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O ARGUMENTO DA HÉLICE TRÍPLICE: PONTOS E CONTRA-PONTOS Prof. Dr. Carlos Alberto Figueiredo da Silva 12 de janeiro de 2012 – Universidade do Porto - Portugal

O argumento da hélice tríplice aula 1a parte

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O ARGUMENTO DA HÉLICE TRÍPLICE: PONTOS E CONTRA-PONTOS

Prof. Dr. Carlos Alberto Figueiredo da Silva

12 de janeiro de 2012 – Universidade do Porto - Portugal

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Introdução

O estudo de Silva; Terra; Votre (2006) introduziu o argumento da hélice tríplice (HT) no contexto da educação física brasileira. As reflexões que ali se construíram aproveitaram o debate que vem sendo desenvolvido em relação ao papel da universidade no novo cenário mundial; principalmente, por conceder-lhe posição de destaque no desenvolvimento social e econômico das regiões.

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O argumento

O argumento da HT aduz a tese de que a universidade tem um papel preponderante na sociedade baseada em conhecimento (ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 2000). Outros modelos preconizam as empresas/indústrias como líderes na inovação (LUNDVALL, 1992; NELSON, 1993) ou o Estado (SÁBATO; MACKENZIE, 1982).

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O argumento

O modelo HT propõe que as universidades preparem profissionais para promoverem a inovação e o desenvolvimento.

Os governos devem contribuir com a criação, aperfeiçoamento e consolidação de políticas públicas, com mecanismos de fomento a essas ações.

As empresas integram o esquema, com base na responsabilidade social, como parceiras dos dois outros atores (SILVA; TERRA; VOTRE, 2006).

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A sinergia entre universidade–empresa–governo no Brasil

Com a abertura política no Brasil, o desmonte da guerra fria, a diminuição da influência militar houve um redesenho nas relações entre universidade, empresa e governo. Percebeu-se, claramente, uma preocupação em aproximar a universidade da empresa.

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A sinergia entre universidade–empresa–governo no Brasil Entretanto, de acordo com Dagnino

(2004), com base numa visão neoliberal, o governo Cardoso não tinha intenção de destinar recursos adicionais para a pesquisa e para as instituições de ensino superior. Por conseguinte, a comunidade de pesquisa nacional não se dispôs a estreitar os laços com as empresas.

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A sinergia entre universidade–empresa–governo no Brasil No governo Lula, mesmo com a

manutenção de vários postulados do governo anterior, no que se refere à destinação de recursos para a pesquisa, houve maior preocupação e investimento.

Em 2008, investiu-se 1.13% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa, desenvolvimento e inovação.

Expectativa até 2014: 1.9% do PIB.

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A sinergia entre universidade–empresa–governo no Brasil Os efeitos dessa reorganização vêm

sendo sentidos nas ações realizadas pelos órgãos governamentais de avaliação e de fomento às ações educacionais. À responsabilidade de ensino e pesquisa, acrescentou-se uma

terceira missão da universidade: a Extensão.

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As revoluções acadêmicas

A primeira revolução acadêmica deu-se com a incorporação da pesquisa às funções de ensino realizadas pela universidade (ETZKOWITZ, 1990)

No Brasil, de acordo com Almeida (2008), a incorporação da pesquisa pela universidade ocorreu nos anos 1970, num contexto em que o regime militar impunha o direcionamento dos estudos. Não houve, portanto, a necessária autonomia para que a universidade pudesse estabelecer elos mais fortes com a sociedade.

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As revoluções acadêmicas

A segunda revolução acadêmica surge a partir da necessidade de um novo modelo de universidade que abarque uma função além da pesquisa e do ensino, a saber: produção e comercialização dos resultados da pesquisa científica. A interação da universidade com a empresa recebe, então, a denominação de segunda revolução acadêmica (ALMEIDA, 2008).

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As revoluções acadêmicas

No caso brasileiro, em virtude das demandas sociais, há na universidade uma bifurcação das redes de interação dos principais atores. Vê-se por um lado um viés de modernização, com base em padrões internacionais, na dinâmica da hélice tríplice tradicional; e, por outro, um viés crítico de forma a permitir a inclusão social no formato de uma hélice tríplice público-social (SENHORAS, 2008).

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Hélice Tríplice 1

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Hélice Tríplice 2

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Hélice Tríplice 3

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Hélice Tríplice 3

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Hélices Tríplices Gêmeas

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HT gêmeas

Etzkowitz & Zhou (2006) desenvolveram o modelo de hélices tríplices gêmeas (triple helix twins). Em determinados contextos, a empresa pode estar muito enfraquecida, às vezes é até inexistente; neste caso, outras instituições podem substituí-la.

A dimensão público-social é acrescentada ao modelo tradicional. Trata-se da incorporação das demandas da sociedade, de suas aspirações, incertezas, necessidades e também do seu ponto de vista. As redes que se constroem nas diversas interações sociais são o tecido crítico que confeccionam o modelo de HT público-social.

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SociedadeSociedade

IndustrialIndustrialSociedadeSociedade

do Conhecimentodo Conhecimento

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CaracterísticasCaracterísticas

Modernidade - Meta narrativa utópica

Pós-modernidade - Desconstrutivismo distópico

Modernidade Reflexiva/Fluida/Tardia – Automonitoramento reflexivo

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TesesTeses

Empoderamento dos indivíduos frente às estruturas?

Declínio das instituições?

Reflexão Cognitiva?

Individualismo?

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CARTESIANISMOCARTESIANISMO COMPLEXIDADECOMPLEXIDADE

CARACTERÍSTICAS DA COMPLEXIDADECARACTERÍSTICAS DA COMPLEXIDADE

• ParadoxosParadoxos

• DissensoDissenso

• Crises sucessivasCrises sucessivas

• Revisões de conceitos/construtosRevisões de conceitos/construtos

• Conhecimento provávelConhecimento provável

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Que perguntas devemos fazer?Que perguntas devemos fazer?

Algumas Instituições fazem Algumas Instituições fazem perguntas que as enfraquecem.perguntas que as enfraquecem.

FAÇAMOS PERGUNTAS QUE NOS FAÇAMOS PERGUNTAS QUE NOS FORTALEÇAM!FORTALEÇAM!

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Qual é o papel da Qual é o papel da universidade no contexto universidade no contexto da sociedade do da sociedade do conhecimento, de modo a conhecimento, de modo a contribuir para o contribuir para o aprimoramento da gestão aprimoramento da gestão desportiva no Brasil e em desportiva no Brasil e em Portugal?Portugal?

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Construída conceitualmente no Construída conceitualmente no mundo cartesianomundo cartesiano

1º UNIVERSIDADE ERUDITA1º UNIVERSIDADE ERUDITA

2º UNIVERSIDADE CIENTÍFICA 2º UNIVERSIDADE CIENTÍFICA (HUMBOLDT)(HUMBOLDT)

3º UNIVERSIDADE DE SERVIÇOS 3º UNIVERSIDADE DE SERVIÇOS (JOHN HOPKINS E HARVARD)(JOHN HOPKINS E HARVARD)

1º UNIVERSIDADE ERUDITA1º UNIVERSIDADE ERUDITA

2º UNIVERSIDADE CIENTÍFICA 2º UNIVERSIDADE CIENTÍFICA (HUMBOLDT)(HUMBOLDT)

3º UNIVERSIDADE DE SERVIÇOS 3º UNIVERSIDADE DE SERVIÇOS (JOHN HOPKINS E HARVARD)(JOHN HOPKINS E HARVARD)

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O surgimento das universidades O surgimento das universidades no século XIIno século XII

O surgimento das universidades O surgimento das universidades no século XIIno século XII

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As primeiras universidades na As primeiras universidades na EuropaEuropa Universidade de Bolonha Bolonha Itália 1088

Universidade de Paris Paris França 1090 Universidade de Oxford Oxford Inglaterra 1096 Universidade de Modena Modena Itália 1175 Universidade de Cambridge Cambridge Inglaterra cerca de 1209 Universidade de Salamanca Salamanca Espanha 1218 Universidade de Montpellier Montpellier França 1220 Universidade de Pádua Pádua Itália 1222 Universidade de Nápoles Federico II Nápoles Itália 1224 Universidade de Toulouse Toulouse França 1229 Universidade de Siena Siena Itália 1240 Universidade de Valladolid Valladolid Espanha 1241 Palência Universidade de Múrcia Múrcia Espanha 1272 Universidade de Coimbra Coimbra Portugal 1290 Universidade do Porto, Porto, Portugual 1911

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A pesquisa incorporada como atividade A pesquisa incorporada como atividade acadêmica no século XIX – acadêmica no século XIX – a primeira a primeira revolução acadêmica;revolução acadêmica;

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A extensão incorporada no século XX, A extensão incorporada no século XX, como fator de desenvolvimento econômico como fator de desenvolvimento econômico e social – e social – segunda revolução acadêmica.segunda revolução acadêmica.

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A pesquisa no BrasilA pesquisa no Brasil

De acordo com Almeida (2009), no Brasil, a pesquisa foi incorporada como missão da universidade, de fato, nos anos de 1970.

ALMEIDA, M. Innovation and entrepreneurship in Brazilian universities. International Journal of Technology Management and Sustainable Development, Volume 7, Number 1, 2008.

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Hélice TrípliceHélice Tríplice

Movimento cíclico, espiral, cumulativo e contínuo do processo criativo e inovador 1, 2.

Universidades Agentes multiplicadores das ações de inovação e

mudança;

Governos Criação, aperfeiçoamento e consolidação de políticas

públicas;

EmpresasResponsabilidade social, projetos de desenvolvimento.

Jantt/2010 30

ETZKOWITZ, H. et al.. The Future of The University And The University of The Future: Evolution of IvoryTower To Entrepreneurial Paradigm. London: Research Policy. v. 29, n. 2, 2000.

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A abordagem da Hélice Tríplice (Triple Helix), desenvolvida por Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff, situa a dinâmica da inovação num contexto em evolução, onde novas e complexas relações se estabelecem entre as três esferas institucionais (hélices) universidade, indústria e governo.

Na perspectiva da hélice tríplice, a interação universidade – indústria – governo é vista como imprescindível para o desenvolvimento baseado no conhecimento.

Leydesdorff

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São Paulo, Terça, 11 de Maio de 2010, às 11:21Política científica

Hélice tríplice: metáfora dos anos 90 descreve bem o mais sustentável modelo de sistema de inovação

Diretor do Instituto de Política Científica, da Universidade do Estado de Nova Iorque, e professor convidado da Universidade de Stanford, Henry Etzkowitz fala sobre o termo que ele próprio criou e sobre suas implicações.

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1ª Conferência – 1996/Amsterdam

ETZKOWITZ, H.; LEYDESDORFF, L. The Triple Helix – University, Industry, Government Relations: A Laboratory for Knowledge Based Economic Development. In: The Triple Helix of University, Industry, and Government Relations: the future location of research conference. Amsterdã, 1996.

University-Industry-Government Relations

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2ª Conferência – 1998/Nova York

Relação entre o futuro da pesquisa e a HT; Melhor utilização dos recursos; Relacionamento da HT com estudos e práticas locais; Indicação de um caminho teórico a partir de estudos locais; Procura de respostas em relação a regiões e países com

significantes recursos em pesquisa e desenvolvimento com insuficiência na criação de industrias de alta tecnologia.

LEYDESDORFF, L. & ETZKOWITZ, H. The triple helix as a model for innovations studies . In: TRIPLE HELIX CONFERENCE, 2. Purchase, 1998. [s. l. : s. n., 1998]. (Conference Report).

The Triple Helix of University-Industry-Government Relations: "Future Location of Research“ Conference

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3ª Conferência – 2000/Rio de Janeiro

The Endless Transition: Relations Among Social, Economic and Scientific Development in a Triple Helix of University-Industry-Government Relations

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4ª Conferência – 2002/Copenhagem

The 4th Triple Helix Conference

Breaking Boundaries - Building Bridges Breaking Boundaries - Building Bridges Copenhagen, Denmark - Lund, Sweden, November 6-9, 2002 The 4th Triple Helix Conference is open to anyone who is interested in the interactions of university-industry-society. The theme of this year's conference is breaking boundaries between university, industry and society and building bridges across the helices and across other geographical and national boundaries.

The conference will be organised around 15 tracks with approx. 20 papers each. Papers were invited that deal with: science and technology policy issues, research and innovation management, university-industry links, knowledge network organisation, organisational learning, commercialisation of science, regional development and other topics related to the Triple Helix concept.

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5ª Conferência – 2005/Turim

The 5th Triple Helix Conference will deal with "The Capitalization of Knowledge:

cognitive, economic, social and cultural aspects" and the different Forms of Knowledge (Generation, Access and

Capitalization of Knowledge) .

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6ª Conferência – 2007/Cingapura

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7ª Conferência – 2009/Glasgow

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8ª Conferência – 2010/Madri

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9ª Conferência – 2011/Silicon Valley

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Hélice Tríplice

Retirado de INOVA 3- Escritório de Gestão da PI – Uma Experiência do INT, CETEM e IEN ppt, 2004

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Jantt/2008 43

Etzkowitz, 2003; Etzkowitz & Mello, 2004 ‘’A interação universidade – indústria –

governo é a chave para melhorar as condições para inovação numa sociedade baseada no conhecimento’’.

‘’A realidade brasileira é muito diferente, falta ao país uma bem articulada interação universidade – indústria - governo que possa ser verdadeiramente qualificada como uma hélice tríplice’’.

ETZKOWITZ, H. Innovation in Innovation: The Triple Helix of University–Industry–Government Relations, Social Science Information, 42: 3 (Autumn), pp. 293–338. 2003.

ETZKOWITZ, H.; MELLO, J.M.C. The rise of a triple helix culture: innovation in Brazilian economic and social development. International Journal of Technology Management & Sustainable Development. V2 N3, 159-171, 2004.

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Hélice Tríplice

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Retirado de Plonski.ppt - I&I Cooperação Universidade-Empresa, 2007

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A UNIVERSIDADE COMO PROTAGONISTAA UNIVERSIDADE COMO PROTAGONISTA

Assumir o papel de liderança Interdisciplinaridade Transdisciplinaridade Contextualização Pesquisa Transferência de Conhecidmento

para a Sociedade O Novum Trivium

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Etimologicamente, trivium significa o cruzamento e articulação de três ramos ou caminhos.

Esse grupo de disciplinas incluía a lógica (ou dialética), a gramática e a retórica.

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O Novum Trivium O Novum Trivium (Etzkowitz, 2010)(Etzkowitz, 2010)

Linguagens e Culturas

Tecnologias

Empreendedorismo e Inovação

ETZKOWITZ, H. Entrepreneurial universities for the UK: a ‘Stanford University’ at Bamburgh Castle? Industry & Higher Education, vol. 24, n. 4, August, p. 251-256, 2010 .

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OS TRÊS ESPAÇOSOS TRÊS ESPAÇOS