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Autor: Ivo José Brilhante Cardoso Página 1 de 14
Madeiras
Madeira é a matéria fibrosa, de natureza celulósica,
que constitui o tronco, os ramos e as raízes das árvores,
arbustos e demais tipos de plantas lenhosas. O tronco
arbóreo compõe-se de duas porções fundamentais, uma
viva e externa, o alburno, outra morta e interna, o cerne.
Do ponto de vista prático e comercial, porém, a madeira
propriamente dita é apenas o cerne, muito mais
procurado que o alburno, para os trabalhos de
carpintaria e marcenaria, pela sua resistência,
durabilidade e beleza.
É um material usado desde a Pré-História e é
proveniente das diferentes espécies de árvores das
florestas e também das árvores de frutos. Pelas suas
características de resistência, durabilidade e pela
facilidade em ser extraída e trabalhada, a madeira é
aplicada na construção civil, no fabrico de mobiliário,
nos transportes, nas embalagens ou nos revestimentos e
representa uma parcela importante na economia de
alguns países.
De acordo com o clima e a natureza dos solos, assim
existem árvores específicas de cada região que nos for-
necem madeiras diferentes e que podemos dividir em
dois grandes grupos:
Resinosas ou coníferas - são árvores que possuem
resina e frutos em forma de cone ou pinha, são
próprias dos climas frios e temperados, o seu
fuste é alto e as folhas compridas e estreitas, a
madeira que nos fornecem é caracterizada pela
sua leveza e pela facilidade em serem
trabalhadas.
Resinosas
Folhosas
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Folhosas ou de folha caduca - são árvores próprias dos climas temperados e
tropicais, atingem grande porte com tronco ovóide, possuem folhas largas e nervuradas.
Apresentam uma estrutura mais complexa do que as resinosas e fornecem-nos madeiras
muito diversificadas, pois existem mais de mil e quinhentas variedades.
Constituição da árvore
- Parte subterrânea ou raiz;
- Parte exterior (compreende caule ou tronco, ramos, folhas e flores ou frutos)
A árvore é um ser vivo que precisa de respirar e captar, através da raiz, as
substâncias necessárias ao seu desenvolvimento em altura e em diâmetro.
Estrutura da madeira
Se realizarmos um corte transversal num tronco de árvore, podemos facilmente
observar que este é formado por vários anéis circulares concêntricos, que correspondem
ao crescimento da árvore e que organizam a sua estrutura:
1. Casca - responsável pela protecção do
tronco, é a sua parte exterior.
2. Lenho - é a parte do tronco de onde se
extrai a madeira, compreendida entre a
casca e a medula, e divide-se em duas
zonas:
2.1. Borne - é a zona mais clara que trans-
porta a seiva bruta das raízes
para as folhas.
2.2. Cerne - é a parte mais escura da
madeira e a que lhe dá mais
resistência;
3. Medula - corresponde ao tecido mole e
esponjoso na parte central do tronco.
2.
2.1
2.2
3
Nota: No tronco da árvore podemos verificar que
existem zonas circulares que se designam por anéis de crescimento anual.
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Corte das árvores ou abate
O corte é a operação que consiste em derrubar a árvore, sendo também designado
por abate.
O período mais favorável ao corte das árvores é entre os finais de Outubro e os
finais de Janeiro.
As madeiras são tratadas e transformadas em serrações, carpintarias e marcenarias e
utilizam-se meios muito diversificados para o seu transporte, tais como, rios de corrente
lenta, camionetas e barcos.
O corte das árvores pode ser realizado manual ou mecanicamente.
As ferramentas utilizadas no abate manual são o machado e a serra de arco ou o
traçador.
No abate mecânico é utilizada a moto-serra.
Esta máquina portátil, muito utilizada, pode cortar com facilidade e rapidez troncos
com mais de 1 metro de diâmetro.
Após o derrube da árvore retiram-se os ramos e corta-se transversalmente o tronco
em segmentos ou toros com 2,64 metros de comprimento
Os toros com o diâmetro inferior a 15 cm destinam-se à indústria de aglomerados e
ao fabrico da celulose. Os toros de diâmetro superior a 15 cm são descascados e, com o
auxílio de serras automáticas, são serrados em tábuas, barrotes, ripas, etc., de acordo
com o uso a que se destinam estes materiais.
O desfiamento
dos toros
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Secagem A secagem da madeira consiste em extrair do seu interior o excesso de água, de
forma a poder ser utilizada nas suas diversas aplicações. A evaporação da água leva a
madeira a contrair-se, isto é, a diminuir de volume; a velocidade de secagem deve,
portanto, ser adequada aos diferentes tipos de madeira, de forma a evitar danos
prejudiciais, como a fendilhagem ou o empeno.
Retracção - a madeira retrai quando seca.
Entumecimento - a madeira incha quando absorve humidade.
A secagem da madeira pode ser:
Natural - permite secar a madeira sobrepondo as peças umas sobre as outras de
modo a permitir um arejamento uniforme. Este processo é moroso, exige
grandes espaços e imobiliza grandes quantidades de madeira. A secagem
natural permite secar a madeira até uma humidade mínima de 12%.
Abaixo dos 20% de humidade a madeira resiste às podridões.
Na secagem natural expõe-se a madeira ao ar em recintos cobertos ou
simplesmente a céu aberto.
Esta é colocada em pilhas bem acondicionadas de forma a permitir
uma boa ventilação.
Artificial - a secagem artificial, feita através de estufas próprias, permite aumentar a
velocidade da secagem da madeira ao mesmo tempo que a protege dos
fungos e insectos prejudiciais. Exige instalações caras, torna a madeira
menos flexível e escurece o seu tom.
Secagem natural
Secagem artificial
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A secagem artificial pode ser feita por vários processos:
- Por ar condicionado (em estufa ou túnel);
- Por raios infravermelhos;
- Por vácuo.
A secagem por ar condicionado (a mais usada) pode ser feita em secadores de
funcionamento contínuo, onde a madeira se desloca ao longo de um túnel, ou colocada
em câmaras fechadas (estufas).
Os processos artificiais proporcionam uma economia de custos em termos temporais
em relação à secagem natural.
Propriedades da madeira
A madeira é um material muito heterogéneo, isto é, as suas propriedades variam
muito de espécie para espécie. e também dentro da mesma espécie.
No quadro seguinte podemos ver as propriedades físicas mais importantes que
caracterizam a madeira.
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Propriedades mecânicas
Propriedades mecânicas são aquelas que nos fornecem indicações sobre a
resistência das madeiras quando submetidas a forças.
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Tipo de madeiras
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Produtos derivados da madeira
O crescimento do mercado com a necessidade de aplicações da madeira em
situações específicas, o aproveitamento de madeira e a rentabilidade de custos fizeram
com que a indústria da madeira criasse alternativas produzindo derivados. Para além das
variadas espécies de madeiras fabricam-se vários tipos de materiais que são produzidos
a partir dos ramos e toros de pequeno diâmetro, assim como dos desperdícios e aparas
provenientes da madeira. Estes derivados da madeira pretendem satisfazer as exigências
colocadas pela fabricação de mobiliário e, ao mesmo tempo, reduzir os seus custos de
produção.
Encontram-se hoje diferentes produtos derivados da madeira, dos quais destacamos:
- aglomerados;
- cartão prensado;
- contraplacados;
- folheados.
a) Aglomerados
São fabricados a partir dos elementos fibrosos de
desperdício de madeira, de pequenas árvores e
ramos provenientes de abates florestais, aparas de
serração, etc.
Com a ajuda de máquinas desfibradoras, estes
materiais são reduzidos a pequenas partículas, às
quais é eliminada toda a humidade através de
secadores rotativos. Estes elementos são
posteriormente aglomerados entre si através de
colas, resinas e produtos endurecedores e
seguidamente prensados a uma temperatura de
200°C, a uma pressão de duzentas toneladas, dando-
lhes resistência e forma final.
Estas placas podem ainda ser revestidas a folha
de madeira. Dadas as suas qualidades de resistência
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e durabilidade, são bastante aplicadas no
revestimento de tectos, paredes, divisórias e no
fabrico de mobiliário.
Existe ainda aglomerado de cortiça fabricado
com os desperdícios resultantes da indústria cor-
ticeira. Este aglomerado é bastante utilizado para
fins decorativos, palmilhas de sapatos, anilhas ou
rolhas, isolantes térmicos ou acústicos.
A cortiça é a casca do sobreiro, árvore que pre-
domina no Sul do país; é um material de grande
valor, sendo Portugal o maior produtor mundial.
b) Cartão prensado (tipo plátex)
O cartão prensado é também um aglomerado, que resulta da ligação das fibras
celulósicas, cujas propriedades adesivas e de empastelamento, com resinas sintéticas,
permitem uma boa ligação entre si.
Existe no mercado em placas, normalmente de cor castanha, que possuem uma face
lisa e outra rugosa, com variedades compactas ou perfuradas. Apesar da sua fraca
durabilidade, é aplicado em revestimentos ou em mobiliário económico.
c) Contraplacados
São painéis constituídos por diversas folhas de madeira natural, obtidas por
desenrolamento, e coladas entre si em número ímpar, sobrepostas umas às outras de
forma alternada, com o fio cruzado e prensadas em prensas especiais.
As placas de contraplacado caracterizam-se pela sua grande resistência às
deformações ou aos empenos, devido à disposição cruzada das fibras das suas diferentes
camadas. Estas placas são fáceis de trabalhar, são mais económicas que a madeira
maciça, sendo muito aplicadas no fabrico de mobiliário, de portas ou revestimentos.
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d) Folheados
Os folheados são folhas de madeira natural, muito finas, cortadas dos toros por
máquinas especiais, de forma a destacar do toro e por contraplacado rotação contínua
uma fina camada, que varia entre1,5 mm e 6 mm.
Estas folhas destinam-se quase em exclusivo a valorizar esteticamente a obra onde
são aplicadas, utilizando para tal madeiras finas e exóticas, e são muito usadas no
fabrico de mobiliário e na indústria de contraplacados.
Existem três métodos principais de corte das folhas: corte rotativo, corte a meia-
cana e corte plano.
No corte rotativo o toro é colocado numa máquina semelhante a um torno que o faz
rodar, enquanto uma ferramenta em forma de lâmina o corta em folha contínua.
Cortiça A cortiça é a casca de uma árvore que se chama sobreiro.
A indústria corticeira utiliza a cortiça directamente no fabrico de peças ou
transforma-a em placas de aglomerado
Esta árvore, que predomina no Sul do país, fornece uma matéria-prima de elevado
valor.
A indústria corticeira utiliza a cortiça directamente no fabrico de peças ou transforma-a
em placas de aglomerado.
Os aglomerados de cortiça são feitos a partir dos desperdícios que resultam do
fabrico directo de peças.
Corte rotativo Corte plano Corte meia-cana
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Portugal é o maior produtor mundial deste material, que se utiliza como isolante
térmico e acústico, para fins decorativos, e no fabrico de rolhas, bóias, palmilhas e
anilhas.
2.
Formas comerciais da madeira
A madeira existe no mercado em formas e dimensões variadas, conforme as aplica-
ções que lhe pretendemos dar.
Técnicas de trabalho e transformação da madeira
1 - O abate da árvore pode ser:
- manual - serra de arco, machado e traçador;
- mecânico – moto-serra
Rolhas de cortiça
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2 - A secagem consiste em remover a água da madeira para que esta tenha maior
resistência mecânica, menor variação de dimensões e menor possibilidade de
apodrecer. Pode ser natural (ao ar livre), artificial (em estufas) ou mista.
3 - Cortar (serrar, desbastar e furar) - as madeiras são serradas de variadíssimas
formas: vigas, barrotes, pranchas, solho ou soalho, vigamento, tabuado,
tabuinha, varas de rio, meia moldura, ripa de telhado, rodapé a 3 fios, sarrafão,
tábua de forro a 3 e a 2 fios, etc.
4 - Acoplamento - samblar, colar, pregar e aparafusar
5 - Acabamento - raspar, lixar, pintar, envernizar, encerar e pirogravar.
Processos de união/ ligação e encaixes da madeira - Junções
Na construção de uma mesa, cadeira ou estante, é necessário ligar as várias peças de
madeira, de modo a tornar a peça final indeformável e resistente.
Para se unir ou encaixar as peças entre si é necessário cortar e talhar as peças, de
forma que estas se ajustem perfeitamente.
Os entalhes são feitos, normalmente, com o auxílio de máquinas, ou manualmente,
com o auxílio do formão, e outras ferramentas próprias.
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Ligações com pregos e parafusos
Para unir peças de madeira ou executar trabalhos na área da decoração utilizam-se
normalmente os pregos e parafusos.
Os pregos têm dimensões e formas variadas e são fabricados em aço, latão, cobre ou
outros metais.
A escolha do tipo e do tamanho adequado do prego deve ser feita em função do
trabalho a realizar.
A ferramenta utilizada para aplicar os pregos é o martelo
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Outras ligações entre peças de madeira