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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA JOSÉ LUCIANO PIMENTA COUTO ESTUDO DE PARÂMETROS SALIVARES EM PORTADORES DE PICNODISOSTOSE FORTALEZA 2010

JOSÉ LUCIANO PIMENTA COUTO - UFC · 2019. 2. 1. · A picnodisostose é uma displasia esquelética caracterizada por baixa estatura, osteoclerose, acrosteólise, deformidades crânio-faciais

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

JOSÉ LUCIANO PIMENTA COUTO

ESTUDO DE PARÂMETROS SALIVARES EM PORTADORES DE PICNODISOSTOSE

FORTALEZA

2010

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JOSÉ LUCIANO PIMENTA COUTO

ESTUDO DE PARÂMETROS SALIVARES EM PORTADORES DE PICNODISOSTOSE

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de

Pós-graduação em Odontologia, da Universidade

Federal do Ceará, como requisito para a obtenção

do Título de Mestre em Odontologia.

Área de concentração: Clínica odontológica

Orientadora: Profa. Dr

a. Cristiane Sá Roriz Fonteles

FORTALEZA

2010

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C91e Couto, José Luciano Pimenta

Estudo de parâmetros salivares em portadores de picnodisostose/

José Luciano Pimenta Couto – Fortaleza, 2010.

92 f. : il.

Orientadora: Profa. Dr

a. Cristiane Sá Roriz Fonteles

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará.

Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Fortaleza, Ceará.

1. Picnodisostose 2. Proteínas e Peptídeos Salivares 3. Saliva I.

Fonteles, Cristiane Sá Roriz (orient.) I. Título.

CDD: 617.6

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JOSÉ LUCIANO PIMENTA COUTO

ESTUDO DE PARÂMETROS SALIVARES EM PORTADORES DE PICNODISOSTOSE

Dissertação apresentada à Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da

Universidade Federal do Ceará, como requisito para obtenção do Título de Mestre em

Odontologia.

Aprovado em:___/___/_____

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________

Prof.ª Dr.ª Cristiane Sá Roriz Fonteles (orientadora)

Universidade Federal do Ceará – UFC

_________________________________________

Prof. Dr. Eduardo Costa Studart Soares

Universidade Federal do Ceará – UFC

_________________________________________

Profa. Dr

a.Maria Izabel Florindo Guedes

Universidade Estadual do Ceará – UECE

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

A Deus pelo dom da vida e constante proteção de Pai, sempre renovando minha esperança

e fé, assim como trazendo para meu convívio pessoas encantadoras que têm tornado minha

vida uma eterna felicidade!!!

À minha mãe Iêda Pimenta, minha base, meu alicerce! Pelo força e amor demonstrados a

cada obstáculo superado... pela coragem ao partir conosco em busca de uma formação

difícil de imaginar, porém que já fazia parte dos planos traçados por ela para o nosso

futuro! Será SEMPRE meu exemplo maior de superação e de humildade....

Aos meus irmãos Alfredo (Macatrão), Jeffresson (Ninja) e Tiaguinho (bola) pelos

exemplos, pelos papéis assumidos diante das adversidades da vida e pela fé e amor que nos

uniram e permitiram que superássemos todas as dificuldades juntos, buscando sempre essa

felicidade que hoje nos cerca!

Alfredo – exemplo de bondade, trabalho e superação.

Jeffresson – palavra que poderia facilmente significar cumplicidade e amizade.

Tiaguinho – benção Divina que nos dá, no convívio diário, exemplo de humildade, carinho

e companheirismo.

À minha noivinha, Alynne...verdadeira Benção Divina que chegou para demonstrar o

verdadeiro sentido do amor! Um exemplo, uma inspiração, uma amiga, uma mulher que

me encanta a cada olhar, cada sorriso e com a qual pretendo ter o prazer de dividir cada dia

da minha vida!

Ao Sr. Aldenir (sogrão), Dona Lúcia (sogrona), Alyanne, Alysson e demais membros da

família pelo carinho, respeito e pela acolhida que fazem com que me sinta cada vez mais

membro dessa família...nossa FAMÍLIA CORAÇAO!!!

Amo muito todos vocês!!!!

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AGRADECIMENTOS

A Dra Cristiane Fonteles por acreditar em mim! Construímos uma relação há muitos anos

onde, muitas vezes, ela precisou fazer papel de mãe, amiga, conselheira, tendo realizado esse

papel sempre com a intenção de me tornar melhor...um melhor profissional, um melhor ser

humano, sempre vibrando muito à cada vitória e oferecendo todas as oportunidades que foram

possíveis.

Ao sócio-amigo-IRMÃO, Carlos Eduardo (Dudu) pela cumplicidade desde nossa clínica

integrada, passando pelo nosso PSF no interior, concurso para Fortaleza, Faculdade Católica e

nossas evoluções dos consultórios até hoje e, com perspectiva de se manter por muuuuiito

tempo! Você é um exemplo de humildade, luta e profissional! Estaremos sempre juntos!!!

Aos amigos e, também IRMÃOS Lucas (Lukinha) e George pelas demonstrações de

felicidade a cada conquista pessoal e profissional e por todos os obstáculos superados, todas a

noites mal dormidas,...Vocês fizeram e fazem parte de tudo isso!!

À Faculdade Católica Rainha do Sertão pelo acolhimento e confiança depositada em mim,

enquanto professor em início de carreira. Sem dúvida, amadureço bastante e a experiência

adquirida tem ajudado muito na minha caminhada.

Às amigas e colegas de disciplina Bia, Cris e Pati (eternamente) pelos conhecimentos

compartilhados e pelas demonstrações de como tornar repleta de alegria e momentos

inesquecíveis uma rotina tão puxada!! Que nosso trabalho frente às disciplinas continue sendo

respeitado e valorizado pelos alunos!!

Aos meus queridos alunos. Espero ter despertado em vocês a vontade de correr atrás do

conhecimento. Aprendo muito com todos vocês!

Aos meus amigos- PRIMOS que SEEEMPRE ACREDITARAM em meu potencial e

valorizaram cada segundo de nossa amizade!! Vocês fizeram e farão parte de todos os

momentos de minha vida!!

Aos amigos e garndes colabores do Laboratório de Bioquímica da UECE, muito bem

representado pela Profa. Dr

a.Maria Izabel Florindo Guedes, além de outros seres humanos

encantadores como Isac, Jarbas, Sílvio (mestre do Bradford), Naíla, Manu, Profa Lia, Prof

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Sérgio e todos que através de seus conhecimentos, ou mesmo, através do ambiente

MARAVILHOSO alimentado por todos que conduzem aquele laboratório, tornaram possível

a finalização deste trabalho...MUITO OBRIGADO!

Aos profundos conhecedores de Focalização Isoelétrica e,mais do que isso, dos valores

verdadeiros de uma amizade, Prof Raimundo e Prof Michel (NUGEM) meus agradecimentos

pela disponibilidade e pelo sorriso no rosto SEMPRE durante os momentos que os procurei.

Aos meus colegas de turma de mestrado que, mesmo diante das minhas correrias, sempre

acreditaram no meu potencial e valorizaram minha amizade.

À Karlinha, a mestranda mais merecedora de um título de doutora que já conheci!! Pela

dedicação, horas dedicadas às contribuições com esta pesquisa, pelo ser humano sincero e

amigo que demonstrou ser ao longos desses anos de convivência! Papai do Céu estará sempre

cuidando de você e a preservando com todas essas suas características que encantam todos

que desfrutam o prazer de sua amizade!

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RESUMO

A picnodisostose é uma displasia esquelética caracterizada por baixa estatura, osteoclerose,

acrosteólise, deformidades crânio-faciais e fragilidade óssea. Aproximadamente 200 casos

foram descritos em diferentes grupos étnicos, estimando-se uma incidência de 1,7: 1.000.0000

de nascidos. O uso da saliva como um método de diagnóstico avançou exponencialmente nos

últimos anos. Desequilíbrios na quantidade e composição da saliva podem gerar afecções

bucais tais como cáries e doença periodontal, além de ser indicativo de alteração sistêmica

importante. Esse trabalho objetivou estudar parâmetros de saliva total humana em pacientes

portadores de picnodisostose (PYCN). A amostra consistiu em 04 indivíduoscom PYCN

(grupo experimental) e 04 indivíduos não-sindrômicos (grupo controle), tendo sido avaliado

fluxo salivar, pH e perfil protéico. Saliva total não estimulada foi coletada e centrifugada; o

sobrenadante foi retido, liofilizado, armazenado a -20°C e analisado para contagem de

proteínas totais e eletroforese bidimensional. Foi possível detectar diferenças estatisticamente

significativas entre os grupos (p<0,05) para os parâmetros salivares analisados. Quando

comparados com o grupo controle, portadores de PYCN apresentaram redução no fluxo

salivar; pH com valores aumentados; redução na concentração total de proteínas e bandas

protéicas com expressão diferenciadas. Os resultados desse estudo sugerem haver padrões

diferenciados na composição salivar entre os grupos avaliados.

Palavras-chave: Picnodisostose. Proteínas Salivares. Saliva.

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ABSTRACT

Picnodysostosis (PKND) is a skeletal displasia characterized by short stature, osteosclerosis,

acrosteolisis, craniofacial deformities and bone fragility. Approximately 200 cases have been

described among different ethnic groups, with an estimated incidence of 1.7: 1.000.000 live

births. The use of saliva as a diagnostic tool has advanced exponentially within recent years.

Unbalance in the amount and composition of saliva may generate oral diseases such as dental

caries and periodontitis, and may also indicate important systemic alterations. This study has

aimed to investigate the parameters of human whole saliva in patients with PKND. Our study

sample consisted of 4 individuals with PKND (experimental group) and 4 healthy individuals

without PKND (control group). Salivary flow rate, pH and protein profile were evaluated in

this population. Non stimulated whole saliva was collected and centrifuged. The supernatant

was separated and lyophilized and stored at -20°C for posterior total protein and

bidimensional electroforetic analysis. Statistically significant differences were observed

between groups (p<0,05) for the analyzed salivary parameters. When compared to the control

group, individuals with PKND presented reduced salivary flow rate, lower pH values, reduced

total protein concentration, and protein bands with differentiated expression. The results of

this study suggest the existence of a differentiated pattern of salivary composition between

groups.

Keywords: Picnodysostosis. Salivary Proteins. Saliva.

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LISTA DE FIGURAS

1A Aspecto frontal de paciente portador de picnodisostose

1B Aspecto e perfil de paciente portador de picnodisostose

2A Aspecto clínico evidenciando encurtamento dos dedos

2B Evidenciação da hipoplasia das unhas

3A Aspecto intra-oral frontal

3B Aspecto intra-oral lateral direito

3C Aspecto intra-oral lateral esquerdo

4 Aspecto intra oral oclusal superior

5 Aspecto intra oral oclusão inferior

6 Telerradiografia

7 Radiografia panorâmica

8 Radiografia de mão e punho

9 Aspecto de corpo inteiro de portador de acondroplasia

10 Aspecto lateral de corpo de portador de acondroplasia

11A Aspecto frontal de paciente com acondroplasia

11B Aspecto lateral de paciente portador de acondroplasia

12.A Aspecto frontal de portador da síndrome de Robinow

12.B Aspecto lateral de portador de síndrome de Robinow

13 Aspecto intra-oral de portador da síndrome de Robinow

14 Cânula corretora

15 Coleta de saliva não-estimulada

16 Tubos na centrífuga

17 Separação do sobrenadante após centrifugação

17

17

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18

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19

19

19

19

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21

21

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30

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32

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49

49

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18 Tubos de ensaio com amostras em triplicata

19 A e B Eequipamento IPGphor da Amersham Biosciences

20 A e B Equilíbrio das Strips

21 Marcador

22 Aplicação do marcador

23 A e B Cuba e fonte eletroforética

24 Gel em solução corante

25 Gel em solução descorante

51

54

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56

57

57

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

2 REVISÃO DE LITERATURA 15

2.1Picnodisostose 15

2.1.1 Características Gerais 15

2.1.2 Características Orofaciais 18

2.1.3 Características Radiográficas 20

2.1.4 Mecanismos Fisiopatológicos 22

2.2 Diagnósticos Diferenciais 23

2.2.1Osteopetrose 23

2.2.2 Osteogênese Imperfeita 25

2.2.3 Disostose Cleidocraniana 27

2.2.4 Acondroplasia 28

2.2.5- Síndrome de Robinow 31

2.2.6- Doença de Camurati–Elgemann 33

2.3 Diagnóstico por saliva 34

2.3.1 Secreção salivar 34

2.3.2 Constituintes do fluido salivar 37

2.3.3 Saliva como ferramenta de diagnóstico 41

2.3.4 Análise proteômica da saliva 43

3 PROPOSIÇÃO 47

4 MATERIAL E MÉTODOS 48

4.1 População 48

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4.2 Coleta da Saliva 48

4.3 Protocolo Analítico 50

4.3.1 Mensuração do Fluxo Salivar 50

4.3.2 Ph 50

4.3.3 Análise proteômica da saliva 50

4.3.3.1 Determinação das Proteínas Totais 50

4.3.3.2 Eletroforese Bidimensional 52

4.3.3.2.1 Focalização Isoelétrica 53

4.3.3.2.2 Equilíbrio da Strip 55

4.3.3.2.3 SDS/PAGE 56

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA 57

5 RESULTADOS 59

6 DISCUSSÃO 69

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 74

REFERÊNCIA 75

ANEXO 1 91

ANEXO 2 92

ANEXO 3 94

ANEXO 4 96

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13

1 INTRODUÇÃO

A picnodisostose (PYND) é uma displasia esquelética rara, autossômica recessiva,

que atinge diferentes grupos étnicos e ambos os sexos, sendo relatada consangüinidade dos

pais em mais de 30% dos casos (ELMORE, 1967). Essa displasia decorre de um defeito no

gene codificador da enzima catepsina K, localizada no cromossomo 1q21, resultando em

deficiência na atividade dessa enzima (GELB, 1996). As manifestações clínicas mais comuns

incluem o aumento na densidade óssea, freqüentes fraturas, displasia clavicular, deformidades

nos ossos do crânio com dificuldade de fechamento das suturas, acrosteólise das falanges

distais, ossificação incompleta das fontanelas, unhas finas e hipoplásicas, proptose, esclerótica

azul, nariz adunco, além de bossa frontal e parietal (MAROTEAUX & LAMY, 1965).

A saliva é um líquido aquoso, produzido e secretado pelas glândulas salivares

maiores (parótidas, submandibulares e sublinguais) e menores,constituindo em conjunção ao

fluido crevicular gengival, o fluido oral ou saliva total humana (STH), responsável pela

manutenção da homeostase da cavidade bucal (EDGAR, 1990). Suas funções em relação ao

fluxo salivar e à composição molecular são bem específicas: capacidade tamponante, ação

mecânica de limpeza, caráter antibacteriano e ação mineralizadora (BANDERAS-TARABAY,

1997; LENANDER-LUMIKARI & LOIMARANTA, 2000). Um grande número de proteínas

encontra-se presente na composição da STH, participando da proteção dos tecidos orais,

incluindo proteínas ricas em prolina, amilases, albumina, imunoglobulinas, lisozimas,

lactoferrina, lactoperoxidase, histatinas (com propriedades antimicrobianas), estaterina (para

homeostase do cálcio), mucinas (para lubrificação) e cisteínas (YAO et al., 2003).

Proteínas e peptídeos presentes em STH são frutos de uma série de complexos

processos moleculares, determinantes de uma definição estrutural final destas moléculas. Esses

processos iniciam-se a um nível biosintético, intra-glandular, finalizando após secreção intra-

oral destas estruturas. Portanto, durante a vida útil de uma proteína salivar, quatro fases

principais podem ser observadas: a fase 1, consistindo no processo celular básico de

biosínteseprotéica, tendo por base sua definição genética; fase 2, caracterizada por

modificações pós-translacionais intracelulares, anteriores à secreção protéicapara o sistema

ductal; fase 3, consistindo em modificações que ocorrem durante o processo secretório, e

trânsito através do sistema ductal; finalizando com uma 4ª fase, representativa de modificações

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14

extensas às proteínas salivares, após sua secreção no ambiente contaminado da cavidade oral

(HELMERHORST & OPPENHEIM, 2007).

Nos últimos 10 anos, o uso da saliva como meio diagnóstico tem avançado

exponencialmente, por tratar-se de um fluido que pode ser coletado de forma não invasiva e

usado para medir e monitorar o risco de cárie (STRECKFUS & BIGLER, 2002). A predição do

risco de novas cáries tem sido de grande interesse e é muito importante para o desenvolvimento

de uma nova estratégia preventiva para a cárie. Isso é especialmente significante para crianças

sadias e para crianças com necessidades especiais (TAO et al., 2005). Para o Brasil, um país

subdesenvolvido, é relevante o fato de que os procedimentos preventivos podem se concentrar

mais eficientemente nos grupos de alto risco e não serem aplicados desnecessariamente nos

grupos de baixo risco (vAN HOUTE, 1993). Na atualidade, há, todavia, a compreensão de que

quase tudo que se pode medir no sangue é mensurável em saliva (WONG, 2006). Tendo já sido

demonstrada a presença de um grande número de dados analíticos diagnósticos em saliva,

incluindo hormônios esteróides (FORDE et al., 2006), anticorpos anti-HIV, hepatites virais A,

B e C, além de seu uso para monitoramento dos níveis de uma variedade de drogas (MANDEL,

1993).

Segundo Fonteles et al. (2007) o exame intra-oral de pacientes com PYND

geralmente revela mordida cruzada posterior e aberta anterior, severo apinhamento dental,

pobre higiene oral, doença periodontal, dentes extremamente cariados, além de anomalias

esqueléticas gerando redução do espaço aéreo da faringe, desenvolvimento de osteomielite,

osteosclerose, fraturas e limitação de abertura bucal. As características da síndrome dificultam

a obtenção de acesso para um adequado tratamento cirúrgico e restaurador, tornando de

fundamental importância uma abordagem preventiva e precoce. Apesar da significância dos

achados intra-orais de pacientes portadores desta condição, nenhum estudo de avaliação de

parâmetros salivares foi previamente realizado em pacientes portadores de PYND, não

havendo portando, nenhum dado na literatura mundial que possa servir como base para

avaliação de uma possível correlação entre a disfunção enzimática pré-existente, elevada

incidência de cáries e doença periodontal nesses pacientes e a composição qualitativa e

quantitativa de sua saliva.

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15

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Picnodisostose

Reconhecida como entidade distinta em 1962 por Maroteaux e Lamy, a

picnodisostose (PYCN) (do grego picno- denso; dis- defeituoso; ostose- osso) é uma displasia

esquelética caracterizada por baixa estatura, osteoclerose, acrosteólise, deformidades crânio-

faciais e fragilidade óssea por meio de aumento na densidade óssea em decorrência da

alteração no equilíbrio reabsorção/aposição (TANNER & WHITEHOUSE, 1976; BATHI &

MASUR, 2000; NORHOLT et al., 2004; KATO et al., 2005; MUTO et al., 2005; PEREIRA

et al., 2008; MUJAWAR et al., 2009). Em 1965, Maroteaux e Lamy concluíram ter sido esta

a misteriosa doença que vitimou o famoso pintor francês Henri de Toulose-Lautrec (1864-

1901). Desde então, aproximadamente 200 casos foram descritos em diferentes grupos étnicos

(ORNETTI et al., 2008), estimando-se uma incidência de 1,7: 1.000.0000 de nascidos

(ORNETTI et al., 2008; MUJAWAR et al., 2009; TESSIER et al., 2009;HERNANDEZ-

ALFARO et al., 2011). Esta patologia apresenta-se como uma herança autossômica recessiva,

podendo também haver mutação espontânea e até 30% dos casos. Ambos os sexos são

igualmente afetados, tendo sido relatada consanguinidade dos pais em aproximadamente 30 %

dos casos (GELB et al., 1996; O`CONNEL et al., 1998).

2.1.1 Características Gerais

A PYND é uma doença congênita, porém manifesta-se tardiamente, já que

normalmente há uma fase silenciosa até a constatação do nanismo da fácies típica. Logo, o

reconhecimento ocorre, principalmente, durante a segunda infância quando o quadro clínico

se torna mais definido (KHAWALI et al., 1998). O diagnóstico, algumas vezes, é

determinado tardiamente, através de episódios de fraturas e infecções nos ossos longos,

decorrentes do incremento na densidade óssea e da menor vascularização (SOLIMAN et al.,

1996;BATHI & MASUR, 2000; KATO et al., 2005; MUJAWAR et al., 2009; TEISSIER et

al., 2009).

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16

Maroteaux & Lamy (1965) descreveram densidade óssea aumentada, volume

anormal do crânio, ausência de fechamento das suturas e fontanelas, fragilidade óssea, baixa

estatura, bossa frontal e occipital, má implantação dentária e múltiplas cáries.

Para Nielsen (1974) esta displasia esquelética caracteriza-se por baixa estatura,

importante osteoesclerose, hipoplasia mandibular, atraso no fechamento das fontanelas,

ângulo mandibular obtuso, suturas cranianas separadas, proptose, voz anasalada, alterações na

formação dentária, displasia das clavículas e aplasia das falanges terminais. As alterações

craniofaciais reduzem o espaço aéreo superior e podem aumentar o risco de insuficiência

respiratória. Tornam-se frequentes as infecções na árvore brônquica, com insuficiência

respiratória, além de vômitos e regurgitações.

Saito & Gonzales (1988) observaram nariz proeminente, exoftalmia bilateral,

discreta assimetria facial, palato em ogiva, alterações dentárias com defeitos de implantação,

constituição e oclusão, suturas abertas, fontanela bregmática palpável, falanges curtas, unhas

friáveis, calvário desproporcionalmente grande e com abaulamentos frontais e occipitais,

maxila hipoplásica, queixo com tamanho reduzido, ângulo mandibular obtuso, nariz adunco,

palato alto, profundo e, muitas vezes, sulcado; anodontia parcial, erupção prematura ou tardia

dos dentes, hipoplasia do esmalte e mau posicionamento dos dentes, podendo haver

persistência dos decíduos, tórax é estreito e pode haver pectus excavatum, as mamas são

pouco desenvolvidas nas mulheres, porção distal dos dedos e artelhos são reduzidas e

largadas, a pele é enrugada e as unhas podem ser finas e quebradiças (Figuras 1,2,3 e 4) .

Magalhães et al. (1998) em relato de 2 casos observaram desproporção

craniofacial, ausência de fechamento das fontanelas, alargamento e persistência das suturas

cranianas, bossa frontal e parietal, agenesia do ângulo mandibular, aumento da densidade

óssea principalmente nos ossos longos, associados a dedos curtos com polpas digitais mal

formadas e maior risco às fraturas. Os indivíduos afetados também podem apresentar esclera

azul, unhas anormais, bossa frontal, cifose e escoliose. Segundo esses autores, os pacientes

geralmente apresentam desenvolvimento mental e sexual normais e, caracteristicamente, não

apresentam anemia ou compressão de feixes nervosos.

Soliman et al. nos estudos realizados em 1996 e 2001 consideram que a hipoplasia

da glândula hipofisária pode ser um achado associado à síndrome. No primeiro deles, Soliman

et al. avaliaram oito casos de picnodisostose e verificaram que 50 % deles apresentaram

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17

déficit do hormônio de crescimento (GH) associado à hipoplasia da hipófise anterior,

detectada através de imagem por ressonância magnética. Cinco anos depois, esses autores

postularam que o aumento do volume ósseo e a relativa rigidez da parede da sela túrcica

poderiam resultar em um aumento da pressão intra-selar e determinar o hipopituitarismo.

Nesse segundo estudo, os pacientes com picnodisostose foram submetidos ao teste da geração

de IGF-I, sendo verificada uma resposta significativa e, portanto, excluída resistência ao GH.

Já para, Quezado et al. (2003) numa avaliação de 2 casos através de exames de

imagem (RX de sela e TC de crânio) não existem evidências de alterações na região da

hipófise.

Em 2010, Bertola et al. avaliaram 6 pacientes portadores de picnodisostose e

identificaram desenvolvimento mental normal, baixa estatura, esclerose óssea, ângulo

mandibular obtuso, hipoplasia/ acrosteólise das falanges distais, múltiplas fraturas,

anormalidades no crânio, sutura lambidóide ampla e persistência da sutura coronal.

Essas características clínicas são ilustradas nas figuras 1 (A e B) e 2 (A e B) com

imagens dos participantes da pesquisa

convexo. Figura 1- A)Aspecto frontal evidenciando bossa frontal e parietal, nariz adunco, retrognatia,

proptose e escleróticas azuladas. B) Aspecto lateral evidenciando bossa frontal, nariz adunco, hipoplasia do

terço médio da face, retrognatia, proptose e perfil facial convexo.

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Figura 2- A) Aspecto clínico evidenciando encurtamento dos dedos acometidos pela acrosteólise

das falanges distais. B) Imagem em maior aumento evidenciando a hipoplasia presente nas unhas.

2.1.2 Características Orofaciais

Essa síndrome apresenta deformidades craniofaciais típicas, como dolicocefalia

ou braquicefalia, com proeminência da testa, hipoplasia da maxila e micrognatia, hipoplasia

do terço médio da face com exoftalmia, hipopneumatização dos seios da face, nariz adunco,

palato ogival e com falsa fissura, mordida aberta anterior, língua fissurada e redução do

espaço aéreo da faringe (BATHI & MANSUR, 2000; MUTO ET AL., 2005; FONTELES ET

AL., 2007; MUJAWAR ET AL., 2009).

Durante o exame intra-oral normalmente evidencia-se mordida aberta anterior e

posterior, severo apinhamento dentário, pobre higiene oral, doença periodontal, palato ogival

com falsa fissura, língua geográfica, alterações de forma e tamanho dos dentes (JONES et al

AL., 1998; QUEZADO ET AL., 2003; OLIVEIRA ET AL., 2010).

Fonteles et al. (2007) relatou quatro casos através dos quais descreveu os

principais achados observados nos portadores de tal condição. Sendo eles a bossa frontal,

proptose, perfil convexo, micrognatia, mordida aberta, palato ogival, protrusão lingual,

mordida aberta posterior, retenção de dentes decíduos, anodontia parcial, alterações

morfológicas dentárias, pobre higiene oral, cáries dentárias e doença periodontal (Figuras 3

A,B e C, 4 e 5).

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Figura 3- A, B e C Aspecto intra-oral evidenciando severo apinhamento, além de extenso

comprometimento por cárie e doença periodontal. Observar mordida cruzada anterior decorrente da

hipoplasia do terço médio da face.

A osteomielite é a mais séria complicação advinda dos problemas orais, comum

em adultos e incomuns em crianças (BERTOLA, 2010), uma vez que a vascularização óssea

comprometida aumenta a probabilidade de desenvolver osteomielite pós-extração (PEREIRA,

BERINI AYTE´S, GAY, 2008). O tratamento atual é principalmente direcionado aos

sintomas, com ênfase na prevenção de fraturas. Rigorosa higiene oral diária e profilaxia com

antibióticos em casos de extração dentária são procedimentos recomendados na prevenção da

osteomielite (BERTOLA, 2010).

Figura 4- Aspecto clínico oclusal

superior evidenciando atresia maxilar,

apinhamento dentário e presença de

falsa fissura característicos da

síndrome.

Figura 5- Aspecto clínico oclusal

inferior evidenciando apinhamento

dentário. Observar bom controle de

placa e ausência de cárie e/ou doença

periodontal.

A

B C

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2.1.3 Características Radiográficas

Embora os conhecimentos genéticos e bioquímicos no campo das displasias

ósseas estejam progredindo, as características clínicas e principalmente as radiológicas ainda

são as bases diagnósticas da PYCD (BERTOLA, 2010).

Maroteaux e Lamy (1962) descreveram densidade óssea aumentada, suturas

amplas e permanecendo abertas, principalmente as parieto-occipitais, defeitos vertebrais,

alterações nas estrias transversais e longitudinais nos ossos longos e ausência de fechamento

dos forames. Fernandez Marino et al. (1981) relatou proeminência frontal e parietal, abertura

das fontanelas, hipoplasia dos maxilares superiores e seios paranasais, diminuição do ângulo

mandibular, densidade óssea aumentada, aumento da cortical e redução do canal medular e

osteólise das falanges distais. Já em 1988, Saito & Gonzales observaram aumento

generalizado da densidade, espessamento da base do crânio, suturas e fontanelas permanecem

muito abertas, padrão de ossos wormianos sobre os parietais, hipoplasia e falta de

pneumatização dos seios paranasais, ângulo obtuso ou retificado da mandíbula, extremidades

acromiais das clavículas saio displásicas, canais medulares podem ser visualizados, ausência

ou desenvolvimento precário das falanges distais.

Magalhães et al. (1998) observaram ausência de fechamento das fontanelas e

alargamento e persistência das suturas, agenesia dos ângulos mandibulares, corticais

espessadas dos ossos longos com diminuição do canal medular mas sem perda da relação

corticomedular e falanges distais de forma triangular. Em estudo de 6 pacientes portadores de

picnodisostose, Bertola et al. (2010) identificaram aumento na densidade óssea, micrognatia,

sutura lambidóide ampla, sinostose coronal, acrosteólise das falanges distais, ângulo

mandibular obtuso (Figuras 6, 7 e 8).

Diferentemente de outras condições que afetam o metabolismo ósseo, a

picnodisostose promove o aumento da densidade óssea sem, no entanto, promover redução

dos espaços medulares, fechamento de forames e alterações decorrentes de tecidos

hematopoiéticos, como anemia (ELMORE, 1967; EDELSON ET AL., 1992).

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Alguns estudos têm relatados os achados clínicos e radiográficos relacionados à

síndrome (LANDA et al., 2000; SOLIMAN et al., 2001; ZENKE et al., 2002), entretanto,

poucos têm relacionados medidas cefalométricas a essas descrições (HUNT et al., 1998;

MUTO et al., 2005; FONTELES et al., 2007).Hunt et al. (1998) relataram 3 casos de PYCD,

onde foi mensurado o ângulo ANB, tendo sido encontrado valores negativos para um dos

casos descritos evidenciando a maloclusão. Fonteles et al. (2007) descreveram dados

Figura 8- Radiografia de mão e punho

evidenciando a acrosteólise da falange distal de 2

dedos. Achado típico de portadores de

picnodisostose.

Figura 6- Radiografia lateral de face

demonstrando hipoplasia maxilar,

osso mandibular estreito, ângulo

goníaco aberto, hipoplasia do

processo coronóide e mordida aberta

anterior.

Figura 7- Radiografia panorâmica evidenciando

mandíbula pequena, fratura decorrente de

exodontia, anodontia parcial e malformações

dentárias.

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cefalométricos de 4 casos descritos, observando redução de medidas maxilares (hipoplasia

maxilar) evidenciada por Co-A, SNA e ANS-PNS e redução no tamanho do corpo mandibular

(medido através de Goc –Me). Esses achados associados à redução de SNA e SNB tornam

mais significativa a alteração no espaço aéreo faríngeo posterior. Todos os casos revelaram

predomínio de crescimento vertical com inclinação do plano mandibular, rotação horária

(SN.GoMe e MP.FH), com importante deficiência de crescimento do ramo mandibular (Goc-

Ar) evidenciada pela deficiência na altura facial posterior (S-Goc) comprometendo o espaço

aéreo da faringe.

Como consequência dessas severas alterações craniofaciais, a apnéia obstrutiva do

sono tem sido descrita em pacientes portadores de picnodisostose, aumentando, assim, os

riscos de insuficiência respiratória (MUTO et al., 2005).

2.1.4 Mecanismos Fisiopatológicos

Na década de 1990, o gene defeituoso responsável pela síndrome foi localizado no

cromossomo 1 q 21, responsável pela produção da catepsina K (CK), proporcionando um

diagnóstico mais preciso e um conhecimento mais profundo de tal condição (GELB et al.,

1996; FONTELES et al., 2007; MUJAWAR et al., 2009).

A CK é uma protease lisossômica com importante papel na reabsorção da matriz

óssea, e se expressa abundantemente nos osteoclastos, sendo secretada no espaço sub-

osteoclástico onde a matriz é degradada. Estudos in vitro revelam que a CK mutante da

PYCD não degrada o colágeno tipo I, de que se constituem 95% da matriz orgânica óssea.

Assim, a contínua formação óssea e a incapacidade de reabsorção levam a uma remodelação

óssea alterada, resultando em um aumento generalizado da densidade e do volume do osso,

esclerose, fragilidade óssea e, consequente, maior predisposição às fraturas ósseas

(ELMORE, 1967; PEREIRA et al., 2008).

Tal comprometimento no equilíbrio reabsorção-aposição pôde ser constatado

também através dos estudos de Nishi et al. (1999), onde foi demonstrado níveis normais de

marcadores de formação óssea (pro-peptídeo carboxiterminal do colágeno I e osteocalcina), e

níveis baixos de marcadores de reabsorção óssea (telopeptídeos do colágeno tipo I - NTX e

CTX), em 7 pacientes com PYCD. Assim, a contínua formação óssea e a incapacidade de

reabsorção, desequilibram o metabolismo ósseo, resultando em um aumento generalizado da

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densidade e do volume dos ossos, esclerose, fragilidade e, consequentemente, maior

predisposição a fraturas ósseas.

2.2 Diagnósticos diferenciais

O diagnóstico diferencial da PYCD compreende outras doenças esqueléticas que

afetam crânio, mandíbula e falanges distais, tais como a osteopetrose, a osteogênese

imperfeita a disostosecleido-cranial, a acondroplasia, a síndrome de Robinow e a doença de

Camurati-Engelmann ( LAZNER et al., 1999; SOLIMAN et al., 2001).

2.2.1 Osteopetrose

Embora os conhecimentos genéticos e bioquímicos no campo das displasias

ósseas estejam progredindo, as características clínicas e radiológicas ainda são as bases

diagnósticas da osteopetrose e da picnodisostose. É importante realizar o diagnóstico o mais

precoce possível, a fim de planejar a conduta terapêutica e o aconselhamento mais

apropriados, evitando assim as complicações decorrentes da evolução da doença

(WEINSTEIN & BUCKWALTER, 2000). A osteopetrose, também conhecida como doença

de Albers- Schonberg ou doença Marmórea ou osteosclerosis fragilis generalisata, é uma

displasia esquelética hereditária rara, em que 20% dos casos derivam de casamentos

consanguíneos, atinge ambos os sexos e raças, predominando na raça branca e no sexo

masculino, podendo se manifestar de várias formas e em qualquer idade (CRUZ et al., 2002).

Classificada clinicamente em dois grupos: congênita (maligna) de transmissão

autossômica recessiva e tardia (benigna) de transmissão autossômica dominante. A forma

congênita ou maligna é mais prevalente e ocorre numa incidência de 1/500.000 habitantes,

nos Estados Unidos, e de 1/200.000, no Brasil (ARYANPUR et al., 1990). A forma maligna,

autossômica recessiva, de pior prognóstico, que acomete mais crianças, caracterizada por

obliteração da medula óssea por tecido ósseo anormal (MYAMOTO et al.,1980; MILROY &

MICHAELIS, 1990) com anemia e neutropenia (estas as maiores causas de morte nestas

crianças), hematopoese extramedular, aumento do fígado e baço, atrofia óptica por

compressão direta do nervo ou decorrente de alteração vascular (HAMERSMA, 1970)

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paralisia facial, disacusia severa neurossensorial, retardo mental, hidrocefalia, múltiplas

fraturas e hipocalcemia. Notou-se, nos estudos histopatológicos, deiscência do nervo facial

com herniação para o nicho da janela oval e ausência de alteração da orelha interna

(YARINGTON & SPRINKLE, 1967). Esta forma é fatal até aproximadamente a 2a década de

vida.

A forma benigna é autossômica dominante (doença de Albers-Schöenberg), de

melhor prognóstico, acomete adolescentes e adultos, pode ser assintomática ou caracterizada

por macrocefalia, alargamento da mandíbula, proptose (devido ao acometimento dos ossos

orbitais), hipoacusia condutiva (envolvimento de estruturas da orelha média), pode haver

disacusianeurossensorial por constricção óssea do nervo coclear no meato acústico interno

(SUGA & LINDSAY, 1976), inteligência normal, raro envolvimento do nervo óptico.

Sindactilia ou alterações das unhas podem ajudar no diagnóstico. Há supercrescimento ósseo,

com disfunção medular, fraturas espontâneas, anemia, plaquetopenia, hepatoesplenomegalia

(hematopoieseextramedular), enfartamento ganglionar e aumento do timo. As infecções são

comuns, pois os neutrófilos apresentam resposta quimiotática diminuída e baixa capacidade

de fagocitose bacteriana. Em estágios mais avançados, pode ocorrer paralisia dos nervos

óptico, oculomotor e facial, pela compressão resultante do crescimento ósseo, sendo os nervos

óptico e o facial os mais afetados.

O crânio costuma ser afetado em grau menor. Pode haver também aumento na

densidade óssea dos platôs vertebrais, dando o aspecto de ―vértebras em sanduíche‖.

Espondilolistese pode ocorrer. Os ossos ilíacos podem ser afetados precocemente; alterações

nos ossos longos podem aparecer apenas tardiamente. Envolvimento mandibular é raro.

Linhas transversas metafisárias alternando bandas densas e radioluscentes são observadas

com frequência. A maturação esquelética é normal. Fraturas de ossos longos são comuns e

observa-se com certa frequência varismo resultante de fraturas femorais proximais (MYERS

& STOOL, 1969).

O tratamento visa diminuir ou cessar a hiperostose progressiva, corrigir a anemia

e trombocitopenia, tratar as infecções, correção da compressão nervosa, correção de fraturas,

transfusão sanguínea, esplenectomia. O transplante de medula óssea HLA idêntico representa

a melhor opção de tratamento e deve ser realizado o mais precoce possível (MILROY &

MICHAELIS, 1990).

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2.2.2 Osteogênese Imperfeita

A osteogênese imperfeita é uma doença determinada geneticamente, na qual está

afetada a estrutura e a função do colágeno do tipo I, que representa mais de 90% do colágeno

tecidual total, sendo responsável por 70% a 80% do peso seco dos tecidos fibrosos densos que

formam o sistema músculo-esquelético. O padrão de herança mais comum é o autossômico

dominante, podendo ser, com menor freqüência, recessivo. A alteração é determinada por

mutações nos cromossomos 7 e 17, mais especificamente nos loci COL1A1 e COL1A2, onde

ocorre com maior frequência a substituição da glicina por um outro aminoácido; mutações

localizadas nestes loci determinam principalmente a OI, mas podem também causar, dentre

outras doenças, a síndrome de Ehlers-Danlos dos tipos VIIA ou VIIB (PAULI et al., 1995;

RIMOIN, 1995).

A classificação mais utilizada divide a osteogênese imperfeita em quatro tipos

diferentes (ROUGHLEY et al., 2003; PLOTKIN, 2004). Entretanto, novas formas estão sendo

descobertas (WHYTE, 1999). O tipo I apresenta transmissão autossômica dominante, esclera

azulada, osteopenia relativamente leve, o que determina a pouca freqüência de fraturas, e

surdez em torno de 30% dos casos. É a forma mais branda da doença e a mais freqüente,

atingindo cerca de 80% dos casos, não havendo comprometimento da estatura final do

indivíduo. É subclassificado em I-A ou I-B na presença ou ausência, respectivamente, de

dentinogênese imperfeita (STREUBEL et al.,2005).

O tipo II é a forma mais grave da doença e usualmente é autossômica recessiva,

apresentando-se com fraturas e deformidades ósseas intra-uterinas. O recém-nascido, no geral,

é prematuro ou pequeno para idade gestacional e o indivíduo afetado, na maioria das vezes,

evolui para o óbito dos primeiros dias a semanas de vida, por complicações respiratórias. Com

um estudo radiográfico cuidadoso podem-se distinguir 3 subtipos, sendo o II-a letal antes do

nascimento ou no período neonatal (ROUGHLEY et al., 2003; STREUBEL et al.,2005).

O tipo III é compatível com a vida, apresentando-se como doença autossômica

recessiva. Fraturas recorrentes levam a deformidades ósseas, determinando baixa estatura,

além de apresentar-se com dentiogênese imperfeita. Apesar de ocorrer deformidade dos ossos

longos, articulações frouxas e escoliose, a deambulação é possível. Os tipos II e III podem

ocorrer como novas mutações dominantes (WHYTE ,1999; ROUGHLEY et al. 2003).

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O tipo IV é, também, compatível com a vida, com características clínicas

semelhantes às do tipo I, porém com esclera normal. Está associado com interação gênica

tanto dominante como recessiva. Pode-se dividir em pelo menos cinco subtipos, conforme a

utilização de critérios clínicos e histomorfométricos (RAUCH & GLORIEUX, 2004).

Atualmente, acrescenta-se o tipo V, como sendo uma forma com calosidade

hipertrófica e ossificação da membrana interóssea do antebraço, podendo ser levantado como

diagnóstico diferencial de processos neoplásicos10, e os tipos VI e VII. Todos os três não

estão associados a defeitos no colágeno tipo I (WHYTE, 1999).

Os pacientes afetados pela osteogênese imperfeita apresentam expressão clínica

variada dependendo do tipo da doença (STREUBEL & LUSTIG, 2005). Entretanto, existem

algumas características clínicas mais comuns, como: fragilidade óssea, a qual determina

arqueamento, fratura e o calibre aumentado, devido às fraturas consolidadas e escleras

azuladas, devido a camada de colágeno encontrar-se mais fina, permitindo a visibilidade do

pigmento intraocular. A surdez pode ocorrer em aproximadamente 42 a 58% dos casos e é

devida ao colabamento do conduto auditivo, que causa pressão no nervo auditivo quando ele

emerge do crânio (PLOTKIN, 2004). A pele fina está associada à facilidade de apresentar

equimoses ou hematomas. Ocorre dentinogênese imperfeita e os dentes quebram-se

facilmente, são propensos a cáries, as restaurações não se fixam bem e é comum a coloração

marrom-amarelada ou azul translucente, decorrente da deficiência da dentina. A baixa estatura

é devida às deformidades, principalmente dos membros inferiores. O crânio é, aparentemente,

maior em relação ao corpo, mas não em relação à idade. As anormalidades ósseas incluem

deformidade da coluna vertebral, decorrente da osteoporose, compressão das vértebras por

fraturas e hiperfrouxidão ligamentar; rosto com formato triangular, devido ao calvário

protuberante, o que causa desproporção craniofacial; hipermobilidade articular, devido à

frouxidão ligamentar; dor, aguda ou crônica, pode ser associada às múltiplas fraturas,

colapsos vertebrais, osteoartrites, contraturas, deformidade ou mau alinhamento dos membros

(STREUBEL & LUSTIG, 2005).

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2.2.3 Disostose Cleidocraniana

A displasia cleidocraniana é uma doença rara, que atinge diversos ossos e

articulações do corpo. Caracteriza-se por causar alterações de desenvolvimento nas clavículas,

nos ossos do crânio, da face, nos dentes e em outros ossos, envolvendo praticamente todo o

esqueleto. A ausência das clavículas, que ocorre em 10% dos casos, ou a sua formação parcial

permite aos seus portadores movimentar os ombros para frente, até a linha média do corpo,

sem nenhum desconforto (KELLY & NAKAMOTO, 1974; CRESPI, 1991).

A síndrome de disostose cleidocraniana exibe manifestação fenotípica em graus

variados e, por esse motivo, pode ser confundida com outras afecções ósseas ou ser sub-

diagnosticada na prática clínica (FORLAN, 1962; SHAFER, 1985). Esta condição é

caracterizada por malformações cranianas (como fontanelas amplas e ossos wormianos),

anormalidades das clavículas (hipoplasia ou ausência) e alterações da dentição (atraso na

esfoliação dos dentes decíduos, dentes permanentes inclusos ou retardo em sua erupção e

dentes supranumerários) (KIRSON et al., 1982). As alterações claviculares são as

características principais dessa síndrome, levando à hipermobilidade dos ombros, com

tendência a aproximação destes, anteriormente. A estatura final pode ou não ser afetada

(SHAFER, 1985).

Os sinais clínicos da doença permitem o seu diagnóstico. Além da ausência ou

hipoplasia das clavículas, ocorre retardo na ossificação das suturas cranianas e manutenção

das fontanelas abertas por longos períodos de tempo, algumas vezes até a idade adulta

(CRESPI, 1991).

A sutura sagital é deprimida, dando ao crânio o aspecto achatado (FORLAN,

1962), com as bossas frontal, parietal e occipital proeminentes. Os ossos cranianos são largos

(SHAFER, 1985). A face é curta, em consequência do pouco desenvolvimento vertical de

seus ossos, os seios paranasais são pequenos ou ausentes e não há células pneumáticas nas

apófises mastóides (CRESPI, 1991). Geralmente, o paciente apresenta aspecto de prognata

devido ao crescimento deficiente da maxila (KALLIALLA & TASKINEN, 1962).

A coluna vertebral pode apresentar, nas regiões torácica e lombar, escoliose e

lordose severa. Os ossos da pelve comumente apresentam deformidades, levando a um

estreitamento da mesma. As articulações sacroilíacas estão alargadas. Ocorrem coxa vara ou

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valga e genovalgo, bem como alterações nas articulações do quadril. Além dessas alterações

ósseas, o crescimento, também, está alterado. Ocorre uma diminuição da estatura e casos de

nanismo são frequentes (KALLIALLA & TASKINEN, 1962). Devido às alterações

comentadas os portadores da displasia cleidocraniana são pequenos, com membros gordos,

tronco delgado, apresentando mãos e dedos curtos e largos, ombros estreitos e caídos,

bochechas gordas e mento pouco desenvolvido (SILVA & SILVA, 1994).

Os dentes temporários erupcionam normalmente. Entretanto, apesar da presença

dos germes dos dentes permanentes, eles se mantêm nas arcadas dentárias por longos períodos

de tempo (algumas vezes até a idade adulta), se não forem removidos ou perdidos devido à

doença cárie dental ou doença periodontal (SHAFER, 1985). Além da retenção dos dentes

temporários, há uma grande quantidade de dentes supranumerários, principalmente na

mandíbula, na região dos pré-molares. Os molares permanentes que não têm antecessores

decíduos, geralmente erupcionam em suas posições normais embora esta erupção seja

retardada (CRESPI, 1991). A extração dos dentes decíduos não estimula a erupção dos dentes

permanentes (SHAFER, 1985).

2.2.4Acondroplasia

A acondroplasia é a mais frequente displasia esquelética de membros curtos,

resulta de uma mutação gênica do receptor do fator de crescimento do fibroblasto tipo três

(FGFR3), que está localizado no braço curto do cromossomo quatro. Isto causa uma mudança

individual no aminoácido na transmembrana desse receptor (FRANCOMANO et al., 1994).

Esta mutação gênica é produzida por um gene autossômico dominante de penetrância

completa, na qual todos os portadores do gene apresentam a doença (OTTO, OTTO &

PESSOA, 1998).

Parece paradoxal que o distúrbio raro seja dominante, porém, no caso da

acondroplasia, as pessoas com estatura normal possuem um genótipo recessivo e as

acometidas um genótipo autossômico. Geralmente, o genótipo dos acometidos pela doença é

heterozigótico, pois, acredita-se que o efeito produzido por um genótipo homozigótico seria

bastante grave e até letal (GRIFFITHS et al., 2001).

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Em concordância, Otto, Otto& Pessoa (1998) afirmam que são conhecidos alguns

poucos casos homozigóticos gravemente afetados que são resultantes da união de

heterozigotos e que foram a óbito precocemente.

O processo básico é uma inabilidade da placa epifisária no sentido de produzir

cartilagem colunar, o que resulta um crescimento insuficiente dos ossos de formação

endocondral, tornando a linha de ossificação irregular. Em alguns casos, há uma linha

transversal de tecido conjuntivo, interpondo-se entre a epífise e a diáfise, o que compromete

mais ainda o crescimento longitudinal do osso. O crescimento transversal está conservado, de

modo que o aspecto final dos ossos longos é curto e largo (DICHETCHEKE et al., 1987).

A incidência foi estimada, nos Estados Unidos, em 15 casos:1.000.000 de

nascidos vivos; contudo, alguns autores admitem que outras condições semelhantes à

acondroplasia possam ter influenciado no cálculo referido. Estima-se que a incidência deva

estar entre um caso/8.000 a 10.000 nascidos vivos (LIMA et al., 2008).

A acondroplasia é bastante uniforme quanto à expressão clínica, mas pode haver

variações em relação à severidade de cada deformidade (FRANCOMANO et al., 1994).

Quando transmitida por herança, as mesmas características clínicas do progenitor tendem a se

fazer presentes no filho. Embora seja geralmente considerada uma doença associada à

longevidade normal, e, portanto, compatível com uma vida íntegra e produtiva, muitos autores

têm documentado que as várias complicações clínicas e sociais podem comprometer esse

panorama. Diante disso, eventualmente, muitos acondroplásicos poderão apresentar distúrbios

psicológicos decorrentes do seu complexo de inferioridade e insatisfação com a aparência

física (DICHETCHEKE et al., 1987).

Não há prejuízo do desenvolvimento mental, mesmo nos casos que apresentam a

referida hidrocefalia, que pode estar presente na infância. Esta se caracteriza por não ser

obstrutiva por reabsorção do líquido cefalorraquidiano (FANO & LEJARRAGA, 2000) ou em

virtude de possíveis alterações na base do crânio (KOPITS, 1976). A inteligência não é

negativamente afetada e, muitos acondroplásicos, são na verdade dotados de inteligência

acima da média (HECHT et al., 1987).

O fenótipo dos acondroplásicos se caracteriza por baixa estatura, membros curtos

com predomínio do segmento proximal e do comprometimento dos ossos longos, por meio do

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qual o nanismo resultante é dito rizomélico (ARYANPUR et al., 1990). A doença pode,

eventualmente, passar despercebida no período neonatal uma vez que o recém nascido já

apresenta os membros curtos, o que mascara a desproporção tronco/membros. Por outro lado,

o tronco compensa a diminuição do tamanho das pernas, e o comprimento total do recém

nascido pode apresentar um valor que não chama a atenção dos pediatras e familiares (FANO

et al., 2000).

A acondroplasia se caracteriza por macrocefalia devida, em parte, à megaencefalia

e também devido à hidrocefalia; hipoplasia facial e comumente a fronte é proeminente

(FANO et al., 2000). Em virtude de uma desproporção entre o crescimento dos ossos da

calota craniana (normal) e dos ossos da base (moderadamente insuficiente), o paciente

apresenta uma fisionomia característica com o nariz chato e depressão da ponte nasal. A

mandíbula é ressaltada e grande em relação aos ossos da face. Os dentes são mal alinhados

gerando uma má oclusão devido a uma quantidade excessiva de dentes podendo gerar com

isso uma estrutura dentária problemática (SCOTT et al., 1998) As mãos são pequenas, largas

e os dedos curtos com separação entre a terceira e quarta falanges (mão em tridente)

(ARYANPUR et al., 1990). As características descritas podem ser observadas nas figuras 9,

10 e 11(A e B).

Warkany (1971) relatou dimensões longitudinais normais embora em algumas

ocasiões ocorra diminuição do diâmetro anteroposterior podendo provocar dificuldades

Figura 9- Aspecto

frontal evidenciando

as alterações de

crescimento.

Figura 10- Aspecto

lateral de corpo de portador de

acondroplasia

Figura 11 A e B- Aspecto frontal e perfil

evidenciando macrocefalia e aspecto

característico do nariz achatado

A B

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respiratórias e circulatórias. A diminuição da caixa torácica; estenose do forame magno;

hipertrofia das adenoides (a qual resulta em obstrução das vias aéreas superiores) entre outros

fatores, contribuem para a ocorrência de inúmeras complicações respiratórias tais como

apnéia do sono, insuficiência respiratória, asma brônquica, pneumonias recorrentes (TASKER

et al., 1998).

2.2.5- Síndrome de Robinow

A síndrome de Robinow descrita em 1969 por Meinhard Robinow é uma

desordem genética rara, caracterizada por baixa estatura e anomalias na cabeça, face e

genitália externa associada com defeitos de segmentação vertebral (ROBINOW, 1993).

Aproximandamente 100 casos foram relatados na literatura. Ambos os modos de herança,

autossômica dominante ou recessiva são conhecidos, com a forma recessiva sendo

responsável por sintomatologia mais grave. Esta síndrome é também conhecida como

síndrome da "fácies fetal" em decorrência da semelhança observada entre os portadores dessa

síndrome e um feto de oito semanas de idade (PATTON & AFZAL, 2002). A incidência

relatada é de 1: 500.000 nascidos vivos, com igual freqüência em homens e mulheres. A

prevalência é baixa, devido à morte de 5-10% das crianças na infância por problemas

cardíacos de correntes da forma autossômica recessiva (VAN BOKHOVEN et al., 2000;

BALCI et al., 1993).

O diagnóstico depende do quadro clínico, mas os clínicos devem conhecer os

aspectos radiográficos, os quais costumam estar presentes nos casos moderados a graves desta

condição. Todos os pacientes da forma recessiva sofrem de anormalidades segmentação

vertebral, resultando em deformidades (ROBINOW, 1993). Mazzeu et al. (2007) observaram

que hemivertebras e escoliose esteve presente em mais de 75% dos casos com a forma

recessiva, mas em menos de 25% com a forma dominante.O gene causador é ROR2 na 9 ª

posição do braço longo do cromossomo. Este gene é responsável por osso e cartilagem de

crescimento. O diagnóstico pré-natal é possível a partir da 19ª semana da gestação por ultra-

sonografia fetal. Avaliação do comprimento dos ossos longo tem sido utilizada no diagnóstico

pré-natal (GUVEN et al., 2006).

B B

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Clinicamente, os portades de síndrome de Robinow apresentam características

marcantes, como hipertelorismo, hipoplasia do terço médio da face, nariz pequeno e

arrebitado, testa larga e proeminente, orelhas com implantação baixa e com pavilhão auricular

apresentando deformidade, lábio superior com aparência de ―v‖ invertido expondo os

incisivos e a gengiva do rebordo superior, hiperplasia gengival, além de dentes apinhados

(ROBINOW, 1993). As características clínicas podem ser evidenciadas nas figuras 12 (A e B)

e 13.

De acordo com Soliman et al. (1998) há encurtamento mesomélico das

extremidades, com luxação da cabeça do rádio e limitação de rotação do antebraço. Observa-

se também encurtamento das falanges distais, sendo os membros inferiores, geralmente,

menos afetados. Esta condição deve ser diferenciada de outras causas de má segmentação

vertebral, hipoplasia das costelas e displasia dos antebraços, devendo para isso, serem

avaliadas as mudanças faciais características e a hipoplasia genital (ROBINOW, 1993).

O prognóstico da síndrome de Robinow é geralmente bom, com mais de 80% dos

pacientes apresenta desenvolvimento mental normal. Terapias com hormônio do crescimento

têm sido descritas em pacientes que apresentam deficiência nos índices do mesmo

(HOSALKAR & SHAW, 2002), além do uso da gonadotrofina coriônica para aumentar o

comprimento do pênis e o volume dos testículos (GUVEN et al., 2006).

Figura 12 A e B- hipertelorismo, hipoplasia do terço

médio da face, nariz pequeno e arrebitado, testa

larga e proeminente, orelhas com implantação baixa

e com pavilhão auricular apresentando deformidade.

Figura 13- Aspecto intra-oral

evidenciando severo apinhamento

dentário decorrente da atresia do terço

médio da face.

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2.2.6- Doença de Camurati - Elgemann

A Doença de Camurati-Engelmann ou Displasia Diafisária Progressiva foi

descrita pela primeira vez em 1922 por Camurati e em 1929 por Engelmann. É uma doença de

transmissão autossómica dominante, de penetrância variável, com uma prevalência de

1/1.000.000 e predomínio no sexo masculino. Resulta de mutações do gene codificador do

fator transformador do crescimento b1 (TGFb1), localizado no braço longo do cromossoma

19, causando uma expressão inadequada desta molécula (GARCIA et al., 2007).

Verifica-se, principalmente, uma redução da atividade osteoclástica, mas também

um aumento da atividade osteoblástica, favorecendo a deposição óssea, simétrica, a nível do

endósteo e periósteo das diáfises dos ossos longos. Ainda que seja uma doença de atingimento

predominantemente diafisário, estão descritos alguns casos de envolvimento das metáfises e

epífises dos ossos longos, como no presente caso. Raramente pode existir envolvimento dos

ossos do crânio, com risco de compressão dos nervos óptico e vestíbulo-coclear (JANSSENS

et al, 2006).

A doença pode manifestar-se entre os 3 meses e os 50 anos, mais frequentemente

por dor nos membros (68%), marcha bamboleante (48%), fadiga (44%) e fraqueza muscular

(39%). Quando existe envolvimento dos ossos do crânio pode ocorrer exoftalmia, paralisia

facial, perda de visão ou hipoacúsia. O estudo analítico é frequentemente normal, podendo

surgir anemia normocrómicanormocítica, elevação da velocidade de sedimentação, da

fosfatase alcalina e da hidroxiprolinúria (GARCIA et al., 2007).

Radiologicamente observa-se espessamento simétrico da cortical dos ossos

longos, sobretudo no nível das diáfises, perda da diferenciação corticomedular, podendo

ocorrer estenose do canal medular. O cintigrama ósseo pode revelar hipercaptação difusa dos

ossos envolvidos. O diagnóstico fundamenta-se na clínica e na imagiologia, confirmando-se

através do estudo genético. A terapêutica é sintomática, podendo ser necessário recorrer à

corticoterapia em situações refratárias (VANHOENACKER et al., 2003).

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2.3 Diagnóstico por saliva

2.3.1 Secreção salivar

Saliva é um fluido oral que apresenta diversas funções relacionadas a saúde oral e

homeostase, tendo um papel protetor ativo na manutenção da saúde oral (CHIAPPIN et al.

2007). É um dos mais complexos, versáteis e importantes fluidos do corpo, suprindo um largo

espectro de necessidades fisiológicas.

O fluido salivar é uma secreção exócrina produzida principalmente pelas

glândulas salivares maiores (parótida e submandibular), havendo uma modesta contribuição

das glândulas salivares menores (KAUFMAN & LAMSTER, 2002). As glândulas maiores

incluem as glândulas parótidas localizadas na região dos primeiros molares superiores e as

glândulas submandibulares e sublinguais, que estão localizadas no assoalho bucal. As

glândulas menores que produzem saliva são encontradas no lábio inferior, língua, palato,

bochecha e orofaringe (HUMPHREY & WILLIAMSON, 2001).

Os termos maiores e menores se referem ao tamanho anatômico da glândula.

Edgar (1990) leva a crer que as glândulas menores são as mais importantes devido aos seus

componentes protetores. As glândulas maiores produzem mais saliva, no entanto a qualidade

do conteúdo e o tipo de produção são variáveis. Ainda segundo esse autor, a porcentagem de

contribuição das diferentes glândulas salivares varia de acordo com a presença de estimulo,

sendo o fluxo de saliva não estimulada maior para as glândulas submandibular (65%). A

glândula parótida contribui com cerca de 20%, as sublinguais de 7% a 8%, e menos de 10% é

produzida pelas glândulas menores. Quando há a presença de um estímulo, ocorre uma

mudança drástica na porcentagem de contribuição de cada glândula, com a parótida

contribuindo com mais de 50% do total da secreção salivar.

Além do fluido de origem glandular, a saliva total humana (STH) apresenta

componentes que tem uma origem não glandular - fluido gengival, detritos celulares,

secreções das vias áreas superiores e microrganismos da cavidade bucal (NAGLER et al.,

2002; APS & MARTENS, 2005). Douglas (1998) descreve STH como uma combinação dos

produtos aquosos de secreção das glândulas salivares maiores e menores, compostos

orgânicos (proteínas e enzimas) e inorgânicos (íons e sais minerais), restos alimentares,

microorganismos, produtos do metabolismo bacteriano, células que descamam do epitélio

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bucal, muco da cavidade nasal, faringe e fluido transudato da mucosa e exsudato dos sulcos

gengivais.

As glândulas diferem no tipo de secreção que elas produzem, o que se deve a

proporção de células glandulares serosas ou mucosas. As glândulas parótidas são inteiramente

glândulas serosas, que secretam um fluido aquoso essencialmente sem mucina, enquanto que

as glândulas submandibulares e sublinguais são mistas (sero-mucosa), produzindo uma

secreção rica em mucina, sendo esta mais viscosa (CARRANZA et al, 2005; SCHIPPER et

al., 2007), enquanto as glândulas salivares menores são essencialmente mucosas (PUY, 2006).

O fluxo salivar é denominado não-estimulado quando nenhum estímulo externo

ou famacológico é utilizado; já o fluxo estimulado necessita de estímulos mecânicos,

gustatórios ou agentes farmacológicos (Nauntofte et al., 2005). Cerca de 60% da saliva total é

produzida em condições de repouso e reflete a velocidade do fluxo basal, ou seja, é a mistura

de secreções que entram na boca na ausência de estímulos exógenos. Está presente na

cavidade oral cerca de 14 horas por dia e é a secreção que recobre os tecidos orais, fornecendo

muito da sua proteção. A saliva estimulada, que também exerce ação de proteção, está

presente em nossas bocas cerca de duas horas do dia e associa-se com a função da saliva sobre

os alimentos. Cerca de 70% da saliva total em repouso é derivada das glândulas

submandibular e sublingual, 15%–20% da parótida e 5%–8% das glândulas salivares

menores. Na condição de estímulo, cerca de 45%–50% da saliva total resulta das glândulas

parótida, submandibular, sublingual e menor quantidade das glândulas salivares menores

(SREEBNY, 2000).

Em 2006, Lewis reporta que para a análise dos componentes bioquímicos da

saliva o ideal é utilizar saliva total não-estimulada.

Segundo Jenkins, 1970, a composição salivar sofre variações em função do fluxo

salivar, e está intimamente relacionada ao tipo, intensidade e duração do estímulo utilizado na

obtenção da amostra, podendo ocorrer alterações significativas na composição salivar em

diferentes indivíduos e no mesmo indivíduo sob diferentes circunstâncias. O autor ainda relata

que existe diferença na composição salivar das diversas glândulas. A glândula parótida

contribui com cerca de 10% do volume salivar quando em saliva total não estimulada, no

entanto produz parte significante da saliva estimulada. Dessa forma, a saliva estimulada é

quase que totalmente representativa do tipo de secreção produzido pelas glândulas parótidas.

Medidas de variação no fluxo das diferentes glândulas mostram que a submandibular produz

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o maior fluxo em condição de repouso, porém quando o fluxo é estimulado a parótida é mais

responsiva que a submandibular.

As medidas precisas do fluxo salivar são requeridas para uma variedade de

protocolos clínicos e experimentais, a importância da medida do fluxo salivar está no fato de

que ela pode nos dar uma idéia da qualidade da saúde, não só oral, mas também sistêmica

(LEITE et al., 2002). É possível determinar o valor do fluxo salivar, medindo tanto o volume

quanto o peso da saliva coletada. Edgar & O'mullane, em 1996, relatam que a quantidade e a

composição da saliva não são constantes e estão relacionadas ao ritmo biológico circadiano. O

fluxo salivar atinge seu pico no final da tarde e é praticamente nulo durante o sono. Os autores

enfatizam ainda que ciclo circadiano é um fator importante a ser considerado quando se

pretende realizar estudos com a saliva. A secreção salivar é menor à noite em relação à

secreção diurna. Todavia, a concentração de proteínas é maior à tarde, enquanto que as

concentrações de eletrólitos, tais como sódio e cloretos são nitidamente maiores pela manhã,

enquanto que o potássio é excretado pela saliva no crepúsculo. Os teores de cálcio e fosfato

salivares são maiores à noite (DOUGLAS, 1998).

Segundo Humphrey & Williamson (2001) existe uma grande variabilidade nas

taxas do fluxo salivar. Os valores aceitos como normais para a taxa de fluxo de saliva não-

estimulada deve ser acima de 0,1 ml/min. Para a saliva estimulada, um volume de 0,2 ml/min

é considerado normal. Dawes (2004) reportou como normal, um valor médio ao redor de 0,3

mL/min, sendo que valores entre 0,1–0,2 mL/min são considerados baixo fluxo salivar

(hipossalivação) e abaixo de 0,1 mL/min xerostomia.

Para Puy (2006), a taxa de secreção diária varia entre 500 e 700ml e a média de

volume na boca é de 1,1ml. Em repouso, há uma variação de 0,25 a 0,35 mL/min e a glândula

submandibular e sublingual são as principais produtoras. Estímulos sensório, elétrico e

mecânico podem aumentar a saliva para um fluxo de 1,5 mL/min. O maior volume da saliva é

produzido antes, durante e depois das refeições, alcançando seu máximo por volta de meio

dia, e diminuindo consideravelmente a noite, durante o sono.

Sem adequada função das glândulas salivares, um indivíduo pode experimentar

severa debilidade na saúde oral que resulta em aumento dramático do número de cáries novas

ou recorrentes, infecção microbiana, acúmulo de biofilme dental, perda da estrutura dos

dentes por erosão química, alterações na membrana da mucosa, perda da acuidade gustativa,

dificuldade para falar, mastigar, deglutir e problemas de digestão e absorção de alimentos

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(DAWES, 2004). A hipofunção das glândulas salivares é causada por múltiplos fatores,

incluindo distúrbios e doenças orais e sistêmicas, desordens imunológicas, desidratação,

medicações prescritas ou não, quimioterapia e radioterapia da cabeça e pescoço, fatores

psicogênicos e diminuição da mastigação que podem causar danos permanentes ou

temporários nas glândulas salivares (GHEZZI & LANGE, 2000). Segundo Fejerskov & Kidd

(2005), algumas doenças sistêmicas associadas à medicação causam notável declínio na

secreção salivar, como, por exemplo, a Síndrome de Sjögren, Diabetes Mellitos (tipo I) e a

Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA).

A composição da saliva sofre ainda alterações devido a vários fatores fisiológicos

e não-fisiológicos, como: ritmo circadiano, natureza e duração do estímulo, condições da

higiene bucal, tipo de dieta alimentar, uso de medicamentos, etc. Além disso, os componentes

orgânicos são muito suscetíveis ao catabolismo (DAWES, 1993).

2.3.2 Constituintes do fluido salivar

A saliva é um fluido aquoso e transparente (JENKINS, 1970; DAWES, 1993)

composto principalmente de água (99,5%), proteínas (0,3%) e de substâncias inorgânicas

(0,2%) (HUMPHREY & WILLIAMSON, 2001). Esses componentes interagem entre si e

relacionam-se com as funções da secreção salivar, como: preparação do bolo alimentar,

umedecimento das mucosas bucais, ação solvente e de limpeza, excretora, digestiva,

controladora do balanço hidro-eletrolítico, proteção e remineralizante nos dentes

(DOUGLAS, 1998).

A fração inorgânica da saliva contem os usuais eletrólitos dos fluidos corporais

(sódio, potássio, cálcio, magnésio, fosfato e bicarbonato), mas com diferentes concentrações o

que tornando a saliva um fluido hipotônico. O bicarbonato exerce um efeito tampão, enquanto

o cálcio e o fosfato permitem a manutenção da integridade mineral do dente. Trabalhos

pioneiros como o de DAWES (1969) relacionam o fluxo salivar com a composição dos

eletrólitos. Além disso, o pH e a composição iônica também influenciam na atividade dos

componentes orgânicos da saliva (DODSA et al., 2004). Para Humphrey & Williamson

(2001), bicarbonato, fosfato e uréia agem como moduladores do pH e são responsáveis pela

capacidade tampão da saliva. Os íons cálcio e fosfato, juntamente com as proteínas trabalham

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em conjunto no processo dinâmico de desmineralização e remineralização que ocorre entre os

dentes e a saliva.

A porção orgânica salivar contém uma grande variedade de proteínas, únicas ao

fluido salivar,com funções biológicas de particular interesse à saúde oral. As proteínas na

saliva são principalmente constituídas por glicoproteínas (ex. mucinas), enzimas (ex. α-

amilase, anidrase carbônica), imunoglobulinas e uma grande variedade de peptídeos com

atividades antimicrobianas (cisteína, estaterina, histatina e proteinas ricas em prolina-PRP)

(HUMPHREY & WILLIAMSON, 2001).

A saliva auxilia na formação do bolo alimentar, protege a mucosa oral contra

danos e desempenha um papel importante no processo digestivo devido a presença de

enzimas, como por exemplo a α-amilase (AMERONGEN & VEERMAN, 2002).

O poder lubrificante e a capacidade de manter a superfície da mucosa úmida estão

relacionadas a presença de mucinas. Além disso, elas mediam a adesão de bactérias

específicas à superfície dos dentes, e ajudam a proteger a mucosa de infecções (VAN NIEUW

AMERONGEN & VEERMAN, 2002; SHIP, 2002). Assim sendo, redução na quantidade de

mucina pode gerar inúmeros efeitos na saúde oral e sistêmica, bem como na qualidade de vida

do paciente (DODDS et al., 2005). Constituem importante classe de glicoproteínas, sintetizadas

pelas células acinares mucosas das glândulas salivares, que na saliva total não estimulada

representam cerca de 25 – 30% da concentração protéica total ( BOLSCHER et al., 2002).

A fração protéica também apresenta um papel na manutenção da mineralização do

esmalte: proteínas como as proteínas ricas em prolina (PRP) e estaterina, permitem que a

saturação de cálcio no meio seja mantida (VAN NIEUW AMERONGEN & VEERMAN,

2002). As PRPs constituem uma significante fração da proteína total salivar e têm importantes

atividades biológicas. Em decorrência da concentração relativamente alta de radicais ácidos,

especialmente grupos fosfatos, essas proteínas apresentam grande afinidade pela

hidroxiapatita, sendo um dos principais constituintes da película adquirida, filme orgânico que

recobre a superfície dos dentes, e também foram observadas no biofilme dental. São

inibidoras do crescimento cristalino do fosfato de cálcio, controlando a precipitação desse sal

pela saliva supersaturada em íons cálcio e fosfato, além de prevenirem a cristalização no

interior da glândula salivar e a formação de tártaro sobre a superfície dos dentes (DODDS et

al., 2005).Outra proteína que está relacionada à homeostase do cálcio no meio bucal é a

estaterina, que promove uma regulação do meio iônico. É uma fosfoproteína rica em tirosina,

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que inibe a precipitação espontânea de soluções supersaturadas de sais de cálcio e fosfato

(JENSEN et al., 1991).

A fosfatase alcalina (FA) é uma proteína com atividade enzimática envolvida na

hidrólise de ligações ésteres-fosfato de inúmeras moléculas fosforiladas, cujos grupos fosfatos

são liberados na sua forma livre. A liberação dessa proteína intracelular no fluido gengival é

usualmente indicativa de inflamação e/ou destruição tecidual. Estes trabalhos têm mostrado

que o nível de FA no fluido gengival e STH estão positivamente correlacionam-se

positivamente com a gravidade da doença periodontal (CHAPPLE et al., 1994). Existem

relatos de que a atividade da FA na saliva e biofilme dental pode estar positivamente

correlacionada com a susceptibilidade à cárie. Rudenko (1991) observaram níveis elevados de

FA na saliva de crianças com diferentes formas de cárie. Gandhy e Damle (2003) registraram

aumento na atividade da FA em indivíduos com cárie rampante em relação a indivíduos livres

de cárie. N’dobo-Epoy et al., 2001 concluíram que a FA é um marcador de cárie

estatisticamente significante e sugeriram o seu uso como método biológico de detecção de

cárie.

Dibdin e Dawes (1998) estudaram o efeito da concentração de uréia da saliva no

pH do biofilme dental, e concluíram que níveis normais de uréia salivar são suficientes para

aumentar significativamente o pH, e reduzir a profundidade e extensão da curva de Stephan

após a exposição de carboidratos fermentáveis. Os mesmos autores também verificaram que a

exposição do biofilme dental à quantidade adicional de uréia através da mastigação de gomas

contendo uréia causa elevação do pH da mesma.

A amônia do biofilme dental, resultante do metabolismo da uréia e de

aminoácidos, pode inibir a progressão de cárie dental através da neutralização dos ácidos

gerados pela glicólise bacteriana. Além disso, as condições menos ácidas resultante desses

processos fornecem um meio mais favorável para o crescimento de espécies bacterianas

menos cariogênicas. Assim, a ureólise pode ter um grande impacto na ecologia do biofilme

oral (CLANCY et al., 2000).

As pesquisas com saliva têm permitido a identificação de um completo arsenal

de proteínas com atividade antimicrobiana, cuja função é manter um balanço ecológico das

bactérias que afetam as saúdes geral e oral. Além de uma série de mucinas de alto e baixo

peso molecular, glicoproteínas que atuam como agentes aglutinantes promovendo a

aglomeração ―clearance‖ bacteriano e redução da colonização bacteriana inicial na

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cavidade oral, outras proteínas tais como a lisozima, lactoferrina, peroxidases, histatinas,

imunoglobulinas e defensinas exercem atividade antibacteriana, antiviral e antifúngica

(LAWRENCE, 2002; VAN NIEW AMERONGEN & VEERMAN, 2002; VAN NIEW

AMERONGEN et al., 2004).

As glândulas salivares são consideradas um reservatório protéico natural de

muitos fatores de crescimento. Em humanos, a família do fator de crescimento epidérmico

(FCE), de fibroblastos (FCF), hepatócito (FCH), semelhante à insulina (FCI) e fator de

crescimento endotelial vascular (FCEV) têm sido detectadas nas glândulas, bem como na

saliva, mas as funções fisiológicas destas substâncias na cavidade oral não estão totalmente

esclarecidas (CONSTIGAN et al., 1988). Existem evidências de que estas substâncias

exerçam papel fundamental no reparo de tecidos moles atuando na cicatrização de

ulcerações.

A saliva desempenha papel importante na acuidade gustativa através da

solubilização dos componentes dos alimentos e como meio de interação com os receptores

das células gustativas. Nesse aspecto, alguns trabalhos da literatura têm descrito a presença

de uma proteína específica da parótida humana denominada gustina, normalmente

associada ao zinco, como sendo a responsável pela sensação do paladar (SHATZMAN &

HENKIN, 1981). Para Nauntofte et al. (2005) um desequilíbrio na quantidade e na

constituição dessas proteínas na saliva pode gerar afecções bucais tais como cárie e

doenças periodontais, podendo também ser um indicativo de alguma alteração sistêmica

importante.

A quantidade e a composição da saliva secretada depende de vários fatores,

como o fluxo salivar, ritmo circadiano, o tipo e o tamanho da glândula salivar, a duração e

o tipo de estímulo, dieta, drogas, idade, gênero, tipo sanguíneo e fator psicológico

(HUMPHREY & WILLIAMSON, 2001).O fluxo da saliva total é um índice da umidade

oral e indicativo da atividade metabólica das glândulas salivares. A medida do fluxo salivar

é básica para o entendimento do processo de secreção e para avaliação das condições e

doenças orais e sistêmicas que levam à hipofunção salivar (SREEBNY, 2000).

Para Benedetto (2002) as análises da função salivar em relação ao fluxo e

capacidade tampão são de extrema importância, pois, com freqüência apresentam correlação

com atividade de cárie. Além disso, o fluxo salivar é importante pois promove a limpeza da

cavidade bucal, regula a capacidade tampão, além de gerar atividades antimicrobianas.

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2.3.3 Saliva como ferramenta de diagnóstico

O uso da saliva como um método de diagnóstico avançou exponencialmente nos

últimos anos. Esse fato pode ser relacionado com o fato da saliva poder ser facilmente

coletada quando comparada à coleta de sangue, o que desperta especial interesse nos

pesquisadores (DAWES, 1993; MOURA et al., 2007). Os procedimentos laboratoriais mais

utilizados com fins diagnósticos envolvem a análise dos constituintes químicos e celulares do

sangue. Além disso, outros constituintes biológicos também são utilizados com esses fins,

como a urina, o líquor e as fezes. Uma diversidade de pesquisas tem avaliado o potencial da

saliva como fluido biológico útil nos exames para diagnóstico de doenças sistêmicas ou

localizadas na boca (MOURA et al., 2007).

Para Giannobile (2000) a saliva é uma fonte valiosa de informações clinicamente

relevantes, uma vez que seus múltiplos componentes não apenas protegem a integridade dos

tecido bucais, mas também funcionam como biomarcadores de doenças e condições

sistêmicas do individuo. Mudanças qualitativas na composição desses biomarcadores têm sido

utilizados na identificação de pacientes com maior suscetibilidade a certas doenças, na

identificação de locais com doença ativa, na predição de locais que tem maior atividade da

doença no futuro e/ou servindo como ferramenta de monitoração da efetividade de terapias.

Para Lawrence (2000), os testes com saliva são bem mais seguros que testes com

sangue, que tem mais chances de expor os profissionais da saúde e cientistas, ao vírus HIV ou

hepatite. Para o paciente, as técnicas de coleta não-invasiva para a saliva podem reduzir

drasticamente a ansiedade e o desconforto, além de simplificar a coleta de amostras para

monitorar a saúde geral.

Os avanços tecnológicos têm propiciado o uso da saliva como um fluido

diagnóstico. Por meio do exame salivar é possível: detectar microorganismos bucais,

substâncias químicas presentes no organismo dos indivíduos e marcadores imunológicos

(STREKFUS E BIGLER, 2002).

Com o aumento do reconhecimento da relação entre saúde bucal e geral, as

atenções foram voltadas para a saliva como um fluido diagnóstico para uma diversidade de

doenças. Profissionais de saúde bucal vêm avaliando o risco de pacientes para cárie

dentária durante décadas, medindo a capacidade de tamponamento e o conteúdo bacteriano

da saliva (LAWRENCE, 2000). Atualmente, avanços em bioquímica, microbiologia e

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imunologia deram origem a novas ferramentas para diagnosticar doenças sistêmicas que

são refletidas na composição da saliva.

A determinação das características funcionais da saliva é objeto de estudo de

um número significativo da pesquisas na atualidade. Apesar da utilização de secreções

salivares puras, devemos considerar que as propriedades biológicas da saliva estão na

verdade relacionadas à mistura de fluidos orais e seus conteúdos, motivo pelo qual se tem

incrementado o uso da saliva total nas pesquisas. Os estudos demonstram que o

polimorfismo genético na saliva, fatores variáveis como a nutrição, bem como

características fisiológicas específicas, podem promover modificações no conteúdo e na

função da saliva (AZEN, 1993; AGUIRRE et al., 1993).

Chiappin et al. (2007) reforçam a utilidade da análise salivar como meio de

diagnóstico, justificando a escolha pelo fato do método de coleta ser simples e não-

invasivo. O fluido oral é considerado seguro para o paciente e para o operador, sendo fácil

e barato o seu armazenamento. Essas características tornam possível a avaliação de

biomarcadores em recém-nascidos, crianças, idosos e indivíduos não-colaboradores, e em

várias circunstâncias nas quais o sangue e a urina não estão disponíveis. Outra razão que

justifica o aumento no interesse dos propósitos diagnósticos da saliva é a ligação com

parâmetros bioquímicos tradicionais que aparecem na circulação em várias formas,

existindo assim uma inter-relação entre o soro sangüíneo e as concentrações dos

componentes salivares. Contudo, o autor relata algumas dificuldades na utilização da saliva

como substituta do sangue, como por exemplo, a detecção de algumas proteínas salivares,

devido a sua baixa concentração nesse fluido em relação ao encontrado no sangue. Além

disso, a metodologia da coleta deve ser bem padronizada, pois vários fatores externos e

ambientais podem interferir no fluxo e na composição salivar.

Dawes (1993) relata que uma variedade de fatores pode influenciar o fluxo e as

características fisiológicas da saliva, incluindo o ritmo circadiano e atividades físicas, e esses

fatores devem ser considerados quando a saliva é usada como um fluido diagnóstico. Para

Falcão (2005) faz-se necessário tomar algumas medidas cautelares no que diz respeito a

realização da coleta, tais como: a amostra deve ser sempre colhida entre 9:00 e 10:00 da

manhã, para reduzir a interferência do ciclo circadiano em cada participante; sempre que

possível utilizar pacientes do mesmo sexo, para que não haja interferência por causa do sexo;

os pacientes devem ser avisados para que não comam, bebam, masquem chiclete, façam

exercícios, fumem ou escovem os dentes por até 2 horas antes da coleta; além disso, durante a

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coleta, o ambiente deve estar bem ventilado e os indivíduos sentados de forma ereta e

relaxados por 5 minutos.

Andrade et al. (2007) descreveram os métodos atuais para a coleta e a obtenção da

amostra de saliva, reportando uma grande variedade de métodos para coleta deste fluido oral,

desde os mais simples, como por exemplo uma simples expectoração por parte do próprio

indivíduo, o método da drenagem, sucção aberta, sucção fechada, do esfregaço entre outros

até a utilização de dispositivos mais sofisticados para coleta como o método salivette,

eyespears e o UltrafiltrationProbe. Para Shipper et al. (2007) o importante é que a coleta da

saliva usada como material de pesquisas ocorra de forma padronizada, uma vez que a

composição da saliva varia consideravelmente tanto intra como inter- indivíduos. Métodos

não padronizados têm parcialmente contribuído para a alta variabilidade das informações

disponíveis sobre os parâmetros salivares, tais como, composição, viscosidade e propriedades

lubrificadoras. Segundo esses autores, várias razões tornam complicada a análise da saliva

total: 1) é quase sempre difícil determinar qual componente representa os verdadeiros

constituintes da saliva e quais tem origem celular ou bacteriano; 2) como resultado do

metabolismo bacteriano, a composição da saliva pode mudar com o tempo; 3) a presença de

restos celulares e então a observação de um liquido turvo, pode interferir com muitas das

técnicas analíticas. Um dos métodos para resolver esses problemas é a centrifugação da

amostra o que permite a remoção das bactérias e os restos celulares.

2.3.4 Análise proteômica da saliva

O proteoma reflete o estado atual de funcionamento do sistema em condições

fisiológicas específicas, ou seja, a expressão funcional do genoma. Esta característica faz com

que o estudo do proteoma se torne um grande desafio, pois a expressão gênica de uma célula é

bastante dinâmica, dependendo do estado de desenvolvimento, da presença de ativadores ou

inibidores e também das condições do meio ambiente. Apesar disso, a proteômica é a

ferramenta mais apropriada para se entender o funcionamento dos genes, porque analisa o

produto final do genoma (Pandey e Mann, 2000). Embora a identificação de todas as

proteínas codificadas no genoma de um organismo pareça uma tarefa bastante difícil de

realizar, mesmo em organismos mais simples, são cada vez mais completas as informações

obtidas através de estudos proteômicos (Suresh et al., 2005). Esses novos conhecimentos

estão relacionados às vias de sinalização celular, conjuntos de proteínas reguladoras,

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modificações pós-traducionais, bem como outras informações cruciais sobre os estados

fisiológicos e fisiopatológicos de células e organismos.

Schipper et al. (2007) retratam que embora a saliva contenha proteínas e peptídeos

com importantes funções biológicas já reveladas por métodos bioquímicos convencionais, as

funções da maioria delas ainda está probremente defenida. Uma nova e promissora

abordagem no estudo da saliva, é a análise global das proteínas salivares usando as técnicas

de análise proteômica. Tal avaliação proteômica da saliva irá tanto melhorar o conhecimento

sobre a fisiologia oral, como também permitirá a identificação de novas proteínas e a

identificação de mudanças nos níveis protéicos frente a diferentes condições fisiológicas ou

estados patológicos.

Ghafouri et al. (2003) enfatiza a utilização da eletroforese bi-dimensional para

separar os componentes protéicos e, em seguida, utiliza a espectrometria para identificar os

peptídeos de interesse. A conjunção desses métodos tem permitido a identificação de

componentes protéicos de baixo peso molecular, muitos dos quais tem importantes funções

biológicas, como a histatina, cisteína, estaterina, proteínas rica em prolina.

Durante muito tempo a saliva foi usada como meio de monitorar o risco de cárie

sendo utilizada como meio biológico útil da medida da capacidade tampão e avaliação

microbiológica. Agora, a saliva é objeto de estudos mais detalhados para o diagnóstico de

doenças sistêmicas que afetam a função das glândulas salivares e a composição da saliva,

como por exemplo, na síndrome de Sjögren, cirrose alcoólica, fibrose cística, sarcoidose,

diabete mellitos e doenças do córtex adrenal (Lawrance et al. 2002). Moura et al. (2007)

relatam que a microbiota oral desempenha um papel importante na saúde humana e está

diretamente ligada a doenças como cárie e a doença periodontal, que são as alterações

crônicas mais comuns em humanos.Para Bretas et al., 2008, devido à importância da saliva

em relação à prevenção da doença cárie, os testes salivares (mensuração da capacidade

tampão, do fluxo salivar) deveriam ser incluídos nos exames de rotina para avaliação de

pacientes quanto ao risco de desenvolvimento da doença.

Tang et al. (2003) com o objetivo de determinar o padrão de expressão das

proteínas salivares em indivíduos adultos com periodontite, propuseram-se a analisar a

composição de proteínas salivares através do método de eletroforese em gel de

poliacrilamidaduodecil sulfato de sódio em amostras de saliva total não estimulada obtidas

antes e após tratamento básico. Os resultados demonstraram que bandas de proteínas com 18

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kD, 15 kD e 13 kD podem estar estreitamente relacionadas com a ocorrência e recorrência de

periodontites.

Para Taba et al. (2005) existem algumas perguntas chaves relacionadas com a

decisão clínica a ser tomada: Como os clínicos acessarão o risco de doença periodontal?

Quais são os métodos clínicos e laboratoriais úteis para acessar o risco periodontal? E o que

pode ser alcançado com o controle da doença periodontal usando um perfil de risco? Essas 3

perguntas incluem a questão do fator de risco que é considerado um modificador da atividade

da doença. Quando associados com a suscetibilidade do hospedeiro e uma variedade de

condições sistêmicas e locais, os fatores de risco influenciam no início e na progressão da

periodontite e nas mudanças nos biomarcadores.

Sousa e Taba (2004) discorreram sobre a necessidade de desenvolvimento de novos

testes diagnósticos que permitam a detecção de doença ativa, avaliem a progressão de doenças

futuras, e a resposta a terapia periodontal, melhorando assim, o quadro clínico de pacientes

com problemas periodontal. O diagnóstico da fase ativa da doença periodontal e a

identificação de pacientes de risco representa um desafio para a prática e a investigação

clínica.

Nesse sentido, Kaufman & Lamster (2000) realizaram uma revisão da literatura na

qual analisaram a saliva como um método de diagnóstico em potencial para a doença

periodontal. Para esses autores, a saliva é um fluido facilmente disponível e que contem

biomarcadors como: proteínas (ex. enzimas, imunoglobulinas), células do hospedeiro,

hormônios (cortisol), bactérias e produtos bacterianos, bem como marcadores sistêmicos que

podem ser usados como método diagnóstico da doença periodontal. Os autores concluíram

que a análise da saliva pode oferecer uma avaliação que agregue custo-efetividade no

diagnóstico da doença periodontal.

Segundo Koss et al. (2009) a detecção de mudanças na composição química da saliva

pode ser usada para refletir alterações gengivais e periodontais. Os autores tiveram como

objetivo identificar parâmetros salivares que poderiam identificar diferentes estágios da

doença periodontal. A saliva total foi analisada de acordo com suas propriedades químicas e

físicas. Fluxo salivar, pH, capacidade tampão mostraram valores similares em todos os

grupos. A eletroforese em gel de poliacrilamida na presença de dodecilssulfato de sódio

(SDS-PAGE) permitiu a observação de mais proteínas em pacientes com periodontite severa.

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A presença de imunoglobulina A foi significativamente menor em todos os grupos de doença

periodontal. Um aumento na peroxidase foi detectada nos casos de periodontite moderada e

severa. Foi possível concluir que mudanças quantitativas na composição química da saliva de

pacientes com doença periodontal pode ser significante no diagnóstico e na progressão da

doença periodontal.

Wu et al. (2009) tiveram como objetivo comparar o perfil proteômico da saliva total

não-estimulada de indivíduos com periodontite agressiva generalizada com voluntários

saudáveis. Para tanto, foi coletada saliva não-estimulada de 5 pacientes com periodontite

agressiva e 5 saudáveis e as proteínas foram separadas através da eletroforese bidimensional.

Foram identificadas onze proteínas com diferentes níveis entre o grupo teste e o controle, o

que pode ser útil na compreensão da etiologia da periodontite agressiva.

Embora existam evidências de mudanças na composição protéica da saliva total em

pacientes com periodontite crônica, Gonçalves et al. (2010) se propuseram a comparar o perfil

protéico da saliva total não-estimulada de pacientes com periodontite crônica e saudáveis,

utilizando 2 abordagens complementares ( eletroforese bidimensional e cromatografia

liquida). As análises revelaram que pacientes com doença periodontal tiveram maior

quantidade de proteínas do sangue (albumina e hemoglobina) e imunoglobulina e menor

quantidade de cistatina quando comparados com o grupo controle. Um maior número de spots

de proteína foi observado no grupo com periodontite, das quais a maioria foi identificada

como alfa-amilase, o que pode ser causada pela hidrólise pela cisteína sob tais condições

inflamatórias.

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3 PROPOSIÇÃO

3.1 Objetivo Geral

Estudar os parâmetros de saliva total humana (STH) de pacientes portadores de PYND.

3.2 Objetivos Específicos

Analisar pH, fluxo salivar e concentração total de proteínas em pacientes com

PYND;

Identificar padrões do perfil proteico de STH em pacientes portadores da

síndrome;

Comparar pH, fluxo salivar e perfil proteico presentes em STH entre pacientes

portadores de PYND e pacientes sadios não-sindrômicos;

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4 MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho trata-se de um estudo caso-controle, transversal e analítico

realizado após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COMEPE) da Faculdade de

Medicina da Universidade Federal do Cearácom o protocolo no143/08 (Anexo 1).

4.1 População

Para a realização desse estudo foi selecionada uma amostra de conveniência (grupo

teste) composta por 04 (quatro) indivíduos, do sexo feminino, com idade variando de 19 a 22

anos,portadores de picnodisostose. Esses indivíduos foram previamente diagnosticadoscomo

portadores de tal síndrome pelos Serviços de Pediatria e Endocrinologia do Hospital

Universitário Walter Cantídio, da Universidade Federal do Ceará, e cadastrados no Projeto

SEMENTE do Curso de Odontologia da referida Universidade. Como grupo controle,

utilizou-se 04 indivíduos sadios, não-sindrômicos, também do gênero feminino ecom idade

semelhante aos participantes do grupo teste.

Foi quesito básico para a participação no estudo que os indivíduos tanto do grupo teste

como do grupo controle não estivessem utilizando nenhum medicamento até no máximo 15

dias antes da coleta da saliva, além de não possuírem nenhuma outra alteração sistêmica

associada à síndrome.

Após a devida assinatura do termo de consentimento informado (ANEXO 1), pelos

voluntários,foi preenchida uma ficha clínica com base na anamnese e exame clínico

realizados (ANEXO 2).

4.2 Coleta da saliva

As amostras de saliva foram coletadas por um único examinador, pela manhã (entre 9

e 10 horas), para evitar variações induzidas pelo ritmo circadiano. Os indivíduos foram

orientados a realizar higiene oral 2 horas antes da coleta e não ingerir nenhum alimento por

um período mínimo de 2 horas antes do procedimento. No período que antecedeu a coleta das

amostras, pacientes foram orientados a permanecer sentados confortavelmente durante 10

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minutos para relaxar. Os participantes foram esclarecidos que, durante a coleta da saliva,

evitassem realizar movimentos com a língua, bochecha ou lábios. Após esse período, toda a

saliva produzida era eliminada (expelida ou deglutida) a fim de desprezar os resíduos iniciais.

A partir desse momento, a coleta da saliva não- estimulada foi iniciada no ponto zero, por

exatamente 10 minutos (figuras 14 e 15). Foram feitos ciclos de 2 minutos, nos quais os

participantes mantinham a saliva na cavidade bucal. As amostras de saliva foram coletadas

com micropipeta manual e aliquotadas em tubos tipo Eppendorfsgraduado, com capacidade

para 1,5 mL devidamente identificados. Uma vez coletada, as amostras foram conservadas em

gelo (por um período máximo de 2 horas) e transportadas ao laboratório, onde foram

centrifugadas (centrifuga JANETZKI®) a 7500rpm durante 7 minutos a 32° C.Tal

procedimento visou a separação de partículas contaminantes da saliva, tais como células

epiteliais descamadas, bactérias, células sanguíneas e qualquer resíduo alimentar. Após esse

processo, foi retirado um volume de 200μL do sobrenadante de cada tubo e congelado a -

20°C para posterior liofilização (Figuras 16

e17).

Figura 15- Coleta da saliva não estimulada

realizada após período de repouso

Figura 14- Cânula coletora e tubo do tipo

eppendorf®

Figura 16- Tubos contendo saliva coletada

prontos para iniciar processo de

centrifugação.

Figura 17- Centrifugação

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4.3 Protocolo Analítico

4.3.1 Mensuração do Fluxo Salivar

O fluxo salivar foi determinado pela relação entre o volume coletado pelo tempo de

dez minutos. A velocidade de secreção salivar foi demonstrada em mililitros por minuto

(ml/min). O valor foi determinado individualmente para todos os participantes de cada grupo.

4.3.2 pH

O pH salivar foi mensurado utilizando o pHmetro portátil digital (DIGIMED DU-

02)no local da coleta da saliva. Antes de iniciar as medições de pH, o pHmetro foi calibrado

com soluções padrões (quais foram as soluções?) de pH nos valores de 6,86 e 4,0.O valor do

pH foi determinado individualmente para todos os participantes de cada grupo.

4.3.3 Análise proteômica da saliva

\4.3.3.1 Determinação das Proteínas Totais

A concentração total de proteínas foi determinada pelo método Bradford (1976), tendo

como reagente o Coomassieblue G250 e a proteína, sero-albumina bovina (BSA )como

padrão para aplotagem dos resultados obtidos com análise das amostras. Todas as amostras

foram submetidas à análise em duplicata.

As amostras para a curva padrão foram constituídas por5μL de albumina diluída em

diferentes concentrações (quais foram as concentrações) + 1,0 mL de solução de Bradford.

Tendo-se aguardado 10 minutos para o início das leituras, que foram feitas em

espectofotômetroUltraspec 1100 (Pharmacia, England).a 595 nmemespectofotômetro. Os

resultados foram expressos em miligrama de proteína por mililitro de saliva (mgP/mL),

calculados com base na curva-padrão com BSA.

Ressuspensão das Amostras

Preparo das Amostras

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As amostras (1, 2, 3 e 4) liofilizadas foi ressuspendida em 100 μL de água mili-Q e

agitado para homogeneizar as amostras. Após a completa ressuspensão da saliva, o conteúdo

dos eppendorfs®

de todas as amostras dos pacientes portadores de picnodisostose foi

misturado em um único tubo de hemólise (pooldas amostras do grupo correspondente aos

casos). O mesmo procedimento foi realizado para o grupo controle (pool do grupo controle).

Foram misturados: 50 μL do pool das amostras ressuspendida com

250 μL de água mili-Q. Após a mistura, obteve-se 300μL, os quais foram igualmente

distribuídos em 3 tubos de hemólise (cada tubo com 100 μL). Cada tubo de hemólise

contendo o branco (controle da espectofotometria) e com as amostras recebeu 2500μL do

reagente de Bradford. Após 10 minutos deu-se início à leitura no espectofotômetro com grau

de absorbância a 595nm (Figura 18).

Volume: 100μL da amostra + 2500μL do reagente

Branco: 100μL de água mili-Q + 2500μL do reagente

Após o preenchimento das cubetas do espectofotômetro com as amostras, deu-se início

às leituras, conforme descrito abaixo:

Leituras para o grupo controle

AMOSTRAS LEITURAS

"Pool" das amostras 1; 2; 3 e 4

0,497

0,605

0,571

Branco

Figura 18. Amostras ressuspendidas em triplicata + branco

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As leituras foram realizadas em triplicata de forma a minimizar erros na dosagem total

de proteínas em cada grupo, permitindo uma definição mais segura da quantidade de amostra

necessária a ser usada por grupo.

Diante das leituras, estimou-se 1mL da amostra para obtenção de 400 μg de proteína.

Leituras para o grupo PYCN

AMOSTRAS síndrome LEITURAS

"Pool" das amostras 1; 2; 3 e 4

0,678

0,635

0,662

As leituras também foram realizadas em triplicata de forma a minimizar erros na

dosagem total de proteínas em cada grupo, permitindo uma definição mais segura da

quantidade de amostra necessária a ser usada em cada grupo. Logo, deve-se usar 1mL da

amostra para provável obtenção de 400 μg de proteína no poço.

4.3.3.2 Eletroforese Bidimensional

Análise de eletroforese em gel de poliacrilamida SDS_PAGE

1) Preparo da amostra

Para a análise em gel SDS-PAGE, as amostras liofilizadas foram ressuspensas em 50

µL da solução de solubilização (Tabela 1).

Tabela 1. Componentes da solução de solubilização utilizada para ressuspensão daamostra.

Componentes Quantidade

Uréia7 M 2,104 g

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Após a ressuspensão, adicionou-se aos 50 µL da solução, 200 µL de solução de re-

hidratação (Tabela 2).

Tabela 2. Componentes da solução de rehidratação

Componentes Quantidade

Uréia8 M 2,402 g

CHAPS 2% 0,1 g

IPG Buffer 3-10 2% 100µL

Azul de Bromofenol 1% 0,05 g

Água mili-Q 5mL

4.3.3.2.1 Focalização Isoelétrica

A Focalização Isoelétrica (IEF), segunda etapa da 2DPAGE,é o procedimento

empregado para determinar o ponto isoelétrico (pI) de uma determinada proteína. Um

gradiente de pH é estabelecido em um gel através da distribuição de uma mistura de

moléculas orgânicas anfóteras (ácidos e bases) de baixo peso molecular, sob ação de um

campo elétrico. Quando uma mistura protéica é aplicada a esse gel, cada proteína migra até

atingir o pH que coincide com o seu pI. Proteínas com diferentes pIssão, portanto, distribuídas

diferentemente através do gel (Alfenas, 1998). Desta forma, as proteínas migram em direção à

sua carga até atingir uma posição neutra, denominada de repouso. A combinação da

Tiouréia2 M 0,7612 g

CHAPS 2% 0,1 g

IPG Buffer 3-10 2% 100µL

DTT 0,3 % 0,015 g

Água mili-Q 5mL

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Focalização Isoelétrica (IF) com a SDS PAGE em um gel bidimensional, resulta num método

eficiente para a separação de uma mistura complexa de proteínas. Este método analítico

combinado é muito mais sensível que qualquer um dos dois (IEF e SDS-PAGE) empregados

isoladamente. A eletroforese bidimensional separa proteínas de idênticos pesos moleculares,

porém com distintos pontos isoelétricos (pIs), ou então, proteínas de mesmo pI, mas com

pesos moleculares diferentes (Alfenas, 1998).

A isoeletrofocalização das proteínas foi realizada em equipamento

IPGphordaAmershamBiosciences (Figura 18). A IF foi conduzida em tiras (strip) IPG, com

gradiente imobilizado de pH em gel de poliacrilamida fixado em plástico. As faixas de pH

utilizadas foram 3 – 7 NL em STRIP de 7 cm.

A solução foi aplicada no sarcófago (tipo de suporte da IF) e em seguida foi removida a

fita plástica protetora,posicionadas com o gel voltado para baixo no STRIP Holdere recoberto

com 2 mL de óleo mineral (―DryStrip Cover Fluid”). A re-hidratação foi feita no

equipamento IPGphordurante 12 horas. A isoeletrofocalização foi iniciada logo após o

término da rehidratação e ocorreu em 3 etapas (fase 1: 300 V, 2mA, 5W, 0:01h; fase 2:

3500V, 2mA, 5W, 1:30h; fase 3: 300V, 2mA, 5W, 5:00h) Após a IEF, a stripfoi armazenada

em tubo de vidro e congelada a –80 ºC para posterior aplicação no gel de eletroforese (Figura

19 A e B).

Figura 19 A e B- Equipamento IPGphorda Amersham Biosciences

A B

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4.3.3.2.2 Equilíbrio da Strip

Após a isoeletrofocalização a stripfoi equilibrada em 5mL de solução tampão ou

solução de equilíbrio base (Tabela 3), mantida em repouso por 15 minutos, sendo a mesma em

seguidadescartada. O segundo passo consistiu na imersãodastrip numa solução composta por

5mL da solução de equilíbrio + 0,05 g de DTT, onde a strip permaneceu por mais 15 minutos

e em seguida, colocou-se a strip numa solução composta por 5 mL da solução de equilíbrio +

0,125 g de iodoacetamida, durante 15 minutos (Figura 20 A e B).

Tabela 3. Componentes da solução de equilíbrio usadas para equilibrar a strip.

Componentes Quantidade

Tris_HCl 1,5 M pH 8,8 50mM 3,4 mL

Uréia6 M 36,04 g

Glicerol (87%) 34,5 mL

SDS 2 g

Azul de Bromofenol 1% 200 µL

Água mili-Q 100 mL

Figura 20 A e B- Equilíbrio das strips.

A B

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Ao término do período de incubação em solução de equilíbrio, a stripfoi retirada e

aplicada imediatamente no gel de poliacrilamida na presença de SDS para a eletroforese de

segunda dimensão.

4.3.3.2.3 SDS/PAGE (2ª Dimensão)

A separação das proteínas através dos pesos moleculares foi conduzida segundo

Laemmli (1970). Em gel de poliacrilamida, em um sistema descontínuo, usando gel de

concentração a 5% e gel de separação a 12,5%. As amostras liofilizadas foramreconstituídas

com água mili-Q (10 g/1) sob condições desnaturantes (tampão da amostra contendo SDS e-

mercaptoetanol). Após o término da corrida, o gel foifixado por 30 minutos na solução

fixadora (Ácido Tricloroacético 10%). Em seguida, o gel foi corado com Coomassieblue por

1 hora. Sendo a amostra então descorada pela solução descorante (ácido acético5%, 150 ml;

metanol 10%, 300 ml; H2O 2550 ml) durante a noite. O gel descorado foisecado por 24 horas

com a solução de secagem (metanol 50%, 100 ml; glicerol 6%, 6 ml; H2O bidestilada para

completar 200 ml).

Figura 22- Aplicação do marcador Figura 21- Marcador protéico

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57

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados obtidos foram tabulados no programa Excel (Windows 2010) e submetidos a

analise descritiva e aos seguintes testes estatísticos: teste de normalidade de Kolmanov-

Smirnov, teste t de Student e teste de Mann-Whitney pelo programa Bioestat for WindowsTM

versão 5.0.

O teste de normalidade de Kolmogov-Smirnov foi realizadopara verificar a

normalidade (homogeneidade) das amostras, acusando normalidade dos dados entre os grupos

experimental e controle em função das variáveis: velocidade do fluxo de saliva total

estimulada, pH e concentração de proteínas totais (p>0,05), e uma distribuição assimétrica

Figura 23 – Gel em solução corante

Figura 24- Gel em solução descorante

Figura 23 A e B- Cuba e fonte eletroforética.

Figura 25- Gel em solução corante

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58

quando se considerou os dados obtidos pela análise bidimensional dos géis. Para as variáveis

paramétricas (velocidade do fluxo de saliva total estimulada, pH e concentração de proteínas

totais) o teste realizado foi o t de Student, considerando-se um nível de significância de 95%

(p <0,05). Para a comparação da massa molecular obtida na eletroforese (variável não-

paramétrica) realizou-se o teste de Mann-Whitney, também a um nível de probabilidade de

p<0,05.

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59

5 RESULTADOS

Nesse estudo foram coletadas e avaliadas as amostras de saliva total não-estimulada de

4 pacientes portadores de Picnodisostose e 4 paciente sadios (grupo controle), pareados em

sexo e idade para se ter uma amostra dependente, a fim de reduzir a variabilidade entre os

grupos e aumentar o intervalo de confiança (Tabela 4).

Tabela 4- Estatística descritiva da idade e sexo, segundo os grupos experimental e controle.

GRUPO N Sexo Idade

Experimental

(PYCN)

4 Feminino

19

19

20

22

Controle 4 Feminino

19

19

20

22

Fonte: dados da pesquisa

Os valores médios e desvios-padrão dos parâmetros bioquímicos da saliva: fluxo

salivar não estimulado, pH e concentração de proteína total, tanto no grupo controle

(indivíduos saudáveis) como no grupo teste (indivíduos portadores de picnodisostose) são

mostrados na Tabela 5. Após a aplicação do teste t de Student foi possível observar diferença

estatisticamente significativa entre os grupos para as acima mencionadas variáveis (p<0,05).

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60

Tabela 5 – Parâmetros salivares distribuídos conforme os grupos. Os valores expressam a média ±

desvio padrão.

Parâmetros

salivares Grupos

Teste (PYCN) Controle

pH 7.06 (± 0,07) a 7.21 (0,02) b

Fluxo salivar 0.345 mL/min (±0,05) a 0.215 mL/min (± 0,04) b

Proteína Total 0.658 mg/mL (±0,02) a 0.558 mg/mL (± 0,06) b

Valores médios seguidos por letras distintas (sentido horizontal) diferem

estatisticamente entre si (p<0,05)

As variáveis dos parâmetros: pH, fluxo salivar e concentração total de proteínas são

mostradas isoladamente nos Gráficos 1, 2 e 3.

Ao analisar o pH foi possível observar uma variação de 7.01 a 7.16 para o grupo

experimental e de 7.19 a 7.24 para o grupo controle, observando valores de pH

estatisticamente inferiores para o grupo experimental (p<0,05) (Gráfico 1).

Gráfico 1: Valores médios do pH da saliva

Em relação ao fluxo salivar não-estimulado, o grupo experimental apresentou maior

média que o grupo controle, sendo essa diferença estatisticamente significante (p <0,05). A

variação do fluxo salivar no grupo experimental foi de 0.18 a 0.27 mL/min (média = 0.215),

enquanto que no grupo controle foi de 0.29 a 0.39 mL/min (média= 0.345) (Gráfico 2).

6,95

7

7,05

7,1

7,15

7,2

7,25

Grupo experimental (PYCN) Grupo controle

pH

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61

Gráfico 2: Média do fluxo salivar não-estimulado

A concentração total de proteínas foi dosada em triplicata, considerando-se nesse

momento o pool das amostras e não mais as amostras individuais (Tabela 6). O pool do grupo

experimental apresentou maior concentração de proteínas que o grupo controle (Gráfico 3),

diferença esta, considerada estatisticamente significativa (p< 0,05).

Tabela 6. Concentração total de proteínas obtida em triplicata para cada pool.

Concentração total de proteínas

Pool - Grupo experimental

(PYCN) Pool - Grupo controle

Leitura1 0.678 mg/mL 0.497 mg/mL

Leitura2 0.635 mg/mL 0.605 mg/mL

Leitura 3 0.662 mg/mL 0.571 mg/mL

Gráfico 3. Média da concentração total de proteínas em ambos os grupos

0.001

0.001

0.001

0.001

0.001

0.001

0.001

0.001

0.001

0.001

Pool - Grupo experimental (PYCN) Pool - Grupo controle

Concentração total de proteínas

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

Grupo experimental (PYCN) Grupo controle

Fluxo salivar não-estimulado

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62

A análise dos géis de eletroforese bidimensionais permite a contagem do número de spots

coma caracterização automática dos valores de pI e massa molecular como mostrado na tabela

7 (Grupo controle) e 8 (grupo experimental).

Tabela 7. Determinação do Ponto Isoelétrico (PI) e Massa Molecular (MM), expressa em kDa,

para cada spot identificado no gel do grupo controle

Grupo controle

SpotID PI

MM

(KDa) SpotID PI

MM

(KDa)

3105 4,312 212 3165 4,405 46

3106 9,907 203 3167 3,592 45

3119 5,101 104 3173 5,995 37

3123 3,615 99 3176 3,522 35

3124 3,940 98 3180 5,647 25

3128 6,065 92 3181 4,370 25

3131 4,753 90 3184 5,461 25

3133 3,952 90 3185 3,952 25

3137 6,146 81 3186 3,615 25

3145 9,385 68 3188 6,111 25

3148 7,400 62 3190 7,226 25

3152 9,373 51 3192 8,433 24

3158 7,307 46 3194 8,027 24

3159 6,100 46 3197 7,446 22

3161 6,784 46 3200 9,466 18

3163 5,217 46 3201 3,430 18

3164 5,461 46 3219 5,658 14

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63

Tabela 8. Determinação do Ponto Isoelétrico (PI) e Massa Molecular (MM), expressa em kDa,

para cada spot identificado no gel do grupo experimental

Grupo experimental

SpotID PI

MM

(KDa) SpotID PI

MM

(KDa) SpotID PI

MM

(KDa) SpotID PI

MM

(KDa)

301 7,844 265 608 8,053 44 763 3,966 29 893 4,907 14

320 7,707 128 613 6,025 43 766 7,474 30 894 8,689 15

334 8,093 142 616 6,685 43 770 7,956 30 900 6,098 14

350 5,052 123 625 8,375 42 775 6,452 29 901 6,162 14

358 5,245 112 630 5,631 42 776 7,095 29 905 9,389 14

369 5,864 108 632 8,721 41 777 9,010 29 906 8,664 14

372 6,267 104 635 5,679 41 779 5,510 28 908 8,246 14

387 3,426 95 643 8,141 39 789 7,015 27 909 6,331 14

416 4,279 85 644 8,077 39 793 9,397 27 910 9,389 14

417 8,157 86 649 4,078 38 796 7,152 26 912 5,438 14

422 7,618 86 650 7,876 38 797 7,361 26 913 6,822 14

433 7,079 85 661 7,120 38 811 5,575 25 915 4,859 13

437 5,213 83 666 7,876 37 812 2,823 25 916 4,561 13

461 6,234 82 673 5,969 37 813 5,454 25 921 9,002 13

494 5,261 68 674 7,892 37 814 5,003 24 923 9,356 13

523 5,591 60 677 8,375 37 826 5,623 22 924 9,187 13

525 8,005 62 679 7,538 37 833 3,756 21 927 7,393 13

526 8,149 61 683 6,725 36 835 3,845 20 928 8,520 13

527 8,737 61 684 4,883 36 836 8,520 20 929 9,324 12

531 7,634 65 691 6,725 35 839 5,277 19 931 7,111 12

550 8,109 56 700 7,715 35 840 8,672 19 933 7,514 12

554 7,626 52 706 3,233 34 841 8,302 19 936 7,401 12

557 4,529 53 708 9,509 34 845 7,940 18 939 7,506 12

559 8,141 51 709 7,168 34 846 6,082 18 944 6,967 12

564 4,086 52 710 9,260 34 852 5,993 17 957 5,414 11

571 7,932 51 714 5,100 33 857 7,240 17 958 8,962 11

573 8,037 50 717 8,415 33 859 3,515 16 963 6,355 11

579 7,884 50 731 7,256 31 860 7,401 16 965 5,454 11

588 8,664 47 737 6,210 31 869 5,341 16 971 5,398 10

591 5,366 46 742 5,277 30 871 4,617 16 972 5,478 10

593 8,013 46 743 6,436 30 878 5,317 15 973 9,461 10

595 3,249 46 744 3,531 30 879 9,332 15 975 5,414 10

598 3,901 46 747 7,095 30 883 2,582 15 1157 9,107 87

599 4,287 45 753 7,063 29 884 4,480 15 1158 9,751 79

602 7,643 45 757 5,728 29 889 9,389 15 1159 8,616 86

604 6,259 44 761 2,871 29 890 7,691 15 1161 8,045 39

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64

O número de spots identificados foi em média 34 spots no grupo controle,enquanto que no

grupo de portadores de picnodisostose, 144 spots foram evidenciados (Gráfico 4).

Gráfico 4. Quantidade de spots evidenciados em ambos os grupos.

Através da comparação dos géis bidimensionais foi possível observar variações

estatisticamente significativa (p< 0,05) entre os grupos na faixa de pH de 3 a 10. Pela curva

de relação entre os grupos notamos que o grupo controle apresenta maior média de massa

molecular das proteínas do que o grupo experimental (Gráfico 5).

Gráfico 5: Médias e erro padrão da massa molecular (kDa) entre ambos os grupos.

CONTROLE SINDROMICO

MM

( k

Da)

0

20

40

60

80

100

*

*Teste de Mann-Whitney: diferença estatística em relação ao grupo controle (p<0,05)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Grupo experimental (PYCN) Grupo controle

Quantidade de spots

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65

Dentre os 34 spots identificados no grupo controle, observou-se uma variação entre 14

a 212 KDa da massa molecular, com 64,7% apresentando valores menor que 50 KDa (Gráfico

6).

Gráfico 6: Histograma de distribuição de spots do grupo controle de acordo com sua massa molecular

(MM) e o número de spots.

MM( kDa)

0 50 100 150 200

Qu

anti

dad

e d

e sp

ots

0

2

4

6

8

10

12

14

Já no grupo de pacientes portadores de picnodisostose, os spots apresentaram-se com

massa molecular variando de 10 a 265 KDa, com 79,16% apresentando massa molecular

menor que 50 KDa, observando-se um diminuição acentuada do número de spots com maior

massa molecular (Gráfico 7).

Gráfico 7: Histograma de distribuição de spots do grupo sindrômico de acordo com sua massa

molecular (MM) e o número de spots.

MM (kDa)

0 50 100 150 200 250

Qua

ntid

ade

de s

pots

0

10

20

30

40

50

60

sindromico

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66

A distribuição dos spots também pode ser observada no Gráfico 8, o qual permite uma

comparação entre o perfil protéico dos grupos, confirmando a predominância de spots com

menor massa molecular em ambos os grupos, sendo essa ainda mais acentuada no grupo

sindrômico.

Gráfico 8: Distribuição das massas moleculares (KDa) nos grupos controle e sindrômico.

MM

CONT

MM

SIN

D

0

100

200

300

MM

( kD

a)

Em relação aos pontos isoelétricos observa-se um aumento no pH no grupo sindrômico,

o que significa que este grupo,em média, apresenta proteínas com pH mais ácido do que o

controle (Gráfico 9).

Gráfico 9: Médias dos pontos isoelétricos (pH) com erro padrão entre os grupos controle e sindrômico.

CONTROLE SINDROMICO

pH

4-1

0

4

5

6

7

8

9

10

*

**Teste de Mann-Whitney: diferença estatística entre os grupos (p<0,05)

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69

6 DISCUSSÃO

A Picnodisostose é uma displasia esquelética de etiologia genética, rara com

aproximadamente 200 casos descritos na literatura mundial, estimando-se uma incidência de

1,7: 1.000.0000 de nascidos (KATO et al., 2005). Estudos demonstraram ser essa displasia

decorrente de defeitos no gene codificador da catepsina K, localizado no cromossomo 1q21,

resultando em deficiência na atividade dessa enzima, que faz parte da família de proteases de

cisteína (GELB et al., 1996).

A catepsina K se expressa nos osteoclastos e media o papel destes na reabsorção da

matriz de colágeno tipo I, alterando todo o processo de remodelação óssea, o que resulta em

um aumento generalizado da densidade e do volume dos ossos, esclerose, fragilidade e,

conseqüente maior predisposição a fraturas ósseas conforme descrito em estudos de

O’Connel, Brennan & Francomano (1998). Essa condição foi também verificada por Schilling

et al. (2007) por meio de um estudo caso-controle, evidenciando o aumento da densidade

volumétrico dos ossos no grupo sindrômico (686 mg/cm) quando comparados com um grupo

controle (290 mg/cm).Em decorrência desse aumento na densidade óssea, observa-se também

uma redução no padrão de vascularização dos ossos, o que parece justificar a maior

predisposição a quadros de osteomielite. As características clinicas observadas em pacientes

com picnodisostose tem sido relatada por inúmeros autores como por exemplo, Fonteles et al.

(2007) que relataram 4 casos, descrevendo como principais achados orais, condições como:

mordida aberta, palato ogival, protrusão lingual, retenção de dentes decíduos, anodontia

parcial, alterações morfológicas dentárias, pobre higiene oral, cáries dentárias e doença

periodontal.

Com o aumento do reconhecimento da relação entre saúde oral e geral, as atenções

foram voltadas para a saliva como um fluido diagnóstico para uma diversidade de doenças. A

utilização da saliva no lugar de sangue ou urina para exames diagnósticos apresenta uma série

de benefícios. representados por uma coleta fácil, indolor, não invasiva, que causa menos

ansiedade ao paciente, pelo baixo custo para armazenar e transportar bem como pelo fato de

oferecer menor risco de contaminação para o operador quando do manuseio da mesma

(DOUGLAS et al., 1998).

Ao se estudar saliva como meio de diagnóstico, considera-se necessário distinguir seu

uso para o diagnóstico da doença, verificar suscetibilidade à doença, identificar componentes

normais à saliva em concentrações anormais e detectar constituintes não usuais (DAWES,

1993). Na odontologia, a monitorização salivar tem sido principalmente usada para verificar

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70

atividade de cáries, doença periodontal, xerostomia, doenças inflamatórias e tumorais das

glândulas salivares (KAUFMAN & LAMSTER, 2000). Moura et al. (2007) citam que dentre

as diversas possibilidades de uso da saliva como meio de diagnóstico, a sua utilização nas

medidas de risco de cárie utilizando parâmetros como mensuração do fluxo salivar,

capacidade tampão, potencial hidrogeniônico (pH) e contagem de microorganismos. Porém,

os avanços nos métodos de análise já tomam outras proporções de modo a propiciar uma

extensão na aplicabilidade de outros métodos de análises salivares ampliando as

possibilidades de diagnósticos.

Para Schipper et al. (2007) uma nova e promissora abordagem no estudo da saliva, é a

análise global das proteínas salivares usando as técnicas de análise proteômica, como nos

estudos realizados por Wu et al. (2009) e Gonçalves et al. (2010) que tiveram como variável

pacientes com doença periodontal. Tal avaliação do perfil protéico da saliva irá tanto

melhorar o conhecimento sobre a fisiologia oral, como também permitirá a identificação de

novas proteínas e a identificação de mudanças nos níveis protéicos frente a diferentes

condições fisiológicas ou estados patológicos.

No presente estudo, nos propusemos a analisar alguns parâmetros salivares orgânicos

de indivíduos portadores de picnodisostose (grupo experimental), comparando-os com

indivíduos não-sindrômicos, a fim de entender possíveis diferenças causadas pela falha

genética o qual resulta nesta síndrome. Para a análise do fluxo salivar, uma variedade de

protocolos clínicos e experimentais são requeridas, e a sua importância está no fato de que ela

pode nos dar uma idéia da qualidade da saúde, não só oral, mas também sistêmica (LEITE;

MAMEDE & LEITE, 2002). Sabe-se ainda que a composição da saliva sofre muitas

alterações devido a vários fatores fisiológicos e não-fisiológicos, como: ritmo circadiano,

natureza e duração do estímulo, condições da higiene bucal, tipo de dieta alimentar, uso de

medicamentos, etc. (DAWES, 1993). Daí a necessidade de tomar medidas cautelares no que

diz respeito a realização da coleta, tais como as seguidas nesse estudo: amostra sempre

colhida entre 8 e 10 horas da manhã para reduzir a interferência do ciclo circadiano em cada

participante; indivíduos de ambos grupos, do mesmo gênero e idade, foram alertados para não

comer, beber, mascar chiclete, fazer exercícios, fumar ou escovar os dentes por 2 horas antes

da coleta, estando os mesmos sentados de forma ereta e relaxada.

O presente trabalho encontrou diferença estatisticamente significativa entre o fluxo

salivar de pacientes portadores de picnodisostose (0,215 mL/ min) em relação ao grupo

controle (0,345 mL/ min). De acordo com os critérios estabelecidos por Dawes (2004), o

grupo experimental apresentou baixo fluxo salivar (hipossalivação) enquanto que o grupo

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71

controle apresentou um fluxo considerado normal. O fluxo salivar diminuído no grupo de

pacientes portadores de picnodisostose pode, segundo Daniels e Fox (1992), estar relacionado

com o maior índice de cáries nesse grupo. Os resultados corroboram parcialmente com

Siqueira Jr (2004) que analisou parâmetros salivares de indivíduos portadores de síndrome de

Down concluindo que o fluxo salivar apresentou-se reduzido nesses indivíduos. Apesar da

velocidade do fluxo salivar estar reduzida nos indivíduos portadores de picnodisostose,

nenhum paciente examinado relatou sensação de boca seca diariamente, nem mesmo

disgeusia, disfonia, ingestão freqüente de líquidos ou sede excessiva.

As opiniões dos pesquisadores são ligeiramente divergentes quanto ao pH de repouso

da saliva. Em 1944, Loesche verificou que os indivíduos, cujo pH de repouso da saliva era

igual ou maior que 7,0, apresentavam-se livres da cárie, enquanto na saliva dos pacientes com

atividade positiva de cárie o valor do pH era menor que 7,0. Para Edgar (1996), o pH de

repouso da saliva em humanos deve manter-se entre 5,0 e 8,0. A amostra dos 2 grupos aqui

estudados consistiram em indivíduos adultos jovens (19 a 22 anos), tendo sido encontrado um

pH médio do grupo controle de 7,21 e 7,06 no grupo experimental, o que se assemelha com os

resultados de Magalhães et al (2001), que verificou os níveis de pH salivar em pacientes

adultos jovens constatando uma variação entre 5,6 e 7,6, (média de 6,9). Não foi encontrado

na literatura estudos com um padrão de normalidade para o pH em pacientes com

picnodisostose, o que dificulta a comparação dos dados com os de outros trabalhos, assim,

embora tenha sido observada uma diferença estatística entre as amostras, acredita-se que esta

não seja clinicamente relevante, uma vez que a média do pH de repouso de ambos os grupos

se encontrava dentro dos parâmetros de normalidade citados na literatura.

Em relação a concentração total de proteínas, o grupo com picnodisostose apresentou

menor concentração (0.558 mg/mL) em relação ao grupo controle (0.658 mg/mL), sendo essa

diferença estatisticamente significativa (p<0,05). Da mesma forma dos outros parâmetros

avaliados, a comparação com os dados da literatura é dificultado pela ausência de estudos cuja

população se trata de pacientes com picnodisostose. Siqueira (2004) realizou um estudo

avaliando fluxo salivar, pH, capacidade tampão e concentração de proteína total dentre outros

fatores em saliva total de indivíduos com síndrome de Down com idades variando de 1 a 25

anos. Os pacientes foram divididos em 5 grupos (1 a 5; 6 a 10; 11 a 15; 16 a 20 e 21 a 25

anos). Os resultados obtidos revelaram uma redução no fluxo salivar, pH e capacidade tampão

e um aumento na concentração de proteína total, sendo tais diferenças mantidas mesmo com a

aumento da idade. De acordo com tal estudo, a maior concentração de proteína pode estar

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relacionada com o menor fluxo salivar no grupo sindrômico, sendo, neste caso, o grupo

sindrômico referente à Síndrome de Down.

Para Perinpanayagam et al., (1995) peptídeos de baixo peso molecular encontrados na

saliva são formados a partir da atividade proteolítica ocorrida nesse meio. Siqueira Jr (2006)

ao avaliar os parâmetros salivares em pacientes portadores de doença periodontal relatou que

o grupo com periodontite crônica apresentou menor concentração (p<0,05) em relação ao

grupo controle, o que conforme o autor pode estar ligado à atividade proteolítica acentuada

que ocorre em condições patológicas periodontais, o que vem a corroborar com os resultados

encontrados, visto que pacientes com picnodisostose têm sido constantemente caracterizados

por apresentarem doença periodontal (FONTELES et al., 2007; SHILLING et al., 2007).

A comparação do perfil protéico salivar é difícil de ser realizada em virtude das

diferenças existentes na origem da saliva estudada, faixa etária dos grupos estudados, métodos

de análises, variáveis analisadas, etc. Para analisar com mais fidelidade os componentes

protéicos salivares, Ghafouri et al. (2003) enfatiza a utilização da eletroforese bi-dimensional

para separar os componentes protéicos, sendo em seguida, quando possível, realizada a

espectrometria para identificar os peptídeos de interesse. Nesse estudo realizou-se a

eletroforese bidimensional, onde foi possível observar diferentes padrões de peptídeos nos 2

grupos avaliados (p<0,05). No grupo controle foram observados 34 spots protéicoscom massa

molecular variando de 14 a 212 kDa, enquanto que no grupo experimental foram

evidenciados 144 spots com variação da massa entre 10 e 265 kDa. Embora uma maior

quantidade de spots observados no grupo experimental, a média da massa molecular no grupo

controle foi maior.

Comparando os grupos entre si foi possível observar que 73,52% das bandas protéicas

evidenciadas no grupo controle também foram evidenciadas no grupo experimental. No

entanto, ao considerar as bandas protéicas com massa molecular menor que 68 kDa foi

possível verificar grandes faixas de bandas com massa molecular exclusivas do grupo

experimental (por ex. S706 [MM=35kDa] ao S797 [MM=26kDa]). Acima de 68 kDa, o grupo

controle apresentou 9 bandas protéicas e o grupo experimental 17, presentes exclusivamente

em cada grupo.A banda protéica mais freqüentemente observada no grupo controle

apresentou massa molecular igual a 25 kDa, enquanto que no grupo experimental a massa

molecular mais prevalente correspondeu a 14 kDa, seguido pela banda protéica com 13 kDa,

15 kDa e 29 kDa, não estando estas últimas presentes no grupo controle. Para Tang et al

(2003) bandas de proteínas com 18 kDa, 15 kDa e 13 kDa podem estar estreitamente

relacionadas com a ocorrência e recorrência de periodontites.

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Os resultados aqui mostrados permitem inferir que a saliva é um fluido capaz de

demonstrar alterações sistêmicas, como evidenciado entre pacientes com picnodisostose e

indivíduos saudáveis. Alem disso, é relevante mencionar a facilidade da coleta deste fluido,

sem injúrias ao paciente. No entanto, a escassez de estudos na literatura dificultaram a

discussão dos resultados obtidos, o que mostra a necessidade da realização de mais pesquisas

usando a saliva como meio diagnóstico, além de estudos mais aprofundados, que permitam a

identificação dos peptídeos e sua correlação com a saúde oral.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O grupo PYCN apresentou baixo fluxo salivar

Ambos os grupos apresentaram média de pH de repouso dentro dos parâmetros de

normalidade

O grupo PYCN apresentou menores valores de pH e fluxo salivar em relação aos

pacientes sadios não-sindrômicos;

O grupo PYCN apresentou valores aumentados de concentração total de proteínas

em relação ao grupo de pacientes sadios não-sindrômicos;

O grupo PYCN apresentou um padrão diferenciado no que se refere a quantidade de

spots, além de variação e distribuição da massa molecular dos mesmos em relação

ao grupo de pacientes sadios não-sindrômicos;

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ANEXO 1

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92

ANEXO 2

FICHA DE ANAMNESE

DADOS PESSOAIS

NOME _________________________________________________________________________

IDADE _______ DATA DE NASCIMENTO _______________________________________

NOME DO PAI

__________________________________________________________________

NOME DA MÃE

_________________________________________________________________

RESPONSÁVEL LEGAL

__________________________________________________________

ENDEREÇO _____________________________________________________________________

TELEFONE PARA CONTATO

_____________________________________________________

NOME DA ESCOLA

______________________________________________________________

ENDEREÇO DA ESCOLA

_________________________________________________________

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93

ESTADO DE SAÚDE GERAL DA CRIANÇA

FAVOR LER E RESPONDER COM ATENÇÃO.

1) O seu filho ou filha se encontra sob tratamento médico? SIM NÃO

Para que? Caso a sua resposta tenha sido SIM.______________________________

2) O seu filho ou filha tem alguma doença crônica? SIM NÃO

Qual? Caso a sua resposta tenha sido SIM. _________________________________

3) O seu filho ou filha está tomando algum remédio? SIM NÃO

Quais? Caso a sua resposta tenha sido SIM. ________________________________

4) O seu filho ou filha tem algum tipo de alergia? SIM NÃO

A que? Caso a sua resposta tenha sido SIM. ________________________________

5) O seu filho ou filha esteve recentemente hospitalizado? SIM NÃO

Para que? Caso a sua resposta tenha sido SIM. ______________________________

Afirmo que as informações acima são verdadeiras.

Data:__________________

Assinatura:____________________________________________

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94

ANEXO 3

FICHA DE EXAME DENTÁRIO

NOME DA CRIANÇA ___________________________________________________

IDADE _______ DATA DE NASCIMENTO ________________________

DATA _____________________

EXAME EXTRA-ORAL

LINFADENOPATIA: PRESENTE AUSENTE

ASSIMETRIA FACIAL POR INFECÇÃO: PRESENTE AUSENTE

EXAME INTRA-ORAL

TECIDOS MOLES: NORMAIS PATOLÓGICOS

EXAME DENTÁRIO

55 54 53 52 51 61 62 63 64 65

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95

85 84 83 82 81 71 72 73 74 75

Cor vermelha – corresponde a superfícies cariadas

Cor azul – corresponde a superfícies restauradas

X – corresponde a superfícies ausentes devido à cárie

COMENTÁRIOS: __________________________________________________________

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96

ANEXO 4

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

―ESTUDO DE PARAMETROS SALIVARES EM PACIENTES PORTADORES DE

PICNODISOSTOSE”

Você ou seu filho (a) está sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa. Sua

participação é importante, porém, não deve haver participação contra vontade própria. Leia

com atenção as informações abaixo, sentindo-se livre para fazer qualquer pergunta que

desejar, para que não haja dúvida alguma sobre os procedimentos a serem realizados.

Ao assinar este termo que consta de seu nome (ou responsável), você estará

declarando que por meio de livre e espontânea vontade sua, estará participando como

voluntário do projeto de pesquisa citado acima, de responsabilidade do Cirurgião-Dentista

Jose Luciano Pimenta Couto da Faculdade de Odontologia, da Universidade Federal do

Ceará. O abaixo-assinado estará ciente que:

a) O objetivo da pesquisa é verificar se existe alguma diferença entre a saliva de um

paciente portador de picnodisostose, quando comparado com um paciente que não seja

portador dessa síndrome.

b) Durante o estudo você deverá fornecer informação sobre o seu (ou do paciente)

estado geral de saúde. A participação neste estudo consistirá de um momento onde será feito

um exame dentário e coletada a amostra da saliva utilizada para analise.

c) Essa coleta de saliva não ocasionará DOR. Duas amostras de saliva serão colhidas

conforme segue:

A primeira consistirá apenas da coleta da saliva já presente na sua boca (ou do

paciente) com o uso de uma pequena cânula (semelhante a um pequeno pedaço de borracha),

enquanto o paciente se encontra em repouso. Para que seja feita a coleta é preciso que o

paciente esteja em jejum por no mínimo 3 horas, e que tenha escovado os dentes uma hora

antes da consulta.

Na segunda coleta, o paciente terá sua saliva coletada durante 10 (dez)

minutos, devendo ser esse volume analisado posteriormente.

d) O paciente NÃO RECEBERÁ INJEÇÃO de anestésico local.

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e) Essa saliva após recolhida será analisada para que se possa verificar as suas

características, alem do tipo de proteínas e peptídeos encontrados.

f) Você tem a liberdade de desistir ou interromper a sua participação (do seu filho

ou filha) neste estudo no momento que desejar, sem necessidade de qualquer explicação.

g) A participação neste estudo lhe dá o direito (do seu filho ou filha) ter, sem

custos, tratamento dentário, profilaxia (limpeza dos dentes) e aplicação tópica de flúor para a

prevenção, evitando novas cáries.

h) Os resultados obtidos durante este estudo serão mantidos em sigilo. O Curso de

Odontologia da UFC não identificará você (ou seu filho (a)) por ocasião da exposição e/ou

publicação dos resultados desta pesquisa.

i) É condição indispensável para participação no estudo que o paciente (seu filho

ou filha) não tenha nenhuma doença crônica (não associada à síndrome) e, portanto, não

esteja no momento sob tratamento médico ou fazendo uso crônico de drogas ou medicações.

j) O surgimento de resfriados ou viroses, com conseqüente uso de medicações

por período de tempo limitado, não exclui o paciente (seu filho ou filha) do estudo.

k) Caso venham a surgir dúvidas ou perguntas, sinta-se livre para contatar o

Cirurgião-Dentista. Jose Luciano Pimenta Couto (responsável pelo projeto) na Faculdade de

Odontologia (sala 1), rua Monsenhor Furtado, s/n, Rodolfo Teófilo ou no telefone 3366

8408. Pode-se ainda contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do

Ceará no telefone 3366 8338.

Fortaleza, _________________________________________

Nome Completo: ___________________________________

Assinatura Voluntário ou Responsável:____________________________________________

Testumunha 1:____________________________________________

Testemunha 2:____________________________________________

_________________________________________

Jose Luciano Pimenta Couto

Responsável pela Pesquisa