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Boletim Informativo Clube Niteroiense de Montanhismo Ano XI - Número 31 Niterói, Dezembro de 2015 • A caminhada percursora do CEB • Relato: Cinco Pontões - ES • Croqui: Regrampeção da Aresta Troll Pai Troll Filho • Ações da Diretoria de Meio Ambiente em 2015 • Guia de Trilhas de Niterói e Maricá • Artigo: Porque está lá! • • E muito mais! • Monte Elbrus: O CNM na maior montanha da Europa

Boletim CNM 2015-4

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Page 1: Boletim CNM 2015-4

Boletim InformativoClube Niteroiense de Montanhismo

Ano XI - Número 31Niterói, Dezembro de 2015

• A caminhada percursora do CEB• • Relato: Cinco Pontões - ES •

• Croqui: Regrampeção da Aresta Troll Pai Troll Filho •• Ações da Diretoria de Meio Ambiente em 2015 •

• Guia de Trilhas de Niterói e Maricá •• Artigo: Porque está lá! •

• E muito mais! •

Monte Elbrus: O CNM na maior montanha da Europa

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2 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31

O ano de 2015 foi de muitas realizações.

Começamos o ano trabalhando forte nos mutirões do

Bananal, isso sempre com as aulas do CBE que ainda

não haviam terminado. Depois desse CBE, foram mais 4

turmas ao longo de 2015. Preparamos um grande stand

na ATM URCA e ainda marcamos presença na ATM

Petrópolis e ATM PARNASO, onde levamos 31 sócios às

montanhas deste parque.

Fechamos uma parceria forte com o PESET, onde

temos ajudado em diversos assuntos relacionados ao

parque, principalmente no manejo das trilhas do Costão

MENSAGEM DO PRESIDENTE

E estamos andando... Por Leandro do Carmo

e Bananal, no Conselho Consultivo, Câmara Técnica de

Uso Público e Turismo e no GT Montanhismo. Fruto

dessa parceria, passamos a compartilhar o NUPIF, local

estratégico de apoio às nossas atividades dentro do

parque.

Nas atividades, estivemos em diversas montanhas

do PARNASO, Itatiaia, Caparaó, Três Picos, montanhas

do Espirito Santo e até na Rússia, com a ascensão do

Vinícius Araújo ao Monte Elbrus, o ponto culminante da

Europa, com 5.642 metros.

Criamos o programa de CNFamília que tem

descontos para cônjuges e filhos de sócios, o CNMais

Vantagens com descontos em algumas lojas, abrigos e

parques, além de iniciarmos o CNMirim, com atividades

voltadas para as crianças.

As reuniões sociais estão sempre cheias e divertidas

e nossas atividades sempre concorridas.

Em agosto, iniciamos um projeto ousado de

confecção do Guia de Trilhas de Niterói e Maricá. Já

estamos bem adiantados e nosso objetivo é lança-lo na

próxima ATM.

Com relação a nossa sede... Bom, ainda não

chegamos ao nosso objetivo, mas estamos fechando

uma parceria com a AABB Niterói, onde poderemos

utilizar um espaço para realizarmos nossas atividades.

É claro que não pretendemos parar por aí... Já

estamos em 2016 e esse ano promete! Vamos para as

montanhas...

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31 3

SUGESTÃO DE LEITURA

Tenha uma boa leitura!

Por Vinícius Araújo

Super-Humanos, Como os atletas radicais

redefinem os limites do possível, de Steven Kotler.

Leitura interessante

sobre como podemos

utilizar a mente

para potencializar

a performance nas

atividades de esportes

outdoor e como isso

pode impactar também

na vida cotidiana.

O autor apresenta um

conceito de “fluxo”, no

qual podemos definir

como um estado mental que permite que pessoas

comuns consigam redefinir os limites do possível.

Afirma-se que não há uma diferença essencial entre

um superatleta e uma pessoa comum, no entanto,

o primeiro habituou-se a cultivar um estado de

consciência capaz de ajudá-lo a acessar seu máximo

potencial e fazê-lo aprender mais em menos tempo (que

é o estado de “fluxo”).

O autor se baseia no exemplo de diversos atletas de

esportes de ação e aventura para comprovar a sua tese,

incluindo algumas lendas do esporte, como o escalador

Dean Potter.

Ao construir uma ponte entre o extremo e o

convencional, ele explica como esses atletas utilizam

o estado de fluxo para realizar o inimaginável e como

podemos aproveitar essas informações para acelerar

radicalmente nosso próprio desempenho em qualquer

área de atuação.

FOTOS DE ATIVIDADES

MORRO DAS ANDORINHAS

TRAVESSIA ESPRAIADO X TOMASCAR

CINCO PONTÕES - ES

ESPRAIADO X RAMPA DE VOO DE SAMPAIO CORREIA

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4 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31

área. No dia seguinte a caminhada foi reiniciada às

6:30h, guiada pelo próprio Administrador. O grupo

subiu em direção a Petrópolis, chegando às 8:40h

na rua Bingen e às 10:25h na estação da Estrada de

Ferro, onde hoje se situa o antigo terminal de ônibus de

Petrópolis. Ficaram percorrendo a cidade até às 15:25h

quando embarcaram rumo à “Gare da Leopoldina” no

Rio de Janeiro.

Na viagem de volta, animados pelo sucesso da

excursão e pelas belezas dos lugares percorridos,

provavelmente por iniciativa de Alberto Fleischhauer,

resolveram fundar um clube destinado a fomentar a

prática do excursionismo e a repetição de aventuras

como a que haviam acabado de realizar. Como se lê

no último parágrafo do relatório oficial desta excursão,

que se encontra em poder do CEB: “Que doravante

esse valente grupo de denodados companheiros não

arrefeça, e outras excursões sejam empreendidas com

a mesma resolução e coragem, para o engrandecimento

do Centro Excursionista Brasileiro. Rio 15/5/1919”.

O CEB nasceria oficialmente seis meses depois,

mas já possuía nome, e há 96 anos vem honrando com

determinação o desejo dos seus fundadores.

HISTÓRIA

A caminhada percursora do CEB Por Horacio E. Ragucci

Há pouco mais

de 95 anos uma

caminhada entre Rio

de Janeiro e Petrópolis

deu origem ao

Centro Excursionista

Brasileiro (CEB), o

primeiro clube de

montanhismo do

Brasil.

O primeiro Raid Rio Petrópolis via Represas da

Mantiquira, foi realizado entre os dias 03 e 04 de

maio de 1919, por um grupo de jovens cujas idades

oscilavam entre 18 e 23 anos, num percurso de mais de

60 km, dos quais 50 km foram percorridos no primeiro

dia.

Os participantes da caminhada foram Alberto

Fleischhauer, Alfredo B. Pinho, Isac Cansação, Guilherme

Weiss, Ilton de Oliveira, Benedicto Braga Costa (que

não completou a caminhada), Eschynes Guabyraba

Monteiro, Bruno Moebius, João Magalhães de Carvalho

e Moacyr de A. Leão. Alguns meses depois, quase todos

eles se tornariam os sócios fundadores do CEB.

A aventura começou nas proximidades da Estação

de Madureira às 3:55h, e os animados participantes

percorreram o que hoje são as Avenidas Edgard Romeiro

e Monsenhor Felix, para chegar na Av. Automóvel

Clube, perto da Estação Irajá. Neste ponto a caminhada

começou a seguir o percurso da Estrada de Ferro Rio

D´Ouro, que fora construída para transportar os canos

das adutoras que trazem água para o Rio de Janeiro,

inicialmente desde o Tinguá e posteriormente desde

a área de Xerem/Mantiquira. A caminhada prosseguiu

num ritmo excelente, e às 5:50h os aventureiros

passavam por Pavuna, às 7:00h por Belford Roxo, com

algumas paradas para lanches e descanso. O grupo

chegou às 16:15h às represas da Mantiquira, havendo

percorrido até aqui pouco mais de 50 km num único

dia.

Nas represas, eles ficaram hospedados na casa do

Administrador de Florestas, responsável por aquela

FOTOS DE ATIVIDADES

PEDRA DE ITAOCAIA

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31 5

RELATO

Monte Elbrus: a maior montanha da Europa Por Vinícius Araújo

Depois que comecei a subir montanhas de neve e

gelo, percebi que era uma coisa que gostaria de fazer

cada vez mais na minha vida. Portanto, após a minha

última expedição ao Aconcágua, na Argentina, há dois

anos atrás, já comecei a pensar qual seria a próxima

montanha a fazer. Depois de pensar nos prós, contras e

na minha possibilidade financeira, acabei decidindo por

ir ao Monte Elbrus.

Mas dessa vez, por ser uma montanha que fica

num país aonde nem uma placa de trânsito eu ia

conseguir pronunciar o som da palavra, já que os

russos escrevem usando o alfabeto cirílico, e a logística

seria feita distante das principais cidades do país,

optei por contratar um guia profissional com toda

a infraestrutura de logística necessária para subir a

montanha. Pesquisando na internet, acabei decidindo

ir junto com a Morgado Expedições, que pertence ao

montanhista brasileiro Manuel Morgado, que dentre as

suas façanhas já completou o circuito dos 7 Cumes (que

compreende na chegada ao cume da maior montanha

de cada continente).

O Monte Elbrus é considerado a maior montanha da

Europa, com seus 5.642m de altitude, e se encontra ao

sul da Rússia, praticamente na fronteira com a Geórgia,

na região da Cordilheira do Cáucaso. Ela tem uma

curiosidade em possuir 2 cumes, no qual o mais baixo

é cerca de 20 metros menor.

Como a melhor época para tentar a sua subida é

no verão europeu, optei por ir em setembro. Então,

aproximadamente 6 meses antes da viagem comecei a

intensificar o treinamento para chegar bem fisicamente,

acabei focando em exercícios aeróbicos que aumentasse

a minha resistência física. Por acaso, sempre me adapto

bem a grandes altitudes, então queria garantir que

não iria me faltar perna para subir ao cume. Dentro

da minha preparação, inclui a travessia da Serra Fina,

diversas trilhas à Serra Fluminense, Pedra da Gávea, um

pouco de mountain bike e treino de crossfit durante a

semana.

Meu cronograma de viagem incluía 15 dias entre

ida e volta e começou no dia 07/09/2015.

Depois de um voo de 16 horas, minha primeira

parada seria em São Petersburgo, aonde iria me

encontrar com o Morgado e mais as outras pessoas

que fariam parte da expedição, ter a possibilidade de

comprar algum material de montanhismo a preços

mais acessíveis que no Brasil, além de ser uma cidade

interessante para se conhecer.

Assim que cheguei, fiz uma das coisas mais

importantes durante a viagem: comprei um chip

para usar a internet no celular. Além de poder me

comunicar sem problemas com todo mundo, me salvou

por diversas vezes ao sair pelas ruas e conseguir me

localizar usando o Google Maps para chegar aonde

queria ir sem depender dos outros (já que, assim como

no Brasil, não é qualquer russo que fala inglês direito).

Nessa estadia de 2 dias em São Petersburgo

descobri que estávamos em 23 pessoas, contando o

guia, e que para alguns ali seria praticamente a primeira

montanha que iria fazer na vida (confesso que isso me

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deixou um pouco receoso). Comprei uma lanterna nova

e um capacete e só não comprei uma bota plástica

porque não tinha o meu número (uma pena, já que no

Brasil é bem caro!) e fizemos um city tour pela cidade

que é bem bonita e agradável para se conhecer.

No 4º dia de viagem estávamos embarcando para

Terskol para ter o primeiro contato com a montanha que

queria subir, mas nesse dia ficamos mais em função de

se deslocar e ir para a loja de aluguel de material para

separar o que cada um precisava. No final das contas

só precisei alugar um par de botas plásticas e ainda

comprei um ótimo par de meias especificas para botas

plásticas e uma ótima bala clava. A essa hora já estava

enturmado com o pessoal que estava na expedição, o

clima era de muita descontração.

1º Dia de Montanha: Primeiros trekkings

Acordei cedo para o primeiro dia de aclimatação

para a altitude. O objetivo do dia era fazer um trekking

com deslocamento de 1.000m de altitude, chegando

até 3.000m no topo de uma montanha aonde existe

um observatório astronômico. Foi um dia com tempo

bom e bastou estar vestido com bermuda e camisa. A

caminhada durou o dia todo percorrendo 20km entre

ida e volta. Nesse dia ainda passei a noite no hotel.

No dia seguinte finalmente teríamos o primeiro

contato com o Elbrus. O dia começou com o transporte

nos deixando numa estação de ski-lift (espécie de

teleférico) que nos levaria até 3.300m, o resto do dia

seria uma caminhada leve até 3.600m de altitude que

serviu mais para testar a questão da altitude do que um

treino físico. O visual já é muito bonito no qual já se

pode ver boa parte da cordilheira com suas montanhas

nevadas e assim que termina o ski-lift é possível ver o

Elbrus com seus 2 cumes. A essa altura já começa a

rolar um frio, mas eu ainda era o último a insistir em

estar de bermuda e camisa.

Até este momento todos estavam bem em relação

à altitude (inclusive dei uma acelerada nos passos para

me testar e me senti bem). O fim do dia serviu para

pegar o material que seria alugado e, na volta ao hotel,

o Morgado passar algumas instruções e procedimentos

técnicos de uso da bota plástica, piolet, crampon,

bouldrier e corda solteira. Particularmente, aproveitei

umas dicas sobre a regulagem do crampon.

3° Dia de montanha: Treinamento no Elbrus

No dia em que deixamos o hotel para ficar alojado

nos barrels (contêineres no meio da montanha que

servem de alojamento para os montanhistas), o tempo

fechou e foi necessário me agasalhar pela primeira

vez. Fomos em direção ao ski-lift para entrarmos na

montanha, mas não antes sem comprar umas garrafas

de vodka genuinamente russas para nos aquecer pelos

próximos dias (risos). Fizemos o mesmo trajeto do dia

anterior, mas parecia outro lugar com o tempo todo

fechado.

Cada barrel cabem 8 pessoas, mas foi reservado

para que coubessem apenas 4 pessoas, para não

ficar muito desconfortável. Porém, ao longo dos dias,

vamos nos identificando mais com algumas pessoas e

acabamos ficando em 5 pessoas no mesmo barrel, que

ficou apelidado de “Metralhas” já que erámos os mais

agitados e arruaceiros que ficavam bebendo cerveja

toda noite (risos). Dentro havia um certo conforto

com camas e eletricidade, porém, o banheiro era um

trabalho árduo na casinha do lado de fora.

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Nesse dia fizemos o primeiro trekking

exclusivamente na neve com roupa completa. Foram

300m de desnível em relação aos barrels como parte

da aclimatação, alcançando os 4.000m de altitude, com

o tempo frio, fechado e vento chato. Nesse dia levei

1h20min para subir e 35min para descer, além de 20

min de descanso de intervalo, terminando o dia bem

aclimatado e me sentindo bem.

A essa altitude é muito importante se hidratar

bastante e se alimentar bem. Nos barrels havia uma

estrutura de cozinheiros que preparavam a nossa

alimentação com boas refeições. Mas no fim do dia,

com o frio que estava fazendo era necessário tomar,

pelo menos, uma dose de vodka para esquentar por

dentro (risos).

Na primeira noite dentro da montanha, tive um

pouco de dor de cabeça mas nada grave. Porém, na

manhã seguinte tivemos a primeira baixa do grupo,

com um de nós tendo que voltar para o hotel pois não

se adaptou bem a altitude e tinha alguns indícios de que

se insistisse em ficar poderia evoluir para um edema

cerebral ou pulmonar. E outras pessoas também não se

sentiram bem durante a noite, mas nada que impedisse

de continuar na montanha.

A caminhada do dia tinha um deslocamento de

700m, passando pelo mesmo trajeto do dia anterior (e

naquele dia o trajeto que havia levado 1h20min no dia

anterior já estava sendo feito em 1h, o que me sinalizou

uma melhora na aclimatação) e avançando até os

4.400m, em trechos com boa inclinação. Porém, assim

que chegamos no ponto de voltar rolou um pequeno

stress com relação ao tempo de descanso, já que assim

que cheguei fui ajudar outras pessoas que estavam com

maior dificuldade e quando fui sentar para me alimentar

e me hidratar o guia russo insistiu que já era hora de

descer e eu falei que só iria depois de comer algo, foi

quando ele iniciou a descida e fiquei para trás. Porém,

mal fiquei 5 minutos e sai em direção aos demais que

logo em seguida os encontrei já que o meu ritmo estava

bem mais rápido que o resto do grupo. Mas mesmo

assim ficou um clima meio esquisito, nada muito sério

mas não foi agradável. Talvez por isso, passei uma

noite com dor de cabeça que ficou incomodando até a

hora de dormir. A única forma que usei para tratar da

dor de cabeça foi tomando dipirona e bebendo água.

Até hoje, somente usando dipirona a minha dor de

cabeça acaba cessando e acabei tendo uma boa noite

de sono.

Na véspera do ataque ao cume a ideia é não cansar

muito, então, fomos fazer um treino técnico. Fizemos

uma caminhada de cerca de 1 hora (que a cada dia se

torna mais leve) com um tempo mais aberto que nos dias

anteriores. Chegando ao local de treino fomos divididos

em 3 grupos, onde cada um dos 3 guias (Morgado mais

2 russos) mostraria uma técnica diferente. O primeiro

mostrou como andar com o piolet, tanto uma subida

vertical, uma subida diagonal com ziguezague e a

descida vertical, inclusive mostrando qual é a melhor

forma para segurar o piolet (ponta para trás e segura

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8 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31

com a mão mais próxima da parede). O segundo ensinou

como proceder ao andar conectado com uma corda fixa

na montanha, sempre usando 2 cordas solteiras para

garantir a segurança na troca da corda fixa, enquanto

os passos são dados abaixo da corda e o piolet fixado

no chão acima da corda. E o último ensinou técnicas

de como proceder ao escorregar e cair morro abaixo: a

primeira forma foi frear sem nenhum equipamento, só

usando as botas e as mãos; e a segunda forma foi frear

usando o piolet. Nas duas formas a simulação foi uma

queda de cabeça para cima e o objetivo é girar e ficar

de barriga virada para a montanha para travar a queda.

Foi um dia bem divertido!

O resto do dia aproveitei para me comunicar com

o pessoal do Brasil, já que finalmente tinha descoberto

um local onde havia um sinal de internet, e descansar

bastante para o que vinha a seguir. A noite, o Morgado

veio conversar com todo mundo sobre a estratégia de

subida para cada um. Já que cada pessoa tem um ritmo

diferente para andar, foram separados alguns grupos.

Nessa hora descobrimos que mais 2 pessoas não

tentariam o cume (um por não se sentir bem fisicamente

e o outro não estava bem psicologicamente). Eu acabei

ficando no grupo que começaria mais abaixo de todos

(o snow cat me deixou a 4.700m para o ataque ao

cume, mas tem uma opção de começar o dia a 5.000m),

onde seríamos 9 pessoas guiadas por 3 guias russos,

uma vez que, aparentemente, estávamos melhor

aclimatados que os demais.

6° Dia de montanha: Ataque ao cume

O dia começou às 1:30h da madrugada para às 3:00h

estar pronto para pegar o snow cat que nos levaria até o

início da trilha. Após cerca de 15 minutos de transporte,

começamos a andar às 3:30h e, teoricamente, nós

éramos o grupo mais para trás na montanha. Paramos

para descansar depois de 2 horas subindo um atrás do

outro num trecho com uma boa inclinação, avançando

até 5.000m com tudo escuro e se orientando através

de lanterna. No trecho seguinte, já com a luz do dia,

começamos a ver as primeiras baixas do dia, inclusive

da chilena que nos acompanhava e que bem na minha

frente começou a ter um ataque de falta de respiração

... foi angustiante ver o seu desespero. Até chegar aos

5.300m foram 3 pessoas voltando por sofrer do mal

da montanha, inclusive um dos “metralhas” (fiquei

triste em vê-lo voltando sem cumprir o objetivo final).

Nossa próxima parada ficava no colo da montanha que

separava os 2 cumes do Elbrus e creio que foi o trecho

mais extenuante, já que não paramos para nada. Ali nos

deparamos com uma parede de gelo no trecho mais

vertical da expedição e 2 de nós desistiram, por mais

que tentássemos os convencer do contrário (um deles

chegou a literalmente tremer de frio ao parar de andar

e só parou quando eu e mais um pulamos em cima dele

na tentativa de aquecê-lo).

A essa altura nosso grupo de 9 pessoas já eram

3 grupos (um de 5, outro de 2 e mais 2 voltando).

Depois de um descanso para se alimentar e hidratar

(diferentemente do Aconcágua, desta vez levei água

de um jeito que não fiquei sem, por mais que o meu

hydrat tenha congelado, as outras duas garrafas tinham

água suficiente para a empreitada), começamos a subir

a parede de neve. A essa altura eu estava me sentindo

bem fisicamente, apesar de alguns já estarem próximos

do seu limite físico.

A seguir aconteceria uma das cenas mais chocantes

da minha vida: no meio da parede, ao se aproximar

das cordas fixas, um dos participantes não procedeu

da forma correta e começou a escorregar levando

outro junto, mas após parar alguns metros abaixo, o

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31 9

Morgado os resgatou de volta e começou a rolar uma

discussão que culminou na expulsão deste participante

que escorregou da expedição. Com a negativa em

aceitar que estava fora da expedição, chegou-se a

levantar a questão de cancelar toda a expedição a

partir daquele ponto, mas mesmo assim ele continua

a subir a montanha. Com toda essa confusão formada,

fui chegando perto deles e logo ultrapassando-os para

não me envolver, porém, quando um dos participantes

que estava andando comigo o tempo todo parou para

esperar a confusão diminuir, escorregou parede abaixo.

Eu acompanhei toda a sua queda e olhava incrédulo

que aquilo acontecia, inclusive deu para perceber que

ele tentou utilizar uma das técnicas ensinadas no dia

anterior para travar uma queda, mas não foi suficiente,

até que começou a girar dando cambalhotas, gritar de

desespero, uma bota plástica saiu do pé com polaina

e crampon no meio do caminho, até parar no colo da

montanha a 180 metros abaixo de onde começou a

cair. Ao mesmo tempo o Morgado começou a descer

montanha abaixo para se aproximar dele e por alguma

razão inexplicável (que só fiquei sabendo depois mais

tarde) nada aconteceu com ele, nem mesmo seus

óculos saíram do seu rosto. Na hora a impressão era

que ele deveria estar todo quebrado. É uma cena que

dificilmente esquecerei!

Mesmo com todos esses acontecimentos,

percebemos que o atendimento necessário estava

sendo feito com o acidentado e resolvemos seguir

adiante. Logo em seguida, pouco antes de terminar a

parede, encontramos os 2 primeiros que chegaram ao

cume na sua trajetória de volta. Continuamos andando

até chegar ao fim da parede através das cordas fixas,

aonde pudemos parar um pouco para descansar, se

alimentar e hidratar.

A partir dali, já era a parte final da montanha

(inclusive largamos as mochilas ali mesmo) com um

trecho mais reto. Assim que, finalmente, pude avistar o

cume na minha frente, me deu um arrepio e comecei a

chorar emocionado com o tudo que passava na minha

mente: na última montanha que não tinha conseguido o

cume, no meu tio montanhista que sempre me inspirou

e incentivou, na minha família que estava esperando

notícias e nos dias que passei para estar ali.

Logo em seguida, às 11:30h da manhã do dia

16/09/2015, estava pisando no cume do Elbrus com

seus 5.642m de altitude, o topo da Europa!!! Felicidade

enorme!!! Bandeira do Brasil e do CNM no ponto mais

alto do continente europeu!!! No cume, além de mim,

estavam mais 6 participantes e 3 guias russos. Tiramos

várias fotos e algumas filmagens, porém, a nosso

tempo por lá não pode durar muito tempo e menos de

meia hora depois estávamos no caminho de volta.

A descida foi bem mais tranquila. Porém, o restante

do grupo estava bem cansado e já andava num ritmo

lento, quando ficou combinado que o snow cat iria

resgatar o pessoal na altitude de 5.000m. Como eu

continuava me sentindo bem fisicamente, pedi para

um dos guias me acompanhar para descer até os

barrels andando. No início, o guia relutou mas acabou

aceitando com uma condição: que fosse no ritmo dele.

Aceitei e de início mais dois resolveram descer também,

porém, o ritmo do guia era bem forte e os outros dois

acabaram desistindo, voltando de transporte. Mas eu

queria fazer tudo até o final e após 55 minutos de

descida bem forte, nos deslocamos 1.300m abaixo e

cheguei no barrel completamente suado, mas feliz da

vida. Assim que cheguei fui aplaudido e saudado por

todos que já estavam de volta e foi bem emocionante.

Eram 16:40h da tarde e após 13 horas de caminhada,

estava de volta com a missão cumprida.

No final das contas, das 23 pessoas que iniciaram

a expedição, apenas 9 chegaram ao cume. Dos 5

“metralhas”, apenas 1 não conseguiu chegar.

Após voltar para o barrel, só queria saber de

descansar. Ficamos mais uma noite e na manhã seguinte

começamos o processo de sair da montanha e voltar

para a cidade de Terskol (onde pude tomar um banho

depois de 1 semana só tomando “banho de gato”). O

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10 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31

resto do dia foi só de comemorações e recebimento de

um certificado atestando o feito de cada um. E a noite

foi regada a bastante vodka russa, bem merecida para

todos!

A partir dali ainda fiquei mais 3 dias na Rússia,

voltando para São Petersburgo e visitando Moscou (que

vale a pena conhecer) até voltar para o Brasil.

Mesmo com os percalços, confusões e dificuldades

encontradas no caminho, a viagem foi ótima, consegui

alcançar o cume do Elbrus e ainda fiz vários amigos.

(Participaram Vinicius; Charles; João; Raphael;

Wagih; Katy; Mauro; Ana Paula; Antonio; Rogerio;

Catarina; Diogo; Ivan; Osvaldo; Rejane; Chambô; André;

Ricardo; Durayd; Carlo; Leo; Alaercio; Manuel Morgado;

e os guias russos Sasha; Daniel; Alec)

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31 11

RELATO

Cinco Pontões - ES Por Leandro do Carmo

Meu primeiro contato com Cinco Pontões foi lendo

o livro Horizontes Verticais, de Jean Pierre von der Weid.

Na época, não tive dúvida que estaria lá um dia. O local

é fantástico e formação rochosa é uma das mais belas

do Brasil, quiçá do mundo...

Mas chegar a Cinco Pontões não seria uma das

tarefas mais fáceis. São aproximadamente 570 km,

em quase 10 horas de viagem. Quando se chega lá,

percebe-se que a viajem foi até curta.

Enquanto programava a viagem, descobri que a

família da esposa de um amigo meu era de Laranja da

Terra. Ele nos indicou um lugar para ficarmos, Recanto

da Pedra (vou falar sobre essa excelente hospedagem

mais tarde). O melhor de tudo era que, chegando à

Laranja da Terra, teríamos alguém para nos guiar

até ao ponto onde ficaríamos. Como não tinha muita

referência do local, fiz contato com o Oswaldo Baldin,

montanhista capixaba com algumas conquistas no local

e ele me indicou o mesmo local. Com a data da viagem

e o local da hospedagem definidos, era hora de arrumar

as mochilas!

Tínhamos um grupo definido, mas tive que

antecipar a data da viagem em 1 dia, o que fez algumas

pessoas desistirem. No final, éramos 4: Eu, meu irmão,

meu tio e a Annelise para a missão. Marcamos de sair

no dia 23, sexta feira, às 4 da manhã, assim estaríamos

passando por Campos ainda cedo, o que facilitaria

um pouco, devido ao trânsito dessa cidade. Seguimos

na estrada e fizemos nossa primeira parada no posto

Oásis, antes de chegar a Campos. Primeira parada para

esticar as pernas e seguimos até a segunda entrada

para Cachoeiro de Itapemirim, aos pés da Pedra do

Frade e a Freira. O caminho a partir daí é um espetáculo

a parte. Você vê a Pedra do Frade e a Freira por um

outro ângulo e passa bem próximo da fantástica Pedra

de Itabira, além de muitas outras montanhas.

Seguindo viagem, passamos por placas de algumas

Unidades de Conservação, como Pedra Azul e Forno

Grande, mas essas terão que ficar para uma outra

oportunidade... Cruzamos algumas localidades como

Vargem Alta e Domingues Martins, até que chegamos

a uma que chamou a atenção: Afonso Cláudio. Lá

passamos pelos Três Pontões. Pela foto já dispensa

comentários... Outra na lista das espetaculares

montanhas capixabas! A essa altura, faltava pouco.

Seguimos e chegamos à Laranja da Terra. No pequeno

centro da cidade, liguei para o Fabrício, ele seria o

nosso guia até os Cinco Pontões. Demos uma esticada

nas pernas, afinal de contas já estávamos a mais ou

menos 9 horas na estrada. Seguimos caminho até o

nosso objetivo.

Se não tivéssemos encontrado o Fabrício, teria

sido mais complicado de chegar. Paramos na estrada

para bater algumas fotos e entramos numa estradinha

de chão. O Fabrício ainda nos levou até uns lugares

fantásticos. A vista era coisa de cinema. Sem palavras...

Mas o nosso destino ainda não havia chegado e voltamos

novamente à estradinha de chão. Passamos por alguns

lugares e logo estávamos vendo os Cinco Pontões de

outro ângulo. Continuamos andando até chegarmos ao

Recanto da Pedra. Enfim chegamos!!!

Fomos muito bem recebidos pela Luíza e pelo

Page 12: Boletim CNM 2015-4

12 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31

Antônio. Esticamos as pernas e fizemos um lanchinho

rápido. Da grande varanda do Recanto, podíamos

apreciar a bela vista do Pontão Maior e o 17 de Julho,

além do Pitoco do Alemão. Com 30 minutos de

conversa, já parecia estar em casa. O Recanto da Pedra

é a única hospedagem no local. Toda a família trabalha

no negócio. Além da hospedagem, eles trabalham com

o ecoturismo, fazendo dos Cinco Pontões, a atração

principal.

Como chegamos ainda dia, resolvemos ir ver o por

do sol lá de cima. O Fabrício nos levou até o começo

da escalada do Pico Maior. Assim pudemos conhecer

o caminho que faríamos no dia seguinte para escalar.

Seguimos de carro até onde deu e caminhamos por

mais alguns minutos. Era hora de esticar as pernas. A

trilha está bem definida e limpa. Caminhamos em meio

aos eucaliptos, característica do local. Por sinal, percebi

que as lavouras de café vem dando lugar aos eucaliptos,

talvez pela praticidade. Não sei qual será o impacto

disso no futuro...

Lá do alto dava para ver uma vista bem bonita. As

nuvens e uma nevoa branca prejudicaram um pouco o

visual. O por do sol ficou encoberto, conseguimos ver

somente alguns raios laranja pela lateral de uma grande

nuvem. Segui até a base da escalada. Sabia que havia

sido feita uns degraus, mas não sabia que eram tantos...

No horizonte, vimos a chuva se aproximando.

Aceleramos a descida afim de não nos pegar no

caminho. De lá de cima, o Fabrício se despediu e seguiu

o caminho de volta. Descemos até o Recanto da Pedra e

ficamos conversando até a janta sair. A segunda grande

atração do dia... Aos poucos o cansaço foi batendo

e só nos restou subir e descansar... O dia seguinte

prometia...

Como o dia anterior havia sido bem cansativo,

marcamos nosso café da manhã para as 8 horas. Nosso

objetivo de hoje seria subir o Pontão Maior e descer

até a cangalha e dar uma explorada pelo local. De

barriga cheia partimos para a subida. O dia prometia

ser quente, como os que vinham sendo. Caminhamos

por cerca de 40 minutos até chegar à base da escalada.

Apesar da escadinha e dos cabos de aço, resolvemos

subir encordados. Estávamos eu, meu irmão e a

Annelise. Subi na frente até o primeiro platô e eles

vieram logo em seguida. Dali foram mais dois lances

e logo estávamos no cume. Um 360º fantástico. Hoje o

dia estava mais limpo que o dia anterior.

Estávamos vendo sob outra perspectiva. Ontem

estávamos lá em baixo, agora aqui em cima. O Pico 17

de Julho sobressaía aqui na frente e roubava a cena.

Ainda fiquei contemplando a paisagem olhando até

onde o horizonte permitia, pensando o quão somos

pequenos... Somos apenas três minúsculos pontos

aqui em cima... Como o dia estava mais aberto que o

anterior, o calor, consequentemente, estava mais forte.

O dia limpo cobrava seu preço! Resolvi descer até a

cangalha. Uma estreita passagem para o Pico Gêmeo.

Fixei uma corda extra que havia levado e rapelei até a

base. Foram uns 50 metros. Fui até à base da escalada

do Gêmeo. Com o calor que estava fazendo, essa vai

ficar para a próxima.

Voltei pela corda, e nos preparamos para descer.

Foram dois rapeis de volta até a base. O calor estava

forte e voltamos até o Recanto. Fui direto para a ducha.

A água estava ótima. Não tinha outra coisa a fazer. No

Page 13: Boletim CNM 2015-4

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31 13

resto do dia, curtimos um bom papo, regado a uma

caipirinha especial e como já era de se esperar, uma

maravilhosa janta.

No dia seguinte, devido ao calor, nem subimos tão

cedo. Era dia de evento no Recanto da Pedra. Quase

todo final de semana eles organizam uma subida ao Pico

Maior. Nesse, não foi diferente. Acordamos decididos a

subir a via normal do Pontão Maior. Fomos eu e meu

irmão apenas, a Annelise preferiu ficar na pousada. A

via segue, em seu começo, paralela e a esquerda da

escada e depois da primeira parada, e escada corta a via

e ela passa para direita. Fizemos a caminhada inicial e

logo chegamos à base da escalada.

Na base, nos encordamos e eu segui guiando. A

primeira enfiada foi bem tranquila, com boas agarras,

em um formação rochosa daquelas na qual as agarras

pareciam estar coladas. Algumas quebravam, mas

fazendo um teste antes, dá para seguir tranquilo,

até porque essa via não é das mais complicadas.

Rapidamente cheguei a primeira parada dupla. Meu

irmão veio logo em seguida. Pedi que ele parasse no

grampo abaixo, pois já sairia tirando o fator 2 do crux.

Saí um pouco para a esquerda e toquei pra cima até o

próximo grampo. Subi mais um pouco e cruzei a escada

até o próximo grampo. Daí foram mais alguns grampos

até o cume.

Como no dia anterior, o sol estava fortíssimo. Sem

condições de fazer as outras escaladas. Aproveitamos

a corda do pessoal do rapel e descemos num esticão

só. Aí foi voltar debaixo de um sol escaldante e curtir

uma ducha refrescante no Recanto da Pedra. Ainda

ficamos para o churrasco curtindo o final de domingo

num clima agradável. O tempo foi passando e saudade

já foi batendo.

Já no dia seguinte acordamos bem cedo. Tomamos

um café, nos despedimos e nos preparamos para a

cansativa viagem. O Antônio nos acompanhou pela

estrada de terra para que não errássemos o caminho.

Aí foi dar aquela última olhada pra trás e seguir com

um sorriso de satisfação e um coração apertado, já

consumido pela saudade... Valeu Cinco Pontões!!!!!

Page 14: Boletim CNM 2015-4

14 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31

CROQUI

Regrampeação no Bananal Por Leandro do Carmo

No dia 19/12/2015, debaixo de um sol forte, iniciamos a troca dos grampos de Bananal por Titânio.

Regrampeamos a via Aresta Troll Pai Troll Filho e os grampos de top rope da Bromibondo. Ao todo, foram 12

grampos substituídos. Nessa primeira fase, trocaremos 20 grampos.

Todo o material está sendo doado pela FEMERJ. O dia contou com a participação de: Kika Bradford e Delson de

Queiroz da FEMERJ e Leandro do Carmo, Ary Carlos, Marcos Duarte e Alexandre Rockert por parte do CNM.

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31 15

A diretoria de meio ambiente e a representação no

Conselho Consultivo do CNM, nas figuras de Stephanie

Maia e Eny Hertz, respectivamente, vem trabalhando em

parceria e desenvolveram uma série de ações dentro do

Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) no ano de

2015, especificamente, na trilha de acesso à Enseada

do Bananal/Costão, na área da Enseada do Bananal,

no Bloco Principal do Campo Escola e na subida do

Costão. Vale ressaltar que as atividades relacionadas

abaixo são resultado de concepção e execução coletiva

de sócios do clube, membros da diretoria, equipe da

gestão do PESET e outros voluntários, tais como grupo

de escoteiros.

Em janeiro, demos início a um mutirão para a

retirada de capim colonião da área da Enseada do

Bananal, na qual existe um campo escola de escalada (C.

E. Helmult Heske). Entre os meses de janeiro e fevereiro,

em 6 ações, conseguimos retirar o capim de toda a área

demarcada. Esse projeto é de longo prazo e realizamos

a manutenção da área a cada mês, monitorando o

crescimento do capim e o desenvolvimento de mudas

plantadas na área. Ainda em janeiro, tivemos uma

reunião com o PESET para tratarmos da utilização

do espaço onde funciona o núcleo de prevenção a

incêndios (NUPIF), e em fevereiro inauguramos a sede

de Montanha CNM no NUPIF.

Em março promovemos plantio de mudas nativas

na área através de atividade com o CNMirim, na qual

crianças plantaram mudas de plantas. As espécies

foram selecionadas a partir de pesquisa e consulta a

especialistas e as mudas foram doadas pelo PESET.

No mês de abril, demos continuidade ao mutirão

no Bananal e dessa vez promovemos uma atividade

paralela, a remoção de pichações nas rochas no mesmo

local. Participamos também do primeiro encontro do

ano da Câmara Técnica de Turismo e Uso Público do

PESET, e começamos a idealizar um projeto para a

conservação da vegetação do topo do bloco principal,

para tanto, fizemos visitas técnicas para a análise do

impacto ambiental do uso Bananal.

Em maio promovemos outra atividade do CNMirim

para plantio mudas na parte baixa da Enseada do

Bananal, na mesma ocasião removemos mais pichações

e retiramos lixo, fizemos o manejo da trilha, melhorando

a sinalização e fechando atalhos com barreiras feitas de

bambu.

Em junho fizemos a manutenção das barreiras para

a troca de arames por sisal, onde a amarração precisou

ser feita em vegetação viva. Em julho, fomos apoiadores

do II Encontro Fluminense de Uso Público em Unidades

de Conservação, realizado pelo Departamento de

Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Participamos da reunião do conselho consultivo do

PESET. Fizemos uma reunião interna para discutir temas

como: Câmara Técnica de Montanhismo, representação

de praticantes de rapel, proposta de mutirões etc.

Elaboramos o projeto ambiental para o bloco principal,

visando proteção e recuperação do local.

Em agosto entregamos certificados de participação

no mutirão, aos escoteiros do 64º Grupo de Escoteiro

Professor Lourival Gomes de Andrade (GELGA) que

participaram do plantio de mudas em março. Fizemos

uma reunião com a administração do PESET para

mostrarmos o projeto para o bloco principal. Fizemos

duas visitas técnicas no Bananal: uma na área baixa

para marcamos a área para fechamento com barreira

e outra no topo do Bloco Principal do Campo Escola

Helmut Heske.

Em setembro fizemos a primeira reunião com

operadores de rapel para a criação do Grupo de

Trabalho Rapel e para apresentamos o projeto de

preservação do bloco principal no Campo Escola

Helmut Heske. Realizamos duas atividades ligadas ao

movimento mundial da Montanha Limpa, o mutirão com

os escoteiros do GELGA para cercarmos a área baixa

da Enseada do Bananal e remoção de pichações no

Bananal.

Em outubro participamos da reunião com o

Conselho Consultivo do PESET e da reunião com o GT

Rapel. Também participamos da elaboração de um

calendário de ações nas trilhas Costão/ Bananal para

o primeiro semestre de 2016 que será executado em

AMBIENTE

Ações da Diretoria de Meio Ambiente em 2015 Por Stephanie Maia, Annelise Vianna e Eny Hertz

Page 16: Boletim CNM 2015-4

16 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31

parceria com o PESET. No mesmo mês promovemos

uma atividade educativa de integração e sensibilização

com alunos da quinta série do colégio PLUZ, ao longo

da trilha para o Marco Zero (Costão e Bananal).

Em novembro participamos da reunião da CT

Turismo e Uso Público. E em dezembro participamos

da comemoração do 24º aniversário do PESET, da

reunião da CT Turismo e Uso Público e do Conselho

Consultivo do PESET. Na Enseada do Bananal, fizemos

a manutenção do cercamento, acrescentando arame

às amarrações de sisal que estão começando a se

deteriorar. Além de todas as atividade desenvolvidas

no PESET em 2015 e as previstas para 2016, estamos

preparando atividades de manejo de trilhas no PARNIT

(Parque da Cidade), este liderado por Alex Figueiredo.

Calendário 2016 – Atividades CNM:

Com o objetivo de garantir que o clube tenha

algumas atividades no próximo ano no qual possamos

reunir o máximo possível de sócios do CNM para passar

um dia ou um final de semana ou um feriado de muita

trilha, escalada e/ou acampamento, sempre no melhor

clima de descontração, a Diretoria do clube montou as

seguintes atividades de 2016:

1) 25/03, 26/03 e 27/03 - Lumiar (Rafting) +

Sana (Peito do Pombo e cachoeira)

2) 30/04 e 01/05 - ATM Urca

3) 14/05 - ATM PARNASO

4) 18/06 e 19/06* - Parque Estadual dos Três

Picos

5) 16/07 e 17/07* - Parque Nacional de Itatiaia

6) 27/08 e 28/08 - Pedra do Sino

7) 10/09 e 11/09* - Parque Nacional do Caparaó

8) 20/11 - Invasão de Itacoatiara

* Com provável saída de Niterói na noite anterior.

As atividades estão sujeitas a alterações na data

ou de cancelamento em caso de condições climáticas

desfavoráveis.

Em 2015, conseguimos juntar mais de 30 pessoas

em algumas atividades. Mas o mais importante foi poder

desfrutar de diversos lugares junto com as pessoas do

CNM, que a cada dia fica maior.

FIQUE DE OLHO

Calendário de 2016

ATM PARNASO

Page 17: Boletim CNM 2015-4

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31 17

ARTIGO

Porque está lá! Por Enny Hertz e Annelise Vianna

Por que está lá! Provavelmente a mais famosa

frase que um escalador falou em todos os tempos. O

inglês George Herbert Leigh Mallory deu esta resposta

para jornalistas que o questionavam porque ele tentou

tantas vezes chegar ao topo do mundo, do Everest.

Monte Everest 8.848m

O nome Nepalês é Sagarmatha (Deusa Mãe do Céu),

nome Tibetano é Chomolungma (Deusa Mãe da Terra”).

O nome Everest foi uma homenagem ao governador-

geral da Índia Colonial Britânica, sir George Everest.

Radhanath Sikdar, um matemático e topógrafo indiano

de Bengala, foi o primeiro a identificar o Everest como

a montanha mais alta do globo, de acordo com seus

cálculos trigonométricos em 1852. Alguns indianos

pensam que o pico deveria ser chamado Sikdar, e não

Everest. Até 1856 era conhecido como Monte XV.

Apesar de sua altura, não é o mais afastado

do centro da Terra. Esta honra pertence ao Monte

Chimborazo, nos Andes, com 6,268 metros.

A escalada em alta montanha pode envolver

conhecimento de diferentes técnicas, pois pode

haver numa mesma expedição trechos de neve, gelo,

boulders, terra, planos horizontais e muito inclinados,

proteções fixadas (escadas, cordas) ou móveis. Exige

muito preparo físico específico para esta atividade.

O Mal da Montanha, ou hipobaropatia (Acute

Mountain Sickness - AMS) é uma condição patológica,

relacionada com os efeitos da alta altitude, da baixa

pressão do oxigênio, que produz vários sintomas que

podem comprometer a segurança do montanhista.

Acima de 2.000m a saturação de oxigemoglobina

no sangue começa a cair. O Mal da Montanha ocorre

normalmente acima dos 2.400m.

Podemos definir as Zonas:

Alta altitude de 1.500m a 3.500m;

Muita Alta Altitude de 3.500m a 5.500m;

Extrema Altitude acima de 5.500m.

Quanto mais alta, maior o período de adaptação.

Sendo que adaptação ocorre somente até 8.000m.

Acima disto, é chamada de Zona da Morte, pois o corpo

literalmente começa a morrer. Acima de 7.000m o corpo

começa a se auto digerir. Não há nenhuma habitação

permanente acima de 6.000m.

Nota: alguns já consideram Zona da Morte acima

de 7.500m.

Há dois métodos para escalar altas montanhas: a

mais comum é a de subir cada vez mais alto, voltando

sempre para um dos locais mais baixos (campo-base),

várias vezes durante as semanas que precedem a subida

ao topo; outro jeito é de subir tudo e voltar o mais rápido

possível, poucos se adaptaram a este sistema. Para se

ter uma noção da importância da adaptação, caso você

saísse do nível de 2.000m e subisse de helicóptero a

6.000m, você morreria em poucos minutos.

Alguns pontos altos do planeta:

Branco (M. Blanc), França/Itália - 4.808m

Elbrus, Rússia - 5.642m

Kilimanjaro, Tanzânia - 5.895m

Aconcágua, Argentina/Chile - 6.962m

Annapurna, Nepal - 8.091m

K2, China/Paquistão - 8.611m

Subir ao topo do mundo não é a mais perigosa das

escaladas: K2 (48 sucessos, sendo que 32 em 2014),

Annapurna (dos 150 que tentaram, 53 morreram),

Monte McKinley (também conhecido como Denali,

apesar de ser mais baixo que o Everest, apresenta o

clima parecido com este) e Monte Washington (o vento

mais forte registrado na Terra, 372Km/h; no Everest já

foi registrado 330Km/h). Estes são alguns locais que

exigem uma logística perfeita para o escalador poder

contar a história depois.

Algumas situações perigosas em alta montanha:

White Out: Quando tudo em volta do montanhista

fica branco, não há diferença entre a neve e a nuvem,

não há horizonte, não há limites, e a pessoa que está

perto de você, simplesmente desaparece. A nevasca

FIQUE DE OLHO

Calendário de 2016

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18 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31

repentina cobre as marcas da “trilha” de subida.

Caught Out: Antes de chegar ao acampamento, a

noite cai, e a temperatura despenca. As lanternas nunca

são fortes o suficiente para ajudar no trajeto de volta.

Hipotermia: Os montanhistas dizem que o frio

insuportável vem de dentro dos ossos. Os dedos não

são sentidos. É importante manter-se em movimento

o tempo todo. Caso não esteja bem equipado pode

ocorrer o congelamento de parte ou de toda mão, do

pé, do nariz, da face (dos extremos). Depois que a

extremidade congela, mesmo que se recupere todos

os movimentos, esta parte ficará mais sensível ao

congelamento para o resto da vida. Alguns, em algum

momento, passam a sentir um calor imenso e tiram

todos os casacos e roupa térmica, piorando a situação

da hipotermia, congelamento das extremidades. No

Everest a temperatura pode cair até -62°C.

Queimaduras de sol: A neve reflete muito a luz

do sol, podendo ocorrer queimaduras no céu da boca,

na parte de baixo do nariz ou nos olhos (provocando

cegueira temporal);

Exaustão: O escalador dá um passo, respira umas 4

vezes, dá outro passo, respira outras 4 vezes. Ou seja

passo a passo!

Alguns sintomas do Mal da Montanha relatados no

Everest:

- Dores de cabeça fortíssimas, como pontadas de

prego no cérebro;

- Falta de apetite, vômito - Ficando desnutrido;

- Insônia;

- Tonteira;

- Confusão mental / desorientação - resultados

pela falta de ar, que provoca muitos erros banais, o

somatório deles pode acabar levando a um acidente

fatal: esqueceu de colocar o grampão (morreu), subiu

uma escada antes da segurança ser posta, não fechou

corretamente o cinto de segurança (Marty Hoey morreu),

ou seja, o montanhista não segue os procedimentos

básicos de segurança. Há relatos que o escalador para

de se mexer, vira estátua, dá branco no cérebro.

- Edema periférico - Face, mãos e pés incham;

- Horas sem dormir, sem comer e sem água, pois a

que você leva congela;

- HAPE High-Altitude Pulmonary Edema - Pode

ocorrer a partir de 1.500m. É a maior causa de mortes

em alta montanha. Sintomas: fluido no pulmão,

congestão, tosse, dificuldade em respirar mesmo em

repouso e febre;

- HACE High-Altitude Cerebral Edema - O cérebro

incha com os próprios fluidos. Sintomas: febre,

fotofobia, desmaio, confusão mental e batimento

cardíaco rápido;

- Tanto o HAPE quanto HACE são fatais. Em ambas

as situações é preciso descer o mais rápido possível.

Um trabalho demorado:

É muito importante manter-se hidratado. Porém o

corpo humano não consegue se hidratar digerindo a

neve. Na Praia Vermelha, na cidade do Rio de Janeiro,

a água ferve aos 100ºC, já no Pico da Tijuca, que está

a 1.000m acima do nível do mar, a temperatura de

fervura cai para algo em torno de 98,3ºC, e em 3.000m,

Pico da Bandeira, fervemos a água em 90C. Ou seja a

água ferve mais rápido numa temperatura mais baixa.

A temperatura para ferver a água cai 1°C a cada 294m,

porém, isto só se torna perceptível acima de 610 m. Isto

ocorre por que o ar vai rareando conforme sua altura, e

com isto há menos pressão.

Mas para cozinhar um ovo, precisamos de mais

tempo. Como são o tempo e a temperatura que

cozinham um ovo, e sabemos que na química tudo

precisa manter-se estável, se temos menos temperatura

precisaremos de mais tempo.

Outro aspecto importante a ser observado é que a

água evapora mais rápido nas altas montanhas.

Voltando a pergunta: Porque escalar o Everest?

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31 19

Alguns outros motivos relatados em diversos livros,

entrevistas: estar no topo do mundo, ser uns dos poucos

a chegar no topo do mundo, ser visto pela família como

um herói por ter chegado ao topo do mundo, ser o/a

primeiro/a de seu país, de sua idade, obsessão, vício,

sonho de criança!

Os que estiveram no cume do Evereste afirmam que

o preço é muito alto, mas nada se compara em estar lá!

Há 2 janelas por ano que possibilita a subida

ao cume, que ocorrem quando o vento (Jet Stream)

modifica. Uma é na primavera, de abril a maio (melhor

época) e a outra é no outono, de setembro a outubro.

Desde 1922, diversas tentativas de escalada até o

topo foram feitas.

Primeira ascensão com sucesso em 1953, Hillary e

Norgay.

Em 16 de maio de 1975, Junko Tabei tornou-se a

primeira mulher.

A primeira ascensão sem oxigênio foi feita por

Reinhold Messner e Peter Habeler em 1978.

Em 1980, Messner efetua a primeira ascensão

solitária.

Em 25 de maio de 2001 Erik Weihenmayer tornou-

se o primeiro alpinista cego a atingir o topo.

Mais de 4.000 pessoas chegaram ao topo uma vez.

E quase 3.000 chegaram ao topo diversas vezes.

Algumas grandes ajudas no Everest:

Todo início de temporada é preciso prender as

escadas e cordas fixas que ajudarão os montanhistas.

A tarefa dos sherpas contratados é de levar os

equipamentos, prender as escadas, fixar as cordas,

montar barracas, cozinhar. Eles não são orientados

para resgatar ninguém, pois não possuem treinamento

para tal.

A ajuda do uso de tanque de oxigênio (O2)

é questionável. Mas muitos pensam que se os

montanhistas quiserem ter maiores chances de sucesso

devem usar O2. Os contra afirmam que o O2 ilude

perigosamente os montanhistas.

Todos estes itens facilitam pessoas não tão bem

preparadas a estarem nesta atividade de altíssimo risco.

Desastre:

Durante a temporada de escalada de 1996, 19

pessoas morreram durante a tentativa de chegar ao

cume, sendo o terceiro maior número de mortes num

ano. Em 10 de maio uma tempestade impossibilitou

muitos alpinistas, que estavam próximos ao cume (no

escalão Hillary), de descer, matando oito pessoas em

um único dia.

Geralmente os acidentes ocorrem ao descer:

porque é o mais perigoso! O montanhista já “alcançou”

seu objetivo, mas está exausto, faminto, sedento e a

noite as vezes chega.

Vários livros sobre o acidente podem ser

encontrados nas livrarias: No Ar Rarefeito de Jon

Krakauer, A Escalada de Anatoli Boukreev, Deixado

para Morrer de Beck Weathers, After the wind de Lou

Kasischke, Climbing High, A Woman’s Account of

Surviving the Everest Tragedy de Lene Gammelgaard,

entre outros.

Neste ano mais um filme sobre o terceiro pior

acidente no Everest foi lançado. O filme “Everest”, foi

baseado na experiência de Beck Weathers. O filme “No

Ar Rarefeito” foi baseado na de Jon Krakauer. Na internet

podemos encontrar diversos filmes e documentários

sobre o mesmo acidente. Os escaladores foram

surpreendidos por uma nevasca durante a descida, a

maior parte deles ficou presa em meio a ventos de 130

km/h e uma temperatura de -51° C.

Para entender um pouco das razões das diversas

mortes é preciso ler vários relatos e filtrar as emoções

que mascaram os fatos.

Cada cliente daquela expedição da Adventure

Consultants, pagou em torno de 65 mil dólares. Nesta

equipe de Rob Hall, estava o jornalista Jon Krakauer e

na equipe Mountain Madness de Scott Fischer, estava

a colunista Sandy Pittman. Esses clientes seriam o

passaporte para a Publicidade!

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20 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31

Alguns apontam que este fato é extremamente

importante, pois pode ter influenciado algumas

decisões de liderança. O montanhista Doug Scott após

ir ao Evereste escreveu: “Ficar cego por sua ambição,

pode te levar a problemas.”

Pontos a serem analisados no desastre de 1996:

- O governo Nepalês deu permissões para 11

expedições de diversos tamanhos naquele ano,

bem mais que nos outros, que era limitado a 4. Os

acampamentos estavam sempre cheios. Muitos não

tinham experiência em alta montanha, nem com os

equipamentos de escalada alpina;

- 34 montanhistas estavam subindo ao topo no dia

10 de maio de 1996;

- Nenhum cliente de Hall havia escalado acima de

8.000m;

- Liderança: em alguns momentos ninguém

questionou uma decisão questionável - quem vai (alguns

já estavam com problemas de saúde), qual dia de subida

(o clima não era favorável), o melhor horário de saída,

manter o retorno na hora decidida previamente, etc;

- A máscara usada pela expedição Adventure

Consultants era antiga, do tempo da guerra do Vietnam;

- O guia assistente Andy Harris apesar de ter

certificação internacional (IFMGA) nunca tinha subido

nada acima de 6.700m. O guia assistente Mike Groon

comentou que não se sentia confortável em ser

assistente nesta expedição. Estes guias não tinham

experiência em liderança no Everest;

- Hall, Harris e Groon nunca tinham trabalhado

juntos;

- Hall deixou Weathers parado num ponto acima

do acampamento 4. Atitude bem questionável, já que

quando paramos no frio, nossa temperatura interna

diminui, nosso corpo para proteger os órgãos vitais,

não envia sangue para as extremidades, congelando-as.

Weathers não morreu por sorte, mas perdeu as duas

mãos e a ponta do nariz;

- Fischer desceu com um cliente que estava com

mal da montanha, subindo imediatamente depois para

encontrar com os outros clientes sem descanso;

- O guia assistente Anatoli Boukreev optou em

atingir o topo sem O2, precisando voltar rápido para

o acampamento, não podendo assistir nenhum cliente;

- Os dois principais líderes ficaram atrás na maior

parte do tempo e os guias assistentes não assumiram

algumas decisões vitais;

- Não foram previamente fixadas as cordas no

Balcony, com isto houve um atraso de quase 1 hora;

- O sherpa líder da Mountain Madness carregou

muito peso entre os acampamentos, eram os

equipamentos para transmissão da coluna jornalística

de Pittman e que no dia do ataque ao cume este mesmo

sherpa short-roped Pittman. Ele não estava na frente de

todos para fixar a corda no paredão Hillary junto com

o sherpa da outra expedição. Com isso, alguns clientes

que tiveram que fixar as cordas, ocasionando um atraso

em torno de 1 hora e meia;

- Com a desorientação mental, Andy acreditou

que os cilindros de O2 na base do Hillary (para uso

na volta) estavam vazios, alguns desceram sem esta

ajuda importante. E Harris ao auxiliar Krakauer em vez

de diminuir o fluxo de ar como pedido pelo jornalista,

aumentou, com isso o seu estoque de ar acabou antes

do planejado;

- A hora de retorno segura fixada foi a de 14:00h.

Em torno das 14:30h poucos perceberam que uma

tempestade se aproximava rapidamente. Alguns

continuaram a subir. As 15:00h a neve começou a cair,

começou a cobrir as cordas fixadas e as pegadas da

subida que poderiam ajudar o retorno e a luminosidade

despencou. Alguns alcançaram o topo somente depois

das 16:00h. As 17:30h a nevasca estava muito forte,

com ventos de 112 km/h.

Krakauer concluiu que a desnutrição, a

desidratação, a exaustão (até 56 horas sem dormir) e

a falta de oxigênio provavelmente induziram a decisões

que provocaram os erros fatais.

Criticar as decisões feitas em alta montanha,

estando sentado num sofá e ao nível do mar, é muito

fácil.

Muitos condenam as expedições comercias, pois os

organizadores destas aceitam levar ricos clientes para

locais que não estão preparados para se virarem sem

liderança, caso necessário. Muitos acreditam que para

subir a alta montanha a pessoa deveria ser capaz de

fazer sozinha!

Até o final de novembro de 2015 cerca de 7.000

pessoas tentaram alcançar o topo, em torno de 250 não

retornaram da aventura, sendo que destas, em torno de

50% morreram depois de atingir o cume. Uma em cada

Page 21: Boletim CNM 2015-4

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31 21

quatro/cinco pessoas morre descendo após o topo. A

maior parte na Khumbu Ice Fall.

Lendo sobre o acidente, podemos pensar em

algumas questões:

Imprevisto - Incidente - Acidente

Negligência - Imprudência - Imperícia

Imprevisto - qualquer evento não planejado, não

desejado que poderá alterar o curso da atividade. A

atividade sendo alterada, o imprevisto pode causar ou

não algum trauma.

Incidente - o imprevisto que não causa trauma.

Acidente - o imprevisto que causa trauma.

Geralmente um acidente ocorre como somatório de

vários incidentes.

Negligência: Na negligência, alguém deixa de tomar

uma atitude ou apresentar conduta que era esperada

para a situação. Age com descuido, indiferença ou

desatenção, não tomando as devidas precauções. Ou

seja há desleixo, descuido, desatenção, menosprezo,

indolência, omissão ou inobservância do dever, em

realizar determinado procedimento, com as precauções

necessárias.

Imprudência: A imprudência, por sua vez, pressupõe

uma ação precipitada e sem cautela. A pessoa não deixa

de fazer algo, não é uma conduta omissiva como a

negligência. Na imprudência, ela age, mas toma uma

atitude diversa da esperada. Ou seja falta de cautela, de

cuidado, é mais que falta de atenção, é a imprevidência

acerca do mal, que se deveria prever, porém, não previu.

Imperícia: Para que seja configurada a imperícia é

necessário constatar a inaptidão, ignorância, falta de

qualificação técnica, teórica ou prática, ou ausência de

conhecimentos elementares e básicos da profissão. Ou

seja falta de técnica necessária para realização de certa

atividade.

Volto a pensar: Uma história para contar! De que

adianta chegar ao topo se não volta para contar sua

história?

Boas Escaladas!

REUNIÃO SOCIAL DE NOVEMBRO

TRILHA DO MOURÃO

FILMES DE MONTANHA

BANANAL

Page 22: Boletim CNM 2015-4

22 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31

FOTOS DE ATIVIDADES

BANANAL

PICO DA LAGOINHA

BANANAL

SERRA DA CHUVA - ESPRAIADO

PATA DE GATO

PICO DA LAGOINHA

CAMINHADA DE NATAL - PEDRA DE ITAOCAIA

PÃO DE AÇÚCAR VISTO DO MORRO DO MORCEGO

Page 23: Boletim CNM 2015-4

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31 23

DIVERSOS

Programa CNMais Vantagens Por Leandro do Carmo

Olá Pessoal,

Demos início a um programa de descontos e

benefícios para sócios do clube. São lojas especializadas

em artigos esportivos, descontos em parques, e muito

mais. Confira a relação abaixo:

Makalu Sport - a partir

de 10% nas compras a

vista ou no cartão de

crédito, mas somente

com a apresentação da

carteirinha.

End: Tijuca - Rua Conde

de Bonfim, 346 Loja 208

Centro - Av Rio Branco, 50 Sobreloja.

Loja Adventura

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compras a vista na Loja

Adventura. End. Rua 13 de

Maio, 47, sl 102, Centro,

Rio de Janeiro.

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pernoites no Refúgio

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Gratuidade na descida

do bondinho do

Morro da Urca após

as 18:00. Obrigatório

a apresentação da

carteirinha.

7 vagas permanentes nas

áreas de camping do Açu

e do Sino disponíveis para

clubes do Rio. Verificar

disponibilidade com a

direção do clube. Isenção

de taxas para Guias do Clube, mediante apresentação

da carteirinha nas portarias do parque.

Ajude o nosso programa a crescer! Indique lojas,

serviços e etc.

Juntos construiremos um clube forte! O CNM SOMOS

TODOS NÓS!!!!!

Foram 6 novos sócios desde 01/10/2015!!! Abaixo a

relação deles! Sejam bem vindos!

Alcimar Ferreira Rodrigues

Bruno Guilherme Aguiar Freitas

Luis Andre Neves Galvao

Katia Gomes de Lima Araujo

Flavia Santos Figueiredo

Felipe Dias

Churrasco de Final de anoNo dia 05/12 fizemos um churrasco para encerrar

a temporada. Juntos com os amigos do Centro

Excursionista Light – CEL, levamos mais de 60 pessoas à

casa do Marcos Lima. Os dias anteriores foram de chuva,

mas São Pedro deu uma trégua para que pudéssemos

confraternizar. Não deu para escalar, mas teve muita

gente nas trilhas da região. Um grande dia!

Olha quem está chegando!

Page 24: Boletim CNM 2015-4

24 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 31

AvisosREUNIÕES SOCIAIS

As reuniões sociais do CNM são realizadas sempre na primeira quinta-feira de cada mês ím-par e na primeira quarta-feira de cada mês par, às 19:30h, em local a ser definido e divulgado.

Os encontros acontecem em clima de total descontração e informalidade, quando os só-cios e amigos do CNM aproveitam para colocar a conversa em dia, trocando experiências, rela-tando excursões e vivências ou, simplesmente, desfrutando a companhia de gente simpática e fraterna.

Periodicamente acontecem reuniões e se-minários técnicos com o intuito de possibilitar maiores detalhes e informações atualizadas aos sócios e interessados.

Informem-se sobre os temas das palestras técnicas e reuniões acessando o site: www.nite-roiense.org.br

Compareçam e sejam muito bem vindos!!!

EXPEDIENTE

CNM – CLUBE NITEROIENSE DE MONTANHISMOInício das Atividades em 26 de Março de 2003Fundado em 20 de Novembro de 2004Website: www.niteroiense.org.bre-mail: [email protected]: 98608-1731(Leandro do Carmo)

Presidente: Leandro do CarmoVice: Vinícius Araújo Tesoureiro: Leonardo Carmo

Secretário: Alexandre RockertDiretoria Técnica: Ary CarlosDiretoria Social: Patrícia GregoryDiretoria Ambiental: Stephanie Maia

Conselho FiscalEfetivos: Adriano de Souza Abelaria Paz; Andréa Rezendo Vivas; Alex Faria de Figueiredo; Suplente: Denise Gonçalves do Carmo

Representante do CNM no PESETTitular: Eny HertzSuplente: Leonardo Carmo

Informativo Nº 31: As matérias aqui publicadas não representam necessariamente a posição ofi-cial do Clube Niteroiense de Montanhismo. Res-saltamos que o boletim é um espaço aberto a todos aqueles que queiram contribuir. Envie sua matéria para [email protected]. Partici-pe!!!

Calberto Coutinho 13/out

Vitor Hotz 13/out

Cynthia França 20/out

Mariana Silva 21/out

Beatriz Marques 10/nov

Carlos Manhães 13/nov

Paulo Ruas 14/nov

Camila Pinto 20/nov

José Eduardo 20/nov

Simone Marize 22/nov

Vander Silva 01/dez

Renato Maciel 08/dez

Marco Antonio 21/dez

Flavia Santos 23/dez

Nathalia Amorim 24/dez

Camila Manzano 30/dez

Edição e Diagramação:- Eny Hertz- Leandro do Carmo

Revisão Ortográfica:- Vinícius Araújo

Adriano Paz - C T

Alan Marra - C E T

Alex Figueiredo - T

Andrea Rezende - C T

Ary Carlos - E T

Diogo Grumser - T

Eny Hertz - E T

Leandro do Carmo - E T

Leandro Collares - E T

Leandro Pestana - C E T

Leonardo Carmo - T

Luiz Alexandre - E

Mauro de Mello - E T

Vinícius Araújo - T

Vinicius Ribeiro - C

CORPO DE GUIAS

IMPORTANTE!

A Presidência do CNM é soberana em qual-quer assunto relacionado com o CNM e seus as-sociados.

A Diretoria Técnica é soberana em qualquer assunto técnico relacionado aos associados e aos guias do CNM.

E - ESCALADAT - TRILHASC - CICLISMO

ANIVERSARIANTES