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PÓS-MODERNISMOANTONIO CASTELNOU
INTRODUÇÃO
Na segunda metade do século passado, transformações
sociopolíticas, culturais e tecnológicas refletiram-se sobre as
artes em geral, que foram afetadas pelos acontecimentos
advindos direta ou indiretamente da Guerra Fria (1945/90).
O existencialismo filosófico serviu de pano-de-fundo para
a reflexão artística e conduziu a várias correntes estéticas,
as quais buscaram uma (re)aproximação entre as culturas
popular e erudita, reintegrando-se ao cotidiano das pessoas.
Denomina-se de PÓS-MODERNIDADE
o conjunto de mudanças ocorridas
nas ciências, artes e sociedades
avançadas a partir da década de
1950, iniciando-se com a Pop Art
e crescendo ao entrar na filosofia nos
anos 1970, como crítica da cultura
ocidental até amadurecer no último
quartel do século XX e alastrar-se na
moda, cinema e música; e também
no comportamento e no cotidiano
programado pela tecnociência.Marilyn
(1962)
Andy Warhol (1922-87)
John McHale (1922-78)
Machine-Made America I
(1956/57)
Suas bases teóricas concentraram-
se na filosofia, em especial nas
ideias dos franceses Jean-François
Lyotard (1924-1998) e Jean
Baudrillard (1929-2007), além
do americano Fredric Jameson
(1934-) e dos britânicos David
Harvey (1935-) e Perry Anderson
(1940-), entre outros, que
perceberam um gradativo
afastamento do Ocidente, desde
os anos 1950, em relação aos ideais
universais do início do século XX.
Perry Anderson (1940-)
David Harvey
(1935-)
Jean-François Lyotard
(1924-1998)
Jean Baudrillard
(1929-2007)
Fredric Jameson
(1934-)
Nas artes plásticas, depois da
experiência do abstracionismo, foi a
vez da ARTE CONCRETA ou concretismo
(1930/45) – que negava a necessidade
do significado e defendia a construção
plástica, mecânica e impessoal –, atingir
o ambiente europeu, cujas ideais foram
retomadas na década de 1950 com o
NEOCONCRETISMO (1950/65), o qual
também se colocava contra a abstração
expressiva, subjetiva e gestual – então
bastante forte nos EUA –, tendo assim
grande repercussão, inclusive no Brasil.
Josef Albers (1888-1976)
Untitled Abstraction: Mantic
(1940) - 30x41cm
Hommage
to Square:
La Tehuana
(1951)
Factory (1925) - 29x36cm
Por sua vez, a POP ART (1955/70), de
bases dadaístas e neorrealistas, nasceu
na Inglaterra e propunha-se a romper
com a abstração e explorar a cultura
urbana, a sociedade de consumo e o
kitsch como manifestação popular.
Tal incursão pop abriu caminho para
o NEOFIGURATISMO ou expressionismo
figurativo (1950/80), o qual também se
contrapôs à arte abstrata e trouxe de
volta a figuração por meio de fortes
referências explícitas – ou críticas –
às condições sociais contemporâneas.
Hers Is A Lush Situation (1958)
Richard Hamilton (1922-2011)
Self-Portrait
(1967)
Wilhelm Loth (1920-93)
Sinal Antropomórfico
(1960/61)
ARTE CONCRETA
Nascido no período entre-guerras, o MOVIMENTO CONCRETO
teve a intenção de desvincular o mundo artístico do natural,
distinguindo forma de conteúdo e defendendo uma arte
autônoma, a qual fosse independente da realidade.
Diferente do abstracionismo que ainda mantinha vínculos
com o real, seja expressando sensações ou emoções – ou
fazendo uso de símbolos –, o concretismo pretendia produzir
um “novo” real, de modo impessoal, com frieza e precisão.
Através do Manifesto da Arte
Concreta (1930), o holandês Theo
van Doesburg (1883-1931) e outros
davam início a uma arte universal,
totalmente concebida e formada
pelo espírito antes de sua execução,
a qual deveria ser simples, exata e
voltada à clareza absoluta.
Ao morrer prematuramente de
ataque cardíaco aos 47 anos, T. van
Doesburg apontou para onde alguns
artistas seguiriam após a Segunda Guerra Mundial (1939/45).
Simultaneous CounterCompositions
(1929/30) - 50x50cm
Theo van Doesburg
(1883-1931)
O CONCRETISMO buscou incorporar
estruturas matemáticas e geométricas
em todas as artes – inclusive na música
e na poesia – mas foi interrompido
pelas manifestações existencialistas e
pelo expressionismo abstrato, voltando
somente entre os anos 1950 e 1960.
Implodindo os limites entre a pintura
e a escultura, a nova abstração ou
NEOCONCRETISMO encontrou muitos
adeptos tanto na Europa quanto nos
EUA, sendo estes últimos oriundos das
experiências tanto em Action Painting quanto da Color Field Painting.
Ben Nicholson(1894-1982)
Feb 55 (1955)
William
Turnbull(1922-2012)
18-1963 (1963)
Hannibal
(1955)
Em uma nova vertente do expressionismo abstrato, os americanos
chegaram a uma pintura de formas simples, cores puras e contornos
rígidos que mais parecia ser feita por máquinas que manualmente,
evitando-se ao máximo o gesto pictórico: era a Hard Edge Painting.
Elegy to the Spanish Republic No. 57 (1960)
Robert Motherwell (1915-91)
Morris Louis (1912-62)
Number 1-82 (1961)84x209cm
Agnes Martin (1912-2004)
Untitled (1959)
Salute (1958)
35,5x51cm
Gene Davis (1920-85)
A pioneira dessa nova forma de
abstração foi a pintora americana
Helen Frankenthaler (1928-2011) que,
influenciada por J. Pollock e M. Rohtko,
criou uma técnica de diluir a tinta a óleo
ou acrílica em terebintina, a qual era
derrubada sobre e absorvida pela tela
(soak stain), eliminando as pinceladas e
enfatizando áreas translúcidas de cor.
Tal pureza despertou um novo interesse
pela simplicidade formal e pela pureza
cromática, cujos contornos rígidos e
impessoais conduziram à abstração pós-pictórica, dando origem à Minimal Art.
Helen Frankenthaler(1928-2011)
Blue
Atmosphere III (1963)
Summer Insignia
(1969)
Além do casal H. Frankenthaler
e Robert Motherwell (1915-91),
assim como de seus colegas
coloristas Ad Reinhard e
Morris Louis (1912-62), a arte
neoconcreta teve como
expoentes os americanos: John
Dwyer McLaughlin (1898-1976),
Agnes Martin (1912-2004),
Gene Davis (1920-85), Ellsworth
Kelly (1923-2015), Jack
Youngerman (1926-2020) e Al Held (1928-2005), entre outros.
John Dwyer McLaughlin(1898-1976)
Untitled (1948)
Black, Brown, White (1951)
Ellsworth Kelly (1923-2015)
Jack Youngerman(1926-2020)
White BlueConstruction (1951)
Al Held (1928-2005)
Untitled (1960)
Quanto aos europeus, os maiores
destaques serviram de ponte entre
as artes concreta e neoconcreta,
como o alemão Josef Albers (1888-
1976) – que, depois de atuar uma
década na Bauhaus, emigrou para
os EUA em 1933 e empenhou-se em
pesquisas gráficas e cromáticas –; o
inglês Ben Nicholson (1894-1982); o
suíço Max Bill (1908-94) e o argentino
Tomás Maldonado (1922- 2018), que viveu na Alemanha a partir de 1954.
Max Bill (1908-94)
Eight Colour Groups(1947)
Expansion in Four
Directions (1961/62)
187x187cm
Desde un Sector
(1953)
Hyperbolic
Surfaces (1959)
Tomás Maldonado (1922- 2018)
O melhor da ESCULTURA neoconcreta
foi feito pelos britânicos, em especial
Barbara Hepworth (1903-75) – casada
com B. Nicholson desde 1938 –, que
respondeu ao trabalho biomórfico
de H. Moore com composições mais
geometrizadas. Além dela, também
se destacaram William Turnbull (1922-
2012) e Anthony Caro (1924-2013).
Vale citar ainda o trabalho escultórico
do basco Eduardo Chillida (1924-2002)
que, depois de ser jogador de futebol
e estudar arquitetura, fez macro-esculturas nos anos 1950.
Anthony Caro (1924-2013)
Early One Morning (1962)
Barbara Hepworth (1903-75)
Oval
Sculpture (1956) Pelagos
(1946)
Homenaje a A. Fleming (1955)
Eduardo Chillida (1924-2002)
No Brasil, o abstracionismo chegou nos anos 1950 através do suíço
M. Bill, que popularizou as concepções dessa linguagem estética
com a Exposição Nacional de Arte Concreta (1956). Contudo,
o caminho já vinha sendo trilhado por artistas pioneiros, entre
os quais Arnaldo Ferrari (1906-74) e Samson Flexor (1907-71).
Estudo I (c.1955)
Construção
(1963)
Arnaldo Ferrari(1906-74)
Samson Flexor(1907-71)
Geométrico I (1952)
33x46cm
Franz Weissmann(1911-2005)
Torre (1958)h=1,55m
De 1956 a 1960, durante o
DESENVOLVIMENTISMO dos anos JK
e a construção de Brasília, a arte
concreta brasileira coincidiu com o
neoconcretismo internacional, com
os destaque de artistas como: Franz
Weissmann (1911-2005), Lygia Clark
(1920-88), Amílcar de Castro (1920-
2002), Arcangelo Ianeli (1922-2009),
Ivan Serpa (1923-73), Geraldo de
Barros (1923-98), Willys de Castro (1926-88) e Lygia Pape (1927-2004).
Sem Título (c.1958)
Arcangelo Ianeli (1922-2009)
Lygia Clark (1920-88)
Série “Bichos”
(Déc. 1960)
Lygia Pape(1927-2004)
Tecelares (1957)
Objeto Ativo (1959)
Willys de Castro(1926-88)
Sem Título (1950)
Amílcar de Castro (1920-2002)
ESPACIALISMO
❖ Corrente estética italiana fundada em 1946 pelo pintor e
escultor Lucio Fontana (1899-1968), que pretendia criar novas
materialidades a partir do uso da forma e da cor, assim como
da inserção do tempo, espaço e movimento na obra de arte.
❖ Rejeitando tanto a representação quanto a ilusão de
profundidade, propôs superar a bidimensionalidade pictórica,
integrando-a ao espaço real envolvente, o que permitiria
uma maior compreensão sobre a superfície da tela.
Natural da Argentina, mas criado
na Itália, L. Fontana começou com
esculturas figurativas para depois criar
abstrações espaciais influenciado pelo
surrealismo e lançar o Manifesto Bianco
(1946), dando origem ao SPAZIALISMO.
Passou então a abrir fendas em suas
telas, valorizando mais o processo que o
produto e explorando todo o espaço de
exposição, pintando paredes em tons
uniformes. Consagrou-se com quadros
monocromáticos cortados e perfurados.
Lucio Fontana (1899-1968)
Concetto Spaziale: Aspettative
(1960)
Concetto Spaziale:
Natura (1959)
60x63,5x68cm
Os cortes, perfurações ou texturas
representavam vazios ou a ausência
da imagem, o que dava um novo
sentido à obra, este contrário à
tradicional concepção bidimensional
e ultrapassando o suporte plano para
absorver um espaço maior e além.
Antecedendo as artes conceitual
e minimalista, o ESPACIALISMO era
distinto do expressionismo abstrato
e do neoconcretismo por incluir o
tempo e o movimento, sem pintar ou esculpir, só “construindo no espaço”.
Concetto Spaziale (1958)
Lucio Fontana (1899-1968)
Mario Deluigi (1901-78)
Grattage 35
(1961)
Protetto a meta
(1970)
Emilio Scanavino(1922-86)
Entre os maiores espacialistas – muitos egressos do abstracionismo gestual que criaram
até os anos 1970 –, destaca-se: Mario Deluigi (1901-78), Alberto Viani (1906-89), EdmondoBacci (1913-78), Enrico Accatino (1920-2007), Roberto Crippa (1921-72), Emilio Scanavino
(1922-86)e Guido Antoni (1927-2007), além do próprio L. Fontana e diversos outros.
Guido Antoni (1927-2007)
Senza Titolo (c.1960)
Bianchi Assoluti (1959/60)
Enbrico Accatino(1920-2007)
Fabbrica (1952)
Edmondo Bacci (1913-78)
Roberto Crippa(1921-72)
Senza Titolo
(c.1960)
Nudo Femminile
(1958) - 110x180cm
Alberto Viani (1906-89)
POP ART
Buscando denunciar o consumismo do american way-of-life,
alguns artistas – primeiro na Inglaterra e depois nos EUA –
tentaram escapar dos movimentos recentes, especialmente
os abstratos, através de uma arte provocativa e acessível.
Inspirados pela vida urbana e os mass media, davam pouca
ou nenhuma importância ao inconsciente como fonte da
autenticidade criativa e pessoal, preferindo mais aquilo que
fosse imperfeito ou temporário, inclusive usando a PARÓDIA.
A POP ART dos anos 1950 aos 1970
buscava explorar artisticamente os
elementos da publicidade, kitsch,
comic strips e mitos políticos, musicais
e cinematográficos; estes todos vistos
como manifestações populares.
Convicta de que não havia sociedade
ou cultura superior à outra, criava obras
com referências que rompiam todas as
tradições e, ao produzir suas imagens
inusitadas e montagens irreverentes de
objetos do cotidiano, desafiava as convicções do que realmente era arte.
Eduardo Paolozzi (1924-2005)
Wittgeinstein in New York (1964/65)65,4x96,5cm - Colagem
Frog eating a lizard
(1957)
Seu pontapé inicial deu-se em Londres,
com a exposição This is Tomorrow (1956),
organizada por artistas independentes e
que revolucionou o cenário artístico ao
apresentar obras que usavam colagens
de propagandas, jornais e revistas.
Trabalhos como os dos britânicos John
McHale (1922-78), Richard Hamilton
(1922-2011) e Eduardo Luigi Paolozzi
(1924-2005), entre outros, anunciavam
o nascimento da controversa POP ART.
O que será que torna os interiores das nossas casas
de hoje tão diferentes, tão atraentes? (1956)
Richard Hamilton(1922-2011)
Batizada pelo crítico londrino
Lawrence Alloway (1926-90), esta
arte pós-moderna tentava revelar
a beleza do ordinário e do vulgar;
e, opondo-se à introspecção e ao
subjetivismo da arte abstrata,
interessava-se pelo lado de fora.
A partir da décadas de 1960,
a POP ART frutificou nos EUA,
tornando-se expressão estética de
toda a sociedade pós-industrial e
rompendo a hierarquia tradicional
de valores e significados culturais.
Richard Hamilton(1922-2011)
Fashion-Plates ou
Cosmetic Studies
(1969/70) - Colagens
Machine-Made
America II (1956/57)
John McHale(1922-78)
Eduardo Paolozzi(1924-2005)
Cyclops (1958)
Lawrence Alloway
(1926-90
A POP ART americana começou com as
combine paintings realizadas por Robert
Rauschenberg (1925-2008) – colagens
neo-dadás de recortes e assemblages
(composições de materiais e objetos
tridimensionais iniciadas por J. Dubuffet) –,
além de imagens familiares – alvos,
bandeiras e símbolos tipográficos –,
executadas por Jasper Johns (1930-).
Logo, apareceram artistas que rejeitaram
este estilo pictórico, preferindo trabalhar
com réplicas ou imagens fotográficas, cujo maior expoente foi Andy Warhol (1922-87).
Coca-Cola
Plan (1958)
The Tower
(1957)
Robert Rauschenberg (1925-2008)
Jasper Johns (1930-)
Three Flags (1958)
Em seu estúdio novaiorquino The
Factory (1962/84) – considerado o
primeiro loft –, Andy Warhol (1922-
87), natural de Pittsburgh PA,
inspirou-se na publicidade e no
marketing para criar obras que
desmascaravam o consumo, a
padronização e a alienação.
Preocupado com a perda da obra
original e a sua substituição por
meras cópias, explorou o culto da
CELEBRIDADE e ainda como um
indivíduo pode ser consumido – ou
“anulado” – pela própria imagem.
Andy Warhol (1922-87)
Triple Elvis
(1964)
Campbell’sSoup
(1968)Soft Toilet (1966)
Claes Oldenburg (1929-)
Além dos citados, outros americanos de destaque foram: Wayne
Thiebaud (1920-), Roy Lichtenstein (1923-97), Duane Hanson (1925-96)
e, Tom Wesselmann (1931-2004), entre outros, assim como
Claes Oldenburg (1929-), este de origem sueca.
Pies, pies, pies (1961)
Wayne Thiebaud (1920-)
Duane Hanson(1925-96)
Tourists (1970)
Bathtube collage #3 (1963)
Tom Wesselmann (1931-2004)
Roy Lichtenstein(1923-97)
Whaam! (1963)
Compondo uma
segunda geração
britânica de artistas pop,
cita-se sir Peter Thomas
Blake (1930-), Allen Jones
(1937-) e David Hockney
(1937-), os quais exploram
o glamour transitório e de
baixo custo trazido pela
massificação.
Peter Blake (1930-)
The first real
target (1967)
Mesa, Cadeira, Cabide (1969)Allen Jones (1937-)
David Hockney (1937-)
A Bigger Splash (1967)
Mr. and Mrs. Clark
and Percy (1970/71)
Pós-Brasília e o Golpe Militar
(1964), durante a ditadura até os
anos 1980, o Brasil viveu uma
época de efervescência nas
artes plásticas, que absorveram
a POP ART, através da denúncia
política e social por meio de
impressões em silkscreen e
referências aos gibis.
Entre seus maiores expoentes,
destaca-se os nomes de Wesley
Duke Lee (1931-2010), Antonio
Henrique Amaral (1935-2005)
e José Roberto Aguilar (1941-).
Wesley Duke Lee (1931-2010)
O Guardião, A Guarda,
As Circunstâncias
(1966)
Incomunicação
(1967)
Antonio HenriqueAmaral (1935-2005)
José RobertoAguilar (1941-)
Série de Futebol I (1966)
Além desses, pode-se apontar como destaques nacionais dessa arte pós-
moderna: Rubens Gershman (1942-2008), Cláudio Tozzi (1945-) e Angelo de Aquino
(1945-2007), assim como alguns integrantes do Grupo Rex (1966/67): Luiz Paulo Baravelli (1942-), Frederico Nasser (1945-) e José Resende (1945-), entre outros.
Desta vez eu consigo fugir
(1967) - 95x95cm
Cláudio Tozzi (1945-)
Modelo para Universo
(1978) - 50x70cm
Angelo de Aquino(1945-2007)
Rubens Gershman (1942-2008)
Caixas de Morar (1966)120x120cm
No Museu
Depois que
Fecha (1979)
Luiz PauloBaravelli (1942-)
CONCLUSÃO
A incursão pop pelo realismo visual abriu caminho para
uma nova corrente de arte europeia neo-expressionista e
figurativa: o NEOFIGURATIVISMO ou nova figuração, a qual
trouxe de volta a figuração artística por meio de referências
explícitas às condições sociopolíticas atuais.
A partir dos anos 1950 e desde a Inglaterra, artistas passaram
a explorar a fealdade do mundo pós-moderno, além de
verdades desconfortáveis, a angústia, a solidão e a miséria.
No 2º pós-guerra, alguns artistas ingleses
concentraram-se ao redor do pintor
John Bratby (1928- 92), cujos trabalhos
queriam mostrar a devassidão e a
desordem causadas pelo conflito, em
paralelo ao existencialismo francês.
Designado em 1951 de Kitchen Sink
School (“Escola da Pia de Cozinha”) por
David Sylvester (1924-2001) com base
em uma tela de J. Bratby, tal grupo era
composto por pintores que admiravam
a obra neorrealista de L. S. Lowry e
outros, assim como temas industriais e com referência à classe operária.
John Bratby (1928-92)
Kitchen Sink (1950)45X63cm
The Toilet
(1955)
Courtyard (1956)
Retratando cenas de monotonia
e anti-heroismo, sem encanto ou
beleza, telas mostravam temas
banais da vida cotidiana, desde
banheiros e cozinhas bagunçadas
a prédios e quintais abandonados.
Junto a J. Bratby, artistas como
Edward Middleditch (1923- 87),
Derrick Greaves (1927-) e Jack
Smith (1928-2011), entre outros,
atualizaram a figuração expressiva
com traços nervosos, contornos distorcidos e pinceladas fortes.
Man and Goats
(c.1953) - 49,5x70cm
Derrick Greaves (1927-)
Baby in Sink (1953)109x126cm
Jack Smith(1928-2011)
Edward Middleditch (1923-87
Butcher meat porter carring
a carcass (1952)
Em plenos anos 1950, o pintor e crítico
de arte americano, radicado na
Inglaterra, Ronald Brooks “R. B.” Kitaj
(1932- 2007), juntou-se ao grupo londrino
e passou a designá-lo de London School,
contrapondo-o à New York School, esta
dominada por expressionistas abstratos.
A partir de então o NEOFIGURATIVISMO
difundiu-se pelo mundo, adotando
como tema principal a figura humana e
seu ambiente, os quais eram retratados
de maneira crua e despojada, na sua
mera condição existencial e de uma forma expressiva nunca antes vista.
R. B. Kitaj (1932- 2007)
The Ohio Gang (1964)
Seated Figure (1966)
Frank Auerbach(1931-)
Self-Portrait (1971)
Leon Kossoff(1926-2019
Entre os maiores expoentes desse novo expressionismo figurativo,
destacaram-se especialmente Francis Bacon (1909-92) e Lucian Freud
(1922-2011), além de Leon Kossoff (1926-2019), Michael Andrews
(1928-95), Frank Auerbach (1931-) e Barry Flanagan (1941-2009).
Pope Innocent X
Studies after Velázquez (1953)
Three Figures and Portrait (1975)Francis Bacon (1909-92)
Naked
Figures
(1966/80)
Lucian Freud(1922-2011)
The Deer Park (1962)
Michael Andrews(1928-95)
Em 1959, como derivação da
London School, o pintor alemão
Hans Platschek (1923-2000) lançou
a NEUE FIGURATIONEN, atraindo
muitos adeptos ao resgatar a
função social da arte através de
um desenho denso e complexa
narrativa, de bases existencialistas.
Entre seus discípulos, cita-se
o pintor Helmut “H.A.P.” Grieshaber
(1909-81) e o escultor Wilhelm Loth
(1920-93), assim como os
austríacos Franz Ringel
(1940-2011) e Peter Pongratz
(1940-), além de diversos outros.
Hans Platschek (1923-2000)
Retrato de um pintor segundo
El Greco – Picasso (1957)89x116cm
Negro Americano (1971)
H.A.P. Grieshaber(1909-81)
O Pequeno Príncipe (s.d.)
Peter Pongratz (1940-)
Na França, a NOUVELLE FIGURATION
encontrou maior representatividade nos
anos 1960 e ganhou caráter mais pop,
inspirando-se em imagens atuais
(Mythologies Quotidiennes) de: Bernard
Buffet (1928-99), Gilles Aillaud (1928-2005),
Bernard Rancillac (1931-) e Hervé
Télémaque (1937-), que criaram obras
representacionais baseadas na Figuration
Narrative; vertente francesa que fazia uso
dos mais diversos meios de expressão, dos
quadrinhos à imagem animada (cinema e televisão), antecedendo a Video Art.
Gilles Aillaud (1928-2005)
Cage aux Lions (1967)
Bernard Rancillac (1931-)Le Dernier
Whisky (1966)
Convergence (1966) Acrílico - 198x273cm
Hervé Télémaque (1937-)
Na Espanha, a NEOFIGURACIÓN
apareceu entre os anos 1950 e 1960,
misturando-se também com a
Pop Art e tendo como seus maiores
expoentes: o pintor narrativo e
artista gráfico pop Eduardo Arroyo
(1937-2018) e os integrantes do
grupo madrilenho El Paso (1957).
Já os italianos aderiram à tendência
figurativa a publicação seguida de
exposição Nuova Figurazione (1962),
tendo como destaques os pintores:
Bruno Cassinari (1912-92), Silvio
Loffredo (1920-2013) e Giovanni Cappelli (1923-94), além de outros. Battistero (1962)
Silvio Loffredo (1920-2013)
Eduardo Arroyo (1937-2018)
Velázquez, Mi Papá
(1967)
Figura (1955)
Bruno Cassinari
(1912-92)
Quanto à América Latina, entre os destaques, cita-se os trabalhos híbridos e
altamente pessoais do equatoriano Eduardo Kingman (1913-98), do colombiano
Fernando Botero (1932-), da peruana Tilsa Tzuchiya (1932-84) e do chileno
Claudio Bravo (1936-2011), além dos brasileiros Iberê Camargo (1918-94), Carlos
Scliar (1920-2001), Aldemir Martins (1922-2006) e Raimundo de Oliveira (1930-66).
Fernando Botero (1932-)
Despues de Arnolfini
Van Eyck (1978)
Fantasmagoria (1987)
Iberê Camargo
(1918-94)Bule Azul (1979)
Carlos Sciliar (1920-2001)
Aldemir
Martins(1922-2006)
Gato Malhado (1987)
BIBLIOGRAFIA
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❑ LITTLE, S. Ismos: entender a arte. Lisboa: Lisma, 2006.
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