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Perguntas chave em ARTUR KATZ COORDENADOR: www.permanyer.com PERMANYER BRASIL PUBLICAÇÕES 2.ª Edição 2014

Perguntas chave em - SPO...C. Sternberg e C. Gil Ferreira Capítulo 3 O impacto do novo estadiamento 17 R.N. Younes Capítulo 4 Tratamento cirúrgico do câncer de pulmão 25 R. Beyruti

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Perguntas chave em

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“Material destinado à classe médica”www.permanyer.com

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A RT U R K AT ZCRM: 41625 – SPDiretor do Serviço de Oncologia Clínica Centro de Oncologia do Hospital Sírio‑LibanêsSão Paulo – SP

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Perguntas chave em

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© 2013 Permanyer Brasil Publicações, Ltda.Avenida Eng. Luiz Carlos Berrini, 1461, 4.o Andar

CEP 04571-011 São Paulo, Brasil

Edição impressa em Brasil

Contacto em Brasil:[email protected]

Celular: 55 11 6171-3597

© 2013 P. PermanyerMallorca, 310 - 08037 Barcelona (Catalunha). Espanha

Tel.: +34 93 207 59 20 Fax: +34 93 457 66 42

ISBN da colecção: 978-84-9926-411-0ISBN: 978-84-9926-566-7

Ref.: 1276AR131

Impresso em papel totalmente livre de cloroEste papel cumpre os requisitos de ANSI/NISOZ39-48-1992 (R 1997) (Papel Estável)

Reservados todos os direitos Sem prévio consentimento da editora, não se poderá reproduzir nem armazenar em um suporte recuperável ou transmissível nenhuma parte desta publicação, seja de forma eletrônica, mecânica, fotocopiada, gravada ou por qualquer

outro método. Todos os comentários e opiniões publicados são da responsabilidade exclusiva dos seus autores.

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100 perguntas chave em Câncer de Pulmão III

Aknar Calabrich CRM: 21855 – BA

OncologistaClínica AMO (Assistência Multidisciplinar em Oncologia)Salvador – BA

Alessandro Wassum Mariani CRM: 116960 – SP

Grupo de Neoplasias Pulmonares da Disciplinade CirurgiaFaculdade de MedicinaUniversidade de São PauloSão Paulo – SP

Bernardo Peres Salvajoli CRM: 138854 – SP

Departamento de Radioterapia Hospital do Coração (HCor) São Paulo – SP

Carlos Gil Ferreira INCA: 1003737

Laboratório de Pesquisa TranslacionalCoordenação de Pesquisa Clínica e Incorporação Tecnológica do Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA)Rio de Janeiro – RJ

Autores

Carlos Vita Abreu CRM: 70386 – SP

Departamento de RadioterapiaHospital Sírio‑LibanêsDepartamento de RadioterapiaInstituto do Câncer do Estado de São PauloSão Paulo – SP

Cinthya Sternberg INCA: 1003737

Laboratório de Pesquisa TranslacionalCoordenação de Pesquisa Clínica e Incorporação Tecnológica do Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA)Rio de Janeiro – RJ

Clarissa Maria Cerqueira Mathias CRM: 10770 – BA

Núcleo de Oncologia da Bahia Hospital PortuguêsSalvador – BA

Daniel Deheinzelin CRM: 48317 – SP

Departamento de CardiopneumologiaFaculdade de Medicina da Faculdade de São PauloNúcleo Avançado de TóraxHospital Sírio‑LibanêsSão Paulo – SP

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Autores

IV 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

Eldsamira Mascarenhas CRM: 16324 – BA

Núcleo de Oncologia da Bahia Hospital PortuguêsSalvador – BA

Gustavo Fernando Veraldi Ismael CRM: 82109 – SP

Departamento de Oncologia Clínica e HematologiaFundação e Hospital Amaral CarvalhoJaú – SP

Luiz Henrique de Lima Araujo CRM: 52.79732.4 – RJ

Departamento de Grupo de Tumores Torácicos Instituto Nacional de Câncer Núcleo de Oncologia Torácica do Grupo COIRio de Janeiro – RJ

Mauro Zukin CRM: 52.53835.3 – RJ

Grupo de Oncologia Toracica do Instituto Nacional de CâncerDiretor Técnico do Grupo COIRio de Janeiro – RJ

Riad N. Younes CRM: 51545 – SP

Departamento de Cirurgia da Faculdadede Medicina da Universidade de São PauloCirurgia Torácica dos HospitaisSírio‑Libanês e São JoséSão Paulo – SP

Ricardo Beyruti CRM: 26175 – SP

Grupo de Neoplasias Pulmonaresda Disciplina de CirurgiaFaculdade de MedicinaUniversidade de São PauloSão Paulo – SP

Robson Ferrigno CRM: 58149 – SP

Departamento de RadioterapiaHospital Israelita Albert EinsteinDepartamento de Oncologia ClínicaHospital Nossa Senhora de LourdesSão Paulo – SP

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100 perguntas chave em Câncer de Pulmão V

Índice

Apresentação VIIA. Katz

Capítulo 1Avaliação clínica do paciente de risco com câncer de pulmão 1D. Deheinzelin

Capítulo 2Classificação biológica dos tumores de pulmão 7C. Sternberg e C. Gil Ferreira

Capítulo 3O impacto do novo estadiamento 17R.N. Younes

Capítulo 4Tratamento cirúrgico do câncer de pulmão 25R. Beyruti e A. Wassum Mariani

Capítulo 5Radioterapia pós-operatória do câncer de pulmão 33C. Vita Abreu e Bernardo P. Salvajoli

Capítulo 6Tratamento neoadjuvante e adjuvante do câncer de pulmão 43A. Calabrich

Capítulo 7Opções de tratamento local para pacientes medicamente inoperáveis 51R. Ferrigno

Capítulo 8Tratamento sistêmico do câncer de pulmão de células não pequenas (primeira linha e manutenção) 57C. Mathias e E. Mascarenhas

Capítulo 9Tratamento sistêmico de segunda e terceira linhas do câncer de pulmão de células não pequenas 65M. Zukin e L.H. de Lima Araujo

Capítulo 10Opções atuais de tratamento do tumor de pulmão de pequenas células 73G.F. Veraldi Ismael

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100 perguntas chave em Câncer de Pulmão VI

Abreviaturas

ACC American College of CardiologyACCP American College of Chest

PhysiciansAHA American Heart AssociationAIT acidente isquêmico transitórioAJCC American Joint Committee on CancerALK anaplastic lymphoma kinaseANVISA Agência Nacional de Vigilância

SanitáriaASCO American Society of Clinical OncologyAVC acidente vascular cerebralBED dose biológica efetivaCPCNP carcinoma/câncer de pulmão de

células não pequenasCPPC câncer de pulmão pequenas célulasCTLA-4 Cytotoxic T cell–associated Antigen 4CTV volume-alvo clínicoDHL desidrogenase lácticaDLCO difusão de monóxido de carbonoEBUS Ultrassom BroncoscópicoECOG Eastern Cooperative Oncology GroupEEC extravazamento extracapsularEGFR receptor do fator de crescimento

epidérmicoEMEA European Medicines AgencyEUS Ultrassom EndoscópicoFDA Food and Drug AdministrationFISH hibridização in situ fluorescenteIASLC International Association for the

Study of Lung CancerICC insuficiência cardíaca congestivaIC intervalo de confiançaIMC índice de massa corporalIMRT radioterapia com modulação da

intesidade de feixesLung ART Lung Adjuvant Radiotherapy TrialNCCN National Comprehensive Cancer

Network

NF taxa de neutropenia febrilNLST National Lung Screening TrialN taxa de neutropenia grau III-IVOMS Organização Mundial da SaúdePAAF punção aspirativa por agulha finaPCI radioterapia profilática cranianaPCR Polymerase Chain ReactionPDL1 Programmed Cell Death Ligand 1PEM pemetrexedePET-TC tomografia com emissão de pósitronsPFS progression‑free survivalPORT radioterapia pós-operatóriappo predito pós-operatórioPS performance statusQT quimioterapiaRNM ressonância nuclear magnéticaRR razão de risco RT radioterapiaSBRT radioterapia estereotática corpórea

(Stereotactic Body Radiation Therapy)

SEER Surveillance, Epidemiology and End Results

SG sobrevida globalSLP sobrevida livre de progressãoSNC sistema nervoso centralSTS GTDB banco de dados da Sociedade

Americana de Cirurgia TorácicaTC tomografia computadorizadaTEMLA Transcervical extended mediastinal

lymphadenectomy TKI inibidor da tirosina-quinaseTR taxa de respostaUICC União Internacional Contra o CâncerVAMLA Video‑assisted mediastinoscopic

lymphadenectomy VI via intravenosaV/I vinorelbina ou ifosfamida

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100 perguntas chave em Câncer de Pulmão VII

A primeira edição do livro 100 perguntas-chaves em câncer de pulmão teve extraordinária aceitação entre os oncologistas brasileiros. Sua formatação peculiar e sua abordagem prática e objetiva dos problemas e dúvidas que enfrentamos no dia a dia tornam este livro diferente de todas as outras publicações que abordam este tema.

Por outro lado, a contínua divulgação de novos conhecimentos e informações nos obri-ga a uma constante atualização e revisão de nossas estratégias diagnósticas e terapêuticas. Consequentemente, vimos a necessidade de editar uma nova versão desta obra.

O tratamento do câncer de pulmão constitui um desafio constante e diário na prática do oncologista clínico. Desde a distribuição da primeira edição, foram publicados novos estudos abordando a questão do rastreamento de indivíduos de alto risco, e, portanto, estamos incluindo este importante tema nesta edição.

Os pacientes são tipicamente indivíduos tabagistas, com idade que varia entre 50 e 70 anos, frequentemente portadores de importantes comorbidades clínicas, com déficits de função respiratória e problemas cardiocirculatórios. A cuidadosa e meticulosa avaliação destes pacientes torna-se absolutamente indispensável, não apenas para definir quais pacientes reúnem condições clínicas de serem potenciais candidatos à ressecção cirúrgica, bem como nos obriga a discutir as opções terapêuticas para os pacientes medicamente inoperáveis.

É absolutamente imperioso discutirmos estratégias de estadiamento e metodologias de obtenção de tecido suficiente que nos permitam realizar um diagnóstico histológico e molecular. O reconhecimento de novas alterações moleculares vem revolucionando o tratamento da doença metastática e tornando a medicina personalizada uma realidade cada vez mais próxima de nossa rotina.

Na maior parte dos casos, o diagnóstico é realizado em uma fase de doença avançada, na qual a neoplasia é localmente avançada ou até mesmo metastática.

Desta maneira, neste livro procuramos abordar de forma prática e objetiva aspectos críticos e relevantes, presentes no dia a dia do oncologista, procurando responder de forma direta e objetiva 100 perguntas que estão presentes em nosso cotidiano profissional.

Os capítulos foram organizados procurando reproduzir o raciocínio clínico, de maneira a au-xiliar nossos colegas no processo da avaliação do paciente e da consequente decisão terapêutica.

No primeiro capítulo do livro, procuramos de forma concreta, objetiva e acessível ao oncologista discutir a metodologia e os critérios que devemos empregar para selecionar os pacientes potencialmente candidatos a cirurgias e ressecções pulmonares. Esta avaliação, realizada de maneira criteriosa e sistemática, permite melhor identificar os pacientes nos quais uma ressecção pulmonar pode ser realizada de forma segura, visando reduzir a morbimor-talidade dos procedimentos cirúrgicos potencialmente curativos.

O formato incomum deste livro, a meu ver altamente útil ao profissional envolvido com o tratamento de pacientes portadores de câncer de pulmão, constitui uma importante

Apresentação

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A. Katz

VIII 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

vantagem, pois aborda de maneira prática e objetiva as questões mais prevalentes e com as quais nos deparamos diariamente em nossa vida profissional, uma vez que não adota o padrão dissertativo habitual, por vezes enciclopédico e erudito, de muitos livros textos.

No desenvolvimento desta obra tivemos o privilégio de contar com profissionais altamente experientes e competentes em suas respectivas áreas, que atenderam imediatamente ao nosso convite e que compreenderam e implementaram com grande propriedade o formato proposto com interesse e entusiasmo. O resultado, a meu ver, é extraordinário e altamente instrutivo.

Espero que a segunda edição deste livro possa novamente surpreendê-los e agradá-los e que se revele tão interessante e útil para nossos colegas quanto tem sido para mim.

Boa leitura!

Artur KatzDiretor do Serviço de Oncologia Clínica Centro de Oncologia do Hospital Sírio‑LibanêsSão Paulo – SP

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100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 1

COMO REALIZAR SCREENING DE CÂNCER DE PULMÃO?

Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de cura. Esse axioma da oncologia foi comprovado em estudo para screening com tomografia computa-dorizada (TC) de baixa dose anual em fu-mantes de mais de 55 anos de idade e com mais de 30 anos-maço de tabagismo. Comparado com radiografia de tórax, o scre‑ening foi positivo em mais de 24% dos casos com TC versus 9% com radiografia. As taxas de falsos positivos para câncer ficaram aci-ma de 95%. No entanto, a taxa de diagnós-tico foi 13% (razão de risco [RR]: 1,13; in-tervalo de confiança [IC] 95%: 1,03-1,23) maior e a mortalidade por câncer foi 20% menor com TC1. Considerando a população de risco, o screening pode representar uma redução de 12.000 mortes por câncer de pulmão ao ano nos EUA2. Esse resultado estabeleceu que fumantes de alto consumo devem ser avaliados com TC anual por três anos consecutivos.

Após um resultado de imagem positivo, cerca de 5% dos pacientes acabaram sendo submetidos a um procedimento cirúrgico para diagnóstico e tratamento no primeiro ano. Nos casos de tumores em estádio I, a ressec-ção cirúrgica acabou sendo o tratamento único na maioria dos casos3. Esse resultado confirma que a ressecção cirúrgica anatômica

Avaliação clínica do paciente de risco com câncer de pulmão

D. Deheinzelin

segue sendo o tratamento mais efetivo para tumores de pulmão.

COMO AVALIAR O PACIENTE DE CÂNCER DE PULMÃO?

Dadas as suas características funcionais, as determinantes de ressecabilidade, a pos-sibilidade de diagnóstico de comorbidades, algumas passíveis de intervenção prévia, e as peculiaridades do tratamento, que pode en-volver mais de uma modalidade, é consenso que todo paciente com tumor de pulmão deve ser avaliado por uma equipe multidisci-plinar. Esta equipe é composta por um cirur-gião torácico, um oncologista, um radiote-rapeuta e um pneumologista4.

Sempre que plausível e possível, o objetivo do tratamento deve ser a ressecção. A mor-talidade é da ordem de 4 a 7% para lobec-tomias e 8-14% para pneumectomias5.

A avaliação pré-operatória pode reduzir não só os riscos de mortalidade, como tam-bém predizer os riscos de morbidades no pós-operatório. A presença de disfunção re-nal e de eventos cardíacos graves (arritmias, infarto agudo de miocárdio e insuficiência cardíaca descompensada) no pós-operatório de ressecção de câncer de pulmão eleva a mortalidade para mais de 30%6. Esse tipo de disfunção pode e deve ser avaliado previa-mente, e medidas agressivas de tratamento, principalmente de doenças cardiovasculares,

Capítulo 1

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D. Deheinzelin

2 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

devem ser tomadas anteriormente ao proce-dimento pulmonar7

A avaliação de função pulmonar, em par-ticular quando é possível predizer a função remanescente após a cirurgia, é fundamen-tal. Além de ser preditora de ressecabilidade e de mortalidade, a função pulmonar é pre-ditora de morbidade e qualidade de vida após o tratamento5.

COMO AVALIAR O RISCO DE EVENTOS CARDÍACOS?

O uso de escores obtidos a partir de da-dos obtidos na história e exame físico tem sido advogado. Recentemente o índice de risco cardíaco revisado foi adaptado para pa-cientes submetidos a cirurgias torácicas e va-lidado em população externa8. O índice é obtido com a soma dos seguintes itens:

– Creatinina sérica > 2,0 mg/dl; 1 ponto.– Doença cerebrovascular (acidente vas-

cular cerebral [AVC] ou acidente isquê-mico transitório [AIT]); 1,5 ponto.

– Doença isquêmica de miocárdio; 1,5 ponto.

– Indicação de pneumectomia; 1,5 ponto. Entre os intervalos 0,1-1,5, > 2,5 a curva

ROC demonstrou uma boa especificidade do teste. Uma vez identificados, pacientes com risco maior devem ser encaminhados para a investigação cardiológica, exceto quando a ci-rurgia é urgente. Quando a cirurgia é urgente, o uso de b-bloqueadores, mesmo sem diag-nóstico confirmatório de insuficiência coro-nariana, está associado à redução de risco.

Em cirurgias eletivas, esses pacientes de-vem ser avaliados com testes diagnósticos não invasivos de insuficiência coronariana e outras morbidades cardíacas, como disfunção valvar e arritmias, antes do procedimento torácico. Em particular as seguintes condições devem ser investigadas: síndrome coronária instável, infarto recente, insuficiência cardíaca conges-tiva classe III ou IV, bloqueios atrioventriculares, arritmias ventriculares e supraventriculares,

incluindo fibrilação atrial com frequência maior do que 100, estenose aórtica com gradiente maior que 40 mmHg ou área menor do que 1 cm2 e estenose mitral sintomática. Por se tratar de condições com implicações prog-nósticas na cirurgia, em caso de confirmação diagnóstica, a prioridade de tratamento deve ser discutida caso a caso. Pacientes com risco acima de um devem receber b-bloquea-dores no transoperatório sempre que possível9.

O PACIENTE DEVE PARAR DE FUMAR PARA A CIRURGIA?

Estudos randomizados mostram de ma-neira geral que a cessação de tabagismo antes da cirurgia está associada a uma redu-ção significativa de incidência de complica-ções no pós-operatório de cirurgias em geral. Em metanálise de cerca de 550 pacientes randomizados, esses resultados mostram uma redução de risco de mais de 40% (RR: 0,59; IC 95%: 0,41-0,85; p < 0,01). Mais ainda, é possível verificar que cada semana a mais de cessação se correlaciona com redução progressiva. E mais, os estudos mostram uma redução nas taxas de complicações ge-rais de pacientes não fumantes no momento da cirurgia versus fumantes ativos (RR: 0,76; IC 95%: 0,69-0,84; p < 0,001). Complica-ções pulmonares especificamente também têm uma redução significativa (RR: 0,81; IC 95%: 0,70-0,93; p < 0,003), bem como a frequ-ência de complicações de ferida cirúrgica (RR: 0,73; IC 95%: 0,61-0,87, p < 0,0006)10.

Estratégias que incluem aconselhamento, psicoterapia breve a adesivos de reposição de nicotina se mostraram efetivos para obter cessação de tabagismo e redução de com-plicações perioperatórias11.

COMO AVALIAR A FUNÇÃO PULMONAR?

Todo paciente candidato à ressecção pulmonar deve fazer uma prova de função

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Avaliação clínica do paciente de risco com câncer de pulmão

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 3

pulmonar. A espirometria é mandatória, porém o ideal é fazer uma prova completa com medida da difusão de monóxido de carbono (DLCO).

Quando os parâmetros de DLCO e de volume expiratório forçado em 1s (VEF1) es-tão acima de 80% do predito, o paciente pode ser encaminhado para ressecção até pneumectomia sem mais avaliações. Se es-ses parâmetros estão abaixo de 80% do predito, pode-se calcular o predito pós-ope-ratório (ppo). Neste caso, divide-se o valor predito obtido pelo número de segmentos pulmonares funcionais e multiplica-se este resultado pela diferença entre o total de segmentos funcionais e o número de seg-mentos ressecados. Vale lembrar que, caso não haja segmentos obstruídos, o número de segmentos normais é 19. Este cálculo vale para DLCO e VEF1, bem como para pa-râmetros de consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) obtido no teste de esforço cardio-pulmonar. Valores preditos pós-operatórios menores de 40% estão associados a altas taxas de morbimortalidade pós-operatória. Valores intermediários devem ser interpreta-dos com cautela, já que o VEF1 ppo tende a subestimar as mudanças mecânicas imedia-tas à cirurgia. Nesta fase ocorre uma dimi-nuição de ventilação causada pela dor, bem como uma redução da complacência da cai-xa torácica causada por edema e presença de drenos.

TODO PACIENTE DEVE FAZER TESTE CARDIOPULMONAR DE ESFORÇO?

O exame de avaliação de função pulmo-nar mais sensível é a realização de teste car-diopulmonar de esforço. Neste exame é me-dido o consumo máximo de oxigênio, que é uma variável determinada tanto pelo pul-mão, incluindo volumes e difusão, como pelo coração, ou mais precisamente, pelo fluxo sanguíneo no território pulmonar.

Quando o VO2 máx é maior que 75% do predito ou maior do que 20 ml.Kg-1.min-1, pode-se proceder para cirurgias até pneu-mectomia sem outros estudos. Quando o VO2 máx é menor do que 35% do predito ou menor do que 10 ml.Kg-1.min-1, qualquer ressecção está contraindicada.

Nos casos intermediários, deve-se calcu-lar o valor pós-operatório utilizando a fór-mula acima, ou, se possível, utilizando a porcentagem de fluxo medida em cintilo-grafia de perfusão. Quando o VO2 máx ppo é menor do que 35% do predito ou menor do que 10 ml.Kg-1.min-1, qualquer ressecção está contraindicada12.

QUAL O IMPACTO DE PROGRAMAS DE REABILITAÇÃO PULMONAR NO PRÉ-OPERATÓRIO?

Os estudos de programas de reabilitação em pré-operatório de câncer de pulmão em geral são de pequenos grupos de pacientes muito bem selecionados. Nestes estudos, o tempo e o tipo de reabilitação não são pa-dronizados, e, portanto, fica difícil extrapolar um impacto sistemático deste tipo de abor-dagem. Não existem estudos randomizados nem estudos que tenham avaliado o impac-to sobre variáveis como mortalidade e inci-dência de complicações.

Em duas séries com 13 e 12 pacientes, foi verificado um aumento de VO2 máx de aproximadamente 2,5 ml.Kg-1.min-1. Como vimos anteriormente, essa pode ser a dife-rença necessária para definir a ressecabilida-de de um paciente.

Além de melhorar a capacidade de exer-cício, programas de reabilitação e mesmo um único dia de fisioterapia respiratória têm sido associados em séries pequenas a menor tem-po de permanência e menor incidência de complicações específicas, como atelectasias.

A associação de fisioterapia pré e pós--operatória está relacionada, em uma série pequena e randomizada, a um aumento de

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D. Deheinzelin

4 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

volumes pulmonares quando comparados com o predito pós-operatório.

Em um estudo retrospectivo de mais de 780 pacientes submetidos à ressecção an-tes e depois de implementado um progra-ma de fisioterapia no pós-operatório, foi verificada uma redução de cerca de 3 vezes na incidência de complicações pós-opera-tórias em pacientes submetidos à fisiotera-pia (4,7 vs 15,5%). Este programa foi mais efetivo para aqueles com maior idade e me-nor VEF1, exatamente aqueles com maior morbidade13.

Na ausência de grandes estudos rando-mizados, podemos concluir que a reabilita-ção pré-operatória deve ser considerada em casos limite, não havendo consenso de sua indicação em todos os casos14. A fisioterapia respiratória no pós-operatório está sempre indicada.

É POSSÍVEL AVALIAR O RISCO DE FÍSTULA BRONCO-PLEURAL EM PÓS-OPERATÓRIO DE RESSECÇÃO DE CÂNCER DE PULMÃO?

Fístulas bronco-pleurais são uma das complicações mais temidas neste tipo de ci-rurgia. Além de acarretar maior mortalidade, a morbidade deste tipo de complicação é altíssima.

Avaliando mais de 600 pacientes em um centro e validando os resultados em outro centro, Brunelli, et al. criaram um índice que leva em conta idade maior do que 65 anos (1 ponto); presença de adesões pleurais (1 ponto); VEF1 menor do que 80% (1,5 ponto) e índice de massa corporal (IMC) menor do 25,5 kg/m2 (2 pontos). Utilizando esse esco-re foi observada uma incidência de fistulas de 0-1,4% dos casos com escore 0; de 5-6,7% em pacientes com escore 1; de 11-12,5% em pacientes com escore entre 1,5 e 3 e final-mente uma incidência proibitiva de fístulas que variou entre 25,7 a 29% dos casos com escore maior do que 3 pontos15.

Avaliando retrospectivamente o banco de dados de ressecções pulmonares da França, Rivera, et al. verificaram uma incidência global de 6,7% fístulas com mais de 7 dias de dura-ção em mais de 20.000 cirurgias. Sexo mascu-lino, IMC menor do que 24 kg/m2, escore de dispneia crescente, presença de adesões pleu-rais, tamanho da ressecção (segmentectomia vs lobectomia vs bilobectomia), ressecção de bolhas intraparenquimatosas, cirurgia redutora de volume e cirurgia em lobos superiores esti-veram associadas a maior risco de fístula16. Assim, variáveis de fácil obtenção na avalia-ção pré-operatória podem predizer fístulas e permitir medidas adequada de controle.

É POSSÍVEL AVALIAR O RISCO DE ÓBITO EM PÓS-OPERATÓRIO DE RESSECÇÃO DE CÂNCER DE PULMÃO?

A partir do mesmo banco de dados fran-cês, com mais de 18.000 ressecções para câncer de pulmão, Bernard, et al. verificaram que idade, sexo masculino, o escore ASA, performance status, VEF1 (porcentagem do predito), IMC, lado e extensão de ressecção, estádio, presença de bronquite crônica, do-ença coronariana (ICO), insuficiência cardíaca congestiva (ICC), alcoolismo, história prévia de tumor e finalmente cirurgia torácica an-terior estão relacionadas a maior mortalidade de forma uni e multivariada17.

Considerando somente pneumectomias, com base no banco de dados da Sociedade Americana de Cirurgia Torácica (STS GTDB), Shapiro, et al. analisaram mais de 1.200 pro-cedimentos e verificaram os seguintes predi-tores de morbidade e mortalidade (respecti-vamente incidência de 30,4 e 5,6%): idade maior do que 65 anos, sexo masculino, pre-sença de ICC, VEF1 < 60% do predito, pneu-monectomia extrapleural e quimiorradiote-rapia neoadjuvante18.

Com base nesse mesmo banco de dados, foi possível predizer maior risco de óbito em

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Avaliação clínica do paciente de risco com câncer de pulmão

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 5

ressecção pulmonar (18.800 procedimentos analisados) com as seguintes variáveis: pneumectomia, bilobectomia, escore ASA, performance status de Zubrod, presença de disfunção renal, quimiorradioterapia prévia, uso de corticosteroides, idade, cirurgia de urgência, sexo masculino, VEF1 (porcentagem do predito) e IMC.

Novamente, variáveis de fácil obtenção no pré-operatório podem predizer o risco de óbito e permitir maior clareza na programa-ção de cirurgias junto ao paciente portador de câncer de pulmão19.

QUAL O PROGNÓSTICO DE PACIENTES CANDIDATOS À RESSECÇÃO NÃO OPERADOS EM FUNÇÃO DA AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA?

Utilizando os critérios de função pulmo-nar descritos acima, Puente-Maestú, et al., na Espanha, estudaram três grupos de pa-cientes prospectivamente. Todos os pacien-tes tinham, à entrada, DLCO e VEF1 < 80% do predito. O primeiro grupo tinha DLCO e VEF1 ppo > 40% do predito (Grupo A), o segundo grupo apresentava ou DLCOppo ou VEF1 ppo < 40% ou ambos entre 30 e 40% do predito (Grupo B), e finalmente um ter-ceiro grupo com função semelhante à entra-da que não foi operado.

Os pacientes operados tiveram uma mor-talidade perioperatória de 6,4% e uma pro-babilidade de estar vivos em dois anos na regressão de Kaplan-Meier de 62%. Os gru-pos A e B tiveram uma incidência de morbi-dades semelhante; porém, uma mortalidade diferente (1,9% no grupo A vs 13,5% no grupo B), confirmando a habilidade do algo-ritmo proposto de identificar pacientes de risco. O dado mais importante é que, embora comparáveis em termos de idade e extensão da doença, os pacientes não operados tiveram uma probabilidade menor do que 20% de estarem vivos em dois anos, o que torna a

diferença entre operar ou não altamente sig-nificativa (p < 0,01). Embora pior função pulmonar no pós-operatório esteja associa-da de fato a maior risco, deve-se proceder, sempre que possível, a cirurgia para ressecção de câncer de pulmão20.

O uso de radioterapia acelerada de alta dose tem sido o tratamento indicado para pacientes cuja função pulmonar não permite ressecção cirúrgica. Não existem estudos randomizados para comparar a cirurgia com a radioterapia. Em estudos de séries, os pa-cientes submetidos à radioterapia são mais velhos e têm pior função pulmonar, o que modifica os estudos de sobrevida. Quando utilizadas correções por propensão para morrer, a radioterapia não se mostra inferior à cirurgia21.

Procedimentos radioterápicos influen-ciam negativamente a função pulmonar. O uso de radioterapia conformacional ou de irradiação de prótons esta associada à redu-ção de DLCO durante os primeiros 4 meses, nos 8 meses seguintes e após 1 ano. Nestes períodos, alguns pacientes apresentaram piora do FEV1, enquanto outros apresenta-ram até melhora. Esta variação independeu do tipo de técnica radioterápica. Portanto, pacientes com difusão muito limítrofes po-derão ter comprometimento funcional signi-ficativo, embora menor do que o verificado com cirurgia22.

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D. Deheinzelin

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19. Kozower BD, Sheng S, O’Brien SM, et al. STS database risk models: predictors of mortality and major morbidity for lung cancer resection. Ann Thorac Surg. 2010;90(3): 875-81.

20. Puente-Maestú L, Villar F, González-Casurrán G, et al. Early and long-term validation of an algorithm assessing fitness for surgery in patients with postoperative FEV and diffusing capacity of the lung for carbon monoxide < 40%. Chest. 2011;139(6):1430-8.

21. Jimenez MF, van Baardwijk A, Aerts HJ, et al. Effectiveness of surgery and individualized high-dose hyperfractionated accelerated radiotherapy on survival in clinical stage I non-small cell lung cancer. A propensity score matched analysis. Radiother Oncol. 2010;97(3):413-7.

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O CÂNCER DE PULMÃO TEM COMPONENTE HEREDITÁRIO?

Alguns tipos de câncer, como o de ovário e o de cólon, sabidamente podem ter um componente hereditário. No câncer de pul-mão, o papel da hereditariedade não está bem estabelecido; no entanto, possuir histó-ria familiar de câncer de pulmão aumenta o risco em certo grau. Casos de câncer de pulmão hereditários são mais frequentes em mulheres, não fumantes e pacientes com câncer de pulmão de início precoce (que ocorre antes dos 60 anos). Em geral, estima--se que 1,7% dos casos de câncer de pulmão até a idade de 68 anos seja hereditário1. Vários fatores estão associados ao câncer de pulmão hereditário, incluindo:

– Grau de parentesco: possuir parentesco de primeiro grau (pais, irmãos ou filhos) com pacientes de câncer de pulmão pra-ticamente dobra o risco de desenvolver a doença. Esse risco é maior para as mu-lheres e para fumantes. Ter um parente de segundo grau (tia, tio, sobrinho ou sobrinha) com câncer de pulmão aumen-ta o risco em cerca de 30%.

– Tabagismo: indivíduos fumantes que de-senvolvem câncer de pulmão são menos propensos a ter uma história familiar do que os indivíduos não fumantes que de-senvolvem câncer de pulmão. Dito isto, no entanto, para aqueles que têm uma

Classificação biológica dos tumores de pulmão

C. Sternberg e C. Gil Ferreira

predisposição genética para câncer de pulmão, o tabagismo parece aumentar esse risco.

– Tipo de câncer de pulmão: os estudos variam quanto aos tipos de cânceres de pulmão que têm o maior componente he-reditário, mas aqueles com câncer de pul-mão de células não pequenas (CPCNP) são mais propensos a ter uma história familiar de câncer de pulmão do que aqueles com câncer de pulmão de pe-quenas células (CPPC).

– Raça: negros com parentes de primeiro grau com câncer de pulmão têm um maior risco para a doença de início pre-coce do que os brancos. Esse risco au-menta em fumantes.

– Outros tipos de câncer hereditário: em geral, ter uma história familiar de outros tipos de câncer além do de pulmão não parece aumentar o risco de desenvolver câncer de pulmão. Por outro lado, aque-les que desenvolvem mais de um câncer primário do pulmão são significativamente mais suscetíveis a ter uma predisposição genética.

EXISTEM DIFERENTES SUBTIPOS MOLECULARES DE CÂNCER DE PULMÃO?

Sim. Inicialmente, o câncer de pulmão era classificado com base apenas em suas

Capítulo 2

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C. Sternberg, C. Gil

8 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

características histológicas. No entanto, a natureza extremamente heterogênea dentro das categorias histológicas de câncer de pul-mão tornou-se mais evidente ao longo da última década. Em geral, o câncer de pul-mão avançado é uma neoplasia agressiva com um prognóstico ruim, e a descoberta de múltiplos mecanismos moleculares subja-centes ao desenvolvimento, à evolução e ao prognóstico do câncer de pulmão, no entan-to, criou novas oportunidades para as tera-pias-alvo e o aumento de seus benefícios. Os diferentes subtipos moleculares de câncer de pulmão exibem diferenças no prognóstico, e as terapias específicas já estão disponíveis, tanto comercialmente como em caráter ex-ploratório, para pacientes portadores de di-versos subtipos moleculares.

QUE TIPOS DE ALTERAÇÕES MOLECULARES PODEM ACONTECER NO CÂNCER DE PULMÃO?

Amplificações e mutações do DNA são frequentemente observadas na etiologia do câncer de pulmão. As mutações no TP53 são detectadas em aproximadamente 50% de todos os casos de câncer de pulmão. Já as mutações no gene KRAS foram descritas como uma das primeiras alterações genéti-cas associadas a essa neoplasia e estão pre-sentes em 10-15% dos casos de CPCNP, mais frequentemente em adenocarcinomas (20-30%). Inicialmente, a identificação dessa mutação ganhou relevância diagnóstica, uma vez que estudos iniciais associaram es-sas mutações à resistência primária ao trata-mento com moléculas inibidoras do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR); no entanto, estudos posteriores não confir-maram tal associação, e o assunto continua em debate. Outra associação solidamente estabelecida reside entre mutações ativado-ras do gene EGFR e o tratamento bem-suce-dido com inibidores do EGFR. As mutações

estão presentes em aproximadamente 10-15% dos carcinomas do pulmão, principalmente em adenocarcinomas. Desde meados de 2009, a identificação de mutações no EGFR tem sido o requisito necessário para a primeira linha de tratamento com gefitinibe, um ini-bidor de EGFR. Dentro dos subgrupos de tumor com mutações ativadoras do EGFR, as taxas de resposta observadas são substan-cialmente mais elevadas do que as observa-das com a quimioterapia convencional. No entanto, após tratamento com inibidores de EGFR, parte dos pacientes desenvolve resis-tência que, em grande parte dos casos, está associada ao aparecimento de novas muta-ções no EGFR. Outras mutações que poten-cialmente podem-se tornar alvos terapêuti-cos em CPCNP ocorrem em BRAF e PI3K; no entanto, o percentual de incidência dessas é limitado (aproximadamente 2 e 1%, respec-tivamente). Além de mutações e amplifica-ções, os pacientes de CPCNP podem apre-sentar translocações importantes para o desenvolvimento tumoral. A translocação/fusão EML4-ALK (aproximadamente 4% em CPCNP) torna a quinase ALK constitutivamen-te ativada e, tal qual como ocorre ao longo de terapias com inibidores de EGFR, após uso de crizotinibe – um inibidor de ALK – os pa-cientes também passam a apresentar resistên-cia à terapia. Outra fusão recentemente rela-tada envolve o gene ROS1, que codifica uma proteína quinase receptora que se encontra translocada entre 1,7-2,6% dos casos de CPCNP. Afortunadamente, a presença de fu-sões de ROS também confere sensibilidade ao crizotinibe. No CPPC, amplificações de certos oncogenes foram confirmadas, espe-cialmente do gene MYC e, sabidamente, mui-tos destes tumores apresentam mutações em TP53. Mutações pontuais de ativação, tal como ocorrem no gene EGFR e KRAS, não foram observadas, fato esse que pode explicar porque abordagens que utilizam a terapia-al-vo molecular não foram bem-sucedidas até o presente nesse subtipo de câncer de pulmão.

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Classificação biológica dos tumores de pulmão

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 9

É POSSÍVEL QUE DIVERSAS ALTERAÇÕES SEJAM CONCOMITANTES EM UM MESMO TUMOR?

Alterações em KRAS, EGFR e EML4-ALK e fusões de ROS1 são consideradas como mutuamente exclusivas. Já mutações em TP53 e PI3K podem ocorrer em concomitância com outras mutações, como, por exemplo, em KRAS. Na literatura existem relatos de co-ocor-rência de mutações em KRAS e EGFR/KRAS e BRAF/BRAF e EGFR, e, embora esses casos sejam raros, podem chegar a perfazer 5% de algumas coortes. O significado clínico de tais achados deve ainda ser estabelecido.

O QUE SÃO BIOMARCADORES?

Biomarcador é uma molécula biológica, encontrada no sangue e em outros fluidos corporais ou tecidos, que é um sinal de um processo normal ou anormal, ou de uma condição ou doença. Biomarcadores tam-bém são referidos como marcadores mole-culares e assinaturas moleculares (quando analisados em grupo). Um biomarcador pre-ditivo indica o provável efeito do tratamento sobre o paciente (também chamado indica-dor de risco), um biomarcador de diagnósti-co revela se uma doença já existe no orga-nismo e o biomarcador prognóstico indica como uma doença particular pode progredir em um caso individual, independentemente de tratamento. Em oncologia, biomarcado-res tumorais são alterações genéticas, prote-ínas endógenas ou metabólitos cujas quan-tidades ou modificações são indicativos do estado do tumor, características de progres-são e resposta a terapias. Eles estão presen-tes em tecidos tumorais ou fluidos corporais e compreendem uma grande variedade de moléculas, incluindo fatores de transcrição, receptores da superfície celular e proteínas secretadas. A identificação, a validação e o estabelecimento de marcadores tumorais

eficazes têm sido o objetivo de um grande número de grupos e instituições de pesqui-sa, uma vez que os marcadores têm o po-tencial para reduzir as taxas de mortalidade por câncer, facilitando o diagnóstico de cân-cer em estágios iniciais e ajudando a indivi-dualizar os tratamentos. Durante a última década, uma melhor compreensão dos pro-cessos de carcinogênese e de progressão tumoral revelou um grande número de po-tenciais marcadores tumorais. Além disso, o uso de novas tecnologias, como micro arrays de tecidos e RNA, matrizes de anticorpos e espectrometria de massa, aumentou a ex-pectativa de que vários outros serão estabe-lecidos em um futuro próximo.

QUE TESTES MOLECULARES JÁ SÃO UTILIZADOS NA CLÍNICA?

A busca e o estabelecimento de novos biomarcadores nos últimos anos causaram uma revolução no entendimento molecular do CPCNP. Grande progresso tem sido feito na clínica, com a introdução de terapias-alvo anti-EGFR e antiangiogênicas. Esses avanços levaram ao desenvolvimento de uma multipli-cidade de biomarcadores preditivos e prog-nósticos disponíveis comercialmente. Em par-ticular, mutações no EGFR e translocações em EML4/ALK atingiram validação clínica e fo-ram incorporadas nos paradigmas atuais de tratamento. Assim, uma análise detalhada das características de base do paciente alia-da ao uso apropriado de exames disponíveis garante um aumento de benefício no trata-mento de rotina de pacientes com CPCNP.

COMO SÃO DETECTADAS AS MUTAÇÕES NO RECEPTOR DO FATOR DE CRESCIMENTO EPIDÉRMICO?

Sabidamente, a presença de mutações em EGFR prediz resposta clínica a terapias anti--EGFR. As mutações associadas ao aumento

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C. Sternberg, C. Gil

10 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

da sensibilidade a inibidores de EGFR são encontrados majoritariamente nos éxons 18 a 21 do domínio da tirosina-quinase do EGFR. Embora um espectro amplo de dife-rentes mutações se encontre catalogado em diversos bancos de dados alimentados por médicos e pesquisadores no mundo todo, dois tipos de alterações são mais comumente en-contradas: deleções curtas in frame no éxon 19, agrupadas em torno dos resíduos de ami-noácidos 747-750, e a mutação pontual L858R no éxon 21. Juntas, estas alterações perfazem aproximadamente 90% de todas as mutações ativadoras do EGFR encontradas em pacientes com CPCNP18,19. Outras mutações ativadoras menos frequentes incluem mutações pontuais no éxon 18 (incluindo mutações no códon 719) e mutações pontuais e inserções in fra‑me no éxon 20 (incluindo T790M – mutação que confere resistência à terapia com inibi-dores da tirosina-quinase [TKIs]).

Até recentemente, o padrão ouro para testar a presença de mutação no gene EGFR envolvia o sequenciamento direto de DNA extraído de amostras de tecido tumoral, ob-tidos por biópsia ou por análise do material de ressecção. Este material se apresenta, em geral, sob a forma de blocos de diagnóstico fixados em formalina e embebidos em para-fina. O sequenciamento direto, no entanto, tem uma baixa sensibilidade, além de ser um processo complexo e demorado – e seu su-cesso depende da normalização não somen-te das práticas de laboratório de diagnósti-co, mas também do manuseio, da estocagem e da manipulação geral na fase pré-analítica (isto é, todo o processo desde a obtenção da amostra até sua inclusão no bloco de parafina). Além disso, o tipo de material ob-tido também pode influenciar na obtenção dos resultados. Sabemos que, como a maior parte de nossos pacientes é diagnosticada em estádios avançados da doença, a grande par-te das biópsias é realizada através do método de punção aspirativa por agulha fina (PAAF), limitando assim a quantidade de material

disponível para análise molecular. Nos últi-mos anos, métodos alternativos vêm sendo desenvolvidos e já são utilizados em diversos centros diagnósticos. O mais utilizado e vali-dado é o método que utiliza kits “fechados”, que permitem apenas a testagem de certas variantes mais comuns do EGFR, ou seja, mutações novas ou pouco representativas não serão detectadas. Estes testes baseiam-se na tecnologia de Polymerase Chain Reaction (PCR) em tempo real, também permitindo o uso de material embebido em parafina. Este método tem a vantagem de oferecer resul-tados em um curto espaço de tempo, além de ter maior sensibilidade. No entanto, é uma tecnologia que agrega custo ao proce-dimento diagnóstico e exige equipamentos específicos que muitas vezes não estão dis-poníveis nas instituições.

O PROGNÓSTICO DE UM PACIENTE É DIFERENTE DEPENDENDO DAS DIVERSAS ALTERAÇÕES MOLECULARES?

– Mutações em KRAS: O KRAS está muta-do em aproximadamente 20% dos casos de câncer de pulmão, e cerca de 97% das mutações do KRAS em CPCNP en-volve os códons 12 ou 13. Mutações do KRAS são incomuns em carcinomas de células escamosas de pulmão. No entan-to, o significado prognóstico para a sobre-vida no câncer do pulmão de mutações nesse proto-oncogene ainda é controver-so. Recentemente, uma metanálise de mais de 53 estudos avaliou as mutações de KRAS em pacientes com CPCNP2. As mutações de KRAS foram identificadas como um fator prognóstico negativo com razão de risco (RR) para óbito de 1,40; intervalo de confiança (IC) 95%: 1,18-1,65. Entre adenocarcinomas, o subtipo histológico mais propenso a apresentar mutações no KRAS RR: 1,50; IC 95%: 1,26-1,80. Infelizmente, uma

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vez que todos os fatores prognósticos não estavam disponíveis para todos os estudos, os autores não foram capazes de realizar uma análise multivariada in-cluindo variáveis prognósticas, tais como estadiamento, performance status (PS) e perda de peso. O primeiro relato de ava-liação prospectiva de mutações do KRAS foi realizado como parte do estudo E3590, um ensaio randomizado no qual pacientes com estádios II e III de CPCNP foram randomizados para receber radio-terapia ou rádio e quimioterapia3. Foram identificados 24% de tumores com KRAS mutado nos 197 disponíveis para análise mutacional. No grupo de quimioterapia do estudo, os 70 pacientes que exibiam KRAS tipo selvagem apresentaram uma sobrevida mediana de 42 meses, em com-paração com 25 meses para os 20 pacien-tes com mutações em KRAS (RR selvagem KRAS mutantes: 0,59; p = 0,09). Em pa-cientes com bom estado geral, não houve significância prognóstica para as muta-ções de KRAS (RR: 1,08; p = 0,08, para KRAS tipo selvagem vs mutante). Além disso, na análise multivariada, a mutação KRAS não foi um fator prognóstico inde-pendente, sugerindo que essa não consti-tui um fator prognóstico distinto na amos-tra de pacientes com CPCNP ressecado.

– Mutações em EGFR: No estudo Tarceva responses in conjunction with paclitaxel and carboplatin (TRIBUTE), que compa-rou o tratamento com erlotinibe associa-do à quimioterapia vs quimioterapia iso-lada em CPCNP avançado, 228 de 1.079 pacientes dispunham de amostras de tumores analisáveis para status mutacio-nal do EGFR4. Mutações no domínio tiro-sina-quinase foram encontradas em 29 (13%) dos tumores; 25 (86%) foram de-leções sensibilizantes no éxon 19 e muta-ções pontuais L858R no éxon 21. Pacien-tes com tumores mutantes apresentaram resultados clínicos significativamente

melhores em todos os desfechos avalia-dos, incluindo sobrevida, em compara-ção com pacientes com tumores do tipo selvagem EGFR, independentemente da terapia. Vários outros estudos obtiveram resultados semelhantes, demonstrando que pacientes com CPCNP com muta-ções em EGFR têm um prognóstico mais favorável que os pacientes com tipo sel-vagem do EGFR5,6. Dado que em ne-nhum desses estudos os pacientes rece-beram tratamento com inibidores de EGFR, estes resultados sugerem forte-mente que a presença destas mutações é preditiva de melhor resultado para pa-cientes com CPCNP, independentemente de qualquer tratamento recebido.

– Fusão EML4-ALK: A fusão oncogênica EML4-ALK representa um dos mais no-vos alvos moleculares no CPCNP. Os pa-cientes positivos para EML4-ALK têm características clínicas e patológicas dis-tintas dos demais subgrupos moleculares de CPCNP. A frequência de EML4-ALK é particularmente elevada em fumantes leves ou não fumantes, sem mutação em EGFR. Em estudo recente, um total de 116 pacientes com EGFR tipo selvagem foram analisados. Desses, 39 (34%) pa-cientes apresentaram a fusão EML4-ALK. Pela análise multivariada, os pacientes que tinham bom PS (p < 0,001) e fusão EML4-ALK (p = 0,017) apresentaram uma sobrevida global (SG) maior. Assim, para pacientes com adenocarcinoma de pulmão com EGFR do tipo selvagem, a fu-são EML4-ALK está associada a maior SG7.

– Fusão ROS: Estas fusões são mais co-muns em indivíduos jovens, que nunca fumaram ou que eram fumantes leves, com histologia de adenocarcinoma. Em um estudo chinês, cerca de 2% dos pacientes com CPCNP apresentavam alguma fusão de ROS1 (total de pacientes = 392), fusão esta que preconizava uma mediana mais curta de sobrevida quando comparados a

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C. Sternberg, C. Gil

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pacientes com características equivalentes, mas que eram negativos para a fusão de ROS1 (32,2 vs 53.9 meses)14. No entan-to, um estudo japonês avaliando apenas 15 pacientes relata que a presença de fusão de ROS não prediz uma menor mediana de sobrevida, sendo esta similar a dos pacientes ROS1-negativos15. Uma vez que a descrição destas fusões é rela-tivamente recente, é necessário aguardar dados maduros de outros estudos para formular uma conclusão acerca do valor prognóstico dessas fusões.

EXISTEM TERAPIAS ESPECÍFICAS PARA OS DIFERENTES GRUPOS DE PACIENTES?

Com o avanço no entendimento da pa-tologia molecular do CPCNP, diversas moda-lidades de terapia específica para certos sub-grupos de pacientes emergiram no mercado.

– Terapia anti-EGFR: a expressão de EGFR por parte de algumas amostras de câncer de pulmão, as opções terapêuticas limi-tadas para o câncer de pulmão avançado e a disponibilidade de novos fármacos tendo como alvo o EGFR conduziram, no início da década, à realização de ensaios clínicos testando pequenas moléculas ini-bidoras do domínio tirosina-quinase do EGFR em pacientes com CPCNP não se-lecionados. Embora a grande maioria dos pacientes não tenha respondido, uma minoria mostrou diminuição dramática do tumor acompanhada por uma melho-ria sintomática. Tais efeitos foram mais comuns em asiáticos, mulheres e em pa-cientes com adenocarcinoma, especial-mente aqueles com áreas de carcinoma bronquialveolar. Essas observações fo-mentaram três estudos seminais que demonstram que os tumores que res-ponderam aos TKIs de EGFR gefitinibe e erlotinibe continham mutações somáticas no domínio tirosina-quinase do EGFR8-10.

As duas mutações do EGFR mais comuns são uma deleção no éxon 19 e uma mu-tação pontual no éxon 21 (L858R). Juntos, esses dois tipos de mutações são respon-sáveis por 90% de todas as mutações observadas do EGFR no CPCNP. Outras mutações recorrentes no EGFR, muito menos comuns, mas sabidamente asso-ciadas à sensibilidade aos TKIs do EGFR incluem as mutações no éxon 18 (G719x) e as mutações do éxon 21 (L861x) (onde x pode ser diversos aminoácidos). O ras-treio de mutações comuns no EGFR em pacientes com adenocarcinoma de pul-mão pode agora ser realizado em clínicas e laboratórios de diagnóstico molecular para prever quais pacientes responderão aos inibidores de EGFR11. Tais exames po-dem ser realizados em material de arquivo, bem como em biópsias com agulha fina.

– EML4-ALK: EML4-ALK é uma fusão de parte do gene EML4 com o gene da tirosi-na-quinase ALK, presente entre 4 a 5% dos casos de CPCNP, tornando a última cons-titutivamente ativa e com atividade on-cogênica. Ensaios clínicos investigaram o fármaco crizotinibe, um inibidor da ativi-dade de tirosina-quinase de ALK e de ou-tro proto-oncogene reconhecido, o c-MET, para o tratamento de CPCNP positivo para a fusão EML4-ALK. A presença de tais rearranjos é determinada por meio de hibridização in situ fluorescente (FISH) com a utilização de uma sonda do tipo break apart. Em estudo recente, foram avaliados 82 pacientes positivos para re-arranjos de ALK. Desses pacientes, 46 preencheram os critérios RECIST de res-posta parcial e 1 preencheu os critérios para uma resposta completa, com uma taxa de resposta geral de 57% (IC 95%: 46-68). Um grupo adicional de 27 pa-cientes (33%) preencheu os critérios para doença estável, incluindo cinco que tive-ram uma resposta parcial não confirmada e que foram classificados como tendo a

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doença estável, pois os resultados confir-matórios da tomografia computadoriza-da não estavam disponíveis até a data de corte. A taxa de controle da doença em 8 semanas foi de 87% (71 de 82 pacientes). Dos 82 pacientes, 6 (7%) tiveram pro-gressão da doença na época de seu pri-meiro re-estadiamento por imagem e dois pacientes apresentaram deteriora-ção clínica súbita, que provavelmente foi causada por complicações agudas da do-ença (trombose e hemorragia pulmonar aguda), e não podiam ser avaliados ra-diograficamente para a resposta12. Em agosto de 2011, o crizotinibe foi aprova-do pelo Food and Drug Administration (FDA), nos EUA, com base apenas em dados de estudos de fase I e II, uma vez que não existia terapia apropriada para o grupo de pacientes com a fusão.

– ROS: afortunadamente, a quinase ROS1 também é alvo de crizotinibe. No estudo PROFILE 1001, uma expansão da coorte incluiu 15 pacientes portadores da trans-locação de ROS1 e 14 deles puderam ser avaliados com relação à resposta, sendo que, destes, 83% foram submetidos a um ou mais tratamentos prévios. Os resultados mostraram 57,1% de taxa de resposta, incluindo um paciente que obteve respos-ta completa. A taxa de controle de doen-ça em 8 semanas foi de 79%, o que corresponde aproximadamente à resposta obtida em pacientes portadores de fusão de anaplastic lymphoma kinase (ALK) no mesmo estudo13. No entanto, pacientes ROS1 positivo tratados com crizotinibe também desenvolvem resistência a este fármaco, e o mecanismo descrito é a aquisição de mutações em ROS1.

– Imunoterapia: atualmente, a imunotera-pia consiste em uma grande promessa de tratamento do câncer de pulmão. O sis-tema imunológico age de maneira com-plexa, integrando sinais de ativação e repressão entre as células, além de estar

sujeito a muitos mecanismos de regula-ção, e certamente no paciente oncológi-co, o tumor influencia esta complexa interação. Assim, anticorpos imunomodu-ladores dirigidos contra o Cytotoxic T cell‑‑associated Antigen 4 (CTLA-4/CD152) e contra o Programmed Cell Death Ligand 1 (PDL1/CD274) mostraram eficácia em pa-cientes com câncer de pulmão, e tais da-dos preliminares sugerem uma relação entre a expressão de alvos (PD-L1 e CTLA-4) em células tumorais e a resposta objetiva observada. O estudo que utiliza anticorpos anti-PD-1 obteve respostas objetivas produzidas em cerca de um em quatro pacientes com CPCNP, melanoma, ou câncer renal, sem produzir efeitos ad-versos que impedissem seu uso. A taxa de resposta cumulativa (todas as doses) foi de 18% entre os pacientes com CPCNP (14 de 76 pacientes)16. Em outro estudo incluindo 204 pacientes e utilizan-do um esquema terapêutico que incluía ipilimumabe (anti-CTLA-4), foram obti-dos resultados promissores. No estudo, este anticorpo era administrado em fase com a quimioterapia padrão (duas doses de placebo mais paclitaxel e carboplatina, seguidas de quatro doses de ipilimumabe mais paclitaxel e carboplatina – progres‑sion‑free survival (PFS) de 5,1 meses; quando comparado ao regime sem ipili-mumabe – 4,2 meses)17. Este esquema apresentou aumento de PFS e, em conjun-to com outros dados, ressalta a importân-cia da realização de mais estudos clínicos utilizando estes imunofármacos.

É POSSÍVEL DESENVOLVER TERAPIAS DIRIGIDAS (TERAPIA-ALVO) PARA QUALQUER ALTERAÇÃO MOLECULAR ENCONTRADA EM PACIENTES?

A terapia-alvo consiste no uso de fárma-cos ou de outras substâncias que bloqueiam

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C. Sternberg, C. Gil

14 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

o crescimento e a disseminação do câncer através da interferência nas moléculas espe-cíficas envolvidas nos eventos de crescimen-to e progressão tumoral, sendo também denominadas terapias-alvo molecular. Cen-trando-se sobre alterações moleculares e celulares que são específicas do câncer, as terapias direcionadas podem ser mais efica-zes do que outros tipos de tratamento, in-cluindo quimioterapia e radioterapia, e me-nos nocivas para as células normais – o que tem como consequência direta uma toxici-dade diminuída quando comparada à de tratamentos padrão. Grande parte dessas terapias tem como foco as proteínas que estão envolvidas nas vias de sinalização ce-lular e que formam um complexo sistema de comunicação que regula as funções e as ati-vidades celulares básicas, tais como a divisão celular, a migração, as respostas a estímulos externos e morte celular. Ao bloquear os sinais que induzem tais eventos, as terapias--alvo podem ajudar a deter a progressão do câncer ou mesmo induzir a regressão da massa tumoral. O desenvolvimento de tera-pias específicas, por conseguinte, requer a identificação de alvos, isto é, moléculas que reconhecidamente desempenham um papel--chave no crescimento de células cancerosas e sua sobrevivência. Por essa razão, terapias específicas são, muitas vezes, referidas como sendo o produto de programas de desenho racional de fármacos. Os fármacos utilizados atualmente como terapias-alvo são peque-nas moléculas inibidoras ou anticorpos mo-noclonais. Pequenas moléculas são tipica-mente capazes de se difundir em células e podem atuar em alvos que são encontrados no interior destas. A maioria dos anticorpos monoclonais não pode penetrar a membra-na da célula plasmática, e esses anticorpos são dirigidos contra alvos que estão fora das células ou em sua superfície. Os candidatos para pequenas moléculas geralmente são identificados em estudos conhecidos como screening de fármacos, que constituem

testes laboratoriais em que são examinados os efeitos de milhares de compostos em tes-te sobre um alvo específico (exemplo: EGFR). Os melhores candidatos são, então, modifi-cados quimicamente para produzir inúmeras versões relacionadas, e estes são testados para identificar os fármacos mais eficazes e específicos. Como exemplos de fármacos gerados dessa maneira que já se encontram em uso no câncer de pulmão temos o ge-fitinibe e o erlotinibe. Já os anticorpos mo-noclonais são preparados, primeiro, por imunização de animais com moléculas-alvo purificadas. Os animais imunizados produzi-rão diversos tipos diferentes de anticorpos contra o alvo. Em seguida, as células do baço, cada um dos quais faz apenas um tipo de anticorpo, são recolhidas dos animais imunizados e fundidas com células de mie-loma. A clonagem de tais células fundidas gera culturas de células que produzem grandes quantidades de um único tipo de anticorpo, conhecido como um anticorpo monoclonal (exemplos: cetuximabe, trastu-zumabe etc.). Esses anticorpos são então testados para determinar os que melhor re-agem com o alvo. No entanto, antes que possam ser utilizados em seres humanos, os anticorpos monoclonais são “humaniza-dos”, substituindo, por meio de técnicas de engenharia genética, o máximo possível da porção animal do anticorpo por porções en-contradas em humanos. O processo de hu-manização do anticorpo é necessário para evitar o reconhecimento de tal molécula pelo sistema imune, o que causaria sua de-gradação antes da sua interação e subse-quente inativação da molécula-alvo contra a qual foi gerado. Com o aumento do conhe-cimento e da identificação de moléculas--chave no processo de carcinogênese e na progressão tumoral do câncer de pulmão, espera-se que vários novos fármacos já em testes sejam incorporados na clínica nos pró-ximos anos e que outros tantos sejam gerados a partir de dados provenientes de pesquisa

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Classificação biológica dos tumores de pulmão

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 15

translacional/clínica. Com a geração de uma pletora de terapias para cada um dos alvos já identificados como carros-chefes da tumo-rigênese pulmonar, eventualmente, os trata-mentos poderão ser individualizados com base no conjunto original de alvos molecu-lares produzidos pelo tumor de um paciente. As terapias-alvo também representam a pro-messa de terapias mais seletivas para as cé-lulas tumorais do que para as células normais, reduzindo os efeitos colaterais e melhorando a qualidade de vida.

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100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 17

POR QUE ESTADIAMENTO EM CÂNCER DE PULMÃO?

Os descritores do sistema TNM utilizado até recentemente para o estadiamento de vários tipos de tumores incluem o tamanho e o grau de invasão de tecidos adjacentes, a extensão do envolvimento linfonodal e a presença de disseminação à distância. O ob-jetivo desse tipo de classificação é essencial-mente de ajudar os oncologistas a planejar o tratamento, determinar o prognóstico e ava-liar os resultados de cada abordagem terapêu-tica, além de facilitar a troca de experiências entre instituições e centros oncológicos.

QUAL A NECESSIDADE DE UM NOVO SISTEMA DE ESTADIAMENTO?

O estadiamento de câncer de pulmão foi adotado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC), em 1966. Desde aquela data, revisões periódicas foram realizadas, sendo a primeira e mais significativa proposta por Clifton Mountain, baseada em informações oriundas de um único centro oncológico, o Centro de Câncer MD Anderson, em Houston, Texas, em arquivo de dado eminentemente cirúrgico. Nesse estudo, Mountain avaliou a evolução e o prognóstico de 2.155 pacientes, e, dessa análise, surgiu o estadiamento uti-lizado no mundo inteiro. Nas últimas décadas,

O impacto do novo estadiamento

R.N. Younes

esse sistema de estadiamento foi atualizado três vezes, sempre baseado no banco de da-dos do Dr. Mountain, que incluiu, em 1996, mais de 5.300 pacientes. Mas, até o presen-te sistema, as revisões dos estadiamentos sempre se basearam em séries relativamente pequenas, não validadas, de pacientes trata-dos em uma única instituição. Essas revisões foram necessárias, tendo em vista estudos, retrospectivos em sua maioria, mostrando que as mudanças nos métodos de estadia-mento, de tratamento e de coleta de dados identificaram detalhes nos descritores de cada item (TNM) que justificariam a reclassi-ficação e o agrupamento de estádios dife-rentes. Os estádios I, II, e III foram subdividi-dos em Ia e Ib, IIa e IIb, IIIa e IIIb.

Na última década, centenas de publica-ções alertavam para as limitações do último estadiamento de câncer de pulmão. A Inter‑national Association for the Study of Lung Cancer (IASLC) iniciou um grande projeto para responder a essas dúvidas. O projeto da IASLC teve por objetivo rever o estadiamen-to de câncer de pulmão, utilizando um ban-co de dados mais poderoso, atual e multina-cional. O resultado desse esforço representa as conclusões de um processo extenso e bem elaborado. Os avanços na análise ana-tomopatológica, com uso mais disseminado e frequente de métodos imuno-histoquímicos, no estadiamento por imagem, nos transope-ratórios, na radioterapia, na quimioterapia e

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na cirurgia, tiveram um impacto enorme no manejo dos pacientes com câncer de pul-mão, e, consequentemente, na evolução precoce e tardia. Esses fatores não tinham sido contemplados e analisados nas versões anteriores de sistemas de estadiamento. A necessidade de um novo estadiamento era óbvia.

QUAL FOI A METODOLOGIA EMPREGADA PELA INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR THE STUDY OF LUNG CANCER NA CONFECÇÃO DA 7.ª EDIÇÃO DO SISTEMA TNM DE ESTADIAMENTO E QUAIS SÃO AS DIFERENÇAS COM O ESTADIAMENTO PRÉVIO?

Um comitê internacional de estadiamen-to, criado pela IASLC, estabeleceu os objeti-vos de validar descritores individuais T, N e M, e os estádios e a possibilidade de gene-ralizar esse sistema para todos os países. O banco de dados criado incluiu informações de 46 arquivos preexistentes, oriundos de 19 pa-íses. Esses arquivos tinham sido criados, em cada localidade, por outros motivos que não o desenvolvimento de um novo sistema de estadiamento. Todos os pacientes (n = 100.869) tinham sido tratados entre as décadas de 1990 e 2000. Critérios de inclusão de cada paciente: diagnóstico de câncer primário (não recidiva), seguimento adequado para cálculo de sobrevida, histologia detalhada e dados completos de estadiamento clínico (cTNM) e/ou patológico (pTNM). Somente 81.015 pacientes (83,6% com câncer de pulmão de células não pequenas [CPCNP] e 16,4% com câncer de pequenas células [CPPC]) foram finalmente incluídos. As aná-lises foram realizadas no grupo de CPCNP, e os resultados aplicados aos dados de CPPC e carcinoides brônquicos.

A distribuição dos pacientes, de acordo com a origem, foi a seguinte: Europa (59%), América do Norte (18%), Ásia (15%)

e Austrália (8%). Não houve dados da Amé-rica do Sul ou da África. As modalidades terapêuticas foram cirurgia somente (36%), quimioterapia somente (21%), radioterapia somente (11%), melhor tratamento de su-porte somente (9%) e tratamentos com mais de uma modalidade (23%). O seguimento mediano foi de 5,3 anos, com 88% dos pacientes com CPCNP seguidos até a morte ou cinco anos. O estadiamento clínico foi determinado em 79,2% dos pacientes, en-quanto que 50,1% tiveram estadiamento cirúrgico, e 29,5% tanto estadiamento clíni-co quanto cirúrgico. O end‑point primário foi a sobrevida atuarial calculada pelo méto-do de Kaplan-Meier. Cada caso foi analisado em separado, e os achados validados. Para a validação externa, foi utilizado o banco de dados do Surveillance, Epidemiology and End Results (SEER), dos EUA. As validações interna e externa do valor prognóstico de cada fator foram realizadas utilizando mo-delos de regressão proporcional de Cox, de-terminando as razões de risco (RR).

QUAIS FORAM AS MUDANÇAS NO T?

T1 – tumores ≤ 2 cm em seu diâmetro maior são estadiados como T1a, aqueles > 2 cm e ≤ 3 cm como T1b. Tumores rode-ados de parênquima pulmonar ou pleura visceral, e lesões endobrônquicas sem inva-são proximal ao brônquio lobar são ainda considerados como T1.

T2 – tumores > 3 cm e ≤ 5 cm são estadia-dos como T2a. Tumores > 5 cm, mas ≤ 7 cm como T2b. Tumores com invasão da pleural visceral somente, atelectasia ou pneumonite obstrutiva lobar, assim como lesões envol-vendo brônquio fonte > 2 cm da carina, são todos considerados T2.

T3 – tumores > 7 cm, assim como nódu-los satélites no mesmo lobo do tumor pri-mário, ou afetando brônquio fonte < 2 cm da carina, com invasão local de pericárdio,

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100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 19

pleura mediastinal, parede torácica, diafrag-ma, sulco superior, e aqueles associados com atelectasia ou pneumonite obstrutiva de todo o pulmão, são considerados T3.

T4 – nódulos satélites ipsilaterais ao tu-mor primário, mas em outro lobo, invasão da carina, do mediastino, da traqueia, do coração, dos grandes vasos, do esôfago ou da coluna vertebral é considerada T4.

QUAIS FORAM AS MUDANÇAS NO N?

Apesar de a IALSC ter proposto um novo mapa linfonodal, não houve mudança nos descritores N no novo estadiamento. O

novo mapa inclui definições mais precisas (Tabela 1):

– Linfonodos supraclaviculares e da fúrcu-la esternal são agora classificados como nível 1.

– O limite entre os níveis 2 e 4 (paratraque-ais altos e baixos) foi alterado para o aspecto lateral da parede traqueal, e não mais a linha média, devido ao padrão de drenagem linfática.

QUAIS FORAM AS MUDANÇAS NO M?

Devido ao prognóstico distinto, as me-tástases intratorácicas, incluindo também

Tabela 1. Nova proposta da IASLC para a classificação das estações linfonodais

Estação Localização anatômica Proposta IASLC (zonas)

1 Cervical baixo, supraclavicular e fúrcula esternal Supraclavicular

2R Paratraqueal alto (direita) Alta

2L Paratraqueal alto (esquerda) Alta

3 a Prevascular Alta

3 p Retrotraqueal Alta

4R Paratraqueal baixo (direita) Alta

4L Paratraqueal baixo (esquerda) Alta

5 Subaórtico Aorto-pulmonar

6 Paraórtico (aorta ascendente, frênico) Aorto-pulmonar

7 Subcarinal Subcarinal

8 Paraesofágico (abaixo da carina) Baixa

9 Ligamento pulmonar Baixa

10 Hilar Hilar/interlobar

11 Interlobar Hilar/interlobar

12 Lobar Periférica

13 Segmentar Periférica

14 Subsegmentar Periférica

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20 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

disseminação pleural e pericárdica e as me-tástases pulmonares contralaterais, são consideradas M1a, enquanto que a disse-minação extratorácica, M1b.

QUAIS FORAM AS MUDANÇAS NOS ESTÁDIOS DE CÂNCER DE PULMÃO DE NÃO PEQUENAS CÉLULAS?

A IASLC introduziu importantes alterações nos estádios, baseado nos descritores TNM (Tabela 2). Comparado com o sistema prévio, UICC-6, o novo estadiamento conseguiu uma distribuição mais homogênea entre subgrupos e melhor separação de sobrevida entre os estádios, principalmente entre Ib e IIa e entre IIa e IIb. Esses resultados foram validados e confirmados em um grupo inter-no de 9.133 pacientes, além do banco de dados do SEER. Estima-se que entre 12 a 34%

dos pacientes com CPCNP experimentarão a migração entre estádios, com a aplicação do novo sistema de estadiamento (Fig. 1).

QUAIS SÃO AS LIMITAÇÕES DO NOVO SISTEMA DE ESTADIAMENTO?

Não há dúvida quanto à relevância, à importância e ao impacto do novo sistema de estadiamento introduzido pela IASLC. No entanto, o próprio Comitê Internacional de Estadiamento da IASLC reconheceu limita-ções inerentes à metodologia aplicada para a determinação dos grupos e subgrupos prognósticos. O fato de que as análises são retrospectivas, em bancos de dados criados para outros objetivos que não a determina-ção de novos descritores, foi apontado como o ponto mais vulnerável. Um número extra-ordinário de dados foi coletado sobre a

Tabela 2. Novo estadiamento (UICC‑7) de câncer de pulmão (negrito: alterações no novo estadiamento – parênteses, estadiamento prévio UICC‑6)

N0 N1 N2 N3

Descritor na UICC-6 Novo T/M Estádio Estádio Estádio Estádio

T1(≤ 2 cm) T1a IA IIA IIIA IIIB

T1 (> 2 e ≤ 3 cm) T1b IA IIA IIIA IIIB

T2 (≤ 5 cm) T2a IB IIA (IIB) IIIA IIIB

T2 (> 5 e ≤ 7 cm) T2b IIA (IB) IIB IIIA IIIB

T2 (> 7 cm) T3 IIB (IB) IIIA (IIB) IIIA IIIB

T3 invasão T3 IIB IIIA IIIA IIIB

T4 (nódulos no mesmo lobo) T3 IIB (IIIB) IIIA (IIIB) IIIA (IIIB) IIIB

T4 (invasão) T4 IIIA (IIIB) IIIA (IIIB) IIIB IIIB

M1 (nódulos pulmonares ipsilaterais) T4 IIIA (IV) IIIA (IV) IIIB (IV) IIIB (IV)

T4 (derrame pleural) M1a IV (IIIB) IV (IIIB) IV (IIIB) IV (IIIB)

M1 (pulmão contralateral) M1a IV IV IV IV

M1 (extratorácico) M1b IV IV IV IV

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Mortes/N MST 5 anosIA 1.168/3.666 119 73%IB 2.231/4.426 70 54%IIA 306/582 54 48%IIB 1.951/2.982 33 38%IIIA 2.348/3.091 23 25%IIIB 838/1.042 16 19%IV 146/103 18 21%

Mortes/N MST 5 anosIA 1.168/3.666 119 73%IB 1.450/3.100 81 58%IIA 1.485/2.579 49 46%IIB 1.502/2.252 31 36%IIIA 2.896/3.792 22 24%IIIB 263/297 13 9%IV 224/266 17 13%

Mortes/N Media em mesesIA 1.612/4.276 59IB 2.140/4.371 42IIA 282/493 34 IIB 1.082/1.685 23IIIA 2.684/3367 14IIIB 5.665/6.417 8IV 13.545/11.068 4

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Sobrevivência, anos

Mortes/N Media em mesesIA 1.612/4.276 59IB 1.474/3.265 48IIA 1.189/1.986 30IIB 878/1.409 24IIIA 4.024/5.102 14IIIB 2.282/2.522 9IV 12.551/13.101 4

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Sobrevivência, anos

Figura 1. Curvas de sobrevida do novo estadiamento. A: sistema de estadiamento anterior (UICC‑6), B: sistema de estadiamento novo (UICC‑7) (adapatado de Groome PA, et al. e Goldstraw P, et al. J Thorac Oncol. 2007;2(8):694-705. Goldstraw P, et al. J Thorac Oncol. 2007;2(8):706-14).

maioria das variáveis, mas algumas ficaram sub-representadas. Outro ponto de muita discussão foi o período de inclusão dos pa-cientes, quando técnicas modernas, como a tomografia por emissão de pósitrons (PET-TC),

não tinham uso rotineiro ao redor do mundo. Além disso, devido à limitação de tempo e de recursos, não foi possível auditar dados individuais de todos os arquivos submetidos à IASLC.

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22 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

Segundos tumores primários: a presença de tumores primários múltiplos não foi cla-ramente discutida. Diferenciar nódulos pul-monares metastáticos de segundos tumores primários pode ser muito difícil. Mais com-plexa fica a situação em que o nódulo pul-monar é identificado contralateral ao tumor primário, pois a situação do paciente pode passar de estádio IV para estádios precoces em duas neoplasias primárias. A decisão es-tratégica pode tirar do doente chances pre-ciosas de controle eficaz da doença a longo prazo.

QUAIS AS RECOMENDAÇÕES PARA O ESTADIAMENTO DOS TUMORES NEUROENDÓCRINOS DE PULMÃO (CARCINOIDE E CARCINOMA DE PEQUENAS CÉLULAS, OAT-CELL)?

Até recentemente, os pacientes com car-cinoides brônquicos não eram estadiados através do TNM clássico. Utilizando o ar-quivo de dados do Projeto de Estadiamen-to da IASLC, foram identificados 513 pa-cientes (76% com estadiamento detalhado), todos operados por tumores carcinoides. Devido ao número limitado de pacientes com carcinoides e estadiamento clínico, não foram introduzidas recomendações es-pecíficas, mas a IASLC sugere aplicar o sis-tema UICC-7 para o estadiamento dos car-cinoides. No entanto, foi iniciado um registro mundial prospectivo através do International Registry of Pulmonary Neuroendocrine Tu‑mors, que definirá o sistema TNM mais ade-quado.

Vários estudos, todos retrospectivos e in-cluindo pequenos números de pacientes com CPPC, têm demonstrado o impacto prognóstico do estadiamento TNM clássi-co. A IASLC incluiu no arquivo de dados 8.088 pacientes com histologia compatível com CPPC e estadiamento clínico completo (42,4% cM0). Desses, 349 foram submetidos

à ressecção completa (R0). Baseada nesses dados, a IASLC propõe que a classificação TNM UICC-7 deverá ser aplicada rotineira-mente nos pacientes com CPPC, junto com a estratificação por estádio. Esses resultados foram validados a posteriori em mais de 10.000 pacientes do Registro de Câncer da Califórnia, EUA, que confir-mou que a classificação UICC-7 separou de forma mais clara as curvas de sobrevida dos pacientes.

QUAL O FUTURO DO ESTADIAMENTO DE CÂNCER DE PULMÃO MUITO ALÉM DA EXTENSÃO ANATÔMICA?

O sistema de estadiamento UICC-7 de câncer de pulmão ainda hoje se limita a in-cluir dados de localização e extensão ana-tômica. Tumores de outras localizações já incorporam os demais fatores prognósticos no estadiamento, como idade, grau histo-lógico, marcadores patológicos e séricos. Estudos publicados na última década têm insistentemente identificado variáveis com forte correlação com prognóstico (sexo, idade, performance status, diferenciação histológica, marcadores tumorais histológi-cos e moleculares, como o receptor do fa-tor de crescimento epidérmico [EGFR], e até a captação padrão de 18FDG avaliada através do PET-TC). Nesse sentido, a IASLC iniciou um arquivo de dados internacional pros-pectivo, que incluirá dados detalhados so-bre muitos descritores que não puderam ser adequadamente avaliados no UICC-7, além de vários fatores prognósticos novos, planejando, assim, o estabelecimento do sistema de estadiamento de câncer de pul-mão UICC-8, a ser publicado em 2016. Para esse fim, a IASLC solicita a colabora-ção do máximo de centros médicos do mun-do, principalmente dos países e dos conti-nentes pouco representados no banco de dados atual.

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100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 23

QUAIS SÃO OS EXAMES RECOMENDADOS PARA ESTADIAMENTO CLÍNICO?

Devido à elevada frequência de doença disseminada em pacientes com CPNPC, re-comenda-se a avaliação detalhada de órgãos intra e extratorácicos. Atualmente, a dispo-nibilidade de centros de imagem no Brasil permitiu maior indicação e acesso à PET-TC (18F-FDG). Sua capacidade de avaliar a pre-sença de lesões suspeitas intratorácicas (pul-mões, pleura, mediastino), assim como em outros órgãos extratorácicos, o tornou o exame de escolha. Recomenda-se associar ressonância magnética de crânio para me-lhor avaliar a eventual presença de metásta-ses em sistema nervoso central (SNC). Para pacientes específicos ou regiões do Brasil sem acesso ao PET-TC, indica-se a tomogra-fia computadorizada (TC) de tórax e abdome superior, associada à ressonância de crânio e mapeamento ósseo. O estadiamento cor-reto dos linfonodos mediastinais tem papel fundamental na otimização do estadiamento clínico.

QUAL É A ACURÁCIA ESPERADA PARA A TOMOGRAFIA COM EMISSÃO DE PÓSITRONS COMPARADA COM TOMOGRAFIA CONVENCIONAL NO ESTADIAMENTO DO CÂNCER DE PULMÃO DE CÉLULAS NÃO PEQUENAS?

TC: sensibilidade de 51% (intervalo de confiança [IC] 95%: 47-54), especificidade 86% (IC 95%: 84-88).

PET-TC: sensibilidade de 75% (IC 95%: 69-79), especificidade 85% (IC 95%: 82-88).

O emprego de PET-TC melhorou o esta-diamento, evitando cirurgias e ressecções pulmonares fúteis, detectando doença me-tastática inesperada em 10 a 15%. Reco-menda-se, no entanto, confirmar a presença

de doença metastática por biópsia em lesões suspeitas identificadas nos exames de ima-gem. A possibilidade de resultados falsos--positivos não é desprezível em nosso país, devido ao elevado índice de doenças infec-ciosas e inflamatórias.

QUAIS SÃO AS OPÇÕES PARA ESTADIAMENTO INVASIVO E CONFIRMAÇÃO PATOLÓGICA DE DOENÇA EM LINFONODOS MEDIASTINAIS?

Para CPNPC com somente doença locor-regional identificada aos exames de imagem (PET-TC ou TC0, a avaliação mais precisa do acometimento linfonodal mediastinal pode ser realizada através de punção percutânea guiada por TC, biópsia por endoscopia asso-ciada a ultrassom (ultrassom broncoscópico [EBUS] ou ultrassom endoscópico [EUS]), mediastinoscopia cervical ou paraesternal, videotoracoscopia e até toracotomia, em ca-sos selecionados.

QUAL É A ACURÁCIA ESPERADA PARA OS VÁRIOS MÉTODOS DE ESTADIAMENTO INVASIVOS DO MEDIASTINO?

Mediastinoscopia: sensibilidade 78% (IC 95%: 76-79), especificidade 88% (IC 95%: 86-88).

Videotoracoscopia: sensibilidade 90% (IC 95%: 88-91), especificidade 93% (IC 95%: 90-95).

EBUS: sensibilidade 83% (IC 95%: 78-87), especificidade 97% (IC 95%: 96-98).

QUANDO SE INDICA A AVALIAÇÃO INVASIVA DOS LINFONODOS MEDIASTINAIS?

A avaliação histológica dos linfonodos mediastinais deve ser idealmente realizada sempre que possível em pacientes com

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24 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

tumores confinados ao tórax. A avaliação pré-ressecção pulmonar é imperativa quan-do se considera um tratamento neoadjuvan-te, ou quando se contraindica a ressecção cirúrgica, favorecendo o tratamento radiote-rápico (com ou sem quimioterapia) exclusivo. Por outro lado, durante a ressecção cirúrgica, independentemente da avaliação pré-opera-tória, recomenda-se a avaliação patológica do acometimento linfonodal regional. A IASLC sugere que um mínimo de seis linfo-nodos sejam avaliados para considerar a amostragem adequada, envolvendo as várias estações ganglionares mediastinais e hilares correspondentes à localização do tumor pri-mário.

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QUAL O PAPEL DA CIRURGIA NO TRATAMENTO DO CÂNCER DE PULMÃO?

O câncer de pulmão, assim como a maio-ria dos tumores, é uma afecção cujo trata-mento pode compreender mais de uma es-pecialidade. No entanto, cada uma delas tem uma fase (ou estádio) da doença, em que seu rendimento, quando aplicadas iso-ladamente ou em combinação, é maior e melhor.

Assim, o tratamento cirúrgico do câncer de pulmão encontra seu melhor resultado nas fases precoces da doença, mais especi-ficamente os estádios I e II, especialmente no primeiro, sendo nestas condições, sempre que possível, o tratamento de escolha.

Nos pacientes em estádio IA, com tumo-res menores que 2 cm (T1a), a sobrevida alcançada com o tratamento cirúrgico exclu-sivo pode chegar e mesmo superar os 90% aos cinco anos. Estes valores declinam pro-gressivamente à medida que o estádio da doença aumenta. De um modo geral, pode--se considerar a sobrevida no estádio I ao redor de 75% e no estádio II entre 55 e 40%, com esta forma de tratamento. Pacientes no estádio IA com tumores maiores do que 4 cm podem ser tratados com quimioterapia ad-juvante, assim como casos selecionados de pacientes em estádio IIIA, mesmo N2 (quando em cadeia única) e que podem

Tratamento cirúrgico do câncer de pulmão

R. Beyruti e A. Wassum Mariani

atingir sobrevida semelhante à observada no estádio IIB.

Já nos estádios mais avançados (IIIB e IV), o tratamento cirúrgico não tem papel tera-pêutico relevante, sendo por vezes utilizado com objetivo puramente paliativo.

QUAL O PAPEL DA RESSECÇÃO LIMITADA NO TRATAMENTO CÂNCER DE PULMÃO?

O estudo LCSG 801, realizado nos anos 1980, comparando prospectivamente lobec-tomia contra ressecção sublobar, mostrou uma frequência de recidiva local 3 a 4 vezes maior no grupo de ressecções limitadas, sem impacto na sobrevida. Já na literatura japo-nesa, em função dos programas de detecção precoce desenvolvidos naquele país, passou a publicar trabalhos em número crescente, mostrando os bons resultados obtidos com a ressecção sublobar, comparáveis aos da lobectomia. Deve-se levar em conta que, nestas publicações, procurava-se limitar o tamanho do tumor a ser tratado por esta técnica a 2 cm de diâmetro no má-ximo, tamanho este que mais recentemen-te foi referendado pela 7.ª edição do esta-diamento TNM para o câncer de pulmão. Desta forma, mesmo ainda sem os resulta-dos definitivos de estudos comparativos atualmente em andamento, podemos acei-tar a ressecção sublobar, acompanhada de

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26 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

amostragem linfonodal, como forma ade-quada de tratar tumores menores do que 2 cm, mesmo em pacientes clinicamente aptos.

QUAL É A MORTALIDADE MODERNA NA CIRURGIA DO CÂNCER DE PULMÃO?

Nos anos 1950-60, a indicação cirúrgica de pacientes com câncer de pulmão basea-va-se fundamentalmente na condição clínica do paciente. Não eram, naquela época, uti-lizados os critérios de indicação baseados no estadiamento TNM, e os pacientes eram operados indiscriminadamente. Isto, associa-do às condições de cuidados peri e transo-peratórios, determinava mortalidade entre 15 e 20%. A melhor seleção de pacientes, com o tratamento orientado pelo estadia-mento e as modernas técnicas de avaliação pré-operatória, de anestesia, de técnica ci-rúrgica com incisões menores e poupadoras da musculatura e de controle da dor pós--operatória, fizeram com que esta taxa caís-se para menos de 2% nas lobectomias mais complexas e abaixo de 1% nas ressecções menores, sendo a mortalidade da pneumo-nectomia não complicada entre 3 e 4%. Por faixas etárias, a mortalidade da lobectomia para pacientes com menos de 60 anos é inferior a 0,5%, subindo para 1,3% para aqueles entre 60 e 70 anos e 2,2% acima desta idade. As principais causas de óbito são a pneumonia e a insuficiência respiratória.

EXISTE LUGAR ATUALMENTE PARA A PNEUMONECTOMIA NO TRATAMENTO DO CÂNCER DE PULMÃO?

A pneumonectomia, como já menciona-do, determina a maior mortalidade operató-ria entre as ressecções pulmonares por câncer do pulmão, oscilando entre 3 e 4% nos casos não complicados. Com o adven-to do tratamento neoadjuvante para o câncer

do pulmão estádio IIIA, observou-se aumen-to significativo desta mortalidade, especial-mente nas pneumonectomias à direita, que pode chegar a 23% quando realizadas após a indução quimioterápica. Uma análise de subgrupo no estudo norte-americano Inter-group 0139 também mostrou excesso de mortalidade com resultados desfavoráveis, nos pacientes submetidos à pneumonecto-mia quando comparados aos lobectomiza-dos no tratamento tri-modal. Outro fator a ser considerado, quando na indicação de pneumonectomias, é a idade do paciente, havendo indícios de que existe um aumento significativo da mortalidade acima de 75 anos. De qualquer forma, continua existindo lugar para a realização de pneumonectomia no câncer de pulmão. No entanto, esta deve ser indicada de forma bastante criteriosa, e o cirurgião deve se empenhar ao máximo na preservação do parênquima pulmonar, lan-çando mão de técnicas como a bronco e arterioplastia.

QUAIS SÃO AS TÉCNICAS AVANÇADAS NA CIRURGIA DO CÂNCER DE PULMÃO?

Desde a primeira ressecção por câncer de pulmão realizada por Graham em 1939, uma pneumonectomia naquela oportunida-de, têm-se procurado aprimorar esta moda-lidade terapêutica com técnicas menos agressivas sem prejuízo dos índices de cura-bilidade. Assim, sucessivamente foram incor-poradas ao armamentário do cirurgião torá-cico, ressecções progressivamente menores, como a lobectomia, mais recentemente a segmentectomia, e as técnicas minimamen-te invasivas, representadas pela cirurgia to-rácica videoassistida e pela robótica. Impul-sionadas por estas últimas e utilizando instrumental nelas empregados, as toraco-tomias tornaram-se menores e menos trau-máticas. No âmbito das ressecções estendi-das para tumores avançados, técnicas foram

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incorporadas aos procedimentos tradicio-nais, entre elas as ressecções em manga (sle‑eve ressection) que permite a preservação de um ou mais lobos pulmonares em pacientes que potencialmente receberiam uma pneu-monectomia, as resseções da carina, da pa-rede torácica com sua reconstrução, as res-secções de partes da coluna vertebral e mesmo de grandes vasos (cava, aorta) e do coração, entre outras, realizadas com mor-bimortalidade e sobrevida aceitáveis em es-pecial nos pacientes N0.

COMO AVALIAR FUNCIONALMENTE O CANDIDATO À RESSECÇÃO PULMONAR?

O pré-operatório de um paciente candi-dato à ressecção pulmonar requer especial atenção para as funções cardiovascular e pulmonar. Isto porque a ressecção pulmo-nar diminui a área de parênquima pulmo-nar, o que pode ocasionar variados graus de insuficiência respiratória. Além disso, é alto o stress cardiovascular no perioperatório de uma cirurgia torácica, podendo precipitar

alterações como o infarto agudo do mio-cárdio ou o aparecimento de arritmias car-díacas.

A avaliação cardiovascular deve ser rigo-rosa, especialmente por ser a ressecção pul-monar uma cirurgia de grande porte e por a população alvo (pacientes com câncer de pulmão) apresentar, com frequência, fatores de risco concomitantes para a doença ate-rosclerótica, como tabagismo e idade avan-çada. Todos os pacientes devem ter um ele-trocardiograma (ECG) pré-operatório, já o ecocardiograma é aconselhável e se torna obrigatório caso o paciente apresente alte-ração na ausculta cardiológica.

A estratégia recomendada é a avaliação de risco padronizada, como, por exemplo, a descrita pela diretriz da American College of Cardiology and American Heart Associa‑tion e resumida na tabela 1. Pacientes clas-sificados com um fator maior ou com dois intermediários deverão passar por uma ava-liação cardiológica pormenorizada com es-pecialista.

Quanto à avaliação pulmonar, uma sim-ples prova de função pulmonar é suficiente

Tabela 1. Preditores clínicos de risco cardiovascular pré‑operatório (ACC/AHA)

Maiores – Síndrome coronariana instável – Insuficiência cardíaca descompensada – Arritmias significativas – Doença valvular grave

Intermediários – Angina pectoris (Canadian class I ou II) – Infarto do miocárdio prévio – Insuficiência cardíaca compensada ou presença de ondas Q – Diabetes mellitus (principalmente se insulino-dependente) – Insuficiência renal

Menores– Idade avançada– Anormalidades no ECG (ex.: hipertrofia ventricular esquerda, alterações de ST, bloqueio de ramo esquerdo) – Ritmo não sinusal (ex.: fibrilação atrial)– História de AVC – Hipertensão arterial não controlada.

Adaptado de Eagle, et al.

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se, para uma lobectomia, o VEF1 for maior que 1,5 l e, para uma pneumonectomia, o VEF1 for maior que 2,0 l. O American College of Chest Physicians (ACCP) recomenda a medida da difusão de monóxido de carbono (DLCO) para pacientes com queixa de dispneia ou com doença parenquimatosa nos exames radiológicos.

Pacientes com VEF1 ou DLCO menor que 80% do predito devem ter sua reserva fun-cional pós-operatória calculada por estudo de perfusão (quando pneumonectomia) ou pelo método anatômico com a contagem de segmentos a serem removidos (quando lo-bectomia). Um elevado risco de complica-ções, como insuficiência respiratória e óbito, é indicado se a estimativa pós-operatória de VEF1 ou do DLCO forem inferiores a 40% do predito.

Teste de exercício cardiopulmonar para me-dida do consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) deve ser realizado para definir o risco definitivo em pacientes com resultado de prova de função pulmonar não adequado. Um VO2 máx < 15 ml/kg/min indica um elevado risco de complicações pós-operatórias. Já um VO2 máx < 10 ml/kg/min representa uma con-traindicação quase absoluta a qualquer tipo de ressecção pulmonar.

Os dados quanto ao teste de escada ou ao teste de caminhada de 6min são limi-tados. Todavia, acredita-se que pacientes que não conseguem subir dois lances de escada apresentam alto risco de complica-ções. O teste de caminhada de 6min pode ser usado como triagem, mas não é reco-mendado pela ACCP como avaliação funcio-nal pré-operatória.

Também é importante a identificação e se possível correção de outros fatores de risco, como perda de peso (maior que 10%) e queda do status performance (maior que 2 pontos na escala da Organização Mundial da Saúde [OMS]). Para os pacientes com história de acidente vascular cerebral (AVC), a carótida deve ser estudada.

A LOBECTOMIA VIDEOTORACOSCÓPICA É ONCOLOGICAMENTE ADEQUADA?

A toracotomia é considerada como a via de acesso padrão no tratamento operatório do câncer de pulmão de células não peque-nas (CPCNP); todavia, a videotoracoscopia tem aparecido, principalmente na ultima dé-cada, como uma alternativa valiosa. Pro-põe-se que a lobectomia videotoracoscópica traria para estes pacientes os benefícios clas-sicamente atribuídos aos acessos minima-mente invasivos, como menor dor pós-ope-ratória, menor impacto na função pulmonar, menor tempo de internação.

Entretanto, ainda restam questionamen-tos se a lobectomia videotoracoscópica pode ser considerada similar à toracotomia nos quesitos relacionados à eficácia oncológica, como tempo de sobrevida e taxa de recor-rência.

Apesar de ainda não representar uma parcela muito expressiva das cirurgias para câncer de pulmão ao redor do mundo, sua realização tem crescido rapidamente, princi-palmente nos maiores centros, já respon-dendo por 32% das lobectomias realizadas nos EUA.

Um ponto importante e de consenso: não é qualquer paciente com câncer de pul-mão que se beneficia do procedimento. Por-tanto, a seleção dos candidatos é um passo muito importante. Todos os autores concor-dam que o candidato ideal seria o paciente com câncer de pulmão estádio clinico I, ou seja, pacientes com lesões pulmonares pe-quenas (T1) e sem sinais de comprometi-mento linfonodal. Uma metanálise de 2009 avaliou 21 trabalhos comparativos (2 rando-mizados e 19 não randomizados) entre a lobectomia por toracotomia e as realizadas por videotoracoscopia. Seus resultados de-monstraram a não existência de diferenças estatísticas entre as duas vias de acesso quanto à fistula aérea prolongada (p = 0,71),

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arritmias (p = 0,86), pneumonia (p = 0,09), mortalidade (p = 0,49) e recorrência locorre-gional (p = 0,24). Curiosamente o grupo videotoracoscopia sugere uma menor recor-rência sistêmica quando comparado com o grupo de toracotomia.

Conclui-se, pela evidência atualmente disponível, que a lobectomia videotoracos-cópica é uma alternativa segura e eficaz para tratamento cirúrgico de pacientes com CPCNP com estádio precoce.

COMO REALIZAR O ESTADIAMENTO PATOLÓGICO DO MEDIASTINO?

Entre os principais métodos para avalia-ção patológica do mediastino, temos a já consagrada mediastinoscopia, que permite ao cirurgião biopsiar principalmente as ca-deias paratraqueais e subcarinal. Atualmente esta técnica, descrita em 1950, tem ganha-do um substancial incremento técnico com o advento do videomediastinoscópio, recur-so cada vez mais utilizado pelos cirurgiões torácicos. Algumas variações do método, como as chamadas Video‑assisted mediasti‑noscopic lymphadenectomy (VAMLA) e Trans‑cervical extended mediastinal lymphadenec‑tomy (TEMLA), têm sido propostas por alguns autores; porém, ainda não existem dados conclusivos sobre o quanto estas mo-dificações técnicas podem melhorar a já alta sensibilidade da mediastinoscopia e o quan-to agregam de morbidade.

O Ultrassom Endoscópico (EUS) é um método que associa uma sonda de ultras-som à ponta de um endoscópio. Através do esôfago, ele permite um acesso seguro para biópsia com agulha fina (permitindo apenas avaliação citológica) para linfono-dos maiores que 3 mm, com acesso às cadeias 3P, 7, 8. Além disso, o EUS também permite acesso para biópsia de adrenal es-querda e fígado. Este método tem uma boa especificidade; porém, tem valor preditivo negativo baixo.

Após o advento do EUS, desenvolveu-se uma versão que pudesse percorrer a via aé-rea, o chamado Ultrassom Broncoscópico (EBUS). Este aparelho funciona de forma se-melhante ao EUS; porém, como é introduzi-do pela via aérea (traqueia e brônquios), permite um acesso mais amplo às cadeias linfonodais mediastinais (cadeias 2, 3, 4, 7, 10, 11). Em estudo publicado com 502 pa-cientes, o EBUS demonstrou uma sensibili-dade de 92% com especificidade de 100% e nenhuma ocorrência de complicações.

A videotoracoscopia pode ser utilizada para biópsia de linfonodos mediastinais (principalmente cadeias 5 e 6) e também para comprovação de possível comprometi-mento pleural pela neoplasia. Outra utilida-de importante da videotoracoscopia é pro-duzir informações sobre o tamanho, a localização e a relação do tumor com outras estruturas, como artéria pulmonar, pericár-dio e aorta, isto para os casos em que os exames de imagem deixam dúvidas.

Por fim, a toracotomia é também uma forma de estadiamento do câncer de pul-mão, sendo o padrão ouro para a compara-ção dos outros métodos quando se estuda especificidade e sensibilidade.

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS NA CIRURGIA DO CÂNCER DE PULMÃO?

As principais complicações no pós--operatório de cirurgias pulmonares po-dem ser agrupadas em pulmonares e não pulmonares.

Entre as complicações pulmonares, a mais frequente é a fístula aérea prolongada, que em algumas séries chega a 22% dos casos, geralmente tem curso benigno, não necessitando de tratamento específico. Uma variação de maior gravidade, felizmente in-frequente, é a fístula do coto brônquico, que pode gerar aparecimento de empiema pleural.

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A pneumonia bacteriana é uma complicação temida, pois pode determinar quadros gra-ves com sepse e óbito.

A atelectasia é uma condição que deve ser firmemente combatida com analgesia e fisioterapia respiratória, pois, dependendo de seu tamanho, pode ocasionar insuficiência respiratória aguda ou propiciar o apareci-mento de pneumonia. Outras complicações pulmonares mais raras (com frequências me-nores que 5%) são broncoespasmo, sangra-mento pós-operatório, síndrome do descon-forto respiratório do adulto, derrame pleural e embolia pulmonar.

Entre as complicações não pulmonares, as cardiovasculares figuram como as mais importantes: as arritmias cardíacas represen-tam as mais frequentes e o infarto agudo do miocárdio a de maior gravidade. A correta avaliação cardiológica no pré-operatório e a realização de medidas de intervenção (por exemplo, o uso de b-bloqueadores em pa-cientes selecionados ou a revascularização do miocárdio) são as medidas de prevenção mais importantes.

Outras complicações mais raras incluem AVC, trombose venosa profunda e infecção da ferida operatória.

QUAL É A MELHOR FORMA DE ABORDAGEM PARA AS CADEIAS MEDIASTINAIS NA CIRURGIA PARA O CÂNCER DE PULMÃO: LINFADENECTOMIA RADICAL OU AMOSTRAGEM LINFONODAL?

A dissecação linfonodal é um tempo ope-ratório importantíssimo no tratamento cirúr-gico do câncer de pulmão, sua realização garante o preciso estadiamento patológico do paciente e sua eventual necessidade de tratamento adjuvante. Todavia, qual seria a sua melhor forma de realização foi motivo de debate por muitos anos.

Recentemente, um estudo foi importante para nortear esta decisão: o ACOSOG Z0030.

Nele foram estudados 1.111 pacientes ran-domizados para linfadenectomia radical ou amostragem linfonodal. Seus resultados de-monstraram que não houve diferença entre as duas modalidades no que tange a sobre-vida, aparecimento de recorrência local e índice de complicações.

É importante salientar que, para que a amostragem linfonodal seja considerada se-melhante à linfadenectomia radical, preci-sam-se observar as seguintes recomenda-ções: biopsiar pelo menos três cadeias N2 e obrigatoriamente biopsiar a cadeia 7, sub-carinal.

QUAL O PAPEL DO TRATAMENTO OPERATÓRIO NO CÂNCER DE PULMÃO AVANÇADO?

No câncer de pulmão avançado, os índi-ces de cura são bastante baixos com qual-quer das modalidades terapêuticas disponí-veis (cirurgia, quimioterapia e radioterapia), e o objetivo do tratamento na maioria das vezes é somente o de aliviar sintomas (palia-ção), melhorando a qualidade de vida destes pacientes. O tratamento operatório, que nestas condições tende a ser mais agressivo, extenso e, portanto, expondo o paciente a maior risco sem perspectiva de cura, deixa de ser indicação, em favor da quimio e/ou radioterapia, tratamentos menos traumáti-cos e com menor morbidade.

No entanto, existe algum espaço para operações paliativas em condições que põem em risco a vida do paciente, como ocorre, por exemplo, na compressão das vias aérea, na compressão cardíaca, invasão da coluna e canal medular, hemorragias etc., situações estas em que se procura aliviar ou eliminar o problema da forma menos traumática pos-sível, sem preocupação com a retirada de todo o tumor.

Outra condição na qual o tratamento operatório pode ser empregado, desta feita com intenção de cura, é nos tumores do

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Tratamento cirúrgico do câncer de pulmão

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pulmão localmente avançados, desde que descartadas as metástases à distância e para os gânglios linfáticos do mediastino. As si-tuações mais frequentes em que este tipo de intervenção está indicado são aquelas em que ocorre a invasão da parede torácica e de estruturas do mediastino passíveis de ressecção. Estes procedimentos são geral-mente complementados por quimio e/ou radioterapia.

É RECOMENDADO O RASTREAMENTO DO CÂNCER DE PULMÃO?

Sim. Embora vários estudos do passado, utilizando radiografias simples e periódicas do tórax associadas eventualmente à citolo-gia do escarro, em pacientes de risco para o câncer de pulmão, não tivessem mostrado nenhum benefício especialmente na sobre-vida dos pacientes rastreados em relação aos não rastreados, dados da literatura médica japonesa, há mais de três décadas, já eviden-ciavam a grande diferença na detecção do câncer de pulmão em fases iniciais (precoce), quando se empregava a tomografia compu-tadorizada para este fim, se comparada à radiografia simples do tórax.

O real benefício do rastreamento do cân-cer de pulmão ficou definitivamente de-monstrado no estudo National Lung Scree‑ning Trial (NLST), realizado com pouco mais de 50.000 voluntários nos EUA, com idade entre 55 e 74 anos de idade e história de tabagismo atual importante (30 maços-ano) ou que tenham descontinuado o vício a não mais de 15 anos. Este estudo demonstrou uma redução relativa da mortalidade em 20% dos pacientes rastreados com tomo-grafia em relação ao grupo controle. Desta forma, podemos assumir que para a popu-lação de risco para o câncer de pulmão, como a avaliada no NLST, o rastreamento com tomografias periódicas (anuais) é reco-mendado.

Vale a pena destacar que o rastreamento está indicado somente para o grupo de risco e não para a população como um todo.

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100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 33

QUAIS OS PADRÕES DE FALÊNCIA EM PACIENTES COM CÂNCER DE PULMÃO DE CÉLULAS NÃO PEQUENAS COMPLETAMENTE RESSECADO?

Diversos estudos buscaram o entendi-mento da disseminação tumoral no câncer de pulmão, mas a interpretação é dificultada pela multiplicidade de metodologias e hete-rogeneidade de classificação das estações linfonodais.

Os estudos mostraram que os tumores de pulmão podem drenar diretamente para o mediastino, pulando as estações hilares e intrapulmonares. Esse fenômeno é mais fre-quente nos tumores dos lobos superiores, se comparado aos tumores dos lobos inferio-res2. Para tumores no pulmão direito, a dis-seminação ocorre mais frequentemente para a drenagem paratraqueal ipsilateral e subca-rinal (Fig. 1, estações 2R, 4R e 7). Para tu-mores à esquerda, é mais frequente ocorrer disseminação direta para os linfonodos para--aórtico, subaórtico e subcarinal (Fig. 1, es-tações 5, 6 e 7)1,2. A disseminação direta para mediastino contralateral também é des-crita, embora rara2.

Kelsey, et al.1 analisou retrospectivamen-te 61 pacientes no estádio patológico I sub-metidos à ressecção completa e com o pri-meiro sítio de recorrência sendo locorregional. O local de recorrência mais encontrado foi o

Radioterapia pós-operatória do câncer de pulmão

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Capítulo 5

coto brônquico (44%), ocorrendo mais fre-quentemente nas ressecções limitadas que nas radicais (79 vs 34%). Mediastino, hilo ipsilateral e fossa supraclavicular vieram a seguir, nessa ordem. O acometimento me-diastinal, sem acometimento do hilo pulmo-nar, ocorreu em 59%.

Bogart, et al.3 realizou uma revisão da literatura em relação aos padrões de falên-cia após cirurgia e mostrou que a incidência das recorrências, tanto locorregional como sistêmica, aumenta com o estádio linfonodal (Tabela 1).

Assim, pacientes de alto risco de recor-rência locorregional após a cirurgia poderiam se beneficiar de radioterapia (RT) adjuvante, como ocorre nos pacientes com envolvimen-to do mediastino (pN2) onde o risco alcança até 40%.

A RADIOTERAPIA PÓS-OPERATÓRIA PODE SER DELETÉRIA EM PACIENTES COMPLETAMENTE RESSECADOS?

Após ter sido estabelecido que uma par-cela das recidivas era locorregional, uma série de estudos randomizados testou o pa-pel da radioterapia pós-operatória (PORT) ao longo das décadas de 1960 a 1990. A maioria mostrou ganho de controle local que não se refletiu em melhor sobrevida (Tabela 2). Como exemplo, o Lung Cancer

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34 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

Tabela 1. Padrões de falha nos estudos em tumores NSCLC resecados

Status linfonodal

Falha locorregional

Falha a distância

N0 6-17% 18-30%

N1 9-28% 22-64%

pN2 17-41% 70%

cN2 14-54% 38-55%

Adaptado de Van Houtte P, et al.4

1-2R

4R

4L

10R10L

8

3A 3P

6

5

7

1-2L

Figura 1. Estações linfonodais conforme Mountain e Dresler (adaptado de Chapet, et al.29).

Study Group randomizou pacientes com carcinoma espinocelular em estádios II-III entre observação vs PORT. Os resultados mostraram uma incrível redução da recorrên-cia locorregional; entretanto, sem traduzir benefício em sobrevida13.

Na metanálise PORT14 foram revisados os dados individuais de 1.128 pacientes com estádios I a III em nove estudos randomiza-dos (Tabela 2) que comparavam PORT e ci-rurgia exclusiva. Os achados mostraram um aumento de 21% no risco de morte no braço da PORT (equivalente a um aumento absoluto de 7%). A análise de subgrupos evidenciou que o efeito adverso era maior nos pacientes com estádios I-II, N0-1; em-bora nos paciente N2 este efeito não tenha ocorrido.

Esta metanálise sugeriu um risco aumen-tado de mortes por causas não cancerosas, particularmente cardiopulmonares, nos pa-cientes submetidos à PORT e determinou um

novo padrão após sua publicação, caindo a PORT em desuso ao longo dos anos 2000. Embora os próprios autores salientassem a necessidade de novas investigações nos pa-cientes N2.

Na mesma época, outra metanálise sugeria que a quimioterapia (QT) poderia aumentar a sobrevida no contexto adjuvante, deslo-cando o foco dos estudos posteriores15.

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Radioterapia pós-operatória do câncer de pulmão

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 35

QUAIS AS PRINCIPAIS CRÍTICAS À “PORT METANÁLISE” PUBLICADA EM 1998?

A “PORT metanálise”14 teve o mérito de alertar para o risco de não selecionarmos adequadamente os pacientes (N0-1 vs N2) e, diante de um tratamento potencialmente tóxico, comprometermos a sobrevida.

Quando a metanálise foi publicada, o es-tudo que contribuiu com o maior número de pacientes ainda não havia sido publicado.

O GETCB16 contribui com 539 pacientes e uma proposta de RT completamente fora do padrão para a própria época, embora não muito diferente dos outros estudos envolvi-dos. Listando algumas características do GE-TCB:

– 40% de pacientes N0 foram seleciona-dos, um subgrupo cujo risco de recidiva locorregional é baixo3.

– Dose final de 60 Gy com fração de até 2,5 Gy visando doença microscópica. A

dose equivalente é maior que a dose pa-drão atual no tratamento de quimiorra-dioterapia radical no estádio III17.

– O volume-alvo clínico (CTV) envolvia o hilo, o mediastino e a fossa supraclavi-cular bilateral (que devemos entender como irradiação maciça dos ápices pul-monares).

– Uso de Cobalto terapia. Uma série mos-trou que a sobrevida em pacientes sub-metidos à PORT com cobalto é de apenas 8 contra 30% em pacientes tratados com técnicas modernas18.

– Proteção central para a medula (prote-gendo também doença residual no me-diastino).Inesperadamente, o estudo17 não mos-

trou ganho em controle local, o que chama a atenção para um possível componente de falha geográfica. Mas em cinco anos, a taxa de morte por doença intercorrente (não cân-cer) foi três vezes maior no braço que rece-beu PORT.

Tabela 2. Atualizações de estudos randomizados de PORT inclusos na “PORT Metanálise” (1998)

Estudo N.º de Paciente

Estádio Dose (Gy)

Sobrevida com RT

(%)

Sobrevida sem RT

(%)

Falha local com

RT (%)

Falha local sem

RT (%)

Van Houtte, et al. (1980)4 202 I-II (N0) 60 24* 43* 2 11

Lung Cancer Study Group Weisenburger (1994)5

230 II, III 50 40 40 3* 21*

Feng, et al. (2000)6 317 II, III 60 43 41 13* 33*

Lafitte, et al. (1996)7 163 I (N0) 45-60 35 52 15 17

Stephens, et al. (1996)8 308 II, III 40 25 25 18* 29*

Mayer, et al. (1997)9 155 I-III 50-56 30 20 6 24

Dautzenberg, et al. (1999)10 720 I-III 60 30* 43* 28 34

Debevec, et al. (1996)11 74 III 30 32 20 † †

Trodella, et al. (2002)12‡ 104 I (N0) 50 67* 58* 2* 22*

*Diferença estatisticamente significante (p ≤ 0,05)†Dado não disponível‡Não incluso na “PORT Metanálise”

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36 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

Com todo o respeito às limitações da época, o estudo do GETCB pode ser enten-dido hoje como um verdadeiro guia de como não se fazer PORT: desde a seleção de pa-cientes, passando por dose e fracionamento, até o uso de técnicas ultrapassadas. Dos nove estudos que compuseram a “PORT me-tanálise”, quatro usaram dose equivalente ≥ 60 Gy; quatro usaram fração maior que 2 Gy e sete usaram cobalto.

É possível fazer uma analogia entre a administração subótima da PORT e o uso de agentes alquilantes na QT adjuvante, que também foi associado a um efeito negativo na sobrevida19.

POR QUE SE REACENDEU O INTERESSE PELA RADIOTERAPIA PÓS-OPERATÓRIA EM PACIENTES COM RESSECÇÃO COMPLETA APÓS 10 ANOS DA PUBLICAÇÃO DA “PORT METANÁLISE”?

Algumas instituições permaneceram indi-cando rotineiramente PORT, especialmente em pacientes patologicamente N2 (pN2), baseadas no potencial risco de recidiva re-gional e nos resultados inconclusivos da “PORT metanálise” neste subgrupo.

O estudo que definitivamente reacendeu o interesse por PORT em pacientes pN2, já dentro do contexto de QT adjuvante, foi o ANITA20. Um grande estudo fase III multi--institucional desenhado para avaliar o papel do vinorelbine (navelbine) associado à cispla-tina na adjuvância. O uso de PORT com do-ses de 45-60 Gy (2 Gy por fração) foi per-mitido em pacientes com envolvimento linfonodal (pN1, pN2) a critério da institui-ção participante. Assim, cerca de 1/3 dos pacientes recebeu PORT. Na análise explora-tória e não planejada, a PORT aparentemen-te reduziu as recorrências locais tanto no grupo de observação como de QT adjuvante. No subgrupo pN2, a PORT aparentemente

aumentou a sobrevida global (SG) em 6-12%. Já no subgrupo N1, o ganho de sobrevida com a PORT somente foi observa-do no braço de observação, enquanto no braço de QT adjuvante foi observada uma diminuição da sobrevida nos pacientes que receberam PORT.

Adicionalmente, um estudo avaliando dados de 7.000 pacientes registrados no Surveillance, Epidemiology and End Results (SEER) com estádios II-III e operados mos-trou que a PORT exercia um efeito deletério na sobrevida. Entretanto, no subgrupo N2, a PORT foi associada a um significativo ga-nho na sobrevida21. Reforçando os achados da “PORT metanálise”, em que diversos in-vestigadores acreditam que ocorreu efeitos antagônicos e compensatórios na sobrevida dos pacientes N2.

O contexto não randomizado do primeiro estudo, assim como retrospectivo do segun-do, expõe obviamente esses resultados ao viés, não devendo ser encarados como uma evidência definitiva, e realçam a necessidade de um estudo randomizado avaliando o pa-pel da PORT com dose e técnicas modernas, associada à QT adjuvante padrão, em pa-cientes selecionados pelo alto risco de reci-diva locorregional.

NO MOMENTO ATUAL, QUAL PACIENTE POSSIVELMENTE TEM MELHOR BENEFÍCIO COM A RADIOTERAPIA PÓS-OPERATÓRIA? (DEFINIÇÃO DE SUBGRUPOS DE ALTO RISCO PARA RECORRÊNCIA APÓS RESSECÇÃO COMPLETA)

A “PORT metanálise”14 e o estudo ANITA20, assim como a avaliação dos pa-drões de recidiva3, sugerem que os pacien-tes que colhem benefício com o uso da PORT, tanto em controle local como em sobrevida, são aqueles pertencentes ao grupo pN2.

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Alguns estudos retrospectivos procura-ram avaliar dentro deste grupo quais pacien-tes teriam maior ou menor benefício.

Uma série japonesa avaliou 112 pacien-tes no estádio IIIA-N2 após ressecção com-pleta e demonstrou um ganho significativo em sobrevida livre de doença para pacientes com múltiplas estações linfonodais N2 aco-metidas e submetidas à PORT.

Uma série da “Mayo Clinic”22, com 224 pacientes em estádio IIIA após ressecção grosseira completa, definiu subgrupos de riscos. Na análise regressiva para sobrevida, o uso de PORT melhorou significativamente a sobrevida nos subgrupos com múltiplos linfonodos positivos N2 ou T3-4 com envol-vimento de 1 linfonodo N2.

Uma recente série do SEER-Medicare23 em uma população predominantemente idosa (64% com >70 anos) não demonstrou benefício em sobrevida a curto prazo nos pacientes que receberam PORT. A série cha-ma a atenção para o frequente uso de PORT nesta população (54%).

Assim, embora falte a evidência fase III definitiva para o uso de PORT, esta deve ser considerada nos pacientes pN236. Especial-mente nos pacientes < 70-75 anos, com múltiplos linfonodos ou estações nodais aco-metidos, e também naqueles com extrava-zamento extracapsular (EEC). Embora esta última condição seja uma extrapolação do risco em outros sítios oncológicos e, por de-finição, seja considerada uma ressecção in-completa.

Um intrigante estudo italiano12 (Tabela 2) randomizou pacientes pN0 após ressecção anatômica, para observação ou para receber PORT com planejamento baseado em tomo-grafias visando o coto brônquico e o hilo ipsilateral. A recorrência local foi francamen-te inferior no braço da PORT e mostrou um significativo ganho na sobrevida livre de do-ença em cinco anos.

No momento atual, baseado no baixo risco de recorrência local e na “PORT metanálise”,

o uso de PORT nos pacientes pN0-1 não é recomendado.

QUAL É A DOSE IDEAL PARA A PORT?

Nenhum estudo avaliou prospectiva-mente essa questão. Alguns estudos mos-traram excelente controle local e toxicidade aceitável em pacientes submetidos à PORT com doses ao redor de 50 Gy e fraciona-mento de 1,8-2,0 Gy12,13,20,24. Outros es-tudos, usando doses ≥ 60 Gy ou frações ≥ 2,0 Gy, mostraram um efeito francamen-te deletério na sobrevida de pacientes ou até aumento de mortes intercorrentes4,16. Uma série retrospectiva de 202 pacientes tratados com cirurgia mais PORT, a maioria estádios II e III, mostrou um aumento do risco de morte por doença intercorrente em pacientes submetidos a doses ≥ 54 Gy, quan-do comparado com <  54 Gy (17 vs 2%)25. Assim, a dose ideal deve estar entre 50 a 54 Gy.

Embora não haja estudos específicos, di-versos especialistas consideram apropriado o uso de doses maiores (60-63 Gy) em pacien-tes com EEC ou margem positiva26.

QUAL O VOLUME-ALVO IDEAL PARA PORT?

Não existe consenso sobre os CTVs ou os campos de RT em pacientes submetidos à PORT27. Kelsey, et al. demonstrou uma inte-ressante correlação entre o lobo do tumor primário, a lateralidade e os sítios de recidi-vas locorregionais pós-cirúrgicas. Entretanto, apenas uma minoria era previamente pN2, nosso principal foco de adjuvância1.

Chapet, et al. elaborou um guia para o delineamento de estações linfonodais em cortes axiais de tomografias computadori-zadas conforme a classificação linfonodal regional definida por Mountain e Dresler (Fig. 1)28,29.

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Spoelstra, et al. propôs uma nova defini-ção dos CTVs de PORT para um moderno estudo de adjuvância, o Lung Adjuvant Ra‑diotherapy Trial (Lung ART), com técnica conformacional27, onde:

– O CTV deve incluir as estações linfono-dais envolvidas conforme descrição pato-lógica (levar em conta dados da avaliação histológica pré-operatória), o hilo ipsilate-ral e o coto brônquico.

– As estações 7 (subcarinal) e 4 (paratra-queal) devem ser sistematicamente in-cluídas.

– Nos tumores localizados do lado esquerdo, as estações sub e para-aórticas (5 e 6) devem ser incluídas.

– A região supraclavicular não deve ser sis-tematicamente incluída.

EXISTEM ESTUDOS FASE III MODERNOS DE PORT NO CONTEXTO DA QUIMIOTERAPIA ADJUVANTE EM PACIENTES COM RESSECÇÃO COMPLETA?

Não existem estudos randomizados publicados avaliando PORT após QT adju-vante no estádio IIIA-N2 com técnica con-formacional, dose, fração e volumes ade-quados.

Uma recente metanálise30 avaliou os efei-tos adicionais da QT adjuvante em pacientes submetidos à cirurgia ou à cirurgia mais PORT. Em ambos os cenários, a adição da QT conferiu um ganho absoluto de 4% na so-brevida. Reafirmando a QT como adjuvância padrão.

Nos estudos mais recentes, como o ANITA20 ou IALT19, o tempo ideal da PORT é sem-pre posterior ao da QT quando esta é aplicada.

Encontra-se em andamento um moderno estudo fase III, o Lung ART31, que randomiza pacientes com ressecção completa e pN2 para RT conformacional com 54 Gy vs ob-servação. O estudo permite QT pré ou pós-

-operatória (mas sempre antes da RT). Além de testar o papel da PORT, o estudo procura responder se existem subgrupos de maior benefício e padronizar a técnica (Fig. 2).

QUAL A TOXICIDADE ESPERADA COM TÉCNICAS MODERNAS DE RADIOTERAPIA?

Levando em conta os avanços tecnológi-cos da RT ao longo do tempo, alguns estu-dos procuraram examinar a hipótese de que técnicas mais modernas estariam relaciona-das à menor toxicidade.

Uma análise do banco de dados do SEER determinou a taxa de morte por doença car-díaca em 6.148 pacientes tratados com ou sem PORT. A PORT foi associada a um au-mento significativo de mortes cardíacas em pacientes com diagnóstico de câncer de pul-mão de células não pequenas (CPCNP) entre 1983 e 1988, mas não naqueles diagnosti-cados entre 1989 e 199332. Esta observação sugere que novas técnicas possam estar di-minuindo as taxas de mortalidade relaciona-das ao tratamento.

Um único estudo fase III avaliou o pa-pel da PORT no estádio I usando planeja-mentos baseados em tomografias e dose de 50 Gy. O perfil de toxicidade no grupo da PORT mostrou-se bastante aceitável: menos de 10% apresentou complicações agudas e tardias. Dos 104 pacientes envol-vidos no estudo, 13% faleceram de causas não relacionadas ao câncer. Não houve diferença no número de mortes por causa cardíaca entre o grupo PORT e de obser-vação12.

O advento da RT conformacional, com planejamentos baseados em tomografias, permitiu o entendimento das relações entre dose, volume e complicações, especialmente a pneumonite. Diversos fatores têm sido re-lacionados à pneumonite, como o uso de QT concomitante e especialmente parâmetros dosimétricos. Vários estudos relacionaram o

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Radioterapia pós-operatória do câncer de pulmão

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 39

maior risco com a dose média no pulmão e o volume de pulmão que recebe dose ≥ 20 Gy (V20). Os modernos protocolos de qui-miorradiação para doença localmente avan-çada geralmente limitam o V20 a menos de 35%, expondo o paciente a um risco de pneumonite moderada a grave menor que 15%33,34.

O uso de RT com modulação da intensi-dade de feixes (IMRT) vem sendo estudado na quimiorradiação da doença localmente avançada, mostrando redução da pneumo-nite relacionada35, e seu uso deve ser testa-do neste contexto.

Atualmente os especialistas recomendam a RT conformacional como técnica padrão mínima tanto no tratamento radical como no adjuvante36.

QUAL O PAPEL DA RADIOTERAPIA E DA QUIMIOTERAPIA EM PACIENTES COM RESSECÇÃO INCOMPLETA OU MARGEM POSITIVA?

O objetivo da cirurgia é a ressecção radi-cal, macroscópica e microscópica, chamada ressecção R0. Uma ressecção R0 é consegui-da quando todas as margens de ressecção são microscopicamente livres de tumor, quando não há extensão extracapsular de linfonodos positivos e na ausência de me-tástase linfonodal em cadeias mediastinais altas37.

Estudos que relatam sobre a recorrência e a sobrevida em longo prazo são compostos principalmente por pacientes com R0. Há,

Possibilidade de QT pré-OP

NSCLCressecados com provahistológica

de envolvimentoN2

Desfecho 2.o:Controle local

SobrevidaToxicidade tardia

2.o tumores

Possibilidadede QT pós-OP

Desfecho 1.o:DSF

Fatores de estrati�cação: centro, administração da QT; histologia; extensão do comprometimento mediastinal; uso de PET/CT pré-tratamento; tratamento adjuvante

Sem (PORT) para o mediastino

PORT mediastinalconformacional54 Gy/27 a 30 fr

RANDOMIZADO

Figura 2. Desenho do estudo Lung ART (adaptado de Le Péchoux31).

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C. Vita, B.P. Salvajoli

40 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

no entanto, poucos dados sobre a incidência, o tratamento e o prognóstico de pacientes com tumor residual microscópico (R1) ou macroscópicos (R2).

Alguns estudos mostram que a RT adju-vante em pacientes com ressecções R1 pro-duzem melhor controle local e uma tendência de melhor sobrevida38-40. Baseado no risco de recorrência local quando se tem margens comprometidas e o uso de QT isolada é pou-co capaz de erradicar o tumor residual, o painel de especialista do National Com‑prehensive Cancer Network (NCCN) indica o uso da PORT concomitante à QT para res-secções R2 e sequencial à QT para ressec-ções R136.

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Radioterapia pós-operatória do câncer de pulmão

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 41

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100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 43

QUAL O PROGNÓSTICO DE UM PACIENTE COM CÂNCER DE PULMÃO RESSECADO?

Menos de 30% dos pacientes com cân-cer de pulmão é diagnosticado em estádios precoces, com possibilidade de tratamen-to curativo. A despeito dos esforços em prevenção com medidas antitabagistas e da pesquisa de novas estratégias terapêu-ticas, apenas 14% de todos os pacientes com câncer de pulmão estarão vivos em 5 anos. A sobrevida cai progressivamente à medida que aumenta o estádio clínico, com sobrevidas em 5 anos para os estádios IA, IB, IIA e IIB de 50, 43, 36 e 25% res-pectivamente1.

O estádio patológico é o principal fator prognóstico no câncer de pulmão resseca-do. Pacientes pertencentes aos estádios IB, II, IIIA têm risco aumentado para recorrên-cia ou morte. Aproximadamente 50% dos pacientes com estádio IB, 70% do estádio II e a grande maioria dos pacientes de está-dio IIIA eventualmente desenvolvem recidi-va e vêm a falecer apesar do tratamento cirúrgico definitivo; assim, é de grande valia dispormos de algum tipo de tratamento que, em conjunto com a cirurgia, altere esse prognóstico.

Tratamento neoadjuvante e adjuvante do câncer de pulmão

A. Calabrich

EXISTE BENEFÍCIO NA QUIMIOTERAPIA ADJUVANTE NO CÂNCER DE PULMÃO?

O uso da quimioterapia adjuvante em câncer de pulmão é validado por estudos randomizados e metanálise. A primeira grande metanálise, publicada em 1995, de-monstrou uma tendência a ganho de sobre-vida razão de risco (RR) de 0,87 (p = 0,08) em oito estudos baseados em cisplatina2. A divulgação desses resultados deu razão a um grande interesse por esse tipo de tratamento, levando à condução de diversos estudos ran-domizados com consequentes publicações de mais duas metanálises, LACE3 e MRC4, ambas tendo demonstrado ganhos de sobre-vida em 5 anos estatisticamente significante com o uso da quimioterapia pós-operatória (RR: 0,89; intervalo de confiança [IC] 95%: 0,82-0,96; p = 0,005; RR: 0,86; IC 95%: 0,81-0,92; p < 0,0001, respectivamente).

Os principais estudos randomizados ava-liando quimioterapia adjuvante são o JBR.105, ANITA6, BLT7, IALT8 e ALPI9. Apesar de somen-te os estudos ANITA, IALT e JBR.10 demons-trarem, independentemente, ganho de sobre-vida estatisticamente significante, variando de 4 a 15% (RR: 0,69-0,89), quando os es-tudos são analisados em conjunto no LACE, a terapia adjuvante baseada em cisplatina melhora a sobrevida em 5 anos em 5,4% (RR: 0,89; IC 95%: 0,82-0,96; p = 0,004).

Capítulo 6

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A. Calabrich

44 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

TODOS OS PACIENTES OPERADOS TÊM INDICAÇÃO DE QUIMIOTERAPIA ADJUVANTE?

Na metanálise LACE, a quimioterapia adjuvante baseada em platina apresentou ganhos de sobrevida expressivos e estatisti-camente positivos somente em pacientes com estádios II e III, nos quais a redução de risco de morte é de 17%3. Nos pacientes estádio IB, o ganho na sobrevida foi de ape-nas 3%, não estatisticamente significante, e a quimioterapia adjuvante teve efeito dele-tério para os pacientes com estádio IA. O estudo CALGB 9633 avaliou o papel da quimioterapia adjuvante com carboplatina e paclitaxel em pacientes ressecados está-dio IB; porém, os resultados foram nega-tivos10. Na análise de subgrupo desse es-tudo e da atualização do estudo JBR.1011, os resultados sugerem que os pacientes de câncer de pulmão com tumores acima de 4 cm podem ter benefício na sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) com o tratamento adjuvante.

Vale ressaltar que todos os estudos acima discutidos avaliando o papel da adjuvância no câncer de pulmão classificaram o pacien-te de acordo com o estadiamento da sexta edição da classificação TNM. Em 2007, a sétima edição mudou o estadiamento de câncer de pulmão e, consequentemente, houve algumas modificações que implicaram

em mudança de estádio de acordo com o tamanho do tumor (Tabela 1). Pacientes com tumores acima de 5 cm atualmente são clas-sificados com T2b ou T3 e, portanto, têm indicação de adjuvância.

A American Society of Clinical Oncology (ASCO) e o National Comprehensive Cancer Network (NCCN) recomendam o tratamento sistêmico adjuvante baseado em platina para os pacientes com câncer de pulmão comple-tamente ressecados estádio II e IIIA. Para pacientes estádio IB, a ASCO não endossa seu uso rotineiro e o NCCN sugere conside-rar o tratamento em pacientes de alto risco que são os portadores de neoplasia pouco diferenciada, invasão vascular ou linfática, ressecção em cunha, margens mínimas ou dissecção linfonodal inadequada ou não re-alizada. Os idosos são um grupo de pacien-tes normalmente subtratados na prática clí-nica. Entretanto, os estudos demonstram que a terapia adjuvante apresenta os mes-mos ganhos em SG e SLP entre os jovens e idosos. No estudo JBR.10, 155 pacientes eram maiores do que 65 anos, e a quimio-terapia adjuvante também resultou em ganho de sobrevida (RR: 0,61; IC 95%: 0,38-0,98; p = 0,04). A metanálise LACE confirmou esses resultados. Portanto, o be-nefício do tratamento adjuvante em pacien-tes entre 66 e 74 anos é claro e deve ser oferecido em pacientes com bom perfor‑mance status.

Tabela 1. Principais mudanças da classificação TNM do câncer de pulmão da sexta para a sétima edição

Lesões T1 foram divididas de acordo com o tamanho entre T1a (≤ 2 cm) e T1b (> 2 cm, mas ≤ 3 cm)

Lesões T2 foram divididas entre T2a (> 3 cm e ≤ 5 cm) e T2b (> 5 cm e ≤ 7 cm)

Tumores T2 > 7 cm foram reclassificados como T3

Tumores T4 com nódulos pulmonares separados no mesmo lobo do tumor primário foram classificados como T3

Nódulos adicionais em lobos diferentes do mesmo pulmão foram reclassificados com T4 em vez de M1

Derrame pleural ou pericárdico maligno ou nódulos pleurais foram reclassificados como M1a em vez de T4

Adaptado de Goldstraw P, et al. J Thorac Oncol. 2007;2:706.

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Tratamento neoadjuvante e adjuvante do câncer de pulmão

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 45

A QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE TEM O MESMO BENEFÍCIO DA QUIMIOTERAPIA ADJUVANTE EM DOENÇA PRECOCE?

Alguns estudos avaliaram a eficácia da quimioterapia neoadjuvante em pacientes com câncer de pulmão de células não pe-quenas (CPCNP) estádio I-III. Um estudo fran-cês com 373 pacientes randomizou os pa-cientes para cirurgia ou quimioterapia com cisplatina, ifosfamida e mitomicina pré-ope-ratória12. O intervalo livre de doença foi su-perior no braço que recebeu quimioterapia (55 vs 38%; RR: 0,78; IC 95%: 0,62-0,98). Outro estudo publicado recentemente ava-liou o uso de cisplatina e gemcitabina neoadju-vante em pacientes com estádio IB-IIIA13. Ape-sar do fechamento precoce, com recrutamento de apenas 270 pacientes dos 700 planejados, os resultados foram estatisticamente significati-vos em 3 anos em relação à SLP (53 vs 48%; RR: 0,70) e SG (68 vs 60%; RR: 0,63) a favor da quimioterapia. Outro esquema de quimio-terapia avaliado foi a combinação de carbo-platina e paclitaxel neoadjuvante no estudo SWOG 990014. Apesar do aumento na SLP, a SG não foi estatisticamente significante.

O estudo NATCH comparou o uso da quimioterapia com carboplatina e paclitaxel de forma neoadjuvante e adjuvante ou cirur-gia apenas em 624 pacientes com tumores estádio I (> 2 cm), II e T3N115. Apesar da boa tolerância ao regime, da alta taxa de respos-ta radiológica (54%) e de apenas 61% dos pacientes receberem o tratamento adjuvante conforme planejado, não houve diferença na sobrevida. Os resultados foram positivos apenas em tumores > 4 cm ou doença mais avançada (estádio IIIA).

Uma metanálise baseada em sete estu-dos envolvendo 988 pacientes demonstrou ganho de sobrevida em 5 anos com a qui-mioterapia neoadjuvante (20 vs 14% nos pacientes sem quimioterapia neoadjuvante)4. Quando os resultados das metanálises

avaliando quimioterapia neoadjuvante ou adjuvante são comparadas, observamos o mesmo benefício relativo com ambas as es-tratégias, ao redor de 20% (RR: 0,80). En-tretanto, é complicado comparar diretamen-te essas estratégias, visto que as populações estudadas são diferentes e que a discordân-cia entre o estadiamento clínico e patológico é relativamente alta.

QUAL O MELHOR ESQUEMA DE QUIMIOTERAPIA (NEO)ADJUVANTE?

Apesar de existirem poucos dados sobre qual o melhor regime baseado em cisplatina, muitas são as combinações recomendadas pelo NCCN. (Tabela 2). Os dados mais con-sistentes são com a combinação de cisplati-na e vinorelbina por quatro ciclos, conforme os estudos do JBR.10, ANITA e da metanáli-se LACE, na qual esse regime apresentou maior tendência a ganho de sobrevida com-parada a outros esquemas com cisplatina. Uma das justificativas para esses resulta-dos é a possibilidade de administração de todo o tratamento e não exclusivamente do uso da vinorelbina, visto que 86% dos pacientes alocados para cisplatina e vino-relbina receberam uma alta dose de cispla-tina (> 300 mg/m2) comparados aos outros regimes. A combinação de carboplatina com paclitaxel foi avaliada em dois estudos (CALGB 9633 e NATCH) com resultados ne-gativos, não sendo então recomendado em pacientes com doença precoce, exceto na-queles pacientes com contraindicação ao uso de cisplatina.

EXISTE PAPEL PARA TERAPIA DE INDUÇÃO EM DOENÇA LOCALMENTE AVANÇADA OPERÁVEL?

O tratamento de indução apresenta po-tenciais vantagens, como permitir redução tumoral antes da cirurgia e melhor tolerância

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e aderência ao tratamento, além de oferecer precocemente o tratamento de micro me-tástases. Como discutido anteriormente, a quimioterapia neoadjuvante apresenta simi-lar ganho de sobrevida comparado ao trata-mento adjuvante e pode ser uma opção terapêutica em pacientes candidatos à cirur-gia com mínimo volume de doença medias-tinal. Uma análise de subgrupo do estudo de Scagliotti avaliando o papel da combinação de cisplatina e gemcitabina neoadjuvante demonstrou maior ganho de sobrevida em três anos nos pacientes estádio IIB-IIIA, 70 vs 40% a favor da quimioterapia (p = 0,001), enquanto não houve diferença para os pa-cientes IB-IIA que foram tratados13. Estudo recente apresentado na ASCO de 2013 avaliou

se a radioterapia pré-operatória conferia bene-fício em pacientes com CPCNP estádio III/N2 submetidos a quimioterapia neoadjuvante e cirurgia. Os resultados demonstraram que não houve melhora da SLP e da SG nem recorrência global com a adição da radiote-rapia sequencial antes da cirurgia16.

O estudo fase III do EORTC 08941 inves-tigou o papel da cirurgia vs radioterapia em 332 pacientes portadores de câncer de pul-mão estádio IIIA-N2 irressecáveis que não progrediram após três ciclos de quimiotera-pia de indução17. A sobrevida mediana e a SG em 5 anos foi similar entre os grupos (16,4 vs 17,5 meses e 16 vs 14% para o braço de cirurgia e radioterapia respectiva-mente; RR: 1,06; IC 95%: 0,84-1,35).

Tabela 2. Esquemas de quimioterapia adjuvante em pacientes com CPCNP

Regimes publicados em estudos randomizados

Fármacos Dose Dias Esquema

CisplatinaVinorelbina

50 mg/m2

25 mg/m21,8

1,8,15,22A cada 28 dias por quatro ciclos

CisplatinaVinorelbina

100 mg/m2

30 mg/m21

1,8,15,22A cada 28 dias por quatro ciclos

CisplatinaVinorelbina

75-80 mg/m2

25-30 mg/m21

1,8A cada 21 dias por quatro ciclos

CisplatinaEtoposide

100 mg/m2

100 mg/m21

1,2,3A cada 28 dias por quatro ciclos

Regimes aceitáveis

Fármacos Dose Dias Esquema

CisplatinaGemcitabina

75 mg/m2

1250 mg/m21

1,8A cada 21 dias por quatro ciclos

CisplatinaDocetaxel

75 mg/m2

75 mg/m211

A cada 21 dias por quatro ciclos

CisplatinaPemetrexed#

75 mg/m2

500 mg/m211

A cada 21 dias por quatro ciclos

Regime para pacientes com contraindicação para cisplatina

CarboplatinaPaclitaxel

AUC 6200 mg/m2

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A cada 21 dias por quatro ciclos

#Apenas para pacientes com histologia não escamosa.

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Tratamento neoadjuvante e adjuvante do câncer de pulmão

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 47

Outra modalidade terapêutica de indução é a associação da quimioterapia e radioterapia. No estudo do Intergroup 0139, 202 pacien-tes operáveis (T1-3, pN2, M0) receberam dois ciclos de quimioterapia de indução com cisplatina e etoposide combinado a radiote-rapia na dose de 45 Gy. Caso não houvesse progressão, eles seriam randomizados para cirurgia ou completariam a radioterapia até a dose de 61Gy18. Ambos os grupos recebe-ram dois ciclos adicionais de quimioterapia. O tratamento trimodal apresentou maior SLP (12,8 vs 10,5 meses; p = 0,017), mas sem ganho na SG. A ausência de benefício na so-brevida foi atribuída a maior mortalidade no braço de cirurgia quando era realizado pneu-mectomia, principalmente do lado direito.

Ainda é incerto se a cirurgia após trata-mento de indução com quimiorradioterapia aumenta a chance de cura comparada à qui-miorradioterapia definitiva. Entretanto, é uma opção aceitável para pacientes selecionados com boa condição clínica, pequeno volume de doença mediastinal e cujo tumor primário pode ser ressecado com lobectomia.

QUAL A MELHOR ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA PARA PACIENTES NÃO CANDIDATOS À CIRURGIA POR DOENÇA LOCALMENTE AVANÇADA?

Pacientes com invasão de estruturas me-diastinais, coluna torácica ou grandes vasos geralmente não são candidatos à cirurgia, assim como os pacientes com envolvimento linfonodal mediastinal volumoso ou múltiplo (N2) e/ou linfonodos N3. Nesses casos, as modalidades terapêuticas empregadas são a quimioterapia e a radioterapia.

No intuito de aumentar o controle local e a distância dos pacientes com doença localmen-te avançada, estudos randomizados avaliaram o uso da quimioterapia seguido da radiotera-pia. O CALGB 8433 randomizou 155 pacientes com estádio III para radioterapia exclusiva ou

precedida de dois ciclos de quimioterapia ba-seada em cisplatina e demonstrou maior sobre-vida mediana com o tratamento sequencial (14 meses) do que a radioterapia exclusiva (10 meses) (p = 0,012)19. Esses resultados foram confirmados por um estudo subsequen-te do Intergroup que demonstrou maior so-brevida no braço da quimioterapia seguida de radioterapia comparada à radioterapia exclusi-va convencional ou hiperfracionada20. Duas metanálises compararam a terapia sequencial de quimiorradioterapia com a radioterapia ou quimioterapia exclusivas e confirmaram maior sobrevida com o tratamento combinado21,22.

O uso concomitante vs o sequencial de quimioterapia e radioterapia também foi ava-liado em estudos randomizados e metanálise. O RTOG 9410 incluiu 610 pacientes em três braços, comparando quimioterapia seguida de radioterapia convencional, quimioterapia con-comitante à radioterapia em regime conven-cional ou fracionado. A sobrevida mediana foi maior no tratamento combinado comparado ao sequencial (17 vs 14,6 meses, RR: 0,81) à custa de maior toxicidade não hematológica aguda grau III-V23. Não houve diferença entre as modalidades de radioterapia. Uma meta-nálise com sete estudos, envolvendo 1.205 pa-cientes, confirmou esses dados, demons-trando aumento absoluto na SG em 5 anos de 4,5% com o uso da terapia concomitan-te, também com maior taxa de esofagite24.

Até o momento, é razoável considerar a combinação de quimiorradioterapia conco-mitante como o tratamento padrão para os pacientes estádio III inoperáveis com bom performance status, reservando o tratamen-to sequencial ou radioterápico exclusivo para aqueles com comorbidades significativas.

QUAL O MELHOR ESQUEMA DE QUIMIOTERAPIA PARA SER COMBINADO À RADIOTERAPIA?

Devido à ausência de estudos que com-parem diretamente os esquemas, não há

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48 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

uma quimioterapia considerada ideal. Os dois regimes mais comumente utilizados são a combinação de cisplatina (50 mg/m2,  D1, D8, D29 e D36) e etoposide (50 mg/m2, D1 a D5 e D29 a D33)25 ou carboplatina (AUC 2) e paclitaxel (45 mg/m2) semanais seguido de dois ciclos de carboplatina (AUC 6) e pacli-taxel (200 mg/m2)26. Em pacientes com his-tologia não escamosa, estudos de fase II tem demonstrado resultados promissores com o uso de platina e pemetrexed27e o estudo de fase III PROCLAIM já está em andamento.

O uso de quimioterapia de indução antes da quimiorradioterapia não demonstrou me-lhora nos resultados. O CALGB randomizou 366 pacientes para dois ciclos de quimiotera-pia seguido de quimiorradioterapia ou qui-miorradioterapia exclusiva; não houve diferen-ça na SG entre os grupos28. A quimioterapia de consolidação também não resultou em ganho de sobrevida. Em um estudo condu-zido pelo Hoosier Oncology Group, os pa-cientes portadores de tumores estádio IIIA ou IIIB eram tratados com radioterapia con-comitante a cisplatina e etoposide. E depois randomizados para três ciclos de docetaxel de consolidação ou observação. Não houve diferença entre os braços na SG e SLP; en-tretanto, o braço do docetaxel foi associado a maior taxa de complicações como toxici-dade hematológica, pneumonite, hospitali-zações e morte pelo tratamento25.

EXISTE PAPEL PARA O USO (NEO)ADJUVANTE DOS ANTICORPOS MONOCLONAIS E TERAPIAS ALVO?

O uso de anticorpos monoclonais e tera-pias alvo revolucionou o tratamento do cân-cer de pulmão metastático. Entretanto, ain-da não foi possível estabelecer seu papel na terapia (neo)adjuvante. Apesar da ampla evidência do benefício na doença metastáti-ca dos inibidores da tirosina-quinase (TKI) para os pacientes com mutação do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR)

ou fusão do oncogene ALK, o uso destas medicações no contexto adjuvante está res-trito a estudos clínicos.

O estudo NCIC CTG BR.19 randomizou 503 pacientes operados estádio IB-IIIA, (ape-nas 21% apresentavam mutação do EGFR) para gefitinibe ou placebo; a quimioterapia adjuvante era opcional. O estudo foi fecha-do precocemente e o tratamento foi inter-rompido em todos os pacientes, pois os re-sultados demonstraram efeito deletério na sobrevida com o uso do gefitinibe (RR: 1,23; IC 95%: 0,94-1,64)29. Nenhum benefício foi demonstrado na análise de subgrupo base-ada na mutação do EGFR. Esses dados cor-roboraram o resultado do estudo SWOG 0023, no qual a manutenção com gefitinibe foi associada à piora de sobrevida após tra-tamento com quimiorradioterapia em pa-cientes estádio III comparado a placebo30. A limitação deste estudo foi a pequena pro-porção de pacientes portadores de mutação do EGFR. Está em andamento o estudo de fase III RADIANT (NCT00373425), no qual os pacientes são randomizados para erlotinibe ou placebo. Neste estudo, todos os pacientes devem ser EGFR positivo baseado na imuno--histoquímica ou na hibridização in situ fluo-rescente (FISH). O cetuximabe, um anticorpo monoclonal bloqueador do EGFR, está sendo estudado no contexto da terapia multimodal combinado à radioterapia com base em re-sultados promissores de estudos fase II31.

O uso de antiangiogênicos é outra área em investigação. Apesar da ausência de be-nefício do bevacizumabe no tratamento ad-juvante do câncer colorretal, os resultados positivos desse anticorpo no tratamento do câncer de pulmão metastático levaram à condução do estudo ECOG 1505, que está em andamento. Os pacientes são randomi-zados para quimioterapia adjuvante baseada em cisplatina com ou sem bevacizumabe. Já os estudos que combinaram a radioterapia com esquemas contendo bevacizumabe fo-ram interrompidos precocemente devido ao

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Tratamento neoadjuvante e adjuvante do câncer de pulmão

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 49

aumento de complicações, como fístulas traque-esofágicas32 e pneumonite33.

EXISTE MARCADOR MOLECULAR QUE SELECIONE O PACIENTE COM CÂNCER DE PULMÃO PARA O TRATAMENTO ADJUVANTE?

Até o momento, a recomendação de tra-tamento adjuvante é baseada no estadiamen-to patológico e nos achados histológicos de mau prognóstico, como grau, invasão vascu-lar e envolvimento pleural. Entretanto, diver-sos grupos estão tentando identificar biomar-cadores ou perfil molecular tumoral que indique os pacientes de mais alto risco, assim como o benefício do tratamento adjuvante.

Dentro desse contexto, o gene ERCC1, envolvido no reparo do DNA induzido por agentes alquilantes, como compostos de platina, foi amplamente estudado. Em aná-lise retrospectiva do estudo IALT34, a expres-são do gene ERCC1 foi relacionada à ausên-cia de benefício da quimioterapia adjuvante com platina. Entretanto, avaliações subse-quentes demonstraram que o anticorpo 8F1 utilizado na imuno-histoquímica deste estu-do para avaliar a expressão do ERCC1 não é específico e, portanto, não é adequado para validação de valor preditivo de resposta35. Outro gene envolvido no reparo da dupla hélice do DNA e também estudado neste contexto é o RRM1, que foi associado a melhor prognóstico em 187 pacientes com câncer de pulmão estádio I ressecados36. Na doença metastática, estudos de fase III não foram capazes de demonstrar o valor predi-tivo de resposta com estes genes e, portan-to, ainda não foram implementados na prá-tica clínica37,38.Outros estudos estão em andamento visando validar esses e outros marcadores moleculares, como K-ras, p27, p53, MSH2, timidilato sintetase, MAGE-A3 e o já citado EGFR.

A análise de múltiplos genes simultanea-mente permite a caracterização do perfil

genético de expressão tumoral com o obje-tivo também de melhor definir o prognósti-co, assim como benefício do tratamento. Algumas assinaturas genéticas já foram ava-liadas e são promissoras; porém, carecem de validação em estudos prospectivos randomi-zados. Até o momento, os biomarcadores e o perfil molecular ainda não foram validados no contexto de seleção da terapia adjuvante.

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100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 51

QUAL O TRATAMENTO PADRÃO DOS PACIENTES COM CÂNCER DE PULMÃO DE CÉLULAS NÃO PEQUENAS EM ESTÁDIOS INICIAIS?

A ressecção cirúrgica, sempre que possí-vel, através de lobectomia e dissecção linfo-nodal, é o tratamento padrão para os pa-cientes portadores de câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP), em estádios clínicos I, II e IIIA, com sobrevida em cinco anos em torno de 60 a 70%, segundo dados da literatura1-3. No entanto, alguns pacientes nessa situação não estão em condições clí-nicas de serem tratados com cirurgia toráci-ca devido a fatores desfavoráveis, tais como reserva respiratória inadequada, disfunção cardíaca, diabetes, doenças vasculares ou outras restrições clínicas.

QUAIS AS OPÇÕES DE TRATAMENTO PARA OS PACIENTES COM CÂNCER DE PULMÃO DE CÉLULAS NÃO PEQUENAS EM ESTÁDIOS INICIAIS E CLINICAMENTE INOPERÁVEIS?

A radioterapia representa um tratamento alternativo para os pacientes com câncer de pulmão inicial que não sejam candidatos à ressecção cirúrgica. A literatura reporta so-brevida de cinco anos em 10 a 30% dos

Opções de tratamento local para pacientes medicamente inoperáveisR. Ferrigno

pacientes tratados com essa modalidade e controle local entre 50 e 70%4-10. Esses re-sultados são reportados com doses que variam de 50 a 70 Gy, em frações de 1,8 a 2,0 Gy. Alguns dados da literatura sugerem que o au-mento da dose acima desse patamar, através de técnica conformada, pode melhorar tanto a sobrevida quando o controle local; porém, essas diferenças não têm sido significativas11-18.

A radioablação é outra opção de trata-mento para pacientes clinicamente inoperá-veis e em estádios iniciais. Trata-se de um método mais invasivo do que a radioterapia e consiste na introdução de catéteres por via transcutânea até o interior do tumor para destruí-lo através de altas temperaturas li-beradas em seu interior. Os resultados re-portados pela literatura não trazem impac-to significativo de controle local, variando de 60 a 70% em dois anos para lesões até 3 cm com índice de pneumotórax em torno de 25%19,20. Esse método é indicado para pacientes com tumor primário periférico, acessível ao implante dos cateteres transcu-tâneos e diâmetro máximo até 3 cm.

Nos últimos 10 anos, a radioterapia este-reotática corpórea, conhecida pela sigla ingle-sa SBRT (Stereotactic Body Radiation Therapy) tem sido estabelecida como tratamento pa-drão para os pacientes portadores de tumor de pulmão de células não pequenas, periféricas, estádios iniciais e clinicamente inoperáveis21, como descrito mais adiante.

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52 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

COMO EVOLUIU O VOLUME DE TRATAMENTO COM RADIOTERAPIA NOS ÚLTIMOS ANOS?

Historicamente, a radioterapia no trata-mento do câncer de pulmão era realizada atra-vés de campos que englobavam tanto o tumor primário quanto a drenagem linfática do hilo ipsilateral e do mediastino. No entanto, várias séries retrospectivas mostraram sobrevida se-melhante em pacientes com câncer de pulmão tratados com campos que envolvem apenas o tumor primário em comparação com aqueles tratados com campos que envolvem também a drenagem linfática de forma eletiva10,16,17,22-24.

QUAL O PRINCIPAL BENEFÍCIO DA RADIOTERAPIA DE ALTA TECNOLOGIA PARA OS PACIENTES CLINICAMENTE INOPERÁVEIS?

As novas tecnologias em radioterapia, guiadas por imagem, incluindo a SBRT, per-mitem uma maior precisão na definição do alvo e na liberação da radiação. A SBRT uti-liza elementos da radioterapia em três di-mensões (3D) com a localização estereotáti-ca, permitindo uma maior concentração de dose no alvo a ser tratado, ao mesmo tempo que minimiza os efeitos da movimentação do pulmão e de outros órgãos. Isso permite uma maior redução no volume de tratamento, per-mitindo o emprego de doses altas por fração (hipofracionadas), aumentando teoricamente o efeito biológico e com a conveniência da diminuição do tempo de tratamento. Tipica-mente, a SBRT libera dose de tratamento em uma a cinco frações, duas vezes por semana.

COMO EVOLUIU O EMPREGO DA RADIOTERAPIA ESTEREOTÁTICA CORPÓREA NO CÂNCER DE PULMÃO?

A primeira instituição a empregar a SBRT foi o Hospital da Karolinska, em Estocolmo,

na Suécia, em 1992. Os resultados obtidos no tratamento de metástases pulmonares com essa técnica foram animadores, com controle local em torno de 80%25,26. A Uni-versidade de Indiana realizou um estudo fase I de escalonamento de dose com SBRT para o tratamento de câncer de pulmão estádio I. O objetivo principal foi obter a dose máxima tolerada. A dose inicial foi 24 Gy em três frações de 8 Gy, seguida de escalonamento de 2 Gy por fração, mantendo o mesmo número de frações. A dose máxima tolerada foi determinada para pacientes com tumor estádio T2, entre 5 e 7 cm, como sendo de 72 Gy em três frações de 24 Gy. O controle local foi de 69,2%, sendo que a maior parte das recaídas no interior do volume de trata-mento foi observada com dose de 48 Gy em três frações de 16 Gy27,28.

Onishi, et al.29 reportaram análise retros-pectiva de 245 pacientes com CPCNP de estádio I tratados com SBRT em 13 institui-ções japonesas, com diferentes esquemas de fracionamento. A dose total variou de 18 a 75 Gy em 1-22 frações. Utilizando a fórmu-la da dose biológica efetiva (BED), os autores reportaram melhor controle local quando a BED foi maior ou igual a 100 Gy10 (91,9 vs 73,6%; p < 0,05), bem como a sobrevida global (SG) em três anos (88,4 vs 69,4%; p < 0,05). A toxicidade pulmonar acima de grau II foi observada em apenas seis pacien-tes (2,4%). Esses resultados são potencial-mente comparáveis aos obtidos com cirurgia nesse grupo de pacientes.

QUAIS OS PRINCIPAIS RESULTADOS DE TRATAMENTO COM RADIOTERAPIA ESTEREOTÁTICA CORPÓREA?

As principais séries reportam toxicidade grau III menor que 5% e controle local em dois anos em aproximadamente 90% dos pacientes com CPCNP estádio I clinicamente inoperáveis, tratados com SBRT em regimes

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Opções de tratamento local para pacientes medicamente inoperáveis

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 53

de doses por fração de 8 a 20 Gy21,30-41. Baardwijk, et al. realizaram análise sistemá-tica de literatura de 15 estudos a respeito de SBRT, com um total de 1.076 pacientes e seguimento mínimo de 30 meses. A taxa mediana de sobrevida livre de progressão (SLP) em dois anos foi de 88%42.

QUAIS PACIENTES SÃO ELEGÍVEIS PARA TRATAMENTO COM RADIOTERAPIA ESTEREOTÁTICA CORPÓREA?

Os estudos que utilizam a SBRT adotam os seguintes critérios de seleção:

– Pacientes portadores de neoplasia de pul-mão tipo histológico dentro do grupo de CPCNP. Esses incluem carcinoma epider-moide, adenocarcinoma, carcinoma de cé-lulas grandes e carcinoma broncoalveolar.

– Estádios clínicos IA e IB pelos critérios da American Joint Committee on Cancer (AJCC), 7.ª edição, nas seguintes combi-nações:

• T1A,B, N0, M0 • T2A (≤ 5 cm), N0, M0– Distância de, no mínimo, 2 cm entre o

tumor primário e a árvore brônquica.– Idade maior que 18 anos.– Performance status pelo índice de Kar-

nosfky ≥ 70%.– Pacientes considerados como clinicamen-

te inoperáveis.

QUAIS OS LIMITES DE DOSE DE RADIAÇÃO EM TECIDOS NORMAIS RADIOTERAPIA ESTEREOTÁTICA CORPÓREA?

Os limites de doses por volume seguem as recomendações internacionais, que foram baseadas em publicações de radiobiologia e na experiência clínica de diversas instituições que utilizaram SBRT29-40:

– Pulmão: dose de 20 Gy (V20) até 10% do volume de pulmão normal.

– Coração: dose pontual até 30 Gy.– Medula espinhal: dose pontual até 18 Gy.– Esôfago: dose pontual até 27 Gy.– Traqueia e brônquio: dose pontual até

30 Gy.– Plexo braquial: dose pontual até 24 Gy.

QUAL A MELHOR OPÇÃO DE TRATAMENTO PARA PACIENTES INOPERÁVEIS? RADIOTERAPIA ESTEREOTÁTICA CORPÓREA OU RADIOABLAÇÃO?

Não há na literatura estudos prospecti-vos e aleatórios que comparem os dois mé-todos no tratamento de pacientes com neo-plasia primária de pulmão. Há apenas dados publicados de estudos retrospectivos ou prospectivos de fase II de um ou outro pro-cedimento.

Uma análise sistemática da literatura com 16 estudos representativos sobre SBRT e ra-dioablação concluiu que ambos os métodos oferecem um claro benefício em sobrevida quando comparados com radioterapia con-vencional para o tratamento de pacientes com CPCNP em estádios iniciais e clinica-mente inoperáveis. A sobrevida em um e três anos foi semelhante nos pacientes tra-tados com um ou outro método. No entan-to, a sobrevida em cinco anos foi maior nos pacientes tratados com SBRT (47 vs 27%) e a taxa de progressão local foi maior nos pa-cientes tratados com radioablação (23,7-43 vs 3,5-14,5%)43.

Uma análise de custo efetividade compa-rando SBRT, radioablação e radioterapia con-vencional para pacientes com CPCNP em estádios iniciais e clinicamente inoperáveis concluiu que o tratamento não cirúrgico mais custo-efetivo é a SBRT. O valor do in-cremento de custo-efetividade da SBRT so-bre a radioablação foi de U$ 14.100,00 por qualidade de vida ajustada por ano44. Os autores enfatizam, baseados nesses achados e nos resultados reportados pela literatura,

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R. Ferrigno

54 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

que a SBRT deve ser considerada, quando disponível, o tratamento de escolha para os pacientes com CPCNP estádio I, periférico, clinicamente inoperáveis.

QUAIS AS PERSPECTIVAS FUTURAS?

A evolução tecnológica da radioterapia que resultou no emprego da SBRT possui uma implicação importante para um signifi-cativo número de pacientes. Nos EUA, há uma estimativa de que, atualmente, 25 a 35% dos pacientes diagnosticados com cân-cer de pulmão em estádio inicial sejam me-dicamente inoperáveis para lobectomia45. Além disso, como a tomografia computado-rizada para rastreamento de câncer de pul-mão tem sido empregada cada vez mais para pacientes de alto risco devido ao tabagismo46, há uma perspectiva de aumento substancial no número de pacientes diagnosticados em estádios iniciais e considerados clinicamente inoperáveis. Opção efetiva, como a SBRT, deve estar disponível na maioria dos serviços que tratam câncer de pulmão.

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Opções de tratamento local para pacientes medicamente inoperáveis

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 55

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QUAL A IMPORTÂNCIA DO TIPO HISTOLÓGICO NA DEFINIÇÃO DO TRATAMENTO DO CÂNCER DE PULMÃO DE CÉLULAS NÃO PEQUENAS?

Até muito recentemente, o tratamento padrão consistia na utilização de uma combi-nação quimioterápica empregando um deriva-do de platina associado a gencitabina, taxanos ou vinorelbine1 independentemente do tipo histológico diagnosticado. A evolução do co-nhecimento da patologia identificou doenças diferentes dentro de uma mesma entidade, com tipos histológicos e prognósticos diferen-tes e, consequentemente, diferentes tipos de tratamento passaram a ser investigados. Em 2008, Scagliotti publicou o primeiro estudo prospectivo que demonstrou diferenças de sobrevida utilizando uma combinação de pla-tina para diferentes histologias. Esse foi um estudo de fase III, randomizado de não infe-rioridade, que comparou a sobrevida global (SG) em pacientes com estádios IIIB e IV, por-tadores de câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP). Os pacientes recebiam cisplatina e gencitabina ou cisplatina e peme-trexede. A SG para cisplatina/pemetrexede foi superior no grupo de pacientes portadores de adenocarcinomas e carcinomas de grandes células (n = 153; 10,4 vs 6,7 meses)2.

Após dois anos, foi publicada uma revi-são sistemática, confirmando o maior benefício

Tratamento sistêmico do câncer de pulmão de células não pequenas (primeira linha e manutenção)C. Mathias e E. Mascarenhas

do tratamento com pemetrexede para pa-cientes com CPCNP, subtipo não escamoso3.

Apesar de todos os esforços, a sobrevida de pacientes com CPCNP ainda é pequena. As tentativas de melhorar os resultados con-tinuam, apesar de muitos estudos negativos, como, por exemplo, o acréscimo de um ter-ceiro fármaco citotóxico4.

O bevacizumabe é um anticorpo mono-clonal antiangiogênico avaliado no estudo do Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG) que randomizou 878 portadores de CPCNP não escamoso, avançado ou recor-rente (estágio IIIB ou IV) para receber qui-mioterapia com paclitaxel e carboplatina ou paclitaxel, carboplatina e bevacizumabe. A quimioterapia foi administrada a cada 3 se-manas por 6 ciclos, e o bevacizumabe foi administrado a cada 3 semanas até a pro-gressão da doença. O desfecho primário foi SG. A sobrevida mediana foi de 12,3 meses no grupo que recebeu quimioterapia e be-vacizumabe, em comparação com 10,3 me-ses no grupo de quimioterapia isolada (razão de risco (RR) para morte: 0,79; p = 0,003). A sobrevida livre de progressão (SLP) media-na nos dois grupos foi de 6,2 e 4,5 meses, respectivamente (RR de progressão da doen-ça, 0,66, p < 0,001), com taxas de resposta correspondentes de 35 e 15% (p < 0,001). Taxas de hemorragia clinicamente significa-tiva foram de 4,4 e 0,7% respectivamente (p < 0,001). Houve 15 mortes relacionadas

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C.M. Cerqueira, E. Mascarenhas

58 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

ao tratamento no grupo de quimioterapia e bevacizumabe, incluindo cinco relacionadas à hemorragia pulmonar. Há um benefício de SG nos pacientes tratados com bevacizuma-be, mas houve também um aumento de mortes relacionadas ao tratamento5. Outro estudo que também avaliou o acréscimo de bevacizumabe à quimioterapia foi o AVAIL, seu objetivo primário foi a SLP. Compara-ram-se gencitabina e cisplatina e bevacizu-mabe 15 mg/kg ou 7,5 mg/kg versus place-bo. Esse estudo também confirma o benefício do acréscimo de bevacizumabe à quimioterapia6.

A definição do tipo histológico é indis-pensável para determinar a escolha do trata-mento, a não definição do subtipo histológi-co pode levar à escolha de um tratamento não ideal.  

QUAL A IMPORTÂNCIA DA DETERMINAÇÃO DO PERFIL MOLECULAR?

Na última década, inúmeras descobertas a respeito do entendimento da biologia molecular do CPCNP, foram incorporadas ao tipo histológico e estadiamento. Alguns desses biomarcadores possuem terapêuticas específicas, personalizando o tratamento do paciente7. 

Recentemente, o Colégio Americano de Patologistas, a International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC) e a Asso-ciação de Patologia Molecular publicaram as diretrizes para estabelecer recomendações para a análise molecular de câncer de pul-mão que são necessárias para orientar tera-pias orientadas pelo receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) e pelo ana‑plastic lymphoma kinase (ALK), abordando quais os pacientes e amostras devem ser testados, e quando e como o teste deve ser realizado.

As recomendações principais são a utili-zação de testes para mutações de EGFR e

fusões ALK para orientar a seleção de pacientes para terapia alvo, em todos os pacientes com adenocarcinoma em fase avançada, inde-pendentemente de sexo, raça e tabagismo ou de outros fatores de risco clínicos, e prio-rizar EGFR e testes ALK sobre outros testes preditivos moleculares8.

COMO SELECIONAR A TERAPIA DE PACIENTES QUE APRESENTAM MUTAÇÃO DO RECEPTOR DO FATOR DE CRESCIMENTO EPIDÉRMICO PRESENTE?

Há uma grande variedade de estudos demonstrando o benefício clínico dos inibi-dores da tirosina-quinase (TKI) sobre qui-mioterapia em pacientes portadores de mu-tação de EGFR.  

O estudo IPASS randomizou pacientes, não fumantes, ou fumantes leves, asiáticos, com adenocarcinoma de pulmão avançado para receber gefitinibe ou paclitaxel e carbo-platina. As taxas de SLP, objetivo primário do estudo, foram 24,9% para o grupo do gefi-tinibe e 6,7% para os pacientes tratados com paclitaxel e carboplatina. O estudo atin-giu o objetivo primário de não inferioridade e mostrou superioridade para os pacientes portadores de adenocarcinoma de pulmão avançado, não fumantes ou fumantes leves, asiáticos. A análise de subgrupo evidenciou que a presença de mutação de EGFR confere um melhor resultado9. No estudo IPASS, as mutações no EGFR foram os mais fortes biomarcadores preditivos de SLP e resposta tumoral de primeira linha (gefitinibe vs car-boplatina/paclitaxel). Não houve diferença de SG entre os grupos, porém um grande número de pacientes com mutação presente receberam gefitinibe em segunda linha10. 

Outro estudo de TKI em primeira linha foi o OPTIMAL, que avaliou 83 pacientes portadores de mutação aleatoriamente de-signados para receber erlotinibe e 82 para receber gencitabina com carboplatina. A SLP

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mediana foi significativamente maior em pacientes tratados com erlotinibe11.

O EUTARC foi um estudo randomizado de fase III, conduzido em países europeus, com pacientes com adenocarcinoma de pulmão avançado, portadores de mutação de EGFR. Os pacientes foram randomizados 1:1 para receber erlotinibe ou quimioterapia com cis-platina associada a docetaxel ou gencitabina. A substituição da cisplatina por carboplatina AUC 6 associada a docetaxel ou AUC 5 com gencitabina foram permitidas se clinicamente indicada. Os pacientes foram estratificados por tipo de mutação EGFR e desempenho clínico ECOG 0 vs 1 vs 2. Foram incluídos 174 pacientes com mutação, 87 receberam quimioterapia e 86 erlotinibe. O estudo atin-giu o seu objetivo primário; SLP mediana foi de 9,7 meses no grupo que recebeu erlotinibe em comparação com 5,2 meses no grupo de quimioterapia padrão12.

O LUX Lung 3 randomizou pacientes na proporção 2:1, para afatinibe ou pemetrexe-de/cisplatina, a taxa de resposta (TR), bem como SLP foi superior para o grupo que recebeu afatinibe.

Nesses estudos, os TKI produziram uma maior TR e SLP em comparação à quimiote-rapia em pacientes portadores de mutação (Tabela 1). O contrário acontece nos pacien-tes que não têm a mutação e são submeti-dos a TKI. 

Diante desses resultados, os dados são suficientes para utilização do perfil molecu-lar na decisão e na determinação do trata-mento de primeira linha, não existindo indi-cação para seleção clínica. A dificuldade de obtenção do resultado molecular em algu-mas regiões leva ao início do tratamento de forma não personalizada, e esforços devem ser feitos no sentido de ampliar o acesso a realização do perfil molecular. 

A tabela abaixo resume os resultados de estudos que comparam quimioterapia ba-seada em platina e TKI no tratamento de primeira linha em pacientes com EGFR+,

relacionando o tratamento empregado, a TR) e a SLP alcançada.

QUAL A TERAPÊUTICA IDEAL NOS PACIENTES PORTADORES DA FUSÃO EML-4/ALK? 

A fusão EML-4/ALK é encontrada em 2-7% dos adenocarcinomas, mais comum em pacientes não fumantes, e é uma muta-ção excludente do EGFR. O estudo PROFILE 1005 mostrou TRs em torno de 50% e em outro estudo o A80811001 de 61%14. Esses dados levaram à aprovação do crizotinibe fora do Brasil (este agente ainda não foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilân-cia Sanitária [ANVISA]). Um estudo de fase III randomizou 347 pacientes portadores da fusão, previamente tratados, para receber crizotinibe ou quimioterapia. Sendo que os pacientes do braço de quimioterapia, quando apresentavam progressão de doença poderiam

Tabela 1. Estudos clínicos envolvendo inibidores tirosina‑quinase

Estudo TR (%)  SLP (m) 

IPASS10

Gefitinibe 85 8

Gencitabina/cisplatina 38 2,1

OPTIMAL11 

Erlotinibe 83 13,1

Gencitabina/carboplatina 36 4,6

EUTARC12

Erlotinibe 58 9,7

Gencitabina ou docetaxel/platina 15 5,2

LUX Lung trial 313

Afatinibe 56 11,1

Pemetrexede/cisplatina 23 6,9

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utilizar crizotinibe. A SLP foi de 7,7 meses no grupo do crizotinibe e de 3 meses no grupo da quimioterapia, a TR foi 65% no crizotinibe e 20% no grupo de quimioterapia. Esses da-dos corroboram os achados do estudo de fase II, confirmando a superioridade do tra-tamento com crizotinibe, em portadores da fusão EML4/ALK quando comparado à qui-mioterapia15.

QUAL A IMPORTÂNCIA DA DETECÇÃO DO SUBTIPO ROS-1? 

O ROS-1 é um receptor de tirosina-qui-nase da família de receptores de insulina. Recentemente, fusões no ROS-1 foram identi-ficadas como potenciais mutações no CPNPC16. Essas fusões levam a uma atividade da qui-nase constitucional e estão associadas com sensibilidade in vitro aos TKI. Em função dos resultados satisfatórios obtidos com trata-mento dirigido para mutações, despertou-se a necessidade de conhecer esse subgrupo de pacientes e uma possível terapêutica dife-renciada. Foi feito um estudo envolvendo quatro instituições diferentes,  avaliando 1.073 pacientes, de forma retrospectiva, e registros médicos foram revistos para extrair dados como características clínico-patológi-cas, idade, sexo, histologia, SG e história de tabagismo. Dos 1.073 tumores, 18 (1,7%) foram ROS-1 e 31 foram ALK. Comparado ao grupo ROS-1 negativo, os pacientes com rearranjos ROS-1 foram os mais jovens e não tabagistas. Todos os ROS-1 positivos foram adenocarcinomas. Não houve diferença quanto à sobrevida nos dois grupos. Um paciente tratado com crizotinibe mostrou uma diminuição importante do tumor, com uma resposta quase completa, após 8 sema-nas de tratamento17. Outro estudo com pa-cientes ROS-1 positivos, tratados com crizo-tinibe, mostrou uma resposta objetiva de 54%, sendo que na grande maioria das ve-zes, a resposta acontece logo no início do tratamento18.

COMO DEVE SER O TRATAMENTO DE PRIMEIRA LINHA PARA OS PACIENTES PORTADORES DE CÂNCER DE PULMÃO DE CÉLULAS NÃO PEQUENAS NÃO ESCAMOSO COM BOM DESEMPENHO CLÍNICO?

Na ausência de mutação, pacientes com desempenho clínico 0-1 devem ser tratados com quimioterapia baseada em platina, ob-jetivando o aumento no controle de sinto-mas e a melhora da qualidade de vida. A combinação de novos agentes com platina mostrou um platô na TR (aproximadamen-te 25-35%), tempo para progressão de 4-6 meses, sobrevida média de 8-10 meses, taxa de sobrevida em um ano (30-40%) e taxa de sobrevida em dois anos (10-15%).

A combinação de bevacizumabe e qui-mioterapia pode ser utilizada em pacientes portadores de CPCNP não escamoso na ausência de história de hemoptise. 

O uso de pemetrexede, conforme já foi relatado anteriormente, confere um aumen-to de SLP para o subtipo não escamoso, sendo uma opção em combinação com pla-tina. Outra opção quando o uso de bevaci-zumabe for contraindicado ou não existir disponibilidade do pemetrexede, ou na pre-sença de contraindicações ao uso desses agentes, seria a utilização de combinações de quimioterápicos de terceira geração asso-ciados à platina (docetaxel e cisplatina ou vinorelbine e cisplatina ou paclitaxel e car-boplatina ou gencitabina com cisplatina)1.

Outra opção factível, para todos os tipos histológicos, é a associação de vinorelbine e cisplatina com cetuximabe para aqueles pa-cientes com escore de EGFR alto. O estudo FLEX mostrou um aumento de SG em favor do grupo submetido a quimioterapia e cetu-ximabe. Para definir o grupo de pacientes que são melhores respondedores, foi feita uma análise retrospectiva exploratória, não previamente planejada da correlação do

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nível de expressão de resposta clínica. Foi gerada uma pontuação imuno-histoquímica para os pacientes, em uma escala contínua de 0-300, o resultado do tratamento foi ana-lisado em pacientes com baixa expressão do EGFR (pontuação imuno-histoquímica < 200) e elevada (≥ 200) do tumor. Para pacientes no grupo de alto EGFR, a SG foi maior no grupo de quimioterapia mais cetuximabe do que no grupo de quimioterapia19. Entretanto, vale ressaltar que o cetuximabe não foi apro-vado para uso sistemático em câncer de pul-mão seja pelo Food and Drug Administration (FDA), pelo European Medicines Agency (EMEA) ou ANVISA.

COMO DEVE SER O TRATAMENTO DE PRIMEIRA LINHA PARA OS PACIENTES PORTADORES DE CÂNCER DE PULMÃO DE CÉLULAS NÃO PEQUENAS ESCAMOSO COM BOM DESEMPENHO CLÍNICO?

Em torno de 85% dos novos casos de câncer diagnosticados é CPCNP e aproxima-damente 20-30% são escamocelular20. O reconhecimento das alterações moleculares associadas a EGFR e ALK mudaram sensivel-mente a estratégia de tratamento dos pacien-tes com adenocarcinoma. Infelizmente, essas alterações são tipicamente ausentes nos por-tadores de carcinoma escamocelular21.

O tratamento persiste na combinação de dois fármacos (platina, associada a um agen-te de terceira geração, como gencitabina, taxanos ou vinorelbine)22.

QUAL O PAPEL DA TERAPIA DE MANUTENÇÃO? 

Em 2009, foi publicado um estudo ran-domizado multicêntrico no qual os pacientes foram submetidos a tratamento de primeira linha com 4 ciclos de quimioterapia, e aque-les que não progrediram receberam terapia de manutenção com pemetrexede ou placebo

até progressão de doença. A utilização de pemetrexede aumentou a SLP para 4,3 versus 2,6 meses e SG para 13,4 versus 10,6 meses em comparação com placebo23. 

Outro estudo que avaliou o papel da te-rapia de manutenção foi o SATURN, que envolveu 1.949 pacientes tratados com qui-mioterapia baseada em platina. Após 4 ci-clos, os pacientes que não progrediram fo-ram submetidos a uma randomização 1:1 entre erlotinibe ou placebo. O resultado mostrou benefício da SLP em favor do erlo-tinibe24. O estudo ATLAS, comparou o uso de erlotinibe associado ao bevacizumabe, também evidenciou benefício em SLP25.

A utilização de pemetrexede como ma-nutenção foi avaliada no estudo PARA-MOUNT, duplo cego, multicêntrico, rando-mizado, no qual os pacientes portadores de CPCNP não escamoso receberam 4 ciclos de indução com pemetrexede e cisplatina e, aqueles que não progrediram, foram rando-mizados numa proporção 2:1 para pemetre-xede ou placebo. Houve uma redução signi-ficativa no risco de progressão da doença no grupo que recebeu pemetrexede. A SLP, medida a partir de randomização, foi de 4,1 meses para pemetrexede e de 2,8 meses para o placebo26.

A incorporação de bevacizumabe na ma-nutenção foi avaliada no estudo AVAPERL randomizado, multicêntrico, aberto, fase III com 376 pacientes com CPCNP avançado, metastático ou recorrente. O estudo avaliou pacientes que tinham alcançado o controle da doença (remissão completa ou parcial ou doença estável), após bevacizumabe, cispla-tina e pemetrexede. Eles foram aleatoriamen-te designados para terapia de manutenção com bevacizumabe isolado ou bevacizuma-be e pemetrexede e tratados até progressão da doença. A combinação de bevacizumabe e pemetrexede como terapia de manutenção conferiu acréscimo de quatro meses à SLP comparado a bevacizumabe sozinho e redu-ziu o risco de progressão em 50%. Em um

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seguimento médio de 11 meses, a SLP me-diana foi de 10,2 meses para a combinação vs 6,6 meses com bevacizumabe (p < 0,001), e todos os subgrupos se beneficiaram da combinação. A mediana de SG ainda não tinha sido atingida no braço de combinação e foi de 15,7 meses no braço bevacizumabe. A duração mediana de controle da doença favoreceu o braço de combinação: 7,8 vs 4,9 meses27. 

A utilização de terapia de manutenção está consolidada em todos os estudos des-critos acima, e, se houver disponibilidade, deverá ser discutida com o paciente. Deve ser considerada a toxicidade do tratamento. Se a manutenção não for adotada, o pacien-te deverá ser acompanhado regularmente, a fim de proporcionar imediato reconhecimen-to da progressão de doença e instituição precoce de tratamento de segunda linha, evitando assim a deterioração do estado ge-ral e a perda de oportunidade de implemen-tação de novo tratamento quimioterápico.

QUAL A RECOMENDAÇÃO PARA TRATAMENTO DE PACIENTES COM DESEMPENHO CLÍNICO COMPROMETIDO E/OU IDOSOS?

Estudos anteriores em pacientes com de-sempenho clínico comprometido (ECOG ≥ 2) mostraram pouco ou nenhum benefício para a quimioterapia sistêmica com altas taxas de morbidade e de mortalidade. O surgimento de terapêuticas menos tóxicas e mais efeti-vas levou ao questionamento da terapêutica nesses pacientes.

O tratamento dos pacientes será deter-minado por um conjunto de fatores, como desempenho clínico, idade, histologia e presença de mutação. Devem-se levar em consideração comorbidades e patologias associadas.

O estudo ELVIS28 avaliou pacientes com idade igual ou superior a 70 anos, PS 0-2, tratados com vinorelbine. Foi feita avaliação

de qualidade de vida, sendo evidenciada me-lhora da sobrevida e possível melhora da qualidade de vida.

Outro estudo importante nessa popula-ção específica comparou, de maneira multi-cêntrica e randomizada, monoterapia, que poderia ser gencitabina ou vinorelbine a pa-clitaxel e carboplatina. A toxicidade foi acei-tável, evidenciando maior sobrevida para os pacientes submetidos à combinação29.

No encontro da American Society of Cli‑nical Oncology (ASCO) 2012, foi apresenta-do um estudo de fase III, pacientes PS2 de oito centros do Brasil que foram randomiza-dos para pemetrexede e pemetrexede e car-boplatina. O estudo mostrou que a combi-nação de quimioterapia melhora a sobrevida, sendo que a toxicidade foi aceitável nesse grupo de pacientes30.

QUAL O PROGNÓSTICO NO CÂNCER DE PULMÃO DE CÉLULAS NÃO PEQUENAS?

Apesar de todos os esforços e da evolu-ção no tratamento do CPCNP, o prognóstico da doença metastática ainda é reservado. A sobrevida mediana esperada em pacientes não selecionados é de 10 a 12 meses, e a sobrevida em cinco anos de pacientes com doença estádio clínico IV é de 2%31.

Alguns parâmetros clínicos, independen-temente do estadiamento, estão associados a uma menor sobrevida, entre eles desem-penho clínico comprometido, perda de ape-tite e perda ponderal32.

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100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 65

COMO ABORDAR UM PACIENTE QUE PROGREDIU A UM TRATAMENTO SISTÊMICO DE PRIMEIRA LINHA BASEADO EM PLATINA?

A despeito do benefício com tratamento de primeira linha, os pacientes, eventual-mente, apresentarão progressão da doença, geralmente após três a seis meses do início do tratamento1,2. Aproximadamente 40 a 50% desses terão condições de receber tratamen-to de segunda linha, principalmente aqueles com melhor performance status (PS), pacien-tes do sexo feminino e aqueles com subtipo não escamoso3. Existem atualmente quatro

Tratamento sistêmico de segunda e terceira linhas do câncer de pulmão de células não pequenasM. Zukin e L.H. de Lima Araujo

opções aprovadas em tratamento de segun-da linha no Brasil, sendo dois agentes cito-tóxicos, docetaxel e pemetretede, e dois agentes de terapia alvo molecular, ertotinibe e gefitinibe. Os principais estudos de fase III estão resumidos na tabela 14-8.

De forma geral, os consensos não indi-cam a superioridade de um tratamento em relação a outro nesta situação5. No entanto, a decisão clínica pela melhor estratégia pode levar em consideração alguns fatores, como o esquema utilizado na primeira linha, o inter-valo de progressão após a terapia de primeira linha, a presença de efeitos colaterais cumu-lativos, como neurotoxicidade e toxicidade

Capítulo 9

Tabela 1. Estudos de fase III em tratamento de segunda linha para CPCNP

Estudo Braços N TR (%) SG (meses) SG em 1 ano (%) N (%) NF (%)

TAX 3174 D 100*

D 75†

Suporte

49 55100

6,35,5–

5,97,54,6

373719

85,767,3

22,4 1,8

TAX 3205 D 100D 75V / I

125125123

10,86,70,8

5,55,75,6

213219

775431

12 8 1

JMEI6 PemD 75

283288

9,18,8

8,37,9

29,729,7

0–

0–

BR.217 E 150Suporte

488243

8,90,9

6,74,7

3122

0–

0–

INTEREST8 D75G 250

710723

7,69,1

8,07,6

32,131,1

58,22,2

10,1 1,2

*D 100: docetaxel 100 mg/m2 21/21 dias†D 75: docetaxel 75 mg/m2 21/21 dias

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M. Zukin, L.H. de Lima

66 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

renal, o tipo histológico, a presença de mu-tações do gene do receptor do fator de cres-cimento epidérmico (EGFR) no caso de ade-nocarcinoma e o PS. Na impossibilidade de se conhecer o status de EGFR em pacientes com adenocarcinoma, a história de tabagis-mo pode também interferir nesta decisão. Na figura 1, apresentamos um fluxograma prático para decisões clínicas no caso de adenocarcinoma pulmonar, em que as pos-sibilidades são mais extensas. Para pacientes com carcinoma epidermoide, o agente pe-metrexede não se mostrou ativo, não sendo, portanto, uma opção. Assim, nesse caso, existe uma tendência a se utilizar o agente docetaxel como segunda linha, sendo as te-rapias de alvo molecular geralmente reserva-das para a terceira linha. É importante sa-lientar que pacientes com PS de 3 ou 4 são geralmente tratados com suporte paliativo exclusivo, com exceção para pacientes com mutações ativadoras de EGFR.

QUAL ESQUEMA DE QUIMIOTERAPIA DE SEGUNDA LINHA É O MAIS ADEQUADO?

Existem algumas características inicias que ajudam a definir essa resposta, sendo a

principal o tipo histológico. Entre os agentes citotóxicos, nenhum se destacou tanto na questão de seleção por subtipo histológico como o pemetrexede. Trata-se de um anti-metabólito que inibe múltiplas enzimas que participam das vias sinalizadoras depen-dentes do folato. Em um estudo randomi-zado de fase III, o pemetrexede se mostrou não inferior ao docetaxel na terapia de segunda linha, com sobrevidas medianas de 8,3 e 7,9 meses (razão de risco [RR]: 0,99; p = 0,93)7. No entanto, em uma análise exploratória baseada no subtipo histológi-co, foi visto que o pemetrexede era supe-rior ao docetaxel em pacientes com histo-logia não escamosa (medianas de sobrevida 9,3 vs 8,0 meses; RR: 0,78; p = 0,048). Por outro lado, não houve benefício entre pa-cientes com histologia escamosa (mediana de sobrevida 6,2 vs 7,4 meses; RR: 1,52; p = 0,018). Assim, o pemetrexede é hoje aprovado exclusivamente para pacientes com histologia não escamosa. Portanto, esse deve ser o tratamento de escolha, des-de que os pacientes não tenham feito uso prévio desse agente. Para pacientes com his-tologia escamosa ou para aqueles que usa-ram pemetrexede em primeira linha, a me-lhor opção é o docetaxel.

Figura 1. Fluxograma prático para decisão terapêutica em pacientes com adenocarcinoma de pulmão na segunda linha, após terapia baseada em platina na primeira linha. Obs: considera‑se como mutação sensibilizadora de EGFR as deleções do éxon 19 e mutações ativadoras do éxon 21, como a L858R.

EGFR mutado ILP ≥ 6 meses ILP < 6 meses

Re-tto Não tabagistaErlotinibe ou

ge�tinibe Considerar erlotinibe/ge�tinibe

Docetaxel

Tabagista

Uso prévio de Pem

Uso prévio

de taxano

Pem

Adenocarcinoma metastáticoPrimeira linha baseada em platina

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Tratamento sistêmico de segunda e terceira linhas do CPCNP

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 67

QUANDO USAR TERAPIA ALVO EM SEGUNDA LINHA?

O erlotinibe e o gefitinibe são inibidores da tirosina-quinase (TKI) do EGFR. A indicação de erlotinibe na terapia de segunda linha foi es-tabelecida no estudo de fase III BR.21, coor-denado pelo National Cancer Institute of Ca‑nada Clinical Trials Group (NCIC CTG), que comparou tratamento com erlotinibe versus placebo após falha a uma ou duas linhas te-rapêuticas em pacientes com câncer de pul-mão de células não pequenas(CPCNP)8. Nesse estudo, foi demonstrada a superioridade do erlotinibe em relação à sobrevida global (SG) (RR: 0,7; intervalo de comfiança [IC] 95%: 0,58-0,85; p < 0,001) e sobrevida livre de progressão (SLP) (RR: 0,61; IC 95%: 0,51-0,74; p < 0,001). Por sua vez, o gefitinibe se mos-trou não inferior ao docetaxel no estudo IN-TEREST9. A taxa de resposta (TR) a essas te-rapias foi maior em asiáticos, mulheres, não fumantes e pacientes com diagnóstico de adenocarcinoma. Em um estudo de fase IV com erlotinibe, chamado TRUST10, foi encon-trada uma longa sobrevida principalmente em pacientes não tabagistas, com histologia não escamosa, o que sugeria a presença de mutações ativadoras de EGFR nessa coorte (Tabela 2). Infelizmente, apenas 4,4% dos pacientes nesse estudo fase IV forneceram material para estudos translacionais.

No Spanish Lung Cancer Group11, foi de-monstrado que o benefício do uso de erloti-nibe na segunda linha é semelhante ao na primeira entre pacientes com mutações ativa-doras de EGFR (deleções do éxon 19 ou muta-ção pontual L858R no éxon 21), com duração de resposta de 13 e 14 meses, respectivamen-te. Nesse estudo, as medianas de SLP e SG foram de 14 e 27 meses, respectivamente, e a TR foi de 70%. Apesar de não haver um estudo braço a braço comparando essa es-tratégia a outros agentes, os resultados são superiores a qualquer outra possibilidade de tratamento em segunda linha, devendo, portanto, ser considerada.

Em suma, os consensos não indicam a necessidade de pesquisa genética para a es-colha terapêutica na segunda linha, erlotini-be ou gefitinibe são as opções em todos os subgrupos12. Por outro lado, entre pacientes sem este perfil, ou seja, tabagistas sem a de-monstração de mutações de EGFR, agentes citotóxicos são preferenciais, conforme de-monstrado recentemente em um estudo ita-liano (TAILOR), em que o docetaxel se mos-trou superior ao erlotinibe em pacientes com EGFR selvagem13. Na mesma linha, um estudo asiático (DELTA) randomizou pacientes com EGFR selvagem para pemetrexede vs gefiti-nibe. Os resultados de SLP foram de 1,6 vs 4,8 meses para o braço que recebeu pemetre-xede (RR: 0,51; IC 95%: 0,36-0,71; p < 0,01)14.

Tabela 2. Resposta e sobrevida em subgrupos selecionados, de acordo com sexo, histologia e tabagismo no estudo TRUST10

Desfecho Subgrupos

1 2 3 4 5 6 7 8

TR (%) 4 12 9 21 5 17 10 28

TCD (%) 70 59 64 76 62 63 61 79

SLP (meses) 2,83 2,33 2,73 6,01 2,35 2,97 2,46 7,19

SG (meses) 5,98 5,03 5,95 13,21 5,19 9,40 7,26 15,54

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M. Zukin, L.H. de Lima

68 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

EXISTE BENEFÍCIO PARA UTILIZAR COMBINAÇÕES EM SEGUNDA LINHA?

A combinação não parece oferecer bene-fício em segunda linha. Em uma metanálise, di Maio, et al.15 comparou agentes únicos versus combinações na terapia de segunda linha, a partir de dados de 847 pacientes provenientes de seis ensaios clínicos ran-domizados. A SG mediana foi de 37,3 e 34,7 semanas para combinações e agentes únicos, respectivamente (RR: 0,92; IC 95%: 0,79-1,08). Além disso, pacientes tratados com combinações apresentaram maiores taxas de eventos adversos, incluindo toxi-cidade hematológica graus III e IV (41 vs 25%; p < 0,0001) e não hematológica (28 vs 22%; p = 0,34). Uma exceção a essa regra talvez seja o retratamento com combi-nações envolvendo platinas, conforme dis-cussão abaixo.

QUAL O PAPEL DO RETRATAMENTO COM PLATINAS NA SEGUNDA LINHA?

Apesar dos avanços recentes ocorridos na última década, os compostos de platina continuam sendo a principal classe de fár-macos utilizada para a maioria dos pacientes com doença metastática16. Notavelmente, um subgrupo de pacientes é particular-mente sensível à quimioterapia de primei-ra linha baseada em platina, com elevada taxa de controle de doença e longo inter-valo livre de progressão17. Para esses, o retratamento com esquema baseado em platina é uma conduta interessante na se-gunda linha.

A efetividade do retratamento com pla-tinas foi demonstrada entre pacientes ja-poneses que apresentaram resposta na primeira linha18. Nesse estudo, os pacien-tes foram retratados com o mesmo esque-ma da primeira linha após a progressão,

sendo encontrada uma TR de 29% e SG de 17 meses. Neste caso, o maior benefício foi demonstrado em pacientes com intervalo livre de progressão de seis meses ou mais após o término da primeira linha (sobrevi-da mediana de 21,4 meses), o que se mos-trou superior a um grupo controle tratado com docetaxel isoladamente (mediana de 9,5 meses; p = 0,001). Ademais, em um ensaio clínico randomizado de fase II, con-duzido na Holanda, foi verificado um signi-ficativo ganho em TR e em SLP quando a carboplatina foi adicionada a pemetrexede em segunda linha, entre pacientes previa-mente tratados com platina19. Nesse estudo, denominado NVALT7, 61% dos pacientes haviam respondido ao tratamento de primei-ra linha, enquanto 63% apresentaram inter-valo livre de progressão maior ou igual a seis meses após o término da primeira linha.

Dessa forma, consideramos os pacientes com bom PS e longo intervalo livre de pro-gressão após o termino da primeira linha – seis meses ou mais – como candidatos ao retratamento com platina, em detrimento às terapias com agentes isolados.

QUAL O MELHOR ESQUEMA QUIMIOTERÁPICO PARA PACIENTES IDOSOS NA SEGUNDA LINHA?

Os pacientes com mais de 70 anos foram avaliados em uma análise de subgrupo no estudo que comparava docetaxel e pemetre-xede em segunda linha. A avaliação de sobre-vida foi igual ao grupo menor que 70 anos. Além disso, o perfil de toxicidade foi mais favorável para pemetrexede, sendo essa a opção de escolha quando a histologia não for carcinoma escamocelular. Na impossibili-dade de se utilizar pemetrexede, seja por histologia ou dificuldade de acesso, outras opções plausíveis são os esquemas sema-nais com docetaxel, vinorelbina e gencita-bina, com base em estudos menores.

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Tratamento sistêmico de segunda e terceira linhas do CPCNP

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 69

O QUE É E QUANDO UTILIZAR A SEGUNDA LINHA PRECOCE?

A segunda linha precoce consiste em ini-ciar uma terapia de segunda linha imediata-mente após o término da primeira linha em pacientes que tenham obtido resposta ou estabilização da doença, antes de seja detec-tada progressão de doença. Os principais estudos estão resumidos na tabela 320-23. Apesar dos resultados promissores, os con-sensos têm definido essa estratégia com ní-vel intermediário de evidência. Na prática, a maior utilização está em pacientes com histologia adenocarcinoma, em que peme-trexede e erlotinibe/gefitinibe são opções plausíveis, além de ótimo perfil de seguran-ça, facilidade e praticidade de administra-ção e boa tolerância. Em estudo de fase III, o pemetrexede foi comparado a placebo como segunda linha precoce em pacientes que receberam terapia inicial não conten-do este agente20. A terapia com pemetre-xede mostrou-se clinicamente relevante e houve aumento da SG (13,4 vs 10,6 meses; RR: 0,79; IC 95%: 0,65-0,95; p = 0,012) e SLP (4,3 vs 2,6 meses; RR: 0,50; IC 95%: 0,42-0,61 p < 0,0001), com maior benefício verificado nos pacientes com histologia não escamosa.

Outro estudo relevante é o SATURN22, em que se avaliou o papel do erlotinibe como te-rapia de segunda linha precoce. Em seu dese-nho, 889 pacientes com CPCNP avançado que tiveram resposta ou doença estável após qua-tro ciclos de quimioterapia baseada em plati-na foram submetidos à randomização para receber erlotinibe ou placebo. A SLP e SG foram significativamente superiores no bra-ço com erlotinibe (SLP: OR: 0,71; IC 95%: 0,2-0,82; p < 0,0001). Entretanto, pacientes com mutação de EGFR tiveram SLP mediana de 44,6 semanas com erlotinibe em compa-ração com 13 semanas no braço placebo (au-mento de 90%), um benefício dramático para este subgrupo de pacientes. A muta-ção de EGFR foi o único biomarcador signi-ficativamente preditivo do efeito diferencial de erlotinibe.

Em suma, o erlotinibe é uma excelente opção como segunda linha precoce, particu-larmente para pacientes com mutações de EGFR, enquanto o pemetrexede pode ser utilizado para os demais pacientes com his-tologia não escamosa. Para pacientes com histologia escamosa, os resultados com do-cetaxel, gencitabina ou erlotinibe são menos dramáticos, além do que o docetaxel está associado à neurotoxicidade cumulativa e à toxicidade hematológica significativa. Por

Tabela 3. Resumo dos principais estudos com terapia de segunda linha precoce

Autor N Delineamento SLP med (meses) SG med (meses)

Fidias20 309 Docetaxel imediato vs tardio 5,7 vs 2,7p = 0,0001

12,3 vs 9,7p = 0,0853

Ciuleanu21 663 Pem vs placebo 4,3 vs 2,6p < 0,0001

15,5 vs 10,3p = 0,002

Cappuzzo22 889 Erlotinibe vs placebo 12,3 vs 11,1 semp < 0,0001

12 vs 11p = 0,0088

Miler23 768 Bev/erlotinibe vs Bev/placebo 4,7 vs 3,7p = 0,0012

15,9 vs 13,9p = 0,2686

Perol24 464 BSC vs Gem vs erlotinibe 1,9 vs 3,8 (p = 0,001)vs 2,9 (p = 0,002)

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70 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

essas razões, não se indica rotineiramente terapia de segunda linha precoce em pacien-tes com histologia escamosa.

QUAL TERAPIA ALVO ESCOLHER: ERLOTINIBE OU GEFITINIBE?

Há poucos dados na literatura que comparem diretamente erolitinibe a gefiti-nibe, porém, no geral, não parece haver diferença significativa entre estes agen-tes23, o que foi corroborado por uma me-tanálise recente.

QUAL O MELHOR TRATAMENTO NA TERCEIRA LINHA?

Existe apenas um estudo randomizado de fase III que contemple esta situação, o BR.217. Portanto, a rigor, o erlotinibe é a única terapia estabelecida com nível de evi-dência máximo para utilização na terceira linha, independentemente da pesquisa de mutações de EGFR. Com isso, agentes cito-tóxicos, como gencitabina e vinorelbina, são opções plausíveis, ainda que com menor ní-vel de evidência científica25.

COMO ABORDAR UM PACIENTE QUE PROGREDIU A UM TRATAMENTO SISTÊMICO DE PRIMEIRA LINHA BASEADO EM INIBIDOR DE TIROSINA-QUINASE?

A abordagem desse paciente não deve ser com outro TKI, mas sim com terapias citotóxicas estabelecidas para primeira li-nha. Em outras palavras, a terapia baseada em platina é o padrão nessa situação, com ou sem a adição de bevacizumabe. Não existe atualmente estudos clínicos que comprovem a superioridade dessa estraté-gia; porém, existe consenso na comunida-de científica de que essa seria a melhor aborgadem.

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Tratamento sistêmico de segunda e terceira linhas do CPCNP

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 71

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100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 73

QUAL A IMPORTÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO CÂNCER DE PULMÃO DE PEQUENAS CÉLULAS

O câncer de pulmão pequenas células (CPPC) representa de 15 a 20% de todos os casos de neoplasia de pulmão. É mais agres-sivo que o carcinoma de células não peque-nas (CPCNP) e é o mais associado ao taba-gismo, em torno de 95% dos casos. Outras causas menos comuns podem estar envolvi-das em sua etiologia, tais como exposição ao asbesto, gás radônio, radiação ionizante e a certos agentes industriais, como arsênico, níquel e cromo1. Alguns estudos ocidentais apontam para uma mudança na frequência dos tipos histológicos mais frequentes em pacientes com câncer de pulmão. O CPPC, que chegou a ser responsável por aproxima-damente 20% dos casos de câncer de pul-mão, teve sua a incidência reduzida com o decorrer do tempo. Alguns estudos brasileiros apontam também para o declínio deste tipo histológico no cenário local ao longo dos últimos anos2.

QUAIS OS PRINCIPAIS FATORES PARA A DECISÃO TERAPÊUTICA NO CÂNCER DE PULMÃO DE PEQUENAS CÉLULAS?

Os principais fatores prognósticos para decisão terapêutica são o estadiamento

Opções atuais de tratamento do tumor de pulmão de pequenas célulasG.F. Veraldi Ismael

clínico da doença e o estado geral do pa-ciente.

O CPPC, para efeito de decisão terapêu-tica, é dividido em doença limitada e doença extensa.

A doença limitada é definida como acometimento de doença primária e nodal em um hemitórax e com possibilidade de apenas um campo de radiação englobar toda a doença sem causar complicações sé-rias, usualmente limitadas a um hemitórax e a linfonodos regionais, incluindo linfonodos mediastinais e linfonodos supraclaviculares ipsilaterais. Um terço dos casos se apresenta com doença limitada, e a sobrevida mediana varia de 12 a 20 meses.

Doença extensa é quando não atinge os critérios acima. O envolvimento de linfonodo supraclavicular ipsilateral é geralmente con-siderado como doença limitada3. Dois terços dos casos de pacientes com CPPC apresen-tam-se com doença extensa, e a sobrevida mediana varia de 7 a 11 meses.

COMO ESTADIAMOS OS PACIENTES COM CÂNCER DE PULMÃO DE PEQUENAS CÉLULAS?

O estadiamento utilizado atualmente é o da sétima edição da American Joint Committee on Cancer (AJCC), descrita na tabela 14.

Capítulo 10

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G.F. Veraldi

74 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

QUAIS OS PRINCIPAIS FATORES PROGNÓSTICO NO CÂNCER DE PULMÃO DE PEQUENAS CÉLULAS?

A sobrevida mediana dos pacientes com CPPC varia significativamente, dependendo de um conjunto de fatores e características. Para pacientes com doença limitada a sobre-vida mediana fica entre 15 e 20 meses, com 20 a 40% dos pacientes sobrevivendo mais

de dois anos após o diagnóstico. Para pa-cientes com doença extensa, a sobrevida mediana fica entre 8 e 13 meses, com me-nos de 5% dos pacientes vivos no período de dois anos após o diagnóstico. A sobrevida aos cinco anos é desmotivadora, alcançando apenas 1 a 2% dos pacientes com diagnós-tico de doença extensa ao diagnóstico e 10 a 13% para aqueles pacientes com doença limitada. Fica muito evidente que o fator

Tabela 1. Descrição das categorias T, N e M, na 7.ª edição do estadiamento de câncer de pulmão da AJCC

TX – Tumor não pode ser acessado ou diagnosticado pela presença de células neoplásicas nas secreções broncopulmonares ou em lavados broncoalveolares, porém, não identificado pela radiografia ou broncoscopia.

T0 – Sem evidência de tumor primário.

Tis – Carcinoma in situ.

T1

T1aT1b

– Tumor com menos de 3 cm no maior diâmetro, circundado por pleura ou tecido pulmonar em toda a sua extensão, sem evidência de invasão proximal a um brônquio lobular ao exame endoscópico.

– Tumor ≤ 2 cm na maior dimensão.– Tumor > 2 cm, mas ≤ 3 cm na maior dimensão.

T2

T2aT2b

– Tumor > 3 cm, mas ≤ 7 cm ou com qualquer das seguintes características (tumores T2 com essas características são classificados como T2a se ≤ 5 cm): envolve brônquio principal, mas ≥ 2 cm distalmente à carina; invade pleura visceral; associação com atelectasia ou pneumonite obstrutiva que se estende à região hilar mas não envolve todo o pulmão.

– Tumor > 3 cm, mas ≤ 5 cm na maior dimensão.– Tumor > 5 cm, mas ≤ 7 cm na maior dimensão.

T3 – Tumor > 7 cm ou que invade diretamente qualquer dos seguintes: Parede torácica (incluindo tumores do sulco superior), diafragma, nervo frênico, pleura mediastinal, pericárdio parietal; ou tumor no brônquio principal < 2 cm distal à carina, mas sem envolvê-la, ou atelectasia associada ou pneumonite obstrutiva de todo o pulmão ou nódulo(s) tumoral(is) separado(s) no mesmo lobo.

T4 – Tumor de qualquer tamanho que invade qualquer dos seguintes: mediastino, coração, grandes vasos, carina, traqueia, laríngeo recorrente, esôfago, corpo vertebral; nódulo(s) tumoral(is) separado(s) em um lobo ipsilateral diferente.

NXN0N1

N2N3

– Linfonodos regionais não avaliáveis.– Ausência de metástases linfonodais.– Metástases para linfonodos peribrônquicos e/ou hilares ipsilaterais e intrapulmonares, incluindo

envolvimento por extensão direta.– Metástases para linfonodos mediastinais ipsilaterais e/ou subcarinal(is).– Metástases para linfonodos mediastinais ou hilares contralaterais, escalenos ipsi ou contralateral ou

supraclavicular.

MXM0M1M1a

M1b

– Metástases à distância não avaliáveis.– Ausência de metástases à distância.– Metástases à distância. • Nódulo separado em lobo contralateral, tumor com nódulo(s) pleural(is) ou derrame pleural

(ou pericárdico) maligno. • Metástases à distância

Adaptado de Goldstraw P, et al.4.

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Opções atuais de tratamento do tumor de pulmão de pequenas células

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 75

prognóstico para o paciente com CPPC é o seu estadiamento ao diagnóstico5.

O performance status também contribui significativamente para a determinação do prognóstico do paciente com CPPC, sendo que aqueles com bom performance status possuem um melhor prognóstico. Vale lem-brar aqui que se a queda da performance é consequência direta da neoplasia, existe um rápido desaparecimento dos sintomas com o tratamento, com consequente melhora da qualidade de vida. Por outro lado, se o baixo performance status for consequência direta de comorbidades, podemos enfrentar uma situa-ção de inelegibilidade para a terapêutica5.

A desidrogenase láctica (DHL) é um bom parâmetro para a extensão da doença, e, consequentemente, pode ser considerada como um fator prognóstico em pacientes com CPPC. Hipoalbuminemia e anemia tam-bém foram apontadas como fatores de pior prognóstico.

O gênero também é considerado como um fator prognóstico, com vários estudos apontando para um melhor prognóstico para as mulheres, mas os motivos para esta vantagem ainda não são claros.

COMO AVALIAMOS OS PACIENTES COM CÂNCER DE PULMÃO DE PEQUENAS CÉLULAS PREVIAMENTE AO TRATAMENTO?

Sítios frequentes de metástases no CPPC são encéfalo, fígado, medula óssea e ossos. Por esta razão, uma completa avaliação pré--tratamento torna-se necessária, com hemo-grama completo, função hepática, tomogra-fia computadorizada do tórax e do abdome total, além de cintilografia óssea e tomogra-fia computadorizada (TC) ou ressonância nuclear magnética (RNM) do encéfalo. Mie-lograma e/ou biópsia de medula óssea não são necessários, a não ser em casos de pre-sença de eritoblastos no sangue periférico, leucopenia ou trombocitopenia.

Esta completa avaliação na prática pode não ser realizada, uma vez que, na presença de qualquer sinal de doença avançada, o completo estadiamento deixa de ser manda-tório. Contudo, se o paciente é um candida-to à terapia combinada com radioterapia torácica concomitante à radioterapia, deve se prosseguir a avaliação com o intuito de afastar a possibilidade de doença avançada.

Mais recentemente, o tomografia com emissão de pósitrons (PET-TC) tem demons-trado valor no estadiamento, podendo subs-tituir a cintilografia óssea e agilizar o proces-so de detecção de doença extensa. Quando solicitado, deverá ser complementado pela TC ou RNM do encéfalo.

QUAL O MELHOR TRATAMENTO PARA OS PACIENTES COM DOENÇA LIMITADA?

A melhor combinação é de rádio e qui-mioterapia concomitantes. Os melhores resul-tados são obtidos quando a radioterapia é realizada durante o primeiro ou segundo ciclo de quimioterapia (QT) com cisplatina e etoposide6,7. A ressecção cirúrgica deve ser limitada ao uso diagnóstico ou para estádios precoces (T1-2N0M0), confirmados por PET-CT, segui-da por QT sistêmica3.

Radioterapia torácica

A técnica minimamente recomendada é a conformada, ou seja, planejada com tomogra-fia e sistema computadorizado para assegurar uma adequada e segura distribuição de dose, conforme recomendação do Manual de Con-dutas da Sociedade Brasileira de Radioterapia8.

A área irradiada deve englobar o tumor primário com 1,5 cm de margens, o hilo homolateral, e mediastino contralateral até 5cm abaixo da Carina. Com apenas tomo-grafia, deve-se englobar linfonodos maiores que 1,5 cm de diâmetro. Se houver disponi-bilidade de estadiamento com PET-TC, os

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76 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

campos devem englobar as áreas inicialmen-te comprometidas8.

A dose de radioterapia mais comumente recomendada é de 45 Gy, em regime hiper-fracionado, ou seja, com duas aplicações diá-rias de 1,5 Gy, conforme o estudo Intergroup 00969. No entanto, devido aos problemas de logística da ida do paciente duas vezes ao dia para tratamento, outros regimes são aceitos, com aplicações de uma vez ao dia, com doses de 50-70 Gy em drenagens linfáticas comprometida e tumor primário10-12.

Quimioterapia

Entre os regimes de QT mais utilizados, usualmente temos a combinação de uma platina (cisplatina ou carboplatina) com eto-posídeo. O esquema mais usado inclui cis-platina na dose de 60 mg/m2 via intravenosa (VI) no D1 e etoposídeo na dose de 100 a 120 mg/m2/dia, D1 a D3, ciclos a cada três semanas, num total de quatro ciclos. Esse esquema parece ser a melhor combinação para o tratamento concomitante com a ra-dioterapia13. A administração concomitante destes dois agentes e radioterapia proporcio-na taxa de sobrevida global (SG) em dois e cinco anos de 50 e 20%, respectivamente.

A toxicidade mais comumente observada é a esofagite, algumas vezes grave, com dis-fagia e odinofagia, podendo levar o paciente a desnutrição e desidratação. Lembramos que a cisplatina é nefrotóxica, recomendando-se monitoramento da função renal e hidratação VI rigorosa.

Radioterapia profilática craniana

A radioterapia profilática craniana (PCI) é considerada atualmente como tratamento padrão para pacientes portadores de CPPC, inicialmente com doença limitada e que atin-giram remissão completa com radioterapia to-rácica associada à QT de indução. O emprego da PCI reduziu o risco de desenvolvimento de

metástases cerebrais em três anos (59 vs 33%) e aumentou a sobrevida em três anos de 15 a 21%, quando comparado com pacientes que não a receberam, conforme publicação de análise sistemática da literatura14.

Mesmo com o emprego da PCI, em torno de um terço dos pacientes ainda desenvol-vem metástases cerebrais e a dose e fracio-namento ideais para redução desse tipo de recaída ainda não estão definitivamente de-terminados.

Atualmente, a dose padrão para PCI é 25 Gy em 10 frações diárias de 2,5 Gy, cinco vezes por semana. Tentativas de aumentar a efetividade biológica com aumento de dose para 36 Gy em 18 frações diárias de 2 Gy, cinco vezes por semana (fracionamento con-vencional) ou em 24 frações de 1,5 Gy, duas vezes ao dia (regime de hiperfracionamento) não aumentaram a sobrevida ou controle de doença em sistema nervoso central15.

Após publicação de resultados positivos com o emprego de PCI em doença localmen-te avançada e que obtiveram resposta com-pleta com rádio e/ou QT, a recomendação é também utilizá-la nessas situações16.

QUAL O TRATAMENTO DOS PACIENTES COM DOENÇA EXTENSA?

O alicerce do tratamento de pacientes com diagnóstico de CPPC com doença ex-tensa é a QT baseada em cisplatina13. A QT sistêmica tem um papel fundamental tanto no aumento da SG, como também no con-trole e paliação dos sintomas, melhorando a qualidade de vida em comparação a paciente que receberam o melhor cuidado de suporte e/ou paliativo. O esquema mais usado inclui cisplatina na dose de 60 mg/m2 VI no D1 e etoposídeo na dose de 100 a 120 mg/m2/dia, D1 a D3, ciclos a cada três semanas, num total de quatro ciclos.

Até recentemente, nenhum regime de tratamento conseguiu agregar benefício

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Opções atuais de tratamento do tumor de pulmão de pequenas células

100 perguntas chave em Câncer de Pulmão 77

de sobrevida quando comparado a esta pro-posta terapêutica. Com a terapia padrão – etoposídeo combinado à cisplatina ou à car-boplatina – atinge-se uma taxa de resposta clínica entre 75 a 90% e uma taxa de res-posta clínica completa de 50% pode ser an-tecipada em pacientes com doença limitada. Para pacientes com doença extensa, pode-se atingir uma taxa de resposta clínica de apro-ximadamente 50%, além de 25% de taxa de resposta clínica completa. A resposta usu-almente é rápida, ocorrendo dentro dos pri-meiros dois ciclos de QT, com bom controle dos sintomas relacionados à doença.

A despeito da rápida e elevada taxa de resposta clínica, a sobrevida mediana perma-nece desalentadora, com aproximadamente 14 meses para pacientes com doença limita-da e 9 meses para pacientes com doença extensa. Menos de 5% dos pacientes com doença extensa adquirem uma sobrevida su-perior a dois anos. Apesar de resultados ini-ciais da combinação de irinotecano e cisplati-na ter despertado uma grande motivação em um estudo com uma população japonesa17, estes resultados não foram confirmados em estudos ocidentais18. Os motivos para esta diferença nos resultados não são claros, mas fatores que podem ter contribuído para tal incluem a diferença na intensidade dos regi-mes e diferenças farmacogenômicas entre as populações. No momento, podemos con-cluir que cisplatina e irinotecano (cisplatina 60 mg/m2 VI no D1 e irinotecano 60 mg/m2 VI no D1, D8, D15 a cada quatro semanas, por quatro ciclos ou cisplatina 30 mg/m2 VI e irino-tecano 65 mg/m2 VI, ambos no D1 e D8, ciclos a cada três semanas, quatro ciclos) constitui uma combinação alternativa no tratamento de primeira linha do CPPC com doença extensa.

A combinação de epirrubicina e cisplatina foi avaliada em um estudo fase III no trata-mento de pacientes com CPPC (207 pacientes com doença limitada e 192 pacientes com doença extensa). Os pacientes foram rando-mizados a receber epirrubicina (100 mg/m2)

e cisplatina (100 mg/m2) ambos no D1, a cada 21 dias ou etoposídeo (100 mg/m2 D1 a D3) e cisplatina (100 mg/m2 no D1). Os dois grupos apresentaram resultados similares em resposta global (74 e 69%, respectivamente), tempo livre de progressão (7,6 meses em am-bos os grupos) e SG (10,9 vs 10,1 meses). A toxicidade hematológica foi discretamente menor no grupo que recebeu epirrubicina19. Embora pouco utilizada, este regime tam-bém pode ser considerado como uma opção no tratamento de primeira linha do CPPC com doença extensa.

A combinação de três ou mais fármacos não mostrou vantagem em termos de eficá-cia quando comparada à combinação clássi-ca de cisplatina com etoposídeo e geralmen-te é associada a uma maior toxicidade.

Estudos clínicos que avaliaram regimes com QT em dose densa ou altas doses foram conduzidos em pacientes com CPPC, mas a maioria deles falhou em mostrar algum be-nefício de sobrevida. Em adição a isto, uma metanálise que avaliou regimes de QT intensa sem a necessidade de resgate com transplan-te de células-tronco hematopoiéticas mostrou uma ausência de correlação entre intensidade da dose de QT e benefício clínico20. Estudos iniciais que avaliaram regimes de QT mieloa-blativos com subsequente infusão de células--tronco hematopoiéticas mostraram resultados pouco promissores. Em um estudo fase III que comparou QT de alta dose com a convencional mostrou um benefício de sobrevida livre de re-corrência para o grupo de pacientes que rece-beu o tratamento experimental, sem que houvesse extensão deste benefício para SG21.

Recente estudo da EORTC avaliou o pa-pel da PCI em pacientes com doença exten-sa. Pacientes que alcançaram resposta clínica à QT de indução eram randomizados a rece-ber ou não a PCI. Aqueles que receberam PCI apresentaram redução significativa do risco de desenvolvimento de metástases cere-brais sintomáticas (15 vs 40% em um ano, HR: 0,27; p < 0,001) e aumento da sobrevida

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78 100 perguntas chave em Câncer de Pulmão

em um ano (27 vs 13%)22. Resultados de curto prazo demonstrados por este mesmo estudo revelaram detrimento significativo em alguns aspectos da qualidade de vida em pacientes que receberam PCI, especialmente no que se refere a alopécia e fadiga23.

Apesar do CPPC ser bastante quimios-sensível, dificilmente a doença é eliminada, provavelmente porque há um pequeno clo-ne de células refratárias aos agentes quimio-terápicos utilizados. Para minimizar esta re-sistência, alguns estudos exploraram o uso de regimes alternados com diferentes fárma-cos que não apresentam resistência cruzada ou o uso sequencial de diferentes regimes ativos, com o objetivo de expor as células neoplásica ao maior número possível de agentes citotóxicos. Contudo, os resultados destes estudos não demonstraram nenhum benefício em sobrevida, não sendo recomen-dado a sua utilização na prática clínica.

QUAL A MELHOR DURAÇÃO DO TRATAMENTO?

Os achados da maioria dos estudos ran-domizados não conseguiram demonstrar um benefício de sobrevida para o prolongamen-to da administração da QT ou mesmo para regime de consolidação. A duração ótima da terapêutica para pacientes com CPPC per-manece entre quatro e seis ciclos.

QUAIS AS OPÇÕES DE TRATAMENTO PARA PACIENTES QUE EVOLUEM COM PROGRESSÃO DE DOENÇA APÓS A PRIMEIRA LINHA DE TRATAMENTO?

O tratamento para pacientes com doença recorrente é paliativo, não sendo descrito nenhum regime com perspectiva curativa. A chance de resposta clínica a um tratamento de segunda linha correlaciona-se diretamente ao período em que a recorrência ocorre após a terapêutica inicial; pacientes que conhecem

uma recorrência com prazo maior do que três meses após o término da terapêutica de primeira linha são muito mais propensos a apresentarem melhores taxas de resposta clí-nica do que aqueles pacientes que recidivam num prazo inferior a três meses. Usualmente, a QT de segunda linha é menos efetiva que a de primeira linha e a taxa de resposta é muito variável, dependendo de uma série de fatores, sendo entre eles o tempo entre a última QT e a recorrência, refratariedade à QT de primeira linha, perfomance status do pa-ciente, extensão da doença entre outros.

No primeiro estudo randomizado de fase III, na segunda linha de tratamento (211 pacientes que apresentaram recorrência após, no mínimo, 60 dias após o término da terapêutica inicial), 107 pacientes foram randomizados a receber topotecano (1,5 mg/m2/dia VI por cinco dias, a cada três semanas, e 104 a receber ciclofosfa-mida, doxorrubicina e vincristina (CAV). As taxas de resposta (24,3 vs 18,3%) e sobrevida media-na (25 vs 24,7 semanas) não foram diferentes, mas houve maior proporção de indivíduos com melhora sintomática no braço de topo-tecano24. Uma alternativa ao topotecano VI é o uso de topotecano oral, 2,3 mg/m2/dia, do D1-D5, a cada 21 dias.

O irinotecano é associado a uma taxa de resposta clínica entre 20 e 40% entre pacien-tes sensíveis à terapêutica, com uma sobre-vida mediana estimada entre 22 e 27 sema-nas. O regime mais usado é que administra irinotecano 125 mg/m2 semanalmente, por quatro semanas, a cada seis semanas. Na-queles pacientes com doença refratária à terapêutica inicial (recorrência em menos de três meses após o seu término), temos uma desa-lentadora taxa de reposta que varia entre 3 e 11%, com uma SG mediana de 20 semanas.

Pacientes que tiveram uma recorrência mais tardia também podem responder com um retratamento com o regime de primeira linha. Outros fármacos que mostram ativida-de em estudos de fase II no cenário de segun-da linha de tratamento são ciclofosfamida,

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Opções atuais de tratamento do tumor de pulmão de pequenas células

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doxorrubicina, anrubicina (comercializada apenas no Japão), gencitabina, vincristina e paclitaxel.

QUAIS AS MELHORES OPÇÕES DE TRATAMENTO PARA PACIENTES IDOSOS E/OU COM BAIXO PERFORMANCE STATUS?

Assim como no caso de pacientes com CPNPC, pacientes idosos e/ou baixa perfor-mance trazem grandes desafios para a sua terapêutica. Diferentemente dos pacientes com CPCNP, os pacientes idosos com CPPC não se beneficiam de regimes com monote-rapia. Estudos randomizados no qual a mono-terapia com etoposídeo foi comparada com a terapia padrão de combinação do etoposídeo com uma platina foram interrompidos pelo prejuízo ocasionado pelo braço experimental na sobrevida mediana e na qualidade de vida dos pacientes submetidos a este tipo de tra-tamento25. Com isso, o tratamento padrão para pacientes idosos elegíveis para o trata-mento sistêmico é a QT combinada.

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Page 89: Perguntas chave em - SPO...C. Sternberg e C. Gil Ferreira Capítulo 3 O impacto do novo estadiamento 17 R.N. Younes Capítulo 4 Tratamento cirúrgico do câncer de pulmão 25 R. Beyruti

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