Upload
buinhu
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática
Área de concentração: Ensino de Biologia
Fernando Marques Teixeira
A FEIRA DE CIÊNCIAS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS
NUTRICIONAIS SAUDÁVEIS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
BELO HORIZONTE 2015
Fernando Marques Teixeira
A FEIRA DE CIÊNCIAS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS
NUTRICIONAIS SAUDÁVEIS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática. Orientador: Prof. Dr. Fernando Costa Amaral
Belo Horizonte 2015
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Teixeira, Fernando Marques
T266f A feira de ciências como estratégia pedagógica para a disseminação de
conhecimentos, atitudes e práticas nutricionais saudáveis para alunos do ensino
fundamental / Fernando Marques Teixeira. Belo Horizonte, 2015.
123 f. : il.
Orientador: Fernando Costa Amaral
Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática.
1. Educação Alimentar e Nutricional. 2. Nutrição – Saúde. 3. Hábitos
alimentares. 4. Saúde pública 5. Educação - Estudo e ensino. I. Amaral, Fernando
Costa. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-
Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título.
CDU: 612.39:37.02
Fernando Marques Teixeira
A FEIRA DE CIÊNCIAS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS
NUTRICIONAIS SAUDÁVEIS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Ensino de Ciências e
Matemática Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre
em Ensino de Ciências e Matemática.
__________________________________________________ Prof. Dr. Fernando Costa Amaral - (Orientador) – PUC Minas
__________________________________________________ Profa. Dra. Claudia de Vilhena Schayer Sabino – PUC Minas
__________________________________________________ Prof. Dr. Santer Alvares de Matos (Centro Pedagógico – UFMG)
Belo Horizonte, 03 de dezembro de 2015
Aos colegas educadores que, no
exercício árduo e gratificante de
lecionar, encontrem apoio nesta
obra.
AGRADECIMENTOS
É chegado o momento do término de mais uma etapa, posso dizer, com muita
alegria, que conquistei um dos maiores objetivos da minha vida. Essa vitória, a
maior até agora, é muito importante para mim. Os momentos vividos para
chegar até aqui não foram fáceis, em vários aspectos, e são feitos como esses
que sustentam o ser humano durante as dificuldades da vida. Em primeiro
lugar, gostaria de agradecer a Deus por me dar a oportunidade de realizar um
grande sonho. Aos familiares que me apoiaram durante todo o tempo, seja com
palavras de incentivo ou atitudes que fortaleceram a minha jornada. Aos
amigos que me apoiaram durante todo o curso, eles que cobravam e
incentivaram durante todo mestrado. Aos professores da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, em especial aos profissionais que
realmente se prontificaram a agregar valores ao nosso trabalho.
RESUMO
Novos padrões de comportamentos alimentares decorrentes do
desenvolvimento social, científico e tecnológico, incentivados pela mídia e
assumidos por grande parte da população têm, nos últimos anos,
desencadeado alguns dos principais problemas de saúde pública no mundo.
Em poucas décadas mudou-se o paradigma da desnutrição e da carência
alimentar para o da superalimentação, com quantidade excessiva de calorias,
desequilíbrios e deficiências nutricionais, além do uso indiscriminado de
aditivos alimentares, de suplementos e de moduladores metabólicos. Em
decorrência dos novos padrões alimentares e estilo de vida, observamos o
desenvolvimento de novas epidemias como: obesidade, sobrepeso, problemas
cardiovasculares, diabetes, dentre outras, que comprometem a saúde de uma
população cada vez mais jovem. O crescente número das patologias
associadas ao padrão alimentar dos indivíduos reclama por educação e
estímulo para aquisição e manutenção de hábitos alimentares saudáveis o
mais precocemente possível na vida de crianças e jovens. Entendendo que
parte da responsabilidade na formação desses hábitos e posturas sociais cabe
à educação escolar, como sugerido nos temas transversais no PCN (BRASIL,
1998), e que apenas estudos em livros, aulas expositivas e palestras não são
normalmente capazes de produzir a educação formativa e transformadora de
atitudes que se almeja, desenvolvemos a presente pesquisa. O trabalho
consistiu na proposição, acompanhamento e avaliação de um “Projeto de
Trabalho” no qual, estudantes do oitavo e nonos anos do ensino Fundamental,
em grupos, pesquisaram e estudaram temas relacionados à nutrição e saúde.
Em seguida, elaboraram diferentes estratégias de divulgação, e apresentaram
seus trabalhos em uma “Feira de Ciências”, para a comunidade escolar e
externa. Os resultados obtidos neste trabalho reforçam a premissa de que a
educação em espaços e tempos não-formais, aliados ao protagonismo
estudantil, além de ser uma estratégia pedagógica capaz de motivar o
estudo/aprendizado, contribui, efetivamente, para a construção e
desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis.
Palavras-chave: Feira de Ciência, Nutrição e Saúde, Pedagogia de Projeto.
ABSTRAT
New patterns of eating behaviors resulting from social, scientific and
technological development, encouraged by the media and made for much of the
population has, in recent years, triggered some of the major public health
problems in the world. In a few decades it moved the paradigm of malnutrition
and food shortages for the overfeeding with excessive amount of calories,
imbalances and nutritional deficiencies, apart from indiscriminate use of food
additives, supplements and metabolic modulators. As a result of new eating
patterns and lifestyle we observe the development of new epidemics such as
obesity, overweight, cardiovascular problems, diabetes, among others, which
endanger the health of an increasingly younger population. The growing
number of pathologies associated with dietary patterns of the people calls for
education and encouragement for the acquisition and maintenance of healthy
eating habits as early as possible in the lives of children and youth.
Understanding that part of the responsibility in the formation of these habits and
social attitudes lies with education, as suggested in cross-cutting themes in the
PCN (BRASIL, 1998), and that only studies in books, lectures and class talks
are not normally able to produce formative education and transforming
attitudes, that aims to have developed this research. The work consisted in the
proposition, monitoring and evaluation of a "Work Project" in which students of
the 8th and 9th grades of Elementary School, in groups, researched and
studied issues related to nutrition and health; then, they developed different
dissemination strategies, and presented their works at a scientific exhibition
"Science Fair" for the school and the outside community. The results of this
study reinforce the premise that education in non-formal spaces and times,
together with the student leadership, besides being a pedagogical strategy to
motivate the study/learning, contributes effectively to the construction and
development of healthy eating habits.
Keywords: Science Fair, Nutrition and Health, Project Pedagogy.
LISTA DE IMAGENS
IMAGEM 1: Alunos preparando amostras....................................................74 IMAGEM 2: Alunos durante a EXPOCIÊNCIAS 2014..................................75 IMAGEM 3: Oficina dos Sucos.....................................................................78 IMAGEM 4: Suplementos e Anabolizantes...................................................81
LISTA DE ANEXOS Anexo 01: Plano de aula Teórico....................................................................98 Anexo 02: Plano de aula Prático...................................................................101 Anexo 03: Produto Educacional....................................................................104
LISTA DE SIGLAS
CEJM – Centro Educacional de João Monlevade
CTS – Ciências, Tecnologia e Sociedade.
CTSA – Ciências, Tecnologia, Sociedade e Ambiente
DAB – Departamento de Atenção Básica
EAN – Educação Alimentar Nutricional
EJA – Educação de Jovens e Adultos
FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
IMC – Índice de Massa Corporal
MIT – Massachusetts Institute of Technology
OMS – Organização Mundial da Saúde
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais
PCNEM – Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio
PEAS – Programa de Educação Afetivo-Sexual
PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar
PNAN – Política Nacional de Alimentação e Nutrição
PNPS – Política Nacional de Promoção da Saúde
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 12
2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................... 17
3 OBJETIVOS................................................................................................ 21
3.1 Objetivos Gerais.......................................................................................... 21
3.1 Objetivos específicos................................................................................... 21
4 REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................... 22
4.1 Educação formal, não-formal e informal: contribuições dos diversos espaços
educativos....................................................................................................
22
4.2 Feiras de Ciências ou Mostras Científicas de Projetos de Pesquisa........... 28
4.3 Educação Nutricional e Saúde..................................................................... 33
4.3.1 Influências e o papel da educação escolar.................................................. 33
4.3.2 Importância da alimentação para o ser humano.......................................... 37
4.4 Influências do meio no processo de aprendizagem.................................... 45
4.4.1 Influências da família e de pessoas próximas na formação do indivíduo.... 45
4.4.2 Influência escolar ......................................................................................... 49
4.4.3 Fatores associados ao comportamento alimentar inadequado em adolescentes
escolares.....................................................................................................
52
4.5 Buscando uma educação transformadora................................................... 57
4.5.1 Importância dos enfoques para as estratégias pedagógicas....................... 57
4.5.2 A abordagem CTSA na Pedagogia de Projeto............................................ 58
5 METODOLOGIA.......................................................................................... 61
5.1 Sujeitos e local da pesquisa........................................................................ 61
5.2 Desenvolvimento do Projeto....................................................................... 63
5.2.1 Fundamentação teórica dos alunos............................................................ 63
5.2.2 Formação dos grupos de trabalho.............................................................. 68
6. RESULTADOS............................................................................................ 72
6.1 Nutrição e Saúde – Turma I ....................................................................... 72
6.2 Nutrição e Saúde – Turma II....................................................................... 79
6.3 Produto: Roteiro Orientado.......................................................................... 82
6.3.1 Etapas do Roteiro Orientado....................................................................... 83
7 CONCLUSÕES............................................................................................ 85
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 86
12
1. INTRODUÇÃO
A Educação Básica é um dos melhores caminhos para assegurar a
todos uma formação comum indispensável para o exercício da cidadania e
fornecer aos estudantes os meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores. A educação possui impacto em várias etapas de nossa vida, e por
meio dela podemos garantir nosso desenvolvimento pessoal, social, econômico
e cultural. Entretanto, para que o ensino seja efetivo, deve ser diversificado,
afetivo, significativo e reforçado.
Muitos professores do Ensino Fundamental e Médio, têm se preocupado
basicamente com o desenvolvimento do ensino-aprendizado dos alunos
apenas no espaço sala de aula, e com base na transmissão oral de conteúdos
curriculares. Esse comportamento muito se justifica, entre os educadores,
pelos limitados recursos disponibilizados pelas instituições de ensino,
notadamente, as públicas.
Entretanto, é da cultura das metodologias pedagógicas atuais, que o
ensino não se deva desenvolver exclusivamente no espaço formal da sala de
aula, e seria simplista pensar que apenas os conhecimentos transmitidos de
forma isolada pelos livros, docentes, palestras, mostras científicas e mídia
seriam suficientes para a formação integral que se pretende oferecer aos
nossos estudantes. A integração de técnicas educacionais é necessária para
se alcançar melhores resultados.
Sabemos que os conhecimentos e saberes adquiridos são alicerces para
mudanças cognitivas nos seres humanos. No entanto, não são por si só
suficientes para garantirem transformações de posturas e atitudes, uma vez
que muitas pessoas notoriamente conhecedoras dos cuidados necessários à
manutenção da saúde apresentam comportamentos opostos. Outros fatores
que podem influenciar e direcionar condutas de cada pessoa são: influências
da família e dos amigos, a mídia, a escola, influências culturais regionais e
globais, a história de vida e os valores pessoais desenvolvidos por cada um.
Assim, representam um conjunto de fatores que devem ser levados em
consideração no processo de construção e transformação da identidade do
indivíduo.
13
De modo geral a educação deve preparar o ser humano para a análise
de situações, para a leitura do mundo, para a realização de escolhas
conscientes e para o desenvolvimento de posturas e atitudes ao longo da vida.
Nesse sentido, faz-se necessário que o indivíduo tenha um aprendizado
consolidado e capaz de subsidiar a formação continuada que extrapola os
muros e os tempos da educação escolar, dando suporte aos vários aspectos
de aprendizado que virão durante toda a vida, sejam eles culturais,
econômicos, sociais, políticos, científicos e tecnológicos.
A educação nutricional que envolve vários dos aspectos elencados é o
tema desta pesquisa. A escolha foi motivada por percepções pessoais sobre as
condutas alimentares de grande parte dos aprendizes da escola em que
leciono, bem como pelo fato de que as questões nutricionais conclamam por
uma educação que possa contribuir efetivamente para a formação sociocultural
necessária para a manutenção da saúde pessoal e coletiva. Vale ressaltar que
nutrição e saúde constituem tema transversal recomendado pelo PCN e que
demanda estratégias de ensino que favoreçam o desenvolvimento e
aprendizado dos alunos em relação aos hábitos alimentares promotores e
mantenedores da saúde e do bem estar.
Em decorrência dos novos padrões alimentares e estilo de vida de
grande parte da população de países desenvolvidos ou em desenvolvimento,
como o Brasil, pode-se observar o desenvolvimento das chamadas “Novas
Epidemias”, como a obesidade mórbida, obesidade subclínica, sobrepeso,
problemas cardiovasculares, hipertensão, diabetes, dentre outras,
comprometem a saúde de uma população cada vez mais jovem. O crescente
número das patologias associadas ao padrão alimentar dos indivíduos pede
então por uma educação que promova a aquisição e manutenção de hábitos
alimentares saudáveis o mais precocemente possível na vida de crianças e
jovens.
O comportamento nutricional é complexo e inclui determinantes externos
e internos ao sujeito. A infância é o período de formação dos hábitos
alimentares e o entendimento dos fatores determinantes possibilita a
elaboração de processos educativos, que são efetivos para mudanças no
padrão nutritivo das crianças (RAMOS & STEIN, 2000). Tais mudanças irão
14
contribuir de forma significativa no comportamento alimentar na vida adulta
(BISSOLI & LANZILLOTTI, 1997). Seguindo essas ideias, é sábio que esse
padrão de comportamento é multideterminado, fatores genéticos, psicológicos,
fisiológicos e influências do ambiente pode ser fatores consideráveis na
construção de boas ou más práticas alimentares. Em relação a interferência do
meio, segundo alguns autores durante o período de amamentação e
gestacional pode interferir nos hábitos alimentares do indivíduo durante toda a
vida (VALLE e EUCLYDES, 2007; SANTOS e GUIMARÃES, 2008).
“Talvez a mais remota influência do ambiente no comportamento
alimentar seja ainda durante a gestação. Tem-se demonstrado, tanto
em animais como em humanos, que o filhote tende a consumir
alimentos que foram consumidos pela mãe durante a gestação e
lactação. Mais tarde este comportamento tende a se repetir com o
consumo de alimentos que os adultos de seu grupo social
consomem. Este comportamento provavelmente tem razões
evolutivas uma vez que animais de diferentes espécies ou até mesmo
grupos étnicos ingerem diferentes hábitos alimentares.” ou (QUAIOTI
e ALMEIDA, 2006)
A alimentação embora seja influenciada por aspectos relacionados à
história pessoal e à genética de cada indivíduo, ela é profundamente
influenciada pelas diversas culturas de diferentes populações do planeta, além
de refletir imposições locais e sócio-político-econômicas. Não se pode
desprezar os interesses e pressões da indústria que se exteriorizam nas
campanhas publicitárias. Assim, muitos países no mundo sofrem com as
mudanças alimentares impostas pela indústria e difundidas pela mídia,
socialmente aceitas e aprovadas de forma acrítica ou conformada pela
sociedade em geral, além da ausência ou ineficácia de políticas públicas,
gerando aumento da mortalidade e da morbidade relacionadas à má conduta
alimentar. As tão comentadas “enfermidades do novo milênio”, como as
doenças metabólicas, cardiovasculares, a hipertensão, e alguns tipos de
canceres estão estreitamente relacionadas com hábitos alimentares
inadequados a preservação da saúde.
Em se tratando especificamente do Brasil a situação não é diferente, o
número de obesos e sobrepeso vem crescendo aceleradamente e,
15
paralelamente a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis
relacionadas a esses problemas nutricionais vem aumentando. Especialistas
no assunto sustentam que as melhores estratégias para prevenção e controle
dessas morbidades são a promoção de alimentação saudável, ajustada aos
diferentes perfis pessoais juntamente com a prática regular de atividades
físicas.
“No Brasil, tem sido detectada a progressão da transição nutricional,
caracterizada pela redução na prevalência dos déficits nutricionais e
ocorrência mais expressiva de sobrepeso e obesidade não só na
população adulta, mas também em crianças e adolescentes.”
(TRICHES; GIUGLIANI, 2005)
Então, seria incorreto de nossa parte, pensar e analisar alguns dos
problemas citados, tais como obesidade, sobrepeso, hipertensão e as diversas
outras doenças estariam exclusivamente ligadas ao hábito alimentar. Sabe-se
hoje que o aparecimento e desenvolvimento de muitas dessas morbidades é
multifatorial, e certamente envolve o modus vivendis e a prática de atividades
físicas. Masson et al (2005) ressaltam que a promoção da prática de atividades
física auxilia no equilíbrio energético do corpo, libera hormônios que fazem bem
para a mente, além de ter um importante papel nas prevenções primária e
secundária da doença cardiovascular e obesidade.
Nesse contexto, aliada aos benefícios da alimentação saudável fica
nítida a relevância da prática esportiva, estando bem descrito na literatura
científica. Estudos indicam que tais comportamentos, quando também
adotados na infância ou adolescência, tendem a perdurar até a vida adulta
(AZEVEDO et al; LIEN et al. apud NAHAS et al., 2007, p.13), sugerindo que a
juventude é uma das fases ideais para a realização de intervenções que visem
à aquisição de hábitos saudáveis, motivos que corroboram a importância de
estratégias de ensino durante as fases inicias da vida.
Não obstante, levantamentos disponíveis sugerem que um elevado
percentual de adolescentes, como regra geral, não atinge as recomendações
atuais relacionadas à prática de atividade física e condutas alimentares
saudáveis (VARO et al.; HALLAL et al. apud NAHAS et al., 2007, p.13).
Práticas e aprendizagens inadequadas adquiridas na infância e na
adolescência normalmente repercutem sobre o comportamento em muitos
16
aspectos da vida futura, como a alimentação, autoimagem, saúde individual,
valores, preferências e desenvolvimento psicossocial, além de poderem ser
fatores de risco para doenças crônicas na fase adulta (LEVY et al., 2009).
De acordo ainda com Ravenna (2011), outro fator que evolve o tema em
questão está associado a diversas técnicas adotadas por muitas pessoas, que
buscam por ideais estéticos. Fazer o uso de medicamentos e dietas ditas
“milagrosas” que se espalham de forma informal entre a população,
representam um risco enorme para saúde quando não administrada por
profissionais capacitados. Ressalta-se que muitas das estratégias relacionadas
ao tratamento e medicação, de pessoas que já apresentam comprometimentos
da saúde decorrentes da obesidade, sobrepeso e mesmo carências
nutricionais, são muitas vezes consideradas paliativas ou não totalmente
efetivas. É importante lembrar que a busca por padrões estéticos pode ser
patológica nos casos de bulimia e anorexia, demandando acompanhamento de
psicólogos e psiquiatras.
Várias pesquisas destacam que muitas das refeições consumidas por
adolescentes são pouco saudáveis, esse fato é especialmente observado entre
os jovens pertencentes às classes econômicas mais favorecidas e que,
teoricamente possuem maiores possibilidades alimentares e acesso à
informação (NUNES; FIGUEROA; ALVES, 2007). Sendo tal dieta usualmente
rica em gorduras, açúcares de rápida assimilação e quantidades excessivas de
sódio, com pequena participação de frutas e hortaliças, e normalmente pobres
em fibras vegetais e vitaminas. Isto é, cada dia mais se troca alimentações
saudáveis e equilibradas como o tradicional de arroz com feijão, carnes magras
e verduras, obviamente preparados com pouco óleo e sal, e sobremesa com
frutas, por outras opções alimentares rápidas como os ditos “fast foods” que
são excessivamente calóricas e de baixo valor nutricional (TORAL; CONTI;
SLATER, 2009).
O consumo alimentar tem sido relacionado à obesidade não somente
quanto ao volume da ingestão alimentar, como também à composição
e qualidade da dieta. Além disso, os padrões alimentares também
mudaram, explicando em parte o contínuo aumento da adiposidade
nas crianças, como o baixo consumo de frutas, hortaliças e leite, o
aumento no consumo de guloseimas (bolachas recheadas,
17
salgadinhos, doces) e refrigerantes, bem como a omissão do café da
manhã. (TRICHES; GIUGLIANI, 2005, p.542)
Desse modo, a importância da temática está relacionada a necessidade
de aprimoramento dos hábitos alimentar das crianças, jovens e adultos (EJAS-
Educação de Jovens e Adultos) devido a prevalência visível nas escolas, como
na sociedade contemporânea de problemas relacionados à alimentação
indevida e inadequada.
2 JUSTIFICATIVA
A despeito da grande diversidade de estratégias que podem contribuir
para a mudança de comportamento da sociedade como um todo, nunca é
demais ressaltar algumas questões. Aquilo que se faz de forma isolada
relacionada na educação nutricional não é suficiente para a transformação no
modo de vida que é o principal objetivo dos educadores e disseminadores do
conhecimento.
É ingênuo supor que a formação de bons hábitos alimentares se
efetive na escola com ações isoladas, como a oferta de alimentos
nutricionalmente ricos, aulas de Ciências, textos no livro didático,
palestras e distribuição de folhetos. (SILVA & FONSECA, 2009.p.3)
Acreditamos que dentre as estratégias mais efetivas para a educação
para a saúde destacam-se práticas pedagógicas no ensino básico, sempre que
se utilizarem estratégias capazes de promover autoeducação e apropriação
(formação/ transformação) de hábitos de vida saudáveis, que podem ser
desenvolvidos por projetos de pesquisa e divulgação, tal como a “Feira de
Ciências”, sugerida nesta pesquisa.
Destacamos ainda que, a preocupação política com problemáticas
pedagógica existe e diversos órgãos e organizações governamentais sugerem,
apoiam e fomentam investidas para controlar epidemias contemporâneas.
Entretanto, para muitos entendidos do assunto, prevalece à ideia que é melhor
prevenir do que remediar, além do que, normalmente, são economicamente
muito mais caros os tratamentos do que o investimento na prevenção.
18
Em 2002, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou um
manual chamado Estratégia Mundial sobre Alimentação Saudável,
Atividade Física e Saúde. Trata-se de um trabalho de prevenção para
grupos populacionais de todo o mundo, que foi desenvolvido em 2002
e divulgado em 2004, com o objetivo de apresentar os conhecimentos
científicos disponíveis sobre as principais evidências ligando dieta,
atividade física e doenças crônicas não transmissíveis. Essa
estratégia já ajudou na redução de algumas dessas doenças em
países como Finlândia, Cingapura e Japão. (VINHOLES; ASSUNÇÃO
& NEUTZLING, 2009, p. 791)
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), através do Departamento de
Atenção Básica (DAB), estabelece as diretrizes da Política Nacional de
Alimentação e Nutrição (PNAN). Na qual, se insere, como eixo estratégico, a
Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) que corresponde a
uma das determinações da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS),
tendo como enfoque prioritário a realização de um direito humano básico, que
proporcione a realização de práticas alimentares apropriadas dos pontos de
vista biológico e sociocultural, bem como o uso sustentável do meio ambiente.
Tais ações, promotoras da alimentação adequada, incentivadas pelas
políticas públicas, que aumentam o nível de conhecimento da população sobre
a importância da promoção da saúde por meio da manutenção do peso
saudável e de uma vida ativa. Tais atitudes conciliadas com a prática de
atividades físicas, além de modificar atitudes sobre alimentação e condutas que
favoreçam a se prevenir do excesso de peso e consequentemente uma saúde
comprometida.
Portanto, a adoção de políticas públicas também é importante, para que
em todos os períodos da vida tenhamos oportunidades de aprendermos um
pouco mais sobre a forma que estamos tratando a nossa alimentação e
também aprimorar nossos hábitos.
De maneira geral, considera-se que é mais fácil e efetivo o
desenvolvimento precoce de crenças, hábitos e atitudes do que em etapas
posteriores da vida dos indivíduos. Acreditando nisso a educação alimentar
pode se consolidar de forma bastante considerável entre as crianças, nos
primeiros anos de vida, durante os anos do Ensino Fundamental.
19
Em outras palavras, entendemos que quanto mais rapidamente
questionamentos e entendimento sobre nutrição e saúde forem apropriados
pelos estudantes e a sociedade em geral, maior é a possibilidade de êxito
educativo e mudança de posturas. Ressaltamos ainda que, sempre estamos
em tempo de aprender e mudar, quanto antes na vida o indivíduo apresente
hábitos saudáveis, normalmente menos afetado ele é, e isso se deve, em
parte, por menor tempo de exposição a alimentos que podem colocar em risco
o organismo, acarretando uma série de morbidades, contribuindo assim para
melhor qualidade de vida.
Em apoio a essas ideias, entendemos que a efetividade de uma
estratégia pedagógica pode ser bastante favorecida pela participação dos
discentes em atividades lúdicas e em espaços não-formais de ensino. Essa
premissa nos levaram a propor como estratégia pedagógica, o
desenvolvimento de um projeto de pesquisa e divulgação que culminaria na
“EXPOCIÊNCIAS 2014”, uma modalidade de Mostra ou Feira de Ciências
elaborada anualmente no CEJM, em período e espaço não-formal de ensino.
Destacamos que cabe ao professor, no caso dos “Projetos de Pesquisa
e Divulgação”, propor, organizar, acompanhar e orientar os trabalhos a serem
desenvolvidos pelos alunos, que serão os verdadeiros protagonistas e
multiplicadores do próprio aprendizado. Tais estratégias educativas têm
funções relevantes no processo ensino-aprendizado, podendo ser trabalhada
por uma enorme quantidade de temáticas da Ciências, na qual escolheu-se o
conteúdo de “Nutrição e Saúde”, que faz parte do programa curricular da
disciplina no ensino fundamental.
Nesse contexto, essa proposta (EXPOCIÊNCIAS) pode subsidiar
pedagogicamente o professor de Ciências que enfrenta uma série de desafios
para superar limitações metodológicas e conceituais em seu cotidiano escolar.
Em grande parte das vezes, a “Mostra Científica” ou “Feira de Ciências”, é um
alicerce para a assimilação efetiva de conteúdos e ideias, mudança de
comportamento e disseminação de saberes entre os estudantes, a comunidade
escolar e as famílias. Todavia, observando o cotidiano das escolas de nossa
região, as Feiras de Ciências, ficaram esquecidas no tempo. Esta estratégia
pedagógica que surgiu no Brasil na década de sessenta, promovida por várias
20
instituições de ensino do país, está perdendo espaço devido a diversas
dificuldades. De acordo com alguns relatos de alguns professores, dificuldades
como falta de recursos e de apoio, desinteresse por parte dos profissionais,
falta de motivação dos alunos, restrição de espaço, restrições curriculares, são
razoes suficientes para esses impasses.
Atento as problemáticas encontradas dentro do ensino de Ciências, em
especial o ensino de nutrição e saúde para crianças e adolescentes, e
cursando o mestrado profissional em ensino de ciências e matemática da
Pontifícia Católica de Minas Gerais, fui desafiado a propor e executar
pesquisas sobre uma possível estratégia pedagógica, em um determinado
campo do saber em Ciências Biológicas.
Entendendo pedagogia de projeto como um conjunto de técnicas,
princípios, métodos e estratégias educacionais com a finalidade de
proporcionar uma educação diferenciada aos nossos alunos. Esta, capaz de
formar um cidadão crítico diante do seu contexto social. Então, encontrei na
“EXPOCIÊNCIAS” do CEJM (MG), onde trabalho, a oportunidade de
aprofundar os conhecimentos sobre a importância, a efetividade e
possibilidades pedagógicas de uma “Feira de Ciências ou Mostra Científica” na
formação dos estudantes numa perspectiva CTSA (Ciência, Tecnologia,
Sociedade e Ambiente). O Tema Transversal escolhido para ser pesquisado,
desenvolvido e apresentado na EXPOCIÊNCIAS pelos alunos foi “Nutrição e
Saúde”, que se encaixa nas propostas pedagógicas do enfoque CTSA.
Orientação, acompanhamento, registro, pesquisas e avalição do
processo ou estratégia pedagógica pesquisada são fundamentais ao
desenvolvimento desse trabalho. É ainda uma exigência do Mestrado
Profissional a elaboração de um “Produto Educacional” que deverá ser
entregue, juntamente com a “Dissertação” e disponibilizados pelo Programa de
Mestrado na Biblioteca da PUC Minas.
Portanto, a presente pesquisa vislumbra a ideia da utilização da mostra
científica como meio colaborador do processo de ensino e mudança de atitudes
no cotidiano da comunidade escolar em geral e também, em longo prazo,
melhorar a cultura alimentar dentro e fora do ambiente educacional. Também
contribuir na implementação da alimentação adequada dos jovens, pessoas
21
envolvidas diretamente no processo educativo e demais públicos que
frequentaram “EXPOCIÊNCIAS” do Centro Educacional de João Monlevade
(MG).
Pelo até agora exposto fica evidente nossa intenção de promover a
autonomia de crianças e jovens na busca reflexiva por conceitos, análise,
seleção e organização de informações. Elaboração e implementação de
estratégias para a divulgação das informações selecionadas, através de projeto
de pesquisa e “Feira de Ciências”. Em um momento que, segundo relatos de
pesquisadores citados nesse trabalho, revela-se como momento chave para a
formação da identidade pessoal e a consolidação de bons hábitos de vida, que
podem refletir na sua saúde em curto e em longo prazo. Fomenta-se ainda a
autoconfiança e o sentimento de pertença à comunidade escolar, através
desse tipo de projeto pedagógico, disseminando práticas e ideias que
influenciam toda a comunidade escolar, fazendo com que ocorra uma
educação transformadora em todos.
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Elaborar, testar e avaliar um projeto de pesquisa para o desenvolvimento de
conhecimentos, atitudes e práticas em educação alimentar e nutricional
saudável para alunos do Ensino Fundamental, com culminância em uma “Feira
de Ciências”.
3.2 Objetivos específicos
Avaliar conhecimentos prévios dos alunos sobre nutrição através de
observações, registros e debates em aulas teóricas sobre Nutrição e
Saúde.
Orientar grupos de estudantes a desenvolver projetos de trabalhos sobre
o tema “Nutrição e Saúde” para serem divulgados pelos mesmos em
uma “Feira de Ciências”.
22
Estimular, acompanhar e registrar o desempenho dos discentes durante
o desenvolvimento dos projetos e sua difusão na “Feira de Ciências”.
Avaliar e registrar possíveis aquisições intelectuais e atitudinais dos
alunos e desenvolvidas por eles no “Projeto”.
Desenvolver e incentivar atividades que favoreçam a valoração da
alimentação e saúde, tais como, cantinas saudáveis, espaços de
informação e mostra de novidades em relação a saúde alimentar.
Elaborar um roteiro com orientações e sugestões que possam auxiliar
outros professores no desenvolvimento de projetos de pesquisa e
divulgação em “Feira de Ciências” ou outras modalidades de mostra
científica.
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Educação formal, não-formal e informal: contribuições dos diversos espaços educativos.
Compreendemos a educação como um processo que se desenvolve
formal ou informalmente, com caráter intencional ou não, no espaço escolar ou
em outros espaços sociais, ao longo de toda vida do indivíduo. Assim,
acreditamos que a didática formal, que se baseia na transmissão de
conhecimentos apenas em sala de aula, não é suficiente para a educação que
pretendemos. Destacamos aqui a importância da estratégia proposta para o
desenvolvimento nos alunos da capacidade de buscar, analisar, organizar e
difundir saberes (aprender a aprender e aprender a fazer), e ao serem
influenciados pelos saberes, optar por novos comportamentos (aprender a ser).
Neste contexto, vale lançar mão do ensino não-formal conscientes das
influências da informal, que pode servir como contraponto, complementando o
processo educativo (CASCAIS &TERÁN, 2011).
Entendemos como regra geral, em diversos setores de nossas vidas
como também na educação nutricional, que alguns conceitos e fundamentos
precisam ser abordados e reforçados em vários momentos da vida do
indivíduo, seja por meio da educação formal, informal e não formal, sendo o
fundamental a interação e a complementaridade das três na formação do
23
sujeito. Ressaltamos que as mudanças pretendidas pela educação formal
podem e devem buscar diálogo e apoio nos outros tipos de educação, uma vez
que, apenas o conhecimento, embora necessário, não é, por si só, suficiente
para determinar mudanças de conduta do indivíduo ao longo da sua vida.
Os termos formal, não-formal e informal são de origem anglo-saxônica
tendo surgido a partir de 1960. Segundo Gohn (2006), pode-se dizer que a
educação não-formal de imediato exige uma comparação com a educação
formal. A educação formal tem um espaço próprio para ocorrer, ou seja, ela é
institucionalizada e prevê conteúdos, enquanto que a educação informal pode
ocorrer em qualquer espaço, envolve valores e a cultura própria de cada lugar.
Já a educação não formal ocorre a partir da permuta de experiências entre os
indivíduos em espaços comuns.
A educação formal é comumente identificada com a educação escolar e
entendida como o tipo de educação organizada com uma determinada
sequência e proporcionada pelas escolas, com uma estrutura, um plano de
estudos e papeis definidos para quem ensina e pra quem é ensinado. Conduz
normalmente a um determinado nível escolar, certificado por um diploma.
Gohn (2006), chama atenção para a educação formal os concernentes
ao “ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados”, que
preparam o indivíduo para atuar em sociedade como cidadão ativo. A
pedagogia formal é aquela que acontece no espaço escolar institucionalizado,
onde há um currículo a seguir, normas a cumprir e onde o principal objetivo é a
aprendizagem. O ensino formal é metodicamente organizado, ele segue um
currículo, é dividida em disciplinas, segue regras, leis, divide-se por idade e
nível de conhecimento.
Segundo Gohn (2006), os resultados esperados para as estratégias
formais de ensino são: a aprendizagem e a titulação. O autor ainda ressalta a
importância da educação não-formal, por ser normalmente mais apropriada
para a formação integral do indivíduo. Entretanto, afirma que esse tipo de
educação não substitui a educação formal, mas pode complementá-la através
de programações específicas e fazendo uma articulação com a comunidade
educadora.
24
Chassot (2003) discorre sobre a escola enquanto instituição formal em
uma sociedade globalizada, relatando a respeito da invasão do mundo exterior
nas salas de aula, e por outro lado, a forma como ela hoje se exterioriza. Em
tempos anteriores, o estabelecimento de ensino servia de referência à
comunidade por ser detentora do conhecimento, diferentemente de hoje, onde
os conhecimentos do mundo exterior adentram no mundo escolar. O autor
ainda revela que o ensino de ciências, entre os anos 80 e início dos anos 90,
era centrado na aquisição de conhecimentos científicos, o professor se
preocupava com a quantidade de páginas do livro que eram repassadas ao
estudante. Hoje é inconcebível um currículo que não esteja voltado para
“aspectos pessoais e sociais” dos estudantes.
Baseando-se nisso e com o passar dos anos, reconhecemos que a
informação dos livros didáticos e em alguns casos a formação dos professores
são obsoletas por si só. Em muitos casos, os jovens, estão muito bem
informados sobre diversos assuntos, como por exemplo, novas descobertas
científicas na qual os próprios professores desconhecem muitas vezes por não
terem acesso à internet, TV a cabo, ou simplesmente por falta de tempo para
formação continuada. A globalização inverteu o fluxo de conhecimento, sendo
também da comunidade para a escola. Assim, faz-se necessário que o
educandário reveja seu papel em relação às novas demandas e possibilidades
para a disseminação do conhecimento e formação dos indivíduos.
Segundo Marques (2002), existe um espaço próprio onde a educação
trata do conhecimento científico, este lugar são as escolas com os seus níveis
de ensino, suas regras e procedimentos. Entretanto, a educação não deve ater-
se somente neste espaço, faz-se necessário utilizar-se de outros ambientes e
recursos que possam favorecer uma aprendizagem mais significativa e
instigante aos estudantes.
Para Rocha (2008), a escola tem um papel importantíssimo no
movimento de alfabetização científica. Porém, ela não é capaz de fazer isso
sozinha, uma vez que, o volume de informação é cada vez maior, por isso a
importância de uma parceria desta com outros espaços onde se promova a
educação não-formal. É importante que a instituição, em seu planejamento
25
anual, adote atividades em novos espaços e tempos de divulgação científica,
não somente como atividade complementar e espaço de lazer, mas como parte
do processo de instrução e aprendizagem, ou seja, trabalhando os conteúdos
de ensino das Ciências Naturais e suas relações com o desenvolvimento social
e a preservação do meio. Ressaltamos que a didática não-formal pode ser
trabalhada com tendências mais próximas a educação formal ou mais próximas
ao ensino informal dependendo dos objetivos do professor.
A educação não-formal é normalmente representada por atividades
extraclasses como, por exemplo, visita dirigidas a zoológicos, museus,
universidades, centros de Ciências, a elaboração de Feiras Culturais e Mostras
Científicas. Essa estratégia pedagógica em Ciências está voltada para a
utilização de vários espaços educativos onde se pode proporcionar a
aprendizagem de forma mais prazerosa, levando o estudante à apreensão de
conteúdos previstos no currículo do espaço formal. (BIANCONI & CARUSO,
2005)
Maria da Gloria Gohn enfatiza a ideia de que a educação não-formal é
aquela que se aprende “no mundo da vida”, via os processos de
compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações de
coletivos cotidianos. Aquela que ocorre a partir da troca de experiências entre
os indivíduos, sendo promovida em espaços coletivos (GONH, 2006).
VIEIRA et al. (2005) define a educação não-formal como aquela que
acontece fora do ambiente escolar, podendo ocorrer em vários espaços,
institucionalizados ou não. A educação não-formal pode ser definida como a
que proporciona a aprendizagem de conteúdos da escolarização formal em
espaços como museus, centros de ciências, ou qualquer outro em que as
atividades sejam desenvolvidas de forma bem direcionada, com um objetivo
definido.
Segundo Gohn (2006), dentre os resultados esperados para a educação
não-formal está o desenvolvimento de processos, como: “consciência e
organização de grupo”, “construção e reconstrução de concepções”,
“sentimento de identidade”, “formação para a vida”, “resgate do sentimento de
valorização de si próprio”, “a leitura e interpretação do mundo que os cerca”.
26
Fensham citado por Valente (2005) relata que o conhecimento que o
público adulto tem sobre os temas científicos mais atuais e relevantes, não vem
das experiências escolares, mas da ação da divulgação científica, da mídia
eletrônica de qualidade e dos museus de ciência, que trazem para as suas
exposições, tanto os conhecimentos científicos/tecnológicos clássicos, quanto
as temáticas atuais e/ou polêmicas.
Seguindo uma diferente vertente está a educação informal.
Consideramos essa metodologia de ensino como poderosa para desencadear
processos de formação intelectual e cultural dos alunos, e também favorece
mudanças nos valores pessoais e comportamentais, modificando posturas e
atitudes diante a sua realidade. Ela se caracteriza por conhecimentos e
julgamentos de fatos transmitidos através dos pais, da convivência com
amigos, do ato de frequentar cinemas e teatros, leitura de livros, mídia
televisiva, jornais e na atualidade a internet, ou seja, aquela absorvida de
maneira despretensiosa, natural, mas é influenciada por saberes adquiridos na
educação formal. Segundo ainda Alberto Gaspar:
Na educação informal, não há lugar, horários ou currículos. Os
conhecimentos são partilhados em meio a uma interação
sociocultural que tem, como única condição necessária e suficiente,
existir quem saiba e quem queira ou precise saber. Nela, ensino e
aprendizagem ocorrem espontaneamente, sem que, na maioria das
vezes, os próprios participantes do processo deles tenham
consciência. (GASPAR, 2002, p.173)
A educação informal é aquela que os indivíduos aprendem durante seu
processo de socialização, podendo ocorrer em espaços que não a sala de aula,
normalmente envolvendo valores e a cultura própria de cada lugar, levando os
indivíduos a desenvolver hábitos e atitudes, influenciados pela cultura e os
valores de cada grupo. O autor acredita que a educação informal é um
processo permanente e não-organizado (GOHN, 2006, p. 29).
Portanto, sabemos que os espaços de divulgação científica, tornam-se
imprescindíveis para o desenvolvimento da educação científica não somente
para aqueles que frequentam a escola, mas para todos os cidadãos que de
uma forma ou de outra participam da vida em sociedade.
27
Dessa forma, pode-se inferir que as três modalidades de educação se
complementam. É consenso entre os autores pesquisados, que a escola, cujo
espaço é ocupado pela educação formal, não consegue sozinha dar conta das
múltiplas informações que surgem a cada momento no mundo, assim como, as
novas descobertas científicas. Cabe-nos então, estabelecer interlocução e
parcerias com outros espaços educativos não-formais e mesmo informais
(CASCAIS & TERÁN, 2011).
Mesmo nas civilizações tidas como culturalmente avançadas, a vida
cotidiana sempre exigiu muito mais do que o conhecimento apresentados
formalmente nas disciplinas escolares. As necessidades do cotidiano requerem
algo a mais que não vem dos livros, revistas e artigos científicos. A educação
informal na escola da vida pode, muitas vezes, ser tão importante quanto a
escola tradicional para a formação intelectual dos indivíduos (GASPAR, 2002).
Entendemos que processos educacionais, baseados em projetos
pedagógicos, funcionam como base para a mudança na reavaliação de
concepções prévias, aquisições de novos padrões avaliativos, mudanças de
valores. Assim como mudança positiva de hábitos, de atitudes e
comportamentos das pessoas. Consequentemente tais transformações
colaboram para uma vida mais aprazível e uma qualidade de vida apreciável.
Segundo Nunomura, Teixeira & Fernandes (2009) a qualidade de vida,
reflete a satisfação harmoniosa dos objetivos e desejos de uma pessoa, onde a
sensação de bem estar é o resultado final de avaliações subjetivas feitas pelo
indivíduo.
Essa virtude do “bem estar” está relacionado à autoestima e ao bem-
estar pessoal e abrange uma série de aspectos como a capacidade funcional, o
nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade
intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os
valores culturais, éticos e a religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o
emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente em que se vive (VECCHIA
et al.,2005, p.247).
28
Resumindo, o conceito de qualidade de vida, varia de autor para autor e,
além disso, é um conceito subjetivo dependente do nível sociocultural, da faixa
etária e das aspirações pessoais do indivíduo. Contudo, fica evidenciado que
manter a boa saúde é uma das principais condições para manter o padrão de
vida ao longo da nossa existência, sendo a alimentação saudável um dos
quesitos fundamentais para a melhoria do nível de vida (VECCHIA et al.,2005).
4.2 Feiras de Ciências ou Mostras Científicas de Projetos de Pesquisa.
Com diversas denominações, dependendo da região, as Feiras ou
Mostras Científicas ou de Ciências, são eventos em que os estudantes são
responsáveis pela elaboração de projetos de cunho científico, e estes são
executados e expostos por eles durante o período letivo. Durante a década de
sessenta começou no estado de São Paulo (nas galerias Prestes Maia) a
serem realizadas as primeiras feiras de ciências no Brasil. Logo em seguida,
começaram a acontecer diversas feiras pelo interior do estado nas mais
variadas cidades, até se estenderem por todo território nacional(BRASIL,2006).
De acordo com o Programa Nacional de Apoio às Feiras de Ciências da
Educação Básica, apesar das dificuldades, podemos dizer que o movimento
das feiras se encontra muito vivo no Brasil, evidenciando modos de superar a
ideia de uma ciência como conhecimento estático. Durante todo o processo de
construção do projeto os alunos são instigados a horas de estudos e
investigação em busca de coleta de informações que serão interpretados e
esquematizados para apresenta-las a outros indivíduos que comparecerem ao
evento. Muitas das pesquisas têm caráter interdisciplinar e seus problemas e
soluções se encontram na própria comunidade escolar, contextualizando os
conhecimentos.
Embora as Feiras sejam atividades pedagógicas recomendadas pelos
PCN´s (BRASIL,1998), e os alunos se adequarem muito bem a este tipo de
atividade dentro do ambiente escolar existem vários entraves para seu
planejamento e execução como: dificuldade de mobilizar os professores das
diferentes áreas de conhecimento a desenvolverem atividades
interdisciplinares, mesmo com temas transversais, dedicação de tempo extra
para esse desenvolvimento de atividades com qualidade, dificuldades
29
financeiras do sistema educacional, deficiências nas logísticas de tempo
(durante o ano letivo) e espaço físico de algumas escolas. Ainda, alguns
professores, consideram como perda de tempo, pois esse tempo poderia ser
melhor aproveitado com o cumprimento do extenso conteúdo curricular,
satisfazendo algumas vezes pais, coordenadores, pedagogos e diretores.
No entanto, apesar de todas as dificuldades enumeradas acima ou por
resistência imposta por grande parte dos membros das escolas, alguns
professores ou colaboradores da educação diferenciada, ou seja, aqueles que
ensinam além dos livros didáticos, dos exercícios maçantes do dia-a-dia e das
provas tradicionais. Aqueles ousam extrapolar o ensino formal e tradicional em
sala de aula, e defendem tal modalidade de ensino como essencial para a
formação sociocultural dos estudantes, entendendo que são nesses momentos
e locais onde conhecimentos são divulgados em ampla diversidade de formas.
Nas mostras científicas é comum que os estudantes mostrem os
resultados de experimentos desenvolvidos por eles ou executem alguns
experimentos demonstrativos. Outras atividades não menos importantes e
consistem em divulgar conceitos e conhecimentos científicos contextualizados
com aspectos do cotidiano, através de painéis informativos; oficinas (como as
de preparação de sucos de frutas que auxiliam na manutenção da saúde);
desenvolvimento de jogos educativos, entre outras técnicas metodológicas. As
Feiras estimulam o intercâmbio de conhecimentos entre instituições (uma vez
que os estudantes e professores de outras escolas comparecem as mostras,
levando consigo novas ideias e conceitos a serem disseminados em seus
estabelecimentos de ensino), entre os alunos, entre os discentes e os demais
visitantes.
O surgimento das Feiras de Ciências, há mais de 50 anos nas escolas
latino americanas, deu a oportunidade para os estudantes apresentarem suas
produções científicas escolares para entre eles e também para um público
externo, desenvolvendo habilidades incontestáveis durante e ao final de todo o
processo. Segundo Mancuso transcrito por Hartmann e Zimmermann (2009), a
produção cientifica pode ser resumida em três tipos:
30
a) Trabalhos de montagem, em que os estudantes apresentam artefatos a
partir do qual explicam um tema estudado em ciências.
b) Trabalhos informativos em que os estudantes demonstram
conhecimentos acadêmicos ou fazem alertas e ou denúncias.
c) Trabalhos de investigação, projetos que evidenciam uma construção de
conhecimento por parte dos alunos e de uma consciência crítica sobre
fatos do cotidiano.
Em outras palavras, essa estratégia e intenção pedagógica, a feira,
favorecem o protagonismo dos aprendizes ao levantarem dados da pesquisa,
nos planejamentos das ações, no desenvolvimento de estratégias de
montagem de artefatos e objetos de divulgação para a mostra científica, além
de aprimorar a capacidade de contextualização de informações técnico-
cientificas ao cotidiano da comunidade visitante da feira e de si mesmo,
facilitando o entendimento e absorção de informações por parte do público
presente.
Mancuso (2000) e Lima (2008) escrito por Hartmann e Zimmermann
(2009), argumentam que a elaboração da Feira traz benefícios e mudanças
positivas no trabalho em ciências, tais como o crescimento pessoal e
ampliação dos conhecimentos, pois durante todo o processo alunos e
professores se mobilizam para aprofundar sobre temas científicos que
normalmente não são discutidos em sala de aula.
Além disso, as mostras científicas contribuem para desenvolver
habilidades de comunicação e argumentação do estudante, uma vez que o
mesmo necessita expor e explicar fatos e teorias, trocar ideias com os colegas
e professores e defender seus pontos de vista, além de terem que se preparar
para apresentações ao visitante no dia do evento. Como o público é
diversificado quanto ao nível intelectual e etário o aluno se esforça para ser
bem compreendido por todos, isso faz com que se desenvolva e amplie o seu
poder de argumentação.
A estratégia educativa também favorece mudanças de hábitos e atitudes
perante a si mesmo e a sociedade. O conhecimento adquirido durante o
processo de elaboração e apresentação dos materiais produzidos trás o
desenvolvimento da autoconfiança e da iniciativa, conjuntamente desperta o
31
poder de criticidade devido ao amadurecimento da capacidade de avaliar o
próprio trabalho e o dos outros, permitindo uma comparação construtiva entre
os trabalhos, podendo até modificar o seu caso julgue necessário ou valorativo
(MANCUSO,2000; LIMA,2008 apud HARTIMANN; ZIMMERMANN,2009).
Apostamos em um maior envolvimento do aluno nas atividades,
despertando interesses por diversos assuntos relacionados à ciência, uma vez
que as produções são escolhas suas e representam, curiosidades, interesses e
afetos dos próprios alunos, ou seja um compromisso com eles mesmo e com o
grupo.
Os trabalhos podem e devem favorecer o desenvolvimento de
habilidades de comunicação, interação social, e mesmo de politização dos
estudantes, uma vez que muitos dos temas escolhidos ampliam a sua visão
perante o mundo gerando um protagonismo juvenil, pois os alunos acabam
protagonizando alertas e orientando a população de alguma forma.
(MANCUSO,2000; LIMA,2008 apud HARTIMANN; ZIMMERMANN, 2009)
Além disso, as mostras colaboram para o aperfeiçoamento de alguns
fatores importantes na formação dos alunos e sugeridos pelo sistema
educacional brasileiro. Os PCN´s (BRASIL,1998) indicam como “Objetivos
Gerais do Ensino Fundamental” que eles sejam capazes de:
a) “Utilizar as diferentes linguagens - verbal, matemática, gráfica, plástica e
corporal - como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias,
interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e
privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação”
(BRASIL,1998, p.7).
b) “Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos
para adquirir e construir conhecimentos” (BRASIL,1998, p7).
c) “Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-
los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a
capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando
sua adequação” (BRASIL,1998, p.8).
32
Reforçamos então que as características enumeradas acima são
normalmente requeridas e desenvolvidas pelos alunos ao participarem de
Feiras de Ciências.
Atualmente, uma das temáticas que vêm sendo discutidas no cenário
educacional é o trabalho por projetos. Os vários projetos pedagógicos
(pesquisa, trabalho e extensão) que circulam frequentemente no âmbito do
sistema de ensino muitas vezes não encontra o professor preparado para situar
sua prática pedagógica em termos de propiciar aos estudantes uma nova forma
de aprender integrando as diferentes mídias nas atividades do espaço escolar.
As “Feriras de Ciências” ou “Mostras Científicas” embora tenham sua
culminância em um evento aberto ao público em um determinado dia do ano
letivo, demandam orientação, pesquisa, estudo, interlocução com as pessoas
envolvidas durante todo o ano. Além disso, com a organização de espaços,
tempo e estratégias de divulgação, e estas características nos permitem
classificar estas dinâmicas como “pedagogia de projetos”.
O protagonismo dos alunos, que ao pesquisarem, organizarem
conteúdos, prepararam materiais e dinâmicas de apresentação, certamente já
terão se apropriado do conhecimento que divulgam, do valor para si e para a
comunidade. Ressalta-se o desenvolvimento da autoestima e de qualidades
necessárias ao trabalho coletivo (importante na vida social e profissional), da
crença na possibilidade de ações sociais promotoras do bem comum
(desenvolvimento de responsabilidade social, e da politização), sendo estes
aspectos preconizados pelo movimento CTSA.
Pelo exposto até o momento, fica evidente a relevância e aspectos
educacionais refletidos na elaboração e apresentação das feiras. O evento que
se desenrola ao longo de vários meses surte efeito na vida do aluno. Envolve
organização, envolvimento concreto dos alunos e participação das pessoas
responsáveis pela educação. As dificuldades são variadas, entretanto,
podemos imaginar, que a recompensa no processo de ensino aprendizado do
aluno e de todas pessoas envolvidas seja imensurável.
33
4.3 Educação Nutricional e Saúde
4.3.1 Influências e o papel da educação escolar
A importância da educação alimentar e nutricional para a saúde e
desenvolvimento humano ocupa hoje um lugar de destaque no contexto
mundial (BRAGA & PATERNEZ, 2011). Os hábitos alimentares e nutricionais
são influenciados por interesses econômicos, possibilidades pessoais, culturas
familiares, influências socioculturais globais e locais (como os apelos midiáticos
veiculados por propagandas – divulgações em redes sociais – informações
propagadas em academias de ginástica). Nessa perspectiva, a escolha uma
alimentação saudável não depende apenas do acesso a informação nutricional
adequada, trata-se de formação sociocultural dos indivíduos.
É na escola, local também de grandes influencias sobre os indivíduos,
que o indivíduo constrói relacionamentos, se socializa, revela preferências e
vários aspectos comportamentais, como seus hábitos alimentares. E segundo o
Ministério da Saúde (BRASIL, 2000), a escola é um espaço privilegiado para a
formação e reeducação do indivíduo, no qual programas de educação e saúde
podem ter grande repercussão e efetividade por atingir estudantes nas etapas
influenciáveis de sua vida, como a infância e a adolescência.
Nesse contexto os PCN´s (BRASIL, 1998) indicam como “Objetivos
Gerais do Ensino Fundamental” que os alunos sejam capazes de: - conhecer e
cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando práticas saudáveis como um
dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em
relação à sua saúde e a coletiva;
O desenvolvimento de estratégias de promoção de alimentação
saudável, quando envolve a comunidade escolar, está intimamente relacionado
ao sucesso na educação nutricional. Quando as estratégias envolvem
processos ativos, lúdicos e interativos, há o favorecimento por mudanças de
atitudes e das práticas alimentares permanentes (SCHMITZ, 2008).
34
A orientação por hábitos saudável no ambiente escolar vem sendo
fortemente recomendada por órgãos nacionais e internacionais. No Brasil,
segundo Santos (2012), o Ministério da Educação preconiza que os
estabelecimentos de ensino são os espaços mais focados pelas políticas
públicas de alimentação e nutrição para promoção de hábitos nutricional
saudáveis, sendo reconhecida como o local de formação crítica e de posturas.
Tal preocupação está relacionada a importância de se ter e se
desenvolver bons modos alimentares desde jovem, afim de se evitar as
possíveis consequências de hábitos inadequados para a saúde num futuro não
tão distante, como por muito tempo se concebeu. Hoje, sabemos que o
desenvolvimento e o agravamento de uma série de doenças são
profundamente influenciados pela nutrição desapropriada. A população cada
vez mais jovem vem acusando problemas de saúde nas mais diversas
gravidades, por conta também dos péssimos comportamentos nutricionais, seja
uma alimentação exacerbada ou com deficiências de nutrientes.
O ensino da nutrição dentro do espaço escolar está intimamente
relacionado com o desenvolvimento dos hábitos alimentares dos jovens no
ambiente estudantil e sua manutenção e aprimoramento na vida futura, assim
como também as possíveis consequências dessas práticas. Comportamentos
saudáveis desenvolvidos na infância e adolescência e mantidos ao longo da
vida têm reflexos altamente positivos na saúde e na qualidade de vida de
populações, aumentando assim, a expectativa de vida do ser humano, que
atualmente é muito superior ao de algumas décadas passadas. (PELLANDA et
al., 2002)
Em um passado recente as doenças nutricionais relativas a carências
eram predominantes, sendo assim, o ensino de nutrição nas escolas buscava
orientar no sentido de se prevenir tais desnutrições. Inúmeros estudos têm
chamado a atenção para os crescentes problemas de saúde humana
(epidemias crônicas não infecciosas) decorrentes de práticas alimentares
inadequadas e de dietas mal orientadas do ponto de vista nutricional.
(GONZALEZ & PALEARI, 2006)
Como profissional da educação, vejo um cenário de nutrições incorretas
(muitas das quais relacionadas ao abuso alimentar, à falta de critérios na
35
dinâmica alimentar, à cultura do corpo magro; a cultura do corpo
hipermusculoso; e da utilização abusiva dos fast-food), isso impõe novas
abordagens que alertem para os perigos da anorexia; da bulimia; do
sobrepeso; da obesidade; do desenvolvimento e agravamento da hipertensão,
do diabetes, aterosclerose; do infarto do miocárdio; disfunções renais;
desenvolvimento de alguns tipos de canceres entre outras doenças menos
comuns.
Diante desta circunstância preocupante, se fez necessário algumas
medidas com o intuito de consolidar a escola como espaço fundamental na
formação da identidade do sujeito, abordadas pelos PCN´s (BRASIL,1998).
O PCN (BRASIL, 1998) preconiza que se deve enfatizar a elaboração de
propostas pedagógicas que proporcionem aos alunos conhecer e cuidar do
próprio corpo, valorizar e adotar práticas saudáveis como um dos aspectos
básicos da qualidade de vida. Em relação ao corpo, a alimentação, ao lado de
outros costumes saudáveis à vida, é fator reconhecidamente importante para a
promoção da saúde. Nessa perspectiva, propõe-se que a “Educação Alimentar
e Nutricional” seja acolhida como atividade pedagógica na escola,
reconhecendo as questões atuais que envolvem a alimentação e nutrição,
estão interligadas com aspectos ambientais, econômicos, culturais,
comportamentais da população e refletidas nos indicadores epidemiológicos e
nutricionais.
A EAN, Educação Alimentar Nutricional, tem por finalidade contribuir
para o alcance de objetivos que vão muito além do caráter alimentar e
nutricionais, pois tem por essência a finalidade de educar para a saúde. Por
isso, justifica-se a sua valorização como diretriz para ação no âmbito das
políticas públicas da promoção da saúde, das políticas da segurança alimentar
e nutricional das políticas de Educação, dentre outras.
Dessa maneira, alimentação e nutrição encontram espaço no currículo
escolar através dos temas transversais “trabalho e consumo” e da temática da
“Saúde” e passam a ser contempladas na educação básica como forma de
apoiar a EAN na escola. O seu enfoque tem sido atribuído como de
responsabilidade dos professores nas disciplinas do ensino fundamental, o qual
deve permear todo o currículo, sem, contudo ser uma disciplina isolada.
36
Outra legislação brasileira que endossa alimentação ideal dentro das
escolas passa pelo PNAE (BRASIL, 2009). O PNAE, “Programa Nacional de
Alimentação Escolar”, teve sua origem na década de 40, e ao longo desses
anos sofreu diversas modificações, mas foi em 1988, com a promulgação da
nova Constituição Federal, que o direito à alimentação escolar para todos os
estudantes do Ensino Fundamental foi assegurado. Juntamente com o FNDE,
“Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação”, que fiscaliza a execução
do PNAE, essa era a garantia do capital fundamental para arcar com os gastos
das instituições públicas com para a manutenção da merenda escolar
chegasse de forma integral e efetiva. Entretanto, o que vemos pelo país é uma
merenda muitas vezes com valoração nutricional lastimável, as vezes
contaminada ou vencida, como já foi denunciada pela mídia. Isso tudo devido
aos desvios de verbas destinadas a esse fim ou até mesmo para atender
outros interesses políticos.
Uma ressalva do programa é que, a compra da merenda escolar pelas
instituições públicas tem de obedecer a um cardápio previamente estabelecido
pelo programa. Cardápios esses elaborados por nutricionistas capacitados para
atender as exigências nutricionais das crianças e adolescentes. Respeitando
os hábitos alimentares de cada localidade, sua vocação agrícola e preferência
por produtos básicos, dando prioridade, dentre esses, aos semielaborados e
aos in natura.
O PNAE (BRASIL, 2009) atua na distribuição de refeição da merenda
escolar aos alunos da rede pública visando suprir as necessidades nutricionais
referentes ao período de permanência na escola, favorecendo a nutrição, a
aprendizagem e a frequência deles. Nesse sentido, a organização do espaço
físico da instituição, como em refeitórios e cantinas; a formação de professores;
o preparo dos alimentos e a aplicação prática das orientações do PNAE
juntamente com a proposta pedagógica das escolas configuram um cenário
adjacente, podendo interferir na educação alimentar/nutricional e ambiental do
aluno (DAVANÇO et al., 2004).
Nesse sentido, é importante salientar que os programas como estes do
governo além de ser um instrumento que pretende alimentar adequadamente
seus alunos contribuem também para o desenvolvimento de novas culturas de
37
condutas alimentares saudáveis entre as crianças e os jovens. Entretanto, não
podemos dispensar a educação alimentar formal, não formal e informal,
disponíveis à vida do aluno.
4.3.2 Importância da alimentação para o ser humano
No cenário mundial, pode-se afirmar que a emergência da nutrição como
um campo específico do saber científico, é um fenômeno relativamente
recente, característico do início do século XX (VASCONCELOS, 2002).
Também se pode sustentar que as condições históricas para a constituição
desse campo foram estimuladas com o advento da revolução industrial
europeia, ocorrida no século XVIII (VASCONCELOS 2001a, 2001b). No Brasil,
esse panorama surge na década de 30, no bojo das transformações políticas
sociais e econômicas do período.
A “Política Nacional de Alimentação e Nutrição” (PNAN), estabelecida
pela União e respaldada na Declaração Universal Dos Direitos Humanos, não é
uma responsabilidade exclusiva do Estado, cabendo à sociedade organizada e
aos indivíduos a busca e o direito a alimentação saudável e de qualidade. Isso
se torna cada vez mais necessário, porque há algumas décadas, vários
estudos demostram as importâncias da boa alimentação, de forma que
contemple diferentes necessidades nutricionais e seja equilibrada, para a
manutenção da saúde e do bom funcionamento dos processos biológicos dos
seres humanos, evitando assim o surgimento de doenças e mortes (PNAN,
p.3,1999).
A concretização dos direitos humanos, e mais particularmente no
âmbito da alimentação e nutrição, compreende responsabilidades
tanto por parte do Estado, quanto da sociedade e dos indivíduos.
Assim é que, no preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, está inscrita a condição do ser humano de sujeito do
desenvolvimento, a qual é explicitada, na Declaração sobre o Direito
ao Desenvolvimento da ONU (1986), nos seguintes termos: “Todos
os seres humanos são responsáveis pelo desenvolvimento,
individualmente e coletivamente, levando em conta a necessidade do
respeito integral de seus direitos humanos e liberdades fundamentais,
38
bem como suas obrigações para com a comunidade, que podem
garantir a livre e completa realização do potencial humano”. (PNAN,
p.3,1999)
Valente apud Albuquerque & Menezes [200-] considera que a
alimentação é ideal quando contribui para a construção de seres humanos
saudáveis, conscientes de seus direitos e deveres e de sua responsabilidade
para com o meio ambiente e com qualidade de vida de seus descendentes.
A falta de conhecimento sobre alimentação e nutrição, sobre o seu papel
para o desenvolvimento físico e mental e para a qualidade de vida tem
justificado a pouca importância dada a esse direito humano básico e
fundamental de que todos possam ser adequadamente alimentados
(OLIVEIRA, 2007).
Hoje, felizmente, o problema vem sendo discutido com mais seriedade,
com diferentes aspectos – biológicos, sociais, educacionais, econômicos.
Espera-se que maiores e mais apurados conhecimentos da situação alimentar
e nutricional levem a melhores soluções das problemáticas que envolvem o
tema (OLIVEIRA, 2007).
Apesar desses avanços nos reconhecimentos da importância de uma
alimentação saudável e do conhecimento científico em relação ao assunto,
tem-se verificado que à medida que os países se "desenvolvem" e a população
adquire maior poder aquisitivo é comum ocorrer um aumento da alimentação
indevida. Isso parece um contrassenso, uma vez que, normalmente,
populações com maior poder aquisitivo têm normalmente maior acesso a
informações e formação escolar mais consistente, levando-nos a acreditar que
saber não é suficiente para mudanças de atitudes ou formação de hábitos.
Preocupante são as consequências de distorções e inadequações
nutricionais ao contribuírem de forma significativa para o aumento no número
das enfermidades como as cardiovasculares, hiperglicemias, diabetes,
hipertensão, obesidade mórbida, que hoje são consideradas como epidemias.
Contudo, em muitos países, a educação em alimentação mostrou ter um efeito
significativo em promover a adopção de práticas alimentares saudáveis e
reduzir as morbidades e mortalidades relacionadas, sendo motivo pelo qual a
OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda a criação de escolas
39
promotoras de saúde e o empenho destas na promoção de uma alimentação
qualificada (PRECIOSO & SILVA, 2004).
Sobre a alimentação, é importante salientar as afirmações de estudos
das últimas décadas sobre a relevância da boa ingestão de comida no
processo de desenvolvimento orgânico; regeneração tecidual; aleitamento;
gestação; desenvolvimento mental e social do indivíduo, tendo um efeito
marcante, nos anos iniciais de vida. A importância de uma boa alimentação, em
todas as fases do ciclo de vida da pessoa, é reconhecida pela Organização
Mundial de Saúde “World Health Organization” (WHO, apud SANTOS &
PRECIOSO,2012).
Exercer a alimentação saudável pode ser feita a qualquer momento da
vida, entretanto, alguns autores relatam a importância da formação sobre a
saúde alimentar na infância. Bizzo e Leder (2005) colocam que na infância o
valor dessa alimentação adequada se torna muito maior, pois as crianças se
encontram em fase de crescimento, desenvolvimento e formação da
personalidade e de seus hábitos alimentares. Valle (2010) entende que a
formação das culturas nutricionais se dá na infância e é determinada por
fatores internos e externos do sujeito.
Seguindo essas ideias, WHO apud Santos & Precioso comenta que, em
primeiro lugar, uma alimentação saudável ajuda as crianças a atingirem todo o
seu potencial para a aprendizagem, pois a nutrição afeta o seu
desenvolvimento intelectual e consequentemente a sua capacidade para
aprender. Além de múltiplos estudos revelarem uma relação significativa entre
um estado nutricional adequado das crianças e um bom desempenho escolar,
nomeadamente em testes cognitivos (exemplo estudos nas Honduras, no
Quénia e nas Filipinas mostraram que o desempenho académico e a
“habilidade” mental de alunos com bom estado nutricional são
significativamente mais altos do que em estudantes sujeitos a um fraco estado
nutricional, independentemente do seu nível económico-familiar, da qualidade
escolar e da competência do professor (SANTOS & PRECIOSO,2012).
Holford apud Santos & Precioso faz referência a várias investigações
realizadas no MIT “Massachusetts Institute of Technology” (Instituto de
Tecnologia de Massachusetts) que revelam que a ideia que muitas pessoas
40
possuem sobre o fato da inteligência ser qualquer coisa inata e que não há
nada que se possa fazer para modificar não é absolutamente verdadeira,
havendo a influência da alimentação.
A alimentação correta favorece a disposição, o desempenho cognitivo,
melhora a atividade cerebral como um todo, combate os desgastes naturais do
seu cotidiano (estudos, trabalho, atividades de lazer), potencializando
aprendizado e satisfação da criança. Em outras palavras e de acordo com
Cavalcanti citado por Ribeiro e Silva (2014, p.78):
[...] o consumo alimentar inadequado, por períodos prolongados,
resulta em esgotamento das reservas orgânicas de micronutrientes,
trazendo como consequência para as crianças e adolescentes retardo
no desenvolvimento, redução na atividade física, diminuição na
capacidade de aprendizagem, baixa resistência as infecções e maior
suscetibilidade a doenças.
A boa alimentação e nutrição dão como resultados bom
desenvolvimento físico e mental, boa capacidade de aprender e agir. Contudo,
pelo até agora exposto, fica claro que tanto refeições excessivas como as
hipercalóricas, hipersalinas, com alto teor lipídico, como aquelas
desbalanceadas e carentes de nutrientes necessários ao desenvolvimento
(energéticos, vitaminas e sais minerais, aminoácidos e ácidos graxos
essenciais), regeneração e manutenção das atividades orgânicas básicas,
devem ser consideradas inadequadas (MARIN, BERTON & SANTOS, 2009).
De acordo com Gandra (1981), a alimentação desempenha um papel
decisivo para o crescimento e o desenvolvimento físico da criança em idade
escolar, época em que ela passa por um acelerado processo de maturação
biológica, juntamente com o desenvolvimento social e psicomotor.
Outro lado importante da ingestão alimentar correta é que as pessoas
em geral, e também as crianças em particular, se estiverem bem nutridas têm
menor probabilidade de adoecer, já que essa atitude fortalece o sistema
imunitário (AUGUSTO, 2011). Este fator aumenta-lhes a capacidade para ir
para a escola ou trabalhar no dia-a-dia, dependendo do nível etário. A
alimentação saudável deveria ser uma parte integrante da vida diária de modo
41
a contribuir para o bem-estar físico, psicológico e social (WHO apud SANTOS;
PRECIOSO, 2012).
É papel da escola ensinar e educar sobre a importância qualitativa e
quantitativa da alimentação para a promoção e manutenção da saúde, levando
em consideração o fato de que as influências familiares são poderosos
determinantes na construção e manutenção de hábitos alimentares,
demandando uma educação transformadora. Conforme Dinis referenciado por
Custódio (2010, p.6) “hábitos alimentares interferem diretamente na
peculiaridade de vida do indivíduo...”
A difusão de medidas “inteligentes” de nutrição, higiene e saúde pública
tem contribuído para a redução significativa de doenças infecciosas e
deficiências nutricionais em muitas partes do mundo. Acompanhamento
durante o pré-natal, elevação do nível escolar materno, melhora da renda nas
últimas décadas, melhora na qualidade da água e alimento que chega as
mesas das pessoas, mais acesso aos meios de comunicação são fatores que
permitiram melhor entrada a boa alimentação. (DAVANÇO, TADDEI &
GAGLIANONE, 2004)
As evoluções tecnológicas, econômicas e sociais contribuíram para o
desaparecimento de doenças metabólicas comuns existentes na sociedade no
século XX. Doenças como bócio, escorbuto, anemias, beribéri, cegueira
noturna, raquitismo, desnutrição foram atenuadas na sociedade nas últimas
décadas e parte desse sucesso pode ser atribuído a atenção das escolas e
políticas públicas. Por meio de programas de alimentação escolar e
campanhas de orientações nutricionais foram aperfeiçoados os programas
educacionais alimentares foram implantados por vários governos nas últimas
décadas.
Apesar desse avanço, o que percebemos é a existência de sérios
desconfortos quando se trata de saúde alimentar no Brasil e no mundo. Como
já foi mencionado, os problemas agora não são mais os mesmos, essas
doenças vêm sendo substituídas por outras não menos graves. Problemas
como obesidade, sobrepeso, gastrite, hipertensão, complicação renal devido a
exageros em suplementações, diabetes e câncer relacionados à má
alimentação vem aumentando de forma preocupante, mesmo entre jovens e
42
crianças. O aumento da expectativa de vida média e o envelhecimento
populacional contribuem na elevação da probabilidade de acometimento de
doenças crônicas não transmissíveis, normalmente associadas com alterações
do estilo de vida. (MONTEIRO et al. apud PINHEIRO, FREITAS &
CORSO,2004)
A obesidade, dependendo do grau, pode ser considerada morbidade ou
determinante de morbidades e comorbidades cujo aumento nas últimas
décadas a credencia como um dos principais problemas de saúde pública na
sociedade moderna, assumindo caráter epidemiológico. E diferentemente do
que se pesava há algumas décadas, o conceito de que às vezes uma pessoa
obesa pode ser qualitativamente mal nutrida, isso é, podem apresentar ainda
doenças relacionadas à deficiência de determinadas vitaminas ou substancias
essenciais para a vida saudável. O certo é que o excesso de gordura é fator de
risco para várias morbidades. A adipose, além de sobrecarregar o sistema
cardiovascular pode também causar uma sobrecarga articular comprometendo
o sistema locomotor do indivíduo (BRANDALIZE & LEITE, 2010).
Para Perri et al. citado por Bavaresco e Costa (2013, p.5) o indivíduo é
considerado obeso quando a quantidade de gordura relativa à massa corporal
se iguala ou excede a 30% em mulheres e a 25% em homens e a obesidade
mórbida é caracterizada por um conteúdo de gordura corporal que exceda 40%
em mulheres e 35% em homens.
É importante relembrar o que já é de conhecimento das pessoas que se
interessam pelo assunto, alguns casos obesidade estão relacionados as
heranças genéticas, bioquímicas e psicológicas. Portanto, uma gama de
fatores, incluindo os históricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos,
psicossociais, biológicos e culturais. Ainda assim, nota-se que, em geral, os
fatores mais estudados da obesidade são os biológicos relacionados ao estilo
de vida, especialmente no que diz respeito ao binômio: - dieta e atividade
física. (WANDERLEY & FERREIRA, 2010).
De acordo com Monego e Jardim (2006), a hipertensão arterial é uma
doença crônica, definida pela persistência de níveis de pressão arterial acima
dos valores arbitrariamente definidos como limite de normalidade. É o mais
comum fator de risco para a doença cardiovascular, sendo considerado um
43
grave problema de saúde pública em todos os extratos socioeconômicos. A
hipertensão está intimamente relacionada a uma alimentação exacerbada em
relação a alguns nutrientes. A determinação de seu aparecimento se dá a partir
de fatores desencadeados ainda na infância.
Uma pesquisa recente (Bogalusa Heart Study), citada por Monego e
Jardim (2006) evidenciou que não só a etiologia de grande parte das doenças
cardiovasculares tem sua raiz na infância e podem ser identificadas
precocemente, como também os fatores ambientais tais como dieta, cigarro e
atividade física influenciam significantemente o aparecimento da hipertensão
arterial e da obesidade.
Esses novos problemas de saúde pública emergem no mundo
abastecido pelos mais diversos alimentos e suplementos alimentares,
disponíveis no comércio, nas dispensas nas geladeiras. A facilidade de acesso,
o massacre de propagandas supervalorizando produtos (de alguma forma
enganosa), a busca pela perfeição física, aliada a falta de educação, com o
predomínio de alimentação regrada a óleos, gorduras, açucares, alimentos de
origem animal e processados associado ao desprezo as frutas, verduras e
legumes, tem sido responsáveis por modernas epidemias como as elevadas
taxas de obesidade infantil, aumento de doenças cardiovasculares, diabetes
tipo II e câncer, associadas, principalmente, a mudanças nos padrões
nutricionais e sedentarismo.
Atualmente predomina o padrão alimentar caracterizado, por um lado,
pelo alto consumo de alimentos de origem animal, açucares óleos e
farinha refinados, e por outro, por baixo consumo de cereais integrais,
legumes, verduras e frutas. Em decorrência disso, muitas crianças
desenvolvem atualmente doenças como, obesidade patológica,
hipertensão arterial sistêmica e problemas cardíacos.” (WHO apud
RIGHI, 2010, p.15)
Enfatizando essas convicções, é fato também a dificuldade entre os
adultos para controlar a obesidade, devido à baixa nos processos metabolismo
do corpo, portanto quando mais tempo o jovem mantiver tais condições
corporais e metabólicas fica mais difícil livrar se delas no futuro.
44
Pelas razoes já apresentadas, destacamos a necessidade de se usar o
período escolar da criança e adolescente como momento de implementação de
propostas educacionais favorecedoras do aprendizado e incorporação de
hábitos de vida saudáveis. Um cuidado com o peso desde jovem pode
perpetuar durante a vida adulta.
As Feiras se encaixam perfeitamente nessas propostas justificando a
abordagem do tema durante “EXPOCIÊNCIAS 2014” do CEJM. Na infância
temos o momento da vida no qual o aprendiz conseguirá construir a sua
identidade perante as questões alimentares. Durante suas pesquisas e
discussões ele promove uma educação transformadora durante todo o
processo e ainda no dia da culminância da mostra.
A prevalência de sobrepeso e obesidade não é uma exclusividade dos
brasileiros de uma determinada classe econômica, é crescente em vários
países e em populações de todos os níveis sociais, e cada vez mais cedo
acomete o ser humano, estando relacionado principalmente a dietas ricas em
lipídios e diminuição da atividade física.
A obesidade é preocupante não apenas pelas implicações à saúde,
como pela complexidade de seu tratamento e controle, já que este
acarreta em mudança de comportamento alimentar no plano
individual e da adoção de políticas públicas que podem ir contra os
interesses de diferentes setores da indústria e comércio de alimentos.
(RINALDI et al.2008, p.272)
Infelizmente, reforçando esses argumentos, compreendemos e
concordamos que estas tendências (obesidade e sobrepeso) não estão
restritas à população adulta, ou a um determinado grupo de pessoas. Atinge
crianças e adolescentes, devido não somente ao sedentarismo ditado ou
incentivado pelo atual modus vivendi. Também e preponderantemente, por
hábitos alimentares adequados que não foram efetivamente transmitidos ao
longo dos anos principalmente pelas famílias e centros educacionais, estes
últimos, assessorados por políticas públicas defasadas, sendo incapaz
transformar as atitudes de boa dos indivíduos.
Davanço, Taddei e Gaglianone (p.179 2004) acreditam no poder das
políticas públicas quando ressaltam que:
45
Como forma de prevenir doenças crônicas, apontadas como a
principal causa de morte na idade adulta, programas de educação
nutricional vêm sendo criados em diversos países. Tais programas
beneficiam as crianças, por meio de orientação sobre adequada
ingestão energética e de micronutrientes e favorecem a boa forma
física. Promovem também a redução dos riscos de doenças que se
manifestariam na maturidade, por meio da modificação de
determinados comportamentos na infância.
Assim, a boa compreensão de conceitos de nutrição é importante não
somente para a vida acadêmica atual e futura do indivíduo, mas também para o
entendimento do seu corpo, da importância da boa saúde, favorecendo a
prática de bons modos alimentares, podendo ainda ser transmitida a pessoas
do seu convívio social. Isso ao longo da vida lhe permitirá melhor qualidade de
vida e satisfação.
4.4 Influências do meio no processo de aprendizagem.
4.4.1 Influências da família e de pessoas próximas na formação do indivíduo
Durante o processo de socialização da criança ela desenvolve diversos
aspectos mentais e motores que serve de base para novas conquistas no
decorrer da vida. Ao nascer, o primeiro grupo social dela, na maioria das vezes,
será a família. Nesse momento, a criança é inserida num contexto familiar que
torna-se responsável pelos cuidados físicos, pelo desenvolvimento psicológico,
emocional, moral e cultural desta criança na sociedade. Com isso, através do
contato humano a criança supre suas necessidades e inicia a construção dos
seus esquemas perceptuais, motores, cognitivos, linguísticos e afetivos
(SOUSA & FILHO, 2008).
Segundo a nutricionista Raymundo [2000?], durante a infância, os pais e
parentes próximos, devem estar atentos aos alimentos que oferecem as
crianças, uma vez que essa cultura alimentar poderá ficar registrada como
hábito durante a vida adulta. A oportunidade para que se desenvolva bons
modos alimentares é bem considerável. Ela ainda, especialista no assunto
alerta que é comum os filhos não aceitarem alguns alimentos saudáveis
simplesmente pelo seu cheiro ou a forma apresentada, recomenda-se sempre
criar estratégias de se preparar esse determinado tipo de alimento para que o
mesmo faça parte da dieta alimentar, caso feita várias tentativas em
46
diferenciadas formas de preparo pode-se tentar outros alimentos que também
contemplam a boa saúde.
Analisando as informações apresentadas até agora, conseguimos
entender a importância da família se preocupar com os costumes das dietas
logos nos primeiros anos de vida dos filhos, uma vez que nesse momento que
ele está aprendendo a construir suas apreciações e rejeições. Esse é o
momento de se oferecer as crianças os alimentos promotores da vitalidade,
aflorar em seu sistema cognitivo e mental para essas práticas, favorecendo que
esse comportamento perpetue durante a sua vida e para que ao longo dela não
seja necessária mudanças drásticas nos seus costumes de vida no ponto de
vista alimentar, algo mais complexo de se fazer na fase adulta.
[...] Todo o seu progresso psicológico foi realizado, até então, através
das relações com outrem, principalmente os pais. De começo, a
criança fundiu-se com as pessoas que a rodeiam, identificou-se com
elas, foi invadida pela sua presença [...]. (MÉDICI apud SOUSA;
FILHO, 2008, p.2).
Nesse ponto, apresento um depoimento pessoal: - em conversas
informais com alguns colegas professores, muitos revelaram alguns
comportamentos alimentares típicos de suas famílias e que muitas vezes não
sabem dizer a razão de manterem esses padrões ou costumes alimentares
inquestionados, mesmo que os indivíduos tenham conhecimentos científicos
para fazê-los. Muitos relatam que simplesmente os mantêm por se sentirem
bem com essas ações. Como justificativa para essas ideias podemos citar
hábitos de alguns indivíduos, tais como comer ovos mexidos com arroz e feijão
na manhã de domingo, por que seus pais tinham esse hábito. Ingerir
refrigerantes todos os dias, seguindo os costumes dos progenitores. Jantar
completo no período noturno, pois é uma tradição daquela família a anos.
Observamos então que essas práticas, boas ou não para a promoção e
manutenção da saúde, são mantidas em nossas vidas sem o necessário
questionamento sobre sua importância ou influência em nossas vidas. Por
esses motivos, defendemos a educação como formadora e transformadora
favorecendo a implementação de culturas alimentares sadias e que perdurem
por toda a vida do indivíduo, trazendo benefícios a saúde pessoal e
influenciando as futuras gerações.
47
O processo de aprendizagem pode ser definido de forma simplificada
como o modo como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem
competências e mudam o comportamento, utilizando sua inteligência cognitiva
e emocional. Mas para que seja efetivo, faz-se necessário um processo
interativo ao meio em que está inserido: família, escola e sociedade. As
funções intelectuais vão adquirindo importância progressiva como forma de
interação com o meio. Da atividade intelectual, que tem a linguagem como um
instrumento indispensável, depende o coletivo. Permitindo acesso à linguagem,
podemos dizer que a emoção está na origem da atividade intelectual. Pelas
interações sociais que propicia, as emoções possibilitam o acesso ao universo
simbólico da cultura (TAILLE apud MENEGAZZO, 2015).
Segundo Silva (2008, p.22), a aprendizagem é um processo integrado
que provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que
aprende. Essa transformação se dá através da alteração de conduta de um
indivíduo, seja por condicionamento operante, experiência ou ambos, de uma
forma razoavelmente permanente. As informações podem ser trabalhadas
através de técnicas de ensino ou até pela simples aquisição de hábitos. O ato
ou vontade de aprender é uma característica essencial do psiquismo humano,
pois somente este possui o caráter intencional, ou a intenção de aprender.
É natural acreditarmos que os pais são os mais preocupados com a boa
alimentação para seus filhos e motivos para isso é que não lhes faltam.
Entretanto, muitas vezes tomados pelo trabalho ou por diversas preocupações
diárias deixam pra depois esse cuidado com a criança e também desconhecem
os prejuízos em longo prazo para as crianças que não se alimentam com
variedades e qualidades nutricionais. Lembrando que excessos ou carências
nessa fase da vida podem contribuir para surgimento ou agravamento de
doenças crônicas na fase adulta, ou até mesmo precocemente, durante a
juventude. O aumento da obesidade em crianças é preocupante, pois tem
assumido caráter epidêmico. No Brasil a obesidade entre as crianças e os
jovens é crescente, inclusive entre os das classes menos favorecidas (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, apud CABRAL,2008, p.15).
Outro aspecto que emerge nas recentes pesquisas está relacionado ao
novo cenário econômico-social que impõe novas dinâmicas e restrições
48
familiares. Assim, na busca da valoração pessoal ou até devido as
necessidades familiares, muitas mães precisam sair de casa para trabalhar,
deixando de acompanhar e vigiar seus filhos, além de muitas vezes
recompensar sua ausência com permissividades alimentares. Um cenário
menos pernicioso ocorre quando muitos filhos de pais trabalhadores
frequentam precocemente creches e escolas e ali recebem alimentação
adequada e educação alimentar, no início das formações cognitivas para tais
questões.
Em acréscimo aos fatores negativos já ditos, propomos a reflexão
referente ao processo educativo alimentar da criança, quando recorrentemente
os pais, avós ou outros parentes responsáveis, tentam suprir a falta da sua
presença junto a criança recompensando-o com alimentos saborosos nada
saudáveis. Muitas vezes mesmo levando guloseimas (doces que representam
açúcar de assimilação rápida) e produtos de fast-foods ao final do dia para
atenuar a sua ausência diária e ser ainda taxados como “bons pais”.
Devido a importância social da educação alimentar defendemos que pais
e educadores devem se orientar e assumir a responsabilidade de educar suas
crianças e adolescentes favorecendo a elaboração de conceitos efetivos para a
formação ou mudanças no padrão alimentar delas agora e no futuro. Criar
atitudes positivas frente ao alimento, encorajar a aceitação da necessidade de
uma alimentação saudável e diversificada, promover a compreensão entre
alimentação-saúde e incentivar o desenvolvimento de práticas alimentares
saudáveis. Tais mudanças irão contribuir no comportamento alimentar na vida
adulta.
Muitos de nossos costumes alimentares são condicionados logo nos
primeiros anos de vida. Dados de investigação sugerem que as crianças não
estão dotadas de uma capacidade inata para escolher alimentos em função do
seu valor nutricional, pelo contrário, os seus comportamentos são aprendidos a
partir da experiência, da observação e da educação. O papel da família e da
equipe escolar na alimentação e na educação nutricional das crianças é,
portanto, inquestionável e assume particular importância uma vez que pode
oferecer uma aprendizagem formal a respeito do conhecimento de alimentação
saudável (MARIN, BERTON & SANTOS, 2009, p.73).
49
Entendemos então que do ponto de vista cultural, psicológico e social, a
criança sofre influência do meio em que está inserida - geralmente, o ambiente
familiar e mesmo o escolar. Suas atitudes, frequentemente, são reflexos do
ambiente. A ingestão diária de alimentos considerados não saudáveis,
portanto, pode levar ao desenvolvimento de maus hábitos (SILVA,2009).
Por conveniência, entendemos que desde cedo é de incumbência dos
pais e professores transmitir saberes e conhecimentos reveladores de
condutas alimentares apropriadas ou ideais para a manutenção da saúde e da
qualidade de vida. Acreditamos ainda que, não basta transmitir conhecimentos
ou impor normas para se conseguir transformar atitudes e posturas, e aqui
ressaltamos a importância do exemplo e da coerência de pais e educadores.
Notadamente nos primeiros anos de vida e de escola quando as crianças se
revelam um campo fértil e aberto à formação de hábitos, costumes e
desenvolvimento de paladares preferenciais.
Na educação escolar, defendemos o poder das atividades lúdicas, do
protagonismo juvenil, do poder do trabalho em espaços e tempos não-formais
como aliados da efetividade educativa que se pretende melhorar. Nesse
momento acreditamos que a efetividade educativa dos projetos pedagógicos e
das mostras científicas no processo de desenvolvimento dos alunos que
durante todas as etapas de elaboração da dos projetos e da Feira reforçam
conceitos já adquiridos, absorvem novos conhecimento e organizam ideias e
elabora estratégias para transmitir seus conhecimentos e criações aos
visitantes, em destaque, para os pais. Além de poder aproximar as relações
entre pais e filhos uma vez que os filhos recorrem a ajuda deles para
elaborarem seus projetos. Portanto, a “Feira” apresenta normalmente ação
transformadora para ele, para a família e toda a comunidade escolar envolvida.
4.4.2 Influência escolar
Segundo Cabral (2008,), depois da família, a escola é o melhor meio a
interferir na formação básica dos indivíduos, seja por meio de intenção
formativa derivada das práticas pedagógicas, seja através de interações sociais
e influências às quais os alunos estão expostos. O autor ainda acredita que é
50
na infância que se fixam as atitudes e práticas mais difíceis de serem
modificadas na idade adulta.
As dinâmicas sociais, e a vida escolar é uma delas, vem sofrendo nos
últimos anos maiores e mais rápidas transformações do que em tempos
anteriores, reclamando rápidas e contínuas adaptações por parte dos
professores, coordenadores e direção pedagógica. No Brasil ocorreu nas
últimas décadas uma grande expansão de vagas, patrocinada pela política de
“acesso para todos” ampliando também o acesso de camadas da sociedade
que que encontravam à parte do mundo das escolas. Soma-se a isso o fato de
que muitos pais tiveram que assumir jornadas amplas de trabalho, afastando-
os de casa e do contato com os filhos. Essas realidades fizeram com que
diversas responsabilidades que eram tipicamente familiares fossem
transferidas para a escola contemporânea, inclusive a formação de hábitos e a
cultura alimentar das crianças. Isso demanda das instituições de ensino a
elaboração e aplicação melhores estratégias pedagógicas para conseguir
contemplar aos seus alunos a educação pleiteada.
“Além de fornecer modelos comportamentais, fontes de conhecimento
e de ajuda para o alcance da independência emocional da família, a
escola também passa a ser o local para a formação do ser social e
para o desenvolvimento do processo de transmissão-assimilação do
conhecimento – que pode ser utilizado pelo aluno em seu meio de
sociabilidade como instrumento de sua prática.” (FILHO & SOUSA,
2007, p.4)
Quando o discente passa a conviver em ambiente escolar novas
perspectivas de aprendizagem aparecem, sendo essas boas ou ruins. Em se
tratando da cultura alimentar, ele passará a receber novos estímulos nos quais
a partir de então farão parte de sua vida. Nesse cenário que a escola deve
trabalhar em prol dos bons costumes nutricionais assegurando boas condutas
durante passagem das crianças e consequentemente também para a fase
adulta, diminuindo os riscos de se adquirir as doenças metabólicas atuais e
outras que poderão surgir pela frente.
É de conhecimento de algumas pessoas a importância de se comer
bem, pois traz benefícios para o corpo e mente, ajuda a nos manter ativos para
realizar as tarefas do dia a dia, melhora o rendimento escolar e outras diversas
51
atividades diárias. Alimentação saudável é aquela que reúne todas as
substâncias químicas que precisamos, em quantidades adequadas, para que o
corpo possa funcionar e se desenvolver adequadamente. Requer variedade,
equilíbrio e qualidade de ingredientes em todas as refeições, balanceando os
carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais. Qualquer exagero ou
deficiência pode se transformar em problemas de saúde futuros (RECINE &
QUEIROZ, 2002).
Na escola, um espaço ocupado por crianças e jovens (as vezes adultos),
isso se torna ainda mais relevante, porém muitos sabem que a oferta de
alimentos saudáveis nas cantinas e lanchonetes que funcionam dentro dos
estabelecimentos normalmente não seriam a recomendáveis como saudáveis.
Por questões de praticidade no preparo, custo e armazenamento, é mais fácil
encontrar produtos industrializados que têm prazo de validade maior (com uma
maior quantidade de aditivos, gorduras, corantes, conservantes, e derivados de
processamentos que prejudicam o organismo), mas esses normalmente
causam mais danos à saúde que os alimentos in natura. Isso acaba sendo um
reforço negativo que precisa ser mudado dentro do ambiente escolar, sob a
pena de minar todas as ações educativas direcionadas a formar boas condutas
frente ao alimento.
Dessa maneira, a cada ano, isso vem refletindo de forma negativa nos
adolescentes, segundo estudo apresentado por SILVA et al. (2008) vários
países do mundo tem apresentado uma crescente preocupante em relação ao
aumento de obesidade e sobre peso infantil. Na Europa (França, Inglaterra) a
situação é bem alarmante, perdendo apenas para os Estados Unidos. Já o
Brasil a situação não é diferente dos demais países apesar de apresentares
números estatísticos para o crescimento da adipose entre os jovens um pouco
menor (SILVA et al ,2008).
Além dessa problemática, no ambiente escolar atual encontramos um
ambiente de insatisfação corporal por parte de vários adolescentes, seja para
chamar a atenção dos outros ou por passar despercebido pelos colegas. Por
pressão de amigos próximos que praticam o assédio moral ou até mesmo dos
responsáveis, os jovens se submetem a dietas descontroladas em busca de
atingir um corpo exigido pela sociedade. Nesse momento da vida, a opinião de
52
pessoas a volta desse estudante tem alta significância, favorecendo com que
se tenha comportamentos que podem não ser saudáveis a curto e longo prazo.
Entre eles, pode-se destacar: vômitos auto induzidos, restrição patológica
alimentar, compulsão alimentar, uso de medicamentos para emagrecimento
(diuréticos, laxantes e pílulas dietéticas), entre outros (FORTES, MORGADO &
FERREIRA, 2013, p.59-64)
Portanto, a escola como instituição, de forma não intencional, também
tem contribuído de maneira negativa para disseminar más condutas
alimentares entre seus meninos, é normal em muitas escolas do Brasil, como
também no Centro Educacional de João Monlevade, o uso de alimentos
altamente energéticos em sua cantina particular e até mesmo nas refeições
servida gratuitamente no refeitório. Basicamente, a alimentação é regrada a
massas, açucares e gorduras, apesar de que hoje o CEJM não disponibilizar
mais salgados fritos, que de certa forma já é um indício de mudança, para
melhor, no hábito alimentar. De acordo com Schmitz et al. 2008, p.313,
Estudos demonstram que os alimentos das cantinas escolares são
muito energéticos, ricos em açúcares, gorduras e sal, indicando a
preferência dos estudantes pelos mesmos. Essa realidade necessita
ser modificada, e a cantina deve ser um espaço que reforce e
estimule a prática de hábitos alimentares saudáveis, abordados pelo
educador nas aulas.
Expostos esses desafios presentes no ensino contemporâneo, é justo
pensarmos em técnicas que favoreçam a boa cultura alimentar dos jovens. E
para os professores do CEJM, a “EXPOCIÊNCIAS” é de suma importância
para que se consiga uma educação transformadora. Por meio dela pode-se
conseguir com que pais e filhos reflitam suas condutas nutricionais diárias,
além de disseminar as boas.
4.4.3 Fatores associados ao comportamento alimentar inadequado em
adolescentes escolares
Sabemos que um excelente mediador na influência dos hábitos
alimentares das pessoas em geral é o meio de comunicação. Muitos dos
apelos midiáticos para o consumo de refeições ressaltam apenas o prazer
53
proporcionado pelo sabor e outros aspectos não necessariamente relacionados
com a nutrição, como o convívio e aceitação social nos “fast foods”. Os jovens
e principalmente as crianças normalmente não sabem ou não acreditam nos
malefícios que o consumo exagerado de determinados alimentos podem
acarretar em longo prazo.
Tendo como cultura da sociedade desde o seu surgimento e hoje como
objeto fundamental na vida das pessoas, a televisão (TV) é um dos principais
meios de transmissão de informação que consegue se infiltrar nas casas das
pessoas e participar da educação e formando opiniões delas. Tendo essa
importância na vida das famílias a TV também influencia substancialmente o
consumo de alimentos, pois a refeição engloba tanto a necessidade quanto o
desejo do indivíduo. Segundo Clemente et al. citado por Duarte (2012), a
quantidade de produtos destinados às crianças que incorporam algum apelo
infantil é grande. Essa estratégia, caracterizada como marketing, é definida por
Kotler apud Duarte (2012), de forma resumida, como o conjunto de medidas
que visa proporcionar melhores condições possíveis para o sucesso de um
novo produto ou serviço.
Santos et al.(2012) acredita ainda que a TV é o meio de comunicação
mais utilizado para o entretenimento e a educação, representando uma grande
fonte de informações sobre o mundo e transmitindo aos mais diversos meios
dados sobre como as pessoas se comportam, se vestem, o que pensam, como
aparentam ser e como se alimentam.
Não seria problema caso as propagandas publicitárias estivessem
incentivando as pessoas a terem hábitos coerentes com a vida saudável.
Entretanto Miotto & Oliveira (2006) descrevem na literatura que os comerciais
veiculados pela televisão versam predominantemente sobre produtos
alimentícios que, em geral, contêm altos níveis de constituintes não saudáveis
como gorduras, açúcares e sal, podendo contribuir para a obesidade e/ou
hipertensão, além de outras enfermidades, se consumidos na proporção em
que são anunciados na televisão.
Um dos alvos mais consideráveis na atualidade, que são objetos de
grande merchandising, favorecendo o surgimento de doenças primárias como
obesidade e deficiência nutricional, podendo consequentemente desencadear
54
vários tipos de doenças secundárias na criança e adolescente são os “fast-
foods”. A falta de tempo para se alimentar aliada à correria do cotidiano
resultam na necessidade de se comer de forma rápida e que atenda o paladar,
o que é normalmente atendido pelos fast foods, que representam um reflexo
negativo dentro dos padrões alimentares da sociedade.
Fast-food é uma expressão utilizada para se referir a todo alimento
preparado em um pequeno intervalo de tempo e consumido por conveniência,
como sanduíches, salgados e pizzas. Idealizado inicialmente nos Estados
Unidos em meados século XX, esse tipo de refeição, já se tornou uma cultura
pelo mundo. Somente no final do século começou-se a preocupação com esse
costume, devido ao aumento acelerado dos índices de obesidade.
Algumas redes de lanches desse tipo já promoveram algumas
modificações em seu cardápio, afim de diminuir os índices de sais, gorduras,
açúcares e colesterol. Isso em resposta a uma sentença de um processo legal,
que acusava uma das maiores redes de fast-foods do mundo como
responsáveis por deixar as pessoas mais obesas. Em detrimento disso, no
início do século XXI era possível ver cardápios alternativos nesses
estabelecimentos, para amenizar a situação. Hoje encontram-se opções
ligth/diet, além de sucos naturais, saladas e frutas como opções para clientes
mais exigentes. Mesmo assim, isso não tem sido suficiente para cuidar da
saúde da população em geral, ainda tem preferência pela alimentação com alto
poder calórico (RAVENNA, 2011).
Pesquisas recentes, apresentadas também por Ellwood (2013) apontam
que pessoas que se alimentam com esse produto pelo menos três vezes por
semana, além dos problemas tradicionais com a saúde, como obesidade e
sobrepeso, podem também desenvolver mais facilmente outros tipos de
doenças como asma alérgica, eczema (irritação da pele) e rinite, do que as
pessoas que evitam ou não consomem.
A cada dia a televisão, revistas, jornais (principalmente por meio de
propagandas e marketing) e até mesmo as rede sociais, (que também pode se
dizer que é uma instituição formadora de opinião) expandem seus espaços
voltados para beleza física e alimentação, muitas vezes de forma ruim, em
55
busca de aumentar a suas rentabilidades, e não com o proposito ideal, o da
boa saúde. Culto do desenvolvimento de corpos “ideais” ou idealizados
(imagem corporal, aceitação pessoal e social) tem também promovido o
consumo de diversos suplementos alimentares e drogas com finalidade de
melhorar o corpo a qualquer custo, além da prática de atividades físicas sem
orientação profissional, que podem em curto prazo, representar enorme perigo
para o bem-estar, principalmente de adolescentes e jovens em
desenvolvimento.
Além dessas falhas (quando pensamos em saúde alimentar) trazidas
pela publicidade, existem outros fatores que contribuem para os impasses
produzidos pela revolução tecnológica dos últimos anos em relação ao bem
estar da sociedade. A oferta de diversão e entretenimento sem a necessidade
de exercer esforço físico contribui para o sedentarismo. Computadores, vídeo
games, tabletes, celulares que são capazes de exercer diversas funções e
finalidades hoje tomam o lugar das brincadeiras de rua, do futebol com os
amigos, das escolinhas recreativas que exigiam algum esforço físico.
Gonzalez & Peleari (2006, p.14) reforçam a ideia relatando,
Marcadas por novos estilos de vida e estética corporal, impostos por
sociedades industrializadas e consumistas das mais diversas
culturas, as pessoas tornaram-se dependentes de refeições rápidas,
alimentos comercializados semipreparados, da comodidade de
controles remotos e transportes, de coquetéis vitamínicos e pílulas de
emagrecimento, quando não padecem da desigualdade social que as
impede de obter uma alimentação adequada.
Segundo Giugliano & Carneiro citado por Carneiro (2007, p.10) “as
crianças tornaram-se menos ativas, incentivadas pelos avanços tecnológicos.
Uma relação positiva entre inatividade, como o tempo gasto assistindo à
televisão e o aumento da adiposidade em escolares vem sendo observada.”
A atividade física deve estar alienada a boa alimentação, mas não como
proposito única e exclusivamente do físico ideal, mas para proporcionar o
equilíbrio o bom funcionamento do corpo e da mente. Segundo Matsudo
(2009), praticar exercícios corporais de forma moderada melhora vários
56
parâmetros sanguíneos e circulatórios, nesse sentido, os níveis de hormônios
que matem a estabilidade do organismo, diminui o estresse por meio da
liberação de endorfinas, favorece a boa relação entre as pessoas em grande
parte das vezes, minimiza os níveis de gordura/colesterol do organismo e
consequentemente reduzem as chances de desenvolvimento de problemas
cardíacos, circulatórios, neurológicos e obesidade, aumenta a autoestima e
disposição para as tarefas do dia a dia. Além de melhorar o sono, que também
é fator importantíssimo para a manutenção da saúde física e mental a curto e
longo prazo.
Nesse contexto, o que vemos difundido pelo país é sociedade cada vez
mais narcisista, os jovens acabam pagando pelas as imposições sociais e
midiáticas que propõem, corpos sarados, magros, com músculos exuberantes.
Isso vem ocorrendo cada dia mais cedo, crianças que antes se preocupavam
com brinquedos e diversões, hoje estão fazendo suas matriculas em
academias e procurando por suplementos e anabolizantes para transformação
do seu corpo de forma precoce. Muitos estão buscando a boa imagem corporal
utilizando-se de medicamentos para emagrecer, suplementos e anabolizantes
sem qualquer orientação médica. Infelizmente tudo está passando dos limites,
e o que é pior, sobre o aval dos pais por se sentirem realizados como
modernos e legais ou por pura falta de informação dos malefícios dessas ações
nessa faixa etária.
Cuidar do corpo é muito bom, querer um corpo magro e belo também
é bom, mas os limites que se tem ultrapassado para a conquista
deste corpo é que devem ser avaliados e discutidos. Exageros têm
sido vistos e isso é o que deve ser criticado. Quanto educadores do
corpo, vemos tudo isso como uma crise sem fim, construída por todos
nós. A sociedade abraça conceitos e a aceitação é sempre mais fácil
do que a negação (CRUZ et al. 2008, p.2).
Pelo exposto é evidente a necessidade de se fazer alertas a sociedade
em geral em relação aos riscos que estamos nos expondo ao nos
alimentarmos dessa forma. Por meio da Mostra Científica do CEJM, os
estudantes tiveram a oportunidade de conhecer melhor os alimentos se
resguardando na medida do possível da influência dos apelos midiáticos em
57
relação dos modos alimentares próprios. Além disso, puderam transmitir essas
informações a diversas pessoas que estavam presentes, reforçando os
conceitos e provocando uma reflexão sobre as suas condutas.
Para os professores de Ciências do CEJM há a necessidade da escola
sempre que possível desenvolver estratégias pedagógicas capazes de
minimizar possíveis influências negativas do meio social no processo de
formação e desenvolvimento de comportamentos saudáveis em relação a
comida.
4.5 Buscando uma educação transformadora
4.5.1 Importância dos enfoques para as estratégias pedagógicas
É importante discutir configurações curriculares sensíveis a temas
contemporâneos e estratégias pedagógicas (enfoques, ênfases e abordagens)
para a educação e projeção dos conhecimentos necessários ao aprimoramento
intelectual, social e cultural dos seres humanos, ou seja, mais do que fomentar
habilidades intelectuais nos alunos, é preciso formar cidadãos capacitados e
comprometidos com o desenvolvimento sustentável, com a saúde pessoal e
coletiva, com a justiça, com a solidariedade e com a paz. É preciso ainda,
buscar na história do desenvolvimento sociocultural, científico e tecnológico
subsídios para a escolha de modelos curriculares e estratégias pedagógicas
mais eficientes na educação atual, para propor alteração que levem à
revitalização permanente da educação e do desenvolvimento cultural e social
sustentável da humanidade.
Expandir as áreas nas quais o aprendiz possa buscar o seu
conhecimento, aproximar os conteúdos da realidade de cada um, fazer
associações com situações rotineiras, favorecer a autonomia deles, criar
situações que favoreçam o diálogo entre os alunos, entre eles e familiares,
sobre os conteúdos trabalhados na escola pode favorecer o processo de
formação educacional de todos e de toda sua área de atuação.
58
Acreditamos ser papel do professor e da escola o desenvolvimento de
práticas capazes não somente de transmitir conhecimentos científicos sobre
alimentação e saúde mas que, buscando a formação integral dos discentes,
sejam capazes fomentar pensamentos críticos e atitudes responsáveis, bem
como desenvolver hábitos nutricionais promotores da vitalidade, almejando
contribuir para transformar a realidade pessoal, familiar e comunitária.
4.5.2 A abordagem CTSA na Pedagogia de Projeto
No mundo contemporâneo, não é concebível praticar um ensino de
ciências voltado apenas para o conteúdo desconectado dos aspectos sociais,
ecológicos, econômicos, éticos e tecnológicos. O desejado é integrar o saber
científico, derivado de cada conteúdo estudado, com a responsabilidade social
levando a uma visão crítica dos diversos aspectos estudados, com formação
de um cidadão ético, solidário, comprometido com o desenvolvimento
sustentável e com a preservação ambiental.
A abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), ou Movimento
CTS, surgiu na década de 70, como uma proposta de educação para a
cidadania, baseada em abordagens e práticas de ensino capazes de integrar o
conhecimento científico com as realidades socioculturais, econômicas e
políticas locais e globais. A política educacional CTS, que se intensifica no
Brasil a partir da década de 80, objetivava inicialmente a preparar melhor os
estudantes para atuarem no controle social da ciência e da tecnologia.
Segundo Santos e Mortimer (2001) a necessidade de se estabelecer controle
social da ciência e da tecnologia foi fator determinante das mudanças nos
objetivos do ensino de ciências, que passou a buscar a preparação dos
estudantes para que pudessem atuar como cidadãos capazes de acompanhar
a dinâmica social e atender às demandas relacionadas ao desenvolvimento
científico-tecnológico.
A ciência não é uma atividade neutra e o seu desenvolvimento está
diretamente imbricado com os aspectos sociais, políticos,
econômicos, culturais e ambientais. Portanto a atividade científica
não diz respeito exclusivamente aos cientistas e possui fortes
implicações para a sociedade. Sendo assim, ela precisa ter um
controle social que, em uma perspectiva democrática, implica em
59
envolver uma parcela cada vez maior da população nas tomadas de
decisão sobre Ciência e Tecnologia (SANTOS & MORTIMER, 2001,
p. 96).
Para guiar a prática docente e orientar a reconstrução curricular, os
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) (BRASIL, 1999),
orienta para a importância da interação e aproximar dos alunos da ciência e a
tecnologia e sua influência em todas as dimensões da sociedade,
oportunizando a ele uma concepção ampla e social do contexto científico-
tecnológico, sugerindo a necessidade do desenvolvimento de valores e
competências para a cidadania.
[...] desenvolver valores e competências necessárias à integração de
seu projeto individual ao projeto da sociedade em que se situa; o
aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico; a preparação e orientação básica para a sua
integração ao mundo do trabalho, com as competências que
garantam seu aprimoramento profissional e permitam acompanhar as
mudanças que caracterizam a produção no nosso tempo; o
desenvolvimento das competências para continuar aprendendo, de
forma autônoma e crítica, em níveis mais complexos de estudos
(BRASIL, 1999, p. 23)
A adoção da abordagem CTS, com a intenção de propiciar um ensino
com caráter interdisciplinar e contextualizado, solicita a adequação de materiais
didáticos e principalmente, a formação de um novo perfil de educador
preocupado com a pesquisa didática e com interação entre ensino, cidadania e
desenvolvimento sustentável. Mas essa implementação, segundo Auler e
Delizoicov referenciado por Figueiredo (2009), é dificultada pelo pouco
conhecimento dos professores em relação à abordagem CTS, evidenciando a
necessidade de inclusão de temas CTS na formação inicial e continuada dos
professores, para que estes possam contribuir mais adequadamente para
melhorar e inovar o ensino das ciências, visando conseguir uma alfabetização
científica mais ajustada às necessidades de formação dos cidadãos reflexivos,
críticos, responsáveis e éticos.
60
Pinheiro, Silveira e Bazzo citado por Figueiredo (2009) destacam que
apenas uma pequena parcela das instituições brasileiras que trabalham com
formação de professores apresenta linha de pesquisa no enfoque CTS,
fazendo com que a grande maioria de professores não tenha acesso a esse
tipo de abordagem, mais de trinta anos após sua implementação no País. Além
disso, a formação dos professores é eminentemente disciplinar, o que não
condiz com a necessidade interdisciplinar do enfoque CTS.
Mais recentemente, para garantir que as abordagens CTS considerem e
incorporem às questões ambientais, surge a designação Ciência, Tecnologia,
Sociedade e Ambiente (CTSA).
Devido às interações existentes entre a abordagem CTSA e o cotidiano
dos alunos, o ensino de ciências passa a representar importante estratégia de
inclusão dos indivíduos na sociedade, como agente ativo de mudanças e não
simplesmente como espectador. É papel da escola é fazer essa transposição
do acadêmico para a realidade da vida. Neste sentido, a abordagem CTSA
deve produzir transformações levando o ensino a formar pessoas críticas na
sociedade, e o ensino de ciências pode facilitar em muito essa perspectiva.
Segundo Santos e Mortimer apud Figueiredo (2009, p. 26)
[...] Não basta fornecer informações atualizadas sobre questões de
ciências e tecnologia para que os alunos de fato se engajem
ativamente em questões sociais. Como também não é suficiente
ensinar ao aluno passos para a tomada de decisão. Se desejamos
preparar os alunos para participar ativamente de decisões da
sociedade, precisamos ir além do ensino conceitual, em direção a
uma educação voltada para a ação social responsável, em que haja
preocupação com a formação de atitudes e valores.
Na concepção de Pinheiro, Silveira e Bazzo por Figueiredo (2009), o
enfoque CTSA deve ser inserido nos currículos com a função primordial de
despertar no estudante a curiosidade, o espírito investigador, questionador e
transformador da realidade, com o intuito de que ele possa vir a assumir essa
postura questionadora e crítica num futuro próximo. Isso implica dizer que a
aplicação de uma postura CTSA deve ocorrer não somente dentro da escola,
mas, também, fora dela e para a vida toda.
61
A abordagem CTSA ao pretender desenvolver postura ética e humanista
demanda ações de cunho sociocultural e educacional, para que a apropriação
social dos conhecimentos científicos e tecnológicos possibilite o
empoderamento individual e coletivo. Assim, o movimento CTSA se insere na
escola, mas transcende a relação didático-pedagógica que acontece no espaço
e no tempo da educação formal, sendo imbuída do compromisso de contribuir
para que as sociedades se façam ouvir no campo político, com influência na
tomada de decisões ligadas à vida cotidiana, permeada de questões afetivas,
étnicas, históricas e econômicas, advindas dos contextos familiares, escolares
ou comunitários, nos âmbitos locais, regionais e planetários.
Com base nos dados acima e com o intuito de contribuir para o
aprimoramento de ensino de ciências, propomos elaborar, desenvolver, avaliar
e divulgar uma estratégia pedagógica (“Pedagogia de Projeto”) que culmina em
uma “Feira de Ciências” com a temática “Nutrição e Saúde” para alunos do
Ensino Fundamental numa abordagem CTSA em espaço formal e não-formal
de ensino.
Esperamos ainda que, trabalhando o significado e as orientações do
Movimento CTSA, poder estimular futuros professores de Ciências e Biologia a
sempre refletirem sobre a escolha de conteúdos e práticas docentes para que o
saber não seja visto apenas como um conteúdo a se aprender, mas como
compromisso com a ética, o desenvolvimento humano e a cidadania.
5 METODOLOGIA
5.1 Sujeitos e local da pesquisa
O Centro Educacional de João Monlevade, o CEJM, é uma escola
pública localizada na região central da cidade de João Monlevade - MG,
instituição que já foi eleita como melhor estabelecimento do Ensino
Fundamental, anos finais (6º ao 9ºano) da região. A escola conta com
excelente estrutura para disponibilizar uma boa educação aos seus alunos, tal
como: anfiteatro, laboratório de ciências, matemática e informática, salas de
vídeo, refeitório, pátio e quadra esportiva coberta, sem contar com os
62
excelentes profissionais que atuam ou já atuaram formando milhares de
cidadãos. Resumindo, a escola é referência no ensino na cidade, importante na
educação de diversos cidadãos da região do Médio Piracicaba.
A escola é conhecida por desenvolver diversos projetos pedagógicos de
grande relevância para os seus alunos com intuito sempre de fornecer uma
educação diferenciada e que consiga de alguma forma oferecer um ensino de
qualidade. Durante o ano letivo acontece a Tarde Literária, Gincanas em prol
de entidades carentes, Semana da Consciência Negra, Mostra de Geometria,
PEAS (Programa de Educação Afetivo-Sexual), Gentileza Gera Gentileza,
Show de talentos, a EXPOCIÊNCIAS, que será melhor relatado neste trabalho.
A Feira de Ciência ocorre no CEJM a várias décadas, e somente há alguns
poucos anos passou a ser denominada de “EXPOCIÊNCIAS-CEJM”, sofrendo
algumas modificações em sua estrutura com o objetivo de aperfeiçoar o projeto
e melhorar o processo de aprendizado dos estudantes e dos profissionais
envolvidos no trabalho.
Para que todo esse movimento acontecesse elaboramos uma proposta:
a “EXPOCIÊNCIAS-CEJM 2014”. Momento de aprofundamento das pesquisas
em determinados temas e conjuntamente organização de estratégias para
apresentação de dados e conceitos desenvolvidos ao longo de meses de
pesquisas por parte dos estudantes, professores e coordenadores. O evento
ocorre anualmente no amplo espaço extraclasse da escola, como cumprimento
legal da carga horária do alunos.
A EXPOCIÊNCIAS de 2014 mostrou-se uma ótima oportunidade de se
pesquisar a efetividade da estratégia pedagógica baseada em projeto de
pesquisa, desenvolvimento e apresentação de temas relativos às questões que
envolvem o ser humano. Os trabalhos desenvolvidos e apresentados nessa
feira tiveram o intuito de apresentar conceitos e informações, dinâmicas
instrucionais e educativas sobre diversos temas transversais dentro das
Ciências, entre os quais destacamos o assunto “Nutrição e Saúde”, foco dessa
pesquisa.
63
5.2 Desenvolvimento do Projeto
Os trabalhos relativos ao tema “Nutrição e Saúde” foram preparados e
desenvolvidos em várias etapas por cerca de setenta estudantes do oitavo ano
do Ensino Fundamental do CEJM. Duas turmas que se identificaram melhor
com o assunto e os materiais poupáveis (quadros informativos, produtos,
artefatos, alimentos...) foram divulgados no período matutino do dia vinte e dois
de novembro de 2014, no formato de “Feiras”. O momento foi apreciado pelo
demais alunos da escola, professores do educandário, para os familiares e
conhecidos da comunidade escolar.
O projeto de pesquisa e elaboração dos trabalhos em “Nutrição e Saúde”
desde sua proposição até a mostra na “EXPOCIÊNCIAS 2014” foram
desenvolvido durante seis meses e constou de:
I. Proposição do tema para os alunos.
II. Fundamentação teórica e prática sobre nutrição e saúde para os alunos.
(8h/ aula- teórica + 2h/ aula-prática).
III. Divisão e organização dos grupos de trabalho (como escolha ou
distribuição de subtemas e proposição de estratégias de divulgação).
Apresentações de Seminários preparatórios.
IV. Levantamento e análise de materiais científicos e outros.
V. Orientação e acompanhamento do desenvolvimento dos trabalhos.
VI. Determinação dos espaços, materiais e tempo para a mostra na Feira.
VII. Acompanhamento das montagens para a Feira.
VIII. Registro e avaliação do processo desde a proposição até a Feira.
5.2.1 Fundamentação teórica dos alunos
Toda a EXPOCIÊNCIAS foi elaborada em conjunto pelos professores de
Ciências dos 8º e 9º anos, alunos e coordenadores pedagógicos do Ensino
Fundamental (anos finais), tendo como tópico central “A Teia da Vida” projeto
64
fundamentado e inspirado no livro “A Teia de Aranha Alimentar”. Obra do
médico argentino, Dr. Máximo Ravenna, que alcançou êxito em transformar
para melhor, a vida de milhares de pessoas em todo o mundo, em relação a
boa saúde alimentar, física e mental.
A obra reproduz a vulnerabilidade e instabilidade as quais o homem do
nosso tempo tem sido submetido, imerso em um mecanismo de consumo
obsessivo e ostentação de valores efêmeros. As pessoas, seja por negação,
distração, cegueira, ignorância, angustia, compulsão ou simplesmente por
acaso, acabam ficando presas a uma “teia de aranha”, codinome dado pelo
autor a diversas questões do nosso dia-a-dia que nos envolve e cada vez mais
deixa a saúde da sociedade debilitada por conta da comida, drogas ilícitas,
jogos de azar, alcoolismo, trabalho ou estudos em excesso, relacionamentos,
entre vários outros aspectos. Ravenna entende que quando entramos nesse
emaranhado de fios invisíveis temos somente dois caminhos: liberta-se de vez
da teia ou ser devorado aos poucos pela aranha que, escondida na teia, espera
apenas um sinal para atacar.
Em relação ao tema da nossa pesquisa, a aranha nada mais é que os
prejuízos (obesidade, transtornos alimentares, problemas do coração...) a
saúde que a alimentação inadequada ou outro comportamento de adição pode
nos proporcionar. E a teia são as técnicas, desculpas e influências externas e
internas que apropriamos para continuar nesse caminho. Explica
detalhadamente como o vício à comida se estabelece nas pessoas (física e
psicologicamente) e propõe uma estratégia médica para o controle e melhora
nas relações com as refeições do nosso cotidiano. Segundo Ravenna, os
hábitos ruins alimentares assombram diversas pessoas do mundo, e que
muitos já tentaram se desprender dessa teia sem sucesso, outras pouco se
preocupam.
Nossos trabalhos não tiveram nenhuma intenção de transcrever dietas,
mas dar maior formação a respeito dos alimentos, alertar sobre os perigos da
má alimentação, tornar o aluno capaz de produzir seu próprio conhecimento, e
transmiti-lo a todas as pessoas que estão de alguma forma envolvidas com a
escola. Que todos participantes desse trabalho sejam de alguma forma capaz
65
de fazer suas escolhas alimentares de forma consciente e correta. Tudo isso
durante o ano letivo com a culminância em um dia, no principal evento
pedagógico do CEJM.
Iniciado os trabalhos, logo no começo do ano, foi sugerido aos jovens a
promoverem pequenos seminários acerca de temas diversificados, que
envolvessem de alguma forma as problemáticas do ser humano atualmente, e
que futuramente poderiam aproveitados, de alguma forma, por eles durante a
“EXPOCIÊNCIAS-CEJM 2014”. Na ocasião todas as 16 turmas, do oitavos e
nonos anos do CEJM, foram instigadas pelos seus respectivos professores de
Ciências a se envolverem com assuntos relacionados ao tema principal “A Teia
Da Vida”. Então, a tônica englobava à apresentação de seminários curtos que
se relacionasse a dificuldades contemporâneas do ser humano. Os temas que
foram desenvolvidos pelos alunos da escola foram:
1- Depressão.
2- Consumismo.
3- Religião.
4- Esportes.
5- Cocaína e Crack.
6- Nutrição e Saúde.
7- Maconha.
8- Cafeína.
9- Fármacos.
10- Jogos Virtuais.
11- Álcool.
12- Telefonia Celular.
13- Nicotina.
14- Sexualidade.
15- TV e Internet.
16- Estresse.
Após a escolha do tema “Nutrição e Saúde”, por parte dos alunos,
buscou-se estratégias para que possamos não somente adquirir e reforçar os
conhecimentos, como também proporcionar uma educação transformadora,
66
capaz de modificar mal hábitos que prejudiquem a saúde humana. Portanto,
lograr não somente os jovens estudantes como toda comunidade escolar
envolvida por eles, fornecendo-os também subsídios para mudanças em seus
costumes e comportamentos, condutas saudáveis que quando intimamente
ligadas umas às outras permitem as pessoas melhor saúde física e mental.
Nesta etapa inicial, foram formados grupos de três a quatro pessoas em
cada sala para que todos os membros do grupo tivessem a possibilidade de
sem envolverem mais com suas respectivas pesquisas, evitando que com
grupos extensos uns trabalhem mais do que os outros ou até mesmo que uns
façam pelos outros. Além disso, essa diversidade de grupos proporcionou
maior quantidade de apresentações com abordagens diferentes em relação a
vários assuntos.
Nesse objeto de estudo, foram relatados os desenvolvimentos e resultados
apenas de duas turmas do oitavo ano do CEJM, as turmas responsáveis pelos
subtemas “Nutrição e Saúde” haja visto que o interesse era apresentar
sugestões e estratégias de ensino relacionados aos respectivos subtemas.
Inicialmente, para auxiliar na elaboração dos seminários, os alunos
obtiveram 8h/a aulas expositivas (teóricas) sobre as macromoléculas
formadoras dos alimentos, recebendo conhecimento acerca da importância e
funcionalidade no organismo das proteínas, carboidratos e lipídeos, assim
como os diversos tipos de vitaminas e sais minerais, ressaltando as respectivas
funcionalidades no organismo humano. Conteúdo contemplado na grade
curricular do 8º ano do Ensino Fundamental. Além disso, tiveram embasamento
sobre os tipos de problemas alimentares dos quais hoje são mais raros, como
carência nutricional.
Nessas aulas, tiveram também um pouco mais de conhecimento sobre as
doenças metabólicas contemporâneas, os problemas mais comuns envolvendo
as dietas exageradas, tais como obesidade, sobrepeso, bulimia, além das
doenças secundarias acometidas por essas enfermidades. Foram trabalhados
textos de reportagens e cunho científico acerca de uso de substâncias
reforçadoras da alimentação, além de debates que discutem as razoes sobre o
uso desses suplementos e substâncias anabolizantes.
67
A fundamentação forneceu maior subsídio e curiosidades aos alunos para
aprofundarem suas pesquisas, proporcionando maior confiança e habilidades
de escrita e argumentação a respeito dos assuntos trabalhados. Despertando
em si a necessidade de um novo olhar em relação aos valores nutricionais
presentes em nossa alimentação diária.
Em seguida, foram desenvolvidas duas aulas em laboratório, para que
pudéssemos, através de atividades práticas, estabelecer a importância desses
nutrientes no processo de desenvolvimento, manutenção das funções vitais e
promoção da saúde. Nessas aulas foram elaboradas de maneira dinâmica a
forma como as enzimas digestivas agem sobre os diferentes tipos de nutrientes
e suas respectivas funções no organismo. Tivemos também aulas para o
conhecimento dos valores energéticos dos alimentos e também de um
momento de análise e estudo sobre os rótulos dos alimentos industrializados
mais utilizados pelos alunos na escola. Interpretando os rótulos e conhecendo
os diversas substâncias que estão em excesso nesses alimentos e contribuem
para a deterioração da saúde humana.
Essa estratégia se respalda na significância das aulas práticas não só para
a disseminação de conhecimentos, mas principalmente para estimular a
formação os bons hábitos dietéticos, desenvolver técnicas de investigação e
questionamentos nos adolescentes através de uma abordagem diferente, com
vista à manutenção de tais aquisições para as etapas seguintes da vida dos
indivíduos.
Ao final de todas essas etapas iniciais foram marcadas datas para
apresentação dos seminários pelos grupos, dentro do subtema “Nutrição e
Saúde”. Os alunos trabalharam uma quantidade diversificada de assuntos. A
intenção era na verdade o surgimento de variados assuntos a fim de que os
interesses dos alunos aparecessem nesses seminários, assuntos que eles
escolheram, por considerarem mais interessantes.
Esses trabalhos foram feitos de forma breve e abordaram temas de
relevância social atuais. A partir das apresentações, e avalição através da
observação, pudemos diagnosticar que as duas turmas estavam com ideias
bem apuradas para aprofundar os trabalhos. Os alunos já apresentavam certa
68
familiaridade com os termos e conceitos, o que contribuiu bastante para a
fundamentação teórica e o prosseguimento para próxima etapa do projeto.
Os seminários em “Nutrição e Saúde” tiveram os seguintes tópicos:
1. Cultura alimentar em outros países.
2. Alimentação saudável na infância e adolescências.
3. Importância da prática esportiva.
4. Alimentação durante o período gestacional e idosos.
5. Interpretação dos rótulos.
6. Importância das frutas, verduras e legumes na alimentação.
7. Perigos do sal de cozinha.
8. Açúcar e Gordura.
9. Doenças relacionadas a nutrição.
10. Perigos dos “fast-foods”.
11. Suplemento alimentares.
12. Anabolizantes.
13. Prática esportiva na manutenção corporal.
5.2.2 Formação dos grupos de trabalho e seleção final dos subtemas
Passado esse período de respaldo teórico, aprofundamento dos estudos e
apresentação de seminários, foi sugerido aos jovens que dentro dos tópicos
pesquisados fossem elaboradas estratégias para apresentações no formatos e
padrões ideias para “Feiras de Ciências”. Eles realizaram diversos encontros
com a intenção de discutir dinâmicas práticas ou artefatos que pudessem
apresenta durante a mostra. Momentos de grandes pesquisas e discussão com
os professores foram muito importantes, permitindo aos alunos e professores o
desenvolvimento de boas ideias sobre os assuntos trabalhados.
Em relação as escolhas de como seriam os trabalhados, os alunos
acreditaram que a quantidade de tópicos desenvolvidos nos seminários era
bastante elevado para ser trabalhados durante a EXPOCIÊNCIAS, sendo
necessário promover alguma redução nos objetos de estudo ou até mesmo
pequenas modificações.
69
Os docentes, contribuíram com diversas sugestões, sempre procurando
relacionar as ideias com o livro “Teia de Aranha Alimentar”, livro utilizado por
nós professores para auxiliar na elaboração mostra. Assim, foram selecionados
sucintos tópicos de boa significância dentro do cotidiano escolar e também da
comunidade local como sugestão inicial para a elaboração da
“EXPOCIÊNCIAS-CEJM 2014”.
As duas turmas eram compostas por 35 alunos cada, possuindo uma faixa
etária, em média, de 13 anos. Os estudantes das salas foram divididos em três
subgrupos com 11 a 12 alunos, totalizando 6 subgrupos. Cada subgrupo ficou
responsável por um determinado assunto dentro do tópico “Nutrição e Saúde”.
Tiveram cerca de dois meses para realizarem levantamentos de materiais e
dados científicos que pudessem ser interpretados e elaborados da melhor
maneira possível para apresentação a toda a comunidade visitante no dia da
feira. Foi orientado novamente a eles que procurassem por estratégias que
estão em prevalência em nossa sociedade atual e o qual as pessoas
pudessem se sentir atingidos ou até mesmo instigados a se interessarem mais
sobre o assunto, sempre dentro do subtema “Nutrição e Saúde”. Ficou então
definido para os seguintes grupos:
Para o subgrupo I se interessou por trabalhar com o subtema
“Interpretação de Rótulos de Alimentos”. O foco era analisar a quantidade
de sódio (sal), açúcar e gorduras consumidos de maneira muitas vezes
desconhecida pela sociedade. A ideia foi alertar e disseminar informação sobre
esses ingredientes que ficam implícitos dentro de rótulos de alimentos
comumente utilizados por todos nós.
De início, foram feitas pesquisas sobre os níveis de consumo de sal,
açúcar e gordura entre os brasileiros de acordo com os órgãos públicos de
saúde. Os alunos, durante as pesquisas, chegaram à conclusão que nas
últimas décadas houve um aumento de consumo diário de sódio, açúcar e
gorduras entre os brasileiros, e segundo OMS (Organização Mundial da Saúde)
o consumo está bem acima do recomendado, muitas vezes consumido mais
que o dobro diariamente. E ainda perceberam que o consumo por tempo
prolongado e de forma exacerbada traz problemas de saúde graves.
70
Constataram também, a diversidade de alimentos industrializados, utilizados
por eles mesmos, que apresentam alto teor das substâncias citadas.
Então, diante desses dados coletados, era necessário elaborar materiais
que pudessem alertar e sensibilizar as pessoas em relação a continuidade ou
não de se consumir produtos que carregam verdadeiros dos perigos a saúde
do ser humano. Nessa linha de raciocínio, o consumo elevado e desconhecido
dessas substâncias encontradas durante a pesquisa, fomentou o interesse dos
jovens em aprofundar seus estudos a fim de se conhecer sobre quais perigos
para o organismo seriam esses.
Nesse momento, reforçou-se a necessidade de se conhecer mais sobre as
doenças metabólicas atuais. O subgrupo II, ficou responsável pelo item
“Doenças Relacionadas à Nutrição”, enfermidades que normalmente
acomete em pessoas que mantém hábitos de ingestão alimentar
desequilibrado. Diversas doenças crônicas não transmissíveis tais como
obesidade, sobrepeso, hipertensão, diabetes, anorexia e bulimia entre outras
menos comuns tornaram-se materiais importantes para os trabalhos dos
alunos.
Durante as pesquisas sobre tais enfermidades e o potencial de alguns
alimentos na manutenção da saúde, surgiu a ideia e necessidade de se passar
ao público presente na mostra estratégias para se prevenir e remediar contra
esses problemas relacionados a nutrição contemporâneos. Nesse sentido, o
subgrupo III aprofundou as averiguações em relação aos alimentos e atitudes
que poderiam fazer parte da vida das pessoas auxiliando na melhoria da saúde
e consequentemente da qualidade de vida. Esse grupo trabalhou com o
assunto “A Importância das Frutas, Verduras e Legumes”.
Aprimorando-se desses conceitos e fundamentos, naturalmente foram
surgindo ideias interessantes por parte dos alunos em relação dos possíveis
projetos a serem apresentados. Trabalhos que foram desenvolvidos e
apresentados no dia de Feira, mas segundo os alunos, ficaram na memória de
várias pessoas envolvidas com essas atividades escolares.
71
Então, os três primeiros subgrupos definiram suas estratégias para a
apresentação dos assuntos para o evento:
• Subgrupo I escolheu o item sugerindo “Interpretação dos Rótulos de
Alimentos”, mostrando e detalhando os níveis de sal açúcar e gordura
presente em diversos alimentos do cotidiano e os perigos do uso de forma
exacerbada;
• Subgrupo II escolheu trabalhar com a “Doenças Relacionadas a Nutrição”
ressaltando a importância do controle do peso e pressão sanguínea evitando
desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, além de passar os
conceitos e características das doenças. Através do miniprojeto “Clínica Legal”;
• Subgrupo III trabalhou com “A Importância das Frutas, Verduras e
Legumes” no auxílio a manutenção da saúde, através da “Oficina de Sucos
Naturais”.
Os alunos da segunda turma também foram divididos em três subgrupos
de 11 e 12 pessoas cada. Na exploração do seu subtema, “Nutrição e Saúde”
pesquisaram “O Aumento do Consumo Indiscriminado de Suplementos e
Anabolizantes” principalmente por jovens e adolescentes de várias regiões do
pais e do mundo. Muitos alunos, em conversas com amigos de faixa etárias
semelhantes, revelaram descobrir que o uso desses produtos está mais
comum que muitas vezes pensamos. Diante disso aprofundaram as pesquisas
em relação ao histórico desses produtos, os benefícios e prejuízos, tipos mais
comuns utilizados, motivos da utilização entre outros aspectos.
Subgrupo IV escolheu trabalhar com as questões que julgaram
importantes em relação aos “Suplementos”.
Subgrupo V, nessa mesma linha de raciocínio, trabalhou com assuntos
que consideraram relevantes em relação aos “Anabolizantes”.
Subgrupo VI, pesquisou sobre “Uso Mundial dos Suplementos e
Anabolizantes”, tentando sensibilizar as pessoas, pesquisaram sobre
personalidades famosas mundiais que tiveram problemas com uso de
suplementos e anabolizantes, mostrando os principais prejuízos a vida
pessoal e profissional deles.
72
Nas apresentações prévias, ficou evidente para o professor orientador o
cuidado com a forma de exposição, a qualidade das informações a serem
divulgadas. Além de ter sido, uma oportunidade de trabalhar a intenção
formativa dos trabalhos acrescentando informações e dados capazes de
provocar nas pessoas a reflexão sobre suas condutas e promover mudanças
comportamentais. Sabendo que a informação por si mesma muitas vezes não é
capaz de sensibilizar as pessoas ao nível de que elas realmente mude suas
atitudes, entretanto pode ser um ponto de partida para essa transformação.
Os resultados dessa pesquisa foram aqui apresentados na forma de relato.
Trata-se de uma avaliação processual, na qual o professor orientador
acompanhou, registrou e descreve as atividades desenvolvidas pelos alunos,
com conteúdos conceituais e atitudinais.
6 RESULTADOS
Os resultados foram bastante satisfatório para os alunos, visitantes,
professores, supervisores, pedagogos e direção em geral. Puderam apreciar
um material pesquisado e elaborado pelos próprios alunos. Percebeu-se uma
evolução cognitiva dos alunos, melhora significativa em fatores que
consideramos formadores do cidadão capaz de orientar o próximo e ainda
dividir experiências de convivência e de produtos elaborados. Pelos resultado
descritos a seguir podemos perceber como juntos conseguimos que a
EXPOCIÊNCIAS se torna-se um instrumento importante na vida de todos nós.
6.1 Nutrição e Saúde – Turma I
O subgrupo I “Interpretação dos Rótulos de Alimentos”, subtema
“Nutrição e Saúde”, realizou uma sondagem de diversos alimentos
industrializados comumente ingeridos no nosso dia-a-dia. De posse desse
material, os alunos fizeram uma análise dos seus respectivos rótulos
observando os percentuais de sal, açúcar e gordura. Aqueles produtos que
possuíam valores elevados de substâncias capazes de comprometer a saúde
foram selecionados e expostos no dia da mostra de forma que essas
informações presentes no rótulo ficassem mais evidentes para as pessoas
73
presentes. Destaca-se que os alunos consideraram que muitos rótulos eram de
difícil visualização e interpretação, reclamando por uma legislação e/ou
fiscalização que favoreçam a simplificação e acesso fácil às informações sobre
o produto, revelando que os alunos se conscientizam e se posicionam no
sentido de uma cidadania responsável.
Assim como narrado pelos aprendizes, percebemos que o consumo de
alimentos industrializados ricos em esses três tipos de substâncias é
considerável na sociedade em geral, e que ainda muitos não sabem
efetivamente os prejuízos trazidos ao corpo a longo prazo. Muitos estudantes
imaginam fazer mal, por já ter ouvido algo a respeito, mas não conseguiam
especificar qual seria esse mal. Eles ainda disseram não saber qual a
quantidade recomendada de consumo, de gordura, açúcar e sal, e quanto
consomem por dia, se está ou não acima dos índices recomendados pelos
órgãos de saúde pública. Mas ficou a indicação para que o professor e os
alunos pudessem posteriormente pesquisar sobre o assunto, o que foi feito,
posteriormente durante os trabalhos da Feira.
Destacamos que o transformar de ideias em atitudes e posturas
depende em grande parte a mudança de postura dos pais, que acreditamos
tenham sido sensibilizados pelos trabalhos de seus filhos a ponto de se
sentirem preocupados com a situação e buscarem se adequar a uma postura
alimentar que favoreça um futuro com mais saúde e melhor qualidade de vida.
A partir dessas reflexões e aprofundamentos dos estudos, os alunos
desenvolveram uma estratégia diferenciada para demonstrar durante a feira os
alimentos que ingerimos e os volumes de produtos indesejáveis para o
organismo presentes.
Em recipientes personalizados colocaram as quantidades, em gramas,
de açúcar, sal e gordura, contida nos alimentos selecionados e mais
comumente presentes em suas dietas, tais como refrigerantes, salgadinhos tipo
chips, pães, queijos, iogurtes, salames, lanches rápidos como hambúrgueres,
cachorro quentes e macarrão instantâneo entre outros. Para isso eles tiveram
que fazer pesquisas, conversar com nutricionistas da cidade para conseguir os
74
valores exatos da quantidade, dessas substâncias em cada uma porção dos
alimentos escolhidos.
Fonte - AUTOR DA DISSERTAÇÃO – CEJM MG – 2014
Imagem 1 – Alunos preparando amostras de sal, açucar e óleo
Assim, assegurados das informações, com auxílio de uma balança de
precisão do laboratório da escola, montaram diversos recipientes colocando as
substâncias (sal, açúcar e gordura) de cada porção de alimento em potes. No
dia da Feira o visitante podia ver o alimento, que muitas vezes fazia parte do
seu cardápio diário e também a quantidade de sal, açúcar e gordura presente
nele. Para representar a quantidade de sal e açúcar foram usados açúcar
cristal e sal de cozinha, para representar o percentual de gordura foi utilizado o
óleo de cozinha.
Relatamos aqui o comentário de um professor sobre o trabalho dos alunos
que, para além dos conteúdos de ciências em nutrição e saúde desenvolveram
conhecimentos da área da matemática.
“O Projeto EXPOCIÊNCIAS foi um sucesso novamente,
os alunos durante a preparação puderam aprender um
pouco mais sobre Ciências e Matemática de forma
paralela, o interesse sobre os conteúdos de proporção,
unidades de medidas e regra de três simples foi algo
diferente e muito satisfatório”.
75
Segundo outro professor da área de exatas a feira também teve importância
para o sua conscientização sobre a importância da nutrição para a saúde.
“A nossa Feira teve uma mobilização humana
interessante e envolvente, permitiu a mim e vários outros
colegas a pensar em questões sobre a nossa saúde que
na correria do dia-a-dia não damos a menor importância.”
Uma professora de português comentou:
“Eu achei a EXPOCIÊNCIAS muito interessante, consegui
ver os perigos que diversos alimentos podem trazer a
nossa saúde.”
Um dos exemplos que se tornou emblemático para os pais e alunos foi a
análise de uma lata de refrigerante de trezentos e cinquenta mililitros que
possui quarenta gramas de açúcar, o estudante colocou uma lata desse
refrigerante e em frente o recipiente com quarenta gramas de açúcar cristal
para representar o percentual de açúcar, muitos relataram ter ficado
“chocados” com a revelação. Num outro exemplo também contundente um
pacote de batata chips de 200 gramas que apresenta 70 gramas de gordura,
mas a informação por si só parece não ser tão reveladora quanto a observação
de um recipiente com 70 gramas de óleo de cozinha para representar o
percentual de gordura do pacote.
Imagem 2 – Estande com alunos apresentando os conteúdos de sal, açúcar e gordura de alguns alimentos - EXPOCIÊNCIAS, CEJM 2014.
Fonte - AUTOR DA DISSERTAÇÃO – CEJM MG – 2014
76
O subgrupo II demonstrou preocupação com os graves problemas de
obesidade em uma população que cada vez mais jovem, relataram o aumento
de cirurgias bariátricas e o uso indiscriminado de medicamentos para eliminar
gordura mas normalmente não conseguem se desvencilhar de uma vida de
maus hábitos alimentares. Buscando enfocar principalmente os crescentes
casos de problemas gerados a partir do excesso de peso, tais como
hipertensão, diabetes, tiveram a ideia de montar a “Clínica Legal”. A
estratégia proposta para a clínica tinha a intenção de informar e alertar, de uma
maneira diferente, as pessoas sobre as principais doenças metabólicas
contemporâneas.
A clínica era um espaço destinado a orientar os visitantes sobre a
necessidade de nos preocupar com o nosso corpo e mente em relação as
práticas dietéticas. Mostrar as doenças prevalentes na sociedade, algumas
informações sobre essas enfermidades, fazer algumas procedimentos clínicos
básicos que poderiam advertir os visitantes sobre seus possíveis problemas de
saúde. Verificar por exemplo, através do monitoramento da pressão do
visitante poderíamos ter algum parecer em relação a hipertensão, doença que
muitas vezes não apresenta sintomas. Também, era possível realizar o cálculo
do IMC, índice de massa corpórea, afim de ajudar no diagnóstico da
obesidade, sobrepeso e até mesmo desnutrição. Entretanto, era sempre
orientado ao visitante procurar ajuda médica para análise mais precisas do seu
estado de saúde, tais procedimentos eram apenas feitos de maneira informal e
sem a propriedade médica. Todos os visitantes da clínica recebiam uma ficha
na entrada, para que fossem registrados todos os monitoramentos feitos dentro
da “clínica”, assim, a pessoa poderia até levar os dados para uma consulta
médica posterior, caso necessário.
Apresentamos a transcrição do relato de uma aluna do 8º ano sobre o
envolvimento de todos e a importância do projeto capaz de fomentar mudanças
de posturas e atitudes em direção a uma vida mais saudável. Esse relato foi
selecionado dentre vários para expressar a opinião externada por vários outros
alunos. Destacamos ainda que engajamento e entusiasmo com que os alunos
desenvolveram e apresentaram seus trabalhos é por si só bastante eloquente.
77
“O empenho e a determinação de todos foram relevantes
na conclusão desse trabalho, em pouco tempo alunos,
professores, coordenadores e direção estavam
empolgados com a proposta de trabalho para a
EXPOCIÊNCIAS do CEJM. Entendo que todo esse
movimento na melhora da alimentação do ser humano
deva ser continuo dentro das escolas e se estender
dentro dos lares para que os objetivos das ideias sejam
efetivamente contemplados. Além do mais percebi que
nunca é tarde, para se dar início a um bom projeto e
grandes mudanças em nossas atitudes e
comportamentos, é só irmos por etapas, um passo de
cada vez”.
Para os procedimentos da “clínica” os alunos conseguiram em farmácias e
com parentes alguns medidores eletrônicos de pressão, conhecendo já as
técnicas de monitoramento pediam ao visitante se assentasse nas cadeiras do
stand, colocavam o na posição correta e aferiam a pressão arterial e
posteriormente registrada na sua ficha personalizada. Terminada essa etapa,
de posse da ficha, os participantes encaminhavam a pessoa para outro,
responsável pela balança, local onde era feita a medição do massa e também
altura afim de se ter as variáveis necessárias para calcular o IMC, através de
fórmula clássica (comumente utilizada por fisioterapeutas e educadores
físicos). Assim, de posse dessas informações e através da comparação dos
dados da tabela de IMC, os jovens poderiam informar qual a situação
momentânea do visitante, se ele estava abaixo do peso, no peso ou acima do
peso ideal. Novamente eles mesmos alertavam que o IMC apenas dava uma
noção de como andava a saúde da pessoa, sendo que outros fatores deveriam
ser analisados por médicos e nutricionistas para confirmar alguma informação
de obesidade ou desnutrição, por exemplo.
Alguns alunos, preocupados com a importância das frutas, verduras e
legumes na prevenção das doenças relacionadas a nutrição e manutenção da
vida saudável o subgrupo III elaborou uma “Oficinas de Sucos”. A Oficina
fornecia receitas de sucos e amostras dos mesmos feitos com frutas e verduras
a serem degustados como a promessa de sabor e promoção de vitalidade e
saúde.
78
Imagem 3 – Alunos apresentando sua “Oficina de Sucos” EXPOCIÊNCIAS, CEJM 2014.
Fonte - AUTOR DA DISSERTAÇÃO – CEJM MG - 2014
Os discentes selecionaram diversas receitas de sucos naturais que
evolviam vários vegetais, tais como couve, berinjela, inhame, laranja, limão,
espinafre, gengibre, abacaxi, maça entre outros. Estes são alimentos que
ajudam na regulação dos níveis de colesterol, contribuíam para o controle da
diabetes, controlavam a hipertensão, saciavam a fome auxiliando no controle
do peso, ainda alimentos naturais tidos como “queimadores” de gordura
(estimulantes do aumento do metabolismo basal), que desintoxicam o
organismo (favorecedores da diurese).
Os alunos foram instigados (pela feira em si e por professores) a
proporcionar aos visitantes algum tipo de atividade/material que pudessem
servir de exemplo saudável para a vida. Já conhecendo o poder das frutas e
verduras na manutenção da saúde e aproveitando dos conhecimentos
adquiridos durante as pesquisas resolveram elaborar sucos naturais
específicos para o cuidado de diversas doenças metabólicas.
Foram elaborados coquetéis desses sucos naturais favorecedores da
boa saúde. Os sucos eram servidos para apreciação dos visitantes juntamente
com as informações dos benefícios de cada suco, suas funções no organismo,
79
os ingredientes e caso fosse de interesse do convidado ele recebia um cartão
com a receita do coquetel.
6.2 Nutrição e Saúde - Turma II
A segunda turma escolheu estudar e divulgar conhecimentos sobre
“Suplementos e Anabolizantes”. De acordo com pesquisas realizadas pelos
estudantes, estão sendo consumidas entre jovens e adultos de maneira
indiscriminada e causando diferentes problemas a saúde das pessoas que se
sujeitam ao uso dessa forma.
Segundo os próprios alunos o consumo sem orientação profissional se
deve a diversos fatores, tais como necessidade de melhores rendimentos em
atividades esportivas rápida e sem muito gasto de recursos, busca pelo corpo
ideal (cada vez mais cedo) e em curto espaço de tempo, para substituir
refeições do dia como cafés, almoços e jantares, idealização da melhora da
saúde de forma geral. Muitos alunos relataram o fato de que em grande parte
dos casos os jovens usam essas substâncias sem o consentimento dos pais,
mas que em alguns casos, os próprios pais, pensando estar ajudando,
compram esses produtos para os filhos. Brower apud Souza & Fisberg alertam
que em curto prazo muito desses produtos e substâncias não aparentam trazer
risco significativo (exceto para alguns poucos indivíduos na população como no
caso daqueles que já apresentam hepatopatias e outras disfunções
fisiológicas), em curto período de uso ocorre alteração no humor, aumento na
produção de pelos corporais, diminuição do libido. Entretanto o uso contínuo e
prolongado pode acarretar problemas gravíssimos, tais como problemas renais,
disfunções hormonais, hipertensão e insuficiência hepática.
Então a classe já devidamente dividida (três subgrupos), no qual cada um
estava responsável por itens dentro do subtema, itens que foram julgados
pertinentes a comunidade escolar e que pudessem ser apresentados durante a
mostra do CEJM.
O subgrupo IV fez um levantamento sobre quais “Suplementos” eram os
mais usados pelos jovens, para isso fizeram visitas e pesquisas nos
80
estabelecimentos da cidade que vendem esses produtos além de irem a
academias e analisar diretamente com os usuários suas preferências. Além
dos produtos mais utilizados, por meio dos funcionários dessas lojas foram
informados das funções e ações dos suplementos no organismo. Através da
escola, solicitaram o empréstimo dos suplementos para a exposição no dia do
evento. Para melhorar, além das informações conseguidas nos
estabelecimentos, os aprendizes utilizaram-se de artigos diversos para
aprofundar os conhecimentos sobre o assunto.
Em suas pesquisas eles investigaram sobre possíveis efeitos positivos e
negativos associados ao uso de diversos suplementos e anabolizantes,
demonstrando os suplementos alimentares mais utilizados entre os
frequentadores de academias.
No dia da exposição os alunos apresentaram suplementos a base de
carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais, explicando aos visitantes as
funções dos nutrientes no organismo, as ações desses produtos a curto e
longo prazo, fornecendo melhor informação ao público que se abastece de tais
substâncias, incentivando a se informar melhor sobre determinados compostos
químicos e consultar especialistas no assunto para saber se são mesmo
necessárias, a recomendação e a forma e doses exatas para o uso.
Os alunos do subgrupo V trabalharam alguns aspectos relacionados aos
“Anabolizantes”, e pesquisaram a respeito do histórico da substância, o uso
de anabolizantes pelo ser humano nas décadas passadas até a utilização de
forma descontrolada dos dias atuais. Os efeitos a curto e longo prazo no
organismo, o uso desequilibrado entre os jovens na atualidade em razão da
busca pelo corpo “perfeito”.
Muitos, durante o desenvolvimento dos trabalhos, informaram conhecer
vários jovens que utilizam esses elementos no desenvolvimento físico sem a
devida orientação medica. Alguns alunos revelaram saber que o uso desses
produtos para o desenvolvimento muscular rápido, poderia ser a porta de
entrada para o início da deterioração da saúde apesar da hipertrofia muscular.
Outros, apesar da pouca idade (entre 12 para 13 anos) relataram ter vontade
81
de iniciar atividades de musculação, mesmo ainda não tendo permissão
médica e dos pais.
Alguns alunos, no início das pesquisas, mencionaram ainda já ter ouvido
falar que o uso dos anabolizantes fazia mal à saúde. Entretanto, eles não
sabiam qual o mal proporcionado ao organismo dos usuários. Sabiam apenas
que alguns desses anabolizantes eram produtos que eram utilizados nos
animais. Após irem as casas veterinárias da cidade tiveram conhecimento
sobre alguns dos principais anabolizantes animais que eram usados em
humanos para hipertrofia muscular, coletando também informações sobre
alguns pontos negativos do uso desses produtos em seres humanos.
No dia do evento, os alunos expuseram alguns tipos de anabolizante mais
comuns utilizados por seres humanos. Fizeram alertas aos visitantes, relatando
que muitas pessoas fazem uso desses produtos sem o devido conhecimento e
concordância dos familiares, revelando possíveis locais onde os usuários
conseguem esses produtos de forma ilegal. Os alunos ainda destacaram os
principais prejuízos desses produtos a saúde humana.
Fonte - AUTOR DA DISSERTAÇÃO – CEJM MG – 2014 Imagem 4 – Estande com alunos apresentando suas pesquisas sobre
“Suplementos e Anabolizantes” na EXPOCIÊNCIAS, CEJM 2014.
O subgrupo VI, procurando aproximar os assuntos a realidade dos
visitantes, fez uma investigação de casos de “Uso Recorrente de
82
Anabolizantes e Suplementos Alimentares entre Pessoas Conhecidas
Nacional ou Internacionalmente”. Atletas que foram afastados de suas
atividades em decorrência do uso de substancias proibidas ou que tiveram
sérios problemas de saúde em função do uso de substâncias anabolizantes e
ou suplementos.
Para a surpresa dos jovens, os casos de problemas com anabolizantes
(principalmente) são bem numerosos e a dúvida que mais intrigou aos jovens
foi a razão pela qual os atletas, mesmo sabendo que poderiam ser submetidos
a testes ainda eram capazes de utilizarem tais substâncias.
No dia da exposição os alunos exibiram fotos das personalidades, tais
como Padre Marcelo Rossi, cantor Netinho (Jorge Bastos), o ator Miguel
Falabella, entre outros que utilizaram de suplementos e anabolizantes durante
algum período da vida, os tipos de substâncias que foram utilizadas e os
prejuízos físicos e na carreira trazidos por esse uso. Eles citaram ainda ao final
do evento que muitas pessoas ficaram impressionadas em saber os malefícios
dessas substâncias e ainda saber que muitos ídolos passaram por esses
constrangimentos.
6.3 O produto: Roteiro Orientado
A escola necessita no contesto atual de diferentes estratégias
pedagógicas para responder a necessidade da formação do sujeito integral,
facilitando a construção da subjetividade para crianças e adolescentes, de
forma que possam criar estratégias e recursos para interpretar o mundo e
escrever sua própria história. O uso da Feira como de PROJETOS DE
TRABALHO no ensino tem figurado como instrumento importante contribuindo
para práticas mais eficazes dentro da escola.
Um dos objetivos gerais da dissertação e ainda como exigência do
Mestrado Profissional era elaboração de um “Produto Educacional”. Além de
todo favorecimento didático aos alunos, relevância social local, valoração do
currículo profissional dos participantes, a feira, proporcionou subsídios para
montagem de um material que servirá de base para muitas escolas poderem,
em qualquer tempo, planejar, elaborar, desenvolver, executar e avaliar uma
Feira de Ciências sobre o tema “Nutrição e Saúde”.
83
Nesse sentido, foi importante para nós a elaboração deste roteiro que
facilitará o dia a dia de professores e pessoas voltadas para a educação que
dispõe de pouquíssimo tempo para realizar tais tipos de projetos educacionais.
Através de nossa experiência foi possível verificar os caminhos e dificuldades
que foram encontrados ao longo de todo o processo de elaboração de uma
feira.
6.3.1 Etapas do Roteiro Orientado
O roteiro foi elaborado de forma bem dinâmica afim de demostrar ao leitor que
esses tipos de trabalho não são tão complexos de serem feito como muito se
imagina. Muitas vezes com poucos recursos e tempo podemos realizar um
trabalho diferenciado. O roteiro consiste em cinco passos:
1º Passo: Pensando e escolhendo o Tema e os Subtemas.
A escolha do tema subsidiará a escolha dos subtemas, com sugestões
dos professores e dos alunos que devem ser então analisadas e selecionadas
de acordo com o interesse as possibilidades de execução das mesmas.
2º Passo: Escolhendo as estratégias.
Escolhas das estratégias bem feitas proporcionam melhores resultados diante
dos desafios. Estímulos aos alunos são bem importantes de serem colocados
dentro das estratégias previstas no trabalho.
3º Passo: Desenvolvimento do Projeto.
Nessa etapa pode levar algumas semanas e até meses, tudo depende da
liberdade da escola em se direcionar o tempo de aula única e exclusivamente
na execução das estratégias escolhidas.
4º Passo: Apresentação dos Trabalhos Produzidos.
O momento é muito importante para o aluno, deve-se deixa-lo livre para
executar o que aprendeu, entretanto nós como professores devemos estar
atento para facilitar ao nosso trabalho de avaliação que é o nosso último passo.
5º Passo: Avaliação do processo e dos produtos finais
84
É importante sempre valorizar os trabalhos desenvolvidos pelos alunos, mesmo
aqueles que não conseguiram atingir seus objetivos reais, atitude necessária
uma vez que pode servir de um estímulo para os próximos trabalhos a serem
feitos, seja no nível fundamental, médio ou superior. Evitar equiparar trabalhos
é uma boa maneira de se evitar frustrações. Essas e outras estratégias são
relatadas de forma detalhada no “Roteiro Orientado”.
Os resultados obtidos reforçam nossa tese de que projetos de trabalhos
compreendem estratégia pedagogia que, para os estudantes, incentiva e
promove a busca autônoma de informações, além de contribuir para que eles
desenvolvam a capacidade de selecionar, avaliar, planejar, organizar e divulgar
os conhecimentos.
Entendemos que apesar da sobrecarga de trabalho e dificuldades para
a implementação e execução, os projetos de pesquisa e divulgação são de
fundamental importância para o desenvolvimento intelectual e sociocultural dos
alunos.
Defendemos ainda a premissa de que a educação em espaços e tempos
não-formais, aliados ao protagonismo estudantil, além de motivar o estudo,
contribui efetivamente para o aprendizado, para a construção e
desenvolvimento do intelecto, de hábitos e de posturas, fortalece se vínculo
com a instituição.
Destacamos a importância das feiras como desenvolvedor de
habilidades físicas e intelectuais nos alunos. Percebemos a melhora linguística
e de raciocínio durante as apresentações. O evento também permitiu nós como
professores aperfeiçoar os nossos processos de avaliação, tornamos mais
observadores e detalhistas após a feira. Conseguimos compreender melhor as
dúvidas e dificuldades de nossos alunos e de maneira mais prática e eficiente
conseguimos direciona-los ao caminho da sabedoria e educação.
85
7 CONCLUSÕES
Esse trabalho foi proposto e desenvolvido com base em algumas
premissas dentre as quais destacamos a consciência de que parte da
responsabilidade na formação de hábitos e posturas sociais e culturais cabe à
educação escolar, ou seja, por acreditarmos que não basta apenas transmitir
conhecimentos e desenvolver capacidades intelectuais, é preciso educar a
vontade, favorecer a autoestima, fomentar a autonomia para o aprendizado e a
leitura do mundo.
Ressalta-se ainda que a prática educativa escolar no mundo atual
disputa espaço como várias mídias extremamente sedutoras, cujo volume e
velocidade dificulta a atualização e evolução das práticas pedagógicas
tradicionais. Estamos cada vez mais convencidos de que apenas estudos em
livros, aulas expositivas e palestras, embora sejam atividade educativas
valorosas, não são normalmente capazes de produzir a educação formativa e
transformadora de atitudes que se almeja. É necessário atividades
diferenciadas, acreditando que projetos de trabalhos se encaixam
perfeitamente nessas necessidades educacionais. Percebemos que para área
das Ciências, a Feira, tem um grande poder de desenvolvimento intelectual,
social e pessoal em nossos alunos.
Temas como os trabalhados nesta pesquisa refletem algumas
demandas socioculturais da atualidade (CTSA), em interfaces com outras
mídias atuais capaz de despertar o interesse e o protagonismo juvenil,
predispondo para a pesquisa e orientando reflexões e posicionamentos.
Destacamos a importância desse tipo de trabalho não só para os alunos,
mas para a escola, para os educadores, e para as famílias. Essa aproximação
entre comunidade e escola, revela intenções formativas e dá visibilidade aos
trabalhos desenvolvidos.
Destacamos ainda, a dimensão afetiva desse tipo de trabalho capaz de
despertar sentimentos de pertencimento e orgulho da escola, favorecendo a
disciplina e o engajamento dos alunos no processo ensino e aprendizagem.
Promove ainda o desenvolvimento ou aprimoramento da responsabilidade e da
capacidade de interação e participação social. Favorece ainda a relação
86
professor aluno, estabelecendo laços de parceria e confiança, além de ampliar
a percepção (conhecimento) do professor sobre os seus estudantes.
Por fim essa Dissertação e seu Produto tem a intenção de fomentar e
orientar esse tipo de prática educativa, na expectativa de promover um ensino
de melhor qualidade, mais significativo e transformador.
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUGUSTO, Aurinda Lucília Pires Rodrigues. Educação alimentar na formação
de adultos: contributo para a educação/promoção da saúde. 2011.
BAVARESCO, Bruna; COSTA, Gisele M. Treinamento intervalado associado à
nutrição na redução do peso corporal,2013.
BIANCONI, M. Lucia; CARUSO, Francisco. Educação não-formal. Ciência e
Cultura, v. 57, n. 4, p. 20-20, 2005.
BIZZO MLG, LEDER L. Educação Nutricional nos parâmetros curriculares
nacionais para o ensino fundamental. Rev Nutr. 2005; 18(5): 661-7.
BRAGA, Milena Mendes; PATERNEZ, Ana Carolina Almada Colucci. Avaliação
do consumo alimentar de professores de uma Universidade particular da
cidade de São Paulo (SP). Rev Simbio-Logias, v. 4, n. 6, p. 84-97, 2011.
BRANDALIZE, Michelle; LEITE, Neiva. Orthopedic alterations in obese children
and adolescents. Fisioterapia em Movimento, v. 23, n. 2, p. 283-288, 2010.
BRASIL, 2000 Ministério da Saúde. Promoção da Saúde. Escolas Promotoras.
Disponível em: <www.saude.gov.br/programas/promoção/escolas.htm>)
Acesso em: 20 nov. 2014.
BRASIL, 2006 Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica –
Brasília Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de Apoio às Feiras
87
de Ciências da Educação Básica: Fenaceb. Brasília. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/fenaceb.pdf, Acesso em: 03
de out. 2015.
BRASIL, Ministério da Saúde - Departamento de Atenção Básica Portaria nº
2.488, de 21 de outubro de 2011. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude_
3ed.pdAcesso em: 27 jun. 2015.
BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação. Ministério da Educação. Resolução/CD/FNDE Nº 38, de 19 de julho
de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da
educação básica no Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE.
BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional do Desenvolvimento da
Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: 3o e 4o ciclos do ensino
Fundamental: saúde. Brasília, DF, 1998. Disponível em: Acesso em: 07 jan.
2015.
CABRAL, Hellen Cristina de Oliveira. A educação alimentar e nutricional nos
anos iniciais do Ensino Fundamental da rede pública municipal de Rio Verde-
GO. 2008. Dissertação (Mestrado em Educação) -Universidade Federal de
Goiás. Rio Verde. Disponível em:
http://cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3504.
Acesso em 25 nov. 2014.
CARNEIRO, Vinícius Guimarães. A influência da mídia na obesidade de
crianças e adolescentes. Monografia apresentada ao curso de Educação Física
da UNAERP-Campus Guarujá como requisito parcial para obtenção do título de
Licenciado em Educação Física, 2007. Disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/EDU
CACAOFISICA/monografia/midia-na-obesidade.pdf. Acesso em 21 jul. 2015.
CASCAIS, M. das G. A.; TERÁN, A. F. Educação formal, informal e não formal
em ciências: contribuições dos diversos espaços educativos. In: ENCONTRO
DE PESQUISA EDUCACIONAL NORTE NORDESTE, 2011, Manaus. Anais...
88
Manaus: Editora da UFAM. Disponível em:
file:///C:/Users/Fernando/Downloads/2011_Educa%C3%A7%C3%A3o%20form
al,%20informal%20e%20n%C3%A3o%20formal%20em%20ci%C3%AAncias_c
ontribui%C3%A7%C3%B5es%20dos%20diversos%20espa%C3%A7os%20edu
cativos%20(4).pdf . Acesso em: 28 fev. 2015.
CHASSOT, Attico. Alfabetização Científica: uma possibilidade para a inclusão
social. Revista Brasileira de Educação, p. 89-100, jan/fev/mar/abr, 2003.
CRUZ, Priscila Postali et al. Culto ao corpo: as influências da mídia
contemporânea marcando a juventude. Corpo, Violência e Poder, v. 6, n. 1, p.
1-8, 2008.
CUSTÓDIO, Ivanir Madoenho. Influências da alimentação na aprendizagem.
Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1674-8.pdf. Acesso
em 10 dez. 2014.
DA SILVA, Cleliani de Cassia. Alimentação e crescimento saudável em
escolares. Alimentação, Atividade Física e Qualidade de Vida dos
Escolares do Município de Vinhedo/SP, p. 15, 2009.
DAVANÇO, Giovana Mochi; TADDEI, José Augusto de Aguiar Carrazedo;
GAGLIANONE, Cristina Pereira. Conhecimentos, atitudes e práticas de
professores de ciclo básico, expostos e não expostos a Curso de Educação
Nutricional. Rev. nutr, v. 17, n. 2, p. 177-184, 2004.
DE ALBUQUERQUE, Débora Lima Barbosa; DE MENEZES, Cristiane Souza.
Educação Alimentar na Escola: Em busca de uma vida Saudável.
DE OLIVEIRA, José Eduardo Dutra. Educação e direito à alimentação.
Estudos avançados, v. 21, n. 60, p. 127-134, 2007. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
40142007000200010&script=sci_arttext. Acesso em: 30 nov. 2014.
89
DE SOUSA, Ana Paula; JOSÉ FILHO, Mário. A importância da parceria entre
família e escola no desenvolvimento educacional. Revista Iberoamericana de
Educación, v. 44, n. 7, p. 2-4, 2007.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2009000400010. Acesso
em: 21 fev. 2015.
DOS SANTOS, Wildson Luiz Pereira; MORTIMER, Eduardo Fleury. Tomada de
decisão para ação social responsável no ensino de ciências. Ciência &
Educação, v. 7, n. 1, p. 95-111, 2001.Disponivel em:
http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v7n1/07.pdf. Acesso em 15 maio. 2015.
DUARTE, Raquel de Sousa. O MARKETING NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS:
Embalagem e os Meios de Comunicação.2012. Trabalho de Conclusão de
Curso II apresentado ao Curso de Bacharelado em Nutrição. Universidade
Federal do Piauí. Disponível em:
http://www.ufpi.br/subsiteFiles/picos/arquivos/files/MONOGRAFIA%20PRONTA
.pdf. Acesso em: 15 maio,2015.
ELLWOOD, Philippa et al. Do fast foods cause asthma, rhinoconjunctivitis and
eczema? Global findings from the International Study of Asthma and Allergies in
Childhood (ISAAC) Phase Three. Thorax, p. thoraxjnl-2012-202285, 2013.
FIGUEIREDO, José Arimatéa. O ensino de Botânica em uma abordagem
Ciência, Tecnologia e Sociedade: propostas de atividades didáticas para o
estudo das flores nos cursos de ciências biológicas. 2009. Tese de Mestrado.
Dissertação de Mestrado, Universidade Católica de Minas Gerais Belo
Horizonte, Brasil. Disponível em:
http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/EnCiMat_FigueiredoJA_1.pdf. Acesso
em 15 maio 2015.
FORTES, Leonardo de Sousa; MORGADO, Fabiane Frota da Rocha;
FERREIRA, Maria Elisa Caputo. Fatores associados ao comportamento
alimentar inadequado em adolescentes escolares. Rev Psiq Clín, v. 40, n. 2, p.
59-64, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rpc/v40n2/v40n2a02.pdf.
Acesso em: 16 de abr. 2015.
90
GANDRA, Yaro Ribeiro. O pré-escolar de dois a seis anos de idade e o seu
atendimento. Rev. Saúde públ, p. 3-8, 1981.
GASPAR, Alberto. A educação formal e a educação informal em ciências.
In: Ciência e Público: caminhos da divulgação científica no Brasil, Rio de
Janeiro: Casa da Ciência–Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fórum de Ciência e Cultura. 2002.
GOHN, Maria da Glória. "Educação não-formal na pedagogia social."
Proceedings of the 1. I Congresso Internacional de Pedagogia Social. 2006.
GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, participação da sociedade civil e
estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de
Janeiro, v. 14, n. 50, p. 27-38, jan./mar. 2006.
GONZALEZ, Fabiana Gaspar; PALEARI, Lucia Maria. O ENSINO DA
DIGESTÃO-NUTRIÇÃO NA ERA DAS REFEIÇÕES RÁPIDAS E DO CULTO
AO CORPO Digestion-nutrition teaching in the fast food and body cult era.
Ciência & Educação, v. 12, n. 1, p. 13-24, 2006. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v12n1/02.pdf, acesso em 29 nov. 2014.
HARTMANN, Ângela Maria; ZIMMERMANN, Erika. Feira de Ciências: a
interdisciplinaridade e a contextualização em produções de estudantes de
ensino médio. VII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em
Ciências, 2009. Disponível em:
http://www2.unifap.br/rsmatos/files/2013/10/178.pdf. Acesso em: 21 nov.2014
LEVY, Renata Bertazzi et al. Food consumption and eating behavior among
Brazilian adolescents: National Adolescent School-based Health Survey
(PeNSE), 2009. Ciênc. Saúde Colet 2010;15 (Suppl 2):3085-97.
MARIN, Tatiana; BERTON, Priscila; SANTO, L. K. R. E. Educação nutricional e
alimentar: por uma correta formação dos hábitos alimentares. Revista F@
pciência, v. 3, n. 7, p. 72-78, 2009.
MARQUES, Mário Osório. Educação nas ciências: interlocução e
complementaridade. Ijuí: Inijuí, 2002.
91
MASSON, Carmen Rosane et al. Prevalência de sedentarismo nas mulheres
adultas da cidade de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. Caderno de
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 6, p. 1.685-1.695, 2005. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X2005000600015 Acesso em 24 fev.2015.
MATSUDO, Sandra Marcela Mahecha. Envelhecimento, atividade física e
saúde. BIS. Boletim do Instituto de Saúde (Impresso), n. 47, p. 76-79, 2009.
Disponível em:
http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-
18122009000200020&lng=es&nrm=iso&tlng=es. Acesso em: 21 jul. 2015.
MENEGAZZO, Renato Fernando. Janelas de oportunidades são caminho para
aprendizagem: um estudo de caso. Disponível em:
http://www.abpp.com.br/sites/default/files/129.pdf. Acesso em: 17 jan. 2015.
MIOTTO, Ana Cristina; OLIVEIRA, Ana Flávia. A influência da mídia nos
hábitos alimentares de crianças de baixa renda do Projeto Nutrir. Rev Paul
Pediatr, v. 24, n. 2, p. 115-20, 2006. Disponível em:
http://eventos.unicentro.br/modelo_cd/pdf/resumo_542.pdf. Acesso 20
mar.2015.
MONEGO, Estelamaris T.; JARDIM, P. C. B. V. Determinantes de risco para
doenças cardiovasculares em escolares. Arq Bras Cardiol, v. 87, n. 1, p. 37-
45, 2006.
NAHAS, Markus Vinícius, et al. Reprodutibilidade e validade do questionário
saúde na boa para avaliar atividade física e hábitos alimentares em escolares
do ensino médio. Rev Bras Ativ Fís Saúde 2007; 12:12-20. Disponível em :
http://www.researchgate.net/profile/Markus_Nahas/publication/237268691_REP
RODUTIBILIDADE_E_VALIDADE_DO_QUESTIONRIO_SADE_NA_BOA_PAR
A_AVALIAR_ATIVIDADE_FSICA_E_HBITOS_ALIMENTARES_EM_ESCOLAR
ES_DO_ENSINO_MDIO/links/0046351bf6cb650fee000000.pdf. Acesso em 24
fev 2015.
92
NUNES, M. M. A.; FIGUEIROA, José Natal; ALVES, João Guilherme Bezerra.
Excesso de peso, atividade física e hábitos alimentares entre adolescentes de
diferentes classes econômicas em Campina Grande (PB). Revista da
Associação Médica Brasileira (1992. Impresso), v. 53, p. 130, 2007.
NUNOMURA, Myrian; TEIXEIRA, Luís Antônio Cespedes; FERNANDES, Mara
Regina Caruso. Nível de estresse em adultos após 12 meses de prática regular
de atividade física. Revista Mackenzie de educação física e esporte, v. 3, n.
3, 2009. Disponível em:
http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/remef/article/view/1325/1026.
Acessado em 24 abril, 2015.
OLIVEIRA, José Eduardo Dutra de. Educação e direito à alimentação. Estud.
av., São Paulo, v. 21, n. 60, p. 127-134, ago. 2007 . Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142007000200010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso
em 10 jan. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142007000200010.
PELLANDA, Lucia Campos et al. Doença cardíaca isquêmica: a prevenção
inicia durante a infância. J Pediatr, v. 78, n. 2, p. 91-6, 2002.
PINHEIRO, Anelise Rizzolo de Oliveira; FREITAS, Sérgio Fernando Torres de;
CORSO, Arlete Catarina Tittoni. Uma abordagem epidemiológica da obesidade.
2004.
PRECIOSO, José; SILVA, S. As escolas promotoras de saúde na educação
alimentar: um estudo efetuado em alunos do 2º ciclo. 2004. Disponível em:
http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/3976/1/As%20Escolas%20P
romotoras%20de%20Sa%C3%BAde%20na%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20
Alimentar%20-%20%28Alimenta%C3%A7%C3%A3o%20Humana%29.pdf.
Acesso em: 22 ago. 2015.
QUAIOTI, Teresa Cristina Bolzan; ALMEIDA, Sebastião de Sousa.
Determinantes psicológicos do comportamento alimentar: uma ênfase em
fatores ambientais que contribuem para a obesidade. Psicol. USP, v. 17, n.4,
93
p. 193-211 2006. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-
65642006000400011. Acesso em: 20 fev.2015.
RAVENNA, Máximo. A Teia de Aranha Alimentar. Quem come Quem?
Tentações perigosas. Rio de Janeiro: Guarda Chuva, 2011. Cap. 3 p.70-71.
RAYMUNDO, Gisele Pontaroli. A formação dos hábitos alimentares na criança.
[200-]. A nutricionista. Disponível em:
http://www.aprendebrasil.com.br/falecom/nutricionista_bd.asp?codtexto=542.
Acesso em: 23 nov. 2014.
RECINE, Elisabetta G. Iole Giovanna; QUEIROZ, Eduardo Flávio Oliveira.
Concepções de profissionais de saúde da atenção básica sobre a alimentação
saudável no Distrito Federal, Brasil Concepts of healthy diet as expressed by
primary health care workers in the national capital of Brazil.Cad. Saúde
Pública, v. 18, n. 5, p. 1367-1377, 2002.
RIBEIRO, Gisele Naiara Matos; SILVA, João Batista Lopes da. A alimentação
no processo de aprendizagem. Eventos Pedagógicos, v. 4, n. 2, p. 77-85,
2014.
RIGHI, Marcia Medianeira Toniasso. As concepções de estudantes do ensino
fundamental de escolas públicas de Santa Maria-RS sobre alimentação,2010.
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria-RS. Programa de Pós
Graduação em Educação em Ciências: Química da vida e saúde. Disponível
em: http://cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3504.
Acesso em 25 nov. 2014.
RINALDI, Ana Elisa M. et al. Contribuições das práticas alimentares e
inatividade física para o excesso de peso infantil. Revista Paulista de
Pediatria, v. 26, n. 3, p. 271-277, 2008. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rpp/v26n3/12. Acesso 1 jun.2015.
ROCHA, Sônia Cláudia Barroso da. A escola e os espaços não-formais:
possibilidades para o ensino de ciências nos anos iniciais do ensino
fundamental. Dissertação (Mestrado em Educação e Ensino de Ciências na
Amazônia) Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2008.
94
SANTOS, Cíntia da Conceição et al. A influência da televisão nos hábitos,
costumes e comportamento alimentar. Cogitare Enfermagem, v. 17, n. 1,
2012.
SANTOS, Maria Beatriz Gomes dos; PRECIOSO, José Alberto Gomes.
Educação Alimentar na Escola: avaliação de uma intervenção pedagógica
dirigida a alunos do 8º ano de escolaridade. 2012.
SANTOS, Wildson Luiz P.; MORTIMER, Eduardo F. Tomada de Decisão para
ação social responsável no ensino de ciências. Ciência & Educação, Bauru,
v.7, n.1, p.95-111, 2001
SCHMITZ, B.A.S. A escola promovendo hábitos alimentares saudáveis: uma
proposta metodológica de capacitação para educadores e donos de cantina
escolar. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24 Sup 2:S312-S322,
2008.
SILVA, António José et al. A prevalência do excesso de peso e da obesidade
entre crianças portuguesas. p.303, 2008. Disponível em:
https://repositorio.utad.pt/bitstream/10348/1403/1/A%20PREVAL%C3%8ANCIA
%20DO%20EXCESSO%20DE%20PESO%20E%20DA%20OBESIDADE%20E
NTRE%20CRIAN%C3%87AS%20PORTUGUESAS.pdf. Acesso em 07 out.
2015
SILVA, Elizabete Cristina Ribeiro; FONSECA, Alexandre Brasil.
ABORDAGENS PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO ALIMENTAR E
NUTRICIONAL EM ESCOLAS NO BRASIL PEDAGOGICAL APPROACHES
ON FOOD AND NUTRITION EDUCATION IN BRAZILIAN SCHOOLS. 2009
Disponível em:
http://axpfep1.if.usp.br/~profis/arquivos/viienpec/VII%20ENPEC%20%202009/w
ww.foco.fae.ufmg.br/cd/pdfs/1694.pdf. Acesso em: 26 fev. 2015.
SILVA, Isabel Navarrete de Andrade. Dificuldades de aprendizagem
enfrentadas por professores no ensino especial. Produção Didático-
Pedagógica apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)
95
da Secretaria de Estado da Educação. Universidade Estadual do Norte do
Paraná (UENP). Jacarezinho – Paraná.2008, p.22.
SOUZA, Elaine S.; FISBERG, Mauro. O uso de esteroides anabolizantes na
adolescência. Brazilian Pediatric News, v. 4, n. 1, 2002.
TORAL, Natacha; CONTI, Maria Aparecida; SLATER, Betzabeth. A
alimentação saudável na ótica dos adolescentes: percepções e barreiras à sua
implementação e características esperadas em materiais educativos. Cad.
Saúde Pública [online]. 2009, vol.25, n.11, pp. 2386-2394. ISSN 1678-
4464. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2009001100009. Acesso em: 22
fev.2015.
TRICHESA, Rozane Márcia; GIUGLIANIB, Elsa Regina Justo. Obesidade,
práticas alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares. Porto Alegre-
RS, 2005, p.541. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034891020050004000
04. Acesso 22 fev.2015.
VALENTE, Maria Esther Alvarez. O MUSEU DE CIÊNCIA: ESPAÇO DA
HISTÓRIA DA CIÊNCIA The Science Museum: a place of history of science.
Ciência & Educação, v. 11, n. 1, p. 53-62, 2005.
VALLE, Janaína Mello Nasser, EUCLYDES Marilene Pinheiro. A formação dos
hábitos alimentares na infância: uma revisão de alguns aspectos abordados na
literatura nos últimos dez anos Revista APS, v.10, n.1, p. 56-65, jan./jun. 2007.
Disponível em: www.ufjf.br/nates/files/2009/12/Hinfancia.pdf. Acesso em: 20
fev.2015.
VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes de. Fome, eugenia e constituição
do campo da nutrição em Pernambuco: uma análise de Gilberto Freyre, Josué
de Castro e Nelson Chaves. Hist. Cienc. Saúde-Manguinhos, v. 8, n. 2, p.
315-339, 2001.
VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes de. O nutricionista no Brasil: uma
análise histórica. Rev. nutr, v. 15, n. 2, p. 127-138, 2002. Disponível em:
96
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
52732002000200001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso: 27 Nov. 2015.
VECCHIA, Roberta Dalla et al. Qualidade de vida na terceira idade: um
conceito subjetivo. Revista brasileira de epidemiologia, p. 246-252, 2005.
VIANA, Victo; SANTOS, Pedro Lopes dos; GUIMARÃES, Maria Júlia.
Comportamento e hábitos alimentares em crianças e jovens: Uma revisão da
literatura. Psic., Saúde & Doenças, Lisboa, v.9, n.2, p. 209-231, 2008.
Disponível em: www.redalyc.org/articulo.oa?id=36219057003. Acesso em: 21
fev. 2015.
VIEIRA, Valéria; Espaços não-formais de ensino e o currículo de ciências.
Ciência e Cultura, São Paulo, n. 4, Oct. /Dec. 2005.
VINHOLES, Daniele Botelho; ASSUNÇÃO, Maria Cecília Formoso;
NEUTZLING, Marilda Borges. Frequência de hábitos saudáveis de alimentação
medidos a partir dos 10 Passos da Alimentação Saudável do Ministério da
Saúde. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad Saúde Pública, v. 25, n. 4, p.
791-799, 2009.
WANDERLEY, Emanuela Nogueira; FERREIRA, Vanessa Alves. Obesidade:
uma perspectiva plural. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p.
185-194, Jan. 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
81232010000100024&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 02 Ago. 2014.
98
ANEXO 1 – PLANO DE AULA TEÓRICO
Formulário de Plano de Aula
DADOS
Escola: Centro Educacional de João Monlevade
Professora Fernando Marques Teixeira
Duração da atividade: 8 horas-aula
[X] Ensino Fundamental [ ] Ensino Médio 8ºano
Conteúdos: Sistema digestório e Nutrição e Saúde.
Disciplinas envolvidas: Ciências
Objetivos
Objetivo Geral
Promover através da contextualização, conhecimento científico para subsidiar os alunos
dos 8º anos iniciais do Ensino Fundamental no processo ensino/aprendizagem,
oportunizando a participação ativa de todos e uma formação crítica sobre a importância da
alimentação saudável.
Objetivos específicos:
Reconhecer os órgãos que formam o sistema digestório.
Compreender o funcionamento do sistema digestivo e quais as doenças que este pode
sofrer devido a uma má alimentação.
Entender a funcionalidade dos diferentes tipos de nutrientes, vitaminas e sais minerais
99
para o perfeito funcionamento do corpo humano.
Identificar e localizar órgãos do corpo e suas funções, com ênfase na identificação das
regiões e funcionamento do sistema digestivo.
Conhecer as importâncias de todas as etapas da digestão.
Saber associar boa nutrição à vida saudável.
Metodologia
1. Para iniciar, a classe deve estar disposta em fila, da forma tradicional e acompanhar
através do livro didático as considerações do professor sobre o assunto.
2. Após, os alunos deverão realizar pesquisas sobre as principais doenças metabólicas
citadas pelo professor e apresentar na forma de texto na aula seguinte.
3. Será realizado uma discussão sobre sistema digestório, alimentação saudável e as
doenças pesquisadas.
4. Logo, os alunos ficaram em dupla para realização das atividades previstas no livro
didático, além das preparadas pelo professor.
5. Momento de correção das atividades e retirar dúvidas.
Recursos
Quadro branco
Pincel
Livro didático
Lápis de escrever e borracha
Leituras e atividades complementares
Avaliação
100
Como critério serão considerados os índices de envolvimento do aluno na atividade, seu
empenho em participar das atividades. Além da participação oral durante a discussão.
Bibliografia
BARROS, Carlos; PAULINO, Wilson. Ciências do 6º ao 9º ano. 3 ed. São Paulo: Ática,
2007.
BERTOLDI, Odete Gasparello; VASCONCELLOS, Jaqueline Rauter de. Ciência & Sociedade
do 6º ao 9º ano. 2ª ed. São Paulo: Scipione, 2006.
101
ANEXO 2 – PLANO DE AULA PRÁTICO
Formulário de Plano de Aula
DADOS
Escola: Centro Educacional de João Monlevade
Professora Fernando Marques Teixeira
Duração da atividade: 2 horas-aula
[X] Ensino Fundamental [ ] Ensino Médio 8ºano
Conteúdos: Sistema digestório e Nutrição e Saúde.
Disciplinas envolvidas: Ciências - Laboratório
Objetivos
Objetivo Geral
Promover através da contextualização prática, conhecimento científico para subsidiar os
alunos dos 8º anos iniciais do Ensino Fundamental no processo ensino/aprendizagem,
oportunizando a participação ativa de todos e uma formação crítica sobre a importância da
alimentação saudável.
Objetivos específicos:
Reconhecer os órgãos que formam o sistema digestório.
Compreender o funcionamento do sistema digestivo e as principais enzimas digestivas
participantes da digestão.
Conhecer alguns tipos de nutrientes existentes nos alimentos do cotidiano local.
Identificar e localizar órgãos do corpo e suas funções, com ênfase na identificação das
102
regiões e funcionamento do sistema digestivo.
Conhecer as importâncias de todas as etapas da digestão.
Saber associar boa nutrição à vida saudável.
Metodologia
1. Para iniciar, a classe ficará disposta em forma de U dentro do laboratório. Em seguida
será identificado através de indicadores químicos os nutrientes que estão presente em
alimentos como pães, trigo, batata, ovo, leite, carne, entre outros.
2. Após, os alunos com auxílio do professor, deverão informar o caminho percorrido por
esse alimento e alguns das principais enzimas que agem no corpo, especificando o local e
qual o produto da transformação desses alimentos.
3. Será realizado uma discussão sobre se os alunos estão de fato tendo uma alimentação
saudável e como se pode fazer para modificar essa alimentação em caso de ser ruim.
4. Por último com a utilização de figuras fornecidas pelo professor, os alunos deverão
montar uma pirâmide alimentar que seja adequada a boa saúde.
Recursos
Alimentos diversos do dia a dia.
Indicadores de nutrientes (iodo, HNO3, CuSO4(aq)...)
Modelo do sistema digestório
Figuras de Alimentos saudáveis e não saudáveis.
Cartolina ou folha branca.
Avaliação
103
Como critério serão considerados os índices participação e coerência nas respostas aos
desafios propostos. Além da participação oral e montagem de uma pirâmide alimentar
equilibrada.
Bibliografia
BARROS, Carlos; PAULINO, Wilson. Ciências do 6º ao 9º ano. 3 ed. São Paulo: Ática,
2007.
BERTOLDI, Odete Gasparello; VASCONCELLOS, Jaqueline Rauter de. Ciência & Sociedade
do 6º ao 9º ano. 2ª ed. São Paulo: Scipione, 2006.
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática
Produto desenvolvido no Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.
Dissertação: A FEIRA DE CIÊNCIAS COMO
ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTOS, ATITUDES E
PRÁTICAS NUTRICIONAIS SAUDÁVEIS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL.
Mestrando Fernando Marques Teixeira
Orientador Prof. Dr. Fernando Costa Amaral
Belo Horizonte
2015
INTRODUÇÃO
A relevância dos “Projetos de Trabalho” na escola com
foco nas “Feiras de Ciências”.
Muitas escolas estão adotando, a cada dia, diferentes estratégias
pedagógicas para responder a necessidade da formação do sujeito integral,
facilitando a construção da subjetividade para crianças e adolescentes, de forma
que possam criar estratégias e recursos para interpretar o mundo e escrever
sua própria história. Para isso, é preciso que a escola possibilite ao aluno, a
vivência de situações diversas que favoreçam seu aprendizado, capacitando-as
ao diálogo com a comunidade e à participação da vida em todos os seus âmbitos:
científico, cultural, social e político.
Dentro desse contexto, o uso de PROJETOS DE TRABALHO no ensino tem
figurado como instrumento importante contribuindo para práticas mais
eficazes dentro da escola. Mais do que apresentar um determinado conteúdo de
forma neutra, o professor pode discuti-lo e ampliá-lo retirando de si o papel
centralizador de disseminação da informação, passando para o aluno, o papel
de pesquisador na formação do seu próprio conhecimento. Desta forma essa
prática pedagógica traz em si uma filosofia de ensino que coloca o professor
como propositor, incentivador e orientador, e os alunos como pesquisadores e
divulgadores de conhecimentos, posturas e práticas.
As “FEIRAS DE CIÊNCIAS” ou “MOSTRAS CIENTÍFICAS” já foram mais
populares no Brasil, tendo seu ápice na década de 90. Contudo, ainda hoje, elas
são utilizadas por algumas escolas como estratégia pedagógica capaz de alterar
a rotina, muitas vezes enfadonha, das aulas expositivas, incentivar os alunos a
se tornarem protagonistas de seu aprendizado, desenvolvendo competências,
criticidade, autonomia, criatividade e espírito cooperativo na resolução de
problemas.
Deve-se buscar superar a falta de recursos financeiros e materiais, o
possível desinteresse dos alunos, a dificuldade dos professores em se
organizarem para a elaboração e desenvolvimento de propostas, as jornadas de
trabalho duplas e triplas que, aliada a premência na abordagem dos conteúdos
curriculares, representam possíveis obstáculos ao desenvolvimento de
atividades extracurriculares. Assim, os projetos de trabalho, como as “Feiras de
Ciências”, requerem mudanças na concepção de ensino-aprendizagem, na
postura dos professores, dos orientadores educacionais e da própria escola.
Destacamos também que, além do potencial formador e transformador para os
alunos, as “Feiras” favorecem a identificação dos alunos com a instituição de
ensino e divulgam a escola para a comunidade.
A importância do ensino de nutrição nas escolas.
Novos padrões de comportamentos alimentares decorrentes do
desenvolvimento social, científico e tecnológico, incentivados pela mídia
e assumidos por grande parte da população têm, nos últimos anos,
desencadeado alguns dos principais problemas de saúde pública no
mundo.
Em poucas décadas mudou-se o paradigma da desnutrição e da carência
alimentar para o da superalimentação, com quantidade excessiva de
calorias, desequilíbrios e deficiências nutricionais, além do uso
indiscriminado de aditivos em alimentos industrializados de
suplementos e moduladores metabólicos usados indiscriminadamente na
busca por padrões corporais socialmente determinados.
Em decorrência dos novos padrões alimentares e estilo de vida
observamos o desenvolvimento de novas epidemias como: obesidade,
sobrepeso, problemas cardiovasculares, diabetes, dentre outras, que
comprometem a saúde de uma população cada vez mais jovem. O
crescente número das patologias associadas ao padrão alimentar dos
indivíduos reclama por educação e estímulo para aquisição e manutenção
de hábitos alimentares saudáveis o mais precocemente possível na vida
de crianças e jovens.
Entendendo que parte da responsabilidade na formação desses hábitos e
posturas sociais cabe à educação escolar, como sugerido nos temas
transversais no PCN (BRASIL, 1998), e que apenas estudos em livros, aulas
expositivas e palestras não são normalmente capazes de produzir a
educação formativa e transformadora de atitudes que se almeja, é que
apresentamos esse “Roteiro de atividades”.
APRESENTAÇÃO
O presente “Roteiro Orientado” pretende servir como material de apoio
para orientar professores do Ensino Fundamental e Médio na elaboração,
desenvolvimento e avaliação de projetos de pesquisa e trabalho com culminância
em “Feira de Ciência”. E foi na forma de “produto” desenvolvido, aplicado e
avaliado no Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do
título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática, da Dissertação: “A FEIRA DE
CIÊNCIAS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA PARA A DISSEMINAÇÃO DE
CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS NUTRICIONAIS SAUDÁVEIS PARA ALUNOS
DO CICLO FUNDAMENTAL.”
A temática do projeto de pesquisa e trabalho “NUTRIÇÃO E SAÚDE” foi
escolhida dentre os temas transversais sugeridos pelos PCN, e devido a sua
relevância para a formação dos alunos dentro de um enfoque “Ciência Tecnologia
Sociedade e Ambiente” CTSA, que orienta para a relevância de aproximar o aluno
da interação com a ciência e a tecnologia e ambiente em todas as dimensões da
sociedade, oportunizando a ele uma concepção ampla e social do contexto
científico-tecnológico, sugerindo a necessidade do desenvolvimento de valores e
competências para a formação cidadã.
É fundamental transformar a educação científica num processo que permite aos
alunos a leitura do mundo e a interpretação/reflexão sobre os acontecimentos
presentes em nossa dura realidade. Não faz sentido concebermos uma educação
científica que não contemple os problemas dessa sociedade se fechando num
compartimento isolado onde só existem conceitos, fórmulas, algoritmos, fenômenos e
processos, a serem memorizados acriticamente pelos educandos. (TEIXEIRA, 2003, p.
101).
Embora esse roteiro sugira uma forma organizada para a execução dos
trabalhos, por meio de etapas pré-estabelecidas, ele não pretende mais do que
incentivar e orientar a estratégia pedagógica que pode comportar novas
abordagens e adequações temáticas e metodológicas. Para isso os professores
devem estar atentos às oportunidades fornecidas pelo momento histórico, pelas
demandas sociais e ambientais, e mesmo do grupo de alunos com suas
necessidades e possibilidades físicas, fisiológicas, psicológicas, suas visões sociais
e políticas.
Destacamos ainda que, opinião dos alunos e dos demais educadores na
escolha do tema e dos subtemas normalmente agrega o grupo, pois estão
trabalhando com assuntos desejado, favorece a participação e valoriza mais o
trabalho. Com os alunos se envolvendo e colocando a mão-na-massa desde a
elaboração até a execução do projeto, as chances de sucesso são maiores,
favorecendo não só a aquisição de conhecimento como também promovendo
mudanças de comportamentos e posturas, capazes de proporcionar uma melhor
saúde física e mental, aprimorando as relações interpessoais, e uma melhor
qualidade de vida para o aluno e para a comunidade.
1
A pedagogia de projeto requer uma MUDANÇA DE POSTURA EDUCACIONAL, um repensar da prática pedagógica, onde o PROFESSOR passa a ser o MEDIADOR DA APRENDIZAGEM.
No planejamento do projeto pedagógico devemos buscar ATIVIDADES SIGNIFICATIVAS E TRANSDICIPLINARES.
Quando elaboramos um projeto é FUNDAMENTAL ESTABELECER OS OBJETIVOS que desejamos e podemos alcançar com o trabalho, não só para estabelecer intenções pedagógicas e orientar os grupos de trabalho, mas para intervir no decorrer do processo e, na avaliação final confrontar o que foi objetivado com o que foi obtido.
O Planejamento do projeto de trabalhos a FLEXIBILIDADE deve ser contemplada de modo que o tempo e as condições para a sua execução sejam sempre reavaliados em função dos objetivos inicialmente propostos, dos recursos à disposição dos grupos e de eventualidades.
O projeto de trabalho é uma ATIVIDADE ORIENTADA em direção a um objetivo que dará sentido a várias atividades a serem desenvolvidas como os recursos materiais e humanos disponíveis resultando em diversas produções.
A busca de informações pelos alunos é orientada e O PROFESSOR NÃO APRESENTA RESPOSTAS PRONTAS.
O projeto permite a construção de uma ESCOLA INSERIDA NA REALIDADE E ABERTA PARA MÚLTIPLAS RELAÇÕES COM A SOCIEDADE.
As práticas desenvolvidas normalmente superam uma visão estática e descontextualizada, APOIANDO-SE NO REAL, NO CONHECIMENTO PRÉVIO DOS ALUNOS e no que querem conhecer.
Os alunos se comprometem a uma participação ativa e estabelecem um bom vínculo com o conhecimento.
Cada grupo é único, as propostas são diferentes e os participantes têm normalmente ritmos diferentes. Portanto UM TRABALHO NÃO DEVE SER COMPARADO COM O OUTRO.
O professor deve estar atento a
algumas características próprias
dos projetos pedagógicos para sua
implantação, gerenciamento e é
claro, SUCESSO!
2
Passo-a-passo: Elaborando a Feira de Ciências!
Nós aprendemos melhor quando
estamos prontos para aprender
O aprendizado é favorecido pela
aplicação.
Nós aprendemos melhor quando
os novos conhecimentos são úteis
e benéficos.
Aprendizado bem sucedido
estimula mais aprendizado.
Devemos saber ou conhecer para
fazer.
A prática e a aplicação são
requeridas.
Os projetos desenvolvidos são
baseados em necessidades e
relevância do momento.
A complexidade do projeto tende
a aumentar no seu
desenvolvimento.
INTENÇÃO PEDAGÓGICA - estabelecer seus objetivos pensando nas necessidades
e interesses dos alunos, para posterior instrução e problematização do assunto, direcionando a curiosidade e sugerindo a montagem de projetos, de forma dialógica.
PREPARAÇÃO E O PLANEJAMENTO - o professor, ou grupo de professores, deve orientar o desenvolvimento das principais atividades à serem desenvolvidas pelos
alunos definindo os tempos e datas para a execução das tarefas, as estratégia para coleta e análise dos materiais de pesquisa. Sugere-se ainda elaborar com os alunos
a o registro dos conhecimentos prévios sobre o tema, as possíveis dúvidas, questionamentos e curiosidades a respeito do tema, as fontes de pesquisa e sua qualidade, objetivando responder adequadamente aos questionamentos propostos,
contribuindo para a formação de competências, autonomia, e desenvolvimento de autoestima.
EXECUÇÃO OU DESENVOLVIMENTO - acompanhar e gerenciar a realização das atividades propostas com a participação ativa dos alunos, criando possibilidades para
sua construção de conhecimentos, competências, e posturas sociais.
AVALIAÇÃO PROCESSUAL E FINAL – a avaliação processual é fundamental para
dar o suporte que os alunos necessitam e corrigir rumos no decorrer dos trabalhos,
enquanto a final se presta a avaliar o projeto como um todo oportunizando aos
alunos externar de suas impressões, opiniões, conclusões, sugestões e sentimentos
a respeito do projeto.
3
.
Para escolha do tema “Nutrição e Saúde” o professor deverá
primeiramente fazer uma breve sondagem sobre a
importância do tema para a escola, os alunos e a comunidade
escolar, correlacionando a sua significância dentro de um
contexto nacional ou até mesmo mundial. Verificar se a
escolha dele se faz necessário para o atual momento vivido
por todas pessoas que se envolverão com o assunto. Caso
ainda esse não seja o momento de desenvolvimento do
projeto este pode ser postergado para uma nova
oportunidade.
Normalmente essa seria uma excelente oportunidade dos alunos do 8º do Ensino
Fundamental trabalharem diversos assunto que contemplem o tema em questão. Uma vez
que o conteúdo se faz presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais PCN para o Ensino
A escolha do tema subsidiará a escolha
dos subtemas, com sugestões dos
professores e dos alunos que devem
ser então analisadas e selecionadas de
acordo com o interesse as
possibilidades de execução das
mesmas.
4
Fundamental. O 9º ano também estaria apto a desenvolver este projeto uma vez que
possuem bases conceituais normalmente bem apuradas, adquiridas no ano anterior.
O esquema ilustra a possibilidade de escolha de outros temas transversais sugeridos pelo
PCN do ensino fundamental.
Envolver os alunos desta faixa etária nesse tema se justifica pelo fato dessa idade ser o
momento em que os alunos começam a se preocupar um pouco mais com o
desenvolvimento corporal, ingestão controlada ou não de alimentos, tomada de decisões
sem a consulta dos familiares e relacionamentos profundos com outras pessoas que podem
influenciar positiva ou negativamente a nutrição e saúde dos jovens. Além de definir alguns
hábitos alimentares que poderão se perpetuar durante a vida adulta.
Dentro do tema em questão podem ser trabalhados uma gama enorme de subtemas, nesse
momento é importante que o professor deixe o aluno apresentar suas ideias. Quando o
aluno tem a liberdade de escolher o assunto a ser trabalhado as chances de sucesso são
maiores, a possibilidade de aprendizado aumenta e os resultados alcançados são mais
satisfatórios. Caso seja necessário separamos uma lista de subtemas que podem servir de
opções aos alunos, lembrando que é importante que se ofereça essas opções somente
após os alunos tentarem escolher seus próprios assuntos.
Possíveis temas transversais
Destino das águas servidas
Poluição Qualidade de
vida
Solo e atividades
humanas Água, lixo, solo e saneamento
básico
Recursos
tecnológicos
5
O papel dos sais minerais e das vitaminas para a saúde humana.
Aproveitamento integral dos alimentos (evitando o desperdício)
Oficina de receitas - contribuições da comunidade.
O perigo dos excessos alimentares (de gordura; de sal; do álcool).
A bulimia e a anorexia (imagem corporal ou saúde?).
O perigo da suplementação alimentar e anabolizantes propagada por
academias de ginástica
Doenças que impõe restrição nutricional. (Diabetes, hipertensão,
Intolerância a lactose...)
Alimentos integrais ou processados (o caso do arroz e do pão)
(conservantes usados na indústria – em excesso
podem ser prejudiciais à saúde)
Verduras, legumes e frutas com defensivos agrícolas ou
orgânicas (como podemos evitar os defensivos a ingestão de
venenos agrícolas?)
Virtudes e problemas de diferentes alimentos.
Obesidade e desnutrição infantil.
Métodos de conservação dos alimentos. (Antigos e atuais)
Sucos e vitaminas naturais e seus benefícios à saúde.
(Oficina dos Sucos)
Cultura alimentar de diversos países do mundo.
Cuidados e higienização no preparo dos
alimentos - possíveis contaminantes.
Prática das atividades físicas associadas a boa
alimentação e seus benefícios na saúde do
indivíduo.
6
Interpretação de rótulos (Mostrando os percentuais de sal,
açúcar e gordura e conservantes nos alimentos
industrializados).
Doenças relacionadas a má alimentação. (Hipertensão,
sobrepeso, obesidade, gastrites e cânceres).
Onde mora o perigo dos “fast-foods”.
Pirâmide Alimentar orientando a nutrição equilibrada e mais saudável.
Alimentação na gestação, na infância, e para idosos,
dicas e cuidados.
Doenças nutricionais do passado recente.
Os perigos das propaladas “dietas milagrosas”.
“Cantina inteligente”, alimentos saudáveis e saborosos
dentro da escola.
Dentro das escolhas alguns fatores devem ser levados em consideração, pois podem ser
o diferencial na hora de um projeto dar certo ou não. Elementos como necessidade e
disponibilidade de recursos, espaço físico
disponível, número de integrantes de cada
grupo, complexidade dos subtemas, nível de
aprendizado e motivação dos estudantes,
envolvimento dos demais professores da
escola entre outros são importantes de
serem observados antes do
desenvolvimento das etapas do projeto.Com
esse levantamento prévio se pode ter noção
do tamanho e nível do trabalho a ser
elaborado.
Uma dica importante para se esquivar da falta de recursos é a promoção de atividades para
angariar fundos para elaboração da mostra. Gincanas, rifas, vendas de lanches alternativos
7
saudáveis podem funcionar muito bem, além de solicitação de produtos e serviços
solidários nos comércios próximos a escola.
Após a escolha do tema é o momento de se planejar e elaborar as estratégias que serão
utilizadas tanto para a pesquisa e desenvolvimento dos trabalhos quanto para a
apresentação. Nesse momento é sempre importante
mostrar aos estudantes quais os objetivos do projeto
e o que eles irão conquistar com seus esforços. Os
objetivos são bastante diversos, podem ser pessoais
ou coletivos, o qual merece destaque é a qualidade
de vida adquirida ao se levar a vida com alimentos
mais saudáveis. A oportunidade de se salvar vidas
que se entrelaçam com hábitos nada saudáveis.
Aprimorar a autoestima, tornando-se uma pessoa mais feliz. Além de se apoderar
da sensação de ser também um divulgador do conhecimento.
Importante lembrar das pesquisas e incentiva-las, pois deverão ser feitas para a coletar
dados e embasamento teórico para a elaboração dos trabalhos.
Recompensas nas mais variadas formas aos destaques da
“Mostras” são relevantes, tais como viagens, brindes, certificados,
confraternizações, trocas das temidas avaliações escritas por
avaliações de cada etapa do projeto permite que eles consigam
ativar regiões do cérebro responsáveis por aguçar os interesses
no trabalho em questão. Nesse sentido, estas e outras estratégias
que vierem a surgir podem ser importantes na questão
motivacional, item imprescindível para todo o processo acontecer perfeitamente.
8
A primeira estratégia a ser implantada é de capacitar os alunos
com os conteúdos pertinentes aos temas e subtema da feira.
Como isso pode ser feito? De várias maneiras, considera-se
importante reservar de 6 a 8 horas/aulas para conceituação
teórica do tema, explorando as principais biomoléculas
(Proteínas, Carboidratos, Lipídios, Vitaminas e sais minerais),
essa etapa bem executada é de suma importâncias para o
sucesso das etapas seguintes. Contribuirá por exemplo, para
que o aluno entenda o porquê de se limitar o consumo de certas
substâncias, como elas agem no organismo e ainda melhorar o
poder argumentativo do pré-adolescente, nesse período um
pouco limitado acerca do assunto.
Para ainda melhorar o embasamento, caso a escola tenha
disponível um laboratório de Ciências, é interessante que se execute
pelo menos 2 horas/ aulas práticas do conteúdo. Nesse momento
você estará estimulando o poder investigativo do aluno, e permitindo
que ele aprenda a seguir orientações para encontrar realizar um
experimento, e que este ainda possa ser diferente do previsto.
Após esses dois momentos, os pequenos cientistas estão
tecnicamente preparados para montar os seus trabalhos e demonstra-los em pequena
escala. Chegou então o momento deles prepararem os seminários. Podem ser bem
simples, para que os alunos melhorem suas escritas e premissas sobre os assuntos em
questão, podem ser sugeridos seminários com duração de 15 a 20 minutos por grupo, além
de uma parte escrita a ser entregue no ato da apresentação. Esse momento pode ser feito
de forma individual ou em pequenos grupos de três, quatro pessoas. Grupos reduzidos
tendem a fazer com que todos participem de efetiva nas atividades, gerar boas quantidades
de ideias e temas diversificados, e ainda possibilitar maior facilidade de observação pelos
professores no desenvolvimento de cada jovem em seus materiais produzidos. Grupos
grandes podem fazer com que os alunos se dispersem nos temas e ainda que uns alunos
façam o trabalho para os outros.
Outra estratégia que pode mobilizar os grupos e também toda escola é a criação de uma
cantina saudável dentro da escola. Pode-se aproveitar a tradicional que funciona dentro da
escola, e ao invés de vender lanches e guloseimas com baixo valor nutritivo e alto teor
9
calórico serem colocados alimentos naturais, como salada de frutas, sucos naturais,
vitaminas, alimentos integrais em geral. Essa implementação pode ser feita uma vez por
mês, ou por semana inicialmente, para que todos da escola se acostumem bem
vagarosamente com os novos hábitos da escola, evitando possíveis revoltas ou
insatisfações.
Vamos trabalhar! Essa etapa pode levar algumas
semanas e até meses, tudo depende da liberdade da
escola em se direcionar o tempo de aula única e
exclusivamente na execução das estratégias
escolhidas. Primeiro, o professor deve reservar
algumas de suas aulas para apresentação das suas
aulas teóricas sobre o tema, discussões e debates
são importantes para potencializar a aula. Em
seguida, sem esperar passar por muitos dias após as
aulas teóricas, aplique as aulas práticas, isso ajudará
o seu aluno a aperfeiçoar os conceitos recebidos na
aula teórica e despertar o cientista dentro de si,
estimulando seu potencial de pesquisador e
desenvolvedor de ideias.
Chegou a hora de o aluno assumir o comando e os professores intermediando as decisões,
ele deverá agora escolher subtemas dentro do tema Nutrição e Saúde, de preferência
assuntos que despertem maior interesse por parte dele, realizar pesquisas sobre o assunto
e apresentar para os próprios colegas de sala. Caso sinta que os alunos já estejam com
10
maior confiança, podem ser convidadas as turmas das séries seguintes para
acompanhamento dos trabalhos.
A cantina saudável também é importante durante todo processo, é uma maneira de incitar
toda a comunidade escolar para o tema selecionado. Importante criar um nome para a
cantina, por exemplo, Cantina Legal, Saudável, Inteligente, nomes vistosos podem
melhorar ainda mais a ideia. Em seguida, deve-se
elaborar o cardápio a ser oferecido, considerável
que seja diversificado com intuito de atender a
vários gostos. De posse do cardápio fazer o
levantamento das relevâncias desses alimentos
escolhidos na vida das pessoas como nutrientes
presentes, como se comportam dentro do
organismo, se ajudam ou não no tratamento de
doenças, se podem ser consumidos por todos
entre outros aspectos que se julguem necessários
e pertinentes ao público escolar. Elaborar painéis dessas informações e expor durante o
recreio podem gerar interesses dos alunos sobre o assunto. Outro aspecto a se considerar
no sucesso da cantina está em relação ao valor dos alimentos, preço justo nesse início é
sempre importante e pode atrair mais adeptos ao movimento.
No momento em que se deixa o aluno livre para realizar suas escolhas e construir seus
materiais poupáveis para apresentação no dia da
“Feira” começa-se a surgir diversos projetos
interessantes, basta agora você apenas direcionar o
barco que desloca a todo vapor! Dentro do tópico em
questão desse trabalho podem se destacar diversos
recursos que podem ser produzidos por alunos.
Cantina inteligente, onde serão oferecidos ao público
da mostra alimentos importantes para saúde (produto
que poderá ser aperfeiçoado ao longo de todo o
11
processo com culminância na feira). Clínica Legal, local no qual poderá servir de uma
triagem básica sobre a sua saúde atual, com a medição do peso, pressão, IMC com as
devidas orientações, tais como recomendar a procura de uma especialista para fazer o
analise oficial, além de esclarecimentos sobre diversas doenças relacionadas a má
alimentação. Oficina de sucos naturais, com receitas e dicas de alimentos promotores da
saúde. Interpretação dos rótulos, exposição de percentuais de açúcar, lipídeos e sal
presente nos alimentos industrializados utilizados no dia a dia das pessoas, com o propósito
de informar os males desses componentes em excesso no
organismo. Pirâmide alimentar, mostrando ao público as
diferentes prioridades alimentares em diversas culturas do
mundo, as mudanças das pirâmides alimentares ao longo dos
anos, vantagens e desvantagens de cada uma. Mostras dos
principais suplementos e anabolizantes usados por desportistas
famosos, ou pessoas comuns e seus efeitos a saúde.
Esses são alguns dos materiais que podem surgir após o
desenvolvimento de todas as estratégias propostas, os alunos
muitas vezes tem uma visão dentro do trabalho que nós mesmo
imaginamos, nos resta acompanha-los e direciona-los até o final desse processo.
É importante sempre valorizar os trabalhos desenvolvidos pelos alunos, mesmo aqueles
que não conseguiram atingir seus objetivos reais, atitude necessária uma vez que pode
servir de um estímulo para os próximos trabalhos a
serem feitos, seja no nível fundamental, médio ou
superior. Evitar equiparar trabalhos é uma boa maneira
de se evitar frustrações. Uma negativa nesse período da
vida pode refletir de forma ruim na vida do estudante por
um bom tempo.
As avaliações poder ser realizadas de diversas formas,
durante o desenvolvimento ou na culminância do
trabalho, sendo necessário ser feita de forma cuidadosa
a fim de se não causar injustiças com os alunos e mantê-
12
los sempre motivados. A primeira dica é convidar os professores das demais áreas para
poderem avaliar os alunos, principalmente durante o dia da mostra, momento pelo qual os
professores poderão ter melhor oportunidade de acompanhar os trabalhos. Uma análise de
pessoas que não estão envolvidas diretamente ao projeto podem apontar críticas
construtivas favorecedoras do crescimento intelectual dos estudantes.
Os educadores poderão avaliar através de notas, questionários com perguntas
direcionadas ao desenrolar do trabalho como: Achou o tema pertinente? Os alunos estavam
preparados para as apresentações? Os conteúdos estavam superficiais? Podem também
tecer comentários de formas espontâneas, o importante é conseguir uma opinião técnica
de pessoas que não participaram das etapas anteriores do projeto. Diretores e comissão
pedagógica podem também se envolverem com as avaliações, isto pode ser mais
motivador aos grupos.
Outra ideia é convocar os pais e familiares dos alunos para poderem fazer suas
considerações sobre os trabalhos dos filhos, para evitar constrangimentos entre pais e
filhos sugiro que os pais ponderem os trabalhos dos grupos que os seus filhos não estejam.
Durante as etapas de desenvolvimento dos trabalhados é pertinente fazer a avaliação dos
alunos pelos professores orientadores. A avaliação subdividida pode estimular o aluno
durante todo o processo, evitando que o aluno deixe tudo para a última hora, não se
esqueça de comunicar a ele que a avaliação ocorrerá durante todo o processo.
Por exemplo durante as aulas expositivas sobre os conceitos básico do tema podem ser
avaliados as participações e interesse dos alunos pelas aulas. No decorrer dos seminários
de aprofundamento podem ser avaliadas o desenvolvimento da comunicação, auto
confiança, criticidade, poder de iniciativa, diversidade de linguagens utilizadas para expor
o tema, competência em utilizar os recursos tecnológicos disponíveis, capacidade em
relacionar assuntos com o cotidiano dele.
Nas aulas práticas em laboratório também podem ter algumas ações dos alunos
qualificadas. Relatórios podem servir de instrumentos de avaliação e reflexão dos
conteúdos trabalhados em aluas teóricas. Relatórios podem organizar melhor as ideias
transmitidas pelo professor contribuindo para aperfeiçoamento dos aprendizado dos
alunos. Importante fazer anotações sobre as dificuldades e qualidades deles, facilitando a
vida do professor quando for necessário saber como interceder diante de alguma
dificuldade.
13
ALMEIDA, M. E. B. de. Como se trabalha com projetos (entrevista). Revista TV Escola. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, n. 22, mar./abr. 2002.
BARCELOS, N. N. S.; JACOBUCCI, G. B.; JACOBUCCI, D. F.. QUANDO O COTIDIANO PEDE ESPAÇO NA ESCOLA, O Projeto da Feira De Ciências “vida em sociedade” se concretiza. Ciência & Educação, v. 16, n. 1, p. 215-233, 2010.
BRASIL, 2006 Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica – Brasília Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de Apoio às Feiras de Ciências da Educação Básica: Fenaceb. Brasília. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/fenaceb.pdf, Acesso em: 03 de out. 2015.
BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Resolução/CD/FNDE Nº 38, de 19 de julho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE./
BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: 3o e 4o ciclos do ensino Fundamental: saúde. Brasília, DF, 1998. Disponível em: Acesso em: 07 jan. 2015.
BRASIL Ministério da Educação (MEC). Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de Apoio às Feiras de Ciências da Educação Básica. Brasília: MEC/SEB, 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/fenaceb.pdf. Acesso em: 1 abr.2015.
DORNFELD, Carolina Buso; MALTONI, Kátia Luciene. A FEIRA DE CIÊNCIAS COMO AUXÍLIO PARA A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA. Revista Eletrônica de Educação. São Carlos, SP: UFSCar, v. 5, no. 2, p.42-58, nov. 2011. Disponível em http://www.reveduc.ufscar.br.
GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 14, n. 50, p. 27-38, jan./mar. 2006.
HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
TEIXEIRA, P. M. M. Educação Científica e Movimento CTS no Quadro das Tendências Pedagógicas no Brasil. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v.3, n.1, p.88-102, ago. 2003.
VENTURA, Paulo Cezar Santos POR UMA PEDAGOGIA DE PROJETOS: uma síntese introdutória Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v.7, n.1, p.36-41, jan./jun. 2002.
WANDERLEY, E. C. Feiras de Ciências enquanto espaço pedagógico para aprendizagens múltiplas. 1999. 190f. Dissertação (Mestrado em Educação Tecnológica) -Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1999.