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Janeiro 2014 Número 121 Ano X Tiragem 3.000 exemplares www. jornalmartimpescador.com.br Gustavo Stepham Duas gerações Pescadores de Ilhabela contam a vida de diferentes gerações. Pág. 6 e 7 O skipper Marcos Hurodovich (terceiro à direita) fala de sua viagem à Antártica em companhia de Amyr Klink, Jose Fernandes e Fabio Tozzy. Pág.8 O pescador esportivo Godofredo Blaha revela sua ligação com o mar e com a culinária de frutos do mar

JORNAL MARTIM-PESCADOR 121

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Janeiro 2014 - Número 121 - Ano X - Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo.

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www.jornalmartimpescador.com.br

Janeiro 2014Número 121

Ano X

Tiragem 3.000exemplares

www. jornalmartimpescador.com.br

Gustavo Stepham

Duas geraçõesPescadores de Ilhabela contam a vida de diferentes gerações. Pág. 6 e 7

O skipper Marcos Hurodovich (terceiro à direita) fala desua viagem à Antártica em companhia de Amyr Klink,Jose Fernandes e Fabio Tozzy. Pág.8

O pescador esportivo Godofredo Blaha revela sua ligação com o mar e com a culinária de frutos do mar

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Janeiro 20142

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP [email protected] e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - [email protected]

Impressão: Diário do Litoral Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

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Impressão: Diário do Litoral: Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

DefesosBagre, Rosado (Genidens genidens, Genidens barbus, Cathorops agassizii)-01/01/14 a 31/03/14

Caranguejo guaiamum (Cardisoma guanhumi) 01/10/13 a 31/03/14Lagosta vermelha (Panulirus argus)- Lagosta verde (P. laevicauda)-01/12/13 a 31/05/14

Ostra- 18/12/2013 a 18/02/2014Pargo (Lutjanus purpureus)-15/12/13 a 30/04/14

Sardinha verdadeira (Sardinella brasiliensis)- (traineiras)- 01/11/13 a 15/02/14 (desova) - 15/06/14 a 31/07/14 (recrutamento)Piracema na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná (IN 25 do Ibama) de 1/11/2013 a 28/02/2014

Proteção à reprodução natural dos peixes, nas áreas de abrangência das bacias hidrográficas do Sudeste (IN 195) de 1/11/13 a 28/02/14

MoratóriasCherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2005 a 6/10/2015

Mero (Epinephelus itajara) 17/10/2012 a 17/10/2015

Troca da carteira de pescador artesanal:

errAMOs

-A partir da data de seu aniversário você tem 30 (trinta) dias para solicitar a troca de sua carteira de pescador (RGP-Registro Geral de Pesca).

-Procure a Colônia de Pescadores mais próxima, ou o escritório do Ministério de Pesca Aquicultura-MPA para mais informações.

-Se perder o prazo, deve comparecer ao escritório do MPA para fazer o registro. Se até 60 (sessenta dias) após a data de seu aniversário a solicitação de troca de carteira não tiver sido feita, sua licença ficará suspensa por 2

(dois) anos. Mais informações no escritório do MPA em Santos: (13) 3261.3278/ ou em São Paulo: (011) 3541-1380 ou 3541-1383.

Trilha Caminho do Mar está abertaUma das trilhas ecológicas mais

atraentes do estado de São Paulo foi reaberta ao público. Dia 15 de dezem-bro, o governador Geraldo Alckmin e os secretários Bruno Covas e José Anibal reabriram a trilha “Ecoturismo Caminho do Mar”. Localizada no Parque Estadual da Serra do Mar, em

meio à Mata Atlântica, a trilha per-mite contemplar a vista da Baixada Santista e da Usina Hidrelétrica de Henry Borden, e, em seu trajeto, vá-rios monumentos e construções que reconstituem a importância desse caminho na história da interligação entre o litoral e o planalto paulista.

Foram também instalados placas de sinalização e mapas, com as distân-cias ao longo do percurso da trilha. A reativação do “Ecoturismo Caminho do Mar” foi feita pela Emae – Em-presa Metropolitana de Água e Energia, vinculada à Secretaria de Energia, com investimento de R$ 300 mil.

Na edição anterior falamos que várias vantagens podem ser observa-das no pescado congelado, quando ele é processado de forma adequada preservando sua qualidade. Entre os pontos positivos citados estão a pre-sença da supervisão de um serviço de inspeção na indústria, dando qualida-de ao produto, e a maior durabilidade. Podemos ainda acrescentar:

- Todo pescado congelado deve estar exposto para a venda em tempe-ratura de 18 graus Celsius negativos, e é importante que haja na gôndola um termômetro para aferição da temperatura indicada. Não adquira pescado que tenha gelo solto na em-balagem, isto significa que houve em

algum momento descongelamento e não leve para casa pescado com as extremidades amareladas, pois isto significa desidratação e, também não adquira pescado excessivamente vidrado, porque demonstra excesso de água.

- Para que o pescado congelado mantenha suas propriedades é ne-cessário que o descongelamento seja lento e feito dentro da geladeira.

- O pescado congelado tem uma película de gelo recobrindo toda a su-perfície, que tem a finalidade de prote-ger a matéria-prima do ressecamento. Quando o consumidor perceber a presença de muita água no pescado deve devolver o produto. Isso é um

crime contra a economia popular, pois o consumidor está pagando pela água em excesso no pescado.

O pescado congelado deve estar embalado e rotulado. A finalidade do rótulo é esclarecer o consumidor qual é a espécie, a forma de apre-sentação do produto (posta ou filé ou peixe inteiro e eviscerado,etc.), o peso líquido, o nome do esta-belecimento que industrializa, os constituintes nutricionais, data de fabricação, data de validade, modo de conservação e o número de registro em órgão governamental.

Para coibir a venda de pescado que não atenda a legislação é necessá-rio uma efetiva fiscalização. O pesca-

do congelado deve rigorosamente ser comercializado embalado e rotulado, para que sejam evitadas trocas de pro-dutos, para que o consumidor não seja lesado (fraudes) - Código de Defesa do Consumidor.

Hoje existe uma grande variedade de pescado congelado à disposição do consumidor. O que se vê nas grandes lojas de supermercados das grandes cidades é o aumento crescente de gôndolas com uma variedade de pro-dutos semiprontos onde se destacam alimentos congelados, inclusive varia-das espécies de pescado, processadas de diferentes tipos, tais como: peixe congelado, filés, postas, lombo, empa-nados, steak, hambúrguer, quibe.

Vantagens do pescado congelado sobre o pescado fresco – II

Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo

Na edição 120 do jornal Martim-Pescador“Araruta renasce”, pg. 8, faltou a quantidade de fécula de araruta necessária para fazer os biscoitinhos. Publicamos novamente a receita completa.

Biscoitinhos de areia

Ingredientes: 3 xícaras (chá) de fécula de araruta/2 gemas e uma clara em neve/ 1 xícara (chá) de açúcar/2 colheres (sopa) de manteigaPreparo: Misturar o açúcar à manteiga, e em seguida às gemas.

Colocar a clara em neve. Acrescentar a araruta, dar formato de biscoitinhos com a mão e colocar numa assadeira untada. Assar em forno pré-aquecido por cerca de 20 minutos. A fécula de araruta pode ser obtida através do site ararutadabahia.loja2.com.br. Tel: (75) 3629.2932.

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O pescador esportivo Godofredo Blaha fala de sua paixão pela pesca

e dá sua receita preferida

Virando a página do dia

O bar e lanchonete da Ilha acrescentou pratos nordestinos ao cardápio que antes era apenas de comidas caiçaras. Terezinha Lima, que dirige o bar com o marido Hélio, se inspirou com as novas receitas após uma visita de 20 dias a Sergipe e Alagoas. As novidades são carne seca na moranga, caruru, sarapatel, entre outros. A culinária caiçara também continua a todo vapor com o peixe azul-marinho, marisco lambe-lambe, marisco à vinagrete, peixe assado e ensopado. Os interessados devem agendar as visitas nos tele-fones: (13)3019.5418/98122.0681. Ilha Diana, na área continental de Santos, fica a 20 minutos do centro da cidade, em viagem marítima. As barcas saem atrás da Praça da Alfân-dega, junto à Praça da República, no Centro. O horário das viagens está disponível no site: www.cetsantos.com.br/ barca Ilha Diana.

Ingredientes:3 kg de sal grosso/ 1 kg de sal finopeixe eviscerado com cabeça e escamas (salmão ou tainha) Molho de alcaparraLavar as alcaparras para tirar o excesso de sal. Misturá-las com

manteiga ou margarina num pequeno potinho de pirex e levar por alguns segundos ao forno para derreter.

Molho de palmitoCortar o palmito em rodelas e misturar no azeite com meia cebola

picada.

Molho de creme de leiteMisturar uma lata de creme de leite light com uma colher (chá) de

suco de limão, quatro colheres (sopa) de picles sortido bem picadinho e sal a gosto.

Preparo:Misturar sal grosso com sal fino e colocar água até dar uma consis-

tência de massa grossa. Ajeitar o peixe numa assadeira, forrar um pouco

Cozinha nordestina e caiçara em Ilha Diana

Peixe no sal

“A pesca é uma excelente forma de se depurar, virar a página do dia”, diz Godofredo Blaha, adepto da pesca oceânica. “Gostar de saborear frutos do mar é uma extensão da pesca”, afirma. Por isso, adora por a mão na massa e preparar de maneira especial os peixes que pesca. Nas-cido em 1937 em Olavarria, de pai austríaco e mãe italiana, aprendeu a pescar aos quatro anos de idade, no rio Paraná. “Naquela época pegava lambari, douradinho”, lembra-se. Depois de se formar em engenha-ria mecânica morou em diferentes países e em 1964 chegou ao Brasil, como representante de uma firma sueca. Conheceu em férias no Brasil a esposa Sylvia, brasileira e neta de alemães, e em 1962 se casaram na Suécia, onde fez três anos de estágio. Ao chegar em São Paulo se encantou com o litoral paulista. Frequenta Ilhabela há 50 anos. A esposa Sylvia era sua companheira nas pescarias costeiras no início do casamento. Hoje, ao praticar a pesca oceânica, que exige percursos de mais de 100 milhas (cerca de 200 quilômetros), sai com os filhos Laurent e Roger. Nessas saídas, ao olhar para o ho-rizonte e não avistar mais a terra,

sente a grandeza do mar. Conta que conseguiu “fazer uma parceria com o mar” e se adaptar às condições que ele oferece para navegar em segurança. “A pesca em alto-mar é uma das melhores terapias que existe, não necessariamente a mais barata”, comenta, referindo-se aos gastos de combustível para percorrer longas distâncias e manutenção do barco, entre outros. Adora preparar os peixes que captura, atuns, doura-dos, olhetes, cavalas e namorados. E também tem cuidados especiais para o congelamento que é o segredo para um produto de qualidade. “Coloco os filés ou postas de peixe em salmoura saturada e depois os embalo em sacos plásticos a vácuo”, explica. Uma de suas receitas preferidas é o peixe assado no sal, que saboreou numa viagem a Madri, Espanha. “Essa re-ceita também é servida no restaurante Barracuda, na Marina da Glória no Rio de Janeiro”, comenta. Aí vai a receita, muito fácil de fazer e que conserva o sabor natural do pescado. Godofredo gosta de saborear o prato apenas com um pouco de azeite ou limão, ou um molho de alcaparras. Testamos outros molhos que deram também uma ótima combinação.

o fundo com a massa salgada onde o peixe será colocado e ajeitar o res-tante da massa por cima, cobrindo-o por inteiro. Colocar o peixe em forno pré-aquecido em fogo alto por cerca de uma hora. Depois de pronto, quebrar a massa de sal com um martelinho de carne. A pele sai junto com o sal. Se a pele estiver

difícil de sair, cortar o peixe ao meio e abri-lo espalmado. Temperar a gosto no prato, apenas com azeite e limão ou com diferentes molhos. Servir com acompanhamento de arroz e batata ou mandioca. A batata e a mandioca podem ser cozidas na água em ponto firme, depois levadas ao forno com sal e manteiga para dourar.

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Coluna

OuvIDOrIa EMBraPOrT: 0800 362-7276

[email protected] www.terminalembraport.com.br

embraport promove evento de férias para filhos de integrantes

A Embraport realiza no mês de janeiro a ação “Férias na Embraport”, evento que abre as portas do terminal, localizado na Ilha Barnabé, no município de Santos, para crianças de 7 a 14 anos, filhos de funcionários. Durante a programação, os ‘pequenos’ podem visitar o local de trabalho dos pais e participar de um dia repleto de atividades.

A iniciativa busca aproximar os filhos de seus pais, e com isso, ampliar suas per-cepções sobre a importância da profissão

do pai ou da mãe, além de estabelecer um elo entre a família do integrante e a empresa.

O primeiro encontro ocorreu no últi-mo dia 13 e reuniu uma turma de apro-ximadamente 25 crianças, que chegaram ao local acompanhadas de seus pais. Pela manhã, elas saborearam um café da manhã reforçado, seguido de uma breve apresentação sobre o terminal. Enquanto os pais e mães trabalhavam, os pequenos iniciaram um tour de

Pescadores oceânicos, lado a lado com a ciênciaTorneio de Marque e Solte/

SEDNA no Yacht Club Ilhabela consolida 20 anos

de apoio à pesquisaQuando esporte e ciência se unem, a natureza sai

ganhando. Na temporada de pesca oceânica 1992/93 do Yacht Club Ilhabela, os pescadores esportivos abriram espaço para o Projeto Marlim adotando as modalidades de pesque e solte (catch & release) e marque e solte (tag & release), numa parceria que rende frutos até hoje. No início, biólogos iam a bordo das embarcações, auxiliando a colocar a pequena marca numerada (tag) antes de devolver os peixes-de-bico ao mar e atestar a liberação. Hoje, os próprios pescadores liberam marlins-azuis, brancos e sailfish com os tags e filmam para validar a ação, que será analisada em terra pela comissão julgadora. Nos últimos dois anos os cientistas também vão de carona nas lanchas com uma rede cônica de 1 metro de boca por 2,90 metros de comprimento, um flu-xômetro (que registra o volume de água que passa pela rede) e recipientes com álcool 95%. A viagem em águas oceânicas tem a missão de procurar larvas, que são minúsculos peixes ainda no estágio inicial de desenvolvimento pós-embrionário. Após a com-provação visual, a identificação das espécies das pe-quenas larvas com apenas poucos dias é confirmada por exame de DNA no laboratório da Universidade de Mogi das Cruzes e no Guy Harvey Research Institute, nos Estados Unidos. Os estudos, que contam com o apoio da FAPESP -Fundação de Amparo à Pesquisa do ESP, fazem parte do Projeto Marlim, coordenado pelo professor Alberto Amorim, do Instituto de Pesca de Santos, Secretaria da Agricultura e Abastecimento e Eduardo Pimenta da Universidade Veiga Almeida- UVA, campus Cabo Frio-RJ.

A missão encontrou adesão de várias lanchas que cedem espaço aos cientistas e seu equipamento du-rante as saídas do torneio. Entre elas, a Maracangalha de Gustavo Oliva, Energy de Roberto Mangabeira, Makaira de Laurent Blaha, Buena Onda de Roger Blaha e Vô Juca/Joaçaba de Maneco Carrano.

A temporada de pesca oceânica do YCI iniciada em novembro teve a quinta e última etapa dia 11 de janeiro de 2014. O evento teve muito a comemorar, uma grande quantidade de marlins-azuis e a conti-nuidade de cooperação com a pesquisa.

O XXVI Torneio de Pesca Oceânica do Yacht Club Ilhabela (YCI)/SEDNA tem o patrocínio principal da SEDNA Sport Fishing Boats, Pesca Pinheiros, Transbrasa, Santa Constância, Scala, Mazzaferro (Linhas Tournament IGFA Class), Tole-do, Person Hélices Náuticas, Marina Igararecê, Art Vip Brasil, além do apoio da Prefeitura Municipal de Ilhabela, ANEPE, IGFA, Ministério da Pesca e Aquicultura, Instituto de Pesca e Antena 1.

Maracangalha

strike

ônibus para conhecer as instalações e toda a infraestrutura do terminal, além dos equipamentos utilizados nas áreas operacionais, como empilhadeiras, transtêineres e portêineres.

Continuando o passeio, a criança-da embarcou na Catamarã (transporte marítimo utilizado pelos integrantes) para conhecer o entorno do terminal, a Ilha Barnabé e parte do canal de acesso do Porto de Santos. A hora do almoço foi ainda mais especial, já que as opções foram preparadas pensando nos pequenos visitantes. Além disso, cada um teve a oportunidade de co-mer na companhia do familiar. Após a refeição, eles foram deixados na área de lazer da Embraport para dar sequência à tarde de atividades, jogos e oficinas. Ao final do dia, todos levaram uma lembrança para a casa.

O evento Férias na Embraport segue até o próximo dia 27, com a previsão da participação de 150 crianças.

Fotos/André Monteiro

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Pescadores oceânicos, lado a lado com a ciência

A paella, composta por uma va-riedade de frutos do mar, é o prato ideal para uma festa de pescadores. Assim no encerramento da tempo-rada de pesca oceânica do Yacht Club Ilhabela, dia 11 de janeiro, os participantes ao chegarem do mar se depararam com o delicioso prato feito pelo chef Arthur Macedo, 28 anos. A panela, com mais de um metro de diâmetro, serviu cerca

de 200 pessoas. Macedo é espe-cialista em receitas com frutos do mar, e tem muita ligação com os pescadores, pois dirige a loja Pesca Pinheiros junto com o pai, Edison Gonçalves de Oliveira Filho. A receita da paella aprendeu com o espanhol Tercilo, grande amigo do falecido avô e fundador da Pesca Pinheiros, Edison. Aí vai a receita passo a passo.

Paella festiva

O chef Arthur Macedo prepara prato especial para o final da temporada de pesca no YCI

Ingredientes:2 latas de azeite de oliva25 litros de caldo de peixe2 kg de bacon picado2 caixas de açafrão (4 gramas) 4 caixas de tempero Paellero (80 gramas) 3 cabeças de alho e 8 cebolas picadas6 xícaras (chá) de salsinha picada10 tomates picados1 pimentão vermelho e 1 pimentão amarelo picados2 garrafas de vinho branco seco10 kg de arroz parboilizado10 kg de costela desossada10 kg de marisco limpo10 kg de polvo limpo10 kg de lula limpa cortada em rodelas10 kg de coxa e sobrecoxa10 kg de camarão pequeno sem casca1.5 kg de ervilha congelada6 pimentões amarelos assados sem pele6 pimentões vermelhos assados sem pele10 kg de camarão grande com casca

Preparo: Todas as carnes, exceto o frango e o porco, são pré-cozidos na água, cada um em seu ponto ideal de cocção. O polvo leva cerca de 30 minutos, assim como a lula. Já o camarão e o marisco ficam bons em dez minutos. O porco e o fran-go são fritos em gordura abundan-te. O preparo tem início refogando numa lata de azeite bacon, cebola, alho, tomate e pimentão. Tudo muito bem mexido para dar um cozimento homogêneo. Acrescen-tar o açafrão e o tempero de paella. Colocar o arroz, deglacear com o vinho branco e deixar evaporar bem. Acrescentar o caldo de peixe. Em seguida acrescentar as carnes, uma a uma, mexendo bem após cada adição. Colocar na seguinte sequência: polvo, lula, porco, fran-go, marisco e camarão pequeno, respeitando o tempo de cocção de cada ingrediente. Acrescentar a er-vilha e mais uma lata de azeite. O camarão grande vai ao final como enfeite, assim como o pimentão sem pele cortado em tiras. Despe-jar a salsinha picada por cima.

Classificação Geral do XXVI Torneio de Pesca Oceânica-YCI1º Perversa-Caetano, Fernando e Bruno Fabrini, Caio Alfaya2º Strike-Andres Morales, Alex Malafaia,Fernando Regadas Jr., Mathias Gomes3º Bateau-Paulo Mangabeira Albernaz Neto, José Alberto Salles Gomes,Edson Junji Torihara, Eglaucio Phillipini4º Energy-Roberto e Gabriel Mangabeira, Emílio Massoni, Eduardo Coser

Maior peixe de oceano - Maracangalha - dourado 17kgMaior tagueador - Perversa - 7 peixes.Categoria Feminina:1º Meri Therezinha - Embarcação Tia Cuca2º Manoela Carrano - Embarcação Vô Juca/Joaçaba

Torneio de Marlim-AzulHouve empate técnico em primeiro lugar:1º Maracangalha e Strike2º Twins-Rodolfo Ergas, Fernando Pessoa, Eric Adem, Rogério e Rodrigo Marques

Premiação Especial 6ª etapa1ª Energy2ª Strike3º Buena Onda-Roger e Godofredo Blaha, Paulo Magalhães4º Maracangalha-Gustavo Oliva, Leonardo Taboada, Caroline Aranha, Valdir Dionísio, Gelmario (Tim) Lisboa

Manoela Carrano da lancha Vô Juca

Meri Terezinha da lancha Tia Cuca

Perversa

Maracangalha

Twins

energy Bateau

Operadoras da radio Costeira

garantem a comunicação

durante os torneio

O diretor de Pesca Laurent Blaha e equipe de apoio

strike

Pesquisadores saem na lancha Maracangalha para estudo da vida marinha

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Américo e Fabrício, duas vidas na pescaPescadores artesanais falam do passado e do presente da atividade em Ilhabela

Aos 70 anos, Américo Rafael de Sousa confessa que pesca bem menos que em sua juventude. Hoje, o peixe está mais escasso e sua disposição para sair ao mar também, após passar por duas cirurgias no coração. Nascido em 1943 na praia Mansa, na Baía de Caste-lhanos, seguiu a tradição de seu pai, Antônio Rafael. “Meu pai pescava com rede-de-emalhe, rede-de-fundo, cerco-flutuante, pi-caré, e também fazia arrasto para camarão”, lembra-se Américo que é da terceira geração da família nascida na praia Mansa. Antônio e a esposa Benedita deixaram muitos des-cendentes, pois tiveram 10 filhos. Américo explica ainda que as habilidades manuais do pai, além de construtor de canoas, incluíam a produção de prensa de fuso, balaio, tipiti e peneira, entre outros. Hoje o nome deste tradicional pescador artesanal, falecido em 2009 aos 90 anos, é lembrado na praia de Santa Tereza, no Centro Municipal de Apoio ao Pes-cador Artesanal Antônio Rafael, inaugurado pela prefeitura local em maio de 2011. Ali os pescadores artesanais tem um estaleiro onde podem puxar o barco para reparos.

Américo até 1968 morou na praia Mansa, se mudando depois para o morro de Santa Tereza no Saco do Indaiá. A praia era mansa, mas a vida era de trabalho duro. No entanto, o estreito contato com a natureza faz que Américo se lembre do local com saudades. “Antigamente só tinha isso, ou trabalhava no engenho de pinga, na roça ou pescava”, ex-plica. “Barco não tinha guincho nem motor, a canoa era a remo”, lembra-se. “A primeira vez que pusemos motor na canoa foi na década de 60”, afirma. Na época, o pai construía canoas de cedro, jequitibá, ingá, bataia, canela ou massaranduba. “Hoje não pode mais mexer em nada”, comenta referindo-se às leis ambientais que restringem o corte de árvores. As canoas

eram usadas para a pesca e também como meio de transporte. A praia de Castelhanos era isolada. Para se chegar à cidade só de barco, numa caminhada de cerca de quatro horas por uma picada.

“Até a década de 60 tinha muito peixe, parati, carapau, cavala, sororoca, anchova, sardinha, bonito, pirajica”, enumera. “Naque-la época, a dificuldade era o gelo”, comenta, explicando que parte do peixe era salgado para consumo ou para vender. As salgas de japoneses nas praias da Armação e do Pinto compravam o bonito já salgado ou para salgar e defumar. Américo cita ainda alguns nomes dos compradores, Zé Irata, Magava, Anzol de Fuzil, Kamigue. “A gente também tirava limo da costeira depois de dois dias de chuva. Ficava branquinho, punha na caixa, prensava”, conta explicando que os japoneses compravam a produção e ferviam para usar na culinária. Na praia Mansa a rocinha garantia a sobrevivência com mandioca, feijão, cana, batata, banana, entre outros. A cana virava um bom melado e garapa no engenho e a casa de farinha provia produto muito superior ao que se encontra hoje no mercado. “A farinha de mandioca era mais torradinha”, diz com saudade. Ao se mudar para o centro de Ilhabela, a família fez uma pequena roça cultivada no morro próximo à casa e só se desfizeram dela quando o pai adoeceu no final da década de 90.

Apesar do trabalho duro, havia espaço para a diversão. A turma “das antigas” fazia muitos bailes “para o pessoal casar”. Como as comunidades isoladas não tinham oportu-nidade de conhecer gente nova, muitos casais se formavam nestas festas que aconteciam em aniversários, Natal e dias de santos. Américo brinca que “no tempo do cipó” a música nos chamados arrasta-pés ou chamarritas, era simples, feita com viola e pandeiro. Ele não

precisou de bailes, conheceu a esposa Eufro-sina Tereza, bem novo nos bancos escolares, onde foram colegas, ele vindo da praia Mansa e ela da praia Vermelha. Tiveram seis filhos, hoje somente cinco estão vivos, Benedito, 50, Rosana, 47, Gilson, 45, Godo, 41, Rosangela, 36. Os filhos pescam apenas por esporte. Tem ainda sete netos e três bisnetos. Apesar de acre-ditar que a vida de um modo geral apresenta mais facilidades que antigamente, vê muita dificuldade na pesca. “Muita exigência, muitas áreas proibidas que impedem de trabalhar, burocracia governamental, tanto obstáculo que dificulta a pessoa de pescar”, acredita.

As gerações mais novas de pescadores de Ilhabela também se queixam das dificuldades e da escassez do peixe. Fabrício Passidonio, 32

anos, nasceu no bairro do Centro, mas o pai Valdelino, já falecido, veio da ilha de Búzios e a mãe, Lídia, da praia da Fome. Aos sete anos aprendeu as artes da pesca com o pai. Hoje, pratica pesca de rede, linha e arrasto de cama-rão. Solteiro, tem sete irmãos, mas apenas ele seguiu a profissão do pai. Além do gosto pela pesca, Fabrício divide com Américo algumas outras preferências. Ambos apreciam muito o pescado, e gostam de saborear o peixe no café da manhã. Esse hábito dos antigos ainda permanece em alguns pescadores das novas gerações. “Dispenso o pão para comer peixe com farinha no café de manhã, sustenta mais”, acredita Fabrício. Assim, ele dá continuidade à profissão de seu pai e mantém também a tradição culinária caiçara de Ilhabela.

Américo e Fabríciona praia de santaTereza em Ilhabela

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Pescadores e marinheiros de Ilhabela num momento de lazer mandam um abraço a todos os leitores do Jornal Martim-Pescador!!!

aquele abraço!!!

Américo e o irmão Marcos no Centro que leva o nome do pai Antônio rafael

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O skipper Marcos Hurodovich conta suas aventuras em 23 anos de vida no marPara quem é apaixonado pelo mar,

enfrentar ondas de 12 metros é apenas um dia que sai da rotina, mas não tira o prazer da viagem. Essa situação extrema, o skipper Marcos Hurodovich viven-ciou em águas argentinas, na primeira viagem do veleiro Paratii 2, que partiu em dezembro de 2002 do Guarujá rumo à Antártica. Além do comandante Amyr Klink, proprietário do barco, e o skipper Marcos, acompanhavam a expedição, o médico Fábio Tozzy, o cozinheiro José Fernandes, o fotógrafo Gustavo Stepham e o cinegrafista ‘’Quito’’.

Já no quinto dia da viagem de cerca de 20 mil milhas que iria durar três meses de ida e volta, tiveram que fazer parada de emergência em Ushuaia, Argentina. Gigantescas ondas haviam estourado o vidro da janela do barco, permitindo a entrada de cerca de 2 mil litros de água. Como resultado do incidente, o equipa-mento da mesa de edição de imagens ficou danificado. “Chegamos num dia quente de sol e no dia seguinte nevou”, conta Marcos que ficou fascinado com o contraste. “Trocamos todo o equipamen-to e prosseguimos viagem, fazendo cerca de cinco paradas em bases na Antártica”, lembra. “Foi uma sensação maravilhosa chegar lá, dá para sentir o cheiro de gelo, cheiro do frio”, comenta.

Para esse engenheiro elétrico, bom mesmo é navegar, e não é para menos que exerce as atividades de construtor naval e skipper (capitão na linguagem náutica). Nascido em 1968 em Caxias do Sul, nas

Serras Gaúchas, logo se acostumou ao mar ao se mudar aos oito anos de idade para o Guarujá, no litoral paulista. Aos 22 anos começou a velejar. Nos últimos 15 anos foi skipper dos veleiros Paratii e Paratii 2, de Amyr Klink, entre outros.

Fez três viagens de volta ao mundo, e diz que se prepara para mais uma via-gem para a Antártica em 2014 em que irá testar uma nova embarcação. “Estou construindo o barco novo do Amyr, uma lancha a motor de 40 pés para dar apoio aos dois veleiros Paratii e Paratii 2, em fase de acabamento”, explica. Marcos se dedica à construção naval, desde o pro-jeto elétrico e hidráulico até a execução da obra. Apesar das situações externas muitas vezes adversas, esses veleiros são confortáveis, tem sistema de calefação com água quente. “A comida é ótima, em nossa viagem em 2002, foi garantida pelo cozinheiro José Fernandes, o Dedé”, comenta Marcos. “Além de velejador, ele é um super cozinheiro, prepara de arroz e feijão a pato assado”, acrescenta. E o peixe fresco não falta a bordo, pois a tripulação garante na pescaria de corrico. O conforto muitas vezes pode ser inter-rompido por caprichos da natureza. “Já passei por um tsunami, em 2006, ia para Capetown com cinco alunos no veleiro NANUK de 42 pés”, conta. Uma das tripulantes perdeu 12 quilos em 10 dias de viagem. “O vento estava a favor até África do Sul, mas no meio da travessia, próximo à ilha Tristão da Cunha observei uma onda que não tinha visto, depois vie-

ram mais 15 ondas quadradas”, lembra. “Fiquei assustado, mas cada dia tem uma coisa diferente no mar”, explica. “Acre-dito que foi um tsunami que gerou essas ondas varrendo o Atlântico”, conclui. Outros problemas podem acontecer no mar, como uma crise renal diagnosticada pelo médico a bordo, Fábio Tozzy. Para Marcos, a solução foi tomar remédios por uma semana até chegar em terra, quando finalmente a pedra foi expelida. “Por isso é importante sempre ter um médico a bordo”, conclui.

Ainda assim diz que gosta do mar, ambiente que passa uma sensação de segurança e tranquilidade mesmo com tempestades. “Se você confia no barco sabe que ele tem como aguentar”, explica. As pesso-as experientes tem procedimentos para agir em caso de tem-pestades. “Diminuir as velas, fechar registros de água, lacrar todas as portas. Tenho que confiar no barco, é minha linha de vida”, explica. As filhas Natalia 22, e Gabriela, 16, quando pequenas es-tranhavam a ausência do pai, devido às viagens, mas hoje já estão acostumadas. A atual esposa, Cleo, não reclama. “Ela me entende”, explica. “Vida da gente é movida pela emoção. O mar proporciona isso”, conclui o skipper, já em preparati-vos para uma próxima viagem à Antártica em 2014.

Navegador do gelo

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“vida da gente é movida pela emoção. O mar proporciona isso”,

Capitão Marcos Hurodovich ([email protected])