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Este é o relatório final sobre a atuação da Liderança do PSOL na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) no ano de 2015.
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RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
1
RELATÓRIO DALIDERANÇA DO
PSOLNA ASSEMBLEIALEGISLATIVA
2015
O FUTURO É PSOL
Na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o PSOL se viu
diante de um desafio em 2015. Diante da atuação de excelência
do partido nas duas legislaturas anteriores, sua bancada dobrou de
tamanho. Isso permitiu uma atuação ainda mais ativa e combativa
do partido na casa. O desafio foi ainda maior após o agravamento
das consequências políticas e econômicas da gestão temerária do
PMDB à frente do governo estadual durante os últimos três mandatos.
Por isso, a composição da Liderança do PSOL privilegiou uma ação
qualificada e cuidadosamente formulada.
No âmbito institucional, cuidamos para preservar a atuação inde-
pendente do PSOL, já amplamente reconhecida no Rio de Janeiro.
Na avaliação dos projetos apresentados, a fidelidade ao critério do
mérito, independente do agente propositor. Na apresentação de
nossas propostas, o intuito de transformar a veia revolucionária de
nossa militância em projetos concretos, de proposição de reformas
estruturais na sociedade, e de medidas de atendimento real às
demandas sociais e aos direitos humanos. No combate ao projeto
do PMDB, a atuação incisiva que marca o PSOL, onde não existe
espaço para medo ou para negociações de bastidores que reduzam
nosso programa. No contato com a sociedade civil, a sintonia com
as propostas dos movimentos sociais e a construção coletiva de
nossa atuação – tendo os mandatos sempre como meio, nunca
como fim. Tudo isso com vitórias concretas, visíveis no decorrer
deste documento.
O Rio de Janeiro vive, desde o início desta legislatura, um momento
de aprofundamento da crise política e econômica. As opções erradas
dos governos Sergio Cabral e Luiz Fernando Pezão levaram o estado
à falência. A relação nebulosa com empreiteiras, o gasto exorbitante
com Organizações Sociais, as isenções fiscais para empresas que
sequer geram emprego, os empréstimos volumosos, e gastos inex-
plicáveis levaram o Rio de Janeiro à debacle econômica. Ao mesmo
tempo, se viu no Rio o crescimento de posições de intolerância e
ódio que exigiram o firme combate do PSOL, principalmente com a
proposição de avanços concretos no campo dos direitos humanos.
O partido se elevou a ponto de se polarizar com esse projeto, com
vitórias reais.
Os problemas se avolumaram: a crise dramática na saúde do estado,
o desemprego massivo – em especial no Comperj –,o abandono
da Baía de Guanabara, e o ataque da especulação imobiliária, com
apoio da Prefeitura do Rio, à Vila Autódromo. A atuação incisiva e
destemida do PSOL na Alerj o alavancaram ao posto de principal
projeto de contraposição ao PMDB do Rio de Janeiro. Isso fica claro
ao longo deste documento. A divulgação de cada elemento de nos-
sa atuação, em 2015, não é apenas para publicizar nossos valores
e vitórias. Também serve para manter nosso compromisso com
transparência e controle social de nossos mandatos.
Por fim, fazemos um agradecimento especial a cada militante dos
mandatos Eliomar Coelho, Flávio Serafini, Marcelo Freixo e Paulo Ra-
mos. A construção deste programa político de excelência, em tempos
tão sombrios, não seria possível sem que os braços voluntariosos de
militantes comprometidos não fossem capazes de tamanho esforço
pela construção deste belo projeto. Parabéns, e obrigado.
Liderança do PSOL na Alerj
1| PRINCIPAIS MEDIDAS LEGISLATIVAS DA BANCADA
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1|
PRINCIPAIS
MEDIDAS
LEGISLATIVAS
DA BANCADA
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
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II.1. CPI da Crise Hídrica
Ao longo deste mês, foi aprovado o relatório da CPI da Crise Hídrica.
A CPI teve como presidente o deputado Luiz Paulo (PSDB) e como
relator Edson Albertassi (PMDB). Flávio Serafini, deputado estadual
pelo PSOL, foi membro da Comissão. O trabalho foi tímido ao não
frisar a gravidade do problema, e os graves erros do governo estadual
em seu enfrentamento.
No entanto, a maior parte das propostas de Serafini foi contempla-
da pelo relatório, e representam conquistas para os movimentos
sociais. Uma importante vitória foi a incorporação integral do texto
proposto pelo Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), que
impõe limites à consolidação da proposta da Barragem do Guapiaçu,
e cria a Política Estadual de Direitos para os Atingidos por Barragens.
Quanto às empresas instaladas no Pólo Industrial de Santa Cruz,
entre elas a TKCSA, a CPI fez as seguintes recomendações: retirada
após um ano da “soleira submersa” (barragem), que restringe a livre
locomoção dos moradores, e que as empresas beneficiadas pela
obra da soleira indenizem os pescadores pelos prejuízos sofridos.
Foto: Leon Diniz
1| PRINCIPAIS MEDIDAS LEGISLATIVAS DA BANCADA
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I.2. CPI do Aborto
Em outubro, foi finalizado o relatório final da CPI do aborto, por
seu relator Jânio Mendes (PDT). As recomendações apontam para
o maior rigor na punição da prática do aborto, tanto das mulheres
quanto dos médicos.
O relatório não mencionou quaisquer medidas relacionadas à saúde
das mulheres, qualquer estatística sobre a mortalidade de mulheres
e sua classe social ou ao menos perspectiva feminina sobre o tema.
O PSOL considerou muito graves as considerações do relatório,
quase todas em tom punitivo e criminalizador. O documento propõe
elaboração de leis ainda mais rígidas para punir o Conselho Fede-
ral de Medicina se não aplicar punições rigorosas aos profissionais
envolvidos na prática do aborto. Reivindica a criação de núcleos
especializados para investigação e punição de casos de aborto,
tanto no Ministério Público como nas delegacias especializadas do
Consumidor, Homicídios e Repressão dos Crimes de Informática.
O mais grave dos encaminhamentos é a proposição de um PL pela
CPI determinando que todas as ocorrências de aborto em hospitais,
mesmo que espontâneos, sejam comunicadas imediatamente à
polícia para investigação.
Através de posicionamentos do deputado Paulo Ramos, membro da
CPI, e de Flavio Serafini, o PSOL se opõs frontalmente. Foi o único
partido a votar contra o relatório. O partido promete resistir ao en-
caminhamento das propostas.
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
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I.3. Projeto de Lei visa priorizar consumo humano de água
Em fevereiro, o deputado estadual Flávio Serafini apresentou o
importante Projeto de Lei 34/15. Segundo a proposta, em caso de
falta d’água decorrente da crise hídrica que abate a região Sudeste
do país, o poder público teria a obrigação de priorizar o consumo
humano. No debate que se seguiu ao agravamento da crise hídrica,
no início do ano, supostos especialistas davam como solução ao
problema apenas o racionamento individual da água. O que pouco
se diz é que os maiores gastos de água não são realizados dessa
forma, e que esta alternativa vai de encontro às leis de recursos hí-
dricos estadual (3239/99) e federal (9433/97). O PSOL entende que
economizar o recurso é sempre uma boa iniciativa, mas o consumo
humano deve estar à frente do uso da água para quaisquer outros
fins. A vida humana está acima de tudo. O Projeto de Lei interrompe
essa lógica de culpabilização do usuário.
I.4. Vitória contra o AI-5 Fundamentalista
No início de agosto, o deputado Fábio Silva apresentou o hediondo
Projeto de Lei 540/15, criminalizando e censurando sátiras com o
uso de expressões de cunho religioso. O PL usava o argumento do
combate ao preconceito contra religiões, mas terminava atingindo
o direito à liberdade de expressão e a manifestações sociais, cultu-
rais e artísticas. Foi apresentado em regime de urgência, buscando
rápida aprovação.
Desde que obteve conhecimento da iniciativa, o PSOL se opôs com
veemência, e lutou por mobilizar a sociedade contra a iniciativa. Em
poucos dias, setores da imprensa e da classe artística manifestaram
1| PRINCIPAIS MEDIDAS LEGISLATIVAS DA BANCADA
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repúdio, colocando a aprovação em cheque dentro da Alerj. Ao ser
submetido à votação, o PL foi rejeitado por todas as comissões da
casa – algo inédito nas últimas legislaturas. Por isso, de acordo com
o regimento, foi retirado de votação.
Segundo o projeto, seriam entendidos como ofensas a crenças reli-
giosas, por exemplo, encenações que fizessem menção a qualquer
atributo religioso. Também seria proibida a distribuição de charges ou
impressos que fizessem algum tipo de sátira religiosa. A associação de
imagens religiosas a outras de cunho erótico também seria multada.
E havia algo ainda mais grave. O PL previa multa de até R$ 270 mil
para quem ridicularizasse qualquer aspecto religioso. O curioso é
que o recurso seria revertido para a mesma polícia militar respon-
sável pela apreensão. É a típica iniciativa que tem grande potencial
de criar uma indústria de multas.
O PSOL é amplamente favorável à liberdade religiosa e o respeito
a qualquer forma de culto. Entretanto, o partido se opõe de forma
Vídeo ‘Ceia’ do Porta dos Fundos
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
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veemente a iniciativas de controle da liberdade de expressão. E neste
caso, com o apoio da sociedade, o PSOL foi vitorioso.
I.5. Mobilidade urbana*
O eixo central do Mandato Eliomar Coelho girou em torno da questão
da mobilidade urbana, que envolve o direito de ir e vir de milhões
de usuários de ônibus, barcas, metrô e trens no Rio de Janeiro, com
grande concentração na Região Metropolitana.
Logo no início da legislatura, em março, o mandato protocolou um
projeto de lei com 44 artigos, o PL 238/15, que aponta o caminho
para o estado controlar a gestão do sistema de transporte público,
há anos nas mãos da Fetranspor. O PL propõe uma Política Estadual
de Mobilidade Urbana e Regional e o Sistema de Transporte Público
e Mobilidade, regulamentando a bilhetagem eletrônica pelo estado.
Em vários discursos na tribuna e no plenário da Casa, Eliomar de-
nunciou os desmandos da Fetranspor e defendeu a estatização dos
transportes no Rio. Também cobrou transparência do fluxo financeiro,
uma vez que a secretaria de Transportes admitiu não ter acesso à
base de dados do sistema RioCard, limitando-se a receber planilhas
genéricas da Fetranspor.
“Quem manda na política de transporte do Rio é a
Fetranspor. disse Eliomar. Precisamos de uma política de
total transparência, controle público e gestão democrática
do sistema para neutralizar ou dirimir tais descalabros.”, disse
Eliomar.
O PL não teve parecer de nenhuma Comissão Permanente da Alerj.
1| PRINCIPAIS MEDIDAS LEGISLATIVAS DA BANCADA
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I.6. PSOL apresenta 27 emendas à LDO.
Até maio, os partidos elaboraram emendas para a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO). A LDO estabelece metas e prioridades na ela-
boração da Lei Orçamentária (LOA), responsável por regulamentar
os gastos do Executivo, do Judiciário e do Legislativo estaduais. A
LOA será apreciada no final do ano.
A bancada do PSOL apresentou 27 emendas. As emendas buscavam,
em sua maioria, trazer mais transparência e responsabilidade no uso
dos recursos públicos. No entanto, foram todas rejeitadas pela casa.
Elas abarcavam áreas como Saúde, Educação e Meio Ambiente. Uma
delas, por exemplo, reduzia o percentual de remanejamento, dimi-
nuindo a possibilidade do governo de manipular excessivamente o
orçamento. Em outra, reivindicávamos do governo um quadro dos
principais contratos com empreiteiras.
Havia, ainda, uma emenda em que pedíamos que fossem dispo-
nibilizados os principais favorecidos por benefício fiscal – é direito
de a sociedade saber quais as empresas receberam tais benefícios.
Em outra emenda, reivindicamos do Estado que promovesse, como
objetivo estratégico, no contexto da crise hídrica, o mapeamento de
áreas de risco, a recuperação de nascentes, o reflorestamento das
matas ciliares, a agroecologia, e o monitoramento ambiental das
praias, do solo e dos aquíferos.
I.7. PEC da licença paternidade
Em março, Flavio Serafini protocolou a Proposta de Emenda Consti-
tucional 09/15 para conferir aos servidores públicos o aumento para
30 dias de licença paternidade, e ainda para reconhecer a igualdade
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
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de tratamento aos pais adotantes. A iniciativa vai de encontro ao
cenário legislativo internacional que vem consolidando o enten-
dimento acerca da importância do pai na primeira infância, para o
desenvolvimento afetivo-cognitivo da criança.
I.8. Uma nova escola a cada nova unidade socioeducativa
Os deputados Eliomar Coelho e Marcelo Freixo deram entrada na
Alerj, em agosto, com o Projeto de Lei 587/15 estabelecendo que,
para cada nova unidade do Sistema Socioeducativo inaugurada, o
governo estadual deveria construir uma nova escola.
“Se houvesse preocupação real com as políticas públicas
para a nossa juventude, a redução da maioridade penal
não estaria sequer em pauta. Não há como construir uma
sociedade segura quando retiramos os direitos antes mesmo
de garanti-los. Queremos os jovens no banco das escolas”,
afirmou Marcelo Freixo.
I.9. Os estagiários na ALERJ
No início do ano houve grande polêmica envolvendo o aumento
da bolsa estágio do nível superior e do nível técnico. As bolsas pas-
sariam de R$ 1.480,00 e R$ 990,00 para R$ 2.800,00 e R$ 1.900,00
respectivamente pelas mesmas 4h diárias, totalizando 20h semanais.
O aumento foi de mais de 90%.
A bancada do PSOL apresentou um projeto de resolução instituíndo
o concurso público com provas de conhecimento e publicação em
diário oficial do edital de seleção e de aprovação, com o objetivo
1| PRINCIPAIS MEDIDAS LEGISLATIVAS DA BANCADA
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de conferir maior transparência e idoneidade ao processo seletivo.
A bancada também, a pedido de seu líder Marcelo Freixo, solicitou
reunião no cólegio de líderes para ampliar o debate sobre a máteria
resultando em um novo projeto de resolução proposto pela mesa
diretora da ALERJ.
O novo projeto desvinculou a bolsa do salário mínimo regional e
instituiu o aumento para R$ 1776,10 para o nível superior e R$ 1188,00
para o nível médio. O critério utilizado foi o índice inflacionário
ocorrido no período, que alcançou os 20%. A bancada do PSOL
não poupou esforços para garantir a valorização dos estagiários,
que são muito importantes para o desenvolvimento dos trabalhos
do legislativo, mas sem recorrer a reajustes fora da realidade do
serviço público fluminense.
I.10. Projeto de Lei Complementar n° 13/15
Diante do cenário de crise econômica no Estado do Rio de Janeiro,
da precarização do serviços públicos, e das condições de trabalho
dos servidores públicos estaduais, a Bancada do PSOL inaugurou um
processo de mobilização com os sindicatos dos servidores públicos
estaduais frente as pautas previdenciárias do governo, que tentam
restringir direitos dos servidores.
Como resposta legislativa, a Bancada do PSOL protocolou o PLC
n°13/15 para mais uma vez garantir o óbvio, ou seja, que o gasto
com a despesa de pessoal da administração pública estadual tenha
prioridade frente a outros gastos discrionários do poder público.
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
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I.11. Isenção fiscal para empresa legal
Em setembro, o PSOL entrou com nova Proposta de Emenda Consti-
tucional (PEC) proibindo a concessão ou manutenção de incentivos
fiscais a empresas de histórico negativo. Segundo a PEC, qualquer
grupo que tenha sido condenado por uso de trabalho análogo à
escravidão, ou por crime ambiental, ou por dívidas trabalhistas des-
respeitadas não poderá receber o benefício. A PEC foi protocolada
no final de setembro.
Se aprovada, as empresas passam a ser obrigadas a apresentar,
anualmente, certidões comprovando sua idoneidade junto ao go-
verno. O processo de verificação da Secretaria Estadual de Fazenda
se daria todo mês de setembro. E em casos de irregularidades por
dívidas, as empresas seriam notificadas e teriam 30 dias para estar
ajustadas à legislação.
A iniciativa do partido de apresentar essa PEC pode parecer a regu-
lamentação do óbvio, mas não é. Não são poucos os casos em que
empresas nestas absurdas condições recebem incentivo fiscal de
governos estaduais. No Rio de Janeiro, a história tem provado que
é preciso fazer com que obviedades se tornem lei, para que depois
cobremos seu cumprimento. Com pressão da sociedade, nosso
estado conseguirá vencer esse desafio.
I.12. Profissionais da saúde têm direitos!
A Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social, pre-
sidida pelo deputado Paulo Ramos, realizou em dezembro audiência
pública sobre os agentes comunitários de saúde e de endemias.
Uma emenda da Constituição Federal estabelece que os agentes
1| PRINCIPAIS MEDIDAS LEGISLATIVAS DA BANCADA
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sejam contratados via concurso público pelos municípios. No Rio
de Janeiro, no entanto, muitos foram contratados para o serviço e
demitidos sem receber os direitos trabalhistas.
Para piorar, os municípios não fizeram concurso para repor o déficit
de pessoal. Com a epidemia de dengue, zika e chikungunya, não há
quantidade de profissionais suficiente para fazer o combate. A co-
missão decidiu solicitar reuniões com a Associação de Prefeitos do
Estado, o Ministério Público do Trabalho no Rio, a Superintendência
Regional do Trabalho e Emprego no Rio e o Conselho Estadual de
Saúde. Também pretende agendar audiências públicas nos municípios.
I.13. Defesa e Fortalecimento da Defensoria Pública
A Alerj lançou, em maio, uma Frente Parlamentar de Defesa e For-
talecimento da Defensoria Pública, sob a presidência de Marcelo
Freixo. O órgão é responsável pelo atendimento da população mais
vulnerável. A Defensoria é essencial para a estruturação de nossa
Democracia e a construção de uma sociedade mais justa. Valorizar
seus profissionais é fundamental.
Um dos objetivos da frente é consolidar a autonomia política, ad-
ministrativa e financeira da Defensoria. Para isso, foi realizada uma
audiência pública em setembro que discutiu a situação do órgão.
Freixo e os outros integrantes da Frente lutaram para que o orça-
mento da Defensoria não fosse reduzido em 2016.
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
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2|
AÇÕES
LEGISLATIVAS
APROVADAS
PELA ALERJ
2| AÇÕES LEGISLATIVAS APROVADAS PELA ALERJ
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II.1. Fim da revista vexatória vira lei**
A aprovação pela Assembleia Legislativa dos projetos de lei 7010/15
e 7011/15, que proíbem a realização da revista vexatória nas uni-
dades dos sistemas prisional e socioeducativo, é uma das vitórias
mais importantes neste ano marcado por tantas lutas. As propostas
foram construídos pelo Mandato Marcelo Freixo em conjunto com
coletivos, movimentos sociais e familiares de presos ligados à defesa
dos Direitos Humanos no sistema penitenciário.
Os projetos preveem que a revista dos visitantes das unidades seja
realizada com equipamentos eletrônicos, como scanners corporais,
sensores de raio-x e detectores de metais. Além de ser um procedi-
mento mais seguro e eficaz do que a revista manual, ela evita que
os visitantes sejam submetidos a situações humilhantes.É irracional
e desumano aceitar que mulheres, tanto crianças quanto idosas,
sejam obrigadas a se despir e a agachar diversas vezes diante dos
agentes penitenciários. Devido a esse processo degradante, muitas
famílias deixam de ir aos presídios, o que prejudica a ressocialização
dos detentos.
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
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Os projetos foram aprovados em março. No entanto, o governador
Luiz Fernando Pezão (PMDB) os vetou. Ele alegou ser inviável por-
que a proposta legislaria sobre um assunto que seria exclusivo ao
Poder Executivo. Em maio, os deputados derrubaram o veto. O Rio
se junta ao Espírito Santo, São Paulo e Goiás, que também proíbem
a revista manual. Para ajudar o estado na compra de 33 scanners,
a Alerj ainda doou R$ 19,1 milhões à Secretaria de Estado de Admi-
nistração Penitenciária.
II.2. Baía Viva***
A campanha Baía Viva é uma articulação entre entidades da sociedade
civil, militantes ambientalistas, comunidades pesqueiras. Tem como
objetivo destacar para a sociedade a importância desse ecossistema
para a atual e para futuras gerações. Como diz o próprio manifesto
do movimento “Toda sua vida, beleza e função ecológica de praias,
restingas, costões rochosos, manguezais, ilhas, Mata Atlântica sofrem
com o descaso constante de sucessivos governos e projetos sem o
controle social adequado.”
Para impulsionar a defesa da Baía, este movimento programou para
o dia 08 de agosto duas atividades: uma barqueata e, em terra firme,
um festival de cultura. O ponto de encontro foi a Marina da Glória,
com a barqueata começando às 9 horas e em seguida muita música,
fotografia e rodas de conversa tomaram conta do espaço. Os pesca-
dores apoiaram o movimento, já que, do espelho d’água só restam
apenas 13% como área liberada à pesca. Atletas e pesquisadores
também participaram do evento. Medalhista olímpica, a velejadora
Isabel Swan participou ativamente das atividades pela defesa do que
ela considera o seu campo de treinamento.
2| AÇÕES LEGISLATIVAS APROVADAS PELA ALERJ
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A barqueata e o festival apareceram em 28 reportagens na mídias
nacional e internacional. Ambos foram bem organizados, embora a
barqueata tenha chamado mais a atenção da imprensa.
Comissão Especial
Por iniciativa de Flavio Serafini, a Alerj aprovou a criação da Comissão
Especial da Baía de Guanabara. O objetivo é avaliar o tamanho do
impacto da expansão das atividades industriais na Baía, a redução das
áreas de pesca e comunidades pesqueiras e a falta de saneamento
básico das cidades cujos rios deságuam na Baía, entre outras pautas.
II.3. Reparação extrajudicial
Em outubro, foi aprovado na Alerj o Projeto de Lei 969/99, que pro-
põe benefícios jurídicos a pessoas que tenham sofrido dano físico
ou psicológico causado por servidores públicos. A partir de agora,
essas pessoas podem recorrer à reparação extrajudicial, que é um
acordo jurídico onde se evita a judicialização dos casos – deixa de
ser necessária a presença do juiz e os trâmites formais.
O projeto foi proposto em 1999 por quatro deputados estaduais. Chico
Alencar, deputado federal pelo PSOL, e Paulo Pinheiro, vereador do
mesmo partido, estão entre os autores.
Terá direito ao benefício o cidadão que, ao ser detido, tenha sido
submetido a qualquer forma de violência ou ameaça por parte de
agentes do Estado. As eventuais vítimas terão direito a 180 dias
para recorrer à reparação extrajudicial. Aqueles que foram vítima de
abuso antes da promulgação da lei também terão direito a requerer
a reparação.
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
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II.4. Direito a cadeiras de rodas
Na tarde de 22 de setembro, a Alerj aprovou o projeto de lei do de-
putado Marcelo Freixo criando, através da lei 7145/15, o programa
estadual para fornecer gratuitamente cadeira de rodas para pessoas
com distrofia muscular progressiva. Trata-se de doença genética
cujos efeitos são acelerados pelo esforço físico. Por isso, as cadeiras
convencionais não são recomendadas.
Pela proposta, o Estado poderá ceder cadeiras motorizadas por em-
préstimo para pacientes que comprovarem, com um laudo médico,
que são portadores da doença e não têm condições de adquirir o
equipamento.
II.5. Contra algemas em grávidas
A Alerj aprovou Projeto de Lei de autoria da bancada do PSOL que
proíbe o uso de algema durante o trabalho de parto da presa ou
interna e durante o período de sua internação. O projeto resultou
na lei 7193/15, que tem como objetivo garantir o tratamento digno
às mulheres e meninas nos sistemas prisional e socioeducativo do
Estado do Rio de Janeiro.
A medida já é aprovada no Estado de São Paulo através do Decreto
nº 57.783, que ressalta a consideração de que a presa em trabalho
de parto não apresenta risco de fuga. O uso de algemas só será
permitido em casos de resistência, possibilidade de fuga ou de pe-
rigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de
terceiros. Em 2013, o Estado de São Paulo foi condenado a indenizar
uma presidiária que foi algemada pelos braços e pés antes, durante
e após o parto.
2| AÇÕES LEGISLATIVAS APROVADAS PELA ALERJ
20
É desumano que uma mulher passe por contrações e trabalho de
parto amarrada. É fundamental garantir a dignidade e assegurar
que os direitos das mulheres encarceradas – e de seus filhos – não
sejam violados.
II.6. Villa-Lobos tombada
De autoria de Eliomar Coelho, o projeto de lei que tomba a Escola
de Música Villa-Lobos, por seu valor histórico, arquitetônico e cul-
tural, foi aprovado em novembro. Tornou-se a lei 7154/15. Além de
sua importância histórica e cultural, a instituição está inserida num
projeto mais amplo, de preservação do Corredor Cultural do Centro
do Rio de Janeiro.
Este tipo de proposta aponta para a proteção e a valorização de
imóveis públicos, intervenções paisagísticas e viárias. A comunidade
escolar (corpo docente, discente e técnico-administrativo) quer a
manutenção e o aperfeiçoamento da escola na atual localização.
Suas atividades se inserem perfeitamente na estratégia de preser-
vação do Corredor
II.7. Ampliando a Democracia
Foi aprovada na Alerj a Emenda Constitucional 61/15, que permite
que os cidadãos recolham assinaturas digitais para apoiar projetos
de lei de iniciativa popular no Rio de Janeiro. A proposta é impor-
tantíssima para ampliar a democracia brasileira, permitindo maior
participação popular na elaboração de políticas públicas.
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
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A proposta foi elaborada pelo mandato Marcelo Freixo, e o objetivo
é que, uma vez sancionada pelo governador, ela se torne referência
para outros estados brasileiros. O projeto foi construído em parceria
com organizações da sociedade civil.
II.8. Aprovada a PEC da perda gestacional
Em dezembro, foi aprovada a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) que garante que servidores e trabalhadores públicos tenham
o direito da licença maternidade em caso de perda gestacional e de
nascimento prematuro. A iniciativa, de autoria de Marcelo Freixo,
foi um dos encaminhamentos de audiência pública realizada pela
Comissão de Direitos Humanos.
A perda gestacional é um grande trauma para a mulher. Em muitos
casos, o ambiente hospitalar é insensível à dor das mães e o aten-
dimento se torna desumano no momento mais frágil da família. As
mulheres são atendidas em um local voltado para celebrar a vida e
a chegada de novos bebês, o que gera constrangimento à gestante
que acabara de perder seu filho.
II.9. Medalha para Gilmara Cunha, transexual
Em dezembro, pela primeira vez em sua história, a Alerj concedeu
uma Medalha Tiradentes para uma transexual. A ativista social Gilmara
Cunha foi condecorada, por iniciativa de Flavio Serafini. Moradora
de favela, Gilmara fundou o grupo Conexão G, que desenvolve um
belíssimo trabalho nas comunidades do Rio de Janeiro.
1| PRINCIPAIS MEDIDAS LEGISLATIVAS DA BANCADA
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3|
OPOSIÇÃO
SÉRIA E
INCANSÁVEL
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
23
III. 1. Oposição com independência, responsabilidade e coerência.
A cada semana, a independência e a coerência do PSOL têm sido
uma constante na atuação da sua bancada na Alerj. Em quase todas
as votações importantes, o PSOL se diferencia das outras bancadas,
pelo posicionamento ético e em sintonia com as demandas das ruas.
Oposição ao governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB), o partido
faz este trabalho de forma incisiva, porém responsável. Elencamos,
abaixo, alguns episódios em que a força do PSOL na oposição ao
projeto peemedebista se fez necessária e imprescindível.
Ser o principal partido de oposição ao PMDB no Rio de Janeiro não é
tarefa simples. A sigla se tornou ultrapoderosa no Estado, por conta
dos investimentos com os megaeventos esportivos, as megacorpo-
rações de forte impacto socioambiental, e as reservas de petróleo
do pré-sal. Nesse período, caracterizou-se por se submeter de forma
integral aos interesses do poder econômico, e por fazer aparentes
acordos políticos com agrupamentos bastante questionáveis, como
setores ligados à milícia ou a grupos corruptos.
Dessa forma, ao se aliar ao PT, o PMDB do Rio ganhou projeção em
Brasília, grande influência interna no aparelhamento das estatais, e
domínio da estratégia política do governo federal. Não é por acaso
que o presidente da Câmara dos Deputados e o líder do partido na
casa, Eduardo Cunha e Leonardo Picciani, são ambos do PMDB do
Rio. O PSOL encara a tarefa de ser oposição ao PMDB no estado como
um compromisso de extrema relevância para com o país, embora
deva fazê-lo de forma responsável e coerente.
3| OPOSIÇÃO SÉRIA E INCANSÁVEL
24
III.2. Eleição da mesa diretora da Alerj
Na eleição da mesa diretora da Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro(Alerj), que reconduziu o deputado estadual Jorge Picciani
(PMDB) à presidência da casa, além de eleger outros 12 membros, o
PSOL votou contra. É o único partido que não pode ser acusado de
reeleger Jorge Picciani. Mesmo reafirmando sua oposição ao PMDB,
e tendo votado contra Picciani, o PSOL se propôs a analisar com
isenção cada medida da mesa diretora, apoiando as que viessem a
favorecer o interesse público – postura que marca a trajetória res-
ponsável da sigla como oposição, nas três esferas de poder.
III.3. Entrega da Medalha Tiradentes a Eduardo Cunha
Em março deste ano, novamente o PSOL se diferenciou daqueles
que praticam a pequena política. Um projeto de autoria dos depu-
tados estaduais Domingos Brazão, Waguinho e Fábio Silva, todos do
PMDB, visava entregar a Medalha Tiradentes para Eduardo Cunha
(PMDB), presidente da Câmara. O PSOL foi o único partido a se opor
à iniciativa. Deputado federal pelo Rio, Cunha tem se destacado por
fazer avançar, em ritmo acelerado, um pacote de projetos ultracon-
servadores ou contrários aos interesses dos trabalhadores.
Não por acaso, foi eleito com um gasto recorde de R$ 6,4 milhões. As
empresas que financiaram sua campanha são as mesmas que têm
se beneficiado das medidas que a Câmara aprova ou visa aprovar. O
PSOL considera inaceitável que Cunha receba a maior honraria da
Alerj. O deputado federal é um símbolo do PMDB do Rio de Janei-
ro, uma das mais poderosas e conservadoras seções do partido no
Brasil. Hoje, o PMDB também é o partido mais poderoso do Brasil,
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
25
com o controle da Câmara dos Deputados e do Senado, e mais de
mil prefeituras.
Em outubro, após uma sequência de seriíssimas denúncias contra
Cunha, de que teria contas na Suíça, o Ministério Público no Su-
premo Tribunal Federal (STF) contra o deputado. O STF aceitou a
denúncia, e Cunha virou réu. O PSOL reivindicou, no Conselho de
Ética da Câmara dos Deputados, a cassação de Cunha por quebra
de decoro, ao ter mentido que não tinha contas no exterior. Na Alerj,
a bancada do PSOL entregou um pedido de devolução da Medalha
Tiradentes à mesa diretora.
III.4. Eleição de Brazão para o TCE-RJ
Em maio, outra vergonhosa iniciativa da Alerj encontrou no PSOL
ferrenha oposição. Em eleição para o Tribunal de Contas do Estado
do Rio de Janeiro (TCE-RJ), o PMDB indicou o deputado Domingos
Brazão para o cargo. O PSOL se posicionou contra a medida, e vo-
tou unido no nome de Ivy Nicolaevsky, por entender que o cargo
deveria ser ocupado por um funcionário de carreira. Após a eleição
de Brazão, com o voto de 61 deputados, o PSOL também entrou na
Justiça para denunciar a escolha, já que o regimento não foi cum-
prido. O partido também questiona o “notório saber” necessário para
o cargo, premissa que Brazão não preenche.
O conselheiro do TCE é responsável por fiscalizar e julgar os gastos de
governos estaduais e municipais. O PSOL não considera apropriado
que a posição seja ocupada por um aliado político. O currículo de
Brazão também compromete. A Associação Nacional dos Auditores
dos Tribunais de Contas (Audicon) questionou o processo por não
identificar notório saber no deputado. Agravando a decisão, há uma
3| OPOSIÇÃO SÉRIA E INCANSÁVEL
26
série de polêmicas. Brazão é citado em uma ação por improbidade
administrativa que corre em sigilo de Justiça, e foi acusado pelo TRE
de compra de votos, por manter centros sociais.
III.5. CPI para investigar Cabral e Pezão
A bancada do PSOL apresentou um pedido de CPI para investigar
as relações do governador Luiz Fernando Pezão, do ex-governador
Sérgio Cabral e do ex-secretário da Casa Civil Régis Fichtner com os
desvios de dinheiro do Comperj para campanhas. Nas investigações
da Operação Lava-Jato, realizadas pela Polícia Federal, ficou consta-
tado que há sérios indícios de ligações profundas dos gestores com
esquemas de corrupção. O requerimento circulou pelo plenário, mas
exceto os deputados do PSOL, nenhum outro assinou. O mais grave,
porém, é que o Projeto de Resolução para que a CPI seja votada
sequer foi publicado no Diário Oficial, em flagrante desrespeito ao
Regimento.
Foto: Bruno de Lima
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
27
III.6. Defesa dos 6% para a Educação
Na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a maioria
dos deputados estaduais vetaram a receita tributária líquida de 6%
destinada às universidades públicas do Rio de Janeiro. Essa é uma
prerrogativa que já é prevista pela Constituição Estadual, embora
esteja longe de ser cumprida. Por exemplo, a Secretaria de Ciência
e Tecnologia repassou apenas 3% para a Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade Estadual do Norte Fluminense
(UENF) e o Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO).
III.7. Reprovação das contas do governo Cabral/Pezão
Em agosto, um relatório assinado por 20 auditores do Tribunal de
Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) acusou o governador
Luiz Fernando Pezão e o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) de
terem praticado uma “pedalada fiscal” ao omitir uma dívida de R$ 1
bilhão do governo estadual em 2014. De acordo com os técnicos,
com a manobra, os dois governadores feriram prerrogativas legais.
charge: Risco
3| OPOSIÇÃO SÉRIA E INCANSÁVEL
28
A omissão da dívida fez com que o governo contabilizasse um fal-
so superávit de R$ 122,7 milhões ao final daquele ano. Se o débito
tivesse sido incluído, o resultado seria um déficit de R$ 878 milhões.
A conclusão dos auditores, no entanto, foi ignorada pelos conse-
lheiros do TCE-RJ, que aprovaram por unanimidade as contas de
Pezão e Cabral. Com as provas das pedaladas enviadas à Assembleia
Legislativa (Alerj), os deputados poderiam seguir a conclusão dos
auditores e reprovar as contas de Cabral e Pezão. Isso os levaria a
responder a processo por improbidade administrativa.
No entanto, de forma vergonhosa, a maioria dos deputados esta-
duais aprovou as contas do governo de Cabral e Pezão sem qualquer
ressalva. A bancada do PSOL foi firme, como sempre – votou unida
pelo reprovação das contas. O partido exigiu do governo explicações
sobre os questionamentos dos auditores.
Líder da bancada, Marcelo Freixo deu entrada em uma representação
no Ministério Público (MP) para que as irregularidades encontradas
sejam investigadas.
III.8. Privataria ambiental
Em setembro, o governo propôs na Alerj um pacote de maldades
na área do meio ambiente. Dois Projetos de Lei (PL) apresentados
comprometiam o futuro ambiental do Rio de Janeiro. Um deles é o
PL 718/15. A proposta visava financiar a construção de Parcerias Pú-
blico Privadas (PPPs) dentro de unidades de conservação ambiental.
O PSOL se opõs inteiramente a essa iniciativa. Infelizmente, a Alerj
aprovou o projeto.
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
29
Os recursos, agora, virão do fundo da Mata Atlântica, do qual serão
retirados 10%. No entanto, os valores serão ampliados, já que outras
fontes de recurso acrescentam ainda mais dinheiro ao fundo da Mata
Atlântica. Há, ainda, outro indício grave de privatização velada da
política ambiental fluminense. Segundo o projeto, a unidade gestora
deixa de ser o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), e passa a ser
uma instituição financeira.
É de muita gravidade a iniciativa de entregar a um banco o controle
de gestão sobre um fundo de origem estadual. Mais grave ainda é
o estímulo financeiro à construção de PPPs em unidades de con-
servação ambiental. A bancada do PSOL se opôs de forma incisiva
à iniciativa.
Também foi aprovado o PL 759/15 (Lei 7070/15), que trata da qua-
lificação de entidades como Organizações Sociais (OS). O projeto
inclui o meio ambiente entre os setores que podem ser geridos por
contratos com OS. O PSOL repudia esses mecanismos de gestão
por OS, que também funcionam como uma privatização velada de
atividades de responsabilidade do setor público.
3| OPOSIÇÃO SÉRIA E INCANSÁVEL
30
III.9. Pezão nega reajuste de educadores
O governador Luiz Fernando Pezão negou reajuste aos profissionais
de Educação. Por conta disso, os trabalhadores escolheram o dia 25
de agosto como o Dia de Luto na Educação Estadual, e foram traba-
lhar vestidos de negro. O PSOL se solidarizou com os profissionais.
Em outubro, foi revelado que o Governo do Estado fará um corte
na área de Educação, para 2016, de 19%, enquanto a área de Segu-
rança Pública ganhará um incentivo de 44%. Como se vê, a lógica
da repressão em detrimento da garantia de direitos prevalesce nas
administrações do PMDB.
O PSOL seguirá sua luta por uma escola pública de qualidade, demo-
crática e laica. E sempre que os profissionais de Educação estiverem
nas ruas, lá estará também o partido.
III.10. Olimpíadas sem legado
Em julho, a bancada do PSOL votou contra o Projeto de Lei 548/15,
em que o Poder Executivo queria conceder incentivo fiscal para
empresas patrocinadoras dos Jogos Olímpicos de 2016. O partido
entende que, em um cenário de crise econômica, é inaceitável ver
o governo estadual abrir mão de recursos para corporações que já
vão lucrar com o evento. Infelizmente, a Alerj aprovou o PL.
Algumas empresas, como a Ambev e a Nissan, patrocinadoras das
Olimpíadas, já recebem incentivo fiscal do governo. “Diante da
crise que o Rio de Janeiro vive, estamos votando um projeto em
que o Estado deixará de arrecadar mais de R$ 300 milhões com as
Olimpíadas”, disse o líder da bancada, Marcelo Freixo. Ele também
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
31
lembrou que o governo cortou R$ 90 milhões que seriam destinados
à UERJ sob a justificativa da crise, e agora quer liberar recursos para
os investimentos nas Olimpíadas.
O projeto visava abrir mão de 4% do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) de empresas patrocinadoras em caso
de projetos relacionados aos Jogos. Em um cenário de austeridade
defendido pelo governo do PMDB, onde educação e saúde têm so-
frido severos cortes orçamentários, faz sentido conceder isenções
fiscais a essas empresas? Se a grande vantagem das Olimpíadas é
trazer investimentos à cidade do Rio de Janeiro, por que motivo o
estado abriria mão desses recursos?
O PSOL gostaria que as Olimpíadas tivessem trazido benefícios reais
para a cidade, e diverge da maneira como os jogos foram e têm sido
organizados, por entender que não deixaremos um legado sólido à
capital do estado, favorecendo apenas as grandes empresas, como
ocorreu na Copa do Mundo de 2014.
III.11. Criminalização da pobreza nas praias
O mês de setembro ficou marcado pela criminalização do uso das
praias do Rio de Janeiro pelos cariocas moradores das zonas norte
e oeste da capital. Em sucessivos finais de semana, esta população,
de menor poder aquisitivo, visitou as praias do Rio em maior quan-
tidade. A ocorrência pontual de roubos fez com que todos estes
cariocas fossem criminalizados. A polícia passou a revistar ônibus
vindos das áreas mais pobres da cidade, e impedir que alguns jovens
seguissem viagem.
3| OPOSIÇÃO SÉRIA E INCANSÁVEL
32
Os deputados do PSOL se manifestaram, uníssonos, contra a medida
dos governos estadual e municipal do PMDB de criminalização da
pobreza. Jovens foram apreendidos somente porque estavam com
pouco dinheiro ou mal vestidos dentro dos ônibus. E a Prefeitura
chegou a anunciar que alguns ônibus seriam, simplesmente, retira-
dos de circulação. Todos os deputados do PSOL se manifestaram na
tribuna contra as medidas e defenderam veementemente os direitos
à cidade e ao lazer da juventude negra e pobre do Rio de Janeiro.
III.12. Biometria nos ônibus não!
Em novembro, o PMDB apresentou projeto de instalação de biometria
nos ônibus do estado do Rio de Janeiro. A medida beneficiava, de
forma nítida, os empresários do ramo de transportes, de históricas
conexões com o partido. Apenas os parlamentares do PSOL e o de-
putado Wanderson Nogueira votaram contra. Será um sistema caro
e ineficiente. A população do Rio de Janeiro saiu perdendo.
III.13. Pra Supervia tem dinheiro!
Em meio a uma enorme crise financeira, a Alerj aprovou em dezembro
o projeto que autoriza o Estado do Rio de Janeiro a pagar a conta
de luz da Supervia. Administrada pela Odebrecht, a concessionária
deve R$ 38.978.806 à Light. O PSOL votou contra a proposta, e apre-
sentou uma emenda segunda a qual, se o projeto fosse aprovado, a
concessionária não poderia aumentar a tarifa da passagem em 2016.
A emenda não foi rejeitada em definitivo.
Absurda, a medida foi tomada enquanto os servidores estaduais
corriam risco de não receber os seus salários. A Odebrecht não pode
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
33
pagar a conta de luz, mas os trabalhadores tem que pagar? A Age-
transp, que deveria fiscalizar os serviços de transportes, deveria ter
encaminhado à Alerj a planilha de receitas e despesas da Supervia.
Não o fez. O PSOL protestou em plenário, com veemência, contra
a medida.
III.14. Para o 13º, não tem dinheiro!
Logo no dia seguinte à inacreditável aprovação do pagamento da
conta da Supervia, começou a novela do não pagamento do 13º para
os funcionários públicos. Ou seja, apenas 24 horas após pagar uma
conta da Odebrecht com dinheiro público, o governo Pezão alegou
falta de recursos para o pagamento dos seus próprios servidores.
A partir de então, os capítulos da novela tiveram cenas inverossí-
meis. O governo chegou a assumir, através do chefe da Casa Civil,
Leonardo Espíndola, que iria pagar. No mesmo dia voltou atrás. Em
seguida, disse que o 13º seria pago através de empréstimos bancários
que os servidores fariam em seu próprio nome - um escárnio com a
população. Aqueles que tentaram esse empréstimo não conseguiram.
Os deputados do PSOL participaram das muitas manifestações dos
servidores, e participaram de reuniões com a presença da presi-
dência da Alerj. A postura do governo estadual foi criticada pelos
próprios deputados da base, incluindo o presidente Jorge Picciani.
Os seguidos governos do PMDB quebraram as contas do Rio de
Janeiro por completo.
1| PRINCIPAIS MEDIDAS LEGISLATIVAS DA BANCADA
34
4|
MOVIMENTOS
SOCIAIS E
SOCIEDADE
CIVIL
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
35
IV.1. PSOL apoia comunidades tradicionais.
Desde o início do ano, os mandatos do PSOL têm se reunido com
representantes de comunidades tradicionais do Rio de Janeiro. Nas
reuniões, foram identificados problemas em comum entre os grupos,
especialmente nas esferas social e ambiental. O partido participou
em abril do “Encontro de Justiça Socioambiental da Bocaina”, no
Quilombo do Campinho, em Parati. Os representantes das diferentes
localidades, em parceria com o PSOL, elaboraram um plano de ação.
Ao longo de todo o primeiro semestre, em conjunto com a sociedade
civil, o partido elaborou uma Proposta de Emenda Constitucional
(PEC) em defesa dos direitos dos povos tradicionais. A principal
reivindicação da PEC 14/15 é a de que as comunidades tradicionais
tenham resguardados seus direitos a permanecer em seu território,
e preservar suas tradições culturais e os costumes de seu povo.
Foto: Viviane Tavares
4| MOVIMENTOS SOCIAIS E SOCIEDADE CIVIL
36
O deputado Flávio Serafini elaborou, junto às comunidades, uma
cartilha explicando os direitos dos povos. Serafini esteve presente
em uma série de comunidades, ajudando a construir sua mobiliza-
ção. A Comissão dos Direitos Humanos e Cidadania, presidida por
Marcelo Freixo, realizou uma audiência pública que lotou o auditório
e quatro gabinetes, demonstrando capacidade de mobilização das
comunidades.
IV.2. Escola de Teatro Martins Pena
Os deputados Flavio Serafini e Eliomar Coelho acompanharam de
perto o descaso do governo estadual com a Escola Técnica Estadual
de Teatro Martins Pena. A instituição foi completamente abandonada
e sucateada nos últimos anos. Faltam professores, manutenção e
parte das instalações ameaça desabar.
Houve visitas técnicas com a presença dos dois parlamentares, e
audiências públicas. As Secretarias de Cultura e de Ciência e Tec-
nologia criaram, em conjunto, um Grupo de Trabalho (GT) para
acompanhar o caso.
Foto: Rafael Wallace
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
37
Por sugestão de Eliomar, a Comissão de Cultura criou um Grupo de
Trabalho (GT) para definir uma “Política de Estado” para a recupera-
ção da escola, e também para estimular o resgate da excelência do
trabalho desenvolvido há dois séculos.
A Comissão de Cultura apresentou Projeto de Lei que declara a es-
cola “Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro”. O projeto
foi aprovado e sancionado pelo governador, transformando-se na
Lei 7104/15.
IV.3. Resistência no Comperj
Durante todo o ano de 2015, os parlamentares do PSOL acompa-
nharam o Fórum Popular do Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro (Comperj) e a luta dos trabalhadores por seus direitos. No
primeiro semestre, houve uma grande mobilização entre grevistas e
demitidos do Complexo, no entanto, foi aprovada a Lei n.° 7042/15
que, na prática, estende o prazo de início da operação do Comperj.
O deputado Paulo Ramos participou, como membro, da Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar perdas econômicas,
financeiras e sociais do Rio de Janeiro por gestão precária da Petro-
bras - em especial, os impactos no Comperj.
IV.4. Por uma alternativa a Guapiaçu!
Para combater a crise hídrica, o governo estadual lançou um projeto
polêmico. Quer construir a Barragem do Guapiaçu, sob a justificativa
de abastecer as cidades de Niterói, São Gonçalo, Maricá e Itaboraí. Os
impactos sociais e ambientais do projeto, porém, são alarmantes. Uma
série de moradores vai ser removida se a proposta for mantida, em es-
4| MOVIMENTOS SOCIAIS E SOCIEDADE CIVIL
38
pecial agricultores. A gravidade do problema fica clara quando se sabe
que ao menos 40% dos alimentos vendidos no Ceasa vêm da região.
O que o governo finge ignorar é que existe um projeto alternativo
de melhores resultados, e com impactos significativamente mais
reduzidos. A bancada do PSOL se aliou aos moradores locais, ao
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), e à Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ) para lutar para que esta alternativa
seja avaliada e, preferencialmente, conduzida pelas autoridades.
Segundo Adacto Ottoni, da UERJ, o projeto original não resolve o
problema da crise hídrica, e causa fortes impactos. Ele afirma que
apenas o reflorestamento destas áreas já aumentaria a umidade
do solo e, em consequência, o armazenamento de água. Mas faria
isso sem as empreiteiras, é claro, e talvez por isso não interesse ao
governo, eleito com recursos “doados” por elas.
O gasto do governo está estipulado em R$ 200 milhões, e pode ser
ainda maior. Um projeto alternativo também seria mais barato. Por
solicitação do PSOL, a Alerj realizou audiência pública para discutir
o tema. O partido segue acompanhando o tema.
IV.5. CSN e as Terras de Volta
A Liderança do PSOL e os mandatos dos deputados estaduais fizeram
reuniões com lideranças do movimento social de Volta Redonda. O
objetivo é estabelecer uma estratégia de resistência à incorporação
ilegal, por parte da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), de terras
públicas e imóveis - um total de 147 áreas, que representam 20 mil
quilômetros. A falsa alegação de propriedade ocorreu após a priva-
tização da empresa, em 1993.
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
39
Entre as terras impropriamente incorporadas pela empresa está a
Floresta da Cicuta, única área da cidade de preservação da Mata
Atlântica, extremamente essencial em uma cidade industrial. Há
espécies de animais e plantas que só existem na Cicuta. Também
foram irregularmente apropriados o Aeroclube, o Centro de Pueri-
cultura, além de hospitais e clubes.
A Ação Popular 2005.51.04.003240-8 reivindica a reincorporação do
patrimônio ao estado, e o Ministério Público já deu parecer favorável
a ela. O PSOL segue em contato com seu núcleo municipal, com
o MP e com o coletivo Terras de Volta para que se faça justiça ao
patrimônio público.
IV.6. Redução não é solução!
O primeiro semestre de 2015 foi marcado por uma forte luta dos
setores progressistas da sociedade contra a redução da maioridade
penal. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, inclui a medida
como uma de suas principais – e nefastas – metas à frente da casa.
A bancada de deputados federais do PSOL se destacou na resistência
à redução. Entretanto, a bancada estadual do PSOL no Rio também
agiu contra este retrocesso.
Os mandatos de Marcelo Freixo e Flavio Serafini elaboraram cartilhas
para dialogar com a população sobre o tema. Afinal, as pessoas esta-
vam sendo falsamente convencidas de que a redução da maioridade
penal poderia diminuir os índices de violência no Brasil, o que é uma
das falsas verdades disseminadas por setores do Parlamento e da
mídia. Houve, ainda, uma belíssima articulação da juventude cario-
ca no movimento Amanhecer Contra a Redução, que coloriu ruas
4| MOVIMENTOS SOCIAIS E SOCIEDADE CIVIL
40
e praças da cidade contra a redução, e realizou um bonito Festival.
Na Câmara dos Deputados, em julho, após muita resistência, a redução
da maioridade penal foi derrotada em plenário! Entretanto, Eduardo
Cunha fez uma manobra inconstitucional no dia seguinte para que o
projeto retornasse a votação e fosse vitorioso. Junto a deputados de
outros seis partidos, o PSOL entrou com ação no Supremo Tribunal
Federal (STF) para anular a movimentação de Cunha, antirregimental
e inconstitucional. Mas mesmo com a medida, a matéria ainda seria
submetida a outros turnos de votação.
Ainda em julho, o Senado aprovou projeto de lei de José Serra (PS-
DB-SP) alterando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), com
o aumento do tempo de internação dos menores de 18 anos em
caso de crimes hediondos. O tempo máximo de restrição de liber-
dade em unidades socioeducativas, que era de três anos, passaria a
ser de dez. A matéria vai agora para a Câmara, e o PSOL vai resistir.
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
41
5|
OUTRAS AÇÕES
5| OUTRAS AÇÕES
42
V.1. Banquinha em defesa da Reforma Política Democrática
Enquanto a Câmara dos Deputados, presidida por Eduardo Cunha
(PMDB), propunha uma Antirreforma Política, o PSOL decidiu se
contrapor em aliança com a sociedade civil. O partido apoiou uma
iniciativa popular de construção da Coalizão pela Reforma Política
Democrática, com a adesão de uma série de 115 entidades e mo-
vimentos sociais. Entre eles, a Confederação Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Confe-
deração Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Contag), a Via
Campesina e a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj).
A Liderança do PSOL instalou, por mais de um mês, uma banquinha
no coração do Centro do Rio de Janeiro, no Buraco do Lume/Praça
Mário Lago (onde, inclusive, os parlamentares do partido prestam
contas à população todas as sextas-feiras) e na Rua Sete de Setem-
bro. Todos os dias, por duas horas, o PSOL coletou assinaturas de
apoio à Reforma Política Democrática. E ao microfone, o partido
publicizava a iniciativa.
Foto: Maura Sousa
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
43
Ao todo, foram coletadas 650 mil assinaturas em apoio à iniciativa,
em todo o país. O movimento pela Reforma Política Democrática
entregou as assinaturas a Eduardo Cunha, que tratou com desprezo.
A Liderança do PSOL também utiliza a banquinha como instrumento
de diálogo com a sociedade durante as sextas-feiras, na prestação
de contas semanal do PSOL.
V.2. “Comemoração” do aniversário da omissão de Gilmar Mendes
Em maio, o PSOL fez um ato irônico. Levou um bolo ao Buraco do
Lume e ao Plenário da Alerj para “comemorar” uma omissão que es-
tava completando um ano. O ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF), Gilmar Mendes, pediu vistas em 2014 da ação que julgava se
o financiamento privado de campanhas seria sentenciado inconsti-
tucional. Naquele momento, mesmo que Mendes votasse contra, a
ação já tinha votos suficientes para ter validade, e o financiamento
privado, raiz dos esquemas de corrupção no Brasil, seria considerado
inconstitucional.
Foto: Vítor Soares
5| OUTRAS AÇÕES
44
Mendes pediu vistas, e nunca mais concedeu seu voto. Organizações
da sociedade civil o acusam de ter feito isso para favorecer grupos
políticos com os quais se relaciona, favoráveis ao financiamento
privado. Enquanto Mendes “sentava em cima” da ação, o presidente
da Câmara, Eduardo Cunha, tentava aprovar a constitucionalização
do financiamento privado. E mesmo com a rejeição deste projeto
pelos deputados federais, durante a contrarreforma política promovida
por Cunha, ele manobrou para que, no dia seguinte, fosse aprovada
a constitucionalização do financiamento privado para partidos. No
âmbito nacional, o PSOL entrou com uma ação para que a Justiça
considere ilegal a ação de Cunha.
Apenas no início de setembro, Mendes deu seu voto favorável ao
financiamento empresarial. Mesmo assim, o Supremo Tribunal Fe-
deral (STF) terminou considerando-o inconstitucional. E a decisão
vale já para as eleições de 2016. Na Câmara dos Deputados, ainda se
manobra para aprovar o financiamento empresarial. Porém, qualquer
decisão pode ser inócua diante de uma decisão já tomada do STF.
V.3. Luta contra as remoções
Nos últimos anos, acirrou-se o processo de remoção de comuni-
dades pobres em áreas de interesse da especulação imobiliária. Os
mandatos do PSOL na Alerj e nas Câmaras Municipais do Rio e de
Niterói agiram com firmeza na resistência.
Exemplo histórico de mobilização, a Vila Autódromo, apesar de ser
titulada desde a década de 90, é vítima de sistemáticos ataques da
Prefeitura do Rio de Janeiro. Diversos foram os argumentos apresen-
tados ao longo dos anos para sua remoção. Atualmente, uma série
de violações aos direitos dos moradores está em curso.
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
45
Em maio, a comunidade Metrô Mangueira já havia sido vítima da
mesma violência por parte da Prefeitura. Sem aviso prévio, o poder
público removeu mais de dez casas, a Igreja Assembleia de Deus,
duas lojas e o ferro velho do local. Presidida por Marcelo Freixo, a
Comissão de Direitos Humanos e Cidadania acompanhou cada um
dos casos de remoção. O prefeito Eduardo Paes já removeu mais de
70 mil pessoas desde o início de seu governo.
As remoções também aconteceram em Niterói, onde as comuni-
dades tradicionais da Praia do Sossego e Aldeia Imbuhy lutam por
permanência. As 36 famílias que residem na Aldeia Imbuhy sofrem
pressões para sair de suas casas. Na Praia do Sossego, o cotidiano de
famílias que vivem no local há mais de 40 anos vem sendo ameaçado.
Para enfrentar o problema, os mandatos do PSOL na Alerj e na Câmara
Municipal do Rio se uniram, criando o Intermandatos-PSOL-Cidades.
O grupo desenvolveu algumas iniciativas, como visitas, debates e
uma campanha de comunicação.
V.4. Solidariedade à bancada federal
Em novembro, organizamos um ato de desagravo aos deputados
federais do PSOL-RJ: Chico Alencar, Glauber Braga e Jean Wyllys. Os
parlamentares vinham sendo perseguidos no Câmara dos Deputa-
dos por seu presidente, Eduardo Cunha, devido à oposição firme e
corajosa a seu projeto autoritário de controle da casa. Chico e Jean
foram conduzidos ao Conselho de Ética por aliados de Cunha, e
Glauber à Corregedoria.
Com a presença de parlamentares, lideranças da sociedade civil e
intelectuais, o ato reuniu cerca de 300 pessoas no Buraco do Lume
5| OUTRAS AÇÕES
46
(Praça Mário Lago). Sobre o famoso banquinho, onde o partido presta
contas semanalmente, os oradores se comprometeram a combater,
sem descanso, a perseguição política empreendida por Cunha. E,
evidentemente, manifestaram seu orgulho da bancada federal do
partido, que é perseguida justamente por conta do brilhante traba-
lho que realiza.
V.5. Justiça Restaurativa
Justiça Restaurativa é um método de resolução de conflitos onde se
evita judicializar contendas, optando por uma solução humanizada
mediada por terceiros. Em um cenário de falência dos mecanismos
tradicionais de Justiça no sentido de se promover soluções satisfa-
tórias para a sociedade, o PSOL busca estimular outros métodos de
se solucionar conflitos sociais.
A Liderança do PSOL, em parceria com os mandatos da bancada,
formou um Grupo de Trabalho (GT) para estudar e desenvolver um
plano de ação no sentido de estimular a técnica da Justiça Restau-
rativa. Para isso, contou com a orientação de Sílvia Vieira e Mônica
Mumme, especialistas no estudo, e que procuraram o partido para
aprofundar estudos e práticas.
O GT também está em contato com o Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro (TJ-RJ), e busca sensibilizar outros atores sociais. Pretende
elaborar um plano de ação a longo prazo.
RELATÓRIO DA LIDERANÇA DO PSOL NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
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V.6. Solidariedade aos imigrantes na Europa
No início de setembro, o litoral da Europa se viu invadido por uma
multidão de cidadãos desesperados, migrando da guerra e da miséria
em seus países. A maioria vinha da Síria, que sobre longo conflito. Na
ocasião, a Liderança do PSOL publicou uma nota em solidariedade
(abaixo). Além disso, escreveu moção de apoio.
“A postura dos líderes europeus tem sido, em sua maioria, de insen-
sibilidade e, em alguns casos, de xenofobia ou racismo. Sabemos
que a solução para o problema não é fácil. Mas a Europa não nos
parece assumir sua responsabilidade histórica de liderar a busca por
uma solução humanitária. O mundo, o Brasil e o Rio de Janeiro não
podem assistir a essas cenas de forma impassível. A foto do pequeno
menino morto nas areias quentes do litoral da Grécia ficou cravada
como uma lâmina nos corações do mundo inteiro. Não temos o
direito de ficar impassíveis”, dizia um trecho da nota.
* Contribuição do Mandato Eliomar Coelho
** Contribuição do Mandato Marcelo Freixo
*** Contribuição do Mandato Flávio Serafini
Liderança do PSOL na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)
Coordenação: Thiago Melo e Ricardo Henningsen
Endereço: Palácio Tiradentes - Rua Primeiro de Março, s/n, Praça XV
Tel.: (21) 2588-1657 / 2588-1671
Textos: Leandro Uchoas, Yanne Milano, Mariana Medeiros
Contribuição: Bruno Villa, Rogério Daflon, Hugo Leão
Revisão: Leandro Uchoas, Thiago Melo
Projeto Gráfico: Igor Campos