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Futurismo O Futurismo está inserido no período literário do Modernismo como uma das suas "ramificações". É crucial para perceber o futurismo, descrever um pouco a história do Modernismo. O Modernismo, no seu sentido positivo assinala uma rutura com ortodoxias estabelecidas, assinala uma celebração ao presente e uma investigação experimental do futuro. Como valor negativo traz associado uma incoerente e oportunista heterodoxia e uma anulação da disciplina da tradição. O Modernismo encontrava-se enraizado no séc. XVIII europeu, numa perspetiva social de ascensão da burguesia e valorizada como uma doutrina de progresso. Por outro lado existe a outra modernidade que, enquanto conceito estético deu vida às vanguardas que se iniciaram no período romântico e proclamaram-se como uma atitude radical anti burguesa. A repugnância da escala de valores da classe média foi expressa através de diversos meios como, a anarquia, a rebelião e a tendência apocalítica do auto exilio aristocrático. É neste contexto que decorre o Modernismo literário e que aparecem novas propostas de autores como Molière e Rimbaud. Numa tentativa de marcação cronológica, pode-se estabelecer que o tempo histórico literário, o Modernismo, estende-se desde os finais de séc. XIX até depois da segunda guerra mundial. Numa perspetiva mais restrita pode – se dizer que o Modernismo apareceu nas vésperas da segunda guerra mundial tendo nos anos 20 e 30 o seu apogeu. Em Portugal o Modernismo atingiu a sua relevância cultural através de algumas revistas editadas e dos autores que nela participaram. O marco crucial foi sem dúvida o aparecimento da revista Orpheu. Não é difícil enumerar os escritores que pertenceram a esta geração, em Portugal designada por geração de Orpheu. Os escritores que mais se destacam são Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro. É sobretudo na dimensão vanguardista, que surge nesta altura que, denota-se um domínio da linguagem e um violento procedimento inovador. As vanguardas emergem e afirmam-se pela radicalidade, pelo dogmatismo e para a tendência auto destrutiva própria do comportamento vanguardistas. O próprio termo funciona como uma força destrutiva de tudo que estava até aí estabelecido. “Não é por acaso, este sentido agressivo impôs-se quando grassava na Europa uma confrontação bélica de dimensão até então nunca vista, a primeira guerra mundial” (Reis, Carlos: 470). A análise das fundamentais características distintivas do Futurismo demonstra uma dimensão claramente vanguardista. Ideologicamente o Futurismo adota uma visão anti burguesa, subversiva e provocatória. O Futurismo valoriza sentimentos de revolta, velocidade, a intensidade e a rapidez das comunicações: simultaneamente no Futurismo evoca-se o vigor destrutivo da guerra -o militarismo, o patriotismo, os ideias pelos quais se morre e o desprezo da mulher. Dois nomes aqui sobressaem: O escritor Marinetti fundador do movimento futurista e o português Álvaro Campos (heterónimo de Fernando Pessoa), que num tom de “recorte nietzschiano, declara no seu ultimatum o tom exclamativo e entusiasta dos manifestos* Em concordância com a sua dinâmica cultural ideológica, o Futurismo revela-se por ter radicais inovações técnico- discursivas através de um processo fundamentalmente destrutivo, que atingem outros domínios da linguagem literária: A preferência pelo verbo no infinito, a abolição do adjetivo, do adverbio e da pontuação, defendendo em alternativa, o recurso do símbolos matemáticos, imposição e a igualização das imagens e a sua disposição “no máximo da desordem” e a eliminação do Eu na literatura. “O futurismo determina-se, dentro das coordenadas estéticas, como uma rutura com uma estesia e com uma sensibilidade desde sempre relacionada, na cultura ocidental com a beleza aristotélica” (Reis, Carlos: 474). *O manifesto constitui um tipo de texto de forte orientação programática e de pendor acentual mente assertivo a que normalmente á atribuída uma função de constituição de um movimento artístico ou de contestação de movimentos estabelecidos. Vale a pena ver e ouvir A verdadeira essência do que foi o Futurismo em Portugal, por Álvaro de Campos www.youtube.com/watch?v=7fk_fUiNoG0 Margarida

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O Futurismo está inserido no período literário do Modernismo como uma das suas "ramificações". É crucial para perceber o futurismo, descrever um pouco a história do Modernismo. O Modernismo,no seu sentido positivo assinala uma rutura com ortodoxias estabelecidas, assinala uma celebração ao presente e uma investigação experimental do futuro. Como valor negativo traz associado uma incoerente e oportunista heterodoxia e uma anulação da disciplina da tradição. O Modernismo encontrava-se enraizado no séc. XVIII europeu, numa perspetiva social de ascensão da burguesia e valorizada como uma doutrina de progresso. Por outro lado existe a outra modernidade que, enquanto conceito estético deu vida às vanguardas que se iniciaram no período romântico e proclamaram-se como uma atitude radical anti burguesa. A repugnância da escala de valores da classe média foi expressa através de diversos meios como, a anarquia, a rebelião e a tendência apocalítica do auto exilio aristocrático. É neste contexto que decorre o Modernismo literário e que aparecem novas propostas de autores como Molière e Rimbaud. Numa tentativa de marcação cronológica, pode-se estabelecer que o tempo histórico literário, o Modernismo, estende-se desde osfinais de séc. XIX até depois da segunda guerra mundial. Numa perspetiva mais restrita pode – se dizer que o Modernismo apareceu nas vésperas da segunda guerra mundial tendo nos anos 20 e 30 oseu apogeu. Em Portugal o Modernismo atingiu a sua relevância cultural através de algumas revistas editadas e dos autores que nela participaram. O marco crucial foi sem dúvida o aparecimento da revista Orpheu. Não é difícil enumerar os escritores que pertenceram a esta geração, em Portugal designada por geração de Orpheu. Os escritores que mais se destacam são Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro. É sobretudo na dimensão vanguardista, que surge nesta altura que, denota-se um domínio da linguagem e um violento procedimento inovador. As vanguardas emergem e afirmam-se pela radicalidade, pelo dogmatismo e para a tendência auto destrutiva própria do comportamento vanguardistas. O próprio termo funciona como uma força destrutiva de tudo que estava até aí estabelecido. “Não é por acaso, este sentido agressivo impôs-se quando grassava na Europa uma confrontação bélica de dimensão até então nunca vista, a primeira guerra mundial” (Reis, Carlos: 470). A análise das fundamentais características distintivas do Futurismo demonstra uma dimensão claramente vanguardista. Ideologicamente o Futurismo adota uma visão anti burguesa, subversiva e provocatória. O Futurismo valoriza sentimentos de revolta, velocidade, a intensidade e a rapidez das comunicações: simultaneamente no Futurismo evoca-se o vigor destrutivo da guerra -o militarismo, o patriotismo, os ideias pelos quais se morre e o desprezo da mulher. Dois nomes aqui sobressaem: O escritor Marinetti fundador do movimento futurista e o português Álvaro Campos (heterónimo de Fernando Pessoa), que num tom de “recorte nietzschiano,declara no seu ultimatum o tom exclamativo e entusiasta dos manifestos* Em concordância com a sua dinâmica cultural ideológica, o Futurismo revela-se por ter radicais inovações técnico-discursivas através de um processo fundamentalmente destrutivo, que atingem outros domínios da linguagem literária: A preferência pelo verbo no infinito, a abolição do adjetivo, do adverbio e da pontuação, defendendo em alternativa, o recurso do símbolos matemáticos, imposição e a igualização das imagens e a sua disposição “no máximo da desordem” e a eliminação do Eu na literatura. “O futurismo determina-se, dentro das coordenadas estéticas, como uma rutura com uma estesia e com uma sensibilidade desde sempre relacionada, na cultura ocidental com a beleza aristotélica” (Reis, Carlos: 474). *O manifesto constitui um tipo de texto de forte orientação programática e de pendor acentual mente assertivo a que normalmente á atribuída uma função de constituição de um movimento artístico ou de contestação de movimentos estabelecidos. Vale a pena ver e ouvir A verdadeira essência do que foi o Futurismo em Portugal, por Álvaro de Campos www.youtube.com/watch?v=7fk_fUiNoG0 Margarida