Livro Ogun o Meu Orisa

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    Celeste d Alcntara Arruda - Osairanle

    Salvador 2008

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    gn, o meu Oris

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    s Bambalatiri o grandemensageiro dos Orisa do Ile AseOrisanla JOmi- Terreiro SoBento. Digno Esude palavranica e indiscutvel, possuiprofunda sabedoria. Seus atosconferem f aos maiores

    incrdulos. Ele norteia nossasvidas nos conduzindo aosmelhores caminhos trilhados porgn. Misterioso e encantador,surpreendeu ao entregar-me amisso de transcrever gn, omeu Oris.

    Celeste d Alcntara Arruda

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    Celeste d Alcntara Arruda

    O Meu Oris

    Por su Bambalatiri

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    Reviso: Walter Rui PinheiroProjeto Grfico: .....Fotografias: Celeste Arruda, Rogrio Santos Silva, Nelly Zamora

    Ficha Catalogrfica

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    su Mju Bsu dradraBambalatiri awa

    Ko B lro e Bara OrsaOlorun Bo Ko Fum.O Dp1

    Meus Agradecimentosa su2Bambalatiri!

    1Exu divindade responsvel pela comunicao entre o Orisa e os mortais, guardio e protetor.2Saudao a Esu, em Yorub feita pela Ialorix Alda Funmilayo.

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    In memoriam

    Dr. Donaciano d Alcntara Filho (1919 - 1974)

    Meu av me deixou de herana muitos livros, dignidade e a sede insacivelde conhecimento.

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    Dedicatria

    Iyalorisa Me Zulmira, minha av no Ax, que assentou o suBambalatiri.

    Ao Professor Julio Braga, por sua contribuio literria sobre o povo desanto.

    Ao meu grande amigo Walter Rui Pinheiro para quem no possuo palavrassuficientes para agradecer sua f em mim.

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    Agradecimentos

    Um dia OsunAlaki3perguntou se eu gostaria de cuidar das vasilhas dela. Eutinha 12 anos, e como sou fascinada pelo mistrio dos Orisa4desde criana,aceitei prontamente. Agradeo a ela por este dia. Aos meus pais, DlsonFunrile e Alda Funmilayo atuais zeladores do Terreiro So Bento, pelacompanhia. A minha av Celeste - Iyabase, a sabedoria. Aos meus mestres

    Julio Braga e Felix AyohOmidire, a inspirao!

    A todos que, mesmo com uma simples palavra, tornou possvel essetrabalho, minha gratido.

    Aos Meus Guias espirituais, Olorun Mo Du P!Ao Caboclo Pedra Preta, meus respeitos!gn, meus caminhos.

    A Cacique Jiquiria da Pedra Branca, a f!

    3 Nome do Orix responsvel por minha iniciao religiosa como Ialax (Iyalase) no Terreiro So Bento.4 Orisa Orix em Yorub divindades africanas.

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    Apresentao

    Como descrever a magia do dilogo entre o povo de ax e as divindades

    africanas? De que jeito? Podemos pensar em psicografia, em sonho, oumesmo naqueles momentos de transe em que as divindades incorporam eutilizam todas as funes do corpo de alguns de seus filhos. Num espaoquase inexplicvel desta comunicao, surge gn, o meu Orisgn, o meu Orisgn, o meu Orisgn, o meu Oris. Um livroidealizado por su Bambalatiri e escrito por uma pessoa amparada esintonizada com esse Esu.

    Bambalatiri o grande mensageiro dos Orisa do Ile Ase Orisanla JOmi -Terreiro So Bento. Digno Esu de palavra nica e indiscutvel, possui

    profunda sabedoria, seus atos conferem f aos mais incrdulos.

    A Iyalosrisa5 Alda Funmilayo do Terreiro So Bento recebeu de EsuBambalatiri um esboo deste livro, incumbindo-a de passar para a Iyalase6Celeste a responsabilidade de transcrev-lo, transmitindo a sua mensagemsobre gn.

    Celeste dAlcntra Arruda filha da Iyalorisae administradora do Terreiro.Confirmada EkejideOsalufa7, foi iniciada como sacerdotisa aos 13 anos de

    idade. E desde ento teve sua vida dedicada s divindades do Candombl. Ofato de no incorporar uma divindade no a impediu de receber de EsuBambalatiria inspirao e as palavras ditas nesta obra a respeito de gn. Oculto aos Orisa repleto de mistrios, e apesar de muito se falar, o segredosempre ser segredo.

    5Me de Santo, zeladora das divindades africanas.6Pessoa detentora dos segredos da casa de candombl.7Mulheres que auxiliam as filhas de santo quando estas entram em transe.

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    SUMRIO

    IntroduoIntroduoIntroduoIntroduo 10

    gn o meu Orisa por Exu Bambalatirign o meu Orisa por Exu Bambalatirign o meu Orisa por Exu Bambalatirign o meu Orisa por Exu Bambalatiri 13

    Lados OpostosLados OpostosLados OpostosLados Opostos 14

    OrikiOrikiOrikiOriki FragmentosFragmentosFragmentosFragmentos 18

    gngngngn 19

    Uma LendaUma LendaUma LendaUma Lenda 21

    EmEmEmEm toda Partetoda Partetoda Partetoda Parte 23

    FolhasFolhasFolhasFolhas 24

    A folha espadaA folha espadaA folha espadaA folha espada dededede ogumogumogumogum 25

    O DendezeiroO DendezeiroO DendezeiroO Dendezeiro 27

    Smbolos Sagrados do GuerreiroSmbolos Sagrados do GuerreiroSmbolos Sagrados do GuerreiroSmbolos Sagrados do Guerreiro 33

    OferendasOferendasOferendasOferendas 37

    Seus filhos do So BentoSeus filhos do So BentoSeus filhos do So BentoSeus filhos do So Bento 42

    AjoileAjoileAjoileAjoile O guerreiro desta casaO guerreiro desta casaO guerreiro desta casaO guerreiro desta casa 45

    TantasileTantasileTantasileTantasile O menino que brotou do inhameO menino que brotou do inhameO menino que brotou do inhameO menino que brotou do inhame 47

    Inkossi na TVInkossi na TVInkossi na TVInkossi na TV Um depUm depUm depUm depoimentooimentooimentooimento 50

    Ao GuerreiroAo GuerreiroAo GuerreiroAo Guerreiro 51

    Cano do TamoioCano do TamoioCano do TamoioCano do Tamoio EstrofesEstrofesEstrofesEstrofes 52

    O Terreiro So BentoO Terreiro So BentoO Terreiro So BentoO Terreiro So Bento 55

    Referncias BibliogrficasReferncias BibliogrficasReferncias BibliogrficasReferncias Bibliogrficas 57

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    Introduo

    Existem muitos livros falando de Oris, principalmente de gn8. Contam-se muitas lendas, que freqentemente so mal interpretadas e produzemimagens negativas das divindades africanas. Falar de gn no fcil,

    escrever sobre gn, o mitolgico deus blico, muito mais complexo.

    Quando pensamos na crueldade das guerras, na selvageria da natureza dehomens covardes que propem como estratgia de conquista, armar jovens,induzindo-os a executarem aes sem nenhuma conscincia da importnciada vida, lanando-os aos deplorveis campos de batalha. Quando vemos nateleviso tantas mortes por motivos que no justificam perdas de vidas. Equando presenciamos a violncia nossa de cada dia. No podemos aceitarcomo, divino, santo, sagrado, gn.

    A natureza da energia gnque alimenta em ns, desde a primeira formade vida humana na terra, o conflito e o desejo de vencer, o estmuloinstintivo de ataque e defesa sempre que pretendemos conquistar algo,explicaria o fato de nascermos prontos para o combate. Iniciando se nomomento em que rompe - se o ventre da me na inocente necessidade dechegar vida, de vencer as bactrias, os germes e se manter respirando coma possibilidade de nos depararmos com as devastadoras guerras pelomundo.

    No candombl se cultua o Orisgn atravs da imagem de um homemguerreiro simbolizado em um soldado. E ao mesmo tempo se afirma que, osOrisaso anjos da cabea, guardies e representantes das foras da natureza,divinos e sagrados. Entender essa estrutura no culto das divindadesafricanas, com seres sobrenaturais, que tomam corpos e mentes, quedanam, cantam, doam energia aos seus filhos e tm suas simbologias noselementos da natureza, como: folhas, cachoeiras, fogo, metal, animais podeparecer confuso e contraditrio. fora da natureza ou Deus disso e

    8Divindade africana, senhor dos caminhos e das batalhas.

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    daquilo? Como ser Deus se Deus divino e o que se entende por divinono tem a ver com a guerra.

    Estudando e vivenciando a religiosidade da descendncia africana a respeito

    de gn, pode-se adentrar o cu e o inferno da f. O Deus guerreiro,violento e sanguinrio, tambm aquele que considerado o bom comeo,por ser justamente ele quem, com sua espada, abre os caminhos e garante a

    vitria.

    H muitos anos o candombl cultua gnassim. Seja esse culto uma formaequivocada de interpretar a divindade em que se cr, e que por tanto tempotenha sido assim cultuada ao ponto de ter o arqutipo de um soldado. E sefor divino o Orisa que to mal compreendido pelos humanos tornou-se

    violento guerreiro, pode ser mistrio. Mas no se pode negar que existe emnossa natureza algo que nos torna guerreiros em potencial, e nem afirmarque essa energia, boa ou m, que nos impulsiona a luta, ao desbravar dasquestes nos vrios nveis, no seja mesmo gn.

    Procuramos em gn, o meu Orisgn, o meu Orisgn, o meu Orisgn, o meu Oris,,,,falar da f em um Deus guerreiro, masque consideramos vital e encantador. Reconhecendo sua complexidade nofantstico mundo das divindades africanas, su Bambalatiri nos convida aenxergar gnde forma potica e reflexiva.

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    Atim de gn Terreiro So Bento

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    gn, o meu OrisPor suBambalatiri

    Para falar de divindades africanas necessrio obter equilbrio eemancipao mental para compreender o que se considera divino nocandombl, como se cultua esse divino, qual interpretao se da relao dodivino com o mundo material e da viso materialista que se tem do divino.

    O entendimento do plano imaterial como fora superior, alheia a nossavontade, capaz de transformar nossa vida, e ainda, ter o poder de canalizaresta fora em favor da humanidade, dogma do culto Olrisa9.

    No desenvolvimento de uma viso crtica sobre a mitologia africana e seusrespectivos cultos, adentramos um mundo de infinitas possibilidades ecompreenso do sobrenatural, deparamo-nos com diversos nomes,interpretaes, conceitos e concepes de uma mesma essncia, que para ocandombl o Orisa, a natureza, base de todos os inventos e descobertas dohomem, de todos os cultos e religies que passaro. E para todas asreligies, povos, naes existe a necessidade de lutar e vencer, com ou semmitos.

    O mito passar, mas ainda h de ficar o metal.

    9Aqueles que cultuam os anjos da cabea, os guardies.

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    Peji gn Onire Terreiro So Bento

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    Lados Opostos

    Durante toda histria da humanidade o homem se pergunta: Por queestamos divididos em territrios diferentes, lnguas diferentes, cultosdiferentes, raas diferentes, formas diversas de cultuar Deus e a natureza?

    Nesta angustiante busca por respostas concretas, tendemos simplificar o queacreditamos ser Deus, para que sendo nico, ele possa ser acessvel. Essaidia hegemnica vem sustentando as grandes guerras desde que o mundo mundo, e alimentando as divergncias religiosas. Essa hegemonia jamais serencontrada no culto ao Orisapraticado no Brasil, dividido em naes e ritos.E com alguns seguidores que usam de fervorosos discursos para explicar quegn(Nago) e Nkossi (Bantu) so guerreiros, mas no so a mesmadivindade.

    o homem quem determina suas crenas, escolhe em que acreditar, e

    como acreditar, a unidade est em termos de f. E o universo diverso,Deus diverso, a natureza que passa sculos multiplicando cores, folhas,pedras a fim de conceder a humanidade o deleite de apreci-la de vriasformas, do contrario seria tudo muito montono. Mas para o homem,sempre insatisfeito, parece que no o suficiente. Desejamosinconscientemente a unidade que simplifica, que diferente de unio. E asdiversas religies inventadas pelos homens s existem a fim de subjugar, deoprimir e reprimir o Deus que est em cada um de ns, e em tudo queexiste.

    No candombl temos a responsabilidade de cultuar a natureza de todas ascoisas do universo, do germe ao sol, de forma subjetiva e simblica, massurgiu uma interpretao equivocada sobre as divindades, ao ponto deobservarmos que alguns sacerdotes, da mais alta tradio no sabemdiscernir o sentido do que seja cu e do que seja guerra. O pensamentoocidental escravocrata exercido pelos colonizadores como mtodo deextermnio e descaracterizao da cultura, da filosofia, da mitologia e dareligiosidade de um povo, buscando satanizar nossa crena, se incumbiu detransformar a simbologia do Orisaem santo ou demnio. Mas gnno santo, nem demnio. gn a essncia do guerreiro. o confronto dos

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    lados opostos. a energia no homem a conduzi-lo conquista de seusobjetivos. No tem nada de perdo ou salvao nisso. Ento, nos deparamoscom uma frase bem corriqueira: A verdade di!. Nossa verdade gn.

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    PejignMeje: O agricultor sob a luz do sol Terreiro So Bento

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    Oriki (fragmentos)

    Oh! homem que tendo gua emcasa lavou-se com sangue!Ele mata o ladro e oproprietrio da coisa roubada.Ele mata o proprietrio da coisaroubada e aquele que critica a

    ao.Ele mata o que vende o saco depalha e aquele que compra10.

    Pa t kori11gn e!

    10Traduo de Fragmentos do Oriki de Ogum na frica (Verger 1981).11Saudao Yoruba a gn.

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    gn

    Guerra: conflito armado entre naes, povos, etnias, as batalhas desde oincio da vida no universo, a necessidade de vencer, de conquistar.

    Metal: elemento qumico eletro positivo, slido, condutor de energia, tiltransformador de vidas, de seres...

    Caminho: faixa de terreno mais comprida que larga, destinada ao trnsito depessoas, animais ou veculos. Todos os caminhos, desde o filosfico estrada de barro, o mais longo e curto a percorrermos na vida, repleto de

    acidentes, cheio de curvas e encruzilhadas.

    O homem, o guerreiro, o conquistador. O ser que mesmo em seu estgiomais primitivo no se privou compreenso da natureza e, apesar daausncia de civilidade, foi capaz de absorver a energia das coisas ao seuredor, dar-lhes culto, criar rituais e atravs deles transformar a vida na terra.

    gn a energia que move o guerreiro, o deus do ferro, dos metais,senhor dos caminhos, filho de Oddwa12 e Olokun13, ao vir para terrachefiando entidades guerreiras, foi escolhido por Orumila14para governar aslutas, os avanos, ensinando aos seres humanos, atravs de suas mentes, ausar o ferro, desenvolver os outros metais e assim, utiliz-los em benfico dahumanidade, proporcionando-lhes a evoluo, o desenvolvimento agrcola, oprogresso tecnolgico, inspirando - os nas pesquisas cientficas.

    gn, movimento, estrada, passagem. Vontade de conquistar, de derrubarbarreiras.gn, ferramenta em favor da humanidade.Reconhecido por suas grandes conquistas, gn o bom comeo, a certeza

    de vitria, o Mrw15.gn, o senhor do ferro, o grande ferramenteiro, o agricultor, o plantadorde inhames.gn, ttulo honorvel do guerreiro.gn e mi Orisa!gn e, p t kori o, Js, Js!16

    12Senhor criador da existncia terrena para opovo Yoruba.13

    Divindade das guas, do Oceano.14Deus da Luz.15Palha extrada do dendezeiro, simboliza a proteo de gn.16Saudao Yoruba a Ogum.

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    Oferenda para gnna Estrada - Terreiro So Bento

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    Uma lendaUma lendaUma lendaUma lenda

    Contou-me um velho que um dia Osal17 recebia uma homenagem deSango18que lhe oferecia um banquete. Na cerimnia, inmeros convidados,deuses, reis e humanos ilustres. Na suntuosa festa, Osal, percebendo aausncia de gn, no quis dar incio ao banquete. Logo em seguida umsdito avisa, em particular, que gn, o grande Akoro19 havia chegado,porm, estava com as vestes rasgadas, quase nu, no havia condies departicipar de um banquete to magnfico. Ento, Osal pediu que lhetrouxesse o seu Al20, e cortando-o em Alak21, veste gn e ordena que

    toquem os atabaques para o majestoso guerreiro adentrar o palcio ao somdas vozes que entoavam:

    Awa tit lo niE gn Alakoro o Nire

    Mju b gnE gn Alakoro o Nire22

    17Divindade africana que representa a paz.18Divindade africana que representa a justia, senhor do fogo e do dinheiro.19O rei da coroa pequena.20

    Pano branco usado por Oxal, simboliza a paz.21Pano do corpo, na frica era utilizado como roupa. No Brasil um pedao de pano que vai do branco ao colorido, usado pelaspessoas iniciadas, que at os sete anos na altura do peito, depois jogado no ombro, o que varia de acordo com a nao.

    22Cantiga de Ogum na nao Nag Ketu, cantada nos terreiros de candombl do Brasil.

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    gn Reverencia Oy Terreiro So Bento

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    Em toda parteEm toda parteEm toda parteEm toda parte

    gncostuma exercer especial fascnio em muitas pessoas, comum ouvirde quem ainda no identificou seu Orispor meios seguros (jogo de bzios,por exemplo) afirmar com orgulho ser filho de gn. Certamente por esterepresentar a firmeza e a coragem que se necessita para enfrentar s batalhasdo dia-dia. nobre ser corajoso. A vida repleta de conflitos, ser filho deum grande guerreiro soa como garantia de vitria. O curioso que aspessoas ocupam-se de fervorosos e utpicos discursos contra as guerras nomundo. Todos clamam por paz, mas as guerras acontecem no dia a dia.

    No vaivm das informaes contraditrias em torno dos Orisa, o candomblse torna uma difcil revelao das divindades africanas. Cada casa de Ax emsuas diversas naes cultua o Orisada forma que acha correto, do jeito queseus mais velhos ensinaram ou apenas por reproduo do que viu e ouviuem algumas oportunidades. necessrio que se entenda que a essncia doOrisno est baseada em concepes materialistas.

    Oris natureza e energia que se apresenta de infinitas formas a fim de nosproporcionar a diversidade, o conhecimento e a evoluo espiritual. O fatode existir uma divindade que tem suas caractersticas moldadas nosprincpios de um guerreiro, e materialmente ser representada em alguns deseus cultos na imagem de um soldado, no significa que a mesma sejaapologia violncia ou incompreenso entre os homens.

    Desde o incio dos tempos nos acostumamos a lutar para conquistar umterritrio ou aquilo que julgamos ser necessrio para ns, e assim saprimoramos nossas armas, mas nunca deixamos de debater, combater eabater.

    gn a energia que dispe a arma em favor da vitria, seja qual for ocombate, existem dois lados, e gnest do lado de quem vai vencer. Issodeve justificar o orgulho dos filhos que simboliza ser parte do guerreiro. Noimporta qual a motivao, a guerra o meio de estabelecer quem fica com oque. E, definitivamente, a bola uma s.

    gn, no jogo de xadrez, no futebol, na concorrncia das empresas, no jogode bilhar, de cartas, no concurso pblico, no vestibular, em nosso corpo,

    quando as clulas lutam contra as bactrias, na criana ao romper o ventreda me e ver a luz. Em todo lugar, gn, o meu Oris!

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    Folhas

    Orisa de inmeras folhas que formam um crculo energtico protetor

    infinito, gnalcana com seu Ase23 todas as criaturas que nele acreditam.O dendezeiro, a espada de ogum, a abre caminho, a nativo, a caj soalgumas destas folhas.

    23Fora, afirmao, energia positiva.

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    A folha espadaA folha espadaA folha espadaA folha espada ----dededede ---- ogumogumogumogum

    A espada - de - Ogum Ewe Ida Orisa24, uma folha linda em formarealmente de uma espada verde escuro. Brota sempre em quantidade detouceiras. Muito usada em sacudimentos25, na lavagem dos utenslios do as ,

    nos cacos decorando varandas, praas e jardins.Assim como toda natureza mistrio divino, a Ewe Ida Orisa do elementoterra. Seu nome cientfico Sancevieria sp., Agavaceae, Sanceveria LibricaGerme & Labroy, Liliaceae (Verger,1995, p.716-717). Esta planta originria da frica e encontrada em todo Brasil, tambm pode ser chamadade Gkrc Oj Ikok, psn, korik e aghomolowoibi pelo povo

    Yoruba para Ori As26.

    24Anjo da Cabea. Divindades Africanas.25Ato de passar folhas no corpo.26Ritual para fortalecer a cabea, e o esprito.

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    Touceira da folha espada de ogum Terreiro So Bento

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    OOOO DendezeiroDendezeiroDendezeiroDendezeiro

    O dendezeiro tem os seguintes nomes yoruba: Ygi OpeMrw, Op segisegi, Ope Ikim, Op Yal yal - Elaeis Guineensis Jacq Palmae(Verger,1995,p.669). Planta de origem africana, esta rvore desgalha emforma de leque deixando aparecer ao centro uma palma nova que aps serretirada e desfiada d-se o nome de Mrwque se torna parte das vestes degn, simbolizando poder e galhardia. Conta-nos os antigos que Omoluusava esta palha, mas, vendo gn voltando despido de uma de suasbatalhas, tirou imediatamente a palha e o cobriu. A partir da ele o

    Mrw.

    O dendezeiro pertence a Osal. Seu tronco representa a dinastia, a criaodos seres humanos, o poder da ancestralidade. O Ygi Ope Mrw tambm as de Osala, Nana, Omolu, Yfe Sango27.

    Um velho Nigeriano sacerdote do Deus Yf, em visita ao Brasil, contou umalenda a Alda Funmilayo na qual diz que, as Yiamin Osorong28, tentandoprejudicar o reino de Osala, apossaram-se dessa rvore transformando seus

    frutos em nctar vermelho (dend) e os bagos escuros em pssaros dedestruio. Ento, Osal, considerando a importncia da rvore confiou-a aogrande Akoro gn a misso de reav-la e preserv-la. Mas, apesar da

    vitria e do empenho a rvore continuou dando seus frutos vermelhos. Eassim, como em toda a histria da humanidade, aquilo que se transformano perde a serventia, ento, os frutos vermelhos so colhidos. Os bagos,que so o dend maduro, so pilados em recipiente de madeira (piloartesanal) e apurados no fogo at chegar ao Eppupa(azeite de dend). Amaioria das comidas oferecidas s divindades Africanas so preparadas nesteleo.

    Bela em sua aparncia, o Dendezeiro uma rvore encantada, carrega em simuitos mistrios. Nos terreiros de candombl da Bahia costuma- se fazer osassentamentos do Orisagn junto ao seu tronco. No Terreiro So Bentoexistem vrios dendezeiros e um em especial, onde fica os assentos de gnOnirdesse IleAse29, e que j produziu azeite suficiente para vrias iguarias.

    27Divindades africanas professadas no candombl.28As feiticeiras, conhecidas popularmente como bruxas.29Casa de fora.

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    Na frica, mais precisamente na Nigria, as sementes do dendezeiro sousadas para prticas divinatrias como, por exemplo, o Opele Yf30,professados apenas por altos sacerdotes do culto ao Deus Yf. Dentro destassementes existe a amndoa de onde se retira um leo chamadoAlaadiusado

    nos Orisa Funfum

    31

    . Akoro gn Ygi Ope Mariw e Ni Al Ori (Verger,1995), o Senhor dos caminhos, que tambm senhor dos trilhos, do fio quenos liga a tudo, do progresso e da tecnologia, deu-nos o merecimento deconhecermos seus mistrios e descobrirmos em estudos, aqui no Brasil, apossibilidade do uso do leo do dend como combustvel para movermaquinas (Souza, 2006).

    30Orculo feito com bagos de dend.31Divindades que usam branco.

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    Dendezeiro doAtim de gn Terreiro So Bento

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    Baba Ajoilee Baba Oderemidesfiando Mriw Terreiro So Bento

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    Atimde gn Oferendas Terreiro So Bento

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    Copa do dendezeiro doAtimde gn Terreiro So Bento

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    Smbolos Sagrados do GuerreiroSmbolos Sagrados do GuerreiroSmbolos Sagrados do GuerreiroSmbolos Sagrados do Guerreiro

    Oris gn carrega trs importantes smbolos em sua indumentria.

    A ESPADA

    Certamente a Ida o maior smbolo do guerreiro. gnnunca se apresentasem a espada de metal. Quando por este empunhada, ela tem aresponsabilidade de limpar os caminhos, sejam eles astral ou fsicos, decortar o mal, de transformar.

    O ELMO

    Defesa e segurana, na mitologia africana ele a coroa do Oris gn, oAde.

    PEITORAL ou COURAA

    A proteo do guerreiro, a defesa, o abrigo seguro para que nosso espritoesteja firme e nosso corpo sobreviva.

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    Ferramenta espada de gn, datada de 1985 Terreiro So Bento

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    Ad O Elmo do Guerreiro - Terreiro So Bento

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    Couraa ou Peitoral de gn Terreiro So Bento

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    OferendasOferendasOferendasOferendas

    No Brasil, gn cultuado de diversas formas. Solicitado quase semprepelos seus fiis nos momentos de dificuldade, esta divindade recebe nasestradas, oferendas de inhame com azeite de dend e mel, xinxim de carnede boi com camaro, dend e cebola ralada, aca branco e aca vermelho,

    tudo acompanhado de vinho tinto e velas.

    As oferendas ao Oris gn no espao fsico dos terreiros de candomblso: Bode, Galos, Conquens (Galinha dangola), pombo e a famosa feijoadacom carne de boi e porco salgadas, lingia, toucinho, calabresa etc. e outrossegredos da Iyabase32 que prepara com sabedoria a oferenda. Primeiro colocada num argida e oferecida a s em uma encruzilhada prxima doTerreiro, e em seguida num taxo de barro no Peji33de gn, depois serservido no naj hierarquicamente com os sacerdotes, filhos e adeptos.

    O Orisagnest em todas as partes do mundo como a energia que rege afora de um guerreiro, com vrios nomes em diversas naes, diferenciandoapenas na forma de cultuar. No Candombl de culto Oloris Nag ele gnAkoro, Nkossi Mukumbino candombl de Angola e Gunpara opovo jji. Na nao de caboclo ele o caboclo Sete Espadas, na astrologiaele o Ariano e em toda parte que houver um guerreiro, porque gn divindade de muitos mistrios. Ele era 1 que virou 3, que virou 7 e que semultiplicou cada 7 por 7 e transformou-se num exercito, conta-nos os mais

    velhos dizendo sempre: - Isso fundamento!

    32Me da cozinha, mulher idosa designada a cozinhar e conhecer os preceitos para o preparo das comidas de todos os Orisa.33Assentamentos do Orisa.

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    Iyabase cozinhando feijoada de gn Terreiro So Bento

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    Tantasile, gn Iyabasee Durob em festa da feijoada de gn Terreiro So Bento

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    Oferendas noAtimde gn Terreiro So Bento

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    A Iyabase oferecendo a feijoada de gn Terreiro So Bento

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    Seus filhos nSeus filhos nSeus filhos nSeus filhos no So Bentoo So Bentoo So Bentoo So Bento

    Assim como todo Oris, gn deixa em seus filhos suas caractersticas maismarcantes. No raro observar nos filhos de gn um semblante deinquietao e obstinao. So pessoas de aparncia simples, geralmentemulheres e homens esguios e velozes em seus gestos. No costumampermanecer muito tempo no mesmo lugar, so andarilhos natos, sempreenvolvidos em causas que demandam luta, determinao. Justiceiros,implacveis, so pessoas de poucas palavras e de muita ao. So corajosos edestemidos, no perdem tempo discutindo, eles gostam mesmo demovimento.

    Dentre muitas histrias de vidas e fundamentos de gne seus filhos, queconheci durante minha trajetria sacerdotal, a que mais me chamou atenofoi a de BabaAjoile, Omoloye do Terreiro So Bento ou, simplesmente,Emmanuel. Os acontecimentos que nortearam sua vida noAse, levou-me apesquisar a respeito, a fim de demonstrar, para aqueles de pouca f, um fato

    curioso: Todas as vezes que BabaAjoilecogita fazer oferendas a seu Orisa,inicia-se alguma guerra em algum lugar no mundo.

    No ano de 1991, exatamente no dia 17 de janeiro, dia em que se iniciou noIleAs, estourou a guerra no Golfo, liderada por Saddan Hussein, umaguerra civil na Somlia, entre Mohamed Siad Barre e os Cls Armados eainda, os Chechniosentram em choque armado contra a Rssia. Em julhode 2001, ele fez um jogo de bzios e comunicou a Iyalorisque estaria searrumando para dar obrigao de sete anos, e na semana seguinte (dia 12) os

    Policiais de Salvador entram em greve, colocando a populao em estado destio, conflito que se alastrou por todo pas. A coisa foi to sria que houveinterferncia da tropa do exrcito de Taubat - SP com tanques de guerranas ruas de Salvador. Em seguida, um atentado terrorista em NewYork, nodia 11 de setembro culminou na guerra entre Estados Unidos e Afeganisto.E o mundo que se segure enquanto Ajoile estiver em terra (Alafiona,2001,p.03).

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    BabaAjoile Omoloyedo Terreiro So Bento desfiando Mrw

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    Osun Funmilaiyo a Iyalorisa, gn,Ajoilee Omolu em obrigao de 14 de anos do OmoloyeTerreiro So Bento

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    AjoileAjoileAjoileAjoileO guerreiro desta CasaO guerreiro desta CasaO guerreiro desta CasaO guerreiro desta Casa

    Emmanuel Teixeira Machado nasceu em D. Pedrito no sul do Brasil, cidadeque faz divisa com o Uruguai. Sua histria de vida reflete a ligao com

    gn, sempre envolvido em causas polticas e scias, aps estudarAgronomia, Nutrio e Psicologia, acabou tornando-se Socilogo, e hojeatua como Professor de Histria e Sociologia na rede pblica de ensino emSalvador. Os caminhos espirituais foram muitos, a prtica de yoga e oesoterismo serviram de veculo na busca de equilbrio espiritual. Inquietocomo todo filho de gn, Emmanuel partiu de sua terra em busca dosconhecimentos das religies afro - brasileiras.

    Foi atravs de uma senhora sacerdotisa do culto de Umbanda que ele ficousabendo que aquilo que buscava espiritualmente estava na Bahia. E comotodo bom guerreiro, no perdeu tempo, arrumou a sacola e ganhou aestrada rumo cidade de Salvador na Bahia. Os acontecimentos at achegada ao Ile Ase Orisanla JOmi -Terreiro So Bento, ganhariam aproporo de um novo livro.

    Aps diagnosticar um verdadeiro conflito de Orisa em seu Ori, atravs dojogo de bzios da Iyalorisa Alda Funmilayo, a vida de Emmanuel tomanovos rumos at a sua iniciao religiosa, norteada por guerras, batalhas e

    verdadeiros duelos em busca de sobrevivncia, at receber o honroso cargo

    de Omoloye aquele que caminha com Omolu.

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    gun abraa seu filho Ajoile Terreiro So Bento

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    TantasileTantasileTantasileTantasileA criana que brotou do InhameA criana que brotou do InhameA criana que brotou do InhameA criana que brotou do Inhame

    Desde beb Filipe toca os atabaques. Claro que naquela poca ele s davaumas palmadinhas no couro. Quando aprendeu a falar determinou logocedo seu espao. Sua av Alda perguntava: - O que Pinho vai ser quandocrescer? A resposta sempre foi uma s: - Tocador de atabaque de vov. Aostrs anos de idade ele j balbuciava ser mino do xanto (menino do santo).

    Aos nove ele responde orgulhoso pergunta: quem gnpra voc?- gn o guardio, o defensor. Sem ele as pessoas no existiriam.

    Algumas crianas possuem noo de si mesmas. Estas so especiais. Elascarregam consigo a compreenso de que so, de fato, a continuidade, oessencial sobrevivncia de todas as culturas.

    Filipe Tantasile, a criana que brotou do inhame, Osi Alabe do TerreiroSo Bento. Atravs das palavras dele eu acredito que o As no cessar de

    brotar.

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    Duroba, Walase, Ominire, Tantasilee Funrile Terreiro So Bento

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    Nkossi na TVNkossi na TVNkossi na TVNkossi na TVUm depoimentoUm depoimentoUm depoimentoUm depoimento

    Quando criana tive a oportunidade de conhecer o gn mais garboso que j vi na vida.De nao angola, ele Nkossi le. Seu charme e classe conduzem muitos fies a suahumilde casa no dia 13 de junho, pessoas que como eu, se emocionam ao v-lo danar, eexibir em seus gestos sua majestosa histria. Se a matria dele fosse bailarina, estariaexplicado sua leveza e cadncia. Mas ela apenas uma Me de Santo ou Mameto deNkissi, que desde criana incorpora este Orisa/Nkissi. E pelo que me contaram, elesempre foi assim, belo.

    Desejei que aquelas imagens que tanto me emocionava, no se limitassem ao espaofsico daquele Ile Ase, achava pouco, muito pouco para aquela divindade. Queria sair porai mostrando Nkossi para todo mundo, para os que tm f em Orisa. Fiquei adulta, e acada vez que o via, eu pensava: Como mostrar Nkossi para o mundo? Lendas de Orisaso tantas, destorcidas ou incompreendidas, tudo se fala hoje sobre Orisa, at o que no

    se deve falar. E com muito cuidado, eu procurei entender, por que chegaria a um terreiroto conservador cmeras de televiso, para uma reportagem a ser exibida numa rede detv que tem prestgio mundial? Justo na feijoada de Ogum, exatamente quando estava ali,em visita minha casa, o meu adorado Nkossi le!

    O povo de candombl cismado, como que mostra a me de santo na tv recebendo oOrisa! O que perdeu Nkossi numa casa Nag? Ainda aparecendo na tv? E foram muitasas crticas, que certamente se tornaro lenda.

    Aprendi, no prprio Ax, que barraco de festa pblico, se pblico, pode ser vistopor todos. E diga-se de passagem, a festa no candombl uma demonstrao mgica de

    pura beleza. Aprendi tambm, que cultuamos elementos da natureza, e se gn metal,gn possvel atravs da tv. Ento, que mal h em gn/Nkossi aparecer na televiso?Hoje se fotografa, se filma, e se fala mais do que se deve de Orisa. E se antes se faloumenos, no se filmou ou no se fotografou, foi porque gn ainda no havia nosmostrado o progresso. E l estava Nkossi, como sempre desejei, pro mundo! Visto comouma revelao fantstica, em horrio nobre, por muita, muita gente.

    Celeste Osairanle

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    Ao GuerreiroAo GuerreiroAo GuerreiroAo Guerreiro

    Vai meu Guerreiro Bendito!Galopa! Galopa! E teu grito ecoaNos coraes, nas mentes que sofridasOuvi-te como a um bradoDo infinito! E ensinando,Transforma-te em bela guia,Que bate azas, e voa, voa.Levando o NegroQue ao sol cintila,Como o dia que chegar,

    Abrindo os olhos vida,Que toda hora vem e vai,

    Eterna! Como a foraQue tentar evoluir-nosDecifrar-nos.

    Alda Funmilayo

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    Nkosi Le - Terreiro Tumbensi

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    gn e OganAjadesileem sua confirmao Terreiro Oia Tunj

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    Cano do TamoioCano do TamoioCano do TamoioCano do Tamoio ----EstrofesEstrofesEstrofesEstrofesGonalves Dias

    No chores meu filho;No chores, que a vida luta renhda;

    Viver lutar.A vida um combateQue os fracos abate,Que os fortes, os bravosS pode exaltar.(...)

    (...) As armas ensaia,Penetra na vida:Pesada ou querida,

    Viver lutar.Se o duro combate,Os fracos abate,

    Aos fortes, aos bravosS pode exaltar.

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    O Terreiro So BentoO Terreiro So BentoO Terreiro So BentoO Terreiro So Bento

    uma irmandade religiosa que tem seu santurio situado na ilha deItaparica, municpio de Vera Cruz, dentro da Mata Atlntica. um espaoprivilegiado em fauna e flora. Suas razes de Candombl Nag - Vodumesto entrelaadas s das arvores irrigadas por uma nascente de guamineral. Fundado em 1934 pelo falecido Alcides Manoel do Nascimento(Baba Muteibi), regido espiritualmente por Osalufa, dedicado a Omolu eCaboclo Sulto das Matas, tem como atuais responsveis a IyalorisaAlda de

    Osun(Iya Funmilayo) e o Babalas Dlson de Osal(Baba Funrile).

    O nome So Bento tem a responsabilidade de transmitir a doutrina destesanto catlico que se refere ao sacrifcio constante em favor da dignidade.Tambm serviu de salvaguarda nos tempos de perseguio ao Candombl.Em 1989, aps a visita do Sacerdote de If da Nigria, recebeu o nome deIle Ase Orisanl JOmi (Casa de Fora das guas de Oxal), firmandoassim sua identidade Nag.

    Sua caracterstica mais marcante o fato de ser formado, basicamente, pelafamlia consangnea. Rgido em seus costumes e tradicionalista no que dizrespeito a preservao do As, o Terreiro So Bento e a sua IrmandadeScio - Religiosa e Beneficente Ile Ase Orisanl JOmi uma ordem deculto Olorisa.

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    1.538C o ponto de fuso do ferro. Estes numerais somados tm comoresultado final o numeral 8 que na leitura do Orculo de If representaEjonile o Odu extremamente guerreiro.

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    Referncias Bibliogrficas

    FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Dicionrio da LnguaPortuguesa, Rio de Janeiro Nova Fronteira, 1980.

    FONSECA JUNIOR, Eduardo. Dicionrio Yoruba (Nag)-Portugus, Riode Janeiro: Civilizao Brasileira, 1983.

    JUVENTUDE, Enciclopdia Tesouro da - vol. II - Livro da Poesia p.105 - So Paulo, 1965.

    SOUZA, Jonas. Dend: Potencial para produo de energia renovvel.Disponvel em :.Acesso em 18out.2006.

    VERGER, Pierre. Ew: o uso das plantas na sociedade ioruba. So Paulo,Companhia das Letras 1995.

    VERGER, Pierre. Orixs Deuses Iorubas na frica e no Novo Mundo,Salvador: Currupio, 1981.

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    Celeste d Alcntara Arruda,

    Mob Osairal Iyalasedo TerreiroSo Bento onde foi iniciada aos 13anos de idade (1987) e confirmadaEkeji de Osaluf. vice-presidente efundadora da Irmandade ScioReligiosa e Beneficente Ile AseOrisanl JOmi- Terreiro So Bento,educadora , criou o Informativo

    Alafiona um caderno informativo

    que registra todos os acontecimentosimportantes da Irmandade.coordenadora do Grupo Omo layoresponsvel por atividadesfilantrpicas e culturais da Irmandade.

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