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PUB O professor/activista, que a Universidade de Macau processou, passa ao contra- -ataque. Garante nunca ter insultado nenhum colega e que, se for despedido, não se coibirá de revelar “alguns documentos oficiais”. A quinta do Bill AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB STUDIO CITY VAI CONTRATAR. E TER 500 MESAS DE JOGO SOCIEDADE PÁGINA 7 GOVERNO ZANGA-SE COM EMPRESA QUE FORNECE O GÁS NATURAL POLÍTICA PÁGINA 4 PÁGINA 2 A criatividade tem mais de mil faces e outros temas ENTREVISTA CENTRAIS DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 3 DE ABRIL DE 2014 ANO XIII Nº 3064 HENRIQUE SILVA (BIBITO) hojemacau

Hoje Macau 3 ABR 2014 #3064

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Hoje Macau N.º3064 de 3 de Abril de 2014.

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O professor/activista, que a Universidade de Macau processou, passa ao contra--ataque. Garante nunca ter insultado nenhum colegae que, se for despedido,não se coibirá de revelar “alguns documentosoficiais”.

A quinta do BillAGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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STUDIO CITY VAI CONTRATAR. E TER500 MESAS DE JOGO

SOCIEDADE PÁGINA 7

GOVERNO ZANGA-SE COM EMPRESA QUE FORNECE O GÁS NATURAL

POLÍTICA PÁGINA 4

PÁGINA 2

A criatividade tem mais de mil faces e outros temas

ENTREVISTA CENTRAIS

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q U I N TA - F E I R A 3 D E A B R I L D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 6 4

HENRIQUE SILVA (BIB ITO)

hojemacau

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Chou afirma que, caso o resultado do processo disciplinar venha a ser o despedimento, alguns documentos confidenciais vão ser tornados públicos

2 hoje macau quinta-feira 3.4.2014POLÍTICA

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Associação Novo Macau entregou carta ao Governo sobre violência doméstica Concertação social liderada por Wong Chi HongO coordenador do Gabinete de Recursos Humanos (GHR) será o coordenador do conselho permanente de concertação social. A decisão do secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, foi ontem publicada em Boletim Oficial (BO) e determina ainda que Sou Tim Peng, director dos Serviços de Economia (DSE) seja o coordenador-adjunto. Vong Kok Seng e o deputado Sio Chi Wai também foram nomeados, bem como Tam Pou Iong e Lei Chan U, que irão representar os trabalhadores. U Kin Cho, José Tang Kuan Meng e o deputado Lau Veng Seng representam o patronato, sem esquecer os restantes membros substitutos. Teng Nga Kan será a secretária-geral do conselho.

JOANA [email protected]

CECIL IA L [email protected]

A Universidade de Macau (UM) con-tinua a insistir que o processo disci-

plinar interposto a Bill Chou nada tem a ver com as activi-dades políticas do académico, mas o professor não concorda. Ao HM, Bill Chou – que teve a primeira audiência disciplinar na semana passada – explica que não pode falar muito sobre o assunto, algo que só fará no caso de sofrer consequências graves na sua carreira na UM. “O procedimento disciplinar deve ser ser confidencial, por isso, neste momento não posso contar mais. Ontem, numa carta da UM, disseram que o procedimento disciplinar não tem qualquer ligação com minha acção política, mas não acredito.”

Chou, que é professor de Ciência Política há mais de uma década na UM, afirma que a instituição lhe garantiu que o procedimento disci-plinar só se aplica quando os funcionários violam os regulamentos internos ou a

BILL CHOU ACREDITA QUE PROCESSO TEM A VER COM ESCOLHAS POLÍTICAS

“Não vi como possa ter desrespeitado colegas”

moral profissional dos cole-gas. Isto mesmo já tinha dito a universidade, que frisou que o processo contra o professor se deveu a “desobediência” e “desrespeito” para com as regras e os colegas. O anúncio do processo, contudo, foi feito após Bill Chou ter tornado público que fazia parte da Associação Novo Macau, conhecida por manifestações políticas e casa dos deputados do campo pró-democrático. A UM diz que não há quaisquer relações, mas Chou suspeita da afirmação. “Não vi regras claras para tenha desrespeita-do a moral de outros profissio-nais, por isso duvido que tenha ligação com isso.”

O académico não quis revelar mais pormenores do caso, uma vez que “quer res-peitar a confidencialidade do processo e a UM”, mas diz ao HM que, caso o resultado do processo disciplinar venha a ser o despedimento, alguns documentos confidenciais vão ser, então, tornados pú-blicos. Para já, no entanto, não há quaisquer medidas contra o professor, que, frisa, não sabe o que vai aconte-cer no futuro. Chou não foi avisado sobre quando será a data da próxima audiência.

O professor – que ainda revelou ter notas altas na avaliação – chegou a receber uma distinção da UM, mas o prémio não foi especial-mente entregue a Bill Chou, que explica ao HM que este é um galardão que todos os professores recebem após trabalharem mais de dez anos na instituição. O HM tentou contactar a UM para obter um comentário sobre a situação, mas tal não foi possível.

A Associação Novo Macau (ANM) entre-

gou ontem uma carta ao Governo sobre a violência doméstica. Os repre-sentantes da associação querem marcar o facto de o Governo ter prometido que o projecto de lei con-tra a violência doméstica iria ser entregue no pri-meiro trimestre deste ano à Assembleia Legislativa (AL), mas não o fez. A ANM chegou ao meio dia à sede do Governo para entregar a carta onde pede ainda que o Governo permita que todos os actos de violência doméstica sejam crime público e incluam as relações entre

casais do mesmo sexo. Sou Ka Hou, membro da ANM, criticou o facto de Macau querer ser uma ci-

dade internacional, mas, até agora, não ter ainda legislação para combater e prevenir a violência

doméstica. “É uma piada internacional.”

Recentemente, o Go-verno referiu que a vio-

lência doméstica poderia passar a crime público no caso de a violência ser continuada. A Novo Macau diz não perceber a ideia. “Como é que se define que é repetido?”, questiona Sou Ka Hou, que consistas que isto só vai fazer com que as autoridades tenham mais dificuldade em resolver os casos de violência do-méstica. “Vai haver inter-mináveis disputas, se for classificado dera forma. Nunca vai ser possível ini-ciar o acompanhamento das medidas de protecção às vítimas, sendo que se vai tolerar mais violência na sociedade.”

O professor da UM garante que não desrespeitou ninguém. E que o querem tramar por ser civicamente activo

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3 políticahoje macau quinta-feira 3.4.2014

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O regime de con-tratação dos trabalhadores da função pú-

blica “já entrou em processo legislativo”, estando “neste momento a ser discutido no Conselho Executivo”, revelou ontem o presidente da 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa.

De acordo com a Rádio Macau, a secretária para Administração e Justiça Florinda Chan informou os deputados que o diploma “vai ser apresentado à As-sembleia Legislativa muito em breve”. Para Cheang Chi Keong, “o Governo foi muito claro quanto à uniformização da forma de contratação”.

Ainda segundo Cheang Chi Keong, a proposta de está quase pronta para ser votada na especialidade, sendo que os assessores da Assembleia já preparam o parecer, que deve ser assi-nado na próxima semana.

O diploma não suscita qualquer controvérsia no seio da Comissão que, no

CECÍLIA L [email protected]

Z HENG Anting quer saber como é que o Governo trata o

lixo electrónico - como computadores, por exem-plo. O deputado entregou ontem uma interpelação escrita ao Executivo, onde insta as autorida-des a tornar públicas as medidas de reciclagem para os componentes de material tecnológico que acabam no lixo.

O deputado realça que o desenvolvimento tecnológico muito rápi-do leva a que as pessoas actualizem os seus ‘gad-gets’ frequentemente, fazendo com que se acumule muito deste tipo de lixo. “Como as televisões, computado-res e telefones celulares contêm uma grande quantidade de chumbo, cádmio, mercúrio e outras substâncias tó-xicas, se este lixo não for devidamente tratado pode constituir perigo grave para a saúde dos

Song Pek Kei preocupadacom folhetos pornográficos

A deputada Song Pek Kei entregou uma inter-pelação escrita ao Governo onde questiona

a distribuição de folhetos pornográficos nas ruas, considerando que ainda não se obteve um avanço e que isso está relacionado com o “atraso na lei”, em vigor há mais de 30 anos. “É preciso fazer uma revisão da lei. O decreto-lei estabelece medidas para a venda, exposição e exibição pública de material pornográfico e obsceno está atrasado e já não tem efeito ao nível da conde-nação.” A deputada lembrou que muitos casos foram considerados infracções administrativas, com base no Regulamento Geral dos Espaços Públicos. Segundo esta legislação, o infractor apenas necessita de pagar uma multa. - C.L.

Wong Kit Cheng pede mais terapeutas para crianças

A deputada Wong Kit Cheng cita na sua interpelação escrita dados da Organização

Mundial de Saúde (OMS) que estimam que em Macau há cerca de 1400 com atraso ao nível do desenvolvimento. Como há falta de serviços, estima-se que cerca de 1000 nunca receberam tratamento. Com base nestes dados a deputada questiona o Governo sobre a vinda de três tipos de terapeutas profissionais que vêm para Macau se vão também cuidar deste tipo de crianças. Wong Kit Cheng, que já trabalhou como enfer-meira, pede que o Governo crie um sistema de intervenção e prevenção precoce com vários departamentos, incluindo a criação de um pro-grama de triagem auditiva aos recém-nascidos, por forma a detectar a patologia mais cedo, para que se possa intervir no tratamento. - C.L.

GOVERNO REGIME UNIFORME DE CONTRATAÇÃO EM BREVE NA AL

Igual para todos

ZHENG ANTING PREOCUPADO COM LIXO ELECTRÓNICO

Para onde vai o seu velho computador?

entanto, vai adiantando com o Governo o debate sobre outros temas que dizem respeito à função pública.

Um deles é a comissão de avaliação das remunera-ções, revelou Cheang Chi Keong: “Temos sugerido

alguns melhoramentos, es-pecialmente sobre o regime, os mecanismos, para que sejam mais razoáveis, para não se convocarem reuniões apenas aquando da actua-lização dos vencimentos, para se realizarem análises e

estudos sobre os respectivos mecanismos, por exemplo, sobre a actualização salarial por escalonamento”.

A rádio avançou ainda que a actualização por diferentes categorias foi outro dos temas debatido

na reunião de ontem. A criação de dois escalões pode beneficiar quem ganha menos, explicou Cheang Chi Keong, acrescentando que deputados e Executivo vão aprofundar o diálogo.

“O Governo vai dialogar

com a Comissão sobre essa questão de forma a encontrar uma solução para que a taxa de actualização relativa-mente às camadas de base da função pública possa ser um bocado superior à taxa de actualização dos que auferem índices mais altos”, conclui o deputado.

Cheang Chi Keong reve-lou ainda aos jornalistas que Florinda Chan disse estar atenta e que já tem levado a cabo trabalhos sobre esta questão.

moradores e do meio ambiente.”

Zheng Anting real-ça que, para evitar que este lixo se torne uma ameaça, muitos países e regiões já tomaram medidas para tratar a sua recolha. Contudo,

diz, Macau ainda não tem nem a tecnologia, nem as instalações para lidar com o lixo electró-nico, nem tem políticas para que isso aconteça no futuro.

“O lixo electrónico, agora, é depositado nos

aterros de construção, mas o ambiente de Macau vai ser seria-mente afectado por isto. Pergunto, por isso, se o Governo vai estabe-lecer a tecnologia e as instalações para o trata-mento deste lixo, bem

como alertar o público sobre o tratamento que deve ser dado.”

A reciclagem é ou-tro dos pontos de enfo-que do deputado, que quer saber se o Governo tem planos para reciclar os resíduos velhos.

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hoje macau quinta-feira 3.4.20144 política

TELEVISÃO SOCIEDADE DO GOVERNO PARA CANAIS BÁSICOS EM FUNCIONAMENTO A 22 DE ABRIL

Ajuste directo em nome do interesse públicoJOANA [email protected]

C HUI Sai On autorizou ontem que os serviços de transmissão de canais básicos fossem adjudica-

dos sem necessidade de concurso público. O anúncio foi publicado

21 de Abril, a empresa – totalmente pertencente ao Governo – vai estar efectiva a partir de dia 22/04. Para conseguirmos fornecer os serviços de que falámos, é necessário fazer o ajuste directo.”

A TV Cabo deteve a exclusivi-dade da emissão de canais já desde a administração portuguesa, mas a presença dos anteneiros em Macau nunca deixou de acontecer. Estes são empresas de antenas comuns cuja transmissão de serviços televisivos é, de acordo com o tribunal, ilegal.

A ordem da justiça era de que os anteneiros terminassem a emissão de canais em três meses, mas a DSRT conseguiu arranjar maneira de celebrar um acordo entre as empresas e a operadora de Cabo.

O acordo foi visto como a “única solução viável”, segundo o Governo, para restaurar a legali-dade das transmissões televisivas, resolvendo um “problema históri-co” e permitia que os anteneiros pudessem transmitir 40 canais.

O acordo expira quando termi-na, sendo que também o contrato entre a TV Cabo e o Governo expira em Abril. O Governo, contudo, anunciou que o contrato de concessão com a TV Cabo será renovado, apesar de garantir que o mercado vai ser liberalizado.

O Governo de Macau, através do Gabinete para o Desenvolvi-

mento do Sector Energético (GDSE), exigiu ontem à empresa que detém o exclu-sivo do fornecimento de gás natural à RAEM, a Sinosky Energy (Holdings) Co., Ltd., que “respeite o seu compro-misso, submetendo, o mais rapidamente possível, o plano de fornecimento de gás a longo prazo, que viabilize garantir o fornecimento fiá-vel e preços razoáveis do gás e, que cumpra as obrigações e responsabilidades de forne-cimento de gás, importando e transportando o gás natural para Macau”, esclareceu um comunicado do gabinete.

Segundo o documento, a Sinosky tinha-se compro-metido a entregar ao Gover-no, até ao fim de Março, o plano de fornecimento de gás a longo prazo com os devidos ajustamentos fei-tos. Mas, já ultrapassado o prazo, o Governo continua

GOVERNO PRESSIONA FORNECEDOR DE GÁS NATURAL

À espera do plano pedidoà espera O GDSE diz que já mantiveram inúmeras reuniões e negociações, tendo exigido à Sinosky a adopção das medidas necessárias que permitam garantir um serviço de fornecimento de gás natural estável a Macau e a preços razoáveis.

Detendo a Sinosky a exclusividade da impor-tação e transporte do gás natural para Macau, fazem parte das suas atribuições encontrar fontes de oferta de gás e importá-lo. À concessionária, no caso de interrupção do fornecimento de gás, cabe-lhe assumir as consequências.

Desde 2010 que, se-gundo afirma o Governo, o GDSE tem vindo a exigir à Sinosky a entrega do plano

de fornecimento de gás mas nada aconteceu. Assim as autoridades afirmam não te-rem condições que permitam proceder à revisão do que chamam gate price.

Contudo, no ano pas-sado, em Abril, a Sinosky entregou um contrato de fornecimento de gás a lon-go prazo, de 2014 a 2021. Porém, o GDSE não gostou

do seu conteúdo porque, segundo refere , o contra-to apresentado “continha aspectos menos razoáveis, entre eles, não garantia um fornecimento seguro do gás a longo prazo, o forne-cimento do gás não se adi-vinhava estável, o contrato era omisso relativamente às penalidades para eventuais interrupções do forneci-mento de gás, bem como era pouco razoável no aspecto do preço do gás”.

É que a proposta da Sinosky previa aumentos de preços quase para o do-bro, em relação aos preços anteriores. Assim, segundo o Governo, caso aceitasse esta proposta, tal significaria que o custo de produção de electricidade aumentaria para cerca do dobro, o que “resultaria num impacto na vida dos cidadãos”.

Por diversas vezes, o Governo terá instado a Si-nosky a proceder à alteração do plano de fornecimento

de gás, recorrendo a ne-gociações com potenciais fornecedores de gás natu-ral a montante, de modo a solucionar os problemas relativos à fiabilidade, estabilidade e aos preços de fornecimento de gás natural, que subsistem no contrato de longo prazo.

Contudo, até agora, a Sinosky “não obteve progressos substanciais na resolução dos problemas”. E, por outro lado, “não cumpriu o compromisso assumido de entregar, até ao fim do mês de Março, o plano de fornecimento de gás a longo prazo com os ajustes e alterações ne-cessários, de acordo com o que lhe foi exigido, o que fez com que, ao longo deste tempo todo, o contrato, que integra o plano, não pudesse ter sido aprovado.”

O Governo, no entanto, não esclarece quais vão ser as suas próximas medidas para resolver este problema.

em Boletim Oficial e, de acordo com o que explicou a Direcção dos Serviços de Regulação de Teleco-municações (DSRT) ao HM, o facto diz respeito apenas à sociedade a ser criada pelo Governo.

O Chefe do Executivo justi-fica a ordem devido ao interesse público. “Cumpre proceder, com a maior celeridade possível, à con-cessão do serviço de assistência na recepção de canais de televisão básicos através de ajuste directo,

com vista a garantir o interesse da população”, pode ler-se no despacho.

A DSRT assegura que o ajuste directo é apenas acessível para a sociedade sem fins lucrativos que o Governo pretende estabelecer e que entra em funcionamento no dia seguinte ao término do contrato com a TV Cabo. “Sendo necessário proporcionar aos cidadãos o acesso a uma série de canais de televisão básicos que permitam responder às suas expectativas razoáveis e devido ao facto de o acordo entre a TV Cabo e os anteneiros expirar a

A DSRT assegura que o ajuste directo é apenas acessível para a sociedade sem fins lucrativos que o Governo pretende estabelecer e que entra em funcionamento no dia seguinte ao término do contrato com a TV Cabo

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hoje macau quinta-feira 3.4.2014

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5 política

O Instituto de Habi-tação (IH) já tem presidente. Kuoc

Vai Han, que até agora exerceu a função de presidente subs-tituta do organismo, vai ficar a tempo inteiro na posição. De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, Kuoc Vai Han foi nomeada pelo Chefe do Exe-cutivo para ser a presidente do Conselho Administrativo do IH pelo período de um ano.

A informatização dos serviços do Governo ainda pode melhorar, principalmente ao nível da segurança dos dados inseridos pelos cidadãos. Mas Chan Hoi Fan considera que ainda não foram registados problemas

ANDREIA SOFIA [email protected]

C ADA vez mais a Função Pública em todo o mundo opta por uma informati-zação dos seus serviços

por forma a facilitar processos burocráticos e a poupar tempo aos cidadãos. Em Macau, o sistema de Governo Electrónico está “numa fase de desenvolvimento” já com muitos projectos iniciados, disse ao HM Chan Hoi Fan, coordenadora do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP).

“Temos muitos serviços elec-trónicos e para os cidadãos temos o e-pass, e outros serviços semelhan-tes. Acho que podemos melhorar na área da protecção dos dados pessoais.”

A coordenadora, que falou com o HM à margem de uma palestra intitulada “E-Governo e a seguran-ça dos dados”, considerou que há ainda muito trabalho a fazer para garantir que a segurança sobre os dados inseridos pelos cidadãos, e também as informações públicas transmitidas entre departamentos, deve melhorar.

COORDENADORA DO GPDP PEDE “MELHORIAS” SOBRE DADOS PESSOAIS

Governo electrónico “na fase de desenvolvimento”

INSTITUTO DE HABITAÇÃO PRESIDENTE NOMEADA. VICE-PRESIDENTE PASSA A VOGAL DO ORGANISMO

Kuoc Vai Han é quem manda lá em casa

“É preciso ter em conta a segu-rança e as regras da lei de protecção dos dados pessoais, porque a maior parte necessita de autorização do nosso gabinete.” Contudo, “para já não houve problemas”, disse Chan Hoi Fan.

De Portugal participaram membros da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), que falaram sobre a necessidade de informatizar serviços sob o signo da transparência e participação cívica dos cidadãos.

Alberto Campos Lobo, vo-gal da CNPD, disse ao HM que

o panorama da legislação e da informatização dos serviços da Administração está ao mesmo nível do resto do mundo.

“Não tenho um conhecimento efectivo mas houve aqui uma in-tervenção onde se fez esse retrato, e parece-me que a situação em Macau não difere muito daquilo que acontece por esse mundo fora.” Em relação à lei de protecção de dados pessoais, Alberto Campos Lobo considera ser completa. “É muito semelhante à portuguesa e seguiu os princípios reconhecidos pela convenção 108 e directiva eu-

ropeia de dados pessoais. É muito equilibrada e garante os direitos dos cidadãos.”

CRIMINALIDADE INFORMÁTICA É “TENDÊNCIA”Sou Sio Keong, da Polícia Judiciária (PJ), participou na palestra onde falou sobre a criminalidade infor-mática e as estratégias de combate. O panorama não é animador: os 237 casos ocorridos em 2012 passaram para 447 casos o ano passado.

Apesar de neste ano ainda não terem ocorrido casos, “isso não quer dizer que não venham a

acontecer”, disse Sou Sio Keong. “A criminalidade informática tem elevado gradualmente e tem uma maior amplitude. Daqui a dois ou três anos haverá centenas de novas práticas deste tipo de crimes e com esta diversificação a polícia não consegue calcular e prevenir. É muito fácil desviar a investigação da polícia.”

“Não temos uma forma viável de solucionar as questões mas não vamos cruzar os braços. O crime informático em Macau será uma tendência e um problema para a sociedade em todo o mundo.”

A responsável – que vem, assim, ocupar o lugar de Tam Kuong Man, que se aposentou – já ocupa o cargo desde o dia 1 de Janeiro, mas só agora foi tornado oficial. Também no mesmo despacho ontem publicado fica a saber-se que Ieong Kam Wa, até agora vice--presidente do organismo, passa a ser vogal.

Os dois responsáveis entram ainda no Conselho

Administrativo do Fundo de Reparação Predial do IH, sendo que Kuoc Vai Han mantém o mesmo cargo também aqui e Ieong Kam Wa exerce a posição de presidente suplente. O fundo de reparação predial foi criado em 2007, com o objectivo de prestar apoio em matérias relacionadas com as obras e gestão ad-ministrativa dos edifícios. O Fundo abrange cinco planos de apoio financeiro e de crédito sem juros para reparação de edifícios e para apoiar os residentes na criação de comissão admi-nistrativa, entre outros. - J.F.

A responsável já ocupa o cargo desdeo dia 1de Janeiro,mas sóagora foi tornadooficial

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• Reservas por telefone

• Serviço de mesa

• Facturação e despedida

• Trabalho de equipa

• Instalação e Higiene

• Qualidade dos alimentos

• Higiene alimentar

ALGUNS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

6 hoje macau quinta-feira 3.4.2014SOCIEDADE

ANDREIA SOFIA [email protected]

“A Casa do Infan- te é um dos edifícios mais antigos da ci-

dade. Lá nasceu o Infante D. Henrique, que era filho de D.João I, um dos reis de Por-tugal.” “Porque é que a Casa do Infante é famosa? Quem era o Infante D. Henrique?” “O hotel Moinho de Vento está situado no centro de Lisboa. Onde fica o hotel Moinho de Vento?”

O excerto do texto e as perguntas fazem parte do exame de língua portuguesa para entrar na Universidade de Macau (UM). Já no exame de inglês do Instituto Politécnico de Macau (IPM) surgem exer-cícios de gramática e vocabu-lário, bem como perguntas de escolha múltipla a um simples texto sobre a cidade de Sieam Reap, no Cambodja.

ESCOLAS NÃO PREPARAM ALUNOS PARA EXAMES, AVISAM ACADÉMICOS

A ausência de unificação traz dificuldadesOs actuais exames de acesso ao ensino superior são feitos pelas universidades e respondem a diferentes critérios, com um nível de dificuldade também variado. Dois académicos consideram que os actuais currículos não preparam os alunos para a compreensão do exame

LEONOR SÁ [email protected]

A Direcção dos Servi-ços de Turismo de Macau (DST) referiu

ontem, dia 2 de Abril, quais os critérios que irão vigorar no próximo Programa de Avalia-ção de Serviços Turísticos de Qualidade, que visa avaliar a qualidade dos serviços dos estabelecimentos de restau-ração de Macau.

Segundo a organização, “este programa visa definir os padrões de qualidade dos ser-viços na indústria do turismo” e “reconhecer as empresas e profissionais do sector que prestam serviços relevantes e impulsionar uma gestão de serviços de alta qualidade”.

Em conferência de im-prensa, a directora dos Serviços de Turismo, Maria

DST CRIA PROGRAMA DE AVALIAÇÃO A ESTABELECIMENTOS ALIMENTARES

Todos à prova pela primeira vez

Numa altura em que se debate a criação de um exa-me único, o HM teve acesso aos actuais exames de acesso ao ensino superior, nas áreas de português, matemática, inglês e chinês, referentes ao ano lectivo de 2013\2014, e pediu a dois académicos para analisar o grau de dificulda-de dos mesmos.

Teresa Vong, da UM, considera que o exame de português é “bastante fácil” e dirigido, decerto, a “alunos com o nível 3 de português como língua estrangeira”. Em relação aos restantes, “estão bem”.

Lou Shenghua, docente do IPM que chegou a co-laborar na elaboração de exames de chinês, considera que o grau de dificuldade “é bom”, mas que varia de es-cola para escola. “Considero que o nível de dificuldade do exame chinês é mediano, mas depende do nível que

as escolas oferecem. Se for uma escola onde se ensina um nível mais alto de chi-nês, se calhar os alunos vão achar o exame fácil. Mas no geral penso que o nível de dificuldade está bom”, disse ao HM.

No seu caso, foram consultados “materiais de escolas diferentes, incluindo as escolas de associações dos Kai Fong, Tung Sin Tong ou FAOM. E também as escolas religiosas. Assim as exigências dos exames não se cingiram a uma única escola”.

ESCOLAS NÃO ESTÃOA PREPARAR Lou Shenghua afirma sem rodeios que “o grande problema em Macau é as escolas utilizam materiais diferentes”, o que traz dife-rentes graus de dificuldade. “Nas secções inglesas, como no colégio Santa Rosa

de Lima, acho que não há problema para os alunos. Este tipo de escolas ensinam o chinês, mas se tiverem dificuldades vão ter me-

lhores notas no inglês. Por isso, somando os exames, quem tiver nota mais baixa no chinês terá melhor em inglês, por exemplo.”

Teresa Vong também chama a atenção para a falta de unificação do sistema.

“Para alguns alunos é difícil, porque quem está numa secção inglesa tem mais dificuldades no chinês ou português. Os exames estão bem, mas não são iguais para todos e cada universidade tem os seus. Depois cada escola tem as suas práticas e não temos um sistema unificado. Mesmo que os Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) tenham um guia para os currículos, não temos uma linha de orientação para os materiais de ensino. Muitos dos livros utilizados vêm de Hong Kong ou da China.”

Isso faz com que, na opinião da académica, “os currículos do ensino secun-dário não preparem bem os alunos para os exames, a ler e a compreender. As escolas não estão a preparar os alunos para este tipo de informação”.

Em relação ao exame único, cuja criação ainda está a ser debatida, Teresa Vong pede que não seja criada uma linha de “discrimina-ção”. “Será que vai de facto reflectir as capacidades dos alunos? Podemos produzir falhados, porque muitos podem ficar de fora.” Lou Shenghua pede que todos os materiais das escolas sejam tidos em conta, para que não se criem “situações de injustiça” para com os alunos. “As escolas que não foram consideradas as notas vão ser mais baixas.”

O HM entrou em contac-to com o IPM, que apenas referiu que são os docentes a preparar os exames e que, segundo o regulamento, “têm o direito a escolher as perguntas”. A UM não respondeu aos contactos, enquanto que o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) disse apenas estar a recolher e a analisar as opiniões para o novo exame unificado, sem comentar o grau de dificuldade dos actuais exames.

Helena de Senna Fernan-des, afirmou que existem dois tipos de critérios de avaliação (obrigatórios e facultativos) e que os di-ferentes estabelecimentos vão concorrer entre si para o prémio final. Os restaurantes encontram-se divididos em quatro categorias: restauran-tes de luxo, restaurante de primeira classe, de segunda classe e estabelecimentos de comidas e bebidas. unda

classe e estabelecimentos de comidas e bebidas. ro categorias: restaurantes de luxo, restaurante de primeira classe, de seg

A escolha dos premiados vai focar-se na qualidade dos serviços prestada pelos estabelecimentos, indepen-dentemente da categoria a que pertencem. Segundo K. T. Ting, director geral de marketing da Hong Kong Quality Assurance Agency, “nem sempre os restaurantes de luxo têm melhor desempe-nho que os estabelecimentos de comes e bebes”.

A avaliação deverá ter a estratégia do “cliente misté-rio” como base para apurar a forma como os empregados lidam com o processo de re-servas de mesa e de pedidos dos consumidores no local, por exemplo.

Os estabelecimentos alimentares que pretendam participar no programa de-vem inscrever-se até ao final deste mês para começarem a ser avaliados entre Maio e Outubro. De acordo com a directora dos Serviços de Turismo, “o mais importan-te é sensibilizar os traba-lhadores” para que saibam lidar com os clientes.

O prémio final – a ser anunciado no final de 2014 – vai ser entregue aos esta-belecimentos que obtiverem mais pontos por parte dos elementos de avaliação. O mesmo prémio poderá vir a ser retirado se, ao longo dos próximos dois anos, os esta-belecimentos contemplados não mantiverem o nível de qualidade inicial.

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7 sociedadehoje macau quinta-feira 3.4.2014

A estratégia da Melco para atrair pessoal passa por bons salários e bolsas de estudo. O Studio City, apesar de tudo o que fora prometido, vai mesmo ter jogatana

JOANA [email protected]

A Melco Crown precisa de cerca de oito mil pessoas para trabalhar no novo empreendi-

mento da operadora no Cotai. A notícia é avançada pela imprensa norte-americana e pela agência Bloomberg, que indicam ainda que a empresa tem uma forma de atrair o pessoal de que precisa: “Oferecem salários competitivos e bolsas de estudo de gestão.”

LEONOR SÁ [email protected]

A primeira reunião plenária da comissão de desenvolvimento

de talentos aconteceu ontem, dia 2 de Abril, na sede do Governo de Macau. Segun-do uma nota de imprensa, a recentemente criada comis-são de desenvolvimento de talentos tem como principais objectivos “definir, planear, e coordenar uma estratégia de formação de talentos da RAEM” e criar programas de formação e qualificação de quadros superiores.

A aposta do Governo deverá incidir sobre jovens de Macau que estejam a es-tudar fora do território, acção que vai contar com o apoio

STUDIO CITY MELCO COMEÇA A CONTRATAR NO FINAL DO ANO. EMPREENDIMENTO TEM MESAS DE JOGO

A nova cartada de Lawrence HoLawrence Ho sabe que está em competição permanente com a Galaxy e com a Sands China, uma vez que as operadoras têm obras em andamento no Cotai e que planeiam abrir brevemente

REUNIU PELA PRIMEIRA VEZ A COMISSÃO DE TALENTOS

De lupa em riste

COMISSÃO COM VERBA DE OITO MILHÕES O Governo decidiu atribuir uma verba superior a oito milhões de patacas para a comissão de desenvolvimento de talentos, sendo que quase 5,8 milhões se destinam a despesas com pessoal e cerca de 2,5 milhões com bens e serviços. A decisão foi publicada ontem em Boletim Oficial (BO) e é assinada pelo secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam.

A empresa vai começar a con-tratar para o Studio City no final do ano, seis meses antes do prazo em que está planeado que abra o novo empreendimento. Numa entrevista, Lawrence Ho, director executivo da empresa, assegurou que a Me-lco “está disposta a desenvolver o pessoal e a pagar-lhes bem”.

O responsável não avança números, mas sabe que está em competição permanente com a Galaxy e com a Sands China, uma vez que as operadoras têm obras em andamento no Cotai e que planeiam abrir brevemente, após o Studio City.

A falta de mão-de-obra em Macau não é um problema único para os casinos. A importação de trabalhadores não-residentes não tem sido uma política que os de-putados estejam muito a favor, mas economistas do território prevêem que o Cotai venha a precisar de cerca de 50 mil trabalhadores. No ano passado, a MGM anunciou que iria necessitar também de oito mil pessoas para o novo empreen-dimento no local.

MESAS PARA LAWRENCEEm Janeiro do ano passado, o HM avançou que o Macau Studio

City iria “sem qualquer dúvida” ter mesas de jogo, citando fontes conhecedoras do processo. O Go-verno negou que tal fosse possível, mas voltou atrás posteriormente, havendo versões diferentes tanto dentro do próprio Executivo, como entre Governo e empresa.

A Melco apontava para ter uma capacidade para mais de 1500 mesas de jogo, mas Lau Si Io, secretário para as Obras Públicas e Transportes, veio a terreiro em

2012 garantir que não estava a ser considerado qualquer casino para o Macau Studio City.

Posteriormente, Jaime Carion, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, ga-

rantiu a mesma coisa. E a polémica estalou quando, em Outubro de 2012, Francis Tam, secretário para a Economia e Finanças, admitiu que houve um pedido de abertura de casino no novo hotel da opera-dora Melco Crown antes de 2008, solicitação essa que, garantida pela mesma direcção, iria ser considera-da o ano passado, tal como os outros quatro projectos para o Cotai.

Ora, na entrevista citada pela Bloomberg, é noticiado que a Melco “planeia equipar o resort com 500 mesas de jogo e mais de 1500 slot-machines”, apesar de ser provável que a operadora consiga todas as mesas ao mesmo tempo.

diferentes grupos de traba-lho com funções distintas. Um dos grupos vai “atrair talentos para voltarem [para o território] e contribuírem para Macau”, afirmou Sou Chio Fai, director do Ga-binete de Apoio ao Ensino Superior.

Foram também defini-dos os critérios gerais para a selecção de talentos, sendo que, nesta fase, o governo

vai trabalhar juntamente com a China e os países lusófonos.

Sou disse ainda que vai ser dada especial atenção aos indivíduos bilingues (portu-guês e chinês) que poderão vir a trabalhar em países de língua portuguesa. Deverá também ser criada e actu-alizada uma base de dados dos quadros qualificados de Macau, para que a selecção de talentos seja mais eficaz.

Ponto assente é que os talentos escolhidos vão pas-sar a ter novas oportunidades de formação académica e profissional em Macau. Para já, a comissão assegurou que as reuniões vão continuar e que os grupos de trabalho deverão anunciar novas decisões em breve.

e participação de entidades locais, regionais e internacio-nais, como universidades ou empresas.

Os membros presentes na reunião confirmaram, ainda, a criação de três

500mesas de jogo para começar. É este

o plano da Melco para o Studio City

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8

As Filipinas apresentaram uma queixa, sustentada por milhares de “provas”, no Tribunal Internacional de Haia contra Pequim, a pro-pósito da disputa de ilhas e recifes no Mar do Sul da China, apesar do governo chinês garantir que não respeitará qualquer arbitragem internacional e que a acção de Manila vai prejudicar as relações entre os dois países.

O ESSENCIAL

hoje macau quinta-feira 3.4.2014CHINA

A S Filipinas apresentaram no domingo passado provas a um tribunal internacional contra as

reivindicações territoriais da China no Mar do Sul da China, apesar da China ter alertado de que o caso afec-taria as relações entre os dois países.

O ministro dos Negócios Es-trangeiros das Filipinas, Albert del Rosario, disse que os documentos enviados para o tribunal em Haia possuem quase 4 mil páginas de análises e provas documentadas.

As autoridades filipinas envia-ram as suas disputas territoriais com a China para arbitragem internacional em Janeiro de 2013, depois de navios do governo chinês terem assumido o controlo de uma região disputada na costa noroeste das Filipinas. Os representantes do governo filipino pediram ao tribunal para que declare ilegais as reivindi-cações da China sobre cerca de 80% de águas estratégicas e a ocupação por Pequim de oito locais de recifes no Mar do Sul da China.

O porta-voz do MNE chinês, Hong Lei, disse que a China nun-

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China expressou satisfação esta

segunda-feira com os comentários do secretário de Defesa norte-ame-ricano de que os Estados Unidos iriam exercer moderação no uso militar do ciberespaço, mas acres-centou que Pequim espera que o discurso seja colocado em prática.

O secretário da Defesa, Chuck Hagel, disse que o Pentágono procura ser “aberto e transparente” sobre as suas capacidades cibernéticas e intenções com aliados e competido-res, preparando o terreno para uma viagem à China no próximo mês.

Hagel também pediu contenção no ciberespaço a outras nações, dizendo que os Estados Unidos

Imobiliário Anunciadas regras anti-corrupçãoA China anunciou planos para combater a corrupção e o abuso de poder no sector de imóveis, informou a imprensa estatal. Os planos anti-corrupção são parte de um programa de urbanização destinado a apoiar a reestruturação da economia da China. As regras estabelecidas definem condições para aplicação, alocação, uso e locação de habitação pública, bem como subsídios e supervisão administrativa, informou a agência oficial de notícias Xinhua. As regras irão fortalecer as penas por fraude e uso ilegal de habitação pública e especificar os governos e departamentos responsáveis bem como as condições que caracterizam abuso de poder, negligência do dever, suborno e fraude, revelou a Xinhua.

ILHAS FILIPINAS ENVIAM PROVAS CONTRA CHINA PARA TRIBUNAL INTERNACIONAL

Pequim recusa mediação externaManila avançou para Haia, sem o acordo de Pequim. A China diz que prefere negociações bilaterais

O governo filipino instou outros países a juntarem-se ao seu caso, mas nenhum deles até agora o fez publicamente

CIBERESPAÇO PEQUIM ESPERA QUE WASHINGTON CUMPRA PROMESSAS

Das palavras e dos actosquerem promover as qualidades da Internet que a tornaram um “catalisador para a liberdade e prosperidade”.

Pequim e Washington discutem há meses a questão dos ataques cibernéticos, cada um acusando o outro de invadir importantes sites governamentais.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hong Lei, disse que a China atribui grande importância aos comentários de Ha-gel e que a Internet deve ser usada para promover o desenvolvimento e o bem-estar das pessoas.

“Manter a paz na Internet e evitar a guerra cibernética estão de acordo com os interesses da China e dos Estados Unidos”, disse Hong.

“Esperamos que os Estados Unidos possam sinceramente transformar seus comentários em políticas e acções e trabalhar com a China para criar um espaço on-line pacífico, aberto, cooperativo e seguro.”

No início deste mês, o jornal The New York Times e a revista alemã Der Spiegel afirmaram que o governo dos Estados Unidos espio-

nou a empresa de telecomunicações chinesa Huawei Technologies Co. Na semana passada, o Ministério da Defesa da China disse que vai refor-çar a sua segurança na internet após a reportagem, e acusou os Estados Unidos de hipocrisia.

A Casa Branca disse que os Estados Unidos não espiam para ganhar vantagens comerciais.

ca aceitará, nem participará de qualquer arbitragem internacional pedida pelas Filipinas.

O governo filipino instou outros países a juntarem-se ao seu caso, mas nenhum deles até agora o fez publicamente. China, Brunei, Ma-lásia, Filipinas, Taiwan e Vietname travam disputam em torno do Mar do Sul da China.

PEQUIM REAGEUma eventual arbitragem inter-nacional sobre a disputa do Mar

do Sul da China, pedida pelas autoridades filipinas, “vai causar um grande prejuízo às relações entre os dois países, ao invés de resolver o problema”, reagiu Sun Xiangyang, o encarregado interino da embaixada chinesa em Manila.

Segundo o diplomata, a entrega de uma disputa à arbi-tragem internacional precisa de um acordo firmado pelos dois lados, mas as Filipinas não agi-ram dessa maneira. Sun avalia que a promoção da arbitragem

internacional, sem considerar a posição chinesa, vai prejudicar os laços bilaterais.

Sun reiterou que as autoridades filipinas apresentaram a arbitragem de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, cuja jurisdição não cobre o território de ilhas disputadas pela China e Filipinas. A China tem o direito de não aceitar o resultado da arbitragem, disse o diplomata.

Também o jornal oficial da China, Diário do Povo, publicou esta terça-feira, um artigo de opi-nião, em que acusa as Filipinas de conspiração política contra Pequim e de violação das leis internacionais.

Ao entregar a questão da disputa do Mar do Sul da China à arbitragem internacional, as Filipinas estão a violar a Conven-ção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, escreveu o jornal,

sublinhando ainda que este é um caso de “abuso da história, justiça internacional e das normas básicas das relações internacionais”.

O Diário do Povo salientou que a negociação é a única forma de solucionar a disputa marítima entre os dois países. A China tem a confiança e tolerância para pro-mover a negociação directa com as Filipinas, concluiu o jornal.

EUA METEM COLHEREntretanto, a vice-porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Mary Half, disse que a China tentou travar um navio filipino que seguia para o Recife Ren’ai, considerando a acção como uma provocação que poderá causar instabilidade na região. A responsável afirmou desejar que a China evite acções semelhantes e permita as movi-mentações filipinas no local.

Mas Hong Lei respondeu que a China detém a soberania das Ilhas Nansha, incluindo o Recife Ren’ai, apelando ainda aos EUA para que não façam afirmações irresponsá-veis e actos de provocação sobre este assunto.

Em relação a essa afirmação, Hong Lei disse que a China vai agir com determinação para salvaguar-dar os seus direitos. A parte filipina é responsável pelas disputas e actos de provocação, disse Hong Lei.

Hong Lei Albert del Rosario

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9 chinahoje macau quinta-feira 3.4.2014

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Doze operários encurraladosapós desabamento de túnel

A S chuvas torrenciais e consequentes inunda-ções que têm afectado

nos últimos dias o sul da China causaram pelo menos 21 mortos, informou ontem o Ministério de Assuntos Civis chinês.

As fortes chuvas, que se tem registado em sete provín-cias, têm afectado diariamente 1,16 milhões de pessoas, das quais 17 mil foram obrigadas a abandonar as suas casas devido ao temporal.

A S exportações portuguesas para a China cresce-ram 8,78% nos

primeiros dois meses do ano, para cerca de 1,5 mil milhões de patacas, contrariando a que-da de 10% em 2013, indicam estatísticas oficiais chinesas divulgadas esta terça-feira.

“É uma tendência clara-mente positiva, mas temos de estar conscientes que a qualidade das nossas rela-ções comerciais não pode ser avaliada através de um curto período de tempo”, comentou à agência Lusa o embaixador de Portugal na China, Jorge Torres--Pereira. “O que interessa é manter essa tendência”, acrescentou.

Pelas contas da Adminis-tração-geral das Alfandegas chinesas, em Janeiro e Feve-reiro de 2014, o comércio lu-so-chinês aumentou 13,9% em relação a igual período de 2013, para cerca de 5 mil milhões de patacas, com um saldo que se mantém larga-mente favorável à China.

As exportações chinesas para Portugal aumentaram 16,46% em relação a Janeiro

Tibete Terramoto danifica 134 casas

2014 EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS AUMENTARAM

Perda invertidae Fevereiro de 2013, soman-do cerca de 3,3 mil milhões de patacas.

Entre os países de língua portuguesa, o Brasil conti-nua a ser o maior parceiro da China, seguido de Angola, e em ambos os casos, o comér-cio registou um crescimento de dois dígitos nos primeiros dois meses de 2014.

As exportações portugue-sas para a China caíram 10% em 2013, devido sobretudo à diminuição das vendas de veículos, que registaram uma redução de 75%.

8,78% é o valor do aumento das

exportações portuguesas para

a China nos primeiros dois

meses de 2014

O terramoto de 5,5 graus na escala Richter, que

atingiu esta segunda-feira o distrito de Nyima, no Tibete, provocou danos em 134 casas, informou o gabinete de emergência lo-cal. Segundo o gabinete, o tremor de terra não causou a morte de nenhum habi-tante ou animal doméstico. Para já, a ordem tem vindo a ser restaurada e o gover-

no local já instalou tendas para abrigar as pessoas cujas habitações foram da-nificadas. Ainda de acordo com o gabinete, o governo vai iniciar em breve os tra-balhos de recuperação das casas e de reivindicação de seguros. Além disto, as autoridades pretendem consciencializar o povo para a auto-protecção contra desastres naturais.

DOZE operários que trabalham nas obras

de uma linha ferroviária de alta velocidade no nordeste da China ficaram encurralados na sequência do desabamento de um dos túneis em construção, informou a Xinhua.

De acordo com a agên-cia oficial chinesa, que cita as autoridades locais, o acidente ocorreu cerca das 2:00 locais quando os trabalhadores reforça-vam com betão o túnel, situado perto da cidade de Hunchun.

Equipas de resgate fo-

ram destacadas para o local do acidente, estando a ser investigadas as causas do desabamento da infra--estrutura.

Com os últimos troços inaugurados no final de 2013, a rede ferroviária de alta velocidade da China superou os 10.000 qui-lómetros, esperando que ultrapasse a fasquia dos 18.000 até 2020.

A China detém assim a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, muito à frente do Japão e da França, países pioneiros nesta tecnologia.

Mais de um quinto daquela extensão superior a 10.000 quilómetros diz respeito à linha Pequim--Cantão, a mais longa do mundo, com 2.298 qui-lómetros, inaugurada há cerca de um ano.

21 MORTOS APÓS VÁRIOS DIAS DE FORTES CHUVAS

Inundação no SulQuatro pessoas continuam

dadas como desaparecidas, de acordo com a mesma fonte.

Dados oficiais ontem divulgados pelo ministério indicam que cerca de 6.600 pessoas necessitaram de as-sistência urgente, que 1.600 casas foram destruídas e que

outras 55 mil sofreram danos de diferentes amplitudes.

Os prejuízos ascendem a cerca de 760 milhões de pata-cas principalmente por causa das inundações que afectaram campos de cultivo.

As chuvas torrenciais afectam o sul da China desde

o dia 27 de Março, tendo-se verificado tempestades de granizo em algumas zonas.

A Administração Mete-orológica da China advertiu ontem que a zona deverá voltar a ser atingida por fortes chuvas e rajadas de vento, depois de as províncias de Guangdong e Guangxi terem registado má-ximos históricos a este nível durante o mês de Março.

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10 ENTREVISTA hoje macau quinta-feira 3.4.2014

LEONOR SÁ [email protected]

A propósito dos Prémios Lusos... Ganhou um bronze na categoria de Relações Públicas pelo BNU. Em que é que consistiu o anúncio premiado?Foi um filme motivacional, que tem cerca de 12 minutos. Foi um briefing que me foi dado para criar um filme que viesse, de alguma forma, a alertar os funcionários para algumas coisas que precisassem de ser melhoradas dentro da empresa. Eu tinha nove tópicos para trabalhar, para passar a mensagem. E pronto, foi criar um filme que transmitisse essas neces-sidades institucionais do banco para os seus empregados. Como é que é ser um publicitário português em Macau?Isso é complicado... Eu vivi em Macau de 1990 até 1999, portanto já tinha alguma experiência – tanto que eu costumo dizer que nasci em Macau para a publicidade. Quan-do aqui cheguei, era um designer acabado de formar e havia já gente muito boa a trabalhar neste mercado e eu cheguei cá, vim à aventura e fui trabalhar para o Instituto Cultural. Quando saí do Instituto Cultural, fui para o mercado que havia e senti, na altura, que publicidade não era uma coisa que estivesse muito desenvol-vida em Macau. Nessa altura, criei uma empresa de publicidade (a Tool

Recentemente, Joaquim Henrique, fundador da agência de publicidade Goldfish, ganhou o bronze na categoria de Relações Públicas, com um vídeo motivacional para o Banco Nacional Ultramarino (BNU). Actualmente, dirige a sua própria agência, trabalhando com empresas de Macau e da China, onde também ganhou outros prémios dentro da área

HENRIQUE SILVA (BIBITO), DIRECTOR CRIATIVO DE PUBLICIDADE, SOBRE O ESTADO DA PROFISSÃO EM MACAU

“Os casinos não procuram a criatividade local”

Design Communication), que foi, em Macau, a primeira agência mesmo direccionada para a publicidade. Eu aprendi a fazer publicidade cá em Macau, o que acho que também acabou por marcar um bocadinho o meu percurso. Fazíamos aquilo em que acreditávamos e que funcionava, não é? Há alguma mudança muito visível na publicidade do pré e do pós--transferência de soberania?Sim, houve. Naquela altura, a publicidade praticamente aqui não existia. Havia comunicação, mas não havia aquela coisa de fazer um conceito, de definir o target... Dantes, o que havia era moldado um bocadinho ao gosto de cada um, do que propriamente a pensar no público a atingir. Eu acho que, jun-tamente com as pessoas com quem trabalhava, conseguimos construir um bocadinho isso, estudando, comprando livros, olhando para o que já se andava a fazer lá fora. Era isso que nos orientava em Macau. O que é que o prémio e a Goldfish representam para Macau, neste momento?O prémio, aqui em Macau, vem demonstrar que existe uma grande divisão dos clientes de publicidade: os grandes casinos, que são quem, de alguma forma, pode ser um grande cliente de publicidade. O problema é que não olha [a indústria dos casinos]

para Macau como um fornecedor de criatividade. Os casinos não pro-curam a criatividade local. Por um lado, compreendo, porque os seus mercados não são Macau, porque os casinos querem é atrair clientes da China, de Hong Kong, de Singapu-ra, da Índia... O outro grupo são as nossas pequenas e médias empresas, que não têm uma cultura de marke-ting incutida. Como já comunicam lá fora, não precisam de o fazer cá em Macau. Não têm uma cultura de diferenciação, porque não precisam. O terceiro cliente é a Administração que, de certa forma, não olha para o marketing como uma ferramenta, mas sim como uma obrigação.

Em termos gerais, como é que caracterizaria a publicidade que se faz no território?Acho que vivemos aqui num mundo entalado entre dois mundos. Hong Kong é aquele aspiracional para onde olhamos e dizemos “gostava tanto de trabalhar em Hong Kong, aquilo é extraordinário, fazem grandes anúncios”. Depois a Chi-na é vista um bocadinho como a mainland, em que não há ainda um grande respeito pelo que se faz na publicidade. O problema é que existe a consciência de que em Macau se tem que comunicar como no Continente. O facto de aqui se “abonecar” os anúncios está muito relacionado com aquilo que se produz na China. A questão é que

temos que pensar que há 30 anos, a comunicação na China era à base da propaganda da Revolução Cultural. Acho que em Macau já temos pes-soas que entendem um bocado mais do que este tipo de comunicação, por isso, porque não olharmos para Hong Kong como referência, e não para a China? O que é que considera que devia ser alterado ou melhorado na área da publicidade em Macau?Gostava, por exemplo, de chegar a uma reunião e ter um bom marketeer e um bom técnico de publicidade do outro lado, que entendam o que é comunicação, que saibam o que é necessário para o público.

A propósito da questão das indús-trias criativas e do Governo ter decidido começar a apostar nesta área. Em que medida é realmente possível encontrar talentos em Macau na área da criatividade?Eu acho que há pessoas com po-tencial. Na área do vídeo, há gente excelente a trabalhar, bem como em design, com gente premiada. Mas, por exemplo, ao nível do vídeo, não temos uma indústria de cinema ou de publicidade que possa levar um director de cinema a fazer um outro trabalho que não a sua arte. Ele vai estar sempre limitado ao seu universo, à sua criatividade e àquilo que ele próprio acredita que consegue fazer. A publicidade sem-

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entrevista 11hoje macau quinta-feira 3.4.2014

HENRIQUE SILVA (BIBITO), DIRECTOR CRIATIVO DE PUBLICIDADE, SOBRE O ESTADO DA PROFISSÃO EM MACAU

“Os casinos não procuram a criatividade local”

pre foi o “sustento” não-subsidiado de escritores, poetas, ilustradores, realizadores, fotógrafos. A publici-dade vinha, de alguma forma, pagar e dar o ‘know-how’ a artistas que tinham os seus projectos pessoais, que acreditavam neles e que os realizavam. Acho que a publici-dade sempre ajudou a cultura a desenvolver-se e a evoluir, porque é onde, de certa forma, podemos experimentar coisas que achamos que podem acrescentar valor a uma marca, por exemplo. A importância que a publicidade poderia ter para esta indústria criativa seria mais sustentável do que um projecto artístico que não se sabe muito bem se será possível, ou não, de fazer. Hoje em dia, existe falta de mão--de-obra em Macau na área da publicidade?Sinceramente, relativamente às áreas técnicas, acho que não. Há talentos em Macau e é precisamente isso que a Goldfish tenta demonstrar. O filme [premiado nos Lusos] foi 100 por cento feito em Macau, por gente de Macau. Estivemos a competir com agências como a BBDO e outros grandes monstros mundiais. Sinto alguma necessidade a nível de co-pywriting em chinês, porque não há uma cultura de marketing aqui em Macau. Há grandes visualizadores para desenhar, mas não temos gran-des copywriters. Pelo menos, ainda não consegui encontrar aqui em

Macau. Olho para a China e já se faz copywriting muito bom. Tem havido uma evolução visível da publicidade em Macau, desde a transferência de soberania?Claro que sim. Teve que haver, até mesmo para responder às necessida-des do território. Mas há coisas com as quais eu não concordo. Ainda hoje, Macau poderia estar um bocadinho mais à frente em áreas como a sus-tentabilidade e a responsabilidade social, por exemplo. Acontece o mesmo ao nível da publicidade. A JC Deco, que é o maior posicionador de media do mundo, já está a operar cá em Macau, mas continua com alguma dificuldade em impor-se dentro do mercado. Considera, então, que o mercado de Macau é complicado para pes-soas estrangeiras?Não propriamente para pessoas estrangeiras, mas para a área da publicidade, porque é um mercado muito pequeno. Se um anúncio atin-gir um target de mil pessoas, custou cerca de 100 patacas por pessoa, o que é um grande investimento. Se pensarmos na China, gastamos o mesmo, mas acabamos por atingir cem vezes mais público.

Os clientes estão abertos a novas ideias ou são muito restritos e exigentes?O cliente deve ser exigente, porque é

quem melhor conhece a sua própria marca, mas muitas vezes não conse-gue passar-nos a mensagem. Nunca recebi um briefing de um cliente em Macau, a explicar qual é o conceito da marca, o target, o posicionamento, quais os resultados que quer ter... Dizem que querem um anúncio e que precisam de um anúncio feito, mas não temos o todo. A comuni-cação que nos chega às vezes é tão vaga, que temos que trabalhar com os nossos conhecimentos. Na China já se está a passar o contrário, onde recebo briefings, onde me dizem o que querem que seja feito. Será que o problema em firmar o lema das indústrias criativas de Macau está na dificuldade em passar a mensagem à população?Neste momento, não está a fazer muito pelas indústrias criativas. Há várias formas de o fazer, se houver vontade. Uma delas poderia ser, por exemplo, subsidiar o filme feito por um realizador. Era uma forma de incentivar a que essas indústrias se desenvolvessem e, ao mesmo tempo, fazer com os nossos jovens olhassem para isso como opção, ao invés de irem trabalharem para um casino, enquanto solução final para as suas carreiras. Que área das indústrias criativas é que considera que precisaria de mais incentivo económico?Criar boas faculdades de artes às

quais viessem os melhores do Mundo [das artes] para darem workshops e aulas em Macau, seja na área do cinema, da escrita, da música... todas as áreas poderiam ser desenvolvidas. Se, hipoteticamente, o Governo disponibilizasse e investisse neste sector, será que a sociedade estaria preparada e disposta para essa evolução?Absolutamente. Acredito que não aconteceria de um dia para o outro, mas, ao criar as escolas e os acessos, as pessoas iriam aprender e, daqui a uns anos, teríamos pessoas realmente envolvidas nesta área das indústrias criativas. Não é uma coisa automá-tica, mas se não se fizer, nunca vai acontecer. Eu acho que, em Macau, os nossos jovens têm um problema: o factor motivacional. Eles andam nas escolas e depois, aquilo que Macau tem para lhes oferecer, não é um grande futuro... É um futuro. Que projectos estão pensados para o futuro da Goldfish?Estou a investir muito na China. Recentemente, também ganhei lá um prémio de publicidade e tenho estado a concorrer a tudo na China. Estou a ter uma óptima recepção lá e a ter reuniões e trabalhos com empresas privadas. A Goldfish tem dois anos e meio e tem sido muito difícil implementar aquilo em que eu acredito, cá em Macau. Na China, estou a encontrar pessoas que me en-tendem melhor e que compreendem o processo de trabalho. Em que medida é possível compa-rar a publicidade feita em Portugal e na China? Não em termos de grandeza, mas sim de moderni-zação e de estilo.A publicidade é uma coisa muito simples. Trabalha com emoção e serve para comunicar, mas a sua mensagem está sempre relacionada com a felicidade, porque mesmo que se esteja a dizer “não beba quando conduz”, estamos sempre a passar a mensagem de “vais ser sempre mais feliz com” aquela ou outra marca. Neste momento, na China, eu acho que têm uma coragem enorme a nível criativo. A China teve que passar por um processo há 30 anos atrás e eles agora estão a fazer coisas que saem fora dos formatos e do condiciona-mento que nós temos. De repente, terem que evoluir desta forma e diferenciarem-se (que é uma das fun-ções da publicidade) foi complicado. Eles atiram-se para soluções muito mais corajosas do que eu estou a ver na Europa e no mundo ocidental.Há uns tempos, conheci um pu-blicitário em Shenzhen, e fiquei deslumbrado... Ele é conhecido como o ‘Rebelde da Publicidade’ e trabalha marcas como a Volkswagen e tem anúncios que não passam pela cabeça de ninguém. O grande desafio é a diferenciação, no sentido de “em que é que eu sou diferente das outras pessoas? O que é que eu faço que os outros não fazem?”.

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12 EVENTOS hoje macau quinta-feira 3.4.2014

D EVIDO a confli-tos de agenda, o concerto Impres-sões de Xingjiang

pela Orquestra Filarmónica de Xinjiang (Interior da China), originalmente pro-gramado para ter lugar na Praça do Tap Seac, no dia 3 de Maio, pelas 20:00 horas, foi cancelado, informa o comunicado de imprensa do Festival de Artes de Macau (FAM).

O Festival que arranca no próximo dia 2 de Maio, celebrando o seu Jubileu de Prata apresenta um progra-ma variado.

“MOP - Dança Teatro” é uma actuação conjunta de bailarinos de Macau e da Polónia, tendo três companhias de dança de Macau – Companhia de Dança Violeta, Associação de Dança Ieng Chi e Estúdio de Dança de Macau – de-senvolvido um projecto de intercâmbio trienal com o conhecido mestre polaco de dança contemporânea Jacek Luminski.

No capítulo da música, a Orquestra de Câmara Macau Virtuosi apresenta, em Viva Mozart, a colecção completa dos Concertos

A Universidade de S. José promo-ve hoje, pelas 18:30, uma pa-lestra do historiador britânico,

Frank Dikötter, sobre o seu mais recente livro “The Tragedy of Liberation”, que estará à venda no local. “The Tragedy of Liberation” aborda os tempos que se viveram na China aquando da chegada ao poder de Mao Zedong. Em vez de libertar o país, os comunistas trans-formaram a China numa das piores tiranias do século XX, provocando a morte de pelo menos cinco milhões de pessoas e enviando para a miséria muitos mais, pode ler-se no comuni-cado de imprensa da organização. O livro de Frank Dikötter lança uma nova luz sobre a fundação de um dos regimes mais poderosos dos nossos tempos, acrescenta a nota de impren-sa. Depois de ter leccionado História durante vários anos na Universidade de Londres, Frank Dikötter mudou-se para Hong Kong onde é professor de Humanidades desde 2007. Com nove

U MA delegação da indústria cinematográfica de Taiwan, constituída por vinte pesso-

as, deslocou-se a Macau a semana passada, tendo sido recebida pelo presidente do Instituto Cultural (IC), Ung Vai Meng, e pelo Chefe do Departamento de Promoção das Indústrias Culturais e Criati-vas (DPICC), Chan Peng Fai. A delegação de Taiwan visitou locais do Património Mundial de Macau, reunindo-se ainda com congéne-res locais no Cinema de Arte, na Travessa da Paixão. Ambas as partes expressaram vontade de alargar o âmbito de cooperação no campo cinematográfico, informa o comunicado de imprensa da organização.

A Delegação de Taiwan deslocou-se até ao Largo do Lilau e à Casa do Mandarim, cujas história e características arqui-tectónicas foram apresentadas

TAIWAN DELEGAÇÃO DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA EM MACAU

Portas abertas à cooperaçãoUSJ FRANK DIKÖTTER FALA DO SEU ÚLTIMO LIVRO

Homem mesmo Mao

FAM CONCERTO DE ORQUESTRA FILARMÓNICA DE XINJIANG CANCELADO

Produções locais com grande procura

por Ung Vai Meng. Os membros da delegação foram ainda à zona de S. Lourenço, onde visitaram a Igreja e o Seminário de S. José. O encontro no Cinema de Arte com a Delegação de Taiwan contou com os representantes da indústria cinematográfica de Macau, onde se incluiam Choi On On, Chu Iao Ian, Hoi Kuok

Meng, Ao Ieong Weng Fong, Chan Ka Keong, Choi Ian Sin, Chan Nga Lei e Ng Tong Fei, entre outros. Na reunião, os presentes trocaram ideias sobre o ambiente da indústria, a produ-ção, a exibição e o lançamento de filmes, entre outros, discutindo, ao mesmo tempo, espaço para futuras cooperações.

livros já publicados, o escritor viu a sua mais recente obra ser seleccio-nada pelo Economist e pelo Sunday Times como um dos livros do ano.

para Violino de Mozart em três sessões separadas, numa homenagem ao pro-dígio da música.

A Orquestra Chinesa de Macau, sob a direcção do seu Maestro Principal Pang Ka Pang, com a colaboração da pianista italiana Enrica

Ciccarelli e do violinista de Singapura Kong Zhao-hui, oferece ao público um concerto que funde oriente e ocidente, intitulado “Remi-niscências dos Clássicos”, e que inclui, entre outras, duas obras chave do re-pertório musical chinês, o

Concerto para Piano “O Rio Amarelo” e o Concerto para Violino “Os Amantes Borboleta”. Liderados pelo Maestro Principal da Or-questra de Macau (OM), Lü Jia, a mestre de pipa Zhang Hongyan e a flautista Tang Junqiao colaboram com a

OM na execução de obras--primas de Zhou Long, Guo Wenjing e de Bright Sheng, num concerto intitulado “O Oriente Encontra o Oci-dente”.

Na dança, um dos desta-ques vai para o espectáculo “Dance”, fruto de uma co-laboração entre três mestres do séc. XX, com coreografia de Lucinda Childs, música de Phillip Glass, tendo como cenário um filme modernista do artista visual Sol LeWitt. Aclamado pelo The New York Times como um clás-sico do pós-modernismo, Dance tem sido um êxito desde a sua estreia em 1979, tornando-se uma obra chave da dança contemporânea e efectuando uma extensa digressão pelo mundo des-de então, tendo ainda sido considerado pelo The Wall Street Journal “uma das maiores realizações do séc. XX”. A nota de imprensa anuncia ainda que as produ-ções locais “Os Venezianos Querem Ter Uma Casa”, pelo Grupo de Teatro Expe-rimental Pequena Cidade, e “Assassinato em San Jose”, pelo Teatro de Lavradores, têm sido muito procuradas pelo público.

Page 13: Hoje Macau 3 ABR 2014 #3064

hoje macau quinta-feira 3.4.2014

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José de souza JúniorIN RESENHAS

Carlos Morais José

SÓ HÁ UM RIO

“Il pleut sur mon coeur comme il pleut sur la ville”

Paul Verlaine

“La pluie tombe doucement sur la ville”Jean-Arthur Rimbaud

“The rain falls gently in the town”James Douglas Morrison

A chuva cai docemente so-bre a cidade. Navegare-mos inicialmente no barco de Rimbaud e pelas frases

sem geografia nem nação. Mas so-mente até à foz. Então regressare-mos. O oceano não admite embria-guez que não seja de imensidão e sal. O mar cega.

Procuraremos antes os tsunami de gente das grandes avenidas asiáticas,

NÃO IMPORTA EM QUE CIDADE DO MUNDO, POR CERTO A CHUVA CAIRÁ DOCEMENTE E EM ALGUÉM DESOCUPADO RESSOARÁ, EM QUALQUER LÍNGUA, A MESMA FRASE E A VISÃO QUE ELA TRANSPORTA, IGUALMENTE SE ESPANTANDO COM A DIMENSÃO DE TANTA SIMPLICIDADE

os fios de povo serpenteando pelos bairros de cidades do Levante, as pe-drarias nocturnas dos arranha-céus.

Não importa em que cidade do mundo, por certo a chuva cairá doce-mente e em alguém desocupado resso-ará, em qualquer língua, a mesma frase e a visão que ela transporta, igualmente se espantando com a dimensão de tanta simplicidade.

A água está por todo o lado: oculta nos interstícios das pedras, no bafo dos homens e nas carícias das mulheres. Humedece o mundo e incita a vida.

A sua inocência incolor, a paciência sombria, servem aos sábios de exemplo para proscrir as ambições; outros mos-tram a sua unidade e dela fazem me-táfora de poder. Sobre a água teceram mundos os Antigos mas nela esqueciam o pudor e a família.

Mais que as montanhas ou os deser-

tos, as planícies ou as praias, mais que os sedimentos da terra ou as tonalida-des do céu, é o universo interdito da água – onde afinal não podemos habi-tar – o primeiro responsável pela com-posição geográfica de sítios e atitudes.

As cidades ergueram-se em função da geografia da água; o seu feitio e o dos seus habitantes moldaram-se ao modo de existir do líquido brando, o que permite as plantas e dessendenta as bestas.

Rios majestosos ou truculentos, ribeiras plácidas ou atrevidas, meros oásis ou grandes lagos, assistiram à chegada dos humanos, à sua fixação e crescimento. E dessas diferentes rela-ções decorre algo fundamental do ca-rácter único de cada cidade.

Aqui em Macau, a chuva lambe o asfalto, o empedrado, o cinzento manchado dos passeios, as esquinas

angulosas, devora as paredes rasas dos grandes prédios. No seu rasto deslizam sorrateiros os néons, ofus-cando condutores demasiado embe-vecidos de escovas negras, pendu-lares à frente dos olhos, num sonho apático.

Os olhos dos homens, refractários por detrás de grandes janelas de vidro, usufruindo da tormenta, aparentemen-te protegidos mas apagados por uma ideia vaga de sublime, que lhes altera a respiração. A água amolece as almas e afasta o mundo.

Toda a água converge para um úni-co rio e seguirei os seus caminhos.

Chovia. As gotas grossas amavam os prédios e os zincos. Choverão três dias, sem que ocorra o Dilúvio e se al-tere o curso das coisas. Fiel à neblina e à água, suspeitando da existência de prados verdes e felizes, quedar-me--ei encolhido à porta de uma qualquer casa, enquanto espero.

Só há um rio, esse imenso curso de água que não passou nem passará pela minha aldeia.

Então por que razão nele me banho e nas suas correntes deslizo, sem pre-ver margens, instilado de suão? Que parte de mim flutuará até ao grande oceano do oeste?

Só há um rio nesta interioridade fa-tal, neste continente de gigantes.

EUGÈNE DELACROIX, OPHELIA

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14 hoje macau quinta-feira 3.4.2014h

HUAI NAN ZI 淮南子 O LIVRO DOS MESTRES DE HUAINAN

Da Paz – 77

Se procurares conquistar o mundo e olvidares a via do cultivo próprio, não conseguirás sequer preservar o teu próprio corpo, quanto mais qualquer territó-rio. Por isso, quando a ordem não foi estabilizada enquanto se está num estado pacífico, aqueles que se esforçam por governar estarão em perigo; e, quando a conduta não foi estabilizada enquanto nada há de errado nela, aqueles que correm atrás da fama será destruídos.

* * *

Aquilo a que chamo de não-artifício significa que a vontade pessoal não pode entrar na Via da vida pública; preferências e desejos não conseguem distorcer as verdadeiras artes da liderança; os projectos são desenvolvidos de forma razo-ável; realizam-se obras segundo os recursos disponíveis e assim se faz avançar o ímpeto espontâneo da natureza de modo a que nenhumas intenções malsãs tenham lugar.Deste modo, as coisas são feitas sem que ninguém reclame crédito pessoal; os projectos são concluídos sem que ninguém por eles fique conhecido. E isto não significa que não reajamos à razão ou que não nos movamos quando instigados.

* * *

Não há maior fortuna do que não ter inquietações; não há lucro mais excelen-te do que não sofrer qualquer perda. Aquilo que a acção faz pelas pessoas ou aumenta ou diminui, ou realiza ou destrói, ou beneficia ou fere. Tudo isto é perigoso – são todos perigos no caminho.

Tradução de Rui CascaisIlustração de Rui Rasquinho

Huai Nan Zi (淮南子), O Livro dos Mestres de Huainan foi composto por um conjunto de sá-bios taoistas na corte de Huainan (actual Província de Anhui), no século II a.C., no decorrer da Dinastia Han do Oeste (206 a.C. a 9 d.C.). Conhecidos como “Os Oito Imortais”, estes sábios destilaram e refinaram o corpo de ensinamentos taoistas já existente (ou seja, o Tao Te Qing e o Chuang Tzu) num só volume, sob o patrocínio e coordenação do lendário Príncipe Liu An de Huainan. A versão portuguesa que aqui se apresenta segue uma selecção de extractos funda-mentais, efectuada a partir do texto canónico completo pelo Professor Thomas Cleary e por si traduzida em Taoist Classics, Volume I, Shambhala: Boston, 2003. Estes extractos encontram-se organizados em quatro grupos: “Da Sociedade e do Estado”; “Da Guerra”; “Da Paz” e “Da Sa-bedoria”. O texto original chinês pode ser consultado na íntegra em www.ctext.org, na secção intitulada “Miscellaneous Schools”.

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15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 3.4.2014

Realizam-se obras segundo os recursos disponíveis e assim se faz avançar o ímpeto espontâneo da natureza.

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16 DESPORTO hoje macau quinta-feira 3.4.2014

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 160/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor WANG XIULONG (Portador do Salvo-Conduto de Dupla Viagem da R.P.C. n.° W51842xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 16/DI-AI/2012, de 23.02.2012, levantado pela DST e por despacho do Director dos Serviços de Turismo, Substituto, de 13. 02.2014, exarado no Relatório n.° 61/DI/2014, de 20.01.2014, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por prestação ilegal de alojamento da fracção autónoma situada na Rua Cidade de Coimbra, n.° 342, Edifício Kam Yuen, 8.° andar J, Macau. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele Auto de Notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito. Nos termos do n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010 não é admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo. ----------A matéria constante daquele Auto de Notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, tal facto é punível nos termos no n.° 1 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 20 de Março de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 167/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor 王少峰(portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 73641xx(x)), que na sequência do Auto de Notícia n.° 85/DI-AI/2012, de 10.08.2012, levantado pela DST e por despacho da signatária de 16.12.2013, exarado no Relatório n.° 556/DI/2013, de 28.11.2013, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por controlar a fracção autónoma situada na Avenida da Amizade, n.° 1321, Edf. Hung On Center, Bloco 3, 16° andar U e utilizada para a prestação ilegal de alojamento. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele Auto de Notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito. Nos termos do n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010 não é admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo. --------A matéria constante daquele Auto de Notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, tal facto é punível nos termos no n.° 1 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 20 de Março de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

Q UANTIDADE, de-finitivamente, não é qualidade. País mais populoso do mundo,

com 1,3 mil milhões de habitantes, a China não é capaz de ter uma se-lecção minimamente competitiva. Para tentar mudar esse quadro, re-solveu intensificar a caça a talentos no país pentacampeão do mundo. A China, então, tornou-se um destino cobiçado por jogadores e treinadores brasileiros, atraídos por contratos que dificilmente encontrariam em outros merca-dos. Hoje, 50 brasileiros actuam no país.

Se antes os chineses tinham uma liga fraca e pouco estimu-lante, que não acompanhava o crescimento económico acelerado do país, agora a realidade é outra. Os chineses oferecem milhões de dólares e, em troca, os brasileiros levam para a China o seu saber. Assim, o futebol chinês, aos pou-cos, tem evoluído, enquanto os jogadores e os técnicos brasileiros fazem fortuna.

XI É FÃ, GOVERNO AJUDAO governo é o principal motor do futebol no país, seja com investi-mentos directos ou indirectos. Das 16 equipas da Primeira Divisão, quatro são de empresas estatais. Os restantes são privados, mas contam com a colaboração financeira do governo. E a chegada de dinheiro público têm aumentado desde a chegada do presidente Xi Jinping ao poder, no ano passado.

Fã de futebol, Xi Jinping traçou como meta a chegada de sua se-lecção à final da Copa num futuro próximo e parece disposto a não medir esforços para – com uma ajuda do Brasil – alcançar o seu objectivo.

Somente nos três primeiros meses do ano, dos US$ 126 milhões investidos em contratações pelos clubes do país, US$ 22,7 milhões foram para o Brasil. As transacções mais caras foram feitas pelo Shan-dong Luneng, que pagou US$ 10,9 milhões pelo argentino Montillo,

Os chineses querem chegar a um Campeonato do Mundo.Para isso, investem forte, sobretudo no Brasil

FUTEBOL CHINA ATRAI LEGIÃO DE BRASILEIROS COM SALÁRIOS ELEVADOS

Um El Dorado no Oriente

ex-Santos, e US$ 7,2 milhões por Aloísio, ex-São Paulo.

O clube também abriu os cofres na contratação do técnico Cuca, que recebe US$ 600 mil por mês, cinco vezes mais do que ganhava no Atlético-MG. Antes de fechar com o treinador, os chineses tinham

contactado Tite e, no ano passado, tiraram Vágner Love do CSKA Moscovo (Rússia) por US$ 15,5 milhões.

O clube é de propriedade de um grupo de distribuição de energia que resolveu investir em força para fazer frente ao Guangzhou Ever-

grande, clube que tem dominado o futebol chinês nos últimos anos.

Actual tricampeão nacional, o clube também conquistou a Liga dos Campeões da Ásia. Tudo isso ajudado por reforços que custaram US$ 76 milhões à Evergrande Real Estate Group, empresa do sector

imobiliário que é dona do clube. Sob o comando do italiano Mar-cello Lippi, campeão do mundo em 2006, jogam os brasileiros Renê Junior, Muriqui e Elkeson. Até o ano passado, a estrela do clube era o argentino Conca, que voltou ao Fluminense.

O AGENTE INDONÉSIOTodas as transacções foram in-termediadas por Joseph Lee, empresário indonésio que desde 1993 negocia jogadores brasileiros com o mercado asiático. “Na-quela época, os clubes nem eram profissionais. No começo, só os jogadores brasileiros de clubes da Terceira Divisão é que iam para lá. Agora, nós temos atletas de ponta. O estrangeiro é muito respeitado e valorizado na China.”

A China tem feito agora algo parecido com o que o Japão fez na década de 90, quando levou nomes como Zico e Leonardo para actuar no seu campeonato nacional. A pro-posta é aprender com os brasileiros. “A China sempre quis ser uma potência no futebol e a importação de jogadores e treinadores brasilei-ros está ligada à intensificação de intercâmbio entre os dois países. A relação está bastante avançada e não se limita mais apenas à área comercial, com compra e venda de produtos”, diz Tang Wei, director--geral da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Económico.

O comércio entre os dois paí-ses atingiu US$ 83,3 mil milhões no ano passado, um aumento de 10% em relação a 2012. Vão para o país asiático 20% do total das exportações brasileiras.

Para a cônsul-geral do Brasil em Xangai, Ana Cândida Perez, o futebol aproveitou esse estrei-tamento da relação entre os dois países. “A China não importa e exporta apenas mercadorias, mas também conhecimento, ciência e tecnologia, hábitos de consumo, moda e gostos. É natural que o futebol, desporto mais popular do mundo, também tenha caído no gosto dos chineses.”

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hoje macau quinta-feira 3.4.2014 FUTILIDADES 17

Weibo Infidelidadede actor chinês bate recorde de comentários• O actor Wen Zhang, um dos mais populares da China, bateu o recorde de interatividade na rede social Weibo (equivalente chinês ao Twitter) ao postar um pedido de desculpas por ter tido um caso extraconjugal. De acordo com o site The Hollywood Reporter, o post de Zhang foi compartilhado mais de 1 milhão de vezes, e recebeu 2,5 milhões de comentários em menos de 10 horas. Para se ter noção, o famoso selfie de Ellen DeGeneres no Oscar foi compartilhado 1,8 milhão de vezes em uma hora, quantidade que é recorde do Twitter.No post, Zhang desculpava-se de ter traído a sua esposa (a actriz Ma Yili, com a actriz Yao Di (“Love Is Not Blind”), com quem trabalhou com no popular programa da TV chinesa “Naked Marriage”. “Eu causei isso a mim mesmo. Um erro é um erro. Isto não tem nada a ver com qualquer outra pessoa”, escreveu Wen. “Hoje eu estou disposto a aceitar todas as consequências. Eu decepcionei Ma Yili e nossos filhos. O meu erro não merece ser perdoado, e vai ser difícil para mim reparar todos os danos que causei. Mas eu quero fazê-lo. Eu tenho que fazê-lo. Isto é o que eu vou fazer para o resto da minha vida”. Pouco tempo depois, Ma, que está grávida do segundo filho do casal, respondeu de forma singela. “Estar apaixonada é fácil, estar casada não é. É para ser valorizado”, escreveu ela. E seu post, por sua vez, foi compartilhado mais de 650 mil vezes, e recebeu 1 milhão de comentários. Wen Zhang estrelou o filme de maior bilheteira da China em 2013, a fantasia “Journey to the West” – im-pressionantes US$ 204 milhões de facturamento local. Mas o seu filme mais recente, a comédia de acção “Dupla em Fúria” (2013), co-estrelada por Jet Li não repetiu o mesmo sucesso e será lançada directamente em DVD no mercado ocidental, começando pelo Reino Unido, onde o lançamento acontece na segunda-feira.

Pu YiPOR MIM FALO

AVE CESAR

Caio Cesar é ‘made in Brazil’ e começou a carreira de modelo em 2009. Mas, se pensa que este é apenas um menino bonito que só fica bem de roupa interior, desengane-se. Caio Cesar gosta de pescar, pratica capoeira e dança flamenco. Além disto tudo – e como a cereja em cima do bolo – adora animais, tanto que terminou recentemente o seu curso de veterinário.

João Corvofonte da inveja

C I N E M ACineteatro

SALA 1CAPTAIN AMERICA:THE WINTER SOLDIER [3D] [B]Um filme de: Anthony e Joe RussoCom: Chris Evans, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson14.15, 16.45, 21.45

CAPTAIN AMERICA:THE WINTER SOLDIER [B]Um filme de: Anthony e Joe RussoCom: Chris Evans, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson19.15

SALA 2 NOAH [C]Um filme de: Darren AronofskyCom: Russell Crowe, Anthony Hopkins, Jennifer Connelly14.15, 21.45

NOAH [3D] [C]Um filme de: Darren AronofskyCom: Russell Crowe, Anthony Hopkins, Jennifer Connelly16.45, 19.15

SALA 3HORSEPLAY [B](FALADO EM CANTONÊS LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Lee Chi NgaiCom: Tony Leung, Ekin Cheng, Kelly Chen, Eric Tang14.15, 21.00

KANO [B](FALADO EM JAPONÊS, HOKKIEN E HAKKAE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Chih-HsiangCom: Masatoshi Nagase, Oosawa Takao, Togo Igawa17.30, 19.15

CAPTAIN AMERICA: THE WINTER SOLDIER

Na semana passada ficámos a saber que a arquitecta iraquiana Zaha Hadid (nascida em Bagdade e com toda a vida passada em Londres) vai desenhar um novo hotel para a Melco Crown Entertainment, bem junto ao City of Dreams. Quem já viu o desenho feito a computador deste hotel poderá compreender que vamos ter mais um edifício de linhas futuristas e modernistas que pouco ou nada têm a ver com os restantes traços urbanísticos de Macau. Mas a culpa não é de Zaha. Tal como os grandes génios e os grandes idiotas (os donos das ideias, não os outros), o trabalho de Zaha, por ser tão diferente, demorou a ser compreendido no inicio da carreira. Mas a incompreensão deu lugar ao fascínio e aos aplausos quando a arquitecta ganhou o prémio Pultizker em 2004. Zaha fará o seu trabalho e bem. O problema é que o Cotai vai transformar-se ainda mais numa manta de retalhos com edifícios que não conseguem estabelecer uma relação equilibrada com o território que os acolhe. Não peço que a zona norte e mesmo outras zonas da península sejam de repente invadidos por edifícios com a mesma linha futurista. Mas gostava de ver um equilíbrio e, sobretudo, que o Cotai também fosse um exemplo daquilo que é Macau e não uma galeria de repetições.

Mais-valia deixarem a praxis do Leal Senado para as massas. (Carlos Marques)

T E M P O T R O V O A D A S M I N 1 8 M A X 2 1 H U M 8 5 - 9 9 % • E U R O 1 1 . 0 B A H T 0 . 2 Y U A N 1 . 3

Uma manta de retalhos

Esta é a outra

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18 OPINIÃO hoje macau quinta-feira 3.4.2014

Rui TavaRes In Público

B ARROSO reagiu mal ao Ma-nifesto dos 74 pela simples razão de que lhe estraga a narrativa. Não sabem? Para Barroso, como para o seu partido europeu, o PPE, a crise já acabou. Eles, com Merkel e a troika, salvaram o euro e a Europa.

É inoportuno que logo em Portugal, nas vésperas da saída da troika, apareça gente da esquerda à direita dizendo que o país não pode continuar neste rumo.

É que dizer que Portugal não pode continuar neste rumo significa também que a União não pode continuar neste rumo. Que os problemas estruturais não podem ser varridos para debaixo do tapete até às eleições europeias. Que é necessário dar a todos os países da União uma oportunidade de crescimento e encontrar a necessária complementaridade entre as várias compo-nentes da economia europeia. Que sob os problemas da dívida soberana se esconde uma necessidade absoluta de requalificar as economias de países como Portugal. E que nada disto foi feito.

Se o PPE — partido europeu a que pertencem o PSD e o CDS — não quisesse estragar o seu embrulho para consumo elei-toral, reconheceria que os problemas que não resolveu permanecerão connosco por

Barroso em negação

Aquilo de que a UE precisa é de um Mecanismo Europeu de Estabilidade inteiramente comunitarizado

muitos anos, prejudicando o nosso futuro e semeando inimizades entre os europeus.

Nesse caso, não recusaria o diálogo com o Manifesto dos 74. Pelo contrá-rio, aproveitaria a possibilidade de este marcar a agenda nacional e até europeia, como foi demonstrado pelo manifesto de apoio de economistas estrangeiros, para pôr em cima da mesa as componentes essenciais para uma Europa de futuro que saia desta crise.

prolongue os prazos, que diminua os juros ou que corte nos montantes a pagar. Na verdade, importa menos o método do que o resultado. Os países da crise precisam de um alívio agora, com rápidos efeitos visíveis sobre os seus défices e dívidas, e que liberte recursos para políticas de crescimento e emprego nos próximos anos.

Um FMI próprio? Deixem-me explicar melhor. Aquilo de que a UE precisa é de um Mecanismo Europeu de Estabilidade inteiramente comunitarizado, com escru-tínio do Parlamento Europeu, e sujeito às obrigações dos tratados de coesão, soli-dariedade e pleno emprego. O objetivo é dotar o euro de um travão caso os juros das dívidas nacionais voltem a entrar em descontrole. Basicamente, é preciso de-monstrar que não voltará a ocorrer uma crise como a anterior.

E, finalmente, um plano Marshall, ou, para usar a minha analogia predileta, uma Tennessee Valley Authority: pois foi com essa agência federal, dedicada à recuperação regional, que Roosevelt conseguiu inverter o círculo vicioso de emigração, desemprego e fome que grassava no Sul dos EUA durante a Grande Depressão. Um plano equivalente para a Europa periférica – aquilo a que chamo um “Projeto Ulisses” – poderia ser financia-do no curto prazo pelo Banco Europeu de Investimentos.

Se Barroso não estivesse em negação, era isto que tentaria deixar em legado ao seu sucessor.

E quais são essas componentes? Para facilitar, usemos três analogias históricas, alertando desde já para o facto de nenhuma delas ser perfeita. Aqui vai: a União Euro-peia precisa do seu Bretton Woods, do seu FMI, e do seu Plano Marshall.

Um Bretton Woods, ou seja: a União Europeia precisa de uma conferência inter-governamental para solucionar de forma estável e prolongada a “crise das dívidas soberanas”. Essa solução poderá tomar a forma de um grande compromisso que

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19 opiniãohoje macau quinta-feira 3.4.2014

cartoonpor Stephff

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Joana Freitas (Coordenadora); Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; José C. Mendes; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

IFestival Rota das Letras, um autêntico oásis neste deserto cultural que é Macau. É ainda uma boa oportunidade para debater a situa-ção do uso da língua portuguesa na RAEM, onde é uma das línguas oficiais, como é por demais sabido. O que se tem visto neste sentido é muita parra e pouca uva; exigimos que se cumpra o que foi estabelecido pela Lei Básica, mas mais por capricho do que por outra coisa. Durante os meus primeiros anos em Macau estranhei o facto de no Cineteatro de Macau, na altura o único cinema digno desse nome no território, não ter legendagem em português, ainda para mais num período em que ainda estávamos sob administração portuguesa. Porquê? Porque o número de utentes em português “não o justificava”. O mesmo acontece actualmente com as Páginas Amarelas, mais conhecidas por “Yellow Pages” (e simpaticamente traduzidas para “amarelas páginas”), que não têm uma versão em português, com o atendimento no tal banco onde supostamente se devia falar português, na polícia, nos serviços públicos, em toda a parte, “desenrascamo-nos” em inglês para “facilitar” as coisas. Do que serve exigir que exista, se não lhe damos uso? É como um elefante branco, que se olha e para nada serve, ou como um prego ao contrário – em vez de segurar as tábuas, arriscamo-nos a pisar nele, e magoar um pé.

IIA reportagem da CCTV chinesa sobre as excursões a custo zero em Macau foi (talvez) a machadada final nesse verdadeiro “negócio da China à antiga”, ou seja, quando ainda não era convidativo fazer negócios na China. É interessante como ainda há quem acredite em almoços grátis, e acabe por sair a dizer cobras e lagartos de Macau, transmitindo depois para o continente uma má imagem do território. Já não nos restam assim tantos motivos de interesse em Macau, o que mais nos faltava era publicidade negativa. A Direcção dos Ser-viços de Turismo diz “estar atenta” aos casos de excursões onde se vende gato por lebre, mas também dava jeito se passassem à acção.

IIIComo os leitores do Bairro do Oriente, o blogue, se devem ter apercebido, tem-me sobrado muito tempo para actualizações, ou para os artigos de excelsa qualidade, sempre atentos à realidade local, regional e internacional (modéstia à parte) pelo qual se tem pautado. Isto deve-se a uma série de eventos cuja rápida sucessão me têm deixado sem tempo para prestar a devida atenção aos prezados e fiéis leitores. Even-tos esses que são do tipo transcendental, daqueles que mudam para sempre uma vida.

bairro do or ienteLEOCARDO

Prego ao contrárioDurante os meus primeiros anos em Macau estranhei o facto de no Cineteatro de Macau, na altura o único cinema digno desse nome no território, não ter legendagem em português, ainda para mais num período em que ainda estávamos sob administração portuguesa. Porquê?

A seu tempo ficarão ao corrente do que se passa, e gostaria já agora de anunciar que estou a trabalhar num projecto paralelo, que com a benção de quem de direito tiver a ousadia de o publicar, verá em breve a luz do dia. Obrigado, desculpem, e até breve. Fiquem atentos!

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Page 20: Hoje Macau 3 ABR 2014 #3064

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hoje macau quinta-feira 3.4.2014

O cônsul-geral de Portugal em Macau, Vítor Sereno, assumiu ontem o posto de

delegado do país no Fórum Ma-cau, organismo onde, garantiu, Portugal está empenhado numa relação cada vez mais forte que seja benéfica para todos.

“Portugal, como disse o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, tem o maior interesse no estabelecimento de parcerias entre empresas portuguesas e chinesas para o desenvolvimento de projectos nos países de língua

O Banco de Desenvolvi-mento da China está a analisar cerca de uma

dezena de projectos apresentados para financiamento por empresas dos países de língua portugue-sa, disse ontem em Macau o secretário-geral do Fórum Macau, Chang Hexi.

De acordo com o mesmo responsável, um projecto em Moçambique ligado à agricultu-ra foi já aprovado e vai receber cerca de 40 milhões de patacas de financiamento.

“Trata-se de um projecto cujo investimento é superior a 50 milhões de dólares na área da agricultura”, disse Chang Hexi ao salientar estarem outras propostas de áreas como, entre outras, infra-estruturas, hotelaria, electricidade, a serem analisados.

O fundo de financiamento, no valor de cerca de 7,8 mil milhões de

patacas, foi anunciado em 2010 na terceira conferência ministerial do Fórum Macau pelo então primeiro--ministro da China, Wen Jiabao, e visa apoiar projectos de desen-volvimento nos países de língua portuguesa e é gerido pelo Banco de Desenvolvimento da China.

Apesar do montante disponí-vel, a primeira tranche do fundo é de apenas cerca de 970 milhões de patacas sendo que os projectos a serem financiados poderão ter um apoio entre 36 e 160 milhões de patacas que traduzem 30% a 40% do investimento.

À margem da reunião, o cônsul-geral de Portugal em Macau, Vítor Sereno, explicou aos jornalistas que de Portugal existem quatro propostas de fi-nanciamento a serem estudadas, aguardando a parte portuguesa mais informações concretas sobre as empresas candidatas.

FÓRUM MACAU PORTUGAL EMPENHADO EM REFORÇO DE RELAÇÕES

Palavra de Sereno

BANCO DE DESENVOLVIMENTO DA CHINA ANALISA PROJECTOS LUSÓFONOS

Cheira a milhões

portuguesa e na China continental no âmbito do Fundo de Coopera-ção e Desenvolvimento do Fórum Macau”, disse Vítor Sereno.

Por outro lado, acrescentou, as iniciativas do plano de acção para os próximos três anos, que incluem um centro de distribui-ção de produtos alimentares, a criação de um centro de apoio às Pequenas e Médias Empresas dos países de língua portuguesa e um centro de convenções e ex-posições “assumem-se de grande relevância para Portugal”.

“Queremos reforçar o nosso relacionamento, a partilha de ex-periências que permitam a todos nós beneficiarmos do conheci-mento do outro, das melhores experiências e das melhores prá-ticas nos mais variados sectores”, disse, ao salientar que Portugal está no Fórum Macau porque tem empresas “com conhecimento, experiência, dimensão e qualida-de úteis e necessárias em qualquer país em áreas como, por exemplo, as energias verdes, os moldes, a gestão de frotas potenciando a capacidades das telecomunica-ções actuais”.

Vítor Sereno recordou tam-bém que a capacidade técnica dos portugueses está patente na “excelência das empresas portu-guesas em Macau e nos quadros técnicos residentes”.