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DIRECTOR JOSÉ ROCHA DINIS | DIRECTOR EDITORIAL EXECUTIVO SÉRGIO TERRA | Nº 3867 | SEXTA-FEIRA, 30 DE SETEMBRO DE 2011 WWW.JTM.COM.MO AO SERVIÇO DE MACAU DESDE 1982 Tribuna de Macau Jornal 10 PATACAS INQUÉRITO AVALIOU DESEMPENHO DOS ELEITOS POR SUFRÁGIO DIRECTO População com menos confiança PÁG 3 Lançado com êxito o “Tiangong-1” PÁG 11 NA ANTEVÉSPERA DO DIA NACIONAL DA RPC Está prevista a manifestação de cinco associações no sábado, feriado, Dia Nacional da RPC, a partir de três locais, segundo informação do Instituto para Assuntos Cívicos e Municipais. A PSP alterou o percurso de algumas das manifestações. As três manifestações partem do Jardim do Mercado de Iao Hon, do Jardim Comendador Ho Yin e do Jardim Triangular (Areia Preta). Por se esperar uma forte afluência de turistas a Macau, a PSP anunciou também que, nesse dia, vai proceder ao reforço dos elementos policiais nas ruas. Deste modo, as férias de todos os polícias foram suspensas, procedeu-se à transferência de elementos do sector administrativo para o reforço em serviços migratórios da “linha-da- frente” e ao reforço de ligações e contactos com as entidades congéneres, como as de Zhuhai. Na rua vão andar não só polícias fardados, como agentes à civil, para patrulhamento das várias áreas turísticas. Para manter a ordem na circulação rodoviária, vai ser também reforçado o número de agentes de trânsito para a sinalização e controlo nas vias públicas mais movimentadas da cidade. As autoridades apelam ao uso dos transportes públicos, durante o Dia e à noite, quando termina o 23º Concurso Internacional de Fogo de Artifício com as apresentações da França e da República Popular da China. Cinco grupos manifestam-se amanhã ESCOLA HOU KONG É A INSTITUIÇÃO COM MAIS ALUNOS NA RAEM Escola virada para a “Mãe-Pátria” CENTRAIS Tufão afectou distribuição do JTM Na manhã de ontem, e como consequência do içar do sinal número 8 foi muito afectada a distribuição pelas residências dos assinantes do Jornal Tribuna de Macau. Embora alheios ao problema, de todo inesperado, pedimos desculpa aos nossos fiéis leitores. O problema, em princípio estará resolvido hoje, embora esta edição do JTM também sofra algumas limitações. Parlamento alemão aprovou novas regras do fundo europeu de resgate A câmara baixa do Parlamento alemão, o Bundestag, aprovou ontem, por larga maioria, o aumento da capacidade de acção do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), o principal pilar do sistema de resgates em vigor. Dos seus 620 deputados, 523 votaram favoravelmente a adopção de novas regras, que inclui a controversa possibilidade de compra de títulos de dívida dos estados do euro nos mercados secundários, o que criou divisões entre a classe dirigente alemã, gerando receios sobre o compromisso do país com futuras ajudas aos seus parceiros na moeda europeia. Houve 85 votos contra e três abstenções. A Alemanha é assim o 11º país do euro a aprovar o alargamento das competências do FEEF, para o qual é o maior contribuinte.

JTM 30-09-2011

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Jornal Tribuna de Macau

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Director José rocha Dinis | Director eDitorial executivo sérgio Terra | Nº 3867 | Sexta-feira, 30 De Setembro De 2011

www.jtm.com.moao serviço De macau DesDe 1982

Tribuna de Macau Jornal

澳門論壇日報 10 PaTacas

INQUÉRIto AVALIoU DESEmPENHo DoS ELEItoS PoR SUFRÁGIo DIREcto

População com menos confiança Pág 3

Lançado com êxitoo “Tiangong-1”

Pág 11

NA ANtEVÉSPERA Do DIA NAcIoNAL DA RPc

Está prevista a manifestação de cinco associações no sábado, feriado, Dia Nacional da RPC, a partir de três locais, segundo informação do Instituto para Assuntos Cívicos e Municipais. A PSP alterou o percurso de algumas das manifestações. As três manifestações partem do Jardim do Mercado de Iao Hon, do Jardim Comendador Ho Yin e do Jardim Triangular (Areia Preta). Por se esperar uma forte afluência de turistas a Macau, a PSP anunciou também que, nesse dia, vai proceder ao reforço dos elementos policiais nas ruas. Deste modo, as férias de todos os polícias foram suspensas, procedeu-se à transferência de elementos do sector administrativo para o

reforço em serviços migratórios da “linha-da-frente” e ao reforço de ligações e contactos com as entidades congéneres, como as de Zhuhai. Na rua vão andar não só polícias fardados, como agentes à civil, para patrulhamento das várias áreas turísticas. Para manter a ordem na circulação rodoviária, vai ser também reforçado o número de agentes de trânsito para a sinalização e controlo nas vias públicas mais movimentadas da cidade. As autoridades apelam ao uso dos transportes públicos, durante o Dia e à noite, quando termina o 23º Concurso Internacional de Fogo de Artifício com as apresentações da França e da República Popular da China.

Cinco grupos manifestam-se amanhã

EScoLA HoU KoNG É A INStItUIÇÃo com mAIS ALUNoS NA RAEm

Escola virada para a “Mãe-Pátria”centrais

Tufão afectou distribuição do JTMNa manhã de ontem, e como consequência do içar do sinal número 8 foi muito afectada a distribuição pelas residências dos assinantes do Jornal tribuna de macau. embora alheios ao problema, de todo inesperado, pedimos desculpa aos nossos fiéis leitores. o problema, em princípio estará resolvido hoje, embora esta edição do Jtm também sofra algumas limitações.

Parlamento alemão aprovou novasregras do fundo europeu de resgatea câmara baixa do Parlamento alemão, o bundestag, aprovou ontem, por larga maioria, o aumento da capacidade de acção do fundo europeu de estabilidade financeira (feef), o principal pilar do sistema de resgates em vigor. Dos seus 620 deputados, 523 votaram favoravelmente a adopção de novas regras, que inclui a controversa possibilidade de compra de títulos de dívida dos estados do euro nos mercados secundários, o que criou divisões entre a classe dirigente alemã, gerando receios sobre o compromisso do país com futuras ajudas aos seus parceiros na moeda europeia. Houve 85 votos contra e três abstenções. a alemanha é assim o 11º país do euro a aprovar o alargamento das competências do feef, para o qual é o maior contribuinte.

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Pág 02 SEXTA-fEirA, 30 dE SETEmbro dE 2011 JornaL Tribuna dE MaCau

Propriedade: Tribuna de Macau, Empresa Jor na lística e Editorial, S.A.R.L. • Administração: José Rocha Dinis • Director: José Rocha Dinis Director Editorial Executivo: Sérgio Terra • Grande Repórter: Raquel Carvalho • Redacção: Fátima Almeida, Paulo Barbosa e Viviana Chan • Editor Multimédia: Pedro André Santos • Colaboradores: José Luís Sales Marques, Miguel Senna Fernandes, Rogério P. D. Luz (S. Paulo) e Rui Rey • Colunistas: Albano Martins, António Aresta, António Ribeiro Martins, Daniel Carlier, Henrique Manhão, João Guedes, Jorge Rangel, Jorge Silva, José Simões Morais, Luis Machado e Luíz de Oliveira Dias • Grafismo: Suzana Tôrres • Serviços Administrativos e Publicidade: Joana Chói ([email protected] e [email protected]) • Agências: Serviços Noticiosos da Lusa e Xinhua Impressão: Tipografia Welfare, Ltd • Administração, Direcção e Redacção: Calçada do Tronco Velho, Edifício Dr. Caetano Soares, Nos4, 4A, 4B - Macau • Caixa Postal (P.O. Box): 3003 • Telefone: (853) 28378057 • Fax: (853) 28337305 • Email: [email protected] (serviço geral)

JornaL Tribuna dE MaCau

localANDY HUI DÁ CONCERTO NO COTAI. o cantor pop de Hong Kong, andy Hui chi-on, vai dar um concerto na arena do venetian, no cotai, a 29 de outubro. aos 44 anos é um dos mais bem sucedidos cantores chineses da actualidade, tendo vários êxitos tanto em cantonês, como em mandarim.

AULAS DE KRAV MAGA NO OCEAN CLUB. macau já tem disponível um novo centro de artes marciais. as aulas de Krav maga, uma conhecida arte marcial israelita, começam esta terça-feira, 4, no ocean club, na taipa. foram trazidas para a cidade por um grupo chamado “Krav maga macau”.

ViViana Chan*

SINAL t8 EStEVE IÇADo DURANtE 12 HoRAS Do DIA DE oNtEm

Desvio de tufão paralisou Macau

“Nesat” provoca 35 mortes nas FilipinasPelo menos 35 pessoas morreram e cerca de 40 continuam desaparecidas nas filipinas, devido à passagem do tufão “Nesat”, que afectou cerca de meio milhão de pessoas no norte do arquipélago, segundo fontes oficiais. De acordo com a lusa, mais de metade dos mortos – 19 pessoas – são menores, vítimas de quedas de árvores, electrocussão, deslizamentos de terras e afogamento. as últimas mortes registadas pelo centro Nacional de Prevenção de Desastres incluíam um menino de dois anos nos subúrbios de manila e dois homens de 45 e 72 anos residentes nas províncias vizinhas. os três foram vítimas de afogamento. as equipas de salvamento, que já resgataram 115 pessoas com vida, continuavam ontem as buscas dos desaparecidos, incluindo 12 pescadores na província oriental de camarines Norte.

Os serviços de meteorologia não previam que o “Nesat” se desviasse entre 100 e 200 quilómetros para norte, o que acabou por agravar o estado do tempo. Registou-se forte precipitação e rajadas de vento acima dos 100 quilómetros por hora. Uma nova tempestade tropical está em formação a leste das Filipinas e pode chegar ao mar do sul da China a 2 ou 3 de Outubro

Um desvio na rota prevista do tufão “Nesat”, entre 100 a 200 quilómetros para norte, duran-

te a madrugada de quinta-feira, foi o responsável pela mudança do estado do tempo em Macau, explicou ao JTM o sub-director dos Serviços Meteoro-lógicos, António Viseu. Registaram-se seis feridos ligeiros e inundações na zona do Porto Interior. Durante a ma-drugada e tarde, houve forte precipita-ção e rajadas de vento, a mais forte das quais, a 117 quilómetros por hora, foi registada cerca das 11h00 na Ponte da Amizade.

Mas para os meteorologistas há outra preocupação no horizonte. A les-te das Filipinas está a formar-se uma nova tempestade tropical, denominada “Nalgae”, que de acordo com os dados ontem disponíveis, estava um grau abaixo de ser considerada tufão. “As previsões apontam para que esse ciclo-ne tropical severo entre no mar do sul da China talvez a 2 ou 3 de Outubro. Pode atingir as Filipinas bem como passar perto de Macau”, alertou José Viseu.

Anteontem, estava previsto que o tufão “Nesat” passasse a uma distância entre 300 e 400 quilómetros a sudoeste de Macau, o que levaria a que se içasse, no máximo, o sinal T3. Mas a mudança de trajectória obrigou a que se levan-tasse o sinal T8, pelas 06h00.

Até às 18h30, hora a que o sinal foi baixado para T3, a passagem do tufão “Naset” pela RAEM provocou 121 inci-dentes, segundo os serviços de Protec-

ção Civil. As ocorrências registaram-se essencialmente na via pública e incluem acidentes de viação, inundações, queda de árvores, andaimes e de painéis pu-blicitários, num total de 82 ocorrências. Até essa hora registaram-se ainda seis feridos ligeiros, sendo que a emergên-cia médica tinha sido requisitada 13 ve-zes. Dez pessoas pediram ainda abrigo no Centro de Acolhimento e outras 18

ficaram retidas no terminal de ferries do Porto Exterior. Na zona do Porto Interior, foram registadas inundações com cerca de meio metro acima do pa-vimento.

Só a partir das 18h30 é que as liga-ções viárias nas três pontes que ligam a península à Taipa, e na ponte Flor de Lótus, foram retomadas. Durante todo o dia, a maior parte dos restaurantes, supermercados, serviços públicos e transportes públicos não funcionaram.

De igual modo estiveram cortadas as ligações aéreas de e para o Aero-porto Internacional de Macau. Foram, pelo menos, 40 os voos adiados e 30 os cancelados. A meio da tarde, segundo informações avançadas pela Rádio Ma-cau, havia 40 voos adiados e 30 cance-lados, metade dos quais tinha como lo-cal de partida o aeroporto local, o que fazia com que fossem muitos os passa-geiros que aguardavam a melhoria do estado do tempo.

As ligações marítimas entre Macau

e Hong Kong também foram cortadas a partir das 04h40 tendo sido retomadas apenas às 18h30.

Às 18h30, o tufão estava a cerca de 400 quilómetros sudoeste de Macau, afastando-se a cerca de 20 quilómetros por hora, em direcção ao norte da ilha de Ainão, segundo informações de José Viseu. Para hoje, a previsão é que já não esteja içado qualquer sinal. O Centro de Operações de Protecção Civil (COPC) foi encerrado às 18H30 de ontem.CONSULTAS EXTERNAS ADIADAS. Ao nível dos serviços de saúde, o Cen-tro Hospitalar Conde de São Januário manteve o funcionamento normal, mas os serviços de consulta externa foram suspensos, segundo informação do hospital. Os utentes vão ser agora in-formados individualmente da nova data da consulta nos próximos quatro dias úteis. No Serviço de Imagiologia, os profissionais de saúde vão contac-tar por telefone os utentes afectados. Já na sala de hemodiálise vai ser feita nova programação. Relativamente aos utentes da área de patologia clínica que foram impedidos pela intempérie de se apresentarem na sala de colheitas, po-dem apresentar-se novamente no sá-bado. Segundo a mesma nota, os cinco Centros de Saúde de Fai Chi Kei, de S. Lourenço, de Tap Seac, das Ilhas e da Areia Preta proporcionaram, durante o dia de ontem, serviços de emergência enquanto os restantes Centros de Saú-de suspenderam o funcionamento.

Quem ficou a perder com a passa-gem do tufão foram os comerciantes. A maior parte não abriu as lojas, quer pela falta de clientes – como exemplo, de tarde, não se via quase ninguém na Praça do Senado, um dos principais pontos turísticos da cidade – quer pela falta de empregados. Alguns consegui-ram, porém, contrariar a tendência. No restaurante Cheong Seng Choi Kun, na rua Dr. Soares, o gerente, Yeo, temia que o sinal T8 só fosse baixado a partir das 18h00. “Os empregados vão voltar se o sinal baixar às 15h00, mas se for às 18h00 o negócio de hoje vai ser muito difícil”, lamentou ao JTM. Yeo questio-nava-se ainda sobre o que riria fazer com os produtos alimentares encomen-dados caso os jantares agendados fosse cancelados. “Agora só dá para jogar, tenho que apostar!”.

A Iao Pei Quinquilharia, no cen-tro da cidade, também esteve aberta no dia da passagem do “Nesat”. O patrão, Chan, confirmou que nenhum empregado foi trabalhar. Mas para mi-nimizar os prejuízos, levou a mulher e a empregada doméstica para ajudar na loja. “Não tenho medo de sair de casa com mau tempo, mas tive mais cuidado quando vim para aqui de mo-tociclo. Confirmei que o tempo estava calmo. E duvido que isto seja tempo para manter o sinal 8 içado”, criticou ao JTM.

* com H.A.

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local“As pessoas estão muito afastadas da esfera política e algumas não estão interessadas. 22 por cento afirma desconhecer os trabalhos realizados pela AL. Há um grande problema: a educação sobre política é muito má” - idem

“Quando estamos a falar em popularidade, normalmente Ng Kuok Cheong assume um dos primeiros lugares, porque é de uma ala associada à democracia e fala para mais pessoas. Os outros deputados não são tão activos e próximos da população” - Larry So

FÁTiMa aLMEiDa*

INQUÉRIto AVALIoU DESEmPENHo DoS ELEItoS PoR SUFRÁGIo DIREcto

População com menos confiançaAos olhos da população o desempenho de todos os deputados eleitos por via directa piorou. Os resultados do inquérito levado a cabo pela Associação Nova Visão reflectem uma quebra de confiança naqueles deputados, sobretudo numa altura em que não houve um pulso firme para pressionar o Governo para combater a inflação, observa Larry So ao JTM. Contudo, Kwan Tsui Hang e Ng Kuok Cheong continuam a ser os mais populares. A população também sai fragilizada deste inquérito

O pódio continua a pertencer a Ng Kuok Che-ong, Kwan Tsui Hang e Au Kam San, mas a população este ano deu uma nota mais baixa

a todos os deputados eleitos por via directa. Segundo uma sondagem realizada pela Associação Nova Vi-são, e disponibilizada ao JTM, as pontuações atribuí-das ao trabalho dos deputados escolhidos por sufrá-gio universal, no geral, caíram entre os 0.3 por cento e os 3.5 por cento, com Angela Leong a ocupar a última posição da tabela.

Os resultados espelham uma quebra na confian-ça que a população depositou nas urnas, observou ao JTM Larry So, analista político e sociólogo. “Com a subida da inflação, um problema que afecta muito a sua vida, as pessoas consideram que os deputados não pressionaram o Governo de forma eficaz”, refe-riu o também professor de Administração Pública no Instituto Politécnico de Macau, acrescentando que apesar de terem sido lançadas algumas medidas, o facto é que a população continua a ver o índice de preços no consumidor cada vez mais alto.

Embora assumindo que as classificações atribuí-das aos deputados não são muito baixas, o certo é que a “satisfação diminuiu”, reiterou, considerando que se esta tendência se mantiver, nas próximas eleições o Hemiciclo poderá ter algumas caras novas eleitas

Desempenho dos eleitos por via directa piorou

os mais populares

directamente pela população.Para explicar esta descida, o académico referiu

que poderá ter havido uma frustração das expectati-vas criadas em torno do papel dos deputados. “A po-pulação acha que o papel dos deputados é o de pres-sionar o Governo para que se resolvam os problemas do quotidiano”, observou ainda Lary So.

Este factor poderá também explicar o porquê de encontrarmos novamente os nomes de Kwan Tsui Hang e Ng Kuok Cheong no topo da lista dos mais populares, com 85.44% e 84.49% respectivamente, diz o académico já que são deputados que falam mais so-bre questões que afectam o dia a dia das pessoas.

Os números mostram, que, se por um lado, a avaliação do seu trabalho foi menor este ano, o grau de popularidade acabou por crescer ainda que não mais de um por cento.

O facto de Kwan Tsui Hang e Ng Kuok Cheong es-tarem no topo da lista não surpreende, já que são as vo-zes mais activas no ciclo de vida da população. “Quan-do estamos a falar em popularidade, normalmente Ng

Kuok Cheong assume um dos primeiros lugares, por-que é de uma ala associada à democracia e fala para mais pessoas. Os outros deputados não são tão activos e próximos da população”, ilustrou Larry So.

Também Chan Wai Chi chegou aos olhos de mais 10 por cento da população, mas não foi o suficiente para sair do último lugar da tabela. Apesar de ter o pior desempenho dos 12 deputados eleitos por via di-recta, Angela Leong cabe no pódio dos mais conheci-dos pela população (81.38%). Já Au Kam San ficou-se por um quarto lugar, seguido de Pereira Coutinho. 22% NÃO CONHECE TRABALHO DA AL. Mas a população também não sai bem nesta fotografia, se considerarmos que mais de 22 por cento diz não saber tecer comentários aos trabalhos realizados pela As-sembleia Legislativa, os quais não registaram melho-rias para cerca de 43 por cento dos 838 inquiridos.

Larry So mostra “insatisfação” com este dado, já que reflecte a falta de qualidade na educação política. “As pessoas estão muito afastadas da esfera política e algumas não estão interessadas. 22 por cento afirma desconhecer os trabalhos realizados pela AL. Há um grande problema: a educação sobre política é muito má”, analisa o académico, sublinhando que a instru-ção política deveria ser uma ferramenta com maior alcance.

Já dos que teceram comentários ao desempenho da Assembleia Legislativa, cerca 43 por cento consi-deraram ter havido uma melhoria nos serviços pres-tados. Contudo, há ainda 23.87 por cento que se mos-traram menos optimistas e apenas dizem que houve algumas melhorias. Para 7.87 por cento, os trabalhos desempenhados pioraram.

Já centrando as atenções novamente nos traba-lhos dos deputados, mas no geral, a maioria dos in-quiridos (56.32%) diz que são medianos. Os satisfei-tos não chegam aos 21 por cento e os que atribuíram um não satisfaz representam mais de 12 por cento.

A Associação Nova Visão acredita que o inquéri-to poderá ser um ponto de partida para que os depu-tados repensem o seu modelo de comunicação com a população. Os 838 inquéritos válidos foram realiza-dos durante a semana passada via telefone.

* com Viviana Chan

1º Kwan tsui Hang 85.44% 2º Ng Kuok cheong 84.49% 3º angela leong 81.38%

1º Ng Kuok cheong 2º Kwan tsui Hang 3º au Kam San (...) 12º angela leong

2011

2010

2011

2010

2011

2010

2011

2010

68.68%

72.2%

66.66%

69.8%

53.81%

56.3%

70.30%

73.6%

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2ª Vez “JTM” - 30 de Setembro de 2011

ANÚNCIO

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUízO CívEL

Proc. Liquidação do Activo n.º Cv1-05-0001-CFI-C 1.º Juízo CívelRequerente: Administrador da Falência que o Bank of China Limited, com sede em Pequim e sucursal na Av. Dr. Mário Soares, nº. 323, Macau, intentou contra o Agência Comercial Peking Macau, Limitada.

FAZ-SE SABER, que no dia 25 de Outubro de 2011, pelas 11:00, no local de arrematação deste Tribunal nas instalações do Ministério Público, sito no 15° andar da Macau Square e no processo acima indicado, se procederá à venda por meio de propostas em carta fechada, dos seguintes bens apreendidos:

MÓvEIS

verba nº 1Quota que a falida detém na sociedade denominada Indústrias Alimentares

Keng Fat, Limitada, em chinês romanizado Keng Fat Iao Han Cong Si e, em inglês Keng Fat Company, Limited, registada na CRCBM sob o nº 3425 (SO) - por MOP$391.400,00. valor base de venda: MOP$391.400,00 (trezentas e noventa e uma mil, quatrocentas patacas).

verba nº 2Quota que a falida detém na sociedade Agência Comercial Jing Yang

Limitada, em chinês romanizado Jing Yang Iao Han Cong Si e, em inglês Jing Yang Company Limited registada na CRCBM sob o nº 4127 (SO) - por MOP$1.442.000,00. valor base de venda: MOP$1.442.000,00 (um milhão, quatrocentas e quarenta e duas mil. patacas).

verba nº3Quota que a falida detém na sociedade Companhia de Fomento Predial

Keng Ou Building, Limitada, em chinês romanizado Keng Ou Tai Ha Iao Han Cong Si e, em inglês Beijing Macau Building Limited, registada na CRCBM sob o nº SO - 5387 (SO) por MOP$17.500,00, correspondente a 70% do seu valor nominal. valor base de venda: MOP$17.500,00 (dezassete mil, quinhentas patacas).

verba nº 4Quota que a falida detém na sociedade Jing Qing - Fomento Predial,

Comercial e Industrial, Importação e Exportação, Limitada, em çhinês romanizado Jing Qing Fa zhan You Xian Gong Si e, em inglês Jing Qing Company Limited, registada na CRCBM sob o nº 12680 (SO) - por MOP$ 70.000,00, correspondente a 70% do seu valor nominal. valor base de venda: MOP$70.000,00 (setenta mil patacas).

verba nº 5Cinquenta e uma cadeira giratórias, com assento revestido a tecido de cor

vermelha - por MOP$1.050,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$l.050,00 (mil, cinquenta patacas).

verba nº 6Dez mesas secretária, com cerca de 1,5m de comprimento por 1m de largura,

em madeira de cor castanho escuro - por MOP$490,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$490,00 (quatrocentas e noventa patacas).

verba nº 7Duas cadeiras giratórias, pequenas, sendo uma em cabedal preto e outra com

assento revestido em tecido cinzento - por MOP$35,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$35,00 (trinta e cinco patacas).

verba nº 8Um terno de sofás, em cabedal de cor castanha, sendo três individuais e um

de três lugares - por MOP$350,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$350,00 (trezentas e cinquenta patacas).

verba nº 9Três mesas secretárias, em madeira de cor castanha com cerca de 2m de

comprimento por 1m de largura - por MOP$630,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$630,00 (seiscentas e trinta patacas).

verba n° 10Dezasseis relógios de parede, de diversos modelos e com aspecto antigo - por

MOP$1.400,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$1.400,00 (mil, quatrocentas patacas).

verba nº 11Três armários em madeira de cor castanha, com duas portas de correr cada

um, com cerca de 1,5m de comprimento por 0,5m de largura - por MOP$420,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$420,00 (quatrocentas e vinte patacas).

verba nº 12Duas máquinas fotocopiadoras, marca Xerox, modelo 1025 e 5014 - por

MOP$210,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$210,00 (duzentas e dez patacas).

verba nº 13Um aparelho de fax, marca Panasonic KX-F1050- por MOP$350,00, corre-

spondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$350,00 (trezentas e cinquenta patacas).

verba nº 14Vinte e três aparelhos de telefone, marca Nitsuka - por MOP$700,00, corre-

spondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$700,00 (setecentas patacas).

verba nº 15Um armário metálico, tipo arquivador, com 4 gavetas - por MOP$70.00,

correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$70,00 (setenta patacas).

verba nº 16Três armários em metal, com 4 prateleiras cada - por MOP$70,00,

correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$70,00 (setenta patacas).

verba nº 17 Duas mesas secretárias, em metal de cor beje com cerca de 2m de

comprimento por 1m de largura - por MOP$350,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$350,00 (trezentas e cinquenta patacas).

verba nº 18Sete cadeiras em cabedal preto, giratórias - por MOP$2l0,00, correspondente

a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$2l0,00 (duzentas e dez patacas).

verba nº 19Um computador, marca Lenovo, com monitor LCD - por MOP$700,00,

correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$700,00 (setecentas patacas).

verba nº 20Duas impressoras marca HP Deskjet l180C - por MOP$420,00,

correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$420,00 (quatrocentas e vinte patacas).

verba nº 21Uma secretária em metal, com cerca de 1,5m de comprimento por cerca de

0,5m de largura - por MOP$35.00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$35,00 (trinta e cinco patacas).

verba nº 22Um sofá com 3 lugares, em cabedal de cor castanha - por MOP$105,00,

correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$105,00 (cento e cinco patacas).

verba nº 23Um computador, marca Legend Pentium 4, com monitor LCD - por

MOP$350,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$350,00 (trezentas e cinquenta patacas).

verba nº 24Urna impressora marca Epson LQ 1300KIII - por MOP$35,00,

correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$35,00 (trinta e cinco patacas).

verba nº 25Um sofá com 2 lugares, em cabedal de cor beje - por MOP$70,00,

correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$70,00 (setenta patacas).

verba nº 26Três mesas secretárias em madeira, de cor castanha, com cerca de 2m de

comprimento por cerca de 1,20m de largura - por MOP$420,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$420,00 (quatrocentas e vinte patacas).

verba nº 27Dois aparelhos tipo Water Dispenser, marca Spring - por MOP$140,00,

correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$140,00 (cento e quarenta patacas).

verba nº 28 Um micro-ondas marca Galanz - por MOP$21,00, correspondente a 70% do

valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$21,00 (vinte e uma patacas).

verba nº 29Dois sofás de três lugares, dois sofás de dois lugares e dois sofás individuais,

em cabedal de cor castanha - por MOP$350,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$350,00 (trezentas e cinquenta patacas).

verba nº 30Uma mesa pequena, em madeira de cor castanha, com 4 gavetas - por

MOP$35,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$35,00 (trinta e cinco patacas).

verba nº 31Dois computadores, sendo um de marca Pakard Bell e outro marca Intel

Inside AST Bravo LC 4/33, com morutor LCD - por MOP$210,00, correspondente a 70% do valor constant~ do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$210,00 (duzentas e dez patacas).

verba nº 32Um pequeno armário em madeira, tipo arquivador, com 6 prateleiras - por

MOP$35,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$35,00 (trinta e cinco patacas).

verba nº 33Um armário em madeira de cor castanha, com cerca de 2m de

comprimento por 60cm de altura, com 3 portas de correr - por MOP$70,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens.valor base de venda: MOP$70,00 (setenta patacas).

verba nº 34Duas mesas tipo secretária, em madeira de cor castanha, com cerca de

2,5m de comprimento por cerca de 1,30m de largura -por MOP$350,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens.valor base de venda: MOP$350,00 (trezentas e cinquenta patacas).

verba nº 35Uma mesa, em madeira com tampo em mármore de cor branco, com

cerca de 2,5m de comprimento por 1m de largura - por MOP$350,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens.valor base de venda: MOP$350,00 (trezentas e cinquenta patacas).

verba nº 36Um computador, sem marca visivel, com monitor LCD marca

Philips - por MOP$210,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens.valor base de venda: MOP$210,00 (duzentas e dez patacas).

verba n° 37Uma impressora marca HP Deskjet 920C - por MOP$210,00,

correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens.valor base de venda: MOP$210,00 (duzentas e dez patacas).

verba nº 38Dezassete cadeiras em madeira, com assento em cabedal de cor

castanha - por MOP$1.050,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$1.050,00 (mil, cinquenta patacas).

verba nº 39Dois temos de sofás em cabedal de cor amarela, em bom estado de

conservação - por MOP$1.400,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$1.400,00 (mil, quatrocentas patacas).

verba nº 40Dois sofás em tecido de cor vermelha, com cerca de 1,70m de

comprimento - por MOP$210,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$210,00 (duzentas e dez patacas).

verba nº 41Uma mesa circular, em madeira, com cerca de 1,5m de diâmetro - por

MOP$210,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$210,00 (duzentas e dez patacas).

verba nº 42Duas pequenas mesas em madeira, tipo centro de sala, com cerca de 1m de

comprimento por 0,5m de largura - por MOP$140,00, correspondente a 70% do valor constante do auto de apreensão de bens. valor base de venda: MOP$140,00 (cento e quarenta patacas).

São convidados todos os interessados na compra dos bens supra descritos a entregar na Secretaria deste Tribunal, as suas propostas, até ao dia 24 de Outubro de 2011, pelas 17:45 horas, e o preço das propostas devem ser superior ao valor acima indicado devendo o envelope da proposta, conter, a indicação de “PROPOSTA EM CARTA FECHADA” bem como o “NÚMERO DO PROCESSO - LIQUIDAÇÃO DO ACTIvO Nº. CvI-05-0001-CFI-C”.

No dia da abertura das propostas, podendo os proponentes assistir ao acto.É fiél depositário o Sr. ADMINISTRADOR, Choi Wing Ming, com domicílio profissional em Macau, na Avenida Dr. Mário Soares, nº. 323, Edifício do Banco da

China, que está obrigado, durante o prazo dos editais e anúncio, a mostrar o bem a quem pretenda examiná-lo, podendo fixar as horas em que, durante o dia, facultará a inspecção.

Aos 01 de Setembro de 2011.

O Procurador, António Vidigal

O Escrivão Judicial Auxiliar,Ho Lap Chi

localMANUEL VICENTE EM COIMBRA. uma mostra retrospectiva da obra de arquitectura de manuel vicente, desde 1961, foi inaugurada na universidade de coimbra. a exposição liga o arquitecto a macau.

ÚLtImA INStÂNcIA REjEItA REcURSo

o que são “motivos de força maior”?O que são “motivos de força maior”? O conceito jurídico foi invocado num recurso para o TUI, que não considera que as razões de saúde apresentadas pelo requerente sejam suficientes para justificar o atraso no pedido de renovação de residência

PaULO BaRBOSa

O Tribunal de Última Instância (TUI) rejeitou um recurso de um residente não permanente,

que diz não ter podido renovar o seu título de residência por estar doente. O indivíduo invocava “motivos de força maior” para pedir a anulação de um despacho do Secretário para a Econo-mia e Finanças. Num acórdão divul-gado na quarta-feira, o TUI nega tal pretensão.

O recorrente, um empresário cuja identidade é ocultada no acórdão, ale-gava que uma ruptura no menisco, de-vido à qual esteve internado entre 12 e 30 de Março de 2009, o impediu de deslocar-se ao Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Ma-cau (IPIM) para efectuar o pedido de renovação da autorização de residên-cia. No recurso, é referido que vários atestados médicos comprovam o moti-vo de força maior, um conceito jurídico que se aplica a “todo o acontecimento natural ou acção humana que, embo-ra previsível ou até prevenido, não se pode evitar, nem em si mesmo nem nas suas consequências”.

Com autorização válida para resi-dência temporária em Macau até 24 de Abril de 2009, o indivíduo podia ainda ter apresentado o pedido de renova-ção nos seis meses posteriores, ficando apenas sujeito a uma multa. Mas não o fez, e apenas em 1 de Abril do ano passado apresentou um requerimento junto do IPIM, invocando o já referido motivo de força maior e anexando três

atestados médicos. O IPIM indeferiu o requerimento,

alegando que os documentos apresen-tados “não apontaram a gravidade de doença” e demostram que o período de descanso proposto pelos médicos foi até ao dia 30 de Junho de 2009. Ou seja, ainda a tempo de pedir a renova-ção, mediante pagamento de multa. Posteriormente, o director-adjunto do Gabinete Jurídico e de Fixação de Resi-dência e o Secretário para a Economia e Finanças concordaram com o parecer do IPIM.

O indivíduo interpôs recurso con-tencioso desta decisão de Francis Tam e o Tribunal de Segunda Instância (TSI), em 31 de Março de 2010, viria a adu-zir mais argumentos que contrariam a sua pretensão: “Ora, como se haverá de aceitar que o recorrente se tenha po-dido deslocar a Hong Kong para uma consulta em Julho de 2009, logo, dentro do tal período de seis meses, e não te-nha podido fazer o mesmo em Macau para apresentação de um simples re-querimento?” – questionava o acórdão do TSI.

Inconformado com estes argumen-tos, o requerente voltou a recorrer para o TUI, que agora divulga um acórdão onde frisa que a razão só lhe assistiria se conseguisse provar que se verificou um motivo de força maior para não pe-dir a renovação dentro do prazo de 180 dias a contar do fim do prazo de vali-dade de autorização de residência (até 21 de Outubro de 2009).

Numa decisão em que o relator foi o juiz Viriato Pinheiro de Lima, é referi-do que “mesmo no período de doença comprovado (até 30 de Junho de 2009) só com muito boa vontade se poderia dizer ter o recorrente motivo de força maior para não pedir a sua renova-ção de residência”. É que – continua o acórdão “sendo a sua doença num dos joelhos, nada impedia que tivesse feito chegar a Macau, pelo correio, o pedido de renovação de residência ou tivesse mandatado alguém para o fazer”.

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JornaL Tribuna dE MaCau SEXTA-fEirA, 30 dE SETEmbro dE 2011 Pág 05

localAMAX DESCONHECE RAZÕES PARA AUMENTO DO PREÇO DE ACÇÕES. a amax Holdings, uma empresa ligada à promoção do jogo em macau, participou à bolsa de Hong Kong, anteontem, que notou “um movimento de preços das [suas] acções pouco comum”. os responsáveis da empresa fizeram saber que notaram um aumento do preço e das trocas das acções, cujas razões desconhecem.

PEDIDO HORÁRIO ALARGADO PARA PISCINAS. a associação Geral dos operários de macau quer que o Governo prolongue o horário das piscinas públicas em macau. Sou lei lei, secretária da associação, sugeriu mesmo que algumas piscinas pudessem funcionar 24 horas por dias.

VOX POPULi

EUGéNIA REIGADAS (visitante de Macau)

-O que acha de Macau?-Acho fantástico. É um fervilhar de gen-

te nova, bem disposta. Já venho cá há muitos anos.

-É um território onde vale a pena estar nes-te momento?

-Sim. O meu filho é advogado aqui e em Portugal estava a ter dificuldades. Neste mo-mento ele dá emprego a muita gente e está mui-to contente. As leis vão sempre mudando, um bocadinho para o lado chinês. Mas tem de se ir acompanhando.

-Tem-se falado bastante sobre o facto do novo director da Faculdade de Direito da UMAC não ter conhecimento da matriz jurí-dica portuguesa...

-Acho mal se vier uma pessoa desconhece-dora dos hábitos e das leis impostas. Em Macau haverá pessoas com formação suficiente para desempenhar esse cargo. Porque os portugueses não se vêem muito, mas há grandes grupos que também ajudam a desenvolver a RAEM. Não acho muito bem se de repente começarem a mu-dar completamente. O problema vem de trás, os portugueses nunca se impuseram muito.

-Antes da passagem de soberania verifica-va-se essa questão?

-Penso que sim. Os portugueses viveram sempre isolados e estiveram durante uns tempos para ir embora...Não sei o que se passou, mas não há raízes portuguesas. Aqui os portugueses passam despercebidos. É uma pena, porque ain-da fazem muito.

-Em que sentido?-Os portugueses que temos aqui têm bas-

tante formação e têm uma visão do mundo. E acho que uma região como esta precisa de pes-soas instruídas.

-E quais são os lugares que mais gosta?-Gosto de tudo. Parece que nunca vim a Ma-

cau que isto não estivesse em festa. Há museus. Os casinos... quem quer ir vai e diverte-se, não tenho nada contra. Mas acho que numa região destas não fica mal, dá uma certa luz a isto, seria tudo muito cinzento.

a.S.S.

“Há grupos de

portugueses que ajudam

a desenvolver Macau”

cANAL mAcAU com NoVA GRELHA A PARtIR DE SÁBADo

aposta na produção localA reorganização dos horários de emissão para destacar a produção local é a principal novidade da nova grelha de programação do Canal Macau a iniciar-se já a partir de Sábado

Em encontro com os “media” locais, ontem realizado nos estúdios da estação e que

foi prejudicado pela passagem do tufão “Nesat”, foi divulgado que todos os dias a seguir ao Telejornal das 20 e 30, de domingo a sexta-feira, vai para o ar um programa de produção local. O Telejornal da RTP passa diariamente a ser trans-mitido em horário mais tardio.

Entre esses programas locais, destaca-se, no campo da Informa-ção, ao Domingo um painel de comentadores a marcar presença

no Contraponto. À segunda será transmitido o “TDM Desporto”, e entre terça e sexta-feira passam uma série de programas sobre a Liga dos Campeões e a Liga Euro-pa, com a previsão e resumo das jornadas. Terça-feira é dia de entre-vista e na quarta-feira vai para o ar o programa sobre cultura “Montra do Lilau”. O “TDM Talk Show” passa à quinta-feira e o “Ásia Glo-bal” à sexta-feira.

O telejornal mantém-se às 20h30, com opinião, às segundas, do director do JTM, José Rocha Dinis.

Vai também haver novidades na imagem do canal, nomeada-mente uma alteração do aspecto gráfico, dos cenários e dos gené-ricos. A mudança vai estar pronta brevemente, segundo o coordena-dor do canal, João Francisco Pinto.

No entretenimento destaca-se a transmissão das séries “Irmãos e irmãs” e “Castle”.

De destacar que ontem, e por causa do tufão, o Canal Macau este-ve no ar durante mais de 12 horas, com informações em directo sobre o evoluir da tempestade.

DEBAtES VÃo SER oRGANIZADoS NoS PRÓXImoS DoIS mESES

Plano ambiental em consulta públicaO plano básico das linhas gerais para a protecção ambiental de Macau nos próximos dez anos encontra-se em fase de consulta pública. A DSPA está a organizar sessões de debate e apela à participação dos cidadãos ao longo dos próximos dois meses

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) está a realizar uma

série de actividades no âmbito da fase de consulta pública sobre o “Planeamento da Protecção Am-biental de Macau (2010-2020)”. Na quarta-feira à noite, foi organi-zada uma sessão onde marcaram presença diversas instituições e associações profissionais locais.

Em comunicado, a DSPA sa-lienta que um dos temas princi-pais do planeamento ambiental para a próxima década se prende com a aposta na reciclagem. Nes-

Irmãos Dunlop confirmados no GP Motos de Macau 2011Os irmãos Michael e William Dunlop confir-

maram a sua presença na corrida de motos do Grande Prémio de Macau. Os norte-irlan-

deses são filhos de Robert Dunlop, um motociclista que venceu o evento em 1989. William vai competir aos comandos de uma Honda e Michael numa Ka-wasaki ZX-10, ambas da categoria Superbike. A pro-va de Macau será marcada pela ausência de Stuart Easton, o vencedor das últimas três edições, que fi-cou gravemente ferido no passado dia 19 de Maio, quando participava numa sessão de treinos da 200 North-West. O piloto esteve internado em Belfast

e Edimburgo durante diversos meses e está em fase de recuperação, mas já é certo que não pode-rá alinhar na corrida de Macau, a 19 de Novembro.

se âmbito, os Serviços Ambientais consideram que deve ser dada prioridade à “promoção da con-servação energética, à reciclagem de resíduos recuperáveis, à reci-

clagem de recursos hídricos, à re-dução de emissões e de poluição pelas empresas e à criação de um sistema de produção e consumo de baixo carbono”.

O plano ambiental elenca me-didas que visam estimular as em-presas “a dar o exemplo” no do-mínio da ecologia. Para apoiar as empresas locais a adquirirem equi-pamentos e produtos com eficiên-cia energética e de poupança de água, em Agosto foram aprovados os regulamentos do “Fundo para a Protecção Ambiental e a Conser-vação Energética” e do “Plano de Apoio Financeiro à Aquisição de Produtos e Equipamentos para a Protecção Ambiental e a Conser-vação Energética”.

A instituição dirigida por Che-ong Sio Kei planeia realizar várias actividades no âmbito da consul-ta pública, que tem a duração de dois meses. Assim, estão previstos eventos em diversos locais de Ma-cau, tais como exposições itineran-tes e sessões de esclarecimento ao público.

A promoção da conservação energética é um dos objectivos do novo plano

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PublIcIDaDe

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local“Felizmente temos condições para trazer especialistas de todo o mundo. O nosso próximo objectivo é ensinar formadores locais. é a única forma que temos de manter este programa no futuro” - Manson Fok

“Queremos trazer para os hospitais de Macau uma área física de formação. Gostaríamos de criar uma forte ligação entre Hong Kong e Macau para espalhar a mensagem da tecnologia de ultra-som, e criar melhores cuidados de saúde”- Enrico Storti

PEQUIm DÁ LUZ VERDE À oPERAÇÃo

Subsidiária de Macau transfere fundos para chinaNuma tentativa de reforçar o mercado bolsista chinês e o renminbi, a subsidiária de Macau do Banco da China vai transferir fundos para o Continente

A subsidiária de Macau do Banco da China foi autorizada a transferir fundos no valor de 3,5 mil milhões de renminbis (4,3 mil milhões de

patacas) para o interior da China. Segundo o Wall Street Journal, a subsidiária tinha acumulado aqueles fundos no exterior e trata-se da primeira vez que é au-torizada a levar a cabo tal movimentação de capitais.

Analistas vêem esta autorização como parte de um esforço continuado para promover o papel glo-bal da moeda chinesa e reforçar o mercado bolsista. O jornal americano refere que Pequim estabeleceu ca-nais específicos para que o renmimbi possa fluir para

dentro e para fora das fronteiras do país. Entre estes, teve início em Agosto de 2010 um programa piloto que permite que instituições estrangeiras e fundos ex-ternos chineses possam investir no mercado bolsista com renminbis acumulados no exterior.

Desde que esse plano está em vigor, uma série de bancos comerciais que operam em Hong Kong, Ma-cau, bem como no exterior, começaram a fazer opera-ções do género. Alguns deles são bancos centrais dos países em desenvolvimento, incluindo os das Filipi-nas e da Nigéria, que manifestaram interesse em par-ticipar do programa para diversificar as suas reservas

cambiais.Numa nota datada de 8 de Setembro, o Banco Po-

pular da China disse que tinha dado luz verde para que mais dois bancos investissem no mercado de bol-sista chinês com renminbis acumulados no exterior. São eles a subsidiária de Macau do Banco da China e a subsidiaria em Hong Kong do Grupo Bancário da Austrália e da Nova Zelândia. O mercado de títulos tem servido principalmente como um veículo para o Governo Central arrecadar dinheiro e ajudar a fi-nanciar a construção de aeroportos, rodovias e outras infra-estruturas.

Uctm VAI coLABoRAR com oRGANIZAÇÃo INtERNAcIoNAL NA ÁREA DA SAÚDE

Tecnologia de ultra-som ensinada em outubroA Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau vai colaborar com a Winfocus num curso de formação para médicos e enfermeiros, que começa já no próximo mês. O objectivo é desenvolver a área da tecnologia de ultra-som na RAEM. Tendo apoio da Fundação Macau, Manson Fok pretende fazer desta formação algo mais permanente e trazê-la aos hospitais do território

Em Hong Kong já se ensinam as melhores práticas no que diz respeito ao diagnóstico através

da tecnologia de ultra-som, em casos de emergência médica. Agora, a Uni-versidade de Ciências e Tecnologia de Macau (UCTM) uniu esforços com a Winfocus, entidade internacional que opera esta formação na RAEHK, para formar médicos e enfermeiros em Ma-cau. O primeiro passo consiste na reali-zação de um primeiro curso já no pró-ximo mês, mas o objectivo é fazer deste projecto algo permanente nos hospitais da RAEM.

Manson Fok, director da UCTM, explicou ao JTM que é um “objectivo” que esta formação “comece no próxi-mo mês”. “Ainda estamos a avaliar o número de formandos, mas vai exis-tir um limite do tamanho das turmas. Vamos fazer apenas um curso, e talvez cada turma tenha entre 20 a 25 alunos”, confirmou, à margem da realização do 3o Fórum Internacional Sino-Luso na área da emergência médica.

Além do curso, a ideia é fazer com que a tecnologia de ultra-som seja uma prática recorrente em todos os hospitais. Nas palavras de Enrico Storti, responsável pela Winfocus, foi criada “uma unidade de formação, que está representada em Hong Kong pelo médico Tang Ho Ming. Ele está a cola-borar com Macau para desenvolver o conhecimento na área do ultra-som e o programa de formações que temos na RAEHK”, disse ao JTM. A intenção é “trazer para os hospitais de Macau uma área física de formação. Gostarí-amos de criar uma forte ligação entre Hong Kong e Macau para espalhar a

mensagem da tecnologia de ultra-som, e criar melhores cuidados de saúde”, defendeu Enrico Storti, garantindo que nos próximos seis meses essa platafor-ma permanente de formação poderá estar criada no território.

Contudo, e apesar de contar com o apoio da Fundação Macau nesta pri-meira formação, a UCTM ainda está em conversações com o Executivo para que os hospitais da RAEM possam ter mais apoios neste âmbito. “Queremos começar este programa o mais cedo possível. Espero que o Governo nos possa apoiar, já assinámos um acordo para trazer essa tecnologia para Ma-cau. Tudo o que podemos fazer é trazer dois ou três médicos e colocar entre 20 a 40 pessoas a aprender”. O responsá-vel pela Winfocus garantiu que, pesso-almente, ainda não fez qualquer con-tacto com o Executivo de Macau. “Não devíamos criar uma solução ao nível dos cuidados de saúde com a tecno-logia ultra-som criando dependência,

sem soluções próprias. É nesse senti-do que habitualmente falamos com o governo para promover a tecnologia ultra-som, garantindo a sustentabilida-de dos cuidados de saúde. Não sei se neste momento já foi feito um contacto nesse sentido, mas de certeza que é a solução que gostaríamos de desenvol-ver”, defendeu Enrico Storti. ULTRA-SOM NO FUTURO. Esta é a primeira iniciativa para tornar a tecno-logia de ultra-som uma prática comum no território. Contudo, há que fazer com que a formação perdure no tempo, referiu Manson Fok. Para isso, é objec-tivo criar “um programa de formação académica para desenvolver este tipo de capacidades em Macau. O hospital público apresenta algumas questões na área dos cuidados de saúde, porque tra-ta de um número elevado de pessoas, bem como os outros hospitais. O nosso enfoque é a formação de médicos, por-que não existe uma faculdade de me-dicina e muitos dos cursos não estão

muito bem organizados. Há que trazer estes especialistas de várias partes do mundo para Macau, para que mais pessoas possam aprender”, disse Man-son Fok. Além da Fundação Macau, há mais patrocinadores. “Felizmente te-mos condições para trazer especialistas de todo o mundo. O nosso próximo ob-jectivo é ensinar formadores locais. É a única forma que temos de manter este programa no futuro”, apontou, acres-centando que vão ser treinados “cerca de dez a 15 médicos locais, mas tudo depende de como as coisas correrem. Penso que será suficiente para as ne-cessidades de Macau e para continuar este programa de formação”, referiu o director da UCTM. DIAGNÓSTICOS MAIS EFICAZES. A Winefocus tem sede em Milão, Itália, mas opera para todo o mundo, sempre com o objectivo de desenvolver me-lhores práticas de diagnóstico nos 50 países com os quais já colabora. Enri-co Storti explicou ao JTM como é que deverá ser o modelo de aprendizagem utilizado na formação que vai decor-rer na RAEM. “Temos cursos de dois dias, para médicos e enfermeiros. 50 por cento dos cursos é teoria, e a outra parte é totalmente prática. Seleccioná-mos programas de rápida aprendiza-gem e fáceis de ensinar, e isso é o mais importante”, referiu o responsável pela Winfocus. A tecnologia de ultra-som que é transmitida aos alunos “tem uma aplicação rápida e uma incisão muito específica, e que por norma não existe nos hospitais”, disse.

Trazer esta tecnologia para Macau é um “desenvolvimento muito impor-tante, especialmente na área da emer-gência médica e cuidados de saúde urgentes”, defendeu Manson Fok. O director da UCTM explicou ainda que a utilização do ultra-som é possível “fa-zer diagnósticos de forma rápida e efi-caz. Imagine-se um paciente que chega com múltiplos traumas, e os primeiros minutos de tratamento são essenciais. Claro que há que estabilizar o paciente, mas depois há que procurar as causas. Não se pode enviar um paciente para uma operação sem isso, e há esses mi-nutos iniciais que são decisivos”, disse Manson Fok.

A.S.S.

Manson FokEnrico Storti

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Pág 08 SEXTA-fEirA, 30 dE SETEmbro dE 2011 JornaL Tribuna dE MaCau

“Quando a escola foi criada, em 1952, assumiu o objectivo de dar a conhecer a Mãe-Pátria. Hoje em dia continuamos a desenvolver programas à luz desta orientação, para que os nossos estudantes saibam e percebam a importância de conhecer a nossa ‘Mãe-Pátria’”- Cheng Hong, directora da Escola Hou Kong

“é bastante elevada a percentagem dos que optam por seguir os estudos no ensino superior. Não temos comparações com outras escolas, mas cerca de 90 por cento dos nossos alunos conseguem entrar na universidade”- Idem

RaQUEL CaRVaLhO

Escola Hou Kong

Escola de Talentos anexa à Hou Kong

infantárioe Primária

300

300

31

45

45

260

620

2.700

alunos Professores

Primária

infantário

básico e Secundário

INStItUIÇÃo com mAIS ALUNoS No tERRItÓRIo

escola virada para a “Mãe-Pátria”Possui quatro “campus” na península e na Taipa, albergando quase quatro mil alunos. A escola Hou Kong lidera a lista das instituições com mais estudantes. Bons resultados na hora de entrar na universidade, um vasto leque de actividades extra-curriculares e aposta segura no mandarim e inglês são alguns dos principais argumentos, sempre com a “mãe-pátria” no horizonte. A língua portuguesa é importante, reconhece a subdirectora, mas faltam docentes

A “Mãe-Pátria” não sai do vocabulário da subdirectora da Escola Hou Kong. O lema que serviu de princípio man-tém-se como fim meio século depois. A instituição recebe,

actualmente, cerca de quatro mil alunos e possui um corpo do-cente que ultrapassa as três centenas. É em mandarim e inglês que tudo acontece, mas a língua portuguesa pode vir a estar no horizonte de uma escola que não pára de crescer.

“Quando a escola foi criada, em 1952, assumiu o objectivo de dar a conhecer a Mãe-Pátria. Hoje em dia continuamos a de-senvolver programas à luz desta orientação, para que os nossos

estudantes saibam e percebam a importância de conhecer a nos-sa ‘Mãe-Pátria’”, salienta Chen Hong. A escola Hou Kong come-çou por ter apenas ensino primário, “seis ou sete anos depois” alargou tentáculos e criou o ensino básico, mais tarde abriria portas às matérias do secundário. Hoje, entre as 78 escolas do território, é aquela que mais estudantes possui.

Os alunos que por ali passaram e passam trilham caminhos de relevo, assegura a subdirectora, justificando a longevidade e sucesso da instituição. “Cerca de 22 por cento dos trabalhadores do Governo estudaram na nossa escola, para além de outros antigos alunos que ocupam cargos de estatuto elevado noutras áreas”.

No entanto, os resultados positivos começam bem antes. Raros são aqueles que no momento de concorrer à universidade vêem sonhos desfeitos, diz Chen Hong. “É bastante elevada a percentagem dos que optam por seguir os estudos no ensino superior. Não temos comparações com outras escolas, mas cerca de 90 por cento dos nossos alunos conseguem entrar na univer-sidade”.

As opções dos estudantes foram-se alterando com a evo-lução do território. “Anteriormente, a grande maioria preferia instituições da China continental. Nos últimos três anos, temos verificado que cerca de 40 por cento opta por universidades de Macau, cerca de 30 por cento vai para universidades do Conti-nente e os outros 30 por cento para Taiwan e outros locais”. A “fama” da Escola Hou Kong espalha-se, por isso, em diferentes latitudes. “Somos reconhecidos não só em Macau mas também no resto da China”, aponta a líder da instituição.PORMENORES DA DIFERENÇA. Embora a maior parte dos alunos sejam oriundos de Macau, muitos vêm do lado de lá da fronteira. Os manuais adoptados chegam do Interior da China, mas também de Hong kong e Taiwan, “para além de alguns elaborados por nós”, descreve Chen Hong.

Neste aspecto, não existe uma grande distância em relação às outras escolas do território, admite a subdirectora. “Penso que em todas as instituições ocorre algo parecido, as nossas ca-racterísticas especiais revelam-se noutras esferas”. Os alunos do ensino secundário, exemplifica, podem “escolher livremente um conjunto de disciplinas”, para além de existir um leque de 19 actividades extra-curriculares ao dispor de todos os estudan-tes. Os alunos sobredotados recebem também uma atenção es-pecial, seguindo programas especificamente desenhados.

Nos toques de entrada e saída o som de campainhas irritan-tes é substituído por música clássica. São notas de Beethoven ou Mozart a ditarem o início e o final de cada aula. É assim no campus da Escola Secundária – onde estivemos - e em todos os outros, afiança a subdirectora. “A intenção é tornar o ambiente mais calmo e agradável”. Todas as segundas-feiras há ainda a

Escolas com mais alunos no ano lectivo 2010/2011*:

1º escola Hou Kong2º escola para filhos e irmãos dos operários3º escola Secundária Pui ching4º escola Keang Peng5º escola caritas de macau

*dados mais recentes fornecidos ao Jtm pela Direcção dos Serviços de educação e Juventude

hora dedicada à nação, em que os alunos cantam, pelo início da manhã, o hino da República Popular da China. Semanalmente, existe também um tema de discussão que junta alunos e pro-fessores no átrio da escola. Ao longo do ano, os festivais não descansam, ora dedicados ao desporto, à leitura, à cortesia/ci-vismo ou para assinalar o “Dia de Acção de Graças” (feriado americano “Thanksgiving day”).

Os primeiros três campus da Hou Kong contam, actual-mente, com 300 crianças no infantário, 620 na escola primária e 2.700 nos ensinos básico e secundário. A estes espaços juntou-se recentemente a nova “Escola de Talentos”, na Taipa, que aglo-mera “mais trezentos alunos”, quantifica Chen Hong. Por en-quanto, abrange apenas jardim de infância e ensino primário. “Nos próximos anos pretendemos adicionar os níveis básico e secundário”, prevê a subdirectora.

“Esta não é uma escola só para alunos sobredotados, quere-mos sim criar uma elite de bons estudantes, apostando de forma sólida no ensino do inglês e mandarim”. A língua portugue-sa também não está fora de equação. “O português é um dos idiomas oficiais em Macau. Muitas pessoas estão interessadas em aprender. Ainda somos apenas bilingues, mas sabemos que seria bom os alunos aprenderem português”, observa a mesma responsável.

Anteriormente, a Escola Hou kong chegou a ter aulas op-cionais de português, no entanto por “falta de professores sufi-cientes” essa possibilidade desapareceu. A importância da lín-gua de Camões é reconhecida por Chen Hong, pensando não só em Macau mas sobretudo na “cooperação com os países lusófo-nos”. Por isso mesmo, admite a subdirectora, talvez “mais tarde seja possível introduzir novas aulas de português”.

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“O português é um dos idiomas oficiais em Macau. Muitas pessoas estão interessadas em aprender. Ainda somos apenas bilingues, mas sabemos que seria bom os alunos aprenderem português”- Ibidem

“é bastante elevada a percentagem dos que optam por seguir os estudos no ensino superior. Não temos comparações com outras escolas, mas cerca de 90 por cento dos nossos alunos conseguem entrar na universidade”- Idem local

INStItUIÇÃo com mAIS ALUNoS No tERRItÓRIo

escola virada para a “Mãe-Pátria”

Escolas com mais alunos no ano lectivo 2010/2011*:

1º escola Hou Kong2º escola para filhos e irmãos dos operários3º escola Secundária Pui ching4º escola Keang Peng5º escola caritas de macau

*dados mais recentes fornecidos ao Jtm pela Direcção dos Serviços de educação e Juventude

hora dedicada à nação, em que os alunos cantam, pelo início da manhã, o hino da República Popular da China. Semanalmente, existe também um tema de discussão que junta alunos e pro-fessores no átrio da escola. Ao longo do ano, os festivais não descansam, ora dedicados ao desporto, à leitura, à cortesia/ci-vismo ou para assinalar o “Dia de Acção de Graças” (feriado americano “Thanksgiving day”).

Os primeiros três campus da Hou Kong contam, actual-mente, com 300 crianças no infantário, 620 na escola primária e 2.700 nos ensinos básico e secundário. A estes espaços juntou-se recentemente a nova “Escola de Talentos”, na Taipa, que aglo-mera “mais trezentos alunos”, quantifica Chen Hong. Por en-quanto, abrange apenas jardim de infância e ensino primário. “Nos próximos anos pretendemos adicionar os níveis básico e secundário”, prevê a subdirectora.

“Esta não é uma escola só para alunos sobredotados, quere-mos sim criar uma elite de bons estudantes, apostando de forma sólida no ensino do inglês e mandarim”. A língua portugue-sa também não está fora de equação. “O português é um dos idiomas oficiais em Macau. Muitas pessoas estão interessadas em aprender. Ainda somos apenas bilingues, mas sabemos que seria bom os alunos aprenderem português”, observa a mesma responsável.

Anteriormente, a Escola Hou kong chegou a ter aulas op-cionais de português, no entanto por “falta de professores sufi-cientes” essa possibilidade desapareceu. A importância da lín-gua de Camões é reconhecida por Chen Hong, pensando não só em Macau mas sobretudo na “cooperação com os países lusófo-nos”. Por isso mesmo, admite a subdirectora, talvez “mais tarde seja possível introduzir novas aulas de português”.

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DeSPorToROBERTO CARLOS é O NOVO TREINADOR DO ANZHI. o brasileiro roberto carlos é o novo treinador do anzhi, substituindo Gadzhi Gadzhiev. roberto carlos passa a ser treinador-jogador. o anzhi ocupa o sétimo lugar no campeonato da rússia.

DjOkOviC Falha PequiM POr lesãO. Número um do ranking mundial, o sérvio Novak Djokovic anunciou, ontem, a desistência de participar no open de Pequim, devido à rotura parcial de um músculo dorsal.

Guangzhou é campeão da chinaO Guangzhou Evergrande sagrou-se campeão da super-liga chinesa de futebol, ilustrando a sua fulgurante ascensão desde que foi comprado por um dos industriais mais ricos da China, há apenas um ano

A quatro jornadas do final da competi-ção, o Guangzhou

soma 61 pontos, mais 14 do que o segundo classi-ficado, o Beijing GuoAn, dirigido pelo técnico por-tuguês Jaime Pacheco. O Guangzhou é também a equipa mais goleadora da super-liga chinesa, com 41 golos, metade dos quais apontados por dois avan-çados brasileiros (Cleo e Muriqui).

Na época anterior, antes de Xu Jiayin pagar 100 milhões de yuan pela compra do Guangzhou, o novo campeão chinês estava ainda na segunda divisão.

Xu Jiayin, presidente e proprietário do Guan-gzhou Evergrande, é con-siderado um dos homens mais ricos da China, com

uma fortuna estimada em 43 mil milhões de yuan.

O plantel do Guan-gzhou, dirigido pelo téc-nico sul-coreano Jang Soo Lee, tem seis jogadores es-trangeiros, entre os quais o argentino Conca, descrito habitualmente na impren-sa chinesa como “o mais caro” do país.

Um outro técnico por-tuguês, Nelo Vingada, foi contratado em Julho pas-sado pelo Dalian, um dos clubes mais prestigiados da China, mas que este ano corria o risco de descer de divisão. No final da 26.ª jornada, a equipa de Nelo Vingada está no 13.º lugar, mas com uma vantagem de sete e nove pontos sobre as duas equipas mais ame-açadas de despromoção, o Shenzhen e o Chengdu, respectivamente.

LIGA DoS cAmPEÕES EURoPEUS

aPoel lidera grupo do PortoO APOEL Nicósia constitui uma das sensações da presente edição da Liga dos Campeões de futebol, ao liderar sensacionalmente o grupo G da competição, que inclui os favoritos FC Porto e Zenit de São Petersburgo

A formação cipriota, que na ronda inaugural tinha batido os russos do Zenit por 2-1, foi ontem empatar 1-1 a casa dos ucranianos do

Shakhtar Donetsk, e assumiu isolada a liderança do grupo com quatro pontos, mais um do que FC Por-to e Zenit.

Em Donetsk, foi mesmo o APOEL, com os por-tugueses Paulo Jorge, Nuno Morais e Hélio Pinto em campo, o primeiro a se adiantar, através de Tri-ckovski, aos 61 minutos, mas os ucranianos reagi-ram de imediato e ainda evitaram a derrota com um tento de Jadson, aos 64.

Em São Petersburgo, o FC Porto ainda esteve em posição de vantagem, quando James Rodriguez anotou o primeiro tento, aos 10 minutos, mas a van-tagem durou apenas 10 minutos, já que Roman Shi-rokov igualou a contenda.

O conjunto português ficou reduzido a 10 uni-dades em cima do intervalo, por expulsão do uru-guaio Fucile, o que foi bem aproveitado pela equi-pa russa. Aos 63 minutos, Roman Shirokov bisou na partida, para, nove minutos depois, Danny dar tranquilidade à sua equipa, que podia ter constru-ído um resultado mais dilatado, mas acabou por pecar na finalização.

Nos restantes jogos disputados, o Chelsea per-deu uma grande oportunidade de vencer em Valên-

cia, mas deixou-se empatar de grande penalidade. Já o Bayer Leverkusen ganhou, com normalidade, por 2-0 ao Racing Genk.

No grupo G, o destaque vai para a clara vitória do Marseille por 3-0 frente ao Borussia Dortmund, o que coloca os franceses no cimo da tabela. No ou-tro encontro o Arsenal apenas conseguiu a vanta-gem mínima frente ao Olympiakos Piraeus (2-1).

Finalmente no grupo H, o Barcelona é primeiro tendo ido à Bielorússia vencer facilmente o BATE Borisov, por 5-0 enquanto o AC Milan ganhava por 2-0 ao Viktoria Plzen, apesar de ter apanhado vá-rios sustos.

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JornaL Tribuna dE MaCau SEXTA-fEirA, 30 dE SETEmbro dE 2011 Pág 11

acTual VoLtA AomUND

TerraMOTO De 5,6 Graus eM FukushiMa. um terramoto de 5,6 graus na escala aberta de richter atingiu ontem o Japão com epicentro na região de fukushima, sem gerar alerta de tsunami e qualquer problema na central nuclear de Daiichi.

Funcionários públicos ocupam Ministérios funcionários públicos gregos, que se opõem a novas medidas de austeridade, estão a bloquear edifícios ministeriais em atenas em protesto con-tra um endurecimento das medidas do governo, indicaram fontes sindicais. Segundo a televisão, a quase totalidade dos ministérios estão ocu-pados por manifestantes, nomeadamente o das finanças, do Desenvolvimento, da Justiça, do trabalho, da Saúde, do interior e da agricultura.

Google compra terrenos na Ásiaa Google comprou terrenos em Hong Kong, taiwan e Singapura para aí instalar os primeiros “data cen-tres” na Ásia no prazo de um a dois anos. os centros de dados de taiwan e Hong Kong deverão custar cerca de 100 milhões de dólares cada um. a Google justificou os centros de dados como “um importante próximo passo” do seu investimento na região.

México propõe casamentos de dois anosos deputados de esquerda da assembleia de representantes da capital mexicana apresen-taram ontem uma proposta para que os casa-mentos tenham uma vigência de dois anos, com opção de dissolução do vínculo ou renovação de forma indefinida. a iniciativa dos deputados lizbeth rosas e leonel luna, do Partido da revolução Democrática (PrD), defende que os cônjuges possam separar-se «sem procedimen-tos demorados que prejudiquem as famílias», nos casos em que o casal assim o decida nos primeiros dois anos. o objectivo final é o de acel-erar e simplificar o processo de divórcio na capi-tal, que por ano trata uma média de 10 mil casos.

Grupo islâmico ameaça boicotar eleições o grupo islâmico egípcio irmãos muçulmanos criticou a nova lei eleitoral anunciada pela Junta militar, ao afirmar que esta promove a fraude e a compra de votos, e ameaçou boicotar as eleições de Novembro se a mesma não for al-terada. Segundo os irmãos muçulmanos, «as for-ças políticas concordaram em realizar eleições parlamentares no âmbito do sistema de listas fechadas e pediram ao conselho militar para alterar a legislação anterior, mas os militares emitiram uma nova lei com mais deficiências.

reactivado incêndio em refinaria da shell três novas explosões na refinaria da royal Dutch Shell em Singapura reavivaram o incên-dio deflagrado na quarta-feira e dado como extinto na última madrugada. a empresa con-firmou o novo incêndio e indicou danos em dois motores da refinaria fortemente afectados pelo fogo. a central de Pulau planta bukom é a maior do grupo a nível mundial, e tem capaci-dade para refinar 500 mil barris por dia, um terço da capacidade total da cidade-estado.

Níveis elevados de hidrogénio em Fukushimaa operadora da central nuclear de fukushima, tokyo electric Power (tePco), detectou índices de hidrogénio superiores a 60% nas canaliza-ções do reactor 1 e iniciou o processo de drena-gem para evitar mais problemas no complexo nuclear. apesar dos elevados níveis de densi-dade de hidrogénio, a tePco considerou pouco provável a ocorrência de uma explosão, já que não foi detectado oxigénio nas canalizações, informou a cadeia de televisão pública NHK.

Haiti forma novo exército em Outubroo Haiti poderá começar a formar um novo exér-cito com 3.500 elementos em outubro deste ano, para substituir a missão das Nações unidas no país, segundo o documento «Política de Defesa e Segurança Nacional». o porta-voz da presidên-cia do Haiti, Simon Jura, disse desconhecer a existência do documento, mas reconheceu que uma equipa de assessores do chefe de estado, michel martelly tem vindo a reflectir sobre o resta-belecimento de «uma força de defesa nacional».

PoRtUGAL

chamar a atenção do PaísOs militantes do PND, barricados no Jornal da Madeira, abandonaram as instalações e disseram que o objectivo da acção de protesto foi cumprido: “Chamar a atenção do País para o escândalo que é o subsídio anual que o Governo Regional atribui ao jornal”, apurou o DN

Eis a sequência dos acontecimentos:10H30- Elementos do Partido Nova De-

mocracia, que entraram na sede do Jornal da Madeira, no Funchal, recusando-se a sair. António Fontes, Gil Canha e Eduardo Welsh entraram no edifício do Jornal da Madeira exigindo falar com o vice-presidente do Governo Regional ou o bispo do Funchal por considerarem que o matutino não res-peita os partidos da oposição ao Governo de Alberto João Jardim.

Numa primeira fase a polícia ameaçou intervir para retirar “à força” os elementos, mas verificou-se uma situação de impasse. António Carneiro, chefe da PSP, disse aos jornalistas que os manifestantes ocu-pam uma sala e um corredor, não estando a prejudi-car o regular funcionamento do jornal. Na altura es-timou que “dentro de duas ou três horas” a situação deverá “ficar resolvida”.

16H. À frente de um grupo de membros do Par-tido Socialista Maximiano Martins chegou com uma

pequena comitiva, tendo pedido para falar com os candidatos do PND que se encontram no interior do edifício, oferecendo-se para agir como mediador com vista a “desbloquear” o impasse. No entanto a polí-cia presente no local - pelo menos oito agentes, viu o DN - impediu a entrada dos socialistas. Entrariam mais tarde.

16H30. Além da delegação do PS-Madeira, che-fiada pelo líder do partido, Maximiano Martins, foi conhecida a presença de uma comitiva do Bloco de Esquerda, contando com a presença do militante Da-niel Oliveira (de visita à Madeira para acções de cam-panha) que passou pela porta do jornal.

17H40 - As autoridades policiais do Funchal dis-seram que apenas aguardavam que a Diocese - pro-prietária do Jornal da Madeira - formalizasse queixa contra os militantes do PND que se encontram nas instalações do matutino para agir e expulsá-los do local.

19H35 – Volte face: afinal os militantes do PND, barricados, poderão passar lá a noite. Isto porque a Diocese - proprietária do Jornal da Madeira - não apresentou queixa e a polícia só poderá agir median-te apresentação da mesma. As autoridades, contudo, revelaram ir permanecer no local para que não se re-gistem incidentes.

20H15 - Os militantes do PND, barricados no Jornal da Madeira, começaram a abandonar as insta-lações e prestaram curtas declarações aos jornalistas.

cHINA

História no céu, férias na terra O lançamento do laboratório “Tiangong-1” (Palácio Celestial), “novo marco” do programa espacial da China, anunciado para logo à noite (hora local), domina hoje os noticiários, enquanto milhões de chineses se preparam para gozar uma semana de feriados

anTÓniO CaEiRO*

O ‘Palácio Celestial’ da China está pronto para fazer His-tória espacial”, proclama a

manchete da edição on line do Di-ário do Povo, órgão oficial do Par-tido Comunista Chinês, reproduzi-do um título utilizado pelo Diário de Xangai e outros jornais do país.

Considerado um embrião da primeira estação espacial chinesa, projecto que deverá estar concluído até 2020, o “Tiangong-1” foi lançado ontem à noite, da base de Jiuquan da Base de Jiuquan, na província de Gansu, noroeste da China.

Trata-se de um módulo não tripulado de 8,5 toneladas, com 10,4 metros de altura e um diâme-tro máximo de 3,35 metros, e será colocado numa órbita a cerca de 350 quilómetros da terra.

O lançamento ocorre nas vés-peras do dia nacional da República Popular da China, data assinalada com três dias de feriado (2ª, 3ª e 4ª feiras) e que proporcionará uma se-mana de férias a partir de sexta-feira. (Para compensar as folgas de 5ª e 6ª feira da próxima semana, o sábado e domingo seguintes - 8 e 9 Outubro -

serão dias normais de trabalho).Durante esta “Semana Doura-

da”, como lhe chama a população, uma média diária de cerca de sete milhões de pessoas deverá viajar de comboio pela China, num au-mento de 8,5 por cento em relação ao movimento do ano passado, es-tima o ministério chinês dos Cami-nhos de Ferro.

No início de Novembro, uma nave espacial também não tripu-lada, a “Shenzhou 8”, deverá aco-plar ao “Tiangong-1”, fazendo da China o terceiro país com este tipo de tecnologia, ao lado da Rússia e dos Estados Unidos.

O “Tiangong-1” deverá ficar em orbita durante dois anos, pe-ríodo em que a China lançará no espaço as duas primeiras mulheres astronautas, outro marco simbóli-co do seu programa espacial.

Embora tenha arrancado mui-to mais tarde do que na Rússia e

nos Estados Unidos, o programa espacial chinês é uma fonte de cres-cente orgulho nacional e alguns dos seus passos mais importantes têm coincidido com as celebrações do aniversário da proclamação da Republica Popular da China.

O primeiro astronauta chinês, Yang Liwei, foi para o espaço em Outubro de 2003 e cinco anos de-pois, o seu compatriota Zhai Zhi-gang saiu da nave e efectuou o pri-meiro passeio espacial.

Os sucessos do programa es-pacial chinês poderão também aju-dar a compensar a frustração cau-sada pelos acidentes dos últimos dois meses na rede de alta veloci-dade ferroviária e no metropolita-no, duas outras fontes de orgulho da tecnologia chinesa.

Em 2010, a China tornou-se a segunda maior economia do mun-do e este ano, apesar da persistente crise na União Europeia e nos Es-tados Unidos, os seus principais mercados, o PIB chinês deverá continuar a crescer acima dos nove por cento.

Muitos chineses interrogam-se, contudo, se o país não estará a “avançar com excessiva rapidez”, sacrificando por vezes a segurança das populações e a qualidade do ambiente.

Quarenta pessoas morreram em Julho perto de Wenzhou, les-te da China, na colisão de dois combóios de alta velocidade e na terça-feira passada, um choque entre duas composições do Metro de Xangai causou cerca de 270 feri-dos, vinte dos quais graves.

*Jornalista da Lusa

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Pág 12 SEXTA-fEirA, 30 dE SETEmbro dE 2011 JornaL Tribuna dE MaCau

“Os primeiros cem dias são para esquecer, restam 820 até conseguirmos colocar os País em condições de voltar a crescer e dar esperança a todos os cidadãos”.

Miguel A. Ganhão in “Correio da Manhã”

Dit

o oPINIão“(...) Os piscos são aqueles que comem como os passarinhos: pouco, ou quase nada que se veja, e frequentemente. Ou seja, passado 35 minutos, mais coisa menos coisa, de terem acabado uma suposta refeição principal estão a dizer que estão com fome (...) “ - Manuela Nunes

In “Jornal de Macau” e “Tribuna de Macau” 30/09/1991

Há 20 anos

PERSPECTIVAS FINANCEIRASNÃO SÃO BRILHANTESO porta-voz voz do Governador Rocha Vieira disse que a anterior administração de Macau orçamentou como receitas verbas que, de facto, correspondiam a despesas públicas. Salavessa da Costa referiu designadamente, a inscrição no capítulo das receitas do orçamento público de verbas devidas ao fundo de reserva da futura região Administrativa Especial de Macau derivadas da concessão de terrenos. O responsável governamental exemplificou com o caso da obrigação, entretanto já cumprida, de liquidar à República Popular da China 243 milhões de patacas devidas pela concessão de terrenos em Macau que a anterior administração orçamentou como receitas. Salavessa da Costa avançou, ainda, com exemplos diversos de situações de pagamento de obrigações contratuais não-orçamentadas – caso do projecto de realização de um festival de cinema orçado em 25 milhões de patacas – e de superação de despesas previstas. O porta-voz de Rocha Vieira afirmou que a reavaliação da situação das finanças públicas e da tesouraria da administração não foi conduzida no sentido de detectar casos de gestão fraudulenta e enganosa e de eventualmente, conduzir à abertura de processos judiciais contra alegados responsáveis por actos ilegais. Reafirmando a intenção do Governo de Rocha Vieira de prosseguir “uma gestão equilibrada”, o porta-voz declarou que o Território “não pode, nem deve endividar-se admitindo, contudo, que as perspectivas orçamentais para o próximo ano “não são muito brilhantes”.

Meus leitores, vou dedicar alguns destes espaços se-manais ao tema da alimentação e as crianças, come-

çando por divagar um pouco acerca de uma categoria a quem vulgarmente chamamos – os piscos!

Os piscos são aqueles que comem como os passari-nhos: pouco, ou quase nada que se veja, e frequentemen-te. Ou seja, passado 35 minutos, mais coisa menos coisa, de terem acabado uma suposta refeição principal estão a dizer que estão com fome, mas nunca comem nada que seja considerado em quantidade de gente (pensa-mos nós). Para os piscos, quatro colheres de arroz fazem revirar as tripas como se tivessem terminado uma orgia de comida e nem mais um grão pudesse dar entrada no canal digestivo.

Pois, tenho a comunicar que tenho uma espécie des-tas cá em casa e até vos confesso que também eu pertenci à mesma categoria, tanto quanto me lembro até atingir o dígito numero dois no bilhete de identidade (quem sai aos seus…).

Felizmente, e se tudo estiver bem no crescimento destas crianças, as pesquisas dizem que a esquisitice aca-ba por volta do aniversário com dois algarismos, vindo a dissipar-se à medida que se vai avançado na idade.

Entre consultas de pediatras e conselhos de todo o género e feitio, cheguei a algumas conclusões que tam-bém vos podem servir de reflexão. Uma, normalmente estas crianças são tão ou mais saudáveis que as outras e até se encontram dentro dos padrões de peso e altura estandardizados.

Duas, se não adoecem frequentemente e de forma anormal, depreende-se que o seu sistema imunitário está a funcionar bem e os nutrientes encontram o seu cami-nho.

Três, se têm energia igual ou superior aos seus pares deduz-se que o aporte calórico é suficiente para suprir as suas necessidades energéticas.

De facto estas três conclusões são tranquilizadoras. Mas não posso deixar de estar ao lado de todas aquelas mães que definham perante um(a) pisco(a), a todas as refeições, de todos os dias. Com a excepção daqueles mo-

os piscos (I)

mentos gloriosos em que se agarram a qualquer alimen-to especial e durante uns momentos nos fazem acreditar que o suplício terminou de vez…talvez com esta pizza!

PIZZAS FAMILIARESMASSA – amorne 240dl de água, junte 1 colher de

chá sal e 1 colher de sopa de azeite. Misture com 480gr de farinha e 1 colher de chá de fermento. Amasse bem, deixe a repousar 30 minutos, divida em 4 e estenda no formato que quiser.

RECHEIO – utilize molho de tomate basílico para preparar a base das pizzas e cada familiar recheie a sua com os ingredientes preferidos (cogumelos, tomate-cere-ja, fiambre, azeitonas, alcachofras, ananás, atum, bacon, pimento, beringela, etc.). Termine com uma boa dose de queijo mozzarella ralado e leve ao forno a cozer.

Para qualquer esclarecimento ou opinião, consulte a minha página: www.maminacozinha.blogspot.com

* Colaboradora. Escreve neste espaço às sextas-feiras.

MaMI Na cozINHa Manuela Nunes *

TRIBUNAL DE SEGUNDA INSTâNCIA ANÚNCIO

Proc. nº 387/2011Autos de Revisão e Confirmação de Decisões

Proferidas por Tribunais ou Árbitros do Exterior de Macau

Requerente: Isabel Carvalho Leongue, residente em Austrália, em 44 Azzurra Drive, Varsity Lakes 4227, QLD Austrália. Requerido: Caetano Almeida Leongue, residente em Austrália, com última residência conhecida em 19/51 Pohman Street, Southport Queensland 4215, Austrália.

FAZ-SE SABER que pelo Tribunal e processo supra identificados, correm éditos de 30 (trinta) dias, citando o Requerido, para no prazo de 15 (quinze) dias, findo o dos éditos, que se contará a partir da segunda e última publicação deste anúncio, contestar, querendo (nos termos do nº 1 do artº 1201º do Código do Processo Civil de Macau), o pedido formulado pela Requerente, que resumidamente consiste em pedir a revisão e confirmação da sentença já transitada em julgado, proferida em 14 de Fevereiro de 2000 e emitida pelo Tribunal de Família da Austrália em Brisbane, que decretou o divórcio entre a requerente e o requerido, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial e respectivos documentos que se encontram na Secretária deste Tribunal à sua disposição, sob pena do processo prosseguir os ulteriores termos com a intervenção do Digno Magistrado do Ministério Público, nos termos do disposto no artº 51º, nº 1 do Código do Processo Civil de Macau.

A constituição de Advogado, com inscrição em Associação dos Advogados de Macau é obrigatória, nos termos do artº 74º, nº 1, alínea b) do Código de Processo Civil de Macau, se for contestado o pedido formulado pela requerente.

Macau, 27 de Setembro de 2011.

O Juiz Relator,Choi Mou Pan

A Escrivã-Auxiliar,Ka In Cheang de Jesus

“JTM” - 29 de Setembro de 20111ª Vez

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JornaL Tribuna dE MaCau SEXTA-fEirA, 30 dE SETEmbro dE 2011 Pág 13

oPINIão“(...) São precisas novas propostas políticas que cortem com interesses instalados, e abram caminho ao futuro pensando os problemas à luz de valores políticos claros e diferenciadores. (...)” - Manuel Maria Carrilho

(...)“Somar leis às que já existem é uma decisão, mas é uma decisão errada! Dificulta a investigação, complica o apuramento dos factos e pode originar dispersão no que toca à aplicação efectiva da lei, ou até conduzir a que a mesma não tenha condições de aplicabilidade. (...)”- Celeste Cardona

TrIbuNa

Governo talhante ou estado estratega?

Manuel Maria Carrilho

Fala-se muito na crise financeira, mas pouco na crise que mais nos

condiciona a todos - a da própria de-mocracia. Entusiasmamo-nos com a generalização da democracia no mundo, mas preferimos não olhar para a sua crescente desvitalização, que a tem vindo a tornar nuns casos mais formal, noutros casos mais re-sidual, mas sempre mais impotente.

A democracia possui (históri-ca, cultural e politicamente) duas dimensões fundamentais e indisso-ciáveis: a liberdade dos cidadãos e o poder da comunidade. A grande força da democracia vem, aliás, da sua capacidade para conjugar estas duas dimensões, transformando as liberdades dos cidadãos em força colectiva, isto é, em acção política capaz de satisfazer as expectativas individuais e de resolver os proble-mas partilhados.

Nas últimas décadas, esta arti-culação foi-se perdendo. As exigên-cias relativamente aos direitos indi-viduais continuaram a crescer, mas cada vez mais desligadas de qual-quer sentido colectivo. Somos cada

vez mais livres e temos cada vez mais direitos, mas esta liberdade contribui cada vez menos para a resolução dos problemas da comunidade.

Vem certamente daqui o gene-ralizado sentimento de impotência dos cidadãos, bem como a sua brutal frustração e “desesperança” com os partidos e os políticos. Estes, infeliz-mente, não parecem compreender o enfraquecimento da democracia. Pelo contrário, têm-se adaptado docilmente às transformações, tornando-se assim nos melhores “bodes expiatórios” para os cidadãos, nos melhores cúmplices para a comunicação social e nas me-lhores marionetas para a finança.

A aprovação parlamentar, na se-mana passada, de legislação sobre o enriquecimento ilícito, que transforma os políticos em suspeitos até prova em contrário, ilustra eloquentemente a in-consciência dos políticos sobre o “cir-co” que, por muito que se queixem, eles próprios alimentam.

Com este enfraquecimento da ca-pacidade de acção colectiva da nossa democracia corremos o sério risco de ver desaparecer a esperança numa

qualquer mudança política. Este ris-co que só se pode combater através de uma via estreita - que é a de abrir a porta para uma nova forma de fazer política, que alie o conhecimento dos problemas e da sua história à capaci-dade de formular ideias novas para tentar resolvê-los.

São precisas novas propostas po-líticas que cortem com interesses ins-talados, e abram caminho ao futuro pensando os problemas à luz de va-lores políticos claros e diferenciado-res. É o que faz Philippe Aghion num livro acabado de publicar, Répenser l’État - pour une social-démocratie de l’innovation.

Economista, professor em Har-vard, Aghion defende que a falta de confiança nos Estados se deve à ge-neralizada percepção da sua incapa-cidade para garantir o crescimento controlando o défice. E que esta inca-pacidade só será ultrapassada com um novo modelo de Estado e da sua acção, que, para ser uma efectiva alternativa ao modelo ultraliberal dominante, não se pode limitar a invocar Keynes.

Os tempos mudaram, e as lições

da história têm de ser aprendidas. O Estado redistribuidor vai, segun-do Aghion, ter de dar lugar a um Estado selectivamente investidor, que aposte na inovação, definindo com a maior precisão e transparên-cia os seus objectivos. Um Estado que proteja contra os novos riscos, nomeadamente os que decorrem da precarização do trabalho e das im-previsíveis “surpresas” macroeco-nómicas ou financeiras. Um Estado que renove a fiscalidade, atento às boas lições que continuam a vir do Norte da Europa. Um Estado que aposte no aprofundamento da de-mocracia como factor de crescimen-to colectivo e não só como forma de garantir os direitos individuais.

Precisamos, em suma, de um Estado estratega, que decida cortes e investimentos com base numa visão colectiva, de crescimento e futuro. Infelizmente, calhou-nos um Gover-no talhante que corta agora sem cri-tério para emagrecer um Estado que andou a gastar sem sentido.

JTM/DN

TrIbuNa

a reforma das reformas

Está instalada no nosso país uma ideia que me parece bastante perniciosa. Quando existe um

problema, um bloqueio, uma dificuldade a resol-ver, faz-se uma lei.

Basta um olhar atento para o quadro normati-vo existente no nosso país para assim se concluir. São múltiplas, diversas e sucessivas as normas jurídicas que se “amontoam” em cima umas das outras. Desde leis de enquadramento, leis gerais, leis orgânicas, leis reforçadas, diplomas legais avulsos, decretos-lei, decretos regulamentares, portarias, etc..

Ora se há um princípio fundamental que deve ser acolhido no quadro normativo de um país, é, justamente, o da estabilidade e perenidade do res-pectivo sistema jurídico.

Na verdade, é imperioso que os destinatários das normas, independentemente da sua posição no sistema, possam conhecer e saber com clareza e transparência qual é o regime que lhes é aplicá-vel.

Quando alguém pretende investir em Portu-gal, quando alguém pretende saber como funcio-na o sistema judicial, quando alguém quer saber os caminhos a percorrer para exercer um direito ou subordinar-se a uma obrigação, o mínimo que se lhes pode dar é, na verdade, um sistema escor-reito, claro e estável.

Não é isso que acontece no nosso país. O la-birinto da hierarquia das normas, a complexidade na procura da lei que naquele momento está em vigor, a sucessão temporal de regras que visam re-

gular os mesmos factos ou as mesmas situações, a injustificada tutela diversificada dos mesmos ins-titutos jurídicos, levam a que, na maior parte dos casos, quer o intérprete quer o aplicador da lei se vejam confrontados com a necessidade de adop-tar comportamentos ou de tomar decisões que po-dem não corresponder ao ratio e à letra da lei que naquele momento deve ter-se como aplicável.

Esta situação gera inevitavelmente distorções e efeitos negativos no quadro de um sistema que só teria a ganhar em ser simples, claro e credível.

Vem esta reflexão a propósito de mais um tipo de crime que o legislador quis que visse a luz do dia. Trata-se do crime de enriquecimento ilícito, recentemente aprovado, na generalidade, no Par-lamento.

Partimos do princípio de que o legislador não pretendeu criminalizar o enriquecimento. O que quis criminalizar foi o enriquecimento ilícito.

Se assim é, importa considerar que se o enri-quecimento é ilícito, este incremento patrimonial ocorreu como consequência da prática de um cri-me.

Ora, todos nós conhecemos ou, pelo menos, temos a ideia de que o nosso ordenamento jurídi-co-penal, além dos tipos fixados no Código Penal, contempla, em legislação avulsa, uma panóplia de tipos de crime, tais como, por exemplo, o crime de branqueamento de capitais, a fraude fiscal, o abuso de confiança fiscal, a corrupção, o tráfico de pessoas e bens. Trata-se de um “rol” bastante significativo e tipificado cuja extensão “sufoca”

pelos tipos e pela diferente qualificação e enqua-dramento.

Entendo que se o enriquecimento é fundado na prática de um crime que está previsto na lei, é esse o crime que tendo sido praticado deve ser devidamente julgado.

Somar leis às que já existem é uma decisão, mas é uma decisão errada! Dificulta a investiga-ção, complica o apuramento dos factos e pode ori-ginar dispersão no que toca à aplicação efectiva da lei, ou até conduzir a que a mesma não tenha condições de aplicabilidade.

O exemplo evidenciado surge por ser o mais recente, mas, como dissemos, são múltiplos e mui-tos os exemplos que ilustram este processo legife-rante que “tomou” conta do País. Do que conheço em termos de direito comparado nas áreas que in-vestigo, diria que não existe outro sistema como o que nos “governa”.

Já é tempo de acabarmos com isto. A plurali-dade e a multiplicidade de regimes jurídicos que se sobrepõem, se amontoam, se sucedem, se revo-gam e se suspendem, gera um fenómeno crítico e, sobretudo, perigoso para quem tem de conhecer, interpretar e aplicar a lei.

É, pois, urgente dar continuidade ao trabalho já antes iniciado de eliminar, revogar e tornar co-erente o nosso sistema jurídico nas mais diversas áreas da respectiva tutela, conferindo-lhe credibi-lidade técnica e simplicidade.

Neste sentido, é a reforma das reformas.JTM/DN

Celeste Cardona

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lazer“PA NEGRE” é O CANDIDATO DE ESPANHA AO ÓSCAR. o filme “Pa negre”, de agustí villaronga, é o candidato de espanha a uma nomeação para o Óscar de “melhor filme estrangeiro”. É a primeira vez que um filme falado em catalão é escolhido para representar o país numa candidatura para aquela categoria dos Óscares.

J. K. ROwLING HOMENAGEADA NA UNIVERSIDADE DE EDIMBURGO. J.K.rowling foi homenageada pela universidade de edimburgo, que atribuiu à escritora de Harry Potter o Prémio de benfeitoria, entregue pela princesa ana, chanceler da instituição. o prémio surge no seguimento de uma doação de 10 milhões de libras que a autora fez à universidade.

Demi Moore e ashton Kutcher separam-seo casal sensação de Hollywood ashton Kutcher e Demi moore ter-se-ão separado na noite de quarta-feira, por alegadas traições do marido. Segundo a imprensa internacional, uma mulher de 23 anos diz estar pronta a contar pormenores sobre o seu flirt com o actor de 33 anos no sábado, no sexto aniversário do casal. várias rádios norte-americanas deram conta do sucedido. o site de celebridades radaronline avança que a jovem contratou um advogado de topo para lidar com a questão de vender a sua história sobre o romance com Kutcher.

George clooney levou namorada a antestreia o actor George clooney foi uma das figuras de destaque na passadeira vermelha em noite de antestreia do filme “the ides of march”. a actual namorada de George clooney, Stacy Keibler, também esteve presente na antestreia do filme embora muito discreta, não querendo aparecer ao lado do actor na passadeira vermelha. o filme conta a história de um jovem porta-voz (Gosling) de um candidato à presidência dos estados unidos, mike morris (clooney), uma dupla que acaba por se envolver numa perigosa rede de mentiras e corrupção.

Nicole richie colocou implantes no peitoNicole richie cedeu às plásticas e acabou por colocar implantes para aumentar o peito. recorde-se que Nicole richie já suportou vários rumores de anorexia por exibir uma magreza extrema. após ter sido mãe de duas crianças, Harlow, de 3 anos, e Sparrow, de ano e meio, Nicole terá decidido remodelar o corpo, através da cirurgia, para exibir um “look” mais feminino e sensual.

elton John actua durante três anos em las Vegaso cantor elton John começou na noite de quarta-feira um ciclo de concertos no casino caesars Palace em las vegas, eua, que vai durar três anos, sob o título «the million Dollar Piano». o músico explicou que o nome do espectáculo advém do instrumento que irá tocar nas suas apresentações, referindo-se ao modelo que a Yamaha precisou de quatro anos para construir. «vai surpreender muita gente», apontou o intérprete de «can you feel the love tonight». «Será certamente muito diferente daquilo que as pessoas já me viram fazer antes, como no red Piano», que o cantor levou ao mesmo local anteriormente. o último ciclo americano do músico terminara em 2009, ao fim de cinco anos, embora tivesse sido planeado para três, mas foi prolongado por pedido do público.

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cineTeaTro SALA 1 Johnny englishUm filme de: Oliver Parker.Com: Rowan Atkinson, Dominic West.

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Pág 16 SEXTA-fEirA, 30 dE SETEmbro dE 2011 JornaL Tribuna dE MaCau fECHo dESTA Edição JTm - 00:30HorAS

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agradecimentoA passagem de um tufão, mesmo que longínquo, pro-voca sempre uma alteração à vida da Região e grandes problemas aos cidadãos. Na circunstância, as autoridades assumem uma posição mui-to conservadora que muitas vezes os cidadão não com-preendem, pois os cuidados parecem exagerados em rela-ção ao que consideram ser os perigos reais.Estou com as autoridades. São traiçoeiros os tufões e qua-se sempre escondem perigos que a acalmia de horas não faz adivinhar.Mas há aspectos a reflectir. Enquanto esteve aberto o tú-nel da ponte Sai Van a ideia de obrigar todos os veículos da Taipa que pretendiam entrar notúnel, terem que ir virar à rotunda do Galaxy Resort é muito discutível, pois, apenas promove a concentração de veículos numa zona normal-mente já com muito trânsito.Durante a tarde de ontem, isso ficou mais que provado, não parecendo a ideia mais “brilhante” quando a ideia é “escoar”, não “afunilar”.De qualquer modo devo agra-decer às autoridades respon-sáveis (imagino que tenha sido a DSAT porque mais ninguém consegue batê-la em ideias) por, pela mesma lógi-ca, não se terem lembrado de obrigar os carros da Taipa a irem virar a Ká Hó, Hac Sá, ou Cheoc Va... lou mesmo à fron-teira do Lótus!

J.R.D.

aviÃo dESPEnHou-SE na indonÉSiaUm avião de pequeno porte com 18 pessoas a bordo despenhou-se ontem no norte da ilha de Sumatra, no oeste da Indonésia, informaram fontes oficiais. A bordo seguiam 15 passageiros, dois pilotos e um técnico. Segundo o porta-voz do ministério de Transportes, Bambang Ervan, as equipas de resgate ainda não chegaram à zona do acidente. O aparelho, um CASA C-212, propriedade da companhia local PT Nusantara Buana Airyang, fazia a rota entre Medan e Kutacane. Entretanto, em Hong Kong continua a discutir-se o caso de dois avi-ões que estiveram prestes a colidir quando sobrevoavam o aeroporto de Chek Lap Kok, em Hong Kong, esperando pela sua vez para aterrar. O episódio, que está sob investigação, aconteceu no passado dia 18, mas só agora foi divulgado pela imprensa da região vizinha. Um avião da Cathay Pacific oriundo de Nova Iorque e com 317 pessoas a bordo entrou em rota de colisão com um avião da Dragonair que provinha de Taiwan e transportava 296 passageiros. Os alarmes dos sistemas anti-colisão dos aparelhos soaram quando sobrevoavam o aero-porto a uma distância que chegou a ser inferior a dois quilómetros. Na altura do incidente, o espaço aéreo de Hong Kong estava congestionado devido ao mau tempo, que levou a que vários voos fossem desviados. Os pilotos reagi-ram de forma rápida ao alarme que soou nos “cockpits” dos dois aviões.

PorTugaL nÃo PodE ManTEr TodoS oS PriviLÉgioSNum ensaio exclusivo publicado na revista Exame de Outubro, António Borges, direc-tor do departamento europeu do FMI, defende que Portugal não pode manter todos os privilégios e todas as ineficiências e esperar sair-se bem deste combate. “A batalha está longe de estar ganha e é necessária uma extraordinária determinação, mas também muita lucidez. O que Portugal não pode fazer é deixar tudo na mesma, manter todos os privi-légios e todas as ineficiências e esperar sair-se bem deste combate sem quartel”. Quem o diz é António Borges, em que frisa que “não admira que, ao fim de uma década de erros acumulados, Portugal não tenha crescimento económico, a produtividade esteja estag-nada, a competitividade comprometida e a dependência do financiamento exterior seja assustadora”. Segundo António Borges, para quem a crise actual resulta de uma “péssima gestão da integração no euro”, não é possível deixar de apertar o cinto. “A redução do nosso nível de bem-estar resulta da impossibilidade absoluta de manter níveis de despesa muito acima do rendimento que o país gera. Esses níveis só se puderam manter enquanto os estrangeiros nos foram financiando. Agora que esse financiamento acabou, a despesa tem necessariamente de estar enquadrada com o rendimento que a actividade económica gera”. O economista aponta ainda o dedo à falta de crédito, caracterizando-a como “o principal e mais dramático obstáculo ao relançamento da economia”. É, por isso, “funda-mental que, em Portugal como por toda a Europa, os bancos aumentem o seu capital. ”

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cavaco vai convocar conselho de estadoCavaco Silva vai convocar o Conselho de Estado já em Outubro para discutir a situação política, económica e financeira em Portugal e, em entrevista à TVI, não poupou José Sócrates sobre a situação financeira que o país vive

Penso no próximo mês convocar o Conselho de Estado para ouvir os conselheiros sobre a incidência da

situação política, económica e financeira sobre o nosso país, penso que é importan-te neste momento ouvir todos os conse-lheiros sobre essa matéria”, afirmou numa entrevista no Palácio de Belém.

Cavaco Silva manifestou-se surpre-endido com o desvio nas contas públicas de dois mil milhões encontradas pelo ac-tual Governo e, questionado sobre como é que o Presidente da República permitiu que a situação chegasse aos termos actu-ais, respondeu: “O Presidente da Repúbli-ca alertou múltiplas vezes para a situação grave em que Portugal se encontrava. Fui até muitas vezes criticado. (…) Ainda no último 10 de Junho disse que Portu-gal estava numa situação insustentável, tendo-me caído em cima quase o Carmo e a Trindade do lado dos partidos de Go-verno”.Cavaco Silva lembrou ainda que já tinha falado “numa situação explosiva” e que tem textos “em que seus alertas estão reproduzidos”.E acrescentou: “Pelos vis-tos os meus apelos não foram ouvidos, ou então alguém ouviu e olhou para o lado.”O Presidente da República, que diz que faz alertas desde 2006, recusou-se a revelar se lançou esses apelos directamen-te a José Sócrates, mas lembrou que o an-terior Governo “recusou até à última hora de forma muito firme e categórica a possi-bilidade de recorrer à ajuda externa”.

“O Governo anterior disse que não pediria ajuda internacional. Eu sabia que Portugal estava numa situação insusten-tável há muito tempo. E disse-o a quem devia dizer”, acrescentou.

Sobre a situação da Madeira, Cava-co disse saber que vai ser apresentada na próxima sexta-feira, conforme revelou nesta quarta-feira Passos Coelho no Par-lamento, a situação financeira do arqui-pélago.

Questionado sobre se o plano de rees-truturação para a região também devia ser conhecido antes das eleições de 9 de Outu-bro, Cavaco, ainda que de forma indirecta, admitiu que talvez isso não seja possível. Lembrou que o plano está a ser elaborado por técnicos altamente competentes, “mas não será fácil preparar de um momento para o outro um programa de ajustamento que deve ser muito rigoroso”.

“Não pudemos esquecer que a elabo-ração que o programa de ajustamento de Portugal feito pelo Banco Central Euro-peu, pela Comissão europeia e pelo Fun-do Monetário Internacional levou mais de um mês a elaborar”, acrescentou.

O Presidente da República não con-sidera que não divulgação desse plano antes das eleições comprometa a trans-parência do acto eleitoral, porque “os madeirenses ficarão a conhecer, com a divulgação do relatório sobre a situação

financeira (…) qual é o esforço que lhes vai ser exigido no futuro”.

Cavaco Silva disse que só conheceu o chamado buraco financeiro da Madeira no dia em que ele foi divulgado pelo Ins-tituto Nacional de Estatística e pelo Banco de Portugal, a 16 de Setembro. “Conheci essa falta, essa omissão, como foi referido pelo Banco de Portugal e INE, no dia em que ele publicou o seu comunicado. Eu encontrava-me em Valpaços, em poucas horas fiz uma declaração.”

O Chefe de Estado classificou mais uma vez a situação da Madeira como “gra-ve” e recusou as críticas dos que dizem ter tido uma reacção branda. “Eu fiz a declara-ção que entendo que o Presidente de todo o país, de Portugal inteiro, devia fazer, até porque o Banco de Portugal já tinha dito que se tratava de uma omissão grave.”

Cavaco recusou fazer qualquer co-mentário às reacções do presidente do Governo Regional da Madeira e falou do “estilo” de Alberto João Jardim. “Cada di-rigente político tem a sua forma específica de fazer política e na Madeira o dr. Alber-to João Jardim tem o seu estilo, que não é o meu.”