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Maio 2014 Número 125 Ano X Tiragem 3.000 exemplares www. jornalmartimpescador.com.br O pescador Arara e o diretor da Colônia Z-4, de Cabo Frio-RJ , Ideraldo Rodrigues, falam das dificuldades da pesca. Pág. 8 Grupo Percutindo Mundos apresenta o espetáculo O Ovo de Smetak no Teatro Guarany em Santos. Pág. 8 Uma deliciosa receita de nhoque feita com banana- da-terra. Pág. 7 Projeto 'Albatroz na Escola' abre inscrições. Pág. 6 A presidente da Colônia de Pescadores de São Vicente, Maria Aparecida Nobre, fala sobre a tradição da pesca vicentina. Pág. 2 O biólogo Thierry Salmon fala sobre cruzeiro de pesquisa no barco atuneiro Marbella I. Págs 4 e 5 ARQUIVO PROJETO ALBATROZ

JORNAL MARTIM-PESCADOR 125

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Maio 2014 - Número 125 - Ano X - Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo.

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www.jornalmartimpescador.com.br

Maio 2014Número 125

Ano X

Tiragem 3.000exemplares

www. jornalmartimpescador.com.br

O pescador Arara e o diretor da Colônia Z-4, de Cabo Frio-RJ , Ideraldo Rodrigues, falam das dificuldades da pesca. Pág. 8

Mar daCiência

Grupo Percutindo Mundos apresenta o espetáculo O Ovo de Smetak no Teatro Guarany em Santos. Pág. 8

Uma deliciosa receita de nhoque feita com banana-da-terra. Pág. 7

Projeto 'Albatroz na Escola' abre inscrições. Pág. 6

A presidente da Colônia de Pescadores de São Vicente, Maria Aparecida Nobre, fala sobre a tradição da pesca vicentina. Pág. 2

O biólogo Thierry Salmon fala sobre cruzeiro de pesquisa no barco atuneiro Marbella I. Págs 4 e 5

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Maio 20142

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP [email protected] e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - [email protected]

Impressão: Diário do Litoral Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP [email protected] e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - [email protected]

Impressão: Diário do Litoral: Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

A tradição da pesca em São VicenteSão Vicente, a primeira

cidade fundada pelos por-tugueses no Brasil, em 22 de janeiro de 1532, tem sua história marcada pela pesca. Registros mantidos pela Colônia de Pescadores Z-4 André Rebouças, mostram que em 1921 a entidade já estava em funcionamento, como provam documen-tos zelosamente guardados pela presidente da entidade, Maria Aparecida Nobre da Silva, a Nenê. O documento mais antigo é a carteira de pescador do bisavô materno de Nenê, Firmino Gonçalves dos Santos, emitida em 21 de julho de 1921. A carteira foi assinada pelo comandante Frederico Villar, durante sua missão no Cruzador da Marinha José Bonifácio, para a implantação do Pro-grama Nacional de Pesca e Saneamento do Litoral desenvolvida de 1919 a 1924. O avô Claudemiro Ferreira Nobre também se-guiu a tradição da pescador e construtor de canoas. Além de praticar a pesca ensinou muitos jovens do bairro essa tradicional arte. Na década de 40, período da II Guerra Mundial, as atividades da Z-4 ficaram suspensas. Em

1950, as atividades foram retomadas, com a eleição de Osvaldo Santos para a presi-dência. Nenê recorda que na época, a sede da Colônia era na rua Guamium, 60, chama-da hoje de Rua Japão. Nesse local a colônia loteou terreno da Marinha com 200 metros de frente por 33 metros de fundo com área de 6.600 m2, com permissão do Serviço de Patrimônio da União, para os seus associados construírem suas residências mediante permissão concedida pela Co-lônia. Hoje esta área encontra-se totalmente ocupada pelas famílias de pescadores.

Em 1952, a Colônia inau-gurou um posto de venda de pescados para os associados da colônia na rua Newton Prado, 503, em terreno da marinha de 23 metros de frente, após requerer ocupa-ção ao serviço de Patrimônio da União. Em 1956, por problemas econômicos, a Diretoria resolveu desativar o Posto de Venda de Pesca-dos, reformá-lo, utilizá-lo com sede social e na área destinada a descargas e ven-da de pescados, instalar uma escola primária para atender os filhos dos seus associados e as crianças pobres do bair-

Hoje as colônias de pes-cadores artesanais estão equi-paradas a sindicatos rurais, tornando-se assim legítimas representantes da classe. Após muitos anos de espera, o Governo Federal sancionou em 3/5/2008 o decreto lei no 11.699, que transformou as colônias de pescadores em sindicatos rurais, conforme parágrafo único do artigo 8o da Constituição Federal. A decisão fortaleceu essas entidades de forma legal, dando-lhes maior represen-tatividade, e permite também

a cobrança de contribuição sindical, equiparando-as aos sindicatos de outras catego-rias profissionais. Esse traba-lho é o reconhecimento, ainda que tardio, dessa profissão tão antiga.

A história das colônias de pescadores no Brasil teve início no século 19. A primei-ra delas, chamada de Nova Ericeia, foi fundada em 1818 na Enseada das Garoupas no Estado de Santa Catarina, administrada pela Marinha Portuguesa. Na época o Brasil era Reino Unido de Portugal,

sob o comando de D. João VI. Cerca de cem anos após a fundação da primeira colônia, o cruzador José Bonifácio, sob o comando do oficial da Marinha de Guerra, coman-dante Frederico Villar, exe-cutou a primeira ação efetiva de gestão pesqueira no país. De 1919 a 1924, o cruzador da Marinha realizou viagem pela costa do Brasil e em cada local que aportava a tripula-ção, composta inclusive de médicos e dentistas, atendia a população litorânea e pro-movia registro e criação de

Colônias de Pescadores com a finalidade de representar e defender direitos e interesses de seus associados.

A missão do comandante Villar era a implantação do Programa Nacional de Pesca e Saneamento do Litoral que ti-nha as seguintes preocupações básicas: acabar com as doen-ças que afligiam a população caiçara, o analfabetismo, a formação dos quadros do pes-soal da Marinha de Guerra, a eliminação da exploração dos pescadores em decorrência da ação intermediária e servir de

ponto de apoio para as ações do governo junto aos pes-cadores. Fruto da missão do comandante Frederico Villar hoje existem mais de mil colônias de pescadores, 27 Federações Estaduais e uma Confederação Nacional de Pescadores e Aquicultores, re-presentando cerca de 1 milhão de pescadores artesanais.

As suas atividades fo-ram regulamentadas atra-vés das Portarias no 471 de 26/12/1973 e Portaria no 323 de 3/6/1975, ambas do Minis-tério da Agricultura e Abaste-

cimento. Hoje, a Federação dos Pescadores do Estado de São Paulo –FEPESP abrange 22 colônias de pescadores, 12 no litoral e 10 em águas continentais, algumas com mais de 90 anos de existência, representando mais de 30 mil pescadores artesanais. É de sua competência representar e defender direitos e interes-ses dos pescadores artesanais, assim como requerer licenças de pesca, registros de embar-cações, aposentadorias rurais, auxílio-natalidade, entre outras atribuições.

História das Colonias de Pescadores

ro. A escola foi batizada com o nome de Rachel de Castro Ferreira, em homenagem póstuma à mãe do então prefeito de São Vicente Luiz B. Ferreira. Atualmente a

escola é administrada pela secretaria de Educação de São Vicente, conforme con-vênio tratado em 25/01/61 com o prefeito Municipal de São Vicente na ocasião,

dr. Roberto Andraus. A sede social da Colônia

Z-4 André Rebouças conti-nua hoje em funcionamento na rua Newton Prado, no Parque Bitaru, em São Vi-

cente, sob a presidência de Maria Aparecida Nobre da Silva, atendendo pescadores artesanais de São Vicente, Praia Grande e outras locali-dades da Baixada Santista.

Nenê, a mãe Alzira e a irmã Márcia fazem parte da história da pesca vicentina

Firmino Gonçalvesdos Santos (àdireita) recebeua carteira depescador em 1921 em São Vicente

Sede da Colônia de Pescadores Z-4 em São Vicente

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Maio 2014 3

DefesosBagre rosado (Genidens genidens, Genidens barbus, Cathorops agassizii)

01/01/14 a 31/03/14Camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis), camarão-branco (Litopenaeus

schmitti), camarão-sete-barbas (Xiphopenaeus Kroyeri), camarão-santana ou vermelho (Pleoticus muelleri), camarão-barba-ruça (Artemesia longinaris)-

1/03/14 a 31/05/14Caranguejo guaiamum (Cardisoma guanhumi) 01/10/13 a 31/03/14Lagosta vermelha (Panulirus argus) e lagosta verde (P. laevicauda)

01/12/13 a 31/05/14Tainha (Mugil platanus e Mugil liza) 15/03/14 a 15/08/14 (proibida em todas as

desembocaduras estuarino-lagunares do litoral das Regiões Sudeste e Sul) A partir de 15 de maio, a temporada anual da pesca da tainha será aberta somente no

litoral, permanecendo fechada até 15 de agosto nas desembocaduras estuarino-lagunares. (veja Instrução Normativa 171 9/5/2008 em

www.jornalmartimpescador.com.br (legislação)Pargo (Lutjanus purpureus) 15/12/2013 a 30/04/2014

Emalhe de fundo >20 AB –Parada da frota de 15/05 a 15/06

MoratóriasCherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2005 a 6/10/2015

Mero (Epinephelus itajara) 17/10/2012 a 17/10/2015Tubarão-raposa (Alopias superciliosus)- tempo indeterminado

Tubarão galha-branca (Carcharinus longimanus)-tempo indeterminadoRaia Manta (família Mobulidae) - tempo indeterminado

Marlim-azul (agulhão-negro) – Makaira nigricans- comercialização proibidaMarlim-branco (agulhão-branco) - Tetrapturus albidus –comercialização proibida

Audiência pública discute pré-sal Dia 8 de maio aconteceu

audiência pública para deba-ter o Estudo de Impacto Am-biental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da atividade de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal (Etapa 2) desenvolvida pela Petrobras na Bacia de Santos. O evento aconteceu no audi-tório do Mendes Convention Center, em Santos e teve início com a apresentação do empreendimento por Carlos Pinto, representante da Petro-bras. O projeto prevê acrésci-mo de produção de 742 mil barris de petróleo por dia e 36 milhões de metros cúbicos de gás natural. Após a apresenta-ção aconteceram os debates, com vários questionamentos abrangendo diferentes assun-tos, como possíveis ações para emergências em situações de vazamento de petróleo e gás, impactos socioeconômicos gerados pela atividade como especulação imobiliária, áreas de influência e a distribuição de royalties nos municípios afetados e impactos em co-munidades de pescadores, entre outros. O presidente da Colônia de Pescadores Z-3 de Vicente de Carvalho, Edson dos Santos Cláudio, reclamou mais atenção para esta classe de trabalhadores e falou sobre os impactos da

atividade de extração de gás e petróleo no meio marinho. “Pouco se falou dos pescado-res, esses homens valorosos do mar. Não estão nem sendo lembrados e ninguém dessa assessoria chega nas comu-nidades pesqueiras. Não que-remos dinheiro, queremos ser reconhecidos, considerados. Quero lembrar a vocês, que mesmo que pouca coisa se faça, tem que fazer”, afirmou. O representante da Petrobras afirmou que existe uma equi-pe que está construindo esse relacionamento da empresa com os pescadores, tentando caracterizar a comunidade pesqueira e saber como estes impactos estão atingindo es-tas atividades. Acrescentou que outros projetos futuros poderão ser implementados, não esclarecendo, no entanto, se ficarão apenas realizando monitoramento pesqueiro ou se haverá algum projeto para com-pensar a classe por possíveis danos. Em relação à dúvida de alguns participantes sobre distribuição dos royalties nos municípios afetados explicou que o critério foi estabelecido pelo Ibama, considerando-se entre outros fatores a posição geográfica do município na costa se é confrontante com os campos de produção, e se o município é afetado por operações nas instalações de

embarque e desembarque de petróleo e gás natural.

Quem ganha royalties?Royalties são uma com-

pensação financeira devida ao Estado Brasileiro pelas empresas que produzem pe-tróleo e gás natural no território brasileiro: uma remuneração à sociedade pela exploração desses recursos não-renováveis. Para os municípios confrontantes com os campos de explorações, os valores recebidos podem variar, dependendo, por exem-plo, como o local é afetado por operações nas instalações de embarque e desembarque de petróleo e gás natural. Os valores são recebidos mensal-mente. No mês de maio, como exemplo, os valores recebidos correspondentes à produção de abril, para alguns municípios, foram: R$ 63.686,68 (Santos), R$ 49.357,17 (Mongaguá), R$752.033,62 (São Vicente). Para saber mais detalhes, con-sulte o site: www.anp. gov.br (entrar em Participações Governamentais e de Tercei-ros- Royalties).

Canal direto para informa-ções, dúvidas, sugestões sobre o Projeto Pré-Sal: Fale com a Petrobras [email protected]/ Fale com o Ibama (21) 3077.4266/[email protected]

A discussão e análise do EIA-Rima da Atividade de Pro-dução e Escoamento de Petróleo e Gás Natural do Polo Pré-sal da Bacia de Santos-Etapa 2 foi feita durante a 9a Reunião Extraordinária do Conselho Gestor da Apa Marinha Litoral Centro-APAMLC, dia 13 de maio no campus da Unifesp da Ponta da Praia.

O gestor da APAMLC, André Caetano, coordenou a reunião, onde foi analisada a proposta da Câmara Técnica de Planejamento e Pesquisa da APAMLC sobre o tema. Algu-mas das sugestões incluem a al-teração da duração de projetos ambientais para todo o período do desenvolvimento do empre-endimento, e não somente por

três anos, solicitar à Petrobras a realização das condicionan-tes não atendidas na etapa 1 do projeto e possibilidade de criação de projetos futuros com as comunidades de pesca, entre outros. O relatório técnico geral das Apas Marinhas sobre o assunto será encaminhado à Fundação Florestal e em seguida ao Ibama.

Apa Marinha debate Pré-sal

Pescadores de Itanhaém estiveram presentes

O presidente da Colônia de Pescadores Z-3, Edson dos Santos Cláudio

Raimundo da Silva, de Guarujá, também defendeu os pescadores

O gestor da APAMLC, André Caetano, coordenou a reunião do conselho

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Maio 20144

Mar da CiênciaO biólogo Thierry Salmon, sai numa viagem ao mar em barco

atuneiro para coletar amostras para sua dissertação de mestrado e conhece a rotina de um barco de pesca

Coluna

OuvIDOrIa EmbraPOrT: 0800 779-1000

[email protected] www.terminalembraport.com.br

Embraport promove arrecadação de leite em pó para instituições

de caridade da regiãoConciliar a prática de exer-

cícios físicos com uma ação de solidariedade é meta constante da Embraport. Em sua terceira participação na prova 10 KM Tribuna FM, que ocorrerá em Santos neste mês de maio, e como parte do recém-criado Programa de Voluntariado, cada um dos integrantes inscritos para participar da corrida de rua doou uma lata de leite em pó.

Duas instituições foram be-neficiadas pela ação, que tota-liza mais de mil litros de leite doados. A Casa da Vó Benedita, em Santos, e a Alma, no Guarujá, receberam representantes da em-presa que fizeram a entrega das latas de leite. Além da doação, os participantes do Programa de Voluntariado também puderam conhecer as crianças atendidas e oferecer carinho e calor humano a quem mais precisa.

“Vimos na corrida uma opor-tunidade de também ajudar ao próximo. O objetivo do Progra-ma é identificar oportunidades e incentivar a participação dos in-tegrantes em ações de caráter so-cial”, comenta Miucha Andrade, coordenadora de Comunicação Corporativa da Embraport.

Este ano, em sua terceira participação na prova, a Em-braport já conta com o quarto maior pelotão de atletas, com 352 inscr i tos . Para or ientar os treinos dos participantes, a empresa contratou uma assesso-ria esportiva especializada em corrida, a Gama,que acompanha os treinamentos do pelotão no Guarujá e em Santos.

A parceria entre a pesca comercial e a pesquisa científica é antiga. Estudiosos costumam acompanhar viagens de barcos comerciais onde realizam coletas para seus trabalhos científicos. Como quase todos os peixes são eviscerados no mar para melhor conservação, chegam em terra sem cabeça, guelras e seus órgãos vitais, que são materiais necessários para o desenvolvimento de diversas pesquisas. Para obter essas amostras só mesmo indo ao mar. O biólogo Thierry Salmon, 31 anos, dá continuidade a essa tradicional parceria de cruzeiros científicos em barcos de pesca. Ele estuda em seu mestrado a presença de uma proteína típica de mamíferos na placenta do tubarão-azul, responsável pela tolerância materno-fetal. “A proteína Indoleamina 2,3-Dioxigenase (IDO) é uma substância que protege a gestação dos filhotes, e se encontra típicamente nos mamíferos, e agora estamos averiguando se existe nos tubarões”, explica Thierry.

O mestrado iniciado em fevereiro de 2013, com dois anos de duração, é orientado pelo professor José Roberto Kfoury Junior da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia-FMVZ da Universidade de São Paulo e co-orientado pelo professor Alberto Amorim do Instituto de Pesca-IP da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

A viagem de um barco atuneiro pode durar mais de 20 dias, navegando distâncias de cerca de 200 milhas da costa. Um local

Lançando o espinhel ao mar....

O peixe prego liso é usado para fazer o sashimi

Um dourado de mar

A meca, apreciada na culinária santista, é um peixe que pode chegar a 300 quilos

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Mar da Ciência5

O biólogo Thierry Salmon, sai numa viagem ao mar em barco atuneiro para coletar amostras para sua dissertação de

mestrado e conhece a rotina de um barco de pesca

Em janeiro de 1974 o pesqui-sador científico Alberto Amorim, aos 25 anos, fazia seu primeiro cruzeiro em alto-mar para estudar os peixes-de-bico. A viagem no Kaiko Maru 16, barco atuneiro da companhia Imaipesca, primeira de muitas, foi uma experiência que o ajudou em toda a sua carreira. A primeira noite deitado no beliche da embarcação foi uma prova de resistência para o marinheiro de primeira viagem. O balanço das on-das em alto-mar causavam tontura e enjoo, que perduraram ao acordar. “Ao final do primeiro dia já estava se acostumando, e passei a me sentir bem até o final da viagem”, diz. Os 20 dias no mar começaram a passar rápido quando os enormes peixes de oceano começaram a ser embarcados. Os marlins-azuis e os tubarões chegavam a mais de 200 quilos. E outros peixes como o dourado e o peixe-lua fascinavam por suas fortes cores. “Cada dia era uma emoção diferente”, lembra-se. O então jovem engenheiro agrôno-mo optara pela carreira na biologia marinha, e aprovado em concurso público começara sua longa carreira em dezembro de 1973 no Instituto de Pesca de Santos, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Es-tado de São Paulo. Hoje, orientando seus alunos para o mestrado, revive as emoções de muitas viagens ao mar com as novas fotos e relatos.

40 anos de pesquisas

Primeira viagem do pesquisador Alberto Amorim no barco Kaiko Maru 16

Os pesquisadores do IP Alberto Amorim e Carlos Arfelli estudam um espadarte

Thierry Salmon, sob orientação do professor José Roberto Kfoury Júnior (USP) e co-orientação do professor Al-berto Amorim (Instituto de Pesca) em seu cruzeiro de pesquisa no Marbella I, além da coleta de material e infor-mação de sua dissertação contribui com o doutorado de Eduardo Bruno, iniciação científica de Bianca Rangel, Juliana Marinho, Augusta Melo e Aline Poscai, estagiárias do Depar-tamento de Anatomia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia-USP, com a participação da professora Rose Eli Rici e sob a coordenação da professora Maria Angélica Miglino.

onde não se vê terra, e todo o horizonte é água, desperta diferentes emoções. “A sensação é de grande isolamento, mas o contato com o oceano é intenso e traz experiências incríveis, como ver animais que não se vêm normalmente, bem como o respeito durante uma tempestade”, comenta Thierry. Distante do burburinho da cidade, o clima de ami-zade e companheirismo no barco é grande. “Os pescadores foram muito gentis e receptivos, além de se interessarem pelo meu trabalho, bem como eu me interessei pelo deles”, explica o biólogo. Thierry partiu de Itajaí, Santa Catarina, dia 11 de março, a bordo da embarcação Marbella I da empresa Comércio e Indústria de Pescados Kowalsky e retornou dia 4 de abril. Os pescadores saem em busca de peixes cobiçados na culinária japonesa, como atuns e meca, também conhecida como espadarte ou swordfish. Trazem ainda o peixe prego, também usado para preparar o sashi-mi (servido em fatias cruas), cação azul, cação anequim, dourado entre outros. “A viagem durou 23 dias, dos quais 15 foram de pesca”, explica Thierry, pois também gasta-se tempo na navegação de longas distâncias até o pesqueiro,

além dos dias em que não há pesca devido ao tempo mui-to ruim. A pesca de espinhel consiste numa linha de 100 quilômetros com cerca de 1.500 anzóis, que são lançados e recolhidos quase que diariamente. Há 10 tripulantes no barco, o mestre Eriberto, o contramestre Severino, o cozi-nheiro Barriga, os geladores Carlos e Ramos, os motoristas (que cuidam do motor) Márcio e Aurélio, e os pescadores de convés Massa Bruta, Lázaro e Miro. O trabalho é intenso, a maioria dos peixes depois de recolhidos são eviscerados e guardados pelos geladores nos porões com gelo.

Ao final da viagem o barco fica cerca de quatro dias em terra para descarregar os peixes e se preparar para uma nova empreitada. O biólogo não dá “adeus” aos amigos pesca-dores, e sim “até logo”. “A viagem foi muito proveitosa, o material foi coletado com sucesso, mas ainda faltam alguns estágios embrionários para completarmos o ciclo”, comenta Thierry. Enquanto o barco parte novamente ao mar, Thierry começa a processar suas amostras no laboratório e planejar um novo cruzeiro de pesquisa para elucidar mais a fundo os mistérios da vida marinha.

Coleta de dados auxilia vários projetos

Thierry a bordo do atuneiro Marbella I

Os geladores conservam os peixes no porão

O atum-amarelo é um dos melhores para o sashimi

O atum-branco é também usado na culinária japonesa

.. e recolhendo os peixes

O cozinheiro prepara a comida no capricho

O mestre Eriberto traça as rotas para os pesqueiros

A meca, apreciada na culinária santista, é um peixe que pode chegar a 300 quilos

Pescadores recolhendo o espinhel

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Maio 20146

A sardinha é um alimen-to popular, barato e de alto valor nutritivo, constituído de proteínas, ácidos graxos essenciais (ômega-3), vita-minas (B12 e D) e minerais (fósforo, cálcio e selênio), com baixo valor calórico. O ômega-3 é conhecido como gordura do bem, por ajudar a controlar a pressão, o nível de colesterol e triglicerídeos, prevenindo doenças cardio-vasculares. A sardinha apre-senta muitas vantagens por conter EDA (ácido eicosa-pentaenóico) e DHA (ácido docosahexaenóico), que são responsáveis por minimizar os processos inflamatórios que ocorrem no coração, intestino e nas articulações. Esses ácidos, por serem gordura saudável, encapam os neurônios e aumentam a atividade cerebral.

O consumo de pescado é importante para a saúde, porém são necessários al-guns cuidados. Enquanto, a sardinha contém ômega-3, o salmão de cativeiro, ao contrário do selvagem (que cresce livre na natureza), por ter sua dieta baseada em ração à base de vegetais, apresenta ômega-6. Este áci-do graxo já é ingerido pelo consumidor durante o dia em muitos tipos de gordura vegetal que não tem efeitos anti-inflamatórios. Portanto, a ingestão de sardinha é mais saudável. Os peixes que possem ômega-3 são: cavala, arenque, sardinha, salmão selvagem, atum e bacalhau.

A sardinha verdadeira é a Sardinella brasiliensis, que é um peixe costeiro que habita o litoral do Bra-

sil e ainda encontrado no Atlântico Norte e no mar Mediterrâneo. Apresenta como características o corpo alongado e boca pequena, mede entre 9 e 27 cm de comprimento. O tamanho mínimo para a sua captura é de 15 cm.

Com o nome de sardinha existem outras espécies: sardinha da laje (Opistho-nema oglinum), maromba (Sardinella aurita), sardinha cascuda (Herengula clu-peola). O nome sardinha é devido à ilha de Sardenha, no Mediterrâneo, local onde está espécie abundava. É um alimento popular à seme-lhança do Brasil, no sul da Itália, Grécia e Portugal. A sardinha é considerada um pescado tão importante e o primeiro a obter da União Europeia e da Península Ibérica o rótulo azul com certificação de sustenta-bilidade e boa gestão dos recursos pesqueiros.

Para a preservação da espécie se faz uso do defeso (período de proibição de pesca) através da Instrução Normativa Ibama no 15 de 21/05/2009. Essa proibição para as traineiras de Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina obedece duas fases: de 1 de novembro a 15 de fevereiro para proteger a desova e de 15 de junho a 31 de julho para proteger o recrutamento, ou seja, os indi-víduos jovens que podem ser pegos pela pesca. Na próxima edição do jornal Martim-Pescador continuaremos abordando a importância da sardinha na alimentação e os melhores métodos para sua conservação.

Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo

O Senado aprovou dia 22 de abril substitutivo que garante aos pescadores e trabalhadores afins a apo-sentadoria especial depois de 25 anos de contribuição. A proposta segue agora para a Câmara dos Deputados. “Essa mudança vem em boa hora e deve contribuir em muito com a melhoria da qualidade de vida do pescador, que muitas vezes tem dificuldades para se aposentar, para comprovar o tempo de serviço e o exercício de sua atividade”, destacou o ministro da Pesca e Aquicul-

tura Eduardo Lopes. O texto aprovado no Senado é substi-tutivo do senador Benedito de Lira (PP-AL) aos Projetos de Lei de Senado (PLS) 150/13 e 152/13 propostos pelo se-nador Paulo Paim (PR-RS). O texto aprovado assegura a contagem do tempo de contri-buição no período de defeso, quando a pesca fica suspensa para garantir a reprodução das espécies. Outro ponto do projeto estabelece que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) averbará como tempo de contribuição o pe-ríodo de defeso decorrente

de ato ou norma da União, bastando para isso um simples requerimento e que o segura-do comprove sua inscrição no Registro Geral da Pesca (RGP). O substitutivo não fixa diretamente o prazo de contribuição para o pescador ter direito à aposentadoria especial em 25 anos. De for-ma indireta, porém, dispensa a categoria de comprovar, ao reivindicar esse benefício no INSS, o tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condi-ções especiais que prejudi-quem a saúde ou a integridade

física. Pelo texto, durante o período de suspensão da pes-ca, esses trabalhadores ainda deverão receber o seguro-defeso, no valor do piso sala-rial da categoria. A fonte de custeio será o Fundo de Am-paro ao Trabalhador (FAT), conforme emenda proposta pelo relator. O seguro-defeso é, atualmente, o substituto do seguro-desemprego pago quando ocorre a paralisação ou suspensão das atividades de pesca em decorrência de ato do Executivo Federal e de período de defeso das espécies.

A importância da sardinha na

alimentação- Parte I

Aposentadoria especial para o pescador

Conheça a Baixada Santista

“Albatroz na Escola” abre inscrições

A Caiçara Expedições tem um ro-teiro especial em maio para diferentes passeios na Baixada Santista. Dia 18 de maio (domingo) haverá caminhada

na trilha Cabuçu, na área continental de Santos. As trilhas do Votoruá, em São Vicente, são uma boa pedida dia 31 de maio (sábado). Dia 1 de junho (do-

mingo) o mês tem início com um Bike Tour Noturno em Santos. Saiba mais em www.caicaraexpedicoes.com ou pelo fone: (13) 3466.6905/98142.0151.

Conhecer albatrozes e petréis e entender a impor-tância de cuidar dos oceanos e da biodiversidade marinha são os objetivos do Programa “Albatroz na Escola” criado pelo Projeto Albatroz com o patrocínio da Petrobras. Cyn-thia Ranieri, Coordenadora de Educação Ambiental do Projeto afirma que nos últi-mos três anos foram atingidos cerca de cinco mil alunos e mais de duzentos professores do Ensino Fundamental I, das redes pública e particular de Santos. Hoje, as atividades se expandiram para São Vicente, Guarujá e Praia Grande. “Ir para outras cidades significa mais crianças e mais professo-res entendendo a importância dos albatrozes e petréis para a ecologia do mar”, acres-centa. O programa oferece aos professores relevante capacitação técnica por meio

de palestra e material didá-tico, como as Cartilhas de Educação Ambiental - Livro do Professor e do Aluno - dis-tribuídos gratuitamente. Além do material de apoio para atividades em sala de aula, os alunos participam de dinâmi-cas durante o horário escolar,

como a palestra lúdica ‘Projeto Albatroz e a Conservação da Biodiversidade Marinha’. São também recebidos no Espaço Albatroz, montado no pátio da própria escola, com jogos e brincadeiras que testarão o conhecimento aprendido em sala de aula. Para inscrições

basta que as escolas telefonem para a sede do Projeto Albatroz e agendem a programação. As vagas são limitadas e o agenda-mento pode ser feito mediante inscrição por e-mail ([email protected]) ou pelos telefones (13) 3324-6009/ 99143-5516.

Treinamento de voluntários na sede do Projeto Albatroz

arquivo projeto albatroz

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Maio 2014 7

Receita de Empadinha

Nhoque de banana-da-terra

Empadinha da vovó

Ingredientes da massa:500g de banha hidrogenada1kg de farinha de trigo1 copo de guaraná1 ovo1 gema misturada com um pouco de café

para dourar a empadinha

Preparo:Juntar num recipiente todos os in-

gredientes até formar uma massa ho-mogênea, e com ela forrar forminhas de alumínio. Colocar recheio a gosto e fazer tampinhas com a massa para cobri-la. Espalhar a gema dissolvida no café para dourar a superfície da empadinha. Levar ao forno.

Ingredientes do recheio de camarão1 ½ kg de camarão-sete-barbas limpo1/2 pimentao verde picado1 cebola e 1 dente de alho picadosAzeitonas pretas a gostoSuco de 1 limão Pimenta-do-reino1 colher (chá) de extrato de tomateSalsinha e coentro picados a gostoSalPreparo:Deixar o camarão temperado no sal, cebo-

la, pimenta-do-reino, alho e limão. Refogar por 10 minutos e acrescentar a massa de tomate. Deixar por mais alguns minutos e ao final acrescentar a azeitona, salsinha e coentro.

Rendimento: cerca de 40 empadas.

Ingredientes da massa:5 bananas-da-terra bem madurasCerca de 1 xícara (chá) de farinha de trigo

(suficiente para dar ponto certo na massa)1 colher (sopa) de manteiga1 ovo inteiroPreparo:Assar bem as bananas ao forno, com a

casca. Deixá-las bem assadas, com a casca totalmente escura. Depois, retirar a casca e amassá-las. Acrescentar trigo, ovo e man-teiga. A mistura ficará bem mole, mas não é necessário adicionar mais trigo. Depois, trabalhar em uma tábua com bastante farinha de trigo e fazer os rolinhos, cortar e enrolar em formato de bolinhas. Se preferir, faça um teste antes com água quente e uma primeira bolinha para verificar sua consistência. Como a banana-da-terra tem uma liga forte, assim que entra em cozimento ela se solidifica bastante. Por isso não é necessário colocar mais trigo. Cozinhar em água abundante e reservar.

Ingredientes do molho:1 pote de creme de leite fresco (300g)1 vidro de 200 ml de leite de coco1 colher (chá) de curry2 colheres (sopa) bem cheias de requeijão

(ou meio potinho)Sal a gostoPreparo:Colocar primeiro o leite de coco numa pa-

nela ao fogo para dar uma apurada e reduzida, depois acrescentar o creme de leite fresco e o curry. Deixar cozinhar até que o molho tome a consistência correta (para ver isso, pegue uma colher e mergulhe-a no molho. Depois passe o dedo nas costas da colher e veja se faz uma "rua" sem que escorra no meio). Por fim, acrescente o requeijão até que se incorpore no molho e esquente.

Camarões para guarnição:Pegar em média sete camarões por prato

(médios a grandes). Se forem bem grandes, pode reduzir para cinco. De preferência use camarão-branco que é mais consistente e muito mais suculento. Grelhar em manteiga, até que fiquem bem dourados e salteados. Cuidar para não passar do ponto, senão ficam "borrachudos".

montagem do prato:Colocar uma porção de nhoque, depois

acrescentar a quantidade de molho de sua preferência e por fim, colocar os camarões dispostos um sobre os outros.

Se tem uma receita que a família de Lúcia Luciara Cer-queira Cláudio, 49 anos, gosta é a empadinha. Não é para menos, o modo de preparo é passado de mãe para filha há três gerações. Lúcia explica que todos gostam do recheio de camarão, mas também ela costuma variar com carne seca, palmito, frango e cala-bresa com catupiry. O marido Wagner, os filhos Denis e Ju-liana e os netos Kauê e Cawin gostam mais dos pratos com peixes e camarão. “Aqui em casa todos adoramos frutos do mar”, conta Lúcia. O prato preferido é o filé à delicia, feito com linguado enrolado com mussarela e molho de

camarão com creme de leite. Outra boa pedida é o marisco a vinagrete que é imbatível. “Gostamos bastante de ir aos restaurantes da praia do Pere-

quê, em Guarujá, pois sem du-vida lá tem os melhores pratos de frutos do mar em especial a feijoada marinha, que é nosso preferido”, confessa.

Estudioso da vida marinha dá receita com banana-da-terra e frutos do marO biólogo paranaense Hugo Bornato-

wski, 29 anos, doutor em Zoologia, não esconde seu amor pela vida marinha. Espe-cialista em Ecologia e Biologia de Tubarões e Raias está iniciando seus estudos para um pós-doutorado. Além da pesquisa marinha, o biólogo nutre um grande interesse pela

culinária, distração em suas horas de lazer. Aqui vai uma receita muito especial que aproveita a massa da banana-da-terra para a confecção do nhoque. Os molhos podem ser variados, mas este é o predileto de Hugo, que garante combinar bem com frutos do mar. Experimente, vale a pena!

Nhoque de banana-da-terra

O neto Kauê é fã das empadinhas da avó Lúcia

Deliciosas empadinhas de camarão

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Convento Nossa Senhora do Carmo recebe homenagem

O Convento Nossa Senhora do Carmo em Santos recebeu justa homenagem por seu aniversário de 425 anos de fundação. O ve-reador Sandoval Soares concedeu placa comemorativa dia 29 de abril, em louvor à data. “O Conjunto do Carmo em Santos é considerado um dos mais antigos relicários do bar-roco brasileiro e suas características refletem nossa história. Essa placa é uma forma de reconhecimento à sua importância histórica e ao trabalho das pessoas que fazem do

convento um local de oração e de acolhimento”, afirmou o vereador. Para o Reitor do Santuário e Prior do Convento Nossa Senhora do Carmo, Frei Lino, a homenagem é para a cidade de Santos.

O Conjunto do Carmo, do qual faz parte o convento, é conside-rado como um dos mais antigos relicários do barroco brasileiro, desde 1940 com o título de Patrimô-nio Nacional. Fazem parte do con-junto as duas igrejas e o convento. Uma delas é a Igreja da Venerável

Ordem Terceira do Carmo, do sé-culo XVIII, e a outra é a Igreja dos Freis Carmelitas, do século XVI (1599). A segunda foi tombada pelo CONDEPHAAT em 1981 e pelo CONDEPASA em 1990. A união das duas igrejas é feita por uma torre com campanário e cria uma fachada incomum no barroco, toda revestida de azulejos marianos originais do século XIX. O Convento do Carmo foi criado em 24 de abril de 1589 e fica localizado na Praça Barão do Rio Branco, nº 16, Centro.

O Ovo de Smetak Coletivo Percutindo Mundos descobre a magia da obra de Anton Walter Smetak

Mais do que teatro, dança e música. O Ovo de Smetak-seis modos diferentes de se intuir o óbvio, é uma recriação do coletivo Percutindo Mundos que celebra a obra do músico, escritor, escultor e compositor Anton Walter Smetak (1913-1984). O genial artista suiço, nascido em Zurique, chegou ao Brasil em 1937 para revolucionar. Grande influência para Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé e Mutan-

tes, tinha o carinhoso apelido de Tak-Tak o som do relógio suíço ao ritmo do estribilho de seu nome. Smetak criava instrumentos musi-cais com materiais originais, como tubos de PVC, cabaças, isopor. Peças que eram verdadeiras escul-turas. Baseados na filosofia do ar-tista, o grupo Percutindo Mundos, utilizou instrumentos artesanais como quimbau, ovo smetakeano, berimbarco. O ovo é uma peça

onde vários artistas podem tocar ao mesmo tempo. Na apresentação foram usados ainda instrumentos eletrônicos (theremin), percussão corporal e instrumentos conven-cionais (rabeca, viola erudita, trombone, clarinete, percussão). A apresentação aconteceu dia 18 de abril no Teatro Guarany em Santos. Um espetáculo de sons e cores para o espectador mergulhar com todos os seus sentidos.

O vereador Sandoval Soares entrega a placa comemorativa ao Frei Lino

Texto e Direção: Márcio Barreto/ Interpretação do coletivo Percutindo Mundos com Célia Faustino, Marcio Barreto, Robson Peres, Felipe Faustino, Maria Tornatore/Som: Rafael Ska/ Projeção de vídeo: Cristiano Sidoti/ Iluminação: Edvan Monteiro.

O ovo de Smetak-seis modos diferentes de se intuir o óbvio

Célia Faustino

Os artistas se apresentam com a projeção do vídeo de Smetak ao fundo

Márcio Barreto