84

Click here to load reader

Nº 392 Edição Brasil

Embed Size (px)

DESCRIPTION

AméricaEconomia: Revista de Economia e Negócios Latino-americana

Citation preview

Page 1: Nº 392 Edição Brasil

ancoe Chile

nesco

Vo

tora

nti

m

Banco do Brasil

BC

IBancolombia Crédito

DaviviendaBanco do NordesteIn

bu

rsa

BB

VA

MAI

ORES

E M

ELHO

RES

BANC

OS D

A AM

ÉRIC

A LA

TINA

Nº 3

92

Outu

bro/

2010

Amér

icaE

cono

mia

Futurecom: feira destaca inovações em banda larga

BRASIL www.americaeconomiabrasil.com.br

No 3

92

OU

T./2

010

R

$ 8

,90

ItaúBanco Estado

Cai

xa

Eco

mic

a Fe

der

al

Santander

BBVA Bancomer

BanamexMercantil del Norte

Safra

Banco de Chile

Bra

des

co NaciónCitibank

HS

BC

DESAFIOS DO CRESCIMENTOA MISSÃO DO NOVO PRESIDENTE

ARGENTINAGOVERNO PERDE PODER

FUNDOS DE PENSÃODIVERSIFICANDO ATIVOS

BANCO DO BRASIL REASSUME LIDERANÇA DO RANKING E BUSCA

OPORTUNIDADES NO EXTERIOR

MAIORES250da América

LatinaBANCOS

AE 392 capa.indd 1 9/24/10 3:42:12 AM

Page 2: Nº 392 Edição Brasil
Page 3: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 3

nesta edição

Seções Portal

Carta ao Leitor

Cartas

Índice de Empresas

Pistas

Negócio Fechado

Movimentos

Opinião – Caio Megale

I-biz

Clics & Chips

Opinião – Humberto Mariotti

Linha Direta

04 06 08 08 10 12 26 56 76 78 80 82

Negócios Vinhos

Concha Y Toro ao gosto do Manchester United

Biodiversidade

Falta de marco legal prejudica negócios

Aviação

Mercado foca na América Latina

141822

Debates Economia

Os desafi os do próximo governo

Argentina

A queda de braço entre a presidente e o Congresso

Mercosul

Bitributação com os dias contados

626668

Finanças Fundos de pensão

Diversifi cando a carteira de investimentos58

Imag

ens:

mon

tag

em d

e D

enis

S. C

ard

oso

ESPECIAL Bancos Os Melhores e Maiores da América Latina

Banco do Brasil reassume liderança

Balanço do ranking

Instituições mostram força depois da crise

Os 25 melhores

Santander Chile se mantém no topo

Os 250 maiores

Brasileiros novamente são destaque

Bancos verdes

Projetos sustentáveis em foco

3642434854

ESPECIAL Telecomunicações Futurecom

Banda larga é estrela principal70

66

40

AE 392 nesta ediao V2.indd 3 9/24/10 4:43:54 PM

Page 4: Nº 392 Edição Brasil

4 AméricaEconomia Outubro, 2010

portal

Foto

: SX

C c

om

mo

nta

gem

de

Den

is S

. Car

do

so; I

lust

raçã

o: D

enis

S. C

ard

oso

LEIA NO PORTALEDIÇÃO: AINÁ VIETRO ([email protected])

www.americaeconomiabrasil.com.br

Siga o site da AméricaEconomia no Twitter: twitter.com/AEBrasil

No topo dos investimentosA ONU apontou o Brasil como o terceiro país em que as empresas mais pretendem investir até 2012. A pesquisa, feita com 236 multinacionais e 116 agências de promoção de investimentos, foi anunciada durante reunião da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). A China ficou em primeiro lugar, indicada por mais de cem empresas, seguida pela Índia. O Brasil teve 70 indicações. Segundo o Banco Central, o país já recebeu US$ 14,7 bilhões só nos primeiros sete meses de 2010.

Menos fomeEm artigo para AméricaEconomia, José Graziano da Silva, representante da Or-ganização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) na Amé-rica Latina e no Caribe, comenta o relatório da FAO que indica a primeira queda no número de pessoas subnutridas no mundo nos últimos 15 anos. Ele aponta, porém, que a América Latina, que tem a produção agropecuária como motor de crescimento, sofre o paradoxo de ter 29,5% da população rural como indigente.

TV paga para todosMais de 28 milhões de brasi-leiros têm acesso à TV paga no país. Isso significa 15,1% da população, de acordo com a Agência Nacional de Teleco-municações (Anatel), ou 8,6 milhões de domicílios com TV por assinatura. O maior crescimento é registrado na TV paga via satélite, que tem abrangência de 42,2%. A TV a cabo, no entanto, ainda es-tá na liderança, com 53,9% do mercado.

A classe média não para de crescer no país. A pesquisa “A Nova

Classe Média: O Lado Brilhante dos Pobres” – divulgada pela Funda-

ção Getulio Vargas (FGV) – mostra que 29 milhões de pessoas migra-

ram para a classe C entre 2003 e 2009. Desse total, mais de 3 milhões

cruzaram a fronteira entre 2008 e 2009, momento em que o mundo

atravessava a fase mais aguda da crise financeira. O pesquisador Marcelo

Nery, que comandou o estudo, diz que essa camada, com renda entre R$

1.126 e R$ 4.854, representa mais da metade da população brasileira, e seu

poder de compra só tem aumentado. O levantamento foi feito com base

em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mais brasileiros na classe média

AE 392 portal2 V1.indd 2 9/23/10 10:33:35 PM

Page 5: Nº 392 Edição Brasil
Page 6: Nº 392 Edição Brasil

carta ao leitor

6 AméricaEconomia Setembro, 2010

Os mais robustos da América Latina

A tivos de quase US$ 3 trilhões (no ano fechado em 31 de ju-

nho) e um crescimento de 14% em relação ao período an-

terior e muito acima do alcançado antes da crise. De fato, os ban-

queiros latino-americanos não têm do que se queixar. Esta edição

de AméricaEconomia que você tem em mãos traz o Ranking dos

250 Maiores Bancos da América Latina, estudo realizado anual-

mente pela empresa AméricaEconomía Intelligence. Os resulta-

dos do ranking demonstram que as fi nanças da região estão mais

sólidas e menos vulneráveis às pressões econômicas. O estudo

revela também as 25 instituições fi nanceiras que apresentaram

o melhor desempenho.

Transformando a crise em oportunidade, o Banco do Brasil

reassume a liderança do ranking e se consagra como o maior

banco da América Latina. Com um total de US$ 362 bilhões em

ativos, o BB foca sua estratégia na internacionalização e mira

mercados como África, América do Sul e Estados Unidos.

Além do excelente desempenho do Banco do Brasil, as de-

mais instituições fi nanceiras no país não decepcionam e ocupam

as cinco primeiras posições no estudo.

O fi m da bitributação no Mercosul, as perspectivas para o

mercado de aviação na América Latina, os desafi os econômicos

do próximo presidente brasileiro e a queda de braço na Argentina

entre a presidente e o Congresso são outros temas desta edição.

Aproveite a leitura.

José Roberto Maluf

ASSINATURAS Central de AtendimentoTel: 55 11 3512-9492, de 2a a 6a feira, das 9h às 18h. Site: www.assineamericaeconomia.com.br. Atendimento: www. assineamericaeconomia.com.br/faleconosco. Cartas: Rua Ferreira de Araújo, 202 – 12o andar – CEP 05428-000 – São Paulo/SP Valores de assinatura: Por 1 ano: R$ 96,00 / Por 2 anos: R$ 170,90

Pagos em até 5x no cartão de crédito ou em até 3x no boleto bancário (preço válido para as vendas realizadas pela Central de Atendimento e pelo website da revista). Exemplares anteriores: solicite diretamente ao jornaleiro.

Em caso de descontinuação da publicação, a Spring Editora-Produtora LTDA. garante aos assinantes desta publicação a restituição, em reais, da parte do valor já pago correspondente aos exemplares não entregues, devidamente corrigida monetariamente. Ao fazer sua assinatura, exija a credencial do vendedor e pague sempre com cheque nominal, mediante recebimento da primeira via de nosso pedido de assinatura.

PUBLISHERJosé Roberto Maluf

CONTEÚDODiretora de Redação: Tatiana EngelbrechtEditora Executiva: Solange MonteiroDiretora de Arte/Projeto Gráfi co: Janaína DinizEditor-assistente: Luís Eduardo LealRepórter: Graziele Dal-BóEditora do Site: Ainá VietroRevisão: Assertiva Produções EditoriaisProdução Gráfi ca: Eduardo KepplerInfografi a: Anna Luiza Aragão Colaborador: Denis S. Cardoso (assistente de arte)

COMERCIALIZAÇÃO Diretor Comercial: Mauro Machado – [email protected] de Contas: Nagibe José Adaime – [email protected]ério Ferreira – [email protected]

MARKETINGMarcia Leonardi, Elisangela Silva e Rafael Borsanelli

ADMINISTRATIVO/FINANCEIRODiretor Executivo: Eduardo Colturato Gerente Financeiro: Edison Arduino

CIRCULAÇÃOGabriela Beraldo

Pré-impressão: First PressPeriodicidade: Mensal (Outubro de 2010)CTP, impressão e acabamento: IBEP Gráfi ca

Circulação auditada por:

SPRING EDITORA-PRODUTORARua Ferreira de Araújo, 202, 7o andar – CEP: 05428-000 São Paulo/SP – Tel.: 11 3097-7666Site: www.springcom.com.brE-mail: [email protected]

AMÉRICAECONOMÍA INTERNACIONALDiretor: Elias Selman CarranzaVice-presidente Executiva: Gloria Landabur C.Diretora Internacional de Marketing: Mica Selman Diretor Editorial: Felipe Aldunate M.Editores: Fernando Chevarría (Lima), Juan Pablo Rioseco e Víctor Herrero (Santiago), Karen Correa e Pamela Velasco (Guaiaquil)Diretor de Arte: Álvaro Araya Urquiza Editor de Fotografi a: Miguel CandiaDiretor de Circulação: Marcial DelcortoGerente de Produção: Constanza del Río Moreno

AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE(Estudos e Projetos Especiais)Diretor: Jaime Contreras SoriaPesquisador Sênior: Andrés AlmeidaAnalista: Paulina Saavedra, Catherine Lacourt e Evelyn Quezada

AMÉRICAECONOMIA.COMDiretor de Estratégia Digital: Rodrigo GuaiquilEditor: Lino Solis de Ovando

ESCRITÓRIOSBuenos Aires: +5411 4383-8410 Cidade do México: +5255 5254-2400 Costa Rica: +506 225-6861Lima: +511 610-7272 Miami: +305 648-9071 Panamá: +507 271-5327Santiago: +562 290-9400 Uruguai: +5982 901-9052

Chairman: Robert R. Paradise

BRASILwww.americaeconomiabrasil.com.br

AE 392 carta ao leitor.indd 2 9/24/10 7:14:32 PM

Page 7: Nº 392 Edição Brasil

1904 MC MOVIMENTO MANUFACTURE

cart

ier.c

om

CALIBRE DE CARTIER

BOUTIQUE CARTIER

RUA HAddOCk LOBO, 1567 - SãO PAULO - TEL. (11) 3081 0051

CONCESSIONÁRIOS AUTORIZAdOS

BERgERSON 0800 643 8999 (PR, SC) • CRISTOVAM JOALHEIROS (17) 3234 2402 (SP)

dRyZUN 0300 115 0100 (SP) • FRATTINA JOALHEIROS (11) 3062 3244 (SP) • gRIFITH (11) 3552 2828 (SP) / (61) 3361 5848 (dF)

MERITUM (19) 3251 7761 (SP) • NATAN (81) 3467 5097 (PE) • SARA (21) 3202 4500 (RJ, RS) • TALENTO JóIAS (31) 3071 4600 (Mg)

TâNIA JóIAS (85) 3244 0065 (CE)

O CALIBRE 1904 MC é O RESULTAdO dE UM SéCULO dE PAIxãO E BUSCA dA ExCELêNCIA TéCNICA

PELA CARTIER. INTEgRANdO UM MECANISMO AUTOMÁTICO CRIAdO, dESENVOLVIdO E FABRICAdO

PELA MAISON, O CALIBRE dO RELógIO CARTIER ELEVA A TRAdIçãO RELOJOEIRA A UM PATAMAR

MAIS ExIgENTE dE SOFISTICAçãO E PERFEIçãO.

CAIxA dE 42 MM EM OURO ROSA dE 18k. MECANISMO AUTOMÁTICO, CALIBRE CARTIER 1904 MC

(27 RUBIS, 28 800 VIBRAçÕES POR HORA, dUPLO TAMBOR, SISTEMA dE CORdA BIdIRECIONAL),

SEgUNdO SUBSIdIÁRIO, CALENdÁRIO. COROA HEPTAgONAL EM OURO ROSA dE 18k COM SAFIRA

FACETAdA. MOSTRAdOR EM OPALINA PRATEAdA ESPIRALAdA. VISOR dE SAFIRA.

Anúncio Cartier - América Economia # 392 - PUWA 1321 - Calibre PG White Dial.indd 1 23/09/10 18:24

Page 8: Nº 392 Edição Brasil

8 AméricaEconomia Outubro, 2010

cartas índice de empresas

INGRESSO CARO - I O Brasil não é um país desenvolvido, há

muito por fazer, mas é um dos principais

mercados do Bric e atrai investimento

estrangeiro. Estou de acordo quando fa-

lam da alta burocracia (“Quanto Vale o

Show?”, AméricaEconomia No 391, setem-

bro, 2010), mas isso não impede de fazer

negócios com o Brasil. É preciso ter uma

assessoria especializada na legislação

local. Caso contrário, problemas poderão

acontecer, não só no Brasil, quanto em

qualquer outro país do mundo.

LICENCIADO TORRETI

CIDADE DO MÉXICO, MÉXICO

INGRESSO CARO - IISou brasileiro, mas vivo no Canadá. Tra-

balho com desenvolvimento de mercado

para a América Latina. Estudo “Affaires In-

ternationales” na escola de negócios HEC

Montreal e sempre tento explicar como

as coisas funcionam no Brasil. Por isso,

gostei muita da reportagem (“Quanto

Vale o Show?”, AméricaEconomia No 391,

setembro, 2010), pois o Brasil realmente

é um mercado com uma cultura bastante

complexa.

ANDRÉ OLIVEIRA

MONTREAL, CANADÁ

BATALHA AÉREAQuanto à sua reportagem sobre a fusão

LAN/TAM (“O Desembarque”, AméricaE-

conomia No 391, setembro, 2010), agora

será interessante ver a batalha entre LAN

e Avianca. A Avianca tem o setor de carga

consolidado na Colômbia (maior mercado

da região) e uma agressiva estratégia de

penetração no Brasil nesse segmento (Sy-

nergy-Avianca). Quanto a passageiros, a

vantagem é da LAN; por outro lado, com

a integração Avianca/Taca, os colombia-

nos continuam se expandindo na Améri-

ca Central e até podem chegar ao México,

o que poderia mudar o panorama.

VICENTE A. – BOGOTÁ, COLÔMBIA

Os números referem-se à primeira vez em que as empresas são citadas em cada reportagem.

3G Capital 12

AB Inbev 12

ABN Amro 55

Accenture 77

Ágora Corretora 39

Airbus 22

Alcatel-Lucent 71

Alenia Aeron. 23

ALL Logística 12

Andean Resources 12

Andes Wines 15

Avolon 24

Azul 23

Banchile Invers. 16

Banco do Brasil 38

Bancolombia 55

Barclays 55

BM&FBovespa 28

Boeing 22

Bradesco 39

BTG 10

Burger King 12

Camargo Corrêa 38

Capgemini 12

Cia. Mex. de Aviac. 24

Cisco 75, 77

Citigroup 55

Comac 23

Concha Y Toro 14

Constellation 15

Corpbanca 55

CPM Braxis 12

EGO Emp. Part. 28

Embraer 23

FGV 4, 64

Fractal 39

Gallo 16

Goldcorp 12

Google 31

GVT 74

Hardy’s 16

Hospital São Luiz 10

HSBC 39

IBM 73, 77, 80

IDC 77

Insper 10, 38

Intangible Bus. 16

Irkut 23

Itaú 39

LAN 22

LG 78

Locaweb 10

Manchester United 15

Marfrig 38

MMX 12

Motorola 76

Muraro Y Asoc. 66

Natura 18

Nokia Siemens 62, 74

Odebrecht 38

Petrobras 38, 58

Philips 78

Prospectiva 69

Rarus 19

Rede D’Or 10

Research In Motion 78

Romer y Asoc. 67

Santander 39, 55

Silver Lake Sumeru 10

SK Networks 12

Sukhoi 23

Tradaq 30

Trump Realty Brasil 28

UBS 38

Unibanco 39

Vale 38, 58

Verax 61

WestLB 55

ERRATA: O nome correto do curso de MBA do Insper publicado na matéria “Sem Fronteiras”, da edição No 391, de setembro, é MBA Executivo em Gestão de Saúde HIAE – Insper.

AE 392 cartas ind empresas2.indd 2 9/24/10 2:45:13 AM

Page 9: Nº 392 Edição Brasil

QUER UMA LOGÍSTICA

QUE DIMINUA OS SEUS CUSTOS TOTAIS?

USE CORREIOS LOG.

www.correios.com.br

CORREIOS LOG. AS SOLUÇÕES LOGÍSTICAS DOS CORREIOS FEITAS SOB MEDIDA PARA O SEU NEGÓCIO.Único presente em 100% dos municípios brasileiros, o CORREIOS LOG faz muito mais do que entrega: faz questão de ser parte do seu negócio e oferecer soluções logísticas feitas sob medida. Como, por exemplo, armazenagem, expedição, transporte, distribuição e até logística reversa. Reduza seus custos operacionais e tenha a marca e a confi ança dos Correios ao seu lado. Para mais informações acesse www.correioslog.com.br.

Page 10: Nº 392 Edição Brasil

10 AméricaEconomia Outubro, 2010

pistas

Ilust

raçõ

es: D

enis

S. C

ard

oso

PUBLICAMOS Sem orçamento extra nem aumento de salário. Esse foi o pri-meiro recado da ministra de Economia do Peru, Mercedes Aráoz, ao assumir o cargo, em dezembro de 2009. “O presi-dente Alan García me apoiou.” (“Apertar os Cintos”, AméricaEconomia No 386, abril, 2010)

O NOVO García decidiu afastar sua ministra, apesar de o crescimento do país não ter sido afetado. A decisão ocorre numa tentativa de reverter o baixo nível de popularidade de García – com desaprovação de 63% em agosto. Também se especula que tal saída seja uma estratégia para preparar a minis-tra como candidata da situação para as eleições presidenciais de 2011.

PUBLICAMOS “Quando no México e na Argentina falamos do porte da Locaweb, as pessoas ficam espantadas com nossos 200 mil clientes”, diz Gilberto Mautner, presidente da companhia, confiante no potencial de seu negócio na região. Entre outros números da empresa, estão 2,3 milhões de contas de e-mail, meio milhão de domínios, 320 mil sites e 4,67 mil lojas virtuais. (“Lá Vem a Nuvem”, AméricaEconomia No 387, maio, 2010)

O NOVO A Silver Lake Sumeru – responsável pelo fundo de investi-mentos em mercado de médio porte da Silver Lake, que administra US$ 14 bilhões em ativos –, anunciou que investirá na empresa. O montante não foi revelado. “Estamos impressionados com o sucesso da Locaweb nos últimos 12 anos e esperamos colaborar com seu time de gestores”, afirmou Kyle Ryland, Managing Director na Silver Lake Sumeru, na ocasião do anúncio.

Sem descanso

Troca de mando

Bolívia industrialPUBLICAMOS “O motivo do nosso crescimento não é o boom das matérias-primas”, diz o ministro das Finanças e Economia da Bolívia, Luis Arce Catacora. A demanda interna está crescendo 6% ao ano. Em 2007, criou-se o Banco de Desenvolvimento Produtivo, que, em 2009, ofereceu empréstimos a cerca de 15 mil pequenos produtores. (“As Cha-ves da Evonomia”, AméricaEconomia No 391, setembro, 2010)

O NOVO O vice-presidente da Bolívia, Alvaro García Linera anun-ciou em setembro um plano para industrializar o país, com prazo de cinco anos e investimentos de US$ 17 bilhões. “Temos de fazer esse esforço para romper com 500 anos como produtores de matérias-primas”, disse a uma rádio local. Entre os projetos estão uma nova refinaria, uma hidrelétrica e duas plantas para processar zinco.

PUBLICAMOS Para Carlos Suslik, coordenador do MBA em Gestão de Saúde do Insper, em São Paulo, o mo-vimento de consolidações é natural. “A maioria dos hospitais do Brasil possui menos de cem leitos, o que compromete a lucratividade”, diz. (“Energia Revigorada”, AméricaEco-nomia No 391, setembro, 2010)

O NOVO O movimento não abran-ge só os pequenos. Em setembro, o banco BTG – por meio da Rede D’Or – adquiriu o controle do Hospital São Luiz, com três unidades e 803 leitos. Com isso, a rede passa a con-tar com 17 hospitais próprios e dois sob gestão, no Rio, em São Paulo, no Paraná e em Pernambuco.

Impulso estrangeiro

AE 392 pistas.indd 2 9/23/10 10:34:45 PM

Page 11: Nº 392 Edição Brasil
Page 12: Nº 392 Edição Brasil

12 AméricaEconomia Outubro, 2010

negócio fechado

Foto

s: S

hu

tter

sto

ck

MMX

Parceirosul-coreanoA MMX, do empresário Eike Batista, anunciou a venda de US$ 700 mi-lhões em ações da empresa para o grupo sul-coreano SK Networks. Adicionalmente, a operação conta-rá com um aumento de capital da MMX, que deve totalizar US$ 2,2 bi-lhões. A companhia brasileira tam-bém fará uma oferta pública de per-muta para adquirir dos acionistas da LLX e da Centennial, unidade do grupo EBX, a totalidade das ações da LLX Sudeste Operações Portuá-rias, por aproximadamente US$ 2,3 bilhões.

VALOR: US$ 700 milhões

CAPGEMINI

Controle totalA Capgemini, empresa france-sa de serviços de tecnologia da informação, comprou 55% das ações de emissão da CPM Braxis, assumindo o controle acionário da brasileira. A fran-cesa pagará R$ 517 milhões pela participação na CPM Bra-xis, que tem um valor estimado em R$ 970 milhões.

VALOR: R$ 517 milhões

GOLDCORP

Mineração na ArgentinaO grupo canadense Goldcorp adquiriu uma importante jazida na Argentina, de propriedade do grupo Andean Resources. O valor da transação foi de US$ 3,4 bilhões. A Andean Resources já tem o projeto de mineração Cerro Negro (ouro e prata), situado na província de Santa Cruz. “Cerro Negro pode gerar uma produção significativa de ouro a baixo custo em um período relativamente curto”, destacou o diretor geral da Goldcorp, Chuck Jeannes.

VALOR: US$ 3,4 bilhões

BURGER KING

Tacada brasileiraA rede de fast food Burger King – segunda maior dos Estados Unidos, atrás do McDonald’s – foi adquirida pela empresa bra-sileira de private equity 3G Capital, em um acordo que envol-ve cerca de US$ 4 bilhões. Entre os sócios da 3G Capital estão Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, que também figuram entre os principais acionistas da AB InBev, maior cervejaria do mundo e que controla a AmBev. Bernardo Hess, ex-ALL Logística, será o novo presidente da rede.

VALOR: US$ 4 bilhões

AE 392 negocio fechado V1.indd 2 9/24/10 3:44:19 AM

Page 13: Nº 392 Edição Brasil

©2010 InterContinental Hotels Group. Direitos reservados.

A verdadeira emoção de uma viagem consiste em experiências genuínas que fascinam, não é mesmo? Nos hotéis InterContinental, usamos o nosso conhecimento local para ajudá-lo a desfrutar daquilo que é mais característico e exclusivo de cada destino. Em Mendoza, na Argentina, por exemplo, você pode se sentar, relaxar e desfrutar de vistas deslumbrantes das montanhas enquanto prova alguns dos melhores vinhos que a Mãe Terra tem para oferecer.

NEM TUDOSE PODE TRAZERNA SUA BAGAGEM.

Do you live an InterContinental life?

Visite www.intercontinental.com

Page 14: Nº 392 Edição Brasil

34 AméricaEconomia Outubro, 2010

NEGÓCIOS Bebidas

MATÍAS RODO YURICEVIC, DE SANTIAGO

1

A CHILENA CONCHA Y TORO GANHA MERCADO INTERNACIONAL, MAS SEU CRESCIMENTO PODERÁ SER LIMITADO PELA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO

Questão de

terroir

AE 392 concha y toro.indd 2 9/23/10 10:47:30 PM

Page 15: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 15

ALFONSO LARRAÍN (COM A GARRAFA NA MÃO)

APERTA A MÃO DE DAVID GIL, CEO DO MANCHESTER:

PONTAPÉ INICIAL RUMO À ASSOCIAÇÃO

Foto

s: 1

- Mo

rten

An

der

sen

; 2 -

Div

ulg

ação

H á alguns meses, Eduardo Guilisasti, gerente geral da

vinícola chilena Concha y Toro (CYT), recebeu pelo

correio uma bola de futebol. Mas não era qualquer

bola. Essa chegava diretamente da Inglaterra e tinha estam-

padas as logomarcas da Concha y Toro e do time de futebol

inglês Manchester United. Era um convite do clube de futebol

para que a vinícola fosse sua patrocinadora por três anos.

Tal episódio reflete o reconhecimento internacional

conquistado pela companhia, fundada em 1883 por Melchor

Concha y Toro e que, em 2009, registrou faturamento de US$

643 milhões, com vendas em 135 países. “Queremos que as

exportações representem 70% de nossa produção”, diz Guili-

sasti, indicando que, hoje, esse percentual é de 35%. “Assim,

seríamos a maior vinícola exportadora do mundo.”

A preocupação em concretizar essa meta tem seus moti-

vos. Depois de anos de crescimento espetacular, a companhia

assume ser difícil manter o mesmo ritmo ascendente no longo

prazo e chegar ao tamanho de concorrentes como a califor-

niana Constellation, com produção anual de 83 milhões de

caixas de 9 litros e vendas de mais de US$ 3,5 bilhões ao ano.

“A Concha y Toro quer crescer com o que tem e sob o guarda-

chuva da sua própria marca”, diz Guilisasti, afi rmando que a

empresa não tem a intenção de comprar operações em outros

países para ganhar escala. “O mercado do vinho é dinâmico

e deverá continuar assim.” A aposta da companhia está em

manejar como joia o terroir, ou seja, a combinação da quali-

dade da terra com o clima e a irrigação, e cuja experiência é

impossível de replicar tal qual em outra latitude. “Nenhum

enólogo, por melhor que seja, conseguirá fazer com que um

Don Melchor tenha um mesmo sabor sendo produzido em

diferentes partes do mundo”, diz Maximiliano Morales, con-

sultor da Andes Wines.

A demanda crescente por vinhos novos e diferentes tam-

bém atomiza o mercado. “Constantemente são criados nichos,

que impulsionam novas vinícolas em nível mundial”, diz

René Merino, presidente da Associação de Vinhos do Chile.

“Países como Espanha, França e Itália têm mais de mil viníco-

las cada, pois os consumidores buscam vinhos cada vez mais

exclusivos”, diz Merino. “No caso da Concha y Toro, se [os pro-

prietários] estiverem longe, não poderão controlar o produto

desde o início, como gostam de fazer. Ao comprar sociedade

em outra vinícola, teriam sua estrutura desconstruída”, diz

Maximiliano Morales, da consultoria Andes Wines.

De fato, a Viña Trivento, única fi lial da Concha y Toro fora

do Chile, na vizinha Argentina, tem um peso pouco relevante

no faturamento do grupo. Mesmo localizada em Mendoza,

que tem clima semelhante ao do Vale Central chileno, não

atrai a mesma dedicação dos donos – ainda assim, está entre

as cinco mais importantes da Argentina, com produção de

2,6 milhões de caixas de 9 litros. “Além do mais, não é fácil

trabalhar na Argentina, já que lá existem algumas incertezas

macroeconômicas e regulatórias”, acrescenta Guilisasti.

Mas o país tem uma vantagem incontestável: uma

plataforma de imagem bem mais potente que a do Chile,

“além do fato de já trabalhar muito bem a uva Malbec, com

boa aceitação no mercado estrangeiro”, diz o executivo da

Concha y Toro.

REDE PRÓPRIAPara aumentar suas exportações partindo do Chile, a vinícola

passou a lançar mão de uma estratégia muito mais contro-

lada, com uma integração vertical voltada à distribuição. Em

2009, focou-se em potencializar a rede de vendas em países

com alto potencial de crescimento: Brasil, Finlândia, Noruega

e Suécia – que ganharam distribuição própria –, além de Esta-

dos Unidos e Inglaterra, dois países que representaram mais

“A Concha y Toro quer crescer com o

que tem, e sob o guarda-chuva de

sua própria marca.”

EDUARDO GUILISASTI gerente geral da vinícola CYT

2

AE 392 concha y toro V1.indd 3 9/24/10 3:46:00 AM

Page 16: Nº 392 Edição Brasil

16 AméricaEconomia Outubro, 2010

NEGÓCIOS Bebidas

Superfícies plantadasHectares

de vinhedoEmpresa

11.026

9.300

8.990

Fonte: Concha y Toro

- Foster’s Group (Austrália/USA/Nova Zelândia)

- Pernod Ricard (França/Austrália/Argentina)

- Concha y Toro(Chile/Argentina)

- Constellation (USA/Austrália/Nova Zelândia/Canadá)

15.114

Exportação de vinho engarrafado*

2008 Variação2009País de origem

504

460

410

205

239

216

553

514

386

240

224

211

-8,7%

-10,3%

6,4%

-14,6%

6,8%

2,4%

Espanha

Austrália

Chile

Estados Unidos

África do Sul

Argentina

Fonte: Fontes oficiais do setor em cada país, organizado por Concha y Toro

* em milhões de litros

A empresa também está se preparando para

atender uma demanda crescente dos consumido-

res por produtos ambientalmente corretos e será

a primeira vinícola a medir a “pegada de água” de

sua produção, com a ajuda da Fundación Chile e da

organização holandesa Water Footprint Network. O

mecanismo consiste em medir a quantidade total de

água usada na fabricação de vinho, da plantação da

uva ao engarrafamento.

O CUSTO CHILESer uma companhia eminentemente exportadora,

como é o plano da Concha y Toro, não a exime de

problemas. Susanne, da Banchile, aponta que a

companhia tem de lidar com altos custos de trans-

porte, por conta da localização periférica do Chile em

relação aos seus principais concorrentes, que estão

exatamente dentro dos maiores mercados, como o

dos EUA e da Europa. “Para enfrentar isso, a empresa

tem de focar seu mix de produtos nos vinhos mais

nobres, que garantam melhores margens, para mo-

derar o impacto.” Além disso, há o efeito-dólar, que

vem perdendo valor frente às moedas de economias

emergentes. “Para uma empresa voltada à exporta-

ção, a volatilidade cambial pode ser um risco.”

Outra desvantagem é que o terroir chileno é

menos conhecido que o de outros países, como Esta-

dos Unidos, França ou Austrália,

afetando diretamente os preços

ao consumidor fi nal.

Para enfrentar a intempérie,

a companhia busca a diversifi -

cação geográfi ca e de moedas.

Além disso, trabalha constante-

mente sua marca nos diferentes

mercados, com resultados posi-

tivos. O estudo “The Power 100:

The World’s Most Powerful Spirits & Wine Brands 2010”, feito

pela consultoria inglesa Intangible Business, posiciona a vi-

nícola chilena em segundo lugar – depois de ocupar a terceira

posição por quatro anos consecutivos –, tomando o lugar da

australiana Hardy’s e atrás da norte-americana Gallo. Além

disso, o gerente geral da Concha y Toro é reconhecido como

um dos 50 atores mais importantes do mercado vinícola

mundial, segundo a revista inglesa Decanter, especializada

em vinhos.

Agora, a Concha y Toro começará a colher os gols de ver

sua marca nos painéis do estádio Old Trafford e nas tribunas

e bares do estádio do Manchester United.

de 50% das vendas da companhia no

ano passado. Em março deste ano,

a vinícola inaugurou uma fi lial em

Cingapura, para impulsionar os ne-

gócios na Ásia. Segundo a empresa,

Canadá, Brasil e Ásia (China, Japão

e Coreia) apresentam um grande

potencial no curto e no médio prazos

e estão incluídos no plano de desen-

volvimento da indústria para os próximos dez anos. Além dis-

so, a empresa conta com executivos que vendem diretamente

aos varejistas locais, dispensando intermediários. “Sua rede

de distribuição internacional é uma das mais efi cientes do

setor”, diz Morales, da Andes Wines. “E esse é um dos grandes

segredos do negócio.”

Susanne Linhardt, analista da Banchile Inversiones,

aponta outras vantagens da vinícola: uma boa relação com os

supermercados e lojas especializadas, garantindo um espaço

privilegiado de exposição, forte investimento em campanhas

publicitárias e promoções, além de grande variedade de pro-

dutos, que permite cobrir a maior parte dos segmentos.

A empresa deverá focar os nichos mais

nobres para moderar o impacto da

volatilidade cambial

AE 392 concha y toro V1.indd 4 9/24/10 3:46:38 AM

Page 17: Nº 392 Edição Brasil
Page 18: Nº 392 Edição Brasil

18 AméricaEconomia Outubro, 2010

visão verde

FALTA DE UM MARCO REGULATÓRIO EFICIENTE PARA O USO DOS RECURSOS DA BIODIVERSIDADE EMPERRA PROJETOS E INVIABILIZA NEGÓCIOS

C astanha para combater o ressecamento da pele,

murumuru para domar os cachos, priprioca para

perfumar. Princípios ativos como os descritos acima,

todos pertencentes à biodiversidade brasileira e conhecidos

pelos benefícios que podem proporcionar quando transfor-

mados em cremes, xampus e águas de colônia, ganharam

rapidamente a simpatia dos consumidores.

O que parece não ser tão rápido, porém, é o processo para

desenvolver esses produtos. Tudo porque, segundo empresá-

rios e especialistas na área, o país ainda não tem um marco

regulatório efi ciente para o uso dos recursos genéticos brasi-

leiros. “A legislação é antiga, precisa ser revista. Essa Medida

Provisória [MP] que está aí é muito ampla e gera inseguran-

ça jurídica para todo mundo”, dispara Caio Magri, gerente

de Política Pública do Instituto Ethos. A MP a que Magri se

refere é a 2.186, de 2001, que instituiu o Conselho de Gestão

do Patrimônio Genético (CGen) e regulamentou o acesso aos

recursos genéticos da biodiversidade brasileira, considerada

uma colcha de retalhos burocrática e inefi ciente.

QUEDA DE BRAÇOAs críticas vêm, sobretudo, do setor produtivo. A Natura,

que trabalha com 26 comunidades e mais de 2 mil famílias

no Brasil e no Equador, tem “algumas dezenas” de projetos

parados por conta dessa burocracia, afi rma o diretor de Sus-

tentabilidade da empresa, Marcos Vaz.

A maior reclamação da Natura é com relação à aprovação

das pesquisas. “Para conseguirmos a autorização, precisamos

dizer o que vamos fazer, quanto vai custar, qual o retorno

disso. Mas o próprio nome diz, é uma pesquisa, há coisas que

não sabemos. É o caso de defi nir o que veio primeiro, o ovo ou

a galinha”, diz.

A secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério

do Meio Ambiente, Maria Cecília Wey de Brito, contesta essa

afi rmação, alegando que as exigências não são tão específi cas

para poucosSustentabilidade

GRAZIELE DAL-BÓ, DE SÃO PAULO

Foto

s: D

ivu

lgaç

ão

AE 391 visao verde.indd 2 9/23/10 10:26:05 PM

Page 19: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 19

e que muitos obstáculos sem efi cácia prática em relação ao

uso do patrimônio genético brasileiro já foram retirados da

MP. Entretanto, reconhece que a legislação tem, sim, seus

problemas. “Um novo texto [um Anteprojeto de Lei (APL)] está

em estudo na Casa Civil. O problema é que a aprovação disso,

depois, dependerá do interesse do Congresso, que pode ser

rápido ou demorar 20 anos, como aconteceu com a Política

Nacional dos Resíduos Sólidos.”

PARA POUCOSEnquanto a decisão não é tomada, os trâmites para a fabri-

cação de itens a partir de recursos naturais continuam na

berlinda, situação que trava os motores do

setor frente a um cenário dinâmico, em um

mercado que, nos últimos anos, registrou

crescimento muito acima da média da indús-

tria geral no Brasil (veja gráfi cos na pág. 20).

Segundo Vaz, da Natura, além de implicar

um longo processo – a aprovação do CGen po-

de levar de seis meses a um ano –, desenvolver

esse tipo de produto gera custos altos. “Temos

de contratar antropólogos, advogados, econo-

mistas para colocar tudo na ponta do lápis.

Isso sem saber se a coisa dará certo ou não”,

diz. “A Natura consegue fazê-lo porque é uma

empresa grande, mas e as menores? O uso da

biodiversidade precisa ser democratizado.

Hoje, é só para alguns”, afi rma.

Sérgio Costa Gomes Neto, CEO da Rarus

Naturals, do Rio Grande do Norte, acha que

a simplifi cação das regras aumentaria a velocidade de suas

vendas, que, neste ano, devem chegar a R$ 12 milhões.

A Rarus trabalha com a fabricação de cosméticos e produ-

tos farmacológicos a partir de recursos naturais da Caatinga

brasileira, com foco no consumidor fi nal. Também fornece

Legislação atual protege a floresta brasileira,

mas prolonga a espera para a aprovação de pesquisas com plantas

PROCESSO PARA

AUTORIZAÇÃO DE USO

DA MATÉRIA-PRIMA

NATURAL PODE LEVAR

UM ANO

AE 391 visao verde.indd 3 9/23/10 10:27:53 PM

Page 20: Nº 392 Edição Brasil

20 AméricaEconomia Outubro, 2010

visão verde

para outras indústrias, que compram suas essências. O acesso

às 15 comunidades com as quais tem parceria é feito por meio

da ONG Fitovida, também do Rio Grande do Norte.

Hoje, a empresa estuda cerca de 40 plantas diferentes

para o uso em seus produtos. Dessas, apenas 12 já estão sendo

comercializadas – entre elas, o princípio ativo da aroeira, do

angico, do cajueiro roxo e da canela da caatinga. “Não posso

deixar de reconhecer que a legislação, sendo ela como for, be-

nefi cia a conservação das nossas fl orestas, mas a espera para

a aprovação das pesquisas ainda é longa”, diz Gomes Neto.

Magri, do Instituto Ethos, ainda ressalta outro problema

gerado por uma lei fraca no que diz respeito à biodiversidade:

a falta de uma fi scalização efi ciente. “Pergunto-me por que

as empresas dos Estados Unidos, por exemplo, têm 20 vezes

mais projetos utilizando a biodiversidade brasileira do que as

daqui”, indaga ele, concluindo que há uma série de questões

complementares que devem ser levadas em conta na hora da

regulamentação defi nitiva.

PROBLEMA MUNDIALSe no Brasil a MP que regulamenta o uso da biodiversidade

– de forma satisfatória ou não – é criticada, em nível

mundial não há qualquer documento que estabeleça

regras para esse processo.

O assunto, aliás, será um dos pontos centrais da

Conferência das Partes da Convenção sobre Diversi-

dade Biológica (CDB) – a COP-10 –, que acontece neste

mês de outubro, em Nagoya, no Japão.

A discussão é antiga. Um Regime Internacional

para Acesso e Repartição de Benefícios começou a ser

estudado em 2004, durante a COP-7 de Biodiversidade,

na Malásia, quando foi criado um grupo de trabalho

específi co sobre o tema. De lá para cá, pouca ou ne-

nhuma evolução aconteceu, pois não houve consenso

entre as nações – todas as decisões nas Conferências

das Partes necessitam de voto igual dos países signa-

tários, não existindo a fi gura da “maioria”.

Essa necessidade de unanimidade vem sendo criticada

por muitos especialistas, sobretudo porque os interesses são

muito diferentes. De um lado, estão nações em desenvolvi-

mento e chamadas “megadiversas” – grupo no qual o Brasil

se inclui – que querem agilizar o processo e desejam um

protocolo vinculante, ou seja, obrigatório. Do outro, os países

ricos, com a preferência por negociações mais lentas e pelo

regime voluntário.

O Brasil já deu a entender que, se os entendimentos sobre o

marco regulatório não avançarem, não estará disposto a aju-

dar em qualquer outro tipo de negociação durante a COP-10.

“Nós sabemos que é arriscado. Pode fi car a sensação de que o

Brasil não quer reduzir suas emissões, mas também é preciso

acelerar esse processo”, disse Paulino Franco de Carvalho

Neto, chefe da divisão de Meio Ambiente do Ministério das

Relações Exteriores, durante um seminário sobre sustentabi-

lidade realizado recentemente em São Paulo.

Mas como fi cam os trâmites para uma lei no país se o re-

gime mundial for realmente defi nido? Carvalho Neto assegu-

rou que os dois marcos regulatórios serão complementares. “A

Convenção aconselha que os países tenham suas legislações

próprias”, afi rmou.

Entre as metas que estarão em discussão durante o evento

em Nagoya estão planos bem ambiciosos, como a redução

total da perda de biodiversidade e a retirada de todos os in-

centivos, até 2020, a projetos que possam ser prejudiciais ao

meio ambiente.

Resta saber de que forma os países cumprirão o que for

acordado no Japão, já que as metas defi nidas para o período

2002-2010 não foram alcançadas.

Oportunidades crescentesPrincipais mercados de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos no mundo

País Evolução da Receita (em %)

Participação (em %)

Receita (US$ bi em 2009*)

58,9

39,9

28,4

20,8

17,4

350,3

-1,3

6,6

3,2

10,4

-4,2

-2,1

16,8

11,4

8,1

5,9

5,0

100

EUA

Japão

Brasil

China

Alemanha

Total mundial

Fonte: Euromonitor *Preço ao consumidor

Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec)

Beleza puraNos últimos 14 anos, setor cresceu mais que a média no Brasil

Indústria da higiene pessoal, perfumaria e cosméticos

10,4%

Indústria em geral

2,3%

PIB

2,9%

AE 391 visao verde.indd 4 9/23/10 10:31:30 PM

Page 21: Nº 392 Edição Brasil
Page 22: Nº 392 Edição Brasil

22 AméricaEconomia Outubro, 2010

NEGÓCIOS Aviação

Sem descanso

VALTÉCIO ALENCAR, DE SÃO PAULO

Foto

s: D

ivu

lgaç

ão

A AMÉRICA LATINA É HOJE UM DOS MERCADOS MAIS PROMISSORES PARA O TRANSPORTE AÉREO E DEVERÁ CONTINUAR ASSIM PELOS PRÓXIMOS ANOS

A Airbus e a Boeing, as duas

maiores construtoras de aviões

comerciais do mundo, começa-

ram o segundo semestre a todo vapor.

Após quase dois anos da crise econô-

mica que afetou seriamente a aviação,

ambas as companhias conquistaram

contratos bilionários no último salão

internacional Farnborough Airshow,

promovido em julho, na Inglaterra. A

Airbus foi a campeã de vendas, com 255

aviões avaliados em US$ 28 bilhões – 50

deles para a chilena LAN –, contra 206

aeronaves da rival norte-americana, a

Boeing, que faturou US$ 23 bilhões.

Um dos destaques da feira, neste

ano, foi a América Latina. “No passado, o

mercado se recuperava graças ao motor

da economia norte-americana, ajuda-

do um pouco pela Europa Ocidental.

Agora, quem vai nos tirar da recessão

serão o Brasil, a China, a Índia e o resto

da América Latina”, afi rma John Leahy,

executivo-chefe de Operações Junto

aos Clientes e principal executivo de

vendas da Airbus.

As estatísticas corroboram essa

tendência. De acordo com a Iata (As-

sociação Internacional do Transporte

Aéreo), entidade que representa 230

companhias aéreas em 115 países, o

tráfego aéreo de passageiros na região

subiu 11,9% em junho deste ano, e

o transporte de carga aérea cresceu

26,5%, comparado a junho de 2009. No

mesmo período, as companhias aéreas

latino-americanas apresentaram um

aumento no tráfego de passageiros de

14,7% e de 44% em carga.

De fato, a América Latina é hoje

uma das regiões em que o transporte

aéreo mais cresce no mundo, e as pers-

pectivas para o futuro são igualmente

animadoras. Projeções da Iata e dos

principais fabricantes mundiais indi-

cam que o transporte aéreo na América

Latina deverá crescer a um ritmo supe-

rior ao da média mundial nos próximos

20 anos. Enquanto o crescimento médio

mundial deverá girar em torno de 4,7%

ao ano, na América Latina é estimado

AE 392 aviac ao.indd 2 9/24/10 2:52:55 AM

Page 23: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 23

JOHN LEAHY, DA AIRBUS: PAÍSES

DA AMÉRICA LATINA DARÃO

IMPULSO AO SETOR

cliente Azul Linhas Aéreas, que decidiu

investir US$ 850 milhões em aeronaves

francesas ATR 72-600, comprovando o

ressurgimento dos turboélices.

Novos fabricantes, em especial rus-

sos e chineses, também mostraram

disposição para competir no mercado

internacional. A russa Sukhoi ultra-

passou a marca de cem pedidos para o

Superjet 100, jato para 98 passageiros

desenvolvido em conjunto com a italia-

na Alenia Aeronautica, cuja certifi cação

europeia está prevista para o ano que

vem. Sua compatriota, a Irkut, anunciou

um total de 130 encomendas para seu

jato MS-21, oferecido em três versões

(150, 181 e 212 passageiros), que deve

chegar ao mercado em 2016 e promete

ser 15% mais efi ciente dos que os atuais

concorrentes. Já a Comac (Commercial

Aircraft Corporation of China) está de-

senvolvendo o modelo C919, que deverá

entrar em operação em 2016 e competi-

rá com os jatos da Airbus e da Boeing no

segmento de 150 a 200 passageiros.

Os sinais positivos da economia

mundial animaram fabricantes, com-

panhias aéreas e empresas de leasing.

“O aumento no tráfego de passagei-

ros e de carga é um bom sinal, pois o

transporte de carga aérea é sempre

o primeiro a reagir”, afirma Andrew

Shankland, vice-presidente de Marke-

ting da Airbus. “Outro sinal positivo é

em 5,8%. Segundo um estudo de merca-

do apresentado no início deste ano pela

Airbus, a frota de aeronaves comerciais

na região deverá mais do que dobrar nas

próximas duas décadas, passando dos

atuais 940 aviões de passageiros e 80

cargueiros para 2.117 aviões de passa-

geiros e 149 cargueiros. Isto representa

um mercado potencial avaliado em US$

163 bilhões.

PARA TODOSA Embraer também colheu bons resul-

tados na feira da Inglaterra, anunciando

encomendas e compromissos de compra

para 191 aeronaves, avaliados em US$

6,88 bilhões. Apenas cinco saíram da

AE 392 aviac ao.indd 3 9/23/10 10:49:41 PM

Page 24: Nº 392 Edição Brasil

24 AméricaEconomia Outubro, 2010

NEGÓCIOS Aviação

que o mercado premium, de Primeira

Classe e Executiva, também está vol-

tando a crescer”, ressalta Shankland.

Ele já detecta sinais de recuperação na

Europa Ocidental, na América do Norte,

na região da Ásia-Pacífi co e em países

emergentes, como o Brasil. “As eco-

nomias emergentes estão indo muito

bem, com crescimento de dois dígitos;

na verdade, nunca estiveram em crise”,

atesta o executivo da Airbus.

É a mesma análise feita por Michael

Lillis, presidente da Diretoria Consul-

tiva da empresa irlandesa de leasing

Avolon. “Algumas regiões do mundo

vivem uma situação particularmente

dinâmica, como a China”, diz Lillis. “O

mercado latino-americano está cres-

cendo, sendo que o Brasil é muito pro-

missor, sobretudo pelo aumento da

demanda doméstica e internacional”,

acrescenta o consultor da Avolon.

As companhias aéreas da região

também vivem bom momento. Em

março deste ano, durante o seminário

Wings of Change, realizado em San-

tiago do Chile, o presidente da Iata,

Giovanni Bisignani, informou que a

América Latina foi a única região do

mundo em que as companhias aéreas

apresentaram lucro no ano passado, de

US$ 800 milhões. Bisignani

acha que as companhias

latinas deverão repetir este

mesmo resultado em 2010,

ficando atrás apenas das

empresas da Ásia-Pacífi co,

que deverão lucrar US$ 900

milhões. O único mercado

que hoje destoa desse cenário é o Mé-

xico, que vive um problema de oferta

excessiva. Isso ocorre porque o mercado

mexicano é muito atrelado ao norte-

americano, e a crise do transporte aé-

reo afetou bastante os Estados Unidos.

A companhia Mexicana de Aviación,

uma das maiores daquele país, já acu-

sou o golpe e recentemente declarou

concordata.

MAIS JOVENSO estudo elaborado pela Airbus sobre

o mercado latino-americano aponta

outros fatores que deverão favorecer a

expansão do transporte aéreo na região.

Um deles é o fato de a América Latina

operar uma das frotas mais jovens do

mundo, com idade média de

10,6 anos, contra uma mé-

dia de 16,6 anos registrada

em 1996. Isso se traduz em

maior nível de segurança

e maior eficiência para as

companhias. Além disso,

65% do tráfego intrarregio-

nal concentra-se em apenas

20 aeroportos, de um total de

286 existentes na região. Ou

seja, existe muito potencial

para a aviação se expandir.

Além disso, 75% da capacida-

de ofertada também está concentrada

em cinco países. O Brasil responde por

37% desse total, seguido por México

(18%), Colômbia (8%), Argentina (6%) e

Chile (4%).

A frota latino-americana de jatos

comerciais cresceu 22% desde 2000

e 61% dos voos intrarregionais têm

ocupação apropriada para jatos de 70 a

110 assentos, o que deve impulsionar o

mercado regional. Esse mesmo fenôme-

no já pode ser visto no Brasil. “Hoje há

mais potencial para nossos aviões no

Brasil, com a abertura de novas rotas

e a inserção de novos passageiros”, diz

Mauro Kern, vice-presidente executivo

de Novos Projetos da Embraer. Kern

acha que ainda há espaço para outras

empresas atuarem no país. “Existem

muitas cidades que são mal atendidas”,

reforça o vice-presidente da Embraer.

Outro exemplo da força do merca-

do regional é o fato de a Azul Linhas

Aéreas ter comprado os 20 turboélices

ATR 72-600 em Farnborough. Com me-

nor capacidade e menor consumo de

combustível, esses aviões começarão a

ser entregues no segundo semestre de

2011. “Vamos servir cidades do interior

paulista, pois temos uma lista de 40

cidades que eram servidas por voos

regulares de turboélices e que agora não

recebem mais voos”, comenta David

Neeleman, fundador e presidente do

Conselho de Administração da Azul. Os

turboélices têm consumo mais efi ciente

em viagens de até 800 km e a ideia da

Azul é ligar grandes centros a cidades

de baixa densidade.

22%foi o crescimento

da frota de jatos na América Latina

desde o ano 2000

MAURO KERN, DA EMBRAER, APOSTA EM

NOVAS ROTAS NO BRASIL. ABAIXO, AVIÃO DA LAN,

UMA DAS GRANDES CLIENTES DA AIRBUS

AE 392 aviac ao.indd 4 9/23/10 10:50:30 PM

Page 25: Nº 392 Edição Brasil

Brasil +55.11.3818.0992 U.S. +1.201.541.4600

35 a 40% mais ecológico Para o nosso planeta azulA natureza sempre seleciona o design

mais eficiente. Você também pode. Em

uma viagem típica de 1.000 nm, o novo

Falcão 900LX usa de 35 a 40% menos

combustível – liberando esta mesma

quantidade a menos de emissões –

do que qualquer outro em sua classe.

O segredo? Aerodinâmica superior e

winglets, as destacadas pontas das asas

curvadas, da Aviation Partners. Materiais

mais leves e mais fortes. Potência de

três motores a jato integrada. E um

design otimizado para vôos ininterruptos

de até 4.750 nm e aeroportos de pequeno

porte. Acesse o site falconjet.com/900LX

para obter detalhes.

FALCON 900LX

Page 26: Nº 392 Edição Brasil

26 AméricaEconomia Outubro, 2010

movimentos

Você acha que o primeiro ano do governo do novo presidente poderá provocar algum tipo de instabilidade que afetará o seu negócio?

26,7%73,3%

SimNão

6

Você acha que o crescimento de sua empresa será maior em 2011 do que foi em 2010?

76,7%

6,7%

16,6%

Sim

Não

Ficará nomesmo nível

2

26 AméricaEconomia Outubro, 2010

Você planeja contratar mais em 2011 do que em 2010?

66,7%

13,3%

20%

SimFicará no

mesmo nível

Não

3

16,7%

13,3%

33,3%

AltaBaixa Média

Nula

7 Você avalia que a possibilidade de sua empresa se envolver em um processo de fusão ou aquisição (como vendedora ou compradora) em 2011 é:

36,7%

No final de agosto, AméricaEco-nomia participou de evento pro-movido pela empresa de relacio-namento corporativo Consulting House, com 250 executivos, no Guarujá. Na ocasião, pergunta-mos aos participantes sua per-cepção sobre o futuro de seus negócios e da economia do país. Entre os resultados, destacam-se o otimismo quanto ao cresci-mento, e a percepção de que, em se tratando de juros e câmbio, o novo governo não trará mudan-ças. Veja os resultados:

Em caso positivo, como os financiará?

73,3%

10%3,4%

13,3%

Capitalda empresa

Recursos externos via

endividamento

Outro

5

Recursosexternos

por meio de emissão

de ações

Sua empresa projeta novos investimentos produtivos para 2011?

93,3%

6,7%

Sim

Não

4

Termômetro executivo Números estimados para:

(média calculada com base no total das respostas)

2010 2011

6,35

10,30

1,73

5,38

10,27

1,82

Crescimento do PIB (%)

Taxa Selic (%, em 31 de dezembro)

Dólar (R$, em 31 de dezembro)

1

AE 392 movimentos V1.indd 2 9/24/10 4:46:45 AM

Page 27: Nº 392 Edição Brasil
Page 28: Nº 392 Edição Brasil

28 AméricaEconomia Outubro, 2010

movimentos

No ano passado, a China superou os Estados Unidos e se transformou no maior destino

das exportações brasileiras. Apesar da densidade das relações comerciais alcançada

nos últimos anos, o intercâmbio educacional entre Brasil e China ainda é tímido. Para

contribuir para a supressão dessa lacuna, a Câmara Brasil-China de Desenvolvimento

Econômico e o Instituto Confúcio, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), realizam

entre os dias 22 e 23 de outubro, no Memorial da América Latina, em São Paulo, a

Feira de Universidades Chinesas 2010, reunindo 26 instituições de ensino e

pesquisa. As áreas de interesse abrangem de agricultura e eletrônica a

artes e comunicações. “Na feira, será possível ter esclarecimentos

sobre como obter bolsas de estudos oferecidas tanto pelas uni-

versidades quanto pelo governo chinês para estudantes es-

trangeiros”, explica o diretor-geral da Câmara Brasil-China,

Tang Wei. LUIS EDUARDO LEAL, DE SÃO PAULO

SALA DE AULA

As trocas comerciais no mundo já não estão ancoradas na característica secular das relações Norte–Sul.

No relatório “Panorama da Inserção Internacional da América Latina e do Caribe”, a Cepal (Comissão Eco-

nômica para a América Latina e o Caribe) indica que os intercâmbios Sul–Sul se converteram em um motor

do crescimento mundial, o que aumenta sua relevância, dado o estancamento das demandas nos países

desenvolvidos. Segundo a Cepal, entre 2003 e 2008, 18% do intercâmbio comercial dos países latino-ame-

ricanos ficou na região, e quase 30% nos países emergentes. No caso do Oriente Médio e dos países asi-

áticos em desenvolvimento, esse percentual oscila entre 30% e 50%. Apesar da queda generalizada em

2009, nos últimos três anos, o comércio intrarregional tem crescido de forma sustentável e logo poderá

recuperar seu nível máximo, registrado em 1997. Um dado interessante: a região que mais cresceu dentro

da América Latina, no ano passado, foi a América Central, com 23% do total exportado. CARLOS TROMBEN,

DE SANTIAGO

COMÉRCIO SUL-SUL

CHINESA

Europa Central e Leste Europeu

Europa Central e Leste Europeu

OrienteMédio

OrienteMédio

Países asiáticos em desenvolvimento

Países asiáticos em desenvolvimento

ComércioSul-Sul

ComércioSul-Sul

África2005 – 2008

África

América Latina e Caribe

América Latina e Caribe

* em US$ bilhões

Abaixo da linha do EquadorEvolução das trocas comerciais*

18,4

1,6

1,7

0,2

2,4

4,2

1,3

19,4

0,3

0,9

2,1

3,5

1,7

1,4

10,0

3,8

2,6

3,1

1,1

3,2

2,4

12,2

2,9

4,5

6,4

7,5

15,5

33,6

37,4

27,8

28,9

33,1

29,9

50,7

48,5

43,1

Fonte: Cepal, sobre a base de dados da OMC e das Nações Unidas – Comtrade

AméricaEconomia Outubro, 2010

AE 392 movimentos.indd 4 9/24/10 1:43:35 AM

Page 29: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 35Ou

A AGÊNCIAQUE FAZ NEVARNO BRASIL.

Conheça o case Snow Village de Francis.

11 3525 3323

A resistência à crise e a expansão da economia

brasileira têm rendido bons negócios nos se-

tores mais inusitados. Exemplo disso é a rede

online de permuta Tradaq, focada no B2B. “Os

últimos anos foram muito bons, com crescimen-

to de até 25%”, diz Marco Del Giudice, diretor

Comercial da empresa. Segundo Giudice, a van-

tagem do modelo de negócios da Tradaq é que

cada transação gerada é revertida em créditos

em uma “conta corrente” de uma companhia.

Ou seja, o fornecimento de um produto a deter-

minado negócio não implica a permuta por um

produto ou serviço do mesmo. “Quanto mais

nossa base aumenta e se diversifica, mais liqui-

dez geramos para as empresas”, diz. O executivo

destaca o uso do sistema por pequenas e mé-

dias empresas que necessitavam quitar créditos

inadimplentes e convenceram seu credor a ins-

crever-se no site. Dessa forma, o credor buscou

algo de seu interesse, que foi pago por créditos

da devedora, lançando mão de estoques para-

dos ou capacidade ociosa, que interessavam a

um terceiro. Com uma base de 1,1 mil associa-

dos em São Paulo e Campinas, agora a Tradaq

pretende atender o mercado do Rio de Janeiro,

onde inaugurou seu serviço em setembro. SO-

LANGE MONTEIRO, DE SÃO PAULOTR

OC

A-T

RO

CA A resistência à crise e a expansão da economia

Foto

s: S

XC

AE 392 movimentos.indd 5 9/24/10 1:43:54 AM

Page 30: Nº 392 Edição Brasil

30 AméricaEconomia Outubro, 2010

movimentos

A BM&FBovespa pretende ampliar para 5 milhões o número de investidores na Bolsa nos próximos cinco anos. Embora louvável, a iniciativa deveria ser combinada com a busca por ampliação da base de companhias com capital aberto, argumentou a presidente da Apimec (Associação dos Analis-tas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), Lucy Sousa, durante o 21º Congresso da entidade, realizado em agosto, em Belo Horizonte. “O market capitalization per capita no Brasil é muito alto. Existem 348 empresas listadas, a base é ridí-cula. Nos Estados Unidos, são 5 mil. É importante que se amplie a base de investidores, mas é válido também que ocorra uma expansão dos emissores”, disse a presidente da Apimec. “Mesmo sem mexer na regulamentação, é possível baixar os custos de abertura de capital. As corretoras poderiam liderar as operações de menor porte, ficando os bancos com as grandes operações. Os serviços ficaram tão caros porque estão concentrados nas mãos de meia dúzia. Há um oligopólio nas emissões, exerci-do por poucos grandes bancos.” LUIS EDUARDO

LEAL, DE BELO HORIZONTE

Engordar a lista

Neste ano, o 7 de setembro ganhou uma comemora-

ção especial em Nova York. Esse foi o dia escolhido

para a assinatura da joint venture Trump Realty Brasil,

sociedade entre Donald Trump e a brasileira EGO Em-

preendimentos e Participações, liderada pelo empre-

sário Ricardo Bellino. O foco da nova companhia será

o mercado imobiliário de luxo, com empreendimentos

nas áreas comercial, residencial e hoteleira. Segundo

Bellino, o mercado de luxo no Brasil deverá movimen-

tar US$ 10 bilhões somente em 2010. “A marca Trump

apresentará diferenciais nos empreendimentos locais

dedicados a esse segmento”, diz. Atualmente, a grife

imobiliária Trump reúne 70 empreendimentos em vá-

rios países. SOLANGE MONTEIRO, DE SÃO PAULO

IMÓVEL DE LUXOFo

tos:

3 -

Zh

ou

Ju

nxi

ang

/AF

P; 4

- iS

tock

ph

oto

; 5 -

SXC

co

m m

on

tag

em d

e D

enis

S. C

ard

oso

3

4

AE 392 movimentos.indd 6 9/24/10 1:44:27 AM

Page 31: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 35

As pesquisas por meio do Google crescem ano a ano, e as empre-

sas começam a identificar sua importância, tanto em momentos

de crise quanto de oportunidades. Na América Latina, o destaque

é o Brasil, onde mais dinheiro é destinado à publicidade na inter-

net e as buscas feitas no Google cresceram 1.126% entre 2005

e 2010. No Chile, esse aumento foi de 637%, e, na Colômbia, de

527%. Daniel Gertsacov, diretor do Google para América Central,

Caribe e Países Andinos, afirma que um dos casos de maior des-

taque no Brasil é o da Unilever, que dedica mais de 10% do

investimento publicitário à web, incluindo no Google. “Em

países como Chile, Peru e Colômbia, as empresas des-

tinam, em média, apenas 3% de seus investimentos

publicitários à internet”, diz. “Queremos que esse

percentual cresça dois dígitos nos próximos três

anos.” PATRICIA ZVAIGHAFT, DE SANTIAGO

COLONIZANDOINTERNETA

5

AE 392 movimentos.indd 7 9/24/10 4:21:06 AM

Page 32: Nº 392 Edição Brasil

1

legendário aviador Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro “O Pequeno Príncipe”, dedicou às maravilhosas paisagens da Guatemala o maior

elogio que se poderia imaginar: as inseriu nessa incrível obra de fi cção, que, setenta anos depois de seu lançamento, continua cativando leitores de todo o mundo.

Depois de ter sofrido um grave acidente, Saint-Exupéry passou uma etapa de sua recuperação em Antígua e no Lago Atitlán, e neles se inspirou ao idealizar um dos vulcões que aparecem em seu romance. É assim que a Guatemala inspira os espíritos sensíveis: é uma terra mágica, surpreendente, única. Além disso, essa pérola da América Central também conseguiu consolidar-se como um novo ímã para o investimento estrangeiro na região.

A sustentabilidade democrática e a evolução macroeconômica do país se refl etem em indicadores de prosperidade que, uma vez assentados os novos cimentos sociais e fi nanceiros, prometem cristalizar um futuro cheio de esperança para essa nação cujo passado é marcado por uma luta diária contra os elementos.

Não é exagero afi rmar que a Guatemala é um dos países mais bonitos da América Latina. Com um território de 108.889 quilômetros quadrados e uma população de 14,1 milhões de habitantes, atualmente, o país apresenta um leque de cifras que, conjugadas, desenham um panorama excelente para o investimento.

E, se a isso ainda somamos a estabilidade do governo de Álvaro Colom – eleito democraticamente depois de um processo eleitoral livre de qualquer suspeita – e o clima de segurança presente hoje no cotidiano da Guatemala, o cenário não poderia parecer mais promissor, dotando o país da disposição necessária para enfrentar a crise econômica mundial com mais sucesso do que muitos outros.

Os produtos agrícolas mais importantes do campo “chapín” – gentílico popular que designa o guatemalteco – são o café (de fama internacional por causa de seu delicioso sabor), o algodão, a banana, o feijão, o milho, a cana-de-açúcar, o arroz, o trigo, as batatas, o tabaco, o cacau, uma variedade de legumes e as frutas.

A pecuária é uma atividade importante, sobretudo a produção de leite. Também é farta a criação de carneiros

para produção de lã, além de sua apreciada carne. A avicultura e a apicultura têm um lugar de destaque na produção nacional. A exportação está focada sobretudo em óleos essenciais, mel e legumes frescos.

Um novo estilo de governoO governo da Guatemala manifestou absoluto respeito ao mandato constitucional que especifi ca que o Estado é

quem garante a vida, a liberdade, a justiça, a segurança, a paz e o desenvolvimento integral das pessoas. Quanto à economia, a visão está baseada no bem-estar do ser humano. Essa mensagem de tranquilidade é a base do discurso público do presidente Álvaro Colom.

Colom coloca a promoção do investimento estrangeiro direto em um lugar preponderante em sua agenda de trabalho, sem descuidar do aumento do investimento nacional e do desenvolvimento tecnológico e científi co.

Os incentivos ao turismo se multiplicaram: hoje se busca ressaltar o brilho da herança maia presente em todo o país. As belezas de áreas da fama de Antígua, Tikal ou do Lago Atitlán não opacam o encantamento com a extraordinária natureza encontrada em uma viagem ao interior do país, cheia de descobertas por toda a extensão de um riquíssimo

O

GUATEMALA: ASCENSÃO SUSTENTÁVEL RUMO À LUZ O turismo e os negócios colocaram o país sobre uma onda de prosperidade que os

especialistas estimam continuar em alta nos próximos anos.

“O Estado é quem garante a vida, a justiça, a

segurança, a paz e o desenvolvimento

integral das pessoas”

Durante a posse do presidente da Colômbia

Álvaro ColomPresidente

[Este informe publicitário foi produzido pela ASAP Reports. AméricaEconomia não se responsabiliza pelo conteúdo desta seção.]

Untitled-2 2 9/24/10 3:26:21 AM

Page 33: Nº 392 Edição Brasil

w w w. a s a p - r e p o r t s . n e t 2

tecido socioambiental. As fantásticas praias banhadas pelo mar do Caribe começam a ganhar o papel relevante que sempre mereceram no conjunto da oferta nacional de lazer.

Em 2009, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Guatemala foi de 0,6%. Um número que não seria digno de destaque por si só, mas que ganha relevância se comparado ao restante da América Latina, em um ano no qual praticamente todos os países do hemisfério ocidental registraram números vermelhos de crescimento.

Tal resultado, portanto, é altamente positivo. E não é só: a projeção de crescimento do PIB para 2010 é de 2,5%, o maior da América Central.

Esses números, ainda sob o contexto de uma economia em desenvolvimento, e sem esquecer os problemas endêmicos da nação, permitem falar de esperança. São, defi nitivamente, argumentos sólidos para confi ar em um passo adiante no futuro, no curto e no médio prazos.

Um exemplo: em junho de 2010, registrou-se um ingresso de divisas sob a categoria de remessas familiares de US$ 394 milhões, representando um aumento de 13,1% em relação a junho de 2009. Quanto ao comportamento das exportações, no primeiro semestre do ano estas cresceram 18% em relação ao mesmo período do ano anterior, somando US$ 3,028 bilhões, contra US$ 2,565 bilhões nos primeiros seis meses de 2009.

O crescimento da entrada de divisas geradas pelos principais produtos de exportação foi de 24% no primeiro semestre, com destaque para o aumento de 107% na exportação de açúcar. Além disso, as exportações ao restante da América Central aumentaram 92,5% na primeira metade de 2010, em relação ao mesmo período de 2009. Uma boa notícia para compensar os danos causados pela tempestade tropical Agatha e a erupção do vulcão Pataya.

E não é só: em 2009, a Guatemala foi, junto de Brasil e Peru, a única nação americana com crescimento

quantifi cável. Com uma população de 14,1 milhões, um notável incremento da capacitação profi ssionalizante e reservas monetárias internacionais de US$ 5,8 bilhões, a nação guatemalteca acaba de receber um reconhecimento internacional da agência de classifi cação Moody’s, que coloca a Guatemala no nível ba1 (estava em ba2), o que supõe um incentivo direto ao investimento estrangeiro. Isso, vale destacar, em um ano em que a Moody’s não promoveu muitos aumentos de classifi cação. O desempenho macroeconômico conservador e consistente da administração de Colom, o baixo défi cit fi scal, uma sólida trajetória de pagamento da dívida comercial e o baixo nível de endividamento em relação ao PIB são as bases para essa melhora de classifi cação. Recentemente, a Fitch Ratings também destacou a estabilidade econômica guatemalteca, e a Standard & Poor’s ratifi cou a categoria BBB para o país na seção Transfer & Convertibility Assesments.

A meta para 2013 é atrair US$ 1,512 bilhão (1,2 bilhão de euros) em investimento estrangeiro direto, que, junto de um investimento doméstico de US$ 10,65 bilhões (8,46 bilhões de euros), equivaleria a 25% do PIB. Para concretizar essa meta, o país conta com um marco legal tranquilizador: não se contemplam expropriações e não há nenhuma forma de discriminação entre investimento estrangeiro e doméstico, com total liberdade de movimento de capital e distribuição de dividendos.

Além do foco natural nos Estados Unidos, nos vizinhos regionais e na União Europeia, a Guatemala se abre a novos sócios comerciais e de investimento, como o Brasil. Em maio deste ano, os gigantes empresariais brasileiros Zigma e Patris Holding Group abriram um canal de intercâmbio com empreendedores guatemaltecos. Também há intercâmbios com a Colômbia (negocia-se um tratado de livre comércio com a nação presidida por Juan Manuel Santos) e com a China, e um aumento notável no impacto do turismo médico, para o qual a Guatemala conta com uma grande

O Conselho de Coesão Social (CCS) foi criado como um conceito de Governo para unificar a ação institucional e focá-la nos municípios mais pobres do país, com o objetivo de reduzir a pobreza. A falta de coesão social em um país debilita a legitimidade da democracia e a ação do Governo.

Para concretizar a tão desejada coesão social, parte-se de três dos quatro eixos do Governo:

• Solidariedade: orientar e coordenar as ações de desenvolvimento social e municipal de forma integral.

• Governabilidade: promover a segurança integral e o Estado de Direito, bem como o desenvolvimento democrático e a legislação e intermediação necessárias para responder às necessidades das maiorias.

• Produtividade: impulsionar o desenvolvimento econômico dos guatemaltecos, sem distinção de idade, sexo ou extrato social.

O CCS foi criado com o Acordo Governativo 79-2008. Não é uma instituição governamental, já que não administra fundos nem recursos públicos. Sua tarefa é coordenar a priorização temática e territorial dos investimentos sociais das instituições que participam de sua execução. Seus membros desempenham cargos ad honorem, sem remuneração. As instituições executoras do Conselho contam com orçamento e devem responder por sua correta aplicação frente à instituição estatal responsável pela fiscalização. As tarefas são variadas: desde a atenção ao fornecimento de água e ao saneamento até a manutenção corretiva de centros escolares, postos de saúde, casas, estradas e caminhos rurais. Foca-se na reconstrução de zonas afetadas por fenômenos naturais. Para fortalecer a sustentabilidade do programa, o CCS administra a cessão de microcréditos, além da capacitação para o desenvolvimento produtivo.

CONSELHO DE COESÃO SOCIAL

I N F O R M E E S P E C I A L G U A T E M A L AGUATEMALA

MEDITERRANEAN

Mexico

Belize

Honduras

El Salvador

I n f o r m e P u b l i c i t á r i o

Untitled-2 3 9/24/10 3:26:36 AM

Page 34: Nº 392 Edição Brasil

w w w. a s a p - r e p o r t s . n e t3

gama de alternativas.Os movimentos em infraestrutura impulsionados pelo

governo de Colom nos últimos dois anos são notáveis. Esta última primavera marcou a colocação da pedra fundamental da termoelétrica Escuintla, a 80 quilômetros da capital, da empresa Jaguar Energy, subsidiária do gigante texano AEI. O investimento supera os US$ 700 milhões (560 milhões de euros), e estima-se que a planta esteja pronta para operar em 2013, com geração de 300 MW destinados ao abastecimento local, além da redução da dependência de derivados do petróleo.

Essa é outra iniciativa surgida no calor do DR-CAFTA, acordo de livre comércio entre Estados Unidos, América Central e República Dominicana, que entrou em vigor no verão de 2006. Outros investimentos importantes foram direcionados à construção das estradas Franja Transversal do Norte, Corredor del Polochic e Eje Económico del Pacífi co.

Foco no trabalho socialEssa realidade promissora não faz o governo de Colom fechar seus olhos para a problemática social existente, bem como para a luta contra a pobreza. O Conselho de Coesão Social (CCS), que nasceu sob a coordenação da primeira-dama, Sandra Torres, e que desde abril está sendo administrado pelo próprio presidente, tem-se confi gurado como uma revolução, com a polêmica que implica enfrentar vento e maré para levar adiante uma iniciativa desse calibre.

Sandra Torres de Colom adotou como causa pessoal a batalha contra a desigualdade social e desenvolve programas para atender prioritariamente as necessidades da população mais carente: primeira infância, mulheres da área rural, terceira idade e defi cientes físicos. Buscam-se soluções autossustentáveis, que partem dos 177 municípios designados pelo Ministério de Planejamento e Programação da Presidência (Segeplan, na sigla em espanhol), com os objetivos-chave de combater a pobreza e o subdesenvolvimento.

Além disso, a primeira-dama é fundadora da Coordenação Nacional da Mulher da UNE, que conta com mais de 30 mil mulheres afi liadas, entre indígenas, ladinas (mestiças),

garinufas (descendentes de africanos) e xincas (ameríndias da família maia). Consciente de que a pobreza e a pobreza extrema também chegam à área urbana, também se encarrega de obras sociais, políticas, programas e projetos destinados à infância e à adolescência, por meio do Ministério de Obras Sociais da esposa do presidente (Sosep, na sigla em espanhol).

Outros trabalhos de Sandra Torres de Colom na área de assistência social são os programas Minha Família Progride (transferência monetária condicionada), Escolas Abertas (jovens moradores em áreas periféricas em situação de risco), Bolsas Solidárias (alimentação), Você Pode (alfabetização), Restaurantes Solidários, combate à mortalidade materna e estratégia de segurança alimentar e nutricional.

As ações acontecem mais rapidamente que as palavras, mesmo que, às vezes, as causas sejam impopulares e a oposição decida usar canais abertos para atacar a solidariedade desses programas. No mês de junho, a primeira-dama inaugurou a sede do programa Minha Família Progride na cidade de Guastatoya, onde serão atendidos os benefi ciários dos povoados de San Agustín Acasaguastlán e Sanarate.

Sandra também ofereceu apoio à reconstrução dessa região depois da tempestade tropical Agatha, principalmente para as comunidades onde 50 famílias foram afetadas, famílias às quais ofereceu teto e melhoria de suas condições básicas de vida. É uma cena que se repete todo o ano no país.

Roberto Alejos, soma e seguePresidente do Congresso há dois anos, Roberto Alejos é uma fi gura emergente no panorama do país. Advogado, empresário, professor universitário, ele colaborou decisivamente na elaboração do texto constitucional vigente e é um reputado assessor internacional em temas de desenvolvimento, com doutorado em Negociações Internacionais por Harvard.

Roberto Alejos é uma pessoa clara, sem medo das consequências de suas decisões e de retidão provada, tendo um papel primordial na luta contra a corrupção. No mês de julho, participou da 3ª Conferência Mundial de Presidentes de Parlamentos, promovida em Genebra. Suas palavras

Álvaro Colom e Roberto Alejos, presidente do CongressoA primeira-dama em apoio aos afetados pela tempestade tropical Agatha

I n f o r m e P u b l i c i t á r i o

Untitled-2 4 9/24/10 3:26:59 AM

Page 35: Nº 392 Edição Brasil

w w w. a s a p - r e p o r t s . n e t

I N F O R M E E S P E C I A L C O S T A R I C A

4

refl etem fi rmeza... e a diplomacia que sua experiência internacional lhe conferiu.

“Elevo meu enérgico protesto contra as constantes violações aos direitos humanos cometidas diariamente dentro do contexto migratório vivido hoje no mundo. Com especial ênfase, dirijo este protesto contra a questionada Lei do Arizona, que afeta cidadãos de toda a América Latina. Com a mesma energia com que rechaçamos a chamada Lei do Arizona, reconhecemos e apoiamos as ações de oposição do próprio presidente do país que a emitiu.”

BiodiversidadeA biodiversidade nacional é um presente para os sentidos. Há fl orestas tropicais onde os amantes da natureza podem encontrar de tucanos a jaguares. Não se pode deixar de lado as dezenas de povoados coloniais, com igrejas e parques, dotados de personalidade própria e elementos diferenciais marcados pelas montanhas, o clima e o entorno. A Guatemala possui 37 vulcões, ao menos quatro dos quais se demonstram ativos nos últimos cinco anos.

Entre os abundantes recursos fl orestais, por sua vez, brilham as fl orestas de pínus, carvalhos, abetos e ciprestes.

A belíssima região de Petén possui madeiras nobres como a caoba, o pau-rosa, o cedro, o “zapotillo”, o “chicozapote”, e as curiosíssimas seringueiras. Em Petén, obtém-se a matéria-prima que se exporta aos Estados Unidos para a fabricação das melhores gomas de mascar. Também se obtém a “corteza de cinchona”, madeira mais leve do mundo, empregada na fabricação de produtos em diversos segmentos, como salva-vidas, em aeromodelismo e embalagens.

Não se pode esquecer de que na cosmopolita capital podem se encontrar todas as comodidades próprias de uma grande cidade. Pontos tão superlativos como o famoso Mapa em Relevo, o Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia e o magnífi co zoológico são pontos de visita ‘sine qua non’.

A jade é a única referência na bagagem de tesouros nacionais de brilho mágico. Também merece essa classifi cação a obra de Carlos Mérida, pintor “chapin” mais

reconhecido internacionalmente, amigo de Diego Rivera em sua fase de muralista e, sem dúvida, o farol que guia muitos artistas guatemaltecos do último século.

Jade, a joia do artesanato “guate”Guatemala e Birmânia são as duas grandes produtoras mundiais de jade. No caso guatemalteco, essa pedra preciosa é muito usada no artesanato e tem grande presença na oferta comercial e turística do país, especialmente na fantástica cidade de Antígua. A jade guatemalteca é encontrada em várias cores. Os maias usavam a jade preta em suas cerimônias de magia.

O verde-claro era a cor indicada para abrir as portas do além, depois da morte. Jades dessa cor também são encontradas em túmulos e em colares, tigelas de cozinha e outros utensílios. Era tão valorizada que se costumava colocar uma pequena peça de jade embaixo da língua de uma pessoa morta. Outra cor muito procurada dessa pedra é o jaguar (verde-escuro com pintas pretas), pelas qualidades que a tradição lhe atribui como amuleto de boa sorte.

Assim, a Guatemala é, defi nitivamente, um país que segue em frente com humildade, consciente de seus problemas e dedicado à solução dos mesmos, centrado numa progressão geométrica da otimização de seus recursos e atividades. É um sócio com potencial de levar incalculáveis benefícios para quem decida se envolver nesse processo. O presente é a esperança, e o futuro lhe pertence.

I N F O R M E E S P E C I A L G U A T E M A L AGUATEMALA

MEDITERRANEAN

Mexico

Belize

Honduras

El Salvador

Templo do Gran Jaguar, Parque Nacional TikalO majestoso Lago Atitlán

“A biodiversidade nacional é um presente para os sentidos. Há fl orestas tropicais onde os amantes da natureza podem encontrar de tucanos a jaguares,

dezenas de povoados coloniais com igrejas e 37 vulcões”

I n f o r m e P u b l i c i t á r i o

Untitled-2 5 9/24/10 3:27:22 AM

Page 36: Nº 392 Edição Brasil

36 AméricaEconomia Outubro, 2010

EspecialBANCOS

INTERPRETANDO CRISE COMO OPORTUNIDADE, BANCO DO BRASIL SUPERA ITAÚ UNIBANCO E REASSUME LIDERANÇA DO RANKING AMÉRICAECONOMIA DE MAIORES BANCOS LATINO-AMERICANOSLUÍS EDUARDO LEAL,

COM SOLANGE MONTEIRO, DE SÃO PAULO

N o ano passado, quando os efeitos da crise fi nanceira norte-

americana se fi zeram sentir com mais intensidade no Brasil,

os bancos públicos – e o Banco do Brasil, em especial – tiveram

papel fundamental na manutenção do crédito, tanto a empresas quanto

aos consumidores. Enquanto os bancos privados adotaram a cautela,

seguindo a cartilha tradicional para as épocas de incertezas, o Banco

do Brasil desempenhou a função de vanguarda auxiliar das políticas

públicas defi nidas pelo seu controlador – a União, representada pelo go-

verno federal. Em 2009, houve um crescimento do crédito de 15%, puxado

pelos bancos públicos, setor em que a oferta de crédito cresceu cerca de

30%, comparada à expansão inferior a 10% proporcionada pelos bancos

privados nacionais e à retração da oferta entre os bancos estrangeiros

presentes no país.

Em 2010, o país emerge da crise com uma perspectiva de crescimento

na casa de 7% no ano, inferior apenas às estimadas para os dois gigantes

emergentes, China e Índia. E o Banco do Brasil, com US$ 362 bilhões em

ativos, além de recuperar do Itaú Unibanco a liderança do ranking anual

das 250 maiores instituições fi nanceiras latino-americanas de Améri-

De novono topo

AE 392 bancos BB2.indd 2 9/24/10 1:40:45 AM

Page 37: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 39

AE 392 bancos BB2.indd 3 9/24/10 1:41:21 AM

Page 38: Nº 392 Edição Brasil

38 AméricaEconomia Outubro, 2010

Especial

BANCOS

caEconomia, dá polimento a planos de

internacionalização que o colocarão no

mapa de mercados tão distintos como

os de África, América do Sul e Estados

Unidos.

“Estamos buscando países em que

existam concentrações de brasileiros

ou de empresas brasileiras, assim co-

mo atuação de multinacionais cujo

centro de decisão regional esteja aqui.

Ou, ainda, países com os quais o Brasil

tenha grande relacionamento comer-

cial”, explica Allan Simões Toledo, vice-

presidente da Área Internacional e de

Atacado do Banco do Brasil. “O objetivo

não é partir do zero, mas o de estarmos

presentes em países que já tenham

sinergias com o Brasil. Daí a aquisi-

ção do Banco Patagônia, na Argentina

[em abril deste ano], país onde estão

presentes 250 empresas brasileiras,

com produção local própria – ou seja,

fábricas – que envolvem mais de 200

mil funcionários”, acrescenta.

Na América do Sul, o Banco do Brasil

avalia também oportunidades no Chile,

na Colômbia, no Equador e no Peru.

Para o departamento de pesquisas do

banco suíço UBS, a internacionalização

em direção à América Latina é uma

boa opção não apenas para o Banco do

Brasil, como também para as demais

grandes instituições fi nanceiras do pa-

ís. “Acreditamos que

uma aquisição na

região faz muito

sentido, na medida

em que os bancos

brasileiros alcan-

çaram um valor de

mercado signifi cati-

vo, mesmo em uma

perspectiva global,

e que o número de

compradores em

potencial diminuiu,

por conta dos efeitos

da crise financeira

[internacional]”, ava-

liam, em relatório, os analistas Alcir

Freitas e Domingos Falavina, do depar-

tamento de pesquisas do UBS em São

Paulo. Além disso, os bancos brasileiros

estão bem enquadrados mesmo quan-

do são considerados os novos critérios

de capitalização e alavancagem, mais

rigorosos, previstos pelo Acordo de Ba-

sileia 3, que serão implementados entre

2013 e 2019.

ALÉM DA REGIÃOFora do subcontinente, as atenções es-

tão voltadas para os Estados Unidos e

para a África, onde o BB fechou parceria

para atuar com o Banco Espírito Santo,

de Portugal, e o Bradesco. Dentro dos

critérios estabelecidos pelo banco para

a internacionalização, a África parece

uma escolha natural. Há várias em-

presas brasileiras com forte atuação

no continente, como Petrobras, Vale,

Odebrecht, Camargo Corrêa e Marfrig.

Além disso, argumenta Toledo, os ban-

cos brasileiros têm tecnologia de ponta

no mercado de varejo, não só em rela-

ção ao atendimen-

to propriamente

dito, como também

em produtos como

cartões, seguros e

previdência – e pre-

tendem aproveitar

essas vantagens

comparativas para

crescer em um mer-

cado caracterizado

pela baixa banca-

rização. “Somente

15% dos africanos

têm conta corrente,

o que signifi ca um

bom mercado potencial para venda

de produtos, especialmente fi nancia-

mento”, complementa Ricardo Mollo,

professor de Finanças do Insper.

Nos Estados Unidos, mercado ho-

je marcado pela fadiga de crédito de-

corrente dos excessos verifi cados nos

400mil contas correntes é a meta do BB,

nos EUA, em 5 anos

AE 392 bancos BB2.indd 4 9/24/10 4:11:21 AM

Page 39: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 39

últimos anos, o interesse do Banco do

Brasil se relaciona à ampla comunidade

de brasileiros, estimada em 1,4 milhão

de pessoas, e, em menor medida, aos

hispânicos que residem no país. “Es-

tamos estudando a aquisição de um

banco de pequeno porte no país. Temos,

atualmente, uma short list com cinco

nomes, e a defi nição deve ocorrer até

o fi m do ano”, diz o vice-presidente da

Área Internacional do BB. Como 70% dos

brasileiros nos EUA vivem na Flórida ou

na região de Nova York (que inclui Bos-

ton e Nova Jersey), a sede das operações

estará em um ponto ou noutro.

A meta é a de que, em cinco anos,

a operação do Banco do Brasil nos Es-

tados Unidos conte com 400 mil con-

tas correntes. “O que buscamos nos

Estados Unidos é algo semelhante ao

que já desenvolvemos

no Japão, onde o Banco

do Brasil mantém sete

agências, com cerca de

125 mil clientes no total,

o equivalente a pouco

menos da metade dos

cerca de 300 mil brasilei-

ros que vivem no país”,

diz Toledo. “No Japão,

cerca de 15% dos clientes

do Banco do Brasil são

sul-americanos que se

identifi cam com a nossa

marca”. A ideia é a que

fenômeno semelhante

possa ocorrer nos Esta-

dos Unidos em relação à população de

hispânicos, observa Toledo.

Outro exemplo que não deve ser

esquecido nesse foco in-

ternacional é o do segun-

do colocado do ranking, o

Banco Itaú. Enquanto se

dedicou ao processo de in-

tegração com o Unibanco,

cuja fusão foi anunciada

no fi nal de 2008, o banco

ampliou suas operações

de private banking no exte-

rior, sendo a última anun-

ciada em setembro, na

Suíça. “Eles tiveram de se

concentrar nessa integra-

ção, pois é uma operação

complexa, sobretudo no

varejo. A partir de agora,

entretanto, espera-se que ele se volte a

investimentos no exterior”, diz Mollo.

Tal tendência é confi rmada pelo banco.

“Estamos atentos a oportunidades na

América Latina, para servir melhor aos

clientes na região, dando preferência

para o ganho de escala nos países em

que o Itaú Unibanco já tem presença

[Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai]”,

afi rma Rogério Calderon, diretor cor-

porativo de Controle do Itaú Unibanco.

“Há uma mudança cultural no banco,

de desenvolvimento de lideranças para

essa internacionalização, o que é um

fator importante”, destaca Mollo.

FORÇA DOMÉSTICAA decisão de buscar crescimento por

meio de aquisições ou parcerias no exte-

rior é vista com simpatia por analistas

Em 2009, o crédito cresceu 15% no Brasil, puxado pelos bancos públicos

ALLAN SIMÕES TOLEDO, DO BB: EM BUSCA DE SINERGIAS

FORA DO PAÍS

Fonte: Banco do Brasil

AE 392 bancos BB2 V1.indd 5 9/24/10 4:51:55 PM

Page 40: Nº 392 Edição Brasil

40 AméricaEconomia Outubro, 2010

EspecialBANCOS

MARGEM DE EXPANSÃO“Comparações à parte, no Brasil, o cré-

dito cresceu de forma consistente ao

longo dos últimos oito anos. Em 2002,

a relação crédito/PIB era de apenas

22%”, diz Lemos. “Neste ano, deve cres-

cer na casa de 20%, com a perspectiva

de expansão do PIB entre 6% e 7%”,

acrescenta, destacando o potencial do

mercado de crédito imobiliário, que, a

despeito do crescimento recente, tem

ainda margem para avanços. “Hoje, o

crédito imobiliário corresponde apenas

a cerca de 3% do PIB. Há muito espaço

para crescer”, reconhece Walter Malie-

ni, diretor de crédito do Banco do Brasil,

uma das últimas grandes instituições a

ingressar no nicho.

“O cenário continua favorável à

expansão do crédito em geral, não só

o imobiliário, mas também o de veícu-

los, por exemplo. A massa

salarial, o nível de emprego,

o forte fl uxo de ascensão em

direção à classe média, tudo

isso mantém a perspectiva

de demanda”, observa o exe-

cutivo do BB. “E, no caso das

empresas, o nível de utiliza-

ção da capacidade instalada,

de 85,7%, em agosto, indica

que elas vão ter de investir

para atender ao crescimen-

to orgânico da demanda.

Mesmo durante a crise, os

investimentos em formação

bruta de capital fi xo foram

superiores à média dos dez

anos anteriores”, acrescenta

Malieni.

Apesar da ampliação da

concessão de crédito bancário

no país, não há sinais de au-

mento da inadimplência. Pelo

contrário, desde setembro de

2009, as taxas de inadimplên-

Crédito imobiliário representa cerca de 3% do PIB

no Brasil

de mercado, embora muitos coincidam

na percepção de que o mercado interno

continuará a reservar as melhores opor-

tunidades para o setor. “O grande mer-

cado para os bancos brasileiros, públicos

ou privados, é, e continuará sendo, o do-

méstico, onde ainda há grande espaço

para expansão”, avalia Aloísio Lemos,

analista do setor fi nanceiro da Ágora

Corretora. “Não existe a perspectiva de

o Banco do Brasil se globalizar. Ele tende

a ser sempre um banco essencialmente

brasileiro, com operações em regiões ou

países onde a presença econômica do

Brasil requer. O modelo é bem diferente

do HSBC, por exemplo, que é um banco

eminentemente global”, acrescenta o

professor Roy Martelanc, coordenador

do MBA Banking da Fundação Instituto

de Administração (FIA).

Lemos, da Ágora, cita um dado inte-

ressante: a expansão do uso de internet

banking, no Brasil, tem ocorrido parale-

lamente ao crescimento do número de

atendimentos realizados nas agências

físicas, o que mostra que novos clientes

continuam a ser incorporados à base das

instituições em um contexto de expan-

são econômica e de maior formalização

de vínculos, seja de empresas ou de

trabalhadores. Segundo os dados mais

recentes do Banco Central, a relação cré-

dito/PIB avançou novamente em agosto,

para 46,2%, ante 45,5% no mês anterior

e 43,3% em agosto do ano passado. Para

efeito de comparação, em proporção ao

PIB, o Brasil está bem à frente de países

como Argentina, México, Peru e Colôm-

bia na concessão de crédito, mas ainda

muito abaixo do Chile, onde a relação

crédito/PIB supera a casa de 80%, de

acordo com levantamento do UBS.

AE 392 bancos BB2.indd 6 9/24/10 1:43:47 AM

Page 41: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 41

cia, defi nidas como atrasos de pagamen-

to superiores a 90 dias, vêm recuando de

forma sustentada. Após terem atingido,

em agosto de 2009, o pico de 8,4% entre

as pessoas físicas e de 3,9% entre as

pessoas jurídicas, em agosto de 2010,

equivaliam a 6,2% (pessoas físicas) e

3,6% (pessoas jurídicas). Na média, a

inadimplência fi cou em 4,8% em agosto,

em baixa de 0,1 ponto percentual em

relação a julho e de 1,1 ponto percen-

tual em comparação a agosto do ano

passado, de acordo com os mais recentes

dados do Banco Central.

“No mercado doméstico, o BB está

surpreendendo com uma carteira de

crédito muito bem estruturada. É um

banco com forte presença entre os pe-

quenos negócios, com faturamento

anual de até R$ 150 milhões, e teve

atuação essencial no enfrentamento da

crise”, diz Celso Grisi, diretor-presidente

do Instituto de Pesquisas Fractal. “Entre

os quatro maiores bancos brasileiros

[BB, Bradesco, Itaú Unibanco e Santan-

der], é o que tem apresentado melhores

índices de inadimplência e os maiores

índices de cobertura para perdas de

crédito”, avalia Grisi.

Malieni, do BB, diz que a inadim-

plência na carteira de crédito da ins-

tituição está hoje apenas 0,1 ponto

percentual acima da verifi cada antes

da crise mundial desencadeada em

setembro de 2008 – e a tendência é de

que volte a estar abaixo até o fi m de

2010. “Em 2009, tivemos uma estratégia

de expansão de crédito voltada para as

pessoas físicas, em um primeiro mo-

mento. Para as pessoas jurídicas, inde-

pendentemente do porte, fi zemos uma

análise do histórico de relacionamento,

de forma a reduzir o risco moral. Assim,

foi possível alongar o perfi l da dívida

das empresas e conceder recursos novos,

para capital de giro, quando necessário”,

explica o diretor de crédito do BB.

“Durante a crise, sobretudo no ano

de 2009, os bancos públicos colocaram

em prática a estratégia defi nida pelo

governo de expandir a oferta de crédi-

to num contexto em que, tradicional-

mente, os bancos privados tendem a se

retrair, seja pelo maior rigor na análise

de crédito, seja por encurtamento de

prazos ou aumento de taxas”, diz Mar-

telanc, da FIA. “Com o controlador pú-

blico por trás da iniciativa – os bancos

públicos têm esse diferencial do ‘bote

salva-vidas’ –, não há muito como os

bancos privados acompanharem na

mesma medida. Mas é preciso dizer

que todo o sistema bancário está muito

bem capitalizado e que a perspectiva

de ampliação da inadimplência não é

signifi cativa”, conclui.

NOVA YORK: COMUNIDADE DE BRASILEIROS É UM DOS

FOCOS DA EXPANSÃO DO BB

AE 392 bancos BB2.indd 7 9/24/10 1:44:22 AM

Page 42: Nº 392 Edição Brasil

42 AméricaEconomia Outubro, 2010

EspecialBANCOS

SUPERADO O PIOR DA CRISE, BANCOS LATINO-AMERICANOS ENCERRAM DÉCADA COM TAXAS DE EXPANSÃO INÉDITAS E CRESCIMENTO SUSTENTADO AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE

Teste de estresse

AE 392 bancos.indd 2 9/24/10 2:46:14 AM

Page 43: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 43

Os 25 melhores bancos da América LatinaRK10

RK 09

BANCO PAÍSATIVO TOTAL

US$ MI

C. VENC./ C. CRÉD. (%)

2010

RENTABILIDADE ROE (%) 2010*

LIQUIDEZ BASE 100

PATRIMÔNIO/ATIVO TOTAL (%)

2010

EFICIÊNCIA BASE 100

ÍNDICE FINAL

1 1 SANTANDER CHI 37.793,1 2,8 15,1 16,9 8,2 100,0 64,2

2 2 ITAÚ UNIBANCO BRA 352.920,1 5,0 6,0 2,9 6,9 69,6 63,3

3 4 CONTINENTAL BBVA PER 11.081,7 0,2 16,4 26,2 9,0 66,4 62,2

4 3 BRADESCO BRA 313.189,3 8,5 7,3 4,5 7,9 70,7 61,8

5 13 SANTANDER MÉX 48.996,1 1,8 8,2 45,3 12,6 83,8 59,7

6 5 BANCO DE CHILE CHI 32.202,5 1,6 15,6 8,3 7,6 73,3 59,4

7 19 INTERBANK PER 6.065,5 1,2 16,2 34,9 8,1 61,6 57,5

8 - SANTANDER URU 3.943,0 0,1 7,5 11,4 10,9 83,8 55,9

9 6 SANTANDER BRA 207.513,4 7,9 1,9 4,2 17,5 83,8 55,1

10 18 INDUSTRIAL E COMERCIAL BRA 7.612,8 1,9 6,9 4,3 13,7 89,9 54,6

11 11 BBVA BANCOMER MÉX 86.635,6 3,5 11,6 31,4 8,9 55,7 54,2

12 9 CRÉDITO PER 18.638,5 1,2 12,2 31,8 9,0 58,8 54,0

13 23 SCOTIABANK PER 8.224,2 1,5 10,9 36,7 13,2 58,1 53,2

14 12 BANAMEX MÉX 84.743,6 1,7 6,9 23,5 13,2 50,6 51,3

15 17 CORP BANCA CHI 12.896,4 2,3 11,1 5,5 7,1 80,5 50,5

16 22 BANCO DE BOGOTÁ COL 16.605,3 2,8 8,5 21,6 14,3 64,8 48,9

17 - ABC BRASIL BRA 4.925,8 0,6 4,8 100,0 14,4 47,9 48,1

18 15 BCI CHI 23.565,6 2,4 10,3 12,5 7,4 66,0 47,4

19 - BICE CHI 4.884,3 1,2 8,1 10,9 8,0 66,0 47,2

20 10 PICHINCHA EQU 5.132,1 1,6 6,4 30,0 9,4 58,0 46,3

21 20 BBVA CHI 13.556,3 2,7 9,1 6,5 6,7 69,1 44,7

22 25 MERCANTIL DEL NORTE MÉX 44.802,0 2,4 7,3 29,0 7,3 59,2 44,3

23 - INBURSA MÉX 17.291,2 1,5 3,0 22,8 20,0 60,1 44,1

24 - GNB SUDAMERIS COL 4.182,2 1,8 12,3 14,9 6,8 39,2 44,0

25 21 BANCOLOMBIA COL 22.637,6 3,2 8,6 14,0 16,0 38,1 42,3

A tualmente, os banqueiros não

podem reclamar. Pelo menos

na América Latina. Eles acom-

panharam pelo retrovisor a última

grande crise, com epicentro em Wall

Street e refl exo nas principais econo-

mias do mundo. No exercício fechado

em 31 de junho de 2010, os 250 maiores

bancos latino-americanos somavam

ativos de quase US$ 3 trilhões, mon-

tante 14% maior do que o registrado

no período anterior e muito acima do

registrado antes da crise.

Apesar de o lucro total dessas ins-

tituições não ter chegado aos US$ 24,3

bilhões de 2008, os US$ 18,15 bilhões

somados por esses 250 bancos ao fi m de

junho deste ano refl etem um saudável

aumento, de 33%, em relação a 2009.

“Diferentemente do restante do mundo,

na América Latina, a crise não foi fi nan-

ceira”, diz Pamela Cox, vice-presidente

do Banco Mundial para a América La-

tina e o Caribe. De fato, as fi nanças são

um dos setores que se mostraram mais

fortes nos dois últimos anos diante de

pressões econômicas.

A evidência mais clara são os resul-

tados desta edição do estudo sobre ban-

cos, realizado anualmente pela equipe

de pesquisas de nossa revista, a Améri-

caEconomía Intelligence, que analisa os

balanços e resultados das 250 maiores

instituições fi nanceiras da região, se-

lecionando as 25 que demonstraram o

melhor desempenho.

OS MELHORESEntre os melhores, quem leva a dian-

teira é o Santander do Chile. A fi lial do

banco espanhol parece ter encontrado

a receita secreta da Coca-Cola, ou o

código-fonte da Microsoft: apresenta

os melhores resultados do grupo do

qual faz parte e mantém, pelo sexto

ano consecutivo, o primeiro lugar no

Ranking dos Melhores Bancos da Amé-

rica Latina. Para realizar esse estudo,

AE 392 bancos V2.indd 3 9/24/10 4:49:16 PM

Page 44: Nº 392 Edição Brasil

44 AméricaEconomia Outubro, 2010

EspecialBANCOS

MAIORES...Ativos totais dos últimos dois anos,em US$ bilhõesFonte: AméricaEconomía Intelligence

Ativos 2010Ativos 2009

BRASIL 1.8811.463

COLÔMBIA11288

ARGENTINA102

83

109101OUTROS

388359MÉXICO

5850PERU

187181CHILE

5450PANAMÁ

79121VENEZUELA

INCENTIVANDO O CONSUMOCarteiras de crédito dos últimos dois anos,em US$ bilhõesFonte: AméricaEconomía Intelligence

Carteira de créditos 2010Carteira de créditos 2009

BRASIL

COLÔMBIA

ARGENTINA

485363

153135130

12272

57413534

54323032

2759

56OUTROS

MÉXICO

PERU

CHILE

PANAMÁ

VENEZUELA

CLIENTES CONFIANTESDepósitos bancários nos últimos dois anos, em US$ bilhões

Fonte: AméricaEconomía Intelligence

Depósitos 2010Depósitos 2009

BRASIL

COLÔMBIA

ARGENTINA

831672

175160

111108

756175

5962

994035

3838

8371OUTROS

MÉXICO

PERU

CHILE

PANAMÁ

VENEZUELA

... E MAIS LUCRATIVOSLucro bancário dos últimos dois anos,em US$ milhõesFonte: AméricaEconomía Intelligence

Lucro 2010Lucro 2009

BRASIL 9.0496.391

COLÔMBIA1.331

1.078

ARGENTINA 912515

695607OUTROS

2.9471.774MÉXICO

1.105632PERU

1.4761.040CHILE

453426PANAMÁ

6361.292VENEZUELA

ESTRELAS DA BOLSAPatrimônio bancário dos últimos dois anos,em US$ bilhõesFonte: AméricaEconomía Intelligence

Patrimônio 2010Patrimônio 2009

BRASIL 158124

COLÔMBIA 1410

ARGENTINA 109

1110OUTROS

4236MÉXICO

55PERU

1414CHILE

66PANAMÁ

711VENEZUELA

PARA ONDE VAI O DINHEIRO?Destino dos fundos dos bancos em cada paísFonte: AméricaEconomía Intelligence

100%

60%

20%

80%

40%

0%

COLÔ

MBIA

BRAS

IL

MÉXIC

O

PERU

PANA

OUTR

OS

VENE

ZUEL

A

Carteira de créditos 2010Investimento em valores 2009

* O Chile não tem dados de investimento em valores 2009

AméricaEconomía Intelligence desen-

volveu uma metodologia com base no

modelo Camel, que analisa e compara

o desempenho bancário de acordo com

a gestão de capital, os ativos, o patri-

mônio e a liquidez (veja metodologia

na pág. 47).

Pisando os calcanhares do Santan-

der do Chile está o brasileiro Itaú Uni-

banco, que nos últimos tempos prota-

gonizou uma campanha de expansão

internacional e doméstica sem descui-

dar dos resultados. O lucro do banco

melhorou 72% no período analisado, e

seus planos de expansão não param:

ele acaba de arrecadar US$ 1 bilhão em

uma emissão de bônus, visando gerar

novos negócios.

Já o Continental BBVA, associação

do grupo espanhol com o grupo fami-

liar peruano conduzido pelos irmãos

Brescia, surpreende com o terceiro lugar

do ranking. A baixa carteira vencida,

seu alto nível de liquidez e seu retorno

sobre patrimônio (ROE) o colocaram em

uma posição inédita para um banco

peruano, consistente com a evolução

registrada pelo setor nesse país.

Outro destaque do ranking foi o fato

de as notas dos 25 melhores bancos se-

rem, em média, muito melhores do que

em 2009 e 2008, o que indica que, apesar

dos impactos dos ciclos econômicos, o

sistema bancário latino-americano está

ganhando instituições mais sólidas e à

prova de crises.

OS 250 MAIORESSegundo mostra o ranking deste ano, os

bancos maiores foram os que cresceram

mais. Os dez primeiros cresceram, em

média, 20,2% no período analisado.

Entre eles, destaca-se o Banco do Brasil,

que se consolida como o maior da região

ao absorver a Nossa Caixa, permitindo-

lhe incrementar seus ativos em 40%

no último ano, superando os US$ 360

bilhões – o equivalente a três vezes o

PIB do Peru. Hoje, o Banco do Brasil está

em um processo de expansão interna-

cional e busca boas oportunidades em

AE 392 bancos V2.indd 4 9/24/10 5:01:34 PM

Page 45: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 45

CAPITAL BEM-VINDOBancos com maior capitalizaçãoFonte: AméricaEconomía Intelligence

SUB RK 10

BANCO PAÍSPATRI.US$ MIJUN/10

VAR.PATRI.

(%)10/09

RK 10

1 BGN BR 445,8 354,3 160

2 VOLVO BRASIL BR 211,5 191,2 195

3 BCO IBI S.A. BM BR 1.231,8 175,7 117

4 MONEX MX 128,5 120,5 156

5 BARCLAYS MX 158,7 116,9 192

6 J. SAFRA BR 149,0 113,1 206

7 BANCOOB BR 148,6 72,3 73

8 MERCEDES-BENZ BR 482,9 71,2 100

9 HSBC BANK PERÚ PE 109,3 70,6 217

10 CITIBANK N.A. BR 312,2 68,1 197

11 BVA BR 164,4 66,9 132

12 IND. DE VENEZUELA VE 157,3 65,3 123

13 MULTIVA MX 124,3 62,6 170

14 CREDIT SUISSE MX 93,7 55,7 232

15 DE OCCIDENTE CO 1.219,0 53,4 41

SUB RK 10

BANCO PAÍS

AT. TOTALUS$ MIJUN/10

VAR.AT.

TOTAL(%)

10/09

RK 10

1 BANK OF AMERICA MX 3.595,5 204,4 99

2 BTG PACTUAL BR 16.493,8 164,9 24

3 DEUTSCHE BANK MX 3.082,4 160,3 108

4 BVA BR 2.192,3 148,1 132

5 BGN BR 1.599,7 94,9 160

6 BANCOOB BR 4.964,2 67,4 73

7 SOCIETE GENERALE BR 4.740,8 61,5 79

8 HSBC FINANCE S.A. BM BR 1.532,7 61,0 166

9 NACIÓN AR 31.088,0 60,9 17

10 ABC BRASIL BR 4.925,8 58,9 74

11 DEUTSCHE BANK BR 8.570,2 57,2 43

12 IND. E COMERCIAL BR 7.612,8 57,1 48

13 DAYCOVAL BR 4.835,4 54,2 76

14 PANAMERICANO BR 5.685,8 51,9 67

15 BANCENTRO NI 1.278,0 50,0 190

TERRA DE GIGANTESOs que mais cresceram em ativosFonte: AméricaEconomía Intelligence

SUB RK 10

BANCO PAÍSPATRI.US$ MIJUN/10

VAR.PATR.(%)

10/09

RK 10

1 FEDERAL VE 158,8 -69,3 134

2 CITIBANK VE 137,9 -55,1 205

3 FONDO COMÚN VE 130,1 -50,3 175

4 AGRICOLA DE VENE. VE 130,3 -48,1 203

5 VENE. DE CRÉDITO VE 148,4 -40,8 179

6 BANESCO VE 886,2 -39,0 35

7 CNH CAPITAL BR 228,9 -37,8 135

8 SCOTIABANK CH 884,5 -37,2 38

9 DE VENE. SANTANDER VE 877,8 -33,0 31

10 G. SACHS BM S.A BR 79,1 -32,6 224

11 EXTERIOR VE 267,3 -32,3 111

12 CORP. BANCA VE 252,7 -32,0 122

13 NACIONAL DE CRÉDITO VE 184,3 -31,1 147

14 BANCARIBE VE 243,4 -30,3 115

15 PROVINCIAL VE 1.107,9 -29,9 36

EFEITO BOLÍVARBancos com menor capitalizaçãoFonte: AméricaEconomía Intelligence

NEM TODOS CRESCERAMOs que mais caíram em ativosFonte: AméricaEconomía Intelligence

SUB RK 10

BANCO PAÍS

AT. TOTALUS$ MIJUN/10

VAR.AT.

TOTAL(%)

10/09

RK 10

1 BANCORO VE 995,8 -59,2 221

2 FIAT BR 3.023,1 -56,7 110

3 FEDERAL VE 2.149,4 -55,6 134

4 NAC. DE CRÉDITO VE 1.794,6 -52,4 147

5 BBM BR 2.862,1 -50,7 113

6 FONDO COMÚN VE 1.402,3 -50,6 175

7 IND. DE VENEZUELA VE 2.520,5 -49,3 123

8 RBS CH 796,0 -47,2 241

9 VENE. DE CRÉDITO VE 1.354,3 -46,3 179

10 J. SAFRA BR 1.102,7 -44,9 206

11 BANESCO VE 9.930,0 -44,0 35

12 CREDIT SUISSE MX 886,0 -43,6 232

13 CORP. BANCA VE 2.533,8 -41,5 122

14 CITIBANK VE 1.108,5 -41,1 205

15 OCCID. DE DESC. VE 5.891,8 -40,6 64

mento médio de 26,6% em seus ativos.

Entre os 21 bancos argentinos, a média

foi de 15,5%, e, entre os 22 bancos pa-

namenhos, de 11,8%. No outro extremo

fi cam os bancos venezuelanos. Apesar

de ser um dos setores mais favorecidos

na gestão econômica do presidente Hu-

go Chávez – graças à sua possibilidade

de arbitrar instrumentos fi nanceiros e

moedas na desordem macroeconômica

da Venezuela –, a desvalorização indu-

zida contra o bolívar atingiu as contas

dos bancos do país, quando medidas

em dólares: os 20 bancos que operam

na Venezuela participantes do ranking

registram uma queda média de ativos

de 33,1%.

De fato, o sistema bancário venezue-

lano é o único da América Latina que de-

monstra uma consistente tendência de

baixa em seus níveis de depósito, lucro

e carteiras de crédito. Situação que não

se repete entre os bancos equatorianos

ou bolivianos, países companheiros da

Venezuela na Alba (Aliança Bolivariana

para os Povos de Nossa América), que

optaram por ser mais ortodoxos na

condução da macroeconomia. Não obs-

tante, há bancos venezuelanos, como o

Exterior, o Provincial e o Bancaribe, que

continuam focando na rentabilidade,

com taxas de ROE que superam 16%.

Os bancos da América Central, re-

gião que se viu fortemente afetada pela

crise econômica, também registram

um período sem complicações. Mesmo

que o lucro tenha sido usado no período

pós-crise, a solvência dessas institui-

ções se manteve equilibrada graças a

fontes de fi nanciamento interno cada

vez mais robustas.

A grande exceção nesse quadro está

na Nicarágua, onde recentemente foi

anunciada a liquidação do Banco del

Éxito, instituição fi nanceira local que

sofreu com a ação “Movimiento del No

Pago”. Essa organização foi criada em

março de 2008 por clientes inadimplen-

tes das pequenas fi nanceiras. Incitado

pelo presidente Daniel Ortega, o grupo

deu início a uma série de manifestações,

vários países da região (veja reportagem

na pág. 36).

A taxa média de crescimento decai à

medida que se incorporam bancos me-

nores: enquanto os primeiros 50 bancos

do ranking cresceram 16,6% em média,

os 250 chegaram a apenas 13,8%.

Uma das análises mais interessan-

tes que emergem dessa lista é a ten-

dência por países, já que os resultados

variam de mercado a mercado, refl e-

xo dos diferentes estágios dos bancos

latino-americanos.

Os 70 bancos brasileiros que perten-

cem ao ranking elevaram seus ativos

25,5%, em média, durante 2009/2010.

Só foram superados pelos 28 bancos

mexicanos, que registraram um au-

AE 392 bancos.indd 5 9/24/10 2:48:07 AM

Page 46: Nº 392 Edição Brasil

46 AméricaEconomia Outubro, 2010

EspecialBANCOS

VERDE TESOUROEvolução dos ativos em US$ milhõesFonte: AméricaEconomía Intelligence

3.000.000

2.000.000

500.000

2000 20042002 2006 20092001 2005 20082003 2007 2010

2.500.000

1.000.000

1.500.000

0

Total geral Brasil México

Chile Argentina Panamá

COFRINHO CHEIO?Evolução dos ativos com base no ano 2000Fonte: AméricaEconomía Intelligence

2000 2003 20072002 2005 20092001 2004 20082006 2010

8

4

6

2

7

3

5

1

0

VenezuelaPanamáPeruArgentina

ColômbiaChileTotal geral

BrasilMéxico

BANCO PRECAVIDO VALE POR DOISPercentual de provisão sobre os depósitos dos bancos de cada país

PROVISÕES/DEPÓSITOS 2010

Fonte: AméricaEconomía Intelligence0,080,070,060,050,040,030,020,01

0

ARGE

NTIN

A

COLÔ

MBIA

GUAT

EMAL

A

BRAS

IL

REP.

DOM

INIC

ANA

NICA

RÁGU

A

EL S

ALVA

DOR

BOLÍV

IA

COST

A RI

CA

MÉXIC

O

PERU

CHILE

EQUA

DOR

PANA

URUG

UAI

VENE

ZUEL

A

que repercutiram por todo o sistema

bancário do país. Os três bancos nicara-

guenses que participam do ranking re-

gistraram uma redução do lucro em 6%,

e as carteiras de crédito em 10%, ainda

que não corram riscos de insolvência.

O Panamá, por sua vez, vive uma

situação diferente. Consolidado como

um centro financeiro internacional,

hoje demonstra querer sair da lista de

paraísos fi scais elaborada pela OCDE

(Organização para Cooperação e Desen-

volvimento Econômico). De fato, che-

gou-se a cogitar no mercado que o grupo

francês Société Générale iria deixar o

país devido às preocupações geradas

por essa imagem de paraíso fi scal. Por

outro lado, a mídia espanhola apontou

recentemente que muitos milionários

da Espanha estão escolhendo o Pana-

má para deixar seu dinheiro e fugir

da atual diligência da banca europeia.

Durante o primeiro semestre deste ano,

foram concedidas seis novas licenças de

operação para bancos no Panamá, e há

outras sete em trâmite, o que colabo-

raria para consolidar a capital do país

como praça fi nanceira global.

BEM QUALIFICADOSHá dez anos, os ratings de classifi cação

de dívida dos maiores bancos da região

– com exceção dos chilenos – concentra-

vam-se em BB, enquanto os do mundo

desenvolvido estavam em AA. Hoje,

essa diferença se reduziu bastante: os

dos países desenvolvidos caíram para

A, e grande parte dos melhores bancos

latino-americanos subiram para BBB,

segundo classifi cação da agência Fitch

Ratings.

O preparo demonstrado pelos ban-

cos latino-americanos lhes permitiria

inclusive seguir, sem problemas, as

novas normas do Comitê da Basileia

de Supervisão Bancária – conhecidos

como Basileia III –, que elevam os mon-

tantes mínimos de capitalização que os

bancos devem garantir para enfrentar

crises com mais fôlego. Grande parte

dos bancos latino-americanos está aci-

AE 392 bancos V2.indd 6 9/24/10 5:02:57 PM

Page 47: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 47

SUB RK 10

BANCO PAÍS

CART. CRÉD. US$ MIJUN/10

VAR. CART. CRÉD. 10/09 (%)

RK 10

1 J. SAFRA BR 994,8 995,1 206

2 BVA BR 1.179,4 176,2 132

3 HSBC FINANCE BM BR 667,1 174,8 166

4 FIAT BR 2.322,2 148,0 110

5 BTG PACTUAL BR 1.093,9 112,0 24

6 RURAL BR 1.052,2 93,4 133

7 BANCOOB BR 1.615,3 84,1 73

8 BANCO FIDIS BR 1.917,0 80,9 130

9 RABOBANK CL 580,1 74,4 208

10 BGN BR 1.033,1 73,8 160

11 ABC BRASIL BR 3.086,7 72,2 74

12 IND. E COM. BR 5.081,3 72,0 48

13 FORD BR 750,2 71,9 245

14 BANESCO S.A. PA 489,8 71,4 191

15 TOYOTA BR 808,5 66,8 176

ME DÁ UM DINHEIRO AÍOs que mais ampliaram sua carteira de créditosFonte: AméricaEconomía Intelligence

HOJE NÃO EMPRESTOOs que mais reduziram sua carteira de créditosFonte: AméricaEconomía Intelligence

SUB RK 10

BANCO PAÍS

CART. CRÉD. US$ MIJUN/10

VAR. CART. CRÉD.(%)

10/09

RK 10

1 B. DE LOS TRABAJ. GT 99,3 -79,1 247

2 DEL DESARR. RURAL GT 458,5 -76,2 106

3 REFORMADOR GT 162,6 -71,9 225

4 IND. DE VENEZUELA VE 178,3 -68,9 123

5 BANCORO VE 344,3 -68,2 221

6 JOHN DEERE BR 248,6 -68,0 222

7 AGROMERCANTIL GT 233,9 -66,2 180

8 J. P. MORGAN MX 8,4 -65,6 149

9 INDUSTRIAL GT 817,3 -65,5 80

10 G & T CONTINENTAL GT 604,6 -64,0 97

11 BBM BR 199,7 -63,0 113

12 TOKYO-MITSUBISHI UFJ BR 51,2 -60,7 213

13 CITIBANK N.A. BR 80,8 -58,0 197

14 NACIONAL DE CRÉDITO VE 865,3 -55,8 147

15 FEDERAL VE 798,0 -53,2 134

SUB RK 10

BANCO PAÍSLUCRO US$ MIJUN/10

RENT. ROE (%) 1º SEM

RK 10

1 NOVA SCOTIA PA 17,8 103,6 164

2 EXTERIOR VE 57,6 21,6 111

3 COMAFI AR 17,6 20,9 215

4 AGRARIO CO 112,7 19,3 52

5 COMPARTAMOS MX 68,4 19,2 246

6 HSBC AR 104,5 18,5 77

7 COMERCIAL BHD DO 41,5 18,5 126

8 BANCOLOMBIA PA 73,8 18,4 112

9 PROVINCIAL VE 196,5 17,7 36

10 MONEX MX 22,1 17,2 156

11 SANTANDER RÍO AR 118,3 17,1 46

12 BVA BR 27,9 16,9 132

13 CONTINENTAL BBVA PE 163,8 16,4 29

14 INTERBANK PE 79,8 16,2 60

15 BANCARIBE VE 39,1 16,1 115

MÁQUINAS AJUSTADASOs mais rentáveisFonte: AméricaEconomía Intelligence

POUCAS CARAS TRISTESBancos com perdas na regiãoFonte: AméricaEconomía Intelligence

SUB RK 10

BANCO PAÍSLUCROUS$ MI JUN/10

RENT. ROE (%) 1º SEM

RK 10

1 G. SACHS BM S.A BR -41,2 -52,1 224

2 DE CÓRDOBA AR -11,2 -19,3 157

3 CNH CAPITAL BR -26,8 -11,7 135

4 PAULISTA BR -4,8 -8,5 234

5 HSBC BANK PERÚ PE -9,1 -8,3 217

6 RABOBANK CHILE CL -4,6 -6,5 208

7 ITAÚ ARGENTINA AR -3,5 -3,2 171

8 SOCIÉTÉ GÉNÉRALE BR -8,0 -1,3 79

9 RBS CL -2,1 -0,9 241

10 CITIBANK ES -2,6 -0,7 128

11 SOFISA BR -2,8 -0,7 105

12 IXE MX -0,3 -0,1 69

ma dos novos níveis recomendados, ou

pouco abaixo.

A força desse sistema bancário

explica-se por três grandes fatores: os

sólidos balanços, acompanhados de

estritos sistemas de regulamentação

e supervisão. Além disso, seu foco no

ainda pouco bancarizado mercado do-

méstico lhe fez evitar a exposição aos

ativos tóxicos que contaminaram os

balanços bancários do Primeiro Mun-

do. Isso, somado ao bom desempenho

macroeconômico de seus países e a uma

gestão monetária efetiva, permitiu que

a primeira década do século 21 – que

começou e terminou com crises – tenha

sido a prova de fogo que permitiu aos

bancos latino-americanos fortalecer

sua musculatura.

Metodologia dos 250 MaioresA informação apresentada corresponde a junho de 2010, salvo quando indicado outro período.O critério pelo qual se elegem os 250 maiores bancos são os ativos totais. A conversão dos diferentes itens contábeis a dólares correntes é feita segundo o tipo de câmbio vigente correspondente à informação publicada. As carteiras de crédito são brutas e compostas por carteiras vigentes mais carteira vencida (ou a carteira líquida de provisões mais provisões).Os lucros correspondem ao período janeiro-junho, semestralizados em caso de balanços que cubram outro período. Para calcular a rentabilidade sobre o patrimônio, também foram usados dados semestrais.No Brasil, a legislação reconhece dois tipos de bancos: os múltiplos e os comerciais. Os primeiros englobam uma série de atividades, como investimento, leasing, corre-tagem de valores e crédito imobiliário, diferentemente dos bancos comerciais, que correspondem ao conceito tradicional dos bancos (colocação e captação).Na Argentina, a estimativa de morosidade corresponde à razão entre a carteira vencida e o total de emprésti-mos. O critério de carteira vencida na Argentina cor-responde à carteira com inadimplência, cumprimento deficiente, alto risco de insolvência, difícil recuperação, irrecuperável e irrecuperável por disposição técnica.

Metodologia 25 Melhores O ranking tem como base os 100 maiores bancos da América Latina por ativos totais. O ranking não conside-ra bancos estatais porque, em geral, estes não operam sob as mesmas normas de supervisão.A ferramenta utilizada para determinar os melhores é o método Camel:• C: Capital Adecuacy (Estrutura do Capital)• A: Assets Quality (Qualidade dos Ativos)• M: Management (Gestão)• E: Earning (Lucro)• L: Liquity (Liquidez)1. Estrutura do Capital (15%)Este indicador mede a capacidade que cada instituição tem para absorver perdas ou desvalorizações de seus ativos, já que qualquer deterioração na qualidade dos mesmos deve ser absorvida pelo patrimônio para que não afete os depósitos. 2. Qualidade dos Ativos (10%)Este indicador mostra a qualidade dos ativos de cada instituição analisando a carteira de créditos, a carteira vencida e provisão de recursos.3. Gestão (25%)Este é um dos fatores mais complexos de avaliar, já que inclui elementos cuja informação, em sua maioria, não está disponível em todos os países.A eficiência administrativa mede a relação entre a soma dos gastos com pessoal e os gastos operacionais dire-tos do banco em relação à margem operacional.4. Lucro (20%)A avaliação da rentabilidade está associada ao po-tencial atual e futuro da instituição em gerar lucros e rendimento dos ativos, bem como equilíbrio entre o rendimento dos ativos e o custo dos recursos captados, além de conceitos como o retorno do investimento.5. Liquidez (5%)Os indicadores financeiros relacionados à liquidez me-dem a capacidade operacional do banco para respon-der por seus compromissos financeiros de curto prazo. Seu grau de vulnerabilidade vai depender do equilíbrio existente entre fatores como os vencimentos dos ativos e os vencimentos dos passivos do banco. 6. Tamanho (25%)Um último indicador que entra na metodologia é o tamanho, já que, apesar de a seleção dos cem pri-meiros bancos oferecer uma amostra homogênea, a distância entre o número 1 e o 100 é de mais de US$ 285 bilhões.

AE 392 bancos V2.indd 7 9/24/10 5:03:09 PM

Page 48: Nº 392 Edição Brasil

48 AméricaEconomia Outubro, 2010

EspecialBANCOS

1 2 BANCO DO BRASIL BRA 362.628,2 39,7 138.898,6 44,6 174.018,8 33,3 22.228,7 2.274,3 41,9 10,2 1,5

2 1 ITAÚ UNIBANCO BRA 352.920,6 20,8 52.824,0 31,3 166.081,8 28,0 24.519,8 1.475,9 72,2 6,0 5,0

3 3 BRADESCO BRA 313.189,3 27,5 66.672,3 34,5 145.795,2 19,4 24.645,5 1.808,3 21,0 7,3 8,5

4 5 CAIXA ECONÔMICA FEDERAL BRA 212.117,0 27,1 77.587,5 64,8 108.985,4 20,2 7.953,7 717,6 79,1 9,0 2,3

5 4 SANTANDER BRA 207.513,4 15,5 50.433,5 7,4 72.795,7 –10,6 36.362,3 675,0 246,9 1,9 7,9

6 6 BBVA BANCOMER MÉX 86.635,6 1,9 40.314,9 9,4 43.561,5 5,3 7.748,1 896,5 1.323,2 11,6 3,5

7 7 BANAMEX MÉX 84.743,6 13,1 26.494,4 31,8 32.456,1 18,6 11.218,1 777,6 33,2 6,9 1,7

8 8 HSBC BRASIL BRA 63.691,1 17,3 15.470,5 12,2 39.938,7 18,2 3.981,8 235,5 82,9 5,9 5,7

9 9 VOTORANTIM BRA 59.340,1 18,6 8.452,6 10,5 12.421,3 12,3 4.535,6 265,7 242,6 5,9 1,5

10 10 SANTANDER MÉX 48.996,1 0,7 15.777,6 –1,5 19.516,9 –3,2 6.162,2 503,4 5,2 8,2 1,8

11 11 MERCANTIL DEL NORTE MÉX 44.802,0 5,0 18.048,6 5,5 21.715,2 8,2 3.271,8 238,6 20,2 7,3 2,4

12 14 SAFRA BRA 39.651,4 24,8 10.202,4 44,6 10.375,4 7,0 2.847,1 285,0 22,1 10,0 1,2

13 12 SANTANDER SANTIAGO CHI 37.793,1 3,0 26.540,1 7,3 20.679,3 –4,2 3.082,7 466,7 31,2 15,1 2,8

14 17 HSBC MÉXICO MÉX 33.027,8 8,3 11.511,2 1,6 18.041,7 8,0 3.152,1 17,8 1.323,1 0,6 4,3

15 16 BANCO DE CHILE CHI 32.202,5 4,7 24.581,7 8,5 21.206,8 6,7 2.436,8 379,7 63,9 15,6 1,6

16 18 BANCO ESTADO CHI 31.565,9 8,4 20.683,2 6,7 20.412,4 8,1 1.712,6 73,0 12,4 4,3 6,9

17 20 NACIÓN ARG 31.088,0 60,9 9.820,6 38,6 24.638,2 65,8 2.432,6 156,2 113,6 6,4 –

18 22 CITIBANK BRA 25.805,8 39,0 3.923,9 14,8 8.148,2 28,9 1.771,1 74,3 –90,9 4,2 6,3

19 19 BCI CHI 23.565,6 3,4 16.706,5 3,4 13.854,0 –4,9 1.740,4 178,8 48,1 10,3 2,4

20 21 BANCOLOMBIA COL 22.637,6 18,6 15.507,3 15,7 14.479,3 15,2 3.630,4 312,4 19,2 8,6 3,2

21 24 CRÉDITO PER 18.638,5 17,1 10.625,7 20,4 12.734,0 15,2 1.677,2 204,6 14,3 12,2 1,2

22 25 INBURSA MÉX 17.291,2 13,5 13.147,8 16,4 10.836,2 3,4 3.450,2 104,8 –30,0 3,0 1,5

23 30 DE BOGOTÁ COL 16.605,3 29,7 10.249,1 17,7 11.739,2 22,3 2.368,1 202,1 21,3 8,5 2,8

24 54 BTG PACTUAL BRA 16.493,8 164,9 1.093,9 112,0 3.417,1 91,5 1.911,0 187,1 220,8 9,8 0,2

25 29 BBVA CHI 13.556,3 4,3 9.158,5 2,3 7.960,4 7,1 902,9 82,4 12,7 9,1 2,7

26 34 DAVIVIENDA COL 13.414,3 27,5 9.810,7 38,6 8.909,8 22,7 1.515,1 128,4 21,3 8,5 3,8

27 31 SCOTIABANK INVERLAT MÉX 13.195,0 15,2 7.633,2 8,3 8.788,5 10,6 2.048,8 101,3 66,0 4,9 4,1

28 32 CORP BANCA CHI 12.896,4 16,7 9.687,7 10,9 7.603,3 14,1 911,9 101,5 55,3 11,1 2,3

29 36 CONTINENTAL BBVA PER 11.081,7 9,4 7.597,9 14,3 7.673,4 7,5 999,3 163,8 –5,1 16,4 0,2

30 40 BANCO DO NORDESTE BRA 11.046,7 33,9 4.987,3 33,1 3.821,6 79,7 1.146,6 28,9 –43,6 2,5 2,6

31 28 BANCO VENEZUELA SANTANDER VEN 10.519,7 –24,4 4.136,3 –37,7 8.976,5 –25,2 877,8 0,0 –100,0 0,0 1,8

32 35 BNP PARIBAS BRA 10.332,5 –1,5 225,1 –17,4 3.059,1 7,4 612,4 61,8 53,1 10,1 0,0

33 48 VOLKSWAGEN BRA 10.269,1 41,9 7.587,1 58,8 3.486,1 9,9 946,6 65,6 – 6,9 0,7

34 37 BBVA COLOMBIA COL 10.057,9 0,7 6.777,7 8,1 7.027,1 2,9 1.072,6 120,9 25,8 11,3 3,9

35 23 BANESCO VEN 9.930,0 –44,0 5.720,3 –38,6 8.648,5 –44,4 886,2 93,8 –30,6 10,6 1,4

36 27 PROVINCIAL VEN 9.717,6 –34,7 4.577,1 –36,0 7.843,0 –34,8 1.107,9 196,5 –37,4 17,7 1,1

37 39 HSBC PANAMÁ PAN 9.674,1 –0,0 6.051,4 0,5 7.778,1 0,3 1.366,0 34,0 –54,6 2,5 –

38 33 SCOTIABANK CHI 9.605,2 –10,8 7.300,6 –8,5 4.336,8 –20,2 884,5 46,4 197,5 5,2 8,0

39 26 MERCANTIL VEN 9.330,4 –38,6 4.919,4 –32,2 8.063,4 –38,6 982,6 102,8 –33,9 10,5 0,9

40 41 REP. ORIENTAL DEL URUGUAY URU 9.157,6 13,1 6.948,0 48,6 8.200,4 12,9 957,2 79,6 22,6 8,3 0,2

41 55 BANCO DE OCCIDENTE COL 8.916,9 46,6 5.655,8 42,0 5.515,0 21,8 1.219,0 107,7 24,9 8,8 5,2

42 44 PROVINCIA ARG 8.720,8 14,0 2.562,8 7,9 7.117,9 17,7 450,5 31,2 –603,3 6,9 –

43 64 DEUTSCHE BANK BRA 8.570,2 57,2 377,3 40,5 964,4 –22,4 533,2 25,0 – 4,7 25,0

44 42 GENERAL PAN 8.283,4 2,7 5.133,0 –2,7 6.549,1 5,7 894,4 86,0 1,6 9,6 –

45 46 SCOTIABANK PER 8.224,2 11,0 4.757,3 10,8 5.669,3 9,4 1.082,8 117,6 25,9 10,9 1,5

46 50 SANTANDER RÍO ARG 7.662,3 12,0 4.134,1 12,8 5.184,1 12,0 692,6 118,3 295,4 17,1 –

47 52 BICENTENARIO VEN 7.652,7 19,9 1.481,3 –10,6 5.352,6 0,3 584,3 7,6 –69,2 1,3 18,7

48 70 INDUSTRIAL E COMERCIAL BRA 7.612,8 57,1 5.081,3 72,0 4.067,6 91,9 1.040,3 71,4 35,3 6,9 1,9

49 45 I.N.G. BANK MÉX 7.598,6 1,6 372,2 –22,2 435,8 –3,3 591,4 10,1 –66,4 1,7 0,0

50 53 NACIÓN PER 7.277,9 14,2 1.342,2 55,1 5.652,0 19,3 505,8 48,7 –55,2 9,6 0,4

RK10

RK09

BANCO PAÍS

ATIVO TOTAL

US$ MI(JUN/10)

VAR. ATIVO TOTAL EM %

2010/2009

CART. DE CRÉD.

US$ MI(JUN/10)

VAR. CART. CRÉD. EM %

2010/2009

DEPÓSI-TOS

US$ MI(JUN/10)

VAR. DEPÓSITO

EM %2010/2009

PATRIM. US$ MI

(JUN/10)

LUCRO US$ MI

(JUN/10)

VAR. LUC. EM %

(2010/2009)

LUC./ PATR. EM %

(2010)

C. VENC./ C. CRÉD. EM %

(2010)

AE 392 bancos RK V1.indd 2 9/24/10 5:43:25 PM

Page 49: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 49

RK10

RK09

BANCO PAÍS

ATIVO TOTAL

US$ MI(JUN/10)

VAR. ATIVO TOTAL EM %

2010/2009

CART. DE CRÉD.

US$ MI(JUN/10)

VAR. CART. CRÉD. EM %

2010/2009

DEPÓSI-TOS

US$ MI(JUN/10)

VAR. DEPÓSITO

EM %2010/2009

PATRIM. US$ MI

(JUN/10)

LUCRO US$ MI

(JUN/10)

VAR. LUC. EM %

(2010/2009)

LUC./ PATR. EM %

(2010)

C. VENC./ C. CRÉD. EM %

(2010)

51 63 MACRO ARG 7.090,3 29,2 2.965,9 39,8 4.689,7 31,1 892,4 94,3 129,2 10,6 –

52 62 AGRARIO COL 7.051,8 23,7 3.228,2 19,4 4.588,9 23,0 583,8 112,7 15,8 19,3 4,8

53 51 BBVA, FRANCÉS ARG 6.730,7 0,4 2.859,0 9,1 5.043,6 –1,5 566,8 72,8 221,4 12,9 –

54 47 J.P. MORGAN BRA 6.662,1 –8,8 96,3 – 256,7 –13,5 743,5 19,3 52,2 2,6 0,0

55 56 GALICIA ARG 6.535,5 12,1 3.114,2 40,3 4.498,5 12,8 684,2 26,7 41,8 3,9 –

56 61 NACIONAL C.RI 6.358,0 11,5 3.456,8 9,2 4.556,4 11,6 634,9 28,6 2,5 4,5 3,2

57 59 DEL BAJIO MÉX 6.245,0 9,2 4.794,2 29,4 3.580,2 15,4 772,1 35,1 40,8 4,5 2,8

58 65 POPULAR COL 6.216,8 17,1 3.807,1 24,4 4.311,7 16,8 783,1 97,0 38,6 12,4 3,0

59 80 SICREDI BRA 6.077,4 40,7 2.296,7 63,2 3.097,4 55,6 125,5 9,1 20,3 7,3 0,0

60 68 INTERBANK PER 6.065,5 22,1 3.595,6 20,8 4.342,4 20,2 492,4 79,8 41,2 16,2 1,2

61 86 INTERACCIONES MÉX 6.029,6 49,1 3.351,1 51,5 2.556,5 44,9 281,3 30,0 7,9 10,7 1,2

62 87 BMG BRA 5.992,7 48,3 3.944,9 62,2 2.704,0 104,3 1.201,2 163,6 171,9 13,6 3,6

63 57 NACIONAL PAN 5.962,8 2,4 2.229,9 –0,3 5.086,6 0,4 548,8 48,9 18,3 8,9 –

64 38 OCCIDENTAL DE DESCUENTO VEN 5.891,8 –40,6 2.657,8 –36,5 4.140,9 –43,2 555,3 55,1 –68,9 9,9 3,6

65 43 SECURITY CHI 5.796,7 –25,8 3.537,5 4,2 3.412,2 3,6 355,3 34,8 69,6 9,8 1,6

66 60 ITAÚ CHILE CHI 5.705,5 0,0 4.394,9 9,2 3.779,5 8,8 604,1 41,6 12,3 6,9 1,6

67 94 PANAMERICANO BRA 5.685,8 51,9 2.997,1 49,9 3.182,7 62,0 885,7 9,6 –65,9 1,1 10,9

68 73 BANCO AZTECA MÉX 5.267,1 14,3 1.694,7 11,4 4.059,4 11,5 362,8 24,2 62,9 6,7 5,3

69 69 IXE MÉX 5.139,2 3,8 2.002,6 39,0 2.143,6 19,1 338,4 –0,3 –105,4 –0,1 1,0

70 78 PICHINCHA EQU 5.132,1 18,3 2.765,4 12,6 4.175,6 18,1 484,5 30,9 17,6 6,4 1,6

71 96 MERCANTIL DO BRASIL BRA 4.971,5 36,0 2.396,2 41,4 2.730,1 42,0 378,5 49,9 861,7 13,2 2,9

72 77 DE RESERVAS DOM 4.964,7 14,3 3.457,8 15,0 2.560,0 20,0 375,0 43,2 35,6 11,5 1,8

73 114 BANCOOB BRA 4.964,2 67,4 1.615,3 84,1 2.782,0 146,6 148,6 7,2 123,6 4,9 0,4

74 111 ABC BRASIL BRA 4.925,8 58,9 3.086,7 72,2 1.667,3 30,5 711,7 33,8 169,2 4,8 0,6

75 66 BICE CHI 4.884,3 –2,7 3.578,6 3,8 3.075,6 –1,3 389,3 31,6 7,4 8,1 1,2

76 110 DAYCOVAL BRA 4.835,4 54,2 2.264,9 57,2 1.547,2 47,4 928,1 39,6 99,8 4,3 2,5

77 82 HSBC ARG 4.800,2 14,3 2.239,0 25,7 3.445,1 20,2 563,9 104,5 0,0 18,5 –

78 98 COLPATRIA COL 4.798,4 36,0 3.784,3 38,5 3.177,1 30,9 452,9 40,2 –25,2 8,9 5,3

79 115 SOCIETE GENERALE BRA 4.740,8 61,5 268,4 –7,7 1.064,8 22,8 606,4 –8,0 – –1,3 5,3

80 74 INDUSTRIAL GUA 4.723,2 3,0 817,3 –65,5 3.710,8 6,5 428,7 45,6 6,9 10,6 –

81 99 CRUZEIRO DO SUL BRA 4.610,9 31,1 738,4 –10,5 2.234,1 37,8 618,5 24,3 – 3,9 3,5

82 90 RABOBANK BRA 4.523,0 14,7 1.359,8 22,9 245,0 3,9 327,0 22,3 219,6 6,8 1,8

83 91 DA AMAZÔNIA BRA 4.480,2 14,7 901,0 7,9 1.188,4 17,5 1.083,5 25,9 14,3 2,4 7,2

84 81 POPULAR DOMINICANO DOM 4.473,4 5,7 2.700,6 11,6 3.067,4 9,0 353,2 49,5 26,2 14,0 1,2

85 84 BLADEX PAN 4.419,7 7,9 3.081,1 16,3 1.539,2 19,8 639,8 22,1 –9,5 3,5 –

86 106 PINE BRA 4.394,1 35,2 1.788,1 46,3 1.594,7 66,7 474,8 22,1 161,7 4,7 0,9

87 92 DE COSTA RICA C.RI 4.296,2 12,6 2.409,8 15,4 3.059,3 12,4 498,6 24,7 7,3 5,0 2,5

88 109 GNB SUDAMERIS COL 4.182,2 31,7 1.766,1 21,7 2.540,1 46,4 284,3 34,8 43,3 12,3 1,8

89 100 CIUDAD ARG 4.181,3 19,2 2.129,1 9,2 3.345,1 21,7 457,6 55,1 298,7 12,1 –

90 75 GMAC BRA 4.047,7 –10,0 1.162,4 –7,0 960,7 –29,2 625,8 30,4 –6,6 4,9 2,4

91 103 BCSC COL 4.016,6 20,2 2.582,3 10,4 3.369,1 19,8 438,4 42,8 334,9 9,8 7,2

92 95 SANTANDER URU 3.943,0 5,4 3.087,6 21,5 3.512,9 2,6 430,1 32,1 33,1 7,5 0,1

93 88 CITIBANK N.A ARG 3.867,8 –3,1 1.662,2 7,7 2.205,8 –2,7 521,8 61,0 35,2 11,7 –

94 107 DE BRASÍLIA, BRB BRA 3.848,8 19,0 1.786,0 27,5 3.032,3 17,9 369,9 46,6 55,4 12,6 1,4

95 102 CITIBANK COL 3.795,3 10,0 2.162,4 7,7 2.325,9 5,1 693,9 38,0 –36,8 5,5 4,6

96 85 BANCO AGRICOLA ELS 3.714,4 –8,7 2.380,0 –6,3 2.638,4 –2,0 535,3 37,9 50,4 7,1 3,6

97 97 G & T CONTINENTAL GUA 3.710,9 3,3 604,6 –64,0 2.761,0 9,2 356,9 26,7 –9,2 7,5 –

98 – HELM BANK COL 3.598,2 – 2.609,2 – 2.482,0 – 546,2 32,3 – 5,9 3,0

99 198 BANK OF AMERICA MÉX 3.595,5 204,4 74,4 –21,0 184,0 –19,6 284,6 19,4 120,5 6,8 0,0

100 124 MERCEDES–BENZ BRA 3.487,1 35,6 2.920,4 54,2 49,8 –85,9 482,9 19,4 – 4,0 0,6

AE 392 bancos RK.indd 3 9/23/10 10:53:09 PM

Page 50: Nº 392 Edição Brasil

50 AméricaEconomia Outubro, 2010

EspecialBANCOS

101 113 CREDICOOP ARG 3.472,0 16,6 1.490,5 –39,7 2.958,8 19,6 280,3 30,5 –3,3 10,9 –

102 117 SANTANDER COL 3.440,8 20,2 2.121,1 16,3 2.209,2 4,8 350,8 27,5 29,2 7,9 2,6

103 122 AV VILLAS COL 3.412,3 29,0 2.285,6 22,5 2.548,4 29,3 409,4 34,1 40,2 8,3 4,2

104 116 BANCO DEL TESORO VEN 3.399,5 16,1 580,7 37,0 1.977,9 –12,3 208,5 13,5 –33,9 6,5 2,6

105 121 SOFISA BRA 3.261,3 16,7 1.236,2 26,9 1.354,5 59,2 422,7 –2,8 –156,9 –0,7 13,2

106 112 DEL DESARROLLO RURAL GUA 3.214,0 5,8 458,5 –76,2 2.586,5 6,5 387,4 41,6 –9,3 10,7 –

107 83 AFIRME MÉX 3.182,0 –23,8 709,3 –19,8 984,6 47,4 193,3 10,0 43,7 5,2 5,5

108 196 DEUTSCHE BANK MÉX 3.082,4 160,3 44,7 – 0,0 – 171,0 9,2 295,9 5,4 0,0

109 128 BANREGIO MÉX 3.049,9 23,3 1.349,4 27,6 1.251,9 27,4 178,6 10,8 19,2 6,0 2,6

110 49 FIAT BRA 3.023,1 –56,7 2.322,2 148,0 2.417,9 –62,1 527,1 39,9 89,8 7,6 0,6

111 76 EXTERIOR VEN 2.896,5 –34,1 1.751,7 –36,7 2.525,6 –32,5 267,3 57,6 –31,8 21,6 0,8

112 118 BANCOLOMBIA PAN 2.877,5 0,7 1.426,3 2,3 1.762,3 –15,1 401,9 73,8 147,6 18,4 –

113 58 BBM BRA 2.862,1 –50,7 199,7 –63,0 311,9 –62,6 361,1 2,4 –87,5 0,7 24,1

114 104 HIPOTECARIO ARG 2.776,4 –16,5 1.106,0 –1,0 1.048,2 16,3 715,9 10,5 32,5 1,5 –

115 89 BANCARIBE VEN 2.774,7 –30,3 1.653,1 –26,8 2.342,8 –32,3 243,4 39,1 –7,3 16,1 0,4

116 120 STANDAR BANK ARG 2.772,1 –1,8 1.414,5 5,2 1.969,9 –2,5 237,1 6,3 –11,5 2,6 –

117 137 BANCO IBI S.A. BM BRA 2.740,6 24,7 1.061,6 0,5 158,6 –73,5 1.231,8 154,9 – 12,6 41,9

118 135 CRÉDITO DEL PERÚ PAN 2.678,7 20,1 2.581,7 22,6 90,3 –94,6 45,2 3,4 –56,3 7,6 –

119 133 POPULAR C.RI 2.626,7 14,4 1.761,6 17,8 1.862,3 9,8 487,2 15,9 1,0 3,3 3,0

120 151 MIFEL MÉX 2.619,5 37,0 1.160,6 66,5 1.284,4 101,9 89,2 4,8 132,2 5,4 2,8

121 134 CLÁSSICO BRA 2.587,4 13,6 0,6 3,0 0,4 510,8 2.498,4 9,0 406,0 0,4 0,0

122 79 CORP. BANCA VEN 2.533,8 –41,5 1.563,9 –31,6 1.791,6 –34,4 252,7 15,4 –77,6 6,1 3,0

123 67 INDUSTRIAL DE VENEZUELA VEN 2.520,5 –49,3 178,3 –68,9 1.782,0 –50,6 157,3 13,7 – 8,7 60,8

124 140 GLOBAL BANK PAN 2.514,0 16,6 1.696,7 22,6 1.832,5 19,1 189,4 10,0 3.426,0 5,3 –

125 127 PATAGONIA ARG 2.493,5 0,3 1.267,1 36,8 1.738,5 19,3 449,7 35,8 124,9 8,0 –

126 145 COMERCIAL BHD DOM 2.418,0 18,9 1.195,2 16,6 1.083,7 19,6 224,1 41,5 25,2 18,5 1,9

127 152 DEUTSCHE CHI 2.337,0 23,0 N.D. – 685,1 156,1 146,9 21,8 54,4 14,8 –

128 123 CITIBANK ELS 2.325,5 –11,3 1.302,3 –17,3 1.615,5 2,8 374,0 –2,6 – –0,7 6,1

129 129 BAC INTERNACIONAL PAN 2.276,3 –7,1 977,7 –9,1 1.237,9 –13,9 864,5 85,9 –1,9 9,9 –

130 171 BANCO FIDIS BRA 2.228,2 44,0 1.917,0 80,9 1.623,6 47,7 195,7 9,6 19,5 4,9 0,2

131 163 PACÍFICO EQU 2.192,8 27,8 904,3 25,7 1.793,8 33,4 298,2 N.D. –100,0 – 1,1

132 241 BVA BRA 2.192,3 148,1 1.179,4 176,2 1.633,8 153,4 164,4 27,9 181,5 16,9 1,1

133 177 RURAL BRA 2.173,6 43,6 1.052,2 93,4 1.490,9 57,6 234,9 12,3 144,1 5,2 1,3

134 71 FEDERAL VEN 2.149,4 –55,6 798,0 –53,2 1.794,0 –45,3 158,8 1,2 –95,3 0,7 8,6

135 126 CNH CAPITAL BRA 2.127,5 –15,0 1.179,7 –24,0 551,7 36,1 228,9 –26,8 – –11,7 27,6

136 164 LAGE DE LANDEN BRA 2.110,2 26,1 1.852,0 32,7 N.D. – 189,7 5,6 – 3,0 3,2

137 159 HSBC CHI 2.071,1 18,1 467,7 9,3 1.084,8 33,5 173,3 1,6 –77,6 0,9 –

138 144 BARCLAYS BRA 2.031,2 –0,2 N.D. – 216,5 –50,4 392,7 36,6 301,2 9,3 –

139 150 BAC. SAN JOSÉ C.RI 2.030,4 5,4 1.446,4 3,1 1.548,9 1,9 205,4 8,9 –52,9 4,3 0,8

140 156 ATLÁNTIDA HON 1.939,4 7,1 1.133,9 0,3 1.289,1 8,5 200,6 15,2 1,7 7,6 2,2

141 162 NVO. DE SANTA FE ARG 1.931,4 12,1 839,8 0,2 1.441,1 17,7 232,9 34,5 45,6 14,8 –

142 142 SCOTIABANK ELS 1.930,2 –7,4 1.414,4 –1,7 1.392,7 4,7 226,1 3,5 131,5 1,6 4,3

143 139 HSBC ELS 1.843,6 –14,8 1.143,1 –7,7 1.293,1 –6,2 256,1 6,5 1.870,7 2,5 6,0

144 148 SCOTIABANK C.RI 1.826,7 –5,4 1.335,9 –5,5 1.524,2 –7,1 180,5 0,3 –92,0 0,2 2,5

145 161 INVEX MÉX 1.826,1 5,4 540,4 2,7 544,7 24,7 161,2 6,6 10,5 4,1 3,2

146 173 PRODUBANCO EQU 1.824,0 18,9 833,7 25,7 1.519,1 21,0 161,5 N.D. –100,0 – 0,4

147 93 NACIONAL DE CRÉDITO VEN 1.794,6 –52,4 865,3 –55,8 1.502,2 –52,5 184,3 4,9 –61,0 2,7 5,2

148 160 DE AMÉRICA CENTRAL HON 1.777,3 2,1 879,7 –7,3 905,5 –6,3 148,8 9,5 47,6 6,4 1,2

149 157 J. P. MORGAN MÉX 1.761,2 –2,6 8,4 –65,6 59,0 6,2 342,2 7,1 –81,0 2,1 0,0

150 167 MORGAN ST. DEAN BRA 1.731,5 6,0 N.D. – 702,6 – 431,4 35,6 – 8,3 –

RK10

RK09

BANCO PAÍS

ATIVO TOTAL

US$ MI(JUN/10)

VAR. ATIVO TOTAL EM %

2010/2009

CART. DE CRÉD.

US$ MI(JUN/10)

VAR. CART. CRÉD. EM %

2010/2009

DEPÓSI-TOS

US$ MI(JUN/10)

VAR. DEPÓSITO

EM %2010/2009

PATRIM. US$ MI

(JUN/10)

LUCRO US$ MI

(JUN/10)

VAR. LUC. EM %

(2010/2009)

LUC./ PATR. EM %

(2010)

C. VENC./ C. CRÉD.

EM %(2010)

AE 392 bancos RK.indd 4 9/23/10 10:54:17 PM

Page 51: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 51

151 179 ITAU URU 1.729,3 14,5 1.126,0 47,4 1.617,6 14,7 111,7 10,4 – 9,3 0,2

152 175 INDUSVAL BRA 1.706,6 11,9 689,9 7,8 754,2 21,1 239,1 1,7 35,9 0,7 3,1

153 166 MERCANTIL STA. CRUZ BOL 1.691,5 2,5 780,8 – 1.496,2 – 107,9 9,0 – 8,4 0,3

154 165 FICOHSA HON 1.685,3 1,8 970,1 5,0 890,5 –1,4 146,3 10,7 –9,3 7,3 0,3

155 158 FALABELLA CHI 1.682,9 –5,8 1.208,5 5,7 759,2 –12,5 175,6 16,6 213,0 9,4 4,0

156 – MONEX MÉX 1.644,2 101,8 157,8 37,7 173,6 29,2 128,5 22,1 15,2 17,2 2,0

157 178 DE CÓRDOBA ARG 1.643,9 8,7 732,7 17,0 1.379,3 12,6 57,9 –11,2 –7.974,8 –19,3 –

158 149 WESTLB BRA 1.642,1 –14,8 377,2 –2,4 234,7 –19,8 276,6 2,2 –79,6 0,8 2,0

159 176 DE OCCIDENTE HON 1.622,6 6,6 828,4 1,2 1.219,8 1,8 132,5 11,4 –2,8 8,6 2,4

160 250 BGN BRA 1.599,7 94,9 1.033,1 73,8 1.072,0 83,6 445,8 23,3 – 5,2 25,4

161 182 CACIQUE BRA 1.596,5 8,0 938,6 4,5 978,4 31,2 192,8 0,5 – 0,2 28,0

162 185 MULTIBANK PAN 1.594,1 17,6 940,3 20,9 1.251,9 21,7 164,2 10,8 50,2 6,6 –

163 183 CAJA DE AHORROS PAN 1.592,1 8,0 1.091,1 12,4 1.287,5 11,5 203,7 11,7 227,8 5,8 –

164 201 THE BANK OF NOVA SCOTIA PAN 1.579,8 36,7 1.221,4 18,6 1.507,2 36,9 17,2 17,8 40,2 103,6 –

165 147 BANKPAR BRA 1.541,8 –21,4 174,7 3,2 430,5 –56,3 79,9 8,2 – 10,2 52,6

166 231 HSBC FINANCE S.A. BM BRA 1.532,7 61,0 667,1 174,8 649,0 172,0 764,0 53,5 36,2 7,0 0,4

167 184 INTERAMER. DE FINANZAS PER 1.528,4 11,8 967,9 10,6 1.120,8 13,2 106,7 9,4 19,6 8,9 0,8

168 194 INTERNACIONAL EQU 1.465,0 18,6 757,1 4,9 1.268,1 18,5 124,2 N.D. – – 0,6

169 193 BOLIVARIANO EQU 1.457,0 17,2 680,4 9,2 1.233,3 18,5 120,3 N.D. – – 0,5

170 223 MULTIVA MÉX 1.446,8 44,7 474,6 41,9 506,1 79,8 124,3 3,1 – 2,5 6,6

171 197 ITAÚ ARGENTINA ARG 1.428,5 20,9 769,7 14,6 967,7 18,2 109,7 –3,5 –193,9 –3,2 –

172 192 NACIONAL DE BOLIVIA BOL 1.427,4 14,3 674,3 – 1.232,1 – 98,1 10,8 – 11,0 0,6

173 210 MI BANCO PER 1.414,9 28,3 1.109,5 29,0 885,2 52,6 122,5 19,6 67,5 16,0 3,1

174 203 BANCO CSF S.A. BRA 1.404,0 21,6 270,0 –1,5 207,2 –15,0 310,6 34,7 23,2 11,2 84,9

175 119 FONDO COMÚN VEN 1.402,3 –50,6 665,6 –47,9 1.232,4 –50,0 130,1 2,2 –82,7 1,7 1,6

176 190 TOYOTA BRA 1.394,3 11,0 808,5 66,8 927,0 –3,8 138,9 17,4 239,8 12,5 0,4

177 186 CITIBANK PAN 1.375,9 6,1 757,3 –20,8 1.148,2 14,6 140,3 3,6 –50,7 2,6 –

178 187 NVO. COMERCIAL URU 1.366,3 5,9 948,1 25,4 1.197,4 8,7 168,9 1,6 – 0,9 0,6

179 125 VENEZOLANO DE CRÉDITO VEN 1.354,3 –46,3 478,9 –34,8 1.135,6 –47,5 148,4 18,2 –75,9 12,2 0,4

180 – AGROMERCANTIL GUA 1.352,0 8,8 233,9 –66,2 1.095,1 9,4 108,9 10,2 9,6 9,4 –

181 172 HSBC C.RI 1.344,8 –12,5 890,0 –10,9 1.059,8 –16,0 143,9 7,1 24,1 5,0 2,2

182 214 BISA BOL 1.332,9 23,2 499,0 – 1.081,1 – 134,4 13,0 – 9,6 0,7

183 138 CARONÍ VEN 1.329,3 –38,6 429,8 –42,3 1.184,4 –39,0 127,1 10,8 –28,8 8,5 2,4

184 199 SUPERVIELLE ARG 1.309,5 11,4 705,5 34,7 973,0 14,7 138,8 9,3 16,9 6,7 –

185 200 CREDIT URUGUAY URU 1.305,5 12,4 1.028,8 31,9 1.221,1 11,9 84,4 1,3 –9,0 1,6 0,1

186 207 ALIADO PAN 1.300,9 16,7 752,7 21,9 1.069,0 20,9 130,4 5,8 –22,6 4,4 –

187 227 INTERNACIONAL CHI 1.298,4 34,0 866,9 36,2 945,6 26,9 78,1 6,1 15,8 7,9 2,0

188 239 PARANÁ BRA 1.288,4 43,6 778,9 43,6 653,8 75,1 443,2 19,8 21,7 4,5 9,8

189 204 BANSI MÉX 1.279,1 11,3 441,6 25,7 368,8 25,7 84,5 4,7 35,0 5,5 3,1

190 248 BANCENTRO NIC 1.278,0 50,0 392,6 –14,5 1.020,0 66,8 91,7 5,6 –3,5 6,1 2,3

191 228 BANESCO SA PAN 1.249,8 29,6 489,8 71,4 1.080,0 28,4 139,5 13,5 119,5 9,7 –

192 215 BARCLAYS MÉX 1.248,9 16,2 0,0 – 0,0 – 158,7 0,0 –99,8 0,0 –

193 205 CITIBANK PER 1.239,4 9,4 635,6 –5,8 820,7 24,8 241,6 7,4 64,5 3,1 3,4

194 191 AMERICAN EXPRESS MÉX 1.212,1 –3,2 609,8 –19,4 540,0 –12,1 211,5 19,8 2.045,8 9,4 9,4

195 217 VOLVO BRASIL BRA 1.211,6 15,4 879,8 7,3 206,8 61,6 211,5 27,5 – 13,0 1,4

196 206 DE LA PRODUCCIÓN NIC 1.192,0 6,7 471,7 –8,6 923,7 9,4 98,7 5,6 –8,6 5,7 1,8

197 189 CITIBANK N.A. BRA 1.188,4 –5,4 80,8 –58,0 N.D. – 312,2 13,6 –49,0 4,4 324,7

198 170 ING BANK BRA 1.181,7 –23,9 116,0 –27,2 286,1 –26,2 267,5 8,4 –60,3 3,1 0,0

199 211 DE AMÉRICA CENTRAL ELS 1.177,9 6,8 772,8 3,6 876,1 26,7 123,7 7,1 99,8 5,7 2,9

200 218 BOAVISTA INTERATLÂNTICO BRA 1.171,2 11,8 0,8 – N.D. – 1.074,5 24,4 0,8 2,3 84,8

RK10

RK09

BANCO PAÍS

ATIVO TOTAL

US$ MI(JUN/10)

VAR. ATIVO TOTAL EM %

2010/2009

CART. DE CRÉD.

US$ MI(JUN/10)

VAR. CART. CRÉD. EM %

2010/2009

DEPÓSI-TOS

US$ MI(JUN/10)

VAR. DEPÓSITO

EM %2010/2009

PATRIM. US$ MI

(JUN/10)

LUCRO US$ MI

(JUN/10)

VAR. LUC. EM %

(2010/2009)

LUC./ PATR. EM %

(2010)

C. VENC./ C. CRÉD. EM %

(2010)

AE 392 bancos RK.indd 5 9/23/10 10:55:08 PM

Page 52: Nº 392 Edição Brasil

52 AméricaEconomia Outubro, 2010

EspecialBANCOS

201 229 INDUSTRIAL BRA 1.152,9 19,6 539,5 27,1 525,8 29,1 219,0 4,7 –6,2 2,1 48,6

202 – BONSUCESSO BRA 1.130,0 74,2 650,2 61,6 687,8 58,1 209,8 33,5 26,6 16,0 1,7

203 174 BANCO AGRICOLA VENEZUELA VEN 1.113,5 –27,1 718,8 –6,3 301,4 16,7 130,3 0,6 –94,1 0,5 12,0

204 236 FINANCIERO PER 1.109,1 19,1 769,7 18,8 725,1 25,3 115,3 5,8 80,6 5,0 1,9

205 154 CITIBANK VEN 1.108,5 –41,1 318,2 –34,5 773,0 –46,2 137,9 1,4 –97,4 1,0 3,7

206 146 J. SAFRA BRA 1.102,7 –44,9 994,8 995,1 923,0 2,6 149,0 4,0 – 2,7 0,2

207 226 IBM BRA 1.091,3 10,9 124,5 –15,9 374,2 14,9 130,1 5,6 –56,1 4,3 0,6

208 – RABOBANK CHILE CHI 1.081,4 43,2 580,1 74,4 432,5 153,1 70,7 –4,6 – –6,5 1,7

209 234 BANIF BRASIL BRA 1.067,4 13,2 522,3 53,0 518,2 40,7 99,8 1,9 597,6 1,9 50,2

210 224 SCOTIABANK DOM 1.065,6 6,6 692,2 7,1 877,5 5,8 153,9 15,2 24,8 9,8 1,8

211 188 HSBC HON 1.042,8 –19,1 537,2 –22,3 636,9 –18,2 94,9 1,4 – 1,5 5,1

212 237 LEON DOM 1.042,0 12,8 654,4 13,4 812,6 12,6 88,6 8,9 238,5 10,1 3,8

213 220 TOKYO-MITSUBISHI UFJ BRASIL BRA 1.031,7 –0,2 51,2 –60,7 228,3 33,8 210,3 1,6 –72,6 0,8 0,0

214 – ES BANK PAN 1.024,6 36,8 1.001,8 40,2 968,1 38,5 54,1 3,0 25,5 5,6 –

215 238 COMAFI ARG 1.016,8 10,5 479,5 10,0 710,0 8,4 84,1 17,6 8,1 20,9 –

216 230 DEL PAÍS HON 1.016,7 5,5 693,1 3,4 658,2 4,2 113,5 10,3 0,4 9,0 0,5

217 – HSBC BANK PERÚ PER 1.009,4 73,5 622,5 48,0 462,3 15,9 109,3 –9,1 – –8,3 1,8

218 – TRIÂNGULO BRA 1.005,3 49,5 564,6 40,7 623,1 76,8 193,7 12,8 100,2 6,6 8,0

219 249 VE POR MÁS MÉX 998,7 19,2 660,3 41,1 558,4 18,9 79,4 2,3 96,7 2,9 2,1

220 243 CREDICORP PAN 997,4 15,3 536,4 1,8 837,8 15,2 101,7 5,8 –33,1 5,7 –

221 130 BANCORO VEN 995,8 –59,2 344,3 –68,2 369,6 –82,9 183,8 0,6 – 0,3 30,0

222 242 JOHN DEERE BRA 988,5 12,7 248,6 –68,0 756,3 – 163,5 15,8 47,9 9,7 105,6

223 – CREDIT SUISSE BRA 988,5 22,6 248,6 – 756,3 18,0 163,5 15,8 – 9,7 105,6

224 212 GOLDMAN SACHS DO BRASIL BRA 987,4 –10,0 N.D. – 73,7 114,1 79,1 –41,2 – –52,1 –

225 222 REFORMADOR GUA 967,3 –5,2 162,6 –71,9 797,5 3,4 98,5 6,8 –24,6 6,9 –

226 – BANCO HONDA S.A. BRA 955,4 60,1 874,9 64,5 807,3 59,5 96,2 11,4 132,6 11,8 1,0

227 245 BBVA URU 949,1 10,6 822,5 24,8 878,8 10,3 70,3 0,6 –18,7 0,9 0,1

228 246 BICSA PAN 944,0 10,2 669,3 24,5 571,0 13,5 122,2 6,7 18,3 5,5 –

229 216 CRÉDITO BOL 939,0 –11,2 493,2 – 795,8 – 84,4 7,9 – 9,4 0,5

230 233 PSA FINANCE BRA 935,9 –1,2 705,0 –5,7 675,9 –6,7 156,5 4,8 64,2 3,1 4,2

231 240 DE VIVIENDA PAN 930,4 3,8 612,0 14,9 790,5 5,0 92,6 0,5 5,6 0,6 –

232 169 CREDIT SUISSE MÉX 886,0 –43,6 0,0 – 73,3 –51,7 93,7 1,8 371,8 1,9 –

233 – CITIBANK N.A. GUA 883,6 – 480,9 – 665,9 – 137,8 9,6 – 7,0 –

234 – PAULISTA BRA 876,0 32,8 180,8 0,8 328,9 8,0 56,2 –4,8 – –8,5 8,5

235 – AHORRO FAMSA MÉX 836,4 28,2 648,8 36,3 624,7 24,4 129,4 18,0 – 13,9 12,5

236 – SAN JUAN ARG 835,5 46,7 108,4 27,1 482,6 73,4 257,2 39,3 –9,8 15,3 –

237 – CASA PROPIA VEN 831,3 10,2 306,5 –16,1 497,3 –21,5 100,9 1,2 –86,1 1,1 0,6

238 – CITIBANK N.A. PAN 827,5 6,6 231,1 –10,2 698,7 6,2 75,6 5,0 28,6 6,6 –

239 – GTC BANK PAN 821,8 3,9 514,9 –8,2 730,6 4,9 63,8 3,9 –35,3 6,1 –

240 – DE AMÉRICA CENTRAL NIC 819,2 1,3 463,7 –6,3 658,1 5,6 98,6 10,0 –6,5 10,1 1,2

241 180 RBS CHI 796,0 –47,2 214,4 –37,3 319,9 –55,4 240,1 –2,1 – –0,9 0,3

242 – DISCOUNT URU 794,3 11,0 248,1 18,2 727,6 10,1 66,7 6,5 – 9,7 0,0

243 – AUSTRO EQU 794,2 26,5 454,4 21,5 683,3 29,8 63,8 N.D. –100,0 – 0,0

244 – NVO. DE ENTRE RÍOS ARG 788,7 34,1 299,3 –4,7 607,3 40,0 100,9 11,9 28,6 11,8 –

245 – FORD BRA 777,7 1,2 750,2 71,9 595,9 6,1 168,6 9,3 –20,4 5,5 35,0

246 – COMPARTAMOS MÉX 776,8 29,2 650,0 30,7 142,9 32,5 355,2 68,4 47,0 19,2 2,2

247 – BANCO DE LOS TRABAJADORES GUA 747,9 12,2 99,3 –79,1 617,5 17,4 77,3 6,0 –7,9 7,8 –

248 – BANCO DE LA PAMPA ARG 744,7 22,8 292,7 10,5 580,5 21,3 83,7 11,2 112,0 13,3 –

249 – TOWERBANK PAN 743,1 18,7 433,5 3,2 644,2 23,5 71,5 0,8 –74,2 1,2 –

250 – PICHINCHA PAN 741,8 5,7 180,7 –1,8 694,7 9,3 33,8 1,8 – 5,3 –

RK10

RK09

BANCO PAÍS

ATIVO TOTAL

US$ MI(JUN/10)

VAR. ATIVO TOTAL EM %

2010/2009

CART. DE CRÉD.

US$ MI(JUN/10)

VAR. CART. CRÉD. EM %

2010/2009

DEPÓSI-TOS

US$ MI(JUN/10)

VAR. DEPÓSITO

EM %2010/2009

PATRIM. US$ MI

(JUN/10)

LUCRO US$ MI

(JUN/10)

VAR. LUC. EM %

(2010/2009)

LUC./ PATR. EM %

(2010)

C. VENC./C. CRÉD. EM %

(2010)

AE 392 bancos RK.indd 6 9/23/10 10:55:58 PM

Page 53: Nº 392 Edição Brasil

EMI 2

013

Belo Horizonte20 e 21 de Outubro

PRÓXIMO EVENTO

Faça como as maiores empresas do país: participe da Expo Money, o maior circuito de eventos de

Educação Financeira e Investimentos da América Latina, e fale diretamente com seus investidores de

hoje e de amanhã.

NÃO PERCA ESTA OPORTUNIDADE!Para mais informações,

acesse www.expomoney.com.brou ligue (11) 3094-3442.

Quer falar diretamente com seu investidor?

INSCRIÇÕES GRATUITAS

Afiliada à

ApoioPlatinumMaster

Page 54: Nº 392 Edição Brasil

Especial

BANCOS

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS ESTUDAM COM CUIDADO SETORES COMO O AGRONEGÓCIO

OS BANCOS LATINO-AMERICANOS COMEÇAM

A VER COM OUTROS OLHOS O FINANCIAMENTO DE

PROJETOS SUSTENTÁVEIS

GRAZIELE DAL-BÓ, DE SÃO PAULO,

E FELIPE ALDUNATE, DE SANTIAGO

Dinheirocom princípios

1

U ma estrada cuja construção está suspensa

em Cundinamarca, Colômbia, porque afeta

os recursos hídricos. Usinas que estão para-

das no Brasil por conta de protestos de organizações

ambientais. Uma termelétrica que deixa de ser

construída no norte do Chile ante o clamor popular

de que estaria em uma reserva marinha considerada

santuário da natureza.

Isso não é mais novidade. Os temas ambientais

e sociais se transformaram em uma das principais

fontes de risco nos grandes projetos de investi-

mento realizados na América Latina. E os bancos po-

dem ser uma das principais vítimas dessa tendência.

“Uma instituição na Ásia Oriental, por exemplo, foi

fortemente prejudicada quando o governo decidiu

AE 391 banco verde V1.indd 2 9/24/10 1:25:02 AM

Page 55: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 55

Foto

: Ser

gio

Ran

alli/

Pu

lsar

Imag

ens

por causa de problemas ambientais. Em

contrapartida, 5% das companhias que

analisamos anualmente obtêm o cré-

dito, mas com condicionantes”, revela

Wells, acrescentando que o setor em que

isso é mais comum é o do agronegócio.

Os casos de instituições latino-ame-

ricanas que estão dispostas a adotar a

série de recomendações previstas nos

Princípios do Equador – a participação

é voluntária – não se limitam ao Brasil.

O chileno Corpbanca é um exemplo.

Mesmo com um volume baixo de em-

préstimos, foi o primeiro e único do país

a assinar o documento. “São 11 proje-

tos nos quais olhamos com detalhes a

parte ambiental”, diz Jorge Gómez, ge-

rente de Marketing do banco. O Banco-

lombia também foi o primeiro de seu

país a ser signatário dos princípios. Por

ano, a instituição tem 160 operações

de fi nanciamento analisadas com ba-

se nesses padrões. Um dos primeiros

desafi os foi convencer a alta direção.

“No começo, a equipe comercial achou

que isso representaria mais um requi-

sito para seus clientes, o que poderia

prejudicar a participação de mercado”,

afi rma Franco Piza, gerente de Gestão

Ambiental do grupo. “Isso foi superado

quando identifi camos que há uma ten-

dência dos bancos internacionais em

direção a isso.”

5%das empresas

analisadas pelo Santander obtêm crédito desde que mudem algum processo

PROCEDIMENTOSA adoção dos princípios é um mero trâ-

mite para os bancos. A difi culdade sur-

ge quando é preciso torná-los opera-

cionais. Segundo a IFC, a parte mais

complexa é “estabelecer um sistema de

gestão ambiental e social sólido, além

de um mecanismo de controle apro-

priado”, diz Mazurkiewicz.

Tal monitoramento não é realiza-

do nem pela IFC, nem pela Secretaria

Executiva dos Princípios do Equador.

A tarefa foi assumida por um grupo de

ONGs especializadas em ecofi nanças.

A BankTrack, sediada em Amsterdã,

é uma das mais conhecidas. “Nosso

objetivo inicial é ter uma comunicação

aberta com os bancos, para sensibilizá-

los sobre as questões ambientais en-

volvidas nos projetos que pretendem

financiar”, diz Roland Widmer, coor-

denador do programa Ecofi nanças da

ONG Amigos da Terra e representante

da BankTrack no Brasil. “Quando existe

algum problema, nós comunicamos ex-

traofi cialmente. Se ele persistir, entra-

mos na Justiça. Até o momento, porém,

não acionamos nenhum banco.”

Segundo a ONG, a parte mais negli-

genciada entre os Princípios do Equador

é a referente às consultas públicas. “O

princípio número 5 indica que alguns

projetos precisam de consultas públi-

cas para serem aprovados, o que muitas

vezes não acontece”, diz Widmer. “Nas

hidrelétricas do Rio Madeira [Santo An-

tonio e Jirau] e do Rio Xingu [Belo Monte],

por exemplo, há evidências claras de

que essas consultas não foram realiza-

das de forma adequada.”

Embora ainda exista o que ser me-

lhorado, os casos mostrados acima, so-

mados à infl uência dos bancos globais

e aos avanços daqueles que passaram

a adotar os princípios, são passos ne-

cessários para que o financiamento

sustentável deixe de ser exceção e se

transforme em uma prática corriqueira

na concessão de crédito.

fechar, por conta de problemas ambien-

tais, 200 mil empresas para as quais ela

havia liberado crédito”, conta Piotr Ma-

zurkiewicz, representante de Políticas

Ambientais e Sociais da International

Finance Corporation (IFC), unidade do

Banco Mundial que trabalha junto ao

setor privado.

As leis ainda não asseguram que

um projeto autorizado pela autoridade

ambiental seja fi nalmente executado,

já que a pressão da comunidade pode

ir muito mais além. Diante dessa si-

tuação, os grandes bancos do mundo

têm desenvolvido seus próprios meca-

nismos para avaliar os riscos sociais e

ambientais dos projetos que fi nanciam.

Foi assim com a criação dos Princípios

do Equador, em 2003, um conjunto de

padrões proposto por um grupo de

bancos, útil na hora de analisar o fi -

nanciamento de projetos que podem

ter impacto ambiental e social. Esses

princípios foram criados por bancos

globais, como Citigroup, ABN Amro,

Barclays e WestLB com base no modelo

ambiental do Banco Mundial e das po-

líticas sociais da IFC.

“Apesar de tudo, ainda existem

grandes players na região que estão

expostos a um alto nível de risco social

e ambiental e que não seguem esses

princípios”, afirma Mazurkiewicz. O

recomendável é que todos aqueles que

tenham um volume de crédito corpo-

rativo ou de fi nanciamento de projetos

superiores a US$ 10 milhões assinem – e

assumam – esses princípios.

Desde 2002, depois da integração

com o Banco Real, o Santander – signatá-

rio dos princípios – conta com uma área

de Risco Socioambiental no Brasil. Todos

os anos, a equipe, coordenada por Chris-

topher Wells e formada por dois bió-

logos, um geógrafo, um químico e um

engenheiro ambiental, analisa cerca

de 3 mil empresas para fornecer crédito.

“Nesses oito anos, apenas 54 empresas

não tiveram o fi nanciamento renovado

AE 391 banco verde.indd 3 9/24/10 4:02:08 AM

Page 56: Nº 392 Edição Brasil

56 AméricaEconomia Outubro, 2010

opinião

Ilust

raçã

o: S

amu

el C

asal

P ela primeira vez em décadas, o Brasil em 2010 é des-

taque mundial em crescimento econômico. Segundo

projeções do FMI, cresceremos acima de 7%, sendo

superados apenas por China (10%) e Índia (9,5%). Em média,

o mundo crescerá 4,6%, sendo que as economias avançadas,

apenas 2,6%. Quais as razões para essa posição de destaque?

Fundamentalmente, o Brasil tem capacidade de crescer

porque conta com uma

demanda doméstica

pujante – embalada

pelo mercado de traba-

lho aquecido – e com

um sistema fi nanceiro

saudável, com bancos

bem administrados e

lucrativos, dispostos a

financiar o sonho de

consumo da classe mé-

dia emergente. É exata-

mente o oposto do que

acontece nos Estados

Unidos e na Europa,

onde os consumidores

estão endividados de-

mais, e os bancos, des-

capitalizados.

Até o início da dé-

cada de 2000, o crédito

era escasso no Brasil.

A proporção do crédito

sobre o PIB era de ape-

nas 25% – a média dos

países mais dinâmicos

é superior a 60%. Com

as mudanças iniciadas

a partir dos anos 1990

– abertura comercial,

estabilização da moeda, privatizações, aumento da regulação

do mercado fi nanceiro, redução do risco de ruptura de um

governo do PT –, o país amadureceu, criando o ambiente de

previsibilidade e de juros mais baixos, necessário para fazer

fl orescer o crédito. Hoje, ele já chega a 45% do PIB, o que indica

não apenas a melhora, mas também espaço para continuar a

crescer, até fazer catch up (ou alcançar o padrão) com nossos

parceiros no resto do mundo.

No entanto, é preciso chamar a atenção para os riscos des-

se processo. O nível de endividamento de famílias e empresas

brasileiras é ainda baixo,

mas, ao ritmo atual, esse

quadro pode mudar ra-

pidamente. Países como

Irlanda e Espanha, por

exemplo, experimen-

taram um boom de cré-

dito e otimismo com o

ingresso na União Euro-

peia, no início dos anos

2000, e hoje enfrentam

a “ressaca” dos exageros

dos anos passados. E o

Brasil tem o agravante

de ainda ter taxas e spre-

ads bancários muito al-

tos, o que pode acelerar o

processo de comprome-

timento da renda.

Temos de zelar ain-

da para que o excesso

de crédito subsidiado do

BNDES – hoje camufl a-

do por uma engenharia

contábil pouco clara –

não gere esqueletos in-

digestos no futuro.

Hoje, somos uma das

estrelas no cenário eco-

nômico mundial, foco de

interesse de investidores locais e estrangeiros. Esse sucesso é

legítimo, dado todo o esforço feito pela sociedade brasileira,

desde a redemocratização, para criar fundamentos para o

desenvolvimento. No entanto, precisamos consumir esse

sucesso “com moderação”, e com transparência nas contas

públicas, para não incorrermos no erro que hoje torna as

economias centrais tão frágeis.

Motor de arranque

CAIO MEGALE é mestre em Economia pela PUC-Rio e sócio da Mauá Sekular Investimentos

([email protected])

AE 392 opiniao Caio V1.indd 2 9/23/10 10:40:25 PM

Page 57: Nº 392 Edição Brasil

Resp

on

sável

Técn

ico

: Dr.

Lu

is F

ern

an

do

Ara

nh

a C

am

arg

o - C

RM

: 57

56

7

Quando o assunto é saúde, a América Latina pensa num só lugar: Hospital Israelita Albert Einstein.Einstein. Eleito pela segunda vez o melhor hospital da América Latina pela revista AméricaEconomia.

Para o Einstein ser eleito novamente o melhor hospital da América Latina pela

revista AméricaEconomia não é apenas uma grande conquista. É o reconhecimento

do nosso esforço e dedicação para oferecer o melhor atendimento aos pacientes.

Acesse www.einstein.br e saiba mais.

Siga-nos nas redes sociais:

facebook.com/hospitalalberteinstein twitter.com/hosp_einstein Sua saúde é o centro de tudo.

AF_EINSTEIN AMERICA LATINA 20X26.6.indd 1 9/25/10 3:21 PM

Page 58: Nº 392 Edição Brasil

58 AméricaEconomia Outubro, 2010

FINANÇAS Investimentos

H á alguns anos, desde que as rentabilidades oferecidas

pela segura aplicação em títulos públicos começa-

ram a declinar, os fundos de pensão se deparam com

um duplo desafi o: como conciliar o cumprimento – ou mesmo

a superação – de suas metas atuariais e o alongamento da

expectativa de vida dos benefi ciários. A resposta tem sido

a diversifi cação das classes de ativos – especialmente em

direção a ações, crédito privado e fundos de partici-

pação – e uma política ainda mais atenta ao

controle de risco, o que envolve, inclusive,

maior participação relativa do patrimônio

sob gestão direta.

Três grandes fundos de pensão – Petros,

Valia e Funcef – têm assumido posição de

destaque nessa tendência. “A rentabilidade dos

títulos públicos, menos atrativa hoje do que no

passado, faz com que os gestores busquem posições

mais longas em risco privado. Mas isso está sendo

feito de forma gradual, já que os fundos de pensão são

como grandes transatlânticos, em que a navegação e

os ajustes de rota precisam ser feitos cuidadosamente”,

diz Alcinei Rodrigues, assessor da diretoria de Investi-

mentos da Petros, o fundo dos funcionários da Petrobras,

com ativos superiores a R$ 46 bilhões. “Instrumentos de

renda fi xa privada com garantias reais, como CCB (Cédula de

Crédito Bancário), CRI (Certifi cado de Recebíveis Imobiliários)

e CCI (Cédula de Crédito Imobiliário), serão cada vez mais

uma opção. E, para atuar nesse campo, as regras de gestão de

risco fi carão mais elaboradas”, acrescenta Rodrigues, que fez

apresentação sobre o assunto durante o 21º Congresso Apimec

(Associação dos Analistas e Profi ssionais de Investimento do

Mercado de Capitais), em Belo Horizonte.

Na rota do crescimento

LUÍS EDUARDO LEAL , DE SÃO PAULO

FUNDOS DE PENSÃO ASSUMEM MAIOR EXPOSIÇÃO NO FINANCIAMENTO A EMPREENDIMENTOS PRIVADOS, DE OLHO NA SUPERAÇÃO DE SUAS METAS ATUARIAIS

AE 392 investimentos2 V1.indd 2 9/23/10 10:58:35 PM

Page 59: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 59

Foto

: Sh

utt

erst

ock

“Há uma tendência natural de diversificação, o que

envolve também capacitação dos gestores. É um processo

que deve se acelerar nos próximos três, quatro anos”, prevê

Ricardo Pena Pinheiro, diretor-superintendente da Previc

(Superintendência Nacional de Previdência Complementar).

“Com a queda dos juros, os fundos de pensão vão tirar cada

vez mais o foco da renda fi xa. Há espaço para crescimento

da participação relativa de private equity e de ações nas car-

teiras, bem como de crédito privado”, acrescenta o diretor de

Investimentos e Finanças da Valia, o fundo da Vale, Maurício

da Rocha Wanderley. Atualmente, a participação das ações

nas carteiras de investimentos dos fundos de pensão gira em

torno de 16% a 17%. O espaço para crescimento é amplo, na

medida em que a regulamentação limita a 50% a participação

da renda variável na composição dos investimentos.

“Percebemos o momento atual muito menos como um

cenário de ameaça do que como um cenário de oportunida-

des. O potencial de ganho, com a diversifi cação, também é

maior”, avalia o diretor da Valia, fundo com patrimônio

de R$ 12,7 bilhões. Nos últimos dez anos, a rentabili-

dade nominal média do fundo de pensão da Vale

esteve na casa de 22% ao ano, bem acima de suas

metas atuariais (infl ação mais 6%), o que gerou

superávit e aumento de 25% no valor do

benefício. “E acreditamos que os próximos

anos devem ser ainda melhores do que os

últimos”, acrescenta Wanderley.

ESPAÇO PARA CRESCERPara se ter ideia da força conjunta da indústria

de fundos de pensão – o que a leva a estar presente seja no

fi nanciamento de grandes projetos de infraestrutura, como

as hidrelétricas de Belo Monte e Jirau, seja no de pequenas

startups de tecnologia –, os ativos combinados do setor tota-

lizavam o equivalente a 18% do Produto Interno Bruto (PIB)

no encerramento de 2009 – algo como R$ 515 bilhões. Há 15

anos, em 1995, quando o Brasil ainda lutava para se fi rmar

em um ambiente de infl ação sob controle, passo fundamental

para que os agentes econômicos começassem a mirar o longo

prazo, os ativos totais dos fundos equivaliam a pouco mais de

11% do PIB (ou R$ 74,8 bilhões). E a previsão comum é a de que

515 bilhõesde reais eram os ativos totais

dos fundos de pensão em 2009, o equivalente a 18% do PIB

AE 392 investimentos2 V1.indd 3 9/23/10 10:58:54 PM

Page 60: Nº 392 Edição Brasil

60 AméricaEconomia Outubro, 2010

FINANÇAS Investimentos

continuarão a avançar. “Há países em que os fundos de pen-

são chegam a 80% ou mesmo a 100% do PIB. Por aqui, ainda há

muito espaço para crescer”, diz Rodrigues, da Petros.

A partir de 2003, com a melhoria gradual dos fundamen-

tos macroeconômicos, o reforço das reservas cambiais, a di-

minuição do risco-país e a redução do peso da dívida pública

líquida em relação ao PIB, o Tesouro Nacional se valeu de con-

dições favoráveis ao fi nanciamento da dívida em prazos mais

longos e com custos mais baixos. Com a diminuição da renta-

bilidade dos títulos públicos, o caminho natural para grandes

administradores de recursos, como os fundos de pensão, foi a

diversifi cação, o que se aprofundou entre 2005 e 2007.

A Funcef, o fundo dos funcionários da Caixa Econômica

Federal (CEF), por exemplo, divide os seus R$ 40 bilhões de

patrimônio em três classes de investimento ou “índices de

conjuntura”: juros, infl ação e desenvolvimento. Em 2003,

Valia(em R$ bilhões)

Porcentagemda carteiraValorSegmentos

7,970

3,462

0,209

0,053

0,466

0,553

62,68

27,23

1,65

0,42

3,67

4,36

Renda fixa

Renda variável

Estruturados

Exterior

Imóveis

Empréstimos

Total de investimentos

12,715 100

Fonte: Valia

Petros*(em %)

*Ativos: R$ 46,5 bilhões(maio de 2010)

Fonte: Petros

60,9%

2,6%

2,2%5,5%

28,8%

Investimentosestruturados Imóveis

Operações participantesRenda

variável

Rendafixa

os investimentos em juros (Selic e CDI) signifi cavam 47% da

carteira total; hoje equivalem apenas a 11%. Nos últimos sete

anos, houve migração para outros ativos, com alongamento

de prazos. Os títulos públicos de curto prazo, como LFTs e

LTNs (vinculadas à Selic), por exemplo, foram substituídos

pelas NTN-Bs (indexadas ao IPCA). Os papéis vinculados à

infl ação, sejam eles títulos públicos ou de crédito privado,

passaram de uma participação de 25%, em 2003, para os atu-

ais 45% da carteira total. O terceiro índice de conjuntura, o de

crescimento, associado a investimentos em ações, mercado

imobiliário e private equity, passou de 29% da carteira total,

em 2003, para 44%, hoje.

“Especialmente a partir de 2006, reduzimos as posições

em juros e reforçamos as vinculadas à infl ação e ao cresci-

mento do país”, explica Umberto Conti, consultor especial

da presidência da Funcef. Desde 2003, a Funcef acumulou

rentabilidade de 250%, acima dos 132% previstos como meta

atuarial para o período. O desempenho assegurou um supe-

rávit que permitiu aprimorar medidas prudenciais, como a

implementação de uma tabela atuarial mais conservadora,

e melhorar os benefícios pagos aos participantes do fundo.

Desde 2006, houve um aumento real de 27% nos benefícios.

“No mercado de crédito privado, contribuímos ativamen-

te para que as emissões de debêntures passassem também

a ser lastreadas em infl ação. Temos hoje uma carteira de R$

1,5 bilhão em debêntures, dos quais R$ 1 bilhão se refere a

títulos vinculados ao IPCA”, afi rma Conti. “Discutimos com os

intermediários das operações de emissão de debêntures que

faria sentido termos algo menos associado ao curto prazo, que

é o caso do CDI. E, para os emissores, sem dúvida, também é

interessante poder contar com a alternativa do IPCA.”

Assim como na renda fi xa, houve também alongamento

no perfi l dos investimentos da Funcef em renda variável, com

a construção de posições em fundos de participação: hoje,

esses investimentos em private equity são feitos por meio de

33 fundos de participação, com R$ 3 bilhões em patrimônio

líquido comprometido. Os investimentos distribuem-se por

áreas variadas, abrangendo agronegócio, construção civil,

logística, óleo e gás, saúde, saneamento ambiental e mesmo

setores comparativamente mais arriscados, como o de tecno-

logia da informação. Em private equity, o investimento ocorre

com vistas à capitalização e ao desenvolvimento da empresa

Composição das carteiras de investimento

AE 392 investimentos2 V1.indd 4 9/23/10 10:59:35 PM

Page 61: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 61

Ativos dos fundos de pensão (em proporção ao PIB)

Fonte: Petros*em R$ bilhões

**em porcentagem

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 20090

100

200

300

400

500

600 –

0%

5%

10%

15%

AtivosTotais*

AtivosTotais/PIB**74,8 86,6

11,6 11,611,1 11,1

12,912,2

13,1 12,814,1 14,4

14,916,1

18,2

15,7

18,0

101,0 101,1126,0

144,0171,2

189,3

240,1

280,5

320,2

374,7

456,6

444,8

515,4

20%

para que, no futuro, ela possa abrir capital ou para que a par-

ticipação do fundo seja vendida a um sócio estratégico.

LIÇÃO DE CASA“Para que o Brasil cresça de forma sustentada entre 4,5% e 5%,

em média, nos próximos anos, é importante que os investi-

dores institucionais (entre os quais se encontram os fundos

de pensão) dobrem o volume de recursos disponíveis para

investimentos no período”, avalia o professor Carlos Antonio

Rocca, diretor do Centro de Estudos do Mercado de Capitais

do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), que

observa desafi os claros ao setor público. Para que se concretize

a perspectiva de manutenção da queda das taxas de juros nos

próximos anos, o sucessor do presidente Lula precisará fazer

um dever de casa que diferentes administrações evitaram

levar às últimas consequências: uma reforma da previdência

efetiva, que reverta um quadro insustentável no longo prazo,

e um controle determinado dos gastos públicos correntes,

que impeça que a sua expansão continue a ocorrer em ritmo

superior ao do crescimento do PIB.

“Se for analisado o endividamento público bruto das

economias reunidas no G-20, o Brasil é o país que está em

pior situação”, observa Rocca. “A perspectiva de longo prazo

dependerá disso, de que as despesas correntes tenham uma

expansão menor do que a do PIB, o que é fundamental para

ampliar a poupança pública e conter o peso da carga tributá-

ria”, acrescenta o professor. Os gastos públicos com a previ-

dência social, por exemplo, já somam hoje uma montanha

de dinheiro equivalente a 12% do PIB.

Medidas de desoneração, focadas no mercado de capitais,

também são importantes para estimular o apetite pelas emis-

sões de crédito privado no contexto em que a continuidade da

queda das taxas de juros ainda é incerta. “Persiste uma assi-

metria de condições que sempre prejudicou o crédito privado

quando comparado aos títulos públicos”, observa Marcelo

Xandó, sócio-diretor da Verax Serviços Financeiros, uma ges-

tora de recursos. Há sinais dados pelo próprio governo de que

alguma desoneração pode ocorrer no crédito imobiliário, em

instrumentos como os CRI (hoje, a isenção de IR se restringe a

pessoas físicas), assim como nas emissões de crédito privado

feitas por empresas de infraestrutura, especialmente em

setores nos quais exista grande necessidade de recursos para

investimentos, como rodovias e portos.

“Os fundos de pensão são parte disso, como grandes

fi nanciadores de longo prazo”, observa Xandó. No primeiro

semestre, as emissões de crédito privado recuperaram os

patamares de preços anteriores à crise de 2008, período em

que a percepção de risco – e consequentemente os prêmios

pagos – esteve acentuada. Com a normalização do mercado de

crédito privado, que deve prosseguir neste segundo semestre,

as margens para os investidores tendem a se estreitar, no caso

das emissões feitas por empresas de primeira linha. Mas, com

a tendência de o mercado ser acessado também por empresas

que oferecem risco maior ao investidor, a gestão precisará ser

seletiva, tendo em vista a equação risco/retorno. “Os analis-

tas precisarão se aprofundar cada vez mais na avaliação das

empresas, de seus indicadores, num ambiente de opções de

investimento mais diversifi cadas”, conclui Xandó.

AE 392 investimentos2 V1.indd 5 9/23/10 10:59:50 PM

Page 62: Nº 392 Edição Brasil

62 AméricaEconomia Outubro, 2010

DEBATES Sucessão presidencial

CASO SE CONFIRME COMO NOVA PRESIDENTE DO BRASIL, DILMA ROUSSEFF PRECISARÁ FAZER AJUSTES PARA GARANTIR CRESCIMENTO ROBUSTO NOS PRÓXIMOS ANOS

Foto

: Ro

ose

wel

t P

inh

eiro

/AB

r

Tarefas

R eformas constitucionais que exijam apoio do Congresso Nacional estão

fora do horizonte do próximo governo, mas a agenda econômica que terá

de ser enfrentada a partir do dia 1º de janeiro de 2011 demandará deter-

minação e atitude – além de convencimento político. Embora longe de representar

uma guinada na atual política macroeconômica, a lista de prioridades do presi-

dente que será eleito em outubro envolve problemas não apenas complexos, mas

amplifi cados pelo crescimento acelerado, segundo avaliação de especialistas ou-

vidos por AméricaEconomia. Por isso, independentemente de quem seja o sucessor

de Luiz Inácio Lula da Silva, o próximo mandatário terá de fazer o dever de casa – a

menos que coloque um freio na expansão do Produto Interno Bruto (PIB).

Na nova fase de desenvolvimento do Brasil, chegou a vez de uma política forte

para a educação; uma nova relação entre os setores público e privado nos inves-

timentos em infraestrutura; incentivos ao mercado de capitais para ampliar os

recursos e o fi nanciamento de longo prazo; competitividade, acompanhada pelo

aperfeiçoamento dos sistemas político e tributário; e também temas macroeco-

nômicos, como a melhoria da relação juro-câmbio e a redução do défi cit público.

Tendo essa complexa agenda em vista, haverá espaço para criar as condições

necessárias para uma nova sequência de queda dos juros.

“Sem enfrentar essas questões estruturais, o crescimento fi ca manco e curto.

E vamos sempre lamentar que ele poderia ter sido mais robusto”, enfatiza Aluizio

Byrro, chairman para a América Latina da NokiaSiemens Networks e coordena-

dor dos Estudos da Agenda 2020 da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e

Eletroeletrônica (Abinee).

pendentesPATRÍCIA MENDES, DO RIO DE JANEIRO

AE 392 ajuste3.indd 2 9/23/10 10:25:02 PM

Page 63: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 63

DILMA ROUSSEFF: SE ELEITA, DEVERÁ

ENFRENTAR QUESTÕES

ESTRUTURAIS PARA GARANTIR A EXPANSÃO DO

CRESCIMENTO

AE 392 ajuste3.indd 3 9/23/10 10:20:16 PM

Page 64: Nº 392 Edição Brasil

64 AméricaEconomia Outubro, 2010

DEBATES Sucessão presidencial

Nos últimos anos, o Brasil tirou bom proveito do cresci-

mento das principais economias do planeta e construiu fun-

damentos macroeconômicos sólidos. “Hoje, estamos numa

nova etapa, já que a economia globalizada exige um padrão

de crescimento baseado na inovação tecnológica. Qualquer

empresa que queira continuar no mercado necessita de cons-

tante atualização de seus processos produtivos”, ressalta o

presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

(Fiesp), Benjamin Steinbruch.

IMPULSO ÀS EMPRESASO porta-voz dos industriais paulistas defende que o governo a

ser inaugurado no início de 2011 tenha uma visão desenvolvi-

mentista do Brasil e dê mais chance para o setor privado evo-

luir. “Pela primeira vez, estamos numa posição de destaque.

O novo governo tem de estar preparado para essa realidade.

Precisamos nos adaptar. O governo e os empresários não

estavam prontos para esse sucesso do país, mas agora temos

a obrigação de ampliar o êxito”, enfatiza.

Entre as promessas de campanha e a prática dos gover-

nantes existe uma larga distância, mas, a julgar pelos sinais

emitidos até agora pelos principais postulantes, os pilares da

política macroeconômica estabelecida no governo Fernando

Henrique Cardoso e seguida na gestão petista – câmbio

fl utuante, metas de infl ação e superávit primário – serão

mantidos. “A menos que algo drástico ocorra no panorama

internacional, deverá prevalecer o espírito de que não se mexe

em time que está ganhando”, diz o chairman para a América

Latina da NokiaSiemens Networks.

Fora a perspectiva de uma queda mais rápida dos juros,

desestimulando a entrada de dólares e provocando uma

desvalorização do real, a situação atual não deverá sofrer

alterações drásticas. “O que se vê é uma disposição geral de

encarar problemas antigos. Estradas, ferrovias e aeroportos

melhoraram aqui e ali, mas, agora, o país está maduro para

mudar de cara”, afi rma Byrro. Ele, como os analistas consulta-

dos por AméricaEconomia, baseou suas previsões nas últimas

pesquisas de intenção de votos, que conferem a vitória nas

urnas à candidata do PT, Dilma Rousseff, com pouco mais

de 50% da preferência do eleitorado e chances de encerrar a

disputa no primeiro turno.

CENÁRIOS POSSÍVEISO economista Raul Velloso, especialista em contas públicas,

considera em sua análise o favoritismo de Dilma, bem à

frente do segundo colocado, José Serra (PSDB). “No momento,

podemos pensar em uma espécie de terceiro mandato do

Lula. Mas isso signifi ca uma mera continuidade? Não, porque

difi cilmente a criatura sai idêntica ao criador. Além disso, a

própria administração de Lula foi se modifi cando”, observa.

Duas decisões centrais defi nirão não só o perfi l da área,

mas do governo como um todo, avalia Velloso. Trata-se do

comando do Banco Central (BC) e do Ministério da Fazenda.

“O BC não é mais aquele em que o presidente se apoiava nu-

ma diretoria de altíssimo nível técnico. Hoje, a instituição é

dirigida por funcionários de carreira, que, embora preparados,

representam um fator de limite de independência”, afi rma.

“No caso de uma diretoria menos ortodoxa, será um sinal do

que acontecerá com a infl ação. Perda de credibilidade do BC

com infl ação em alta não será nada bom. Infl ação alta é igual

à indexação”, observa Velloso. A credibilidade no combate à

infl ação ajudou o país a atravessar a crise, e a imagem do

Brasil no exterior poderá retroceder, se este movimento

não prosseguir, diz o economista.

Esse cenário inclui uma possível piora das

contas públicas. Velloso lembra que o superávit

primário vem caindo, e que Dilma, até agora,

não demonstrou intenção de implementar uma

política fi scal contracionista. “Mas não podemos

esquecer que estamos em campanha eleitoral. A

partir de janeiro de 2011, tudo poderá mudar. O nome

do próximo ministro da Fazenda dirá muito sobre isso:

se será um gastador ou alguém que freará as despesas

públicas.” Outro dado relevante é se a equipe econômica terá

um comando único para articular as políticas de crédito, fi scal

e monetária, criando condições efetivas para a redução dos

juros. Uma Selic real de 6% ao ano seria um divisor de águas,

nível que poderia ser alcançado somente no fi nal do próxi-

mo mandato (2014), desde que haja unifi cação das políticas

macroeconômicas.

Já a relação com o Congresso não deverá ser problema em

um eventual governo Dilma Rousseff, pois tudo indica que a

nova gestão contará com maioria mais folgada do que a de

Lula – especialmente no Senado –, em decorrência da aliança

com o PMDB, lembra Amir Khair, mestre em Finanças Públi-

cas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e ex-secretário de

Finanças da Prefeitura de São Paulo. Mesmo com tal maioria,

não se pode apostar em sustentação política para grandes

reformas, como a tributária, a previdenciária e a trabalhista.

“Depois de tantas tentativas frustradas, o mais provável é

concentrar esforço no avanço de microrreformas e remendos

infraconstitucionais nesses temas”, sublinha.

Uma queda mais agressiva da taxa de

juros estancaria a vazão de recursos para financiar

a dívida pública

Foto

s: 2

- Fa

bio

Ro

dri

gu

es-P

ozz

ebo

m/A

Br;

3 - S

anti

Bu

rgo

s/B

loo

mb

erg

New

s/G

etty

Imag

es; 4

- W

ei Y

ao/A

FP

AE 392 ajuste3.indd 4 9/23/10 10:21:34 PM

Page 65: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 65

AS APOSTASA gestão compartilhada com o PMDB também não deverá

tirar da cota pessoal de Dilma a escolha dos cargos mais rele-

vantes. Até agora, a coordenação de campanha não endossou

as especulações sobre os nomes que devem compor o futuro

governo. Os mais cotados para o Ministério da Fazenda são

Nelson Barbosa – atual secretário de Política Econômica – e o

presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômi-

co e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Para o BC, são citados o

diretor de Normas, Alexandre Tombini, e o economista-chefe

do Bradesco, Octavio de Barros. O deputado Antonio Palocci é

cotado para a Casa Civil.

Para Khair, o próximo presidente terá quatro grandes

desafi os relacionados à macroeconomia: manutenção do cres-

cimento acima de 5% ao ano, redução da infl ação para cerca

de 4% ao ano, obtenção do equilíbrio nas contas externas, na

área fi scal e redução da relação dívida/PIB. Um dos fantasmas

que assombraram o Brasil no passado – o desequilíbrio das

contas externas – pode reaparecer. “Uma queda mais robusta

dos juros, a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras

(IOF) – dos atuais 2% para 4% – e prazo mínimo de permanên-

cia desses recursos voláteis aplicados em carteira não fariam

mal a ninguém”, afi rma Khair.

Steinbruch concorda. “A combinação de juros altos e câm-

bio valorizado é perigosa e está levando o dólar para um pata-

mar irreal. Como o dólar aqui é fl utuante, temos de tratá-lo de

maneira diferente. Ele deve ser direcionado pelo governo, e não

deixar a coisa solta do jeito que está. O país está se alijando das

exportações e facilitando muito a importação. E, como o Brasil

tem mercado interno forte, as empresas de fora jogam aqui

todo o excesso de produtos que têm, o que pode desestruturar

nosso setor produtivo. Mas, se baixarmos os juros, provavel-

mente a moeda se desvalorizará”, diz o líder da Fiesp.

Algo estratégico para um governo Dilma é a queda veloz

da Selic, resultando em sobra de recursos. Hoje, a conta de

juros para fi nanciar a dívida pública equivale a 5,4% do PIB (R$

180 bilhões, nos últimos 12 meses). “Faz parte do ajuste fi scal

estancar a sangria de recursos públicos causada pela Selic no

fi nanciamento da dívida pública. Isso se faz com uma queda

mais agressiva da taxa de juros”, recomenda Khair.

Por outro lado, pontos fortes da agenda do próximo go-

verno são a manutenção do consumo como mola mestra do

crescimento, com políticas de salário mínimo semelhantes às

praticadas nos últimos anos – com reajustes acima da infl ação

–, e a continuidade dos programas sociais de transferência de

renda. “Crescer de baixo para cima será fundamental para

manter a economia aquecida”, afi rma Khair.

Nesse contexto, os bancos ofi ciais manterão o papel estra-

tégico desempenhado de 2009 para cá na expansão do crédito.

Segundo Khair, se Dilma vencer as eleições, usará o Programa

de Aceleração do Crescimento (PAC) e o BNDES para aperfeiço-

ar a logística para o setor privado. Apesar de tudo o que resta a

ser feito, ninguém tem dúvida de que quem sair vitorioso das

urnas em outubro ganhará força para implementar ajustes

necessários para que o país continue em processo forte de

desenvolvimento nos próximos quatro anos.

DA ESQUERDA PARA A DIREITA, ANTONIO

PALOCCI, OCTAVIO DE BARROS E LUCIANO

COUTINHO: APOSTAS PARA A EQUIPE DE DILMA

2

3

4

AE 392 ajuste3 V1.indd 5 9/24/10 1:28:38 AM

Page 66: Nº 392 Edição Brasil

DEBATES Argentina

Parlamentarismo à vista? DEPOIS DE RETOMAR FACULDADES

QUE ESTAVAM EM PODER DO EXECUTIVO POR UM SÉCULO E MEIO, CONGRESSO ARGENTINO PODERÁ DAR TRABALHO AO PRESIDENTE

RODRIGO LARA SERRANO, DE BUENOS AIRES

O que se poderia pensar de um

mecânico que, de um dia pa-

ra outro, perde mais de mil

ferramentas? Essa é a atual situação do

governo argentino. No fi nal de agosto,

a oposição deixou caducar cerca de 1,9

mil leis que transferiam ao Executivo

poderes que desde 1853 a Constituição

atribuía ao Congresso, conhecidas como

“faculdades delegadas”.

Desse total, muitas já não têm uso.

Outras 300, segundo especialistas, po-

deriam ser essenciais para o presidente

manter a posição cômoda de que hoje

goza. Entre elas estão a que rege o re-

passe de arrecadação entre o governo

central e as províncias, a transferência

de fatias do orçamento dedicadas ao

investimento para usá-las em gastos

correntes e o polêmico domínio do Códi-

go Aduaneiro, que resulta na imposição

de retenções (impostos) à exportação.

Assim, se as forças de oposição chega-

rem a um acordo, poderão reduzir ou

eliminar as retenções à exportação da

soja – principal cultivo do país – e do

milho, comprometendo a arrecadação.

“Até hoje, as faculdades delegadas

permitiram a ditadura da carteira”, diz

o advogado Ricardo Monner Sans, res-

ponsável pela denúncia de casos de

corrupção em governos argentinos. Ele

concorda com a visão predominante de

que, independentemente do partido no

poder, essas facilidades derivaram em

um “hiperpresidencialismo”. Nele, as

províncias fi caram à mercê do governo

central, que fi nancia ou não seus défi -

cits em troca de apoio no Congresso e

nas eleições. “Aqui, os candidatos são

democratas até colocarem a faixa presi-

dencial”, concorda o analista Heriberto

Muraro, da Muraro y Asociados.

FUTURO INCERTOMais do que a expectativa quanto ao

destino dos assuntos mais polêmicos

da atual agenda política, essa mudan-

ça coloca um ponto de interrogação

sobre como funcionará a democracia

argentina daqui para frente, depois de

tanto tempo com um governo executivo

superpoderoso.

AE 392 argentina2.indd 2 9/23/10 10:42:45 PM

Page 67: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 67

Foto

s: 1

- Sh

utt

erst

ock

co

m m

on

tag

em d

e D

enis

S. C

ard

oso

; 2 -

Juan

Mab

rom

ata/

AF

P

Para Muraro, a queda das faculda-

des delegadas deixou uma situação

incerta porque “a capacidade coopera-

tiva e organizativa da oposição é quase

zero”. Graciela Romer, analista da Romer

y Asociados, acrescenta que, “com essa

mudança, a governabilidade começará

a passar pela capacidade ou não que as

principais forças tenham para chegar a

acordos de políticas públicas”.

A princípio, espera-se pouco ruído

no fi nal de mandato de Cristina Kirch-

ner. No Congresso, os legisladores mos-

tram-se mais interessados nas eleições

em 2011 do que em estudar as possibi-

lidades geradas com o fi m da delegação.

Já a presidente, em última instância,

poderia lançar mão de um Decreto de

Necessidade e Urgência para pressionar

uma decisão a seu favor. Um expediente

que, até agora, ela usou pouco (média de

0,3 ao mês) em comparação com seus

antecessores Néstor Kirchner (média

de 5 mensais) e Eduardo Duhalde (9,3

mensais), segundo o Centro de Estudos

Nueva Mayoría.

Esse jogo de empurra deverá parar

no próximo presidente, e os analistas

já começam a criar cenários. “Há uma

possibilidade de que, depois do pri-

meiro turno, a oposição se una contra

Néstor Kirchner [possível candidato

da situação]”, diz Monner Sans. “Se ela

ganhar, pode haver acordos, entre os

quais estariam leis como as referentes

às aduanas. Outro cenário igualmente

provável é que haja um vencedor sem

acordo sobre as faculdades delegadas e

se arme tal confusão e paralisia que, no

fi nal, tudo volte ao que era antes.”

Para Muraro, a evolução para um

parlamentarismo dinâmico seria um

desafi o que “contradiz as mais nobres

tradições presidencialistas da Argenti-

na”. Graciela é mais otimista. “O sistema

político argentino está tão fragmentado

que, mesmo que a situação ganhe, não

será maioria”, afi rma. “Por isso, é forte

a tendência de migrar para um regime

semiparlamentar, o que melhoraria a

qualidade de nossa democracia, colo-

cando limites ao pouco respeito que

hoje se tem pela institucionalidade.”

Rumo à Casa Rosada

Quem são os políticos que desejam a presidência da Argentina em 2011

Néstor Kirchner: até antes de se sub-

meter a uma angioplastia, em meados de

setembro, o ex-presidente era tido como o

futuro candidato da situação à presidência,

e tudo parece indicar que continuará tendo

a preferência.

Peronismo federal ou conservador

Felipe Solá: Ex-secretário de Agricultura

e ex-governador da província de Buenos

Aires. Ponto forte: grande conhecimento

do aparelho estatal. Ponto fraco: não tem

bases próprias dentro do peronismo.

Francisco De Narváez: Deputado. Milionário. Ponto forte: manejo político

e carisma entre o eleitorado popular. Ponto fraco: é natural da Colômbia e

necessita que a Corte Suprema aprove sua candidatura.

Mario Das Neves: Governador da província de Santa Cruz. Ex-kirchnerista.

Ponto forte: poderia ser o homem de consenso entre os peronistas. Ponto fraco: é pouco conhecido, já mentiu reiteradamente sobre sua formação uni-

versitária e tem características autoritárias.

Panradicalismo

Ricardo Alfonsin: Deputado. Filho do ex-presidente Raúl Alfonsín. Ponto for-te: apoio do partido radical e da classe média. Ponto fraco: não tem experiência

administrativa nem carisma.

Julio Cobos: Atual vice-presidente, ex-governador de Mendoza. Ponto forte:

apoio do setor agroindustrial e dos empresários em geral, além de eleitores do

interior. Ponto fraco: é considerado volúvel, e sua proposta de governo, vaga.

Elisa “Lilita” Carrió: Deputada. Líder da Coalizão Cívica. Ponto forte: honrada,

carismática e com grande experiência legislativa. Ponto fraco: personalista, e

assusta parte do eleitorado com visões apocalípticas da realidade.

Proposta Republicana

Mauricio Macri: Prefeito da cidade de Buenos Aires. Ponto forte: apoio do

empresariado e do eleitorado conservador. Ponto fraco: baixa presença par-

tidária no restante do país.

Esquerda/ Projeto Sul

Fernando Pino Solanas: Cineasta de prestígio, deputado. Ponto forte: ex-

periência legislativa. Ponto fraco: seu reconhecimento se limita à cidade de

Buenos Aires, e falta solidez à coalizão de esquerda que o apoia.

2

AE 392 argentina V2.indd 3 9/23/10 10:41:35 PM

Page 68: Nº 392 Edição Brasil

68 AméricaEconomia Outubro, 2010

DEBATES Comércio Exterior

APÓS SEIS ANOS DE LONGAS DISCUSSÕES,

MERCOSUL APROVA O FIM DA BITRIBUTAÇÃO INCIDENTE

SOBRE A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS IMPORTADAS

DE OUTROS PAÍSES

ENRIQUETA MENON, DO RIO DE JANEIRO Foto

: Del

fim M

atin

s/G

etty

Imag

es

D esde sua fundação, em 1991, o Mercosul sonha

com uma integração semelhante à da União

Europeia, com décadas de evolução e criação

de uma moeda única. Após seis anos de discussão e

em meio às recorrentes difi culdades institucionais, no

último dia 3 de agosto, os governos dos sócios do bloco

regional fi nalmente aprovaram uma das medidas de

maior impacto nos últimos dez anos em direção à união

aduaneira completa: o fi m da dupla cobrança de impos-

tos sobre a circulação de mercadorias importadas por

Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai de terceiros países,

com distribuição das receitas dos tributos.

A importação de centenas de produtos e bens de

capital, sobre os quais atualmente recai a Tarifa Externa

positivoPasso

DEBATES Comércio Exterior

AE 392 tributos.indd 2 9/23/10 10:45:11 PM

Page 69: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 69

– e da elevada dependência dos tributos

de importação na composição de suas

receitas públicas.

Diante da falta de regulamentação

dos procedimentos e do prazo de im-

plementação – entre 2012 e 2019 –, na

prática, segundo analistas, o Decreto

1.010 do Conselho do Mercosul é mais

um sinal político de que o bloco regional

está caminhando, apesar dos percalços.

“Há tempos os empresários esperam

essa atitude, mas ainda vai demorar

para que ela tenha efeitos concretos nas

operações comerciais das empresas”,

afi rma Rubens Barbosa, presidente do

Conselho Superior de Comércio Exterior

da Federação das Indústrias do Estado

de São Paulo (Fiesp).

O que está sendo feito, no entanto, é

o possível para avançar em um contex-

to marcado pela falta de vontade polí-

tica dos governos, sublinha Barbosa. “O

Decreto 1.010 é cheio de indefi nições”,

diz. Até mesmo as datas de funciona-

mento das três etapas são previstas no

condicional – “no mais tardar”, segun-

do a Declaração

de San Juan, na

Argentina.

Em uma pri-

meira fase – que

entrará em vi-

gência até 1º de

janeiro de 2012 –,

poderão circular

livremente pro-

dutos importados

de terceiros paí-

ses, desde que não

passem por nenhum tipo de alteração.

Na segunda etapa – a partir de 1º de

janeiro de 2014 –, as empresas poderão

transformar e agregar valor a um grupo

de produtos importados para reexportá-

los aos demais integrantes do bloco.

Serão benefi ciados os itens taxados pela

menor faixa da TEC – entre 2% e 4% – e

geralmente sem produção local.

“Hoje, isso é permitido, mas as exi-

gências são de toda ordem, entre elas a

de incorporação, no processo produtivo,

de certo percentual de bens e serviços

nacionais. Com a última resolução do

Mercosul, esse requisito cai”, explica

Ricardo Mendes, sócio da Prospectiva

Consultoria Internacional. Mas a lista

de itens que poderão ser benefi ciados

nessa etapa do cronograma ainda será

defi nida. Na última fase, a liberalização

será total. “No mais tardar, a partir de 1º

de janeiro de 2019”, segundo o decreto,

todos os bens importados de fora do blo-

co regional poderão ser transformados

e exportados dentro do Mercosul.

DIVIDIR O BOLOOutro ponto em aberto é a distribuição

das receitas da TEC, que demandará

um acordo entre os sócios em torno de

um mecanismo de coparticipação nas

receitas. As importações do Paraguai,

por exemplo, que são feitas por meio

dos portos brasileiros, passarão a ser ta-

xadas uma única vez, quando a Receita

Federal do Brasil cobrará o tributo, e os

recursos recolhidos aqui serão compar-

tilhados com o Tesouro paraguaio.

O fato de as empresas, a partir de

2012, poderem importar componentes

e insumos e deixá-los estocados no país

de entrada por algum tempo, em um

centro de distribuição regional, para

depois enviá-los aos vizinhos, com me-

nos etapas de importação e exportação,

pode estimular os países a criarem lo-

gística para atender a essa demanda das

empresas, observa Mendes, da Prospec-

tiva. “Isso tende a acontecer no Brasil,

pelo fato da escala de mercado ser maior

que na Argentina, no Uruguai e no Pa-

raguai”, prevê. Segundo ele, essa pers-

pectiva é interessante para portos com

menos problemas de estrangulamento,

como Sepetiba, no Rio de Janeiro.

Embora a medida seja de regula-

mentação comercial, outro impacto

econômico possível é o estímulo aos in-

vestimentos para agregar valor visando

à reexportação para o bloco regional, na

segunda e na terceira fases. “Na União

Europeia, as empresas fazem uma plan-

ta industrial em um dos países e têm

acesso aos mercados da comunidade.

Com o Decreto 1.010, foram criadas as

condições para que isso aconteça no

Mercosul”, destaca Mendes.

Comum (TEC), terá seu custo diminuído

até janeiro de 2019. Para isso, terá de ser

criado o Código de Valoração Aduaneira

do Mercosul e ser colocada em funcio-

namento a interconexão de sistemas

de gestão aduaneira, com uma base de

dados que permita o intercâmbio de

informações para a divisão dos recursos

arrecadados entre os países membros.

Outra providência necessária é o esta-

belecimento de uma compensação para

o Paraguai, por causa de sua condição

especial de país sem litoral – as impor-

tações entram por portos dos vizinhos

2019é o prazo máximo

para a extinção da bitributação

PORTO DE PARANAGUÁ,

NO PARANÁ: FIM DA COBRANÇA

DUPLA TRARÁ NOVOS ESTÍMULOS

À LOGÍSTICA DE EXPORTAÇÃO

AE tributos V1.indd 3 9/23/10 10:43:59 PM

Page 70: Nº 392 Edição Brasil

70 AméricaEconomia Outubro, 2010

ESPECIAL Telecomunicações

FUTURECOM 2010 MARCARÁ A GUINADA DA INTERNET DE ALTA VELOCIDADE NO MERCADO LATINO-AMERICANO DE TELECOMUNICAÇÕES E APONTARÁ NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO PARA O SETOR

GIULIANO AGMONT, DE SÃO PAULO

A próxima edição do maior evento de telecomunicações e tecnologia da

informação da América Latina consolida o protocolo de internet como

plataforma-padrão para transmissão de dados, voz e imagem no con-

tinente. Quem circular pelos corredores do Transamérica Expocenter, em São

Paulo, durante a 12a Futurecom, que acontece de 25 a 28 de outubro, constatará

que as telecoms incorporaram o ambiente digital convergente da Web 2.0 e

caminham para implantar de forma defi nitiva a rede IP em seus sistemas.

O melhor indicativo dessa tendência é o crescimento vigoroso do acesso à

banda larga nos últimos anos. Até o fi m de 2010, estima-se que o número de

usuários de internet de alta velocidade se aproxime dos 80 milhões de pessoas só

na América Latina, sendo 40 milhões de rede fi xa e 37 milhões de aparelhos mó-

veis. A Ahciet (Associação Iberoamericana de Centros de Pesquisa e Empresas de

Telecomunicações, na sigla em espanhol) tem uma meta ousada para a internet

rápida: 75% de penetração até 2015 na América Latina. O Brasil, que deve ultra-

passar a barreira de 30 milhões de conexões rápidas antes de dezembro, puxa

esse crescimento e vive um momento inédito: pela primeira vez, a quantidade

de celulares 3G ultrapassou à de banda larga fi xa no país. Atualmente, são 13,9

milhões de linhas móveis, contra 12,2 milhões de conexões fi xas.

Banda cada vez

mais larga

AE 392 Telecom.indd 2 9/23/10 10:53:29 PM

Page 71: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 71

Penetração da banda larga na América LatinaInclui todas as velocidades

Fonte: IDC

Brasil

Argentina

UruguaiChile

Peru

Colômbia

Venezuela

3,04%

4,82%

4,43%

5,98%

10,39% 10,0%

9,97%

Penetração para cada 100 habitantes (março 2009)

Alemanha + 29,9%

Espanha + 20,3%

Irlanda + 20,7%

Portugal + 16,3%

Dezembro de 2009

FOCO EM SOLUÇÕES Especula-se que o mercado de banda larga no Brasil exigirá um investimento

de pelo menos US$ 60 bilhões até 2014 para suprir o aumento da demanda.

O fenômeno da internet de alta velocidade também marca uma transição

importante da Futurecom. Segundo Laudálio Veiga Filho, organizador do

evento, os mais de 15 mil visitantes não vão até o Transamérica Expocenter

para ver gadgets. “É uma exposição que privilegia mais soluções, serviços e

aplicações do que produtos. Os executivos que participam do evento estão

mais interessados em saber como impulsionar seus negócios com as apli-

cações dos aparelhos do que com os aparelhos em si”, informa Veiga Filho.

Além de contar com mais de 300 expositores, a Futurecom promete atrair

líderes de cerca de 40 países, 72% deles presidentes, diretores, gerentes e

coordenadores.

Os novos modelos de negócios criados a partir da infi nidade de possibi-

lidades proporcionadas pela plataforma full IP vão monopolizar reuniões

e apresentações na área de exposição da feira. A Alcatel-Lucent, líder mun-

dial em conexão de banda larga para redes fi xas, móveis e convergentes,

investe nas comunidades de desenvolvedores de aplicativos. O gerente de

Marketing da empresa, Murilo Boudakian Moysés, cita como exemplo o site

www.topcoder.com. Trata-se da maior comunidade de desenvolvedores de

softwares competitivos do mundo, com mais de 250 mil membros. “Estamos

trabalhando com esse pessoal para desenvolver aplicativos para iPad, da

AE 392 Telecom.indd 3 9/23/10 10:53:39 PM

Page 72: Nº 392 Edição Brasil

72 AméricaEconomia Outubro, 2010

ESPECIAL Telecomunicações

Apple. O potencial desse tipo de

parceria é enorme, sem preceden-

tes. São comunidades com pessoas

inovadoras, livres, muitas vezes,

de vícios corporativos, com liber-

dade para criar e tocar os projetos.

E todos trabalhando para você”,

explica Moysés. Segundo o execu-

tivo, existem cerca de 6 milhões

de desenvolvedores de aplicativos

só para a Web 2.0 na América do

Norte e a cada oito minutos surge

mais um.

O mercado de telecomunicações

apresenta um cenário de oportunidades.

As gerações Y e Z, formadas por jovens que mal conheceram a

fi ta cassete, vêm estabelecendo novos padrões de comporta-

mento, que o mercado ainda tenta entender. São consumido-

res com menos de 30 anos, bastante familiarizados com as

ferramentas digitais, ávidos por tecnologia e interatividade,

e que consideram e-mail coisa antiquada. Eles povoam

as redes sociais e querem acessar conteúdo em qualquer plataforma, a todo momento e onde quer que estejam. Con-tribuíram para que o Facebook tivesse quase 100 milhões de usuários em menos de um ano – para se ter uma ideia, a internet precisou de quatro anos para angariar metade disso. Paralelamente, as gerações mais antigas têm mais poder aquisitivo e buscam se adequar à nova realidade 2.0. Nos Estados Unidos, os chamados baby boomers, os hippies dos anos 1960 e 1970, gastam atualmente US$ 2,3 trilhões por ano, parte signifi cativa desse dinheiro em tecnologia.

3G no Brasil

4o trim./08 2o trim./09 2o trim./10

1,0

1,1

2,1

2,1

1,9

4,0

10,4

3,5

13,9

Acesso por aparelhos

Modems

Total 3G

Fontes: Teleco e Anatel

3G/Total de celulares 1,4% 2,5% 7,5%

Milhões

Total de conexões fixas de banda larga no Brasil

2o trim./09 2o trim./10

7.494

2.835

425

10.754

5,62

8.338

3.350

580

12.268

6,36

*estimativa preliminarda Teleco

Fontes: Operadoras e Teleco,não inclui dedicado

Milhares

ADSL

TV por assinatura

Outros

Total

Acessos/100 hab

SOLUÇÕES COMO

A TELEPRESENÇA

SÃO BENEFICIADAS

PELA MELHORA

DA QUALIDADE

DA INTERNET

AE 392 Telecom V1.indd 4 9/23/10 10:52:09 PM

Page 73: Nº 392 Edição Brasil

Estimativa de crescimento da banda larga no mundo 2005–2012

0

300

600

900

1.200

1.500

1.800

2.100

Fontes: OUVM, Strategy Analytics & Internal Ericsson

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Banda larga móvel

Banda larga fixa

Milhões de assinantes

17,6milhões foi

o número de consumidores online no Brasil em

2009

Outubro, 2010 AméricaEconomia 73

A conectividade é mais uma característica inerente desse novo mundo que está por se estabelecer. Em casa, no carro, no trabalho, na praia, a pers-pectiva é a de que os usuários estejam permanentemente plugados à rede, para acompanhar, por exemplo, vídeo por IPTV (Televisão por Protocolo de Internet, na sigla em inglês), tecnologia de transmissão de sinais televisivos para aparelhos de TV e outros meios. No Brasil, essa tendência é ainda mais marcante. Segundo pesquisa Ibope Nielsen Online, o internauta brasileiro é o que mais tempo fi ca conectado e é recordista em navegação em redes sociais

como Orkut, Twitter e Facebook. Um levantamento da Câmara Brasileira de

Comércio Eletrônico mostra que o número de consumidores online subiu de

4,8 milhões em 2005 para 17,6 milhões em 2009. “É por isso que as empresas

estão mais focadas em modelos de negócio do que em portfólio”, considera

Moysés, da Alcatel-Lucent.

Para Roberto Atayde, executivo do IBM Solution Center para a Indústria

de Telecomunicações na América Latina, existem características desse

mercado que ainda precisam ser entendidas. O executivo cita o tipo de uso

que os usuários fazem de seus celulares. Muitos aparelhos contabilizados

nas estatísticas estão simplesmente no fundo de uma gaveta, desligados.

“Assim como muitas operadoras deixam de valorizar o dono de uma linha

pré-paga porque o retorno que ele dá é pequeno. Só que esse cálculo pode estar

errado”, diz. “Se integrar uma rede social e tiver um bom relacionamento, ele

pode ser valioso para o marketing da empresa. Os R$ 20 que ele gasta por mês

podem virar R$ 1 mil. Dar um smartphone com

um ano de dados grátis fará com que esse cliente

permaneça na rede e replique a boa impressão da

empresa”, exemplifi ca Atayde.

Apesar da euforia em torno da banda larga,

os serviços de internet no Brasil poderiam ser

AE 392 Telecom.indd 5 9/23/10 10:54:55 PM

Page 74: Nº 392 Edição Brasil

74 AméricaEconomia Outubro, 2010

ESPECIAL Telecomunicações

Vem aí o celular 4G

A tecnologia LTE (Long Term Evolution), voltada pa-

ra banda larga móvel de alta velocidade 4G, deverá

estar implantada no Brasil antes de 2013, quando

acontecerá a Copa das Confederações. Muitas em-

presas já se preparam para a chegada dessa nova

conexão sem fio para celulares, que será de cinco

a dez vezes mais rápida e eficiente do que a 3G,

chegando a 100 megabits por segundo. O diretor de

Tecnologia para América Latina da Nokia Siemens,

Wilson Cardoso, diz que a tecnologia 4G, aliada à

difusão da plataforma all IP, tornará a interação do

usuário mais simples, efetiva e direta. A empresa

tem três focos ao investir em equipamentos com

tecnologia LTE: fornecer rede para operadoras

e prover conectividade; garantir aos usuários

a transição entre as três telas: computador,

televisor e celular; e criar base de dados

centralizada para gerenciar a identidade

do usuário. “Num primeiro momento, os

investimentos na cobertura 4G vão acon-

tecer em estádios da Copa, aeroportos,

rotas principais, hotéis e algumas outras

áreas. Essa é uma infraestrutura que deve

ficar no país”, diz Cardoso. “Além disso, o

modelo do negócio muda quando a receita de

dados ultrapassa a de voz na telefonia.”

BANDA LARGA MÓVEL

DE ALTA VELOCIDADE 4G

DEVERÁ SER

IMPLANTADA NO BRASIL

ANTES DE 2013

mais acessíveis e oferecer melhor qualidade. As explicações

para esse fenômeno indesejável para o consumidor começam

na alta carga tributária em telecomunicações, que onera em

43% o setor, passam pela baixa renda per capita do país e a

consequente falta de demanda para que as empresas atinjam

mais escala, e chegam ao tamanho e à distribuição demográ-

fi ca do país, que aumenta, e muito, o investimento em infra-

estrutura de rede. Soma-se a isso o fato de que a concorrência

nem sempre é saudável por conta do processo de concentração

do mercado. Além disso, o controle da infl ação ainda é recente.

Outra questão é o tamanho das empresas, que prejudica a

agilidade para atuar e também difi culta a transição de uma

rede analógica para uma digital. Mas a perspectiva é a de que

os serviços melhorem.

Uma mostra disso é o avanço da GVT em mercados dispu-

tados, como Rio de Janeiro e São Paulo, com pacotes de banda

larga de até 100 megabytes. “Nessa velocidade, é possível

baixar um CD completo de música em dois segundos, por um

custo mensal de R$ 499. Quem optar por um plano de 35 mega,

de R$ 139 mensais, baixará o mesmo disco em 15 segundos.

Para fazer isso em internet de 1 a 2 mega, o usuário preci-

sará esperar uma hora”, compara o vice-presidente de

Marketing e Vendas da GVT, Alcides Troller Pinto.

Outra novidade da GVT na Futurecom é o Vox

NG, uma solução de voz sobre a rede IP. Segundo o

fabricante, a tecnologia permite uma transmissão

de áudio mais estável e sem aquele tom metálico

típico da internet. A fl exibilidade é outro diferen-

cial competitivo do sistema em relação ao PABX.

“Você consegue confi gurar seu ramal para qualquer

telefone IP, onde você estiver. É interessante para

empresas com fi liais em estados diferentes, por

exemplo. Ele permite que os colaboradores ajustem

o ramal em que estiverem, garantindo

economia com interurbanos”,

explica o executivo.

capacidade de infra-

estrutura das empresas é despro-porcional à demanda de

tráfego

AE 392 Telecom.indd 6 9/23/10 10:55:10 PM

Page 75: Nº 392 Edição Brasil

Outubro, 2010 AméricaEconomia 75

Aposta no tráfego de imagem

Principal fornecedor mundial de equipamentos de rede para

a internet, a Cisco Systems, mais uma vez, montou o maior es-

tande da Futurecom. A gigante, que tem no Brasil um dos cen-

tros de seu investimento, reforça sua aposta nas aplicações

de vídeo nesta edição de 2010. “É a forma de comunicação

mais poderosa que existe”, sustenta Marco Barcellos, diretor de

Marketing da Cisco no Brasil. A incorporação da empresa Tand-

berg, especializada em videoconferência e telepresença, mostra

o investimento em tecnologia de transmissão de vídeo em alta

definição. Outra mostra dessa opção da Cisco é a decisão de passar a

produzir em Manaus conversores de sinal digital para a operadora de

TV paga NET. “É um equipamento que integrará a aplicação de ima-

gem em alta definição para a casa do usuário. Permitirá a realização

de telepresença doméstica com alta capacidade de compressão de

imagem, ou seja, transmissão estável e sem atraso em telas full HD”,

explica Barcellos. O executivo esclarece que a rede IP é privada, dedi-

cada ou compartilhada – o tráfego não ocorre pelo www. “O mercado

de internet e banda larga tem o tamanho da economia hoje.”

EQUIPAMENTOS DA CISCO

APOSTAM NOS APLICATIVOS

MÓVEIS E NO MERCADO

DE TRANSMISSÃO DE VÍDEO

EM ALTA DEFINIÇÃO

Além da GVT, outras operadoras de porte, como Embratel, Vivo, Telefônica e Oi,

marcarão presença na Futurecom. Depois de uma sequência de fusões e consolida-

ções, as empresas parecem estar prontas para enfrentar o grande desafi o do mercado

de telecomunicações: o desequilíbrio do ecossistema do setor. Parece inevitável o

surgimento de serviços e plataformas convergentes para sustentar uma sociedade

conectada. Contudo, a capacidade de investimento em infraestrutura das empresas

é desproporcional à demanda de tráfego, isso no mundo inteiro. “E o que acontece é

que as empresas que provêem conteúdo não remuneram o sistema, e isso causa um

descompasso”, avalia Laudálio Veiga Filho, organizador da Futurecom. Para Roberto

Atayde, da IBM, o que onera o operador é o vídeo. “Uma das soluções seria a de apli-

car mais inteligência aos serviços. Um modem comprado pelo usuário poderia ser

carregado com esses fi lmes, o que desoneraria a rede sem criar uma nova mídia e

estabeleceria um novo modelo de negócio”, explica.

A resposta para esse impasse, porém, ainda

ninguém tem. Talvez as operadoras possam

controlar os aplicativos ou as empresas

de aplicativos subcontrolariam links

das operadoras. Um meio-termo pode

ser a saída, dependendo das circuns-

tâncias. Seja como for, garantem os

analistas, o que não vai mudar é

que a resposta estará nas decisões

dos consumidores.

AE 392 Telecom.indd 7 9/23/10 10:55:41 PM

Page 76: Nº 392 Edição Brasil

ibiz

76 AméricaEconomia Outubro, 2010

CADA VEZ MAIS OS MUNICÍPIOS INVESTEM EM ALTA TECNOLOGIA PARA GERIR SEUS SERVIÇOS BÁSICOS. MAS A CIDADE INTELIGENTE AINDA ESTÁ LONGE DE SER UMA REALIDADE

JUAN PABLO DALMASSO, DE CÓRDOBA

Cidades dofuturo

FELIPE CASTILLO QUER TRANSFORMAR LOS

OLIVOS EM PIONEIRA NO USO DE NOVAS

TECNOLOGIAS NA GESTÃO URBANA

F elipe Castillo, prefeito de Los Olivos,

cidade de mais de 300 mil habitan-

tes ao norte de Lima, no Peru, quer se

converter em um paladino da tecnologia na

gestão municipal. Em 2008, ele inaugurou

a SimiWeb, uma plataforma que permite

ao morador interagir com o município de

sua própria casa e, aos agentes municipais,

fazer sua fi scalização em tempo real empre-

gando dispositivos móveis.

Com isso, a pouco conhecida Los Olivos

ganhou a 11a posição, de um total de 150, no

Ranking Motorola 2009 de Cidades Digitais

da América Latina. O prefeito estima que,

neste mês de outubro, entrará em funcio-

namento uma rede de seis anéis de fi bra

ótica para conectar o governo, as empresas

e os cidadãos. O sistema contará com um

centro computadorizado que atenderá a

gestão municipal e outros serviços públicos,

incluindo bombeiros, hospitais e escolas.

“Em dez anos, queremos ser uma ci-

dade inteligente como Estocolmo”, entu-

siasma-se Castillo, que, em março, fi rmou

um acordo com a IBM para desenvolver a

reengenharia da cidade aplicando os cha-

mados padrões de Cidades Inteligentes da

companhia. Dos investimentos totais, esti-

mados em US$ 80 milhões, um quarto será

realizado neste ano e, o restante, quando

for dado o último passo. “Com uma rede

telemática completamente monitorada, os

colégios poderão ter acesso ao centro com-

putadorizado, onde fi carão armazenados

os materiais desenvolvidos por cada um

deles, e criar sinergias entre os professores

e as instituições”, diz Castillo. Foto

: San

dra

Elía

s

AE 392 ibiz V1.indd 2 9/23/10 11:01:53 PM

Page 77: Nº 392 Edição Brasil

ibiz

Outubro, 2010 AméricaEconomia 77

do conhecimento de Medina, cujo objetivo é transformá-la

em um cluster da capacitação tecnológica. Na Europa, cidades

como Málaga e Amsterdã lançaram planos de conversão para

a efi ciência ambiental e econômica.

Na América Latina, Los Olivos encontrará, em breve,

acompanhantes para a sua aventura. Guadalajara incorporou

a ideia de se tornar uma região metropolitana inteligente.

Atualmente, trabalha na atua-

lização de seus servidores, na in-

corporação do Wi-Fi aos espaços

públicos e na criação do portal

Zona GDL, uma ferramenta que

identifi cará, por meio de mapas,

os diferentes serviços do municí-

pio, as zonas de risco por inunda-

ção e relatórios de doenças, como

a dengue.

Já no Brasil, com a Copa do

Mundo de 2014 e as Olimpía-

das de 2016, as cidades deverão

fazer fortes investimentos em

modernização. “Temos de somar

o impacto dos novos projetos

petrolíferos e de infraestrutura”,

afi rma Pedro Almeida, porta-voz

do programa Cidades Inteligen-

tes da IBM no país. “Isso implica

uma oportunidade de incorpo-

rar tecnologia e uma demanda

de sistemas de planejamento,

gestão e controle.” Se ninguém

nega que a tecnologia tem seu

encanto, a implementação, por

sua vez, pode ser complicada.

As autoridades encarregadas do

Transantiago, sistema de transporte urbano da capital chile-

na, bem o sabem. Três anos após a sua estreia, acumula perdas

mensais de US$ 9,6 milhões. No ano passado, em Córdoba, na

Argentina, foi cogitado implementar um sistema de controle

de trânsito com a sede local da Universidade Tecnológica Na-

cional. Os funcionários boicotaram a ideia imediatamente,

alegando que isso afetaria suas horas extras.

“Casos como o de Córdoba são extremos, mas sempre há

que se negociar. Geralmente acontece um rearranjo”, diz, em

Bogotá, na Colômbia, Javier Carranza, especialista em gover-

no eletrônico e assessor do Banco Mundial.

O público tampouco está disposto a apoiar as mudanças

automaticamente. Seria factível implementar um sistema de

pedágio em qualquer cidade? Difícil. “Em Estocolmo, tiveram

de fazer campanha e um plebiscito”, diz Mark Cleverly, dire-

tor de Estratégia da IBM Global Government. “Nem todos os

projetos podem ser implementados, mas temos de avançar

buscando os acordos necessários”, observa.

Em um futuro próximo, Los Olivos, distrito de classe média

emergente, criado nos anos 1980, poderá contar com serviços

de telefonia e TV IP, telemedicina, educação a distância e pla-

taformas de governo e comércio eletrônico. Com isso, poderá se

transformar na primeira cidade da América Latina e uma das

pioneiras mundiais a adotar novas tecnologias para a gestão

urbana. Isso dentro do conceito de cidades ou comunidades in-

teligentes que os grandes players

do mercado tecnológico, como a

IBM, a Cisco, a Motorola e a Ac-

centure, vêm promovendo.

De qualquer forma, essas

prometidas cidades inteligentes

ainda não existem. O que se tem

implementado são subsistemas,

como o controle de tráfego de

Estocolmo. Na capital sueca, a

densidade do tráfego é ativada

por um sistema dinâmico de

tarifas de entrada na cidade. Co-

mo resultado, o acesso médio de

automóveis caiu 25%, a poluição,

14%, enquanto o faturamento do

comércio local cresceu 6%.

Em Nova York, em meados

dos anos 1990, foi implementada

a chamada Compstat (abrevia-

tura em inglês de estatísticas

comparativas), uma central de

dados que reúne toda a infor-

mação sobre crimes ou qualquer

tipo de ação ilegal na cidade, nos

bairros e, inclusive, nas esquinas

das ruas. Parte do programa de

tolerância zero, a Compstat foi

um fator-chave para a redução da criminalidade que Nova

York experimentou a partir de meados dos anos 1990.

A DURA REALIDADEOs promotores da tecnologia de cidades inteligentes não

poupam promessas. Horacio Werner, gerente geral da Cisco

para Argentina, Paraguai e Uruguai, afi rma que, com um

sistema de infraestrutura efi ciente, uma cidade de 5 milhões

de habitantes pode, em 15 anos, registrar um aumento de

10% em seu PIB.

Com essas referências, e em um mundo cada vez mais

urbanizado, não é estranho sentir um clima de euforia. A IDC,

empresa norte-americana de pesquisa de mercado do setor

tecnológico, projeta investimentos globais em infraestrutura

inteligente da ordem de US$ 122 bilhões nos próximos dois

anos. Na China e na Índia, há 20 novas cidades projetadas

desde o zero, e, na Arábia Saudita, é prevista a construção de

vários centros urbanos por US$ 70 bilhões. Um deles é a cidade

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

Fonte: Convergencia Research

Urbes digitais Ranking Motorola 2009 das cidades mais digitalizadas da América Latina.

Seleção das 15 melhores com base em uma amostra

voluntária de 150 centros urbanos

Pontuação de 0 a 100, sendo 100 o nível ideal

Cidade

São Paulo

Chihuahua

Mérida

San Luís

Guadalajara

Florida

Santiago

Bogotá

Chacao – Caracas

Las Condes

Los Olivos

Salvador

San Joaquín

Medellín

Buenos Aires

País

Brasil

México

México

Argentina

México

Uruguai

Chile

Colômbia

Venezuela

Chile

Peru

Brasil

Chile

Colômbia

Argentina

Pontuação

52,3

51,0

51,0

50,7

50,3

49,6

49,2

49,0

48,2

45,9

45,4

45,3

45,2

45,1

44,9

AE 392 ibiz V1.indd 3 9/23/10 11:02:54 PM

Page 78: Nº 392 Edição Brasil

78 AméricaEconomia Outubro, 2010

clics

Foto

s: D

ivu

lgaç

ão

Onda 3DA LG coloca no mercado brasileiro

sua primeira linha de TVs 3D com

os modelos LX9500 (47” e 55”) e

LX6500 (42”, 47” e 55”). Segundo a

fabricante, um dos diferenciais dos

aparelhos é a frequência de 480

Hz (presente na série LX9500), que

elimina os rastros na imagem, es-

pecialmente nas cenas que exigem

alta velocidade de processamento.

As TVs são acompanhadas por um

par de óculos. Os preços vão de

R$ 5.899,00 (LX6500 de 42”) a R$

10.999,00 (LX9500 de 55”).

www.lge.com

Barbeador hi-tech

A Philips preten-

de tornar o bar-

bear menos in-

cômodo para os

homens e, para tanto,

está lançando o Senso-

Touch 3D. O produto, que

deve chegar ao país neste

mês, ao preço sugerido de

R$ 999, vem com a tecnolo-

gia Gyroflex, que acompanha os

contornos da face. O barbeador

ainda conta com carregador sem

fio com carga rápida de uma hora e

até 20 dias de autonomia, display com in-

dicadores numéricos de níveis de bateria e

função relógio, ideal para viagens.

www.philips.com.br

MiniBlackBerryA Research In Motion anunciou a chegada, em

países da América Latina e do Caribe, do me-

nor BlackBerry já lançado pela empresa: o Pe-

arl 3G. Com 50 milímetros de largura e peso

de apenas 93 gramas, o novo smartphone su-

porta redes 3G de alta velocidade, Wi-Fi e GPS,

além de contar com uma

câmera de 3,2 mega-

pixels com flash para

fotos de qualidade e

cartões de memória

de até 32 GB. O preço

varia de acordo com a

operadora.

www.rim.com

clics v1.indd 2 9/23/10 10:05:01 PM

Page 79: Nº 392 Edição Brasil
Page 80: Nº 392 Edição Brasil

80 AméricaEconomia Outubro, 2010

opinião

Ilust

raçã

o: S

amu

el C

asal

N os últimos anos, mais um desafi o surgiu e se somou

àqueles que os líderes enfrentam no dia a dia das

organizações: desenvolver e praticar a liderança

criativa. Em uma recente pesquisa, feita com mais de 1,5 mil

CEOs em corporações de todo o mundo, o IBM Institute for

Business Value e o IBM Strategy and Change perguntaram-

lhes qual seria, em sua opinião, o maior desafi o de gestão na

atualidade. A resposta da maioria foi: entender a complexi-

dade e aprender a lidar com ela.

Entre as atitudes necessárias para tanto, eles destacaram

a liderança criativa, que, em síntese, inclui o desenvolvimen-

to das seguintes habilidades: a) admitir a ambiguidade e a

incerteza; b) assumir riscos que desafi em modelos de negócio

anteriores; c) ir além dos estilos de gestão ditos “testados e com-

provados”. A prática dessas atitudes comporta uma adaptação

contínua, intensifi cação de estudos de caso como ferramentas

de aprendizagem, atitudes rápidas apesar da incerteza, intro-

dução de inovações radicais e aprendizado das técnicas de

persuasão e de compartilhamento do poder, entre outras.

Hoje, tais habilidades fi guram entre as comumente en-

sinadas nos MBAs das escolas de negócio que se destacam

como pioneiras na implantação da gestão da complexidade

como disciplina acadêmica. Essas escolas vão além de reco-

mendações genéricas, e hoje se pode dizer que a gestão da

complexidade conta com um apreciável repertório de méto-

dos e técnicas.

Fica evidente, portanto, que pensar e

agir tanto de modo local quanto de maneira

global, segundo as necessidades das organi-

zações e do mercado, passa a fazer parte das

tarefas das lideranças atuais.

Os empresários e executivos precisam

estar atentos aos novos desafi os da compe-

titividade corporativa, os quais repercutem

de modo direto na gestão de suas carreiras.

Quatro deles, entre outros, podem ser conside-

rados essenciais: a) desenvolver habilidades de liderança cria-

tiva que se estendam à organização inteira; b) saber reintegrar

conhecimentos dispersos; c) saber inspirar visão de futuro; d)

saber como criar comprometimento compartilhado.

No entanto, mesmo que as pessoas

estejam dispostas a se comprometer, é

preciso ter clareza sobre o que fazer para

que elas se tornem capazes de lidar com

a complexidade e a instabilidade dos

novos tempos.

A complexidade não pode ser com-

preendida e trabalhada por meio de

modos de pensar simplifi cadores. Não é

um conjunto de fenômenos que se possa

simplifi car além de um certo ponto – muito menos medir. Não

é possível enfrentar a diversidade e a instabilidade cada vez

maiores do mundo atual com modos de pensar simplistas,

imediatistas e locais como os hoje predominantes em nossas

sociedades. Portanto, é preciso mudar o modo de pensar, de-

senvolver novas formas de raciocínio que levem a níveis ade-

quados de adaptabilidade e integração às novas realidades.

Essa é uma das principais tarefas dos líderes criativos.

HUMBERTO MARIOTTI é professor, diretor dePesquisas da Business School São Paulo, fundador do

Núcleo de Estudos de Gestão da Complexidade

Novodesafio

Não se pode enfrentar a diversidade

com imediatismo

AE 392 opiniao Humberto.indd 2 9/23/10 10:41:43 PM

Page 81: Nº 392 Edição Brasil

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Page 82: Nº 392 Edição Brasil

82 AméricaEconomia Outubro, 2010

linha direta

Foto

: Lui

s Aco

sta/

AFP

A fachada do Zócalo, na capital mexicana, transfor-

mou-se em templo asteca, em um tapete de palavras

e em um mural do artista plástico Diego Rivera. Ao

fi nal, letras enormes formaram a frase: “Viva México!”. Não

era uma alucinação coletiva, mas um espetáculo pirotéc-

nico-multimídia para celebrar o Bicentenário da Indepen-

dência do país. Como em outras nações latino-americanas

– Chile, Colômbia e Argentina –, o governo mexicano usou

seu edifício emblemático como matéria-prima para instalar

uma nova narrativa nacional para as massas.

O que teve de diferente da outra? Basicamente, o que

omitiram. O México vive a pior guerra interna do último

século. Na Argentina, ninguém sabe explicar como se che-

gou a somar 27 partidos no Congresso; o governo trava uma

guerra declarada contra os meios de comunicação e, há quase

dez anos do default, o país ainda não conseguiu virar o jogo

e conquistar o grau de investimento. Na Colômbia, ainda há

sequestrados e milhares de migrantes. No Chile, os indígenas

se manifestam por seus direitos, e a pobreza aumentou.

Mesmo assim, o La Moneda, sede do governo chileno,

cobriu-se de um vermelho duvidoso enquanto a voz de Pablo

Neruda evocava o poder sanativo do amor e Violeta Parra da-

va “Gracias a la Vida”. O presidente Sebastián Piñera quis dar

ao seu governo o selo inaugural de uma direita democrática

com visão de futuro, capaz de curar as feridas do passado.

Seu homólogo colombiano apostou na biodiversidade, no

tecno-vallenato (gênero musical autóctone) e nas crianças. Já

a cartada de Cristina Kirchner foi o peronismo duro: Perón

e Evita, os golpes militares dos anos 1960, as bravatas do

ditador Galtieri, as mães da Plaza de Mayo e o “Nunca Más”

de Alfonsín, projetados sobre a fachada do Cabildo, edifício

onde foi assinada a independência do país.

Há alguns anos, o jornalista Miguel Ángel Bastinier es-

creveu que temia que os bicentenários latino-americanos

fossem comemorados “com certeiras estridências antiespa-

nholas por todo o continente” (El País, 11/09/08). Nada disso

aconteceu, ao menos nos atos ofi ciais. Apenas alguma ban-

deirinha no capítulo “pais da pátria” – no caso chileno, uma

breve menção ao rei Bourbon Fernando 7º, mas nada que

pudesse ferir um leitor do jornal espanhol.

Ao contrário, os governos aproveitaram a ocasião para

renovar a aliança entre os cidadãos e seus símbolos: a ban-

deira e o hino nacional, mistura de raças na iconografi a e

o patriotismo cultural. As tecnologias digitais permitiram

potencializar esse imaginário ao máximo, voltadas a um

espectador nutrido por horas diárias de internet, TV a cabo e

publicidade: o meio é a mensagem. Os produtores mexicanos

optaram pelo plástico, e os colombianos, pela velocidade; os

argentinos, pelo histórico-midiático para recordar o horrível

passado, e os chilenos, pela poesia e pelo humor popular.

O único presidente que descartou a pirotecnia foi Hugo

Chávez. Contratar o Silicon Valley? Jamais! O presidente op-

tou por um tradicional desfi le militar, com tropas especiais e

arengas socialistas e anti-imperialistas. Depois do discurso,

os guerreiros bolivarianos trotaram com o rosto pintado e

com as metralhadores em riste.

Será preciso ver o que os outros governos latino-america-

nos farão com seus respectivos bicentenários. O do Paraguai

será no ano que vem; o do Peru, daqui a 11 anos. E, no Brasil,

embora a comemoração ofi cial seja em 2022, o evento mais

esperado pela população será a Copa do Mundo de Futebol

de 2014.

Repúblicase luzes

CARLOS TROMBEN, DE SANTIAGO

AE 392 linha direta V1.indd 2 9/23/10 10:23:24 PM

Page 83: Nº 392 Edição Brasil

2010 Kyocera Mita Corporation, Ò People Friendly,Ó Ò TASKalfa,Ó O Kyocera Ò SmileÓ e o logotipo Kyocera s‹ o marcas registradas da Kyocera.

TASKalfa: a linha da Kyocera Mita para quem é multifuncional. Projetada pensando nas pessoas, a linha TASKalfa, da Kyocera Mita, rede�ne o conceito de multifuncionais coloridas e monocromáticas dentro das empresas. São equipamentos que suprem as necessidades diárias do seu negócio, aliando design inovador e tecnologia avançada. O alto desempenho de uma TASKalfa se deve à combinação poderosa de funções, à facilidade de uso e à qualidade superior, comprovada por cores mais brilhantes, pela nitidez em impressões preto e branco e maior agilidade na digitalização de documentos. Mas de todas as funções de uma TASKalfa, a principal é ajudar seus funcionários a serem ainda mais produtivos em cada tarefa. Porque isso é indispensável para quem é multifuncional.

Só a TASKalfa tem • Longa durabilidade dos componentes: a melhor solução para sua empresa e para o planeta. • Garantia da Kyocera: corporação japonesa premiada mundialmente por suas tecnologias ultraconfiáveis. • Qualidade Kyocera Mita, empresa do grupo Kyocera reconhecida no mundo como um dos maiores fabricantes e fornecedores de soluções em documentos, como multifuncionais, impressoras em rede e softwares com tecnologia própria.

Para saber tudo sobre a linha de multifuncionais coloridas TASKalfa, visite www.kyoceramita.com ou acesse www.kyoceramita.com.br

© KYOCERA MITA Corporation. KYOCERA MITA Brazil Ltda.

Todos os Documentos. Todas as Tarefas. Em Todos os Momentos.

An_TASKalfa_AmEco_BR.pdf 1 9/24/10 6:30 PM

Page 84: Nº 392 Edição Brasil

A QUEST FOR DEPTH.

Designed and developed for deep-sea exploration, the Royal Oak Offshore Diver is equipped with a dedicated diving

scale on an inner rotating dial ring and meets the demanding criteria of the Swiss watch industry diver’s watch

norms. Water-resistant to 300 metres. Stainless steel case. Proprietary selfwinding calibre 3120, all parts finely

decorated; oscillating weight engraved with the AP monogram as well as the Audemars and Piguet family crests.

AUDEMARS PIGUET LE BRASSUS (VALLÉE DE JOUX), SWITZERLAND, TEL. +41 21 845 14 00 - www.audemarspiguet.com

ROYAL OAK OFFSHORE DIVER