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R$ zagoarte design COLÉGIO ESTADUAL DA POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS – HUGO DE CARVALHO RAMOS ANO LETIVO 2018 1º BIMESTRE ATIVIDADE COMPLEMENTAR Série Turma (s) Turno 2º do Ensino Médio A B C D E F G H I MATUTINO Professor: Marcelo Moreira e Eloisa Disciplina: Ed. Física Aluno (a): Nº da chamada: Data: / / 2018 Visto do Professor Nota da Atividade Os vários significados atribuídos ao que hoje se denomina esporte foram construídos historicamente de acordo com as características da sociedade em meio a seus contextos sociais, econômicos, políticos e culturais. No que se refere ao esporte como uma atividade corporal de movimento com caráter competitivo (tal qual se tem hoje na sociedade), este surgiu no âmbito da cultura européia por volta do século XVIII expandindo-se para o mundo todo. No seu desenvolvimento, o esporte assumiu características básicas, tais como: competição, rendimento físico-técnico, recordes, racionalização e cientificização do treinamento. Apresentando essas características, o fenômeno esportivo “tomou como de assalto o mundo da cultura corporal de movimento, tornando-se sua expressão hegemônica, ou seja, a cultura corporal de movimento esportivizou-se”. Contudo, o esporte avançou não só no tempo como em força política e ideológica, sendo até mesmo diferenciado conforme suas características preponderantes. O mesmo pode ser definido como sendo de “alto rendimento ou espetáculo” ou “enquanto atividade de lazer”, podendo figurar o esporte escolar nestas duas perspectivas. A influência que o esporte de alto rendimento ou espetáculo exerce dentro da cultura corporal é nitidamente percebida (ou não) em terras brasileiras. O Movimento Humano vem sendo adestrado pelos esportes nos moldes americanos ou europeus, ignorando veemente aquilo que é característico de cada região, tem-se como consequência dessa influência, o gradativo desaparecimento de culturas tradicionais do movimento, pois estas estão sendo substituídas pelos esportes modernos, ao passo que quanto maior a infiltração, maior a suposta inquestionabilidade das atividades esportivas de competição. Ex: Biribol, Bocha, Capoeira, Damas... Assumindo uma perspectiva de crítica, a cultura é o principal conceito para Educação Física, porque todas as manifestações corporais humanas são geradas na dinâmica cultural, e passaram por todas as etapas da evolução até os dias de hoje, expressando-se de diversas formas e com significados próprios no contexto de grupos culturais específicos. É nessa esteira que, desde a década de 1980 – Página 1 de 8 TEXTO: ESPORTE E SOCIEDADE Escola de Civismo e Cidadania

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COLÉGIO ESTADUAL DA POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS – HUGO DE CARVALHO RAMOSANO LETIVO 2018 1º BIMESTRE ATIVIDADE

COMPLEMENTARSérie Turma (s) Turno

2º do Ensino Médio A B C D E F G H I MATUTINOProfessor: Marcelo Moreira e Eloisa Disciplina: Ed. FísicaAluno (a): Nº da chamada:

Data: / / 2018

Visto do Professor Nota da Atividade

A SUPREMACIA DO ESPORTE NA CULTURA CORPORAL

Os vários significados atribuídos ao que hoje se denomina esporte foram construídos historicamente de acordo com as características da sociedade em meio a seus contextos sociais, econômicos, políticos e culturais. No que se refere ao esporte como uma atividade corporal de movimento com caráter competitivo (tal qual se tem hoje na sociedade), este surgiu no âmbito da cultura européia por volta do século XVIII expandindo-se para o mundo todo.

No seu desenvolvimento, o esporte assumiu características básicas, tais como: competição, rendimento físico-técnico, recordes, racionalização e cientificização do treinamento. Apresentando essas características, o fenômeno esportivo “tomou como de assalto o mundo da cultura corporal de movimento, tornando-se sua expressão hegemônica, ou seja, a cultura corporal de movimento esportivizou-se”.

Contudo, o esporte avançou não só no tempo como em força política e ideológica, sendo até mesmo diferenciado conforme suas características preponderantes. O mesmo pode ser definido como sendo de “alto rendimento ou espetáculo” ou “enquanto atividade de lazer”, podendo figurar o esporte escolar nestas duas perspectivas.

A influência que o esporte de alto rendimento ou espetáculo exerce dentro da cultura corporal é nitidamente percebida (ou não) em terras brasileiras. O Movimento Humano vem sendo adestrado pelos esportes nos moldes americanos ou europeus, ignorando veemente aquilo que é característico de cada região, tem-se como consequência dessa influência, o gradativo desaparecimento de culturas tradicionais do movimento, pois estas estão sendo substituídas pelos esportes modernos, ao passo que quanto maior a infiltração, maior a suposta inquestionabilidade das atividades esportivas de competição. Ex: Biribol, Bocha, Capoeira, Damas...

Assumindo uma perspectiva de crítica, a cultura é o principal conceito para Educação Física, porque todas as manifestações corporais humanas são geradas na dinâmica cultural, e passaram por todas as etapas da evolução até os dias de hoje, expressando-se de diversas formas e com significados próprios no contexto de grupos culturais específicos. É nessa esteira que, desde a década de 1980 – talvez até antes, mas preponderante incisivamente é nesta época que o debate acerca disso se inaugura – muitos autores, estarrecidos com a utilização da Educação Física pelo sistema esportivo, inflamam calorosas críticas a este sistema baseado no binômio Esporte/Educação Física e advogam pela cultura corporal de movimento como desta última.

Independente do ângulo do observador, a força do esporte é irresistível e, em alguns lugares, o seu conceito universalizou-se. Nos países de línguas germânicas, a partir de antigos modos de entender a Educação Física adotou-se o termo esporte generalizadamente, significando qualquer modalidade de exercício físico. A supervalorização do esporte pode, sem duvida, acarretar problemas incontroláveis.

O esporte que inicialmente era apenas competição, usado para demonstrações de superioridade, agora é tratado como “esporte para todos’, o que abriu margem para grandes campanhas de valorização das práticas esportivas, reforçando muito o aumento da abrangência do renovado conceito esporte. A razão social do esporte, anteriormente atrofiada pelas próprias limitações do esporte de competição, cresceu muito em relevância, com isso passou a ser utilizado pelos canais de mídia (canais de televisão, jornais, revistas, rádio, internet) como meio de divulgação e comércio dos mais variados produtos.

O consumo esportivo (seja participando no esporte ou assistindo a ele) é uma das funções de lazer mais difundidas da sociedade moderna. Ele invade todos os aspectos da vida humana e possui apelo mundial. De fato o esporte atinge pessoas de todas as idades, atravessando as fronteiras culturais e nacionais. As tendências globais de maior riqueza pessoal, estilos de vida mais sedentários e mecanização resultaram em uma maior dependência e importância das atividades esportivas e de lazer no dia a dia. Ao encontro dessa tendência, percebe-se o interesse constante da mídia em torno do conteúdo hegemônico da Educação Física.________________________________________________________________________________________

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TEXTO: ESPORTE E SOCIEDADE

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A visão de esporte imposta pela mídia

Atualmente, principalmente em países subdesenvolvidos, as pessoas não dispõem de grandes oportunidades para melhoria da qualidade de vida. Nesse ponto, o principal papel da mídia é mostrar para a sociedade o esporte como uma forma rápida, sem muito esforço e/ou prazerosa da tão sonhada oportunidade de melhoria sócio-econômica.

 À medida que a mídia vai promovendo mais e mais a repetição deste pensamento, a sociedade vai aceitando e encarando-o como verdadeiro. “Para tanto, a indústria midiática contribui decisivamente, pela força do apelo imagético e por seu efeito multiplicador, para que estas interpretações se tornem ‘familiares’ e sejam incorporadas à cultura esportiva” (PIRES, 2005, p. 115).

 Por sua vez, o Capitalismo impõe que as pessoas estejam sempre buscando a melhoria de sua situação financeira. Sendo assim, o papel da mídia é mostrar e idolatrar alguns pouquíssimos atletas que conseguem obter sucesso através do esporte e fazer com que estes passem a servir como modelos para outros milhões de pessoas que tentarão em vão este mesmo sucesso.

 Senão vejamos, pegando como exemplo o futebol brasileiro. Quantos jogadores existem atuando profissionalmente nos vários clubes pelo país? Quantos conseguirão jogar em grandes clubes? Quantos conseguirão se tronar famosos e ricos? Quantos conseguirão jogar em clubes europeus ou na seleção brasileira?

  Um fator importante que ocorre para este fenômeno acontecer é o valor pago nas transações (vendas de atletas, salários), principalmente no caso do futebol. São cifras milionárias, muita badalação e propaganda em cima desses jogadores. Este fato faz com que muitas pessoas desejem este sonho, no entanto, estes outros certamente não conseguirão o mesmo sucesso, mas continuarão ilusoriamente tentando. E, pior que isso, a mídia tenta mostrar que todas as pessoas têm possibilidades iguais de conseguir esse sucesso.

Analisando a afirmativa de Kenski (1995), a autora diz que “o atleta super star é valorizado comercialmente como espaço publicitário por onde podem ser veiculadas as mensagem dos patrocinadores. Divulga-se o campeão e, junto com ele uma imagem símbolo, valorizada socialmente, de saúde, força, poder, [dinheiro, fama], vitória e prestígio”.

Assim, a mídia, como aliada do Capitalismo, utiliza este atleta campeão como parâmetro de sucesso para a sociedade. As empresas o utilizam para fazer propaganda de seus produtos e aumentar suas vendas. Por sua vez, a população acaba procurando e comprando os produtos anunciados pelo atleta campeão. Não significa que isto não possa ou não deva de forma alguma ser feito, significa que o esporte não pode ser resumido a isso e utilizado apenas pra esse fim, apenas com interesses econômicos.

Podemos perceber que atualmente na mídia há uma predominância quase total do “Esporte Rendimento’’ (ou “Esporte Espetáculo”) em detrimento do “Esporte Saúde e/ou Social’’. Pouco se vê reportagens falando sobre os benefícios de determinado esporte para a saúde, ou, raramente se vê alguma reportagem falando sobre algum projeto social esportivo e mostrando os benefícios sociais do esporte, como inclusão, integração, socialização, fuga do mundo da criminalidade...

Quando algo parecido com isso aparece nos programas esportivos, é alguém que veio de origem humilde e que conseguiu se tornar um bom atleta, um campeão. Assim, fala-se de sua vida sofrida, dos obstáculos vencidos e de como obteve sucesso... Apenas do conto de fadas!

Nesse caso, a mídia afirma que qualquer pessoa pode ter sucesso através do esporte, inclusive as de origem mais humilde. Isso, sem dúvida, é pura ilusão. Um ou outro conseguem, no universo de milhões. As pessoas não têm chances iguais, principalmente as menos favorecidas economicamente. No entanto, outros inúmeros milhões de pessoas, principalmente estas de origem mais humilde, cultivarão e correrão atrás deste mesmo sonho irrealizável para ver se conseguem deixar a pobreza.    Para termos uma visão geral da idéia do esporte no mundo capitalista e entender porque isso acontece, analisemos a afirmativa abaixo:    A mídia televisiva se alia aos outros meios de comunicação para explorar a imagem do sucesso esportivo do momento e consumi-la como mais um produto descartável. Os patrocinadores, por sua vez, investem no sucesso destes programas - e das equipes e jogadores bem sucedidos - para divulgar e vender mais os seus produtos. Os clubes, as equipes, os jogadores e atletas, por sua vez, aproveitam as chances de aparecer diante da grande massa de telespectadores para se tornarem mais conhecidos, mais populares, garantirem patrocínio e auferir maiores lucros, é claro. Aparentemente todos lucram, todos ficam satisfeitos. A ética esportiva alterou-se do ideal de que "o importante é competir...". Transformou-se em um novo ideal em que "tão importante quanto vencer, é ser conhecido, ser famoso, aparecer, lucrar..." (KENSKI, 1995).

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    Acrescento ainda que tudo isso seja passado para a população com uma idéia alienante, uma forma de espetáculo e diversão (uma nova política romana do “Pão e Circo”) para tentar amenizar os gravíssimos problemas sociais. Assim, o Capitalismo usa a mídia e o esporte para a criação, disseminação e a manutenção de uma ordem social perversa e excludente.   O sistema televisivo compõe uma trama alienante de grande magnitude, implicitamente trabalhada em aspectos puntiformes da realidade, que são transmitidos como se fosse a própria realidade. Segundo, Sodré (apud FREITAS, 1994), através da mídia o indivíduo pode ser controlado à distância, sem imediatez concreta da força física porque ele próprio se controla graças à interiorização de normas e valores que constituem a moral, os interesses, o modo organizacional da vida capitalista e que são passados através da mídia.    O espetáculo esportivo, que antes acontecia apenas para o deleite das arquibancadas, foi globalizado. A televisão multiplicou a platéia de milhares para criar a audiência e o mercado de milhões (...). A indústria do esporte cresceu e com ela a qualidade dos eventos e dos equipamentos esportivos. Os espetáculos esportivos estão cada vez mais elaborados, cada vez mais espetaculares e, ao mesmo tempo, mais ajustados ao formato exigido pela mídia. O esporte foi metamorfoseado definitivamente pelo dinheiro. Modificou-se tudo que foi necessário para seu novo formato, desde o ideal até as regras. Uma nova equação foi produzida: espetáculo esportivo mais mídia é igual a lucros milionários (PILATTI; VLASTUIN, 2004).

   Os clubes com maior receita em 2016 foram Flamengo (R$ 510,1 mi), Corinthians (R$ 485,4 mi) e Palmeiras (R$ 468,6 mi). Desses três, o Rubro-Negro é o que tem maior porcentagem de TV, com 58% de participação na receita, contra 47% do Timão e 27% do Verdão.

Podemos perceber que atualmente não é a mídia capitalista que se adéqua ao esporte, é o esporte que tem, por obrigação, que se adequar à mídia. Os eventos esportivos devem ser transmitidos sempre naqueles dias e naqueles horários previamente determinados, então os calendários e/ou tabelas de jogos e competições são feitos com bases nesses horários.    Está na cobertura esportiva a chave para desmontar uma das charadas do jornalismo em televisão. (...) O telejornalismo promove – financia, organiza e monta – os eventos que finge cobrir com objetividade. É no esporte que esse fenômeno é mais transparente. (...) As técnicas jornalísticas, dentro das coberturas do esporte pela TV, são cada vez mais uma representação. Aquele espetáculo que aparece na tela não é uma notícia conseguida pela reportagem, mas uma encomenda paga (BUCCI apud PIRES, 2005, p. 115).    A cada dia que passa, o esporte fica mais dependente da mídia e do dinheiro e vai deixando de lado suas características essenciais e benefícios para se adequar ao mundo capitalista. Ele vai ficando em segundo plano diante do que as pessoas julgam mais importantes: a vitória (a qualquer custo e usando até de meios ilícitos - doping), o dinheiro, o sucesso, a propaganda...    Assim, a mídia exalta exacerbadamente o campeão e deixa de lado o competidor que não conseguiu obter êxito. Paralelamente, força-o a buscar a vitória custe o que custar (até usando meios ilícitos) para se enquadrar no modelo de esporte atual, onde apenas o campeão tem valor.

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Reflexões    Acredito que devemos mudar nosso pensamento e a nossa cultura social em relação ao esporte. Como querer implantar esporte de rendimento numa população como a brasileira, onde a maioria da população é pobre e se alimenta mal? Alguns podem até dizer que isso é possível para os que têm condições. Então, nesta perspectiva, o esporte se tornará excludente.    Devemos fornecer esporte para a população, primeiramente, como promoção da saúde e do bem-estar, como uma cultura de lazer. Posteriormente, poderemos pegar as pessoas que realmente querem e/ou se destaquem para treiná-las e para competirem. Por que devemos, necessariamente, desde a infância, treinar as pessoas para competir? Esse pensamento é apenas cultural!    O Brasil é o segundo país do mundo em cirurgia de redução de estômago (perde apenas para os EUA), isso deve-se ao fato do número de obesos estar crescendo rapidamente. Por que não aproveitamos os benefícios da atividade física para a melhoria da saúde dessas pessoas? Ou para qualquer outro tipo de doença?    Por qual motivo, com todos esses problemas, continuamos a investir e admirar uma cultura esportiva apenas voltada para o rendimento e a competição? Vamos apenas afirmar que o esporte é um fator de inclusão social e ficarmos apenas no discurso? Até quando vamos ficar com o enredo pronto e o discurso vago de que o esporte serve para melhoria da qualidade de vida, do bem-estar, redução do stress, etc, etc, etc, etc? Vamos continuar assim, sem fazer nada e fazendo de conta que não temos gravíssimos problemas sociais? Por que vamos continuar a sermos hipócritas e falar sobre uma Educação Física enquanto fazemos outra completamente diferente?    Antes de tudo, é preciso que tenhamos pensamento crítico, que saibamos enxergar a realidade de maneira global e os vários aspectos que a influenciam. Sei que esse tema é amplo e não se esgota aqui, é preciso muitas reflexões e estudos sobre a área e, principalmente, é preciso que, reflitamos em qual sociedade estamos inseridos e que sociedade queremos construir (ou reconstruir).________________________________________________________________________________________

O que é Fair Play?

Fair Play, em tradução para o português, significa jogo justo. Essa palavra também é utilizada em outras áreas para indicar uma conduta ética nas relações. Mas a ideia de jogo limpo carrega um conceito filosófico muito mais profundo para o meio desportivo.

Trata-se de jogar limpo, de manter o espírito esportivo, e de ter um comportamento ético nas questões relacionadas a qualquer modalidade de esporte. O termo nasceu em 1896, em Atenas, com os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna.

O barão Pierre de Coubertin, organizador do evento à época, teria utilizado essa expressão para associar o ideal olímpico aos valores da honra, honestidade, lealdade e respeito entre os atletas e por si próprio. Uma ideia derivada do conceito de “cavalheirismo” adaptado aos esportes.

No esporte, o fair play é uma premissa que desde cedo, já nas aulas de Educação Física, é ensinada. Crianças aprendem que interagir com seu time é também interagir com a equipe adversária. Que o importante não é só competir, mas competir de forma justa. E que de nada vale ganhar um jogo se você trapaceou as regras para conseguir a vitória.

É o ensinamento que muitas destas crianças levam para a vida quando se transformam em adultos e jogadores ou atletas profissionais.

De fato, ter fair play também diz muito sobre a ética individual de cada um. Mas seja no esporte ou na vida, o jogo limpo pode ser ensinado e também aprendido.

Ele está no aperto de mãos ao iniciar o jogo e no abraço ao fim da partida. Está em evitar desentendimentos durante a competição e respeitar seu adversário, inclusive quando ele foi melhor que você naquele dia. Está, enfim, em apontar o certo, mesmo que o errado seja vantajoso.

Um grande exemplo de fair play no esporte aconteceu em uma maratona na Espanha, em 2012. No final da prova de Cross Country, o atleta queniano Abel Mutai, que liderava a competição, acabou se confundindo com a linha de chegada e diminuiu o ritmo antes de cruzá-la.

Quem estava a alguns metros atrás, em segundo lugar, era o espanhol Ivan Fernández Anaya. Percebendo o erro do adversário, Férnandez avisou o queniano aonde era a chegada e o conduziu à vitória. Quando perguntado pela Imprensa por que não se aproveitou para vencer a corrida, o espanhol respondeu: “Qual seria meu mérito?”._____________________________________________________________________________________

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Doping x Atleta

Em tempos de olimpíadas é muito comum ouvirmos falar de doping, uma seleção de substâncias que quando utilizadas trazem algumas vantagens competitivas para o usuário.

A primeira lista de substâncias proibidas só foi divulgada pelo COI em 1963, um ano antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Esteroides anabolizantes só foram proibidos em 1976, ano em que, pela primeira vez, foi detectado o uso da substância por mulheres. Atletas da Alemanha Oriental recebiam testosterona como parte de um esquema de doping estatal.

A entidade que monitora e acompanha o código mundial antidoping é a  WADA – World Anti-Doping Agency (Agência Mundial Antidoping), em todos os esportes e níveis territoriais.

Alguns atletas fazem uso desses agentes químicos para aumentar força e rendimento nos treinos, o que garante uma evolução mais rápida. O período de uso dos agentes químicos (3 a 6 meses antes da competição), assegura que o competidor alcance o auge da sua forma física e esteja “limpo”, ou seja, com o corpo livre dessas substâncias.

Atletas de esportes com torneios prolongados, como futebol, vôlei e basquete, passam por exames antidoping realizados de forma aleatória (normalmente sorteios), diferente daqueles que competem em esportes de temporada como atletismo e natação, (o exame antidoping é realizado normalmente nos vencedores das provas). A Wada permite que um atleta seja convocado aleatoriamente ou com base em outros indícios, como resultados nas competições e mudanças físicas aparentes.

O exame é simples, realizado pela coleta da urina ou sangue do atleta depois da competição. Durante o teste de urina, por exemplo, a amostra colhida pelo atleta é dividida em dois frascos: um de tampa laranja (A) e um de tampa azul (B). Se o primeiro testar positivo para o uso de substâncias proibidas, o atleta é afastado temporariamente e pode pedir que a amostra B seja averiguada. Se confirmado o uso de algumas das substâncias acima relacionadas o competidor vai a julgamento.

Vários fatores influenciam na punição dada a um atleta, desde a gravidade da infração até a intencionalidade. Ele pode receber desde uma advertência pública até ser banido do esporte para sempre.

Se um atleta tomar um medicamento proibido pela Wada por recomendação médica, ele pode competir? Somente se conseguir obter uma isenção por uso terapêutico. A medida só é permitida se for comprovado que ele teria

problemas de saúde sem a substância, se ela não melhorar significativamente seu desempenho esportivo e se não houver nenhuma outra alternativa permitida.

Uma das maiores polêmicas do doping mundial foi a do ex-atleta de atletismo Ben Johnson, que venceu os 100m rasos com o tempo 9’79”, nas olimpíadas de Seul (1988). Em seu livro “Seul to Soul”, ele diz que foi sabotado no exame e deixa claro:

Ben Johnson“Como muitos outros atletas, parte do meu programa de

treinamento incluía uso sistemático de esteroides. Admito abertamente que usei esteroides em meu treinamento e fui bem orientado na utilização deles. Para estar limpo nos exames de doping, sempre fui muito cuidadoso para interromper o uso antes das grandes competições. Imagine, então, a minha surpresa quando me disseram que eu havia atestado positivo após os 100m em Seul. Era simplesmente inacreditável”.

Ou seja, muitos atletas (para não dizer todos) usam ou já usaram alguma vez em sua carreira substâncias químicas. Mas a competição envolve também estratégia, técnica, equilíbrio psicológico e treino, muito treino. A substância por si só é incapaz de fazer um atleta vencedor.

Bibliografia www.portalintercom.org.br/anais www.efdeportes.com/efd123/ilusao-em-massa-o-papel-da-midia-no-esporte.htm https://horadotreino.com.br/doping-x-atleta/

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