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1 ELITES E MOVIMENTOS SOCIAIS ELITES A sociedade de hoje já não é a sociedade de ontem. A mudança é um facto continuo , mais ou menos profundo, rápido, abrupto, imperceptível, mas real. Os sociólogos, antropólogos perceberam o problema há longo tempo. Chegaram criar modelos de evolução das sociedades baseados em fatores que entenderam ser essenciais e mesmo a prever as sociedades futuras: a propriedade dos meios de produção e suas consequências como Karl Marx, o progresso da ciência como Auguste Comte, uma mescla de factores económicos e políticos como Walter Rostow, para não falar dos utópicos convictos que acharam ser possível criar sociedades boas de raiz, mas sempre sem descurar o recurso à violência. Tais sociedades previstas dentro de muros e ninguém podia sair. Alvaro Ribeiro chamou a este desígnio a vertigem do cárcere. Mas estas previsões autênticas utopias e outras disputas só serviram para demonstrar a facilidade dos sustentáculos teóricos do diagnostico da mudança. As sociedades efetivamente mudam para onde é que os cientistas não podem responder, apenas tentar individualizar factores de mudança, grandes forças que se encontram envolvidas na pressão para a conservação daquilo que está e outras forças que se encontram apostadas em mudar para o desconhecido. O que se tem visto são revolucionários voluntários que querem mua as sociedades por diversas razões e passados alguns anos parece que pouco conseguiram

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ELITES E MOVIMENTOS SOCIAIS

ELITES

A sociedade de hoje já não é a sociedade de ontem. A mudança é um

facto continuo , mais ou menos profundo, rápido, abrupto,

imperceptível, mas real.

Os sociólogos, antropólogos perceberam o problema há longo tempo.

Chegaram criar modelos de evolução das sociedades baseados em

fatores que entenderam ser essenciais e mesmo a prever as sociedades

futuras: a propriedade dos meios de produção e suas consequências

como Karl Marx, o progresso da ciência como Auguste Comte, uma

mescla de factores económicos e políticos como Walter Rostow, para

não falar dos utópicos convictos que acharam ser possível criar

sociedades boas de raiz, mas sempre sem descurar o recurso à

violência. Tais sociedades previstas dentro de muros e ninguém podia

sair. Alvaro Ribeiro chamou a este desígnio a vertigem do cárcere. Mas

estas previsões autênticas utopias e outras disputas só serviram para

demonstrar a facilidade dos sustentáculos teóricos do diagnostico da

mudança.

As sociedades efetivamente mudam para onde é que os cientistas não

podem responder, apenas tentar individualizar factores de mudança,

grandes forças que se encontram envolvidas na pressão para a

conservação daquilo que está e outras forças que se encontram

apostadas em mudar para o desconhecido. O que se tem visto são

revolucionários voluntários que querem mua as sociedades por

diversas razões e passados alguns anos parece que pouco conseguiram

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face à imensa capacidade de resistência das estruturas profundas, que

resistem ou subsistiram aonde menos de podia prever.

1. Factores de Mudança

O que fica assente ente o olhar distanciado do antropólogo e do

sociólogo é que as sociedades mudam, porque são introduzidos

novos factores ou porque velhos vetores conheceram uma

transformação. Existem mudanças sociais enormes por pressões

externas a que se costuma chamar erradamente modernização da

sociedade, mas que tem a ver com a forma como os fatores novos

são recebidos e encaixados na estrutura da sociedade e hás

mudanças que derivam de uma dinâmica interna,

predominantemente endógena, um processo assente numa

multiplicidade de factores, que vão de elementos técnicos e

processos de produção até as transformações de mentalidades

provocadas por mudanças nas estruturas morais e religiosas.

Frequentemente o que se encontram na origem da transformação é

a ação dirigista das elites sociais e o impacto político e social dos

movimentos sociais por outros.

CARLYLE entende que o fator individual é precioso na ação de

mudança. Inauguram uma nova linha de ação no mundo e alteram

substancialmente as sociedades onde tiveram a sua origem e mesmo

outras aonde chegaram, eles mesmo ou os seus seguidores.

Vetores globais de mudança:

• As elites sociais na sua globalidade e pluralidade e

particularmente as elites politicas

• Os movimentos sociais que se tornam autênticos protagonistas

neste ultimo século da mudança institucional

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As elites sociais pelo seu poder e influencia, tanto podem impedir a

mudança como tentar desencadeá-la. Nem sempre são uma força

positiva.

A elite política é de longe a elite decisora.

2. FATORES DE MUDANÇA

O conceito de elite foi formulado pelo economista e sociólogo italiano

impertinente Vilfredo Pareto.

Dividiu a Elite Politica em duas fações:

• Elite governante – aquela que detem verdadeiramente os

mecanismos do poder

• Elite não governante – a que se encontra numa posição

alternativa, à espera de uma oportunidade de chegar ao poder

legalmente

Pareto pensou que a luta entre as duas elites se faria à custa da

mobilização das massas através de votos e cada uma das façoes da

elite política teria de fornecer razões para chamar a si as simpatias,

uma vez que as coisas do poder se envolviam nas urnas de voto e não

através da luta armada, como antigamente. Estas elites buscavam

legitimidade através do sufrágio popular.

As ideias, as crenças e projetos que cada fação exibe e que a nós

chamamos ideologias , Pareto chamou derivações, que sairiam de um

fundo psicológico inerente à elite considerada. Poderiam variar ao

longo do eixo dos tempos, mas manteriam uma certa consistência

porque corresponderiam a um fundo básico inalterável a que ele

chamou resíduos.

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3. OS PROBLEMAS DOS RESIDUOS

Os resíduos são fundos estruturais da psicologia dos homens das

elites , quer das massas:

• Resíduos favoráveis à mudança – instintos de combinação, e

cuja presença cria homens versáteis, espetaculares,

internacionalistas, pouco interessados no uso da força mas

sensíveis a acordos que lhes deem tempo – Tipo raposa;

• Resíduos favoráveis à conservação – resistência dos agregados

– usam a força de que dispõem sem grandes considerações

éticas em termos de conseguir uma finalidade que entendem

ser superior. Esta figura consolidaria as características - Tipo

Leão;

Estes dois resíduos explicariam as lutas pelo poder, a persistência no

poder, a perda de poder, adesão das massas e as próprias derivações.

A massa divide-se segundo as suas inclinações em conservadora e

enraizante e desraizada e progressiva. Estes dois tipos são constantes

em todas as sociedades e segundo a sua predominância assim também

as elites são sustentadas e permanecem no poder. A massa é

instrumental para o governo da elite e é chamada à participação para

ratificar escolhas predeterminadas.

4. A circulação das Elites: Mudança e Revolução

A abertura das elites e novas vocações é não só excelente como

penhor de estabilidade e paz. O contrário chama-se revolução.

A teoria da necessidade histórica da revolução conhecida como

teoria da circulação da elite.

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CONTRIBUTOS TEORICOS DE PARETO PARA O ESTUDO DAS

ELITES POLITICAS

Vilfredo Pareto economista e sociólogo italiano formulou o conceito de

elite, e identificar vários grupos na sociedade em diversas áreas

altamente qualificados que constituíam o vértice da pirâmide nos mais

variados grupos, religiosos, desportistas, militares, criminosos,

professores etc. Que formavam um núcleo que formavam as elites

sociais.

Para Pareto a elite mais importante era a elite política, os homens que

detinham o poder político e que lutavam para o manter ou para o

adquirir. Na verdade estes homens tinham nas mãos as decisões mais

importantes e era difícil encontrar um grupo tão poderoso quanto este.

Dividiu as elites em dois grupos, elites governante as que detém o

poder e a não governante a que se encontra numa posição contrária .

Pareto pensou que seria através da mobilização das massas e da “caça”

ao voto, dando razões para atrair simpatizantes, que a luta entre estas

duas elites se faria. Pareto chamou derivações ao que nos hoje

chamamos ideologias. As derivações não tinha de ser constantes,

poderiam variar ao longo do tempo, no entanto mantendo sempre um

fundo básico inalterável a que ele chamou de resíduos – e segundo ele

– “ bases estruturais da psicologia dos homens, quer das elites quer

das massas” -.

São dois os resíduos que tem interesse no plano de ação revelantes

para a mudança : os resíduos favoráveis à mudança a que ele chamou

“instinto das combinações” e que queria homens versáteis ,

espetaculares, ambiciosos, pouco interessados no uso da força, mas

sensíveis a acordos que lhes façam ganhar tempo, simbolizam o estilo

raposa (inclinado à negociação, à especulação, à procura de soluções

vantajosas) e os resíduo favoráveis à conservação, compostos por

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homens de convicções fortes, que estão enraizados, e para preservar o

poder não hesitam em usar da força e violência sem grandes

considerações éticas com vista a atingir os seus objectivos que

consideram de interesse superior. Simbolizam o estilo Leão (fomentam

a poupança e hostilizam a inflação.)

Estes dois resíduos era a forma de as elites apresentarem as suas

derivações .

Nesta perspectiva as ideologias não tem que ser verdadeiras , têm é que

ser mobilizadas pelas massas, é um apelo ao apoio, ao voto, à adesão

ao projecto da elite e é por esta razão que Pareto se apresenta como um

dos principais críticos do valor das ideologias, pois ambas forjam as

suas próprias ideologias.

As massas tedem a seguir uma delas segundo as suas inclinações mais

conservadora ou mais progressista. Para ele estes dois tipos são

constantes em todas as sociedades e segundo a sua predominância

assim também as elites são sustentadas e permanecem no poder. As

massas são um instrumento para o governo da elite que após ter

determinado quais as escolhas a seguir chama a massas, que não são

mais do meros “fantoches”.

Em termos modernos podemos dizer que as elites politicas decidem as

politicas publicas e isso significa afectar decisivamente a mudança da

sociedade e por conseguinte de cada cidadão.

Pareto ainda surge com outra teoria de grande mudança – a Revolução ,

que nasceria de uma contra-elite inserida nas massas e com a

conivência da elite não dirigente.

Para Pareto – “a força é a aplicação de meios institucionais na justa

medida da sua utilidade e dentro de fins limitados.” - . Surge no seu

estudo como um factor muito importante do jogo pelo poder, que pode

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garantir a sobrevivência de uma ordem ou a queda de uma elite. O uso

controlado da força conserva as uniformidades , encontrando-se

presente em qualquer organização social e tem um papel positivo

enquanto não degenerar em violência.

Para Pareto quando a elite governante perde a capacidade para utilizar

a força, subscrevendo a não violência já está em fase decadência.

Pareto ignora o funcionamento de outras elites para lá das politicas, o

seu método fui muito ilustrativo e disponibilizando novos instrumentos

de analise num período em que o marxismo parecia ser a única

explicação da mudança social.

Mosca dizia que toda a sociedade era dirigida por um grupo qualificado

e que chamou classe política dirigente. Para ele é sempre um núcleo

que dirige à sociedade, que é composto por uma classe política

dirigente caracterizada por um núcleo duro e uma classe periférica

dependente que executa com legitimidade as decisões do núcleo. A

massa lá esta como destinaria das decisões. Para ele a classe política

mantem-se no poder através de uma formula política, que o povo aceita

porque acredita . Tal como Pareto, o importante é que funcione e que

tenha credibilidade perante o povo.

Mosca acreditava que para o cidadão se defender da classes políticas

teria de haver instituições sociais sólidas e fortes capazes de fazer

frente às decisões governamentais confusas e prejudiciais para

sociedade e para o desenvolvimento da nação. Não existindo

Instituições fortes a classe política está livre para fazer o que bem lhe

apetecer, até mesmo utilizar os bens do Estado indevidamente. Mosca

chamou - “ a este mecanismo de fortificação da sociedade civil , defesa

jurídica” - .

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A forma equilibrar as decisões da classe política e criar uma sociedade

com Instituições fortes e cidadãos esclarecidos e intervenientes. É de

referir que Mosca utiliza o termo classe política para identificar um

grupo que detém o controle dos meios políticos , governantes e não

governantes.

A expressão Elite de Poder pertence ao sociólogo americano Mills, que

desencadeou uma investigação sobre a elite política dos Estados

Unidos., apontando a existência de uma elite de poder com facções

especializadas que alternadamente iam tendo relevância segundo a

conjuntura. Descortinou que os ídolos da industria do divertimento

só tinham qualquer papel decorativo. Para ele a elite do poder tem a

capacidade de decidir a evolução das politicas públicas e do seu

impacto na vida dos cidadãos.

Aloys Schumpeter foi ministro da economia da Áustria , imigrou para

os Estados Unidos, onde dedicou ao seu estudo do capitalismo e que

por conseguinte o levou ao papel da elite política.

Das suas observações verificou que foi que capitalismo nunca entraria

em colapso porque tinha uma dinâmica própria, apoiada no

empresário livre que produzia e reconvertia o sistema e que as

alterações nas sociedades são provocadas pelas elites politicas;

concluiu que a elite económica não se devia meter na política porque

lhe faltava vocação e experiencia e por ultimo que o ele viu com

grande preocupação, foi o aparecimento de uma classe de pessoas que

se dedica à política em exclusividade, a que ele chamou políticos

profissionais . Aloys critica duramente esta nova classe e em quem

não confia , por considerar que não capazes de salvaguardar o

interesse Nacional, pois andam em busca da própria sobrevivência .

Aloys pensou que ao longo da história se verificava uma certa

continuidade , ou seja, a velha aristocracia recebia arrivistas dos

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negócios , mas deixava sempre gente sua topo, de forma a evitar a

ruptura com uma classe sem experiencia e com completo

desconhecimento do país.

Tal com Pareto, Aloys entendia que os dirigentes nacionais deveriam

ter uma base aristocrática conservadora e um grupo de arrivistas ,

ricos e progressistas, ou seja conjunto de leões com raposas.

CONFRONTO ENTRE AS ELITE POLITICAS E AS ELITES SOCIAIS

ENQUANTO IMPORTANTES AGENTES DE MUDANÇA

Comecemos por enumerar os quatro tipos puros de elites politicas.

O primeiro, elite unificada com centro coordenador exclusivo, que

abarca as situações em que elite social se encontra coordenada pela

elite política, entanto esta submetida a um Partido Único, Exercito ou a

Igreja. É a materialização de uma classe dominante , que não admite

contra elites e apodera-se de todos os recursos sociais. A elite não

governante não tem expressão. No inicio existe mobilidade ascendente

que com o tempo se vai diminuindo até se tornar num modelo com

seleção por cooptação. São exemplos deste tipo de elites a antiga URSS.

O segundo, elite tendencialmente unificada com centro coordenador,

diferenciasse do primeiro por não ter o monopólio de toda a realidade,

deixando que áreas significativas da elite social escapem à sua

vigilância e se crie uma contra elite. Ora assim a elite política que tem

todo o poder político, mas somente uma parte do poder social, tem que

gerir com força e astúcia. Sáo exemplos a ditadura de Salazar, A

Espanha de Franco e Itália de Mussolini. Em regra este modelo de

elite é característico de regimes autoritários e semi autoritários.

Neste modelo pode existir uma elite social que atua como contra elite

mas que se apresenta como classe dominante e que aqui a elite

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política não passa de um instrumento vendido ou manipulado pelo

elite dominante .

O terceiro, a elite fragmentada surge no polo oposto ás ja referidas.

Aqui existem grupos de elite política muito competitivos . As contra

elite podem direcionar os seus objectivos para o terrorismo e ter até

forças armadas, intervêm ativamente pressionando a elite política

governante , que se vai orientando e organizando conforme a evolução

das situações no terreno, e grande parte das vezes é dominada por

uma elite militar com a colaboração das várias elites sectoriais e as

elites políticas não governante ,

Pode aqui verificar –se a incapacidade das elites politicas profissionais

para travar os sectores militares . Aqui as elites sociais são diminutas,

a sociedade frágil , próprias das sociedades descolonizadas .

Por ultimo a elite consensualmente dividida , própria das sociedades

ocidentais desenvolvidas, que só formalmente se podem considerar

dividas. Aqui existe uma elite governante, uma não governante e uma

contra elite. A elite social não política é diversificada e abarca as

principais funções da sociedade.

Estamos perante um elite política profissional e aceita o sufrágio para

sancionar os governos. Esta divida por ideologias e doutrinas política

sociais e divida por Partidos que tendem a ter o monopólio de todas as

funções do aparelho e económico da sociedade. Este modelo tende a

evoluir para apartidocracia, estádio em que parte da elite social já se

encontra aliada ou mesmo integrada nas maquinas partidárias

abarcando todos os sectores nevrálgicos da sociedade. A aparente

estabilidade deste modelo faz com que uma parte da contra elite seja

absorvida e obrigada a aceitar o sistema e regras, que é o caso do

partido comunista , em Portugal, França, Espanha, Italia etc, que é

uma peça do sistema que convém preservar. Os políticos são

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profissionais cariz civil que têm como objectivo principal preservar os

lugares conquistados.

Podemos afirmar que efetivamente as elites modificam-se ao longo do

tempo, abrindo-se a outros elementos, transformando-se e ajustando-

se tanto às circunstâncias como ao aparecimento de novos actores

sociais querem ter representação política. No entanto, são sem

sombra de duvidas, as revoluções que continuam a ditar a mais

profundas alterações nas elites politicas porque outras formas

violentas como a rebelião têm –se verificado um fracasso dada a falta

de organização. No entanto também podemos a firmar que as guerras

também obriga a uma grande a ajustes nas estruturas das elites .

Foras das situações de perturbação social as elites politicas renovam-

se normalmente conforme sejam mais ou menos permeáveis., não

podendo encarar esta permeabilidade como característica de

determinada elite , pois uma vez renovadas com os novos membros

tendem a criar defesas contra ameaças externas., utilizam este

permeabilidade para substituição de membros caducos ou colmatar

necessidades sentidas. Cabe referir, que sendo a inclusão de familiares

e amigos um movimento natural , é necessário deixar lugar em aberto

nos estratos secundários com indivíduos de valor e carismáticos.

Com o aparecimento de funções assentes nas transformações

económicas sociais e religiosas , em regra gera tensões com as velhas

elites se a mesma se recusarem a compreender na nova conjuntura e

a encontrar uma solução para quebrar o distanciamento social e

político. A história tem demonstrado que este comportamento

inflexível é perigoso para as elites duradoiras e que ou praticam uma

abertura inteligente ou estão destinadas ao fracasso total.

Não são no entanto as elites politicas os únicos agentes de mudança,

pois há um conjunto de elites nas sociedades que contribuem como

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factores de mudança. São grupos de pessoas que graças as influentes

e ao poder que têm contribuem para a transformação de uma

sociedade, que são elites sociais de podem ter cariz económico,

ideológico, carismáticas etc.

As elites tradicionais fundamentam o seu poder em crenças que

remontam a tempos antigos. As elites carismáticas fundamentam a

sua autoridade em características especiais que possuem e são

altamente valorizada pela sociedade. As elites simbólicas

caracterizam-se por representar a sua função. Elites ideológicas são

formadas pelos criadores de ideias, filósofos, jornalistas, escritores etc.

Estas elites influenciam o modo de pensar ajudando a mudar

mentalidades .

As elites sociais têm três funções politicas: a tomada de decisão em

ultima instancia, quer em resposta quer em iniciativa política;

definição das situações e a criação de modelos de imitação.

As elites sociais são os maior protagonistas no respeito a decisões

estratégias porque ao abrirem uma guerra aquilo que decidirem fazer

ou manter poderá ter impacto na economia, nas famílias e na

sociedade. O facto de haver pouca intervenção por parte das elites

sociais, leva a que a elite política sinta uma total liberdade para fazer o

que lhe apetecer ao seu belo prazer e que entende bom para a

sociedade e para o pais. Por outro lado as elites têm também um papel

muito importante nomeadamente na área comunicação definindo o

que deve ser transmitido , alimentando os estados de consciência da

sociedade civil. Por ultimo cabe ainda referir que as elites fornecem

modelos de comportamento , principalmente as elites simbólicas.

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MOVIMENTOS SOCIAIS

Com o declínio das ideologias , muitos autores defendiam que com

pós Segunda Guerra Mundial se dava inicio ao um período que

caracterizava de fraca adesão á vida política , com aumento do

absentismo eleitoral e de um desinteresse geral pela política comum

à toda a sociedade civil.

O Estado do bem-estar liberal democrático (Welfare state) que

apostou na proteção social dos mais desfavorecidos e na melhoria das

condições materiais de vida dos cidadãos. Os acórdãos constitucionais

contribuíram também para a criação de u clima de estabilidade e

segurança, indisponiveis para assegurar o crescimento económico.

O fim das ideologias, entendidas como concepções doutrinarias e

representações politicas gerais sobre o homem e a sociedade, que

defendiam que o pós guerra inaugurada uma época de consensos,

caracterizada por um progressivo abstencionismo eleitoral, fraca

adesão aos partidos, perda de interesse pela vida política,

incapacidade da esquerda marxista combater e refutar ideologicamente

o triunfo das democracias liberais.

As questões politicas cederiam lugar às prioridades técnicas e

tecnocráticas.

Mannheim deu continuidade ao trabalho de Weber reafirmou o declínio

das doutrinas pragmáticas parciais próprias da racionalidade funcional

das sociedades industriais burocráticas, cada vez mais afastadas do

utopismo político e mais próximas da subordinação da política à

economia.

Para Kirchheimer o declínio das idelologias teve como consequência a

transformação dos partidos de integraçãoo de massas, fortemente

ideologizados, em catch-all parties, apostados na minimozação das

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diferenças sociais económicas dos vários segmentos da população,

através de uma progressiva desideologização do discurso político e de

exigência tácticas imediatas.

A diminuição dos antagonismos de classe e as conquistas da

democracia económicas e social contribuíram para atenuar o combate

ideológico.

O facto das ideologias totais dos partidos de esquerda terem entrado

em crise e em declínio, não obstruiu a continuação e até o

revigoramento de algumas lutas sociais por parte dos excluídos e dos

inconformados .

Mills e Galbraith sublinham a capacidade do sistema industrial

moderno de absorver o conflito de classes e reduzir consideravelmente

os conflitos sobre os objectivos da sociedade em si mesma.

Para lipset, Aron. Shils ou Bell a tese do fim das ideologias não

significou o termo da ideologia em absoluto, tendo apenas diminuído

nas sociedades capitalistas ocidentais, os conflitos ideológicos e

declinado as ligações apaixonadas de um feixe de doutrinas

revolucionarias integradas às lutas anti-sistemas dos movimentos das

classes trabalhadoras.

As teses do declínio ou do fim das ideologias receubeu varias criticas,

entre elas consistiu em considerar a tese do fim das ideologias como

factualmente falsa e de validade científica nula.

Ora, se os conflitos ideológicos não desapareceram nem declinaram,

tendo-se apenas verificado uma deslocação das áreas de conflito a tese

do fim das ideologias deveria ser encarada como uma interpretação

falseada da realidade.

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No final dos anos 60/70 o consenso conseguido no pós guerra foi posto

em causa, assistindo-se à repolitização da esfera privada, à fusão do

campo político e não político da vida social à discussão sobre a

utilidade da dicotomia convencional entre os Estado e a sociedade civil.

Para Clus Offe a repolitização da sociedade civil era confirmada por

três fenómenos:

• O reforço das ideologias e das atitudes participativas

• A pratica crescente de formas não institucionais e não

convencionais de participação política

• As exigências e os conflitos políticos relacionados quer com a

mudança das orientações valorativas quer com a formulação de

novos problemas ou questões politicas

Ora, segundo ele , estes fenómenos colocaram em causa a capacidade

de resposta dos canais de comunicação política institucionais,

tornando cada vez mais discutível o facto das eleições e da democracia

representativa constituem meios mais eficazes para a participação

cívica e comunicação política.

Esta reconfiguração da cidadania política, mais interventiva,

participativa e exigente, surgiram dois tipos de respostas :

• O projeto neoconservador

• A emergência dos novos movimentos sociais

Que ganharam forma com a lutas estudantis dos anos 60 e se

prolongaram até ao atual movimento anti-globalização. Estas duas

alternativas tiveram por base o mesmo pressuposto – o reconhecimento

da incapacidade dos atores políticos institucionais , bem como em

obter resultados satisfatórios na resolução dos conflitos típicos da

ordem social emergente d pós guerra.

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Podemos distinguir das perspectivas teoricas fundamentais :

• Neo conservadoras da crise – a repolitização dos anos 70

conduziu a uma crise de governabilidade dos sistemas políticos

ocidentais, dado que estes não conseguiram dar resposta à

espiral das exigências provenientes da sociedade civil. Só

deixando de fora da esfera política um conjunto de questões e

problemas confinados à vida social, cultural e económica seria

possível libertar as estruturas institucionais não politicas da

dependência da regulação publica e descongestionar o Estado.

Garantia-se simultaneamente a eficácia da governação e

reforçava-se a sua autoridade, dissolvida que estava pela

exrenção das sua atribuições e competências.

• As criticas à teorias neoconservadoras da crise – ganhando voz

por meio dos novos movimentos sociais, tiveram como objectivo

repolitizar a sociedade civil mas agora sem o condicionamento

operado pelas estruturas politicas institucionais, entre elas os

partidos políticos tradicionais. Reacenderam o debate ideológico e

dinamizaram uma nova pratica de cidadania, complementado

nuns casos o papel dos partidos políticos e noutros substituindo-

se a eles.

As mudança nos movimentos sociais consolidaram-se

proporcionando um período de investigações e estudo empíricos.

Segundo Klandermans o ciclo de protestos corresponde ao período

temporal em que se assiste a um aumento das ações coletivas por

parte dos vários movimentos sociais e das organizações a eles

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associadas até atingirem um nível maximo de intensidade e

expressão.

Por uma ideologia nacionalista, conjugaram esforços na defesa do

Estado-Nação, em particular em situações iminentes de perda da

soberania ou no decurso de ocupações e invasões militares, crises

económicas e revolução politicas.

O movimento operário afirmava que os valores do trabalho contra o

capital, defendia o internacionalismo operário, os direitos sociais, o

igualitarismo social, o poder popular etc. Neste movimento com

ramificações idelogicas e politicas complexas, destacou-se o

movimento comunista internacional. Este movimento aparece com

uma tentativa de reunir os diversos grupos comunistas instalados

em diversos Estados, bem como as organizações do operariado,

numa plataforma comum de modo a agir no sentido da Historia.

Os movimentos sociopolíticos de inspiração fascista e nacional-

socialista que reagiram contra a ordem internacional vigente, o

espírito democrático e a economia de livre iniciativa e que tiveram

grande apoio popular, ganhando tradução institucional em partidos

políticos, formas de governo e tipos de Estado.

O racismo, o nacionalismo, o imperialismo, a rejeição das leis

internacionais, a defesa do sistema económico corporativo, o anti-

racionalismo, a negação da igualdade humana, o código de conduta

violento, o governo das elites, o totalitarismo de Estado, o idealismo

mitológico, o culto da personalidade, a propaganda exacerbada.

Em contraposição aos movimentos sociais aos movimentos sociais

tradicionais, característicos das sociedades industriais e dos seus

desequilibrios e contradições, surgiram ja na segunda metade dos

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século XX os chamados novos movimentos sociais. Resultado da

falência do pacto fordista e da crise generalizada do Welfare state.

Nos meios e instrumentos utilizados também se encontram

diferenças entre velhos e novos movimentos sociais. Os primeiros

recorriam a meios violentos ou impetuosos de ação, tais como

rebeliões, levantamentos populares, greves, etc. Os segundos

procuram arranjar soluções de compromissos com o poder

instituído, intervir junto da opinião publica e ensaiar novas

modalidades organizativas e novos estilos de atuação, pautados

fundamentalmente pela mobilização cívica, pela pedagogia e

consciencialização, pelas ações não convencionais, pela criação de

núcleos , secções e estruturas de apoio e por um sistema de

comunicação eficaz, utilizando para o efeito os media e os novos

meios tecnológicos, como a internet.

Definição e tipos de movimentos sociais

Para definir movimento social convém caracterizar o comportamento

colectivo abrange uma diversidade de condutas que vão desde as

reações espontâneas das multidões face a uma agressão policial, à

ação planificada e concertada de uma organização dedos direitos

humanos que mobiliza amplos sectores da população para intervir

civicamente. As características encontram-se associadas ao seu

carácter emergente e extra-institucional.

Os elementos básicos são a ação espontânea, informal, imprevisível,

pouco estruturada e pouco sistematizada.

Os elementos secundários estão associados à natureza temporária,

volátil, instável e emotiva das ações desenvolvidas habitualmente

por um elevado numero de pessoas. Diversas expressões do

comportamento colectivo são fortemente determinadas por

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motivações emocionais que partem de situações de conflito ou que

as podem provocar.

Os movimentos sociais constituem formas de expressão de

comportamento colectivo.

As diferenças entre o comportamento colectivo e movimento

social :

- Espontaneo, alheio à ordem institucional, transitório, não

organizado, conduta pouco intencional e propositiva e conduta

expressiva

- Mais planeado, menos espontâneo, oposto à ordem institucional,

duradouro, organizado, condutora intencional e propositiva e

conduta instrumental.

Movimento social emergente versus movimento duradouro

- Mais espontâneo, menos institucionalizado, menos organizado,

grupos informais, apoia-se em instituições estáveis e grupos ja

conhecidos, atividades típicas: ação direta e proselitismo,

membros informais, direção exercida pelo grupo, duração breve e

numero limitado de membros.

- Mais planeado, mais institucionalizado, mais organizado, grupos

formais, apoia-se na própria estrutura organizativa do movimento,

atividades típicas<: debates e reuniões, membros formais e

liderança, duração mais prolongada e maior numero de membros.

O movimento maduro perde muitas vezes de vista a sua vocação

anti-institucional, integrando e reabilitando os estilos de atuação e

as soluções organizativas em relação aos quais de inicio se insurgiu.

Tornando-se premente a necessidade da organização, como o

investimento na captação e gestão de recursos, o desenvolvimento

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  20  

de atividades regulares e a criação de uma estrutura de comando ou

de liderança.

Caraterísticas dos atores políticos coletivos

Os movimentos sociais partilham outros atores políticos um

conjunto de características comuns, tais como, associação

voluntária dos seus membros, a relativa estabilidade e regularidade

das suas atividades, uma certa comunidade de interesses e

objectivos entre os seus membros e uma linha de ação coordenada e

organizada, em maior ou menor medida.

Diferenças entre partidos, grupos de interesses e novos

movimentos sociais

Valles propõe três critérios de diferenciação deste actores sociais:

- O Grau de estruturação – enquanto a estrutura organizativa é

forte, permanente e estável nos partidos e em muitos grupos

de pressão e de interesses, no caso dos movimentos ela é

oscilante e variável.

- Discursos que desenvolvem - os partidos promovem um

discurso dirigido à sociedade global. Os grupos de pressão

sectorializam a sua atividade de acordo com os objectivos e

interesses concretos de cada grupo. Os movimentos fazem uso

de um discurso de natureza transversal onde a eleição de um

tema como a discriminação acaba por implicar os inúmeros

campos onde ela acontece: nas famílias, no emprego, na

política.

- Cenario ou espaço preferencial de actuação – Os partidos

políticos intervem sobretudo no cenário institucional enquanto

os grupos de pressão privilegiam os órgãos poder, os partidos

políticos e a opinião publica. Já os movimentos sociais

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  21  

preferem a sociedade e o grupo domínio extra institucional das

interações sociais como espaços mais favoráveis à sua ação.

Os movimentos sociais constituem um objecto de estudo autónomo. A

investigação deve desvincular-se da psicologia social que incide no

comportamento volectivo e ser integrada na abordagem da sociologia e

Ciencia Politica.

Della Porta diz que o conceito de movimento social refere-se a :

- Redes de interação informais – ao contrario dos partidos

políticos são organizações não formais , estruturando-se a

partir de uma rede de relações entre vários atores, com vista a

um esforço de envolvimento coletivo, mas sem que a

participação de cada ator implique necessariamente uma

adesão formal. O desenvolvimento interno e o crescimento do

movimento levam a que adopte soluções organizativas menos

informais e mais instituições.

- Um sistema de crenças e convicções – capaz de justificar as

solidariedades necessárias à razão de ser do movimento e

permitir a criação de um processo de identificação coletiva que

confira unidade.

- Novas tensões e conflitos – pelos processos de modernização

social em diversos momentos históricos, pelas contradições e

ambivalências valorativas e éticas que se evidenciam nas

sociedades contemporâneas.

- Formas de protesto não convencionais – como resposta aos

problemas que identificam. Os novos movimentos sociais

recorrem de modo a ganhar visibilidade mediática, mobilizar

as novas gerações e exercer influencia eficaz junto da opinião

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  22  

publica e líderes de opinião, sobre os órgãos do poder político,

partidos e grupos de interesse ou de pressão.

Definição – Os movimentos sociais são redes de grupos e de indiviudos

que formam uma identidade colectiva que possuem uma certa

organização que desenvolvem uma ação extra institucional que surgem

do conflito com os seus oponentes. E que para além da dimensão social

podem ser movidos por preocupações fundamentalmente politicas,

económicas, sociais , culturais e religiosas.

Ibarra e Letamendia definem movimento social é uma rede de

interações informais entre indivíduos , grupos ou organizações que em

interação habitualmente conflitual com autoridades politicas, elites e

oponentes e partilhando uma identidade coletiva diferenciada na

origem e oponentes com tendência a confundir-se com identidades

convencionais do mundo exterior.

TIPOS DE MOVIMENTOS SOCIAIS

Classificação por Aberle

Os movimentos revolucionários – visam a substituição da ordem social,

política, económica ou religiosa por outra, tida como mais justa,

fraterna e solidaria ou mais verdadeira e humana aos olhos dos

ativistas revolucionários.

Os movimentos redentores - precedentes das grandes religiões,

ocupam-se com a redenção e a salvação do individuo, formando

organizações poderosas e um vasto corpo de membros, tendo por fim

libertar os indivíduos do que entendem ser a degradação moral ou

falsificação das religiões.

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  23  

Os movimentos alternativos – apresentam um menor ambição social e

política sem que isso implique necessariamente mudanças profundas

ou sequer reformas na sociedade. O alcance é muitas vezes filosófico,

existencial e psicológico agindo sobre os hábitos e comportamentos dos

indivíduos de modo a que corrijam a sua conduta de forma a uma

melhor e saudável vida.

Os movimentos reformadores – procuram introduzir alterações e

mudanças significativas em certos aspectos da vida social, política,

cultural, económica. Pretendem reforma-la nalgumas componentes

para que se torne mais justa e menos discriminatórias, conflitual e

excludente.

Estes movimentos representaram formas de exprimir um protesto ou

resistência a certos problemas e temas que se tornaram

particularmente problemáticos e sentidos numa determinada altura.

Para Alberto Melucci os movimentos sociais podem distinguir-se de

acordo com os objectivos dos seus apoiantes , membros e líderes:

- Movimentos reivindicativos – consiste em levar o protesto no

sentido da alteração e criação de novas leis mais favoráveis

aos interesses dos que alinham num determinado movimento

e modificar o funcionamento das instituições e a lógica d

distribuição.

- Movimentos Politicos – o objectivo é influir no processo de

tomada de decisão e intervir nos mecanismos de acesso e

exercício do poder político.

- Movimentos de classe – pretende transformar o sistema

produtivo, reconfigurar as relações de classe e alterar ou

substituir a ordem social e política.

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  24  

Os novos movimentos sociais

-O movimento estudantil – surgiu na sequencia da luta pelos

direitos civis dos negros norte americanos e afirmou-se contra o

autoritarismo, a intolerância e a discriminação. O seu esplendor

nos anos 60 de geração de universitários, com rápida

repercussão na Europa Ocidental. O Maio de 68 em França

desencadeou varias crises académicas em Coimbra e Lisboa.

- O movimento feminista – viria a defender a emancipação da

mulher em todas as esferas da vida social, que estuda a

especificidade de género e combate a sociedade patriarcal, a sua

moral machista e as suas leis e costumes, ao mesmo tempo que

procura promover a igualdade dos sexos e a libertação sexual das

mulheres.

O movimento ecologista . ganharam expressão nos anos 70. As

preocupações ecológicas e ambientalistas ergueram-se contra a

destruição irracional e abusiva dos recursos naturais e contra

uma relação instrumental e desequilibrada da política e da

economia vindo a consolidar-se como parte integrante da cultura

cívica.

O movimento pacifista fez-se notar na década de 80, quando se

sentiu necessidade de travar a corrida das duas superpotências

ao armamento, sobretudo quanto à produção de armas nucleares.

O perigo de uma guerra nuclear de consequências devastadoras

alimentou uma consciência pacifista que afirmou os valores da

paz, da solidariedade, da regulação supranacional e da

convivência pacifica. O movimento pacifista arrefeceu.

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  25  

Estes quatro novos movimentos sociais exibem aspectos comuns

no que se refere a ideias, formas de organização e estratégia de

atuação.

As teorias podem agrupar-se em dois grupos: um reúne as teorias

clássicas e incide sobre os movimentos sociais tradicionais; e o

segundo inclui perspectivas teóricas contemporâneas que melhor

compreendem os novos movimentos sociais.

AS TEORIAS CLASSICAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

No conjunto das teorias clássicas abordam o comportamento

colectivo como um fenómeno patológico, a teoria das tensões

estruturais, a teoria do conflito, a teoria da privação relativa e a

teoria da sociedade de massas.

- A abordagem do comportamento colectivo como um

fenomeno patológico

Esta abordagem resultou de um enfoque psicossocial que

entendeu o comportamento das massas como uma

manifestação irracional e irrefletida . O maior representante

Gustave Le Bon, nos finais do século XIX, centra na

espontaneidade instintiva e agressiva do comportamento das

multidões . Esta visão negativista do comportamento colectivo

influenciou Pareto e Michels que negaram o protagonismo

histórico das massas e defenderam a sua necessidade

subjugação a uma elite ou a um líder esclarecido, inspirando

os movimentos fascistas e um posicionamento ideologicamente

conservador.

No inicio do século XX a psicanálise de Freud, sublinha o

comportamento patológico das massas e a psicanalise

freudiana frisou a identificação entre as massas e o líder e a

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  26  

incapacidade daquelas em assumirem uma vontade própria

perante o fascínio e poder exercidos pela liderança.

As multidões tornam-se ingovernáveis e descontroladas porque

reagem segundo pulsões que a ausência de responsabilização

individual.

A escola de Frankfurt explicaram o comportamento coletivo,

acusando a sociedade de reprimir instintos, tensões e

impulsos de liberdade através do autoritarismo e do controlo

social.

A partir da segunda década do sec XX, a escola de Chicago,

Robert Park, Blumer e Burgess trouxe novos desenvolvimentos

à teoria do comportamento colectivo, introduzindo uma

perspectiva interacionista, que apesar de manter um cunho

psicossocial, preocupou-se em associar as transformações

sociais com as novas formas de percepcionar e compreender a

realidade social e de atuar segundo modelos de organização

política e modalidades de intervenção coletiva alternativos,

como movimentos sociais.

- A Teoria das tensões estruturais

É a teoria dos movimentos sociais que melhor aborda as

condições estruturais que subjazem à formação dos novos

movimentos sociais, pois relaciona a origem dos movimentos

com a existência de problemas e conflitos estruturais, e tem

como principal representante Smelser e é devedora do

funcionalismo de Parsons.

Esta abordagem acentua a relação entre o contexto estrutural

das sociedades e a origem dos movimentos sociais. Para

Smelser a explicação do comportamento colectivo incluindo o

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  27  

fenómeno dos movimentos sociais, envereda pela leitura

sociológica que abandona a matriz psicossocial.

Segundo a teoria de Smelser tem de estar criadas um conjunto

das seis condições para que tenha lugar um comportamento

colectivo seguintes:

o Condições estruturais propícias - Para que um

movimento social se forme tem de estar reunidas na

sociedade um conjunto visível de situações consideradas

problemáticas.

o Tensões estruturais – qdo um sistema social n consegue

resolver as situações problemáticas com as quais se

confronta e as autoridades e instituições n dão resposta

eficaz às dificuldades identificadas, as tensões e conflitos

surgem e agravam-se dq deflagra uma crise económica.

o Aparecimento e difusão de uma crença generalizada – em

reposta às tensões estruturais pode surgir um conjunto

de propostas e soluções para as dificuldades existentes.

Esta condição favorece a adesão dos indivíduos a uma

forma de contestação que se vai tornando mais credível e

organizada.

o Fatores ou incidentes precipitantes . um acontecimento

especifico de consequências graves pode fazer

transbordar a tensão e insatisfação sentidas em certas

camadas da população e dar um pretexto valido para a

atuação do grupo de protesto e para que este ganhe

alguma visibilidade nas ruas.

o Mobilização dos intervenientes para a ação – A

propaganda, o marketing, a relação com os mass media,

a capacidade organizativa, a pressão institucional e a

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  28  

inovação de procedimentos revelam-se fundamentais

para que o movimento obtenha poder mobilizador.

o Deficiente controlo social – a reação e atuação das

autoridades institucionais podem fortalecer o movimento

social mas também podem debilita-lo e extingui-lo.

A teoria de Smelser teve grande mérito de identificar um conjunto de

condições que ajudam a compreender a génese e constituição dos

movimentos sociais, bem como o de relacionar a sua formação com a

existência de tensões no seio da sociedade. Realçam o seu excessivo

funcionalismo e mecanicismo.

Os movimentos sociais e os seus participantes são vistos mais como

produtos da tensão social do que produtores.

Outros autores apontam as dificuldades de operacionalização empírica

da teoria, a sua dificuldade em acompanhar a espontaneidade e

dinâmica de muitos movimentos nascidos em sociedades com graus de

estruturação e dinâmica de estabilidade diferenciados e o facto de

Smelser ter negligenciado ou esquecido a importância decisiva dos

media e da cooperação internacional nas formas de atuação e

organização dos movimentos sociais.

Para finalizar é de referi o fundo ideológico da teorização de Smelser

pois os movimentos são vistos como produções coletivas socialmente

inconsistentes e condenadas ao fracasso. Para Offe , Smelser associa

os processo colectivos não institucionais à conduta de marginais e

alienados comandados por impulsos irracionais.

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  29  

- A TEORIA DOS CONFLITOS

Encontra as suas raízes sociológicas nos estudos de Karl Marx

e na sua analise do capitalismo industrial oitocentista. A

revolução industrial produziu uma nova classe social, o

proletariado e novas relações de trabalho ofensivas da

dignidade dos operários e trabalhadores em geral, que

fortaleceram a sua consciência de classe e com recurso a

estruturas representativas, engrossaram a contestação

nacional e internacional ao sistema económico vigente e à sua

ideologia dominante e legitimadora.

Dahrendorf em Elementos para uma teoria de conflito social

avança quatro teses fundamentais sobre a essência das

sociedades humanas:

• A TESE DA ETABILIDADE que considera toda e qualquer

sociedade como um sistema relativamente estável de

componentes ou elementos ;

• A TESE DO EQUILIBRIO que vê a sociedade como um

sistema homeostático;

• TESE DO FUNCIONALISMO que atribui a cada elemento

que integra a sociedade uma função positiva

contribuindo para o seu funcionamento;

• TESE DO CONSENSO que explica a manutenção e

continuidade da sociedade através do consenso

conseguindo entre os seus membros sobre um conjunto

de valores comuns.

A estas teses “funcionalistas” sobre a essência das sociedades

humanas, DUHRENDORF contrapôs outras 4 teses que estão na base

de uma “toeria coactiva da integração social” :

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  30  

• TESE DA HISTORICIDADE , que afirma a exposição à mudança

dos elementos da sociedade

• TESE DA EXPLOSIVIDADE, que toma a sociedade com um

sistema de elementos contraditórios e explosivos

• TESE DA DISFUNCIONALIDADE E PRODUTIVIDADE, que coloca

cada elemento da sociedade a contribuir para a mudança

• TESE DA COAÇÃO, que explica a permanência de qualquer

sociedade através das relações de coação que uns membros

exercem sobre outros.

O que interessou a DUHRENDORF foi saber qual destas imagens da

sociedade seria mais apropriada para uma Teoria Geral do Conflito

social, tendo o autor entendido ser a segunda a mais adequada.

De acordo com as teses funcionalistas, o conflito era visto como um

fenómeno extraordinário, passageiro e superável, já a toeira coactiva de

integração social reconheceu a efectividade criadora dos conflitos

sociais, passando estes a ser considerados como um factor necessário

dos processos de mudança social.

Este autor aproxima-se do marxismo clássico ao defender que o

conflito de classes é o elemento do conflito que permanece em toda a

sociedade histórica. Referiu várias situações de desigualdades

económicas, sociais, salariais, de propriedade, entre ricos e pobres,

capitalistas e proletários, ou seja, conflitos baseados em categorias

sociais distintas e opostas. Todos estes conflitos se reduzem a uma

desigualdade essencial: a repartição dos recursos de poder nos grupos

sociais. Assim, a origem estrutural dos conflitos sociais encontra-se

nas relações de domínio existentes no seio da organização social

estratificada.

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  31  

Os factores que determinam o grau de violência e a intensidade dos

conflitos são:

• Organização dos grupos em conflitos –a plena manifestação do

conflito parecia configurar-se como um passo para atenuar ou

evitar tipos mais explosivos de conflitos;

• Intensidade dos conflitos – associada aos factores da mobilidade

social, quanto maior a mobilidade menor a intensidade dos

conflitos;

• Sobreposição ou divisão de sectores sociais estruturais – qt mais

sectores autónomos, plurais de defesa de interesses específicos

houver menor será a intensidade dos conflitos ;

Sempre que se verifique sobreposição de sectores a intensidade do

conflito tende a crescer porquanto estão misturadas varias exigências e

reivindicações e o alcance do conflito pode implicar a sociedade no seu

todo, comportando dificuldades acrescidas para a sua resolução.

- TEORIA DA PRIVAÇÃO RELATIVA

Tem como principal representante HYMAN e MERTON. Para esta toeria

a formação de movimentos sociais deve-se ao facto de certos sectores

da sociedade se sentirem privados de determinados privilégios, direitos

e vantagens, comparativamente com outros grupos ou sectores sociais

que os usufruem.

O sentimento de privação n é sentido em abstrato mas relativamente

ao que outros têm.

É na comparação com o que o outros detem q é definido um estado de

privação, de necessidade e de sofrimentos.

LEWIS COSER um dos representantes desta teoria, serviu-se da toeria

privação relativa e das decepções e constrangimentos vividos pelos

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  32  

sectores sociais excluídos e mais penalizados pelo processos rápidos de

modernidade para explicar as acções violentas e as peturbações

associadas aos períodos de transformação social.

Na década de 60 esta teoria ganhou novos desenvolvimentos

comDAvies e Fainstein e Gurr enfantizando a dimensão subjectiva da

privação, entendida como um estado que depende da percepção que os

sujeitos tem da sua situaçãoo em funçãoo do que merecem ter, das

expectativas que criam e do que os outros desfrutam, quer em relação

a bens materiais, quer em relação a direitos, oportunidades,

reconhecimento de status e possibilidades de afirmação pessoal,

cultural e política.

Alguma Criticas:

- Não explicar a estrutura e o modo de vida interno de um

movimento social

- Só por si não permite saber quando um movimento passa a

estar iminente e a constituir-se

- A tomada de consciência da privação acontece n quando um

grupo de indivíduos decide formar um movimento

- Que os indivíduos se apercebem de facto da injustiça da sua

situação e condição.

-TEORIA DA SOCIEDADE DE MASSAS

KORNHAUSER é o principal seguido desta teoria. Visou explicar a

formação dos movimentos totalitários na Europa e compreender

por que é que os indivíduos aderiam a propostas tão radicais.

O aparecimento dos movimentos sociais ficaria a dever-se ao fato

destes fenómenos colectivos outorgarem aos individuos sem laços

sociais fortes ou ate isolados socialmente um sentimento de

pertença a uma comunidade ou grupo. O mobil da participação

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  33  

nos movimentos encontrar-se-ia na solidão social dos indivíduos,

se mostravam fragilizados e suscetiveis de obedecer a líderes

autoritários. Os movimentos mais radicais e revolucionários

recrutariam as pessoas mais facilmente manipuláveis e mais

disponíveis, enquanto os indivíduos socialmente mais integrados

ofereceriam uma maior resistência à adesão e participação em

movimentos dessa natureza. Segundo esta teoria o surgimento

dos movimentos sociais deve-se mais a certas condições

subjectivas dos individuos, que favorecem a sua ligação a

estruturas mais organizadas que os orientam e permitem

construir novas solidariedades.

Apesar desta teoria reconhecer que a sociedade de massas

conduz ao isolamento social e à alienação dos indivíduos, porque

as transformações operadas na sociedade, enfraquecem as

conexões sociais tradicionais, continua a atribuir às massas a

propensão à irracionalidade e à credulidade, como se estas

tivessem destinas a ser manietadas por líderes ardiloso e

organizações insidiosas.

CRITICAS :

- NÃO EXPLICA COM RIGOR COMO É QUE INDIVIDUOS

DESAMARADOS E ISOLADOS SOCILAMENTE SE MOBILIZAM

PARA FORMAR OU INTEGRAR MOVIMENTO SOCIAIS.

- Desconsidera o papel fulcral que desempenham as redes de

contacto e de recrutamento .

TEORIAS COMTEMPORANEAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Teoria da ação colectiva, da mobilidade de recursos, da estrutura de

oportunidades politicas, da identidade e a dos novos movimentos

sociais.

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  34  

- A TEORIA DA ACÇÃO COLECTIVA

Esta teoria, que tem como principal expoente é MANCUR

OLSON, rompe com as teorias do comportamento colectivo de

fundo psicologista e recai sobre o comportamento racional do

ator, avaliado em termos de custos benefícios e sobre as

dificuldades de transposição da racionalidade individual para

a participação na ação coletiva, identificando o jogo estratégico

que esta implicado nos processos de mobilização e interação

social com vista à obtenção de bens colectivos.

OLSON estabeleceu as bases teóricas do que se viria a

denominar “teoria das escolhas racionais”. Este autor

distinguiu a lógica da ação colectiva da lógica de ação

individual que a comunidade de interesses não é suficiente

para desencadear a ação comum que permite promover o

interesse de todos. A homogeneidade de interesses não

constitui condição suficiente para a mobilização das ações

individuais.

Os que usufruem da situação conseguida sem intervir ou

colaborar na obtenção do bem colectivo são denominados

FREE RIDERS, e a existência deles demonstra bem a

racionalidade calculista e estratégica dos actores sociais, que

escolhem a participação ou não de acordo com os custos e

vantagens associados.

“INCENTIVOS SELECTIVOS” que respeita aos recursos e

vantagens, tais como o reconhecimento social, o poder, o

prestigio, a autoridade, o status e os bens materiais, que

influenciam a participação de um actor na acção colectiva. A

existência de destes compensa o actor e estimula-o à

participação, pela mera consciência e interesse nele, como o

prestigio, o poder a influencia, a visibilidade mediatica etc.

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  35  

-A TEORIA DA MOBILIDADE DE RECURSOS

Oberschall, Zald e Tilly. A participação destes autores num

movimento deve ser analisada em função da relação custo

benefícios, da existência e natureza dos incentivos selectivos.

Ao contrario das perspectivas da psicologia de massas e do

funcionalismo, encara os movimentos sociais como uma

realidade normal, organizada e racional das sociedades

contemporâneas, marcadas pelo dinamismo social, pelas

mudanças rápidas e pela conflitualidade.

Desenvolveu-se em especial no EUA, sustenta que o

movimento social para surgir e se consolidar tem de conseguir

reunir um conjunto diverso de recursos essenciais, tais como

financeiros, alianças interiores e exteriores ao movimento.

Salienta não só a importância dos contactos e negociações no

sentido de definirem estratégias, como reconhece a vantagem

da pertença dos indivíduos a organizações formais.

Oberschall destacou o papel das redes comunitárias de

interação social na mobilização e integração dos membros dos

movimentos. Os membros são individuos socialmente

conectados e organizados. Este autor realçou também a

racionalidade instrumental dos actores envolvidos em ações

colectivas de protesto. Não ignorou a necessidade de uma boa

gestão dos recursos na canalização e organização do

descontentamento social.

Jonh McCarthy e Zald deram continuidade aos estudos de

Oberaschall sustentando a importância das condições e dos

recursos que estão na origem dos movimentos sociais.

O movimento social requer uma série de entidades

organizativas de diferente amplitude e complexidade:

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  36  

No primeiro nivel a “organização de um movimento social” –

uma estrutura formar capaz de levar a cabo objectivos de um

movimento a partir das prioridades definidas por este.

No segundo nível a “industria do movimento social” , ou seja, a

totalidade das organizações de um movimento social que

identificam com as suas metas gerais.

No ter terceiro temos “sector dos movimentos sociais “ que diz

respeito ao conjunto das industrias dos movimentos sociais

que existem numa sociedade.

Criticas à teria:

- Deveriam ser valorizados também como possibilidades aferidas

subjetivamente pelos atores de acordo com os seus critérios de

preferência e parâmetros de significação.

- Deveriam abranger coisas como os bens materiais, o apoio

explícito e institucional, o acesso aos media etc.

- O reducionismo da teoria da mobilidade de recursos que

excluiu a dedicação altruísta, a filiação ideológica como fator

motivacional suficiente, a solidariedade com causas e ideias,

as lealdades morais e afetivas.

- A TEORIA DA ESTRUTURA DE OPORTUNIDADES POLITICAS

Tambem designada por teoria do processo político, vem no

seguimento da teoria da mobilidade de recursos na importância

concedida ao ambiente político e institucional e as oportunidades

politicas existentes no âmbito do desafio lançado ao poder

instituído por parte de grupos provocadores.

Para Tarrow, McAdam e Kriesi, através das suas investigações

impiricas deram continuidade a esta teoria . Para eles , no

processo de acesso aos mecanismos de decisão política, os

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  37  

movimentos sociais devem considerar certos elementos da

estrutura de oportunidades politicas em cada sociedade:

- O sistema institucional – quanto maior maior for a

descentralização administrativa e quanto maior for a

separação do poder judicial e legislativo mais hipóteses tem os

movimentos sociais de aceder ao poder .

- O sistema estratégico - caracteriza a atitude geral que as

autoridades politicas matem em relação aos grupos e

movimentos sociais.

- O sistema de alianças e o sistema de conflito – composto pelos

atores políticos que apoiam o movimento social e os que se lhe

opõem e o combatem.

A noção dos ciclos de protesto de Tarrow – definido por este autor como

uma “fase de intensificação dos conflitos no sistema social”

caraterizada por:

- uma rápida difusa de ação coletiva dos sectores mais

mobilizados aos menos mobilizados;

- uma constante e celebre inovação nas formas de confrontação;

- uma afirmação de marcos novos ou transformados para a

ação coletiva;

A generalização e rapidez do protesto, promovidas por uma elite

contestatária com capacidade de multiplicar as reivindicações e

mobilizar a ação de outros grupos, fazem com que se crie uma bola de

neve de consequências imprevisiveis, obrigando o sistema de poder

vigente a tomar medidas adequadas, de contestação e repressão do

protesto ou de aceitação condicional e negociada de demandas.

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  38  

Criticas:

- A acusação de reducionismo, por esgotar no tipo de

funcionamento do sistema político e nas condições do

ambiente político envolvente;

- Não define objectivamente o que sejam as oportunidades e

recursos, remetendo-as apenas para a avaliação, expectativas

e ponderação racional dos atores sociais.;

- AS TEORIAS DA IDENTIDADE COLETIVA

Para TAJFEL , o modo de atuação dos membros de um grupo

muda quando eles se sentem parte integrante desse coletivo.

Este autor analisou a identidade social nas minorias que

constituem os movimentos sociais.

Constituindo uma minoria, os elementos confrontam-se com a

necessidade de obter continuidade a uma identidade favorável

que permita a subsistência do grupo e inverta a imagem negativa

que a minoria tem junto de grande parte da população. Assim, ou

o grupo se fecha numa subcultura que garanta a identidade e a

motivação interna ou desenvolve-se um movo movimento em que

a minoria se revela e exige o reconhecimento e a aceitação

exteriores das suas reivindicações e da respectiva especificidade

identitária.

Os movimentos sociais permitem aos indivíduos revalizar-se e

reencontrar uma dignidade entretanto ofendida por processo s de

exclusão social, de despersonalização e de isolamento.

As funções da identidade coletiva:

O grupo funciona para o participante como regulador normativo e

pretexto de compromisso. Ao identificar-se com um grupo torna as

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  39  

suas ideologias adoptadas pelo coletivo. A identidade coletiva faz parte

do processo de criação dos movimentos sociais e desempenha diversas

funções fundamentais para a sua sobrevivência, nomeadamente a

ajuda a definir as metas globais do movimento e a sua ideologia base;

informa a natureza e o tipo de movimento, distinguindo-os dos outros e

dos restantes grupos.

São referidas três dimensões da identidade colectiva:

- Cognitiva – que diz respeito ao conhecimento das condições e

objectivos da ação.

- Interativa ou relacional – que organiza os fluxos

comunicacionais e negociais entre os atores no processo de

tomada de decisão.

- Emocional – que possibilita aos intervenientes reconhecerem-

se e identificarem-se entre si e face aos outros coletivos.

Criticas: uma das vantagens consiste em conceber a identidade social

de acordo com a normatividade grupal.

Tendem a conjugar a perspetiva de teor psicologista com a perspectiva

sociológica, reunindo quer os fatores individuais, que os sociais,

culturais, políticos e históricos, compreendendo cada um deles em

função da interação com os restantes, evitando reducionismos que

limitem a complexidade da ação coletiva.

-AS TEORIAS DOS NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Identificam-se duas linhas de investigação sobre os novos movimentos

sociais:

- a primeira, desenvolvida nos EUA e procedente a uma analise

micro sociológica dos movimentos sociais, enfatiza a dimensão

interna dos grupos de protesto e a sua estratégia racional de

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  40  

atuação, relacionando os aspetos organizativos e os meios que

os movimentos podem mobilizar com as oportunidades

politicas e o processo político.

- A segunda, nasceu na Europa, na sequencia dos movimentos

sociais dos anos 60/70 do século XX, valoriza os fatores

estruturais que estiveram na base da transformação das

democracias ocidentais e da construção de Estados

providencialistas e economicamente bem sucedidos no

segundo pós guerra, procuraram explicar os novos movimento

sociais à luz da confluência e disputa de diferentes modelos

culturais que alteraram as motivações para a ação coletiva.

Caraterísticas:

- Uma nova orientação ideológica anti sistema;

- Um novo sistema de valores, que visa superar o materialismo,

autoritarismo, o consumismo, a obsessão pela segurança,

conformismo e afirmar os valores pós materialistas.

- Um diferente composição social ao nível dos membros dos

movimentos, que já não são mobilizados e recrutados de

acordo com a classe social.

- Novas modalidade organizativas, caracterizadas pela sua

enorme receptividade à informalidade e à descentralização de

modo a conseguir atrair mais participantes, flexibiliza a

comunicação, democratizar o processo de tomada de decisões

e proporcionar uma maior envolvimento dos membros nas

tarefas e atividades do movimento.

- Um novo estilo de atuação, que vai ao encontro da formas mão

convencionais d participação política, prescindindo da

intermediação levada a cabo pelo partidos políticos e da lógica

corporativa de muitos grupos de interesses ou de pressão.

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  41  

Lógicas de ação dos novos movimentos:

- Logica instrumental, cuja estrategia é dirigida ao poder político,

procurando alterar as politicas publicas ou influenciar o

processo de tomada de decisão.

- Logica expressiva , o movimento social que ambiciona não

tanto o poder nem influir na sua distribuição e exercício, mas

mais a afirmação teórica e a expressão cívica, social, cultural e

artística de identidades pessoais e coletivas.

Contributo de :

Inglehart

Este autor relaciona as transformações sociais, culturais, económicas,

politicas etc, ocorridas nas sociedades nas sociedades ocidentais do

segundo pós guerra com a afirmação de um novo sistema de valores,

que foi pouco a pouco ultrapassando os valores materialistas próprios

das sociedades industriais que traduziam as preocupações com a

segurança, o bem estar material, a proteção social, a defesa militar etc.

Touraine

Para este autor a perspectiva teórica assenta em três princípios

fundamentais:

- da Identidade, que permite ao ator definir.se e situar-se numa

situação de conflito, face aos atores oponentes.

- A oposição, que faz emergir os adversários, torna manifesto o

conflito e promove a consciencialização dos intervenientes.

- A totalidade, que diz respeito ao sistema social que é objeto de

conquista e luta entre os adversários.

Estes princípios estão relacionados com a noção de sociedade,

entendida pelo autor como um sistema que gera as suas próprias

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  42  

condições de transformação através de uma dinâmica de

conflitualidade entre uma elite dirigente e um conjunto de grupos

dominados. Atribuiu a essa elite hegemónica o estabelecimento do

modelo cultural e dos valores ético morais dominantes, os quais

servem os seus objetivos e dominação.

OFFE

Segundo ao autor estes movimento enquadram-se nas formas de ação

política não institucional reconhecidas como legitimas. Permanecem no

campo da política não institucional. Os mais relevantes são os

movimentos ecologistas, em prol dos direitos humanos e das minorias,

com destaque para o movimento feminista , o pacifista e pela paz e os

movimentos sociais de orientação política diversa empenhados em

formas alternativas de produzir e distribuir bens e serviços.

Características Comuns dos novos movimentos sociais:

- Abrangem uma heterogeneidade de questões, como identidade sexual,

cultural, étnica e linguística ou o sentido do progresso económico e a

sobrevivência da humanidade e do planeta.

- Insistência em assuntos relativos a aspetos não materiais da vida

individual e social.

- Os valores veiculados tais como a autonomia, descentralização, a

liberdade, democratização, expressividade, espiritualidade, a felicidade

individual e social, a defesa, a promoção da identidade pessoal e

coletiva

-Distinguem-se quer pela informalidade, igualitarismo,

descontinuidade das sua redes de voluntários, ajudantes e membros

efetivos, que pela sua atuação externa mobilizadora de um grande

numero de pessoas e com forte impacto junto da opinião publica.

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  43  

- dificuldade em estabelecer compromissos, negociações e alianças de

ocasião com o poder instituído.

- Atuam em resposta a princípios, convicções e reivindicações e sem

cedências.

Criticas:

- São incapazes de negociar e elaborar compromissos.

- Os participantes não se reveem nas dicotomias politicas

tradicionais

- Estas categorias politicas e sócio económicas parecem já não

ser relevantes para explicar a pertença aos novos movimentos

e a sua composição social.

- A base destes movimentos não é assim tão heterogénea

política e sócio economicamente.

GENESE, DESENVOLVIMENTO E TRIUNFO DOS NOVOS

MOVIMENTOS SOCIAIS

Como surgem os novos movimentos sociais: resultam de uma

combinação de diversas condições e fatores de que se destacam, a

natureza dos valores dominantes numa época, a intensidade da

conflitualidade social, o tipo de Estado, as estratégias de atuação dos

partidos políticos, a existência de crises económicas, as medidas

sociais tomadas por um governo, entre muitos outros.

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  44  

Condições para a formação dos novos movimentos sociais

CONDIÇÕES ESTRUTURAIS

A partir dos finais década de 40 do século XX, o Estado assumiu em

vários países na Europa Ocidental uma estratégia de teve a designação

de Welfare state, vulgo Estado Providencia, que teve como objectivo

principal assegurar a paz social e a igualdade. Este objectivo foi

conseguido através da garantia de condições mínimas de subsistencia

económica aos mais desfavorecidos, através da atribuição de subsidios,

tal como o rendimento mínimo e da segurança social. Com estas

medidas o Estado protegia os cidadãos das varias contigências da vida,

como a velhice, doença ou desemprego. A finalidade foi assegurar

condições de vida mínimos a todos os cidadãos evitando crises e

revoltas sociais.

Na generalidade dos países, muito embora houvesse diferenças de

governo para governo, o Estado Providencia interveio em duas

modalidades: organizando os serviço públicos, tais como escolas,

sistemas de saúde, que eram oferecidos gratuitamente ou a custos

reduzidos às famílias carenciadas e através da transferencia de fundos

através do sistema de providencia, segurança social, subsdidio de

desemprego etc.

Com estas politicas os Estados aumentaram a despesa publica, com o

aumento do funcionalismo publico e do aparecimento de uma nova

classe a que podemos chamar “dependentes do Estado”.

Outras consequências do welfare state foi o facto de o sistema

economico capitalista ter vindo a ser tolerado, ou mesmo aceite pela

classe operaria, o que diminuiu a agitação social e política, pois o nível

de vida dos mais desfavorecidos melhorou significativamente .

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O clima de estabilidade, o aumento dos níveis de instrução e a

informação dos cidadãos e a difusão dos meios de comunicação social

de massas facilitaram uma maior consciencialização quanto aos novos

problemas e ajudaram os grupos de protesto a conseguirem promover e

difundir as suas causas através da cobertura dos media, a ajudaram a

criar impacto junto da opinião publica.

Após um período de prosperidade económica e estabilidade social, nos

finais dos anos 60 começaram a sentir-se os problemas colaterais em

consequência da aplicação deste método, tais como a pobreza urbana,

das assimetrias sociais, discriminação racial, corrida ao armamento etc.

Efeitos que foram solidados na década de 70 /80, que levaram ao

surgimento e continuidade dos novos movimentos sociais. Estas novas

circunstâncias e as mudanças que lhe estão direta e indiretamente

associadas originaram situações de conflitualidade, degradação social,

motivando a criação das redes de solidariedade e de defesa de valores

minoritários e de proteção da diferença.

Como se desenvolvem os novos movimentos sociais

A solidez e eficácia das redes sociais e a existência de uma estrutura

organizativa coordenadora das suas atividades , juntamente com uma

liderança tendencionalmente formal, acompanham o crescimento e

desenvolvimento dos movimentos sociais.

Em cada sociedade surgem novos movimentos sociais que apresentam

difrenrtes configurações organizativas, umas mais estruturadas e

formais e outras mais flexíveis e informais.

Kriesi indica quatro critérios para analisar o desenvolvimento

organizativo dos movimentos sociais:

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- O crescimento e o declínio organizativo, cujos indicadores s-ao: o

numero de organizações do movimento, o numero de mebros do

movimento e os recursos financeiros;

- A estruturação interna do movimento social, que toma como

referencia o grau de formalização e de profissionalização da

organização;

- A estrutura externa do movimento. Para o que deve aferir-se os tipo

de dependência que existe entre o movimento social e a atividade e a

disponibilidade dos aderentes, as preferências partidárias doa ativistas

e membros e as alianças com atores políticos externos aos novos

movimentos sociais;

- As transformações dos objectivos e dos repertórios de ação, sendo

que entre as principais transformações podem contar-se a

radicalização do discurso, das metas e das praticas originarias; o

declínio ou derivação do movimento social em estrutura de

solidariedade e apoio aos aderentes, tendendo a esgotar-se nesta

dimensão.

Uma das dimensões que melhor carateriza as formas de atuação e a

lógica organizativa interna e externa dos movimentos sociais

contemporâneos é a utilização das novas tecnologias de informação e

comunicação.

As redes sociais dos novos movimentos estendem-se para além das

fronteiras dos países, assumindo muitos deles vocação claramente

internacionalista ou universalista.

A internet vem permitir aos novos movimentos sociais,

independentemente do âmbito de atuação destes, vantagens

comunicacionais inestimáveis, que se traduzem em maior difusão de

informação, alargamento dos contatos a potenciais simpatizantes e

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  47  

reforço motivacional dos aderentes através de documentação

atualizada, promoção de campanhas de sensibilização, circulação e

interatividade de opiniões.

A utilização do correio electrónico e dos telemóveis tem sido uma

constante de muitos movimentos sociais.

As novas tecnologias comunicacionais tem proporcionado a afirmação e

desenvolvimento dos novos movimentos sociais, têm também

representado um instrumento de luta e meio de divulgação e

propaganda inestimáveis para minorias antidemocráticas e extremistas.

A visibilidade que a internet dá a estes grupos e movimentos, contribui

para uma identificação mais fácil das suas ideias, organização,

propostas e atividades, permitindo desenvolver e aperfeiçoar o combate

político, cívico e jurídico às suas causas, valores e ações.

Como triunfam os novos movimentos sociais:

Claus Offe aponta três tipos de êxitos ao alcance dos movimentos

sociais:

- Exitos substanciais, ou seja, decisões diversas que foram tomadas

pelas elites e que foram ao encontro das propostas ou reivindicações

dos movimentos;

- Exitos processuais, que respeitam ao modus faciendi das decisões, é

o caso de uma decisão política sobre o aborto, ou a elaboração de um

orçamento municipal;

- Exitos políticos, que ficam a dever-se ao reconhecimento social e

institucional dos novos movimentos sociais e ao apoio e suporte dados

pelos seus aliados institucionais, como os partidos políticos, igrejas,

associações culturais etc.

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Factores internos que condicionam o êxito dos novos movimentos

sociais:

- A dinâmica organizativa interna do movimentos. A

estabilização organizativa conseguida pela profissionalização e

formalização de procedimentos no âmbito do movimento social

facilita a sua institucionalização e integração do sistema de

poder e o acesso aos recursos e apoios oficiais e a outro tipo de

benesses.

- O tipo especifico de movimento social, também representa um

factor interno a considerar na avaliação do sucesso social e

político dos novos movimentos. Para Kriesi estes distinguem-se

quanto ao tipo de aderentes, natureza dos objectivos

perseguidos e diferentes no reportório da ação.

Também os objectivos do movimento social podem determinar o seu

êxito social e político, bem como a delimitação, a exequibilidade e a

especificidade do objectivo granjeia mais facilmente a mobilidade dos

aderentes e dos cidadãos em geral. Ao contrario, os movimentos sociais

que estipulam objectivos muito ambiciosos , vagos e improváveis

podem ser acusados de irrealismo.

Outro factor interno a considerar diz respeito às modalidades de ação

dos novos movimentos. Os que adoptem uma forma de atuação mais

institucional, convencional e moderada, sem recurso à coação, À

radicalização do protesto e até à transgressão da lei, não só ficam em

vantagem concorrencial com outras estruturas representativas dos

cidadãos que detem mais meios, estão melhor integrados no sistema do

poder.

Os fatores externos que determinam o desenvolvimento organizativo:

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- Factores culturais – predominância de um tipo de cultura

participativa no contexto de um regime democrático favorece a

aceitação das atividades dos novos movimentos sociais;

- Fatores económicos – há a destacar o nível do desenvolvimento

económico de um pais e a distribuição igualitária ou

desequilibrada e desigual da riqueza e das oportunidades.

Traduzir em mais recursos e apoios oficiais e particulares

para os movimentos sociais. As situações de crise económica

tendem também a suscitar o aparecimento e a afirmação de

um tipo particular d movimentos sociais.

- Fatores políticos – a natureza do sistema ou regime político e o

tipo de Estado são fatores a ter em conta no fracasso ou êxito

dos novos movimentos sociais.

Em regimes não democráticos podem surgir e consolidar-se

movimentos sociais muitas vezes criados. Os órgãos do poder

instituído, constituindo-se assim como parceiros das suas politicas e

nos regimes democráticos são também mais favoráveis ao

aparecimento e continuidade dos novos movimentos sociais,

garantindo e protegendo a sua autonomia, liberdade de atuação e até

co-financiando ou apoiando institucionalmente as suas atividades, não

é de subestimar a presença de diversos constrangimentos à formação e

consolidação de movimentos.

-

OS NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS E AS INTERACÇÕES

SISTEMATICAS

- Os novos movimentos sociais e os desafios à democracia

A ação política , o estilo de intervenção, o conteúdo das reivindicações

e as modalidades organizativas adotadas pelos novos movimentos

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sociais lançaram desafios importantes às democracias ocidentais com

base representativa, criando ou agravando a crise de legitimidade

destas e levando a optar por modelos alternativos como a democracia

participativa, radical e electrónica.

O pressuposto fundamental da democracia representativa é que não

seja o povo a governar e a exercer diretamente o poder político, mas

que seja eleito os seus representantes e governantes para os diversos

órgão eletivos. A participação política dos cidadãos está confinada à

escolha e responsabilização de elites politicas melhor preparadas para

defender os valor da comunidade, ficando nas mãos dos eleitos a

missão de protegerem o interesse nacional com autonomia.

Nas democracias ocidentais os eleitos também prestam contas aos

partidos políticos pelos quais foram eleitos, seguindo as suas

orientações e cedem muitas vezes à pressões e influencia dos media, da

opinião publica, dos grupos de interesse e pressão e dos movimentos

sociais.

Para os teóricos elitistas (Pareto e Mosca) a democracia , o processo

eleitoral e a representação política servem para legitimar a condução

ou recondução de uma elite ao poder.

Para Mill a democracia representativa reunia vantagens evidentes em

relação à democracia direta que impunha a vontade da maioria.

Para os teóricos pioneiros (teoricos racionalistas) da democracia

representativa, a participação política do povo esgotar-se-ia nos

momentos eleitorais e o sufrágio seria restritivo, pois não fazia sentido

analfabetos, ignorantes etc puderem votar.

Para os elitistas, como Robert Michels as massas não eram

autogovernáveis nas sociedades modernas, mas o governo

representativo, sendo uma necessidade, iludia o sentido e o teor da

participação política dos cidadãos porque os representantes depressa

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se transformavam em membros de uma oligarquia dirigente ao serviço

da maquina partidária, própria dos partidos de massas.

Assim as elites dirigentes destes partidos adulteraram os ideais da

representação política porque controlam a vida interna dos partidos e

transformam o sentido da atividade dos eleitos, passando de

representantes do povo a serviçais do partido.

Assim, encontrando-se a representação pervertida, os cidadãos

conformavam-se com legitimação das oligarquias dirigentes através do

voto. Ora a massa de eleitores não filiados ou participam na ilusão de

exercer o poder de decisão ou acomodam-se e renunciam á

participação, não votando, consentido que as elites governem. A este

consentimento Michels associava as características psicológicas das

massas: imaturas, obedientes e submissas, ignorantes e apáticas.

Ora, sendo as democracias ocidentais atuais de natureza

representativa, os novo movimentos sociais coabitam com este modelo

nem sempre de forma pacifica, chegando a haver afrontamento político,

denunciando os défices democráticos da representação política no

funcionamento das instituições e órgãos representativos.

Relacionada com o modelo de democracia representativa, esta a

concepção de democracia competitiva, que conta com o apoio de

Schumpeter, que se carateriza pela competição de grupos e

organizações politicas em constante tensão e disputa pelo acesso ao

poder e aos cargos, facilidades e oportunidades. O controlo do mercado

eleitoral e a obtenção de votos é o que permite a um grupo aceder à

governação. Nesta perspectiva o que define a democracia é o método de

escolha dos representantes e os procedimentos institucionais que são

criados para que estes decidam pelo povo e não em vez dele.