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INÁCIO ACIOLI de CERQUEIRA E SILVA_Memórias Históricas e Politias Da Provincia Da Bahia Vol V

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Memórias do estado da Bahia

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    University of Toronto Librai i/

    BY

    BrnxnanFOR THE SUPPORT OF

    Brazilia)! Studies

  • B [ iDA

    fROWlNCIA m Bftilft ;;DO

    CeL Ignacio Accioli de Cerqueira e Silva

    Mandadas reeditar i l1iTiTTrirr[fl tu^^^ IhIi i"iV^i'

    A nVj 5.TA D^ * y' -^^ j

    ( Pa Academia de Ij^-ak

    VOLUME V

    BAHIAIMPRINSA OFFICIAL DO KSTADC)

    Praa Municipal

    1937

  • / i>

  • ndice

  • ndice do V VOLUMESElOCpO QUARTA

    Paginas

    Noticia sobre os primeiros religiosos que vieram ao Brasil.. 1Foral da Capitania da Bahia e Cidade do Salvador. ....... 8Creao da Diocese ..^ ..

    .

    17Morte do primeiro bispo ,. . . .

    .

    23Carta do padre Manoel da Nbrega ...................... 25Carta do padre Ruy Pereira 44Segundo Bispo . . . . , . ....,: 59Terceiro Bispo .........'. ....................... 61Quarto Bispo -.... ^ ... 65Quinto Bispo .........._.....'....... , .

    .

  • II

    Paginas

    Carmelitas Calado? 1;JCarmelitas Dosralcos j-]^^Convfiitos (lo Santa Clara do Desterro 31 Padres da Congregao de S- Fclippe Nery 225Dominicos 226Convento fia Soledade 227Convento da Lapa 22KConvento das Mercs 228Uecolhimenlo de S. Raymundo 229Recolliimento dos Perdes ......... 230Capuchos Italianos 231Agostinhos da Palma 239Noticia sobre os primeiros religiosos no Brasil 244Bulia da rrcao do bispado 24'iIntegra da Bulia da crcao 245As primeiras ludiicaes aps a creao do bispado .......... 248Carta Rgia sobre os dizimos que devia levar o Bispo. 250Doeumentos sibi-c os primeiros ordenados dos clrigos. ...... 251Nomeao de Francisco Fernandes para Provisor 254Juzo sobre a carta de Manoel da Nbrega .......--. 25Juzo .

  • III

    Paginas

    Caria de D. Frei Antnio Corra, Arcebispo da Bahia, aoCabido 336

    Esboo biographico lo Arcebispo D. Frei Jos de Santa Es-cholastica 338

    Importantes instrucps dadas ao Marquez do Valena quandoveio governar a Bahia e suas relaes com os assumptosecclesiasticos

    ,

    .

    343Carta de Arcebispo D. Frei Jos de Santa Escholastica ao

    Cabido 353Carta de Arcebispo D. Frei Francisco de S. Damazo ao Cabido 355Seminrio (Gabriel Margarida) 356Seminrio Archiepiscopal 357Nomeao de D. Joo Mazzoni para Arcebispo da Bahia. ..... 357Carta de Arcebispo D. Frei Vicente da Soledade ao Cabido. ... 358Pastoral de D. Frei Vicente da Soledade .

    .

    359Juramento Constitucional aos ecclesiasticos . 60Irms de Caridade 361Freguezias do Arcebispado da Bahia 365Historiadores franciscanos 439Alimentao dada pelos franciscanos aos pobres da cidade. . . . 440Novios franciscanos .... 441Voto da Gamara sobre festa em So Francisco 442Aldeias missionadas por franciscanos 442Servios prestados pelos Benedictinos as letras 444Servios prestados pelos benedictinos por occasio do terre-

    moto de Lisboa 445Festa da Camar de S. Joo Baptista no Convento de S. Bento 445Noticia sobre a Ordem de S. Bento 445Doao da igreja da Graa a Ordem de S. Bento por CatharinaParaguassu' (integra da escriptura) 449Novios para a Ordem benedictina 449Resposta do abbade de So Bento ao governo em 1850. ....... 451Estabelecimento dos Carmelitas 454Mosteiros, hospcios e residncias da Ordem do Carmo. ... 455Exposio do Prior do Carmo mostrando a situao financeira

    difficil em que se achava . 461Hospcio do Pilar 464Descripo da igreja da Ordem 464Fim das divergncias dos Carmelitas com irmandades ....... 466Carmelitas descalos 468Extinco dos Carmelitas descalos (Theresios) ............ 470Subterrneo do convento dos Theresios 471Noticia sobre o Seminrio Archiepiscopal 477Convento do Desterro 488Vaidade dos habitantes da Bahia consist^^nte

  • IV

    Pnginas

    Carla do inovincial da companhia do Jesus sobre poderem astfrsulinas

  • l iili VOLUME V

  • PROVlNCIft Dft BftHIfl

    SECO QUARTAESTABELECIMENTO DO BISPADO E DAS ORDENS RELI-

    GIOSAS : NOTICIA HISTRICA DOS PRELADOS QUETM REGIDO A DIOCESE

    Referi no 1." volume que determina-lo, o rei D. Manoel com avoka da expedio de Vasco da Ciania. a estabelecer em Calicut umafeitoria, fez embarcar na armada que sahio do Tejo a 9 de maro do1500, sob o comando de Pedro Alvares Cabral, sete religiosos francis-canos, sujeitos a Fr. Henrique de Coimora, depois bispo de Ceuta,oito capelles, e um vigrio para a nova feitoria, querendo assim lanaros alicerces da religio catholica no Orieite, e que descoberto nessa ex-pedio por mero accaso, o continente Brasilico na comarca de Porto

    Seguro, foi o mesmo Fr. Penrique, o primeiro ministro da religio que

    nas praias daquella comarca celebrou missa solemne cm o dia 26 de

    abril, num altar para isso levantado na terra da Coroa Vermelha; com

    tudo aos jesutas que justamente pertence o titulo de primeiros pro-pagadores do catholicismo no Brasil, com quanto aos supra ditos reli-

    giosos Ge seguissem outros da mesma ordem, dos quaes tratarei a^eante

    ;

    foro os jesutas, diz Beauchamp (1) os que superando, com a mais

    I) Beauchamp. Hist. da Bresil. Admittido o principio d3 que ouovo mundo antos ds Colomba ei^a conhecido dos antisos, e de devermosacreditar na cvi.encio, nio;'al resultante da f. no deve se." taxado doconbravir as ideas do chamado illuminismo do sculo, o que estiver pela

  • -. a -^

    louvvel perseverann, os obstculos oppostos a seos nobres desgniospcloi scos prprios compatriotas, icunira as foras moraes aos impul

    tradio, con>ci-vaf1a :;*.'' no~^ ' 5c.-inior.^s, rie que rapostulo S. Tlionu' passara ;; es da America, ond*"pragaia as verdades evangcica-. i' i \ i:,n u (uii.jj.or ordenou a seus dis-cpulos que as propagassem j)or lodo o uuivsrso ite per univcrsumitiundum, et prcdiaite cvanoclium oiinii creolurne, Iniplisaules, e diver-pos escriptores sagrados alfirmam. que 40 annos depois da morte deChrislo doutrina evanglica se adiava dis:'minada pelo cibe inteiro

    ;

    predicitum est evanijelium omni crruturae, ijuae sub coelo est, diz SoPaulr>. >o descubro por certo milagre na ViUda dcsle aposLolo, pois quetambm no o imporia a acliadu de monumentos em nosso continente,que remonlo a uma era vetuslissini;. quacs Oi? que noticiei pag. 7 do1." volume descobertos na villa das Drt-s, e oulros lugares dos EstadosUnidos; a medalbu achada pelos p" ni^irns Hespanhes ?m uma excava-o darf minas da America do Sul. marcada com o cunho de Augusto im-perador romano, de que trata Maren':o Siel. liv. 29, tit IG etc. Pelo me-nos 6 conslantj que os primeiros exploradores do conlinenle America-no acharo e.m algumas iribus ind g3nas confusas noes sobre a exis-tncia de Deus. immortalidade da alma, premio e castigo da outra vida, outras mais noticias que eslo em nossos dogmas de f. Da referidatxadico seguio-se enlre os indics a crena de que o predito aposlolo dei-xara vestgios de suas pogadas npsla Piovincia, cm ce;'to iogar das praiasde Itapoan, de qu"? traia o jesuta VasconccIIos, quando atirma que osndios lhe mostrai'n, dizendo poy Snin pefjura angava n, que signifi-ca p:id'e alli esto as prgadas do S. 1'i;cni; no Marap, e em S. Tho-m de Paripe. Desta cronga tirou argumentos o poema Caramur, paraapresentar em famoso tjpisodio as seguintes estancias, que IrauscreveofMila belleza dos versos.

    Homem foi de semblante reverendo,Branco de cr e como t, barbado.Que desde donde o Sol nos vmi nascendo,De um f iliio de Tup vinha mandado.A p. sem se afundar, (caso estupendo)Por este mar tinha cliegado;E na santa di-utrina que ensinava,A caminho do eco todos chamava.As aguas donde quer. eni rio ou lago.Se as chegava a focar com .p ligeiroNo parec.o do olemenlo vago.Mas pedra du.-a, ou solido terreiro;S com 05 chamar seu nome cessa o estrago,Se o furaco com hrrido chuvi iro,Quando na nuvem negra se levanla.Ou derriba a cabana, ou qupbrn a planta.(Conto e a vista faz que a gr-nte cr^a)Que onde a5 correntes dgua arrebatadas,Se vo bordando com a branc.i are a,Ficaro de c=cus ps quatro p.^grdas.

    '

    Veem-se claras, patentes.

  • ^ 31 -

    SOS poiiticos. paia estabsleccrem no Brasil os undamentos da religiSocatholica, tornando-se por essa forma dignos do respeito das tribus in-dgenas e palmas evanglicas. Nota 1

    D. Joo III resolvido a dar melhor regularidade aos negcios doBrasil, no podia esquecer-sc dos interesses da religio muito mais emum tempo em que tanto se esforava pelo seo progresso e seis jesu-tas (2) dos quaes era superior o padre Mano?.l da Nbrega, acompa-nharo ao governador Thom de Souza em qualidade de missionrios,revestidos de grandes privilgios e graas apostlicas, concedidas pelopontfice Romano, que mais concorressem a atrair os indgenas ao ca-tholcismo. Era nquelle Noi^rega um dos padres dt maior nstruco desua ordem em Lisboa, e a denegao de certo logar honorfico que pre-tendeo do monarca Portugusz o obrigou a renunciar o sculo, alstan-

    do-se na companhia de Jesus, que acabava de ser estabelecida em Por-tugal, a uma de cujas prlncipacs famlias ella pertencia.

    Aportaro os referidos jesutas a povoao de Diogo Alvares Cor-ra, nas imediaes da Vctoria em o dia ^8 de maro de 1549 onde jexistia, segundo Jaboato, desce o anno anterior, Gramato Telles, umcapito que, com duas caravelhis, havia sido enviado pelo rei, com aviso

    ao mesmo Diogo Alvares Con ia e seos genros da prxima vinda deThom de Sousa, o qmd desembarcou tm forma de procisso, prcce-

    Todavia no falta quem alribua esla tradio a mero invento dosjesutas, e a inte.-eSiSanUssinia obra do brigadeiro Cunha Mattos, ha pou-co puijliCuda, scb o titulo do Uineiario do Piio de Janeiro ao Par, tra-tando da igual noticia em Minas, S3 inclina a mesma opinio quando diz Esia Serra dits Letras lum Jia nas Minas Gei'ae peia tradio de ha-ver ali habitado o a-pusto^ o. Thom, a quem dedicaro uma capella, eacrescento auo sendo o santo peiccguido, escrev.-a cm caracteras des-conhecidos varias prophecias sobre a utura entrada dos chinstos nomesmo lugar. Cs jesuilas, ou aiguem por elles, tivero a habilidade deap.^Gsantar no Brasil o apostolo dat Lidjas se que visitou essa regio, oque se reconhece no haver realmiuta acontecido ou talvez converterouma santa personagem que se diz ler andado pelo Brasil, onde o cha-nia-^o Suni, em o apostolo S, Ihoni, o qual certamente esdevaria nalngua Hebraica, Siriaca, ou Chaldaica, por no ler tempo para inventar(como praticou o bispo g.'ego UliLas) caracteres para transmittir pos-teridade as suas propueciaf. Eu i:o vi estos caracteres, e lasou persuadi-do que so dendrites; posfo quo no sj pode nega:' a existncia de hyero-gliphos de um povo ant guis^imo cm vrios legares do Brasil, assim co-mo rio me atreverei a negar a existncia de um Sum, que bem podiaser companheiro ou dicipulo JeManco Capac, ou apostolo dos antigoslegisiadorjs, que introduziro um culto religioso muito philosophico noAexieo, Guatemala, a ?>ova Grarads, como o testi tio os maravilhosoie estupendos monumentos, que ha poucos annos a esta parte se tena en-conti-ado.

    (2) O sca= nones v^m rio L" volutrip pag. 218 not. 75.

  • 4 1-

    dido pelos jesutas com uma cruz alada, mas como no achasse ada-

    ptado aquellc sitio para assento da cidadv- que vinha fundar, passou no

    dia O cIc a},'o.st(. do nir-?nin anno (.>) a cstahelec^r o sco fundamento no

    logar (|up ora serve de districto c -^-guczia da S. se^aiido de grande:icm})anhamento cbsde ar

    '

    ' :do a todob os

    jesuilas. e, segimdo a-^ i.I preliminar da

    ereco da nova cidad. . celebrada ei.i

    altar porttil pela padre 2v ratou-^c ej/i^^v:ut.xva,mente da morti-

    ficao da cidade, e duas 1 5cbre o mar, com quatro por terra

    toro as primeiras levantadas para preservar os habitantes das aggrei-

    es dos ndios selvagens, passando-se a hvautar a casa de residncia

    dos governadores, a dalandt:.- "'i dedicada a N. S. sob a

    invocao d'Ajuda. ond_^ em p.. de trabalho celebrou pelaprimeira vez o mesmo ^Manoel da xVobrega, que tambm ficou servindode proco, (4) a qual em quatro mszes de fundao, j enumerava cem

    ,;,^ \'a.si*o;iL'('h';r, t.iiioiucri Au LLi/i-ipaniiia. \C^-c-iia 4jog apliia qnif' houve no i." vidnnii' iiuy.ilo ao tempo da me-^ma unda-fi'' icha-se nnlad) na eri"ata vol 2.

    A, Assim o dizem Vu>cnncellos e Jiibualo, mas isto de algum

    j

    -uilo i-fVtJCtdn fni duvida poi* Ayrt;.s do Casai, regulando-se peia sluii-le paagviii, lavoura- t^ ojrigando-os com sua? iioslilidaues a experimentar glan-des ome--.

    Vndo-se Coutinho j com pouca gente, para dar remdio a tantoi

  • ^ 5

    casas com grandes quintaes, sendo successivamente circumva liada deuma trincheira de terra, que terminava no fosso aqutico conhecido porDique, trincheira esta que para maior segurana era guarnecida comalgumas peas, assestadas em espaos intermdios, auxiliando a factu-ra de todas estas obras o predito Diogo Alvares, com os indios sujeito^a sua obedincia.

    Por esse mesmo tempo edificaro alguns moradores urna pequenaermida, sob a invocao de N. S. da Penha, no lugar oride agora s.*acha o convento do Carmo e que por tnl ;^rm.]-i ficou ento denominado

    trabalhos, e compadscido do povo j i'arto de sofrimento, anauio s suasinstancias, enibarcando-so com todos em uns caraNellOes que tinlia noporto, e pasauu-se capitania dos ilbos, cujos povoadores viviam emJDa paz com os Tupimqums.

    Experimentando os malfazejos Tupinambs a perda que a ausnciada colunia lhes causara na p-3:'mutao dos mantimentos, mandaro-lheisolTerecer paz e ba amizade. Capacitado o donatrio e os mais de que noconvite no haveria' peridia, no perdero tempo em to.nar a embar-car-se para a Bahia de Todos os Santos, ma-s "desgTayadam3nte, ao embo-car a ba-ra, oro sobrcsaUados de um temporal de vento que 03 langousobre os baixo da iilia de Itaparica, onde lodos os que podero ganuarterra, ro devoi-ados pelos indgenas, tambm Tupinambs que so-m2nte respeitaro a Digo Alvares Corra e aos seus, por saberem a ln-gua.

    Ficando o terreno devoluto a coroa, o mesmo monarca que aindareinava, pelas inlormaes que tinha da capacidade do porto, e ertili-dade do territrio, detenninuu mandar iunuar au uma cidade que lssecapital de todas as colnias para soccorrel-as, visto que quasi por parleos indigena.3 liie i2Storvavo o desejado progresso.

    Com este intuito loi expedida uma armada de cinco navios, com 000voluntrios, 400 degradados", alguns cazaes de gente, umi grande provi-mento dos mstrumontos necessrios para a fundao e defensa da col-nia, alguns padros jesutas para cathequiarem os indios, e outros mui-tos sacerdotes para aiminisiia:'em os sacramentos.

    la noUa por commandante o illustre e honrado Thom de Souza quehavia militado em Africa e na ndia, nomeado governado." geral do Es-tado Brasileiro ou INova Lusitnia, cora grande alada e absolutos pode-res no Si3u regimento, pelos quaes suspendia e limuava o soberano a ju-risdio que navia dado aos donatrios das capitanias, quando delias lhefizera doao, de cujo procedimento eiies s^ mostraro queixosos aomesmo soberano que no ?s d.gncu deferir-ihes, na inteiligencia dogrande inconveniente que s..> seguia ao Estado e povo de os conservai-absolutos na jurisdio civil e criminal.

    Io na mesma comitiva o Dr. P;jdro Borges, com o emprego de ou-vidor gs.^al, para reger todas as justias dj todas as capitanias, AntnioCardoso de Bar_ro3 por procurado.' da Real iazcnda, e a.guns crjados deEl-rey para serom empiegafics nos offcios pblicos.

    A esquadra sahio de Licla a 2 de lijveiairo de* 1549 e a 29 de Mar-o aferrou no porto do ssabelecimemo to donatrio, em pouca distan-cia do qual vivia o menciciiiao D.go Aivares Corra, por alcunha o Ca-ramur, com cinco gen.^os e outras peisov.s, aos quaes os anthropopho-ffos de Itaparica perdoaro, por sua inlervsnyo, como dissemos.

  • 6

    Monte do Calvrio, e foi junto a ella que levantaro os jesutas umpequeno hospicio que iwuuu(i u&o s levaro a exce809, sno ena fa-

  • Entregues os seis zelosos missionrios r.s funces apostlicas,

    desde o seo etabelecimsnto, dcro come

  • cstab?lecimento de uma colnia para a qual lhe foi dado o foral que

    aqui se transcreve:

    FORAL DA CAPITANIA DA BAHIA E CIDADE DOSALVADOR

    vora 26 de Agosto de VJZl. Dom Joo por graa de Deus, reide Portugal e dos Algarves d'aquein s dalm mar, em Africa, Senhorde Guin, c da conquista, navegao e commercio de Ethiopia, Arbia,Prsia e da ndia, etc.

    A quantos esta minha carta virem fao saber, que eu fiz ora doa-o e merc a Francisco Pereira Coutinho, fidalgo de minha casa, paraelle c todos seus filhos, netos, herdeiros e successores de juro e her-dade para se-mpre da capitania e governana de cincoenta lguas de terra

    marinha, costa do Brasil, as quaes comearo na ponta do rio df^ S.Francisco, e correm para o Sul at ponta da Bahia de todos os San-tos, segimdo mais inteiram.;nte contheudo e declarado na carta dedcmo, que da dita terra lhe tenho passado, e por ser muito necessriohaver ahi foral dos direitos, foros, tributos e cousas, que se na dita ter-ra ho de pagar, assi do que mim e coroa de meus reinos pertence,como do que pertence ao dito capito e bem da dita doao : Eu havendorespeito qualidade da dita terra, e a se ora novamente ir povoar, mo-rar e aproveitar, e para que isto melhor e mais cedo faa, sentindo-o assipor servio de Deus e meu, e bem do dito capito, e moradores da dita

    partes do Brasil foi porque anoirsa Sanla F calholica, que

    -

    Q'-i'-' I tiic.jiiimcndo muito ao dito governador e

    }>^i^^i(* qtip tenha nisto particulai- cuidado, como' de tanta importncia, azendo guat-'io< que lhe= ?o concedidos, e re-

    '

    ' s''bre a sua li-e maneira que

    -io o espiritual,nverte?em, e se.

    i,^'-'- 365, e, fazendo-

    .nai. or, jeis e provi-

    ^oci ix.,t : : .1,1

    -n^.-; .a lha ?ecom-'^^-'^do v j: na coavorso e dos gentios, pa-

    ''

    '"''''

    1-

    - ' aiBM.' v...,:.io f? necessafio,:-lhe2 fase? bom pagamento

    ...-.,,>, i^ara sua sustentao, porque'13 loac o ocr/cr-Liio com que nesta matria .se houver, metaverei norbem scrvidc*.

  • fterra, e por folgar ds IHes fazer merc houve por bem de mandar fazer,e ordenar o dito foral na forma e maneira, seguinte

    :

    Nota 2Primeiramente o capito da dita capitania e seus successores daro

    e repartiro todas as terras delias de sesmaria a quaesquer pessoas dequalquer qualidade e condio que sejam, com tanto que sejam chris-tos, 'ivremente, sem foro nem direito algum, somente o dizimo, que

    sero obrigados a pagar urdem do mastrado de nosso Senhor JesusChnsto, de todo que nas ditas terras houver as quaes sesmarias daro

    da forma e naneira, que se contm em minhas ordenaes, e no pode-ro tomar terra alguma para si de sesmarias nem para sua mulher. n8mpara filhos herdeiros da dita capitania, e porm, pode-la-ho dar aosoutros filhos si os tiverem, que no forem herdeiros da dita capitania,

    e assi aos seus parentes como se contm em sua doao, e si algum dosfilhos que no forem herdeiros da dita capitania, ou qualquer outra pes-

    soa tiver alguma sesmaria por qualquer maneira que a tenha, e vier aherdar a dita capitania, ser obrigado do dia que nella succeder a umanno de largar e trespassar a tal sesmaria em outra pessoa, e no a tres-

    passando no dito tempo perder para mim a d 'ta sesmaria com maisoutrc tinto preo quanto ella valer, e por esta mando ao meu feitor oualmoxarife que por mim na dita capitania estiver, que em tal caso lancelogfi mo pela dita terra para mim, a faa assentar no livro dos meusprprios, e faa a execuo pela valia d'e'la. e no o fazendo assi hei i)or

    bem que perca seu of ficio e me pague de sua fazenda outro tanto quaniomontar na valia da dita terra.

    2." Havendo nas terras da dita capitania costas, mares, rios e ba-hias delia qualquer sorte de pedreira prolas, aljfar, ouro, prata, coral,

    cobre, estanho e chumbo, ou qualauer outra sorte de metal, pagar-se-ha

    a mim o quinto, do qual quinto haver o capito sua dizima como secontm em sua doao, e ser-lhe-ha entregue a parte que na dita dizimamontar ao tempo que se o dito quinto por meus officiaes arrecadar

    por min.3.* O po Brasil da dita capitania e assi qualquer especiaria, ou

    drogaria de qualquer qualidade que seja que nella houver pertencer amini, e ser sempre tudo meu e de meus successores sem o dito capito

    nem outra alguma pessoa poder tratar das ditas cousas nem em algumas

    delias l na terra, nem as poderovender, nem tirar para meus reinos e

    senhorios nem para fora d'elles, sob pena de quem o contrario fizerperder por isso toda a sua fazenda para a coroa de reino e ser degra-

    dado para a Ilha de S. Thom para sempre, e por emquanto ao Brasilhei por bem que o dito capito e assi os moradores da dita capitania se

  • 10

    fosam aproveitar crdle no que lh:s ahi ra terra fr necessrio no

    sendo cm o queimar porque quemiinlo-o incorrero nas ditas penas.4." De todo o pescado que se n?. dita capitania p:scar no sendo

    ana se pairara a dizima que de dez peixes um ordem, e alm da dita

    dizima hei por bem que se pague mais meia dizima, que de vinte pei-xes um. a qual meia d'zima o capito da dita capitania haver a arreca-

    da(;o para si porquanto lhe tenho d'clla feito merc como se contm emsua doao.

    5." Querendo o dito capito, moradores e povoadores da dita capi-tania traner ou mandar trazer por si, ou por outrem a meus reinos e se-nhorios quaesquer sortes de mercadorias que na dita terra e partes d'ella

    houver, tirado escravos e as outras cousas que acima so defesas, pode-os-ho fazer, e sero recolhidos e agazalhados em quaesquer portos e

    cidades, villas ou lugares dos ditos meus reinos e senhorios, em que vie-

    rem aportar, e no sero obrigado:; a descarregar suas mercadorias, nemas vender em alguns dos di^os portos, cidades ou villas contra suas von-tades, si para outras partes quizerem antes ir fazer seu proveito, e que-rendo-as vender nos ditos lugares de meus reinos e senhorios no paga-ro d'e!las direitos alguns, semente a siza co que venderem, posto quepelos foraes regimentos ou costumes dos taes lugares forem obrigadosa pagar outros direitos cu tributos ; e podero os sobreditos vender suasmercadorias a quem quizerem, e leva-las para fora do reino se lhes bemvier sem embargo dos ditos foraes, regimentos e coLtumcs, que se ocontrario haja.

    6." Todos os navios de meus reinos e senhorios que dita terraforem com mercadorias, de que j c tenham pago direitos em minhasalfandegas, e mostrarem disso certido dos meus officiacs d'ella3 nopagaro na dita t;rra do Brs'! direito algum, c si l carregarem merca-dorias da terra para fora do reino p?.garo da sabida dizima a mim, daqual diz ma o capito haver sua dizima como se contm em sua doa-

  • ^ 11 ^

    fora do rsino, e si r pcssna que no haja de tornar dita capitaniadar l fiana ao que montra- na dita di-^ima para dentro rio dito tempod nm anno mandar certido eh como vio descarregar em meus reinosou senliorios, e no mortrando a dita certxlo no dito tempo se arreca-dar e haver a dita dirima pela dita fiana.

    7. Quaesquer pessoas estrangeiras que no forem naturaes demeus reinos e senhorios, que dita terra levarem, ou mandarem levarquaesquer niercaclorias, posto que as levem de meus reinos ou senhoriosc que c tinham pago dizima, .pagaro l da entrada dizima a mim dasmercadorias que assi legarem, e carregando na dita cepitania algumasmercadorias da terra para ra, pagarme-ho assim mesmo dizima dasahida das taes mercadorias, das quaes dizimas o capito haver suaredizima segundo s contem em sua doao e ser-ihe-ha a dita rcdizimaentregue por meus officiaes ao tempo que se as ditas dizimas para niiiii

    arrecadarem

    .

    8. De mantimentos, arr.tas c ..;.....;v/ia, plvora, eaiitre, enxofre,chumbo e quaesquer outras cousas de munio da guerra, que dita ca-pitania levarem ou mandarem levar, o capito e moradores dVlla, ouquaesquer outras pessoas assi naturaes como estrangeiras, hei por bemijue se no paguem direitos alguns e que os sobreditos possam livre-mente vender toda as ditas cousas, e cada uma d'ellas na dita capitania

    ao capito, moradores e provedores delia que forem christos e meus

    sbditos.

    9. Todas as pessoas asr.i de meus reinos e senhorios como de radelles, que dita capitania forem no podero tratar nem comprar,

    nem vender cousa alguma com os gentios da terra, e trataro somente

    com o capito e provedores d'clla, tratando, vendendo e resgatando com

    elles tudo o que puderem haver, e quem o contrario' fizer hei por bemque perca em dobro toda a mercadoria e cousas que com os ditos gen-

    tios contracturem, o. que ser a tera parte para o hospital que na dita

    terra houver, e no havendo ahi ser para a fabrica da igreja d'ella.

    10. Quaesquer pessoas que na dita capitania carregarem seus na-vios sero obrigados antes que comecem a carregar, e antes que saio

    ra da dita capitania de o fazer a saber do capito d'ella para prover

    e ver que se no tirem mercadorias deezas, nem partiro isso mesmo

    da dita capitania sem licena do dito capito, e no fazendo assi, ou par^

    lindo sem a dita licena, perder-sc-ho em dobro para mim todas asmercadorias que carregarem posto que no sejo defezas, c isto pormse entender emquanto r.a d.a capitania no Ijouver pfic.ial nem depu-

  • tado para isso, porque havendoo ahi a elle se far a saber o que o dito ,

    e a ells pertencer fazer a dita diligencia, e dar as ditas licenas.

    11. O capito da dita capitania, e os moradores e povoadoresd'ellas podero livre tratar, comprar e vender suas mercadorias com os

    capites das outras capitanias, que tenho provido na dita costa do Bra-

    zil e com os moradores e povoadores d'ella a saber de umas capitanias

    para outras, das quaes mercadorias, e compras e vendas d'ellas no

    pagaro uns nem outros direitos alguns.

    12. Todo o vizinho e morador que viver na dita capitania, c quefr feitor ou tiver companhia com alguma pessoa que viver fora doa

    meus reinos ou senhorios, no poder tratar com os Brazis da terra

    posto que sejam christos, e tratando com elles hei por bem que percatod:. a fazenda com que tratar, da qual ser um tero para quem o accu-

    sar, e dous teros para as obras dos muros da dita capitania.

    13. Os alcaides mores da dita capitania e das villas e povoaes ha-vero e arrecadaro para si todus os foros e tributos que em meus rei-

    nos e senhorios por bem de minhas ordtnaes pertenrem e so con-cedidos aos alcaides mrss.

    14. Nos rios das ditas capitanias em que houver necessidade prKarcas para passagem d'elles o capito as por e levar d'ellas direito

    nu tributo que l em camar fr taxado que leve, sendo confirmado pormim.

    15. Os moradores, povoadores e povo da dita capitania sero-brigados em tempo de guerra de servir nella com o capito se lhe ne-

    ressario fr ou tribuio que l em camar fr taxado que leve, sendo con-firmado por mim.

    l. E cada um dos tabellies do publico e judicial que ..as ditapovoaes da dita capitania houver sciSo obrigados a pagar ao dito ca-

    pito quinhentos reis de penso em cada anno.

    17. Noiiico-o ass.m ao capilo da dita capitania que ora , c ao

    diante fr, e ao meu feito- almoxarife, e officiaes d'ella, e aos juizes,

    justias das ditas capitanias, e a todas as ou*.ras justias, e officiaes zmeus reinos e senhorios assi de justia Ci)mo de fazenda mando a todosem geral e a cada um em especial que cumpram e guardem, e faam inteiramcnte cumprir e guardar esta minha caria de foral,, assi e da ma-neira que se n'ella contem ; sem lhes n'isso ter posto duvida, embargonem contradico alguma, porque assi minha vontade digo merc,por firmeza d*elle mandei dar esta carta por mim assignada e sellada dsmeu sello pendente a qual mando que se registe no livro dos registos demioha alfandega de Lisboa* e assi nos livros de minha feitoria da 4^j(a

  • --19

    capitania, e pela mesma maneira se registrar nos livros das camarsdas villas e povoaes da dita capitania para a todos seja notrio ocontedo n'sste foral, e se cumprir inteiramente,

    Manuel da Costa a fez cm vora a vinte e seis dias do mez deAgosto, anno do nascimento de nosso Senhor lesus Christo de mil qui-nhentos e trinta e quatro,

    Bibliotheca pblica d'Evora.

    cxvCdice f, 229 v.

    23

    Consideravo pois os in^igenas os novos hospedes, quaes outrosoppressores, e algumas vezes foi necessrio ao governador Thom deSouza recorrer aos jesuitas que simultaneamente com Diogo AlvaresCorra e sua mulher, derimio suas tentativas hostis, congraando-oscom os colonos, e tornando-os de inmiigos ferozes em fieis alliados, eobedientes ao governo. Contudo constava o mximo da populao danova cidade dos indivduos da nfima classe (7) d ePortugal, e infeliz-mente havio tambm chegado de Lis])a alguns ecclesiasticos secula-res, os quaes, tendo apenas em vista o seo interesse peculiar pelas van-

    tagens que prometia o Brasil e desligados do nexo de sujei a um su-perior que os contivesse nos limites do seo dever bem depressa se tor-naro o flagello da mesma cidade, por quanto, desenvolvendo a maisescandalosa immoralidade e praticando as maiores torpezas, animaroassim a repetio da pratica da devassido dos colonos, at ali contidospela rigidez dos costumes, e systema religioso introduzido pelos je-suitas.

    Uma tal devassido progressivamente passou aos indgenas e notardaro estes a ser preza da srdida ambio dos colonos e padres,soffrendo ferrenho captiveiro despeito das mais saudveis ordens dogoverno Portuguez. Os jesuitas no podio ser indifferentes seme-lhante estado de cousas ; chamaro publicamente contra taes violncias,

    e corrupo de costumes, mas carecia o prudente governador da foranecessria a coadjuval-os, por isso que sendo mais poderosa a perversi-dade dos mesmos colonos, quem essa fora estava entregue, foi-lhe

    (7) Jaboato Est. 7, pag. 75, tratando dos quatrocentos degrada-dos, que acompanharo a Thom de Sou/a, diz ba droga, ou sementepara novas fundaes, e de que nascero nestas conquistas os principaea maiores abortos de vcios, escndalos e desordens.

  • 14.

    preciso contcniporisar com as circumstancias ; todavia no bastO'.i ito a

    desanimar o5 intrpidos missionrios, c pnrcce que as opposi;s qu2

    soffrero os encorajavo nnis no exerccio das func^cs do sco minis-trio, bsm [)crsuadidos das verdades da religio que propagavo.

    Um dos primeiros actos a que se entregaro, foi, segundo o scoinstituto, a educaro da mocidade (8) c era quasi admirvel a vantagem

    qu2 do seo mtodo de ensino co'h!o os jovens indios, alumno5 dasclasses que estabelecero no sco collcgio, cos qu?.es igua!m:nts se apro-

    veitaro para augmentircm o numero do3 ses neophitos, pois que pre-cedidos de uma cruz, e acompaiihudos dos meesmos jovens, saio emdias determinados da s.mana, em sukmne procisso pelos subrbios dacidade, entoando cnticos divinos, cujo r.parao religioso, bem como atendncia dos selvagens pela miisicr.. no poucas vezes fizeryo com qu2

    muitos, saindo d. abraandocons2cutivamente a r>T.;^;.,.\ ; cni^ru.s C2 praser.

    Entre as aulas do reo coi'. r.r:r.c~D (9) no se es-quecero de esta! niais poderosas

    i!esse tempo; cro obiigaduo a a;^/ca dei-:. 5 os que devio propagar oevangelho fora da cidade assim como os estudantes de latinidade antesque passassem aos estudos maiores.

    Foi com taes pormenores que os jesutas conseguiro das tribusselvagens um respeito prestigioso, que muito lhes srvio para a extirpa-o dos uzos brbaros a que as mesmas tribus se entregavo; todaviaobstculos de grande monta tivero a superar na extinco da antropo-fagia, e quando reconhecio frustados os meios persuaso, recorrio outros que attesto o verdadeiro espirito de religio que os dominava;umas vezes aoitavo-sc desapiededam 2nte perante a multido dos sel-vagens a quem pregavo, exemplo este .que foi o primeiro a dar o padreLeonardo Nunes, fazendo-lhes crer que praticavo dessa maneira jaraafugentarem delles a col.jra divirja, exacerbada por semelhante uso, eoutras vezes lhes inspiravo o seu horror, bem como a moral evangclicilpor meio de cnticos compostos nj idioma Tupi, pelo padre Jos d'As-

    (S) -- - ^ ' "'-" '' ' ' II-^c j I tu\a na caza do rcf-^itorio do

    collcgio li,j que adornava parte das paro-

  • IS

    pilciieta que entre sco:? companheiros posava do credito litterario, cn-

    ticos esses recitados em uma espcie de samid (10) s maneira dospajs, batendo ora as mos, ora os ps, circulando os grupos a quemdirigio a palavra

    .

    Em no poucas occasies porem o excessivo zslo destes mission-rios po2 em fluctua';a o socego da cidade e lai aconteceo quando elles,ouvindo cm certo dia os alaridos do festim a qu2 se entregavo os in-

    dgenas de uma aldeia visinha na morte de um prisioneiro, tlvero o ar-

    rojo de passar-se a essa povoao, arrancando dentre a turba e condu-zindo comsigo o cadver inanimado d? infeliz vctima, que j estava en-tregue s velhas, para o prepararem e servir-r;cs de pasto.

    Este rasgo de temeridade fez pasmar os selvagens, que tornados a

    si, avanaro em grande numero para a mesma cidade, querendo acom-

    metter as suas trincheiras, afim de tomarem ving.ina dos jesutas, sen-

    do preciso, para fazel-cs retroceder empregar o a])parato das armas.Foro consecutivamente privados pelos mesmos selvagens de pene-

    trar at o Centro das povoaes, com a franqueza cjue at ali lhes era

    permittida, e privados ambem de exercer o batismo solcmne, para comos prisioneiros destinados ao massacre; mas eile?- podero illudir essaprohlbio, impregnando n'agua a ponta do leno ou roubcta, para coma mera presso sobre a cabea da victima lhe imprimirem o sello dochristianismo.

    Todavia a fora de resignaes e soffrimentos lhes fez em brevecaptar de novo a benevolncia dos indigenas, e, assim congraados, ra-pidamente foro estendendo a conquista da religio pelo interior ecostas da provncia, de sorte que j cm 1551 havia o padre Af fonsoBraz dado comeo ao grande collegio da cidade da Victoria, um dosmelhores de todo o Erasil, sendo ambem fundada em 1553 a residn-cia (11) de Porto Seguro pelos padres Antnio Peres e GregrioGerro.

    Era porem assas dilatada a messe, para o pequeno numero de opc-

    (10} D:ina extal:ca dos Mahometanos; quanto aos pays veja-E3 a Corographia Paraense, pag. 11-i.

    (11) Com o nomo de residncia enter.do os jcultas as doutri-nas, ou parochias dos ind:03 em Que rcsidio um, dois ou mais sa-cert^otes secuiare, ou reguiares cuia an.rna.am cara. Locirinae appai-iunlr.r posL decem a reducaone annos, quae pr.ius niissioncs vel redu-c Lions voeabantur. Vulgare lamen est aiicubi paroetiias hasce doctri-nas. missiones, reducticnes. indiscriminatim appe-i..r3. lor-elli FasiXovi Orbis, Atnot ad Ordinat 23 aii r.2'J, 12 de Dccomb.. Na casa poisdos jesutas om hoje os 'juvidorcs ai sua resideuCia Parro Uon liist.do Rio d Janeiro i 2 paj. do. 3.

  • -li-

    rarios, e o padre Nbrega, desejoso de ocorrer tal preciso, reunio aosseos companheiros alguns leigos que grandementa correspondero

    confiana nelles depositada, cooperando muito para o incremento da

    cathcchese; contudo em breve tempo reconheceo o governo Portuguez

    a necessidade de augmentar o numero desses missionrios, os melho-

    res colonos, diz o j citado Eeauchamp, que Portugal podia ento en-

    viar ao Brasil ; quatro foro os que chegaro a esta capital, depois dos

    primeiros de que se ha tratado, e cor a vinda de D. Duarte da Costa

    vieram mais sete, entre os quaes se distinguiro o celebre Jos de An-

    chieta e o padre Luiz da Gram. que trazia igualmente do fundador da

    Companhia Sto. Ignacio de Loyola, a patente pela qual elevou classede provincia, inteiramente separada de Portugal, as misses do Brasil,

    sendo logo na mesma patente designado provincial o padre Manoel da

    Nbrega, que devia nas suas respectivas funces, trabalhar de accordo

    com o m2smo Luiz da Gram.

    Esta elevao, e o augmento do numero de missionrios, pelos que

    chegaro de Lisboa, dcro grande impulso ao progresso da evangelisa-

    o, que, de alguma sorte inactiva pela dssaf feio que a os jesuitas con-

    sagrava o governador D. Duarte da Costa, estendeu-se consideravel-

    mente por todo o continente Brazilico, depois que assumio o respectivo

    governo geral Mem ou Mendo de S, como ver-se-ha adeante, pelascartas que transcreverei dos mesmos jesuitas. Todavia do estabeleci-mento do bispado do Brasil, que deve fixar a verdadeira poca doprogresso da religio catholica ; a necessidade de tal criao foi por ve-

    zes lembrada pelo governador Thom de Souza e padre Nbrega a D.Joo III, que ento sustentava as rdeas da monarquia, e este monarcavotado inteiramente aos interesses da mesma religio (12) e aos da con-siderao ao Brasil, tratou logo de solicitar da St.* S Apostlica a

    (12) Elle erigio em metrpole o bispado de vora, e em bispa-dos as igrejas de Miranda. Lsiria. Portalegre, Cabo Varde, Cochim, Mala-ca; creou a mesa de Con^ cincia e Ordens, e f:z propagar a evangelisa-o no s no Brasil como na sia, em cujo tempo praticaro osPortuguezes aces hericas; foi este monarca, segundo ficou men-cionado no 1." volume, o que tratou de colonisar regularmenteo Brasil, enviando para fundador do seu governo o hbil e prudenteTlioni de Souza. Dejoois que conheceu ser necsissario haver nesta aulo-ridulo que oppo:es6e lei-islencia aos abusos praticados paios donat-rios por quem dividira o ocntincnla brasileiro. Pode-se affirmar dizCazado Giraldes, que oete reinado foi pa,ra Portugal a idade de ouro;nunca foi mais rico. mais poderoso e mais socegado: com tu-do o etabeleeimento da inquisio, durante o mesmo reinado, offuscaassas a gluria do fundador, pelos males que occosioaou humanidade.

  • -l?-

    criao de tal diocese, para cujo assento era igualmente indicada a capi-tal desta provncia

    .

    Nota 3Presidia ento a igreja cathoHca o pontfice Jlio III, que assen-

    tindo de bom grado a tal solicitao, expedio em o 1." de maro de 1555a bulia Super specula ccclcsia pela qual foi criada a pretendida diocese, ^^^a 4

    marcando para seos limites todos os lugares comprchendidos na distan-cia de 50 lguas pelo littoral e 20 pelo interior, autorisando logo ao res-

    pectivo prelado exercitar a inteira jurisdio episcopal em todo o Bra-sil, e ilhas que fossem adjacentes, cm quanto no fossem erigidos outrosbispados, ficando assim separada a nova diocese do bispado de Funchal,

    a quem pertencia e suffraganea do arcebispado de Lisboa.1.** Para fundar e regular a nova diocese foi escolhido D. Pedro

    Fernandes Sardinha, natural de "Setbal que havia sido de Paris o con-

    ductor das participaes de Diogo Alvares Corra ao Governo Portu-guez, noticiando-lhes as suas aventuras (13) e pedindo-lhes fizesse oc-

    (13) No primeiro vol tratei deste facto histrico, regulando-mepelo Qwe havia colhido, entra o encontro da opinio dos escriplures, queachava de molho:' hola; comiudo. depois de impresso o masmo voUime,foi-me comfiad um imporlante manu.>cripto do convento de S. Fran-cisco, d?sla cidade, i?ilitulado Segunda Parte dn Crnica de Santo Ant-nio dn Braail, pelo Padre Fr. Antnio de Santa Maria Jaboato, onde eeexpurgaro alguns erros e se fazem outros accresceutamentos do quefoi omisso na primeira parte desta obra j publicada.

    Digno de lamentar-s3 , por certo que aquellc manuscripto to pre-cioso no tenha sido impresso at hoje. do que talvez resultar o serconsumiao com o volver dos tampos e superveniencia das contigonciasa que ora se acho sujeilas as ordens regulares no Brasil, consumo esv-eque, por idntica falta, ho soffrido outros muitos manuscriptos impor-tantes, e que hoje difficullo ao escriptor a exacta e circumstanciadaacquisio de noticias histricas sobre os factos principaes da descober-ta 6 fundaro das provncias deste imprio, traniscreverei pois nesta lu-gar, apesar da diffuso da nota, o que a respeito de Diogo Alvares diz osupradito manuscripto, no additamento segundo, sbore a estancia pri-m,eira da d'gresso terceira.

    Conforma ao que em o numero segundo do preambulo da primeiraparte desta chronica deixamos assentado, que foi o descrevermos nellaprimeiro os dascobrimentcs, fundaes, progressos e tudo o mais quefosse de nota, e dizia respeito s capitanias deste Estado naquelles prin-cpios, como cousa nacessaria para maior clareza da historia que e

  • - 18 -^

    ciipar o territrio descoberto desta provncia. Descendia D. Pedro Fer-

    nandes de uma famlia dif "i qnella cidade a frequentar as

    -cincias positiva.'^ em mm -i-^do ali chegou Diogo Alvares

    ;

    admittido ao sacerdoci como vigrio geral, e sendo

    durante este emprego, elevado a i]:gn;aac episcopal da Bahia, regres-

    sou Lisboa, donde scguio para a sua nova diocese em o dia 4 de

    dezembro de 1551, a bordo do galeo denominado Velho, commandado

    No anno de 1759. no principio, clingou a esta cidade da Bahia mi-nistros conselheiros que S. M. F, o Senhor Rei D. Jos 1., destinou .parsv-arios negcios do ^' u i-enl jorvirn. '; s"'U uu\:ijue as literrias e scienlifiLlJS para ion-m aquellas mai-^ a.iligir por estas, para e>[i.- fim m^tos, se r^^olveu a erigir nesta n.

    menos para credito das mo-porque se governio politicas, dolue se devem exercitar, an-"'^nforme se devem fundar e di-

    t emprego dos ntondimen.mia nova academia debaixo

    da regia proteco e feliz auspicio du aua-su idelissimo monarca reinan-te, qual Se deu principio em um acto .publico em G de Junho deste mer=-mo anno, dia em qi^e se celebrnvo os foiicissimos annos do S. M.

    Fui eu um dos nomeados para o numero desta, incumbindo-se-mopela sua mesa censria o mesmo emprego que j tinha pela religio de-eu chronisfa e dnr p^ra n mesma academia as noticias que desle metitrabalho lhe ])

    '

    ir para a historia desLe Estado, que pelosmeus collegas ibuido

    ira pnrfo desta cliro.Diogo Alvares, o Cara-

    1 a sua ndia Pa-Par, como a tra-io que chamar-lhemara o nome de

    1 os quo j escre-vo ^m obsequio de

    ii riiuiu fora 6ua madri-'in isto por nenhum prin-,., r. ,^r-5^ tiver o trabalho.

    ir os tem.poi?, de%-'''"' \lvare.-

    Y'ilois "

    , por res-1. que em 5 do Feve-

    ;. em Fi-in' n iiavia ca-

    Uma da: qi]-:' '': '_ ju 1nica e S9 achava na imoreniiv --'- ' .-.-.-.

    r:

    tu'\ ii'i li-

    mar 011 r'

    OU in^

    :

    de o 1- .CorrAn. at n 'igOll f>

    Chri^n. .i:! ';;/.

    v-' indnr. l

    i- r',i(:. , quem foi

    na o descendncia'no r.i-,:;!;,n(.> !.'ido is-

    -.-"Tn

    ' a fsa v-"'io irinbem"il p quando esfi? m?

  • 19

    por Simo cia Gama de Andrade, em companliia de uma pequena frota-vinda nesta occasio e, com viagem prospera, aportou a esta cidade cm

    o 1." de Janeiro do anno seguinte, com os ministros que devio fundar Nota Sa nova Cathedral.

    Regia ainda o Brasil, como governador geral o hbil e prudente

    Thom de Souza que prestou ao respeitvel prelado as maiores atten- Nota 6

    preambulo, tratei cst:;s pontos, me pareceu ser necessrio fazerugar alguma rjpet-io ao que naquella 1'ica L^^aLatlo com alguma

    , eiexo maior, o acabando do mostrar, como de nonhuma sorte pu-

  • 20-

    es de que se azia digno, e deo logo o mesmo prelado exerccio ao seo

    ministrio, forcejando por conter e reprimir os excessos da devassidodo clero e dos colonos que irritados lhe movero infinitas perseguies,

    elevadas a maior excesso depois da ausncia daquclle governador para

    Lisboa e sua subsittuio por D. Duarte da Costa. Este novo governa-

    \ftta 7 ^^ taxou de abusivos os procedimentos dos jesuias no esiabeleci-menio que havio fundado na Piratininga contra os colonos que os per-

    soas particulares, ou navios com eiies que lossem aiU, poi& o primeifOquo cjuaia pciu auLOic lui a eiia, cui iiaviu e 6^111^ paia a povuar luiAiaiLiUi Aiiuusu uc ;suuza, a quem li,i-rt;i L). Jouo ui a ucu a ie/*t;u Uo-liuLuriu t a lui luuuar pciua uiiuoci uu xo^o.

    iu assiUi lica LaiiiUcu ceio, uu jiiUi piovavel, sr a viagem do navioque cuiiuu/.ia a UiOt>u Aivaiej Ooruca ^uia ui purLC ua luu^a qut ura UCouquidia o i^ui Lu^ui Lii iiequ^ULUua uaquciiCA LcXiipuc, e para ia, Ui-Zuiu a^t^uiis, ia JiU^u Aisai-c Uurtua, eia coiiipaUiiia uu uiu &ea uo.

    O dc^uauu t 4U0 quauuo Ucdta uJi-iuia up^ri-uu UiUgu xU\urt a Ba-ilia, 101 ciie u piUiuiiu Uointm aau ou pui-tu^UcZ, iiida ac uUiia qualquerU^tiu ijuj piZuu tia Ltiia t V'1'uu aqui Oo ^ciuiu, cuiiiu ao Come peiaUaui^uu e aucccoau c^Ui.uieo, u aua viiiUa, pois, a ii'O i>er eue u pri-*Uicao, cuiiiu pouia Cuuoai' uuuiira^ao tauia, t tau liuiaVtl e^pauiu iioSiJailjaiUd ^cixLiOo a uu picociiva, e O itlloi qUt Utllw at UOSCit-\ciu/

    :j stm uuvida que pjius aiiiius de lUO luio a ir^urLu tee^iuio us pn-mtiruo poiku^utiZca qut aosLOUiuaiii u ijiaaii CoM i-'eui U Ai\ai-t dauiait Ujpuia ucdiua au auaOb Ut looz paia lOU xiiacricu Vt^pUCiO t aauaSaucuaie Ooa^aiO cuciao, luuu pciu lei U. lUaiiuci, a UtbCuarir t Utxaar-Cai pui lua e Uai lac, inu licaiiUai ULies luiiuou, Utin eaiulicieceu po-voaes, acia aaiua uiiiraiau pur Ltira a aeatro, iieai cuiila LraiatoiCoai uj ii.AiUiaca ou coai ciics LiVtaotiii cuiii^iUiiica^ao t aaiaa que cssoSoo \ uajui, c . tcuiui JccooLiii poi gciti.- Ut ouiia uw^a^ q>.ic caca iiuacdVaau, Lu-iiu Vioiu liao lui cia loua a cuaia, e ao eui aibuaiaa tiiatuuao uUpoi lua UiUia accwiiiv-uauoa paia a aua Ui.ioaciu, eoia uuiiCia loia ua-quLiita lujjaica, ae aau cuaiaiuuita a uULr'-'a, por laiia Lauiucui ua puUL'acuir^ia^au qut cata geuie luiua uuo Cuui Ua uuli'o, puis aau iiavia lrai.0Utia coaiiacroiu ciurc ai, t cada uaia ua aa^uta viVia lui beu UiiriCloSt acujpij eai ^uciraf diiicrcaLu e uiacorUca, e aasiui nau pouiau ba-ber uiaa uu que ac paoa\a euLic as oUlras, o ailiua ulll iuyarea Lau di-tuutjs c uiui puuCoa cai que uaviau aportado o p^alu acUa aiuicu aquci-ita a^buiioos c leiCcioa cajjO aaoi. ca ^iliiCiCO Vca^jUCiU C OOii^aiu UoC-iUU.

    iamb.^ui cerlo que desde o anno de 1500, em que o primeiro dcs-cobnuor Uo liraail, i-edro Aivaro Labrai, lui ler a i orLo Ssegu-ro, alt u Ut lulu, ou llt, ejii que eixuino asseataLlo lui ler BauiaDiyu Aixarw^ Loira, o Laiainuru, lura de Aiieiico Vespucio eCiouvaiu Lueiiio, nu marnJou niai i^l-rei D. Manoel navios, neai e.\plo-raUuies coaiu do iiiasd, porque segundo que cst, niuiiaiCiia mandoufoj o sobredito Ciuinjalo Loeiiio cou seis aaos, o qual, coiaO eccievAla.'jz e ouLiu, deijuio dj andar por ellu uiuiLoi. jnezi., e cuin a perda deduas embarcafoeri, se recolheu ao r-*inu, achando j no Uirono u El-reiD. Joo ii, coniu escreve o mesmo .Manz, que entrou a remar em 1521,no principio. Duiule be segue que andando p.'la CosU o iirasil o capitoGonvalo Coelho muilos niezes e no aiaios, c rC*colhenode|-ia sair a esLa diligencia no anno anlccedenle de 1520 e j a efiU

  • 21

    turbavo, seduzindo no s os indgenas pratica de hostilidades, comoate a fugirem ao nexo da obedincia dos missionrios e bem depressa seseguiro as desavenas entre o mesmo governador e o bispo, que pare-cia inclinado a favorecer aquelles jesuitas. Preendeo o padre AntnioPeres por termo a taes dissenes, congraando ambas as autoridades,persuadio e conseguio que o filho do governador supplicasse perdo aoprelado, dos excessos com quese havio portado para com elle, servindo

    tempo estava o Curamur na Bahia, aonde tambm no eutrou GonaloCo^iuo, nem to pouco xi.merico Vespucio, pois neniium deu relao aes-ta eiiaeaaa, e assim se conhece cum eviencia certa que ant-ssaa Diugo Alvares Lori-ea cliegar Bahia, no imu de 15i6 para id18, compouca Gilierenga, nau iiavia aportaao a eila iiumeui ponuguez, nem am-ua Ue ouLra nayao, niutivo porque com a vista ao Laramuru e do qu-2 aiiioijrou, cumo em seu lugar se aizia ua primeira pane, se admirou aqusliegeutio.

    Lom isto se responde tamhsm aos que querem viesse. Bahia, pri-meiro que o Caramur, Cliristovo Jacques, porque este oi raanaadoipeio rei D. Juao lii, uepois que eiiuou uu guveiiiu este muuarcna, e ae-'PUJs que Ijtougaio Loeuio Ine uuuxe as iioucias ciaquelies diScoiDrimentoe ja quando o La:amuru da Baiiia tmna partido para a Frana paios n-uos Qt loii4. Vejo o que disseniu sore estes no preamOulo da primeiraparte e esLancia= que ui'aa do Caramur, e ahi se ver tambm a razoporque nao aeu ou no quiz, e Ine conveio dar OUrisLovo Jacques a no-ticia que podia acnar na Bauia oe Caramur se que a teve e alcanou00 gentio.

    A este chamou lambem o gentio ua sua lingua Abatat quequer dizer Bonisin de ogu peia razo que se disse na mesma pri-aieira parte, peio verem com muiio espanto, uisparar uma escopeta esair oeua logo e s nos iailou escrever aili este nome que depois acha-mos em um manuscripto, como tambm em um caderno antigo dos bi-tos da b da Bama o assento seguinte, --i-os cinco dias do mez ae OuLuhro"da o aueceu UiOgo Alvares Co.^ra Cai-amur, da povoao do Perei-ra. J:oi enterrado no mosteiro de Jesus; icar por seu testamento Joode i?'igueiredo, seu genro cura Joo Loufeno . 17.

    A povoao do Pereira de que falia o referido assento, V Vilia-Ve-Iha, a primeira que uudou seu douataio, tambm primeiro; FranciscoPereira Coutinno, no sitio da Victoria, contguo iVossa Senhora da Gra-a, em que tmiia o Oaramuru a sua mui adia. O mosteiro de Jasus era ucoilegio e igreja dos padres da Ooaipuniha que ussini era nomeado na-quelie tempo. Joo de iigueireuo era o Mascarenhas, ginro de Ga:-a-jnur, casado com a sua filha legitima Apollonia Alvares.

    Com o que acima fica dito, assentamos tambm na mesma estanciadesta capitania, fora seu donatrio e fundador o sobredito Francisco Pe-reira Coutinho, a quem a deu o rei D. Joo il e supposto no assinamo.-aili anno fixo em que elle chegou a Bahia, porque o no achamos emlescripto.- algum dos que vimos; comtudo p.^la computao de algun.-,acontecimentos do tempo que alli assistib e outros antes, e depois, se po-der saber, com pouca differena, o anno em que chegou a esta sua ca-pitania, e sem duvida qua no anno de 1534 ainda no era chagado Ba-:hia.

    Martim Affonso de Souza que navegava para a ndia, como em ou-tro lugar se disse, encontrou ainda a Bahia na posso e conserva de DiogoAlvares Caramur, com alguns portuguezes mais, como ero Affonso Ro-

  • 22

    de corieo ao partido que lhe era opposto, porem de nenhum proveito

    foi semelhanie. recomiliao. renascero as contestaes, e, ou porque

    u bispo quizesse pessoalmente reclamar providencias da corte, ou porque

    a cila fosse chamado de ordem superior, o que se sahe que aos 2 de

    luilio de 1556 partio para Lisboa, acompanhado de varias pessoas, en-

    tre as quaes se enumerava Christovo de Barros, o primeiro provedor

    da fui^eiida publica desta provncia, chegado com Thom de Sou/a.

    driKues >' Paulo bias Adorn. qu.' ahi liavio aporfiido. vindo fugi.J- Vicent.^ c iiesla coujuncu de Marlim Affonsi. de Souza com gutnivnho o padrf Fr. Diogo de Bo;*ba p seis companheiros religiosos me-nores, onmeiros sacer^doles e ministros do Evangelho que viu a Bahia,casaro >^sU'< doi? sujeitos acima com duas filhas naturaes do Cara-;iii;r.

    i'aiiibeui i' certo, cuiiio se disse no mesmo lugar daquella estancia,

    que no anno 'e 1547 ora fallecido Francisco Pereira Coutinho, e assen-taro memoria- manu-nipta? e .ilgun? j.- escrevorn cstf donatrio vi^vcu na sua capitania dez ou Joze annos, segue-se que devia chegar a elljlogo uo anno seguinte de 15:j4 que na Buhia esteve Martim AlTonso doSou/a que vinha a ser no de 153 :> que so os dez ou doze annos que pu'em correr entre o de 1534 que esteve na Bahia Martim Affonso de Sou/a e ode 1547 que nella 1'alleceu Fi-ancisi'0 Pereira Coutinho.

    Por morte do Capito e donatrio, mundou El-rei D. Joo III fun-dar pela coroa a cidade da Bahia. No anno de 1549, 9 d'e Maro che-cou ao poito dt Villa Velha da Bahia Thom do Souza pur, em execuoas ordens de El-rei, conio ^m .n i)rimeira parte fica assentado em a suaprpria estancia

    .

    supposto no asi.iamos aili o mez (? dia, em que se deu principioa esla obra, e estabelecimento da nova cidade, pelo no acharmos decla-rado cm obra alguma nem ern os autores que vimos e disto traro, com-tuco, succedtudo depois, como j mostramos, a ereco da nova acade-mia dos renascidos via Buhia, o sendo nonjeado para um idos seus censo-res o reverendo dutof .no Borp :? de Barros, cnego thesoureiro mr daS da Bahia e desembargador da llclao ecclesiastica, sujeito de noto-lia literatura e fazendo este, para satisfaro dos empregos que lhe foruencarregados, rr-vista de algu'.).< i apeis e livro? da i.'am:!ra da cidade, emum catalogo antigo dos governadores da Bahia, achou o seguinte assen-to. Thom de Souza veio com patente de El-rei D. Joo III e com o j-"ulu de Capit') m

  • -M-

    mas, batendo o. navio que o transportava sobre os baixios de D. Rodri-

    go, na enseada de Cuniripe, entre o rio de S. Francisco e o de Jiqui, Nta 8no dia 16 de referido mez fez alli triste naufrgio.

    Podero todos os passageiros ganhar a terra, auxiliados pelos abo-

    rgenes Caets e proseguiro para Pernambuco pelo continente, quando Nota 9,xo atravessarem o rio de S. Miguel, foro barbaramente assassniado-

    pelos mesmos selvagens, a quem serviro de pasto, podendo somenttescapar-lhes um marinheiro e dous indios desta cidade, que a ella viero

    noticiar semelhante massacre ; achava-se naquella occasio o bispo da

    parte opposta do referido rio, donde presenciou a terrivel catstrofe,

    guardado por alguns indios, que levados para com elle de um respeito

    religioso o pretendio defender mas outros lhe dero a morte entre vio-

    lentes golpes, passando consecutivamente a assal-o (14) e a satisfaserem nelle, a sua brutalidade. Nota 10

    liaua guerra ao gentio circumvisinho, governou at os 31 de Julho de

    Deste assento consta no s o dia e mez em que no anno sobreditolio 1549 SC estabeleceu e formalisou a nova cidade da Bahia que foi oJ .( de Novembro, aia de Todos os Santos, sendo este o fundamento certo:jorque assim se intitulou e no- como em outra parte assentamos na suaostanoia, segundo aos mais que t")Ssero fora porque neste dia 1." deNovembro entrou na sua enseada Christovo Jacques a primeira vezmas tambm do sobredito assento consta que no mez de Julho daquellepioprio anno de 1549, lanados os gentios do lugar escolhido para a novaci .'acfe, se lieu principio sua fundao.

    Por este mesmo assento poder um dos nossos collegas e acadmi-cos mudar tambm de parecer, no que seguio em a conta^ que deu dosseus estudos em unui conferencia, na qual affirma que a igreja da de N.Sra. da Ajuda, da qual aqui falia o sobredito assento, fora a primeirnem a cidade que a fundaro, diz elle. muito antes que Thorn de Souzacbpgasse a Bahia, os mercadores de Villa Velha o que certamente no;odia ser, nem era; possvel que estando o lugar on plano da nova oida-

    .^e (que e o mesmo em que foi levantada a igreja da Ajuda, quando ?'^^,.A?" Thorn de Souza) occupndo ainda pelo gentio que nelle

    SUMjivel te-

    ^greja a Sra. da Ajuda? ^ ''"'

    ""' "'-"'^"^3'^^'

    Nem era necessrio para so saber que esta igreja foi levantada de-))ois que a Bahia chegou Thorn de Souza e deu principio fundaoda ciaade, ver ou ter li

  • a4

    Parece, diz Jaboato, no quiz o co deixar sem o justo castigo se-melhante traio e sacrilgio, porque, confederados depois os Tupinam-bs do rio de S. Francisco com os Tu])inaes, tapuios, do serto, dando-

    Ihes estes pelas costas, aquelles por um lado e pelo outro os Portiguares

    de Pernambuco, e retirando-se os Cates para as beiradas e costas domar, assim quasi encurralados, excepto alguns poucos que podero fu-gir para a serra de Aquitiba, todos os mais foro mortos e cativos . Des-tes io os vencedores nos dias de festa comendo alguns dos mais esfor-ados e vendendo os outros aos moradores da Bahia e Pernambuco atroco de qualquer cousa. Tambm Duarte Coelho, e os qus se lhe foroseguindo, os extinguiro muito, e s viero a ficar aquelles que se uni-

    ro aos contrrios, sendo seos escravos, casando depois entre elles,

    assim veio a extinguir-se das costas maritimas de Pernambuco a mcasta destes gentios, no s cruis para os outros, mas at.para os seosparentes e amigos.

    Foi desta sorte que acabou o fundador da primeira diocese Brasi-leira ; elle deixou erectas as freguezias da S, Victoria e a de Vera Cruzdos Ilhos, subsistindo ainda a duvida que j notou o erudito Pizarro(15) sobre a cngrua que percebia, em consequncia de haver-se perdi-

    assado, pretendendo que por isso nunca mais nelle vegetou a menorplinfa. depoi.s de tal successo.

    Na minha passagem por esse sitio, mostraram-o, guardando um res-peito religioso, que as ideas do sculo no tem por ora destrudo; assimtambm a historia sagrada d igual tradio dos monte=5 d2 Gilb, nelamaldio de David, e por morrerem nelles Saul e Jonatas. O catalogodos bi^po? quo vem incerto na f^oPituiro do Arcebispado, perpetuou amemorift deste prelado com o dist.ico seguinte

    Brasxlwf pivmus crud^li a {/ente voratus, Pastor oves pavi. carniveros-que lupos

    .

    '15} No sei que qualidade de cngrua se estabeleceu a este pre-lado, por nSo ter presente o titulo rgio, nem encontrar a menor noticiaa este respeito; , porm, certo que fazendo-se por ordem de El-re^' D.Sebastio uma junta magna na meza de conscincia e ordens, com os de-putados delia 6 outras pessoas, assim de letras, como religiosas, o quef(nsta dos mesmos Alvars, e carias regias, entro as quaes a de 1568)foi um dos resultados provident^s o acrescentamento das cngruas dosbipos ultramarinos: e no do Brnil ou da Bahia mais ICO rs. por alvard- 12 de Fevereiro de 1569. registrado fl. 15 do !iv. 2 daquelle tribu-nal. Nos alvars e carta? referidas se determinou o declarou que os bis.po.s vencerSo as cngruas ou ordenados estabelecidos, residindo nos seusbispados e. quando 3u=entcs delles, perderio a parte correspondente aotempo da ausncia, qun e applicaria t^m beneficio do seminrio, cujaanpiicao teria tambcm lugar na parto do mesmo ordenado que os bs-pn? haAio de vem-er lituln de colheitas, visitando pessoalmente, oupor seus visitadores, lodo o bispado; e finalmenle que restitussem os

  • do o primeiro livro do tombo da casa da fazenda desta provncia. Sup-pe-se porem que poico apreo deo a catequese *do indgenas, "pis ^ielomenos disso o accusa o jesuta Nbrega, na seguinte carta dirigida aThom de Souza, cuja antiguidade e relao circumstanciada que d "doestado da provncia naquelle tempo, lhe reala o mrito (16) ^* 'l^

    CARTA DO PADRE MANOEL DA NBREGAA paz e amor de Christo Nosso Senhor seja sempre em seo favor

    e ajuda

    .

    -rmrirp v^^fj ^^ ^ ,.j^.

    Razo , pois que Vm. por sua condio tanto se communica com=migo, to indigno, e me d conta com tanto amor de 3, de seos passos edesgostos, por suas cartas, pelas quaes Nosso Senhor muito me consola,que eu tambm no deixe cousa de consolao ou desconsolao de qufclho no d parte. E se for mais largo e prolixo do necessrio, Vm. oattribua caridade com que o amo, a qual est mui desejosa de S dila-tar por carta, pois mais no pode, sendo certo que ha muito em que Vm.ter pacincia, e folgar de ler carta prolixa, ainda que nisto se percaalgum tempo.

    E primeiramente quero tazer pranto sobre esta terra, e dar-Iheconta particular de cousas que mais tenho n*alma, desde o tempo' que a

    Vm. deixei e ainda que isto no sirva de mais, que de mover as oraes

    Nota 11

    b!i])OS aos seminrios tudo que levassem do ordenado contra esta or-dem. O alvar de 30 de Setembro de 16G3 mandou pagar ao 7.^' bispo,I). Peiro da Silva, a quantia de 1:510$ de, incluindo-se nella varias par--ellas importantes ao lodo 320$ como se ver adeante) para differntesaijplicages. Donde se deduz que o bispo do Brasil percebia a liquidacngrua de 1:090$ rs., at dar-lhe mais a proviso do Conselho Ultra-marino de 7 de Maio de 1742 a quantia de $800 rs., alm da importn-cia da esmoilas que em certa quantia da renda da ordem de Christo, seesliibeleceu pela sobredita junta, para se distriburem annualmente pelasnios cfos mesmos bispos, a quem determinou o mesmo rei que se deviaentregar, e consta da carta regia do 1. de Setembro de 1570, dirigida aoitispado do Funchal, e registrada no liv. 2 fl. 19 do Tribunal referido.Actualmente percebe o reverendo bispo o ordenado de 2:400$' fsM^"(-Pi-zarro. Mem Hist. tom 8.) ..- .-

    (16) Esta carta,, bem como outras ciue inserirei nesta obra, exis-te em um livro manuscripto, apr3hend!do aos j3suitas que se conser-va na bibliotheca publica do Rio de Janeiro, achando-se outras recolhidasna Torre do Tombo em Lisboa. Havia eu conseguido uma copia das pri-meiras, quando projectei publicar estas Memrias, e com qiianto o Dr.Blthazar da bilva Lisboa com llas enriquecesse os su^ preistis An-mes do Rio de Janeiro, todavia, a importancii das qu,6 ma^ difem reI-eio i provincia de que traL. uxge qe taajiejii^a^Ui, a^iltii*.,

    '^^

    .

    -tv-

  • -26

    de Vm. a que com mais fervor c piedade rog^iie a Nosso Senhor porcila, com isso me contentarei, porque devem eUas ser mui aceitas diante

    do divino acatamento, como de viuvo, velho e prudente, que cada dia

    espera pela conta que lhe ha de tomar cedo, cujos desejos sou eucerto, que sero os do outro Siincro que desejava Imncn ad rcvclationcmgentinn, gloriam plcbis tiios Israel: drjkv.mlur proc lacrimis ociU mei,conturbata sioit vscera, inca, cffisitm csi in terra vtcinn jccir por-

    que vejo o mo caminho que esta terra leva, cada V3z vai merecendo aNosso Senhor os grandes castigos, e castigada pelos seos pcccados es-

    pera outros maiores castigos, porqus cada vez se faz mais incorrigvel,

    c lana maiores raizes em sua obstinao. Desde que nesta terra estou,

    que vim com Vm. dous desejos ma atormentaro sempre: um, de ver oschristos destas partes reformados cm bons costumes, e que fosse boa

    semente transplantada nestas pnrts?, que desse cheiro de bom exemplo;e outro, ver disposio no gentio para se lhe poder pregar a palavra de

    Dcos, pois Nosso Senhor tambm por tiles padeceo. Para isso fui commeos irmos mandado esta, e foi a inteno do nosso rei, to chris-tianissimo, que estas partes os mr.ndou. e porque para ambas estascousas eu via sempre por esta costa toco mo aparelho. Oh! quantosclices de amargura, e de angustias liei ia ?- minha alma sempre! Edisto alguma cousa lembrar a Vn^. poniue eu communicava com ellesempre a minha dr, posto qu2 ainda r.aquelle tempo no me amar-gavo tanto as fezes deste clix, por i.o eni"ar tanto ncllas.

    Destes dous desejos que digo, me n::scio outros, que era desejaros meios para que isto fizesse ef fci':o, c d:stes escolhia dous que meparecio melhores: um era desejar uL^^pj, tal qual Vm. c eu pintvamosc para reformar os christos; e outro, ver gente sugeita e mettida nojugo da obedincia dos christos, para se nelie poder imprimir-se tudoquanto fizssemos, porque cUe de qur.Iidade, que no duvido se escre-vera em, seos entendimento-, e vor.tadjs muito bem a f de Christocomo se fez no Peru e Antilhas, que parece gentio t uma mesma con-dio que este, e ns agora comeamos de ver olho por experincia,como abaixo direi, e se o dcixo em sua liberdade, e vontade, como gente brutal, no se faz nada com elles como por experincia vimostodo esse tempo que com elles tratmos com muito trabalho, sem delle ti-rar-mos fructo, que poucas almas innocentes que aos Cos mandamos.

    Trouxe Nosso Senhor o bispo D. Pedro Fernandes, tal e tovirtuoso qual Vm. conhece, e mui zeloso da reformao dos costumesdos- christos mas quanto ao gentio, e sua salvao, se dava pouco, por-que nao se tinha por seu bispo, e elles lhes parecio incapazes de toda a

  • 27

    doutrina por sua bruteza, c bestialidade, nem os tinha por ovelhas do

    seo curral, nem que Jesus Christo Nosso Senhor se dignaria de os ter

    por taes; mas nisto me ajude Vm. louvar Deos. Nosso Senhor emsua providencia, que permittio, que fugindo dos gentios e da terra,

    tendo poucos desejos de morrer em suas mos, fosse comido delles, ca mim que sempra o desejei c pedi Nosso Senhor, e mettendo-me nasoccasies mais que elle, me foi negado. O que eu nisso julgo, suppostoque no fui conselheiro de NossoSenhor, que isto fez por venturapagar-lhe suas virtudes, e bondade grande, e castigar-lhe juntamenteo descuido, e pouco zelo que tinha da salvao do gentio.

    Castigou-o, dando-lhe em pena a morte que elle no amava, e re-

    munerou-o em ella ser to gloriosa, como j se contariam Vm. queella foi cm poder dos infiis, com tantas, e to boas circunstancias como

    teve.

    O bispo, posto que era muito zelador da salvao dos christos, fezpouco porque era s, e trouxe comsigo uns clrigos por companheiros,

    que acabaro com o s^.o exemplo mal usarem, e dispensarem os sacra-

    mentos da Igreja, de dar com tudo em perdio. Bem se lembraria,Vm. que antes que esta gente viesse, me dizia, est nesta terra uma re-

    ligio, porque peccado publico no se sabia, que logo pelo zelo de

    yni. e diliger.cia de meos irmos no fosse tirado, e dos secretos reti-nhamos absolvio alguns at tirarem ioda a occasiao, e perigo de tor-nar a peccar. ]\Ias como ellcs viero, introduziro na terra estarem

    clrigos, e dignidades amancebados com suas escravas, que para esseef feito escolhero as melhores e de mais preo que achavo comachaque, que havio de ter quem os servisse, e logo comeavo a fazerfilhos, e azer-se criao, porque convinha muito ao Brasil haver c estetraslado de dignidades, e cnegos, ccmo os ha erM outras igrejas dachristandade, e no sem muito descuido dos prelados, a quem NossoSenhor castigra a seo tempo. E este lhe sei dizer que tem c por me-lhor proceder, e mais quieto, porque quando eles no tinho escravas,nem com que as comprar, era peor, porque ero forados abusarem comescndalo da terra, e de scos visinhos, e por que j disto no tempb deVm. havia muito, e muito notrio me dizia muitas vezes melhor nosfora que que no viesse c. Comearo tambm a usar de suas ordens,e dispensar os sacramentos, e delatar as ataduras com que ns tnhamosas almas, e a dar jubilos de condcninao, e perdio s almas, dandosanto ces, e as pedras preciosas a porcos, que nunca soubero sair dolodo de seos pcccados, pelo que c no somente os mos, mas algum bom.se o havia tomou Uberdade de ser tal qual sua m inclinao lhe pedia.

  • E anlm st a^ora, a terra nestes termos, que se contarem todas ascousas desta terra, todos acharo cheias de pcccados niortaes, cheias

    de adultrios ormicaes e incestos e abominaes em tanto, que me dei-

    to i cuidar se tem por isso algiim tempo nesta terra e escassamento ss

    offcrecc um ou dousque guardem bem seo estado, ao menos sem pec-cado pubhco. Pois dos outros peccados que direi? No ha paz, mastudo dio, murmuraes, detrataes, roubos e rapinas, en;,^nos e

    mentiras; no ha segurana, nem se guarda um s mandamento deDeos, e muito menos os da Igreja. Bem se lembrar Vm. que vendaeu isto logo em seo principio, cuidei de dr perder, o sizo e assim

    como desesperado de perder na terra nsm com os chrlstos nem com

    os gentiios, azer fructo, me fui com Vm. a S. Vicente, corrente acosta, desabrindo a mo de tudo, encommendando a Deos a Bahia, ea seo prelado, e sempre ficou um padre na casa com um irmo ou

    dou3, para ensinarem aos meninos, e olharem para ella.

    Pela costa que corremos achamos assas de misrias, e pcccadosque chorar, at chegar a S. Vicente,' onde fui ai achar um irmo dacompanhia e muitos meninos do gentio em casa, em algum pouco me-lhor apparelho para com o gentio entender, por achar a irmos queentendio a lingua, e o gentio menos escandalisado dos christos, me

    deixei ficar, e Vm. se tornou.Nesta capitania se fez algum fructo, posto que muito fora de

    brao, porque Nosso Senhor favorecia a salvao de alguns predesti-nados que tinha, que outra ajuda no tinhamos, porque geralmentenesta terra todos so para estorvar o servio de Nosso Senhor, e ums SC no acha para favorecer o negocio de salvar as almas.

    ^l^Em todas estas capitanias, alem dos peccados que tenho dito, noteioutros, que muito mais todos of fendem a bondade divina, e mais lhetiro de rosto, porque so contra caridade, amor da Deos, e do pr-ximo. Estes peccados tem a sua origem e principio no dio geral queos christos tem ao gentio, e no somente lhe aborrecem os corpos mastansbem lhe aborrecem as almas, com que tudo estorvo e tapo os ca-mirihos que Christo Nosso Senhor abria para se elles salvarem, osquaes direi a Vm., pois j lhe comecei a dar ceita da minha dr.

    Em ioda a costa sentem geralmente por grandes e pequenos, que grande servio de Deos Nosso Senhor fazer aos gentios, que se como,e se travem uns com os outros, e nisto tem mais esperana que em Deosvivo, c nisso dizem consistir o bem e segurana da terra, e isto capitese prados, ecdeziasticos e seculares, c assim, oppoem por obra todas asrezes que se of ferece, e daqui vem que nas guerras passadas que se ti-

  • - p

    vero com o gentio sempre do carne humana a comer n' somente .ou-tros ndios, mas a seos prprios escravos. Louvo, e pprovao o gentioo comerem uns aos outros, e j S2 acho christos a mastigar carnehumana, para darem com isso bom exemplo ao gentio.

    Outros mato em terreiro maneira dos indios tomando nomes, eno somente o fazem homens baixos e mamelucos, mas o mesmo capta,oas vezes. Oh! cruel costume! oh deshumana abominao! h chrstasto cegos! que, em vez de ajudarem ao Cordeiro, cujo qfico, iz S.Joo Baptista, tirar os peccados do mundo, por todos os mbbs quepoderem, os mettem na terra, seguindo a bandeira de Lcifer homicida,

    e mentiroso desde o primeiro do mundo! E no muito que sigoo seocapito gente, e eu no sei se alguma era do anno passado disputei emdireito esta opinio, e mostrei a sua falsidade por todas as razes que

    soube, e o mandei msos irmos para se ver por lettrados.Deste mesmo dio que se tem ao gentio, nasce no lhe chamarem

    seno ces, tratarem-nos como ces, no ouvindo o que dizem os santos,que a verdadeira justia tem compaixo, e no indignao, e quantomaior a cegueira e bruteza do gentio, e sua erronia, tanto mais sehavia o verdadeiro christo apiedar a ter delle misericrdia, e ajudar aremediar a sua misria, quanto nelle fosse a imitao daqueile senhor,

    qi vcnit quocrcre, qnoe peeicrat, deixando as noventa e nove nodes.=irto, et manducabat cum peccatorihus, et publlcanis que veio bus-car no justos, mas peccadores para salvar, et venit quorere et salvum

    facere qiiod pcrierat; e disse: hcati misericordes, quoniani ipsi miseri^

    cordiam consvqucntar e apiedou-se do roubado e ferido dos ladres,deixado dclles meio morto no deserto, o qual estes sacerdotes, e Levi-tas desta detta deixo, passando, sem dclle fazer caso, nem usarem mi-sericrdia com elle. Outro peccado nasce tambm desta infernal raiz,que foi ensinarem os christos aos gentios a urtarem-se a si mesmos,*f a venderem-se por escravos. Este costume, mais que em alguma ou-tra capitania, achei no Espirito Santo, capitania de Vasco Fernandes, c

    por haver ali mais disto se tinha por melhor capitania.

    Em S. Vicente no uso disto aquelles gentios Tupiniquins ; masos chri

  • 30

    ficarUo medrosos, c por medo, e submisso dos christos, e tambm co-bia do resgate, vendem os mais desamparados que ha entre elles. Osde Porto-Seguro, e Ilhos nunca se vendero, mas os cliristos lhes en-

    sinaro que aos dos sertes que vinho a faz ir sal ao mar, os salteassem

    e vendessem, e assim se pratica l, os do mar venderam aos do serto,quanto podem porque Ih^s parece bem a rapina que os christos lhesensinaro, e porque isto gerai trato de todos; me conveio cerrar as

    confisses, porque ningum quer nisto fazer o que obrigado, e temtoda a outra cleresia quem o absolve e lho approva.

    Desta mesma raiz nasce darem -se pouco os christos pela salvao

    dos escravos que tem do gentio, deixando-os viver em sua lei, sem dou-

    trina nem ensino e muitos peccidos ; e se morrem os enterro nos mon-

    turos, porque delles no pretendem mais que o servio, e para terem

    mais quem os sirva, trazem gentios casa para ss contentarem de suasescravas, e assim esto :iniancebadv)S os christos com os gentios. Eporque no ha peccado que nesta terra no haja, tambm topei com opi-nies lutheranas, e com quem as defendesse, porque j no tnhamosque fazer com o gentio, cm lhe tirar suas erronias por argumentos, ti-

    vssemos hereges com qr.cm disputar, e defender a f catholica. Poisque direi dos tramas, agr^ravos, e sem razes, que se fazem aos ndios,

    mormente nesta capitaiiia, e em outras aonde os christos tem algumdominio sobre ob indios! Vm. o poder julgar, pois j aqui esteve, demaneira que a sugcio dos gentios no para se salvarem, e conhece-rem ChrislOj e viverem em justia, e razo, seno para serem rouba-dos de suas roas, de seos filhos, filhas e mulheres, e dessa pobreza quetem, e quem disso usa mais, servio lhe parece que faz a Nosso Senhor,ou para melhor dizer a seo senhor o prncipe das escuridades, c muiolho para a inteno do nosso rei santo que est na gloria, no foi po-\-oar tanto por esperar da terra ouro nem prata, que no a tem, nemtanto pelo interesse de povoar e fazer engenhos, nem para "ter aonde aga-salhar os Portuguezes que l cm Portugal sobejo, e no cabem, quantopela exaltao da f catholica, e salvao das almas. Mas pois Vm. ouvioos peccados da terra, oua agora o cuidado que teve a divina justia deos castigar. A capitania do Espirito Santo, donde mais reinava a iniqui-dade dos christos, e aonde os indios estavo mais maltratados entre sicom guerras porque vissem que suas esperanas, que tinho nos indiosestarem difcrentes no era bom, permittio. Nosso Senhor que se destru-sse por guerra dos indios, morrendo nella os principaes, como foi a deD. Jorge e D. Simo e outros, e todos perderam com isto suas fazendas;C a terra, que depois de novo se tornou a povoar, sem liaver emenda do

  • - 31 ^-'^

    passado, no deixa a vara do Senhor de castigar, porque pouco a poucos vai consumindo, e misericrdia do Senhor mui grand8, que todo osno destrua ; mas no tem quietao com as guerras, e sobresaltos atagora dos Francezes; e os Topinaquins de Porto-Seguro, que tinhopor si, que chegavo at l, tem-se agora levantado. E nestes trabalhosperecero Bernardino Pimenta, e Manoel Ramalho, que ero os quemais revelaro contra o gentio, e que Vm . bem conheceu : e sobre tudoda continuo tem guerras civis entre si, que pouco a pouco se consomem,

    e pcrmittio a divina justia, a qual faz o seo of f icio.

    Esta capitania da Bahia me parece que tem o segundo lugar namaldade e os peccados desta se parecem mais com os daquella, porquenqui ha m.enos gentio que era nenhuma, e este se dividio em tempo deVm . entre si, mas porque nella havia os peccados que bem sabe, foi des-truda, e seo capito Francisco Pereira comido dos ndios; e depoiscuc el-Rei, que est em gloria, a tornou a povoar com tanto custo,

    mandando a Vm. lanar bons fundamentos na terra, bispo, clrigos ereligiosos para fazerem servios a Nosso Senhor, e para que todos

    entendssemos em curar esta Babilnia; mas ella no ficou cu-rada, e permittio o Senhor, que fosse uma no que levava o bispo, e aprincipal gente da terra, e fosse toda comida dos ndios. Ali acabaroclrigos e leigos, casados e solteiros, mulheres e meninos. Ainda es-crevendo isto se me renova a dr que tive, quando a vi que no haviacasa em que no houvessem prantos, e muitas viuvas e orphos.

    Pernambuco por seos peccados tambm foi muito castigada demuitas fazendas perdidas, como notrio. S. Vicente, da mesma ma-neira, sempre perseguida dos contrrios, 'e em uma guerra que com

    ella esivero morrero os principaes nella mas no permitio o Senhorque de todo se perdesse, tendo um gentio to grande e to unido, semliaver entre elle as divises que ha nos das outras capitanias; mastambm porque no conhecem o dia de sua visitao cercada ttodas as partes de seos inimigos, contrrios silicet e Francezes. Poisque direi das capitanias dos Illieos e Porto Seguro, as quaes tambmtem um s gentio todo conforme e grande? A estas capitanias dilatoumais Nosso Senhor o castigo, mas agora j chegou o tempo em quepagou alguma cousa do que deva, e disso direi abaixo mais largo:deixo de dizer um geral aoute, que cada dia vemos nesta terra com per-das de barcos, e gente comida dos ndios, a qual por fexperiencia veioa ser mais o que nisto se gasta, c^c a que de novo accrescenta a terra.E disto poderia contar muita'- particularidades, as quaes assim porqueVm. sabe j muitas, como por vir a outras, que mais folgaria de saber

  • -sa-^

    por serem de mais perto, as deixarei de di/pr, e todavia no deixarei

    de relatar o aoute de Nossso Senhor que deo a esta Bahia nas guer-

    ras civis que permittio que houvessem entre o bispo e r governador D.Duarte, o qual eu no tenho por o mais somenos castigo, e que mais

    damno fizera na terra que as guerras que se fez com o gentio, porquenacjuellas no morreo nenhum homem e nestas ss engendrou a mortea muitos, e perdero a honra e fazenda, e a terra perdeo muitos povoa-

  • 33--

    rr.'ste deste nuuido, por no ver cumpridos seus de^ejos; mas eu creioque l nosso Senhor ouvio as suas oraes mais ])erto c concedeo nos (|ucdahia a pouco tempo chegasse Mem de S com um re.ma maneira, ficando

    a.v audincias vasias. e os procuradores e escrives sem ganho, que era

    uwxi grande imnmudicia que conn'a esta terra, o fazer gastar mal o

    tempo, e engrendrava dios e paixes. Tirou quanto pde o jogo,que era outra traa, fazendo a todos entender em seos trabaliios com

    ffuctos. c evitando este. se evitaro muitas offensas a nosso Senhor,

    como blasfennas e ra])inas (|ue na terra havia; e finalmente mostrou-se muito diligente em tudo o ((ue pertencia ao servio de Nosso Se-iihor. e el-rei

    .

    Acabou o engenho e acabaria cedo a S. e com o exemplo da .sual)essoa accomodava a todos a l)em viver, de tal maneira, que sabe NossoSenhor ([uando em esta Ih'eu tenho. Na converso do gentio nos aju-d.^u muito' ])orque fez logo ajuntar quatro ou cinco aldas que esta-vo ao redor da cidade, em uma i)ovoao junto ao Rio-Vermelho,onde parece*.) mais conveniente. ])ara (jue toda esta ginte jxulesse,i[)roveitar-se das roas e mantimentos (jue tinho feito, e atjui man-di u lazer huma igreja graiide. em (|ue coubesse toda esta gente, aque chamo S. Paulo. Mandou apregoar por toda a terra sete. oitoe nove legoas ao redor. (|ue no comessem carne Inimana. e por semostrar ao gentio, foi (mrW a ]>rimeira nn'ssa no dia de S. Paulo,arcnpanhado de todos os i)rinciixies d.-! terra, e nac|uelle dia se bapti-saro muitos, onde deo a todos de comer, grandes e ])e(|u;^nos: estaser uma legoa da cidade onde se ajuntaro outras tantas aldas dogentio Magoaba. A terceir;i mandou fazer oikL- chamo o vd deJoannes; esta se cliama Sanii Sniritus: a(|ui ha mais gente junta. (lUfem todas; est sete ou oko legoas da cidade jvjrto da costa do mar.Ne

  • 34

    servir. As cousa>. que n\>U> lia particulares para muito dar graas aMosso Senhor; fao eu escrever a mcos irmos, se muito desejo tiverde .1 saber, elles lhe diro l.

    ]m todas ha escola de muitos meiunos : pequenos nem grandes mor-rem sem ser de ns examinado se devem ser baptisados. e assim nossosenhor vai ganhando gejite ])ara povoar a sua gloria. E a terra sevai pondo em sugeio de Deos c do governador, o qual os ez viver emjustia c razo, castigando o> delin(|uentes com muita moderao, comt.inta liberdade como ao^ mesmo.s christos. K cada povoao destastem seos mcirinlujs os principaes delias, os (|uaes por mandado do go-vernador i)rendem. lhe trazem os delinquentes, e assim lhes tira a li-berdade de mal viver, e os favorece no bem.

    Alem destas trs esto juntas muitas aJdas em duas povoaesgrandes, e estas no tem igreja porque espero sacerdotes, e ([uemresida entre elles. ma> >umente so visitados a tempo das outras casas,jx>rque .mmiios ])oucos. e no podemos suj)rir a muita messe ([ue ha. epor cau^a no attendemos em Ai>ac e Sergipe, e na ilha de Itapari-ca, e no Paraai'i. nos (piaes j ha apparelho para se tratar com elles,t' sf tivssemos padres, e tudo isto se deve a Xosso Senhor, e ao bomzelo do governador. K desde que isto vio-se na terra, comecei a res-'UCitar, e j no quero ser tico. n>.*m morrer, por dar graas muitasa Nosso Senhor e ter que o louvar em suas mi.sericordias, e me alegrarno .sobre um s peccador (|ue faz p.nitencia. mas sobre muitos quede ^ua infidelidade se convertem a Je.;us Christo.

    Mas o inconveniente da liumana gerao, a que muitos magoaroesta* obras, trabalha ])or as estorvar, e nos desconsolar, tomando porseo- instrumento^ muitos nios. (|ue ha nesta terra, os f[uaes favore-cem nada esta obra. mas ]>or muitas maneiras trabalho cerrar asjxjrtas todas a >alvao do gentio. i)elo dio que commumente se tema esta gerao, e i de .'^. Taido. tomando-se-lhes suas terras e roas, em queser:'.pre estivero de pos.se. c nunca fizero por onde as perdessem, an-.es na guerra i)assada este< ajudarij aos christos contra os seos pr-prios, c as acausas (jue tinho os christos por si no ero outras, .senoas f|uc fazio mister; e porc|ue ni>io a governador e eu estorvmos essatyr;.nnia. contra elK- c contra mim conceliero m vontade, o que me fezl^mljrar da dada indios i)ossuio, estavo na nossadadr., e por isso abrandou alguma cousa sua perseguio. K sendoagora os intlios com o governador a guerra dos llhos c que lhelomo suas roas e os perseguem ainda.

  • - ^5

    Outra >Tancle d-esinquiftao se d aos ndios, por gente de moviver, que anda entre elles. e que lhes furta o que tem; do-lhes

    pancadas, c feridas pelos caminhos, tomando-lhes seo peixe, furtando-

    Ihe-' seos mantimentos. I'', nisto no ha de haver justia, porque recebe

    o c ouvid do Tubaro com os de Mirangaroba, obracom que Vm. folgou muito e os christos todos, e em tempo de D,Duarte se encarniav( com a to grande crueldade, que cada dia sematavo e comio, por([ue no estavo mais de meia legoa uns dosoutros, e desta cidade, duas ou trs, e to desasocegados andavo quemv era possivel poder-se-lhes ensinar doutrina a uns e a outros. Peloc|ual mandou o governador ajuntar os de uma parle em povoaes sobre:-i, e mandou-lhes que em antes .se ajuntassem, no guerreassem, nemtan:bem queria que fossem amigos, a que elles obedecero; e depois dejufitos, tendo j contentamento do bem da paz, no quizero guerrear,nem to pouco esto amigos, pois (|ue alguns parentes se entro aurt.:, os quaes com as guerras,d'antes ficaro divididos por se acha-

    rem daquella banda. Ivstes assim uns como outros, so agora doutri-nados, e todos bem sujeitos obedincia do governador. Por esta:au^.'i se levantou tambm grande murmurao entre os christos, di-zendo que os deixassem comer, que nisto estava a segin"ana da terra,no olhando (jue ainda para o bem da terra melhor serem dos chris-tos. e estarem sugeitos, que no como antes estavo, pondo maisconfiana nos meios de Satanaz, ciue nos de Christo, maiormente emttmpo (pie os christos esto to poderosos com todos, e elles to su-jeitos e abatidos, que soffrem a quaUpier dar-lhes muita pancada,josto seja longe daqui. E ainda esta gente do lrasil. que estando osiadio>j difterentes no poder nosso senhor castigal-os

    .se quizer, e noescarmento ainda vendo ([uo mal toi a terra toda.

    E por isso ([uanto castigou Nosso Senhor o em tomarem filhas dosindio por mancebas, e outros semelhantes ardis, e no tem nelle con-

    fiana, pois nas capitanias em que elles estavo mais diversos e mais

    .-maiicebados com as filhas do gentio, deo maiores trabalhos, como

    acima di.sse, na guerra, em que a capitania do Espirito Santo se des-

    ruio, estando todos os ndios entre si divisos, se fizero amigns para

  • "36

    ir contni os c-hri>lrincipal da Ilha de Connnipeba, que est pela bahia dentro sete out-ito legoas. que matou e comeo com festas seos escravos, e sobre istono quiz vir ao chamado do governador, faliando palavras de muitasoberba, porque esses nunca havio conhecido sugeio, e entrava-secom estes de novo. pelo que mandou o governador \'asco Rodriguesde Caldas com quinze ou vinte homens busca-lo por fora, e trouxe-;ao .-(O i)ai e filho> ])resos. sem os seos ousarem os defender. liste foio fomento do grande escndalo desta terra, porque tivero logo os ma-1c(;m)s c(ue murmurar, e occasio de levantarem mentiras: dissero queaquc]k's indios Iiavio morto certos escravos do engenlio que foi de An-tnio (ardozo. (|ue l cstavo perto, e como se conheceo ser mentira,dissero que um barco que o governador havia mandado a Tatua para ohavio os indios tomado, e morto a gente, tudo ])or entristecerem aogovernador, o (|ue lamlMin loou se soube ser mentira, b.ste princiiale>^teve preso ]ierto tk- nni anuo. c agora { n mais .sugi-it(j que ha naterra

    .

    < ) ajuntar dos imlios. (|ue o governador ;iz, p.ara se melhor])oderrm, doutrinar, deo tambm muita occasio de escndalo a muitosque tndio mdios perto de suas fazendas, dos quaes se ajudavo em seos.servios, dfixando-os viver em .seos costumes, e morrer sem baptismo,nem haver quem lhes lembra.sse a Jesus-Christo Nosso Senhor: outrosdepois que viro os gentios com estas cousas, que se fizero entre

  • -37.-

    clles domados, c metidos no ju.;o c siigeio que nunca tivero, cobi-

    aro ser-lhes repartidos para seo servi; como se iez nas Antilhas, e

    para isso o pedio a camar ao governador ; mas a elle no pareceo bempor no haver causa para isso justa, porque os mais delles nunca i-

    zero por donde merecessem isso, antes na guerra passada se lanaro

    da banda dos christos, e para os que foro na guerra passada, to

    pouco havia causa justa, pois a guerra se no houve l por justa daparte dos christos. ^fandou el-rei, que est em gloria, restituil-os em

    suas terras, como d'antes estavo, e j que lhes houvessem de repar-tir, como no Peru, amo de serem obrigados a terem um padre parasua doutrina, como l tambm se costuma. O que esta gente nopde fazer a si, por no ter possibilidade de manter um capello,como tambm porque no se trata de salvar almas nesta terra, senode qualquer seo interesse, e dos prprios seos escravos se tem to

    pouco cuidado de os salvar, e muito para enri([uecer.e levar boa vida,

    segundo a pobreza da terra se pode ter nella.

    Bem me parecia a mim conquistar-se a terra, e re])artir-se os n-dios pelos moradores, ohrigando-se a doutrinal-os. que ha alii muitos

    que se podio sugeitar, mas no ha um homem que por isso queiraicvar uma m noite, e se T) governador por sentena da terra quer fazeralguma cousa, ou castigar algum ndio, todos o estorvo. e ningum o.';juda ; e agora que vemos ndios sugeitos sem custar sangue de Chris-

    t;io nenhum, nem guerra, fj^ostr (|ue da passada ficaro amedronta-dos) agora que esto juntos com igrejas ])ara se doutrinarem, agoraos querem repartidos, e assim no falta (|uem v tirar nossos ndios,rpu' temos junto com muito trabalho, levando-os s suas roas a vi-ver; c nuiitos vo ])or fugir a sugeio da doutrina e viverem comoseos avs. e comerem carne humana como d'anles.

    Estas cousas todas, e outras desta qualidade que o governador

    no consentio, e outras que faz. conformando-se comnosco, no que me

    jvirece gloria de Deos. e bem das almas, e ]iroveto da terra, engendroescandal

  • 3S.

    Souza nesta terra. Tinha cllc uns iiulins jKM-to de sua fazenda. Muandi

    o ^'overnador ds ajuntava, pcdin-.tie lhe alcanas.st- d. jo.vernador (jue

    lhos deixa.ssc. jjroniettt-ndo dl.- de > meninos irem cada dia escola a

    S. Paulo, que eslava meia le.ioa delle. e os mais irio aos d(mingos e

    fe.stas mis>a e i)re.i;ao. Concedero-llie ; mas elle teve mo cuidadode a ciunprir. sendo de mim muitas vezes adnK>estado, antes deixavaviver e morrer a todos como ,nentie(hr (jue o.sajuntasse como us outros em .*^. Paulo, e posto c|ue ainda lho notiravo. com tudo elle muito se escandalisou de mim. assim que nem a.elle nem a outro algum j tenho, nem quero mais que a Xosso Senhor,

    c a rnzo e a ju.stia se ha. ou tiver.

    TanilxTUi comeou a entender com os do Paraass e com os da

    ilha de Itaparica, que so todos uns, e isto por razo dos escravos dos

    christos, que para elles fugiro e no se entregaro, e isto contentou a

    todos, ])or(jue lhes tocava em seo proveito. Os de Ita])arica obedecero,mas os de Paraass muitos delles no quizero paz. nem dar os escra-

    vos, antes tomaro um barco de J*edro Cionalves. de S. Thom, comferramenta que levava e negros, de (iuin que fugiro, e esconde-

    ro-sv pelos matos, e por isso escaparo. Depois sendo requeridos com

    paz. ( com restituirem o barco e escravos, no quizero. Pelo qual

    lhe pareceo mandar a elles com con.selhos de nniitos a tomar-lhes osrodeiros. (|ue tinho feito, com que dete