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Estudo revela males sociais que afectam os que cá vivem e os que por cá passam. REPORTAGEM PÁGINAS 2-3 PUB Ter para ler A casa da Rua da Barca, que por engano viu um dos seus pisos ser demolido, pode agora vir a ser classificada como património cultural. O processo terá de estar concluído nos próximos doze meses. Um drama com final feliz. PÁGINA 6 O AUTO DA BARCA PATRIMÓNIO EDIFÍCIO QUASE DEMOLIDO PASSA A SER CLASSIFICADO JOGO PROS E CONTRAS DE UMA INDUSTRIA QUE TAMBEM E VICIO AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB ASSÉDIO SEXUAL O medo mora no campus JUSTIÇA A REBENTAR PELAS COSTURAS SOCIEDADE PÁGINA 7 SOCIEDADE PÁGINA 8 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 16 DE OUTUBRO DE 2014 ANO XIII Nº 3194 hojemacau Na abertura do Ano Judiciário, o presidente da Associação de Advogados de Macau, Jorge Neto Valente, volta a denunciar a falta de magistrados no sector e alerta para a degradação de qualidade na Justiça. O presidente da AAM pede ainda juízes temporários e a revisão da Lei de Bases da Organização Judiciária. PUB ´ ´ ´ ´ ´

Hoje Macau 16 OUT 2014 #3194

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Hoje Macau N.º3194 de 16 de Outubro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 16 OUT 2014 #3194

Estudo revela males sociais que afectam os que cá vivem e os que por cá passam. REPORTAGEM PÁGINAS 2-3

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Ter para ler

A casa da Rua da Barca, que por engano viu um dos seus pisos ser demolido, pode agoravir a ser classificada como património cultural. O processo terá de estar concluído nos próximos

doze meses. Um drama com final feliz. PÁGINA 6

O AUTODA BARCA

PATRIMÓNIO EDIFÍCIO QUASE DEMOLIDO PASSA A SER CLASSIFICADO

JOGO PROS E CONTRAS DE UMA INDUSTRIA QUE TAMBEM E VICIO

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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ASSÉDIO SEXUAL

O medo morano campus

JUSTIÇA A REBENTAR PELAS COSTURAS

SOCIEDADE PÁGINA 7 SOCIEDADE PÁGINA 8

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q U I N TA - F E I R A 1 6 D E O U T U B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 9 4

hojemacau

Na abertura do Ano Judiciário, o presidente da Associaçãode Advogados de Macau, Jorge Neto Valente, volta a denunciar a faltade magistrados no sector e alerta para a degradação de qualidadena Justiça. O presidente da AAM pede ainda juízes temporáriose a revisão da Lei de Bases da Organização Judiciária.

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hoje macau quinta-feira 16.10.20142 REPORTAGEM

LEONOR SÁ [email protected]

O jogo em Macau traz, à primei-ra vista, várias vantagens eco-

nómicas e sociais para o território, mas nem tudo são rosas para os residentes, que todos os dias palmilham as ruas da cidade. De acordo com um estudo conduzido em 2011, por três acadé-micos da Universidade de Macau, da Universidade de Viena e do Instituto de For-mação Turística, de Macau, as principais consequências negativas do jogo – e da construção de casinos – são o abandono escolar, o aumento da percentagem de vício e da taxa de crimina-lidade, o desenvolvimento desenfreado de construção e consequente diminuição de número de espaços verdes e, finalmente, os problemas de tráfego e a diminuição de lojas de menor dimensão.

A solução para parte des-tes problemas passa, primei-ramente, pela aplicação de medidas governamentais de controlo das rendas de casa e de incentivo à formação profissional longe das mesas e fichas de jogo.

JOGO CONSEQUÊNCIAS DE UMA INDÚSTRIA QUE VEIO PARA FICAR

Nem tudo o que luz é ouroA expansão do jogo em Macau é tida por muitos como benéfica.No entanto, o pano esconde verdades menos felizes, sendo o abandono escolar e o aumento das rendas apenas dois dos males. A solução, defendem alguns académicos, passa por aperfeiçoar os serviçosde aconselhamento psicológico, criar medidas de controlo de rendase melhorar as ofertas de formação profissional

“Impactos sociais do jogo em Macau: uma análi-se qualitativa” refere ainda a deterioração da qualidade de vida como outro dos im-pactos. A par disso, estão as consequências positivas do Governo ter aberto a porta a outras operadoras para além da Sociedade de Jogos de Macau, liberali-zando assim o mercado dos casinos.

PARA QUÊ ESTUDAR?Uma das ideias mais gene-ralizadas entre os jovens do território é a de que trabalhar nos casinos é mais benéfico

do que completar o ensino secundário e ingressar no ensino superior. De acordo com dados de Junho passa-do, da Direcção dos Servi-ços de Estatística e Censos

(DSEC), o salário médio de um ‘croupier’ ronda as 17530 patacas.

Os mesmos dados avan-çam que, há cerca de três me-ses, havia 25727 ‘croupiers’ empregados, comparando com os 18684 do mesmo período de 2010. Há quatro anos, o valor médio para um ‘croupier’ ao final do mês era de 13590 patacas.

Assim, torna-se fácil com-preender porque é que os jovens do território optam por estar nas mesas de jogo – função para a qual não é ne-cessária formação secundária ou universitária –, ao invés de

ingressar no ensino superior para exercer uma profissão eventualmente menos bem paga. Dados avançados pela Direcção de Serviços para a Educação e Juventude mostram mesmo que mais de meio milhar de alunos aban-donaram o ensino secundário no ano lectivo de 2002/2003, coincidindo com a abertura do mercado do Jogo.

“A principal razão para este facto prende-se com as boas perspectivas de emprego nesta indústria, par-ticularmente porque se trata de empregos bem pagos em casinos, como é o caso dos ‘croupiers’”, mencionam os académicos responsáveis pelo estudo já referido.

Os dados da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), relativos aos primeiros seis meses deste ano, mostram que apenas 3000 dos mais de 460 mil residentes estavam desempregados. A mesma entidade avança ainda que 15% das pessoas à procura de emprego são licenciadas, apenas 1% possuindo grau de mestre.

ENTRE MARIDO E MULHER, O JOGO METE A COLHERTambém a estrutura familiar tem vindo a sofrer com a

“Várias das pessoas que nos procuram, com problemas matrimoniais, pertencem ao sector do Jogo ou relacionados e têm horários rotativos”FILOMENA IP Representante da associação Movimento Católico de Apoio à Família

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3 reportagemhoje macau quinta-feira 16.10.2014

U M estudo de Irene Wong e Pui Sze Lam, que incluiu 15 tra-

balhadores de operadoras, faz referência à facilidade com que os ‘croupiers’ e outros funcionários dos casinos podem tornar-se dependentes do Jogo.

Os resultados de “Stres-se laboral e problemas de jogo relacionados entre funcionários chineses dos casinos em Macau”, são claros: os ‘croupiers’ do sexo masculino e que tenham interesse por ac-tividades relacionadas com Jogo, ambicionem tornar-se ricos e tenham acesso a empréstimos e promoções de casinos,

são um dos grupos mais propícios à dependência do jogo. Curioso é, então cruzar os números. Se, por um lado, mais de 25 mil residentes no território são ‘croupiers’ e este mostra ser um grupo de risco, tudo aponta para um aumento exponencial do número de pessoas viciadas no jogo no futuro.

Há, no entanto, quem já esteja preparado para esta situação, como é o caso das várias associações de aconselhamento existentes em Macau.

Em declarações ao HM, o presidente da Caritas, Paul Pun, referiu que, dos mais de 16 mil pedidos de

ajuda feitos no ano passado, 2% deles foram para esta organização. Também uma porta-voz da Casa de Von-tade Firme – do Instituto de Acção Social – referiu terem sido recebidos 379 pedidos durante todo o ano passado, tendo sido dado aconselhamento a cerca de 52 pessoas.

Os valores dos primei-ros nove meses deste ano mostram que houve 37 pessoas alvo de ajuda psi-cológica devido ao jogo. De acordo com Filomena Ip, os sessões de aconselhamento têm em vista uma cura pro-gressiva e integram, várias vezes, familiares e amigos do doente.

“A grande maioria das pessoas que visitam os casinos de Macau são chineses do continente, de Hong Kong e de Taiwan. Assim, o território é, essencialmente, exportador de males sociais e problemas de Jogo para estes países, a partir do momento em que os turistas voltam para os seus locaisde origem”DESMOND LAMProfessor da UM

Emprego que vicia

PALIATIVOSO estudo de 2011 avança algumas medidas que podem ajudar a atenuar os efeitos negativos do Jogo na sociedade local. Curiosamente, muitos deles estão já a ser resolvidos pelo Executivo, ainda que com demoras e deslizes nos orçamentos inicialmente previstos, como são a construção do metro ligeiro, uma maior facilidade na passagem da fronteira para a Ilha da Montanha e Zhuhai, ou os planeamentos urbanos de que minorem os impactos da construção na cidade. No que diz respeito às lojas tradicionais, o estudo conclui que é dever do Executivo subsidiar os pequenos negócios e oferecer formações de gestão e empreendedorismo. “Os políticos e deputados devem reconhecer que os pequenos e médios negócios desempenham um papel fulcral do desenvolvimento sustentável do turismo” e diversificação da oferta hoje em dia existente. Por outro lado, talvez a solução para a diminuição dos divórcios e problemas familiares passe igualmente por uma eventual reformulação dos horários dos funcionários dos casinos, algo que os trabalhadores do sector têm vindo a reivindicar há já vários meses, através de manifestações e entrega de cartas às operadoras e ao Executivo.

indústria do jogo, nomeada-mente para as famílias que têm membros empregados em casinos com horários flexíveis. Prova disso mes-mo é o aumento da taxa de divórcios registada desde 1990, ano em que houve apenas 95 divórcios, com-parando com os registados 475 em 2004 e os mais de 1100 no ano passado.

A representante da asso-ciação Movimento Católico de Apoio à Família, Filome-na Ip confirmou ao HM que grande parte das famílias que procuram aconselhamento junto da associação estão, de alguma forma, relacionadas com a indústria. “Várias das pessoas que nos procuram, com problemas matrimo-niais, pertencem ao sector do Jogo ou relacionados e têm horários rotativos”, começa por explicar. “Na grande maioria dos casos, os problemas têm que ver com escassez de tempo para estar com o cônjuge, ou seja, falta de comunicação, espe-cialmente quando trabalham em horários completamente diferentes”, continua Ip.

No entanto, o Jogo não afecta apenas a relação entre marido e mulher. Também os filhos parecem sofrer com o emprego dos pais. A representante do centro referiu que os horários flexíveis implicam, muitas vezes, menos tempo para os mais novos, o que pode interferir no seu crescimento e aprendizagem.

A opinião é igualmente partilhada por Leong Kai Yin, sociólogo do Institu-to Politécnico de Macau (IPM). Numa entrevista dada ao jornal Ponto Final em Maio de 2012, o aca-démico refere que várias crianças afirmam que “os casinos são bons locais para trabalhar” e os bons ordena-

dos são a justificação para este tipo de pensamento. “Muitas vezes os pais não falaram com eles sobre isso, mas eles aprendem-no através do comportamento dos pais. Acabam por não de-senvolver padrões morais”, começa Leong por dizer.

EXPORTAÇÃO DE MALESFinalmente, um dos pro-blemas sociais mais graves e prementes da indústria do Jogo: o vício e outros problemas relacionados, que destroem contas bancárias e até famílias, provocando de-pressões e, em alguns casos, o suicídio. No entanto, este

poderia ser um problema transversal a qualquer país ou sociedade, mas é em Macau que mais se faz sen-tir, nomeadamente quando comparando com outras regiões.

Segundo dados do estudo anteriormente referido, Hong Kong e Singapura tinham, em 2008, taxas de dependência do jogo de 4,5% e 2,9%, enquanto Macau registava 24 mil casos de vício de, o que representa mais de 24 mil pessoas. O facto dos casinos serem a principal atracção de Macau, explicou o professor da UM, Desmond Lam, faz com que os turistas estrangeiros “levem” consi-go a epidemia que muitos consideram ser o Jogo. “A grande maioria das pessoas que visitam os casinos de Macau são chineses do con-tinente, de Hong Kong e de Taiwan. Assim, o território é, essencialmente, exportador de males sociais e problemas de Jogo para estes países, a partir do momento em que os turistas voltam para os seus locais de origem”, explica o académico.

PROBLEMAS A MAIS NA IDADE DOS CASINOSEmbora o abandono escolar, os problemas familiares e o vício sejam os mais visíveis na sociedade vigente, exis-tem outros que afectam não só quem está relacionado com o sector, mas toda a população.

O progressivo aumento das rendas de casa, a ausência de espaços verdes, o núme-ro excessivo de turistas, a falta de recursos humanos devidamente qualificados e a diminuição do número de pequenos negócios são cinco dos outros problemas identificados. No entanto, a solução – se é que existe – parece não residir na in-dústria, mas sim no próprio Governo, que deverá facilitar a vida aos seus residentes. Há mesmo quem seja mais pessimista relativamente a esta questão, como Desmond Lam. O também professor de Marketing considera que “neste momento, não há so-lução possível”, pelo menos não a curto prazo. “Tendo em conta a eminente abertura de vários mega resorts, não me parece que o problema se resolva brevemente”, acrescentando que “a mão do Governo é definitivamente necessária” para solucionar um problema que considera “grave” e “impossível de ser resolvido somente pelas operadoras”.

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4 POLÍTICA hoje macau quinta-feira 16.10.2014

CECÍLIA L INcecí[email protected]

A Associação Novo Ma-cau vai entregar uma carta à Assembleia Legislativa (AL) hoje

sobre a reforma política. O grupo quer pedir ao órgão legislativo para pressionar o Governo a iniciar a reforma política o mais depressa possível.

O presidente da associação, Sou Ka Hou, disse ao HM que, desta vez, a associação quer uma reforma mais “avançada” do que a que se fez sentir há dois anos e que acrescentou mais cem lu-gares na comissão que elege o Chefe do Executivo e mais dois deputados directos.

SUFRÁGIO E DIRECTOSO voto individual volta a ser o assunto de eleição do grupo pró-democrata. “Queremos um sufrágio universal onde todos resi-dentes tenham direito a apresentar um candidato e em que cada um tenha direito ao voto para escolher o Chefe do Executivo”, diz Sou Ka Hou ao HM.

A constituição da AL também não fica de fora, com um pedido exuberante: “sobre os deputados na AL, já não pedimos apenas que o número dos deputados directos passe a metade do número dos deputados no geral, mas pedimos agora que todos os deputados sejam directos”, revela o presi-

O Conselho Executivo anunciou ontem ter concluído a discus-

são sobre a criação de uma lei que vai regular a utili-zação de energia solar. De acordo com um comunicado ontem emitido pelo Gover-no, o Conselho Executivo concluiu o Regulamento de Segurança e Instalação das Interligações de Energia Solar Fotovoltaica.

De acordo com o que diz o Executivo, no projecto estão previstos “os requi-sitos para a instalação de sistemas fotovoltaicos e as condições técnicas que de-vem ser observadas aquando da ligação à rede pública de electricidade”.

DSEJ Alunosdevem conhecer vários sistemas políticos

REFORMA POLÍTICA NOVO MACAU PEDE PRESSÃO DA AL

Renovação “avançada”CONFLITOS ENTRE A ASSOCIAÇÃO E DEPUTADOS

Na terça-feira passada, realizou-se uma reunião da direcção da ANM, com Sou Ka Hou a admitir ao HM que teve de responder a uma carta de Ng Kuok Cheong e Au Kam Sam, os dois deputados democratas, que lançaram no domingo passado um documento sobre as finanças da associação e do escritório dos deputados. Na carta aberta dos deputados, era dito que estes queriam separar as contas da associação, devido aos subsídios que o Governo dá aos escritórios dos deputados. Sou Ka Hou assegura que os dois deputados tomaram a decisão da separação financeira si próprios, apesar de o presidente da associação já ter afirmado muitas vezes que não concorda. “Além disso, desde o ano passado, a ANM só conseguiu ter dois cargos na AL, sendo que o dinheiro que os dois deputados entregam à associação não aumentou, mas as despesas de consumo andam a subir nos últimos anos. Os deputados pararam de dar dinheiro à associação, o que não ajuda ao desenvolvimento a longo prazo da ANM.” Sou Ka Hou insiste que os dois devem continuar a entregar uma parte do subsídio dos deputados à ANM, associação da qual começaram por fazer parte, sendo que, quando o escritório dos deputados tiver dificuldades financeiras, a associaçãotambém dará apoio.

ENERGIA SOLAR UTILIZAÇÃO E AUTORIZAÇÃO REGULADA POR LEI

A favor da energia limpa

“Sobre os deputados na AL, já não pedimos apenasque o númerodos deputados directos passe a metade do número dos deputados no geral, mas pedimos agora que todosos deputadossejam directos”SOU KA HOU Presidente da ANM

dente da ANM, acrescentando, contudo, que sabe que, para isto acontecer, tem de se mudar a Lei Básica, que tem, actualmente escrito, que a maioria dos deputa-dos tem de ser eleita. Recorde-se que as eleições podem, contudo, ser indirectas – ou seja através de associações. “Por mim, acho que nenhuma lei é impossível de alterar”, afirmou Sou Ka Hou.

A futura lei irá determinar que é a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) quem deve aprovar os pedidos para a instalação dos equi-pamentos de energia solar, sendo também o organismo responsável pela fiscalização do cumprimento da lei.

TESTES E ESTUDOSO regulamento tem vindo a ser elaborado desde 2011,

data em que o Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE) realizou “testes de sistemas de produ-ção de electricidade fotovol-taica em diferentes locais”, tendo sido feitos estudos. A ideia é que se garanta que a energia eléctrica de Macau se mantenha segura “quando os sistemas fotovoltaicos forem ligados à rede pública de

energia eléctrica” e para que “tal não afecte a segurança e a estabilidade do fornecimento de electricidade”.

Tendo ainda como base os exemplos de Hong Kong, Taiwan ou interior da China, o Executivo considerou que “o ambiente geográfico de Macau é semelhante ao das regiões vizinhas”, tendo ainda sido tidos como exemplo todos os aspectos técnicos.

A Direcção dos Ser-viços de Educação

e Juventude (DSEJ) acredita que os alunos devem conhecer ou-tros sistemas políticos. Numa conferência de imprensa que decorreu na tarde de ontem, e cita-da pela Rádio Macau, a chefe do Departamento de Juventude da DSEJ, Un Hoi Cheng, afir-mou que é importante cultivar nos jovens um “raciocínio independen-te”, defendendo ainda que os estudantes de Macau devem conhecer os sistemas políticos di-ferentes dos da RAEM.

Instada a comentar sobre o anúncio recen-te de que as escolas de Macau iriam ter a disciplina de Educação Cívica e que esta inclui Educação Patriótica, a responsável assegurou que é preciso cultivar

nos estudantes um ra-ciocínio independente.

“Um aspecto mui-to importante é que nós temos de ensinar os nossos jovens a terem uma educação cívica básica. Como conhecer os sistemas políticos dos países estrangeiros, certos valores sociais, para que conheçam melhor os valores cívicos. Queremos que a nossa juventude tenha edu-cação neste sentido. Quanto ao conteúdo geral, relativamente ao civismo e moral das crianças, quando falamos da educação moral, queremos que sejam pessoas mais sérias e que possam aceitar os outros que são diferentes em re-lação a nós”, afirmou a chefe de departamento, citada pela rádio.

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TIAG

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5 políticahoje macau quinta-feira 16.10.2014

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CECÍLIA L [email protected]

K OU Hou In apelou ontem ao Executivo que tenha em conta a necessidade de se

estudar a implementação de medidas, para evitar conflitos sociais assim que entrar em vigor a Lei do Salário Mínimo. O deputado eleito pela via indirecta em representação dos sectores industrial, comercial e fi-nanceiro considera que isto pode vir a acontecer.

O problema principal, diz o deputado, é que não se deve pensar apenas nos números e valores que o salário mínimo vai implicar, mas também no ‘sofrimento’ das associações de condomínios, que vão ter de implementar os salários para os trabalhadores de limpeza e segurança.

“A questão é que não são apenas os números, mas

Pequim flexibiliza negócios com Macau O Governo Central anunciou que vai aumentar, em 55%, a percentagem de participação de empresas de Macau e Hong Kong em parcerias conjuntas em Guangdong, que envolvam processamentos de dados ou transacções online. De acordo com notícia avançada pela revista Macau Business, o website do Governo confirma que tal medida vai ao encontro dos mais recentes acordos de parceria económica assinados entre o continente e as duas regiões administrativas especiais.

O deputado alerta para as dificuldades que as associações poderãovir a enfrentar para pagar salários

LEI DO SALÁRIO MÍNIMO KOU HOU IN QUER EVITAR CONFLITOS SOCIAIS

Para além dos números

A questão é que não são apenas os números, mas também as associações. O Governo e os membros da 3ª. Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) precisam de fazer considerações com cuidado, a fim de evitar conflitos sociais por causa da nova lei

também as associações. O Governo e os membros da 3ª. Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) precisam de fazer con-siderações com cuidado, a fim de evitar conflitos sociais por causa da nova lei”, disse o deputado, que também é empresário.

PONTO DA SITUAÇÃOFalando na qualidade de deputado, Kou Ho In disse ainda ao diário de língua chinesa que, durante a primeira sessão legislativa da AL, visitou dezenas de associações comerciais e industriais, tendo “visto quais são as dificuldades das Pequenas e Médias Empresas (PME)”, sendo que “nas intervenções antes da ordem do dia e interpe-lações orais” vai voltar a

apresentar esses problemas nos plenários da AL.

O deputado disse ainda que o seu escritório andava a auxiliar patrões das PME a

resolver conflitos laborais. O principal problema apontado é que os patrões podem não conseguir pagar os salários exigidos aos funcionários, fazendo com que estes se revoltem contra os patrões.

Kou Hou In sublinhou ainda que vai continuar a pedir ao Governo para for-talecer o auxílio às PME, por forma a resolver a falta de mão-de-obra, para que se possa melhorar a competiti-vidade das empresas locais e promover a diversificação das indústrias.

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6 SOCIEDADE hoje macau quinta-feira 16.10.2014

Depois de um engano, o prédio que quase foi demolido na Rua da Barca poderá agora ser classificado como património cultural. A decisão sem data fixa para ser conhecida, vai incluir uma consulta pública num prazo de doze meses

FIL IPA ARAÚ[email protected]

O prédio na Rua da Barca que viu um dos seus pisos demolido

erradamente – e que integra-va a lista dos edifícios em mau estado de conservação desde 2006 – poderá ser agora classificado como património cultural. Isso mesmo informou o Conse-lho do Património Cultural, ontem, em conferência de imprensa.

A acontecer pela primei-ra vez em Macau, o processo de classificação irá iniciar--se nos primeiros meses do próximo ano e, segundo a Lei de Salvaguarda do Pa-trimónio Cultural, terá que ficar decidido num prazo de 12 meses.

FLORA FONG [email protected]

O presidente do Instituto Cultural (IC), Guilherme Ung Vai Meng referiu

ontem que poderão vir a ser leva-das a cabo escavações arqueológi-cas na zona do Centro Histórico, para que sejam descobertos “mais pontos culturais” no local. Ung Vai Meng assegurou que vão existir mais medidas de controlo da quantidade de pessoas junto das

Ruínas de São Paulo, até porque os residentes têm mais consciên-cia de que é preciso proteger o património.

Em declarações ao programa Macau Talk do canal chinês da rádio, o presidente do IC – a par do chefe do Departamento do Património Cultural, Cheong Cheok Kio – foi questionado por um ouvinte sobre o facto de haver cada vez mais turistas e um maior fluxo de pessoas na zona das Ruínas de São Paulo.

Ung Vai Meng assegurou que, caso as multidões comecem a ser “demasiado grandes”, então vão ser implementadas medidas de controlo na zona.

TOCA A ESCAVARO responsável assegurou ainda que está a ser ponderada a hipótese de se fazerem mais escavações arqueológicas na zona do Centro Histórico, de forma a descobrir ou-tros objectos de interesse cultural.

Recorde-se que, desde há qua-

tro anos, que se tem descoberto artefactos na zona junto às Ruínas, sendo alguns deles porcelanas chinesas raras.

Já Cheong Cheok Ki, por sua vez, apontou que as autoridades vão monitorizar de forma pró-xima a situação das Ruínas de São Paulo, utilizando sistemas tridimensionais para fiscalizar eventuais mudanças na estrutura do monumento, para que sejam tomando medida de protecção em caso de necessidade.

PATRIMÓNIO IC CLASSIFICA EDIFÍCIO PARCIALMENTE DEMOLIDO

Afinal a casa não vai abaixo

CUIDAR DA PAISAGEM Em discussão na 4ª reunião plenária ordinária do Conselho do Património Cultural esteve também o projecto do metro ligeiro nas zonas dos Lagos Nam Van e Sai Van. Os membros do grupo mostraram-se preocupados quanto às questões paisagísticas do local. “Os membros disseram que, nesta zona, não devemos resolver apenas o problema da estação da zona de Nam Van, mas que toda a zona deve ser analisada em coordenação com a paisagem envolvente. Haverá uma análise sobre a questão paisagística da zona”, explicou Ung Vai Meng.

INSTITUTO CULTURAL ESCAVAÇÕES ARQUEOLÓGICAS NO CENTRO HISTÓRICO

À descoberta de “pontos culturais”PUBLICIDADES E OBRAS ILEGAIS De acordo com o presidente do Instituto Cultural, foram detectadas mais de duas dezenas de casos de publicidade ilegal e foram emitidas mais de 40 ordens de embargo de obras. Ung Vai Meng afirmou ontem que as tabuletas de publicidade são também parte da gestão do Centro Histórico, até porque cabe ao IC evitar que haja influências na paisagem do património cultural. “Desde a entrada em vigor da Lei de Salvaguarda do Património Cultural, em Março deste ano, o IC, em conjunto com outros departamentos, fiscalizou 110 vezes tabuletas de publicidade dentro do Centro Histórico e descobrimos 23 casos ilegais deste tipo. Emitimos [ainda] 48 ordens de proibição de obras.”

“O processo de clas-sificação começará no início do ano e terá que estar terminado dentro do

prazo estipulado pela lei, ou seja, em 12 meses”, es-clareceu o vice-presidente do Conselho, Guilherme

Ung Vai Meng. O também presidente do Instituto Cul-tural (IC) adiantou ainda que será aberta uma con-sulta pública, antes de ser tomada qualquer decisão, para recolher as opiniões da população sobre o edifício.

PROTECÇÃO GERALPara o porta-voz do Conse-lho do Património Cultural, Carlos Marreiros, “para o Conselho, foi positivo que o IC levasse a cabo a ini-ciativa do procedimento de

classificação do edifício”. Segundo o também arqui-tecto, apesar de o prédio não se integrar no âmbito da zona de protecção do património cultural, tem características que podem reflectir a situação antiga da vida da população.

“Este tipo de edifício era comum na década de 60 do século passado, desde a zona da Barca até à Avenida Horta e Costa sendo, con-tudo, hoje em dia, muito raro”, disse.

O Conselho explicou que a protecção deverá ser alargada à zona que envolve o prédio da Rua da Barca, até porque, segundo o arquitecto, “para além da protecção do imóvel em questão, [a protecção] deve ser considerada integrada na malha urbana da zona em geral, em particular na praça que lhe faz fronteira”.

PRIVADOS SEM INTERFERÊNCIA Recorde-se que este edi-fício quase sofreu uma demolição na íntegra, algo que foi evitado depois de muita polémica provocada por vários urbanistas e es-pecialistas da área. Situação que está resolvida, segundo o Conselho, que durante a conferência explicou que foi possível recuperar a par-te que tinha sido demolida por engano.

Ung Vai Meng explicou ainda que a prioridade é a protecção do prédio e que o recurso do proprietário

privado do edifício não vai interferir no procedimento de classificação.

Na lista para a classifi-cação estão também outros edifícios, ainda que o Con-selho não tenha avançado quais, argumentando que, para já, não existem deci-sões a esse respeito.

Se as autoridades pre-cisarem de 12 meses para terminar a avaliação ao processo de classificação, então a decisão final pode ser conhecida apenas em 2016.

“Este tipo de edifício era comum na década de 60 do século passado, desde a zona da Barca até à Avenida Horta sendo, contudo, hoje em dia, muito raro ”CARLOS MARREIROS Porta-voz do Conselhodo Património Cultural

Ontem à noite, um dos proprietários do número 1 da Rua da Barca, Lau Chao Lam, disse considerar que seria melhor demolir o edifício, justificando que “embora o património pos-sa ser restaurado, será ape-nas uma imitação”. Apesar de tudo, Lau espera que o Governo avise o mais rápi-do possível qual o destino do edifício, adiantando que, mesmo que o Governo dê uma indemnização, este terá de ser um assunto que deverá ser bem discutido.

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GCS

7 sociedadehoje macau quinta-feira 16.10.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

O problema re-pete-se a cada abertura do Ano Judiciá-

rio, mas continua por re-solver. Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), voltou ontem a frisar no seu discurso que a falta de magistrados vai provocar um decréscimo de qualidade na justiça. Tudo porque já se atingiu um limite.

“Não são só os magistra-dos do Ministério Público (MP) que estão cansados”, disse Neto Valente à mar-gem do evento, numa re-ferência ao discurso de Ho Chio Meng, o procurador. “Toda a gente está no limite de esforço para tratar dos processos. Os magistrados estão todos a rebentar pelas

CHEFE DO EXECUTIVO ASSEGURA MELHORIAS Chui Sai On fez questão de salientar que, desde o estabelecimento da RAEM, e ao longo de 15 anos, o Governo “tem defendido escrupulosamente o princípio da independência do poder judicial e o princípio do primado da lei”, e mantém-se empenhado em promover o conhecimento generalizado das leis junto da população e em impulsionar o desenvolvimento do sistema jurídico. O Chefe do Executivo não deixou de frisar que a “independência judicial é a base fundamental para se alcançar a equidade, a justiça e a alta eficiência do sistema judicial” e que, por isso, vai haver “um contínuo aperfeiçoamento do sistema judicial”. Por fim, o Chefe do Executivo, referiu ainda que o Governo continuará a apoiar os órgãos judiciais, no âmbito da melhoria das instalações e equipamentos, no reforço da formação dos funcionários de justiça, no desenvolvimento dos recursos humanos e na assimilação de tecnologias e modelos de gestão mais avançados.

NOVAS INSTALAÇÕES PARA TRIBUNAISNeto Valente, presidente da AAM, começou o seu discurso a criticar a actual falta de condições dos tribunais. “As instalações são deficientes e inadequadas ao uso por todas as pessoas que têm de as utilizar. A situação actual é pouco menos que deprimente. Ao fim destes anos todos, continuam a falar de condições condignas para os tribunais, sem uma solução definitiva no horizonte próximo.” Ho Chio Meng, procurador, disse ainda que se “deve concretizar o mais depressa possível a construção do novo edifício do MP para contornar a situação de dispersão dos seus serviços e constante aumento de rendas”.

“ADMINISTRAÇÃO NÃO É COMPLEMENTO DA FACULDADE”Neto Valente comentou ainda os elevados chumbos no Concurso Centralizado para a Função Pública, em que apenas um de entre 500 candidatos a um lugar como jurista entrou. “Penso que desses 500, apenas 380 foram a exame e a maior parte deles são estudantes de Direito da China, de Taiwan, de Hong Kong e também há de Macau - da MUST, que, como o nome indica, estudam tecnologia e não Direito de Macau – e os que sobram da Universidade de Macau, que não serão tantos. E além disso haverá dificuldades do próprio exame. Mas temos de ver que a Administração não é um complemento da faculdade e quando recruta funcionários para trabalharem como juristas, não é como quem vai entrar para aprender. Queriam um teste americano só com quadradinhos, com sim ou não? Assim é mais fácil de acertar. Houve ainda alguma dificuldade na gestão do tempo, mas isso faz parte da vida”, defendeu.

JUSTIÇA JORGE NETO VALENTE PREVÊ DEGRADAÇÃO DE QUALIDADE

“Toda a gente está no limite de esforço”

“Os números são eloquentes: com o aumento da quantidade de processos novos nos tribunais e no MP, a acrescer aos milhares de processos que transitam do ano anterior,os atrasos não se recuperam”NETO VALENTE Presidente da AAM

Na sessão solene de abertura do Ano Judiciário, o presidente da Associação dos Advogados de Macau voltou a frisar a falta de magistrados, que, diz, nem conseguem acompanhar o aumento dos processos. Neto Valente defende a revisão da Lei de Bases da Organização Judiciária e pede juízes temporários

costuras, porque não che-gam”, defendeu.

No discurso, Neto Va-lente frisou que a justiça

continuará a ser lenta, e, provavelmente, de pior qualidade. “Os números são eloquentes: com o aumento da quantidade de processos novos nos tribunais e no MP, a acrescer aos milhares de processos que transitam do ano anterior, os atrasos não se recuperam”, disse Neto Valente, lembrando ainda que “o corrente ano não mudará o estado das coisas”.

NÚMEROS QUE NÃO MENTEMSam Hou Fai, presidente do Tribunal de Última Instân-cia (TUI), apresentou um cenário menos negro no seu discurso, mas não deixou de chamar a atenção para o facto do TUI ter recebido, no ano de 2013/2014, 150 processos, “número que é o mais elevado de todos os anos”. Também na área laboral, “o número dos processos aumentou signi-ficativamente”, sendo que “o número dos processos crimes começou a registar grandes aumentos ao longo dos últimos anos”.

Ho Chio Meng, procu-rador, admitiu que há pou-cos funcionários e muitos processos. “Andamos to-dos cansados de tratar des-ses processos e não temos

tempo para outra coisas”, disse ainda o procurador--geral da RAEM.

Em resposta a Sam Hou Fai, Neto Valente referiu que “o presidente do TUI tem sempre um discurso

mais optimista e acha que se, não vivemos no melhor dos mundos, vivemos quase”. Neto Valente diz que esta não é a sua pers-pectiva.

“Ele diz que temos me-

lhorado muito, mas usa os mesmos números que eu. Ele acha que tem havido um melhor desempenho, mas não posso concordar. Se os atrasos já existiam antes de terem apareci-do meia dúzia de novos magistrados, agora que entraram mais dois mil processos, e não entraram, nem vão entrar, novos magistrados, como se vai resolver o problema?”, questionou.

FAZER COMONA COMMONWEALTHNeto Valente chamou a atenção para o facto dos ac-tuais juízes não terem tempo para fazerem formação. Ho Chio Meng disse mesmo que Agosto, mês de férias do pessoal, é a altura escolhida para que os juízes possam frequentar esses cursos.

“O grave não é apenas o número de processos, é que os juízes são seres humanos e têm de estudar. As questões que vão para os tribunais são cada vez mais complexas. Provavelmente vai haver pior qualidade da justiça”, apontou o presi-dente da AAM.

Neto Valente defendeu, por isso, que seja feita “uma reforma profunda da Lei de Bases da Organização Judiciária”, que tenha em conta “o aumento do número de juízes do TUI, a par com o alargamento das suas competências, o estabelecimento de um período probatório no ini-cio da carreira”. Também Ho Chio Meng referiu que “a reforma jurídica é um assunto inevitável”.

O presidente da AAM defendeu ainda a imple-mentação de um modelo que já acontece nos países que pertencem à Com-monwealth. “Como não há magistrados, não querem admitir uma coisa muito simples, que era arranjarem magistrados temporários que viessem cá fazer for-mação e desimpedir pro-cessos”, concluiu.

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hoje macau quinta-feira 16.10.20148 sociedade

CECÍLIA L [email protected]

A Associação Novo Macau (ANM) lançou ontem uma carta aberta

ao Secretário para os Assun-tos Sociais e Cultura, Cheong U, onde pede às autoridades que prestem mais atenção aos casos de assédio sexual que se passam em Macau e, nomeadamente, nas universi-dades. O pedido surge depois de, alegadamente, uma aluna ter sido assediada sexual-mente na Universidade de Macau (UM).

De acordo com a carta enviada ao HM pela asso-ciação, uma aluna da UM foi vítima de assédio sexual por parte de um professor do continente, sendo que já foi feita uma queixa à direcção da instituição, onde é referido não só o nome do académico, mas o da aluna.

“O professor em questão foi suspenso por 12 dias, sem direito a salário”, lê-se na carta. “Tendo em conta que não há qualquer lei de combate ao assédio sexual ou atentado ao pudor, as vítimas têm, muitas vezes, receio de apresentar queixa por causa da pressão e os violadores acabam sempre por fugir à responsabilida-de”, continua a ANM.

A associação apontou ainda que as instituições de ensino superior do território não são semelhantes às das

O Índice de Preços Tu-rísticos de Macau, que

reflecte a variação de preços dos bens e serviços adquiridos pelos visitantes, subiu 4,89% no terceiro trimestre do ano e numa comparação anual para 135,14 pontos, foi ontem anunciado.

A subida do índice ficou a dever-se aos aumentos dos preços do alojamento em hotéis, serviços de res-tauração, vestuário e das malas, sustentam os Serviços de Estatística. Nos dados

divulgados é apontada uma subida dos preços de 8,85% no vestuário e calçado, de 7,97% na restauração e de 6,29% no alojamento. Já os transportes e comunicações reflectiram uma baixa de 4,6% nos seus preços. Face ao segundo trimestre do ano, o Índice de Preços Turísticos cresceu 1,21%, com as subi-das de 3,46% na restauração e de 3,29% no alojamento, um reflexo de aumentos durante as férias de Verão. Ainda face ao segundo trimestre do

ano, os Serviços de Estatís-tica identificaram descidas de 1,36% nos transportes e comunicações, de 1% nos produtos alimentares e de 0,66% nas bebidas alcoó-licas e tabaco, potenciados pelas quedas dos preços dos bilhetes de avião, dos pastéis e doces e no vestuário de Verão.

Nos últimos quatro tri-mestres e face aos quatro trimestres imediatamente anteriores, o Índice de Preços Turísticos subiu 6,19%.

ASSÉDIO SEXUAL ANM PEDE CERCO MAIS APERTADO ÀS UNIVERSIDADES

O campus do medo

“Tendo em conta que não há qualquer lei de combate ao assédio sexual ou atentado ao pudor, as vítimas têm, muitas vezes, receio de apresentar queixa por causa da pressão e os violadores acabam sempre por fugir à responsabilidade”COMUNICADO DA ASSOCIAÇÃO NOVO MACAU

CPU pede integração de prédio no património O Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) voltou ontem a reunir, tendo sido discutidos nove projectos. Um deles é um prédio situado na Rua Ferreira do Amaral, que muitos membros do CPU consideraram ser necessário voltar a integrar a lista dos edifícios históricos a proteger. O edifício em causa deixou de ser classificado em 1992, por isso o Instituto Cultural (IC) foi inquirido a dar explicações. O projecto de reconstrução da Escola Pui Tou também esteve em discussão, tendo sido pedidas mais explicações ao Executivo. Vong Kuok Ieong, director de outra escola, disse que a falta de espaços no ensino é uma questão séria para muitas escolas locais.

Índice de Preços Turísticos sobe 4,89%

Depois de um alegado caso de assédio sexual na Universidade de Macau – que levou à suspensão de um professor, de acordo com a Associação Novo Macau – a associação pede um cerco mais apertado às instituições de ensino superior, até porque não há uma lei que regule estes crimes

e de igualdade de sexos”, pede a ANM. A associa-ção considera mesmo que estes actos vão contra “os princípios humanos básicos internacionais”.

APERTAR O CERCOA carta enviada a Cheong U surge, de acordo com o colectivo de activistas, da necessidade de criar uma legislação única que com-bata os crimes de assédio sexual e atentado ao pudor. A ANM questionou ainda o Executivo sobre os dados actuais referentes aos casos de assédio sexual.

“Porque é que as institui-ções de ensino superior de Macau não tomam a expe-riências das regiões vizinhas como exemplo, a fim de criar uma comissão independente para combater este crime, bem como uma outra para defender a igualdade de sexos?”, questionam.

A associação pró-de-mocrata perguntou ainda ao Executivo se será con-siderada a criação desde mecanismo a longo prazo nos estabelecimentos de ensino da RAEM e se o mesmo não será feito pelo próprio Governo. Isto é, se o Executivo pondera a criação de uma comissão do género, mas de foro público.

O HM tentou contactar a UM para confirmar o in-cidente de assédio sexual, mas não foi possível obter resposta até ao fecho desta edição.

regiões vizinhas, que têm comissões independentes para combater este tipo de abuso, bem como grupos em

favor da igualdade de sexo, ou comissões permanentes de aconselhamentos desti-nadas aos alunos.

“[Não há organizações] que façam investigações so-bre casos de assédio sexual antes que estes cheguem até

às autoridades competentes. Isto deve acontecer, a fim de garantir que o campus tenha um ambiente seguro

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CÂNT

ARA

UM DIA SEM VER

9 sociedadehoje macau quinta-feira 16.10.2014

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CONVITE

O INSTITUTO INTERNACIONAL DE MACAU (IIM)

tem o prazer de convidar para o lançamento da obra“BAMBU QUEBRADO”, de Maria Helena do Carmo

A obra será apresentada pelo Prof. Jorge Cavalheiro

Será apresentada também a revista “ORIENTE/OCIDENTE”

do Instituto Internacional de Macau, em um novo formato

Local: Instituto Internacional de Macau Rua de Berlim, Edf. Venus Court, 240 2.º andar, (NAPE)Data: 17 de Outubro de 2014Hora: 18H00 Telefone: 2875-1727Fax: 2875-1797E-mail: [email protected]

FLORA [email protected]

O vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam, Lam U

Tou, criticou ontem as medi-das de controlo da poluição implementadas pelo Gover-no em Ká Hó, em Coloane. O responsável considera que as medidas não mostram uma grande capacidade de resolução total do problema.

Lam U tou afirmou que, mesmo existindo regula-mentos que permitam con-trolar e melhorar o ar da vila de Ká Hó, essas medidas são apenas “critérios mínimos” e não mostram grande po-der de solução. Lam U Tou voltou a criticar que o que o Governo fez para melhorar a poluição do ar não atinge as expectativas dos moradores.

“Mesmo depois de en-trarem em vigor os limites de emissão de poluentes

CECÍLIA L [email protected]

O preço de habita-ção caiu pela pri-meira vez desde

há dez anos, disse ontem o presidente da direcção do Grupo Macore, Leong Meng Fai, um grupo com negócios na área do imobi-liário. O preço do mercado imobiliário caiu, estes dois últimos meses, entre 6% a 7%. Ainda assim, tendo em conta o bolo total, foram menos as casas vendidas durante 2014.

O presidente prevê que, no total, este ano só cerca de oito mil casas terão sido vendidas, o que represen-ta o menor número nos últimos dez anos. O facto deve-se aos altos preços da habitação, mas não só.

Citado pelo jornal Ou Mun, Leong Meng Fai afir-ma que a queda das receitas do Jogo não influencia em quase nada o mercado imobiliário e defende que a poupança dos residentes já aumentou muito nos últimos anos, pelo que a maioria, diz, tem uma boa capacidade financeira. Contudo, “os clientes” assustaram-se com as que-bras nas receitas do Jogo, diz, e, ao mesmo tempo, os bancos apertaram mais as taxas para os empréstimos

“Mesmo depois de entrarem em vigor os limites de emissão de poluentes atmosféricos e normas de gestãode instalações dos estabelecimentos industriais de produção de cimento, (...) não estão a surtir efeitoLAM U TOU Vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam

KÁ HÓ ASSOCIAÇÃO CRITICA MEDIDAS DE CONTROLO À POLUIÇÃO

“Ineficazes e preguiçosas”A associação Choi In Tong Sam acusa o Governode implementar medidas insuficientes para melhorara qualidade do ar que se respira na vila de Ká Hó

IMOBILIÁRIO PREÇOS CAEM PELA PRIMEIRA VEZ EM DEZ ANOS

Uma nova oportunidade?

ILHA DA MONTANHA COM POTENCIALIDADERecentemente, muitos projectos na Ilha da Montanha começaram a ser vendidos, refere ainda Leong Men Fai, situação que afectou a venda de casas em Macau, porque com cerca de três a cinco milhões patacas já se pode comprar uma casa nova em Hengqin. Leong considera que nos próximos anos ainda vai haver mais projectos a ser vendidos na Ilha da Montanha, pelo que este local vai ser a nova escolha dos residentes.

atmosféricos e normas de gestão de instalações dos estabelecimentos industriais de produção de cimento, em Junho deste ano, acho que, pela minha observação no terreno, não estão a surtir efeito”, começou por dizer. “A medida de regar o asfalto

hipotecários. Isso, diz, re-sulta num menor número de pessoas a comprar casa.

“Alguns bancos, este ano, cortaram o período de empréstimo de 30 anos para 25 ou 20 anos. Al-gumas casa sem elevador apenas obtêm um emprés-timo de 40% a 50% face ao preço geral.”

MAIS DINHEIROPARA HABITAÇÃOApesar das descidas na compra de casa, o sec-tor bancário de Macau concedeu em Agosto o equivalente a cinco mil mi-lhões de patacas em novos empréstimos à habitação, uma subida homóloga de 51,7%, mas menos 8,3% do que em Julho deste ano. Os residentes locais, com um total de 4.664,1 milhões de patacas, assumiram as maiores despesas, que traduzem um crescimento de 41,4% face a Agosto de 2013 e uma queda de 13,4% relativamente a Julho deste ano. Já os não residentes pediram 383 milhões de patacas de crédito, mais 27% face ao mês anterior e mais 2.997,8% contra Agosto de 2013. Cerca de um quarto do dinheiro dos novos empréstimos destinava-se a pagar uni-dades não completas em edifícios em construção.

não é suficiente porque a água rapidamente se evapora e há sempre demasiadas poeiras”, afirmou o vice-presidente ao Jornal do Cidadão.

A DESCAIRLam considera ainda que as medidas de controlo e super-

visão da poluição do ar estão mais “preguiçosas”, depois da visita de Chui Sai On, Chefe do Executivo, ao local.

“O Governo prometeu melhorar a questão da polui-ção, mas não tem um meca-nismo regular de publicação de mensagens que permitam esclarecer as dúvidas de residentes e nunca foram publicados os resultados e o progresso da implementação das regras. Isso mostra que o Governo está a quebrar a sua promessa e que a sua governação não é pública, nem transparente”, acusou.

Uma reportagem do HM em Ká Hó dava conta que alguns dos residentes se sen-tiam mais satisfeitos com as medidas contra a poluição, mas também havia quem apontasse o dedo, conside-rando que as medidas não estavam a ter efeito e que até estavam a ser reduzidas.

Lam U Tou concorda e pede ao Governo que pondere de forma cautelosa o problema da existência da fábrica de ci-mento no local, sugerindo que os estabelecimentos indus-triais de alto nível de polui-ção devem estar concentrados numa mesma zona.

• A Associação de Promoção dos Direitos das Pessoas com Problemas Visuais organizou uma activada para assinalar o Dia Internacional da Bengala Branca, que faz 50 anos. O grupo reuniu-se junto à igreja de São Lourenço e propôs às pessoas sem problemas visuais que assumissem o lugar inverso. Com uns óculos que não lhes permita ver, os participantes sentiram em primeiro plano as dificuldades sentidas pelos cegos. O deputado Chan Meng Kam e vários funcionários públicos não ficaram indiferentes e marcaram lugar na actividade. Albert Cheong, presidente da associação, disse ao HM que o “saldo é muito positivo” reforçando que a “população precisa deste tipo de actividades para perceber as dificuldades dos cegos”.

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hoje macau quinta-feira 16.10.201410 publicidade

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hoje macau quinta-feira 16.10.2014 11EVENTOS

CONTOS E LENDAS DE MACAU • Alice VieiraPlano Nacional de Leitura. Livro recomendado no programa de Português do 4º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada na sala de aula - Grau de Dificuldade III.

VIVER NO FIM DOS TEMPOS • Slavoj ZizekPara o autor de Bem-Vindo ao Deserto do Real, o capitalismo global está a chegar à sua crise final. Slavoj Žižek aponta os quatro cavaleiros deste futuro apocalipse: a crise ecológica mundial; os desequilíbrios do sistema económico; a revolução biogenética; e as divisões sociais explosivas.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

Máscaras, maquilhagens e menus especiais para celebrar a “Noite das bruxas”

O Galaxy irá levar a cabo um conjunto de actividades para todos aqueles que queiram

passar uma noite assustadoramente divertida no Halloween. No dia 31 de Outubro, o China Rouge vai abrir as suas portas de forma gratuita a todos aqueles que forem mas-carados e maquilhados de forma assustadora. Já os que preferirem

ir sem máscara terão que pagar 380 patacas para entrar, com oferta do cocktail “Yelloween”.

De acordo com a organização, o tema escolhido para este ano é “The Halloween Haunted Chamber” e o evento tem início às 21h00.

PIRATAS NO STARWORLDJá o StarWorld Hotel, mais pre-cisamente o Whisky Bar, também será palco de uma festa sob o tema “The Pirate Halloween Party”, onde vai ser premiado o melhor disfarce. O prémio é nada mais nada menos que um tesouro no valor de duas mil patacas. A abertura da festa está prevista para as 17h00.

No local haverá ainda um mo-mento de entretenimento com a estreia do filme de terror “Zombie Fight Club”.

O DocLisboa, o maior festival português dedicado ao docu-

mentário, começa na quinta--feira e com uma programação de 250 filmes, que pretende colocar o espectador perante a História, em muitos casos, de acontecimentos recentes.

O festival, que vai na 12.ª edição, começa com uma dupla abertura, onde se destaca um documentário sobre o artista plástico chinês e activista Ai Wei Wei. No Cinema São Jorge, passa “Ai Wei Wei Apppeal 15,220,910.50” e na Culturgest, antestreia “Praça”, de Sergei Loznitsa, sobre os protestos no ano passado em Kiev, na Ucrânia.

ESTREIAS PARA TODOS OS GOSTOSAté ao dia 26, o DocLisboa propõe 40 estreias mundiais e internacionais, como “Father and sons”, de Wang Bing, e vários ciclos temáticos, como a retrospectiva da obra do realizador holandês Johan Van Der Keuken e o programa “neo-realismo e novos realis-mos”, com obras de Luchino

Albergue SCM Cerâmica com Kristina Mar Kristina Mar apresenta, de 28 de Outubro a 10 de Novembro, um workshop de cerâmica no espaço do Albergue SCM. A ceramista portuguesa, que reside no Japão, vai ensinar as técnicas básicas da arte da cerâmica. O curso decorre de segunda a sábado, tendo um total de 40 horas. O custo é de 500 patacas e as aulas serão leccionadas em inglês. As inscrições estão abertas até ao dia 22 de Outubro.

Cáritas Bazar Solidário em NovembroComo tem sido hábito, a Cáritas de Macau irá organizar mais um Bazar Solidário nos dias 1 e 2 de Novembro, sábado e domingo. Serão mais de 80 entidades representadas, junto aos lagos Nam Van. No local, haverá barraquinhas com comida, roupas, acessórios e jogos. A 45ª edição do evento pretende angariar fundos para a associação e assim auxiliar as muitas famílias que recorrem a este grupo.

LES HALLES AS DELICIOSAS RECEITAS, DICASE TÉCNICAS DA COZINHA BISTRÔ • Anthony BourdainAntes de espantar o mundo com os campeões de vendas Cozinha Confidencial e A Cook’s Tour, Anthony Bourdain passou anos a servir da melhor comida de cervejaria francesa em Nova Iorque. Com uma atmosfera descontraída e terra a terra, o Les Halles enquadra-se perfeitamente no estilo de Bourdain: é um restaurante onde nos podemos vestir à nossa vontade, falar alto, beber um copo de vinho a mais e passar um bom bocado com os amigos.

HALLOWEEN GALAXY COM ACTIVIDADES E FESTAS ESPECIAIS

Uma semana assustadoraDO CINEMA À COMIDADesde ontem que o Galaxy é palco do Macau Horror Film Festival, que decorrerá até ao dia 2 de Novembro. Muitos são os filmes que irão passar nas telas do cinema do complexo, tais como “Annabelle e Dracula Untold”. Uma maratona de terror também está prevista, com o “Horror Movie Marathon”, a decorrer no dia 31 de Outubro e com início às 21h30 e até ao amanhecer. Os bilhetes têm um custo de 200 patacas. A gastronomia também será alvo de criatividades de meter medo. Os espaços Cascades e o UA Galaxy Cinemas irão ter disponíveis menus dedicados ao Halloween. O espaço Cascades terá o menu “Cascades Halloween Cake Selection” com ofertas de sobremesas “Spooky Eyes on a Spoon” ou o bolo de chocolate “Zombie’s hand”, cada um a 35 patacas. No UA Galaxy Cinemas os chefs criaram vários menus de pôr os apreciadores gastronómicos aos gritos.

DOCLISBOA DOCUMENTÁRIOS SOBRE AI WEI WEI E PROTESTOS EM HONG KONG

A história através de 250 filmes

Visconti, Nelson Pereira dos Santos, Dino Risi, Vittorio di Sica, Pedro Costa ou Miche-langelo Antonioni.

Do documentário como testemunho de momentos his-tóricos, o DocLisboa exibirá, por exemplo, “German concen-tration camps factual survey”, filme sobre a libertação dos campos de concentração nazis, que foi recentemente restaurado pelo Imperial War Museum, do Reino Unido, assim como “Ni-ght will fall”, de André Singer, sobre o mesmo tema.

Destacam-se ainda os re-gistos de protestos, um pouco por todo o mundo, reunidos na sessão “Fuck the system”, no dia 23, e que inclui curtos filmes feitos em Hong Kong, mas também no Chile, no Bra-sil, em Espanha e em Lisboa, com a curta “Todos os Rios vão dar ao Carmo”.

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12 CHINA hoje macau quinta-feira 16.10.2014

O S violentos con- frontos que ti-veram, a noite passada, Hong

Kong como palco, com a po-lícia a recorrer a gás pimenta para dispersar centenas de manifestantes, resultaram em 45 detidos, informaram as autoridades.

A polícia voltou a re-correr ao gás pimenta para dispersar centenas de mani-festantes que pouco antes da meia-noite se entrincheira-

HONG KONG 45 DETIDOS EM MADRUGADA DE CONFRONTOS

No calor da noite

Aviso

Faz-se público que, por despacho de S. Ex.a o Chefe do Executivo, de 15 de Julho de 2014, e nos termos do disposto na Lei n.º 14/2009 (“Regime das carreiras dos trabalhadores dos serviços públicos”) e no Regulamento Administrativo n.º 23/2011 (“Recrutamento, selecção, e formação para efeitos de acesso dos trabalhadores dos serviços públicos”), se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento de um lugar de motorista de ligeiros, 1.o escalão, da carreira de motorista de ligeiros, em regime de contrato por assalariamento do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais.

Aviso de abertura foi publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.° 42, II Série, de 15 de Outubro de 2014. O prazo para a apresentação de candidaturas é de vinte dias, a contar do primeiro dia útil ao da publicação do presente aviso no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau. Os candidatos devem preencher a “ficha de inscrição em concurso” aprovada pelo Despacho do Chefe Executivo n.º 250/2011 (pode ser requisitada na Imprensa Oficial ou descarregada na página electrónica daquela entidade pública) juntamente com o arquivo associado, e apresentá-la, no período definido, durante o horário de expediente (segunda-feira a quinta-feira, 9:00 – 13:00; 14:30 – 17:45; sexta-feira, 9:00 – 13:00; 14:30 – 17:30), para este Gabinete, sito na Avenida da Praia Grande, n.º 804, Edifício China Plaza, 13.º andar, A-F, em Macau.

Para mais informações é favor consultar o site deste Gabinete http://www.gpdp.gov.mo.

A Coordenadora Chan Hoi Fan

10 de Outubro de 2014

Suspensos seis agentes após agressãoOs agentes da polícia de Hong Kong suspeitos de agredir o manifestante pró-democracia e membro do Partido Cívico Ken Tsang foram suspensos das suas funções, depois da divulgação de um vídeo onde se pode ver a alegada agressão. As imagens da estação de televisão TVB mostram seis polícias à paisana a agredir um homem que acaba por cair no chão após uma série de pontapés. “A polícia está preocupada com este incidente e vai abrir uma investigação independente”, disse o secretário para a Segurança, Lai Tung-kwok. “Os agentes implicados neste incidente foram suspensos das suas funções”, acrescentou. O líder estudantil Joshua Wong declarou que os manifestantes perderam toda a confiança na polícia. “O que a polícia deveria fazer era escoltar o manifestante até ao carro, e não levá-lo para longe e atingi-lo com pontapés durante quatro minutos”, afirmou.

Amnistia Internacional condena Amnistia Internacional (AI) juntou-se ao coro de condenações da alegada agressão a Ken Tsang, membro do Partido Cívico, pela polícia de Hong Kong. “Os agentes da polícia de Hong Kong envolvidos na agressão de um manifestante pró-democracia, já detido, têm de enfrentar a Justiça”, afirmou a organização em comunicado citado pelo jornal South China Morning Post. Mabel Au, directora da AI de Hong Kong, disse que tudo aponta para um “ feroz ataque contra um homem detido que não representava ameaça para a polícia”, apelando a uma investigação imediata. “Todos os indivíduos envolvidos em actos ilegais devem ser acusados”, defendeu. “Dá-me a volta ao estômago pensar que há agentes da polícia em Hong Kong que sentem que estão acima da lei”, sublinhou a responsável, exigindo ainda a libertação dos 45 manifestantes detidos esta madrugada.

Pequim diz que democracia não é desculpa para “comportamentos ilegais”A democracia deve basear-se no Estado de Direito e não pode ser desculpa para “comportamentos ilegais”, lia-se ontem num comentário publicado no Diário do Povo, jornal do órgão central do Partido Comunista chinês, em referência aos protestos em Hong Kong. O comentário assinala o firme apoio de Pequim ao Governo de Hong Kong e ao seu chefe do Executivo, CY Leung, reiterando que os protestos “estão condenados ao fracasso”. “A estabilidade é boa, o caos é um desastre”, adverte-se no mesmo artigo, em que se insiste que “os diferentes pedidos sobre o desenvolvimento democrático de Hong Kong podem ser manifestados através de formas legais”. O Diário do Povo atribui os protestos “a um grupo reduzido” entre a população de Hong Kong, superior a sete milhões de habitantes. “A democracia deve basear-se na lei, não na ditadura de uma minoria, e muito menos numa desculpa para um grupo diminuto”, frisa.

ram numa das ruas próximas do complexo que alberga a sede do Governo e o Con-selho Legislativo (LegCo, parlamento) de Hong Kong.

Ao início da madrugada, activistas do movimento ‘Occupy Central’ forçaram a retirada de várias dezenas de agentes, os quais se viram encurralados por centenas de manifestantes que consegui-ram cortar o tráfego e montar barricadas na via.

Cerca das 03:00, aproxi-

madamente 150 agentes da polícia anti-motim regressa-ram ao local para desimpedir as ruas, onde centenas de manifestantes pernoitavam.

Polícias e estudantes envolveram-se em confron-tos, com os agentes, munidos de bastões, a recorrerem novamente ao uso de gás pimenta para dispersar os manifestantes que recusavam retirar-se, num dos mais vio-lentos incidentes registados desde o início dos protestos pró-democracia na antiga co-lónia britânica e que resultou em 45 detidos, dos quais 37 homens e oito mulheres.

POLÍCIA COM VANTAGEMA polícia recuperou o con-trolo da Lung Wo Road, a poucos metros do gabinete do chefe do Executivo, Leung Chin-Ying, acabando com a breve ocupação, ape-sar das barricadas erguidas no dia anterior.

A agitação regressou às ruas da ex-colónia britânica com a polícia e os manifestantes a envolverem-se naqueles que foram os mais violentos confrontos desde o início dos protestos

Ontem a polícia de Hong Kong conseguiu fazer regres-sar à normalidade algumas das ruas tomadas pelos manifestantes ao eliminar dezenas de barricadas em três zonas onde os activistas têm acampamentos há 18 dias.

A actuação policial obe-dece a uma operação para ‘limpar’ as ruas de barrica-das e restabelecer o tráfego rodoviário, iniciada na ma-drugada de segunda-feira e na qual participam 1.700 agentes.

45detidos

37homens e 8 mulheres

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hoje macau quinta-feira 16.10.2014

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a revolta do emir Pedro Lystmann

P EGO de novo no livro de Henri Michaux sobre a sua digressão asiática, sempre consciente do

tempo que já passou sobre o seu lançamento e admirativo de quem não tem medo das generalizações ou, até, de questionar a pertinência do seu esforço. Esta já não é, à su-perfície, a nossa Ásia. Mas esta é, ainda, muito a nossa Ásia, e nós so-mos todos forçados, consciente ou inconscientemente, à viagem.

É um prazer continuar a reler um livro que não levamos muito a sério mas que por vezes contém avi-sos irrecusáveis. É um livro suspeito se pensarmos que este demonstra a ilusão de uma compreensão.

Acrescente-se que estas con-siderações utilizam benefícios retirados das que o próprio autor ofereceu 35 anos após a composi-ção do livrinho. Ao longo da sua leitura ficamos, ao mesmo tempo, plenamente convencidos (eu fi-quei) da grande humildade de Michaux.

Um Bárbaro na Ásia não é o seu único livro de viagens. Resulta de uma viagem cumprida em 1931. Ecuador, um outro, centra-se na América Central.

Gosto de um homem que interrom-pe os seus estudos universitários, em Medicina, para se tornar embarcadiço e ver o mundo, contra a vontade de seu pai. O seu universo poético particular tem origem certa nas suas viagens, nos seus estudos e, já numa idade avançada, no consumo de drogas alucinogéneas. Complementam-se com uma obra gráfi-ca, pictórica, vasta e extremamente se-dutora, numa margem muito própria do surrealismo e de autores como Klee.

O livrinho inclui comentários sobre vários países: a Índia, a China, o Japão e a Malásia e a Indonésia, o primeiro ain-da sob o domínio britânico, o segundo fechado e pobre, o terceiro a atravessar uma fase de entusiasmo militarista, e a Malásia, como a Índia, britânica.

Nas páginas dedicadas à Índia, as mais abundantes, a vontade de compreender é comovente, mas cada frase, tentante, esforçada, mal consegue esconder a in-compreensão. Pode pensar-se que esta é a melhor forma de elogio, e que mais do que compreender, a melhor forma de amar é apenas desejar.

Ao contrário do que acontece com alguma da sua poesia mais conhecida, muito fluida, quase fluvial e dialogante,

UM BÁRBARO NA ÁSIAHENRY MICHAUX

as observações da viagem surgem quase a medo, quase, por um lado, como que por obrigação e, por outro, como ex-pressão desse enorme desejo.

Provavelmente, o que nos falta a nós, ocidentais, é aceitar a frouxidão a que Michaux se refere a propósito da Índia, a frouxidão de não saber e de não contes-tar, de nos deixarmos abandonar a “acei-tar tudo cegamente”.

Ao dizer [a propósito dos indianos] que “todas as acções são sagradas. Ao pensar nelas procura-se que mantenham a relação com o Todo”, estaria Michaux

certo? Eu gostaria que estivesse. Este-ja ou não, o seu desejo de pensar deste modo já é ser um pouco indiano. Assim, “ao fazer amor com a mulher, o hindu pensa em Deus, de que ela é uma expres-são e uma parcela”.

Vivendo em Macau, rodeado de ca-sinos feios, é divertido ler a indignação que o espectáculo da fealdade causa em Michaux. Parece ser o que lhe custa mais perdoar ao indiano: “Nas Índias, pode-

mos habituar-nos a comer só arroz, a deixar de fumar, a não beber vinho nem qualquer espécie de álcool, a comer pou-co. (…) Mas estar rodeado de fealdade é a última das austeridades. (…) Neste povo velho de três mil anos, o rico tem ainda o gosto de um arrivista”.

Michaux vê o chinês com uma pro-pensão muito menor para o sagrado. Este, prático, ocupar-se-á apenas dos de-mónios e da sua capacidade para o mal que lhe pode causar.

As observações sobre os chineses, an-teriores ao comunismo, são muito mais

benevolentes do que aquelas que dispen-sa aos indianos, com quem parece travar uma pequena guerra surda particular.

Os chineses, a quem faculta vários elogios*, parecem distantes, opacos e possuídos de uma cortesia lunar que afasta o desejo de confronto. No entan-to, é aos indianos, um povo que vê como um povo solar e fonte de inúmeras irrita-ções, que Michaux dedica mais escrita.

No chinês, o autor de Um Bárbaro na

PROVAVELMENTE, O QUE NOS FALTA A NÓS, OCIDENTAIS, É ACEITAR A FROUXIDÃO A QUE MICHAUX SE REFERE A PROPÓSITO DA ÍNDIA,A FROUXIDÃO DE NÃO SABER E DE NÃO CONTESTAR, DE NOS DEIXARMOS ABANDONAR A “ACEITAR TUDO CEGAMENTE”

Ásia viu essencialmente o sentido prático, o gosto pela imitação**, a razoabilidade, o inclinação para o labirinto, a falta de espanto e a exibição da aparência (contra toda a evidência em contrário) da har-monia e do equilíbrio. “Os chine-ses detestam-nos, a nós, esses mal-ditos topa-a-tudo que não podem deixar nada tranquilo”.

As opiniões sobre o Japão são as que o autor mais repudiou pos-teriormente, informado pela his-tória do pós-guerra. O Japão que Michaux conhecera transformou--se e, numa pequena nota datada de 1984, Michaux reconhece-o humildemente.

Este Japão é enfermiço e tuber-culoso, os seus habitantes servido-res e seguidistas, demasiadamente fracos para se oporem ao zeitgeist militarista e nacionalista dos anos 30.

Este é o único dos países vi-sitados que o autor claramente

rejeita – para mais tarde se redimir e admitir o erro. Nem na sua música, no seu teatro, na sua beleza natural ou nas suas mulheres encontra, de início, que elogiar. Especialmente irritante é a sua incompreensão primeira da música e do teatro, que não deixa de elogiar em ex-pressões chinesas e indianas. É também em relação aos japoneses que toma o povo como mais idêntico, sem dar conta das diferenças que nota em variadíssimas zonas da Índia e até da China.

Ao contrário, na apreciação feita aos malaios, javaneses, balineses, tudo é aceite sem restrições, o que faz pensar que o Japão lhe causou uma epidérmica má vontade logo desde o início.

Este livro contém inúmeros ensina-mentos, o menor dos quais não será o de promover, na escrita do livro de via-gens, a humildade. Outro consistirá em admitir que, por outro lado, o excesso e a impertinência, e até mesmo uma certa dose de desonestidade, constituem o ca-minho certo para um abandono arrogan-te e divertido.

* à música, à língua, ao pacifismo, à habilidade, à astúcia, às mulheres, à arte de se esquivarem e ao jeito para o comércio.

** deve espantar tanto o chinês o europeu não imitar como ao indiano espanta que o europeu não adore.

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hoje macau quinta-feira 16.10.2014

Wall Street Journal

14 h

É impossível pensar em Picasso sem visualizar as mulheres que ele amou, torturou e pintou, como Fernande Olivier, cujos

traços distorcidos estão para sempre associados ao início do cubismo, ou Dora Maar, frequentemente retratada a chorar, ou Marie-Thérèse Walter, cuja face e corpo foram violentamente re-talhados pelo artista durante a sua fase surrealista. “Para mim, existem apenas dois tipos de mulheres — deusas e ca-pachos”, disse à parceira Françoise Gi-lot, segundo as suas memórias contidas na autobiografia publicada em 1964, Life with Picasso (Vida com Picasso, em tradução livre, sem edição em por-tuguês).

Desde a morte de Picasso, em 1973, os trabalhos que surgiram des-sas relações — e as histórias por trás delas — alimentaram inúmeras expo-sições em galerias e museus. Só nos últimos três anos, a Gagosian Gallery, em conjunto com o biógrafo de Picas-so, John Richardson, montou duas ex-

JACQUELINE ROQUEA POLÉMICA MUSA DE PICASSO

posições aclamadas em Nova Iorque, Picasso and Marie-Thérèse: L’amour fou (Picasso e Marie-Thérèse: O amor louco, em tradução livre), em 2011, e Picasso and Françoise Gilot, em 2012. (No dia 28 de Outubro, a galeria abri-rá a exposição Picasso & the Camera, com curadoria, como as outras, de Ri-chardson.)

Agora, a Pace Gallery, de Nova Ior-que, que também já promoveu várias exposições de Picasso, está a organizar duas extensas mostras sobre o menos celebrado e mais controverso de seus amores, Jacqueline Roque, uma mulher divorciada de cabelos escuros e 45 anos mais jovem que o artista, que se tornou sua segunda esposa em 1961. Esta re-lação durou mais de duas décadas, até à morte de Picasso, aos 91 anos, o que torna Jacqueline o seu relacionamento mais duradouro e a sua musa mais cons-tante. Mesmo assim, Jacqueline inspi-rou poucas exposições. A última foi em 2006, no Kunstmuseum Pablo Picasso, em Münster, Alemanha.

Isto reflecte, em parte, o fato de a obra produzida na fase mais ma-dura de Picasso ser frequentemente considerada irrelevante e kitsch. Mas passaram-se décadas desde sua morte, e o trabalho produzido quando este estava com Jacqueline começa a ser ardentemente desejado pelos colec-cionadores. A Pace Gallery, que des-de 1981 já organizou sete mostras da sua obra tardia, espera apresentar ao público a mulher que foi indiscutivel-mente o mais importante amor da vida de Picasso. Num ensaio de 1988, Ri-chardson apelidou os últimos anos de Picasso de L’Époque Jacqueline (A Era Jacqueline).

“É tão livre e cheio de amor”, diz Carmen Giménez, curadora do museu Guggenheim e especialista em Picasso, sobre o trabalho do mestre neste perío-do. “Jacqueline trouxe-lhe paz.”

A escassez de exposições sobre Jacqueline pode estar ligada ao papel ambíguo que desempenhou para a fa-mília e os amigos de Picasso. Logo de

início, ganhou a reputação de ser ma-nipuladora, avarenta e conivente, por-que se colocou entre Picasso e Gilot. Uma vez instalada na La Californie, a vila do artista em Cannes, protegeu a privacidade de Picasso com unhas e dentes, afastando até os seus filhos e netos para que ele pudesse concen-trar-se no trabalho. Depois da morte de Picasso, Jacqueline permaneceu re-clusa durante três anos, reaparecendo apenas para discutir com os herdeiros do pintor sobre a distribuição da he-rança.

Em 1986, ainda consumida pela dor da perda de Monseigneur, como ela o chamava, Jacqueline suicidou-se com um tiro no castelo de Mougins, tornando-se mais uma pessoa do círculo íntimo de Picasso a morrer tragicamente. (Walter enforcou-se em 1977; Paolo, filho do pri-meiro casamento com a bailarina Olga Khokhlova, bebeu até morrer, em 1975; e o filho de Paolo, Pablito, cometeu suicí-dio depois de ser proibido por Jacqueline de participar do funeral do avô.)

A relação dos dois — e o compor-tamento misterioso de Jacqueline, re-tratada em mais de 125 obras de arte — será revivida na mostra Picasso & Jacqueline: The Evolution of Style (Pi-casso & Jacqueline: A evolução do esti-lo), na Pace Gallery, de 31 de Outubro a 10 de Janeiro de 2015. A exposição terá todo o tipos de obras, de pintura e escultura a desenhos, cerâmicas e fo-tografias.

“Há mais retratos de Jacqueline do que de qualquer outra mulher na vida de Picasso”, diz Arne Glimcher, funda-dor da Pace. “O leque de interpretações da sua imagem é impressionante. Se-leccionamos obras representativas de todos esses momentos, desde o início, quando ele a desenhava como Ingres, até o fim de sua vida, quando sua obra foi marcada por um expressionismo selvagem. Pode-se observar a transfor-mação do seu estilo tardio através dos retratos de Jacqueline.”

Glimcher trabalhou na mostra du-rante cinco anos com Catherine Hutin, filha de Jacqueline, que agora está per-to dos 70 anos e vive em Paris. Hutin viveu com o casal e, depois da morte da mãe, ficou com grande parte da heran-ça de Picasso. Embora Hutin não fosse filha de Picasso, Glimcher ressalta que “ela viveu durante mais tempo com ele que qualquer um de seus outros filhos

Jacqueline atrás da câmara com Picasso (1957).

DAVID DOUGLAS DUNCAN

Page 15: Hoje Macau 16 OUT 2014 #3194

15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 16.10.2014

NO FUNERAL DE JACQUELINE, DUNCAN COLOCOU UMA FOTOGRAFIA NO CAIXÃO: TIRADA EM 1962, MOSTRA O CASAL SENTADO NA ESCADA DE LA CALIFORNIE. ATRÁS DELES, UM RETRATO DELA QUE PICASSO TINHA ACABADO DE PINTAR. ESTÃO ANINHADOS, A RIR, À ESPERA QUE A PINTURA SEQUE

e observou a execução de seu trabalho mais do que qualquer outra pessoa, além de Jacqueline”.

A exposição, dividida entre os dois espaços da Pace em Nova York, tam-bém incluirá o trabalho do fotojornalis-ta da revista Life David Douglas Dun-can, que começou a fotografar o casal em 1956, quando apareceu sem avisar em La Californie e fotografou Picasso na banheira. Em pouco tempo, Duncan ganhou carta-branca para acompanhar o artista com a câmara até o fim dos

seus dias. As fotos da exposição, 56 ao todo, mostram o casal junto, fazendo caminhadas e até de mãos dadas logo depois de se terem casado em segredo.

Aos 98 anos, Duncan não tem pa-ciência com os críticos de Jacqueline. “Ela fechou a maldita porta para man-ter as pessoas longe. Ela provavelmente adicionou 15 anos à vida dele.”

A história começou em 1952, quan-do o artista, então com 72 anos e uma das pessoas mais famosas da França, encontrou Jacqueline, na época com 27 anos, num estúdio de cerâmica em Vallauris. Picasso estava a produzir pe-ças de cerâmica e ela era uma vendedo-ra. Embora ainda estivesse a viver com Gilot, cortejou Jacqueline, desenhando uma pomba branca com giz na parede da sua casa e enviando-lhe rosas ver-melhas. Os amigos de Picasso não a viam como alguém à altura do pintor, disse um deles, segundo a biografia de Richardson sobre os anos em que pas-sou como membro do círculo mais ínti-mo de Picasso.

Quando Gilot, aparentemente sem saber do novo afecto, deixou Picas-so um ano depois, Jacqueline sofreu durante as tentativas de reconciliação do casal, assim como com os casos do artista com outras mulheres. Mas aca-bou por vencer, basicamente porque era totalmente reverente. Segundo a historiadora de arte Barbara Rose, uma das colaboradoras do catálogo da Pace, Jacqueline “pensava que ele era Deus e ele pensava que era Deus. Os dois esta-vam apaixonados por ele”.

Talvez seja por isso que, durante os anos que passaram anos juntos, Picas-so tornou-se ainda mais prolífico que o normal, com Jacqueline alegremente negligenciando a sua própria filha para administrar a casa, monitorar a vida so-cial do artista e passar horas no estúdio.

“HÁ MAIS RETRATOS DE JACQUELINE DO QUE DE QUALQUER OUTRA MULHER NA VIDA DE PICASSO. O LEQUE DE INTERPRETAÇÕES DA SUA IMAGEM É IMPRESSIONANTE. SELECCIONAMOS OBRAS REPRESENTATIVAS DE TODOS ESSES MOMENTOS, DESDE O INÍCIO, QUANDO ELE A DESENHAVA COMO INGRES, ATÉ AO FIM DA VIDA, QUANDO A SUA OBRA FOI MARCADA POR UM EXPRESSIONISMO SELVAGEM. PODE-SE OBSERVAR A TRANSFORMAÇÃO DO SEU ESTILO TARDIO ATRAVÉS DOS RETRATOS DE JACQUELINE”ARNE GLIMCHER, FUNDADOR DA PACE

DAVID DOUGLAS DUNCAN

Jacqueline com lenço na cabeça posando em frente ao seu retrato (1960).

Comovido pelo seu perfil clássico, os olhos amendoados e os seus exóticos traços, Picasso incluiu-a na sua refor-mulação dos trabalhos dos mestres franceses e espanhóis como Manet e Velázquez, que se tornou uma obsessão nos seus anos finais.

Numa pintura de 1954, Jacqueline avec une écharpe noire (Jacqueline com uma echarpe negra), ela aparece com um lenço na cabeça que sugere um véu muçulmano, sorrindo enigmaticamente — uma interpretação moderna, inspira-da no orientalismo, da pintura La dama del armiño (Mulher com abrigo de pele), de El Greco. No fim desse ano, o hábito de Jacqueline de se arrastar pelo chão inspirou-o a incorporar a forma da esposa numa série de 15 pinturas que desconstruíram as Femmes d’Alger (Mu-lheres de Argel), de 1834, de Eugène Delacroix. (A exposição terá uma sala cheia de desenhos, rascunhos e pinturas feitas por Picasso sobre o tema.)

Jacqueline também aparece em ou-tras homenagens, como a reinterpreta-ção “sexual” em estilo cubista, de 1961, do quadro Le Déjeuner sur l’herbe (Almoço na relva), de Manet, feito em 1863, e as gravuras eróticas de 1968 conhecidas como Suíte 347, em que Picasso retrata o pintor renascentista Raphael e sua modelo, La Fornarina, fa-zendo amor. Mas também representou Jacqueline como ela mesma, esculpin-do a sua imagem em bronze e em lâmi-nas de metal pintadas, além de a dese-nhar a ler, brincando com os filhos, ou acariciando o seu gato.

No geral, mesmo nas caracteriza-ções sexuais ou agressivas de Picasso, as obras possuem uma qualidade serena e alegre. Talvez seja porque, como re-corda Duncan, o amor de um pelo outro sempre foi muito evidente. “Eles ama-ram-se desde a primeira vez que se en-contraram até o dia em que morreram.”

E hoje um retrato desse amor repousa com eles no túmulo onde estão enterra-dos em Vauvenargues, o château do casal em Provença. No funeral de Jacqueline, Duncan colocou uma fotografia no cai-xão: tirada em 1962, mostra o casal sen-tado na escada de La Californie. Atrás deles, um retrato dela que Picasso tinha acabado de pintar. Estão aninhados, a rir, à espera que a pintura seque.

‘La tête de la femme’ (Cabeça de mulher), de Picasso (1960)

DAVI

D DO

UGLA

S DU

NCAN

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16 DESPORTO hoje macau quinta-feira 16.10.2014

PUB

AvisoPrémio Nacional das Ciências e da Tecnologia para 2015 – Selecção na RAEM

Por Despacho do Chefe Executivo de 12 de Março de 2008, foi autorizado ao FDCT para promover na RAEM da recomendação dos Prémios Nacionais na áreas de Ciências e Tecnologia, ficando assim, notificados os interessados de que poderão candidatar-se através da seguinte forma:

(1.) ObjectivoO Conselho de Estado da República Popular da China institui o Prémio Nacional das Ciências e da Tecnologia, tendo como objectivo:

(i) Incentivar cidadãos, organizações que dão contribuições notáveis às actividades do progresso das ciências e da tecnologia;(ii) Mobilizar a iniciativa e criatividade dos trabalhadores nas áreas das ciências e da tecnologia;(iii) Acelerar o desenvolvimento das ciências e da tecnologia;(iv) Aumentar a capacidade integrada do Estado.

(2.) Categoria O Prémio Nacional das Ciências e da Tecnologia consta de cinco prémios:

(i) Prémio Supremo Nacional das Ciências e da Tecnologia;(ii) Prémio Nacional das Ciências Naturais;(iii) Prémio Nacional da Invenção da Tecnologia;(iv) Prémio Nacional do Progresso das Ciências e da Tecnologia;(v) Prémio Internacional da Cooperação das Ciências e da Tecnologia.

Compete ao Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia a coordenação dos trabalhos de recomendação dos cincos prémios acima referidos. As recomendações serão entregues ao Gabinete para os Trabalhos de Incentivo às Cièncias e Tecnologia do Departamento das Ciências e da Tecnologia para efectuar a avaliação.

(3.) Qualificação da candidatura(i) De forma relevante, contribuir para a descoberta científica, invenção tecnológica ou promoção do progresso das ciências e da tecnologia; (ii) Os cidadãos chineses que sejam residentes da RAEM e correspondam às

condições estabelecidas no «Regulamento da Premiação Nacional das Ciências e da Tecnologia» (incluíndo os residentes permanentes e indivíduos que tinham adquiridos o direito de residência na RAEM, mas não têm o direito de residência permanente), ou outros indivíduos de nacinalidade chinesa que estejam em exercício da investigação científica e do desenvolvimento tecnológico na RAEM.

(iii) Os candidatos para o Prémio Internacional da Cooperação das Ciências e da Tecnologia, devem ser estrangeiros ou organizações estrangeiras que prestam serviço na RAEM ou terem feito contribuição para as actividades do progresso das ciências e da tecnologia.As condições específicas de cada prémio podem ser consultadas na página do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia. (http://www.fdct.gov.mo/state-awards)

(4.) Forma da candidatura(i) As pessoas interessadas em candidatar-se ao Prémio Nacional das Ciências

e da Tecnologia, podem descarregar a apresentação de recomendação e os detalhes dos prémios respectivos na página do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia, e preencher devidamente o requerimento de candidatura e anexos ;

(ii) Após a avaliação feita pela Unidade, compete à Unidade a seleccinar a qual se destaca, para recomendar ao Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia, não se aceita o requeimento individual;

(iii) O número de cada categoria de premiação recomendado por cada Unidade não pode ser superior a dois.

(5.) Data do requerimentoA partir de 16 de Outubro de 2014 até 28 de Novembro de 2014.

(6.) ConsultaEndereço: Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 411-417, edifício Dynasty Plaza, 9.º andar.Telefone:28788777; Fax:28722681 Correio electrónico:[email protected]

O Presidente do Conselho de Administração do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia

Ma Chi Ngai14 de Outubro de 2014

O “clássico” FC Porto-Sporting, que promete ser ainda mais “es-

caldante” do que o habitual, concentra as atenções da terceira eliminatória da Taça de Portugal em futebol, que se disputa entre sexta-feira e domingo.

O embate do Estádio do Dragão, no sábado, deixará a prova privada de, pelo menos, um “grande”, logo na primeira ronda em que participam os clubes da I Liga, no mesmo dia em que o Benfica, detentor do troféu, tem um desafio teoricamente mais acessível, em casa do Sporting da Covilhã.

Se um confronto entre “dragões” e “leões” promete sempre “temperaturas” ele-vadas, o “termómetro” deste “clássico” da Taça de Portu-gal promete subir, depois da guerra de palavras lançada pelo presidente do Sporting.

Bruno de Carvalho cri-ticou o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, e disse que as coisas só podem correr pior no Estádio do Dragão se sair de lá morto. O clube portuense respon-deu com actos, exigindo o pagamento antecipado dos bilhetes, sem possibilidade de devolução.

Sem jogadores lesiona-dos, nem suspensos, as equi-pas treinadas pelo espanhol

TAÇA DE PORTUGAL PORTO-SPORTING CONCENTRA ATENÇÕES

Sábado escaldanteJulen Lopetegui e Marco Sil-va devem apresentar-se na máxima força, depois de um interregno de duas semanas para os jogos das seleções nacionais, que também não trouxeram novas “baixas”.

VANTAGEM DA CASAOs “azuis e brancos” de-têm clara vantagem nos confrontos directos para a Taça de Portugal: em 21 eliminatórias, qualificaram--se 13 vezes, contra oito do Sporting, e, dos 15 jogos realizados no Porto, vence-ram 10, empataram dois e perderam apenas três.

Se forem contabilizadas também as partidas realizadas no Estádio José Alvalade, a vantagem do clube portuense esbate-se significativamente, pois, em 36 jogos, 13 termina-ram com triunfo do FC Porto e 11 com vitória da equipa lisboeta, tendo-se registado ainda 12 igualdades.

Enquanto os técnicos de FC Porto e Sporting devem apresentar as suas melhores equipas, espera-se que Jorge Jesus, treinador do Benfi-ca, poupe vários habituais titulares na partida com o Sporting da Covilhã, nono classificado na II Liga.

OUTROS PROGNÓSTICOSApesar de se ter apurado sempre que defrontou o Sporting da Covilhã para a

Taça de Portugal, o Benfi-ca ganhou apenas um dos quatro encontros naquela cidade serrana, o último dos quais em 1959, benefician-do dos resultados obtidos em casa, numa altura em que a prova se disputava a duas mãos.

O Rio Ave, finalista vencido na época passada, na qual perdeu no Estádio Nacional por 1-0 frente ao Benfica, reúne todas as condições para prosseguir na competição, visitando o Coimbrões, que alinha no campeonato nacional de seniores.

Além do FC Porto--Sporting, há apenas mais um embate entre primo--divisionários, a recepção do Vitória de Setúbal ao Arouca, numa fase em que ainda restam quatro “so-breviventes” dos distritais: Alcains, Real Massamá, que defrontam o Sporting de Braga e o Gil Vicente, ambos da I Liga, Serzedo e Amora.

Das restantes equipas do escalão principal, o Boavista e o Penafiel foram sorteados com adversários, teorica-mente, mais complicados, o Desportivo das Aves e o Tondela, ambos da II Liga, com os restantes a medi-rem forças com equipas do campeonato nacional de seniores.

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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 23 MAX 29 HUM 55-85% • EURO 10.1 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 16 DE OUTUBRO

hoje macau quinta-feira 16.10.2014 (F)UTILIDADES 17

João Corvo fonte da inveja

U M D I S C O H O J E

Nascem os escritoresOscar Wilde e Günter Grass• Hoje é dia de assinalar o nascimento de dois grandes nomes da literatura mundial: o irlandês Oscar Wilde e o alemão Günter Grass, que nasceram a 16 de outubro.Oscar Wilde nasceu em Dublin, a 16 de Outubro de 1854, foi um escritor irlandês, criado numa família protestante, sendo que se converteu ao catolicismo. Viveu em Londres e, em 1883, vai para Paris e entra para o mundo literário local. Regressa a Inglaterra e casa-se com Constance Lloyd, filha de um rico advogado de Dublin, indo morar em Chelsea, um bairro de artistas londrinos.Em 1892, dá início a uma série de bem sucedidas histórias, que são considerados clássicos da dramaturgia britânica da actualidade. Wilde foi pioneiro na criação de filmes de drama e de acção. Com o reconhecimento da elite literária, adopta hábitos de vida marcados pela excentricidade.Três anos mais tarde, após três julgamentos, Oscar Wilde foi condenado a dois anos de prisão, pela prática de “actos imorais com diversos rapazes”. Suspeitava-se que Wilde fosse amante de Lorde Alfred Douglas. E foi precisamente o pai de Douglas que levou o escritor a tribunal.Depois da condenação, o talentoso escritor viu a reputação e a saúde serem consumidas de forma drástica. Apesar de tudo, foi na cela que escreveu algumas das grandes obras, ‘De Profundis’, ‘A Alma do Homem sob o Socialismo’ e a ‘Balada do Cárcere de Reading’.Wilde foi libertado no dia 19 de Maio de 1897. Mudou-se para Paris, onde morou numa residência humilde. A produtividade literária foi extremamente reduzida, no resto da sua vida. Oscar Wilde morreu de um ataque de meningite – agravado pelo álcool e pela sífilis – no dia 30 de Novembro de 1900.Também a 16 de Outubro, mas em 1927, nasce Günter Grass, um intelectual, romancista, dramaturgo, poeta e artista plástico alemão. Grass recebeu o Nobel de Literatura de 1999, sendo reconhecido como um dos principais representantes do teatro do absurdo da Alemanha.

“PURE HEROINE”(LORDE, 2013)

Actualmente, é quase “perigoso” dizer-se que há um artista melhor do que todos os outros, porque o mundo está cheio deles e a única coisa a fazer é ir escrutinando, aos poucos e poucos. No entanto, talvez Lorde seja, tal como os críticos mundiais a apelidaram, uma das artistas-revelação de 2013, ano em que lançou o seu primeiro álbum, cujo single “Royals” chegou já a várias tabelas musicais internacionais. A artista é, hoje em dia, conhecida por recusar a colaboração de Justin Bieber e outros artistas cujos trabalhos não vão ao encontro das suas ideologias e estilo. Lorde não se deixa ficar por um género musical apenas, aliando sons electró-nicos à sua voz feminina, sem nunca se esquecer de dar significado às suas músicas através das letras, escritas pela própria. “Pure Heroine” é o seu primeiro álbum, que nos traz músicas como “Team” e “Tennis Court”. - Leonor Sá Machado

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE GIVER [B]Um filme de: Phillip NoyceCom: Brenton Thwaites, Odeya Rush, Jeff Bridges14.15, 16.00, 17.45, 21.30

ANNABELLE [C]Um filme de: James WanCom: Annabelle Wallis, Ward Horton19.30

SALA 2LET’S BE COPS [C]Um filme de: Luke GreenfieldCom: Jake Johnson, Damon Wayans Jr.14.15, 16.05, 17.55, 21.30

JUON - THE BEGINNING OF THE END [C]FALADO EM JAPONÊS ELEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊSUm filme de: Masayuki OchiaiCom: Nozomi Sasaki, Sho Aoyagi, Reina Triendi19.45

SALA 3WHIPLASH [C]Um filme de: Damien ChazelleCom: Miles Teller, J. K. Simmons, Paul Reiser, Melissa Benoist14.30, 16.30, 19.30, 21.30

THE GIVER

O QUE FAZER ESTA SEMANA?• HojeCORO GULBENKIAN APRESENTA“MÚSICA PORTUGUESA DOS SÉCULOSXVII E XX” (FIMM)Centro Cultural de Macau, 20h00120 a 250 patacas

“PINKTOBER” APRESENTA 80 & TAL – CONCERTODE SOLIDARIEDADE PARA VÍTIMAS DO CANCRO DA MAMA Hard Rock Café, 21h15150 patacas, com oferta de uma t-shirt

• AmanhãFESTIVAL DA LUSOFONIA (ATÉ DOMINGO)Casas-museu da Taipa Entrada livre

• SábadoLAURIE ANDERSON APRESENTA “A LINGUAGEM DO FUTURO” (FIMM)Fortaleza do Monte, 20h0080 patacas

ORQUESTRA DE MACAU APRESENTA “MEDITADOR”Centro Cultural de Macau, 20h0080 a 200 patacas

SECRET ISLAND PARTY 2014Hong Kong, sítio a designar após a compra de bilheteTodo o dia

• DomingoORQUESTRA CHINESA DE TAIPÉ APRESENTA“BRILHO DESLUMBRANTE”Centro Cultural de Macau, 20h0080 a 200 patacas

SECRET ISLAND PARTY 2014Hong Kong, sítio a designar após a compra de bilheteTodo o dia

• DiariamenteFESTIVAL DE GASTRONOMIA MACAENSE (ATÉ 5 DE NOVEMBRO)Hotel Four Seasons, Cotai18h00 às 22h00498 patacas por adulto, 249 para crianças até aos 12 anos

EXPOSIÇÃO “BEYOND PIXELS” DE VICTOR MARREIROS(ATÉ DIA 31/12)Signum Living Store, Rua Almirante SérgioEntrada livre

“VIAGEM À TERRA DOS SONHOS” DE SU JIAN LIANG(ATÉ DIA 23/10)Galeria da Fundação Rui CunhaEntrada livre

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA DE CONCEIÇÃO JÚNIOR “TERRITÓRIOS”Clube Militar Entrada livre

WORLD PRESS PHOTO (ATÉ 2 DE NOVEMBRO)Casa GardenEntrada LivreFreud explica, dizem. Mas quem explica Freud?

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18 hoje macau quinta-feira 16.10.2014OPINIÃO

A ditadura da democracia

G OSTAVA de começar por contar um episódio que se passou comigo durante um fim-de-semana que passei em Guangzhou, estava em finais de 1999, se não estou em erro. Visitava a cidade na companhia de uma amiga ali residente, e aproveitando essa vanta-

gem optava por me deslocar nos transportes públicos, ou de metro, que na altura tinha sido recentemente inaugurado, ou de autocarro. E foi num das curtas viagens neste último que aconteceu algo curioso; vinha de pé a conversar com a minha cicerone, quando noto que todos os restantes passageiros nos olhavam, e quando digo “olhavam” quero dizer “fitavam”, sem qualquer pudor, como se quisessem deixar bem claro que eu era a razão da sua curiosidade. A minha parceira aparentava estar um pouco embaraçada, te-mendo que eu, a quem ela tinha convidado, desprezasse a atitude dos seus compatriotas, e de facto naquela situação só haviam duas saídas: ou ignorava, ou demonstrava des-conforto, o que em qualquer das situações daria a entender ressentimento da minha parte. Assim optei por uma terceira via: cantei o tema “Baila Me”, dos Gypsy Kings, acompanhado de palmas. Nesse momento as mulheres voltam-se para a frente de repente, como se nunca estivessem estado interessadas, enquanto os homens sorriam, e começavam a dar-me o meu espaço – es-tavam todos “servidos”.

Este sorridente incidente serve para de-monstrar que nem tudo o que nos ensinaram sobre tolerância e respeito pela diferença é definitivo. Aqui há uma conclusão que se pode tirar em dois segundos sem ser neces-sário qualquer método científico, estudo de

bairro do or ienteLEOCARDO

Que tal substituir essa coisa do partido único, que já cheira a mofo, por uma “democracia parlamentar”? É simples: consiste de meia dúzia de corporações a mandar em tudo, “lobbies” que fazem a ligação entre o poder e os que se portam bem, atendendo assim às suas necessidades, e mesmo que haja quem não esteja satisfeito tem “liberdade de expressão”, podendo assim rir dos gajos quem mandam, enquanto estes riem deles, e no fimtodos riem!

opinião ou medição do grau de acidez: eu sou um ocidental, sou diferente, venho de um mundo que nada tem a ver com aquele, e é suposto manifestar comportamentos inaceitáveis para os padrões da cultura chi-nesa, e de preferência com uma boa dose de extravagância, para satisfazer o publico mais exigente. No fim vão todos para casa, convencidos que tudo o que aprenderam sobre a civilização ocidental estava certo - afinal valeu mesmo a pena comprar a série completa das aventuras do Mr. Bean.

A civilização milenar chinesa transmitiu de geração para geração durante séculos certos conceitos que para nós, “bárbaros” ocidentais, são difíceis de assimilar, e nem o mais dedicado ou erudito dos sinólogos chega a entender certas valências que apenas a consanguinidade transporta de pai para filho, e de filho para neto; podem-se apanhar todos os ovos e metê-los no mesmo cesto que ficou a faltar um. Qual? “Aquele que estava escondido”. Mas como era possível apanhá-lo se estava escondido? Exacta-mente. E isto tudo para dizer que há coisas que não entendemos porque não é suposto nos serem dadas a entender. Não me peçam para dizer quais, que não sou capaz. Não sou nem nunca serei capaz, e propor-me a resolver um enigma de 5000 anos que se vai tornando ainda mais difícil de resolver a cada duas peças que consigo juntar é tirar a arrogância da toca, esfolá-la, curti-la e andar com ela ao pescoço. E quem melhor para ostentar a arrogância que os Estados Unidos, que garantem ao império do meio que a democracia é a cura para todos os males, desde o síndroma do partido único até à ditadura encravada. E como sabem eles isso? Porque já praticam a modalidade há 200 e tal anos, e nunca provaram outra coisa. É verdade que tiveram os seus altos

e baixos, e ganharam um número respeitá-vel de inimigos, mas quem possivelmente pode odiar o “berço da democracia”? Ora, os “inimigos da liberdade“, lá está: árabes, comunistas, índios, escravos africanos...

Foi então que alguns académicos em Hong Kong decidiram que a melhor forma de trazer esta receita para sarar o mal do totalitarismo no mais populoso país do mundo seria usar a RAEHK, onde são permitidas liberdades que

o continente não tem, como laboratório. Faz sentido; logo que estes sete milhões de “opri-midos pelo regime” aceitem a nova ordem, os outros mil e tal milhões caem como tordos. E aqui temos o cenário ideal, pois segundo um desses teóricos da democracia americana, que assistiu de perto a revoluções recentes, como a final do Superbowl ou a corrida aos saldos do Wall-Mart, “se a Mongólia, com uma economia menos competitiva, conseguiu implantar um regime democrático, porque não Hong Kong, uma grande praça financei-ra?”. Já se sabe que para os americanos pouco importa se estamos a falar da Mongólia, Hong Kong ou Botswana: todos querem ser iguais à América, todos querem cartões de crédito, roupas de marca, tota-tola e malbóros. Ai já têm isso tudo? Então que tal substituir essa coisa do partido único, que já cheira a mofo, por uma “democracia parlamentar”? É sim-ples: consiste de meia dúzia de corporações a mandar em tudo, “lobbies” que fazem a ligação entre o poder e os que se portam bem, atendendo assim às suas necessidades, e mesmo que haja quem não esteja satisfeito tem “liberdade de expressão”, podendo assim rir dos gajos quem mandam, enquanto estes riem deles, e no fim todos riem! É só rir.

E a este ponto já me estão a acusar de ser contra o movimento “Occupy Central” em particular e contra a democracia em geral. Quanto ao primeiro não sou contra nem a favor, pois nunca fiquei a saber qual era o fim. Democracia, dizem vocês? A ideologia ou o sistema? Se for a ideologia, tudo bem, qualquer criança de quatro anos ou ave psitaciforme consegue debitar cha-vões como “poder exercido pelo povo” ou “vontade da maioria”, mas se me falarem de “sistema democrático”, a coisa muda de figura. É que para se chegar a esses píncaros, é necessário algo que se chama “consciência democrática”, que consiste aceitar todas as opiniões – mesmo as que vão contra o próprio conceito de democracia. Quando se tenta impor a democracia através de um movimento que representa uma minoria, utilizando para o efeito a “desobediência civil” inspirada em Gandhi, e mesmo assim se entra em confronto com as autoridades, deixem-me dizer-vos que é um mau começo. Nem as imposições, nem as minorias são uma base sólida para se começar uma de-mocracia, e Gandhi não chegou lá andando à porrada com a polícia. E quem propõem para dirigir esta “democracia à chinesa”? O adolescente Joshua Wong ou aquele gajo super-coerente, o “long-hair”, que se opõe a uma ditadura de matriz marxista-leninista mas ostenta a imagem de Che Guevara na camisola, personagens uni-dimensionais, tal como o “kwai-lou” que ia naquele autocarro em Guangzhou há 15 anos? E quanto aos tipos que agora estão no poder, o que vão fazer com eles? Metê-los na prisão ou fazer a coisa mais democrática, que seria realizar eleições em conjunto? Prisão? Pois, pois, já entendi. Prisão em democracia é melhor do que numa ditadura. Então não, coração.

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hoje macau quinta-feira 16.10.2014

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O CASO das legislação sobre violência doméstica tornou-se num daqueles exemplos de teimosia por parte do Governo e de quem o rodeia que roça o incom-preensível. Existem nove associações lo-cais, coligadas para enfrentar a teimosia governamental. Mas tal não chega. São pessoas de todas as etnias, religiões e extractos sociais, fazendo com que nunca uma questão social tenha tanta re-presentatividade como esta. Mas isso não é suficiente para este Governo.Para além da gente local, existe o mundo, as organiza-ções internacionais, a opinião pública mundial, o caminho inevitável deste tipo de legis-lação. Mas isso não comove os nossos governantes que gostam de ficar “orgulhosa-mente sós” e ser os últimos a passar o Rubicão.Se no caso da habitação, até se compreende que o Gover-no não queira mexer nas ren-das (porque as suas famílias e amigos têm altos interesses investidos no imobiliário), no caso da violência doméstica escapa-me a teimosia porque não estou a imaginar o dr. Chui Sai On ou o dr. Cheong U a dar valentes surras nas suas amoráveis e dedicadas esposas. Teimosias à parte, sabem o que custa mais nisto tudo? É que estamos perante casos em que as marcas não são apenas físicas. Não se trata de ser assaltado e levar uma estalada ou um murro do ladrão, de alguém com quem não temos qualquer ligação afectiva. Não. Neste caso, trata-se de ser espancado por uma pessoa que se ama. O que confunde tudo, o que remete para a própria culpa. E deixa marcas profundas para a vida ou o que resta dela. Mas o Governo entende, teimosa-mente, talvez para não perder face, que devemos continuar a assobiar para o lado.

Os teimososon t emmacau horah

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L I G U E - S E • PA R T I L H E • V I C I E - S E

POR CARLOS MORAIS JOSÉ

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

AFONSO Dhlakama, da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), exerce o seu direito ao voto nas eleições de Moçambique, ontem. Cerca de 10,9 milhões de eleitores poderão escolher um novo Presidente da República, uma nova Assembleia da República, com 250 assentos, e 811 membros das assembleias provinciais.

DIÁRIO 19DE BORDO

“Não há professores de Ensino Especial suficientes, porque esta foi uma aposta que nunca foi feita. No que nos diz respeito, somos nós que temos de procurar os professores e só temos direito a um professor, não nos dão subsídio para mais”ZÉLIA MIEIRO • VICE- -PRESIDENTE DA EPM SOBREO ENSINO ESPECIAL

“Sinceramente, é irrealista esperar que o Comissariado de Auditoria supervisione passo a passo a forma como o dinheiroé gasto”HO WENG ON • COMISSÁRIODE AUDITORIA SOBREOS APOIOS FINANCEIROSA ASSOCIAÇÕES

“Estamos preocupados que a Lei [de Combate à Violência Doméstica] sofra de falhas fundamentais e não disponibilizeprotecção adequada”COLIGAÇÃO ANTI-VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

ANTÓ

NIO

SILV

A/LU

SA

“[Não há organizações] que façam investigações sobre casos de assédio sexual antes que estes cheguem até às autoridades competentes. Isto deve acontecer, a fim

de garantir que o campus tenha um ambiente seguro e de igualdade de sexos”Comunicado da ANM |P.8

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cartoonpor Stephff

VIOLÊNCIA POLICIAL

hoje macau quinta-feira 16.10.2014

Texas Segundo casode contágio por ébola Um segundo trabalhador dos serviços de saúde do hospital Texas Health Presbyterian foi infectado com o vírus do ébola, segundo revelou o Departamento de Saúde do Texas. A identidade deste segundo paciente ainda não foi revelada, no entanto esta pessoa também tratou do liberiano Thomas Duncan, infectado com ébola e que acabou por falecer na semana passada. Este paciente foi imediatamente isolado, depois de relatar febre na terça-feira, segundo explicou um porta-voz do Departamento de Saúde do Texas, em comunicado. Já esta semana o mesmo hospital tinha confirmado que Nina Pham, uma das enfermeiras que esteve destacada para tratar o liberiano Thomas Eric Duncan, tinha contraído o vírus. Estão ainda sob vigilância 48 pessoas que contactaram com Thomas Duncan. Segundo a Organização Mundial da Saúde já morreram 4.447 com ébola.

China Oito mortos e 18 feridos em confrontos Pelo menos oito pessoas morreram e outras 18 ficaram feridas durante confrontos entre operários da construção e moradores na província chinesa de Yunnan, no sul do país, informaram as autoridades através da Xinhua. O conflito ocorreu nas obras de um centro logístico na localidade de Fuyou, de acordo com fontes municipais citadas pela agência oficial chinesa. Seis dos mortos eram operários da construção civil, enquanto os outros dois faziam parte dos moradores da zona com os quais se envolveram em confrontos. Dos 18 feridos, dez permanecem hospitalizados, um dos quais em estado grave. As autoridades locais estão a investigar as causas do incidente, tendo advertido que irão tomar “medidas duras” contra os responsáveis.

Coreias Primeira reunião de alto nível em sete anosAs duas Coreias iniciaram ontem a sua primeira reunião militar de alto nível em sete anos durante a qual vão debater os recentes conflitos bilaterais, disse fonte do parlamento sul-coreano à agência Yonhap. O encontro, que começou às 10:00 na aldeia fronteiriça de Panmunjeom, tem como objectivo discutir a disputada fronteira marítima do Mar Amarelo e o envio de balões com panfletos propagandísticos por activistas sul-coreanos para o Norte, informou a Yonhap. Segundo a mesma fonte, o regime de Kim Jong-un “não pretende tornar pública” a reunião, pelo que os ministérios da Unificação e da Defesa de Seul recusaram pronunciar-se oficialmente.

Toyota Chamadas à revisão 1,75 milhões de viaturas

A Toyota anunciou ontem a chamada à revisão de 1,75

milhões de viaturas em todo o mundo devido a defeitos que representam risco de incêndio ou ameaçam afectar o desem-penho dos travões.

O construtor automóvel japonês identificou três pro-blemas nos veículos, os quais envolvem diversos modelos de carros, incluindo a sua luxuosa marca Lexus.

Um dos defeitos prende--se com uma peça, de forma desadequada, do sistema de travões, a qual pode alterar a sensibilidade do pedal ao longo do tempo – um problema que afecta um universo de 802 mil viaturas, a maioria no Japão e na China.

“O travão não se torna efi-caz, mas o desempenho pode começar a degradar-se progres-sivamente”, informou a Toyota através de um e-mail.

Outro problema, que diz respeito ao tubo de fornecimen-to de combustível de 759 mil viaturas, incluindo vários mo-delos Lexus e Crown Majesta, pode elevar o risco de incêndio “na presença de uma fonte de ignição”. Mais de metade dos carros afectados foi vendida nos Estados Unidos.

Um defeito com 109 mil car-ros no Japão relacionado com a placa de sucção de combustível também representam risco de incêndio, indicou a firma.

“A Toyota não tem conhe-cimento de qualquer incêndio, acidente, ferimentos ou mortes” relacionados com os defeitos identificados, garantiu.

O anúncio da surge cerca de quatro meses depois de a Toyota ter chamado à revisão 2,27 milhões de veículos em todo o mundo devido a falhas no sistema de ‘airbag’.

Desde o início do ano, a Toyo-ta recolheu quase 11 milhões de viaturas em todo o mundo.

M AIS de 82 milhões de chineses vivem na pobreza, com menos de um dólar

por dia, apesar dos vários anos de crescimento constante que transformou a China na segunda economia mundial.

De acordo com a definição

CHINA 82 MILHÕES ABAIXO DO LIMITE DA POBREZA

As outras grandezasDe acordo com os critérios internacionais o número sobe para cerca de 200 milhões de pessoas a viver com menos de 1,25 dólar por dia

«A maioria desses chineses vive em zonas de risco de terramotos ou com infra-estruturas muito precárias, o que complica os esforços para tirá-los da pobreza»ZHENG WENKAI Encarregado de desenvolvimento

do governo chinês, a pobreza caracteriza-se por um rendimen-to anual inferior aos 2.300 iuanes (295 euros), o que corresponde a menos de um dólar por dia.

No final do ano passado, 82 milhões de chineses - numa po-pulação total de 1,36 mil milhões - viviam sob este limite, afirmou

à imprensa o encarregado de de-senvolvimento, Zheng Wenkai.

O Banco Mundial consi-dera, por sua vez, que o limite da pobreza está em 1,25 dólar por dia: isso quer dizer que 200 milhões de chineses estão na pobreza, se levarem em conta os «critérios internacionais», comentou Zheng.

«A maioria desses chineses vive em zonas de risco de terra-motos ou com infra-estruturas muito precárias, o que complica os esforços para tirá-los da po-breza», assegurou.

Na China, o país mais povoa-do do mundo, o PIB por habitante era de apenas 6.767 dólares no ano passado, ou seja, 13% do produto interno bruto dos EUA, segundo o jornal oficial chinês Global Times.

O crescimento económico chinês - que chegou a 10% anuais, e agora está em torno dos 7,5% - não impediu as desigualdades. Segundo um estudo da Universi-dade de Pequim, 1% das famílias controla um terço da riqueza do país. Por outro lado, 25% das famílias chinesas mais pobres têm apenas 1% da riqueza chinesa.