FERREIRA, Sueli. Ensino Das Artes - Construindo Caminhos (1)

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    FERREIRA, SUELI. DANANDO NA CHUVA... E NO CHO DE CIMENTO_IN_OENSINO DAS ARTES CONSTRUINDO CAMINHOS. PAPIRUS EDITORA. 1 EDIO.CAMPINAS, 2001, P. 39-79

    Nota da transcritora: por motivo de tornar o texto mais acessvel, optamospor transcrever as notas de rodap em um glossrio de notas feitoseparadamente do texto propriamente dito. Assim, quando no texto originalestiver a nota de rodap indicada pelo nmero sobre-escrito no texto corridofaremos o seguinte: colocaremos o indicador Nota !". Ao fim do textofaremos o #$lossrio de notas#, nele constar o nmero da nota e da pginaseguida das respectivas considera%&es expressas pelo autor no rodap.

    ' (N)*N' +A) A() - 'N)/*N+' A0*N1') )ueli 2erreira org." !3 (di%4o - 5apirus (ditora.

    5gina 67

    aptulo 8: +AN9AN+' NA 1/A... ( N' 1;' +( *0(N' 0rcia )trae,

    o movimento dan%ado foi o primeiro transbordamento emotivo, manifesta%4odesordenada dos temores, afetos, iras e recusas, sem outra organiuromgico, rito, cerimCnia, celebra%4o popular para uma simples divers4o#. Adan%a n4o camin=ou apenas nessa dire%4o. Ao movimento dan%ado, outrasra existentes. ' desenvolvimento n4o se d por substitui%4o deuma forma pela outra, de um ob>etivo por outro, mas pelo acrscimo eDou pelanega%4o, pela substitui%4o eDou pela transforma%4o de formas > existentes.Assim, atualmente, alm dos espetculos coreogrficos, a dan%a tambm pode

    ser vista em ritos, celebra%&es, festas etc. 5ara visuali

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    francesa Eacqueline obinson !7F@". Nesse diagrama, s4o indicadas de formaclara a gGnese e as diferentes aplica%&es da dan%a no mundo. eestruturamosa rvore de obinson, elaborando uma vers4o nossa, na tentativa de adequarseu contedo H sociedade brasileira da atualidade. (sse diagrama n4o conclusivo e est aberto a outras interpreta%&es.

    A arte existe para que possamos nos expressar. +ia inerente, ela emerge daprofundea

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    sade e espetculo. nesse tronco que se situam a dan%a-teatro, as dan%asmoderna e contemporLnea e a educa%4o. Ao redor desse tronco principal, com uma bifurca%4o para o laogo, e ainda serem

    exploradas em espetculos. +entre elas, = ainda as manifesta%&es popularesconsideradas #puras#, ou se>a, que n4o perderam seu carter original de rito,situadas entre a recrea%4o e a express4o, intituladas #dan%as primitivas#, nafalta de express4o mel=or. No tronco laa saram das ruas einvadiram as academias e os palcos teatrais. 1 ainda uma pequena ramifica%4o, que parte do tronco express4o: a sade

    ou terapGutica. ada ve< mais, as pessoas buscam no movimento dan%ado finsterapGuticos, para equilibrar tens&es, tratar o estresse, a angstia etc. 1ainda, nessa vertente, os trabal=os reali

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    profissional que ir atuar em compan=ias profissionais de dan%a, em teatro,cinema, televis4o, s=oPs etc, ou se>a, que ir atuar no mundo do espetculo. . A dan%a, em seu aspecto terapGutico e social, ou se>a, como atividadeterapGutica e de reinser%4o social em programas de apoio a pessoasdesfavorecidas, se>am menores de rua, adolescentes infratores, ex-

    farmacodependentes, crian%as vtimas de violGncia de todos os tipos. Q A dan%a como recrea%4o, ensinada e praticada por indivduos como formade la

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    dan%ar observando e imitando. ' alunoDcrian%a vG e reprodu< aquilo que oprofessorDadulto fa

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    Suem o professor de dan%aR Sual seu papel e sua importLnciaR (staria elesempre ligado ao ensino de dan%as codificadasR ' professor de dan%a atualmente assume novas fun%&es. 0ais do que umreprodutor de passos sistematia da educa%4o infantil, se>a do ensino fundamental emdio discutidos mais adiante". (nt4o, de que professor de dan%anecessitamos na escolaR XendW )later !7FU", educadora e dan%arina

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    norte-americana, di

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    instalado tambm para fugir da guerra. A princpio, pensavam permanecertemporariamente em terras brasileiras, mas +usc=enes logo se casou econstituiu uma pequena famlia em )4o 5aulo, aqui permanecendo. )ua experiGncia com a dan%a moderna europia, at ent4o pouco con=ecidano pas, proporcionou-l=e emprego numa escola particular americana como

    assistente da professora de educa%4o fsica. A partir de ent4o, +usc=enesnunca mais abandonou sua paix4o por ensinar. Ap?s o nascimento do primeirofil=o, +usc=enes teve poliomielite. (la afirma numa entrevista H pesquisadorade dan%a ssia Navas que a experiGncia prtica corporal, os con=ecimentosadquiridos no trabal=o de Iaban, somados ao mtodo de ginstica corretiva dodoutor 0enudaram na recupera%4o +ias e Navas !778". Ap?s a doen%a, +usc=enes come%a a dar aulas em casa, sendo responsvelpelo surgimento de grandes nomes da dan%a moderna brasileira, como+enilton $omes, Euliana arneiro da un=a, E.. iolla, 0aria 0ommenso=n,entre outros. 0as o maior legado de +usc=enes n4o est nos artistas

    expoentes que fe< florescer, e sim na divulga%4o e na popularie, passarampor suas m4os e desenvolvem pro>etos que levam a dan%a a diferentes locais,como bibliotecas pblicas municipais, museus, casas de cultura, escolaspblicas, parques etc., sempre dentro do esprito da dan%a como processo detransforma%4o e conscienti

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    delicados como o =omossexualismo. emos que esse fato tende a ser umelemento dificultador da introdu%4o da linguagem da dan%a na escola. 1 opreconceito de diretores, professores e mesmo das crian%as. 0uitas veogos dramticos#, #movimento expressivo#, e tantas outras nomenclaturas.' contedo o mesmo de uma aula de dan%a, mas o ttulo muda. Iogo,podemos perceber que o problema n4o est no tipo de atividade em si, queatrai tanto meninas quanto meninos, mas no ttulo do curso e, sobretudo, nor?tulo que ser dado Hqueles que dele participam. )abemos que alterar o

    nome do curso apenas uma solu%4o paliativa para o problema, queabsolutamente n4o resolve a quest4o do preconceito. +e fato, essaproblemtica deveria ser mais bem trabal=ada. A crian%a n4o preconceituosa. ' preconceito aprendido por intermdio das atitudes dosadultos e talve< esse procedimento de alterar o nome do curso, tentandomaquiar seu verdadeiro fim, se>a tambm uma forma de acentuar opreconceito. No entanto, percebemos que, ao nomear essas atividades com#pseudCnimos#, permitimos, ao menos, a participa%4o dos meninos nas aulase, assim, eles podem ter contato com a arte do movimento. A dan%a ainda pouco con=ecida na escola. Apesar disso, = algumas

    institui%&es onde essa linguagem trabal=ada, isto , = no Trasil escolasonde a dan%a praticada como parte integrante da grade curricular. Noentanto, infelietivo pelo qual a dan%a ensinadaK segundo, pelo tipo de dan%a oumel=or, de tcnica" ministradaK terceiro, pelo profissional contratado paraministrar essa tcnicaK e quarto, pelo fato de esses estabelecimentos deensino acentuarem o preconceito contra =omens que dan%am. amos analisaro que acontece atualmente nesses estabelecimentos, na tentativa de aprenderpela reflex4o sobre alguns equvocos.

    As escolas que > tGm aulas de dan%a em seus currculos s4o, em suamaioria, institui%&es de educa%4o infantil e dos primeiros anos do ensinofundamental, sobretudo pertencentes H rede particular de ensino. (ssasescolas apresentam em suas grades de =orrio diversas atividades parapreenc=er o tempo das crian%as na escola. A, temos imediatamente um graveproblema. As atividades servem para #ocupar o tempo ocioso#

    5gina M!

    da crian%a e n4o como uma atividade em si. 'utro problema est nacaracterstica das atividades oferecidas. 1 cursos de computa%4o, inglGs,espan=ol, nata%4o, dan%a e >udC. Alguns pais podem ficar maravil=ados comtantas op%&es. 5oder encontrar num mesmo local todas as modalidades de

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    ensino que acreditam contribuir para o desenvolvimento integral da crian%a,significa para os pais n4o precisar passar o dia transportando o fil=o de umaescola especiali

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    pois elas pr?prias ainda est4o em forma%4o. 0esmo em escolas especialiovens em estgio maisavan%ado. abe ressaltar que isso s? acontece no Trasil. inconcebvel emqualquer outro pas. As crian%as menores, ao se iniciarem numa tcnica

    especfica, s4o alvo de preocupa%4o constante, e ficam sob a responsabilidadedo professor mais experiente. 5rofessor esse que n4o apenas formado natcnica que

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    ensina, mas que tem uma vasta forma%4o como docente e freqZenta cursosespecficos voltados H forma%4o do professor de arte. 'utro grave equvoco presente nas escolas est em colocar o bal ao lado do>udC. e>amos. ' bal clssico, como vimos, uma tcnica de dan%a ocidental

    de origem europia. uma das estticas da dan%a, fa< parte do mundo dasartes. ' >udC uma luta. /ma arte marcial asitica, atualmente praticadacomo esporte de competi%4o. ' primeiro arte. ' segundo, esporte. )4oprincpios diferentes que regem essas duas manifesta%&es corporais. Numa, aexpress4o a motiva%4o primeira. Na outra, a luta. 5ode-se perceber qual oconceito de dan%a que essas escolas tGm. rabal=a-se a dan%a n4o comodan%a, mas como simples atividade fsica. A dan%a apenas uma atividadecorporal como qualquer esporte ou ginstica. Novamente, aqui n4o queremosdesmerecer o trabal=o corporal desenvolvido em aulas de educa%4o fsica,ginstica ou na prtica de qualquer esporte. No entanto, precisamos frisar a

    diferen%a crucial que existe entre essas duas prticas. 5ara Iaban, uma dasdiferen%as mais fortes entre a ginstica e a dan%a reside no fato #de a primeiraestar mais interessada no resultado das a%&es do que no processo ativo em si#Iaban !7F, p. 87". 0ais um ponto que merece reflex4o: os cursos de inglGs, espan=ol, nata%4o ecomputa%4o s4o abertos a todos os alunos indistintamente, ao passo que aaula de dan%a exclusiva para meninas e a de >udC, exclusiva para meninos.As institui%&es de ensino que poderiam e deveriam ser propiciadoras detransforma%&es, servir de exemplo para quebrar preconceitos e educar para acidadania, acabam, infelia dire%4o foiveementemente contrria, alegando que a presen%a de um menino na aula dedan%a ou de uma menina na aula de >udC poderia gerar tumulto no interior doestabeleci

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    mento. epresentaria a quebra dos princpios da escola. Sue princpios s4oessesR

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    5ercebemos que, tanto as atividades corporais quanto as atividadesintelectuais, s4o condicionadas por fatores socioculturais. A escol=a de uma ououtra atividade carregada de valores que seguem certas conven%&es. 1papis bem definidos para =omens e mul=eres em nossa sociedade, apesardos movimentos poltico-sociais pela igualdade dos sexos. Nesse contexto, Hs

    mul=eres s4o reservadas atividades em que a delicadeogo esportivo, comparada a um menino, isso um elogio, pois demonstra seu potencial defor%a. No entanto, o inverso n4o verdadeiro. N4o se pode comparar ummenino a uma menina. *sso visto como ofensa. Assim, querer que seu fil=o=omem desenvolva aspectos tipicamente femininos, como sensibilidade edelicadeudicial aos ol=os da sociedade. 0as desenvolver nas

    fil=as caractersticas tidas como masculinas, como for%a e decis4o, pode serpositivo para sua atua%4o neste mundo competitivo. +essa forma, percebemosque as mul=eres que se dedicam a atividades esportivas, #masculiniogos =istoriados,em que a crian%a incentivada a #representar# com o corpo a =ist?ria que estsendo contada e, assim, explorar diferentes ritmos, diferentes nveis espaciais,diferentes formas com o corpo. A crian%a nessa faixa etria tem um pra

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    livros trabal=ados em sala de aula, da biblioteca ou tra

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    e se vG como um agente da =ist?ria de sua sociedade. 0ais tarde, ao observaroutras dan%as, pode ser c=amada a comparar o que essa nova manifesta%4ono sentido de indita para ela" tem a ver com aquela que con=ecia. A crian%aque foi capa< de falar sobre algo que con=ecia, sente-se mais H vontade para

    comentar algo at ent4o descon=ecido. Nesse exerccio de desenvolver o ol=arpara a dan%a, o ideal seria tomar possvel Hs crian%as assistir a espetculos dedan%a ao vivo. A fotografia, por ser um instante fixo no tempo, n4o mostra aexecu%4o do movimento. ' vdeo, apesar de ter movimento, tambm tem seuslimites. (le apresenta um recorte feito pelo diretor e delimita o ol=ar. A dan%aao vivo propicia sensa%&es e emo%&es muito mais fortes que a observa%4o deregistros visuais. As crian%as, nessa faixa etria, > conseguem assistir aespetculos com dura%4o mais longa. Assim, nas aulas de dan%a, o professorou a escola deve organios da regi4o etc. A visita a teatros ou manifesta%&espblicas permite tambm o contato das crian%as com os artistas, o que s? possvel no trabal=o ao vivo. udo isso com o intuito de despertar na crian%a ointeresse pela arte da dan%a, desenvolver o ol=ar, o esprito crtico, a aten%4oetc. A dan%a na escola pode servir de incentivo para que a crian%a se tomeartista, ao l=e possibilitar o contato com esse universo mgico. 0as a dan%a naescola s? serve de estopim. A forma%4o do profissional se d fora desseambiente. A educa%4o bsica toma-se responsvel, acima de tudo, pelaforma%4o de indivduos sensveis. Assim, a dan%a na escola n4o forma oartista, mas pode formar um pblico de arte.

    +esenvolver o ol=ar da crian%a para a dan%a na faixa dos @ aos !B anos temoutras ra

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    dan%as. )4o igualmente importantes eventos como o #dia da escola aberta#,da #sinfCnica aberta#, do #corpo de baile aberto# etc., em que a crian%a podevisitar e con=ecer o local onde essas artes acontecem. Nesses eventos, acrian%a entra em contato com o que se passa do outro lado da cortina, nosbastidores. (la pode, ent4o, descobrir como se d a forma%4o do profissional,

    quais s4o as necessidades especficas de cada linguagem, os anos de estudo, acoa%4o de espetculos, os inmeros ensaios, os erros e as repeti%&es, aseternas montagens e desmontagens, as afina%&es de lu

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    5gina UB

    realiovens, na verdade, > dan%avam as dan%as de rua, aprendidas da forma maiscomum: na rua. Ao buscarem informa%&es sobre as oficinas, queriam apenasaprimorar seus con=ecimentos e aprender #passos novos#. (ssas situa%&es distintas nos colocam diante da seguinte divis4o em grupos:

    . A dan%a para crian%as de at oito anos, com as quais se deve trabal=ar deforma mais #livre#, buscando a descoberta do corpo e a explora%4o domovimento, do espa%o, das dinLmicas, do ritmo etc.

    Q A dan%a para crian%as entre @ e !B anos, que est4o numa faseintermediria, em que a explora%4o e os >ogos ainda s4o bem

    5gina U!

    recebidos, mas as exigGncias de movimentos mais definidos v4o se tomandomais presentes. A dan%a para pr-adolescentes e adolescentes, a partir dos !! anos, cu>asexigGncias s4o mais especficas, tanto racional quanto corporalmente.

    5ara desenvolver um trabal=o adequado a cada grupo etrio, percebemosque o professor de sala poderia direcionar as atividades de dan%a na escolapara o primeiro e o segundo grupos, ou se>a, para crian%as da educa%4oinfantil e dos primeiros anos do ensino fundamental, visto que o trabal=o menos especialietos que visassem um trabal=ocon>unto entre o especialista e os professores da escolaR E para o grupo quecompreende os adolescentes a partir dos !! anos, ou se>a, quando a crian%ainicia a quinta srie do ensino fundamental, a presen%a de um profissional darea imprescindvel, visto que os adolescentes, alm de terem desenvolvido

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    um esprito crtico mais apurado, exigem trabal=ar a dan%a com movimentosmais elaborados, o que apenas o especialista tem condi%&es de realiunto. Assim, ficaclaro que n4o a dan%a em si, mas a atitude dos educadores diante daintrodu%4o dessa atividade na escola. +e um lado, os professores come%arama rever suas atitudes em sala, pensando o corpo e a movimenta%4o de seusalunos de forma diferente. iro $iordano Truni, dan%arino e educador italiano,afirmava que #virou quase regra estabelecer entre a arte e a ciGncia umalastimvel distin%4o: a primeira se aprende como uma atividade ldica e asegunda, de uma maneira sria e constrangedora# Nota: !!". )ua crtica n4ose fixava apenas na quest4o da ausGncia do ldico nas disciplinas cientficas daescola, mas tambm na ausGncia de seriedade no ensino de disciplinas

    artsticas, comportamento que tende a acentuar a vis4o de que o ensino dearte suprfluo. Ao contrrio do que se pensa, para reali

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    As letras das msicas s4o fortes e provocativas. No entanto, interessantenotar que tudo isso a #ritualiunto final. omo as composi%&ess4o complexas e executadas num ritmo acelerado, ningum ousa faltar, mas,se isso acontece por um motivo qualquer, cabe ao ausente informar-se o maisrpido possvel e ensaiar soovens. Apesar de todos dan%arem os mesmos movimentos, =momentos em que um se destaca, realiuntos, e todos tGm seumomento de lideran%a. nessa =ora que o >ovem tem a oportunidade de

    mostrar a sua individualidade, aperfei%oar seu #estilo# pessoal e suavirtuosidade, visto que no solo que o >ovem reali

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    A experiGncia dos alunos da licenciatura em dan%a da /nicamp tem mostradoque, se a dan%a est aos poucos conquistando um espa%o diferenciado naforma%4o escolar fundamental, muitas barreiras ainda tGm de ser derrubadas.A primeira delas, > discutida anteriormente, o preconceito tanto deprofessores quanto de alunos sobre os meninos que dan%am. (m algumas

    escolas, os meninos se recusavam a participar da atividade por n4o serem#mul=erogar futebol. Alguns professores, emboraaprovassem a iniciativa, viviam reclamando que as crian%as ficavam muitoagitadas nos dias em que =avia atividades de dan%a. Assim, para #acalmar# aclasse acabavam usando a famosa #c=antagem#: ou vocGs ficam quietos oun4o ir4o para a aula de dan%a.

    5gina UM

    2orma%4o de professores: Aprender fa

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    omo a dan%a se d pelo movimento corporal e por todos os fatores que ocomp&em espa%o, tempo, peso e fluGncia", apresentamos algumas propostasde experimenta%&es que podem ser feitas por qualquer um que dese>evivenciar no pr?prio corpo a cria%4o por meio do movimento. $ostaramos desalientar que essas propostas n4o s4o exerccios para serem aplicados

    diretamente na escola com crian%as e adolescentes, mas, sim, sugest&es detrabal=os a serem experimentados pelos pr?prios professores, para que, combase nas sensa%&es vividas, possam formular seus pr?prios exerccios.

    5gina UU

    Eogo das a%&es

    A explora%4o do movimento pode come%ar em casa mesmo. Aquele que querexercitar e ampliar sua gama de movimentos pode come%ar a pensar nos

    gestos que realia em sua residGncia, se>a no local detrabal=o, e responder as seguintes quest&es: Sue tipo de movimenta%4o utilieto que caiu no c=4oR . 5endurar roupa no varalR . 2ixar ou bater um prego na paredeR . )acudir a toal=a da mesaR

    . Eogar um ob>eto no lixoR . (mpurrar um m?vel pesadoR

    )4o todos esses gestos semel=antesR ' que muda em rela%4o H utili

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    qualquer um a qualquer momento experimentar realioel=osR om os psR ' que se busca n4o a a%4o literal de escovar os dentes nem fa

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    Nota do transcritor: aqui existem trGs quadros dentro dos quais existemrepresenta%&es simplificadas de figuras =umanas. No primeiro quadro quetem no topo escrito #5'A#" temos uma figura =umana com bra%os e pernasesticados e abertos em forma de #V#K no segundo quadro que tem no topoescrito #0()A#" existe uma figura =umana por debaixo de uma mesa como

    que tentando carrega-la nas costas e, finalmente, no terceiro quadro que temno topo escrito #'+A#" temos uma figura =umana camin=ando de perfilmovendo os bra%os esticados de forma circular. 2im de nota.

    5odemos retomar as mesmas quest&es: em que situa%&es usamos o plano damesaR +a portaR +a rodaR Suais planos utili

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    )e conseguimos perceber as mudan%as de ritmo velocidade", espa%o e tipode movimento em nossas a%&es cotidianas, estamos desenvolvendo nossaaten%4o para perceber e aplicar essas mudan%as nas diferentes manifesta%&esde dan%a. ale a pena lembrar que muitas dan%as tiveram sua *nspira%4o nomovimento do =omem no trabal=o, nas ruas, em casa, nas dan%as populares -

    todas elas atividades que utilia ela qual for de preferGncia aovivo, como dissemos anteriormente", ser que conseguimos identificar como a utili

    uma grande aliada para o trabal=o de dan%a na escola, no entanto, precisamostomar cuidado para n4o ac=ar que toda e qualquer reprodu%4o das a%&es dodia-a-dia constituem dan%a. 's movimentos s4o instrumentos para a cria%4o,mas estes, se n4o s4o acompan=ados de significados, tomam-se va

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    entre a teoria e a prtica nem com essa express4o que >unta, separandoKtn=amos o intuito de evidenciar que a oficina teria uma parte prtica da qualtodos, sem exce%4o, teriam de participar. 'ficinas como essas n4o permitem apresen%a de ouvintes. ' aprendi

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    'utro aspecto que nos leva a crer na necessidade de cursos de forma%4odocente que ofere%am subsdios para trabal=ar a dan%a na escola est napercep%4o de que o corpo do professor funciona como modelo para o aluno. inerente ao ser =umano a capacidade de imita%4o. A crian%a aprende pelareprodu%4o dos gestos dos adultos. 0arcel 0auss, soci?logo e antrop?logo

    francGs e um dos primeiros a classificar as tcnicas do corpo, Nota: !"concluiu que todas as a%&es =umanas, desde a mais simples

    5gina F6

    posi%4o deitada simples entendido como a%&es que exigem o mnimo esfor%ofsico" at as a%&es mais elaboradas como nadar que requer um treinamentoespecfico especialia ao copiar o gesto docompan=eiro de classe, da dan%a vista na televis4o, do dolo da novela e detantos outros modelos existentes no nosso dia-a-dia. A imita%4o criticada porser considerada limitadora. (la limitadora se fica realmente restrita H c?piado gesto e a sua perfeita execu%4o. 0as temos de analisar o outro lado damoeda. ' pr?prio desenvolvimento da dan%a utili

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    imos o exemplo de alguns estagirios do curso de licenciatura em dan%a da/nicamp, que ficavam preocupados com a quest4o de dar exemplos demovimenta%4o ou de servir de modelo. (les pr?prios perceberam com odecorrer do trabal=o que as crian%as, quando deixadas livres para realiada. 0uitosprocuraram a>uda profissional, pois > n4o

    5gina FM

    sabiam como agir. Na maioria dos casos, o problema persistia, porque apr?pria postura do professor era impr?pria. Assim, n4o adianta o professorcorrigir insistentemente a postura dos alunos, gritando em seus ouvidos, se oque l=es fala mais forte n4o a palavra verbo" e sim o modelo vivo corpo".' professor deve corrigir a pr?pria postura para que os alunos, aos poucos,redirecionem as deles. ' professor deve lembrar que um indivduo inteiro,n4o apenas uma cabe%a ou uma #boca falante#. 5or mais que queira enfati

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    que vai brincar no ptio. A crian%a que levanta durante a aula, muitas ve

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    TA5*)(IIA, osana !77@". +an%as populares do 0ato $rosso. ).!.:)ecretaria de ultura. \+*A), Iinneu e NAA), ssia !778". +an%a moderna. )4o 5aulo:)ecretaria 0unicipal de ultura de )4o 5aulo.

    5gina FF

    $AA/+], oger !7@B". +an%ar a vida. io de Eaneiro: Nova 2ronteira.\5'*NA*, 0aribel !7@7". 1ist?ria da dan%a. io ele Eaneiro: Nova

    2ronteira. '+*$/(), $ra

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    5gina F@

    evista +an%ar e +an%ar ia., )4o 5aulo. 5ro-posi%&es, revista quadrimestral da 2aculdade de (duca%4o da /nicampespecialmente o volume 7, nmero 88U", >un=o de !77@".

    epert?rio, /2TA.

    Tibliografia mencionada no captulo alm das obras anteriores indicadas com asterisco"

    TA10ANN, 0arie-Iaure !7@". Ia rWt=mique Eaques-+alcro

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    Nota - 5gina 7. o c=an, grupo brasileiro de msica e dan%a quecome%ou a faun=o de !77@", pp. MM-U!.

    Nota F - 5gina M8. ' uso do feminino aqui foi proposital, visto que, namaioria das veovens mo%as.

    Nota @ - 5gina M7. $ene YellW, dan%arino norte-americano que ficou muitocon=ecido por sua atua%4o em comdias musicais como +an%ando na c=uva de). +onen, de !7M8, e /m americano em 5aris de . 0inelli, de !7MB.

    Nota 7 - 5gina UB. $rand-cart ou spacatto, posi%4o de dan%a em que obailarino afasta as pernas em toda sua amplitude, sentando-se no c=4o,mantendo a coluna ereta. 5ode ser realieto, as meninas adolescentes em sua maioriatGm de ficar em casa tomando conta de irm4os menores e arrumando a casaenquanto os pais trabal=am.

    Nota !! - 5gina U8. iro $iordano Truni. #5our une danse dveil etdinitiation, le discemement de la distance#, !77@, p.F@.

    Nota !8 - 5gina F8. 2rases extradas de comentrios proferidos porprofessores da rede de ensino que participaram de oficinas #Atividadescorporais artsticas como complemento da educa%4o formal# durante o ano de8BBB.

    Nota !6 - 5gina F8. f. 2eldenOrais !7F@. (sse autor afirma que agimos deacordo com nossa auto-imagem. Na verdade, temos um potencial demovimento muito maior do que utili

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    Nota !M - 5gina F6. *sadora +uncan !@F@-!78F", dan%arina norte-americana considerada uma das pioneiras da dan%a moderna. 5ara ela, adan%a deveria ser a express4o da vida interior.

    Nota !U - 5gina F6. ut= )aint-+enis !@F@-!7U@", dan%arina norte-

    americana, para quem a dan%a era um ato religioso. Eunto com ed )=aPn,marido e tambm dan%arino, fundaram uma escola de onde saram os grandesnomes da dan%a moderna americana como 0art=a $ra=am, +oris 1ump=reWentre outros.

    Nota !F - 5gina F6. 5ina Tausc=, dan%arina, core?grafa e diretora alem4.riou em !7F6 uma compan=ia de dan%a contemporLnea unindo as linguagensda dan%a e do teatro, o Xuppertal an