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Boletim Informativo Clube Niteroiense de Montanhismo Ano XI - Número 29 Niterói, Junho de 2015 • MEPA - Origem e Finalidade Artigo: Montanhismo e Seleção Natural • Manutenção da trilha do Bananal e Costão • Consquista no Parque da Cidade • • E muito mais! • Relato: Nariz do Frade, uma chaminé de respeito!

Boletim CNM 2015-2

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Boletim InformativoClube Niteroiense de Montanhismo

Ano XI - Número 29Niterói, Junho de 2015

• MEPA - Origem e Finalidade • • Artigo: Montanhismo e Seleção Natural •

• Manutenção da trilha do Bananal e Costão •• Consquista no Parque da Cidade •

• E muito mais! •

Relato: Nariz do Frade, uma chaminé de respeito!

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2 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29

Já iniciamos a temporada...

Para muitos, é época de acender a lareira e

dormir quentinho, para nós montanhistas, é hora de

arrumarmos nossas cargueiras e nos embrenharmos

nas mais difíceis condições: frio, vento e até chuva...

Mas tudo isso tem uma explicação e só quem está lá vai

conseguir entender. E não adianta escolhermos as mais

belas palavras, pois com certeza serão poucas para

descrever a sensação de ver o sol nascer da Pedra da

Mina, por exemplo. E até de não ver por conta do mau

tempo, e mesmo assim, dizer que foi a melhor sensação

de nossas vidas...

Pois é assim...

E para comemorar, participamos das ATM’s de

Petrópolis, do PARNASO e a da Urca. Só não fomos a

outras, pois a agenda não permitiu...

Muita coisa vem acontecendo. Nossas reuniões

sociais estão cada vez mais cheias, nossas atividades

estão bombando! Estivemos em 30 no PARNASO!!!! Já

estamos finalizando mais uma turma de nosso CBE,

são conquistas, manutenção e até abertura de trilhas.

O clube está passando por um momento especial. E não

poderia ser diferente... Com essa galera, tudo fica fácil.

E aí, já programaram alguma travessia? Alguma

escalada? Algum acampamento? Estão esperando o

que???

MENSAGEM DO PRESIDENTE

A temporada começou! Por Leandro do Carmo

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29 3

SUGESTÃO DE LEITURA

Tenha uma boa leitura! Por Eny Hertz

Trilhas - A Incrível Jornada de Uma Mulher Pelo

Deserto Australiano

Robyn Davison nos relata a jornada

de 2800 km com uma narrativa que

nos prende em todas as páginas,

com aventuras do primeiro ao

último capítulo. Ela ganha uma

clareza e entendimento da terra ao

aprender a depender dela.

Por Leandro Collares

LINHA-D’ÁGUA - Amyr Klink

Quando comecei a ler Linha d’água,

tive a nítida sensação de “participar

da narrativa”, como se os cenários e

atores se formassem imediatamente

no pensamento. Leitura intensa,

daquelas que você não consegue

parar e quando para, não vê a hora

de recomeçar.

Por Francisco Caetano

Viciado no Perigo - Uma Auto Biografia sobre a

defesa da vida.

Mallory, Messner, Hillary, Norgay,

Bonatti , Herzog, Lachenal, Rébuffat,

Terray, a lista não é pequena mas

citar qualquer um desses nomes não

passa desapercebido por qualquer

montanhista, do novato ao mais

experimentado; mas esse rol de

alpinistas ilibados também conta

com ilustres desconhecidos ou pouco conhecidos, que

nem por isso deixam de ter grandes feitos em seus

currículos e grandes aventuras um sua jornada, esse é o

caso de Jim Wickwire. Primeiro americano a subir o K2,

teve uma vida permeada de aventuras e feitos notáveis

como um fantástico bivaque a incríveis ascensões

em solo, mas também com algumas tragédias. Para

conhecer melhor esse cara, seus feitos e fatos a dica

que damos é a autobiografia intitulada “Viciado no

Perigo” da Editora Manole, uma leitura emocionante,

as vezes tensa, mas verdadeira, do jeito que todos

montanhistas gostam.

FOTOS DE ATIVIDADES

CONQUISTA NO PARQUE DA CIDADE

ATM PARNASO

ATM PETROPOLIS

INAUGURAÇÃO DO NÚCLEO DE MONTANHA

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4 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29

terminava no VI grau, como a dos países alpinos

europeus, e por aqui apenas um lance no Paredão

Lagartão, no Pão de Açúcar, era unanimemente

considerado como pertencente a este grau. Os mais

conservadores, inspirados por seus semelhantes

europeus, bradavam ser impossível ir além, repetindo

um embate que levou o célebre alpinista tirolês Reinhold

Messner a dar o título de Septimo Grado (O Sétimo

Grau) para o livro em que defendeu a ruptura com a

antiga ordem, e a expansão sem limites dos limites

acanhados impostos ao desenvolvimento técnico na

escalada pelos antigos tradicionalistas e sua engessada

tabela de classificação.

No início, eu fazia como me ensinavam, claro,

mas logo comecei a me sentir incomodado. Aquilo

não me parecia certo. Ajudado por uma boa fluência

no inglês, passei a ler compulsivamente revistas de

escalada estrangeiras, e aí me dei conta de que a minha

inquietação não era uma patologia isolada, mas, sim,

uma forma de encarar a escalada que estava ganhando

força de forma avassaladora em todo o mundo, Cada

vez mais se valorizava, sempre que possível, a ascensão

de escaladas em rocha apenas pela rocha, reservando

os equipamentos de segurança exclusivamente para

deter as quedas dos escaladores, em especial as de

guia.

Naquele momento, em todos os países, inclusive

naqueles com uma visão mais tradicional do esporte,

jovens escaladores estavam se lançando em lances

livres cada vez mais difíceis, fosse em novas vias, fosse

repetindo vias abertas no velho estilo, agora porém sem

usar os seus pontos (fixos ou móveis) de segurança

como apoio artificial para avançar. Houve, na verdade,

uma autêntica corrida para se fazer a “primeira ascensão

em livre” (first free ascent) das antigas escaladas com

artifícios, que passaram a merecer, muitas vezes, graus

assombrosamente mais elevados do que os originais.

Na Inglaterra foi-se além: antigas escaladas artificiais,

quando feitas inteiramente em livre, ganharam não

apenas um novo grau, mas também um novo nome! É

como se uma escalada inteiramente nova tivesse surgido

no mesmo espaço físico onde antes, incidentalmente,

havia outra à moda antiga.

HISTÓRIA

MEPA - Origem e Finalidade Por André Ilha

No Brasil, como no restante do mundo, a escalada

originalmente tinha como objetivo único chegar ao topo

da montanha, ou então da parede quando esta não

estivesse claramente associada a um cume. Os meios

para se atingir este objetivo eram, de uma maneira

geral, considerados pouco importantes – o que contava

era o resultado.

O uso de artifícios como pitons e grampos para

auxílio direto na progressão do escalador era visto com

naturalidade, e nas grandes montanhas dos maiores

maciços do planeta, o emprego de uma logística

pesada, de inspiração militar, envolvendo carregadores,

acampamentos intermediários estocados com comida

e equipamento para pernoite e milhares de metros de

cordas fixas era a norma.

Havia exceções, contudo, especialmente nos países

anglo-saxões, como Inglaterra e Estados Unidos. Nestes,

assim como em certas partes da Alemanha, desde muito

cedo se cultivou o interesse pela escalada livre, ou seja,

aquela na qual o escalador progride valendo-se apenas

dos meios naturais que a rocha oferece como agarras e

fendas, e graus notavelmente elevados foram atingidos

muito cedo, desde o início do século XX.

O Brasil, no entanto, seguia uma tendência,

digamos, europeia continental, que se refletia até no

sistema de classificação de escaladas por nós adotado,

que é claramente calcado no sistema alpino tradicional.

Assim como na França e na Itália, o termo “escalada

artificial” era destinado apenas para longas sequências

de pitons ou grampos a serem vencidas com o auxílio de

estribos, cordas duplas etc.. O uso de pontos de apoio

artificiais isolados não conflitava com o conceito de

“escalada livre”, e era encarado com muita naturalidade.

Quando eu comecei a escalar, em 1974, a parte

realmente “livre” das escaladas brasileiras era a distância

percorrida entre o grampo em que se estivesse pisando

até o grampo que seria agarrado acima. “O grampo

é a melhor agarra!”, cansei de ouvir, e esforços para

evitá-los como tal eram vistos como uma excentricidade

pitoresca, quando não ostensivamente desencorajados.

Não surpreendentemente, a classificação brasileira

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29 5

Ciente disso, propus, no início dos anos 80, que

fizéssemos o mesmo por aqui: que tentássemos não

apenas abrir novas vias no estilo “livre de verdade”,

mas que, também, “liberássemos” as antigas vias com

artificiais contínuos ou pontos de apoio artificiais

isolados, como se fazia no resto do mundo.

Isto precisava ser registrado de alguma forma, não

apenas para fazer justiça a estes avanços, mas, também,

para servir como inspiração para realizações ainda mais

significativas. Calhou que nessa época eu estivesse

trabalhando, em parceria com minha ex-esposa, Lúcia

Duarte, na primeira publicação brasileira voltada para o

registro sistemático de vias de escalada: o “Catálogo de

Escaladas do Estado do Rio de Janeiro”, que veio a ser

editado em 1984 pela hoje extinta Cia. de Turismo do

Estado do Rio de Janeiro (Flumitur).

Então nos ocorreu que no nosso trabalho

poderíamos não apenas apontar quando uma escalada

conquistada com diversos pontos de apoio artificiais

tivesse sido guiada completamente em livre, como

nos modernos guias estrangeiros. Em vez disso, caso

uma via tivesse tido apenas alguns de seus pontos

de apoio “eliminados”, mas outros ainda resistissem,

esperando que escaladores melhor preparados técnica

e fisicamente conseguissem evitá-los, isso deveria estar

de alguma forma consignado. Assim, ficaria claro para

todos o que ainda restava por fazer e lançaria toda

aquela imensa energia disponível na nova geração em

busca deste objetivo.

Desta forma, em vez de nos valermos da opção

binária de escalada livre x escalada não livre (não

importando se houvesse um ou dez pontos de apoio

a serem eliminados), criamos o conceito de “máxima

eliminação de pontos de apoio” (MEPA) para registrar

estes progressos, registrando entre parênteses quantos

pontos de apoio artificiais ainda não haviam sido

evitados numa via qualquer. Quando a via já tivesse

sido guiada inteiramente em livre, o número entre

parênteses seria zero. Ou seja, teríamos uma ferramenta

para acompanhar sistematicamente o progresso da

escalada carioca e brasileira, em que os graus, com o

tempo, ficariam cada mais altos e os números entre

parênteses cada vez mais baixos, até eventualmente

chegarem a zero.

Como na Europa, esta mudança conceitual não

se deu sem resistência, e a reação foi especialmente

feroz a partir de um grupo então encastelado no Centro

Excursionista Rio de Janeiro (CERJ), para quem nós

éramos todos meros “acrobatas”, escaladores elitistas

e exibicionistas que perversamente não aderíamos

à visão “certa” (a deles) do esporte. A tensão teve o

seu ápice no I Encontro Brasileiro de Montanhismo,

ocorrido em setembro de 1983 no auditório do Parque

Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis. Ali, entre

aplausos e vaias dos partidários de cada filosofia, eu

li um texto defendendo o admirável mundo novo da

escalada brasileira e os avanços que já estavam em

curso, texto este que depois veio a ser editado com

o título de “Manifesto da Escalada Natural”. Em sua

versão impressa, ele foi acompanhado por um texto

complementar intitulado “Pontos de Apoio”, em que eu

explicava didaticamente o que deveria ser entendido

como “escalada livre” na visão moderna do esporte.

Mas a expressão MEPA só foi cunhada mesmo no ano

seguinte, como dito acima.

Embora criado para registrar e, mais do que isso,

inspirar um momento específico da escalada brasileira,

o conceito de MEPA, a rigor, mantém-se válido até hoje,

pois é extremamente comum que vias ainda sejam

conquistadas com um ou mais apoios artificiais que

só mais tarde serão eliminados, seja pelos próprios

conquistadores, seja por outros escaladores.

FOTO DE ATIVIDADE - SERRA FINA

NA FOTO: PATRÍCIA, LEANDRO, VINÍCIUS, ARY, ANDRÉA, MICHA-EL, FELIPE E PAULO.

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6 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29

RELATO

Nariz do Frade, um chaminé de respeito Por Leandro do Carmo

Participantes: Leandro do Carmo, Alfredo

Castinheiras, Michael Patrick, Vinícius Araújo, Daniel

Talyuli, Roberto Andrade, Tauan Nunes e Marcos Lima.

Local: Parque Nacional da Serra dos Órgãos

A trilha: Pegar a trilha da Pedra do Sino. O início

fica metros antes de começar uns canos de ferro, que

levavam água ao antigo Abrigo 2. A entrada da trilha

é bem discreta e andando alguns metros, você verá

um pequeno descampado, depois seguirá descendo e

subindo. Cruzará dois pequenos riachos. Mais a frente,

entrará numa parte bem íngreme, chegando numa

crista, até começar a subir forte novamente. Após essa

subida, virá o Paredão Roi Roi, onde será preciso estar

encordado ou fixar uma corda para segurança. Mais

uma subida forte e estará na base do Nariz do Frade.

Dicas da escalada: A chaminé é longa e mau

protegida, principalmente nos 3 primeiros grampos. Eu

escalei mais para fora, na parte mais aberta, um pouco

fora da linha dos grampos, e me aproximava para

costurá-los. Optei por não costurar o segundo grampo,

pois ele fica numa parte bem estreita, fui direto do

primeiro para o terceiro. Há uma parada dupla, bem

confortável num platô. A partir desse platô, escalar em

livre numa sequência de 4 grampos até uma pequena

entrada (entrar na de baixo, a menor). Nesse dia

estava bem úmida. Faz uma chaminé horizontal, bem

apertada, onde segue agachado até o final, dali já dará

para ver a luz lá no alto. Não tem grampo nesse trecho,

mas tem excelentes buracos para por os pés. Saindo do

buraco, tem mais dois grampos no final e já estará no

cume do Nariz do Frade, uma base bem ampla. Faltará

subir a Verruga. Lá tem dois grampos para artificializar

a saída e será necessário fazer um lance em livre, um 3º,

até chegar a um grampo antigo e grande. Mais acima há

um grampo de cume. Para o rapel, existe um grampo,

logo após a pedra onde fica o livro de cume, que dá

para chegar ao platô num rapel que começa positivo e

termina aéreo. Existe uma parada dupla mais em baixo,

mas considerei arriscado montar o rapel ali, muito

exposto. Do platô, com duas cordas, desse direto, com

uma corda, deverá fazer mais um uma parada no meio

da parede.

Relato

Era o dia da Abertura da Temporada de

Montanhismo do PARNASO. Nós do Clube Niteroiense

de Montanhismo, havíamos programados de fazer

vários cumes nesse dia, entre eles: Papudo, Sino, São

Pedro, Neblina e a Verruga do Frade. Ao total, fomos 30.

Isso mesmo, 30! Resolvemos alugar duas vans, assim

poderíamos curtir mais o evento, mesmo depois de um

dia cansativo... Mas vamos ao que interessa, vamos ver

como foi subir essa tal Verruga...

A ideia inicial era escalar a Verruga do Frade

e depois continuar na Travessia da Neblina, afinal

de contas, estaríamos na base do Nariz do Frade e,

teoricamente, era só escalar a grande chaminé e depois

a Verruga... Mas entre a teoria e a prática... Há uma

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grande diferença, ou melhor, uma grande chaminé!

Chegamos na Barragem e iniciamos a trilha às

08:30h. Seguimos pelos incansáveis zigs zags da trilha

do Sino e fizemos nossa primeira parada, coisa bem

rápida, na Cachoeira do Véu da Noiva. Descansamos e

seguimos caminho. Acho que de tanto fazer essa trilha,

ela ficou até mais curta e logo estávamos no local do

antigo Abrigo 2. O começo da trilha é a esquerda, numa

discreta saída, alguns metros antes de começar os

canos de ferro que levavam água para o antigo abrigo.

Ali, tomei a dianteira e segui descendo. Não havia

feito a trilha, nem a escalada, mas sabia que era por

ali. O caminho até que era óbvio, um pouco fechado

em alguns trechos, muito fechado por causa dos

bambus caídos em outros, mas seguimos. Cruzamos

dois riachos e entre as curvas da trilha, pisei e afundei,

só não rolei barranco abaixo, porque consegui me

segurar. Continuamos e bem mais a frente, quando

pega uma parte mais plana, tem uma pegadinha que

muitos desavisados chegam a ir reto, até parar no meio

do nada. Foram colocados alguns galhos e existe um

totem. Nesse ponto deve-se começar a subir. Não é

tão óbvio, mas com um pouquinho de atenção dá para

perceber que é por ali.

Começamos a parte mais chata da subida, num

local muito instável e íngreme. Aos poucos, fomos

vencendo a subida e chegamos a uma bifurcação, onde

dobramos a direita e seguimos a parte mais bonita do

caminho. Caminhamos pela crista até que começamos

a subir forte novamente. Mais a frente, chegamos ao

Roi Roi. Uma sequência de alguns grampos que fui

subindo sem segurança e fixei uma corda para agilizar

a subida. Depois de fixada a corda, continuei a trilha

até um mirante onde era possível ver o Nariz do Frade

e toda a sua beleza.

Já há alguns minutos ali contemplando a beleza, o

Marcos Lima chegou e aproveitamos para fazer algumas

fotos. A cidade de Teresópolis, ao fundo, tentava de

qualquer maneira aparecer nas fotos, mas o ballet das

nuvens, ao mesmo tempo que cobria a nossa visão, dava

um espetáculo a parte... Segui até a base da chaminé,

afinal de contas, não via a hora de chegar lá em cima.

Até que caminhamos bem... Levamos cerca de 2 horas

para percorrer o caminho. Quando cheguei de frente a

chaminé, pensei: “Tô f...”. Sabia que era grande, já havia

visto fotos, mas ao vivo... Era beeeeeem diferente. Já

tinha uma cordada na via e o último estava começando

a subir. Achei que seria rápido, mas no rítimo que ele

estava indo, iria demorar um pouco. Todos chegaram e

aproveitamos para fazer um lanche. Enquanto lanchava,

fui dar uma olhada pelo local. De cara já deu para ver

que o primeiro grampo era bem, mas bem alto mesmo.

Já tinha a dica de que a melhor forma de subir não

era seguir o grampo e sim, escalar pela parte mais larga

da chaminé e se aproximar do grampo somente para

costurá-lo. O caminho da conquista foi outro, bem lá

no fundo. No relato dos conquistadores, que está no

arquivo do CEB, consta que quando chegaram a base

do “Nariz” perceberam que o melhor caminho seria

uma chaminé de aproximadamente 50m. Úmida e com

bastante limo, utilizaram a técnica vigente na época.

Construíram uma grande escada, improvisada com

varas de 5 a 6 metros de comprimento. Vencido este

obstáculo ainda tiveram que atingir o topo da verruga

do nariz do Frade. Mais 11 metros de escalada e

atingiram o topo. Esta conquista precisou de um grande

trabalho de equipe que se iniciou no dia 04 de junho de

1933, com a abertura da trilha até a base por Malvino

Américo de oliveira, Andral Povoa e Luiz Gonçalves. Na

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8 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29

semana seguinte juntaram-se ao time Alcides Rosa de

Carvalho, Arlindo Motta e Antônio F. de Godoy. Para

a construção da escada e investida final reforçaram o

grupo os Montanhistas José Claussem e Miguel Ignácio

Jorge. Mais tarde foi instalada uma grande escalada,

feita com cabos de aço, que acabou se perdendo no

tempo e hoje não está mais no local.

Depois de 1 hora esperando, iniciei a escalada.

Comecei a subir bem pela parte de fora da chaminé.

Fui subindo, tentando manter um ritmo constante. Parei

para dar uma descansada e olhei para cima, o grampo

ainda continuava longe, olhei para baixo e também

já estava longe... Com o apoio da galera continuei

subindo. Mais alguns longos metros e costurei o

primeiro grampo e pude descansar um pouco, cerca de

1 minuto e já parti para o próximo. O segundo grampo

fica muito para dentro da chaminé. Talvez a parte mais

apertada... e olha que sou pequeno e magro... Resolvi

ir direto para o terceiro. A chaminé tem ora que fica

tranquila, mas em alguns lances fica apertada, mas

de uma maneira geral é boa. Só é bem longa e pouco

protegida.

Chegando ao terceiro grampo, passei a costura e

dei mais uma pausa. Os grampos seguintes estavam

um pouco mais próximos e a linha ia seguindo para

a direita. Continuei subindo e em alguns momentos

colocava o joelho na parede para ajudar a descansar...

Mais acima, costurei o quarto grampo, depois o quinto

e finalmente o sexto. Esse último, fica do lado oposto,

já no final da chaminé, na base do platô. Como ele

estava atras de mim, estiquei o braço para costurar e

passar a corda, só depois que fiz o movimento e girar e

passar para o platô.

No platô a cordada da frente ainda estava lá. O Guia

já havia ido e faltavam os dois participantes. Montei

a parada e fixei a corda, para que o pessoal viesse

subindo. Enfim pude descansar um pouco... O primeiro

a chegar foi o Alfredo, que trouxe mais uma corda,

na qual fixei também.. Em seguida, veio o Marcos

Lima. Enquanto o resto de pessoal subia, o Alfredo

e o Marcos preparavam o caminho para a próxima

enfiada. Uma sequência de 4 grampos, num misto de

pequenas agarras. Só que estava escorrendo muita

água e resolvemos colocar alguns estribos. Chegaram

também o Daniel e o Roberto. Enquanto aguardávamos

os outros, acompanhávamos o outro grupo de CNM na

Travessia da Neblina. Depois, chegou o Michael e, por

último, o Vinícius.

Enquanto o Vinícius vinha subindo, puxei uma

corda e já parti para o próximo desafio. O Alfredo, que

já havia feito, me disse para seguir pela menor entrada,

nesse caso, a de baixo. E para lá segui... Quando

cheguei na entrada, falei: “Alfredo, você tem certeza

que é por aqui?”. Tive que fazer alguns movimentos

contorcionistas para poder entrar. Estava bastante

úmido o interior dessa passagem. A parede de trás

era um pouco inclinada para frente, porém com bom

apoio de pés. Isso facilitou um pouco as coisas. Entrei

literalmente fazendo a dança do siri, bem agachado.

Pois é nessa posição mesmo, se é que você conseguiu

imaginar alguma coisa... Segui sem costurar (pois não

há grampos) numa horizontal, até que pude ver mais

acima, a luz no fim do túnel! Iniciei a subida, passando

por uma pedra no estilo 127 horas, que nem encostei

nela... Enfim, havia terminado. Puxei a sobra de corda,

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29 9

a fixei e avisei para os próximos subirem.

Por alguns minutos fiquei sozinho a contemplar

toda aquela beleza. Depois de todo o esforço, uma

sensação de conquista e alívio me tomaram conta.

Nunca havia sentido isso antes... Sentei aos pés da

Verruga e pude observar, do outro lado, o pessoal na

Travessia da Neblina. Aproveitei para assinar o livro de

cume e dar uma volta na ampla base do Nariz do Frade.

Em seguida, chegou o Alfredo. Quando ele chegou,

aproveitei para subir a Verruga. Antigamente existia

um cabo de aço, mas hoje, só restam os grampos,

na verdade 4. Além de dois grampos iniciais, o que é

necessário para fazer o artificial da saída, tem um lance

em livre obrigatório, acho que 3º grau até um grampo

grande e antigo. Depois desses três, tem um lá no

cume. Me encordei e segui para o lance. Coloquei duas

fitas no primeiro grampo e mais uma no segundo. O

que mais importava agora era chegar ao cume. Mais

algumas passadas e estava no cume da Verruga do

Frade. Agora sim missão cumprida, ou melhor, quase

cumprida, pois faltava a volta...

O Marcos foi o próximo a subir e em seguida o

Alfredo. Já passávamos das 14:30h e resolvi descer e

agilizar o pessoal que faltava subir. Quando o penúltimo

subiu, puxei uma corda e fui começar a preparar o rapel.

Desci até ao platô no final da chaminé, montei a parada

e esperei a galera descer. Aos poucos todos estavam lá,

sete no total. Emendamos duas cordas e começamos o

rapel até a base. Abri esse rapel, e rapidamente cheguei

a base. Ali fiz um lanche e esperei a galera chegar.

Ainda tínhamos muito trabalho, já era 17:00 h e com

certeza, faríamos a trilha a noite. Quando todos já

estavam na base e alguns já finalizando o lanche, fui

com uma corda para fixar no Paredão Roi Roi e agilizar

a descida. Aos poucos, a luz do sol foi acabando e como

estava muito nublado, anoiteceu por volta das 17:30

h. Antes do último a fazer o rapel, já estávamos com a

lanterna ligada.

Voltamos a andar e a trilha na parte mais baixa,

onde as nuvens se concentravam, estava molhada, havia

chovido um pouco e sentíamos que estava chuviscando,

mas como a floresta é bastante densa, impedia de

vermos alguma coisa. Levamos alguns tombos e acho

que ninguém escapou... Fui seguindo na frente e em

alguns pontos tive ir voltar para tentar achar o caminho

correto. Mas seguimos e foi um alívio chegar à trilha do

Sino, no local do antigo Abrigo 2. Descemos e fizemos

uma parada na Cachoeira Véu da Noiva. Encontramos

o grupo que vinha da Travessia da Neblina. Alguns

desceram, outros preferiram descansar mais um

pouco. Eu fui logo em seguida e caminhei sozinho até

a Barragem, onde cheguei, exatamente 12 horas depois

de começar. Peguei a trilha suspensa e fui descansar

na Casa do Montanhista, onde rolava o evento da ATM.

Agora a missão estava cumprida! Valeu a todos por

essa grande e inesquecível aventura!!!

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10 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29

ESPAÇO PESET

CNMeio ambiente: Manutenção da Trilha do Bananal Por Eny Hertz e Leandro do Carmo

Nos últimos anos

percebemos um aumento

significativo de visitantes

na trilha da Enseada do

Bananal, cujo acesso

se dá pela subsede do

PESET, no bairro de

Itacoatiara. Essa trilha

como o próprio nome

sugere é o principal acesso à Enseada do Bananal, mas

também leva a base da trilha do Costão e Alto Mourão,

no entanto, esta última encontra-se interditada devido

à ocorrência de processos erosivos. Muitos destes

visitantes não possuem hábitos coerentes com as de

mínimo impacto, visando à conservação ambiental e

vários atalhos surgiram principalmente neste último

verão de 2015. É importante que ações educativas,

fiscais e limitadoras sejam implementadas para que

a trilha volte a apresentar um nível de qualidade

ambiental satisfatório.

Para isso, o CNM, com apoio do PESET, organizou

no dia 31/05/2015, um mutirão para construção e

colocação de corrimão e delimitadores em diversos

trechos da trilha. A atividade foi marcada pela diretoria

de meio ambiente do CNM e divulgada pelo site, lista

no yahoo e pelo facebook do clube. Vinte e oito pessoas

ficaram de comparecer, vários não associados. Como

choveu a noite, muitos acreditaram que a atividade

tivesse sido cancelada. Onze pessoas compareceram:

Felipe Queiroz (PESET); Diego Sacramento (GP-PESET);

Marco Antunes (GP-PESET); Gabriel Tavares (convidado

do CNM); e associados do CNM: Alexandre Rockert;

Alex Figueiredo; Annelise Gramacho; Felipe Porcino;

Leandro do Carmo; Stephanie Maia e Eny Hertz.

O PESET disponibilizou peças de bambu grosso,

arame, sisal, cavadeiras de ponta, cavadeiras articuladas,

serra de podar, motoserra, alicate e torquez. Stephanie,

Leandro e Felipe foram para o início da trilha do Costão.

Leandro relatou que fecharam o atalho (lado esquerdo

da subida) em três pontos, colocando bambus no início,

no fim e na lateral, na metade do caminho. Limitaram

também uma área onde as pessoas ficavam esperando

para subir. Colocaram alguns galhos para tentar fechar

mais o local. O resto do grupo ficou fechando vários

atalhos abertos indevidamente ao longo da trilha. Ações

como esta precisam ser repetidas mais vezes para que

a trilha volte a apresentar um bom nível de ambiental.

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29 11

ARTIGO

Montanhismo e Seleção Natural Por Rosângela Gelly

Pense em quando você nasceu ... o quanto precisava

aprender do mundo, da vida e das pessoas para poder

chegar aqui onde está: vivo e com saúde. Talvez você

não se dê conta do quanto precisa saber dessas coisas

para conseguir chegar inteiro a cada final de dia.

Todos os seus ancestrais foram muito hábeis

em vencer os desafios do mundo a cada dia. Você é

o resultado disso. E quando você nasceu começou a

ganhar sua própria experiência.

Se tropeçar na calçada, você saberá o que fazer

para não cair de ”cara no chão”, pois passou por um

processo longo e duro para aprender isso, certo?

E agora vamos trazer isso para o mundo do

Montanhismo.

Todo o aprendizado adquirido, desde o nosso

nascimento, vai conosco para esse ambiente novo. As

defesas que usamos no nosso dia a dia parecem ser

suficientes para lidar com tudo o que pode acontecer.

Mas não são, já que a Montanha exige técnicas e

habilidades específicas.

Cada dia é um dia. Cada tropeço ensina, mas não

é definitivo. O aprendizado aumenta o conhecimento,

mas não impede tropeços futuros. Se um acidente foi

evitado, parabéns! A garantia é apenas do que passou,

não há garantia do futuro.

O homem tem uma diferença, e uma grande

vantagem sobre os outros animais: é capaz de passar

suas experiências para os outros de sua espécie. Isso o

torna capaz de, sem mesmo vivenciar alguma situação,

saber que ela existe, pensar em uma solução, simular

a sua ocorrência e se preparar para ela. Incrível não?!

Resumindo: como você pode estar preparado para

um evento que potencialmente ameace sua vida em

uma montanha? Pense ....

O que fazer no momento em que você escorrega

rumo a um precipício em uma caminhada? Se a corda

se solta do mosquetão? Ou se um “friend” se solta

de uma fenda? Naquele segundo em que você pensa:

“Uhm, ferrou!”. E lá está a Mãe Gravidade, democrática,

esperando você de braços abertos.

Mas lembra que dissemos que é possível

desenvolver respostas a eventualidades a partir da

experiência de outros?

Se você entra em um banheiro e vê uma placa escrita

“Piso Molhado”, o que você faz? Talvez pense que não

faz nada. Mas isso não é verdade. Todo uma mecanismo

de defesa é acionado para você se “defender” de uma

eventual queda.

Da mesma forma, é preciso que esteja nato, em

seu mecanismo de defesa, as técnicas e habilidades

necessárias para responder a uma situação de risco na

montanha embora em nenhum lugar vai ter uma placa

dizendo “Pedra Molhada”. Você precisa estar “ligado” o

tempo todo.

Esteja treinado e apto a responder adequadamente.

Ler apenas não basta. Treinar, treinar, treinar. Tudo

isso requer condicionamento. Da confecção de nós,

fazer corretamente seus procedimentos, e garantir o

de outros, até participar de um resgate. Quanto mais

se aprende, mais é possível entender que há muito a

aprender.

Estar na Montanha faz parte do processo de seleção

natural.

Rosângela Gelly – Montanhista desde 1984 e Guia

formada pelo CEG desde 1987

Revisão: Dalton Chiarelli e Lilian Gelly

Page 12: Boletim CNM 2015-2

12 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29

AMBIENTE

Algumas características de plantas sobre as rochas Por Kátia Torres, adaptado por Stephanie Maia

As plantas encontradas nos paredões podem ser

rupícolas, quando crescem diretamente sobre a rocha,

ou saxícolas, quando se localizam em pequenos platôs

ou fendas com solo. Nessas situações, a água que

chega escoa rapidamente e os nutrientes são escassos.

Por isso, as plantas crescem bem devagar, e muitas

têm adaptações especiais para lidar com a escassez de

água, como é o caso dos cactos e bromélias formadoras

de tanques, que armazenam água, ou das orquídeas

e bromélias do gênero Tillandsia, que conseguem

captar rapidamente a umidade das nuvens, ou ainda

as velózias (canelas-de-ema) e capins-ressurreição, que

toleram a dessecação violenta das folhas com posterior

re-hidratação das mesmas folhas.

Não é fácil se fixar na rocha. Imaginem quantas

sementes se perdem por secura ou enxurrada para

que uma se fixe e, finalmente, cresça. Basta observar

uma via inacabada na face S do Pão de Açúcar, o

Paredão Universal, para constatá-lo: ela começou a

ser conquistada na década de 60, mas depois foi

abandonada e até hoje não apresenta sinal claro de

recuperação da vegetação luxuriante que cobre esta

face úmida da montanha.

É muito difícil para uma semente conseguir viajar

de uma montanha para outra e, além disso, chegar

a germinar. Talvez por isso haja tantas plantas que

são específicas de uma ou de poucas montanhas

adjacentes. Plantas em diferentes montanhas, quando

não trocam sementes ou pólens, vão se tornando cada

vez mais diferentes até que formam espécies distintas,

e assim surgem os muitos casos de endemismo restrito

(espécies só encontradas em uma única montanha).

Depois que algumas espécies mais tolerantes se

fixam, começa a haver a interceptação de partículas de

rocha, de húmus e detritos de plantas, e assim surge

um protossolo, em que vão crescer outras plantas,

como algumas gesneriáceas, bromélias e aráceas. Em

geral, há primeiro a entrada de liquens e musgos, que

crescem extremamente devagar (alguns liquens crescem

apenas 1mm por ano!). Essas plantinhas minúsculas

vão decompondo a rocha química e fisicamente, e vão

juntando um pouco de solo embaixo de si, e assim

também ajudam as sementes das outras espécies a se

fixar. Estas então germinam e começam a crescer de

forma bastante lenta também. Algumas delas crescem

prostradas na rocha, e formam algo parecido com um

tapete, que ajudam ainda mais a fixar partículas de

solo, e mais e mais espécies conseguem se estabelecer

ali. No entanto, muitas vezes esses extensos tapetes

estão precariamente presos na rocha, quase que apenas

aderidos, e sua retirada, bastante fácil, interrompe um

processo de décadas ou mesmo de séculos de duração.

Em resumo, podemos dizer que essas espécies

crescem devagar, têm dificuldade de estabelecimento

(germinação + fixação) e, portanto, ``investem’’ na

longevidade. Estas plantas são, no mais das vezes,

muito velhas! Ruy Alves, pesquisador do Museu Nacional

do Rio de Janeiro, estimou a idade das canelas-de-ema

(Vellozia candida) do Pão de Açúcar, no caminho do

Costão e Paredão São Bento, em cerca de 150 anos, e

em cerca de 500 anos as canelas-de-ema gigantes da

Serra do Cipó.

Por que as montanhas têm plantas diferentes umas

das outras?

Muitos fatores determinam quais plantas podem

ser encontradas em uma certa montanha. Além do

acaso e das chances das sementes terem chegado

lá, as plantas são afetadas pelo regime de luz, pela

rugosidade da rocha (tamanho dos cristais da rocha e

forma de fragmentação), presença de fendas e outras

concavidades, composição química da rocha e outros

detalhes do relevo, além da presença de dispersores e

polinizadores.

Também é bastante evidente o papel da insolação,

da declividade e da umidade. A declividade, por

exemplo, define bastante quais espécies podem ser

encontradas, pois algumas delas só conseguem crescer

em paredes verticais, enquanto outras dependem de

um pouco de terra, e são mais comuns nas paredes

menos inclinadas.Dessa forma, a vegetação sobre

rocha do sudeste do Brasil e rica em endemismos,

cada montanha ou conjunto de montanhas tem suas

espécies particulares.

Page 13: Boletim CNM 2015-2

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29 13

A fragilidade da vegetação

Essa vegetação sobreviveu relativamente bem

até hoje, mas na verdade é extremamente frágil. A

fragilidade tem dois componentes importantes: a

facilidade para remover a vegetação (resistência) e o

tempo que ela leva para se recuperar (resiliência). Para

retirar a vegetação sobre rocha não são necessárias nem

grandes ferramentas, nem tratores, nem fogo, como em

uma floresta. Basta a habilidade de subir (ou descer...)

na rocha e a força de algumas pessoas, ou mesmo a

passagem freqüente de cordas para causar um grande

estrago. Já o tempo para a vegetação se reconstituir por

meios naturais ainda não foi estimado, mas é certamente

muito longo. Em locais com muitas fendas a vegetação

pode voltar ao que era antes em menos de 100 anos,

mas em superfícies lisas os processos são mais lentos.

A recuperação destas áreas é impressionantemente

difícil e lenta, e no caso de se querer apressá-la, muito

cara. O que é destruído agora tem de ser considerado

como perda total, a não ser que sejam implementados

programas intensivos de recuperação.

A velocidade com que novas vias vêm sendo

estabelecidas ameaça a estabilidade da vegetação e

mesmo a existência de muitas espécies, e é preciso

lutar por normas de conduta que minimizem o impacto

em vias novas ou já criadas, ao mesmo tempo em que

se tenta determinar um patamar máximo de retirada de

vegetação das paredes.

É mais fácil destruir e não se importar com plantas

que parecem um simples mato. E o que é o mato? Pra

maior parte das pessoas, é aquilo que vive em qualquer

lugar, que cresce em abundância, que ̀ `dá como mato’’.

Decididamente este não é o caso das plantas sobre

rocha, muitas delas assim tão pequenas e na verdade

mais velhas que nossas bisavós, e que conhecemos

tão pouco. É responsabilidade de todos nós poupar e

ensinar os outros a proteger essa vegetação da nossa

sempre crescente velocidade.

Fonte original: http://www.femerj.org/sobre-a-

femerj/diretoria/departamento-de-meio-ambiente/150

Acesso em 20/05/2013

FIQUE DE OLHO

Page 14: Boletim CNM 2015-2

14 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29

ACONTECEU

ATM 2015 Por Leandro do Carmo

O CNM marcou presença no que considero a maior

ATM da história! Abaixo, um resumo do evento:

A 2ª Semana Brasileira de Montanhismo, com o

tema Rio nas Montanhas: 450 anos de História foi

um dos eventos de maiores sucessos nos últimos

tempos. Foram 11 eventos distribuídos em três dias

que atraíram mais de 2,000 pessoas. Longe de passar

a grandiosidade do evento, enviamos aqui um breve

resumo do que rolou na Urca entre os dias 01 a 03 de

maio de 2015.

3º Congresso Brasileiro de Montanhismo e

Escalada - no dia 01 de maio, mais de 80 pessoas se

reuniram para debater sobre dois temas principais: (a)

Porque tantas restrições? Acesso e Conservação e (b)

Montanhismo Brasileiro: Presente e Futuro. O congresso

contou com as seguintes Mesas-Redondas: Visitação em

Unidades de Conservação de montanha, Mantendo os

acessos abertos., Montanhismo Organizado (desafios

e soluções em cada canto do país), Construindo novos

caminhos do montanhismo.

Premiação Mosquetão de Ouro - A CBME lançou o

prêmio Mosquetão de Ouro, cujo objetivo é celebrar a

paixão, o espírito e os valores, bem como os feitos de

atletas e pessoas do montanhismo brasileiro no ano de

2014. Foram premiados atletas e personalidades em

quatro categoria e os vendedores de 2015 foram:

Montanhismo – Maximo Kausch Serantes e Pedro

Hauck pela realização de escalar todas as montanhas

com mais de 6.000m nos Andes

Escalada - Lucas Marques e Sergio Ricardo com a

repetição da via Place of Happiness, encadenando todas

as enfiadas em 10 horas

Escalada Esportiva – Felipe Camargo por mandar o

boulder Fortaleza, o primeiro V15 do Brasil

Montanhismo e Sociedade - Silverio Nery pelo

trabalho à frente da CBME e FEMESP desde a fundação

até o ano de 2014, promovendo o esporte e defendendo

os valores e princípios do montanhismo contra

regulamentação externa, organizando e participando de

diversos fóruns de debates em prol do montanhismo,

coordenando diversas ações envolvendo lutas de acesso,

organização de campeonatos, e autorregulamentação.

Campeonato Brasileiro de Boulder - Entre os dias

01 e 03 de maio atletas juvenil, júnior e elite na maior

disputa brasileira pelo troféu na modalidade Boulder.

Na categoria “Elite Masculino”, Felipe Camargo foi o

grande vencedor, à frente de Jean Lages Ouriques e

Rafael Passos. Na categoria “Elite Feminino”, Luana

Riscado foi a campeã, seguida por Maíra Vilas Boas e

Camila Macedo. Com estrutura de primeiro mundo

sem precedentes na história de competições no Brasil,

o campeonato teve aprovação tanto de público quanto

dos atletas.

Palestras de convidados - No dia 1º de maio Arno

Ilgner apresentou uma palestra sobre “O Caminho do

Guerreiro da Rocha”, uma metodologia desenvolvida

pelo próprio para auxiliar escaladores e montanhistas

a lidarem com o medo e superarem cada vez mais

barreiras. No dia 02 de maio, foi a vez de Pedro da Cunha

Menezes passar informações sobre trilhas de longa

distância e a mais carioca das trilhas, a Transcarioca.

Montanhismo Social - Foram oferecidas 12

oficinas gratuitas para o público leigo poder ter

o primeiro contato com o montanhismo. Essas

oficinas tiveram os seguintes temas: Cordas e Nós,

Caminhada Interpretativa no Morro da Urca, Caminhada

Interpretativa Geológica na Claudio Coutinho,

Acampamento (montagem de barraca), Escalaminhada

no Costão do Pão de Açúcar, Batismo de Escalada no

Morro da Babilônia, Montanhismo Infantil, Caminhada

ao Mirante do Costão, Oficina de Dança Vertical, Plantio

de Árvores Nativas da Mata Atlântica, Oficina de Artes

com o Tema: “Montanhas do Rio”. Além disso, algumas

atividades foram oferecidas de maneira permanente

na praça: Slackline, Projeto “Gaiolas”, Horta Orgânica,

atividades diversas de educação ambiental e Muro

Infantil. Por último, foram oferecidas palestras com o

tema de geologia e montanhismo: Geodiversidade do

Rio de Janeiro; A mais carioca das Rochas; e Aspectos

Culturais da Paisagem de Montanha.

Cine Montanha na Praça - uma grande tela foi

montada para que o público desfrutasse, gratuitamente,

de grandes produções do cinema de montanha no

último ano.

Dia 01 de maio - Valley Uprising (Direção: Peter

Mortimer, Nick Rosen e Josh Lowell; Produção: Sender

Page 15: Boletim CNM 2015-2

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29 15

Films).

Dia 2 de maio - No festival de curtas, o Cine

Montanha apresentou os seguintes filmes: Raízes

de Pedra (8 min.) direção e produção de Guilherme

Taboada; A Line Across the Sky (7 min.) e El Sendero

Luminoso (6 min) do festival Reel Rock; O Atalho do

Diabo (26 min), uma produção de Thaís Schoroder e

Guilherme Cintra. Nesse dia, foi passado o filme Valley

Uprising por ter sido interrompido por conta da chuva.

Workshops de técnica e segurança em escalada -

Foram realizados mais de 20 workshops durante os 03

dias de evento e no fim de semana seguinte da 2SBM.

Os temas incluíram: O Caminho do Guerreiro da Rocha,

Auto-resgate, Ascensão por Corda Fixa, Montagem

de Ancoragem, Técnicas de Improviso em Escalada e

Técnicas verticais e a pesquisa científica em altura.

Curso de Route Setter - Seguindo a proposta da

CBME de fortalecer o cenário nacional de campeonatos,

foi oferecido um curso de Route Setter que foi ministrado

pelo peruano Jimmy Morales, que tem experiência de

três The North Face Master. Os participantes tiveram

contato com a teoria de montagem de via e participaram

da abertura de vias para o campeonato.

Oficinas de Aprimoramento Técnico - Foram

oferecidas 07 oficinas gratuitas com os seguintes

temas: Orientação e Mapas, Liderança em Áreas

Naturais, Proteções Fixas em Escalada, Graduação de

Trilhas, Paradas e Ancoragens e Mínimo Impacto na

Prática.

Homenagem aos Veteranos - No dia 3 de maio,

em um dos momentos mais emocionantes da 2a

SBM, a FEMERJ homenageou alguns dos montanhistas

da década de 50 e 60 que fizeram a diferença no

montanhismo carioca. Foram homenageados: Giuseppe

Pellegrini, Reinaldo Benken, Vera Motta, Carlos Alberto

Carrozino, Claudio V. De Castro, José Sebastião Lopes

Da Silva (Tião), Tadeuz e Cyonira Hollup, Salomith

Fernandes e Sobral Pinto

Exposição Rio nas Montanhas: Montanhismo,

Geologia e Sociedade - Apresentou informações sobre

os diferentes usos que as montanhas cariocas tiveram

ao longo dos 450 anos da fundação da Cidade. Em 12

painéis foram retratados a formação das montanhas,

o uso econômico das rochas, explorações artísticas

e científicas do século XIX e o uso recreativo das

montanhas, com o montanhismo e escalada carioca.

Espetáculo Aranhas - Numa parceria com o Deuter

Fest, a 2a Semana Brasileira inovou com a apresentação

de Dança Vertical Contemporânea realizada por artistas

da Companhia Magno Cia de Dança.

O CNM esteve presente no sábado e no domingo.

Montamos um stand com exposição das fotos

vencedoras do concurso Além das Quatro Paredes 2015,

exposição de fotos do acervo do clube, fotos históricas

do Sobral Pinto, disponibilizamos vídeos de diversas

atividades, vendemos camisas e canecas, distribuímos

um boletim edição especial, produzido especialmente

para o evento, além de adesivos. Tivemos um encontro

com as turmas dos antigos CBE’s. Tudo isso regado a

muita cerveja e refrigerante!!!!

Seguem algumas fotos desse grande evento!

Page 16: Boletim CNM 2015-2

16 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29

MAIS FOTOS DA ATM

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29 17

OLHA QUEM ESTÁ CHEGANDO

Novos sócios!!!Foram 12 novos sócios desde 01/04/2015!!! Abaixo a

relação deles! Sejam bem vindos!

Nome: Clever Felix de Souza Junior

Profissão: Professor

Por que o CNM? Possibilidade

de troca de experiência e

adquirir novos conhecimentos.

Deixe uma mensagem:

Chegando para somar!

Nome: Annelise Gramacho

Profissão: Arquiteta.

Por que o CNM? Escolhi o CNM

porque é em Niterói e fica mais

fácil encontrar pessoas para

compartilhar o prazer de estar

nas montanhas. Me senti muito

bem acolhida pelos membros

do clube e espero fazer parte

dessa família.

Deixe uma mensagem: Lembrei de um texto do

Guimarães Rosa...

“O correr da vida embrulha tudo.

A vida é assim: esquenta e esfria,

aperta e daí afrouxa,

sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem.”

O CNM me dá a oportunidade de conhecer a minha

coragem!

Nome: Vitor Hotz

Profissão: Administrador de

Empresas.

Por que o CNM? Por que não

se encontra um grupo de

pessoas com vibe positiva e

boas intenções tão fácil assim,

galera 10!!!

Deixe uma mensagem: É

uma prazer fazer parte dessa

família, obrigado a todos do CNM.

Nome: Marcelo Brasil Guimarães

Profissão: Professor de

Educacao Física e Karatê

CNM: Procurei o CNM por boas

práticas do montanhismo na

minha cidade.

Mensagem: O prêmio de

todo o desafio na vida, não

é a conquista final, mas os

detalhes de cada passo dado...

Nome: Nickolas Alves Sylos

Profissão: Médico

Por que o CNM: Indicação de

um amigo

Deixe uma mensagem: Espero

aprender bastante e fazer

amizades.

Nome: Sarah Carvalho Abrahão do Carmo

Profissão: Fotógrafa

Por que o CNM? Gosto muito

das pessoas que fazem parte

do clube

Deixe uma mensagem: Muitas

trilhas e aventuras para todos

Nome: Maíza do Nascimento Silva

Profissão: Economista

Por que o CNM? Comecei a me interessar por trilhas e

alpinismo. Procurei aulas com guias mas também queria

fazer parte de um grupo para podermos marcar viagens

e passeios com pessoas que tem o mesmo interesse

que eu. Ao pesquisar grupos na minha cidade, Niteroi,

encontrei o CNM que me pareceu ser organizado e

responsável.

Além dos sócios acima, também entraram: Alexander

Mouzinho, Lizandro santos, Lando Mendonça, Miriam

Gontijo, Calberto Coutinho e Caio Almeida.

Sejam bem vindos!!!!!!

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18 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29

CROQUI

Conquistas no Parque da Cidade Por Leandro do Carmo

Há algum tempo atrás, a convite do Alex Figueiredo,

estive no Parque da Cidade para conhecer um local com

possibilidades de conquista. O Alex havia me falado

que ali era um local onde costumava brincar quando

criança. Na verdade, não levava muita fé... Mas depois

que vi, tinha certeza que sairia alguma coisa.Depois de

algumas tentativas de voltar ao local, convidei algumas

pessoas de voltar lá. Fui agora com alguns grampos

e começamos a conquistar alguma coisa. Nesse dia

estivemos, eu, Leonardo Carmo, Alex Rockert, Taffarel

Ramos e Marcos Lima.

O acesso é na quinta curva, depois que começa a

subir a estrada da Viração, em direção ao Parque da

Cidade. Depois que entra na trilha, segue-se por uns 50

metros e irá passar por um grande eucalípito caído, na

qual deverá seguir por cima dele. Um pouquinho mais

acima, verá outro eucalipito à direita, sair da trilha e

procurar a entrada.

É um corredor que começa estreito e vai fazendo

curvas. Uma formação bem interessante. De cara

conquistamos a Chaminé Niterói. A maior chaminé da

cidade. A parede não é tão regular, mas para um treino,

ficou ótima. Nesse dia também saíram mais algumas

vias, entre elas a Chaminé Urubu e um boulder que

tentamos mandar, mas ficou na tentativa, o Vai que é

sua Taffarel. Faltou uma escovinha de aço, para dar uma

limpada, Como não bate sol no local, devido floresta, a

parede fica bem úmida e suja.

Acessei a parte de cima de alguns blocos e vi que

dava para abrir mais algumas vias. Deixamos lá alguns

grampos batidos para top rope, para ser feita numa

próxima oportunidade. Existem algumas opções para

um aprendizado em colocação de peças móveis. Acho

que o local se tornará um bom campo escola... Perto,

fácil acesso e algumas opções... E tem mais coisas para

conquistar por lá, quem se habilita?

Se você não escalada, também vale o passeio e te

garanto que ficará surpreso com o local. Não dá para

imaginar que ali tem tudo isso...

Seguem algumas fotos e um croqui do local.

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29 19

CROQUI

Mapa do local

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20 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29

Em 1999, Marcelo Roberto Jimenez e Miguel freitas

fizeram um interessante estudo sobre as proteções

fixas utilizadas em escaladas no Brasil.

Foram feitos cálculos e alguns testes práticos (em

campo e laboratório) afim de estimar a forma sofrida

pelo sistema durante uma queda de guia e qual a carga

máxima suportada pelos grampos, comumente usados

como proteção fixa no Brasil.

Em 2013 eles revisaram este material e

acrescentaram informações sobre o pouco que havia

mudado 14 anos depois.

O estudo e a revisão estão bem detalhados em um

documento de 35 páginas por eles publicado.

Resumo aqui, minha visão do que eles relataram

neste documento, colocando abaixo um breve descritivo

dos testes realizados:

Foram testados 4 grampos de ½” com olhal de 3/8”.

Em média com olhal para cima eles aguentaram

uma carga de 1250kgf.

Foram testados 3 grampos de ½” com olhal de 3/8”.

Em média com olhal para baixo eles aguentaram

uma carga de 3500kgf.

Foram testados 2 grampos de ½” com olhal de 1/2”.

Em média com olhal para cima eles aguentaram

uma carga de 4500kgf.

Foram testados 2 grampos inox de ½” com olhal

de 3/8”.

Em média com olhal para cima eles aguentaram

SEGURANÇA

Proteções Fixas: Um resumo do estudo de 1999. Por Leandro Pestana

uma carga maior que 2000kgf.

Foi testado 1 grampo de ½” com olhal de 1/4”.

Com olhal para cima ele aguentou uma carga

superior a 2600kgf.

Resumindo, a tabela abaixo mostra os resultados

encontrados nos testes práticos em relação a força para

ruptura dos grampos.

Analisando estes valores e comparando com o

sugerido pela Norma UIAA eles chegaram a conclusão

de que da forma como são construídos e instalados, os

grampos não são recomendados como proteção fixa.

Eles levantaram algumas recomendações em

relação ao material dos grampos e da importância de

uma instalação bem feita.

Porém ao meu ver o principal legado deste estudo

foi mostrar que os grampos aguentam mais carga

quando instalados com o olhal voltado para baixo,

quando comparado a forma mais comum de utilização,

onde os grampos são instalados na rocha com o olhal

voltado para cima.

Hoje os grampos são instalados com olhal para

cima para evitar força na solda, que se mal feita torna-

se o ponto mais fraco do sistema.

Ou seja, para que os grampos fossem instalados

com olhal para baixo, o ideal seria eliminar as soldas,

que poderia ser conseguido com a fabricação de

grampos pelo processo de forjamento.

Como grampos forjados seriam extremamente

Page 21: Boletim CNM 2015-2

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29 21

caros devido ao custo do processo isso não parece

viável. Uma alternativa então, seria melhorar a qualidade

das soldas, de forma a garantir que estas sejam bem

feitas e que os grampos possam ser instalados com o

olhal para baixo.

Como recomendação para melhorar as soldas

de forma a poder seguramente instalar os grampos

com o olhal pra baixo, aumentando a resistência, eles

recomendam as 3 medidas abaixo:

Utilização de chanfro nas soldas;

Marcação dos grampos para rastreabilidade;

Utilização de mecanismos de expansão na

instalação. (Esta afirmação não se manteve na

atualização de 2013).

Eu concordo com eles nos 02 primeiros pontos.

Porém não acho que estas recomendações sejam o

bastante para garantir que a solda seja bem feita e por

isso acrescentaria ainda os pontos a seguir:

Utilização de Especificação de Procedimento de

Soldagem (EPS) pré-qualificada para realização das

soldas.

Exames destrutivos por amostragem;

Exames não-destrutivos (No mínimo visual)

individuais;

Sobre a utilização de chapeletas, que passam por

testes de certificação e com isso possuem carga máxima

definidas pelo fabricante, em torno de 2500kgf, é

importante lembrar que são bastante seguras porém se

mal instaladas também podem colocar o escalador em

risco. Materiais diferentes não devem ser usados nas

porcas e parafusos.

Na versão de 2013 eles finalizam o artigo com uma

sessão de perguntas e respostas muito útil, que eu

resumo abaixo.

Inox (grampo e chapeleta) não deve ser usado em

falésias próxima ao mar.

Titânio é uma solução para beira-mar, de

preferência colados.

Não utilizar paletas na instalação de grampos.

Um grampo P de aço carbono 1020 de ½” com

olhal para cima resiste em média 1300kgf de força

transversal sem deformações plásticas. Esta força está

abaixo da normal UIAA, que sugere 2500kgf.

Um grampo P com olhal para baixo resiste em média

mais de 2500kgf de força transversal sem deformações

plásticas, atendendo a normal UIAA.

Não devem ser usados grampos com haste de 3/8”.

Recomenda-se usar paradas duplas e rapelar com a

corda nos 2 grampos.

Correntes não devem ser usadas em paradas.

Para concluir, recomendo a leitura do artigo

produzido por eles e lembro que há muito pouco

estudo disponível no Brasil sobre as proteções

fixas então sugiro aos acadêmicos escaladores que

aproveitem-se disto para realizar seus estudos e ajudar

no desenvolvimento de nosso esporte.

Boas escaladas!

GRAMPO FORJADO COM OLHAL PARA BAIXO

GRAMPO P COMUMENTE UTILIZADO COM OLHAL PARA CIMA

Page 22: Boletim CNM 2015-2

22 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29

ACONTECEU

Agulhas Negras e Prateleiras Por Leonardo Carmo

Data: 22,23 e 24/05/2015

Participantes: Leonardo Carmo, Ary Carlos, Monique

Zajdenwerg, Andrea Resende, Lando Mendonça, Patricia

Lima, Vander Silva, Lohany Viana e Guilherme (Pulga).

No dia 22 de maio, partimos para a expedição.

Saímos de noite rumo à pousada. Na verdade ficamos

acampados. No dia 23, sábado, partimos para a nossa

primeira missão: Prateleiras. A nossa ideia inicial era

fazer uma via, mas não fizemos. Resolvemos então

dar uma explorada na área antes de partir para o

cume. Depois de algum tempinho curtindo as linhas de

escaladas, resolvemos continuar. O caminho até o Bloco

“Prateleiras” é trilha muito bem marcada. Depois que

chega no bloco, é trepa pedra dos bons. É fundamental

levar corda. Pode ser de 30 metros mesmo, pois vai

ajudar muito nos dois lances finais.

Depois de curtir as Prateleiras, resolvemos pegar a

trilha para a Pedra da Maça, Pedra da Tartaruga e Pedra

Assentada.

De volta ao acampamento, foi hora de curtir uma

janta e beber uns aperitivos. Haaa, no camping tinha

uma área destinada à fogueira. Então, a noite foi

clássica.

No domingo, a missão era fazer as Agulhas Negras.

Subimos bem, eu já tinha ido lá em 2012 e o caminho

ficou gravado na minha mente. Lembrei de cada canaleta

que tinha passado. Aí foi tranquilo. Em alguns trechos

utilizamos corda. Nosso grupo estava relativamente

grande. Isso deu mais segurança e agilidade.

Subimos e descemos tranquilos. Todos inteiros.

Quando chegamos no Abrigo Rebouças, fizemos um

festival de tapioca. Essa entrou para a história. Depois

de degustar a iguaria, entramos no carro e voltamos

para o camping para desmontar acampamento e pegar

a estrada de volta.

Essa expedição deixou saudades. Isso significa que

foi bom, pois só momentos bons deixam saudades.

Até a próxima.

Page 23: Boletim CNM 2015-2

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29 23

FOTOS DE ATIVIDADES

PEDRA DA MINA

REUNIÃO SOCIAL DE MAIO

ATM PARNASO

ATM URCA

REMOÇÃO DE PIXAÇÃO

PALESTRA DO HANS

GRUTA DO TELÉGRAFO

CABEÇA DE PEIXE

Page 24: Boletim CNM 2015-2

24 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 29

AvisosREUNIÕES SOCIAIS

As reuniões sociais do CNM são realizadas sempre na primeira quinta-feira de cada mês ím-par e na primeira quarta-feira de cada mês par, às 19:30h, em local a ser definido e divulgado.

Os encontros acontecem em clima de total descontração e informalidade, quando os só-cios e amigos do CNM aproveitam para colocar a conversa em dia, trocando experiências, rela-tando excursões e vivências ou, simplesmente, desfrutando a companhia de gente simpática e fraterna.

Periodicamente acontecem reuniões e se-minários técnicos com o intuito de possibilitar maiores detalhes e informações atualizadas aos sócios e interessados.

Informem-se sobre os temas das palestras técnicas e reuniões acessando o site: www.nite-roiense.org.br

Compareçam e sejam muito bem vindos!!!

EXPEDIENTE

CNM – CLUBE NITEROIENSE DE MONTANHISMOInício das Atividades em 26 de Março de 2003Fundado em 20 de Novembro de 2004Website: www.niteroiense.org.bre-mail: [email protected]: 98608-1731(Leandro do Carmo)

Presidente: Leandro do CarmoVice: Vinícius Araújo Tesoureiro: Leonardo Carmo

Secretário: Alexandre RockertDiretoria Técnica: Ary CarlosDiretoria Social: Patrícia GregoryDiretoria Ambiental: Stephanie Maia

Conselho FiscalEfetivos: Adriano de Souza Abelaria Paz; Andréa Rezendo Vivas; Alex Faria de Figueiredo; Suplente: Denise Gonçalves do Carmo

Representante do CNM no PESETTitular: Eny HertzSuplente: Leonardo Carmo

Informativo Nº 29: As matérias aqui publicadas não representam necessariamente a posição ofi-cial do Clube Niteroiense de Montanhismo. Res-saltamos que o boletim é um espaço aberto a todos aqueles que queiram contribuir. Envie sua matéria para [email protected]. Partici-pe!!!

Giovani Souza - 01/abr

Lando Mondonça - 06/abr

Marcelo Sant’Anna - 07/abr

Leandro do Carmo - 10/abr

Alan Marra - 11/abr

Patrícia - 13/abr

Bruna Novaes - 17/abr

Adriano Paz - 26/abr

Marcos Duarte -08/mai

Nei Rivello - 08/mai

Caio Freitas - 10/mai

Diogo Paixão - 12/mai

Maria de Fátima - 16/mai

LizandroSantos - 17/mai

Tauan Nunes - 21/mai

Alexander Silva - 22/mai

Leandro Collares - 23/mai

Leonardo Carmo - 26/mai

Mauro Mello - 28/mai

Rafael Pereira - 04/jun

Diego Azevedo - 06/jun

Alex Figueiredo - 15/jun

Alex Rockert - 22/jun

Michael Rogers - 23/jun

Andréa Vivas - 27/jun

Paulo Guerra - 29/jun

Edição e Diagramação:- Eny Hertz- Leandro do Carmo

Revisão Ortográfica:- Vinícius Araújo

Adriano Paz - C T

Alan Marra - C E T

Alex Figueiredo - T

Andrea Rezede - C T

Ary Carlos - E T

Diogo Grumser - T

Eny Hertz - E T

Leandro do Carmo - E T

Leandro Collares - E T

Leandro Pestana - C E T

Leonardo Carmo - T

Luiz Alexandre - E

Mauro de Mello - E T

Neuza Ebecken - T

Vinicius Ribeiro - C

CORPO DE GUIAS

IMPORTANTE!

A Presidência do CNM é soberana em qual-quer assunto relacionado com o CNM e seus as-sociados.

A Diretoria Técnica é soberana em qualquer assunto técnico relacionado aos associados e aos guias do CNM.

E - ESCALADAT - TRILHASC - CICLISMO

ANIVERSARIANTES