ler Ulysses através do Capital e de ler O Capital através do Ulysses. Se essas con-tradições ainda podem ser activadas, a história em seu dinamismo peculiar permanece e nos persegue: como um pesadelo, ou como a utopia.

* artigo escrito em português do Brasil

i - JOYCE, James. Ulysses. Trad. A. Houaiss. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. p. 30.ii - A esse respeito consultar o ensaio de Franco Moretti “O longo adeus: Ulysses e o fim do capitalismo liberal”. In MORETTI, Franco. Signos e estilos da modernidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.iii - JOYCE, James. Ulysses. Trad. C. Galindo. Cia das Letras: 2012, p.1018.ivMARX, Karl. O Capital. Livro I, vol. 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1985. p.253.

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tempo aguaceiros ocasionais min 24 max 29 hum 75-95% • euro 8.9 baht 0.24 yuan 1.2

João Corvofonte da inveja

Aconteceu Hoje 11 de maio

Morre Bob Marley.testes nucleares da Índia• A 11 de Maio de 1998, a Índia realiza três testes atómicos subterrâneos no deserto de Rajasthan. No mesmo dia, mas em 1981, morre o rei do Reggae, de cancro no cérebro. Pela primeira vez em 24 anos, o governo da Índia realizou três testes atómicos subterrâneas no deserto de Pokhran, a cem quilómetros da fronteira com o Paquistão, e declarou possuir a capacidade de produzir armas atómicas. O anúncio provocou imediata reacção de protesto na comunidade asiática e foi recebido no Ocidente como um golpe nos esforços de conter a proliferação de armas nucleares.Os testes causam revolta internacional e a Índia passa a integrar o grupo das potências nucleares do mundo. A Índia foi um dos poucos países que se recusaram a assinar o Tratado de Não-Proliferação de Armas Atómicas. Anos antes, em 1981, Robert Nesta Marley (Bob Marley) sucumbia a um cancro. A doença espalhou-se para o cérebro, o pulmão e o estômago. Marley luta contra a doença durante oito meses na clínica de Joseph Issels, na Alemanha, no final de 1980 e início de 1981. O médico do cantor anuncia que nada mais poderia ser feito e Bob Marley, já abatido pela doença, resolve retornar a casa, na Jamaica, para passar os seus últimos dias junto à família e amigos. Mas não consegue completar a viagem, tendo que ser internado num hospital de Miami. Morre 40 horas depois de deixar a Alemanha. Marley levou, através de sua música, o movimento rasta-fari e as suas ideias de paz, irmandade, igualdade social, preservação ambiental, libertação, resistência, liberdade e amor universal ao mundo. A música de Marley foi fortemente influenciada pelas questões sociais e políticas de sua terra natal, fazendo com que o considerassem a voz do povo negro, pobre e oprimido da Jamaica. A África e seus problemas como a miséria, guerras e domínio europeu também foram centro de assunto das suas músicas, por se tratar da terra sagrada do movimento rastafari. Marley foi premiado com a Medalha da Paz do Terceiro Mundo pelas Nações Unidas e com a Ordem de Mérito jamaicana. Neste dia, mas em 1904, nasce Salvador Dali. Em 1867, a Independência do Luxemburgo é reconhecida.

“Mr. noBody”(jAco VAn dorMAel, 2009)

h o j e h á f i l m e

O que fazer esta semana? C i n e m aCineteatro

Sala 1the avengerS: ageof ultron [3d] [b]Filme de: Joss WhedonCom: Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo14.15, 19.15

the avengerS:age of ultron [b]Filme de: Joss WhedonCom: Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo16.45, 21.45

Sala 2helioS [c]FALADO EM CANTONêS LEgENDADOEM CHINêS E INgLêSFilme de: Longman Leung, Sunny LukCom: Jacky Cheung, Nick Cheung, Shawn Yue, Ji Jin-hee14.30, 16.45, 19.15, 21.30

Sala 3murmur of the heartS [b]FALADO EM MANDARIM LEgENDADOEM CHINêS E INgLêSFilme de: Sylvia ChangCom: Isabella Leong, Joseph Chang, Lawrence Ko, Lee Sinje14.30, 16.45, 19.15, 21.30

HojeDEBATE “40 ANOS DE RELAçõESDIPLOMÁTICAS ENTRE A UNIãO EUROPEIA E A CHINA: PERSPECTIvAS PARA O REFORçO DA COOPERAçãO”Universidade de Macau, 15h00 às 17h00entrada livre

AmanhãMACAU INDIES APRESENTA “FALLEN”, “THIEF”, “SOJOURNER” E “NUCLEAR EMPIRE” Centro Cultural de Macau, 19h30Bilhetes a 60 patacas

Quarta-feiraMACAU INDIES APRESENTA “MIO PENg FEI”,“CHANTED POETRY” E “THE OTHER HALF” Centro Cultural de Macau, 19h30Bilhetes a 60 patacas

Quinta-feiraMACAU INDIES APRESENTA “UgLY BEFORE”, “IEC LONg”, “THE NEIgHBOUR” E “DO IT FOR YOURSELF” Centro Cultural de Macau, 19h30Bilhetes a 60 patacas

Sexta-feiraMACAU INDIES APRESENTA “TRYCICLE THIEF,“CHAMPION STEP”, “SIT UP” E “OLYMPIC MR. MACAU” Centro Cultural de Macau, 19h30Bilhetes a 60 patacas

Domingo TEATRO “O FATO” (FESTIvAL DE ARTES DE MACAU)Centro Cultural de Macau, 20h00Bilhetes das 150 às 200 patacas

Diariamente ExPOSIçãO DE ARTES vISUAIS DE MACAU (ATé 2/8)Pintura e Caligrafia ChinesasEdifício do antigo tribunal, 10h00 às 20h00entrada livre

ExPOSIçãO “A ÚLTIMA FRONTEIRA:MISTéRIOS DO OCEANO PROFUNDO” (ATé 31/05)Centro de Ciência de Macau

ExPOSIçãO “vALQUÍRIA”, DE JOANA vASCONCELOS(ATé 31 DE OUTUBRO)MgM Macau, grande Praça entrada livre

Toda a nossa vida somos confrontados com escolhas. mas, e se porventura optarmos por não tomar uma decisão? “mr. nobody” mostra-nos como, às vezes, se não escolhermos, tudo é possível. Um excelente filme, onde Nemo (jared leto), um menino de nove anos que é, também, um velhote de 118, opta por reiniciar a sua vida por ter de tomar uma decisão: um comboio está prestes a sair da estação. Dentro dele, vai a mãe de nemo. Cá fora, na plataforma, está o pai. Com quem deve ele ir? Uma vida a ser vivida, vezes sem conta, e um estalo de luva branca sobre as indecisões da nossa vida. Uma excelente obra que vale mesmo a pena ser vista. joana Freitas

18 hoje macau segunda-feira 11.5.2015(F)utilidades

Se quisermos ser sérios teremos de morrer de riso.

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19opiniãohoje macau segunda-feira 11.5.2015

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

macau v is to de hong kongDaviD Chan*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

*Conselheiro Jurídico da Associaçãode Promoção de Jazz de Macau

E m macau, os estatutos que regem a segurança social são definidos na sua maioria pela Lei no. 4/2010, apelidado de “Regime de Segurança Social” e 58/93/m, igualmente conhecida como o “Regime de Segurança Social”. O sistema de segurança social local é assim composto por dois níveis de acordo com os pressupostos

estabelecidos por estas duas leis.Dito de outra forma, o sistema de segurança

social de macau (também conhecido como seguro social) é composto por um sistema de contribuições obrigatórias e um outro sistema de contribuições arbitrárias, garantindo os con-tribuintes a realização de pagamentos para o seu financiamento. A maioria das contribuições são provenientes da massa assalariada, da entidade patronal e dos trabalhadores da Função Pública, havendo ainda um quarto tipo de contribuintes, que são identificados na lei pela categoria geral de “outros”. Além disto, as reservas financeiras deste sistema são ainda reforçadas através da alocação de 1% dos receitas angariadas através de rendimentos recorrentes do Orçamento da Função Pública assim como da apropriação de parte dos rendimentos referentes à taxação da indústria do jogo. Todos os residentes de macau são possíveis beneficiários desta rede de segu-rança social, através da prestação de subsídios de terceira idade, subsídios de invalidade, subsídio de desemprego, ajudas destinadas a serviços fu-nerários, casamentos e nascimentos assim como compensações para casos de ““pneumoconiosis” e ainda reclamações relativas a disputas laborais.

Em contraste com o sistema local, no caso de Hong Kong a segurança social não é conside-rada com a mesma importância, nem tão pouco tem o mesmo significado para as suas gentes. No território vizinho, os seus residentes têm uma maior dificuldade em preencher todos os requisitos necessários, visto os requerimentos serem mais complexos. Assim, os montantes de segurança social recebidos pelos seus resi-dentes são também mais reduzidos, chegando algumas pessoas a denunciar a ajuda prestada pelo Governo como insuficiente. Tendo isto em consideração, não é assim de espantar que a grande maioria da sua população esteja mais preocupada com o “mandatory Provident Fund” ou mPF, ou seja o fundo utilizado para o pagamento da maioria das reformas que os seus cidadãos estão aptos a receber.

No caso do mPF, as contribuições são obri-gatórias, e os contribuintes são residentes locais a trabalhar na cidade, que desta maneira garantem a existência dos fundos necessários para o paga-mento da suas reforma, quando chegar a altura de gozarem de semelhante benefício. Excepto em raras excepções, os contribuintes são obrigados a pagar um mínimo de 5% do seu salário mensal para este mPF, sendo o mesmo empenho exigido da parte dos seus empregadores. mas, em casos em que o salário mensal não chega a ultrapassar os 7.100 dólares de Hong Kong por mês, estes trabalhadores não são obrigados a fazer qual-

O sistema de segurança social

quer pagamento, limitando-se assim a entidade patronal a garantir a prestação necessária para a sua inclusão neste regime de aposentações.

Com autorização prévia das autoridades, é ainda permitido que companhias privadas façam investimentos na bolsa de valores, procedendo à aquisição de acções, bonds ou qualquer outro tipo de produtos financeiros, para reforçar a liquidez do mPF dos seus funcionários. Qual-quer beneficiário que chegue à casa dos 65 anos pode gozar do mPF imediatamente, assim como qualquer um que venha a abandonar o território ou a falecer, igualmente como para aqueles que gozem de aposentação prematura ou venham a sofrer de uma debilitação permanente que os impossibilite de continuar a trabalhar.

No website “wikipedia”, encontramos uma descrição do papel estabelecido pelo mPF junto dos cidadãos chineses, pois “numa comunidade tradicional chinesa, um indivíduo na idade da reforma tinha de ser suportado pelos seus familia-res de acordo com as suas poupanças individuais, sendo nestes casos estabelecida uma rede de apoio social pela família alargada de cada um. Neste tipo de situações, reparava-se igualmente que a esperança média de vida era relativamente baixa quando comparada com a que é gozada na actualidade. mas, com o desenvolvimento gradual da cidade, esta mesma esperança de vida começou a melhorar significativamente, ao mesmo tempo que a taxa de natalidade baixou proporcionalmente. Ao mesmo tempo, o conceito de família alargada começou a ser substituído por um modelo de família nuclear. Aparecem nesta mesma altura as primeiras preocupações que o sistema de segurança social vigente iria ser no futuro ser incapaz de lidar com o grande número de idosos projectados para a cidade. Aparecem assim as primeiras exigências para a implementação de um fundo central de providência, que despoletaram intensos debates e discussões entre membros do Governo e dos principais partidos políticos, assim como com os líderes das uniões sindicais no princípio da década de 90”.

No ano de 2014, este mPF acumulava mais de 5.650 milhões de dólares de Hong Kong, que

cobriam há volta de 285 milhões de trabalha-dores. Já nesta altura se verifica uma adesão de 100% ao fundo tanto da parte dos empregadores como dos assalariados, sendo hoje em dia o mPF uma parte integrante da vida dos cidadãos de Hong Kong.

Segundo uma notícia avançada pelo site “ya-hoo” a 8 de maio deste ano, o actual presidente do “Mandatory Provident Fund Schemes Au-thority” ou MPFA, David Wong, veio a público defender a autorização do uso do mPF como uma garantia por parte dos indivíduos interessados em comprar propriedades. Este MPFA é uma autoridade governamental encarregada da gestão apropriada do mPF em Hong Kong. De acordo com a mesma fonte, este responsável que caso a sua sugestão viesse a ser posta em prática, o montante das contribuições individuais para o mPF deveria ser aumentado dos actuais 5% para um total de 10% num futuro próximo.

O principal mérito da sua sugestão está ligado à maior flexibilidade de que o MPF iria passar a gozar. Actualmente, o MPF tem de ficar na mão das respectivas entidades patronais e pode apenas ser investido nos mercados financeiros, mas nestes casos é cobrada uma elevada taxa para gestão destes mesmos recursos financeiros (que, no passado recente, andava à volta dos 2% do mPF). mas, em casos em que o retorno destes investimentos for inferior aos tais 2% cobrados para a sua gestão, encontra-se uma situação em que o montante disponível para o pagamento desta providência vem na realidade a baixar de ano para ano. Considerando ainda que os preços de apartamentos em Hong Kong tem vindo a aumentar de dia para dia, prevê-se um maior retorno para os investimentos efectuados no mercado imobiliário do que aqueles destinados aos mercados financeiros, o que acaba por se traduzir em benefícios acrescidos para os seus beneficiários.

Temos porém nestes casos uma séries de desvantagens óbvias. O mPF é um fundo des-tinado ao pagamento de aposentações, a ser gozado apenas por aqueles beneficiários com as aptidões necessárias para se reformar. mas se estes recursos financeiros vierem a ser des-

viados de modo a permitir também a aquisição de habitações, o propósito para qual o fundo foi estabelecido acaba por ser enfraquecido, visto esta solução implicar uma marcada redução nos valores das aposentações pagas aos seus beneficiários.

mas não quero com isto dizer que as mudanças propostas não são correctas. Se implementadas, vão permitir uma diversifi-cação dos investimentos do sector financeiro para o sector imobiliário, o que pode facilitar significativamente a aquisição de propriedades por parte dos seus membros. Em Hong Kong, quando um indivíduo conseguir liquidar o em-préstimo relativo a compra dessa mesma casa, passa automaticamente a gozar de um nível de vida bastante mais elevado, pois o pagamento de rendas representa um dos maiores encargos para os residentes da RAEHK.

Será então que esta sugestão vai funcionar se vir a ser implementada? Na verdade, consi-dero que na realidade isto não se vai verificar. Todos nós sabemos que actualmente o preço das propriedades se encontra extremamente inflaccionado. Todavia, os empregados locais contribuem apenas 5% do seu salário mensal para o MPF. Adicionando a este montante os restantes 5% pagos pelo seu empregador, no total apenas 10% do salário mensal de cada indíviduo é utilizado para a manutenção deste mesmo MPF. Assim, um indivíduo que receba 20.000 por mês, acaba por contribuir 24.000 dólares de Hong Kong por ano para este mesmo fundo. mas, para poder adquirir uma propriedade, espera-se que esta mesma pessoa esteja disposta a pagar um mínimo de 7 milhões pela mesma. Desta forma, como é possível esperar que a utlização do mPF venha a conseguir baixar o preço das propriedades? mesmo que se faça o que David Wong defende e se aumente o montante das prestações mensais para o mPF, não se preve uma melhoria significativa da situação.

Relativamente ao preço dos apartamentos, o montante da contribuição feita para o mPF é sempre demasiado reduzida. mas, além da possível ajuda futura para a aquisição de pro-priedades, poderia também ser considerada a utilização deste mesmo fundo para o pagamento de despesas médicas. Nestes casos, o aumento das contribuições seria utilizado para fornecer uma melhor cobertura médica aos seus contri-buintes, o que acabaria por resultar numa melhor protecção médica para todos os residentes locais. Nestes casos, o Governo da RAEHK seria capaz de implementar o novo plano para a área da saúde que tem recentemente vindo a promover.

A situação do sistema de segurança social de macau é bastante melhor do que a de Hong Kong devido aos rendimentos acrescidos prove-nientes da indústria do jogo e o menor número de residentes. Esta facilidade na obtenção de recursos permite aos governantes locais uma maior liberdade na criação das políticas de segurança social. Quando os rendimentos são elevados, uma sociedade não tem problemas em prestar serviços de segurança social para os seus residentes. Caso Hong Kong deseje vir a ter no futuro um sistema de segurança social adequado para as necessidades dos seus cidadãos, tem de garantir igualmente um elevado rendimento para os cofres públicos da RAEHK.

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cartoonpor Stephff

trabalho perdido

hoje macau segunda-feira 11.5.2015pu

b

Delegação do PSde visita a China Uma delegação do Partido Socialista português (PS) visitará a China de 14 a 20 de Maio, a convite do Partido Comunista Chinês (PCC), disse sexta-feira à agência Lusa em Pequim fonte do Departamento Internacional do PCC. A delegação, constituída por 12 pessoas, é chefiada pelo presidente do PS, Carlos César, e além de Pequim, visitará a província de Shandong, no leste da China, e Xangai, indicou a mesma fonte. É a segunda delegação do PS recebida em Pequim em cerca de dois anos, depois da visita da então presidente do partido, Maria de Belém Roseira, em Janeiro de 2013.

Mais de 800 milcartões de crédito O número de cartões de crédito emitidos pelas instituições bancárias de Macau, até ao final de Março, foi de 846.825, um aumento de 1,9% relativamente a Dezembro de 2014, segundo dados divulgados pela Autoridade Monetária de Macau. A maioria dos cartões era denominada em patacas, com 157.677 denominados em yuan e 78.138 em dólares de Hong Kong, representando um aumento de 2%, 2,4% e 0,5%, respectivamente. O limite dos cartões de crédito emitidos por instituições de Macau subiu 5,4% em termos trimestrais, fixando-se em 18,3 mil milhões de patacas. No primeiro trimestre do ano, o crédito usado foi de 4,3 mil milhões de patacas, menos 5,7% em relação aos três meses anteriores. No final do primeiro trimestre deste ano residiam em Macau 636.200 pessoas.

Detido grupo quetrazia imigrantesilegais para MacauA Polícia Judiciária desmantelou um esquema de um grupo que se dedicava ao tráfico humano. Seis pessoas foram detidas e outras seis continuam a monte. O grupo é suspeito de transportar ilegalmente imigrantes para Macau por via marítima e estes viriam para o território por vontade própria e a troco de uma quantia. De acordo com notícia da Rádio Macau, a PJ anunciou ter apanhado os seis suspeitos durante uma inspecção a veículos na Estrada do Istmo. Foi dito às autoridades que as pessoas transportadas vinham para Macau jogar e arranjar trabalho. Um dos detidos admitiu mesmo que cada um deles teria de pagar entre 150 a 300 yuan pelo transporte.

detido homemque vendia cannabis atravésdo Facebook

o homem que pôs cannabis à venda no Facebook foi

detido pelas autoridades e acu-sado de posse e tráfico de droga. o suspeito – que se intitulava Simon Gascoine na página da rede social que usou para vender a droga – é residente de Macau e estaria a trabalhar com um outro homem, nigeriano, tam-bém residente do território. o anúncio foi colocado num grupo local de compra e venda de bens, sendo que a publicidade à cannabis teria sido uma brin-cadeira. Contudo, a polícia foi mesmo chamada a investigar e descobriu que os dois residentes actuavam há uma semana como traficantes.

O nigeriano estaria pronto, segundo a PJ, a transaccionar o produto e actuava com o autor da publicação, de nacionalidade polaca, que foi também detido com 0,9 gramas de marijuana na sua posse.

De acordo com a TDM, o mentor teria feito um acordo com o parceiro: dava-lhe a droga e dava-lhe a tarefa de a entregar num determinado local. Os homens terão feito duas a três transacções e um dos suspeitos disse receber 20% de comissão pelo trabalho. Ambos se recusam a dizer a origem da substância.

O caso está nas mãos do MP, mas o HM não conseguiu apurar se os homens aguardam julga-mento em prisão preventiva ou em liberdade. De acordo com a PJ, só o MP pode revelar isto, mas por ser domingo não foi possível confirmar a situação.

A lunos da secção chinesa da escola sam Yuk estão a queixar-se

de ser obrigados a ir a todas as visitas de estudo, sob pena de serem suspensos da escola, e de terem de doar dinheiro para continuar na escola. A denúncia é feita através de um grupo de pais à publicação Macau Concelears.

de acordo com a publicação, que pertence à associação novo Macau, alunos da Sam Yuk afir-mam que foram suspensos dos estudo por não pagarem uma actividade de visita ao interior da China. Os pais queixam-se que a Escola Sam Yuk organizou uma visita à província de Sichuan, obrigando os alunos a doar 4500 dólares de Hong Kong antes de ir visitar o local. Como uma parte dos alunos rejeitou pagar, foram suspensos dos estudos ou transferidos para outras escolas.

O bOm castigOo director da escola, brian Wong, referiu à mesma publi-cação que não está a obrigar os alunos a fazer doações e frisa

Sam Yuk alunoS com erroS “doam para manter o eStudo”

a doar para não doer

“Quando os alunos cometerem três erros graves, devem assinar um contrato de segundo nível, no qual uma das regras é participar em todas as actividades quea escola realiza”Brian Wong directorda escola escola Sam Yuk

que a actividade é para alunos que já cometeram “três erros graves”. O responsável diz considerar que os alunos devem mostrar sinceridade para que a escola lhes permita continuar os estudos. Ou seja, esta, diz, “é uma forma de oferecer a oportunidade aos alunos de continuarem na escola”.

acrescentou o director que a visita à província de Sichuan tem como destinatários alunos com más notas ou que comete-ram três erros graves. Os alunos precisam de doar 4500 dólares de Hong Kong, defendeu Brian Wong, não porque foram obri-gados, mas porque violam um contrato que assinaram quando entraram na escola.

“A Escola Sam Yuk aceita principalmente alunos que foram abandonados por outras escolas e todos os alunos pre-cisam de assinar contratos com a escola para cumprir as regras. Quando os alunos cometerem três erros graves, devem assinar um contrato de segundo nível, no qual uma das regras é par-ticipar em todas as actividades que a escola realiza”, explicou Brian.

os pais dizem, por exem-plo, que um aluno que não participou por não conseguir contactar os familiares para pedir o dinheiro, acabou por sair da escola.

Flora Fong [email protected]