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AméricaEconomia: Revista de Economia e Negócios Latino-americana
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BRASIL www.americaeconomiabrasil.com.brwww.americaeconomiabrasil.com.br
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BB lidera o Ranking dos Maiores Bancos da América Latina
RIO DE JANEIROO ESTADO SE TORNA O
PRINCIPAL DESTINO DE INVESTIMENTOS DO PAÍS
CARROS CHINESESDEPOIS DE MUITO BARULHO,
A HORA DA VERDADE
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Maiores Bancos da América Latina
No
4
A estratégia das instituições fi nanceiras brasileiras para continuar a engordar o caixa
250AE 404 capa FINAL V2.indd 1AE 404 capa FINAL V2.indd 1 28.09.11 19:17:1928.09.11 19:17:19
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nesta edição
06 AméricaEconomia Outubro, 2011
Negócios Carros chineses
Momento de enfrentar a concorrência
Aula de espanhol
Empresas do Brasil invadem a América Latina
Estratégia agressiva
P&G planeja dobrar de tamanho até 2015
ESPECIAL Rio de Janeiro
Estado desponta com aportes bilionários
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Seções Portal
Carta ao Leitor
Cartas/Índice de Empresas
Pistas
Negócio Fechado
Movimentos
Opinião – Mac Margolis
Opinião – Caio Megale
Ibiz
Opinião – Luiz Fernando Furlan
08 10 12 14 16 18 34 88 94 98
Debates Guerra contra as drogas
EUA patinam na busca por solução
Comércio intrarregional
Cepal discute alternativas à crise mundial
Cloud computing
Combate ao crime ganha novas tecnologias
Controle da mídia
PT retoma proposta de cercear a imprensa
Implantação de cartórios
Brasileiros exportam know-how para haitianos
Escândalos da era Uribe
Denúncias ameaçam atingir ex-presidente
485458626466
Finanças CAPA Ranking de bancos
Conheça as 250 maiores instituições da AL
Títulos do Tesouro em alta
Maior rendimento atrai investidores
6890Foto de Capa: Shutterstock
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48
1
2
24
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8 AméricaEconomia Outubro, 2011
portal
LEIA NO PORTAL
www.americaeconomiabrasil.com.br
Siga o site da AméricaEconomia no Twitter: twitter.com/AEBrasil
Tratados contra a concorrência globalPara pressionar o Congresso dos Estados Unidos a aprovar o projeto de criação dos TLCs (Tratados de Livre
Comércio), assinado em 2006 e bloqueado na Casa, o presidente Barack Obama vem defendendo que “é hora
de abrir caminho para uma série de tratados comerciais” que facilitariam a venda de produtos das empresas
americanas em países como Panamá e Colômbia. Os parlamentares questionam as condições trabalhistas.
Dívida históricaA Rede Latino-Americana de Organizações
da Sociedade Civil pela Educação, formada
por entidades de 13 países da região, busca
estratégias para melhorar a educação lati-
no-americana. A ideia é formar um banco
de experiências em políticas públicas que
tiveram bons resultados. Para o ministro da
Educação do Brasil, Fernando Haddad, exis-
te uma “dívida histórica” com a educação e
os países devem trabalhar juntos para me-
lhorar o ensino. A rede conta com empresá-
rios e setores da sociedade civil.
América Latina para turistasAs belezas latino-americanas estão em alta. O turismo nos países da região cresceu 15% no primeiro semestre de 2011, em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são da OMT (Organização Mundial do Turismo), órgão das Na-ções Unidas. Já no Oriente Médio e na região norte da África, o movimento de turistas caiu, devido aos conflitos políticos locais. Os dados confirmam que, apesar dos desafios, o setor segue a tendência de crescimento, após a queda sofrida em 2009, um dos anos mais difíceis para o turismo.
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Energia renovável é a aposta dos italianosAs companhias italianas estão buscando parcerias com empre-sas da América Latina, principalmente brasileiras, para investir em biocombustíveis. Para o diretor-geral de Energia do Ministé-rio do Meio Ambiente da Itália, Corrado Clini, os biocombustíveis representarão de 25% a 30% do consumo total de combustíveis para transporte nos próximos 20 anos. A região está em primeiro plano na expansão desse setor. Como os preços do petróleo se mantiveram elevados, e os governos lançaram medidas para im-pulsionar tipos de energia menos prejudiciais ao meio ambiente, os biocombustíveis se tornaram mais populares. Segundo Clini, há recompensa financeira para tais investimentos. O Ministério registra retorno de até dez vezes os gastos iniciais em fontes re-nováveis de energia na América Latina.
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Job: CARLOS-EINTEIN -- Empresa: Z+ Comunicação -- Arquivo: EINSTEIN-30-9-20X26.6-RANKING_pag001.pdfRegistro: 49722 -- Data: 19:14:16 30/09/2011
carta ao leitor
10 AméricaEconomia Outubro, 2011
Caixa cheio
E sta edição de AméricaEconomia costuma ser uma das mais co-
mentadas do ano. Afinal, é nela que publicamos o ranking dos
250 Maiores Bancos da América Latina, realizado há dez anos
por AméricaEconomía Intelligence. A versão 2011 do estudo compro-
va o bom momento do setor na região, mesmo diante da possibili-
dade de uma nova crise mundial. Descolados da indústria finan-
ceira global, os bancos latino-americanos alcançaram resultados
recordes, com 33% de alta em seus ativos, que somaram US$ 4
trilhões, nos 12 meses terminados em junho de 2011. Já os lucros
anuais dessas instituições no mesmo período cresceram cerca de
30%, ultrapassando US$ 24 bilhões.
O Brasil, mais uma vez, não desapontou e ocupa as cinco pri-
meiras posições no ranking, nada mal. O Banco do Brasil repetiu
a boa performance de 2010 e conseguiu se segurar na primeira
posição, seguido pelo Itaú Unibanco. Mas, se o primeiro lugar do
ranking dos 250 maiores não teve surpresas, o mesmo não se pode
dizer da lista com os 25 Melhores. Neste ano, o Itaú Unibanco
estreia no topo do pódio, desbancando o Santander de Santiago.
Além dos principais números do setor, o especial inclui uma
reportagem sobre as estratégias que os maiores bancos brasileiros
estão colocando em prática para manter a boa fase, aproveitando
o crescimento da demanda por crédito no país.
A tentativa do governo de restabelecer a censura aos meios de
comunicação, o especial sobre a enxurrada de investimentos no
Rio de Janeiro, os desafios dos automóveis chineses no mercado
nacional e a aposta da polícia latino-americana em tecnologia para
combater o crime são outros temas desta edição.
Boa leitura.
José Roberto Maluf
ASSINATURAS Central de Atendimento
Tel.: 55 11 3512-9492, de 2a a 6a feira, das 9h às 18h. Site: www.assineamericaeconomia.com.br. Atendimento: www. assineamericaeconomia.com.br/faleconosco. Cartas: Rua Ferreira de Araújo, 202 – 12o andar – CEP 05428-000 – São Paulo/SP Valores de assinatura: Por 1 ano: R$ 96,00 / Por 2 anos: R$ 170,90
Pagos em até 5x no cartão de crédito ou em até 3x no boleto bancário (preço válido para as vendas realizadas pela Central de Atendimento e pelo website da revista). Exemplares anteriores: solicite diretamente ao jornaleiro.
Em caso de descontinuação da publicação, a Spring Editora-Produtora LTDA. garante aos assinantes desta publicação a restituição, em reais, da parte do valor já pago correspondente aos exemplares não entregues, devidamente corrigida monetariamente. Ao fazer sua assinatura, exija a credencial do vendedor e pague sempre com cheque nominal, mediante recebimento da primeira via de nosso pedido de assinatura.
PUBLISHERJosé Roberto Maluf
CONTEÚDODiretora de Redação: Tatiana EngelbrechtEditora Executiva: Paula PachecoDiretora de Arte/Projeto Gráfi co: Janaína DinizRepórter: Graziele Dal-BóEditora do Site: Adriana ChavesRevisão: Assertiva Produções EditoriaisProdução Gráfi ca: Eduardo KepplerColaboradores: Fernando Morra (assistente de arte), Francisco Lobo (infografi a) e Vértice Translate (tradução)
COMERCIALIZAÇÃO Diretor Comercial: Eduardo Colturato – [email protected]
Executivos de Contas: Nagibe José Adaime – [email protected] Martinez – [email protected] Oliveira – [email protected]
MARKETINGMarcia Leonardi e Elisangela Goto
ADMINISTRATIVO/FINANCEIRODiretor Executivo: Eduardo Colturato Gerente Financeiro: Edison Arduino
CIRCULAÇÃORafael Borsanelli e Fatima Oliveira
Pré-impressão: First PressPeriodicidade: Mensal (Outubro de 2011)CTP, impressão e acabamento: IBEP Gráfi ca
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SPRING EDITORA-PRODUTORARua Ferreira de Araújo, 202, 7o andar – CEP: 05428-000 São Paulo/SP – Tel.: 11 3097-7666Site: www.springcom.com.brE-mail: [email protected]
AMÉRICAECONOMÍA INTERNACIONALDiretor: Elias Selman CarranzaVice-presidente Executiva: Gloria Landabur C.Diretor Editorial: Felipe Aldunate M.Editores: Fernando Chevarría (Lima), Juan Pablo Rioseco e Carlos Tromben (Santiago), Karen Correa e Pamela Velasco (Guaiaquil)Diretor de Arte: Álvaro Araya Urquiza Editor de Fotografi a: Miguel CandiaChefe de Operações: Matías Agurto
AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE(Estudos e Projetos Especiais)Diretor: Jaime Contreras SoriaPesquisador Sênior: Andrés AlmeidaAnalista: Catherine Lacourt e Rodrigo Dorn
AMÉRICAECONOMIA.COMDiretor de Estratégia Digital: Rodrigo GuaiquilEditor: Lino Solis de Ovando
ESCRITÓRIOSBuenos Aires: +5411 4383-8410 Cidade do México: +5255 5254-2400 Costa Rica: +506 225-6861Lima: +511 610-7272 Miami: +305 648-9071 Panamá: +507 271-5327Santiago: +562 290-9400 Uruguai: +5982 901-9052
Chairman: Robert R. Paradise
BRASILwww.americaeconomiabrasil.com.br
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“Bank of America Merrill Lynch” é o nome comercial para os negócios de banco global e mercados globais do Bank of America Corporation. Empréstimos, derivativos e outros produtos e serviços de banco comercial são conduzidos globalmente por uma a� liada do Bank of America Corporation, incluindo Bank of America, N.A., membro FDIC. Valores mobiliários, assessoria estratégica e outros produtos e serviços de banco de investimento são conduzidos globalmente por um banco de investimento a� liado do Bank of America Corporation (“banco de investimento a� liado”), incluindo, nos Estados Unidos, Merrill Lynch, Pierce, Fenner & Smith Incorporated e Merrill Lynch Professional Clearing Corp., membros da FINRA e SIPC, e em outras jurisdições por entidades registradas localmente. Produtos de investimentos oferecidos por a� liadas de banco de investimento: não estão assegurados pela FDIC; podem perder valor; não são garantidos pelo banco. ©2011 Bank of America Corporation
Compromisso com o cliente.
Soluções globais.
Total conectividade.
Maximizando suas oportunidades.
Isto é retorno no relacionamento.
12 AméricaEconomia Outubro, 2011
cartas índice de empresasOs números referem-se à primeira vez em que as empresas são citadas em cada reportagem. * Não constam as instituições presentes no Ranking de Bancos.
ADK Automotive 27
Allianz 42
Alpargatas 32
Ambev 31
Anhanguera Educ. 17
Apple 96
Asia Pulp & Paper 21
Austing Rating 80
Baker Hughes 42
Banco do Brasil 80
Banco Patagonia 83
Banco Real 86
BBVA 69
Belltech 95
Bertin 16
BG 42
Blanver 23
BM&FBovespa 90
BNY Mellon 16
Bradesco 80
Brasil Foods 18
BuscaPé 31
Caixa Econ. Federal 80
Camargo Corrêa 31
Capital Markets 92
Carrefour 87, 96
Casa & Vídeo 16
Casas Bahia 83
Cathay 21
Chartis 42
Chemtech 42
Chery 25
Chevrolet 26
CIMC Raffl es 43
Citroën 26
CMA 94
Coinvalores 80
Concórdia Corretora 83
Corret. Renascença 91
Cushman & W. 44
Custódia 90
Deutsche Bank 68
Disney 19
Dow Brasil 20
Editora Abril 86
Effa 26
EMC 42
Ericsson 32
Espalhe M. Guerrilha 19
Facebook 19
Fiat 25
Flacso 59
FMC Tec. 42
Ford 25, 32
Foxconn 96
Gartner 95
GE 42
Gerdau 44
GM 25, 32
Grupo Clarín 63
Grupo Dass 32
Halliburton 42
Hamilton Lane 14
Hay Group 23
Honda 26
Honghua 43
Hosp. Albert Einstein 19
Hosp. Sírio Libanês 19
Hospital das Clínicas 19
HRT 43
HSBC 69
Huawei 96
IDC 61, 95
Inntech 61
Insper 20
International Paper 17
Itaú Unibanco 70
JAC 25
JBS-Friboi 18
Job Design Criativo 23
Johnson & Johnson 19
Kaiser Associates 25
Keystone Foods 17
Kraft 19
Lehman Brothers 70, 88
Lide 22
Lockton 42
Lojas Americanas 83
Lojas Colombo 84
Magazine Luiza 83
Marfrig 17, 31
Marisa 83
Martin-Browner 17
Mercedes-Benz 26
Microsoft 59
Motorola 61, 96
Moura 31
MPX 16
Nokia 96
Odebrecht 32
OGX 43
Orkut 19
P&G 36
Pagamento Digital 31
Pão de Açúcar 83, 96
Pátria Invest. 17
Penalty 32
Petrobras 20, 42
Peugeot 26
Polo Capital 16
Queiroz Galvão 43
Qumulos 59
Rent a Box 20
Roland Berger 25
Rolls-Royce 42
Santander 69
Saveme 31
Schahin Cury 43
Schlumberger 42
Shandong Kerui 43
Shell 43
Siemens 32, 42
Socopa Corretora 91
Sodexo 16
Sonda 59
Statoil 43
Stefanini 32
Talent 22
Temple-Inland 17
Tenaris Confab 42
The Wall St. Journal 96
The Washington Post 67
Tivit 32
Topper 22
Totvs 32
Toyota 26
Trevisan 86
Uniban 17
Unilever 36
Usiminas 42
Vale 18
Viajanet 31
Volkswagen 25
Volvo 26
Vtex 31
Vulcabras 32
ZPMC 43
Envie sugestões e comentários para a revista AméricaEconomia Brasil:
Fale com a redação:
AGRADECIMENTOGostaria sinceramente de agradecer à
equipe da revista AméricaEconomia, em
especial à jornalista Graziele Dal-Bó, pe-
la entrevista publicada comigo na edi-
ção de agosto. Ficou excelente! (“Clube
do Milhão”, América Economia, nº 402).
CARLOS FERREIRINHA, PRESIDENTE
DA MCF CONSULTORIA, BRASIL
ENTREVISTANa edição número 402 de AméricaEco-
nomia, agosto de 2011, mais especifi ca-
mente no texto “Meu Melhor Conselho”,
incluído no Especial Mulheres 2011,
causou-me surpresa o que foi escrito
sobre a situação das empresas assumi-
das por mim em 1977. A frase diz: “Isso
lhe deu forças para recuperar as ruínas
que seu ex-marido, Isidro Romero, co-
nhecido dirigente esportivo, havia dei-
xado”. Gostaria de esclarecer que o gra-
ve estado fi nanceiro das empresas que
comecei a liderar na ocasião devia-se a
fatores como o ambiente econômico do
Equador (estávamos à beira do feriado
bancário que congelou os fundos de
todos os correntistas do país) e outros
pouco previsíveis, como o fenômeno El
Niño, que causou grandes estragos nos
cultivos de cana, afetando diretamente
a produção de nossa principal indús-
tria, a Compañía Azucarera Valdez.
Quero deixar claro que, em nenhum
momento, responsabilizei o engenhei-
ro Isidro Romero por nossos problemas
fi nanceiros. Estamos certos de que esse
erro será esclarecido na próxima edição
de sua prestigiada revista.
ISABEL NOBOA DE LOOR, PRESIDENTE
EXECUTIVA DO GRUPO NOBIS, EQUADOR
AE 404 cartas ind empresas.indd 2AE 404 cartas ind empresas.indd 2 28.09.11 16:55:3528.09.11 16:55:35
pistas
14 AméricaEconomia Outubro, 2011
Foto
s: S
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ck
PUBLICAMOS • Segundo o estudo “A Indústria de Private
Equity e Venture Capital – 2º Censo Brasileiro”, divulgado
em junho pelo GVcepe e pela ABDI (Associação Brasileira de
Desenvolvimento Industrial), os recursos disponíveis para
serem investidos no Brasil chegaram a US$ 36 bilhões em
2009, sete vezes mais do que existia no começo dos anos
2000 (US$ 5 bilhões). Estima-se que outros US$ 20 bilhões
devam ser captados por esses fundos até 2012. (“Um Negó-
cio Bilionário”, AméricaEconomia, n0 403, setembro 2011)
O NOVO • A consultoria de private equity Hamilton Lane planeja abrir um escritório no Rio de Janeiro para atuar como gestora de ativos no Brasil. O grupo tem sede na Fi-ladélfia e US$ 110 bilhões em ativos sob sua administração. “O Brasil é peça fundamental no cenário global de private equity”, explica Mario Giannini, diretor executivo. A Hamil-ton Lane vem investindo no Brasil há algum tempo e agora quer potencializar os resultados.
PUBLICAMOS • A expansão da economia brasilei-
ra, os eventos que o país receberá nos próximos anos
e a necessidade de melhorar a mobilidade urbana
têm impulsionado um setor que, por décadas, ficou
praticamente esquecido no Brasil: o metroferroviá-
rio. Se a previsão do governo e da iniciativa privada
se confirmar, serão investidos, nos próximos anos,
algumas dezenas de bilhões de reais na área. A ini-
ciativa privada – tanto nacional quanto estrangeira –
está atenta ao momento favorável e vê no país uma
oportunidade para aumentar a receita e ampliar os
negócios com o crescimento da demanda por vagões
e locomotivas. (“Investimentos a Todo Vapor”, Améri-
caEconomia, n0 403, setembro 2011)
O NOVO • As equipes da presidente Dilma Rousseff e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, re-tomaram a ideia do Ferroanel: a construção de um trecho de 66 quilômetros entre Campo Limpo Pau-lista (por onde passam os trens vindos de Campinas) e Engenheiro Manoel Feio (a caminho do porto de Santos). O chamado Tramo Norte deverá seguir o tra-çado do Rodoanel Norte, a partir da estação Perus.
Mais fôlego para o etanolPUBLICAMOS • Por trás das placas que estampam
o preço do etanol a mais de R$ 2 está um complicado
desarranjo na cadeia produtiva, que começa nos ca-
naviais e usinas espalhados pelo país e termina nos
gabinetes do governo em Brasília. Não há cana-de-
-açúcar em volume suficiente para atender a de-
manda de etanol, e não existe uma política de com-
bustíveis clara para o setor. O déficit de oferta do
combustível chega a 5 bilhões de litros. (“O Etanol
em Xeque”, AméricaEconomia, n0 399, maio 2011)
O NOVO • Para garantir o abastecimento de eta-nol e tentar conter a alta de preços, o governo decidiu reduzir de 25% para 20% a proporção da mistura de álcool anidro na gasolina. Por causa da mistura, o aumento do preço do etanol vinha im-pactando a alta da gasolina.
Fundos apostamno Brasil
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16 AméricaEconomia Outubro, 2011
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CASA & VÍDEO
Aporte da Polo CapitalO Austra FIP, fundo de investi-
mento sob gestão da Polo Ca-
pital e administrado pelo BNY
Mellon Serviços Financeiros,
passou a ser acionista da
rede de varejo Casa & Vídeo.
Pelo acordo, Fábio Carvalho
permanecerá como acionista
e presidente da empresa. O
montante aportado na rede
não foi revelado, mas deve
ajudar a varejista a saldar as
dívidas acumuladas por cau-
sa de um processo judicial.
Em 2008, as lojas da Casa &
Vídeo foram fechadas pela
Polícia Federal sob acusação
de sonegação fiscal. A rees-
truturação da dívida – que
passou de R$ 280 milhões
para R$ 100 milhões – ocor-
reu no ano seguinte. O venci-
mento das primeiras parcelas
será em julho de 2012.
VALOR: Não revelado
SODEXO
Nova dona da PurasA empresa de refeições coletivas Sodexo pagou € 525 milhões (cerca
de R$ 1,2 bilhão) para ficar com o controle da Puras, segunda maior
companhia do setor no país. Com o negócio, o grupo francês passa
a ter um faturamento anual de cerca de R$ 2 bilhões no Brasil e tira o
primeiro lugar da GRSA no mercado nacional. O fundador da Puras,
Hermes Gazzola, ficará na presidência do Conselho de Administração
das operações locais da Sodexo no segmento de refeições coletivas.
VALOR: € 525 milhões
negócio fechado
MPX
Negócios com a BertinA MPX, empresa de energia de Eike Batista, comprou, no início de setem-
bro, dois projetos pertencentes à Bertin Energia: o UTE MC2 João Neiva
e o UTE MC2 Joinville. Com essa aquisição e a capacidade contratada no
leilão de energia A-3, o Complexo Termelétrico MPX Parnaíba passa a ter
1.175 megawatts e conta ainda com licença ambiental para a implanta-
ção de 2.547 MW adicionais. Do total desembolsado, R$ 183,4 milhões,
70% foi pago pela MPX e 30% pela Petra Energia.
VALOR: R$ 183,4 milhões
AE 404 negocio fechado2 V1.indd 2AE 404 negocio fechado2 V1.indd 2 9/27/11 4:28:58 PM9/27/11 4:28:58 PM
18 AméricaEconomia Outubro, 2011
movimentos
A Câmara de Comércio ÁrabeBrasileira decidiu
mobilizar os países sul-americanos para que tam-
bém se organizem na forma de associações. Atual-
mente, além do Brasil, apenas a Argentina tem uma
entidade similar, voltada ao fomento de negócios
com os países árabes. A experiência brasileira pode
ser motivadora aos vizinhos. De janeiro a julho, se-
gundo Michel Abdo Alaby, diretor geral da Câmara,
o fluxo comercial entre o Brasil e os países árabes
aumentou 36% em relação aos primeiros sete me-
ses de 2010. “Queremos puxar os países da Améri-
União na AL para vender aos árabes
ca do Sul para encontrar o caminho do comércio”,
diz. A previsão, segundo Alberto Pfeifer, executivo
da entidade, é que dentro de dois anos também te-
nham suas câmaras o Chile, o Uruguai, o Paraguai,
a Colômbia, o Peru e a Venezuela. O passo seguinte
é uma associação sul-americana, a exemplo do que
existe em outras regiões. Entre os principais expor-
tadores brasileiros para a região estão a Vale, a Bra-
sil Foods e a JBS-Friboi. Em julho deste ano, o Irã pas-
sou a Rússia entre os maiores compradores da carne
nacional in natura.
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Outubro, 2011 AméricaEconomia 19
As empresas, que antes dependiam de institutos de pesquisa e de-
partamentos de marketing sempre atentos aos desejos dos consu-
midores, aderiram com força às redes sociais. É o caso da Kraft, que decidiu relançar o Halls no sabor uva verde depois de uma
mobilização no Orkut e no Facebook. O produto saiu de linha em
outubro do ano passado. Segundo Vinicius Pan, gerente de Marke-
ting da Categoria Balas da Kraft Foods Brasil, o rodízio de sabores é
comum. “Há uma limitação de espaço no ponto de venda e na linha
de produção”, explica. Os órfãos da bala mobilizaram-se nas redes
sociais e convenceram a empresa a retomar a produção. O confeito
voltou a ser vendido no mês passado. Diego Barrabas, de São João
do Meriti (RJ), foi quem liderou o movimento no Orkut. O operador
de tráfego propôs: “Temos de fazer uma rebelião (...)”. Barrabas e ou-
tros três consumidores (um deles escolhido pela Fan Page de Halls
no Facebook) serão homenageados com bustos feitos por artistas
plásticos (foto abaixo), construídos com matérias-primas da bala da
Kraft. Gustavo Fortes, sócio da Espalhe Marketing de Guerrilha, res-
ponsável pela campanha, diz que o segredo para se comunicar nas
mídias sociais é gerar assunto. “Mais do que clientes, são fãs que
vão defender e passar sua marca para frente”, avalia.
Por um punhadode balas
A Johnson & Johnson Medical Companies (divisão da multina-cional americana voltada aos dis-positivos médicos e diagnósticos) recorreu aos profissionais do Dis-ney Institute para fazer uma série de seminários nos países da re-gião, como Brasil, Colômbia, Méxi-co e Chile. A iniciativa faz parte de um projeto da empresa voltado a soluções para os profissionais de saúde. São palestras e softwa-res que permitem aos hospitais, por exemplo, melhorar questões como qualidade clínica, seguran-ça do paciente e administração de custos. Segundo pesquisa feita entre presidentes de hospi-tais de nove países da América Latina, a satisfação do paciente é o segundo indicador de de-sempenho mais importante, daí a parceria com a Disney, modelo de atendimento ao cliente. Jose Maria Amorim, vice-presidente da divisão para a América Latina da Johnson, lembra que um dos problemas no setor da saúde é a qualidade dos serviços médicos. “É preciso entender como me-lhorar esses serviços e reduzir os custos. Os governos querem dar mais acesso à saúde, mas sem um aumento exponencial das despesas. Nós procuramos apontar formas de melhorar a qualidade e trazer outros ganhos. A melhora no atendimento per-mite que se atenda mais pacien-tes”, explica Amorim. O serviço é gratuito e atende tanto hospitais públicos quanto privados. No Brasil, entre os participantes dos seminários, estiveram o Hospital Albert Einstein, o Sírio-Libanês e o Hospital das Clínicas.
Receita de saude
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Discutir o papel das mulheres na sociedade e, sobre-
tudo, no mundo corporativo, foi a proposta do Fó-rum Mulher, realizado pela Dow Brasil, em 30 de
agosto, em São Paulo. O evento reuniu participantes
de peso, como a executiva americana Carol Williams,
vice-presidente da divisão de Chemicals & Energy da
Dow; a Ph.D. em Economia pela Universidade de Illi-
nois e professora do Insper Regina Madalozzo, que
estuda o mercado de trabalho com foco nas mulhe-
res; Maria das Graças Silva Foster (foto), diretora de
Gás e Energia da Petrobras; e Maria Fernanda Teixei-
ra, presidente do Grupo Executivo Mulheres de São
Paulo. Apesar de reconhecer as conquistas femini-
nas, os debatedores concordaram que ainda há um
longo caminho até que as condições entre homens e
mulheres no mercado de trabalho sejam iguais, prin-
cipalmente em relação ao salário e à proporção de
profissionais do sexo feminino que ocupam cargos
de liderança. Segundo Regina Madalozzo, no Brasil,
os homens ainda ganham 17% a mais que as mulhe-
res – e, quanto mais elas estudam, maior é essa dife-
rença. Já em relação à proporção de mulheres em
conselhos de administração, o índice no país é de
5,1%. Na Noruega, que tem uma das maiores taxas
mundiais, essa participação chega a 39,5%. Em meio
à discussão sobre as dificuldades encontradas pelas
mulheres, a executiva da Petrobras fez o contrapon-
to. Maria das Graças, que ocupa um dos mais altos
cargos da estatal, disse que é preciso considerar a
disposição das mulheres em se dedicar à carreira.
“Para chegar a posições de liderança, é preciso que a
mulher esteja 100% à disposição da empresa, como
acontece com os homens. Isso muitas vezes não é
realidade. Tenho minha família, mas minha priorida-
de sempre foi o trabalho e a Petrobras”, ressaltou.
“Muitas mulheres chegam até certo ponto da carrei-
ra, mas no momento em que a empresa precisa que
ela tenha experiências em outro país, por exemplo,
a vida pessoal fala mais alto, e isso faz com que elas
próprias estabeleçam limites a seu crescimento pro-
fissional”, ressaltou.
TODO PODER ÀS MULHERES
Nem só de alegria é feita a vida dos brasileiros que conseguem realizar o sonho da casa própria. Muitas vezes, as obras do apartamento adquirido na planta atrasam, e é preciso deixar o imóvel onde se está morando antes da entrega da casa nova. Uma alternativa pode ser se mudar para um flat, mas o que fazer com os móveis? Um serviço ainda bem pouco conhecido no Brasil começa a ganhar terreno como solução para alguns desses transtornos cada vez mais comuns: o self storage, ou guarda-móveis. Criada em 2005, em São Caetano do Sul (Grande São Paulo), a Rent a Box tem expandido suas atividades na capital paulista, com filiais nos bairros do Limão (zona norte), Belenzinho (zona leste) e Interlagos (zona sul).
A empresa oferece boxes de tamanhos entre 2 e 100 metros quadrados para pessoas físicas e jurídicas, a partir de R$ 152 por mês. “Há mais de 50 mil empresas de self storage nos Estados Unidos, mas aqui o número é incipiente. Quando começamos, quase ninguém conhecia o serviço. Hoje, há cerca de 30 empre-sas no Brasil”, afirma a gerente de Marketing da Rent a Box, Márcia Fruchtengarten. Graças a estratégias de divulgação online, a Rent a Box alcançou 80% de ocupação, com potencial de faturar R$ 100 mil por mês.
Fim da falta de espaço
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As dificuldades impostas à compra de terras brasileiras por estrangeiros, a disputa com as fabricantes locais e a novela do Código Florestal fizeram a Cathay, subsidiária brasileira da APP (Asia Pulp & Paper), uma das maiores produtoras de papel e celulose do mundo, adiar os planos de construir uma fábrica de celulose no país. Embora o Brasil tenha potencial de consumo – enquanto nos países desenvolvidos o consumo per capita anual de papel é de 300 quilos, no Brasil esse número não chega a 50 quilos –, a multinacional, com sedes na China e na Indonésia, está receosa com os rumos do setor no país. Além dos entraves mencionados, em maio, o governo aumentou a lista dos tipos de papel que não terão mais licenças automáticas. “Não somos uma ameaça, mas sim uma oportunidade para o consumidor local”, defende-se Geraldo Ferreira, que comanda a operação brasileira. A APP produz, anualmente, 8 milhões de toneladas de celulose e 12 milhões de toneladas de papel. No ano passado, a operação brasileira impor-tou 142 mil toneladas de papel. Em 2006, um ano antes da abertura da Cathay, esse volume foi de 18,6 mil.
Prêmio para a AméricaEconomiaIntitulado “Sem fronteiras na América Latina”, o case
do portal AméricaEconomia (www.americaecono-
miabrasil.com.br) foi o vencedor do VII Prêmio Anatec na categoria Melhor Projeto OnLine. No ar
desde 1998, o site conta com versões em português
e espanhol e traz notícias de negócios, política e eco-
nomia em tempo real. A cerimônia de premiação
aconteceu no dia 17 de agosto, em São Paulo, e reu-
niu profissionais de importantes veículos de comuni-
cação do país. Com abrangência nacional, o Prêmio
Anatec é realizado anualmente pela Associação Na-
cional de Editores de Publicações e tem como obje-
tivo premiar os editores com as melhores práticas
em comunicação segmentada. A Spring Editora, que
publica a AméricaEconomia no Brasil, venceu em
outras duas categorias, com as publicações custo-
Planos só no papel
mizadas Docol Magazine (troféu Ouro na categoria
Melhor Capa) e revista Day By Day – Banco Daycoval
(troféu Prata na categoria Melhor Projeto Gráfico).
FÁBRICA DA APP, EM HAINAN, NO SUL DA CHINA
A PARTIR DA ESQUERDA, MILTON TORTELLA, DIRETOR DA TORTELLA
COMUNICAÇÃO; ADRIANA CHAVES, EDITORA DO SITE AMÉRICAECONOMIA
BRASIL; PAULA PACHECO, EDITORA-EXECUTIVA DA REVISTA AMÉRICAECONOMIA
BRASIL; E TATIANA ENGELBRECHT, DIRETORA DE REDAÇÃO
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“Ai, eu sempre adorei o rubgy.” A frase, falada com as le-tras do nome da modalidade erradas mesmo, e credi-tada a uma suposta maria-chuteira do rugby, faz parte de um dos divertidos comerciais criados pela agên-cia Talent para a Topper, com o objetivo de divulgar o esporte no Brasil. “Patrocinamos vários times na Argen-tina e queríamos ajudar o crescimento da modalidade no Brasil. Foi enxergando o potencial de crescimento que decidimos apoiar e divulgar a modalidade no país por meio da veiculação de campanhas”, explica Ger-mán Pipet, gerente da Topper no Brasil. Pipet não fala
Rugby: a nova paixão nacional?
A defesa da indústria nacional foi o argumento da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para
o aumento de 30% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos importados, anun-
ciado pelo governo em setembro. “Nosso objetivo é proteger a indústria nacional da ação predatória
de algumas empresas e países”, disse durante almoço-debate do Lide (Grupo de Líderes Empresariais).
Segundo Miriam, a medida pode ser revista em 2012, mas o Brasil continua “extremamente atraente
para investidores estrangeiros”. Em relação às obras de infraestrutura para a Copa de 2014, ela destacou
a necessidade de alternativas, como a construção do módulo provisório do Aeroporto Internacional de
Guarulhos (SP), ressaltando que ajustes na malha aeroviária dependem da definição da tabela de jogos.
“Estamos adiantando o que leva mais tempo, o operacional será definido adiante.”
Prioridade para a indústria nacional
A TOPPER É PATROCINADORA DA EQUIPE BRASILEIRA DE RUGBY
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em números, mas afirma que o retorno financeiro e de imagem foi tão grande que a marca resolveu estender o contrato com a Confederação Brasileira de Rugby até 2013. A estratégia da Topper parece mesmo ter sido acertada, se levarmos em conta os resultados do es-tudo “Muito Além do Futebol – Estudo sobre Esportes no Brasil”, divulgado no mês passado pela consultoria Deloitte. Segundo a pesquisa, realizada com cerca de 700 pessoas, por meio de questionário online, o rugby foi apontado pelos entrevistados como o esporte que mais vai crescer no país nos próximos anos.
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No passado, variáveis como salário, estabilidade e status do
cargo eram determinantes para avaliar a satisfação dos traba-
lhadores. Hoje, a desmotivação é a principal queixa para 31%
dos funcionários ouvidos pela consultoria Hay Group. Ao
todo, foram entrevistados 261 mil trabalhadores, de 85 em-
presas que atuam no país. Embora o resultado seja um alerta,
na opinião de Eduardo Shinyashiki, especialista em desen-
volvimento humano, o problema pode estar ligado à postura
desses profissionais em relação às suas carreiras. “É cada vez
mais comum identificar pessoas que culpam as organizações
pela falta de motivação. A pergunta é: será que elas realmen-
te estão refletindo sobre o que querem e colocando em práti-
ca ações que possam trazer resultados efetivos?”
Para Shinyashiki, pensar que não se pode mais evoluir na
carreira e passar o dia reclamando, em vez de buscar novos
desafios, são sintomas comuns aos “aposentados mentais”.
“O que é bom em você já traz resultados, e, por isso, o impor-
tante é trabalhar o que prejudica sua performance. O auto-
boicote é um comportamento comum e altamente prejudi-
cial, pois, se o indivíduo não acredita em si mesmo, é muito
difícil que ele transmita credibilidade no ambiente corporati-
vo”, diz o especialista.
Aposentadoria
mental
É quase impossível andar por grandes cidades sem dar de cara com um carro adornado por um adesivo da família. A moda conta com as mais inusitadas versões, diz Germano Spadini, fundador da Job Design Criativo, idealizador de uma das primeiras linhas de adesivos do gênero, a Família Feliz. Com a possibilidade de personalizar a encomenda, os negócios não param de crescer. Recentemente, ele fez um modelo femi-nino com luzes californianas nos cabelos e outro com uma sogra sem cabeça. Agora, a onda de montar sua família chegou aos pingentes de ouro e bijuterias. “Depois de São Paulo, começaram os pedidos de outros estados, principalmente do Norte e do Nordeste”, conta Spadini.
Negócio em família
Mudança de foco lucrativaO velho ditado que diz “as oportunidades estão onde você menos espera” foi prova-do pela brasileira Blanver Farmoquímica, uma das três maiores fabricantes de insu-mos para as indústrias alimentícia e far-macêutica do mundo. Com vendas de R$ 200 milhões anuais e 40% da receita vol-tados ao mercado externo, a empresa viu seus lucros desabarem por causa da valo-rização do real. A solução foi diversificar os negócios. Hoje, além de fornecer produtos básicos, a Blanver produz suas próprias misturas. “Antes, nós vendíamos os insu-mos para o blender, e ele fazia a mistura para enviar às indústrias. Hoje, continua-mos a comercializar para o blender, mas podemos vender diretamente para as in-dústrias, o que dá um retorno 20% maior”, explica o presidente Sergio Frangioni. A mudança incluiu ainda a fabricação de medicamentos para o tratamento de pa-cientes com HIV e hepatite B, vendidos ao Ministério da Saúde, e a terceirização de serviços. “Se um laboratório tem algum gargalo de produção, nós podemos fabri-car o remédio em nossas plantas”. E os re-sultados já começam a aparecer. O Ebitda da empresa (lucros antes de juros, impos-tos, depreciação e amortização), que, de 20% chegou a 0%, hoje está em 5%. E a empresa já começa a pensar em investi-mentos. “Em 2012, deveremos ter US$ 30 milhões para crescer organicamente ou por meio de aquisições”, conta Frangioni.
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OS CARROS CHINESES GANHARAM MERCADO NO PAÍS COM O APELO DE PREÇO BAIXO, MAS AINDA PECAM NA QUALIDADE E AGORA TÊM DE ENFRENTAR O LOBBY DA CONCORRÊNCIA
GRAZIELE DAL-BÓ, DE SÃO PAULO
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OS CARROS CHINESES GANHARAM MERCADO NO PAÍS COM
NEGÓCIO DA CHINA?
CARROS PRONTOS PARA O EMBARQUE NO PORTO DE LIANYUNGANG , NO LESTE DA CHINA
NEGÓCIOS Indústria automobilística
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1,97%é a soma da
participação das montadoras
chinesas no setor automobilístico
brasileiro
E les chegaram com tudo ao Bra-sil. Graças a estratégias agres-sivas de marketing, como o
uso de garotos-propaganda bem co-nhecidos no país, caso de Faustão, Gu-gu Liberato e Rodrigo Faro, os carros chineses conseguiram abocanhar rapi-damente uma parcela (1,97%) do mer-cado automobilístico brasileiro. A fa-tia ainda é pequena, mas foi suficiente para tirar da zona de conforto monta-doras consolidadas no país. “Em 2007, antes da entrada das chinesas, Ford, Volkswagen, GM e Fiat concentra-vam 84% das vendas. Hoje, esse nú-mero caiu para 75%, e a projeção é de que a participação seja menor que 70% em 2015”, calcula Stephan Keese, sócio responsável para o segmento automoti-vo da consultoria Roland Berger.
No entanto, depois da euforia ini-cial causada pelo principal atrativo dessas marcas – carros completos por preços até 30% inferiores aos de monta-doras instaladas no país –, os chineses começam a passar pelas primeiras pro-vações. A começar pelo próprio valor dos carros, que, embora continue em um patamar baixo, começa a ser segui-do de perto, e até ultrapassado, por ou-tras montadoras.
Lançado em maio, o QQ – anuncia-do à época como o carro mais barato do país – já perdeu seu posto para o Mille, da Fiat. Enquanto o modelo da Chery custava, em setembro, R$ 23.990 – de-pois do reajuste de R$ 1 mil feito em ju-lho –, o da montadora italiana era ven-dido a R$ 23.600.
Isso sem falar nas medidas prote-cionistas que essas montadoras enfren-tam no Brasil. A mais recente foi o au-mento de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) anunciado pelo go-verno no mês passado e que afeta dire-tamente esses grupos.
Outro terreno sobre o qual os chi-neses patinam diz respeito à qualidade. “Esses carros ainda têm alguns proble-mas básicos, como o desalinhamento de portas e a pintura ruim, coisas que podem até não ser prioridade no mer-cado chinês, mas são facilmente perce-
bidas aqui”, afirma David Wong, dire-tor da consultoria Kaiser Associates. Não por acaso, clientes atraídos pe-los preços oferecidos por essas mar-cas agora reclamam de problemas no funcionamento dos veículos, apesar do esforço das montadoras em adaptá--los às exigências legais.
O curitibano Carol Thiago Costa é um desses consumidores. Ex-proprie-tário de um Celta, ele resolveu trocar de carro, em junho. O preço convida-tivo e a promessa de ter um automóvel completo fizeram com que o professor
universitário escolhesse o J3, da JAC. Valor pago: R$ 39 mil. “Os problemas começaram na entrega, pois recebi o carro com atraso. Dias depois de estar com o veículo, percebi uma luz piscan-do no meu painel. Levei para a conces-sionária e me disseram que era pro-blema na luz do EPC (Engine Power Control), mas não sabiam me explicar por que isso estava ocorrendo”, conta.
Quando a luz do EPC mantém-se acesa, é sinal de problemas elétricos ou eletrônicos. A falha se repetiu com Ca-rol outras três vezes. “Hoje, eu não re-comendo a ninguém comprar um car-ro chinês. Talvez daqui a um ano, isso se eles já tiverem conseguido melhorar muito”, conta o curitibano.
Mário Mizuta, diretor Comercial da JAC, marca que detém a maior partici-pação de mercado dentre as montadoras chinesas, defende-se. Segundo o execu-tivo, dos 15 mil carros que o grupo já vendeu no Brasil, apenas 18 apresenta-ram o problema. “Eu vejo muita coisa sendo dita sobre a qualidade dos carros chineses, mas é preciso separar as mar-cas. Nós fizemos 242 modificações
O QQ, DA CHERY, JÁ PERDEU O POSTO DE MAIS BARATO DO BRASIL PARA O MILLE, DA FIAT
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NEGÓCIOS Indústria automobilística
nos automóveis que comercializamos aqui, justamente para atender às exigên-cias locais”, afirma.
Casos como o de Carol, no entan-to, não são isolados. O empresário Jair Gregório, de Carapicuíba (Grande São Paulo), também teve problemas com sua picape baú, fabricada pela Effa. “Com 16 mil quilômetros, já tive de tro-car quatro vezes as pastilhas de freio.
Fora que o carro é muito fraco para su-bir qualquer ladeira. Se for muito incli-nada, pode esquecer”, conta. O motor, aliás, é uma das principais reclama-ções do empresário. Dono de uma lo-ja de móveis para escritório, ele precisa de um veículo potente para levar seus produtos até os clientes.
Apesar de toda a dor de cabeça ge-rada pelo mau funcionamento da pica-
pe, Gregório prefere tratar o caso com bom humor. Mandou fazer um adesivo com os dizeres “Effa – lixo da China no Brasil” e o colou no carro, junto com a propaganda da loja dele. “A gente brin-ca, mas é de chorar. Tive uma S10 an-tes, que me foi roubada, e ela andou 387 mil quilômetros sem nunca preci-sar de um reparo muito grande, só o pa-drão para um carro com bastante qui-lometragem”, afirma.
CINTO TROCADOEm novembro do ano passado, o DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor), órgão ligado ao Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), exigiu que a chinesa Effa convocasse 500 proprietários do M100 para um recall por causa de problemas nos cintos de segurança dos bancos tra-seiros. Em vez do cinto de três pontos exigido pelas normas brasileiras, os desse modelo eram de apenas dois pon-tos, em diagonal.
A onda do recallO fantasma do recall assombra indistintamente montadoras americanas,
europeias e asiáticas. Um dos casos mais recentes no Brasil teve como pro-
tagonista a japonesa Honda. No mês passado, a fabricante anunciou o recall
de quase 1 milhão de carros do subcompacto Fit e de outros modelos para
reparar defeitos, como o funcionamento inadequado dos botões das jane-
las. Em junho, a sueca Volvo, conhecida por seus carros de primeira linha,
convocou proprietários de 106 unidades dos modelos S60 e XC 60 para re-
solver uma falha no sistema de combustível. Ford, Peugeot, Toyota, Citroën,
Mercedes e Chevrolet também anunciaram recalls neste ano.
A JAC (À ESQ.) DETÉM A MAIOR PARTICIPAÇÃO DE MERCADO ENTRE OS
CHINESES VENDIDOS NO BRASIL. ACIMA, A FÁBRICA DA EFFA, NO URUGUAI,
DE ONDE VÊM OS MODELOS LIFAN 320 E 620
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Ladeira acimaHistórico deemplacamentode veículos chinesespor marca no Brasil
* acumulado de janeiro a agostoFonte: Fenabrave
2008 2009 2010 2011*
EMPRESAS
Hafei
Chery
JAC
Chana
Lifan
Effa
Jinbei
1.031TOTAL
2.940
17.277
43.782
3040 0 0 0
525 202
1.700
8.160
7.008
497868 703
426110
3060 1560 2
11.514
12.780
14.481
1.903
2.016
601487281
“O veículo foi homologado dentro do que prevê a legislação, com cinto de três pontos nos bancos laterais trasei-ros. Constatou-se, porém, que um lote não atendia a essa exigência, o que le-vou ao recall”, explica Orlando Morei-ra, coordenador geral de Infraestrutu-ra de Trânsito do Denatran. Segundo ele, a ausência desse tipo de cinto di-minui a segurança do ocupante em ca-so de colisão.
Clóvis Rodrigues, gerente de Mar-keting do Grupo Effa, diz desconhecer a informação de que os carros foram homologados com o cinto de três pon-tos e comercializados com o de dois pontos, mas reconhece que alguns veí-culos chegaram ao país com o proble-ma. “Agimos de acordo com o previsto pelas normas brasileiras, ou seja, fize-mos o recall. Todas as montadoras têm problemas, isso não se restringe às chi-nesas”, argumenta o executivo.
Na avaliação de Paulo Roberto Garbossa, diretor da consultoria ADK Automotive, que acompanha o setor há 30 anos, a desconfiança vivida pe-las chinesas já foi experimentada pe-las japonesas e coreanas quando che-garam aqui. “As primeiras levaram 15 anos para ter sucesso no Brasil. Hoje, a Toyota é líder no segmento de sedãs médios. As chinesas devem demorar um pouco menos que isso, talvez uns
cinco ou seis anos, por causa das facili-dades tecnológicas de hoje”, acredita.
Se for levada em conta a rapidez com que as chinesas têm aumentado a participação no mercado brasileiro, a projeção de Garbossa pode até pare-cer conservadora. No acumulado (de janeiro a agosto) de 2011, as vendas so-maram 43,7 mil unidades, duas vezes e meia o que foi vendido em todo o ano de 2010 e 40 vezes o comercializado em 2008, quando as marcas começaram a chegar ao país. O Brasil já aparece co-mo principal destino de exportação dos
carros da JAC dentre os 90 países nos quais o grupo atua. Por causa disso, a companhia tem planos de aumentar o número de concessionárias dos atuais 55 para 80 até o fim do ano. No caso da Effa, a meta para 2012 é dobrar a par-ticipação nas vendas, que, em agosto, era de 0,07%.
Para Wong, da Kaiser Associa-tes, embora as marcas chinesas ainda tenham um longo caminho pela fren-te para ajustar seus carros ao gosto do brasileiro, elas levam vantagem no pre-ço, o que deve manter seu crescimen-to no país. “Elas estão bem posiciona-das em relação a valores. Seus modelos custam até R$ 7 mil a menos que os equivalentes nacionais, isso incluin-do alguns opcionais. Para se dar bem aqui, essas empresas focam em quem prioriza o ‘mais por menos’”, afirma.
PRODUÇÃO LOCALCom a promessa de crescimento do consumo, as principais marcas decidi-ram apostar no investimento em fábri-cas no país, embora em ritmo um pou-co menos acelerado agora, por causa das medidas protecionistas anuncia-das no mês passado pelo governo bra-sileiro (leia mais no box da página seguin-te). Em agosto, a Chery deu início à construção de sua primeira unidade
O EMPRESÁRIO JAIR GREGÓRIO TEVE PROBLEMAS COM SUA PICAPE BAÚ, DA EFFA,
E COLOU NO VEÍCULO UM ADESIVO NADA ELOGIOSO À EMPRESAFoto
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NEGÓCIOS Indústria automobilística
no Brasil, em Jacareí, no interior paulis-ta. Com investimento de US$ 400 mi-lhões, a planta deve começar a produzir em 2013 e terá capacidade para fabricar 170 mil unidades por ano até 2016.
Outros US$ 100 milhões serão apli-cados pelo Grupo Effa em uma fábri-ca da Lifan, a ser construída em Goiás ou Santa Catarina. A previsão é que as obras comecem neste ano. A unidade vai funcionar em sistema CKD (Com-pletely Knocked-Down Vehicles), em que o carro chega desmontado do exterior e é montado no local. A montadora co-mercializa atualmente dois modelos no Brasil: o hatchback 320 e o sedã 620, ambos montados no Uruguai. Em mar-ço, a marca anunciou investimentos de US$ 70 milhões em um centro de pes-quisa e desenvolvimento a ser instala-do em São Paulo.
A JAC também anunciou, no início de agosto, um aporte de R$ 900 milhões para instalar uma planta no Brasil, com capacidade de produzir 100 mil veícu-los por ano, em dois turnos. O plano de construir no país, no entanto, teve uma reviravolta no mês passado, após o anúncio de aumento de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os veículos importados. O presidente do grupo no Brasil, Sérgio Habib, argu-menta que inaugurar uma planta com 65% de nacionalização é algo inviá-vel. Segundo o executivo, para alcan-çar esse índice seriam necessários pe-lo menos três anos. A previsão inicial da JAC era de que a fábrica começas-se a operar em 2014. Até o fechamento desta edição, o grupo foi o único a ad-mitir que irá congelar os investimentos anunciados para o Brasil.
Ainda é cedo para dizer se os car-ros chineses continuarão sua trajetória na primeira marcha para conquistar o mercado brasileiro, mas uma coisa é certa: eles conseguiram mexer com um setor que andava meio acomoda-do no Brasil, graças aos consumidores ávidos por ter um carro novo em suas garagens e pelas benesses de um gover-no protecionista.
Protecionismo à brasileiraPátios lotados, retração na oferta de crédito por parte dos bancos e aumen-
to na venda de carros importados. A combinação de fatores fez o governo
brasileiro lançar mão – mais uma vez – de um plano para blindar a indústria
automobilística nacional. A solução para atender aos pedidos das montado-
ras com produção no país foi aumentar em 30 pontos percentuais o IPI (Im-
posto sobre Produtos Industrializados) dos veículos que não atenderem às
novas regras do setor, entre elas a de garantir 65% de conteúdo nacional e a
de preencher seis de 11 requisitos para a fabricação no país.
A medida protecionista foi um golpe nos importadores, principalmente
chineses e coreanos. Os dois países devem enfrentar o Brasil na OMC (Orga-
nização Mundial do Comércio). De acordo com as regras da organização, o
tratamento para itens nacionais e importados deve ser igualitário. Automó-
veis fabricados no México e na Argentina não entraram no pacote por cau-
sa de acordos comerciais que os dois países mantêm com o Brasil. Para a
Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Au-
tomotores), o governo cedeu ao lobby das montadoras “nacionais”. “Nós re-
presentamos 5,8% do mercado. Se levarmos em conta apenas os modelos
que concorrem diretamente com a indústria local, esse percentual cai pa-
ra apenas 3,3%. Portanto, não representamos ameaça alguma”, disse José
Luiz Gandini, presidente da Abeiva e representante da Kia no Brasil, durante
coletiva de imprensa realizada um dia após o anúncio do governo. Segun-
do cálculos da associação, um carro de R$ 38 mil passará a custar R$ 47.880
com o novo tributo.
Segundo o presidente da JAC Motors, Sérgio Habib, em vez de atrair in-
vestimentos, o aumento de imposto para os importados vai causar insegu-
rança em quem pretende se instalar no Brasil. “Se você analisar, todas as em-
presas que entraram aqui começaram importando os carros para avaliar o
mercado. Depois é que investiram em fábricas locais. É o caminho natural”.
O próprio governo admitiu o protecionismo da medida no curto prazo,
mas argumentou que, no médio prazo, ela garantirá investimento em inova-
ção tecnológica no país. E, apesar da reação dos que foram diretamente pre-
judicados com as novas regras, a equipe da presidente Dilma Rousseff não
deve fazer alterações no texto, válido até dezembro de 2012. Coincidência ou
não, os carros vendidos no Brasil estão entre os mais caros do mundo.
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PARA “BLINDAR” A INDÚSTRIA NACIONAL, GOVERNO AUMENTOU IPI DE IMPORTADOS
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30 AméricaEconomia Outubro, 2011
NEGÓCIOS Internacionalização
CRESCEM OS CASOS DE EMPRESAS BRASILEIRAS QUE BUSCAM A REGIÃO PARA DIVERSIFICAR A FONTE DE RECEITA E GANHAR MAIS CLIENTES
PAULA PACHECO, DE SÃO PAULO
Próximo destino, América Latina
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Outubro, 2011 AméricaEconomia 31
A s razões que motivam o inte-resse em fazer negócio no Bra-sil são conhecidas: melhor dis-
tribuição de renda, queda do desempre-go, relação ainda pequena entre crédito e PIB (Produto Interno Bruto) e um grande mercado consumidor. Quem já atua no país tem tirado proveito do bom momento econômico – apesar das dúvidas recentes provocadas pela crise econômica internacional. Mas o am-biente favorável no mercado domésti-co não inibiu o aumento de casos de empresas brasileiras, dos mais diferen-tes portes e principalmente da área de tecnologia, que perceberam ser possí-vel expandir os negócios nos países la-tino-americanos.
O site de busca de serviços turísti-cos Viajanet foi nessa direção. Capitali-zada por fundos de investimento, a em-presa começou recentemente a operar no México. Até o fim do ano, preten-de expandir para Venezuela, Colôm-bia e Argentina. Em 2012, a ideia é se instalar em pelo menos mais dois paí-ses. “Nosso plano é montar operações locais. É a melhor forma de absorver a cultura de cada país”, diz Alex Todres, sócio-fundador do site de viagens.
Para Todres, atuar além das fron-teiras é uma forma de ganhar mercado antes da chegada dos competidores es-trangeiros e equilibrar as fontes de re-ceita. “Mesmo no futuro, com a ope-ração madura, 70% da nossa receita deverá vir do Brasil. Mas é preciso di-versificar, evitar os riscos de estar em um único mercado”, explica.
O grupo BuscaPé, do qual fazem parte empresas como Pagamento Digi-tal, Saveme e o próprio BuscaPé, tam-bém decidiu apostar em fontes diversi-ficadas de faturamento para crescer de forma consistente.
A primeira expansão aconteceu em 2006, quando a marca BuscaPé foi pa-ra a Argentina. “Abrimos apenas um escritório para conhecer o mercado, depois montamos a operação do site”, conta Rodrigo Borer, vice-presidente do grupo. Em 2007, foi a vez de pros-pectar os mercados chileno e mexica-
no. “Antes de fazer as malas, nós pre-cisávamos entender primeiro qual era o espaço que poderíamos ocupar naque-les países”, afirma.
Hoje, a companhia tem operações físicas em Argentina, Chile, México, Colômbia e Peru, além de negócios re-motos nos demais países da Améri-ca Latina. “Temos a vantagem, ao co-meçar uma operação fora do Brasil, de não nos preocuparmos com fornecedo-res de matéria-prima ou rede de distri-buição. Em compensação, precisamos de uma boa infraestrutura tecnológica, um bom nível de bancarização e dos in-vestimentos nos canais de divulgação dos sites”, explica o executivo.
Nem sempre a expansão interna-cional é fácil. Em Belize, na Améri-ca Central, por exemplo, as regras são tão confusas para os negócios virtuais que a empresa teve dificuldades até pa-ra registrar o domínio do site BuscaPé. “Em casos assim, é melhor hospedar o
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As empresas na área de tecnologia estão entre as que
mais buscam aexpansão para a AL
site nos Estados Unidos e, a partir de lá, operar em Belize”, exemplifica Borer.
A Vtex, especializada em desenvol-ver tecnologia para plataformas de co-mércio eletrônico, fez o mesmo movi-mento em direção à América Latina e, até o fim do ano, abrirá os primeiros es-critórios fora do Brasil. O objetivo, se-gundo Alexandre Soncini, diretor de Vendas e Marketing, é aproveitar os ne-gócios gerados por clientes brasileiros que rumam para esses países.
ANTIBARREIRASNão é de hoje que grandes grupos bra-sileiros experimentam o dia a dia na América Latina. É o caso do Grupo Marfrig, do setor de alimentos, dono de operações na Argentina, no Chile e no Uruguai. A Ambev fez caminho seme-lhante. A Camargo Correa expandiu-se com a compra de concorrentes argen-tinos e uruguaios. Já a fabricante de ba-terias Moura tem atualmente negócios na Argentina. O país, por sinal, mere-ce um capítulo a parte. A Moura insta-lou-se em território argentino, entre ou-tros motivos, por pressão do governo, irritado com o volume de exportações de baterias que saía do Brasil. Para con-tornar um possível acidente diplomáti-co, costumeiro na relação entre os
ATÉ 2012, TODRES QUER LEVAR A MARCA A CINCO PAÍSES DA REGIÃO
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32 AméricaEconomia Outubro, 2011
NEGÓCIOS Internacionalização
governos brasileiro e argentino, a com-panhia montou uma pequena subsidi-ária naquele país. Assim, conseguiu evitar problemas como a paralisação dos desembarques das cargas de bate-rias nas fronteiras argentinas, como costuma ocorrer.
O setor de calçados está repleto de exemplos de aproximação com os vizi-nhos. A Penalty foi uma das empresas que optaram pela expansão na Argen-tina para fugir das barreiras comerciais e aproveitar o mercado interno. O Gru-po Dass, que fabrica para marcas como Fila, Umbro e Nike, seguiu a mesma estratégia. Vulcabras e Alpargatas são outros exemplos de produção de calça-dos na Argentina.
Há também aquelas empresas bra-sileiras que optaram não por aquisições ou por montar subsidiárias, mas por ter operações a partir do Brasil. E isso também tem crescido, como mostram dados divulgados recentemente pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvol-vimento Econômico e Social).
Nos últimos dez anos, o banco am-pliou em cerca de sete vezes os emprés-timos à infraestrutura na América La-tina. Os objetivos são aumentar a lide-rança regional de empresas nacionais e garantir as exportações a partir do Bra-sil. A previsão é que o ano termine com empréstimos da ordem de US$ 1,5 bi-lhão, equivalentes a metade da cartei-ra internacional.
INFRAESTRUTURA CONDICIONA OS
PLANOS DE EXPANSÃO, DIZ BORER
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Amcham cria conselho voltado a negócios na ALO principal fluxo de comércio do Brasil é com os países
da América Latina. Mas a região poderia ter mais desta-
que na pauta brasileira, não fossem problemas conheci-
dos, como a insegurança jurídica, o câmbio desfavorável
às exportações, a dificuldade de acesso a parceiros locais
e os problemas de logística. Essas são algumas das con-
clusões apontadas por presidentes de empresas nacio-
nais e multinacionais instaladas no país, segundo pesqui-
sa feita pela Amcham (Câmara de Comércio Americana).
A Amcham criou, no fim de agosto, um conselho em-
presarial voltado aos negócios na região, o “Business
Aff airs Latam”, e escolheu Miguel Jorge, ex-ministro do
MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comér-
cio Exterior), com passagem pela presidência da Volkswa-
gen e do Santander, para liderar as discussões. O objetivo
é que o grupo elabore propostas para facilitar os negócios
na região. Participaram do primeiro encontro executivos
de empresas como GM, Ford, Odebrecht, Siemens, Erics-
son, Stefanini, Tivit e Totvs.
“Queremos trocar experiências entre os presidentes
de grandes empresas, brasileiras e multinacionais, insta-
ladas no país, para encontrar formas de facilitar os negó-
cios na região. O objetivo é não só aproveitar as experiên-
cias internamente, mas apresentar sugestões ao governo
para aumentar as exportações para a América Latina”, ex-
plica Miguel Jorge.
De acordo com a pesquisa feita entre os participan-
tes do conselho, 42% dos executivos têm planos de ex-
portar para a América Latina. Uma das razões, segundo o
presidente da comissão, é o atual cenário econômico in-
ternacional. “Com essa disputa cada vez maior por merca-
dos no mundo todo, as empresas brasileiras e as multina-
cionais instaladas aqui perceberam que é preciso buscar
oportunidades também na América Latina.”
A comissão da Amcham ainda está em fase de orga-
nização, mas, logo no primeiro encontro, segundo Miguel
Jorge, foi possível notar que a pauta de reivindicações é
extensa. “Mas, para que as exportações aumentem de fato,
é preciso que alguns problemas sejam resolvidos, como a
burocracia exagerada, principalmente na fronteira, e o ex-
cesso de politização das instituições governamentais”, diz
o presidente do grupo. Os executivos também apontaram
para a necessidade de mais acordos comerciais entre os
países latino-americanos, a padronização de regras entre
as nações do bloco e maior apoio do BNDES (Banco Nacio-
nal de Desenvolvimento Econômico e Social) para as em-
presas instaladas no Brasil que tenham interesse em am-
pliar os negócios na região.
MIGUEL JORGE
QUER LEVAR
PROPOSTAS AO
GOVERNO
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QuaisÊs‹oÊasÊprincipaisÊmetasÊeÊpriori-dadesÊparaÊosÊpr—ximosÊanos?AÊExpotransÊ ŽÊ umaÊ empresaÊ queÊ sempreÊesteveÊfocadaÊnoÊatendimentoÊdasÊnecessi-dadesÊdeÊseusÊclientes,ÊorientadaÊaÊresolverÊosÊ complexosÊ problemasÊ deÊ transporte,Êalf‰ndegaÊ eÊmovimentaç‹o.ÊOsÊ principaisÊescoposÊ queÊ aÊ ExpotransÊ seÊ imp›eÊ comoÊempresaÊs‹oÊcontinuarÊliderando,ÊacimaÊdeÊtudo,ÊemÊboaÊsinergiaÊcomÊosÊorganizado-resÊ deÊ eventosÊ internacionaisÊ (ou,Êmelhor,ÊeventosÊ globais),Ê aÊ ÞmÊ deÊ podermosÊ ofe-recerÊnossaÊcontribuiç‹oÊdesdeÊoÊin’cioÊdoÊ
projeto.Ê AÊ dimen-s‹oÊcertaÊdoÊtempo,ÊsejaÊ paraÊ ÞnsÊ deÊtransporteÊouÊalfan-deg‡rios,ÊouÊparaÊaÊsimplesÊ permanên-ciaÊdosÊfuncion‡riosÊdasÊempresasÊdeÊex-posiç‹o,Ê tornou-seÊumaÊquest‹oÊmuitoÊ
importanteÊnaÊescolhaÊdosÊeventos.ÊAÊEx-potransÊoperaÊ comÊaÊ convicç‹oÊdeÊque,Ê aÊÞmÊdeÊmanterÊseusÊclientes,ÊßexibilidadeÊeÊmodularidadeÊ dasÊ soluç›esÊ oferecidasÊ s‹oÊfundamentais.ÊTendoÊemÊvistaÊaÊExpoÊ2015,ÊqualÊŽÊaÊsuaÊavaliaç‹oÊdoÊ sistemaÊ log’sticoÊdoÊsetorÊaliment’cio?ÊAÊLombardia,ÊqueÊÞcaÊnoÊÒcora��oÓÊdoÊsis-temaÊecon™micoÊitaliano,ÊcertamenteÊpodeÊoferecerÊexcelentesÊestruturasÊeÊmeiosÊparaÊgerenciarÊcomÊeÞci�nciaÊeÊaÊdistribui��oÊdeÊprodutosÊaliment’ciosÊeÊbiol—gicos.ÊObvia-mente,Ê aÊ pr—ximaÊ WorldÊ Expo,Ê centradaÊemÊumaÊquest‹oÊ t‹oÊ complexaÊquantoÊ osÊalimentosÊ eÊ oÊ desenvolvimentoÊ sustent‡-vel,Ê trazÊv�riosÊdesaÞos,ÊmasÊnosÊ sentimosÊprontosÊ paraÊ lidarÊ comÊ eles.Ê SemÊdœvida,ÊaÊFieraÊMilanoÊeÊaÊExpotransÊj‡Êcuidaram,ÊcomÊsucesso,ÊdeÊeventosÊrelacionadosÊaoÊse-torÊaliment’cio.ÊNoÊ ‰mbitoÊ internacional,Ê aÊ ExpotransÊcontribuiuÊparaÊoÊsucessoÊdeÊeventosÊcomoÊ
degustaç›es,Ê jantaresÊdeÊgala,Êdegustaç›esÊdeÊ vinhos,Ê organizadosÊ paraÊ promoverÊ aÊexportaç‹oÊeÊoÊmodoÊdeÊvidaÊitaliano.ÊAlŽmÊdisso,ÊaÊExpotransÊŽÊaÊprincipalÊtrans-portadoraÊ deÊ cargasÊ paraÊ osÊ expositoresÊitalianosÊqueÊparticipamÊdasÊreuni›esÊcl‡s-sicasÊdeÊagroneg—cios,ÊnaÊAmŽrica,ÊRœssiaÊeÊçsia-Pac�Þco.ÊOÊqueÊ oÊ senhorÊ esperaÊ paraÊ oÊ futuroÊpr—ximo?OsÊœltimosÊ trêsÊ anosÊmudaramÊprofunda-menteÊaÊestruturaÊdoÊsistemaÊecon™micoÊdaÊIt‡liaÊeÊdoÊmundoÊemÊgeral.ÊOÊfuturoÊaindaÊpareceÊturbulento:ÊoÊprincipalÊvalorÊqueÊasÊempresasÊ queÊ organizamÊeventosÊ eÊ osÊ ex-positoresÊprocurar‹oÊcadaÊvezÊmaisÊser‡ÊaÊcapacidadeÊ deÊ oferecerÊ solu��esÊ ßex�veis.ÊNossaÊempresaÊest‡ÊprontaÊparaÊgerenciarÊcomÊsucessoÊessesÊnovosÊcen‡riosÊe,Êassim,ÊoferecerÊ aÊ nossosÊ clientesÊ satisfa��oÊ ÒsemÊfronteirasÓ.
Entrevista com o AD, GUIDO FORNELLI
Nos dedicamos completamente a nossos clientes
Desde sua fundação, em 1990, a Expotrans é uma agência de transportes italiana especiali-zada em feiras, com mais de 8000 exposições em todo o mundo. A forte natureza internacio-nal de sua atividade também pode ser vista no alto nível internacional de serviços que a Expotrans oferece desde 2004 como agência oficial de transporte da Fiera Milano, o que ga-rante a logística integrada de quase 80 feiras internacionais por ano e mais de 50 mil ex-positores, cuidando de todos os tipos de pro-blemas, como alfândega, custos de despacho, armazenamento e transporte de mercadorias antes e durante os eventos.A Expotrans também é a Transportadora ofi-cial da Rimini Fiera, outra demonstração de grande vitalidade e importância para a Itália.Desde a sua fundação, a sociedade conquis-tou boa reputação no mercado global graças a suas qualidades, como pontualidade, efici-ência e excelentes parcerias internacionais, oferecendo soluções “prontas” criadas com base em solicitações de clientes. Desde 2008, também opera em Moscou, com a OOO EXPO-
RUSTRANS, com quem consolidou sua presença nes-se mercado russo, podendo oferecer a qualidade dos serviços integrados oferecidos a clientes italianos e estrangeiros no país. Desde 1992 a Expotrans é associada à IELA (Associação Internacional de Logística de Exposições), importante associação em 43 pa-íses do mundo, e ponto de referência da rede internacional especializada para mais de 280 correspondentes, através dos quais a empre-sa organiza remessas para qualquer evento do mundo, e com quemmantém parcerias para garantir assistência aos expositores que en-viam suas mercadorias para eventos italianos. Durante sua história, a Expotrans trouxe para o mercado várias novas empresas atuando na China, Rússia e América do Sul. Em particular, reforçou sua presença nos países sul-america-nos criando colaborações com agentes locais de transporte. Tudo isso contribuiu para seu
grande sucesso e para participação em várias Feiras.Entre os projetos mais importantes da Expo-trans para 2012 destaca-se a MACEF BRASIL, iniciativa da Fiera Milano que ocorrerá em São Paulo, uma das exposições mais visitadas para design residencial. A MACEF Brasil, que deve acontecer em maio de 2012, será um evento imperdível para compradores e distribuidores brasileiros e aqueles que apreciam o design italiano. Quanto ao transporte internacional, a Expotrans sugere, para mercadorias desti-nadas a esta e outras exposições na América do Sul, soluções de transporte marítimo ou aéreo, sempre em colaboração com os parcei-ros mais especializados presentes no cenário internacional.
Guido Fornelli
Publieditorial produzido e criado em colaboração com a Vox Media Partner
EXPOTRANSUma empresa italiana em um Mundo sem fronteiras
Forklift Expotrans na Fiera Milano
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Jornalista: Ana Izabel Mendonça
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34 AméricaEconomia Outubro, 2011
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MAC MARGOLIS é correspondente de longa data da revista Newsweek. Realiza reportagens sobre o Brasil, outros países da América Latina e os mercados emergentes, e já colaborou para diversas outras publicações, entre elas The Economist, The Washington Post e The Los Angeles Times.
D iga-se o que quiser de Barack Obama, mas o pre-sidente americano não desiste. Mal terminou a batalha para rolar a dívida pública dos Estados
Unidos e Obama já se lançou em outra cruzada, chamada de American Jobs Act (lei de empregos americana). Pudera. Com a economia global patinando, 250 milhões de adultos estão sem trabalho no mundo. Na Europa, são 44 milhões e nos EUA, 14 milhões. No país de Obama, a taxa de pobreza, de 1%, é a pior das últimas duas décadas. E, já que o ócio é a fagulha do diabo, há até quem fale, como o prefeito nova--iorquino Michael Bloomberg, em risco de uma “primavera americana”, com jovens sem soldo incendiando as ruas. Tal-vez não chegue a tanto, mas a política é um patrão impiedoso e, se não vingar o novo programa de geração de empregos, o emprego de Obama também não vai durar.
A 13 meses do próximo pleito, os eleitores estão com a sensação de déjà vu. Obama começou o mandato com a economia na fossa e o mercado de emprego em recuo. Deve terminar da mesma forma. Acossado pela guerra sobre a dívi-da e acusado pelos parceiros democratas de ceder aos radicais da direita, Obama partiu para a briga. Microfone em punho e mangas arregaçadas, ele roda o país no melhor estilo populis-ta à americana para empurrar a bondade trabalhista.
A conta do Ato para Empregos Americanos é salgada: US$ 447 bilhões. Como bancá-lo? Novos impostos. Afinal, os EUA sofrem um desequilíbrio histórico, agravado pela tributação regressiva que escandaliza até seus beneficiários, como admitiu Warren Buffet, que confessou pagar menos ao fisco do que sua secretária. Assim, a conta não fecha. “Não é ideologia, é matemática”, repete Obama aos quatro ventos.
Taxar os ricos soa bem no calor da campanha. Mas o público americano já ouviu esse jingle. O farto programa de estímulo de 2009 despejou US$ 787 milhões do contribuinte
na economia, com a promessa de criar 3,5 milhões de postos de trabalho. De lá para cá, 1,7 milhão de empregos evapo-raram. Metade dos compatriotas de Obama não confia em seu programa de empregos, segundo uma pesquisa recente. Em um levantamento da consultoria Gallup, os america-nos dizem acreditar que 51 centavos de cada dólar pago a Washington acabam desperdiçados. Em 1986, acreditavam que só 38 centavos se perdiam pelo ralo.
Esses números condenam a todos (a reprovação do Con-gresso é ainda pior do que a do presidente), mas a tragédia da era Obama é que os democratas, partido que ostenta laços profundos com o povão e as classes trabalhadoras, ainda não enxergam o colapso da fé americana em sua visão de mundo. Os americanos estão fartos de recuperação sem empregos, estímulos que não estimulam e incentivos que abençoam lobbies, e não os cidadãos. Em Washington, confundem-se medidas quebra-galho com o reparo estrutural do desgover-nado engenho americano. O partido republicano agradece.
“A melhor forma de fortalecer a demanda dos consu-midores e das empresas seria reduzir o ônus para a renda privada e as barreiras à iniciativa de livre impostos pelo nosso sistema tributário”, disse um renomado político americano. Brado dos fundamentalistas do Tea Party? No, sir. A receita é de John F. Kennedy, democrata-modelo, que quebrou o tabu do seu partido e defendeu um forte corte de impostos para ressuscitar a combalida economia. Os progressistas, com o keynesiano John Kenneth Galbraith à frente, denunciaram um complô reacionário. Kennedy ganhou a queda de braço no partido e ainda conseguiu adesões de peso em redutos republicanos tradicionais. Tudo indica que teria ganhado de lavada a reeleição em 1964, mas foi assassinado em 1963, e a lição política se perdeu na história. Não tinha nada a ver com ideologia, apenas matemática.
Desemprego à americana
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36 AméricaEconomia Outubro, 2011
NEGÓCIOS Indústria
COM ESTRATÉGIA AGRESSIVA DE LANÇAMENTOS NO BRASIL, A EMPRESA PLANEJA DOBRAR DE TAMANHO ATÉ 2015PAULA PACHECO, DE SÃO PAULO
O surgimento de um exuberante mercado consumidor no Bra-sil, nos últimos anos, após dé-
cadas de timidez e apostas infrutíferas da indústria e do varejo, foi a oportuni-dade esperada pela multinacional ame-ricana P&G. Depois de pouco mais de duas décadas no país, a empresa vem conseguindo agora expandir seus negó-cios por aqui e mostrar que pode de fa-to rivalizar com outra gigante do setor de higiene e limpeza, a Unilever.
A P&G multiplicou por sete sua re-ceita no país na última década. O desa-fio para os próximos anos é bem mais difícil: dobrar o tamanho da operação brasileira até 2015. “O Brasil tem credi-bilidade para conseguir os investimen-tos necessários para atingir essa previ-são”, diz Cyro C. Gazola, brasileiro que recentemente assumiu a vice-presidên-cia de Vendas para a América Latina.
Na região, o Brasil tem posição de destaque. Até porque no México, ape- Fo
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sar de a empresa ser tradicional, a taxa de crescimento tem sido mais conser-vadora que a registrada por aqui. Diz o executivo: “O Brasil é uma das prio-ridades globais da companhia”.
Os números comprovam a afirma-ção do vice-presidente. De 2011 até 2013, os investimentos no país, incluin-do a verba publicitária, passarão de R$ 1 bilhão. Nos últimos cinco anos, a P&G, que tinha três unidades de produ-ção no Brasil, inaugurou outras três. Es-
P&Gvira gente grande
A FÁBRICA DO MACH3, EM MANAUS,
FOI UMA DAS TRÊS INAUGURAÇÕES
DOS ÚLTIMOS ANOS
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Outubro, 2011 AméricaEconomia 37
se crescimento do índice de nacionali-zação, que hoje é de 90%, tem a ver com o aumento de escala. Conforme o volu-me de vendas no país evoluiu, tornou-se mais viável substituir a importação pela produção local. Os aparelhos de barbear Mach3, por exemplo, antes importados dos Estados Unidos, passaram a ser fei-tos na nova fábrica de Manaus.
A expansão no país está ligada também à entrada da companhia em novos segmentos. À medida que os ne-gócios cresceram, a multinacional se viu obrigada a aumentar sua presença nas gôndolas. Há uma década, a P&G atuava no Brasil em sete categorias, e agora está presente em 15. Ao longo dessa trajetória mais recente, a multi-nacional fez duas aquisições que aju-daram a impulsionar as vendas: Wella (2003/2004) e Gillette (2005/2006).
Segundo Gazola, a arrancada da empresa aconteceu porque, entre ou-tras razões, se optou pela estratégia de proximidade com os clientes. “Procu-ramos conhecer o consumidor brasi-leiro, e isso gerou credibilidade”, diz o executivo. Gabriela Onofre, direto-ra de Assuntos Corporativos da P&G Brasil, dá como exemplo o que foi fei-to na linha de cuidados para os cabelos da Pantene. Na formulação original, o xampu já vinha com o condicionador,
quido do que da versão em pó. Do total das vendas da categoria, Ariel líquido detém 70%. “Diferentemente da con-corrência [Omo, da Unilever], queremos que seja um produto que, ao mostrar inovação, passe de filha para mãe, não de mãe para filha”, explica Gabriela.
MARKETINGParte do crescimento da P&G está re-lacionada à agressividade na comuni-cação com os consumidores. Quatro anos atrás, a multinacional ocupava o 42º lugar entre os maiores anuncian-tes do país. Em 2009, passou para a 24ª posição. No ano passado, já era a 10ª. Nesse pacote publicitário está a contra-tação de nomes como Faustão, Angéli-ca, Luciano Huck e Ana Maria Braga, escolhidos como “embaixadores” da companhia em grandes campanhas pu-blicitárias. Além disso, a P&G mundial tem contrato de patrocínio da Olim-píada e da Copa do Mundo. “O Brasil, como país-sede desses eventos, certa-mente terá ainda mais importância pa-ra nós”, diz Gazola.
algo impensável para as brasileiras. Na avaliação das consumidoras nacionais, esse tipo de cosmético deixa os cabelos pesados. Com adaptações na fórmula e Gisele Bündchen como garota-propa-ganda, o produto estourou e já é o se-gundo mais vendido no país e o primei-ro na cidade do Rio de Janeiro.
Também foi preciso sentir o terreno antes do lançamento do anti-idade Olay. “Fizemos testes em Campinas [SP], na casa das consumidoras. Normalmen-te, as brasileiras acham os cremes es-trangeiros para a pele gor-durosos, mas, neste caso, isso não aconteceu, e man-tivemos a formulação origi-nal”, conta Gabriela.
Além da preocupação com inovação, empresas como a P&G precisam sa-ber como comunicar as novidades mercadológicas aos consumidores. Foi o que aconteceu quando a companhia, quatro anos atrás, decidiu trazer para o país o sabão líquido Ariel. Até então, essa categoria de produto era praticamen-te inexistente. A concor-rência correu atrás, e hoje é mais comum ver propa-gandas na TV do sabão lí-
1 bide reais é a previsão de
investimentos da P&G no país
até 2013
SEGUNDO GAZOLA, O BRASIL É UMA DAS
PRIORIDADES PARA A MULTINACIONAL
GISELE AJUDOU A COLOCAR
A MARCA PANTENE NA
SEGUNDA POSIÇÃO ENTRE
AS MAIS VENDIDAS
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40 AméricaEconomia Outubro, 2011
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Outubro, 2011 AméricaEconomia 41
INVESTIMENTOS NA CASA DOS R$ 178 BILHÕES IMPULSIONAM A ECONOMIA NÃO SÓ DA CIDADE, MAS DE TODO O ESTADOCRISTINA DOS SANTOS, DO RIO DE JANEIRO
E scolhido como sede dos dois maiores eventos esportivos do planeta – a Copa do Mundo,
em 2014, e a Olimpíada, em 2016 –, o Rio de Janeiro tornou-se a Cidade Ma-ravilhosa também para aqueles que to-mam as decisões no mundo dos ne-gócios. Não só a cidade, mas todo o estado. Segundo levantamento do Go-verno do Estado do Rio de Janeiro, nos próximos dez anos, serão investi-dos R$ 178 bilhões. Já a Firjan (Fede-ração das Indústrias do Rio de Janeiro)
trabalha com um volume de recursos bem maior: R$ 181 bilhões, entre 2011 e 2014. Os setores e os volumes desem-bolsados são diversificados e incluem de investimentos da Petrobras nos pro-jetos do pré-sal a expansão de uma planta siderúrgica da Gerdau.
A efervescência não é alimentada apenas por aqueles que vão despejar milhões, e até bilhões, de reais no Rio. Passa também pelos micro e pequenos comerciantes, que querem aprovei-tar a maré favorável aos investidores,
empresários e executivos transferidos para atuar em recém-inaugurados es-critórios, seguradoras, lojas, hotéis e restaurantes. Para não perder as oportu-nidades geradas pelos novos empreen-dimentos, a mão de obra se apressa em se qualificar, buscando abocanhar as milhares de vagas que surgem nos ra-mos mais diversos.
“Não há como negar a importân-cia do Rio de Janeiro no atual cenário financeiro do país. Quem abre um ne-gócio hoje no Brasil tem de acessar
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ESPECIAL Rio de Janeiro
imediatamente este mercado”, avalia Fábio Cabral, gerente comercial da companhia Chartis, que instalou em agosto sua filial carioca, depois de anos de atuação em São Paulo. “A Petrobras está no Rio e a área de resseguros tam-bém. As grandes empresas que estão chegando para atuar no país estão vin-do para cá. Não há como ignorar este mercado”, garante. O Rio de Janeiro participa com pelo menos 11% do mer-cado de seguros brasileiro, mas tem po-tencial para chegar a 20% em quatro anos, calcula Cabral.
Assim como a Chartis, suas concor-rentes Allianz e Lockton, a maior cor-retora de seguros de capital fechado do
Surge uma nova HoustonConsiderada referência no setor petroleiro, a cidade texa-
na de Houston tende a perder, em poucos anos, o posto
para uma pequena ilha localizada na zona norte do Rio de
Janeiro, a Ilha do Fundão. Sede da UFRJ (Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro) e do Cenpes (Centro de Pesquisas
e Desenvolvimento da Petrobras) – o mais bem preparado
centro de tecnologia de exploração de petróleo em águas
profundas no mundo –, o lugar começa a ser chamado por
muitos de “ilha do petróleo”.
É lá, em uma área de 350 mil metros quadrados, que es-
tá se formando o Parque Tecnológico do Rio de Janeiro. O
projeto nasceu em 2003 com o objetivo de estimular a inte-
ração entre a universidade e as empresas. “Em Houston, há
uma grande concentração de empresas do setor de petró-
leo e gás. Aqui, várias companhias do setor estão instalan-
do centros de P&D [pesquisa e desenvolvimento]”, afirma
Maurício Guedes, diretor do Parque Tecnológico do Rio.
Entre as empresas que optaram por instalar no local
seus centros de excelência estão a francesa Schlumberger,
as americanas Baker Hughes e FMC Technologies, do setor
de petróleo e gás, e a Usiminas, do setor siderúrgico, as três
em fase de instalação. Também foram aprovadas as multi-
nacionais Halliburton e Tenaris Confab. A EMC, a Chemtech,
braço da Siemens no segmento de petróleo, e a BG vence-
ram a licitação pelos últimos três terrenos disponíveis.
“A Siemens e a Chemtech seguem um modelo de inova-
ção aberta. Vamos contar com a UFRJ para as atividades de
pesquisa e pretendemos desenvolver mais parcerias, pri-
meiramente para atender às demandas do mercado brasi-
leiro e, no longo prazo, às globais”, ressalta Roberto Leite,
diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da Chemtech.
Além de soluções voltadas aos desafios tecnológicos
do pré-sal, o ambiente deve gerar oportunidades para em-
presas de menor porte e incentivar a interação com pesqui-
sas acadêmicas. Para isso, o restante da área do parque es-
tá reservado ao desenvolvimento de projetos de incentivo
a pequenas e médias empresas. Um deles é a Torre de Ino-
vação, que abrigará cerca de cem pequenas e médias em-
presas, de diversos setores. A previsão é que as obras co-
mecem no próximo ano e sejam concluídas em 2014. Com
isso, cerca de R$ 500 milhões deverão ser investidos nes-
ses pequenos empreendimentos nos próximos três anos,
gerando emprego para 5 mil pesquisadores.
Os investimentos também estão programados para a
região próxima ao Parque Tecnológico. A GE, por exemplo,
instalará seu Centro Tecnológico Global em uma área de 13
mil metros quadrados cedida pelo Exército brasileiro. A uni-
dade vai consumir parte dos US$ 550 milhões que a compa-
nhia pretende investir no Brasil nos próximos anos.
Outro projeto é o da Rolls-Royce, que planeja implantar
na região de Itaguaí, no sul fluminense, seu quinto centro
de excelência no mundo. O projeto faz parte dos planos da
empresa de construir uma unidade de montagem de turbi-
nas para plataformas de petróleo no país, com investimen-
tos de US$ 150 milhões. “Muitos me perguntam o motivo de
não trazer para o Brasil uma fábrica de turbinas, e eu sim-
plesmente respondo: uma fábrica gera 30 empregos, em
decorrência da elevada automação. Já uma fábrica de mon-
tagem terá centenas, e até milhares, de trabalhadores. Mas,
para formar essa mão de obra, precisamos ter aqui um cen-
tro de excelência, com profissionais e tecnologia de ponta.
E é isso que vamos fazer”, garante Francisco Itzaina, presi-
dente da Rolls-Royce na América Latina.
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INVESTIMENTOS NO PRÉ-SAL, COMO A PLATAFORMA P56, SERÃO GRANDES GERADORES DE CAIXA
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O levantamento da Firjan, que apontou o aporte de R$ 181 bilhões em investimentos de 2011 a 2014, elevou em 40% a previsão feita na pesquisa an-terior, para o período de 2010 a 2013.
Ao se considerar a pequena área ocupada pelo estado em relação ao território nacional, os bilhões de reais previstos dão ao Rio o título de maior concentrador de investimentos em to-do o mundo, segundo o MDIC. São R$ 4 milhões por metro quadrado. Ta-manha concentração de recursos, acompanhada de um PIB (Produto In-terno Bruto) comparável ao do Chile, combinada a um elevado índice popu-lacional (16 milhões de habitantes na região metropolitana) e à baixa taxa de desemprego – aproximadamente 5% –, cria um mercado consumidor invejá-vel, com renda per capita superior à de São Paulo, perdendo no Brasil apenas para o Distrito Federal, que tem distor-ções em decorrência do salário de de-putados, de senadores e do funciona-lismo público.
O alinhamento dos três níveis ad-ministrativos (municipal, estadual e federal) pela primeira vez em décadas, a pacificação das favelas e a nova era do petróleo chegam quase a colocar em segundo plano o fato de a cidade ter sido escolhida como sede dos Jogos
mundo, tomaram o mesmo rumo. Elas estão de olho não somente nos proje-tos ligados aos eventos esportivos, mas em outro segmento que impulsionará a economia local: a indústria do petró-leo. “O seguro de uma plataforma ou de uma embarcação é um negócio de bi-lhões”, lembra o executivo da Chartis.
Na área de petróleo, a economia do Rio vem ganhando impulso na atração de investimentos graças não apenas aos negócios da Petrobras, mas tam-bém às novas companhias, como a pe-troleira de Eike Batista (OGX), a bra-sileira HRT e ainda multinacionais, como Shell, Statoil e BG Group.
De acordo com o Renai (Relató-rio de Anúncios de Projetos de Inves-timentos) de 2010, do MDIC (Minis-tério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior), o Rio de Janeiro passou à frente de Minas Gerais e São Paulo, e assumiu a liderança do total de US$ 268,8 bilhões anunciados no ano passado a serem investidos no paísnos próximos anos. Serão aplicados noestado US$ 18,45 bilhões, segundo o ministério, ante US$ 10,607 bilhões que serão recebidos por Minas Gerais e US$ 10,471 bilhões por São Paulo.
“O aspecto mais positivo é que os recursos não se concentram na cidade. Eles estão espalhados por todo o esta-do, tanto por conta da Petrobras quan-to por segmentos como logística e side-rurgia. Isso garante que a boa fase de negócios não será passageira”, anali-sa Cristiano Prado, gerente de Com-petitividade Industrial e Investimen-tos da Firjan.
ACIMA, DONA MARTA, PRIMEIRA COMUNIDADE
PACIFICADA DO RIO. AO LADO, OBRAS
DO MARACANÃ PARA A COPA
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ESPECIAL Rio de Janeiro
Olímpicos, na opinião de Prado, da Firjan. “Além do ritmo acelerado das novas encomendas do setor de petró-leo, que exigiram a ampliação das ins-talações de estaleiros e de toda a cadeia fornecedora, é inegável a importância do projeto de pacificação das favelas para o marketing local. O setor do tu-rismo voltou a investir e novas lojas também chegaram, na esteira da recu-peração da renda”, avalia Prado.
O momento de crescimento trouxe de carona os negócios ligados ao varejo e aos serviços. Segundo dados da ABF (Associação Brasileira de Franchising), a quantidade de franquias existentes na cidade hoje equivale a 12% do to-tal do país, mas essa participação deve chegar a 20% até 2014. “São empresas de cosméticos, butiques, restaurantes e pequenos negócios que estão se insta-lando aqui, vindos de outros estados e países. Há uma crescente procura pelo Rio de Janeiro, e não estamos falando dos megainvestimentos, mas de negó-cios que abrem em cada esquina”, ava-lia Maurício Chacur, da agência gover-namental de fomento Investe Rio.
Criada em 2007, a Investe Rio de-ve liberar, neste ano, R$ 400 milhões em financiamentos para novas empre-sas. Entre as beneficiadas está a alemã Schulz, que planeja inaugurar sua quar-ta fábrica de dutos no país. As duas pri-
Investimentos de peso Em dezembro de 2010, enquanto discursava para uma plateia de mais de 200
investidores estrangeiros na sede da Associação das Nações Unidas, em Nova
York, o governador Sérgio Cabral não titubeou ao falar sobre uma possível can-
didatura à presidência do Brasil em 2014, com base nos feitos do estado.
“Não vejo razão. Hoje, eu já me sinto governando o Brasil. O Rio é um país
e é a síntese do Brasil”, resumiu o governador, enquanto enumerava os inves-
timentos de peso que o estado está prestes a receber.
E não se trata de contar vantagem apenas em relação às descobertas da Pe-
trobras na camada do pré-sal. Outros empresários acreditam que é o momento
de aproveitar as oportunidades. O bilionário Eike Batista entrou na onda e, além
de investimentos na cidade, constrói, no norte do estado, um dos maiores pro-
jetos logísticos já feitos na América Latina, o Porto do Açu, que vai abrigar esta-
leiro, siderúrgica, termelétricas e toda a base de apoio às suas plataformas que
vão operar na exploração e no desenvolvimento dos campos da OGX.
Outra mudança radical no estado será a instalação do Comperj (Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro), que vai levar para a Baixada Fluminense um
novo perfil de oferta de trabalho. A área deverá ser ocupada por fornecedores
da empresa e clientes da área petroquímica.
Segundo a coordenadora do NEPHU (Núcleo de Estudos e Projetos Habita-
cionais e Urbanos da Universidade Federal Fluminense), Regina Bienenstein,
Itaboraí – cidade-sede do Comperj – já apresenta indicadores socioeconômi-
cos que apontam para a expansão da região. Entre 2008 e 2010, por exemplo,
a população local subiu de 187 mil habitantes para 218 mil. A empregabilidade
teve crescimento significativo no setor de construção civil, passando de mil em-
pregados em 2006 para 11 mil em 2010.
Mas a principal preocupação é a qualificação da mão de obra local. Verifi-
cou-se, por exemplo, que a maioria dos alunos com até 14 anos ainda não con-
cluiu o Ensino Fundamental. De cerca de 4 mil alunos, somente 800 estão na sé-
rie correta. O Comperj começa a operar em 2012 e a Petrobras tenta compensar
o quadro com a oferta de qualificação. “A expectativa é treinar 2 mil pessoas até
lá”, garante o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa.
A ILHA DO FUNDÃO (À ESQ.) DEVE VIRAR
REFERÊNCIA NO SETOR PETROLEIRO
MUNDIAL. ABAIXO, HOTEL GLÓRIA SE
PREPARA PARA RECEBER OS TURISTAS
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Uma revolução urbanaO Rio de Janeiro está em revolução, e os planos são ambiciosos: tirar do papel o metrô que ligará a Barra da Tijuca – na zo-
na oeste – ao centro da cidade e implementar o projeto do Porto Maravilha. Tudo isso, intermediado por intervenções pro-
fundas na mobilidade urbana, no setor hoteleiro e na revitalização de áreas, além de projetos em telecomunicações. No
total, já em 2011, cerca de R$ 3 bilhões estão sendo investidos na cidade. Até 2016, a estimativa é que sejam mais R$ 12 bi-
lhões, desembolsados pelo governo, com aportes do COI (Comitê Olímpico Internacional). Esses recursos serão destinados
a projetos de infraestrutura, com ênfase na área de transportes. O impacto disso, de acordo com estudos do governo mu-
nicipal, aponta para algo em torno de R$ 90 bilhões na capital fluminense. São investimentos que derivam do aporte para
infraestrutura feitos pela iniciativa privada, como a construção de hotéis, restaurantes e obras do COI (como alojamentos
para atletas). Esses recursos podem gerar, a partir de 2016, cerca de 120 mil empregos diretos e indiretos.
A principal modificação será nas proximidades do porto do Rio de Janeiro. A primeira fase inclui a revitalização dos
bairros da zona central e a construção de garagens subterrâneas. Para uma segunda fase, está prevista a demolição do
viaduto da perimetral, avenida de entrada e saída do Rio que liga o centro e a zona sul à ponte Rio-Niterói e à Avenida Bra-
sil. A construção de uma avenida com seis pistas subterrâneas, a implantação de sistema de transporte com veículos le-
ves sobre trilhos, as obras de saneamento e urbanização e a construção de museus são o que vêm depois da demolição,
em um investimento inicial em torno de R$ 400 milhões.
Já o metrô que ligará a zona sul (Ipanema/Leblon) à Barra da Tijuca terá a possibilidade de integração com a BRT (Bus
Rapid Transit) – pistas exclusivas para ônibus. Serão quatro linhas construídas e 53 estações previstas ao longo das BRTs.
O custo do projeto é de R$ 800 milhões, para uma rota de 56 quilômetros. No setor hoteleiro, a principal iniciativa até ago-
ra é a revitalização do Hotel Glória. Mas, segundo dados do Governo do Estado, são esperados outros R$ 500 milhões em
novas instalações e modernização das unidades hoteleiras já existentes.
meiras foram construídas no estado do Rio nos últimos seis anos, e a terceira está em obras. Os novos investimentos somam R$ 80 milhões. Quando anun-ciou a quarta unidade, o presidente mundial da empresa, Wolfgang Schulz, esteve no Rio e resumiu: “Nós acredita-mos e apostamos no Brasil”.
A origem do dinheiro que se des-tina ao Rio de Janeiro é diversificada, mas espera-se que os chineses despon-tem. Segundo o presidente da CCIBC (Câmara de Comércio e Indústria Bra-sil-China), Charles Tang, ainda neste ano pelo menos 30 empresas deverão abrir representações no estado, assi-nar parcerias com empresas nacionais
AS CONSTRUÇÕES SE
MULTIPLICAM NA CAPITAL
FLUMINENSE, ONDE O METRO
QUADRADO JÁ DESBANCOU
MANHATTAN, NOS EUA
e dar início à produção local. Isso con-siderando apenas a área de óleo e gás, a mais monitorada pela entidade.
De acordo com a CCIBC, a primei-ra onda de investimentos deverá se con-centrar nos fornecedores de sondas e equipamentos de produção onshore. En-tre as empresas interessadas em se ins-talar no Brasil estão a CIMC Raffles, que forneceu duas plataformas para a Schahin Cury, e a Honghua, que ne-gociou duas sondas terrestres para a Queiroz Galvão. A lista ainda inclui a Shandong Kerui, especializada em son-das, e a ZPMC, do mercado de equi-pamentos portuários. “O Brasil como um todo, e o Rio de Janeiro em espe-
cial, têm grandes oportunidades, mas também limitadores de crescimento”, avalia Tang. Ele se refere particular-mente ao setor portuário, que precisa avançar em tecnologia e mão de obra para alcançar níveis de competitivida-de mundial.
Não são só os chineses que recla-mam. A falta de qualificação profissio-nal e a urgência na melhora da infraes-trutura são apenas alguns dos gargalos a serem enfrentados por quem quer fin-car bandeira em solo fluminense.
Outro problema apontado por quem prospecta negócios no Rio é a fal-ta de terrenos e, consequentemente, o encarecimento do metro quadrado.
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ESPECIAL Rio de Janeiro
Desfrutando de um
alto índice de apro-
vação entre eleito-
res como há muito
não se via no esta-
do, o governador do
Rio de Janeiro, Sér-
gio Cabral (PMDB),
tem a seu favor um
cenário promissor,
com investimentos
bilionários. Apesar
disso, em meados
de 2011, surgiram sinais de um desgaste.
Os índices de popularidade do governador começa-
ram a subir desde a implementação, com sucesso, das UPPs
(Unidades de Polícia Pacificadoras) nas favelas do Rio de Ja-
neiro e ganharam espaço na mídia depois que as forças mi-
litares, em conjunto com o Exército, conseguiram ocupar
a maior das comunidades e principal ponto do tráfico no
estado, o Complexo do Alemão. Diante disso, a população
acreditou que as medidas certas estavam sendo tomadas.
A imagem do governador do Rio de Janeiro, porém,
começou a ser arranhada quando ele decidiu enfrentar os
bombeiros do estado que protestavam por melhores sa-
lários. Ao comandar a invasão do quartel, ocupado pelos
bombeiros, a reivindicação tomou as ruas, e as manifes-
tações contra o governo ganharam força. Em junho des-
te ano, um acidente de helicóptero na Bahia provocou efei-
tos colaterais dramáticos sobre sua gestão, evidenciando
suas ligações com empreiteiras e empresários, além da
má gestão das verbas em setores prioritários como educa-
ção e saúde. A situação ficou mais delicada quando surgi-
ram novas denúncias sobre os contratos para a instalação
das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), um dos trun-
fos eleitorais do governador na campanha para sua reelei-
ção. Para completar a má fase, o acidente com o bonde no
bairro de Santa Teresa, que resultou na morte de seis pes-
soas e em 50 feridos. O incidente evidenciou a dificuldade
do governador para se posicionar diante da omissão de seu
secretário de Transportes, Julio Lopes, que um ano antes
havia ignorado o laudo que obrigava a suspensão da opera-
ção dos bondes, desgastados pelo uso e pelo tempo.
Cabral rompeu com a imprensa e sofreu novo golpe,
desta vez de dentro do símbolo de sucesso de seu manda-
to. Os moradores do Complexo do Alemão se revoltaram
com a permanência do Exército no local, e denúncias apon-
taram para irregularidades na conduta dos policiais que
atuam em outras UPPs. Agora, o governador tomou para
si a briga pela divisão dos royalties do petróleo, e depende
disso para sair vitorioso – com o apoio do governo federal –
e se segurar na tênue linha que o mantém ainda em um pa-
tamar elevado de popularidade, apesar do desconforto.
Um projeto de lei que prevê a redivisão dos royalties
também entre os estados não produtores de petróleo foi
vetado pelo ex-presidente Lula, mas ainda causa pesadelos
no governador. Se o veto for derrubado no Congresso Na-
cional, o estado perderá uma receita anual de R$ 8 bilhões
(valor atual), que deve ser multiplicada por quatro com a en-
trada em operação do pré-sal. É uma queda de braço políti-
ca na qual Cabral não poderá, desta vez, contar com o auxí-
lio do Bope – a elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Isso afeta os negócios nas mais diferen-tes proporções. Enquanto grandes em-presas, como Petrobras e Gerdau, bri-gam para conquistar uma saída para o mar na área de Itaguaí, o pequeno in-vestidor garimpa espaços onde possa instalar seu comércio, escritório ou in-dústria, pagando peso de ouro. E mes-
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mo o morador comum sente no bolso os efeitos colaterais dessa escassez.
Segundo a consultoria imobiliária Cushman & Wakefield, o metro qua-drado carioca desbancou Manhattan, no ano passado, quando subiu 50% em relação ao ano anterior (passando pa-ra US$ 1.291,20). O valor representaUS$ 53,80 a mais do que na região cen-tral da famosa ilha nova-iorquina. O Rio saltou da 13a para a quarta posição no ranking global de mercados de escri-tórios, atrás de Hong Kong, Londres e Tóquio, informa o relatório.
Entre os imóveis residenciais, a zo-na sul, reduto da alta renda carioca, tem visto seus moradores serem expul-sos dos apartamentos com menos de
80 metros quadrados, que passaram para a casa do milhão de reais. “No reajuste do aluguel, os proprietários pe-dem o triplo do valor. Passam de R$ 4 mil para R$ 12 mil. Ou então querem vender por cinco a seis vezes o preço original que pagaram três anos atrás. Apesar desses valores estratosféricos, conseguem vender para executivos de empresas que estão chegando ao Brasil. Não sei se é uma bolha, mas também não consigo ver em que isso vai dar”, relata o corretor de imóveis Alexandre Santos. Mas, animado pelos bons ne-gócios, ele pondera: “O Rio é um ca-marote para assistir ao espetáculo do desenvolvimento. E todo mundo quer um lugar na janelinha, não é?”
do, o governador do
Rio de Janeiro, Sér-
gio Cabral (PMDB),
tem a seu favor um
cenário promissor,
com investimentos
bilionários. Apesar
disso, em meados
A fase delicada de
Cabral
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Outubro, 2011 AméricaEconomia 47
Petrobras Petróleo 42,8 2010 2012 Norte Fluminense
Chevron Petróleo 2,4 2010 2012 Norte Fluminense
OGX Petróleo 0,8 2010 2012 Norte Fluminense
Comperj Petróleo 20,0 2010 2017 Metropolitana
Gerdau Siderurgia 1,4 2011 2016 Metropolitana
Estaleiro da Marinha e Base Naval em Itaguaí Náutico 0,2 2011 2015 Metropolitana
Estaleiro Inhaúma Náutico 0,1 2011 2012 Metropolitana
Complexo Ind. e Portuário de Barra do Furado Náutico 0,1 2011 2013 Norte Fluminense
STX (Barra do Furado) Náutico N.D. 2011 2014 Norte Fluminense
Benetau Náutico 0,1 2011 2012 Costa Verde
Alusa /Galvão Náutico 0,4 2011 2014 Norte Fluminense
Estaleiro Aliança Náutico N.D. 2011 2012 Metropolitana
OSX Náutico 1,8 2011 2015 Norte Fluminense
Intermarine Náutico N.D. 2011 2011 Costa Verde
Pegeout Citroën Automobilístico 0,8 2011 2012 Médio Paraíba
Michelin Automobilístico 0,6 2010 2012 Médio Paraíba
Arvinmeritor (MAN) Automobilístico N.D. 2011 2012 Médio Paraíba
Maxion (MAN) Automobilístico N.D. 2011 2012 Médio Paraíba
Suspensys (MAN) Automobilístico N.D. 2011 2012 Médio Paraíba
Coquepar Ind. de Transformação 0,4 2010 2012 Metropolitana
LS Cable Ind. de Transformação 0,3 2011 2013 Médio Paraíba
Technip Ind. de Transformação 0,2 2011 2013 Costa Verde
Schulz e W. Maass Ind. de Transformação N.D. 2011 2011 Norte Fluminense
Di Santinni Ind. de Transformação N.D. 2011 2012 Baixada Fluminense
Nestlé Alimentos e Bebidas 0,1 2011 2012 Centro-Sul Fluminense
CSN Portos 2,1 2010 2012 Metropolitana
Technip Portos 0,2 2011 2014 Costa Verde
Angra 3 Energia 4,0 2011 2015 Costa Verde
Grupo Canabrava Energia 0,2 2011 2013 Norte Fluminense
Metrô Rio: Linha 4 Transporte Público 4,0 2011 2016 Metropolitana
BRT – Transcarioca Transporte Público 0,8 2010 2014 Metropolitana
BRT – Transolímpica Transporte Público 1,0 2010 2016 Metropolitana
BRT – TransOeste Transporte Público 0,4 2010 2016 Metropolitana
Reforma do Maracanã Equipamentos Esportivos 0,5 2010 2013 Metropolitana
Porto Maravilha Infraestrutura Urbana 1,9 2011 2016 Metropolitana
Morar Carioca Infraestrutura Urbana 5,0 2011 2020 Metropolitana
GE Centros de Pesquisa 0,10 2011 2012 Metropolitana
Baker Hughes Centros de Pesquisa 0,03 2011 2012 Metropolitana
Confab/Tenaris Centros de Pesquisa 0,02 2011 2012 Metropolitana
BG Group Centros de Pesquisa 0,03 2011 2020 Metropolitana
Ternium Siderurgia 5,0 2012 2015 Norte Fluminense
EMC2 Centros de Pesquisa 0,02 2012 2016 Metropolitana
Carteira de Investimentos no Rio de Janeiro Setor RegiãoValor (US$ bi)
PrazoInício - Fim
Bilhões no horizonte Relação de investimento no Estado do Rio de Janeiro
Fonte: Secretaria de Desenvolvimento do Estado do Rio de JaneiroN.D. – Não Divulgado
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48 AméricaEconomia Outubro, 2011
DEBATES Segurança & Saúde
USUÁRIO DE CRACK EM LOS ANGELES: PRISÕES
POR TRÁFICO AUMENTARAM 186% ENTRE
1980 E 2009 NO TERRITÓRIO AMERICANO
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Outubro, 2011 AméricaEconomia 49
a guerraRepensando
DEPOIS DE MUITOS INVESTIMENTOS EM PROGRAMASANTI-DROGAS, OS EUA PATINAM SEM ENCONTRAR UMA SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA CARLOS TROMBEN, DE SANTIAGO
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A peruana Dora Guevara traba-lha há dez anos no Latin Ame-rican Youth Center (LAYC),
uma organização sem fins lucrativos, em Washington, que oferece apoio a jo-vens com problemas de alcoolismo e uso de drogas ilícitas. “A mais usada é a ma-conha, seguida da cocaína”, afirma.
Washington é uma das regiões com maiores índices de consumo problemá-tico em nível nacional. Segundo um re-cente relatório da Substance Abuse and Mental Health Services Administra-tion, 21,25% das pessoas que vivem na capital americana tiveram problemas com álcool e drogas entre 2008 e 2009, contra 20,4% em nível nacional.
Os jovens que chegam ao LAYC são imigrantes ou filhos de imigrantes que trabalham dois turnos em empregos de baixa qualificação ou afro-americanos em situação econômica precária. Eles costumam ter problemas de aprendiza-do e inserção no mercado profissional. Apesar dos altos índices de dependência química, porém, os jovens de Washing-ton são, de alguma forma, privilegia-dos em comparação com os de outros estados. Têm seguro médico, e os tri-bunais não aplicam pena de prisão por posse de pequenas quantidades de dro-gas. Mas são obrigados, em troca, a en-
trar em programas sociais, como o ofe-recido pelo LAYC.
“Com a aprovação do Wellstone- -Domenici Act [lei relacionada a um pro-grama de saúde], houve um forte impulso do governo federal para exigir que as se-guradoras privadas reconheçam e ofe-reçam tratamento aos viciados como a qualquer outro doente”, afirma Rosa-lie Pacula, economista e codiretora do RAND Drug Policy Research Center.
A situação contrasta com quase 20 anos de linha dura contra consumido-res e distribuidores de drogas. Entre 1980 e 2009, as prisões por drogas nos EUA aumentaram 186%, as relacio-nadas a posse de maconha cresceram 123% e, por crimes violentos, 22,4%. O resultado disso é que o país têm o maior índice mundial de adultos encarcera-dos: em 2009, eram 743 presos a cada 100 mil habitantes (segundo o Depar-tamento de Justiça). Considerando ape-nas países da OCDE (Organização pa-ra a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), os que mais se aproximam são Israel (325) e Chile (312).
Enquanto a população americana cresceu 9% entre 2000 e 2009, a car-cerária subiu 23%. Mas há uma novi-dade: em 2009, pela primeira vez, o número baixou em relação ao ano ante-
rior (2,3%). Estaria o presidente Barack Obama tentando desfazer o problema social criado por seus antecessores?
MÃO DURAEm 1914, os EUA proibiram os médicos de receitar substâncias narcóticas co-mo ópio, morfina e cocaína. Em 1937, foi aprovado o Marihuana Tax Act, uma estranha lei que, embora não proibisse, tornava a distribuição da maconha um procedimento extremamente compli-cado. O governo de Franklin Roosevelt lançou uma campanha contra o consu-mo recreativo de um tipo de substância utilizado na fabricação de cordas, ver-nizes e outros produtos industriais.
Apesar do endurecimento das pe-nas contra o consumo, a posse e o trá-fico, a guerra contra as drogas só se tor-nou uma realidade no país a partir dos anos 1970. De fato, é uma espécie de ajuste de contas com a época das flores, quando o consumo ganhou uma abran-gência sem precedentes. Em 1970, um ano depois de meio milhão de jovens se reunirem em Woodstock para uma fes-ta de “música, paz e amor”, o presiden-te Richard Nixon conseguiu que o con-gresso aprovasse o Control led Substances Act. Dois anos depois, foi criada a DEA (Drug Enforcement
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Administration) e nasceu a figura de um “Czar Antidrogas”.
“Nesse momento, a situação era simples: a maconha era trazida da Ja-maica, da Colômbia e do México”, afir-ma um funcionário aposentado do De-partamento de Estado, que pediu para não ser identificado.
Em 40 anos de guerra, o panorama mudou. A maconha deu lugar à coca-ína, e os EUA começaram um jogo de gato e rato na Bolívia e no Peru contra os cartéis colombianos. O jogo aumen-tou de intensidade a partir de 1991, ex-plica a mesma fonte, quando a priori-dade de segurança nacional americana passou do combate ao comunismo in-ternacional para o combate ao narco-tráfico. O Plano Colômbia não teria sido possível sem a definição de ‘narco-terrorismo’, cunhada pelo general Bar-ry McCaffrey em alusão ao cultivo de cocaína nos departamentos de Caque-tá e Putumayo, zonas controladas pe-
las Farc (as Forças Armadas Revolu-cionárias da Colômbia).
Porém, enquanto nos vales andinos os Estados Unidos financiavam a erra-dicação de cultivos, a derrubada de pe-quenas aeronaves e o crescente envol-vimento das Forças Armadas locais, em casa se agravava a repressão contra os consumidores e as redes de distri-buição domésticas. Em 1984, o gover-
no de Ronald Reagan aprovou o Sen-tencing Reform Act, que acabou com o sistema de parole (liberdade condicio-nal) e endureceu as penas contra uma série de delitos. Os ministros da Justi-ça do presidente republicano se encar-regaram de torná-las particularmente duras no caso de drogas.
O crescimento da população carce-rária, a privatização de parte do siste-ma e a composição étnica dos réus de drogas são diferentes aspectos do mes-mo debate. “A proibição impôs um cus-to alto e desigual às minorias, como confirmam as enormes disparidades raciais nas taxas de prisão”, reconhece
Leslie Pacula, do RAND, referindo-se à transformação dos guetos em cam-pos de batalha.
GUERRA EM CASAElas estão em lugares públicos, nas es-colas e nos vagões dos trens suburba-nos: enormes grafites, letras exagera-das e quase ilegíveis de grupos juvenis. Algumas se definem como contracul-
turais, de caráter político ou artístico, mas há outras que têm a capacidade de infundir temor na população e preocu-pação em policiais e juízes.
Um estudo elaborado pelo Natio-nal Drug Intelligence Center concluiu que aproximadamente um milhão de pessoas pertencem a alguma das 20 mil gangues ativas em nível de bairro, re-gional ou até nacional. Elas são as prin-cipais distribuidoras varejistas e ata-cadistas de drogas ilícitas dentro dos Estados Unidos. Muitas delas, de fato, atravessam ilegalmente a fronteira me-xicana para obter a matéria-prima.
O estudo classifica as gangues co-mo de rua, carcerárias e de motociclis-tas. Na primeira categoria encontra-se, por exemplo, a 18th Street, nascida em Los Angeles e composta por mexicanos e centro-americanos; na mesma região também estão a Crips, de afro-ameri-canos, e os Asian Boyz. Mexicanos e porto-riquenhos da região de Chicago formaram a ALKQN (Almighty Latin King and Queen Nation), enquanto os salvadorenhos se agruparam na mais jovem e temida, Mara Salvatrucha.
As gangues carcerárias talvez sejam um problema ainda mais grave, pois se incubaram em um sistema penitenciá-rio em constante aumento. Hermandad Aria, Barrio Azteca, Black Guerrilla Family e La Ñeta são, segundo o relató-rio, “redes criminais altamente estrutu-radas” que controlam a distribuição de drogas no interior do sistema carcerá-rio e exercem controle e influência so-bre as gangues de rua. Em outras pala-vras, são os professores.
A lavagem de dinheiro do tráfico tem sido outro tema discutido em âm-bito internacional, focado em cartéis latino-americanos e paraísos fiscais do Caribe. No âmbito americano, é uma realidade menos romanceada. Segundo relatórios policiais, as gangues utilizam lojas de vestuário, salões de beleza e pe-quenos selos de gravadora musical para legalizar o dinheiro da droga. Algumas gangues também organizam sofistica-dos esquemas de fraude imobiliária pa-ra fazer investimentos em propriedades,
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operações que facilitaram durante anos a bolha do subprime. Em Chicago, por exemplo, foram detectadas várias gan-gues utilizando “falsos compradores” e agentes imobiliários para comprar pro-priedades a um custo mínimo. O fal-so comprador pedia um crédito imobi-liário concedido pelo agente. O imóvel era vendido, o falso comprador deixa-va de pagar o empréstimo e o membro da gangue ficava com ganho de capital. Obviamente, o estouro da bolha acabou com essas operações.
As ramificações das gangues não incluem apenas os grandes cartéis me-xicanos. O relatório do National Drug Intelligence Center reconhece que membros de várias gangues consegui-ram entrar nas Forças Armadas. As-sim, eles podem se movimentar den-tro do país e viajar para o exterior. “Uma grave ameaça à lei, em função das competências adquiridas e da dis-posição em ensiná-las a outros mem-bros de gangues”, aponta o relatório.
MUDANÇAS?O principal resultado da repressão da oferta e do consumo foi o aumento da população penal. E o vínculo entre gan-gues carcerárias e de rua mantém vivo o tráfico em âmbito doméstico. Porém, apesar da inflexibilidade do discurso e
da política federal, há mudanças à vis-ta. De fato, o primeiro sinal veio da Ca-lifórnia, em 1996, com a aprovação do uso medicinal da maconha.
“A descriminalização começou no âmbito dos estados há algum tempo, e não adquiriu visibilidade até pouco tempo atrás”, afirma Rosalie Pacula, coordenadora do RAND. “O que nem mesmo os responsáveis pelas políticas federais entendem bem é o número de estados que reduziram as penas asso-ciadas à posse de maconha, eliminan-do a prisão sem adotar explicitamente a descriminalização.”
Até hoje, 17 estados adotaram (ou estão discutindo) legislações similares, relaxando as penas por posse de peque-nas quantidades. Hoje, existem jurisdi-ções locais (São Francisco ou Seattle, por exemplo) que fizeram da maconha a última de suas prioridades policiais. Não é de se estranhar: basta somar a cri-se fiscal que afeta estados e municípios e a aceitação cultural da maconha.
Nem todos estão de acordo. A posi-ção da DEA é contundente: “A legaliza-
ção da maconha, independentemente de como comece, será à custa de nossos fi-lhos e da segurança pública. Criará de-pendência e problemas de tratamento e abrirá as portas para o uso de outras dro-gas, danos à saúde, comportamento de-litivo e motoristas drogados”, afirma um relatório de janeiro de 2011 intitulado “The DEA Position on Marihuana”.
Segundo o órgão, a campanha pa-ra a “maconha legal” baseia-se em duas falácias: que a ciência vê a droga como um remédio e que a DEA repri-me pessoas doentes e moribundas que a utilizam. “A DEA ataca criminosos, não os doentes.”
O mais importante serão as ações do líder do órgão, o ministro da Justiça, ge-neral Eric Holder. Em 19 de outubro de 2009, ele anunciou as diretrizes oficiais para os fiscais em estados que aprova-ram o uso medicinal da maconha: “O Departamento [de Justiça] continuará perseguindo pessoas que, reivindicando conformidade às leis, escondam ativida-des inconsistentes com os termos, as condições e os propósitos destas”.
Uma das críticas é que os EUA atacamcriminosos envolvidos no cultivo e no
tráfico e se esquecem dos doentes viciados
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Isso, de um lado. Do outro, há aque-les que arriscam que Holder reverterá paulatinamente a política de sentenças duras instaurada por Reagan. “A velo-cidade do processo dependerá da reelei-ção de Obama”, afirma o ex-funcioná-rio do Departamento de Estado.
Servirá para acabar com o círcu-lo vicioso da prisão e das gangues? Pa-ra Rosalie Pacula, a equação é mais complexa do que sustentam os legali-zadores. “Como economista familiari-zada com a literatura sobre elasticida-de de preço das drogas ilícitas, o custo da regulamentação, o custo econômi-co de produzir e distribuir drogas, a economia do castigo e o custo de forne-cer tratamento médico às pessoas com transtornos de comportamento não me convencem de que saibamos com certe-za se uma política alternativa à crimi-nalização é economicamente melhor.”
Outro sinal importante é que a re-pressão da oferta dos países fornece-dores da América Latina também não passa por seu melhor momento. Desde 2001, o narcotráfico perdeu status dian-te do terrorismo de origem islâmica. “O senhor do DEA não se senta mais no Conselho Superior de Segurança Nacional”, segundo uma fonte reser-vada. É só ver os orçamentos: o Plano Colômbia custou ao contribuinte ame-ricano US$ 6 bilhões. O Plano Mérida, para o México, recebeu US$ 1,5 bilhão, dos quais apenas uma parte foi desem-bolsada até agora.
Por outro lado, Dora Guevara, do LAYC, não se assusta com o desafio de continuar ajudando os adolescentes vulneráveis na capital americana. “Eu não vejo um aumento no consumo”, afirma. “O consumo de anfetaminas e PCPs [droga alucinógena] aqui é mí-nimo e, em geral, os jovens que conso-mem cocaína também têm um consu-mo problemático de álcool.”
Nesses momentos, a dor de cabeça para Dora e seus colegas que trabalham em organizações similares, em outras partes do país, é a mesma. “Depende-mos de doações e recursos federais. Com a crise, tudo foi cortado”, afirma.
A MARCHA DA MACONHA, EM SÃO PAULO, PROVOCOU REAÇÃO DA POLÍCIA
Brasil, um país entorpecidoPaula Pacheco, de São Paulo
O Brasil, ainda que tenha uma produção pequena de drogas, é uma importante
rota por onde passa a droga produzida em alguns países vizinhos. E pouco se
ouve falar sobre programas conjuntos para o combate ao tráfico na região. O
tema da descriminalização do uso de substâncias como a maconha, como se
vê nos Estados Unidos, por sua vez, é antigo, mas ainda não avançou para dis-
cussões mais consistentes. Aqui e ali, são vistos ensaios de iniciativas, como a
formação de grupos de estudo e até as marchas em defesa da legalização da
maconha, que pipocam, sob ameaça da polícia, aqui e ali. Ou seja, no que diz
respeito a drogas, parecemos baratas tontas.
A principal dificuldade para se desenvolver uma ação de combate ao nar-
cotráfico na América Latina é a interferência dos EUA nas iniciativas regionais.
A avaliação é de Wálter Fanganiello Maierovitch, presidente do Instituto Brasi-
leiro Giovanni Falcone, desembargador aposentado e ex-secretário Nacional
Antidrogas do governo Fernando Henrique Cardoso. “Os EUA querem encabe-
çar a solução do problema. Fizeram isso com o Plano Colômbia e, mais recen-
temente, com o Plano Mérida, no México. No caso da Colômbia, a produção de
coca não caiu, apenas mudou de região. No México, o plano foi um fracasso ab-
soluto, serviu para alimentar uma polícia corrupta. [O presidente Felipe] Calde-
rón usou o Exército no combate e está completamente perdido no meio dessa
guerra. Essa política de combate não empolga a América do Sul.”
Maierovitch lembra que o Brasil tem um papel importante no narcotráfi-
co regional. Apesar de não ser produtor de drogas, é o maior fornecedor de
produtos químicos usados no refino das folhas de coca, transformadas em
cocaína. “No Peru, na Colômbia e na Bolívia não há indústrias de éter, aceto-
na e cloridrato. Tudo isso é comprado no Brasil, ‘batizado’ [misturado a outras
substâncias para aumentar a rentabilidade] e distribuído para os países andi-
nos produtores de coca”, diz o especialista.
Para ele, além de o país ser um corredor de escoamento de cocaína e ma-
conha para a Europa, a África e a Ásia, é um grande consumidor. “O resultado
disso é a corrupção generalizada no país e a proliferação de casos de lavagem
de dinheiro. O tráfico traz a reboque uma série de outros problemas”, analisa.
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Brasil, um país entorpecidoPaula Pacheco, de São Paulo
O Brasil, ainda que tenha uma produção pequena de drogas, é uma importante
rota por onde passa a droga produzida em alguns países vizinhos. E pouco se
ouve falar sobre programas conjuntos para o combate ao tráfico na região. O
tema da descriminalização do uso de substâncias como a maconha, como se
vê nos Estados Unidos, por sua vez, é antigo, mas ainda não avançou para dis-
cussões mais consistentes. Aqui e ali, são vistos ensaios de iniciativas, como a
formação de grupos de estudo e até as marchas em defesa da legalização da
maconha, que pipocam, sob ameaça da polícia, aqui e ali. Ou seja, no que diz
respeito a drogas, parecemos baratas tontas.
A principal dificuldade para se desenvolver uma ação de combate ao nar-
cotráfico na América Latina é a interferência dos EUA nas iniciativas regionais.
A avaliação é de Wálter Fanganiello Maierovitch, presidente do Instituto Brasi-
leiro Giovanni Falcone, desembargador aposentado e ex-secretário Nacional
Antidrogas do governo Fernando Henrique Cardoso. “Os EUA querem encabe-
çar a solução do problema. Fizeram isso com o Plano Colômbia e, mais recen-
temente, com o Plano Mérida, no México. No caso da Colômbia, a produção de
coca não caiu, apenas mudou de região. No México, o plano foi um fracasso ab-
soluto, serviu para alimen O presidente Felipe] Calde-
rón usou o Exército no combate e está completamente perdido no meio dessa
guerra. Essa política de combate não empolga a
Maierovitch lembra que o Brasil tem um papel importante no narcotráfi-
co regional. Apesar de não ser produtor de drogas, é o maior fornecedor de
produtos químicos usados no refino das folhas de coca, transformadas em
cocaína. “No Peru, na Colômbia e na Bolívia não há indústrias de éter, aceto-
na e cloridrato. Tudo isso é comprado no Brasil, ‘batizado’ [misturado a outras
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nos produtores de coca”, diz o especialista.
Para ele, além de o país ser um corredor de escoamento de cocaína e ma-
conha para a Europa, a África e a Ásia, é um grande consumidor. “O resultado
disso é a corrupção generalizada no país e a proliferação de casos de lavagem
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54 AméricaEconomia Outubro, 2011
DEBATES Entrevista
CONTRA A CRISE, ALICIA BÁRCENA, SECRETÁRIA EXECUTIVA DA CEPAL, DEFENDE O COMÉRCIO INTRARREGIONAL E A DISTRIBUIÇÃO DOS GANHOS ENTRE OS TRABALHADORES COMO FORMA DE CRESCIMENTO ECONÔMICO
CARLOS TROMBEN, DE SANTIAGO
Por onde começar
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E m um momento de dificulda-de na economia global, Alicia Bárcena, secretária executiva
da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), propõe que a região siga alguns parâmetros na busca por crescimento e distribuição equitativa de renda. Segundo ela, uma das formas de passar com menos difi-culdades por este momento delicado é por meio de programas que auxiliem a proteção dos mercados internos. Co-mo exemplo, Alicia cita o Plano Brasil Maior, que propõe criar vantagens à in-dústria nacional para que os setores so-fram menos impacto com a invasão de produtos estrangeiros. Por outro lado, defende que é preciso dar garantias aos empregados, ou seja, nada de falar de flexibilização das leis trabalhistas.
A secretária da Cepal alerta para o fato de poucos países estarem se prepa-rando para duas questões importantes: o investimento em inovação e na previ-dência social. Apostar na inovação po-de ser a diferença entre passar ileso pe-los solavancos da economia e ganhar dinheiro em tempos difíceis. No caso da previdência, explica, se não se pen-sar na geração de empregos com direi-tos, o resultado será um tremendo pas-sivo nas contas públicas, que terá de arcar com o envelhecimento da popu-lação na região.
AméricaEconomia • Como podemos enfrentar a valorização das moedas na região?Alicia Bárcena • A situação é muito preocupante. Os únicos países que con-seguiram resistir à valorização cam-bial foram Peru, Panamá, Nicarágua e Argentina. Creio que isso envolve um conjunto de políticas. Ninguém tem a receita. No fundo, estamos falando da necessidade de estabelecer políticas muito claras em relação ao controle da inflação. Poderíamos encarar a infla-ção de forma mais ampla, com uma re-lação mais direta com o crescimento, e com outro parâmetro fundamental, que é o do investimento – não apenas investimentos públicos, como também
privados. Essa é a grande questão com a qual nossa macroeconomia deveria se preocupar.
AE • Como instalamos na América Latina uma tendência a um maior in-vestimento produtivo?Alicia • Vou dar como exemplo o que o Brasil está fazendo. O país colocou em prática o Plano Brasil Maior, que, na verdade, é um plano para 2011-2014 que compreende a política industrial, a tecnológica, a de serviços e a comer-cial. O que o país busca é estimular a inovação e a competitividade indus-trial nos mercados interno e externo. Alguns dirão que o Brasil caminha em direção a uma dinâmica protecionis-ta, mas creio que o país está tentando se defender dessa valorização cambial e dar um alívio, digamos, tributário, aos seus exportadores. Um país com um banco nacional de desenvolvimen-
to, que tem uma política industrial ex-plícita, pode fazer esse tipo de plano. Outros não podem. Não há uma re-ceita única diante da valorização, mas não há dúvidas de que isso envolve for-talecer a produção e a competitivida-de e potencializar o mercado inter-no. Se não podemos fazê-lo país por país, pelo menos deveríamos caminhar rumo a um mercado intrarregional. É muito importante que a América Lati-na se organize melhor para consolidar um mercado intraindustrial e que esses ganhos de competitividade não conti-nuem saindo da região, mas se distri-buam entre os atores produtivos, come-çando pelos trabalhadores.
AE • Uma das regiões que mais regis-traram avanço nesse sentido é a Amé-rica Central. A que a senhora atribui esse fato?Alicia • A América Central tem um
de na economia global, Alicia Bárcena, secretária executiva
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AméricaEconomia • Como podemosenfrentar a valorização das moedasna região?Alicia Bárcena • A situação é muitopreocupante. Os únicos países que con-seguiram resistir à valorização cam-bial foram Peru, Panamá, Nicarágua eArgentina. Creio que isso envolve umconjunto de políticas. Ninguém tem
tendência a um maior iprodutivo?
dar como exemplo o qfazendo. O país colocPlano Brasil Maior, quum plano para 2011-20nde a política industri
a tecnológica, a de serviços e a comcial. O que o país busca é estimulainovação e a competitividade indutrial nos mercados interno e externAlguns dirão que o Brasil caminha edireção a uma dinâmica protecionta, mas creio que o país está tentanse defender dessa valorização cambe dar um alívio, digamos, tributáraos seus exportadores. Um país coum banco nacional de desenvolvime
mo exemplo, Alicia cita o Plano BrasilMaior, que propõe criar vantagens à in-dústria nacional para que os setores so-fram menos impacto com a invasão deprodutos estrangeiros. Por outro lado,defende que é preciso dar garantias aosempregados, ou seja, nada de falar defl ibili ã d l i b lhi
Latina uma tvestimento pAlicia • Vou o Brasil está em prática o na verdade, é que compreen
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PROGRAMA URUGUAIO
DE PREVIDÊNCIA
SERVE DE MODELO
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DEBATES Economia
mercado único. Eles conseguiram uma integração mais profunda em energia e infraestrutura. Em toda a região e em todo o mundo, o comércio está mudan-do de natureza. É cada vez mais com-posto por insumos do que por produtos finais, e é assim que vão se formando, hoje, as cadeias de valor. A Ásia-Pací-fico, por exemplo, tem um comércio in-trarregional de 46%; a América Latina, em média, tem 17%; e a América Cen-tral, 30%. Uma das questões mais inte-ressantes na América Central é a am-pliação do Canal do Panamá, que será um dos fatores de dinamismo mais im-portantes da região.
AE • Por que, para a Cepal, a produ-tividade não deve se basear na flexibi-lização das leis trabalhistas?Alicia • Por várias razões. No Brasil, na Argentina e no Uruguai, optou-se
por uma política de salário mínimo que aumenta em função do crescimen-to econômico. E a previdência social acompanha, ao garantir o emprego com direitos. Para nós, a competitividade ba-seada em baixos salários e precariedade de mão de obra é uma competitivida-de espúria, porque estamos exploran-do o recurso humano e os recursos na-turais e não estamos conseguindo que os ganhos de produtividade sejam dis-tribuídos em nossa região. Se continua-mos exportando recursos naturais com base em precariedade de mão de obra, o que estamos fazendo? Estamos ex-portando os ganhos de produtividade. Uma forma de nos apropriarmos dos ganhos de produtividade é por meio do mercado de trabalho. Afinal, queremos uma sociedade mais equitativa, que te-nha acesso à educação, à saúde. Por is-so, precisamos de um Estado melhor,
mais eficiente, que garanta isso. Isso na-da mais é do que a financeirização dos ativos e o ganho da especulação. O que se está buscando, no final das contas, é uma maior produtividade, mas que es-ses ganhos sejam distribuídos entre as cadeias de valor e o mercado de traba-lho. E em que deve ser investido esse ga-nho? Em inovação, a palavra-chave.
AE • A estrutura demográfica da re-gião evolui em direção ao envelheci-mento da população. Como essa variá-vel entra na análise anterior?Alicia • Se nós garantirmos o empre-go com direitos, garantiremos o futuro. Uma sociedade que nos leva à vanguar-da é o Uruguai, onde as negociações são quadripartidas: trabalhadores, em-pregadores, Estado e aposentados. Por quê? Porque os aposentados desempe-nham um papel muito importante, são a maioria no país. Há países que ainda têm uma janela demográfica. E isso sig-nifica que a sociedade tem a possibili-dade de investir naqueles que têm en-tre 15 e 30 anos agora, ao lhes oferecer educação e emprego com direitos. Pa-ra quê? Para que tenham cobertura de previdência social no futuro. O que fa-remos com todos os precatórios que sur-giram na década de 1990? Pois é o que estamos vivendo agora, a crise dos sis-temas de previdência social e da econo-mia do cuidado. Quem está absorven-do os custos da economia do cuidado? Francamente, as mulheres. Porque são elas que estão dedicando sua vida e seu tempo ao cuidado dos idosos, assim co-mo antes cuidavam das crianças, sem remuneração. Esse custo está sendo assumido por metade da população, e com custos, porque, se a mulher entras-se no mercado de trabalho, abriria espa-ços de produtividade adicionais. Esse é um exemplo concreto. Preparar-se ho-je em termos de mercado de trabalho, de produtividade e de previdência so-cial é uma grande questão. Países como o Chile devem se preparar agora. Uru-guai, Argentina e Brasil estão se prepa-rando de maneira interessante para a transição demográfica.
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CONDIÇÕES PRECÁRIAS DE TRABALHO, COMO A DOS
MINEIROS BOLIVIANOS, SÃO ALVO DE CRÍTICAS
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o q u e r o l a n o m u n d o d o s e s p o r t e s
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Na Revista ESPN não é só a bola que rola. Rola também comportamento, notícias, opiniões, história e reportagens que vão do futebol ao golfe, passando pelo vôlei, basquete, boliche, automobilismo, boxe, natação, esqui, polo, rúgbi, atletismo, surfe, esgrima e muitas e muitas outras modalidades.
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DEBATES Segurança
UMA NOVA MUNIÇÃO
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SERGIO JARA ROMÁN E CHRISTOPHER HOLLOWAY SALINAS, DE SANTIAGO
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E m um sequestro, as primeiras 72 horas são cruciais. A polícia sabe disso, e cada informação
é vital. Às vezes, a única pista é um nú-mero de telefone. Talvez o crime este-ja ligado a um caso de extorsão, a uma fraude financeira ou até a uma violação sanitária. Mas o problema da América Latina, com as complexas estruturas que envolvem as organizações públi-cas, é que transformar esse grupo de dí-gitos em informações úteis para o caso pode levar horas, dias e até semanas. O oficial encarregado do caso geralmente precisa lidar com outras agências poli-ciais, militares ou de investigação, cada uma com seu próprio sistema burocrá-tico, para trocar informações.
Contudo, a inteligência relativa à segurança pública vem recebendo aju-da da tecnologia: o cloud computing e ou-tras tecnologias relacionadas estão per-mitindo às agências encarregadas da segurança de seus países e cidades con-tar com informações compartilhadas e de acesso rápido. Um esforço que está principalmente concentrado no Méxi-co e na Colômbia, mas que também é seguido por Brasil, Argentina e Chile.
Boa notícia para uma região que tem uma das taxas de criminalidade e de homicídios mais altas do mundo, mas onde as estruturas policiais se des-tacam por sua ineficiência. “Na Amé-rica Latina, é evidente que são neces-sários sistemas mais sofisticados para prevenir e controlar os delitos”, afirma a peruana Lucía Dammert, diretora do programa Segurança Cidadã da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciên-cias Sociais). “Existe uma urgência no que se refere ao desenvolvimento tecno-lógico em diversos âmbitos, mas sobre-tudo no que diz respeito à unificação de bases de dados de informações.”
O México foi um dos primeiros a perceber essa necessidade. O aumento da violência no país, efeito da guerra contra as drogas, e a enorme pulveriza-ção de sua força de segurança (há cerca de 2.200 corporações policiais diferen-tes) fizeram com que o país buscasse novas formas de combater o crime. Em 2008, o governo nacional lançou o pro-grama Plataforma México, um sistema centralizado de informação cujo objeti-vo é unir as bases de dados de todos os organismos públicos que se ocupam da segurança no país. Com um orçamento de quase US$ 130 milhões apenas para 2011, o plano se concentra no fortaleci-mento da infraestrutura de telecomu-nicações, no desenvolvimento de siste-mas de informática e no fornecimento de equipamentos.
“Plataforma México é um projeto localizado na Cidade do México, em um complexo subterrâneo de cinco ní-veis, com fortes medidas de seguran-ça”, conta Rogelio Cerda, presidente da Comissão de Defesa Nacional da Câ-mara dos Deputados do México. Mui-tos criticaram a execução e a enorme quantidade de recursos gastos na ini-ciativa. “É um grande esforço do país, e é preciso gerenciá-lo transversalmen-te, porque logo começará a dar frutos”, afirma Cerda.
“No geral, o governo cresceu com silos de informação. A justiça tem sua base de dados, a polícia tem a sua, e os elementos de investigação têm seus pró-prios”, afirma Guillermo Almada, dire-tor de Negócios para o Setor Público da Microsoft na América Latina, empre-sa que fornece tecnologia para o pro-grama. “Um dos pilares da Plataforma México é a consolidação de todas as in-formações em uma base de dados inte-grada, lógica, que permita melhorar a
qualidade das respostas e agilizar a co-laboração entre as entidades que inter-vêm em um determinado caso.”
Concretamente, trata-se de alo-jar as informações das forças de segu-rança pública nas nuvens e aproveitar a mobilidade que isso permite e a eco-nomia em infraestrutura de data cen-ters dispersos. “O cloud computing po-de ajudar os departamentos de polícia a ter seus registros [bancos de fotos, for-mulários e ordens, entre outros] nas nu-vens e acessá-los a partir de qualquer lugar e dispositivo”, afirma Sergio Ra-demacher, gerente da Qumulos, forne-cedora regional de cloud empresarial da chilena Sonda. “Isso permite também consultar todas as informações, sem li-mitações geográficas, temporais ou de espaço físico, e, além disso, realizar o trabalho de forma mais eficiente e em um ambiente mais colaborativo.”
REALIDADE NACIONALNo Brasil, também entendeu-se que as nuvens são uma alternativa eficiente para organizar as informações disper-sas das polícias e das forças de seguran-ça. Os desafios trazidos pela realiza-ção do Mundial de Futebol em 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 colocam o país necessariamente em uma posição complexa quando se trata de enfren-tar sua alta taxa de criminalidade. Se-gundo números da ONG Fórum Bra-sileiro de Segurança Pública, no ano passado, foram cometidos 43 mil ho-micídios no país.
“Nesses eventos globais, a segu-rança não pode falhar, e, por isso, fe-chamos há pouco tempo um acordo com o Brasil para mover para as nu-vens todos os sistemas de segurança da polícia”, afirma o colombiano Orlando Ayala, vice-presidente Corporativo e
AS POLÍCIAS LATINO-AMERICANAS APOSTAM NO CLOUD COMPUTING E NA VIRTUALIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIAS TECNOLÓGICAS PARA COMBATER O CRIME
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DEBATES Segurança
assessor-chefe de Operações da Mi-crosoft, um dos cargos mais altos da empresa em âmbito mundial. “Serão 110 mil efetivos da polícia brasileira treinados para gerir o sistema de cloud para a segurança dos eventos.”
Essa é uma aposta que também foi bem recebida na Argentina, com algu-mas nuances. Desde 2008, o país está integrando as diversas bases de dados relativas à segurança pública, estabele-cendo diferentes ‘pontes tecnológicas’, que permitem o compartilhamento de informações entre os muitos órgãos relacionados à segurança nacional. “Contudo, o grande problema é a di-ferença de desenvolvimento tecnoló-gico entre os diferentes órgãos e os di-versos estados. A Argentina tem uma organização federal, na qual cada pro-víncia tem sua autonomia: sua própria polícia, seu próprio poder judicial, seu próprio poder executivo provincial. Portanto, primeiro é preciso superar-
mos os obstáculos dos diferentes graus de desenvolvimento para só então co-meçarmos a nos conectar de forma efi-ciente”, afirma Mónica Mitza, diretora do Registro Nacional de Reincidência do país. “Mas tudo indica que, no mé-dio prazo, vamos conseguir.”
EXPERIÊNCIA CHILENANo Chile, as instituições vivem um de-safio semelhante. Embora haja esfor-ços governamentais para avançar nes-sa questão, por meio da integração das forças públicas de segurança em um comitê, trata-se ainda de uma tarefa em desenvolvimento. “Existe um pro-grama que integra a Polícia de Inves-tigações (PDI) e os Carabineros por meio de um sistema de denúncia e de-tenção”, afirma Lucía Dammert, que já prestou assessoria para o governo de Sebastián Piñera em questões de segu-rança. “Contudo, o Ministério Públi-co é autônomo, então ninguém pode
pedir sua base de dados.” Isso faz com que a unificação total das informações fique manca, impedindo o Chile de aproveitar as sinergias que poderiam ser produzidas.
O país da região que está mais avançado nesse esforço é a Colômbia, onde a Polícia Nacional conta com 150 mil efetivos e, diferentemente do Mé-xico, é unificada. Apesar dessa maior centralização, por causa das caracterís-ticas naturais do território colombiano, montanhoso e selvagem, a comunica-ção eficiente e em tempo real é um ver-dadeiro desafio para as forças de se-gurança. “O que fizemos foi conectar todos os efetivos policiais distribuídos no país por meio de uma tecnologia de-nominada Instant Messenger, que inter-conecta rádios, computadores, vídeo e telefonia tradicional”, diz Guiller-mo Almada, da Microsoft. O objetivo é que os efetivos policiais colombia-nos possam ter acesso à base de dados
PARA EVITAR O FIASCO NA COPA, ALÉM DO TREINAMENTO, A POLÍCIA
BRASILEIRA TERÁ DE INVESTIR NA ORGANIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES
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a qualquer momento, em qualquer lu-gar do país, em um esforço de virtuali-zação de alta complexidade.
Segundo Raúl Durán, gerente geral da Inntech na Colômbia, empresa res-ponsável pelo desenvolvimento da vir-tualização da polícia local, são três as características que tornaram o projeto especialmente complexo. A primeira tem a ver com a busca de soluções para levar banda larga a todo o país, inclu-sive ao meio da selva e aos Andes. O segundo aspecto é que os dispositivos com os quais as polícias trabalham não devem ter nenhum tipo de informa-ção residual. “Se, durante um confron-to, um policial perde seu smartphone,por exemplo, este não deve conter ne-nhum tipo de informação que possa ser usada contra ele”, explica Durán. O terceiro elemento é a segurança com a qual se transmite a comunicação, que deve viajar com medidas adicionais de segurança, além dos mais altos níveis de criptografia.
Apesar dos diferentes programas nacionais, os avanços são incipien-tes. “A resistência em compartilhar in-formações entre os diversos aparatos governamentais ainda existe em al-guns países da região”, afirma Ricar-do Villate, vice-presidente de Pesquisa
e Consultoria da consultoria IDC. “Is-so acontece porque alguns governos são conservadores frente às tecnologias.”
Contudo, colaboração e conectivi-dade não servem de nada, se não hou-ver tecnologia de ponta por trás delas. Por esse motivo, o Exército brasileiro fechou um contrato com a Motorola Solutions para fazer os primeiros tes-tes de 4G na América Latina. Para is-so, serão investidos US$ 2 milhões na adoção de uma rede LTE (Evolução de Longo Prazo) em Brasília, com o obje-tivo de garantir mais velocidade e segu-rança nas comunicações.
BIG BROTHERA tecnologia por trás dos Circuitos Fe-chados de Televisão (CCTV) também tem atraído os olhares das autoridades
A Microsoft fechou um acordo com o
governo brasileiro para mover para as nuvens os sistemas
de segurança da polícia
latino-americanas. “Depois dos atenta-dos de 11 de setembro de 2001, há uma explosão tecnológica vinculada a to-dos os mecanismos de CCTV”, explica Lucía Dammert, diretora do programa Segurança Cidadã da Flacso. “Atual-mente, isso está muito mais avançado, pois há o desenvolvimento de softwares que reconhecem certos movimentos suspeitos. Isso está crescendo bastante na América Latina.”
Lucía refere-se especificamente aos softwares de reconhecimento facial e de comportamento que alguns países eu-ropeus utilizam para prevenir ataques terroristas ou atos de vandalismo, como os ocorridos recentemente na Inglater-ra. A tecnologia ‘Big Brother’ gerou um grande debate sobre eventuais viola-ções à privacidade. De qualquer forma, essa modalidade de vigilância e reco-nhecimento começa a ser introduzida na América Latina, por enquanto mais para tarefas relacionadas ao controle migratório e a delitos tradicionais.
Na Argentina, para agilizar o pro-cesso de compartilhamento de infor-mações de segurança, estão sendo im-plantadas novas tecnologias, como o reconhecimento biométrico, que regis-tra dados como feições faciais e ima-gens da retina. “Estamos utilizando biometria em todos os tipos de docu-mentos, como passaportes, documentos de identidade, registro e identificação de detentos e réus com processos pe-nais,” afirma Mónica Mitza, do Regis-tro Nacional de Reincidência da Argen-tina. “Isso facilita a identificação das pessoas, a obtenção de um melhor con-trole migratório, a agilidade nos proces-sos e a aceleração do sistema de busca e identificação de pessoas desaparecidas e possíveis vítimas de crimes.”
Não se trata só de comprar gadgets e novos serviços. Para que as novas tec-nologias cumpram seus objetivos, elas devem estar acompanhadas de mudan-ças culturais e estruturais baseadas na colaboração policial a partir de todos os órgãos. Sem isso, as promessas de usar a tecnologia a serviço da seguran-ça ficarão nas palavras. Fo
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SOFTWARES DE RECONHECIMENTO FACIAL, COMO OS USADOS
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62 AméricaEconomia Outubro, 2011
DEBATES Censura
O QUE ESTÁ POR TRÁS DA RETOMADA DA PROPOSTA DE CONTROLE DA MÍDIA FEITA PELO PT IZABELLE AZEVEDO, DE BRASÍLIA
R epleto de estrelas partidárias denunciadas por corrupção, o PT decidiu partir para a li-
nha de frente do debate sobre o contro-le da mídia e estuda, agora, como apro-var no Congresso Nacional um marco regulatório para o setor. Enchendo de adjetivos o trabalho da imprensa bra-sileira, figurões do partido defende-ram abertamente a aprovação de regras mais rígidas para punir crimes de calú-nia e difamação e evitar o que chamam
de “jornalismo marrom”. A posição partidária ficou clara durante o 4o Con-gresso Extraordinário do PT, realizado em Brasília no início de setembro. No evento, alguns dos petistas mais presti-giados pelos delegados presentes foram José Dirceu e Delúbio Soares; ambos citados como operadores do esquema de pagamento de propina a parlamen-tares conhecido como mensalão.
Em meio a discursos exaltados con-tra a atuação dos meios de comunica-
ção e os excessos causados pela ampla liberdade de imprensa, surgiram alguns argumentos mais racionais para a de-fesa do controle social da mídia. O PT diz, por exemplo, que considera inacei-tável o fato de o Brasil continuar a con-viver com a falta de regulamentação de artigos da Constituição que tratam so-bre propriedades cruzadas de meios de comunicação e com a ausência de uma lei de imprensa vigente. Brechas que o governo já havia anunciado que se in-
A IDEIA DE LULA DE
CONTROLAR A IMPRENSA
É APOIADA POR DIRCEU,
MAS NÃO CONTA COM
O AVAL DE DILMA
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O Brasil não é o único país na América Latina a ter algum
tipo de movimento de controle da mídia. Na Vezenuela,
emissoras de TV foram fechadas pelo governo de Hugo
Chávez sob a acusação de apoiar o golpismo. As entida-
des de defesa da liberdade de expressão, no entanto, ava-
liam que se trata de retaliação a órgãos de impresa con-
trários ao presidente venezuelano. O tema também anda
bem quente na Argentina. O governo da presidente Cristi-
na Kirchner tem jogado pesado contra o Grupo Clarín, que
teressava em fechar e deu carta branca para seus porta-vozes iniciarem o deba-te. “Não vamos defender nada que não conte com o aval e o interesse do gover-no. Como a ideia é tratar desses temas no parlamento, temos de discutir. Mas as pretensões do PT são as mesmas do governo”, diz o líder governista na Câ-mara, Cândido Vacarezza (PT-SP). “Não é possível que, toda vez que de-fendemos o debate, venham dizer que se trata de uma tentativa de censura”, reclama o secretário-geral da Presidên-cia, Gilberto Carvalho.
Apesar dos discursos pela afina-ção entre o que pretendem os petistas e o que quer o governo, a polêmica em torno da tentativa de regulamentar a mídia não é uma conta que a presiden-te Dilma Rousseff esteja disposta a pa-gar. Tanto que o Palácio do Planalto se apressou em comunicar que, apesar da regulamentação da mídia ter sido anun-ciada como uma bandeira permanente do PT, não é uma pauta governista.
A posição palaciana interferiu no desfecho do congresso do PT. Inicial-mente, a ideia da cúpula partidária – encabeçada pelo presidente nacional, Rui Falcão – era aprovar um documen-to em forma de resolução. O texto iria detalhar o plano de trabalho para o processo de regulamentação dos veícu-los de comunicação que atuam no Bra-sil. Em vez disso, o PT aprovou apenas uma moção de apoio a uma “agenda es-tratégica” que vai iniciar as discussões sobre a atuação da mídia no país.
Na prática, a mudança sinaliza que o partido está disposto a trabalhar pela
regulamentação, mas sem a ajuda do Execu-tivo ainda não é possí-vel transformar o tema em uma bandeira prio-ritária.
O recuo do PT e o temor do Planalto de que as discussões ar-ranhem a imagem de Dilma foram resulta-dos dos ataques feitos pela oposição. Para o líder do PSDB, Duar-te Nogueira (SP), tra-ta-se de uma tentativa deliberada de instalar a censura no país como retalia-ção à sequência de denúncias sofridas pelos petistas nos últimos anos. “Es-tá claro que há uma tentativa de evi-tar a fiscalização e segurar o trabalho da imprensa. Eles dizem que a pauta é um marco regulatório. Na verdade, é a instalação da censura”, ataca.
O marco regulatório discutido pelos petistas é uma bandeira do ex-presiden-te Lula. Quando estava no governo, Lu-la apresentou um anteprojeto regulando a mídia, mas as pressões do setor e a rea-ção dos congressistas contrários à ma-téria o obrigaram a retirar a proposta e a enviar para uma nova análise do Mi-nistério das Comunicações.
Nas mãos do ministro das Comu-nicações Paulo Bernardo desde o início do ano, a proposta está sendo reformu-lada para retornar ao Congresso. Mas a ordem é ter cautela porque nem os pró-prios integrantes da base aliada estão dispostos a entrar no debate. “Precisare-
mos conversar muito com os parlamen-tares sobre o tema”, afirma Rui Falcão.
A resistência dos parlamentares ao anteprojeto não se resume à preo-cupação dos políticos com a liberdade de imprensa. Um dos itens da “agenda estratégica” anunciada pelos petistas é o combate ao acúmulo de concessões de veículos de comunicação nas mãos dos mesmos grupos, além da defesa de regras mais rígidas para a distribuição de publicidade. A questão é que políti-cos influentes, como o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), o lí-der do DEM, Antonio Carlos Maga-lhães Neto (BA), e o senador Fernando Collor (PTB-AL), comandam grandes grupos de mídia em seus estados.
Na falta de interesse dos políticos de perderem espaço, restou a Falcão pregar que a restrição para o acúmulo não atingiria os atuais donos de meios de comunicação, apenas evitaria novas concessões. O problema é que ninguém parece estar convencido disso.
CARVALHO DIZ QUE PROPOSTA NÃO É TENTATIVA DE CENSURA
viveu casos pitorescos, como a invasão da redação do jor-
nal El Clarín por policiais. Agora, a munição foi direcionada
aos jornalistas da área econômica. Numa medida intimida-
tória, um juiz determinou que as empresas de comunica-
ção informem os dados completos dos jornalistas econô-
micos que divulgarem índices de inflação que não sejam o
oficial. O índice do governo, o Indec, tem sido questionado
por economistas e pelo FMI (Fundo Monetário Internacio-
nal), que o consideram bem abaixo da inflação real. Ou seja,
a suspeita é de manipulação de dados da economia.
O mau exemplo latino-americano
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64 AméricaEconomia Outubro, 2011
DEBATES Ajuda humanitária
Identidade para o HaitiPROJETO DE CARTÓRIOS BRASILEIROS AJUDA A REGULARIZAR O SISTEMA DE REGISTROS NO PAÍS CARIBENHO
EM PORTO PRÍNCIPE, O EXÉRCITO BRASILEIRO
FAZ A DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS
DEPOIS DO TERREMOTO DE 2010A ajuda brasileira ao Haiti vai além da presença de tropas mi-litares de pacificação após o
terremoto ocorrido em janeiro de 2010. Em uma iniciativa inédita, associados à Anoreg-BR (Associação dos Notários e Registradores do Brasil) trabalham na reestruturação completa dos registros civis e de imóveis naquele país. Neste mês, começam a funcionar os primeiros cartórios-modelos, e funcionários hai-tianos passarão por treinamento.
Um grupo composto por dez donos de cartórios no Brasil, visitou o Hai-ti em julho para conhecer a realidade do país e dar início aos trabalhos, de acordo com o diretor de Qualidade e Normas da Anoreg-BR, José Maria Si-viero. Na primeira fase, o projeto pre-tende instalar um sistema de registro que contemplará de recém-nascidos a jovens de até 18 anos, além de regulari-zar as propriedades imobiliárias. “Para levantar os dados de pessoas acima dos 18 anos, aproveitaremos o cadastro fei-to para as eleições”, explica Siviero.
Depois de um primeiro turno tu-multuado, em novembro de 2010, foi eleito presidente o cantor popular Mi-chel Martelly, com 67,57% dos votos, em abril deste ano. As eleições mar-caram mais um passo na tentativa de se recuperar da devastação provocada pelo terremoto, que deixou mais de 200 mil mortos e destruiu prédios públicos e privados, além de ter “engolido” os do-cumentos dos haitianos.
Segundo Siviero, a iniciativa de re-gularizar o sistema de registros haitia-
ADRIANA CHAVES, DE SÃO PAULO
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Porto Príncipe. A partir dos dois pon-tos serão feitos os registros e oferecidos treinamentos para qualificar cidadãos haitianos a trabalhar nos cartórios. Re-presentantes da OEA, do Banco Mun-dial e da ONU (Organização das Na-ções Unidas) também estiveram no Brasil para acompanhar o funciona-mento dos cartórios e a exportação do know-how brasileiro.
Há uma demanda estimada de 10 milhões de documentos no Haiti, de
acordo com Siviero. “Depois, preten-demos estender a iniciativa para ca-da um dos povoados, com os próprios haitianos tomando conta de cada um deles. Todo o processo de reestrutura-ção levaria sete anos, mas nós preten-demos reduzir esse prazo para até dois anos com essas ações.”
TROPAS BRASILEIRASAs tropas brasileiras no Haiti devem ser reduzidas em até 800 homens, a partir de março do ano que vem – hoje são cerca de 2,2 mil soldados. O anún-cio foi feito pelos ministros das Rela-ções Exteriores, Antonio Patriota, e da Defesa, Celso Amorim, em setem-bro, durante um encontro da Unasul (União das Nações Sul-Americanas). A medida faz parte da estratégia de dimi-nuir gradualmente a presença militar internacional no país caribenho.
“A discussão ocorre em torno do tema de voltar aos níveis preexistentes [ao terremoto de 12 de janeiro de 2010]”, disse Patriota no encontro da Unasul. Atualmente, há no país quase 12 mil militares e policiais estrangeiros, e a re-dução depende da aprovação do Con-selho de Segurança da ONU.
O Brasil é responsável pelo coman-do militar da missão e quer liderar a re-tirada dos soldados. Para o governo bra-sileiro, a missão alcançou o objetivo de promover a segurança e ajudou na troca de poder por meio de processo democrá-tico, já que o parlamento foi reformula-do e dois presidentes foram eleitos (Re-né Préval em 2006 e Michel Martelly este ano). Também enviaram milita-res Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Equador, Estados Unidos, Filipinas, França, Guatemala, Japão, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Coreia do Sul, Sri Lanka e Uruguai.
Calcula-se quea demanda no
Haiti chegue a 10 milhões de
documentos
no não tem custo algum para o gover-no brasileiro e está sendo bancada por donos de cartórios e empresas, que co-laboraram com kits de biometria, com-putador com software para cadastro, máquina fotográfica digital e scanner para coletar impressões digitais.
Neste mês, o grupo volta ao Haiti e inaugura dois cartórios-modelos: um na Embaixada do Brasil e outro no es-critório da OEA (Organização dos Es-tados Americanos), ambos na capital
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66 AméricaEconomia Outubro, 2011
DEBATES Investigação
Uribesob fogo
OS ESCÂNDALOS ENVOLVENDO OS COMANDADOS DO EX-PRESIDENTE COLOMBIANO MOSTRAM O LADO OBSCURO DE SUAS CONQUISTAS JENNY CAROLINA GONZÁLEZ C., DE BOGOTÁ
JUAN MANUEL SANTOS (ESQ.), ATUAL PRESIDENTE, APROVEITA A FRAGILIDADE EM TORNO DO ANTECESSOR, URIBE (DIR.)
O ex-presidente colombiano Ál-varo Uribe teve uma de suas mais nefastas semanas no fi-
nal de julho. Com poucos dias de di-ferença, dois de seus mais próximos amigos e ex-colaboradores foram en-volvidos em uma espiral de escândalos que ainda não terminou.
O ritmo adquirido pelos processos com a nova procuradora geral Vivian Morales, somado às revelações do go-verno do atual presidente Juan Manuel Santos, manchou a imagem do presi-dente mais popular da história da Co-lômbia, que terminou seu governo, em agosto de 2010, com aprovação de 75%.
Um ano depois, o índice caiu para 60%, segundo um levantamento do Ipsos.
“As questões de corrupção apresen-tadas pelo governo atual não envolvem diretamente Uribe, mas há muitos es-cândalos que depõem contra sua ad-ministração”, afirma o cientista políti-co Cesar Caballero.
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“Preocupa-me que sejam adaptados os testemunhos, em prejuízo do meu go-verno, da minha família e da minha pes-soa, que haja confabulação entre as pes-soas que eu extraditei e suas vítimas, no sentido de me maltratar”, afirmou Uri-be na comissão que investiga sua supos-ta participação em interceptações e nos monitoramentos ilegais de integrantes da oposição, jornalistas, magistrados e defensores dos direitos humanos a par-tir do DAS (Departamento Administra-tivo de Segurança), órgão de inteligên-cia ligado à Presidência da República.
Segundo um artigo do jornal ame-ricano The Washington Post, o DAS te-ria usado ajuda da Casa Branca nos tra-balhos de espionagem voltados a cinco ex-diretores do órgão, além de ter pro-vocado a prisão de Bernardo Moreno, secretário particular de Uribe durante seu segundo mandato.
O ex-diretor da UIAF (Unidade de Informação e Análise Financeira), Ma-rio Aranguren, também enfrenta um processo por ter fornecido ao DAS in-formações confidenciais, sem ordem ju-dicial, das movimentações bancárias de alguns magistrados das altas cortes.
Para Gustavo Petro, um dos políti-cos afetados pelas escutas, o importante é demonstrar que o monitoramento foi feito com o consentimento do ex-chefe de Estado. “A perseguição do DAS vi-nha sendo dirigida e ordenada desde o gabinete do presidente da República”, afirma o ex-senador, que considerou que apenas a justiça internacional po-deria julgar Uribe, dada a politização da comissão parlamentar, em que os membros da oposição não têm espaço.
OS INVESTIGADOSNem o mundo das celebridades ficou de fora. Valerie Domínguez, atriz e miss Colômbia de 2005, é uma das 22 pessoas investigadas por ter recebido irregularmente subsídios não reem-bolsáveis da AIS (Agro Ingreso Segu-ro). O escândalo também chegou ao ex-ministro da Agricultura e Desen-volvimento Rural de Uribe Andrés Fe-lipe Arias, que tenta provar que não
beneficiou famílias endinheiradas por meio da AIS.
A Procuradoria busca descobrir se aqueles que receberam os subsídios da AIS contribuíram com dinheiro para a campanha presidencial de Arias (co-nhecido como “Uribito”). Pelas irre-gularidades à frente da AIS, o político está impedido por 16 anos de exercer cargos públicos.
Outros altos ex-funcionários do go-verno de Uribe formam o grupo dos in-vestigados. O ex-alto comissário de paz Luis Carlos Restrepo ainda se esforça para explicar à justiça o aval que teria dado a traficantes para que fossem tra-tados como paramilitares. Sabas Pre-telt de la Vega, ministro do Interior e da Justiça na primeira administração de Uribe, e o ex-ministro de Proteção So-cial Diego Palacio respondem por pri-vilégios concedidos a alguns parlamen-tares para influenciar na votação que aprovou a emenda constitucional que
abriu as portas para o segundo manda-to do ex-presidente da Colômbia.
Completam a equipe de investiga-dos o ex-ministro do Transporte An-drés Uriel Gallego, com um caso an-terior na Procuradoria por supostas irregularidades de contratação, e Ed-mundo del Castillo, ex-secretário Jurí-dico da Presidência, que, além de res-ponder pelo mesmo caso de Gallego, deverá explicar uma reunião que rea-lizou, dentro da Casa de Nariño, sede do governo, com o porta-voz das AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), um grupo de paramilitares, Antonio Ló-pez, também conhecido como “Job”.
Como quem coloca a cereja no bo-lo, o presidente Juan Manuel Santos revelou desfalques milionários nos se-tores de saúde, educação e impostos, somando cerca de US$ 46 milhões.
“O que me preocupa é que o gover-no do presidente Santos, em seu legíti-
mo direito de combater a corrupção, fa-ça alguns shows publicitários que mais parecem escândalos jornalísticos do que tarefas de administração”, afirmou Uribe, que lançou uma velada ameaça a seu sucessor. “Tomara que essas des-cobertas não sejam convertidas em fal-sos positivos, ou seja, casos plantados de corrupção”, disse, referindo-se ao escândalo que envolveu integrantes do exército colombiano no assassinato de civis inocentes para fazê-los passar por guerrilheiros mortos em combate.
Para a ex-ministra da Defesa Marta Lucia Ramírez, há “interesses políticos nas denúncias de falência de um gover-no sobre outro, sejam derivadas da cor-rupção ou da falta de controle”. Ela re-conhece, contudo, que há casos em que os escândalos são mais do que justifica-dos e não são invenções.
Não por acaso, os escândalos sal-picam precisamente em agências-cha-ve para pacificar o país. Por exemplo,
a Direção Nacional de Entorpecentes, sobre a qual foi dito que os narcotrafi-cantes continuavam a gerenciar os bens confiscados por meio de documenta-ção falsa e de testas de ferro.
A pergunta é se os processos vão afetar a imagem do ex-presidente e di-minuir seu poder. Dependerá muito de, se em algum momento, a justiça asso-ciar os escândalos diretamente a Uri-be. A analista Cecilia López se per-gunta por que a justiça não envolveu o ex-presidente. Na sua opinião, ele deve responder. “Por ação ou omissão, não é possível entender por que esses escân-dalos não chegam a ele”, diz.
Apesar do panorama nebuloso en-frentado pelo ex-presidente, a opinião pública ainda não lhe deu as costas, e suas conquistas continuam a pesar no imaginário colombiano. Embora os métodos tenham sido questionáveis, o país continua reconhecendo os fins.
Analistas acreditam que, em algummomento, as denúncias contra a
ex-equipe de governo chegarão a Uribe
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68 AméricaEconomia Outubro, 2011
CAPA Ranking de Bancos
A salvo da criseDESCOLADOS DA INDÚSTRIA FINANCEIRA GLOBAL, OS BANCOS LATINO-AMERICANOS ALCANÇAM RESULTADOS RECORDES
AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE
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N os 12 meses terminados em junho de 2011, os 250 maio-res bancos da América Lati-
na mostraram estar totalmente desco-lados da indústria bancária mundial. Enquanto os bancos globais sofrem com a falta de liquidez e a desvalori-zação de seus ativos, as instituições fi-nanceiras desta parte do mundo con-seguiram um aumento de 33% em
seus ativos, chegando a quase US$ 4trilhões. Seus lucros semestrais no mesmo período cresceram em média 30%, somando US$ 24,206 bilhões. Assim, tem-se praticamente um em-pate com as cifras de 2008 – o maior registro histórico dos bancos latino--americanos em termos de lucro. “A rentabilidade dos bancos da região é a mais alta do mundo”, afirma o argen-
tino Gabriel Roitman, diretor de Mer-cados Globais da sucursal nova-ior-quina do Deutsche Bank Securities, ci-tando um recente relatório interno do banco alemão.
O ROA (retorno sobre ativos) dos 250 maiores bancos latino-americanos foi, em média, de 1,77% no ano termi-nado em junho de 2011, enquanto a rentabilidade de seu patrimônio che-
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Outubro, 2011 AméricaEconomia 69
te foram a salvação. Em meio à recessão espanhola, o grupo financeiro BBVA aumentou em 14% seus lucros em euros gerados na América Latina durante o primeiro semestre do ano. Na Espanha, a queda foi de 34,4%. A região já gera 47% da margem bruta da instituição fi-nanceira espanhola, mesmo represen-tando apenas 22% de seus ativos.
Para o Santander, a história é pa-recida. A região gerou US$ 4 bilhões em lucros no primeiro semestre deste ano, 13,4% a mais que no mesmo perío-do de 2010. Ao mesmo tempo, os lu-cros de suas operações na Europa con-tinental caíram 17%. No encerramen-to do primeiro semestre de 2011, 44%
dos lucros do grupo foram gerados na América Latina.
Os maiores lucros e o crescimento dos ativos foram resultado do aumento da cobertura bancária. Contudo, os bancos não podem ser medidos apenas por seus lucros. Embora a existência de bancos geradores de lucros seja conse-quência da força corporativa e da capa-cidade para enfrentar choques exter-nos, há outros fatores que colaboram para o vigor do sistema financeiro da América Latina. Sua gestão deve cui-dar da capacidade de responder aos empréstimos e depósitos e enfrentar com sucesso os ciclos de contração de crédito e depreciação de ativos.
RK 2011
RK 2010
BANCOPAÍS
ATIVO TOTAL
(U
S$ MILHÕES) 2011
VAR. ATIVO TOTAL
11/10 (E
M %)
C.VENC./ C.CRÉD. (%
) 2011*
LUCRO SOBRE PATRIMÔNIO
(%
) 2011
VAR. RENTABILIDADE
11/10 (%
)
LIQUIDEZ BASE 100
PATRIMÔNIO/ A
TIVO
TOTAL (%) 2
011
EFICIÊNCIA BASE 100/2011
VAR. EFICIÊNCIA 11/10 (%)
ÍNDICE FINAL
B
ASE 100
1 2 ITAÚ UNIBANCO BRA 480.623,0 36,2 4,2 13,6 13,2 20,0 5,8 74,3 6,8 61,0
2 1 SANTANDER SANTIAGO CHI 52.546,9 39,0 2,6 27,4 -9,5 70,0 7,7 100,0 - 60,8
3 4 BRADESCO BRA 432.594,5 38,1 7,1 14,9 1,3 20,0 7,8 73,1 3,4 60,7
4 6 BANCO DE CHILE CHI 43.133,9 33,9 1,0 28,2 -9,4 90,0 8,1 72,8 -0,7 58,0
5 3 CONTINENTAL BBVA PER 14.440,5 30,3 0,2 34,2 4,2 100,0 7,8 67,5 1,7 57,6
6 5 SANTANDER MÉX 67.748,2 38,3 2,4 15,2 -6,8 100,0 10,6 80,2 -4,3 54,4
7 7 INTERBANK PER 7.026,5 15,8 1,1 31,2 -3,6 100,0 8,3 61,8 0,3 53,4
8 9 SANTANDER BRA 270.588,1 30,4 7,3 2,1 -44,4 30,0 15,2 80,3 -4,2 53,1
9 – CITIBANK BRA 30.589,9 18,5 4,3 48,9 482,9 60,0 8,8 52,1 -3,3 52,9
10 12 BANCO DE CRÉDITO DE PERÚ PER 23.666,6 27,0 1,1 24,4 -0,2 100,0 8,6 58,7 -0,2 51,3
11 8 SANTANDER URU 4.536,2 15,0 0,1 6,0 -59,5 80,0 9,9 79,3 -5,4 51,2
12 11 BBVA BANCOMER MÉX 95.914,9 10,7 3,2 21,1 -9,0 100,0 9,8 52,9 -5,0 51,1
13 13 SCOTIABANK PER 10.338,0 25,7 1,2 19,8 -8,7 100,0 12,5 57,6 -0,9 50,7
14 10 INDUSTRIAL E COMERCIAL BRA 10.793,3 41,8 1,9 9,6 -29,9 20,0 12,0 89,1 -0,9 50,6
15 15 CORPBANCA CHI 16.899,7 31,0 1,9 23,5 5,4 40,0 6,5 82,7 2,7 50,5
16 16 DE BOGOTÁ COL 23.018,6 38,6 1,9 13,1 -23,0 100,0 18,8 64,5 -0,5 50,4
17 19 BICE CHI 6.327,8 29,6 0,8 19,9 22,6 90,0 8,0 62,1 -5,9 50,0
18 20 PICHINCHA EQU 6.245,5 21,7 1,7 22,8 78,9 100,0 8,8 58,2 0,3 49,9
19 18 BCI CHI 31.869,2 35,2 2,1 24,2 18,0 100,0 7,6 68,9 4,4 49,7
20 22 MERCANTIL DEL NORTE MÉX 50.475,6 12,7 2,4 14,3 -1,7 100,0 7,8 59,1 -0,2 44,6
21 21 BBVA CHI 16.063,9 18,5 2,1 16,8 -7,8 80,0 6,9 68,3 -1,2 43,8
22 25 BANCOLOMBIA COL 30.698,3 35,6 2,1 17,6 2,5 100,0 14,4 39,2 2,9 43,2
23 23 INBURSA MÉX 22.605,3 30,7 4,2 8,6 41,0 100,0 18,2 60,0 -0,2 42,5
24 17 ABC BRASIL BRA 5.951,6 20,8 0,3 10,8 13,1 10,0 15,3 49,5 3,3 42,4
25 14 BANAMEX MÉX 96.962,2 14,4 15,6 8,0 -42,5 100,0 11,1 49,8 -1,6 40,6
gou a 16,4%. Em meio a inúmeras no-tícias sobre as perdas dos bancos ao redor do mundo, dos 250 maiores da América, apenas 18 ficaram negativos na última linha.
Grandes grupos financeiros globais têm encontrado na América Latina re-tornos inexistentes em outros lugares, como o britânico HSBC. Seus bancos na região geraram US$ 1,15 bilhão em lucros na primeira metade de 2011. É um número 30% maior que no mesmo período de 2010 e 10% de seus lucros totais (em 2010, era de apenas 8%).
Para os bancos espanhóis, com for-te presença na América Latina, os re-sultados obtidos na região simplesmen-
Os 25 Melhores Bancos da América Latina
* Relação entre carteira vencida e carteira de crédito
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70 AméricaEconomia Outubro, 2011
CAPA Ranking de Bancos
É por isso que, além de revisar os balanços dos 250 maiores bancos da América Latina para preparar este es-pecial, a AméricaEconomía Intelligence realiza testes de resistência e liquidez para escolher os 25 melhores bancos da região. Isso é feito segundo a meto-dologia Camel, uma referência inter-nacional que analisa as instituições fi-nanceiras com base em sua adequação de capital ou de patrimônio, qualidade dos ativos, management ou capacidade gerencial, lucros (earnings, em inglês) e liquidez. Além disso, considerando as dificuldades que as instituições finan-ceiras têm para manter os bons níveis anteriormente descritos, a metodologia de seleção dos melhores bancos tam-bém leva em consideração o volume de ativos a ser gerenciado.
Na versão de 2011 do ranking, o Itaú Unibanco, do Brasil, ocupa o primeiro lugar pela primeira vez. Sua capacida-de de gerar um crescimento sem pre-cedentes em ativos, patrimônio e de-pósitos, melhorando ao mesmo tempo os indicadores que compõem a meto-dologia Camel, o levaram ao topo do ranking deste ano. Assim, a instituição destrona os seis anos de reinado da fi-lial chilena do Santander. Apesar de uma queda nas relações de rentabili-dade, o chileno continua sendo o banco mais eficiente da América Latina.
E, ao olhar os bancos, é preciso fa-zê-lo de maneira completa. Especial-mente nos tempos atuais, em que a qualquer momento, no ambiente global de baixo crescimento, se pode somar o impacto da quebra de alguma grande instituição europeia (banco ou país), o que poderia gerar um choque no siste-ma financeiro de todo o mundo.
Em 2008, quando a falência do banco americano de investimentos Lehman Brothers gerou uma corrida bancária generalizada e os governos precisaram injetar dinheiro para evitar novas quebras, os bancos latino-ameri-canos sofreram o impacto. No ano fis-cal terminado em junho de 2009, os bancos da região viram os ativos dimi-nuírem em 0,65%, depois de dois anos
Bancos que mais aumentaram sua relação de crédito sobre ativos (em pontos percentuais negativos)
Cofre aberto
Fonte: AméricaEconomíaIntelligence
Bancos que mais aumentaram suas carteiras de crédito (em variação anual percentual)
Mais empréstimos
CIBAN
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ÉX)
700
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JOHN DEERE (B
RA)
DE LOS T
RABAJADORES
(GUA)
DEL DESA
RROLLO RURAL
(GUA)
J. SAFR
A (BRA)
ING BANK (
MÉX)
AFIRME (M
ÉX)
IMB (BRA)
PANAM
ERICANO (B
RA)
WESTLB (B
RA)
CLÁSSI
CO (B
RA)
CITIBAN
K N.A.
(BRA)
SOCIÉ
TÉ GEN
ÉRALÉ (B
RA)
DEUTSCHE B
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MÉX)
AGROMERCANTIL
(GUA)
REFORMADOR (G
UA)
J.P. M
ORGAN (B
RA)
INDUSTRIAL
(GUA)
G&T CONTIN
ENTAL
(GUA)
J. SAFR
A (BRA)
Evolução dos ativos dos 250 maiores bancos da América Latina,
por países, em bilhões de dólares
Ativos bancários
4.500
4.000
3.500
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
BRASIL MÉXICO COLÔMBIA ARGENTINA VENEZUELA PANAMÁ OUTROSPERUCHILE
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Outubro, 2011 AméricaEconomia 71
com taxas de crescimento em torno de 40% ao ano.
Mas o que acontecerá se uma nova crise financeira eclodir? “Essa nova cri-se global vem em um momento em que a América Latina não está totalmente preparada”, afirma a economista perua-na Liliana Rojas Suárez, membro sênior do Center for Global Development e presidente da CLAAF (Latin American Shadow Financial Regulatory Commit-tee), em Washington. “Grande parte da saúde fiscal foi gasta para neutralizar os efeitos da crise anterior, e esta nos pega sem muita margem de manobra.”
Para o brasileiro Ernani Torres, consultor em finanças e até pouco tempo atrás diretor de Pesquisas Eco-nômicas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-cial), “é errado pensar que a crise ori-ginada pelo Lehman e que ainda con-tinua no mercado global não afetou a América Lati-na”. “Ela afetou e continuará afetan-do a região, basta ver a fusão de Itaú e Unibanco, que não teria ocor-rido sem a cri-se.” Torres acres-centa que, para o Brasil, foi funda-mental um acor-do estratégico fechado pela indústria, pouco conhecido pela opinião públi-ca. “Em dezembro de 2008, o gover-no, o Banco Central e o BNDES mon-taram um comitê de crise, trancaram em uma sala todos os players bancários e empresários que estavam com os bol-sos cheios de derivativos e lhes disse-ram que quem quisesse sair que saís-se. Quem ficasse que fechasse os olhos e se preparasse para seguir o plano que iriam colocar em prática.”
Segundo Torres, foi graças à capa-cidade de mudança e adaptação apren-dida durante décadas de instabilidade política e econômica local que, de for-ma intuitiva, todo o setor financeiro
decidiu seguir a receita do governo pa-ra solucionar a caixa preta dos derivati-vos. “Os Estados Unidos foram um ele-fante lento e atrapalhado, que levou a crise ao Congresso, desvalorizou seus ativos e transformou a crise econômi-ca em política,” afirma. “Nós, por ou-tro lado, pudemos resolvê-la em apenas 90 dias, e isso se nota agora.”
Um dos resultados desse acordo foi um forte aumento nos empréstimos, sem impor muitos pré-requisitos na ho-ra de avaliar os antecedentes daqueles que os solicitavam.
Agora, o Brasil está no caminho oposto ao reduzir a alavancagem, ten-tando realizar os ajustes para evitar o superaquecimento da economia. “Ho-je, estamos cortando nossa contribui-ção para o financiamento desses em-préstimos, para evitar uma bolha”, afirma Marcelo Nascimento, analista
sênior de pesqui-sa do BNDES.
Contudo, pa-ra muitos obser-vadores, o Bra-sil realiza esse exercício de for-ma tardia. “O país não conta com margem fis-cal para promo-ver políticas fis-cais expansivas nem para rea-
lizar reduções nas taxas de juros”, afir-ma Liliana, da CLAAF.
A Colômbia estaria em situação semelhante: o país aumentou seus dé-ficits fiscais nos últimos anos. Já Mé-xico, Chile, Peru e Panamá geraram espaços para recuperar a capacidade de ação que tiveram a partir de 2008.
Se o cenário global não tiver um choque maior, os bancos e as econo-mias latino-americanas poderão con-tinuar respirando tranquilos. Mas se-rá que as instituições financeiras terão capacidade para repetir os recordes nos dois próximos semestres? Por enquan-to, a resposta está fora de nossas pró-prias fronteiras.
33%foi o aumento dos ativos dos bancos da AL entre junho
de 2010 e 2011
Metodologia – 250 maiores bancos As informações apresentadas correspondem a
junho de 2011, salvo quando indicado outro período. O critério de escolha dos 250 maiores bancos são
os ativos totais. A conversão dos diferentes itens contábeis em
dólares correntes é feita segundo o tipo de câmbio vigente correspondente às informações publicadas. As carteiras de crédito são brutas e compostas
por carteira vigente mais carteira vencida (ou carteira líquida de provisões mais provisões). Os lucros correspondem ao período janeiro–junho,
semestralizados no caso de balanços que cubram outro período. Depois, são anualizados para cálculo da rentabilidade. No Brasil, a legislação reconhece dois tipos de
bancos: múltiplos e comerciais. Os primeiros englobam uma série de atividades, como investimento, leasing, corretagem de valores e crédito imobiliário, diferentemente dos bancos comerciais, que correspondem ao conceito tradicional de banco (investimento e captação). Na Argentina, a estimativa de morosidade
corresponde à razão entre a carteira vencida e o total de empréstimos. O critério de carteira vencida na Argentina corresponde a: carteira com problemas, com cumprimento deficiente, alto risco de insolvência, difícil recuperação, irrecuperável e irrecuperável por disposição técnica.
Metodologia – 25 Melhores Bancos O ranking tem como base os 100 maiores bancos
da América Latina em ativos totais. Não considera bancos estatais, pois, em geral, estes não operam sob as mesmas normas de supervisão. A ferramenta utilizada para determinar os
melhores é o método Camel:(1) C: Capital Adecuacy (Suficiência de Capital);(2) A: Assets Quality (Qualidade dos Ativos);(3) M: Management (Gestão);(4) E: Earning (Lucro);(5) L: Liquity (Liquidez).1. Estrutura de Capital (15%)Este indicador mede a capacidade que cada instituição tem de absorver perdas ou desvalorizações de seus ativos, já que qualquer deterioração na qualidade dos mesmos precisa ser absorvida pelo patrimônio, para que não afete os depósitos do público.2. Qualidade dos Ativos (10%)Este indicador mostra quão bons são os ativos de cada instituição, por meio da análise da carteira de crédito, da carteira vencida e das provisões.3. Gestão Operacional (25%)Este é um dos fatores mais complexos de avaliar, pois está carregado de elementos cujas informações, em sua maioria, não estão disponíveis em todos os países. A eficiência administrativa mede a relação entre a soma dos gastos com pessoal e os gastos operacionais diretos do banco em relação à margem operacional.4. Rentabilidade ou Lucro (20%)A avaliação da rentabilidade está associada ao potencial atual e futuro da instituição de gerar lucro, o rendimento dos ativos, assim como o equilíbrio entre o rendimento dos ativos e o custo dos recursos captados e com conceitos, tais como o retorno sobre o investimento.5. Liquidez (5%)Os indicadores financeiros relacionados à liquidez medem a capacidade operacional do banco de responder por seus compromissos financeiros no curto prazo. Seu grau de vulnerabilidade depende do equilíbrio existente entre fatores como vencimentos dos ativos e vencimentos dos passivos do banco, além do risco das taxas de juros.6. Tamanho (25%)Um último indicador que entra na metodologia é o tamanho, já que, apesar de a seleção dos cem primeiros bancos oferecer uma amostra homogênea, a distância entre o número um e o cem é de mais de US$ 450 bilhões.
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72 AméricaEconomia Outubro, 2011
CAPA Ranking de Bancos
26,2% é a taxa de reduçãodos ativos doCitibank do Panamá,a instituiçãofinanceira que maisencolheu no período
74% é o tamanho da carteira vencida em relação ao total de créditos do banco brasileiro CSF. Sua cifra é a maior, ao lado do Bankpar Brasil (57,3%) e do Industrial de Venezuela (43,4%)
3 bancos latino-americanos têm seus passivos 50vezes maior do que seu patrimônio: The Bank of NovaScotia do Panamá (91 vezes), Deutsche Bank de México (67)e a filial panamenha do Banco de Crédito do Peru (54,7)
Relação entre o ROE médio da indústria
bancária por país e o número de bancos
Dólar obtido por dólar investido
1. PANAMÁ2. VENEZUELA3. REP. DOMINICANA4. GUATEMALA5. PERU6. EQUADOR7. CHILE8. NICARÁGUA9. ARGENTINA10. BRASIL11. BOLÍVIA12. COLÔMBIA13. HONDURAS14. MÉXICO15. EL SALVADOR16. COSTA RICA17. URUGUAI
A perder de vistaPelo segundo ano consecutivo, os bancos latino-americanos mostramPelo segundo ano consecutivo, os bancos latino-americanos mostram
números de causar inveja a seus pares nos países desenvolvidosnúmeros de causar inveja a seus pares nos países desenvolvidos
Info
gra
fia: Á
lvar
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raya
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uiz
aFonte: AméricaEconomíaIntelligence
Fonte: AméricaEconomíaIntelligence
Evolução dos lucros semestrais dos 250 maiores bancos da América Latina,
por países, em milhões de dólares
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
BRASIL MÉXICO COLÔMBIA ARGENTINA VENEZUELA PANAMÁ OUTROSPERUCHILE
32 80
70
60
50
40
30
20
10
0
-10
-20
28
24
20
16
12
8
4
0
-4
-8
70
6
5
4
3
2
10
0
12
3 45 6
7 8 9 10 11 12 13 14 1516
17
ROE médio Número de bancosN
AE 404 RK 250 bancos V4.indd 6AE 404 RK 250 bancos V4.indd 6 30.09.11 18:19:1430.09.11 18:19:14
Outubro, 2011 AméricaEconomia 73
30% 13%10,7
é a taxa de variação dosativos do Banco J. Safra, o quemais cresceu no último ano
é a variação média anualentre os bancos latino-ame-ricanos de suas carteirasvencidas
é o tamanho médioda carteira vencidasobre o total de créditos entre os bancos da AL
é o aumento da carteirade crédito da filial brasileirado banco John Deere
é ocrescimento médio das provisões dos bancos da AL no último ano
é o que representa o Banco do Brasil entre toda acarteira decréditos dosbancos da região
vezes o patrimônio é oendividamentomédio de um banco latino-americano
466,1%
925,3%
US$ 1,4 TRILHÃO
1.181%
23,1% 3,9%
430%
Bancos com maior ROA em junho/2011 (%), comparado a junho/2010
Tirando vantagem dos ativos
24
PARANÁ (BRA)
COMPARTAMOS (MÉX)
HSBC FINANCE BM (BRA)
CITIBANK (BRA)
BAC INTERNACIONAL (PAN)
BANCOLOMBIA (PAN)
IBI (BRA)
SAN JUAN (ARG)
AMERICAN EXPRESS (MÉX)
BOAVISTA INTERATLÂNTICO (BRA)
ROA jun 2011 ROA jun 2010
20
16
12
8
4
0
Domínio brasileiroNúmero de bancos entre os 250 maiores, por país
é o aumento anual da carteira vencida de créditos do banco Banamex
foi o aumento das provisõesdo Banco del Tesoro deVenezuela, a maior variação entre os bancos da região
é a soma das carteiras de crédito dos 250 maiores bancos da América Latina
BRASIL 74BOLÍVIA 4
VENEZUELA 17
EL SALVADOR 5
EQUADOR 7
HONDURAS 6
GUATEMALA 7
URUGUAI 8
ARGENTINA 19
COLÔMBIA 16
REP. DOMINICANA 5
COSTA RICA 7
CHILE 15
MÉXICO 30
PERU 10
PANAMÁ 18
NICARÁGUA 2
Fonte: AméricaEconomíaIntelligence
Fonte: AméricaEconomíaIntelligence
AE 404 RK 250 bancos V3.indd 3AE 404 RK 250 bancos V3.indd 3 29.09.11 18:23:1129.09.11 18:23:11
74 AméricaEconomia Outubro, 2011
CAPA Ranking de Bancos
RK 2011
BANCOPAÍS
PROPRIEDADE
ATIVO TOTAL (JUN/11)
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO ATIVO TOTAL
2011/2010 (%)
CARTEIRA DE CRÉDITOS
(JUN/11) US$ MILHÕES
VARIAÇÃO DA CART.
DE CRÉD. 2011/2010 (%
)
DEPÓSITOS (JUN/11)
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO DE DEPÓSITOS
2011/2010 (%)
PATRIMÔNIO (J
UN/11)
US$ MILHÕES
LUCRO (JUN/11)
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO DO LUCRO
2011/2010 (%)
LUCRO/PATR. 2011 (%
)
C.VENC./C.CRÉD. 2011 (%
)*
RK 2010
1 BANCO DO BRASIL BRA E 492.278,5 35,8 185.260,0 33,4 232.072,3 33,4 34.983,3 3.061,4 34,6 17,5 1,0 12 ITAÚ UNIBANCO BRA PD 480.623,0 36,2 76.439,7 44,7 234.047,1 40,9 27.900,1 1.901,1 28,8 13,6 4,2 2
3 BRADESCO BRA PD 432.594,5 38,1 96.043,6 44,1 186.967,4 28,2 33.689,9 2.503,7 38,5 14,9 7,1 3
4 CAIXA ECONÔMICA FEDERAL BRA E 293.374,8 38,3 122.931,3 58,4 149.480,9 37,2 11.647,9 1.176,6 64,0 20,2 2,0 45 SANTANDER BRA PE 270.588,1 30,4 68.328,9 35,5 98.688,5 35,6 41.249,3 425,6 -36,9 2,1 7,3 56 BANAMEX MÉX PE 96.962,2 14,4 29.336,9 10,7 41.464,6 27,8 10.800,4 430,3 -44,7 8,0 15,6 77 BBVA BANCOMER MÉX PE 95.914,9 10,7 47.304,2 17,3 51.643,9 18,6 9.438,3 993,9 10,9 21,1 3,2 68 HSBC BRASIL BRA PE 88.581,1 39,1 22.973,0 48,5 49.186,6 23,2 5.245,6 389,4 65,3 14,8 3,5 89 VOTORANTIM BRA PD 81.960,6 38,1 11.663,5 38,0 14.266,6 14,9 5.632,1 344,6 29,7 12,2 1,0 9
10 SANTANDER MÉX PE 67.748,2 38,3 24.034,7 52,3 26.867,8 37,7 7.177,1 546,2 8,5 15,2 2,4 1011 SAFRA BRA PD 55.237,6 39,3 16.304,9 59,8 17.023,3 64,1 3.778,5 372,9 30,8 19,7 0,9 1212 SANTANDER SANTIAGO CHI PE 52.546,9 39,0 37.108,9 39,8 28.342,8 37,1 4.042,0 553,9 18,7 27,4 2,6 1313 MERCANTIL DEL NORTE MÉX PD 50.475,6 12,7 22.024,7 22,0 23.754,0 9,4 3.932,8 282,0 18,2 14,3 2,4 1114 BANCO DE CHILE CHI PD 43.133,9 33,9 33.815,0 37,6 28.183,7 32,9 3.482,7 491,8 29,5 28,2 1,0 1515 BANCO ESTADO CHI E 42.911,8 35,9 25.331,9 22,5 28.932,1 41,7 1.998,1 96,2 31,7 9,6 4,9 1616 HSBC MÉX PE 42.262,2 28,0 15.106,6 31,2 23.225,9 28,7 3.120,7 43,5 145,2 2,8 2,5 1417 NACIÓN ARG E 35.608,6 14,5 11.599,6 18,1 28.354,5 15,1 2.955,0 191,0 22,2 12,9 – 1718 BCI CHI PD 31.869,2 35,2 22.117,4 32,4 18.440,7 33,1 2.426,9 294,2 64,5 24,2 2,1 1919 BTG PACTUAL BRA PD 31.177,5 89,0 2.676,0 144,6 5.575,3 63,2 3.714,9 276,9 48,0 14,9 0,5 2420 BANCOLOMBIA COL PD 30.698,3 35,6 21.370,22 37,8 18.183,34 25,6 4.425,34 390,40 25,0 17,6 2,1 2021 CITIBANK BRA PE 30.589,9 18,5 5.707,7 45,5 11.151,0 36,9 2.695,8 659,0 787,2 48,9 4,3 1822 CRÉDITO PER PD 23.666,6 27,0 13.516,6 27,2 15.402,7 21,0 2.038,7 248,3 21,3 24,4 1,1 2123 BANCO DE BOGOTÁ COL PD 23.018,6 38,6 13.846,21 35,1 14.386,96 22,6 4.319,60 283,73 40,4 13,1 1,9 2324 INBURSA MÉX PD 22.605,3 30,7 12.595,4 -4,2 10.713,0 -1,1 4.121,4 176,6 68,4 8,6 4,2 2225 BANRISUL BRA E 22.363,0 28,0 10.822,6 41,1 12.759,9 32,7 2.663,5 206,7 82,2 15,5 1,7 –26 SCOTIABANK INVERLAT MÉX PE 18.000,5 36,4 9.163,3 20,0 10.424,6 18,6 2.345,1 121,0 19,5 10,3 3,0 2727 DAVIVIENDA COL PD 17.638,9 31,5 13.122,72 33,8 11.177,56 25,5 2.146,22 168,08 31,0 15,7 3,2 2628 CORPBANCA CHI PD 16.899,7 31,0 12.221,3 26,2 9.611,3 26,4 1.103,7 129,5 27,6 23,5 1,9 2829 BBVA CHI PE 16.063,9 18,5 11.635,6 27,0 9.000,7 13,1 1.104,9 93,0 12,9 16,8 2,1 2530 BANCO DO NORDESTE BRA E 15.813,3 43,1 6.298,1 26,3 5.619,6 47,0 1.528,7 150,9 421,8 19,7 2,9 3031 BNP PARIBAS BRA PE 15.517,6 50,2 214,9 -4,5 3.010,0 -1,6 685,9 41,3 -33,2 12,0 5,3 3232 B. VENEZUELA SANTANDER VEN PE 15.421,4 46,6 6.233,0 50,7 13.825,2 54,0 1.140,4 160,5 – 28,1 1,2 3133 DEUTSCHE BANK BRA PE 14.971,5 74,7 447,2 18,5 2.043,5 111,9 642,0 10,4 -58,2 3,2 0,2 4334 CONTINENTAL BBVA PER PE 14.440,5 30,3 9.663,6 27,2 9.678,8 26,1 1.121,0 191,6 16,9 34,2 0,2 2935 DEUTSCHE BANK MÉX PE 14.357,4 365,8 47,8 7,0 158,0 – 206,1 3,2 -65,0 3,1 0,0 10836 VOLKSWAGEN BRA PE 13.858,2 34,9 10.923,7 44,0 3.562,4 2,2 1.280,4 83,4 27,2 13,0 0,6 3337 BBVA COLOMBIA COL PE 13.026,3 29,5 9.320,90 37,5 9.150,04 30,2 1.282,05 128,70 6,5 20,1 2,2 3438 BANESCO VEN PD 12.939,2 30,3 7.388,8 29,2 11.197,0 29,5 1.136,0 142,1 51,4 25,0 1,4 3539 PROVINCIAL VEN PE 12.898,8 32,7 6.734,1 47,1 10.617,0 35,4 1.460,2 274,0 39,5 37,5 1,6 3640 BICENTENARIO VEN E 12.600,7 64,7 1.916,0 29,3 7.802,8 45,8 569,5 75,2 886,5 26,4 13,1 4741 MERCANTIL VEN PD 12.477,8 33,7 7.334,8 49,1 11.006,5 36,5 1.141,3 181,0 76,1 31,7 0,9 3942 SCOTIABANK CHI PE 11.666,8 21,5 8.706,2 19,3 5.141,9 18,6 1.167,2 85,5 84,3 14,7 6,1 3843 ING BANK MÉX PE 11.616,9 52,9 348,4 -6,4 439,4 0,8 679,3 -3,8 -137,9 -1,1 0,0 4944 REP. ORIENTAL DEL URUGUAY URU E 11.322,1 23,6 8.757,9 26,0 10.114,6 23,3 1.207,5 85,7 7,7 14,2 0,2 4045 BANCO DE OCCIDENTE COL PD 11.096,5 24,4 7.388,83 30,6 6.759,34 22,6 1.506,21 120,03 11,4 15,9 2,9 4146 INDUSTRIAL E COMERCIAL BRA PD 10.793,3 41,8 6.609,5 30,1 5.960,0 46,5 1.297,5 62,4 -12,5 9,6 1,9 4847 HSBC PANAMÁ PAN PE 10.755,9 11,2 7.002,0 15,7 8.476,9 9,0 1.584,2 49,3 45,2 6,2 – 3748 J.P. MORGAN BRA PE 10.347,9 55,3 342,5 255,7 525,9 104,9 927,5 30,4 57,6 6,6 0,0 5449 SCOTIABANK PER PE 10.338,0 25,7 5.922,9 24,5 6.786,6 19,7 1.290,5 127,9 8,8 19,8 1,2 4550 PROVÍNCIA ARG E 10.003,9 14,7 3.153,6 23,1 8.781,7 23,4 570,8 43,9 40,5 15,4 – 42
Os 250 Maiores Bancos da América Latina
Obs: A posição de alguns bancos no ranking de 2010 sofreu alteração em virtude da inclusão do Banco Guayaquil de Ecuador. A alteração, feita pela AméricaEconomía Intelligence, foi publicada no site www.americaeconomia.com
* Relação entre carteira vencida e carteira de crédito; PE: Privado Estrangeiro; PD: Privado Doméstico; E: Estatal
AE 404 RK 250 bancos V2.indd 8AE 404 RK 250 bancos V2.indd 8 29.09.11 17:49:3129.09.11 17:49:31
Outubro, 2011 AméricaEconomia 75
RK 2011
BANCOPAÍS
PROPRIEDADE
ATIVO TOTAL (JUN/11)
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO ATIVO TOTAL
2011/2010 (%)
CARTEIRA DE CRÉDITOS
(JUN/11) US$ MILHÕES
VARIAÇÃO DA CART.
DE CRÉD. 2011/2010 (%
)
DEPÓSITOS (JUN/11)
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO DE DEPÓSITOS
2011/2010 (%)
PATRIMÔNIO (J
UN/11)
US$ MILHÕES
LUCRO (JUN/11)
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO DO LUCRO
2011/2010 (%)
LUCRO/PATR. 2011 (%
)
C.VENC./C.CRÉD. 2011 (%
)*
RK 2010
* Relação entre carteira vencida e carteira de crédito; PE: Privado Estrangeiro; PD: Privado Doméstico; E: Estatal
51 SANTANDER RÍO ARG PE 9.986,6 30,3 5.238,9 26,7 6.832,2 31,8 836,3 90,4 -23,6 21,6 – 4652 SICREDI BRA PD 9.024,0 48,5 3.476,0 51,3 4.221,4 36,3 272,5 15,5 69,7 11,3 0,0 5953 GENERAL PAN PD 8.656,2 4,5 5.398,2 5,2 7.019,8 7,2 868,7 87,3 1,5 20,1 – 4454 AGRARIO COL E 8.444,8 19,8 N.D. – 5.325,30 16,0 699,82 123,52 9,6 35,3 – 5255 MACRO ARG PD 8.090,3 14,1 3.843,0 29,6 5.435,3 15,9 1.074,4 62,8 -33,5 11,7 – 5156 GALICIA ARG PD 7.969,2 21,9 4.240,9 36,2 5.799,6 28,9 689,7 57,3 115,0 16,6 – 5557 BANCOOB BRA PD 7.805,1 57,2 2.432,8 50,6 5.078,7 82,6 212,0 11,5 59,3 10,9 0,0 73
58 BBVA FRANCÉS ARG PE 7.764,3 15,4 3.937,5 37,7 5.875,2 16,5 743,1 47,6 -34,6 12,8 – 53
59 BMG BRA PD 7.751,2 29,3 5.502,3 39,5 4.075,3 50,7 1.363,4 13,9 -91,5 2,0 2,9 6260 ITAÚ CHILE CHI PE 7.672,8 34,5 6.273,1 42,7 4.994,2 32,1 826,1 67,2 61,6 16,3 1,1 6661 POPULAR COL PD 7.660,1 23,2 5.340,78 40,3 5.202,96 20,7 998,04 108,20 11,6 21,7 2,3 5862 IXE MÉX PD 7.628,6 48,4 2.645,5 32,1 2.699,3 25,9 417,2 -0,6 -84,0 -0,3 1,0 6963 DE LA NACIÓN PER E 7.415,6 1,9 1.700,5 26,7 5.719,6 1,2 599,6 116,2 138,7 38,8 0,4 5064 DEL BAJÍO MÉX PD 7.217,8 15,6 5.236,2 9,2 4.266,6 19,2 925,5 35,9 2,2 7,8 3,2 5765 SECURITY CHI PD 7.191,4 24,1 4.633,5 31,0 4.274,9 25,3 446,4 39,9 14,9 17,9 1,4 6566 FIBRA BRA PD 7.095,8 25,6 3.150,4 29,9 3.887,5 29,6 571,1 7,7 44,6 2,7 1,2 –67 BANK OF AMERICA MÉX PE 7.067,5 96,6 183,6 146,7 307,8 67,3 357,7 43,7 124,9 24,4 0,0 9968 INTERBANK PER PD 7.026,5 15,8 4.490,2 24,9 4.610,0 6,2 580,9 90,7 13,7 31,2 1,1 6069 DAYCOVAL BRA PD 7.024,1 45,3 3.685,6 62,7 2.684,4 73,5 1.174,6 59,2 49,4 10,1 1,6 7670 SOCIÉTÉ GENÉRALÉ BRA PE 7.004,5 47,7 104,3 -61,1 803,5 -24,5 500,6 -202,4 -2.418,4 -80,9 0,0 7971 NACIONAL C.RI E 6.949,4 9,3 4.026,6 16,5 4.865,6 6,8 734,4 27,8 -2,6 7,6 3,9 5672 INTERACCIONES MÉX PD 6.804,8 12,9 3.774,6 12,6 2.879,1 12,6 394,5 39,9 33,1 20,2 0,8 6173 PANAMERICANO BRA PD 6.765,5 19,0 1.888,3 -37,0 2.246,4 -29,4 959,4 24,4 154,2 5,1 21,0 6774 NACIONAL PAN PD 6.739,2 13,0 2.812,6 26,1 5.830,9 14,6 553,7 48,1 -1,7 17,4 – 6375 OCCIDENTAL DE DESCUENTO VEN PD 6.688,1 13,5 3.292,9 23,9 5.210,6 25,8 587,0 74,3 34,8 25,3 4,9 6476 MERCANTIL DO BRASIL BRA PD 6.545,8 31,7 3.371,8 40,7 3.998,5 46,5 442,7 27,5 -45,0 12,4 4,7 7177 CRUZEIRO DO SUL BRA PD 6.515,2 41,3 1.081,4 46,4 2.743,3 22,8 749,2 45,0 85,3 12,0 3,3 8178 BICE CHI PD 6.327,8 29,6 4.560,2 27,4 3.795,3 23,4 505,3 50,2 59,1 19,9 0,8 7579 AFIRME MÉX PD 6.293,5 97,8 810,4 14,3 1.153,5 17,2 221,0 7,8 -22,0 7,1 5,0 10780 PICHINCHA EQU PD 6.245,5 21,7 3.362,8 21,6 4.965,0 18,9 552,4 63,1 103,9 22,8 1,7 7081 J. SAFRA BRA PD 6.242,8 466,1 3.508,1 252,6 5.742,9 522,2 345,4 7,5 84,5 4,3 0,4 20782 RABOBANK BRA PE 6.241,0 38,0 1.667,9 22,7 283,5 15,7 447,3 31,2 40,4 14,0 1,2 8283 COLPATRIA COL PD 6.240,3 30,1 5.106,69 34,9 4.344,53 36,7 562,46 63,17 57,0 22,5 4,2 7884 PINE BRA PD 6.105,8 39,0 2.342,9 31,0 2.036,8 27,7 569,2 26,5 19,5 9,3 0,9 8685 HELM BANK COL PE 6.091,9 69,3 4.622,79 77,2 3.907,55 57,4 634,79 34,98 8,4 11,0 2,1 9886 DA AMAZÔNIA BRA E 6.009,3 34,1 1.298,9 44,2 1.609,1 35,4 1.259,7 27,6 6,7 4,4 5,8 8387 ABC BRASIL BRA PD 5.951,6 20,8 3.829,2 24,1 1.731,9 3,9 908,0 48,8 44,3 10,8 0,3 7488 BANCO AZTECA MÉX PD 5.951,4 13,0 2.600,3 53,4 4.467,3 10,0 446,1 29,3 21,4 13,1 3,0 6889 HSBC ARG PE 5.926,4 23,5 2.887,8 29,0 4.087,5 18,6 587,0 104,8 0,3 35,7 – 7790 BLADEX PAN PD 5.870,9 32,8 4.781,8 55,2 2.123,4 38,0 701,3 42,4 91,3 12,1 – 8591 INDUSTRIAL GUA PD 5.771,5 22,2 2.719,8 232,8 4.323,1 16,5 412,9 57,5 26,3 27,9 0,7 8092 BANESTES BRA E 5.618,1 8,4 895,0 – 2.294,6 – 520,6 N.D. – – 5,3 –93 DE BRASÍLIA (BRB) BRA E 5.354,3 39,1 2.543,7 42,4 4.232,6 39,6 507,6 57,0 22,1 22,4 1,8 9494 BANCO DEL TESORO VEN E 5.060,9 48,9 1.117,4 92,4 3.316,6 67,7 307,2 78,8 483,4 51,3 8,0 10495 FIAT BRA PE 5.057,6 67,3 4.079,2 75,7 3.809,5 57,6 678,2 54,1 35,6 16,0 0,8 11096 POPULAR DOMINICANO DOM PD 5.017,5 12,2 3.123,9 15,7 3.425,8 11,7 396,2 55,6 12,3 28,1 0,7 8497 GNB SUDAMERIS COL PE 4.981,2 19,1 2.168,97 22,8 2.964,8 16,7 325,36 31,24 -10,3 19,2 1,6 8898 DE COSTA RICA C.RI E 4.949,0 15,2 2.999,1 24,5 3.618,3 18,3 576,2 23,4 -5,3 8,1 2,5 8799 DE RESERVAS DOM E 4.902,8 -1,2 3.026,9 -12,5 2.641,2 3,2 390,2 40,5 -6,3 20,8 2,0 72
100 MERCEDES-BENZ BRA PE 4.891,9 40,3 4.405,8 50,9 27,4 -45,0 685,6 38,3 98,0 11,2 0,3 100
AE 404 RK 250 bancos V2.indd 9AE 404 RK 250 bancos V2.indd 9 29.09.11 18:25:4029.09.11 18:25:40
76 AméricaEconomia Outubro, 2011
CAPA Ranking de Bancos
RK 2011
BANCOPAÍS
PROPRIEDADE
ATIVO TOTAL (JUN/11)
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO ATIVO TOTAL
2011/2010 (%)
CARTEIRA DE CRÉDITOS
(JUN/11) US$ MILHÕES
VARIAÇÃO DA CART.
DE CRÉD. 2011/2010 (%
)
DEPÓSITOS (JUN/11)
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO DE DEPÓSITOS
2011/2010 (%)
PATRIMÔNIO (J
UN/11)
US$ MILHÕES
LUCRO (JUN/11)
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO DO LUCRO
2011/2010 (%)
LUCRO/PATR. 2011 (%
)
C.VENC./C.CRÉD. 2011 (%
)*
RK 2010
101 BCSC COL PD 4.823,2 20,1 2.827,88 9,5 3.923,8 16,5 536,05 56,72 32,6 21,2 4,9 91102 CIUDAD ARG PD 4.557,2 9,0 2.698,2 26,7 3.681,6 10,1 598,3 56,6 2,7 18,9 – 89103 SANTANDER URU PE 4.536,2 15,0 3.490,1 13,0 4.089,0 16,4 447,3 13,5 -57,9 6,0 0,1 92104 GMAC BRA PE 4.506,0 11,3 1.498,8 28,9 1.375,8 43,2 796,2 52,1 71,3 13,1 2,0 90105 BANREGIO MÉX PD 4.487,2 47,1 1.776,9 31,7 1.592,6 27,2 276,3 25,9 140,5 18,8 1,8 109106 CITIBANK ARG PE 4.351,7 12,5 2.044,5 23,0 2.559,5 16,0 604,5 29,5 -51,7 9,8 – 93107 EXTERIOR VEN PD 4.341,9 49,9 2.767,2 58,0 3.893,2 54,1 354,7 81,9 42,1 46,2 0,5 111108 CREDICOOP ARG PD 4.276,2 23,2 1.939,4 30,1 3.719,8 25,7 315,0 41,6 36,3 26,4 – 101109 G&T CONTINENTAL GUA PD 4.183,8 12,7 1.938,1 220,5 3.157,4 14,4 333,9 43,8 64,3 26,3 1,6 97110 INDUSTRIAL DE VENEZUELA VEN E 4.175,0 65,6 224,7 26,0 2.560,7 43,7 172,1 3,6 -74,0 4,1 43,4 123111 CRÉDITO DEL PERÚ PAN PE 4.076,1 52,2 3.823,7 48,1 169,1 87,3 73,1 16,6 385,2 45,4 – 118112 CITIBANK COL PE 4.069,8 7,2 2.580,04 19,3 2.626,71 12,9 746,52 37,21 -2,1 10,0 3,4 95113 AV VILLAS COL PD 3.975,6 16,5 2.605,63 14,0 3.168,69 24,3 486,37 42,03 23,2 17,3 3,2 103114 BARCLAYS BRA PE 3.923,5 93,2 N.D. – 472,1 118,1 467,8 24,6 -32,8 10,5 – 139115 DEL DESARROLLO RURAL GUA PD 3.906,7 21,6 2.383,6 419,9 3.263,9 26,2 460,1 55,3 32,7 24,0 0,9 106116 SANTANDER COL PE 3.882,7 12,8 2.687,84 26,7 2.498,67 13,1 409,14 34,30 24,5 16,8 1,8 102117 BANCARIBE VEN PD 3.829,6 38,0 2.573,7 55,7 3.358,7 43,4 336,9 66,9 71,2 39,7 0,5 115118 BVA BRA PD 3.715,3 69,5 2.492,9 111,4 2.502,1 53,1 355,0 24,2 -13,3 13,6 0,4 133119 BANCOLOMBIA PAN PE 3.639,2 26,5 1.861,1 30,5 2.106,4 19,5 514,5 105,0 42,4 40,8 – 112120 PATAGONIA ARG PD 3.627,2 45,5 1.826,9 44,2 2.627,4 51,1 543,8 29,6 -17,5 10,9 – 125121 BANCO AGRÍCOLA ELS PD 3.583,5 -3,5 2.390,8 0,5 2.531,17 -4,1 560,34 61,20 61,7 21,8 3,2 96122 STANDARD BANK ARG PE 3.555,9 28,3 1.746,2 23,5 2.606,4 32,3 269,9 6,4 2,6 4,8 – 116123 MIFEL MÉX PD 3.519,7 34,4 1.137,2 -2,0 1.908,1 48,6 114,4 4,2 -13,6 7,3 4,2 120124 IBI BRA PD 3.519,4 28,4 1.308,1 23,2 52,6 -66,8 1.668,0 96,1 -38,0 11,5 39,3 117125 SOFISA BRA PD 3.471,4 6,4 1.045,3 -15,4 1.500,3 10,8 497,4 5,3 286,6 2,1 4,0 105126 BBM BRA PD 3.320,4 16,0 266,5 33,4 421,7 35,2 336,1 17,2 605,6 10,2 9,3 113127 POPULAR C.RI PD 3.195,1 21,6 2.075,1 17,8 2.265,2 21,6 627,9 39,4 147,0 12,5 2,8 119128 CLÁSSICO BRA PD 3.190,6 23,3 0,4 -40,0 0,1 -82,0 2.524,6 -40,8 -553,4 -3,2 0,0 121129 BANCO FIDIS BRA PD 3.095,8 38,9 2.713,8 41,6 2.105,4 29,7 261,0 20,0 107,0 15,3 0,4 131130 CORPBANCA VEN PE 3.065,4 21,0 1.926,8 23,2 2.416,4 34,9 236,6 36,7 137,8 31,0 3,6 122131 GLOBAL BANK PAN PD 3.045,5 21,1 2.419,7 42,6 2.247,4 22,6 237,5 3,8 -61,6 3,2 – 124132 DEUTSCHE BANK CHI PE 2.979,1 27,5 – – 685,9 0,1 201,2 20,2 -7,3 20,1 – 128133 J.P. MORGAN MÉX PE 2.954,8 67,8 10,7 27,9 38,9 -34,1 363,7 -5,9 -183,1 -3,3 0,0 150134 DE LAGE LANDEN BRA PE 2.889,4 36,9 2.442,7 31,9 32,9 – 306,4 -10,7 -289,1 -7,0 2,0 137135 GUAYAQUIL EQU PD 2.856,2 18,0 1.478,2 25,1 2.177,4 20,9 218,3 25,5 55,7 23,4 1,1 126136 INDUSVAL BRA PD 2.828,5 65,7 904,3 31,1 956,0 26,8 361,2 -37,6 -2.306,8 -20,8 5,3 153137 HIPOTECARIO ARG PD 2.800,6 0,9 1.252,5 13,2 1.286,7 22,7 736,1 11,5 9,8 3,1 – 114138 PACÍFICO EQU PD 2.687,9 22,6 1.234,9 36,6 2.207,2 23,1 333,7 25,0 – 15,0 0,6 132139 BHD DOM PD 2.671,8 10,5 1.304,5 9,1 1.151,0 6,2 255,4 41,0 -1,3 32,1 2,0 127140 RURAL BRA PD 2.671,6 22,9 1.589,1 51,0 1.862,6 24,9 256,6 -7,1 -158,1 -5,6 0,0 134141 HSBC CHI PE 2.569,3 24,1 504,2 7,8 1.248,8 15,1 192,2 -8,0 -589,6 -8,3 – 138142 INVEX MÉX PD 2.546,7 39,5 643,0 19,0 753,3 38,3 206,9 7,2 9,2 7,0 2,0 146143 BBVA URU PE 2.542,1 167,9 2.078,9 152,8 2.353,1 167,8 189,0 -14,6 -2.401,7 -15,5 0,2 228144 BAC INTERNACIONAL PAN PE 2.524,0 10,9 1.012,4 3,5 1.482,1 19,7 973,5 101,3 17,8 20,8 – 130145 NACIONAL DE CRÉDITO VEN PD 2.478,2 38,1 1.260,5 45,7 2.198,9 46,4 233,0 19,7 301,4 16,9 3,2 148146 MORGAN ST. DEAN BRA PE 2.420,1 39,8 N.D. – 705,4 0,4 582,2 29,2 -18,1 10,0 – 151147 FALABELLA CHI PD 2.419,9 43,8 1.755,2 45,2 1.271,8 67,5 238,6 24,9 49,9 20,9 3,6 156148 ATLÁNTIDA HON PD 2.402,0 23,9 1.255,6 10,7 1.562,8 21,2 218,8 13,7 -9,8 12,5 1,7 141149 MONEX MÉX PD 2.394,8 45,7 261,4 65,6 268,9 54,9 196,4 28,4 28,1 28,9 1,5 157150 CNH CAPITAL BRA PE 2.360,5 11,0 1.445,9 22,6 339,9 -38,4 626,2 47,5 277,3 15,2 14,6 136
* Relação entre carteira vencida e carteira de crédito; PE: Privado Estrangeiro; PD: Privado Doméstico; E: Estatal
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Outubro, 2011 AméricaEconomia 77
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BANCOPAÍS
PROPRIEDADE
ATIVO TOTAL (JUN/11)
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO ATIVO TOTAL
2011/2010 (%)
CARTEIRA DE CRÉDITOS
(JUN/11) US$ MILHÕES
VARIAÇÃO DA CART.
DE CRÉD. 2011/2010 (%
)
DEPÓSITOS (JUN/11)
US$ MILHÕES
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2011/2010 (%)
PATRIMÔNIO (J
UN/11)
US$ MILHÕES
LUCRO (JUN/11)
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VARIAÇÃO DO LUCRO
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)*
RK 2010
151 BAC. DE SAN JOSÉ C.RI PE 2.312,2 13,9 1.693,9 17,1 1.600,2 3,3 256,3 22,9 158,0 17,9 0,6 140152 DE CÓRDOBA ARG PE 2.210,1 34,4 943,8 28,8 1.863,1 35,1 101,7 6,1 154,3 11,9 – 158153 ITAÚ URU PE 2.204,8 27,5 1.587,1 40,9 2.081,1 28,7 123,8 -5,9 -156,8 -9,6 0,1 152154 HSBC FINANCE S.A. BM BRA PE 2.155,4 40,6 1.028,7 54,2 987,4 52,1 1.055,9 131,3 145,6 24,9 0,5 167155 BBVA PAN PE 2.149,3 6.198,6 1.638,4 7.847,7 1.672,1 7.188,9 295,0 20,1 -3,5 13,6 – –156 NUEVO B. DE SANTA FE ARG PD 2.091,4 8,3 1.107,4 31,9 1.484,5 3,0 235,1 24,5 -28,9 20,8 - 142157 AGRÍC. DE VENEZUELA VEN PD 2.075,0 86,3 930,9 29,5 393,8 30,7 169,9 0,9 43,4 1,0 32,0 204158 CITIBANK ELS PE 2.074,3 -10,8 1.114,1 -14,4 1.589,2 -1,6 331,65 10,52 500,2 6,3 6,1 129159 BANKPAR BRA PD 2.068,8 34,2 198,1 13,4 545,8 26,8 104,7 13,1 60,3 25,0 57,3 166160 BGN BRA PD 2.058,8 28,7 1.345,8 30,3 1.439,6 34,3 532,7 2,9 -87,5 1,1 1,3 161161 BARCLAYS MÉX PE 2.056,9 64,7 0,0 – 0,0 – 225,3 49,1 – 43,6 – 193162 PRODUBANCO EQU PD 2.046,5 12,2 927,2 11,2 1.650,2 8,6 176,5 15,0 – 17,0 0,5 147163 INTERNACIONAL CHI PD 2.039,9 57,1 1.419,7 63,8 1.539,2 62,8 113,2 10,0 63,7 17,7 1,1 188164 SCOTIABANK C.RI PE 2.017,4 10,4 1.452,0 8,7 1.596,3 4,7 237,3 1,8 447,4 1,5 2,0 145165 DE OCCIDENTE HON PD 1.996,5 23,0 883,4 6,6 1.519,5 24,6 148,8 12,2 6,4 16,3 2,3 160166 FICOHSA HON PD 1.993,7 18,3 1.113,5 14,8 1.120,3 25,8 173,6 13,2 22,8 15,2 0,3 155167 TOKYO-MIT. UFJ BRASIL BRA PE 1.971,7 91,1 97,9 91,2 287,5 26,0 664,6 0,7 -56,5 0,2 0,0 214168 BANESCO PAN PE 1.958,3 56,7 766,1 56,4 1.731,2 60,3 180,5 21,7 60,8 24,0 – 192169 MULTIBANK PAN PD 1.931,2 21,1 1.137,5 21,0 1.446,6 15,6 195,2 9,3 -14,1 9,5 – 163170 GOLDMAN SACHS BRASIL BRA PE 1.889,2 91,3 N.D. – 160,5 117,6 291,7 291,7 808,1 200,0 – 225171 HSBC ELS PE 1.883,5 2,2 1.194,7 4,5 1.370,7 6,0 258,67 6,88 5,9 5,3 5,3 144172 SUPERVIELLE ARG PD 1.881,7 43,7 1.130,6 60,3 1.459,3 50,0 164,2 11,5 23,0 14,0 – 185173 PARANÁ BRA PD 1.860,9 44,4 1.094,4 40,5 941,6 44,0 695,9 181,7 817,2 52,2 6,9 189174 VENEZOLANO DE CRÉDITO VEN PD 1.847,9 36,4 721,0 50,6 1.591,2 40,1 210,3 33,4 84,0 31,8 0,3 180175 SCOTIABANK ELS PE 1.813,9 -6,0 1.337,4 -5,4 1.250,9 -10,2 216,17 7,42 109,4 6,9 5,4 143176 DE AMÉRICA CENTRAL HON PD 1.800,3 1,3 905,6 2,9 938,1 3,6 163,6 11,7 23,2 14,3 0,7 149177 INTERAMER. DE FINANZAS PER PD 1.798,9 17,7 1.157,1 19,5 1.224,5 9,3 126,3 10,7 13,1 16,9 0,6 168178 WESTLB BRA PE 1.789,4 9,0 212,7 -43,6 167,4 -28,7 322,7 6,7 207,2 4,1 2,0 159179 BANESE BRA E 1.749,9 29,4 818,3 69,0 1.322,9 16,2 127,6 24,5 143,9 38,4 1,1 –180 BCO CSF BRA PD 1.746,1 24,4 313,1 15,9 150,8 -27,2 378,1 21,7 -37,5 11,5 74,0 175181 CACIQUE BRA PD 1.742,5 9,1 1.247,3 32,9 1.234,3 26,2 70,8 70,8 14.772,1 200,0 2,1 162182 MI BANCO PER PD 1.741,5 23,1 1.311,2 18,2 1.190,4 34,5 147,0 17,9 -8,6 24,4 2,4 174183 DE LA PRODUCCIÓN NIC PD 1.728,9 45,0 501,0 6,2 1.437,1 55,6 110,8 9,1 62,3 16,3 2,9 197184 MERCANTIL STA. CRUZ BOL PD 1.714,1 1,3 999,8 28,1 1.519,6 1,6 128,1 10,8 20,0 16,9 0,2 154185 CAJA DE AHORROS PAN E 1.713,4 7,6 1.209,6 10,9 1.390,0 8,0 205,9 2,9 -75,3 2,8 – 164186 TOYOTA BRA PE 1.710,6 22,7 1.133,0 40,1 615,7 -33,6 184,2 13,8 -20,4 15,0 0,4 177187 FONDO COMÚN VEN PD 1.706,9 21,7 721,3 8,4 1.508,8 22,4 180,0 5,1 125,6 5,6 1,5 176188 BOLIVARIANO EQU PD 1.692,2 16,1 835,8 22,8 1.410,5 14,4 135,6 11,9 – 17,6 0,4 170189 AGROMERCANTIL GUA PD 1.658,7 22,7 943,8 303,6 1.371,2 25,2 133,9 11,3 10,3 16,8 2,9 181190 INTERNACIONAL EQU PD 1.655,8 13,0 883,2 16,7 1.437,2 13,3 136,4 12,8 – 18,8 0,6 169191 THE BANK OF NOVA SCOTIA PAN PE 1.625,0 2,9 1.365,6 11,8 1.565,8 3,9 17,6 19,1 7,4 217,1 – 165192 CITIBANK BRA PE 1.618,9 36,2 42,8 -47,0 N.D. – 732,2 72,7 435,3 19,9 0,0 198193 NVO. COMERCIAL URU PE 1.614,9 18,2 1.230,9 29,8 1.415,0 18,2 199,8 -2,0 -225,3 -2,0 0,3 179194 BONSUCESSO BRA PD 1.608,5 42,3 970,7 49,3 1.009,0 46,7 259,8 18,8 -43,8 14,5 2,2 203195 BANPARÁ BRA E 1.579,8 48,2 605,4 41,5 1.296,0 50,7 194,4 26,0 50,7 26,7 1,0 –196 IBM BRA PE 1.537,2 40,9 100,8 -19,1 827,6 121,2 163,0 6,1 8,3 7,5 3,1 208197 CITIBANK PER PE 1.519,9 22,6 650,6 2,4 1.067,0 30,0 206,6 13,2 78,3 12,8 1,8 194198 INDUSTRIAL BRA PD 1.508,4 30,8 786,9 45,9 722,1 37,3 264,3 4,5 -3,9 3,4 2,1 202199 BOAVISTA INTERATLÂNTICO BRA PD 1.505,5 28,5 2,3 173,7 N.D. – 1.306,4 36,2 48,6 5,5 35,5 201200 ITAÚ ARGENTINA ARG PE 1.504,0 5,3 918,7 19,3 1.068,2 10,4 141,2 -5,7 -62,9 -8,1 – 172
* Relação entre carteira vencida e carteira de crédito; PE: Privado Estrangeiro; PD: Privado Doméstico; E: Estatal
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78 AméricaEconomia Outubro, 2011
CAPA Ranking de Bancos
201 ALIADO PAN PD 1.501,8 15,4 935,4 24,3 1.217,2 13,9 144,3 6,7 15,4 9,2 – 187202 NACIONAL DE BOLIVIA BOL PD 1.471,0 3,1 863,1 28,0 1.207,7 -2,0 116,9 12,2 13,6 21,0 0,7 173203 BANIF BRA PE 1.458,9 36,7 679,8 30,1 754,1 45,5 114,6 1,3 -30,4 2,3 9,9 210204 CARONÍ VEN PD 1.455,8 9,5 403,4 -6,1 1.265,6 6,9 167,2 3,7 -65,3 4,5 3,7 184205 HSBC C.RI PE 1.428,1 6,2 862,2 -3,1 1.088,4 2,7 153,7 2,6 -63,2 3,4 1,9 182206 FINANCIERO PER PD 1.423,4 28,3 937,9 21,8 947,1 30,6 126,4 5,5 -4,7 8,7 1,4 205207 AMERICAN EXPRESS MÉX PE 1.416,5 16,9 597,5 -2,0 578,4 7,1 301,9 34,3 73,2 22,7 4,9 195208 JOHN DEERE BRA PE 1.401,7 41,8 1.317,6 430,0 27,1 -96,4 197,0 13,2 -16,7 13,4 0,7 223209 BISA BOL PD 1.390,1 4,3 618,7 24,0 1.145,9 6,0 140,7 7,3 -43,6 10,4 0,2 183210 RABOBANK CHILE CHI PE 1.389,8 28,5 897,4 54,7 322,0 -25,6 123,6 0,3 106,3 0,5 1,3 209211 CITIBANK URU PE 1.322,4 83,7 1.074,5 65,6 1.248,0 90,1 74,4 5,3 -13,8 14,3 0,0 –212 BIC PAN PE 1.313,9 39,2 880,9 31,6 724,6 26,9 134,5 7,5 11,8 11,2 – 229213 HSBC COL PE 1.296,4 46,6 847,2 50,7 638,4 18,0 122,9 -17,9 -71,2 -29,2 4,0 –214 VOLVO BRASIL BRA PE 1.288,4 6,3 984,0 11,9 122,3 -40,9 276,8 19,3 -29,8 14,0 1,3 196215 BANSI MÉX PD 1.262,3 -1,3 518,2 17,3 406,9 10,3 95,8 4,1 -11,6 8,6 3,2 190216 MULTIVA MÉX PD 1.260,2 -12,9 691,6 45,7 792,1 56,5 157,2 1,3 -57,3 1,7 3,3 171217 DEL PAÍS HON PD 1.257,1 23,6 836,9 20,7 850,2 29,2 115,0 12,0 17,2 20,9 0,3 217218 CIBANCO MÉX PD 1.231,7 105,2 191,7 581,9 675,3 211,6 65,8 2,9 -30,2 8,8 0,1 –219 HSBC BANK PERÚ PER PE 1.213,8 20,2 654,1 5,1 904,2 95,6 111,4 -9,3 -2,5 -16,7 2,8 218220 BCO HONDA BRA PE 1.204,9 26,1 1.110,9 27,0 988,0 22,4 143,7 15,9 40,0 22,2 1,1 227221 HSBC HON PE 1.204,6 15,5 527,6 -1,8 715,6 12,4 95,6 0,6 -56,5 1,3 1,8 212222 TRIÂNGULO BRA PD 1.199,0 19,3 708,4 25,5 744,3 19,4 236,3 12,6 -1,5 10,7 7,0 219223 AGRÍCOLA DE CARTAGO C.RI PD 1.196,5 16,5 462,0 21,8 1.018,0 15,9 92,8 7,3 51,9 15,7 2,0 –224 FATOR BRA PD 1.184,0 70,9 75,4 50,7 303,8 62,8 269,8 -3,3 -129,4 -2,4 1,3 –225 DE AMÉRICA CENTRAL ELS PD 1.183,7 0,5 782,67 1,3 936,32 6,9 130,13 10,03 41,4 15,4 2,7 200226 VE POR MÁS MÉX PD 1.169,0 17,1 736,9 11,6 642,8 15,1 98,1 4,2 80,8 8,5 1,6 220227 SCOTIABANK DOM PE 1.158,4 8,7 771,5 11,5 930,1 6,0 197,0 16,4 8,1 16,6 2,4 211228 REFORMADOR GUA PD 1.151,3 19,0 650,6 300,0 912,6 14,4 105,6 7,5 10,8 14,3 3,2 226229 COMAFI ARG PD 1.147,0 12,8 589,7 23,0 868,6 22,3 93,9 16,7 -5,4 35,5 – 216230 SAN JUAN ARG PD 1.141,5 36,6 144,3 33,1 714,3 48,0 268,6 29,0 -26,0 21,6 – 237231 ES BANK PAN PD 1.125,3 9,8 1.109,0 10,7 1.056,9 9,2 65,0 7,6 150,2 23,4 – 215232 BANCENTRO NIC PD 1.121,5 -12,2 448,5 14,2 848,2 -16,8 98,7 7,4 32,3 14,9 1,7 191233 COMPARTAMOS MÉX PD 1.099,8 41,6 966,1 48,6 241,8 69,2 515,4 86,1 26,0 33,4 1,9 247234 CRÉDITO BOL PE 1.089,7 16,1 638,2 29,4 942,6 18,5 92,2 6,4 -19,3 13,8 0,4 230235 LEÓN DOM PD 1.077,8 3,4 610,6 -6,7 877,4 8,0 97,6 6,8 -24,3 13,8 1,8 213236 CREDIT SUISSE MÉX PE 1.077,3 21,6 0,0 – 66,1 -9,9 166,1 5,8 217,9 6,9 – 233237 BANCOOMEVA COL PD 1.074,3 – 999,6 – 482,3 – 82,5 3,4 – 8,3 4,8 –238 AHORRO FAMSA MÉX PD 1.051,7 25,7 824,2 27,0 817,1 30,8 162,7 22,0 22,2 27,1 14,3 236239 PSA FINANCE BRA PE 1.035,0 10,6 906,5 28,6 613,8 -9,2 182,0 4,8 -0,8 5,3 4,4 231240 CREDICO PAN PE 1.033,6 3,6 574,8 7,1 858,2 2,4 119,5 8,1 39,4 13,6 – 221241 CITIBANK GUA PE 1.023,9 15,9 455,6 -5,3 633,2 -4,9 129,2 14,9 54,7 23,1 7,8 234242 CITIBANK PAN PE 1.015,7 -26,2 676,0 -10,7 823,0 -28,3 136,8 2,8 -23,5 4,0 – 178243 CITIBANK VEN PE 1.015,5 -8,4 415,9 30,7 765,6 -1,0 171,1 18,8 1.240,3 22,0 2,4 206244 PAULISTA BRA PD 1.001,4 14,3 217,3 20,2 474,1 44,1 74,7 4,0 183,4 10,6 3,1 235245 BANCOPPEL MÉX PD 992,6 63,3 311,4 98,9 854,1 63,6 115,6 0,3 103,1 0,5 20,8 –246 ING BANK BRA PE 984,8 -16,7 136,4 17,6 260,3 -9,0 340,5 17,8 112,2 10,5 3,1 199247 BANCO DE LOS TRABAJADORES GUA PD 957,7 28,1 521,0 424,5 803,9 30,2 79,8 6,7 11,1 16,7 3,4 248248 AUSTRO EQU PD 951,4 19,8 559,7 23,2 812,1 18,8 76,5 8,2 – 21,4 2,8 244249 DISCOUNT URU PE 947,5 19,3 315,9 27,3 868,6 19,4 78,9 -1,1 -117,4 -2,9 0,1 243250 HSBC BANK URU PE 925,4 34,8 705,6 32,8 875,0 35,2 50,4 -9,4 -323,5 -37,3 0,0 –
RK 2011
BANCOPAÍS
PROPRIEDADE
ATIVO TOTAL (JUN/11)
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO ATIVO TOTAL
2011/2010 (%)
CARTEIRA DE CRÉDITOS
(JUN/11) US$ MILHÕES
VARIAÇÃO DA CART.
DE CRÉD. 2011/2010 (%
)
DEPÓSITOS (JUN/11)
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO DE DEPÓSITOS
2011/2010 (%)
PATRIMÔNIO (J
UN/11)
US$ MILHÕES
LUCRO (JUN/11)
US$ MILHÕES
VARIAÇÃO DO LUCRO
2011/2010 (%)
LUCRO/PATR. 2011 (%
)
C.VENC./C.CRÉD. 2011 (%
)*
RK 2010
* Relação entre carteira vencida e carteira de crédito; PE: Privado Estrangeiro; PD: Privado Doméstico; E: Estatal
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Outubro, 2011 AméricaEconomia 79
Espaço para engordar o caixaNEM A CRISE INTERNACIONAL VAI ATRAPALHAR O CRESCIMENTO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRASDO PAÍS, APOIADONA DEMANDA POR CRÉDITO
NATALIA GÓMEZ, DE SÃO PAULO
A turbulência que atinge o mer-cado internacional e abala as expectativas sobre as econo-
mias dos Estados Unidos e dos países da zona do euro, principalmente Gré-cia, Portugal e Itália, está longe de ti-rar o sono dos banqueiros brasileiros. Até o momento, a sensação do mer-cado é de que o sistema bancário local está protegido da crise externa, pois a economia brasileira continuará a cres-cer, mesmo que a taxas mais modestas que as de 2010.
O crédito, grande propulsor dos bancos nos últimos anos, seguirá sua trajetória de crescimento, graças aos bons níveis de emprego e de renda e à expansão da classe média. Os gigantes-cos projetos de infraestrutura planeja-dos para o país também devem garantir
bons negócios às instituições financei-ras, pois vão gerar uma demanda de crédito de nada menos que R$ 1 trilhão nos próximos cinco anos.
O baixo nível de exposição do Bra-sil aos mercados estrangeiros é outro fator positivo. Ao contrário dos fun-dos de pensão americanos, por exem-plo, as fundações brasileiras não estão expostas a outros países e concentram seus negócios em solo nacional, assim como o setor de indústria e comércio. Os bancos nacionais tampouco enfren-tam os mesmos riscos das instituições estrangeiras, pois não têm altos níveis de alavancagem e possuem poucos pa-péis de dívida europeia.
Apesar desses pontos favoráveis, o temor concentra-se em uma possível re-dução na liquidez internacional, que
O CONSUMO
DEVE CONTINUAR
EM ALTA NO PAÍS
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CAPA Ranking de Bancos
pode causar um aumento nos custos de emissão e captação de recursos ex-ternos. Mesmo assim, o Banco Central conta com boas armas para amenizar os impactos da crise global, como a redução da taxa do depósito compulsó-rio dos bancos, o que aumenta a liqui-dez do sistema, segundo o vice-pre-sidente e diretor de Relações com Investidores do Bradesco, Domingos Figueiredo de Abreu. “Hoje, o volume de compulsório é de aproximadamen-te R$ 420 bilhões, algo muito superior aos R$ 270 bilhões de 2008”, afirma.
À frente do mercado, os maiores bancos brasileiros – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Itaú Unibanco – devem continuar apre-sentando fortes resultados. No ano pas-sado, o lucro líquido dessas instituições cresceu 19,79% na comparação entre o primeiro semestre de 2010 e 2011 (dados da Economatica), beneficiado pelo forte crescimento econômico, segundo estu-
do feito por AméricaEconomía Intelligence. Neste ano, os números não devem se re-petir, mas o cenário segue favorável.
OPERAÇÕES ENXUTASAlém do aumento da bancarização e dos juros altos, outros fatores que expli-cam os resultados desse mercado são os esforços para a redução de custos e os investimentos realizados em tecnolo-gia nos últimos anos. “Os bancos fize-ram sua lição de casa”, afirma o analista da consultoria Austing Rating Luís Mi-guel Santacreu. Ele lembra que as insti-tuições começaram a aumentar a con-cessão de crédito depois que deixaram de ganhar dinheiro com a inflação, após o Plano Real, o que mudou o perfil do negócio no país.
O Itaú Unibanco, primeiro colocado no ranking de AméricaEconomía Intelligen-ce dos 25 melhores da América Latina, atribuiu ao crédito os bons resultados divulgados neste ano. Em 30 de junho, a
carteira de crédito da instituição atingiu R$ 360 bilhões, aumento de 22,3% em relação ao mesmo período do ano ante-rior. Segundo o diretor corporativo de Controladoria do Itaú, Rogério Calde-rón, o crédito foi um dos destaques nos resultados positivos do banco. O crédi-to concedido às pessoas físicas aumen-tou 8,7% de dezembro de 2010 a junho de 2011, enquanto o crédito para pes- soas jurídicas cresceu 7,6%. A previsão é de que o crescimento do crédito, neste ano, fique abaixo de 20%, o que, ainda assim, é um número elevado.
Segundo Calderón, um dos desta-ques é o crédito imobiliário, que ain-da é baixo no país, mas vem crescen-do rapidamente. “Nós estamos agora em bases anualizadas com crescimento acima de 70% neste segmento”, disse, durante apresentação dos resultados do segundo trimestre. No crédito pes-soal, que teve alta de 27% no semestre, o banco foi impulsionado pela consoli-dação das operações do Itaú e do Uni-banco em uma única plataforma. “A rede única permitiu avançar bastante e aproveitar melhor as oportunidades que o mercado nos oferece aqui”, afir-ma o executivo.
Hoje, a relação entre crédito e PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil é de 47,5%, quase o dobro da registrada em 2002 (24,6%). No entanto, ainda exis-te espaço para o avanço dessa taxa, que está abaixo da de outros países ri-cos e também é inferior à de outros paí-ses emergentes. Segundo os analistas da Coinvalores Marco Saravalle e Bru-no Camargo, o Chile tem uma relação de quase 80% entre dívida e PIB, en-quanto os países desenvolvidos apre-sentam índice superior a 130%.
Neste ano, o mercado nacional de crédito cresceu 8,7%, entre janeiro e ju-lho, na comparação com o primeiro se-mestre do ano passado. A previsão dos analistas é de que este índice aumen-te 15% até o final do ano, abaixo de 2010, quando a oferta de crédito cresceu 20,5%, mas muito superior à média his-tórica. No pré-crise, o crédito chegou a crescer mais de 30% ao ano.
Projetos de infraestrutura no Brasil devem
gerar uma demanda de crédito de
R$ 1 trilhão nos próximos cinco anos
LONGE DO BRASIL: CIDADÃO GREGO ENDIVIDADO PROTESTA CONTRA BANCO Foto
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BOM RITMOA Caixa Econômica Federal prevê um crescimento menor para o crédi-to em 2011. Segundo o vice-presidente de Finanças, Márcio Percival, o avan-ço, neste ano, deve ficar em 16%. Ele conta que as empresas já começaram a demandar menos crédito porque es-tão com estoques acima do planejado. “Acredito que a atividade industrial e o comércio devem crescer em um rit-mo menor por causa do cenário global de incerteza”, conta. No crédito à pes-soa física, o executivo também prevê uma tendência de desaceleração, mas isso deve ficar para o ano que vem, por causa do alto nível de emprego e renda, além do natural aquecimento nas ven-das de fim de ano.
Apesar dessas previsões, Percival está otimista. “O avanço pode não ser o mesmo de 2010, quando a economia cresceu 7,5%, mas ainda é um crédito maior do que no ano passado”, expli-ca. Em sua visão, não há perspectiva de contágio da crise externa no Brasil por-que o país não tem envolvimento com a dívida dos países europeus.
Um dos incentivos para os negó-cios dos bancos no Brasil será a pro-cura para financiamento de projetos de infraestrutura nos próximos anos, relacionados à Copa do Mundo, ao pré-sal, ao PAC (Programa de Acele-ração do Crescimento) e ao programa habitacional Minha Casa, Minha Vi-da. Segundo o executivo da Caixa, a demanda por financiamento será de R$ 200 bilhões por ano, nos próximos cinco anos, o que perfaz um total de R$ 1 trilhão. “Nossa expectativa é que os investimentos continuem a crescer, especialmente em infraestrutura”, afir-ma. No momento, o banco tem R$ 20 bilhões em projetos de infraestrutura em carteira comercial e de fundos.
Para garantir seu crescimento nos próximos anos, a Caixa tem como prio-ridades as áreas de crédito imobiliário, infraestrutura e operações para pessoasfísicas e jurídicas. “Queremos cres-cer, diversificar e aproveitar o avanço da bancarização, trabalhando com as melhores taxas do mercado”, explica. Tradicionalmente voltada ao público de baixa renda, a Caixa buscará fideli-
zar seus clientes da nova classe média. Uma das formas de conseguir esse re-sultado é por meio do crédito imobiliá-rio, área em que o banco é líder de mer-cado, com participação de 75%.
A Caixa estima liberar R$ 90 bi-lhões em recursos para crédito habita-cional neste ano, crescimento de apro-ximadamente 17% em relação a 2010. Em junho, a carteira de crédito imobi-liário alcançou saldo de R$ 129,3 bi-lhões, valor 49% superior ao volume apresentado em junho de 2010. Segun-do Percival, o banco está preparado pa-ra assumir o mesmo papel que teve du-rante a crise de 2008, quando promoveu a expansão do crédito enquanto os ban-cos privados tinham maior cautela.
O desenvolvimento dos negócios da Caixa deve ocorrer tanto de forma orgânica, com a abertura de novas agências e canais de relacionamento, quanto por meio de parcerias estratégi-cas. Segundo Percival, essas parcerias podem ser feitas com empresas de áreas ligadas às atividades bancárias, como tecnologia da informação, car-tões, seguros e promoção de vendas.
O BANCO DO BRASIL PAGOU R$ 2,3 BILHÕES PARA ATUAR JUNTO AO BANCO POSTAL, DOS CORREIOS
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ALÉM DO AGRONEGÓCIOOutro banco público que aposta na di-versificação é o BB (Banco do Brasil), que, pelo segundo ano consecutivo, li-dera o ranking dos 250 maiores bancos da América Latina. Tradicionalmen-te voltada ao setor do agronegócio, a instituição trabalhou para crescer nos grandes centros urbanos. Hoje, o ban-co segue líder no setor agrícola, com 66% de participação de mercado, e é o segundo colocado no crédito para con-sumo, com destaque para o financia-mento de veículos.
Há cerca de três anos, o BB iniciou a concessão de crédito imobiliário, e tem apresentado rápido crescimen-to nessa área. Em junho, divulgou em seu balanço que a carteira do segmento atingiu a marca de R$ 5 bilhões, cres-cimento de 114%, na comparação com o saldo de maio do ano passado. Tam-bém registrou em maio o maior volume
contratado para um único mês em toda a série histórica da sua carteira de cré-dito imobiliário.
Segundo o vice-presidente de Fi-nanças do BB, Ivan Monteiro, essa é uma área promissora porque a estabili-dade econômica e a redução da taxa de juros estimulam a compra de imóveis. A opção por crescer no crédito imobi-liário também se explica pelos baixos níveis de inadimplência, assim como ocorre no crédito consignado.
Para pessoas físicas e jurídicas, o banco revisou suas projeções depois das medidas macroprudenciais anun-ciadas pelo governo em dezembro de 2010. A previsão para a carteira de cré-dito passou de 17% a 20% para de 15% a 18%, de acordo com o último balanço divulgado. Mesmo com expectativas reduzidas, o executivo destacou que é importante manter o crédito aberto du-rante as crises, como ocorreu em 2008.
“Queremos ser um banco de relaciona-mento, não de transação”, explica.
Essa visão é fruto do aprendizado no setor agrícola, no qual o crédito tem hora certa para ser concedido. “O cus-teio do café em Santa Rita de Sapucaí [MG] não pode ser paralisado por cau-sa de uma crise em Oregon [estado ame-ricano]”, afirma. Essa estratégia do ban-co garantiu bons resultados na crise de 2008. Desde então, o BB ganhou cinco pontos porcentuais de participação no mercado de crédito, chegando a uma fatia de 20%. Além do avanço do finan-ciamento habitacional, também aposta nos projetos de infraestrutura como ve-tor de crescimento do crédito.
Na visão de Monteiro, a crise inter-nacional, até agora, não teve nenhum “cadáver”, diferentemente do que ocor-reu em 2008, com a quebra do Lehman Brothers. Ele acredita que o acesso mais restrito ao crédito externo pode-rá gerar negócios para os bancos na-cionais, pois as empresas tendem a se financiar com recursos internos. A re-tração do mercado de capitais e o en-xugamento de ofertas de ações também poderão direcionar as empresas para o crédito bancário. Do outro lado da
Os baixos níveis de inadimplência
nos financiamentos imobiliários
garantem bons retornos às instituições
O BB QUER IR ALÉM DA LIDERANÇA NOS FINANCIAMENTOS AGRÍCOLAS E BUSCA CRESCER TAMBÉM NO SETOR IMOBILIÁRIO
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moeda existe o risco de que as empre-sas posterguem suas decisões de inves-timento, à espera do resultado da crise externa, mas ainda é cedo para dizer qual cenário prevalecerá.
CLASSE MÉDIAPara garantir seu desempenho, o BB está atento ao avanço da classe média. “O banco tem familiaridade com es-se público”, conta o vice-presidente de Finanças. Um dos caminhos para se aproximar dos novos consumidores é a parceria assinada com os Correios no Banco Postal, que oferece serviços bancários básicos ao público nas agên-cias da estatal em todo o país. O banco ofereceu o lance de R$ 2,3 bilhões em um leilão pelo acordo e tomou o lugar
do Bradesco, que mantinha a parceria com o Banco Postal há dez anos.
Outros lances ousados, como aqui-sições, também estão no horizonte do banco. Segundo Monteiro, o BB avalia a possibilidade de fazer novas compras no futuro, com o objetivo de se aproxi-mar de brasileiros e companhias nacio-nais no exterior. “Queremos estar com as empresas brasileiras onde o fluxo de
AGRESSIVA EM CRÉDITO PARA A HABITAÇÃO, A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ATUA TANTO EM FEIRÕES QUANTO NO MINHA CASA, MINHA VIDA
comércio for grande e também estar pró-ximo aos brasileiros em outros países”, explica. Recentemente, o banco anun-ciou a compra do Banco Patagonia, na Argentina, e o plano de abrir uma cor-retora em Cingapura. Após o sucesso do BB na compra do Banco Postal, o Bra-desco informou que manterá os clien-tes conquistados em seu portfólio. Em teleconferência à imprensa, o presiden-te do banco, Luiz Carlos Trabuco Cap-pi, afirmou que não prevê impactos ne-gativos, pois o banco tem condições de atender a cada um dos clientes. No pe-ríodo em que foi parceiro do Postal, o Bradesco conseguiu cerca de 5 milhões de novos clientes.
Hoje, o Bradesco está presente em todos os municípios do país e faz um
acompanhamento contínuo das pra-ças para identificar as regiões com po-tencial de expansão. Segundo o vice- -presidente e diretor de RI do Bradesco, Domingos Figueiredo de Abreu, algu-mas regiões de maior crescimento eco-nômico nos últimos anos foram Norte, Nordeste e Centro-Oeste, especialmen-te nas cidades menores.
O ganho de escala tornou-se priori-
dade para o Bradesco, depois do sucesso na diversificação de seus negócios. Ini-cialmente voltado às grandes massas, o banco passou a incluir clientes pes-soa física de alta renda, grandes e mé-dias empresas e private banking. Hoje, a meta é aproveitar a janela demográfica que deve incorporar mais pessoas ao sis-tema bancário. Para isso, conta não ape-nas com a abertura de contas correntes, mas também com a adesão a planos de seguro, consórcios ou planos de previ-dência. “As áreas de cartões, financia-mentos e seguros são aspectos essen-ciais para a estratégia de fortalecimento diante do cenário financeiro nacional e global”, explica Abreu. A diversifica-ção dos produtos oferecidos aos clien-tes tem sido uma forte tendência no se-
tor bancário nos últimos anos, segundo o analista-chefe da Concórdia Correto-ra, Leonardo Zanfelicio.
Outro caminho foi a criação de par-cerias com o varejo para incentivar a venda dos produtos via cartão de crédi-to com marcas de lojas, a exempo do que o Itaú mantém com Lojas America-nas, Pão de Açúcar, Marisa e Magazi-ne Luiza, e o Bradesco, com Casas
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Em busca da nova classe médiaO esforço para se aproximar das classes D e E está ganhando cada vez mais
força nos grandes bancos, e a conquista da parceria com os Correios no
Banco Postal pelo Banco do Brasil foi um dos movimentos recentes nes-
se sentido. Com cobertura de 57% do território nacional, o BB passará a co-
brir nada menos que 96% dos municípios após o acordo, que começa a va-
ler em janeiro de 2012.
A meta do banco era estar presente em 100% dos municípios brasilei-
ros até 2015, mas a parceria antecipará esse projeto em três anos, para 2012.
“A riqueza no Brasil está mais distribuída, e, por isso, é natural buscar maior
capilaridade”, afirma Ivan Monteiro, vice-presidente de Finanças do BB. Ho-
je, o banco conta com 36 milhões de clientes das classes D e E, mas preten-
de agregar novos consumidores. “Estaremos mais próximos e poderemos
atender melhor à nova classe média.”
A busca por esse público tem levado os bancos a pensar em soluções
ainda mais criativas, como a criação de agências flutuantes, que circulam
pelos rios da Amazônia atendendo os moradores da região. O BB oferece
três correspondentes bancários fluviais no Amazonas, que percorrem as
principais calhas dos rios do estado, atingindo 58 comunidades ribeirinhas
em 35 municípios.
O serviço é resultado de um acordo entre o banco e o governo estadual,
que cedeu a estrutura das embarcações. Segundo o banco, os objetivos são
oferecer atendimento bancário às comunidades e prestar serviços como re-
cebimento de guias de convênios, títulos compensáveis de qualquer ban-
co e do BB e tributos municipais, estaduais e federais. Também é possível
efetuar pagamento de benefícios sociais e do INSS, além de verificação de
saldo e de saque em conta corrente, poupança, recebimento e encaminha-
mento de propostas para abertura de contas correntes, cartão de crédito,
empréstimos e financiamentos.
Outras instituições também se utilizam de agências flutuantes para che-
gar até os clientes do Amazonas, como a Caixa e o Bradesco. A Caixa já reali-
zou mais de 10 mil atendimentos à população ribeirinha do Rio Solimões (AM)
desde janeiro deste ano, em uma embarcação transformada em uma agência
bancária. Durante os seis primeiros meses do projeto, foram realizados cer-
ca de 3 mil atendimentos relativos a programas sociais, como Bolsa Família,
Cartão do Cidadão, saque do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço)
e cadastramento do PIS (Programa de Integração Social). Foram abertas
1.500 contas, nas modalidades Caixa Fácil, poupança e conta corrente de
pessoa física e jurídica.
O Bradesco iniciou em 2009 as operações da primeira agência bancá-
ria fluvial do Brasil. O atendimento é feito no barco Voyager
III, um supermercado flutuante que atende a uma popula-
ção de 210 mil pessoas, em duas viagens de sete dias por
mês. O trajeto percorrido é de aproximadamente 1.600 qui-
lômetros, entre os municípios de Manaus e Tabatinga, tam-
bém no Amazonas. Nesse percurso, passa por 11 municípios
e chega a cerca de 50 comunidades ribeirinhas. A gerente
que trabalha na embarcação do Bradesco também visita re-
gularmente a população das comunidades situadas às mar-
gens do Rio Solimões para orientá-la quanto à abertura de
conta e à utilização de produtos e serviços bancários.
Bahia e Lojas Colombo. De acordo com o analista, os bancos investiram ainda na personalização do atendimento, por meio da criação das denominadas “áreas private”, além de contar com ban-cos de investimentos que permitem for-necer operações estruturadas, como de-bêntures, FDIC (fundos de investimen-to em direitos creditórios), até mesmo abertura de capital para as pessoas jurí-dicas e gestão de recursos para todos os tipos de clientes.
O crescimento da bancarização, re-sultado do aumento da formalidade do mercado de trabalho e pela melhora da renda, tem sido perseguido pelos ban-cos em todo o país, com sucesso. O nú-mero de contas correntes ativas passou de 73,7 milhões, em 2006, para 88,6 mi-lhões, em 2010, avanço de 20%. As con-tas poupança tiveram crescimento de 26,6% no período, chegando a 97,2 mi-lhões. Em volume de depósitos, o au-mento no período foi ainda mais ex-pressivo, com alta de 69,5%, segundo dados do Banco Central e da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
Mesmo assim, ainda é pouco pa-ra o potencial previsto para o mercado brasileiro. Um bom exemplo é o mer-cado de seguros. Hoje, o Brasil é o 47º colocado no ranking de prêmios per ca-pita de seguros, atrás de países como o Chile e a África do Sul. Mais um sinal de que os bancos têm espaço para en-veredar ainda mais rumo à diversifica-ção e a ganhos de escala, garantindo um crescimento sustentável pautado no mercado interno.
A PULVERIZAÇÃO DA RENDA PELO INTERIOR LEVOU BANCOS
COMO O BB A MONTAR AGÊNCIAS FLUTUANTES NO AMAZONAS
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CAPA Ranking de Bancos
O verde virou vermelho
SAÍDA DE FÁBIO BARBOSA DO SANTANDER MARCA RUPTURA DEFINITIVA COM O LEGADO DO REAL
NATALIA GÓMEZ, DE SÃO PAULO
NOS TEMPOS DE BARBOSA, O REAL TINHA UMA RELAÇÃO MAIS PRÓXIMA COM OS CLIENTES
O sinal já havia sido dado em dezembro do ano passado, quando Fábio Barbosa saiu
da função de presidente executivo do Santander para ocupar a presidência do Conselho de Administração. Mas o re-cente anúncio de que o executivo dei-xou o posto para assumir a operação da Editora Abril encerra a questão: o cor-dão umbilical que ligava o Santander ao legado do Banco Real, de onde veio Bar-bosa, está oficialmente cortado.
Três anos após os espanhóis terem adquirido o Real, prevaleceu a cultu-ra do comprador, com sua conhecida agressividade comercial, e ficou para trás o tempo da bandeira verde, ima-gem associada a Barbosa, que se dedi-cou ao Real durante 16 anos.
Quando o processo de integração dos dois conglomerados financeiros te-ve início, o discurso interno era de que
seria aproveitado o que cada banco ti-nha de melhor. Isso não valeu apenas para o Realmaster (com seu conheci-do slogan “dez dias sem juros”) e para o atendimento Van Gogh aos clientes de alta renda, que foram mantidos pelo Santander. O presidente da instituição financeira comprada também foi esco-lhido para presidir o novo grupo.
O passar do tempo mostrou, po-rém, que não seria possível preservar estilos tão diferentes. “Prevaleceu a cul-tura vermelha, espanhola”, afirma um ex-diretor do banco. A influência ficou patente após a indicação de Marcial Portela Álvarez para a presidência do banco. O executivo era vice-presidente executivo do Santander na Espanha.
O agravamento da crise no país eu-ropeu explica o maior foco da matriz no Brasil. Até o presidente mundial do grupo Santander, Emílio Botín, já dis-
se que o país será um motor do cresci-mento do banco nos próximos anos. As principais marcas do estilo Santander são a agressividade e o foco no varejo. A bandeira da sustentabilidade nos ne-gócios, que estava no DNA do Real, perdeu o protagonismo.
Na opinião do consultor Marcos Hiller, coordenador do MBA de Gestão de Marcas da Trevisan Escola de Negó-cios, o atributo da sustentabilidade não passou das mãos do Real para as do Santander, do ponto de vista dos clien-tes. “Não é uma imagem que o consu-midor associa ao banco”, explica.
A saída de Barbosa foi na hora cer-ta, segundo a consultora de empresas e professora da PUC (Pontifícia Univer-sidade Católica) de Minas Gerais Betâ-nia Tanure. “As pessoas e as empresas têm seus ciclos, e uma das inteligên-cias dos executivos está em reconhe- Fo
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cer que esse ciclo se fechou”, afirma. A consultora acaba de lançar um livro so-bre Barbosa, batizado de Os Dois Lados da Moeda em Fusões e Aquisições (Edito-ra Campus). Foram dois anos de con-versas com o executivo para concluir o projeto. Segundo Betânia, a principal marca deixada por Barbosa no banco foi o sentido de relações sustentáveis, que não se traduzem apenas em lucro, mas em uma relação de “ganha-ganha” com o cliente, o banco e a sociedade.
Aos olhos do consumidor, a troca de comando no Santander não deve ter impacto significativo, segundo o espe-cialista da Trevisan. Mas isso não sig-nifica que tudo são flores na relação entre o Santander e seus clientes. No momento, o banco enfrenta críticas do público, e um dos desafios da nova ges-tão será melhorar essa imagem. Procu-rado por AméricaEconomia, o Santander não quis comentar o assunto.
Segundo a Fundação Procon-SP, o banco foi o que menos solucionou as queixas apresentadas pelos clientes em 2010. Um levantamento aponta que 79% das 693 reclamações feitas contra o Santander não foram atendidas – ní-vel mais alto dentre as instituições fi-nanceiras. À frente do Santander es-tá apenas o grupo Carrefour (84,8%). Em terceiro lugar está o Banco do Bra-sil (78,4%), seguido por Itaú Unibanco (51,6%) e Bradesco (44,3%).
A especialista em Defesa do Con-sumidor da Fundação, Renata Reis, conta que o Santander tradicionalmen-te apresenta altos níveis de reclamação não atendida. “Já o Real sempre teve um bom perfil na relação com os con-sumidores, mas, na fusão, prevaleceu o foco do Santander”, diz.
Segundo Renata, a queixa mais co-mum dos clientes do Santander é a co-brança de tarifas atreladas ao uso da conta corrente, como a de adiantamen-
to a depositante e de excesso de limite. Ela cita o exemplo de um cliente que ha-via ultrapassado seu limite de cheque especial, fez um saque de R$ 5 e pagou uma tarifa de quase R$ 35. “Existe uma falta de proporcionalidade entre a tarifa e a operação”, explica. Outro problema é a falta de informações ao consumidor, estimulado a usar os serviços automa-tizados do banco e a não frequentar as agências, justamente onde as informa-ções sobre tarifas são publicadas.
Após a divulgação dos dados de 2010, o Procon foi procurado pelo San-tander, que quer melhorar esse qua-dro, reduzindo o número de entradas no Procon e aumentando o índice de solução das reclamações. Os resulta-dos serão divulgados nos próximos me-ses. “Esperamos que o novo presiden-te do banco acompanhe o pensamento da gestão anterior e continue a estrei-tar relações com os órgãos de defesa do consumidor”, afirma Renata.
Muitos dos problemas enfrentados pelo banco foram causados pela inte-gração tecnológica entre o Santander e o Real, segundo Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Região. A marca Real
foi extinta em novembro do ano pas-sado, e a integração tecnológica ocor-reu em fevereiro deste ano, com mui-tos problemas técnicos e reclamações de clientes e funcionários.
Na visão da sindicalista, apesar de ter levado três anos para ser concluí-do, o processo foi feito com muita rapi-dez. “O sindicato sugeriu que o banco fizesse a transição por partes para evi-tar transtornos, mas isso aconteceu de uma só vez. O resultado foi uma situa-
ção caótica”, conta. Algumas das re-clamações incluíam erros em endere-ços para correspondência e em saldos das contas, que, em alguns casos, apa-receram zerados. Os funcionários do banco não sabiam dar explicações so-bre os problemas.
Na relação com os funcionários, um dos pontos em discussão é o traba-lho dos caixas das agências na venda de produtos, como seguros e cartões de crédito. Segundo Juvandia, esse proble-ma não é exclusividade do Santander, mas o banco é o que mais tem gerado reclamações de funcionários. “O cai-xa não tem condições de atender a fila e ainda vender produtos”, afirma.
As respostas dadas pelo Santander a tantos desafios, após a saída de Bar-bosa, ajudarão o mercado e os clien-tes a conhecer o perfil do banco, agora mais próximo de suas origens, e a saber qual é sua maneira de fazer valer o slo-gan “Vamos fazer juntos?”.
Três anos após a aquisição do Real, prevaleceu a cultura do comprador, com sua conhecida agressividade comercial
BOTÍN, DO
SANTANDER,
ESPERA QUE
O BRASIL SEJA
O MOTOR DE
CRESCIMENTO
DO BANCO
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opinião
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A crise financeira se aprofundou nos últimos meses. Bolsas caíram e juros soberanos europeus subiram, assim como os indicadores tradicionais de aversão a
risco, como o VIX, que mede a volatilidade implícita da bolsa americana. Além das preocupações com a sustentabilidade da dívida pública nos países centrais, o mercado começou a flertar com o risco de uma nova crise no sistema financeiro in-ternacional. Ações de bancos americanos e europeus caíram fortemente, e seus spreads de crédito se deterioraram.
O movimento trouxe de vol-ta o fantasma da crise de 2008,quando a situação dos bancos provocou um congelamento do mercado de crédito internacio-nal. De fato, a crise de dívida externa machuca a atividade econômica, mas o travamento do crédito global pode empur-rar a economia para uma re-cessão tão abrupta e profunda como a vivida em 2008.
Três anos atrás, o catalisa-dor da crise financeira foi a que-bra do banco americano Leh-man Brothers. O fato deu a sen-sação ao mundo de que todo osistema financeiro dos Esta-dos Unidos poderia entrar em colapso. Desta vez, o olho do furacão está do outro lado do Atlântico. Por anos, bancos privados europeus financiaram os governos de Grécia e Portu-gal. Hoje, com esses países à beira da bancarrota, o mercado passa a duvidar da saúde dessas instituições financeiras.
Há solução? Sim, mas en-volve a necessidade de maior coordenação política na zona do euro. Em primeiro lugar, é preciso reconhecer a insolvência de alguns estados nacionais e, rapidamente, partir para uma estratégia mais ousada de rees-truturação financeira. Ao mesmo tempo, deve-se recapitalizar o sistema financeiro para que não haja receio de que alguma instituição de porte relevante interrompa suas funções.
Segundo contas do FMI apresentadas em seu último “World Economic Outlook” (disponível no www.imf.org), a necessidade de capital dos bancos europeus gira em torno de € 200 bilhões. Essa recapitalização tende a ser feita por meio do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês), mas, para tal, é preciso a aprovação unânime de todos os parlamentos da zona do euro. Daí a necessidade de coordenação política.
Caso a crise global evolua para um cenário de credit crunch nos moldes do observado na esteira da quebra do Lehman Brothers, os impactos sobre a economia global serão tão in-tensos como em 2008? Por um lado, o setor privado global está menos endividado. E preços de ativos importantes, como imó-veis nos EUA, já experimenta-ram importante correção. Por outro, as economias do G3 têm pouca munição para suportar uma nova onda recessiva, dado que as taxas de juros já estão praticamente zeradas e o alto endividamento público não dá muita margem de manobra pa-ra política fiscal. Dessa forma, o impacto sobre o crescimento global tende a ser amortecido pelo menor endividamento das famílias e das empresas, mas pode ser mais duradouro.
O agravamento da crise global sugere que 2012 pode ser um ano difícil. Mesmo que o quadro de estresse financeiro descrito acima não se materia-lize, no mínimo teremos um ano de crescimento mundial
baixo. E com impactos sobre a economia brasileira, como sugere o nervosismo no mercado cambial. Temos um mer-cado consumidor amplo e um bom pipeline de investimentos, o que tende a sustentar uma boa taxa de crescimento ao longo dos anos, além de instrumentos de política econômica eficientes para incentivar a demanda doméstica – como as taxas de juros, que o Banco Central começou a cortar mesmo com a inflação corrente ainda pressionada. Mas talvez não escapemos de passar apertado por alguns trimestres, como na virada de 2008 para 2009.
CAIO MEGALE é mestre em Economia pela PUC-Rio e economista do Itaú BBA ([email protected]).
O fantasma de 2008
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A R T E D E F A Z E R C H U R R A S C O
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FINANÇAS Investimentos
Brasileiros descobrem o TesouroEM BUSCA DE MAIS RENTABILIDADE, INVESTIDORES OPTAM PELA APLICAÇÃODIRETA EM TÍTULOSDO GOVERNO
ANA BORGES, DE SÃO PAULO
O fraco desempenho da Bolsa de Valores, a desvalorização do dólar frente ao real, as ele-
vadas taxas de juros no Brasil e a alta da inflação são alguns dos fatores que fize-ram o Tesouro Direto despontar como o investimento do ano. Por meio desse mecanismo, investidores pessoas físi-cas podem comprar títulos públicos pe-la internet, por intermédio de um banco ou de uma corretora, sem precisar apli-car em um fundo de investimento. “No cenário atual, marcado por muitas in-
certezas, a renda fixa é o grande por-to seguro. O Tesouro Direto, portanto, tornou-se a alternativa do ano”, diz o economista Roberto Troster.
O Tesouro Direto é um ambiente integrado de compra, venda, liquida-ção e custódia de títulos públicos por pessoas físicas. Ele só pode ser acessa-do pela internet e funciona em parce-ria entre o Tesouro Nacional e a CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia)/BM&FBovespa.
Somente nos seis primeiros me- Foto
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ses de 2011, o volume de vendas de tí-tulos públicos aumentou 82%, de qua-se R$ 1 bilhão para R$ 1,8 bilhão. O estoque total de títulos públicos nas mãos dos investidores atingiu a mar-ca inédita de R$ 6 bilhões em junho deste ano. No fim de 2010, o estoque total somava R$ 4,65 bilhões. Em ju-lho, os títulos remunerados por índi-ces de preços (como o INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor)responderam pelo maior volume no estoque, alcançando 50,16%. Na sequên-
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cia, aparecem os títulos prefixados, com participação de 35,98%. Já os tí-tulos indexados à taxa Selic ficaram com 13,85%.
São dois os tipos de investidores que estão colocando seus recursos em títulos públicos. Uma parte da migra-ção vem daqueles que fogem da renda variável, por causa do desempenho ne-gativo do mercado acionário e da for-te volatilidade. Existem também os investidores que nunca acessaram o home broker para a compra de títulos ou ações, mas buscam obter uma rentabi-lidade melhor sem perder a segurança. Para esses, o Tesouro Direto tem sido a saída. “Quando conhecem o Tesou-ro Direto, as pessoas se interessam bas-tante, pois a rentabilidade é maior que a da poupança, e o risco é baixo”, ex-plica o gestor do Renatrader, platafor-ma de investimentos da Corretora Re-nascença, Eric Cardoso.
O levantamento (veja abaixo) rea-lizado pela Socopa Corretora sobre a rentabilidade da compra direta de três tipos de títulos (são cinco modalida-des) em comparação com a poupan-ça comprova o motivo da euforia de quem descobre o Tesouro Direto. Se-gundo a pesquisa, quem investiu R$ 10mil na poupança, em 30 de agosto de 2009, por exemplo, resgatou, dois anos depois, o valor de R$ 11.508,59. Já o mesmo valor em NTN-B (Notas do Tesouro Nacional Série B – títulos in-
dexados ao IPCA) levou a um resga-te bruto de R$ 13.196 e líquido (des-contada a inflação) de R$ 12.637,01. As LTNs (Letras do Tesouro Nacio-nal – títulos prefixados) proporciona-ram resgate líquido de R$ 11.896,73, e as LFTs (Letras Financeiras do Te-souro – títulos indexados à taxa Selic),de R$ 11.745,42.
“Mesmo com o pagamento de im-posto de renda, os ganhos com qual-quer um dos títulos do Tesouro foram maiores”, observa Rogério Manente, gerente de Home Broker da Socopa Cor-retora. Esse é um dos motivos para o aumento da visibilidade do investimen-to em títulos. “Há uma migração notá-vel de investidores que saem da pou-pança e do CDB para o Tesouro Direto. No nosso caso, o número de novos in-vestidores em Tesouro Direto pratica-mente dobrou nos últimos 12 meses”, lembra Manente.
CRESCIMENTO EXPRESSIVOSegundo os dados mais recentes do Te-souro Nacional, o total de investidores cadastrados ao fim de julho chegou a 252.729, o que representa um aumen-to de 28,20% nos últimos 12 meses. Somente em julho, 5.604 novos parti-cipantes se cadastraram no Tesouro Di-reto. A utilização do programa por pe-quenos investidores pode ser observada pelo elevado volume de vendas de até R$ 5 mil, cuja participação concentrou 58,37% do total aplicado em julho. O valor médio por operação, naquele mês, foi de R$ 13.739. Para ingressar não é preciso investimento elevado, ou seja, com apenas R$ 100 um investidor já po-de experimentar a plataforma.
“O crescimento está relacionado ao cenário de juros elevados, que aumen-ta a rentabilidade dos títulos públicos, e à campanha das corretoras, da Bol-sa de Valores e do próprio Tesouro pa-ra incentivar o ingresso das pessoas fí-sicas”, afirma Cardoso, do Renatrader. O programa teve mais visibilidade de-pois das campanhas.
A facilidade de acesso é outro di-ferencial do Tesouro Direto. Desde 2009, há a integração entre os siste-mas de negociação eletrônica de ações (home broker) com o de títulos públicos. Dessa forma, o investidor que aplica em bolsa via home broker não precisa deixar o sistema para comprar títulos públicos. “É uma grande facilidade en-trar e operar no Tesouro Direto. O sis-tema é muito explicativo”, afirma o ge-rente de Home Broker e Tesouro Direto da Capital Markets, David Marques.
As corretoras oferecem apoio para o investidor que pretende começar,
POUPANÇA 11.508,59 – – – – 11.508,59 – 15,09 15,09
CDB PÓS 90% CDI 11.909,85 – 286,48 – – 11.623,38 – 19,10 16,23
TESOURO DIRETO – LFT 12.143,36 – 321,50 10,00 66,43 11.745,42 07/03/2014 21,43 17,45
TESOURO DIRETO – LTN 12.322,00 – 348,30 10,00 66,97 11.896,73 01/01/2012 23,22 18,97
TESOURO DIRETO – NTN-B PRINC. 13.196,00 – 479,40 10,00 69,59 12.637,01 15/05/2015 31,96 26,37
Opção atraenteRendimento do tesouro direto é bem maior que poupança e CDB
Data aplicação: 30/08/2009 | Data resgate: 30/08/2011Valor aplicado: R$ 10 mil
* Em reais
Fonte: Socopa Corretora
InvestimentoTaxa deoperação*
Taxa decustódia*
Valorlíquido*
Correção em valorlíquido (%)
Valorbruto*
Correção em valorbruto (%)VencimentoIOF IR*
82%foi o aumento
de títulos negociados no
primeiro semestre
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92 AméricaEconomia Outubro, 2011
FINANÇAS Investimentos
mas não recomendam qual tipo de títu-lo deve ser adquirido. Ao investidor ca-be gerenciar seus investimentos por meio da escolha de títulos de curto, mé-dio ou longo prazo e o tipo de rendimen-to (inflação, taxa Selic ou prefixados com alta liquidez). O primeiro passo é fazer um cadastro nas instituições fi-nanceiras e ter acesso à plataforma de negociação via home broker. Assim, é possível comprar e vender títulos.
PARA LEIGOSPara tomar suas decisões, o investidor não precisa ser um especialista em fi-nanças, mas é indicado que faça um acompanhamento da conjuntura econô-mica, principalmente no que diz respei-to às taxas de juros e à inflação. O ris-co do investimento é baixo e, para quem não quer ter surpresas como a última redução da Selic (taxa básica de juros), que diminuiu a rentabilidade das LFTs, o ideal é buscar os prefixados. “Muitos investidores preferem os títulos prefixa-dos, pois sabem exatamente a rentabili-dade que terão. Comprar diretamente os títulos do Tesouro é muito mais transpa-rente do que aplicar em um fundo de in-vestimento”, avalia Marques.
As taxas de administração e custó-dia são baixas, e o IR é cobrado só no momento de venda ou vencimento do título. Isso significa que o valor que se-ria pago de IR renderá enquanto o in-vestimento for mantido. Após a data de vencimento, o investimento é creditado automaticamente na conta do aplica-
dor. “Não existe o famoso come cotas, como ocorre com os fundos de investi-mentos”, ressalta Cardoso.
A alíquota de IR depende do tempo do investimento. Quanto maior o pra-zo, menos imposto será cobrado. O tri-buto varia de 22,5% a 15%. Para aplica-ções de até seis meses, o IR é de 22,5%. Entre seis meses e um ano, a alíquota cai para 20%. De um ano a dois anos de prazo, a tributação é de 17,5% e, aci-ma de dois anos, cai para 15%.
Em relação à liquidez, Cardoso lem-
bra que não são todos os dias que o in-vestidor pode se desfazer dos títulos. “A recompra é garantida com rentabilida-de proporcional ao período que o inves-tidor ficou com os títulos, mas os leilões ocorrem uma vez por semana”, relata. O Tesouro Nacional garante a recompra do seu título todas as quartas-feiras.
Para as corretoras, o acesso de no-vos investidores ao Tesouro Direto é um movimento benvindo, pois par-te significativa desses clientes recorre também a outros tipos de aplicações, como o mercado de ações. “No caso da Socopa, 20% dos clientes que come-çam com Tesouro Direto optam tam-bém por ações. Essa é uma forma de conhecer o home broker”, diz Manente. Por esse motivo, algumas decidiram não cobrar taxa de corretagem para es-sas operações.
Existem três taxas cobradas pelo sistema. A primeira é no ato da com-pra (0,1% sobre o valor da operação), há ainda a taxa de custódia (0,3% ao ano sobre o valor dos títulos). Em terceiro estão as taxas de serviços cobradas pe-los agentes de custódia.
R$ 100é o valor mínimo para quem quer
investir em Tesouro DireitoFo
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PARA MANENTE, DA SOCOPA, (À ESQ.) E CARDOSO, DO RENATRADER, O ATUAL CENÁRIO
ECONÔMICO É O QUE MAIS ATRAI
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Master
Platinum Afiliado à RealizaçãoApoioGold
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PREVISÃO DE AUMENTO DE 500% NAS VENDAS MUNDIAIS DE TABLETS ATRAI EMPRESAS QUE DESENVOLVEM SOLUÇÕES PARA O MERCADO FINANCEIRO
PREVISÃO DE AUMENTO DE 500%NAS VENDAS MUNDIAIS DETABLETS ATRAI EMPRESAS QUE
Ganhos portáteis
D e olho na febre causada pelo lançamento dos ta-blets da Apple, trazidos ao Brasil pela primeira vez em 2010 e disseminados também pelas mãos de outros fabricantes, empresas ligadas ao merca-
do financeiro têm oferecido soluções aos clientes que querem controlar seus investimentos por meio da famosa prancheta. O raciocínio é simples: quanto mais rápida for a decisão do
GRAZIELE DAL-BÓ, DE SÃO PAULO
investidor de aplicar ou desinvestir, menos perda – ou mais ganho – ele terá. A possibilidade de oferecer aos clientes uma maneira mais rápida de comprar ou se desfazer de ativos foi a linha de partida da brasileira CMA, uma das líderes no se-tor de softwares de negociação eletrônica no mercado finan-ceiro brasileiro, ao criar um home broker (sistema que permi-te negociar de ações via internet) para tablets.
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Outubro, 2011 AméricaEconomia 95
Lançada no mês passado, a novidade possibilita ao in-vestidor acessar todos os aplicativos da plataforma de nego-ciação, com gráficos, análises e notícias, tudo atualizado em tempo real, além de permitir a adaptação do layout. “Basta o investidor abrir a tela e, com apenas um toque, a bolsa de valores estará em suas mãos, em qualquer lugar do mundo em que ele estiver”, diz Raphael Juan, diretor de Produtos e
Mercados da CMA. Para o executivo, já não há mais como desenvolver uma tecnologia sem considerar o funcionamen-to também nesses equipamentos.
Ao analisar os números das consultorias que acompa-nham o setor, é possível dimensionar a afirmação do executi-vo. Estudo da Gartner mostra que o número de tablets vendi-dos deve passar das 17,6 milhões de unidades, em 2010, para 108,2 milhões, em 2012 – um salto de 500%. Nesse mesmo período, o avanço na comercialização de PCs será bastante inferior, de 23%. Somente no Brasil, segundo dados da con-sultoria IDC, serão vendidos 400 mil tablets em 2011.
A expectativa de Juan, da CMA, é vender 500 sistemas para tablets até o final do ano, ao custo mensal de R$ 20 cada um. Junto do home broker, a empresa também lançou outras soluções voltadas às corretoras e aos bancos, em um investi-mento de R$ 53 milhões. Um dos focos da CMA é o mercado latino-americano. Segundo o diretor da companhia, a parti-cipação de países como Peru, Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai na receita do grupo deve passar dos atuais 8% para algo entre 20% e 30% até o final do ano. A fabricante tam-bém atua nos mercados americano e europeu. “Não pode-mos desperdiçar o bom momento da economia latino-ame-ricana”, resume o executivo.
Nesse cenário de tecnologias móveis voltadas à área fi-nanceira, o Brasil tem papel fundamental. Isso porque o go-verno defende incentivos fiscais e políticas para atrair a pro-dução local de tablets por meio da inclusão dessa indústria na Lei do Bem, que reduz a zero as alíquotas referentes ao PIS/Cofins. A MP (Medida Provisória) só depende da sanção pre-sidencial. Para receber os benefícios, as empresas terão de se comprometer a um conteúdo nacional de 20% no início da produção e de 80% em três anos. Conforme cálculos do mi-nistro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, os preços dos tablets devem cair 40% com a isenção de 31% de impostos federais e a redução de taxas estaduais e municipais.
APOSTA NO BRASILCom um mercado ainda embrionário, o Brasil se tornou des-tino certo de empresas como a chilena Belltech, que tem aqui um de seus países-chave para aumentar as receitas do grupo. Em parceria com a BT, a empresa lançou recentemente no mercado brasileiro o iTrade, plataforma de negociação dire-cionada a corretoras, bancos e bolsas de valores que reúne em uma única página de internet todo o histórico do cliente. “O trader [operador de mesa] poderá ter acesso a todo o perfil do cliente, como seus últimos negócios e os setores nos quais prefere investir. E isso poderá ser feito por meio de um no-tebook, de um tablet e até de um smartphone. As informações aparecerão na tela”, explica o chileno David Vaizer, diretor de Contas Regionais da Belltech.
A companhia, que tem operações na Argentina, no Chile, na Colômbia e no Peru, desembarcou aqui no ano pas-sado e tem previsão de atingir um faturamento anual de
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R$ 20 milhões no país até 2015. O valor é um quarto do total de vendas da Belltech em 2010, que chegou a R$ 85 milhões. Metade dessa quantia vem de produtos voltados ao mercado financeiro – a empresa também atua no varejo e em serviços. O desenvolvimento de ferramentas para os aplicativos móveis é um dos focos da Belltech para o segmento financeiro.
Quando o empresário Abilio Diniz anun-
ciou que teria o apoio financeiro do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvi-
mento Econômico e Social) para juntar
o Grupo Pão de Açúcar com o Carrefour
no Brasil, foi um Deus nos acuda. As crí-
ticas concentraram-se no fato de o ban-
co ter planos de ajudar, indiretamente,
uma companhia estrangeira.
Recentemente, ouviu-se uma pro-
messa muito parecida. O ministro Aloi-
zio Mercadante, de Ciência e Tecnologia,
disse que o BNDES poderá se tornar só-
cio da Foxconn, gigante de tecnologia de
Taiwan. Até o fechamento desta edição,
o BNDES ainda não havia confirmado se
entraria de fato no negócio. O assunto é
conduzido pelo ministério.
Vale relembrar o começo dessa his-
tória. Em abril, na primeira viagem oficial
internacional da presidente Dilma, hou-
ve um estardalhaço em torno do anún-
cio de que a Foxconn fabricaria tablets
da Apple no Brasil a preços atraentes. Pa-
“Os dispositivos portáteis vivem uma explosão entre os usuários finais. O próximo passo é conquistar o mercado corporativo, e a indústria financeira é muito importante nes-se novo cenário. O uso e os aplicativos têm uma flexibilidade tremenda, e estamos convencidos de que a gestão dos negó-cios será importante e um fator-chave”, afirma Vaizer.
ra isso, investiria um caminhão de dóla-
res – primeiro falou-se em US$ 8 bilhões,
depois, em US$ 12 bilhões. Cifras estra-
tosféricas, que não são vistas nem em in-
dústrias de capital intensivo. Seriam con-
tratados 100 mil trabalhadores.
Nos últimos meses, Mercadante tem
feito campanha em prol dos tablets. Pri-
meiro, disse que, em setembro, o Brasil
teria os primeiros produtos de fabrica-
ção nacional. Depois, afirmou que es-
te seria o Natal dos equipamentos. A úl-
tima do ministro foi a “forcinha” que se
pretende dar à Foxconn por meio do
BNDES.
A empresa de Taiwan tem na sua car-
teira clientes como Apple, Nokia, Moto-
rola e Huawei. Na unidade de produção
no interior de São Paulo, produz celu-
lares. Os acionistas pressionam por re-
sultados melhores. Não será uma tarefa
fácil. Afinal, a Foxconn tem lidado com
o crescimento dos gastos e dos confli-
tos trabalhistas. A companhia enfren-
tou, no ano passado, uma onda de suicí-
dios em suas fábricas. Foram 17 mortes
e pelo menos uma dezena de tentativas.
Neste ano, ocorreram mais duas mortes.
Terry Guo Tai-ming, CEO da Foxconn, de-
clarou na época que sua empresa “não é
nenhuma fábrica exploradora”.
Ativistas protestaram em frente à se-
de da empresa, em Hong Kong, exibin-
do cartazes com dizeres como “suicídio
não é acidente”. O estresse profissional
teria sido desencadeado por longos tur-
nos de trabalho, pela velocidade da linha
de produção e pela disciplina militar im-
posta nas fábricas.
Roberto Mayer, vice-presidente da
Assespro (Associação das Empresas
Brasileiras de Tecnologia da Informa-
ção), critica a ideia de financiar a Fox-
conn: “Se há dinheiro, que seja dado a
uma empresa brasileira. Há muitas que
precisam desse tipo de incentivo para
expandir seus negócios e competir com
os estrangeiros”.
Em entrevista dada no ano passado
ao The Wall Street Journal, o Brasil não
era uma das prioridades da Foxconn. O
presidente Terry Gou Tai-ming falou da
forma como os empregados da Foxconn
trabalham no Brasil: “É um país fantásti-
co, eles [os brasileiros] têm muitos mi-
nerais e a Amazônia, o que lhes confere
um grande potencial hidrelétrico. Mas
os brasileiros, bem, tão logo eles ouvem
a palavra ‘futebol’, param de trabalhar.
E há também toda aquela dança. É ma-
luco. Então, o Brasil é um lugar OK para
produzir para o mercado local, mas, pa-
ra produzir coisas para o mercado ame-
ricano, é mais barato e rápido fazer isso
a partir da China”, disse.
Mas com dinheiro alheio, fica bem
mais fácil mudar de opinião.
Tapete vermelho para a FoxconnPaula Pacheco, de São Paulo
OS SUICÍDIOS NA FOXCONN
DESENCADEARAM PROTESTOS
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opinião
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P ouca gente se lembra dos índices de avalia-ção do Brasil em janeiro de 2003. A Bol-sa de Valores começava, no início daquele
ano, na casa dos 11.200 pontos. A taxa Selic era de 25%. No começo do governo Lula, vimos uma elevação da Selic logo na primeira reunião do Copom, além do aumento da meta do superávit primário. O Risco Brasil, naquela época, superou os 2.400 pontos.
Quando analisamos a situação atual, perce-bemos uma imensa melhora. O que não quer dizer que não exista espaço para melhorar mais.
Em uma reunião ministerial no começo daquele ano, fiz uma aposta com o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sobre quando o Risco Brasil cairia para 1.000 pontos, depois para 600 pontos, até chegar aos 400 pontos.
O ministro, com aquele jeitão que todo mundo conhece, não quis assumir nenhum risco fazendo previsões. Mas eu propus que nós estourássemos uma garrafa de champanhe quando o país cruzasse os 1.000 pontos. E, à medida que os outros patamares fossem atingidos, a qualidade do champa-nhe seria melhorada.
Quando o Risco Brasil chegou aos 400 pontos, em janeiro de 2004, eu já tinha comprado uma garrafa de champanhe para comemorar, com direito a foto ao lado do presidente. O registro foi feito pelo fotógrafo oficial da presidência. Mas o ministro da Fazenda preferiu segurar a foto por seis meses até mandar uma cópia para mim. Ele tinha receio de que a imagem vazasse e o Risco Brasil, depois, voltasse repicando, colocando a credibilidade do governo em risco. O mercado poderia pensar: “Está vendo, comemoraram algo que não se sustentou”.
A expectativa daquela ocasião se confirmou com o passar do tempo. No começo de 2007, o Risco Brasil estava na casa dos 190 pontos e, hoje, apesar de toda essa crise, está pouco acima dos 250 pontos. Certa vez, o presidente disse que nós tínhamos de buscar uma taxa real de juros de um dígito. Um belo dia, o ministro da Fazenda anunciou que havia chegado lá. O presidente perguntou: “Quanto?” A resposta foi 9,9%. Singelamente, Lula falou que 9,9 não era um dígito. Mas sim quando chegasse a 9. Hoje, nós temos uma taxa real de juros
perto de 6%. A presidente Dilma falou recentemente que há condições para que o Brasil alcance uma taxa real de juros entre 2% e 3% até o fim de 2014.
Quando desembarcamos na Índia, em 2004, o primeiro--ministro disse que o país tinha reservas externas de US$ 100 bilhões. E todos nós ficamos imaginando quando o Brasil chegaria a ter uma reserva daquelas. Pois é, hoje, nós temos reservas de US$ 350 bilhões, e crescendo. Mas há quem continue raciocinando como se o Brasil fosse o mesmo país de anos atrás.
Ao olhar para os juros, nós temos de enxergar o futuro com ousadia e confiança. O que obriga o Brasil, hoje, a ser campeão de taxa real de juros? Melhor olhar o problema a partir de outra perspectiva. Nós, provavelmente, temos hoje a menor inflação entre os países do Bric. A Índia tem inflação maior que a nossa, a Rússia vem sistematicamente registran-do inflação maior que a nossa. O mesmo se pode dizer sobre o índice chinês, muito parecido com o nosso.
Agora, analise as taxas reais de juros nesses quatro países. Elas são substancialmente menores que as nossas. Há algo errado. O que obriga o governo brasileiro a pagar US$ 500 milhões de juros por dia? Esse dinheiro, certa-mente, seria mais bem empregado no equilíbrio das contas públicas, ou em áreas importantes, como educação, saúde e infraestrutura.
Está na hora de dar os passos seguintes. Se nós, hoje, somos vistos como um país com credibilidade, se estamos cumprindo metas de superávit primário, se essa questão da inflação, embora alta, está dentro de um contexto do qual fazem parte outros países, como Coreia do Sul e Estados Unidos, é preciso olhar o entorno e analisar o que acontece também com os países comparáveis.
A inflação vai cair, e um dos indutores dessa inflação mais baixa pode ser a redução da taxa de juros. Mas é preciso agir com coragem e ousadia.
LUIZ FERNANDO FURLAN foi ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2003/2007).
Coragem e ousadia
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