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Maio 2013 Número 113 Ano IX Tiragem 3.000 exemplares www. jornalmartimpescador.com.br Pescador artesanal, saiba a data de troca de sua carteira de pesca (RGP). Pág. 2 Pesquisadores do instituto de Pesca estudam a viabilidade de produção de isca-viva em sistema fechado. Pág. 6 A família do pescador Jorge Coelho dá sua especial receita de pescada. Págs. 4 e 5 Caçula (à esquerda), capitão do barco atuneiro Áustria, fala da pesca em alto mar. Págs. 4 e 5 PESCA OCEÂNICA Museu de Pesca foi reaberto para visitações. Págs. 4 e 5

Martim Pescador - edição 113

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Maio 2013Número 113Ano IX

Tiragem 3.000exemplares

www. jornalmartimpescador.com.br

Pescador artesanal, saiba a data de troca de sua carteira de pesca (RGP). Pág. 2

Pesquisadores do instituto de Pesca estudam a viabilidade de produção de isca-viva em sistema fechado. Pág. 6A família do pescador Jorge Coelho dá sua

especial receita de pescada. Págs. 4 e 5

Caçula (à esquerda), capitão do barco atuneiro Áustria, fala da pesca em alto mar. Págs. 4 e 5

PesCA oCeâNICA

Museu de Pesca foi reaberto para visitações. Págs. 4 e 5

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Maio 20132

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP [email protected] e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - [email protected]

Impressão: Diário do Litoral Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP [email protected] e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - [email protected]

Impressão: Diário do Litoral: Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

APAs MARINHAsTrês áreas de proteção ambiental (APAS) marinhas

foram criadas em outubro de 2008 a partir de decretos as-sinados pelo governador José Serra (PSDB). O objetivo é disciplinar o uso de recursos ambientais, ordenar a pesca, o turismo recreativo e as atividades de pesquisa. Cada uma das três unidades de conservação tem seu próprio conselho

gestor, composto por 12 representantes do governo e 12 da sociedade civil. Desde sua criação em março, as reuniões têm sido mensais para debater temas relacionados a or-denamento pesqueiro, programas de educação ambiental, pesquisa, proteção e fiscalização. Além dos conselhos foram criadas Câmaras Temáticas nas áreas de Pesca, Planeja-

mento & Pesquisa, e Educação & Comunicação.As APAS pertencem ao grupo de Unidades de Uso Susten-

tável do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC. Além das três APAS Marinhas também foi criado o Mosaico das Ilhas e Áreas Protegidas que reúne as três novas unidades de conservação e outras já existentes.

DefesosCamarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis), camarão-branco (Litopenaeus schmitti), camarão-sete-barbas (Xiphopenaeus Kroyeri), camarão-santana ou vermelho (Pleoticus muelleri), camarão-barba-

ruça (Artemesia longinaris) 1/03/13 a 31/05/13Cherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2005 a 6/10/2015

Lagosta vermelha (Panulirus argus) e lagosta verde (P. laevicauda) 01/12/2012 a 31/05/2013Mero (Epinephelus itajara) 17/10/2012 a 17/10/2015

Pesca de emalhe-de-fundo (embarcações acima de 20AB) 15/05 a 15/06Pargo (Lutjanus purpureus) 15/12/2012 a 30/04/2013

Sardinha (Sardinella brasiliensis)-15/06 a 31/07/13 (recrutamento) - 01/11/13 a 15/02/14 (desova)

Troca da carteira de pescador artesanal:-A partir da data de seu aniversário você tem 30 (trinta) dias para solicitar a troca de sua carteira de pescador (RGP-Registro Geral de Pesca).

-Procure a Colônia de Pescadores mais próxima, ou o escritório do Ministério de Pesca Aquicultura-MPA para mais informações.-Se perder o prazo, deve comparecer ao escritório do MPA para fazer o registro. Se até 60 (sessenta dias) após a data de seu aniversário a solicitação de

troca de carteira não tiver sido feita, sua licença ficará suspensa por 2 (dois) anos. Mais informações no escritório do MPA em Santos: (13) 3261.3278/ ou em São Paulo: (011) 3541-1380 ou 3541-1383.

Legislação de rede de arrastão será revista

Plano de manejo é discutido em reunião do Conselho Gestor

A resolução SMA no 51 de 28/06/2012, que regulamenta a pesca de arrasto de praia, será revista na próxima reunião da Câmara Temática de Pesca da APA Marinha Litoral Centro em 28 de maio. Um item a ser modificado diz respeito à permissão do uso exclusivo de tração humana nesta modalidade de pesca. Existe um consenso de que o motor deve ser permitido somente no lançamento. Portanto, foi feita a suges-tão durante a reunião de abril da CT Pesca, de especificar na Resolução o uso de tração humana apenas na puxada e no recolhimento da rede, sendo autori-zado o uso de embarcação motorizada para o lançamento do petrecho.

A Resolução no 51 também de-termina o uso de tamanho mínimo de malha entre nós opostos de 70 mm. Será discutida na próxima reunião da CT Pesca a possibilidade de mo-dificar para 100 mm, um tamanho mais restritivo que pode ser uma tendência de leis futuras. Os defen-sores de maior restrição argumentam que a zona de arrebentação é mais produtiva e que deve ser mais pre-servada. Tsuneo Okida, presidente da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo, acredita que a malha de 70 mm deve ser mantida, pois consta desta maneira em outras regulamen-tações. Vários pescadores afirmaram

usar malha 90 mm e demonstraram preocupação no custo que a mudança acarretaria com a aquisição de novas redes. O pescador Francisco Vicente Filho, de 63 anos, 35 vividos na pesca de arrastão em Peruíbe, explicou que quando começou a pescar usava malha de 40 mm, pegando savelha, manjuba e camarão. Com a mudança para 70 mm conseguia ainda pegar pescada inglesa, pescadinha, oveva e bagre.Hoje ele usa a de 80 mm e ainda tem produção suficiente para uma atividade rentável. “Com 100 mm não vou mais conseguir pegar nem pescada e nem oveva”, se queixa. “Será que vou produzir suficiente para continuar a viver da pesca?”, questio-na. Ele explica ainda que tentar outra atividade seria muito difícil, pois para exercer a pesca de arrastão tem cerca de R$100 mil reais em investi-mentos que cobrem o custo do barco e redes, entre outros.

Na próxima reunião também será discutida proposta de regula-mentação da pesca de emalhe na APA Marinha Litoral Centro, com prioridade para definição de dis-tância de costões rochosos e barras de rio. A CT Pesca acontecerá dia 28 de maio, às 9h, no Instituto de Pesca de Santos, na av. Bartolomeu de Gusmão, 192.

O primeiro plano de manejo de área marinha no Brasil já está sendo delineado na APA Marinha Litoral Centro. Dia 13 de maio, na reunião do Conselho Gestor-CG, representantes do Consórcio IDOM/GEOTEC, que participam na realização do traba-lho, explicaram que o cronograma

prevê quatro reuniões com o CG. O trabalho será feito em conjunto com representantes da Fundação Florestal e da APA Marinha Litoral Centro. A primeira reunião no dia 13 de maio foi introdutória do trabalho da empresa. Na segunda, o consórcio irá apresentar o plano de trabalho para aprovação.

Serão propostos programas de gestão e socioeconômicos. Haverá oficinas participativas com os pescadores artesanais a partir de junho. Os repre-sentantes do consórcio explicaram que o zoneamento será a base do plano de manejo. O cronograma prevê 16 meses de trabalho.

A história é verdadeira e quem me contou foi o en-genheiro de pesca José Carlos Pacheco da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Há cerca de dois anos, finalizando o diagnóstico socioeconômico da pesca arte-sanal do Estado de Pernambuco, teve oportunidade de ter um contato direto com estas comunidades. Durante uma reunião na cidade de Sirinhaem, os moradores que pediam saneamento básico para o local, ficaram surpresos quando um pescador de cerca de 70 anos se levantou e com voz firme e alta disse: “Sane-amento básico, não!”. Todos se voltaram para o senhor, muito respeitado na comunidade, esperando uma explicação. Ele com muita firmeza, concluiu: “Eu não quero esse negócio de cano passando na porta da minha casa, para depois jogar o esgoto na praia. Eu não quero saneamento básico, não! Eu quero sanea-mento completo!”. Viva a sabedoria popular!

Dia 14 de junho acontece o seminário Pes-ca e Pescador, no Terminal Pesqueiro Público de Santos-TPPS. O evento é organizado pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Afins-FNTTAA e pelo Sindicato dos Pescadores e Trabalhadores Assemelhados do Estado de São Paulo-Sinpes-catraesp. O tema será Pescando com Soberania e Lutando pela Cidadania. Na coordenação do evento estão o presidente Jorge Machado e o diretor Edgar Paixão, do Sinpescatraesp. O TPPS fica na av. rei Alberto I, 450, Estuário, Santos. Mais informações nos telefones: (13)3261.2930-email: [email protected]

saneamento básico, não! seminário Pesca e Pescador

Representantes da pesca artesanal....

...e da Fundação Florestal falaram sobre o Plano de Manejo da APAMLCRepresentantes da IDoM GeoTeC ...

...e industrial estiveram presentes

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Maio 2013 3

Como fica a pesca com o Decreto nº 58.996, de 25 de março de 2013, que dispõe sobre o Zoneamento Ecológico-Econômico do Setor da Baixada Santista.

ZONAS MARINHAS Z2M: até aproximadamente 7 km da costa (média de distância da isóbata de 15 metros)-permitidas embarcações de até 12 metros;

Z3M a partir da Z2M – permitida pesca com embarcações acima de 12 metros (embarcações menores podem atuar, desde que obedecendo a autonomia de navegação das mesmas);

Z2ME e Z3ME: até 800 metros da costa - proibido arrasto motorizado.Veja o decreto na íntegra em www.jornalmartimpescador.com.br/legislação

Não é permitido pesca com embarcações acima de 12m de comprimento (Z2M).

Faixa de aproximadamente 7Km a partir da linha de costa Alinhamento dado por coordenadas geográficas (Datum SIRGAS-2000 ).

Não é permitido pesca de arrasto motorizado na faixa de 800m a partir

da linha da costa (Z2ME e Z3ME);

RESTRIÇÕES NA PESCA

23°50’33”S 45°48’07”W 23°54’10”S

46°03’48”W

24°02’45”S 46°07’54”W 24°05’55”S

46°17’17”W 24°04’33”S 46°24’00”W

24°21’22”S 46°55’13”W

24°26’46”S 46°56’22”W

24°30’17”S 47°02’07”W

Figura ilustrativa sem escala real

COMUNICADO

APA Marinha Litoral Centro

Z3ME

Z2M - ZONA 2 MARINHA Z2ME - ZONA 2 MARINHA ESPECIAL Z3ME - ZONA 3 MARINHA ESPECIAL

Z2M

Z2M

SANTOS

Z2ME

Z2ME

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Maio 20134

Na rota dos atunsColuna

OuvIDOrIa EmbraPOrT: 0800 362-7276

[email protected] www.terminalembraport.com.br

Para muitas pessoas, trabalhar na operação, operando equipamentos de grande porte é atividade exclusiva para homens. Fabiana do Nascimento Al-meida, operadora trainee da Embraport mostra o contrário. Ela faz parte da tur-ma C do Programa Novos Operadores e é a única mulher em um grupo de 50 homens que estão sendo preparados para o início das operações do Terminal.

Com uma rotina recheada de treina-mentos, ela conta que se sente motivada e desafiada com a possibilidade de operar

equipamentos pesados, e diz que não vê a hora do Terminal iniciar as operações para colocar tudo o que aprendeu em prática. Ela destaca o aprendizado que teve em março, como ‘sombra’ no Terminal da DP World em Callao, no Peru, como algo enriquecedor e que agregou muito para a sua experiência profissional.

Casada e mãe de um filho de 4 anos, diz que sempre teve vontade de fazer trabalhar como operadora, mas o mercado sempre foi muito masculino. “A Embra-

port me abriu as portas. Meu sentimento é de vitória, de que eu consegui chegar onde queria”, destaca.

Fabiana acredita ter conquistado seu espaço junto aos demais integrantes homens da turma de operadores e garante que é muito respeitada na equipe por conta do seu trabalho. “A Embraport é uma empresa com grande futuro e tenho certeza que muitas mulheres querem atuar nesse ramo. Estou aqui para abrir as portas da função para o mercado feminino”, finaliza.

embraport tem sua primeira mulher operadora

Casa das Fotos

Fabiana do Nascimento almeida, primeira operadora de equipamentos pesados da Embraport

A rotina de partida para o alto-mar é a mesma de sempre. Abastecer o barco, encher os porões de gelo e a alma de coragem para navegar mais de 160 milhas em direção à plataforma continental e cerca de mil milhas ao sul, muitas vezes chegando a águas fronteiriças com o Uruguai e a Argentina. Vida de pescador de oceano não é fácil não. Rosevaldo dos Santos, o Caçula, 47 anos de idade, e 28 anos de expe-riência nessa modalidade de pesca prepara-se para mais uma viagem.

Partindo com o barco atuneiro Áustria, dia 26 de abril do Terminal Pesqueiro Público de Santos-TPPS, no litoral de São Paulo, sabe que enfrentará uma longa jornada no oceano, que pode durar cerca de 20 dias. Com Caçu-la, que é o capitão do Áustria, viajam mais sete pessoas: um gelador, um ajudante de gelador, um cozinheiro, um motorista de máquina e três pescadores.

Como capitão, ele é en-carregado da pescaria. Tem que procurar o peixe com ecossonda, e escolher onde largar o espinhel, uma linha com 1.200 anzóis que se es-tende por cerca de 40 milhas. A rotina da pesca oceânica ele experimentou pela primeira vez aos 19 anos, no barco Itau-na, sediado no TPPS. “Enjoei na primeira viagem, depois a gente acostuma e estou aqui até hoje”, conta. Seu professor na pesca oceânica foi Jorge Machado, o Jorge Cabeção, que ocupava a posição de mestre numa das embarcações onde trabalhou 13 anos. Hoje Jorge está aposentado e é o presidente do Sindicato dos Pescadores e Trabalhadores Assemelhados do Estado de São Paulo (SINPESCATRA-ESP). “Cabeção me ensinou a pesca e me incentivou a se-guir”, conta referindo-se a uma convivência de muitos anos. Caçula teve outros professores na cidade onde nasceu, sítio do Conde, norte da Bahia, na região da Costa dos Coqueiros.

O pescador Rosevaldo dos Santos, o Caçula, conta sua vida na pesca oceânica

Até a idade de 18 anos ali viveu e aprendeu com o pai a pesca de camarão com covo, e a arte de rede de espera com o cunhado. A experiência da juventude ele levou para uma vida dedicada à pesca.

Estar no mar é estar em casa, afinal após cerca de 20 dias pescando, três dias de preparativos em terra passam rápido para enfrentar uma nova viagem. Saindo de Santos com tempo bom, em cerca de 30 horas chegam ao pesqueiro. No dia seguinte já tem início o trabalho lançando espinhel, e depois recolhendo com o guincho, quando aparecem os atuns, dourados, cações e mecas. Os dois últimos são as maiores espécies, que podem chegar a mais de 200 quilos, e aí entra a habilidade do gelador em ajeitar os peixes evisce-rados com muito cuidado no porão com gelo para chegar com qualidade em terra. Hoje uma pescaria de 5 toneladas para cima é razoável, 12 t é bom. “Se trouxer de 2,5 t a 3 t é fraco”, explica. A pesca atuneira sediada em Santos/

A tripulação do atuneiro Áustria se prepara para partir

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Maio 2013 55

Na rota dos atuns O Museu de Pesca de

Santos, uma das grandes atrações turísticas da cidade, voltou às suas atividades normais dia 19 de abril.

Durante o tempo em que ficou fechado foram reali-zadas reformas, entre elas, a adequação do edifício se-gundo um projeto de aces-sibilidade, que inclui rampa frontal, sanitários adaptados e elevador, que ainda não foi instalado, pois a indústria que fornece os equipamentos não tem disponibilidade para pronta-entrega.

O taxidermista, Nelson Dreux, também arregaçou as mangas para dar nova vida ao acervo. Algumas das peças restauradas foram o tubarão anequim, a raia mantinha, Mobula japonica, quatro exemplares de peixes-de-bico, e três esqueletos de aves marinhas. Uma das realizações foi o destaque dado à concha da espécie Cassis cornuta, que exibe cena de O Triunfo de de Baco, executada por autor ita-liano desconhecido em 1936. A peça foi colocada numa vi-trine giratória iluminada, onde é possível ver vários detalhes

do desenho. A execução da estrutura é de Lúcio Moreira Lima Jr.

Dreux confessa que a tarefa mais trabalhosa foi a pintura da ossada da baleia Fin, de 23 metros e 7 tonela-das. Para isso o taxidermista usou tinta automotiva, che-gando a um tom bem natural de branco. Todas as ossadas em exposição foram pintadas, para uma visão homogênea do conjunto. As peças taxidermi-zadas permitem que o público veja de perto animais que só conhecem através de filmes ou fotografia. A taxidermia é um processo de conservação de animais mortos, aproveitando apenas sua pele, que é tratada com formol e depois preen-chida com material adequado. “Essa é a maneira de fazer com que os animais mortos virem ferramentas didáticas, permitin-do que as pessoas os conheçam. A função principal da taxidermia é a educação”, conclui Dreux. O Museu de Pesca fica na av. Bartolomeu de Gusmão, 192, Ponta da Praia, Santos. Aberto de quarta a domingo, das 10 às 18 horas. Mais informações (13) 3261-5260.

O pescador Rosevaldo dos Santos, o Caçula, conta sua vida na pesca oceânica

Museu de Pesca de portas abertas

SP floresceu da década de 70 a 90. Nos anos dourados da pesca, um atuneiro trazia cerca de 40 toneladas de peixes, que além de um salário fixo, era acrescentada algumas partes à tripulação. Hoje o salário fixo é de R$1.200,00, e se a produção for boa na divisão rende mais do que o piso. Muitos fatores influenciaram o declínio da pesca atuneira sediada em San-tos/Guarujá. Além da diminuição do peixe, muitos capitães japoneses se aposentaram levando consigo anos de experiência, e a estabilidade do dólar frente ao real desestimulou a exportação de peixes cobiçados como mecas e atuns.

Em suas longas viagens, Caçula passou muitas vezes por

situações difíceis, tempestades, mar bravio, em que pensou não chegar mais em terra. Num caso desses, tão longe de terra firme, ele acredita que “é só pedir a Deus e pe-gar o salva-vidas”. Católico, devoto de São Cosme e Damião, sempre reza a eles antes de sair. “Tenho a imagem em casa, toda viagem pago uma promessa”, conta reafirmando sua fé. Em casa, esperando sua volta estão a esposa Adenil Maciel, os filhos Roseli, 28, Arilma, 27, e Rosevaldo, 16. “Meu filho não se interessou pela pesca, eu mesmo não quis”, diz, explicando que é uma vida muito dura. Aposentar, nem pensa. “Muito tempo nesse trabalho, se ficar longe vou aca-bar sentindo falta”, confessa.

Dreux restaurou a raia Mobula japonica

A concha Cassis cornuta ganhou uma vitrine

A nova rampa do museu permite acessibilidade

Jorge Machado foi seu professor na pesca

Rosevaldo dos santos, o Caçula, está há 28 anos na pesca oceânica

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Maio 20136

Pesquisadores estudam produção de camarão para isca-viva

Com infraestrutura adequada e boas práticas de manejo o camarão para isca poderá ser vendido por cerca de R$0,60 a unidade

Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo.

Como fazer a conservação doméstica do pescado - I

Hoje o preço do camarão para isca-viva pode chegar a R$1,20 a unidade, e é muito usado na pesca esportiva para capturar robalos e corvina, entre outros. Para conse-guir custos mais baixos de produção é necessário estimar o custo de produção de isca-viva em sistema fechado. O projeto “Análise dos custos de produção da isca-viva do camarão-rosa Farfantepenaeus pau-lensis e do camarão-branco Litope-naeus schmitti em sistema fechado de circulação de água”, financiado pela FAPESP, vem sendo desenvol-vido pesquisadores científicos do Instituto de Pesca de Santos/APTA, Secretaria da Agricultura e Abas-tecimento de Estado de São Paulo. Participam do estudo os biólogos Oscar José Sallée Barreto e Julio Vicente Lombardi, o oceanólogo Ed-

son Barbieri, o zootecnista Marcelo Barbosa Henriques e o assistente técnico de pesquisa Pedro Mestre Ferreira Alves. A pesquisa, além de estimar o custo de produção de isca-viva em sistema fechado analisa o mercado de iscas-vivas na Baixada Santista, tema da dissertação de mestrado do biólogo Leonardo Castilho de Barros, orientado do pesquisador Marcelo Henriques no Programa de Pós-graduação do Instituto de Pesca. A infraestrutura para o estudo começou a ser adquirida em dezembro de 2011, e os trabalhos tiveram início em janeiro de 2012 e terminam em abril de 2014.

Segundo Barreto, o projeto analisa tantos os dados de engorda como uma possível reprodução em cativeiro de camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis, e do camarão-branco Lito-penaeus schmitti.

É necessário saber as condições de higiene, manipulação e conser-vação do pescado, presentes da captura até a comercialização, para garantir a obtenção de um alimento seguro. Quanto mais informado é o consumidor, mais deve entender que os alimentos são diferentes e portanto neces-sitam também de cuidados espe-cíficos. A conservação do pescado é fundamental, assim o controle da temperatura determinará o tempo

de aproveitamento deste alimento. Quando não há respeito ao controle de temperatura, o pescado estraga muito rápido, favorecendo o surgimento de toxinfecções alimentares.

É importante que as donas de casa, assim como proprietários de restaurantes, conheçam alguns princípios da conservação da car-ne de pescado, e as necessidades específicas para algumas das for-mas de apresentação do produto. A conservação do pescado fresco

em casa requer temperaturas de refrigeração de 4 a 5 graus Celsius (corresponde à temperatura da ge-ladeira doméstica) até o momento de ser cozido, assado. Este produto é rico em proteínas e água, o que o torna altamente suscetível à conta-minação bacteriana de Salmonella, Listeria e E. coli.

Quando se tratar do consumo na forma crua tem que se atentar para que a temperatura esteja entre 4 a 5 graus Celsius.

A vida útil deste alimento é mui-to curta, e mesmo sob condições de refrigeração, deve-se cozinhar num período de 24 horas após a compra, para que o sabor, consistência, cor e odor sejam mantidos. É importante proteger a carne do contato com o ar para prevenir contaminações.

Na próxima edição do jor-nal Martim-Pescador iremos falar sobre os procedimentos básicos para a conservação doméstica do pescado.

No momento, exemplares dessas espécies foram trazidos vivos para o Laboratório de Maricultura com cerca de 2 centímetros para dar início à pes-quisa. Os mesmos foram cultivados em tanques com água do mar, e em 60 dias passaram de 2 centímetros para cerca de 7 centímetros.

Henriques explica que é neces-sário avaliar custo de produção, valor do investimento, depreciação do equipamento, juros aplicados ao equipamento, análise de sensi-bilidade, e a quantidade mínima de produção para obter retorno do investimento. Como exemplo, foi feita a projeção de módulos para adequação em marinas, com um investimento de R$70 mil. O custo inclui a construção de galpão com cerca de 60 m2 com 13 tanques de

fibra de 1.500 litros, 7 tanques 2 mil litros, 3 tanques de 10 mil litros, 10 tanques de 100 litros, compressores de ar, 5 bombas.A produção mensal estimada é de 13 mil indivíduos por ciclo, com seis ciclos por ano. A capacidade máxima de produção é de 100 mil iscas ao ano, com 300 camarões por m2, no sistema de engorda. O cálculo é de que o empre-endimento comece a dar lucro após cerca de três anos de seu início.

Uma das inovações do projeto é estudar a engorda e a reprodução de espécies nativas, como o camarão-branco e rosa. Hoje, o camarão Litopenaeus vannamei, espécie exótica oriunda do Pacífico, é o mais produzido no mundo, numa proporção de 66% dos cultivos. Por isso há mais conhecimento sobre o

vanamei, e um pacote tecnológico bem desenvolvido para seu cultivo. A carcinicultura, atividade de cria-ção de camarões em viveiros, se desenvolveu muito nos últimos anos. Até 1985 a pesca representava 90% da produção mundial de camarão, mas em 2003 a produção de camarão provinda da carcinicultura aumentou para 35%. Atualmente, segundo da-dos da FAO (2012), a produção de camarão cultivado (52%) superou a do camarão pescado (48%). Ou seja, mundialmente se consome mais ca-marão cultivado que camarão pesca-do. Assim, o projeto além de avaliar os custos de produção de isca-viva em sistemas fechados, amplia os conhecimentos sobre as espécies de camarão nativas, abrindo horizontes para sua produção em cativeiro.

o estudo é feito em tanques de água salgada no Instituto de Pesca

em 60 dias , o camarão-branco cresceu de 2 para 7 centímetros

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Maio 2013 7

Mais de duas décadas de trabalhos para a conservação de albatrozes e petreis estão no vídeo que será lançado em maio

Novo diretor toma posse no Instituto de Pesca em santos

Um sonho, uma história. O Projeto Albatroz que nasceu na cidade de Santos, pela iniciativa da bióloga Tatiana Neves, nes-te ano comemora seu sucesso, mostrando em vídeo além de sua história, suas principais ativida-des no trabalho de conservação de albatrozes e petréis, aves oceânicas ameaçadas de extinção principalmente pela captura não intencional por barcos de pesca. O evento também apresentará os resultados, nos últimos anos, das

principais atividades da organiza-ção, criada em Santos e atualmen-te com base em quatro estados. “Albatroz: um Projeto pela vida” registra o trabalho de conservação marinha da organização nos últi-mos anos, e será apresentado dia 16 de maio no Cine Miramar, no Miramar Shopping, em Santos.

O vídeo, com aproximada-mente 30 minutos de duração, foi produzido em linguagem de docu-mentário e aborda as característi-cas das aves oceânicas, as causas

Roberto da Graça Lopes, médico veterinário, é o novo diretor do Centro APTA do Pescado Marinho do Institu-to de Pesca (Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo), em Santos. O pesquisador científico tomou pos-se em 2 de maio, em substituição à pesquisadora Ingrid Cabral Machado. Graça Lopes obteve o título de doutor pela Unesp a partir de um estudo sobre a pesca do camarão-sete-barbas e sua fauna acompanhante. Além da diretoria do Instituto de Pesca, é também o co-ordenador técnico do Museu de Pesca, responsável pelo planejamento muse-ológico e museográfico da Instituição, uma das unidades técnicas do Centro que dirige. “O Centro Apta do Pescado Marinho hoje já tem uma excelente inserção na cadeia produtiva da pesca (e aquicultura) do litoral paulista”, explica Graça Lopes. Ele acrescenta que a Instituição atende demandas de vários órgãos que solicitam orientação técnica ou que se utilizam de dados e

informações disponibilizados no site, em relatórios e em artigos científicos publicados por seus pesquisadores. Falando sobre sua gestão explica que o foco será estimular projetos, viabilizar respostas a demandas e apoiar o desenvolvimento do curso de pós-graduação (mestrado) oferecido pelo Instituto de Pesca. “Precisamos aperfeiçoar cada vez mais o pós-graduação, que no futuro poderá ser expandido com a criação do doutorado”, explica. Em relação ao Museu de Pes-ca, Graça Lopes diz que sua principal função é educativa, conscientizadora. “É relevante aperfeiçoá-lo como um espaço em que se possa mostrar a ca-deia produtiva do pescado, sempre com ênfase na sustentabilidade dos recursos e da própria atividade”, diz. “O Museu de Pesca deve despertar na mente e no coração do visitante (especialmente a criança e o jovem) o respeito pela Natureza, por tudo de belo e útil que ela oferece”, conclui.

Projeto Albatroz conta sua história

o vídeo institucional “Albatroz: Um Projeto Pela Vida” (30 minutos) será apresentado dia 16 de maio às 19h na sala 1 do Cine Miramar, no Miramar shopping, em santos. o evento será gratuito e os interessados em participar retirarão senhas no local a partir das 18h.

de sua mortalidade pela pesca, as medidas para evitar sua captura e as ações nacionais e internacio-nais de conservação desenvolvidas pelo Projeto Albatroz. Também são apresentados depoimentos de parceiros para a realização desse trabalho, a exemplo de pescadores, armadores de pesca, representantes do governo federal e da Petrobras. Essa última patrocina o Projeto Albatroz, por meio do Programa Petrobras Ambiental.

Produzido pela Framewave, o

vídeo é dirigido por Raquel Pel-legrini, diretora do documentário “Laje dos Sonhos”, e apresentado por Gaby Góis. “À medida que íamos a campo, entendíamos que estávamos unindo nossa experiên-cia de produção de audiovisuais à experiência pessoal de poder transformar o mundo, por meio de um trabalho que colabora com o melhor entendimento dos problemas ambientais dos quais todos fazemos parte”, comenta Raquel.

Roberto da Graça Lopes éo novo diretordo IP e tambémcoordenadortécnico doMuseu de Pesca

Page 8: Martim Pescador - edição 113

Maio 20138

O Dia das Mães foi comemorado na Vila dos Pesca-dores, em Cubatão com uma festa de confraternização dia 11 de maio, no Centro Comunitário local. A men-sagem transmitida no evento enfatizou que uma mãe nunca deve desistir de orientar seu filho, mesmo nas situações mais adversas. Se o filho tiver pro-blemas, ou escolher um caminho errado na vida, a mãe deve cuidar dele com amor e carinho e sempre tentar trazê-lo para o seio da família. “Mãe, nunca

abra mão de seus filhos”, disse o presbítero José Airton da Silva, da Assembleia de Deus, durante a comemoração. O evento foi organizado pelo presidente da Associação dos Direitos da Cidada-nia, Ação Social, Cultura e Esportes da Vila dos Pescadores, Rogério dos Santos, com o apoio do vereador Wagner Moura (PT), Sérgio Calçados, Extra-farma, Barbearia RB, Chico do bar, Casa das Massas, LA Massas, Andrade Sr. Wilson e Dona Creuza.

O pescador Jorge Damião Mar-tins Coelho, 41, e sua esposa Cláu-dia, 37, aprenderam a conviver com o pescado no dia a dia. Quando Jorge não está lançando sua rede no mar, está vendendo seu peixe no Box 1 da Boutique de Peixes, no Boqueirão da Praia Grande, litoral de São Paulo. É lógico que o pescado está sempre presente no cardápio da família, já que os filhos Luiz Fernando, 22, Jen-nifer, 15, e Leandro, 7, apreciam os diferentes preparos que o pai e a mãe

fazem. O enroladinho de pescado foi uma invenção do casal, atendendo à sugestão dos fregueses que pediam uma receita light. Derivado de uma receita mais complicada, em que os rolinhos de peixe eram embalados um a um no papel-alumínio, Jorge simplificou cobrindo tudo com a folha de papel-alumínio. Por sua vez o filho Luiz Fernando confessa que já criou sua própria receita com o filé de pescada. Ele define de “comida de estudante”, aquela que

fazia com pressa quando cursava o ensino médio e chegava da escola com muita fome. Aí vão as duas receitas, para quem está com muita pressa e também para quem estiver com mais tempo para elaborar o prato. Ambas são rápidas de fazer e levam pouca gordura.

O BOX 1 de Jorge & Cláudia fica na Boutique de Peixe na avenida Castelo Branco, Praia Grande/SP (frente ao no 800). Tele: (13)3473.9248/9793.5856/9707.4768.

“Mãe, nunca abandone seus filhos”

A receita de pescada,

de pai para filho

Dia das Mães é comemorado na Vila dos Pescadores, em Cubatão com mensagem de amor

Ingredientes:1 filé de pescadaSal, alho picado e limãoMolho pronto ou tomate picadinho1 fatia de mozarela

Preparo: Colocar num prato o filé de pescada temperado com sal, alho

e um pouquinho de limão. Tampar colocando um prato fundo por cima. Deixar por 2 minutos e meio no forno de microondas. Acrescentar uma colher de molho de tomate pronto e uma fatia de mozarela. Tampar colocando um prato fundo por cima e deixar por mais um minuto.

Ingredientes:1 ½ kg de filés de pescada4 tomates picados1 tomate em rodelas2 batatas cortadas em rodelas2 dentes de alho e ½ cebola picados1 cebola cortada em rodelas (grossura média)camarões-brancos limpos suficientes para rechear os filés (opcional)SalLimãoÓleo de soja e azeite de olivaFolha de papel-alumínio

Preparo: Temperar os filés com sal, alho e um pouquinho de limão. Deixar descansar na geladeira por alguns minutos. Forrar uma forma

refratária com rodelas de batata. Preparar um molho, refogando um dente de alho e ½ cebola no óleo de soja, e acrescentar depois os tomates picados. Deixar até amolecer. Reservar. Enrolar os filés um a um colocando dentro algumas rodelas de cebola ou camarões (opcional). Ajeitá-los em pé na forma, de forma que se equilibrem. Colocar azeite por cima de cada rolinho. Espalhar algumas rodelas de cebola e de tomate. Cobrir com papel-alumínio e levar ao forno por 20 minutos em fogo médio. Retirar o papel-alumínio, regar os rolinhos com o caldo que o peixe soltou. Acrescentar o molho de tomates em cima do peixe e deixar por cerca de mais 20 minutos. Servir com arroz branco

enroladinho de pescada do Jorge e da Cláudia

Pescada de estudante do Luiz Fernando

Inspirado na receita de Jorge e Cláudia...

...o filho Luiz Fernando cria uma versão mais simples

Cláudia faz os rolinhos no capricho

o enroladinho é um prato leve

A pescada no microondas é um prato de rápido preparo