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ÁLVARO ZÓCCHIO X EDITOR \S S. A. Hua H.:i-.-ci:a, 57-Í/57S Tcls.: ::i-2342, 221-23-1S c ::i-:->67 f X w ,vMvúcu! (u ATT -v S . L f Prática é da Prevenção de Acidentes ABC DA SEGURANÇA DO TRABALHO : : .' EDIÇÃO Revista e Ampliada ASSOCIAÇÃO Dl ENSINO DE MA.RHIA v BIBLIOTECA Adquirido da ...... ^...' .... EDITORA ATLAS S. A.

Prática da Prevenção - civilnet.com.br · O HOMEM E O ACIDENTE DO TRABALHO Causas dos acidentes do trabalho Propensão ao acidente Inaptidão para o trabalho Temperamento ... Uso

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ÁLVARO ZÓCCHIO

X

EDITOR \S S. A.Hua H.:i-.-ci:a, 57-Í/57S — Tcls.: ::i-2342, 221-23-1S c ::i-:->67

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Práticaé

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ABC DA SEGURANÇA DO TRABALHO

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EDITORA ATLAS S. A.

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PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTESÁLVARO ZOCCH10

Capa de

PAVEL GERENCER

HusTações de

JOSÉ MARCONDES DE TOLEDO•

i i

Dedicatória:

à memória ils meu paia minha esposa c a meus jHlios

2' Edição

Muio de 197!

Agradeci mentos:

aos que colaboraram, de uma oude outra maneira, para uconclusão deste trabalho, os

iiitiiii sinceros agradecimentos.Citar nomes icriti correr orisco de alguma omissão que,

' embora involuntária, seriainjusta; [imanto, a todosmuito obrigado.

py

£':§*

© Copyright 1971

EDITORA ATLAS S . A .

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Prefácio da Segunda EdiçãoPrefácio da Primeira Edição

1517

SEGURANÇA DO TRABALHOSegurança do trabalho ou prevenção de acidentes?Serviços de segurançaPrograma modeloAtribuições individuais ;Contatos pessoais e departamentaisResumo

202111

252730

ACIDENTES DO TRABALHO

Definição vocabularDefinição legal ;Definição técnicaEfeitos negativos dos acidentes do trabalhoO lado humano

34363838

O aspecto social 40Problemas económicos 42

Afastamento das pessoas acidentadas 44Danificação de máquinas, equipamentos etc 44Influências psicológicas negativas 44Perda de tempo por outras pessoas 44

Resumo 45

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10 PRÁTICA. DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES ÍNDICE 11

O HOMEM E O ACIDENTE DO TRABALHO

Causas dos acidentes do trabalhoPropensão ao acidente

Inaptidão para o trabalhoTemperamentoPreocupaçãoEmoçãoInteligência lenta ou retardada

Capacidade f ís ica e doençasSurdezInsuficiência visualDaltonismoOutros males

AnalfabetismoOutras falhas .•TreinamentoMáquinas, ferramentas etcMateriaisArrumação e limpezaDisciplina e relações humanasResumo

4K4 y505151525253545455555657585959596060

CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — ATOS INSEGUROS

Aios insegurosFicar jun to ou sob cargas suspensasColocar parte do corpo em lugar perigosoUsar máquinas sem habilitação ou permissãoImprimir exresso de velocidade ou sobrecargaLubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimentoImprovisação e mau emprego de ferramentas manuaisInutilização de dispositivos de segurançaNão usar as proteções individuaisUso de roupas inadequadas e acessórios desnecessáriosManipulação insegura de produtos químicosTransportar ou empi lhar inseguramenteFumar e usar chamas em lugares indevidosTentativa de ganhar tempo ft.Brincadeiras e exibicionismo

Outros atos insegurosFatôres humanos

Desconhecimento dos riscos de acidentesTreinamento inadequadoFalta de aptidão ou de interesse pelo trabalhoExcesso de confiançaAtitudes imprópriasIncapacidade f í s ica para o t raba lho

64.64

6465656666676768686969707071

CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS

Falta de proteção em máquinas e equipamentos 76Proteções inadequadas ou defeituosas """Deficiência em maquinaria e ferramentalMá arrumaçãoEscassez de espaçoPassagens perigosasDefeitos nas edificaçõesInstalações elétricns inadequadas ou defeituosasIluminação inadequadaVentilação inadequadaOutras condições inseguras de higiene industrial 82Falta de protetores individuais (EPI) 82Outras condições inseguras 82Resumo 83

6

777778787979808081

FONTES DE INFORMAÇÕES - INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES

Investigação de acideniesRelatório do acidenteComo proceder à investigação '. . .

a . Agente d a ( s ) lesão(ões).b. Condições inseguras

Atos insegurosAcidente-tipoFatôres pessoaisMedidas para prevenir novas ocorrênciasControle estatístico de acidentes

Coeficiente de f requência (CF)Coeficiente de gravidade

Outros controlesResumo

8689919192939499100100102103103104

FONTES DE INFORMAÇÕES - 1NSPEÇÂO DE SEGURANÇA

Modalidades de inspeção de segurançaInspeção geralInspeções parciaisInspeções de rotinaInspetores de segurançaSupervisoresTrabalhadores

106106106106106108110110

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12 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDIÚNTOS ÍNDICE 13

Membros da CIPA 110Inspeções periódicas 110Inspeções periódicas obrigatórias por lei 111Inspeções periódicas e de rotina 111Inspeções eventuais 112Inspeções oficiais 112Inspeções especiais 112

Ciclo completo das inspeções de segurança 112Observação 113Informação 113Registro 113Encaminhamento 113Acompanhamento 113

Análise de riscos 114Resumo 119

8

RECURSOS GENÉRICOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO

Contexto geral das medidas técnicas 122Meios gerais de proteção 122Características pessoais 123Medidas educacionais 126Cursos 126Palestras 27Integração de novos empregados 27Diálogo de segurançaOutros meiosMedidas psicológicasMedidas médicas 129Resumo 130

AMBIENTES DE TRABALHO

Edificações : 131Iluminação 133Ventilação e controle de calor - 133Instalações elétricas 135Máquinas e equipamentos 136Finalidades e requisitos dos protetoresProtetores para transmissão de forçaTipos fundamentais de protetores para pontos de operação

Guardas estacionáriasGuardas mecânicasDispositivo arrastador ,Disposiiivo aíastador , . , , .Comando bimanuai ,

137137i3y139140141142143

Cédula fotoelétrica 143Parada de emergência 144Guarda de locação 145Interligação '-45Cabo de segurança 146

Resumo 148

10

PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Quando usar o "EPI" 150Aspectos técnicos 151Aspectos educacionais 152Aspectos psicológicos 152Controle e conservação 152Classificação dos "EPI" 153

Proteção para a cabeça 153Protetores para o crânio 153Protetores para o rosto 155Protetores para os olhos 158Proteção auricular 161Proteção para os membros superiores 162

Para trabalhos de solda 162Para outros trabalhos quentes 163Para trabalhos com materiais cortantes 163Para outros trabalhos rudes 163Para trabalhos com produtos químicos líquidos ' 164Para trabalhos em altas tensões 164

Proteção para os membros inferiores .,. 165Calçados ! 165Perneiras 166

Proteção do tronco . 167Proteção das vias respiratórias 168

Máscaras de filtros 169Filtros para monóxido de carbono 170Máscaras com suprimento de ar 170

Cintos de segurança 170Cinto com travessão : 171Cinto com corda 171

Resumo 173

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PREFACIO DA SEGUNDA EDIÇÃO

O livro foi todo recstruturado para a segunda edição. Capítulosforam eliminados, outros introduzidos, matérias reagrupadas, de modoa tornar o trabalho mais objctivo e dispor os assuntos em sequênciamais adequada à finalidade do livro. Isto merece uma explicação, pois,sob o mesmo título c com o mesmo objetivo, este é quase um outrolivro que se apresenta.

A edição original nasceu de um trabalho exaustivo, preparadopara outro tipo de aplicação no campo da prevenção de acidentes.Vários jatôres, que não serão citados aqui, impediram o aproveita-mento do trabalho para o fim que lhe fora originalmente determinado.Porém, com o apoio e incentivo de amigos, e trabalho original foiadaptado para a feitura de um livro e submetido ao exame da EditoraAtlas que, algum tempo depois, o lançava sob o titulo de "Prática daPrevenção de Acidentes". Assim nasceu um livro que se propunha aser uni "ABC" da segurança do trabalho.

Adaptado do que deveria ter sido a apostila de um curso espe-cífico, os assuntos e sua respectiva ordem não ficaram dispostos damaneira mais correia, mais condizente com o objetivo do livro. Aintenção do autor sempre foi a de revisar complctamcntc a obra parauma próxima edição. Assim foi feito à medida que o tempo trans-corria. Ao chegar a oportunidade da segunda edição, o livro já estavarecomposto, atualizado c com nova estruturação.

Os capítulos "Prevenção de Incêndios" e "Primeiros Socorros"foram eliminados, pois apenas têm correlação com a segurança dotrabalho, como é aqui tratada. Dois capítulos importantes foram intro-duzidos "Investigação de Acidentes" c "Inspeçuo de Segurança", duaschaves mestras da prevenção de acidentes. Os demais assuntosagrupados em oiío capítulos, perfazendo um forni d r J»-

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a16 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Embora distribuída em apenas dez capítulos (quatro a menos quea edição anterior) a matéria é mais fana e mais f jctiva apresentandomais detalhe, sobre os recursos da se^rança do trabalho, c^lan -mentos sobre pontos ainda divergentes, e um modelo para « esabi-lecimcnto de um programa definido para a segurança do traoallio.

Simples como a anterior, esta edição tanto pode ser uni ao pro-fissional de segurança como ao dirigente, ao superior e aos compo-nentes das C IP As.

O Autor

O *A :~

PREFÁCIO DA l.a EDIÇÃO

Foi com desvanecimento que recebi do autor desta obra o convitepara dizer algumas palavras de apresentação. Conhecendo ÁlvaroZócchio há cerca de oito anos, quando ele se iniciava no campo daprevenção de acidentes, e, tendo podido acompanhar de perto suasatividades profissionais, não me poderia furtar ao atendimento dessasolicitação porque, ao lado da amizade que me prende ao autor, vejonesta obra o fruto de seu trabalho honesto, de sua dedicação, de seusesforços, de seu estudo, de sua maneira de encarar a segurança indus-trial como um ramo de atividade em que se tem sempre o que aprende.'e onde ninguém pode dar-se ao luxo de se considerar profundo conhe-cedor da matéria, eximindo-se, assim, da responsabilidade de estudar,de pesquisar, de adquirir conhecimentos.

Percebe-se, no convívio com o autor, assim como ao longo daspáginas deste livro, seu espírito inquieto, desejoso de aprender, sequiosode melhorar e aperfeiçoar, o que o leva, além do estudo, a buscar,muitas vezes, interpretações próprias, ideias novas, resultantes de suacapacidade de observação e da experiência diária e não rotineira, vivida.em suas atividades profissionais, primeiro como inspetor de segurançae, posteriormente, como Supervisor da Seção de Segurança de umadas grandes indústrias de nosso País.

Sentindo a necessidade de literatura, em língua portuguesa, quepudesse ser útil àqusies que devem ser os executores do programade segurança numa empresa, ou seja, os agentes de mestria, assimcomo a estudantes de cursos industriais e a todos quantos devemconhecer os mais importantes problemas ligados à higiene e segurançano trabalho, preocupou-se o autor em apresentar sua obra de maneiraa atingir, da forma mais objetiva possível, suas finalidades.

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18 PRÁTICA DA. PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Despretensioso quanto à apresentação, pois nele são encontradascom frequência frases soltas que exprimem, acima de tudo, o resultadoda experiência de seu autor, este livro possui o mérito de apresentaros conceitos básicos de prevenção de acidentes sob a forma correia,em linguagem acessível, ao público a que se destina. Seus catorzecapítulos cobrem aspectos importantes da higiene e segurança do tra-balho, que vão desde os diferentes conceitos apresentados para osacidentes de trabalho e a discussão sobre suas causas, custo e estatística,

.até assuntos mais especializados, como os referentes a equipamentoindividual de proteção, prevenção e combate a incêndios e primeirossocorros a acidentados.

Sem querer esgotar o cssunío focalizado em cada capítulo efugindo à simples transcrição de normas de segurança, principalmentesob a forma de "Faça isso" ou "Não faça aquilo", o autor apresentao que, em seu entendimento, deve ser conhecido, basicamente, portodos aqueles que se dedicarem à prevenção de acidentes do trabalhoe pelos que, em suas atividades, estiverem ligados, ainda que indireta-rneníe, à segurança e à higiene ocupacional.

Congratulando-me com os que se preocupam, em nosso País,com o desenvolvimento da higiene e segurança no trabalho, pela publi-cação desta obra, espero que ela venha a alcançar os resultadosalmejados por seu autor, a quem apresento minhas felicitações emanifesto a esperança de que novos trabalhos de sua lavra venhama lume cm futuro próximo.

São Paulo, dezembro de 1964.

SILAS FONSECA REDONDO

lSEGURANÇA DO TRABALHO

Segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, educa-cionais, médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes,quer eliminando condições inseguras do ambiente, quer instruindoou convencendo pessoas na implantação de práticas preventivas.Seu emprego é indispensável para o desenvolvimento satisfatório dotrabalho. É tão importante quanto muitos outros serviços que asempresas mantêm em benefício dos empregados, quer espontanea-mente ou por imposição legal Medidas medicas e psicológicas serãoapenas citadas neste livro e, eventualmente, comentadas na relaçãoque têm com as demais na consecução da segurança do trabalho.

A segurança do trabalho é ao mesmo tempo um imperativotécnico e uma imposição legal. Entretanto, não tem evoluído comooutras técnicas industriais e tem recebido menos atenção que a dis-pensada a certos serviços considerados importantes para o bem-estardos empregados.

Algumas pessoas, menos esclarecidas sobre o assunto, procuram,em certas circunstâncias, justificar de várias maneiras a ausência dasegurança cm algumas indústrias, ou o pouco interesse ide outras comreíação à prevenção de acidentes. Entretanto, nada existe capaz dejustificar tal omissão. Demre essas pessoas algumas costumamafirmar: "sem acidentes ou com acidentes o trabalho é realizado".Não importa quem diz ou pensa assim. É uma afirmação ou pensa-mento infeliz, embora não possa ser integralmente contestado.Realmente, o trabalho poderá ser efetuado mesmo que ocorramacidentes, porém, jamais poderá ser considerada satisfatória a suarealização nesses casos. À cior e à infelicidade de quem sofre feri-mentos somam-se muitos fatôres danosos ao trabalho, tanto sob oaspecto técnico como económico. Isto nem sempre é percebido por

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:o PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

quem não entende e não interpreta os acidentes do trabalho cmtoda a sua extensão e profundidade.

Assim ficam definidas, em poucas palavras, a segurança do traba-lho e a situação de sua aplicação na indústria, em face da interpretaçãode muitos industriais, dirigentes de empresa e trabalhadores de todosos níveis e categorias. Em outras palavras, a segurança do trabalhoé um conjunto de recursos de ordem material e/ou humana, aindaignorados por muitos, mal interpretados e nem sempre bem aceitos,sem os quais não se pode esperar que haja prevenção de acidentes. Istosignifica que a prevenção dos acidenies do trabalho é consequênciada aplicação desses recursos ou medidas de segurança.

SEGURANÇA DO TRABALHO OU PREVENÇÃODE ACIDENTES?

Segurança do trabalho e prevenção de acidentes são duas expres-sões que se confundem na prática. Há os que as consideram a mesmacoisa, os que procuram defini-las separadamente e, outros, que ascolocam na situação inversa da que propõe este trabalho. Não sepretende com isso criar polémicas, mas, apenas ser prático e mostrarcomo conseguir a prevenção dos acidentes do trabalho através daaplicação de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas,ao alcance da grande maioria que não pode, por diversas razões,depender de trabalho académico ou altamente científico para essefim. Essas medidas são os meios; a prevenção dos acidentes é o fimao qual tais medidas se destinam. A prevenção dos acidentes serátanto maior quanto melhor for a aplicação das medidas de segurança.

A aceitação do acidente como algo inerente ao trabalho é umerro cometido frequentemente por empresas e indivíduos, cujo conhe-cimento do assunto é insuficiente para que percebam no acidente dotrabalho uma irregularidade danosa, possível de ser evitada. Algunsnão atinara com a realidade porque simplesmente não se detêm ainterpretá-la. Esses, muitas vezes, duvidam que a segurança do tra-balho traga bons resultados para a empresa. Não há dúvida de quetraz! É pena que não existam meios fáceis para medir, monetaria-mente, esses resultados, como também não existam meios para calcularoutros bons resultados que se obtêm através de planos de assistênciaaos empregados, de treinamento aã indústria, de serviço médico dentroda empresa etc.; esses planos se encontram no mesmo nível da segu-rança do trabalho, em relação aos empregados. É necessário que seaplique corretamente a segurança do trabalho para se obter e reco-nhecer os resultados que ela proporciona.

Apesar da apatia de alguns, do desconhecimento e pouco interessede outros, a segurança do trabalho tem progredido. A experiência de

SEGURANÇA DO TRABALHO 21

muitas empresas comprova os bons resultados que se podem con-se<Tuir. Essa experiência nos autoriza a afirmar que é axiomático oresultado da prevenção de acidentes, representado por:

a. mais produção, por moio, principalmente, da estabilidade damão-de-obra.

b. menor perda de tempo e de materiais, menos reparos emmáquinas, etc.

c. mais equilíbrio de ânimo no grupo de trabalho, pela ausênciado mal-estar provocado pelos acidentes.

d. melhor ambiente social na comunidade, pela inexistência oupela redução da invalidez.

Isto conduz à conclusão de que a prevenção dos acidentes naindústria é um benefício social e económico, o que equivale a dizer:a segurança do trabalho é um bom investimento. Os benefícios nemsempre são reconhecfdos e este é o motivo que leva muitas empresasa ignorar a prevenção de acidentes. Em muitas ocasiões em que osbenefícios são compreendidos, faltam conhecimentos acerca das téc-nicas, dos recursos e das verdadeiras possibilidades da segurança dotrabalho que levam a eles.

Entretanto, a prevenção de acidentes pode ser conseguida, nãode forma absoluta, é claro, mas de maneira a manter baixo ou atémesmo insignificante o número de ocorrências de acidentes. Paraisso é necessário que as medidas de segurança sejam bem aplicadas,de forma planejada e racional.

SERVIÇOS DE SEGURANÇA

É cada vez maior o número de empresas que criam seus própriosserviços de segurança. Seção ou Departamento, dependendo do esque-ma de organização da empresa, os serviços de segurança são instaladoscom a finalidade de estabelecer normas e pôr em prática os recursospossíveis para conseguir a prevenção de acidentes. Embora os prin-cípios básicos obedecidos sejam os mesmos, cada serviço de segurançadeve se adaptar à extensão, condições e tipo de organização da empresa.Por exemplo: uma indústria metalúrgica de duzentos empregados, umafábrica de explosivos que emprega mil trabalhadores e uma empresade transportes de qualquer extensão requerem serviços de segurançacom características diferentes, embora fundamentalmente venham aser semelhantes.

Os serviços especializados de Segurança e Higiene do Trabalhosão agora previstos por lei, o que poderá incrementar a criação dessegénero de atividade em muito mais indústrias. O Artigo 164, Seção II,do Capítulo V da CLT, alterado pelo Decreto-let n<? 229, de26/2/1967, assim se expressa sobre o assunto: f^

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22 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

"As empresas que, a critério da autoridade competente emmatéria de segurança e higiene do trabalho, estiverem enquadradasem condições estabelecidas por normas expedidas pelo Departa-mento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho, deverão manter,obrigatoriamente, serviço especializado em segurança e higiene dotrabalho e constituir Comissões Internas de Prevenção de Acidentes(CIPAs).

§ 1.° O Departamento Nacional de Segurança e Higiene doTrabalho def in i rá as características do pessoal especializado emsegurança e higiene do trabalho, quanto às atribuições, à qualificaçãoe à proporção relacionada ao número de empregados das empresascompreendidas no presente artigo.

§ 2.° As Comissões Internas de Prevenção de Acidentes(CIPAs) serão compostas de representantes de empregadores eempregados e funcionarão segundo normas fixadas pelo Departa-mento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho".

Como se pode observar, os Serviços de Segurança que têm sidoinstalados espontaneamente em muitas empresas, poderão ser estabe-lecidos em outras por força de lei. Mesmo regulamentados por lei,estes serviços devem ser adaptados às características das empresasonde funcionarão. Independentemente do que a lei prescreve ou viera prescrever, a empresa interessada, ou a pessoa responsável pelaimplantação do serviço de segurança, deve pensar, antes de tudo, noestabelecimento de um programa fundamental de diretrizes genéricase básicas para o desenvolvimento de todo o serviço, ou seja, daquiloque se poderia chamar de "Carta Magna" da Segurança do Trabalhona empresa.

Ê forçoso reconhecer que muitos serviços de segurança não obtêmmelhores resultados, ou até mesmo fracassam, porque não estãoapoiados em diretrizes básicas bem delineadas, e compreendidas peladireção da empresa, nem devidamente desenvolvidas em seus váriosaspectos. O programa deve ser estabelecido partindo-se do princípiode que a prevenção dos acidentes é alcançada através da aplicaçãode medidas de segurança adequadas e que estas só podem ser bemaplicadas através de um trabalho de equipe.

PROGRAMA MODELO

Propomos aqui um programa básico, modelo simples que poderáser desenvolvido com mais ou com menos intensidade e profundidade,dependendo das necessidades ou interesses da empresa. Dividimoseste programa em apenas quatro tópicos:

l.° Das atribuições

SEGURANÇA DO TRABALHO 23í .

3.° Das inspeções de segurança4.° Das instruções e promoções

Exemplo:Programa básico dê segurança a ser desenvolvido na ...

Finalidade

A finalidade deste programa é a prevenção de acidentes do tra-balho, através da aplicação, o quanto possível, de medidas de segurançarecomendáveis. A cada um caberá uma parcela de responsabilidade,de acordo com a função que exerça ou o cargo que ocupe na orga-nização.

Tópico l? — Das atribuições

a. Cabe à gerência e administração dar o apoio necessário aodesenvolvimento do programa, assim como a responsabilidadepela efetivação cias normas e regulamentos estabelecidos peloserviço de segurança (ou pela CIPA, quando não houver Serviçode Segurança).

b. Cabe à supervisão fazer com que se cumpram as diretrizes,normas e regulamentos estabelecidos de acordo corn o desen-volvimento do programa.

c. Cabe, aos empregados em geral, seguir devidamente tanto asnormas e regulamentos estabelecidos, como as regras específicaspara o trabalho que executam.

d. Cabe ao Serviço de Segurança, com a colaboração da CIPA,desenvolver o programa em todos os seus tópicos, orientar cassistir a todos es níveis hierárquicos, visando ao bom desem-penho de-cada um, e fiscalizar a correta aplicação das diretrizesestabelecidas.

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24 PRÁTICA DA PREVENÇÃO SE ACIDENTES

Tópico 2? — Das investigações dos acidentes

a. Todos os acidentes que causarem lesões às pessoas devem serregistrados no serviço médico, investigados, e suas causas apu-radas. Medidas devem ser recomendadas e postas em práticapara evitar que se repitam.

b. A responsabilidade pelas investigações cabe ao Serviço de Se-gurança, que designará qual a participação da supervisão nasditas investigações.

c. O Serviço de Segurança tem a atribuição de manter o controledas medidas de segurança recomendadas em vista do resultadoda investigação dos acidentes; de acompanhar o processo atéa execução; e de dar a assistência que se fizer necessária, sob oponto de vista da segurança, aos responsáveis pela execuçãodas medidas,

d. Cabe ao Serviço de Segurança estudar os dados dos relatóriosdos acidentes, mante-los sob registro e publicá-los em formade estatística, ou outras que atendam aos fins de informação epromoção.

Tópico 3? — Das inspecões de segurança

Devem ser efetivadas inspecões de segurança nas áreas detrabalho, nos páteos, nos edifícios, nos equipamentos, nosveículos, etc., com a finalidade de descobrir riscos de acidentese de estudar e recomendar medidas que possam neutralizá-los.Cabe ao Serviço de Segurança estabelecer o programa de ins-pecões de rotina, periódicas, em conjunto com os serviços deengenharia, de manutenção e outros, e determinar as respectivasresponsabilidades.O Serviço de Segurança deve manter um registro das recomen-dações de medidas de segurança, originadas das inspecões desegurança, acompanhar seu processo de execução até o fim, esuprir os responsáveis pelo encaminhamento e execução dasmedidas, com informações técnicas e legais de segurança.

Tópico 4? — Das instruções e promoções

As instruções do programa de segurança serão preparadas peloServiço de Segurança com base na legislação em vigor, nasregras e padrões conhecidos e nos estudos das característicasdo trabalho efetuado.As instruções, regras e regulamentos serio levados ao conheci-mento de todos através de boletins e circulares.O Serviço de Segurança deve manter os supervisores, empre-gados, e os membros da CIPA instruídos através de cursos,reuniões, palestras etc.

SEGURANÇA DO TRABALHO 25

d. Cabe ao Serviço de Segurança elaborar e pôr em prática umplano de integração dos novos empregados no programa desegurança existente na empresa, assim como determinar qual aparticipação da supervisão no referido plano.

e. O Serviço de Segurança deve manter, em permanente atividade,através de cartazes, folhetos, concursos etc., um plano de pro-moção que visará elevar o espírito de segurança de todos ostrabalhadores.

O programa modelo proposto deverá ser aceito como a base doque vai ser desenvolvido. Nos demais capítulos deste livro, serãoencontradas muitas informações que se referem a esse desenvolvimento.

Até o final deste capítulo, trataremos apenas do Tópico 19, quese refere às atribuições.

ATRIBUIÇÕES INDIVIDUAIS

A prevenção de acidentes é, necessariamente, um trabalho deequipe. Ela pode ser praticada eficientemente em qualquer empresa,desde que seja obedecido um esquema de atribuições e responsabilidadespara cada membro da firma. Assim, os resultados desejáveis serãomais facilmente atingidos. Empresas grandes necessitam, às vezes,de serviços extensos, com pessoas especializadas (supervisor, assis-tente, inspetores de segurança, etc.). Outras, apenas necessitam deum ou mais inspetores, e algumas só terão a Comissão Interna-paraPrevenção de Acidentes (CIPA) como único órgão a cuidar do assunto.Sempre que possível, a CIPA deve ser orientada por um inspetor de.segurança ou por outra pessoa que conheça o assunto. Mesmo na-quelas empresas em que a instalação da CIPA não é obrigatória, deveexistir alguém que conheça pelo menos razoavelmente a segurança dotrabalho, para que algo possa efetivamente ser feito para preveniracidentes.

Independentemente do setor ao qual se subordina, o serviço oupessoas responsáveis pela segurança do trabalho têm atribuições queas obrigam a manter contato com todos os níveis hierárquicos daempresa. Não há limitação de área de ação para o pessoal de segu-rança. A ação da segurança deve ser exercida em todas as partes,pois, para efeito da prevenção de acidentes, toda a área de atividadeda empresa é área de segurança.

O esquema da página 26 procura demonstrar, de forma geral, osdiversos níveis hierárquicos normalmente observados numa empresa,e as atribuições de cada um no programa de segurança do trabalho.A nomenclatura dos cargos é arbitrariamente estabelecida em cadaorganização. A que empregamos aqui, para fim de exemplificação,também é arbitrária. Cremos, porém, que seria fácil entender as atri-

4.1

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26 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

buições dos diversos níveis hierárquicos mesmo sem levar em contaa nomenclatura que as empresas adotam.

Administração é o nível administrativo mais alto, ou o grupoassim considerado pela empresa, incluindo diretores.

Alta Supervisão são os componentes da direção intermediária,entre a administração e a linha de mestria.

BSQTJBMA DE ATMBOIÇAESKA PBETENÇAO DE ACIDENTES

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SEGURANÇA DO TKABALHO 11

Linha de Mestria são os agentes de mestria, frequentemente cha-mados contramestres ou feitores, aqueles que comandam diretamenteos trabalhadores.

Trabalhadores são os que não possuem nenhum cargo de direçãoou comando.

CIPA é a Comissão Interna para Prevenção de Acidentes, com-posta de representantes do empregador e dos empregados, com atri-buições determinadas por lei, e que deve funcionar como colaboradorado serviço de segurança, quando existente.

Serviço de Segurança é uma organização vertical com possibi-lidade de contato com todos os níveis hierárquicos, independente-mente do setor ao qual se subordina.

As setas verticais, no esquema, indicam a cadeia de contatosnormalmente obedecidos numa organização, quando não existe serviçode segurança e a CIPA é o único órgão a cuidar da prevenção deacidentes. O serviço de segurança, através dos contatos horizontaisem todos os níveis, tem muito mais possibilidade de êxito, mesmocom respeito à parte de colaboração que a CIPA lhe presta.

As atribuições de segurança de cada membro da empresa nadamais são que o complemento de suas atribuições técnicas e adminis-trativas normais. É poucc o que cada um tem a executar. Mas opouco necessário feito por todos, será o bastante para o bom resul-tado final, isto é a prevenção de acidentes.

A Comissão Interna para Prevenção de Acidentes — CIPA —sozinha, não consegue, via de regra, resultados satisfatórios. Sendouma comissão organizada entre trabalhadores, só tem acesso à admi-nistração por intermédio do seu presidente, que raramente se dedicacom exclusividade à segurança, e nem sempre possui suficiente conhe-cimento do assunto. Os demais membros, exceto os que possuemcargo de autoridade, têm ação limitada pelas suas funções normaise pela hierarquia à qual estão sujeitos. Isto vem comprovar a necessi-dade de um serviço exclusivo de segurança e de pessoas qualificadaspara desenvolvê-lo. Justifica, também, a criação sempre crescente deserviços especializados nas indústrias que desejam realmente alcançabons resultados com a segurança do trabalho.

CONTATOS PESSOAIS E DEPARTAMENTAIS

A segurança do trabalho requer a participação de todos. Exigeunia série de contatos entre pessoas e setores da empresa, uma verda-deira cadeia de intercomunicação, sem a qual a obtenção de bons

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28 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

O serviço de segurança, obrigatoriamente, mantém contato comtodos os setores. O contato cruzado entre administração, segurança,serviço médico e alta supervisão, é necessário para:

a) Correção das condições inseguras e insalubres do ambiente pormeio de serviços de engenharia, de manutenção e de pesquisa,e estudos nos áreas de trabalho.

b) Seleção adequada e integração dos empregados no trabalho, deforma técnica e segura.

c) Controle das condições dos ambientes de trabalho e da saúdedos trabalhadores.

d) Emissão de instruções e regras gerais do programa de segurançaestabelecido.

O contato cruzado entre segurança, agentes de mestria, CIPA etrabalhadores é importante para:

a) Estabelecimento e divulgação de normas específicas para a segu-rança do trabalho.

b) Investigação completa e correia dos acidentes ocorridos.c) Manutenção da disciplina e cumprimento rigoroso das regras

de segurança.d) Inspeção de segurança e análise de riscos satisfatórias, quer

sejam de ordem geral ou específicas.e) Incentivo à prática da prevenção de acidentes, por meio dos

recursos convencionais.f) Educação e treinamento dos trabalhadores em relação à segu-

rança do trabalho.

SEGURANÇA DO TRABALHO 29

Entre os contatos diretos do serviço de segurança destaca-se oque ele mantém com o serviço médico, de cujo trabalho em conjuntodepende a precisão dos registros e das estatísticas de acidentes, e obom controle dos ambientes de trabalho sob o ponto de vista de saúdedos trabalhadores. Sob o aspecto técnico da segurança, destacam-seos contatos com engenheiros, técnicos e supervisores dos setoresespecializados no que se refere a novos projetos, modificações deinstalação, ferramental, processos de trabalho etc., que, via de regra,podem demandar medidas de segurança do trabalho.

Assumem relevante importância os contatos dos agentes de mes-; tria, com os subordinados, que devem ser instruídos e corrigidos na

prática da prevenção de acidentes. Considerando que os trabalhadoresrepresentam o maior .contingente a receber instruções de segurança eque os agentes de mestria assumem o principal papel executivo noprograma, é de se esperar que eles tenham interesse em disseminaros princípios da prevenção de acidentes entre os subordinados. Emalgumas empresas, esses contatos, geralmente conhecidos como con-versação ou diálogo de segurança, são compulsórios. Os supervisoressão obrigados a conversar pelo menos uma vez, em cada períododeterminado, com todos os subordinados, individualmente, sobre se-gurança do trabalho. Os assuntos discutidos são registrados em for-mulário especialmente impresso, onde constam, também, o nome dosubordinado e a data em que participou do dialogo. O formulário édocumento que comprova e registra as instruções recebidas pelos tra-balhadores. Para se desincumbirem satisfatoriamente dessa missão, osagentes de mestria devem ser instruídos sobre tudo o que diz respeitoà segurança do trabalho. Tem trazido muito bons resultados a minis-tração de cursos intensivos a todos os níveis de supervisão, as reuniõesde segurança com os mesmos grupos, a distribuição periódica deinformações por meio de boletins. Os efeitos desse plano, quandoposto em execução, são benéficos tanto sob o ponto de vista da se-gurança, como de relacionamento humano e princípio de equipe.

A CIPA e os trabalhadores constituem outros contatos impor-tantes, cuja principal finalidade deve ser a de disseminar a menta-lidade de segurança nos ambientes de trabalho e consolidar, nostrabalhadores, o verdadeiro sentido e objetivos da Comissão Internapara Prevenção de Acidentes e da prevenção de acidentes do trabalho.

Segurança do trabalho, enfim, requer atividade em equipe, contatosDf pessoais, aproximação entre setores c pessoas, da empresa, para que

/ se possam pôr em prática as medidas técnicas, educacionais, médicas( e psicológicas, de maneira efetiva, e nas oportunidades certas.

Se a empresa tiver realmente interesse em prevenir acidentes eo serviço for bem orientado, por pessoa capacitada, podem-se esperar

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30 PRATICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

resultados compensadores. Sem boa orientação a firma corre o riscode gastar dinheiro sem conseguir bons resultados.

Mesmo nas pequenas empresas, de pequeno número de empre-gados, é possível e necessário desenvolver a prevenção de acidentes,Basta que a administração adote e faça cumprir o esquema de atri-buições proposto e que, dentre os membros da organização, um, pelomenos, conheça bem o assunto para poder orientar os demais. Nasempresas com menos de uma dezena de empregados, o dono é quasesempre o gerente, o comprador, o .vendedor, o técnico e, frequente-mente, também um dos operários. Ora, estando o dono da firma emtodas essas posições ao mesmo tempo, é claro que as atribuiçõestécnicas e obrigações legais atinentes à matéria estão sobre seusombros. Cabe a ele, portanto, conhecer bem o assunto e colocarj emprática a prevenção de acidentes, coisa que conseguirá facilmente;

Portanto, sem dúvida, em qualquer tipo, género e extensão deempresa, é perfeitamente possível praticar a prevenção de acidentes,desde que se deseje preveni-los e se saiba organizar e conduzir esseserviço.

RESUMO

Segurança do trabalho é um conjunto de medidas empregadascom o fim de prevenir acidentes.

Apesar do seu reconhecido valor, a segurança do trabalho temrecebido menos atenção que outras atividades acessórias' nasindústrias.

Nada existe capaz de justificar a omissão das medidas de segu-rança nos trabalhos industriais.£ erro grave considerar os acidentes como algo inerente aotrabalho; na realidade, é uma irregularidade danosa possível deser evitada.

Ê axiomático que a redução dos acidentes melhora a produti-vidade, poupa despesas, incentiva os trabalhadores e melhorao ambiente social da comunidade.

Os serviços de'segurança devem ser organizados e adaptados aogénero da empresa, à sua extensão í e diretrizes.

Deve ser estabelecido um programa básico, aprovado pela direçãoda empresa e desenvolvido em seus vários aspectos.

Em qualquer empresa, independentemente da extensão do serviçode segurança, é imprescindível a definição das responsabilidadese atribuições que cabem a cada um, desde o principal diretoraté ao menos categorizado dos empregados.

SEGURANÇA DO TRABALHO

Os serviços de segurança devem ter autonomia dentro doatribuições, e seus responsáveis devem ter livre acesso aas dependências da empresa.

Uma série de contatos é necessária para o bom andamento i'"b

atividades: o serviço de segurança mantém contato com K11'"'os níveis e deve receber toda colaboração da CIPA.Destacam-se os contatos cruzados entre segurança, adminisiniv'1"1

serviço médico e alta supervisão, e entre segurança, agente l|i:mestria, CIPA e trabalhadores.Em qualquer empresa, mesmo nas pequenas, ale naquela.» f'1"1

menos de dez empregados, é possível e necessário pralii1»1 "prevenção de acidentes do trabalho.

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2ACIDENTES DO TRABALHO

Os acidentes do trabalho têm sido e continuam sendo objeto demuitos estudos e pesquisas, que visam ao desenvolvimento e aplicaçãode medidas para sua prevenção. Apesar do muito que já se sabe aseu respeito, ainda há divergências sobre o conceito de acidente dotrabalho. Várias tentativas têm sido feitas para definir o acidente dotrabalho de maneira satisfatória. Dentre as muitas definições, habi-tualmente usadas, não se pode apontar uma como mais ou menoscorreta. Deve-se, isso sim, reconhecer que existem definições mais emenos completas; isto porque a maioria abrange apenas aspectosespecíficos do acidente do trabalho, permanecendo muito aquém detoda a extensão que requer medidas. de segurança.

DEFINIÇÃO VOCABULAR

Algumas das definições de acidente encontradas nos dicionáriose enciclopédias têm sido, vez por outra, usadas para definir o acidentedo trabalho. Dentre as mais comuns: acontecimento imprevisto; in-fortúnio; irregularidade na superfície da terra; aquilo que sobrevêmrepentinamente etc., algumas definem determinados aspectos doacidente do trabalho. Por exemplo: os acidentes a que vimos nosreferindo são infortúnios quando causam lesões às pessoas, determi-nando incapacidade para o exercício do trabalho ou mesmo de ativi-dades sociais e recreativas que a pessoa normalmente exercia.

Os acidentes que causam um infortúnio são, muitas vezes, tambémacontecimentos imprevistos, ou aquilo que sobrevêm repentinamente,Mas, mesmo em conjunto, essas definições não completam a definiçãode acidente do trabalho. Cobrem apenas uma parte muito genérica

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34 PRÁTICA DA. PREVENÇÃO DE ACIDENTES

da grande extensão das causas e consequências dos acidentes dotrabalho, não satisfazendo, portanto, no tocante aos fins preventivos.

DEFINIÇÃO LEGAL

A legislação também define o acidente do trabalho de modo asatisfazer os seus objetivos.

A Lei 5.316, de 14 de setembro de 1967, que integrou o segurode acidentes do trabalho na Previdência Social, e o Decreto n? 61.7S4,de 28 de novembro de 1967, que aprovou o regulamento do segurode acidentes do trabalho, assim o definem:

"Acidente do trabalho será aquele que ocorrer pelo exercício dotrabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, pertur-bação funcional ou doença que cause a morte ou a perda ouredução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho."

A lei, como tem sido interpretada nos meios da prevenção deacidentes do trabalho, visa, acima de tudo, proteger o trabalhadorquanto ao direito que terá de receber os socorros e as indenizaçõesdevidos nos casos em que vier a sofrer lesões ou outras perturbaçõesfuncionais em consequência de acidente do trabalho. Embora a legis-lação cuide também, cm outros tópicos ou leis, da prevenção deacidentes, a definição dada ao acidente do trabalho não pode ser.para os prevencionistas, interpretada de outra maneira.

Deve-se notar que a lei diz: "Acidente do trabalho será aqueleque ocorrer. . ." Ora! " . . . aquele que . . . " nada define! Portanto,o acidente do trabalho, "aquele que" deve ser prevenido não-é definidopela legislação.

Ambas as leis citadas estendem o conceito de acidente do trabalhoda seguinte forma (parágrafo 2<? do artigo 2? da Lei 5.316 e pará-grafo único do artigo 39 do Decreto 61.784):

"Será considerado como do trabalho o acidente que, embora nãotenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para amorte ou a perda ou redução da capacidade para o trabalho."

Como se pode notar, ainda continua sem definição o acidentedo trabalho que devemos prevenir.

Parágrafo l? da Lei 5.316 e o artigo 4? do Decreto 61.784,definem quando uma doença é considerada profissional. O artigo 5<?do Decreto 61.784 equipara a doença profissional ao acidente dotrabalho para fins de seguro.

"Art. 5? — Para os efeitos deste Reculamcnto:

ACIDENTES DO TRAB/.LHO 35

I — equipara-se ao acidente do trabalho a doença do trabalho;II — equipara-se ao acidentado o empregado acometido de doença

do trabalho;III — considera-se como data do acidente, quando se tratar de

doença do trabalho, a da comunicação desta à empresa ouao INPS."

Ambos os dispositivos legais citados estendem ainda mais o con-ceito do acidente do trabalho:

"Art. 3? — Será também considerado acidente do trabalho:

1 — o acidente sofrido pelo empregado no local e no horáriodo trabalho, em consequência de:

a. ato de sabotagem ou terrorismo, praticado por terceiro,inclusive companheiro de trabalho;

b . ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivode disputa relacionada com o trabalho;

c. ato de imprudência ou de negligência de terceiro, inclusivecompanheiro de trabalho;

d . ato de pessoa privada do uso da razão;

c. desabamento, inundação ou incendo;f. outros cusos fcrtuitos ou decorrentes de força maior."

2 — O acidente sofrido pelo empregado, ainda que fora do locale horário de trabalho:a. na execução de ordem ou na realização de serviço sob a

autoridade da empresa;b. na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa,

para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;c. em viagem a serviço da empresa, seja qual for o meio de

locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade doempregado;

d. no percurso d?, residência para o trabalho e deste paraaquela."

Parágrafo Único: "Nos períodos destinados a refeições e descanso,ou por ocasião da satisfação de outras necessi-

dades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este, o empregadoserá considerado a serviço da empresa."

Também estas extensões não definem o acidente do trabalho massim locais e circunstâncias nas quais a ocorrência de um acidente dádireito, às vítimas, ao recebimento das devidas indenizações. Por outrolado, é um excelente alerta aos que são responsáveis pelo serviço deprevenção de acidentes nas empresas. Isto é, mostra que os serviços,

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36 PRÁTICA n.v PREVENÇÃO DE ACIDENTES

as campanhas e as medidas de segurança do trabalho não devempermanecer confinadas nos limites tísicos da empresa, ou limitadasàs horas de expediente, por mais cuidados que requeiram suas insta-lações e maquinarias, pois a empresa é responsável por muitas ocor-rências além de suas paredes ou cercas divisórias e de seu horárionormal de atividade.

Os comentários sobre a definição legal dos acidentes do trabalhonão visam criticar a lei, pois esta atinge seus objetivos com o conceitoadotado. O intuito é alertar os "prevencionistas" de que não devemse ater ao conceito legal, mas sim procurar conhecer o acidente dotrabalho em toda a sua extensão, sob todos os ângulos referentes àscausas, efeitos e possibilidades de prevenção.

Segundo o conceito legal, o acidente do trabalho só é caracte-rizado quando dele decorre uma lesão corporal, perturbação fun-cional ou doença que cause a morte, perda total ou parcial, perma-nente ou temporária da capacidade para o trabalho. Ora! a prevençãode acidentes do trabalho não pode se restr ingir a essa conceituação,tanto porque é impossível prever quando o acidente vai causar umdos citados infortúnios. As medidas de segurança que se aplicam paraprevenir acidentes, têm co-mo fim, acima de tudo,evitar os acontecimentosdos quais poderão decorrerquaisquer danos, quer se-jam pessoais ou materiais.

Certos acontecimentosrepentinos e graves deixammuitas vezes de despertara atenção de supervisores,empresários, e mesmo de Todas as ocorrências estranhas ao andamentoelementos intitulados pré- normal do trabalho são acidentes qus devemvencionistas, simplesmente ser prevenidos.

porque não causam ferimentos pessoais, embora, na realidade, sejamverdadeiros acidentes do trabalho. Para esclarecer bem este aspecto,ainda um tanto dúbio para muitos, deve-se interpretar o acidente dotrabalho sob o ponto de vista técnico preventivo, visando tanto os danosfísicos e funcionais causados às pessoas como os danos materiais eeconómicos causados à empresa.

DEFINIÇÃO TÉCNICA

Segundo o conceito técnico preventivo, que abrange toda a exten-são dos acidentes do trabalho, estes são: todas as ocorrências não

ACIDENTES DO T R A H A L I I O 37

programadas, estranhas ao andamento normal do trabalho, dos quaispoderão resultar danos físicos e/ou funcionais, ou morte ao trabalhadore danos materiais e económicos à empresa.

Para maior clareza, propõe-se estudar os acidentes do trabalhoem seus dois lados importantes: o acidente-meio e o acidente-tipo (*).O primeiro é a "ocorrência não programada. . ." da qual poderãoresultar danos pessoais ou materiais; o segundo é a maneira comoa pessoa é atingida e sofre o ferimento. O acidente-meio, não precisacausar ferimento a alguém para ser caracterizado; basta que se tenhadado a "ocorrência não p rogramada . . . " que sempre causa algumprejuízo, mesmo sem envolver lesões pessoais.

O acidente-tipo só existe quando alguém é ferido, e é caracterizadopela maneira como a vítima foi atingida peio agente da lesão. Oacidente-tipo, portanto, é apenas uma parte do todo de uma ocor-rência. Assim sendo, qualquer estudo do acidente do trabalho, quesó leva em conta os acidentes que causam lesões, é incompleto.

Vejamos um exemplo: na ocorrência do desmoronamento de umandaime, uma única pessoa foi ferida por uma tábua que lhe foi deencontro ao corpo. No caso, o desmoronamento foi o acidente-meioe o contato da tábua com o corpo da pessoa foi o acidente-tipo.

Há casos em que os acidentes-meio e tipo se confundem ou umdeixa de existir; por exemplo: quando a pessoa bate parte do corpocontra obstáculos fixos; casos de distensões musculares e mesmo lesõesna coluna vertebral por levantamento incorreto de objetos; ferimentosem pontos perigosos de máquinas 'exclusivamente devido a atitudedo acidentado etc. Nesses casos só existe o acidente-tipo ou pelomenos ele predomina em evidência a ponto de tornar discutível aexistência de qualquer acidente-meio.

Se cair uma ferramenta do .alto de um andaime, este é umacidente-meio; se a ferramenta- atingir alguém ocorrerá também umacidente-tipo. Num caso como este, teríamos tido dois acidentes emum? Não é necessário, mas podemos imaginar assim; como já foidito, o acidente-tipo pode ocorrer isoladamente, mas, regra geral, éparte de um todo onde predomina em evidência técnica o acidenie--meio.

Sem levar em conta o tipo ou extensão de lesão que pode ocorrer,os acontecimentos como o desmoronamento do andaime e a queda

(*) A expressão "acidente-tipo" é consagrada no meio jurídico comodefinição do infortúnio originado de causa violenta. Neste livro, a expressãoé empregada para d e f i n i r a maneira, violenta ou não, como a pessoa é atingida .pelo agente da lesão, em caso de acidente do trabalho. A OL.

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r38 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Um objeto que cai é um aci-tlentc-meio; se na queda atin-gir alguém determinará um

acidente-tipo.

da ferramenta são exemplos de acidentesque devem ser prevenidos.

O acidente é a causa dos ferimentos;estes são contados entre as possíveis con-sequências dos acidentes do trabalho. Emoutras palavras: o acidente do trabalhopode ocorrer sem causar lesões pessoais;estas são sempre decorrentes de acidentes.

EFEITOS NEGATIVOS DOSACIDENTES DO TRABALHO

Os acidentes do trabalho são noci-vos sob todos os aspectos em quj possamser analisados. Sofrem consequências aspessoas que se incapacitam total ouparcialmente, temporária ou permanente-mente para o trabalho; sofrem as em-presas pela perda da mão-de-obra, demateriais etc., com ' a consequenteelevação do custo do produto; sofre asociedade pelo aumento do número de inválidos c de dependentes daprevidência social; sofre, enfim, a nação, com todas as consequênciasdanosas que os acidentes do trabalho proporcionam.

Cada acidente prevenido é um benefício amplo e profundo. Nemtodos, porém, estão ainda em condições de raciocinar desta maneira,pois desconhecem tanto os efeitos funestos dos acidentes do trabalho,como as possibilidades de preveni-los. Todos os homens são membrosde uma sociedade que há milénios envida todos os esforços parasobreviver. Já é tempo, então, de incluir a prevenção dos acidentesdo trabalho, decisivamente, como um dos melhores e mais segurosmeios de garantir a sobrevivência; de compreender definitivamente,que esses acidentes estão dentre os piores males dos quais os homenssão vítimas; de perceber que podem e devem ser prevenidos, paraevitar toda a sequência de transtornos que ocasionam.

O LADO HUMANO

Os acidentes do t rabalho, nos seus aspectos negativos, constituemum problema mult i forme. O lado humano está sempre mais em evi-H p n c i n . nor cor r\p n i i c fcrc fis nrsso:>s o m i i i s ;iccito c en t end ido

ACIDENTES DO TRABALHO 39

como acidente do trabilho, e por ser o homem o elemento mais valiosode todos os que o acidente pode danificar.

O homem é quem mais sofre. O sofrimento do acidentado éinevitável. Os ferimentos, grandes ou pequenos, sempre representamum mal; o tratamento, fácil ou difícil, curto ou prolongado é, regrageral, doloroso; o tempo de recuperação pode tornar-se fastidioso eaté causar abatimento psicológico. O sofrimento estende-se às vezes,aos membros da família por preocupação, compaixão, e pela incertezaquanto à continuidade normal da vida do acidentado. Nos casos maisgraves, há famílias que sofiem porlongo tempo a angústia dramáticado futuro incerto, pois, não raro, éo arrimo da família que corre riscode invalidez permanente.

Vítima de uma incapacidadeparcial, o mutilado, embora voltan-do a trabalhar, poderá sentir-se in-timamente inferiorizado em facedos demais, piedosamente aceitopela empresa e pouco útil para otrabalho. Isto quando não tem oconforto moral necessário após oacidente c uma reintegração psi-cológica necessária ao trabalho,podendo, até, vir a apresentarproblemas para a segurança do tra-balho. Nos casos de incapacidadeparcial permanente grave, o acidentado por si só nem sempre adquirecondições psicológicas para retornar ao trabalho isento da preocupa-ção de representar um peso para o patrão e para a sociedade. Devidoa essa condição, às circunstâncias em que ocorreu o acidente, ou aalguma falha qualquer de que tenha sido alvo durante o tratamento,o indivíduo pode tornar-se revoltado contra o patrão, contra o Institutode Previdência ou contra a própria sociedade. Abalada como estápelo acidente, a vítima nem sempre aceita uma falha como tal, massim como desprezo à sua condição de acidentado.

Estes sfio apenas alguns aspectos do drama humano que costumaenvolver as vítimas de acidentes e seus familiares, especialmente osmenos favorecidos, que mais são :itin;::dos pelos infortúnios, pois sãoos que mais se expõem aos trabalhos rudes e a mais riscos.

Todos esses sofrimentos, físicos e psicológicos, poderão ser evi-tados ou pelo menos reduzidos ao mínimo, pela aplicação correta dasmedidas de segurança contra os acidentes do trabalho.

O sofrimento da vitima de acidenteé inevitável, mesmo sob toda atenção

e tratamento possíveis.

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40 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

O ASPECTO SOCIAL

Os acidentes do trabalho constituem um dos problemas sociaisda era industrial. Sob esse aspecto eles têm sido estudados em todaparte e nos variados campos da ciência. As pessoas, vítimas deacidentes, nem sempre representam, pessoalmente, problemas sociais.Mas os acidentes do trabalho, entendidos em toda sua extensão eprofundidade, representam grande problema para a sociedade.

Para se ter uma ideia do problema, basta imaginar a quantidadede pessoas portadoras de incapacidade total e permanente paratrabalhar, vítimas que foram de acidentes do trabalho. Muitas sereintegram ao trabalho depois de submeter-se à readaptação profis-sional em clínicas ou serviços especializados. Embora esses serviçosde readaptação sejam dignos de toda ordem de elogios, -seria ótimose um dia eles fossem extintos pelo progresso da segurança do traba-lho, isto é, quando não houvesse mais mutilados para reabilitação.Mesmo com as reabilitações conseguidas, é grande o número de inca-pacitados a onerar o Instituto de Previdência e, indiretamente, a socie-dade, quando ainda poderiam estar produzindo para essa sociedade,não tivessem sido vítimas de acidentes do trabalho.

Muitas vítimas de acidentes sofrem, temporária ou perma-nentemente, redução de vencimentos que obriga a família a baixarrepentinamente o padrão de vida mantido até então, e proceder cortesno orçamento ou a privar-se de muitas coisas, o que fere profunda-mente a felicidade de muitos indivíduos e de muitos lares.

É inegável o valor da assistência e das indenizações recebidaspela vítima ou por seus familiares. Tais benefícios, contudo, nãopassam de paliativos, pois não reparam nenhuma invalidez e muitomenos a perda de uma vida. Atenuam apenas os problemas; não ossolucionam nem os previnem.

Nas campanhas para prevenção de acidentes deve ser dada ênfaseaos aspectos sociais negativos dos acidentes do trabalho, procurandofazer com que as pessoas se inteirem da realidade dos efeitos nocivosdos acidentes, antes de se tornarem suas vítimas. Acontece, porém,que dentro das empresas onde se deve realizar as maiores campanhaspara a prevenção de acidentes, esta é, muitas vezes, socialmentefalando, um paradoxo.

Existem firmas com amplo programa de assistência social, muitasvezes extensivo até aos familiares. São inúmeros os benefícios dessesserviços assistenciais, não faltando também, em muitos casos, assis-tência moral e material completa nos casos originados dos acidentesdo trabalho. Os acidentados, nessas empresas, são alvo de toda aatenção durante o tratamento das lesões recebidas. Recebera vastagama de conforto psicológico e apoio material, até se reintegrarem

ACIDENTES DO TRABALHO 41

novamente ao trabalho. Entende-se, nesses casos, que a empresa reco-nhece o problema social dos acidentes do trabalho e procura, pormeio do seu serviço especializado, amenizar os infortúnios.

Estas são obras sociais dignas de elogio e de serem imitadas pelasfirmas que realmente se interessam pelo bem-estar social dos empre-gados. No entanto, muitas vezes essas empresas que dispensam aoacidentado e familiares toda sorte de atenção depois de ocorrido oinfortúnio, fazem muito pouco, ou quase nada, para prevenir osacidentes.

Por que não considerar, então, também a prevenção de acidentesdo trabalho como uma obra social? Por que reconhecer esses aciden-tes, sob o ponto de vista social, só depois de ocorridos? Não seria,socialmente falando, mais interessanteprevenir os acidentes do trabalho doque tentar remediar suas consequên-cias?

Não há, nas perguntas acima,qualquer intenção de criticar serviçossociais, nem sugerir-lhes diretrizes.Tanto que, ficam nessas páginas ape-nas as perguntas; as respostas ficarãoa cargo dos responsáveis pelos serviçossociais das empresas, principalmentedaquelas que assistem os acidentadosmas não previnem os acidentes.

Não se deve interpretar, no en-tanto, que o serviço de segurança dotrabalho, que possibilita a prevençãode acidentes, seja uma atividade dosserviços sociais das empresas. A se-gurança do trabalho é uma atividade

Por que reconhecer os aciden-tes sob o ponto de vista social

só depois de ocorridos?

específica, com técnicas próprias, que deve contar com pessoal espe-cializado, mas que deve trabalhar em cooperação com o serviço-social,quando existente, do qual obterá grandes auxílios para .a aplicaçãode determinados tópicos do programa que visa à prevenção dos aci-dentes do trabalho.

O que todos devem lembrar é que prevenir acidentes é obra socialmuito mais importante do que assistir as vítimas de infortúnios dotrabalho.

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42 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES ACIDENTES DO TRABALHO 43

PROBLEMAS ECONÓMICOS

Os acidentes do trabalho ferem, também economicamente, tantoos trabalhadores, que são vítimas de lesões, como as empresas ondeos prejuízos são sempre os maiores. Os serviços da previdência social,a sociedade, e a própria nação, sofrem com as consequências anti--econômicas dos acidentados do trabalho.

As empresas onde ocorrem os acidentes são as que sofrem mais,embora seus dirigentes nem sempre estejam em condições de perceberessa ferida económica.

É relativamente fácil para as empresas determinar o custo doproduto ou serviço que põem à disposição do público, ou de outrasempresas, quanto aos materiais e mão-de-obra empregados, a energiaconsumida, os impostos pagos etc. Mas, saber com que parcela osacidentes do trabalho contribuem para o custo final, não é coisa fácil.Para muitas firmas, o custo aparente dos acidentes do trabalho 6 ataxa de seguro que pagam ao Instituto Nacional de Previdência Social,para ter os seus acidentados integralmente atendidos pelo Instituto,enquanto para outras o mesmo custo aparente é a taxa reduzida quepagam ao INPS, somada à quantia despendida no tratamento que dãoaos seus próprios empregados.

Este, também chamado "custo direito", é, na realidade, o "custoaparente", pois, regra geral, é a única despesa que aparece na conta-bilização das empresas, como resultante da obrigatoriedade do segurode acidentes do trabalho e não como consequência direta dos mesmosacidentes. As demais despesas, às vezes chamadas custo indireto, sãotambém consequência direta dos acidentes. Não são, no entanto, con-tabilizadas como tal. Preferiríamos intitulá-las "custo oculto" porque,embora não apareçam como consequências dos acidentes, elas entramno custo da empresa, ocultas em outras contas, como de manutenção,perdas e danos etc.

Ê de se reconhecer, no entanto, que seria difícil a uma empresa,mesmo que quisesse, calcular o quanto custam os acidentes do trabalhoem toda a sua extensão danosa. Isto demandaria um preciso controlesobre "todas as ocorrências não programadas, estranhas ao anda-mento normal do trabalho, das quais poderão resultar danos físicose/ou funcionais, ou morte, ao trabalhador e danos materiais e econó-micos à empresa". Por outro lado, não é necessário saber exatamentequanto custam os acidentes do trabalho para se estar convencido deque sua prevenção é um bom negócio. Basta compreender e percebercomo eles afetam o custo através das suas várias interferências comas atividadcs da empresa. Essas interferências sempre elevam o custo

do produto ou do serviço daempresa através dos prejuízos quecausam à qualidade, quantidade eprazo referentes a esses mesmosprodutos e serviços.

Qualidade, para essa interpre-tação, não é só o que se refereao produto ou serviço final daempresa. A qualidade de todas asatividades intermediárias e acessó-rias pode ser afetada pelos acidentesdo trabalho. Isso eleva O custo, Via de regra as empresas desco-ernbora nem sempre seja prejudicial nhecem o montante dos prejuízosà qualidade final do produto. causados pelos acidentes.

Quantidade, para efeitos de estudo dos acidentes, não é só aquantidade final do produto prevista pelo programa de produção.Os acidentes do trabalho afetam tanto essa quantidade, como aquelaque deve ser alcançada por seções da empresa, por grupos de trabalho,por máquinas e mesmo por indivíduos. A compensação dessas defi-ciências de quantidades para que a quantidade final não seja preju-dicada, torna-se, na maioria das vezes, altamente onerosa para aempresa. O custo é mais uma vez elevado por causa de acidentesdo trabalho.

O mesmo acontece com referência ao prazo; quase sempre seentende como prazo, somente aquele estabelecido para que a empresaentregue certa quantidade de produto. Os prazos intermediários sãomuitas vezes ignorados. O prazo que uma seção tem para entregaras peças ou materiais em processo para o estágio seguinte da produ-ção; o prazo estabelecido para que determinada modificação se pro-cesse em ferramental ou instalações; o prazo dentro do qual algunstrabalhos de manutenção e reparos devem ser terminados; enlim, sãomuitos os prazos que deveriam ser obedecidos no processamentonormal do trabalho e que nem sempre são conseguidos, devido àocorrência de acidentes. Qualquer tentativa de compensar tempo per-dido para salvar o prazo virá onerar o custo da empresa. Deve-selevar também em conta o prejuízo da parada, às vezes, de umasequência de operações, porque uma delas não correspondeu ao prazoestabelecido para sua execução.

Quando ocorrem acidentes, o custo é sempre alterado, mas,geralmente, essas despesas não são contabilizadas como oriundas dosacidentes do trabalho.

Dentre as consequências dos acidentes do trabalho que trazemcomo resultado várias elevações de custo podem-se destacar asseguintes:

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44 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Afastamento das pessoas acidentadas

O afastamento do trabalho, das pessoas que sofrem lesões, éuma consequência imediata. O afastamento prejudicial não é sóaquele em que as pessoas permanecem vários dias incapacitadas,antes de reassumirem suas atividades. Também, a soma dos curtosperíodos de tempo que as pessoas gastam para ir ao ambulatórioreceber o curativo e retornar ao trabalho nos casos de lesões leves,também deve ser considerada prejudicial.

O seguro de acidentes do trabalho dá cobertura só às des-pesas previstas por lei. Nos casos acima citados, quem paga asdemais despesas das paralisações do trabalho, da queda de produçãopor não se ter um homem tão bem treinado para substituir o feridoetc.? É a empresa, embora ela própria possa não atentar para essarealidade.

Danificação de Máquinas, Equipamentos etc.

Os danos materiais dos acidentes do trabalho são elevados;quebras de máquinas, danos nas edificações, perda de materiais etc.,são alguns exemplos desses prejuízos. Todas as danificações devemser reparadas e esses reparos custam dinheiro. Um bom exemploé encontrado nos trabalhos de manutenção. Grande parte dos tra-balhos de reparos é devida a acidentes, principalmente onde não hámanutenção preventiva, embora o fato nem sempre seja interpretadocomo acidente. Como os reparos e substituições de peças devido adesgastes normais são inevitáveis, o único meio de reduzir o custode manutenção é prevenindo acidentes.

Influências psicológicas negativas

A influência psicológica negativa, quer na pessoa do acidentado,no grupo de trabalho, ou mesmo em outras pessoas, é fato muitoconhecido como um dos prejudiciais ao bom andamento do trabalho.

As vezes, toda uma empresa, e mesmo uma comunidade, podesentir-se abalada e sofrer as consequências psicológicas de acidentesgraves, com prejuízos que, embora reais, não aparecem registradosnas folhas de contabilidade como decorrentes de acidentes dotrabalho.

Perda de tempo por outras pessoas

O tempo perdido por outros que não o acidentado também pesano custo das empresas, embora permaneça oculto como muitos outrosfatôres de custo. Desde o tempo gasto por socorro prestado por

ACIDENTES DO TRABALHO 45

colegas, até os comentários, tempo de investigação, etc., é muitotempo que se perde, tempo que será sempre melhor aproveitadoà medida que for diminuindo o número de acidentes do trabalho.

Como é fácil avaliar, os problemas económicos dos acidentes dotrabalho são sérios e, se a empresa tem realmente interesse em manterbaixo e estável o seu custo operacional, deve, sem dúvida, dispensartoda atenção à prevenção desses acidentes. Embora a parte materialseja bastante destacada, o homem deve ser o principal objetivo daprevenção de acidentes do trabalho; primeiro: porque é o mais valiosoelemento da organização, cuja perda, por motivo de acidente, nãopode ser compensada pelo dinheiro; segundo: porque depende dele,do seu comportamento, das suas atitudes e de sua autoridade, con-forme o caso, o sucesso ou fracasso de qualquer programa que vise àsegurança do trabalho.

RESUMO

• Existem definições de acidentes de trabalho que abrangemapenas um ou outro dos aspectos específicos do acidente.

• As definições de dicionário são exemplos das que cobremapenas certas facetas do acidente do trabalho.

• A lei não define o acidente do trabalho como tal, masestabelece condições e circunstâncias nas quais um acidente é con-siderado do trabalho.

• Sob o aspecto técnico-preventivo, acidentes do trabalho'sãotodas as ocorrências não programadas, estranhas ao andamentonormal do trabalho, das quais poderão resultar danos físicos, e/oufuncionais , ou morte ao trabalhador, e danos materiais e económicosà empresa.

• Para maior clareza, deve-se estudar os acidentes do trabalhoem seus dois lados importantes — o acideme-meio e o acidente-iipo.' Acidente-meio é a "ocorrência não programada, etc., etc.,

etc."• Acidente-tipo é a maneira como a pessoa é atingida pelo

agente da lesão.• Os acidentes do trabalho são nocivos sob todos os aspectos

em que possam ser analisados.• O lado humano do acidente está sempre mais em evidência,

por ser o acidente que fere as pessoas o mais aceito como acidentedo t rabalho.

• Para se ter uma ideia dos problemas sociais, basta imaginara quant idade de pessoas inválidas em consequência de acidentes dotrabalho.

• Os problemas económicos ferem tanto o trabalhador cornoa empresa e, indiretamente, a sociedade e a própria nação.

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PRÁTICA DA. PREVENÇÃO DE ACIDENTES

• Ê difícil calcular o quanto os acidentes do trabalho custampara a empresa; é fácil, porém, entender como eles contribuem paraa elevação dos custos industriais.

• O custo é afetado pela interferência dos acidentes na quali-dade, na quantidade e nos prazos estabelecidos para a produção.

• Os fatóres gerais de interferência com o custo são: afasta-mento de pessoas acidentadas; danificação de máquinas, equipa-mentos etc.; influências psicológicas negativas; perda de tempo tam-bém por outras pessoas. 3

O HOMEM E O ACIDENTE DO TRABALHO

O homem possui e usa espontaneamente reflexos de autodefesa.Estes o protegem contra riscos e agressões perceptíveis aos seus cincosentidos. Embora não se dê conta, o homem está constantemente sedefendendo dos agentes externos que poderiam lhe causar algum mal.

É comum a pessoa interromper ou reverter o movimento da mão,quando, ao aproximá-la de um objeto ou, ao tocá-lo, perceber queestá quente; é o reflexo de defesa ativado pelo tato.

É comum também a atitude de cerrar ou semicerrar as pálpebras,como proteção dos olhos, diante de raios luminosos intensos; é osentido da visão que o protege, reclamando e obtendo esta atitudeespontânea de defesa, para os órgãos visuais.

Os órgãos respiratórios c olfativos também são espontaneamenteprotegidos, quando a pessoa prende parcialmente a respiração ou levaas mãos ou lenço às narinas, na presença de odores desagradáveisou de poeira suspensa no ar.

A repelência do paladar a alimentos deteriorados, e a outrassubstâncias estranhas e perigosas, é outro exemplo de autodefesa dohomem através dos seus órgãos dos sentidos.

A atitude de guarda, tíe alerta ou de fuga, que o homem tomaao ouvir ruídos violentos como tiro, explosão, etc., sem que tenhavisto a fonte ou a cena do ruído, é atitude de autodefesa despertadapelo sentido auditivo.

Essas são atitudes de autodefesa que a pessoa assume ao perceberqualquer perigo através de um dos seus sentidos. Vale dizer que asreações espontâneas e os reflexos de proteção, como os citados, isen-tam as pessoas de incorrerem em riscos maiores e de virem a sofreras consequências ou causarem acidentes do trabalho. Entretanto, pormais elevado que seja o grau de percepção espontânea do perigo é o

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48 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTESO HOMEM c o ACIDENTE DO TRABALHO 49

reflexo de auto-defesa, estes são insuficientes para proteger o homemde todos os riscos que as atividades profissionais comportam.

Assim, nos estudos que se realizam visando à prevenção de aci-dentes do trabalho, o homem é sempre o principal fator em todos osaspectos que o envolvem e o relacionam com os acidentes e suaprevenção.

CAUSAS DOS ACIDENTES DO TRABALHO

A teoria proposta por Heinrich no livro "Industrial Acident Pre-vention" continua sendo a fórmula clássica de demonstrar como ohomem participa da sequência de fatôres que culmina com a ocorrênciado acidente e as suas consequências.

Segundo essa teoria, tudo começa com o homem que, por here-ditariedade ou influência do meio social, poderá ser portador decaracteres negativos de personalidade, de caráter, de educação etc.Dessas características advêm as falhas humanas que tanto no campotécnico ou administrativo, e mesmo braçal, dão origem aos dois prin-cipais elos da cadeia do acidente que são: atos inseguros, praticadospelas pessoas no desempenho de suas funções, e condições inseguras,criadas ou mantidas no ambiente pelos mais diversos motivos aparen-tes, mas somente por um verdadeiro, isto é, a falha humana em nãoendender que os trabalhos não deveriam ser executados em quaisquercondições que não fossem totalmente seguras para as pessoas. Dosatos e condições inseguros, combinados ou não, resultam os acidentes,que causam lesões ao homem e prejuízos à empresa.

£ de se notar, também, que, além das lesões sofridas pelaspessoas, muitos prejuízos materiais incluem-se nas consequências dosacidentes do trabalho, como foi explanado no capítulo anterior.

Do que se pode depreender da teoria de Heinrich, a prevençãode acidentes se consegue, na prática, evitando-se os atos inseguros daparte do trabalhador, corrigindo e não criando condições insegurasnas áreas de trabalho.

Uma variante da teoria da cadeia do acidente está demonstradana figura da página seguinte.

Tudo se origina do homem e do meio, através de característicasque lhe são inerentes, ou nêie criados, e que requerem atitudessua educação etc., prejudiciais quando falhos; o meio, com os riscosque lhe são inerentes, ou que nele são criados, e que requerem atitudese medidas corretas por parte do homem para que sejam controlados,neutralizados e não se transformem em fontes de acidentes. Assimcomeça a sequências de fatôres, com o homem e o meio como os dois

únicos fatôres inseparáveis e inevitáveis de toda a série de aconteci-mentos que dá origem ao acidente e a todas as suas indesejáveisconsequências.

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MEIO

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CflNO M A T E R I A L

A O M E I O

A cadeia do acidente, que culmina com prejuízos materiaise/ou humanos, tem no homem e no meio os dois únicoselementos inseparáveis e inevitáveis. Os demais podem sercontrolados e evitados mediante, naturalmente , o aperfeiçoa-

mento do homem e do meio.

Os fatôres pessoais e materiais, que vêm a seguir, dizem respeito,respectivamente, ao homem e ao meio. São aqueles que comprometem,de uma ou de outra maneira, a segurança do trabalho, isto 'é, aquelesdos quais podem resultar atos e condições inseguros, em decorrênciade erros administrativos, erros técnicos, erros na execução de tarefas,falta de conhecimento de segurança, interpretação errónea, má avalia-ção do perigo etc. É de se lembrar, mais uma vez, que nem sempreatos e condições inseguros estão ao mesmo tempo presentes às ocor-rências de acidentes do trabalho.

Nessa altura, já se entende o que são causas de acidentes dotrabalho, que podem ser assim definidas: atitudes humanas econdições materiais inseguras que, combinadas ou não, propiciam aocorrência de acidentes.

Atos e condições inseguros, que decorrem de fatôres pessoais emateriais, são as causas que precedem ou desencadeiam os acidentesdo trabalho. Pela importância que têm na aplicação de medidas desegurança do trabalho, esses dois tópicos serão tratados, especifica-mente, mais adiante.

O acidente do trabalho, que é o resultado das causas genéricasjá tratadas, traz como consequência lesões físicas ou distúrbios fun-cionais ao homem e/ou danos materiais ao meio; estes, em síntese,são os prejuízos maiores sofridos pelas empresas.

PROPENSÃO AO ACIDENTE

É discutível a existência ou não de pessoas propensas a sofreracidentes. É preferível aceitar a ideia de que existem condições de

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50 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

saúde, estados de ânimo e temperamentos que, em determinadas circuns-tâncias ou ocasiões, propiciam condições para a ocorrência de acidentesdo trabalho. Dentre essas podem ser citadas várias, como as quescsrucm.

O HOMEM E o ACIDENTE DO TRABALHO 51

treinamento do pessoal e o mesmo critério da seleção de novos can-didatos, aplicado nos casos de transferências, viriam prevenir muitosproblemas de acidentes e outros, pela adaptação do empregado àatividade que lhe é atribuída.

Inaptidão para o trabalho

A aptidão para o trabalho é tão importante para a perfeitaexecução da tarefa como para a segurança de quem n executa. Ainaptidão, ao contrário, chega a ser um desastre.

É culpa da pessoa a falta de aptidão para o trabalho que executa?Nem sempre, mas às vezes é.

É comum uma pessoa, principalmente se não tem profissão defi-nida, sujeitar-se a qualquer tipo de serviço, principalmente quandonecessita ganhar o sustento e não há muita escolha no mercado detrabalho. É freqiicnte, nesses casos, as pessoas executarem o trabalhosem a necessária aptidão e, muitas vezes, sem qualquer possibilidadede adaptação satisfatória.

A empresa onde o trabalhador é admitido nem sempre possuiserviço especializado de seleção. No caso, o candidato a emprego,que também às vezes desconhece sua real aptidão, é recrutado parapreencher a vaga que existe, decorrendo daí muitos casos de inaptidãopara o trabalho.

Há também os casos em que a pessoa escolhe o trabalho ouprofissão sem se preocupar com a vocação. Alguns seguem a profissãotradicional da família; outros são coagidos pela família a seguirem aprofissão do pai, ou de algum parente ou conhecido, por ser rendosa;outras vezes, o próprio indivíduo escolhe a profissão ou serviço porachá-lo rendoso ou por prever bom futuro para aquela atividade, semdar atenção ao talento; outros, ainda, procuram trabalhar onde játrabalham parentes ou amigos, não importando a atividade que vãoexercer. Existem, também, os deslocados profissionais, que tiveramo emprego arranjado por amigos ou por recomendação de pessoasinfluentes, além daqueles que, dentro da empresa, pleiteiam trans-ferência só porque preferem trabalhar ao lado de certos amigos ousob a jurisdição de certo chefe, sem se importar com a adaptação ounão à nova atividade.

Estes são alguns exemplos de pessoas inaptas para o trabalho eque causam muitos transtornos, principalmente acidentes.

Nesse particular, as empresas deveriam aperfeiçoar sempre maisseus métodos de seleção e recrutamento, no sentido de conseguirescolher a pessoa certa para cada vaga existente; o cuidado com o

Temperamento

De acordo com o seu temperamento a pessoa pode estar maisou estar menos segura na atividade que exerce. Em outras palavras,as pessoas podem provocar a ocorrência de acidentes do trabalho poratitudes tomadas devido ao temperamento. As pessoas de tempera-mento nervoso, irritadiço, às vezes até explosivo, são perigosas tantopara si mesmas como para os outros. São as que não aceitam ordenscom espontaneidade e não as entendem corretamente. Ê muito comumcriarem situações perigosas pela alteração dos reflexos e descoorde-nação dos movimentos.

Quando ocupa uma função de comando, as atitudes do "nervoso"influem negativamente no grupo subordinado, causando desentendi-mentos, descontentamentos e mal-estar geral, :quc criam condiçõesfavoráveis à ocorrência de acidentes do trabalho.

Outros temperamentos também podem propiciar campo para osacidentes, conforme a intensidade e circunstância em que eles semanifestam. Mesmo o muito alegre, extrovertido, irriquieto, emboracom temperamento benigno, causa complicações de segurança quando"prega uma peça" ou faz r.lguma brincadeira com um colega deserviço, para dar vazão ao seu temperamento.

A educação relativa à segurança, e a consciência da prevenção deacidentes atenuam decisivamente os riscos "de acidentes do trabalhoem qualquer circunstância e qualquer que seja o temperamento daspessoas envolvidas.

Preocupação

A preocupação é um estado de ânimo que pode levar as pessoasà prática de atos condenáveis sob o ponto de vista da segurança dotrabalho. Problemas passionais, domésticos, financeiros, e mesmo aexpectativa de algum acontecimento não rotineiro causam preocupa-ções. É difícil alguém deixar de se preocupar em face de um dessesproblemas. Porém, muitas das preocupações existem ou persistem porfalta de orientação ou por desconhecimento da pessoa acerca do objetoda preocupação.

As campanhas educacionais de segurança do trabalho deveriampreocupar-se com orientações sobre a preocupação. Muitos problemas

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52 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

que preocupam a pessoa são criações da própria imaginação, ou damaneira própria e errónea de interpretar determinadas situações. Porque ficar remoendo um pseudo-problema sem recorrer a alguém quepossa ajudar a esclarecê-lo? Por que guardar para si uma preocupação,criando no íntimo, muitas vezes, um mundo convulsivo, mas vazio derealidade? Por que não procurar a palavra, o auxílio moral de alguémque pode afastar a preocupação e mesmo dar solução para o problema,nem sempre tão aflitivo como parece?

A preocupação contribui para a ocorrência de acidentes. Aspessoas necessitam entender que as preocupações devem ser evitadas;em primeiro lugar, porque não resolvem os problemas que as originame em segundo porque podem acrescentar um mal maior aos já exis-tentes, isto é, um acidente com suas consequências.

Emoção

As alterações emocionais repentinas, quer seja por motivo dealegria, de tristeza, de aborrecimento ou mesmo por um susto, a l teramos reflexos e as reações das pessoas, levando-as a falhas perigosas emqualquer atividade que exerçam. O indivíduo está sempre mais sujeitoa acidentar-se quando sob a influência de qualquer impacto emocional.O risco é sempre maior nas atividades ern que os movimentos dapessoa devem ser sincronizados com movimentos de máquinas, deequipamentos e de outras pessoas.

Nem todos possuem suficiente autocontrole para manter normaisas reações em casos de grande emoção. Portanto, quem assim sereconhece, deve procurar compensar essa falha com precauções extras.

Inteligência lenta ou retardada

Existem pessoas que não aprendera ou têm muita dificuldade emaprender coisas consideradas relativamente fáceis. São casos de inte-ligência abaixo do normal, muito lenta ou de pouco alcance. Emambos os casos a pessoa corre mais riscos de causar acidentes, tantoquando ocorrem fatos fora da rotina em sua atividade, como quandoé obrigado a mudar de atividade, por exigir um tempo maior deadaptação que as pessoas comuns.

O ideal seria que cada um, além de reconhecer suas verdadeirasaptidões, soubesse avaliar sua inteligência, a fim de não se expor afracassos e a acidentes.

Isto, porém, não é fácil, porque, via de regra, o homem nãoconsegue avaliar-se a si mesmo de maneira imparcial. £le sempre

O HOMEM E o ACIDENTE DO TRABALHO 53

acha que está certo, que pode fazer algo mais importante ou maisdifícil, sem ter certeza disto. Muitas vezes, após tentativas frustradas,tenta convencer-se com desculpas hipotéticas e argumentos absurdos,simplesmente por não aceitar as limitações de sua inteligência ou habi-lidade.

Outras vezes, despreza qualquer resultado de testes psicotécnicosquando estes não satisfazem suas expectativas ou desejos. Isto porqueas pessoas não apreciam ver suas falhas reveladas; às vezes por acharque são um insulto a si mesmas, outras vezes por preferir ignorá-las.

Não importa qual seja o pensamento geral das pessoas. Osserviços de seleção e recrutamento de pessoal das empresas devemcontribuir decisivamente para a segurança do trabalho, escolhendo,dentre os candidatos às vagas existentes, aqueles que apresentaremmelhores características para executar seguramente o trabalho.

CAPACIDADE FÍSICA E DOENÇAS

As pessoas deveriam conhecer c aceitar sempre qualquer limitaçãoque sua capacidade física ou doenças lhes impusessem. No entanto,isso nem sempre acontece,exames médicos, mas, mes-mo assim, muitas vezes, seexpõe a riscos ou cria si-tuações perigosas por nãosaber até onde poderá che-gar seguramente.

O homem é um eter-no e orgulhoso exibicionis-ta de suas capacidadesfísicas. O fascínio da com-petição leva-o a excessosperigosos. Por exibicio-nismo ou competição, pro-cura muitas vezes demons-trar sua força muscular,tentando levantar e carre-gar pesos no limiar oualém de sua capacidade.São frequentes as lesões dacoluna vertebral, as lom-balgias de esforço e outrosmales que contrai nessascontendas desnecessárias.

O empregado é admitido após rigorosos

O exibicionismo e a euforia dos aplausos'levam ,o homem a muitas práticas

inseguras.

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54 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

As pessoas devem aceitar as limitações físicas, conformar-se comelas, em vez de procurar dissimulá-las exercendo esforços excessivospara seu estado orgânico, adicionando mais perigos aos que já correm,além de estendê-los a outros. Neste aspecto, o homem tem de serrealista. Se houver um mal, deve procurar um médico e submeter-seaos tratamentos necessários. Deve reconhecer que muitas deficiênciasque hoje, entre outros inconvenientes, levam as pessoas a sofrer aci-dentes, originaram-se de pequenos males que, na ocasião oportuna,não mereceram a atenção necessária.

Dar a uma pessoa fisicamente fraca uma atividade condizente comseu estado de saúde é muito importante para a prevenção de acidentesdo trabalho. Mas. sempre deve haver, nesses casos, uma tentativa derecuperação do estado físico normal, quando essa possibilidade existir.

Dentre as incapacidades, insuficiências e defeitos físicos que po-dem comprometer a segurança do trabalho, segundo experiência jáconsolidada, destacam-se as. seeuintes:

Surdez

A surdez é uma fa lha que pode complicar a segurança do trabalhode seus portadores, assim como de outros. Um alarme não ouvido,avisos e ordens mal entendidos poderão acarretar consequênciasdanosas.

Certas atividades, tais como manobras de veículos e outras, emque a pessoa deve guiar-se por sons ou ruídos, ou qualquer espéciede alarme, a bem da segurança, não devem ser exercidas por pessoasportadoras de insuficiência auditiva.

O surdo, para trabalhar com segurança pode: primeiro, tratare curar a surdez, se possível; segundo, corrigi-la com aparelho auditivo;terceiro, redobrar as precauções quanto ao entendimento de avisos,sinais etc., para execução de suas tarefas.

Insuficiência visual

Qualquer mal nos órgãos visuais deve merecer toda atenção, afim d? preservar esse sentido tão valioso para o exercício do trabalho.As insuficiências visuais devem sempre ser corrigidas com tratamentoou com óculos adequados, tão logo sejam percebidas.

O portador de visão insuficiente corre o risco de acidentar-se ede causar acidentes a outros. É boa a política das firmas que mantêmcontrole auditivo e visual dos empregados, tanto para a segurança do

O HOMEM E o ACIDENTE DO TRABALHO 55

O portador de visão insuficiente nem sempre a percebe quandosua atividade não requer muita acuidade visual. Muitas vezes, parasua surpresa, é recomendado que consulte um oftalmologista, apóssubmeter-se a testes, rfieámd niílímentares, de suficiência visual. Istoocorre, com mais frequência, entre candidatos a emprego, quando oexame de visão faz parte dos exames pré-admissionais e com candidatosa exames para obtenção da carteira de motorista ou para revalidaçãoda respectiva ficha de sanidade.

Há casos em que o indivíduo não corrige a irregularidade visualpor negligência ou por motivos económicos. Em ambos os casos,porém, as consequências são as mesmas: redução cada vez mais dacapacidade visual e exposição permanente aos riscos de acidentesacarretados pela má visão.

Daltonismo

O daltonismo é uma falha visual específica que pode trazer com-plicações à segurança do trabalho.

Os daltônicos confundem as cores, principalmente a verde e avermelha. São reprovado? como motoristas, pois essas cores repre-sentam grande parte da segurança do trânsito.

Também na indústria n distinção de cores c importante para asegurança de certas atividr.des. Eletricistas, mecânicos, operadores demáquinas etc., poderão causar acidentes se forem daltônicos. Caboselétricos, comandos de máquinas, pontos perigosos etc., são por normaou por precaução, pintados cm determinadas cores, que as diferenciampara evitar enganos perigosos.

É aconselhável que pessoas daltónicas só executem serviços nosquais a distinção das cores não tenha importância sob o ponto devista da segurança do trabalho.

Outros inales

Algumas doenças são problemas específicos de segurança, alemdo mal que. em si, representam para o seu portador. O epiléptico cportador de um desses j-roblcmas. T:/-.;o cerre riscos de acidentescomo pode causá-los a outros.

Embora sujeitos aos ataques e desmaios típicos do mal são pessoasque necessitam trabalhar, pois suas condições não são consideradascomo de incapacidade paia o exercício do trabalho. Algumas firmaspreferem n H n admit i r ou mermo se desfazer de empresados portadores

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P R Á T I C A DA P R E V E N Ç Ã O m:. ACIDENTE;; O H O M E M n o A C I D E N T E DO TRABALHO

de epilepsia, Aquelas que os possuem devem ter o cuidado de adap-tá-los a t rabalhos que não envolvam n.áquinas perigosas, escadas,andaimes etc., isto é, colocá-lo em condições tais que, se acometidode um ataque, o ambiente ou equipamentos não proporcionem riscosadicionais. O serviço médico da empresa deve também interessar-sepelo controle medicamentoso de que geralmente a pessoa necessita.Esses cuidados da empresa, além do cunho social e psicológico favo-rável que apresentam, vêm favorecer muito a prevenção de acidentesdo trabalho.

O alcoólatra é outro que poderá se constituir num problema paraa segurança do trabalho. Além dos efeitos maléficos do álcool sobreo organismo, que causam diferentes distúrbios do aparelho digestivo,nervoso etc., o alcoólatra, via de regra, sofre alterações de reflexose de raciocínio que prejudicam suas atividades, principalmente no quediz respeito à segurança. Exemplos típicos são os acidentes de trân-sito, onde a falha do raciocínio e dos reflexos, motivada pelo excessodo álcool ingerido pelo motorista, são sua causa fundamental.

O que poderá fazer uma empresa para evitar essas situações?Não se pode estar certo de que a firma consiga evitar que seus em-pregados bebam, mas algo pode ser feito; primeiro, tratar de conheceros hábitos dos empregados através da supervisão; segundo, aconselharindividualmente os empregados viciados por intermédio do serviçomédico e promover campanhas gerais de esclarecimento; terceiro,não ser tolerante com os estados de embriaguez que forem observadosno trabalho.

Certas fobias são outros inconvenientes para a segurança dotrabalho, caso elas não sejam conhecidas ou os portadores de casosespecíficos sejam obrigados a trabalhar em condições que lhes sãocontra-indicadas. É perigoso, por exemplo, que um portador de acro-fqbia, medo de altura, seja designado pata executar um trabalho emníveis elevados, sobre escadas, plataformas etc.; que o portador declaustrofobia, medo do estado solitário ou de clausura, trabalhe emlugar isolado, sozinho, em sala fechada etc.

É importante, portanto, que os supervisores de grupo de trabalhoconheçam seus subordinados nesse particular, para avaliar o que cadaum poderá sentir nas diversas situações que a atividade criar, e, assim,evitar que das peculiaridades de certas pessoas, se originem acidentes.

ANALFABETISMO

O analfabeto é portador do que pode ser chamado um malsocial, o analfabetismo, que pode ser a causa fundamental de alguns

acidentes do trabalho. O analfabeto não pode usufruir os benefíciosde instruções e normas de segurança escritas que são muito impor-tantes em certos trabalhos. Não lê um aviso de perigo, ou os dizeresde rótulos de mater ia i s perigosos etc. Portanto, se for designado paraexecutar determinadas tarefas, onde a leitura de avisos, instruções etc.,for necessária, correrá riscos dos quais outros estarão isentos.

Não é o caso, no entanto, de deixar os analfabetos desempregados.É, isso sim. o caso de colocá-los em atividades onde sua deiiciênciacultural não venha a comprometer sua integridade física, a de outrosou o próprio património da empresa.

O analfabeto poderá, de acordo com as circunstâncias, sentir-sedeslocado no grupo, inibido pela sua situação, o que enfraquecerásuas atitudes seguras no trabalho.

Dada a importância do fato, é elogioso o que muitas empresastêm feito no sentido de alfabetizar os empregados que antes nãotiveram oportunidade de frequentar a escola.

OUTRAS FALHAS

Além das apontadas, muitas outras falhas do homem podem con-tribuir para que ele se acidente ou cause acidentes no trabalho. Asfalhas nem sempre são totalmente sanáveis, mas, quase sempre, podemser atenuadas de modo a livrar seus portadores de ocorrências .lamen-táveis.

No meio social, em que vive, no convívio com outras pessoas, nolar, nos divertimentos em geral e mesmo no ambiente do trabalho, aspessoas podem adquirir caracteres de agressividade de indolência, denegligência etc., quase sempre comprometedores da sua segurança notrabalho. Os desregramentos, os excessos, os vícios, também costumamcomprometer as pessoas quanto ao. comportamento no trabalho.

Se de um lado, as falhas orgânicas, psicológicas e culturais com-prometem a segurança do trabalho, de outro, as falhas profissionaisou de orientação laborativa também se unem às primeiras para tornaros trabalhadores mais vulneráveis a acidentes do trabalho. Essasúltimas, as próprias pessoas podem corrigi-las, ou tê-las corrigidas nopróprio ambiente de trabalho, desde que alguns princípios de inte-gração e treinamento sejam obedecidos. Esses princípios, bem apli-cados, conseguem muito bons resultados, em matéria de prevençãode acidentes, pelo ensino correto do trabalho. Isto é, bem integradoe treinado, o homem produz mais e melhor, em menos tempo, semprovocar acidentes e nem ser sua vítima.

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58 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

A bem da segurança, da qualidade do trabalho e do custo doproduto, os trabalhadores devem ser adequadamente integrados àsatividades que exercem.

TREINAMENTO

• O valor e mesmo a necessidade do treinamento na indústria nãosão ainda suficientemente reconhecidos. Mesmo que. a firma tenhainteresse e mantenha serviço especializado, nem sempre consegue aadesão de todos os interessados ou então que as atribuições de treina-mento sejam estendidas a todos que dele devem participar.

.Não vão aqui críticas ou sugestões; apenas uma afirmação. Muitosacidentes do trabalho — muitos mesmo — ocorrem por faltaou deficiência de treinamento, daquele treinamento específico que ossupervisores devem ministrar aossubordinados, conforme a ativi-dade de cada um.

Os supervisores são fre-quentemente deixados à margemda faceta importante do treina-mento, que é a sua participaçãoativa no ensino do trabalho, naorientação e acompanhamentoposteriores dos empregados. Àsvezes, quando teoricamente elepossui essas atribuições, o setorresponsável pelo treinamento n Só.dispõe de meios para acompa-nhar e avaliar a atividade dosupervisor.

Se a empresa possuir umbom programa de segurança,onde todos os acidentes sejaminvestigados e suas causas, pelomenos as mais evidentes, sejamanalisadas, esses relatórios serão o espelho da atuação dos super-visores. Basta atentar para a ampla conceituação dos acidentes dotrabalho para se chegar à conclusão de que o mais importante a serensinado aos trabalhadores é qual a maneira segura de executaremsuas atividades, e o mais importante a conseguir é que executem suasatividades como lhes joi ensinado. E quem poderá fazer isso melhorque os supervisores? Se houver alguém capaz, este deverá ser osupervisor.

O treinamento na indústria significamaior rentabilidade da mão-de-obra,melhor aproveitamento das quali-dades individuais e mais segurança

no trabalho.

O HOMEM E o ACIDENTE DO TRAHALHO 59

MÁQUINAS, FERRAMENTAS ETC.

Alguns conhecimentos são de valor fundamental para a execuçãosegura dos trabalhos. Quando estes envolvem máquinas, ferramentasou outros equipamentos, o trabalhador deve conhecer os pontos peri-gosos ou as fases perigosas do serviço. Ao mesmo tempo, é impres-cindível que saiba como se proteger e quais os dispositivos e equipa-mentos disponíveis para sua proteção.

Isto requer treinamento, embora, às vezes, sob a forma de simplesinstruções. E o chefe deve estar em condições de ensinar os subor-dinados.

MATERIAIS

£ necessário conhecer muito bem os materiais com os quais setrabalha; suas finalidades, suas características perigosas à saúde eintegridade física. Quantos acidentes graves e mesmo fatais ocorremporque as pessoas nem sequer suspeitam das propriedades do materialque empregam, embora sejam produtos letais.

Saber a maneira de manusear e guardar produtos perigosos é algoimprescindível dentre os conhecimentos do pessoal que usa esses ma-teriais. Quais os equipamentos protetores e os cuidados de higienepessoal a serem observados são outros pontos a serem seguidos rigo-rosamente pelos trabalhadores. Os serviços de segurança devem estarem condições de .fornecer todas as recomendações necessárias para amanipulação e guarda segura de materiais ou resíduos, tóxicos, corrosi-vos etc. Aos supervisores cabe ensinar os subordinados para que asrecomendações sejam postas em prática e seguidas corretamente.

ARRUMAÇÃO E LIMPEZA

A boa arrumação dos locais de trabalho e a relativa limpeza sãodois fatôres imprescindíveis para a melhor produtividade e para asegurança do trabalho. Coisas fora dos lugares adequados, quer atra-vancando a passagem, retardando a circulação de pessoas e de ma-teriais ou ainda tomando tempo d? qirem as necessita e não as encon-tra, são prejudiciais ao trabalho c sf:o a causa de muitos acidentes.

A limpeza é outro fator a ser observado: todos os locais de tra-balho podem ser mantidos bem arrumados e relativamente limpos.Por exemplo, uma fábrica de louça poderá ter tanta poeira suspensaou acumulada como uma fundição de ferro; esta porém terá aparência

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60 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

menos agradável e parecerá mais suja. A diferença maior, no entanto,estará na cor da poeira. A situação de limpeza considerada boa parauma fundição seria condenável para um oficina mecânica e a queseria ótima para esta não seria em hipótese alguma aceita para umafábrica de produtos alimentícios.

Relativamente, no entanto,todos os locais de trabalho po-dem ser limpos e bem arruma-dos; é necessário que todoscompreendam isso; que a em-presa o reconheça; que os su-pervisores se interessem Q for-mem nos seus grupos de trabalhoo hábito de trabalhar em ordem,com ioda a limpeza possível, oque resultará em menos desper-dício e mais segurança.

Ordem, limpeza, disciplina e cortesiatornam mais agradáveis os momentosque se passam no local de qualquer

atividade.

DISCIPLINA E RELAÇÕES HUMANAS

O comportamento disciplinar e o relacionamento entre os mem-bros de um grupo de trabalho são dois fatôres de valor fundamentalpara o sucesso de qualquer atividade. Qualquer supervisor sabe quea falta de disciplina é um entrave em qualquer atividade em grupo.Nem todos, porém, sabem como estabelecer um regime de disciplinaonde esta não é muito boa e outros não conseguem mante-la quandoqualquer desvio dos bons costumes disciplinares surge repentinamente.

A disciplina é muito importante para a segurança do trabalhocomo para os demais aspectos da produção como melhor qualidade,maior aproveitamento da mão-de-obra e materiais etc. Onde o chefeé um líder, como deveriam ser todos os supervisores, o relacionamentono grupo é bom, a disciplina é boa e os riscos de acidentes do tra-balho, com todas as suas consequências, ficam reduzidos ao mínimo.

As pessoas, mesmo as portadoras de falhas e limitações, poderãotrabalhar isentas de riscos de acidentes, desde que sejam treinadas,tenham suficientes conhecimentos básicos de segurança e se compor-tem disciplinadamente em suas atividades.

RESUMO

• O homem possui reflexos de auto-defesa, ativados pelosseus sentidos, mas que não são suficientes para protegê-lo contraos acidentes do trabalho.

O HOMEM E o ACIDENTE no TR.UUUIO 61

• O homem é sempre o principal fa tor em todos os aspectosque o envolvem e o relacionam com os acidentes do trabalhoe sua prevenção.

• As ati tudes humanas e condições materiais inseguras, com-binadas ou não, propiciam a ocorrência de acidentes, isto é, sãoa sua causa.

• Certos estados do indivíduo, em determinadas circunstânciasou ocasiões, faci l i tam a ocorrência de acidentes.

• A inapt idão para o trabalho é ao mesmo tempo um pro-blema profissional e de segurança.

• O temperamento do indivíduo pode exercer influênciasbenignas ou maléficas sobre a sua segurança no trabalho.

• A preocupação causa um estado de ânimo que pode levaras pessoas à prática de atos contrários à segurança do trabalho.

• Os impactos emocionais alteram os reflexos e reações daspessoas, levando-as a falhas perigosas.

• Pessoas que exercem tarefas além de sua capacidade deinteligência correm mais riscos de acidentes.

• Quem tenta ou é obrigado a executar trabalhos além de suacapacidade física também se expõe mais aos riscos de acidentes.

• As insuficiências visual e audit iva são perigosas para ostrabalhos e devem, sempre que possível, ser corrigidas.

• Muitos outros males, entre eles o analfabetismo, podem serperigosos no que tange à segurança da pessoa e devem ser levadosem conta na designação de tarefas aos trabalhadores.

• O treinamento na indústria assume grande importância,principalmente com relação à segurança do trabalho.

• Cada trabalhador deve conhecer adequadamente as máqui-nas, ferramentas, materiais etc., envolvidos no seu trabalho —.isto é,deve conhecê-los também sob o aspecto segurança.

• Arrumação e limpeza, ordem e disciplina, são coisas queo trabalhador deve exercer fielmente.

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4CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO

— ATOS INSEGUROS

Atos inseguros e condiçõesinseguras são os fatôres que, com-binados ou não, desencadeiam osacidentes do trabalho. São, por-tanto, as causas diretas dos aciden-tes. Assim, pode-se entender queprevenir acidentes do trabalho, emsíntese, é corrigir condições inse-guras existentes nos locais de tra-balho, não permitir que outrassejam criadas, e evitar a prática deatos inseguros por parte das pes-soas.

Tanto as condições como osatos inseguros têm origens maisremotas, como citado no capítuloanterior. Quase todos os fatôres,porém, podem ser ou eliminadosou atenuados, de modo a evitarque os últimos da cadei?, atos econdições inseguros, venham apropiciar a ocorrência de acidentes— pelo menos para que essas ocor-rências se tornem cada vez maisraras. Condições inseguras serão São muitos os acidentes que têmobjeto de estudo no próximo ca- como principal causa um ato inse-pítulo. guro praticado pela vitima.

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b4 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

ATOS INSEGUROS

Ato inseguro é a maneira como as pessoas se expõem, conscienteou inconscientemente, a riscos de acidentes. São esses os atos respon-sáveis por muitos dos acidentes que ocorrem no ambiente de trabalhoe que estão presentes na maioria dos casos em que há alguém ferido.

Fazendo-se uma análise razoável das causas dos acidentes dotrabalho, nota-se que alguns fatôres sobressaem-se entre os atos inse-guros, responsáveis por muitas ocorrências indesejáveis.

Dentre eles destacam-se:

Ficar junto ou sob cargas suspensas

Cargas suspensas, quer sejam por pontes rolantes, guinchos,moitões, cordas etc., podem cair por razões diversas. As pessoasàs vezes, ignoram a possibilidade da ocorrência desses acidentes,pois desconhecem, ou não acreditam, que os equipamentos estãosujeitos a falhas elétricas ou mecânicas imprevisíveis, mesmo emregime de boa manutenção. Por fadiga, desgaste ou esforço a quesão submetidas, peças vi tais podem se quebrar ou falhar, decorrendodaí um acidente.

Por desconhecimento ou por abuso, as pessoas muitas vezespermanecem junto ou mesmo embaixo de cargas suspensas de ondenão sairão ilesas caso ocorra o acidente. Nos casos em que énecessária a entrada ou permanência de pessoas sob cargas suspensas,essas devem ser calçadas, ou qualquer outro recurso deve ser aplicadode maneira que não caiam, caso ocorra um desarranjo ou quebrano equipamento de elevação.

Colocar parte do corpo em lugar perigoso

As pessoas sofrem um número muito grande de lesões porcolocarem parte do corpo, principalmente as mãos, em pontosperigosos: em pontos de prensamcnto, em contato com facas eoutras pecas contundentes nos pontos de operação etc. A ma io r i adas contusões graves e amputações de dedos e mãos é devido àcolocação das mãos em lugares perigosos.

Os trabalhos devem ser planejados c os equipamentos construídosde modo a não ser preciso que as mãos ou outras partos do corpo

-- sejam colocados em pontos onde possam sofrer ferimentos. Mas,q u a l q u e r que seja a condição do equipamento, a colocação de partecio corpo em lugar perigoso é um ato inseguro que deve ser evitado.Nos casos em que. como certas operações de prensas, por motivostécnicos, o operador necessi ta colocar as mãos na zona perigosa,c recomendável a adocão de dispositivos de afastamento automático

C A U S A S DI- ACIDENTES DO T R A B A L H O — Ares I N S E G U R O S 65

das mãos ou in te r l igação por células fo toelé t r icas e. nos casos decolocação ou reparo dos estampes, os calcos de segurança, entrea mesa e o embolo da prensa ou e n t r e as ma t r i zes , é imprescindívelpara que a prensa não desça ac iden t a lmen te .

Usar máquinas sem habilitação ou permissão

Por mais simples que pareçam, máquinas e outros equipamentosrequerem do operador conhecimentos completos para que o trabalhoseja executado com segurança. Não basta conhecer os comandos eos movimentos da máquina e saber como conseguir o produto quedela se espera; é imprescindível que também os perigos e os meiosde neutralizá-los sejam conhecidos.

Como as máquinas sempre são atrativos à curiosidade, ou aointeresse das pessoas em aprender a operá-las, tornam-se uma portaaberta à prática de atos inseguros. Isto ocorre quando as pessoasnão conhecem a máquina suficientemente, ou mesmo a desconhecemcompletamente, e tentam operá-la clandestinamente. Ajs vezes é suf i -ciente o desconhecimento de pequenos detalhes da máquina para daíresultarem acidentes.

Para operar segura e e f ic ien temente qua lquer máqu ina ouequipamento é necessário conhecê-los bem. Eles nunca conhecerãoo operador; portanto, o problema da segurança é dele. Devem-seestabelecer normas rígidas para que somente pessoas habilitadas eautorizadas possam operar máquinas e equipamentos de trabalho.Só pode ser considerada habilitada a pessoa que conhece a máquinaque opera, também sob o ponto de vista de segurança.

Imprimir excesso de velocidade ou sobrecarga

Os motivos que levam o trabalhador a i m p r i m i r velocidadeexcessiva aos equipamentos e máquinas, ou sobrecarregá-los, sãotambém vários, porém quase sempre injustif icáveis. A tentat iva deproduzir mais, quando o trabalhador ganha prémio de produçãoou trabalha a contrato, é um dós motivos que leva a práticas inse-guras dessa natureza.

Outros motivos são a preocupação em produzi r mais agora paratrabalhar com mais folga ou mesmo vadiar mais tarde; ou, simples-mente, o fato de quere r competir com os colegas sem visar a lucros;e a inda há os casos em que se procura compensar qualquer atrasode produção usando esse e.\peclie:uc perigoso e noni sempre com-pensador economicamente .

Cada a t i tude dessas é uma opo r tun idade , que se dá ao ac iden te ,o qual , potencia lmente , cresce nessas ocasiões.

Seja qual for o mot ivo ou pretexto, v a i e a pena coibi r essesexcessos tanto paru l i v r a r as pessoas de indese jáveis lesões, como

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66 PRÁTICA DA PKEVENÇÃO u r, A C I D E N T U S

para i sentar os equipamentos e m á q u i n a s de quebras e gastos pre-maturos.

Lubrificar, ajustar c limpur máquinas cm movimento

A atitude de lubrificar, ajustar e l impar máquinas em movi-mento tem sido responsável por grande número de lesões graves emesmo fatal idades. Este é um dos poucos atos inseguros tratados,especificamente pela legislação da segurança do t rabalho; não por-que tenha se constituído em causa mais f r equen te de acidentes,mas, talvez, por ser dos mais evidentes, como ato inseguro, quandoestá sendo praticado.

Em mui tas indús t r i a s existem m á q u i n a s que t raba lham ininter-ruptamente e que devem ser lubrificadas, limpas e eventualmenteajustadas como as demais. Para que. no caso, haja segurança, énecessário que tais máquinas sejam providas de meios que possibilitemo trabalho isento de risco. Por outro lado, há muitas máquinas quepodem ser ajustadas e lubrificadas em todos os pontos que requeremlubrificação sem proporcionar perigo a quem executa o trabalho.Essas poderão servir de exemplo para que outras sejam corrigidasou adaptadas quando o trabalho, por motivos técnicos, não permiteque a máquina ou equipamento pare.

A não ser nos casos específicos de máquinas que trabalhamcontinuamente e que possuem meios adequados de segurança, todasdevem ser paradas e mesmo, em muitos casos, devem ter as fontesde energia bloqueadas com cadeado, para que o trabalho de limpeza,lubrificação e ajustes, seja realmente executado com segurança.

Este ato inseguro também deve ser combatido, propiciando-semeios e conhecimentos de segurança aos trabalhadores.

Improvisação e mau emprego de ferramentas manuais

A improvisação e emprego inadequado de ferramentas sãoatos também responsáveis por muitas ocorrências lamentáveis. Asferramentas manuais têm larga aplicação em todos os campos deatividades. Embora sejam utensílios elementares, na grande maioriados casos, é sempre necessário algum conhecimento, habilidade ebom senso para que possam render o máximo com menos desgastee mais segurança. Nem sempre, porém, isso acontece; por seremelementares, às vezes, não se dá às ferramentas a atenção quemerecem, e essa desatenção vai desde o uso de algumas, em péssimascondições, até as mais absurdas improvisações. Essas atitudes sempretrazem prejuízos, principalmente acidentes lesivos aos usuários dosinstrumentos de trabalho.

O uso de ferramentas em condições precárias deve-se à negli-gência do usuário, à precariedade de manutenção, ou ainda ao

CAUSAS DI: ACIDENTES no TRABALHO — ATOS INSEGUROS 67

desconhecimento do perigo. Improvisações e uso inadequado de-correm, muitas vezes, da indolência da pessoa, que não quer selocomover para conseguir a ferramenta correia ou então procuraganhar tempo, o que quase nunca compensa.

Em qualquer hipótese, são atitudes condenáveis que devem sercombatidas com reparos e substituição das ferramentas impróprias,e com instrução aos usuários para o emprego corrcto e seguro.

Inutilização de dispositivos de segurança

Quantas lesões graves e lamentáveis têm tido origem no atoinconcebível de inutilizar, neutralizar, deturpar o funcionamento oumesmo remover dispositivos de segurança de máquinas c: equipa-mentos! Guardas de proteção sobre correias e engrenagens, botõese alavancas para acionamento. dispositivos especiais para segu-rança nos pontos de operação etc., jamais deveriam ser tocadoscom qualquer fim que vies-se a comprometer a f ina l i -dade para a qual são insta-lados. Uma das atitudesmais condenáveis é a de de-turpar qualquer dispositivode segurança, sob qualquerpretexto. Trabalhar nessascondições é um dos atos in-seguros de mais graves con-sequências para quem operao equipamento.

Operar m á q u i n a se equipamentos desprovidosdos requisitos de segurançaé também ato inseguro, em-bora, muitas vezes, lamen-tavelmente, seja forçado poruma condição insegura quenão é da responsabilidadedo operador que se expõeao risco.

A remoção ou a danificação dosmeios de proteção das máquinas e anegligência, quanto ao uso de prote-tores pessoais, são atos inseguros

condenáveis, entre muitos outros.

A disciplina, depois do conhecimento que o operador deveadquirir sobre a função e as reais necessidades dos dispositivos desegurança, é o fator mais importante para prevenir esses atos.

Não usar as prote;ões individuais

Muitos riicos, peculiares a diversas atividades, não são total-mente controláveis e, para isentar-se de ferimentos o homem precisa

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68 PRÁTICA DA PREVENÇÃO nu ACIDENTES

resguardar a si mesmo usando protetores específicos para a partedo corpo que poderá vir a ser at ingida. Esses são os chamadosEquipamentos de Proteção Individual "EPI", tais como. óculos desegurança, luvas, máscaras etc. Quando o risco requer, o "EPI" deveser usado; não há outro recurso que possa substi tuí-lo. Deixar deusar o "EPI" adequado e de maneira correia é um ato inseguro dosmais perigosos, principalmente quando se expõem os olhos e asvias respiratórias aos riscos a que estão sujeitos.

O uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual nãosó é recomendável sob o ponto de vista da segurança em si, comotambém é mandatório de acordo com a legislação sobre o assunto.

Geralmente o uso satisfatório dos ;ÍEP1" requer esclarecimentodos usuários, às vezes treinamento e, sempre, bom comportamentodisciplinar.

Uso de roupas inadequadas e acessórios desnecessários

A maneira de vestir-se também faz parte da segurança dequem trabalha. Usar roupa e calçados inadequados em relação aotrabalho que se executa é pôr em prática um ato m u i t o condenável,que muitas vezes expõe a pessoa a riscos adicionais àqueles típicosde sua atividade. Roupa muito folgada, gravata, cinto solto e mangascompridas, por exemplo, constituem perigo quando usadas em tra-balhos com máquinas que tenham pecas em movimento onde possamse enroscar.

Relógio de pulso, braceletes, correntes, anéis etc., também cons-t i tuem perigo em trabalhos com certos equipamentos, no manuseiode material e em outras atividades.

A própria manutenção da roupa t calçados cm boas condiçõescontribui para a segurança dos usuários. Roupas sociais, surradas,quando passam a ser usadas em certas atividades industr iais , mui tasvezes requerem adaptações para não se constituírem em risco deacidente . Quando a roupa de trabalho é fornecida pela empresa,

• o serviço de segurança é que deve d e t e r m i n a r os módulos a seremusados e o critério de distribuição e controle, para evitar que. sejamusadas roupas inadequadas em relação aos trabalhos que as pessoasexecutam.

Manipulação insegura de produtos químicos

Como manipulação de produtos químicos entenda-se o preparode misturas, o transporte do produto para o estoque ou cio estoquee as mais diversas aplicações em operações industr iais . M a n i p u l a resses produtos de maneira perigosa, por não conhecer, ou mesmoconhecendo suas características agresr.ivas; misturá-los sem saber qualserá a reação; Iransportá-los, de maneira incorreta, cm recipientesinadequados etc., são atos inseguros que dão origem a mui tas lesõesgraves,

CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — ATOS INSEGUROS 69

Quem trabalha com produtos químicos deve conhecer suascaracterísticas agressivas, o perigo de misturá-los com outros, amaneira segura de serem guardados e mantidos fora do alcancede curiosos e os recursos que deve empregar para se isentar doperigo de sofrer algum ferimento.

Transportar ou empilhar inseguramente

Quanto inseguro é o ato de transportar, empilhar e dispormateriais e peças erroneamente! A segurança desse tipo de trabalhodepende exclusivamente de quem o executa, do conhecimento e noçãoque tem de todos os detalhes da atividade, principalmente dos meiosde evitar acidentes.

Se o indivíduo não sabe a maneira correta de levantar volumespoderá sofrer lesões na espinha dorsal e nos músculos lombares;se abusar de sua capacidade física e ten tar carregar peso excessivoincorrerá no mesmo risco. Por outro lado, se não dispensar adevida atenção ao empi lhar ou dispor mater ia is em estrados, prate-leiras etc., e não conhecer os métodos corretos de empilhar segundoo tamanho e forma dos objetos, poderá causar desmoronamentos ousimples quedas de volumes, correndo riscos, além de colocar outrosem situações perigosas.

O ato inseguro existirá da mesma forma, seja o trabalho exe-cutado manualmente ou por meios mecânicos.

Instruções ao operador de como fazer o trabalho, t re inamentopara que consiga realizá-lo e disciplina para que seja feito demanei ra correta, são requisitos indispensáveis para a segurança dessaatividade.

Fumar e usar chamas em lugares indevidos

Lugares indevidos para fumar ou usar qualquer tipo de chamae mesmo produzir centelhas e calor excessivo, são os locais cujosmateriais em estoque ou em processo desprendem vapores, gases oupoeira que se inflamam ou explodem ao contato com qualquer fontede ignição. No en tan to , esses atos são m u i t a s vezes praticados,embora já tenham causado um número imenso de ocorrênciaslamentáveis, mui ias das quais de conhecimento público.

A não avaliação do risco, a ignorância da existência de materialinf lamável no local, o desconhecimento do perigo de certos inf la -máveis e a d ispl icência com que tais riscos são tratados, têm sidofatôres evidentes corno causadores das mais diversas ocorrênciasde incêndios e explosões. Às vezes nem sequer um aviso de"É PROIBIDO FUMAR" é colocado na área perigosa.

O impor tan te é fazer com que todos se compenetrem do perigo,que saibam o quanto é fácil irromper um sinistro pelo simples fato

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70 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

de alguém tentar acender um cigarro ou produzir outra chama qual-quer em área perigosa. Para isso é necessário:

• entender que todos os inflamáveis são perigosos e que o riscoé tanto maior quanto mais baixo for o ponto de fulgor domaterial ;

• não fumar perto de inflamáveis e explosivos, mesmo que ofumante se julgue cuidadoso.

• nunca usar chamas ou outras fontes de calor nas áreas perigosasa menos que cercado de todos os cuidados que se devem tomarpreliminarmente.

Todas as empresas que possuem áreas de manipulação e estoquede mater iais inflamáveis devem adotar um sistema rigoroso de con-trole, verificação e demais cuidados necessários, quando na área ounas proximidades devam se realizar serviços de solda ou qualqueroutro serviço que empregue calor. Um regulamento para todos osserviços de solda, fora ' das áreas específicas para esses serviços,deve ser estabelecido e seguido corrctamente.

Tentativa de ganhar tempo

A tentativa de ganhar tempo, encurtando caminho ou improvi-sando equipamentos c uma a t i t u d e de consequências imprevisíveis.Mui tas vezes a pessoa tenta passar por entre transportadores emmovimento, por sobre pilhas de materiais ou procura saltar umavaleta, para não andar um pouco mais e contornar um obstáculoqualquer. Outras vezes improvisa um andaime ou usa meios contra-indicados para subir em algum lugar, somente para não ir buscaruma escada ou para não esperar que ela seja trazida. As impro-visações de ferramentas, de instalações elctricas etc.. contam-sc entreos recursos que a pessoa procura usar na tentativa de ganhar tempo.

Regra geral, não se ganha tempo com essas atitudes e, mesmoque se ganhe em alguns, casos, não compensam o risco que se corre.O entendimento dessa inconveniência é uma questão de bom senso,e depende, também, das instruções de segurança que devem existirvisando evitar essas práticas inseguras.

Brincadeiras e exibicionismo

As brincadeiras são condenáveis no trabalho, pois tomam parteda atenção que deveria ser dedicada ao serviço e podem fazer comque outros se distraiam e incorram em práticas inseguras. Distrair-sepor brincar, por dar atenção a atitudes de outros ou por qualquermotivo que seja, predispõe a pessoa a atitudes contrárias à maneirade trabalhar seguramente. Aquele que abusa de um risco que co-nhece, mui tas vezes o faz para exibir o que julga ser habil idade.

*< >ii^<xuaMNaU

CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — ATOS INSEGUROS 71

Gsscs exibicionismos são também atos inseguros que devem sercombatidos.

O fator disciplinar e moral do grupo de trabalho inf lu i decisiva-mente na existência pu não dessas atitudes que levam a muit^vacidentes.

OUTROS ATOS INSEGUROS

Os atos inseguros que podem ser e que são praticados duranteo trabalho dariam para encher dezenas de folhas de um livro casofossem, pelo menos na maioria, compilados e comentados ligeiramente.Os qttatorze apresentados neste capítulo são os que mais se evidenciamnas ocorrências de acidentes. Todos, porém, são condenáveis e devemser evitados.

O combate à prática de atos inseguros deve ser constante emtodos os programas que visam realmente prevenir acidentes. Serviçode segurança, treinamento, serviço médico e principalmente superviso-res devem participar, em conjunto, na correção e eliminação dos há-bitos que levam a essas atitudes inseguras. Isto porque, os atos inse-guros têm origem em fatôres pessoais que podem ser corrigidos oupelo menos bastante atenuados pelas pessoas ou órgãos acima citados.

FATÔRES HUMANOS

Os íatóres humanos predominantes são os seguintes:

Desconhecimento dos riscos de acidentes

É quando a pessoa simplesmente não sabe que o equipamentoou material que usa possui determinado risco. Fica, então, expostaao perigo, embora de maneira inconsciente. Isto ocorre porque, aose ensinar o serviço a quem vai executá-lo, tudo, ou quase tudo,lhe é ensinado, a não ser o aspecto segurança do trabalho, ou quandoisto lhe é ensinado, não passa de uma observação: " . . . e tome muitocuidado." Portanto, o esclarecimento do trabalhador, principalmentepor intermédio da supervisão, é o meio mais adequado para acorreção deste fa tor pessoal.

Treinamento inadequado

É um fator muito frequente, que leva à prática de atos inse-guros. A pessoa mal treinada na execução das tarefas que lhe

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r72 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

compete executar, tende a descontrolar-se e a afobar-se diante dequalquer pequeno imprevisto que surja no trabalho; é quando lançamão de recursos improvisados, atos mesmo absurdos, na tentativade corrigir ou contornar a situação. É muito comum, nesses casos,complicar ainda mais a situação e tornar a condição extremamentepropícia ao acidente, que, via de regra, ocorre. Os setores detreinamento e de segurança juntamente com a supervisão devemagir para que seja dado um bom treinamento aos trabalhadores.

yFalta de aptidão ou de interesse pelo trabalho

Quando o trabalhador não tem aptidão para o trabalho queexecuta e não tem interesse em fazê-lo bem feito, geralmente nãose integra num esquema rígido de trabalho, porque tem sempre atendência em negligenciar em alguns pontos que, via de regra,comprometem a segurança do trabalho. São muitos os atos insegurospraticados devido à displicência que essas pessoas adquirem pelanão adaptação ao tipo de trabalho que tom de executar. Regrageral, requerem mais supervisão para trabalharem, pelo menos,satisfatoriamente. Seleção e recrutamento do pessoal, incluindo asupervisão, que seleciona profissionalmente o trabalhador, podemevitar ou corrigir essas situações.

Excesso de confiança

Têm excesso de confiança, neste caso, as pessoas que abusamda habilidade e capacidade que possuem, de maneira a se exporema riscos de acidentes. Deixam muitas vezes de seguir esta ou aquelaregra de segurança por acharem que elas poderão ser substituídaspela habilidade ou pela atitude absurda que chamam de coragem.Só quem não entende até que ponto pode realmente confiar em simesmo é que imagina ser imune aos acidentes devido à habilidadeque possui. O ensino da segurança e a ação da supervisão podemcorrigir essas atitudes.

Atitudes impróprias

São atitudes de violência, de revolta, de desespero, etc., queas pessoas tomam durante a execução de tarefas, por motivos quepodem não ter nada a ver com o trabalho em si. Essas atitudesdescontrolam os movimentos e reflexos das pessoas, tornando-aspropensas à prática de atos contrários aos que são consideradosseguros. Quando a supervisão mantém contato com os subordi-nados e, portanto, os conhece em todas as reações, poderá prevenir,muitas dessas atitudes, simplesmente por meio de palavras e orien-tação. Outras vezes, será necessário que o serviço médico intervenhapara solucionar o caso.

CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — ATOS INSEGI.KOS 73

Incapacidade física para o trabalho

Se a pessoa não tiver capacidade física para executar a tarefaque lhe é designada, poderá incorrer em atos inseguros emboramuitas vezes o faça com a intenção de compensar sua deficiência.Não é necessário que seja alguma incapacidade permanente; a pessoapoderá em um ou outro dia não estar em condições de fazer isto ouaquilo, devido a algum estado passageiro e, se tentar efetuar otrabalho, também poderá usar do expediente do ato inseguro paracompensar uma falha que sente na ocasião. Seleção do pessoal,serviço médicc e supervisão podem contribuir para prevenir essescasos.

RESUMO

• Ato inseguro é a maneira como as pessoas se expõem, cons-c ien te ou inconscientemente, a riscos de acidentes.

* Os atos inseguros mais comumente praticados'são:

** ficar junto ou sob cargas suspensas;*:í colocar parte do corpo em lugar perigoso;** usar máquinas sem habilitação ou permissão;** imprimir excesso de velocidade ou sobrecarga, em máquinas

e equipamentos;** lubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimento;'"' improvisação e mau emprego de ferramentas manuais;*:! inutilização de dispositivos de segurança;** não usar as proteções individuais;** uso de roupas inadequadas s acessórios desnecessários;** manipulação insegura de produtos químicos;** fumar e usar chamas em lugares indevidos;** tentativa de ganhar tempo;** brincadeiras e exibicionismo.

• São causas frequentes de atos inseguros:** desconhecimento dos riscos de acidentes;** treinamento inadequado dos trabalhadores;** falta de aptidão ou de interesse pelo trabalho;** excesso de confiança em si mesmo;** atitudes impróprias, tais como violência, revolta etc.** incapacidade física para o traralho.

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5CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO

— CONDIÇÕES INSEGURAS

Condições inseguras dos locais de trabalho são aquelas que com-prometem a segurança do trabalhador ou, em outras palavras, as fa-lhas, defeitos, irregularidades técnicas, carência de dispositivos desegurança etc., que põem em risco a integridade física e/ou a saúdedas pessoas, e a própria segurança das instalações e dos equipamentos.

Antes de continuar, isto é, antes de analisar as condições inse-guras que mais frequentemente causam acidentes do trabalho, convémter em mente que estas não devem ser confundidas com os riscos ine-rentes a certas operações industriais. Por exemplo: a corrente elétricaé um risco inerente aos trabalhos que envolvem eletricidade, apare-lhos ou instalações elétiicas; a eletricidade, no entanto^ não pode serconsiderada uma condição insegura, por ser perigosa. Instalaçõesmal feitas ou improvisadas, fiosexpostos etc., são condições in-seguras; a energia elétrica, emsi, não. A corrente elétrica,quando devidamente isolada docontato com as pessoas, passa aser um risco controlado e nãoconstitui uma condição insegura.

A agressividade de certosmateriais, como a dos ácidos,por exemplo, são riscos inerentesaos trabalhos onde se manipulaou empresa o produto. Porém,os ácidos,*cm si, não podem serconsiderados condições insegu-rãs. Se o meio de manipulação

o agente de mestria é quem devemelhor conhecer os riscos do traba-lho <!ue di"P e <Juem es?á em

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76 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDGNTES

ou de emprego, os equipamentos e vasilhames não estiverem enqua-drados nos moldes considerados adequados pelas normas de segurança,então haverá condições inseguras.

Gases tóxicos, emanados de certos processos industriais, sãoriscos inerentes a esses trabalhos, mas não constituirão condições inse-guras, se houver sistemas de ventilação adequados ou outras medidasque evitem a dispersão e a contaminação do ar, acima dos limitesde tolerância estabelecidos.

Onde o processo requer o emprego de fontes de calor, a radiaçãocalorífica é um risco inerente ao trabalho, mas não será condiçãoinsegura se a radiação do calor for controlada e não se dispersar,evitando-se assim, que atinja pessoas e outros equipamentos que po-deriam ser prejudicados.

Enfim, riscos inerentes ao trabalho e condições inseguras, sãocoisas distintas; as primeiras são regra geral, as características agres-sivas de materiais, energias e equipamentos empregados nos trabalhos;as segundas são falhas que permitem a manifestação dessas caracterís-ticas contra pessoas e outros materiais e equipamentos.

FALTA DE PROTEÇÃO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

A falta de proteções adequadas em máquinas e em outros equi-pamentos, para evitar que as pessoas venham a ter contato com pon-tos perigosos ou que sejam atingidas em caso de qualquer ocorrênciaanormal, é uma condição insegura responsável por um número ele-vadíssimo de acidentes de graves consequências.

Constituem condições inseguras a falta das referidas proteções,cujas finalidades são:

• isolar os componentes das transmissões de força, a fim de queas pessoas não entrem em contato com correias, engrenagens,eixos, polias etc., e assim se isentem deste risco;

• evitar necessidade e mesmo a possibilidade de os operadorescolocarem as mãos nas áreas perigosas dos pontos de operação,isto é, nos pontos onde se efetuam os trabalhos para os quaisas máquinas se destinam.

• isolar outras partes móveis perigosas de acessórios da operação,como alimentadoíes, transportadores etc., a fim de prevenir pos-síveis contatos das pessoas com esses riscos.

As proteções que podem ser aplicadas são as mais diversas, todasvisando, acima de tudo, impedir o contato das peasoas com os pontosperigosos.

CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS 77

A falta dos dispositivos de segurança recomendados para outrosequipamentos tais como transportadores, veículos, caldeiras etc., tam-bém é uma condição insegura que deve ser evitada.

PROTEÇÕES INADEQUADAS OU DEFEITUOSAS

Existem dispositivos de proteção instalados, que, por desconhe-cimento de quem os projetou ou construiu, não correspondem total-mente aos requisitos da segurança do trabalho; alguns são danificadosapós a instalação, não são reparados e passam também a não corres-ponder. Outros ainda acusam defeitos que não são percebidos, dei-xando, por conseguinte, de proporcionar a devida segurança. Sãotrês exemplos de condições inseguras; mais inseguras que outras, poisdão às pessoas uma falsa sensação de segurança.

Portanto, quem projeta ou constrói dispositivos de proteção paramáquinas, equipamentos em geral e para outros pontos das instala-ções e edificações industriais, deve conhecer bem os princípios desegurança do trabalho. Quem trabalha ou dirige também' deve co-nhecer suficientemente esses princípios, para evitar a falta dos pro-tetores e para que estes proporcionem realmente segurança.

DEFICIÊNCIA EM MAQUINARIA E FERRAMENTAL

Deficiências de máquinas e ferramentas, quer sejam quantitativasou qualitativas ocasionam condições inseguras de trabalho. A boaqualidade original das máquinas, ferramentas e outros equipamentosé de fundamental importância para a segurança do trabalho. Por-tanto, já na aquisição desses equipamentos deve-se pensar na segu-rança do trabalho e, para esse fim, deve ser estabelecido um critériopela firma compradora. Depois de'adquiridos, assume grande impor-tância a manutenção da boa qualidade inicial, principalmente no quetange diretamente aos dispositivos de segurança.

Quando a qualidade do equipamento não corresponde, a segu-rança do trabalho fica comprometida e, com ela, todos os demaisaspectos do trabalho, principalmente o custo.

A deficiência quantitativa também compromete a segurança.Atos inseguros, tais como sobrecarregar o equipamento, improvisarferramentas etc., são muitas vezes originados dessa deficiência. Falhasde planejamento em relação à quantidade de equipamentos, e de-ficiência de manutenção das qualidades que lhes são indispensáveis,são duas causas freqiientes dessa condição insegura.

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78 PRÁTICA. DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

MA ARRUMAÇÃO

A falta de ordem nos locais de trabalho, não só depõe contra asegurança, como também dificulta o bom andamento do serviço emtodos os demais aspectos. Peças, caixas, materiais etc. fora de lugar,atravancando áreas de circulação, obstruindo corredores ou dificul-tando o acesso a comandos de maquinarias, caixas de força, registrosde água, ar etc., são condições que dificultam o bom andamento dotrabalho, e também a sua segurança.

Mesmo coisas pequenas fora do lugar são perigosas, principal-mente quando são escorregadias ou roliças e ficam abandonadas nochão. .

Um dos pontos importantes,em que cada supervisor e a gerên-cia devem insistir, é a ordem, aboa arrumação e a manutenção dalimpeza no local ,em que o traba-lho se executa. Para conseguirtudo isso com relativa facilidade,deve-se estabelece', o princípio demanter sempre as coisas em ordem,conservar tudo ar-umado e limpo,jogar resíduos, H>:J, restos de qual-quer coisa e mesmo pontas de ci-garros nos lugares e recipientesíiflf^miíi/"!'"*6' XT~« £. '

Coisas abandonadas no chão consti-tuem sempre condições inseguras.

_ -- —- .ugui^a t icwpieniesadequados. Não é racional ter faxineiros em grande número e pessoasdesignadas para limpar e arrumar o que os demais põem em desordem;é necessário que cada um faça a_ sua parte no que tange à ordem,limpeza e ammvicão.

ESCASSEZ PE ESPAÇO

Sabe-se que a falta de espaço é um problema sério, enfrentadoem muitos locais de trabalho, Dentre as causas da falta de espaçopodem ser citadas as seguintes:

• agrupamento de um número determinado de máquinas e outrosequipamentos no único local ou pavilhão disponível, nem sempresuficiente;

• instalação de equipamentos adicionais, para aumento de produção,num local onde o espaço já não era suficiente;

• produção acima da previsão, exigindo a permanência, no local,de maior volume de materiais e peças em fase de fabricação.

• falta de racionalização no fluxo de operações, causando acúmulode materiais e peças em determinadas estações de trabalho.

CAUSAS DE ACIDENTES no TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS 79

• tentativa de aproveitamento de espaço, com a instalação demáquinas muito perto umas das outras.

• excesso de estoque de materiais e peças.

Convém notar que há dispositivo na Consolidação das Leis doTrabalho que trata do espaço entre máquinas. Recomenda" esse dis-positivo que o espaço mínimo seja de 0,80 m. Isto, porém, em racio-nalização do trabalho ê para a sua necessária segurança, deve serconsiderado o espaço mínimo para uma pessoa movimentar-se; noentanto, entre máquinas no sentido do fluxo da operação, muitas vezes,tanto sob o ponto de vista do aproveitamento como para a própriasegurança, é recomendável espaço menor.

O importante é prever também, além do espaço para o operador,espaço suhciente para os materiais e peças em processo e para osserviços de manutenção que eventualmente serão realizados.

Além disso, a falta de ordem ou a má arrumação não deveminfluir na redução do espaço.

PASSAGENS PERIGOSAS

Poder-se-ia dizer que nos locais de trabalco existem passagensperigosas e "passagens perigosas". No primeiro caso são os locaisde passagem obrigatória que são por um ou por outro motivo perigo-sos, quando não providos das devidas medidas de segurança. Porexemplo, passagens que são obrigatórias na sequência de movimen-tação do pessoal durante o trabalho e que são exíguas ou difíceis de-vido a falhas na instalação dos equipamentos, passagens junto a de-pressões do piso sem que haja balaustrada de proteção e passagenspróximo a partes móveis de máquinas que não são totalmente isoladas,são exemplos de passagens perigosas que podem ser consideradas con-dições inseguras.

As segundas "passagens perigosas" são as passagens forçadaspelas próprias pessoas, por locais não designados para isso. Passagenspor entre transportadores, sob cargas suspensas; dentro do raio de açãode equipamentos móveis etc., são exemplo dessas passagens que carac-terizam atos inseguros já citados. Quem passa obrigatoriamente poralgum local perigoso, submete-se a condição insegura, quem forçauma passagem por onde não deve, pratica ato inseguro.

DEFEITOS NAS EDIFICAÇÕES

As várias partes dos edifícios, tais como paredes, tetos, janelas,pisos, escadas, plataformas etc., podem constituir-se em condições

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80 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS 81

inseguras. Alguns exemplos são: paredes que possam ruir totalmenteou em parte; teto com telhas que possam cair ou que não protejasuficientemente contra o sol ou a chuva; janelas com vidros quebradosou inexistentes; pisos escorregadios, com buracos, saliências, desni-velamentos; escadas escorregadias, com degraus defeituosos, sem cor-rimão ou patamar; plataformas sem corrimão, sem rodapé etc.

Algumas dessas condições podem ser originárias dos projetos eda construção, mas muitas são criadas pela falta de cuidados na manu-tenção dos edifícios. Esta é uma das razões que recomenda que,desde os projetos, a segurança do trabalho seja levada a sério e emconsideração.

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS INADEQUADAS OU DEFEITUOSAS

Como já foi anteriormente dito, a corrente elétrica, embora pe-rigosa não constitui condição insegura, desde que devidamente con-trolada pelos meios de segurança já conhecidos. Condições inseguras,no caso, são condutores sem a devida isolação ou com a isolaçãodeficiente, instalações mal feitas, defeitos em tomadas, instalações pro-visórias feitas sem os devidos cuidados, falta de fio terra etc. Enfim,são todos os defeitos ou falhas das instalações elétricas que, comose sabe, podem causar lesões às pessoas s mesmo incêndio das insta-lações, por curto-circuito ou superaquecimento.

Infelizmente nem todas as furnas possuem instalações embutidasem conduítes, com caixas de distribuição e comutadores, como reco-mendam as normas de segurança. São muitas as instalações expostas,com fios e chaves descobertas, às vezes ao alcance das pessoas.Nesses locais há uma condição insegura permanente e às vezes bas-tante generalizada. Essas condições não deveriam existir pois, quandoexistentes, o risco áe incêndio é mais acentuado e as pessoas contarãoapenas com o cuidado, o conhecimento da existência do risco e o bomsenso para se protegerem, o que não é suficiente para a segurança,não devendo ser aceito por nenhuma administração.

ILUMINAÇÃO INADEQUADA

A boa iluminação favorece tanto a segurança do trabalho comoa higiene industrial, a precisão do serviço e a produtividade. A NormaBrasileira, NB-57, estabelece os níveis ideais de iluminação para cadatipo de atividade.

A iluminação pode ser inadequada tanto por deficiência, comopor excesso. A iluminação deficiente, além de exigir esforço visualextra não permite que as pessoas percebam certos detalhes perigososdo serviço, correndo assim riscos adicionais. O excesso de luz ofuscae perturba a visão, cansando os órgãos visuais, comprometendo, enfim,a segurança do trabalho.

Quando se emprega iluminação artificial, esta deve ser, para maiorprecisão e segurança do trabalho, adequada quanto à cor e intensidade,além de bem orientada. A iluminação geral é sempre preferida. Ospontos de iluminação local, quando necessários, não devem contrastarmuito com a intensidade da iluminação geral, para evitar cansaçovisual. O máximo de contraste recomendado é da ordem de l (um)para 10 (dez).

As paredes, estruturas e máquinas pintadas em cores claras ea conservação dos vidros dos caixilhos e das luminárias limpos, favo-recem muito o nível de iluminação dos locais de trabalho.

VENTILAÇÃO INADEQUADA

Como ventilação de um local de trabalho deve-se considerar desdeo arejamento natural processado pelas janelas, portas e lanternins,até os mais diversos sistemas de ventilação artificial. Estes últimossão muitas vezes de ordem geral, para renovar o ar, remover algumcontaminante não tóxico ou trazer para o ambiente ar fresco e livrede impurezas, captado no exterior do prédio. Este tipo é conhecidocomo ventilação gerai diluidora, pois sua função é a de diluir conta-minantes, ou não permitir concentrações perigosas no ambiente.

A ventilação local exaustora é a que tem por finalidade captarpoeira, vapor ou gás contaminante- o mais junto possível da fonte paraimpedir que se dispersem no ambiente.

A ventilação se relaciona mais com a higiene industrial, que nãoestá sendo tratada neste livro; no entanto, convém notar que sãomuitos os serviços de segurança que cuidam também da higiene indus-trial, e que ambas são matérias que, em qualquer hipótese, devemser tratadas paralelamente. Além disso, para efeito de seguro e,conseqtientemente, de estatísticas, as doenças ocupacionais são equi-paradas aos acidentes do trabalho. Portanto, a ventilação inadequadaé uma condição insegura que deve merecer toda a atenção dos ser-viços de segurança.

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82 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

OUTRAS CONDIÇÕES INSEGURAS DE HIGIENE INDUSTRIAL

Como acontece com a ventilação e a iluminação, há outras con-dições, que, embora muito relacionadas com a higiene industrial, sãode grande interesse também dos serviços de segurança do trabalho.Por exemplo: altas e baixas temperaturas, ruídos intensos, vibrações,atmosfera comprimida ou rarefeita etc.

Qualquer serviço de segurança, mesmo que se resuma em umaCIPA, deve conhecer todos esses riscos, procurar corrigir os que sãopossíveis de serem corrigidos, e saber aplicar as medidas de proteçãoindividual quando outras medidas não possam ser aplicadas.

FALTA DE PROTETORES INDIVIDUAIS (EPI)

Já foi dito que a pessoa, ao não usar os equipamentos de proteçãoindividual recomendados, está praticando um dos mais perigosos atosinseguros. E se não houver equipamento disponível? Estará a pessoapraticando o mesmo ato? A falta dos equipamentos que, por lei, aempresa deve fornecer aos empregados, constitui uma condição inse-gura à qual as pessoas se expõem, condição essa que, como as demais,cabe à empresa resolver. Não deixa, no entanto, de constituir tambémum ato inseguro, desses que a pessoa pratica inconscientemente ouforçado por uma circunstância, que, no caso, é a falta do "EPI".

Numa investigação das causas de um acidente não se deve con-fundir um com outro caso; deve-se, isso sim, apontar os dois sempreque existente?..

OUTRAS CONDIÇÕES INSEGURAS

As condições inseguras, atrás relacionadas, poderiam ser desdo-bradas em detalhes e outras poderiam ser acrescidas à lista. No en-tanto, isso é desnecessário. Elas são as mais frequentemente identifi-cadas nas ocorrências de acidentes; são, portanto, as que devem me-recer maior atenção e não é necessário desmembrá-las em detalhespara avaliar quais as medidas necessárias para as devidas correções.Mesmo assim, os serviços e os inspetores de segurança não devemse ater só a esses ou procurar enquadrar todos os casos nesses citados.Poderão eventualmente descobrir outros casos particulares dos serviçosda empresa a que estão vinculados, e isso é bastante comum.

Conhecidas as causas diretas dos acidentes do trabalho — con-dições e atos inseguros — o passo seguinte para a prevenção dos

CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO — CONDIÇÕES INSEGURAS 83

acidentes é reconhecê-los e identificá-los, na prática. Ê necessário,conseguir percebê-los nos ambientes de trabalho, nos processos em-pregados e nas atitudes das pessoas: é a fase do "diagnóstico"; estabe-lecido este, pode-se recomendar a "terapêutica". Por ora, porém, sóinteressam os meios de se chegar ao "diagnóstico" correio. Ê o queserá tratado no próximo capítulo.

RESUMO

' Condições inseguras dos locais de trabalho são aquelas quepõem em risco a integridade física e/ou a saúde dos trabalhadoresou a própria segurança das instalações.

• As condições inseguras mais frequentemente encontradas

** falta de proteção em máquinas e equipamentos;** proteções de máquinas e equipamentos inadequadas ou

defeituosas; '** deficiência quantitativa ou qualitativa de maquinaria e fer-

ramental;** má arrumação e falta de limpeza na área de trabalho;** escassez de espaço na área de trabalho;** passagens perigosas obrigatórias para o pessoal;* * defeitos nas edificações tais como defeitos em pisos, escadas,

paredes, etc.** instalações elétricas inadequadas ou defeituosas;** iluminação inadequada;** ventilação inadequada;** falta de protetores individuais ("EPI").

são:

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6FONTES DE INFORMAÇÕES

INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES

A prevenção dos acidentes do trabalho é conseguida pela apli-cação de medidas de segurança. Essas são determinadas, ou escolhidas,em função dos riscos existentes. Como já foi dito, esses riscos sãoresultantes de fatôres humanos e materiais, isto é, de condições eatitudes inseguras. Portanto, a aplicação correia das medidas ade-quadas requer, antes de tudo, a identificação dos citados fatôres, ouo reconhecimento da sua existência ou, ainda, a avaliação da possi-bilidade de virem a existir. Para isso, o profissional, o serviço desegurança, ou mesmo os componentes de Comissões Internas paraPrevenção de Acidentes, podem recorrer a diversas fontes de infor-mações.

A experiência dos próprios profissionais da segurança e daspróprias empresas é de grande valor para a avaliação dos riscos. Cadaprofissional e cada empresa podem e devem tirar proveito das expe-riências de outros, mesmo que exerçam atividades diferentes. Paraisso é importante que se mantenham em arquivo, para consulta, pelomenos resumos de estudos e dados estatísticos originados das ativi-dades do serviço de segurança do trabalho e, que se mantenham inter-câmbio com outras firmas e outros profissionais. Literatura espe-cializada é outro meio auxiliar na identificação dos riscos nosambientes de trabalho.

Genericamente, porém, são duas as fontes de informações quemais subsídios trazem para a segurança do trabalho: as investigaçõesdos acidentes ocorridos e os inspeções de segurança. A primeira étratada neste capítulo, a segunda, no capítulo que vem a seguir.

A investigação de acidentes deve ter sido a fonte original dasinformações e métodos dos quais se pode dispor, hoje, para preveniracidentes do trabalho. As ocorrências de acidentes que feriam o

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86 PRÁTICA DA. PREVENÇÃO DE ACIDENTESFONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES 87

homem, sem dúvida, alertaram-no a procurar meios de defesa parasua integridade física. Meios empíricos e rudimentares foram, comcerteza, inicialmente adorados; investigações primitivas e talvez ins-tintivas levaram à adoção das primeiras medidas de segurança. Ainvestigação dos acidentes continua, hoje, sendo uma excelente fontede informações para a segurança do trabalho, desde que devida esensatamente processada, em toda extensão, como será mais adianteesclarecido.

As inspeções de segurança, também processadas em toda exten-são, formam com as investigações .de acidentes a base sólida dos bonsserviços de segurança do trabalho.

INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES

Investigação de acidentes, nos programas de segurança do traba-lho, são os estudos, pesquisas e inquirições que se levam a efeitopara apurar as causas de acidentes ocorridos. É uma das mais comunsatividades da CIPA, e dos inspetores de segurança. Geralmente, sóos acidentes mais graves, sob o aspecto das lesões causadas a pessoas,são mais detida e profundamente investigados. Aos menos graves,embora causem o afastamento das vítimas, nem sempre é dada todaa atenção .necessária por ocasião da investigação. Os que não causamafastamento, nem sempre são investigados e, às vezes, nem são regis-trados. £ste é o panorama geral da segurança do trabalho no quese refere à investigação de acidentes. Existem muitos programas desegurança nos quais a investigação de acidentes é praticada em todaextensão e profundidade, e a sua importância é tida e mantida em seudevido lugar.

Os erros nos quais incorre mais frequentemente quem, aparenteou realmente, não dá a, devida atenção às investigações de acidentessão os seguintes:

— desconhecer o verdadeiro valor da investigação dos acidentes,devidamente praticada em seu ciclo completo;

— considerar a investigação para fins preventivos, em plano secun-dário, porque interpreta como segurança somente aquilo que sefaz antes da ocorrência de acidentes e, as medidas tomadas apósa ocorrência, considera apenas um paliativo;

— não atinar com os métodos mais práticos de investigar, colher eregistrar os dados que possam resultar em benefício para aprevenção;

— não estudar os relatórios, deixando assim de chegar a conclusõesque possam contribuir para a prevenção de acidentes no futuro,e em outras atividades;

— não considerar outros resultados que não sejam os coeficientesde frequência e de gravidade que, para cada emprega, individual-mente, pouco representam no panorama geral da prevenção.

Se alguém tivesse que organizar um programa de segurança edispusesse toda a matéria sob apenas dois títulos, estes seriam: "inves-tigações de acidentes" e "inspeções de segurança"; disto podemosficar certos; daria um programa de segurança plenamente satisfatóriopara qualquer empresa.

Praticadas em toda extensão, as inpeções de segurança cobremuma grande parte da segurança do trabalho que vai desde a inspeçãoelementar e rotineira, que pode ser atribuída às mais diversas pessoasnas áreas de trabalho, até à análise de risco, que requer conhecimentoe técnica especiais, e à pesquisa de condições ambientais, que requertambém, além de conhecimento elevado, aparelhos científicos. Todasessas atividades cabem perfeitamente sob o título "inspeções de se-gurança" desde que a finalidade — obedecidas as grandezas dos riscos— é sempre a mesma: descobrir, constatar ou comprovar a existênciade riscos. É, enfim, uma fonte de informações da existência de con-dições que devam ser corrigidas. A partir da informação, uma sériede trabalhos terá de ser encadeada — estudos, projetos, experiênciasetc. — até à solução final do caso. Se das inspeções não resultartoda uma série de trabalhos, coordenada pelo setor de segurança, parasolucionar a curto, médio ou longo prazo o problema levantado, ainspeção não passará de um registro de riscos e, nesse caso, nem valea pena chamá-la "inspeção de segurança".

Com as investigações de acidentes ocorre o mesmo. Investigá-losapenas para manter registros de suas caus"as, ou para no fim do mêsapresentar os coeficientes de frequência e gravidade, não compensaem nenhum programa de segurança.

Como as inspeções de segurança, também as investigações deacidentes representam uma excelente fonte de informações em favorda segurança do trabalho. Além de possibilitar a introdução de novasou adicionais medidas de segurança onde ocorreu o acidente, abreum grande campo para as "inpeções de segurança" em outras ativida-des nas quais o mesmo risco possa existir. Os resultados das investi-gações de acidentes devem ser estudados e levados a sério, pois, viade regra, têm aplicação em mais algum lugar além daquele ondeocorreu o acidente. Com bom senso, podem, às vezes, ser aplicadosem atividade completamente diversa, pois trabalhos que não possuemafinidade sob o ponto de vista profissional são às vezes afins comrespeito aos riscos de acidentes.

A coleta de dados na investigação, quando corretamente pro-cessada, possibilita a identificação da área, atividade, máquina, mate-

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88 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTLS

rial etc., que está requerendo maior atenção, medidas adicionais desegurança, treinamento dos indivíduos, maior atenção por parte dasupervisão etc.

Os dados resultantes da investigação devem ser registrados emformulário, prático de ser preenchido, e que facilite a compilação dedados. Sobre o formulário — relatório do acidente —, será comentadodetalhadamente mais adiante. Agora, é necessário apenas dizer quetudo o que se procura descobrir e registrar numa investigação deveconduzir a um único objetivo, para o qual deve ser reservado umlugar especial no formulário; este objetivo é a medida ou medidasque devem ser tomadas para evitar casos semelhantes. Na mesmaoportunidade em que se determinam essas medidas, deve-se, também,determinar a quem cabe a responsabilidade pela sua execução, e en-caminhar o problema para ser resolvido. Encaminhado o problema,o processo que então se inicia deve ser acompanhado e assistido pelopessoal da segurança até a completa solução. Mesmo quando a so-lução é parcial, temporária,ou resulta não ser a soluçãoideal, o encaminhamento e oacompanhamento devem obe-decer o mesmo critério ecuidado. O prazo, não impor-tando se for curto, médio oulongo, não deve interferir nocritério: o registro, o enca-minhamento e o acompanha-mento devem ser mantidos.

A investigação de aci-dentes, para que atinja seuobjetivo, qual seja, trazer sub-sídios para a segurança dotrabalho, deve ser processadaem seu ciclo completo. Leva--se em consideração apenasos acidentes que causam le-são, os mais importantes parafins de investigações. Por-tanto, o ciclo da investigaçãocomeça com o conhecimentoda lesão descrita pelo serviçomédico e, sempre que possí-vel, acrescido de algumasinformações preliminares daparte do acidentado. A nato- Divisâo simples e satisfatória do corpo

reza das lesões e a parte do para estudo das sedes das lesões.

FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES 89

corpo onde elas se sediam são fatôres importantíssimos para as inves-tigações dos acidentes.

A partir desse ponto continua o ciclo: investigação na área,compilação de informações, registro de dados, conclusão sobre asmedidas preventivas a serem tomadas, encaminhamento ao responsá-vel pela execução, pesquisa para aplicação' das mesmas medidas emoutras operações ou áreas, acompanhamento do processo até a soluçãofinal. Sobre isso também falaremos mais adiante. Por ora é necessárioconcluir sobre um dos tópicos citados: a importância das investigaçõesde acidentes.

Ê difícil determinar o que é mais importante para a segurançado trabalho — as inspeções de segurança ou as investigações de aci-dentes; isto depende do estágio em que a segurança está dentro daempresa. No estágio inicial de um programa de segurança as inves-tigações são sempre mais importantes, porque:

• revelam a situação real das ocorrências de acidentes;• indicam quais e onde as medidas necessárias devem ser tomadas

com prioridade;• indicam a zona da empresa, o departamento, a atividade pro-

fissional, o grupo de indivíduos e mesmo os supervisores quecarecem de assistência, ou que necessitam de treinamento, e queespécie de assistência, ou que tipo de treinamento são neces-sários etc.

RELATÓRIO DO ACIDENTE

O relatório dos acidentes ocorridos deve ser feito em formulárioespecial, prático, onde se possa registrar o máximo de informaçõescom o mínimo de escrita.

Os relatórios descritivos, em forma de minuta, não são aconse-lháveis. Além de requererem mais tempo e mais trabalho para aelaboração, não se prestam para a compilação prática de dados infor-mativos sobre os vários aspectos dos acidentes que devem ser estudados.Num formulário adequado, os dados são sempre registrados cada uruno seu devido lugar e sempre na mesma ordem, de maneira a facilitartanto o registro como a compilação desses dados, quando necessário;isto torna mais prática a própria interpretação da ocorrência em rela-ção aos seus fatôres.

Ê costume cada empresa ter seus próprios formulários, cujosdados são determinados pela experiência que a empresa possui, pelaextensão e profundidade que pretende dar aos estudos dos acidentesou, às vezes, simplesmente para coligir os dados mínimos requeridos

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90 PRÁTJ-..A DA PREVENÇÃO DE ACIDENTESFONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES 91

por lei. A legislação exige o preenchimento de um tipo de relatórioque não dispensa o uso de outro mais detalhado pelas empresas quequerem realmente tirar proveito das investigações dos acidentes embenefício da segurança do trabalho. Os formulários para elaboraçãodos relatórios não devem ser muito sucintos, mas também não devemser muito extensos, com registro de dados que pouco ou nenhumbenefício tragam à segurança do trabalho.

Um relatório simples, mas com as suficientes informações úteis,deve incluir os seguintes dados:

Nome do acidentado IdadeN.° de identificação Função NormalTempo de serviço ..'. Departamento ou Seção aoqual pertence .•Data do acidente hora do dia horada jornada (l.a, 2.a, etc.)Local onde ocorreu o acidente (de modo afacilitar a localização da ocorrência).

Serviço que estava executando quando foi feridoHá quanto tempo executava essa tarefa Tinhasuficiente experiência? Tinha instrução desegurança?

Descrição da(s) lesão(ões) sofrida(s) (deve serdada pelo serviço médico).

Descrição do acidente (espaço mais ou menosde dez linhas, suficiente para uma descrição resumida, porém clara,do acidente).

a. (*) Agente da(s) lesão (ões)b. (*) Condição insegurac. (*) Ato insegurod. (*) Acideme-tipo: '.e. (*) Fatôrr-, pessoaisf. (*) Medidas para prevenir novas ocorrências

(espaço para* três ou quatro linhas)

(e) Esses itens sTão comentados individualmente.

O preenchimento de um relatório desse tipo até a descrição da (s)lesão(ões) é fácil e requer apenas o registro de fatos sem maioresinvestigações. A descrição do acidente, por outro lado, requer mais

cuidado, deve ser a mais fiel possível, pois deverá ser o resultado dainvestigação e não de informações de uma ou de outra pessoa.

COMO PROCEDER À INVESTIGAÇÃO

A primeira informação que se tem para iniciar a investigação éa lesão sofrida e onde ela se localiza; se além dessas, o investigadorpuder trocar algumas palavras com o acidentado, e obter mais algumasinformações, poderá dirigir-se para o local da ocorrência, com bas-tante chance de concluir fácil e corretamente o seu inquérito.

Pelo tipo da lesão e pelo trabalho que estava sendo executado,vendo o local e obtendo algumas informações o investigador expe-riente chega à conclusão precisa, e não se deixa levar por informaçõeserróneas e nem se deixa ludibriar por falsas aparências. Esses co-mentários, naturalmente, referem-se à investigação processada por uminspetor de segurança ou outra pessoa capacitada; mas, o própriosupervisor ao processar a sua investigação ou cooperar na investigaçãode outros, não pode prescindir desses princípios.

Durante a investigação deve-se apurar os itens a, b, c, d t e, quedeverão levar à conclusão do requisito / que é a parte mais im-portante do relatório. A descrição do acidente não precisa incluirpormenores sobre a, b, c, d & e, desde que esses itens serão anotadosindividualmente em seus devidos lugares.

a. Agente da(s) lesão(ões)

Agente da lesão é aquilo que, em contato com a pessoa, deter-mina a lesão. Pode ser um dos muitos materiais com característicasagressivas, uma ferramenta, a parte de uma máquina etc. A lesão —e a sede da lesão, isto é, a parte do corpo on'de ela se localiza — éo ponto inicial para a investigação; em seguida, procura-se saber oque a causou, isto é, o agente da lesão. Convém observar qual acaracterística do agente que causou a lesão. Alguns agentes são essen-cialmente agressivos, como os ácidos e outros produtos químicos, osmateriais incandescentes ou excessivamente quentes, a corrente, elé-trica etc.; basta um leve contato para ocorrer a lesão. Outros deter-minam ferimentos por atritos mais acentuados, por batidas contra apessoa ou da pessoa contra eles, por prensamento, queda etc. Porexemplo: a dureza de um material não é essencialmente agressiva,mas determina sempre alguma lesão quando entra em contato maisou menos violento com a pessoa. O mesmo se pode dizer do pesode objetos; o peso, em si, não constitui agressividade, mas é um fator

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92 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

que aliado à dureza do objeto, determina ferimentos ao cair sobreas pessoas.

Arestas cortantes e superfícies abrasivas, são também caracterís-ticas agressivas que, como outras, podem ser catalogadas como riscosinerentes ao trabalho. Todavia, esses se constituirão em condiçõesinseguras, quando, pela má disposição ou localização, e pela faltade protetores reconhecidamente necessários, comprometam a segu-rança do pessoal.

b. Condições Inseguras

É muito importante descobrir se uma ou mais condições inse-guras contribuíram para a ocorrência. Não é necessário apontar acondição insegura logo em seguida ao conhecimento do agente dálesão. A ordem não interessa. É necessário que durante a investigaçãose apure a existência ou não de condição insegura na ocasião do aci-dente.

Em muitos casos não existem condições inseguras, ern outroselas saltam aos olhos de tão evidentes e, cm outros ainda, cias são dedifícil identificação. Convém, no entanto, nunca confundir uma con-dição insegura com um risco inerente ao trabalho como já foi escla-recido no capítulo 5 e no tópico anterior.

Apenas para consolidar a ideia a respeito das condições insegurase a fim de fornecer um guia para a investigação, segue a relação dascondições inseguras mais comumente encontradas e que servem dereferência para a investigação mais profunda:

Falta de proteção em máquinas c equipamentosProteções inadequadas ou defeituosasDeficiência em maquinaria e ferramentalMá arrumaçãoEscassez de espaçoPassagens perigosasDefeitos nas edificaçõesInstalações elétricas inadequadas ou defeituosasIluminação inadequadaVentilação inadequadaCondições insalubres (que não se relacionam com ventilaçãoou iluminação)Falta de protetores individuaisOutras

FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES 93

A condição insegura que for observada deve ser registrada, poisirá pesar bastante na conclusão do relatório, que se constitui nasrecomendações necessárias para que acidentes semelhantes sejam pre-venidos.

ATOS INSEGUROS

O ato inseguro praticado pela vítima é 'quase sempre mais evi-dente e mais facilmente identificado quando se investigam as causasde um acidente. Ê muito importante a identificação correta do atoinseguro, principalmente para a conclusão final do relatório cujosobjetivos foram citados acima.

Um particular, no entanto, deve-se ter em mente: às vezes, queminvestiga um acidente se dá por satisfeito ao identificar o ato inseguroe procura determinar suas conclusões baseado somente neste fatof,o que leva, muitas vezes, a uma conclusão apenas parcial, se nãototalmente falha. A conclusão de Heinrich e de outros autores sobrea predominância evidente dos fatôres pessoais na ocorrência de aci-dentes do trabalho é um fato comprovado; mas, quem deseja inves-tigar para chegar à melhor conclusão sôbii as causas dos acidentes,não deve se apaixonar muito por essa afirmativa e sim analisar deti-damente também as causas materiais.

Os atos inseguros mais comumente praticados e que, por con-seguinte, aparecem nos relatórios de acidentes com mais frequência,são aqueles já comentados no capítulo 4 e que vão a seguir rela-cionados :

Ficar junto ou sob cargas suspensasColocar pane do corpo em lugar perigosoUsar máquinas sem habilitação ou permissãoImprimir excesso de velocidade ou sobrecargaLubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimentoImprovisação ou mau emprego de ferramentas manuaisInutilização de dispositivos de segurançaNão usar as proteções individuaisUso de roupas inadequadas e acessórios desnecessáriosManipulação incorreta de produtos químicosTransportar ou empilhar inseguramenteFumar e usar chamas em lugares indevidosTentativa de ganhar tempoBrincadeiras e. exibicionismo

Nas investigações, convém sempre lembrar que a prática dessesatos, consciente ou inconscientemente, é sempre um ato inseguro.

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94 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

ACIDENTE-TIPO

A expressão "acidente-tipo" está consagrada no meio jurídicocomo definição do infortúnio do trabalho originado por causa violenta.Neste livro, ela é empregada para definir a maneira como as pessoassofrem a lesão, isto é, como se dá o contato entre a pessoa e o agentelesivo, seja este contato violento ou não.

A classificação usual estabelece dez acidentes-tipo:

Batida contra...: a pessoa bate ocorpo ou parte do corpo contraobstáculos. Isto ocorre com maisfrequência nos movimentos brus-cos, descoordenados ou imprevis-tos, quando predomina o ato inse-guro ou, mesmo nos movimentosnormais, quando há condições in-seguras, tais como coisas fora dolugar, má arrumação, pouco es-paço etc. Como se pode ver poresse primeiro exemplo, o conhe-cimento' do acidente-tipo é umcaminho que facilita a identifica-ção dos atos ou condições inse-guras.

Batida por.. . : nestes casos apessoa não bate contra, mas so-fre batidas de objetos, peças demáquinas, material quente etc.A pessoa é ferida, às vezes, porcolocar-se em lugar perigoso oupor não usar equipamento ade-quado de proteção e, outras vezes,por não haver protetores queisolem as partes perigosas dosequipamentos ou que retenhamnas fontes os estilhaços e outroselementos agressivos.

Excluem-se desse tipo deacidentes os de quedas verticaisde objetos; nesses casos a classi-ficação é queda-de objetos.

Queda da pessoa: a pessoa so-fre a lesão ao bater contra qual-quer obstáculo, aparentementecomo no segundo acidente-tipo,classificado como batida con-tra. .. O acidente em si, isto é,a ocorrência que leva a pessoa,nestes casos, a bater contra algu-ma coisa é específica, assim co-mo o são também os meios pre-ventivos. A pessoa cai por es-corregar ou por tropeçar, duasocorrências, quase sempre decondições inseguras evidentes,cai por se desequilibrar, pelaquebra de escadas ou andaimese, muitas vezes simplesmenteabuso do risco que sabe existir.

FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES

Prensagen entre. . .: é quando apessoa tem uma parte do corpoprensada entre um objeto fixo eum móvel ou entre dois objetosmóveis. Ocorre com relativafrequência devido a ato inseguropraticado no manuseio de peças,embalagens et c., e, também, de-vido ao fato de se colocar oudescansar as mãos em pontosperigosos de equipamentos. Aprevenção desse acidente-tipo,assim como dos dois exempli-ficados anteriormente, 'além dedispositivos de segurança dosequipamentos, requer, dos tra-balhadores, muitas instrução eresponsabilidade no que dizrespeito às regras de segurança.

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96 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Queda de objetos: esses são oscasos em que a pessoa é atingi-da por objetos que caem. Essasquedas podem ocorrer das mãos,dos braços ou do ombro da pes-soa, ou de qualquer lugar em queesteja o objeto apoiado — geral-mente mal apoiado.

Embora nesses casos a pessoaseja batida por. . . como no pri-meiro exemplo apresentado, aclassificação é à parte, pois aação do agente da lesão é dife-rente das demais — queda pelaação da gravidade e não aremês-so — e as medidas de prevençãotambém são específicas.

Duas quedas se distinguem: a pessoa cai no mesmo nível emque se encontra ou em nível inferior. Em alguns casos, para estudosmais acurados desdobra-se esse acidente-tipo nos dois acima citados.Porém, onde há pouca possibilidade de ocorrer quedas de níveis di-ferentes, esse desdobramento é dispensável, pois trará mais trabalhodo que resultado compensador.

Esforço excessivo ou "mau jeito".nesses casos, a pessoa não é atin-gida por determinado agente le-sivo; lesões com distensão lom-bar, lesões na espinha etc., de-correm da má posição do corpo,do movimento brusco em máscondições, ou do super esforçoempregado, principalmente na es-pinha e região lombar. Muito sefala, se escreve e se orienta sobreos métodos corretos de levantare transportar manualmente volu-mes e materiais e, por mais quese tenha feito, sempre será ne-cessário renovar as instruções einsistir nas práticas seguras paraevitar esse acidente-tipo.

FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES 97

Exposição a temperaturas extre-mas: são os casos em que apessoa se expõe a temperaturasmuito altas ou baixas, quer sejamambientais ou radiantes, sofrendoas consequências de alguma lesãoou mesmo de uma doença ocupa-cional. Prostração térmica, quei-maduras por raios de solda elétricae outros efeitos lesivos imediatos,sem que a pessoa tenha tido con-tato direto com a fonte de tem-peratura extrema, são exemplosdesse acidente-tipo.

Contato com produtos químicosagressivos; a pessoa sofre lesãopela aspiração ou ingestão dosprodutos ou pelo simples contatoda pele com os mesmos. Incluem-se também os contatos com pro-dutos que apenas causam efeitosalérgicos. São muitos os casosque ocorrem devido à falta ou mácondição de equipamentos desti-nados à manipulação segura dosprodutos agressivos, ou à falta desuficiente conhecimento do perigo,ou, ainda, por confusão entreprodutos. A falta de ventilaçãoadequada é responsável por mui-tas doenças ocupacionais causa-das por produtos químicos. f

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98 PRATICA DA. PREVENÇÃO BE ACIPENTES

Contato com eletrícidade: as le-sões podem ser provocadas porcontato direto com fios ou outrospontos carregados de energia, oucom arco voltaico. O contato coma corrente elétrica, no', trabalho,sempre é perigoso. Os aciden-tes-tipo de contato com eletrici-dade são potencialmente maisgraves, pois o risco de vida quasesempre está presente. Muitos ca-sos ocorrem por erros ou falta deproteção adequada, mas, umagrande percentagem deve-se aoabuso e à negligência.

Outros acidentes-ripo: como é fácil notar, alguns dos tipcs relacio-nados agrupam acidentes semelhantes mas que poderiam ser conside-rados, individualmente, um acidente-tipo. Ê lícito um desdobramentodesde que seja vantajoso para o estudo que se propõe efetuar, cujoobjetivo deve ser uma prevenção sempre mais positiva dos acidentes.

O tipo queda da pessoa poderá^ser subdividido, como já foi expli-cado. Isto naturalmente será vantajoso em empresas com trabalhos emvários níveis, como na construção civil.

Numa indústria química, certamente será útil desdobrar o tipoque se refere a contado com produtos químicos agressivos; por outrolado, em outro género de indústria o resultado desse desdobramentopoderá não compensar. Num armazém de carga e descarga com muitotrabalho manual, poderá ser vantajoso subdividir o tipo esforço exces-sivo ou "mau jeito" e, numa empresa de instalações elétricas certamenteserá vantajoso desdobrar o tipo contato com eletrícidade.

Além dos citados, existem outros tipos menos comuns, que pelamenor incidência não requerem uma classificação específica. Elespodem ser identificados por não se enquadrarem em nenhum dosacidentes-tipos aqui relacionados.

Mais uma vez, é bom lembrar que a classificação aqui propostabaseia-se na maneira pela qual a pessoa sofre a lesão, ou entra emcontato com o agente lesivo, e nada tem a ver com a ocorrência físicado ambiente — acidente-meio — e nem com o género ou extensãodas lesões.

Um mesmo acidente-meio pode causar diferentes acidentes-tipãNuma explosão, uma pessoa poderá ser batida por algum estilhaço,

FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES 99

outra poderá sofrer uma queda, outra ainda poderá ser atingida poruma onda de calor. Portanto, o acidente-tipo referido neste livroestá bem caracterizado, desde a sua definição até à sua interpretaçãona prática.

A classificação será, eventualmente, um pouco difícil nos casosem que o acidente puder, aparentemente, pertencer a dois tipos. Porém,conhecendo-se bem os pontos importantes para a classificação nãohaverá qualquer dificuldade. Por exemplo: uma pessoa recebe contrao corpo respingos de ácido e sofre queimaduras; o acidente-tipo é"contato com produto químico" e não batida por..., pois o quedeterminou a lesão não foi o impacto, mas sim a agressividade químicado agente. Uma pessoa recebe um choque que a faz cair e bater coma cabeça no chão; sofre um ferimento; se o ferimento foi só devidoà queda, o tipo é queda da pessoa; se, eventualmente, sofresse tambémlesão de origem elétrica teriam ocorrido dois acidentes-tipo e o casodeveria ser assim registrado.

"Em alguns casos, apesar de todo o cuidado, poderá restar algumadúvida, pelo fato de a classificação proposta ser apenas genérica.Porém, para ganhar tempo, ou melhor, para não desperdiçar tempoem detalhes que podem não compensar o esforço e o tempo despen-didos em sua análise, é preferível optar pela generalidade e dentrodela dar a devida atenção aos fatos específicos de destaque que possamservir para a conclusão geral do relatório — que é o objetivo visado —,isto é, o que fazer para prevenir novas ocorrências.

FATÔRES PESSOAIS

Os fatôres pessoais, ou seja, as falhas inerentes à pessoa como talou como profissional, dão origem a atos inseguros que, em muitoscasos, também criam condições inseguras ou permitem que elas con-tinuem existindo. Embora os principais fatôres -tenham sido comen-tados no capítulo 4, vão novamente aqui relacionados, pois, sendoelementos de valor para a conclusão final, devem ser apurados eanotados no relatório de acidentes. Em muitos casos, a indicação dofator pessoal pode ser um tanto subjetiva, mas, no cômputo geral dasinvestigações processadas, e para fins de estudo, essas indicações serãosempre muito úteis. Os fatôres pessoais predominantes, já citados são:

Desconhecimento dos riscos de acidentesTreinamento inadequadoFalta de aptidão ou interesse pelo trabalhoExcesso de confiançaAtitudes imprópriasIncapacidade física para o trabalho .,,..**

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100 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

MEDIDAS PARA PREVENIR NOVAS OCORRÊNCIAS

Neste ponto, dá-se a conclusão do relatório. Este é o objetivo dainvestigação dos acidentes; indicar as medidas que deverão ser tomadaspara prevenir outras ocorrências semelhantes. E como se chega aessa conclusão? E como atinar com a medida correta?

Notem os leitores que no relatório do acidente são registradosdados de ordem pessoal, material, profissional etc., que são facilmentecoligidos e que indicarão automaticamente as medidas a serem tomadas,desde, que bem analisados e correlacionados. Outros dados são, àsvezes, incluídos nos relatórios, mas não têm valor prático para aconclusão final do relatório, que é o objetivo da investigação.

Tendo-se chegado à conclusão das medidas que devem ser toma-das, é necessário colocá-las em prática através dos setores competentes:engenharia, manutenção, treinamento etc. A supervisão responsávelpela área que será beneficiada é quem deve ser acioriada, quem temo dever de requerer os meios recomendados, seguindo os procedimentosda empresa. Ao serviço de segurança cabe assistir, acompanhar todoo processo até à sua execução e, finalmente, quando estiver concluído,aprová-lo.

Neste ponto termina o ciclo da investigação de acidentes. Nãoimporta o quanto vai demorar a execução desta ou daquela medida;o serviço de segurança deve manter controle e acompanhar os pro-cessos em andamento até que sejam concluídos, tomando, nesse inter-valo, algumas medidas intermediárias cabíveis.

O que é muito importante e não pode ser esquecido é que quandose recomenda certa medida, em decorrência da investigação de umacidente, essa mesma medida deve ser estendida a todas as outrascondições semelhantes que possam existir na empresa. Assim tira-serealmente proveito das investigações, em benefício da prevenção de-acidentes. Além dessa, outra boa lembrança é que as investigações,como já foi dito, indicam novos caminhos para as inspeções de segu-rança, que serão comentadas no próximo capítulo. •

CONTROLE ESTATÍSTICO DE ACIDENTES

O controle estatístico dos acidentes e de outros dados importantes,coligidos nas investigações, é tão importante quanto os demais con-troles mantidos pela empresa, tais como o de qualidade, o de estoque,o de custo etc. Esse controle complementa as investigações dos aci-dentes no que diz respeito aos estudos globais dos problemas desegurança, à avaliação do progresso em cada área, além de fornecer

FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES 101

elementos que indicam caminhos a serem seguidos e medidas a seremtomadas, em prol da melhoria dos métodos de segurança do trabalho.

Os dados da investigação de acidentes, quando corretamentecompilados, mantidos em registro e dispostos em estatísticas podem:

• criar motivação favorável do pessoal se forem bem aproveitadospara divulgação.

• determinar as principais fontes de acidentes e as que requeremação prioritária.

• servir para julgamento da eficiência ou deficiência do programa.• apontar falhas que os casos isolados não revelariam.

Um bom registro de dados depende de vários setores de atívidade,tais como Serviço Médico, Supervisão da pessoa acidentada, Serviçode Segurança, Apontadoria ou Controle de horas e outros, dependendodos tipos de controle que se queira pôr em prática.

Não são necessárias estatísticas sofisticadas; dados simples eobjetivos dão melhores resultados, pois são mais fáceis de sereminterpretados por todos que deles devera tomar conhecimento.

Certo controle é imposto pela legislação, que requer' o cálculomensal dos coeficientes de frequência e de gravidade dos acidentes,de acordo com norma brasileira existente, que deve ser consultada eseguida pelos interessados.

Nos cálculos acima citados são computados somente .os acidentescom afastamento, isto é, os casos cujas lesões • impedem a vítima detrabalhar pelo menos por um dia. O conceito de afastamento, assimcomo outros, também deve ser o que consta na norma brasileiraaprovada. Entretanto, esse controle é pouco para se ter todas as infor-mações que são úteis à prevenção dos acidentes. Algumas conside-rações sobre outros controles serão feitas mais adiante.

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102 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

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Exemplos de controles estatísticos.

Coeficiente de Freç;ência"(CF)

A fórmula para esse cálculo é a seguinte:

N.° de acidentes x 1.000.000CF =

horas/homens trabalhadas

FONTES DE INFORMAÇÕES — INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES 103

Esse cálculo se faz mensalmente e se mantém o acumulativo doano tanto para os dados gerais da empresa como para os setores dadivisão da área total da empresa para esse fim. Essas áreas podemser fisicamente traçadas na planta da empresa ou consideradas deacordo com as atividades exercidas. Por exemplo, um setor de trans-portes, de manutenção, e outros, não possuem área de atividadesdelimitadas por quatro linhas. No caso, são consideradas áreas segundosuas atividades.

O resultado do cálculo é sempre o número de acidentes na cons-tante um milhão de horas/homens trabalhadas, o que .possibilita acomparação entre áreas com número de trabalhadores e de horastrabalhadas diferentes.

Coeficiente de Gravidade (CG)

É a seguinte a fórmula para o cálculo acima:

(N.° de dias perdidos + dias debitados) 1.000.000CG =

horas/homens trabalhadas

Nesse cálculo a gravidade aparece em relação aos dias perdidospelos acidentados, considerados dias de incapacidade para o exercíciodo trabalho, e aos dias debitados, que são dias computados em casosde lesões que causam incapacidade parcial ou total permanente, oua morte da vítima. Tabela e instrução para esse cômputo encontram-sena norma brasileira já citada e na legislação específica.

OUTROS CONTROLES

Para estudos dos acidentes com o fim de criar subsídios para asua prevenção, estes cálculos não são suficientes. Todos os dadoscoligidos nos relatórios de investigação de acidentes podem ser regis-trados e dispostos de maneira a facilitar a consulta em qualqueroportunidade. Os dados poderão ser usados como motivação à pre-venção de acidentes, além de fornecerem informações que conduzirãoos interessados a tomarem as medidas adequadas e, no momentooportuno, para correção ou melhoria das condições existentes.

Esses registros, quer em forma simples ou de gráfico, não devemser preparados somente para engrossar arquivos ou para enfeitar qua-dros e paredes. Devem, isso sim, ser usados para trazerem resultadospráticos compensadores. Os dados devem ser apresentados sem emenda

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104 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

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ou subterfúgio, devem ser frios como os números que os representam,claros para que sejam facilmente entendidos, e simples, para que omaior número de informações possam ser prestadas no menor númerode páginas possível.

RESUMO

• A investigação de acidentes, quando bem conduzida, é umadas boas fontes de informação para a segurança do trabalho.

• Os acidentes que mais interessa investigar são os que causamlesões às pessoas.

• Alguns erros de interpretação e de avaliação não permitemque muitas pessoas reconheçam todas as vantagens das investigaçõesde acidentes.

• As investigações de acidentes devem ser processadas emseu ciclo completo, isto é, desde as primeiras informações da ocor-rência até a tomada de medidas para prevenir outras ocorrênciassemelhantes.

• O relatório da investigação deve ser feito em formulárioprático de ser preenchido, com todos os dados que possam servirde subsídio à segurança do trabalho.

• As investigações devem se iniciar com as informações sobreas lesões, fornecidas pelo serviço médico e, também com algumaspalavras trocadas com o acidentado.

• Além de dados pessoais e profissionais relativos ao aciden-tado, dados relativos à lesão sofrida e outros que identifiquem local,hora etc., do acidente, devem constar do relatório as causas apuradase, o que é mais importante, também, as medidas tomadas paraprevenir outros casos semelhantes.

• Controles estatísticos dos acidentes devem ser mantidos, depreferência simples e com todos os dados capazes de proporcionarmotivação para a prática da prevenção de acidentes.

• O cálculo dos coeficientes de frequência e de gravidade dosacidentes, segundo normas existentes, é obrigatório por lei.

• Para resultados mais positivos, é necessário ir além doscálculos de frequência e gravidade, pois esses fornecem poucoselementos para se chegar a alguma conclusão sobre medidas que aprevenção de acidentes esteja necessitando.

7FONTES DE INFORMAÇÃO

INSPEÇÀO DE SEGURANÇA

As ínspeções de segurança compõem a outra grande fonte deinformações que auxilia na determinação de medidas de segurança queprevinem os acidentes do trabalho. Como as investigações de acidentes,também as inspeções devem ser aplicadas em toda a extensão paraproporcionar resultados compensadores; isto envolve uma série deprovidências imediatas e desencadeia outras paralelas para se ter com-pleto o ciclo das inspeções de segurança.

Quando bem processadas e envolvendo todos os que devemassumir sua parte de responsabilidade, as inspeções atingem os seguintesobjetivos:

• possibilitam a determinação de meios preventivos antes daocorrência de acidentes.

• ajudam a fixar nos empregados a mentalidade da segurança dotrabalho e da higiene industrial.

• encorajam os próprios empregados a agirem como inspetor desegurança no seu serviço.

• melhoram o entrelaçamento entre o serviço de segurança e osdemais setores da empresa.

• divulgam e consolidam nos empregados o interesse da empresapela segurança do trabalho.

• despertam nos empregados a necessária confiança na adminis-tração e angariam a colaboração de todos para a prevenção deacidentes.

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INSPEÇÃO REALIZADA EM

DEPARTAMENTO INSPECIONADO

'FICHA DE INSPEÇÃO GERAL DE SEGURANÇA

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ITENS SUBMETIDOS Â INSPEÇÃOPARTICIPANTES

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108 PRÁTIC.V DA PREVENÇÃO DE ACIDENTESFONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÃO DE SEGURANÇA. 109

rança com a supervição feita através de um programa bem delineado.O inspetor deve compreender que, num verdadeiro programa de se-gurança, as inspeções que ele faz são suplementares às inspeções deresponsabilidade da supervisão e de outros.

Nas inspeções que efetua, o inspetor de segur^iça deve verificartudo, sem ser necessariamente especialista ou conhecedor profundo detudo. Isto porque, ele verifica nessas inspeções apenas os aspectos desegurança, isto é, os riscos de acidentes e para isso deve estar habilitado.As inspeções de rotina visam — não importa quem as faça — adescoberta dos riscos comuns, já conhecidos e mais elementares, tantosob o ponto de vista material como pessoal. Exemplos desses riscossão: falta de protetores em máquinas; protetores danificados, fun-cionando mal ou mal usados; desordem, desarramação, disposição demateriais de maneira perigosa; uso de equipamentos de forma insegura;falta ou uso inadequado de equipamentos de proteção individual;atitudes inseguras etc.

O inspetor deve registrar as inspeções em formulários práticos deserem preenchidos, de modo a facilitar as seguintes comunicações:

• à supervisão da área que deve tomar a iniciativa da correçãodo fato apontado;

• à gerência para tomar conhecimento e autorizar a execuçãoquando necessário;

• a alguém mais que possa interessar;• uma cópia para o inspetor que, a partir daí, deverá fazer o

acompanhamento e assessoramemo necessários até a finalizaçãodo ciclo da sua inspeção que é a complementação da correçãorecomendada.

Supervisores

Os supervisores fazem inspeções de segurança no desempenho deseus serviços de rotina. Às vezes eles fazem inspeções sem se aperce-berem, em essência, do que é a segurança do trabalho. Num programade segurança em que os supervisores têm bem definidas suas atribuiçõese lhes é dado a conhecer o que realmente significa prevenir acidentesdo trabalho, o seu serviço de rotina rende muito mais e, o que fazemem prol da segurança reverte em favor da quantidade, da qualidade, docusto e dos prazos referentes aos trabalhos que dirigem. Toda vezque um supervisor descobrir alguma irregularidade em suas obser-vações de rotina, ele deve tomar a iniciativa para solucioná-la e deverecorrer ao serviço de segurança sempre que necessitar de assessora-mento.

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110 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÁO CE SEGURANÇA 111.v

Trabalhadores

Muitas inspeções de segurança, de rotina, podem e devem seratribuídas a trabalhadores de diversas especialidades. Ou melhor, ostrabalhadores devem ser treinados e habituados a inspecionarem roti-neiramente suas ferramentas, seus equipamentos e máquinas a fim dedescobrir qualquer irregularidade que, corrigida, evite o desagrado deum acidente. Os trabalhadores devem receber de seus supervisoresinformações sobre o que e como inspecionar, principalmente visual eauditivamente, e como agir quando notarem qualquer irregularidade.

Pessoal de Manutenção

O pessoal de manutenção preventiva faz, muitas vezes sem osaber, em suas vistorias de rotina, aquilo que é realmente inspeçãode segurança. Embora muitas vezes visem somente à segurança dosequipamentos, em muitos casos previnem também acidentes pessoais.Este é mais um exemplo a recomendar que todos devem saber inter-pretar e identificar os acidentes do trabalho em toda a sua extensão.

Membros da CEPA

Muitas vezes- se dá ao membro da CIPA alguma atribuição relativaa inspeções de segurança. Estes, muitas vezes, têm essa atribuiçãolimitada pelo seu tipo de atividade e não podem fazer muito maisque um outro empregado, bem orientado. No entanto, eles, que sãorepresentantes dos demais empregados, têm mais responsabilidade edevem ser devidamente instruídos sobre como agir na parte que lhesfor designada nas inspsções de segurança. Nas empresas que possuemserviço de segurança, onde a CIPA é órgão colaborador, os seusmembros devem ser colaboradores diretos da supervisão e assumir asatribuições que esta lhes delegar.

Enfim, bem orientados, são muitos os que podem participar ativa-mente das inspeções rotineiras de segurança.

Inspeções Periódicas

Estas são inspeções de segurança efetuadas a intervalos regularesde acordo com programa previamente estabelecido para cada caso.Embora devam ser programadas e executadas em cooperação com oserviço de segurança da empresa, via de regra são pessoas especiali-

zadas da manutenção, engenharia ou de outros setores que as efetuam.Às vezes essas inspeções são efetuadas sem que façam parte, oficial-mente, do programa de segurança. Nesses casos, nem sempre se emitemrelatórios, e o serviço de segurança fica à margem dos resultados, oque é prejudicial e corrompe o sentido de equipe que obrigatoriamentedeve nortear toda a segurança da empresa.

As inspeções periódicas visam a apontar riscos previstos, isto é,que podem surgir de quando em quando devido a desgastes, fadigas,super-esfôrço e exposição a certas agressividades do ambiente a quesão submetidas máquinas, ferramentas, instalações, etc. Se a empresa,eventualmente, não possuir pessoas especializadas para efetuá-las,poderá recorrer a entidades e laboratórios especializados no assuntoe mesmo ao fabricante dos equipamentos a serem inspecionados,

Inspeções periódicas obrigatórias por lei

Algumas inspeções são obrigatórias por lei e, certamente, outraso serão no futuro. Dentre essas podem ser citadas as dos extintoresportáteis e outros equipamentos de combate a incêndio, as caldeiras,os elevadores etc. Além de algumas inspeções reguladas por normas"ABNT", muitas outras são apenas citadas em artigos das leis daprevenção de acidentes.

Mesmo sem padrão estabelecido em normas ou dispositivo legal,muitos equipamentos requerem inspeções periódicas, cujos intervalosdevem obedecer instruções do fabricante ou mesmo a experiência daspessoas responsáveis.

Inspeções periódicas e de rotina

Em certos casos que requerem inspeções periódicas rigorosasconvém, para maior margem de segurança, estabelecer um regime deinspeções de rotina nos intervalos. Essas podem ser feitas pelossupervisores ou pelos próprios trabalhadores envolvidos, desde quesuficientemente instruídos e cônscios de suas responsabilidades. Comoexemplo de equipamentos para esse regime de inspeção podem-secitar: cordas, correntes e cabos de aço submetidos a esforço de tração;escadas portáteis; ferramentas manuais e elétricas; peças e dispositivosvitais de máquinas incluindo os dispositivos de segurança. Os traba-lhadores devem receber instruções de como observar e identificarqualquer irregularidade, e comunicá-las aos superiores independente-mente das inspeções periódicas rigorosas que se realizam.

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112 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÃO DE SEGURANÇA 113

Inspeções eventuais

Essas são as inspeções que se fazem esporadicamente sem dia ouperíodo estabelecido. Geralmente é o inspetor de segurança quem asefetua, juntamente com outros técnicos: com um eletricista ou enge-nheiro eletrônico, para vistoriar equipamentos ou instalações elétricasde determinado setor; com o responsável pela manutenção para vistoriarequipamentos mecânicos, hidráulicos etc., que não estão sujeitos ainspeções periódicas; com o médico para vistoriar o aspecto sanitárioe salubre de certos ambientes; com a pessoa competente quando aocorrência de acidentes recomenda inspeções em outras áreas. Nessasinspeções o inspetor de segurança deve registrar tudo como nas ius-peções de rotina.

Inspeções oficiais

São essas as inspeções efetuadas pelos órgãos governamentais dotrabalho ou securitários. Para esses casos é muito importante que osserviços de segurança mantenham controle cie tudo o que ocorre edo andamento de tudo o que estiver pendente c que estejam realmenteem condições de atender e informar devidamente a fiscalização.

Inspeções especiais

Inspeções especiais são as que requerem conhecimentos e/ouaparelhos especializados. As pesquisas de ambiente para determinaçãoda existência ou não de condições insalubres podem ser consideradasinspeções especiais, eventuais ou periódicas, conforme o caso. Asinspeções periódicas de caldeiras, de elevadores etc., são tambémespeciais; outras que podem se fazer nos intervalos já não serãoespeciais. A análise de risco, que é a maneira especializada de iden-tificar os riscos de qualquer atividade, é também uma forma deinspeção especial, pois, como as demais, visa a descobrir riscos àintegridade física e saúde dos trabalhadores e riscos aos próprios equi-pamentos e instalações.

CICLO COMPLETO DAS INSPEÇÕES DE SEGURANÇA

Embora as inspeções efetuadas pelos inspetores de segurançasejam em suplementação às de responsabilidade dos supervisores, elas

devem ser formalizadas e completar determinado ciclo para que sejamcorreias. Este ciclo se compõe de cinco fases:

• Observação: saber observar o que se pretende ver é de funda-mental importância. Tudo deve ser observado, tanto do ladomaterial como humano, tendo sempre em mente os dados já conhe-cidos e a experiência do dia a dia; não se deve ostentar atitude desuperioridade e nem dar a esse trabalho o caráter de espionagem.A habilidade de descobrir falhas por meio da observação é a melhormaneira de se conduzir para obter a necessária colaboração dequem quer que seja. O sucesso depende muito do procedimento decada um e do empenho que fizer para se sair bem; isso não seaprende apenas lendo, mas praticando.

• Informação: o inspetor deve comunicar qualquer irregularidadeao responsável pela atividade onde ela foi observada. A informaçãoimediata, mesmo verbal, pode abreviar o processo de solução doproblema, com a aplicação de medidas que se anteciparão a ocor-rências desagradáveis. O inspetor não deve, sempre que possível,deixar para depois. Deve informar o supervisor, mostrar-lhe airregularidade e discutir na hora, se for o caso, qual a melhormedida a ser tomada. Depois, registrar a observação da inspeçãoa fim de documentá-la.

• Registro: os itens observados nas inspeções devem ser re-gistrados em formulário especial — relatório de inspeção ou outronome que lhe quiserem dar. Desse registro devem constar: o quefoi observado; o local onde foi observado, de modo a facilitar alocalização geográfica da irregularidade dentro da empresa; a reco-mendação do que se espera seja feito e alguma sugestão, se foroportuna. De uma inspeção sem registro dos fatos nem sempre sepode esperar um bom resultado, pois se torna difícil encaminharas reivindicações e acompanhar o seu desenvolvimento.

• Encaminhamento: os registros das inspeções não são para finsestatísticos e nem para censurar este ou aquele setor ou indivíduo.São para possibilitar o encaminhamento quer seja de um pedidode reparo, de uma solicitação de compra etc. Cada organizaçãopossui seus procedimentos próprios para ordem de serviço, pedidosde modificações etc. Esses mesmos procedimentos devem ser obser-vados quando se trata de casos de segurança do trabalho. O relatóriode inspeção, quando parte do inspetor de segurança, é o documentoinicial que desencadeia todo o processo de atendimento, que é

particular em cada empresa.

• Acompanhamento: após o registro feito e encaminhado, restaao inspetor de segurança acompanhar o processo até à execuçãofinal. Não importa o tempo que cada item demanda; o acompa-nhamento deve ser feito, pois o serviço de segurança não podeperder de vista qualquer proposta ou sugestão para resolver pro-blemas de segurança, mesmo que não haja tempo previsto para asolução final. Do acompanhamento faz parte o assessoramento que

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114 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

o inspeíor deve dar aos órgãos técnicos que executarão os trabalhoscorretivos, de modo que sejam tomadas as medidas certas da maneiramais vantajosa possível. ,. • •

As cinco fases que completam o ciclo das inspeções de segurançaefetivamente processadas procuram dar perfeito controle da situação,desde a observação inicial até o fim, quando se esperam resultadosfavoráveis. Os métodos e formulários podem variar um pouco, mas,de um modo geral, não podem fugk muito do ciclo proposto, quandose processam realmente inspeções de segurança.

ANÁLISE DF. RISCOS

A análise de riscos é uma modalidade de inspeção de segurança.Com características próprias e exigindo técnicas específicas, pode serconsiderada um método avançado de inspeção de segurança, isto é,de descobrir riscos desconhecidos até então, e de levantar suspeitasobre outros que poderão exigir alguma inspeção especial para umlaudo final.'

O desenvolvimento da análise indica as medidas corretivas dosriscos que podem ser descobertos e, ao mesmo tempo, prepara todosos elementos para elaboração de regras de segurança para a operaçãosubmetida à análise.

Uma pessoa que conheça razoavelmente segurança do trabalhopode analisar corretamente o trabalho para levantamento de riscos,após receber noções do método e curto período de treinamento. Aanálise é feita em cada operação individualmente.

É necessário um estudo preliminar do trabalho e determinar umponto distinto a ser considerado como o início do ciclo da operação.E preferível que esse ponto seja um que envolva direta e distintamentea pessoa, tal como: pegar a peça com as mãos, acionar a alavanca etc.A partir do ponto tomado como início, a operação deve ser divididaem seus elementos componentes. As diversas fases distintas da parti-cipação da pessoa devem, necessariamente, ser consideradas comoelementos separados. Cada elemento deve ser estudado individual-mente; devem ser anotados seus 'riscos e as medidas preventivascorrespondentes. Uma análise final dos registros'do'estudo permitedeterminar as medidas corretivas, se necessárias, e o método maisseguro de efetuar a operação.

Um exemplo poderá esclarecer melhor:Um trabalhador apanha uma peça de sobre um carrinho, coloca-a

sobre uma mesa, inspeciona visualmente todos os seus lados e emseguida, apanha novamente a mesma peça, anda alguns passos,levanta-a até a altura do ombro e a pendura no gancho do transpor-

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116 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

tador, voltando para iniciar novo ciclo. A descrição da operação jádeterminou o ponto a ser considerado como início, ou seja, quandoo trabalhador apanha a peça no carrinho. Passa-se, em seguida, adividir a operação, considerando seus elementos como já definidos.Os elementos seriam os seguintes:

Apanhar a peça ( ± 2 0 quilos) no carrinho e colocá-la sobrea mesa (nessa fase inicial já se deve conhecer o peso da peça).Movimentar a peça em todos os sentidos para inspecioná-la.Apanhar a peça andando 6 passos (os espaços percorridostambém são importantes).Elevar a peça até a altura do ombro o colocá-la no ganchodo transportador.Retornar para o carrinho.

1.°.

2.°.3.°.

4.°.

5.°.

São cinco elementos distintos pela participação ou movimentaçãodo trabalhador. Em todos eles pode ser observado um ponto exatode começo e finalização.

Feita a divisão, os elementos serão registrados na ordem crono-lógica na primeira coluna da folha de análise, cujo cabeçalho deveestar devidamente preenchido. Começa, então, n análise propriamentedita. Analisa-se elemento por elemento, estudando-se os riscos queapresentam ou poderão apresentar em caso de qualquer anormalidadeno transcurso da operação.

No primeiro elemento poderão ser observados um ou mais dosseguintes riscos:

• o carrinho poderá ser muito alto ou muito baixo de modo aexigir um esforço físico em posição desfavorável por parte dotrabalhador.

• as peças poderão estar mal empilhadas ou dispostas de maneirainsegura, apresentando perigo de caírem.

• as peças podem apresentar arestas ou rebarbas cortantes, seremescorregadias, estarem quentes, etc.

Qualquer das condições referidas representaria perigo para otrabalhador, e para todas elas haveria uma recomendação de segurançaa ser feita. Considerando que no primeiro elemento, os únicos riscosobservados são os das rebarbas cortantes e o da queda da peça durantea transferência do carrinho para a mesa, na segunda coluna da folhade análise seria, então, registrado o seguinte:

"Rebarbas cortantes; queda da peça", que foram os riscos encon-trados. Na terceira coluna registram-se as recomendações e meios quedeverão ser adotados contra os referidos riscos, que seriam os seguin-tes: "Usar luvas (especificar o tipo adequado) e segurar firmementea peça".

FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÃO DE SEGURANÇA 11?

No segundo elemento, ínspeção visual, continua o perigo dasrebarbas e, no manuseio da peça, os dedos poderão ficar prensadoscontra a mesa (deve-se lembrar que o peso da peça é de 20 quilos).Esses riscos serão então apontados para o segundo elemento na segundacoluna que corresponde aos riscos. Como recomendação continuariamo do uso das luvas e a da maneira correta de manusear a peça paraevitar prensamento dos dedos.

No terceiro elemento o trabalhador apanha a peça e anda seispassos com ela nas mãos até junto do transportador. Os riscos desteelemento são os mesmos do primeiro, agravados pela distância percor-rida pelo trabalhador, que neste caso é de seis passos. Os riscosregistrados serão os mesmos do primeiro elemento e as recomendaçõestambém se repetirão. '•

No quarto elemento continua o risco das rebarbas; a peça poderácair ao ser enganchada, admitindo-se que determinada posição docorpo do indivíduo é imprescindível para total segurança deste elementoda operação. Continuariam, então, os riscos das rebarbas e da quedada peça ao ser enganchada, além da possibilidade de lesão muscularpela posição incorreta do corpo. Seriam então registrados como riscos:"Rebarbas cortantes; queda da peça; esforço físico de maneirainsegura".

Como recomendações teríamos o uso de luvas que vemdesde o primeiro elemento; o posicionamento certo da peça no gancho,e a posição correta do corpo do trabalhador.

No quinto elemento consideremos que não há qualquer riscodigno de nota. No entanto, deverão ser anotadas a não existênciade riscos e de recomendações, nas colunas correspondentes.

Depois de preenchidas a folha pela análise criteriosa da operação,a que resultado se chega? Que vantagens apresenta para a prevençãode acidentes? Verifiquem os resultados. Na primeira coluna está aoperação dividida em seus elementos distintos. Esta divisão, além depossibilitar a análise pormenorizada da operação, vem revelar algosurpreendente quando são conhecidos casos de acidentes ocorridos naoperação que analisamos: quando ocorrem vários acidentes na mesmaoperação, é comum considerar-se a operação perigosa sem uma análisemais profunda; esta conclusão pode ser falha, pois, não raro, apenasum dos seus elementos, por ser irregularmente processado, compro-mete toda a segurança. Somente a análise de riscos poderá chegar aminúcias e recomendar, muitas vezes, medidas corretivas mais simplesdo que aquelas imaginadas antes.

Na segunda coluna estarão os perigos característicos de cadaelemento e o risco total da operação, o que, sem dúvida, possibilitaa determinação das recomendações finais na última coluna.

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118 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Na terceira coluna teremos o conjunto das medidas que deverãoser colocadas em prática, e informações suficientes para o estabeleci-mento das regras de segurança para a operação.

A análise é simples até esse ponto. A, maipria das operaçõestem aí o seu encerramento, mas, em alguns casos, deverá ir além.Cabe ao analista observar os riscos que podem ser eliminados ouneutralizados e os que requerem estudos particulares com relação àsmedidas que deverão ser tomadas.

Num caso como o da operação analisada, se o trabalhador estácom as mãos desprotegidas, a recomendação do uso de luvas adequadascorrigirá a falha, neutralizando a ação agressiva das rebarbas. Noentanto, nem todos os riscos serão assim facilmente evitados. Muitosrequerem estudos adicionais. Mesmo sendo o uso das luvas a medidamais recomendável, de imediato, poderá não ser a única a ser tomada.Neste caso, as peças chegavam com muitas rebarbas, à estação detrabalho onde deveriam ser manuseadas. Casos como esse devemdespertar a atenção do analista, que deve perguntar a si mesmo:"por que vêm com rebarbas?" "poderiam ser evitadas ou reduzidas?""como?" Com toda certeza, perguntas como essas levariam o analistaa concluir que a operação ou operações precedentes deveriam tersido estudadas antes. Aqui alguém poderá objetar e dizer: "é lógico,as operações devem ser estudadas na ordem em que são processadas".Nem sempre é necessário! Muitas vezes, ao analisar-se uma série deoperações em sua ordem de processamento, despende-se muito e pre-cioso tempo em operações simples de pouco perigo até chegar àquelascriticas, onde os próprios acidentes que ocorrem clamam por medidasde segurança corretas e imediatas.

As operações que são consideradas perigosas, simplesmente por-que nelas ocorrem mais acidentes, devem ter prioridade nas análisesde riscos, independentemente da posição que ocupam na ordem dofluxo operacional." No caso citado, as luvas resolveram de imediato um problema

; de segurança que existia; nesse mesmo caso formula-se a hipótese da^-necessidade de estudos nas operações precedentes. Após inspecionada

- a peça, o homem a leva nas mãos numa distância de seis passos."^É-áácil^concluk que, quanto maior a distância percorrida, maior éj^ -ptBbabilidade da peça cair das mãos do trabalhador e maior o"cansàço do indivíduo. Dutras perguntas poderão ser feitas. Porque? essa distância? Poderão, mesa e carrinho, ficar mais perto do trans-.-portador? Haverá qualquer inconveniente? Sob o aspecto segurança--seriam criados outros riscos?

Essas perguntas o analista, naturalmente, as fará para os elementospor ele sdecionados e sempre depois da conclusão da primeira análise,

FONTES DE INFORMAÇÕES — INSPEÇÃO DE SEGURANÇA

que é o estudo da operação da maneira como ela está sendo usual-mente executada.

Nos casos de, em face das recomendações feitas, alguns elementosserem alterados, o analista deverá proceder a outra análise após aalteração ter sido processada, para efeito comparativo e de avaliaçãodo que pode ser feito pelo serviço de segurança, quando técnica ecriteriosamente desenvolvido na indústria.

As conclusões das análises devem ser apresentadas aos super-visores, engenheiros e outras pessoas, para encaminhamento das me-didas recomendadas e para assinatura da folha de análise, a fim deque seja aprovada a condição aceita como satisfatória e as regrasestabelecidas segundo as recomendações da análise feita.

RESUMO

• As inspeções de segurança compõem outra grande fontede informações para determinação de medidas de segurança.

• As inpeções bem processadas determinam os meios pre-ventivos antes da ocorrência de acidentes; ajudam a desenvolver amentalidade de segurança; melhoram o entrelaçamento entre oserviço de segurança e demais setores da empresa e despertam nosempregados a confiança na administração.

• Inspeções gerais são as que se efetuam em ampla área daempresa, visando à segurança de um modo geral.

• Inspeções parciais são as que se limitam a certas atividadesou equipamentos ou a parte de um setor da empresa.

• De rotina são as inspeções mais comuns as quais são efe-tuadas tanto pelo inspetor de segurança, como pelos supervisores,pessoal de manutenção e mesmo por operadores de equipamentos,devidamente instruídos para tal.

• Inspeções periódicas são as que se efetuam em períodoestabelecido, para apontar riscos que surgem devido a desgaste,fadiga etc., de maquinaria, ferramental e .instalações.

• Algumas inspeções periódicas são obrigatórias por lei edevem ser do conhecimento dos serviços de segurança.

• Inspeções oficiais são as feitas pelos órgãos governamentaisdo trabalho e securitários.

• Inspeções especiais são as que requerem conhecimentos eaparelhos especializados para a sua execução.

• O ciclo completo das inspeções de segurança compõe-se decinco fases: Observação; Informação; Registro; Encaminhamento; eAcompanhamento.

• A análise de risco é uma modalidade de inspeção de segu-rança; é um método avançado de descobrir riscos conhecidos,desconhecidos e de levantar suspeita sobre a existência de outros.

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RECURSOS GENÉRICOS DASEGURANÇA DO TRABALHO

Nessa altura não é muito difícil concluir que é imprescindíveluma série de requisitos para a obtenção de sucesso na prevenção deacidentes do trabalho. Ê necessário reconhecer que:

• tais acidentes se previnem com a aplicação de medidas especí-ficas de segurança.

• o conceito dos principais fatôres que envolvem o assunto deveser correio.

• o serviço de segurança tem de ser devidamente organizado eas responsabilidades corretamente atribuídas.

• os acidentes do trabalho devem ser considerados e interpretadosem toda extensão e profundidade.

• os aspectos humanos e materiais devem ser reconhecidos indi-vidualmente e tratados em conjunto, da forma como se corre-lacionam.

• as causas de acidentes já reconhecidas devem ser catalogadaspara facilitar o desenvolvimento do programa estabelecido.

• as Investigações dos acidentes devem conduzir a medidas econclusões que beneficiem a segurança do trabalho.

• as inspeções de segurança, assim como as investigações de aci-dentes, devem constituir as principais fontes de informaçõessobre as medidas de segurança a serem tomadas ou aplicadasao trabalho. '' .,

Assim, para fechar o círculo da prevenção dos acidentes dotrabalho resta apenas selecionar a medida adequada que cada casorequer e estabelecer a maneira ,mais correta e proveitosa de colocá-laem prática.

Para melhor apresentar essas medidas, é necessário voltar à pri-meira página onde, como conceito geral da segurança do trabalho,

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122 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

está indicada a aplicação de medidas técnicas, educacionais, médicase psicológicas. O que será apresentado daqui em diante são os recursosdessas medidas gerais, a serem empregados com o fim de tornaros trabalhos seguros e, era consequência, prevenir a ocorrência deacidentes. V'"'-v-;'j

CONTEXTO GE ÍAL DAS MEDIDAS TÉCNICAS

Qualquer medida é sempre aplicada contra algum risco dos se-guintes grupos:

• Físico• Químico• BiológicoNos riscos físicos estão incluídos os riscos reconhecidos por fenó-

menos físicos tais como calor, ruído, vibrações etc., e os demais riscosfisicamente presentes nos locais de trabalho ou, como já foi dito,as condições inseguras.

Riscos químicos são aqueles cujos nomes já os identificam:agressividade dos produtos químicos e os perigos de sua manipulaçãoirregular.

Biológicos são os riscos proporcionados por vírus, bactérias,fungos etc., típicos de indústrias onde são parte do processo ou ondepodem se desenvolver devido às características dos produtos.

MEIOS GEPAIS DE PROTEÇÃO

Todas as medidas de segurança aplicadas ao ambiente visamproteger as pessoas por intermédio de uma das seguintes alternativas:

• Eliminando o risco• Isolando o riico• Sinalizando o risco

Eliminar o risco significa torná-lo definitivamente inexistente, o quepoucas vezes se consegue. Isto é conseguido nos seguintes casos:substituir-se um produto tóxico por um inócuo; substituir-se umamáquina cujo perigo não existe na substituta; etc. Consegue-se tam-bém por meio de reparos, corrigindo-se defeitos nos pisos, escadas etc.,corrigindo-se as falhas de máquinas, instalações etc.

Isolar o risco é a alternativa mais aplicada. A grande maioriados riscos são apenas isolados embora o método de isolamento muitas

RECURSOS GENÉRICOS DA. SEGURANÇA DO TRABALHO 123-

vezes isente as pessoas definitivamente do acidente. Por exemplo,muitas partes perigosas de máquinas, tais como engrenagens e correiassão isoladas por anteparos protetores mas nem por isso deixam deexistir; a corrente elétrica é um risco que não deixa de existir pelofato de serem isolados os fios, cabos e aparelhos; as característicasagressivas de um material corrosivo continuam existindo embora iso-ladas em recipientes adequados etc.

Sinalizar o risco é o recurso que se aplica quando não há possi-bilidade de se aplicar um dos dois anteriores. Não é usado emsubstituição a um dos dois, a não ser em caráter precário e temporário,enquanto se tomam as medidas definitivas. Exemplo de risco que sópode ser sinalizado, é a extremidade de um cais, cuja depressão nãopode ser eliminada e nem isolada; neste caso, uma faixa com listastransversais, em preto e laranja é pintada como advertência do perigo.

CARACTERÍSTICAS PESSOAIS

Em relação às pessoas, a segurança depende de:

• Educação• Estado de ânimo

• Estado físicoEm linhas gerais isto significa que, embora o ambiente esteja

satisfatoriamente apto, sob o ponto de vista técnico, a proporcionarsegurança, os três fatôres pessoais acima citados são de fundamentalimportância para que as medidas técnicas propiciem realmente asegurança que delas se espera.

A educação, tanto profissional como social, é muito importantepara o desempenho das atribuições, principalmente do trabalho emequipe. Nos planos de treinamento das empresas nunca deve faltaia segurança do trabalho como uma das matérias fundamentais.

O estado de ânimo também assume parte da responsabilidadepela segurança do trabalho. Quando este estado for negativo, quertemporário ou permanentemente, o portador estará mais propenso asofrer ou causar acidentes.

O estado físico satisfatório das pessoas com respeito à segurançado trabalho é aquele compatível com sua atividade. Portanto, a seleçãodo homem, fisicamente falando, em função da atividade que vaiexercer, é de fundamental importância tanto para o bom desenvolvi-mento como para a segurança do trabalho.

Esses três requisitos pessoais poderão ser conseguidos com:

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124 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

• Seleção adequada do pessoal• Treinamento e integração ao trabalho• Manutenção do estado físico e psicológico

Esses três tópicos pertencem a campos especializados — recru-tamento, treinamento e serviço médico — e não serão aqui tratados.No entanto, convém lembrar que a consecução satisfatória da pre-venção dos acidentes depende muito da participação desses serviçosque, obrigatoriamente, devem trabalhar em cooperação e estreitosentendimentos com o setor de segurança das empresas. Convémlembrar que na integração e treinamento o serviço de segurança temseu papel específico a desempenhar.

Voltando aos aspectos técnicos do ambiente em relação à segu-rança do trabalho, é necessário entender quais as melhores oportuni-dades para adoção das medidas, a fim de corrigir ou de não criarcondições inseguras. Essas oportunidades, na ordem de preferência,são:

• Nos projetos e instala-ções

• Após iniciada a atividade

• Depois da ocorrência deacidentes

O ideal é prever os aspectos da segurança do trabalho desdeos projetos e instalações das fábricas, oficinas, armazéns etc. Grandenúmero de futuros problemas pode ser prevenido na prancheta doprojetista e, outros mais, durante as instalações, desde que sejamaplicados pelo menos os princípios fundamentais da segurança dotrabalho. É também um fator económico, pois, muitos acidentes queviriam no futuro a onerar o custo industrial, deixarão de ocorrer.Além disso, é sempre mais barato aplicar os dispositivos e meios desegurança no projeto original do que projetá-los e aplicá-los no futuroo que, sem dúvida, causará maior despesa, possivelmente com menorrendimento dos dispositivos aplicados.

Após iniciada a atividade da fábrica, da máquina etc., aindapodem existir riscos, apesar de todos os cuidados nos projetos einstalações. Esta é a segunda oportunidade para aplicação de meios

RECURSOS GENÉRICOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO 125

de segurança. Os aspectos perigosos são revelados por ínspeções desegurança ou por análises de riscos, antes da ocorrência de acidentes.

Depois da ocorrência de acidentes é outra oportunidade, emboratudo deva ser feito para corrigir os riscos antes. A ocorrência deacidentes, como já foi dito, é uma das grandes experiências paraaplicação de medidas de segurança, mas não se deve esperar por elapara tomar as medidas que os riscos requerem. O mais lícito, emmatéria de se^rança, é aceitar esta última possibilidade como verda-deira somente após as condições de trabalho terem passado pelo crivodas duas anteriores.

Os objetivos das medidas técnicas de segurança aplicadas noambiente de trabalho são, na ordem de preferência:

• Eliminar definitivamente a possibilidade de ocorrência de aci-dentes lesivos às pessoas

• Dificultar ao máximo a ocorrência desses acidentes• Evitar maior gravidade caso ocorram acidentes

Eliminar definitivamente a possibilidade de ocorrência de um tipode acidente não significa eliminar os riscos a ele inerentes. Protetorescorretamente construídos e instalados eliminam, em determinadoscasos, a possibilidade de ocorrência de acidentes; embora os riscospersistam, permanecem isolados das pessoas. São casos de riscostotalmente fora do alcance das pessoas, ou inacessíveis devido aanteparos, ou ainda de riscos realmente eliminados.

Na maioria dos casos consegue-se apenas dificultar a ocorrênciade acidentes. É possível, porém, conseguir isso a tal ponto, suficientepara se considerar a segurança do trabalho satisfatório. Todos aquelesriscos que, embora isolados, dependem, mesmo em circunstânciasexcepcionais, da atuação das pessoas para que não ocorram acidentes,possuem protetores que apenas dificultam a ocorrência de acidentes.

Em alguns casos não há meio preventivo satisfatório; por conse-guinte, o acidente um dia acontecerá. São aplicados, nesses casos,meios que evitem a fatalidade e que atenuem o quanto possível asprováveis lesões que as pessoas virão a sofrer. Exemplos desses casossão: arredondamento de quinas onde as pessoas poderão esbarrar;acolchoamento de saliências onde é possível bater a cabeça; rede sobtrabalhos elevados onde não é possível usar cinto de segurança; o usodo próprio cinto de segurança etc.

O sucesso, tanto do desenvolvimento como da aplicação dosrecursos técnicos de segurança, depende muito de medidas educacionaisaplicadas para esse fim.

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126 PRATICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES RECURSOS GENÉRICOS DA SEGURANÇA. DO TRABALHO 127

MEDIDAS EDUCACIONAIS

A educação, no que tange à segurança do i, trabalho, assumeimportância excepcional em dois aspectos muito amplos: educaçãoda administração, alta supervisão e técnicos para que o programaadequado possa ser posto em prática e para que os aspectos técnicosda segurança sejam devidamente levados em consideração nos pro-cessos industriais, nos trabalhos em geral e, principalmente, nos projetose inovações; educação desempregados em geral incluindo supervisoresda linha de mestria, para que se possa contar com a execução satis-fatória do programa estabelecido, por parte da supervisão, e com aobediência às suas regras, por parte dos empregados em geral.

O serviço de segurança deve estabelecer o plano geral de educaçãojuntamente com o setor de treinamento, quando existente, estabeleceia ordem de prioridade das matérias e atribuir responsabilidades naexecução do plano.

Os meios educacionais, convencionais ou não, podem ser aplicadosde forma genérica ou específica em favor da prevenção de acidentes,

CURSOS

Para os supervisores de todosos níveis é recomendável um cursogenérico sobre prevenção de aci-dentes, o qual deve incluir o con-ceito correto do acidente do traba-lho, as consequências danosas queacarreta, as medidas gerais que sãoempregadas para a segurança dotrabalho e, principalmente, as atri-buições e responsabilidades dossupervisores na execução do pro-grama de segurança. . Assuntosespecíficos deverão ser tratadosposteriormente em reuniões comdebates.

Para técnicos como projetis-tas, engenheiro etc., poderão serministrados cursos de noções prá-ticas de prevenção de acidentes,assim como sobre normas e legis-lação sobre o assunto.

O membro da CIPA devida-mente instruído é mais útil à

segurança do trabalho.

Se houver possibilidade, serão muito úteis para engenheiros eoutros técnicos altamente especializados, cursos sobre higiene indus-trial, no que se refere aos meios de controle do ambiente através demedidas especializadas.

Também os membros da CIPA devem receber instruções, em umcurso rápido, antes da posse, de modo a se desempenharem melhorna tarefa que lhes cabe no programa geral.

Para cada especialidade existente na empresa pode-se ministrarum treinamento de segurança através de cursos rápidos que devemser preparados ou adaptados pelo serviço de segurança, de acordocom as características e necessidades da empresa.

PALESTRAS

Os assuntos específicos podem ser tratados — um por vez —,com os grupos interessados em conferência, da maneira mais ilustra-tiva possível, com apresentação de dados, cartazes, "slides" e filmes e,de preferência com debates. É importante que o conferencista consigalevar o grupo a uma conclusão satisfatória do assunto tratado, emfavor dos objetivos da segurança do trabalho.

INTEGRAÇÃO DE NOVOS EMPREGADOS

As empresas que possuemplano de integração para os novosempregados, com certeza têm nasegurança do trabalho um dosseus pontos altos. Isto em vistado valor que -a segurança repre-senta para a empresa e para osempregados e do cuidado especialque se deve dispensar nesse parti-cular aos recém-admitidos. O ser-viço de segurança deve dar as in-formações e os ensinamentos ge-rais, enquanto cabe aos supervisores que recebem os novos empre-gados transmitir-lhes os ensinamentos específicos de segurança, refe-rentes ao trabalho que irão executar e à área onde irão trabalhar.

Ao supervisor direto cabe a tarefa de acompanhar o desenvolvi-mento do empregado e de corrigir suas atitudes de modo a integrá-lono trabalho de maneira segura e o mais rápido possível.

Ao ministrar as normas gerais de segurança na integração dosnovos empregados, o representante do serviço de segurança deveavaliar o que eles sabem a respeito do assunto e, sempre que.conve-niente, deve levar qualquer fato apurado ao conhecimento do su-pervisor interessado, com alguma recomendação, se o caso exigir.

Exemplo do que se pode ensinar aonovo empregado.

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r128 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

RECURSOS GENÉRICOS DA. SEGURANÇA DO TRABALHO 129

DIÁLOGO DE SEGURANÇA

Os supervisores poderãoexercer grande influência educa-cional de segurança sobre os su-bordinados através do diálogo.O chefe que tem por hábito dia-logar com os subordinados so-bre segurança do trabalho, cor-rigindo falhas e ensinando amaneira segura de executar astarefas, além de prevenir aci-dentes, promove, ao mesmotempo, o equilíbrio da produti-vidade nas atividades sob suaresponsabilidade.

OUTROS MEIOS

Várias outras modalidadespromocionais podem ser apli-cadas com o objetivo de edu-car as pessoas e desenvolver-lhes a mentalidade da seguran-ça do trabalho. Cartazes de se-gurança devidamente expostos éum bom meio de divulgar a se-gurança. Os quadros de expo-sição de cartazes devem ser dis-postos em locais visíveis, depreferência em locais de concen-tração obrigatória, como refei-tório, relógio de ponto etc. Nãodevem ser colocados em corre-dores ou outros locais onde umapessoa em sua frente possa cor-rer o risco de ser atropelada porveículos. A substituição perió-dica dos cartazes, com bastantecontraste de cores entre doisconsecutivos, é um meio deatrair a atenção do pessoal paraos quadros dos cartazes.

Exemplo do que o supervisor devesaber para ensinar.

Posição correia para levantar umpeso. Elevando-se o peso e o corpoao mesmo tempo, o esforço serádividido entre os quatro pontos dealavanca (A), (B), (C) e (D).Dobrando-se somente a espinha, estae os músculos abdominais suportarão

praticamente todo o esforço.

Os quadros de avisos e propagandasão grandes auxiliares na educação,porém representam apenas uma pe-quena parcela do que se deve farer

num programa de prevenção deacidentes.

Boletins, folhetos, exposição de fotografias de acidentes, expo-sição de equipamentos de segurança, concursos que obriguem as pes-soas a pensar na segurança para concorrer etc., são outros meios quepodem trazer bom resultado no desenvolvimento e na consolidação damentalidade de segurança, quando bem e oportunamente aplicados.

MEDIDAS PSICOLÓGICAS

Não se vai tratar neste trabalho, de medidas psicológicas quepoderiam ser aplicadas em prol da segurança do trabalho. Esse é umassunto altamente especializado, de valor indiscutível, mas de pene-tração e aceitação ainda restritas na indústria. No entanto, é bomfrisar que em alguns casos é necessário aplicar certos princípios psico-lógicos embora o fundamental deixe de ser feito nesse campo. Porexemplo, certas medidas coletivas que devem ser tomadas requeremalgum preparo psicológico do grupo antes de colocá-las em execução;meios de motivação são muitas vezes necessários para a consecuçãoda segurança; os supervisores devem conhecer o temperamento dossubordinados e saber identificar seus estados de ânimo para sabercomo e quando agir em relação ao trabalho e à segurança da pessoa,à distribuição de serviço, instruções e ordens.

Se a empresa dispuser de psicólogo, o serviço de segurança deve-rá manter estreita relação com ele no sentido de conduzir a segurançado trabalho de maneira satisfatória também sob o aspecto psicológico.

MEDIDAS MÉDICAS

É outro serviço altamente especializado e imprescindível na indús-tria. Algumas das atribuições do serviço médico neste campo estãoprevistas na legislação que trata da segurança e da higiene do trabalho.Como a boa saúde é um fator de segurança para o indivíduo, o ser-viço médico, a partir daí, já presta um grande auxílio à prevenção deacidentes.

Os serviços médico e de segurança devem estar bem sincronizadosno programa de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Acooperação que deve existir entre ambos deve estar prevista já noprograma geral; é na prática, porém, que esta cooperação deve serestreita e bem conduzida.

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130

RESUMO

PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

> Os acidentes do trabalho são prevenidos pela aplicação de me-didas específicas de segurança. •..'•••Conhecido o risco, é necessário selecionar e aplicar corretamentea medida adequada. jiUrna medida, qualquer que seja, é sempre aplicada contra riscosfísicos, químicos ou biológicos.As medidas de segurança visam, na ordem de preferência:eliminar o risco, isolar o risco ou somente sinalizar o risco.Era relação às pessoas, a segurança depende de: educação, estadode ânimo e estado físico.Os requisitos pessoais são conseguidos com: seleção adequadado pessoal; treinamento e integração ao trabalho e manutençãode estado físico e psicológico satisfatórios,As medidas técnicas devem ser aplicadas na seguinte ordem deprioridade: nos projetos e instalações; após iniciada a atividade;depois da ocorrência de acidentes.Todas as medidas de segurança visam, na ordem de preferência:elLminar definitivamente a possibilidade de ocorrência de aciden-tes; dificuhar a ocorrência de acidentes ou evitar maior gravidade,caso o acidente ocorra.Medidas educacionais adequadas devem ser aplicadas desde aadministração até ao mais simples empregados.Cursos, palestras, entrevistas, diálogos de segurança, cartazes eoutros materiais escritos são exemplos de recursos educionais quepodem ser aplicados.Medidas psicológicas são importantíssimas em certas oportuni-dades; os aspectos psicológicos só podem ser tratados por espe-cialistas no asunto.O serviço médico tem um papel importante nos programas desegurança dó trabalho e deve trabalhar em cooperação com oserviço de segurança.

9AMBIENTES DE TRABALHO

Os ambientes de trabalho, quer sejam fechados como salas, salões,galpões, galerias, ou abertos como pátios, campos, ruas, estradas, de-veriam sempre possuir um mínimo satisfatório de segurança, por inter-médio de recursos convencionais, que abrangem desde simples dispo-sitivos de proteção até os mais complexos meios de segurança — ede conservação, também imprescindível, desses recursos.

EDIFICAÇÕES

Sob o aspecto segurança do trabalho as edificações podem seiclassificadas em dois grupos: as que são especialmente projetadas econstruídas para determinadas atividades e as já existentes que sãoadaptadas para determinados fins. No primeiro caso pode e deve seiprevisto tudo, desde o tipo de construção até a distribuição dos equi-pamentos para que o ambiente ofereça condições satisfatórias de segu-rança e higiene. Nó segundo caso, nem sempre se consegue o melhor,mas se deve aplicar o máximo de bom senso e conhecimento para queas reformas e adaptações não venham a comprometer nem a segu-rança do edifício, nem a dos seus ocupantes, nas atividades que vãodesenvolver.

• O tipo de construção e os materiais empregados devem estar deacordo com o tipo de trabalho e com os equipamentos e ma-teriais envolvidos nas atividades que serão desenvolvidas nolocal. Vibrações e ruídos dos equipamentos, fontes de calor,produtos químicos etc., são fatôres que deverão ser levados emconsideração, em relação à periculosidade conhecida e aosrecursos de segurança que requerem. À própria orientação do

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132 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

prédio deve-se dar bastante atenção, com respeito ao sol comofonte de luz e de calor, de modo a aproveitá-lo ao máximosob o ponto de vista de iluminação e evitar efeito térmico desfa-vorável, quer por excesso de calor ou de frio.

• A altura mínima recomendada para o pé direito é de 3m (trêsmetros) embora muitas vezes a própria autoridade competenteaprove altura menor, em função da atividade do local. Essesrequisitos aplicam-se também em relação a plataformas elevadasque possam ser construídas para o trabalho; no caso, tanto a áreaacima como abaixo está sujeita à altura mínima recomendada.

Cada caso deve ser estudado à parte, sob p ponto de vista dehigiene industrial; nos casos de adaptação de edifícios, esse particulairequer muito mais cuidado.

Os pisos devem ter resistência adequada ao peso que deverãosuportar; serem horizontais, sem depressões ou saliências — qualquerdiferença de nível para fins de drenagem deve ser a mínima possível— devem ser isentos de umidnde, impermeáveis, quando possível;piso de madeira não é aconselhável em lugares onde pode impregnar-se de óleo, pois pode agravar a situação em caso de incêndio; sempreque possível, o meio de acesso entre pisos com pouca diferença denível deve ser por intermédio de rampa, em vez de degraus.

• Aberturas no piso ou extremidades de depressões com diferençade nível devem ser providas de parapeito. Este deve ter nomínimo 0,80 m (oitenta centímetros) de altura, sendo ideal aaltura de 1,10 m (um metro e dez centímetros). Independente-mente do material de que for feito deverá ter um seguimentocontínuo na parte superior e uma travessa intermediária à meiaaltura, além de um rodapé de dez a quinze centímetros dealtura. Essas últimas medidas visam a evitar que as pessoascaiam para o nível inferior caso escorreguem, ao mesmo tempoque previnem a queda de ferramentas e materiais.

• As rampas, escadas e passadiços devem ser providos de corri-mãos, com as mesmas características do parapeito acima citado.

• Tanto nas escadas e rampas como no piso em geral pode serempregado processo antiderrapante sempre que a condição oexigir.

• As áreas de ventilação e iluminação natural devem ser rigorosa-mente levadas em consideração, não só em função de normasou legislação vigentes, mas também do trabalho efetuado na área.

• Sendo observados todos esses e mesmo outros requisitos, asegurança do trabalho estará em boa parte garantida. Mas, amanutenção desses requisitos em ordem é indispensável para querealmente as edificações não propiciem a ocorrência de acidentes-

AMBIENTES ÔE TRABALIÍO tíi

ILUMINAÇÃO

A iluminação adequada, tanto qualitativa quanto quantitativa-mente, é de muita importância para execução segura e precisa dastarefas industriais. A iluminação natural é a preferida. É muitocomum, porém, o emprego de luz artificial em complementação ànatural e é obrigatório o seu emprego nos trabalhos noturnos.

• Normas brasileiras da ABNT estabelecem os níveis de ilumina-mento mínimo requerido para cada atividade; além desses níveis,porém, ou de qualquer outra determinação de ordem legal, éimportante que certos fatôres sejam levados em consideraçãoem cada caso específico. Por exemplo: a difusão uniforme daluz, a qualidade e a direção da luz, e a localização das lumi-nárias em relação aos obstáculos formados por equipamentos,devem ser considerados de modo que a luz não cause sombrase nem ofuscamentos e que o nível de iluminação seja compatívelcom a atividade e com os princípios de higiene industrial.

• A iluminação proporcionada pelas janelas, lanternins, clarabóiasetc., às vezes não atinge com a eficiência desejada certos pontosda área de trabalho, às vezes pela má distribuição das áreasiluminantes e outras vezes devido a barreiras formadas por ma-quinaria alta. Esses casos e outros, de deficiência da luz artificial,requerem a adoção de pontos individuais de luz para algumasoperações. Nesses casos, para higiene e conforto visual, a inten-sidade do ponto de luz individual não deve ser superior à pro-porção de um por dez dm relação ao nível de iluminamentogeral.

• É necessário levar em consideração o valor da conservação tantodas áreas de iluminação natural como das luminárias para me-lhor rendimento das suas capacidades de iluminação. Vidrossujos ou embaçados, lâmpadas sujas ou enfraquecidas, são exem-plos de perdas da eficiência da iluminação, cuja correção éfácil e pouco dispendiosa.

VENTILAÇÃO E CONTROLE DE CALOR

A ventilação dos locais de trabalho pode ser subdividida em váriascategorias: ventilação natural que deve ser a melhor possível, atravésdas aberturas convencionais e orientação dos prédios no sentido deaproveitar, para esse fim, o vento predominante, de modo compatívelcom o trabalho realizado na área; ventilação local exaustora que, porintermédio de coifa ou outro tipo de captador, colhe os contaminan-tes, gases, poeiras etc., junto à fonte produtora, para evitar que sedispersem no ambiente, conduzindo-os para o exterior a fim de quese diluam na atmosfera, ou levando-as para compartimentos especiais

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134 PRÁTICA DA PREVENÇÃO CE. ACIDENTES

onde são depositados ou neutralizados; ventilação geral diluidora, cujoprincípio é o de renovação de ar no ambiente por meio de- ventiladoresque exaurem o ar poluído do ambiente ou nele insuflara ar limpo,de modo a não permitir que os contaminantes; ;disper,s,os no ar alcan-cem limites elevados, incompatíveis com os princípios de saúde ocupa-cional; ar condicionado cuja aplicação é mais restrita, não indo muitoalém de escritórios, laboratórios, ambulatórios e alguns comparti-mentos de trabalhos industriais.

Ventilação

• A legislação determina que a ventilação artificial é obrigatóriaquando a natural não preenche as condições de higiene do tra-balho. Como quase sempre ocorre, onde se empregam produtosquímicos e onde os processos industriais produzem poeiras,fumaças, gases etc., ou seja, a ventilação natural não é suficiente,o emprego de um ou outro meio de ventilação artificial é bastantefrequente. O que realmente se faz necessário é escolher o tipoadequado de ventilação para cada caso em particular. Nestelivro, não se vai tratar de tipos de ventilação. Recomenda-se,porém, cuidado com os projetos padrão de ventilação: elespodem não dar o mesmo bom resultado para todas as condiçõessemelhantes. Cada caso requer estudos e cálculos específicos,para corresponder verdadeiramente aos princípios de higieneindustrial. Ò industrial ou o dirigente que não contar com pessoaaltamente especializada nesse particular, deve recorrer a quemesteja capacitado no assunto e que possa garantir que o sistemairi correspçnder aos requisitos de higiene industrial.

Controle, de calor

• O calor causa inúmeras condições desfavoráveis nos ambientesde trabalho. O calor radiante é o mais agressivo, principalmenteàqueles que trabalham próximo às grandes fontes de calor comofornos, fornalhas etc. A neutralização dos efeitos agressivosdessas radiações só pode ser conseguida com a isolação dafonte ou a interposição de anteparos entre a fonte e as pessoas.Os materiais e o sistema mais adequados para essa isolaçãodevem ser estudados para cada caso; 'quando ainda persistiralguma fonte livre de radiação é recomendável dar às pessoasvestimentas especiais que as isolem dos raios caloríficos. Paraefeito de conforto pessoal e higiene industrial, a temperaturaefetiva pode ser atenuada, em muitos casosi até níveis compa-tíveis com a resistência humana, por intermédio de movimenta-ção do ar.

AMBIENTES DE TRABALHO 135

Em ambos os casos — ventilação e controle de calor, que per-tencem ao campo da higiene industrial — é necessário que os pro-blemas sejam tratados por especialistas para que se possam conseguiros melhores resultados desejáveis.

INSTALAÇÕES ELÉTRICÁS

As instalações elétricas assumem papel de grande relevância nasegurança do trabalho e das edificações, principalmente no que tangeaos riscos de incêndios. Além de normas estrangeiras adotadas pormuitas empresas, existem normas brasileiras, e vários dispositivos le-gais que regulam a matéria; no entanto, as instalações elétricas, devidoa muitas precariedades, continuam como um dos grandes problemasde segurança. O que existe em normas e legislações, se obêdêcIHo,seria suficiente para satisfazer a segurança no emprego da energiaelétrica. Algumas das recomendações gerais vão aqui descritas, comolembretes clássicos de um assunto persistentemente repisado.

• As instalações elétricas, além de executadas dentro dos padrões^ de segurança, devem ser mantidas em boas condições, por pro-

fissionais competentes.

• As instalações provisórias também devem ser feitas de maneirasegura. O fato de ser provisória não dá o direito de ser precária;o provisório é aceitável, o precário não!

• Onde há substância inflamável ou explosivos, as instalaçõeselétricas devem, além de serem à prova de centelhas, merecercuidados especiais na conservação e medidas especiais de segu-rança quando se fizerem reparos.

• Os transformadores ou outros aparelhos, com pontos carregadosde energia expostos, devem ser isolados por alambrados ououtros meios que previnam o contato de pessoas com os pontosperigosos.

• Os fios-terra devem ser obrigatórios em todos os aparelhos,máquinas e instalações de acordo com as normas existentes.

• Os eletricistas devem ter total consciência dos perigos de suasatividades e possuírem ferramentas e equipamentos de proteçãoadequados ao exercício seguro da profissão em todos os seusaspectos,

• Um manual de instruções de segurança para eletricistas é degrande valor, devendo incluir também instruções sobre respi-ração artificial, para cuja ministração o profissional deve estarcapacitado, o que é previsto também pela legislação.

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136 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

MÁQUINAS E EQUIPAMEINTOS

Máquinas e equipamentos requerem cuidados especiais no quetange à segurança do trabalho. Embora possuam características agres-sivas devido à complexidade mecânica e a outros fatôres, as máquinase outros equipamentos são seguros quando adequadamente instalados,providos dos dispositivos de segurança e operados devidamente.

A instalação adequada, a adoção dos dispositivos de segurançacorreios e a operação de maneira segura são três requisitos indispen-sáveis à segurança do trabalho além de constituírem imposições legais.

Em se tratando de máquinas, são três os pontos que, generica-mente falando, requerem dispositivos de proteção para o operador,operadores ou mesmo para outras pessoas. São estes: a transmissãode força; o ponto de operação; e outras partes móveis.

Como transmissão de força entende-se todo o aparelhamento quetransmite movimento, a partir do motor ou outra fonte primária demovimento, até o ponto de operação. Neste aparelhamento incluem-seeixos, polias, correias, engrenagens, volantes, -correntes, bielas etc.,que propiciara muitos pontos de prensamentos, de batidas e de atritosviolentos, que podem causar sérias lesões a quem com eles entrar emcontato. Esta é a razão pela qual é necessária a isolação desses pon-tos perigosos por meio de anteparos adequados.

Ponto de operação é o local onde se processa o trabalho parao qual a máquina foi construída, tais como: corte, prensagem, moagemetc. Ou melhor, onde se cortam, moldam, estampam, dobram, esti-ram, misturam, moem etc., os materiais submetidos ao trabalho dasmáquinas. Alguns pontos de operação são perigosíssimos, principal-mente para as mãos, quando desprovidos de meios de segurança ouquando a operação é erroneamente executada. A segurança do tra-balho, referente ao ponto de operação, requer que não haja necessi-dade de colocar ou aproximar as mãos dos pontos agressivos. Osdispositivos de segurança empregados visam a impedir que as mãossejam colocadas na zona perigosa.

Outras partes móveis, que não pertencem diretamente nem àtransmissão de força nem ao ponto de operação, podem também pro-porcionar perigo se não forem providas de dispositivos de segurança.Esses, regra geral, são alimentadores do rolo, de corrente etc., quepossuem pontos de prensamentos que devem ser mantidos isoladosdo contato das pessoas.

AMBIENTES DE TRABALHO 137

j :

FINALIDADES E REQUISITOS DOS PROTETORES

Os dispositivos de segurança têm por finalidade principal pro-teaer a integridade física das pessoas, quer sejam operadores dos equi-pamentos e maquinarias, quer sejam outros.

Os dispositivos de segurança não prejudicam a eficiência do tra-balho, quando adequadamente escolhidos e instalados. Habituadoaos dispositivos de segurança o trabalhador produzirá mais; na piordas hipóteses não produzirá menos.

Para atingir os objetivos acima, os dispositivos de segurança de-vem: ser do tipo adequado em relação ao risco que irão neutralizar;depender o menos possível da atuação do homem para preencheremsuas finalidades; ser suficientemente resistentes às agressividades deimpactos, corrosão, desgastes etc. a que estiverem sujeitos; permitirserviços assessórios tais como limpeza, lubrificação etc., sem proble-mas de remoção; não criar outros tipos de perigo tais como obstru-ção de passagens, cantos cortantes etc.

Em face da situação heterogénea do desenvolvimento e equipa-gem da indústria, são diversas as oportunidades que existem paraprojetos e instalação de dispositivos de segurança em máquinas. Emmáquinas novas — os novos projetos e construções de máquinas deve-riam sempre incluir todos os meios e dispositivos de segurança reco-nhecidamente necessários. Seria uma oportunidade de melhoramentoda segurança, que sempre está presente nas pranchetas e nas oficinasdos produtores de máquinas; bastaria aproveitá-la. A maquinariaantiga — máquinas antigas, projetadas e construídas sem previsão doaspecto segurança — poderão receber os protetores indispensáveis de-vidamente adaptados. Maquinaria adaptada para serviços diferentes— máquinas que, embora tendo sido construídas com todos os meiosde proteção, são adaptadas para outros serviços, requerem disposi-tivos adicionais de segurança. Em qualquer das diversas situaçõesque se apresentar, os meios protetores fundamentais serão sempre osmesmos, dependendo a sua boa adaptação e melhor aproveitamentoda engenhosidade do projetista e construtor que, para isso devemconhecer bem os princípios fundamentais dos dispositivos de segu-rança para máquinas.

PROTETORES PARA TRANSMISSÃO DE FORÇA

Os dispositivos protetores para transmissão de força são do tipoanteparo, que isola os pontos perigosos de maneira a impedir que aspessoas tenham contato com eles. Usam-se geralmente tela e perfis

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138 PRÁTICA. DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

metálicos na construção dessas guardas protetoras, que isolam o pe-rigo e permitem ventilação, recomendável nos casos de correias debastante atrito. Nos casos de engrenagens e de outros riscos, a pro-teção totalmente fechada é mais recomendável para evitar que corposestranhos penetrem entre os dentes das engrenagens òú raios das rodasde modo a causarem danos aos equipamentos.

Guardas para transmissão de força devem isolartodos os pontos perigosos até no mínimo 2,10 m de

altura.

Todos os pontos perigosos das transmissões que possam ser al-cançados pelas pessoas devem ser isolados. Para isso estabeleceu-seuma altura mínima de 2,10 m a contar do piso ou estrado onde osoperadores ficam. Abaixo desta altura, todos os pontas de possíveisprensamentos ou atritos devem ser devidamente isolados. Convémfrisar que 2,10 m é a altura mínima recomendada por normas dealguns países; a Organização Internacional do Trabalho recomendacomo altura mínima 2,60 m. O1'ideal é estudar os diversos casosindividualmente e, com base em normas existentes e literaturas espe-cializadas, determinar o rigor que cada um requer. Em determinadoscasos todo o aparelhamento da transmissão deve ser isolado indepen-dentemente da altura em que se encontra.

As guardas, quando construídas com telas ou em forma de gradil,devem ser projetadas de tal forma que as malhas .ou os vãos nãopermitam a introdução dos dedos e das mãos de modo a atingiremos pontos perigosos. Existem tabelas para determinar a relação quedeve ser mantida entre a abertura dos vãos da guarda e a distânciaa que esta deve ser instalada do ponto perigoso.

Nos casos em que grandes volantes, conjuntos grandes de engre-nagens etc., não permitem a adoção de guardas individuais, esses

AMBIENTES DE "TRABALHO' 139

pontos perigosos são isolados por alambrados ou parapeitos, de modoa evitar que possa haver contato entre as pessoas e os equipamentos.

TIPOS FUNDAMENTAIS DE PROTETORES PARA PONTOSDE OPERAÇÃO

Guardas estacionárias

Esse dispositivo protetor é do tipo anteparo, que isola a zonaperigosa do ponto de operação — quando pode permanecer isolado— evitando assim que as pessoas tenham contato com os pontos peri-gosos. Obedecem os princípios gerais das guardas para transmissões.São aplicáveis onde não requerem constantes remoções, embora issonem sempre constitua problema. Em casos especiais são dotadas deaberturas devidamente dimensionadas para entrada ou saída de ma-teriais ou peças. São guardas de fácil construção e instalação.

Guardas estacionárias têm aplicação na isolação demuitos riscos em pontos de operação.

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140 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Guardas mecânicas

É o contrário da guarda estacionária; esta última permanece es-tática, para cumprir o seu papel protetor, enquanto as guardas mecâ-nicas se movimentam em determinadas oportunidades para proporcio-nar a devida segurança. Existe o tipo usado em prensas e que, aoser acionado o pedal, desce em frente ao estampo e se apoia na mesa,impedindo que o operador coloque as mãos na zona perigosa duranteo ciclo da operação. As portas dos poços dos elevadores são exemplosde guardas mecânicas;'fecham-se antes de o elevador se movimentarpara que ninguém seja apanhado por esse movimento e permanecemfechadas enquanto o elevador não estiver no respectivo andar.

i

AMBIENTES DE TRABALHO 141

Dispositivo arrastador

Este é um dispositivo usualmente empregado em prensas de pe-queno porte e que consiste de um bastão mecanicamente ligado aomovimento do êmbolo da prensa. Ao ser acionado o pedal da prensa,o bastão entra em movimento juntamente com o êmbolo e passa emfrente ao estampo antes deste se fechar, arrastando as mãos do ope-rador para fora da área de perigo, caso tenham sido deixadas nazona perigosa. Com um pouco de engenhosidade esse dispositivo podeser adaptado a muitas prensas e tornará seguras muitas operações.

Exemplo clássico de dispositivo arrastadoraplicado em prensa excêntrica.

Guardas mecânicas são as que se movimentamsincronizadas com a máquina para proporcionar a

segurança a elas designadas.

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142 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Dispositivo afastador

Este dispositivo é também empregado em prensas e tem a funçãode afastar as mãos do operador, se estiverem na zona perigosa, duranteo ciclo da máquina. Dois cabos de aço de pequeno diâmetro sãoligados ao êmbolo 'da prensa e, através de roldanas, instaladas emestrutura devidamente preparada, chegam até à mesa da prensa. Essasextremidades são providas de pulseiras ou luvas parciais que o ope-rador coloca nos pulsos ou nas mãos. Os cabos de aço são reguladosde modo que, quando o operador está com as mãos na área perigosaeles estão totalmente estirados; assim sendo, quando o êmbolo começaa descer, os cabos são puxados e, se as mãos estiverem em área peri-gosa serão afastadas por um puxão. Este dispositivo permite que aprensa seja alimentada com as mãos sem o risco de ficarem prensadasentre os estampos. Isso, porém, requer boa manutenção e constanteverificação na regulagem dos cabos.

AMBIENTES DE TRABALHO 143

Comando bimanual

Este sistema requer que o operador empregue as duas mãos si-multaneamente para acionar máquinas, de modo a manter as mãosocupadas, fora da zona de perigo, durante a fase crítica da operação.São empregados em prensas e em outras máquinas de ciclos intermi-tentes, cujos pontos de operação representem riscos para as mãos.Dois botões elétricos, duas alavancas ou um sistema misto pode serempregado, dependendo do sistema que se quer ou que se pode apli-car. É importante que: o dispositivo só funcione acionando-se ambosos comandos ao mesmo tempo; a distância ou local de instalação nãopermitam o acionamento de ambos a não ser com ambas as mãos.É um dispositivo de segurança eficiente quando bem construído einstalado.

Dispositivo afastador: como o arrastador, temaplicação em prensas cujo serviço requer

alimentação com as mãos.

Comando bimanual mantém as mãos ocupadasfora ,da zona de perigo durante o ciclo da

máquina.

Célula fotoelétrica

O sistema de célula fotoelétrica é usado principalmente em prensase tesouras e tem a finalidade de cortar o fornecimento de energiaelétrica aos dispositivos de acionamento da máquina quando a mãoou outro corpo estranho estiver na zona perigosa. As mãos, quandona área perigosa, interrompem os raios que ativam as células, de

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144 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

modo a interromper também o fornecimento de energia para acionaro ponto de operação da máquina. Ê um dispositivo geralmente dis-pendioso mas que dá bons resultados se mantido em bom funciona-mento.

AMBIENTES DE TRABALHO 145

Exemplo da aplicação de célula fotoelétrica emmáquina cilindrada; tem aplicação em prensas

tesouras etc.

Parada de emergência

Este dispositivo consiste de cabo de aço, barra ou alavanca, queos operadores de certas máquinas devem acionar para interromper a

Parada de Emergência tem grande aplicação emmáquinas cilindradoras.

operação ou freiar a máquina. Na maioria dos casos essa interrupçãovisa à proteção das mãos, como nos casos de trabalhos com máquinascilindradoras. Portanto, o dispositivo de parada de emergência deve,sempre que possível, ser acionado por outra parte do corpo, como

pé, cabeça etc. .

Guarda de locação

Esse dispositivo, tipo alambrado ou parapeito, é usado para iso-lar, na área de trabalho, equipamentos ou serviços perigosos, paraevitar que pessoas desconhecedoras do risco se aproximem deles.As isolações que se fazem, com alambrado, da área de transforma-dores de alta tensão é um exemplo de guarda de locação.

Em forma de alambrado ou parapeito a guarda delocação tem aplicação para isolar equipamentos gran-

des e perigosos do resto da área de trabalho.

Interligação

Esse sistema é empregado em portas ou tampas que não devemser abertas e em proteções que não devem ser removidas com oequipamento em movimento. Na porta de um moinho perigoso, porexemplo, pode-se instalar o sistema; ao ser aberta a porta, um micro-interruptor é acionado e corta a energia parando o moinho, neutra-

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146 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

lizando portanto o risco de o operador ter contato com o ponto deoperação em movimento. Em alguns casos, além de cortar a energia,pode ser acionado um freio para abreviar a parada da máquina. Éum sistema que tem muita aplicação quando seus princípios são bemexplorados.

AMBIENTES DE TRABALHO 147

O sistema de interligação com mícro-interruptor é omeio de segurança aplicado em muitos equipamentos.

Cabo de segurança

É um cabo de.açc", ou às vezes corrente, com o qual se prendecertos equipamentos suspensos que podem vir a cair devido a desgastesou fadigas dos meios de sustentação. Esse dispositivo é frequente-mente empregado em guinchos fixos ou de monovias, embora tenhauma aplicação muito.mais ampla. Assim, tudo o que possa even-tualmente cair e que. possa ser preso com um cabo de segurança,deve chamar a atenção para aplicação desse djspositivo.

Equipamentos suspensos e sujeitos a es-forços devem possuir cabo de segurançaque os retenha, caso venham a se des-

prender.

Esses tipos fundamentais de dispositivos de segurança abrangema maioria dos riscos dos trabalhos com máquinas e equipamentos. Aaplicação desses princípios, para neutralização de riscos nos diversostipos de máquinas existentes, depende de conhecê-los bem e de umpouco de engenhosidade do profissional, que se encarregará de seusprojetos e execução.

Outros equipamentos usados em indústrias que trabalham comaltas pressões ou temperaturas, tais como caldeiras, autoclaves etc.,requerem dispositivos específicos de segurança como válvulas regu-ladoras de pressão, termostatos etc. Nesse trabalho, porém, não seirá além dos tipos apresentados, que são os de maior demanda paraa prevenção de acidentes com máquinas e outros equipamentos in-dustriais.

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RESUMO

PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

As edificações devem merecer toda atenção de segurança, desdeo projeto até às adaptações e manutenção necessárias.A iluminação dos locais de trabalho, quer natural ou artificial,deve ser qualitativa e quantitativamente adequada.A salubridade e o conforto dos ambientes de trabalho devemser regulados, sempre que necessário, por meio de ventilaçãoartificial e outros recursos de higiene industrial.As instalações elétricas devem obedecer às normas e legislaçãoem vigor, para satisfazerem os aspectos da segurança do trabalho.Máquinas e outros equipamentos requerem medidas especiais desegurança nas transmissões de força, nos pontos de operação eem outras panes móveis.Conhecimentos especiais devem ser aplicados na instalação. deprotetores em: projetos de máquinas novas; máquinas antigas;máquinas adaptadas para serviços diferentes dos seus específicos.Os protetores, nas transmissões de força, devem isolar todos ospontos perigosos até no mínimo 2,10 m de altura, a partir donível em que o operador permanece.Para os pontos de operação, os tipos fundamentais de protetoressão: guardas estacionárias; guardas mecânicas; dispositivo arras-tador; dispositivo afastador; comando bi-manual; célula fotoelé-trica; parada de emergência e interligação.A guarda, de locação é empregada para isolar, na área de tra-balho, riscos de grandes proporções, ou conjuntos de riscos.O cabo de segurança é empregado para prevenir quedas deequipamentos elevados, sujeitos a esforços, desgastes etc.Outras partes móveis, de máquinas e equipamentos, são isoladaspelo mesmo princípio empregado nas transmissões de força.

IOPROTEÇÃO INDIVIDUAL

Quando as medidas de segurança 4e ordem geral não são eficien-tes para proporcionar proteção adequada contra os riscos de acidentes,lança-se mão do recurso da proteçSo individual: luvas, óculos, cal-çados, máscaras, capacetes, roupas especiais etc. Como a próprialei o define, Equipamento de Proteção Individual "EPI", é todo meioou dispositivo de uso pessoal, destinado a preservar a incolumidadedo empregado no exercício de suas funções.

A lei determina que esses "EPI" sejam fornecidos gratuitamentepelas empresas. Determina, também, que cumpre aos empregadosusar obrigatoriamente os equipamentos de proteção individual, assimcomo os demais meios destinados à sua segurança. Alguns dessesequipamentos foram citados em capítulos anteriores, sem quaisquerdos detalhes que vão ser discutidos neste.

Este é um tópico da segurança que requer ação técnica, educa-cional e psicológica para sua efetiva aplicação: técnica no sentido dedeterminar o tipo adequado de "EPI" em face do risco que irá neu-tralizar; educacional, para que o empregado saiba como usá-lo, demodo a oferecer o melhor rendimento possível; psicológica, no sentidode o usuário convencer-se da necessidade de usar o equipamento comoparte de, sua atividade.

Convém relembrar a definição técnica do acidente do trabalho,para entender que as proteção individuais não previnem, regra geral,os acidentes, mas evitam lesões. A função do "EPI" é neutralizar ouatenuar a ação do agente agressivo contra o corpo da pessoa que ousa. Não é demais repisar o exemplo: uma ferramenta ao cair doalto de um andaime atinge o capacete de um trabalhador. O capaceteficou danificado mas o trabalhador saiu ileso. O que o capaceteevitou: o acidente ou a lesão? Evidentemente só a lesão foi evitada.

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150 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE 'ACIDENTES

A queda da ferramenta e o impacto contra o capacete não foramevitados. Em suma, o acidente ocorreu, a lesão foi prevenida.

Portanto, os "EPI" evitam as lesões repentinas.: ou atenuam asua gravidade. Em outros casos protegem o corpo e o organismo con-tra os efeitos nocivos e lentos de substâncias com características tó-xicas, alergênicas, ou outras, das quais resultam doenças ocupacionais.

QUANDO USAR O "EPI"

Os Equipamentos de Proteção Individual são empregados nasseguintes situações:

• Como o único meio capaz de proporcionar proteção ao traba-lhador que se expõe diretamente ao risco; são exemplos, nesseparticular, o uso de luvas para o manuseio de produtos físicaou quimicamente agressivos, o uso de botas impermeáveis contraumidade, o uso de máscara apropriada para entrar em comparti-mentos nos quais o ar é contaminado por concentração de pro-dutos tóxicos etc.

•, Como proteção complementar quando outros recursos nãopreenchem totalmente a proteção do trabalhador: o exemploclássico dessa condição é o trabalho com esmeris; mesmo quea máquina seja provida dos protetores convencionais, não oferecetoda a necessária proteção ao seu operador. A proteção com-

- plementar s indispensável são os óculos de segurança. •

• Como único recurso em casos de emergência: isto é, quando" a quebra da rotina do trabalho, devido a acontecimentos anor-

mais, cria riscos para os trabalhadores. Como um exemplo tem-seo da movimentação manual de materiais agressivos, quando seinterrompe a movimentação mecânica; neste caso serão neces-sárias luvas, aventais e outros protetores que normalmente nãose usam na atividade.

• Como recurso temporário até que se estabeleçam os meios geraisde proteção: é tecnicamente lícito usar-se os protetores individuaisenquanto não se instalam os meios adequados de segurança queevitarão o uso de "EPI". Não é lícito, porém, substituir amedida geral que poderia ser tomada, por medida individualde proteção. Por exemplo: é perfeitamente aceitável que seusem luvas para manusear materiais agressivos enquanto se esperapor ferramentas adequadas de manuseio, usar um capuz ourespiradouro contra poeira até que entrem em funcionamentoos exaustores etc.

PROTEÇÃO INDIVIDUAL 151

ASPECTOS TÉCNICOS

Vários aspectos técnicos devem ser levados em consideração paraa aplicação correia dos "EPI". É necessário determinar o tipo de"EPI" em face do risco que se pretende neutralizar. .Podem-se encon-trar vários modelos do mesmo tipo de "EPI", com variações de certascaracterísticas tais como formato, sistema de montagem e acabamen-to, material empregado etc. O serviço de segurança é o órgão com-petente para determinar o modelo adequado, isto é, o que melhor satis-faz sob o aspecto de segurança, levando em consideração: a capacidadede neutralização da agressividade do trabalho, o tempo de vida útildo equipamento e o conforto que deve proporcionar ao usuário. Tudoisso, naturalmente, por meio de ensaios práticos e fie experiências nopróprio trabalho ou, quando for o caso, recorrendo a ensaios de labo-ratório. Os ensaios que assumem maior importância para a aprovaçãofinal dos "EPI" são os efetuados praticamente, pois determinam real-mente a segurança proporcionada pelo equipamento, a durabilidadee a funcionalidade do uso, relacionados principalmente com o confor-to do usuário. A capacidade para essa avaliação foge às técnicas eaparelhagem dos laboratórios, embora eles possam contribuir emmuitos casos para elucidar dúvidas, para confrontar qualidades demateriais e efetuar análisis químicas, além de ensaios físicos de resis-tência de acordo com as especificações dos "EPI",

A determinação sensata do equipamento a ser adquirido paraproteção individual dos empregados favorece tanto a esses, que terãomelhor segurança, como à empresa, que atenderá melhor se as obje-tivos da prevenção de acidentes de maneira a não desperdiçar dinheiro.

Como se pode concluir, a aquisição -dos "EPI" não deve ficarsimplesmente a critério do setor de compras. São equipamentos espe-cializados, que assumem grande responsabilidade em face do fim aque se destinam e que requerem, portanto, que um setor ou pessoaespecializada determine e especifique o que realmente deve ser com-prado. Para esses equipamentos deve haver, em muitos casos, maiorflexibilidade no que tange às normas de compras, pois, frequentemente,embora a empresa adote o regime de concorrência de preços, deve-se— em benefício da segurança — comprar o equipamento mais caro.Os resultados anotados e conseguidos pelo setor de segurança é quedevem prevalecer. Em qualquer caso, porém, é necessário que a com-pra seja feita com isenção de caprichos, de protecionismo ou de outrosmotivos menos confessáveis.

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152 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

ASPECTOS EDUCACIONAIS

Assume também proporções de relevante importância a educaçãodas pessoas que usam ou que irão usar os "EPI". Embora tudo sejafeito para a compra dos "EPI" mais adequados, é necessário que elessejam usados adequadamente para melhores resultados, tanto econó-micos como para a segurança.

Os usuários do equipamento de proteção individual devem terconsciência da sua finalidade; da maneira correta de usá-los e de. comoconservá-los em condições de uso. Cabe ao setor de segurança emitirinstruções sobre o uso correio dos equipamentos, incluindo nessas ascontra-indicações, como por exemplo o uso de luvas em máquinasoperatrizes, furadeiras etc. Nos casos que requerem algum treina-mento, como o uso de certos tipos de máscaras, esse treinamento deveser ministrado e, éonforme o caso, revisado periodicamente.

As instruções referentes ao uso correto dos "EPI" devem serestendidas aos supervisores das pessoas que os usam, pois cabe àsupervisão o papel mais importante para que os "EPI" sejam, comose espera, adequadamente Usados.

ASPECTOS PSICOLÓGICOS

Outro ponto a ser levado em consideração, para o sucesso daaplicação dos "EPI", é o aspecto psicológico do uso dos Equipamentosde Proteção Individual. Nos treinamentos ou medidas educacionaiscom o fim de orientar o uso correto dos "EPI" devem sempre serlevados em consideração os aspectos psicológicos do assunto.

Se apenas se fornece o equipamento à pessoa, sem que esta tenhaconsciência da sua real utilidade, sem que conheça pelo menos razoa-velmente os motivos que justificam o seu uso, ela poderá usá-lo, porém,contrariada, aceitando-o como imposição, originando-se daí, uma con-dição psicológica negativa no indivíduo. Psicologicamente preparado,entendendo o "EPI" como algo indispensável à sua segurança em facedas condições e agressividades do trabalho, o homem usará comoda-mente até um escafandro; por outro lado, isto é, sem motivação, po-derá sentir-se mal com um simples óculos de segurança e mesmorelutar em usá-lo.

CONTROLE E CONSERVAÇÃO

Os "EPI" devem ser adquiridos, guardados e distribuídos crite-riosamente sob controle, quer do serviço de segurança ou de outro

PROTEÇÃO INDIVIDUAL 153

setor competente. Não se pode fornecer a esmo esses equipamentos,para não ocorrer emprego de equipamento inadequado ou de formainconveniente e.para evitar excessos, que facilmente acontecem comrespeito a luvas e calçados; o primeiro com o fim de conservar asmãos bonitas, e o segundo para fins económicos do indivíduo. Cabeao setor de segurança, juntamente com outros setores competentes,estabelecer o sistema de controle adequado para a empresa.

A conservação dos equipamentos é outro ponto-chave para asegurança do indivíduo e para a economia da empresa. Trata-se deproteção individual e cada um deve ter os seus equipamentos. Cabe,portanto, a cada possuidor a responsabilidade de conservá-lo. Paraisso deve receber instruções: onde guardar, como guardar, até queponto usar, quando e como substituir êtc. Em caso de dolo é lícitoao empregador descontar o valor do "EPI" do salário do empregado.

Convém lembrar que é totalmente condenável o uso coletivo dos"EPI". Estes podem ser usados por outros após recuperados e devida-mente limpos.

Convém lembrar que a recuperação dos "EPI" é um fator eco-nómico bastante vantajoso, quer se processe pela empresa consumi-dora, quer por firmas especializadas. Deve-se ter em conta, porém,que essa recuperação deve ir somente até ao ponto que não com-promete a segurança, pois esta é o objetivo principal dos Equipamen-tos de Proteção Individual.

CLASSIFICAÇÃO DOS "EPI" *

Um dos meios usados para classificar os Equipamentos de Pro-teção Individual é agrupá-los segundo a parte do corpo que se desti-nam a proteger. Assim se têm:

Proteção para a cabeça',! • j

Os equipamentos para proteção da cabeça podem ser divididosem: a) protetores da cabeça em si; b) protetores dos órgãos nela lo-calizados. Em a) predominam os protetores para o crânio e para orosto; em b) predominam os protetores para os órgãos da visão e daaudição.

Protetores para o crânio

Capacetes são os protetores mais comuns do crânio contra im-pactos em geral, mas principalmente nos casos de quedas de objetos

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154 PRÁTICA DA PMVENÇÃO DE ACIDENTES

de lugares elevados. Portanto, a função dos capacetes é neutralizara ação agressiva de três tipos de acidentes: "batidas contra.,."; "ba-tidas por..." e "quedas de objetos". Note-se que-.o. acidente não éprevenido, mas sua consequência danosa ao homèm,'a lesão, é evitada.

Esse meio de proteção tem larga aplicação nas atividades ondehá trabalhos efetuados em níveis diferentes, onde objetos elevadospossam cair acidentalmente ou onde o próprio meio em que a pessoase movimenta possibilitabatidas da cabeça. Esta arazão da obrigatoriedadedo uso de capacetes nostrabalhos de construção ci-vil, de mineração, de cons-trução naval, em muitostrabalhos de manutençãoetc.

Alumínio, plástico ealgumas resinas são mate-riais usualmente emprega-

,— «v vayo- ^ Capacetes, protetores faciais, escudos ecetes. Desses, OS de alumi- capuzes são exemplos de protetores paranio têm caído em desuso a cabeça,por serem menos duráveis,não corresponderem como os outros no aspecto segurança e porquesão condutores de eletricidade, o que os contra-indica para eletricistas.Variam no formato: o tamanho da copa varia bastante, sendo pre-ferível a que é mais folgada na cabeça, tanto para permitir maiorespaço para amortecer o impacto como para circulação de ar. Outracaracterística que vá-ia é a existência ou não de nervatura, o quenão compromete a segurança se o material for bom e resistir aostestes especificados. Outro ponto que varia é a existência de abacompleta ou apenas uma pala frontal. O primeiro proporciona maiorárea de proteção nos casos de queda de objetos, pois, mesmo a abaauxilia no amortecimento do impacto ou serve, em muitos casos,para desviar, para longe do corpo, alguns objetos que caem, além deser mais recomendável também pôs trabalhos executados ao sol. Osegundo, por possuir apenas pala frontal, é mais leve, advindo daíalguma preferência. São preferíveis nas atividades onde há maispossibilidade de bater-se a cabeça contra obstáculos do que ter acabeça batida por objetos que caem.

Assume especial importância a parte do capacete que assentana cabeça. Esta é formada pela carneira, que se ajusta ao contornoda cabeça por meio de um sistema de regulagem necessário, e pelacoroa de sustentação — também regulável — que assenta na cabeça.

PROTEÇÃO INDIVIDUAL 155

Entre a carneira e o contorno do capacete deve haver uma folga paraefeito de ventilação e, entre a coroa e a copa também deve haverum espaço vazio a fira de evitar, pela elasticidade que a coroa deveter, que a cabeça sofra o impacto através do capacete. Tanto o sis-tema de regulagem como o material devem ser suficientemente resis-tentes aos testes especificados.

Este é um equipamento que, aparentemente, basta mante-lo nacabeça para se estar protegido. Porém, embora pareça elementar, énecessário que os usuários tenham algumas noções educacionais arespeito, tais como:

* manter a carneira e a coroa devidamente reguladas;

* nunca regular a coroa muito alta sob o pretexto de afirmarmais o capacete à cabeça, pois essa não deve ficar muito juntoà copa;

• se for necessário manter o capacete de modo que não venhaa cair é preferível usar a cinta jugular;

• conservar o capacete, lavando-o periodicamente com suas peçascomponentes; e outras recomendações mais que as particulari-dades do serviço sugerirem.

Às vezes é necessário preparar psicologicamente o pessoal quevai usar o capacete, o que pode ser conseguido com palestras, exem-plos de casos ocorridos etc.

O crânio poderá ser ferido também pelo arrancamento de cabe-los, ou mesmo do couro cabeludo se os cabelos forem apanhados pormáquinas, peças em rotação etc. Portanto, nos trabalhos- onde issopode ocorrer, os cabelos longos devem ser cobertos por touca ou redeque mantenha os cabelos presos.

Protetores para o rosto

Os protetores para o rosto são conhecidos pelo nome genéricode "protetor facial" e proporcionam proteção contra impactos con-tundentes de estilhaços e outros corpos estranhos arremessados, quei-maduras químicas e ação de radiação calorífica ou luminosa.

De certa forma, protegem também os olhos, mas não são pro-tetores específicos para esses órgãos, que requerem p.roteção mais efe-tiva de óculos de segurança.

São vários os tipos existentes de protetor facial.' A maioria dosmodelos consiste de um anteparo específico, articulado numa coroaregulável que se ajusta à cabeça.

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156 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTESPROTEÇÃO INDIVIDUAL 157

Com visor plástico

O anteparo desse tipo de protetor facial é todo transparente, moti-vo pelo qual é chamado visor ou viseira. Este é geralmente de lâminade acetato de celulose ou acrílico, perfeitamente transparente e semondulações. Não servem para esse fim materiais de baixo ponto deinflamabilidade. Com dimensões diversas, prestam-se a proteger orosto e de modo parcial os olhos, contra impactos de corpos sólidose respingos de produtos químicos e metais fundentes. Quando a fina-lidade é proteger também contra radiação luminosa o visor poderáser de cor verde ou azul, na tonalidade adequada.

Deve-se ter especial cuidado ao limpar o visor, pois o materialdo qual é feito tem pouca resistência à abrasão, podendo estragar-sena própria operação de limpeza.

Com visor de tela

Este difere do anterior apenas no anteparo, que também podeser chamado de visor, feito de tela de malha pequena, o que o tornatambém transparente. Protege contra impactos e calor radiante, pro-porcionando em muitos casos excelentes resultados onde outros tiposembaçam pela ação do ca!or e transpiração do rosto do usuário. Ondehá necessidade de proteger também os olhos, contra pequenas partí-culas ou luminosidade, deve-se usar, sob o visor, óculos de segurançaadequados.

Com anteparo aluminizado

Este protetor possui o anteparo opaco, aluminizado na face ex-terna, com um visor geralmente de plástico ou de tela e, às vezes,ambos combinados. A finalidade principal é proteger o rosto contrao calor radiante, embora proteja também contra impactos e ação deradiação luminosa prejudicial.

É necessária uma recomendação sobre a conservação do equi-pamento no que se refere à face aluminizada; esta deve estar semprebrilhante para refletir o calor radiante, pois é por meio dessa reflexãodos raios caloríficos que protege o rosto do usuário.

Elmo de soldador

Este protetor facial é de uso específico dos soldadores de soldaelétrica. Tem a finalidade de proteger o rosto do soldador contra a

radiação calorífica e luminosa do arco voltaico produzido pela ope-ração de soldagem, assim como contra os respingos do metal fun-dente e as fagulhas próprias da solda.

O anteparo desse protetor é de fibra ou resina escura que vedatotalmente a passagem da luz. A acomodação à cabeça e a articulação,com pequenas variações, assemelham-se à dos outros protetores faciais.No visor retangular são colocados os vidros-filtros de luz na tonali-dade adequada. Estes são protegidos por vidros comuns que protegemo filtro de luz contra os respingos de metal e as fagulhas. Esses vidrosprotetores são substituídos com frequência enquanto o filtro, de maiorvalor, é conservado isento da ação dos respingos e das fagulhas dasolda. Já existem filtros de luz, de resina, que não são atacados porrespingos incandescentes e não quebram facilmente como o vidro.

A tonalidade dos filtros varia do número 5 ao 14, embora naprática possam se usar só as de número par, com resultados plena-mente satisfatórios. Ê muito comum o soldador escolher na práticaa tonalidade do filtro, embora seja aconselhável obedecer as tabelasexistentes que relaciciam a tonalidade do filtro com a amperagemdo aparelho de solda.

Escudo de soldador

Este tem as mesmas características protetoras do "Elmo", só queo soldador o usa com uma das mãos para proteger o rosto, enquantocom a outra executa a solda.

Outros protetores faciais

Existem outros tipos de protetores faciais embora não reconhe-cidos entre os convencionais. Dentre esses, vários modelos de capuzessão empregados contra a ação agressiva de materiais abrasivos, corro-sivos etc. O capuz reforçado para uso nas cabinas de jato de areia,além de proteção respiratória proporciona também proteção facial.Este é um equipamento que requer treinamento mais cuidadoso dousuário. f:\o só nos casos mais graves, como os que aqui citamos, mas

toda vez que houver riscos para o rosto, deve ser usado o tipo ade-quado de proteção facial.

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158 PRÁTICA DA PREVENÇÁO-.DE ACIDENTES

Protetores para os olhos

A proteção dos olhos éum dos pontos mais impor-tantes da prevenção de aci-dentes. Esses órgãos precio-sos e frágeis devem serprotegidos contra impactos deestilhaços, partículas volantes,fagulhas, respingos de produ-tos químicos e metais funden-tes, assim como contra efeitosperniciosos de radiações lumi-nosas e caloríficas.

óculos para proteção geral

Existem óculos de segurança espe-cíficos para certos trabalhos; para aproteçSo «ral dos olhos existemóculos que proporcionam segurança

e conforto.

Sob essa denominação podem ser considerados os óculos comarmações semelhantes às de óculos sociais e que, com pequenas va-riações em algumas características, se prestam a proteger os olhoscontra uma ampla variedade de riscos e condições agressivas aos olhos.

Esses óculos são mais confortáveis, mormente quando é fornecidoo tamanho adequado de armação ao usuário e é feita a necessáriaadaptação ao seu rosto. Esse é o motivo que recomenda esse tipo deóculos para uso permanente durante o trabalho e que, ao mesmotempo, possibilita a introdtíção de um programa de proteção geral epermanente dos olhos contra os acidentes do trabalho.

As características das armações determinam o grau de proteçãoque esse "EPI" pode proporcionar:

Armaçãu. sem proteção lateral

Caracteriza os óculos que só protegem contra impactos frontais.Isto é, só as lentes protegem, permanecendo os olhos vulneráveis acorpos estranhos que podem penetrar no espaço livre entre os arosdas lentes e o rosto, Só são aceitáveis, portanto, para pessoas que seexpõem a risco poú,co acentuado ou que não se aproximam de fontesde centelhas, respingos, fragmentos etc.

Armação com proteção lateral parcial

São as que possuem proteção fixa às hastes, vedando os espaçosentre os aros das lentes e o rosto, abaixo das hastes. É uma proteção

PROTEÇÃO INDIVIDUAL 159

parcial, porém satisfatória, contra os riscos de muitos trabalhos cornode máquinas operatrizes de metal e de madeira e outros serviços ' queproduzam apenas fragmentos.

Armação com proteção total articulada

É a que possuí protetores semicirculares articulados nos aros daslentes e que vedam o espaço entre estes e o rosto, tanto abaixo comoacima das hastes. Esses protetores são de plástico, perfurados ou semperfuração, ou de tela metálica. A aplicação de um ou outro dependedo tipo de partícula ou do material contra o qual deve exercer funçõesprotetoras.

Armação com articulação na ponte

Possui protetores laterais articulados e são auto-ajustáveis porintermédio do elástico que substitui as hastes.

Algumas pequenas variações no estilo ou na cor da armaçãopodem influir no gosto das pessoas, mas pouca influência exercemsobre a segurança que devem proporcionar ao indivíduo.

Lentes

As lentes são as peças mais importantes dos óculos de segu-rança, pois .são os anteparos dos impactos que poderiam atingir osolhos. Devem necessariamente ser lentes de segurança, isto é, comqualidade e resistência suficientes, segundo normas estabelecidas. Asmais comuns e mais recomendáveis s£o as. lentes de vidro ótico, comcurvatura adequada e sem qualquer aberração ótica. São lentes tem-peradas com espessura que varia entre 2,8 e 3,2 mm.

Uma das normas estrangeiras mais conhecidas recomenda comoteste de resistência dessas lentes a queda livre de uma esfera de aço7/8", de urna altura de 1,27 m, no centro da face convexa da lenteque, por sua vez, deve estar apoiada sobre um anel de borracha.

Lentes de resina

Quando de boa qualidade, são tão fiéis como as de vidro óticoe resistem a impactos mais violentos. Possuem a vantagem de nãoserem atacadas por fagulhas ou respingos de metal incandescente. A

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160 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

superfície, porém, risca-se com mais facilidade por ser menos resistentea atritos. Requerem, portanto, mais cuidado no que tange à conser-vação, embora sempre tenham vida mais longa que as de vidro, nostrabalhos onde são atingidas por centelhas e partículas de metal

fundente.

óculos para soldador

Geralmente são óculos com o formato de duas conchas interli-gadas por uma articulação na ponte, com elástico de retenção nacabeça. A finalidade desses óculos é proteger os olhos contra radia-ções luminosas, fagulhas e respingos de metal incandescente nos tra-balhos de solda.

Como a intensidade da luminosidade varia, também deve variara capacidade de filtração de raios luminosos das "lentes" desses óculos.

Esses filtros de luz são geralmente verdes, nas tonalidades 4, 5,6 e 8, na ordem crescente do poder filtrante. Os óculos são feitosde modo a facilitar a troca das lentes de acordo com a necessidade.

Como essas "lentes" são sensíveis às fagulhas e respingos desolda, usa-se protegê-las com um vidro comum, cuja troca constantenão onera tanto como a troca daí lentes.

A adaptação desse tipo de óculos à conformação facial do usuá-rio é muito importante, tanto para a segurança como para o confortodo indivíduo. Certos modelos amoldam-se melhor que outros e algunspodem ser usados sobrepostos a óculos de uso corrente, o que pos-sibilita ao soldador que usa óculos graduados, usar seus óculos sobos óculos de soldador.

óculos contra riscos químicos

Contra a agressividade de produtos químicos, os óculos devemser do tipo fechado e com armação de borracha para melhor adaptaçãoe vedação. Os ventilantes são de forma indireta para evitar a pene-tração de substâncias líquidas. Alguns totalmente sem ventilaçãoservem apenas para uso momentâneo, porque se embaçam com faci-lidade. Alguns possuem no lado interdo inferior da lente pequenoreservatório para algumas gotas de água que o usuário faz escorrersobre as faces das lentes, abaixando e elevando a cabeça, a fim dedesembaçá-las. Outro recurso para evitar ou retardar o embaçamento,é aplicar na face interna das lentes um líquido ou outro materialantiembaçante.

PROTEÇAO INDIVIDUAL 161

Os óculos chamados de ampla visão sSo para uso geral, embora, pouco recomendáveis para uso permanente. São, muitas vezes, so-

brepostos a óculos com lentes graduadas, quando estas não são desegurança, ou mesmo para proteger as lentes de vidro, de segurança,contra o ataque de fagulhas de solda, de esmeril etc.

São muitos os tipos de óculos existentes, embora os demais sejamapenas variantes dos tipos apresentados. São equipamentos fáceis deusar e não é difícil se acostumar com eles, desde que sejam bem adap-tados ao rosto, para proporcionar conforto, e que as pessoas estejamconvictas da sua utilidade para a proteção dos olhos.

Campanhas de esclarecimento devem ser promovidas e todo rigordeve ser mantido na observância do uso dos óculos de segurança.

Algumas empresas adotam o uso geral de óculos de segurançapara os empregados, independentemente da função que exercem oudo cargo que ocupam. A conduta dessas empresas, no que diz respeitoà proteção dos olhos dos empregados, é altamente meritória. Mesmovisitantes nessas empresas recebem óculos de segurança para usaremdurante a passagem pelas áreas de trabalho. Isto porque, todos osolhos que se expõem a riscos de acidentes devem ser protegidos comóculos de segurança. Assim devem pensar os responsáveis pela se-gurança do trabalho e fazer também com que os outros assim pensem.

Proteção auricular

Outros órgãos que se situam na cabeça e que requerem proteçãosão os ouvidos, os quais podem ser afetados por ruídos intensos. Alegislação 'brasileira estabelece os limites de ruído em 85 decibéis pararecintos fechados, e 90 para lu-gares abertos. A partir desses

; limites o ruído é prejudicial erequer proteção para os ouvidos.

Existem muitos meios deproteção para os ouvidos. Osmais usuais, no entanto, são osdispositivos tipo tampão que seintroduzem na parte inicial docanal auditivo e que reduzembastante a intensidade das vibra-ções sonoras que ating-m os tím-panos. Os protetores tipo fone são mais eficientes para ruídos maisintensos e principalmente de alta frequência.

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162 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES PROTEÇÃO INDIVIDUAL 163

Além de protegerem a entrada do canal auditivo, isolam tambéma parte óssea junto à orelha, evitando que transmitam vibrações àparte interno do ouvido.

Cabe ao serviço de segurança avaliar os. riscos, para o ouvido eprover os trabalhadores com os protetores adequados, além de pro-videnciar as instruções e treinamento adequados.

Proteção para os membros superiores

Nos membros superioresmaior frequência, são vítimasmãos. Grande parte dessaslesões são preveníveis atra-vés do uso de luvas. Asmãos são necessárias à exe-cução de trabalhos que en-volvem uma larga série deagressividades contunden-tes, abrasivas, cortantes,perfurantes, térmicas, quí-micas. Luvas específicassão empregadas para a neu-tralização dessas caracte- •rísticas agressivas do tra-balho.

situam-se as partes do corpo que, comde lesões por acidentes do trabalho: as

Uma variedade de luvas, mitenes e man-gas é empregada na proteção das mãos

e dos braços.

Para trabalhos de solda

Trabalhos de solda a arco requerem luvas para proteção do sol-dador contra a agressividade do calor, de respingos incandescentes edo efeito.da radiação ultravioleta. São geralmente luvas de raspa decouro, mas também podem ser de outro material desde que incom-bustível e com bom efeito de isolação térmica. A proteção dos mem-bros superiores do soldador deve estender-se até cobrir o ante-braçoe, em certos casos, a proteção deve chegar até o ombro, por intermédiode mangas adicionais que, regra geral, se interligam na altura doombro por meio de correias.

É mais económico o uso de luvas com punho curto, complemen-tando-se a proteção com as mangas já citadas ou com punhos avulsosaté o cotovelo. Independentemente do material do qual forem feitas,as luvas de soldador.devem ter suficiente flexibilidade para permitir omanuseio correio dos apetrechos de solda.

Para outros trabalhos quentes

Para manuseio de peças quentes, ou outro trabalho que exponhaas mãos a altas temperaturas, usam-se ordinariamente luvas de tecidode asbesto (amianto, como é mais conhecido). £ um material in-combustível, porém nem sempre satisfatório como isolante térmico. Emalguns casos as luvas levam forro de flanela ou de lã, de modo aficarem com melhores características isolantes de altas temperaturas.

O tecido é pouco resistente a atritos, motivo pelo qual requer,para certos trabalhos, o emprego de reforço na palma da luva paraaumentar-lhe a vida. Este forro é geralmente de raspa de couro. Poresse motivo, e por se tratar de material bastante caro, prefere-se outrostipos de luvas sempre que o trabalho permitir.

As luvas com o dorso confeccionado de asbesto aluminizado sãorecomendáveis nos trabalhos onde as mãos se expõem â intenso calorradiante.

Para trabalhos com materiais cortantes

Luvas, confeccionadas com materiais diversos, podem ser em-pregadas contra a agressividade de materiais cortantes, tais comochapas metálicas, vidros planos cortados, peças metálicas com rebarbase outros. Isto depende muito do tamanho e peso da peça, do gumedas arestas cortantes e do tipo de manuseio. Para certos trabalhosleves, luvas de lona de boa qualidade podem .ser suficientes; paraoutros casos, em que é necessário também isolação contra produtoslíquidos, luvas de PVC dão bons resultados. Casos de arestas cor-tantes longas, como de chapa por exemplo, requerem luvas maisresistentes a cortes, servindo muito bem as luvas confeccionadas como tecido conhecido por grafatex. Luvas de couro ou raspa de courotambém servem para muitos casos. Nos casos mais agressivos o couropode levar reforços de'grampos ou ilhoses metálicos.' '

Para outros trabalhos rudes í

Os mesmos tipos de luvas descritos no item anterior, servem paraproteger as mãos contra a agressividade de outros trabalhos rudes, taiscomo manuseio de peças rústicas, abrasivas, com pontas perfurantesetc. A segurança nesses trabalhos depende da escolha das luvas certas:mais leve ou mais pesada, com ou sem reforço adicional, com punhocurto ou longo clc.; a escolha pode ficar a juízo de quem tiver capa-cidade para escolher ou pode resultar de experiências práticas feitas.

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164 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Para trabalhos com produtos químicos líquidos

Dentre os líquidos com os quais as mãos podem ter contato du-rante a execução de muitos trabalhos, encontram-se alguns corrosivos,tais como ácidos ou solução de soda cáustica, alergênicos como mui-tos produtos petroquímicos, venenosos como soluções contendo cia-netos, etc. Nesses casos as luvas devem ser impermeáveis. Algunsprodutos requerem apenas luvas leves como as luvas domésticas oucirúrgicas. Trabalhos com ácidos, porém, requerem luvas mais pe-sadas, de borracha ou PVC,

Produtos petroquímicos devem ser manipulados com luvas deborracha sintética ou de PVC, pois as de borracha natural são ata-cadas e destruídas violentamente por esses produtos, em pouco tempode uso.

Onde há necessidade de impermeabilização e ao mesmo tempohá muito atrito, pode-se usar uma combinação de duas luvas — aimpermeável por dentro — ou uma só, impermeável e reforçada.

Nos trabalhos com produtos venenosos as luvas não devem terqualquer perfuração, para não permitir a entrada do produto e o seucontato com a pele. O próprio uso requer certos cuidados nessescasos; as luvas devem ser abundantemente lavadas era água correnteantes de serem descalçadas.

Para trabalhos em alias tensões

As luvas de eletricistas, para trabalhos em altas voltagens, sãoas que assumem maior responsabilidade na proteção do trabalhador.Elas não são para proteger as mãos, embora sirvam para isso, masprotegem a vida dó indivíduo contra eletrocutação. São especiaisem suas especificações. São de borracha de textura e espessura ade-quadas e devem proporcionar o mínimo requerido de flexibilidade parapermitir o manuseio das ferramentas próprias dos profissionais queas usam.

Não devem ter quaisquer defeitos, arranhaduras, perfurações oudesgastes; para evitar tudo isso elas são usadas com luvas de pelica,ou outro couro macio, sobrepostas.

Não devem ter contato com produtos químicos de qualquer es-pécie. Quando não estão em uso devem ser mantidas guardadas, depreferência em caixa de madeira, sem umidade, e protegidas comtalco.

Apesar do certificado de teste que possam apresentar, é reco-mendável que essas luvas sejam submetidas a ensaios antes de entra-

PROTEÇÃO INDIVIDUAL 165

rem em serviço. Ensaios anuais também são recomendáveis. Depen-dendo da idade das luvas ou se houver qualquer suspeita, deve-seefetuar ensaios mais frequentes.

Sempre que possível o trabalho em linha viva deve ser evitado.Todavia, quando não for possível, devem-se tomar todas as medidasde segurança e apenas luvas em boas condições devem ser usadas.

" As luvas, assim como outros "EPI", requerem algum conheci-mento por parte do usuário. São elementares como equipamentosde proteção individual, mas é necessário conhecer seu emprego cor-reto para se obter os melhores resultados de segurança. Ê necessárioentre outras coisas, saber quando o uso de iuvas é contra-indicado,como por exemplo, nos trabalhos com certas máquinas, onde elaspodem constituir um grande risco.

Proteção para os membros inferiores

Os membros inferiores também necessitam de proteção contracondições ou agentes agressivos do trabalho. Os protetorês para ospés são mais comuns por serem essas as partes dos membros inferioresas mais atingidas pelos acidentes.

Calçados

Calçados de vários ti-pos são usados paraproteger os pés contra im-pactos (principlamente dequedas de objetos), con-tra riscos ou desconfortotérmico, contra produtosquímicos, umidade etc.

Contra queda de obje-tos pesados, o tipo de cal-çado recomendado é o co-nhecido como calçado desegurança, o que possui bi-queira de aço capaz de re-sistir a fortes impactosisentando os artelhos deferimentos. Com uma pressão estática de 1.200 quilos exercida sobrea biqueira, ela deve ceder ao máximo até deixar uma folga de 13 mmentre a palmilha do sapato e a borda da biqueira. Esta é a resistênciaadequada para as biqueiras de aço.

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166 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

S6 os artelhos são protegidos pela biqueira de aço, embora elaatenue também muitos impactos, que atingem o dorso do pé. Noentanto, como a grande maioria das quedas de objetps atinge somentea zona dos artelhos, as biqueiras proporcionam ótirha segurança aostrabalhadores. Já se fazem hoje calçados que, além da biqueira deaço, possuem prote'ores, também de aço, almofadados, sobrepostosaos calçados, dando melhor prpteção ao dorso do pé.

Existem também protetores metálicos, tipo de armadura para ospés, que se usam sobre os calçados, presos a estes por meio de elás-ticos ou molas. São para proteção contra impactos mais violentos e,devido ao peso, seu uso só é recomendável para as pessoas que semovimentam pouco na execução de suas tarefas.

Contra efeitos térmicos nocivos, também existem vários tiposde calçados. Devera-se usar os adequados a cada circunstância. Ocouro, substituído por tecido de amianto devidamente forrado dá aocalçado boas características de isolação térmica; essa proteção^ esten-de-se às vezes até a perna, com o prolongamento do calçado em formade bota.

Para isolação com relação ao piso, muito quente ou muito frio,o calçado com solado de madeira é bastante recomendável. O usodesses calçados deve se restringir a esses casos críticos, desde que nãosão confortáveis para uso permanente. Servem, também, para iso-lação da umidade do piso.

Contra produtos químicos agressivos, tais como ácidos, soluçãode soda cáustica etc., as botas impermeáveis são os protetores ade-quados. De borracha, natural ou sintética, e mesmo de plástico, essasbotas têm ampla aplicação na proteção dos trabalhadores. Este ouaquele tipo, deste ou daquele material, com ou sem forro, as botasdevem ser escolhidas.de acordo com a necessidade, isto é, de acordocom o tipo de agressividade existente no trabalho.

Algumas dessas botas são usadas, às vezes, para isolação elétri-ca. Quando isto acontece, é necessário muito mais cuidado na escolhado tipo adequado, assim como na conservação.

Para a isolação simples da umidade do piso não é necessário tertanto cuidado, sendo adequados mesmo os tipos mais leves. Às vezessimples galochas são suficientes, ou o tipo de calçado com solado demadeira anteriormente citado.

Perneiras

Com algumas variações de detalhes, dimensões, e material dosquais são feitas, as chamadas perneiras são os protetores ordináriospara as pernas.

PROTEÇÃO INDIVIDUAL' 167

São mais-frequentemente usadas contra os riscos de queimaduras,tanto nos trabalhos de. solda como em trabalhos de fundição e demaismetalurgias pesadas.

De acordo com o risco, as perneiras cobrem só a perna ou che-gam até a coxa. As longas são mais empregadas em trabalhos comprodutos químicos líquidos e corrosivos. Em todos 'os casos há sem-pre uma pala que cobre os pés, protegendo a entrada de corpos agres-sivos pelas possíveis frestas do calçado.

Para os trabalhos de soldadores, de fundidores etc., é mais acon-selhável o uso de perneiras que se prendam às pernas 'por intermédiode presilhas, o que as torna mais práticas de serem calçadas, ao mes-mo tempo que possibilita a retirada rápida em caso de uma emergên-cia, tal como penetração de metal fundente — apesar da proteção —ou superaquecimento por contato com material de alta temperatura.

Apesar de ser um equipamento simples, também requer escolhacriteriosa e uso adequado para satisfazer plenamente ao objetivo dasegurança.

Proteção do tronco

A proteção externa do tronco é exercida porequipamentos que muitas vezes estendem a açãoprotetora a outras partes do corpo. Isto porqueesta proteção se resume em aventais e vestimentasespeciais, empregados contra os mais variados agen-tes agressivos. '

Contra riscos leves de cortes e atritos, sãousados aventais de lona. Contra riscos mais sériosde cortes e atritos, tais como no manuseio de chapasgrandes com arestas cortantes, usam-se aventais deraspa de couro que são mais resistentes ao atrito.Em alguns casos os aventais podem levar reforçosespeciais em certas áreas.

Contra o risco do contato com produtos quí-micos líquidos, ou mesmo somente contra a umi-dade, usam-se aventais impermeáveis; plástico oulona revestidos de plástico são os materiais maisrecomendáveis para esses aventais.

Contra o risco de altas temperaturas, os aven-tais mais comumente usados são os de tecido deasbesto. Este tecido é incombustível, mas se aquecebastante quando exposto ao calor, passando, daíem diante, a ser desconfortável para o usuário:Quando o asbesto é aluminizado os resultados sai

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168 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

melhores, pois grande parte do calor é refletida diminuindo o aqueci-mento do usuário.

Em alguns casofs, um meio avental, isto é, só da cintura parabaixo, é suficiente.

Apesar de simples, o uso de aventais não deve ser indiscriminado.O uso dos mesmos, onde possam ser presos por peças de máquinasem movimento, é totalmente condenável. Uma característica impres-cindível para todos os aventais é o tipo de cadarço para mante-lo presoao pescoço e à cintura. Esses cadarços dever ser suficientes somentepara manter o avental no corpo, mas devem quebrar-se facilmente seo avental se enroscar, para não arrastar ou segurar o usuário.

Quando ocorrem os mesmos riscos, mas é todo ou quase todo ocorpo que está sujeito ao perigo, usam-se vestimentas especiais.

Roupa resistente deve ser usada contra atritos e possíveis cortes.Roupas de amianto, inteira ou em forma de casaco são usadas contrariscos de altas temperaturas. Quando aluminizadas essas roupas sãomais eficientes na neutralização do calor.

Casacos ou roupas inteiras, de lã, especialmente confeccionados,são também recomendáveis para altas temperaturas, como em certasoperações de alto-forno ou de acearia, assim como em baixas tempe-raturas, como- em câmaras frigoríficas.

Contra os riscos de produtos químicos corrosivos, as roupasdevem ser impermeáveis. Muitas vezes, quando o uso é mais demo-rado, a roupa é ventilada internamente, por meio de ar circulante,de modo a permitir maior conforto do usuário.

Essas roupas requerem, às vezes, algum treinamento e preparodo indivíduo para que este as use de maneira adequada, sem criarproblemas para si ou para o desenvolvimento do trabalho.

Proteção das vias respiratórias

, Os equipamentos de proteção das vias respiratórias são, entreos "EPI", os que assumem maior responsabilidade na preservação daintegridade física dos trabalhadores. A finalidade desses "EPI" nemsempre é evitar que o aparelho respiratório sofra qualquer lesão.Muitas vezes, eles evitam que outros aparelhos ou órgãos sejam afe-tados, impedindo que, para isso, o aparelho* respiratório seja o veículode introdução de substâncias tóxicas no organismo.

A máscara é a peça básica do protetor respiratório. É, às vezes,semi-facial, isto é, cobre apenas parcialmente o rosto, mais precisa-mente a região inicial das vias respiratórias, envolvendo totalmente aboca e o nariz. Outras vezes 6 facial, quando cobre todo o rosto,

PROTEÇÃO INDIVIDUAL 169

havendo, nesses casos, um visor panorâmico ou um tipo de óculospara a visão. Ê o tipo usado mais frequentemente onde o risco podecausar danos também ao rosto e aos olhos. Em alguns casos, umsimples capuz ou um tipo de elmo, interligado à roupa ou capaespecial, protege a cabeça toda.

Qualquer tipo de máscara deve permitir vedação perfeita nasáreas de contato com o rosto. O modelo, as características de amol-dagem do material e as dimensões da máscara são fatôres que emmuito favorecem a boa adaptação ao rosto. '.O sistema de sustentação na cabeça, comelástico, presilhas e fivelas também é muitoimportante para a boa vedação.

Máscaras e jiltros

Para completar as informações a respeitode máscaras convém citar inicialmente as maiselementares, as máscaras de filtros. Nessas, apeça principal, ou seja a máscara.em si, possuium filtro, através do qual o ar é aspirado.A finalidade dos filtros é, conforme o caso,reter partículas sólidas, absorver vapores, ou neutralizar gases, demodo que o ar penetre nos pulmões livre dos poluentes da atmosfera.

Os primeiros são filtros de material fibroso que retêm partículasde poeira, fumos, névoas etc. Os filtros estão saturados quando passama dificultar a respiração; é quando devem ser substituídos.

Os segundos são filtros compostos de um receptáculo cheio decarvão ativo, retido ali por telas ou outro material fibroso que servede filtrante auxiliar. São absorventes dos chamados vapores orgânicos,tais como vapores de derivados do petróleo, do álcool etc. Percebe-seque o filtro está saturado quando deixa passar o vapor que existeno ambiente; é o momento de trocar o filtro.

Os terceiros são semelhantes aos segundos, porém o materialinterno é neutralizante específico de determinados gases, tais comode ácido, de amónia etc. A saturação do filtro é notada pelo mesmométodo prático.

Existem filtros específicos para diferentes gases e existem tam-bém os chamados polivalentes que servem para diversos gases isoladosou em mistura.

Os filtros pequenos, também chamados cartuchos, são de poucaduração e esta depende da^concentração do contaminante, que nuncadeve exceder a 2%, com exceção da amónia, cujo limite é 3%.

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PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Os filtros maiores, chamados canistréis, são ligados à máscarapor intermédio de uma traquéia de borracha ou plástico e são levadassuspensas ao peito, costas ou cintura devido ao seu peso. O processode filtragem do ar é semelhante ao dos filtros pequenos, apenas ovolume é maior, permitindo o uso por tempo mais prolongado. A iden-tificação da saturação se faz também pelo método prático já citado.

Peças de valor fundamental são também as válvulas de escapedo ar exalado. Estas devem abrir suavemente para a saída do ar efechar perfeitamente para evitar a entrada do contaminante no atoda aspiração.

Filtros para monóxido e carbono

Esses filtros são geralmente canistréis. O uso deve ser cercadode todos os cuidados extras que as condições possam exigir. Geral-mente há um indicador ou alarme para alertar acerca da saturaçãodo filtro. Deve-se seguir à risca as instruções do fabricante ou outraseventualmente existentes.

Máscaras com suprimento de ar

Era altas concentrações de contaminantes ou onde o oxigénioesteja abaixo de H>% não se usam máscaras com filtros, mas simmáscaras com suprlnento de ar puro. O ar poderá ser fornecido porcilindros que o usuário carrega nas costas, ou por ventoinha acionadaà distância, sendo o ar levado através de mangueira, ou ainda dopróprio ar comprimido existente no local, devendo, nesse caso, serfiltrado por filtro especial e ter a pressão devidamente regulada.

Alguns trabalhos requerem o uso constante de máscaras, enquantoem outros o "EP'" só é usado em caráter de emergência ou emocasiões especiais ou esporádicas. Em qualquer dos casos, porém, ousuário deve estai consciente do "EPI" que está usando, quais osriscos que corre s'-, deixar de usá-lo e, acima de tudo, deve ser treinadopara usar de mareira cctreta o equipamento —.além de saber comocuidar da consei /aç£o do seu protetor.

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Cintos de Segir inça

Os cintos os segurança não têm a finalidade de proteger esta ouaquela parte do :orpo em particular. São usados para prevenir quedas

_i__n—, „„ i,,„„„„,, ,,^^0 rmnnrlo. r»or dcscQuilíbrio

PROTEÇÃO INDIVIDUAL 171

Os tcffitos de s^nça, quando devida-

mente empre8aedofS;tSa^s mmtas quedas

ou outra ocorrência acidental, poderão precipitar-se ao solo ou a outronível inferior se não estiverem usando-esse "EPI". .

Dentre os tipos exis-tentes, destacam-se doiscintos de segurança:

Cinto com travessão

Ê um cinto largo ereforçado, de couro ou delona, como devem ser oscintos de segurança, comuma ou duas fivelas, con-forme o tipo, Existem dois anéis, onde é preso o travessão, colocadosde maneira que fiquem um de cada lado do corpo do usuário. De umlado o travessão é preso por anéis entrelaçados e do outro por meiode moquetão metálico, o que possibilita a regulagem necessária docomprimento, de acordo com a necessidade. ,

O travessão consiste de uma tira de couro reforçada, geralmentedupla, regulávcl por meio de fivela, que a pessoa, após ter o cintoapertado na cintura, passa por trás ou por cima do ponto onde ficaráapoiado, para equilibrar-se ou para apoiar o corpo e trabalhar maisà vontade. Um exemplo do uso desse tipo de cinto é o trabalho empostes, quando a pessoa com os pés na escada passa o travessão portrás do poste, trabalhando com o corpo apoiado contra o travessão.Em todos os trabalhos que requerem uma ancoragem do homem contraquedas e que não requerem deslocamento do usuário, este é o tiporecomendado de cinto de segurança. '

O que não convém é improvisar esse cinto utilizando, por exem-plo, uma corda, pois não é um meio adequado para o fim de proteçãoa que se destina este tipo de cinto.

Cinto com corda

Este tipo de cinto possui suspensórios e, em alguns casos, atétiras de assento, como os cintos de paraquedistas. Na parte traseira dosuspensório existe uma argola na qual é fixada a corda. Tendo o cintoe os suspensórios bem ajustados, a corda deve ser bem amarrada noponto de ancoramento escolhido para servir de suporte em caso dequeda da pessoa. A corda, naturalmente, deve ser de boa qualidadee suficientemente resistente. '

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172 PRÁTICA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

A finalidade deste cinto é oposta à do outro apresentado. En-quanto naquele o usuário se apoia para não se desequilibrar e cair,este serve para aparar a queda caso esta ocorra. O cinto com cordaé usado nas operações em que a pessoa necessita de alguma movi-mentação, não podendo permanecer ancorada como acontece quandousa corretamente o cinto com travessão.

A corda deve ser bem amarrada em ponto firme e mais elevado,com o lance de corda mais curto possível, de modo a reduzir o impactotanto na corda como no corpo do indivíduo em caso de queda. O fatoda corda ser presa nas costas é para que, em caso de queda, o corposeja forçado a dobrar-se no sentido normal, para frente, evitandomaior esforço ou impacto na espinha dorsal da pessoa. Nunca sedeve prender a corda na frente, pois, em caso de queda, a pessoapoderá ter a espinha dobrada para trás com possibilidade de sériosproblemas.

Os cintos de segurança requerem cuidado tanto no uso como naconservação. Devem ser submetidos a inspeções periódicas, nas quaisdevem ser levados em conta :,o estado do couro ou do tecido, da cordae acessórios tais como fivelas, argolas, rebites etc. Qualquer suspeitaque alguma dessas partes possa causar, é motivo para retirar o cintode uso, repará-lo se for possível^ ou substituí-lo. O rigor da inspeçãoe corvservaçâo dos cintos de segurança é devido à grande responsa-bilidade que este "EPI" assume na preservação da integridade físicado trabalhador.

Os usuários desses "EPÍ" têm necessidade de esclarecimentosespeciais sobre a importância desse tipo de proteção, e mesmo detreinamento, que deve ser providenciado pelo serviço de segurança,em conjunto com o setor especializado em treinamento — se a firmao possuir — e ministrado de preferência pelos próprios .supervisoresdos empregados que utilizarão os cintos de segurança.

• Outros equipamentos de proteção individual poderiam ser citados.Muitos detalhes deixam de ir aqui relatados, pois esse não é umtrabalho que visa a esgotar o assunto. Contudo, os principais foramapresentados e o conhecimento destes, aliado ao bom senso de quemirá determinar o uso do "EPI", 6 suficiente para que se consigamresultados satisfatórios contra a agressividade dos acidentes.

Os serviços de segurança devem ter autoridade para determinaro uso dos equipamentos adequados que os diversos riscos requeiram.O mesmo serviço deve instruir trabalhadores e supervisores quanto ao

PROTEÇÃO INDIVIDUAL 173

uso adequado dos "EPI". Deve preparar treinamento, emitir instru-•ções por escrito e fiscalizar o seu uso correto. Deve também participardireta ou indiretamente do controle, reparos e conservação dos equi-pamentos de proteção individual.

RESUMO

* Os equipamentos de proteção individual, "EPI", são empregadosquando outros meios, de ordem geral, não proporcionam pró-

' ' teção adequada contra os riscos de acidentes.í « Os "EPI" slo usados:

** como o único meio capaz de proporcionar proteção ao traba-lhador que se expõe diretamente ao risco;

** como proteção complementar quando outros recursos não preen-chem totalmente a proteçSo do trabalhador;

** como único recurso em casos de emergência;** como recurso temporário até que se estabeleçam os meios gerais

de proteção.* Todos os aspectos educacionais e p.«'cológicos também devem

ser levados em conta para melhor aproveitamento e aceitaçãodo "EPI" pelos trabalhadores.'

* A compra e o controle dos "EPI" devem ser criteriosos.* O serviço de segurança é o órgão competente para especificação

e determinação do tipo e uso dos "EPI". :

'• Os "EPI" podem ser classificados segundo a parte do corpoque protegem:

** Proiição para a cabeça: para o crânio, para o rosto, para osolhos e para os ouvidos.

• ** Proteção para os membros superiores: para as mãos, para asmãos e os braços, e para os'braços até os ombros.

** Proteção para os membros inferiores: para os pés, para os pés cpernas, para as pernas, e para a perna até a coxa.

; *'* Proteção para o tronco: resume-se em aventais e vestimentasespeciais.

** Proteção para as vias respiratórias: para as vias respiratórias,em si e, através destas, para outros órgãos do corpo.

• Os cintos de segurança não protegem esta ou aquela parte docorpo; são usados para prevenir quedas de pessoas que trabalhamem lugares elevados.

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Page 86: Prática da Prevenção - civilnet.com.br · O HOMEM E O ACIDENTE DO TRABALHO Causas dos acidentes do trabalho Propensão ao acidente Inaptidão para o trabalho Temperamento ... Uso

BIBLIOGRAFIA

"Industrial Safety" — ROLAND P. BLAKE"Modern Safety Practices" — RUSSEL DE REAMER"Accident Prevention Manual for Industrial Operations" — NationalSafety Council (U.S.A.)"Supervisões Safety Manual" — H. W. HEINRICH"Industrial Accident Prevention" — H, W.. HEINRICH

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