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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA PSICOPEDAGOGIA
Lucia Helena Morais Mendes
Orientador
Prof. Dayse Serra
Rio de Janeiro 2012
2
AVM FACULDADE INTEGRADA
A contação de Histórias na Psicopedagogia
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Psicopedagogia
Por: Lucia Helena Morais Mendes
3
AGRADECIMENTOS
A realização desta pesquisa se deve à paixão que tenho pela contação de
histórias a qual tenho a pretensão de desenvolver essa paixão junto com as
crianças, aplicando todos os e recursos e conhecimentos que adquiri em prol
delas.
Esse trabalho foi baseado em muitas leituras, pesquisas, estudos e desejo
de alcançar meus objetivos.
Meus sinceros agradecimentos à professora Psicopedagoga Anna Maria
Lacombe por ter reforçado o desejo de escrever esse tema e de poder contribuir
significativamente com os seus conhecimentos.
Um agradecimento especial ao Centro Educacional Cantinho da Natureza,
no Morro dos Cabritos em Copacabana, pois o trabalho que desenvolvo o foi e é
de grande utilidade e fez eu me dar conta cada vez mais da importância quanto ao
meu trabalho relacionado a contação de histórias me fez ir mais fundo, com mais
determinação, dedicação e investimento ao que realmente almejo e principalmente
pela oportunidade que me foi dada.
As minhas colegas do curso, em especial a Simone Camelo que esteve
sempre junto comigo na realização das tarefas, estudando, refletindo, me
incentivando e não me deixando desistir.
A Célia, a fada da cozinha, que sempre me incentivou e me deu forças para
não desistir.
Ao Pólo de Leitura ao qual faço parte o CONEXÃO LEITURA, onde adquirir
uma larga experiência e contribuiu muito para o meu crescimento profissional.
Aos professores do curso de Psicopedagogia os quais acrescentaram muito
nessa nova etapa profissional da minha vida, em especial ao professor Lindomar.
Enfim, a todos os profissionais da área de Psicopedagogia e educação em
geral que comungam da mesma idéia que eu quanto à contação de história, a qual
merece um espaço de destaque.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha mãe, Maria de Fátima,
que sempre me aconselhou a estudar.
A meu filho Bruno, a amigos que
me deram força para não desistir principalmente a Deus
que foi minha maior Fortaleza
5
SUMÁRIO
RESUMO ..............................................................................................................5
INTRODUÇÃO....................................................................................................... 6
CAPITULO I
1- A IMPORTÃNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA
PSICOPEDAGOGIA................................................................................................7
1.1 - Os que cabem ao Psicopedagogo................................................................. 13
1.2 - A Contação de Histórias intervindo junto com a Psicopedagogia hospitalar 15
CAPITULO II
2.1 A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS AUXILIANDO O PSCOPEDAGOGO NAS
DIFICULDADES DIVERSAS............................................................................ 17
2.2-Dificuldades com crianças autistas, com Déficit de atenção, leitura e escrita,
hiperatividade, síndrome de Down e Bullying.
18
2.3 Recursos e técnicas utilizados pelo psicopedagogo.................................... 24
CAPITULO III
Entrevista com profissionais da área..................................................................... 27
CONCLUSÃO....................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS................................................................................................... 33
6
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo auxiliar sobre como a contação de
histórias pode ser utilizada como recursos na Psicopedagogia. E como objetivos
específicos identificar recursos que possam dar suporte à prática. Utilizar os livros
e a leitura como ferramenta de intervenção muitas leituras, pesquisas, estudos e
desejo de alcançar os objetivos.
Abordar temas que possam dar suporte em todos os atendimentos na
área Psicopedagógica, usar a contação de histórias como ferramenta auxiliar
Psicopedagógica ao apoio às crianças que apresentam dificuldades de
aprendizagem com caráter emocional e outros.
7
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo auxiliar sobre como a contação
de histórias pode ser utilizado na Psicopedagogia. E como objetivos específicos
são abordar de forma ampla, a importância que a contação de histórias demonstra
na dimensão Psicopedagógica e em que aspectos pode favorecer o trabalho do
profissional da área e de propor uma reflexão sobre a importância de se trabalhar
os sentimentos, as emoções, dificuldade de aprendizagem, crianças autistas,
crianças hiperativas, utilizando a história como principal recurso Psicopedagógico.
O questionamento que motivou a escolha desse tema foi: como o
profissional da Psicopedagogia pode fazer a contação de história na instituição e
na clínica, contribuindo significativamente para o desenvolvimento da criança.
Vem com o intuito de mostrar a importância de contar histórias no ramo
da Psicopedagogia e ser usada com recurso para dar suporte aos problemas,
onde ela possibilite a articulação entre objetividade e subjetividade, espaço “entre”
no qual se situa o trabalho Psicopedagógico. E com os resultados obtidos após a
pesquisa, adquirir mais informações sobre a importância de usar o recurso de
contação de histórias tanto no diagnóstico como na intervenção Psicopedagógica
em instituições e na clínica.
Esta pesquisa foi realizada com o intuito de contribuir com outros
Psicopedagogos que vêem e acreditam que a contação de histórias e leitura seja
um instrumento precioso no auxílio do trabalho junto às crianças e que possa ser
de grande utilidade tanto nas dificuldades das crianças quanto no diagnóstico.
8
CAPÍTULO I
A importância da Contação de Histórias na Psicopedagogia.
Contar histórias é uma arte. Uma arte muito antiga. O contador de histórias sempre ocupou um lugar de honra nas sociedades primitivas e na Idade Média. Ele era tão desejado, solicitado e bem-vindo que conseguia ir para qualquer lugar que quisesse. É por isso que não há exagero nenhum em dizer que quando uma história é bem contada ela marca profundamente a alma do ouvinte. (BAÚ DO PROFESSOR, P.39, VOL. 5/MANUAL) ·
A contação de histórias é uma arte mais antiga que existe desde o
surgimento do homem no planeta. Antigamente as pessoas se reuniam ao redor
de uma grande fogueira para se esquentar, conversar, contar e ouvir histórias. E
com o passar do tempo o contar história se transformou numa arte muito
importante na educação, desde a Educação Infantil até a Pós – Graduação.
Contar histórias é uma arte, uma arte rara, pois sua matéria-prima é o imaterial e o contador de histórias um artista que tece os fios invisíveis desta teia que é o contar. (BUSSATO, 2003, P.9).
Este recurso, quando utilizado, auxilia na elaboração dos conflitos internos,
favorecendo a estruturação da personalidade e estimula e facilita na elaboração
dos processos cognitivos. De maneira lúdica, fácil e subliminar, possibilita o
brincar, permitindo reformulações estruturais na maneira de ser, tornando-se um
mecanismo para lidar com as angústias e fantasias do ser humano.
Passou a ocupar um suporte de grande utilidade para os profissionais da
Psicopedagogia, tanto na área educacional quanto hospitalar, pois como apontam
alguns estudos, a palavra tem poder de aliviar as dores e até mesmo curar. Com
isso podemos perceber o quanto se tem a explorar e a aprender nas diversas
narrativas. E a parti dessa compreensão chegou-se a admitir o quanto a contação
de histórias passou a ter uma missão muito importante na Psicopedagogia, deve e
precisa estar presente no atendimento Psicopedagógico, ela abre um leque de
9
possibilidades para compreender, proporcionar alegria, poder interpretar situações
complexas, sentimentos e reações.
Podendo trabalhar os sentimentos e as emoções das crianças, o déficit de
aprendizagem, questões relacionadas ao bullyig e outras, usando a contação de
histórias como um aliado, um recurso importante no auxílio da abordagem de
temas que possa auxiliar a entender e a diagnosticar a causa de problemas e
dificuldades diversas.
A contação de histórias sendo bem utilizada é um eficiente instrumento, o
qual deve ser uma estratégia de estimulação em todas as dificuldades.
Os benefícios de uma contação de histórias são apontados como um
importante auxiliar na formação das crianças, na compreensão e assimilação dos
significados, assim como o desenvolvimento das práticas leitoras, no auxilio da
expressão escrita.
O uso da história reconhece que é limitado falar sobre sentimentos com crianças na linguagem cotidiana. A história fala às crianças num nível muito mais profundo e imediato do que a linguagem literal cotidiana. Falar sobre sentimentos na linguagem cotidiana é como andar em círculos. Isso acontece porque a linguagem cotidiana é a linguagem do pensamento, enquanto falar por meio de uma história, fazer uma encenação com bonecos ou fantoches, representar o que você quer dizer com barro, com uma pintura ou com uma cena na caixa de areia é usar a linguagem da imaginação. Essa é a linguagem da criança. (SUNDERLAND, 2005, p.18).
Contar história é uma arte de grande utilidade para o Psicopedagogo,
podendo valer-se de forma muito proveitosa. Podendo lidar com delicadeza de
diversos assuntos relacionados à criança, tanto do cotidiano escolar,
comportamento humano, relacionados a sentimentos e diverso tipos de situações
de outras naturezas. A contação de histórias sendo bem utilizada é um eficiente
instrumento, o qual deve ser uma estratégia de estimulação em todas as
dificuldades.
Servindo como um grandioso suporte as práticas educativas dos
profissionais de educação, auxiliando-os a realizar atividades que foque tanto o
10
desenvolvimento emocional quanto o emocional da criança. Proporcionando
alegria, prazer, abrindo as portas do mundo mágico, para que a criança possa se
expressar.
O ato de ouvir e contar histórias estão, quase sempre, presentes nas nossas vidas: desde que nascemos, aprendemos por meios das experiências concretas das quais participamos, mas também através daquelas experiências das quais tomamos conhecimento através do que os outros contam. Todos temos necessidade de contar aquilo que vivenciamos, sentimos, pensamos e sonhamos. Dessa necessidade humana surgiu a literatura: do desejo de ouvir e contar para através dessa prática, compartilhar. (GRAIDY e KAERCHER, 2001, p.81).
Ouvir histórias causa a criança alegria, viagens ao um mundo encantado e
misterioso, são despertadas para a curiosidade, o questionar, a crítica, o
raciocinar, a perguntar, sempre querendo saber mais a acrescentar algo, sempre
querendo saber os porquês dos fatos e de tudo o que ocorre na narrativa ou
leitura. Ela se identifica com os personagens, com o protagonista da história, com o
cenário e quando há algum problema aparente, percebe que não está sozinho com
seu problema afinal de contas, seu problema está relatado num livro.
Orthof (2008) relata que a criança que não tem autonomia, autoconfiança,
auto-estima, ao ouvir a história Maria vai com as outras, sente que precisa mudar
ter opinião própria, senso crítico e autonomia.
[...] pulava uma ovelha, não caía na lagoa, caía na pedra, quebrava o pé e chorava: mé! Pulava outra ovelha, não caía na lagoa, caía na pedra e chorava: mé!E assim quarenta duas ovelhas pularam, quebraram o pé, chorando mé, mé, mé! Chegou à vez de Maria pular. Ela deu uma requebrada, entrou num restaurante comeu uma feijoada. Agora, mé, Maria vai para onde caminha seu pé. (ORTHOF, 2008, p.22 a 32)
O ato de contar histórias trás implicações psicopedagógicas, possibilita a
articulação entre objetividade e subjetividade, espaço ”entre” no qual se situa o
trabalho psicopedagógico. É, portanto, um recurso que pode ser usado tanto no
diagnóstico como na intervenção psicopedagógica em instituições e na clínica. O
conteúdo mítico, as ações praticadas pelos personagens, os valores morais
implícitos na narrativa, permitem projeções que facilitam a elaboração de questões
11
emocionais, muitas vezes expressas como sintomas que se apresentam na
aprendizagem. A compreensão dos enredos, a análise dos conteúdos, a estrutura
lingüística subjacente ao texto, permitem ao profissional investigar questões
cognitivas presentes nas dificuldades do processo de aprendizagem.
Como recurso psicopedagógico a história abre espaço para a alegria e o prazer de
ler, compreender, interpretar a si próprio e à realidade.
Muitos teóricos defendem a contação de história como recurso precioso
na educação e que através dessa prática o profissional tem em mãos um grande
recurso para lidar com os sentimentos e comportamento das crianças.
Neste artigo, vale ressaltar o que Sunderland (2005) fala, “Quando a
criança não expressa seus sentimentos dolorosos ou inquietantes, ela pode
passar a ter comportamentos difíceis e provocadores, ou sintomas neuróticos.” É
preciso desde pequeno aprender a expressar os sentimentos e emoções. Isso
ajuda a criança a crescer mais equilibrada, mais estruturada. Ela oferece, também,
orientações úteis sobre como aproveitar as histórias criadas espontaneamente
pela criança com sentimentos difíceis. Por que contar histórias é um meio tão
eficaz de ajudar as crianças a lidar com seus sentimentos? Assim, de que
recursos você pode se valer quando conta histórias? Como criar a sua própria
história terapêutica para uma criança? O que fazer quando a criança conta-lhe
uma história? São indagações que o profissional deve articular com a proposta
utilizar a contação de história.
As histórias utilizadas pelo Psicopedagogo têm o poder de tornar os
momentos da criança com mais alegria, prazer e significado, ela promove
descobertas e desejos, ajuda a criança a expor seus sentimentos e pode fazer
isso através do simbólico ou de imagens. A saber, como lidar ou enfrentar seus
monstros, que através dos contos ela solucione problemas, vença obstáculos, que
muita das vezes coincide com os seus. Aquele herói que luta e vence mostra a
possibilidade de não desistir diante dos problemas da vida real e ter forças para
superar todos os desafios.
A história faz com que os problemas, os conflitos sejam enfrentados pela
criança de uma forma mais benéfica e ativa, faz com que a criança mergulhe no
12
mágico universo da imaginação, viajando num mundo de aventuras, onde ela
soluciona os problemas dos personagens, que muita das vezes ela compara e se
identifica com os seus conflitos.
As histórias contadas no atendimento Psicopedagógico são recursos de alta
qualidade para o desenvolvimento da subjetividade das crianças, o conto permite
que esta experimente emoções, vivencie-as em sua fantasia, sem que precise
passar pelas mesmas situações na realidade. Além disso, a história oferece a
criança uma nova forma de pensar sobre os seus sentimentos difíceis,
sentimentos dolorosos ou intensos demais (como um luto, o nascimento de um
irmão, a adaptação escolar, etc.).
O lúdico é de grande importância na Psicopedagogia, à brincadeira
exerce grande poder para o desenvolvimento psicológico, social e cognitivo da
criança, pois é através dela que a criança consegue expressar seus sentimentos
em relação ao mundo social.
As atividades lúdicas preparam a criança para o desempenho de papéis
sociais, para a compreensão do funcionamento do mundo, para demonstrar e
vivenciar emoções. Quanto mais a criança brinca, ouve historias orais ou histórias
lidas, histórias cantadas mais ela se desenvolve sob os mais variados aspectos,
desde os afetivo-emocionais, motor, cognitivo, até o corporal.
O Psicopedagogo utilizando a contação de histórias através de uma fusão
entre a imaginação e o lúdico poderá fazer com que a criança se solte, interaja e é
através da brincadeira que a criança vive e reconhece a sua realidade. Podemos
dizer que a brincadeira não é apenas uma dinâmica interna da criança, mas uma
atividade dotada de um significado social que necessita de aprendizagem. Tudo
gira em torno da cultura lúdica, pois a brincadeira torna-se possível quando
apodera elementos da cultura para internalizá-los e criar uma situação imaginária
de reprodução da realidade e a contação de história faz com que a criança se
remeta dentro do que está sendo contado.
É através da brincadeira que a criança consegue adquirir conhecimento,
superar limitações e desenvolver-se com indivíduo. Com imaginação,
apresentação, simulação, as atividades com jogos são considerados como
13
estratégia didática, facilitadora da aprendizagem, quando as situações são
planejadas e orientadas por profissionais ou adultos, visando aprender, isto é,
proporcionar à criança a construção de algum tipo de conhecimento, alguma
relação ou desenvolvimento de alguma habilidade.
As histórias, os contos de fadas, as leituras dos livros, usada enquanto
recurso pedagógico na aprendizagem e demais dificuldades deve se considerado
algo importante, competente e responsável. Usado de maneira correta, poderá
oportunizar ao educador e ao educando, importantes momentos de aprendizagens
em múltiplos aspectos. Considerando-se sua importância na aprendizagem, o
lúdico favorecerá de forma eficaz o pleno desenvolvimento das potencialidades
criativas das crianças, cabendo ao educador, intervir de forma adequada, sem
tolher a criatividade da criança. Respeitando o desenvolvimento do processo
lúdico, o educador poderá desenvolver novas habilidades no repertório da
aprendizagem infantil.
É de suma importância à presença da contação de história e da literatura estar
presente nos atendimentos Psicopedagógicos.
Para autores como Carvalho (1975), por exemplo, o conto infantil é como se
fosse uma
Chave mágica que abre as portas da inteligência e da sensibilidade da criança,
para sua formação integral. A escola torna-se um lugar propício para articular a
arte de contar histórias.
Abramovich (1997) ressalta:
Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muita, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo. (p.16).
O romancista José Lins do Rego, por exemplo, ouvia muitas histórias orais
tradicionais de uma ex-escrava, no engenho; isto fez com que seus livros fossem
permeados por traços da oralidade dessas histórias que ouvia. Há também outros
casos, como Ariano Suassuna e João Guimarães Rosa, grandes escritores de
14
língua portuguesa, que beberam das histórias populares para compor suas obras.
O próprio Guimarães diz em uma entrevista:
Nós, os homens do sertão, somos fabulistas por natureza (...) desde pequenos, estamos constantemente escutando as narrativas multicoloridas dos velhos, os contos e lendas (...) deste modo a gente se habitua, e narrar estórias corre por nossas veias e penetra em nosso corpo, em nossa alma, porque o sertão é a alma de seus homens. (ARROYO, 1984, p. 19)
1.1 - Os que cabem ao Psicopedagogo O psicopedagogo é um professor que vai mais além, sua atuação é
Psicopedagógica, vai desde o interior do aluno, ajudando na construção do
conhecimento, mas sempre considera o que o aluno deseja. Ele realiza prevenção,
diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizado escolar e procura
descobrir se as causas são física ou Psíquica, atua ainda junto aos educadores
em geral e auxilia a escola a sofrer modificações. Sendo que qualquer uma
dessas causas pode ocasionar sintomas como a falta de atenção e concentração
e a dificuldade de compreensão e memorização.
O psicopedagogo tem como função detectar a origem do problema e,
baseado nela, desenvolver atividades que criem momentos propícios que
estimulem a aquisição de funções cognitivas que são pré-requisitos para as
aprendizagens escolares. Ele precisa estar atento à dificuldade da criança para
fazer intervenções e diagnosticar dificuldades, é preciso que ele esteja atento e
dependendo da dificuldade ele procure trabalhar em conjunto com outros
profissionais e se apodere de recursos que possam dar suporte a prática de
contação de histórias.
O papel do Psicopedagogo é de grande importância na instituição, são
presenciados inúmeros casos de crianças que apresentam problemas psicológicos,
emocional, vindo a acarretar problemas no processo de aprendizagem. É
importante também que o Psicopedagogo coloque o professor a par do problema
da criança e oriente - o a lidar com a situação e que o mesmo possa trabalhar em
conjunto com a família da criança.
15
É importante que o profissional esteja atento a dificuldade da criança, se for
preciso encaminhar para outro profissional, para que possam solucionar a
dificuldade da criança em conjunto com outros profissionais, seja fonoaudiólogo,
arte terapeuta, fisioterapeuta, outros.
O papel do psicopedagogo é detectar possíveis problemas no processo ensino-aprendizagem; participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, objetivando favorecer processos de integração e trocas; realizar orientações metodológicas para o processo ensino-aprendizagem, considerando as características do indivíduo ou grupo; colocar em prática alguns processos de orientação educacional, vocacional e ocupacional em grupo ou individual. Estando claro o que é a psicopedagogia e qual sua área de atuação, cabe-nos refletir sobre os recursos que o psicopedagogo utiliza para detectar problemas de aprendizagem e neles intervir. (PORTO 2009, p.110).
. É importante que o Psicopedagogo ao usar a contação de histórias crie a
imagem no ar materializando o verbo e transformando-se ele próprio nesta matéria
fluida que é a palavra empreste seu corpo, sua voz e seus afetos ao texto que ele
narra, e o texto deixa de ser signo para se tornar significado. O Psicopedagogo
deve e pode se utilizar desse recurso de contar histórias para fazer com que
através da mesma a criança possa sonhar imaginar e se libertar de angústias.
O psicopedagogo e equipe de educadores devem ficar atentos com as
possíveis dificuldades de aprendizagem que o aluno possa apresentar diante de
atividades proposta ou de um projeto executado. Através da contação de histórias,
o aluno se sente mais a vontade para expressar suas angustias, seus sentimentos
e tudo aquilo que atrapalha seu crescimento psicológico.
O papel do psicopedagogo é detectar possíveis problemas no processo
ensino-aprendizagem; participar da dinâmica das relações da comunidade
educativa, objetivando favorecer processos de integração e trocas; realizar
orientações metodológicas para o processo ensino-aprendizagem, considerando
as características do indivíduo ou grupo; colocar em prática alguns processos de
orientação educacional, vocacional e ocupacional em grupo ou individual. Estando
claro o que é a psicopedagogia e qual sua área de atuação, cabe-nos refletir sobre
16
os recursos que o psicopedagogo utiliza para detectar problemas de
aprendizagem e neles intervir. (PORTO, 2009, p.110).
O papel do psicopedagogo é muito importante, pois atualmente, percebe-se
um numero alto de alunos com problemas de ordem emocional social, afetivo e
outros que acabam interferindo na aprendizagem.
1.2 A Contação de Histórias intervindo junto com a Psicopedagia hospitalar.
A Pedagogia é a ciência da educação. A Pedagogia está voltada ao ato de
condução do conhecimento e tem como objetivo a reflexão, a crítica, a ordenação
e sistematização do processo educativo. Preocupa-se com as maneiras e formas
de conduzir o indivíduo ao conhecimento, bem como os problemas metodológicos
relativos ao como ensinar, o que ensinar e para quem ensinar.
É possível brincar em um hospital? A resposta é sim. Mas este brincar
deve ser revestido de cuidados com a segurança, a higiene e a recuperação da
criança. É através do contar histórias - e das brincadeiras que as acompanham -
que podemos humanizar o ambiente hospitalar, igualando pacientes,
acompanhantes e equipe multidisciplinar.
A Psicopedagogia abrange também o campo de atuação hospitalar e
pode introduzir a contação de histórias para essa realidade, onde os pacientes
estão impotentes devido a situação que se encontram, no caso, enfermas. E
nessa realidade requer atenção específica em um ponto especial: a aprendizagem
ele deve atender as crianças sempre lembrando que cada pessoa é única, com
pensamentos e atos diferentes, assim como os sentimentos, valorizando sempre
essas características tão individuais e este profissional deve promover o
desenvolvimento da criança, ajudá-la a buscar algo novo, motivá-la a aprender,
sentir-se interessada, disposta, querida e respeitada. Para isso, deve-se usar de
toda sua criatividade para criar situações novas e que chamem a atenção.
De forma geral, os argumentos expostos confirmam que o trabalho do
psicopedagogo no hospital é eficaz, traz benefícios psicológicos quando bem
17
realizados e podem causar alegria às crianças. Um exemplo dado - dos Doutores
da Alegria - comprova o que foi dito.
Do ponto de vista psicopedagógico, pode-se afirmar que o trabalho do
psicopedagogo deve atender a pelo menos três objetivos integrados: recreativo,
educacional e pedagógico. E o psicopedagogo pode atuar muito amplamente em
relação ao desenvolvimento cognitivo dos pacientes através de atividades lúdicas
pedagógicas, intervindo de forma a prevenir os problemas de aprendizagem, em
um enfoque psicopedagógico, e psicológico, e junto ao estado emocional em que
se encontra o paciente em razões de sua estadia no hospital.
Criança gosta de brincar? E adulto? Também brinca? Winnicott afirma que
“o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde; o brincar conduz aos
relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação na
psicoterapia.” Portanto, é possível deduzir que brincadeira é coisa séria. E
também podemos chamar de coisa séria - e triste - a hospitalização de uma
criança. Nesta condição a criança vê limitada a sua maior e melhor ocupação: o
brincar.
18
CAPÍTULO II 2.1 A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS AUXILIANDO O PSICOPEDAGOGO NAS DIVERSAS DIFICULDADES A contação de histórias pode auxiliar o Psicopedagogo em diversas áreas
de dificuldades a qual vier a cometer a criança, podendo com tal recurso
proporcionar a criança momentos de prazer e poder obter resultados satisfatórios.
Há crianças com grau de dificuldades complexos em que o professor, a escola
sozinhos não dão conta. Muita das vezes é preciso à intervenção de um
Psicopedagogo para ajudar a criança a solucionar sua dificuldade e é de grande
importância que esse profissional procure meios para procurar entender a ajudar a
criança na dificuldade que vier a lhe acometer.
E o Psicopedagogo poderá utilizar-se-do recurso de contar ou ler histórias
para as crianças para que possa provocar a imaginação infantil e através desse
recurso possa encontrar meios para responder os questionamentos da criança e
com isso poder avaliar, criar métodos para incitar o intelecto e fazer com que
possa encarar seus conflitos.
Poderá ainda fazer com que a criança através das histórias contadas ou
lidas estimule seu senso crítico, desenvolva a linguagem, a comunicação, como
parte integrante daquela história, onde ela pode ser qualquer um dos personagens,
basta querer e imaginar. Através da imaginação a criança faz uma viagem a
mundos permitidos a ela.
E a contação de história entra no atendimento Psicopedagógico como um
despertador no grau da dificuldade. Deve ser explorada através dos mitos, das
fábulas, dos contos de Fadas e das lendas. Porém é preciso que o profissional
saiba usar esse recurso da contação de história para que a criança tenha a
oportunidade de poder viajar na imaginação, na atmosfera da magia e que possa
através dos contos falar sobre o que ele diz, sobre o que foi despertado, se
aguçou com o intelectual e/ ou emocional. E é nesse momento que o
Psicopedagogo encontra a abertura para entrar na dificuldade e poder fazer suas
intervenções.
19
2.2 - Dificuldades com crianças autistas, com Déficit de atenção,
leitura e escrita, hiperatividade, síndrome de Down e Bullying.
No caso de usar a contação de histórias para crianças autistas, vem com
intuito e o grande desafio de desenvolver a imaginação dos autistas, os quais são
repletos de imaginação e criatividade e o Psicopedagogo vem com o recurso da
contação de histórias potencializarem essas habilidades focando na dificuldade
dele através do desenvolvimento do faz de conta. Com a contação de histórias é
proporcionado à criança momento de relaxamento, onde ela se descontrai e
obtém equilíbrio, bem como o bem estar físico, emocional, intelectual e social.
É importante que o profissional se utilize da contação de histórias de forma
que o autista possa interagir, uma idéia interessante é história com utilização dos
personagens e objetos com velcro sendo fixados num painel.
A partir de algum tempo a criança estará preparada para ouvir história de
maneira tradicional.
Bettelheim (1980) afirma que os contos de fadas, melhor do que qualquer outra
história infantil ensina a lidar com os problemas interiores e achar solução certa
em qualquer sociedade em que se esteja inserida. A criança, como ser
participante e atuante da sociedade, aprenderá a enfrentar e aceitar sua condição,
desde que seus recursos interiores lhe permitam.
Não podemos falar de contação de histórias, sem falar do ato de ler, pois é certamente do fascínio de contar e ouvir histórias, que nasce o fascínio de ler Cada vez mais as crianças precisam desde cedo ser incentivadas à leitura, já que ler amplia a visão do mundo. Para contribuir com a idéia de que formar cidadãos leitores. (SISTO, 2001 p. 47).
O Psicopedagogo pode a partir de uma contação de história oral ou de
uma mediação de leitura ampliar o leque de possibilidades, proporcionando a
criança outros recursos artísticos para que ela possa se expressar através de uma
20
pintura, um desenho, com massinha de modelar, jogos dramáticos, jogos
pedagógicos. Através da fala, ou seja, de acordo com a realidade, grau de
maturidade da criança, a forma como ela se expressa.
Valendo-se da contação de história de maneira atrativa para seduzir a
criança ao mundo da leitura o Psicopedagogo, sabendo utilizar poderá obter
resultados positivos. Visto que muitas crianças têm dificuldade na leitura por não
gostarem de ler, muita das vezes por não terem exemplos no ambiente onde vive,
por não ter incentivo ou por outro motivo, o qual cabe ao Psicopedagogo investigar
e em seguida usar estratégias que possa atrair a criança.
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de
construção do significado do texto. Segundo Coelho (2002) a leitura, no sentido de
compreensão do mundo é condição básica do ser humano.
Desenvolver o interesse e o hábito pela leitura é um processo constante, que
começa muito cedo, em casa, aperfeiçoa-se na escola e continua pela vida inteira.
Existem diversos fatores que influenciam o interesse pela leitura. O primeiro e
talvez mais importante é determinado pela “atmosfera literária” que, segundo
Bamberguerd (2000, p.71) a criança encontra em casa.A criança que houve
histórias desde cedo, que tem contato direto com livros e que seja estimulada, terá
um desenvolvimento favorável ao seu vocabulário, bem como a prontidão para a
leitura.
Quando o aluno lê e reproduz as palavras, mesmo do escrito, assume a
competência de dar vida às palavras e às idéias suscitadas a partir do texto. E
tudo começa a partir das escutas de histórias, já que ouvir histórias desperta a
sensação de prazer, instiga a criança a ser um contador também e ainda
influencia nos momentos de produções textuais. A leitura reflete no processo de
aquisição da escrita de forma adequada.
Quando estão aprendendo a ler, a escuta de histórias funciona como uma
influência modelizadora para a leitura. Essa atividade possibilita a experiência com
o fluxo das palavras para formar os 37 significados. As crianças vivenciam o
prazer e os sentimentos criados pela leitura. Por outro lado, a leitura tem como
finalidade a formação de escritores, não no sentido de profissionais da escrita,
21
mas de pessoas capazes de escrever adequadamente. Assim, ela fornece a
matéria-prima para a escrita (o que escrever), além de contribuir para a
constituição de modelos (como v). (KUHLTHAU 2002, p.50).
O caminho para a leitura começa na infância quando as crianças passam a
gostar e com a ferramenta mágica que é o ato de contar histórias, repleta de
encantos o Psicopedagogo trabalhará com contação de histórias, a qual exerce
um grande fascínio sobre a criança, permitindo com que elas pensem sobre seus
sentimentos, trabalhe nela a auto-estima, permitindo a autoconfiança e a auto
estima.
Se o Psicopedagogo comunga da idéia de que a contação de história será
uma aliada da leitura, que através dela poderá fazer intervenção junto à criança
que tem dificuldade na leitura e consequentemente na escrita poderá mostrar a
criança a magia e o prazer que a leitura proporciona. Se o profissional souber
conduzir de maneira agradável, sedutora e prazerosa.
É preciso que o Psicopedagogo procure se informar, se atualizar e se
apropriar cada vez mais a respeito da questão do processo da leitura e seus
aspectos fundamentais na visão lingüística, psicológica, social e fisiológica, para
que tenha domínio do papel que desempenha e que seu trabalho tenha um
resultado diferenciado e qualificado.
Através da arte de contar histórias, podemos tornar possível a construção da aprendizagem relacionada à competência cognitiva da criança, propiciando elaboração de conceitos, compreendendo sua atitude no mundo, e se identificando com papéis sociais que exercerá ao longo de sua existência.As histórias devem acontecer dentro de um contexto simples e adequado ao entendimento da criança. São extraordinárias ferramentas para a comunicação de valores, porque dão contexto a fatos abstratos, difíceis de serem transmitidos isoladamente. (HAMZE Jun.2009)
A contação de histórias é um recurso de alta qualidade se for bem utilizado
pelo profissional para criança hiperativa. Pois a história acalma.
O conto de fada tem um efeito terapêutico na medida em que a criança
encontra uma solução para esses medos e angústias. Temos assim nos contos
22
uma excelente ferramenta para nos auxiliar como instrumento que fala ao
inconsciente do aprendiz sobre seus sentimentos e suas dificuldades e que os
ajuda através dos feitos heróicos a acreditarem que também eles poderão
encontrar força para enfrentar suas dificuldades na vida.
Ao se trabalhar com contos (tanto em sala de aula como no espaço
terapêutico ou na clínica) exercitam-se, as questões cognitivas importantes para
todo processo de aprendizagem como pensar o espaço onde a história acontece,
a memória, seqüência dos fatos, as relações de causalidade, temporalidade
inferências essas que enriquecem as estruturas do pensar.
O Psicopedagogo ao lidar com crianças que foram vítimas de bullying,
contará com o apoio de várias histórias para fazer intervenção referente a esse
problema. Abramovich (1991), afirma que os contos de fadas falam de auto
descobertas e da descoberta da própria identidade, o que é fundamental para o
crescimento das crianças, quantas histórias ao ler e a compreender em vários
desses contos de fadas.
Andersen ao escrever “O patinho feio” conta a história de um patinho feio que
sempre foi maltratado, ridicularizado por ser feio e após percorrer uma trajetória
longa, difícil e muito sofrida, quando finalmente se aproxima de uma lagoa plácida
onde deslizam belos cisnes, que não só o conhecem como um dos seus, de
imediato, como também o elegem o mais belo e formoso dentre eles.
Portanto os contos auxiliam no processo de construção da identidade da
criança e no desenvolvimento de suas habilidades sociais, culturais e educativas,
por que é uma literatura e sua intenção de estimular a consciência critica do leitor.
O aspecto psicológico também é um fator de grande relevância no
desenvolvimento das habilidades e por isso é um fator que deve ser levado em
consideração tanto na escola como nas relações sociais fora da escola.
Assim Bettelheim afirma que para que seja possível dominar os problemas
Psicológicos do crescimento, separar as decepções narcisistas, os dilemas
edípicos, as rivalidades fraternas, ser capaz de abandonar dependências infantis,
obter um sentimento de individualidade, de auto-valorização, e um sentido de
23
obrigação moral a criança necessita entender o que se está passando dentro de
seu eu inconsciente.
Ela pode atingir essa compreensão, e com isto a habilidade de lidar com as
coisas, não através da compreensão racional da natureza e conteúdo de seu
inconsciente, mas familiarizando-se com ele através de devaneios prolongados -
ruminando, reorganizando e fantasiando sobre elementos adequados da estória
em resposta a pressões inconscientes. Com isto, a criança adéqua o conteúdo
inconsciente às fantasias conscientes, o que a capacita a lidar com este conteúdo.
É aqui que os contos de fadas têm um valor inigualável, conquanto ofereçam
novas dimensões à imaginação da criança que ela não poderia descobrir
verdadeiramente por si só. Ajuda mais importante: a forma e estrutura dos contos
de fadas sugerem imagens à criança com as quais ela pode estruturar seus
devaneios e com eles dar melhor direção à sua vida. (BETTELHEIM, 1980, p. 16)
Essas afirmações apenas confirmam a importância dos contos de fadas para a
formação da personalidade da criança e o seu desenvolvimento no processo de
socialização, já que eles têm a capacidade de levar a criança a perceber outras
dimensões, a usar a imaginação e principalmente a se descobrir, se reconhecer
Neste artigo, vale ressaltar o que Sunderland (2005) fala, “Quando a criança não
expressa seus sentimentos dolorosos ou inquietantes, ela pode passar a ter dois
comportamentos difíceis e provocadores, ou sintomas neuróticos.” É preciso
desde pequeno aprender a expressar os sentimentos e emoções. Isso ajuda a
criança a crescer mais equilibrada, mais estruturada. Ela oferece, também,
orientações úteis sobre como aproveitar as histórias criadas espontaneamente
pela criança com sentimentos difíceis. Por que contar histórias é um meio tão
eficaz de ajudar as crianças a lidar com seus sentimentos? Assim, de que
recursos você pode se valer quando conta histórias? Como criar a sua própria
história terapêutica para uma criança? O que fazer quando a criança conta-lhe
uma história? São indagações que o profissional deve articular com a proposta
utilizar a contação de história.
Percebe-se que o grande problema não é em utilizar o conto como recurso
Psicopedagógico nas intervenções, mas no risco que se corre em não valorizar o
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seu potencial, a sua magia. É preciso que o Psicopedagogo se prepare para usar
essa ferramenta como um recurso de grande valor a sua profissão, bem como
trabalhar com as histórias e os contos, acreditando no potencial que possuem, em
sua função no dia-dia. É importante que a Psicopedagogia juntamente com uma
equipe multidisciplinar trabalhem juntas para estimular crianças com dificuldades
de aprendizagem e demais dificuldades através da contação de histórias e leituras.
Não são necessários grandes recursos, basta ter a vontade e o entusiasmo de um
contador e acima de tudo acreditar.
É importante também, que tenha conhecimento das falas, que saiba
conduzir a história, se isto for bem preparado, o professor não irá correr o risco de
enfrentar surpresas desagradáveis. Busatto (2007), explica que para contar uma
história é preciso saber primeiro a intenção para com esta história.
O Psicopedagogo precisa ter claro em mente qual o seu objetivo, o que
ele vai querer alcançar, e assim poder selecionar a história a ser contada de
acordo com o tema que abordará a questão a ser feita a intervenção. O Psicopedagogo criará estratégias onde incluirá atividade lúdica,
ampliando a imaginação, a linguagem oral e escrita, a habilidade de associar os
acontecimentos e um estímulo à leitura que levará os participantes à pesquisa e a
novas produções, formando assim cidadãos humanizados capazes de criar e
ampliar seu universo de leitura.
Introduzir contação de história, os sábios contos de fadas na prática
Psicopedagógica podem-se favorecer um atendimento mais criativo e eficaz no
resgate das dificuldades de aprendizagem.
Segundo Bettelheim (1980), educador e terapeuta de crianças gravemente
perturbadas, quanto mais tentamos entender a razão destas histórias (os contos
de fadas) terem tanto êxito no enriquecimento da vida interior da criança, tanto
mais podemos perceber que estes contos, num sentido bem mais profundo do que
os outros tipos de leitura começam onde a criança realmente se encontra nos seu
ser psicológico e emocional. Falam de suas pressões internas graves de um modo
que ela inconscientemente compreende e sem menosprezar as lutas interiores
25
mais sérias que o crescimento pressupõe oferecem exemplos tanto de soluções
temporárias quanto permanentes para dificuldades prementes.
Os contos de fada transmitem a criança de forma múltipla: que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável é parte intrínseca da existência humana, mas que se a pessoa não se intimida mais se defronta de modo firme com as opressões inesperadas e muitas vezes injustas, ela dominará todos os obstáculos e, ao fim emergirá vitoriosa. (BETTELHEIM, 1980, P.14).
2.3 - Recursos e/ ou métodos utilizados pelo Psicopedagogo
O Psicopedagogo precisa e deve fazer um planejamento e uma seleção
das histórias que irá aplicar junto à criança de acordo com o seu grau de
dificuldade para que promovam o alcance dos objetivos propostos e são
imprescindíveis que ele opte pelo texto, oralidade, objetos mais adequado e
coerente a cada situação. Pode e deve apropriar-se de livros, fantoches, fantasias
expostas no espaço de atendimento para ele usar ou oferecer a criança para
manusear, experimentar, dramatizar, etc.
Ele pode atingir essa compreensão, e com isto a habilidade de lidar
com as coisas, não através da compreensão racional da natureza e conteúdo de
seu inconsciente, mas familiarizando-se com ele através de devaneios
prolongados - ruminando, reorganizando e fantasiando sobre elementos
adequados da história em resposta a pressões inconscientes. Com isto, a criança
adéqua o conteúdo inconsciente às fantasias conscientes, o que a capacita a lidar
com este conteúdo.
É interessante o Psicopedagogo utilizar recursos lúdicos que faça parte do
universo infantil da criança para contar histórias, porém é preciso que esses
recursos não sejam o principal meio para o tratamento.
É imprescindível que o Psicopedagogo ao utilizar o recurso de contação de
história se aproprie do que irá contar ou ler para a criança, ter livros de qualidade,
olhar nos olhos da criança, saiba se expressar, improvisar, criar um clima
favorável e
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aconchegante, onde a criança possa se sentir á vontade, ter firmeza no que contar
e certeza no objetivo que deseja alcançar.
Cabe ao profissional ao contar a história, tenha estratégias diversificadas
para aguçar o imaginário, se valer de expressão corporal, entonação da voz,
transportando-a para um mundo encantado.
E se até Cristo ensinava através de parábolas, ele educador por excelência,
estimulava a interpretação de suas histórias para que se percebesse nelas um
fundo moral. E nós temos o privilégio de conhecer o melhor, o maior contador de
histórias e mestre no ensino – Jesus Cristo, que tem marcado de forma
sobrenatural muita vidas através dos tempos. É importante lembrarmos que como
filhos de Deus e seus servos, têm o papel não somente de conquistar os
pequeninos com métodos eficazes como a exemplo, a contação de histórias, mas
devemos também usar os métodos e técnicas como meios para o ensino da
verdade – a Palavra de Deus – a qual tem poder libertador, vivificador e
transformador.
A Bíblia contém diversos registros que nos mostram os métodos simples,
mas maravilhosamente eficientes utilizados pelo Mestre Jesus, para marcar as
almas.
Jesus usou diversos meios para mostrar aos discípulos e as pessoas que o
seguiam, quão fácil era a Palavra de Deus de ser ensinada, aprendida e praticada.
(MATEUS 13.3-33). Simplificando o entendimento daqueles que o ouviam, usando
acontecimentos corriqueiros.
Ao ilustrar e visualizar um ensino, Jesus abria as portas do entendimento,
para que seus ouvintes enxergassem a verdade ensinada naquilo que era visto e
conhecido. (LUCAS 15.4-32 a ovelha perdida). Ele utilizou uma criança para
ensinar a humildade; lírios para ensinar o cuidado de Deus. Jesus não se deixava
desviar do seu objetivo: ENSINAR. (LC. 10.25-37. Bom samaritano).
Jesus considerava uma parábola como um método de ensino importante, e
muita vez usava situações da vida real como oportunidades para ensinar verdades
espirituais (MT. 12:1-8. Jesus e o sábado). Ele usava o concreto para ensinar o
abstrato, que ajudavam os ouvintes a compreenderem conceitos difíceis. (JO.3.8).
27
O ensino de Jesus era vivo empolgante, atraente e claro. Portanto, seja
como Ele, um fascinante contador de histórias e ensinador da Palavra de Deus.
Produza frutos eternos nas vidas das crianças. Deus quer usá-lo para formar
caráter cristão fundamentado em sua palavra. Você pode mostrar às crianças
diversas maneiras para que compreenda os ensinos contidos nas histórias.
Ao contar história o Psicopedagogo deve ter ciência que tal momento será
de suma importância para a criança e que ela desempenhará um papel
fundamental na formação da criança onde poderá colher material informativo para
fazer um diagnóstico a respeito da criança. Após a contação da história, poderá
fazer questionamentos ou até mesmo durante a contação poderá surgir algum fato
que chame a atenção da criança, que poderá surgir algo que possa ser utilizado
para um diagnóstico.
É preciso que o Psicopedagogo procure se informar, se atualizar e se
apropriar cada vez mais a respeito da questão do processo da leitura e seus
aspectos fundamentais na visão lingüística, psicológica, social e fisiológica, para
que tenha domínio do papel que desempenha e que seu trabalho tenha um
resultado diferenciado e qualificado.
28
CAPÍTULO III 3.1 ENTREVISTAS COM PROFISSIONAIS DA ÁREA Em entrevista com Anna Maria Lacombe, conceituada professora e
Psicopedagoga na educação, a respeito da importância do uso da contação de
histórias na área da Psicopedagogia como recurso a ser utilizado, relatou o
seguinte:
Todas as culturas têm histórias, os índios, os Africanos são exemplos
disso, sempre se reuniam em roda para contar e apreciar uma boa história. E no
trabalho Psicopedagógico a contação de histórias é fundamental, sendo de grande
importância.
As histórias trabalham o mundo Simbólico das crianças (Piaget), elas
têm a função de ampliar o máximo o pensamento simbólico da criança. É onde ela
busca a imagem, o pensamento, trabalha a memória, a narrativa, seqüência do
espaço no tempo. É fundamental na história trabalhar espaço e tempo ajudando a
criança a construir uma narrativa, o enriquecimento da linguagem, ajudando a
construir as raízes e os alicerces.
A professora Anna Lacombe tem como experiência marcante a história de
uma menina chamada Renata (nome fictício) que aos 10anos chegou ao seu
consultório e não sabia ler, era disléxica e tinha terror dos livros. Ao chegar ao
consultório a primeira coisa que ela perguntou foi: Você vai me pedir para ler? E a
Psicopedagoga Anna Lacombe disse que não. Renata era uma menina que
gostava de ficar pulando, gesticulando, dançando e a Psicopedagoga disse a ela:
ah, você gosta de dançar? A partir de então foi trabalhado com a menina mímica,
dramatização, pois ela gostava muito de interpretar.
Um dia foi oferecido a ela tintas e pincéis e a primeira coisa que ela fez foi
pintar as duas mãos e carimbar num papel e mostrou as duas mãos e o carimbo
que fez no papel toda feliz feito uma criança pequena nos primeiros passos, nas
primeiras descobertas. A Psicopedagoga Anna Lacombe se emociona até hoje
quando relata esse fato. A partir daquele acontecimento ela passou a oferecer
29
sucata, a contar histórias, onde a menina apenas ouvia e nas suas criações feita
com sucatas começou a reproduzir as histórias que ouvia da Psicopedagoga. Um
dia ela construiu uma bruxa e colou um balãozinho e escreveu dentro: SOU MÁ!
Depois de um tempo ela falou que queria escrever uma poesia e disse: - eu falo e
você escreve e depois ela passou a limpo. Ela escreveu, dando significado as
cores: vermelho a cor do sofrimento e assim por diante. A partir de então Renata
começou a contar histórias e a se aproximar do texto.
A Psicopedagoga Anna Maria Lacombe procurava sempre conversar com a
professora de Renata, dizia para ele ter calma, que não forçasse ela a ler e nem
marcasse a prova dela em vermelho, pois era muito agressivo e isso a apavorava
ainda mais.
Houve um dia que ela disse que queria construir um livro, primeiro ela
escolheu as figuras do livro, depois colou, ela escolheu figuras de crianças
brincando, era tudo do mundo mágico. Ela precisava que alguém fizesse com que
ela descobrisse esse mundo simbólico. E ela contou a história das figuras. E a
partir de então ela progrediu na escola, começou a escrever e a ler.
A Psicopedagoga fez com que ela se aproximasse da dificuldade dela sem
se sentir humilhada, foi trabalhando o medo através da imaginação, do lúdico, da
arte. Depois a encaminhou para outro profissional, uma fonoaudióloga, mas
sempre comunicando a ela com diplomacia, de acordo. E Renata sempre trazia os
exercícios para mostrar o que já tinha feito, um dia mostrou o que havia escrito:
Era uma vez uma garota, ela era mágica, mas ela não tinha velocidade, será que
ela queria escrever felicidade? A Psicopedagoga se questionou se ela havia
trocado a letra por engano ou propositalmente. Diagnosticou que talvez ela
quisesse dizer as duas coisas, que a menina não tinha velocidade e nem
felicidade, que trocou o F pelo V de propósito, quem sabe estivesse querendo
dizer as duas coisas? Nunca soube pela Renata o que quis dizer na verdade, mas
isso não importava e sim que a menina estava feliz, alfabetizada, tendo
dificuldades, mas perdeu o medo das letras.
A professora Psicopedagoga Anna Maria Lacombe acrescenta que daí a
importância, o olhar do profissional, a forma como ele conduzirá essa criança com
30
dificuldade seja qual for o grau de dificuldade, a forma como se apresenta diante
do profissional. E quando uma criança chega num consultório não é aconselhável
mexer na dificuldade dela, é muito agressivo. Deve-se trabalhar o lado bom,
valorizar o positivo e deixar com que ela manifeste o desejo, se sinta fortalecido
para se mostrar e é importante respeitar o limite onde ela abra caminho para que o
profissional possa entrar.
Quando terminou o tratamento e Renata dizia a Psicopedagoga que não
escrevia corretamente, que trocava as letras, ela dizia:
- Você tem muita coisa para me acrescentar sem ter que ler e escrever você é
uma artista.
Concluiu seu relato dizendo: É importante despertar o mágico em cada
criança que chegar até nós, como aconteceu com Renata que foi despertado a
sua garota mágica.
No bate papo com a Psicopedagoga Luciana (nome fictício) ela relatou que
usa sempre a contação de história nos seus atendimentos clínicos e institucionais,
os quais deram um grande suporte na sua profissão. Ela diz que sem a contação
de história na sua profissão talvez não tivesse dado conta de muitas dificuldades
que encontrou junto às crianças que atendeu.
Luciana é sósia de um consultório com mais duas outras profissionais, uma
Psicóloga e uma fonoaudióloga e diz que o trabalho que realizam em conjunto faz
com que obtenham grandes vitórias com relação às diversas dificuldades que
encontram. Uma dando suporte à outra, complementando o trabalho da outra.
Ela conta que aconteceu certa vez que ao atender uma menina de 8 anos, a
criança chegou tão encolhidinha, receosa, acuda mesmo e sem falar nenhuma
palavra; então ela se vestiu de boneca Emília do Sítio do Picapau Amarelo e
começou a cantar a música da Emília, mas a menina nesse dia não reagiu, no
outro dia ela insistiu, mas desta vez contando uma história de uma boneca
travessa e assim por diante; a menina foi se aproximando. E todas as vezes que
ela atendia foi sentindo que ela foi se aproximando cada vez mais,até chegar o dia
em que começou a falar, a tocar nos acessórios. Porém ela só entrava no
consultório quando a Psicopedagoga estava vestida de Emília. Mas aos poucos a
31
profissional foi tirando a peruca, se mostrando, até se mostrar totalmente. Mas
isso foi acontecendo num processo lento, a medida que ia adquirindo confiança a
menina, até chegar num ponto em que ela pediu para contar as histórias com os
materiais que eram expostos.
Após todo esse processo, foi trabalhada a oralidade, a leitura e tudo de um
jeito bastante lúdico, com prazer.
Ela relata que a término do tratamento a menina não era mais tão fechada,
estava mais desinibida, era alegre, falando com desenvoltura, dominando a leitura,
com bons rendimentos na escola, socializando com os colegas, professores,
familiares e outras pessoas que ao redor.
Conclui que os objetivos foram alcançados, que obteve êxito com a criança
graças ao recurso da arte de contar histórias, que inclusive por conta dessa
menina foi fazer um curso de contação de histórias, procurou ler mais a respeito
dessa arte e aconselha aos profissionais da Psicopedagogia, educadores em geral
a ter sensibilidade no que se trata a contação de histórias e principalmente a ter
um olhar diferenciado com relação a forma como aborda a criança com suas
dificuldades.
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CONCLUSÃO
Através dos estudos realizados para a elaboração deste trabalho, foi
possível perceber a importância da história. O quanto à contação de histórias, a
literatura, os contos de fadas são de grande utilidade para diagnosticar e no
acompanhamento psicopedagógico, auxiliando o profissional a conhecer a criança
e o que acontece com ela e com isso possa obter resultados satisfatórios.
Pode-se constatar do quanto o olhar diferenciado do profissional e a forma
como ele conduz seja qual for o grau de dificuldade da criança é possível chegar a
um resultado satisfatório.
Com este trabalho foi observado o quanto a contação de história é essencial
para o trabalho Psicopedagógico, o quanto pode colaborar na dificuldade da
criança.
Espero que este trabalho contribua na intervenção institucional, hospitalar e
outros. E que a contação de histórias e mediações de leituras sejam concebidas
como algo mágico, onde possa fazer a diferença.
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REFERÊNCIAS
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Winnicott, D.W., Natureza Humana, Rio de Janeiro.Imago Editora, 1990, pág. 94
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34
http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-importancia-literatura-infantil-para-desenvolvimento.htm PORTO, Olivia. Teoria, prática e assessoramento psicopedagógico. 3ª ed. Rio de Janeiro: Wak, 2009.