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RELATÓRIO DE GESTÃO E CONTAS 2016 Relatórios CGD www.cgd.pt

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  • RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016

    Relatrios CGD

    www.cgd.pt

  • 2 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 3

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    NDICE

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO .................................................... 5

    1.1. SOBRE ESTE RELATRIO ........................................................................................... 5 1.2. MENSAGEM DO PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAO E DO

    PRESIDENTE DA COMISSO EXECUTIVA ................................................................ 7 1.3. ACONTECIMENTOS EM DESTAQUE EM 2016 ........................................................... 9 1.4. A CGD HOJE ................................................................................................................ 15

    1.4.1. Misso e Valores .......................................................................................... 15 1.4.2. Grupo CGD ................................................................................................... 16

    1.5. PLANEANDO O FUTURO ............................................................................................ 22

    1.5.1. Enquadramento Econmico-Financeiro ....................................................... 22 1.5.2. Plano de Recapitalizao ............................................................................. 32 1.5.3. Plano Estratgico.......................................................................................... 34 1.5.4. Principais Riscos e Incertezas ...................................................................... 37 1.5.5. Modelo de Governo ...................................................................................... 43

    1.6. MODELO DE NEGCIO CGD ..................................................................................... 44

    1.6.1. Atividade Domstica ..................................................................................... 44 1.6.2. Atividade Internacional ................................................................................. 79 1.6.3. Anlise Financeira ........................................................................................ 97

    1.7. GESTO DOS RISCOS ............................................................................................. 116

    1.7.1. Risco de Crdito ......................................................................................... 120 1.7.3. Risco de Taxa de Juro do Balano............................................................. 131 1.7.4. Risco de Liquidez ....................................................................................... 133 1.7.5. Risco Operacional ...................................................................................... 136

    1.8. CAPITAL HUMANO E SUSTENTABILIDADE............................................................ 139

    1.8.1. Capital Humano .......................................................................................... 139 1.8.2. Sustentabilidade ......................................................................................... 147

    1.9. NOTAS FINAIS ........................................................................................................... 161 1.10. EVENTOS SUBSEQUENTES .................................................................................. 163 1.11. PROPOSTA DE APLICAO DE RESULTADOS .................................................. 164 1.12. DECLARAO SOBRE A CONFORMIDADE DA INFORMAO FINANCEIRA

    APRESENTADA ........................................................................................................ 165 1.13. DEMONSTRAES FINANCEIRAS INDIVIDUAIS E CONSOLIDADAS ............... 166

    2. ANEXOS, RELATRIOS E PARECERES S CONTAS ............................................. 176

    2.1. ANEXO S DEMONSTRAES FINANCEIRAS INDIVIDUAIS ............................... 176 2.2. ANEXO S DEMONSTRAES FINANCEIRAS CONSOLIDADAS ........................ 356 2.3. OUTROS ANEXOS .................................................................................................... 558

    2.3.1. Informao relativa ao nus sobre ativos ................................................... 558 2.3.2. Informao discriminada por pas .............................................................. 559 2.3.3. Relatrios EBA ........................................................................................... 563 2.3.4. Glossrio ..................................................................................................... 569

    2.4. RELATRIOS E PARECERES S CONTAS ............................................................ 572

    2.4.1. Relatrio de auditoria contas individuais ................................................. 572 2.4.2. Certificao legal das contas individuais .................................................... 586 2.4.3. Relatrio de auditoria contas consolidadas ............................................. 600 2.4.4. Certificao legal das contas consolidadas ............................................... 612 2.4.5. Relatrio e parecer do Conselho Fiscal ..................................................... 624

    2.5. DECLARAO DE VERIFICAO DE INFORMAO NO FINANCEIRA ............ 631

  • 4 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    3. RELATRIO DE GOVERNO SOCIETRIO ................................................................ 633

    3.1. - SNTESE ................................................................................................................. 634 3.2. - MISSO, OBJETIVOS E POLTICAS ..................................................................... 634 3.3. - ESTRUTURA DE CAPITAL ..................................................................................... 640 3.4. - PARTICIPAES SOCIAIS E OBRIGAES DETIDAS ...................................... 641 3.5. - RGOS SOCIAIS E COMISSES ....................................................................... 645

    3.5.1. Assembleia Geral ...................................................................................... 647 3.5.2. Administrao ............................................................................................ 648 3.5.3. Fiscalizao ............................................................................................... 655 3.5.4. Sociedade de Revisores Oficiais de Contas ............................................. 657 3.5.5. Auditor Externo .......................................................................................... 659 3.5.6. Secretrio da Sociedade ........................................................................... 660 3.5.7. Preveno de conflitos de interesses ........................................................ 660

    3.6. - ORGANIZAO INTERNA ..................................................................................... 661

    3.6.1. Estatutos e comunicaes ......................................................................... 661 3.6.2. Controlo interno e gesto de riscos ........................................................... 662 3.6.3. Regulamentos e cdigos ........................................................................... 671 3.6.4. Deveres especiais de informao ............................................................. 679

    3.7. - REMUNERAES .................................................................................................. 682 3.8. - TRANSAES COM PARTES RELACIONADAS E OUTRAS .............................. 691 3.9. - ANLISE DE SUSTENTABILIDADE DA EMPRESA NOS DOMNIOS

    ECONMICO, SOCIAL E AMBIENTAL ................................................................... 694 3.10. - AVALIAO DO GOVERNO SOCIETRIO ......................................................... 709 3.11. - ANEXOS ................................................................................................................ 713

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 5

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    1. Relatrio do Conselho de

    Administrao

    1.1. Sobre este Relatrio

    A CGD adota, pelo segundo ano consecutivo, um modelo de relato integrado, incluindo no

    Relatrio de Gesto e Contas Anual informao relevante no mbito da sustentabilidade.

    Pretende-se com esta abrangncia, acompanhar as melhores prticas e tendncias de

    evoluo do reporte, incluindo a Diretiva 2014/95/UE sobre reporte no financeiro de

    entidades de interesse pblico.

    Esta diretiva encontra-se em fase de transposio para o ordenamento jurdico nacional,

    sendo de aplicao obrigatria a partir do exerccio financeiro com incio em 1 de janeiro de

    2017 ou durante o ano civil de 2017.

    Num exerccio de antecipao da entrada em vigor desta obrigatoriedade, a CGD encontra-

    se a integrar progressivamente informao financeira e de sustentabilidade num nico

    relatrio, desde o reporte de 2015, apresentando, de forma concisa, a estratgia, o modelo

    de governance, a performance e as perspetivas futuras, permitindo a compreenso da

    globalidade e sustentabilidade da empresa.

    O presente relatrio visa assim apresentar aos vrios grupos de stakeholders informao

    sobre o desempenho da CGD acerca dos temas que afetam, de forma material, a

    capacidade do Banco de gerar valor a prazo.

    A abordagem s matrias relativas sustentabilidade foi efetuada de acordo com as mais

    recentes diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI), na verso GRI Standards, incluindo

    o suplemento financeiro, para a opo abrangente.

    Para dar resposta a estas diretrizes e selecionar os temas a abordar neste relatrio, a CGD

    baseou-se nos resultados de uma anlise de materialidade obtidos atravs de um processo

    de auscultao de stakeholders internos e externos, e na classificao interna de impacto

    desses mesmos temas.

    A informao relativa sustentabilidade integrada no presente relatrio foi sujeita a

    verificao independente por uma entidade externa, conforme declarao de verificao da

    Deloitte & Associados, SROC, SA, disponibilizada no captulo 2.5. Declarao de

    Verificao de Informao No Financeira. Esta verificao analisou a conformidade e a

    fiabilidade da informao disponibilizada de acordo com as diretrizes GRI Standards,

    incluindo suplemento financeiro, de modo a garantir que a mesma reflete, de modo

    apropriado, a realidade efetiva da CGD. A informao reportada sobre sustentabilidade diz

    respeito sobretudo s atividades da CGD em Portugal, sendo tambm relatada informao

    sobre o desempenho em sustentabilidade das seguintes entidades do Grupo CGD:

    Empresas do Grupo CGD: Caixa - Banco de Investimento, SA; Caixa Gesto de

    Activos, SGPS; Agrupamento Complementar de Empresas: Sogrupo Compras e

    Servios Partilhados, ACE e Sogrupo Sistema de Informao, ACE;

    Bancos afiliados Banco Interatlntico, SA e Banco Comercial do Atlntico, SA,

    ambos de Cabo Verde; Banco Caixa Geral Brasil, SA.

    O mbito de reporte encontra-se, no caso da CGD, SA, alinhado com os resultados da

    materialidade obtida, enquanto que os bancos afiliados reportam alguns indicadores de

    acordo com a sua capacidade de monitorizao, devidamente identificados na tabela GRI,

    disponvel em https://www.cgd.pt/Institucional/Sustentabilidade-CGD/Reporting-Desempenho/Pages/Reporting-desempenho.aspx

    https://www.cgd.pt/Institucional/Sustentabilidade-CGD/Reporting-Desempenho/Pages/Reporting-desempenho.aspxhttps://www.cgd.pt/Institucional/Sustentabilidade-CGD/Reporting-Desempenho/Pages/Reporting-desempenho.aspx
  • 6 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    Para que a CGD continue a melhorar, de forma contnua, o seu relato corporativo, mantm-

    se disposio para receber feedback dos leitores. Contacte a CGD atravs do seguinte

    email: [email protected].

    mailto:[email protected]
  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 7

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    1.2. Mensagem do Presidente do Conselho de

    Administrao e do Presidente da Comisso

    Executiva

    2016 foi um ano intenso de acontecimentos para a Caixa Geral de Depsitos, SA (Caixa /

    CGD). Dois merecem especial relevo: a instituio completou 140 anos de existncia e deu

    passos muito importantes na preparao do seu futuro. Tiveram lugar a preparao e a

    negociao com as autoridades europeias, dos planos de recapitalizao e estratgico, que

    culminaram em agosto de 2016 no acordo de princpio entre a Comisso Europeia e o

    Estado Portugus.

    Este acordo, reajustado, foi formalmente aprovado em 10 de maro de 2017 e permitiu a

    recapitalizao concretizada, num montante total de 4.444 milhes de euros, a maior j

    levada a cabo em Portugal. Deve salientar-se o facto de no ter sido considerada uma ajuda

    de Estado, uma vez que cumpriu todos os requisitos que um investidor privado teria para

    fazer um investimento com estas caratersticas. Este aumento de capitais prprios

    possibilita CGD cumprir os rcios de capital regulamentar, com os adicionais de pilar 2 e

    as reservas de fundos prprios determinados pelas entidades de superviso.

    Deste modo poder a Caixa dedicar-se, nos prximos 4 anos, execuo do seu plano

    estratgico, focando decididamente a sua atividade no suporte economia nacional,

    ajustando a sua proposta de valor satisfao das necessidades financeiras das famlias e

    empresas portuguesas, sem esquecer a necessidade de simplificao de processos e

    otimizao de estrutura que foram acordados com a Comisso Europeia e de

    incumprimento indispensvel nos termos dos compromissos assumidos pelo Estado

    Portugus.

    Em simultneo, a presena internacional da Caixa ser racionalizada e o modelo de

    governo melhorado, concentrando os seus esforos nos principais mercados de afinidade

    portuguesa. A confiana continuar a ser incrementada atravs de um robusto modelo de

    gesto de risco e do reforo orgnico dos nveis solvncia.

    forte o desafio que a Caixa tem pela frente. Mas o xito neste desafio que lhe permitir

    resistir num mercado bancrio altamente exigente e competitivo, gerando a rentabilidade

    adequada remunerao do acionista e a assegurar futuras necessidades de capital,

    confirmar-se como um elemento estruturante do sistema financeiro nacional e manter-se

    como um porto seguro para as poupanas dos portugueses.

    Este desafio tem uma base de partida slida assente nas atuais quotas de mercado da

    Caixa em Portugal, na sua larga e prxima base de clientes e no seu atual nvel de

    capitalizao. Esta base de partida permitir trabalhar na melhoria das suas margens e na

    adequao das suas comisses atravs de produtos e servios de qualidade que vo ao

    encontro das necessidades dos clientes, permitir otimizar custos na sua operao,

    melhorando a sua eficincia e permitir tambm alcanar um custo do risco anual

    consistente com as melhores prticas.

    Na implementao do plano estratgico, a Caixa prosseguir simultaneamente com a sua

    Estratgia de Sustentabilidade, mantendo o seu compromisso com as reas de negcio

    responsvel, comunidade e ambiente, tendo presente a sua qualidade de subscritora dos

    10 Princpios do Global Compact, e mantendo na sua atuao os Objetivos de

    Desenvolvimento Sustentvel das Naes Unidas.

    A concretizao da forte transformao a implementar na Caixa depender do contributo

    de cada um dos seus colaboradores. Estando claro o caminho a prosseguir, todos sabem

    o que necessrio fazer e porqu. Assumimos de forma inequvoca o comprometimento

  • 8 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    no reforo da liderana da CGD, que uma oportunidade e uma responsabilidade de todos

    ns. Existem na nossa organizao a capacidade e a competncia necessrias no s o

    saber mas sobretudo o saber fazer a que deve somar-se o indispensvel compromisso

    de cada uma das pessoas da Caixa.

    Deste modo estamos confiantes de que conseguiremos percorrer com sucesso o caminho

    que temos pela frente.

    Paulo Moita de Macedo Emilio Rui Vilar

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 9

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    1.3. Acontecimentos em destaque em 2016

    Na esfera do Grupo CGD, os acontecimentos mais relevantes ocorridos em 2016 foram os

    seguintes:

    A Comisso Europeia e o Estado Portugus chegaram a um acordo de princpio

    para a recapitalizao da CGD, no montante global de 4,9 mil milhes de euros,

    sem que fosse considerada ajuda de Estado.

    No mbito deste acordo, a CGD procedeu avaliao do valor dos seus ativos

    seguindo os princpios de avaliao de um novo investidor privado, de que resultou

    um significativo reforo de imparidades e provises.

    Este reforo de imparidades e provises permitiu uma reduo importante do

    Crdito em Risco e melhoria da sua cobertura por imparidades.

    Alterao do modelo de governo, que passou a ser constitudo por um Conselho de

    Administrao (incluindo uma Comisso Executiva e vrias Comisses

    especializadas) e, na componente de fiscalizao, um Conselho Fiscal e uma

    Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, assegurando efetiva separao entre

    as funes de administrao e as funes de fiscalizao.

    Em termos operacionais, o resultado de explorao core (soma da margem

    financeira com comisses deduzida dos custos operativos) aumentou 68,7% face

    ao ano anterior, atingindo 368 milhes de euros.

    A situao de liquidez do Grupo CGD foi ao longo do ano muito confortvel, com

    um reduzido montante total de financiamento junto do BCE em dezembro de 2016,

    cerca de 3,8% do ativo total, continuando a beneficiar da forte confiana dos

    clientes particulares nas suas aplicaes.

    Considerando as componentes do plano de recapitalizao objeto do referido

    acordo de princpio e concretizadas no primeiro trimestre de 2017, os valores

    proforma em 1 de janeiro de 2017 dos rcios Common Equity Tier 1 (CET 1)

    phased-in e fully implemented ascenderiam a 12,1% e 11,8%, respetivamente. Por

    seu turno, os rcios Tier 1 e Total phased-in da CGD atingiriam 13,0% e 14,1%,

    respetivamente.

    RESULTADOS 1

    No mbito do plano de recapitalizao em curso, a CGD procedeu avaliao do valor dos

    seus ativos seguindo os princpios de avaliao de um novo investidor privado

    significativo, conforme acordado com a DGComp. Deste exerccio resultou a constituio

    de um montante de 3.016,9 milhes de euros de imparidades e provises em 2016.

    Aps o significativo reforo de imparidades e provises, e o write-off de crditos, o crdito

    em risco na CGD reduziu-se para 10,5% da sua carteira. Em simultneo, atingiu-se uma

    cobertura global por imparidades de 79%, com destaque para a cobertura de 100%

    alcanada no segmento de crdito a empresas. O rcio de cobertura de crdito vencido a

    mais de 90 dias atingiu 123,9%, um acrscimo de 21,7 p.p. face a 2015.

    A referida constituio de imparidades e provises de 3.016,9 milhes de euros foi decisiva

    para o resultado lquido de -1.859,5 milhes de euros atingidos no exerccio de 2016.

    1 Contas de dezembro de 2015 reexpressas considerando o Mercantile Bank Holdings, Ltd. como um ativo no corrente detido para venda.

  • 10 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    Em termos operacionais, o resultado de explorao core (soma da margem financeira com

    comisses deduzida dos custos operativos) em 2016 aumentou 68,7% face ao ano anterior

    para 368,1 milhes de euros, beneficiando do comportamento da margem financeira e dos

    custos operativos.

    A margem financeira cresceu 60,2 milhes de euros (+5,5%) face ao ano anterior para

    1.144,9 milhes de euros.

    O produto bancrio alcanou 1.547,2 milhes de euros em 2016, uma reduo de 451,6

    milhes de euros face ao ano anterior. Esta evoluo resultou essencialmente da reduo

    em 266,4 milhes de euros nos resultados em operaes financeiras, que atingiram os 79,5

    milhes de euros, e da quebra de 189,0 milhes de euros nos outros resultados de

    explorao (igualmente decorrente do exerccio de avaliao de ativos).

    Os custos operativos evidenciaram em 2016 uma reduo de 9,1% face ao ano precedente,

    beneficiando da conteno em todas as suas componentes. Excluindo o custo no

    recorrente relativo ao programa de pr-reforma ou de aposentao voluntria em curso

    (Plano Horizonte) registado em 2015 e em 2016, a reduo teria sido de 5,5%.

    BALANO

    O ativo lquido consolidado do Grupo CGD atingiu 93.547 milhes de euros no final de 2016

    (-7,3% face ao final de 2015).

    Os recursos de clientes totalizaram no final do ano 69.680 milhes de euros (-5,1% do que

    um ano antes). A reduo verificada nos depsitos ocorreu sobretudo no segmento

    institucional, sendo a ligeira reduo de depsitos de particulares consequncia das

    colocaes de OTRVs registadas ao longo do ano.

    O crdito a clientes bruto (incluindo crditos com acordo de recompra) reduziu 3,7% face a

    um ano antes para 68.735 milhes de euros, fortemente influenciado pelos write-offs

    efetuados. Neste contexto, o crdito aos particulares registou uma variao de 5,1% face a

    dezembro de 2015, enquanto o crdito a empresas variou negativamente 10,8%.

    De salientar o crescimento de 13,5% na nova produo de crdito habitao. Em 2016 a

    nova produo atingiu os 1.186,8 milhes de euros, sendo no entanto insuficiente para

    contrariar os vencimentos da carteira.

    Aps o significativo reforo de imparidades e provises, e o write-off de crditos, atrs

    mencionados, o rcio de crdito em risco, calculado de acordo com os critrios do Banco

    de Portugal, reduziu-se para 10,5%, atingindo-se em simultneo uma cobertura por

    imparidades de 79,0%, com destaque para a cobertura de 99,9% alcanada no segmento

    de crdito a empresas, enquanto no de crdito a particulares, a cobertura cifrou-se em

    48,0%. O rcio de crdito em risco no coberto por imparidades passou para 2,2% do

    crdito total, evidenciando o reforo de solidez operado na carteira de crdito da CGD.

    O rcio de transformao situou-se em dezembro de 2016 em 90,6% (90,1% em dezembro

    de 2015), refletindo a forte situao de liquidez do Grupo.

    LIQUIDEZ

    O Grupo CGD apresentava em final de dezembro de 2016 um montante total de

    financiamento junto do BCE de 3.527 milhes de euros (+761 milhes de euros face a

    dezembro de 2015), cerca de 3,8% do ativo total, evidenciando a sua confortvel situao

    de liquidez.

    O Liquidity Coverage Ratio (LCR) alcanou 177,5%, valor acima das exigncias

    regulamentares.

    Por seu turno, o Net Stable Funding Ratio (NSFR) atingiu 134,1% no final de dezembro

    (135,9% um ano antes).

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 11

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    SOLVNCIA

    Os rcios phased-in Common Equity Tier 1 (CET 1) e Total, calculados de acordo com as

    regras da CRD IV /CRR eram de 7,0% e 8,1%, respetivamente, em dezembro de 2016.

    Considerando as componentes do plano de recapitalizao j concretizadas em janeiro de

    2017 (aumento de capital em espcie aes Parcaixa e CoCos e eliminao de items

    distribuveis negativos), bem como em maro de 2017 (aumento de capital de 2.500 milhes

    de euros pelo Estado e emisso, em mercado, de dvida subordinada AT1, no montante de

    500 milhes de euros), os valores proforma em 1 de janeiro de 2017 dos rcios Common

    Equity Tier 1 (CET 1) phased-in e fully implemented ascenderiam a 12,1% e 11,8%,

    respetivamente. Por seu turno, os rcios Tier 1 e Total phased-in da CGD atingiriam 13,0%

    e 14,1%, respetivamente.

    Estes rcios reforam de forma decisiva a solidez da CGD, constituindo a base para

    preservar a posio de liderana no sistema financeiro portugus e o seu papel no apoio s

    famlias e s empresas.

    O rcio de Leverage fully implemented foi de 3,3% no final de dezembro de 2016, mas

    considerando as duas fases do processo de recapitalizao atrs mencionadas, o rcio

    atinge 7,8%.

  • 12 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    DESEMPENHO ECONMICO (milhes de euros)

    NOTA: Valores publicados nos Relatrios de Gesto e Contas do respetivo ano, pelo que no incluem efeitos de reexpresso de demonstraes financeiras comparativas. (1) Inclui ativos com acordo de recompra que no sejam relativos a crdito a clientes e derivados de negociao. (2) Inclui ativos com acordo de recompra que no sejam relativos a aplicaes em ttulos. (3) Indicador calculado de acordo com as instrues do Banco de Portugal.

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 13

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    RCIO DE TRANSFORMAO 2013 2014 2015 2016

    Crdito a clientes lq. / Depsitos de clientes (3) 103,6% 94,5% 90,1% 90,6%

    RCIOS DE SOLVABILIDADE (CRD IV/CRR) (4)

    Common equity tier 1 (phased-in) n.d. 11,1% 10,9% 7,0%

    Tier 1 (phased-in) n.d. 11,1% 10,9% 7,0%

    Total (phased-in) n.d. 12,9% 12,3% 8,1%

    Common equity tier 1 (fully implemented ) n.d. 10,2% 10,0% 5,5%

    RCIOS DE LEVERAGE E LIQUIDEZ (CRD IV/CRR)

    Leverage ratio (fully implemented) 4,6% 6,1% 5,7% 3,3%

    Liquidity coverage ratio 112,9% 103,6% 143,1% 177,5%

    Net stable funding ratio 110,0% 126,0% 135,9% 134,1%

    REDE COMERCIAL E RECURSOS HUMANOS

    Nmero de agncias bancrias - Grupo CGD 1.277 1.247 1.253 1.211

    Nmero de agncias bancrias - CGD Portugal 805 787 764 717

    Nmero de empregados - Grupo CGD (5) 19.608 15.896 16.058 15.452

    Nmero de empregados - CGD Portugal (5) 9.049 8.858 8.410 8.113

    RATINGS (LONGO/CURTO PRAZO)

    Moody's Ba3/NP Ba3/NP B1/NP B1/NP

    Standard & Poor's BB-/B BB-/B BB-/B BB-/B

    FitchRatings BB+/B BB+/B BB-/B BB-/B

    DBRSBBB (low)

    R-2 (mid)

    BBB (low)

    R-2 (mid)

    BBB (low)

    /R-2 (mid)

    BBB (low)

    /R-2 (mid)

    NOTA: Valores publicados nos Relatrios de Gesto e Contas do respetivo ano. (3) Indicador calculado de acordo com as instrues do Banco de Portugal. (4) Consideram o novo enquadramento prudencial dos DTAs (de acordo com o IAS). (5) Empregados ao sevio efetivo.

    SUSTENTABILIDADE

    A CGD continuou a prosseguir a sua viso de sustentabilidade, tendo em 2016 continuado

    a implementar a sua Estratgia de Sustentabilidade para o trinio 2015-2017, em torno de

    10 reas de atuao.

    A CGD integrou a Comisso Portuguesa Coordenadora da Aliana para os ODS - Objetivos

    de Desenvolvimento Sustentvel das Naes Unidas.

    O ano de 2016 foi marcado por um forte investimento na reestruturao de servios e pela

    continuao do reajustamento do efetivo, tendo registado uma reduo na ordem dos 8%

    no efetivo CGD, SA face ao ano anterior. Foi mantida a implementao do Modelo de

    Funcionamento Corporativo, de modo a difundir as melhores prticas de gesto de recursos

    humanos e o aprofundamento da cultura de Grupo, sendo de destacar, em termos de

    projetos estruturantes nesta rea, o desenvolvimento de um Programa de Formao em

    Liderana e o desenvolvimento de uma nova matriz de Funes de forma a agrupar reas

    de conhecimento e competncias tcnicas necessrias ao desempenho das atividades.

    Para alm de manter o Programa de Estgios, a Caixa continuou tambm a investir na

    comunidade em vrias reas temticas, designadamente atravs do seu Programa de

    Literacia Financeira, o qual voltou a crescer em 2016.

    Na prossecuo da aposta no investimento sustentvel, foi desenvolvido o Fundo Caixagest

    Investimento Socialmente Responsvel Fundo de Investimento Mobilirio Aberto,

    disponibilizado no incio de 2017. Este fundo proporciona aos seus participantes o acesso

    a uma carteira diversificada de ativos, constituido por empresas com um desempenho em

    sustentabilidade acima da mdia (Ethibel Sustainability Index (ESI) Excellence Europe).

  • 14 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    A Caixa prosseguiu o programa de voluntariado juvenil Young VolunTeam que foi

    distinguido na categoria Voluntariado pela iniciativa Reconhecimento Prticas de

    Responsabilidade Social, organizada pela Associao Portuguesa de tica Empresarial

    (APEE). Foi tambm com muito orgulho que a Caixa foi distinguida pela APEE pelo projeto

    de reciclagem de cartes bancrios, que tem suscitado elevado interesse na comunidade,

    tendo sido selecionado enquanto exemplo no portal ECO.NOMIA, iniciativa do Ministrio do

    Ambiente para o tema da Economia Circular.

    DESEMPENHO SOCIAL (*)

    2013 2014 2015 2016

    N. colaboradores (1) 9.892 9.649 9.135 8.449

    N. estgios concedidos 323 307 306 230

    Investimento na comunidade (em milhares de ) 14.467 13.393 13.027 11.368

    (*) Valores referentes atividade da CGD, SA. (1) Colaboradores com vnculo CGD.

    DESEMPENHO AMBIENTAL (*)

    2013 2014 2015 2016

    Consumo de combustveis nos edifcios e frota (GJ) 58.415 57.932 56.149 52.375

    Consumo de eletricidade (GJ) 291.643 267.555 275.282 259.833

    Custos com o consumo de energia e gua por

    colaborador (milhares /colaborador)1,61 1,66 1,68 1,53

    (*) Valores referentes atividade em Portugal da CGD, SA.

    GJ - Gigajoules

    Relativamente ao desempenho ambiental, a Caixa continuou a reduzir o seu impacto

    ambiental, fruto das medidas de eficincia energtica implementadas nos ltimos anos,

    tendo alcanado em 2016 uma reduo no seu consumo de energia associado ao consumo

    de combustveis nos edifcios e frota (-7%) e no consumo de eletricidade (-6%).

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 15

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    1.4. A CGD hoje

    1.4.1. MISSO E VALORES

    MISSO

    A misso da CGD consiste em contribuir de forma decisiva para o desenvolvimento

    econmico nacional, num quadro de evoluo equilibrada entre rentabilidade, crescimento

    e solidez financeira, acompanhado por uma prudente gesto dos riscos, que reforce a

    estabilidade do sistema financeiro nacional.

    Enquanto agente dinamizador do desenvolvimento econmico do pas, a misso da CGD

    concretizada atravs de:

    Reforo da competitividade, capacidade de inovao e internacionalizao das

    empresas portuguesas, sobretudo as PMEs, assegurando as respetivas

    necessidades de financiamento;

    Fomento da atividade produtiva, sobretudo de bens e servios transacionveis

    orientados para a exportao ou substituio de importaes;

    Apoio ao empreendedorismo e ao processo de recapitalizao das empresas

    portuguesas;

    Oferta de solues para as necessidades financeiras das famlias portuguesas ao

    longo dos vrios momentos do seu ciclo de vida, fomentando a poupana e o

    investimento nacional.

    VALORES

    A atividade da CGD e a conduta dos seus colaboradores pautam-se pelos seguintes valores

    fundamentais:

    Rigor, que inclui a objetividade, profissionalismo, competncia tcnica e diligncia,

    tendo sempre em vista alcanar maiores nveis de qualidade e eficincia

    econmica, financeira, social e ambiental pela adoo das melhores prticas

    bancrias e financeiras;

    Transparncia na informao, nomeadamente no que respeita s condies de

    prestao de servios e ao desempenho da organizao, atuando com verdade e

    clareza;

    Segurana das aplicaes, sendo critrios indispensveis a prudncia na gesto

    dos riscos e a estabilidade e solidez da Instituio;

    Responsabilidade organizacional e pessoal pelas prprias aes, procurando

    corrigir eventuais impactes negativos. Inclui a atuao socialmente responsvel e o

    compromisso com o desenvolvimento sustentvel;

    Integridade, entendida como o escrupuloso cumprimento legal, regulamentar,

    contratual e dos valores ticos e princpios de atuao adotados;

    Respeito pelos interesses confiados, atuando com cortesia, discrio e lealdade,

    bem como pelos princpios da no discriminao, tolerncia e igualdade de

    oportunidades.

  • 16 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    1.4.2. GRUPO CGD

    ESTRUTURA ACIONISTA

    O capital da Caixa Geral de Depsitos detido pelo seu acionista nico, o Estado

    Portugus. Em 31 de dezembro de 2016 o capital social totalizava 5.900 milhes de euros.

    J em 2017, aps as duas fases do processo de recapitalizao da CGD descritas no

    captulo 1.5.2. Plano de Recapitalizao, designadamente aps a absoro de resultados

    transitados negativos, o capital social passou a totalizar 3.844.143.735 euros, representado

    por 768.828.747 aes com um valor nominal de 5,00 euros cada.

    ESTRUTURA DO GRUPO CGD

    O Grupo Caixa Geral de Depsitos participa direta e indiretamente no capital de um conjunto

    de empresas nacionais e estrangeiras, que se posicionam em diversos setores,

    designadamente, banca comercial, banca de investimento, capital de risco, gesto de

    ativos, crdito especializado e rea imobiliria.

    GRUPO CAIXA GERAL DE DEPSITOS (PERCENTAGEM DE PARTICIPAO EFETIVA)

    (*) Inclui percentagem de participao detida por entidades consolidadas pelo mtodo de equivalncia patrimonial.

    Banco Caixa Geral (Espanha) 99,8%

    Banco Caixa Geral (Brasil) 100,0%

    Banco Nacional Ultramarino (Macau) 100,0%

    B. Comercial do Atlntico (Cabo Verde)* 57,9%

    B. Interatlntico (Cabo Verde) 70,0%

    Mercantile Bank Hold. (frica do Sul) 100,0%

    Parbanca, SGPS 100,0%

    B. Com. e de Investimentos (Moambique) 52,1%

    Partang, SGPS 100,0%

    Banco Caixa Geral (Angola) 51,0%

    Caixa Gesto de Activos, SGPS 100,0%

    CaixaGest 100,0%

    CGD Penses 100,0%

    Fundger 100,0%

    Caixa Leasing e Factoring IFIC 51,0% Promoleasing (Cabo Verde)* 57,9%

    Locarent 50,0%

    Caixa Banco de Investimento 99,8% A Promotora (Cabo Verde)* 45,3%

    Caixa Capital 99,8% CGD Investimentos CVC (Brasil) 99,9%

    Caixa Desenvolvimento, SGPS 99,8%

    Caixatec- Tecnologias de Informao 100,0% Inmobiliaria Caixa Geral (Espanha) 100,0%

    Caixanet 80,0% Imobci (Moambique) 45,2%

    Imocaixa 100,0%

    Esegur 50,0%

    Sogrupo Sistemas Informao ACE 80,0%

    Sogrupo Compras e Servios Partilhados ACE 90,0%

    Sogrupo IV Gesto de Imveis ACE 82,0%

    Caixa Imobilirio 100,0%

    Parcaixa, SGPS 51,0% Banco Internacional So Tom e Prncipe 27,0%

    Caixa Seguros e Sade, SGPS 100,0%

    Caixa Participaes, SGPS 100,0%

    Wolfpart, SGPS 100,0%

    SIBS 21,6%

    Cibergradual 100,0%

    Yunit 33,3%

    OUTRAS

    PARTICIPAES

    FINANCEIRAS

    NACIONAL INTERNACIONAL

    BANCA COMERCIALCaixa Geral de Depsitos

    SERVIOS AUXILIARES

    GESTO DE ATIVOS

    CRDITO

    ESPECIALIZADO

    BANCA DE

    INVESTIMENTO

    E CAPITAL DE RISCO

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 17

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    REDE DE DISTRIBUIO

    A rede comercial do Grupo CGD abrangia, no final do exerccio, 1.211 agncias (menos 42

    do que no ano anterior), das quais 718 localizadas em Portugal e 493 no estrangeiro.

    Ao longo de 2016 a CGD prosseguiu o redimensionamento da rede comercial em Portugal

    com fecho de 47 agncias, passando a contar com 651 agncias com atendimento

    presencial, 40 agncias automticas e 26 gabinetes de empresas.

    NMERO DE AGNCIAS BANCRIAS DO GRUPO

    2015-12 2016-12

    CGD (Portugal) 764 717

    Agncias com atendimento presencial 695 651

    Agncias automticas 43 40

    Gabinetes de empresas 26 26

    Caixa - Banco de Investimento (Lisboa+Madrid) 2 2

    Sucursal de Frana 48 48

    Banco Caixa Geral (Espanha) 110 110

    Banco Nacional Ultramarino (Macau) 18 20

    B. Comercial e de Investimentos (Moambique) 191 193

    Banco Interatlntico (Cabo Verde) 9 9

    Banco Comercial Atlntico (Cabo Verde) 34 34

    Mercantile Lisbon Bank Holdings (frica do Sul) 14 13

    Banco Caixa Geral Brasil 1 1

    Banco Caixa Geral Angola 40 42

    Outras sucursais da CGD 22 22

    Total 1.253 1.211

    Escritrios de representao (*) 12 12

    (*) Inclui a presena na Arglia, em fase de aprovao.

    Internacionalmente, a rede comercial do Grupo CGD foi reforada em cinco agncias face

    a 2015, com a abertura de duas agncias no BCI Moambique, duas agncias no BNU

    Macau e duas agncias no Banco Caixa Geral Angola, tendo sido encerrada uma agncia

    no Mercantile Bank.

    J em janeiro de 2017, o BNU Macau expandiu a sua rede China continental, com a

    abertura de uma sucursal na ilha de Hengqin.

  • 18 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    REDE DE DISTRIBUIO INTERNACIONAL

    Europa

    Espanha Alemanha

    Banco Caixa Geral 110 CGD Escritrio de representao 1

    Caixa Banco de Investimento 1 Reino Unido

    CGD Sucursal de Espanha 1 CGD Sucursal de Londres 1

    Inmobiliaria Caixa Geral 1 Luxemburgo

    Frana CGD Sucursal Luxemburgo 2

    CGD Sucursal de Frana 48 Sua

    Blgica CGD Escritrio de representao 1

    CGD Escritrio de representao 1 BCG Escritrio de representao 1

    Amrica

    Estados Unidos Venezuela

    CGD Sucursal de Nova Iorque 1 CGD Escritrio de representao 1

    Mxico BCG Escritrio de representao 1

    BCG Escritrio de representao 1 Canad

    Brasil CGD Escritrio de representao 1

    Banco Caixa Geral Brasil 1 Ilhas Cayman

    CGD Investimentos 1 CGD Sucursal Ilhas Cayman 1

    frica

    Cabo Verde So Tom e Prncipe

    Banco Comercial do Atlntico 34 Banco Intern. S. Tom e Prncipe 12

    Banco Interatlntico 9 Moambique

    A Promotora 1 Banco Comercial e de Investimentos 193

    Angola Arglia

    Banco Caixa Geral Angola 42 CGD Escritrio de representao (*) 1

    frica do Sul

    Mercantile Bank 13

    sia

    China Macau China

    Banco Nacional Ultramarino SA 20 CGD Sucursal de Zhuhai 1

    Sucursal offshore de Macau 1 CGD Escritrio de representao de Xangai 1

    ndia Timor-Leste

    CGD Escritrio de representao 2 CGD Sucursal de Timor-Leste 14

    (*) Em fase de aprovao.

    O Grupo CGD manteve, em dezembro de 2016, a liderana no mercado nacional tanto a

    nvel da captao de depsitos como no crdito concedido.

    A quota de mercado da CGD no crdito a clientes situou-se em 21,8% em dezembro de

    2016, com as quotas dos segmentos de empresas e de particulares a atingir 18,8% e 23,0%,

    respetivamente. A quota do crdito habitao fixou-se nos 26,1%.

    Nos depsitos de clientes a quota de mercado situou-se em 27,7%, salientando-se a do

    segmento de particulares, que se fixou em 30,9%.

    O Grupo CGD, atravs do Caixa Banco de Investimento (CaixaBI), conseguiu marcar

    presena nas principais operaes de banca de investimento no mercado domstico em

    2016, obtendo o reconhecimento dos seus clientes e parceiros, consolidando a sua posio

    de destaque nos principais rankings do setor e sendo alvo de importantes distines

    internacionais.

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 19

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    Na rea da locao financeira, a Caixa Leasing e Factoring (CLF) evidenciou um

    desempenho comercial aprecivel em praticamente todos os segmentos de negcio em que

    opera. No leasing imobilirio e mobilirio, as quotas de mercado da produo atingiram

    13,7% e 17,2% respetivamente, enquanto no negcio do factoring a quota aumentou para

    11,6%.

    No mbito internacional, o Grupo detm uma posio de destaque, quer pela dimenso

    muito relevante da sua quota de mercado (Moambique, Cabo Verde, So Tom e Prncipe

    e Timor), quer pelo estatuto e reconhecimento da sua marca (Macau, Cabo Verde, Timor,

    So Tom e Prncipe, Moambique e Angola).

    Em Moambique, no obstante a desacelerao da taxa de crescimento econmico no pas

    em 2016, o Banco Comercial e de Investimento (BCI) consolidou a sua posio de liderana

    no sistema bancrio nacional considerando as quotas de mercado do crdito, depsitos e

    ativos que atingiram no fim do ano 30,3%, 29,2% e 28,5%, respetivamente.

    J em Cabo Verde, o Banco Comercial do Atlntico (BCA) continua a liderar o mercado de

    crdito e depsitos, atingindo em novembro uma quota de mercado no crdito a rondar os

    36,3%, enquanto nos recursos de clientes, e de acordo com os dados divulgados at

    setembro 2016, a quota de mercado era de 39,2%. Quanto ao Banco Interatlntico, regista

    quotas de mercado acima dos 13,5% tanto no crdito concedido como nos recursos

    captados de clientes.

    Comunicao e a Marca Caixa

    O setor financeiro, pela sua importncia e visibilidade, est hoje particularmente sujeito a

    um maior escrutnio por parte dos seus clientes e da sociedade em geral. Uma comunicao

    rigorosa, rpida, simples e consistente junto dos stakeholders torna-se fundamental.

    A Caixa no indiferente profunda transformao do setor bancrio, o que implicou a

    adequao da estratgia s mudanas do mercado. Em 2016 a estratgia de comunicao

    para o Grupo CGD, pautou-se por:

    Continuidade da incluso na lgica comunicacional das necessidades inerentes ao

    plano de negcio/marketing e as suas diferentes exigncias;

    Alinhamento com as orientaes definidas pelo Conselho de Administrao e com as

    tendncias de mercado.

    A comunicao continuou a sublinhar o posicionamento da Caixa, com enfoque na

    digitalizao da oferta adequada aos clientes numa atitude de permanente disponibilidade

    para a mudana, para responder aos desafios da globalizao dos mercados e no reforo

    e acompanhamento dos desafios associados responsabilidade social e ambiental e ao

    negcio tico.

    Marca

    Historicamente, a Caixa a marca com maior notoriedade na Banca portuguesa. De acordo

    com a BrandScore, a Caixa atingiu 31% de notoriedade Top-of-mind e uma taxa de

    atratividade a no clientes de 28%. Em ambos os casos, a Caixa detm a liderana com 12

    pontos percentuais de vantagem para o segundo classificado neste ranking.

    A Caixa iniciou em 2014 e intensificou em 2015, um processo de debranding, simplificando

    e valorizando o seu smbolo e respetivo significado. Este processo tem na sua gnese uma

    evoluo faseada de toda a organizao (incluindo as empresas do Grupo CGD)

    relativamente a processos e procedimentos que otimizem recursos, reduzam custos e

    valorizem, em simultneo, uma comunicao de marca, quer a nvel institucional quer a

    nvel comercial, mais eficiente e eficaz e uma marca sustentada por um smbolo comum, de

    notoriedade inquestionvel a nvel nacional.

  • 20 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    Em 2016 prosseguiu a implementao deste projeto a nvel corporativo com o alargamento

    s sucursais e demais estruturas do Grupo CGD e com a continuao do processo de

    alterao de imagem das agncias em Portugal.

    Comunicao Institucional - 140 Aniversrio CGD

    A Caixa celebrou o seu 140 aniversrio. As comemoraes decorreram por todo o pas,

    numa ao que incidiu em 21 agncias, de norte a sul do pas e ilhas, com colaboradores,

    clientes, parceiros e as comunidades que nos acolhem em todos os concelhos do pas,

    tendo sido promovidas diversas atividades de mbito local como exposies, momentos

    musicais, artesanato, tertlias e momentos de partilha de histrias, animaes, atividades

    e jogos de literacia financeira para crianas, entre outras.

    No mbito das celebraes decorreu uma ao solidria de recolha de livros (com um total

    angariado de 2.500 exemplares) que reverteu a favor de instituies sociais de apoio a

    crianas e idosos.

    Sob o conceito A nossa Histria feita da histria de muitos, foi lanada a plataforma

    digital A Nossa Caixa - 140 anos, para que todas as pessoas do universo Caixa, em

    Portugal e no estrangeiro - colaboradores, clientes e toda a comunidade -, pudessem

    partilhar, ao longo do ano de 2016, histrias vividas com esta instituio.

    Comunicao Institucional - Cultura

    O apoio da Caixa Geral de Depsitos cultura, nas mais diferentes reas das artes e letras,

    publicamente reconhecido. Entre os inmeros projetos prprios ou em parceria de

    salientar, no ano em causa:

    Projeto Orquestras da CGD - Caixa promove, desde 2001, atravs deste Projeto

    Orquestras, a continuidade do apoio cultura, nomeadamente da msica clssica

    junto dos mais jovens, nas universidades e de norte a sul do pas.

    Orquestra do Norte, Orquestra Clssica do Centro, Orquestra Filarmonia das

    Beiras, OML - Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Clssica do Sul e

    Orquestra XXI

    59 concertos, dos quais 32 com naming Caixa e mais de 31 mil participantes.

    Para estes eventos e numa abordagem comercial a Caixa convidou cerca de 6 mil clientes.

    De acordo com o BrandSponsor, o Prestigio e a Portugalidade so os atributos de marca

    que os clientes mais associam Caixa pelo patrocnio deste projeto.

    Comunicao Comercial

    Em 2016 o objetivo prioritrio de comunicao foi o aumento da notoriedade da marca

    Caixa, atravs de uma estratgia de comunicao assente no reforo da assinatura A

    Caixa. Com certeza. e o aumento da eficcia da comunicao com uma estratgia de

    meios que permitisse uma presena mais constante nos media.

    Na comunicao digital, privilegiaram-se contedos com elevado potencial de recordao

    e engagement, com capacidade de gerar, via site, interao com os produtos Caixa.

    Registou-se assim a continuidade na utilizao das plataformas digitais como motor para o

    crescimento da perceo como banco inovador e moderno.

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 21

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    Campanha Na Caixa. Com certeza

    Campanha mais recordada de 2016 e de 2015;

    Liderana em recordao espontnea durante perodo de campanha;

    Campanha mais eficaz de 2016;

    Campanha com mais agrado do setor bancrio de 2016;

    Campanha digital no youtube com o melhor ndice de performance alguma vez visto

    em Portugal.

    Festivais de vero e Festivais de fado (naming)

    Os festivais de msica surgem em 2016 com a maior notoriedade de patrocnios da

    Caixa com 53% de recall, subindo 15 p.p. em relao a 2015;

    Os atributos de marca, jovem, dinmica e prxima, definidos como estratgicos

    para a presena da Caixa nos festivais 2016 foram os mais valorizados pelo pblico;

    Face a 2015, a imagem da marca Caixa melhorou na avaliao dos atributos jovem,

    dinmica, prxima e inovadora;

    Nos festivais de naming (fado) a presena da Caixa promoveu uma maior

    associao da portugalidade nossa marca, tornando-se o atributo mais valorizado

    pelos entrevistados no recinto.

    Destaca-se o grande enfoque na comunicao digital e o objetivo de melhorar a

    performance da marca Caixa nas redes sociais. Como resultado destas campanhas, de

    acordo com a BrandScore, a Caixa liderou a rubrica recordao de campanhas do setor

    bancrio portugus.

    Prmios e distines

    Distino Superbrands Marcas de Excelncia;

    Marca mais reputada na Banca Marktest Reputation Index 2016;

    Prmios Navegantes XXI Prmio de inovao em marketing digital com a campanha

    digital Na Caixa. Com Certeza;

    Reconhecimento de prticas de responsabilidade social 2016 Associao

    Portuguesa de tica Empresarial (APEE):

    - Projeto Young VolunTeam, apresentando como boa prtica de

    responsabilidade social na categoria voluntariado;

    - Projeto de reciclagem de cartes bancrios, apresentando como boa prtica de

    responsabilidade social na categoria ambiente: reduo de impactes;

    Prmio comunicao meios & publicidade - categoria banca, finanas e seguros

    Campanha Na Caixa. Com certeza.;

    Prmio Ouro dos Prmios Eficcia Campanha "Na Caixa. Com certeza." distinguida

    na categoria servios financeiros e seguros.

    Avaliao Carbon Disclosure Project (CDP) Integrao no ndice Climate A List,

    sendo a nica instituio financeira portuguesa a fazer parte do TOP 9% das melhores

    empresas mundiais no combate s alteraes climticas, entre quase 1.900

    organizaes listadas no rater CDP.

  • 22 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    1.5. Planeando o Futuro

    1.5.1. ENQUADRAMENTO ECONMICO-FINANCEIRO

    EVOLUO ECONMICA GLOBAL

    A economia mundial registou em 2016 o stimo ano consecutivo de expanso. Tendo em

    considerao as projees divulgadas pelo Fundo Monetrio Internacional (FMI) em abril

    de 2017, a atividade econmica global registou no ano passado um crescimento novamente

    baixo, de 3,1%, ou uma moderao de 0,3 p.p. em relao a 2015, o ritmo de expanso

    mais baixo desde o fim da crise. Ainda segundo o FMI, o abrandamento deveu-se

    desacelerao registada nas economias desenvolvidas (-0,4 p.p., para 1,7%), enquanto nas

    emergentes e em desenvolvimento se assistiu a um abrandamento marginal do crescimento

    (-0,1 p.p., para 4,1%) pelo sexto ano consecutivo.

    Para a desacelerao das economias desenvolvidas, contriburam sobretudo a Unio

    Europeia e os EUA, onde a conjuntura econmica foi alvo de considerveis incertezas,

    tendo-se a assistido a eventos, nomeadamente de ordem poltica, cujos resultados foram

    contrrios ao esperado. Apesar disso, prosseguiu a retoma assente sobretudo no consumo

    privado, devido recuperao do mercado de trabalho e do rendimento real das famlias,

    bem como melhoria das condies de financiamento e a uma menor restritividade, no

    caso da rea Euro, da poltica oramental. Os dados de comrcio externo e, sobretudo, o

    investimento fixo voltaram a desapontar.

    Relativamente atuao do bancos centrais, logo aps o primeiro Conselho de

    Governadores de janeiro, os responsveis do Banco Central Europeu (BCE) sugeriram que

    novos estmulos monetrios poderiam ser em breve implementados. De facto, ao reduzir as

    previses de crescimento e de inflao, o BCE anunciou no ms de maro seguinte um

    reforo dos mesmos atravs de um conjunto de medidas que incluiram (i) uma descida da

    taxa de juro das operaes principais de refinanciamento em 5 p.b., para 0%, (ii) uma

    reduo da taxa de juro da facilidade permanente de cedncia marginal de liquidez em igual

    magnitude, para 0,25%, (iii) uma diminuio da taxa de juro da facilidade permanente de

    depsito em 10 p.b. e (iv) um conjunto de alteraes respeitantes ao programa de compra

    de ativos financeiros.

    Apesar da melhoria dos indicadores, quer de atividade, quer de confiana da rea Euro, o

    BCE manteve sem alterao a poltica monetria at dezembro, reafirmando

    sucessivamente que "o balano de riscos em relao atividade permanece enviesado no

    sentido negativo", assim como a orientao futura da poltica monetria (forward guidance),

    segundo a qual, "as taxas de referncia iro conservar-se nos nveis atuais, ou inferiores,

    mesmo aps a concluso do programa de compra em mercado de ativos de dvida.".

    No ltimo ms do ano, o Conselho de Governadores do BCE prolongou por mais nove

    meses, at dezembro de 2017, a durao do seu programa de compra de ttulos de dvida

    pblica e privada. No entanto decidiu igualmente reduzir o ritmo de aquisio mensal a partir

    de abril de 2017, para alm de ter votado favoravelmente alteraes aos parmetros de

    elegibilidade dos ttulos a adquirir.

    A atuao da Reserva Federal dos EUA (Fed) em 2016 foi muito similar verificada em

    2015. Embora o mercado de trabalho tenha tido de novo um comportamento muito

    favorvel, a manuteno da inflao em nveis baixos e um crescimento desapontante

    durante a primeira metade do ano, levaram a que no decurso do ano a Fed postecipasse

    sucessivamente a deciso de decretar um novo aumento da taxa diretora, o que veio a

    suceder no ltimo Conselho de Governadores de 2016, em dezembro. Como esperado, os

    responsveis mximos da Fed decretaram um incremento de 25 p.b. da referida taxa,

    fixando-a no intervalo 0,50% a 0,75%.

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 23

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    Em junho, ao contrrio do que era sugerido pelas sondagens efetuadas, o resultado do

    referendo acerca da permanncia do Reino Unido na Unio Europeia mostrou uma votao

    a favor do abandono. A vitria do Brexit traduziu-se, no imediato, num incremento da

    volatilidade e da averso ao risco quer devido aos receios quanto aos impactos econmicos,

    atravs da quebra do investimento e dos fluxos comerciais, quer porque voltou a frisar riscos

    de fragmentao econmica e poltica, concedendo alento a movimentos nacionalistas e

    anti-integrao europeia. Apesar do ambiente de dvida expectvel devido ao Brexit,

    durante o vero o ambiente de averso ao risco foi registando uma reduo, o que se

    traduziu num decrscimo da volatilidade.

    Com o propsito de precaver potenciais efeitos negativos despoletados pelo Brexit, e aps

    as agncias de notao de risco S&P e Fitch terem revisto em baixa a classificao do

    Reino Unido de AAA para AA e de AA+ para AA, respetivamente, o Banco de Inglaterra

    anunciou em agosto uma reduo de 25 p.b. da taxa diretora, fixando-a num novo mnimo

    histrico de 0,25%. O banco central anunciou ainda um conjunto adicional de outras

    medidas para estimular a economia e garantir um regresso sustentvel da inflao meta

    de 2%.

    No incio de novembro, a vitria do candidato republicano nas eleies presidenciais nos

    EUA deu origem a um novo perodo de agudizao da incerteza junto dos investidores.

    Contudo, aps uma reao inicial muito negativa, a confiana voltou a melhorar, assim que

    empresrios, consumidores e investidores centraram o foco nas propostas econmicas do

    Presidente-eleito, as quais incluiam (i) uma reduo de impostos sobre famlias e empresas,

    um forte incremento da despesa pblica, sobretudo em Defesa e infra-estruturas e (iii) uma

    desregulamentao em diversos setores, como o financeiro, o da energia e o da sade.

    Nos EUA, depois do crescimento econmico do primeiro trimestre ter correspondido ao mais

    baixo em dois anos, a conjuntura melhorou gradualmente nos trimestres seguintes,

    alicerada sobretudo no desempenho favorvel do consumo privado. Nesse sentido,

    destaque para o mercado de trabalho, com o valor mdio de 4,7% a taxa de desemprego,

    no ltimo trimestre, a corresponder ao mais baixo desde o vero de 2007. A economia norte-

    americana registou em 2016 um crescimento anual do PIB de 1,6%, 1 p.p. inferior ao

    observado em 2015 e o mais baixo em cinco anos.

    A China observou em 2016 um crescimento anual de 6,7%, valor contido no objetivo

    governamental definido (um intervalo delineado entre 6,5% e 7,0%). A atividade econmica

    assinalou o terceiro ano consecutivo de arrefecimento, tendo o ritmo observado

    correspondido ao mais baixo em 26 anos.

    A regio da Amrica Latina, segundo as referidas projees do FMI, ter em 2016 dado a

    conhecer uma contrao da atividade compreendida entre 0,5% e 1,0%. O desempenho

    negativo, aps o crescimento marginal (0,1%) em 2015, foi resultado da acentuada queda

    da procura interna, por um lado, e do impacto negativo da queda da cotao de diversas

    matrias-primas durante os primeiros meses do ano, de que muitos destes pases so

    produtores e exportadores.

    Em 2016 registou-se uma forte moderao do crescimento do PIB na frica sub-sariana,

    sobretudo devido contrao de 1,5% da Nigria e da expanso marginal da frica do Sul,

    aps crescimentos de 2,7% e 1,3% em 2015, de acordo com o FMI. Em conjunto, estas

    duas economias tm um peso superior a 50% do PIB da regio.

    O choque de petrleo que se iniciou em 2014 voltou a ter um profundo impacto em Angola

    em 2016. O FMI estima que a atividade econmica tenha estagnado no ano passado, tendo-

    se assistido a uma contrao de 0,4% do setor no petrolfero, com as setores da indstria,

    dos servios e da construo pressionados quer pela escassez de divisas, quer pela

    necessidade de reduzir bens importados. O setor petrolfero ter registado um crescimento

    anual de 0,8%.

  • 24 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    Em termos de inflao, devido fraqueza da moeda angolana, o Kwanza, o aumento dos

    preos internos dos combustveis e os efeitos das condies monetrias expansionistas at

    ao incio do ano, levou o FMI a estimar que a inflao mdia anual tenha chegado a 33%

    em 2016, a taxa mais elevada em mais de uma dcada.

    O desempenho negativo da cotao do alumnio e do carvo, ao reduzirem as receitas de

    exportao, os atrasos verificados ao nvel da implementao de projetos, as restries

    atividade agrcola devido a condies climatricas desfavorveis, as medidas de

    consolidao das finanas pblicas em conjunto com a adoo de uma poltica monetria

    restritiva, constituram condicionantes ao ritmo de crescimento anual da economia de

    Moambique, que ter registado um ritmo historicamente baixo em 2016, de cerca de 3,4%,

    de acordo com as projees mais recentes do FMI.

    A inflao homloga moambicana encerrou 2016 em 25,3%, tendo permanecido em nveis

    de dois dgitos ao longo de todo o ano transato. O crescimento anual mdio dos preos

    fixou-se em 19,9%, substancialmente acima do observado em 2015 (3,6%), o que se deveu

    depreciao da moeda, ao aumento dos bens alimentares, assim como ao incremento

    dos preos administrativos.

    INDICADORES ECONMICOS

    2015-12 2016-12 2015-12 2016-12 2015-12 2016-12

    Unio Europeia (a) 2,2% 1,9% 0,0% 0,3% 9,4% 8,5%

    rea do Euro 2,0% 1,7% 0,0% 0,2% 10,9% 10,0%

    Alemanha 1,7% 1,9% 0,1% 0,4% 4,6% 4,0%

    Frana 1,3% 1,2% 0,1% 0,3% 10,4% 10,0%

    Reino Unido 2,2% 2,0% 0,0% 0,7% 5,3% 4,9%

    Espanha 3,2% 3,2% 0,1% 0,3% 22,1% 19,6%

    Itlia 0,7% 0,9% 0,1% -0,1% 11,9% 11,7%

    EUA 2,6% 1,6% 0,1% 1,4% 5,3% 4,9%

    Japo 1,2% 1,0% 0,8% -0,1% 3,4% 3,1%

    Rssia -2,8% -0,2% 15,5% 7,0% 5,6% 5,5%

    China 6,9% 6,7% 1,4% 2,0% 4,1% 4,0%

    ndia 7,6% 6,8% 4,9% 4,9% n.d. n.d.

    Brasil -3,8% -3,6% 9,0% 8,7% 8,5% 11,3%

    PIB

    (Taxas de variao)Inflao (b) Desemprego (b)

    Fontes: FMI: World Economic Outlook abril 2017 - para os pases no membros da UE

    (a) Comisso Europeia: European Economic Forecast - fevereiro de 2017

    (b) FMI: World Economic Outlook - outubro de 2016 (para os pases no membros da EU). Para os membros da EU, os valores

    so os observados em dezembro.

    n.d. no disponvel

    De acordo com as Estimativas de inverno de 2017 da Comisso Europeia, e em linha com

    a os dados preliminares divulgados pelo Eurostat, a atividade econmica desacelerou em

    2016 na rea Euro. Aps ter crescido 2,0% em 2015, a regio registou uma expanso de

    1,7% no ano passado devido, sobretudo, ao menor contributo da procura interna e ao

    contributo negativo da procura externa.

    Registaram-se taxas de crescimento positivas em todos os Estados Membros, sem

    exceo, tendo os valores oscilado entre os 4,3% da Irlanda e os 0,3% da Grcia. O

    desempenho das restantes economias perifricas foi igualmente positivo, destacando-se a

    manuteno de um crescimento elevado em Espanha, acima de 3%, enquanto em Itlia e

    em Portugal observaram-se crescimentos de 0,9% e 1,4%, respetivamente.

    O desemprego na regio registou uma nova reduo em 2016. A taxa de desemprego anual

    fixou-se em 10,0%, menos 0,9 pontos percentuais do que 2015, tendo assim diminudo pelo

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 25

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    terceiro ano sucessivo.

    Aps um resultado nulo em 2015, a inflao anual, de acordo com o ndice Harmonizado

    de Preos no Consumidor (IHPC) averbou um resultado de 0,2%.

    O reforo do cariz expansionista da poltica monetria do BCE incluiu descidas das taxas

    de juro diretoras, um incremento do montante de compras de ttulos de dvida por ms, o

    prolongamento por mais 9 meses, at dezembro de 2017, da durao do seu programa de

    compra de ttulos de dvida pblica e privada, o lanamento de mais quatro leiles de longo

    prazo de cedncia de liquidez e a incluso de ttulos de dvida de empresas sediadas na

    rea Euro, assim como de emisses realizadas por organismos internacionais e bancos de

    desenvolvimento.

    Em concreto, no que concerne reduo das taxas de juro oficiais e de referncia, o

    Conselho de Governadores do BCE decidiu fixar, logo em maro, a taxa das operaes

    principais de refinanciamento em 0%, a taxa da facilidade permanente de cedncia

    marginal de liquidez em 0,25% e a taxa da facilidade permanecente de depsito em -0,40%,

    taxa que, deste modo se conserva em terreno negativo desde junho de 2014.

    INDICADORES ECONMICOS DA UNIO EUROPEIA E REA EURO (%)

    2015 2016 2015 2016

    Produto Interno Bruto (PIB) - Taxa de Variao (a) 2,2% 1,9% 2,0% 1,7%

    Consumo privado 2,1% 2,3% 1,8% 1,9%

    Consumo pblico 1,4% 1,9% 1,4% 2,0%

    FBCF 3,6% 2,3% 3,2% 2,8%

    Procura interna 2,0% 2,1% 1,8% 1,9%

    Exportaes 6,4% 2,8% 6,5% 2,7%

    Importaes 6,2% 3,5% 6,4% 3,3%

    Taxa de inflao (IHPC) (a) 0,0% 0,3% 0,0% 0,2%

    Rcios (%)

    Taxa de desemprego (a) 9,4% 8,5% 10,9% 10,0%

    Saldo do setor pblico administ. (% do PIB) -2,4% -1,9% 2,1% -1,7%

    Unio Europeia rea do Euro

    Fonte: Comisso Europeia: Previses do inverno de 2017 - fevereiro de 2017 (a) Valores observados

    MERCADOS FINANCEIROS

    Apesar dos perodos de incremento de volatilidade verificados no incio do ano, assim como

    dos desfechos surpreendentes ao nvel de eventos polticos ocorridos no final de junho,

    com o Brexit no Reino Unido, e no incio de novembro, com a eleio do candidato

    republicado Donald Trump, o desempenho dos mercados de capitais em 2016 foi

    caraterizado por uma volatilidade muito baixa durante grande parte do ano, a qual perto do

    final do mesmo atingiu inclusive o registo mais baixo em dois anos e meio.

    Depois de um incio de ano marcado pelo incremento dos receios em torno do

    comportamento da economia chinesa, os indicadores permitiram o desagravamento dos

    receios com o desempenho daquela economia, gerando uma reao positiva nos

    mercados, a qual perdurou at ao incio do vero. A recuperao do preo de diversas

    matrias-primas, sobretudo do petrleo, contribuiu para animar a atividade em diversas

    economias produtoras e exportadoras de matrias-primas, quer emergentes, quer

    desenvolvidas, incluindo os EUA, onde se assistiu a uma estabilizao da atividade no setor

    industrial, e, posteriormente, do investimento.

  • 26 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    MERCADOS OBRIGACIONISTAS

    Em 2016, a trajetria das taxas de rendibilidade das obrigaes soberanas foi condicionada

    por diversos factores, com destaque para os desenvolvimentos em torno da atuao dos

    bancos centrais e as expetativas de inflao, alm da incerteza quer quanto evoluo

    econmica, quer quanto conjuntura poltica.

    Na rea Euro, assistiu-se pela primeira vez descida da yield, a 10 anos, da Alemanha

    para terreno negativo, durante o ms de junho. Em julho, aquela taxa atingiu um mnimo

    histrico de -0,189%. O referencial alemo, que permaneceu em 2016 entre -0,189% e

    0,570%, encerrou o ano em 0,208%. Por seu turno, a yield dos 2 anos transacionou sempre

    em territrio negativo, tendo inclusive, nos ltimos dias do ano chegado a atingir um mnimo

    histrico, inferior a -0,80%, isto apesar da melhoria do sentimento de confiana.

    Assistiu-se em 2016 a um comportamento diferenciado das taxas da dvida soberana dos

    pases da periferia, reflexo das diferentes riscos percecionados, que resultou naturalmente

    numa evoluo distinta dos prmios de risco (spreads) requeridos a estes pases.

    Assim, aps quatro anos consecutivos de queda das taxas em Portugal e em Itlia, em 2016

    as respetivas yields subiram 124,8 p.b. e 22,0 p.b., encerrando a 3,764% e 1,815%, apesar

    do reforo da aquisio de dvida tambm destes pases por parte do BCE. No prazo a 2

    anos, as yields portuguesa e italiana apresentaram quedas no ano, de -6,5 p.b. e -15,1 p.b.,

    para mnimos histricos de 0,04% e abaixo de -0,15%.

    As taxas de rendibilidades dos ttulos de dvida soberana, a 10 anos, de Espanha e de

    Irlanda, pelo contrrio, averbaram descidas no ano de -38,7 p.b., aps um incremento de

    16,0 p.b. em 2015, e de -40,1 p.b., respetivamente. No caso irlands, assistiu-se ao quinto

    ano sucessivo de queda da respetiva yield.

    Apesar das incertezas em torno da sustentabilidade das finanas pblicas gregas, a taxa

    da dvida soberana helnica diminuiu em 2016 pelo segundo ano sucessivo, desta feita -

    117,7 p.b., aps -146,1 p.b. em 2015. No cmputo do ano, o prmio de risco relativamente

    Alemanha desceu -75,6 p.b., para um valor inferior a 700 p.b..

    Nos EUA, em 2016 a taxa de rendibilidade da dvida soberana, a 10 anos, oscilou entre um

    mnimo de 1,358%, atingido no incio de julho, logo aps o Brexit, que corresponde

    igualmente a um minimo histrico, e 2,597% verificado em meados de dezembro. Como

    nas restantes referncias, a taxa mostrou uma tendncia de descida durante a primeira

    metade do ano, aps o que se assistiu a um forte incremento durante o segundo semestre,

    sobretudo no ltimo trimestre. Tal refletiu a expetativa de aumento das presses

    inflacionistas que as propostas da ento futura Administrao Trump, se implementadas,

    poderiam induzir atravs da acelerao do crescimento econmico.

    Depois do aumento de 9,8 p.b. em 2015, no ano passado a taxa norte-americana a 10 anos

    subiu 17,5 p.b., para um valor de 2,44%. No caso das maturidades mais curtas, observou-

    se um movimento igualmente ascendente durante o segundo semestre, o qual ganhou

    dimenso tambm durante os ltimos trs meses do ano, quando se tornou muito provvel

    que a Fed voltaria no final do ano a decretar um novo agravamento da taxa de juro diretora.

    A taxa a 2 anos, que em 2016 subiu pelo quinto ano sucessivo, registou, ainda assim, um

    incremento de 14,1 p.b., inferior aos +38,2 p.b. observados em 2015, tendo encerrado

    acima de 1,1% pela primeira vez desde 2009.

    No mercado de dvida privada, 2016 ficou marcado por um significativo aumento das

    emisses de dvida por parte das empresas, para o qual contriburam vrios fatores. Desde

    logo, a manuteno das taxas de juro em nveis muito baixos, que voltou a contribuir para

    manter o financiamento em mercado bastante atrativo.

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 27

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    Depois de em 2015 os spreads de derivados de crdito europeu terem registado um

    aumento (+14,4 p.b.), encerrando a 77,3 p.b., o registo mais elevado desde o final de 2012,

    em 2016, assistiu-se a um decrscimo de -5,0 p.b., ou -6,4%, fixando-se no final do ano a

    72,3 p.b.. Pelo contrrio, os spreads de empresas financeiras sofreram um alargamento

    anual de 16,6 p.b., ou +21,6%, para 93,4 p.pb..

    MERCADOS ACIONISTAS

    Aps ter registado em 2015 uma perda de -4.3%, o mercado de aes mundial, medido

    pelo ndice da Morgan Stanley, alcanou em 2016 uma valorizao de 5.6%.

    O incio do ano foi particularmente negativo para as bolsas de aes mundiais, afetadas

    pelos receios em torno do crescimento global, em especial da China, pela descida dos

    preos das matrias-primas, em particular do petrleo, e pelo aumento do clima de

    instabilidade poltica em diversas regies do globo, numa altura em que a Reserva Federal

    dos EUA, no ltimo ms de 2015, aumentara pela primeira vez em nove anos as taxas de

    juro diretoras.

    O alvio na averso ao risco que se sentiu a partir da segunda metade de fevereiro deveu-

    se a uma recuperao da cotao do petrleo, divulgao de indicadores mais positivos

    nos EUA, que atenuaram os receios de crescimento baixo, e estabilizao da cotao da

    moeda chinesa. A deciso, em maro, do BCE de reforar os estmulos monetrios, com

    uma descida das taxas de juro de referncia, uma extenso do programa de alvio

    quantitativo e o lanamento de mais operaes de refinanciamento de longo prazo,

    cimentou ainda mais a gradual melhoria do sentimento dos investidores.

    Em 2016, dois eventos que representavam um elevado risco, tiveram concretizao. Em

    junho, a vitria do Sim ao abandono do Reino Unido da Unio Europeia, e, em novembro,

    a eleio do candidato republicano, Donald Trump, nas eleies Presidenciais norte-

    americanas, tiveram um impacto substancialmente negativo nos dias seguintes, embora de

    muito curta durao.

    Os principais ndices acionistas da rea Euro, Japo, EUA e Reino Unido, registaram no

    segundo semestre um desempenho substancialmente melhor do que o observado durante

    a primeira metade do ano. Aps uma queda de -9,8%, e -18,2%, nos dois primeiros casos,

    e um ganho de 2,7% e 4,2% nos outros dois no primeiro semestre, na segunda metade do

    ano aqueles indices alcanaram ganhos de 9,6%, 22,7%, 6,7% e 9,8%, respetivamente.

    Com exceo do Eurostoxx600 europeu (-1,2%), que caiu pela primeira vez em cinco anos,

    em 2016 os principais ndices acionistas registaram todos valorizaes, com destaque para

    o Footsie britnico o qual, aps dois anos consecutivos de queda, subiu 14,4% no ano

    passado, tendo atingido perto do final de dezembro sucessivos mximos histricos.

    Em 2016, pela negativa, para alm do mercado europeu, os ndices japoneses registaram

    um comportamento muito modesto. Embora o Nikkei225 tenha subido pelo quinto ano, a

    valorizao cifrou-se em apenas 0,4%, aps um ganho acumulado de 125,1% nos quatro

    anos anteriores. J o Topix, o ndice industrial japons, registou a primeira queda anual em

    cinco anos (-1,9%), depois de um ganho acumulado de 112,3% nos quatro anos anteriores.

    Os principais ndices de aes dos EUA, o S&P500, o Dow Jones, o NASDAQ e o

    Russell2000 atingiram, sem exceo, sucessivos mximos histricos nas ltimas sesses

    do ano, alcanando ganhos anuais de +9,5%, +13,4%, +7,5% e +19,5%, respectivamente,

    ao beneficiar das expetativas de uma poltica oramental mais expansionista por parte da

    nova Administrao norte-americana, da resilincia do crescimento econmico, sobretudo

    da atividade interna, e da divulgao de resultados de empresas, referentes ao quatro

    trimestre, muito positivos.

    Na rea Euro, os dois principais ndices da Alemanha (DAX) e Frana (CAC) valorizaram

    6,9% e 4,9%, respetivamente. Por sua vez, nos pases denominados perifricos, as praas

  • 28 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    acionistas conheceram um ano de queda, com destaque para o PSI20 portugus e para o

    FootsieMIB italiano, que perderam -11,9% e -10,2%, respetivamente, seguidos pelas

    quedas de -4,0% do ISEQ irlands, e de -2,0% do IBEX de Espanha.

    Aps trs anos de queda, 2016 foi positivo para as aes da regio emergente. O respetivo

    ndice da Morgan Stanley valorizou 8,6%, aps um queda acumulada de -24,7% durante os

    dois anos anteriores.

    Entre os indices dos pases BRIC, os comportamentos foram consideravelmente distintos.

    Pela positiva, destaque, em primeiro lugar, para o Brasil, onde, aps trs anos de queda

    durante os quais o ndice Bovespa perdeu -28,9%, em 2016 o mesmo valorizou 38,9%, e,

    em segundo lugar, para o Micex russo com uma valorizao de 26,7%, em linha com a do

    ano anterior. Ambos beneficiaram do ambiente de estabilizao econmica, a par do

    suporte proporcionado por uma poltica monetria menos restritiva. Num ano em que o

    Sensex indiano registou uma variao marginal positiva, de apenas 1,9%, o destaque

    negativo vai para o Shanghai chins, o qual, aps ter estado a perder mais de 24% no final

    de fevereiro, encerrou com uma perda de -12,3%, depois de dois anos sucessivos de

    subida.

    NDICES BOLSISTAS

    ndice Variao ndice Variao

    Dow Jones (Nova Iorque) 17.425,0 -2,2% 19.762,6 13,4%

    Nasdaq (Nova Iorque) 5.007,4 5,7% 5.383,1 7,5%

    FTSE (Londres) 6.242,3 -4,9% 7.142,8 14,4%

    NIKKEI (Tquio) 19.033,7 9,1% 19.114,4 0,4%

    CAC (Paris) 4.637,1 8,5% 4.862,3 4,9%

    DAX (Frankfurt) 10.743,0 9,6% 11.481,1 6,9%

    IBEX (Madrid) 9.544,2 -7,2% 9.352,1 -2,0%

    PSI-20 (Lisboa) 5.313,2 10,7% 4.679,2 -11,9%

    2015 2016

    MERCADOS CAMBIAIS

    Em 2016, a evoluo cambial foi caraterizada por movimentos muito significativos por parte

    de diversas moedas, determinados sobretudo por eventos polticos, assim como pela

    expetativa de divergncia da poltica monetria norte-americana, neste caso na fase final

    do ano.

    Destaque, nesse sentido, para a libra que, aps a votao favorvel do abandono do Reino

    Unido da Unio Europeia (Brexit), em junho, registou uma forte depreciao face s

    principais moedas mundiais. Em relao ao dlar, e at ao final do ano, a libra perdeu mais

    de 17%, tendo em outubro atingido o valor mais baixo desde maio de 1985. Em relao ao

    euro, a moeda britnica atingiu, na mesma altura, um minimo desde maro de 2010, tendo,

    entre o Brexit e o final de dezembro descido mais de 10%. No conjunto de 2016, a libra

    perdeu -16,3% face ao dlar e -13,6% face ao euro, encerrando abaixo de $1,23 e 1,18,

    respetivamente.

    O euro registou em 2016 um comportamento errtico face ao dlar. Apesar de no incio do

    ano o BCE ter aberto a hiptese da adoo de um refoo dos estimulos monetrios, as

    palavras da Reserva Federal dos EUA mostraram-se mais decisivas ao reforarem o carter

    gradual do processo de normalizao dos nveis de taxas de juro de referncia. A moeda

    europeia registou um movimento de apreciao at ao final de abril, tambm impulsionada

    por um desempenho relativamente mais favorvel dos indicadores econmicos europeus.

    Ainda assim, em 2016 assistiu-se ao terceiro ano sucessivo de depreciao do euro face

    ao dlar, desta feita -3,2%, e aps dois anos de quedas superiores a 10%, o qual se fixou

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 29

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    abaixo de $1,06 na ltima sesso do ano.

    O comportamento do iene japons foi igualmente muito errtico em 2016. A moeda nipnica

    beneficiou durante grande parte do ano dos fatores de incerteza e do aumento do risco, e

    nem o reforo dos estimulos monetrios conseguiu contrariar a tendncia de apreciao

    que prevaleceu at ao final do terceiro trimestre, quer face ao dlar, quer face ao euro.

    Ainda no mercado cambial, e na sia, o Banco Central da China voltou a aplicar redues

    na sua taxa de referncia diria face ao dlar no incio do ano, o que resultou, na altura,

    num queda do yuan para novos mnimos desde fevereiro de 2011, e, tal como em agosto

    de 2015, contribuiu para um agravamento da averso ao risco por parte dos investidores.

    Relativamente ao euro, o yuan averbou uma apreciao de 3,5%, depois de dois anos

    sucessivos de queda.

    Em relao s restantes moedas dos pases BRIC, o Euro obteve uma depreciao de -

    20.3% face ao real do Brasil, aps a forte apreciao de 33,7% observada em 2015,

    atingindo no final do ano uma cotao ligeiramente abaixo de 3,5 reais por euro.

    Relativamente moeda russa, a depreciao, de -17,9%, correspondeu primeira em

    quatro anos, comportamento que levou o euro a atingir no final de 2016 um registo inferior

    a 65 rublos por euro, o nvel mais baixo em ano e meio.

    Num ano marcado novamente por uma conjuntura adversa, o kwanza angolano registou

    em 2016 o segundo ano consecutivo de depreciao face moeda da rea Euro, desta

    feita -18,7%, aps -18,0% em 2015, encerrando a 174,34 kwanzas por euro. Logo no incio

    do ano, o Banco Nacional de Angola decretou uma desvalorizao da moeda em relao

    ao dlar, uma ao em conformidade com o que fora observado em junho e setembro de

    2015. Tal deciso iria contribuir para levar a moeda a atingir em maio um mnimo histrico

    face ao euro. A estabilidade a que se assistiu na segunda metade do ano deveu-se ao

    agravamento por parte do Banco Central de 400 p.b. da taxa de juro diretora ainda durante

    o primeiro semestre.

    O metical moambicano sofreu o quinto ano consecutivo de depreciao face ao euro, e o

    segundo em que a mesma suplantou os 47%. A moeda daquele pas africano, que atingiu

    no final de dezembro 71,38 meticais por euro, permaneceu sob presso at ao final do

    vero, altura em que atingiu um minimo histrico tambm face ao dlar, isto apesar do

    Banco Central de Moambique ter decretado diversos agravamentos da taxa diretora (um

    total de 1500 p.b), fixando-a num valor de 23,25% em dezembro ltimo.

    TAXAS DE CMBIO DO EURO Valores mdios mensais (%)

    90

    100

    110

    120

    130

    140

    150

    0,60

    0,70

    0,80

    0,90

    1,00

    1,10

    1,20

    1,30

    1,40

    1,50

    2013-12 2014-12 2015-12 2016-12

    USD GBP JPY

    USD, GBP JPY

  • 30 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    TAXAS DE CMBIO DO EURO Valores mdios mensais

    USD GBP JPY

    Dezembro 2013 1,370 0,836 141,68

    Dezembro 2014 1,233 0,788 147,06

    Dezembro 2015 1,088 0,726 132,33

    Dezembro 2016 1,054 0,845 112,40

    ECONOMIA PORTUGUESA

    EVOLUO GERAL

    A economia portuguesa registou em 2016 o terceiro ano consecutivo de expanso, de 1,4%,

    aps 1,6% em 2015, de acordo com a estimativa rpida do INE. Segundo o Instituto de

    Estatstica, assistiu-se a uma diminuio do contributo da procura interna, reflexo da

    reduo do investimento e da desacelerao do consumo privado. De 2015 para 2016,

    estas rubricas passaram de variaes de 4,5% e 2,6% para -0,3% e 2,3%. O contributo da

    procura externa foi muito menos negativo do que no ano anterior, ao passar de -1,0 p.p.

    para -0,1 p.p..

    Segundo o INE, em 2016, as exportaes portuguesas de bens assinalaram um substancial

    abrandamento, apesar de ter assinalado um novo recorde. O crescimento de 0,9%, para

    50,3 mil milhes de euros, seguiu-se expanso de 3,7% observada em 2015. Assistiu-se,

    ainda assim, ao stimo ano sucessivo de aumento das vendas ao exterior, durante os quais

    as exportaes averbaram um incremento de 58,4%. No conjunto do ano, as exportaes

    extra-UE caram -8,2%, depois de -3,1% em 2015. Embora o crescimento das exportaes

    intra-UE tenha permanecido em terreno positivo, ainda assim assinalou uma moderao,

    ao passar de 6,5% para 4,3%.

    Em 2016, Portugal conservou uma capacidade externa de financiamento. Em percentagem

    do PIB, o saldo da balana corrente e de capital conservou um excedente pelo quinto ano

    sucessivo, desta feita 1,5%, mais 0,2 p.p. do que em 2015.

    INDICADORES DA ECONOMIA PORTUGUESA (%)

    2014 2015 2016 (a)

    Prod. Interno Bruto (PIB) - Taxa de Variao (a) 0,9% 1,6% 1,4%

    Consumo privado 2,3% 2,6% 2,3%

    Consumo pblico -0,5% 0,8% 0,8%

    FBCF 2,3% 4,5% -0,3%

    Procura interna (b) 2,2% 2,5% 1,5%

    Exportaes 4,3% 6,1% 4,4%

    Importaes 7,8% 8,2% 4,4%

    Taxa de inflao (IHPC) -0,2% 0,5% 0,6%

    Rcios (%)

    Taxa de desemprego 13,9% 12,4% 11,1%

    Dfice do setor pblico administ. (% do PIB) -7,2% -4,4% -2,0% (*)

    Dvida pblica (em % do PIB) 130,6% 129,0% 130,4% (*)

    Fonte: INE

    (a) Reviso da 1 notificao de 2017 no mbito do Procedimento dos Dfices Excessivos, quando identificados (*)

    (b) Contributo para o crescimento do PIB (pontos percentuais)

    Quanto inflao, o IHPC portugus registou, em 2016, uma taxa de variao mdia anual

    de 0,6%, aps 0,5% em 2015.

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 31

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    O incremento marginal da taxa de variao do ndice foi essencialmente determinado pela

    evoluo das componentes energticas. A variao deste agregado foi menos negativa em

    2016, transitando de -3,6% em 2015 para -1,8% no ano passado.

    No mercado de trabalho, a taxa de desemprego desceu para 11,1% em 2016, o que

    representa uma reduo 1,3 p.p. face a 2015. O ano encerrou com um valor de 10,5%, no

    quarto trimestre, o equivalente a uma populao desempregada de 543,2 mil indivduos, o

    que representa um decrscimo de 14,3% face a igual trimestre de 2015, ou menos 90,7 mil

    pessoas desempregadas.

    CRDITO E DEPSITOS

    Em dezembro de 2016, o agregado de liquidez M3, excluindo a circulao monetria,

    registou uma variao homloga de 9,4%, mais 5,2 p.p. do que no final de 2015.

    Os depsitos totais registaram um incremento de 4,5%, o que representa uma acelerao

    quando comparado com o verificado no final do ano anterior, quando cresceram 1,3%. Para

    isso contribuiu o crescimento dos depsitos de sociedades no financeiras que se

    expandiram 8,4% aps a queda de -0,4% em 2015, enquanto os depsitos de particulares

    e emigrantes cresceram 1,0%, que compara com +3,8% em 2015.

    O crdito interno total aumentou 0,6%, crescimento menor do que os 2,1% de 2015. O

    mesmo deveu-se, sobretudo, ao crdito s administraes pblicas, lquido de passivos

    face Administrao Central, com uma forte moderao de 31,5 p.p., para 22,7%, e da

    contrao maior do crdito a sociedades no financeiras, que caiu -1,9%, mais 0,3 p.p. do

    que no ano anterior. Enquanto o crdito a particulares perdeu -2,9% na vertente hipotecria,

    o segmento de consumo final e outros fins cresceu 6,2%, mais 6 p.p. do que no final de

    2015.

    AGREGADOS MONETRIOS EM PORTUGAL (a) Taxas de variao (%)

    2014 2015 2016

    M3, excluindo circulao monetria 0,7% 4,2% 9,4%

    Depsitos totais 1,2% 1,3% 4,5%

    Depsitos de sociedades no financeiras 2,9% -0,4% 8,4%

    Depsitos de particulares e emigrantes 0,4% 3,8% 1,0%

    Crdito interno total -6,5% 2,1% 0,6%

    Crdito s administraes pblicas (b) -16,5% 54,2% 22,7%

    Crdito a sociedades no financeiras -6,1% -1,6% -1,9%

    Crdito habitao -4,0% -3,3% -2,9%

    Crdito ao consumo e outros fins -2,6% 0,2% 6,2%

    Fonte: Banco Portugal - Boletim Estatstico, fevereiro de 2017

    (a) Taxas de variao com base nos saldos de fim do ms. Nos agregados de Depsitos no esto includos os de IFNM e nos de

    Crdito esto includos os crditos titularizados

    (b) Lquido dos Passivos face Administrao Central

  • 32 RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 CGD

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    TAXAS DE JURO

    Embora a economia da rea Euro tenha voltado a registar em 2016 um crescimento acima

    do potencial, a inflao baixa e negativa durante os primeiros meses do ano, elevou os

    receios em torno da possibilidade de deflao, o que contribuiu decisivamente para que o

    BCE tivesse voltado a reduzir, em maro, a taxa de juro da facilidade permanente de

    depsito em -10 p.b., para -0,40%, fixando-a num novo mnimo histrico. A taxa de juro de

    referncia foi reduzida em 5 p.b., para 0%, igualmente um novo mnimo.

    De novo, com o intuito assegurar uma acelerao do crescimento da concesso de crdito,

    e de reforar as medidas de prevenso da deflao, em conjunto com a reduo das taxas

    de juro diretoras, o Banco Central Europeu fortaleceu as medidas de carter no

    convencional anteriormente implementadas, para alm de ter introduzido novas resolues,

    com destaque para a compra de ttulos de dvida de empresas.

    TAXAS DE JURO (a)

    2014 2015

    Dez Dez Mar Jun Set Dez

    Taxa dos FED Funds 0%-0,25% 0,25%-0,50% 0,25%-0,50% 0,25%-0,50% 0,25%-0,50% 0,50%-0,75%

    Taxa Diretora do BCE 0,05% 0,05% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

    Euribor

    Overnight 0,144% -0,127% -0,303% -0,293% -0,329% -0,329%

    1 ms 0,018% -0,205% -0,334% -0,364% -0,371% -0,368%

    3 meses 0,078% -0,131% -0,244% -0,286% -0,301% -0,319%

    6 meses -0,171% -0,040% -0,132% -0,179% -0,203% -0,221%

    12 meses 0,325% 0,060% -0,005% -0,051% -0,064% -0,082%

    Novas operaes de crdito

    Sociedades no financeiras (b) 3,48% 2,39% 2,44% 2,35% 2,49% 2,23%

    Particulares habitao 3,01% 2,13% 1,99% 1,86% 1,76% 1,77%

    Depsitos a prazo e de poupana (c)

    Sociedades no financeiras 1,20% 0,69% 0,54% 0,48% 0,42% 0,40%

    Particulares 1,63% 0,75% 0,62% 0,53% 0,45% 0,40%

    2016

    Fonte: Banco de Portugal - Boletim Estatstico, fevereiro de 2017

    (a) Taxas relativas ao ltimo dia do ms

    (b) Operaes acima de 1 milho de euros

    (c) Depsitos com prazo acordado at 2 anos

    A postura do BCE contribuiu para manter uma presso descendente para as taxas Euribor,

    ao longo de todo o ano, embora de forma mais pronunciada durante a primeira metade do

    mesmo. Reflexo do gradual e contnuo incremento da liquidez em excesso no sistema,

    devido ao aumento do balano do banco central, estas taxas de juro, frequentemente

    utilizadas como indexantes de operaes de intermediao bancria, voltaram a registar

    sucessivos mnimos histricos. Enquanto a taxa para o prazo a um ms registou o minimo

    de sempre no incio de novembro, as taxas para os prazos a 3, 6 e 12 meses encerraram o

    ano em mnimos histricos.

    No conjunto do ano, as taxas Euribor para os prazos a 1, 3, 6 e 12 meses, desceram,

    16,3 p.b, 31,9 p.b., 22,1 p.b., e 8,2 p.b., respetivamente.

    As taxas de juro praticadas em novas operaes, quer de depsitos, quer de crdito,

    desceram novamente em 2016, em sintonia com o comportamento do referencial de

    mercado, ou seja, das taxas Euribor. A diminuio foi mais acentuada no segmento de

    particulares, quer no caso das taxas de juro passivas, que no caso das taxas de juro ativas.

    1.5.2. PLANO DE RECAPITALIZAO

    No mbito do princpio de entendimento entre o Estado Portugus e a Comisso Europeia,

  • CGD RELATRIO DE GESTO E CONTAS 2016 33

    1. RELATRIO DO CONSELHO DE ADMINISTRAO

    e por forma a no ser considerado como ajuda de Estado o aumento de capital da Caixa

    Geral de Depsitos, S.A., foi estabelecida como condio para o efeito uma avaliao dos

    ativos do banco. Neste contexto, a Comisso Executiva da CGD decidiu efetuar uma reviso

    da carteira de ativos, designada por MAAV - Management Assessment of Asset Value, com

    referncia a 30 de junho de 2016, utilizando os critrios e os pressupostos que um investidor

    privado utilizaria se estivesse disponvel para efetuar um grande investimento na CGD.

    Adicionalmente, os critrios us