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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA E MEDICINA LEGAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA KELLY ROVERAN GENGA ESTUDO DA IMUNOEXPRESSÃO DE PROTEÍNAS RELACIONADAS AO PONTO DE CHECAGEM MITÓTICO (CDC20 e MAD2) E AO FUSO MITÓTICO (AURORA A E AURORA B) EM PACIENTES PORTADORES DE SÍNDROME MIELODISPLÁSICA FORTALEZA 2014 KELLY ROVERAN GENGA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE … · especial, durante a captura das imagens do meu projeto. À Francimeire, Débora e Margaret, que, em muito me ajudaram, ... neoplasias

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA E MEDICINA LEGAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA

KELLY ROVERAN GENGA

ESTUDO DA IMUNOEXPRESSÃO DE PROTEÍNAS RELACIONADAS AO PONTO DE

CHECAGEM MITÓTICO (CDC20 e MAD2) E AO FUSO MITÓTICO (AURORA A

E AURORA B) EM PACIENTES PORTADORES DE SÍNDROME MIELODISPLÁSICA

FORTALEZA

2014

KELLY ROVERAN GENGA

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ESTUDO DA IMUNOEXPRESSÃO DE PROTEÍNAS RELACIONADAS AO PONTO DE

CHECAGEM MITÓTICO (CDC20 e MAD2) E AO FUSO MITÓTICO (AURORA A

E AURORA B) EM PACIENTES PORTADORES DE SÍNDROME MIELODISPLÁSICA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Patologia da Universidade

Federal do Ceará, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Ciências.

Orientador: Prof. Dr. Ronald Feitosa Pinheiro

Co-orientador: Profa. Dra. Fabíola Heredia

Fernandes

FORTALEZA

2014

KELLY ROVERAN GENGA

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FICHA CATALOGRÁFICA

Genga, Kelly Roveran Estudo da imunoexpressão de proteínas relacionadas ao ponto de checagem mitótico (CDC20 e MAD2) e ao fuso mitótico (AURORA A e AURORA B) em pacientes portadores de síndrome mielodisplásica / Kelly Roveran Genga – Fortaleza, 2014.

146p. Tese (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará. Programa de Pós-Graduação em Patologia.

Orientador: Prof. Dr. Ronald Feitosa Pinheiro

Descritores: 1. SÍNDROMES MIELODISPLÁSICAS. 2. EXPRESSÃO PROTEICA. 3. FUSO MITÓTICO.

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KELLY ROVERAN GENGA

ESTUDO DA IMUNOEXPRESSÃO DE PROTEÍNAS RELACIONADAS AO PONTO DE

CHECAGEM MITÓTICO (CDC20 e MAD2) E AO FUSO MITÓTICO (AURORA A

E AURORA B) EM PACIENTES PORTADORES DE SÍNDROME MIELODISPLÁSICA

Dissertação apresentada ao Curso de

Pós-Graduação em Patologia da Universidade

Federal do Ceará, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Ciências.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Prof. Dr. Ronald Feitosa Pinheiro (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________

Prof. Dra. Sílvia M.M. Magalhães

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________

Prof. Dra. Romélia Pinheiro Gonçalves

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________

Dr. Alex Freire Sandes

Grupo Fleury - São Paulo

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Ronald Feitosa Pinheiro, pelo apoio essencial para a elaboração e conclusão

do presente trabalho e pela oportunidade e confiança depositadas em mim.

À Dra. Fabíola Fernandes Heredia, pela colaboração, disponibilidade e compromisso no

desenvolvimento deste trabalho. A prova disso é poder separar algum tempo para me ouvir e

ajudar, mesmo se encontrando num momento especial de sua vida, o nascimento do seu primeiro

filho.

Ao Prof. Dr. Francisco Dário Rocha Filho e ao Prof. Dr. Francisco Valdeci de Almeida

Ferreira, pela inestimável ajuda na leitura das amostras do estudo, e, ao mesmo tempo, pelos seus

ensinamentos. Além disso, gostaria de salientar o meu profundo agradecimento por terem

permitido a utilização das instalações do laboratório Labtech.

À Juliana Cordeiro, que em muito me auxiliou em todas as etapas do meu projeto, e, em

especial, durante a captura das imagens do meu projeto.

À Francimeire, Débora e Margaret, que, em muito me ajudaram, durante o processamento

das amostras do estudo.

Ao meu marido, Fernando Sergio, pelo seu apoio sempre incondicional e, ao mesmo

tempo, por me fazer sorrir mesmo nos instantes mais difíceis.

À CAPES e FUNCAP, pelo apoio financeiro.

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RESUMO

Síndrome mielodisplásica (SMD) representa um grupo de doenças hematopoéticas heterogêneas,

que se caracterizam por alterações morfológicas de dispoese, medula óssea hiperproliferativa,

citopenias no sangue periférico e risco aumentado de evolução para leucemia mieloide aguda. A

patogênese da SMD envolve múltiplas etapas, com destaque para alterações citogenéticas, porém

ainda não está claramente definido como a doença progride. Nesse contexto, o estudo da

imunoexpressão de proteínas relacionadas ao ponto de checagem mitótico (CDC20 e MAD2) e ao

fuso mitótico (AURORA A e AURORA B) mostra-se promissor. Essas proteínas foram

associadas à instabilidade cromossômica, aneuploidia e progressão tumoral em tumores sólidos e

neoplasias hematológicas, contribuindo para o surgimento de anormalidades citogenéticas. Na

literatura, existem poucos artigos publicados avaliando o impacto da expressão dessas proteínas na

evolução de pacientes com SMD. O presente estudo, de caráter retrospectivo, teve como objetivo

avaliar a imunoexpressão de CDC20, MAD2, AURORA A e AURORA B em pacientes com

SMD e investigar sua relação com variáveis clínicas e laboratoriais. O estudo da expressão

proteica foi realizado por imunoistoquímica (microscopia óptica), em 40 biópsias de medula óssea

de pacientes portadores de SMD e 10 controles (biópsias de medula óssea para estadiamento de

linfoma sem infiltração pela doença). A expressão proteica foi interpretada de forma qualitativa

(expressão positiva versus negativa) e quantitativa (% de células positivas após análise de 10

campos em aumento de 400x, assim como pela categorização das amostras positivas em grupos de

expressão leve - < 10%, moderada – 10 a 49% e alta - ≥ 50%). Identificou-se, de forma

significativa, maior expressão das proteínas CDC20, MAD2 e AURORA B nos pacientes

portadores de SMD, quando comparados com os controles (p < 0,05). A análise qualitativa

mostrou os seguintes resultados (p < 0,05): 1) maior frequência de expressão negativa de MAD2

em pacientes com duas a três citopenias; 2) maior frequência de expressão negativa de CDC20 em

pacientes com plaquetopenias mais graves (<50.000/mm3); 3) maior frequência de expressão

positiva de AURORA B entre os pacientes que evoluíram para óbito; 4) menor sobrevida global

entre os pacientes com expressão positiva de AURORA B; 5) maior frequência de expressão

positiva de AURORA A entre os pacientes com dependência transfusional, citogenética

aneuploide, cariótipo complexo e/ou anormal. A análise quantitativa (média ± DP, em %) mostrou

os seguintes resultados (p < 0,05): 1) maior expressão de MAD2 e CDC20 em pacientes com

plaquetopenias mais graves (<50.000/mm3); 2) maior expressão de MAD2 e CDC20 entre os

pacientes que evoluíram para óbito; 3) maior expressão de CDC20 entre os pacientes com três

displasias e cariótipo complexo; 4) maior expressão de AURORA B nos pacientes com

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citogenética alterada. A análise quantitativa por grupos revelou (p < 0,05): 1) maior frequência de

alta expressão de CDC20 e MAD2 em pacientes com contagens plaquetárias < 50.000/mm3 e

entre os pacientes que evoluíram para óbito durante o período do estudo; 2) menor sobrevida

global no grupo de pacientes com expressão ≥ 50% de MAD2 e CDC20 e ≥ 10% de AURORA B.

em comparação aos pacientes com expressão negativa e/ou expressão positiva < 50% e < 10%,

respectivamente. Tais dados sugerem que expressões alteradas dessas proteínas (hipo ou

hiperexpresssão) podem estar relacionadas ao processo de tumorigênese e à progressão da SMD,

contribuindo, desse modo, para melhor estratificação de risco e abordagem terapêutica.

Palavras-chave: Síndrome mielodisplásica. Expressão proteica. Fuso mitótico.

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ABSTRACT

Myelodysplastic syndrome (MDS) represents a heterogeneous group of hematopoietic disorders,

which are characterized by dysplastic morphological changes, hyperproliferative bone marrow and

peripheral blood cytopenias, being associated with greater risk of progression to acute myeloid

leukemia. The pathogenesis of MDS involves multiple steps and it’s still not clearly defined how

the disease progresses. In this context, researches involving expression of proteins related to the

mitotic checkpoint (MAD2 and CDC20) and mitotic spindle (AURORA A e AURORA B) are

promising. These proteins were associated to chromosomal instability, aneuploidy and progression

in solid tumors and hematologic malignancies, contributing to the appearance of cytogenetics

abnormalities. In the literature, there are few published studies evaluating how these protein

expressions are associated to MDS progression. Thus, this retrospective study aimed to evaluate

the expression of those proteins in MDS patients, and to investigate its relation to clinical and

laboratory variables. Protein expression was analyzed by immunohistochemistry in bone marrow

tissue samples (optical microscopy) from 40 MDS patients and 10 controls (bone marrow samples

for lymphoma staging without disease infiltration). Immunohistochemistry was analyzed

qualitatively (positive versus negative expression) and quantitatively (by percentage of positive

cells in a total of ten fields in 400-fold magnification, and by categorization of positive samples in

mild - < 10%, moderate - 10 to 49% and high expression groups - ≥ 50%). This present study

showed that MDS patients had significantly greater expression of CDC20, MAD2 and AURORA

B proteins compared to control samples (p < 0.05). Qualitative analysis showed the following

results (p < 0.05): 1) greater frequency of negative MAD2 expression among patients who

presented with two or three cytopenias; 2) greater frequency of negative CDC20 expression

among patients who presented with more severe thrombocytopenia (platelets < 50x109/L);

3) greater frequency of positive AURORA B expression among patients who did not survive;

4) lower overall survival among patients with positive AURORA B expression; 5) greater

frequency of positive AURORA A expression among transfusional dependent patients, aneuploid

cytogenetics, complex and/or abnormal karyotype. Quantitative analysis (mean ± SD) showed the

following results (p < 0.05): 1) higher MAD2 and CDC20 expression among patients with more

severe thrombocytopenia (platelets < 50x109/L); 2) higher MAD2 expression among patients who

did not survive; 3) higher CDC20 expression among patients who presented with three dysplasias

as in those with complex karyotype; 4) higher AURORA B expression among patients with

abnormal karyotype. Quantitative analysis by groups showed (p < 0.05): 1) greater frequency of

high CDC20 and MAD2 expression among patients who presented with platelet count < 50x109/L

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and who died during the study period; 2) lower overall survival among patients with MAD2 and

CDC20 expression ≥ 50% and AURORA B expression ≥ 10%, compared to patients with negative

or positive expression < 50% or 10%, respectively. These data suggest that altered expression

(hypo or overexpression) of these proteins may be related to MDS tumorigenesis and progression,

contributing to a better risk stratification and therapeutic approach.

Keywords: Myelodysplasic Syndrome. Protein expression. Mitotic spindle.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Mecanismos envolvidos na patogênese da SMD..................................... 08

Figura 02 Cromossomo conectado ao fuso mitótico na região do cinetócoro......... 12

Figura 03 Esquema de mudança conformacional de MAD2................................... 14

Figura 04 Ciclo do centrossomo............................................................................... 17

Figura 05 Amplificação dos centrossomos decorrente de superexpressão de

AURORA A............................................................................................. 20

Figura 06 Dinâmica das proteínas envolvidas na biorientação dos

cromossomos........................................................................................... 22

Figura 07 Distribuição dos pacientes do grupo SMD de acordo com a

classificação da OMS............................................................................... 34

Figura 08 Distribuição dos pacientes do grupo SMD de acordo com o

IPSS......................................................................................................... 34

Figura 09 Distribuição dos pacientes do grupo SMD de acordo com o resultado

da citogenética......................................................................................... 35

Figura 10 Distribuição do resultado da citogenética dos pacientes do grupo SMD

de acordo com a classificação prognóstica do cariótipo pelo

IPSS......................................................................................................... 35

Figura 11 Gráfico em barras mostrando a porcentagem de casos de citopenias

(0/1 versus 2/3) no grupo SMD com expressão positiva ou negativa da

proteína MAD2........................................................................................ 39

Figura 12 Gráfico em barras mostrando a porcentagem de casos de citogenética

normal e alterada no grupo SMD com expressão positiva ou negativa

da proteína MAD2................................................................................... 40

Figura 13 Contagem plaquetária entre os pacientes do grupo SMD no momento

do diagnóstico conforme expressão positiva ou negativa da proteína

CDC20..................................................................................................... 43

Figura 14 Gráfico em barras mostrando a porcentagem de pacientes

com contagem plaquetária < 50.000/mm3 e ≥ 50.000/mm

3

no grupo SMD conforme expressão positiva ou negativa da

proteína CDC20....................................................................................... 44

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Figura 15 Gráfico em barras mostrando a evolução dos pacientes (óbito ou em

tratamento) no grupo SMD conforme expressão positiva ou negativa

da proteína AURORA B.......................................................................... 47

Figura 16 Gráfico em barras mostrando a porcentagem de pacientes com

cariótipo complexo e não complexo no grupo SMD conforme

expressão positiva ou negativa da proteína AURORA A........................ 51

Figura 17 Gráfico em barras mostrando a porcentagem de pacientes com

cariótipo normal ou alterado no grupo SMD conforme expressão

positiva ou negativa da proteína AURORA A......................................... 51

Figura 18 Gráfico em barras mostrando a porcentagem de pacientes com

euploidia e aneuploidia no grupo SMD conforme expressão positiva

ou negativa da proteína AURORA A...................................................... 52

Figura 19 Gráfico em barras mostrando a porcentagem de pacientes com e sem

dependência transfusional no grupo SMD conforme expressão positiva

ou negativa da proteína AURORA A...................................................... 52

Figura 20 Imunoistoquímica mostrando diferentes graus de expressão da proteína

AURORA A em BMO de pacientes portadores de SMD (400x).

A) Expressão negativa; B) Expressão positiva........................................ 53

Figura 21 Gráfico em barras mostrando a porcentagem de casos de expressão

positiva e negativa da proteína MAD2 nos grupos SMD e

controle.................................................................................................... 54

Figura 22 Gráfico em barras mostrando a porcentagem de casos de expressão

positiva e negativa da proteína CDC20 nos grupos SMD e

controle.................................................................................................... 55

Figura 23 Gráfico em barras mostrando a porcentagem de casos de expressão

positiva e negativa da proteína AURORA B nos grupos SMD e

controle.................................................................................................... 55

Figura 24 Gráfico em barras mostrando a porcentagem de casos de expressão

positiva e negativa da proteína AURORA A nos grupos SMD e

controle.................................................................................................... 56

Figura 25 Expressão quantitativa da proteína MAD2 (em %) entre os pacientes

do grupo SMD com plaquetas < ou ≥ 50.000/mm3................................. 59

Figura 26 Expressão quantitativa da proteína MAD2 (em %) entre os pacientes

do grupo SMD que se encontram em tratamento ou que evoluíram para

óbito......................................................................................................... 59

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Figura 27 Expressão quantitativa da proteína CDC20 (em %) entre os pacientes

do grupo SMD com plaquetas < ou ≥ 50.000/mm3................................. 62

Figura 28 Expressão quantitativa da proteína CDC20 (em %) nos pacientes do

grupo SMD conforme o número de displasias......................................... 62

Figura 29 Expressão quantitativa da proteína CDC20 (em %) nos pacientes do

grupo SMD conforme presença ou não de

cariótipo complexo.................................................................................. 63

Figura 30 Expressão quantitativa da proteína CDC20 (em %) nos pacientes do

grupo SMD com contagem de neutrófilos < ou ≥

800/mm3................................................................................................... 63

Figura 31 Expressão quantitativa da proteína CDC20 (em %) nos pacientes do

grupo SMD conforme presença de euploidia ou

aneuploidia............................................................................................... 64

Figura 32 Expressão quantitativa da proteína AURORA B (em %) nos pacientes

do grupo SMD conforme presença de citogenética normal ou

alterada..................................................................................................... 67

Figura 33 Distribuição dos pacientes com expressão positiva de acordo com o

grau de expressão para a proteína MAD2 (baixa, moderada

ou alta)..................................................................................................... 69

Figura 34 Distribuição dos pacientes com expressão positiva de acordo com o

grau de expressão para a proteína CDC20 (baixa, moderada

ou alta)..................................................................................................... 69

Figura 35 Distribuição dos pacientes com expressão positiva de acordo com o

grau de expressão para a proteína AURORA B (baixa ou

moderada)................................................................................................ 70

Figura 36 Porcentagem de casos com plaquetas < 50.000/mm3 ou ≥ 50.000/mm

3

no grupo SMD conforme o grau de expressão da proteína MAD2

(<10%, 10-49% e ≥ 50%)........................................................................ 73

Figura 37 Porcentagem de casos que evoluíram para óbito ou que se encontram

em tratamento no grupo SMD conforme o grau de expressão da

proteína MAD2........................................................................................ 73

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Figura 38 Imunoistoquímica mostrando diferentes graus de expressão da proteína

MAD2 em BMO de pacientes portadores de SMD (400x).

A) Expressão negativa; B) Expressão fraca (< 10%); C) Expressão

moderada (10-49%); D) Expressão forte (> 50%).................................. 74

Figura 39 Idade no momento do diagnóstico nos pacientes do grupo SMD

conforme o grau de expressão da proteína CDC20................................. 76

Figura 40 Porcentagem de casos com plaquetas < 50.000/mm3 ou ≥ 50.000/mm

3

no grupo SMD conforme o grau de expressão da proteína CDC20

(<10%,10-49% e ≥ 50%)......................................................................... 79

Figura 41 Porcentagem de casos que evoluíram para óbito ou que se encontram

em tratamento conforme o grau de expressão da proteína CDC20

(<10%,10-49% e ≥ 50%)......................................................................... 80

Figura 42 Porcentagem de casos com idade ≤ 60 anos ou > 60 anos no grupo

SMD conforme o grau de expressão da proteína CDC20........................ 81

Figura 43 Porcentagem de casos com cariótipo complexo ou não complexo no

grupo SMD conforme o grau de expressão da proteína CDC20 (<10%,

10-49% e ≥ 50%)..................................................................................... 81

Figura 44 Imunoistoquímica mostrando diferentes graus de expressão da proteína

CDC20 em BMO de pacientes portadores de SMD (400x).

A) Expressão negativa; B) Expressão fraca (< 10%); C) Expressão

moderada (10-49%); D) Expressão forte (> 50%)................................... 82

Figura 45 Imunoistoquímica mostrando diferentes graus de expressão da proteína

AURORA B em BMO de pacientes portadores de SMD (400x).

A) Expressão negativa; B) Expressão fraca (< 10%); C) Expressão

moderada (10-49%)................................................................................. 86

Figura 46 Sobrevida global de acordo com a análise qualitativa das proteínas

MAD2, CDC20, AURORA B e AURORA A ........................................ 90

Figura 47 Sobrevida global de acordo com a análise quantitativa das proteínas

MAD2, CDC20 e AURORA B (entre os pacientes com expressão

positiva) .................................................................................................. 91

Figura 48 Sobrevida global de acordo com a análise quantitativa das proteínas

MAD2, CDC20 e AURORA B (entre todos os pacientes) ..................... 91

Figura 49 Possível associação entre hiperexpressão de AURORA A e surgimento

de aneuploidia em SMD.......................................................................... 98

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Figura 50 Provável associação entre hiperexpressão de CDC20 e surgimento de

cariótipo complexo em SMD................................................................... 103

Figura 51 Provável associação entre expressão alterada de MAD2 e CDC20 e

desenvolvimento de plaquetopenias mais grave em SMD

(< 50.000/mm3)........................................................................................ 103

Figura 52 Provável associação entre hiperexpressão de AURORA B e

surgimento de alterações citogenéticas em SMD.................................... 104

Figura 53 Efeitos da expressão aumentada de proteínas associadas ao ponto de

checagem mitótico (MAD2 e CDC20) e ao fuso mitótico

(AURORA A e AURORA B), suas associações já demonstradas em

neoplasias sólidas e as prováveis implicações dessas expressões

aumentadas em portadores de SMD........................................................ 107

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Classificação SMD (OMS, 2008) .................................................... 04

Tabela 02 Critérios de inclusão e exclusão....................................................... 27

Tabela 03 Caracterização dos anticorpos utilizados.......................................... 27

Tabela 04 Celularidade da medula óssea de acordo com a idade..................... 29

Tabela 05 Expressão proteica por grupos conforme grau de expressão

(Baixa - < 10%, Moderada – 10-49% e Alta - ≥ 50%)..................... 68

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01a IPSS (1997).............................................................................................. 05

Quadro 01b IPSS – pontuação e evolução................................................................... 06

Quadro 02a IPSS revisado........................................................................................... 07

Quadro 02b IPSS-R - classificação de risco e pontuação............................................ 07

Quadro 03 Características clínico-epidemiológicas dos pacientes portadores de

SMD......................................................................................................... 32

Quadro 04 Caracterização das citopenias e da citogenética dos pacientes

portadores de SMD................................................................................... 33

Quadro 05 Frequência em % de expressão positiva e negativa de MAD2, CDC20,

AURORA B e AURORA A..................................................................... 36

Quadro 06 Idade, grau de citopenias e porcentagem de blastos, conforme

expressão positiva versus negativa da

proteína MAD2......................................................................................... 37

Quadro 07 Variáveis clínicas, laboratoriais e classificação IPSS

conforme expressão positiva versus negativa da

proteína MAD2......................................................................................... 38

Quadro 08 Idade, grau de citopenias e porcentagem de blastos,

conforme expressão positiva versus negativa da

proteína CDC20........................................................................................ 41

Quadro 09 Variáveis clínicas, laboratoriais e classificação IPSS

conforme expressão positiva versus negativa da

proteína CDC20........................................................................................ 42

Quadro 10 Idade, grau de citopenias e porcentagem de blastos,

conforme expressão positiva versus negativa da

proteína AURORA B............................................................................... 45

Quadro 11 Variáveis clínicas, laboratoriais e classificação IPSS

conforme expressão positiva versus negativa da

proteína AURORA B............................................................................... 46

Quadro 12 Idade, grau de citopenias e porcentagem de blastos,

conforme expressão positiva versus negativa da

proteína AURORA A............................................................................... 48

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Quadro 13 Variáveis clínicas, laboratoriais e classificação IPSS

conforme expressão positiva versus negativa da proteína

AURORA A.............................................................................................

49

Quadro 14 Expressão quantitativa em % da proteína MAD2 conforme

características clínico-laboratoriais.......................................................... 58

Quadro 15 Expressão quantitativa em % da proteína CDC20 conforme

características clínico-laboratoriais.......................................................... 61

Quadro 16 Expressão quantitativa em % da proteína AURORA B conforme

características clínico-laboratoriais.......................................................... 66

Quadro 17 Expressão quantitativa da proteína MAD2 por grupos (< 10%, 10-49%

e ≥ 50%) conforme idade, grau de citopenias e porcentagem

de blastos.................................................................................................. 71

Quadro 18 Características demográficas, clínicas, laboratoriais e classificação

IPSS conforme grau de expressão da proteína MAD2 (<10%, 10-49%

ou ≥ 50%)................................................................................................. 72

Quadro 19 Expressão quantitativa da proteína CDC20 por grupos (< 10%, 10-49%

e ≥ 50%) conforme idade, grau de citopenias e porcentagem

de blastos.................................................................................................. 75

Quadro 20 Características demográficas, clínicas, laboratoriais e classificação

IPSS conforme grau de expressão da proteína CDC20 (<10%, 10-49%

e ≥ 50%)................................................................................................... 78

Quadro 21 Expressão quantitativa da proteína AURORA B por grupos

(< 10% e 10-49%) conforme idade, grau de citopenias e porcentagem

de blastos.................................................................................................. 83

Quadro 22 Características demográficas, clínicas, laboratoriais e classificação

IPSS conforme grau de expressão da proteína AURORA B

(<10% e 10-49%)..................................................................................... 85

Quadro 23 Análise do tempo de sobrevida dos pacientes portadores de SMD de

acordo com a expressão de MAD2 .......................................................... 87

Quadro 24 Análise do tempo de sobrevida dos pacientes portadores de SMD de

acordo com a expressão de CDC20 ......................................................... 88

Quadro 25 Análise do tempo de sobrevida dos pacientes portadores de SMD de

acordo com a expressão de AURORA B ................................................ 89

Quadro 26 Análise do tempo de sobrevida dos pacientes portadores de SMD de

acordo com a expressão de AURORA A ................................................ 90

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ºC Graus Celsius

AIRK Aurora/Ipl1 Related Kinase

ALIP Abnormal Localization of Immature Precursors Cells

AR Anemia Refratária

AREB Anemia Refratária com Excesso de Blastos

AREB-T AREB em Transformação

ARSA Anemia Refratária com Sideroblastos Em Anel

AURKA Aurora Quinase A

AURKB Aurora Quinase B

BMO Biópsia de Medula Óssea

BRCA Breast Cancer 1

BUB Budding Uninhibited By Benzimidazoles

BUBR1 (BUB1B) BUB1 Beta

CCM Complexo de Checagem Mitótico

CD Cluster of Differentiation

CDC20 Cell Division Cycle20

CDK Cyclin-Dependent Kinase

CDKI Cyclin-Dependent Kinase Inhibitor

C-MAD2 Closed-MAD2

CPA Complexo Promotor de Anáfase

CRDM Citopenia Refratária com Displasia Multilinhagem

CRDM-SA CRDM com Sideroblastos em Anel

CRDU Citopenia Refratária com Displasia Unilinhagem

CTH Células-Tronco Hematopoéticas

DAB Diaminobenzidine Tetrahydrochloride

Del Deleção

DMSO Dimetilsulfóxido

DNA Ácido Desoxirribonucleico

Dl Decilitros

DNMT DNA Methyltransferase

EGR1 Early Growth Response1

FAB Franco-Americano-Britânico

H3 Histona 3

Hb Hemoglobina

HDAC Histone Deacetylases

HE Hematoxilina-Eosina

HP1 Heterochromatin Protein 1

HPN Hemoglobinúria Paroxística Noturna

HRP Horseradish Peroxidase

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ICUS Idiopathic Cytopenia of Undetermined Significance

Ikb Nuclear Factor Kappa-B Inhibitor

INCENP Inner Centromere Protein

INT Intermediário

IPSS International Prognostic Score System

IPSS-R Revised International Prognostic Score System

LMA Leucemia Mieloide Aguda

LMMC Leucemia Mielomonocítica Crônica

MAD Mitotic Arrest Defective

MCAK Mitotic Centromere-Associated Kinesin

MDA-CSS MD Anderson Comprehensive Scoring System

MiR Micro-RNA

Mm Milímetros

MLL Myeloid/Lymphoid or Mixed-Lineage Leukemia

Mm Milimolar

MO Medula Óssea

NF-Κb Nuclear Factor Kappa-B

NR Neutropenia Refratária

O-MAD2 Open-MAD2

OMS Organização Mundial da Saúde

P53 Protein53

PBS Phosphate Buffered Saline

PCR Polymerase Chain Reaction

PP1 Phosphoprotein Phosphatase1

RPS14 40S Ribosomal Protein S14

SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

SMD Síndrome Mielodisplásica

SMD-U SMD Unclassified

SPARC Secreted Protein Acidic And Rich In Cysteine

TACC Transforming Acidic Coiled-Coil-Containing Protein

TP53 Tumor Protein53

TR Trombocitopenia Refratária

WPSS WHO based Prognostic Scoring System

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ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 01

1.1 Epidemiologia .................................................................................................... 02

1.2 Classificação e Estratificação de risco ............................................................... 02

1.3 Prognóstico ........................................................................................................ 05

1.4 Patogênese ......................................................................................................... 07

1.4.1 Alterações epigenéticas ..................................................................................... 09

1.4.2 Alterações cromossômicas ................................................................................. 10

1.4.3 Microambiente medular ..................................................................................... 11

1.4.4 Proteínas associadas ao ponto de checagem mitótico ................................... 12

1.4.5 Proteínas relacionadas ao fuso mitótico ......................................................... 18

1.5 Análise histológica e imunoistoquímica em SMD. ........................................... 23

2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 25

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 25

2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 25

3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 26

3.1 Seleção da amostra ........................................................................................... 26

3.2 Imunoistoquímica .............................................................................................. 27

3.3 Interpretação da imunoistoquímica ................................................................... 28

3.4 Análise estatística ............................................................................................... 29

3.5 Aspetos Éticos .................................................................................................... 30

4 RESULTADOS ................................................................................................. 31

4.1 Características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais dos pacientes ............ 31

4.2 Expressão proteica .............................................................................................. 36

4.2.1 Expressão qualitativa no grupo SMD ................................................................. 36

4.2.1.1 MAD2 ................................................................................................................. 36

4.2.1.2 CDC20 ................................................................................................................ 41

4.2.1.3 AURORA B ....................................................................................................... 45

4.2.1.4 AURORA A........................................................................................................ 48

4.2.2 Expressão qualitativa nos grupos SMD e controle ............................................. 54

4.2.2.1 MAD2 ................................................................................................................. 54

4.2.2.2 CDC20 ................................................................................................................ 54

4.2.2.3 AURORA B ....................................................................................................... 55

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4.2.2.4 AURORA A........................................................................................................ 56

4.2.3 Quantitativa - expressão em porcentagem de marcação .................................... 56

4.2.3.1 MAD2 ................................................................................................................. 56

4.2.3.2 CDC20 ................................................................................................................ 60

4.2.3.3 AURORA B ....................................................................................................... 65

4.2.4 Expressão quantitativa - categorização em grupos conforme porcentagem de

marcação (< 10%, 10-49%, ≥ 50%) ...................................................................

68

4.2.4.1 MAD2 (expressão por grupos < 10%, 10-49%, ≥ 50%) .................................... 70

4.2.4.2 CDC20 (expressão por grupos < 10%, 10-49%, ≥ 50%) ................................... 75

4.2.4.3 AURORA B (expressão por grupos < 10%, 10-49%, ≥ 50%) ........................... 83

4.3 Análise de sobrevida .......................................................................................... 87

4.3.1 MAD2 ................................................................................................................. 87

4.3.2 CDC20 ................................................................................................................ 88

4.3.3 AURORA B ....................................................................................................... 88

4.3.4 AURORA A ....................................................................................................... 89

5 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 92

5.1 Dados epidemiológicos....................................................................................... 92

5.2 Dados clínicos..................................................................................................... 93

5.3 Expressão proteica qualitativa............................................................................. 95

5.3.1 MAD2 ................................................................................................................. 95

5.3.2 CDC20 ............................................................................................................... 96

5.3.3 AURORA B ....................................................................................................... 97

5.3.4 AURORA A ....................................................................................................... 97

5.4 Expressão proteica quantitativa........................................................................... 99

5.4.1 MAD2.................................................................................................................. 99

5.4.2 CDC20................................................................................................................. 100

5.4.3 AURORA B........................................................................................................ 104

5.5 Sobrevida ............................................................................................................ 105

5.6 Limitações .......................................................................................................... 108

6 CONCLUSÃO .................................................................................................. 110

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 112

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1

1. INTRODUÇÃO

Síndrome mielodisplásica (SMD) representa um grupo de doenças clonais hematopoéticas

heterogêneas, que se caracterizam por alterações morfológicas de dispoese em uma ou mais linhagens,

medula óssea hiperproliferativa, citopenias no sangue periférico e risco aumentado para transformação

leucêmica (SWERDLOW et al., 2008). Tais achados são manifestações secundárias a anormalidades em

células clonais (em expansão), que podem ser modificadas por fatores extrínsecos, como o sistema

imune e o microambiente medular (BEJAR, 2013). Além disso, hematopoese ineficaz se faz presente

devido à susceptibilidade anormal das células progenitoras à apoptose, e limitada resposta destas aos

fatores de crescimento (TEFFERI; VARDIMAN, 2009).

As citopenias (anemia, leucopenia e plaquetopenia) são as principais complicações relacionadas a

esta doença, podendo levar os pacientes a necessidades frequentes de transfusões de hemocomponentes,

sangramentos e infecções recorrentes. A transformação em leucemia aguda ocorre em aproximadamente

30% dos pacientes (GREENBERG, P. et al., 1997).

Anemia isolada é a apresentação clínica e laboratorial mais frequente, sendo macrocítica em 80%

dos casos, normocítica ou, raramente, microcítica. Aproximadamente 50% dos casos apresentam outras

citopenias associadas (neutropenia e/ou plaquetopenia) e, menos de 5% dos casos se apresentam com

neutropenia ou plaquetopenia isoladas (NGUYEN, 2009), essa última relacionada a risco aumentado de

sangramentos. A neutropenia leva a um aumento na susceptibilidade a infecções, sendo um importante

fator associado a complicações fatais (DAYYANI et al., 2010).

O diagnóstico de SMD deve ser realizado avaliando-se em conjunto o hemograma, o

mielograma, a biópsia de medula óssea e o cariótipo de medula óssea por banda G (GERMING et al.,

2008). O critério morfológico mínimo para o diagnóstico de SMD é a presença de displasia em 10% ou

mais das células em uma ou mais linhagens hematopoéticas (SWERDLOW et al., 2008; TEFFERI;

VARDIMAN, 2009).

Doenças não clonais reversíveis e outras condições clínicas podem levar a quadros semelhantes

às síndromes mielodisplásicas, tanto à análise do sangue periférico, quanto à análise medular. Portanto, é

de extrema importância a exclusão dessas condições para o seu diagnóstico. Como exemplo, podemos

citar as deficiências vitamínicas (vitamina B12 e/ou ácido fólico), doenças inflamatórias crônicas,

doenças autoimunes, infecções virais (hepatite B, hepatite C), alterações hormonais, etilismo crônico,

exposição a metais pesados, uso prévio de agentes citotóxicos e síndrome da imunodeficiência adquirida.

De acordo com alguns pesquisadores (MAGALHÃES; LORAND-METZE, 2004; TEFFERI;

VARDIMAN, 2009), todos os pacientes com citopenias e alterações displásicas medulares devem ser

submetidos a um protocolo para exclusão de tais condições clínicas, antes da definição do diagnóstico

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definitivo de SMD. Anemia aplásica e hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), doenças que afetam a

célula-tronco, são outros importantes diagnósticos diferenciais, pois podem se apresentar de forma

semelhante à SMD (hipoplásica ou não) e/ou constituírem quadro de sobreposição à mesma. Em vista

disso, muitas vezes outros exames complementares podem ser úteis, como imunoistoquímica de biópsia

de medula óssea, hibridização in situ (FISH) ou reação em cadeia da polimerase (PCR) para

determinadas anormalidades genéticas.

1.1. Epidemiologia

SMD acomete habitualmente idosos, com idade, ao diagnóstico, entre 60 e 75 anos, e sua

prevalência aumenta com a idade. A incidência em pacientes acima de 70 anos é maior que 20 casos por

100.000 pessoas/ano, podendo acarretar sérias complicações aos pacientes dessa faixa etária (MUFTI,

2004). Segundo dados americanos, SMD ocorre em 3 a 4 indivíduos a cada 100.000 habitantes e, no

Leste Europeu, estima-se uma incidência de 3,3 a 4,5/100.00 habitantes. Há, ainda, dados que favorecem

diferenças na incidência de acordo com a distribuição étnica da população (GARCIA-MANERO, 2011).

SMD é, em geral, duas a três vezes mais frequente do que leucemia mieloide aguda e ocorre mais

comumente em homens (NGUYEN, 2009).

A incidência de SMD está em ascensão pelo nítido envelhecimento da população mundial, pelas

melhores condições de tratamento da população geriátrica e, também, pela maior frequência de

indivíduos expostos a tratamentos quimio e/ou radioterápicos (MUFTI, 2004; SOLE et al., 2005;

VASSALO J., 2009).

1.2. Classificação e Estratificação de risco

A SMD se classifica como primária (de novo) ou secundária (associada à terapia prévia), sendo

80 a 90% dos casos classificados como do tipo primário (LUKACKOVA et al., 2013; MUFTI, 2004;

PEDERSEN-BJERGAARD; ANDERSEN; ANDERSEN, 2007). SMD secundária é relacionada à

exposição prévia a agentes quimioterápicos e/ou radiação (como no tratamento das neoplasias sólidas),

sendo as principais drogas envolvidas os inibidores da topoisomerase II e os agentes alquilantes (LOOK,

2005; PINHEIRO, R.F.; CHAUFFAILLE, 2006). De forma geral, possui pior prognóstico, quando

comparada à SMD primária, acomete pacientes mais jovens, possui maior grau de citopenias e maior

risco de transformação leucêmica (MUFTI, 2004; TEFFERI; VARDIMAN, 2009).

A primeira classificação de SMD foi realizada em 1982 pelo grupo franco-americano-britânico

(FAB) e se baseou, principalmente, nas características clínicas, morfológicas e na porcentagem de

blastos em sangue periférico e medula óssea. De acordo com a classificação FAB, temos os seguintes

grupos: a) Anemia Refratária (AR); b) Anemia Refratária com Sideroblastos em anel (ARSA); c)

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Anemia Refratária com Excesso de Blastos (AREB); d) AREB em transformação (AREB-t); e)

Leucemia Mielomonocítica Crônica (LMMC). Suas principais limitações são a não inclusão de

alterações citogenéticas e a não quantificação do número de citopenias, ambas características

sabidamente muito importantes para terapia e prognóstico da SMD. Entretanto, ela é capaz de diferenciar

pacientes de alto e baixo risco para transformação leucêmica (BENNETT et al., 1982).

Em 2001, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou uma outra classificação para SMD, com

a criação de novos grupos, o da citopenia refratária com displasia multilinhagem (CRDM) e CRDM com

sideroblastos em anel (CRDM-SA), os quais englobam pacientes com displasia em linhagens mieloide

e/ou megacariocítica associada à diplasia na linhagem eritroide e o grupo com citopenias em linhagem

única ou bilinhagem (mieloide e/ou mecacariocítica), na ausência de alterações displásicas no setor

eritroide, chamado grupo SMD inclassificável (“unclassified”) (SMD-U). Além disso, outras alterações

foram feitas, sendo: introdução de um novo grupo, com uma alteração citogenética específica, no caso, a

presença de deleção 5q isolada e menos que 5% de mieloblastos (após percepção de que tais pacientes

possuíam bom prognóstico e baixo risco de evolução para LMA); exclusão do grupo AREB-t; divisão do

grupo AREB em AREB I e AREB II (sendo suas definições a presença de 5 a 9% de blastos na medula

óssea e 10 a 19% de blastos, também na medula óssea, respectivamente); redução do limiar da

porcentagem de blastos na medula óssea para o diagnóstico de LMA de 30% para 20% (pela observação

de que pacientes do grupo AREB-t se comportavam de forma semelhante aos pacientes com diagnóstico

de LMA, em relação à resposta terapêutica); e inclusão da LMMC em outra categoria de doenças

hematopoéticas (o grupo das doenças mielodisplásicas/mieloproliferativas) (JAFFE et al., 2001).

Esta classificação foi revisada em 2008 (Tabela 1), a qual resultou na unificação do grupo de

citopenias em apenas uma linhagem, chamado citopenias refratárias com displasia unilinhagem (CRDU),

constituindo os grupos: Anemia Refratária (AR); Neutropenia Refratária (NR) e Trombocitopenia

Refratária (TR); inclusão de pacientes com citopenia(s) persistente(s) por mais de 6 meses na presença

de alterações citogenéticas, porém, na ausência de displasia(s), no grupo SMD inclassificável (SMD-U)

(SWERDLOW et al., 2008); e criação de outro grupo, o qual engloba pacientes portadores de citopenias

persistentes, de etiologia indefinida e sem critérios mínimos para SMD, classificados com a

denominação de citopenias de significado indeterminado (ICUS - idiopathic cytopenia of undetermined

significance). Este grupo possui risco de evoluir para SMD, apesar de não necessariamente ser uma

doença clonal (VALENT et al., 2012).

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TABELA 1. CLASSIFICAÇÃO SMD (OMS, 2008)

Classificação Sangue periférico Medula óssea

Citopenia Refratária com

Displasia Unilinhagem (CRDU)

Anemia refratária (AR)

Neutropenia refratária

(NR)

Plaquetopenia refratária

(PR)

Citopenia em uma ou duas

linhagens

Ausência de blastos ou raros

(< 1%)

Displasia em uma linhagem em

≥ 10% das células

< 5% de blastos

< 15% de sideroblastos em anel

Anemia Refratária com

Sideroblastos em Anel (ARSA)

Anemia

Ausência de blastos

≥ 15% de sideroblastos em anel

Displasia eritroide isolada

< 5% de blastos

Citopenia Refratária com

Displasia Multilinhagem

(CRDM)

Citopenia (s)

Ausência de blastos ou raros

(< 1%)

Ausência de bastonetes de

Auer

Monócitos < 1.000/mm3

Displasia em ≥ 10% das células

em ≥ duas linhagens

<5% de blastos

Ausência de bastonetes de Auer

Presença ou ausência de

sideroblastos em anel

Anemia Refratária com

Excesso de Blastos-1 (AREB-1)

Citopenia (s)

< 5% de blastos

Ausência de bastonetes de

Auer

Monócitos < 1.000/mm3

Displasia uni ou multilinhagem

5 a 9% de blastos

Ausência de bastonetes de Auer

Anemia Refratária com

Excesso de Blastos-2 (AREB-2)

Citopenia (s)

5 a 19% de blastos

Bastonetes de Auer presentes

ou ausentes

Monócitos < 1.000/mm3

Displasia uni ou multilinhagem

10 a 19% de blastos

Bastonetes de Auer presentes ou

ausentes

SMD inclassificável (SMD-U) Citopenia (s)

≤ 1% de blastos

Displasia em menos de 10% das

células em uma ou mais linhagens

quando acompanhada de alteração

citogenética considerada preditora

para o diagnóstico de SMD*

< 5% de blastos

SMD associada à deleção 5q

isolada (5q-)

Anemia

Contagem plaquetária normal

ou aumentada

Ausência de blastos ou raros

(< 1%)

Megacariócitos de tamanho

normal a aumentado com núcleos

hipolobulados

<5% de blastos

Alteração citogenética isolada –

del(5q)

Ausência de bastonetes de Auer

* Principais alterações citogenéticas que favorecem o diagnóstico de SMD: trissomia do cromossomo 8, deleções

envolvendo o braço longo dos cromossomos 5, 7 ou 13, deleção do braço longo do cromossomo 20, nulissomia do Y,

isocromossomo 17q, t(11;16), t(3;21)

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1.3. Prognóstico

O estabelecimento do prognóstico dos pacientes portadores de SMD é um elemento chave para o

seu manejo clínico. Isso ocorre pelo fato de que esta doença, assim como outras síndromes, possui certo

grau de incerteza diagnóstica, heterogeneidade na apresentação clínica e etiologia ainda não

completamente compreendida (BEJAR, 2013).

O IPSS (International Prognostic Score System) foi o primeiro escore prognóstico criado para

SMD, em 1997. Ele foi validado após avaliação das características clínicas, ao diagnóstico, de 816

pacientes, no qual foram determinadas associações com sobrevida global. Não inclui pacientes

portadores de SMD relacionada à terapia, leucemia mielomonocítica crônica ou pacientes que receberam

terapia, seja quimioterapia ou transplante de células hematopoéticas. É amplamente utilizado e inclui três

variáveis: porcentagem de blastos, alterações citogenéticas e número de citopenias em sangue periférico

(Quadros 1a e b). O IPSS determina quatro grupos de risco com diferenças significantes na sobrevida

global e no risco para evolução para leucemia aguda. É simples de ser calculado e não requer outros

exames complementares além dos já realizados para o diagnóstico de SMD (GREENBERG, P. et al.,

1997). Suas limitações incluem impossibilidade de uso em pacientes previamente tratados, uso apenas ao

diagnóstico, consideração isolada do número de citopenias sem levar em conta a gravidade das mesmas,

inclusão de somente cinco alterações citogenéticas e inclusão de pacientes antes diagnosticados como

AREB-t (com contagem de blastos entre 20% e 30%), posteriormente definidos como portadores de

LMA. Além disso, ele pode subestimar os pacientes que apresentam apenas citopenia(s), sem outros

fatores de risco, fato importante para o prognóstico, como demonstrado recentemente (BEJAR, 2013;

GREENBERG, P. L. et al., 2012; KOMROKJI; ZHANG; BENNETT, 2010; STEENSMA, 2009).

QUADRO 1a - IPSS (1997)

Pontos 0 0,5 1,0 1,5 2,0

Blastos MO (%) <5 5-10 - 11-20 > 20

Cariótipo* Favorável Intermediário Desfavorável - -

Citopenias** 0-1 2-3 - - -

* Cariótipo de prognóstico favorável: cariótipo normal ou com anormalidades isoladas 5q-, 20q-, -Y;

Cariótipo de prognóstico desfavorável: alteração envolvendo o cromossomo 7 ou cariótipo complexo (presença de 3 ou mais

anormalidades);

Cariótipo intermediário: demais alterações

** Citopenias: Hb < 10g/dl, neutrófilos <1.800/mm3, plaquetas <100.000/mm

3

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6

QUADRO 1b - IPSS – PONTUAÇÃO E EVOLUÇÃO

Grupo de risco Pontos Sobrevida geral (anos) 25% de risco de evolução

para LMA (em anos) ≤ 60 anos > 60 anos

Baixo 0 11,8 4,8 9,4

Intermediário 1 0,5 - 1,0 5,2 2,7 3,3

Intermediário 2 1,5 - 2,0 1,8 1,1 1,1

Alto ≥ 2,5 0,3 0,5 0,2

O WPSS (World Health Organization Prognostic Scoring System) é um escore baseado na

classificação OMS, ou seja, incorpora o número de linhagens celulares com displasia e a porcentagem de

blastos. O risco associado às alterações citogenéticas é o mesmo do IPSS e a presença de anemia grave é

considerado outro fator de risco. De acordo com esse escore, existem cinco grupos de risco, com

diferenças significativas na sobrevida global. Foi validado para uso de forma dinâmica, ou seja, não

apenas ao diagnóstico e, assim como o IPSS, é fácil de ser realizado e não exige outros exames

complementares (MALCOVATI et al., 2005).

O IPSS-R (IPSS revisado) constitui uma revisão do IPSS original, o qual avaliou 7012 pacientes

portadores de SMD em 11 países, incluindo o Brasil. A principal modificação desse escore foi a inclusão

de várias outras alterações cromossômicas, que foram estratificadas em cinco grupos de risco. Deu-se

menor importância à porcentagem de blastos, em comparação com o escore original, embora valores

acima de 2% foram reconhecidos como um fator de risco adverso. O IPSS-R leva em conta cada

citopenia individualmente e, assim, atribui um risco adicional de acordo com a sua gravidade.

(GREENBERG, P. L. et al., 2012) (Quadros 2a e b). Além desses escores citados, existem outros como o

MD Anderson Comprehensive Scoring System (MDA-CSS) e o escore criado para SMD de baixo risco

(KANTARJIAN et al., 2008), o LR-PSS (Lower-Risk MDS Prognostic Scoring System) (GARCIA-

MANERO et al., 2008).

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QUADRO 2a - IPSS REVISADO

Variável/ pontuação 0 0,5 1,0 1,5 2,0 3,0 4,0

Cariótipo* Muito

bom

Bom Interme-

diário

Ruim Muito

ruim

Blastos (%) ≤ 2 > 2 a < 5 5 a 10 > 10

Hb (g/dL) ≥ 10 8 as < 10 < 8

Neutrófilos

(céls/mm3)

≥ 800 < 800

Plaquetas

(céls/mm3)

≥ 100.000 50.000 a

100.000

< 50.000

* Muito bom: del(11q), -Y; Bom: Normal, del(20q), del(5q) isolada e dupla, del(12p); Intermediário: +8, 7q-, i(17q), +19,

+21, qualquer outra alteração isolada ou dupla, clones independentes; Ruim: inv(3)/t(3q)/del(3q), -7, anormalidades duplas

incluindo -7/del(7q), presença de 3 anormalidades; Muito ruim: presença de > 3 anormalidades

QUADRO 2b - IPSS-R - CLASSIFICAÇÃO DE RISCO E PONTUAÇÃO

Classificação de risco Pontuação Sobrevida Média

(anos)

Tempo médio para evolução

para LMA (anos)

Muito baixo ≤ 1,5 8,8 > 14,5

Bom > 1,5 a 3,0 5,3 10,8

Intermediário > 3,0 a 4,5 3,0 3,2

Alto > 4,5 a 6 1,6 1,4

Muito alto > 6 0,8 0,7

Outros marcadores prognósticos já foram estudados, como lactato desidrogenase sérica,

performance status, ferritina sérica, β2-microglobulina, albumina, fibrose medular, expressão de

proteínas à análise imunoistoquímica, expressão gênica e mutações somáticas (BEJAR, 2013) porém,

ainda necessitam de evidências mais consistentes e não são realizadas na rotina clínica.

1.4. Patogênese

As causas da SMD ainda não estão bem definidas, assim como sua evolução clínica

(AGGARWAL et al., 2011; KITAGAWA et al., 2011). Sabe-se que, para que ela se manifeste

clinicamente, um único clone deve sofrer vários processos biológicos e que uma mutação, isoladamente,

deve contribuir para a transformação neoplásica, atuando em mais de um desses processos, embora a

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grande maioria das neoplasias pareça requerer a aquisição de múltiplas anormalidades genéticas para se

manifestar (Figura 1). Podemos citar alguns passos associados à patogênese da SMD: 1. auto-renovação

da célula-tronco hematopoética ou aquisição desta propriedade numa célula progenitora; 2. aumento da

capacidade proliferativa no clone neoplásico e/ou em sua progênie mais diferenciada; 3.

comprometimento ou bloqueio da diferenciação celular; 4. instabilidade genética e epigenética; 5.

presença de mecanismos antiapoptóticos no clone neoplásico; 6. evasão ao sistema imune; 7. supressão

da hematopoese normal (BEJAR; LEVINE; EBERT, 2011; MUFTI, 2004). É importante salientar que a

capacidade de auto-renovação deve estar presente na célula iniciadora da SMD para que a doença seja

gerada (NIMER, 2011). Surge um aumento na capacidade proliferativa e de resistência à apoptose com

consequente expansão do clone neoplásico, fato que pode ser favorecido por um microambiente medular

alterado. No mínimo, uma alteração molecular deve ocorrer (no clone dominante ou em seu

microambiente) para que a SMD tenha origem. Neste momento, ocorre diferenciação displásica em uma

ou mais linhagens mieloides, iniciando-se, então, a hematopoese ineficaz (BEJAR et al., 2011).

FIGURA 1. MECANISMOS ENVOLVIDOS NA PATOGÊNESE DA SMD.

Legenda: CTH: células-tronco hematopoéticas. Fonte: Adaptado de TEFFERI e VARDIMAN (2009).

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De forma geral, a manifestação clínica da doença (tipo e gravidade das citopenias e tempo para

progressão da mesma) dependerá do grau de prevalência de cada um destes processos enumerados

anteriormente (BEJAR et al., 2011).

As alterações genéticas na SMD são bastante complexas e envolvem interações com o

microambiente alterado e com outras mutações, sendo tais fatores importantes para sua patogênese

(BEJAR et al., 2011).

1.4.1. Alterações Epigenéticas

O componente hereditário do fenótipo celular que não se modifica por mudanças na sequência

genômica do DNA é referido como epigenético. Na SMD, os processos epigenéticos mais importantes,

são: a metilação de resíduos de citosina no DNA (levando ao bloqueio da expressão gênica) e a

modificação covalente de histonas (BEJAR et al., 2011; SANTINI et al., 2013).

Na SMD, existe um padrão de metilação de resíduos de citosina nas sequências de nucleotídeos

CpG (que difere das células normais da medula óssea). As DNA metiltransferases (DNMTs) convertem

as bases de citosina em 5-metilcitosina, quando estas encontram-se na primeira base dos dinucleotídeos

CpG. Essas ilhas CpGs estão localizadas agrupadas próximo ou nas próprias regiões promotoras dos

genes (SANTINI et al., 2013).

Sabe-se que vários genes que regulam a metilação do DNA encontram-se mutados de forma

somática na SMD e que o estado de metilação da citosina influencia na transcrição gênica e contribui

para diferenciação celular alterada nesta doença (GRAUBERT; WALTER, 2011). De modo geral, a

metilação das ilhas CpGs leva a um silenciamento gênico e representa um dos mecanismos de perda da

expressão dos genes supressores tumorais. Nos casos de SMD de alto risco, a hipermetilação de alguns

genes supressores tumorais está associada à pior sobrevida e aumento de risco de transformação para

leucemia (AGGARWAL et al., 2011; BEJAR et al., 2011; SHIH; LEVINE, 2011; TEFFERI;

VARDIMAN, 2009).

As histonas são proteínas que também participam da regulação da expressão gênica, organizando

o DNA em zonas de cromatina ativa (aberta) e não ativa (fechada). Esta regulação ocorre através de

alterações pós-translacionais (pela sua desacetilação) (GRAUBERT; WALTER, 2011). Na SMD, a

desacetilação das histonas se associa com redução da atividade transcripcional (silenciamento), já que

sua acetilação permite o acesso à cromatina, levando a um aumento na atividade transcricional.

Normalmente, ocorre um balanço dinâmico entre acetilação e desacetilação pelas histonas deacetilases

(HDACs) (AGGARWAL et al., 2011; SANTINI et al., 2013; SHIH; LEVINE, 2011).

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Outros genes frequentemente inativados por alterações epigenéticas são os genes inibidores de

quinase dependente de ciclina (CDKIs), p15INK4B e p16INK4A (genes supressores tumorais). Eles

inibem o crescimento celular através da formação de complexos com as CDKs (quinases dependentes de

ciclinas). O gene pINK4B inibe CDK4 e CDK6 e se encontram metilado em 30 a 50% dos casos de

SMD, aproximadamente. Correlaciona-se com a porcentagem de blastos na medula, evolução para LMA

e pior prognóstico (HIRAI, 2003; SANTINI et al., 2013).

1.4.2. Alterações cromossômicas

Estudos vêm demonstrando a importância das alterações citogenéticas na patogênese da SMD,

assim como para seu diagnóstico, tratamento e prognóstico (GRAUBERT; WALTER, 2011; HIRAI,

2003; MUFTI, 2004).

As anormalidades cromossômicas são observadas em 30% a 60% dos casos de SMD primária

(BERNASCONI, 2008; CHEN, B. et al., 2005; ROMEO et al., 2002; SOLE et al., 2005). As alterações

numéricas são as mais frequentes e os cromossomos 5, 7 e 8 são envolvidos em 50% dos casos anormais.

Aproximadamente 50% dos pacientes com SMD possuem cariótipo normal, grupo de pacientes com

desfechos clínicos bastante variáveis (SHIH; LEVINE, 2011).

A incidência de anormalidades cromossômicas em pacientes com SMD é variável a depender

do grupo de pacientes em estudo (alto risco x baixo risco), possivelmente com influência da etnia e

distribuição geográfica. Estudo realizado no Brasil com 44 pacientes portadores de SMD revelou

anormalidades cromossômicas em 20,4% dos mesmos, ao diagnóstico, em 25% aos 6 meses e em

31% aos 12 meses (PINHEIRO, R. F.; CHAUFFAILLE, 2009). No estado do Ceará, estudo recente

realizado com 102 pacientes (dos quais 78 obtiveram metáfases) mostrou, de acordo com IPSS

revisado, os seguintes resultados citogenéticos (ao diagnóstico): prognóstico muito bom - 1,96%;

bom - 53,92%; intermediário - 14,7%; ruim - 1,96%; e muito ruim - 3,92% (COSTA et al., 2013).

A deleção e amplificação de parte ou todo o cromossomo 5, 7, 20 e trissomia do cromossomo 8

ocorrem, em SMD, em aproximadamente 20%, 10%, 5% e 8%, respectivamente (BEJAR et al., 2011;

HIRAI, 2003). Sabe-se que os genes codificados por essas regiões contribuem para a patogênese da

doença.

A deleção intersticial de uma cópia do cromossomo 5q (isolada ou associada a outras alterações

citogenéticas complexas) é a alteração genética mais comum em SMD primária. A região 5q31.2

(proximal), quando deletada, confere um alto risco de evolução para LMA e, de forma distinta, a deleção

da região 5q33.1 (distal) leva a um baixo risco de transformação leucêmica. Estudos prévios não

identificaram a presença de mutação bialélica em nenhuma destas duas deleções, o que sugere que exista

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um mecanismo de haploinsuficiência para o mecanismo genético de contribuição desta alteração na

SMD, principalmente para seu início e progressão (GRAUBERT; WALTER, 2011). Dentre os genes

envolvidos na deleção da região 5q, podemos citar: RPS14, SPARC e EGR1, todos associados à

patogênese da SMD (AGGARWAL et al., 2011; BEJAR et al., 2011; TEFFERI; VARDIMAN, 2009).

Além disso, sabe-se que a região 5q contém micro-RNAs, como miR-145 e miR-146 (SHIH; LEVINE,

2011) e que alterações na regulação de alguns micro-RNAs são envolvidos em sua patogênese

(RHYASEN; STARCZYNOWSKI, 2012).

Deleção e monossomia do braço longo do cromossomo 7 se associam a pior prognóstico tanto

quando presente de forma isolada quando associada a alterações citogenéticas complexas (BEJAR et al.,

2011).

Alterações citogenéticas associadas a melhores prognósticos em SMD são: deleção 20q isolada e

nulissomia do cromossomo Y (BEJAR et al., 2011; GREENBERG, P. et al., 1997). É importante

lembrar que a nulissomia do Y pode ser uma alteração citogenética associada ao fenômeno de

senescência e, portanto, não associada a alguma doença clonal (TEFFERI; VARDIMAN, 2009). A

trissomia do cromossomo 8 é a única amplificação cromossômica recorrente em SMD, considerada

alteração citogenética de risco intermediário (BEJAR et al., 2011). Outras alterações citogenéticas que

ocorrem menos comumente em SMD são: deleções no braço longo dos cromossomos 11, 12 e 13

(HIRAI, 2003), translocações envolvendo a região 11q23 (locus do gene MLL) e translocações e

inversões no cromossomo 3 (3q26), esta última associada a mau prognóstico (BEJAR et al., 2011).

1.4.3. Microambiente medular

A hematopoese é regulada por elementos do nicho na medula óssea. Esses nichos são

constituídos por diferentes tipos de células estromais, tais como células epiteliais, macrófagos,

adipócitos, fibroblastos, osteoblastos e condrócitos, e também possuem vasos sanguíneos e elementos da

matriz extracelular. Essas células estromais participam da regulação da hematopoese através da secreção

de vários tipos de citocinas e proteínas ligantes para as células hematopoéticas imaturas (AGGARWAL

et al., 2011).

A angiogênese, por exemplo, é mediada por macrófagos, os quais produzem citocinas pró-

inflamatórias, fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) e fator de crescimento de fibroblasto.

Esses fatores angiogênicos estão elevados em SMD de alto risco quando comparados com SMD de baixo

risco, o que resulta no aumento da vascularização e densidade de microvasos. Além disso, alguns fatores

angiogênicos, incluindo o VEGF, provavelmente, contribuem para o microambiente imunossupressor

nos casos de SMD de alto risco (AGGARWAL et al., 2011).

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É conhecido que muitas células tumorais “modificam” seu nicho adjacente tornando-o um local

mais adequado para a progressão tumoral, através de fatores de crescimento, interleucinas e proteases,

liberadas pelas próprias células tumorais. Entretanto, acredita-se que haja outros mecanismos do

microambiente medular que colaborem para a patogênese da doença.

1.4.4. Proteínas associadas ao ponto de checagem mitótico

As neoplasias hematológicas, dentre elas SMD, assim como os tumores sólidos caracterizam-se

pela presença de instabilidade cromossômica e aneuploidia (LI, J. J.; LI, 2006), fatores de extrema

importância em SMD. Instabilidade cromossômica gera anormalidades cromossômicas e essas são

consideradas as características mais importantes à avaliação prognóstica desta doença. Aneuploidia

muito provavelmente relaciona-se à sua patogênese, embora ainda não esteja bem estabelecido quais são

as suas causas.

Partindo desse fato, a segregação inapropriada dos cromossomos durante a mitose pode ser um

dos fatores associados à aneuploidia, assim como a outras alterações cromossômicas, comportando-se

como um fator importante na patogenia da SMD. A divisão celular possui mecanismos de checagem, ou

seja, mecanismos que permitem que apenas as células adequadamente "preparadas" para entrarem em

mitose, consigam completar sua divisão.

Para que as células se dividam, há necessidade de que seus cromossomos estejam segregados e

alinhados corretamente no interior do núcleo celular. O ponto de checagem mitótico evita que a mitose

progrida frente a um desalinhamento e/ou segregação inadequada cromossômica. O complexo proteico

presente ao redor do centrômero é denominado cinetócoro (Figura 2). O alinhamento correto dos

cromossomos de faz pela ligação um único cinetócoro a um único microtúbulo do fuso mitótico.

FIGURA 2. CROMOSSOMO CONECTADO AO FUSO MITÓTICO NA REGIÃO DO

CINETÓCORO

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O ponto de checagem mitótico assegura que exista um alinhamento e segregação (dos

cromossomos) de forma correta, para que a mitose seja finalizada, evitando que células com

cromossomos não ligados corretamente aos microtúbulos do fuso mitótico completem esta fase do ciclo

celular. Existem três componentes nesta checagem: um sensor, um transdutor de sinais e um inibidor. O

primeiro detecta a presença de desalinhamento cromossômico; o segundo amplifica o sinal gerado pelo

sensor; e o terceiro cessa o ciclo celular até o correto alinhamento dos cromossomos (SUDAKIN;

CHAN; YEN, 2001). Quando acionado, o ponto de checagem mitótico impede a progressão da metáfase

para anáfase através da inibição do Complexo Promotor da Anáfase (CPA), proteína ubiquitina ligase

(ACQUAVIVA; PINES, 2006). Isso faz com que quando alguma ligação dos cinetócoros aos

microtúbulos ocorra de forma errônea e/ou não ocorra, surjam sinais inibitórios que cessam o ciclo

celular e evitam que a célula prossiga a mitose (SUDAKIN et al., 2001).

Um dos principais eventos para que a mitose progrida é a degradação de securina (inibidor de

separase) e ciclina B (regulador mitótico) ambos substratos para o CPA - que ocorre somente após a

conexão correta entre as cromátides-irmãs e o fuso mitótico (PINES, 2006). Por outro lado, a ativação do

CPA se faz pela sua fosforilação por CDK1/ciclina B (FARRUGGIO; TOWNSLEY; RUDERMAN,

1999; PATRA; DUNPHY, 1998), que leva a uma maior afinidade entre CPA e CDC20, este último, um

cofator de reconhecimento proteico (LI, Y. et al., 1997). O complexo CPA/CDC20 permite a transição

entre metáfase e anáfase após adição de subunidades de ubiquitina ao mesmo e posterior reconhecimento

de quais proteínas deverão ser degradadas para a progressão do ciclo celular (PETERS, 2006).

Portanto, o ponto de checagem mitótico é ativado pela inibição do CPA, essa realizada pelo

denominado complexo inibitório CCM (Complexo de Checagem Mitótico). BUB1, BUBR1 (BUB1B),

BUB3, MAD1 (MAD1L1) e MAD2 (MAD2L1) são as proteínas constituintes do CCM e atuam

inibindo, indiretamente, o CPA, pelo sequestro de moléculas de CDC20, impedindo sua ativação até que

haja alinhamento completo e adequado dos cromossomos ao fuso mitótico (BRAUNSTEIN et al., 2007;

MONDAL et al., 2007; MUSACCHIO; SALMON, 2007; SUDAKIN et al., 2001).

Moléculas de MAD2, na mitose, ligam-se à MAD1 (por receptores presentes nos cinetócoros) e,

tal ligação forma um complexo estável - MAD1-MAD2, responsável por subsequentes mudanças em

moléculas de MAD2 não ligadas, livres no citoplasma celular. MAD2 possui duas conformações

distintas, chamadas open-MAD2 (O-MAD2) e closed-MAD2 (C-MAD2), ambas envolvidas nas

interações entre essa molécula e MAD1 e CDC20. Cinetócoros inadequadamente alinhados ou não

conectados aos microtúbulos recrutam moléculas de O-MAD2, pela sua interação com MAD1. Com

isso, há uma mudança conformacional de O-MAD2 para C-MAD2, com formação do complexo

C-MAD2-MAD1, bastante estável. Este complexo recruta moléculas de O-MAD2, que se ligam aos

cinetócoros, levando a maior conversão de O-MAD2 para C-MAD2. Como vimos, o complexo

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C-MAD2-MAD1 é muito importante para a mudança conformacional da molécula MAD2. A formação

do complexo C-MAD2-MAD1 e a maior disponibilização de C-MAD2 levam a um aumento na ligação

entre esta proteína e CDC20 (já que CDC20 só se liga à C-MAD2), com formação de outro complexo, o

C-MAD2-CDC20 e amplificação do sinal inibitório sobre CDC20, pois essa ligação sabidamente inibe

tal molécula (Figura 3) (LAD et al., 2009; MUSACCHIO; SALMON, 2007).

FIGURA 3. ESQUEMA DE MUNDANÇA CONFORMACIONAL DE MAD2. a) Moléculas de MAD1,

dispostas em cinetócoros não conectados, formam um complexo estável com MAD2 (C-MAD2-MAD1).

Este complexo recruta e modifica a estrutura conformacional de moléculas O-MAD2, que se encontram

livres no citoplasma, em moléculas C-MAD2. Por sua vez, moléculas C-MAD2 interagem e inibem

CDC20 (C-MAD2- CDC20). b) O complexo C-MAD2-CDC20 também possui atividade catalítica que o

permite modificar moléculas O-MAD2, em uma reação de auto-amplificação. Fonte: Adaptado de

MUSACCHIO e SALMON (2007).

MAD2 age como um sensor do ponto de checagem mitótico pelo monitoramento da conexão

entre cinetócoros e microtúbulos. O CPA não é ativado enquanto houver ligação entre MAD2 e CDC20.

MAD2 atua também impedindo a atividade ubiquitina ligase prematura de APC (CHEN, R. H. et al.,

1996; LI, J. J.; LI, 2006; LI, Y. et al., 1997). A dissociação entre tais moléculas ocorre após alinhamento

cromossômico correto e, então, ativação do CPA (BRAUNSTEIN et al., 2007; FANG; YU;

KIRSCHNER, 1998; LI, Y. et al., 1997).

Separase é proteína responsável pela degradação das moléculas de coesinas, que mantêm as

cromátides irmãs unidas. Quando elas são degradadas, há migração das cromátides para os pólos

celulares e progressão da metáfase para anáfase. Separase é ativada e liberada após degradação de

securina, proteína marcada pelo complexo CPA/CDC20. Em vertebrados, a anáfase se inicia apenas

quando securina e ciclina B estão quase totalmente degradadas (BRITO; RIEDER, 2006; CLUTE;

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PINES, 1999; HAGTING et al., 2002). O equilíbrio entre CDC20 e seus inibidores é imprescindível

para assegurar uma adequada ativação de CCM.

Como demonstrado em vários tipos de tumores, distúrbios nos pontos de checagem mitótico

permitem que as células prossigam com a mitose antes da formação da maquinaria apropriada,

ocasionando erros na segregação cromossômica (WARNER et al., 2003).

SUDAKIN et al. (2001) demonstraram que a população de MAD2 livre em células HeLa está

presente em níveis de 20 a 50 vezes maiores que a população de MAD2 encontrada em CCM, porém não

é capaz de inativar o CPA.

Falhas na segregação cromossômica, aneuploidia e poliploidia podem ocorrer em situações de

baixas concentrações de MAD2. Isso pela diminuição da capacidade de sinalização do ponto de

checagem mitótico, degradação de securina e separação prematura das cromátides irmãs (MICHEL, L. S.

et al., 2001). Foi demonstrado que a completa perda de MAD2 mostrou-se letal durante o

desenvolvimento embrionário de camundongos (DOBLES et al., 2000; MICHEL, L. S. et al., 2001).

Estudo realizado em linhagens celulares de mieloma múltiplo demonstrou redução proteica importante

de MAD2. Tal redução se associou a segregação cromossômica errônea e formação de pontes

cromossômicas (DIAZ-RODRIGUEZ et al., 2011).

Alguns pesquisadores demonstraram que em linhagens celulares de tumores de mama, ovário e

nasofaringe, os níveis de proteína MAD2 são baixos (MICHEL, L. et al., 2004), e que o locus de MAD2

(4q27) está deletado em neoplasias de fígado (LI, Y. et al., 1997; WANG, X. et al., 2002). Níveis

reduzidos de expressão gênica do gene codificador de MAD2 (MAD2L1) também foram encontrados em

diferentes tipos de cânceres humanos, como tumores de esôfago, fígado e ovário (DOAK et al., 2004;

JEONG et al., 2004; SZE et al., 2004; WANG, X. et al., 2002).

Expressão proteica aumentada de MAD2 foi associada a maior grau de malignidade em

adenocarcinoma seroso de ovário (NAKANO et al., 2012) e a menor grau de diferenciação histológica

em carcinoma hepatocelular, câncer coloretal e gástrico (LI, G. Q.; ZHANG, 2004; WANG, X. et al.,

2002; ZHANG, S. H. et al., 2008). Aumento na expressão gênica de MAD2L1 parece facilitar a

progressão de osteosarcoma tanto in vivo quanto in vitro (YU et al., 2012).

Superexpressão de MAD2, em linfoma não Hodgkin difuso de grandes células, foi visto por

SOTILLO et al. (2007), em estudo de microarranjo tecidual com diferentes tipos de linfomas. Este

mesmo autor demonstrou que essa superexpressão pode iniciar o processo de tumorigênese e cooperar

com outros estímulos oncogênicos. Alterações na relação MAD1/MAD2 podem estar associadas ao

surgimento de tumores conforme estudo recente (SCHUYLER; WU; KUAN, 2012).

Com a diminuição da velocidade de progressão da mitose causada pela superexpressão de

MAD2, há menor grau de proteólise de ciclina B pelo CPA. Entretanto, sabe-se que o CCM não bloqueia

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de modo definitivo as células e que ciclina B é degradada de forma progressiva (por mecanismos de

ubiquitilação e proteassoma-dependentes) durante este bloqueio (BRITO; RIEDER, 2006). Com a

diminuição da quantidade de ciclina B, a mitose pode continuar e ser finalizada, o que pode ser uma

forma de as células contornarem o bloqueio da mitose gerado pela superexpressão de MAD2 (SOTILLO

et al., 2007).

Podemos dizer, então, que a incidência de instabilidade cromossômica associa-se a

anormalidades do ponto de checagem mitótico causado por alterações na expressão de MAD2.

Alterações nos níveis de expressão de CDC20 também podem levar à instabilidade cromossômica.

Foi demonstrado que altas concentrações de CDC20 podem ativar o CPA, independente do seu estado de

fosforilação. Como consequência, a superexpressão de CDC20 pode levar à ativação inadequada do CPA

e progressão da metáfase para anáfase. Este aumento da sua expressão supera os efeitos inibitórios do

complexo de checagem mitótico (CCM) (FANG et al., 1998).

A ativação prematura do CPA, causada pela superexpressão de CDC20 pode levar a anormalidades

na duplicação dos centrossomos (LIU et al., 2010). CDC20 situa-se no centrossomo durante a intérfase e,

durante a mitose, nos pólos do fuso e nos cinetócoros.

Os centrossomos são importantes organelas, fundamentais para a nucleação dos microtúbulos

(principal organizador do fuso mitótico e local de recrutamento de proteínas estruturais, motoras e

catalíticas) (WARNER et al., 2003). São formadas por um par de centríolos, submersos no material

pericentriolar, que é a sua matriz proteica. Os centríolos se duplicam e se separam durante o ciclo

celular, permitindo à célula o início de um novo ciclo (Figura 4). Alterações na expressão da proteína

separase, responsável por essa separação, pode levar a formação de fuso mitótico multipolar pela

possibilidade de que ocorra mais de uma duplicação centriolar num mesmo ciclo (LUKASIEWICZ;

LINGLE, 2009; TSOU et al., 2009).

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FIGURA 4. CICLO DO CENTROSSOMO. O ciclo do centrossomo é caracterizado pela separação,

duplicação e desenvolvimento dos centríolos, e pela maturação e separação dos centrossomos. As

células iniciam a fase G1 com um centrossomo contendo um par de centríolos. No final da mitose ou

início de G1, as duas unidades de centríolos são separadas. A duplicação dos centríolos inicia-se na fase

S, caracterizada pela formação dos pró-centríolos na base de cada centríolo original. Cada pró-centríolo

permanece ligado ao centríolo original, impedindo a reduplicação dos centríolos. O completo

desenvolvimento do pró-centríolo ocorre durante o restante da fase S e G2 do ciclo celular. Ao final da

fase G2, a célula possui dois centrossomos com quatro centríolos. A separação dos centrossomos

inicia-se em G2, o que permite a migração dos centrossomos e a formação dos pólos do fuso mitótico.

Após a segregação cromossômica e citocinese, são geradas duas células-filhas, cada uma com um

centrossomo contendo um par de centríolos (centríolo original + pró-centríolo). Ao final da mitose,

início de G1, o ciclo do centrossomo inicia-se novamente com a separação das unidades de centríolos.

Fonte: Adaptado de NIGG (2006).

Alterações nos centrossomos ocorrem no estágio pré-maligno, antes do surgimento da instabilidade

cromossômica, podendo estas alterações ser importantes marcadores iniciais de transformação

neoplásica (LUKASIEWICZ; LINGLE, 2009). Pesquisa recente encontrou alterações nos centrossomos

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de células da medula óssea de portadores de SMD antes da detecção de anormalidades cromossômicas.

Isso nos leva a acreditar que a instabilidade centrossômica é um evento precoce em SMD e pode

contribuir para anomalias citogenéticas e aneuploidia. Tal fato poderia, inclusive, contribuir para a

transformação leucêmica desta doença (NOLTE et al., 2013).

Percebe-se que existe uma interação entre o ciclo celular e a duplicação e separação dos centríolos,

garantindo a estabilidade genômica. Fusos mono ou multipolares, causados por alterações no número de

centrossomos podem levar a erros na segregação cromossômica, aneuploidia e surgimento de neoplasias

(LUKASIEWICZ; LINGLE, 2009). Tal fato foi demonstrado em carcinoma de células escamosas de

cabeça e pescoço (MONDAL et al., 2007).

Segundo metanálise que avaliou dados de microarranjos tissulares, foi identificado que o gene

CDC20, que codifica a proteína CDC20, é um dos mais comumente superexpressos em tecidos

indiferenciados de câncer humano (RHODES et al., 2004). Estudos comprovam sua superexpressão em

câncer pancreático (LI, D. et al., 2003), linhagens de células de câncer gástrico (KIM, J. M. et al., 2005),

de mama (YUAN et al., 2006) e em carcinoma oral de células escamosas (MONDAL et al., 2007).

Superexpressão da proteína CDC20 por análise imunoistoquímica de tumores de pulmão foi

associada a menor sobrevida em pacientes portadores de adenocarcinoma de pulmão quando comparados

à baixa expressão (KATO et al., 2012). O mesmo achado em biópsias de adenocarcinoma ductal

pancreático (expressão aumentada de CDC20) foi associado a baixo grau de diferenciação tumoral e

menor sobrevida livre de recorrência em 5 anos (CHANG, D. Z. et al., 2012). Neoplasias orais com

expressão aumentada de CDC20 possuem anormalidades na formação do fuso mitótico e aneuploidias

(MONDAL et al., 2007). Relação entre aumento na expressão de CDC20 e menor sobrevida (em

carcinomas de ovário) e maior grau de gliomas foi demonstrado por alguns pesquisadores (MARUCCI et

al., 2008; OUELLET et al., 2006).

Danos ao ponto de checagem mitótico, levando a perdas ou ganhos parciais na função de

checagem e/ou formação de fusos mitóticos anômalos, podem, portanto, levar à aneuploidia durante a

tumorigênese, o que confirma sua relevância clínica.

1.4.5. Proteínas relacionadas ao fuso mitótico

Assim como as proteínas associadas ao ponto de checagem mitótico, outras proteínas também

estão associadas à segregação inapropriada dos cromossomos durante a mitose. Recentemente, tem se

dado atenção especial a um grupo de proteínas da família das serina/treonina kinases, Aurora/Ipl1

Kinases Relacionadas (AIRKs), que está associado a regulação da duplicação dos centrossomos e

segregação dos cromossomos (TONG et al., 2004).

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AURORA A e AURORA B são proteínas dessa família e foram associadas a várias neoplasias em

estudos prévios (CAMACHO et al., 2006; DE PAULA CARETA et al., 2012; HEGYI et al., 2012; KE

et al., 2003; LIN et al., 2010; VAGNARELLI; EARNSHAW, 2004; YE et al., 2009). O gene AURORA

A localiza-se no cromossomo 20q13.2-q13.3, uma região frequentemente amplificada em tumores

malignos humanos e alvo de deleções em SMD. AURORA A interage com múltiplas proteínas celulares

(p53, BRCA1 e TACC1) e aumentos em sua expressão resultam em falhas no processo mitótico,

incompleta citocinese, instabilidade genômica e aumento na frequência de aneuploidias (LI, J. J.; LI,

2006; TONG et al., 2004). A interação entre AURORA A e p53 leva à inibição ou degradação desta

última proteína. Fosforilação de p53 em Ser215 impede a ligação de p53 ao DNA, interferindo na

ativação transcricional de genes alvo, como p21 e PTEN. Ao fosforilar outro resíduo, a Ser315,

AURORA A direciona a ubiquitilação de p53 por Mdm2 e sua subsequente proteólise (LUKASIEWICZ;

LINGLE, 2009).

Embora o exato papel dessa proteína no desenvolvimento dos tumores ainda não esteja

totalmente elucidado, alguns autores (KE et al., 2003; MERALDI; HONDA; NIGG, 2002) mostraram

que sua superexpressão interfere na formação do CCM, mais especificamente, na interação CDC20-

BUBR1.

Outros estudos (LITTLEPAGE; RUDERMAN, 2002) sugeriram que AURORA A, quando

superexpressa, age suprimindo MAD2 e estimulando CDC20, sobrepondo o ponto de checagem

mitótico. Além disso, a superexpressão de AURORA A tem sido correlacionada com amplificação do

centrossomo, o que poderia prejudicar a formação do aparelho mitótico, ocasionando alterações

cromossômicas (HATA et al., 2005; MERALDI et al., 2002; TONG et al., 2004).

Amplificação e superexpressão de AURORA A têm sido demonstrados em vários tipos de

tumores humanos, incluindo SMD, câncer de mama, câncer hepatocelular, câncer de bexiga, tumor de

células germinativas, linfoma não-Hodgkin e câncer pancreático (BRIASSOULI et al., 2007;

HEREDIA; DE SOUSA; JUNIOR; et al., 2014; TONG et al., 2004).

A superexpressão de AURORA A interfere nos mecanismos de reparo do DNA, sobrevivência e

transformação celular, pela ativação de NFkB e inibição de IkB, inibidor do primeiro. Como

consequência desta ativação, ocorre expressão de Bcl-2, proteína antiapoptótica (BOLANOS-GARCIA,

2005; DUTERTRE; PRIGENT, 2003).

Amplificação dos centrossomos pode estar associada à superexpressão de AURORA A, sendo

esta definida pela presença de dois ou mais centrossomos por célula (ou quatro centríolos) ou pela

ocorrência de centrossomos de tamanho aumentado (Figura 5) (HATA et al., 2005; MERALDI et al.,

2002). É um fenômeno que ocorre comumente em tumores sólidos e neoplasias hematológicas

(LUKASIEWICZ; LINGLE, 2009).

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FIGURA 5. AMPLIFICAÇÃO DOS CENTROSSOMOS DECORRENTE DE SUPEREXPRESSÃO DE

AURORA A. Sob condições biológicas normais, os centrossomos migram para as extremidades opostas

da célula, formando os pólos do fuso mitótico, que permitem a correta segregação dos cromossomos.

Superexpressão de AURORA A causa amplificação dos centrossomos e a formação de fuso multipolar,

que juntamente com a capacidade de sobreposição ao CCM, também proporcionada pela superexpressão

de AURORA A, resulta em instabilidade genética e tumorigênese. Fonte: Adaptado de WARNER et al.

(2003).

AURORA A é proteína que regula o processo de maturação dos centrossomos, que ocorre no

final da fase G2 e na prófase. Uma das consequências da superexpressão de AURORA A consiste na

perda na regulação da duplicação e maturação dos centrossomos, o que leva a geração de células com

número anormal destes elementos, os centrossomos multipolares, associados ou não, a falhas na

dinâmica do aparelho mitótico (LI, D. et al., 2003).

O surgimento de aneuploidias e a gênese de tumores podem decorrer, pois, da superexpressão de

AURORA A, já que o aumento na sua expressão gera amplificação dos centrossomos e sua ação se

destaca ao CCM (DEWAR et al., 2004; WARNER et al., 2003).

O gene AURORA B (17p13) codifica uma proteína que interage com INCENP (proteína interna

do centrômero), borealina e survivina, formando um complexo que, durante a prófase, localiza-se em

torno de todo o cromossomo e concentra-se no interior da região central do centrômero durante a

prometáfase (BOLANOS-GARCIA, 2005).

AURORA B tem sido associada à segregação cromossômica e citocinese, e sua atividade quinase

é necessária para a orientação bipolar e condensação dos cromossomos (DEWAR et al., 2004). Sua

superexpressão foi correlacionada a múltiplos defeitos na maquinaria mitótica, dentre os quais, perda da

conexão entre cinetócoro e microtúbulos, e finalização da mitose sem os eventos característicos da

anáfase ou citocinese (MURATA-HORI; TATSUKA; WANG, 2002; WANG, X. et al., 2002).

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Função anormal da família de proteínas Aurora-quinases, incluindo AURORA B, pode resultar

em modificações complexas na regulação dos processos mitóticos. Sua expressão pode ser quantificada

por imunoistoquímica ou técnicas de reação em cadeia de polimerase (PCR) e aumentos ou diminuições

de sua expressão, parecem ser dependentes da taxa de proliferação celular (representada por marcadores

de proliferação celular bem estabelecidos) (HEGYI et al., 2012).

AURORA B age na liberação de cinetócoros não conectados corretamente aos microtúbulos. Esta

ação é realizada só após orientação bipolar dos cromossomos, ou seja, até que a tensão existente gerada

por esta orientação consiga afastar os cinetócoros da região interna do centrômero e da zona de

influência da AURORA B. Isso se faz pelo rompimento contínuo dos microtúbulos ligados ao cinetócoro

(CARMENA; RUCHAUD; EARNSHAW, 2009; VAGNARELLI; EARNSHAW, 2004).

A ligação incorreta de microtúbulos do fuso aos cromossomos é um evento relativamente comum

no início da mitose, e as células dispõem de mecanismos redundantes para corrigir esses erros. O ponto

de checagem mitótico (CCM) constitui um destes mecanismos de fiscalização, protelando o início da

anáfase até que todos os cromossomos estejam bi-orientados e sob tensão adequada. Esta, por si só,

regula a estabilidade da ligação dos microtúbulos, e quando ocorre ausência de tensão, AURORA B

começa a agir. Após o estado de bi-orientação dos cromossomos ser atingido, inicia-se a degradação de

ciclinas e outros substratos de CPA, após a cessação da ação do CCM. Com isso, a anáfase começa, pela

separação das cromátides-irmãs (CARMENA et al., 2009). Percebe-se que a inibição da atividade de

AURORA B nos cinetócoros é um dos mecanismos que ajuda na estabilidade da ligação entre

cinetócoros e microtúbulos (Figura 6).

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FIGURA 6. DINÂMICA DAS PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NA BIORIENTAÇÃO DOS

CROMOSSOMOS. AURORA B localiza-se na camada interna dos centrômeros nos cromossomos não

conectados aos microtúbulos (junto à proteína MCAK – Mitotic Centromere-Associated Kinesin),

mantendo fosforilação inibitória sobre MCAK. Após ligação dos microtúbulos e sob diferentes tensões, a

posição de MCAK se modifica e essa se aproxima da camada externa, que contém PP1 (Phosphoprotein

Phosphatase 1). PP1 desfosforila e ativa MCAK, que promove a despolimerização local dos

microtúbulos. A tensão exercida pela orientação bipolar afasta os cinetócoros da camada interna do

centrômero e da zona de influência de AURORA B. Fonte: Adaptado de DUCAT e ZHENG (2004).

AURKB induz modificações na cromatina, pela fosforilação das histonas H3 em Ser10,

necessárias para condensação e segregação cromossômicas (OTA et al., 2002). Esta fosforilação leva a

descondensação local da cromatina, facilitação da ligação de fatores que irão promover a condensação

dos cromossomos no final da fase G2 e início da mitose, além de inferferir na metilação de resíduos de

lisina 9 em H3 (H3K9). A metilação de K9 ocorre em regiões de heterocromatina constitutiva e está

envolvida no silenciamento epigenético de genes localizados na eucromatina. Os grupos H3K9 metilados

são reconhecidos pela proteína HP1 (proteína heterocromatina), a qual recruta histonas metiltransferases

e histonas deacetilases, levando a um aumento dessa metilação, da heterocromatização e do

silenciamento gênico (SABBATTINI et al., 2007; VERDAASDONK; BLOOM, 2011).

Dessa forma, falhas na segregação cromossômica podem ser um efeito causado pelas alterações

na condensação cromossômica (WEI et al., 1999) e a superexpressão de AURORA B pode interferir nos

mecanismos regulatórios da cromatina, levando a alterações epigenéticas (ativação/ silenciamento de

genes) e desenvolvimento do câncer.

Alteração na posição

de MCAK

Cromossomos biorientados

Cromossomo não ligado

ao microtúbulo

Ligação dos microtúbulos

sob tensões distintas

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Estudos demonstraram que os níveis de AURORA B têm correlação com a agressividade dos

tumores, podendo ser utilizado como um fator prognóstico para carcinoma indiferenciado de tireóide

(SORRENTINO et al., 2005) e carcinoma de pulmão não pequenas células (VISCHIONI et al., 2006).

Aumento nas expressões proteicas de AURORA A E B são fenômenos iniciais na origem da

tumorigênese de neoplasias epiteliais malignas (TWU et al., 2009). Em neoplasias biliares, a

superexpressão simultânea de AURORA A E AURORA B (levando a uma desregulação na mitose) se

associou a pior sobrevida (SHEN et al., 2009). Hiperexpressão de AURORA-A e p53 constituem fatores

importantes para o surgimento de tumores uroteliais de trato urinário superior e podem predizer desfecho

clínico e presença de invasão vascular (SCARPINI et al., 2012). Alta expressão de AURORA B se

associou a baixa sobrevida global em neoplasia de células escamosas de cabeça e pescoço (ERPOLAT et

al., 2012).

Outros tumores associados à superexpressão de AURORA B são: carcinoma hepatocelular e

cervival, câncer gástrico, doenças linfoproliferativas e leucemias agudas (DE PAULA CARETA et al.,

2012; ENJOJI et al., 2009; HUANG et al., 2008; IKEZOE et al., 2009; LIN et al., 2010; LUCENA-

ARAUJO et al., 2011). Linfomas agressivos, como linfoma difuso de grandes células e linfoma de

Burkitt, mostraram expressão de AURORA B aumentada quando comparados com linfomas de baixo

grau em estudo prévio (IKEZOE et al., 2009). Outros autores (HUANG et al., 2008) também

demostraram elevada expressão de AURKA (66,3% dos casos) e AURKB (40,8% dos casos) em células

CD34+ de pacientes portadores de LMA de novo quando comparadas a doadores sadios. Aumentos na

expressão gênica ou expressão aberrante de AURKA e AURKB foram vistos em estudos realizados em

linhagens celulares de leucemia e células mononucleares de leucemia e portadores de SMD e LMA

(IKEZOE et al., 2009; LUCENA-ARAUJO et al., 2011; YE et al., 2009).

1.5. Análise histológica e imunoistoquímica em SMD

A análise histológica da medula óssea em portadores de SMD é de grande auxílio para seu

diagnóstico e classificação, principalmente nos casos de incerteza quanto ao grau de dispoese e/ou em

amostras contendo pequeno número de megacariócitos (que dificultam muito a detecção da presença de

dismegacariocitopoese) e amostras hipocelulares, à análise do mielograma. O diagnóstico de SMD

hipocelular só pode ser feito pela avaliação histológica da medula óssea. Ademais, não raramente, tais

pacientes apresentam citogenética normal, outro fator que dificulta o diagnóstico dessa patologia e

fortalece mais uma vez a importância da histologia medular, preferencialmente associada à análise

imunoistoquímica. O diagnóstico de SMD com fibrose medular, de síndromes de sobreposição e de

SMD associada à mastocitose são outras vantagens que a histologia nos permite (VALENT et al., 2012;

VALENT et al., 2010; VASSALO J., 2009).

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Em relação à imunoistoquímica, a marcação do anticorpo CD34 nos permite identificar a presença

de precursores mieloides em localização anormal, os chamados ALIPs (abnormal localization of

immature precursors cells). A marcação CD61 é de grande auxílio para a identificação de megacarióticos

de tamanho pequeno, como os micromegacariócitos e megacarioblastos. Aliado à sua importância

diagnóstica, essa técnica consegue nos trazer informações acerca do prognóstico, sendo o principal

exemplo a análise da expressão de proteína p53. Estudos demonstraram que aumentos na expressão

proteica dessa proteína possuem correlação com a presença de mutação no gene TP53, alteração genética

sabidamente associada a piores desfechos, como resposta pobre à terapêutica. Pacientes portadores de

SMD com deleção 5q e de baixo risco ou intermediário-1 (classificação IPSS) possuem frequência de

mutação TP53 em 18% e a presença de marcação nuclear forte da proteína p53 (em ≥ 2% das células

medulares), pela análise por imunoistoquímica, foi encontrada na grande maioria dos pacientes com

mutação no gene TP53. Sendo assim, o grau de expressão de p53 pode fornecer informações acerca do

prognóstico desta doença pela associação entre sua superexpressão e a presença de mutações em seu

gene (JADERSTEN et al., 2011). A sensibilidade aceitável na predição da presença da mutação no gene

TP53 pela análise imunoistoquímica da proteína p53 nos encoraja para que a avaliação de sua expressão,

assim como de outras proteínas envolvidas no ciclo celular possa ser realizada rotineiramente nos

laboratórios de patologia.

Os mecanismos associados a anormalidades cromossômicas, o principal fator prognóstico em

SMD, necessitam de maiores estudos. Tal entendimento é relevante para se obter maior eficácia no

diagnóstico, tratamento e determinação do prognóstico desta neoplasia, a qual é considerada como o

câncer de maior prevalência na área da onco-hematologia.

Alterações na expressão de proteínas relacionadas ao ponto de checagem mitótico (MAD2 e

CDC20) e ao fuso mitótico (AURORA B) estão fortemente relacionadas à instabilidade cromossômica,

aneuploidia e progressão tumoral em diferentes tumores sólidos e neoplasias hematológicas. Dessa

forma, estudos avaliando suas imunoexpressões podem contribuir para a compreensão da fisiopatologia

da SMD, a qual é a doença clonal primária da medula óssea mais comum do mundo ocidental em

indivíduos com idade superior a 60 anos.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Avaliar a imunoexpressão das proteínas envolvidas no mecanismo de ação do ponto de checagem

mitótico (MAD2 e CDC20) e do fuso mitótico (AURORA A e AURORA B) em pacientes portadores de

SMD.

2.2. Objetivos Específicos

1) Detectar a imunoexpressão de proteínas CDC20, MAD2, AURORA A e AURORA B na medula

óssea de pacientes com SMD e nas amostras controle (biópsias de medula óssea de pacientes com

diagnóstico de linfoma, coletadas para estadiamento, sem evidências de infiltração);

2) Verificar a frequência de expressão positiva das proteínas acima entre os grupos SMD e controle;

3) Comparar a expressão das proteínas estudadas em termos quantitativo (valores em %) e qualitativo

(expressão positiva versus negativa) entre os grupos SMD e controle;

4) Verificar a existência de possível associação entre o grau de expressão proteica (em termos

quantitativo e qualitativo) e variáveis clínicas e laboratoriais, em pacientes com diagnóstico de SMD.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Seleção da amostra

O estudo foi retrospectivo, no qual foram incluídos 40 blocos de biópsia de medula óssea (BMO)

de pacientes de ambos os sexos, no período de Janeiro de 2008 a Janeiro de 2014, provenientes do

Ambulatório de SMD do HUWC/UFC com diagnóstico confirmado de SMD.

Todos os pacientes foram previamente submetidos ao protocolo de exclusão (MAGALHÃES;

LORAND-METZE, 2004), no qual foram excluídas as seguintes condições (potenciais causas de

displasia medular): deficiências nutricionais (vitamina B12 e ácido fólico); exposição recente a agentes

tóxicos (metais pesados, benzeno e derivados do petróleo); exposição recente a drogas citotóxicas e

fatores de crescimento; disfunções endócrinas; etilismo; disfunções metabólicas (doença hepática

crônica, insuficiência renal; doenças inflamatórias crônicas; infecções virais, como HIV, hepatites,

CMV, toxoplasmose, parvovírus B19); e doenças autoimunes.

O levantamento dos prontuários foi feito de acordo com o formulário de coleta de dados (Anexo 1)

e, após esse procedimento, foram selecionados os participantes que preencheram os critérios de inclusão.

Após seleção dos prontuários, foram obtidos os blocos de BMO dos pacientes (estas coletadas no

momento do diagnóstico) e dos controles para realização de imunoistoquímica. Os chefes do

departamento de Patologia e do SAME foram informados sobre os objetivos e metodologia da pesquisa,

tendo os mesmos concordado com o estudo (vide Anexos 2 e 3, respectivamente). Os critérios de

inclusão e exclusão utilizados no presente estudo estão descritos na Tabela 2.

Como grupo controle, foram incluídas dez amostras de BMO, obtidas para estadiamento de

linfomas não Hodgkin, de pacientes de ambos os sexos, com idade variando de 24 a 81 anos,

provenientes de dois laboratórios privados, cujos resultados mostraram ausência de infiltração pela

doença.

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TABELA 2. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Critérios de inclusão Critérios de exclusão

Ter realizado os exames investigativos na

medula óssea (mielograma, biópsia de medula

óssea e citogenética);

Ter diagnóstico confirmado de SMD.

Amostras de pacientes com idade menor do que

18 anos de idade;

Amostras de pacientes que apresentem alguma

condição clínica presente no protocolo de

exclusão.

3.2. Imunoistoquímica

As reações de imunoistoquímica foram realizadas no Laboratório de Patologia Labtech (Fortaleza,

CE), de acordo com as instruções dos fabricantes dos respectivos reagentes para pesquisa de expressão

das proteínas CDC20, MAD2 e AURORA A e AURORA B.

Os cortes dos blocos de parafina foram submetidos inicialmente à análise histopatológica pela

coloração de HE (hematoxilina-eosina). As lâminas foram desparafinizadas em xilol e desidratadas em

álcool. A recuperação antigênica foi realizada em sistema de alta pressão em solução de citrato de sódio

10 mM em pH específico e a peroxidase endógena foi bloqueada em solução de peróxido de hidrogênio

3%. As amostras foram incubadas com os anticorpos específicos (anticorpos primários) e submetidas

ao sistema de detecção DAKO (ADVANCE TM

HP) e ao substrato cromogênico

DAB (3,3’ Diaminobenzidine Tetrahydrochloride). Em seguida, as amostras foram contracoradas em

hematoxilina e lavadas. Por fim, as mesmas foram desidratadas em etanol e xilol, sendo, posteriormente,

realizada a montagem das lâminas (Anexo 4).

A Tabela 3 mostra as características dos reagentes utilizados com as respectivas diluições.

TABELA 3. CARACTERIZAÇÃO DOS ANTICORPOS UTILIZADOS

ANTICORPO FABRICANTE TÍTULO CATÁLOGO

MAD2 Atlas 1:50 HPA003348

CDC20 Abcam 1:200 ab86104

AURORA A Abcam 1:100 ab52973

AURORA B Epytomics 1:1000 EP1009Y

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3.3. Interpretação da imunoistoquímica

A leitura de todas as reações (pacientes e controles) foi realizada por dois patologistas de forma

independente e cega. As amostras foram avaliadas de forma qualitativa e desse modo, divididas em

amostras com resultado positivo, quando houve alguma marcação celular ou resultado negativo, na

ausência de marcação. Além disso, as amostras foram submetidas a análise quantitativa, (pela avaliação

de 10 campos no aumento de 400 vezes) (ZHANG, X.; WANG; WANG, 2013), sendo as expressões

proteicas expressas quantitativamente pela porcentagem do número de células marcadas, em relação ao

número total de células. As amostras da leitura quantitativa, com resultados positivos, foram, então,

divididas em grupos, definidos de acordo com o valor percentual das células marcadas, abaixo descritos

(KATO et al., 2012):

Expressão leve: marcação em menos de 10% das células;

Expressão moderada: marcação em 10 a 49% das células;

Expressão alta: marcação em ≥ 50% das células.

A coloração considerada positiva foi citoplasmática para as proteínas MAD2 e AURORA A e

nuclear para CDC20 e AURORA B (CHANG, D. Z. et al., 2012; ERPOLAT et al., 2012; LIANG et al.,

2012; WANG, L. et al., 2009).

Os controles internos negativos das reações foram realizados com reações sem os anticorpos

primários e os positivos com secções de tecidos indicados de acordo com as instruções do fabricante de

cada anticorpo.

Após leitura das reações, foram realizadas análises comparativas das expressões proteicas entre as

amostras do estudo e os controles. Entre os portadores de SMD, as seguintes características clínicas e

laboratoriais foram analisadas para pesquisa de associação entre estas e as expressões proteicas: sexo,

idade ao diagnóstico, origem, número de citopenias ao hemograma, número de displasias e % de blastos

ao mielograma, celularidade da medula óssea à histologia, dependência transfusional, citogenética,

evolução clínica, classificação OMS e IPSS. Foi realizada, também, análise do tempo de sobrevida dos

pacientes portadores de SMD de acordo com a expressão qualitativa (positiva versus negativa) e

quantitativa das proteínas do estudo.

As citopenias foram definidas de acordo com a classificação IPSS, considerando-se quando:

Hb < 10,0 g/dL, neutrófilos < 1.800/mm3 ou plaquetas < 100.000/mm

3 (GREENBERG, P. et al., 1997).

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A celularidade da medula óssea foi analisada de acordo com a idade e classificada como descrito na

Tabela 4 (ALVES, 2009).

TABELA 4. CELULARIDADE DA MEDULA ÓSSEA DE ACORDO COM A IDADE

Idade (anos) Celularidade da medula óssea

Normocelular Hipercelular Hipocelular

18 - 35 > 50% > 70% < 50%

36 - 60 em torno de 50% > 60% < 40%

> 60 em torno de 40% > 40% < 30%

Fonte: Adaptado de ALVES (2009).

Cariótipo normal é definido na presença de 46 cromossomos (22 pares autossômicos e 1

par alossômico sexual), sendo 46,XX para o sexo feminino e 46,XY para o masculino. Cariótipo

complexo foi definido conforme a classificação IPSS (1997). Frente a um número diferente de 46

cromossomos à análise citogenética, temos uma situação de aneuploidia, que pode ser poliploidia (mais

do que 46 cromossosmos) ou hipoploidia (abaixo de 46 cromossomos).

A dependência transfusional foi considerada quando Hb < 9,0 g/dL em homens e < 8,0 g/dL em

mulheres (MALCOVATI et al., 2011).

3.4. Análise estatística

A amostra foi limitada ao número de pacientes incluídos durante o levantamento, obedecendo aos

critérios de inclusão e exclusão. Os dados foram expressos em média e desvio padrão ou mediana e

variação no caso de variáveis contínuas, conforme apropriado. Os dados categóricos estão descritos

como número absoluto e porcentual do total.

Para determinação da normalidade das variáveis estudadas, foi aplicado o teste de

Kolmogorov-Smirnov. Identificou-se que o grau de expressão (em %) das três proteínas avaliadas

(MAD2, CDC20 e AURORA A e AURORA B) assumiu distribuição não normal. O grau de expressão

proteica foi analisado tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo.

Para a comparação da intensidade de expressão das proteínas conforme as seguintes variáveis

categóricas (grau de celularidade da MO, número de displasias, dependência transfusional, IPSS – risco,

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grau e número de citopenias, normalidade ou não do cariótipo, complexidade da citogenética, % de

blastos < ou ≥ 5 e óbito), utilizou-se o teste de Mann-Whitney ou de Kruskal-Wallis, quando apropriado.

O grau de expressão proteica (em %) também foi categorizado em três diferentes grupos

(< 10%, 10-49% e ≥ 50%), com as proporções entre os mesmos comparadas conforme as variáveis

categóricas descritas acima. Para essa análise comparativa, foi aplicado o teste do Qui-quadrado,

calculando-se os resíduos ajustados, quando apropriado. Nas situações em que se detectaram variáveis

com frequência esperada inferior a 5, aplicou-se o Teste Exato de Fischer.

A comparação entre a expressão proteica, do ponto de vista qualitativo (expressão positiva versus

negativa) com as diferentes variáveis categóricas analisadas foi conduzida de modo semelhante ao

descrito no parágrafo anterior.

A sobrevida global, de acordo com os diferentes graus de expressão proteica (análise qualitativa e

quantitativa), foi avaliada pelo teste de Kaplan-Meier. Para a comparação das curvas de sobrevida,

aplicou-se o teste de Log-Rank.

O pacote estatístico utilizado foi o SPSS 22.0®

(Chicago, IL, USA). O nível de significância

estatística foi definido em 5% para todos os testes (p<0,05).

3.5 Aspectos Éticos

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Walter

Cantídio. CEP Nº 10794913.2.0000.5045.

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4. RESULTADOS

4.1. Características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais dos pacientes

Dos 40 pacientes incluídos no estudo, a vasta maioria (92,5%) foi classificada como SMD

primária. A idade média dos pacientes foi 57,8 ± 20,2 anos. Observou-se distribuição homogênea (50%

dos casos) entre os sexos e a faixa etária (> 60 anos e ≤ 60 anos). A maioria era proveniente de zona

urbana e não apresentava histórico de exposição a agentes mielotóxicos à anamnese. À análise da biópsia

de medula óssea, dezoito pacientes (47,4%) mostraram medula hipercelular e à análise do sangue

periférico, 23 pacientes (57,5%) apresentavam duas ou três citopenias. Houve dependência transfusional

em 17 pacientes (43,6%) e dez (25,0%) evoluíram para óbito durante o período do estudo (Quadro 3).

O subtipo predominante, de acordo com a classificação da OMS para SMD, foi o grupo CRDM

(41%, n = 16), seguido pelos subtipos ARSA, CRDU e SMD-U (12,8%, n = 5) (Quadro 3 e Figura 7).

Segundo estratificação pelo IPSS (1997), a maioria dos pacientes foi incluída nos grupos de menor risco,

sendo 30% (n = 9) de baixo risco e 53,3% (n = 16) de risco intermediário I (Quadro 3 e Figura 8).

Apenas três pacientes foram classificados como SMD secundária. Neste grupo, a maioria

apresentou apenas uma ou nenhuma citopenia, todos eram do sexo feminino, provenientes de zona rural

e apresentaram medula óssea hipocelular. Destes, dois pacientes haviam se submetido à quimioterapia e

um fez uso de imunossupressor (azatioprina).

A maior parte dos pacientes apresentou citopenias menos graves, resultados citogenéticos não

aneuploide e não complexo, com 51,5% dos casos (n= 17) classificados como de prognóstico favorável

pelo IPSS (dentre 33 casos com metáfases). Apenas nove pacientes (25%) apresentaram uma única

displasia isolada (Quadro 4). As figuras 9 e 10 mostram a frequência de cariótipos normais e alterados e

classificação prognóstica pelo IPSS, respectivamente.

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QUADRO 3. CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICAS DOS PACIENTES PORTADORES

DE SMD (N = 40)

* De acordo com MALCOVATI et al. (2011).

Idade

Média (anos)

Mediana

≤ 60 anos

> 60 anos

57,8 ± 20,2

59,5 (18-91)

20 (50,0%)

20 (50,0%)

Sexo

Masculino

Feminino

20 (50,0%)

20 (50,0%)

Origem

Zona Rural

Zona Urbana

15 (38,5%)

24 (61,5%)

Exposição a mielotóxicos

Sim

Não

12 (31,6%)

26 (68,4%)

Celularidade da MO

Normocelular 9 (23,7%)

Hipocelular 11 (28,9%)

Hipercelular 18 (47,4%)

Número de citopenias

0/1

2/3

17 (42,5%)

23 (57,5%)

Distribuição OMS (2008)

CRDU

ARSA

CRDM

AREB I

AREB II

SMD inclassificável

SMD 2ária

5 (12,8%)

5 (12,8%)

16 (41,0%)

2 (5,1%)

3 (7,7%)

5 (12,8%)

3 (7,7%)

Dependência transfusional*

Sim

Não

17 (43,6%)

22 (56,4%)

IPSS

Baixo Risco

Intermediário 1 (Int-1)

Intermediário 2 (Int-2)

Alto Risco

9 (30,0%)

16 (53,3%)

4 (13,3%)

1 (3,3%)

Evolução

Óbito

Em tratamento

10 (25,0%)

30 (75,0%)

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QUADRO 4. CARACTERIZAÇÃO DAS CITOPENIAS E DA CITOGENÉTICA DOS PACIENTES

PORTADORES DE SMD (N = 40)

Caracterização das citopenias

Hemoglobina < 8,0 g/dL

Hemoglobina ≥ 8,0 g/dL

14 (35,9%)

25 (64,1%)

24 (63,2%) Neutrófilos < 800/mm3

Neutrófilos ≥ 800/mm3

8 (20,5%)

31 (77,5%)

Plaquetas < 50.000/mm3

Plaquetas ≥ 50.000/mm3

12 (30,8%)

27 (69,2%)

Número de displasias

Uma displasia 9 (25,0%)

Duas displasias 12 (33,3%)

Três displasias 15 (41,7%)

Caracterização citogenética

Complexidade

Complexo

Não complexo

5 (15,2%)

28 (84,8%)

Normalidade

Normal

Anormal

16 (48,5%)

17 (51,5%)

Ploidia

Euploide

Aneuploide

22 (66,7%)

11 (33,3%)

Prognóstico - IPSS

Favorável

Intermediário

Desfavorável

17 (51,5%)

9 (27,3%)

7 (21,2%)

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FIGURA 7. DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES DO GRUPO SMD DE ACORDO COM A

CLASSIFICAÇÃO DA OMS.

FIGURA 8. DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES DO GRUPO SMD DE ACORDO COM O IPSS (1997).

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FIGURA 9. DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES DO GRUPO SMD DE ACORDO COM O RESULTADO

DA CITOGENÉTICA.

FIGURA 10. DISTRIBUIÇÃO DO RESULTADO DA CITOGENÉTICA DOS PACIENTES DO GRUPO

SMD DE ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO PROGNÓSTICA DO CARIÓTIPO PELO IPSS (1997).

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4.2. Expressão proteica

4.2.1. Expressão qualitativa no grupo SMD

Nessa análise, as amostra foram divididas em dois grupos de acordo com a presença ou ausência

de expressão proteica (marcação positiva versus negativa). Observou-se predomínio de expressão

positiva entre as proteínas MAD2 (87,5%, n = 35) e CDC20 (82,5%, n = 33), enquanto que a maioria dos

pacientes apresentou expressão negativa para AURORA A (64,7%, n = 22) e AURORA B (67,5%,

n = 27), como mostrado no Quadro 5.

Avaliou-se a média com respectivo desvio-padrão de variáveis clínicas conforme a expressão

proteica qualitativa de cada uma das quatro proteínas analisadas. As associações entre os dois grupos

também foram comparadas em relação a parâmetros demográficos (idade, sexo e origem), clínicos

(presença ou ausência de dependência transfusional, evolução para óbito), laboratoriais (número e grau

de citopenias, número de displasias, porcentagem de blastos na medula óssea, celularidade da medula

óssea, citogenética) e classificação IPSS (risco alto e baixo risco). A análise citogenética incluiu

avaliação de normalidade, complexidade, ploidia e classificação prognóstica pelo IPSS (favorável,

intermediário, desfavorável).

QUADRO 5. FREQUÊNCIA EM % DE EXPRESSÃO POSITIVA E NEGATIVA DE MAD2, CDC20,

AURORA B E AURORA A EM PACIENTES PORTADORES DE SMD

* Em se tratando da análise da AURORA A, foram avaliadas trinta e quatro pacientes no grupo SMD,

pois não foi possível a obtenção de seis blocos por problemas estruturais dos laboratórios envolvidos.

4.2.1.1. MAD2

Os resultados da análise comparativa entre pacientes com expressão positiva e negativa para a

proteína MAD2 encontram-se nos Quadros 6 e 7, assim como seus respectivos níveis de significância.

PROTEÍNAS EXPRESSÃO QUALITATIVA

EXPRESSÃO NEGATIVA EXPRESSÃO POSITIVA

MAD2 (n = 40) 5 (12,5%) 35 (87,5%)

CDC20 (n = 40) 7 (17,5%) 33 (82,5%)

AURORA B (n = 40) 27 (67,5%) 13 (32,5%)

AURORA A (n = 34*) 22 (64,7%) 12 (35,3%)

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QUADRO 6. IDADE, GRAU DE CITOPENIAS E PORCENTAGEM DE BLASTOS, CONFORME

EXPRESSÃO POSITIVA VERSUS NEGATIVA DA PROTEÍNA MAD2

Característica

(média ± DP)

Expressão Proteica (MAD2)

n = 40 p

Expressão Negativa (n = 5) Expressão positiva (n = 35)

Idade (anos) 65,0 ± 11,1 56,8 ± 21,0 0,326

Grau de citopenias

Hemoglobina (g/dL)

Neutrófilos (nº/mm3)

Plaquetas (nº/mm3)

8,9 ± 3,1

919 ± 380

63.400 ± 36.211

9,1 ± 3,0

2.108 ± 1.744

168.591 ± 163.707

0,984

0,223

0,257

% de blastos 2,4 ± 2,5 2,1 ± 3,8 0,529

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QUADRO 7. VARIÁVEIS CLÍNICAS, LABORATORIAIS E CLASSIFICAÇÃO IPSS CONFORME

EXPRESSÃO POSITIVA VERSUS NEGATIVA DA PROTEÍNA MAD2

VARIÁVEL

MAD2

p Expressão

Negativa

(n = 5)

Expressão

Positiva

(n = 35)

Sexo Masculino 3 (60,0%) 17 (48,6%)

0,633 Feminino 2 (40,0%) 18 (51,4%)

Origem - zona Rural 2 (40,0%) 13 (38,2%)

0,940 Urbana 3 (60,0%) 21 (61,8%)

Biópsia-celularidade

Normocelular 1 (20,0%) 8 (24,2%)

0,239 Hipocelular 3 (60,0%) 8 (24,2%)

Hipercelular 1 (20,0%) 17 (51,5%)

Cariótipo-complexidade Não complexo 3 (100,0%) 25 (83,3%)

0,443 Complexo 0 5 (16,7%)

Cariótipo-normalidade Normal 3 (100,0%) 13 (43,3%)

0,061 Alterado 0 17 (56,7%)

Citogenética-prognóstico

Favorável 2 (66,7%) 15 (50,0%)

0,640 Intermediário 1 (33,3%) 8 (26,7%)

Desfavorável 0 7 (23,3%)

Citogenética-ploidia Euploidia 3 (100,0%) 19 (63,3%)

0,534 Aneuploidia 0 11 (36,7%)

Número de displasias

Uma 1 (20,0%) 8 (25,8%)

0,933 Duas 2 (40,0%) 10 (32,3%)

Três 2 (40,0%) 13 (41,9%)

Número de citopenias Zero ou uma 0 17 (48,6%) 0,040

Duas ou três 5 (100,0%) 18 (51,4%)

Hemoglobina < 8,0 g/dL Sim 1 (20,0%) 13 (38,2%)

0,636 Não 4 (80,0%) 21 (61,8%)

Neutrófilos < 800/mm3

Sim 2 (40,0%) 6 (17,6%) 0,268

Não 3 (60,0%) 28 (82,4%)

Plaquetas < 50.000/mm3

Sim 2 (40,0%) 10 (29,4%) 0,634

Não 3 (60,0%) 24 (70,6%)

Blastos < 5% Sim 4 (80,0%) 29 (87,9%)

0,527 Não 1 (20,0%) 4 (12,1%)

IPSS Baixo risco + INT1 3 (100,0%) 22 (81,5%)

0,414 INT2 + Alto risco 0 5 (18,5%)

Dependência transfusional Não 4 (80,0%) 18 (52,9%)

0,363 Sim 1 (20,0%) 16 (47,1%)

Óbito Não 5 (100,0%) 25 (71,4%)

0,306 Sim 0 10 (28,6%)

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39

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Expressão Positiva Expressão Negativa

Citopenias 0/1

Citopenias 2/3

Cem por cento dos pacientes do grupo com expressão negativa apresentaram cariótipo normal

(não complexo e não aneuploide) (n = 3), a maioria (66,7%, n = 2) pertencendo ao grupo de citogenética

favorável pelo IPSS. Nenhum paciente desse grupo evoluiu para óbito no período do estudo (n = 5).

Além disso, mais de 50% desses pacientes apresentaram citopenias menos graves, < 5% de blastos,

foram classificados como baixo risco pelo IPSS e não tinham dependência transfusional. Todos (n = 5)

apresentaram duas ou três citopenias ao hemograma. Em 60% desses pacientes (n = 3), observou-se

medula óssea hipocelular.

O grupo de pacientes com expressão positiva apresentou maior frequência de cariótipo alterado

(56,7%, n = 17), maior frequência de citogenética não aneuploide (63,3%, n = 19), sendo 50% (15

pacientes) pertencentes ao grupo de cariótipo favorável pelo IPSS. Dezessete pacientes (51,5%)

apresentaram medula óssea hipercelular. As citopenias foram de menor intensidade, sendo que 48,6%

(17 pacientes) apresentaram uma ou nenhuma citopenia. Treze pacientes (41,9%) apresentaram três

displasias, e 87,9% (29 pacientes) tinham menos de 5% de blastos na medula óssea.

A frequência de pacientes com duas ou três citopenias foi significativamente maior no grupo com

expressão negativa (p=0,040, Qui-quadrado - Figura 11). Foi observada uma tendência a um maior

número de casos com citogenética alterada no grupo de pacientes com expressão positiva em

comparação ao grupo com expressão negativa (p=0,061, Qui-quadrado - Figura 12).

FIGURA 11. GRÁFICO EM BARRAS MOSTRANDO A PORCENTAGEM DE CASOS DE

CITOPENIAS (0/1 VERSUS 2/3) NO GRUPO SMD COM EXPRESSÃO POSITIVA OU NEGATIVA DA

PROTEÍNA MAD2 (p = 0,040).

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40

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Expressão Positiva Expressão Negativa

Citogenética Normal

Citogenética Alterada

FIGURA 12. GRÁFICO EM BARRAS MOSTRANDO A PORCENTAGEM DE CASOS DE

CITOGENÉTICA NORMAL E ALTERADA NO GRUPO SMD COM EXPRESSÃO POSITIVA OU

NEGATIVA DA PROTEÍNA MAD2 (p = 0,061).

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4.2.1.2. CDC20

Os resultados da análise comparativa entre pacientes com expressão positiva e negativa para a

proteína CDC20 encontram-se nos Quadros 8 e 9, assim como seus níveis de significância.

QUADRO 8. IDADE, GRAU DE CITOPENIAS E PORCENTAGEM DE BLASTOS, CONFORME

EXPRESSÃO POSITIVA VERSUS NEGATIVA DA PROTEÍNA CDC20

Característica

(média ± DP)

Expressão Proteica (CDC20)

n = 40 p

Expressão Negativa (n = 7) Expressão Positiva (n = 33)

Idade (anos) 61,7 ± 12,1 57,0 ± 21,5 0,728

Grau de citopenias

Hemoglobina (g/dL)

Neutrófilos (nº/mm3)

Plaquetas (nº/mm3)

9,2 ± 2,8

1.352 ± 1.091

60.700 ± 65.948

9,1 ± 3,0

2.065 ± 1.755

172.269 ± 163.261

0,955

0,635

0,039

% de blastos 1,9 ± 3,4 2,2 ± 3,7 0,544

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QUADRO 9. VARIÁVEIS CLÍNICAS, LABORATORIAIS E CLASSIFICAÇÃO IPSS CONFORME

EXPRESSÃO POSITIVA VERSUS NEGATIVA DA PROTEÍNA CDC20

VARIÁVEL

CDC20

p Expressão

Negativa

(n = 7)

Expressão

Positiva

(n = 33)

Sexo Masculino 5 (71,4%) 15 (45,5%)

0,407 Feminino 2 (28,6%) 18 (54,5%)

Origem – Zona Rural 2 (33,3%) 13 (39,4%)

0,779 Urbana 4 (66,7%) 20 (60,6%)

Biópsia-celularidade

Normocelular 2 (33,3%) 7 (21,9%)

0,732 Hipocelular 2 (33,3%) 9 (28,1%)

Hipercelular 2 (33,3%) 16 (50,0%)

Cariótipo-complexidade Não complexo 4 (80,0%) 24 (85,7%)

0,743 Complexo 1 (20,0%) 4 (14,3%)

Cariótipo-normalidade Normal 2 (40,0%) 14 (50,0%)

0,680 Alterado 3 (60,0%) 14 (50,0%)

Citogenética-prognóstico

Favorável 2 (40,0%) 15 (53,6%)

0,777 Intermediário 2 (40,0%) 7 (25,0%)

Desfavorável 1 (20,0%) 6 (21,4%)

Citogenética-ploidia Euploidia 2 (40,0%) 20 (71,4%)

0,304 Aneuploidia 3 (60,0%) 8 (28,6%)

Número de displasias

Uma 1 (16,7%) 8 (26,7%)

0,852 Duas 2 (33,3%) 10 (33,3%)

Três 3 (50,0%) 12 (40,0%)

Número de citopenias Zero ou uma 1 (14,3%) 16 (48,5%)

0,205 Duas ou três 6 (85,7%) 17 (51,5%)

Hemoglobina < 8,0 g/dL Sim 2 (33,3%) 12 (36,4%)

0,887 Não 4 (66,7%) 21 (63,6%)

Neutrófilos < 800/mm3

Sim 2 (33,3%) 6 (18,2%) 0,583

Não 4 (66,7%) 27 (81,8%)

Plaquetas < 50.000/mm3

Sim 4 (66,7%) 8 (24,2%) 0,038

Não 2 (33,3%) 25 (75,8%)

Blastos < 5% Sim 5 (83,3%) 28 (87,5%)

0,782 Não 1 (16,7%) 4 (12,5%)

IPSS Baixo risco + INT1 4 (100,0%) 21 (80,8%)

0,337 INT2 + Alto risco 0 5 (19,2%)

Dependência transfusional Não 3 (50,0%) 19 (57,6%)

0,731 Sim 3 (50,0%) 14 (42,4%)

Óbito Não 4 (57,1%) 26 (78,8%)

0,338 Sim 3 (42,9%) 7 (21,2%)

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43

O Quadro 8 mostra os resultados nos grupos com expressão positiva e negativa em relação à

variáveis numéricas (média ± DP), que incluem idade, níveis de hemoglobina, contagem de neutrófilos e

plaquetas e porcentagem de blastos. O grupo com expressão negativa apresentou contagem plaquetária

significativamente menor, em comparação ao grupo com expressão positiva (p = 0,039, Mann-Whitney -

Figura 13). Não houve diferenças entre os grupos em relação às outras variáveis analisadas.

FIGURA 13. CONTAGEM PLAQUETÁRIA ENTRE OS PACIENTES DO GRUPO SMD NO

MOMENTO DO DIAGNÓSTICO CONFORME EXPRESSÃO POSITIVA OU NEGATIVA DA

PROTEÍNA CDC20 (p = 0,039).

No Quadro 9, no grupo com expressão negativa, temos resultado anormal e aneuploide de

citogenética em três pacientes (60%), sendo que apenas um deles (20%) foi classificado como cariótipo

desfavorável pelo IPSS. Cinquenta por cento (3 pacientes) apresentaram três displasias à análise medular

e 85,7% (6 pacientes) duas ou três citopenias, sendo de menor intensidade em relação aos níveis de

hemoglobina e neutrófilos. A maioria dos casos (66,7%, n = 4) apresentou contagem plaquetária abaixo

de 50.000/mm3, mostrando esse parâmetro, diferença estatística em comparação ao grupo com expressão

positiva (p = 0,038, Qui-quadrado - Figura 14). Todos os pacientes desse grupo (n = 4) foram

classificados como baixo risco pelo IPSS. Três pacientes (50%) tinham dependência transfusional e três

(42,9%) faleceram no período do estudo.

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0%

20%

40%

60%

80%

100%

Expressão Positiva Expressão Negativa

Plaquetas < 50.000/mm3

Plaquetas ≥ 50.000/mm3

No grupo constituído por pacientes com expressão positiva, temos que dezesseis pacientes (50%)

tiveram medula óssea hipercelular, três displasias em 40% (12 pacientes) e < 5% de blastos em 87,5%

dos casos (28 pacientes). A análise citogenética mostrou que metade dos casos (14 pacientes) apresentou

resultado normal, 85,7% sendo não complexo (n = 24), 71,4% não aneuploide (n = 20) e 53,6% (n = 15)

classificados como bom prognóstico pelo IPSS. Dezesseis pacientes (48,5%) tiveram zero ou uma

citopenia e 51,5% (n = 17), duas ou três. A minoria dos pacientes apresentou Hb < 8g/dL e

neutrófilos < 800/mm3, sendo 36,4% (n = 12) e 18,2% (n = 6), respectivamente. Em relação às plaquetas,

75,8% dos pacientes desse grupo (n = 25) apresentaram plaquetas ≥ 50.000/mm3. O IPSS foi de baixo

risco em 80,8% dos casos (n = 21). Houve dependência transfusional em 42,4% dos casos (n = 14). Seis

pacientes (18,2%) dos pacientes evoluíram para óbito durante o período referente ao estudo.

FIGURA 14. GRÁFICO EM BARRAS MOSTRANDO A PORCENTAGEM DE PACIENTES COM

CONTAGEM PLAQUETÁRIA < 50.000/mm3 E ≥ 50.000/mm

3 NO GRUPO SMD CONFORME

EXPRESSÃO POSITIVA OU NEGATIVA DA PROTEÍNA CDC20 (p = 0,038).

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45

4.2.1.3. AURORA B

Os resultados da análise comparativa entre pacientes com expressão positiva e negativa para a

proteína AURORA B encontram-se nos Quadros 10 e 11, assim como seus respectivos níveis de

significância.

QUADRO 10. IDADE, GRAU DE CITOPENIAS E PORCENTAGEM DE BLASTOS, CONFORME

EXPRESSÃO POSITIVA VERSUS NEGATIVA DA PROTEÍNA AURORA B.

Característica

(média ± DP)

Expressão Proteica (AURORA B)

n = 40 p

Expressão Negativa (n = 27) Expressão Positiva (n = 13)

Idade (anos) 57,8 ± 18,1 58,0 ± 24,8 0,887

Grau de citopenias

Hb (g/dL)

Neutrófilos (nº/mm3)

Plaquetas (nº/mm3)

9,5 ± 3,1

1.846 ± 1.635

152.707 ± 148.486

8,4 ± 2,7

2.175 ± 1.810

159.900 ± 179.405

0,268

0,803

0,691

% de blastos 1,6 ± 2,7 3,1 ± 5,0 0,359

p= 0,011

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QUADRO 11. VARIÁVEIS CLÍNICAS, LABORATORIAIS E CLASSIFICAÇÃO IPSS CONFORME

EXPRESSÃO POSITIVA VERSUS NEGATIVA DA PROTEÍNA AURORA B

Variável

AURORA B

p Expressão

Negativa

(n = 27)

Expressão

Positiva

(n = 13)

Sexo Masculino 14 (51,9%) 6 (46,2%)

0,736 Feminino 13 (48,1%) 7 (53,8%)

Origem - Zona Rural 8 (30,8%) 7 (53,8%)

0,185 Urbana 18 (69,2%) 6 (46,2%)

Biópsia-celularidade

Normocelular 7 (26,9%) 2 (16,7%)

0,776 Hipocelular 7 (26,9%) 4 (33,3%)

Hipercelular 12 (46,2%) 6 (50,0%)

Cariótipo-complexidade Não complexo 16 (80,0%) 12 (92,3%)

0,625 Complexo 4 (20,0%) 1 (7,7%)

Cariótipo-normalidade Normal 10 (50,0%) 6 (46,2%)

0,829 Alterado 10 (50,0%) 7 (53,8%)

Citogenética - prognóstico

Favorável 9 (45,0%) 8 (61,5%)

0,638 Intermediário 6 (30,0%) 3 (23,1%)

Desfavorável 5 (25,0%) 2 (15,4%)

Citogenética - ploidia Euploidia 13(65,0%) 9 (69,2%)

0,801 Aneuploidia 7 (35,0%) 4 (30,8%)

Número de displasias

Uma 7 (28,0%) 2 (18,2%)

0,577 Duas 9 (36,0%) 3 (27,3%)

Três 9 (36,0%) 6 (54,5%)

Número de citopenias Zero ou uma 11 (40,7%) 6 (46,2%)

0,746 Duas ou três 16 (59,3%) 7 (53,8%)

7 (53,8%) Hemoglobina < 8,0 g/dL

Sim 8 (30,8%) 6 (46,2%) 0,482

Não 18 (69,2%) 7 (53,8%)

Neutrófilos < 800/mm3

Sim 5 (19,2%) 3 (23,1%) 0,779

Não 21 (80,8%) 10 (76,9%)

Plaquetas < 50.000/mm3

Sim 7 (26,9%) 5 (38,5%) 0,486

Não 19 (73,1%) 8 (61,5%)

Blastos < 5% Sim 23 (88,5%) 10 (83,3%)

0,643 Não 3 (11,5%) 2 (16,7%)

IPSS Baixo risco + INT1 15 (83,3%) 10 (83,3%)

1,000 INT2 + Alto risco 3 (16,7%) 2 (16,7%)

Dependência transfusional Não 17 (65,4%) 5 (38,5%)

0,172 Sim 9 (34,6%) 8 (61,5%)

Óbito Não 24 (88,9%) 6 (46,2%)

0,006 Sim 3 (11,1%) 7 (53,8%)

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0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Expressão Positiva Expressão Negativa

Óbito

Em tratamento

Os dois grupos (expressão positiva e negativa) apresentaram-se bastante semelhantes em todas

variáveis avaliadas, com exceção do parâmetro clínico de relacionado à evolução para óbito. De modo

geral, houve predomínio de pacientes (> 50%) com cariótipo não complexo e não aneuploide, citopenias

menos pronunciadas, < 5% de blastos e classificados como IPSS de baixo risco. No grupo de expressão

negativa, 28% (n = 7) apresentaram uma displasia isolada e 59,3% (n = 16), duas ou três citopenias.

Metade deles (10 pacientes) apresentou cariótipo alterado e 46,2%, medula óssea hipercelular (n = 12).

Dentre os pacientes com expressão positiva, 53,8% (7 pacientes) apresentaram duas ou três citopenias e

54,5% (6 pacientes), três displasias. A maioria (53,8%, n = 7) teve cariótipo alterado, 50% (n = 6)

apresentaram medula hipercelular e 61,5% (n = 8), tiveram dependência transfusional. Sete pacientes

(53,8%) pertencentes ao grupo com expressão positiva evoluíram para óbito no período do estudo,

enquanto que apenas três pacientes (11,1%) apresentaram essa evolução clínica no grupo com expressão

negativa, sendo essa diferença estatisticamente significante (p = 0,006, Qui-quadrado - Figura 15).

FIGURA 15. GRÁFICO EM BARRAS MOSTRANDO A EVOLUÇÃO DOS PACIENTES (ÓBITO OU

EM TRATAMENTO) NO GRUPO SMD CONFORME EXPRESSÃO POSITIVA OU NEGATIVA DA

PROTEÍNA AURORA B (p = 0,006).

4.2.1.4. AURORA A

Os resultados da análise comparativa entre pacientes com expressão positiva e negativa para a

proteína AURORA A encontram-se nos Quadros 12 e 13, assim como seus respectivos níveis de

significância. Entretanto, algumas considerações devem ser salientadas em relação à avaliação de sua

expressão. Houve dificuldades técnicas na sua padronização devido à presença de marcação fraca em

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todas as amostras, a despeito de otimizações no processamento. Com isso, optamos por considerar as

amostras que apresentaram apenas esse tipo de marcação, como amostras negativas. Além disso, a

marcação citoplasmática em megacariócitos esteve presente em mais de 95% das amostras, fato que nos

fez considerar tal marcação inespecífica, sendo, portanto, não contabilizada como expressão positiva.

Desse modo, para AURORA A, as amostras consideradas positivas foram aquelas nas quais houve

marcação moderada a forte das células, à exceção dos megacariócitos.

QUADRO 12. IDADE, GRAU DE CITOPENIAS E PORCENTAGEM DE BLASTOS, CONFORME

EXPRESSÃO POSITIVA VERSUS NEGATIVA DA PROTEÍNA AURORA A.

Característica

(média ± DP)

Expressão Proteica (AURORA A)

n = 34 p

Expressão Negativa (n = 22) Expressão Positiva (n = 12)

Idade (anos) 57,9 ± 21,4 61,4 ± 18,0 0,709

Grau de citopenias

Hb (g/dL)

Neutrófilos (nº/mm3)

Plaquetas (nº/mm3)

9,3 ± 3,4

2.242 ± 1.837

184.919 ± 188.432

8,3 ± 2,3

1.622 ± 1.644

108.866 ± 114.180

0,308

0,200

0,152

% de blastos 1,6 ± 2,2 3,1 ± 5,1 0,611

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QUADRO 13. VARIÁVEIS CLÍNICAS, LABORATORIAIS E CLASSIFICAÇÃO IPSS CONFORME

EXPRESSÃO POSITIVA VERSUS NEGATIVA DA PROTEÍNA AURORA A

Variável

AURORA A

p Expressão

Negativa

(n = 22)

Expressão

Positiva

(n = 12)

Sexo Masculino 10 (45,5%) 7 (58,3%)

0,721 Feminino 12 (54,5%) 5 (41,7%)

Origem - Zona Rural 9 (42,9%) 4 (33,3%)

0,719 Urbana 12 (57,1%) 8 (66,7%)

Biópsia-celularidade

Normocelular 4 (19,0%) 4 (36,4%)

0,467 Hipocelular 5 (23,8%) 3 (27,3%)

Hipercelular 12 (57,1%) 4 (36,4%)

Cariótipo-complexidade Não complexo 16 (100,0%) 7 (63,6%)

0,019 Complexo 0 4 (36,4%)

Cariótipo-normalidade Normal 11 (68,8%) 3 (27,3%)

0,034 Alterado 5 (31,3%) 8 (72,7%)

Citogenética - prognóstico

Favorável 9 (56,3%) 5 (45,5%)

0,125 Intermediário 6 (37,5%) 2 (18,2%)

Desfavorável 1 (6,3%) 4 (36,4%)

Citogenética - ploidia Euploidia 15 (93,8%) 3 (27,3%)

0,001 Aneuploidia 1 (6,3%) 8 (72,7%)

Número de displasias

Uma 5 (26,3%) 2 (18,2%)

0,804 Duas 5 (26,3%) 4 (36,4%)

Três 9 (47,4%) 5 (45,5%)

Número de citopenias Zero ou uma 9 (40,9%) 4 (33,3%)

0,727 Duas ou três 13 (53,1%) 8 (66,7%)

7 (53,8%) Hemoglobina < 8,0 g/dL

Sim 6 (28,7%) 7 (58,3%) 0,142

Não 15 (71,4%) 5 (47,7%)

Neutrófilos < 800/mm3

Sim 3 (14,3%) 4 (33,3%) 0,377

Não 18 (85,7%) 8 (66,7%)

Plaquetas < 50.000/mm3

Sim 5 (23,8%) 6 (50,0%) 0,149

Não 16 (76,2%) 6 (50,0%)

Blastos < 5% Sim 19 (90,5%) 8 (81,8%)

0,593 Não 2 (9,5%) 2 (18,2%)

IPSS Baixo risco + INT1 13 (92,9%) 8 (72,7%)

0,288 INT2 + Alto risco 1 (7,1%) 3 (27,3%)

Dependência transfusional Não 15 (71,4%) 4 (33,3%)

0,033 Sim 6 (28,6%) 8 (66,7%)

Óbito Não 18 (81,8%) 8 (66,7%)

0,410 Sim 4 (18,2%) 4 (33,3%)

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50

Não houve diferenças entre os grupos com expressão positiva e negativa em relação às variáveis

numéricas (idade, hemoglobina, neutrófilos, plaquetas e blastos). O grupo com expressão positiva

apresentou níveis hematimétricos discretamente mais baixos do que o grupo negativo, assim como maior

porcentagem de blastos.

O grupo com expressão negativa apresentou predomínio de medula óssea hipercelular, três

displasias, duas ou três citopenias, sendo essas menos graves na maioria dos pacientes desse grupo. Mais

de 90% dos casos apresentou menos de 5% de blastos e baixo risco pela classificação IPSS. Quatro

pacientes desse grupo evoluíram para óbito no período do estudo (18,2%) e 6 (28,6%) tinham

dependência transfusional. Em relação à citogenética, temos que 100% (n = 16) apresentaram cariótipo

não complexo, sendo 93,8% (n = 15) não aneuploide. Onze pacientes (68,8%) apresentaram cariótipo

normal e 9 (56,3%), citogenética favorável pelo IPSS.

O grupo com expressão positiva apresentou predomínio de três displasias e duas a três citopenias,

sendo que 7 pacientes (58,3%) apresentaram hemoglobina < 8g/dL, 4 (33,3%), neutrófilos < 800/mm3 e

6 pacientes (50%), plaquetas < 50.000/mm3. A maioria permaneceu viva, tinha risco baixo pelo IPSS,

< 5% de blastos e dependência transfusional. Apenas três pacientes (27,3%) apresentaram medula óssea

hipocelular. Houve predomínio de cariótipo alterado (8 pacientes, 72,7%), sendo a maioria desses não

complexo (63,6%, n = 7), porém aneuploide (8 pacientes, 72,7%). Quatro pacientes (36,4%) foram

classificados como citogenética desfavorável pelo IPSS.

Os grupos com expressão positiva e negativa apresentaram diferenças estatisticamente

significantes com relação à análise de citogenética. O grupo com expressão positiva apresentou maior

frequência de cariótipos complexos (p = 0,019, Qui-Quadrado - Figura 16) e de cariótipos alterados

(p = 0,034, Qui-Quadrado - Figura 17), assim como de aneuploidia (p = 0,001, Qui-Quadrado -

Figura 18), quando comparados com o grupo com expressão negativa. Além disso, a proporção de

pacientes com dependência transfusional foi significativamente maior no grupo com expressão positiva,

constituindo 66,7% dos casos (n = 8), enquanto que no grupo com expressão negativa foi de apenas

28,6% (n = 6), com p = 0,033 (Qui-quadrado - Figura 19).

A expressão positiva e negativa da proteína AURORA A por imunoistoquímica (nos pacientes

portadores de SMD) encontram-se demonstradas na figura 20.

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0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Expressão Positiva Expressão Negativa

Cariótipo Normal

Cariótipo Alterado

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Expressão Positiva Expressão Negativa

Cariótipo Não Compexo

Cariótipo Alterado

FIGURA 16. GRÁFICO EM BARRAS MOSTRANDO A PORCENTAGEM DE PACIENTES COM

CARIÓTIPO COMPLEXO E NÃO COMPLEXO NO GRUPO SMD CONFORME EXPRESSÃO

POSITIVA OU NEGATIVA DA PROTEÍNA AURORA A (p = 0,019).

FIGURA 17. GRÁFICO EM BARRAS MOSTRANDO A PORCENTAGEM DE PACIENTES COM

CARIÓTIPO NORMAL OU ALTERADO NO GRUPO SMD CONFORME EXPRESSÃO POSITIVA OU

NEGATIVA DA PROTEÍNA AURORA A (p = 0,034).

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52

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Expressão Positiva Expressão Negativa

Euploidia

Aneuploidia

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Expressão Positiva Expressão Negativa

Sim Não

Dependência

FIGURA 18. GRÁFICO EM BARRAS MOSTRANDO A PORCENTAGEM DE PACIENTES COM

EUPLOIDIA E ANEUPLOIDIA NO GRUPO SMD CONFORME EXPRESSÃO POSITIVA OU

NEGATIVA DA PROTEÍNA AURORA A (p = 0,001).

FIGURA 19. GRÁFICO EM BARRAS MOSTRANDO A PORCENTAGEM DE PACIENTES COM E

SEM DEPENDÊNCIA TRANSFUSIONAL NO GRUPO SMD CONFORME EXPRESSÃO POSITIVA OU

NEGATIVA DA PROTEÍNA AURORA A (p = 0,033).

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53

FIGURA 20 – IMUNOISTOQUÍMICA MOSTRANDO DIFERENTES GRAUS DE EXPRESSÃO

QUALITATIVA DA PROTEÍNA AURORA A EM BMO DE PACIENTES PORTADORES DE SMD

(400x). A) EXPRESSÃO NEGATIVA: setas mostram expressão citoplasmática inespecífica em

megacariócitos; B) EXPRESSÃO POSITIVA: setas indicam expressão citoplasmática mais evidente em

grupos de células mononucleares, compatível com expressão positiva.

A B

A B

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54

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Controle Grupo SMD

Expressão Positiva

Expressão Negativa

4.2.2. Expressão qualitativa no grupo SMD e no grupo Controle

Para cada uma das proteínas analisadas, observou-se frequência significativamente maior de

expressão positiva no grupo SMD em relação ao grupo controle (com exceção da proteína AURORA A,

a qual não mostrou resultados com significância estatística).

4.2.2.1. MAD2

Dos 40 pacientes analisados, trinta e cinco pacientes da amostra apresentaram marcação positiva

para a proteína MAD2 (87,5%), ao passo que cinco pacientes (50%) do grupo controle apresentaram

positividade para essa proteína (p = 0,018, Qui-quadrado - Figura 21).

FIGURA 21. GRÁFICO EM BARRAS MOSTRANDO A PORCENTAGEM DE CASOS DE EXPRESSÃO

POSITIVA E NEGATIVA DA PROTEÍNA MAD2 NOS GRUPOS SMD E CONTROLE (p = 0,018).

4.2.2.2. CDC20

Trinta e três pacientes da amostra (n = 40) apresentaram marcação positiva para a proteína

CDC20 (82,5%), ao passo que nenhum dos pacientes do grupo controle apresentou tal positividade

(p < 0,001, Qui-quadrado - Figura 22).

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0%

20%

40%

60%

80%

100%

Controle Grupo SMD

Expressão Positiva

Expressão Negativa

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Controle Grupo SMD

Expressão Positiva

Expressão Negativa

FIGURA 22. GRÁFICO EM BARRAS MOSTRANDO A PORCENTAGEM DE CASOS DE EXPRESSÃO

POSITIVA E NEGATIVA DA PROTEÍNA CDC20 NOS GRUPOS SMD E CONTROLE (p < 0,001).

4.2.2.3. AURORA B

Apenas treze pacientes da amostra (n = 40) apresentaram marcação positiva para a proteína

Aurora B (32,5%), ao passo que nenhum dos pacientes do grupo controle apresentou positividade para

essa proteína (p = 0,046, Qui-quadrado - Figura 23).

FIGURA 23. GRÁFICO EM BARRAS MOSTRANDO A PORCENTAGEM DE CASOS DE EXPRESSÃO

POSITIVA E NEGATIVA DA PROTEÍNA AURORA B NOS GRUPOS SMD E CONTROLE (p = 0,046).

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56

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Controle Grupo SMD

Expressão Positiva

Expressão Negativa

4.2.2.4. AURORA A

Apenas doze pacientes da amostra (n = 34) apresentaram marcação positiva para a proteína

Aurora A (35,3%), ao passo que apenas um paciente (14,3%) do grupo controle (n = 7) apresentou

positividade para essa proteína (p = 0,399, Qui-quadrado - Figura 24).

FIGURA 24. GRÁFICO EM BARRAS MOSTRANDO A PORCENTAGEM DE CASOS DE EXPRESSÃO

POSITIVA E NEGATIVA DA PROTEÍNA AURORA A NOS GRUPOS SMD E CONTROLE (p = 0,399).

4.2.3. Quantitativa - expressão em porcentagem de marcação

4.2.3.1 MAD2

Foi realizada análise comparativa entre a expressão da proteína MAD2 (nos casos positivos) e as

seguintes características clínico-laboratoriais: celularidade da medula óssea, número de displasias,

presença ou ausência de dependência transfusional, classificação pelo sistema IPSS baixo risco (baixo

risco + intermediário-1) e alto risco (intermediário-2 + alto risco), grau de citopenias, presença ou

ausência de cariótipo complexo, cariótipo normal ou alterado, cariótipo aneuploide ou não aneuploide,

número de citopenias, porcentagem de blastos acima e abaixo de 5% (na medula óssea) e evolução

clínica para óbito ou não.

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O Quadro 14 mostra os valores encontrados (expressos em porcentagem) da expressão da

proteína MAD2 (média ± DP) de acordo com os parâmetros avaliados e seus respectivos níveis de

significância.

A média de expressão proteica foi significativamente maior nos pacientes que apresentaram

plaquetopenia abaixo de 50.000/mm3 (p = 0,008, Mann-Whitney - Figura 25) e que evoluíram para óbito

(p = 0,002, Mann-Whitney - Figura 26) durante o período do estudo. Além disso, pacientes com duas a

três citopenias e três displasias apresentaram médias de expressão proteica aumentadas (33,3 ± 22,5% e

37,2 ± 26,7%, respectivamente) em comparação aos outros pacientes com menos citopenias

(22,9 ± 20,0%) e displasias (uma displasia - 17,6 ± 13,9%; duas displasias (19,9 ± 7,1%), com valores de

p marginalmente significantes (p = 0,095 e 0,094). Não houve diferenças significativas quanto aos níveis

de expressão proteica de MAD2 com relação aos outros parâmetros avaliados.

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QUADRO 14. EXPRESSÃO QUANTITATIVA EM % DA PROTEÍNA MAD2 CONFORME

CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-LABORATORIAIS

Característica Expressão Proteica (média ± DP)

n=35

p

Celularidade da MO Normocelular Hipocelular Hipercelular

0,596

25,6 ± 26,3 30,4 ± 19,8 26,6 ± 20,0

Número de displasias Uma Duas Três

0,094

17,6 ± 13,9 19,9 ± 7,1 37,2 ± 26,7

Dep. Transfusional Sim Não

0,138 33,4 ± 22,8 24,2 ± 20,8

IPSS Baixo Risco Alto Risco

0,803 28,9 ± 21,9 33,7 ± 30,5

Grau de citopenia

Hb < 8,0 g/dL Hb ≥ 8,0 g/dL 0,280

32,1 ± 20,7 26,4 ± 22,9

Neutrófilos < 800/mm3 Neutrófilos ≥800/mm

3

0,161 40,6 ± 26,7 26,0 ± 20,4

Plaquetas < 50.000/mm3 Plaquetas ≥ 50.000/mm

3

0,008 42,6 ± 22,8 22,7 ± 19,1

Cariótipo complexo Não Sim

0,388

28,6 ± 22,1 37,1 ± 27,7

Cariótipo normal Sim Não

0,402 26,5 ± 19,2 32,7 ± 25,4

Ploidia Euploidia Aneuploidia

0,282 28,5 ± 23,0 32,7 ± 23,2

Número de citopenias 0/1 2/3

0,095 22,9 ± 20,0 33,3 ± 22,5

% de blastos < 5 ≥ 5

0,869 27,3 ± 21,8 27,1 ± 16,8

Óbito Sim Não

0,002 46,9 ± 27,0 20,8 ± 13,8

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FIGURA 25. EXPRESSÃO QUANTITATIVA DA PROTEÍNA MAD2 (EM %) ENTRE OS PACIENTES

DO GRUPO SMD COM PLAQUETAS < OU ≥ 50.000/mm3 (p = 0,008).

FIGURA 26. EXPRESSÃO QUANTITATIVA DA PROTEÍNA MAD2 (EM %) ENTRE OS PACIENTES

DO GRUPO SMD QUE SE ENCONTRAM EM TRATAMENTO OU QUE EVOLUÍRAM PARA ÓBITO

(p = 0,002).

p = 0,008

p = 0,002

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60

4.2.3.2. CDC20

Foi realizada análise comparativa entre a expressão da proteína CDC20 (nos casos positivos) e as

seguintes características clínico-laboratoriais: celularidade da medula óssea, número de displasias,

presença ou ausência de dependência transfusional, classificação pelo sistema IPSS baixo risco (baixo

risco + intermediário-1) e alto risco (intermediário-2 + alto risco), grau de citopenias, presença ou

ausência de cariótipo complexo, cariótipo normal ou alterado, cariótipo aneuploide e não aneuploide,

número de citopenias, porcentagem de blastos acima e abaixo de 5% (na medula óssea) e evolução

clínica para óbito ou não.

O Quadro 15 mostra os valores encontrados (expressos em porcentagem) da expressão da

proteína CDC20 (média ± DP) de acordo com os parâmetros avaliados e seus respectivos níveis de

significância.

A média de expressão proteica (CDC20) foi significativamente maior nos pacientes que

apresentaram plaquetopenia abaixo de 50.000/mm3

(p = 0,017, Mann-Whitney - Figura 27), três

displasias em comparação a um ou duas displasias (p = 0,017, Kruskal-Wallis - Figura 28) e cariótipo

complexo (p = 0,030, Mann-Whitney - Figura 29). Os pacientes com número de neutrófilos abaixo de

800/mm3 apresentaram média de expressão proteica maior, em relação aos pacientes com contagens

acima de 800 células/mm3, o que foi compatível com tendência estatística (p = 0,050, Mann-Whitney -

Figura 30). Situação semelhante foi observada entre os pacientes com cariótipo euploide e aneuploidia

(p = 0,053, Mann-Whitney - Figura 31) e entre aqueles que permaneceram vivos ou evoluíram para óbito

(p= 0,078, Mann-Whitney).

Não houve diferenças significativas com relação à análise dos outros parâmetros estudados.

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61

QUADRO 15. EXPRESSÃO QUANTITATIVA EM % DA PROTEÍNA CDC20 CONFORME

CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-LABORATORIAIS

Característica Expressão Proteica em % (média ± DP)

n = 33

n=31

p

Celularidade da MO Normocelular Hipocelular Hipercelular

0,837 18,5 ± 15,6 16,1 ± 10,0 24,0 ± 23,0

Número de displasias Uma Duas Três

0,017 10,5 ± 5,7 12,8 ± 7,8 33,9 ± 24,1

Dep. transfusional Sim Não

0,433 26,6 ± 24,5 17,7 ± 12,9

IPSS Baixo Risco Alto Risco

0,625

19,8 ± 14,1 37,6 ± 36,6

Grau de citopenia

Hb < 8,0 g/dL Hb ≥ 8,0 g/dL 0,421

23,3 ± 16,9 20,4 ± 20,3

Neutrófilos < 800/mm3 Neutrófilos ≥ 800/mm

3

0,050 39,4 ± 29,6 17,5 ± 13,5

Plaquetas < 50.000/mm3 Plaquetas ≥ 50.000/mm

3

0,017 38,2 ± 26,2 16,1 ± 12,4

Cariótipo complexo Não Sim

0,030 18,4 ± 14,0 50,0 ± 30,2

Cariótipo normal Sim Não

0,301 17,2 ± 11,7 28,7 ± 24,7

Ploidia Euploidia Aneuploidia

0,053

17,5 ± 13,1 36,7 ± 27,4

Número de citopenias 0/1 2/3

0,564

17,4 ± 13,1 25,3 ± 22,9

% de blastos < 5 ≥ 5

0,279 19,1 ± 18,0 31,0 ± 21,2

Óbito Sim Não

0,078 39,4 ± 28,9 16,7 ± 12,1

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62

p = 0,017

p = 0,563

p = 0,011

p = 0,015

FIGURA 27. EXPRESSÃO QUANTITATIVA DA PROTEÍNA CDC20 (EM %) ENTRE OS PACIENTES

DO GRUPO SMD COM PLAQUETAS < OU ≥ 50.000/mm3 (p = 0,017).

FIGURA 28. EXPRESSÃO QUANTITATIVA DA PROTEÍNA CDC20 (EM %) NOS PACIENTES DO

GRUPO SMD CONFORME O NÚMERO DE DISPLASIAS (p = 0,017).

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63

p = 0,030

FIGURA 29. EXPRESSÃO QUANTITATIVA DA PROTEÍNA CDC20 (EM %) NOS PACIENTES DO

GRUPO SMD CONFORME PRESENÇA OU NÃO DE CARIÓTIPO COMPLEXO (p = 0,030).

FIGURA 30. EXPRESSÃO QUANTITATIVA DA PROTEÍNA CDC20 (EM %) NOS PACIENTES DO

GRUPO SMD COM CONTAGEM DE NEUTRÓFILOS < OU ≥ 800/mm3 (p = 0,050).

p = 0,050

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64

FIGURA 31. EXPRESSÃO QUANTITATIVA DA PROTEÍNA CDC20 (EM %) NOS PACIENTES DO

GRUPO SMD CONFORME PRESENÇA DE EUPLOIDIA OU ANEUPLOIDIA (p = 0,053).

p = 0,053

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65

4.2.3.3. AURORA B

Foi realizada análise comparativa entre a expressão da proteína AURORA B (nos casos

positivos) e as seguintes características clínico-laboratoriais: celularidade da medula óssea, número de

displasias, presença ou ausência de dependência transfusional, classificação pelo sistema IPSS baixo

risco (baixo risco + intermediário-1) e alto risco (intermediário-2 + alto risco), grau de citopenias,

presença ou ausência de cariótipo complexo, cariótipo normal ou alterado, cariótipo aneuploide e não

aneuploide, número de citopenias, porcentagem de blastos acima e abaixo de 5% (na medula óssea) e

evolução clínica para óbito ou não.

O Quadro 16 mostra os valores encontrados (expressos em porcentagem) da expressão da

proteína AURORA B (média ± DP) de acordo com os parâmetros avaliados e seus respectivos níveis de

significância.

Pacientes com cariótipo alterado apresentaram valores de expressão proteica significativamente

maiores, em relação aos pacientes com cariótipo normal (p=0,037, Mann-Whitney - Figura 32). Não

houve diferenças significativas à análise dos outros parâmetros estudados.

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66

QUADRO 16. EXPRESSÃO QUANTITATIVA EM % DA PROTEÍNA AURORA B CONFORME

CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-LABORATORIAIS

*apenas um paciente com cariótipo complexo

Característica Expressão Proteica (média ± DP)

n = 13

p

Celularidade da MO Normocelular Hipocelular Hipercelular

0,555 25,0 ± 21,2 13,1 ± 13,0 9,6 ± 4,9

Número de displasias Uma Duas Três

0,128 12,2 ± 13,0 5,6 ± 4,0 19,5 ± 11,8

Dep. transfusional Sim Não

0,417 13,0 ± 11,4 17,8 ± 14,0

IPSS Baixo Risco Alto Risco

0,417 14,9 ± 12,8 21,0 ± 8,4

Grau de citopenia

Hb < 8,0 g/dL Hb ≥ 8,0 g/dL 0,829

14,5 ± 12,5 15,2 ± 12,9

Neutrófilos < 800/mm3 Neutrófilos ≥800/mm

3

0,233 10,3 ± 14,4 16,2 ± 11,9

Plaquetas < 50.000/mm3 Plaquetas ≥ 50.000/mm

3

0,460 13,8 ± 14,9 15,5 ± 11,2

Cariótipo complexo Não Sim

0,281 13,8 ± 12,1 27,0*

Cariótipo normal Sim Não

0,037 7,5 ± 5,0 21,2 ± 13,2

Ploidia Euploidia Aneuploidia

0,697 13,4 ± 11,7 18,0 ± 14,4

Número de citopenias 0/1 2/3

0,517 16,5 ± 13,0 13,4 ± 12,3

% de blastos < 5 ≥ 5

0,158 11,8 ± 11,6 21,0 ± 8,4

Óbito Sim Não

0,313 18,8 ± 14,6 10,2 ± 7,3

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67

FIGURA 32. EXPRESSÃO QUANTITATIVA DA PROTEÍNA AURORA B (EM %) NOS PACIENTES

DO GRUPO SMD CONFORME PRESENÇA DE CITOGENÉTICA NORMAL OU ALTERADA

(p = 0,037).

p = 0,037

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68

4.2.4. Expressão Quantitativa – categorização em grupos conforme porcentagem de expressão

(< 10%, 10-49%, ≥ 50%)

A Tabela 5 mostra a distribuição, entre os pacientes com expressão positiva, em três diferentes

graus de expressão: < 10% (baixa), 10-49% (moderada) e ≥ 50% (alta). A maioria dos pacientes com

marcação positiva apresentou positividade moderada em relação às proteínas MAD2, CDC20 e

AURORA B (Figuras 33, 34 e 35, respectivamente). Não houve pacientes com marcação forte para a

proteína AURORA B. Não foi realizada a expressão por grupos nos casos dos pacientes com expressão

positiva para a proteína AURORA A, devido às dificuldades técnicas já citadas previamente.

Foi realizada análise comparativa entre a expressão das proteínas, classificada por grupos (baixa,

moderada ou alta), dentre os casos com marcação positivas, e os parâmetros demográficos (idade, sexo e

origem), clínicos (presença ou ausência de dependência transfusional, evolução para óbito ou não),

laboratoriais (número e grau de citopenias, número de displasias, porcentagem de blastos na medula

óssea, celularidade da medula óssea, citogenética) e classificação IPSS (risco alto e baixo risco). A

análise citogenética incluiu avaliação de normalidade, complexidade e ploidia, além da classificação

prognóstica pelo IPSS (bom, intermediário, ruim).

TABELA 5. EXPRESSÃO PROTEICA POR GRUPOS CONFORME GRAU DE EXPRESSÃO (BAIXA -

< 10%, MODERADA – 10-49% E ALTA - ≥ 50%)

Proteínas GRAU DE EXPRESSÃO

< 10% 10-49% ≥ 50%

MAD2 (n = 35) 4 (11,4%) 23 (65,7%) 8 (22,9%)

CDC20 (n = 33) 9 (27,3%) 20 (60,6%) 4 (12,1%)

Aurora B (n = 13) 4 (30,8%) 9 (69,2%) 0

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69

FIGURA 33. DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES COM EXPRESSÃO POSITIVA DE ACORDO COM O

GRAU DE EXPRESSÃO PARA A PROTEÍNA MAD2 (BAIXA, MODERADA OU ALTA).

FIGURA 34. DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES COM EXPRESSÃO POSITIVA DE ACORDO COM O

GRAU DE EXPRESSÃO PARA A PROTEÍNA CDC20 (BAIXA, MODERADA OU ALTA).

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70

FIGURA 35. DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES COM EXPRESSÃO POSITIVA DE ACORDO COM O

GRAU DE EXPRESSÃO PARA A PROTEÍNA AURORA B (BAIXA OU MODERADA).

4.2.4.1. MAD2 (expressão por grupos < 10%, 10-49%, ≥ 50%)

O Quadro 17 mostra a expressão por grupos do grau de marcação proteína MAD2 de acordo com

idade, grau de citopenias e porcentagem de blastos na medula óssea, com seus respectivos níveis de

significância. Apesar de não apresentar significância estatística, a média de porcentagem de blastos foi

maior no grupo com expressão proteica ≥ 50%, quando comparada com os grupos com expressão baixa

(<10%) e moderada (10-49%). Não houve diferenças entre os diferentes graus de expressão de MAD2

em relação à idade e grau de citopenias.

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71

QUADRO 17. EXPRESSÃO QUANTITATIVA DA PROTEÍNA MAD2 POR GRUPOS (< 10%, 10-49% E

≥ 50%) CONFORME IDADE, GRAU DE CITOPENIAS E PORCENTAGEM DE BLASTOS.

O Quadro 18 mostra a expressão por grupos do grau de marcação da proteína MAD2 conforme

outras variáveis demográficas, clínicas, laboratoriais e classificação IPSS, com seus respectivos níveis de

significância. Houve uma proporção significativamente maior de pacientes do grupo com alta expressão

proteica (62,5%, n = 5) com plaquetopenias mais graves (< 50.000/mm3), em comparação aos grupos

com expressão leve e moderada (p = 0,042, Qui-Quadrado, Figura 36). Observou-se que todos os

pacientes com baixa expressão proteica (100%, n = 4) tinham citopenias menos pronunciadas, cariótipo

não complexo, não aneuploide (n = 3), ausência de dependência transfusional e não faleceram no

período de avaliação do estudo (n = 4). Em relação ao grupo com expressão proteica moderada, a

maioria dos pacientes apresentou citopenias menos graves (59,1% com Hb ≥ 8g/dL, n = 13; 86,4% com

neutrófilos ≥ 800/mm3, n = 19 e 77,3% com plaquetas ≥ 50.000/mm

3, n = 17), cariótipo não complexo

(84,2%, n = 16) e baixo risco pela classificação IPSS (88,2%, n = 15). Dentre o grupo com alta

expressão proteica, a maioria tinha idade abaixo de 60 anos (75%, n = 6), duas ou mais citopenias no

sangue periférico (75%, n = 6), três displasias na medula óssea (83,3%, n = 5) e cariótipo alterado

(62,5%, n = 5). Mais da metade dos pacientes com alta expressão proteica (62,5%, n = 5) evoluiu para

óbito durante o período do estudo, diferentemente dos grupos de baixa expressão (nenhum paciente) e de

moderada expressão (n = 5, 21,7%), com valor de p = 0,036, Qui-quadrado - Figura 37).

Característica

(média ± DP)

Grau de Expressão Proteica (MAD2)

n = 35 p

< 10% 10-49% ≥ 50%

Idade (anos) 68,5 ± 17,7 59,6 ± 20,9 43,1 ± 18,3 0,121

Grau de citopenias

Hb (g/dL)

Neutrófilos (nº/mm3)

Plaquetas (nº/mm3)

11,1 ± 2,7

2.404 ± 1.446

143.050 ± 97.741

9,1 ± 2,9

2.407 ± 1.904

206.690 ± 183.610

8,3 ± 3,5

1.137 ± 1.076

76.587 ± 80.635

0,313

0,175

0,130

% de blastos 0,12 ± 0,25 1,8 ± 3,3 3,8 ± 5,5 0,098

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QUADRO 18. CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS, CLÍNICAS, LABORATORIAIS E

CLASSIFICAÇÃO IPSS CONFORME GRAU DE EXPRESSÃO DA PROTEÍNA MAD2

(<10%, 10-49% OU ≥ 50%)

Variável

Grau de Expressão Proteica (MAD2)

p

< 10% 10-49% ≥ 50%

Sexo

Feminino 2 (50,0%) 11 (47,8%) 5 (62,5%) 0,773

Masculino 2 (50,0%) 12 (52,2%) 3 (37,5%)

Idade

≤ 60 anos 1 (25%) 11 (47,8%) 6 (75,0%) 0,221

> 60 anos 3 (75%) 12 (52,2%) 2 (25,0%)

Origem

Rural 1 (25,0%) 8 (36,4%) 4 (50,0%) 0,671

Urbana 3 (75,0%) 14 (63,6%) 4 (50,0%)

Celularidade MO

Normocelular 1 (25,0%) 6 (27,3%) 1 (14,3%) 0,764 Hipocelular 1 (25,0%) 4 (18,2%) 3 (42,9%)

Hipercelular 2 (66,7%) 12 (54,5%) 3 (42,9%)

Citopenias

0/1 2 (50,0%) 13 (56,5%) 2 (25,0%) 0,307

2/3 2 (50,0%)

10 (43,5%)

6 (75,0%)

Hb

< 8,0 g/dL 0 9 (40,9%) 4 (50,0%) 0,222

≥ 8,0 g/dL 4 (100,0%) 13 (59,1%) 4 (50,0%)

Neutrófilos < 800/mm

3 0

3 (13,6%)

3 (37,5%)

0,195

≥ 800/mm3 4 (100,0%) 19 (86,4%) 5 (62,5%)

Plaquetas

< 50.000/mm3 0 5 (22,7%) 5 (62,5%) 0,042

≥ 50.000/mm3 4 (100,0%) 17 (77,3%) 3 (37,5%)

Displasias

0/1 2 (50,0%) 5 (23,8%) 1 (16,7%) 0,138

2 1 (25,0%) 9 (42,9%) 0

3 1 (25,0%) 7 (33,3%) 5 (83,3%)

Cariótipo - IPSS

Favorável 2 (66,7%) 9 (47,4%) 4 (50,0%) 0,461

Intermediário

0 7 (36,8%) 1 (12,5%)

Desfavorável 1 (33,3%) 3 (15,8%) 3 (37,5%)

Cariótipo Normal 2 (66,7%) 8 (42,1%) 3 (37,5%) 0,674

Alterado 1 (33,3%) 11 (57,9%) 5 (62,5%)

Ploidia Euploidia 3 (100%) 11 (57,9%) 5 (62,5%) 0,371

Aneuploidia 0 8 (42,1%) 3 (37,5%)

Cariótipo -

complexidade

Complexo 0 3 (15,8%) 2 (25,0%) 0,603

Não complexo 3 (100,0%) 16 (84,2%) 6 (75,0%)

IPSS Risco

Baixo + Int-1 2 (66,7%) 15 (88,2%) 5 (71,4%) 0,492

Int-2 + Alto 1 (33,3%) 2 (11,8%) 2 (28,6%)

Dependência

transfusional

Sim 0 11 (50,0%) 5 (62,5%) 0,111

Não 4 (100,0%) 11 (50,0%) 3 (37,5%)

Óbito Não 4 (100,0%) 18 (78,3%) 5 (37,5%) 0,036

Sim 0 5 (21,7%) 5 (62,5%)

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73

0%

20%

40%

60%

80%

100%

< 10% 10-49% ≥ 50%

Plaquetas < 50.000/mm3

Plaquetas ≥ 50.000/mm3

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

< 10% 10-49% ≥ 50%

Óbito

Em tratamento

FIGURA 36. PORCENTAGEM DE CASOS COM PLAQUETAS < 50.000/mm3 OU ≥ 50.000/mm

3 NO

GRUPO SMD CONFORME O GRAU DE EXPRESSÃO DA PROTEÍNA MAD2 (<10%, 10-49%

E ≥ 50%) (p = 0,042). Observou-se proporção significativamente maior de pacientes com plaquetas

< 50.000/mm3 no grupo de expressão alta (>50%) em comparação ao grupo de expressão baixa (<10%) e

moderada (10-49%) de MAD2 (p < 0,05).

FIGURA 37. PORCENTAGEM DE CASOS QUE EVOLUÍRAM PARA ÓBITO OU QUE SE

ENCONTRAM EM TRATAMENTO NO GRUPO SMD CONFORME O GRAU DE EXPRESSÃO DA

PROTEÍNA MAD2 (<10%, 10-49% E ≥ 50%) (p = 0,036).

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74

A Figura 38 mostra os diferentes graus de expressão da proteína MAD2 à microscopia óptica

(aumento de 400x).

FIGURA 38. IMUNOISTOQUÍMICA MOSTRANDO DIFERENTES GRAUS DE EXPRESSÃO DA

PROTEÍNA MAD2 EM BMO DE PACIENTES PORTADORES DE SMD (400x). A) EXPRESSÃO

NEGATIVA: setas mostram grupo de células mononucleares sem marcação citoplasmática;

B) EXPRESSÃO FRACA (< 10%): as setas vermelhas representam um megacariócito sem expressão e

outro com expressão positiva, enquanto a seta preta aponta para um neutrófilo com expressão proteica

positiva; C) EXPRESSÃO MODERADA (10-49%): setas indicam células com expressão citoplasmática;

D) EXPRESSÃO FORTE (≥ 50%): maioria das células apresenta expressão proteica, com seta destacando

megacariócito com expressão positiva.

A B

C D

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75

4.2.4.2. CDC20 (expressão por grupos < 10%, 10-49%, ≥ 50%)

O Quadro 19 mostra a média com respectivo desvio-padrão (idade, grau de citopenias e

porcentagem de blastos na medula óssea), com seus respectivos níveis de significância. Pacientes com

baixa expressão proteica apresentaram média de idade significativamente maior em comparação aos

pacientes dos grupos com expressão proteica moderada e alta (p = 0,042, Kruskal-Wallis - Figura 39).

Pacientes com alta expressão proteica apresentaram médias de contagem de blastos (em %)

consideravelmente mais elevadas quando comparados com os pacientes dos grupos de baixa e moderada

expressão proteica, porém sem significância estatística (p = 0,067).

QUADRO 19. EXPRESSÃO QUANTITATIVA DA PROTEÍNA CDC20 POR GRUPOS (< 10%, 10-49% E

≥ 50%) CONFORME IDADE, GRAU DE CITOPENIAS E PORCENTAGEM DE BLASTOS.

Característica

(média ± DP)

Grau de Expressão Proteica (CDC20)

n = 33 p

< 10% 10-49% ≥50%

Idade (anos) 72,8 ± 14,7 51,2 ± 21,6 50,5 ± 19,8 0,042

Grau de citopenias

Hb (g/dL)

Neutrófilos (nº/mm3)

Plaquetas (nº/mm3)

9,2 ± 3,2

1.781 ± 1.324

171.400 ± 110.022

9,0 ± 3,1

2.380 ± 1.957

190.465 ± 189.493

9,2 ± 2,7

1.129 ± 1.360

83.250 ± 108.834

0,996

0,210

0,311

% de blastos 1,8 ± 3,5 1,8 ± 3,6 5,6 ± 3,7 0,067

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76

FIGURA 39. IDADE NO MOMENTO DO DIAGNÓSTICO NOS PACIENTES DO GRUPO SMD

CONFORME O GRAU DE EXPRESSÃO DA PROTEÍNA CDC20 (p = 0,042).

O Quadro 20 mostra a associação entre os diferentes graus de expressão de CDC20 (< 10%,

10-49% e ≥ 50%) conforme outras variáveis categóricas. Pacientes com expressão baixa ou moderada

apresentaram mais frequentemente citopenias menos pronunciadas, maior frequência de cariótipos não

aneuploides e foram classificados como baixo risco pelo IPSS.

No grupo de alta expressão, cem por cento dos pacientes apresentaram três displasias (n = 3) e

cariótipo alterado (n = 4). A maioria dos pacientes (75%) deste grupo possuía duas a três citopenias,

cariótipo aneuploide e dependência transfusional (n = 3). Esse mesmo grupo de pacientes apresentou, de

forma estatisticamente significante, maior frequência de plaquetopenias mais graves (< 50.000/mm3),

assim como maior frequência de evolução para óbito, em relação aos grupos de baixa e moderada

expressão (p= 0,036 e p= 0,015, respectivamente - Qui-Quadrado), conforme demonstrado nas figuras 40

e 41.

p = 0,045

p = 0,02 p = 0,97

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77

A maioria dos pacientes do grupo de baixa expressão (77,8%) foi constituída por

pacientes > 60 anos (n = 7), enquanto que, no grupo de expressão moderada, 70% desses (n = 14) tinham

idade ≤ 60 anos (p = 0,056, Qui-Quadrado – Figura 42).

Metade dos pacientes com alta expressão (n = 2) apresentou cariótipo complexo, diferentemente

do observado nos grupos de leve e moderada expressão, em que se observou predomínio de cariótipo não

complexo (100%, n = 7 e 88,2%, n = 15, respectivamente), obtendo-se p = 0,066 (Qui-Quadrado - Figura

43). Pacientes com alta expressão proteica apresentaram mais frequentemente cariótipo alterado (100%,

n = 4) e aneuploide (75%, n = 3), não se observando, no entanto, diferenças estatisticamente significantes

com relação aos grupos de leve e moderada expressão (p = 0,097 e 0,077, respectivamente).

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78

QUADRO 20. CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS, CLÍNICAS, LABORATORIAIS E

CLASSIFICAÇÃO IPSS CONFORME GRAU DE EXPRESSÃO DA PROTEÍNA CDC20 (<10%, 10-49%

e ≥ 50%)

Variável

Grau de Expressão Proteica (CDC20)

p

< 10% 10-49% ≥50%

Sexo

Feminino 5 (55,6%) 12 (60,0%) 1 (25,0%) 0,438

Masculino 4 (44,4%) 8 (40,0%) 3 (75,0%)

Idade

≤ 60 anos 2 (22,2%) 14 (70,0%) 2 (50,0%) 0,056

> 60 anos 7 (77,8%) 6 (30,0%) 2 (50,0%)

Origem

Rural 4 (44,4%) 8 (40,0%) 1 (25,0%) 0,800

Urbana 5 (55,6%) 12 (60,0%) 3 (75,0%)

Celularidade MO

Normocelular 2 (22,2%) 4 (20,0%) 1 (33,3%) 0,768

Hipocelular 2 (22,2%) 7 (35,0%) 0

Hipercelular 5 (55,6%) 9 (45,0%) 2 (66,7%)

Citopenias

0/1 4 (44,4%) 11 (55,0%) 1 (25,0%) 0,527

2/3 5 (55,6%)

9 (45,0%)

3 (75,0%)

Hb

< 8,0 g/dL 3 (33,3%) 7 (35,0%) 2 (50,0%) 0,830

≥ 8,0 g/dL 6 (66,7%) 13 (65,0%) 2 (50,0%)

Neutrófilos < 800/mm

3 1 (11,1%)

3 (15,0%)

2 (50,0%)

0,206

≥ 800/mm3 8 (88,9%) 17 (85,0%) 2 (50,0%)

Plaquetas

< 50.000/mm3 1 (11,1%) 4 (20,0%) 3 (75,0%) 0,036

≥ 50.000/mm3 8 (88,9%) 16 (80,0%) 1 (25,0%)

Displasias

0/1 3 (33,3%) 5 (27,8%) 0 0,222 2 4 (44,4%) 6 (33,3%) 0

3 2 (22,2%) 7 (38,9%) 3 (100,0%)

Cariótipo - IPSS

Favorável 6 (85,7%) 8 (47,1%) 1 (25,0%) 0,173 Intermediário 0 6 (35,3%) 1 (25,0%)

Desfavorável 1 (14,3%) 3 (17,6%) 2 (50,0%)

Cariótipo Normal 4 (57,1%) 10 (58,8%) 0 0,097

Alterado 3 (42,9%) 7 (41,2%) 4 (100,0%)

Ploidia Euploidia 6 (85,7%) 13 (76,5%) 1 (25,0%) 0,077

Aneuploidia 1 (14,3%) 4 (23,5%) 3 (75,0%)

Cariótipo -

complexidade

Complexo 0 2 (11,8%) 2 (50,0%) 0,066

Não complexo 7 (100,0%) 15 (88,2%) 2 (50,0%)

IPSS Risco

Baixo + Int-1 5 (71,4%) 14 (93,3%) 2 (50,0%) 0,113

Int-2 + Alto 2 (28,6%) 1 (6,7%) 2 (50,0%)

Dependência

transfusional

Sim 4 (44,4%) 7 (35,0%) 3 (75,0%) 0,332

Não 5 (55,6%) 13 (65,0%) 1 (25,0%)

Óbito Não 7 (77,8%) 18 (90,0%) 1 (25,0%) 0,015

Sim 2 (22,2%) 2 (10,0%) 3 (75,0%)

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79

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

< 10% 10-49% ≥ 50%

Plaquetas < 50.000/mm3

Plaquetas ≥ 50.000/mm3

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

< 10% 10-49% ≥ 50%

Óbito

Em tratamento

FIGURA 40. PORCENTAGEM DE CASOS COM PLAQUETAS < 50.000/mm3 OU ≥ 50.000/mm

3 NO

GRUPO SMD CONFORME O GRAU DE EXPRESSÃO DA PROTEÍNA CDC20 (<10%, 10-49%

E ≥ 50%) (p = 0,036). Observou-se proporção significativamente maior de pacientes com plaquetas

< 50.000/mm3 no grupo de expressão alta (> 50%) em comparação ao grupo de expressão baixa (< 10%) e

moderada (10-49%) de CDC20 (p < 0,05).

FIGURA 41. PORCENTAGEM DE CASOS QUE EVOLUÍRAM PARA ÓBITO OU QUE SE

ENCONTRAM EM TRATAMENTO NO GRUPO SMD CONFORME O GRAU DE EXPRESSÃO DA

PROTEÍNA CDC20 (<10%, 10-49% E ≥ 50%) (p = 0,015).

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80

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

< 10% 10-49% ≥ 50%

Cariótipo Não Complexo

Cariótipo Complexo

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

< 10% 10-49% ≥ 50%

Idade ≤ 60 anos

Idade > 60 anos

FIGURA 42. PORCENTAGEM DE CASOS COM IDADE ≤ 60 ANOS OU > 60 ANOS NO GRUPO SMD

CONFORME O GRAU DE EXPRESSÃO DA PROTEÍNA CDC20 (<10%, 10-49% E ≥ 50%) (p = 0,056).

FIGURA 43. PORCENTAGEM DE CASOS COM CARIÓTIPO COMPLEXO OU NÃO COMPLEXO NO

GRUPO SMD CONFORME O GRAU DE EXPRESSÃO DA PROTEÍNA CDC20 (<10%, 10-49%

E ≥ 50%) (p = 0,066).

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A Figura 44 mostra os diferentes graus de expressão da proteína CDC20 à microscopia óptica

(aumento de 400x).

FIGURA 44. IMUNOISTOQUÍMICA MOSTRANDO DIFERENTES GRAUS DE EXPRESSÃO DA

PROTEÍNA CDC20 EM BMO DE PACIENTES PORTADORES DE SMD (400x). A) EXPRESSÃO

NEGATIVA; B) EXPRESSÃO FRACA (< 10%): seta indicando duas células com expressão nuclear;

C) EXPRESSÃO MODERADA (10-49%): seta destacando megacariócito com expressão nuclear;

D) EXPRESSÃO FORTE (≥ 50%): setas mostram dois megacariócitos sem expressão em meio a células

com expressão proteica positiva.

B

D

C

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82

4.2.4.3. AURORA B (expressão por grupos < 10%, 10-49%)

O Quadro 21 sumariza as médias com respectivos desvios-padrão de variáveis clínicas de acordo

com diferentes graus de marcação da proteína AURORA B, não sendo observadas diferenças

estatisticamente significantes.

QUADRO 21. EXPRESSÃO QUANTITATIVA DA PROTEÍNA AURORA B POR GRUPOS

(< 10% E 10-49%) CONFORME IDADE, GRAU DE CITOPENIAS E PORCENTAGEM DE BLASTOS.

Característica

(média ± DP)

Grau de Expressão Proteica (AURORA B)

n = 13 p

< 10% 10-49%

Idade (anos) 54,0 ± 28,4 59,7 ± 24,6 0,604

Grau de citopenias

Hb (g/dL)

Neutrófilos (nº/mm3)

Plaquetas (nº/mm3)

7,4 ± 3,4

1866 ± 1949

72.350 ± 106.723

8,8 ± 2,5

2312 ± 1849

198.811 ± 196.143

0,710

0,503

0,260

% de blastos 0,7 ± 0,9 4,3 ± 5,9 0,283

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O Quadro 22 mostra a associação entre os diferentes graus de marcação da AURORA B

(< 10% e 10-49%) e diversas variáveis categóricas clinicamente relevantes. Setenta e cinco por cento dos

pacientes com baixa expressão (n = 3) apresentaram cariótipo normal e não aneuploide, observando-se,

em todos esses pacientes, cariótipo não complexo (n = 4), sendo 75% (n = 3) classificados como

citogenética favorável pelo IPSS. Ainda neste grupo, 66,7% (n= 2) apresentaram duas displasias e 75%

(n = 3) apresentaram duas a três citopenias e a mesma proporção (75%) apresentou dependência

transfusional (n = 3) e plaquetopenias mais pronunciadas (< 50.000/mm3) (n = 3). Além disso, todos os

pacientes desse grupo (n = 3) foram de baixo risco pelo IPSS. No grupo com expressão moderada, a

maioria dos pacientes teve cariótipo não complexo (88,9%, n = 8), citopenias menos graves (em relação

à contagem de neutrófilos e plaquetas, 88,9%, n = 8 e 77,8%, n =7), sendo classificados como de baixo

risco pelo IPSS (77,8%, n = 7). Seis pacientes (75%) apresentaram três displasias, sendo que no grupo de

expressão baixa, nenhum paciente apresentou tal característica. Esta última característica associou-se a

um valor de p= 0,077.

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QUADRO 22. CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS, CLÍNICAS, LABORATORIAIS E

CLASSIFICAÇÃO IPSS CONFORME GRAU DE EXPRESSÃO DA PROTEÍNA AURORA B

(<10% E 10-49%)

Variável

Grau de Expressão Proteica (AURORA B)

(AURORA B)

p

< 10% 10-49%

Sexo

Feminino 3 (75,0%) 4 (44,4%) 0,559

Masculino 1 (25,0%) 5 (55,6%)

Idade

≤ 60 anos 2 (50,0%) 4 (44,4%) 0,853

> 60 anos 2 (50,0%) 5 (55,6%)

Origem

Rural 2 (50,0%) 5 (55,6%) 0,853

Urbana 2 (50,0%) 4 (44,4%)

Celularidade MO

Normocelular 0 2 (25,0%) 0,472

Hipocelular 2 (50,0%) 2 (25,0%)

Hipercelular 2 (50,0%) 4 (50,0%)

Citopenias

0/1 1 (25,0%) 5 (55,6%) 0,343

2/3 3 (75,0%)

4 (44,4%)

Hb

< 8,0 g/dL 2 (40,0%) 4 (44,4%) 0,657

≥ 8,0 g/dL 2 (50,0%) 5 (55,6%)

Neutrófilos < 800/mm

3 2 (50,0%)

1 (11,1%)

0,203

≥ 800/mm3 2 (50,0%) 8 (88,9%)

Plaquetas

< 50.000/mm3 3 (75,0%) 2 (22,2%) 0,119

≥ 50.000/mm3 1 (25,0%) 7 (77,8%)

Displasias

0/1 1 (33,3%) 1 (12,5%) 0,077

2 2 (66,7%) 1 (12,5%)

3 0 6 (75,0%)

Cariótipo – IPSS

Favorável 3 (75,0%) 5 (55,6%) 0,586

Intermediário 1 (25,0%) 2 (22,2%)

Desfavorável ZERO 2 (22,2%)

Cariótipo Normal 3 (75,0%) 3 (33,3%) 0,217

Alterado 1 (25,0%) 6 (66,7%)

Ploidia Euploidia 3 (75,0%) 6 (66,7%) 0,646

Aneuploidia 1 (25,0%) 3 (33,3%)

Cariótipo -

complexidade

Complexo 0 1 (11,1%) 0,692

Não complexo 4 (100,0%) 8 (88,9%)

IPSS Risco

Baixo + Int-1 3 (100%) 7 (77,8%) 0,545

Int-2 + Alto 0 2 (22,2%)

Dependência

transfusional

Sim 3 (75,0%) 5 (55,6%) 0,506

Não 1 (25,0%) 4 (44,4%)

Óbito Não 2 (50,0%) 4 (44,4%) 0,853

Sim 2 (50,0%) 5 (55,6%)

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A Figura 45 mostra diferentes graus de expressão da proteína AURORA B à microscopia óptica

(aumento de 400x).

FIGURA 45. IMUNOISTOQUÍMICA MOSTRANDO DIFERENTES GRAUS DE EXPRESSÃO DA

PROTEÍNA AURORA B EM BMO DE PACIENTES PORTADORES DE SMD (400x). A) EXPRESSÃO

NEGATIVA; B) EXPRESSÃO FRACA (< 10%): a seta menor mostra uma célula com expressão nuclear em

meio a várias células com expressão negativa, enquanto a seta maior representa um megacariócito com

expressão negativa; C) EXPRESSÃO MODERADA (10-49%).

A

B

C

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4.3. Análise de sobrevida

A sobrevida média dos pacientes foi de 38,9 ± 20,4 (2 – 69) meses. Dez pacientes faleceram

durante o tempo do estudo.

4.3.1. MAD2

Em relação à análise qualitativa, nenhum paciente com expressão negativa de MAD2, evoluiu para

óbito durante o estudo, o que nos impossibilitou uma avaliação comparativa entre os grupos com

expressão positiva versus negativa versus óbito.

Dentre os pacientes com expressão positiva, aqueles com alta expressão de MAD2 - ≥ 50% (n = 8; 5

óbitos) apresentaram sobrevida significativamente menor do que os pacientes com expressão < 50% (n =

27; 5 óbitos), p= 0,002 - Figura 46A). Ao analisarmos a sobrevida média dos pacientes com expressão

negativa ou < 50% (n = 32; 5 óbitos) versus os pacientes com expressão ≥ 50% (n = 8; 5 óbitos),

observamos diferenças estatisticamente significantes, p < 0,001 (Figura 47A).

O Quadro 23 mostra os resultados da análise da sobrevida dos pacientes portadores de SMD, em

relação à expressão de MAD2.

QUADRO 23. ANÁLISE DO TEMPO DE SOBREVIDA DOS PACIENTES PORTADORES DE

SMD DE ACORDO COM A EXPRESSÃO DE MAD2

Expressão Óbito (n) Sobrevida (meses) – IC 95% p

Análise qualitativa

Negativa (n= 5) ZERO * N/D

Positiva (n= 35) 10 *

Análise por grupos

< 50% (n= 27) 5 59,4 ± 4,0* 0,002

≥ 50% (n= 8) 5 28,3 ± 7,8*

Análise por grupos (com inclusão do grupo com expressão negativa)

Expressão negativa e/ou

< 50% (n = 32) 5

60,8 ± 3,5**

< 0,001

≥ 50% (n = 8) 5 28,3 ± 7,8**

* Análise não realizada pelo fato de todos os óbitos terem ocorrido no grupo de expressão positiva; **

Resultados expressos em média ± erro padrão da média; N/D: não disponível;

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4.3.2. CDC20

Em relação à análise qualitativa de CDC20, dentre os dez pacientes que evoluíram para óbito

durante o período do estudo, sete apresentaram expressão positiva desta proteína (n= 33) e três, expressão

negativa (n= 7). Não houve diferenças significativas em relação à sobrevida na análise comparativa entre

esses dois grupos (Quadro 24, p= 0,313).

Dentre os pacientes com expressão positiva desta proteína (n= 33), quatro falecerem no grupo com

expressão < 50% (n = 29) e três pacientes faleceram no grupo com expressão ≥ 50% (n= 4), observando-se

significância estatística). (Quadro 24 - p= 0,005 – Figura 46B). Ao analisarmos a sobrevida média dos

pacientes com expressão negativa ou < 50% (n = 36; 7 óbitos) versus os pacientes com expressão ≥ 50%

(n = 4; 3 óbitos), também observamos diferenças novamente estatisticamente significantes, p = 0,013

(Figura 47B).

O Quadro 24 mostra os resultados da análise da sobrevida dos pacientes portadores de SMD, em

relação à expressão de CDC20.

QUADRO 24. ANÁLISE DO TEMPO DE SOBREVIDA DOS PACIENTES PORTADORES DE

SMD DE ACORDO COM A EXPRESSÃO DE CDC20

Expressão Óbito (n) Sobrevida (meses) – IC 95% p

Análise qualitativa

Negativa (n= 7) 3 47,9 ± 9,4* 0,313

Positiva (n= 33) 7 56,7 ± 4,1*

Análise por grupos

< 50% (n= 29) 4 60,8 ± 3,8* 0,005

≥ 50% (n= 4) 3 31,2 ± 11,5*

Análise por grupos (com inclusão do grupo com expressão negativa)

Expressão negativa e/ou

< 50% (n = 36) 7 58,1 ± 3,7*

0,013

≥ 50% (n = 4) 3 31,2 ± 11,5*

* Resultados expressos em média ± erro padrão da média

4.2.4. AURORA B

A avaliação da sobrevida dos pacientes em relação à análise qualitativa de AURORA B mostrou que

três pacientes com expressão negativa (n= 27) evoluíram para óbito; no grupo com expressão positiva (n=

13), sete faleceram no período do estudo, obtendo-se p = 0,001 (Quadro 25).

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Na análise por grupos (<10% versus ≥ 10%), temos que dois pacientes (n= 4) do grupo com

expressão < 10% falecerem durante o estudo, enquanto no grupo com expressão ≥ 10% (n = 9), cinco

evoluíram para óbito, o que não alcançou significância estatística, p= 0,666 (Quadro 25, Figura 46C). Ao

analisarmos a sobrevida média dos pacientes com expressão negativa ou < 10% (n = 31; 5 óbitos) versus

os pacientes com expressão ≥ 10% (n = 9; 5 óbitos), observamos diferenças estatisticamente significantes,

p = 0,002 (Quadro 25, Figura 47C).

O Quadro 25 mostra os resultados da análise da sobrevida dos pacientes portadores de SMD, em

relação à expressão de AURORA B.

QUADRO 25. ANÁLISE DO TEMPO DE SOBREVIDA DOS PACIENTES PORTADORES DE

SMD DE ACORDO COM A EXPRESSÃO DE AURORA B

Expressão Óbito (n) Sobrevida (meses) – IC 95% p

Análise qualitativa

Negativa (n = 27) 3 62,9 ± 3,4* 0,001

Positiva (n = 13) 7 34,3 ± 6,4*

Análise por grupos

< 10% (n = 4) 2 41,7 ± 6,4* 0,666

≥ 10% (n = 9) 5 31,0 ± 8,0*

Análise por grupos (com inclusão do grupo com expressão negativa)

Expressão negativa e/ou <

10% (n = 31) 5 60,7 ± 3,5*

0,002

≥ 10% (n = 9) 5 31,0 ± 8,0*

* Resultados expressos em média ± erro padrão da média

4.2.5. AURORA A

A análise da sobrevida em relação à proteína AURORA A (apenas análise qualitativa) encontra-se

descrita no Quadro 26. Não encontramos diferenças significantes em relação ao tempo de sobrevida

comparando-se os pacientes com expressão positiva (n = 12) versus expressão negativa (n = 22). Quatro

pacientes faleceram em ambos os grupos, p = 0,254.

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QUADRO 26. ANÁLISE DO TEMPO DE SOBREVIDA DOS PACIENTES PORTADORES DE

SMD DE ACORDO COM A EXPRESSÃO DE AURORA A

Expressão Óbito (n) Sobrevida (meses) – IC 95% p

Análise qualitativa

Negativa (n= 22) 4 59,0 ± 4,4* 0,254

Positiva (n= 12) 4 49,1 ± 8,1*

* Resultados expressos em média ± erro padrão da média

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FIGURA 46. SOBREVIDA GLOBAL DE ACORDO COM A ANÁLISE QUALITATIVA:

A) MAD2; B) CDC20; C) AURORA A; D) AURORA B. LEGENDA: LINHA AZUL –

EXPRESSÃO NEGATIVA; LINHA VERDE – EXPRESSÃO POSITIVA.

A

B

C

D

p = 0,313

p = 0,209

p = 0,254

p = 0,001

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FIGURA 47. SOBREVIDA GLOBAL DE ACORDO COM A ANÁLISE QUANTITATIVA

(ENTRE OS PACIENTES COM EXPRESSÃO POSITIVA): A) MAD2 – EXPRESSÃO < 50%

VERSUS ≥ 50%; B) CDC20 - EXPRESSÃO < 50% VERSUS ≥ 50%; C) AURORA B -

EXPRESSÃO < 10% VERSUS ≥ 10%. LEGENDA: LINHA AZUL – EXPRESSÃO < 50%

OU < 10%; LINHA VERDE – EXPRESSÃO ≥ 50% OU ≥ 10%.

FIGURA 48. SOBREVIDA GLOBAL DE ACORDO COM DIFERENTES GRAUS DE

EXPRESSÃO PROTEICA: A) MAD2 - EXPRESSÃO NEGATIVA E/OU < 50% VERSUS ≥ 50%;

B) CDC20 - EXPRESSÃO NEGATIVA E/OU < 50% VERSUS ≥ 50%; C) AURORA B -

EXPRESSÃO NEGATIVA E/OU < 10% VERSUS ≥ 10%. LEGENDA: LINHA AZUL –

EXPRESSÃO NEGATIVA E/OU < 50% OU < 10%; LINHA VERDE – EXPRESSÃO ≥ 50%

OU ≥ 10%.

nbnvbnbvn

A

B

C

A

B

C

p = 0,002

p = 0,005

p = 0,666

p < 0,001

p = 0,013

p = 0,002

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5. DISCUSSÃO

Este estudo retrospectivo foi desenvolvido para avaliar a imunoexpressão de proteínas

relacionadas ao ponto de checagem mitótico (CDC20 e MAD2) e ao fuso mitótico (AURORA A e

AURORA B) em biópsias de medula óssea de pacientes portadores de SMD, assim como detectar

associação entre expressão dessas proteínas e características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais

nesse grupo de pacientes. A avaliação da expressão proteica foi realizada de forma qualitativa (positiva

versus negativa) e quantitativa (essa última realizada pela análise da porcentagem de expressão de células

positivas assim como pela expressão por grupos, < 10%, 10-49%, ≥ 50%). Além disso, foi realizada

análise qualitativa da expressão proteica de controles (amostras de biópsias de medula óssea de

portadores de linfomas não Hodgkin, na ausência de infiltração medular pela doença).

A heterogeneidade da SMD é algo intrigante, razão pela qual as pesquisas, que têm como objetivo

caracterizar as diferenças existentes entre portadores dessa doença, como o presente estudo, possuem

grande potencial na expansão de nossos conhecimentos sobre sua fisiopatogenia, evolução clínica e

prognóstico, auxiliando na escolha da melhor opção terapêutica. Até o momento desconhece-se qualquer

estudo prévio na literatura que tenha avaliado a expressão dessas proteínas em biópsias de medula óssea

de pacientes com SMD.

5.1. Dados epidemiológicos

Dados epidemiológicos sobre SMD no Brasil são escassos, levando-se em conta a população

brasileira e as dimensões continentais do nosso país. Estudo prévio realizado por MAGALHÃES et al.

(2010), que incluiu 476 pacientes das regiões Nordeste, Sudeste e Sul, a idade mediana dos pacientes foi

de 68,3 anos (Registro Nacional de SMD). Estudo realizado em um único centro com 102 pacientes, no

estado do Ceará, mostrou idade mediana de 64 anos (COSTA et al., 2013). Outro estudo realizado no

estado do Rio Grande do Norte, no qual foram incluídos 29 pacientes, a idade média do grupo foi de 57,3

anos (FERREIRA JUNIOR; IVO; PONTES, 2013). Nosso estudo mostrou mediana de idade de 59,5

anos, sendo que 50% dos pacientes apresentaram idade > 60 anos, concordando com dados nacionais.

Países ocidentais, como Austrália, Holanda, Alemanha e outros, possuem resultados distintos em

seus estudos epidemiológicos, com medianas de idade variando entre 71 e 77 anos (AVGERINOU et al.,

2013; DINMOHAMED et al., 2014; MA, 2012; MA et al., 2007; MAYNADIE et al., 1996;

MCQUILTEN et al., 2013; NOLTE et al., 2012; PHEKOO et al., 2006). Por outro lado, países orientais

(Japão, China, Índia e outros) apresentam medianas de idade inferiores, entre 50 a 60 anos, dados mais

próximos aos encontrados no nosso grupo (DAKSHINAMURTHY et al., 2005; LEE et al., 1999;

OGUMA et al., 1995; ZHAO et al., 2002).

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O fato de o Brasil possuir medianas de idades inferiores aos encontrados nos países ocidentais

pode ser explicado pela grande heterogeneidade genética da população e/ou pela exposição a fatores

ambientais que contribuem para o desenvolvimento de SMD. Alguns estudos epidemiológicos

(BOWEN, 2013; NISSE et al., 2001; RIGOLIN et al., 1998; SCHNATTER et al., 2012) sugerem que

exposição ocupacional a solventes orgânicos, pesticidas, derivados de petróleo, entre outros, contribuem

para o desenvolvimento de SMD primária. Atualmente, o Brasil ocupa a terceira posição no ranking dos

maiores produtores agrícolas do mundo, sendo líder no consumo de agrotóxicos (CARNEIRO;

ALMEIDA, 2010). Dados do Censo agropecuário de 2006 demonstram o uso exacerbado de agrotóxicos

em todo o país. O Ceará é o quarto maior usuário de agrotóxicos do Brasil, e o primeiro do Nordeste

(IBGE, 2007). Em nosso estudo, doze pacientes (31,6%) relataram histórico de exposição a agentes

mielotóxicos (solventes e agrotóxicos), acima do encontrado em estudo americano com 365 pacientes,

no qual apenas 8% dos casos havia sido exposta à agrotóxicos e 19,4%, à solventes (ELHOR GBITO;

GARCIA-MANERO; STROM, 2014).

É importante ressaltar que o envelhecimento da população brasileira está se acentuando e que a

incidência dessa doença é maior à medida que aumenta a faixa etária. Segundo dados do IBGE (2011),

em 2050, a expectativa de vida será de 81,3 anos. Portanto, devemos esperar um aumento na incidência

dessa doença no Brasil nos próximos anos (IBGE, 2008).

A distribuição entre os sexos obteve uma relação H/M de 1, mostrando homogeneidade em

relação a essa característica. Esse resultado está de acordo com registros internacionais que mostram

relação H/M variando de 1,1 a 2 (CHEN, B. et al., 2005; GREENBERG, P. et al., 1997; HAASE et al.,

2007; OGUMA et al., 1995; SOLE et al., 2005).

Em relação à procedência dos pacientes, a maioria (61,5%) residia em área urbana, dado distinto

de estudo recente realizado na Grécia, no qual houve predomínio de portadores de SMD oriundos de

região rural, sendo 53,5% do total de 721 pacientes. (AVGERINOU et al., 2013).

5.2. Dados clínicos

De acordo com a literatura (DAKSHINAMURTHY et al., 2005; HAASE, 2008; HAASE et al.,

2007; SOLE et al., 2005), a maioria dos pacientes do estudo era portadora de SMD de novo, sendo

apenas 7,5% dos casos (três pacientes) classificados como SMD secundária, dois submetidos à

quimioterapia e um à imunossupressão com azatioprina.

O grupo predominante, pela classificação OMS foi o CRDM (41% dos casos), seguido por

CRDU, ARSA e SMD inclassificável (12,8% dos casos). A minoria dos pacientes foi classificada com

AREB I ou AREB II, em concordância com outros estudos (FERREIRA JUNIOR et al., 2013; PARK et

al., 2008). Entretanto, dados da literatura em relação a essa característica são variáveis além de muitos

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estudos mostrarem resultados de acordo com a classificação OMS de 2001(GERMING et al., 2012;

HAASE et al., 2007; MALCOVATI et al., 2011).

Em relação à classificação IPSS, a maioria dos pacientes foram classificados como de baixo risco

(baixo risco + intermediário 1), também em concordância com registros nacionais e internacionais

(AVGERINOU et al., 2013; ELHOR GBITO et al., 2014; HAASE et al., 2007; MAGALHAES et al.,

2010; MALCOVATI et al., 2011; MAYNADIE et al., 1996; PARK et al., 2008; PHEKOO et al.,

2006; YAGISAWA et al., 2012).

Houve dependência transfusional em 43,6% dos casos de acordo com o critério de MALCOVATI

et al. (2011), resultado inferior ao estudo de MAGALHÃES et al. (2010) e HEREDIA et al. (2012), no

qual a maioria dos pacientes portadores de SMD (66,3 e 62,3%, respectivamente) apresentou

dependência transfusional. Essa discrepância pode ser explicada provavelmente pela presença de níveis

de hemoglobina menos graves nos pacientes do presente estudo, com 64,1% dos mesmos apresentando

Hb ≥ 8,0 g/dL ao diagnóstico, assim como pelo menor número de pacientes estudados, em comparação

aos outros dois estudos nacionais supracitados.

As citopenias foram menos graves na maioria dos pacientes, utilizando-se a caracterização das

mesmas pelo IPSS revisado (2012) e categorizando os pacientes em apenas dois grupos em relação ao

valor de hemoglobina e ao número de plaquetas. O IPSS revisado categoriza os pacientes em três grupos,

em se tratando dos valores de hemoglobina (< 8,0 g/dL, > 8,0 g/dL e < 10,0 g/dL e > 10,0 g/dL) e das

contagens plaquetárias (< 50.000/mm3, > 50.000/mm

3 e < 100.000/mm

3 e > 100.000/mm

3) e em dois

grupos, em se tratando do número de neutrófilos (< 800/mm3 e > 800/mm

3). Nosso estudo tomou como

referência o menor valor das variáveis, ou seja, hemoglobina < 8,0 g/dL, neutrófilos < 800/mm3 e

plaquetas < 50.000/mm3. A opção por comparar grupos com citopenias mais graves e a não utilização da

divisão original do IPSS revisado, deve-se ao nosso interesse em conhecer a expressão das proteínas do

nosso estudo, no grupo de pacientes com doença mais grave (sendo o grau das citopenias um dos

critérios de gravidade). Houve concordância com dados da literatura, nos quais a maioria dos pacientes

apresenta citopenias menos graves, porém com a ressalva de que, em muitos estudos, os critérios usados

foram o do IPSS original, que as classifica de maneira distinta (MISHRA et al., 2013; NEUKIRCHEN

et al., 2014; VOSO et al., 2013).

Apesar de grande parte dos casos de SMD apresentarem medula hipercelular (47,4%), a

frequência de medula hipocelular (28,9%) observada em nosso estudo foi maior do que o descrito na

literatura internacional (entre 10%-20% dos casos) (CATENACCI; SCHILLER, 2005; DELLA PORTA

et al., 2009; GERMING et al., 2008) e de acordo com estudos nacionais, os quais relatam frequência de

medula hipocelular em aproximadamente um quarto dos casos (LORAND-METZE et al., 2004;

VASSALO J., 2009). A hipercelularidade de medula óssea se relaciona à própria patogênese da doença,

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na qual a apoptose excessiva, presente nos estágios iniciais da doença é contrabalanceada pelo aumento

na proliferação das células progenitoras hematopoéticas. Essas alterações proliferativas podem ser uma

característica intrínseca do clone neoplásico ou podem estar relacionadas a interações autócrinas e/ou

parácrinas de citocinas (BERNASCONI, 2008; ISHIBASHI; TAMURA; OGATA, 2011; MUFTI,

2004).

De acordo com a literatura, nosso estudo mostrou alteração citogenética em 51,5% dos pacientes

(n = 17) do grupo SMD, dentre 33 casos nos quais houve células em metáfase. Destes, apenas 15,2

(n = 5) apresentaram cariótipo complexo e 21,2% (n = 7) apresentaram citogenética desfavorável (pelo

IPSS), também em concordância com estudos prévios internacionais (BERNASCONI, 2008;

DAKSHINAMURTHY et al., 2005; HAASE, 2008; HAASE et al., 2007; ISHIBASHI et al., 2011;

MUFTI, 2004; SOLE et al., 2005). No entanto, ao compararmos esses resultados com estudos nacionais

identificamos resultados distintos, visto que ROMEO et al. (2002) encontraram frequência de 35,2%

(12/34) de citogenética anormal, enquanto PINHEIRO e CHAUFFAILLE (2009), observaram 20,5%

(9/44) de pacientes com alterações citogenéticas.

5.3. Expressão proteica qualitativa

Nosso estudo mostrou que a maioria dos pacientes apresentou expressão proteica positiva de

MAD2 e CDC20 (87,5 e 82,5%, respectivamente), sendo menor a frequência de positividade para as

proteínas AURORA A e B (35,3 e 32,5%, respectivamente).

A presença de grande número de pacientes com expressão positiva pode ser explicada pela

associação entre expressão aumentada dessas proteínas e instabilidade cromossômica, sabidamente

presente em SMD, já que todas elas são importantes para o correto alinhamento cromossômico e

separação das cromátides-irmãs no ciclo celular (DUCAT; ZHENG, 2004; MERALDI et al., 2002;

MONDAL et al., 2007; MUSACCHIO; SALMON, 2007; SUDAKIN et al., 2001).

Não encontramos positividade para as proteínas CDC20 e AURORA B nos controles, sendo que

50% desses apresentaram positividade para MAD2 e 14,3% para AURORA A.

5.3.1. MAD2

Nosso estudo encontrou associação entre expressão negativa de MAD2 e maior número de

citopenias (p= 0,04). Todos os pacientes do grupo com expressão negativa (100%, n = 5) apresentaram

duas a três citopenias, enquanto que 48,6% (n = 17) dos casos do grupo com expressão positiva

apresentaram nenhuma ou apenas uma citopenia. Algumas hipóteses poderiam explicar o achado de

ausência de expressão (visto MAD2 ser proteína normalmente expressa nas células): i) a quantidade

proteica nesses casos é muito baixa, indetectável in vitro; ii) pode se tratar de casos com mutação,

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deleção, perda alélica ou perda de heterozigosidade do gene MAD2 (cromossomo 4q27), não detectada

pela citogenética clássica; iii) ou tais casos podem ter sofrido silenciamento gênico por alterações

epigenéticas. Expressão de MAD2 baixa ou ausente leva a falhas na segregação cromossômica,

aneuploidias e poliploidias, já que a sinalização do ponto de checagem mitótico encontra-se diminuída,

com potencial separação prematura de cromátides-irmãs (SCHUYLER et al., 2012). Ademais, a

apoptose aumentada de células progenitoras alteradas (aneuploides) na medula óssea poderia levar ao

surgimento de maior número de citopenias presentes no sangue periférico. Baixa expressão proteica foi

encontrada em carcinoma de nasofaringe, neoplasias de ovário e testículo, além de linhagens celulares de

mieloma múltiplo (BURUM-AUENSEN et al., 2010; DIAZ-RODRIGUEZ et al., 2011; WANG, X. et

al., 2002; WANG, X. et al., 2000). O gene MAD2 encontra-se no cromossomo 4q27, e existem dados da

literatura de casos com deleção (4q) e dissomia uniparental em SMD de baixo risco, não se encontrando

associação com prognóstico (DALLA TORRE et al., 2002; MOHAMEDALI et al., 2007).

5.3.2. CDC20

Pacientes com marcação negativa para CDC20 apresentaram plaquetopenias mais graves, visto

que 66,7% dos pacientes desse grupo (n = 7) apresentaram plaquetas < 50.000/mm3

(p = 0,038). Esse

mesmo grupo (expressão negativa) apresentou médias menores (média ± DP) da contagem plaquetária

em comparação ao grupo com expressão negativa (p = 0,039). Tal associação poderia ser explicada pelo

fato de células com baixos níveis (ou mesmo na ausência) da proteína CDC20 permanecerem mais

tempo em metáfase, levando a um atraso para o início da anáfase. Com isso, haveria mais instabilidade

cromossômica, com surgimento de casos mais "agressivos" de SMD, caracterizados pela presença de

citopenias mais graves.

De forma similar à MAD2, as hipóteses que poderiam ser levantadas para esses casos com

expressão negativa de CDC20 (visto CDC20 ser proteína normalmente expressa nas células), são: i) a

quantidade proteica nesses casos é muito baixa, indetectável in vitro; ii) tais casos podem apresentar

mutação, deleção, perda alélica ou perda de heterozigosidade do gene CDC20 (cromossomo 1p34), não

detectada pela citogenética clássica; iii) ou tais casos podem ter sofrido silenciamento gênico por

alterações epigenéticas. Um estudo demonstrou 36% de casos de SMD com perda de heterozigosidade

do cromossomo 1p (DE SOUZA FERNANDEZ et al., 2000) e outro, perda alélica em 30% de casos de

SMD que evoluíram para LMA (MORI et al., 2003). Há um relato de caso na literatura de SMD com

resultado de citogenética de quase-tiploidia, o qual apresentava del (5q) associada à del (1p) e del (13q).

Trata-se de resultado citogenético raro em neoplasias mielóides, mais frequente em casos de LLA. Este

caso apresentava pancitopenia ao hemograma, medula óssea hipercelular, com dismegacariocitopoese e

diseritropoese (KIM, B. R. et al., 2012). Entretanto, é de suma importância salientar que, dos 7 pacientes

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com expressão negativa do grupo SMD, 5 (62,5%) apresentaram plaquetas < 50.000/mm3, o que justifica

os achados estatísticos encontrados, sem, no entanto, poder representar uma alteração clinicamente

significante.

5.3.3. AURORA B

No grupo de pacientes com expressão positiva de AURORA B (n = 13), 38,5% (n = 5) evoluíram

para óbito no período do estudo, achado significativamente maior quando comparado ao grupo com

expressão negativa (n = 27), no qual apenas 7,7% (n = 2) tiveram tal desfecho (p = 0,03). AURORA B

tem papel importante na biorientação dos cromossomos durante a metáfase e só permite a progressão da

metáfase para anáfase após todos os cinetócoros estarem corretamente conectados ao microtúbulo do

fuso mitótico, possuindo, portanto, ação na citocinese (CARMENA et al., 2009; DEWAR et al., 2004).

Além disso, atua na condensação cromossômica (pela fosforilação de histonas), no final da fase G2 e

início da mitose, agindo também na metilação H3K9 (OTA et al., 2002). Dessa forma, o aumento de sua

expressão pode levar a divisões celulares errôneas (por finalização da mitose sem que a célula tenha

passado pelas modificações inerentes da metáfase e anáfase) e silenciamento gênico por metilação do

DNA, ambos fatores que podem ser associados à quadros clínicos mais graves de SMD, contribuindo

para piores desfechos clínicos, como óbito. Isso foi visto por alguns pesquisadores em carcinoma

indiferenciado de tireoide, com achado da associação entre expressão de AURORA B em tumores mais

agressivos, como o subtipo anaplásico (SORRENTINO et al., 2005). Outros autores encontraram menor

sobrevida geral em pacientes com superexpressão de AURORA B em carcinomas de cabeça e pescoço

(ERPOLAT et al., 2012).

5.3.4. AURORA A

Apesar de nossas limitações na análise da proteína AURORA A, alguns achados interessantes

foram encontrados e em concordância com outros estudos. Expressão positiva de AURORA A foi

significativamente mais frequente em pacientes com citogenética anormal (p = 0,034) e aneuploide

(p = 0,001). Além disso, enquanto nenhum paciente com expressão negativa dessa proteína apresentou

cariótipo complexo, 36,4% do grupo com expressão positiva (n=4), tiveram resultado complexo à análise

citogenética (p = 0,019). Estudos mostraram que expressão aumentada de AURORA A leva à

tumorigênese e instabilidade genética, pela sua associação com amplificação dos centrossomos e geração

de fusos multipolares, os quais resultam em células aneuploides (LI, J. J.; LI, 2006; WARNER et al.,

2003). A figura 49 ilustra a possível relação entre hiperexpressão de AURORA A e surgimento de

aneuploidia em SMD. Esses fatos poderiam explicar nossos achados, entretanto, não conseguimos

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distinguir, pela análise quantitativa, se havia presença de superexpressão da proteína AURORA A (entre

os casos positivos).

FIGURA 49. POSSÍVEL ASSOCIAÇÃO ENTRE HIPEREXPRESSÃO DE AURORA A E

SURGIMENTO DE ANEUPLOIDIA EM SMD.

Estudo recente (HEREDIA; DE SOUSA; JUNIOR; et al., 2014) analisando amplificação e

expressão do gene da proteína AURORA A (AURKA) em pacientes portadores de SMD, mostrou que

9,8% dos casos (4 dentre 41 casos) apresentaram amplificação desse gene, sendo que um desses casos

apresentava cariótipo alterado e aneuploide (sendo o caso que apresentou maior amplificação gênica).

Ainda, nesse mesmo grupo de pacientes, não foram observadas alterações na expressão gênica em

relação ao número de citopenias, à presença ou ausência de dependência transfusional, à presença de

cariótipo normal ou alterado, aneuploide ou não aneuploide e à classificação IPSS (HEREDIA, 2012).

Outros estudos (LASSMANN et al., 2009; LUCENA-ARAUJO et al., 2011; PARK et al., 2008; SEN

et al., 2002) demonstraram associação entre superexpressão gênica de AURKA e alterações

cromossômicas, de forma semelhante aos achados do nosso estudo (analisando expressão proteica) e

distinto do estudo de HEREDIA et al. (2012), que não encontrou tal associação. Pesquisas envolvendo

tumores de mama, bexiga, fígado e linfomas encontraram amplificação e superexpressão de AURKA

(BRIASSOULI et al., 2007; HEREDIA; DE SOUSA; RIBEIRO JUNIOR; et al., 2014; TONG et al.,

2004). Recentemente, estudo com 70 casos de LMA de novo, LUCENA-ARAUJO et al. (2011) mostrou

associação entre presença de alterações citogenéticas desfavoráveis e aumento de expressão gênica de

AURKA.

Não encontramos diferenças entre os grupos SMD e controles em relação à expressão proteica

qualitativa de AURORA A. Isso pode ter ocorrido pelo menor número de controles, pelas dificuldades

na leitura dessas amostras ou pelo fato de essa proteína ser expressa de forma fisiológica nas nossas

células. Além disso, não podemos descartar que haja influências da doença de base (no caso, linfomas

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não Hodgkin) na expressão de AURORA A em células hematopoéticas dos controles (por mecanismos

desconhecidos), mesmo na ausência de infiltração.

5.4. Expressão proteica quantitativa

5.4.1. MAD2

De forma geral, houve maior expressão proteica de MAD2 (em %, média ± DP) nos pacientes mais

graves (presença de mais citopenias e/ou displasias, presença de dependência transfusional, IPSS alto

risco, citopenias mais graves, citogenética anormal, aneuploidia e desfecho fatal) (Quadro 14).

Entretanto, conseguimos encontrar diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05) em apenas dois

parâmetros clínicos: 1) gravidade da plaquetopenia (42,6 ± 22,8% em portadores de plaquetas

< 50.000/mm3 vs. 22,7 ± 19,1% naqueles com contagem ≥ 50.000/mm

3), com p = 0,008; 2) evolução

para óbito (46,9 ± 27,0% nos que faleceram vs. 20,8 ± 13,8% nos que permaneceram vivos), com

p = 0,002. Ademais, pacientes com duas a três citopenias e três displasias apresentaram expressão

proteica muito superior (33,3 ± 22,5% e 37,2 ± 26,7%, respectivamente) àqueles com menor número de

citopenias (nenhuma ou uma, sendo 22,9 ± 20,0%) e apenas uma (17,6 ± 13,9%) ou duas displasias

(19,9 ± 7,1%), apesar de esse resultado não ter atingir significância estatística (p = 0,095 em relação ao

número de citopenias e 0,094 em relação ao número de displasias).

Em se tratando da expressão de MAD2 por grupos (expressão leve, moderada e alta), os pacientes

com alta expressão (≥ 50%) apresentaram (de forma significativa do ponto de vista estatístico) mais

frequentemente plaquetopenias mais graves (< 50.000/mm3) e taxa de óbito, quando comparados aos

pacientes com menores graus de expressão proteica (p = 0,042 e p = 0,036, respectivamente). Além

disso, a média do percentual de blastos (média ± DP) foi muito maior nesse mesmo grupo (alta

expressão) em comparação aos outros (0,12 ± 0,25% de blastos no grupo com expressão leve; 1,8 ± 3,3%

no grupo com expressão moderada e 3,8 ± 5,5%, no grupo com alta expressão). Esse achado atingiu um

valor de p marginalmente significante (p= 0,098).

Os resultados de expressão proteica quantitativa de MAD2 ressaltam a importância dessa proteína

na regulação do ciclo celular. Expressão aumentada da MAD2 aumenta as chances de que células

poliploides sejam formadas, já que leva a uma conexão muito estável entre microtúbulos do fuso

mitótico e cinetócoros. Esse fato, consequentemente, aumenta a probabilidade de que células com

ligações inadequadas entre tais estruturas - microtúbulo e fuso mitótico - terminem o ciclo celular.

Hiperexpressão de MAD2 leva à instabilidade cromossômica e estudos em animais sugerem que esse

aumento em sua expressão seja um evento precoce na tumorigênese (MORISHITA et al., 2012). Os

nossos achados da associação entre maiores expressões (em média ± DP e em grupos de expressão leve,

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moderada e alta) e plaquetopenias mais graves, maior evolução para óbito, assim como maior número de

citopenias, displasias e porcentual de blastos, sugere que a hiperexpressão de MAD2 ocorre em SMD

mais agressiva, o que está de acordo com estudos prévios em tumores sólidos, como em neoplasias de

fígado, estômago e ossos (TANAKA et al., 2001; WANG, L. et al., 2009; WU; CHI; HUANG, 2004;

YU et al., 2010; ZHANG, S. H. et al., 2008). Nosso estudo também está de acordo com o estudo

multicêntrico de GREENBERG et al. (2012), realizado com o objetivo de revisar a classificação IPSS

original de 1997 (GREENBERG, P. et al., 1997). Nesse grande estudo, o grupo de pacientes com

plaquetas < 50.000/mm3 apresentou sobrevida global de 1,6 anos e evolução para LMA (em 25% dos

pacientes) em 3,1 anos, enquanto que pacientes com contagens plaquetária entre 50.000/mm3 e <

100.000/mm3 e ≥ 100.000/mm

3 tiveram sobrevida global e evolução para LMA (em 25% dos casos) de

2,8 e 3,1 anos e 5,1 e 8,7 anos, respectivamente.

Estudo realizado com expressão gênica do gene MAD2L1 em SMD não encontrou diferenças em

sua expressão comparando-se diferentes características clínicas dos pacientes, como classificação IPSS,

dependência transfusional, citogenética alterada e/ou aneuploide, número de citopenias e celularidade da

medula óssea. Esse fato nos sugere que a expressão proteica de MAD2 nem sempre se associa a

aumentos na sua expressão gênica, podendo dever-se a alterações pós-translacionais. Nesse mesmo

estudo, houve diferenças significativas entre a maioria desses parâmetros no grupo SMD quando

comparado aos controles (HEREDIA, 2012).

O achado concomitante da associação do maior número de citopenias com expressões aumentadas

de MAD2 (em média ± DP) e com expressão negativa dessa mesma proteína (análise qualitativa)

fortalece o fato de que expressões alteradas de MAD2 (superexpressão ou hipoexpressão) associam-se a

diferentes comportamentos da SMD, o que foi visto por outros (DIAZ-RODRIGUEZ et al., 2011;

DOBLES et al., 2000; HERNANDO et al., 2004; MICHEL, L. S. et al., 2001).

Não encontramos estudos analisando a expressão proteica de MAD2 em medula óssea de

portadores de SMD na literatura, o que torna nossos resultados estimulantes para que novas pesquisas

envolvendo outros processos fisiopatológicos associados a essa doença sejam realizadas.

5.4.2. CDC20

A análise qualitativa (em média ± DP) da proteína CDC20, de forma semelhante à MAD2, mostrou

que pacientes portadores de SMD mais graves, de forma geral, apresentaram maiores expressões

proteicas, como visto em: maior número de displasias, presença de dependência transfusional, IPSS alto

risco, citopenias mais graves, cariótipo complexo, citogenética alterada, cariótipo aneuploide, maior

número de citopenias, presença de > 5% de blastos e evolução para óbito (Quadro 15). Essa diferença de

expressão atingiu significância estatística (p < 0,05) em se tratando de presença de três displasias

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(p = 0,017), plaquetas < 50.000/mm3 (p = 0,017) e presença de cariótipo complexo (p = 0,03).

Encontramos uma tendência estatística nos pacientes com maior expressão de CDC20 e neutrófilos

< 800/mm3

(p = 0,05) e citogenética aneuploide (p = 0,053).

Na interpretação da expressão proteica por diferentes grupos de expressão (baixa, moderada e alta)

foi demonstrado que pacientes com alta expressão (≥ 50%) apresentaram maior proporção de pacientes

com plaquetopenias mais graves, ou seja, < 50.000/mm3 (p = 0,036), assim como de pacientes com idade

mais jovem ao diagnóstico da doença (p = 0,042) e maior frequência de evolução para óbito (p = 0,015).

Outros resultados clinicamente relevantes, porém marginalmente significantes, consistiram na maior

proporção de pacientes com idade > 60 anos (p = 0,056) e com cariótipo não complexo (p = 0,066) entre

os pacientes com baixa expressão proteica. Somando-se a isso, uma proporção considerável de pacientes

com alta expressão proteica apresentou cariótipo aneuploide (p = 0,077) e esse mesmo grupo (alta

expressão proteica) apresentou maior porcentual de blastos (p = 0,098).

Esses achados corroboram o fato de que a superexpressão de CDC20 leva à ativação inadequada e

prematura do CPA, à instabilidade cromossômica e a anormalidades na duplicação dos centrossomos

(FANG et al., 1998; LIU et al., 2010). Foi sugerido que a instabilidade centrossômica é um fenômeno

precoce em SMD e pode contribuir para anormalidade citogenéticas, visto que alterações nos

centrossomos foram encontradas em medula óssea de pacientes com diagnóstico de SMD, antes que

fossem detectadas alterações cromossômicas (NOLTE et al., 2013). Além disso, número alterado de

centrossomos leva a formação de aneuploidias, como demonstrado em tumores de cabeça e pescoço

(MONDAL et al., 2007). Portanto, a presença da superexpressão de CDC20 pode estar associada à maior

grau de instabilidade cromossômica, levando a doenças mais graves, já que se sabe que anormalidades

cromossômicas constituem um dos principais fatores prognóstico de SMD (BEJAR et al., 2011;

GRAUBERT; WALTER, 2011). Isso foi demonstrado pelos achados de expressão aumentada e

plaquetopenias e neutropenias mais graves, maior número de displasias, cariótipo complexo, citogenética

aneuploide e aumento na porcentagem de blastos. Alguns autores demonstraram associação entre grau de

plaquetopenia e pior prognóstico (sobrevida e progressão para LMA), incluindo o estudo para revisão do

IPSS (AL AMERI et al., 2011; CORDOBA et al., 2012; GREENBERG, P. L. et al., 2012;

KANTARJIAN et al., 2007). Análises similares foram feitas em relação ao grau de neutropenia

(CORDOBA et al., 2012; GONZALEZ-PORRAS et al., 2011), que mostraram piores desfechos (menor

sobrevida global e tempo para transformação leucêmica) em pacientes com SMD e menor número de

neutrófilos. O grupo de pacientes com neutrófilos < 800/mm3, do estudo para revisão do IPSS

(GREENBERG, P. L. et al., 2012), apresentou menor sobrevida quando comparado ao grupo de

pacientes com ≥ 800 neutrófilos/mm3 (1,9 versus 4,4 anos, respectivamente). Transformação leucêmica

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(em 25% dos casos) ocorreu em 1,9 e 9,2 anos, respectivamente. A provável associação entre

hiperexpressão de CDC20 e surgimento de cariótipo complexo encontra-se ilustrada na figura 50.

A superexpressão de CDC20 associada à idade mais jovem poderia representar doença mais grave,

com pior prognóstico, como demonstrado em alguns estudos que analisaram SMD em indivíduos mais

jovens (CHANG, K. L. et al., 2002; FENAUX et al., 1990). Entretanto, outras pesquisas encontraram

resultados distintos (BRECCIA et al., 2005; OGUMA et al., 1995). GREENBERG et al. (2012),

mostrando que pacientes com idade > 60 anos tiveram piores evoluções (menor sobrevida e menor

tempo para transformação leucêmica). Não podemos excluir o fato de que pacientes mais idosos

poderiam apresentar expressões proteicas menores como reflexo de um fenômeno associado à

senescência e não como representação de uma expressão anormal, visto que a expressão de CDC20 deve

ocorrer de forma fisiológica nas células, pela sua importância para a ocorrência do ciclo celular

(PETERS, 2006).

Achados associados ao prognóstico de tumores sólidos e superexpressão de CDC20 foram vistos

em neoplasias de pulmão, pâncreas, ovário e sistema nervoso central (CHANG, D. Z. et al., 2012;

KATO et al., 2012; MARUCCI et al., 2008; OUELLET et al., 2006), o que se assemelha aos nossos

achados.

O estudo de HEREDIA et al. (2012) avaliou a expressão gênica de CDC20 em SMD e, de modo

similar aos resultados de MAD2, não conseguiu demonstrar associação entre aumento da expressão

gênica e variáveis clínicas como celularidade da medula óssea, número de citopenias, dependência

transfusional, citogenética alterada, cariótipo aneuploide e classificação IPSS. Expressão aumentada de

CDC20 pode, portanto, estar relacionada a alterações pós-translacionais, como hipotetizado para MAD2,

e não ao aumento da expressão gênica.

Nossa análise qualitativa de CDC20 mostrou que pacientes com expressão negativa apresentaram

maior grau de plaquetopenia. Assim, podemos inferir, que tanto a hiperexpressão quanto a

hipoexpressão, poderia estar associada à doença mais grave. O achado de baixa expressão proteica de

CDC20 foi encontrado em um estudo que avaliou linhagens celulares de mieloma múltiplo

(DIAZ-RODRIGUEZ et al., 2011).

Assim como para MAD2, não foi encontrado na literatura estudos com imunoistoquímica para

CDC20 em medula óssea, em SMD, o que torna o presente estudo inovador para contribuição acerca da

patogenia dessa neoplasia hematológica. A figura 51 ilustra a provável associação entre expressão

anômala de CDC20 e MAD2 e desenvolvimento de plaquetopenias mais graves.

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FIGURA 50. PROVÁVEL ASSOCIAÇÃO ENTRE HIPEREXPRESSÃO DE CDC20 E

SURGIMENTO DE CARIÓTIPO COMPLEXO EM SMD. Legenda: CPA: Complexo Promotor da

Anáfase.

FIGURA 51. PROVÁVEL ASSOCIAÇÃO ENTRE EXPRESSÃO ALTERADA DE MAD2 E

CDC20 E DESENVOLVIMENTO DE PLAQUETOPENIAS MAIS GRAVE EM SMD

(< 50.000/mm3). Legenda: CTH: células-tronco hematopoéticas. Fonte: Adaptado de TEFFERI e

VARDIMAN (2009).

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104

5.4.3. AURORA B

A expressão de AURORA B (média ± DP) foi significativamente maior nos pacientes com

citogenética anormal, conforme descrito no quadro 16 (p = 0,037). Outro achado importante à análise

proteica por grupos de expressão baixa, moderada ou alta (apesar de não ter atingido significância

estatística), foi a proporção maior de pacientes com três displasias no grupo com expressão moderada

(10-49%) dessa proteína (p = 0,077).

AURORA B, quando hiperexpressa, pode fazer com que haja desconexão de cinetócoros e

microtúbulos do fuso mitótico de forma prematura, ou seja, antes da anáfase e da citocinese ocorrerem

adequadamente, levando a falhas na segregação cromossômica. Esse fato muito provavelmente está

envolvido na maior frequência de citogenética anormal no grupo de pacientes estudados. A figura 52

ilustra a provável associação entre hiperexpressão de AURORA B e surgimento de cariótipo alterado em

SMD.

FIGURA 52. PROVÁVEL ASSOCIAÇÃO ENTRE HIPEREXPRESSÃO DE AURORA B E

SURGIMENTO DE ALTERAÇÕES CITOGENÉTICAS EM SMD.

A interferência da proteína AURORA B na fosforilação de histona H3 em Ser10 e na metilação

H3K9 nos leva a acreditar que sua superexpressão possa estar associada, também, a alterações

epigenéticas e ao silenciamento gênico mais intensos, sugerindo que exista associação entre maior

expressão de AURORA B e doença mais agressiva. O encontro de maior número de displasias em

pacientes com expressões proteicas moderadas (10-49%) corrobora tais fatos.

Muitas pesquisas em neoplasias sólidas demonstraram que aumentos na expressão de AURORA B

se associa a agressividade tumoral, como estudos em tumores de tireoide (SORRENTINO et al., 2005),

endometriais (KURAI et al., 2005), neoplasias de células escamosas orais e de cabeça e pescoço

(ERPOLAT et al., 2012), tumores de pulmão (TAKESHITA et al., 2013) e de trato biliar (SHEN et al.,

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2009). Tal agressividade tumoral poderia estar representada pelo encontro de maior número de pacientes

que evoluíram para óbito dentre aqueles com expressão positiva de AURORA B.

Da mesma forma que para as outras proteínas, não encontramos estudos abordando expressão

proteica de AURORA B em SMD, com apenas alguns investigando a expressão gênica dessa proteína.

Em neoplasias hematológicas, poucos estudos investigaram a expressão do gene AURKB. Um

estudo encontrou aumento na expressão gênica em leucemias de crianças (mieloide e linfoide)

(HARTSINK-SEGERS et al., 2013) e dois outros estudos nacionais demonstraram achados distintos.

Um foi realizado com portadores de SMD e demonstrou não haver diferenças entre expressão gênica de

AURKB em células hematopoéticas com citogenética normal ou alterada (OLIVEIRA et al., 2013).

O outro, também em SMD e expressão gênica, encontrou menores expressões do gene AURKB em

SMD hipocelular, quando comparada com SMD hiper e normocelular. Esse mesmo estudo não

encontrou diferenças na expressão gênica de AURORA B quando analisadas as seguintes variáveis

clínicas: número de citopenias, dependência, anormalidade citogenética, cariótipo aneuploide e

classificação IPSS (HEREDIA, 2012).

5.5. Sobrevida e expressão proteica

Nosso estudo mostrou que alta expressão de MAD2 (≥ 50%) e CDC20 (≥ 50%) foi associada à

menor tempo de sobrevida nos pacientes portadores de SMD. Em estudo prévio que avaliou a

imunoexpressão destas duas proteínas em carcinoma de bexiga, foram encontradas expressões elevadas

de MAD2 em 51% (173/339) dos casos e de CDC20 em 59% (200/339). Este mesmo estudo mostrou

que altas expressões de CDC20 correlacionaram-se com menor sobrevida livre de recorrência (p=

0,032). Além disso, expressões elevadas de CDC20 e MAD2 se associaram a pior sobrevida global (p=

0,007 e 0,008, respectivamente)(CHOI et al., 2013). Estes resultados reforçam a importância destas

proteínas, tanto na tumorigênese quanto no prognóstico das neoplasias.

Apesar do pequeno número de amostras avaliadas no presente estudo, nós identificamos

associação entre valores elevados de expressão de AURORA B e menor sobrevida global. Esta proteína

foi associada a maior mortalidade em mulheres afro-americanas portadoras de neoplasia de mama

(STEWART et al., 2013). Este pesquisador analisou 674 genes (incluindo genes específicos para

diferentes subtipos e estádios), com base na avaliação do registro de câncer de mama do Cancer

Genome Atlas (TCGA) e detectou expressão elevada de AURORA B dentre mulheres afrodescendentes,

o que explica parcialmente a alta mortalidade descrita neste grupo de pacientes.

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Esse é o primeiro estudo avaliando a expressão das proteínas MAD2, CDC20, AURORA A e

AURORA B em biópsias de medula óssea de pacientes portadores de SMD. Nossos resultados levantam

hipóteses em relação ao real papel dessas proteínas tanto na patogênese, quanto no prognóstico e

tratamento dessa patologia, sendo, no entanto, necessária a realização de novas pesquisas a fim de

corroborar e completar os nossos achados. Atualmente, existem pesquisas utilizando inibidores de

AURORA A e B em linfomas agressivos e mieloma múltiplo, com resultados promissores

(FRIEDBERG et al., 2014; KELLY et al., 2013), o que estimula ainda mais o desenvolvimento de mais

estudos direcionados a avaliar a expressão dessas proteínas em pacientes com SMD.

A figura 53 ilustra as consequências do aumento da expressão das proteínas associadas ao ponto

de checagem mitótico (MAD2 e CDC20) e ao fuso mitótico (AURORA A e AURORA B) e suas

associações a piores sobrevidas em algumas neoplasias sólidas, assim como as prováveis implicações

dessas expressões alteradas em portadores de SMD.

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FIGURA 53. EFEITOS DA EXPRESSÃO AUMENTADA DE PROTEÍNAS ASSOCIADAS AO

PONTO DE CHECAGEM MITÓTICO (MAD2 E CDC20) E AO FUSO MITÓTICO

(AURORA A E AURORA B), SUAS ASSOCIAÇÕES JÁ DEMONSTRADAS EM NEOPLASIAS

SÓLIDAS E AS PROVÁVEIS IMPLICAÇÕES DESSAS EXPRESSÕES AUMENTADAS EM

PORTADORES DE SMD: 1(ZHANG, S. H. et al., 2008);

2(KATO et al., 2012);

3(ERPOLAT et al.,

2012); 4(SHEN et al., 2009).

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5.6 Limitações

Apesar da originalidade do presente estudo, algumas limitações devem ser discutidas. Estudos

avaliando expressão proteica em medula óssea normal apresentam grande dificuldade na aquisição de

seus controles, já que o modo ideal para isso seria a coleta de biópsia de medula óssea (BMO) de

indivíduos sadios e/ou doadores de medula óssea. Entretanto, atualmente a maioria dos doadores têm sua

medula coletada por aférese através de procedimento ambulatorial e por acesso venoso, sendo não tão

usuais as coletas em centro cirúrgico, sob anestesia geral. Somando-se a isso, sabemos que a BMO não é

procedimento simples e nem isento de riscos, para que seja realizado em indivíduos sadios. Esse fato nos

levou a tomar como amostras referenciais, ou seja, o grupo controle, biópsias provenientes de pacientes

portadores de linfoma não Hodgkin, cuja medula óssea não apresentava sinais de infiltração da doença.

Apesar de esses pacientes apresentarem medula óssea normal à análise histológica, não podemos afirmar

com certeza que a presença da doença de base, por si só (mesmo na ausência de invasão medular), não

poderia alterar a expressão das proteínas estudadas nas células hematopoéticas.

O ciclo celular necessita da ação dessas proteínas para que ocorra adequadamente, entretanto, não

sabemos qual o grau de expressão "normal" das mesmas nas células, assim como se existem diferenças

nas expressões entre os diversos tipos celulares de acordo com a sua taxa de proliferação. Ainda, a

imunoistoquímica possui limitações inerentes à técnica, podendo citar: presença de marcação celular

inespecífica, alterações nas imagens microscópicas dos tecidos (por presença de bolhas, dobras do

tecido, fendas, pigmentos, entre outros), dificuldade nas leituras de medulas hipocelulares, diferenças nas

sensibilidades dos anticorpos comerciais, não uniformidade dos sistemas de detecção, variabilidade na

leitura por diferentes patologistas, dentre outras (BARRA, 2006). Além do mais, houve grande

dificuldade na interpretação da expressão da proteína AURORA A, devido à presença de marcação

heterogênea na maioria das amostras e dos megacariócitos, levando-nos à não realização da interpretação

quantitativa da expressão dessa expressão. Ainda em relação à leitura das reações, optamos por não

realizar interpretação da intensidade de expressão como é feito muitas vezes em estudos envolvendo

imunoistoquímica, principalmente em neoplasias sólidas (KATO et al., 2012; TONG et al., 2004; WU

et al., 2004). Nós classificamos as amostras de acordo com a quantidade de células com expressão

proteica positiva, independente da intensidade encontrada. Isso pelo fato de a medula óssea ser um tecido

heterogêneo, com diferentes linhagens celulares, não sendo infrequentes diferenças na intensidade de

expressão entre as células em uma mesma amostra.

Por último, é importante salientar que poucos pacientes portadores de SMD do nosso estudo foram

classificados como de alto risco pelo IPSS, sendo quatro pertencentes ao grupo intermediário 2 e apenas

um classificado como alto risco. Além do mais, não foi possível o uso do IPSS-R pelo pequeno número

de pacientes em cada grupo de risco relacionado às alterações citogenéticas. Esses fatores dificultaram

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nossa análise referente à expressão proteica no grupo de pacientes com doença mais agressiva (pelo

IPSS) assim como uma avaliação mais detalhada em relação aos grupos de risco pelo IPSS-R.

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6. CONCLUSÃO

Este estudo encontrou associações interessantes entre a expressão de proteínas relacionadas ao

ponto de checagem mitótico (CDC20 e MAD2) e ao fuso mitótico (AURORA A e AURORA B) em

pacientes portadores de SMD.

Nos pacientes portadores de SMD, a grande maioria apresentou expressão positiva para MAD2 e

CDC20 (87,5% e 82,5%, respectivamente), sendo a frequência de casos positivos para a expressão das

proteínas AURORA A e AURORA B, 35,3% e 32,5%, respectivamente.

Nenhuma amostra controle apresentou expressão positiva para CDC20 e AURORA B; a

frequência de casos positivos para a expressão da proteína MAD2 nos controles foi de 50% e para a

proteína AURORA A foi de 14,3%; a expressão de MAD2, CDC20 e AURORA B foi

significativamente maior nos pacientes com SMD em comparação aos controles.

A frequência de pacientes com duas a três citopenias foi maior no grupo com expressão negativa

de MAD2; esse mesmo grupo de pacientes apresentou menor número de plaquetas ao hemograma; a

média de expressão em % de MAD2 foi significativamente mais alta entre os pacientes com

plaquetopenias mais graves e entre aqueles que evoluíram para óbito.

A frequência de pacientes com plaquetas < 50.000/mm3 foi maior no grupo com expressão

negativa de CDC20; a média de expressão em % de CDC20 foi significativamente mais alta entre os

pacientes com plaquetopenias mais graves, maior número de displasias e cariótipo complexo (pelo

IPSS); entre os pacientes com expressão de CDC20 < 10%, observaram-se médias de idade

significativamente maiores (ao diagnóstico de SMD).

Entre os pacientes com expressão de MAD2 e CDC20 ≥ 50%, observou-se maior proporção de

pacientes com plaquetopenias mais graves (< 50.000/mm3) e que evoluíram para óbito.

A frequência de pacientes que evoluíram para óbito foi maior no grupo com expressão positiva de

AURORA B; a média de expressão em % de AURORA B foi significativamente mais alta entre os

pacientes com cariótipo alterado.

Pacientes com expressões de MAD2 e CDC20 ≥ 50% apresentaram menor sobrevida global

quando comparados àqueles com expressões proteicas < 50%.

Pacientes com expressão de Aurora-B ≥ 10% apresentaram menor sobrevida global quando

comparados aos pacientes com expressão negativa e/ou < 10%.

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A frequência de pacientes com cariótipo complexo ou alterado ou aneuploide foi maior no grupo

com expressão positiva de AURORA A, assim como a frequência de pacientes com dependência

transfusional.

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