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Boletim Informativo Clube Niteroiense de Montanhismo Ano IX – número 20 Niterói, março de 2013 Fundado em 20/11/2004 • Excesso de Hidratação • • Excesso de Hidratação • • Acesso às Montanhas Fluminenses • • Acesso às Montanhas Fluminenses • • Mulheres na Montanha • Freios na Escalada • • Mulheres na Montanha • Freios na Escalada • • Pedalar na Contra-Mão? • • Pedalar na Contra-Mão? • PICO DO PAPAGAIO PICO DO PAPAGAIO ILHA GRANDE – RJ ILHA GRANDE – RJ CBE 2013 CBE 2013

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Boletim InformativoClube Niteroiense de MontanhismoAno IX – número 20

Niterói, março de 2013Fundado em 20/11/2004

• Excesso de Hidratação • • Excesso de Hidratação • • Acesso às Montanhas Fluminenses • • Acesso às Montanhas Fluminenses •

• Mulheres na Montanha • Freios na Escalada • • Mulheres na Montanha • Freios na Escalada • • Pedalar na Contra-Mão? •• Pedalar na Contra-Mão? •

PICO DO PAPAGAIOPICO DO PAPAGAIOILHA GRANDE – RJILHA GRANDE – RJ

CBE 2013CBE 2013

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É sempre estranho e, para muitos, doloroso quando ouvimos sobre algum acidente na montanha.

Geralmente ou conhecemos a vítima, ou temos algum amigo que conhece.

A comunidade de montanhismo sempre está atenta aos casos de acidente (felizmente raros) que ocorrem no nosso meio, para avaliarmos o que houve, que procedimen-tos foram seguidos, os que não foram seguidos, enfi m, os erros e acertos que ocorreram para que isso não se repita.

Mas temos que ter em mente que o nosso esporte, o nosso modo de vida, envolve riscos. Fazemos o possível e o impossível para que não ocorra. Treinamos, conversamos, estudamos, etc e, quando ocorre, fazemos o possível para auxiliar a(s) vitima(s), se isto estiver ao nosos alcance.

Entretanto, tenhamos sempre em mente que o risco existe (e em verdade, adoro esse risco), e tenhamos a res-ponsabilidade de assumir esse risco! Na época do acidente da Via CEPI, em diversas listas de e-mails, notei que indi-víduos, de forma lastimável, em minha opinião, estavam procurando culpados pela morte do escalador Bruno.

Na maior parte das vezes não existe um culpado, além de nós mesmos. As causas do acidente geralmente são um conjunto de fatores. Mas não podemos nos esquecer que ao irmos para a montanha assumimos este risco e, neste caso, é problema nosso!

Agora, o ponto negativo da afi rmativa “assumimos este risco e, neste caso, é problema nosso!” é que isso nos leva, por vezes, a não seguir procedimentos de seguran-ça básicos, que achamos, pelo nosso treino, competência e nível de excelência, por vezes, secundários. No caso do acidente do Bruno, as evidências apontam uma queda de 70 metros; o que é quase incomum; sobretudo, quando se-guidas as melhores práticas de segurança no montanhismo. Na via CEPI, especifi camente, existem muitos grampos em toda sua extensão. Em geral, em escaladas em vias com este perfi l, uma queda tão acentuada é muito improvável de acontecer caso os escaladores estejam cumprindo com os procedimentos de segurança.

Ao analisarmos os acidentes, algumas vezes desconfi o que a culpa seja do nosso EGO, que nos faz abrir mão da segurança, para se chegar mais rápido ao topo. Isso é muito perigoso e pode causar mais acidentes do que uma rara falha de material.

Fica a lição, jamais troquem segurança por velocidade na escalada/caminhada, cuidem de seu companheiro e cui-dem de seu equipamento.

Mas quanto a acidentes, tenham em mente que nos arriscamos mais indo e voltando da via do que escalando!

Pois o trânsito no Rio de Janeiro mata mais do que a montanha!

MENSAGEM DO PRESIDENTE

Somos responsáveis pelos nossos atosPor Alex Figueiredo

FIQUE DE OLHO

Curso Básico de Escalada – 2013Em 2013, o Clube Niteroiense de Montanhismo

realiizará o CBE. O curso terá início em 01/05, com um total de 9 aulas. O investimento é de R$ 600,00, dividi-dos em até 3 (três parcelas), ou R$ 540,00 pagos à vista.

Para maiores informações escreva para: [email protected].

A Abertura da Temporada de Montanhismo 2013 – ATM – ocorrerá nos dias 26 e 27 de abril, na Praça Ge-

neral Tibúrcio, Urca-RJ. Como sempre, o CNM participará e contaremos com a sua presença.

ErrataNa edição de número 19, no texto sob título “His-

tória do Montanhismo Fluminense, um fenômeno re-cente?”, informamos que o Centro Excrucionista Icaraí, havia sido o terceiro clube de montanhismo fundado no Brasil, porém, de acordo com o que nos informou Wal-decy Mathias Lucena, o CEI foi o sexto. Segue abaixo a ordem cronológica de fundação, segundo o Wal:

1° Centro Excursionista Brasileiro (CEB), fundado em novembro de 1919;

2° Club Excursionista de Petropolis (CEP), de ju-nho de 1931;

3° Centro Excursionista Ramos (CER), de março de 1933;

4° Centro Excursionista Friburguense (CEF), de julho de 1935;

5° Clube Brasileiro de Excursionismo (em 1945 virou CERJ), de janeiro de 1939;

6° Clube Excursionista Icaraí (CEI), de maio de 1939.

Obrigado, Waldecy, pelo esclarecimento.

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parâmetro para o leigo, porque serve como indicativo”, pondera.

Neste caso, vale o bom senso. A urina escura, as-sim como a sede, já é um claro sinal de desidratação e, portanto, não deve ocorrer. “Sinais de hiperidratação são uma urina extremamente clara, transparente. Se ela estiver apenas razoavelmente clara, você está bem hidra-tado”, defi ne.

“Existe uma variabilidade individual, são vários parâ-metros que mudam de pessoa para pessoa. O importante é se manter hidratado ao longo do dia, andar sempre com uma garrafi nha”, recomenda o médico.

Isotônicos – Há também a crença de que tomar muito isotônico pode criar pedra nos rins. “Isso também é referência individual. Teoricamente causa cálculo renal pelo excesso de sódio, mas é mais na esfera da teoria do que na prática. O importante é usar apenas como propósito de reposição, quando houver desgaste”, diz Dr. Neto.

Em termos gerais, tanto para água quanto para isotô-nicos o médico afi rma que “o problema está no abuso, não no uso. É muito mais importante estar hidratado antes da prova, ao longo da semana, do que chegar no dia e querer recuperar tudo durante a corrida”, conclui.

Fonte: http://www.webrun.com.br/home/n/excesso-de-hidratacao-pode-causar-complicacoes-ao-organismo/13253

Recomenda-se com veemência que os corredores mantenham um alto nível de hidratação de seu corpo para superarem suas provas com relativa tranquilidade. No en-tanto, casos recentes de morte por excesso de ingestão de água chamaram atenção para o tema.

Em 2007, a norte-americana Jennifer Strange faleceu após participar de um concurso que consistia em beber o máximo de água sem urinar. No ano seguinte, a britânica Jacqueline Henson ingeriu grandes quan-tidades do líquido como parte de sua die-ta de emagrecimento e também pereceu.

São casos extremos, mas de pesso-as que teoricamente não tinham uma perda considerável de líquidos. No entanto, a morte de Cynthia Lucero na Maratona de Boston em 2002 serve de alerta para todos os corredores.

O médico do esporte e colunista do Webrun, Dr. José Marques Neto, explica o que acontece em nosso orga-nismo quando o excesso se torna pe-rigoso. “Com a ingestão exagerada de água, o líquido extracelular fica muito diluído e o líquido interno mais con-centrado”, conta.

“Com isso, a água migra de fora para dentro da célula, que incha e leva a um edema cerebral. O cérebro incha e pressiona os centros do bulbo, que controlam o funcio-namento cardiorrespiratório e vascular do nosso corpo”, esclarece o médico.

Segundo o Dr. Neto, não há um parâmetro bem de-fi nido para evitar complicações dessa natureza. “Não tem essa de ‘ah, se eu tomar três copos estou bem hidratado, se tomar quatro eu morro’, é algo subjetivo e razão de contro-vérsia na literatura médica”.

Urina é indicativo – Dr. Neto afi rma que o consenso entre os fi -siologistas é de que a sede já caracteriza um quadro de desidrata-ção, por isso é encora-jada a ingestão de água nas corridas mesmo que não haja sede. “A cor da urina é o melhor

SAÚDE

Excesso de hidratação pode ser prejudicialPor Alessandra Neves

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exceto pelo fato que o crescimento da Favela do Cantagalo trouxe violência à região e com isso, houve alguns assaltos a pessoas que acessaram o Morro do Cantagalo. Por conse-quência, o ponto culminante dessa serra, com 405 metros de altitude, deixou de ser frequentado por montanhistas e escaladores. Mas atualmente, com a anexação dessa região ao Parque Estadual da Serra da Tiririca, podemos ter espe-ranças de ver essa região acessível novamente.

Os morros do Santo Inácio, Viração e Sapezal são o caso mais grave, pois não estão protegidos por leis específi -cas, tendo ocorrido desmatamentos pelas suas bordas e um aumento exponencial da violência contra frequentadores da montanha (assaltos à mão armada). Neste complexo, tivemos as maiores perdas de acesso, que são:

• Acesso à trilha tradicional ao Morro do Santo Inácio via Rua Manuel Duarte, em São Francisco (a rua foi fechada por moradores e o fi nal desta foi cercado por uma cerca eletrifi cada, devido à violência urbana);

• • Três trilhas que davam acesso de São Francisco ao bairro de Piratininga e Cafubá (construções de casa nas saídas);

• A travessia São Francisco – Jurujuba;• Acesso à face norte do Morro do Santo Inácio, às

vias de escalada ali existente e ao enorme potencial de conquistas de vias nesta parede de 250 metros de comprimento (construções de casas em praticamen-te todos os terrenos da Rua Mário Joaquim Santa-na, embora recentemente descobrisse um acesso por uma vila, ao fi m dessa rua, a essa parede);

• Acesso à parede sul/sudeste do morro do Santo Inácio, que hoje se encontra cercada pela favela do Maceió.

AMBIENTE

As montanhas de Niterói são acessíveis?Por Alex Figueiredo e Leandro do Carmo

O município conta, de forma resumida, com três serras principais: a Serra da Tiririca, os morros do Jacaré, Cantagalo e Serra do Malheiro e o Complexo dos morros da Viração, Santo Inácio e Sapezal.

Com estas três serras e as outras formações menores, o Município possui um potencial enorme para o porte de aventura, com visuais incríveis e formações interessantíssi-mas, mas infelizmente, apesar do potencial, hoje o monta-nhismo está quase que restrito a Serra da Tiririca. O mo-tivo é simples e trágico, sendo simplesmente a ingerência sobre nossas áreas verdes.

A Serra da Tiririca, com a criação do Parque Estadual de Serra da Tiririca, contou com a proteção do Estado, que permitiu que esta área continuasse segura quanto à violên-cia urbana, e que o acesso a para a maioria de suas trilhas e paredes não fosse cercada por muros e casas, embora mes-mo assim tenhamos tido perdas, são elas:

• Trilha do Alto do Mourão via o Recanto de Itaipuaçú (fechada pelo condomínio Ubá Pedra do Elefante);

No Morro das Andorinhas, houve duas perdas:• Trilha da praia de Itaipu para o Morro das Andorinhas

(fechada na década de 90 por uma construção ilegal);• Trilha da Praia de Itacoatiara para o Morro das An-

dorinhas, com o fechamento da Rua das Orquídeas (anos 80) e construção do Condomínio Village Ita-coatiara (anos 90).

Já os morros do Cantagalo, Jacaré e Serra do Malheiro, tiveram grande redução de sua cobertura fl orestal, mas o acesso em si à suas trilhas não foi cerceado diretamente,

O morro das Andorinhas.

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Em áreas fora destas serras, é possível a prática de es-portes de montanha, como a região da Praia do Sossego, com ótimos bolders e o fi nal da prainha de Piratininga, com um bom potencial para bolders, embora quase que inexplorado.

Tivemos também a criação e perda com o campo-escola do Centro, próximo à prefeitura nova (Rua São Pe-dro), criado no fi m dos anos 90 com três vias, mas onde a prefeitura no inicio de 2000 fez uma construção e colocou grades lá, inviabilizando o uso da mesma.

Um outro local que temos uma certa dificuldade de acesso é o Morro do Morcego. Para acessar a Face Sul, temos que pedir permissão para entrar por uma casa, e dependemos do bom humor do morador, que se começarmos a aumentar a frequência, ele nega a en-trada e somos obrigados pegar um grande vara mato a partir da praia de Adão. Na Face Norte, temos grande dificuldade se quisermos chegar por mar, houve casos em que um escalador foi ameaçado enquanto trabalha-

Vista do cume do morro do Morcego.

va na abertura de uma via, ficando impossibilitado de voltar, visto que foram soltos cachorros para impedir que ele retornasse.

De forma geral, infelizmente, as áreas que não se en-contram protegidas sobre legislação ambiental específi ca (Unidades de Conservação) foram as que mais perderam sua cobertura fl orestal, e foram onde mais perdemos acesso às fl orestas e rochas.

O município, em suas gestões anteriores, não salva-guardou as fl orestas e os acessos às mesmas, em verdade, tratou-as como áreas para futuras construções, e não áreas para se preservar os ecossistemas, o lazer e o modo de vida dos frequentadores destas regiões niteroienses.

Salvo a região do Parque Estadual da Serra da Tiririca, as outras serras fl uminenses se encontram em uma situação crítica, porém, reversível nos quesitos proteção e acesso.

Vamos torcer (e pressionar!) para que a gestão atual da Prefeitura de Niterói possa salvaguardar nossas belas montanhas.

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HISTORIA

Mulheres na montanha – Brasil

foi uma mulher a frente de seu tempo. Em 1933, quando as mulheres sequer tinham o direito de usar calças compri-das em público, ela foi a primeira mulher a atingir o cume do Dedo de Deus, usando calças sob uma saia.

Desde Dona Luzia, muitas foram as batalhas veladas e preconceitos que as mulheres tiveram que enfrentar para estar nas montanhas. Mas o importante é que muitas delas venceram essas batalhas pelo amor as montanhas.

Até aproximadamente os anos 80, o número de mulhe-res praticantes subiu gradativamente. A partir dos anos 90, associados as mudança na cultura e a abertura cada vez maior do espaço feminino, o aumento se tornou exponencial.

Hoje é fácil reunir cerca de 200 mulheres no festejo do Dia Internacional da Mulher. Esse evento, aliás, en-trou para o calendário de festividades realizadas anualmen-te no Rio de Janeiro como marco da presença feminina no esporte nacional, veja mais em: www.mulheresnamon-tanha.com.br.

A prática do montanhismo, em particular da escala-da, no imaginário popular sempre foi, e talvez ainda seja, ligada a imagem masculina. Apesar disso, a presença das mulheres nas montanhas do Brasil e do mundo foi razoa-velmente constante.

A primeira mulher, da qual se tem noticia, que subiu uma montanha foi Marie Paradis que em 14 de Julho de 1808 realizou a segunda ascensão ao Mont Blanc no vale de Chamonix, França, com 4807 metros de altura, a mais alta montanha da Europa. Mesmo sofrendo com os efeitos da altitude, Marie esteve no cume da montanha com um grupo de amigos liderados por Jacques Balmat, na época com 46 anos, que vinte e dois anos antes havia subido a montanha pela primeira vez. Ao que parece, o evento rendeu a ela fama e reconhecimento.

“No Brasil, a primeira ascensão feminina que se tem notícia foi realizada por Henrietta Carsteirs (de origem in-glesa) em 1817, no costão do Pão de Açúcar. Logo que Henrietta desfraldou a bandeira inglesa no topo do Pão de Açúcar, os recrutas da então Escola Militar da Praia Ver-melha se sentiram desafi ados e, no dia seguinte, substituí-ram a bandeira inglesa pela bandeira nacional”. Essa é uma das primeiras frases pronunciadas num curso de iniciação para contar sobre a história do montanhismo no Brasil. Logo em seguida é mencionado que a conquista do Dedo de Deus, em 1912, considerada o marco inicial da prática da escalada no Brasil.

Em janeiro de 1921, Hilda de Oliveira, irmã do fun-dador do Centro Excursionista Brasileiro (na época Centro dos Excursionistas – CE ou Centro), Ilton de Oliveira – foi sua primeira associada. E a partir daí elas estiveram sempre lá. O CE era um lugar que recebia vários imigrantes e, portanto, foi um agente muito importante na difusão da prática do montanhismo em geral e em especial da práti-ca feminina. Várias mulheres recém-chegadas do exterior, ou fi lhas de imigrantes, acostumadas a prática de esportes de montanha na Europa se associaram. Acabaram sendo exemplo para outras mulheres.

Muitas foram as conquistas de novas rotas e trilhas realizadas pelos associados e guias do Centro dos Excur-sionistas, não só no município do Rio de Janeiro, mas tam-bém nas serras de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, até então pouco frequentadas. Chama a atenção, a quanti-dade de conquistas nas quais mulheres tiveram seus nomes citados como “conquistadoras”.

Luzia de Freitas Caracciolo, associada do CE, sempre Catherine Destivelle – 1987

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• 1987 Catherine Destivelle encadeia o primeiro 8a+ (Xa brasileiro), com a via Choucas, em Buoux, na França.

• 1987 Primeira ascensão feminina ao Cerro Torre, por Rossanna Manfrini, com Maurizio Giordani, pela via Maestri, e a primeira feminina ao Fitz Roy, por Romey Drushke, com Eckhard Drushke e Luike, pela via Americana.

• 1988 Isabelle Patissier consegue o primeiro 8b (Xb brasileiro) feminino, com a via Sortilèges, em Cimaï, na França.

• 1990 Lynn Hill consegue o primeiro 8b+ (Xc brasileiro) feminino, com a via Masse Critique, aberta por J. B. Tribout, que meses antes havia de-clarado que uma mulher jamais poderia escalar um 8b+ (Xc).

• Catherine Destivelle.1991 Catherine Destivelle abre, em solitário, uma via no Dru, Chamonix, após onze dias na parede.

• 1992 Lynn Hill consegue a primeira ascensão em livre da via The Nose (1.000m), com enfi adas de até 8a (IXc brasileiro), no Parque Nacional Yosemite, EUA.

• 1992 Catherine Destivelle faz a primeira ascensão solitária feminina invernal da Walker, nas Grandes Jorasses (França).

• 1992 Alison Hargreaves torna-se a primeira mulher a subir as seis faces norte dos Alpes.

• 1993 Lynn Hill consegue o primeiro 8a (IXc brasi-leiro) à vista feminino. Robyn Erbesfi eld não deixa por menos e consegue o primeiro 8a+ (Xa brasilei-ro) à vista feminino.

• 1994 Lynn Hill encadeia a via The Nose em menos de 24 horas.

• 1995 Alison Hargreaves chega ao cume do Everest sem oxigênio, sendo a primeira mulher a fazê-lo.

• 1999 Katie Brown, de 17 anos, encadeia o primeiro 8b (Xb brasileiro) feminino à vista.

• 2000 Silvia Vidal faz a Wyoming Sheep Ranch, no El Capitan (A4), em solitário e sem fi xar cordas.

• 2002 Josune Bereciartu faz o primeiro 9a (XIc brasi-leiro) feminino com a via Bain de Sang, na Suíça. Em 1998, ela foi a primeira mulher a encadear um 8c e, em 2000, a primeira a escalar um 8c+.

Fonte: http://www.semanademontanhismo.com.br/100anos/mulheres-na-montanha-brasil

Breve cronologia da escalada feminina mundial:

• 1908 Annie Peck, de 58 anos, professora, atinge o cume do Huascarán, no Peru, passando a ser a pri-meira mulher a conseguir um seis mil. Três anos de-pois, ela faria um sete mil.

• 1960 Liz Robins converte-se na primeira mulher a escalar um 6º grau, em Yosemite.

• 1970 O Annapurna III é escalado por uma expedi-ção japonesa formada apenas por mulheres.

• 1973 Acontece a primeira ascensão feminina ao El Capitan (EUA), por Bev Johnson e Sibylle Hechtel.

• 1975 A japonesa Junko Tabei é a primeira mulher a chegar ao cume do Everest.

• 1978 O Club Alpin Suisse aceita seu primeiro mem-bro feminino.

• Lynn Hill1979 Lynn Hill consegue escalar uma via de 7c (equivalente ao IXa brasileiro). Até en-tão, o maior grau escalado por uma mulher era 6c (VIIa/b).

• 1986 A italiana Luisa Iovanne encadeia o primeiro oitavo (IXc brasileiro) feminino da história, com a via Come Back.

Lynn Hill – 1979

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Dicas: Caminhada de aproximação pesada, total de 6km (somen-te ida) conforme informação nas placas de sinalização; encontra-se água no caminho, com mais ou menos 2 ho-ras de subida (num ritmo bom); a via é bem suja e usa-se aderência em alguns lances; se estiver chovendo ou muito nublado, a via fi ca muito molhada, principalmente nos úl-timos lances; faz-se cume também por caminhada.

Relato:Ilha Grande... Dispensa comentários... Foi um fi nal de se-

mana fantástico. Fazer o Pico do Papagaio já estava na minha lista desde a última vez que estive lá, há uns 3 anos... Já havia programado tudo, só faltava a oportunidade. Fui conversando

Pico do Papagaio – Via Aresta do XilindróLocal: Ilha Grande – RJVia Aresta do Xilindró – 3º IVsup E2 55mConquistadores: André Ilha, Lucia Duarte, Marcos da Sil-veira / Ano: 1984Croqui: http://www.carioca.org.br/croqui/croqui-fe-merj.psp?0519

Trilha: T13 – 6km (somente ida) Nível: Pesada

Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo, Paulo Guerra e Clayton Mangabeira

RELATO ESCALADA

Pico do Papagaio – Via Aresta do XilindróPor Leandro do Carmo

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com uns amigos e decidi que faria no primeiro fi nal de semana de dezembro. Com um mês de antecedência, já estava divul-gando a aventura. Como era um fi nal de semana inteiro, achei que fosse difícil arrumar companheiros... Engano meu! Logo já estavam fechados: Guilherme, Leonardo, Paulo, Ary e Clayton.

Uma semana antes, o Guilherme avisou que não poderia ir, mas sem problemas. Tocamos o projeto para frente. Na se-mana da viagem, combinamos tudo direitinho e ajustamos os detalhes fi nais. Marcamos para sair na sexta, as 13h e o Ary iria mais tarde de ônibus. Na sexta, após um pequeno atraso, saímos de Niterói, por volta das 14:00h. No caminho, pega-mos um trânsito pesado na Av. Brasil. O calor era de mais! Mas nada que pudesse desanimar!!!! Paramos no caminho para lanchar e esperar o Clayton sacar dinheiro, que por, sinal já foi a primeira aventura dele... O Cara tentou em um monte de caixa eletrônico, bloqueou o cartão, quase chorou e fi cou reclamando a viagem inteira!!!! rs. Às 17:15, já estávamos no estacionamen-to, em frente ao cais de Conceição de Jacareí. O próximo barco sairia as 18:45. Compramos a passagem e fomos esperar na praia, isso tudo com o Clayton falando do cartão...rs

Eram 18:00, quando recebi uma mensagem do Ary di-zendo que ainda estava na ponte e não chegaria a tempo de pegar o ônibus na rodoviária. Infelizmente menos um... Não podíamos desanimar... rs. Às 18:45, o barco chegou ao cais e embarcamos rumo a ilha. Foi mais ou menos uma hora de navegação. O mar estava um pouco mexido e só melhorou depois que entramos na enseada de Abrahão. Desembarca-mos e fomos direto para o camping. Armamos as barracas e demos uma volta pela vila até achar um lugar para comer.

Antes de dormir, decidimos a hora que iríamos sair no dia seguinte, isso seria fundamental para não acontecer atrasos. Deixamos tudo arrumado. No sábado, às 06 da manhã, estávamos todos de pé. A galera estava animada!!!! Fomos até uma padaria, tomamos café e partimos para a caminhada. O tempo estava meio encoberto e o Pico do

Papagaio completamente escondido não dava o ar da gra-ça. Mas se chovesse, só a trilha já compensaria... Entramos na estrada que vai para Dois Rios e começamos a subir. Depois de 25 minutos, já estávamos no começo da trilha, muito bem sinalizada, por sinal.

No caminho, encontramos dois cachorros que pare-ciam esperar por alguém. Assim que entramos na trilha, eles vieram nos acompanhando. Começamos a subir, es-távamos num ritmo bom, com certeza faríamos em me-nos de 3h30min, tempo descrito na placa de informação. Pensei que os cachorros fossem descer a qualquer momen-to, mas eles continuaram subindo com a gente e quando parávamos para descansar, eles paravam também e se já estivessem mais acima, eles voltavam para ver o que tinha acontecido, caso demorássemos um pouco. Tínhamos dois guias!!!! Com 1h30min, encontramos água corrente, uma nascente com água bem gelada. Paramos para nos refrescar e descansar um pouco.

Em todo o percurso escutávamos o barulho dos ma-cacos bugios, também conhecido por guariba ou barbado, eles estão entre os maiores primatas encontrados na Ilha Grande, com comprimento de 30 a 75 centímetros. Sua pelagem varia de tons ruivos, ruivo acastanhados, castanho e castanho escuro. Ele são famosos por seus gritos, que podem ser ouvidos em toda a mata. De vez em quando, os gritos eram tão alto que até assustava!!!! Tinha também uns montes de côcô no percurso da trilha, com certeza eram eles marcando território...

Até ali, a trilha estava bem molhada, sempre caindo uns pingos d’água das árvores. A essa altura estava tudo muito encoberto e achava que não daria para fazer a via. Seguimos em frente e os cachorros também!!!! A trilha é bem marcada, porém não conseguimos ver nada em volta. A vegetação é muito densa e a gente caminha e caminha e não vê nada além de árvores...

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Passamos por um bambuzal e mais a frente deu para ver a pedra, mas, rapidamente, fi cou encoberta de novo. Pelo menos já dava para ver que estava chegando. Já estávamos bem alto e a trilha mais molhada. Passados alguns minutos, chegamos a placa onde indicava a base e a continuação da trilha até o cume. Chegamos à base do Pico do Papagaio com 2h35min, viemos num ritmo bom. Chegamos com 1 hora a menos que a média. E os cachorros??? Eles... É claro que estavam lá conosco!!!!!! Um até desceu rolando na pe-dra, mas não desistiu... Voltou e conseguiu subir!!!!!

Na base, paramos para descansar e nos preparamos para subir. Ainda não dava para ver muita coisa. Algumas nuvens ao redor e o vento parecia estar aumentando. Com isso, o frio também veio! Coloquei o anorak, pois não sabia se iria piorar. Vi que tinha esquecido minha sapatilha, peguei a do meu irmão emprestada, ainda bem que dava em mim!!! Fui até mais acima e percebi que a via estava bastante molhada e suja. Ameacei subir para sentir a pedra e aproveitei meu irmão mais embaixo para desescalar um pedaço. Depois de alguns minutos o tempo foi abrindo e decidi subir de vez. Usar uma sapatilha diferente da que está acostumado, fez a diferença. Demorei mais que o normal... Mas venci o lance, costurei o primeiro grampo e fui tocando pra cima. Com algumas agar-

ras quebrando, pedra úmida e muito suja, a subida ia fi cando mais emocionante. Subi mais um pouco e costurei o segundo grampo. Ali, a umidade estava grande, tinha muito limo na pe-dra, era um lance de aderência e estava difícil. Peguei uma fi ta longa e “lacei o grampo”, tocando para cima, não poderia ha-ver erros e não estava muito preocupado em “encadenar” a via.

Dei uma parada para analisar se daria para continuar, afi nal de contas, não queria fi car passando perrengue a subi-da inteira. Nessa hora, o tempo abriu e o sol veio com força. Foi preciso tirar o anorak. Fui subindo, costurei o quarto grampo e fui margeando a aresta. Veio o quinto grampo e o último. Olhei para cima, faltava o último lance. Agora era só subir... Fácil? Ah se fosse assim... Escorria tanta água que achei que não fosse conseguir, pensei até em descer... Parei um tempo e fui olhando as agarras e vi que tinha uma linha meio seca. E por ali eu fui. Subi bem devagar, ás vezes com o pé na água, mas como tinha bons apoios, deu para seguir. Até que no último lance, tive que segurar numa laca bem pequena, onde começou a escorrer um pouco de água pelo braço, aí foi prender a respiração e tocar para cima.

Estava dominado!!!!! O pior já tinha passado, agora era muito mais tranquilo... Armei a parada numa árvore e dei segurança ao Paulo que subiu rapidamente. Dali, ele foi me

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dando segurança, pois ainda tinha que passar pela frente de uma pedra e como estava tudo molhado, todo cuidado seria pouco. Fui caminhando, passei uma fi ta em outra árvore e fui segurando numas plantas que me deram apoio. Contor-nei a pedra e subi mais um pouco. Dei segurança de corpo ao Paulo e mais uma subidinha, estávamos no cume!!!!

Missão dada é missão cumprida!!!!! Lá de cima, a vista era fantástica. Um 360º da Ilha. Algumas nuvens ainda encobriam alguns lugares, mas já tínhamos uma noção da beleza. A sensação concluir o projeto é fantástica. Pode até ser simples, escolher o camping, horário de barco, previsão do tempo, equipamento para levar, incentivar as pessoas para te acompanhar, etc., e no fi nal ver que tudo deu cer-to... Sem palavaras.... Para fi nalizar, ainda fi zemos um rapel até a base, para poder pegar as coisas e ir embora.

E os cachorros????? Foram até lá em cima!!!! Você acha que eles iriam subir a trilha e não iriam fazer cume??? rs. Eles estavam lá e só não desceram de rapel pois não tí-nhamos nenhum baudrier canino... rs. Voltamos até a base onde pegamos nossas coisas e nos preparamos para descer. Um dos cachorros acompanhou duas meninas que estavam meio perdidas na trilha e outro foi nos seguindo. Quase na placa onde a trilha se divide para o cume e para a base, tinha um cara que estava esperando a gente descer pois não encontrava o caminho de volta. Ele foi seguindo a gente até a nascente. Nós paramos para descansar e ele seguiu trilha abaixo.

Demos uma boa descansada, e continuamos a ca-minhar. Como era descida, as paradas foram menores e 1h55min depois, estávamos na estrada que vai para Dois Rios. Mais alguns minutinhos, e chegamos no camping. Aí foi só tomar banho e sair para almoçar.

No dia seguinte demos uma volta pelas praias próxi-mas, pois tínhamos comprado a passagem do barco para as 13h. Pegamos o barco e nos despedimos de um excelente fi nal de semana!

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SEGURANÇA – ESCALADA

O Cuidado com o uso dos freios na escaladaPor Leandro do Carmo

Há tempos que ouço muitas opiniões e defesas sobre um ou outro tipo de freio, ou ainda a maneira correta de se utilizar determinado equipamento. Como em diversos segmentos, os freios possuem diversos modelos, marcas, objetivos, etc. Objetivos? Sim objetivos! Na escalada pen-samos no freio como um aparelho que além de controlar a descida, possamos utilizá-lo para dar segurança ao parti-cipante ou ao guia.

Os tipos de freio foram evoluindo a medida que o esporte também evoluiu. Nos primórdios, tanto a segu-rança, quanto o rapel, eram feitos com a corda passando pelo corpo, com o intuito de gerar o atrito sufi ciente para “segurar” a descida ou uma possível queda. A medi-da que os limites foram sendo superados, a necessidade de um sistema que fosse mais confi ável e que gerasse atrito sufi ciente, também cresceu. Surgiram as placas, o 8, os modelos tubo e os semi-automáticos, das mais va-riadas marcas.

Mas apesar da quantidade, qual é o melhor? O mais adequado? O mais confi ável? Pois é.... Lembra da primei-ra frase do texto? São essas as discussões que permeiam as listas de e-mails na internet. Não há unanimidade sobre o melhor equipamento. Existem correntes que preferem os mais simples, como o ATC, outras, os semi-automáticos, como o GRIGRI, mas em uma coisa há o consenso: de nada adianta um equipamento com toda a tecnologia se não o montamos ou o manuseamos de maneira correta.

E é aí que deve estar o foco principal da discussão. Não adianta, por exemplo, utilizarmos o GRIGRI na se-gurança, se deixarmos a corda frouxa o sufi ciente para que o guia ao cair, vá direto ao chão. Ou se utilizarmos o ATC e fi carmos distraído, conversando com o outro participan-te. A escalada é um esporte na qual um pequeno erro pode ser fatal, porém isso não o torna um esporte inseguro, mas um esporte onde o fator atenção seja tão importante quan-to a técnica em superar um lance difícil.

Com isso, seguem algumas dicas importantes ao uti-lizar o freio:

• Obedeça sistematicamente as instruções de uso do equipamento utilizado, seja ele qual for;

• Verifi que se o aparelho de freio serve também para a função de dar segurança;

• Assegure-se de que o utilizador esteja preparado para manusear o equipamento;

• Tenha atenção durante toda a escalada;

• Mantenha a corda sempre esticada, até o limite para não atrapalhar o guia ou o participante, a fi m de evi-tar uma queda que os levem a um platô, por exem-plo, pois de nada adiantará o freio;

• Mantenha a mão fi rme;

• Por mais que o freio pareça automático, nunca retire as mãos ou desvie sua atenção do guia;

• Não use um equipamento antes de treinar mui-to, simplesmente por que alguém falou que é mais seguro;

• Nunca crie a sua maneira de utilizar o freio, mesmo que ela, aparentemente, otimize o desempenho.

Seja prudente e aventure-se!

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SEGURANÇA – CICLISMO

Por que não pedalar na contramão?PorVinicius Ribeiro

Dá para escrever páginas e páginas sobre esse assunto, juro que tentei ser sucinto.

Os números entre parênteses referem-se às fontes de onde retirei as informações (citadas e linkadas no fi nal do texto).

Não é mais rápido: Ao contrário da crença polular, ci-clistas que se integram ao fl uxo normal de veículos chegam mais depressa ao destino. Quando você entra na contramão tem que parar ou diminuir o ritmo a todo instante (pelos motivos expostos nos itens abaixo), enquanto integrado ao fl uxo de veículos você desenvolve velocidades maiores (principalmente considerando-se a velocidade média, que é o que determina a duração do trajeto) (1).

Não é mais seguro: A maneira mais segura de peda-lar no trânsito é fazer parte dele. De acordo com estudos científi cos sobre colisões, ciclistas que pedalam na mão correta têm cerca de cinco vezes menos chances de coli-são, comparados aos que fazem suas próprias regras em vez de se integrar às que já valem aos demais veículos (J. Forester; Effective Cycling. Cambridge, MA, MIT Press, 1993) (1). Segundo Bruce Mackey, diretor de se-gurança para Bicicletas em Nevada, 25% dos acidentes com ciclistas nos EUA resultam de ciclistas pedalando na contramão (6).

Não há tempo de reação: Mais de 50% dos acidentes são de responsabilidade do próprio ciclista (2) – alguns citam 90% (5) – e em menos de 1% dos acidentes o ciclista sofre uma colisão traseira (2). Você tem a sen-sação psicológica de que está mantendo a situação sob controle, quando na verdade NÃO ESTÁ. Se você vê um carro desgovernado vindo na sua direção, não dá tempo de desviar dele, principalmente porque suas velocidades estarão potencializadas, ou seja: a velocidade com a qual o carro se aproxima de você é a sua somada à dele. Um carro a 60km/h com você a 20 estará chegando a você a 80km/h. Se vocês estivessem na mesma direção, ele che-garia a você com metade dessa velocidade: 40km/h. Com o bom uso de um espelho e de seus ouvidos, você tem o dobro do tempo de reação. O carro também tem esse tempo e é mais importante o carro desviar de você do que você desviar dele, porque ele consegue desviar melhor. Você não consegue jogar sua bicicleta cinco metros para o lado em um segundo, mas o carro pode fazer isso se houver tempo sufi ciente.

Em caso de colisão, os danos ao seu corpo serão bem maiores: Pelo mesmo motivo do item anterior (soma de velocidades), se você bater de frente com um carro vai

sofrer muito mais. E ainda há um agravante, a inércia. Se você está indo no mesmo sentido do carro, ele vai pegar primeiro sua roda traseira e você sairá voando por cima do guidão devido à inércia – era seu movimento anterior, a bicicleta foi agarrada pelo carro e você continuou – ou devido à transmissão de energia cinética – o carro colidiu com a bicicleta, transferiu parte do movimento para ela e consequentemente para seu corpo; quando a bicicleta parar uma fração de segundo depois porque a roda de trás não gira mais, seu corpo sairá para a frente com o movimento transferido. Melhor voar por cima da bicicleta em direção, provavelmente, ao asfalto livre e es-tacionário, do que se chocar com um parabrisa ou capô que além de estar a um metro de você no momento da colisão ainda vem em sua direção, com a força de impac-to de várias toneladas.

É mais difícil evitar a colisão: Andar na contramão é chegar nos carros mais depressa (3). Trafegando em dire-ções opostas, tanto você como o motorista precisam pa-rar totalmente para evitar uma colisão frontal. Trafegando no mesmo sentido, o motorista precisa apenas diminuir a velocidade para evitar a colisão, tendo muito mais tempo para reagir (1).

Você surpreende os carros: Como você chega mais rá-pido nos carros, você os pega de surpresa. Principalmente em curvas à direita: o motorista está fazendo a curva quan-do de repente aparece você vindo na direção dele. Não há tempo de reação, ele não consegue frear, não pode ir para a esquerda porque há outros carros, na direita tem um carro parado. Você também não pode se jogar para a calçada, há carros parados. O que acontece? Se vocês estivessem no mesmo sentido, ele teria bem mais tempo para reagir, talvez até o dobro, e poderia apenas diminuir a velocidade para evitar a colisão. Um carro não estanca imediatamente, mesmo que o motorista queira, se esforce e tenha um freio ABS com pneus bons.

Os motoristas não te vêem nos cruzamentos: 95% dos acidentes com bicicletas acontecem em cruzamentos (2). Quando um carro entra num cruzamento, ele olha apenas para o lado do qual os carros vêm! Imagine um carro entrando numa avenida. Para que lado ele olha? Para a esquerda. Não vem carro, ele entra. Nisso você está che-gando com sua bicicleta e ele te pega de frente (1). Não tem buzininha que resolva isso.

Os motoristas não te vêem ao sair das vagas e ga-ragens: Ao sair de uma vaga em que está estacionado,

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o motorista olha para trás, seja pelos espelhos ou pela janela, para ver se há veículos vindo. O mesmo ocor-re quando ele sai de uma garagem de prédio ou de um estacionamento. Ele não olha para a frente, afi nal não vêm carros daquela direção. Você, vindo na direção do carro, nem sempre verá que o motorista vai sair da vaga e, quando vir, talvez não adiante mais frear. Ao sair, ele vai te pegar de frente, mesmo que você esteja parado. Esqueça se jogar para a calçada, há um carro estacionado do seu lado. Meus pêsames.

Os motoristas não te vêem ao abrir as portas dos car-ros: Se muitos já não olham pelo espelho para abrir a porta do carro e ainda culpam o ciclista por isso (4), imagine se vão olhar para a frente para ver se vem vindo uma bicicleta. A chance de levar uma portada é muito maior.

Os pedestres não te vêem: Quando um pedestre vai atravessar a rua, ele olha para o lado que os carros vêm. Preste atenção no seu próprio comportamento na próxi-ma vez que for atravessar uma avenida a pé e perceberá como isso é verdade. Por isso, pode acontecer de alguém aparecer do nada na frente da sua bicicleta, saindo do meio dos carros, de costas para você. E não vai dar tempo para fazer nada.

Se quer ser tratado como veículo, porte-se como um: Se você se comporta como um veículo, sinalizando suas intenções, respeitando mãos de direção, sinais de tráfe-go, faixas de pedestre e etc., os motoristas o respeitarão mais. “Se aquele cara se preocupa com tudo isso, não é um mané qualquer que está aqui só atrapalhando”. Se, por outro lado, você anda na contramão, você os inco-moda (sim, isso incomoda muitos motoristas, que têm a sensação que você está ocupando um espaço que não é seu e deveria estar na calçada). Passar em todos os si-nais fechados também os irrita (“o folgado ali só faz isso porque não leva multa mesmo”). Outras pequenas infra-ções também irritam os motoristas, seja por vontade de cometê-las também, por uma falsa sensação de invasão de espaço pessoal ou pela sensação de injustiça (“pô, aquilo é proibido mas só porque ele tá de bicicleta ele pode fazer e eu não?”). Seja um modelo a ser espelhado e não um alvo da raiva e frustração alheia.

Fontes

1 Bicycling Street Smarts: Where to Ride on the Road

2 Escola de bicicleta: pedalar no trânsito

3 Guia Bike na Rua (por Cleber Anderson)

4 Medo de ciclista ou medo da própria consciência? – Re-fl exão sobre a coluna de Lucas Mendes

5 Traffi c safety solutions in the works – Las Vegas Sun, 04/Jun/2004

6 Bicyclesafe.com – How to Not Get Hit by Cars

O que diz a lei

O Código Brasileiro de Trânsito é claro: bicicletas devem circular na via, no mesmo sentido dos carros e com pre-ferência sobre eles. E não é à toa, é uma questão de segu-rança viária.

Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não hou-ver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rola-mento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.

Texto cedido pelo site Vá de Bike – vadebike.org

Rapidinha

Olá pessoal!!!

Como todos sabem, o clube além do grande esforço empregado no trabalho voluntário de seus membros, ele também possui despesas fi nanceiras como: fi scais, bancárias, manutanção e compra de equipamentos, im-pressões, etc. Por isso sócio, mantenha sua anuidade em dia.

Se estiver em atraso, entre em contato com [email protected].

Não sabe se está em dia? Acesse www.niteroiense.org.br, faça login, clique na “Sua área”, depois em “Seus pagamentos”.

Convide um amigo para fazer parte dessa grande família!

Hoje somos 29, mas se cada um convidar um amigo, amanhã seremos 60, depois 90....

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ACONTECEU NO CLUBE

Atividades realizadas – 16/12/12 a 15/03/13

Data Nome Local16/12/2012 Eny Hertz Paineiras16/12/2012 Vinicius Ribeiro Pedal Niterói x Paineiras16/12/2012 Eny Hertz Picnic nas Paineiras20/12/2012 Alex Figueiredo Morro do Santo Inácio05/01/2013 Leandro do Carmo Campo Escola Helmut Heske05/01/2013 Vinicius Ribeiro Pedal Sumaré06/01/2013 Ary Carlos Emil Mesquita, Paredão06/01/2013 Leandro do Carmo Paredão Zezão – Agulha Guarischi06/01/2013 Vinicius Ribeiro Pedal Niterói x Maricá06/01/2013 Eny Hertz Pracinha – Vias diversas13/01/2013 Alex Figueiredo Alto Mourão13/01/2013 Luiz Alexandre Reinaldo Behnken17/01/2013 Andréa Vivas Reunião social – A 1ª do ano!!19/01/2013 Ary Carlos Coringa19/01/2013 Carlos P. Luiz Arnaud, Paredão25/01/2013 Luiz Alexandre Treino em Artifi cial27/01/2013 Alex Figueiredo Bico do Papagaio02/02/2013 Andréa Vivas Bloco de carnaval Só o cume interessa02/02/2013 Luiz Alexandre Infravermelho (Purple)03/02/2013 Leandro Collares Pracinha – Vias diversas16/02/2013 Leandro do Carmo Via do Tetinho17/02/2013 Leandro do Carmo Pracinha – Vias diversas20/02/2013 Andréa Vivas Reunião Social23/02/2013 Vinicius Ribeiro Apresentação Ciclotur Niterói-Santos23/02/2013 Alex Figueiredo Pico da Tijuca24/02/2013 Ary Carlos Pedra do Quilombo (PEPB)24/02/2013 Eny Hertz Pracinha – Vias diversas01/03/2013 Andréa Vivas Pedra da Gavea (PNT)05/03/2013 Eny Hertz Pracinha – Vias diversas07/03/2013 Andréa Vivas Reunião Social09/03/2013 Leandro Collares Cor de burro quando foge10/03/2013 Eny Hertz Pracinha – Vias diversas17/03/2013 Vinicius Ribeiro Morro das Andorinhas

Dessa vez foi apertado, mas ela levou de novo!!! Parabéns Eny, a guia que mais abriu atividade no periodo. Atenção guias, seja você o proximo homenageado.

Gostaria de pedalar, escalar, caminhar, etc???Acesse o site www.niteroiense.org.br e dê sua sugetstão para abertura de atividade

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Avisos

CURSO BÁSICO DE ESCALDA

Em 2013, realizaremos o Curso Básico de Escalada. Para maiores informações, acesse www.niteroiense.org.br ou envie e-mail para [email protected]

REUNIÕES SOCIAIS

As reuniões sociais do CNM são realizadas sempre na primeira quinta-feira de cada mês ímpar e na primeira quarta-feira de cada mês par, às 19:30h, em local a ser defi nido e divulgado.

Os encontros acontecem em clima de total descontração e informalidade, quando os sócios e amigos do CNM aproveitam para colocar a conversa em dia, trocando experiências, relatando excursões e vivências ou, simplesmente, desfrutando a companhia de gente simpática e fraterna.

Periodicamente acontecem reuniões e seminários técnicos com o intuito de possibilitar miores detalhes e informações atualizadas aos sócios e interessados.

Informem-se sobre os temas das palestras técnicas e reuniões acessando o site:

http://www.niteroiense.org.br.Compareçam e sejam muito bem vindos!!!

EXPEDIENTE

CNM – CLUBE NITEROIENSE DE MONTANHISMOInício das Atividades em 26 de Março de 2003Fundado em 20 de Novembro de 2004Website: www.niteroiense.org.bre-mail: [email protected]: 8621-5631(Alex Figueiredo)

Presidente: Alex de Faria FigueiredoVice: Eny Hertz Bittencourt Tesoureiro: Leandro Guimarães Collares

Conselho FiscalEfetivosAdriano de Souza Abelaria Paz Alan Renê Marra JuniorNeuza Maria Ebecken de Araújo

SuplenteMariana Silva Abunahman

Diretoria TecnicaAlex Figuereiredo – caminhadaEny Hertz – EscaladaAdriano Paz – Ciclismo

Diretoria SocialAndrea Vivas

Diretoria AmbientalNeuza Ebecken

Representante do CNM no PESETNeuza Ebecken

Informativo Nº 20: As matérias aqui publicadas não representam necessariamente a posição ofi cial do Clube Niteroiense de Montanhismo. Ressaltamos que o boletim é um espaço aberto a todos aqueles que queiram contribuir. Envie sua matéria para [email protected]. Participe!!!

Edição e Diagramação:- Leandro Collares- Leandro do Carmo

Adriano PazAlan MarraAlessandra NevesAlex FigueiredoAlfredo Vieira CastinheirasAndréa Rezende VivasAry Carlos Cardoso NetoCarlos PenedoDiogo PaixãoEny HertzGlauber CarvalhosaLeandro do CarmoLeandro Collares

Leandro PestanaLuiz Alexandre Valadão Mauro de Mello NettoNeuza EbeckenPaulo GuerraVinicius Farias Ribeiro

ANIVERSARIANTES

A todos muita saude e felicidade. Que venha muito mais!!!!!!Neuza Ebecken 23/janMaria de Lourder 24/janAlfredo Castinheiras 18/fevRubens de Camargo 21/fevGlauber Carvalhosa 25/fevVinícius Ribeiro 27/fevAry Carlos 11/marLeandro Pestana 12/mar

CORPO DE GUIAS