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GOALO LOBO PINHEIRO METRO LIGEIRO Kun Iam fica onde está SOCIEDADE PÁGINA 7 PÁGINA 3 PUB A APOMAC perdeu uma batalha que já durava há dois anos. A pretensão de 27 aposentados requerentes do subsídio de 1500 patacas foi negada pelo Tribunal de Última Instância. Francisco Manhão diz-se “desiludido” e acusa a Administração local de tratar uns como filhos e outros como enteados. SOCIEDADE PÁGINA 6 SUBSÍDIO DE RESIDÊNCIA TUI rejeita 27 recursos PUB Ter para ler DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 17 DE JULHO DE 2014 ANO XIII Nº 3133 ENTREVISTA DIRECTOR DO MAM A FAVOR DA HISTÓRIA DE MACAU PÁGINA 2 O projecto do Governo de uma nova Lei de Protecção dos Animais deu entrada na AL no dia 23. No entanto, teve de ser suspenso por motivos jurídicos, devido à apresentação, em Fevereiro, de outro projecto semelhante de Pereira Coutinho. O presidente da ANIMA lamenta a situação e acusa Coutinho de “correr apressado” hojemacau AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB CAMÕES 100 sonetos foram agora traduzidos para chinês. Um texto de Yao Jing Ming ANIMAIS ALBANO MARTINS ACUSA COUTINHO O carro à frente dos bois h

Hoje Macau 17 JUL 2014 #3133

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Hoje Macau N.º3133 de 17 de Julho de 2014

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METRO LIGEIRO

Kun Iam ficaonde está

SOCIEDADE PÁGINA 7

PÁGINA 3

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A APOMAC perdeu uma batalha que já durava há dois anos. A pretensão de 27 aposentados requerentes do subsídio de 1500 patacas foi negada pelo Tribunal de Última Instância. Francisco Manhão diz-se “desiludido” e acusa a Administração local de tratar uns como filhos e outros como enteados.

SOCIEDADE PÁGINA 6

SUBSÍDIO DE RESIDÊNCIATUI rejeita 27 recursos

PUB

Ter para ler

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q U I N TA - F E I R A 1 7 D E J U L H O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 3 3

ENTREVISTA DIRECTOR DO MAM A FAVORDA HISTÓRIA DE MACAU

PÁGINA 2

O projecto do Governo de uma nova Lei de Protecção dos Animais deu

entrada na AL no dia 23. No entanto, teve de ser suspenso por motivos jurídicos, devido à apresentação,em Fevereiro, de outro projecto

semelhante de Pereira Coutinho.O presidente da ANIMA

lamenta a situação e acusaCoutinho de “correr

apressado”

hojemacauAGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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CAMÕES100 sonetos foram agora traduzidos para chinês.Um texto deYao Jing Ming

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O carro à frente dos bois

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MAM

2 hoje macau quinta-feira 17.7.2014ENTREVISTA

LEONOR SÁ [email protected]

Considera que, além do Museu de Arte de Macau (MAM), há locais suficientes a especializarem-se na arte contemporânea em Macau?Em termos de procura e oferta, considero que até há – para além do MAM. Há alguns espaços e galerias que se focam na arte contemporânea, como as galerias do Forte, do Tap Seac ou do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, o Albergue ou o Armazém do Boi... Não creio que haja quantidade insuficiente de oferta, até porque, em proporção e dividindo a população de Macau por diferentes áreas, acho que é bastante suficiente neste momento.

Considera que devia haver mais variedade, no tipo de actividades e exposições culturais que existem?Estamos sempre a tentar diversificar os temas ou o estilos das diferentes exposições que temos. É melhor para a população termos variedade e, no MAM, oferecemos arte con-temporânea e clássica, ocidental e oriental. De acordo com os dados estatísticos de 2013, 17% das ex-posições do MAM foram de arte contemporânea e outros 17% de artistas locais, o que perfaz 34% das mostras de todo o ano passado. Estas exposições são realizadas em diferentes escalas e talvez seja por isso que as pessoas sabem de umas

Chan Hou Seng, actual director do Museu de Arte de Macau, confessa que gostaria de ter mais recursos e incentivos para aproximar pessoas e cultura e acredita que é preciso fazer-se um reordenamento dos vários departamentos governamentais para ajudar à fluência de eventos e exposições

ENTREVISTA CHAN HOU SENG, DIRECTOR DO MUSEU DE ARTE DE MACAU

“Mercado de artistas locais está a florescer”e não sabem de outras. São capazes de vir às mais conhecidas – de arte clássica, por exemplo – e faltar às outras, de arte contemporânea. No ano passado, organizámos uma mostra de um artista de arte contem-porânea muito famoso e influente na China, por exemplo. Além disso, estamos também a tentar diversificar o conteúdo das nossas exposições em parceria com outras instituições, para conseguirmos fazer melhor uso dos recursos à nossa disposição.

As exposições mais recentes do MAM focaram-se em artistas internacionais e europeus, es-pecificamente. Estão a pensar dedicar-se mais à arte local? Temos um programa permanente chamado ‘Macau Ax Window’ de-dicado à organização de trabalhos de artistas de Macau, mas não estabe-lecemos propriamente um número ou uma quota de exposições de arte local para expormos... Depende no tipo de trabalhos que são e no plano de exposições anual. Considero que o mercado de artistas locais está a florescer cada vez mais. Na verdade, estamos a rearranjar o nosso espaço [do museu]. Temos um plano para transformar o rés-do-chão num espaço onde possam ser expostas peças de artistas locais para serem compradas por amantes de arte. Isto é, claro, apenas uma plataforma de ligação entre os artistas e potenciais compradores porque, na verdade, o nosso objectivo não é liderar o mer-cado da arte contemporânea local, somos mais abrangentes. Ajudar no desenvolvimento da arte local é sempre uma das coisas que mais temos em conta quando fazemos o planeamento anual.

Como funciona a escolha dos tra-balhos que são expostos no MAM?Na verdade, não queremos que a qualidade dos trabalhos expostas diminua, queremos manter um pa-drão. Temos que manter o ‘standard’ e, de certa forma, isso faz com que os artistas locais se sintam importantes e com qualidade ao verem as suas peças expostas no MAM. É como se se tratasse de uma medida avaliati-va. Este é um dos nossos conceitos principais, o de manter um alto nível de qualidade em termos do que é e não é exposto. Se assim não for, todos pensarão que têm qualidade e os menos bons sentir-se-ão ao nível dos artistas muito bons, para além

de que o museu não iria conseguir manter uma imagem profissional.

Relativamente aos itinerários turísticos que o Governo criou. Considera que deveria ser in-cluída mais cultura e arte nestes percursos? A grande maioria dos turistas vem para ir aos casinos. Será responsabilidade do Execu-tivo proporcionar outro tipo de actividades?

Acho que não só nós, enquanto entidade cultura, devíamos estar preocupados com o fomento cultural e artístico, porque são áreas que de-sempenham um papel fundamental no turismo. Os turistas não vêm cá apenas para experiências materiais, mas também espirituais, que é um ponto muito importante. Considero que o elemento cultural no turismo não cria conflitos com a visita aos casinos. É importante puxar mais elementos culturais para mostrar a história de Macau, uma vez que ela efectivamente existe aqui. Em termos económicos, julgo que se in-cutirmos mais a cultura aos turistas, isso vai permitir que as pessoas gas-tem bastante dinheiro na compra de

peças de arte, por sua vez ajudando no aumento de receitas de Macau.

Que medidas considera que o Go-verno deveria tomar nesse sentido? Enquanto funcionário do Governo, não posso comentar este assunto. Contudo, posso dizer – enquanto trabalhador de um museu – que gostaria de receber mais recursos e sugestões que ajudassem a de-senvolver a imagem da cidade. Estão a ser desenvolvidos cada vez mais centros artísticos em bairros operários, por exemplo. Este tipo de indústria é crucial para mos-trar que Macau também pode ser competitivo ao nível da arte, além de ser igualmente importante em

“É importante puxar mais elementos culturais para mostrar a história de Macau, uma vez que ela efectivamente existe aqui.”

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hoje macau quinta-feira 17.7.2014 3POLÍTICA

ANDREIA SOFIA [email protected]

D EPOIS de muitas ma-nifestações e vozes de protesto que exigiam a criação de uma nova Lei

de Protecção dos Animais, eis que o Governo apresentou, no passado dia 23, o projecto de lei à Assem-bleia Legislativa (AL). Contudo, a entrada oficial do diploma, para efeitos de votação e análise, está suspensa por motivos jurídicos.

Em causa está a apresentação do mesmo projecto de lei pelos deputa-dos José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai em Fevereiro, o qual foi chumbado. O Regimento da AL determina que dois projectos de lei semelhantes não podem ser apresen-tados na mesma sessão legislativa.

“Como o Governo apresentou a proposta de lei - e face ao artigo 109 do Regimento -, a questão é se a proposta de lei deve ser admitida. Entendemos que existem seme-lhanças entre o projecto e a proposta

O Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) ainda não

tem uma data concreta para a apresentação da nova lei sobre o ensino superior à Assembleia Legislativa (AL), isto apesar do processo estar “na sua fase final” des-de Janeiro do ano passado.

“O GAES já concluiu a versão preliminar da proposta de lei do Regime do Ensino Superior e tenta, com a maior brevidade, passar para a etapa seguinte

ENTREVISTA CHAN HOU SENG, DIRECTOR DO MUSEU DE ARTE DE MACAU

“Mercado de artistas locais está a florescer”termos sociais, porque abre os olhos e a mente das pessoas para serem mais criativos. É por isso mesmo que temos que ter mais recursos e formas de incentivar a que as pessoas queiram saber mais sobre arte.

Quanto a pessoas formadas nas áreas específicas da cultura, como vê a situação? Acho que este ponto não está assim tão mau em Macau, pois há cada vez mais serviços e departamentos governamentais a usarem recursos na educação. No nosso caso, temos um ateliê específico aqui no museu para dar a conhecer a arte às pessoas e criar um cada vez maior grupo de visitantes. Não temos um programa académico, mas sim direccionado para o entretenimento.

Como vê o sector da educação artística? Acho que o panorama actual é positivo. Há 20 anos, ninguém ima-ginaria que teríamos um aeroporto internacional ou um museu de arte. Não é que tenhamos passado de não termos nada a termos tudo... Há cada vez mais jovens a estudar artes no estrangeiro e, talvez num futuro pró-ximo, o sistema educativo possa ser melhorado até determinado ponto.

Ao nível da legislação, considera que há pontos a melhorar ou acrescentar para que o sistema das indústrias culturais e criativas e o mercado da arte em Macau funcione melhor? Julgo que há algumas alterações que deviam ser feitas, mas não tanto em termos de legislação. Neste momento, julgo que todo o sistema seria mais eficaz se houvesse um reordenamento e integração em termos de gestão de recursos humanos nos departamentos. Seria positivo redireccionar determinados departamentos para atingir os fins desejados. Isto já está previsto e deverá acontecer no próximo ano.

Considera que os regulamentos relativos aos concursos de finan-ciamento das indústrias culturais são adequados para os residentes de Macau? Embora não seja especialista e não esteja familiarizado com estas maté-rias, acho que todos os regulamentos são baseados em provas dadas e estatísticas e por isso, acho que se calhar as pessoas têm que ser mais pacientes ou procurar mais informa-ções antes de se candidatarem a este tipo de financiamentos.

O presidente da Assembleia Legislativa pediu uma análise jurídica para saber se a proposta de Lei de Protecção dos Animais pode dar entrada oficial no hemiciclo, depois do chumbo do projecto de Pereira Coutinho. Albano Martins “lamenta” a situação. Vong Hin Fai sugere revisão do Regimento da AL

PROTECÇÃO ANIMAL QUESTÕES JURÍDICAS PARAM A LEI

A lebre e a tartaruga

“ (Pereira Coutinho) Usou os animais com objectivos políticos e não olhou para os seus direitos.”ALBANO MARTINS Presidenteda Sociedade de Protecçãodos Animais

ENSINO SUPERIOR LEI SEM DATA PARA CHEGAR À AL

A eterna “fase final”do processo legislativo”, foi confirmado ao HM através de e-mail.

Tal como já tinha sido anunciado, a nova lei pretende trazer uma maior autonomia às instituições públicas de ensino, o “aumento de flexibilidade das mesmas em ministrar

cursos” e ainda “assegurar o investimento de recursos no Ensino Superior”.

Dependentes da nova lei estão os estatutos jurídicos das instituições públicas de ensino, que passarão por alterações.

O Instituto Politécnico de Macau (IPM) confir-

mou ao HM que todas as mudanças dependem da nova lei. “Estamos todos à espera do lançamento da nova lei e depois é que podemos ter uma ideia geral em que áreas é que podemos fazer alterações ou aperfeiçoamentos”, garantiu o organismo.

Recorde-se que o novo diploma vai trazer novos programas, a possibilidade de politécnicos oferecerem cursos pós-licenciatura e maior autonomia para as instituições públicas para, nomeadamente, pagarem os salários entendidos.

O GAES prefere não re-velar datas exactas. Recor-de-se que este projecto de lei está para ser entregue ao hemiciclo para discussão e votação dos deputados desde 2011. - A.S.S.

de lei apresentada pelo Governo, pois têm a mesma finalidade, com penalizações e sanções quanto ao mau trato dos animais. Numa posi-ção preliminar, a comissão entende que há repetição na apresentação da proposta de lei do Governo”, explicou o deputado Vong Hin Fai, que preside à Comissão de Regimento e Mandatos (CRM).

A análise por parte da CRM partiu de um pedido de Ho Iat Seng, presidente da AL, sendo que ainda não há uma decisão final para que o diploma tenha luz verde no he-miciclo. Hoje deverá ser entregue um relatório para que o presidente do hemiciclo possa decidir.

PRESIDENTE DA ANIMA “LAMENTA”Uma das vozes que mais tem exigido a elaboração de uma nova lei dos animais é Albano Martins, presidente da Sociedade de Pro-tecção dos Animais - ANIMA. Em declarações ao HM, o também economista “lamenta” o entrave legislativo.

“Pedi ao deputado Pereira Coutinho para encontrar uma solução em conjunto com o Governo e não correr apressado. Estava consciente de que poderia destruir a hipótese da [entrega] da proposta de lei à Assembleia.”

Albano Martins fala ainda de “objectivos políticos” por parte de José Pereira Coutinho na apresen-tação, pela segunda vez, do seu projecto de lei, que acabaria por ser chumbado duas vezes.

“Usou os animais com objec-

“...gostaria de receber mais recursos e sugestões que ajudassem a desenvolver a imagem da cidade.”

tivos políticos e não olhou para os seus direitos. Estava convencido de que a apresentação do seu projecto de lei iria levar a esta interpretação legal da proposta de lei [do Governo]”, disse ainda.

O HM tentou ontem, por diver-sas vezes, chegar à fala com José Pereira Coutinho, mas o deputado não se mostrou disponível até ao fecho da edição.

REGIMENTO É PARA REVER,MAS NÃO JÁSegundo Vong Hin Fai, a única possibilidade de ultrapassar este impasse jurídico passa pela revi-são do artigo 109. “Ao fim e ao cabo, temos de ver se o que está no artigo 109, em relação à proi-bição de repetição [de propostas de lei], se se refere ao Governo ou aos deputados. Há uma certa incompatibilidade. Sugerimos que se faça a revisão do artigo 109 o quanto antes, para que possa estar de acordo com o artigo 75 da Lei Básica [que fala da iniciativa dos deputados em matéria legislati-va]”, explicou o deputado.

Apesar da revisão do Regi-mento da AL estar na agenda dos deputados desde o ano passado, a verdade é que tal está longe de se tornar uma realidade. “A comissão já teve várias reuniões para debater essas opiniões e para proceder à revisão do Regi-mento. Parece que o tempo não é suficiente para conseguir um texto completo nesta sessão le-gislativa. Ainda não há consenso. A revisão geral do Regimento a curto prazo não é fácil”, garantiu Vong Hin Fai.

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4 política hoje macau quinta-feira 17.7.2014

Apesar de condenar a luta pelo sufrágio em Hong Kong, por ser demasiado violenta, Susana Chou desvaloriza a questão do “referendo civil” em Macau, salientando, no entanto, que as leis têm de ser respeitadas

CECÍLIA L [email protected]

A antiga presidente da Assembleia Legis-lativa (AL), Susana Chou, considera que

o sufrágio universal ou qualquer maneira de eleger o Chefe do Executivo precisa de um consenso da maioria dos residentes, mas

O novo presidente da As-sociação Novo Macau

(ANM), Sou Ka Ho, falou das condições necessárias para alguém ocupar o cargo de Chefe do Governo de Macau. Em declarações ao jornal Cheng Pou, Sou Ka Hou disse que é necessário “ter consciência para as-sumir responsabilidades, ouvir as opiniões da po-pulação, incluindo as críti-cas, por forma a corrigir e melhorar as políticas”. Sou Ka Hou disse ainda que o maior problema é o facto da população não poder participar na eleição do Chefe do Executivo. Dessa forma, o jovem dirigente

SUFRÁGIO UNIVERSAL SUSANA CHOU CONDENA LUTA “VIOLENTA” EM HONG KONG

“Eleições precisam de consenso”

“Não acho que este referendo seja algo excessivo”

ELEIÇÕES CE CHUI SAI ON QUER ESTAR MAIS PERTO DA POPULAÇÃO

Equipa que ganha não se mexe

não discorda do “referendo civil” que está a ser levado a cabo por três associações pró-democracia.

Num último ‘post’ no seu blogue, Chou condena a luta pelo sufrágio universal em Hong Kong, considerando que esta é muito “violenta”, mas relembra que Macau não pode ter um sufrágio universal porque, ao contrário de Hong Kong, a Lei Básica não prevê isto.

Contudo, a antiga presidente da AL não considera que a elabo-ração de um referendo não-oficial seja motivo de preocupação. “Re-centemente, surgiu o referendo civil sobre o sufrágio universal para o Chefe do Executivo. Não acho que este referendo seja algo excessivo”, referiu, acrescentan-do contudo que deve ser tido em conta as leis a seguir e que devem ser respeitadas. “As eleições para o Chefe do Executivo são totalmente dependentes da Lei Básica e de leis locais. Neste caso, considero que não interessa se todos os residentes concordarem com este modelo de eleições ou não, porque, na prática, as nossas eleições têm que ser executadas pela lei.”

Pelo contrário, diz Susana Chou, o sufrágio universal não

existe na Lei Básica, pelo que não se pode colocar esta situação como objectivo para 2019 “à vontade” do freguês. “Ainda há a possibilidade de, no futuro, Macau ter o sufrágio universal, mas o elemento que é mais importante é que isto depende da tendência de desenvolvimento no futuro e se a maioria dos resi-dentes de Macau puderem chegar a um consenso sobre o sufrágio universal.”

A ex-presidente da AL disse ainda que a série de acções de Hong Kong teve alguma influência em Macau. Dando como exemplo a jovem finalista que mostrou um cartaz na cerimónia de graduação da Universidade de Macau (UM), a defender a liberdade académica, Susana Chou explica que o a actividade causou polémica porque casos semelhantes nunca tinham acontecido em Macau, pelo que a

universidade não soube lidar com o assunto. “Contudo, acho que a reacção de UM foi demasiado exagerada, não era preciso expulsar a aluna nem o jornalista que estava a tirar fotos da sala.” Susana Chou considera que a acção da jovem não respeitou de facto a ocasião séria, mas que, comparado com a ocupação da AL de alunos de Taiwan e outras acções ilegais, o caso da UM , diz, foi apenas um caso muito leve.

A antiga presidente da AL condenou ainda a forma como têm sido levadas a cabo as manifes-tações em Hong Kong a favor do sufrágio universal. “Estou contra todas as propagandas com tendên-cias violentas e contra os políticos que se aproveitam do seu direito enquanto deputados [para criar problemas]. Considero que o Go-verno deveria garantir o direito de luta pela liberdade e democracia, mas quando os residentes estão a lutar, também deveriam garantir a estabilidade social e ter o dever de procurar uma resolução pacífica dos conflitos”, disse referindo-se ao caso de ocupação de Central, em Hong Kong e aos conflitos na Assembleia Legislativa de Hong Kong entre um deputado e o Chefe do Executivo da RAEHK, CY Leung.

Sou Ka Hou e Coutinho falam do que é preciso para ser CE

V ONG Hin Fai, Leong Sio Pui e Eva Lou mantêm-se como

a equipa de Chui Sai On na campanha eleitoral do Chefe do Executivo para um próximo mandato. O deputado Vong Hin Fai é o mandatário, Leong Sio Pui, coordenador, e Eva Lou, coordenadora-adjunta, e comandam uma equipa de mais sete pessoas que tenta, até Agosto, que Chui Sai On seja reeleito Chefe do Executivo.

A sede de campanha de Chui passa a ser na Avenida da Praia Grande, num local cuja renda é de 10 mil patacas por mês, e terá disponíveis sete fun-cionários – cujos salários totalizam cem mil patacas. A sede vai disponibilizar o programa eleitoral de Chui Sai On e vários encontros e actividades para o público.

HO CHIO MENG NÃO VAI A ELEIÇÕESO procurador do Mimistério Público, Ho Chio Meng, afirmou que não vai participar nas eleições. Ontem, Ho disse que actualmente, quer melhorar o seu trabalho, e deu o seu apoio a Chui Sai On. “Dou a bênção ao Chefe do Executivo Chui Sai On, apenas em meu nome, para que ele seja reeleito.” Sobre o referendo civil, Ho Chio Meng

disse apenas que é preciso dar atenção, porque a actividade é apenas uma actividade de grupos cívicos, mas não quis comentar mais o caso.

Actividades que, garante a equipa, não se ficam por aqui: Chui Sai On vai também “mais vezes” aos bairros antigos, de forma a entender as necessidades da população.

A equipa, garante Vong Hin Fai, fará tudo para ganhar o máximo apoio dos mem-bros da Comissão Eleitoral para a o líder do Executivo. “Temos muitas confiança de que vamos ganhar mais de 65

datura, Vong Hin Fai, é um dos deputados nomeados pelo actual Chefe do Exe-cutivo mas, sobre se poderá vir a ocupar um cargo no próximo Governo, caso o actual Chefe do Executivo seja reeleito, o mandatário diz nunca ter pensado no assunto. “Agora só quero fazer bem os trabalhos de campanha eleitoral. Desejo que Chui Sai On consiga ser reeleito.” - F.F.

considera que o Governo pode não ouvir ou não fazer nada depois de ter acesso às opiniões da população, porque esta não tem direito de votar. O deputado José Pereira Coutinho também disse ao Cheng Pou que é “fácil” ganhar apoio do sector comercial e dos mais tradicionais para se ser eleito para o cargo. Mas Coutinho disse estar “con-victo” de que o sufrágio universal é a única maneira de obter alguém com as condições ideais, já que “é eleito por cada residente e é um líder mais aceitável e independente face ao sector comercial”. - F.F

“HK INFLUENCIOU MACAU”

assinaturas dos membros [da Comissão Eleitoral]” frisou a equipa. Chui precisa deste número para conseguir ser candidato.

Quanto ao orçamento para a campanha eleitoral, o mandatário não avança estimativas, mas garante que a intenção de Chui Sai On é poupar dinheiro na campanha, relativamente ao ano passado.

O mandatário da candi-

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5 políticahoje macau quinta-feira 17.7.2014

FLORA [email protected]

O presidente da Asso-ciação Comercial de Macau deseja que Chui Sai On

consiga ser novamente o Chefe do Executivo durante os próxi-mos cinco anos e tem já um plano sobre o que pedir ao líder do Executivo: o aumento do apoio às pequenas e médias empresas. Mas, Ma Iao Lai não é o único.

Também o presidente da As-sociação de Construtores Civis, Paulo Tse, apoia a recandidatura de Chui Sai On e diz esperar que este possa “resolver o problema do salário mínimo”. Paulo Tse acredita que as pessoas mais velhas poderão vir a perder o emprego devido à implementa-ção do salário mínimo, porque os empregadores vão, diz, que-rer recrutar trabalhadores mais jovens, já que o salário é igual.

Realizar o sonho da popula-ção – através da implementação da política ‘Terras de Macau para residentes de Macau’ – é o desejo de Ng Siu Lai, presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau. O responsável assegura que apoia Chui, mas diz esperar que o líder do Executivo aumente também a capacidade administrativa.

Aprender com a experiência para melhorar a Administração é também o que pede o presi-dente da Associação Taoísta de Macau, Wu Bingzhi, que comenta que podem ser vistos resultados no trabalho que Chui Sai On efectuou ao longo destes cinco anos, mas, diz, ainda há espaço para melhorar. Entre estas melhorias, o responsável destaca a política de habitação

M ACAU e Guang-dong assinaram ontem sete pro-

jectos numa nova zona de cooperação na Ilha de Montanha, onde serão criados estabelecimen-tos de comidas, saúde, culturas criativas, alta tecnologia e outros.

As autoridades da RAEM e da Ilha da Montanha discutiram a possibilidade de Macau ter mais 10 quilómetros quadrados na zona, com investimento total de 7,2 milhões de yuan.

O desenvolvimento da zona de Cuiheng, na

Edifícios Deputados querem inspecções obrigatórias

MAK Soi Kun e Melinda Chan fi-zeram ontem duas interpelações

escritas apelando a uma inspecção obrigatória dos prédios antigos. Mak Soi Kun aponta que muitos prédios velhos nos bairros antigos não são reparados nem mantidos, algo que não é obrigatório por lei, mas, diz o deputado, deveria ser.

Dando como exemplo o colapso re-cente de um prédio velho na Rua Nova do Comércio, Mak Soi Kun, relembra que, apesar de o Regulamento Geral da Construção Urbana regular que todos prédios devem ser reparados e que a manutenção de cinco em cinco anos deve ser feita para assegurar a quali-dade dos prédios, não é obrigatório fazer a inspecção dos prédios.

“Para assegurar a segurança da vida e da propriedade da população”, o deputado pede às autoridades um calendário concreto para o público saber como está o processo de revisão da lei e mais pessoal técnico para fazer inspecções profissionais.

Também Melinda Chan considera que os incidentes com o Edifício Sin Fong e do prédio da Rua Nova do Comércio servem de alerta para o Governo melhorar os projectos de inspecção dos prédios, bem como acelerar a reestruturação dos bairros antigos. - F.F.

Salário mínimo Novo Macau quer subsídio para empregadores

A Associação de Nova Macau entregou ontem uma carta ao

presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, apelando a que o hemiciclo implemente a Lei do Salá-rio Mínimo em todos os sectores de Macau, bem como crie um subsídio para os proprietários dos prédios pequenos, uma vez que estes, diz a associação, têm dificuldades em pagar os salários. Na carta entregue na AL, a Novo Macau critica o Governo por ter implementado a Lei de Bases da Política do Emprego e do Direitos Laborais em 1998, mas ter demorado muito a implementar o salário mínimo. A associação considera positiva a implementação de um salário mínimo no sector da administração predial e da limpeza, mas, sugere que em breve seja implementada esta medida para todos os funcionários.

A criação de um subsídio para os proprietários é outra das sugestões da associação, que diz que a imple-mentação deste salário mínimo – de 30 patacas por hora - causou conflitos entre os empregadores e os trabalha-dores. Como exemplo, a Novo Macau sugere que os empregadores paguem 70% do salário e o Governo suporte 30%. - F.F.

ELEIÇÕES CE VÁRIOS SECTORES COM CHUI SAI ON

Ao lado do chefe

ILHA DA MONTANHA MACAU QUER MAIS TERRENOS

No dobrar é que está o ganhocidade de Zhongshan, também foi discutido no encontro, com o líder do Governo, Chui Sai On, a dizer que, nessa zona, poderão vir a ser cons-truídos lares para idosos “O problema é que as duas regiões têm siste-mas diferentes, mas são dificuldades que estamos a procurar ultrapassar, en-contrando consensos para

a cooperação. O essencial é que os nossos idosos possam escolher o local onde querem passar a terceira idade. Queremos dar as opções de poderem viver com familiares ou escolherem um lar de ido-sos”, disse Chui Sai On.

A ideia do Governo é dinamizar a economia, sociedade, cultura e a vida das duas regiões.

Zhu Xiaodan, gover-nador da da província de Guangdong, assegurou apoiar as empresas de Macau através de um esquema semelhante ao adoptado na Ilha da Mon-tanha, ou seja, o Governo Central dá o espaço, fa-cilita as formalidades de entrada pelas fronteiras e liberaliza os serviços comerciais. - F.F.

7,2milhões de yuan,

investimento total

e o controlo do preço das casas nos prédios privados, de forma a que os jovens consigam adquirir um apartamento.

Quem apoia também Chui Sai On, mas espera que este me-lhore os trabalhos no próximo mandato é o vice-presidente da

Federação das Associações dos Operários de Macau, Lao Ion Fai que, ainda assim, diz que os trabalhos feitos pelo ainda líder do Executivo já servem de base para um bom desenvolvimento de Macau.

Chui Sai On apresentou a

sua recandidatura esta semana e a sua equipa responsável pela campanha, cujo mandatário é Vong Hin Fai, acredita que con-seguirá reunir as 65 assinaturas necessárias dos membros da Comissão Eleitoral que escolhe o Chefe do Executivo.

São várias as associações que manifestaram o seu apoio à recandidatura de Chui Sai On, sem deixarem de dizer que ainda há espaço para melhorar no que diz respeito à habitação e ao apoio às pequenas e médias empresas, entre outros aspectos

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6 hoje macau quinta-feira 17.7.2014SOCIEDADE

ANDREIA SOFIA [email protected]

A luta já dura há dois anos e parece ter chegado ao fim: o Tribunal de Última Instância (TUI)

negou o recurso apresentado por 27 aposentados que pretendiam receber do Governo o subsídio de residência, de 1500 patacas mensais. O Governo entendeu que não tinham direito a esse benefício por terem transferido as suas pensões para Portugal antes da transferência de soberania e por terem optado por despesas pagas aquando da sua fixação de residência em Portugal, na altura.

Com o pedido negado por parte da Administração e do Tribunal de Segunda Instância (TSI), os aposentados, com o apoio da Associação de Aposentados, Re-formados e Pensionistas de Macau (APOMAC), resolveram entregar novos recursos junto do TUI, que foram agora rejeitados.

Ao HM, Francisco Manhão, presidente da APOMAC, disse estar “desiludido” com o resulta-do. “O tribunal fala do artigo 98 da Lei Básica, mas quem violou a Lei Básica foi a Administração local, porque pagou [o subsídio] a

Droga Taxistaem prisão preventiva Um taxista residente local e um imigrante ilegal acusados de tráfico de droga no início do mês passado estão em prisão preventiva, anunciou ontem o Ministério Público. Ao todo, eram três os suspeitos submetidos à investigação das autoridades. Em causa estão 3700 gramas de droga apreendidos num apartamento no Fai Chi Kei, local onde ficava o imigrante ilegal, e o transporte da substância para os estabelecimentos de entretenimento efectuado pelo taxista. A cônjuge do imigrante ilegal foi detida na altura da apreensão, mas foi posteriormente libertada, sendo agora submetida apenas a medidas de coacção.

Ka-Hó 800 dias para lar de idosos e hospital Desde ontem e até ao dia 18 de Agosto que a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) está a receber propostas para a construção de um lar de idosos e um hospital de convalescença na povoação de Ka-Hó, em Coloane. O despacho sobre o concurso público foi ontem publicado em Boletim Oficial (BO) e determina o prazo de execução da obra em 810 dias.

UM Peter Lam continua vice-presidenteO cargo de vice-presidente do Conselho de Administração da Universidade de Macau (UM) - ocupado por Peter Lam desde 2009 - foi renovado por mais um ano, segundo ordem executiva, assinada pelo Chefe do Executivo e ontem publicada em Boletim Oficial (BO). O empresário, que ocupa o cargo há cinco anos, é ainda membro da direcção da International School of Macau (TIS), membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e, em Macau, foi membro da comissão que escolheu o primeiro Governo da RAEM, fazendo ainda parte da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo. Peter Lam é vice-presidente do Conselho de Administração da Fundação Macau, vice-presidente da direcção da Associação Comercial de Macau e dirige a empresa New City Investment and Construction. Anteriormente assumiu também a presidência do World Trade Center de Macau, depois da ex-presidente da Assembleia Legislativa, Susana Chou. - HM

“...quem violou a Lei Básica foi a Administração local, porque pagou [o subsídio] a uns filhos,e não pagou a outros, enteados.”FRANCISCO MANHÃO Presidente da APOMAC

O Tribunal de Última Instância indeferiu os 27 recursos apresentados poraposentados que pretendiam receber o subsídio de residência do Governo de Macau. Francisco Manhão, presidente da APOMAC, diz-se “desiludido” e não põe de partea apresentação de uma carta ao Chefe do Executivo

SUBSÍDIO DE RESIDÊNCIA TUI NEGA VINTE E SETE RECURSOS

APOMAC perdeu a batalha

Sistema bancário Sobem empréstimos hipotecários

uns filhos, e não pagou a outros, enteados. Para a minha infelici-dade e de outras pessoas, somos do grupo dos enteados”, frisou Francisco Manhão.

Apesar de considerar que pouco há a fazer depois desta decisão final, Manhão não põe

de lado a apresentação de uma carta ao Chefe do Executivo. Contudo, diz, “terá de se reunir o pessoal todo” para que não seja uma decisão de uma só pessoa. “Vamos pensar, mas de facto a única saída é o Chefe do Execu-tivo”, explicou.

Os visados já tinham entregue, em 2011, um dossiê a Chui Sai On, que enviou o caso para o Comissariado contra a Corrupção (CCAC). Este, em Setembro de 2012, considerou que os refor-mados têm direito a receber o subsídio de residência, falando de uma má interpretação da lei por parte do Executivo.

SUBSÍDIO É DIREITO “ACESSÓRIO”O acórdão do TUI cita o artigo 98 da Lei Básica, que estipula que “a RAEM paga as suas pensões de aposentação aos funcionários que se aposentem depois do estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau, independentemente da sua nacionalidade e do seu local de residência”.

“Noutras palavras, a RAEM não paga aos que se tenham aposentado até 19 de Dezembro de 1999. Foi exactamente por causa disso que tanto o Governo português, como o Governo do Território de Macau, fizeram aprovar dispositivos legais pre-vendo a possibilidade de todos os funcionários aposentados antes 19 de Dezembro de 1999 poderem requerer que a responsabilidade pelas suas pensões ficasse a cargo da Caixa Geral de Aposentações (CGA)”, pode ainda ler-se no comunicado do TUI.

Os juízes do TUI considera-ram ainda que o subsídio de resi-dência é “meramente um direito complementar ou acessório, cuja existência é dependente do direito fundamental”, ou seja, a pensão de aposentação.

“Os recorrentes, sendo apo-sentados do Território de Macau sob administração portuguesa, nem sequer adquiriram o direito à pensão de aposentação conferido pela Lei Básica, muito menos se podendo falar do subsídio de resi-dência”, revela ainda o tribunal.

OS bancos de Macau emprestaram em Maio 6,1 milhões de patacas em novos empréstimos

hipotecários para habitação, uma subida homóloga de 46,2% e que foi na sua maioria contraído por residentes da cidade.

Dados oficiais ontem divulgados indicam que em Maio os residentes locais contraíram emprésti-mos no valor de 5,9 milhões de patacas, mais 48% do que no mesmo mês de 2013.

Já os não residentes apenas pediram aos bancos locais 95,78 milhões de patacas, um valor 18% mais baixo do que em Maio do ano passado.

Em termos globais e com o imobiliário de Macau

a não dar sinais de arrefecimento, os bancos tinham concedidas 130,6 milhões de patacas - mais 25% do que em Maio de 2013 - com os residentes locais a deverem aos bancos 124,5 milhões de patacas, mais 27,1%.

O imobiliário em Macau registou desde 2004 uma forte subida depois da entrada no mercado dos novos operadores de jogo e constitui neste momento um dos principais problemas da socie-dade, pela dificuldade em comprar casa e pelos valores elevados do arrendamento porque, sendo um mercado livre, não há um limite mínimo ou máximo para aumentos das rendas. - LUSA

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GIT

7 sociedadehoje macau quinta-feira 17.7.2014

LEONOR SÁ [email protected]

D E acordo com a arquitec-ta e escultora do Centro Ecuménico Kun Iam (CEKI), Cristina Rocha

Leiria, e André Ritchie, a estátua de Kun Iam não só irá permanecer no mesmo local – frente ao jardim dos NAPE – como deverá ter novos acessos, com mais espaços verdes e até novos equipamentos de apoio ao centro. Antes da decisão final do projecto a construir, haverá uma consulta pública. Tudo isto deverá estar pronto até final deste ano, até porque, segundo André Ritchie, coordenador do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT), há “alguma urgência” em dar início à construção do metro,

CECÍLIA L [email protected]

A agência imobiliária Cen-taline Macau, uma em-presa com capital de Hong

Kong, apresentou ontem um relatório sobre o estado do mer-cado imobiliário nos primeiros seis meses em Macau. O sector considera que, com as políticas apresentadas nos últimos dois anos pelo Governo, o preço do imobiliário já está “estável”.

Segundo Noel Cheung, res-ponsável pelo departamento de

Branqueamentode capitais Aumentodá “maior controlo”A coordenadora do Gabinete de Informação Financeira, Deborah Ng, desvalorizou o aumento do branqueamento de capitais, afirmando que esse comportamento poderá querer dizer que existe “um maior controlo interno de transacções suspeitas”. Em declarações ao canal televisivo TDM, Deborah Ng explicou que o aumento da taxa indica que as autoridades competentes estão cada vez mais atentas a problemas relacionados com a lavagem de dinheiro. A coordenadora falou durante a 17ª Reunião Anual do Grupo Ásia-Pacífico contra a lavagem de dinheiro que conta com a participação de mais de 350 delegados de 41 países, regiões e organizações.

IMOBILIÁRIO RESIDENTES COMPRAM MAIS CASAS EM HONG KONG

Mal por mal...habitação, no primeiro semestre o negócio das casas privadas caiu 43%, comparando com ano passado, porque as casas novas começaram a ser mais pequenas, mas os seus preços são mais altos.

A falta de casas em segunda mão levou também muitos inves-tidores a comprar casas noutros locais, como foi o caso de Hong Kong, por isso, diz, o negócio ficou “aborrecido” em Macau. “Há cada vez mais residentes de Macau a comprar casas em Hong Kong, porque em Macau falta oferta e o preço por pé-quadrado

é cada vez mais próximo do de Hong Kong. Os empresários de Hong Kong usam descontos para atrair os residentes de Macau”, frisou Noel Cheung.

A agência quer que o Governo resolva o problema de oferta de terras e considera que o reorde-namento dos bairros antigos é

a melhor solução, actualmente, para isso. “Com a falta de terre-nos, as casas de Macau vão ser cada vez mais pequenas. Mesmo assim, ainda faltam terrenos para construir mais casas. Por isso, o reordenamento dos bairros anti-gos é necessário para resolver o problema de falta de terrenos.”

METRO NA MONTANHAO metro ligeiro de Macau vai chegar à Ilha da Montanha. Já há um consenso entre as duas regiões para o alargamento do projecto à Ilha da Montanha. As obras vão ser desenvolvidas pelo Governo da RAEM. Niu Jing, director da Comissão de Gestão da Ilha da Montanha, revela que vai haver uma articulação entre o metro de Macau e o de Zhuhai, citado pela rádio Macau. “O metro ligeiro pode, a partir da Taipa, pelo túnel subterrâneo, chegar até à Ilha da Montanha e uma vez lá haverá uma ligação com o metro de Zhuhai. Isto está decidido. Esperamos poder iniciar as obras concretamente no final deste ano”, revelou Niu Jing.

É oficial. O Centro Ecuménico da deusa Kun Iam não vai mudar de sítio. A escultora responsável pelo projecto, Cristina Rocha Leiria, veio a Macau para reunir com os responsáveis pelas obras do metro ligeiro e afirmou que a mudança da estátua nunca foi uma opção. Agora, há duas hipóteses para incluir o metro naquela zona

METRO LIGEIRO ESTÁTUA DE KUN IAM NÃO VAI SER MOVIDA

Ou por baixo, ou por cima

depois de já terem sido celebrados vários contratos, nomeadamente com a gigante Mitsubishi.

São duas as opções pensadas para aquela zona: a construção, em suspensão, de uma zona ajardinada e de uma ponte debaixo da qual

passará o metro, ou a construção do jardim por baixo da já existente avenida Sun Yat Sen, sendo que o metro passaria à altura da estrada, paralelamente aos automóveis e mais longe da estátua do que ini-cialmente se havia pensado.

Para a autora do CEKI, “nenhu-ma das opções” é a melhor, mas neste momento o que interessa é “tentar salvaguardar” a estátua. De acordo com Cristina Rocha Leiria, o CEKI funciona como uma “agulha de acupunctura” no território, uma vez que “o que já lá está tem muito bom ‘feng shui’”, explicou a desenhadora daquele que é considerado o último projecto da administração portuguesa.

SEM MAIS DADOSPara já, sabe-se apenas que está prevista uma consulta pública para apurar qual o projecto que os residentes preferem. Esta deverá ser incluída na auscultação já em

curso, relativa ao traçado norte do metro. Ainda não há data, nem orçamento previsto para o pro-jecto que vai dar uma nova vida à estátua, sabendo-se apenas que a segunda opção – com a construção subterrânea dos espaços ajardina-dos – deverá custar mais tempo e dinheiro ao erário público do que a primeira, pois obriga a mais obras e cortes numa das principais avenidas de Macau. “Ainda não fizemos estimativas de custos, porque ainda vamos aguardar pelas considerações da sociedade”, disse Ritchie, durante uma conferência de esclarecimento à imprensa.

“TENTAR HARMONIZAR” As negociações entre os três arqui-tectos e restantes entidades respon-sáveis duraram cerca de um mês e tiveram em vista a preservação da estátua e sua localização. “Seria impossível considerar a mudança de sítio porque o centro ecuménico pesa 50 toneladas e está seguro por estacas de 30 metros de altura”, explicou Cristina Leiria.

A responsável pelo projecto fri-sou ainda a necessidade de manter uma simbologia forte na estátua e é por isso mesmo que os dois novos projectos terão como base a figura de um morcego – significativo de boa sorte na cultura chinesa – e de uma flor de lótus, o símbolo de Macau.

Neste momento, o principal objectivo da autora do CEKI e do arquitecto responsável pela projecção do jardim na Alameda Carlos D’Assumpção é “tentar harmonizar” toda a zona ribeirinha do NAPE e optimizar a frente ma-rítima da estátua Kun Iam.

Mesmo depois de terem sido considerados como os dois pro-jectos “mais viáveis” de entre os vários discutidos, continuam a existir reservas, principalmente no que diz respeito à segunda opção, onde o metro passa à altura dos automóveis e o jardim deixa de estar suspenso para também estar ao nível do chão.

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8 sociedade hoje macau quinta-feira 17.7.2014

U MA delegação mo-çambicana lide-rada por Arlindo Langa, presidente

da Comissão Nacional de Jogos de Moçambique, está em Macau para “recolher experiências” na área da le-gislação do jogo em casino e quer fazer crescer o sector no país. “Macau é uma região com uma área de jogo ex-tremamente desenvolvida e, reconhecendo essa questão,

Está concluída a investigação a um acidente de helicóptero ocorrido em Hong Kong, no dia 3 de Julho de 2010. Segundo um comunicado emitido pela Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM), que cita o relatório de investigação, o acidente deu-se devido à “falha de uma das asas do helicóptero, o que forçou o piloto a fazer uma aterragem de emergência no mar”. As falhas na asa deveram-se a “falhas de qualidade na produção” do aparelho. O relatório destacou ainda a capacidade do piloto para fazer a aterragem de

emergência, o que “deu tempo suficiente para os passageiros serem evacuados e salvos, o que reduziu os danos ao mínimo”. “Operado pela East Asia Airlines Limited (EAA), o helicóptero operava serviços entre Hong Kong e Macau. Pouco tempo depois de ter deixado o heliporto em Sheung Wan, o helicóptero perdeu o controlo da direcção, tendo o piloto ligado a auto-rotação e feito o controlo para a aterragem de emergência. O helicóptero tinha dois pilotos e 11 passageiros, que sofreram apenas pequenos ferimentos.

Radiação Níveis dentro do “normal”

A radiação na atmosfe-ra de Macau está ao

mesmo nível das regiões vizinhas, que é considera-do “normal” e “seguro”. A garantia é dos Serviços Meteorológicos e Geofí-sicos, que apresentaram, ontem os resultados de uma investigação que contou com a colaboração de peritos da China, citado pela Rádio Macau.

Naquela que foi a pri-meira grande investigação do género em Macau, ao longo do ano passado foram recolhidas amostras do ar, aerossóis, iodo em gás, vapores de água, pre-cipitação, sedimentos, solo e água do mar. As análises foram levadas a cabo pelo Centro Técnico de Moni-torização da Radiação do ministério da Protecção Ambiental, da província de Zhejiang, diz a rádio. Nishi Ying, vice-chefe engenheiro do centro, diz que os níveis captados aqui em Macau estão dentro dos parâmetros normais: “De Janeiro até Dezembro, está no nível normal. A conclu-são é que, entre Macau e as outras regiões do Delta do Rio das Pérolas, os raios gama estão ao mesmo nível e é normal”.

As conclusões desta primeira grande investiga-ção vão agora servir como “referência para o futuro”, porque “se não houvesse esta investigação não saberíamos a situação da radiação no fundo do ambiente”.

A investigação agora apresentada foi feita a pensar na entrada em fun-cionamento, no próximo ano, da central nuclear de Taishan, na província de Guangdong, avança ainda a rádio. A apenas 70 quiló-metros de Macau, quando começar a operar, a central, em construção desde 2009, será a mais próxima do território entre as quase 20 actualmente em funciona-mento na China.

JOGO DELEGAÇÃO MOÇAMBICANA EM MACAU PARA APRENDER

Assim se fazem as cousas

“Pretendemos aprender os problemas do jogo, que soluções é que Macau encontrou para o sucesso que está a ter e por isso estamos aqui numa missão de aprendizagem...”ARLINDO LANGA Presidente da Comissão Nacionalde Jogos de Moçambique

HK Falhas na qualidade na origem de acidente de helicóptero

O objectivo é desenvolver o sector na antiga colónia portuguesaem África. O modelo da RAEMé o ponto de partida para a missão moçambicana que quer sabertudo sobre a promoção e osmalefícios do jogo

Moçambique achou melhor estreitar essa cooperação com a cidade no sentido de buscar a experiência de Macau, os problemas que teve na área do jogo, que soluções é que foi encontrar e que lições podemos tirar de Macau para implementar também em Moçambique”, disse Arlindo Langa.

Conforme já tinha sido avançado por Vicente de Jesus Manuel, novo secre-

tário-geral do Fórum Macau ao HM, Moçambique quer desenvolver o jogo na re-gião e o sector do jogo em

Macau e a legislação criada para regular a operação dos casinos é um modelo com o qual Moçambique quer aprender.

“Pretendemos apren-der os problemas do jogo, que soluções é que Macau encontrou para o sucesso que está a ter e por isso estamos aqui numa missão de aprendizagem de tudo o que é feito na promoção do jogo, mas também para evitar os seus malefícios”, explicou Arlindo Langa à agência Lusa.

A lei de jogo em Moçam-bique foi criada em 1994 e revista em 2010, mas Arlin-do Langa quer apresentar ao governo do país uma revisão para ser discutida em 2015, depois das eleições de Ou-

tubro deste ano, até porque, reconheceu, “nos últimos anos o sector não teve muito desenvolvimento porque a lei é muito restritiva”.

Arlindo Langa identifi-cou alguns dos problemas da lei moçambicana como, por exemplo, a impossibilidade de existirem dois casinos a menos de 50 quilómetros um do outro, tudo factores que dificultam a entrada de investidores.

Moçambique tem ac-tualmente dois casinos em operação - um na capital e outro no extremo norte do país - prevendo-se ainda, para breve, a abertura de um terceiro espaço de jogo na cidade da Beiram um investimento chinês, disse.

Arlindo Langa referiu ainda que as receitas brutas dos casinos de Moçam-bique não ultrapassam os 14,5 milhões de dólares norte-americanos. - Lusa/HM

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hoje macau quinta-feira 17.7.2014 9CHINA

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AvisoFaz-se público que a Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações

da Região Administrativa Especial de Macau está a abrir o Concurso Público n.º 2/2014 para a aquisição do serviço de operação do «Sistema de Banda Larga Sem Fios – WiFi GO». O Processo do presente Concurso podem ser descarregados gratuitamente da página electrónica da DSRT (http://www.dsrt.gov.mo).

Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações da RAEM, aos 16 de Julho de 2014.

O Director dos Serviços, SubstitutoHoi Chi Leong

O grupo do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS)

anunciou esta terça-feira, em Fortaleza, nordeste do Brasil, a criação do Novo Banco de Desenvolvimento, cuja sede será em Xangai e a primeira presidência, ocupada pela Índia.

O novo banco tem a função de mobilizar recursos para projectos de infra-es-trutura e desenvolvimento sustentável nos BRICS e em outras economias emer-gentes e foi formalizado na Declaração de Fortaleza, resultado da VI Cimeira do grupo.

“Com fundamento em princípios bancários sólidos, o Banco fortalecerá a coope-ração entre os nossos países e complementará os esforços de instituições financeiras multilaterais e regionais para o desenvolvimento global”, diz a declaração.

O capital inicial autori-zado do banco será de 100 mil milhões de dólares. O primeiro presidente do Conselho de Governadores será da Rússia e o primeiro presidente do Conselho de Administração, do Brasil. Os cargos, assim como a presidência indiana do ban-

Crescimento económicode 7,5% no segundo trimestreA China atingiu um crescimento económico de 7,5% no segundo trimestre comparativamente ao período homólogo do ano passado, indicam dados estatísticos divulgados ontem. Os indicadores referentes ao período compreendido entre Abril e Junho anunciados ontem pelo gabinete nacional de estatísticas estão uma décima acima do crescimento de 7,4% registado no primeiro trimestre. Durante o segundo trimestre, a China “adoptou medidas para estabilizar o crescimento”, afirmou o porta-voz do gabinete nacional de estatísticas da China,Sheng Laiyun, num momento em que o gigante asiático se encontra em fase de desaceleração económica. O índice de crescimento do segundo trimestre deste ano coincide com o objectivo mínimo estabelecido por Pequim para 2014, mas continua abaixo da média de crescimento registada em 2013, que foi de 7,7%.

Inundações 1,2 milhão de afectadosMais de 1,2 milhão de pessoas foram afectadas e cerca de 170.000 foram retiradas na sequência das chuvas torrenciais e inundações nas províncias centrais chinesas de Hunan e Guizhou, informou ontem a agência oficial Xinhua. Hunan é a província mais afectada pelas chuvas, que obrigaram a realojar 148.400 habitantes e destruíram 460 casas. Uma das localidades mais turísticas da província de Hunan – Fenghuang – conhecida pelas pontes e casas tradicionais junto ao rio, é uma das mais afectadas pelas inundações, que destruíram lojas das ruas mais visitadas e obrigaram a retirar turistas e comerciantes. Na vizinha província de Guizhou, o mau tempo levou à retirada de 21.000 pessoas e afectou cerca de meio milhão de pessoas. As tempestades e inundações afectaram o tráfego rodoviário e ferroviário, ao deixarem inundadas auto-estradas e linhas de caminho-de-ferro.

Hong Kong Turbulência em voo da South African Airways causa 25 feridos Pelo menos 25 pessoas ficaram feridas, duas delas com gravidade, durante um voo procedente da África Sul com destino a Hong Kong atingido por turbulência, informou ontem a polícia. Entre os feridos há 13 mulheres e 12 homens. Dois homens gravemente feridos foram hospitalizados em Hong Kong. Televisões locais mostraram ambulâncias no aeroporto de Hong Kong a transportarem os feridos, que estavam a bordo de um avião da South African Airways procedente de Joanesburgo, que aterrou em Hong Kong pelas 12:30. As autoridades aeroportuárias de Hong Kong disseram ter recebido uma notificação do piloto do avião durante o voo solicitando os serviços de emergência para a aterragem. O avião era um Airbus A340-300, segundo a AFP. As autoridades não confirmaram o número de passageiros a bordo.

A criação do banco que pretende promover as economias dos mercados emergentes foi finalmente anunciada. A declaração de Fortaleza, onde o grupo se reuniu, critica ainda a não aplicação de reformas no Fundo Monetário Internacional (FMI)

BRICS BANCO TERÁ SEDE EM XANGAI

Índia presidente

“Com fundamento em princípios bancários sólidos, o Banco fortalecerá a cooperação entre os nossos países e complementará os esforços de instituições financeiras multilaterais e regionais para o desenvolvimento global”DECLARAÇÃO DE FORTALEZA

co, serão alternados entre os países fundadores.

O Novo Banco de Desen-volvimento terá igualmente

um centro regional africano, na África do Sul. Os BRICS assinaram também um me-morando de entendimento

para cooperação técnica entre agências de crédito e garantias às exportações do grupo, para aperfeiçoar as oportunidades comerciais entre os cinco países.

A Declaração de For-taleza critica ainda a não aplicação de reformas no Fundo Monetário Interna-cional (FMI), e defende o avanço das mudanças, para que as economias de mercados emergentes e em desenvolvimento tenham “maior voz e representação” garantidas.

O grupo do BRICS tam-bém se mostrou disposto a aumentar o envolvimento com outros países, assim como com organizações internacionais e regionais. “Estamos prontos para ex-plorar novas áreas em di-recção a uma cooperação abrangente e a uma parceria económica mais próxima, com vista a facilitar inter-conexões de mercado”, lê-se na declaração.

Os cinco membros do grupo realçaram que o momento actual é crucial para “enfrentar os desafios em matéria de recuperação económica sólida após as crises financeiras globais e de desenvolvimento susten-tável”, e informaram que o crescimento económico dos países emergentes e suas políticas de inclusão social “ajudaram a estabilizar a economia global”, além de fomentar a criação de em-pregos, reduzir a pobreza, e combater a desigualdade.

100mil milhões de dólares,

capital inicial

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10 hoje macau quinta-feira 17.7.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

UM CRIME CAPITAL • Francisco José ViegasNo fantástico cenário do auditório ao ar livre da Fundação de Serralves, na cidade do Porto, um homem e uma mulher são encontrados mortos depois de um concerto da Capital Europeia da Cultura de 2001. Jaime Ramos, investigador da Polícia Judiciária e personagem de vários livros do autor, regressa então às páginas de um romance para se ocupar do caso, que no dia seguinte tem novo desenvolvimento dramático - a morte de Illan Levan, um judeu brasileiro técnico de informática, encontrado baleado numa tranquila rua dos subúrbios. Quatro dias depois, outro cadáver, desta vez no cenário romântico do Cais das Pedras. No meio destes crimes aparece entretanto um advogado do Rio de Janeiro, Mandrake, curiosamente o mesmo nome da personagem do escritor brasileiro Ruben Fonseca, de quem «parece» um clone. Um Crime Capital é um divertimento que não deixa de tocar o mundo temático dos anteriores livros do autor: a proximidade da morte, o difícil e perigoso universo das paixões, a ilusão do poder.

SUA SANTIDADE - AS CARTAS SECRETAS DE BENTO XVI • Gianluigi NuzziIsto nunca tinha acontecido - ninguém fora capaz, até agora, de entrar no escritório do Papa e ler seus documentos privados - centenas, que revelam a precariedade da Igreja, entre conspirações e negócios obscuros. Graças a dados fornecidos por uma fonte secreta, as histórias, os personagens e os problemas que dividem a Igreja de hoje, envolvendo Itália e sua política, são expostos. Doações privadas (incluindo as de Bruno Vespa), recomen-dações para Gianni Letta, o caso Ruby e Berlusconi, a verdade sobre os Legionários de Cristo, pedofilia, os excessos de muitos bispos de todo o mundo. Nuzzi une os fios dos casos que se lêem como capítulos de um thriller. A exposição destes casos é, acima de tudo, dar fôlego e coragem a todos aqueles que, dentro da Igreja, não reconhecem uma instituição que seja o rosto procurado por fiéis de todo o mundo.

O artista local Ng Kin Wai vai rea-lizar nas Casas--Museu da Taipa

a sua primeira mostra indivi-dual, intitulada “Impressões da Cidade”, a partir deste sábado e até 17 de Agosto.

A iniciativa do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) é fruto da colaboração do artista na

CASAS-MUSEU DA TAIPA MOSTRA DE NG KIN WAI

Do cimento ao “mundo ideal”

XXIX Exposição Colectiva dos Artistas de Macau, onde foi galardoado com o “Prémio Especial Melhor Criação” e a distinção de “Prémio Melhor Execução” do grupo de pintura ocidental. O IACM atribui es-tes prémios todos os anos para estimular a produção artística local, organizando exposições individuais para os vencedo-res, informa a organização.

A mostra vai albergar um total de 23 obras do artista, em técnicas mistas, que reflectem a maneira como as gerações mais novas interpretam a vida urbana, estando dividida em três categorias - “Céu”, “Pes-soas” e “Paisagens”.

Na secção “Céu”, Ng Kin Wai explora as rápidas mudanças da cidade, usando cimento “para melhor reflectir a paisagem original” e para as imagens “parecerem mais reais”, enquanto que a visua-lização do céu de diferentes ângulos mostra o passar do tempo.

Em “Pessoas”, Ng Kin Wai apresenta uma série de retratos, voltando a usar o cimento – que descreve como

Vinte e três obras em técnicas mistas, do vencedor da XXIX Exposição Colectiva dos Artistas de Macau, podem ser vistas na Taipa até meados de Agosto

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hoje macau quinta-feira 17.7.2014 11 eventos

ANÚNCIOHM - 1ª vez - 17.7.14 Acção de Interdição n.º CV1-14-0020-CPE 1.º Juízo Cível

Requerente: CHOW SU KUONG.Requerido : CHAU CHAN SENG ou CHOW CHUN SHING.

A MERITÍSSIMA JUIZ DO 1.º Juízo CÍVEL DO TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE DA R.A.E.M.: FAZ-SE SABER que, foi distribuída ao 1.º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base de R.A.E.M., a Acção acima mencionada, proposta pelo CHOW SU KUONG contra CHAU CHAN SENG ou CHOW CHUN SHING, do sexo masculino, natural de China, nascido a 27/05/1937, titular do B.I.R.M. n.º 504xxx9(x), residente em Macau na Rua Nova à Guia, n.º 23, Edifício Merry Court, 5.º andar D, para efeitos de ser declarada a sua interdição por anomalia psíquica.

R.A.E.M., aos 14 de Julho de 2014.

FRC Fusão de música ocidental e orientalA Borderless Art Association vai organizar uma palestra sobre música ocidental e oriental na Fundação Rui Cunha no dia 17 de Julho, pelas 18:15. O debate vai ser conduzido em cantonense por Raymond Mok, compositor e professor de música no Instituto Politécnico de Macau. Usando a sua peça ‘A Character Piece’ (composta para sheng, percussão e cordas) como referência, Raymond vai explicar como é inspirado por diferentes estilos de música ocidental e oriental. Ao mesmo tempo, o compositor vai apresentar diferentes compositores de Hong Kong, Malásia e China, que fundem os dois estilos. A entrada é livre.

Clube Militar Mostra de obras fotográficas de Wong Lai Chu A exposição “Sentimentos com a Chuva – Obras Fotográficas de Wong Lai Chu”, está patente ao público entre 19 e 22 de Julho, na Sala de Exposições do Clube Militar. A mostra, integrada no Projecto de Promoção de Artistas de Macau e organizada pela Fundação Macau, reúne cerca de 60 obras da fotógrafa local Wong Lai Chu, onde esta explora os seus sentimentos sobre a chuva. A artista “ficou apaixonada” pela fotografia depois de frequentar um curso de iniciação à fotografia organizado pela Associação Fotográfica de Macau, no ano de 2007. Entretanto, tem participado em competições internacionais de arte fotográfica, tendo recebido um total de 126 prémios, a adicionar aos cerca de 200 prémios de 1.º classificado que ganhou em competições locais. Nos últimos anos, tem ainda sido convidada para fazer parte do júri em várias competições fotográficas a nível internacional. A exposição está aberta diariamente entre as 11:00 e as 19:00 horas, com entrada gratuita.

T ALVEZ não conheça Sverker Johansson, mas deveria. É o mais

prolífico autor de artigos da Wikipedia - sendo responsá-vel por 2,1 milhões de artigos publicados na enciclopédia online.

O Wall Street Journal preparou um incrível per-fil do sueco de 53 anos, cujas contribuições superam qualquer outro editor da Wikipedia. Com formação em linguística, engenharia civil, economia e física de partículas, contribuiu principalmente em artigos sobre espécies obscuras de animais – particularmente besouros e borboletas – e sente muito orgulho do seu trabalho sobre cidades nas Filipinas.

Mas é provável que não tenha lido nenhuma das suas contribuições: um terço do que ele escreveu está em sueco (o seu idioma nativo), e dois terços em filipino (idioma da sua mulher). E as suas contribuições não

D EPOIS de uma primeira visita em 2012, a Orquestra Chinesa de Macau vai agora regressar a Portugal no seu

papel de “Embaixadora da Cultura Musical de Macau”. Nesta digressão, realizada entre 16 e 21 de Julho, a orquestra vai actuar em quatro cidades portuguesas, nomeadamente no Largo do Teatro Nacional de S. Carlos em Lisboa (dia 16), no Fórum Luísa Todi em Setúbal (dia 18), no Teatro-Cine de Torres Vedras (dia 19) e na Quinta das Lágrimas em Coimbra (dia 21), informa a nota de imprensa da organização.

Esta visita realiza-se por ocasião do 35º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e China, tendo a orquestra preparado três programas dife-rentes para o efeito.

Sob a batuta do seu director artístico Pang Ka Pang, a Orquestra vai apresentar obras encomendadas representativas da cultura do território e colaborar pela primeira vez com a cantora Maria Ana Bobone em concertos que pretendem “mostrar o encanto da música tradicional chinesa” numa “combinação inesquecível entre o Oriente e o Ocidente”, acrescenta o IC no seu comunicado de imprensa

Para além disto, a orquestra vai colaborar novamente com o compositor e instrumen-tista de flauta Rão Kyao, ao abrigo do tema do 6.º Festival das Artes de Coimbra, apre-sentando temas em conjunto e estreando a obra encomendada “Casa do Mandarim de Casas de Macau”, produzida em Macau em 2013.

CASAS-MUSEU DA TAIPA MOSTRA DE NG KIN WAI

Do cimento ao “mundo ideal”

UM HOMEM ESCREVEU QUASE 10% DE TODOS OS ARTIGOS DA WIKIPEDIA

O sueco incansável

ORQUESTRA CHINESA DE MACAU REGRESSA A PORTUGAL

Embaixadora musical

“um material sem emoção” - para explorar a indiferença das relações humanas entre os cidadãos urbanos.

“Paisagens” inclui as mais recentes criações do artista, onde combina materiais reciclados ou descartados com plantas e vegetação, mostrando pessoas em har-monia com a Natureza. Nas suas próprias palavras, nestas obras “ambiciona resolver problemas correntes através da sua arte”, apresentando aqui o seu mundo ideal.

Para Hsu Hsiu-Chu, Di-rectora da Escola Superior de Artes do Instituto Po-litécnico, as obras de Ng “entrelaçam as concepções dos ambientes e as ideias das pessoas ao aparecerem em impressões urbanas, incitando o público a uma profunda contemplação das impressões do passado e do presente da sua cidade”.

Ng Kin Wai nasceu em Macau em 1990 e comple-tou o Curso Complementar de Licenciatura em Artes Visuais no Instituto Politéc-nico de Macau. Actualmente, frequenta o curso de pós-gra-duação na Academia Central de Belas Artes da China, em Pequim.

A mostra, com entrada livre, está aberta diariamente, excepto às segundas-feiras.

são um trabalho a solo, como explica o Journal:

Grande parte das suas contribuições foi feita com um programa de computa-dor – conhecido como bot-…o programa de Johansson monitoriza bancos de dados e outras fontes digitais atrás de informações, e “empa-cota” tudo no formato de

um artigo. Num dia bom, ele diz que o seu «Ljsbot» consegue criar até 10.000 novos artigos.

O uso de bots na Wiki-pedia é algo bastante con-troverso, e algumas pessoas alegam que isso limita a cria-tividade humana – mesmo que o seu uso seja permitido pelas regras do site.

PUB

Page 12: Hoje Macau 17 JUL 2014 #3133

12 hoje macau quinta-feira 17.7.2014

hARTE

S, L

ETRA

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IDEI

AS

Yao Jing Ming

T AL como Dante para a Itália, Goethe para a Alemanha, Mickiewicz para a Polónia ou Pushkin para a Rússia,

Portugal também tem um poeta como símbolo nacional: Luís de Camões . O seu magnum opus, o épico Os Lusíadas, é visto como uma obra sagrada da pátria portuguesa. Concebido no momento em que os maiores fulgores de Por-tugal estavam prestes a se esvanecer, esta epopeia tornou-se um precioso acalento espiritual durante o período de lenta decadência que se iniciava.

Poucos factos são conhecidos a respeito da vida de Camões; é difícil atestar mesmo a data e local do nasci-mento, sendo em geral apontados os anos de 1524 ou 1525, supostamente numa família da pequena nobreza lis-boeta. Com o seu pai em Goa (Índia), onde morreria, foi criado pela mãe, tendo ingressado, ainda muito jovem, na Universidade de Coimbra. Ávido pelo conhecimento, interessava-se por história, literatura e línguas, particu-larmente pelo Latim e Grego. Por vol-ta de 1543 regressou a Lisboa, tendo mantido uma certa presença na Corte e ganhando a vida como preceptor de famílias ilustres. Dessa época data um conjunto de excelentes obras líri-cas, pastorais e algumas comédias. Em 1549, por haver estabelecido relações amorosas com uma aia da rainha, foi expulso de Lisboa, encaminhando-se para um destacamento militar no nor-te da África, onde serviria como solda-do. Foi aqui que perdeu o olho direito ao combater os mouros.

Pouco tempo depois de retornar a Lisboa, ao socorrer um amigo, Ca-mões feriu um oficial da corte, pelo que foi de novo aprisionado. Saiu da cadeia em 1553 para prestar serviço militar na Índia. Foi nesta época que começou a compor Os Lusíadas. Poe-mas satíricos contra as potestades me-tropolitanas enfureceram o Governa-dor-Geral, que o deportou, dizendo a tradição que teria vindo para Macau,

UMA POESIA QUESUBLIMOU A LÍNGUA LUSA

ZHANG WEIMIN TRADUZIU PARA CHINÊS 100 SONETOS DE CAMÕES.

O LIVRO FOI AGORA PUBLICADO. AQUI FICA O SEU PREFÁCIO

onde teria escrito partes do seu grande épico. Depois de vagar sem rumo pelo Oriente durante dezassete anos, vol-tou para Lisboa, levando na bagagem, e após tantos exílios e desventuras, um único bem: o manuscrito d’Os Lusíadas. Publicada em 1572, a obra não des-pertou grande interesse e ao jovem rei D. Sebastião não apetecia poesia, que, no entanto, concedeu ao Poeta uma pequena pensão em ouro.

De qualquer maneira, tais recursos ajudaram Camões a atenuar a sua po-breza até à morte, em 1580. Portugal perderia, então, a sua independência, sendo assimilado à coroa da Espanha até 1640. Caso fosse ainda vivo, talvez o autor d’Os Lusíadas não tivesse cora-

gem para suportar este golpe. Quando em vida, o Artista amou ferventemente a sua pátria, mas a pátria não lhe dedi-cou muita atenção. Apenas a partir da sua morte é que lhe foram dedicadas honras e, hoje, os seus restos mortais estão placidamente dispostos ao lado dos de Vasco da Gama e Fernando Pessoa no Mosteiro dos Jerónimos.

O florescimento cultural de um país não raro resulta de uma era de grandes portentos políticos. Camões, um poeta que trazia “numa mão a es-pada, noutra, a pena”, viveu no cre-púsculo das glórias de Portugal, perío-do que também assinalou o desfecho do Renascimento. Tanto em termos de vida material, como de concepções intelectuais, este grande movimento abalou as tradições ético-religiosas europeias; em contraponto, os gran-des descobrimentos marítimos não importaram mudanças substanciais nem no contexto da sociedade portu-guesa nem da sua mentalidade. Ao ver a escuridão a aproximar-se, o Poeta lançou mão da sua linguagem mais vi-gorosa para que os ideais subjacentes à sua composição épica pudessem ser veiculados ao mundo, registando em bom tempo os feitos augustos de Por-tugal. Mas o grande autor apercebera--se igualmente dos indícios de deca-dência de seu país.

Os Lusíadas são considerados o ex-poente máximo da literatura em língua portuguesa. Ao longo dos tempos, fo-ram objecto de diferentes interpreta-ções, que põem em relevo aspectos da obra que podem ou não ser aprazíveis ao leitor moderno. Diferentemente dos épicos homéricos Ilíada e Odis-seia, inspirados em lendas, Os Lusíadas foram criados a partir de factos reais, não obstante ser evidente a influên-cia de Homero e a presença de mitos gregos. O Poema conta mais de 9000 versos, organizados em 10 cantos. É uma estrutura grandiosa, de conteúdo variado, aliando realidade e fantasia numa descrição de surpreendentes

CAMÕES TEVE UMA

VIDA DE MUITOS

REVESES E PERCALÇOS,

UM DESTINO

PONTILHADO COM

MUITOS INSUCESSOS.

PODE-SE DIZER QUE

NUNCA CONSEGUIU

DEIXAR PARA TRÁS A MÁ-

SORTE QUE O PERSEGUIA

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13 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 17.7.2014

alternâncias no tempo e no espaço, o que põe em evidência todos os dotes poéticos do Artista na estruturação do enredo bem como os seus amplos co-nhecimentos das Humanidades.

Camões canta as realizações do navegador português Vasco da Gama, nas suas longas explorações das Índias; contudo, o Poeta alça as realizações do povo português às alturas de um mito, fazendo com que os deuses no céu participem das explorações marí-timas de diversas maneiras. O mar, o céu, a terra e, mesmo, o universo, dis-põem-se num espaço extenso, o palco sobre o qual aquele povo demonstra sua natureza heróica. Vasco da Gama é, de facto, o protagonista, mas antes do mais é um meio de que o Artista se vale para, ao narrar a jornada das Ín-dias, fazer dele a um tempo herdeiro e predecessor de uma tradição histórica gloriosa.

O Autor faz prova do seu espírito humanístico quando louva o singu-lar impulso do género humano pela busca, pela descoberta dos segredos profundos do mundo. Elogia os largos avanços feitos nesse sentido, à total revelia mesmo das manifestações des-trutivas dos deuses, uma bravura des-pida de qualquer hesitação. Por outro lado, o Literato subscreve uma visão eurocêntrica, ou, mais correctamente, lusocêntrica do mundo. Os desco-brimentos portugueses são descritos como a extirpação do paganismo, a conquista da barbárie, a difusão das cruzadas cristãs. No Poema, aquele povo é descrito como impassível ao medo de deitar sangue ou às paixões da alma, tamanho o seu compromisso com Deus de, em Sua causa, mostrar heroísmo.

Camões teve uma vida de muitos reveses e percalços, um destino pontil-hado com muitos insucessos. Pode-se dizer que nunca conseguiu deixar para trás a má-sorte que o perseguia.  Foi um viajante à deriva nos sete mares, um trovador cujo canto dá uma var-iedade de sentidos à palavra “pátria”; foi um paladino que pregou a justiça, um aristocrata que passou fome; foi um amante incapaz de apagar a chama da paixão, um humanista cujo peito açambarcou o mundo. Qaundo a sua pátria montou a crista da onda, rejubilou-se; mas também intuiu pro-fundamente as armadilhas do amor e da existência, as suas contradições e perplexidades; por meio da sua Arte, ensaiou uma fuga dos seus infortúnios ou, pelo menos, a sua catarse.

Além do grande poema épico, o Poeta legou uma grande obra lírica, abrangendo hinos, elegias, baladas, pastorais e canções. Claro que tam-bém há sonetos, a sua especialidade.

Tal como a sua épica, a lírica ca-moniana está marcada por elemen-tos contraditórios, como o elogio à vida de antanho e à modernidade do Estado-Nação; mitologia pagã e Cristianismo; alegria e dor; ordem e caos; sublime e ridículo; grandeza e

ros, tombando em abismos de dúvida, deprimido, pessimista. Pode dizer-se que é essa tensão entre extremos que dá à lírica camoniana uma diversidade e riqueza próprias: luz, trevas, diáfa-no, sombrio, livre, cativo, sensível, racional – uma miríade de nuances brota das palavras. Esses poemas não apenas demonstram grande força ao resistirem à passagem do tempo, para se transmutarem num tesouro de pé-rolas brilhantes que hoje adornam a literatura portuguesa, ainda forjaram o idioma, sublimando a língua lusa com um alto teor poético.

Justamente por isso, traduzir a lí-rica de Camões para a língua chinesa – que possui profundas diferenças em relação ao Português – é um imenso desafio. Zhang Weimin abraçou este desafio com grande coragem; lavo-rou em silêncio a terra das margens do Tejo, e, com a sua faina, trasladou pérolas entre dois idiomas. Tenho a esperança de que elas possam conti-nuar a brilhar no velho vernáculo dos Han – é um feito admirável. Traduzir é difícil; traduzir poemas é uma apo-ria. Não é uma pura busca de palavras por palavras; exige amplos conheci-mentos, acumulados ao longo do tem-po; exige fina sensibilidade e soberano comando dos idiomas; exige, mesmo, um diálogo espiritual entre o tradutor e o poeta: é como se fosse possível ouvir o pulsar do sangue dentro das veias, ora um silêncio, ora um rumor. Em resumo, traduzir é um “recriar a in-tenção poética”.

“Poesia são as antenas de uma nação”. A tradução de 100 Sonetos de Camões, ora editada, indubitavelmen-te muito contribui para que se com-preenda Camões, um grande poeta com laços a Macau, um riquíssimo universo íntimo e uma sensibilidade romântica incorrigível. Esta publica-ção possibilitará que se conheça mais a fundo a personalidade do povo por-tuguês, sendo ao mesmo tempo um apelo – apelo para que mais obras de literatura em Português sejam traduzi-das para o idioma chinês. As relações entre os povos de China e Portugal já datam de há mais de 500 anos, mais os dois povos ainda não se conhecem profundamente. Há, então, todas ra-zões suficientes para que procuremos aperfeiçoar, por todas formas possí-veis, esse conhecimento mútuo – e a literatura, sem dúvida, é uma das mais cativantes.

(Tradução de Giorgio Sinedino)

AO VER A ESCURIDÃO A APROXIMAR-SE, O

POETA LANÇOU MÃO DA SUA LINGUAGEM MAIS

VIGOROSA PARA QUE OS IDEAIS SUBJACENTES À SUA

COMPOSIÇÃO ÉPICA PUDESSEM SER VEICULADOS AO

MUNDO, REGISTANDO EM BOM TEMPO OS FEITOS

AUGUSTOS DE PORTUGAL

abjecção do humano; o amor ideali-zado como fim último da alma – mas como conciliá-lo com o desejo carnal, tão presente? Camões põe-se entre a chama e a cinza, a certeza e a dúvida, a pureza e a culpa, a alma e o corpo, a humildade e o garbo. Ao viajar, re-calcitra diante da realidade e do ideal, prosseguindo a sua busca de equi-líbrio e de harmonia nesse choque de opostos. Não é surpresa que, fre-quentemente, resvale contra os mu-

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hoje macau quinta-feira 17.7.201414 h

Fátima Paulet *IN O BAÚ DE MACAU

A Macau (lê-se Macô) da Fran-ça é uma pequena cidade lo-calizada no departamento da Gironde.  Os seus habitantes

são chamados de macaudais (macôdê) para o masculino e macaudaises (macodé-se) no feminino.  Altitude de 5 metros, área de 19,6 km2 e  3. 447 habitantes [2004]. Com uma densidade de 176,2 hab/km2, teve um aumento da popula-ção de 19,5% comparando com o censo de 1999. É contígua às comunidades de Ludon-Médoc, Labarde e Le Pian-Mé-doc e está situada a 14 km a nordeste de Eysines.  É cortada pelo rio Garonne e pelo Laurina e Fond de Martian que são riachos. No centro tem uma praça com a igreja  “Sainte Marie de Macau” cujo campanário é  estilo romano e do século XII. Ao lado, há um monumen-to em homenagem aos soldados mortos na Indochina e mais à frente  a Câmara Municipal, a Prefeitura e muitas casas antigas.

A REGIÃO DE MACAU

Nesta região existem algumas empresas vinícolas, entre elas o Chateaux Cante-merle, que fica na entrada da cidade de Macau; o famoso Chateaux Margaux, que fica perto de Macau,  e Saint Emi-lion, cidade medieval  com um vinho de

MACAUFrança

Existe uma cidade francesa chamada Macau.

Uma habitante da Macau brasileira esteve lá e conta o que viu

classificação internacional e declarada Património Mundial pela  UNESCO.

De notar ainda as dunas Du Pilat —  uma duna de areia branca com  110 metros de altura, a mais alta da Euro-pa,  com vista panorâmica da Bacia de Arcachon  onde existem fazendas de ostras.

A ORIGEM DO NOME

Quem “nasceu” primeiro com o nome de Macau?  Foi esta pequena cidade da Aquitânia francesa que visitei agora; a Macau da China ou a Macau nordes-tina. Não encontrei resposta e o que é interessante é que distantes uma da ou-tra por milhares de quilómetros, sem as facilidades de comunicação que temos hoje, o nome Macau tenha surgido, aparentemente, sem qualquer ligação.

A nossa Macau (brasileira), duas hipóteses: a cópia do nome da Macau chinesa ou o nome derivado da belís-sima ave, a Arara;   a Macau chinesa, originária  da deusa A-Ma  e a Macau francesa terá sido do latim?

TOPÓNIMO DA MACAU FRANCESA

Segundo dois pesquisadores franceses, Albert Dauzart [1877/1955] e Char-les Rostaing [1904/1999), o nome da

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15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 17.7.2014

Macau Nome de araras vermelhasMacau francesa tem origem romana, derivada do latim “malum cavum”, que quer dizer mal lugar ou lugar perigoso. Olhando o mapa da região, vemos que Macau  fica na embocadura do rio Ga-ronne onde existem muitos obstáculos formados por bancos de areia e grande correnteza que podem emboscar o nave-gante, dificultando a sua entrada no rio.

Mas estes pesquisadores também descobriram diversas grafias nos textos dos séculos XI e XII, como Macault, Naco, Maco, Machau, Machao, Ma-quau, Macau, e também as  latinizadas do malum cavum, como Male Caucu-lum, Maucalhau, Maucaillou. Pensam estes pesquisadores que talvez o topó-nimo seja mais antigo, talvez originário dos gauleses ou celtas que dominaram a região.  

*texto editado

A cidade de Macau no Bra-sil tem suas origens no iní-cio do  século XIX, quando ainda era conhecida por ilha de Manoel Gonçalves — re-gião já colonizada para a pro-dução de sal. O seu nome actual poderá derivar de  A--ma-gao  (“baía de Ama”), expressão chinesa que deu o nome à então colónia Portu-guesa  de  Macau, hoje parte da  China. Segundo Câma-ra Cascudo, Macau, no Rio Grande do Norte, tem este nome em razão das semelhan-

ças geográficas com a ex-co-lónia portuguesa na China. Entretanto, há uma contro-vérsia em relação à origem do topónimo. Segundo Getúlio Moura, no seu livro “Um Rio Grande e Macau”, o nome Macau tem origem nas araras vermelhas que habitavam a região do Vale do Açu, cujos habitantes indígenas chama-vam de “Macaw”. No livro de Getúlio Moura há mapas da região com figuras das citadas araras que originaram o nome actual do município.

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hoje macau quinta-feira 17.7.201416 hXXXI

Mas se ele lhe tivesse contado o quê? Que certezas tinha João sobre o que anda-va a fazer? E por que razão contar tudo a Lara? Não seria esse ímpeto de sinceridade uma acção egoísta? Por quê sobrecarregá--la com um problema, com uma situação perigosa, que nada tinha a ver com ela? Ele sabia que, mesmo que fosse acometido por um ataque confessional, a sua voz hesita-ria, talvez gaguejasse, como se estivesse a contar uma mentira. A história tinha tantos espaços brancos e razões incompreensíveis que Lara por certo duvidaria da sua veraci-dade. No entanto, ele teria que justificar a regularidade das suas ausências. — Arranjei um emprego...— Para quê?— Para não andar atrás de ti, a chatear-te a cabeça.Lara riu-se e cruzou as pernas. A sala estava envolta numa atmosfera azulada. Lá fora, a luz de um néon insistente espalhava-se pela janela. Subtil, rosnava o ar condicionado. Ela ripostou:— Adoro os teus argumentos. Fazem-me sede. Não me serves uma bebida? — O que queres beber?— Uísque, claro... como tu...— Fazes-me sentir em casa...— Ainda bem. Afinal, é onde tu estás. Este sentido de realidade só te pode fazer bem.— Tens razão. Na rua... lá fora... é tudo muito louco.— Meu pobre menino... que não aguenta o mundo. Quer paliativos, tadinho... Os as-suntos lá fora são demasiado sérios, dema-siado duros para ele.— Não sabes o que dizes.— Sei melhor do que tu pensas...— Soa-me a ameaça...— Ameaça?— Sim. Ameaça. Como se sugerisses existi-rem partes na tua vida que eu não imagino e que facilmente me deixarias... facilmente assumirias outra personagem... junto de ou-tro homem.— E se assim for? — Se assim for, assim será.

João encolhia os ombros e dirigiu-se para a janela. Quando olhou para a rua, a sua face ficou iluminada de azul, uma cor triste e romântica sobre um esgar ilegível. Pensava: “Farei do silêncio a minha estraté-gia... não a cansar de mim... mas conduzi-la sempre à exaustão. Não a deixar partir leve dos meus braços, a imprescindível tontura terá de presidir ao seu andar. Assim vol-tará como o marinheiro que se agonia no primeiro balanço do navio e percebe não ter nascido para o mar. Para quem nasceu Lara?”

Ela passou pelo espelho, pegou na mala e dirigiu-se para a porta. João repri-miu a vontade de a seguir, de a interpelar, que o incendiava. Seguiria o caminho do silêncio. Esperaria por ela. Beberia todo o álcool que encontrasse pela casa, mas esperaria por ela. Não disse nada. A sua face continuou azul e os seus olhos fixa-vam o reflexo dos seus olhos no vidro da

O IMPÉRIODO FIM (VI)

(folhetim do fim de um império)

Carlos Morais José

janela. Ele já não existia. Lara sumira-se sem ruído. Perdera-se para sempre no lago castanho dos seus olhos, no centro negro da pupila, nos raios de cores incertas. Por detrás dessa imagem surgia a rua, onde Lara agora certamente pretendia apanhar um táxi. Começara a chover. As gotas des-lizavam pela janela e os olhos de João Jun-queiro iam-se dissolvendo sobre o vidro. Finalmente, quando se afastou da janela e a sua tez recuperou a cor normal, teve a certeza de estar cego. Pegou no copo de Lara e emborcou uma generosa dose de uísque, toda de uma vez. Era tempo de voltar ao Atelier. Mas a madrugada ainda vinha longe. Na sua cegueira veria o Sol nascer tímido... veria tudo pois essa é a maldição de quem não vê com a convic-ção firme de que não estava a ver nada. Passaria depois pelas bandas do Senado.

XXXII

Das folhas de João Junqueiro

A praça principal, dita do Leal Senado. É fácil invocar os deuses mórficos para banquetes em movimento lento onde as uvas descem devagar entre fileiras de dentes amarelados e as brumas do incen-so anunciam o movimento dos corpos e anulam o cheiro dos sexos frios.

No chão amolece o sangue em postas. Servirá para graffitis nos muros mais altos da praça, no edifício dos correios, na igreja amarelada. Ao longe, na colina verde há um grande retrato em néon de Mao Zedong que os marinheiros dos jactoplanado-res saudarão à distância.

Um cortejo de dragões entra timidamente no largo. Não podem cuspir fogo sob o risco de cha-muscar os convidados. Faz parte das regras do ban-quete. Os dragões dançam uma partitura minimal repetitiva, enternecedores nos seus tutus rosa e de-monstrando uma especial sensibilidade nos exercí-cios com espadas.

Discretamente, as raparigas levam nas suas mãos o consolo aos convidados. Acariciam-nos suavemente, usando penugens entaladas nos engastes prateados de magníficos anéis de rubi. Os homens contorcem-se sem querer perder um momento do espectáculo.

A um canto da praça roda o ópio em cachim-bos de laca vermelha. Desfazem-se, pouco a pouco, certamente que pelo uso incessante da fornalha. Está demasiado quente. As gotas de laca caem nas pedras brancas e pretas da calçada, formam peque-nos regatos ou manchas, enquanto discretas nuvens de fumo se elevam. Ainda se consegue ver a igreja.

Um último dragão voa do céu altíssimo para o centro da Praça. Jovens pederastas acendem-se pelos bancos. Conversam devagar, olhos na multidão que passa. A festa terminou e ninguém se veio.

Chega a noite quando ainda são quatro da tar-de. É o eclipse – expele a alma de um astrónomo imperial que segura, debaixo do braço, a sua cabeça decepada.

XXXIII

Só, parcialmente refeito das impres-sões causadas pelo encontro com Paulo e José António, João deu por si parado e ofegante, à porta do segundo andar do Atelier. Que trazia ele do seu primeiro encontro? Pensou em interrogar-se so-bre o que estava para lá de cada... (seria ainda possível pensar o Atelier dividido em andares? ... ) espaço, mas não o fez. Era seu dever, não tanto saber e com-preender, muito mais relatar, ser perfeito no modo como desvendaria os segredos que este Atelier provavelmente nunca teve.

Não havia falta de material para um primeiro relatório. Até que ponto aquele tipo fugaz, de mãos sapudas e fato ama-relo, não estaria já informado de tudo ou sequer o leria? Afinal, ele poderá não passar de um mensageiro, de um rapaz que leva e que traz.

Existirá outra gente que lê os rela-tórios. Terão dossiers alinhados numa prateleira onde João figurará primeiro como um número, depois com pseudó-nimo, nome de código, parte secreta de uma rede metediça e poderosa. Afinal ninguém lhe garantia que o seu contac-to fosse mesmo do governo. Era talvez um tipo a soldo, um gajo que valia tan-to como ele, agora que trabalhava para os mesmos patrões. Serão coreanos, ja-poneses ou americanos, que estarão por detrás do fato amarelo? Serão... os chi-neses? Quem serão os leitores? Querem qualquer coisa que não sabem o que é e

João procura para eles não sabe o quê: e é precisamente isto que faz sentido. A quem interessa uma escultura numa pra-ça de Macau? Acreditaria estar perante a acção mesquinha de um escultor rival, que usasse a sua missão para espiar pela casa da inimiga, para lhe cheirar os vícios e sugar a criação1.

O2 seu relatório será seco. Assim do género: ficai sabendo, senhores, que no pri-meiro andar do Atelier se fode continuamente, apenas com ligeiras interrupções para emborcar grandes golos de cerveja. Um pouco como por toda a cidade. Nada de novo, nada de mal, nada de monstruoso. Depois exagerará, mais sério, quase grave: a Escultora precisa de extrair e consumir energia para lhe alimentar a imaginação e a distrair do cansaço: essa é a missão do Paulo e do José António, inesgotáveis fodilhões sem direito a descanso, só breves pausas sobre as costas das raparigas, ofegantes e suados (não dei por nenhum ar condicionado), depois de já míseras ejaculações. A cerveja era bebida pe-rante o olhar de uma câmara e eles voltavam-se de modo a que a marca fosse bem visível, finando todo aquele emborcamento com um sorriso3.

Para terminar a visão mitológica, freudiana: a Escultora seria uma gorda imen-sa, esparramada num gigantesco sofá de veludo, uma espécie de Cronos feminino, continuamente canibalizando carne própria e alheia, devorando filhos e cadilhos, numa sofreguidão senil e mons-truosa.

Assim concluiria o primeiro relatório.

1 - João Junqueiro refere a disputa artística que grassava então pela cidade. Cada espaço, cada instituição ou galeria gastava milhões para assegurar a intervenção dos artistas mais mediáticos da globalização. Jeff Koons e Cicciolina posaram nus no átrio do Casino Lisboa, cinco dias por semana, três horas por dia, em pleno Ano Novo Lunar. Assistimos a retrospectivas de toda a vanguarda chinesa e do melhor que a Europa preservou: Rubens, Rembrandt e Matisse. Tapiès foi convidado a pintar uma tela gigantesca sobre um prédio inacabado e aceitou. Christo, o Grego, cobriu as Ruínas de São Paulo.

2 - Por este tempo diz-se na cidade que o governo está interessado em gastar dinheiro não importa em quê nem em quem, para que o orçamento do ano seguinte possa manter os mesmos valores. Os chineses... sempre os chineses... estão atentos... muito atentos... sempre atentos... e não deixam de cultivar jardins de dificuldades, templos de problemas, muralhas de questiúnculas. Gastar para ter: eram assim as questões do dinheiro, assuntos simples e sem grande peso na vida alheada das gentes. Faria eu parte das despesas inúteis?

3 - No meio do seu delírio, João Junqueiro pretende aqui denunciar um eventual lucro ilícito por parte do Atelier, através da utilização em anúncios publicitários de algumas das imagens do primeiro andar. Na verdade, anos mais tarde, Paulo e José António surgiram em várias televisões de países africanos, quando da expansão de uma conhecida marca de cerveja pelo Continente Negro. Este facto levou alguns a pensar que o primeiro andar do Atelier era assim completamente patrocinado pela referida cerveja, num gesto de antecipação a um futuro avanço na direcção de novos mercados. É também notável o modo como se conseguiu prever a mudança radical dos códigos morais relativamente à exibição de nu integral e sexo explícito em canais abertos de televisão.

QUANDO OLHOU

PARA A RUA, A SUA FACE

FICOU ILUMINADA DE

AZUL, UMA COR TRISTE

E ROMÂNTICA SOBRE UM

ESGAR ILEGÍVEL

(Continua para a semana)

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T E M P O A G U A C E I R O S M I N 2 7 M A X 3 2 H U M 7 0 - 9 8 % • E U R O 1 0 . 8 B A H T 0 . 2 Y U A N 1 . 3

ACONTECEU HOJE 17 DE JULHO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

Nasce Quino, o cartonista ‘pai’ de Mafalda• Hoje é dia de recordar Joaquín Salvador Lavado Tejón, argentino conhecido como Quino, autor de uma personagem de banda desenhada que fica na história e no imaginário de crianças hoje adultas. Mafalda, a menina que odiava sopa, canta os parabéns a Quino.Quino nasceu no dia 17 de Julho de 1932, na Argentina, foi um pensador, historiador gráfico e criador de banda dese-nhada, desde cedo ganhou a alcunha de “Quino” – nome pelo qual foi ‘rebaptizado’ pela família, para diferenciá-lo do tio homónimo, responsável por este gosto pela arte.A infância de Quino é marcada pela tragédia, com a morte da mãe, quando tinha apenas 13 anos. Aos 16, perde o pai e fica órfão, sendo obrigado a abandonar a Faculdade de Belas Artes. Tenta ganhar a vida como autor de banda desenhada e desde cedo começa a vender os seus trabalhos: um anúncio de uma loja de seda.Cumpre serviço militar e instala-se em Buenos Aires, com muita dificuldade económica, mas consegue sucesso profis-sional, conseguindo páginas de humor em diversas editoras e jornais. Faz uma incursão pelo mundo da publicidade e publica colecções no livro ‘Mundo Quino’, em 1963.Cria então a primeira história de Mafalda, publicada no Leoplán, primeiro, e no semanário Front Page, de forma regular. A sua personagem trespassa fronteiras, chegando a Portugal, Itália e Espanha (onde a censura força-o a rotulá-la como “conteúdo para adultos”), entre outros países.A personagem mais famosa de Quino é Mafalda, publicada entre os anos 1954 e 1983. Mafalda, que odiava sopa, ques-tionava os problemas políticos e até científicos que afligiam sua alma infantil. Paralelamente, lançava uma reflexão sobre o conflito que as pessoas da época enfrentavam, com a mudança dos costumes introdução da tecnologia no quo-tidiano. Apesar de ter sido interrompida em meados de 1970, Mafalda possui fãs por todo o mundo, sendo a expressão da celebridade de Quino, um dos maiores cartonistas do mundo.

hoje macau quinta-feira 17.7.2014 (F)UTILIDADES 17

H O J E H Á F I L M EGREETINGS FROM TIM BUCKLEY

(DANIEL ALGRANT, 2012)

Confesso que hoje em dia, poucos são os filmes que me fazem ficar realmente emocionada, mas ‘Greetings from Tim Buckley’ é, sem dúvida, um deles. Vi-o há dias e, para além de Jeff Buckley – filho do conhecido cantor Tim, que dá o nome ao filme – ser um dos meus compositores e cantor preferidos de sempre, tive o prazer de encontrar um conjunto de actores extremamente dotados e um filme bem estruturado. Penn Badgley personifica um Jeff Buckley quase perfeito. Tudo se passa em 1991, quando um grupo de antigos colegas e amigos de Tim Buckley decidem organizar um concerto de homenagem ao cantor, que havia morrido de overdose acidental. O filme mostra-nos um jovem adulto aparentemente feliz, mas completamente despedaçado pelo abandono precoce do seu pai. As guitarradas inesperadas e as vozes solitárias que preenchem os ouvidos enquanto olhamos para resquícios de uma felicidade inexistente. Simplesmente fantástico. - Leonor Sá Machado

C I N E M ACineteatro

SALA 1DAWN OF THE PLANET OF THE APES [B]Um filme de: Matt ReevesCom: Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russel14.30, 16.45, 21,30

DAWN OF THE PLANET OF THE APES [3D] [B]Um filme de: Matt ReevesCom: Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russel19.15

SALA 2DELIVER US FROM EVIL [B]Um filme de: Scott DerricksonCom: Eris Bana, Edgar Ramirez, Olivia Munn, Sean Harris14.30, 19.15, 21.30

THE TALE OFTHE PRINCESS KAGUYA [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Isao Takahata16.45

SALA 3HUNGRY GHOST RITUAL [C]Um filme de: Nick CheungCom: Nick Cheung, Annie Liu, Carrie Ng14.30, 16.00, 17.30, 21.30

THE TALE OFTHE PRINCESS KAGUYA [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Isao Takahata19.00

DAWN OF THE PLANET OF THE APES

João Corvo fonte da inveja

O silêncio atordoa.

O Chefe vai tirar um pós-doutoramentoPor forma a quebrar um pouco a minha monotonia aqui na redacção, ontem resolvi deslocar-me ao World Trade Center, local onde Chui Sai On anunciou oficialmente que se vai candidatar a mais um mandato (jura?). Pronto. Como eu, de certa forma, também sou um residente e alguém interessado na vida política deste território lá fui eu ver o que o Chefe tinha para dizer.Disse que vai resolver os problemas da habitação. Fixe. Pá, eu não pago renda da minha casota, dão-me água e comida todos os dias, mas acho fixe que o Chefe resolva um problema que toca a todos, excepto aos que ganham milhões.Mas o mais importante, para mim, foi uma frase perdida lá no meio do discurso político: Chui Sai On, depois de governar por mais cinco anos – caso aconteça -, vai deixar de vez a vida política e a Função Pública e vai... estudar. Isso mesmo. O homem que tirou um mestrado e doutoramento na área da saúde pública e gestão da mesma área vai decerto tirar um pós-doutoramento. Quiçá na mesma área. Pode ser que, desta vez, possa administrar o hospital público desta cidade, acelerar os projectos do novo Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas e trazer de vez todos os médicos que esta terriola necessita. Fazer um sistema de saúde como a Tailândia (que ainda está no conjunto dos países ditos em desenvolvimento), talvez... Depois de dez anos como Chefe do Executivo e das dificuldades políticas ultrapassadas, talvez consiga fazer algo na vida civil.

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18 OPINIÃO hoje macau quinta-feira 17.7.2014

Passos democráticos

H Á uns anos, na sequência de uma crónica para esta coluna, peguei num pa-pel e escrevi uma coisa em inglês a que chamei “Pacto Democrático para a União Europeia”, em que cada signatário de-clarava o seu empenho pela construção de uma

Democracia Europeia através de pas-sos simples, concretos e decisivos.

“Os 500 milhões de cidadãos da nossa União não podem resignar-se a ser governa-dos pela combinação entre uma burocracia distante e o resultado dos jogos de equilíbrio entre estados-membros grandes e peque-nos”. Feito o diagnóstico, propunham-se os seguintes três passos:

1. Que o próximo Presidente da Co-missão Europeia, chefe do executivo da União, terá de ser um candidato que tenha feito pessoalmente campanha em todos os países da UE, apresentado expressamente o seu programa para aquele cargo específico, e que tenha estado envolvido num debate pan-europeu com os outros candidatos para o mesmo lugar;

2. Que o Presidente da Comissão Europeia só possa ser indigitado após ter congregado o apoio da maioria dos grupos

Rui TavaRes In Público

“Juncker não é só um dos pais da austeridade: é um pai que enjeita o filho que ajudou a conceber”

políticos do Parlamento Europeu, após as eleições europeias;

3. Que o Parlamento Europeu não aprove nenhuma Comissão cujo presidente indigi-tado pelo Conselho não preencha as con-dições indicadas nos números anteriores.

Passados vários anos, quase tudo isto veio a ocorrer (os candidatos não foram pessoal a todos os países da União, e espero que isso venha a mudar). O Pacto Democrá-

tico — que não era o único, nem o primeiro, documento a fazer este caminho — serviu para a reflexão que veio a dar lugar ao Pacto Cidadão pela Democracia Europeia, da associação European Alternatives (que se pode encontrar em www.euroalter.com). E, seguindo aproximadamente estas regras do jogo, o Parlamento Europeu veio a aprovar ontem o novo Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Ora bem: a democracia é um jogo em que podemos concordar com as regras, mas não temos de concordar com o resultado. Por isso é que é democracia. Ontem, eu teria votado contra Jean-Claude Juncker, como fizeram os deputados do PCP e do BE no Parlamento Europeu (à hora a que escrevo, parece que todos os outros deputados por-tugueses votaram a favor). Nas audições parlamentares, Jean-Claude foi pouco espe-cífico e até contraditório em relação ao seu programa. Naquilo em que foi específico,

POMBO DA PAZcartoonpor Stephff

como na concordância com o Tratado de Comércio Transatlântico, pôs em perigo a segurança dos trabalhadores e dos consumi-dores europeus, e até a jurisdição dos seus tribunais. Jean-Claude Juncker continua a não admitir que presidiu ao governo de um país, o Luxemburgo, que é na prática um paraíso fiscal. Além disso, ele não é só um dos pais da austeridade: é um pai que enjeita o filho que ajudou a conceber.

Mas a pergunta de bondade do seu perfil ou do seu programa é diferente da questão da legitimidade da sua nomeação. Jean-Claude Juncker é o presidente-eleito da Comissão Europeia, pela primeira vez através de um processo que começa a aproximar-se da democracia parlamentar.

A questão agora é: quais são os próximos passos? Eu daria três: mais transparência e responsabilização na escolha dos comis-sários europeus; eleição directa ou parla-mentar dos Representantes Permanentes no Conselho da UE; direito de acção colectiva dos cidadãos europeus junto do Tribunal de Justiça da UE. Nas próximas crónicas veremos porquê e como.

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HOJE

MAC

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19 opiniãohoje macau quinta-feira 17.7.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Dar vistos a quem não tem dentes

U M grupo de residentes de Macau abriu recen-temente na rede social Facebook um grupo onde manifesta a sua insatisfa-ção pelo serviço de táxis no território, e convida quem tiver uma história relacionada com abusos cometidos por parte dos

taxistas a partilhá-la. Alguns destes episó-dios relatados pelos utentes deste serviço são de deixar a boca aberta de espanto, e chegam a assumir contornos de filme de terror, tal é a prepotência e a ganância dos motoristas. A maior parte prende-se com indiferença perante mulheres grávidas, idosos, cidadãos diminuídos fisicamente ou quaisquer outros que não compense apa-nhar, pois não lhes vão pagar além do que é exigido por lei pela corrida, e preferem procurar quem lhes faça ganhar de uma assentada o turno de trabalho. A Direcção dos Serviços de Assuntos de Tráfego diz-se impotente para resolver o problema, e por mais fiscalização que se faça, os taxistas prevaricadores persistem na conduta, pois mesmo no caso de serem autuados, continua a ser “lucrativo” infringir a lei. Quando se pesa isto na balança e se chega à conclusão que vale mais a pena ser desonesto do que honesto, então estamos mesmo muito mal.

Tentando identificar a origem do pro-blema, é comum ouvir dos residentes que a culpa é dos turistas da China continental, que mal chegados a Macau não se importam de pagar um montante à revelia do taxímetro, o único método efectivamente legal para determinar o preço da corrida. Em alguns casos não se importam de pagar 400 ou 500 patacas por um percurso que ficaria por menos de cem em circunstâncias normais, daí que os taxistas prefiram este tipo de clientes, pois em duas em três viagens fazem tanto como transportando 20 passageiros durante todo o tempo do turno. E não só no que diz respeito aos táxis os turistas do continente servem de desculpa; é por culpa deles que se torna quase impossível andar na rua, especialmente durante os fins-de--semana e feriados, são eles que esgotam das farmácias e supermercados o estoque de leite em pó das crianças, conhecido por “baby formula”, é por culpa sua que aumenta a criminalidade e disparam os preços dos bens de consumo. Puxando o fio à meada encontramos a principal causa de todo este chinfrim: a política dos vistos individuais, que a China implementou para as RAE de Macau e Hong Kong, e que permite que mais turistas da República Popular venham visitar os seus “compatriotas” deste lado, e com mais frequência.

Os tais cheques do “plano de comparticipação pecuniária” vão dando para pagar umas contas, mas começa a ser mais que evidente que não compensam que se sacrifique a sua qualidade de vida

Esta política dos vistos teve o seu início mais ou menos na altura em que o Executivo da RAEM decidiu liberalizar o sector do jogo, o que levou à entrada no mercado das concessionárias de Las Vegas – e em boa hora, pois com o aumento da oferta turística, era fundamental que se abrissem as portas à entrada de um grande número de visi-tantes. Esse número tem vindo a aumentar nos últimos anos, e tornou-se praticamente incomportável. Se em Hong Kong, com uma

área muito maior, os residentes se queixam do excesso de turistas do continente, em Macau a situação é ainda mais grave, pois a juntar à exiguidade do território há ainda a escassez de recursos, que não dão resposta a um influxo de turistas desta dimensão. Mas se na RAEHK, praça financeira por excelência com capacidade para ser auto--suficiente, com ou sem vistos, em Macau é impensável dispensar esta modalidade, e todos ficam com os dedos cruzados para que

a China não feche a “torneira”. No início as coisas até corriam de feição, pois o dinheiro ia entrando a magotes, mas se as pessoas acharam graça à novidade, cedo se aper-ceberam que pouco ou nada beneficiavam com isso – antes pelo contrário: com os que chegam para gastar dinheiro nas compras e nos casinos vêm também os vigaristas, carteiristas, assaltantes, prostitutas e outros amigos do alheio.

Entendo que exista um certo preconceito com os turistas do continente, sobretudo por razões culturais, mas não posso de todo con-cordar com esta culpabilização sem nexo. Se os táxis estão como estão, a culpa é sobretudo dos taxistas, que se comportam como maus profissionais. O que seria se no âmbito das minhas funções eu estivesse no serviço de atendimento ao público, e escolhesse quem queria atender? Os turistas vêm tratar da sua vida, talvez estejam habituados a este siste-ma, e com toda a certeza não têm em mente prejudicar os residentes de Macau. Falta leite em pó? Não chega? Manda-se vir mais, e do que estão à espera? Fossem fichas de casino, e já as tinham mandado vir “para ontem”. Prostitutas? Estas não obrigam ninguém a nada, e quanto a vigaristas, larápios, agiotas e afins, isso é da competência das autoridades policiais, e que eu saiba os que chegam de fora não estão a cobro de nenhum tipo de imunidade, e se forem apanhados têm que responder pelos seus crimes, como os de cá: a lei é igual para todos.

A política dos vistos individuais foi pen-sada no sentido de que todos beneficiassem dela: o Governo de Macau, que assim enche os cofres do erário público, a população, que deveria usufruir desses montantes, e os turistas, que assim ficam com mais liberda-de de movimentos. Estes últimos fazem a sua parte, vindo até Macau, e a população recebo-os – que remédio – mas o que ga-nha com isso? Os tais cheques do “plano de comparticipação pecuniária” vão dando para pagar umas contas, mas começa a ser mais que evidente que não compensam que se sacrifique a sua qualidade de vida. Para o terceiro vértice deste triângulo, é até conve-niente que se empurrem as responsabilidades para os turistas do continente, que são uma massa colectiva e anónima que ainda por cima nem tem acesso ao Facebook. Enquanto isto estes vão arrecadando as suas receitas, de acordo com o plano estabelecido, e pouco se importam que Macau seja actualmente o território da região Ásia-Pacífico onde é mais difícil apanhar um táxi. E para que se haviam de preocupar, se eles nem precisam de andar de táxi, ou a pé pelas vias conges-tionadas da cidade. Sim, essa é uma mentira em que fica mais fácil acreditar. Pelo menos desabafam.

bairro do or ienteLEOCARDO

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hoje macau quinta-feira 17.7.2014

Filipinas Tufão Rammasun causa pelo menos 11 mortos Pelo menos 11 pessoas morreram na sequência da passagem do tufão Rammasun pelas Filipinas, que levou à paralisação da capital e forçou a retirada de milhares de pessoas em todo o país, informaram ontem as autoridades. Ventos até 250 quilómetros por hora arrancaram árvores, destruíram telhados de casas e viraram carros no norte do país, nomeadamente em aldeias piscatórias, à passagem do Rammasun, que em tailandês significa “Deus do Trovão”. A queda de árvores, postes e muros causaram a morte de 11 pessoas no norte das Filipinas, segundo a AFP. O conselho nacional de gestão de desastres filipino reportou cinco vítimas mortais, mas autoridades locais confirmaram outras seis à AFP. Centenas de milhares de filipinos passaram a noite em centros de abrigo para escapar ao primeiro tufão da época a atingir o arquipélago, com o centro da tempestade a passar ao sul de Manila esta manhã. Cerca de 450.000 pessoas abandonaram as suas casas e refugiaram-se em centros de abrigo, segundo o Governo das Filipinas.

Moscovo Doissuspeitos detidos após acidente no metro Dois suspeitos foram detidos após um descarrilamento no metro de Moscovo, que deixou pelo menos 22 mortos e 100 feridos, anunciou o comité de investigação russo. «Os investigadores prenderam dois suspeitos por violação das normas de segurança nos transportes», anunciou o comité, principal órgão para investigações criminais na Rússia. Os detidos foram o chefe de manutenção Valeri Bashkatov e seu auxiliar Yuri Gordov. De acordo com os investigadores, no mês de Maio começaram obras preparatórias para a instalação de um novo sistema de mudança de vias entre as estações Park Pobedy e Slavianski Boulevard, onde ocorreu a catástrofe de terça-feira. «Bashkatov e Gordov estavam directamente envolvidos nas obras e na sua monitorização», destacou o comité. As obras não decorreram da maneira correcta, segundo o comité de investigação. Os dois detidos foram interrogados e serão indiciados.

Monte Carlo Viagema Pequim e TaichungO Clube Desportivo Monte Carlo informou ontem que vai realizar duas digressões ao estrangeiro para enaltecer o esforço da equipa técnica e jogadores na Liga de Elite de Macau de 2014, onde acabou no terceiro lugar. Na primeira digressão, agendada para os dias 18 a 23 de Julho, a equipa de futebol vai a Pequim fazer um jogo amigável com a equipa de futebol ‘Beijing Guoan Football Club’ no dia 22. Durante a estadia, vai discutir com os responsáveis do clube chinês um possível acordo de cooperação entre as duas equipas. Ao mesmo tempo, vai negociar com responsáveis duma empresa estatal possíveis patrocínios para o Monte Carlo. Na segunda digressão, a realizar entre os dias 1 e 8 de Agosto, o clube vai participar na competição “International Friendship Football Tournament” em Taichung, Taiwan. Além das equipas locais, o evento vai ainda contar com a participação de equipas de futebol da Coreia, China, Japão (Okinawa Ryukyu e Kagoshima) .

Sands Depois da ameaça, a promoçãoO director da Forefront of the Macao Gaming, Ieong Man Teng, e o deputado Au Kam San, representaram ontem os funcionários da Sands China numa reunião com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Ieong Man Teng diz que a acção diz respeito a casos de exploração pela Sands, porque alguns croupiers “passaram anos a ser estagiários”, mas nunca passaram a funcionários oficialmente, continuando com o salário baixo. A associação disse que já recolheu mais de cinco mil assinaturas e as autoridades prometem que hoje da manhã vão contactar a Sands China para ter uma reunião com os representantes da associação. Ieong Man Teng disse que, se até ao próximo sábado, ainda não se travarem negociações entre a empresa e a associação, vão ser feitas manifestações à volta do Venetian. Entretanto, a administração já comunicou ontem ao fim do dia que iria ajustar as condições salariais e de promoção dos funcionários.

LEONOR SÁ [email protected]

D E acordo com dados anunciados ontem pela Polícia Judiciária (PJ), o número de sequestro

e extorsão aumentou exponencial-mente, tendo-se registado 55 casos de sequestro entre Junho de 2013 e Maio deste ano, comparativamente com os 20 verificados no período homólogo anterior. No entanto, os maiores lesados foram vítimas de burla e os números da PJ mos-tram isso mesmo: desde o início deste ano, foram burladas quase 500 pessoas, comparando com as 248 pessoas enganadas durante o mesmo período de 2013. Os dados incluem crimes praticados pela internet e são independentes do sector do jogo. Entre Junho de 2013 e Maio deste ano, foram instaurados mais de 1700 casos de furto e 86 de extorsão. De acordo com as esta-tísticas, o número de processos da PJ aumentou 12,6% face ao mesmo período do ano passado.

Os mesmos dados mostram que foram sequestradas 25 pes-soas entre Janeiro e Maio deste ano, comparativamente com o mesmo período de 2013 e 2012, onde foram sequestradas nove e 12 pessoas, sendo que o comunicado não avança informações sobre as

O Governo de Pequim autorizou uma parte dos casais a terem um segundo filho, quando há seis meses fez alterações à Lei do Filho

Único. Mas os chineses não estão a “cumprir” a ordem e o número de nascimentos está muito abaixo das estimativas que foram feitas.

Em Zhejiang, a primeira província onde a nova legislação foi posta em prática, as autoridades de saúde e planeamento familiar previam o nascimento de 80 mil bebés até ao final de 2014. Porém, só irão nascer 20 mil.

“Algumas pessoas escolheram não ter o seu segun-do filho este ano. Outras estão demasiado ocupadas com o seu trabalho e precisam de pensar muito bem no assunto”, disse Wang Guojing, director da comissão de saúde e planeamento familiar da província, citado pelo jornal China Daily.

A alteração da política do filho único obedeceu sobretudo a factores de desenvolvimento sócio-

-económicos. A população chinesa, de 1,3 mil milhões de pessoas, está a diminuir e a envelhecer. O Governo — ou seja, o Partido Comunista da China, cujo Comité Permanente aprovou a alteração da política do filho único — quer renovar as gerações e assegurar que existem chineses em número suficiente para não haver uma crise social e económica.

As estimativas nacionais — relativas às 29 provín-cias — apontavam para o nascimento de 90 milhões de bebés ao longo dos próximos anos. Como isso não está a acontecer, surge um novo risco, alertou na conferência de imprensa Zhai Zhenwu, reitor da Faculdade de Sociologia e Demografia da prestigiada Universidade de Renmin, em Pequim. Se os casais elegíveis — todos aqueles em que pelo menos um elemento é filho único — decidirem todos esperar, pode haver uma concentração de nascimentos num só ano. Um crescimento concentrado que não é de-sejável, disse.

• PESSOAS SEQUESTRADAS 2012 2013 2014 12 9 25

• PESSOAS VÍTIMAS DE FURTO 2012 2013 2014 830 793 726

• TRÁFICO DE DROGA 2012 2013 2014 45 47 51

• EXTORSÃO 2012 2013 2014 15 15 41

De acordo com um comunicado da Polícia Judiciária, sequestro, extorsão e burlas estão no topo da lista de crimes mais graves, perfazendo quase mais de uma centena das denúncias feitasàs autoridades

CRIME AUMENTA NÚMERO DE SEQUESTROS, EXTORSÃO E BURLAS

Dinheiro, para que te quero?

POUCOS CHINESES ESTÃO A TER UM SEGUNDO FILHO

Ainda presos ao passado

razões dos sequestros. Também a agiotagem em casinos aumentou significativamente no início deste ano, tendo sido reportados 71 casos em comparação com os 57 verificados entre Janeiro e Maio de 2012 e 2013. Também o crime de extorsão aumentou bastante, com mais 26 casos registados – só durante os primeiros meses do ano – do que nos dois anos anteriores.

Só durante os primeiros cinco meses deste ano, 1140 pessoas foram apresentadas ao Ministério Público (MP), 511 das quais já de-tidas, 610 sem ordem de detenção e 19 jovens com menos de 16 anos,

ou seja, sem idade de responsabi-lidade criminal. O último número aumentou significativamente, face aos apenas sete e cinco jovens apresentados ao MP durante os primeiros cinco meses de 2012 e 2013, respectivamente.

O tráfico de estupefacientes continua a aumentar, tal como no ano passado, tendo-se registado 51 casos no território, só durante o primeiro semestre de 2014, ainda que o valor não se encontre muito abaixo do número registado em anos anteriores. Já no caso de crimes de furto é possível ver uma descida, embora os valores con-tinuem a ser altos. Os números publicados ontem mostram que foram cometidos 726 furtos, um número que não foge aos valores registados em 2012 e 2013, de 830 e 793 pessoas lesadas.

NÚMEROS DOS PRIMEIROSCINCO MESES DE CADA ANO