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Pós-modernidade Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Ir para: navegação , pesquisa Ópera de Sydney , projeto do dinamarquês Jørn Utzon . O pós- moderno em arquitetura refere-se às várias manifestações de reação ao Estilo Internacional . Pós-modernidade é a condição sócio -cultural e estética que prevalece no capitalismo contemporâneo após a queda do Muro de Berlim e a conseqüente crise das ideologias que dominaram o século xx . O uso do termo se tornou corrente, embora haja controvérsias quanto ao seu significado e a sua pertinência. Tem como fundamento o alegado esgotamento do movimento modernista , que dominou a estética e a cultura até finais do século xx , e a perda da aura do objeto artístico pela sua reprodução em múltiplas formas: fotografias, vídeos, etc. (Walter Benjamin). O crítico brasileiro Mário Pedrosa foi um dos primeiros a utilizar este termo em 1964 (Madeira, A. p.1). Em importante artigo sobre a arte de Hélio Oiticica Pedrosa afirmava na ocasião (Pedrosa, 1981:205): A esse novo ciclo de vocação antiarte chamaria de arte pós- moderna.

Pós Modernismo

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Ps-modernidadeOrigem: Wikipdia, a enciclopdia livre. Ir para: navegao, pesquisa

pera de Sydney, projeto do dinamarqus Jrn Utzon. O ps-moderno em arquitetura refere-se s vrias manifestaes de reao ao Estilo Internacional . Ps-modernidade a condio scio-cultural e esttica que prevalece no capitalismo contemporneo aps a queda do Muro de Berlim e a conseqente crise das ideologias que dominaram o sculo xx. O uso do termo se tornou corrente, embora haja controvrsias quanto ao seu significado e a sua pertinncia. Tem como fundamento o alegado esgotamento do movimentomodernista, que dominou a esttica e a cultura at finais do sculo xx, e a perda da aura do objeto artstico pela sua reproduo em mltiplas formas: fotografias, vdeos, etc. (Walter Benjamin). O crtico brasileiro Mrio Pedrosa foi um dos primeiros a utilizar este termo em 1964 (Madeira, A. p.1). Em importante artigo sobre a arte de Hlio Oiticica Pedrosa afirmava na ocasio (Pedrosa, 1981:205): A esse novo ciclo de vocao antiarte chamaria de arte ps-moderna.

ndice[esconder]y y y y

1 Diferentes concepes 2 Gnese histrica da ps-modernidade 3 Ps-modernidade, identidade cultural e globalizao 4 Crise da representao

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5 Imagem e reali ade 6 Est ti a ps-moderna 7 O ps-modernismo visto por Ernest Gellner o 7.1 Etapas histri as a caminho do ps-modernismo 7.1.1 Marxismo 7.1.2 O Marxismo real-existente 7.1.3 A escola de Frankfurt 7.1.4 Culminar desta evoluo - O ps-modernismo 8 Referncias 9 Bi liografia 10 Ver tambm

[edit ] Diferentes concepesSegundo o francs Jean-Franois Lyotard, a "condio ps-moderna" caracteri a-se pelo fim das metanarrativas. Os grandes esquemas explicativos teriam cado em descrdito e no haveria mais "garantias", posto que mesmo a "cincia" j no poderia ser considerada como a fonte da verdade. Para o crtico marxista norte-americano Fredric Jameson, a Ps-Modernidade a "lgica cultural do capitalismo tardio", correspondente terceira fase do capitalismo, conforme o esquema proposto por Ernest Mandel. Outros autores preferem evitar o termo. O socilogo polons Zygmunt Bauman, um dos principais populari adores do termo Ps-Modernidade no sentido de forma pstuma da modernidade, atualmente prefere usar a expresso "modernidade lquida" - uma realidade ambgua, multiforme, na qual, como na cl ssica expresso do manifesto comunista, tu qu li . O filsofo francs Gilles Lipovetsky prefere o termo "hipermodernidade", por considerar no ter havido de fato uma ruptura com os tempos modernos - como o prefixo "ps" d a entender. Segundo Lipovetsky, os tempos atuais so "modernos", com uma exarcebao de certas caractersticas das sociedades modernas, tais como o individualismo, o consumismo, a tica hedonista, a fragmentao do tempo e do espao. J o filsofo alemo Jrgen Habermas relaciona o conceito de Ps-Modernidade a tendncias polticas e culturais neoconservadoras, determinadas a combater os ideais iluministas.

[edit r] Gnese hist rica da ps-modernidadeA segunda metade do sculo XX assistiu a um processo sem precedentes de mudanas na histria do pensamento e da tcnica. Ao lado da acelerao avassaladora nas tecnologias de comunicao, de artes, de materiais e de gentica, ocorreram mudanas paradigmticas no modo de se pensar a sociedade e suas instituies. De modo geral, as crticas apontam para as ra es da maioria dos conceitos sobre o Homem e seus aspectos, constitudas no sculo XV e consolidadas no sculo XVIII. A

Modernidade surgida nesse perodo criticada em seus pilares fundamentais, como a crena na Verdade, alcanvel pela Razo, e na li ari ade hi tri a ru o ao progresso. Para substituir estes dogmas, so propostos novos valores, menos fechados e categori antes. Estes serviriam de base para o perodo que se tenta anunciar - no pensamento, na cincia e na tecnologia - de superao da Modernidade. Seria, ento, o primeiro perodo histrico a j nascer bati ado: a ps-modernidade.

[editar] Ps-modernidade, identidade cultural e globalizaoEm "A Identidade cultural na Ps-Modernidade", Stuart Hall (2003)[1] busca avaliar se estaria ocorrendo uma crise com a identidade cultural, em que consistiria tal crise e qual seria a direo da mesma na ps-modernidade. Para efetivar tal intento, analisa o processo de fragmentao do indivduo moderno enfati ando o surgimento de novas identidades, sujeitas agora ao plano da histria, da poltica, da representao e da diferena. A preocupao de Hall tambm se volta para o modo como haveria se alterado a percepo de como seria concebida a identidade cultural. Todos esses aspectos constituem-se como fases de um procedimento analtico que intenta descrever o processo de deslocamento das estruturas tradicionais ocorrido nas sociedades modernas e ps-modernas, assim como o descentramento dos quadros de referncias que ligavam o indivduo ao seu mundo social e cultural. Tais mudanas teriam sido ocasionadas, na contemporaneidade, principalmente, pelo processo de globali ao. A globali ao alteraria as noes de tempo e de espao, desalojaria o sistema social e as estruturas fixas e possibilitaria o surgimento de uma plurali ao dos centros de exerccio do poder. Quanto ao descentramento dos sistemas de referncias, Hall considera seus efeitos nas identidades modernas, enfati ando as identidades nacionais, observando o que gerou, quais as formas e quais as conseqncias da crise dos paradigmas do final do sculo XX. Desde a dcada de 1980, desenvolve-se um processo de construo de uma cultura em nvel global. No apenas a cultura de massa, j desenvolvida e consolidada desde meados do sculo XX, mas um verdadeiro sistema-mundo cultural que acompanha o sistema-mundo poltico-econmico resultante da globali ao. A Ps-Modernidade, que o aspecto cultural da sociedade ps-industrial, inscreve-se neste contexto como conjunto de valores que norteiam a produo cultural subseqente. Entre estes, a multiplicidade, a fragmentao, a desreferenciali ao e a entropia - que, com a aceitao de todos os estilos e estticas, pretende a incluso de todas as culturas como mercados consumidores. No modelo ps-industrial de produo, que privilegia servios e informao sobre a produo material, a Comunicao e a Indstria Cultural ganham papis fundamentais na difuso de valores e idias do novo sistema.

[editar] Crise da representaoO que se denomina "Crise da Representao", que assombra a arte e as linguagens no contexto ps-moderno, um fenmeno diretamente ligado destruio dos referenciais que vinham norteando o pensamento at bem recentemente. O registro do real (figurativismo) era o principal eixo da pintura at 1870, assim como de resto de toda a

arte, at o ps-guerra. Dali em diante, valori a-se a entropia; tudo vale, e todos os discursos so vlidos. O resultado que no h mais padres limitados para representar a realidade, resultando numa crise tica e esttica. A justificativa para essa mudana pode ser mais objetiva: com a Histria apontando para a formao de uma sociedade global (nvel macro), nenhuma das vises de mundo preexistentes (nvel micro) poderia ser descartada, sob pena de excluir interessantes mercados consumidores do sistema-mundo capitalista. O ps-moderno, assim, pelo seu carter policultural, sua multiplicidade, sua hiperinformao, serve bem constituio de uma rede inclusiva de consumidores. E dentro disso est inserida a dejeo dos referenciais de representao.

[editar] Imagem e realidadeOs meios audiovisuais, utili ando-se da sua capacidade de atingir mais sentidos humanos (viso e audio, responsveis por mais de das informaes que chegam ao crebro), tm um potencial mais rico e imediato para transmitir sua mensagem e sua viso de realidade. A literatura, a msica e a poesia dependem de um grau mais alto de abstrao e interao lgica com o intelecto. No obstante, outras artes mais antigas j tiveram seus momentos de mescla entre fico e realidade, como as pinturas rupestres das cavernas (que eram os prprios animais pintados, e no representa es deles) ou a escultura das primeiras civili aes (que buscavam a prpria forma do real). Hoje, entretanto, esto na esfera da arte, ou fico. Pode ser que, num futuro incerto, o homem ria do vdeo, perguntando-se como pde um dia acreditar numa imagem formada por circuitos eletrnicos. Mas, at l, continuar em dvida sobre sua validao ou no como parte da realidade.

[editar] Esttica ps-modernaA esttica ps-moderna apresenta diferenas fundamentais em relao a tudo o que veio antes dela, incluindo todas as estticas modernistas. Os prprios critrios-chave da esttica moderna, do novo, da ruptura e da vanguarda so desconsiderados pelo PsModerno. J no preciso inovar nem ser original, e a repetio de formas passadas no apenas tolerada como encorajada. Entretanto, ainda que diversas obras estticas, de diferentes categorias, apresentem caractersticas semelhantes e recorrentes, no parece correto nem possvel falar de um estilo ps-moderno, muito menos de um movimento ps-moderno. Tais conceitos prescindiriam de um certo nvel de organi ao, articulao ou mesmo intercmbio que simplesmente no existe entre os produtores de esttica. Se foi possvel falar em movimento modernista, isso devido ao fato de haver grupos relativamente prximos e em certa freqncia de contato na Europa do incio do sculo XX. Na Ps-Modernidade' , entretanto, os artistas at tm maiores possibilidades de se comunicar, mas a quantidade incalculvel de tendncias e linguagens torna impossvel alguma unicidade formal. As similaridades estticas entre os produtos provavelmente so conseqncia das condies de produo e de circulao, dado que um dos efeitos sabidos da Globali ao a homogenei ao das relaes de produo e dos hbitos de consumo.

Da advm o neo-historismo (na verdade, um no-historismo, na medida em que desconsidera a Histria), que a mistura de todos os estilos histricos em produtos sem perodo definido. A entropia que se prega no Ps-Moderno di respeito ao fim da proibio, admisso de todo e qualquer produto, pois, se regulamento caber ao mercado, toda produo considerada mercadoria.

[editar] O ps-modernismo visto por Ernest GellnerErnest Gellner debateu-se com o fenmeno do ps-modernismo, que ele v como um movimento que uma das principais orientaes em debate na actualidade, no nvel das grandes ideias. As outras sendo:y y

O fundamentalismo religioso A razo, ou o fundamentalismo do Iluminismo

Em "Ps-modernismo, razo e religio", de 1992, Gellner refere-se ao ps-modernismo da seguinte forma: "O ps-modernismo um movimento contemporneo. forte e est na moda. E sobretudo, no completamente claro o que diabo ele . Na verdade, a claridade no se encontra entre os seus principais atributos. Ele no apenas falha em praticar a claridade mas em ocasies at a repudia abertamente... A influncia do movimento pode ser discernida na Antropologia, nos estudos literrios, filosofia... As noes de que tudo um "texto", que o material bsico de textos, sociedades e quase tudo significado, que significados esto a para serem descodificados ou "desconstruidos", que a noo de realidade objectiva suspeita - tudo isto parece ser parte da atmosfera, ou nevoeiro, no qual o ps-modernismo floresce, ou que o ps-modernismo ajuda a espalhar. O ps-modernismo parece ser claramente favorvel ao relativismo, tanto quanto ele capaz de claridade alguma, e hostil ideia de uma verdade nica, exclusiva, objectiva, externa ou transcendente. A verdade ilusiva, polimorfa, ntima, subjectiva ... e provavelmente algumas outras coisas tambm. Simples que ela no ... Tudo significado e significado tudo e a hermenutica o seu profeta. Qualquer coisa que seja, feita pelo significado conferido a ela... Obviamente, esta nova "moda" no compatvel com o Positivismo, que Gellner define como: "...a crena na existncia e disponibilidade de factos objectivos, e sobretudo da possibilidade de explicar os ditos factos por meio de uma teoria objectiva e testvel, ela prpria no essencialmente ligada a nenhuma cultura particular, observador ou estado de esprito". Jos Merquior viu nesta confrontao uma repetio da batalha entre o classicismo e o romantismo, o primeiro associado com a dominao pela Europa por uma crte francesa e suas maneiras e padres, o ltimo com a reaco pelas outras naes, afirmando os valores das suas prprias culturas populares.

Mas Gellner aponta uma diferena: "Mas os romnticos escreveram poesia. Os ps-modernos tambm se entregam ao subjectivismo, mas o seu repdio por disciplina formal, a sua expresso de profunda turbulncia interna, expressa em prosa acadmica, destinada publicao em distintos jornais, um meio de assegurar a promoo ao impressionar os comits apropriados. "Sturm und Drang und Cargo" pode muito bem ser o seu slogan.".

[editar] Etapas histricas a caminho do ps-modernismoGellner v duas ou trs grandes etapas na evoluo do tipo de pensamento que culminaria no Ps-Modernismo. Para compreender o Ps-Modernismo h que compreender a evoluo do marxismo. 1. Marxismo terico 2. Marxismo na prtica, tal como este foi vivido na Unio Sovitica. 3. Escola de Frankfurt No fundo, as linhas da rvore genealgica do Ps-Modernismo so traadas ao longo da evoluo do Marxismo, da teoria para a sua aplicao prtica (e os sinais do seu fracasso). Comecemos pela raiz. [editar] Marxismo Segundo alguns estudiosos, o ps-modernismo teria origem no marxismo. Trata-se de uma posio polmica, j que o marxismo uma filosofia materialista segundo a qual as foras de produo so determinantes das estructuras sociais. Ainda por cima, o marxismo afirmava-se cientfico enquanto os intelectuais ps-modernos colocam em questo precisamente a possibilidade de se chegar a uma viso nica. "Mas isso foi h muito tempo, numa madrugada em que era uma glria bemaventurada permanecer-se vivo, e muita gua passou pela ponte desde ento. A qualidade exclusiva-absolutista da "revelao" marxista e a forma pela qual ela foi apresentada e perpetuada significavam que os Marxistas sempre tiveram dificuldade em creditar de boa f aqueles que no aceitavam a sua viso. Mais ainda, a sua prpria teoria requeria-os a expli ar aqueles dissidentes sociologicamente. O erro no era aleatrio mas uma funo da (posio na) sociedade: a especificao da sua funo no apenas identificava e desmascarava o hertico, mas tambm iluminava a cena social. As vises errneas do inimigo desmascaravam a sua posio, os males sociais que ele se preocupava em defender, e os meios a ele disponveis no seu intento nefasto. A denncia e o desmascarar (desse inimigo) eram uma forma de educao, bem como um prazer. O marxista rapidamente adquiriu um grande gosto e percia em tais explicaes redutivas, e a explicao de opinies crticas (ao marxismo) em termos de pertena de classe e interesse dos crticos tornou-se um estilo literrio bem estabelecido, com os seus cnones, os seus clssicos, os seus procedimentos habituais". [editar] O Marxismo real-existente

"Com a passagem do tempo, e especialmente aps o estabelecimento da Unio Sovitica, a quantidade de criticismo hostil que necessitava de ser explicado cresceu a um novo ritmo e a proporo do Marxismo que consistia nas explicaes denunciando os crticos do Marxismo aumentou correspondentemente. O marxismo quase se tornou uma espcie de tema especial cuja ocupao era a desiluso das construes-de-mundo dos outros". No entanto, nesta fase, os marxistas acreditam ainda numa verdade nica, que eles prprios detinham, como bvio. Os crticos falhavam em alcan-la, por culpa prpria. [editar] A escola de Frankfurt Com o fim do Estalinismo, as reformas de Khrushchov e a crescente dvida no empreendimento comunista, o panorama tinha evoluido num sentido ainda mais radical (e absurdo, para alguns). "Toda esta tendncia foi desenvolvida ainda mais por um movimento influente que j no se encontrava ligado ao comunismo internacional e desde logo se encontrava livre da obrigao da defesa do balano do marximo aplicado na prtica - o movimento filosfico conhecido como a Escola de Frankfurt e a sua chamada teoria crtica. Este facto foi tpico da libertao da "intelligentsia" esquerdista internacional da autoridade e disciplina do partido comunista, que se seguiu s revelaes de Khrushchov no Vigsimo Congresso do Partido Comunista da Unio Sovitica. Ele forneceu muito da ideologia para o protesto estudantil dos anos 60 do sculo XX, que era crtico de ambos os lados dominantes na cena internacional. A escola de Frankfurt tinha muitos traos em comum com os marxistas do partido, dado que explicava ao lado das vises dos seus opositores; mas havia uma diferena interessante. Os marxistas da velha guarda no se opunham noo de objectividade como tal, eles apenas argumentavam que os seus oponentes tinham falhado em serem genuinamente objectivos, e meramente tinham fingido observar as normas da objectividade cientfica, quando na verdade serviam e eram guiados pelos seus interesses de classe. Mas a verdadeira cincia permanecia (para os Marxistas) e era contrastada pela falsa conscincia, inspirada por interesses de classe". ...A objectividade real requeria acima de tudo um saudvel posicionamento de classe e poltico. Era muito fcil deslizar disto para a viso de que uma posio saudvel suficiente em si mesmo e finalmente a viso de que no h vises objectivas saudveis de todo. A verdadeira iluso era a crena na possibilidade de verdade nica, objectiva. O pensamento vive sob significados, significados so especficos da cultura. Ergo, vida subjectividade. Um verdadeiro, esclarecido pensador crtico ( la Frankfurt) no desperdiava muito tempo, ou provavelmente no desperdiava tempo nenhum em descobrir precisamente aquilo que era, ele ia directamente substncia escondida sob a superfcie, as profundas caractersticas que explicavam porque que o que era, era, e tambm igualmente profunda iluminao quanto a o que deveria ser. Liberto do culto positivista do que , cuja investigao seria apenas uma ratificao camuflada do statu quo, um esprito livre genuinamente crtico encontra-se na bela posio de determinar precisamente aquilo que deveria ser, em oposio dialctica ao que meramente .

Acabaram-se os dias em que um "positivista" era algum que invoca factos contra o Marxismo. Agora, o positivista algum que faz uso de quaisquer factos de todo, ou permite a sua existncia, qualquer que seja o seu objectivo". [editar] Culminar desta evoluo - O ps-modernismo "Os ps-modernistas deram um passo mais. Tal como os Frankfurters, eles repudiam o culto e busca de factos externos, que tinham sido o caminho (supostamente errado) da percepo da realidade social, mas os ps-modernos no substituem esse caminho por um outro alternativo (obscuramente especificado pelos Frankfurters), e sim pela afirmao de que nenhum tal caminho possvel, necessrio ou desejvel. No a objectividade superficial que repudiada, mas a objectividade como tal".

[editar] Refernciasy y y

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Ps-Modernismo

Trabalho sobre o livro "O que ps-modernismo"1 VEM COMIGO QUE NO CAMINHO EU EXPLICO Nos anos 80 circula, uma vontade de participao e de desconfiana geral, o psmodernismo. Ps-modernismo o nome dado s mudanas ocorridas nas cincias, nas artes, nas sociedades desde 1950. Mas, existe o medo, o medo de mudana, o medo do novo e a perda do conservadorismo. Ele nasce com vrias mudanas na arquitetura e principalmente na computao, entra na filosofia nos anos 70 como crtica da cultura ocidental, ou seja, so mudanas gerais desde as artes at na tecnologia, e se alastra por todos os lados e meios, sem saber se uma forma de decadncia ou se um renascimento cultural. O ps-modernismo invadiu o cotidiano com a tecnologia eletrnica em massa e individual, onde a saturao de informaes, diverses e servios, causam um rebu ps-moderno, com a tecnologia programando cada vez mais o dia-a-dia dos indivduos. A importncia do ps-modernismo na economia foi mostrar aos indivduos a capacidade de consumo, a adotarem estilos de vida e de filosofias, o consumo personalizado, usar bens e servios e se entregarem ao presente e ao prazer. Os ps-modernistas querem rir levianamente de tudo, nos quais encaram uma idia de ausncia de valores, de vazio, do nada, e do sentido para a vida. A sociedade se torna emergente ou decadente, pois so baseadas nas sociedades psindustriais na informao que tem como referencia o Japo, os EUA e os centros europeus. A essncia da ps-modernidade vem atravs das cpias e imagens de objetos reais, a reproduo tcnica do real, significa apagar a diferena entre real e o imaginrio, ser e aparncia, ou seja, um real mais real e mais interessante que a prpria realidade. Um exemplo disso a televiso, que aliada ao computador simula um espao hiper-real, espetacular que excita e alegra. O hiper-real simulado fascina porque o real intensificado na cor, na forma, no tamanho, nas suas propriedades, quase um sonho, onde somos levados a exagerar nossas expectativas e modelamos nossa sensibilidade por imagens sedutoras.

O ambiente ps-moderno significa simulao, ele no nos informa sobre o mundo, ele o refaz sua maneira, hiper-realizam o mundo, o transformando-o num espetculo. No ambiente ps-moderno informao e comunicao, o que representa a realidade para o homem, que vieram ampliar e acelerar a circulao das mensagens atravs dos livros, jornais, cinema, rdio, TV. Atravs destas mensagens, o homem procura sua imagem comprando discursos, para lhe proporcionar Status, bom gosto, na moda, na aparncia, no narcisismo levando muitas vezes a extravagncias, ou ento imitando modelos exticos. No ps-modernismo o homem vive banhado num rio de testes permanentes, onde a informao e a comunicao transportam a impulsividade para o consumo. Saturao, seduo, niilismo, simulacro, hiper-real, digital, desreferencializao, so consideradas senhas para nomear o ps-moderno, ele significa mudanas com relao modernidade, ele um fantasma que passeia por castelos modernos. O individualismo atual nasceu com o modernismo, mas o seu exagero narcisista o acrscimo ps-moderno, ele um princpio esvaziador, diluidor, ele desenche, desfaz princpios, regras, valores, prticas e realidades, promove a ds-referencializao do real e a ds-substancializao do sujeito. O ps-modernismo ecltico, mistura vrias tendncias e estilos sob o mesmo nome, ele aberto, plural e muda de aspecto se passamos da tecnocincia para as artes plsticas, da sociedade para a filosofia, ou seja, ele flutua no indecidvel. 2- DO BOOM AO BIT AO BLIP Simbolicamente o ps-modernismo nasceu em 1945, ali a modernidade, equivalente a civilizao industrial, encerrou seu captulo na histria superando o poder criador e pela sua fora destruidora. Nos anos 60, foi a poca de grandes mudanas e descobertas tecnolgicas, sociais, artsticas, cientificas e arquitetnicas. A sociedade industrial descende da mquina, de artigos de srie padronizados, onde o ferro celebra a liberdade individual do burgus capitalista para o progresso, onde foi criado o Projeto Iluminista da modernidade, o desenvolvimento material e moral do homem pelo conhecimento, foi creditado o imenso progresso das naes capitalistas nos sculos XIX e XX, progresso fundado nas grandes fbricas, ferrovias, navegao e, claro, na explorao, com elas vieram o automvel, o telefone, a TV, etc... Completando o cenrio moderno as metrpoles industriais, as classes mdias consumidoras de moda e de lazer, surgiu a famlia nuclear , pessoas isoladas em apartamentos, e a cultura de massa (revistas, filmes, novelas,...), dando vitria a razo tcnico-cientfica , inspirada no Iluminismo, a mquina fez a humanidade recuar seus hbitos religiosos, morais e foi ditado novos valores, mais livres, urbanos, mas sempre atrelados no progresso social.

Com a sociedade industrial e a multinacional, chegaram os servios da tecnologia em geral, como informaes e comunicaes em tempo real, o que proporciona uma economia pela informao, isso constitui o cenrio ps-moderno. A sociedade industrial produz bens materiais, enquanto a ps-industrial consome servios, isto , mensagens entre pessoas. Comercio, finanas, lazer ensino, pesquisas cientificas no exigem fbricas com linha de montagem mas pedem um aceleramento no sistema de informao. Codificar e manipular o conhecimento, a informao vital para as sociedades psindustriais, ou tambm chamadas de sociedades programadas, onde a programao da produo do consumo e da vida social significa projetar o comportamento. O objetivo aumentar a performance, e o desempenho. As sociedades ps-industriais so programadas e perfomatizadas pela tecnocincia para produzir mais e mais rpido tudo o que produzem, para facilitar a vida das pessoas, e com essa rapidez poupa-se tempo e dinheiro. O ambiente ps-moderno povoado pela ciberntica, a robtica industrial, a biologia molecular, a medicina nuclear, a tecnologia dos alimentos, as terapias psicolgicas, a climatizao, as tcnicas de embelezamento, o trnsito computadorizado, e os eletroeletrnicos. Os indivduos na condio ps-moderno so um sujeito blip, algum submetido a um bombardeio macio e aleatrio de informaes parcelares, que nunca formam um todo, e com importantes efeitos culturais, sociais e polticos. Pois a vida no ambiente psmoderno um show constante. O sistema ps-industrial tem-se mostrado resistente aos mecanismos de luta modernos, como sindicatos e partidos. O consumo e atuao no cotidiano so os nicos horizontes oferecidos pelo sistema. Onde surge o neo-individualismo ps-moderno, no qual o sujeito vive sem preconceitos, sem idias, a no ser cultuar sua auto=imagem e buscar a satisfao aqui e agora. No Brasil, o aparato do ps-moderno ainda pobre, o ps-modernismo est nas ruas, nos mass media; culos coloridos, cabelos new-wave, cintos metaleiros, rock punk, e entre outros, os travestis. 3- DO SACROSSANTO NO AO ZERO PATAF SICO. Entre as sociedades ps-modernistas, existiam diferenas em relao arte. Foi mudada, destruda, a esttica tradicional, e impunha-se a representao realista da realidade, que supunha que a literatura ou a pintura espelhava ponto por ponto o real. A arte devia ser uma iluso perfeita do real.

O modernismo a crise da representao realista do mundo e da arte. Novas linguagens deveriam surgir, para no apenas representar mais interpretar livremente a realidade, segundo sua viso, diferenciando a arte da realidade. Esta linguagem deveria ser nova e no imitativa, onde da nasce o formalismo e o hermetismo da arte moderna, que so um jogo de formas inventadas. Elas no se referem, deformando ou banindo o real, ela cria formas novas e auto referenciadas, elas formam seus prprios assuntos, como: Linhas, cores, volumes e composio. Os modernistas no estavam ss frente do novo, estavam tambm contra ao publico burgus, eram bomios, bizarros e crticos, queriam e gostavam de aparecer, expunham suas emoes e suas vises subjetivas e declaravam-se anjos condutores da humanidade. Foi na poca das guerras que os expressionistas explodem seus sentimentos, em borres, os surrealistas do vida ao sonho com humor ou terror, na poesia quebram a sintaxe, usam imagens irracionais, soltam as palavras em liberdade. E os enredos realistas, na msica, injetam harmonias dissonantes onde na primeira audio so desagradveis. A arte modernista se resume como uma arte irracional, emotiva, humanista. Na arquitetura a escola Bauhaus, far triunfar a racionalidade funcional contra o ornamento clssico, projetando com ferro, concreto, vidro, e ngulos retos, as megalpoles atuais. Com o passar do tempo a impulsividade modernista havia perdido o seu impolamento inicial, a sociedade industrial incorpora no design, na moda, nas artes grficas no s a esttica como o culto do novo pregado pelas vanguardas, era usada em objetos, literatura, decorao; a assimetria e desenhos abstratos. Foi com o descaso da sociedade de massa que surgiu a arte Pop, que foi contra o subjetivismo e o hermetismo, surgindo assim a primeira bomba ps-moderna. Convertida em antiarte, ela abandona museus, galerias, e teatros e lanada nas ruas com outra linguagem, assimilvel pela massa, onde passada a dar valor a arte banal cotidiana, como os gibis, rtulos, sabonetes, fotos, anncios,... Na pintura e na escultura Pop, houve a fuso da arte com a vida, onde no queriam representar o realismo, e nem interpretar, mas mostrar os verdadeiros objetivos. A antiarte a desestetizao e a desdefinio da arte, ela abandona a beleza, a forma, o valor ao supremo e eterno e ataca a prpria definio, utilizando matrias do cotidiano e abandonando os convencionais. O artista Pop dilui a arte na vida porque a vida j esta saturada de modelos estticos massificados.

A antiarte uma ponte entre a arte culta e a arte de massa, pela singularizao do banal, ou pela banalizao do singular. Ela tambm revive o dadasmo, pois o importante era o gesto, o processo inventivo e no a obra. A antiarte participativa, o pblico reagindo pelo envolvimento sensorial, corporal, pois ela se apia nos objetos, na matria, no momento, no riso e no somente no homem, ela e pouco critica, no aponta valores. Na literatura, o ps-modernismo prolonga a liberdade de experimentao e inveno modernista, mas com algumas diferenas do modernismo, pois eles queriam a destruio da forma romance e querem a o pastiche, a parodia, o uso de formas gastas e de massa, surgi o nouveau roman que destri a forma romance banindo o enredo, o assunto e o personagem A literatura ps-moderna intertextual, para l-la, preciso conhecer outros textos. 4- ANARTISTAS EM NULIVERSO. A desordem, da antiarte que no apresenta propostas definidas e nem coerentes, onde os estilos se chocam, pelas suas diferenas, as tendncias mesmo assim se sucedem com rapidez. No h grupos ou movimentos unificados, onde surge a transvanguarda (alem da vanguarda). Nas artes o ps-modernismo apareceu primeiro na arquitetura, na Bauhaus seu dogma era a forma segue a funo, onde a reao ps-modernista era contra o estilo universal modernista (Bauhaus), os ps modernistas se voltam para o passado resgatando os conceitos passados mais utilizando materiais diferenciados para criarem uma arquitetura que falasse a linguagem cultural das pessoas. Eles barateavam os projetos e suas execues, resgatavam valores simblicos, organizavam o espao e eram prestigiados com o retorno dos estilos passados. Colocavam, humor, emoo, buscavam vida com as cores e mantiam o equilbrio combinatrio de linhas e formas curvas com linhas e formas oblquas, dava-se alegria e fantasia. Nos mveis aparecem com desenhos fantasiosos e revestimentos em cores berrantes, o ecletismo rompe a fronteira entre o bom e o mau gosto. A arte Pop foi a primeira expresso ps-moderna nas artes plsticas, objetos e imagens tiradas do consumo popular entravam em cena. No Brasil a Pop arte estar ligada na transformao da paisagem urbana e social do pas aps o golpe militar.

O hiper-realismo ou foto-realismo uma forma de arte Pop e ps-moderna, pois copiam minuciosamente em tinta acrlica, fotografias de automveis, paisagens, fachadas,...Que depois so apresentados em tamanho natural ou monumental. A foto-realista no Brasil teve um abandono, na escultura, as peas hiper vm cobertas com matrias reais como, roupas, culos, celofane, etc, e no representados com tintas acrlicas. A antiarte ps-moderna inventou a minimal art, onde a teoria dizia: vamos tirar os traos estticos do objeto artstico e reduzi-lo a estruturas primarias, apenas aquele mnimo que, de longe, lembra arte. A Pop e a minimal desdefinem, desestetizam a arte, mas mantm seu objeto; a arte conceitual d um passo a mais em direo ao vazio ps-moderno, desmaterializa a arte ao dar sumio em seu objeto. Grandes ou pequenas, boas ou ms, pinturas e esculturas so suprfluas. S interessa a idia, a criao mental do artista registrada num esboo, esquema ou frase. Se a arte linguagem, ela pode ser reduzida a frases simples e diretas que valham por um objeto. Um trabalho artstico deve ser compreendido como um fio condutor da mente do artista para a mente do espectador. A antiarte ps-moderna se desestetiza porque a vida se acha estetizada pelo design, a decorao. Os ambientes atuais j so arte e assim pintura e escultura podem se fundir com a arquitetura, a paisagem urbana, tornando-se fragmentos do real dentro do real. O acontecimento a interveno preparada ou de surpresa do artista no cotidiano, no atravs da a obra, mas fazendo da interveno uma obra. o Maximo de fuso arte/vida como querem os ps-modernos, pois utiliza a rua, a galeria, pessoas e objetos que esto na prpria realidade para desencadear um acontecimento criativo. uma a provao com o publico, mas amplia sua percepo do mundo onde vive. Houve outras manifestaes artsticas, o op-art, arte cintica, arte pobre, arte da terra, mas os movimentos vieram com o essencial do ps-modernismo; comunicao direta, fuso com esttica de massa, matrias no artsticos, objetividade, antiintelectualismo, anti-humanismo, superficialidade, efemeridade. Mas com o cansao de tanta experimentao o ps-modernismo enfrentou cara a cara sua verdade, onde a inveno parecia estar esgotada. A soluo foi voltar ao passado pela pardia, o pastiche, e o neo-expressionismo, ou ento se atolar no presente. Na literatura, o noveau roman vem tentando matar o romance. Para isso ele se recusa o realismo, recusa o enredo com comeo, meio e fim, o heri metido em aventuras, o retrato psicolgico e social a mensagem poltica ou moral. Contra o modernismo, ele quer valorizar os objetos, que so analisados pelo olhar como cmara cinematogrfica,

embaralha a ordem espacial e temporal dos acontecimentos, pretendem dizer que a realidade atual impenetrvel e desordenada. Na literatura como nas demais artes, o ps-modernismo um monte de estilos convivendo sem brigas no mesmo saco. No Brasil a literatura apresenta apenas traos superficiais. Na msica, dana, teatro e no cinema, h quebras do formalismo surgem letras de msicas descontradas, bailarinas gorduchas, altos efeitos especiais que nostalgia onde sempre reina o ecletismo e o minimalismo. O ps-modernismo produz uma desordem frtil, sem preconceitos, sem hierarquias onde no h regras absolutas e que rompe as barreiras entre os gneros. 5- ADEUS S ILUSES. O ps-modernismo desembarcou na filosofia de uma mensagem demolidora, mas os filsofos ocidentais disseram as coisas num determinado modo: Desconstruir o discurso no destru-lo, nem mostrar como foi construdo, mas por a nu o no dito por trs do que foi falado. Com os pensadores ps-modernos, a filosofia e a prpria cultura ocidental caram sob um fogo cerrado. Alguns filsofos ps-modernos no querem restaurar os valores antigos, mas desejam revelar sua falsidade e sua responsabilidade nos problemas atuais, para isso eles lutam em duas frentes: 1- Desconstruo dos princpios e concepes do pensamento ocidental, promovendo a critica da tecnocincia e seu casamento com o poder, o sistema. 2- Desenvolvimento e valorizao de temas antes considerados menores ou marginais em filosofia, elementos que abrem novas perspectivas para a liberao individual e aceleram a decadncia dos valores ocidentais. Nietzsche entrou em moda, ele entrou fundo no niilismo, onde ele agride a razo, o estado, a cincia, a organizao social moderna por domesticarem o homem; suas criticas desconstrutivas vo ser desmascaradas, o fim, unidade, e a verdade, pa ra ele a prpria criao de valores supremos significou o niilismo, ela acha que o niilismo ser a fonte para uma transvalorao de todos os valores. Para superar o niilismo, a transvalorao de todos os valores perseguida por Nietzsche ergueria uma cultura voltada para o prazer na alegria, o corpo integrado a imaginao potica, a arte, em suma. Ecltico por natureza o pensamento ps-moderno cruzou varias posies o filosofo Gilles Deleuze e o psicanalista Flix Guattari bagunaram as idias contemporneas com um petardo chamado O antidipo. A sociedade e individuo eram uma coisa s, mquinas desejantes, onde a idia de que a mquina desejante era a filha do cruzamento da sociedade capitalista com o inconsciente individual.

Outros filsofos achavam o niilismo um barato, pois libera o individuo das velharias e alimenta seu desejo de personalizao e responsabilidade por si mesmo, num mundo sem Deus nem o Diabo. 6- A MASSA FRIA COM NARCISO NO TRONO Nos anos 80 o ps-modernismo chegou aos jornais e revistas, caiu, na boca da massa. Esta massa, consumista, narcisista, hedonista, com estilos de vida cheio de modismo, idias, gostos e atitudes, sempre voltado para a extravagncia e o humor. O ps-modernismo se preocupava muito com o presente, onde muitas vezes ocorreram problemas porque, como ele seduzia a massa, o indivduo era obrigado a consumir, movido pelo domnio da seduo que o envolvia. Eram grandes as quantidades de informaes que o ps-modernismo trazia, sendo que na maioria das vezes inteis, pois os indivduos foram se tornando passivos, dependentes da tecnologia e da mdia, os tornando inseguros e limitados em seus desejos, porque a mdia, a propaganda, a moda determinava seus limites. Os valores eram muitos, as variedades eram diversas, para todos os gostos e vontades, e a idia do ps-modernismo era realmente criar um mundo sem limites, e voltado para o prazer do consumo. Para ele s o presente importante, pois os valores so o que est acontecendo e no o que foi, ou melhor, o que j se passou. No h diferenciao entre religio, poltica, ideologias, famlia, etc, o ps-modernista cr na realizao pessoal, o neo-individualismo. O individuo se torna narcisista e atingido pela dessusbstancializao, falta de identidade, onde tudo descartado, o que prevalece o modismo e as vontades de cada um. 7- DEMNIO TERMINAL E ANJO ANUNCIADOR. Foram tantas as mudanas nas cincias, tecnologia, nas artes, no pensamento, no social, que o ps-modernismo se instalou de uma grande forma que foi formado uma teia no cotidiano da massa. Ele teve um des, um principio esvaziador, como por exemplo: Des refencializao do real. Des materializao da economia. Des estetizao da arte.

Des construo da filosofia. Des politizao da sociedade. Des substancializao do sujeito. E outros,... E com qual resultado? Dar o zero da representao, no se pode representar o fim da representao! O ps-modernista vive a irrealidade, niilismo, onde o mundo para ele se resume em: consumo, informao, moda, individualismo, sem uma identidade definida, e nem definitiva. Concluso: O ps-modernismo tudo o que se refere ao novo foi quando ocorreu a total mudana, ou melhor, uma mudana geral, em quase todos os aspectos, desde, nas artes at nas cincias. Ele individualista, liberto de crenas, medos, preconceitos, pelo contrario, foi uma fase de se colocar idias e pensamentos livres de objees. Com isso o ps-modernismo invadiu o mundo dos indivduos, atravs da mdia, da tecnologia, da eletrnica, enfim das informaes em massa, levando e seduzindo o individuo ao um consumo frentico. Ele encarna vrios estilos de vida e de filosofia, mas com a total ausncia de valores, mas por outro lado o ps-modernismo tem a participao do publico, de fcil compreenso e vivencia o real, o presente, o aqui e o agora. O ps-modernismo indefinvel, mais sensvel, liberto, e ao mesmo tempo integrado, e aceito pela massa, devido a sua simplicidade e facilidade de expor o seu significado. Veja mais:

O QUE PS-MODERNO(trechos do livro: O que ps-moderno, Jair Ferreira dos Santos, Ed. Brasiliense, 1987) (sublinhado, subttulos e seleo dos trechos: Laerte Moreira dos Santos) (CLIQUE AQUI para download deste texto - compactao zip)

H qualquer coisa no ar. Um fantasma circula entre ns nestes anos 80: o psmodernismo. Uma vontade de participar e uma desconfiana geral. Jogging, sex-shops, mas gente dizendo: "Deus est morto, Marx tambm e eu no estou me sentindo muito bem." Videogames em casa, auroras de laser na danceteria. Nietzsche e Boy George comandam o desencanto radical sob o guarda-chuva nuclear. Nessa gelia total, uns vem um piquenique no jardim das delcias; outros, o ltimo tango beira do caos. Ps-modernismo o nome aplicado s mudanas ocorridas nas cincias, nas artes e nas sociedades avanadas desde 1950, quando, por conveno, se encerra o modernismo (1900-1950). Ele nasce com a arquitetura e a computao nos anos 50. Toma corpo com a arte Pop nos anos 60. Cresce ao entrar pela filosofia, durante os anos 70, como crtica da cultura ocidental. E amadurece hoje, alastrando-se na moda, no cinema, na msica e no cotidiano programado pela tecnocincia (cincia + tecnologia invadindo o cotidiano com desde alimentos processados at microcomputadores), sem que ningum saiba se decadncia ou renascimento cultural. Mas apertemos o cerco ao fantasma. Imaginemos uma fabulazinha onde o heri seja um certo urbanide ps-moderno: voc. Ao acord-lo, o rdio-relgio digital dispara informaes sobre o tempo e o trnsito. Ligando a FM, l est o U-2. O vibromassageador amacia-lhe a nuca, enquanto o forno microondas descongela um sanduche natural. No seu micro Apple II, sua agenda indica: REUNIO AGNCIA 10H/ TNIS CLUBE 12H/ ALMOO/ TROCAR CARTO MAGNTICO BANCO/ TRABALHAR 15H/ PSICOTERAPIA 18H/ SHOPPING/ OPES: INDIANA JONES-BLADE RUNNER VIDEOCASSETE ROSE, SE LIGAR / SE NO LIGAR, OPES: LER O NOME DA ROSA (ECO) - DALLAS NA TV - DORMIR COM SONFEROS VITAMINADOS/. Seu programa rolou fcil. Na rua divertiu-se pacas com a manifestao feminista praborto que contava com um bloco s de freiras e, a metros dali, com a escultura que refazia a Piet (aquela do Miguelangelo) com baconzitos e cartes perfurados. Rose ligou. Voc embarcou no filme Indiana Jones sentado numa poltrona estilo Menphis uma pirmide laranja em vinil - desfiando piadas sobre a tese dela em filosofia: Em Cena, a Decadncia. A cmera adaptada ao vdeo filmou vocs enquanto faziam amor. Ser o porn que animar a prxima vez. Ao traz-lo de carro para casa, Rose, que esticaria at uma festa, veio tipo impacto: maquiagem teatral, brincos enormes e uma gravata prateada sobre o camiso lils. Na cama, um sentimento de vazio e irrealidade se instala em voc. Sua vida se fragmenta desordenadamente em imagens, dgitos, signos - tudo leve e sem substncia como um fantasma. Nenhuma revolta. Entre a apatia e a satisfao, voc dorme.

A fabulazinha, claro, no tem moral nem permite concluses, mas pe na bandeja os lugares por onde circula o fantasma ps-moderno. 1. Para comear, ele invadiu o cotidiano com a tecnologia eletrnica de massa e individual, visando sua saturao com informaes, diverses e servios. Na Era da Informtica, que o tratamento computadorizado do conhecimento e da informao, lidamos mais com signos do que com coisas. O motor a exploso detonou a revoluo moderna h um sculo; o chip, microprocessador com o tamanho de um confete, est causando o rebu ps-moderno, com a tecnologia programando cada vez mais o dia-adia. 2. Na economia, ele passeia pela vida sociedade de consumo, agora na fase do consumo personalizado, que tenta a seduo do indivduo isolado at arrebanh-lo para sua moral hedonista - os valores calcados no prazer de usar bens e servios. A fbrica, suja, feia, foi o templo moderno; o shopping, ferico em luzes e cores, o altar psmoderno. 3. Mas foi na arte que o fantasma ps-moderno, ainda nos anos 50, comeou a correr o mundo. Da arquitetura ele pulou para a pintura e a escultura, da para o romance e o resto, sempre satrico, pasticheiro e sem esperana. Os modernistas (vejam Picasso) complicaram a arte por lev-la demasiado a srio. Os ps-modernistas querem rir levianamente de tudo. 4. Enfim, o ps-modernismo ameaa encarnar hoje estilos de vida e de filosofia nos quais viceja uma idia tida como arqui-sinistra: o niilismo, o nada, o vazio, a ausncia de valores e de sentido para a vida. Mortos Deus e os grandes ideais do passado, o homem moderno valorizou a Arte, a Histria, o Desenvolvimento, a Conscincia Social para se salvar. Dando adeus a essas iluses, o homem ps-moderno j sabe que no existe Cu nem sentido para a Histria, e assim se entrega ao presente e ao prazer, ao consumo e ao individualismo. E aqui voc pode escolher entre ser: a) a criana radiosa - o indivduo desenvolto, sedutor, hedonista integrado tecnologia, narcisista com identidade mvel, flutuante, liberado sexualmente, conforme o incensam Lipovestsky, Fiedler e Toffler, alegres gurus que vamos visitar logo mais; b) o andride melanclico - o consumidor programado e sem histria, indiferente, tomo estatstico na massa, boneco da tecnocincia, segundo o abominam Nietzsche e Baudrillard, Lyotard, profetas do apocalipse cujo evangelho tambm vamos escutar. Assim, tecnocincia, consumo personalizado, arte e filosofia em torno de um homem emergente ou decadente so os campos onde o fantasma ps-moderno pode ser surpreendido. Ele ainda est bastante nebuloso, mas uma coisa certa: o psmodernismo coisa tpica das sociedades ps-industriais baseadas na Informao EUA, Japo e centros europeus. A rigor nada tem a ver com o Brasil, embora j se assista a um trailer desse filme por aqui. ........ Observe o videoclip que abre o programa de TV Fantstico, o 'Show da Vida, que j no ttulo 'espetaculariza' o viver. Uma pirmide e um cone dourados evoluem na tela, fragmentam-se em anis transformados em plataformas suspensas onde bailarinos em trajes ao mesmo tempo futuristas e antigos danam uma pea musical executada por

orquestra e sintetizador. Para quem no sabe, o bal foi filmado em palco normal no Maracanzinho e um computador recortou toda a seqncia para imprimi-la sobre as plataformas areas, cujos movimentos tambm foram criados por computao. O show na Verdade no nem a energia misteriosa simbolizada pela pirmide (passado), nem a cincia sugerida pelo cone (futuro), mas a dana livre da matria no espao, a levitao simulada tecnologicamente. Aliada ao computador, a televiso simulou um espao hiper-real, espetacular, que excita e alegra como um acrobata. E da? Da que a levitao, em si desejvel mas invivel na gravidade, parece ser possvel na TV. O hiper-real simulado nos fascina porque o real intensificado na cor, na forma, no tamanho, nas suas propriedades. um quase sonho. Vejo um close do iogurte Danone em revistas ou na TV. Sua superfcie enorme, lustrosa, sedutora, ttil d gua na boca. O Danone verdadeiro um alimento mixuruca, mas seu simulacro hiper-realizado amplifica, satura sua realidade. Com isso, somos levados a exagerar nossas expectativas e modelamos nossa sensibilidade por imagens sedutoras. O ambiente ps-moderno significa basicamente isso: entre ns e o mundo esto os meios tecnolgicos de comunicao, ou seja, de simulao. Eles no nos informam sobre o mundo; eles o refazem sua maneira, hiper-realizam o mundo, transformando-o num espetculo. Uma reportagem a cores sobre os retirantes do Nordeste deve primeiro nos seduzir e fascinar para depois nos indignar. Caso contrrio, mudamos de canal. No reagimos fora do espetculo. (pg. 13) ............... (D)escobriu-se h alguns anos, com a Lingstica, a Antropologia, a Psicanlise, que, para o homem, no h pensamento, nem mundo (nem mesmo homem), sem linguagem, sem algum de Representao. Mais: a linguagem dos meios de comunicao d forma tanto ao nosso mundo (referente, objeto), quanto ao nosso pensamento (referncia, sujeito). Para serem alguma coisa, sujeito e objeto passam ambos pelo signo. A ps-modernidade tambm uma Semiurgia, um mundo superrecriado pelos signos. Quando nosso urbanide, na fabulazinha, se sente irreal, o ego e o mundo surgindo-lhe vagos como um fantasma, porque ele manipula cada vez mais signos em vez de coisas. Sua sensibilidade frgil, sua identidade, evanescente. Na ps-modernidade, matria e esprito se esfumam em imagens, em dgitos num fluxo acelerado. A isso os filsofos esto chamando de desreferencializao do real e dessubstancializao do sujeito, ou seja, o referente (a realidade) se degrada em fantasmagoria e o sujeito (o indivduo) perde a substncia anterior, sente-se vazio. H exemplos chocantes disso. Quanto ao referente: compra-se um Monza no tanto por suas qualidades tcnicas, mas por seu design, seu nome nobre, seus signos na publicidade, que compem uma imagem de status e bom gosto europeizados. Comprase um discurso sobre o Monza. Quanto ao sujeito: a falta de substncia est na extrema diferenciao que as pessoas procuram atravs da moda, personalizando-se pela aparncia e o narcisismo levado extravagncia; ou ento, imitando modelos exticos...... (Pg. 15) ............ Sublinhamos at aqui palavras que so verdadeiras senhas para invocar o fantasma ps-moderno: chip, saturao, seduo, niilismo, simulacro, hiper-real, digital, desreferencializao, etc. Dificilmente elas serviriam para descrever o mundo de 30 ou

40 anos atrs, o mundo moderno, quando se falava em energia, mquina, produo, proletariado, revoluo, sentido, autenticidade. Mas se a ps-modernidade significa mudanas com relao modernidade, o fato que no se pode dispensar o ao, a fbrica, o automvel, a arquitetura funcional, a luz eltrica - conquistas associadas ao modernismo. Assim, no fundo, o ps-modernismo um fantasma que passeia por castelos modernos. Mas as relaes entre os dois so ambguas. H mais diferenas que semelhanas, menos prolongamentos que rupturas. O individualismo atual nasceu com o modernismo, mas o seu exagero narcisista um acrscimo ps-moderno. Um, filho da civilizao industrial, mobilizava as massas para a luta poltica; o outro, florescente na sociedade ps-industrial, dedica-se minorias sexuais, raciais, culturais, atuando na micrologia do cotidiano. Por ora, contentemo-nos com saber que ps contm um des - um princpio esvaziador, diluidor. O ps-modernismo desenche, desfaz princpios, regras, valores, prticas, realidades. A des-referencializao do real e a des-referencializao do real e a dessubstancializao do sujeito, motivadas pela saturao do cotidiano pelos signos, foram os primeiros exemplos. Muitos outros viro. Entendamos ainda que o ps-modernismo um ecletismo, isto , mistura vrias tendncias e estilos sob o mesmo nome. Ele no tem unidade; aberto, plural e muda de aspecto se passamos da tecnocincia para as artes plsticas, da sociedade para a filosofia. Inacabado, sem definio precisa, eis por que as melhores cabeas esto se batendo para saber se a "condio ps-moderna" __ mescla de purpurina com circuito integrado - decadncia fatal ou renascimento hesitante, agonia ou xtase. Ambiente? Estilo? Modismo? Charme? Para dor dos coraes dogmticos, o ps-modernismo por enquanto flutua no indecidvel. (pgs. 17-19) ........., depois que a matria se desintegrou em energia (boom ) e esta agora se sublima em informao (bit ), assistimos na sociedade ps-industrial desmaterializao da economia. O mundo se pulveriza em signos, o planeta uma rede pensante, enquanto o sujeito fica um n de clulas nervosas a processar mensagens fragmentrias. Eis por que falamos h pouco em desreferencializao do real e dessubstancializao do sujeito. O que foi processado em bit (real) difundido em blip -_ pontos, retalhos, fragmentos de informaes (para o sujeito). O indivduo na condio ps-moderna um sujeito blip, algum submetido a um bombardeio macio e aleatrio de informaes parcelares, que nunca formam um todo, e com importantes efeitos culturais, sociais e polticos. Pois a vida no ambiente ps-moderno um show constante de estmulos desconexos onde as vedetes so o design, a moda, a publicidade, os meios de comunicao. Projetando formas atraentes, embalagens apelativas, o design estetiza (embeleza) o cotidiano saturado por objetos. Eles viram informao esttica com suas cores, suas superfcies lisas, suas linhas aerodinmicas, e so verdadeiras iscas de seduo. Vai-se ao hipermercado, onde a mercadoria o espetculo, para passear, e comprar __ gesto banal __ torna-se um jogo de gratificao. A moda e a publicidade, por sua vez, tm por misso erotizar o dia-a-dia com fantasias e desejos de posse. Uma carga ertica deve envolver por igual pessoas e objetos para impactar o social, sugerindo ao indivduo isolado um ideal de consumo personalizado, ao massagear seu narcisismo. A

comunicao, desde as FM at os videoclips, agita-se para mant-lo o tempo todo ligado, na base do "no se reprima". (pg. 27) Arte moderna e ps-moderna ... O modernismo a Crise da Representao realista do mundo e do sujeito na arte. A esttica tradicional fracassa ao captar um mundo cada vez mais confuso e um indivduo cada vez mais fragmentado. Novas linguagens deveriam surgir para que um sujeito catico pudesse no representar, mas interpretar livremente a realidade, segundo sua viso particular. Para isso, a nova esttica modernista cavou um fosso entre arte e realidade. A arte fica autnoma, liberta-se da representao das coisas (a fotografia j o fazia muito melhor), decretando o fim da figurao, usando a deformao, a fragmentao, a abstrao, o grotesco, a assimetria, a incongruncia. Linguagem nova quer dizer forma nova, no imitativa. Nascem a o formalismo e o hermetismo da arte moderna, que um jogo com formas inventadas. Pois ela no fala de um mundo exterior ao quadro, escultura. Deformando ou banindo o referente (o real), ela cria formas novas e torna-se por isso auto-referencializada. Ela seu prprio assunto: linhas, cores, volumes, composio. Basta comparar Da Vinci com Picasso. Reconheceramos na rua a Mona Lisa, mas jamais encontraramos fora da tela as cubistas Senhoritas d'Avignon, feitas em losangos, que abrem a pintura moderna em 1907. (pg. 33-34) ............. Foi contra o subjetivismo e o hermetismo modernos que surgiu a arte Pop, primeira bomba ps-moderna. Convertida em antiarte, a arte abandona os museus, as galerias, os teatros. lanada nas ruas com outra linguagem, assimilvel pelo pblico: os signos e objetos de massa. Dando valor artstico banalidade cotidiana - anncios, heris de gibi, rtulos, sabonetes, fotos, stars de cinema, hamburguers -, a pintura/escultura Pop buscou a fuso da arte com a vida, aterrando o fosso aberto pelos modernistas. A antiarte ps-moderna no quer representar (realismo), nem interpretar (modernismo), mas apresentar a vida diretamente em seus objetos. Pedao do real dentro do real (veja as garrafas reais penduradas num quadro), no um discurso parte, a antiarte a desestetizao e a desdefinio da arte. Ela pe fim "beleza", "forma", ao valor "supremo e eterno" da arte (desestetizao) e ataca a prpria definio de arte ao abandonar o leo, o bronze, o pedestal, a moldura, apelando para materiais no artsticos, do cotidiano, como plstico, lato, areia, cinza, papelo, fluorescente, banha, mel, ces e lebres, vivos ou mortos (desdefinio) Isto s foi possvel por duas razes. Primeiro porque o cotidiano se acha estetizado pelo design e, como vimos, os objetos em srie so signos digitalizados e estilizados para a escolha do consumidor. Depois, porque nosso ambiente todo ele constitudo pelos mass media. Vivemos imersos num rio de signos estetizados. O artista Pop pode diluir a arte na vida porque a vida j est saturada de signos estticos massificados. A antiarte trabalha sobre a arte dos ilustradores de revistas, publicitrios e designers, e acaba sendo uma ponte entre a arte culta e a arte de massa; pela singularizao do banal (quando Andy Warhol empilha caixas de sabo dentro de uma galeria e diz que escultura) ou pela banalizao do singular (quando Roy Litchtenstein repinta em amarelo e vermelho, cores de massa, a Mulher com o chapu Florido, de Picasso). Elite e massa se fundem na antiarte. Ao trocar a arte abstrata, difcil, modernista, pela figurao acessvel nos objetos e imagens de massa, a antiarte ps-moderna estava revivendo o dadasmo, tendncia

modernista que durou pouco (1916/1921) e se dedicava a brincar com objetos no caos cotidiano. No dadasmo, como na antiarte, o importante o gesto, o processo inventivo, no a obra. Acabou-se tambm a contemplao fria e intelectual dos modernos. A antiarte participativa, o pblico reagindo pelo envolvimento sensorial, corporal. (Brinca-se vontade com as bolhas de plstico criadas aqui no Brasil por Lgia Clark.) Pop, minimal, conceitual, hiper-realismo, processos, happenings, performances, transvanguarda, vdeo-arte - seja qual for o estilo, a antiarte ps-moderna se apia nos objetos (no no homem), na matria (no no esprito), no momento (no no eterno), no riso (no no srio). Ela frvola, pouco crtica, no aponta nenhum valor ou futuro para o homem. Desestetizando-se , desdefinindo-se, tornando difcil saber-se o que arte o que realidade, ela tende ao niilismo, a zerar a prpria arte. Pois na condio psmoderna, se o NO modernista intil, dado o gigantismo dos sistemas, ento vamos desbundar alegre e niilisticamente no ZERO PATAFSICO. (Oposta s solues sries, a patafsica __ segundo seu criador, o dadasta Jerry - a cincia das solues imaginrias e ridculas). (pg. 37-38)

COMPARAO ENTRE MODERNISMO .X PS-MODERNISMO Cultura elevada .........................................Cotidiano banalizado Arte ....................................................Antiarte Estetizao .............................................Desestetizao Interpretao ...........................................Apresentao Obra/originalidade ......................................Processo/pastiche Forma/abstrao .........................................Contedo/figura o Hermetismo ..............................................Fcil compreenso Conhecimento superior ...................................Jogo com a arte

Oposio ao pblico .....................................Participao do pblico Crtica cultural ........................................Comentrio cmico, social Afirmao da arte .......................................Desvalorizao obra/autor (pg. 41)

Arte, Arquitetura e ps modernismo .... Nas artes, o ps modernismo apareceu primeiro na arquitetura, j nos anos 50. O inimigo mais visado foi o funcionalismo racionalismo da Bauhaus e seu dogma modernista: a forma segue a funo. Primeiro a finalidade, depois a beleza. E funcionalismo significava racionalidade com simplicidade, clareza, abstrao, janelas em srie, ngulo reto. Em suma, nos espiges das selvas de pedra em que vivemos. A reao ps-moderna comea com arquitetos italianos, depois americanos e ingleses. Contra o estilo universal modernista, voltam-se para o passado, pesquisam novos e velhos materiais, estudam o ambiente, a fim de cria uma arquitetura que fale a linguagem cultural das pessoas que vo utiliz-la. A funo passou a obedecer a forma e a fantasia. Aos materiais oferecidos pela indstria moderna, eles acrescentaram materiais abandonados (cascalho) ou bem recentes (frmica e plexiglass). O ornamento recuperado: at colunas gregas reaparecem. Os valores simblicos (o prtico senhorial) so prestigiados, junto com o retorno a estilos antigos como o barroco. Mas ao organizar o espao que o esprito carnavalesco do ps-modernismo se declara. s retas, racionais, opem-se a emoo e o humor das curvas. Contra a pureza, o ecletismo: junta-se ornamento barroco com vidro fume. No lugar da abstrao, a fantasia (edifcios em forma de piano), e busca-se a vida com a volta da cor. Evita-se a srie repetitiva, montona. O humor flagrante: no Hotel Bonaventura, em Los Angeles, alm dos elevadores externos que caem com espalhafato num lago, o espao interno divertidamente complicado, sendo difcil achar-se o caminho para as lojas. Mas a marca tpica da arquitetura ps-moderna a combinatria linhas e formas curvas com linhas e formas oblquas. D em desequilbrio, decorao, movimento, bizarrice, fantasia, alegria (o oposto do modernismo). (pg. 44-45) .......... O hiper-realismo ou foto-realismo uma forma de Arte Pop e ps-moderna, pois copia minuciosamente em tinta acrlica fotografias (simulacros) de automveis, paisagens urbanas, fachadas, anncios, que depois so apresentados em tamanho natural ou monumental (hiper, enorme). A tinta acrlica, lustrosa, deixa o real mais intenso, bonito; ou ento o polister, na escultura, deixa a figura mais viva, vibrante, como se vista numa TV a cores. Novamente o ps-modernismo se apia no simulacro. Cludio Bravo, Dovane Hanson, Richard Smith esto entre os hiper-realistas aclamados internacionalmente, enquanto Gregrio Correia, com quadros que surpreendem o

Anhangaba, em So Paulo, num abandono triste, morto o foto-realista brasileiro de maior notoriedade. Na escultura, as peas hiper vm cobertas com materiais reais: roupas, culos, celofane, etc. (pg. 48-49) .............A antiarte ps-moderna se desestetiza porque a vida se acha estetizada pelo design, a decorao. Os ambientes atuais j so arte e assim pintura e escultura podem se fundir com a arquitetura, a paisagem urbana, tornando-se fragmentos do real dentro do real. Desde os anos 60 at hoje, artistas como Allan Kaprow, Luas Samarras, El Lissitsky, e os brasileiros Hlio Oiticica, Cildo Meireles tm produzido obras que incorporam todo o espao ambiental. Objetos acumulados ou distribudos ao acaso envolvem o espectador para que ele esteja no diante, mas dentro da obra, com os sentidos todos afetados. Misturam-se pintura, escultura, msica, arquitetura. o mixedmedia, a fuso de meios. o ambiente Tropiclia, sala com pssaros, plantas e msica tropicais, montado por Hlio Oiticica no Rio em 1967. So os Penetrveis , de Jesus Soto __ tubos plsticos pendentes do teto que, nossa passagem, criam ondas visuais __ e os Labirintos, armados pelo GRAV __ Grupo de Pesquisa de Arte Visual, sediado em Paris. She The Cathedral (Ela, a Catedral), uma enorme mulher deitada em posio de coito, medindo 30m x 10 m x 7m, pintada psicodelicamente, construda com tubos e linho em 1966 por Niki de Saint-Phalle, por cuja vagina, quando exposta em Estocolmo, passaram 80 mil pessoas. A arte ambiental foi tambm para os espaos abertos. Houve a cortina de nylon laranja, com 4 toneladas e 400 metros, estendida em 1972 pelo blgaro Jaraeff Christo sobre o vale Hogback, no Colorado, e l ficando como um pssaro flexvel a levantar vo na paisagem. E Hans Haacke mandaria a escultura pelos ares, literalmente, em 1967, com a sua Sky Line (Linha Celeste) - 100 bales cheios de hlio alinhavados por um fio formando um colar de prolas danantes nos cus do Central Park, em Nova York. (pg. 51-52) ............... Desestetizada, desdefinida, desmaterializada, a obra sumiu, mas sobrou o artista. O happening (acontecimento) a interveno - preparada ou de surpresa - do artista no cotidiano, no atravs da obra, mas fazendo da interveno uma obra. o mximo de fuso arte/vida como querem os ps-modernos, pois utiliza a rua, a galeria, pessoas e objetos que esto na prpria realidade para desencadear um acontecimento criativo. uma provocao com o pblico, mas amplia sua percepo do mundo onde vive. Essa prtica se difundiu pelo mundo desde os anos 60, inclusive no bloco socialista. Irromper vestido como Batman numa galeria e ali soltar pssaros e borboletas, tocando uma sirene, um happening. Haver riso, pnico e choque emocional no pblico. A performance (desempenho) uma variedade do happening. Ela atrai a ateno para o artista e os materiais que ele utiliza para chocar o pblico sob algum aspecto. O alemo Joseph Beuys, escultor ligado em materiais pobres como a banha, um terico da arte sem limites. Sua tempestuosa performance Como Explicar Quadros a uma Lebre Morta realizou-se em 1965 em Dusseldorf. Beuys, o rosto coberto com banha e p dourado, ficou horas e horas falando com uma lebre morta no colo. O grupo vienense formado por Hermann Nitsch tambm manipulou animais mortos, cujas vsceras eram arrancadas

e mostradas ao pblico. Schwarzkogler, membro do grupo, matou-se em 1969 em nome da arte, mediante sucessivos atos de auto-mutilao. Igual ao happening e performance, a arte processual quer ampliar ao infinito os domnios da arte pela desdefinio. Objetos, animais, jornais, postais, alimentos, mquinas, fotos - tudo pode dar arte. Qualquer processo que intervenha sobre a realidade para modific-la, desequilibr-la de modo inventivo e gratuito arte. Desenhar com giz uma piroquinha pequenininha sobre a enorme cueca Zorba num outdoor arte processual. Escrever um poema numa vaca que pasta, como fez Herman Damen na Holanda, tambm . Idem, idem, para o po-poema-processo, com dois metros de comprimento, comido em praa pblica no Recife, em 1970, por cinco mil pessoas. (pg. 52-55) O livro "O nome da Rosa" e o Ps-Modernismo ........... Estados Unidos e Frana desde os anos 60 e, mais recentemente, a Itlia so os centros irradiadores da literatura ps-moderna, representada sobretudo pela fico. Nosso urbanide, l atrs, lia O Nome da Rosa, do italiano Umberto Eco. um romance histrico, escrito como narrativa policial, situado na Itlia medieval, contando os crimes, a violncia sexual e a destruio de um mosteiro em 1327. um livro sobre outro livro - a parte perdida da Potica (inacabada), do filsofo Aristteles. Muita coisa ps-moderna a. Uma delas bem antimoderna: a volta ao passado. Outra: o recurso a uma forma antiga e gasta - o romance histrico. E o uso da narrativa policial - um gnero de massa. A intertextualidade, tanto pela referncia a essas formas literrias, quanto pelo fato de ser um livro sobre outro livro (a Potica ). O ecletismo, ao misturar o srio histrico com o documental) com o divertimento (o policial, a fantasia). E trata-se de uma pardia, um pastiche do romance histrico, pois no faz sentido escrever-se hoje, a srio, um romance sobre a Idade Mdia. S por jogo e divertimento. Mas h outro elemento ps-moderno importantssimo em O Nome da Rosa. a progressiva desordem reinante no mosteiro (um lugar fechado, um sistema isolado que s pode receber vida de fora), at culminar na sua destruio. Isto espelha a situao atual: decadncia de valores, ausncia de sentido para a vida e a Histria, ameaa de destruio atmica. Mas reflete tambm uma idia que est no corao da psmodernidade: a entropia. Entropia significa a perda crescente de energia pelo Universo (um sistema isolado, pois alm s h o nada e ele no tem, assim, como receber energia de fora), at sua desagregao no caos, na mxima desordem. Essa idia migrou da fsica e foi pousar na sociologia. Nas sociedades atuais, tudo parece rolar para a confuso, sem valores slidos, sem ordem que segure a barra. Pois bem, a literatura ps-moderna trata desse bode entrpico, seja na forma (a destruio do romance), seja no contedo (a destruio do mundo e dos valores), mas sem desespero: com riso ou frieza. Tanto a metafico americana, quanto o nouveau roman francs vm promovendo esse quebra-quebra. So os anartistas do nuliverso (anarquistas + artistas do nulo + universo)........ (pg. 59) O novo romance e o ps-modernismo

...... Faz 30 anos que o nouveau roman (novo romance) vem tentando matar o romance. Para isso ele recusa o realismo (o parecer verdadeiro), recusa o enredo com comeo, meio e fim, o heri metido em aventuras, o retrato psicolgico e social, a mensagem poltica ou moral. Contra o modernismo, ele abandona o psicologismo e a literatura como conhecimento superior. Por outro lado, ele quer valorizar os objetos, que so analisados pelo olhar como por uma cmara cinematogrfica. Usa vrios narradores simultaneamente. Mistura realidade, sonho, delrio, para criar clima de incerteza. Embaralhada a ordem espacial e temporal dos acontecimentos, numa extrema fragmentao. E privilegia o texto, o ato de escrever. Com isso, os cerebrticos franceses, porque existe aqui muito de masturbao mental, pretendem dizer que a realidade atual impenetrvel, desordenada, um verdadeiro bode entrpico. Nathalie Sarraute, Michel Butor, Alain Robe-Grillet, Phillipe Sollers, Jean Pierre Faye e Maurice Roche so os nomes significativos dessa vertente da literature ps-moderna, que reala sobretudo a tcnica de construo/destruio do romance, em detrimento do contedo........ (pg. 62) Em La Maison de Rendez-Vous (no Brasil, Encontro em Hon-Kong), Robe-Grillet comea e recomea indefinidamente a contar sempre a mesma histria: um tiro num prostbulo onde, num nmero de streap-tease, um cachorro vai rasgando as roupas de uma adolescente. Tudo dvida e fragmentao. No entendemos o que veio antes ou depois, os fatos se modificam a cada verso, e no sabemos quem os relata: se Manneret, que muda de nome e aparncia ao longo do texto; se Lady Ava, a dona do prostbulo; se o papo entre dois desconhecidos num bar. Robe-Grillet usou o mesmo estilo no filme O Ano Passado em Mariembad para mostrar o seguinte: o real no existe, ele sempre a verso fragmentria, parcial, de algum. Temos aqui, tambm, a famosa desreferencializao dor real ps-moderna, junto com a pardia do romance policial, cujas caractersticas - realismo, aventura, interesse, desvendamento do crime o autor quer destruir. (pg. 63) ........ No Brasil, onde o modernismo foi um movimento cultural muito forte e influencia a literatura at hoje, o ps-modernismo apresenta na fico, aqui e ali, apenas traos superficiais. Osman Lins, em Avalovara , est muito prximo do nouveau roman por seu cerebralismo. Em A Festa, Ivan ngelo montou um quebra-cabeas poltico, social, cronolgico, dos mais intrigantes. Rubem Fonseca, em O Cobrador, d um tratamento hiper-realista (ele carrega nas tintas) ao sexo e violncia. Os trs, no entanto, se acham demasiado presos ao realismo, ao compromisso social, enquanto o ps-modernismo exige fantasia, exagero, humor, carnaval, pardia, destruio. Victor Giudice, com seu fantasioso romance Bolero, e Srgio Sant'Anna, nos contos com pessoas reais de O Concerto de Joo Gilberto no Rio de Janeiro, aproxima-se do ps-moderno, embora por caminhos diversos. Foi a poesia que, nos tristes e repressivos anos 70, rompeu o compromisso com a realidade, com o intelectualismo e o hermetismo modernistas, e partiu para ser marginal, diluidora, anticultural, ps-moderna. Brotaram a poesia do mimegrafo, a lixeratura, o poema porn, com Chacal, Samaral, Cacaso, Fred, Chico Alvin, Leila Mcolis, Ana Cristina Csar. So poemas espontneos, mal-acabados, irnicos, em linguagem coloquial, que falam do mundo imediato do prprio poeta, zombam da cultura, escarnecem a prpria literatura. Seu campo a banalidade cotidiana, o corpo, o consumo, mas com um estilo solto, frio, frvolo, sem paixo nem grandes imagens.

Ainda na poesia, mais duas correntes cruzaram a fronteira ps-moderna: o poemaprocesso e a arte postal. Mobilizando o espao visual da pgina, rgua e compasso na mo, os poetas-processo montam painis com palavras e todo tipo de imagem: foto, diagramas, rtulos, anncios. Para eles, o poema precisa assimilar a imagem, a publicidade, os signos do cotidiano, abolindo o verso. Um cheque ouro do Banco do Brasil, carimbado com a sustica nazista, era um poema processo na poca da ditadura. Wlademir Dias Pino, Joaquim Branco, Ronaldo Werneck e lvaro S formam a linha de frente dessa corrente. A arte postal basicamente o poema-processo enviado pelo correio. margem do livro e das editoras, utiliza o postal, o cartaz, o carimbo, a xerox. O poema consiste em criaes em cima de mensagens j veiculadas. O resultado quase sempre humor, ironia, mas em tom frio, ps-moderno. (pg. 65) Ps modernismo e discursos globais O ps-modernismo desembarcou na filosofia em fins dos anos 60 com uma mensagem demolidora na mochila: a Desconstruo do discurso filosfico ocidental, da maneira como o Ocidente pensa (e age). Discurso fala, o dito. Do grego Plato, no sculo 4 a.C., at o francs Sartre em nossos dias, os filsofos ocidentais disseram as coisas de determinado modo, com certas atitudes e pressupostos inconscientes. Desconstruir o discurso no destru-lo, nem mostrar como foi construdo, mas pr a nu o no-dito por trs do que foi dito, buscar o silenciado (reprimido) sob o que foi falado. Com os pensadores ps-modernos, a filosofia e a prpria cultura ocidental caram sob um fogo cerrado. Rose, l na fabulazinha, escrevia uma tese: Em Cena, a Decadncia . O ps-modernismo est associado decadncia das grandes idias, valores e instituies ocidentais - Deus, Ser, Razo, Sentido, Verdade, Totalidade, Cincia, Sujeito, Conscincia, Produo, Estado, Revoluo, Famlia. Pela desconstruo, a filosofia atual uma reflexo sobre ou uma acelerao dessa queda no niilismo. Niilismo - da palavra latina nihil = nada quer dizer desejo de nada, morte em vida, falta de valores para agir, descrena em um sentido para a existncia. A desconstruo pretende revelar o que est por trs desses ideais maisculos, agora abalados, da cultura ocidental. Desde a Grcia antiga, as filosofias so discursos globais, totalizantes, que procuram os primeiros princpios e os fins ltimos para explicar ordenadamente o Universo, a Natureza, o Homem. A ps-modernidade entrou nessa: ela a valsa do adeus ou o declnio das grandes filosofias explicativas, dos grandes textos esperanosos como o cristianismo (e sua f na salvao), o Iluminismo (com sua crena na tecnocincia e no progresso), o marxismo (com sua aposta numa sociedade comunista). Hoje, os discursos globais e totalizantes quase no atraem ningum. D-se um adeus s iluses. (pg. 7172) Mas como possvel o niilismo irracional - a decadncia - brotar nas sociedades psindustriais dominadas pela tecnocincia, pela programao, que so a prpria racionalidade na produo, no trabalho, na burocracia e at no cotidiano? Basta olhar para o mundo atual. O choque entre a racionalidade produtiva e os valores morais e sociais j se esboava no mundo moderno, o industrial. Na atualidade ps-moderna, ele ficou agudo, bandeirssimo, porque a tecnocincia invade o cotidiano com mil artefatos e servios,

mas no oferece nenhum valor moral alm do hedonismo consumista. Ao mesmo tempo, tais sociedades fabricaram fantasmas alarmantes como a ameaa nuclear, o desastre ecolgico, o terrorismo, a crise econmica, a corrupo poltica, os gastos militares, a neurose urbana, a insegurana psicolgica. Elas tm meios racionais, mas s perseguem fins irracionais: lucro e poder. Ora, o barato de alguns (no todos) filsofos ps-modernos que eles no querem restaurar os valores antigos, mas desejam revelar sua falsidade e sua responsabilidade nos problemas atuais. Para isso, eles lutam em duas frentes: 1)Desconstruo dos princpios e concepes do pensamento ocidental __ Razo, Sujeito, Ordem, Estado, Sociedade etc. - promovendo a crtica da tecnocincia e seu casamento com o poder poltico e econmico nas sociedades avanadas, que resultou no to amaldioado Sistema. 2)Desenvolvimento e valorizao de temas antes considerados menores ou marginais em filosofia: desejo, loucura, sexualidade, linguagem, poesia, sociedades primitivas, jogo, cotidiano - elementos que abrem novas perspectivas para a liberao individual e aceleram a decadncia dos valores ocidentais. Para essa guerra, filsofos ps-modernos, tais como Jacques Derrida, Gilles Deleuze, Franois Lyotard, Jean Baudrillard, foram buscar armas em vrios arsenais. Num pensador maldito - Nietzsche - o primeiro a desconstruir os valores ocidentais; na Semiologia, pois atacam as sociedades ps-industriais baseadas na informao, isto , no signo; e no ecletismo Marx com Freud, fundindo aspectos pouco conhecidos de suas obras. Esse pim-pam-pum de idias no fliperama digital do nada interessante. (pg. 73-74) Ps modernismo e ps-estruturalismo Na trilha aberta por Nietzsche, o filsofo Jacques Derrida, que inventou a palavra desconstruo, atacou a besta chamada Logocentrismo ocidental. O Ocidente, segundo ele, s sabe pensar pelo Logos, que em grego significa palavra, razo, esprito. Paremos aqui e voltemos a fita um pouco. Derrida ps-moderno porque psestruturalista. O estruturalismo nas cincias humanas a corrente que, nos ltimos 30 anos, recebeu grande impulso na Lingstica e na Semiologia. Ele analisa os fenmenos sociais e humanos como se fossem textos, discursos. A moda, o casamento, o sonho podem ser "lidos" como se fossem "frases" de uma lngua, signos com um significante e um significado (no sonho as imagens so significantes cujo significado o analista descobre). Pois bem, na Antropologia, na Psicanlise, na Sociologia, o estruturalismo explicou cientificamente muita coisa no homem que antes era privilgio da Filosofia comentar. Assim, a Filosofia ficou meio desempregada, meio boca intil. Aps o estruturalismo, s lhe restou voltar-se sobre si mesma, pensar a sua prpria histria, investigar o seu prpria discurso. a que entra Derrida com a desonstruo do Logocentrismo. No centro da cultura e da filosofia ocidentais est o Logos, isto , o esprito racional que fala, discursa. E como? O Logos a razo e a palavra falada, no sujeito humano, transformando as coisas em conceitos universais. O conceito cadeira, por exemplo, expresso pela palavra "cadeira",

produz um modelo universal para esse objeto, apagando as diferenas entre as cadeiras reais (de pau, de ferro, de palha). O conceito torna idnticas todas as cadeiras porque elimina as diferenas entre elas. O Logocentrismo acaba com as diferenas entre as coisas reais ao reduzi-las identidade no conceito. Mas isso no ficou apenas nas modestas cadeiras. um jeito ocidental de pensar e agir. Os jesutas convertiam as diferentes tribos brasileiras a uma idntica religio: o cristianismo. Os brancos europeus submeteram vrios povos, de diferentes raas, a uma idntica economia: o capitalismo. A linha de montagem imps a diferentes personalidades gestos idnticos. O ocidente sempre se deu mal com as diferenas: a do ndio, do negro, do louco, do homossexual, da criana, da poesia (expulsa da Repblica por Plato). Ora, embutida no Logos, Derrida descobre uma cadeia desses grandes conceitos universais que atravessa toda a cultura ocidental. Logos Esprito, que d em Razo, que faz Cincia, que promove a Conscincia, que impe a Lei, que estabelece a Ordem, que organiza a Produo. No entanto, a cadeia das maisculas s se promoveu reprimido e silenciando como inferiores os termos de uma outra cadeia: corpo/ emoo/ poesia/ inconsciente/ desejo/ acaso/ inveno. Alm de matar as diferenas em identidades, o Logos comete uma segunda violncia: hierarquiza esses elementos, valoriza, torna uns superiores aos outros. Os primeiros - maisculos, superiores reduzem o mundo a identidades, so slidos, centrais, racionais, duradouros, programveis. Os outros - minsculos, inferiores - pulverizam o mundo em diferenas, so fugidios, sem centro, irracionais, breves, imprevisveis. Em guerra com a tradio ocidental, ao desconstruir seu discurso para trazer tona o reprimido, Derrida e outros filsofos ps-modernos querem injetar vida nova nas diferenas contra a identidade, na desordem contra a hierarquia, na poesia contra a lgica. Eles pensam contra as manias mentais ocidentais, um pensar sem centro e sem fim, mais para a literatura que para a filosofia. Vinculado a pequenas causas, um meditar minoritrio tendo como objeto o corpo, a prostituio, a loucura, o cotidiano, contra o Esprito, a Famlia, a Normalidade e a Grande Revoluo Final. (pg. 79-84) A vida cotidiana e o ps modernismo Nestes anos 80 o ps-modernismo chegou aos jornais e revistas, caiu na boca da massa. Um novo estilo de vida com modismos e idias, gostos e atitudes nunca dantes badalados, em geral coloridos pela extravagncia e o humor (vide o Planeta Dirio), brota por toda parte. Micro, videogame, vdeo-bar, FM, moda ecltica, maquiagem pesada, new wave, ecologia, pacifismo, esportivismo, porn, astrologia, terapias, apatia social e sentimento de vazio - estes elementos povoam a galxia cotidiana ps-moderna, que gira em torno de um s eixo: o indivduo em suas trs apoteoses - consumista, hedonista, narcisista. O indivduo ps-moderno consome como um jogo personalizado bens e servios, do disco a laser ao horscopo por telefone. O hedonismo - moral do prazer (no de valores) buscada na satisfao aqui e agora - sua filosofia porttil. E a paixo por si mesmo, a glamurizao da sua auto-imagem pelo cuidado com a aparncia e a informao pessoal, o entregam a um narcisismo militante. o neo-individualsmo decorado pelo narcisismo.

Enquanto estilo extremamente individualista, o ps-moderno prolonga o jeito de ser liberado e imaginoso vivido na bomia pelas vanguardas artsticas modernistas. Ele hoje a democratizao, no cotidiano, daquilo que as vanguardas pretendiam com a arte: expresso pessoal, expanso da experincia, vida privada. (Isto parece se chocar com a sociedade programada, mas logo veremos como a questo complicada e ambgua.) Em contraste com o individualismo moderno, forjado pelo liberalismo econmico no sculo XVIII, e que era burgus, progressista, tenso, o neo-individualismo atual consumista e descontrado, mantendo relaes muito especiais com a sociedade psindustrial, sua me dileta. Aparentemente ele consagra o Sistema, mas tambm lhe cria problemas. De que maneira? As sociedades ps-industriais, planejadas pela tecnocincia, programam a vida social nos seus menores detalhes, pois nelas tudo mercadoria paga a uma empresa privada ou estatal, seja um telex em banco ou uma hidromassagem. Sendo economias muito ricas, que tm como nica meta a elevao constante do nvel de vida, elas deixam ao indivduo a opo de consumir entre uma infinidade de artigos, mas no a opo de no consumir. Alm disso, h o apelo constante do novo. Viver estar de mudana para a prxima novidade. Com uma gama enorme de bens e servios, para todas as faixas e gostos, a seu alcance, s resta ao indivduo escolher entre eles e combin-los para marcar fortemente sua individualidade. Embora a produo seja massiva, o consumo personalizado (vide o cheque "personalizado"). Assim, o sistema prope, o indivduo dispe. o pleno conformismo e o sistema parece triunfar de cabo a rabo. Mas sua vitria no tranqila. Tm surgido contra o sistema efeitos bumerangues tipicamente ps-modernos. O individualismo exacerbado est conduzindo desmobilizao e despolitizao das sociedades avanadas. Saturada de informao e servios, a massa comea a dar uma banana para as coisas pblicas. Nascem aqui a famosa indiferena, o discutido desencanto das massas ante a sociedade tecnificada e informatizada. a sua colorida apatia frente aos grandes problemas sociais e humanos. Ora, com mil demnios, no precisamente isso que interessa ao sistema, todo mundo consumindo e conformado? At certo ponto, sim. Mas da em diante o tecido social que comea a se descoser, a se fazer em fiapos. O consumo apenas no segura a barra. Eis por que, para se legitimar, para se garantir, alm da eficincia econmica, o sistema precisa manter em cena velhos valores e instituies como Ptria, Democracia, Histria, Famlia, Religio, tica do trabalho, ainda que eles sejam puros simulacros. Prova disso so os discursos ultranacionalides de Reagan (a Reagania) e a campanha na Frana para elevar a taxa de natalidade. Mas a moada est resistindo. Extravagantes e apticos, vivendo em clip (ritmo apressado), os indivduos que formam a massa ps-moderna esto criando uma paisagem social diferente daquela desenhada pela massa moderna. Vejamos que traos a desmobilizao e a despolitizao vm esboando nas sociedades ps-industriais. At h pouco a massa moderna era industrial, proletria, com idias e padres rgidos. Procurava dar um sentido Histria e lutava em bloco por melhores condies de vida e pelo poder poltico. Crente no futuro, mobilizava-se para grandes metas atravs de

sindicatos e partidos ou apelos nacionais. Sua participao era profunda (basta lembrar as duas guerras mundiais). A massa ps-moderna, no entanto, consumista, classe mdia, flexvel nas idias e nos costumes. Vive no conformismo em naes sem ideais e acha-se seduzida e atomizada (fragmentada) pelos mass media, querendo o espetculo com bens e servios no lugar do poder. Participa, sem envolvimento profundo, de pequenas causas inseridas no cotidiano - associaes de bairro, defesa do consumidor, minorias raciais e sexuais, ecologia. A esta mudana os socilogos esto chamando desero do social. como tornar deserta uma regio. Pela desmobilizao e a despolitizao, o neo-individualismo psmoderno, que tende ao descompromisso, ao no tenho nada com isso, vem esvaziando as instituies sociais. Histria, poltica, ideologia, trabalho - instituies antes postas em xeque apenas pela vanguarda artstica - j no orientam o comportamento individual, e seu enfraquecimento contnuo nos pases avanados. A desero uma sacao nova da massa. Ela no orientada nem surge conscientemente, como tambm no visa tomada do poder, mas pode abalar uma sociedade, ao afrouxar os laos sociais. H dados para se avaliar esse esvaziamento, como igualmente h novas atitudes substituindo as tradicionais. Desero da Histria: No houve desertores americanos na guerra da Coria em 1950; na do Vietn, finda em 1975, houve aos montes. A massa moderna acreditava que a histria (e seus pases) marchavam pela revoluo ou pelo progresso para situaes mais democrticas e felizes. Esse otimismo no existe na massa ps-moderna, que perdeu o senso de continuidade histrica. Ela vive sem as tradies do passado e sem um projeto de futuro. S o presente conta. Ptria, heris e mitos colam muito pouco num tempo programado pela tecnologia. Alm disso, o pesadelo nuclear, as crises econmicas e a velocidade de mudana esto armando, para o trmino do sculo, um clima apocalptico, de fim da Histria. Por outro lado, em vez de crer e atuar na Histria, os indivduos esto se concentrando em si mesmos, hiperprivatizando suas vidas. Eles investem em sade, informao, lazer, aprimoramento pessoal. A massa moderna queria a Histria quente, combativa; a ps-moderna quer esfriar a Histria, congel-la numa sucesso de instantes isolados e sem rumo. Veja, no houve uma s guerra entre pases capitalistas avanados de 1945 para c. Desero do poltico e do ideolgico: Nos EUA, nas ltimas eleies presidenciais, entre 40 e 45% dos eleitores no votaram. As greves polticas praticamente cessaram na Europa capitalista desde 1968. As eleies dependem mais da performance do candidato nos mass media que das suas idias. E ningum no planeta acredita que polticos e tecnocratas apinhados no Estado representam o povo ou possuem altos ideais. O trambique poltico demasiado transparente. No plano ideolgico, nos anos 70 o eurocomunismo abrandou a carranca do comunismo e as democracias sociais europias frearam a fria capitalista. Ou seja, posies rgidas __ o comunista, o fascista, o capitalismo selvagem __ cedem lugar a posies flexveis, pragmticas, em busca da eficcia a curto prazo. At a luta sindical perde vigor: na Frana, por exemplo, o ndice de trabalhadores sindicalizados caiu de 50% em 1955 para 25% em 1985.

Essa descrena no poltico faz a massa ps-moderna dar as costas para as grandes causas. Ela cobra do sistema eficincia na administrao e nos servios tais como educao, transportes, sade, mostrando-se essencialmente pragmtica e no ideolgica. Se a modernidade teve intensa mobilizao poltica (duas guerras mundiais, revolues, guerras anticoloniais), a ps-modernidade se interessa antes pelo transpoltico: liberao sexual, feminismo, educao permissiva, questes vividas no dia-a-dia. Normalmente o indivduo ps-moderno evita a militncia fogosa e disciplinada. Ele frio, prefere movimentos com fins prticos, nos quais a participao flutuante e personalizada. Nada de lutas prolongadas ou patrulhamento ideolgico. Ele vai na onda, nas subculturas punk, metaleira, yuppie. Desero do trabalho: A massa ps-moderna no tem iluses: sabe que trabalhar sempre para um sistema, capitalista, socialista, ou marciano. Por isso ele no cr no valor moral do trabalho nem v na profisso a nica via para a auto-realizao. Inclinada ao lazer, ela falta muito ao trabalho (absentesmo). A Frana levou dez anos para situar seu ndice de absentesmo em pouco abaixo dos 8,3 atingidos em 1974. E h filsofos defendendo a improdutividade. Concentrado no setor de servios (lojas, bancos, escritrios, administrao, laboratrios), o trabalho ps-moderno um jogo comunicativo entre pessoas. Sem a tenso da linha de montagem moderna, pede antes o sorriso, a descontrao (a moa do Bradesco, por exemplo). mais leve. Mesmo assim, as pessoas vivem correndo para o lazer, e no reivindicam tanto melhores salrios como desejam uma semana de quatro dias. Os esportes individuais - asa delta, wind-surf, tnis, skate, ski, atletismo - disputam com as viagens, a informao, o aprendizado de lnguas estrangeiras e de instrumentos musicais, a primazia no uso do tempo livre. Desero na famlia: H bom tempo a famlia no o foco da existncia individual. Escola e mass me