Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
i
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
VitalX: Um módulo e uma aplicação móvel para um monitor vestível de sinais vitais.
João Luís Gomes Abreu Fernandes
VERSÃO PROVISÓRIA
Dissertação realizada no âmbito do Mestrado Integrado em Bioengenharia, Ramo Engenharia Biomédica
Orientador: Prof. Dr. João Paulo Trigueiros da Silva Cunha
2015
ii
© João Luís Gomes Abreu Fernandes, 2015
iii
Resumo
Esta dissertação faz parte do projeto VitalLogger que tem como objetivo o
desenvolvimento de um sistema de monitorização remota de sinais vitais mais completo e
preciso. Este projeto encontra-se dividido em três partes, sendo que o trabalho aqui
apresentado foca-se na parte de desenvolvimento de um módulo agregador para a plataforma
Android que seja capaz de agregar a informação recolhida por dispositivos vestíveis de
aquisição de sinais vitais, como o VitalJacket®, com os dados recolhidos por smartphones.
Tendo em conta a falta de sistemas atuais que façam a associação dos dados recolhidos
por sensores de sinais vitais com a informação recolhida por sensores ambientais ou de
movimento, a criação de um módulo que supra esta lacuna é de grande interesse.
Num primeiro plano, é apresentado nesta dissertação um estudo sobre o ECG e os fatores
ambientais e comportamentais que o podem afetar. Posteriormente é exposta a importância
dos smartphones na saúde e no quotidiano das pessoas em geral, sendo feito um
levantamento de aplicações móveis e dispositivos vestíveis capazes de recolher ECG, por ser o
sinal vital de maior interesse para esta dissertação.
É então apresentado um módulo agregador desenvolvido para a plataforma Android com o
objetivo de selecionar sensores específicos pertencentes tanto a dispositivos externos de
monitorização, como ao próprio smartphone utilizado, e realizar monitorizações com todos os
sensores selecionados em simultâneo.
De forma a poder comprovar o funcionamento e adaptabilidade do módulo criado, foi
desenvolvida uma aplicação de demonstração que recorre a este módulo para providenciar ao
utilizador a possibilidade de, utilizando um VitalJacket®, recolher o ECG e associa-lo aos
dados recolhidos pelos sensores presentes no seu smartphone.
Os testes realizados a esta aplicação de demonstração comprovam que o módulo
desenvolvido é funcional e poderá, portanto, ter grande utilidade para o presente e futuro na
área da monitorização remota.
Palavras Chave:
Monitorização remota; Eletrocardiograma; m-Health; Android
iv
v
Abstract
As part of the project VitalLogger, the aim of this dissertation was to develop a more
complete and precise remote system capable of monitoring vital signals. Since the project is
divided in three different parts, the present work is focus in one of them, related with the
development of an aggregation module for the Android platform. This module should be
capable of assemble the information collected through vital signal acquisition wearable
devices, like VitalJacket®, together with the information collected from smartphones.
Taking into account that currently there is a lack of systems capable to associate
collected data from both vital signal sensors and environmental or motion sensors, the
development of this module will bring new insights and solutions in this area.
The first part of the present work shows a literature review based in ECG and in the
environmental and behavioural factors that can affect their result. Following is exposed
smartphones appliance in health and in people’s daily life is taken. In this second part, a
survey with mobile applications and wearable devices capable of acquiring ECG is described,
since vital signals are one of the main points of this dissertation.
In a third phase, the developed aggregation module for Android platform is presented.
This module has the main objective of selecting specific sensors which can belong not only to
external monitoring devices but also to the smartphone itself, performing monitorings with
all selected sensors at the same time.
As a proof of principle of the created module functionality and adaptability, a
demonstration application was developed. This application uses the developed module as a
way to provide the user the possibility of, using VitalJacket®, acquiring ECG and other types
of data, associating them with the sensors present in their smartphone.
Performed tests showed that the developed module its functional and can bring new
potentialities for the future of remote monitoring.
Key-Words:
Remote monitoring; Electrocardiogram; m-Health; Android.
vi
vii
Agradecimentos
Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao Professor João Paulo Cunha, meu orientador,
por me ter permitido realizar esta dissertação, pela disponibilidade e paciência nos
momentos mais difíceis, pelos ensinamentos proporcionados e ainda pela exigência com que
me orientou neste percurso pela Dissertação. Com outro orientador duvido que fosse possível
chegar até aqui.
De seguida quero agradecer à Biodevices, S.A., nomeadamente ao Nuno e ao Vitor que
sempre se mostraram disponíveis tanto para tirar dúvidas como ajudar no que fosse preciso.
Aos meus amigos que me acompanham desde tenra idade e que sempre se mostraram
presentes quando mais precisei do seu apoio e amizade, dos quais sou obrigado a destacar o
Perna e o Ricardo que partilharam casa comigo nesta aventura académica.
À Laly e ao Nuno que conheci no meu primeiro ano de faculdade e nunca mais me
largaram tendo partilhado grupo comigo vezes sem conta, o que gerou laços de amizade para
o resto das nossas vidas.
Quero deixar aqui explícito também o meu agradecimento ao meu clube, o Vitória Sport
Club, que apesar de alguns momentos menos bons, ensina-me constantemente que a vida não
é feita de vitórias, tendo-me proporcionado uns dos melhores momentos da minha vida
naquela bela tarde de Domingo, a 26 de Maio de 2013.
À minha bela namorada Andreia, porque sem ela os últimos três anos seriam com certeza
piores, e os últimos seis meses mostraram que juntos podemos enfrentar qualquer obstáculo.
Foi a principal revisora deste trabalho e por isso sem ela tenho a certeza que não teria
chegado aqui. Obrigado por tudo meu amor!
Quero deixar um agradecimento ao meu pai que sempre se esforçou para me transmitir os
seus princípios, escolhendo sempre as palavras certas para me motivar e fazer de mim uma
pessoa cada vez melhor, mesmo nos momentos mais difíceis que temos vindo a passar.
Por fim, o último agradecimento vai para quem já não está aqui para o ler. A pessoa mais
importante da minha vida que me ensinou a andar, a falar, a escrever e estudar, infelizmente
não pode estar aqui para assistir à conclusão do meu ciclo de estudos. Foi contigo que me
formei homem e é por ti que agora sou Engenheiro. Magoa-me não poder partilhar esta
alegria contigo e ver o teu sorriso quando aparecesse em casa com o “canudo” na mão.
Obrigado por tudo minha mãe!
Enquanto viver, viverás dentro de mim!
viii
ix
“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”
Antoine Lavoisier
x
Índice
Resumo ......................................................................................................... iii
Abstract ......................................................................................................... v
Agradecimentos ............................................................................................. vii
Índice ............................................................................................................x
Lista de figuras .............................................................................................. xii
Lista de tabelas ............................................................................................. xvi
Abreviaturas e Símbolos ................................................................................. xviii
Capítulo 1 ...................................................................................................... 1
Introdução .................................................................................................... 1
1.1 - Enquadramento .................................................................................... 2
1.2 - Motivação ........................................................................................... 3
1.3 - Objetivos Específicos ............................................................................. 4
1.4 - Estrutura do documento .......................................................................... 4
Capítulo 2 ...................................................................................................... 7
Revisão do Estado da Arte ................................................................................. 7
2.1 – Introdução ao Eletrocardiograma (ECG) ....................................................... 7
2.1.1 – Eletrocardiograma (ECG) ...................................................................... 8
2.1.2 – Fatores que afetam o batimento cardíaco................................................ 10
2.2 - Smartphones e aplicações móveis para ECG ................................................ 11
2.2.1 - Smartphones ................................................................................... 11
2.2.2 - Escolha do sistema operativo ............................................................... 13
2.2.3 - Sensores presentes em smartphones ...................................................... 14
2.2.4 - Sensores vestíveis de ECG ................................................................... 15
2.2.4.1– Zephyr HxM® ................................................................................. 15
2.2.4.2– Sensaris ZaoPod .............................................................................. 16
2.2.4.3– hWearTM ....................................................................................... 16
xi
2.2.4.4– Vital Jacket® ................................................................................. 17
2.2.5 - Sistemas móveis de recolha ECG ........................................................... 18
2.2.5.1- eCAALYX ....................................................................................... 19
2.2.5.2- Sistema para análise da variabilidade da frequência cardíaca para condutores de veículos (SAHRVCV) .................................................................................... 20
2.2.5.3- PhysioDroid ................................................................................... 20
2.2.5.4- DroidJacket ................................................................................... 21
2.2.5.5- AliveCor Mobile ECG ........................................................................ 22
2.3 - Conclusão ......................................................................................... 23
Capítulo 3 ..................................................................................................... 25
VitalX: Um módulo e uma aplicação móvel de demonstração .................................... 25
3.1 - Projeto VitalLogger .............................................................................. 25
3.2 - Análise de requisitos ............................................................................ 27
3.3 - Fluxo de Atividades e Protótipos Exploratórios ............................................ 29
3.4 - Arquitetura do módulo agregador ............................................................ 33
3.5 - Layouts da DemoApp ............................................................................ 34
3.5.1 – Menu Inicial .................................................................................... 37
3.5.2 – Select Ext Device .............................................................................. 38
3.5.3 – Gestão de Perfis ............................................................................... 38
3.5.3.1- Sensor Profiles ............................................................................... 38
3.5.3.2- New Profile ................................................................................... 39
3.5.4 – Live Record e Stream Data .................................................................. 40
3.5.5 – Consulta de Monitorizações ................................................................. 42
3.5.5.1- Records List ................................................................................... 42
3.5.5.2- Record View .................................................................................. 43
3.6 – Detalhes da Implementação ................................................................... 44
3.7 – Conclusão ......................................................................................... 47
Capítulo 4 ..................................................................................................... 49
Resultados e Discussão ................................................................................... 49
4.1 – Novos Sensores do VJ ........................................................................... 49
4.2 – Variação do ECG com aumento da atividade física ........................................ 50
4.3 – Conclusão ......................................................................................... 56
Capítulo 5 ..................................................................................................... 59
Conclusões e Trabalhos Futuros ........................................................................ 59
Anexo A ....................................................................................................... 61
Anexo B ....................................................................................................... 66
Bibliografia ................................................................................................... 68
xii
Lista de figuras
Figura 2.1 – Ilustração da montagem padrão do triângulo de Eindhoven. As iniciais RA, LA,
RL, LL referem-se respetivamente, a braço direito (right arm), braço esquerdo (left arm), perna direita (right leg) e perna esquerda (left leg) (Adaptado de [16]). ............ 8
Figura 2.2 – Amostra de um sinal ECG (Adaptado de [20]). ........................................... 9
Figura 2.3 – Evolução das funcionalidades dos telemóveis (Adaptado de [3]). .................. 11
Figura 2.4 - Evolução da percentagem de subscrições de smartphones em Portugal entre 2012 e 2013 (Adaptado de [31]). ................................................................... 12
Figura 2.5 - Evolução da percentagem de mercado em sistemas operativos móveis de 2009 a 2013 (Adaptado de [35]). ................................................................... 13
Figura 2.6 - Percentagem de mercado de sistemas operativos móveis (adaptado de [37]). .. 14
Figura 2.7 - Conjunto de sensores presente em dispositivos Android, divididos de acordo com a sua função (Adaptado de [38]). ............................................................ 15
Figura 2.8 – Cinta Zephry HxM® (Adaptado de [40]). ................................................. 16
Figura 2.9 - Sensaris ZaoPod (adaptado de [41]). ..................................................... 16
Figura 2.10 – Camisola hWearTM (Adaptado de [43]). ................................................. 17
Figura 2.11 – Kit VitalJacket® (Adaptado de [44]). ................................................... 17
Figura 2.12 – Interface gráfica da aplicação ECGTool (Adaptado de [45]). ...................... 18
Figura 2.13 - Arquitetura da plataforma móvel eCAALYX (Adaptado de [7])..................... 19
Figura 2.14 - Arquitetura do sistema portátil de análise da variabilidade da frequência cardíaca para condutores de veículos (Adaptado de [47]). .................................... 20
Figura 2.15 - Constituição do sistema PhysioDroid (Adaptado de [48]). .......................... 21
Figura 2.16 - Ecrãs da aplicação DroidJacket: a) ecrã inicial, b) ecrã inicial com o botão do menu inicial premido, c) ecrã com monitorização do ECG (adaptado de [32]). ....... 22
Figura 2.17 – Sistema AliveCor Mobile ECG composto por sensor de ECG na capa e aplicação móvel que realiza a monitorização do sinal obtido (Adaptado de [50]). ....... 23
xiii
Figura 3.1 – Arquitetura da plataforma do VitalLogger. A área delimitada pelos retângulos roxo, verde e vermelho divide a plataforma VitalLogger em três componentes segundo o nível de programação necessário. .................................................... 26
Figura 3.2 – Diagrama de Casos de Uso do projeto VitalX (Módulo agregador + DemoApp). ... 28
Figura 3.3 – Ecrã inicial da DemoApp com logotipo e lema da aplicação. ........................ 29
Figura 3.4 – a) Sketch do Menú Inicial da aplicação VitalX b) Fluxo de atividade do Menu Inicial da DemoApp. .................................................................................. 30
Figura 3.5 – a) Sketch da atividade de seleção do VJ pretendido, b) Fluxo de atividades para a seleção do VJ. ................................................................................. 30
Figura 3.6 - a) Fluxo de atividades para a gestão de perfis; b) Fluxo de atividades para a seleção de sensores do VJ para a criação de um novo perfil; c) Fluxo de atividades para a seleção de sensores do smartphone para a criação de um novo perfil; d) Sketch da atividade de gestão de perfis; e) Sketch da atividade de criação de um novo perfil. ............................................................................................. 31
Figura 3.7 - a) Fluxo de atividades para a monitorização dos sensores presentes num perfil selecionado; Sketches das atividades de monitorização: b) Stream Data; c) Live Record. ............................................................................................ 32
Figura 3.8 - a) Fluxo de atividades para a consulta de exames realizados; b) Sketch da atividade com lista de aquisições realizadas; c) Sketch da atividade com os resultados de uma atividade em específico. ..................................................... 33
Figura 3.9 - Arquitetura do módulo de agregação de sensores para plataforma Android. ..... 34
Figura 3.10 – Layout-tipo das atividades da DemoApp. .............................................. 35
Figura 3.11 – Código XML para definir o layout-tipo das atividades da DemoApp. .............. 36
Figura 3.12 – Primeiro ecrã da DemoApp. .............................................................. 37
Figura 3.13 – Menu inicial da DemoApp. ................................................................ 37
Figura 3.14 – Layout da atividade da DemoApp para a seleção do dispositivo externo. ....... 38
Figura 3.15 – Layout da atividade da DemoApp para gestão de perfis de sensores. ............ 39
Figura 3.16 – Layout da atividade da DemoApp para a criação de perfis de sensores. ......... 40
Figura 3.17 – Layout comum às atividades de monitorização da DemoApp antes da escolha do perfil pretendido. ................................................................................. 40
Figura 3.18 – Layout da atividade Live Record da DemoApp durante uma monitorização. .... 41
Figura 3.19 – Layout da atividade Stream Data da DemoApp durante uma monitorização. ... 41
Figura 3.20 – AlertDialog originado pelo fim da monitorização em ambas atividades de monitorização da DemoApp. ........................................................................ 42
Figura 3.21 – Layout da atividade da DemoApp para gestão de exames realizados............. 43
Figura 3.22 – Layout da atividade da DemoApp para consulta de um exame selecionado. .... 44
xiv
Figura 3.23 – Permissões introduzidas no manifesto do projeto da aplicação de demonstração. ......................................................................................... 44
Figura 3.24 – Classe de constantes para atribuir um identificador aos sensores do VJ e GPS. ...................................................................................................... 45
Figura 3.25 – Método criado para a gravação em ficheiro de um evento associado a um sensor de três variáveis. ............................................................................. 46
Figura 3.26 - Diagrama de Classes da DemoApp. ...................................................... 47
Figura 4.1 – Atividade Live Record durante a monitorização dos sensores incorporados no VJ e do acelerómetro de 3 eixos presente no tablet utilizado. ............................... 50
Figura 4.2 – Monitorização do indivíduo testado durante a primeira fase do teste do proposto. ............................................................................................... 51
Figura 4.3 – Atividade “View Record” da DemoApp correspondente ao exame realizado para o teste proposto. ................................................................................ 52
Figura 4.4 – Pasta da DropBox com os exames enviados pela DemoApp. ......................... 52
Figura 4.5 – Valores recolhidos pelos sensores monitorizados na primeira fase do teste. ..... 53
Figura 4.6 - Valores recolhidos pelos sensores monitorizados na segunda fase do teste....... 54
Figura 4.7 - Valores recolhidos pelos sensores monitorizados na terceira fase do teste. ...... 55
Figura 4.8 – Valores recolhidos pelos sensores monitorizados na quarta fase do teste. ....... 56
xv
xvi
Lista de tabelas
Tabela 2.1 – Alterações no batimento cárdico provocadas por diferentes tipos de
stress. .................................................................................................. 10
xvii
xviii
Abreviaturas e Símbolos
Lista de abreviaturas (ordenadas por ordem alfabética)
ANS Sistema Nervoso Autónomo
API Interface de Programação de Aplicações
App Aplicação móvel
BLE Bluetooth Low Energy
bpm Batimentos por Minuto
CPU Unidade Central de Processamento
DWPT Discrete Wavelet Packete Transform
DWT Discrete Wavelet Transform
eCAALYX Enhanced Complete Ambient Assisted Living Experiment
ECG Eletrocardiograma
FDA U.S. Food and Drug Administration
FREMU First Responder External Measurement Unit
FTP Protocolo de Transferência de Ficheiros
GPS Sistema de Posicionamento Global
HF Alta Frequência (high frequency)
HRV Variabilidade da Frequência Cardíaca
IDE Ambiente de Desenvolvimento Integrado
IEETA Instituto de Engenharia Eletrónica e Telemática de Aveiro
ID Identidade
iOS Sistema Operacional Móvel da Apple Inc.
OBD On-Board Diagnosis
OMS Organização Mundial de Saúde
ONT Rede de Telemedicina de Ontário
PDA Personal Digital Assistant
PIB Produto Interno Bruto
PNN50 Percentagem de Intervalos Adjacentes que diferem mais 50 ms
PSD Densidade Espectral de Potência
RIM Research In Motion
RMSSD Raiz Quadrada do Desvio Padrão
RTC Real Time Code
SAHRVCV Sistema para análise da variabilidade de frequência cardíaca para condutores
de veículos
SD Secure Digital
SDK Software Development Kit
SDNN Desvio Padrão de Intervalos de Batimentos Normais
xix
SMS Mensagens de Texto
SNP Sistema Nevoso Parassimpático
SNS Sistema Nevoso Simpático
S.A. Sociedade Anónima
UE União Europeia
UML Unified Modeling Language
TIC Tecnologias de Informação e Comunicação
VIH Vírus da Imunodeficiência Humana
VJ VitalJacket®
Lista de símbolos
LA Braço Esquerdo (left arm)
LF Baixa Frequência (low frequency)
LL Perna Esquerda (left leg)
P Onda originada no início de cada batimento cardíaco fruto da despolarização
auricular
Q R S Complexo formado no batimento cardíaco fruto da despolarização ventricular
RA Braço Direito (right arm)
RL Perna Direita (right leg)
R-R Intervalo de Picos
T Onda originada no final de cada batimento cardíaco fruto da polarização
ventricular
V Voltagem (Volts (V))
1
Capítulo 1
Introdução
A saúde é um dos aspetos mais importantes para o ser humano. Falar de saúde, é o
mesmo que falar em vida!
Viver mais e melhor é e continuará a ser um dos principais objetivos da sociedade porém,
com o aumento da esperança média de vida da população mundial, os custos associados à
saúde têm aumentado ano após ano. Desde 1992 que os gastos em cuidados de saúde, em
muitos países desenvolvidos, têm crescido mais rapidamente que o Produto Interno Bruto
(PIB), sendo uma tendência que não mostra sinais de abrandamento [1], tornando assim mais
evidente a necessidade de reestruturar o sistema de saúde.
Uma possível solução para este problema passa pela implementação de meios
tecnológicos com inovações ao nível das tecnologias de informação e comunicação (TIC), que
já mostraram ter bastantes vantagens quando aplicadas noutros sectores da sociedade como é
o caso dos sectores bancário, turismo, música, vendas a retalho e agricultura [1]. Para além
da diminuição de custos, as transformações nestes setores têm gerado oportunidades
tremendas para consumidores e empresas capazes de aproveitar o poder da inovação e são
impulsionadores de mudanças comportamentais na sociedade em geral.
Os cuidados de saúde desde sempre beneficiaram com os avanços tecnológicos. O
constante melhoramento de equipamentos médicos permite providenciar diagnósticos e
tratamentos mais precisos e eficazes, aumentando as possibilidades de ajudar os pacientes
[2]. Esta aplicação das TIC nos cuidados de saúde deu origem a uma área de estudo
denominada Saúde Eletrónica ou e-Health.
A e-Health é uma área da medicina que conjuga informática médica, saúde pública e
atividade comercial, relativamente a serviços de saúde e informação providenciada ou
melhorada através da Internet e tecnologias relacionadas [1]. Apesar de ainda estar numa
fase precoce, esta área tem mostrado o seu potencial um pouco por todo o mundo, em
diversos tipos de aplicações clínica, melhorando a produtividade, qualidade e acessibilidade
dos cuidados de saúde. Existem já exemplos práticos da e-Health como o acesso online a
resultados de análises de laboratório ou o acesso móvel a imagens de radiologia, assim como
campanhas de prevenção de doenças que através de meios digitais conseguem fazer chegar
informação importante a comunidades em locais remotos, para além de oferecerem novas e
melhores formas de gestão de doenças crónicas [2].
Estrutura do documento 5
Um importante ramo da e-Health e que começa a ter um papel bastante importante na
reestruturação dos sistemas de saúde é a Telemedicina, que recorre às TIC para disponibilizar
cuidados de saúde à distância, tratando-se, portanto, de uma solução eficaz para as
comunidades mais remotas que não têm acesso direto a cuidados de saúde, para além de
possibilitar a comunicação e a troca de dados de saúde entre médicos e pacientes [3, 4]. Já
existe também a possibilidade dos pacientes possuírem sistemas de monitorização em sua
casa, que permitem a recolha de sinais vitais e o seu envio para o médico correspondente,
que poderá analisa-los posteriormente.
A Telemedicina constitui, assim, uma forma de reduzir custos de cuidados de saúde tanto
para os hospitais como para os pacientes, aumentando da eficiência dos cuidados em geral,
através de uma melhor gestão de doenças crónicas, da partilha de informações clínicas entre
os profissionais de saúde, da diminuição do número de viagens dos pacientes, além de
diminuir e encurtar os períodos de internamento nos hospitais [3].
Com os avanços tecnológicos no século XXI, nomeadamente o aparecimento e forte
penetração dos telemóveis “inteligentes” ou smartphones as estratégias de Telemedicina
ganharam outra dimensão, tendo dado origem a outra área de cuidados de saúde conhecida
por saúde móvel ou m-Health.
A m-Health é mais um ramo da e-Health e consiste, assim, na aplicação de computação
móvel em cuidados de saúde e saúde pública, tratando-se de uma área em rápida expansão
tanto a nível prático como em termos de investigação [5]. Os programas e intervenções da m-
Health recorrem a dispositivos eletrónicos móveis, como assistentes digitais pessoais (PDAs)
ou telemóveis inteligentes, para uma gama de funções que incluem sistemas de suporte à
decisão clínica, ferramentas de recolhas de dados para os profissionais de saúde, apoio à
alteração de comportamentos de saúde e gestão de doenças crónicas pelos próprios pacientes
[6].
Uma das principais utilidades da m-Health, e que servirá de base ao objetivo desta
dissertação, é a monitorização remota por telemóvel que está provada como sendo benéfica
para o acompanhamento de pacientes (agudos, crónicos, afetados por desastres), de pessoas
mais idosas e até para o controlo e análise da performance de profissionais de risco como
soldados, polícias ou bombeiros. Pequenas aplicações de telemóvel são capazes de realizar a
deteção de doenças específicas através da análise de biossinais adquiridos por dispositivos
externos como monitores ambulantes de batimento cardíaco, verificadores de diabetes
portáteis ou medidores de pressão arterial [5].
Em estudos realizados anteriormente, a maior parte dos pacientes, apesar de não
dispensarem o contacto pessoal os profissionais de saúde, aceitam bem o uso de tecnologias
móveis para sistemas de monitorização remota. Contudo, é necessário ter em conta pacientes
com pouca destreza manual, dificuldades de visão ou com predisposição para altos níveis de
ansiedade que poderão não conseguir adaptar-se tão bem às ferramentas móveis para este
tipo de monitorização [7].
1.1 - Enquadramento
Os sistemas de monitorização remota de pacientes atualmente desenvolvidos no âmbito da
área da Telemedicina já mostraram ser mais vantajosos em termos económicos e de
comodidade tanto para as pessoas como para as instituições de saúde [8]. Quando se focam
na monitorização do coração ganham uma importância redobrada dado que, as doenças
3
cardiovasculares constituem a causa de morte mais relevante em toda a Europa, incluindo
Portugal, sendo responsáveis por mais de 30% dos óbitos [6], e englobando um vasto conjunto
de situações clínicas que afetam o sistema circulatório em diferentes localizações [9].
Uma das principais causas de morte são os “ataques cardíacos”, denominação popular para
o enfarte do miocárdio. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o enfarte do
miocárdio mata 15 milhões de pessoas no mundo por ano, não escolhendo sexo, raça ou
idade, havendo, no entanto, alguns fatores de risco como o tabagismo, obesidade, ansiedade,
sedentarismo, hipertensão, diabetes, entre outros.
Em Portugal, todos os anos cerca de 30000 pessoas sofrem ataques cardíacos, dos quais
10000 acabam por não sobreviver a este evento extremamente perigoso [10]. Em 2013 a
doença isquémica do coração provocou 6.936 óbitos (6,5%) e o enfarte agudo do miocárdio
4.568 mortes (4,3%) [11].
Muitas destas doenças podem ser vigiadas de modo a prevenir episódios com
consequências irreversíveis, recorrendo a sistemas de monitorização contínua dos pacientes
[12], que têm sofrido uma grande expansão desde o aparecimento dos smartphones. Estes
dispositivos tendo preços cada vez mais acessíveis, têm permitido que um pouco por todo o
mundo, incluindo regiões como a Ásia, o Médio Oriente e mesmo em África, as pessoas possam
trocar os seus telemóveis básicos por smartphones [2].
Com o aparecimento e prosperação de tecnologias móveis e de banda larga tornou-se
possível providenciar serviços de cuidados de saúde de forma remota e a baixo custo, devido
ao fácil acesso tanto a telemóveis e Internet, existindo já intervenções bem documentadas
como mensagens de texto para facilitar o controlo de doenças como diabetes, hipertensão,
asma, distúrbios de alimentação e tratamento de VIH (Vírus de Imunodeficiência Humana),
para além de aplicações móveis que ajudam os utilizadores a deixar de fumar, perder peso,
reduzir o consumo de álcool e também a prevenir doenças sexualmente transmissíveis [6].
A dissertação aqui apresentada insere-se no âmbito do projeto VitalLoger, que visa o
desenvolvimento de um sistema de monitorização remota de sinais vitais completo, que
recolhe a informação relativa a sinais vitais recorrendo a dispositivos vestíveis como o
VitalJacket® (VJ) desenvolvido pela empresa portuguesa Biodevices, Sistemas de Engenharia
Biomédicas, S.A., e sincroniza essa informação com os dados recolhidos por sensores
presentes em dispositivos móveis como smartphones.
1.2 - Motivação
Nos últimos têm surgido cada vez mais sensores vestíves de sinais vitais devidamente
certificados e a preços acessíveis com o objetivo de providenciar aos seus utilizadores uma
monitorização confortável e fidedigna do seu estado de saúde. No caso da recolha de
eletrocardiogramas há já um vasto número de dispositivos capazes de o fazer estando muitas
vezes associados a aplicações móveis para smartphones que estabelecem a interface gráfica
com os utilizadores. No entanto, os sistemas atuais compostos pelos sensores externos e pelas
aplicações móveis ficam restringidos normalmente à análise da atividade cardíaca isolada,
incluindo por vezes detetores de anormalidades no sinal elétrico recebido e possibilitando o
envio da monitorização para profissionais de saúde capazes de analisar o eletrocardiograma.
Nos dias que correm os smartphones incorporam diversos tipos de sensores que são
capazes de fornecer informação detalhada sobre fatores como a atividade física, a localização
e as condições ambiente em redor do seu utilizador. No processo de monitorização da
4
atividade cardíaca, este tipo de fatores exercem uma forte influência nas variações do ritmo
cardíaco, pelo que devem ser tidos em conta na análise de um eletrocardiograma.
Assim, a principal contribuição desta dissertação passa pelo desenvolvimento de um
módulo para a plataforma Android capaz de agregar os valores recolhidos pelos sensores de
um smartphone utilizado com os dados obtidos por dispositivos externos de monitorização
remota, estabelecendo uma relação temporal entre eles. Com este módulo será possível
desenvolver aplicações móveis capazes de monitorizar a saúde dos seus utilizadores de um
modo confortável e com mais informação de interesse. De forma a comprovar a
funcionalidade deste módulo será também apresentado, nesta dissertação, o desenvolvimento
de uma aplicação móvel de demonstração, que utiliza o módulo desenvolvido para
proporcionar um sistema de monitorização remota do coração, estando associada para esse
efeito ao sensor vestível VJ.
1.3 - Objetivos Específicos
O projeto VitalLoger visa o desenvolvimento de um sistema de monitorização de sinais
vitais que seja capaz de agregar a informação proveniente de dispositivos vestíveis de recolha
de sinais vitais como o VJ, com os dados recolhidos pelos sensores incorporados nos
smartphones. Este projeto envolve o melhoramento da versão atualmente disponível do VJ,
através da adição de novos sensores de sinais vitais e ambientais, permitindo a agregação
desses sensores com outros presentes em diferentes dispositivos, incluindo os smartphones,
de forma a melhorar os sistemas existentes de monitorização de ECG.
O presente trabalho, sendo a componente visível de todo o projeto VitalLogger, tem como
objetivo principal o desenvolvimento de um módulo para a plataforma Android que seja capaz
de agregar e relacionar temporalmente a informação proveniente dos sensores presentes nos
smartphones e dos sensores incorporados em dispositivos de monitorização de sinais vitais
como o VJ.
Este módulo deverá permitir uma seleção dos sensores a monitorizar a partir de uma lista
contendo todos os sensores presentes no conjunto do smartphone e dispositivos externos
utilizados, para que a monitorização se foque em sensores específicos de acordo com o
propósito do utilizador.
Por fim, de forma a comprovar o funcionamento do módulo desenvolvido, esta dissertação
tem também o objetivo de criar uma aplicação móvel de demonstração, na qual seja também
possível gravar os valores recolhidos pelos diferentes sensores selecionados, para possibilitar
uma análise posterior dos mesmos.
1.4 - Estrutura do documento
O presente documento encontra-se dividido em cinco capítulos. Ordenadamente estes
seguem a seguinte intitulação: Introdução; Revisão do Estado da Arte; VitalX: um módulo e
uma aplicação móvel de demonstração; Resultados e Discussão; e por fim Conclusões e
Trabalhos futuros.
O primeiro capítulo tem por objetivo realizar uma introdução ao tema através da
explicação da motivação deste tema, bem como o enquadramento e os objetivos específicos
deste projeto.
5
O capítulo do Estado da Arte encontra-se dividido em dois subcapítulos principais, que
abordam primeiro a importância do eletrocardiograma relativamente à atividade cardíaca das
pessoas, e depois é feito um levantamento da tecnologia existente na área da computação
móvel para a recolha de electrocardiogramas através de dispositivos móveis.
No terceiro capítulo é a apresentada a metodologia por trás desta dissertação, sendo
descrito mais pormenorizadamente o projeto VitalLogger no qual se insere esta dissertação.
Posteriormente é feita análise de requisitos para o desenvolvimento do módulo agregador
e de uma aplicação móvel de demonstração, sendo apresentado também os fluxos de
atividades que aplicação deve obedecer. De seguida é exposta a arquitetura do módulo criado
e dada a necessidade de se demonstrar a sua funcionalidade, foi desenvolvida uma aplicação
móvel, cujos testes à sua robustez são apresentados no capítulo quatro. Assim, o quarto
capítulo foca-se nos resultados obtidos por essa aplicação, havendo espaço para a sua
discussão.
Por fim, o quinto e último capítulo desta dissertação faz um apanhado geral sobre o
trabalho desenvolvido, tecendo algumas conclusões e deixando indicações para possíveis
trabalhos futuros.
6 Introdução
Capítulo 2
Revisão do Estado da Arte
Neste capítulo é feito um levantamento do estado atual da área em que se insere esta
dissertação, sendo por isso feita uma análise inicial ao funcionamento do eletrocardiograma
(ECG), tendo em conta que expõe o sinal vital de maior interesse para o objetivo final deste
trabalho. De seguida são apresentados fatores responsáveis pela alteração da atividade
cardíaca de uma pessoa.
No subcapítulo seguinte é revista a tecnologia existente na área da computação móvel
aplicada à recolha de ECG, sendo referenciado o papel dos smartphones na sociedade e a
importância da escolha do sistema operativo antes do desenvolvimento de uma aplicação
móvel. Posteriormente são analisados os sensores presentes atualmente em smartphones e os
dispositivos vestíveis de monitorização de ECG existentes no mercado. Por fim, é feito um
levantamento de sistemas atuais que usam aplicações móveis para a recolha de ECG.
2.1 – Introdução ao Eletrocardiograma (ECG)
O coração é um órgão do corpo humano que funciona basicamente como uma bomba
hidráulica que faz correr o sangue por todo o corpo, através de vasos sanguíneos. O sistema
elétrico das fibras do coração desempenha um papel crucial no correto funcionamento da
atividade cardíaca, garantindo que os ventrículos e aurículas operam segundo uma sequência
e tempos apropriados. Contudo, é a massa de tecido de músculo contráctil que produz o sinal
elétrico que pode ser registado a partir da superfície da pele e que é conhecido por
eletrocardiograma (ECG) [13].
Tratando-se do “motor” do corpo humano, o coração é um dos órgãos mais importantes
para a vitalidade de um indivíduo, o que faz com que o seu mau funcionamento leva a taxas
de mortalidade elevadas. Por exemplo, nos Estados Unidos da América (EUA) a principal causa
de morte são as doenças cardíacas, provocando mais mortes que o cancro ou doenças
respiratórias [14].
Uma forma de prevenção destes acontecimentos letais passa por sistemas de
monitorização contínua do coração, uma vez que através da análise da onda elétrica
produzida pelo batimento cardíaco é possível diagnosticar um vasto conjunto de doenças
associadas [15].
8 Revisão do Estado da Arte
2.1.1 – Eletrocardiograma (ECG)
O eletrocardiograma ou ECG consiste na medição da atividade elétrica associada à função
cardíaca cujo gráfico produzido, quando analisado por um especialista, pode indicar
anormalidades na saúde cardíaca do paciente [16].
No século XIX, já era sabido que o coração produzia potenciais elétricos, apesar de não
existirem meios de medição não invasivos, com sensibilidade para detetar voltagens à
superfície da pele, que hoje se sabe que são inferiores a 5mV [16]. Alguns anos depois, no
início do século XX, um doutor holandês chamado Willem Eindhoven ficou conhecido por ter
criado o primeiro dispositivo de gravação de ECG com qualidade clínica, usando para isso um
aparelho conhecido por “Galvanómetro de Cordas” [17].
Para além de ser conhecido pela gravação de ECG com uma precisão sem precedentes,
Eindhoven também desenvolveu um método e terminologia padrão que ainda hoje é utilizado
na aquisição deste tipo de sinal: o “triângulo de Eindhoven” (Figura 2.1) que é a configuração
básica do ECG e serve de guia para a colocação de elétrodos no corpo de forma a observar a
atividade cardíaca de várias perspetivas.
Figura 2.1 – Ilustração da montagem padrão do triângulo de Eindhoven. As iniciais RA, LA, RL, LL
referem-se respetivamente, a braço direito (right arm), braço esquerdo (left arm), perna direita (right
leg) e perna esquerda (left leg) (Adaptado de [16]).
À medida que diferentes áreas do tecido muscular cardíaco sofrem ondas de
despolarização e repolarização, os potenciais criam uma visualização da atividade interna, ao
longo dos três leads de ECG que formam o triângulo idealizado na superfície da pele. O termo
“lead” refere-se ao conjunto de dois elétrodos diferenciais colocados sobre o coração de
forma a obter uma perspetiva de um traço único de ECG [16].
Importa referir que o nó RL é definido como um potencial de referência do sistema de
medição, para estabelecer um nível de modo comum para todas os leads diferenciais. Os
próprios leads são designados por Lead-I, Lead-II e Lead-III e o sinal de cada um deles não é
mais do que a medição da diferença de voltagem (V) entre dois elétrodos como mostram as
seguintes equações:
9 Revisão do Estado da Arte
𝑉𝐼 = (𝑉𝐿𝐴 − 𝑉𝑅𝐿) − (𝑉𝑅𝐴 − 𝑉𝑅𝐿) ( 2.1)
𝑉𝐼 = (𝑉𝐿𝐿 − 𝑉𝑅𝐿) − (𝑉𝑅𝐴 − 𝑉𝑅𝐿) ( 2.2)
𝑉𝐼 = (𝑉𝐿𝐿 − 𝑉𝑅𝐿) − (𝑉𝐿𝐴 − 𝑉𝑅𝐿) ( 2.3)
Apesar da sua simplicidade, o ECG é uma excelente ferramenta de diagnóstico. Com as
constantes pesquisas na área, o número de elétrodos utilizados foi aumentando de forma a
aumentar a precisão do ECG, existindo nos dias de hoje sistemas compostos por 12 e 15 leads.
Os diferentes estados emocionais de um indivíduo influenciam as atividades fisiológicas
humana através, por exemplo, de alterações provocadas pelo sistema nervoso autónomo
(ANS) na tensão dos músculos, na respiração e na frequência cardíaca [18]. Assim, apesar de
ser maioritariamente utilizado para a deteção de doenças cardiovasculares, o ECG é também
um indicador efetivo de diagnóstico de doenças de foro psicológico como stress ou depressão
[19].
O traço habitualmente gerado pela atividade elétrica num ECG normal é representado na
Figura 2.2, e cada batimento começa por produzir uma onda P que representa a
despolarização auricular, de seguida ocorre a despolarização ventricular que forma o
complexo QRS, e termina com a onda T que reflete a rápida polarização dos ventrículos [20].
A contagem de batimentos cardíacos por minuto pode ser realizada por identificação do
número de complexos QRS numa amostra de ECG, através da deteção dos picos R, pelo que,
quanto menor for o tempo entre dois picos R consecutivos, maior será o batimento cardíaco.
Figura 2.2 – Amostra de um sinal ECG (Adaptado de [20]).
O resultado de um ECG pode ser analisado segundo três tipos de abordagens: domínio
temporal, domínio de frequência e domínio de tempo e frequência[21].
A análise no domínio temporal envolve normalmente a variabilidade da frequência
cardíaca (HRV) que representa características como a frequência cardíaca, o intervalo de
picos R-R, valor dos picos R, desvio padrão de intervalos entre batimentos normais (SDNN), a
raiz quadrada do desvio padrão (RMSSD) e a percentagem de intervalos adjacentes que
diferem mais 50 ms (pNN50). Quando realizada no domínio da frequência, a análise é feita de
forma espectral através de métodos como a Densidade Espectral de Potência (PSD), que
fornece informação sobre a distribuição da potência em função da frequência. Para domínios
de tempo e frequência os métodos mais populares são o Discrete Wavelet Transform (DWT) e
Discrete Wavelet Packet Transform (DWPT) que extraem características a partir de
componentes do sinal de ECG de baixas frequências (LF - 0,04-0,15Hz) e de altas frequências
10 Revisão do Estado da Arte
10
(HF - 0,16-0,4Hz), que representam a função do sistema nervoso parassimpático (SNP) e
simpático (SNS) respetivamente [19].
Em pacientes com insuficiência cardíaca crónica ou com enfarte agudo do miocárdio é
aceite que a melhor informação de prognóstico é fornecida por dois parâmetros do domínio
temporal, nomeadamente o SDNN e o pNN50 [22].
2.1.2 – Fatores que afetam o batimento cardíaco
O batimento cardíaco é um sinal vital do ser humano que está longe de ser constante.
Desde logo o estado emocional de um indivíduo tem influência direta no ritmo do seu
coração, uma vez que, por exemplo, o batimento cardíaco de um indivíduo adulto saudável
varia entre 60 a 90 batimentos por minuto (bpm) [23] contudo, se estiver perante uma
situação de emergência ou stress, o sistema nervoso central ao ser o responsável pela
resposta “lutar o fugir”, acelerará o batimento cardíaco [24]. No final da situação de stress, a
ação do sistema nervoso periférico levará ao abrandamento do batimento cardíaco, gerando
menos batimentos por minuto [24].
Para além dos fatores emocionais, as alterações fisiológicas como a variação da
temperatura corporal ou do nível de hidratação levam a alterações no batimento cardíaco
provocadas pela variação da intensidade dos fluxos sanguíneos com vista à manutenção
homeostasia do corpo.
Os fatores ambientais desempenham também um papel ativo na regulação do batimento
cardíaco. A temperatura ambiental ou a humidade relativa do ar são exemplos de fatores
externos que estão diretamente relacionados com a frequência cardíaca como é demonstrado
na Tabela 2.1.
Tabela 2.1 – Alterações no batimento cárdico provocadas por diferentes tipos de stress.
Tipo de Stress
Alterações no batimento cardíaco
Explicação
Aumento da Temperatura Corporal
Aumento
O aumento da temperatura corporal originado por exercício físico, febre ou apenas pela temperatura ambiente, provoca alterações no sistema circulatório, acelerando o batimento cardíaco devido à necessidade de aumentar o fluxo sanguíneo para transferir maiores quantidades de calor para o exterior e assim arrefecer o corpo [25].
Humidade Relativa Elevada
Aumento
Com uma humidade relativa elevada a água demora mais tempo para evaporar. Dado que o corpo humano recorre à evaporização do suor para arrefecer a temperatura corporal, em ambientes altamente húmidos o suor não vai evaporar, o corpo vai aquecer e o batimento cardíaco vai acelerar [26].
Elevada Saturação de Oxigénio no Sangue
Diminuição
Com o aumento da concentração de oxigénio no sangue, influenciado por ambientes com elevadas percentagens de oxigénio, é verificada uma diminuição do batimento cardíaco, uma vez que menores quantidades de sangue são suficientes para suprir as necessidades de oxigénio do organismo [27].
Altitude Elevada
Aumento
Em altitudes elevadas o ar é normalmente rarefeito o que leva a que haja menos oxigénio disponível, levando a uma diminuição da pressão arterial, compensada pelo aumento do batimento cardíaco [28].
Smartphones e aplicações móveis para ECG 11
2.2 - Smartphones e aplicações móveis para ECG
A área da computação móvel sofreu um grande crescimento com a elevada penetração no
mercado de dispositivos móveis inteligentes também conhecidos por smartphones [29]. O
facto destes dispositivos funcionarem à base de aplicações independentes que podem ser
desenvolvidas e facilmente lançadas em lojas virtuais por entidades unipessoais, tem
suscitado um grande interesse que, por sua vez, tem conduzido ao aparecimento constante de
mais e melhores aplicações, recorrendo-se por vezes a dispositivos externos, também
conhecidos por “appcessories”, para melhorar o desempenho de uma aplicação. Ainda assim,
o sucesso de cada aplicação depende do sistema operativo em que é desenvolvida pois isso vai
determinar o número máximo de dispositivos em que a aplicação poderá funcionar.
De seguida será analisada a penetração no mercado e influência dos smartphones na vida
das pessoas, desde a sua criação. Será feito um levantamento da influência dos sistemas
operativos existentes e do tipo de sensores presentes em dispositivos móveis. Posteriormente,
serão analisados alguns dos sensores vestíveis de ECG presentes no mercado, sendo feito
posteriormente um levantamento das aplicações móveis já desenvolvidas para recolher o ECG
do utilizador.
2.2.1 - Smartphones
O aparecimento no final do século XX dos telemóveis veio mudar completamente o
quotidiano das pessoas levando a alterações comportamentais profundas na sociedade,
sobretudo no que toca à forma das pessoas se relacionarem. Num período inferior a 20 anos
os telemóveis sofreram alterações profundas em termos de dimensões, mas sobretudo ao
nível de funcionalidades como é demonstrado pela Figura 2.3.
Figura 2.3 – Evolução das funcionalidades dos telemóveis (Adaptado de [3]).
A evolução de telemóveis básicos para dispositivos móveis inteligentes (smartphones)
mudou completamente o paradigma da comunicação. Os telemóveis atualmente podem ser
vistos como mais do que meros dispositivos de comunicação, pois para além de terem
removido barreiras geográficas, estão na vanguarda de uma mudança cultural onde os seus
12 Revisão do Estado da Arte
usuários são encorajados a procurar constantemente nova informação e estabelecer novas
conexões com conteúdos cada vez mais dispersos [7].
Atualmente, sobretudo em países industrializados, cada pessoa tem pelo menos um
telemóvel. Em 2013 o número total de subscrições de telemóveis, a nível mundial, era de
cerca de 6,6 biliões, enquanto que o número total de subscritores é inferior, situando-se na
ordem dos 4,5 biliões. No final de 2019, é expectável que o número de subscrições de
telemóvel atinja os 9,3 biliões [30].
Apesar da maior parte das subscrições de telemóvel corresponderem a dispositivos
básicos, o aumento de subscrições nos últimos anos deve-se sobretudo à aquisição de
tecnologia móvel “inteligente” ou smartphones. O aparecimento destes dispositivos constitui
uma das maiores histórias de sucesso dos últimos anos, uma vez que, num período de tempo
relativamente curto, conseguiu penetrar de forma significativa na sociedade, atraindo um
espectro de subscritores de todas as idade, desde crianças até cidadãos idosos [7].
A nível mundial a aquisição de smartphones constituiu 55% das vendas totais de
telemóveis em 2013 e é esperado que entre 2013 e 2019 o número total de subscrições de
smartphones passe de 1,9 biliões para 5,6 biliões [30]. O gráfico abaixo (Figura 2.4) ilustra a
grande evolução da percentagem de subscrições de smartphones em Portugal, no espaço de
um ano, entre 2012 e 2013.
Figura 2.4 - Evolução da percentagem de subscrições de smartphones em Portugal entre 2012 e 2013
(Adaptado de [31]).
O principal fator por trás deste sucesso é o facto dos smartphones integrarem num só
dispositivo parâmetros como mobilidade, poder computacional e interação amigável, sendo
mesmo considerados como verdadeiros “computadores de bolso” [32].
Estes dispositivos funcionam à base de aplicações móveis ou “apps” que podem ser
definidas como um software de função específica/limitada desenhadas para correr em
dispositivos móveis, como smartphones ou tablets [33]. Estas consistem em complementos
puramente de software que utilizam as capacidades de hardware existentes no dispositivo,
que incluem normalmente ecrãs táteis de alta resolução, unidades centrais de processamento
(CPUs) potentes, altifalantes e microfones, acelerómetros de 3 eixos, Sistema Global de
Posicionamento (GPS), e conectividade de dados sem fios como Wi-Fi e Bluetooth [16]. O
potencial para a criação de aplicações móveis simples e de fácil acesso, tem criado uma nova
18%
32%
0%
25%
50%
75%
100%
2012 2013
%
Ano
Penetração de smartphones em Portugal
Smartphones e aplicações móveis para ECG 13
e vibrante indústria. Só em 2012 houve mais de 40 mil milhões de downloads de aplicações
para smartphones, prevendo-se que em 2016 este número atinja os 300 mil milhões [34].
Apesar de quando comparados com computadores laptop, os smartphones apresentarem
menor capacidade de processamento e armazenamento, a diferença de tamanho e
portabilidade acaba por compensar estes problemas. Ainda assim, há abordagens
estabelecidas que procuram contornar as limitações de smartphones em relação a laptops.
Uma delas envolve perceber os requisitos essenciais às atividades das aplicações e definir
alvos de desempenho apropriados que as vão suportar [30]. Outra passa pela utilização de
recursos computacionais como uma “cloud” com o intuito de evitar as restrições de
velocidade de processamento e os requisitos de memória, dado tratar-se de um ambiente
externo ao dispositivo [7].
2.2.2 - Escolha do sistema operativo
As aplicações móveis dos smartphones são desenvolvidas para correrem num sistema
operativo próprio do dispositivo, pelo que a primeira fase de planeamento da aplicação passa
pela seleção desse mesmo sistema operativo. Atualmente no panorama das tecnologias
móveis há um leque de pouco mais de cinco sistemas operativos, havendo dois que se
destacam: o Android e o iOS. No entanto, no que toca à percentagem de vendas de
dispositivos móveis, o Android tem destronado a concorrência como é possível verificar no
gráfico da Figura 2.5.
Figura 2.5 - Evolução da percentagem de mercado em sistemas operativos móveis de 2009 a 2013
(Adaptado de [35]).
O Android foi criado em 2008 fruto de uma colaboração entre a Google e a Open Handset
Alliance, tratando-se de um sistema operativo baseado em Linux desenhado principalmente
para dispositivos táteis, como smartphones ou tablets. É um sistema open-source que a
Google disponibiliza sob a licença Apache permitindo assim que o software seja modificado
livremente e distribuído pelas empresas que fabricam os dispositivos, operadoras telefónicas
e também pelos programadores [36]. As aplicações são desenvolvidas em linguagem Java e
têm grande liberdade de acesso às funcionalidades do sistema.
-20%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Quota
de V
endas
Mundia
is p
ara
Uti
lizadore
s Fin
ais
(%)
Android iOs Microsoft RIM Bada* Symbian
14 Revisão do Estado da Arte
Atualmente este sistema operativo suporta mais de metade dos smartphones em todo o
mundo, não se esperando grandes alterações nesse cenário, como mostra o gráfico seguinte
(Figura 2.6), o que levou a que também fosse escolhido como a plataforma ideal para o
desenvolvimento do módulo agregador e da aplicação móvel apresentada nesta dissertação.
Figura 2.6 - Percentagem de mercado de sistemas operativos móveis (adaptado de [37]).
2.2.3 - Sensores presentes em smartphones
Nos dias que correm os smartphones têm uma influência enorme no dia-a-dia das pessoas,
pois incorporam as funções básicas dos telemóveis (fazer chamadas e trocar mensagens de
texto (SMS)), possuem uma elevada conectividade e para além disso, este tipo dispositivos são
uma ferramenta extremamente útil na perceção do ambiente em seu redor.
Uma das funções com maior utilidade dos smartphones é a capacidade de determinar a
localização do seu utilizador, que tanto pode ser obtida diretamente a partir dos satélites
(GPS), como pode ser derivada de pontos de acesso de informação Wi-fi ou da localização de
torres de comunicação móvel (sistema menos preciso). Além desta funcionalidade, os
smartphones atualmente podem incorporar um alargado número de sensores capazes de
captar informação de movimento, posição ou ambiente exterior.
Uma vez que para esta dissertação o objetivo passa pelo desenvolvimento de um módulo
para a plataforma Android, que inclua a informação recolhida pelos sensores presentes num
smartphone, é apresentado na Figura 2.7 o conjunto de sensores disponibilizados por este
sistema operativo, para o desenvolvimento de aplicações de interesse neste sistema
operativo.
69%
75,3%
68,3%
19% 16,9% 17,9%
2% 3,9%
10,2%5% 2,7% 1,7%
5%1,2% 1,9%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2012 2013* 2017*
Quota
de M
erc
ado (
%)
Android iOS Windows Phone BlackBerry OS Outros
Smartphones e aplicações móveis para ECG 15
Figura 2.7 - Conjunto de sensores presente em dispositivos Android, divididos de acordo com a sua
função (Adaptado de [38]).
Apesar um smartphone poder incluir atualmente um elevado número de sensores, a
quantidade, qualidade e tipo de sensores presentes num dispositivo Android é variável, uma
vez que tratando-se de uma plataforma open-source permite que vários fabricantes produzam
smartphones com este sistema operativo. Assim, os componentes e sensores presentes nestes
smartphones ficam à responsabilidade de cada fabricante, o que por sua vez faz com que o
tipo e qualidade dos sensores utilizados não seja constante, podendo condicionar a
performance da mesma aplicação em dispositivos diferentes. Para além disso, para o fabrico
de smartphones mais acessíveis é necessário por vezes abdicar de sensores e/ou componentes
mais dispendiosos.
2.2.4 - Sensores vestíveis de ECG
Grande parte das aplicações móveis focadas na monitorização da atividade cardíaca
recorrem a dispositivos externos capazes de recolher o ECG do utilizador. Apesar dos sensores
de ECG já existirem há bastantes anos, estavam até há relativamente pouco tempo associados
a máquinas de grande porte, com muitos fios e extremamente dispendiosas para poderem ser
utilizadas fora do ambiente hospitalar. Contudo, ultimamente com os avanços tecnológicos
este tipo de dispositivos têm-se tornado cada vez mais acessíveis ao público através de
sistemas mais baratos, discretos, vestíveis e prontos a utilizar [39].
Nesta secção serão descritos alguns dos sensores vestíveis existentes no mercado capazes
de providenciar uma monitorização remota do sinal de ECG sem custos elevados sendo
também possível emparelha-los com smartphones.
2.2.4.1– Zephyr HxM®
O Zephyr HxM® (Figura 2.8) é um sensor de monitorização de sinais vitais, incorporado
numa cinta adaptável ao corpo da pessoa, e que funciona através de Bluetooth. Este
dispositivo permite a leitura do batimento cardíaco, velocidade e distância percorrida. Tendo
sido desenvolvido pela Zephyr, vem com um Software Development Kit (SDK) que permite a
criação de aplicações compatíveis com o dispositivo [36].
Sensores de Movimento
•Acelerómetro
•Giroscópico
•Sensor de gravidade
•Sensor de vetor rotacional
Sensores Ambientais
•Sensores de temperatura ambiente
•Pressão Atmosférica
•Humidade relativa do ar
Sensores de Posição
•Magnetómetro
•Sensor de orientação
16 Revisão do Estado da Arte
Figura 2.8 – Cinta Zephry HxM® (Adaptado de [40]).
2.2.4.2– Sensaris ZaoPod
O Sensaris ZaoPod (Figura 2.9) é um dispositivo de comunicação sem fios, tanto Bluetooth
como Wi-Fi, desenvolvido pela Sensaris e construído a pensar em aplicações na área da m-
Health. Permite a monitorização de sinais vitais através da leitura de valores como batimento
cardíaco, oximetria, pressão arterial, temperatura e glicose. Vem com um manual de
configuração e uma Interface de Programação de Aplicações (API) grátis [41].
Figura 2.9 - Sensaris ZaoPod (adaptado de [41]).
2.2.4.3– hWearTM
A camisola hWearTM (Figura 2.10) desenvolvida pela empresa israelita Health Watch
Technologies LTD, permite a aquisição de batimento cardíaco, pressão sanguínea e deteção
de irregularidades cardíacas de forma remota e confortável para o utilizador. Este dispositivo
foi desenvolvido para funcionar em conjunto com o leitor HealthWatch’s MasterCaution, que
permite o envio de alertas em tempo real tanto para médicos como pacientes em caso de
eventos como arritmias, isquemias, anormalidades respiratórias e imobilidade prolongada
[42].
Smartphones e aplicações móveis para ECG 17
Figura 2.10 – Camisola hWearTM (Adaptado de [43]).
2.2.4.4– Vital Jacket®
Desenvolvido pela empresa portuguesa Biodevices S.A., o VitalJacket® (VJ) é uma t-shirt
capaz de monitorizar sinais vitais. Este dispositivo (Figura 2.11) agrega um conjunto de
tecnologias vestíveis não intrusivas, combinando assim o têxtil com a microeletrónica de
forma a proporcionar dados fisiológicos fiáveis para desporto e cenários clínicos e de
emergência. O VJ permite a aquisição de dados individuais como o ECG e atividade física
(acelerómetro de 3 eixos), possibilitando também guardar os dados num cartão Secure Digital
(SD) e/ou transmitir os dados em tempo real para dispositivos móveis ou fixos via Bluetooth
[32], o que levou à escolha desta camisola para ser o dispositivo externo de recolha de ECG
no âmbito desta dissertação.
Para os utilizadores do VJ, a Biodevices S.A. disponibiliza ferramentas para diferentes
plataformas para permitir o acompanhamento das monitorizações realizadas. Além de uma
ferramenta de análise do ECG em MatLab®, é disponibilizado o programa ECGTool para
Windows e um SDK para a criação de aplicações móveis.
Figura 2.11 – Kit VitalJacket® (Adaptado de [44]).
18 Estado da Arte
O ECG Tool (Figura 2.12) é uma aplicação para Windows desenvolvida pela Biodevices S.A.
com o intuito de permitir aos utilizadores do VJ efetuarem a monitorização da sua atividade
cardíaca. Através deste software é possível segundo [45]:
Procurar dispositivos VJ;
Estabelecer conexão com um VJ;
Recolher dados adquiridos a partir do VJ:
Dados de ECG;
Dados do acelerómetro 3D;
Nível de bateria;
Recolher ou mudar Real Time Code (RTC) do VJ;
Eventos pushbutton;
Estado do cartão SD
Enviar radio events para o VJ;
Obter a identidade (ID) do Vj;
Exportar informação R-R;
Converter dados EEG para formato binário;
Figura 2.12 – Interface gráfica da aplicação ECGTool (Adaptado de [45]).
Este tipo de funcionalidades fazem parte dos requisitos a incorporar no módulo
desenvolvido para esta dissertação, sendo por isso uma importante referência para o trabalho
aqui apresentado.
2.2.5 - Sistemas móveis de recolha ECG
Só no Google Play há mais de 250 aplicações para dispositivos Android que se focam na
área da saúde e bem-estar. Dentro destas há aplicações com diferentes propósitos,
nomeadamente aplicações médicas, saúde e fitness, educação, estilo de vida, livros e
referências [46]. Muitas destas aplicações dependem de appcessories para recolher sinais
vitais com elevada precisão, como sensores de ECG ou oxímetros.
Smartphones e aplicações móveis para ECG 19
Estando disponíveis diversas no mercado diversas aplicações que se focam na medição do
batimento cardíaco sem recorrer a sensores externos, através por exemplo da análise do fluxo
de sangue na ponta de um dedo, as mesmas para além de não recolherem o ECG, são pouco
precisas ao nível dos batimentos recolhidos, pelo que não serão aqui citadas.
Assim, nesta secção serão expostos alguns sistemas de monitorização remota existentes
ou em fase de desenvolvimento que recorrem a aplicações móveis para recolher o ECG de
utilizadores e fornecer uma análise da informação recolhida ao próprio utilizador e/ou a uma
central de cuidados médicos.
2.2.5.1- eCAALYX
O Enhanced Complete Ambient Assisted Living Experiment (eCAALYX) tem como objectivo
desenvolver um sistema remoto de monitorização de pessoas idosas com doenças crónicas [7].
Este projecto financiado pela União Europeia (UE) recorre a uma aplicação móvel para servir
de interface com os idosos e tem uma arquitetura (Figura 2.13) que lhe confere as seguintes
funcionalidades:
Actuar como um intermediário “informado” perfeito entre os sensores de sinais
vitais vestíveis usados pelas pessoas idosas e o site da Internet dos profissionais de
saúde;
Reportar alertas e medições obtidas a partir dos sensores e da localização
geográfica do utilizador (através do GPS do smartphone);
Processar dados obtidos pelo sensor para identificar informações de nível
superior, incluindo anomalias fáceis de detectar como taquicardia e sinais de
infecções respiratórias, com base no conhecimento médico estabelecido;
Acessibilidade da interface do utilizador para permitir ao utilizador avaliar os
detalhes médicos mais recentes obtidos a partir dos sensores, realizar novas
medições e comunicar com profissionais de saúde [7].
Figura 2.13 - Arquitetura da plataforma móvel eCAALYX (Adaptado de [7]).
20 Revisão do Estado da Arte
2.2.5.2- Sistema para análise da variabilidade da frequência cardíaca para condutores de veículos (SAHRVCV)
Recentemente foi levado a cabo um estudo para desenvolver um sistema portátil que
conjuga um smartphone e um medidor de ECG portátil e de baixo custo para a gravação
contínua de dados de ECG de condutores de veículos de forma a analisar a sua variabilidade
da frequência cardíaca (HRV) [47]. A aplicação móvel desenvolvida para este sistema recolhe
o ECG do utilizador e envia para uma cloud que armazena e analisa os dados recebidos (Figura
2.14). Sinteticamente, esta cloud funciona como um centro de computação do sistema que:
Processa os dados do ECG e realiza uma análise da variabilidade da frequência
cardíaca no domínio da frequência e do tempo;
Consegue detetar anormalidades no sinal do ECG;
Notifica o utilizador da anormalidade ou pode também chamar uma ambulância se
necessário (através do sistema de localização do smartphone).
Figura 2.14 - Arquitetura do sistema portátil de análise da variabilidade da frequência cardíaca para
condutores de veículos (Adaptado de [47]).
2.2.5.3- PhysioDroid
O PhysioDroid é um sistema ubíquo avançado para a monitorização remota e contínua do
estado fisiológico e comportamental dos utilizadores [48].
Este sistema baseia-se na combinação de sensores portáteis, capazes de medir dados
fisiológicos e comportamentais, com dispositivos móveis (smartphone) responsáveis pela
recolha e envio da informação para um sistema de armazenamento, que providencia serviços
de saúde avançados baseados na análise de dados médicos de múltiplos utilizadores.
Smartphones e aplicações móveis para ECG 21
Como é possível verificar na Figura 2.15, o PhysioDroid é constituído por:
Um dispositivo de monitorização vestível capaz de registar diferentes tipos de
sinais fisiológicos (ECG, respiração, movimento (através de acelerómetros) e
temperatura corporal);
Um dispositivo móvel (ex. smartphone) onde corre a aplicação que atua como
coletor de dados transmitidos pelo sensor externo, como sistema de apoio a
alertas de saúde de diagnóstico médico, como interface para observação dos
dados pelo usuário e como portal de troca de dados com um armazenamento
remoto para análises posteriores;
Um sistema remoto de armazenamento persistente para guardar dados de
diferentes utilizadores, especialmente concebido para dar suporte a serviços e
análises de saúde.
Figura 2.15 - Constituição do sistema PhysioDroid (Adaptado de [48]).
2.2.5.4- DroidJacket
A DroidJacket é uma aplicação Android para smartphones (Figura 2.16) resultante de um
projecto levado a cabo pelo Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro
(IEETA)/Universidade de Aveiro e diversos parceiros, que recolhe sinais vitais como o ECG de
profissionais de risco (bombeiros) e retransmite para clientes externos [32].
Esta aplicação, através do emparelhamento com um sensor externo (VitalJacket®), é
capaz de processar os dados de ECG que recebe e extrair a informaçao da pulsação e as
características de batimentos cardíacos individuais para auxiliar um detetor simples de
arritmias [32].
No cerne da DroidJacket está uma framework modular, de nome BIOSal, e que é
responsável pela transmissão e tratamento dos dados, recorrendo para isso a 4 tipos
principais de plugins:
22 Estado da Arte
DataSources: abstrai e suporta uma conexão simples com o provedor de dados,
encapsulando a complexidade da conexão para fora do sistema;
Parsers: permite a análise de dados, onde cada analisador (parser) tem de lidar
com o tipo de dados do fluxo de entrada genérico;
Processadores: são responsáveis por lidar e executar algoritmos de
processamento. Podem ser especializados dependendo do tipo de dados de
entrada;
Alarmes: analisa os dados recebidos e processados e através de condições bem
definidas para reconhecimento de eventos, são capazes de detetar eventos
específicos e notificar o utilizador ou observadores interessados.
Figura 2.16 - Ecrãs da aplicação DroidJacket: a) ecrã inicial, b) ecrã inicial com o botão do menu inicial
premido, c) ecrã com monitorização do ECG (adaptado de [32]).
2.2.5.5- AliveCor Mobile ECG
O AliveCor Mobile ECG é um sistema de aquisição de ECG devidamente certificado pela
FDA, composto por uma aplicação móvel “AliveECG” desenvolvida para os sistemas operativos
Android e iOS, que está associada a um dispositivo incorporado em capas para smartphones
que permite recolher o ECG dos seus utilizadores [49]. Este dispositivo é bastante simples e
portátil, sendo composto por dois eléctrodos, que ao serem pressionados pelos dedos do
utilizadores, conseguem recolher o ECG e transmiti-lo para a aplicação [49]. A AliveECG é
então capaz de monitorizar em tempo real o ECG recebido, processar o sinal obtido de forma
a detetar anormalidades como fibrilhação auricular, e uma vez terminado o exame permite a
sua gravação e o envio de sinais de ECG para profissionais de saúde.
Outro aspeto interessante desta aplicação é o fato de permitir criar notas relativamente
ao tipo de dieta, atividade física e medicação do seu utilizador.
23 Revisão do Estado da Arte
Figura 2.17 – Sistema AliveCor Mobile ECG composto por sensor de ECG na capa e aplicação móvel que
realiza a monitorização do sinal obtido (Adaptado de [50]).
2.3 - Conclusão
Após a pesquisa efetuada para este capítulo é possível verificar que o sinal elétrico
emitido pelo coração e registado através do ECG, pode ser uma ferramenta extremamente
útil para a deteção doenças ou irregularidades da atividade cardíaca. Para a análise do ECG
ou da variação do batimento cardíaco de uma pessoa é importante ter em conta o ambiente à
volta do exame efetuado, uma vez que os fatores ambientais e comportamentais provocam
alterações na atividade cardíaca.
Com o aparecimento dos smartphones todos os ramos da sociedade têm sofrido
alterações, e no caso da saúde os sistemas de monitorização remota de sinais vitais têm tido
uma forte expansão. Estando cada vez mais acessíveis tanto os smartphones como dispositivos
vestíveis de recolha de ECG, os sistemas que visam proporcionar uma monitorização de ECG
fora do ambiente hospitalar, têm sofrido uma forte expansão.
No entanto, havendo sistemas mais complexos do que outros, é possível verificar que
nenhum deles tem em conta os efeitos de alterações das condições ambientais e/ou da
atividade do utilizador durante o exame, capazes de justificar possíveis variações verificadas
no comportamento do coração. Tendo em conta a influência de fatores externos na atividade
normal de sinais vitais, o módulo desenvolvido no âmbito desta dissertação tem precisamente
o objetivo de suprir esta lacuna dos sistemas existentes, de forma a possibilitar a criação de
sistemas de monitorização capazes estabelecer uma relação direta entre possíveis alterações
nos sinais vitais monitorizados, como o batimento cardíaco, com as mudanças no meio em
redor da monitorização.
Smartphones e aplicações móveis para ECG 24
24
25
Capítulo 3
VitalX: Um módulo e uma aplicação móvel de demonstração
O tema desta dissertação envolve o desenvolvimento de um módulo capaz de sincronizar
os dados recolhidos pelos sensores presentes num smartphone e pelos sensores presentes em
dispositivos externos, de forma a assim poder estabelecer uma relação entre os sinais vitais
adquiridos e as alterações ambientais e comportamentais do indivíduo testado durante a
monitorização. Uma vez que este tema se encontra inserido no projeto VitalLogger, será feita
neste capítulo uma descrição desse projeto. De seguida, serão expostos os requisitos
necessários ao desenvolvimento do módulo agregador e da sua aplicação móvel de
demonstração, sendo feita uma análise dos mesmos. Posteriormente é apresentado o fluxo de
atividades constituintes da aplicação de demonstração e os protótipos exploratórios dos ecrãs
da aplicação de acordo com o fluxo desenvolvido. Será apresentada, então, a arquitetura do
módulo agregador de sensores de smartphone e de dispositivos externos, que serve de base
para esta dissertação. Por fim, serão expostos os layouts criados e os detalhes da
implementação da aplicação de demonstração desenvolvida, tendo em conta a necessidade
de comprovar a funcionalidade do módulo proposto.
3.1 - Projeto VitalLogger
Como referido no início desta dissertação, o projeto VitalLogger tem como objetivo criar
um sistema de monitorização de sinais vitais completo, através do melhoramento da camisola
VitalJacket® (VJ) com a incorporação de novos sensores e a agregação dos dados obtidos pelo
VJ com a informação recolhida por outros dispositivos incluindo os smartphones.
Analisando a Figura 3.1 é possível verificar que a arquitetura da plataforma do VitalLogger
é constituída por três componentes principais:
Incorporação de novos sensores e programação firmware de baixo nível (retângulo
roxo);
Programação de firmware de alto nível e desenvolvimento do SDK associado
(retângulo verde);
Agregação do SDK desenvolvido com os SDKs e APIs adicionais de outros sensores
(incluindo os do smartphone) em ambiente Android (retângulo vermelho).
26 VitalX: um módulo e uma aplicação móvel de demonstração
Figura 3.1 – Arquitetura da plataforma do VitalLogger. A área delimitada pelos retângulos roxo, verde e
vermelho divide a plataforma VitalLogger em três componentes segundo o nível de programação
necessário.
Os dois primeiros componentes do projeto VitalLogger foram desenvolvidos por outros dois
estudantes do Mestrado Integrado em Bioengenharia do ramo de Engenharia Biomédica. No
caso do primeiro (retângulo roxo), este componente visa o desenvolvimento de um protótipo
passível de ser usado como uma tecnologia vestível, através da incorporação, programação e
calibração de novos sensores no VJ. O segundo componnete (retângulo verde) tem como
objetivo estabelecer a ponte para a comunicação Bluetooth entre os dados recolhidos pelos
sensores incorporados no VJ e o módulo agregador Android (terceiro componente),
envolvendo programação de firmware de alto nível.
Análise de requisitos 27
Por fim, o componente delineado pelo retângulo vermelho dá origem ao tema desta
dissertação, e consiste no desenvolvimento de um módulo capaz de agregar em ambiente
Android a informação recolhida por diferentes dispositivos externos, como o VJ (com os
referidos melhoramentos), e os dados obtidos pelos sensores presentes num smartphone,
permitindo ao utilizador selecionar os sensores que deseja monitorizar. A esta parte do
projeto atribuiu-se o nome “VitalX” por se tratar do desenvolvimento que visa a
monitorização de sinais vitais associada a um vasto conjunto de sensores. O VitalX consiste
assim num sistema capaz de agregar e relacionar a informação recolhida pelos diferentes
sensores incorporados tanto em dispositivos externos como em smartphones, tendo por base
por um módulo agregador para a criação de aplicações móveis na plataforma Android e uma
aplicação de demonstração do módulo.
Nesta dissertação de forma a evitar algum tipo de confusão o módulo desenvolvido será
tratado por “módulo agregador” e a aplicação de demonstração do módulo por “DemoApp”.
3.2 - Análise de requisitos
Para o desenvolvimento do módulo agregador e de uma aplicação móvel de demonstração
(DemoApp) é fundamental conhecer os requisitos que devem ser cumpridos pelos dois. Por
exemplo, na área da construção civil antes de se lançar a primeira pedra para a construção de
um prédio, é imprescindível que um arquiteto desenhe aquilo que se pretende nesse prédio,
faça as correções necessárias e só quando o sketch tiver ao agrado de todos os intervenientes,
é que se dará então início à construção propriamente dita do edifício.
Na área da computação móvel a recolha de requisitos tem uma importância acrescida,
sobretudo quando comparados com programas desenvolvidos para computadores desktop ou
laptops. Por exemplo, 80% dos utilizadores do programa Microsoft Office Word utilizam
apenas 20% das suas capacidades [51], o que para os seus desenvolvedores não constitui um
grande problema pois para além de terem ao seu dispor uma interface grande para distribuir
o elevado número de funcionalidades, a velocidade de processamento do computador não
muito é afetada. No caso de uma aplicação móvel tal seria impossível, dado que tem de se
adaptar a diversos tipos de dispositivos, com diferentes ecrãs, teclados ou poder de
processamento, além de ter em conta os consumos de bateria e memória associados.
Assim, recorreu-se à ferramenta de UML Visual Paradigm para desenvolver um diagrama
de Casos de Uso que é exposto na Figura 3.2, onde é possível identificar os requisitos
fundamentais para desenvolvimento do módulo agregador e da sua aplicação de
demonstração (DemoApp).
28 VitalX: um módulo e uma aplicação móvel de demonstração
Figura 3.2 – Diagrama de Casos de Uso do projeto VitalX (Módulo agregador + DemoApp).
Relativamente ao módulo agregador este deve ser capaz de permitir a seleção de sensores
presentes tanto no smartphone utilizado, como num dispositivo externo. Para além disso, este
módulo deverá ser capaz de agregar os dados recolhidos pelos diferentes sensores
selecionados e estabelecer uma relação temporal entre eles.
Para a aplicação de demonstração apenas será utilizado o VJ como dispositivo externo.
Assim, o primeiro dos requisitos representados passa por permitir ao utilizador a criação ou
eliminação de perfis de sensores que possibilite a seleção dos sensores presentes tanto no
smartphone como no VJ.
O requisito seguinte é a monitorização dos valores recolhidos pelos diversos sensores
pertencentes ao perfil escolhido. Este requisito é de grande importância pois para além da
monitorização inerente, deverá incorporar as funcionalidades da ferramenta ECGTool, como o
estabelecimento do RTC do dispositivo ou o registo de PushButtons a partir do VJ.
Aqui foram pensados dois tipos de aquisição que recorrem de igual forma ao módulo
desenvolvido para aceder aos valores recolhidos pelos diferentes sensores, diferindo apenas
na quantidade de informação apresentada na UI. No caso da aquisição em modo “live”, o
utilizador pode verificar em tempo real as oscilações nos valores recolhidos, assim como ver a
onda ECG de acordo com o batimento cardíaco do utilizador. De forma a se poder realizar
uma aquisição menos pesada para o processamento do dispositivo, o utilizador pode efetuar a
aquisição em modo “stream”, na qual a UI apresenta menos elementos e não sofre grandes
alterações durante o processo de monitorização, o que permite também diminuir o consumo
de bateria no processo.
Fluxo de Atividades e Protótipos Exploratórios 29
Por fim, o utilizador deverá poder aceder às aquisições realizadas tanto em modo “live”
como em “stream”, tendo a possibilidade de consultar os resultados, apagar a aquisição ou
envia-la, por exemplo, para um profissional de saúde.
3.3 - Fluxo de Atividades e Protótipos Exploratórios
Uma vez definidos os requisitos tanto do módulo agregador como da sua DemoApp, partiu-
se para o planeamento da forma como o utilizador vai interatuar com a aplicação. Este passo
é de grande importância na área da computação móvel pois a capacidade de resposta da
aplicação é essencial para o sucesso da mesma e os utilizadores deste tipo de serviços
esperam resultados imediatos às suas ações. Desta forma, procedeu-se à projeção da
aplicação através elaboração de Diagramas de Atividades no programa Visual Paradigm, com o
intuito de estabelecer o fluxo viável entre as diferentes atividades, e a criação de protótipos
exploratórios utilizando a ferramenta Pencil, que obedecesse ao fluxo delineado pelos
diagramas de atividades, garantindo que a experiência de utilização (UX) pensada é o mais
agradável possível.
Uma vez que esta aplicação de demonstração encontra-se inserida no sistema “VitalX” do
projeto VitalLogger, foi criado um logotipo e o lema “Connecting your Health”, tal como
exposto na Figura 3.3, naquilo que será o primeiro ecrã da DemoApp.
Figura 3.3 – Ecrã inicial da DemoApp com logotipo e lema da aplicação.
A DemoApp, foi então projetada para que ao ser acedida, apresente um ecrã como o
apresentado na Figura 3.3, e carregando em qualquer ponto do ecrã apareça um Menú Inicial
(Figura 3.4a) com cinco botões correspondentes às cinco atividades principais desta
aplicação, cujo fluxo é exposto na Figura 3.4b.
30 VitalX: um módulo e uma aplicação móvel de demonstração
Figura 3.4 – a) Sketch do Menú Inicial da aplicação VitalX b) Fluxo de atividade do Menu Inicial da
DemoApp.
Ao premir o botão “Connect with VJ” a aplicação abrirá uma atividade (Figura 3.5a) cujo
intuito é o utilizador selecionar um dispositivo externo (neste caso um VJ) que caso não
esteja, possa ser emparelhado com o smartphone para que se possa estabelecer a conexão
entre os dois no momento da aquisição de dados. O fluxo desta atividade (Figura 3.5b)
começa com o aparecimento de uma lista com os VJ’s emparelhados por Bluetooth com o
dispositivo e o utilizador seleciona o VJ pretendido. O MacAddress do dispositivo selecionado
é então registado e enviado para o Menu Principal após se premir o botão “Confirm”, para
que se possa estabelecer a conexão entre o smartphone e o VJ no momento da aquisição.
Figura 3.5 – a) Sketch da atividade de seleção do VJ pretendido, b) Fluxo de atividades para a seleção
do VJ.
Fluxo de Atividades e Protótipos Exploratórios 31
O botão “Sensor Profiles” do Menu Inicial dá início à atividade da gestão dos perfis de
sensores criados pelo utilizador (Figura 3.6d). Nesta atividade, conforme esquematizado pelo
fluxo representado na Figura 3.6a, o utilizador tem acesso à lista de perfis de sensores
previamente criados, podendo verificar os sensores presentes em cada perfil, apagar um
perfil indesejado ou criar um novo. Para a criação de um perfil novo é aberta uma nova
atividade, onde o utilizador pode definir um nome para o novo perfil, tendo acesso a uma
lista com todos os sensores presentes no smartphone e com os sensores presentes no VJ
(Figura 3.6e). A escolha de sensores para um novo perfil é feita através de dois processos,
conforme exposto na figura 3.6b para sensores do VJ e na figura 3.6c para sensores do próprio
smartphone.
Figura 3.6 - a) Fluxo de atividades para a gestão de perfis; b) Fluxo de atividades para a seleção de
sensores do VJ para a criação de um novo perfil; c) Fluxo de atividades para a seleção de sensores do
smartphone para a criação de um novo perfil; d) Sketch da atividade de gestão de perfis; e) Sketch da
atividade de criação de um novo perfil.
No Menu Inicial, ao carregar nos botões “Live Record” ou no “Stream Data” é despoletado
o mesmo fluxo de atividades (Figura 3.7a), mas que depois, como referido anteriormente, vão
apresentar diferentes UIs como é possível verificar nas Figuras 3.7b e 3.7c. Assim, o utilizador
ao dar início à monitorização fará com que a aplicação estabeleça a conexão com o VJ
selecionado através do MacAddress registado na atividade de seleção de dispositivos externos.
Uma vez conectado com o VJ, os sensores da camisola e do smartphone começam a adquirir
valores de acordo com o módulo de monitorização exposto anteriormente, sendo guardados
pela aplicação, até o utilizador dar como terminada a aquisição. Durante a monitorização o
utilizador caso sofra algum evento digno de realce poderá regista-lo através do botão “Set
Radio Event” presente na própria aplicação ou através do botão presente no VJ. Caso esta
monitorização seja levada a cabo pela atividade “Live Record” a aquisição dos dados de cada
32 VitalX: um módulo e uma aplicação móvel de demonstração
sensor pode ser verificada em tempo real, caso seja através da “Stream Data”, os valores
adquiridos só poderão ser consultados posteriormente. Tendo em conta que os diferentes
sensores registam novos eventos em simultâneo, cada variação detetada por um sensor é
gravada em ficheiro, registando os valores recolhidos associados ao tipo de sensor
correspondente, de forma a se saber posteriormente a que sensor pertencem.
Figura 3.7 - a) Fluxo de atividades para a monitorização dos sensores presentes num perfil selecionado;
Sketches das atividades de monitorização: b) Stream Data; c) Live Record.
Por fim, o fluxo de atividades originado pelo botão “Records List” (Figura 3.8a) começa
com possibilidade de selecionar um exame a partir de uma lista com todas as aquisições
realizadas, podendo efetuar a consulta ou eliminação do exame escolhido (Figura 3.8b). Ao
consultar uma aquisição específica (Figura 3.8c) o utilizador tem acesso a todos os valores
registados pelos diferentes sensores, podendo assim tentar encontrar possíveis relações
entre, por exemplo, as alterações em sinais vitais com possíveis mudanças nas condições
ambientais durante a monitorização.
Layouts da DemoApp 33
Figura 3.8 - a) Fluxo de atividades para a consulta de exames realizados; b) Sketch da atividade com
lista de aquisições realizadas; c) Sketch da atividade com os resultados de uma atividade em específico.
3.4 - Arquitetura do módulo agregador
O desenvolvimento de um módulo adaptável para a criação de novas aplicações Android
que seja capaz de agregar informação proveniente dos sensores presentes num smartphone
com a informação recolhida por dispositivos externos de monitorização como o VJ, é de
grande interesse pois possibilita o estudo do ECG tendo em conta múltiplas variáveis como
alterações na temperatura ambiente, na altitude ou no comportamento do utilizador durante
o exame.
Tendo em conta a análise de requisitos efetuada, os fluxos de atividades e protótipos
exploratórios definidos e as APIs Android existentes foi possível esquematizar a arquitetura do
módulo agregador pretendido tal como é apresentado na Figura 3.9.
Este módulo agregador deve então ser capaz de fornecer uma lista com todos os sensores
disponíveis para a realização da monitorização. Para isso o módulo deve ser capaz de
comunicar com os SDK dos dispositivos externos utilizados e recolher os sensores presentes
nesses dispositivos, devendo também através das APIs SensorManager e LocationManager do
próprio smartphone, apresentar a lista de todos os sensores presentes no dispositivo móvel
utilizado. A principal vantagem de se poder aceder a esta lista deve-se ao facto dos
dispositivos Android, conforme referido anteriormente, possuírem um número variável de
sensores incorporados, o que foi tido em conta neste módulo de forma a não se invocarem
sensores inexistentes. Para além disso, é importante que o programador ou posteriormente o
utilizador possam escolher sensores específicos para o exame que pretendam realizar, seja
para estabelecer uma relação direta entre eles, seja para não sobrecarregar o processador do
dispositivo utilizado com elementos menos relevantes.
No entanto, a grande vantagem deste módulo é a capacidade de monitorizar sensores de
diferentes dispositivos em simultâneo, sem perda de informação e permitindo estabelecer
uma relação temporal entre eles a partir do registo do momento em que cada sensor deteta
um novo evento. No caso dos sensores do smartphone o principal obstáculo era provocado
pelo facto das API’s existentes para Android apenas permitirem registar eventos de todos os
Layouts da DemoApp 34
34
sensores em simultâneo (TYPE_ALL) ou então de apenas um de cada vez (Ex.:
TYPE_ACCELEROMETER). Assim, se for determinada a realização da monitorização de um
conjunto de sensores do smartphone, no início do processo é criado um serviço para cada um
dos sensores selecionados, através da classe SensorService. Caso seja um dos sensores seja o
GPS esta classe vai interagir com a API LocationManager para receber informações sobre a
localização do utilizador, caso seja outro tipo de sensor, a SensorService interage com a API
SensorManager de forma a receber os eventos recolhidos pelo sensor em questão. Uma vez
detetado um novo evento para qualquer um dos sensores, este é enviado para a classe
SensorResultReceiver que o vai analisar de forma a determinar se ocorreu algum tipo de erro
e de seguida, o resultado do evento é enviado para a classe SensorReceiver que é responsável
pela atualização da UI da atividade principal com os novos valores registados e, se for o caso,
pela gravação em ficheiro do evento associado ao sensor em questão.
Se a seleção de sensores contiver sensores incorporados em dispositivos externos então o
processo é relativamente mais simples. Neste caso, o módulo agregador identifica o SDK
associado ao dispositivo e correspondente sensor e recorre a esse SDK para recolher as
atualizações de novos eventos registados pelos sensores determinados. Caso se pretenda, por
exemplo, obter o ECG recolhido pelo VJ, é invocado o SDK do VitalLogger, que irá servir de
ponte de comunicação entre a camisola e a atividade de monitorização da aplicação,
transmitindo as novas medições que vão sendo adquiridas e atualizando a UI.
Figura 3.9 - Arquitetura do módulo de agregação de sensores para plataforma Android.
3.5 - Layouts da DemoApp
Após a análise dos requisitos, a conclusão dos fluxos de atividades que compõem a
DemoApp e tendo a arquitetura do módulo agregador devidamente definida, procedeu-se
então à definição dos layouts de cada atividade, através da plataforma Android Studio, por
ser um ambiente de desenvolvimento integrado especialmente desenhado para a programação
de aplicações Android, e onde a definição dos layouts é bastante acessível.
Layouts da DemoApp 35
35
O principal objetivo desta aplicação é a demonstração da funcionalidade do módulo
desenvolvido, pelo que a DemoApp deverá conter uma atividade para a seleção de sensores a
partir da lista disponibilizada pelo módulo agregador, duas atividades de monitorização
conforme mencionado anteriormente, uma atividade para consulta posterior dos exames
efectuados, e ainda uma atividade para estabelecer a conexão com dispositivos externos,
para além de um menu inicial que permita aceder às cinco atividades referidas.
Na computação móvel a UI e a UX associadas à aplicação têm grande importância pois são
fatores determinantes para o sucesso da aplicação desenvolvida, uma vez que uma app pode
conter inúmeras capacidades e ser altamente funcional, mas se o acesso às suas
funcionalidades não for intuitivo e rápido, esta poderá perder interesse. Desta forma, o
layout é o que define a estrutura visual da UI tanto para uma atividade como para um widget,
cujos elementos podem ser declarados através de um ficheiro XML ou invocados via
programação para aparecerem em tempo real a partir objetos View e ViewGroups [52].
No caso da DemoApp foi estabelecido um layout próprio para a aplicação que fosse
constante para todas as atividades, excetuando a do Menu Principal, semelhante ao
estabelecido nos protótipos exploratórios efetuados. Este “layout-tipo” (Figura 3.10) consiste
numa tabela no topo do ecrã que é definida pelo código XML apresentado Figura 3.11, onde
na primeira linha surge o logotipo da aplicação seguido do nome da atividade em questão e
uma barra horizontal para dividir este cabeçalho dos elementos específicos de cada atividade.
No fundo do ecrã aparece uma TextView contendo a as iniciais da aplicação, o ano e a versão
correspondente.
Figura 3.10 – Layout-tipo das atividades da DemoApp.
36 VitalX: um módulo e uma aplicação móvel de demonstração
Figura 3.11 – Código XML para definir o layout-tipo das atividades da DemoApp.
Layouts da DemoApp 37
3.5.1 – Menu Inicial
Ao aceder à DemoApp o utilizador é confrontado com a página inicial da aplicação
contendo o logotipo e o lema, assim como a versão da aplicação no fundo da atividade (Figura
3.12). Carregando em qualquer ponto deste ecrã surge a atividade do Menu Inical (Figura
3.13) constituído por cinco botões. Ao contrário das restantes atividades desta aplicação, o
layout do menu inicial dispensa o cabeçalho com o nome da atividade e como tal optou-se por
inserir apenas o logotipo no topo e cinco botões centrados para aceder às restantes
atividades. Conforme referido na secção 3.4, estas atividades permitem selecionar o VJ
pretendido, gerir os perfis de sensores criados, realizar monitorizações em modo “live” ou em
“stream” e consultar os resultados obtidos.
Figura 3.12 – Primeiro ecrã da DemoApp.
Figura 3.13 – Menu inicial da DemoApp.
38 VitalX: um módulo e uma aplicação móvel de demonstração
3.5.2 – Select Ext Device
Esta atividade permite selecionar o VJ pretendido para realizar posteriormente uma
monitorização da atividade cardíaca. Assim, o layout desta atividade (Figura 3.14) contém
dois elementos principais: uma lista para apresentar os dispositivos detetados por Bluetooth e
um botão para confirmar a seleção.
A lista recorre a um ListAdapter para através do BluetoothAdapter, apresentar os
diferentes dispositivos externos (VJs) emparelhados por Bluetooth com o smartphone. Ao
clicar num dos itens da lista contendo o ID dos VJs, é recolhido o MacAddress correspondente,
que será enviado para o Menu Inicial, carregando no botão “Confirm”.
Figura 3.14 – Layout da atividade da DemoApp para a seleção do dispositivo externo.
3.5.3 – Gestão de Perfis
De seguida serão apresentados os layouts das duas atividades responsáveis pela gestão de
perfis de sensores. A primeira diz respeito à consulta de todos os perfis criados, enquanto que
a segunda permite a criação de um novo perfil.
3.5.3.1- Sensor Profiles
A atividade Sensor Profiles (Figura 3.15) é responsável pela gestão dos diferentes perfis de
sensores criados pelo utilizador. O layout desta atividade é composto por quatro elementos:
Um Spinner onde são apresentados os diferentes perfis anteriormente criados.
Para isso, recorre-se a um SpinnerAdapter que acede ao repositório de perfis
dentro da memória interna do smartphone, para recolher o nome dos perfis
criados;
Uma lista que apresenta os diferentes sensores constituintes do perfil selecionado
no Spinner;
Um botão “Delete” para eliminar o perfil selecionado no Spinner e que já não seja
desejado pelo utilizador;
Layouts da DemoApp 39
Um botão “New Profile” para aceder a uma nova atividade com o intuito de criar
um novo perfil.
Figura 3.15 – Layout da atividade da DemoApp para gestão de perfis de sensores.
3.5.3.2- New Profile
Na atividade de criação de um novo perfil de sensores (Figura 3.16) o layout apresenta
duas listas com checkboxes para os diversos sensores disponíveis. A primeira lista diz respeito
à seleção de sensores do VJ, estando incluídos os sensores ECG e acelerómetro previamente
existentes e os sensores de temperatura, humidade relativa e saturação do oxigénio capilar
(spO2). A segunda lista corresponde aos sensores disponibilizados pelo smartphone. Por fim,
entre as duas listas existe uma só checkbox para determinar a utilização do GPS.
À medida que o utilizador vai selecionando os sensores pretendidos, são criadas listas de
temporárias da seleção correspondentes aos sensores de dispositivos externos e do
smartphone, que guardam o tipo de sensor selecionado.
Após a seleção dos sensores pretendidos e estabelecido o nome para o perfil na caixa de
texto no topo do ecrã, o utilizador ao premir o botão “Create” criará um ficheiro que grava a
lista com o tipo dos sensores selecionados num repositório da memória interna do
smartphone.
40 VitalX: um módulo e uma aplicação móvel de demonstração
Figura 3.16 – Layout da atividade da DemoApp para a criação de perfis de sensores.
3.5.4 – Live Record e Stream Data
O layout das duas atividades de monitorização é o mesmo antes de se proceder à
aquisição de valores (Figura 3.17), uma vez que o método de escolha do perfil de sensores a
utilizar é o mesmo. Assim, o utilizador ao aceder a cada uma destas atividades deve escolher
um perfil previamente criado, a partir do Spinner situado imediatamente abaixo da barra
horizontal do cabeçalho. O utilizador pode verificar a situação sobre o VJ seleção, indicando
se está conectado ou não e caso não tenha sido selecionado nenhum anteriormente, também
é fornecida essa informação. Após confirmar a escolha do perfil, o sistema verifica se nesse
perfil existem sensores do VJ e caso existam é necessário que tenha havido a seleção prévia
do dispositivo externo na atividade “Select Ext Device”.
Figura 3.17 – Layout comum às atividades de monitorização da DemoApp antes da escolha do perfil
pretendido.
Layouts da DemoApp 41
Correndo tudo dentro da normalidade surgem novos elementos no layout das atividades e
é neste passo que as duas UIs começam a diferir. Caso a atividade selecionada para realizar a
monitorização seja a “Live Record” aparecem no fundo do ecrã os botões “Start” e “Stop”
para dar início e depois finalizar a monitorização, acompanhado pelo botão “Set Radio Event”
para registar eventos a partir do próprio smartphone, e por duas TextViews para cada sensor
do perfil, sendo a primeira responsável pelo nome do sensor e a segunda pela demonstração
da variação dos valores. Se no perfil escolhido estiver incluído o ECG a TextView
correspondente ao batimento cardíaco terá maior destaque e aparecerá também um gráfico
para produzir o ECG do exame (Figura 3.18).
Caso a monitorização seja realizada através da “Stream Data”, após a confirmação do
perfil a UI apresenta igualmente os botões “Start”, Stop” e “Set Radio Button”, com as
mesmas funções que na atividade “Live Record”. No entanto, uma vez iniciada a aquisição de
dados, surge apenas no ecrã do utilizador uma ProgressBar circular que permanece ativa
durante o tempo de monitorização (Figura 3.19).
Figura 3.18 – Layout da atividade Live Record da DemoApp durante uma monitorização.
Figura 3.19 – Layout da atividade Stream Data da DemoApp durante uma monitorização.
42 VitalX: um módulo e uma aplicação móvel de demonstração
Ao carregar no botão “Stop” a aplicação termina a aquisição e surge no ecrã das duas
atividades um AlertDialog (Figura 3.20) de forma a permitir ao utilizador decidir se grava ou
não a aquisição e caso pretenda grava-la, poderá decidir o nome do ficheiro que conterá as
medições recolhidas durante o processo de monitorização.
Figura 3.20 – AlertDialog originado pelo fim da monitorização em ambas atividades de monitorização da
DemoApp.
3.5.5 – Consulta de Monitorizações
Tendo um procedimento semelhante à gestão de perfis a consulta de monitorizações é
composta por duas atividades, em que na primeira o utilizador escolhe o exame que pretende
consultar, e na segunda aparecem descriminadas as medições realizadas nesse exame.
3.5.5.1- Records List
Na atividade de gestão de exames realizados, o layout desenvolvido é bastante simples
apresentando apenas três elementos como é possível observar na Figura 3.21. Desde logo
surge um Spinner em cima que acede à lista de ficheiros, gravados na memória interna do
smartphone, com os exames realizados, permitindo a seleção de um deles. Uma vez
selecionado o exame pretendido, o utilizador pode eliminá-lo carregando no botão “Delete” à
direita, surgindo um AlertDialog para confirmar a sua ação.
Se pretender consultar o exame selecionado, o utilizador deverá premir o botão “View” o
que levará ao aparecimento de uma nova atividade, a “Record View”.
Layouts da DemoApp 43
Figura 3.21 – Layout da atividade da DemoApp para gestão de exames realizados.
3.5.5.2- Record View
O layout associado à consulta de um exame específico está exposto na Figura 3.22 e é
composto por uma TextView no topo contendo o nome do exame escolhido na atividade
anterior. Posteriormente surge uma ExpandableListView que lê o ficheiro pretendido,
associando as várias medições, durante a monitorização, ao sensor que as recolheu. Assim,
esta lista é composta por um cabeçalho contendo o nome do sensor, que ao ser premido abre
uma lista com todas as medições efetuadas, incluindo o tempo em que se registaram novos
eventos para cada sensor. Estas medições adaptam-se ao tipo de sensor no sentido em que os
diferentes valores obtidos são devidamente legendados, isto é, para dados sobre o batimento
cardíaco é apresentado para cada medição o tempo a que ocorreu a medição (t=” “), a
posição do complexo QRS (Pos= “ “), o intervalo entre picos R-R (RR(ms)=””) e o batimento
cardíaco instantâneo (HRi(bpm)=” “). No caso de se tratar do acelerómetro de 3 eixos cada
medição terá o aspeto de «t=” “, X=” “, Y=” “, Z=” “».
Este layout apresenta ainda no fundo do lado direito o botão “Delete” para permitir a
eliminação do exame em questão, tendo um funcionamento semelhante ao botão com o
mesmo nome da atividade anterior.
Por fim, no fundo do ecrã do lado direito aparece o botão “LogIn” ao lado do ícone da
Dropbox, que ao ser premido abrirá uma página do browser para inserir as credenciais na
página da Dropbox e permitir que a DemoApp aceda à conta do utilizador. Uma vez realizado
este processo, a atividade “Record View” volta a aparecer no ecrã do smartphone do
utilizador, aparecendo no lugar do botão “LogIn” um botão “Upload” que ao ser premido
envia o ficheiro aberto na atividade para a pasta VitalX-Acquisitions na DropBox do utilizador,
com o formato “.txt”.
44 VitalX: um módulo e uma aplicação móvel de demonstração
Figura 3.22 – Layout da atividade da DemoApp para consulta de um exame selecionado.
3.6 – Detalhes da Implementação
Para o desenvolvimento da aplicação de demonstração do módulo agregador foi utilizada
a plataforma Android Studio, como referido anteriormente. Na criação do projeto nesta
plataforma foi determinado que a aplicação a desenvolver correria em dispositivos com API
mínima de nível 15 correspondente a dispositivos com a versão Android 4.0.3, mas o alvo
seriam smartphones Android com API de nível 21, contendo a versão 5.0 deste sistema
operativo.
À medida que se foi desenvolvendo o algoritmo, o mesmo foi sendo testado utilizando o
dispositivo Asus Google Nexus 7 que possui quatro processadores Qualcomm Snapdragon 600
1,51GHz.
De forma a possibilitar a incorporação das funcionalidades pretendidas foram introduzidas
no manifesto do projeto algumas permissões tal como mostra a Figura 3.23.
Figura 3.23 – Permissões introduzidas no manifesto do projeto da aplicação de demonstração.
As permissões “BLUETOOTH” e “BLUETOOTH_ADMIN” dizem respeito às conexões
Bluetooth que a aplicação tem de estabelecer com os dispositivos externos. No primeiro caso
o objetivo é obter a permissão para estabelecer uma conexão com um aparelho externo,
aceitar uma conexão e transferir dados, o que é logicamente necessário para uma aplicação
que pretende receber dados recolhidos por um dispositivo externo de recolha de sinais vitais.
No segundo caso, esta permissão possibilita a pesquisa e emparelhamento com aparelhos
externos, sendo necessária nesta aplicação para a atividade “Select Ext Devices”.
A permissão “ACCESS_FINE_LOCATION” é necessária para se poder invocar o serviço de
GPS de forma a providenciar ao utilizador uma informação precisa sobre a sua localização.
Detalhes da Implementação 45
Por fim, a permissão “INTERNET” tem nesta aplicação o único propósito de permitir que o
utilizador partilhe as monitorizações realizadas através da Dropbox.
A comunicação entre o Menu Inicial da DemoApp e as restantes atividades é unidirecional
para todas, exceto com a atividade Select External Device, uma vez que é esperado receber
um MacAddress do dispositivo selecionado como resultado da atividade.
A criação de perfis de sensores é feita através do método definido pelo módulo agregador,
a partir da lista de sensores totais disponibilizados pelo VJ e pelo dispositivo móvel utilizado.
À medida que os sensores vão sendo selecionados, o seu tipo vai sendo adicionado a uma lista
que será gravada em ficheiro. Este tipo corresponde a um número inteiro que identifica o
sensor em questão, o que no caso dos sensores presentes no smartphone é algo direto, pois
estão devidamente identificados, mas que no caso do GPS e dos sensores do VJ levou à
criação de uma classe de constantes (Figura 3.24), onde são atribuídos números inteiros que
identificam cada sensor.
Figura 3.24 – Classe de constantes para atribuir um identificador aos sensores do VJ e GPS.
Desta forma, o utilizador da DemoApp ao criar um novo perfil, este vai ser guardado num
ficheiro contendo a lista dos tipos/identificadores dos sensores usados. Este ficheiro é então
armazenado na memória interna do dispositivo móvel no diretório “/profiles/”.
Para as atividades de monitorização, mediante o perfil de sensores selecionado pode ser
necessário estabelecer a ligação com dispositivos externos. Tal como definido pelo módulo
agregador, o facto do perfil poder conter sensores incorporados no VJ, implicou adicionar ao
projeto a biblioteca externa “VitalLogger.sdk.jar” que se trata de uma versão melhorada do
SDK “biolib.sdk.jar” disponibilizado no site oficial do VJ, pois contém as mesmas
funcionalidades e permite também a aquisição dos dados recolhidos pelos novos sensores
incorporados no VJ, no âmbito do projeto VitalLogger. Para o caso dos sensores do próprio
smartphone a aplicação processa os novos eventos adquiridos por eles, pelo método descrito
na arquitetura do módulo agregador (Secção 3.4).
Tendo em conta o requisito básico desta aplicação para recolher e apresentar na sua UI o
ECG obtido pelo VJ (atividade “Live Record”), a DemoApp acede à biblioteca externa
46 VitalX: um módulo e uma aplicação móvel de demonstração
“androidplot-core-0.6.1.jar”, que permite a criação de gráficos estáticos e dinâmicos em
aplicações Android, para assim apresentar um gráfico que atualiza em tempo real o sinal
elétrico do coração do utilizador recolhido pelo VJ e transmitido por Bluetooth.
Durante a realização de uma monitorização, a aplicação vai gravando em ficheiro os novos
eventos registados por cada sensor assim como o tempo em milissegundos a que se deu o novo
evento. De forma a poder consultar as medições posteriormente é necessário saber a que
sensor corresponde cada medição. Assim, por exemplo para a gravação de um evento
associado a sensores que para cada medição recebem três variáveis, correspondentes por
exemplo a três eixos, foi desenvolvido o método apresentado na Figura 3.25, que recebe o
nome do ficheiro que está a ser criado, a identificação do sensor, o momento do registo do
novo evento, as três variáveis e o contexto da aplicação. No anexo B é possível consultar a
trama de gravação de um ficheiro durante este processo. É importante referir, que este nome
do ficheiro consiste na data e hora de início do exame e o nome do perfil utilizado (Ex.: 2015-
Ago-10_12-56 (profile1)), mas não é definitivo e como exposto na secção 3.5.4 o utilizador no
final da monitorização caso pretenda gravar o ficheiro criado pode atribuir o nome que
entender, caso contrário o ficheiro criado durante a monitorização é eliminado
automaticamente.
Figura 3.25 – Método criado para a gravação em ficheiro de um evento associado a um sensor de três
variáveis.
Este método (Figura 3.25) possibilita que na atividade de consulta de um exame as
medições realizadas apareçam devidamente organizadas, de acordo com o sensor que as
recolheu. Para isso o ficheiro correspondente devolve um HashMap cujos elementos “pai” são
constituídos pelos tipos de sensores monitorizados e os elementos “filho” apresentam todas
as medições efectuadas por cada sensor.
Para se proceder à partilha de cada exame utilizando a Dropbox, a atividade
“RecordView” recorre às bibliotecas externas “dropbox-android-sdk-1.6.3.jar” e
“json_simple-1.1.jar”. Estas duas bibliotecas funcionam como um pack que permite a criação
de aplicações móveis que recorrem aos serviços de partilha de documentos, sendo
disponibilizado no site oficial da Dropbox. Assim, nesta aplicação de demonstração cada
monitorização pode então ser partilhada sob o formato “.txt” para a pasta “VitalX –
Acquisitions” (caso não exista, é criada automaticamente) na Dropbox do utilizador.
Após o desenvolvimento da DemoApp foi desenvolvido um Diagrama de Classes conforme
apresentado na Figura 3.26, tendo sido criado um javadoc relativo às classes de criação de
ficheiros, monitorização de sensores do smartphone e envio de exames para uma Dropbox,
que pode ser consultado no Anexo A.
Conclusão 47
Figura 3.26 - Diagrama de Classes da DemoApp.
3.7 – Conclusão
O VitalLogger é um projeto que visa a criação de um sistema de monitorização remota de
sinais vitais sincronizando os dados recolhidos pelos sensores desses sinais com sensores de
ambiente, comportamento e localização do utilizador. Para isso, foi necessário desenvolver
um módulo agregador adaptável a aplicações da plataforma Android, que fosse capaz de
recolher em simultâneo os dados obtidos pelos sensores incorporados em dispositivos externos
responsáveis pela recolha de sinais vitais, como o VJ, com os sensores presentes no
smartphone utilizado e a informação por eles recolhida, sendo também necessário o
desenvolvimento de uma aplicação móvel (DemoApp) capaz de demonstrar o correto
funcionamento do módulo agregador.
Numa primeira fase foi necessário definir os requisitos que o módulo agregador e a
DemoApp deviam cumprir, assim como o fluxo de atividades a que deviam obedecer. De
forma a facilitar a perceção da UX associada aos fluxos criados, foram desenvolvidos
protótipos exploratórios que viriam a ser a base dos layouts da DemoApp.
48 VitalX: um módulo e uma aplicação móvel de demonstração
Posteriormente, foi definida a arquitetura do módulo agregador. De modo a testar a
funcionalidade desta arquitetura, foi necessário desenvolver uma aplicação móvel (DemoApp)
que recorresse ao módulo agregador, para monitorizar diversos sensores provenientes de
diferentes dispositivos em simultâneo.
Foram então desenvolvidos os layouts da DemoApp de acordo com os protótipos
exploratórios criados previamente, e foi desenvolvido o algoritmo que serve de base a esta
aplicação, utilizando a plataforma Android Studio.
Capítulo 4
Resultados e Discussão
A DemoApp é uma aplicação móvel de demonstração desenvolvida com o intuito de
demonstrar e comprovar o funcionamento do módulo agregador criado no âmbito desta
dissertação, no que toca à capacidade de recolher e associar os valores registados por
sensores tanto do smartphone como de dispositivos externos. Assim, a DemoApp deve ser
capaz de agregar os sensores incorporados no VJ com os sensores do smartphone e sincronizar
a informação recolhida por todos os sensores. Desta forma, a aplicação deve também registar
alterações nos sinais vitais como o ECG em função do ambiente em volta do utilizador e do
seu comportamento. Por fim, a DemoApp deve ter a robustez necessária para que o fluxo de
atividades nunca seja interrompido, estando desenvolvida para responder a um conjunto de
exceções que podem ocorrer durante a sua utilização.
De forma a comprovar as capacidades da DemoApp e o funcionamento do módulo
agregador foram realizados dois testes utilizando o tablet Asus Google Nexus 7. O primeiro
teste foca-se na demonstração do trabalho desenvolvido em todo o projeto VitalLogger,
procurando verificar a funcionalidade dos novos sensores incorporados no VJ, e o segundo tem
como objetivo analisar a DemoApp como uma ferramenta de monitorização da atividade
cardíaca, analisando a sua variação em função de alterações comportamentais do indivíduo.
4.1 – Novos Sensores do VJ
Um dos primeiros objetivos do projeto VitalLogger em que esta dissertação se insere,
passa pelo melhoramento de um sistema vestível de monitorização de ECG, o VitalJacket®
(VJ), através da adição de sensores de temperatura, humidade relativa do ar, e de spO2 aos
sensores de ECG e acelerómetro de 3 eixos presentes na versão atual do VJ. Com o
desenvolvimento da DemoApp foi possível testar a biblioteca vitalLogger.sdk.jar e assim
inferir se os novos sensores foram corretamente implementados no VJ.
Para isso, pegou-se na nova aplicação criada e foi criado o perfil “All VJ sensors +
Acc”, que consiste num perfil composto por todos os sensores incorporados no VJ associados
ao acelerómetro do smartphone, de modo a mostrar que os sensores do VJ estão devidamente
programados e funcionam em simultâneo com os do smartphone, tal como havia sido
projetado no módulo que serve de base a esta dissertação.
Na Figura 4.1 é apresentado um screenshot da DemoApp durante esta monitorização,
podendo confirmar-se o correto funcionamento dos sensores de batimento cardíaco,
50 Resultados e Discussão
acelerómetro, temperatura ambiente, nível de saturação de oxigénio no sangue (spO2) e
humidade relativa do VJ em simultâneo com o acelerómetro do dispositivo móvel utilizado.
Figura 4.1 – Atividade Live Record durante a monitorização dos sensores incorporados no VJ e do
acelerómetro de 3 eixos presente no tablet utilizado.
4.2 – Variação do ECG com aumento da atividade física
Como referido anteriormente a atividade cardíaca é influenciada diretamente pelo
comportamento da pessoa e pelo seu meio envolvente. De forma a demonstrar que a
DemoApp é capaz de registar essa variação procedeu-se à realização de um teste que
monitoriza o ECG durante uma situação de atividade física.
Este teste visa analisar o batimento cardíaco e a atividade física do indivíduo, recorrendo
para isso aos sensores de ECG e acelerómetro do VJ e do Acelerómetro e Giroscópio do
dispositivo móvel utilizado. O protocolo do teste é composto por quatro fases distintas na
monitorização contínua do utilizador:
1. 30 segundos em estado de repouso (sentado);
2. Descendo três andares de escadas como o tablet na mão;
3. Subindo até ao ponto de partida com o tablet na mão;
4. 30 segundos em estado de repouso (sentado);
A Figura 4.2 corresponde ao momento em que o indivíduo testado se encontra na primeira
fase do exame, sendo possível verificar o funcionamento da atividade “Live Record” da
aplicação de demonstração.
Variação do ECG com aumento da atividade física 51
Figura 4.2 – Monitorização do indivíduo testado durante a primeira fase do teste do proposto.
A Figura 4.3 mostra o exame realizado para este teste sendo possível consultar todas as
medições realizadas. O momento de transição entre as fases foi registado premindo o botão
“Set Radio Event” e é dado pelas medições pertencentes à lista de “Events during
Acquisition”, em que o número 1 corresponde ao momento em que o examinado começou a
descer as escadas após o primeiro período de repouso, o número 2 indica ao fim da descida e
início da subida das escadas, e o número 3 determina o fim da atividade física e início do
período de repouso.
52 Resultados e Discussão
Figura 4.3 – Atividade “View Record” da DemoApp correspondente ao exame realizado para o teste
proposto.1
O ficheiro com estas medições foi então enviado para a pasta VitalX-Acquisitions (Figura
4.4) na DropBox para se proceder à sua análise.
Figura 4.4 – Pasta da DropBox com os exames enviados pela DemoApp.
Os resultados obtidos foram convertidos em quatro gráficos por sensor correspondentes às
quatro fases do teste e podem ser analisados a seguir. No caso do batimento cardíaco os
resultados obtidos apresentavam algum ruído provocado possivelmente pela má colocação dos
elétrodos no corpo do indivíduo testado pelo que, estes resultados foram sujeitos a um filtro
de média passa-baixo, de forma a suavizar o sinal obtido.
1 A numeração de cada evento aparece na Figura 4.3 com uma casa decimal devido a um pormenor na
passagem dos valores do tipo Float para String, que só foi corrigido após a realização deste teste.
53 Metodologia de desenvolvimento do VItalX
Figura 4.5 – Valores recolhidos pelos sensores monitorizados na primeira fase do teste.
Durante o primeiro período de monitorização, os gráficos (Figura 4.5) com os registos dos
três sensores de atividade apresentam valores constantes devido à falta de movimento por
parte do indivíduo monitorizado, o que acaba por refletir, tal como esperado, um batimento
cardíaco relativamente baixo a oscilar entre os 66 e os 87 batimentos por minuto (bpm),
apresentando uma média de 74,6 bpm.
54 Metodologia de desenvolvimento do VItalX
Figura 4.6 - Valores recolhidos pelos sensores monitorizados na segunda fase do teste.
Na segunda fase do teste, o sujeito examinado ao descer as escadas provoca uma elevada
oscilação tanto nos acelerómetros como no giroscópio, tal como é comprovado pelos gráficos
destes sensores de movimento presentes na Figura 4.6. Fruto desta alteração no
comportamento do indivíduo é possível verificar um aumento significativo na sua atividade
cardíaca, que passa a apresentar um batimento cardíaco cada vez mais acelerado tendo uma
média nesta fase de 119 bpm.
Variação do ECG com aumento da atividade física 55
Figura 4.7 - Valores recolhidos pelos sensores monitorizados na terceira fase do teste.
Ao subir as escadas, o indivíduo aumenta o esforço físico realizado mas no que toca aos
valores registados pelos sensores de movimento, não se verificam grandes alterações
relativamente à fase de descida de escadas, apresentando igualmente uma grande oscilação
durante a subida dos três andares (Figura 4.7). Nesta fase, com o aumento do esforço físico é
possível verificar através do gráfico do batimento cardíaco que este continua a aumentar
durante todo o período associado à fase de subida de escadas, apresentando uma média de
130,5 bpm.
56 Resultados e Discussão
Figura 4.8 – Valores recolhidos pelos sensores monitorizados na quarta fase do teste.
Após subir o último lance de escadas, deu-se início à última fase deste teste, em que o
indivíduo testado volta à posição de repouso inicial. Conforme mostra a Figura 4.8 o
movimento produzido pelo indivíduo é praticamente nulo, dado que para os três eixos dos
sensores testados os valores obtidos são praticamente constantes. O gráfico do batimento
cardíaco durante esta fase permite verificar que com menor movimento o coração diminui
progressivamente a sua atividade, apresentando uma média de 116,7, sendo de esperar que
com uma análise um pouco mais prolongada os bpm atingiriam os níveis obtidos na situação
basal da primeira fase.
4.3 – Conclusão
Tendo a DemoApp completamente programada foi necessária submete-la a testes que
comprovassem a funcionalidade do módulo agregador que lhe serve de base, assim como a
sua capacidade para atuar como ferramenta de monitorização de sinais vitais.
Na realização do primeiro teste pretendia-se verificar se as alterações efectuadas no SDK
do VJ no âmbito do projeto VitalLogger tinham sido bem implementadas. Para isso criou-se
um perfil de sensores contendo todos os sensores presentes no VJ, incluindo os que foram
adicionados para este projeto, e ainda se adicionou o acelerómetro de 3 eixos presente no
dispositivo móvel utilizado para o teste, para assim verificar também se o módulo de
agregação é funcional. O resultado obtido foi satisfatório, no sentido em que todos os
sensores, mostraram funcionar corretamente, o que comprova a correta implementação de
novos sensores no VJ, para além de se verificar o funcionamento do módulo agregador
desenvolvido devido à monitorização em simultâneo de sensores do VJ e um sensor do
smartphone.
Com o segundo teste, apesar dos resultados apresentarem algum ruído com o maior
movimento do indivíduo testado, foi possível comprovar que o aumento da atividade física
57 Conclusão
provoca o aumento do batimento cardíaco. Isto deve-se ao facto de que com o exercício físico
a temperatura corporal aumenta e o coração acelera o seu batimento para aumentar o fluxo
sanguíneo e conseguir contrariar esse aumento de temperatura [19]. É também possível
verificar que a DemoApp é perfeitamente capaz de monitorizar a ação do coração do seu
utilizador e sincroniza-la com o seu comportamento, seja através dos sensores presentes no
VJ, seja através dos sensores incorporados no dispositivo móvel (smartphone ou tablet). É
também possível verificar que independentemente da origem dos sensores a DemoApp é
capaz de gravar os novos eventos detetados por todos os sensores.
É assim possível concluir que o módulo agregador criado permite a aquisição em
simultâneo de valores por parte de sensores de diferentes origens, sendo possível estabelecer
relações temporais entre eles, pelo que poderá ser adaptado para futuras aplicações de
monitorização de sensores. Também é possível verificar que a DemoApp desenvolvida nesta
aplicação possui uma série de funcionalidades que podem ter grande interesse para o
desenvolvimento sistemas de monitorização remota de sinais vitais.
58 Resultados e Discussão
59
Capítulo 5
Conclusões e Trabalhos Futuros
A consulta realizada para esta dissertação e exposta no Estado da Arte (Capítulo 2)
permitiu verificar que as doenças ou eventos associados ao coração são muitas vezes fatais,
estando no topo das causas de morte mesmo nos países mais desenvolvidos. Isto tem
despoletado um grande interesse por parte da comunidade investigadora para desenvolver
sistemas de monitorização remota da atividade cardíaca, o que permite aos seus utilizadores
terem um conhecimento mais aprofundado do seu estado de saúde sem que para isso tenham
de recorrer constantemente a consultas hospitalares.
Com o aparecimento dos smartphones, este tipo de sistemas tem crescido
exponencialmente, dada a capacidade destes dispositivos em recolherem informação do meio
que os envolve seja através dos vários sensores incorporados, seja através da conexão com
dispositivos externos (appcessories) capazes de recolher dados com elevada precisão e
qualidade. Dada a incapacidade atual dos smartphones para recolher ECG ou mesmo o
batimento cardíaco de forma fidedigna, têm surgido no mercado diversos
appcessories vestíveis de monitorização da atividade cardíaca, como é o caso do
VitalJacket®, que quando associados a aplicações móveis tornam-se em ferramentas bastante
úteis para o acompanhamento do estado de saúde dos seus utilizadores.
No conjunto das aplicações móveis pesquisadas destinadas à recolha de ECG foi possível
detetar uma lacuna transversal a todas elas, uma vez que em nenhuma é tido em conta o
meio envolvente à monitorização realizada ou mesmo a atividade do individuo durante este
tipo de aquisições, apesar de estar devidamente documentado a relação direta entre o
comportamento do coração com fatores vitais, ambientais ou emocionais.
Neste sentido e no âmbito do projeto VitalLogger que visa criar um sistema de
monitorização de sinais vitais completo, surgiu o tema desta dissertação que consistia no
desenvolvimento de um módulo aplicável à plataforma Android, e cuja arquitetura foi
desenhada para permitir a agregação de informação relativa aos sensores presentes num
smartphone e no VJ, permitindo que o utilizador possa escolher os sensores que pretende
utilizar.
De forma a evidenciar que o módulo criado é funcional, foi desenvolvida uma aplicação
móvel assente nesse módulo que apesar de apenas ter fins de demonstração, acaba por ser a
interface visível de todo o projeto VitalLogger e como tal tinha de apresentar uma boa
robustez e versatilidade. De forma a comprovar isso foram realizados dois testes, em que no
primeiro a aplicação foi testada para determinar se os novos sensores incorporados no VJ e
60 Conclusões e Trabalhos Futuros
o firmware associado estavam em correto funcionamento, o que implicou a seleção, para a
monitorização, dos novos sensores pertencentes ao VJ, aos quais se adicionou o acelerómetro
do próprio dispositivo móvel de modo a aferir as capacidades do módulo desenvolvido. Os
resultados para este teste, apresentados no capítulo anterior, permitiram verificar que o
módulo funciona e que os novos sensores foram devidamente implementados no VJ.
O segundo teste realizado pretendia determinar se os valores recolhidos pelos sensores
pretendidos durante um exame efetuado pela DemoApp corresponderiam ao que está
convencionado na literatura. Neste sentido elaborou-se um protocolo em que um indivíduo
após um período em repouso era sujeito a uma atividade física brusca (descer e voltar a subir
escadas), voltando posteriormente ao estado de repouso. No final da realização deste
protocolo, o exame monitorizado e gravado na DemoApp foi enviado para uma Dropbox para
se proceder à sua análise mais detalhada. Os resultados obtidos, mesmo apresentando algum
ruído, acabaram por se revelar satisfatórios, pois foi possível estabelecer uma relação direta
entre a atividade física do indivíduo testado e o seu batimento cardíaco.
Apesar da DemoApp ter mostrado ser uma ferramenta útil no auxílio à monitorização
remota de sinais vitais e ter demonstrado a funcionalidade do módulo desenvolvido, há
melhorias que podem vir a ser implementadas no futuro. Desde logo melhorar a consulta de
monitorizações para que se possa proceder à análise dos exames efetuados recorrendo a
gráficos interativos para cada sensor com a possibilidade de fazer zoom e scroll para zonas de
interesse, por exemplo, para os momentos em que foram registados eventos de interesse.
Outro melhoramento possível poderá passar por dar possibilidade ao utilizador de escolher
o formato do ficheiro de exame que é enviado para a Dropbox, uma vez que neste momento a
DemoApp desenvolvida envia os ficheiros em formato “.txt” mas poderá ser do interesse de
outros utilizadores ter acesso a estes ficheiros num formato de linhas e colunas (Ex.: “.csv”).
Por fim, associar o módulo agregador a uma central de processamento de sinais seria de
grande interesse para a comunidade uma vez que o ECG é uma grande fonte de informação
sobre o funcionamento do coração e através da sua análise é possível determinar a existência
de anomalias. O módulo agregador sendo capaz de recolher o ECG simultaneamente com
fatores ambientais e outros dados vitais, poderia enviar os exames recolhidos, por exemplo,
para uma cloud que processasse este tipo de sinais e assim permitir em tempo real a deteção
ou despiste de anomalias na atividade cardíaca dos utilizadores desta aplicação, sem afetar a
capacidade de processamento do smartphone utilizado.
Embora sejam enunciados alguns aspetos da ferramenta computacional desenvolvida que
poderão ser aperfeiçoado e afinados, os objetivos propostos inicialmente para esta
dissertação foram cumpridos, tendo sido criado um módulo funcional para a plataforma
Android capaz de efetuar a agregação e sincronização temporal de informação recolhida por
sensores incorporados em dispositivos vestíveis e em smartphones e tendo sido desenvolvida
uma aplicação móvel capaz de o demonstrar.
Foram também proporcionadas boas perspetivas para o desenvolvimento futuro deste
trabalho, pelo que, é de crer que a realização desta Dissertação, de caráter inovador, seja
uma excelente contribuição para a melhoria dos sistemas atuais de monitorização remota de
sinais vitais e para o estudo de mais fatores que possam afetar a atividade cardíaca.
Anexo A
Figura A1 – JavaDoc referente ao SensorService para o acelerómetro presente em smartphones.
62 Anexo A
Figura A2 – JavaDoc da classe ResultReceiver para o acelerómetro do smartphone.
Anexo A 63
Figura A3 – JavaDoc da classe Receiver para o acelerómetro do smartphone.
64 Anexo A
Figura A4 – JavaDoc da classe FilesOperation responsável pela gravação em ficheiro das monitorizações.
Figura A5 - JavaDoc da classe ProFilesOperation responsável pela gravação em ficheiro dos perfis de
sensores.
Anexo A 63
Figura A6 - JavaDoc da classe UploadFileDB responsável pelo envio de ficheiros de exames para a
Dropbox.
66 Anexo
Anexo B
Figura B1 – Exemplo da trama de gravação em ficheiro durante processo de monitorização, na qual os
diferentes elementos constituintes de cada medição são separados por vírgulas.
67 Anexo A
Bibliografia 68
Bibliografia
[1] G. Eysenbach, "What is e-health?," Journal of Medical Internet Research, vol. 3, 2001. [2] G. Halvorson, P. Goldsbrough, D. J. Kent, K. Close, and D. D. Becker, "The Digital
Dimension of Healthcare," Global Health Policy Summit2012. [3] P. Prokopiou, "Android home monitor system for post cardiosurgery patients," ΣΜΗΜΑ
ΠΛΗΡΟΦΟΡΙΚΗ, ΠΑΝΕΠΙΣΗΜΙΟ ΚΤΠΡΟΤ, 2012. [4] P. Zanaboni and R. Wootton, "Adoption of telemedicine: from pilot stage to routine
delivery," BMC medical informatics and decision making, vol. 12, p. 1, 2012. [5] F. Sufi, Q. Fang, and I. Cosic, "Ecg rr peak detection on mobile phones," 2007, pp.
3697-3700. [6] C. Free, L. Phillips G Fau - Felix, L. Felix L Fau - Galli, V. Galli L Fau - Patel, P. Patel
V Fau - Edwards, and P. Edwards, "The effectiveness of M-health technologies for improving health and health services: a systematic review protocol," 2010.
[7] M. N. Boulos, S. Wheeler, C. Tavares, and R. Jones, "How smartphones are changing the face of mobile and participatory healthcare: an overview, with example from eCAALYX," Biomed Eng Online, vol. 10, p. 24, 2011.
[8] C. Klersy, A. De Silvestri, G. Gabutti, A. Raisaro, M. Curti, F. Regoli, et al., "Economic impact of remote patient monitoring: an integrated economic model derived from a meta‐analysis of randomized controlled trials in heart failure," European Journal of Heart Failure, vol. 13, pp. 450-459, 2011.
[9] S. P. d. Cardiologia. Available: http://www.spc.pt, acedido a última vez em 10 de Setembro de 2015
[10] F. P. d. Cardiologia. (2014). Available: http://www.fpcardiologia.pt/, acedido a última vez em 10 de Setembro de 2015
[11] I. N. d. Estatística. (2015). Available: https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=229848995&DESTAQUESmodo=2, última vez acedido em 10 de Setembro de 2015
[12] V. W. Consulting, "mHealth for Development: The Opportunity of Mobile Technology for Healthcare in the Developing World," Washington, D.C. and Berkshire, UK2009.
[13] M. Á. M. García, "ECG2HRV: A NEW TOOL FOR THE RESEARCH IN HEART RATE VARIABILITY," 2013.
[14] C. f. D. C. a. Prevention. (2015). Health, United States, 2014. Available: http://www.cdc.gov/nchs/data/hus/hus14.pdf#024, última vez acedido em 10 de Setembro de 2015
[15] R. Auer, D. C. Bauer, P. Marques-Vidal, J. Butler, L. J. Min, J. Cornuz, et al., "Association of major and minor ECG abnormalities with coronary heart disease events," JAMA, vol. 307, pp. 1497-1505, 2012.
[16] M. A. Moreno, "An Android Hosted Bluetooth ECG Monitoring Device," Faculty of the Graduate School of The University of Texas at Austin2012.
[17] M. Rivera-Ruiz, C. Cajavilca, and J. Varon, "Einthoven's string galvanometer: the first electrocardiograph," Texas Heart Institute Journal, vol. 35, p. 174, 2008.
[18] E. C. Gullette, J. A. Blumenthal, M. Babyak, W. Jiang, R. A. Waugh, D. J. Frid, et al., "Effects of mental stress on myocardial ischemia during daily life," Jama, vol. 277, pp. 1521-1526, 1997.
69 Anexo A
[19] S. Z. Bong, M. Murugappan, and S. Yaacob, "Analysis of Electrocardiogram (ECG) Signals for Human Emotional Stress Classification," in Trends in Intelligent Robotics, Automation, and Manufacturing, ed: Springer, 2012, pp. 198-205.
[20] F.-T. Sun, C. Kuo, H.-T. Cheng, S. Buthpitiya, P. Collins, and M. Griss, "Activity-aware mental stress detection using physiological sensors," in Mobile Computing, Applications, and Services, ed: Springer, 2012, pp. 211-230.
[21] M. P. Tarvainen, J.-P. Niskanen, J. A. Lipponen, P. O. Ranta-Aho, and P. A. Karjalainen, "Kubios HRV–heart rate variability analysis software," Computer methods and programs in biomedicine, vol. 113, pp. 210-220, 2014.
[22] M. M. Corrales, "Normal values of heart rate variability at rest in a young, healthy and active Mexican population," Health, vol. 04, pp. 377-385, 2012.
[23] Medicore, "Heart Rate Variability Analysis System - Clinical Information." [24] J. Lee and V. R. Harley, "The male fight‐flight response: A result of SRY regulation of
catecholamines?," Bioessays, vol. 34, pp. 454-457, 2012. [25] J. González-Alonso, C. Teller, S. L. Andersen, F. B. Jensen, T. Hyldig, and B. Nielsen,
"Influence of body temperature on the development of fatigue during prolonged exercise in the heat," Journal of Applied Physiology, vol. 86, pp. 1032-1039, 1999-03-01 00:00:00 1999.
[26] T. Prazak. (2013). How Heat & Humidity Affect Performance. Available: http://triathlete-europe.competitor.com/2013/08/23/how-heat-humidity-affect-performance, acedido a última vez em 10 de Setembro de 2015
[27] W. J. Daly and S. Bondurant, "EFFECTS OF OXYGEN BREATHING ON THE HEART RATE, BLOOD PRESSURE, AND CARDIAC INDEX OF NORMAL MEN—RESTING, WITH REACTIVE HYPEREMIA, AND AFTER ATROPINE," Journal of Clinical Investigation, vol. 41, pp. 126-132, 1962.
[28] R. L. Hughson, Y. Yamamoto, R. E. McCullough, J. R. Sutton, and J. T. Reeves, "Sympathetic and parasympathetic indicators of heart rate control at altitude studied by spectral analysis," Journal of Applied Physiology, vol. 77, pp. 2537-2542, 1994-12-01 00:00:00 1994.
[29] J. Gikas and M. M. Grant, "Mobile computing devices in higher education: Student perspectives on learning with cellphones, smartphones & social media," The Internet and Higher Education, vol. 19, pp. 18-26, 2013.
[30] Ericsson. (2013). Ericsson Mobility Report. Available: http://www.ericsson.com/res/docs/2013/ericsson-mobility-report-november-2013.pdf , acedido a úlltima vez acedido em 4 de Fevereiro de 2015
[31] OurMobilePlanet. (2014). Available: https://think.withgoogle.com/mobileplanet/en/graph/?country=pt&category=DETAILS&topic=Q00&stat=Q00_1&wave=2012&wave=2013&age=all&gender=all&chart_type=&active=wave , acedido a última vez em 4 de Fevereiro de 2015
[32] M. F. Colunas, J. M. A. Fernandes, I. C. Oliveira, and J. P. S. Cunha, "Droid Jacket: Using an Android based smartphone for team monitoring," in Wireless Communications and Mobile Computing Conference (IWCMC), 2011 7th International, 2011, pp. 2157-2161.
[33] C. Janssen. Available: http://www.techopedia.com/definition/2953/mobile-application-mobile-app, acedido a última vez em 4 de Fevereiro de 2015
[34] C. M. d. S. Tibes, J. D. Dias, and S. H. Zem-Mascarenhas, "Mobile applications developed for the health sector in Brazil: an integrative literature review," REME: Revista Mineira de Enfermagem, vol. 18, 2014.
[35] Statista. (2014). Global market share held by the leading smartphone operating systems in sales to end users from 1st quarter 2009 to 4th quarter 2013. Available: http://www.statista.com/statistics/266136/global-market-share-held-by-smartphone-operating-systems/, acedido a última vez a 8 de Fevereiro de 2015
[36] B. Garcês, "Funcionalidades avançadas para aplicações móveis de uma plataforma de monitorização contínua de saúde," Mestrado Integrado de Engenharia Informática e Computação, Departamento de Engenharia Informática e Computação, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 2013.
[37] Statista. Market share held by smartphone operating systems worldwide in 2013 and 2017. Available: http://www.statista.com/statistics/272307/market-share-forecast-for-smartphone-operating-systems/, acedido a última vez a 8 de Fevereiro de 2015
70 Anexo A
[38] Developers. Sensors Overview. Available: http://developer.android.com/guide/topics/sensors/sensors_overview.html, última vez acedido em 10 de Setembro de 2015
[39] D. Liu and M. Ulrich, "Listen to Your Heart: Stress Prediction Using Consumer Heart Rate Sensors," 2013.
[40] Zephyr. (2012,
). Zephyr HxM. Available: http://zephyranywhere.com/products/hxm-bluetooth-heart-rate-
monitor/ , acedido a úlltima vez acedido em 4 de Fevereiro de 2015
[41] Sensaris, "ZAO, a connected m-health device " Available: http://sensaris.com/wp-
content/uploads/2012/10/ZAO-presentation-v0.3.pdf, acedido a última vez em 4 de Fevereiro de 20152012.
[42] D. Shamah. (2014). Israeli ECG T-shirt monitors hearts, saves lives. Available: http://www.timesofisrael.com/israeli-ecg-t-shirt-monitors-hearts-saves-lives/, última vez acedido em 10 de Setembro de 2015
[43] D. Care. Available: http://www.dgacare.com/index.php/nl/, última vez acedido em 10 de Setembro de 2015
[44] Biodevices. (2011). Vital Jacket. Available: http://vagueterrain.net/journal18/biodevices/01, acedido a última vez a 7 de Fevereiro de 2015
[45] Biodevices. (2013). VitalJacket SDK v1.0.03 - Technical Specifications. Available: http://www.sdk.vitaljacket.com/wp-content/uploads/Sdk-Technical-Specification-v1.0.03.pdf, acedido a última vez a 10 de Setembro de 2015
[46] B. Martinez-Perez, I. de la Torre-Diez, M. Lopez-Coronado, and J. Herreros-Gonzalez, "Mobile apps in cardiology: review," JMIR Mhealth Uhealth, vol. 1, p. e15, 2013.
[47] Y. Po-Chun, C. Jen-Ho, T. Ming-Shi, and T. Ching-Hsiang, "A smartphone-based heart rate variability analysis system for vehicle drivers," in ITS Telecommunications (ITST), 2012 12th International Conference on, 2012, pp. 827-831.
[48] O. Banos, C. Villalonga, M. Damas, P. Gloesekoetter, H. Pomares, and I. Rojas, "PhysioDroid: combining wearable health sensors and mobile devices for a ubiquitous, continuous, and personal monitoring," ScientificWorldJournal, vol. 2014, p. 490824, 2014.
[49] L. J. Fau, N. Lowres, L. Neubeck, D. B. Brieger, R. W. Sy, C. D. Galloway, et al., "iPhone ECG application for community screening to detect silent atrial fibrillation: a novel technology to prevent stroke," 20130415 DCOM- 20140121.
[50] FreeAndroidApps. Available: http://amazefiles.com/pt/android-apps/aliveecg/, acedido a última vez a 16 de Setembro de 2015
[51] B. Barringer. (2015). Windows and mobile apps must be different to be successful. Available: http://searchconsumerization.techtarget.com/tip/Windows-and-mobile-apps-must-be-different-to-be-successful, acedido a última vez a 6 de Fevereiro de 2015
[52] Developers. Layouts. Available: http://developer.android.com/guide/topics/ui/declaring-layout.html, acedido a
última vez em 10 de Setembro de 2015
71 Bibliografia