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BOLETIM DO INSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIA Volume 18 | Semestral | Abril de 2016 LAPAS ROBOT À SOLTA NA NOSSA COSTA

Portugala 18

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Vol.18 | Abril de 2016 | Semestral

Fe ve re i ro 2 0 1 5 | S e m e s t ra l | Vo l u m e 1 6

PORTUGALA

BOLETIM DO INSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIA

Volume 18 | Semestral | Abril de 2016

LAPAS ROBOTÀ SOLTA NA NOSSA COSTA

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Vol.18 | Abril de 2016 | Semestral

Caros leitores,

É com grande satisfação que lançamos mais um número da Portugala. Nesta publicação começamos por vos mostrar como a robóti-ca pode ser uma ferramenta ímpar para o conhecimento da fisiologia de moluscos costeiros. Seguidamente, falaremos do pa-pel de certos moluscos como vectores de biotoxinas, da eficácia da depuração na re-dução de contaminantes microbiológicos e químicos em bivalves, dos impactos de bi-valves invasores nas indústrias portuguesas, implementação de sistemas integrados de GPS/GSM/GPRS para seguimento da frota de pesca de bivalves, entre muitas outras coisas.

Boa leitura! Saudações malacológicas...

Nota do Editor

Rui RosaInvestigador MARE e Docente FCUL

NESTE VOLUME....HIGHLIGHT

Utilização de robolapas para a medição de temperatUras de Uma forma aUtónoma a larga escala_______________________________3

ARTIGOS

eficácia da depUração na redUção de contaminantes em bivalves ___5

impactos da amêijoa asiática nas indústrias portUgUesas_________7

biotoxinas marinhas em molUscos bivalves___________________9

o bivalve Pinna rudis – ocorrência e associação com o crUstáceo Ponto-nia PinnoPhylax na ilha terceira _________________________11

espécies de cefalópodes dos açores e chaves para identificação de lU-las e polvos_______________________________________12

implementação de Um sistema de segUimento em tempo real da frota de pesca de bivalves com ganchorra ________________________ 14

cephalopod international advisory coUncil (ciac) 2015, japão - breves notas______________________________________ 16

o segredo das conchas ______________________________18

notícias do rectângUlo_______________________________19

proposta de sócio__________________________________ 22

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CIBIO/InBIO, Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade do Porto, Campus Agrário de Vairão, 4485-661, Vairão, Portugal

E-mail: [email protected] e [email protected]

Fernando P. Lima e Rui Seabra

Utilização de robolapas para a medição de temperaturas de Patella spp. de uma forma autónoma a larga escala

HIGHLIGHT

A s lapas do género Patella desempenham um papel im-portante na ecologia das zonas costeiras Europeias, definindo a estrutura e a sucessão das comunidades

intertidais (Jenkins et al., 2005). Na última década, alguns estu-dos vieram demonstrar que a temperatura pode ser limitante para algumas espécies de Patella (Lima et al., 2006). Paralela-mente, outros investigadores demonstraram que a tempera-tura do corpo dos organismos intertidais não é passível de ser diretamente deduzida a partir da temperatura do mar ou do ar (Helmuth et al., 2010). Assim, foi necessário encontrar uma forma de medir a temperatura do corpo destes animais in situ, e de forma quase contínua (i.e., durante a maré alta e durante a maré baixa), para que fosse possível calcular, por exemplo, a amplitude térmica diária, a variabilidade entre micro-habi-tats na zona intertidal, a variação sazonal da temperatura, ou a magnitude das ondas de calor a que estes animais estão su-jeitos. Foi com este objetivo que as robolapas (Figura 1) foram desenvolvidas (Lima e Wethey, 2009).

Figura 1 – Uma robolapa colocada na zona intertidal em San Vicente de la Barquera, norte de Espanha.

As robolapas oferecem várias vanta-gens sobre os métodos tradicionais de recolha de dados de temperatu-ra in situ: (i) estes sistemas registam temperaturas que são comparáveis às temperaturas internas de lapas vivas (o que é fundamental para o valor científico dos dados recolhi-dos); (ii) são sistemas completamen-te autónomos, pelo que após terem sido colocados no intertidal não necessitam de supervisão; (iii) as sessões de recolha de dados são fle-xíveis no que respeita à sua duração e frequência de amostragem; (iv) o custo por unidade é relativamente baixo (cerca de 45€), pelo que é pos-sível utilizar um grande número de robolapas, e assim cobrir grandes áreas geográficas. Adicionalmente, o baixo custo minimiza os encargos devido a perdas (que são inevitá-veis nestas zonas sob forte agitação marítima); (v) as robolapas também mimetizam visualmente lapas ver-dadeiras (importante pois quanto menos visíveis forem, menor a pro-

babilidade de serem destruídas por veraneantes, pescadores ou curio-sos).

As robolapas podem ser construí-das conforme o método detalhado em Lima & Wethey (2009). De uma forma sucinta, os componentes ele-trónicos de um registador de tem-peratura iButton DS1922L são co-locados dentro de uma concha de Patella spp., que é completamente preenchida por uma resina (3M Sco-tchcast 2130) que torna o conjunto estanque à água. Para programar a robolapa ou descarregar os dados é necessário usar um PC com um adaptador 1-wire USB (DS9490R), que é ligado através de um cabo telefónico a dois contactos metá-licos expostos através da concha da robolapa (feitos de constantan, uma liga metálica resistente à cor-rosão). Em alternativa, pode-se usar o sistema NS71 de comunicação com iButtons (Newshift Lda., Leiria).

As robolapas podem ser fixadas às rochas do intertidal de uma forma permanente usando Z-Spar Splash Zone Compound, uma resina que endurece mesmo debaixo de água. Podem guardar em memória até 8192 medições de temperatura a uma resolução de 0.5 °C, ou até 4096 medições de temperatura a uma resolução de 0.0625 °C (8192 medições à frequência de uma por hora estendem-se por mais de 11 meses). Caso sejam previamente calibradas em laboratório (ver Lima et al., 2011 para mais detalhes), as robolapas são bastante precisas (as medições obtidas por robolapas apresentam uma correlação de 0.98 e um erro sistemático médio de 0.16 °C quando comparadas com medições efetuadas in vivo). Os re-gistos de temperatura podem ser descarregados e a recolha de da-dos reiniciada a qualquer altura. A bateria das robolapas suporta uma utilização contínua por cerca de 5 anos, mas a maioria das robolapas

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tem uma duração útil inferior, já que é comum ocor-rerem danos estruturais graves devido a impactos com objetos lançados pelo mar (tais como pedaços de madeira, areia e rochas), especialmente durante as tempestades de inverno.

A figura 2 ilustra dois perfis de temperatura obti-dos por robolapas colocadas no intertidal médio de uma praia rochosa no norte de Portugal entre 25 de Setembro e 10 de Outubro de 2011. Em cada dia é evidente um pico de temperatura principal (espe-cialmente no micro-habitat exposto à radiação solar) que corresponde a uma elevação de temperatura du-rante a maré baixa diurna. Por vezes (por exemplo, nos dias 8 e 9 de Outubro) podem observar-se tra-jetórias contrárias (arrefecimento) durante as marés baixas da noite. Além disso, entre as marés baixas é possível notar pequenos períodos em que as tempe-raturas apresentam baixa variabilidade. Estes perío-dos correspondem às ocasiões em que as robolapas estão submersas pela maré cheia, encontrando-se, portanto, em equilíbrio térmico com a água do mar. É interessante notar que as diferenças pontuais de temperatura entre os dois micro-habitats amostra-dos (um à sombra e outro exposto ao sol), excedem frequentemente os 10 °C.

Para além de permitirem caracterizar os extremos das condições térmicas a que estes organismos es-tão expostos no intertidal diariamente, a recolha de dados de forma contínua durante vários anos torna ainda possível a construção de climatologias, i.e., resumos da variação anual da temperatura no inter-tidal. Por exemplo, cinco anos de dados de Moledo do Minho mostram que Dezembro-Fevereiro são os meses mais frios, enquanto Julho-Agosto é o período mais quente (Figura 3), e que a variabilidade da tem-peratura é maior durante o Verão do que o Inverno (a média da temperatura máxima aumenta mais do que a da média em relação aos valores de Inverno).

Figura 2 – Exemplo de dados obtidos entre 25 de Setembro e 10 de Outubro de 2011 no intertidal médio de Moledo do Minho (N Portugal). A linha vermelha ilustra as temperaturas medidas por robolapas colocadas em rochas expostas à radiação solar e a linha azul mostra as temperaturas registadas por robolapas colo-cadas em micro-habitats à sombra. As diferenças de temperatura entre os dois micro-habitats excedem frequentemente os 10 °C.

Figura 3 – Climatologia de Moledo do Minho (N Portugal). As linhas vermelho, laranja, verde, azul-claro, azul-escuro indicam a média mensal da temperatura máxima, percentil 75, média, percentil 25 e mínima, respetivamente. A área cinzenta é repetida para facilitar a visualização do período de Inverno. A amplitude de variação anual de cada uma destas estatísticas é diferente, sendo maior para o percentil 75 e para a temperatura máxima.

Referências Bibliográficas:

Helmuth, B, Broitman, BR, Yamane, L, Gilman, SE, Mach, K, Mislan, KAS, Denny, MW. (2010). Organismal climatology: analyzing environmental variability at scales relevant to physiological stress. Journal of Experimental Biology 213: 995-1003.

Jenkins, S, Coleman, R, Della Santina, P, Hawkins, S, Burrows, M, Hartnoll, R. (2005). Regional scale differences in the determinism of grazing effects in the rocky intertidal. Marine Ecology Progress Series 287: 77-86.

Lima, FP, Burnett, NP, Helmuth, B, Aveni-Deforge, K, Kish, N, Wethey, DS. (2011). Monitoring the intertidal environment with bio-mimetic devices. Biomimetic Based Applications. A. George, InTech.

Lima, FP, Queiroz, N, Ribeiro, PA, Hawkins, SJ, Santos, AM. (2006). Recent changes in the distribution of a marine gastropod, Patella rustica Linnaeus, 1758, and their relationship to unusual climatic events. Journal of Biogeography 33: 812-822.

Lima, FP, Wethey, DS. (2009). Robolimpets: measuring intertidal body temperatures using biomimetic loggers. Limnology and Oceanography: Methods 7: 347-353.

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Eficácia da depuração na redução de contaminantes microbiológicos e químicos em bivalves

Por Patrícia Anacleto, António Marques e Rui Rosa

ARTIGO

Divisão de Aquacultura e Valorização (DivAV), Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA)

MARE – Marine and Environmental Sciences Centre, Laboratório Marítimo da Guia, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Av. Nossa Senhora do Cabo, 939, 2750-374 Cascais, Portugal

E-mail: [email protected], [email protected] e [email protected]

A exploração de moluscos bivalves em Portugal é principalmente feita em ecossistemas costeiros, laguna-res e estuarinos, sendo uma ativida-de de grande importância sócio-e-conómica. Dado que o seu habitat é constantemente sujeito a conta-minação natural ou de origem an-tropogénica (ex. explorações de ani-mais, efluentes de estações de trata-mento de águas residuais, fossas), o seu consumo levanta preocupações acrescidas de segurança alimentar devido a serem organismos filtra-dores e, por isso, acumularem, da água do mar circundante, bactérias patogénicas, vírus, parasitas, metais pesados, microalgas produtoras de toxinas, entre outros. A fim de mini-mizar os riscos para a saúde pública, existem processos de purificação que têm sido tradicionalmente utili-zados em todo o mundo em bivalves que são comercializados vivos. A de-puração é um desses métodos que consiste na colocação dos bivalves em tanques com circulação de água do mar filtrada e desinfetada quimi-camente (ex. ozono, cloro, iodoforos, oxigénio ativado) ou fisicamente (ex. radiação ultravioleta), durante 24 a 48 horas, sem alimentação e em con-dições controladas de temperatura, salinidade, pH e oxigenação. Atual-

mente, é um processo obrigatório na União Europeia para diminuir os níveis de microorganismos pato-génicos (Escherichia coli) em bival-ves apanhados em águas poluídas (áreas classificadas como categoria B com teores de E. coli acima de 230 e igual ou inferior a 4600 unidades for-madoras de colónias/100g de miolo e líquido intervalvar) (Regulamen-tos CE Nos. 853/2004 e 854/2004; CE, 2004a, 2004b), a fim de garantir produtos saudáveis e seguros para comercialização. Além disso, a Co-missão Europeia estabelece limites máximos admissíveis (MPL) no teci-do edível de bivalves para elementos tóxicos (0,5, 1,0 e 1,5 mg/kg de peso húmido para Hg, Cd e Pb, respetiva-mente; CE, 2006), microalgas produ-toras de toxinas (800 µg de saxitoxi-na/kg para toxinas paralisantes, PSP; 20 mg de ácido domóico/kg para toxinas amnésicas, ASP; 160 µg de equivalentes de ácido ocadáico/kg para ácido ocadáico, dinofisistoxinas mais pectenotoxinas; 1 mg de equi-valente de iessotoxinas/kg para ies-sotoxinas; e 160 µg de equivalentes de azaspirácido/kg para azaspiráci-dos; CE, 2004a), e outros compostos químicos (10.0 µg/kg de peso húmi-do para benzopireno; 4.0 pg/g de peso húmido para a soma de dioxi-

nas e 8.0 pg/g de peso húmido para a soma das dioxinas e dioxinas como os bifenilos policlorados, PCBs; CE, 2004a).

A eficácia da depuração é influencia-da por diversos fatores, tais como o modelo do sistema, a qualidade da água, oxigenação e caudal, salinida-de, temperatura, razão bivalve-água, remoção de matéria fecal, nível inicial de contaminação, tipo e quantidade de contaminantes, espécies de bival-ves e a duração do processo (Barile et al., 2009). Entre os vários parâmetros, a temperatura e a salinidade são dos mais importantes a considerar nes-te processo, de acordo com o tipo de espécie. Vários autores também constataram que os bivalves conta-minados artificialmente depuram mais rapidamente do que os conta-minados no seu ambiente natural (Jones et al., 1991; Croci et al., 2002) e além disso têm diferentes taxas de eliminação consoante apresentam contaminação de uma ou várias bac-térias (Son & Fleet, 1980). Dado que a eficácia da depuração também está diretamente relacionada com a capacidade de filtração dos bivalves é necessário que estes organismos sejam mantidos nas melhores condi-ções fisiológicas, sem serem sujeitos a algum tipo de stress.

Figura 1 – Recife estuarino constituido por ostras.

Foto por Doug D

uCap CC BY-NC-SA

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Apesar da depuração ter vindo a demonstrar ser eficiente na redu-ção de contaminantes bacterianos de origem fecal (em particular de E. coli) em diversas espécies de bi-valves (Tabela 1), não tem sido efi-ciente na remoção de outros con-taminantes, tais como o norovírus, hepatite A, Vibrio spp. que natural-mente ocorrem no meio marinho (ex. Vibrio parahaemolyticus e Vi-brio vulnificus), microalgas produ-toras de toxinas, elementos tóxicos ou compostos orgânicos (Lee et al., 2008). De facto, diversos estudos que avaliaram os efeitos de depu-ração sobre os níveis de microor-ganismos patogénicos, elementos tóxicos e hidrocarbonetos totais de petróleo (TPHs) em espécies de bivalves, confirmaram a neces-sidade de tempos de depuração mais longos para eliminar agen-tes patogénicos, tais como Vibrio spp e Salmonella spp., bem como para a maioria dos contaminantes químicos, ao passo que para E. coli e coliformes fecais são necessários tempos de depuração mais cur-tos (Tabela 1). No caso da E. coli, a maioria dos estudos evidenciaram que o tempo necessário para elimi-nar em cerca de 100% desta bacté-ria é geralmente de 24 h. Por outro lado, alguns autores indicam que a temperatura também influencia fortemente o crescimento de cer-tas bactérias, como por exemplo, o Vibrio spp., pelo que temperaturas mais baixas devem ser testadas.

De um modo geral, a depuração é uma excelente estratégia de mi-tigação na remoção de contami-nantes quer microbiológicos quer químicos, com níveis baixos a mo-derados, porém apresenta algu-mas limitações na eliminação de certas estirpes de Vibrio spp, o que também devia ser tido em con-ta na legislação europeia além de outros contaminantes tóxicos (por exemplo, o caso do chumbo que apresenta teores elevados e acima dos permitidos em espécies como a lambujinha), pois representa um perigo de saúde pública.

Espécie Origem Contaminante Tempo (h) Redução (%) Referência

Venerupis pullastra

(amêijoa macha)

Estuário do Tejo

(Portugal)

E. coli, CTV 24; 48 99.9; 12Anacleto et

al. (2013)

Ruditapes philippinarum

(amêijoa japonesa)

99.9; 22

Pb

Rb, As

Fe, Br, Cu, Se, Hg

48

96

144

71

68, 19

70, 27, 37, 24, 32

Anacleto et al. (2015)

Ruditapes decussatus

(amêijoa boa)

Lago Timsah, Ismilia

(Egipto)

CF, Vibrio spp., Streptococcus fecal,

colifago96 85, 50, 41, 69

El-Shenawy (2004)

Fe, Ni, Co, Cu, Mn 48 47, 20, 28, 36

Chamelea gallina

(pé-de-burrinho)

Mar Adriático adjacente a Cattolica

(Itália)

CF 24 54

Maffei et al. (2009)

E. coli 24 62

Salmonella spp., Vibrio parahaemolyticus 24 ND

Vibrio alginolyticus 24 NE

Mar Adriático (Itália)

E. coli 24; 48 90; 99

Barile et al. (2009)

Salmonella Typhimurium 24; 72-84 97.5; 99.9

V. parahaemolyticus 24 75

Paphia undulata(amêijoa zebra)

Ismailia (Egipto)

Vibrio sp., Shigella sp., E. coli, Salmonella sp. 24 75, 31, 68, 36

El-Gamal (2011)Zn, Pb, Ni, Mn, Cu,

Cr, Cd 24 44, 23, 25, 17, 61, 41, 75

HTPs 24; 72 90; 72

Mytilus Galloprovincialis

(mexilhão do Mediterrâneo)

Itália

E. coli, Vibrio cholerae O1,

V. parahaemolyticus

24 99.5, 92, 68 Croci et al. (2002)

E. coli, CTV

V. parahaemolyticus,

V. vulnificus

24 99, 89, 97, 91 Cozzi et al. (2009)

Mar Adriático (Itália)

E.coli 6-12; 24 94; 99.5Barile et al.

(2009)Salmonella

Typhimurium; V. parahaemolyticus

24; 36 99; 99.5

Estuário do Tejo (Portugal)

Pb

Br, Sr

Fe

Cl

48

96

144

192

27

44, 39

73

13

Anacleto et al. (2015)

Scrobicularia plana

(lambujinha)

Estuário do Tejo (Portugal)

Cu, As

Fe, Rb, Pb

96

192

28, 10

66, 67, 60

Abreviaturas: CF – coliformes fecais; ND – não detectado; NE – não eliminado; HTPs – hidrocarbonetos

totais de petróleo; CTV – contagem total de viáveis.

Tabela 1 - Efeito da depuração na eliminação de contaminantes microbiológicos e químicos em bivalves.

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Referências Bibliográficas:

Anacleto, P, Maulvault, AL, Chaguri, M, Pedro, S, Nunes, ML, Rosa, R, Marques, A. (2013). Microbiological responses to depuration and transport of native and exotic clams at optimal and stressful temperatures. Food Microbiology 36(2): 365–373.

Anacleto, P, Maulvault, AL, Nunes, ML, Carvalho, ML, Rosa, R, Marques, A. (2015). Effects of depuration on metal levels and health status of bivalve molluscs. Food Control 47: 493–501.

Barile, NB, Scopa, M, Nerone, E, Mascilongo, G, Recchi, S, Cappabianca, S, Antonetti, L. (2009). Study of the efficacy of closed cycle depuration system on bivalve molluscs. Veterinaria Italiana 45(4): 555–566.

CE. (2004a). Regulation (EC) Nº 853/2004 of the European Parliament and of the Council of 29 April 2004 laying down specific rules for food of animal origin. Official Journal of the European Union L226: 22-82.

CE. (2004b). Regulation (EC) No 854/2004 of the European Parliament and of the Council of 29 April 2004 laying down specific rules for the organisation of official controls on

products of animal origin intended for human consumption. Official Journal of the European Union L226: 83-127.

CE. (2006). Commission Regulation (EC) No 1881/2006 of 19 December 2006. Setting maximum levels for certain contaminants in foodstuffs. Official Journal of the European Union L364: 5-24.

Cozzi, L, Suffredini, E, Ciccaglioni, G, Croci, L. (2009). Depuration treatment of mussels experimentally contaminated with V. parahaemolyticus and V. vulnificus. In: Proceeding ICMSS09. Nantes, France, 6 pp.

Croci, L, Suffredini, E, Cozzi, L, Toti, L (2002). Effects of depuration of molluscs experimentally contaminated with Escherichia coli, Vibrio cholerae O1 and Vibrio parahaemolyticus. Journal of Applied Microbiology 92(3): 460–465.

El-Gamal, MM. (2011). The effect of depuration on heavy metals, petroleum hydrocarbons, and microbial contamination levels in Paphia undulata (Bivalvia: Veneridae). Czech Journal of Animal Science 56 (8): 345–354.

El-Shenawy, NS. (2004). Heavy metal and microbial depuration of the clam Ruditapes

decussatus and its effect on bivalve behavior and physiology. Environmental Toxicology 19: 143–153.

Jones, SH, Howell, TL, O’Neill, KR. (1991). Differential elimination of indicator bacteria and pathogenic Vibrio spp. from eastern oysters (Crassostrea virginica Gmelin, 1971) in a commercial controlled purification facility in Maine. Journal of Shellfish Research 10(1): 105–112.

Lee, R, Lovatelli, A, Ababouch, L. (2008). Bivalve depuration: fundamental and practical aspects. FAO Fisheries Technical Paper 511: 161.

Maffei, M, Vernocchi, P, Lanciotti, R, Guerzoni, ME, Belletti, N, Gardini, F. (2009). Depuration of striped Venus clam (Chamelea gallina L.): effects on microorganisms, sand content, and mortality. Journal of Food Science 74 (1), M1–M7.

Son, NT, Fleet, GH. (1980). Behavior of pathogenic bacteria in the oyster, Crassostrea commercialis, during depuration, re‐laying, and storage. Applied and Environmental Microbiology 40(6): 994–1002.

Impactos da amêijoa asiática Corbicula fluminea nas indústrias portuguesas

Por Inês C. Rosa1*, Raquel Costa2, Fernando Gonçalves1 e Joana Pereira1

ARTIGO

1 Departamento de Biologia, CESAM - Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro2 CIEPQPF, Departamento de Engenharia Química, Universidade de Coimbra

E-mail: * [email protected]

Os bivalves invasores são uma forte ameaça aos ecossistemas e indústrias hidrodependentes de todo o mundo

(Pimentel et al. 2005, Vitousek et al. 1996). Um dos bivalves dulçaquícolas com maior capaci-dade invasora é a amêijoa asiática (Corbicula fluminea (Müller, 1774), Figura 1) (DAISIE 2016). Esta espécie, nativa do Sudoeste Asiático, ao longo do último século dispersou-se global-mente, estando agora massivamente presente na América do Norte e Sul e também na Euro-pa.

Este bivalve pode ser encontrado em Portugal pelo menos desde os anos 80 quando foi registada a sua presença no estuário do rio Tejo (Mouthon 1981). Num período de 10 anos, esta amêijoa já se encontrava nos rios Douro e Minho e em 2011 já tinham sido reportados avistamentos de C. fluminea em pelo menos 11 das 15 principais bacias hidrográficas portugueses (Rosa et al. 2011) (Figura 2).

Figura 1 – Conchas de Curbicula fluminea nas margens do lago de Constança (Alemanha).

Foto por Böhringer Friedrich CC BY-NC-SA

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Figura 2 – Distribuição de C. fluminea nas principais bacias hidrográficas de Portugal (áreas representadas a cinza escuro). Figura adaptada de Rosa et al. (2011).

No entanto, tudo indica que, a curto prazo, esta espécie se expandirá ao restante território. A distribuição atuali-zada da espécie no país pode ser consultada em http://bivalves-invasores.uc.pt.

Sector industrial Impactos

Centrais elétricas Entupimento de condensadores, refrigeradores e sistemas de distribuição de água de pequeno diâmetro e com pouco fluxo;Perdas de tempo e dinheiro durante a limpeza dos sistemas afetados e a remoção das amêijoas;

Estações de tratamento de águas

Interrupção do fluxo e aumento da abrasão das bombas levando a uma redução da eficiência das operações;Perdas de tempo e dinheiro durante a limpeza dos sistemas afetados e a remoção das amêijoas;

Sistemas de irrigação Deposição de amêijoas em locais de pouco fluxo de água e consequente redução do fluxo, o que leva ao aumento das taxas de deposição de sedimentos;Entupimento de estruturas de apoio à irrigação (p.ex. pivots e hidrantes);Perdas devido ao desperdício de água durante as operações de remoção de amêijoas e conchas;

A documentação de incidentes relacionados com inva-sões é uma ferramenta importante, principalmente para as unidades industriais que se deparam, pela primeira vez, com uma espécie invasora com capacidade infes-tante. De facto, é crucial perceber de que modo é que as infestações se estabelecem e desenvolvem na unidade industrial, para que se possam desenhar programas efe-tivos para monitorizar, prevenir e controlar estas inva-sões. No trabalho de Rosa et al. (2011) foram inquiridos vários setores nacionais, dependentes da captação de água à superfície, acerca da presença da amêijoa asiáti-ca em instalações e equipamentos industriais, incluindo estações de tratamento de águas (ETA), centrais elétri-cas, cimenteiras, papeleiras e sistemas de irrigação. Os resultados indicam que apenas 5% das unidades susce-tíveis à infestação reportaram problemas devido à pre-sença da amêijoa. Destas unidades, 2% tratavam-se de ETA, 25% sistemas de irrigação e 33% centrais elétricas. Os impactos causados pela presença destes bivalves estão sintetizados na Tabela 1 e resultaram em custos anuais entre os 1 500€ e os 150 000€ (correspondente a 0,01% a 2% dos custos operacionais totais), sendo o se-tor dos sistemas de irrigação o mais afetado (Figura 3).

O facto de uma tão pequena percentagem de indústrias ter tido, até à data, problemas devido à presença de C. fluminea não deve, no entanto, ser minimizado. De fac-to, a ameaça da amêijoa asiática pode estar num estado de latência já que nem sempre os impactos ocorrem logo após o aparecimento do invasor: na América do Norte foram precisos 20 anos, após a introdução deste bivalve, para se reportar problemas nas indústrias (Bi-dwell et al. 1995).

Atualmente, em Portugal, as operações regulares de limpeza nas unidades industriais afetadas têm-se re-velado efetivas e medidas proactivas não se têm justi-ficado. No entanto, é recomendável que se comecem a definir e a pôr em prática programas de monitorização para que um possível aumento de dispersão e impactos sejam antecipados e prevenidos.

Figura 3 – Amêijoas asiáticas (a) num canal de rega durante operações de limpeza (Associação de Beneficiários do Baixo Mondego) e (b) retiradas de uma conduta (Aproveitamento Hidroagrícola do Sotavento Algarvio).

Tabela 1– Resumo dos impactos industriais reportados em Portugal (Rosa et al. 2011).

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Referências Bibliográficas:

DAISIE – European Invasive Alien Species Gateway. www.europe-aliens.org. Acedido em 2016.

Bidwell, JR, Farris, JL, Cherry, DS. (1995). Comparative response of the zebra mussel, Dreissena polymorpha, and the asian clam, Corbicula fluminea, to DGH/QUAT, a nonoxidizing molluscicide. Aquatic Toxicology 33: 183-200.

Mouthon, J. (1981). Sur la présence en France et au Portugal de Corbicula (Bivalvia, Corbiculidae) originaire d’ Asie. Basteria 45: 109-116.

Pimentel, D, Zuniga, R, Morrison, D. (2005). Update on the environmental and economic costs associated with alien-invasive species in the United States. Ecological Economics 52: 273-288.

Rosa, IC, Pereira, JL, Gomes, J, Saraiva, PM, Goncalves, F, Costa, R. (2011). The Asian clam Corbicula fluminea in the European freshwater-dependent industry: A latent threat or a friendly enemy? Ecological Economics 70: 1805-1813.

Vitousek, PM, Dantonio, CM, Loope, LL, (1996). Biological invasions as global environmental change. American Scientist 84: 468-478.

Biotoxinas marinhas em moluscos bivalves

Por Pedro Reis Costa

ARTIGO

IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, Avenida de Brasília s/n 1449-006 Lisboa

E-mail: [email protected]

Os bivalves por se alimentarem através de mecanismos de filtração, retirando da coluna de água particulas em suspensão, são frequentemente identificados como vectores de biotoxinas marinhas. Durante os blooms de algas tóxicas que recorrentemente se verificam na cos-ta portuguesa, estes organismos acumulam biotoxinas marinhas podendo afectar a saúde de quem os consu-mir.

Figura 1 – Amêijoa-boa, Ruditapes decussatus, colhida na zona de produção de bivalves RIAV1, Ria de Aveiro.

Desordens gastrointestinais e/ou neurológicas estão associadas ao consumo de bivalves contaminados com biotoxinas marinhas. Para minimizar o risco de intoxica-ções agudas a Autoridade Competente de cada país da União Europeia, que no caso nacional é o Instituto Por-tuguês do Mar e da Atmosfera, tem implementado um programa de monitorização de biotoxinas marinhas e fitoplâncton tóxico nas zonas de produção de bivalves. Este programa segue as regras específicas de higiene aplicáveis aos géneros alimentícios de origem animal e as regras dos controlos oficiais de produtos de origem

animal destinados ao consumo humano, conforme pre-conizado no Regulamento (CE) nº 853/2004 e Regula-mento (CE) nº 854/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho.

As biotoxinas marinhas regulamentadas nas directivas Europeias podem ser subdivididas em toxinas lipofílicas e hidrofílicas. Nas primeiras estão incluídas as toxinas do grupo do ácido ocadaico, pectenotoxinas, azaspirá-cidos e iessotoxinas. As toxinas hidrofilicas referem-se às toxinas grupo da saxitoxina e ao ácido domoico.

2.1. Ácido ocadaico e dinofisistoxinas

O Ácido ocadaico (AO) e dinofisistoxinas (DTX) são as toxinas responsáveis pela intoxicação diarreica por bi-valves DSP – diarrhetic shellfish poisoning. Os sintomas mais característicos prendem-se com desordens gas-trointestinais, e é comum surgirem náuseas, vómitos e dor abdominal. Estes sintomas podem ocorrer ao fim de 30 minutos após a ingestão dos bivalves e durar até 3 dias. O AO e DTX são produzidos na costa Portuguesa essencialmente por duas espécies de dinoflagelados do género Dinophysis, o D. acuminata e o D. acuta. Estas toxinas são muito comuns e abundantes nos bivalves em Portugal, sendo responsáveis pela maioria das inter-dições à apanha e comercialização deste recurso mari-nho. Bivalves excedendo o limite de 160 µg OA eq. kg-1 não podem ser colhidos nem comercializados para con-sumo humano. Na Tabela 1 são apresentados os limites regulamentares para cada grupo de toxinas.

1. INTRODUÇAO

2. TOXINAS LIPOFÍLICAS

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2.2. Pectenotoxinas

Pectenotoxinas (PTX) são compostos quimicamente comparáveis com o AO e DTX, e são produzidos pelas mesmas espécies de dinoflagelados Dinophysis spp. PTX ocorrem geralmente com o OA e DTX, o que levou a que até recentemente fossem consideradas toxinas DSP. No entanto, as PTX têm um mecanismo de acção diferente, sendo consideradas hepatotoxicas. Por ocorrem em con-junto com as toxinas do grupo AO e serem determinadas pela mesmo método analítico o limite regulamentar é estabelecido em conjunto com as toxinas do grupo AO, i.e. 160 µg OA eq. kg-1 para a soma de AO, DTX e PTX. As PTX ocorrem em Portugal mas nunca foram respon-sáveis pela interdição da apanha e comercialização de bivalves.

2.3. Azaspirácidos

Os azaspirácidos (AZA) compreendem um grupo de mais de 30 compostos análogos que deverão ser produzidos por dinoflagelados do género Azadinium. Os AZA provo-cam a designada intoxicação por azaspirácido (AZP) que foi mais recentemente identificado na Holanda em pes-soas que ingeriram mexilhão contaminado proveniente da Irlanda. Os sintomas de AZP são muito semelhantes aos sintomas de DSP. Em Portugal não há registo da ocorrência destas toxinas em níveis superiores ao limite regulamentar, 160 µg AZA eq. kg-1

2.4. iessotoxinas

As iessotoxinas (YTX) são produzidas por dinoflagela-dos, nomeadamente o Protoceratium reticulatum. Estas toxinas têm como órgão alvo o músculo cardíaco, sen-do letais em ratinhos após injecção intraperitoneal. No entanto, estas toxinas têm uma absorção reduzida no organismo, não se conhecendo casos humanos de into-xicação. O limite regulamentar de 1 mg YTX eq. kg-1 foi recentemente revisto e alterado para 3.75 mg YTX eq. kg-1. As YTX são recorrentes na costa Portuguesa mas não há registo de interdição de bivalves devido a acu-mulação de YTX.

3.1. Ácido domoico

O ácido domoico (AD), produzido por diatomáceas do género Pseudo-nitzschia, é a toxina responsável pela in-toxicação amnesica por bivalves ASP – amnesic shellfish poisoning. Após a ingestão de bivalves contaminados com ácido domoico verificam-se problemas gastroin-testinais e neurológicos. O quadro de sintomas das afec-tadas é maioritariamente compreendido por náuseas, vómitos, dores abdominais, diarreia e nos casos mais graves perda da memória recente e morte. A ocorrência de ácido domoico nos bivalves da costa Portuguesa ve-

rifica-se todos os anos, tipicamente na primavera e início do verão, levando à interdição da apanha e comerciali-zação de bivalves que excedem o limite regulamentar de 20 mg AD kg-1. A interdição não costuma exceder as 2-3 semanas ao contrario das interdições por DSP que se podem prolongar por vários meses.

3.2. Saxitoxinas

A saxitoxina (STX) e os seus compostos análogos, são produzidos por determinadas espécies de dinoflage-lados, sendo o Gymnodinium catenatum a principal es-pécie produtora destas toxinas na costa portuguesa. A STX e seus análogos são responsáveis pela intoxicação paralisante por bivalves (PSP). A PSP caracteriza-se por um quadro clínico de alterações neurológicas, incluindo sintomas como dormência do rosto, formigueiro, dor de cabeça, vertigens, náuseas que num caso extremo pode conduzir à paralisia dos músculos da garganta, asfixia e morte. As toxinas do grupo STX não são detectadas re-gularmente nos bivalves da costa portuguesa. Toxinas do grupo STX excedendo o limite regulamentar foram registadas entre 1986 e 1995, e entre 2005-2012.

Tabela 1– Limite regulamentar estabelecido para cada grupo de biotoxinas marinhas.

Grupo de Toxinas Limite Regulamentar

Ácido ocadáico e análogos 160 µg AO eq. kg-1

Pectenotoxinas 160 µg AO* eq. kg-1

Azaspirácidos 160 µg AZA eq. kg-1

Iessotoxinas 3.75 mg YTX eq. kg-1

Ácido domóico 20 mg AD kg-1

Saxitoxinas 800 160 µg AO eq. kg-1

Um programa de monitorização que garante a protec-ção da saúde pública é imprescindível para a exploração deste recurso marinho. Todavia, uma interdição prolon-gada da apanha e comercialização dos bivalves como re-gularmente acontece na costa Portuguesa levanta sérias dificuldades à efectiva exploração do recurso. Acrescen-ta-se ainda que o surgimento repentino de blooms de algas tóxicas e a rápida toxificação dos bivalves não favo-rece a gestão dos stocks de bivalves provenientes quer de apanha quer de cultivo, tendo até implicações ao nivel dos stocks já em trânsito para os mercados. Torna--se assim premente o estudo de técnicas que favoreçam a rápida eliminação de toxinas marinhas nos bivalves, bem como o desenvolvimento de metodologias para a detecção precoce ou previsão da ocorrência dos blooms de algas tóxicas.

3. TOXINAS HIDROFÍLICAS

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Por João Pedro Barreiros1*, Ricardo J.S. Pacheco2 e Sílvia C. Gonçalves3,4

ARTIGO

1 CE3C /ABG – Centre for Ecology, Evolution and Environmental Changes / Azorean Biodiversity Group. University of the Azores, 9700-042 Angra do Heroísmo, Portugal.2 School of Tourism and Maritime Technology, Marine Resources Research Group, Polytechnic Institute of Leiria, Portugal. 3 MARE – Marine and Environmental Sciences Centre, ESTM, Polytechnic Institute of Leiria, 2520-641 Peniche, Portugal.

4 MARE – Marine and Environmental Sciences Centre, Department of Life Sciences, Faculty of Sciences and Technology, University of Coimbra, 3004-517 Coimbra, Portugal

E-mail: * [email protected]

Pinna rudis é um dos maiores bivalves que ocorrem nos Aço-res atingindo comprimentos superiores a 80cm. Apesar de existirem numerosos registos provenientes de mergulhado-res o conhecimento da biologia desta espécie é muito redu-zido não havendo estudos específicos na literatura disponí-vel. Esta espécie encontra-se fixa por numerosos filamentos (Courtney e Couch, 1981), com a sua parte basal pontiaguda verticalmente enterrada no substrato (lodoso, arenoso ou de granulometria superior) (Zavodnick et al., 1991; Richard-son et al., 1999) (Figuras 1a, b). Assim, é impossível medir o comprimento total dos indivíduos in situ. P. rudis é igual-mente o hospedeiro do camarão Pontonia pinnophylax (Ri-chardson et al., 1997), embora esta sub-estudada associa-ção careça de estudos aprofundados.

O bivalve Pinna rudis – ocorrência e associação com o crustáceo decápode Pontonia pinnophylax na Ilha Terceira (Açores, NE Atlântico)

Figura 1 – (A) Pinna rudis; a) Acima do sedimento; b) Abai-xo do sedimento. (B) Pinna rudis no seu habitat natural.

Ao longo da costa S da Ilha Terceira, entre Agosto e Outubro de 2004, efectuámos 23 mergulhos em 13 locais recor-rendo a transectos fixos de 30 metros (Lessios, 1996). O comprimento de cada indivíduo de P. rudis foi medido in situ acima do sedimento (Richardson et al., 1999) a fim de evitar uma remoção desnecessária. O tipo de substrato e o comprimento de cada indivíduo bem como a profundidade de enterramento da parte distal e a presença/ausência de P. pinnophylax foram registados. A correlação de Spearman (Rank – Order) foi utilizada para medir a associação entre duas variáveis sendo os dados analizados pelo método Kruskall-Wallis/Wilcoxon-Mann-Whitney por forma a comparar as diferenças inter-amostrais (Quadro I).

Amostras/Variáveis

Correlação de Spearman (Rank – Order)

Análise de Kruskall-Wallis/Mann-Whitney

H R p N r T(N-2) p

P. rudis comprimento & substrato 0,538 2 0,764

P. rudis comprimento & profundidade 27 0,320 1,688 0,104

P. rudis comprimento & presença de P. pinnophylax 4,778 1 0,029 19 0,703 4,075 0,001

Profundidade & presença de P. pinnophylax 5,089 1 0,029 19 0,578 2,920 0,010

Tabela 1 - Resultados da aplicação dos métodos estatísticos não-paramétricos

A B

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RESULTADOS

Um total de 28 indivíduos de P. rudis foram observados apresentando uma amplitude de comprimentos de 10 a 30cm. A ocorrência de P. rudis foi diferente nos vários lo-cais de amostragem sendo predoiminantes em peque-nas áreas de areia entre recifes rochosos.

Apenas se observaram indivíduos solitários tendo a maioria medido entre 10 e 25cm.

Não se determinou uma correlação entre o compri-mento dos indivíduos e a profundidade em que ocor-rem. A presença de Pontonia pinnophylax é maior nos bivalves de maior dimensão e que se encontram a maio-res profundidades. A taxa de presença de Pontonia pin-nophylax em Pinna rudis foi de 57% (presença de um ou dois camarões).

Ao longo deste estudo apenas se encontraram indiví-duos isolados embora tenhamos conhecimento de di-versas informações reportando pequenos grupos em-bora a profundidades superiores a 20 metros. Os bival-ves encontrados sobre fundos rochosos apresentam-se fortemente fixos por filamentos enquanto que os de fundos arenoisos estão enterrados. A distribuição errá-tica destes bivalves torna difícil o seu estudo. É provável que os ciclos de vida de P. rudis e de P. pinnophylax este-jam ligados embora as caracteríscicas desta associação sejam pouco óbvias e careçam de estiudos mais apro-fundados bem como de um desenho experimental mais afinado. Todavia, pensamos que esta associação é clara-mente mutualista.

Referências Bibliográficas:

Courtney, LA, Couch, JA. (1981). Aspects of the commensal relationship between a Palaemonid shrimp (Pontonia domestica) and the pen shell (Atrina rigida). Northeast Gulf Science 5 (1): 49-54.

Lessios, HA. (1996). Methods for quantifying abundance of marine organisms. In: Lang & Baldwin (Eds.): Methods and Techniques of Underwater Research, 149-157. Proceedings of the 16th Annual Scientific Diving Symposium. American Academy of Underwater Sciences.

Richardson, CA, Kennedy, H, Duarte, CM, Proud, SV. (1997). The occurrence of Pontonia pinnophylax (Decapooda: Natandia: Pontoniinae) in Pinna nobilis (Mollusca: Bivalvia: Pinnidae) from the Mediterranean. Journal of Marine Biology Associations of the U.K, 77: 1227-1230.

Richardson, CA, Kennedy, H, Duarte, CM, Proud, SV. (1999). Age and growth of the fan mussel Pinna nobilis from S.E. Spanish Mediterranean seagrass Posidonia oceanica meadows. Marine Biology 133: 205-212

Zavodnick, D, Hrs-Brenko, M, Legas, M. (1991). Synopsis on the fan shell Pinna nobilis L. in the eastern Adriatic Sea. Les Espèces Marines à Protéger en Mediterranée. Gis Posidonie Publications 169-178.

Este trabalho foi apresentado previamente segundo a seguinte citação:

Pacheco, RJ, Barreiros, JP, Gonçalves, SC. (2014). The fan mussel Pinna rudis – occurrence and association with Pontonia pinnophylax in Terceira Island (Azores, NE Atlantic). Frontiers of Marine Science Conference Abstract: IMMR | International Meeting on Marine Research 10-11 July 2014. Peniche, Portugal.

Por José Nuno Gomes-Pereira1,2*, J. Monteiro1, J. Gonçalves1

ARTIGO

1Departamento de Oceanografia e Pescas-IMAR-MARE da Universidade dos Açores 9900 Horta, Faial.2Naturalist, Science & Tourism, 9900-029 Horta, Faial.

E-mail: * [email protected]

Espécies de cefalópodes dos Açores e chaves para identificação de lulas e polvos

A investigação em cefalópodes pe-lágicos e de mar profundo é prati-camente inexistente em Portugal. Além de alguns estudos esporádi-cos, atualmente desconhecemos quem lhes dedique uma atenção ex-clusiva em laboratório ou centro de investigação. Vários investigadores, que se dedicaram a este tema, aca-baram por se focar em temas mais “sexy” (para as entidades financiado-ras), ou diversificando a abordagem

para outros grupos ou técnicas. Referimo-nos não só à taxonomia de cefalópodes mas também ao es-tudo de aspetos básicos da sua bio-logia ou ecologia nestes ambientes extremos que continuam por reve-lar. Com isto, a mística mantém-se, alimentada pela histórica dificulda-de de obtenção de amostras, e com as amostras que existem a aguardar melhores dias.Felizmente, os amantes da teuto-logia são apaixonados, e conse-

guem por vezes reunir material e o tempo necessários. O trabalho que apresentamos consiste em chaves de identificação para alguns grupos que ocorrem nos Açores (JNGP e JG), nomeadamente de lulas Histioteu-thidae (pelágicas musculadas de ta-manho médio, repletas de fotóforos e com olhos assimétricos; Figura 1), Cranchiidae (pelágicas transparen-tes, pequenas) e para todos polvos (Octopodiformes). Este trabalho será

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Figura 1 – Histioteuthis bonellii regrugitada por um cachalote em 2013.

publicado durante o primeiro trimestre de 2016 na revista científica Arquipelago – Life and Marine Sciences.

As chaves foram criadas originalmente pelo saudoso Malcolm Clarke, sendo autênticas cábulas de bolso para um especialista mundial que escolheu as terras do Pico para se reformar (Gomes-Pereira et al. 2014). Nos Açores o mar profundo chega-se à costa e as lulas e os polvos são trazidos à superfície por baleias, golfinhos, peixes, aves, correntes... ou outros eventos desconhecidos.

Tomámos o seu entusiasmo natural como o nosso e fi-zemos questão que o trabalho não se ficasse pela sua secretária. Tendo sido intenção inicial preparar um fac-si-mile desse estudo, achamos por bem alargar a chave dos Octopoda a todos os Octopodiformes (incluindo a Vam-pyroteuthis, claro), incluindo a chave publicada pelo Prof. João Gonçalves na sua tese de mestrado. Por fim, efe-tuamos uma revisão de toda a taxonomia e registos para a região, cujas alterações discutimos no manuscrito. As chaves mantêm a intenção inicial, ferramentas práticas para a identificação de espécimes, não sendo portanto exaustiva (ex.: não contempla os detalhes dos machos anões de alguns polvos). Trata-se apenas de uma lista de espécies e de três chaves de identificação atualizadas.

Atualmente, os registos publicados totalizam 85 espé-cies para os Açores. Como seria de esperar, encontramos dificuldades e também novidades. Alguns géneros con-tinuam a necessitar de revisão. Outros registos novos para a região dos Açores serão publicados neste volume da Arquipélago, como o Tremoctopus gelatus recolhido vivo em 2015 no porto da Horta (por Gonçalves et al. in press) e o controverso Sepia officinalis Linnaeus, 1758 por J. Monteiro. No caso do choco, a espécie foi repor-tada para a região pelo naturalista Henri Drouët (1858, 1861) aquando das suas expedições ao Arquipélago das 9 ilhas, mencionando a sua presença regular nas costas do Pico e de São Miguel. Autores contemporâneos fa-zem referência a Drouët (Dautzenberg (1889) e a Girard (1892). 100 anos depois, ainda Boletzky (1983) confirma

a sua existência nos Açores, mas sem indicação de fonte. A espécie não faz parte da memória colectiva do povo açoriano e, caso existam registos escritos aguardam ser encontrados.

Em Maio de 2007, o biólogo João Monteiro fotografou um exemplar junto à costa da Ilha de Santa Maria duran-te uma expedição de mergulho (Luso Expedição – S/Y CREOULA). Não há referências conhecidas do choco Se-pia officinalis no Atlântico Oeste, daí que a sua possível (re)-descoberta nos Açores assuma particular interesse.

As imagens dos novos registos serão em breve publica-das em www.arquipelago.info e estamos plenamente recetivos a prestar qualquer esclarecimento adicional a quem tiver a curiosidade de saber mais ou queira estu-dar estes misteriosos animais.

Referências Bibliográficas:

Courtney, LA, Couch, JA. (1981). Aspects of the commensal relationship between a Palaemonid shrimp (Pontonia domestica) and the pen shell (Atrina rigida). Northeast Gulf Science 5 (1): 49-54.

Boletzky, SV. (1983). Sepia officinalis. 31-52(1) in: Boyle P.R. (Ed.) Cephalopod Life Cycles, Species accounts. Academic Press, Toronto.

Dautzenberg, P. (1889). Contribution à la Faune Malacologique des Iles Açores. Resultats des dragages effectues par le yacht L´”Hirondelle” Pendant sa Campagne Scientifique de 1887. Résultats des Campagnes Scientifiques Accomplies sur son Yacht par Albert Ier Souverain de Monaco 112.

Drouët, H. (1858). Mollusques marins des Iles Açores. Mémoires de la Société Académique de l`Aube 22: 53.

Drouët, H. (1861). Éléments de la Faune Açoréenne. Mémoires de la Société Académique de l`Aube 2: 245.

Girard, AA. (1892). Les céphalopodes des Îles Açores et de l´Île de Madère. Jornal de Sciencias Mathematicas, Physicas e Naturaes, Series 2(2): 210-220.

Gomes-Pereira JN, Prieto, R, Neves, V, Xavier, J, Pham, C, Gonçalves, J, Porteiro, FM, Santos, RS, Martins, HR. (2014). The role of Malcolm Clarke (1930-2013) in the Azores as a scientist and educationist. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom 10: 1-8.

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Por Miguel Gaspar1,2 e Fábio Pereira1

1 Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Avenida 5 de Outubro s/n, 8700-305 Olhão, Portugal.2 Centro de Ciências do Mar (CCMAR), Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, 8005-139 Faro, Portugal

E-mail: [email protected] e [email protected]

Implementação de um sistema de seguimento em tempo realda frota de pesca de bivalves com ganchorra

Uma das missões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA, I.P.) é promover a gestão integra-da dos recursos marinhos. No contexto das pequenas pescas artesanais, a pesca de bivalves com ganchorra (Figura 1) assume uma importância significativa a nível nacional, nomeadamente tendo em consideração o nú-mero de embarcações, pescadores e agentes envolvi-dos, o volume anual de capturas e o valor comercial de algumas espécies alvo. Para além da especificação das características técnicas dos vários tipos de ganchorra, a gestão desta pescaria tem como requisitos um período de defeso, a limitação do número de licenças e de dias e/ou horas de pesca, e o estabelecimento de quotas diárias/semanais de captura por espécie e embarcação.

Aliado ao programa de monitorização dos bancos de bivalves ao longo do litoral continental e tendo como premissa a sustentabilidade da actividade pesquei-ra, têm sido desenvolvidos diversos estudos, entre os quais destacam-se ensaios experimentais visando a im-plementação de um sistema de seguimento em tempo real da frota de pesca de bivalves com ganchorra, com os seguintes objectivos principais: 1) melhorar a infor-mação relativa à pescaria; 2) conhecer as variações na abundância das espécies exploradas; 3) controlar a ac-tividade (cumprimento dos períodos de defeso, das in-terdições temporárias devido a episódios de biotoxinas e da proibição de pesca em áreas protegidas); 4) pro-mover a segurança das embarcações e enviar auxílio rápido em caso de avaria, acidente ou naufrágio; 5) per-mitir a introdução de novas medidas de gestão (áreas rotativas de pesca, áreas de protecção de juvenis, áreas de defeso rotativas e áreas-santuário de reprodução).

Neste contexto, no âmbito do projecto de investigação PRESPO (“Desenvolvimento Sustentável da Pesca Ar-tesanal no Espaço Atlântico”, Programa INTERREG IV B, co-financiado pela UE ao abrigo do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional - FEDER), foi desenvolvido e ensaiado um sistema de monitorização em tempo real da actividade da frota de pesca que opera com gan-chorra. Nestes ensaios é utilizado um GPS e um siste-

Figura 1 – Arte de pesca utilizada na captura de bivalves ao longo do litoral continental: ganchorra de grelha.

ma de transmissão de dados que utiliza a rede móvel (sistema integrado GPS/GSM/GPRS), que permite o en-vio automático da informação em intervalos de tempo regulares para um centro de gestão de informação, o qual posteriormente reencaminha esta informação, via internet, para um centro de operações e análise de da-dos (Figura 2).

Este seguimento em tempo real tem por objectivo ma-

Figura 2 – Sistema integrado GPS/GSM/GPRS de transmissão de dados, com recolha e análise num centro de controlo da informação.

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pear a deslocação de cada embar-cação de pesca, bem como analisar graficamente a sua velocidade, em intervalos de tempo constantes, ao longo de um dia de faina. Subse-quentemente, a análise destes da-dos permite determinar se a embar-cação se encontra parada, a navegar ou a arrastar (Figura 3) e obter um conjunto de informações relativa à actividade da embarcação (Figura 3). As potencialidades deste sistema permitem a análise e mapeamento da distribuição do esforço de pesca, individualmente para cada embar-cação ou para a globalidade da frota de pesca com ganchorra.

A finalizar, é de salientar que estes ensaios experimentais realizados pelo IPMA culminaram na publica-ção da portaria 122-A de 2015, de 4 de maio (Diário da República, 1ª série, Nº 85), que torna obrigatória a instalação de um sistema de segui-mento em tempo real, a partir de 1 de Janeiro de 2016, em toda a frota licenciada para o exercício da pesca com ganchorra nas zonas Ocidental Norte, Ocidental Sul e Sul, numa pri-meira fase cuja informação destina--se exclusivamente à monitorização do esforço de pesca para fins cientí-ficos.

Posteriormente, é possível fazer o cruzamento destes dados de distri-buição do esforço de pesca com os dados de distribuição e abundância das espécies de bivalves comerciais obtidos nas campanhas de monito-rização realizadas pelo IPMA e com os dados das descargas de bivalves em lota. Por exemplo, consideran-do a distribuição da conquilha (Do-nax spp.), é possível constatar que a maior parte do esforço de pesca exercido pela embarcação monitori-zada não incidiu sobre esta espécie, facto devidamente confirmado pe-los respectivos dados de descargas de bivalves em lota (Figura 4).

Figura 3 – Exemplo ilustrativo da análise gráfica da actividade da pesca e informação de um dia de faina, obtida através do sistema de seguimento em tempo real da pesca de bivalves com ganchorra.

Figura 4 – Distribuição do esforço de pesca (número de dias que uma determinada área foi arrastada) exercido pelo conjunto de oito embarcações monitorizadas (mapa à esquerda) e cruzamento de informação entre a distribuição do esforço de pesca com os dados das descargas de bivalves em lota (mapa à direita).

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Cephalopod International Advisory Council (CIAC) 2015, JapãoBreves Notas

Por Vanessa Madeira

MARE – Marine and Environmental Sciences Centre, Laboratório Marítimo da Guia, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Av. Nossa Senhora do Cabo, 939, 2750-374 Cascais, Portugal.

Email: [email protected]

Foi há 33 anos atrás que o Cephalo-pod International Advisory Council (CIAC) foi criado com o objectivo de facilitar a divulgação de informação e partilha de conhecimento sobre cefalópodes e reunir os investiga-dores apaixonados por estes mo-luscos. Em 2015, no passado mês de Novembro mais concretamente, o hotel Hakodate Kokusai, em Hako-date (norte do Japão) abriu as suas portas para ser o palco de mais um congresso deste Council.

Em Hakodate (Figuras 2 e 3A), os amantes da teutologia e afins sen-tiram-se em casa, uma vez que esta cidade é, e sempre foi, muito ligada ao mar e aos recursos de cefalópo-des - desde mercados repletos de aquários com lulas vivas (Figura 3B) até aos bueiros na rua (Figura 3C). Efectivamente, esta cidade tem como símbolo principal a lula, para deleite dos participantes do con-gresso.

mente no comportamento, biodi-versidade e conservações destes moluscos. De especial relevo foi a apresentação do Dr. Roger Hanlon, fazendo uma revisão dos avanços recentes no estudo de comporta-mento de cefalópodes e fazendo uma previsão dos futuros desafios a enfrentar. Neste dia também, o editor da Portugala, o Dr. Rui Rosa apresentou um dos seus mais re-

Após a realização de diversos workshops, cerca de 250 partici-pantes assistiram, durante 4 dias, a um total de 106 apresentações orais e mais de 150 comunicações em painel, sobre a maioria dos aspetos da biologia, fisiologia, taxonomia e ecologia de cefalópodes.

Durante o primeiro dia, as apre-sentações centraram-se essencial-

Figura 2 – Vista da serra Komagatake a partir do parque nacional de Onuma.

Figura 1 – Fotografia de grupo do CIAC2016 em Hakodate, Japão.

Foto de CIAC 2016

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centes trabalhos focando diversos comportamentos adotados por pol-vos pelágicos e as interações destes organismos com outras espécies da coluna de água.

O segundo dia deste congresso fo-cou-se principalmente no estudo da reprodução, genética e evolução de cefalópodes, tendo sido abordadas questões desde o desenvolvimen-to de novas técnicas de fertilização em lulas passando pela genómica, transcriptómica e proteómica de várias espécies com interesse co-mercial.

A manhã do dia de excursão foi re-pleta de apresentações relaciona-das com a fisiologia, como a acu-mulação e eliminação de metais pesados, a exploração de diferen-tes áreas do cérebro e o estabele-cimento de processos fisiológicos com estudos comportamentais. Foi também marcada pela palestra do Dr. Tsunemi Kubodera, em memória de Malcolm Clarke que nos deixou em 2013. O Dr. Kubodera falou so-bre a interação entre lulas gigantes e cachalotes, organismos que fas-cinavam Malcolm, especialmente a sua ecologia alimentar, da qual os cefalópodes são um dos constituin-tes principais.

O penúltimo dia deste congresso foi dedicado ao papel dos cefalópodes no meio marinho e dos impactos

das alterações climáticas em vários aspetos da biologia e ecologia de cefalópodes. Foi também discutida a temática de pescas e gestão de recursos teutológicos, tendo esta sessão uma vertente ligada ao bem--estar animal, e visando o desen-volvimento de técnicas de captura que tentem minimizar o sofrimento animal e empregando eutanásia de forma adequada assim que possível.

No dia final do congresso, as temá-ticas focadas foram a sistemática, biogeografia e técnicas de cultivo e bem-estar animal. Neste dia foram revistas algumas famílias de cefaló-podes, e descritas novas zonas de distribuição de espécies. No final do dia, foi discutida a problemática da inclusão dos cefalópodes na direti-va europeia e o desenvolvimento de uma COST Action com o objetivo de unificar técnicas com vista a me-lhores práticas laboratoriais, desen-volvimento de métodos adequados de administração de substâncias e anestesiantes formas humanas de eutanásia em cefalópodes.

No último dia houve também a atri-buição de prémios para a melhor apresentação oral e comunicação em painel. A primeira foi atribuída ao Dr. Greg Barord, que nos contex-tualizou acerca do estado de con-servação dos Nautilus, entusiastica-mente defendendo a sua proteção

e de como podemos participar na conservação desta espécie. O pré-mio de melhor comunicação em painel foi atribuído a Chun-Yen Lin, pela apresentação do etograma de padrões corporais apresentados durante a época reprodutiva de Se-pioteuthis lessoniana em Taiwan. Ainda relativamente à atribuição de prémios, e com especial relevo, foi atribuído o prémio de carreira ao Dr. Ron O’Dor, veterano nesta área e um dos fundadores do CIAC, fonte de inspiração para muitos, tanto a nível científico com a nível pessoal.

Este encontro foi marcado pela boa disposição, grandes presenças e companheirismo. Sendo eu uma bióloga marinha apaixonada por cefalópodes, este evento (o primei-ro CIAC de muitos da minha futura carreira, espero!) foi inspirador e deixou-me memórias únicas e mar-cantes.

Sayonara!

Figura 3 – (A) Beira-mar em Hakodate, com os característicos armazéns de tijolo; (B) Bueiros ornamentados com desenhos de lulas; (C) Aquário com lulas vivas, num restaurante.

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O SegredO daS COnChaS Por Vanessa Madeira

MARE – Marine and Environmental Sciences Centre, Laboratório Marítimo da Guia, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Av. Nossa Senhora do Cabo, 939, 2750-374 Cascais, Portugal.

Email: [email protected]

No passado mês de Fevereiro, o Instituto Português de Malacologia participou na atividade Pelucia diversus, organizada pelo Pavilhão do Conheci-

mento – Ciência Viva. Esta atividade teve como objetivo principal dar a conhecer um pouco mais do nosso mun-do natural, de forma acessível para todos, especialmente para os mais pequenos. O IPM esteve, durante dois dias, a revelar os segredos das conchas, apresentando uma grande panóplia de cores, formatos e curiosidades, con-chas estas provenientes da coleção do IPM alocada ao Museu Nacional de História Natural. As crianças, e até os adultos, deleitaram-se a ouvir os sons diferentes que cada concha fazia e a analisar em pormenor os padrões, como que se de especialistas se tratassem. Ficaram a sa-ber que as conchas são a casa de gastrópodes e bivalves, de uma diversidade imensa, mas que também podem ser casa de outros animais, como os caranguejos-eremi-tas e até polvos.

Imediatamente ao nosso lado estava localizada a banca do M@rBis, com a Mónica Albuquerque a mostrar que as aparências iludem, pois à primeira vista aquelas amostras podem parecer areia, mas, se estivermos com atenção e formos ver à lupa vamos ser surpreendidos com certeza. Amostras vindas das ilhas selvagens e não só, uma vez ampliadas revelam que o que pensávamos ser areia, são conchas de uma enorme diversidade de moluscos e partes de outros organismos, desde espículas de esponjas, a espinhos de ouriços, a conchas de foraminíferos até às belíssimas conchas ornamentadas de alguns gastrópodes. Ao lado da lupa estavam fotografias que nos permitiam identificar as espécies e de onde estas provinham. Assim, o M@rBis permitiu que todos conhecêssemos um pouco mais do fundo dos nossos mares e ensinou-nos a todos que, por vezes, se olharmos com mais atenção, a biodiversidade está em todo o lado!

O IPM tem estado envolvido na divulgação de ciência junto dos mais novos, com o objetivo último de promover a literacia dos oceanos. É uma missão com extrema importância, uma vez que os moluscos suscitam muita curiosidade e interesse e são um excelente vetor para transmitir bons valores acerca do nosso mundo natural.

DIVULGAÇÃO

Figura 1 – (A) banca do Instituto Português de Malacologia (IPM), (B) banca do M@rBis, (C) membros do IPM, (D) logótipo da atividade do Pavilhão do Conhecimento.

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Por António Monteiro

Os poetas sentem as coisas, todas as coisas, de feição melodiosa.

Fantasiosos, dizem de mil maneiras diferentes que o mar foi inventado para acolher os peixes, que do bosque surge o matiz, que a chuva lava a miséria da existência, que do búzio brota a música, que os pássaros são a

inspiração da liberdade, que da brisa da tarde se lapida a completude, que a intempérie serve de contraponto. Assim nos apresentam a harmonia.

in «Nos Dois Crepúsculos e ao Meio-Dia», de Cristina Lisboa, 2012

NOTÍCIAS DO RECTÂNGULO

Os coleccionadores de conchas são, de um modo geral, pessoas fasci-nadas não apenas pela beleza dos Moluscos e das suas protecções calcárias, como, de um modo geral, pela História Natural nos seus mais variados aspectos. Muitos dos que se dedicam a coleccionar conchas reúnem também – ou reuniram ao longo das suas vidas – outros exem-plares de grupos muito diversos, dos insectos aos répteis, dos fósseis às amostras mineralógicas.

A esse fascínio pela Natureza e pelos seus seres alia-se, naturalmente, um grande respeito pelo meio ambien-te e um ardente desejo de o preser-var, na medida do humanamente possível. Mesmo os que praticam o mergulho, na busca incessante de novos exemplares malacológicos, têm o cuidado de não recolher mais que os exemplares de que necessi-tam para as suas colecções e para efectuar trocas com outros entu-siastas, recusando os que apresen-tem defeitos que os tornem inapro-priados para uma colecção onde a estética impera, mas perfeitamente aptos a reproduzirem-se, assegu-rando a conservação e multiplica-ção das espécies, e, por outro lado, protegendo da melhor maneira os seus habitats; uma recomendação corrente é a de, quando se vira uma pedra para ver se por baixo dela se esconde algum animal interessante, voltar depois a colocá-la na posição original, por forma a defender pos-turas que porventura tenham sido

depositadas na sua face inferior, bem como quaisquer pequenos animais que vivam escondidos no meio de algas e outros organismos que cubram a superfície.

É da actividade desses colecciona-dores que tentamos dar alguma notícia nesta coluna dedicada ao que se vai passando no rectângulo à beira-mar situado e suas ilhas ad-jacentes. Há que confessar, porém, que ao procurar inventariar as novi-dades no panorama da Malacologia nacional, ao nível amador, fomos forçados a constatar que, desde o último número da Portugala, as no-tícias são escassas.

Quererá isto dizer que há entre nós um decréscimo de interesse pelo coleccionismo malacológico? Esta-mos certos de que não, ainda que

não estejamos a par do apareci-mento, nos tempos mais chegados, de novos jovens coleccionadores, que possam continuar a tradição e substituir aqueles que naturalmen-te vão desaparecendo. A verdade é que por exemplo nas páginas do Facebook continuam a ser muitas e muito regulares as contribuições de coleccionadores portugueses, muitas vezes mostrando as suas úl-timas descobertas, especialmente as que são oriundas das costas na-cionais. Esses excelentes esforços contribuem decisivamente para um conhecimento cada vez mais por-menorizado e actualizado da nossa fauna malacológica e revestem-se por isso de grande utilidade.

O que se verifica, isso sim, é uma certa dispersão dos colecciona-dores portugueses, que não têm beneficiado, nos últimos anos, de oportunidades para se encontrarem e trocarem impressões e informa-ções, à parte os contactos bilaterais que continuam a estabelecer-se. O boletim O Búzio, que iniciou a sua publicação em meados de 1998 e tem continuado a aparecer mês sim, mês não, ininterruptamente des-de essa data, procura constituir um elo entre todos e as suas páginas incluem artigos muito variados e noticiário variado. Mas seria interes-sante pensar-se em iniciativas que proporcionassem o convívio entre os interessados.

Não restam dúvidas de que a In-ternet, com as suas reconhecidas

Figura 1 – Mergulhadores rodeando uma Tridacna gigas, um exemplar invejável em qualquer colecção.

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Por Vanessa Madeira

MARE – Marine and Environmental Sciences Centre, Laboratório Marítimo da Guia, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Av. Nossa Senhora do Cabo, 939, 2750-374 Cascais, Portugal.

Email: [email protected]

potencialidades, se por um lado fa-cilita a comunicação mesmo entre pessoas geograficamente afastadas, possibilitando a rápida troca de in-formações, por outro acaba por iso-lá-las! Noutros tempos, para se ter acesso a informações e bibliografia, para se verem peças invulgares, ou para trocar exemplares, era funda-mental que os coleccionadores se encontrassem. Foi isso que se pas-sou durante algum tempo no Centro Português de Actividades Subaquá-

dedicam ao estudo dos Moluscos. Temos pois esperança de que opor-tunamente se organizem acções que a todos possam reunir, com mú-tuo benefício.

Um dos sectores que têm mantido uma actividade regular no âmbi-to da Malacologia nacional é o do estudo dos moluscos terrestres e fluviais, havendo vários colecciona-dores e investigadores que lhes de-dicam os seus esforços.

No número 79 da conhecida revista Basteria, recentemente publicado, encontra-se a descrição de uma nova espécie terrestre encontrada nas Berlengas. Com efeito, no arti-go “A new Oestophora (Gastropo-da, Eupulmonata, Trissexodontidae) from Ilha da Berlenga, Portugal”, os investigadores holandeses Adriaan Hovestadt e Theo E. J. Ripken intro-duzem a Oestophora barrelsi spec. nov., cujo nome alude à antiga de-signação holandesa daquelas ilhas: “de Barrels”. A nova espécie é com-parada com outras do mesmo gé-nero e também com uma do género Caracollina.

ticas (CPAS) e depois, anos a fio, na Sociedade Portuguesa de Malaco-logia (SPM), nas reuniões periódicas que se realizavam. Modernamente, o mesmo tipo de informações pode ser adquirido com uma simples con-sulta por via electrónica…

Como é bem sabido, é intenção do Instituto Português de Malacologia (IPM) abranger as actividades dos amadores, para além do óbvio inte-resse no acompanhamento e apoio dos biólogos profissionais que se

DESTAQUES

INTERNACIONAIS

BIVALVIA

Waldbusser, GG, Hales, B, Langdon, CJ, Haley, BA, Schra-der, P, Brunner, EL, Gray, MW, Miller, CA, Gimenez, I. (2015). Saturation-state sensitivity of marine bivalve larvae to ocean acidification. Nature Climate Change 5(3): 273-280.

Boltovskoy, D, Correa, N. (2015). Ecosystem impacts of the invasive bivalve Limnoperna fortunei (golden mussel) in South America. Hydrobiologia 746(1): 81-95.

Mishanina, TV, Libiad, M, Banerjee, R. (2015). Biogenesis of reactive sulfur species for signaling by hydrogen sul-fide oxidation pathways. Nature chemical biology 11(7): 457-464.

GASTROPODA

Neubauer, TA, Harzhauser, M, Kroh, A, Georgopoulou, E, Mandic, O. (2015). A gastropod-based biogeographic scheme for the European Neogene freshwater systems. Earth-Science Reviews 143: 98-116.

Gleason, LU, Burton, RS. (2015). RNA-seq reveals regional differences in transcriptome response to heat stress in the marine snail Chlorostoma funebralis. Molecular Ecolo-gy 24(3): 610-627.

Puillandre, N, Duda, TF, Meyer, C, Olivera, BM, Bouchet, P. (2015). One, four or 100 genera? A new classification of the cone snails. Journal of Molluscan Studies 81: 1-23.

Figura 2 – Colecção de conchas, maioritariamente constituida por Gastropodes.

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CEPHALOPODA

Albertin, CB, Simakov, O, Mitros, T, Wang, ZY, Pungor, JR, Edsinger-Gonzales, E, Brenner, S, Ragsdale, CW, Rokhsar, DS, (2015). The octopus genome and the evolution of cephalopod neural and morphological novelties. Nature 524(7564): 220-224.

Stevens, K, Mutterlose, J, Wiedenroth, K, (2015). Stable isotope data (delta O-18, delta C-13) of the ammonite genus Simbirskites - implications for habitat reconstruc-tions of extinct cephalopods. Palaeogeography Palaeocli-matology Palaeoecology 417: 164-175.

OUTROS

Faivre, D, Godec, TU, (2015). From Bacteria to Mollusks: the principles underlying the biomineralization of iron oxide materials. Angewandte Chemie-International Edi-tion 54(16): 4728-4747.

Chen, C, Copley, JT, Linse, K, Rogers, AD, Sigwart, J, (2015). How the mollusc got its scales: convergent evolution of the molluscan scleritome. Biological Journal of the Lin-nean Society 114(4): 949-954.

Vinther, J, (2015). THE ORIGINS OF MOLLUSCS. Palaeon-tology 58(1): 19-34.

BIVALVIA

Freitas, R, Almeida, A, Calisto, V, Velez, C, Moreira, A, Sch-neider, RJ, Esteves, VI, Wrona, FJ, Soares, A, Figueira, E. (2015). How life history influences the responses of the clam Scrobicularia plana to the combined impacts of car-bamazepine and pH decrease. Environmental Pollution 202: 205-214.

Velez, C, Figueira, E, Soares, A, Freitas, R. (2015). Spatial distribution and bioaccumulation patterns in three clam populations from a low contaminated ecosystem. Estua-rine Coastal and Shelf Science 155: 114-125.

Velez, C, Galvao, P, Longo, R, Malm, O, Soares, A, Figueira, E, Freitas, R. (2015). Ruditapes philippinarum and Rudita-pes decussatus under Hg environmental contamination. Environmental Science and Pollution Research 22(15): 11890-11904.

GASTROPODA

Cordeiro, R, Avila, SP. (2015). New species of Rissoidae (Mollusca, Gastropoda) from the Archipelago of the Azo-res (northeast Atlantic) with an updated regional check-list for the family. Zookeys (480): 1-19.

Avila, SP, Madeira, P, Rebelo, AC, Melo, C, Hipolito, A, Pombo, J, Botelho, AZ, Cordeiro, R. (2015). Phorcus sau-ciatus (Koch, 1845) (Gastropoda: Trochidae) in Santa Maria, Azores archipelago: the onset of a biological inva-sion. Journal of Molluscan Studies 81: 516-521.

Silva, ACF, Mendonca, V, Paquete, R, Barreiras, N, Vinagre, C. (2015). Habitat provision of barnacle tests for over-crowded periwinkles. Marine Ecology - an Evolutionary Perspective 36(3): 530-540.

CEPHALOPODA

Alvito, PM, Rosa, R, Phillips, RA, Cherel, Y, Ceia, F, Guer-reiro, M, Seco, J, Baeta, A, Vieira, RP, Xavier, JC. (2015). Cephalopods in the diet of nonbreeding black-browed and grey-headed albatrosses from South Georgia. Polar Biology 38(5): 631-641.

Rosa, IC, Raimundo, J, Lopes, VM, Brandao, C, Couto, AC, Santos, C, Cabecinhas, AS, Cereja, R, Calado, R, Caetano, M, Rosa, R. (2015). Cuttlefish capsule: An effective shield against contaminants in the wild. Chemosphere 135: 7-13.

OUTROS

Mendonca, V, Vinagre, C, Cabral, H, Silva, ACF. (2015). Ha-bitat use of inter-tidal chitons - role of colour polymor-phism. Marine Ecology - an Evolutionary Perspective 36(4): 1098-1106.

NACIONAIS

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Instituto Português de MalacologiaZoomarine E.N. 125, Km 65 Guia 8201-864 Albufeira PORTUGAL Tel: 289 560 300 | Fax: 289 560 309 | Email: ipmalac @gmail

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PORTUGAL ABoletim do Instituto Português de Malacologia

ISSN: 1645-9822Depósito Legal: 210446/04

Morada: Instituto Português de Malacologia (IPM), ZooMarine E.N. 125, KM65 Guia, 8201-864 AlbufeiraTelefone: 289 560 300Email: ipmalac @gmailSite IPM: http: www.ipmalac.pt

Corpo Editorial: Rui Rosa (Editor) MARE - Marine Environmental Sciences Centre [email protected]

Catarina Santos (Subeditora) Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar [email protected]

Vanessa Madeira (Subeditora) MARE - Marine Environmental Sciences Centre [email protected]

Joaquim Reis (Presidente IPM) Presidente do Instituto Português de Malacologia [email protected]

António Frias Martins Departamento de Biologia da Universidade dos Açores [email protected]

António Marques Divisão de Aquacultura e Valorização, Instituto Português do Mar e da Atmosfera [email protected]

Diana Carvalho Museu Nacional de História Natural e da Ciência [email protected]

Dinarte Freitas Teixeira Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais da Madeira, Direcção Regional do Ambiente [email protected]

Domitília Matias Divisão de Aquacultura e Valorização, Instituto Português do Mar e da Atmosfera [email protected]

Miguel Nogueira Baptista MARE - Marine Environmental Sciences Centre [email protected]

Ronaldo Sousa CIIMAR/CIMAR e Departamento de Biologia da Universidade do Minho [email protected]

Autores neste volume:

Fernando P. Lima | Rui Seabra | Bernard Landau | Patrícia Anacleto | António Marques | Rui Rosa Inês C. Rosa | Raquel Costa | Fernando Gonçalves | Joana Pereira | Pedro Reis Costa | João Barreiros

Ricardo J.S. Pacheco | Sílvi Gonçlves | José Nuno Gomes-Pereira | J. Monteiro | J. Gonçalves | Miguel Gaspar Fábio Pereira | Vanessa Madeira | António Monteiro

Capa: Vicki Burton( CC BY-SA 2.0 )

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