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Revista Fusão Cultural

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Edição n° 4

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Page 1: Revista Fusão Cultural
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ISSN 2177-7225

www.fusaocultural.com.br

Diretora executiva e jornalista responsável:Rafaela Silva – MTb: 48.363/SPDiretor comercial e financeiro: Gilberto Pessato Jr.Projeto gráfico e diagramação: Bruno Mateus da SilvaIlustração: Valdir Felipe Garcia de BritoRedação: Larissa Helena da Rocha MartinsRevisão: Priscila SalvaiaColaboraram nesta edição:Guilherme Varella e Lucas de Castro CardosoImpressão: Gráfica Mundo – www.graficamundo.com.br

A Fusão Cultural é uma publicação mensal, local e gratuita da Bennu Editora Ltda ME (CNPJ: 11.476.103/0001-49), sediada na Av. Prof. Alberto Vollet Sachs, 3815 – Vl. Independência – Piracicaba/SP. Telefone: (19) 3375-1512 E-mail: [email protected]: www.fusaocultural.com.br

Os textos e imagens publicados na Fusão Cultural só poderão ser reproduzidos com a devida autorização da direção.

editorial

Paixão Nacional

Teorias a parte, o futebol é uma paixão nacional no Brasil, sobretudo em período de Copa do Mundo. Por isso, a Fusão Cultural resolveu abordar esse esporte nesta edição. Contudo, não será reconstruída a trajetória da seleção, ou feita avaliação

sobre a Copa; seus feitos, suas derrotas e vitórias. A matéria de capa deste mês aborda a relação entre o futebol e a cultura no Brasil. O futebol foi incorporado tão facilmente a nossa cultura, que nos aguça a curiosidade quanto ao fator para tal aceitação e, principalmente, o gosto do brasileiro pelo esporte. A Fusão Cultural não é especialista em futebol, assim, buscou fazer uma avaliação despretensiosa e leve sobre o tema, sem conclusões, mas com algumas considerações, que convidam o leitor a refletir sobre o tema.  Atualmente, é impossível pensar no futebol isoladamente. Ele está posto em um mundo globalizado, no qual interesses e desejos cruzam-se, e seguem para diversos caminhos, possibilitando avaliações diferenciadas. Assim, convidamos você, leitor, a entrar nesse mundo conosco. Faça a sua avaliação sobre o tema, futebol e cultura, com até 2.500 caracteres, e envie para [email protected]. Seu texto pode ser publicado na próxima edição. Esperamos você.

Rafaela Silvadiretora executiva

Gilberto Pessato Jr. diretor comercial e financeiro

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Envie suas sugestões, críticas, elogios e opiniões para o e-mail: [email protected], ou para o endereço: Av. Prof. Alberto Vollet Sachs, 3815 – Vl. Independência – Piracicaba/SPParticipe: Apresente-nos o seu trabalho, amador ou profissional (fotografias, poesias/poemas/versos e caricaturas). Se selecionado, ele poderá integrar a próxima edição da Fusão Cultural. Para mais informações, os e-mails são: [email protected]@[email protected]

Fusão Cultural na Internet: Você tem várias opções para acompanhar as novidades desta publicação pela Internet ou falar conosco on-line: Site: www.fusaocultural.com.br (A partir do dia 10 de cada mês, acesse a nova edição). Orkut: Revista Fusão CulturalTwitter: @fusaoculturalMSN: [email protected]

Anúncio: Para anunciar na Fusão Cultural entre em contato. Telefones: (19) 3375-1512 / 9602-0110E-mail: [email protected]

Recebi a terceira edição da revista. Está muito boa. Também reparei que já existem diversos anunciantes. Parabéns! Sucesso! Abraço!

Raul RozadosAtor, filósofo e fotógrafo

Parabéns pela chegada da Fusão Cultural! Iniciativa mais que bem-vinda no locus cultural de Piracicaba e região. Nós, jornalistas e editores da Jacintha Editores, desejamos que o projeto jornalístico-editorial de vocês ganhe cada vez mais peso e que venha a se inserir como referência em nossa cidade. Contem conosco. Toda força e sucesso a vocês!

Heitor AmílcarJornalista e editor

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sumário

13 rapidinhas

04 up

15 ph0da

15 arte é...

18 fique ligado...

artes plásticasPintura e realidade

37simplesmente danceDança irlandesa

junho | edição 04 | ano 01

30

20 capaFUTEBOL - ARTE

A relação entre cultura e futebol no Brasil

estiloOs anos 80 estão de volta?

39

16 Cururu

17 Águas Termais

31 Teatro de Títere

38 Corset piercing

34 Peça Beira Rio

19 Sopa, uma boa pedida para os dias frios

36 Filmes independentes

40 quem conta um conto...

41 A cultura do futebol

18 Para o bem da educação, já tarda a reforma da lei de direitos autorais

29 Percurssão árabe

28 Copa do Mundo

42 Vera Regina Maluf

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8 JUNHO 2010

PiraCiCaBa

... No roteiro Cultural de PiraCiCaBaInformações disponibilizadas no site da Secretaria Municipal da Ação Cultural da Prefeitura de Piracicaba (Semac). Informações sobre a programação completa da Semac no site www.semac.piracicaba.sp.gov.br, no site da Fusão Cultural (www.fusaocultural.com.br) ou diretamente nos espaços culturais.

Armazém da Cultura. Endereço: Av. Dr. Paulo de Moraes, 1580 – Paulista. Telefone: (19) 3436-0466. E-mail: [email protected]. Biblioteca Pública Municipal de Piracicaba. Endereço: Rua do Rosário, 833. Telefones: (19) 3433-3674 / (19) 3434-9032 / (19) 3432-9099. E-mail: [email protected].

Casa do Povoador. Endereço: Avenida Beira Rio, 800. Telefone: (19) 3434-8605.

Centro Cultural Nhô Serra. Endereço: Rua Antônio Ferraz de Arruda, 409 - Pq. 1º de Maio. Telefone: (19) 3411-1791. Email: [email protected].

...no Sesi Cinema. Filmes em sessões semanais gratuitas, sempre às quartas-feiras, com sessões às 9h30, 14h00 e 19h30. Fique ligado também nas apresentações de teatro. O Sesi fica na Av. Luiz Ralph Benatti, 600, Vila Industrial. Informações pelo fone: (19) 3421-2884

...na programação cultural do Serviço Social do Comércio (Sesc). Endereço: Rua Ipiranga, 155 – centro. Fone: (19) 3437-9292. A programação está disponível no site www.sescsp.org.br, unidade Piracicaba.

...na exposição “A Arca de Noé”. As obras da artista plástica Belê, apresentadas nesta mostra, fazem parte da pesquisa que a artista realiza há 10 anos, onde utiliza expressões metafóricas através de animais e faz analogia às situações da política. A mostra acontece na Casa do Salgot Sabores e Saberes, de 05 de junho a 01 de julho. A Casa do Salgot fica na Rua Floriano Peixoto, 2.088 - Bairro Alto - Tel. 3432-8647.

...na 3ª Minas Fest, que ocorrerá de 18 a 20 de junho no Engenho Central.

...na mostra “Futebol”, que traz esculturas e desenhos de humor. A mostra pode ser vista até o final da Copa do Mundo no espaço de exposições do Centro Nacional de Documentação, Pesquisa e Divulgação do Humor Gráfico de Piracicaba (Cedhu). Maiores informações pelo fone: (19) 3403-2600.

...na apresentação da peça “Frisiléia” no dia 13 de junho, às 20h, no Engenho Central – área de eventos ao ar livre. Com Elisabeth Savala (a dona “Socorro” da novela Caras e Bocas”). Entrada: Franca.

...no Sarau Literário com o tema Bossa Nova. O sarau será re-alizado no dia 15 de junho na sala 2 do Teatro Municipal “Dr. Losso Netto”, às 19h30. Entrada gratuita – Limite 100 lugares.Classificação: Livre.

....na apresentação da peça “Trânsito Livre” (Circuito Tusp de Teatro), na sala 1 do Teatro Municipal “Dr. Los-so Netto”, no dia 23 de junho às 20h. Ingressos: gratuitos. Classificação: livre

Centro de Documentação, Cultura e Política Negra. Endereço: Rua Luiz de Queiroz, 1020 – Centro. Telefone: (19) 3435-5623.

Centro Nacional de Documentação, Pesquisa e Divulgação do Humor Gráfico. Endereço: Avenida Maurice Allain, 454 - Vila Rezende. Telefone: (19) 3403-2621/2623. E-mail: [email protected].

Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba – IHGP. Endereço: Rua do Rosário, 781 - 2º Piso, Centro. Telefone: (19) 3434-8811. Site: www.ihgp.org.br. E-mail: [email protected].

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Museu da Água. Endereço: Av. Beira Rio, 448 Centro. Telefone:(19) 3432-8063.

Museu Histórico e Pedagógico "Prudente de Moraes". Endereço: Rua Santo Antônio, 641 – Centro. Telefone: (19) 3422-3069.

Parque Engenho Central. Endereço: Av. Maurice Allain, 454 - Vila Rezende. Telefone: (19) 3403-2600. E-mail: [email protected].

Pinacoteca Municipal. Endereço: Rua Moraes Barros, 233 – Centro. Telefone: (19) 3433-4930 / (19) 3402-9601. E-mail: [email protected].

....pois nos dias 21 e 22 de junho será apresentada a peça Beira Rio ¹, com a Companhia Estável de Teatro Amador (Ceta), na sala 1 do Teatro Municipal “Dr. Losso Netto”. Horário: 20h. Ingressos: gratuitos. Classificação: 12 anos.

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10 JUNHO 2010

Acompanhe no nosso site mais eventos pra você ficar ligado.

www.fusaocultural.com.br

...na mostra “Entre atos 1964/68. Com foco na arte brasileira produzida durante o regime militar, o acervo 1964/68 conta com variadas obras, que para demarcar os embates estéticos do período e orientar o visitante, foram divididas em três categorias: Figura, Gesto e Plano. O acervo é constituído por experimentações formais e linguagens poéticas, que vão do abstracionismo informal à influência da arte pop. A mostra pode ser vista até o dia 01 de agosto, no MAC USP, a rua da Reitoria, 160 - Cidade Universitária. Entrada franca. Mais informações pelo fone: (11) 3091-3039, ou pelo site: www.mac.usp.br.

...pois a mostra original do Museo Del Oro ³, pela primeira vez no Brasil, apresenta relíquias simbólicas da ouriversaria pré-hispânica e conta, por meio do acervo, um pouco da cultura dos povos que ocuparam a antiga região da Colômbia. Ao todo serão 250 artefatos em ouro e 40 objetos arqueológicos de cerâmica dispostos em seis salas da exposição. Entre outras preciosidades, o visitante encontra recipientes em ouro para rituais especiais, pingentes cuidadosamente esculpidos, tecidos e adornos de alto luxo. A mostra pode ser visitada até o dia 22 de agosto na Pinacoteca. Ingressos: R$ 6,00 e R$ 3,00 (meia). Grátis aos sábados. Mais informações pelo site www.pinacoteca.org.br.

sÃo Paulo

...no curso gratuito de maquiagem e performance para aspirantes a drag Queen. As oficinas fazem parte da terceira edição do concurso de drags em São Paulo. Os workshops têm 20 vagas cada e são gratuitos. As inscrições para o concurso vão até o dia 13 de junho. Informações pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone: (11) 3984-2466.

...pois a mostra Cartazes russos contemporâneos ² será encerrada no dia 20 de junho. A mostra reúne cerca de 80 cartazes russos, produzidos pelo Ostengruppe, que reuniu uma técnica despojada com traços visíveis de produção manual às influências do construtivismo russo em alguns casos. O Ostengruppe é um grupo de designers formado em Moscou por Igor Gurovich, da Letônia, Anna Naumova, da Rússia e Eric Beloussov, do Tadjiquistão, além do russo Agapova, que passou a integrar o conjunto recentemente. A mostra está no Instituto Tomie Ohtake (av. Faria Lima, 201 - Pinheiros - entrada pela Rua Coropés). Entrada franca. Mais informações pelo site www.institutotomieohtake.org.br.

...na Mostra “Cartas a Ema”, que reúne uma série de cartas históricas recebidas pela mecenas Ema Klabin de personalidades como Juscelino Kubitschek, Ciccilo Matarazzo, Yolanda Penteado, entre outros. As cartas retratam o cenário político, cultural e social de São Paulo. O local também abriga uma exposição permanente da fundação. A mostra pode ser vista até o dia 26 de junho, na Fundação Ema Klabin, que fica a Rua Portugal, 43. Ingressos: R$ 10. Mais informações pelo fone: (11) 3062-5245 ou pelo site: www.emaklabin.org.br. Obs.: É necessário agendar uma data antes de visitar a exposição.

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11JUNHO 2010

...Nos liVros mais VeNdidosMês de abril – Fonte: www.veja.abril.com.br

AUTOAJUDA E ESOTERISMONÃO-FICÇÃO FICÇÃO

1 Múltipla EscolhaLya Luft

Em Múltipla Escolha, Lya Luft faz uma profunda reflexão sobre o que ela chama de “nossos enganos”, modernos mitos criados para abafar angústias e disfarçar a futilidade do dia a dia. (Sinopse)

2 Comer, Rezar, AmarElizabeth Gilbert

3 Guia Politicamente Incorreto da História do BrasilLeandro Narloch

4 Mentes PerigosasAna Beatriz Barbosa Silva

5 Bussunda - A Vida do CassetaGuilherme Fiuza

6 Mais Você - 10 AnosAna Maria Braga

7 Chico Xavier - A Históriado Filme de Daniel FilhoMarcel Souto Maior

8 As Vidas de Chico XavierMarcel Souto Maior

9 Criação ImperfeitaMarcelo Gleiser

10 BullyingAna Beatriz Barbosa Silva

1 A CabanaWilliam Young

2 CaçadaP.C. Cast e Kristin Cast

3 O Ladrão de RaiosRick Riordan 4 AmanhecerStephenie Meyer

5 Querido JohnNicholas Sparks

6 AliceLewis Carroll 7 O Símbolo PerdidoDan Brown 8 O Mar de MonstrosRick Riordan

9 A Batalha do LabirintoRick Riordan

10 A Maldição do TitãRick Riordan

1 Cartas entre Amigos - Sobre Ganhar e PerderGabriel Chalita e Fábio de Melo

2 Por que os Homens Amamas Mulheres Poderosas?Sherry Argov

3 Se Abrindo Pra VidaZibia Gasparetto

4 O Monge e o ExecutivoJames Hunter

5 Nosso LarFrancisco Cândido Xavier

6 A Arte da GuerraSun Tzu 7 Nunca Desista de Seus SonhosAugusto Cury

8 Desvendando os Segredos da Linguagem CorporalAllan e Barbara

9 Quem Pensa EnriqueceNapoleon Hill

10 Meu Jeito de Dizer que Te AmoAnderson Cavalcante

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12 JUNHO 2010

...Nos PrÓXimos Filmes em CartaZ em PiraCiCaBaFonte: www.cinearaujo.com.br

Cartas Para Julieta - 11/06 Jovem americana viaja para Verona, Itália, a famosa e inspira-dora cidade onde foi criada a personagem Julieta Capuleto. É neste local que ela descobre um grupo de pessoas que costu-ma responder às cartas - deixadas num muro - daqueles em busca de conselhos sobre o amor. A garota então responde a uma dessas cartas, datada de 1951. O fato também desen-cadeia uma série de eventos que irá mudar a vida de todos. Esquadrão Classe A - 11/06 Kick-Ass - Quebrando Tudo - 11/06 Plano B - 11/06 A Ressaca - 18/06

Toy Story 3 - 18/06 Woody, Buzz, e o resto de seus amigos, são despejados para uma creche depois que seu dono, Andy, vai para a facul-dade. Embora animados no começo pelo novo ambiente, e pelos brinquedos aparentemente amigáveis que também vivem no centro, não demora muito para se tornarem de-terminados a voltar para casa, uma decisão partilhada por Andy, que começa a perceber que seus brinquedos sempre tiveram um lugar no coração.

A Saga Crepúsculo: Eclipse - 29/06

Shrek Para Sempre - 09/07 Depois de várias aventuras, Shrek virou um homem de família. Ao invés de ficar assustando os moradores locais, agora, o ogro verde vive dando autógrafos. Mas o que acon-teceu com o valente marido de Fiona? Pensando no passa-do, quando realmente se sentia como um ogro, Shrek assina um contrato com o falante Rumplestiltskin, que resulta em uma tragédia. Sua vida muda completamente, ele passa a viver em mundo que é o oposto do Reino Tão Tão Distan-te, em que os ogros são caçados. Além disso, ele e Fiona perdem seus postos, já que Rumplestiltskin toma os seus lugares ao se tornar o rei. Agora, só Shrek pode desfazer seu erro, salvando seus amigos, sua terra que corre risco e mostrar a sua esposa Fiona que realmente a ama.

Page 13: Revista Fusão Cultural

13JUNHO 2010

Morre Frank Frazetta, ilustrador de

Conan e Tarzan O ilustrador de personagens clássicos

como Conan e Tarzan, o norte-

americano Frank Frazetta, morreu aos

82 anos, no dia 10 de maio. Frazetta

publicou suas primeiras histórias em

1944, aos 16 anos. Mais tarde, fez séries

para DC Comics (“The Shining Knight”

em Adventure Comics) e ME (“White

Indian” em Durango Kid). Após pausa

na carreira, ele retomou os trabalhos de

ilustração nos anos 1960.

Morre Ronnie James Dio, ídolo do heavy metalO roqueiro americano Ronnie James Dio morreu no dia 16 de maio, aos 67 anos, de câncer no estômago. Ícone do heavy metal, ele foi vocalista das bandas Dio, Black Sabbath e Heaven & Hell. O cantor ajudou a criar uma das maiores tradições do heavy metal, o “chifrinho” feito com as mãos. James Dio teria aprendido o símbolo com sua avó italiana, que o usava para afastar (ou provocar) o “mau olhado”.

Agora é lei. Toda escola dever ter bibliotecaDe acordo com a Lei de autoria do deputado federal Lobbe Neto (PSDB - SP), e sancionada no dia 25 de maio pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, todas as escolas do Brasil (públicas e particulares) deverão ter bibliotecas. O prazo para a medida ser implantada é de 10 anos, sendo que o prazo original era de cinco anos, mas foi alterado na tramitação do texto. Outro ponto da lei é sobre o acervo de livros, que deverá ser de pelo menos um livro para cada aluno matriculado. Os dados do censo escolar apontam para a necessidade da lei, pois em 2008, por exemplo, apenas 37% das escolas de educação básica do País tinham biblioteca.

Quadros são roubados do Museu de

Arte Moderna de Paris

Cinco quadros foram roubados no dia

20 de maio do Museu de Arte Moderna

de Paris. Entre as obras estão uma de

Pablo Picasso e outra de Henri Matisse.

Os outros quadros roubados são de

Amadeo Modigliani, George Braque

e Fernand Léger. As obras foram

avaliadas em 100 milhões de euros

(cerca de US$ 123,6 milhões).

Page 14: Revista Fusão Cultural

14 JUNHO 2010

Entre os vídeos mais acessados na internet em maio, separando aqueles com alguma relação artística, só dá o Mystery Guitar Man nas primeiras posições. Por isso, o up desta edição não trás os mais acessados do mês, mas os destaques em três categorias: filmes e desenhos; guias e estilo; música

Filmes e desenhosHysterics “Mostly Untitled” Music Video

Link: http://migre.me/JDsW

Link: http://migre.me/JE2w

Link: http://migre.me/JEqO

Guias e estiloCrescendoh Launch Party!

MúsicaMattRach - The Alright Song ALBUM OUT NOW !

Sugestão do leitorScriptease #36 - O Som da Rua! :: Beat It!Link: http://migre.me/JEZ8

O vídeo traz o som das ruas, pelas mãos, pés e vozes de pessoas que não sabem tocar. O som escolhido foi o clássico Beat It, de Michael Jackson.

Sugestão da Fusão CulturalA Smoggy Day in Old L.A.Link: http://migre.me/JF5q

Neste vídeo, o músico e artista plástico Llyn Foulkes apresenta um instrumento feito por ele mesmo, utilizando objetos e instrumentos diversificados, como caixa de bateria, sinos de gado e uma porção de buzinas antigas.

Também tem o vídeo da música O Futebol, de Chico Buarque, citada na matéria de capa desta edição. O link para acessar esse vídeo é o: http://migre.me/JFev

Garimpeiros do You Tube enviem suas sugestões para a próxima edição!

Page 15: Revista Fusão Cultural

entender o que está acontecendo para tirar vantagem da situação. Não seja um “João sem braço”, e se identificar alguém com essas carac-terísticas, fique longe, para ele não lhe passar a perna.

Nossa. O que me tira do sério são aquelas pes-soas que se fazem de tontas e fingem que não

entendem o que falamos. Isso me dei-xa muitooo irritado.” Essa opinião do é ph0da foi enviada por um leitor, que não se identificou, mas muitas pessoas pensam da mesma maneira.  Às vezes as pessoas não entendem mesmo o que falamos, pois podemos ter dito algo rápido de mais, ou mesmo não

Prevalecem os conceitos, morais, interro-gação! Por mais que andamos pelos can-tos do mundão, tem humilhação, tradição, corrupção. O bom é descobrir que somos

ilimitados e cheios de razão, ter visão, criatividade! As-sim o ser mutante se desdobra, inventa na arte de viver. A ‘arte’ prevalece intacta e cada qual ao seu valor. Digo arte de rua, aquela que se encontra em todo lugar. A mesma que sustenta famílias e outros mais... Que faz trabalho, vida, amizade. Enfim, fruto da imaginação, não mágica e sim real! A arte de viver é privacidade total. Arquitetura elitista baseada no progresso da nação. E se cria a fome, quantos desabrigados! Nós somos restaura... ‘dores’ na selva de pedra! Objetos reaproveitados, matéria que vira obra de arte, encanta, socializa, salva vidas. Verdadeiros artistas

que vivem e inventam maneiras de sobrevivência, alguns se desligam ‘na boa’ e outros permanecem na tradição, no medo, na ansiedade, no poder, no egoísmo. Cabe a cada um tirar sua própria conclusão, se deixar levar conforme a maré, contra a maré ou conviver em ter-ra, com guerra, poluição, miséria, morte! Enquanto isso eu permaneço trancado no meu quarto, resguardado, sereno e refletindo por que estou vivo! Como ainda não tenho a resposta, conscientemente continuo a preservar a nature-za, a única certeza de estar vivo. Arte é harmonia com o meio ambiente, reaproveitar recursos naturais e a arte de viver, é cuidarmos uns aos outros. Encerro este texto com uma frase de um poeta e músico, Bob Marley: ‘Quantas mortes mais serão necessá-rias para dar-nos conta de que já foram demasiadas.’ "

Eric Medeiros e Flávia AlmeidaArtistas – Correio Elegante

ter articulado corretamente as palavras. No entanto, muitas vezes as pessoas re-almente se fazem de desentendidas.  Se não entendeu, pergunta. Mas o problema é que muitas pessoas dizem ter entendido, mas na realidade não en-tenderam patavina. Como já disse, nin-guém é obrigado a entender ninguém, o complicado é fingir que entendeu; fa-zer o gênero “João sem braço”.  O termo “João sem braço” refe-re-se a uma pessoa que finge não

O que é pHoda? Envie sua opinião para [email protected] sobre o que é pHoda (ir-ritante). Sua sugestão pode ser abordada na próxima edição da Fusão Cultural.

Page 16: Revista Fusão Cultural

16 JUNHO 2010

De acordo com algumas informações, o cururu, classificado como repen-te, embate poético, nasceu

como canto religioso, marcado pela ba-tida de pé. Outros afirmam que nasceu como dança. Difícil precisar sua ori-gem, assim, a explicação poética de Pe-dro Chiquito, cururueiro piracicabano falecido em 2009, é muito bem vinda.  Segundo Olivio Nazareno Alleoni, no livro Cururu em Piracicaba (2006, 19), “o cururu é uma forma de cân-tico onde atualmente duas duplas de cantores, seguidos de uma ou duas violas, expressam uma série de fatos cantando alternadamente em forma de versos ritmados”.  O cururu piracicabano certamente não morrerá, mas seu futuro é incerto, por conta de não haver representantes nessa nova geração. Assim, vale recor-dar alguns grandes mestres, a partir de seus versos (retirados do livro de Al-leoni), a fim de relembrar o passado, e quem sabe vislumbrar um futuro, em que o cururu possa existir, mesmo que não seja da forma atual, mas recriado. -

“Querido Carvalho PintoQuero que preste tençãoA chave de meu São PauloEntreguei na sua mãoQuem ajudo a sarvá São PauloPoderá sarvá a NaçãoHonesto Carvalho PintoSe Deus quizé em 65“Será u chefe da Nação”.(Nhô Serra)

Quando eu nascimia mãe disse que um galo cantô...Na mesma hora meu pai disseEste cabloco vai sê cantado...(atribuído a Pedro Chiquito)

...Se a cobra não gosta de fumoEu faço a cobra fumáE terminando este meu versoEu dô um viva em geráA minha grande Piracicaba Onde os parafusinho táAdeus, adeus meu rico povoe... Nem que tussa num faiz má!!!(Parafuso)

“Me falô os antepassadoDe uma lenda que existiu:Santo Onofre e São GonçaloUm dia esses dois reuniu.Da barba de São GonçaloRetiraram 12 fio;Encordoaro na violaCom toêra e canotio.Desse dia por dianteFoi que o cururu existiu”.(Pedro Chiquito, LP Cururu Antigo, 1960)

Indicação: Para quem quiser saber mais sobre o tema, leia o livro Cururu em Piracicaba, de Olivio N. Alleoni, fonte usada para traçar as breves linhas desta seção.

por Rafaela Silva

Page 17: Revista Fusão Cultural

das como curativas”.  Aproveitando-se destas proprieda-des naturais, Águas de Lindóia, possui o Balneário Municipal, que se destaca por conta dos tratamentos realizados exclusivamente com a utilização das águas termais, com propriedades me-dicinais. Entre os serviços termais en-contram-se a balneoterapia (um banho de imersão com temperatura da água em torno de 28º), cura hidropínica (in-gestão da água termal em jejum, em quantidades determinadas sob orien-tação médica), banho de imersão, ba-nho de imersão com sais e inalação.  Entre as propriedades medicinais conhecidas e já comprovadas cientifi-camente, estão o estímulo ao aparelho digestivo, respiratório e circulatório, anti-reumáticas, auxiliam na elimina-ção de toxinas do corpo e principal-mente como combatentes ao estresse.

A natureza realmente nos surpreende com diversifi-cados benefícios originados sem intervenção humana.

Entre eles estão as águas termais, que através de ações do meio ambiente se compõe formando riquezas medicinais. Segundo a geóloga Ana Bárbara Bueno Lopes, geralmente as águas ter-mais são originadas de acordo com o aumento da profundidade em relação ao núcleo da Terra, pois com isso a tem-peratura vai aumentando, originando um fenômeno chamado gradiente ge-otérmico. O que ocorre, segundo Ana Bárbara, é que as águas de chuvas, por exemplo, podem entrar em contato com alguma rocha em profundidade que esteja com a temperatura elevada, portanto aquecendo-se. Ainda nesta relação, a geóloga também explica que “a água vem da superfície e infiltra-se, só que diferente de uma água potável comum, essas águas vão para profun-didades maiores, através de fendas nas rochas causadas tanto por falhas geoló-gicas, quanto por fraqueza do próprio estrato. Essas águas ao se infiltrarem e ganharem profundidade, ‘lavam’ as ro-chas pelas quais elas passam e retiram das mesmas minerais importantes que virão a caracterizar as águas termais. Estas águas acabam ficando a uma temperatura mais elevada e com um ph mais alcalino, adquirindo novas ca-

racterísticas físico-químicas”. Ao falar em “águas quentes”, a pri-meira região a vir à mente é Caldas Novas, em Goiânia, que possui em mé-dia 148 poços com águas termais. “Em relação a Caldas Novas, a água prove-niente da chuva entra por infiltração. Ela se infiltra e percorre as rachaduras do quartzito, que é um tipo de rocha menos maleável. E o calor da água vem do calor interno da terra”, complemen-ta a geóloga sobre a possibilidade da origem das águas termais dos famosos “rios quentes” de Goiânia. Trazendo um pouco mais próximo de Piracicaba, há aproximadamente 139 km em uma viagem com um pou-quinho mais de duas horas, encontra-se Águas de Lindóia, cidade também rememorada por suas fontes de águas termais. “Águas de Lindóia e circui-tos das águas termais são oligomi-nerais, possuem vários minerais diferentes como cloro, sódio, alu-mínios, manganês e etc. Elas também apresen-tam alta radiotividade, com altas concentrações de randônio que esti-mulam o metabolismo e agem nos sistemas digestivo e respiratório, assim como influenciam outras propriedades ti-

Águas TermaisA natureza a favor do ser humano

por Larissa Martins

Page 18: Revista Fusão Cultural

18 JUNHO 2010

O direito à educação é con-sagrado na Constituição Federal. Um direito fun-damental, e interesse pú-

blico a ser preservado. O acesso ao conhecimento depende de quão satis-fatória é a circulação dos bens cultu-rais produzidos pela sociedade e para a sociedade. O direito autoral está numa posição essencial entre quem produz o conhecimento e quem, e de que forma, esse conhecimento pode ser acessado pelos cidadãos e cidadãos. A efetivação do direito à educação depende de acesso e, con-sequentemente, de uma equilibrada e eficiente lei de direitos autorais.  Para disciplinar essa relação, o Brasil possui a Lei 9.610/98, a sua lei de direitos autorais (LDA). Lei que está entre as cinco piores do mundo no que se refere às possibilidades educacionais. Tem a pior nota (F) no ranking das limitações aos direi-tos autorais para fins educativos, de acordo com estudo realizado pela Consumers International (março de 2009). Ou seja, a legislação brasileira não é suficiente para satisfazer as de-mandas pedagógicas, científicas e de pesquisa através do uso das obras.  Nesse contexto é que se propõe uma reforma da LDA. Um processo conduzido pelo Ministério da Cultura (MinC) desde 2007, com debates, au-diências públicas e contribuições das diversas organizações envolvidas com o tema e que alcança o estágio atual de anteprojeto de lei em vias de ser aber-to para consulta pública, e depois se-

guir para votação no Congresso.  Em termos técnicos, essa reforma da LDA tem fundamento. Indubitável, inclusive, se considerarmos que a lei atual é antiquada, falha e insuficiente. Exemplos concretos: preservar um li-vro em processo de deterioração numa biblioteca é quase impossível a não ser que ele seja copiado, o que deveria ser feito mesmo sem autorização do au-tor, hipótese inimaginável pela atual lei – imagine como fica uma obra rara; pessoas com deficiência não tem con-dições de acesso facilitadas previstas; exibir um filme por um por um profes-sor do ensino médio para incrementar sua aula significa infração legal.  Outro fato que mostra a necessida-de da reforma da LDA para a educa-ção: a questão da reprografia. Pela lei atual (artigo 46), é permitido apenas a cópia (xerox) de pequenos trechos de obras, sem a especificação do tama-nho desses trechos. Além disso, não é possível a cópia integral para fins di-dáticos, pedagógicos e educacionais. Outro ponto crucial diz respeito às obras de domínio público, ou seja, aquelas que podem ter circulação e disponibilização independente de au-torização. Obras que fazem parte do patrimônio cultural público.  No Brasil, as obras são protegidas durante a vida do autor e por 70 anos após sua morte, quando entram em domínio público. A Convenção de Berna e a Trips, normas internacionais seguidas por nosso País, obrigam os países à proteção por apenas 50 anos. Seria de extrema relevância para os

processos educativos diminuir o tem-po de disponibilização da obra para domínio público, e assim, perdem-se 20 anos de acesso livre ao conheci-mento produzido, que acaba sendo, de alguma forma, intermediado por grupos editoriais e fonográficos. A relação entre financiamento públi-co de obras e seu retorno à sociedade é outro elo importante. Grande parte das obras é financiada com dinheiro público e, por obstáculos trazidos pela lei de direitos autorais, essas mesmas obras não podem ser acessadas pela sociedade. Um quadro extremamente crítico, agravado se olharmos alguns dados, como os levantados em 2008 pelo Grupo de Pesquisas de Políticas Públicas para o Acesso à Informação da USP (Gpopai): cerca de 90% da pesquisa científica brasileira, que vai desembocar na produção dos livros, é financiada com dinheiro público; cerca de 30% do faturamento das editoras corresponde ao subsídio pú-blico dado em forma de imunidade/isenção fiscal; e 85% dos livros de gra-duação são produzidos por professo-res pagos pelo Estado. Contudo, essa produção não retorna e as condições de acesso ao conhecimento ficam no-vamente prejudicadas. Por tudo isso, é urgente uma refor-ma da lei de direitos autorais, para que haja um equilíbrio entre os auto-res, que desejam ver sua obra acessa-da, e o público, os consumidores, os cidadãos, a sociedade, que querem ver cumprido seu direito fundamen-tal e pleno à educação.

por Guilherme Varella

Guilherme Varella é advogado, consultor cultural e músico. Formado em Direito e mestrando em políticas públicas de cultura pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

Page 19: Revista Fusão Cultural

As sopas fazem parte do cardápio dos brasileiros, sobretudo no inverno, quando os pratos quentes são mais apreciados. A palavra sopa origi-nou-se do latim sop, que significa colocar fatias de pão em um recipien-te, e sobre elas despejar caldo quente. A função do caldo quente era

amolecer o pão duro, facilitando o consumo. A sopa é um alimento, que pode ser servido como entrada ou prato principal, dependendo dos ingredientes. Democrática, a sopa além de nutritiva é econômica, podendo ser consumida por pessoas de todas as classes econômicas. A mistura de ingredientes, muitas vezes inusitada, é que transforma uma receita a priori simples em um prato refinado. Os ingredientes variam de acordo com a cultura de cada região.

soPas Pelo muNdoSeguem os nomes de algumas sopas muito conhecidas em seus países. Brasil: O mineiro Bambá de Couve, feito com fubá, Caldo de Mocotó (tem até uma música que fala dele) e Caldo de Feijão. China: A Sopa de Ninhos de Andorinha é consumida como terapia. Assim como a sopa de barbatana de tubarão. Cuba: Sopa de Frijoles com Calabaza, ou simplesmente sopa de feijões com abóbora. Estados Unidos: A Clam Chowder é a sopa de mariscos mais famosa do mun-do. Além dos moluscos, leva batata e leite. França: A mais conhecida e tradicional, a Bouillabaisse, é feita a base de legu-mes com frutos do mar frescos. Tem também a Soupe à l’Oignon, a base de cebola e a Bisque, a base de frutos do mar. Haiti: No Haiti, tem uma receita chamada Consommé a l’Orange, feita de caldo de frango, suco de laranja e cravo da índia. Itália: Na Itália o feijão é ingrediente da Minestrone, que também tem como ingrediente massas, legumes e linguiça. Portugal: Canja e Caldo Verde, sopas conhecidas em Portugal, também são tradicionais no Brasil. Tailândia: Exemplo da culinária tailandesa, a Tom Kha Gai é feita com leite de coco, frango, coentro e outras especiarias. Vietnã: A sopa tradicional do Vietnã é a Canh Chua, que é um caldo aromatiza-do com hortelã e tamarindo com pedaços de peixe.

Receita básica da brasileiríssima sopa de feijãoUse a criatividade e incremente essa receita com os ingredientes que você desejar.

Ingredientes: 3 xícaras de feijão cozido 1 batata média cortada em cubinhos3 xícaras de água2 tomates picados (com pele e semente)Sal e pimenta do reino a gosto

Modo de Preparo: Bata o feijão no liquidificador, jun-tamente com a água e o tomate. Em uma panela, coloque essa mistura e a batata. Deixe cozinhar até ama-ciar a batata. Se ficar muito grosso, acrescente mais água, até obter a textura desejada. Temperar a gosto e comer quente. Se quiser, comer acompanhado com fatias de pão.

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por Rafaela Silva

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aqui é País do FuteBolIntérprete: Elis ReginaComposição: Milton Nascimento e Fernando Brant

Brasil está vazio na tarde de domingo, né?olha o sambão, aqui é o país do futebol Brasil está vazio na tarde de domingo, né?olha o sambão, aqui é o país do futebol

Page 21: Revista Fusão Cultural

por Rafaela Silva

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A Fusão Cultural não poderia ignorar a chegada de mais uma Copa do Mundo, e, aproveitando o ensejo, re-

solveu fazer um cruzamento entre futebol e cultura, a fim de descobrir pontos que aproximam esses dois se-tores. Essa reflexão é possível, pois, além do enfoque esportivo, o futebol pode ser analisado por diferentes seg-mentos, como o antropológico, o eco-nômico, o político e o cultural.  “Quando o Brasil é mais Brasil? Na Copa do Mundo, é claro. O embate universal entre nações nos faz mais brasileiros que nunca. Enfeitamos as ruas, usamos o verde-amarelo (que em qualquer outra situação é "brega"), nos emocionamos até o último minuto de cada jogo. Quando as ruas do País es-tão mais vazias, em sinal claro de des-prezo por todas as rotinas? Num jogo da seleção numa Copa do Mundo. Se ganhamos ou perdemos, quem perde não é a Seleção, é o Brasil, somos todos nós”. (Trecho do texto Futebol, Clãs e Nação, de Igor José de Renó Machado) O “esporte bretão”, ao incorporar-se à cultura brasileira, como poderoso meca-nismo de integração social, constituiu-se em uma “paixão nacional”. Todos jun-tos por um mesmo objetivo, por uma nação que buscava a unidade.  O Brasil não é considerado o “país do futebol” apenas por nossa nação, mas também fora do País, por conta de sua supremacia em Copas do Mundo.

o FuteBol NÃo NasCeu No Brasil? O esporte realizado em equipe, jogado com uma bola e com os pés teria surgi-do no século III A.C. na China. Contu-do, foi estruturado como conhecemos na Inglaterra. Sua chegada ao Brasil é controversa. Alguns acreditam que o esporte chegou ao País em 1894, com a volta de Charles William Miller, que aos 10 anos de idade fora estudar na Inglaterra. Ele teria trazido em sua ba-gagem um livro com as regras do jogo, bola e bomba para enchê-la. Outra ver-

são é que o esporte chegou ao Brasil em 1885, por meio de jovens de classe alta. De qualquer forma, o futebol bra-sileiro teve seu início ligado à elite do País. Essa elite tentou manter as classes populares afastadas do esporte, sobre-tudo os negros e mestiços. Mas havia também uma força favorável à expan-são do futebol ao restante da sociedade.  Com a crescente miscigenação no esporte, houve a sua popularização. Mas há outras explicações para a grande aceitação do futebol no País.

De acordo com Jocimar Daolio, no texto As contradições do futebol brasi-leiro, uma explicação é o “alto contin-gente negro na população nacional e a facilidade desta raça numa mo-dalidade esportiva que tem nos pés seu principal instrumento de ação”. Outros motivos, segundo Daolio, se-riam as regras de fácil compreensão e o fato de o esporte poder ser pratica-do em qualquer lugar, sendo a bola o único material obrigatório. Jocimar Daolio também credita às

Atuação do Brasil na Copa do Mundo de Futebol

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Fonte: Confederação Brasileira de Futebol (CBF) - www.cbf.com.br

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características do povo brasileiro a fácil adequação às exigências técni-cas do futebol. “O novo esporte que chegava da Inglaterra não oferecia apenas momentos lúdicos de lazer aos seus praticantes, mas permitia principalmente a vivência de uma sé-rie de situações e emoções típicas do homem brasileiro”, segundo o autor.  O futebol não se tornou apenas po-pular no Brasil, mas ganhou status de símbolo nacional, assim como o car-naval, invadindo diferentes setores da vida cotidiana. Pisar na bola, fazer o meio de campo, bater na trave e fa-zer um gol de placa são apenas alguns dos termos envolvendo o esporte, que também é lembrado em músicas, figu-rinhas e jogos de vídeo game.

a ideia do ídolo NaCioNal O futebol é um jogo coletivo, no qual as regras são bem definidas. Por ser coletivo, a tática é um ponto funda-mental. Cada jogador realizando apenas a sua função, para a qual está destinado, e seguindo a linha até avançar pelo campo do adversário e acertar a bola na rede.  O futebol-arte dos futebolistas bra-sileiros é como uma dança, composta de alegria, arte, dribles, espontanei-dade, floreios, malícia, musicalida-de, ginga, improvisação e inovações.

Muitos afirmam que o futebol-arte não existe mais, mas exemplos muito atuais os contradizem, como o caso dos “meninos da Vila” (jovens joga-dores do Santos – São Paulo), que “dançam”, não apenas nas comemo-rações dos gols, mas para romper a defesa adversária e chegar até o gol. De acordo com alguns autores, uma

das características vinculadas ao fute-bol-arte seria a miscigenação harmo-niosa. A mistura de raças no País teria dado aos brasileiros essas característi-cas, como alegria, malícia e ginga, que contribuem para o sucesso no futebol, e em outras áreas, como a dança e a mú-sica, propriamente ditas.  No Brasil, um jogo de futebol é

Para estufar esse filóComo eu sonheiSóSe eu fosse o ReiPara tirar efeito igualAo jogadorQualCompositorPara aplicar uma firula exataQue pintorPara emplacar em que pinacoteca, negaPintura mais fundamentalQue um chute a golCom precisãoDe flecha e folha secaParafusar algum joãoNa lateralNãoQuando é fatalPara avisar a finta enfimQuando não éSimNo contrapéPara avançar na vaga geometria

O corredorNa paralela do impossível, minha negaNo sentimento diagonalDo homem-golRasgando o chãoE costurando a linhaParábola do homem comumRoçando o céuUmSenhor chapéuPara delírio das geraisNo coliseuMasQue rei sou euPara anular a natural catimbaDo cantorParalisando esta canção capenga, negaPara captar o visualDe um chute a golE a emoçãoDa idéia quando ginga(Para Mané para Didi para Mané Mané para Didi para Mané para Didi para Pagão para Pelé e Canhoteiro)

O FutebolInterpretação e composição: Chico Buarque

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como um “espetáculo”, em que a percepção do torcedor se um jogo foi bom ou ruim, feio ou bonito, depen-de muito da vitória ou derrota do seu time, segundo Arlei Sander Damo, no texto Futebol e estética. Para o es-petáculo ser pleno, no entanto, são importantes a tradição desse time e a história dos jogadores.  Alguns críticos afirmam que a ma-neira de o brasileiro jogar significa ignorância da técnica e infantilidade dos espectadores que valorizavam o cômico e o estético; estaria mais para circo do que esporte. Há também os defensores da singularidade do fute-bol brasileiro, que diferentemente do modelo tradicional inglês, no qual há o avanço coletivo de toda a linha, há o avanço de dois ou três bons jogadores, que escapam rapidamente com a bola, desorientando a defesa adversária.  Houve diferentes momentos táti-cos na história do futebol brasileiro. De acordo com Wilson Rinaldi, no texto Futebol: Manifestação Cultural e

Ideológica (Revista da Educação Física/UEM Maringá, v. 11, n. 1, p. 167-172, 2000), na copa da década de 1970, havia a valorização do conjunto, do espírito de equipe, a qual era com-posta de grandes jogadores, mas to-dos exaltavam mais o grupo do que os valores individuais. Já na copa de 1994, foi exaltada a figura do herói, que é capaz de “resolver” a partida. Nos anos 2000 essa idéia do herói ainda predomina. Rinaldi credita este fato à globalização, que exige de cada indivíduo a capacidade de resolver individualmente os proble-mas que se lhe são apresentados.

o que esPerar do FuteBol Brasileiro No séCulo XXiNem tudo é festa quando o assunto é futebol brasileiro. Próximo do final do século XX o tema “crise” começou a fazer parte do vocabulário do espor-te. Algumas das manifestações dessa crise, segundo Ronaldo Helal e Cesar

Gordon, no texto No texto A crise do futebol brasileiro: perspectivas para o sé-culo XXI (ECO-PÓS – v.5, n.1, 2002, pp.37 – 55), são: “queda progressiva do número de espectadores das partidas de futebol, aumento da violência nos estádios (principalmente entre as cha-madas “torcidas organizadas”), evasão de jogadores para o exterior e crescente endividamento financeiro dos clubes”.  Para sair dessa crise, os clubes vi-ram-se obrigados a uma série de ações, sendo a transformação no modelo de profissionalização uma das principais mudanças. Na década de 30 o modelo de profissionalização era focado nos jogadores, e atualmente concentra-se nos dirigentes. O novo modelo cha-mado futebol-empresa, caracteriza-se por separar o Estado das decisões re-lacionadas ao futebol, sendo o capital privado o incumbido pelas decisões.  Com esse modelo, futebol-empre-sa, a vida dos jogadores, suas falas e ações, passaram a ser coordenadas por profissionais de marketing, pois os jogadores, agora funcionários de uma empresa, devem ter uma con-duta coerente com a imagem do seu time e também dos patrocinadores.  Outra característica muito mar-cante neste século, até por conta do modelo futebol-empresa, é a mer-cantilização do esporte. O mercado futebolístico está cheio de opções para o torcedor, e essas mercadorias são comercializadas sob diversas for-mas e em diferentes meios. Mesmo os jogadores são considerados “mer-cadoria”, negociada por valores ele-vadíssimos. A maior negociação da história do futebol (até o momento) foi a compra do jogador português Cristiano Ronaldo do Manchester United pelo Real Madrid em 2009. O valor da negociação foi de 94 milhões de euros, mais ou menos 257 milhões de reais. O Real Madrid também já havia comprado, no mesmo ano, o jogador brasileiro Kaká do Milan por 65 milhões de euros, cerca de 177,7 milhões de reais.

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 Os jogares brasileiros são ven-didos para times de todos os luga-res do mundo, o que gera críticas e questionamentos. Marcos Alvito, no texto A parte que te cabe neste latifún-dio: o futebol brasileiro e a globalização (Análise Social, vol. XLI (179), 2006, 451-474), questiona: “o Brasil esta-ria destinado a formar ‘pés-de-obra’ para oferecer ao mercado internacio-nal?... Restaria a estes clubes formar talentos como Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Robinho e outros para depois consumi-los sob várias formas de produtos da nova indústria do fu-tebol: camisas, vídeo-games, jogos televisionados e agora figurinhas. É a parte que nos cabe no latifúndio do futebol globalizado”. Ainda em relação à mercantili-zação, no caso do futebol, a TV e o marketing esportivo seriam os res-ponsáveis pela revolução econômi-ca experimentada pelo futebol, por

sua plena incorporação ao sistema capitalista. De acordo com Marcos Alvito, a TV também pode ser cita-da como uma das responsáveis pela redução do número de torcedores no campo, por conta da oferta de jogos nas TV aberta e fechada. Ou-tro problema é o horário impróprio e pouco flexível dos jogos, também por conta da TV.

 Quanto ao marketing esportivo, um grande exemplo deste século é o Corinthians (São Paulo), que tem

faturado muito após a volta para a série A do Campeonato Brasileiro em 2009 (após ter jogado a série B em 2008) e a contração do jogador Ronaldo Nazário.  Outra questão importante de ser discutida é a atuação das torcidas or-ganizadas. Estas teriam surgido entre o final da década de 60 e início de 70, primeiramente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, sendo situada no contexto do movimento estudantil. A princípio, as torcidas organizadas levavam beleza aos jogos, ao inova-rem no modo de torcer, fazendo co-reografias, com extenso repertório de músicas e gritos de guerra, e elemen-tos diversos, como bandeiras e apitos. Atualmente essa “guerra” saudável entre torcidas deu lugar às “guerras” violentas e sangrentas.  Mais amena, mas também impor-tante de ser ponderada é a individu-alidade dos jogadores. Desde a Copa

“O Brasil estaria destinado a ser

exportador de ‘pés-de obra’ ao mercado

internacional?”

Page 26: Revista Fusão Cultural

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do Mundo de 1994, a imagem do joga-dor ídolo, aquele que resolve sozinho o jogo, tem se destacado em relação ao coletivo. No texto A crise do futebol bra-sileiro: perspectivas para o século XXI, de Ronaldo Helal e Cesar Gordon (ECO-PÓS – v.5, n.1, 2002, pp.37 – 55), são postas as seguintes questões:  “Se o futebol foi basicamente um mecanismo integrador: o que acontece quando não há mais o que integrar? Qual será o futuro do futebol no Brasil?

Sucumbirá na pós-modernidade, dei-xando patente que pertenceu, de fato, à modernidade e, em certa medida, ajudou a construir essa modernidade no Brasil? Ou sobreviverá, anuncian-do que essa pós-modernidade jamais poderá ser plena, pois necessitamos viver sob o signo da nacionalidade, da identidade cultural, da integra-ção do país em um só povo, uma só nação, ‘como se todo o Brasil desse a mão em um só coração’?”.

 Não são questões fáceis de serem respondidas, mesmo por que, como os próprios autores pontuam, não há como avaliar o universo do futebol brasileiro no século XXI sem anali-sar toda a Nação. Mas é possível di-zer que, fragmentado ou unificado, o futebol brasileiro, sobretudo nesse período de Copa do Mundo, continua integrando toda a Nação, que torce pela vitória do grupo, pois esta repre-senta a vitória de todo o País.

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Page 28: Revista Fusão Cultural

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No meu time não!

Maradona correrá pelado por Buenos Aires se a Argentina for campeã!

(Brasil, Brasil, Brasil... pelo amor de Deus, ganha Brasil!)

Alô, querida,O que você acha

de eu levar alguns amigos para jantar em

casa esta noite?

Acho ótimo,meu amor!

Ficarei felicíssima.A gente poderia até

fazer um jantarespecial...

Liguei para onúmero errado.

Só por que hojeeu estava a �m

de cozinhar!

Tirinha

Ator Robert Pattinson, protagonista do filme Crepúsculo.C

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Preparem os seus trabalhos, pois as inscrições podem ser feitas até o dia 03 de agosto. Mais informações pelo site www.salaodehumor.piracicaba.sp.gov.br, ou pelos telefones (19) 3403-2615 / 3403-2620 / 3403-2621.

37° Salão Internacional de Humor de Piracicaba

Page 29: Revista Fusão Cultural

29JUNHO 2010

Não apenas os amantes da música árabe, mas diver-sas pessoas encantam-se ao ouvir o Dum Dum –

TaKaTa – Dum – TaKaTa – Taka de uma percussão árabe. O som inconfundível, que aguça os ouvidos da platéia, leva a dançarina à criação coreográfica, sobre-tudo, no momento da execução da mú-sica, de forma improvisada, mostrando sua entrega total ao som.  A percussão árabe é composta por diversos instrumentos musicais, cada um com seu papel específico na for-mação de um ritmo. Mas para que haja harmonia é necessária uma per-feita junção sonora. De acordo com Vitor Abud Hiar, no texto Noções gerais de harmonia sonora na percussão libanesa (2003), junção sonora “é a união dos sons produzidos pelos instrumentos em uma execução rítmica”.  Hiar divide o som entre três partes (base, metais e solo), que compõem o trinômio sonoro da percussão árabe.

 No caso da percussão, o solo acaba tendo maior destaque (pode ser dito até maior importância), por conta de seu som inconfundível. No Brasil, o Derbakke é um dos instrumentos de percussão árabe mais conhecido, jun-tamente com os Snujes e o Daff, fa-zendo com que existam composições sonoras menos complexas, e utiliza-ção de um número menor de instru-mentos em uma apresentação.  Como bem afirma Vitor Abud Hiar, conhecer todos os componentes desse trinômio sonoro da percussão árabe não garante uma junção sonora perfeita, mas é um bom começo para esse caminho.

Base: Responsável pela marcação rítmica. A base é formada por instrumentos de sonoridade grave: Mazhar, Dehollah, Tabel, etc.

Metais: O Daff e Snujes são responsáveis pela ostentação e potencialização rítmica.

Solo: O Derbakke, ou Tabla Egípicia, é o responsável pela construção, embelezamento, variações e encaixe dos ritmos.

por Rafaela Silva

Page 30: Revista Fusão Cultural

30 JUNHO 2010

Inicialmente realizada em atos de confraternização entre os celtas, a dança irlandesa foi passada de ge-ração a geração e ganhou mais coreografias e passos simplesmente desafiadores por sua velocidade de

compasso. “Os primeiros relatos escritos sobre as dan-ças irlandesas datam de 1520, no entanto ela somente se popularizou nos séculos XVII e XVIII, a princípio num contexto de festa. No Brasil, a dança irlandesa chegou em 1997”, comenta Fernanda Faez, dançarina e coreógrafa, atualmente coordenadora do curso de Dança Irlandesa da escola de dança Banana Broadway, em Campinas. Fernan-da estudou e morou na Irlanda durante três anos e retor-nou ao Brasil com uma vasta bagagem de conhecimento e experiência com danças tradicionais, folclóricas e cênicas irlandesas, ganhando inclusive destaque na revista Irish Dancing & Culture Internacional em 2004, como represen-tante da Dança Irlandesa em território brasileiro.  A dançarina e coreógrafa, explica que, basicamente, a dança irlandesa tem três vertentes diferentes responsáveis por origi-nar distintas danças: Set, Céilí e Solo ou Step dancing, que con-têm a mesma base musical e convergem em não serem danças cênicas. Abaixo seguem algumas informações sobre cada ver-tente da dança irlandesa, de acordo com Fernanda:Set: Dança de Casais, com 4 ou 8 pessoas. Dançadas em espaços pequenos. Os movimentos são contidos e os cor-pos dos dançarinos estão próximos durante a dança. Há alguns sapateios improvisados, individualmente, no rit-mo da movimentação coletiva.Céilí: Dançadas por no mínimo 4 pessoas. A movimenta-ção é mais ampla e os passos são bastante simples e aces-síveis. Não há nenhum tipo de sapateio. As Céilí nasceram e foram moldadas para amplos espaços.Solo ou Step: Danças de competição, dançadas geralmente como solo (com exceção para as danças de equipe), extre-mamente técnicas, tradicionalmente sem objetivo cênico. O figurino é muito importante nesta dança, os vestidos com cores vivas, meias brancas, perucas e tiaras. Para os homens, calça e camisa, colete, gravata ou cinturão ou saia

(kilt) e camisa, paletó e gravata. Dentro do Solo são traba-lhadas duas técnicas interdependentes:1) treble shoes, hard shoes ou heavy shoes: é o sapateado irlandês, no qual usa-se sapatos especiais, com fibra de vidro no solado e estrutura para subir nas pontas dos pés. Os passos são extremamente rápidos, o deslocamento espacial é bastante inten-so e geralmente segue especificidades na sua trajetória.2) light shoes ou soft shoes: são danças feitas com sapatilhas especiais, de couro, amarradas no peito do pé e tornozelo. Os pas-sos são extremamente rápidos, variam bem pouco de um lugar para outro no mundo, a rítmica é bastante característica, há muita troca de peso e saltos, o deslocamento espacial é bastante intenso. Ao falar sobre dança irlandesa, é impossível não citar o bailarino, coreógrafo e produtor Michael Flatley. Norte-ame-ricano, filho de irlandeses, Flatley teve contato com a dança irlandesa aos quatro anos de idade através de sua avó ma-terna e sua mãe. Ganhou o mundo com seu talento e deu maior visibilidade à dança irlandesa, se destacando mais atualmente com Celtic Tiger (2007), espetáculo que através da dança e da música, representa o espírito e a história da Irlanda. “Com o surgimento do grupo Riverdance, a prin-cípio sob a liderança de Michael Flatley, a Dança Irlandesa revoluciona e passa de dança folclórica à dança cênica. Toda a técnica desenvolvida na ‘Solo Dancing’, é reelaborada em um espetáculo temático, concebido e dançado com coreo-grafias longas, figurinos diferentes e músicas com arranjos contemporâneos.”, ressalta Fernanda sobre a renovação do cenário da dança irlandesa provocada por Flatley.

por Larissa Martins

Para quem quiser ter um pouco mais de contato com a dança e com a música irlandesas, de 30/06 a 04/07 será realizado o 8º Festival Celta Brasil 2010 em Campinas, com workshops internacionais e apresen-tações. Mais informações pelo site www.festivalceltabrasil.com.br, ou pelo telefone (19) 3201-7600.

Page 31: Revista Fusão Cultural

“Boneco é uma figura humana, animal ou abstrata movimentada manualmente por uma pessoa e não por nenhum meio mecâ-nico autônomo, sendo também conhecidos

pelo nome de Títeres”, de acordo com definição da Cia. Stromboli, no texto Breve História do Teatro de Bonecos. Sempre que um homem caracteriza-se por máscaras, po-de-se falar de títeres, ou bonecos. O teatro de bonecos é tão antigo, em muitas civilizações, que há dificuldade para precisar seu surgimento. Na Europa, há registros do século V a.C. sobre essa forma de encenação. Os bonecos teriam certo parentesco com diversos persona-gens, desde aqueles personagens mascarados da Commedia dell'Arte renascentista, até os mascarados do carnaval, por conta de sua impessoalidade. Pois, segundo a Cia. Stramboli, o boneco não retrata uma personalidade, mas sim, um tipo. Há muitos tipos de bonecos: o fantoche, o boneco de vara, o

boneco de fio ou marionetes, bonecos de dedo e bonecos gi-gantes, como os dragões das festas de rua chinesa. No Brasil também existem muitos bonecos, como o Mamulengo. A interpretação do ator, enquanto personagem, ou como boneco difere-se em muitos momentos. De acor-do com Fernando Cavallari e Roxane Souza Cavallari, da Cia. Atitude – Teatro de Fantoches e Palhaços, no espetá-culo O inimigo é desenvolvido um trabalho no qual o pa-lhaço Paçoca, representado pelo ator Fernando Cavallari, se transforma em um fantoche.  O teatro de bonecos é cada vez mais considerado uma atividade voltada para as crianças. De acordo com a Cia. Atitude elas se sentem seguras em poder conversar com os fantoches, e isso facilita o aprendizado. Ainda de acordo com a Cia. Atitude, trabalhar com fantoches exige ensaios e um estudo sobre cada personagem (movimentos, vozes, gestos, figurino), pois é necessário dar vida ao boneco.

Cia Atitude - Teatro de Fantoches e Palhaços. Contato pelos fones: 19 9181-6548 e 11 8452-2320 e pelo e-mail: [email protected].

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36 JUNHO 2010

Improvisos, pouco tempo, baixo custo, e, principalmente, amar o cinema e ter um mínimo conhe-cimento cinematográfico. Esses

seriam os principais componentes para mexer os pauzinhos e começar a pensar em construir uma produção cinematográfica independente. Os filmes independentes fogem dos padrões estéticos da indústria merca-dológica cinematográfica; estão bem distantes dos filmes hollywoodianos. Muitas vezes são marginalizados devido às suas características, como simplicidade de efeitos especiais e truques de câmeras e composição do elenco (muitas vezes composto por amigos e não necessariamente atores profissionais). Muitas produ-ções independentes destacam-se pela qualidade dos roteiros, compostos ou inspirados em grandes histórias mis-turadas a muita criatividade.  O vagabundo, filme de Aparecido de Lima Santos (Cidão), feito pela Cidão Produções, começou a ser gravado em 2009 e teve sua estréia em 18 de abril deste ano. Apesar de o nome remeter à figura de Charles Chaplin, Cidão confessou em entrevista à Fusão Cul-tural que sua inspiração partiu do hu-

mor caipira de Mazzaropi.  Em um ambiente rural, onde os cenários são sítios dos arredores pi-racicabanos, com músicas de viola e sertaneja como trilhas sonoras, a his-tória gira em torno do personagem Zé do Brejo (interpretado pelo pró-prio Cidão). Zé é o típico “boa vida”, que não quer saber de trabalhar. A dinâmica do filme está justamente nos conflitos gerados pela vagabun-dice do personagem principal com os patrões. Cidão diz que sempre gostou de cinema, por isso comprou uma câmera e teve a ideia de gravar um filme. Animado, Cidão afirma, “O vagabundo 2 está por vir”, inclusive já está sendo filmado. Os filmes independentes se des-tacam em ambientes universitários, como também em centros culturais e festivais dedicados aos mesmos. En-tre os festivais, aconteceu de 05 a 08 de maio a Mostra Independente do Áudio Visual Universitário (Miau), no Cine Goiânia de Ouro em Goiânia, e em ares internacionais o Festival Câmera Mundo, que incentiva fil-mes independentes do mundo todo, que será realizado em setembro ou outubro de 2011 em Amsterdã (as

inscrições estarão abertas a partir de janeiro de 2011, mais informações no site www.cameramundo.nl). Segundo dados divulgados pelo Jornal do Vídeo e apurados pela Agência Nacional de Cinema (Anci-ne) no ano de 2009 (os dados são de 2009 ou foram apurados em 2009?), foram entre 32 e 33% de lançamen-tos de majors diante de 68 e 71% de lançamentos independentes. Ambas consideram uma divisão existente en-tre obras cinematográficas lançadas em vídeos domésticos, separando-as em majors, quando referido àquelas ligadas aos estúdios norte-america-nos mais conhecidos na indústria do cinema como Sony, Fox, Disney, Paramount, Universal e Warner, e as demais distribuidoras tidas como in-dependentes, destacando, portanto, a primeira concepção de cinema inde-pendente definida por Levy Strauss, relacionada aos financiamentos.  Os baixos orçamentos e a possibili-dade de veiculação dos filmes indepen-dentes pelo You Tube e outros demais recursos provindos com a internet, fa-zem com que este gênero se expanda e contribua em muito para a democrati-zação da cultura cinematográfica.

"’Cinema independente’ (ou simplesmente indie – sigla em inglês para independente) é uma designação relativa, uma vez que geralmente é definido em relação a sua suposta antítese: o ‘cinema de estúdio’. O termo cinema independente não tem um significado universal, sendo mais bem compreendido em relação a manifestações específicas de independência cinemática dentro de um contexto histórico e cultural em particular". (SUPPIA, PIEDADE e FERRARAZ, in: Cinema Mundial Contemporâneo. (orgs.), 2008, p. 235)

por Larissa Martins

Page 37: Revista Fusão Cultural

O escritor russo Tolstoi desta-ca em sua obra, O que é arte, a discussão pertinente da estética e a capacidade que

a arte possui em estabelecer relações entre o homem e o mundo ou com a so-ciedade. Assim como sua característica de criar laços visuais e emocionais com as pessoas, em uma troca mútua entre o artista e o admirador. Obras da artista plástica norte-ame-ricana, Alexa Meade, dão uma prova desse conceito, ao proporcionar ao observador diversas sensações, apre-sentando a esse pintura e realidade, em uma mesma obra. Tal o hibridis-mo entre arte e realismo desperta dú-vidas se a obra existe de fato, ou é se uma montagem de computador.  Alexa tem 23 anos e graduou-se em Ciência Política na Vassar College (Nova Iorque), mas após graduar-se sua paixão pela arte aflorou. Suas obras, que tem feito sucesso no mun-

do todo, vão além de uma simples body painting (pintura corporal), pois a artista não inclui um modelo vivo à arte como uma camuflagem de ima-gens, mas faz a ação inversa, transfor-ma um modelo vivo em um objeto de arte como objeto principal. Incorporando literalmente a aura artística em seus modelos, misturan-do técnicas entre pintura, performan-ce e fotografia, a artista utiliza tintas acrílicas e muito talento, valorizando efeitos de cores e jogos de luzes, re-criando ambientes em três dimensões, e transfigurando pessoas comuns em objetos artísticos em duas dimensões. Logo ao pintar seus modelos como objetos pertencentes à obra de arte e inseri-los em um determinado cená-rio, sobretudo cotidiano, a artista os emoldura através de uma fotografia. Os observadores somente são conven-cidos de que se tratam realmente de mo-delos vivos quando é possível observar o

branco dos olhos, e em alguns trabalhos, os cabelos. Ou a por imagens divulgadas de making-off de todos os passos de Alexa Meade na realização da obra. A Fusão Cultural entrou em contato com a artista, mas a mesma não pode nos atender, por estar muito ocupada com as montagens de novas exposições, um resultado da grande repercussão de seus trabalhos no mundo todo. Ale-xa destaca em seu portfólio (disponível no site www.alexameade.com) a consi-deração que se deve ter na relação exis-tente entre o corpo e a identidade de uma pessoa. Através desta concepção, a artista, em um auto-retrato, mostra ou-tra função da arte, a de possibilitar “re-interpretação” de si mesmo.

“A Arte é a atividade humana que consiste em um homem comunicar conscientemente a outros, por certos sinais exteriores, os sentimentos que vivenciou, e os outros serem contaminados desses sentimentos e também os experimentar.” (Trecho do livro O que é Arte?, de Leon Tolstoi)

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por Larissa Martins

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38 JUNHO 2010

Arte, modificação ou per-formance, o corset pier-cing, conhecido também como espartilho de pier-

cing e ladder piercings, é o trabalho de perfurações no corpo, com o objetivo de colocar uma fita para imitar a apa-rência do laço de um espartilho.  O espartilho é uma peça do guarda-roupa feminino surgido por volta do sé-culo XVI, com os objetivos de diminuir a cintura da mulher, contribuiu para a correção da postura e, consequentemen-te, aumentar a elegância. Antes usados apenas como peça íntima, ou de apelo sexual, o corselete voltou à moda com o estilo pin up, só que desta vez como peça principal, e para ser vista.  O corset piercing é comumente feito nas costas, contudo há pessoas que o fazem em outras partes do corpo, como panturrilha, pescoço, braço e peito. O número de piercings e a dis-posição variam de acordo com o ob-jetivo do trabalho ou gosto do cliente. Mais comum entre as mulheres, há

homens que também fazem corset piercing, mas optam por outras par-tes do corpo, que não a costa.  Feitos, na maioria das vezes, para apresentações ou ensaios fotográficos, há quem não tire os piercings. Contudo, body piercers não aconselham, por conta de serem muitas perfurações realizadas ao mesmo tempo, o que requer muito cuidado. Deve-se também ter cuidado com a amarração da fita, para que a mesma não puxe demais os piercings. Se não for usar o corset piercing ape-nas para um trabalho, o ideal é esperar os piercings cicatrizarem para então fa-zer o laço. Mesmo após o período de cicatrização, o ideal é não usar o laço com muita frequência, pois a fita pode ser facilmente puxada ou enroscar. Os cuidados a serem dispensados para cicatrização e higienização do corset piercing são os mesmo tradicionalmen-te realizados em outras perfurações. O ideal é procurar um bom profissional, que além de conhecimento, possua um estúdio adequado.

por Rafaela Silva

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A palavra que “define” a moda colorida dos jovens contemporâneos é extra-vagância, nas roupas, no

cabelo e na própria pele. Entre calças justas, tênis, blusas e cabelos colori-dos, e piercings, esses jovens chamam a atenção por onde passam. Não são apenas coloridos, mas muito criativos, por conseguirem combinar diversas cores diferentes em um mesmo look.  Pessoas que seguem a moda, utili-zam peças isoladas; calça, sapato ou acessórios, para dar um toque a mais à composição. Mas nesse caso a ado-ção do visual é por “modismo”, dife-rente de um grupo de pessoas que o adota para representar um estilo, ex-presso não apenas pelas roupas, mas pelo gosto musical e atitudes.  Para os críticos, os coloridos seriam apenas uma atualização dos Emos. Para muitos, seria uma releitura dos anos 80, difundida pelas bandas in-

ternacionais Cobra Starship, All Time Low, Forever the sickest kids, MGMT, e pelas nacionais Cine e Restart. No Brasil, a novela Malhação também é vista como difusora do estilo.  Muitos jovens afirmam que esse esti-lo é o From Uk, uma releitura da moda jovem do Reino Unido (United King-dom), feita pelo jovem Hashii Stanford, nome artístico de Yago Lobo Rodrigues (mais informações sobre o rapaz no site www.hashiistanford.com).  Hashii Stanford, que gosta de moda, começou a pesquisar o estilo Scene Kids (Cena Infantil), usado por jovens do Reino Unido em 2005. O Scene Kids, que se destaca pelas cores, teria dado origem a outras vertentes, como a Scenester e a Scene Queens. São muitos os estilos, e mesmo os adeptos mas conseguem se definir, mostrando a falta de clareza. Mas estilo, indepen-dente de qual seja, não se explica, ou você tem, ou não tem?

por Rafaela Silva

Page 40: Revista Fusão Cultural

40 JUNHO 2010

Afinal, de onde surgiu aquele castelo? Por que o castelo estava aban-donado? A que peça se referia? Os contos de mistérios do poeta e escritor norte-americano Edgar Allan Poe nos fazem mergulhar em um universo paralelo à realidade.

 Os hábitos de ouvir e contar histórias sempre estiveram presentes na história da humanidade, que tem o costume de cultivar seus contos como forma de pre-servar suas histórias, que muitas vezes verossímeis, refletem elementos culturais.  Em rodas de amigos, ou reuniões familiares, as histórias contadas despertam o interesse e a curiosidade, por trazer a tona lembranças de determinadas situações.   “O conto cumpre a seu modo o destino da ficção contemporânea. Posto entre as exi-gências da narração realista, os apelos da fantasia e as seduções do jogo verbal, ele tem assumido formas de surpreendente variedade. Ora é o quase-documento folclórico, ora a quase-crônica da vida urbana, ora o quase-drama do cotidiano burguês, ora o quase-poema do imaginário às soltas, ora, enfim, grafia brilhante e preciosa votada às festas da linguagem”. (BOSI, Alfredo, O conto contemporâneo, 2006:7) Dentro desta perspectiva de Bosi, o conto é tido como uma narrativa ficcio-nal contida em um único drama, um só conflito, uma só ação e uma só histó-ria. A questão temporal e caracterizadora dos personagens torna-se irrelevante para a contextualização do mesmo. O espaço da ação é restrito, pois o objetivo do conto é justamente o de proporcionar uma impressão única ao leitor. Suas qualidades são a concisão, a brevidade e estrutura de linguagem densa em seu sentido interpretativo e, econômica, no uso de palavras. O universo do conto é composto por histórias e acontecimentos da vida diária, somados a mais dramaticidade e tensão, o que chama a atenção do leitor para en-tão surpreendê-lo (clímax) com o desfecho. Na narrativa, há em sua maioria, um personagem em primeira pessoa e outro (ou, outros) em terceira pessoa, como uma forma de representar sentimentos e pensamentos entre o “eu e o mundo”.  Em uma esfera de terror ou em um clima de romance ou nostalgia, o con-to pode abordar diversificadas temáticas relacionadas às vivências humanas, nas quais existem inúmeras possibilidades de atribuições de sentimentos e visões de mundo. Segundo Alfredo Bosi (2006), a palavra-chave de um conto é “situações”, que imaginárias ou não, são vividas por todos nós, nas quais são atribuídos elementos narrativos como espaço e tempo, personagem e tra-ma, dadas através de um fluxo de experiência.  “Objetos antigos, preciosos, paredes recobertas de luxuosa tapeçaria. Tudo, porém, desbotado, usado pelo tempo. Escudos, troféus e um número extraordinariamente grande de pinturas modernas, muito vivas, metidas em molduras douradas. Esses quadros, não sei se por sua originalidade ou pelo constraste que faziam com o ambiente, despertaram em mim profundo interesse. Eu estava fascinado. Apesar de ferido, meu entusiasmo me excitara de tal maneira que eu já me dispusera a me manter acordado, estudando pesquisando. E assim foi”. (...)(Mais um trecho do conto de Edgar Allan Poe citado no quadro ao lado).

“O castelo surgira à nossa frente como uma tábua de salvação. Eu estava se-riamente ferido e ameaçado de passar a noite ao relento. Por isso, meu cria-do não hesitara em forçar a entrada. A construção sólida, imponente, mistu-rada o grandioso ao sinistro. Parecia abandonado, pois não apare-cera ninguém à nossa chegada. Mas, se abandonado, o fora há pouco, ou talvez por pouco tempo. Tudo estava arrumado, limpo, suntuosamente mo-biliado. Escolhemos um dos aposentos menores e decorados com mais modés-tia. Situava-se numa torre larga e mais baixa, afastada dos demais aposentos. Esta peça, embora mais simples, ainda assim era ricamente decorada. (...)”(Trecho do conto O retrato oval, de Edgar Allan Poe, do livro Histórias Extraordinárias, tradução e adaptação de Clarice Lispector, 2002).

por Larissa Martins

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ralisações e controle da partida.  Com a figura do árbitro em destaque e a seriedade com que a modalidade foi se estendendo em 1904, foi criada a Federation International Football Asso-ciation (Fifa), com o objetivo de ser a instituição responsável pela organiza-ção do futebol mundial. Sendo assim, o esporte foi conquistando respeito. A partir disso, ocorreram mudanças nas regras e outras alterações que possibi-litaram chegar ao que é hoje o futebol, composto por 17 regras básicas e dis-putado no mundo todo. Devido à expansão da modalidade por seus acontecimentos mundiais como a Copa do Mundo, a globali-zação e o progresso do capitalismo aliado ao grande número de expec-tadores e o consequente interesse fi-nanceiro de investidores:o futebol se tornou uma mania mundial, elevan-do os coadjuvantes da bola a um nível superior, de status e poder.  Essa paixão faz de nós, brasileiros, pa-triotas em alguns momentos de nossas vidas. Faz acreditarmos em nós mesmos e esquecermos as nossas dificuldades e problemas do dia-dia, nem que seja pelo menos durante 90 minutos.

O futebol, esporte de essên-cia própria, conduz-nos a um mundo de magia, que o torna uma paixão

inquestionável. É uma das modali-dades esportivas mais conhecidas e praticadas no mundo, tornando-se durante todo seu processo de evo-lução referência no esporte, sendo responsável por fatos históricos im-portantes durante o desenvolvimento das civilizações até os dias atuais.  Toda autonomia adquirida pelo futebol, dentre tantas outras moda-lidades esportivas, fez com que esse esporte fosse alvo de investidores in-teressados em engrandecer seus pa-trimônios à custa de um espetáculo público, promovido por aqueles que o fazem, tendo a bola como um objeto de grande veemência. Desde então, o futebol se tornou essa solenidade aos finais de semana para os espectadores. Uma das tendências históricas do aparecimento do futebol ocorreu por meio de Huang Ti, Imperador chinês, que utilizava modalidade semelhan-te, Tsu-Chu (golpear a bola com o pé), no treinamento dos soldados para a guerra, onde mesmo nos momentos de lazer, eles praticavam tal moda-lidade. Estendeu-se para França e Grã-Bretanha, na Idade Média, onde era jogado por muitos jogadores ao mesmo tempo, além de ser violento, levando até ao óbito em alguns casos. O jogo, por sua vez, foi proibido de ser disputado nesses países e foi na Itália que o renascimento do Gioco Del Cálcio, “patada” ou “coice”, ter-mo de conhecimento popular da épo-ca, voltou a ser praticado.  Posteriormente, na Revolução In-

dustrial, os ingleses incluíram a moda-lidade na intenção de reduzir as horas de trabalho. Foi então que, em 1580 Giovanni Di Bardi publicou o primei-ro manual de arbitragem da história e através de ingleses refugiados na Itá-lia, o manual teve a Inglaterra como origem, nascendo, a partir desse mo-mento, o “novo futebol” que abrangeu novos conceitos e modificações que permitiram uma pratica saudável pela ausência de brutalidade e violência. No dia oito de dezembro de 1863 foi fundada a Football Association, órgão organizacional e regente das leis do futebol, existente até os dias de hoje na cidade de Londres. O órgão é respon-sável pela organização e planejamento do futebol inglês. A partir daí, foram aprovadas 14 regras básicas do futebol.  Trinta e um anos mais tarde, vin-do de Londres para o Brasil, Charles Willian Miller trouxe duas bolas de couro, dois jogos de uniforme e o li-vro de regras apresentando e implan-tando o futebol no Brasil.  Por toda complexidade do futebol durante sua evolução, em 1868 surge a figura do árbitro, integrado no sistema do jogo para conter reclamações e san-cionar alguns questio-namentos que ocorriam durante as partidas, devido às diferentes in-terpretações impostas pelas regras. O árbitro se colocava em camaro-tes e somente adentrava o campo de jogo se so-licitado. Após 10 anos foi introduzido o apito ao árbitro, instrumento usado para devidas pa-

A Cultura do Futebolpor Lucas de Castro Cardoso

Lucas de Castro Cardoso é personal trainer, professor/mestre em Performance Humana, pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), e árbitro de Futebol da Federação Paulista de Futebol.

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Vera Regina Maluf, diretora da Ponta Verde Turismo, é uma mulher de fibra. As-sim como muitas brasilei-

ras, soube conciliar a vida familiar e profissional, atingindo o sucesso, no melhor sentido da palavra. Conhecer essa mulher e sua trajetória, mais do que uma oportunidade, é um grande exemplo. Vera, que há 35 anos atua na área de turismo, conhece muito a cultura existente em cada canto do globo, e sabe a importância desse co-nhecimento cultural na formação da personalidade de cada pessoa.

Fusão Cultural: Quais as principais di-ficuldades em ser mãe e trabalhar fora? Vera Regina Maluf: Nenhuma! Ser mãe é uma dádiva! É necessário apenas conciliar melhor o tempo no trabalho e em casa. Acompanhar o crescimento dos filhos, e não perder nenhuma fase do desenvolvimento deles. Da festa junina na pré-escola até a primeira viagem deles sozinhos. Procurei sempre dar conhecimentos e experiências de vida, para que eles pudessem saber escolher o melhor para suas vidas. Meus filhos viajaram muito pelo mundo, às vezes acom-panhados, outras, sozinhos, e por isso, acho que eles aprenderam bem a escolher os caminhos corretos e a entender melhor as diferenças entre culturas, pessoas e a não sofrer tanto com as adversidades da vida.

Fusão Cultural: Quais as suas princi-pais crenças e devoções? Vera: Crer em um sonho e lutar por ele. Devoção e respeito a Deus e ao senhor Jesus. Tudo posso naquele que me fortalece. Acredito também no poder das experiências de vida, na maneira como cada um escolhe o caminho que pretende trilhar, possí-vel apenas a partir do contato com novos lugares e pessoas.

Fusão Cultural: O que é cultura para você? Vera: Aprender cada vez mais sobre pessoas, vidas e prioridades para nos-sa vida. O crescimento interno que vem através de um bom livro, de uma boa conversa, e, principalmente, da oportunidade de conhecer diversos ti-pos de cultura e lugares pelo mundo.

Fusão Cultural: Como é trabalhar em um setor no qual você tem a possibi-lidade de apresentar diferentes cultu-ras para muitas pessoas? Vera: É muito gratificante ajudar mui-tas pessoas a atingirem seus sonhos, conseguindo sempre acrescentar algo a mais na vida de cada um. Na vida, mui-tas coisas passam, mas as lembranças e recordações, essas sim ficam dentro de nossos corações para sempre.

Fusão Cultural: A Ponta Verde Turismo é uma empresa familiar. Quais os prin-cipais desafios de trabalhar em família? Vera: Trabalhar em família, sem dú-

vida, é a garantia de sucesso. Pois a família se fortalece principalmente através do trabalho. Se tornando as-sim mais unida e consciente da neces-sidade de se apoiar, sempre.

Fusão Cultural: Quais as principais conquistas da Ponta Verde?Vera: Ter conquistado troféus (prê-mios) de maior vendedora, no nível nacional e no interior de São Paulo, de cruzeiros marítimos pela Costa Cru-zeiros, a pioneira e maior empresa de cruzeiros atuando no Brasil, com mais de 63 anos pela costa brasileira. Neste ano, ganhamos esse prêmio de vendas no interior de São Paulo pelo 3º ano consecutivo. E, a nossa maior conquista é a credibilidade e carinho dos nossos queridos clientes, que se transformam em amigos.

Fusão Cultural: A quê você credita esse sucesso? Vera: Dedicação, perseverança e amor. O sucesso está atrelado a um trabalho sério, focando naquilo que os outros não conseguem, ou sabem fazer. Na empresa, cuidamos desde as coisas mais simples, como a melhor mesa do jantar, ou a lista das atividades a bordo, até as melhores condições de cabines e opções de pagamento. Ser a maior vendedora do interior nos per-mite oferecer melhores condições aos nossos clientes. O sucesso é a soma de uma série de coisas.

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