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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB HOJE MACAU TIAGO ALCÂNTARA POLÍTICA PÁGINA 8 ENTREVISTA PÁGINAS 4-5 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 24 DE ABRIL DE 2015 ANO XIV Nº 3317 ENSINO SUPERIOR DEPUTADOS QUEREM EXCLUIR TNR Eu não sou nada xenófobo hojemacau PÁGINA 7 GOVERNO Alexis Tam traz 515 Quase dá vergonha. Deputados na Assembleia Legislativa querem vedar o acesso universitário aos filhos dos TNR que aqui vivem há mais de uma década. TIMOTHY ALAN SIMPSON A genialidade de Macau O vice-reitor da Faculdade de Ciências Sociais da UM confessa que admira a capacidade de conservação desta cidade ao longos dos seus 500 anos de História. GRANDE PLANO PÁGINA 3 MãO DE OBRA Só lá fora, meu filho, encontrarás Trata-se de um plano do Governo Central sobre turismo. Mas ninguém sabe explicar exactamente o que é. São fórmulas gerais de planeamento que pouco reflectem as realidades locais. Um olhar que diz tu A última palhota ÁLVARES h A CASA

Hoje Macau 24 ABR 2015 #3317

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Hoje Macau N.º3317 de 24 de Abril de 2015

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Quase dá vergonha. Deputados na Assembleia Legislativa querem vedar o acesso universitárioaos filhos dos TNR que aqui vivem há maisde uma década.

TimoThy AlAn SimpSon

A genialidade de Macauo vice-reitor da Faculdade de Ciências Sociais da Um confessa que admira a capacidade de conservação desta cidade ao longos dos seus 500 anos de história.

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Trata-se de um plano do Governo Central sobre turismo. Mas ninguém sabe explicar exactamente o que é. São fórmulas gerais de planeamento que pouco reflectem as realidades locais.

Um olhar que diz tu

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2 hoje macau sexta-feira 24.4.2015

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l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s ePropriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Edite Ribeiro; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

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“Não deixa de ser curioso que em Hong Kong tenhamos uma lei da liberdade sindical, na China também e em Taiwan. Macau não tem e é difícil explicar esta situação”Paulo Cardinal• Jurista da AL

“Não é uma coisa de outro mundo [elaborar um orçamento e calendário], mas é preciso que existam equipas ou empresas especialistas nesta matéria, que é o que Macau não tem”FranCisCo Vizeu Pinheiro• Arquitecto, sobre o metro

“A qualidade do aré um foco de atenção dos residentes, porque a qualidade do arnão é muito boa”Vai hoi ieong• Director substituto da DSPA

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ActivistAs protestAm em frente à Chancelaria Federal alemã, em Berlim, empunhando cartazes com o lema ‘Salvem os Refugiados’. De acordo com a Organização Internacional para a Migração, mais de 1750 emigrantes perderam a vida no Mediterrâneo desde o início do ano, um número 30 vezes superior ao do ano passado. A Alemanha é um dos países mais criticados no que à questão dos refugiados diz respeito.

O chão que pisamos pode desabar

É assustador que, num sítio como Macau, onde o chão que pisamos tem, maioritariamente, água por baixo, se possam comprar relatórios sobre o estado dos solos. Ok, venham dizer-me que foi só uma vez. Não sei se acredito. E venham-me dizer que está tudo controlado, que agora já se foi verificar o solo. Não sei se isso me dá descanso. Não é raro encontrar fendas no chão, buracos no meio da estrada – como ainda há pouco se viu em frente ao Clube Militar – ou aquelas subidas e descidas estilo

montanha-russa nas ruas por onde andamos. Ainda assim, lá vamos nós, sorrindo, e dizendo que, ah, isto é algo normal, uma vez que Macau se ergue sob aterros. Mas as coisas mudam de figura quan-do, sem sequer contarmos, somos confrontados com comunicados do Comissariado contra a Corrupção que dão conta que, há um ano (!), afinal o solo cedeu porque alguns espertos do laboratório de enge-nharia do território (!) quiseram uns trocos extra e falsificaram relatórios que dizem que está tudo

bem, sim senhor, e que a obra pode seguir. É como se levássemos uma grande chapada, como quem diz “oh estúpido, pensa lá”. Na reali-dade, num sítio onde a corrupção é considerado como algo normal (olha, ainda ontem mais um caso, que dura há três anos), nada seria de estranhar. Não fosse pensar no pensamento destas pessoas que, ao que parece, não pensam. É que o chão que pisamos pode desabar. E o chão que pisamos será o chão que eles pisam. Andamos a sonhar com aquele prédio alto, o

condomínio de luxo, que se ergue sob aterros. Andamos maravilha-dos a mostrar a quem nos visita que, um dia, tudo isto já foi água e, agora, temos terra. Andamos a pedir autorização à China para mais construções sob a água. E, depois? Um dia a casa vem abaixo? Não que não me satisfaça o facto do CCAC descobrir o que estas men-tes brilhantes fazem a troco de 40 mil patacas. O que me preocupa é que o CCAC não descobriu. E um dia, talvez, poder ir tudo por água abaixo. Literalmente.

“Parece-nos que o Governo alargou o âmbito de aplicação, que abrange os TNR e os seus filhos. Temos de perguntar ao Governo porque é que concebeu o artigo desta maneira porque isto implica

apoios financeiros do Governo e a utilização do erário público”Chan Chak Mo, deputado, sobre o apoio ao ingresso no ensino superior | P. 7

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hoje macau sexta-feira 24.4.2015 3grande plano

U ma pesquisa de dois aca- démicos afirma que a eco-nomia de Macau precisa de ir buscar mais recursos

humanos lá fora. Esta conclusão está integrada no estudo “Estrutura Eco-nómica, Riscos Sociais e Desafios para as Políticas Sociais em Macau, de Bingqin Li e Zhonglu Zeng, reflec-tindo ainda que a estabilidade social está dependente de um “dilema”.

Para isso, escrevem os autores, será necessário fazer alterações a dois níveis, um deles sendo a contratação de trabalhadores do exterior, de forma a cobrir várias indústrias e sectores da economia local. “A economia de Macau sofre de falta de mão-de-obra qualificada, algo necessário no caso de se querer atingir uma reestruturação econó-mica, mas a falta de investimento social e de serviços faz com que a cidade um local muito menos atractivo para pessoas que queiram estabelecer-se”, começam Li e Zeng por referir na conclusão do artigo. Publicado este ano, o documento explora várias dimensões da socie-dade local, focando especialmente naquilo de que esta carece.

Qual é a indústria, Qual é ela?Tudo isto, concluem, aponta para a necessidade urgente da RAEM des-cobrir novas formas de diversificar a economia. Embora esta seja uma ideia que o Governo tem publici-tado com vigor nos últimos anos, coloca-se um novo problema que é explicado pelos autores do artigo: é preciso tempo para identificar que indústrias têm potencial para transformar a economia local. “É urgente que Macau identifique novas estratégias para a sua economia e uma resposta imediata para reduzir o risco económico passa por diversificar a economia. No entanto, é preciso tempo para identificar indústrias alternativas que sejam adequadas para Macau”, sublinham.

Segurança Social para oS TnrOutra das recomendações deste estudo é o alargamento do serviço de segurança social aos TNR. “A primeira mudança será expandir a cobertura a toda a força laboral, não apenas residentes locais. O actual sistema de protecção social é baseado no estatuto de residência e nem todos os trabalhadores migrantes estão protegidos por este sistema, mesmo aqueles que trabalham na indústria do Jogo”, explicam. O segundo aspecto realçado pelos autores tem a ver com o desenvolvimento de capital humano e das infra-estruturas, bem como investimento na formação e educação superior das pessoas, algo que consideram ser “importante para a construção do seu conjunto próprio de capital humanos, potencialmente capaz de ser a nova geração de trabalhadores” locais.

Um estudo publicado por dois académicos chineses coloca a tónica dos problemas económicos e da estrutura social da RAEM na falta de mão-de-obra, especialmente qualificada. Outra das conclusões é que o próximo grande sector local está ainda por identificar. Qual é? Passa a ser o mistério do dia...

Estudo EspEcialista do ipM aponta para falta dE trabalhadorEs na raEM

A via do comprador

Assim, Li e Zeng voltam a colocar a tónica nos aspectos da formação superior e especializada dos residentes e do construção de mais instalações e infra-estruturas de serviços para fazer face à necessidade dessa mesma indústria que está ainda por identificar. “Se, tal como alguns economistas propõem, a diversifi-cação passasse por desenvolver o turismo cultural e a área dos serviços, Macau teria que investir em formação de talentos com capacidades mais mutáveis e importas trabalhadores migrantes melhor qualificados para tapar os buracos no mercado laboral”, justificam.

tiro pela culatra dos líderesAlém dos pontos acima referidos, o mesmo artigo menciona ainda o recente decréscimo contínuo da economia, que, como se sabe, se apoia muito na indústria do Jogo. De acordo com os especialistas, a quebra está sem dúvida relacionada com as restrições impostas pelo Go-verno Central no que diz respeito a líderes e profissionais de altos cargos participarem em jogos de apostas. As receitas locais têm-se baseado princi-palmente no sector VIP – de apostas mais altas – e o estudo demonstra que foi precisamente esse sector o mais afectado. “A indústria do Jogo apoia-se, com grande peso, nos clientes VIP da China continental. As normas mas rígidas para proibir oficiais do Governo de jogar obrigou a uma quebra no número de jogadores e a continuidade da campanha anti--corrupção do continente também simboliza um ataque eminente ao Jogo VIP e ao mercado das marcas de luxo”, escrevem Li e Zeng.

Gastar é investirO artigo parece sugerir que o Gover-no gaste mais dinheiro para investir em melhores condições para a socie-dade. “Uma vez que o Governo de Macau tem uma grande capacidade de recolher taxas, seria de esperar que fosse gasto mais dinheiro na construção de infra-estruturas públi-cas e serviços de forma a melhorar a qualidade de vida das pessoas, mas na realidade não é esse o caso, mesmo depois de este se ter comprometido recentemente a gastar mais na redis-tribuição”, revelam os autores deste documento.

leonor sá [email protected]

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4 hoje macau sexta-feira 24.4.2015entrevista

De entre as suas áreas de espe-cialização está o estudo da inte-racção entre comportamentos, pessoas e espaços urbanos. Como é que essa relação se materializa em Macau? Macau traduz-se num sítio bastante interessante da perspectiva de um observador num espaço público por ser tão denso e populoso. A minha irmã veio cá pela primeira vez o ano passado visitar-me e questionou-se sobre como é que consigo viver aqui porque o as-pecto tão denso da cidade dá-lhe quase um ar pouco saudável. É por isso mesmo que o campus da Ilha da Montanha é tão interessante de analisar, por ser o único sítio na cidade com tanto espaço e tão calmo. A única razão pela qual um espaço destes pode existir aqui em Macau é precisamente pelo facto de não ser localizado em Macau. O facto de ter sido construído aqui é apenas uma tecnicidade e agora até está a começar a ser utilizado pelas agências de turismo como local turístico. Calculo que seja pela facilidade de estacionar os autocarros e ter vários restaurantes.

Daqui a quanto tempo irá o cam-pus da Universidade começar a ser efectivamente utilizado a 100%, uma vez que aparenta estar vazio? Em termos de inscrição de estu-dantes, foi já atingido o objectivo, que era de dez mil estudantes e aconteceu talvez há cinco anos. No entanto, é óbvio que o campus pode ter mais gente do que esta, mas talvez a principal razão pela qual isso ainda não aconteceu se deva à obrigatoriedade – imposta pela universidade – dos alunos viverem na residência interna durante pelo menos um ano. O intuito é que todos os alunos experienciem toda

Timothy Alan Simpson é professor na Universidade de Macau, lidera o departamento de Ciências Sociais e considera que nenhuma indústria poderá substituir a do Jogo. Fala na necessidade de importação de recursos humanos e defende o tornar Macau numa cidade mais habitável

TimoThy AlAn SimpSon vice-director da Faculdade de ciências sociais da uM

“macau só produz oportunidades de consumo”o processo universitário, mas julgo que existe uma razão para isso não estar a acontecer: vários alunos, até mesmo os que supostamente deviam viver aqui, voltam todos os dias para casa dos seus pais, em Macau e acho que há algum cepticismo da comunidade quanto à lógica de viver [na Universidade] se têm o lar tão perto.

Talvez se deva a uma diferença cultural...Sim, certamente que será, até porque as culturas ocidentais estão muito mais habituadas a integrar este mecanismo. Acho que com o tempo as pessoas irão perceber isso aqui também, até porque as casas [em Macau] de vários estudantes são muito pequenas e têm lá várias pessoas a viver, por isso a ideia de viver no campus há-de concretizar--se. Gradualmente, também haverá mais coisas para fazer aqui, até porque neste momento não há muitas actividades extra nem locais para comer ou conviver.

Quanto ao interesse dos estu-dantes locais sobre o ambiente sociopolítico e os seus proble-mas. Considera que os jovens de Macau estão mais conscientes e proactivos quanto a isto? Pela minha experiência, os alunos do continente tendem a mostrar muito mais interesse por este tipo de assunto do que aqueles que cá vivem. Sempre fiquei surpreendido com esta tendência, porque o este-reótipo que tinha quando cheguei era de que os alunos da China teriam muito menos acesso à informação pelas políticas do seu país. No en-tanto, e generalizando, julgo que são muito mais conhecedores da realidade circundante e até mesmo da que acontece internacionalmen-te. Outra das coisas que distingue os estudantes do continente dos de Macau é o facto de ser um mun-do [universitário] extremamente competitivo porque as inscrições acontecem aos milhares e apenas alguns conseguem entrar. Às vezes estamos a lidar com estudantes realmente bons a nível académico. Quanto aos estudantes locais, julgo que estão a tornar-se gradualmente mais conscientes, mas apenas uma percentagem deles se estão a tornar efectivamente activos no mundo da política e das questões sociais. Há é algumas situações – como a manifestação contra o Regime de Garantias – que realmente juntam muita gente.

No que diz respeito aos problemas sociais da região. Quais considera serem as principais questões e

mais complexas de resolver neste momento?O preço das casas é certamente um dos mais complicados, até porque o maior problema na contratação de professores de fora passa pela dificuldade neste ponto. No entan-to, acho que o estado da sociedade e da economia não estão assim tão maus, comparando com o de outras regiões. Acho é que o volume e qualidade das infra-estruturas existentes não é adequada nem

suficiente para lidar com o número elevado de turistas que a cidade recebe diariamente. O sistema de transportes é útil, mas está a enfrentar dificuldades para fazer face ao número de pessoas que se deslocam pelas ruas. O metro ligeiro parece ser uma boa solução, mas creio que só daqui a uns dez anos é que poderá estar pronto.

O número de turistas é então um dos maiores problemas?

É mais uma questão de concentração de pessoas nos mesmos sítios e que é uma questão que só vai ficar pior. Macau precisa dos turistas porque são aquilo que alimenta a economia local. Quando as receitas das salas VIP descem, é preciso aumentar o número de pessoas nas mesas e ouvi que são precisos 16 jogadores de massa para fazer as vezes de um jogador VIP e manter o nível das receitas, portanto tirem-se daí as elações.

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5 entrevistahoje macau sexta-feira 24.4.2015

“Quanto aos estudantes locais, julgo que estão a tornar-se gradualmente mais conscientes, mas apenas uma percentagem deles se estão a tornar efectivamente activos no mundo da política e das questões sociais.”

TimoThy AlAn SimpSon vice-director da Faculdade de ciências sociais da uM

“macau só produz oportunidades de consumo”

Acredita que é possível fazer isso?Não, absolutamente. Acho que estamos acima da capacidade má-xima que a cidade pode aguentar. Isto já acontece há cerca de sete ou oito anos, quando esta tendên-cia durou cerca de oito meses e senti que não poderia viver mais aqui. Não se podia chegar a lado nenhum, nem apanhar transportes. O Governo conseguiu diminuir o fluxo de pessoas, mas está a voltar a acontecer. É assustador viver no

Leal Senado e estar lá durante os feriados, até porque já demorei 45 minutos a percorrer o troço que vai da praça até ao BNU.

Recentemente, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura anunciou a possibilidade de se reduzir o número de turistas em Macau. Concorda com esta medida?A minha opinião sobre isto divide--se. Por um lado, trabalho na Uni-versidade, que depende fortemente das receitas do Governo e que influencia os recursos e a quali-dade do meu trabalho enquanto professor e académico. A restrição de turistas pode significar cortes orçamentais, o que não é positivo para a UM. Nesse sentido, congra-tulo a entrada de um grande número de turistas. Por outro lado, e como residente, é preciso qualidade de vida e factores que tornem a cidade habitável. Acho que os residentes estão a ficar cada vez mais reivin-dicativos quanto à necessidade de manter Macau.

No que diz respeito ao sucesso das indústrias culturais e criativas. Considera que esta poderia ser uma opção viável em substi-tuição do Jogo como principal indústria? Em termos de diversificação eco-nómica. Esta área de conhecimen-tos envolve o meu departamento da Faculdade porque focamo-nos no ensino da criatividade em Fotogra-fia, Design Gráfico, etc. É algo no qual estamos já a apostar e em que acreditamos. É natural que esta área flua, a par com a história da cidade e a indústria do entretenimento e do Jogo. No entanto, não sei até que ponto é que as consequências do seu desenvolvimento chegam a ter alguma expressão relevante na economia [local]. Não se com-preende como é que isso possa traduzir-se em algo com peso real, até porque será impossível criar aqui uma indústria de cinema como a de Hong Kong e que está a ser pensada para se construir [na Ilha da Montanha].

Em que sentido?Na melhor das hipóteses, levaria mais de dez anos para implementar isto, porque é preciso não só ins-talações e material, mas também criativos, artistas e, principal-mente, massa crítica. Há pessoas interessantes aqui, mas a criação de mais e das instalações demora muito tempo. Acho que é uma óptima ideia e este é o único sítio com espaço, mas por outro lado, parece-me ser uma ideia que não

vai ao encontro daquilo que se quer produzir. Ou seja, um local para produzir filmes baseados em cenários locais. Isto podia ser feito separadamente, usando edifícios abandonados no Porto Interior, por exemplo.

Na sua tese de doutoramento, analisa o desenvolvimento de Ybor, uma cidade na Flórida que partilha características com a RAEM. Sim, tornou-se numa espécie de cidade decadente dentro de outra cidade e que se transformou, aos poucos, num pólo de movimento artístico. Depois houve um debate sobre como é que esta se devia desenvolver e acabou ter um de-senvolvimento muito semelhante ao de Macau, virado para o entre-tenimento, sendo que os artistas acabaram por desaparecer. Acho é que é um processo muito natural. Em Macau, gostava que o Governo facilitasse o uso de propriedades abandonadas junto do rio. Sem-pre me questionei porque é que não havia ali estúdios e galerias de arte. Julgo que poderiam com-prar alguns daqueles edifícios e disponibilizá-los para esse fim.

Está cá há 14 anos. Sente que houve alguma mudança notória? Tenho reparado que a natureza da comunidade portuguesa se tem alterado bastante. Quando mudei para cá, a maioria dos portugueses que conhecia eram mais velhos, geralmente nascidos em colónias portuguesas e alguns deles ex--militares... Actualmente ainda existem, mas há um fluxo crescente de jovens da área criativa para quem por vezes é difícil singrar porque é-lhes cada vez mais difícil arranjar vistos de trabalho e casas baratas.

Qual é a sua posição quanto à contratação de TNR?Concordo, no sentido em que os residentes disponíveis para são bastantes limitados quanto ao tipo

e posição que podem e querem ocupar. Basicamente toda a gente que tem capacidade para trabalhar está empregado e isso mostra que há escassez de recursos humanos. É preciso termos trabalhadores estrangeiros, mas isso é outra dimensão da vida local, porque é complexo encontrar o equilíbrio em termos de competitividade.

Num artigo seu, “Macao Noir”, surge, de certa forma, a ideia de que o Governo Central aca-bou por produzir em Macau um mundo de entretenimento destinado a distrair os cidadãos que no continente apenas traba-lham. Considera que os vistos individuais e o alargamento do número de operadoras de Jogo funcionam como ferramentas para transformar Macau apenas nisso mesmo?Sim, parece ser uma das consequên-cias dessas medidas. Interessa-me bastante as consequências disto numa perspectiva sociológica, em como a abertura das fronteiras e os vistos individuais pode moldar uma sociedade. De uma perspecti-va positiva, acabou por transformar Macau numa das economias com o mais rápido desenvolvimento de sempre. No entanto, a cidade não estava preparada para lidar com a quantidade de pessoas e nem mesmo com os problemas laborais.

No mesmo artigo, explora o con-ceito de “pedagogia capitalista”. O que é que isto quer dizer e como é que se aplica à região?É interessante olhar para Macau enquanto zona independente, mas integrada noutro país e é precisamente nisso que acredito que a China é melhor que qualquer outro país: experimentar a criação de zonas deste género, com as suas leis próprias. Macau não começou por ser assim, mas tornou-se aquilo que é hoje devido a incidentes e à essência da sua própria História. É curioso perceber como é que as alterações em Macau aconteceram em simultâneo com profundas mu-danças na China, de uma economia socialista para uma economia de mercado. Macau tornou-se num sítio onde os turistas chineses po-diam experimentar o capitalismo e é isso que gosto de caracterizar como sendo uma pedagogia que não foi propositada, mas simples-mente aconteceu. É um local muito pequeno com exemplos intensos de práticas, principalmente de consumo. Macau produz nada mais senão oportunidades de consumo. Por vezes, o consumismo não envolve o uso de algo, mas sim apenas o consumo de Jogo, onde se descarta o uso obrigatório de um produto específico. É apenas preciso ter pessoas a exercer o acto de consumir.

E que mudança tão profunda aconteceu na China?

A estratégia macro para desenvol-ver a economia foi-se alterando para exactamente isso: o país que antes era o maior produtor e fabri-cante de e para o mundo começa agora a transformar-se num país de consumidores, onde eles próprios consomem o que produzem. Come-çou-se a urbanizar a sociedade e a mudar as pessoas para as grandes cidades, onde terão que comprar casas, automóveis e móveis...

Será que futuramente Macau vai conseguir sobreviver sob este desígnio? Essa é a genialidade de Macau, que por mais de 500 anos tem conse-guido sempre gerir e aproveitar as oportunidades que surgem ao lado. Nunca produzimos nada de efectivo, mas este é um local onde as relações pessoais e os contactos inter-regionais desempenham o papel fulcral de tornar possíveis coisas que nunca aconteceriam noutros locais do género. A His-tória da região sugere que será sempre assim.

Um dos conceitos que defende é a existência de um “falso absolu-to”, nomeadamente o Venetian. O que quer isso dizer?Esta cidade tem esses elementos nela mesma. Aqui há uma convi-vência entre o que é novo, velho ou feito de novo para parecer velho e entre a cidade real e a imaginada... Não é possível fugir dessa conco-mitância porque, para onde quer que olhemos, há essa simbiose, um edifício totalmente novo junto a elementos antigos.

Numa última análise, será pos-sível que a maioria dos turistas acabe por conhecer apenas uma cidade imaginada e não a Macau real? Todos os turistas passam pelas ruínas e pelo Leal Senado, indepen-dentemente do que seja construído futuramente. Estes são edifícios reais e com História, mas a expe-riência de conviver com centenas de turistas no mesmo local não é, em si, real. Aquilo que se vê é um espaço turístico fabricado, uma experiência simulada. Por outro lado, Macau é agora isso mesmo, portanto esta simulação é, de certa forma, verdadeira.

Acha que só tende a piorar?Sim, acho. No entanto, acho que se o centro se mantiver habitável está tudo bem. O que mais me preocupa é quando os locais, que ainda ali vivem, quiserem todos mudar-se devido ao tráfego de pessoas. O facto do posto de correios [do Leal Senado] se manter ali mostra que há vida para além do turismo naquela zona. O pior cenário seria aquilo transformar-se num centro comercial, algo que tiraria todo o carácter habitável daquela zona.

Leonor Sá [email protected]

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6 publicidade hoje macau sexta-feira 24.4.2015

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.º 102/2015-----Atendendo a que não é sendo possível proceder à respectiva notificação sociedade, pelo presente notifique-se a “PINK GRILL Sociedade Unipessoal Lda.”, titular da licença do “Restaurante CHURRASQUEIRA COR-DE-ROSA”, situado no COTAI, a Poente do Istmo Taipa-Coloane, parcelas 5 e 6, piso 1(L1), loja 1026 do Hotel “CONRAD MACAU, COTAI CENTRAL”, que na sequência do Auto de Notícia n.° 119/DI/2013, levantado pela DST em 25.03.2013, e por despacho da signatária de 16.04.2015, exarado no Relatório n.° 324/DI/2015, de 27.03.2015, lhe foi aplicada a sanção de “Advertência”, nos termos da alínea a) do art.° 59.° do Decreto-Lei n.° 16/96/M, de 1 de Abril, por infracção ao art.° 30 - “Os estabelecimentos hoteleiros e similares só podem abrir ao público após a emissão da licença respectiva.” do mesmo diploma. -------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 30 dias, conforme estipulado na alínea a) do n.° 2 do art.° 25.° do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro. ------------------------------------Da presente decisão cabe reclamação para o autor do acto, no prazo de 15 dias e sem efeito suspensivo conforme o prescrito no n.° 1 do art.° 148.°, art.° 149.° e n.° 2 do art.° 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. --------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo poderá ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ----------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Abril de 2015.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 90/2015-----Atendendo a que não é possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se TORRES, ESPERANZA GALLEGA, proprietária do Bar com Karaoke, situado na Rua de Espectação de Almeida n.° 3, Edf. Son Heng, Rés-do-Chão A, Macau, que na sequência do Auto de Notícia n.° 26/2014/C1, levantado pelo CPSP, em 01.02.2014, bem como por despacho da signatária de 16.04.2015 exarado no Relatório n.° 269/DI/2015, de 30.03.2015, lhe foi aplicada a multa de $60 000,00 (sessenta mil patacas), nos termos da alínea b) do n.° 2 e do n.° 3 do artigo 67.° do Decreto-Lei n.° 16/96/M, de 1 de Abril, por infracção ao artigo 30.° do mesmo diploma � �Os estabelecimentos hoteleiros e similares só podem abrir ao público após a emissão da licença respectiva.�, e a multa de $20 000,00 (vinte mil patacas), nos termos da alínea b) do artigo 46.° do Decreto-Lei n.° 47/98/M, de 26 de Outubro, por infracção ao artigo 3.° do mesmo diploma � �É proibida a prática ou exploração de qualquer das actividades ou eventos especificados nas tabelas anexas ao presente diploma sem que o respectivo promotor ou o proprietário do estabelecimento disponha de autorização ou licença válida para o efeito, nos termos do presente diploma.�, perfazendo as multas um total de $80 000,00 (oitenta mil patacas).------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário das multas deverá ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos D�Assumpção n.os 335-341, Edifício �Centro Hotline�, 18.° andar, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 62.° do Decreto-Lei n.° 16/96/M, de 1 de Abril e com o n.° 1 do artigo 50.° do Decreto-Lei n.° 47/98/M, de 26 de Outubro; findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 62.° do Decreto-Lei n.° 16/96/M, de 1 de Abril e do n.° 2 do artigo 50.° do Decreto-Lei n.° 47/98/M, de 26 de Outubro. ---------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe reclamação para o autor do acto, no prazo de 15 dias e sem efeito suspensivo conforme o prescrito no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150. °, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo poderá ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços. ------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Abril de 2015.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 277/AI/2015-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifiquem-se os infractores, 高洋, portador do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da R.P.C. n.° W71707XXX e 李俊明, portador do passaporte da R.P.C. n.° E00603XXX, que na sequência do Auto de Notícia n.° 75/DI-AI/2013 levantado pela DST a 17.07.2013, e por despacho da signatária de 16.04.2015, exarado no Relatório n.° 334/DI/2015, de 09.04.2015, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhes foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlarem a fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.os 361-B-361-K, Edf. I On 21.° andar D onde se prestava alojamento ilegal.------------ -----O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão podem os infractores, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.--------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício �Centro Hotline�, 18.° andar, Macau.----------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Abril de 2015.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 278/AI/2015

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora 鄧春紅, portadora do passaporte da R.P.C. n.° E14340XXX, que na sequência do Auto de Notícia n.° 75/DI-AI/2013 levantado pela DST a 17.07.2013, e por despacho da signatária de 16.04.2015, exarado no Relatório n.° 335/DI/2015, de 09.04.2015, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.os 361-B-361-K, Edf. I On 21.° andar D. -------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. --------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício �Centro Hotline�, 18.° andar, Macau. -------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Abril de 2015.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 279/AI/2015-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora 鄧春紅, portadora do passaporte da RPC n.° E14340XXX, que na sequência do Auto de Notícia n.° 75.1/DI-AI/2013 levantado pela DST a 17.07.2013, e por despacho da signatária de 16.04.2015, exarado no Relatório n.°336/DI/2015, de 09.04.2015, em conformidade com o disposto no n.° 2 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $20.000,00 (vinte mil patacas) por angariar pessoas com vista ao seu alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.os 361-B-361-K, Edf. I On, 21.° andar D. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.--------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício �Centro Hotline�, 18.° andar, Macau. -----------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Abril de 2015.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 293/AI/2015-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHAN, David, portador de Hong Kong Permanent Identity Card n.° G2164xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 97/DI-AI/2013, levantado pela DST a 10.09.2013, e por despacho da signatária de 16.04.2015, exarado no Relatório n.° 331/DI/2015, de 02.04.2015, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Luis Gonzaga Gomes, n.os 78-B-96, Edf. Lei Kai, 6.° andar C onde se prestava alojamento ilegal.--------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele auto de notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.--------------------------A matéria constante daquele auto de notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício �Centro Hotline�, 18.° andar, Macau.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 16 de Abril de 2015.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

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7políticahoje macau sexta-feira 24.4.2015

o Regime do Ensino Su-perior, actualmente em análise na espe-cialidade na Assem-

bleia Legislativa (AL), prevê que todos os “indivíduos” devem ter igual acesso ao ensino superior, com apoio do Executivo. Mas os deputados querem que o Governo esclareça melhor o âmbito, para saber se os não residentes também estão incluídos nesse bolo e até que ponto vão beneficiar de apoios públicos para estudar.

“Será que o Governo pretende incluir todos os Trabalhadores Não Residentes (TNR) com blue card e os seus filhos? Não temos ainda uma resposta da parte do Governo e concordamos com a igualdade de acesso, mas temos de analisar esta questão. Temos de ver o que significa ‘todos os indi-víduos’ e temos de saber quais são, porque serão gastos mais recursos. Se tivermos condições para todos os indivíduos, tudo bem, mas te-mos de analisar”, explicou Chan Chak Mo, deputado que preside à 2.ª Comissão Permanente, en-carregue da análise do diploma.

Chan Chak Mo lembrou que o decreto-lei de 1991, que ainda regula o ensino superior, prevê que “a Administração do Território deve criar as condições que garan-tam aos cidadãos a possibilidade de frequentar o ensino superior”, independentemente de raça, sexo ou religião. Quanto à proposta de lei, refere que o Governo deve criar essas mesmas condições para “todos os indivíduos”.

“Parece-nos que o Governo alargou o âmbito de aplicação, que abrange os TNR e os seus filhos. Temos de perguntar ao Governo porque é que concebeu o artigo desta maneira porque isto implica

O Secretário para a Econo-mia e Finanças, Lionel Leong, participou on-

tem na inauguração da Área de Hengqin da Zona de Comércio Livre de Guangdong. No seu

Os deputados querem saber se o financiamento público às universidades também vai incluir trabalhadores não residentes e as suas famílias, para avaliarem os recursos que serão necessários. Si Ka Lon considera que os TNR nãodevem receber dinheiros públicos para estudar

Ensino supErior DeputaDos questionam acesso De tnR a financiamento

Gente de segunda classeapoios financeiros do Governo e a utilização do erário público”, acrescentou Chan Chak Mo.

Pagar ou não Pagar?O deputado Si Ka Lon, também membro da 2.ª Comissão Perma-nente, disse ao HM ter as mesmas dúvidas. Explicou que o objectivo do diploma é garantir a igualdade de acesso às universidades de todas as pessoas, mesmo os portadores de deficiência ou de outras nacio-nalidades. No entanto, há coisas por esclarecer.

“O Governo tem de se explicar melhor, porque a proposta de lei não explica se o Governo precisa de assumir as despesas do ensino superior para todas as pessoas. A Comissão está preocupada com o futuro, se o Governo vai ou não ter capacidade financeira suficiente para assumir todas as despesas com o ensino superior.”

O deputado, número dois de Chan Meng Kam no hemiciclo, acrescentou ainda que, a acontecer a generalidade de apoios, devem ser atribuídos de forma diferencia-da, ainda que deva ser garantidas as condições para a formação de pessoas qualificadas.

“As despesas feitas com os TNR devem ser diferentes das

que são feitas com os residentes, o Governo não deve assumir essas despesas”, concluiu, sem explicar como se pode ser irresponsável por pessoas que estão há mais de 15 anos em Macau, contribuindo para o desenvolvimento da região.

Ainda em relação ao finan-ciamento público para o ensino superior, os deputados levantaram diversas questões quanto à fisca-lização. “Há neste momento três instituições públicas de ensino superior, mais oito instituições do ensino privado. Houve de-putados que disseram que esses dois tipos de instituições devem ser tratados de forma diferente e vamos perguntar ao Governo como se faz a fiscalização destes dois tipos de instituições”, disse Chan Chak Mo.

Quanto à definição de bens públicos detidos pelas instituições de ensino “não se coaduna com a definição contida no Código Civil”, apontam. Há ainda arestas a limar no diploma. “Segundo a nossa assessoria, a redacção do diploma não é a mais feliz, por causa da sistematização e da mistura de objectivos e finalidades”, rematou o deputado.

andreia Sofia Silva & Flora [email protected]

inauGurada árEa dE HEnGqin da Zona dE ComérCio LivrE dE GuanGdonG

O projecto do nome compridodiscurso, citado num comunica-do oficial, Lionel Leong referiu que a nova área “corresponde às necessidades de desenvolvi-mento da RAEM e às exigências estratégicas do estreitamento da

cooperação Guangdong-Macau”, pelo que “o Governo da RAEM, com as empresas e população, irá apoiar e participar activamente nos projectos de construção da-quela área”.

Lionel Leong garantiu ainda que, no futuro, serão feitos esfor-ços para a “elevação da eficácia da implementação dos projectos” entre Macau e Hengqin, e tam-bém promover os negócios dos jovens empresários e Pequenas e Médias Empresas (PME). Para isso, “os serviços competentes irão proceder a uma revisão séria dos diplomas e regulamentos legais” para incentivar o comércio de cooperação, sendo ainda objecti-vo “acelerar o ritmo, melhorar a qualidade e aumentar a eficácia da construção do Parque Industrial de Cooperação Guangdong-Macau, incluindo o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa Guangdong-Macau”.

Quanto ao Vale de Criação de Negócios para os Jovens de Macau, “serão lançados serviços específicos e medidas direccionadas para cons-truir (a área), a fim de impulsionar o crescimento e transformação dos quadros qualificados e sucesso dos jovens de Macau”.

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8 política hoje macau sexta-feira 24.4.2015

C hama-se União dos Ope-rários de macau e é uma nova associação liderada pela já

conhecida Cloee Chao. Depois de deixar o cargo de secretária--geral da Forefront of The macau Gaming, por sentir “pressões”, Cloee Chao acaba de assumir a presidência deste novo grupo, que vai levar às manifestações do 1º de maio.

Chao, que foi convidada a presidir a União dos Operários de macau, assegura que esta nova actividade lhe vai permitir focar-se mais nas actividades dedicadas ao dia-a-dia da população, em vez de realizar protestos.

ainda assim, Cloee Chao, que

1 de Maio Cloee Chao lidera nova assoCiação, CoMposta por trabalhadores do Jogo

ela continua aíliderou os maiores movimentos de rua da história da indústria do Jogo, promete participar na manifestação do 1º de maio. e, apesar de considerar que esta União abrange outros âmbitos, de acordo com o Jornal Tribuna de macau, esta é composta maioritariamente por trabalhadores do Jogo.

a líder da associação apontou o dedo à sands e à sociedade de Jogos de macau (sJm), dizendo que estão a ser feitas novas exi-gências e exercida pressão sobre os trabalhadores de modo a poupar dinheiro.

segundo Chao, as operadoras não querem assumir o despedi-mento directo de funcionários,

mas têm procurado formas de os pressionar a sair.

No caso da sands, disse, os supervisores têm sido pressionados a aumentar a fiscalização sobre os ‘croupiers’, aplicando sanções quando estes não efetuam os gestos definidos pela empresa - quando a falha se repete duas vezes pode

levar ao despedimento do traba-lhador.

Quanto à sJm, Chao garante que o sistema de pontos utilizado para avaliar o desempenho dos trabalhadores foi alterado e que um atraso de um funcionário passou a implicar a retirada do dobro da pontuação do que acontecia ante-

riormente. ao jornal português, a Sands afirmou que as alegações eram falsas. O mesmo defendeu a sJm, que, em declarações à agência Lusa, disse que o sistema de avaliação não foi alterado.

seja como for, no protesto do Dia do Trabalhador, a croupier do casino Wynn disse que não vai deixar de se juntar às actividades da Forefront of The macau Gaming.

Recorde-se que, como o hm noticiou, Cloee Chao deixou a liderança da Forefront por sentir pressões, até junto da família. mas na qualidade de presidente da União dos Operários, a croupier disse que vai virar-se mais para a realização de actividades de vo-luntariado e menos protestos. “a União dos Operários de macau vai complementar as actividades sociais e outras áreas que faltam na actividade da FmG”, referiu ao hm. F.F.

C hama-se “es-tratégia Nacional 515” e, para além disto, muito pou-

co se sabe. esta estratégia é da responsabilidade do Governo Central, como confirmou ao HM o Gabi-nete do secretário para os assuntos sociais e Cultura, alexis Tam, e tem como objectivo cinco pontos ful-crais: civilização, ordem, segurança, conveniência e, por último, fortalecimento do país e enriquecimento da população, como se pode ler no comunicado chinês. macau está nela incluída,

macau faz parte da estratégia “515”, definida pelo Governo Central e apresentada durante a visita de alexis Tam, a Pequim. Da estratégia pouco ou nada se sabe, já que é da responsabilidade do Governo Central. mas que ela vaipara a frente, isso vai...

alexis eM pequiM 515: a estratégia nacional para o turismo

os cinco elementos

mas não apresenta qualquer esclarecimento extra.

No encontro em Pequim, o subdirector da adminis-tração Nacional de Turis-mo da China, Li shihong apresentou a misteriosa estratégia nacional “515” no âmbito do turismo, a alexis Tam. Por sua vez, o secretário para os assuntos sociais e Cultura voltou a apresentar sugestões para

a melhoria da política de vistos individuais, tendo como objectivo a des-centralização da intensa movimentação de turistas em macau. ainda que estas tenham sido meras opiniões e não a apresentação de uma proposta formal.

Questionado pelo hm, o Gabinete do secretário não adiantou quais as sugestões apresentadas,

sublinhando que atempa-damente o secretário as tornará públicas.

em comunicado, o Go-verno explica que esta estra-tégia pretende implementar dez actividades na área de turismo. sem desvendar a que actividades se refere, o executivo explica ainda que esta estratégia engloba ainda 52 medidas que podem “trazer novas oportunidades

para o desenvolvimento do turismo de macau”.

Visita com educação a educação foi o assunto do segundo dia da visita à capi-tal, com maior foco na área do Desporto, que angariou vários elogios. “No encontro com a administração Geral do Desporto da China, o director Liu Peng elogiou o desenvolvimento rápido

do sector do Desporto em macau, tendo obtido um grande êxito na promoção do desporto para todos”, pode ler-se no comunicado à imprensa.

sobre a estratégia ‘Uma faixa, uma Rota’, alexis Tam, secretário da pasta que irá coordenar esta estratégia, aliada à ‘Rota marítima da seda’, diz que vai aproveitar melhor esta nova oportunida-de para promover a criação de sinergias em diversas áreas, nomeadamente, “cultura e turismo”. O desejo que macau entre na lista de participantes das actividades do “ano da Cultura Chinesa” foi também manifestado por Ding Wei, vice-ministro do ministério da Cultura.

Pequim garante aPoioa macau na Protecçãodo PatrimónioRelativamente ao Patrimó-nio, alexis Tam garantiu que o Governo vai proteger o Património de macau, reforçando a promoção da criação de sinergias entre diversas áreas, nomeada-mente a cultura, educação e turismo. mas também o Governo Central prometeu ajudar nesta tarefa, garan-tindo que vai ajudar macau na elaboração do plano de salvaguarda e gestão do cen-tro histórico para entregar à UNesCO. ao encontrar-se com alexis Tam, Li Xiaojie, director da administração Nacional do Património Cul-tural, reafirmou o apoio do Governo chinês ao executi-vo de macau na protecção do património cultural.

Filipa araújo [email protected]

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9sociedadehoje macau sexta-feira 24.4.2015

UM Incêndio numa das residências obriga à evacuação de alunos

Inflação perto dos 6% A taxa de inflação em Macau nos últimos 12 meses terminados em Março face aos 12 meses imediatamente anteriores foi de 5,77% devido, entre outros, às subidas dos preços da habitação e combustíveis. De acordo com uma nota dos Serviços de Estatística e Censos do Governo de Macau, nos últimos 12 meses terminados em Março registaram-se aumentos de 11,67% nas secções habitação e combustíveis, de 5,75% nos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas e de 4,82% na saúde. Comparativamente a Março de 2014, os preços em Macau subiram 5,14% com as secções habitação e combustíveis a registarem aumentos de 10,58%, a saúde 5,71% e os produtos alimentares e bebidas não alcoólicas 5,48%. Em sentido inverso e na comparação entre Março de 2015 e o mesmo mês do ano passado, os preços nas secções “transportes” e “vestuário e calçado” diminuíram, respectivamente, 0,66% e 0,39%. Já em termos mensais, entre Fevereiro e Março deste ano, os preços em Macau aumentaram 0,19%.

PIB Estudo daUM prevê quedade quase 15% Num estudo sobre a macroeconomia, a Universidade de Macau (UM) prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) apresentará uma queda de 14,7%. Se as receitas do Jogo continuarem a render 60 mil milhões de patacas por trimestre, o PIB do território vai diminuir 14,7%, mas a previsão contempla outros dois valores: a estimativa pessimista de uma descida superior a 20% e, no lado optimista, uma quebra de apenas 9,4%. Os analistas da UM justificam as quedas como consequência da campanha contra a corrupção do Governo Central. Segundo as estimativas, a exportação de serviços deverá cair 22,8% e a inflação atingir os 5,3%. Quanto ao consumo interno, este diminuirá 4,9%.

Um incêndio num dos quartos de um dormitório da Uni-

versidade de macau (Um) levou, esta madrugada, à evacuação da residência Choi Kai Yau, onde dor-miam 250 alunos. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o alerta foi dado pelas 03h00, mas, apesar do aparato, ninguém ficou ferido.

Quando os bombeiros chega-

ram ao local, o fogo, originado por uma avaria num desumidificador, já tinha sido extinto pelo segurança do dormitório. O homem de 28 anos deparou-se com um dos col-chões do quarto em chamas e inalou “algum fumo” ao tentar apagar o fogo, sendo, por isso, transporta-do para o Hospital Conde de São Januário para receber assistência.

A maioria dos estudantes já estava no exterior quando os bombeiros chegaram - apenas 26 tiveram de ser ajudados a sair do edifício. Nenhum precisou de assistência médica.

Um pequeno incidente deu-se ainda no local, quando jornalistas que tentavam fotografar a cena foram impedidos por outro estu-dante, que chegou a partir o flash

de um dos fotógrafos. O homem defende, contudo, que só travou os jornalistas por não querer que os estudantes fossem vistos de pijama e de forma a “proteger a sua privacidade”.

Entretanto, a Um lançou um comunicado onde assegura estar a cooperar com a polícia para mais investigações.

Q UASE que se pode chamar o edifício da espera. Há sete anos que na Calçada do

Gaio mora um prédio por construir, depois da decisão de embargo decretada pelo Executivo. Em resposta ao Hm, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) confir-mou que o assunto continua a ser analisado e que ainda não há uma data para a decisão final.

“O grupo de trabalho interde-partamental criado para o efeito

Calçada do Gaio DSSOPT SEM DECISãO SOBrE PréDIO EMBArGADO

Foi em 2008 que te conheciA construtora San Va já veio dizer que deposita esperanças no novo Executivo,mas a verdade é que a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportesnão revela um calendário para a decisão final sobre o prédio situado na Calçadado Gaio, embargado há sete anos

realizou várias reuniões para analisar as exigências feitas pelo promotor imobiliário, participou em algumas destas reuniões para, conjuntamente com a Adminis-tração, estudar sobre a questão e chegar a um acordo pela via negocial. Assim que tivermos mais informações iremos torná-las públicas.”

O organismo agora liderado por Li Cafeng acrescentou que o Executivo sempre acompanhou as questões respeitantes ao em-preendimento situado na Calçada

do Gaio e realizou as negociações com o promotor deste empreen-dimento em conformidade com o princípio de racionalização do erário público. A ideia, assegura a DSSOPT, é encontrar uma solu-ção “que respeite os pressupostos legais e que condiga com o inte-resse público”, na expectativa de resolver devidamente a questão. “E que o promotor imobiliário e a Administração encontrem pela via negocial uma solução baseada no princípio de boa fé”, acrescenta a nota enviada ao Hm.

Recorde-se que fontes da construtora San Va, promotora do edifício, disseram recentemente ao Jornal Tribuna de macau que depositam “esperanças” no novo Governo para que a situação saia do impasse registado há quase uma década. A mesma fonte re-feriu que os debates das Linhas de Acção Governativa (LAG) deram a impressão de que tanto o Secretário da tutela, Raimundo do Rosário, como o director da DSSOPT, Li Cafeng, têm uma nova atitude para a resolução do problema.

Apesar do Executivo ter refe-rido ao Hm a realização de muitas reuniões e análises, a verdade é que a San Va Construções e Fo-mento Predial afirmou ao Jornal Tribuna de macau que tem enviado várias cartas para a marcação de encontros, sem sucesso. O último pedido terá sido feito em março à DSSOPT.

Data de 2008 o caso deste prédio da Calçada do Gaio, quan-do Edmund Ho, à data Chefe do Executivo, emitiu um despacho a limitar a altura dos edifícios na zona, uma vez que o Centro Histórico já estava protegido pela UNESCO. Por entrar em confli-to com a paisagem do Farol da Guia, o edifício acabaria por ser embargado.

Andreia Sofia [email protected]

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10 sociedade hoje macau sexta-feira 24.4.2015

O líder do grupo Fore-front of The Macau Gaming, Ieong Man Teng, reclama da

forma como algumas operadoras ainda continuam a despedir os seus trabalhadores, nomeadamente através da emissão de cartas de aviso. O responsável daquela que é uma das maiores associações em prol da defesa dos trabalhadores do Jogo, diz que esta forma de despedimentos indirectos acarreta riscos para os funcionários.

As cartas, chamadas de cartas de aviso, são enviadas geralmente quando os trabalhadores cometem erros, mas Ieong Man Teng diz que, apesar das próprias conces-sionárias mostrarem que o número destas está a diminuir, apontando valores entre os 20% e 40% de queda, estas poderão vir a aumentar novamente. E explica porquê.

“Com as operadoras de Jogo a aumentarem os níveis de remunera-ção e as regalias dos funcionários, as penalidades vão ser, também elas, mais rigorosas, comparativa-

As testemunhas ontem ouvi-das pelo Tribunal Judicial de Base em mais uma au-

diência no caso do site Wonderful World garantem ter contactado com Charlie Choi para questões relacionadas com a página na inter-net. O advogado de defesa insiste que não é possível provar que o homem é o fundador do site, apesar de ser ele quem dá a cara por tal.

Depois de, na semana passa-da, Charlie Choi se ter declarado inocente face ao crime de que vai

Sands com quebra da 54,2%Os lucros líquidos da Sands China caíram 54,2% no primeiro trimestre para 344,7 milhões de dólares norte-americanos. De acordo com os dados revelados pela operadora na sua página oficial, entre Janeiro e Março, a Sands China arrecadou receitas de 1.770 milhões de dólares norte-americanos, menos 34,9% do que no mesmo período de 2014, quando registou 2720 milhões de dólares. O Ebitda ajustado - lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, da companhia caiu 43,4% para 531 milhões de dólares norte-americanos. Apesar da contrariedade dos números, Sheldon Adelson, líder da Las Vegas Sands, manifestou-se confiante no mercado de Macau. Ontem foi ainda anunciado que o Sands Cotai Strip foi considerado o melhor resort na China, entre os que não têm praia.

Jogo FOrEFrOnt OF thE MACAu GAMinG prEOCupADA COM DESpEDiMEntOS inDirECtOS

Escrevi para dizer que não te amoO líder da Forefront of The Macau Gaming diz que erros menos graves estão a dar origens a despedimentos mais severos e associa as penalidades ao facto das operadoras estarem a aumentar as regalias para os funcionários. Pior, diz, é que os despedimentos são feitos por cartas

mente aos anos anteriores. Apesar de os funcionários corresponderem aos requisitos das companhias e de haver menos erros, o desempenho

pode não apresentar melhorias face às novas regalias”, afirmou ao HM.

Ieong Man Teng considera que só “na aparência” é que as cartas

de aviso diminuíram. “Anterior-mente, os funcionários só recebiam cartas depois de cometerem vários erros, era mais humano. Agora os funcionários recebem um aviso grave depois de cometerem erros ligeiros, podendo ser despedidos depois de receber duas cartas,” explicou.

Recorde-se que, numa reunião com os representantes das seis operadoras de Jogo, o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, referiu que o peso percentual das empresas do Jogo face à formação, promoção pro-fissional e mobilidade horizontal dos seus trabalhadores residentes irá ser considerada na avaliação intercalar, aquando da revisão dos contratos. O líder da Forefront es-pera que a Direcção dos serviços para Assuntos Laborais (DsAL) e a Direcção de Inspecção e Coorde-nação de Jogos (DICJ) executem as leis com rigor para assegurar os empregos dos funcionários.

Flora [email protected]

WondErFul World dEFEsa diz não sE podEr provar quEm é Fundador do sitE

Diz lá tu se tens a certeza de que sou eu acusado – de violação da Lei dos Dados Pessoais -, negando até ser o responsável pelo site de dívidas de Jogo, duas testemunhas foram ontem ouvidas.

Num dos casos, os familia-res de Lai Chanxing, uma das pessoas expostas no site, dizem que conheciam o réu há mais de 20 anos e que foi através de um amigo que ficaram a saber que os dados de Lai estavam expos-tos no site em causa, devido a uma dívida de 180 mil patacas.

“surpreendida” com a situação, a testemunha tentou entrar em contacto com o responsável do site em causa através do contacto disponibilizado na página. O telefonema foi transferido para outra pessoa que não quis ceder o contacto de Charlie Choi. Posto isto, a testemunha avançou com uma denúncia à polícia.

Mas, este não foi um caso iso-lado. Outras testemunhas presentes no TJB apresentaram a mesma queixa: difamação. Algum tempo

depois, contou a testemunha, foi possível o contacto com Choi, conseguindo a testemunha que os seus dados fossem retirados do site.

Confiante na vitória sobre os relatos das testemunhas, o advogado de defesa considera--os suspeitos. “Charlie Choi não tem uma relação próxima com as testemunhas, porque razão estaria descontente com ele e colocar os seus dados no site?”, questionou. Defendeu o advo-gado, nas alegações finais, que mesmo apesar de vários meios de comunicação terem mostrado que Charlie Choi é o fundador do website Wonderful World, a PJ e o Gabinete de Protecção dos Dados Pessoais não conse-guiram descobrir se o fundador é realmente o réu, sendo que até o processo mostra que o website é fundado no estrangeiro. Acha, por isso, que estas condições não correspondem ao crime de viola-ção de dados pessoais. A decisão surgirá na próxima quinta-feira, dia 30. Charlie Choi disse ao HM, no final da sessão, que está “confiante na vitória”.

Flora [email protected]

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11 sociedadehoje macau sexta-feira 24.4.2015

O Governo voltou on-tem a afirmar querer aumentar os custos de aquisição e utilização

de veículos, numa altura em que mensalmente entram nas estradas mais 900 automóveis. Num comu-nicado, o Executivo assegura estar a tentar melhorar os transportes públicos para conseguir alcançar este objectivo.

O Governo manifesta por exemplo, entre outros aspectos, vontade de subir o custo do esta-cionamento em parques públicos, nomeadamente nas horas de maior utilização diurna, rever o modelo de passes mensais com lugar garantido e assegurar uma maior rotatividade da utilização do estacionamento. Além da via económica, tornando mais cara a compra e utilização de veículos, o Governo quer ainda encurtar o tempo em que os veículos são obrigados a comparecer nas ins-pecções anuais e que actualmente é de 10 anos.

O aumento de taxas como o imposto circulação, cuja actuali-zação não é feita há mais de uma

O director dos Serviços para Assuntos de Trá-fego (DSAT), Wong

Wan, disse que ainda não existe um calendário para implemen-tar medidas que simplifiquem o requerimento da matrícula da China continental para os veículos locais. Respondendo a uma interpelação do deputado Si Ka Lon, o responsável explica que, devido ao recente relatório que aponta aspectos positivos e negativos ao sistema, ainda não há decisão.

Si Ka Lon apontava que o pedido de matrícula chinesa para os veículos locais e a inspecção anual continuam a ser compli-cados. No entanto, o número de veículos com duas matrículas tem aumentado. O deputado questionou o Governo se este vai continuar a dialogar com a província de Guangdong para a

Detido grupo chinês de controlo de prostitutas O Ministério Público concluiu, no dia 21, a investigação preliminar sobre um caso de controlo de prostitutas, liderado por provenientes do Continente chinês. Aos dez suspeitos foram aplicados as medidas de coacção de obrigação de identificação e pagamento de caução, seguindo agora mais investigação. Em causa está um grupo de dez suspeitos, cinco homens e cinco mulheres, provenientes do interior da China e com idades compreendias entre os 20 e 50 anos.

TrânsiTo GOvErnO quEr diMinuir núMErO dE AutOMóvEis

Um tsunami de veículosAlém do aumento de impostos, há novas medidas para travar o número de veículos, como a subida dos preços dos parques e a revisão do modelo de passes mensais

DsAT não Tem cAlenDário pArA sisTemA De DUplA mATrícUlA

No reino dos prós e contras

década, bem como dos impostos de aquisição que face a territórios vizinhos é, em alguns casos, dez vezes inferior, levaram a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) a efectuar um estudo e a propor medidas que incidirão, também, sobre os veí-culos de turismo, adquiridos em condições especiais.

Mas há mais. “O Governo está a acelerar a concretização do plano de acção de gestão racional dos veículos particulares constante da Política Geral do Trânsito e Trans-portes Terrestres de Macau (2010-2020), mediante aperfeiçoamento do transporte público e aceleração da construção de infra-estruturas de tráfego”, sublinha a nota.

Como medidas concretas, a nota da DSAT volta ainda a reiterar a actualização de impos-tos, revisão do regime de passe mensal e tarifário de parques de estacionamento público, intro-dução de parquímetros de uma hora e estudo do encurtamento da periodicidade de inspecção obrigatória dos veículos, com vista a levar adiante “efectiva-mente os trabalhos de controlo de veículos”.

No final de 2014, os 424,1 quilómetros de estradas da RAEM acolhiam 115.201 veículos (ligei-ros e pesados) e 124.906 motoci-clos e ciclomotores, o que traduzia uma média de 566,15 veículos por quilómetro.

Para 2015, o Governo pretende “incidir com ênfase no aumento dos custos de posse e utilização de veículos, por meios económicos” salienta a nota.

Para evitar a utilização de veículos, o Governo pretende, também, aperfeiçoar o regime de transportes públicos com novas carreiras de autocarro e disponibilidade de mais serviços de táxis. lUsA/Hm

simplificação dos processos, bem como quando serão divulgados os resultados dos inquéritos que o Executivo encarregou a Univer-sidade de Macau (UM) de fazer.

Na resposta, o director da DSAT afirmou que ainda não há calendário para implementar as medidas, adiantando que o rela-tório já foi concluído em Janeiro deste ano. Foram entrevistadas 25 associações, mas as opiniões sobre o reconhecimento mútuo das cartas de condução foram divergentes.

“Quem apoiou, considera que a medida facilita a ida e volta de residentes das duas regiões, beneficiando a economia de

Macau, bem como diminuindo o tempo de espera de candidatura a licença de condução. Por outro lado, quem se opôs, mostrou-se preocupado com a possiblidade do plano em causa poder agra-var os problemas de tráfego”, argumentou. O director explicou ainda que as opiniões contrárias mostraram que os inquiridos consideram que a medida vai aumentar os problemas dos tra-balhadores ilegais.

Por fim, Wong Wan avançou que a conclusão do relatório irá permitir uma melhor avaliação da situação.

Flora [email protected]

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12 hoje macau sexta-feira 24.4.2015eventos

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

o meu livRo de múSica • antónio victorino d’almeida • ilustrações de tiago albuquerque«A invenção da visita a uma escola que obviamente não existe, mas que reflecte um universo muito peculiar, permitiu-me recriar uma série de situações que de algum modo já vivi e descrever a aventura, sempre fascinante de uma criação musical colectiva, só possível, naturalmente, depois de conquistar a confiança dos jovens auditores – que nem sempre é tarefa fácil.»

oS devoRadoReS de livRoS • antónio victorino d’almeidaQuatro histórias, de entre treze, que marcam o regresso de um grande autor. Inspiradas no quo-tidiano, escritas com refinada ironia, apurado olhar social e, como não podia deixar de ser, com um humor único.

C om o pensamento de trazer algo de novo a macau e ao mesmo tempo criar uma oportunidade para alguns

músicos que batalham por um lugar de destaque, Felipe Fontenelle criou a ‘Backstage on The Road Radio’. Esta é a nova rádio online de ma-cau, estando ligada à empresa que o músico e empresário possui.

Com a música como vida, Felipe Fontanelle lançou esta semana o canal de online, onde disponibiliza

O musical da Broa-dway “Ghost” vai subir ao pal-

co do grande auditório do Centro Cultural de macau (CCm) já este Verão. A partir de 4 de Agosto, o CCm apresenta uma temporada “exclusiva” de oito espectáculos.

“Ghost” conta a his-tória de Sam, um homem tragicamente assassinado na rua, cuja namora-da, molly, começa a ser perseguida pelo seu homicida. molly está tão absorta no luto que, enquanto chora a morte do namorado, num misto de dor e solidão, nem se apercebe de que está alguém à espreita, perto de sua casa.

É então que entra em cena o fantasma de Sam que, ao aperceber-se do perigo, tenta avisar a

mulher amada. Contu-do, para o fazer, tem de recorrer a uma médium, oda mae Brown.

o musical da West End e da Broadway ba-seia-se no famoso filme com o mesmo nome, um sucesso em Hollywood, nos anos 1990. É o amor que Sam sente por molly que lhe permite regressar à terra, em forma de fantasma. No filme, Sam foi protagonizado por Pa-trick Swayze, molly por Demi moore e oda pela famosa actriz Whoopi Goldberg.

o musical da Broa-dway foi considerado tão bem feito quanto o filme. “’Ghost’ é uma produção perfeita em termos técnicos que transporta o públi-co para o além numa adaptação escrita pelo

mesmo dramaturgo do filme”, explica o CCm em comunicado. “Numa mescla entre tecnologia inovadora e magia de palco tradicional con-cebida pelo mesmo ilus-trador de filmes como Harry Potter e Hugo, o musical ‘Ghost’ exibe uma intensa miríade de luzes para representar a atmosfera frenética de Nova Iorque. Do-tado de tecnologia de ponta, o cenário utiliza inúmeros efeitos espe-ciais complementados por grandes canções, incluindo o icónico Unchained melody, um tema imortalizado pelos Righteous Brothers.”

o musical estreou em Londres em 2011 e subiu aos palcos da Broadway em 2012, tendo obtido cinco nomeações para

os prémios olivier, in-cluindo na categoria de melhor musical, e três prémios Tony. Votado o nono melhor musical de todos os tempos, o espec-táculo continua a tomar o mundo de assalto depois de digressões nos EUA, Europa e Ásia, tendo já vendido mais de um milhão de bilhetes.

Agora chega a ma-cau. A partir de 4 de Agosto, o CCm recebe os actores de ‘Ghost’, mas os bilhetes estarão disponíveis já a partir deste domingo, com custos entre as 180 pata-cas e as 480 patacas. os espectáculos decorrem de terça a domingo, dia 9 de Agosto, às 20h00, havendo ainda dois shows adicionais no fim-de-semana, às 15h00. J.F.

CCM MusiCal “Ghost”, da Broadway, soBe ao palCo eM aGosto

Uma peça de arrepiar

Chegou uma alternativa à música que se pode ouvir nas rádios de macau. É uma nova emissão online, criada por Felipe Fontenelle

rádio ‘Backstage On the ROad’ é a nOva fRequência Online de Macau

para uma vida agradável

uma playlist de originais seus e de tantos outros artistas.

“Sempre achei gira a ideia de criar uma rádio e sempre procurei saber de que forma poderia ser feita uma coisa mais caseira. Fui à procura pela internet de como poderia fazer e encontrei vários sites onde se podia criar uma rádio online. Acabei por encontrar uma plataforma que me parece ser muito fácil de utilizar”, começa por explicar ao Hm o fun-dador da rádio online.

lMa hi teCh triBe orGaniza festa de druM & Bass CoM dj japonês

Tóquio depois de tudo e acerca de nada

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13 eventoshoje macau sexta-feira 24.4.2015

Flores Exposição no Centro de Design apresentada amanhã A OULALAFLOWER apresenta este domingo no Centro de Design de Macau, uma exposição floral. “Floral Masterpieces Exhibition” acontece a partir do meio-dia e vai até às 20h00. A exposição acontecerá apenas durante domingo devido à rápida vida dos arranjos florais. Carole Delavelle, designer floral, estudou a arte em França e está na Ásia há cinco anos, sendo esta exposição uma forma de comemoração desse aniversário. A entrada é grátis e os visitantes poderão contar com estruturas florais carregadas de cor e inspiração, com flores vinda da Holanda, França e Nova Zelândia. Juntando estes delicados seres vivos a outros materiais, como a madeira, cola, plásticos e arames, a artista cria estruturas que muitas vezes podem ser utilizadas para decoração de espaços.

Fado Aldina Duarte lança duplo CD com poemas de Maria Rosário Pedreira

O novo álbum da fadista Aldi-na Duarte, “Romance(s)”, é

um duplo CD, em que a fadista gravou exclusivamente poemas de Maria Rosário Pedreira, sobretudo em melodias tradi-cionais e numa versão musical do produtor, Pedro Gonçalves. O CD é um romance escrito em verso para as melodias do fado tradicional, diz, como os fados Três Bairros, Marcha do Cor-reeiro, Rosita, Macau ou Mayer, entre outros, explica, num texto que acompanha o CD, a poetisa Maria do Rosário Pedreira, que volta a escrever para a fadista.

A ideia remonta a 2007: realizar um disco “que fosse uma espécie de livro - no caso, um romance, uma narrativa que acompanhasse diversas perso-nagens e fosse contada de fio a pavio, através de fados”, com letras da poetisa, para as melo-dias tradicionais escolhidas por Aldina Duarte.

“Teria de ser uma história de amor - já que é de amor que falam, normalmente, os fados [da Aldina] e os meus versos”, afirma Maria do Rosário Pedreira.

Por acordo entre a letrista e fadista, “logo surgiu a ideia” de criar “obstáculos e dificuldades, drama e tragédia, trazendo para a cena um triângulo amoroso, cujos vértices são um homem e duas mulheres que o amam: a morena, que é quem conta a história, foi a escolhida (depois de alguma hesitação, é certo) para um relacionamento sério, o que, de resto, lhe custou a velha amizade da loira”.

Esta opção deve-se ao facto de tanto Aldina Duarte como Maria do Rosário Pedreira gostarem de romances que “quase nunca têm enredos lineares e finais felizes”, explica a poetisa.

No total, são 14 temas, entre eles “Declaração de intenções: Amor em Dó Maior”, “O en-contro: As duas graças”, “O namoro: Lugares-comuns”, “O casamento: As noivas”, passando pel’”A despedida: A maçã de Adão”, “A raiva: Labareda”, “A saudade: Sem chão”, “O luto: Os pontos nos ii”, até a “O recomeço: Cessar-fogo” e terminando em “Assinatura: Arte do fado”.

O espaço LMA (Live Music Associa-tion) recebe, este sábado, uma festa de Drum & Bass, com Djs que che-

gam directamente do Japão. Shintaro Yokota é o convidado principal. O nipónico pertence ao grupo Urban Nature e é conhecido por fazer girar discos em discotecas no centro de Tóquio, no famoso distrito de Shibuya.

Dj Shintaro dedica-se sobretudo ao “deep, liquid, dark neurofunk drum n’bass”, como indica a organização, tendo tocado em clubes londrinos, capital deste estilo musical.

“Depois de começar a sua carreira, em 2010, Shintaro passou um ano e meio a aperfeiçoar as suas sonoridades, antes de se mudar para Londres, onde viveu. Lá acumulou experiências em clubes como Fabric, Cable e Corsica Studios, onde se sente a essência do drum n’bass.”

É de Tóquio que faz a sua casa e onde actua em clubes cuja cena musical se dedica exclusivamente a este género de músico, ainda que Shintaro “misture os sons do drum n’bass com tecno e deep house”.

Organizada pela LMA em conjunto com o grupo Hi Tech Tribe, a festa traz ainda outro Dj japonês, o Dj 108, campeão da WTF Dj Battle de Hong Kong em 2014. Esta não é a primeira vez que o também produtor actua em Macau, já que vive na região vizinha de Hong Kong. Apaixonado por música electrónica, 108 dedica-se a tocar drum n’

bass em diversos clubes conhecidos por este género musical, em Tóquio, Londres, Seoul e até no Canadá. Actualmente, o Dj integra a rubrica 663A Tokyo, na rádio NSB às sextas-feiras.

O alinhamento conta ainda com djs locais, como Loboo, que começou como radialista na TDM e na Rádio Villaverde. Loboo, fundador da discográfica local ‘4daz--le’ domina a música dance, optando por sons que vão desde o jazz ao drum & bass, do hip hop ao dubstep, do downtempo à música latina. Também o Dj Zuju, de Macau, brinda os presentes com música.

O evento tem início marcado para as 22h30 e os bilhetes custam 120 patacas, se comprados antes da festa, ou 150 patacas, se comprados à porta. Ambos dão direito a uma bebida. Os bilhetes podem ser comprados na loja Worker Playground ou na Adlib.

Rádio ‘BACkstAgE ON tHE ROAD’ é A NOvA FREqUêNCiA ONLiNE DE MACAU

Para uma vida agradávelDepois de alguns meses de estu-

do, o músico disponibilizou agora o canal. “Ainda estou a fazer alguns testes, para já só tem uma escolha de músicas que eu fiz, mas o objectivo é ter várias coisas, entrevistas, jingles, etc”, conta, explicando que, para já, está apenas disponível a playlist.

A ‘Backstage on The Road Radio’ dedica-se a grandes géneros musi-cais, como o Jazz, World, Bossanova e Música Popular Brasileira, mas não exclui qualquer outro. O novo canal nasce com um grande objectivo: “fazer uma rádio para que as pessoas possam estar no trabalho ou em casa possam aceder no seu computador ou no telemóvel e ouvir músicas agradáveis, seja em que lugar for”.

Para Felipe Fontenelle esta é

também uma oportunidade de divulgar a sua própria música e a de outros músicos que nem sempre têm oportunidade de chegar a pranchas de lança-mento para uma carreira.

“Hoje em dia, apesar da internet ser um meio brutal de comunicação e com cada vez mais possibilidade de fazer a sua própria promoção de forma gratuita, há muita concorrência”, diz, sublinhando a dificuldade em fazer chegar a música ao público.

Apesar de estar numa fase em-brionária, a rádio pretende conquis-tar o público além fronteiras, come-çando pelos ouvintes de Macau.

Filipa Araú[email protected]

LMA Hi TecH TRibe oRgAnizA fesTA de dRuM & bAss coM dj jAPonês

Tóquio depois de tudo e acerca de nada

Música chinesa nO dOMingONo domingo, pelas 20h00, a LMA dedica a noite à banda Wutiaoren, da província de Haifeng. O grupo, formado por três jovens chineses, ilustra através da música as histórias dos habitantes da cidade e dos mais pobres, usando guitarra, acordeão e tambores, em conjunto com músicas cantadas no seu dialecto. Os bilhetes custam entre as 120 e as 150 patacas.

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14 china hoje macau sexta-feira 24.4.2015

U m jornal do Partido Co-munista Chinês (PCC) defendeu ontem que “a China precisa de ter mais

multimilionários”, argumentando que “a acumulação privada de riqueza não é incompatível com a justiça social” preconizada pelo sistema socialista.

“Se um dia metade dos mais ricos do mundo forem chineses, isso evidenciará os enormes su-cessos alcançados pela China no seu processo de desenvolvimento económico e social”, disse o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC.

Num editorial intitulado “Res-sentimento contra os ricos é exa-gerado”, o jornal sustenta que a maioria dos ricos chineses “tem uma imagem positiva na China” e “são adorados como ídolos pelos jovens”.

Não ao ódio à riquezaO editorial reconhece que “o ódio à riqueza é particularmente virulento

E SPeCialiSTaS em energia nuclear da China acreditam que a Coreia do Norte tenha já um

arsenal de 20 ogivas e sua capacidade de enriquecimento de urânio suficiente para duplicar esse número no próximo ano, noticiou ontem o Wall Street Journal.

a estimativa, que o jornal diz ter sido transmitida a especialistas norte-americanos numa reunião à porta fechada em Fevereiro, é significativa-mente maior do que qualquer outra avaliação chinesa conhecida.

O jornal de Hong Kong South China mor-ning Post, visto como

independente, manifesta hoje, em editorial, o seu apoio à controversa reforma eleitoral no território, com vista à in-trodução de sufrágio universal em 2017.

No seu editorial, o jornal em língua inglesa - que efectuou uma extensa cobertura ao movi-mento Occupy Central - escre-ve: “Pelo bem de Hong Kong, deixem a reforma passar”.

em causa está a proposta de Pequim para alterar o regime eleitoral da cidade, depois de vários anos de campanhas

China “preCisa de mais multimilionários”, defende jornal do pC Chinês

Ser rico ainda é gloriosoa vida é assim: para cima e para baixo como os interruptores.e sem vergonha.

na internet”, mas considera que “a inveja e a insatisfação não são os sentimentos dominantes acerca do crescente número de chineses multimilionários”.

Na lista mundial dos multi-milionários divulgada em março passado pela revista norte-ame-ricana Forbes, correspondente a fortunas superiores a 1.000 milhões de dólares, a China continental tinha 213 nomes, mais 61 do que em 2014.

Um dos chineses melhor classificados, Wang Jianlin, presidente do Wanda Group, com uma fortuna avaliada em 24.200 milhões de dólares (22.600 milhoes de euros), é também membro do Partido Comunista Chinês.

De acordo com os dados do Gabinete Nacional de estatísticas da China, o rendimento anual dis-ponível per capita no país China aumentou 84 vezes nos últimos 35 anos, atingindo 28.844 yuan em 2014.

Constitucionalmente, a China define-se como “um estado socia-lista liderado pela classe trabalho e

baseado na aliança operário-cam-ponesa”. O marxismo-leninismo continua a ser “um princípio car-dial” do PCC.

MilioNários aMigosContudo, desde há cerca de duas décadas, o PCC passou a defender a “economia de mer-cado socialista” e a encorajar a iniciativa privada. Vistos outrora como “inimigos de classe”, os empresários já podem filiar-se no PCC e muitos deles fazem parte dos órgãos de estado.

O mais conhecido em Portu-gal é Guo Guangchang, presi-dente do grupo Fosun Group, o consórcio chinês que já comprou a companhia de seguros Fidelida-de e é apontado como candidato à compra do Novo Banco

Delegado à Conferencia Polí-tica Consultiva do Povo Chinês, o principal órgão de consulta do partido comunista e do Governo chineses, Guo Guangchang ocupa o 25.º lugar da lista dos mais ricos da China elaborada pela revista Forbes, com uma fortuna estimada em 4.300 milhões de dólares.

South China Morning PoSt aPoia reforMa eleitoral

O cravo e a ferraduraarSenal nuClear da Coreia do norte PreoCuPa

Um vizinho perigosopela introdução do sufrágio universal. apesar de permitir que todos os residentes de Hong Kong votem no futuro chefe do executivo, a proposta, apresentada em agosto do ano passado, indicava também que os candidatos têm de ser apro-vados por uma comissão com 1.200 membros, vista como próxima de Pequim.

Tal proposta gerou uma onda de protestos, que parali-saram a cidade durante quase três meses. após um período de discussão, o Governo de Hong Kong confirmou na quarta-feira que nada foi alterado na proposta, que irá

agora ser submetida à votação do Conselho legislativo, onde pode ser chumbada pela ala pró-democracia.

Ontem, o South China morning Post defende que “tal postura [dos deputados] não ajuda a reduzir as divisões e a levar Hong Kong para a frente”.

“De acordo com a pro-posta, mais de cinco milhões de cidadãos vão poder votar, pela primeira vez, nas elei-ções de 2017 para o chefe do executivo. isto é, sem dúvida, uma melhoria em relação ao sistema existente que confina o voto aos 1.200 membros do colégio eleito-ral”, pode ler-se.

Para o diário, a instituição de um sistema de ?um homem, um voto’ para a escolher o líder da cidade seria “um marco para a democracia de Hong Kong”. No entanto, para que tal se verifique, “o apoio da ala democrata é essencial”, sendo “do interesse da cidade que o Conselho legislativo aprove a reforma”.

Também ultrapassa as estimativas recentes de especialistas norte-ameri-canos, segundo as quais a Coreia do Norte tem actualmente um arsenal composto por entre 10 e 16 armas nucleares.

Siegfried Hecker, um dos maiores especialistas no programa nuclear da Coreia do Norte, que participou no encontro de fevereiro, afirmou que um considerável arsenal norte-coreano só agravaria o desafio que a comunidade internacional enfrenta ao persuadir Pyongyang.

“Quanto mais eles acreditam que têm um arsenal totalmente funcional (…) mais difícil vai ser fazê-los re-cuar”, disse Siegfried Hecker ao jornal.

As estimativas chinesas reflectem a crescente preocupação de Pequim em relação às ambições nucleares do seu aliado e figuram com as mais recentes de uma série de avaliações de especialistas que sugerem que Pyongyang se está a mover mais rápido no caminho do nuclear do que o inicialmente previsto.

Um recente relatório de investiga-dores norte-americanos adverte que a Coreia do Sul parece estar pronta para expandir o seu programa nuclear no próximo lustro e, no pior cenário, pode possuir 100 armas atómicas até 2020.

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15 chinahoje macau sexta-feira 24.4.2015

A China divulgou regras que permitem às empresas nacionais e estrangeiras operarem no sector de cartões, um negócios que durante muito tempo

esteve nas mãos do Estado.As mudanças nas regras seguem-se a uma

decisão anunciada em Outubro pelo Conselho de Estado, principal órgão de governo da Chi-na, de que Pequim iria facilitar os negócios bancários e de cartão de crédito como parte de um esforço para abrir o sector financeiro do país.

A medida deve dar a companhias como a Visa e a MasterCard a oportunidade de ex-pandir a sua presença na China. Às 12h15 de ontem , as ações da Visa saltavam 6,27% e as da Mastercard subiam 4,89% em Nova Iorque.

Actualmente, a estatal China UnionPay tem praticamente o monopólio do processamento e a compensação de pagamentos em yuans feitos através de cartões bancários e cartões de crédito.

Os principais cartões de crédito interna-cionais são amplamente aceites na China, mas empresas estrangeiras de cartões só podem processar transacções feitas por cartões emi-tidos por bancos de fora do país. Os bancos chineses não são capazes de emitir cartões em cooperação com processadores de cartões dos EUA, a não ser que eles também tenham a marca China UnionPay.

As novas regras, que devem entrar em vigor no dia 1 de Junho, estabelecem que as empresas precisam da aprovação do Banco Central da China e do órgão regulador do sector bancário para realizar operações de compensação. Também prevê um capital so-cial mínimo de mil milhões de yuans e, para as empresas estrangeiras, a instalação de uma unidade no país devidamente autorizada pelos órgão reguladores chineses.

Existe saída de capital, admite governo

O presidente da China, Xi Jinping, apelou para que as nações mais ricas aumen-

tem o apoio aos países em desenvol-vimento durante uma conferência de

Governo muda reGras e abre mercado de cartões de crédito

Uma caixa de PandoraA China acede às regras internacionais do mercado. Poderá aguentar?

Xi JinPing Países ricos devem aPoio às nações em desenvolvimento

Venham a mim as criancinhaspaíses da Ásia e da África em Jacarta, na Indonésia. Segundo Xi, a China oferecerá benefícios comerciais aos países mais pobres que mantêm laços com Pequim.

“É importante estimular os países desenvolvidos a apresentar seriamente os seus compromissos” de ajuda para o desenvolvimento internacional e “aumentar o apoio a países em desenvolvimento sem condições políticas atreladas”, disse Xi.

O presidente chinês afirmou que até o fim do ano o seu país vai conceder taxa zero para 97% dos itens tarifáveis que forem importados de países menos de-senvolvidos que mantêm laços com a China.

A China vai continuar esforçar--se para criar o Banco Asiático de Infra-estrutura e Investimento (AIIB, na sigla em inglês), um for-necedor de empréstimos multilate-ral que poderá financiar centenas de milhões de dólares para grandes projetos de infra-estruturas na Ásia, destacou Xi.

O enfraquecimento da econo-mia chinesa e a valorização do

dólar têm feito a China passar por uma saída de capital, disse o chefe do departamento de pagamentos internacionais da Administração Estatal de Comércio Exterior (Safe, na sigla em inglês) do país, Guan Tao.

Guan ponderou, no entanto, que está saída de capital “é espera-da” e que não se trata de “uma fuga de capital escondida ou ilegal”. Guan disse ainda que o país tem

condições para enfrentar esta saída de recursos e que, de qualquer for-ma, voltará a ter entrada de capital, sem explicar como isso ocorrerá.

Em Março, o Banco do Povo da China e outras instituições financeiras venderam um total líquido de 156,5 mil milhões de yuans no mercado de câmbio, o que indica saída de capital da China. O resultado contrasta com as compras líquidas de Fevereiro, em torno de 42,2 mil milhões de yuans.

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16 hoje macau sexta-feira 24.4.2015

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P ode-se amar uma casa como se ama uma pessoa. eu amei sempre a ideia de casa e muitas das escolhas que fui fazendo

na vida foram em torno dela. Mesmo sabendo, e muito mais à medida que o tempo passou que estas me retiraram alguma mobilidade e outras possibili-dades de alargar o meu olhar sobre o mundo. Foi um preço que fez sentido. Amo esta casa. e eu não uso esta pa-lavra indiferenciadamente ou de forma retórica. eu amo algumas pessoas mas não todas aquelas de que gosto muito. Amo a música. Gosto de forma desme-surada de muitas coisas. É difícil definir a diferença subtil entre gostar imenso, gostar desmesuradamente e amar, que é um verbo que não carece adjectivos. Mas não é nela que me vou deter agora. eu gosto de reservar a palavra. e não para coisas. Mas a casa é uma coisa diferente. Algo de uterino a torna re-lativamente confundível com uma na-tureza humana ou um ser lá o que fôr, natural. e é, mais do que uma casa em particular, um conjunto de memórias e devaneios, de outras casas tidas, ha-bitadas ou sonhadas, que se reúne em cada uma que o é no presente. Como uma alma própria ou por projecção. Invólucro. Como a última camada de pele.

Tem um valor singular para cada um e, reunindo os inúmeros aspectos de todas aquelas em que vivemos ou so-nhámos viver, encontra-se uma essên-cia que justifica o valor que ela tem, ou a súmula reunida nessa realidade múlti-pla, de todas as nossas imagens de inti-midade protegida. o espaço habitado, como o não eu que protege o eu. sem ela o homem seria um ser disperso.

A casa abriga o devaneio, protege o sonhador e permite sonhar em paz. dos sonhos assustadores que tive des-de que me lembro, e alguns dos quais recorrentemente repetidos, um era o pior: muito realista, daqueles em que nos sonhamos na cama, e ao espaço tal e qual como ele é, e a luz. Mas porta da casa era de vidro. de cima abaixo. e

Um olhar qUe diz tUo sentimento de temor e desprotecção era insuportável. Um dia, na primeira casa adulta que foi minha, um primei-ro andar, cheguei junto da janela, e ao baixar os olhos para a rua, o meu olhar cruzou-se com o de uma pessoa que es-tava ali, parada no acaso do momento. Não posso descrever o desconforto. Uma casa tinha que ser o sítio onde o nosso olhar esteja protegido. Pensei. Nesta onde vivo, havia uma bandeira de vidro sobre a porta da rua, uma coisa estranha de se pensar para uma casa, e que me fez lembrar aquele sonho mau.

diz-se que as janelas são os olhos da casa. Para mim são interfaces. en-tre o olhar de dentro e o olhar de fora. sem dúvida, metaforicamente são ór-gãos dos sentidos, pelos quais entra o ruído, a temperatura do ar, o frio, a humidade, a água da chuva. Também a luz e a escuridão, as subtis mudanças que de forma sinestésica se entranham como registos de uma certa complexi-dade no modo como se sente passar o tempo sobre nós. o exterior, como ce-nário quase imutável de um ponto de vista mais distraído, parece na verdade um espelho. e janelas a emoldurarem não uma abertura sobre o exterior, mas sobre o reflexo nele impresso de um in-terior. diria que olhos, são bem mais os objectos que a povoam. donde emerge uma amálgama de paradigmas e me-mórias. deuses domésticos privados, que transportamos connosco quando mudamos de casa. Não porque os ido-latremos, mas porque detém o poder maior de subjectivizar aquele espaço, misturando-o de tempos passados com o presente efémero. Muitos devaneios de identificação emergem dali, daquela linguagem. Mas poderia também dizer--se que “(…) é ainda o vazio que a tor-na habitável”. disse-o Lao Tse. super-fície a imprimir.

A percepção tem um efeito curioso quando, embora partindo de um dado do real, permite um sinuoso caminho paralelo ao da pura ficção ou do puro sonho. Há uma espécie de devaneio que adquire um perfil próprio que se si-

tua entre essas categorias, reunindo um pouco delas todas, e assemelhando-se a uma realidade inócua Quantificável como tal. Uma imagem poética emer-gente da simples linguagem significan-te, e como tal um pouco acima dela.

Vivo numa casa significante Mas a primeira, foi uma casa dentro daquela em que cresci, uma mesa de cozinha, pintada de um azul claro e doce. de-baixo da qual, todos os dias organizava o meu mundo. Tenho uma memória de quando a minha cabeça ainda não lhe atingia o tampo. e rodopiava sem parar até que a via tombar na minha direc-ção. A casa a cair. Talvez porque sentia muita vezes a minha casa a cair e prefe-ria este efeito de tontura no qual era a minha casa de fantasia que parecia cair sobre mim, quando na realidade nem isso, e era eu simplesmente que caia redonda no chão. e houve outras. No entanto a nenhuma eu amei como esta em que vivo há anos. de uma forma sem mácula nem lacunas. e em todos estes anos, rigorosamente todos os dias me fez sentir feliz, naquilo que está ao seu alcance de casa. Não tem o chão crivado de malmequeres como a pri-meira em que vivi só, pela primeira vez, mas muitos metros de soalho pejado de olhos. os nós da madeira. olhos de pássaros. olhares vivos, duros e indi-ferentes. Insondáveis. estanques. Que vêem o mundo mais colorido do que nós. Não gosto de olhares que vêem até à faixa dos infravermelhos, já basta a impiedade do meu próprio olhar so-bre mim. Às vezes.

Mas um dia, talvez atenta ela, a um olhar meu, triste como de outras vezes, deu-me a ver um olhar literal e amigo. Humano, ou pelo menos de mamífero. Considero isto um acaso, no meio de tantos olhares e de tantos metros, de uma enorme carga simbólica. Uma es-pécie de último recurso para me lem-brar que aqui não posso afogar-me.

Talvez porque, de entre todos os olhares tristes que ela presenciou, este foi o mais baixo e desalentado, rente ao soalho. e assim, sem aviso e depois

de tantos anos, vi pela primeira vez um verdadeiro olhar. Um único e pequeno olho. Terno, um pouco triste, ou sim-plesmente sóbrio. e depois outro, mais ao lado. Mesmo ao pé da cadeira em que me sento todos os dias a trabalhar. Tanto tempo depois, pela primeira vez, a casa devolveu-me um olhar humano. Um olhar com olhar de ver. Não lhe sabia sentir a falta, mas era o pequeno elo que faltava.

Há um olhar de que se precisa por vezes. Umas pessoas mais do que ou-tras. Aqueles que amaram sós, podem sentir que eram seguidos pelo olhar acalentador do ser amado ou ficciona-do. Atribuindo-lhe um valor de casa que protege, que devolve uma noção de existência em que se inclui realidade sentida e realidade sonhada. Paradig-mas do próprio relativamente ao pró-prio, devolvidos nesse olhar amoroso mesmo que imaginado. Ao qual dedi-car o que de melhor se faz.

Pensando na frase atribuída a epi-curo: “Faz tudo como se estivesses a ser contemplado”, que pode remeter, por um lado, para um enquadramento éti-co ou moral, ou para um olhar divino, como por um outro, para um olhar de amor. Mas obedecer a uma moral, uma ética, uma estética, como suponho fa-zer, não significa que não a reelaborei interiormente com alguma liberdade. Na qual me tornei um pouco imune a olhares de pássaro, de réptil ou de ou-tras espécies muito longínquas. Mesmo de entre as humanas. e essa, é como outros espaços da solidão que são in-deléveis.

Mas continuo interiormente prisio-neira de um olhar afectivo. Ficcionado ou real, ou talvez sempre de ficção. Que me faz, no meio da minha impie-dosa visão de mim, ter estímulo para girar sobre o meu melhor ângulo -digo eu- e refazer por vezes a tempo os meus impulsos de imperfeição. o do amor, ou o da casa. Um olhar que me diz tu. e eu sinto-me um pouco mais eu, nessa validação. É por isso que volto sempre a casa mesmo quando dela nunca saí.

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17 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 24.4.2015

de tudo e de nada AnAbelA CAnAs

AnAbelA CAnAs

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18 hoje macau sexta-feira 24.4.2015h

C omo na última semana foi referido, o Capitão Jorge Ál-vares escreveu em 1546 Infor-mação de Japão, compilada com

os conhecimentos adquiridos durante os quatro ou cinco meses em que circum--navegou a Ilha de Kyushu (relatada na Peregrinação por Fernão mendes Pinto nos capítulos 200 a 203) e completada com o que o japonês Yagiró lhe contou na via-gem de regresso a malaca.

“Jorge Álvares não foi o primeiro europeu, nem sequer o primeiro portu-guês, que nos transmitiu novas do Ja-pão, marco Polo, no seu Livro, e o nos-so Tomé Pires, na Suma Oriental, fazem--lhe já vagas alusões. Em boa verdade, porém, estas pobres e confusas referên-cias não lhe ofuscam o mérito de ter sido ele (Jorge Álvares, o Capitão) o autor da primeira obra europeia, escrita sobre aquele país e sua gente, em forma de rudimentar Monografia.” Luís Keil

Relato entregue ao Padre Francisco Xavier em malaca no ano de 1547, quan-do pela segunda vez o jesuíta aqui fez uma breve escala, altura em que Jorge Álvares também lhe apresentou o japonês Anjiró. Se Yagiró era o nome desse japonês, Fer-não mendes Pinto chamou-lhe Anjiró e o Padre Xavier referia-o como Angero.

o jesuíta Francisco Xavier, nomeado núncio apostólico para todo o oriente pelo Papa Paulo III, apesar de ser espanhol vinha reconhecido pelo Rei de Portugal. Em malaca, o padre convidou Angero a ir com ele à Índia, mas seguiram em diferen-tes barcos e da conversa que em Goa tive-ram no ano de 1548 resultou encher-se o jesuíta de grande esperança para ir evange-lizar o Japão. o interesse inicial prioritário deste padre era chegar à China mas, pe-rante a proibição dos governantes chine-ses da entrada de estrangeiros na sua terra, as informações sobre o Japão tiveram um papel fundamental na mudança da decisão e prevendo de antemão um terreno muito fértil, para aí resolveu seguir em 1549.

Assim, a intervenção de Jorge Álva-res é relevante nos primeiros episódios do cristianismo no Japão, já que as re-lações entre portugueses e japoneses estavam no seu início.

EvangElizar no Japão

Francisco Xavier, S.J. decidiu em Goa a sua ida ao Japão em companhia de An-

JORGE ÁLVARESE A SUA PALHOTA EM SANCHÃO

gero, então já baptizado com o nome de Paulo de Santa Fé. Não encontran-do nenhum mercador português que o quisesse levar àquelas partes, sem passar pela China, com alguma de-mora por motivos comerciais, o padre “não duvidou em tomar a embarcação de um gentio e com fama de corsário, que prometeu e garantiu fazer a viagem directa, sem ancoragem nos portos da China. Paulo de Santa Fé, comentando o caso, <que, por divina providência, não iam ao Japão, em companhia de portugueses, porque não acertassem eles de desautorizar, com algum mau exemplo, a lei de Deus, que os padres haviam de pregar; e que mais lhe ser-viam por companheiros os chineses infiéis e ladrões, pois é certo que quan-to prejuízo fazem a boa doutrina os escândalos dos que a professam, tanto o confirma e realça a vida abominável dos que a não seguem>.

Deste aventureiro japonês escreveram ainda os seus primeiros biógrafos, exal-tando-lhe as qualidades de inteligência, o seu poder de observação, a sua memória extraordinária e engenho.” Luís Keil

Assim de Goa partiram a 14 de Abril 1549 para o Japão, onde chegaram passados quatro meses a Kagoshima, Satsuma, no dia 15 de Agosto. Como primeiro missionário no Japão, aí ficou o padre dois anos e três meses.

Já no final da sua estadia, em No-vembro de 1551, “os bonzos comple-tamente estupefactos com o número de conversões ao catolicismo (mais de mil) realizadas pelo Padre Francisco Xavier, cinco dias antes deste deixar o Japão, o erudito monge Jiran Sakai, de Kanehama e o abade de Fugengi, Fuku-wara Sojo pediram a Yoshishige para realizar um debate com o padre. Esta-belecidas as regras da disputa religiosa, ele ocorreu durante cinco dias na casa do otomo. os bonzos ficaram venci-dos e assim terminou a embaixada de S. Francisco Xavier ao Senhor de Bungo, que por sua vez desautorizou os mon-ges budistas perante o povo. E os bene-fício que logo trouxe à propagação do catolicismo no Japão.” Luís Keil

De okinohama regressou Francisco Xavier, S.J. em 20 de Novembro de 1551 para Goa, onde chegou a 15 de Feverei-ro de 1552. o junco de Duarte da Gama, onde o padre seguia, aportou em San-

choão e como aí se iria demorar, tendo o jesuíta encontrado o grande amigo Diogo Pereira, cuja sua nau, a Santa Cruz, estava pronta a partir, com ele continuou viagem a 31 de Dezembro de 1551. Durante o percurso, o padre ficou a saber do cativei-ro de muitos portugueses e outros cristãos na China, assim como, a única forma de entrar nesse país era ir integrado numa embaixada ao Imperador da China, que deveria ser organizada pelo Vice-rei das Índias com ricos presentes e oferecendo amizade em nome do Rei de Portugal.

Antes de seguir o trajecto das nos-sas personagens principais, pois só sa-bemos por onde andou o Capitão Jor-ge Álvares pela documentada vida do Padre Francisco Xavier, quererá o leitor conhecer o que aconteceu a Yagiró.

Wenceslau de moraes escreve o que Fernão mendes Pinto conta na Pere-

grinação: “o padre mestre Francisco Xavier, no seu propósito de converter à fé cristã a gente japonesa, chega a Canguexumá (emende-se para Ka-goshima), vindo de malaca, no dia de Assunção de Nossa Senhora, isto é, a 15 de Agosto de 1549, a bordo de um pequeno junco chinês. Trazia consigo Paulo de Santa Fé e outros companhei-ros. Em Kagoshima, demora-se quase um ano, recebendo muitos favores do daimio e indispondo-se com os bon-zos. Após, Francisco Xavier deixa umas oitenta almas convertidas à guarda de Paulo de Santa Fé e parte para Firando (emende-se para Hirado). Este Paulo de Santa Fé persevera, pelo espaço de cinco meses, na sua missão de doutrinar os novos crentes; mas depois, afronta-do pelos bonzos, embarca para a Chi-na, onde foi morto por uns ladrões. o

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19 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 24.4.2015

José simões morais

que a Peregrinação não diz é que Paulo de Santa Fé deu em pirata, perecendo numa das suas miseráveis aventuras.”

O Padre Francisco Xavier ficou em Goa apenas durante dois meses, já que partiu em 17 de Abril de 1552 a cami-nho da China.

Jorge Álvares em sanchão

No Japão, Francisco Xavier ficara a saber muito sobre a China, pois os ja-poneses tinham grande admiração por esse país, que estaria nas suas origens e culturalmente lhes ensinara tudo. Ao contrário do Japão, cujo governo esta-va disperso pelos muitos dáimios, ape-sar de haver um imperador que nada mandava, a China era um país muito grande, pacífico e governado com boas leis por um só rei obedecido por todos. Sendo os chineses muito engenhosos e dados ao estudo, principalmente às leis humanas, eram desejosos do saber e não havia guerra entre eles. Se con-seguisse levar o catolicismo à China e converter os chineses, todos os ou-tros povos da Ásia Oriental seguiriam o exemplo e assim, tornar-se-ia fácil evangelizar toda esta parte do mundo.

Francisco Xavier, S.J. partiu de Goa a caminho da China em 17 de Abril 1552 e com ele seguiu Diogo Pereira como capitão-mor da armada com-posta por vários barcos e quinhentos homens. Diogo Pereira vinha nomea-do pelo Vice-rei das Índias Afonso de Noronha como embaixador à corte de Pequim, sendo ele que pagara todas as despesas para realizar tal embaixada. Em Malaca, porém, Álvaro de Ataíde da Gama (um dos filhos de Vasco da Gama), então governador desta praça, opõe-se à partida de Diogo Pereira e entregou a capitania da nau Santa Cruz a Luís de Almeida, reduzindo a tripulação a vinte e cinco homens por ele escolhidos. Francisco Xavier bem tentou chamar à razão Álvaro da Gama, mas este, ressabiado com Dio-go Pereira, não mudou a decisão e já sem nada poder fazer, o padre exco-mungou-o.

Assim, sem embaixada à corte da China, Francisco Xavier teve que ir com outro capitão, Luís de Almeida, na nau Santa Cruz, pertença de Dio-go Pereira. Tal como acontece com os dois Jorge Álvares, aqui aparecem-nos outras duas personagens com o mesmo

nome, Luís de Almeida, sendo que es-tes andavam na mesma altura pelo Mar da China. O Luís de Almeida, que ficou conhecido para a História como após-tolo do Japão, era mercador e médico, tendo depois entrado para a Compa-nhia de Jesus. O outro seu homónimo, era o Capitão Luís de Almeida e foi quem capitaneou a nau Santa Cruz na última viagem de S. Francisco Xavier. Com ele, o padre chegou à ilha de San-choão (上州, Shanghuan), por finais de Agosto de 1552. Como nos conta Benjamim Videira Pires, “Nesta ilha, situada a duas léguas do continente, e trinta da cidade de Cantão, haviam os portugueses escolhido já um lugar para as suas transacções comerciais. Nesse tempo os barcos portugueses, os úni-cos europeus que navegavam no mar da China, aportavam na ilha de Sanchoão, na costa da província de Guangdong, para Sul do delta do Rio das Pérolas.” E prosseguindo com o que escreve João Paulo de Oliveira e Costa “Aqui le-vantavam palhotas improvisadas, uma vez que lhes era proibido construir casas de pedra e cal. Nelas se reco-lhiam, enquanto negociavam com os chineses que ali vinham do continente, com os seus artefactos e curiosidades. Este comércio, um tanto clandestino e um tanto livre, tornou aquele lugar, com o tempo, bastante frequentado pelos mercadores portugueses e quan-do Xavier ali aportou, em a nau Santa Cruz, lá foi encontrar esta gente, que rejubilou com a presença do venerado apóstolo, e disputava, entre si, as hon-ras de o servir e hospedar tão confor-tavelmente quanto possível, naquelas paragens distantes.”

Como grande amigo do Padre Fran-cisco Xavier, coube a Jorge Álvares, que aí se encontrava à espera das mercado-rias provenientes de Cantão, de o levar para a sua palhota e lhe prover agasa-lho, assim como albergou também o Irmão Álvaro Ferreira e o intérprete António China, que o acompanhavam. Aos cuidados de Jorge Álvares estive-ram desde finais de Agosto até mea-dos de Novembro de 1552, período em que foi erguida uma igreja. O pa-dre, para além de se entregar aos seus trabalhos apostólicos, confessando, pregando e catequizando, procurava encontrar um mercador chinês que o levasse para o continente. Mas nem as recompensas oferecidas pareciam cati-var esses mercadores, devido às graves penas para quem introduzisse no con-tinente chinês pessoa estrangeira. Por fim, em meados de Setembro o padre negociou o embarque com um comer-ciante chinês, tendo-lhe feito ainda um pagamento adiantado em pimenta

para o introduzir clandestinamente em Cantão. A pedido desses mercadores portugueses, tal deveria acontecer após eles abandonarem a ilha, para não so-frerem represálias pela acção do Padre Francisco, que ia contra as ordens mais severas dos Imperadores da China.

Em meados de Novembro, após deitarem fogo às palhotas, toda a frota mercantil tinha regressado a Malaca. O Padre Xavier cria estar para breve a sua clandestina viagem para o continente chinês, pois numa carta escrita ao Pa-dre Francisco Perez a 12 de Novembro dizia: “Daqui a oito dias aguardo pelo mercador que me há-de levar a Can-tão: é muito certo, se não morrer, de vir aqui, pelo interesse grande que lhe dou da pimenta, porque nela ganha pasados de trezentos e cinquenta cruzados, se me levar a salvamento a Cantão.”

Em Sanchoão apenas restavam o junco chinês de Diogo Vaz de Aragão e a nau Santa Cruz, que tinha trazido o padre, na esperança de o ver embar-car para o interior da China. O chinês, que Gonçalo Mesquitela diz chamar-se Chapoteca e ajudara Manuel Chaves a fugir do continente chinês, prometera regressar a essa ilha até 19 de Novem-bro. Mas tal nunca se realizou e a 21 de Novembro o padre adoeceu grave-mente com uma pneumonia pois, por não querer ficar hospedado no barco, foi para o único abrigo que restava na ilha, a palhota aberta ao frio e ao vento pertencente a Jorge Álvares. Desde o dia 24 de Novembro, o Padre Francis-co Xavier com altas febres entrou em delírio e na Ilha de Sanchoão morreu às primeiras horas do dia 3 de Dezembro de 1522.

Gonçalo Mesquitela refere: “Jor-ge Álvares, ou segundo Arteche, Vaz de Aragão, piedosamente, sepultou-o, em caixão à moda da China, revestido dos paramentos sacerdotais.” Segundo Francisco de Sousa, em Oriente Con-quistado a Jesus Cristo, foi Jorge Álva-res quem mandou “fazer um caixão ao modo da China, onde depositaram o Sagrado Corpo”. No entanto, a nossa personagem Jorge Álvares não aparece referenciada como tendo acompanha-do o corpo onde apenas se encontra-vam, devido ao grande frio que se fazia sentir, três ou quatro pessoas, “Francis-co de Aguiar, o piloto do Santa Cruz, o fiel António e dois mulatos que levaram o caixão às costas.” Por isso é de crer ter Jorge Álvares também ele seguido em meados de Novembro para Malaca.

A partir da morte do Santo não apa-recem mais informações sobre o mer-cador e Capitão Jorge Álvares, que só teve existência para a História devido à sua amizade com S. Francisco Xavier.

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tempo muito nublado min 21 max 25 hum 60-90% • euro 8 .5 baht 0 .2 yuan 1 .2

O que fazer esta semana?

João Corvo

Aconteceu Hoje

fonte da inveja

20 hoje macau sexta-feira 24.4.2015(F)utilidades

24 de março

Todos escrevem direito por linhas tortas.

Anexação da cisjordânia • A 24 de Abril de 1950, a Jordânia anuncia a anexação da Cisjordânia, incluindo o sector oriental de Jerusalém, que se torna uma cidade dividida, com o sector ocidental ocupado pelos judeus. Muitos palestinos fogem para países vizinhos. Ao invés de tentar estabelecer um Estado palestino indepen-dente para os seus súbditos da Cisjordânia, a Jordânia anexou formalmente Jerusalém Oriental e a Cisjordânia, dando a todos os residentes palestinos a cidadania automática da Jordânia, ainda que estes já tivessem recebido o direito de reivindicar a cidadania jordaniana em Dezembro de 1949. Apenas o Reino Unido reconheceu formalmente a anexação da Cisjordânia no caso de Jerusalém Oriental. O Paquistão é frequentemente conhecido como tendo reconhecido a anexação, ainda que permaneçam as dúvidas face a isso. Hoje, a área é um dos principais focos de conflito entre palestinianos e israelitas. Neste dia, mas em 1184 A.C., dá-se ainda a entrada dos gregos em Tróia, usando o Cavalo de Tróia. Em 1917, na Primeira Guerra Mundial, dá-se o naufrágio do navio dinamarquês Wilhelm Krag e de outros três navios ao largo da Praia da Luz, no Algarve. Anos depois, em 1949, as tropas comunistas chinesas entram em Nanqin e, em 1965, os cadáveres do líder da oposição portuguesa, Humberto Delgado, e do seu secretário são encontrados por um pastor perto de Badajoz. Assinala-se ainda neste dia, mas em 2005, a nomeação de Joseph Ratzinger como Papa Bento XVI. Cinco anos antes, o rapper americano Curtis Jackson (50 Cent) é atingido por nove tiros, mas consegue sobreviver.

C i n e m aCineteatro

Sala 1the avengerSÇ age of ultton [3d] [b]Filme de: Joss WhedonCom: Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo14.15, 19.15

the avengerSÇ age of ultton [b]Filme de: Joss WhedonCom: Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo16.45, 21.45

Sala 2faSt and furiouS 7 [c]Filme de: Jame WanCom: Paul Walker, Vin Diesel, Dwayne Johnson14.15, 16.45, 21.45

faSt and furiouS 7 [3d] [c]Filme de: Jame WanCom: Paul Walker, Vin Diesel, Dwayne Johnson19.15

Sala 3child 44 [c]Filme de: Daniel EspinosaCom: Tom Hardy, Gary Oldman, Noomi Rapace14.15, 16.45, 19.15, 21.45

Hoje CONCERTO BACKsTREET BOys Venetian Macau, 19h45

Bilhetes entre as 588 e as 988 patacas

PALEsTRA sOBRE O DEsENVOLVIMENTODO LED NO FUTURO Centro de Ciência de Macau, 12h00entrada livre

LANçAMENTO DO áLBUM “MOWAVE: sOUND LANDsCAPE”Fundação Rui Cunha, 17h30entrada livre

sábadoGORAN MALMqVIsT APREsENTA “A LITERATURA CONTEMPORâNEA CHINEsA E O PRéMIO NOBELDA LITERATURA”Centro de Ciência de Macau, 15h00

entrada livre

sEMINáRIO “INFLUêNCIA DA MúsICA OCIDENTALNA ásIA”Instituto Ricci, 15h30

entrada livre

NOITE DE JAzz COM zé EDUARDO Fundação Rui Cunha, 21h00entrada livre

PALEsTRA “qUAL O sIGNIFICADO DA RELIGIãO?”, com edmond eh Fundação Rui Cunha, 17h00entrada livre

DomingoCONCERTO JORGE PALMA - TRIO ACúsTICOCentro Cultural de Macau, 20h00Bilhetes das 150 às 200 patacas

Diariamente

EXPOsIçãO DE FOTOGRAFIA DE ERWIN OLAF(ATé 8 DE MAIO) Casa Garden

entrada livre

EXPOsIçãO “LANDFALL”, DE ERIC FOK (ATé 25 ABRIL)Art for Allentrada livre

EXPOsIçãO “HOMENAGEM A MEsTREs INsPIRADOREs” (ATé 10 DE MAIO) Armazém do Boi entrada livre

EXPOsIçãO “VALqUíRIA”, DE JOANA VAsCONCELOs (ATé 31 DE OUTUBRO)MGM Macau, Grande Praça entrada livre

não foi à toa que “american Hustle” conseguiu mais de uma dezena de nomeações e prémios nos Óscares. a brilhante obra mais recente de David O. Russell brinda-nos com uma história sobre irving Rosenfeld (Christian Bale), um vigarista que trabalha em conjunto com a sedutora parceira, Sydney Prosser (amy adams). ambos são recrutados por um agente do FBI, para um trabalho que tem que ser feito no meio da máfia. Entretanto, outras personagens aparecem, num filme onde a acção policial se interliga a uma comédia extremamente bem feita e onde os detalhes que dão vida a cada uma das personagens são, como se diz em bom inglês, “priceless”. - Joana freitas

AmericAn HustledAvid o. russel (2003)

H O j e H á f i l m e

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21opiniãohoje macau sexta-feira 24.4.2015

E stranho mundo este em que um mar é tudo. De um lado a morte, a fome, a miséria e o desespero, a guerra; do outro, a paz, a esperança de matar a fome, de se esquecer a guerra, de se ser menos miserável. Entre as duas realidades, um pedaço de água. o mar.

Esta semana, uma traineira foi ao fundo e com ela 800 pessoas. Eram refugiados do outro lado do mar à procura da Europa, a Europa da paz. a imprensa acorda para o problema e diz-nos que a cada duas horas há alguém que fica no mar, naquele mar, fugido da guerra, da fome, da morte. a imprensa é assim: cheia de estatísticas que nos chocam de cada vez que há uma tragédia, de cada vez que cai um avião, de cada vez que uma traineira se vira. É o despertar de consciências que adormecem na semana seguinte, quando uma nova página trágica se vira.

Entre os 800 mortos desta semana – que agora são mais, porque há vidas perdidas a cada duas horas – havia crianças, miúdos levados pelos pais e miúdos confiados pelos pais a quem faz dinheiro com o transporte de refugiados. Iam a caminho de uma possível vida melhor num continente mais frio que não chegaram a conhecer. Fugiram à morte para tropeçarem nela. a traineira virou.

A Europa tem um problema sério para resolver dentro de portas, tem a morte do outro lado do mar, mas o mar dá sempre à costa. A Europa – a Europa inicial – é uma bolha de paz num mundo demasiado em guerra para acharmos que aprendemos alguma coisa com o passado

contramãoIsabel [email protected]

O marMultiplicam-se os artigos na imprensa

sobre o que é isto de se atravessar o mar em desumanas condições, na fuga de uma vida que não é vida, só morte. Multiplicam-se os artigos e encontro o trabalho de Daniel trilling, jornalista que escreve sobre refugia-dos na Europa. trilling ouviu a história de hakim Bello e publicou-a no the Guardian.

Bello nasceu na nigéria. Vivia na Líbia há cinco anos quando a guerra rebentou. Conta que tinha uma vida simpática: traba-lhava como alfaiate e ganhava o suficiente para enviar dinheiro para casa, para aqueles que tinham menos do que ele. Mas a guerra rebentou e ser nigeriano na Líbia começou a ser uma coisa complicada, que isto da cor da pele e da proveniência tem muito que se lhe diga. Voltar a casa estava fora de questão: o caminho para sul era impossível.

hakim Bello embarcou rumo a Itália com centenas de refugiados num barco

sem condições, que não tinha capacidade para aguentar as ondas. Fala de crianças a bordo, de uma mulher grávida, de mortos dentro do barco, de gente que se afogou. o nigeriano teve mais sorte – foi salvo por um navio italiano que o transportou até Lampedusa.

a viagem não acabou aqui, que Lam-pedusa é só o início. a turbulência também não: a promessa de paz concretizou-se, mas Bello chegou a uma Europa em que falta trabalho, a uma Europa à rasca com os seus próprios problemas, onde também há fome e miséria e intolerância e problemas com a cor de pele e a proveniência.

Hakim Bello não ficou em Itália – foi para Berlim, onde ainda hoje vive, quatro anos depois da viagem em que viu tanta morte no mar como a morte da guerra. Elogia o que Itália faz pelos refugiados, diz que Itália faz muito – e muito sem apoio –, mas aponta

com força o dedo ao resto da Europa, a países como o reino Unido, a França, a Bélgica e a alemanha. Países que, diz, julgam estar longe do que acontece em África, mas não estão, e não se julgam responsáveis pelo que está a acontecer, mas são. É que são todos parte do problema.

Estranho mundo este em que todos são parte do problema, mas as consequências do problema são radicalmente diferentes consoante a terra onde se nasce. Estranho mundo este que se depara com desequilí-brios tão grandes, com disfarçados colo-nialismos, com interesses maiores do que nunca, com homens cada vez mais ricos em países onde a miséria é imensamente miserável.

E a Europa? a Europa que é velha, que nasceu de empurrões e se faz aos empur-rões, que se perde no tempo mas que jurou a paz, vive com o dilema da integração que nunca soube fazer – a começar pela integração de quem vive nela, de quem lhe pertence. a Europa tem um problema sério para resolver dentro de portas, tem a morte do outro lado do mar, mas o mar dá sempre à costa. a Europa – a Europa inicial – é uma bolha de paz num mundo demasiado em guerra para acharmos que aprendemos alguma coisa com o passado. E naquele mar a morte vai continuar.

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22 opinião hoje macau sexta-feira 24.4.2015

C om o desfecho do debate sobre as Linhas de Acção Governativa, muitas são as opiniões acerca do rumo apresentado nestas sessões de esclarecimento. Pes-soalmente, compreendo agora que o novo Governo da RAEm herdou uma ver-dadeira bagunça da prévia

Administração e esta situação não vai mudar em breve, pois o Governo actual está prestes a abandonar o exercício das suas funções.

A incompetência demonstrada pelos nossos governantes deve-se a três factores distintos: o sistema utilizado, o ambiente vivido e os dirigentes propriamente ditos, todos os quais se encontram incapacitados. Durante a discussão sobre as Linhas de Ac-ção Governativa, não consegui deslumbrar nenhuma melhoria em relação a estas três áreas, acabando eu assim por dedicar a mi-nha atenção a um magnífico projecto para o desenvolvimento futuro da cidade, mas que imagino ser de difícil concretização. o mais importante agora é descobrir como fazer com que este projecto seja posto a bom fim. Os problemas que Macau agora enfrenta já nos assolam há muito tempo e não podem ser resolvidos pela simples mudança de alguns dos dirigentes máximos. Na minha opinião, a situação catastrófica agora vivida pela RAEm foi despoletada pela combinação de factores abaixo discutida.

Em primeiro lugar, muito pouco foi feito durante a fase de transição da Administração em relação à adopção do chinês como língua oficial, nem tão pouco quanto à localização de

funcionários públicos ou mesmo à adaptação das leis em vigor à realidade local. Durante a fase final deste período de transição, a então Administração portuguesa do território coope-rou completamente com o lado chinês no que diz respeito à transferência de soberania, mas não fez os esforços necessários para garantir a localização dos funcionários públicos. Na verdade, verificou-se uma situação em que todos os quadros locais foram promovidos para posições de chefia com a facilidade de uma viagem de helicóptero, essencialmente devido às suas redes pessoais de contactos. Esta situação fortuita acabou por conceder aos mesmos um excesso de confiança pessoal, pois acabam agora por se assemelhar a crianças envolvidas em assuntos de adultos.

Nem mesmo quando falham no desempe-nho das suas funções são capazes de admitir a sua incompetência, preferindo em vez disso por atribuir a sua incapacidade à falta de ex-periência pessoal dos quadros locais. Quando a economia parecia carente de um rumo certo e a projectada restruturação industrial falhou em apresentar resultados, estes apostaram então na liberalização do sector do jogo assim como na atribuição de vistos individuais aos cidadãos do Continente como formas de recuperação económica. mas durante todo este processo, os inexperientes funcionários públicos em questão gastaram consideráveis recursos públicos e geraram um clima de instabilidade para a RAEm.

o assunto da adaptação das leis vigentes às especificidades do território acabou por ser na altura o tema mais importante, assim como o de maior urgência. mas, uma vez com-pletada a transferência de Administração,

nada mais foi feito para finalizar este área de grande importância. As leis aqui utilizadas encontram-se de momento completamente desactualizadas, e a adopção do chinês como língua oficial, para além do português, não trouxe facilidades acrescidas nem tão pouco dinamizou o desenvolvimento social da ci-dade. Esta falta de meios resultou assim na actual instabilidade enfrentada pela RAEm.

Em segundo lugar, a estrutura política de macau, de acordo com os auspícios da Lei Básica, aliada às associações tradicionais ligadas ao poder, fizeram com que o ambiente político do território se assemelha-se a uma poça estagnada ou mesmo a uma gaiola para pássaros. Para lidar com os problemas ac-tuais, o Governo adopta as soluções habituais enquanto que enfrenta o clima de injustiça e desigualdade como se fosse incapaz de mudar a realidade mesmo que o desejasse. Sinto até que a democracia foi substituída por um discurso populista, sendo a sociedade

local definida pelas suas necessidades mais do que por exigências de mudanças futuras. Quando a preocupação máxima é a obtenção de lucros, a sociedade acaba por perder o seu rumo e os seus cidadãos acabam por se dedicar na sua grande maioria à procura de ganhos pessoais. Tudo isto vem exacerbar ainda mais a deterioração do tecido social.

Tendo em conta que o sistema de recru-tamento central é um desastre total, será que a Secretaria para a Administração e Justiça se lembrou de fazer algo para melhorar a situação? ou então terá o Secretário para a Economia e Finanças se dignado a oferecer algumas sugestões de forma a concretizar uma diversificação apropriada do sector industrial do território? E de que opções dispomos agora para melhorar a cultura das Forças de Segurança, de forma a que o sistema de promoções seja guiado por uma metodologia racional, em conformidade com a lei e o bom-senso? Estas considerações são cruciais para permitir que os agentes da polícia que dispõem das habilitações necessárias, possam no futuro maximizar as suas competências e progredir na carreira, factores indispensáveis para combater o abuso de autoridade e a defesa dos direitos humanos. mas nem assim o Secretário para a Segurança se sentiu motivado em apresentar uma resposta substancial e adequada a estas questões durante o debate governamental acima mencionado. Contudo, foi ainda possí-vel apurar que o Centro Hospitalar Conde de São Januário se encontra sob a gestão de um director novo, que as instalações do antigo Hotel Estoril vão agora ser recuperadas e que parte da área disponível na Ilha da montanha vai ser reservada para a construção de casas para os idosos. Foi com alguma surpresa que me apercebi de que estas temas triviais do quotidiano diário acabaram por se tornar nos temas mais importantes destas sessões de debate. mas os temas mais contenciosos como o planeamento urbano e a solução dos problemas de trânsito acabaram por se revelar complicados demais para uma Secretaria recém-formada e constituída por funcionários que aparentam ansiedade em abandonar estas mesmas funções.

o que faz uma cidade pequena como ma-cau embarcar numa política de desperdício que faz com que a vida dos seus cidadãos se apresente cada vez mais difícil, apesar das gordas receitas dos cofres públicos? Temos todos a responsabilidade de encontrar soluções para estes problemas, não podendo deixar o Governo, a Assembleia Legislativa, a comunicação social e o sector da educação se corromper devido à influência indevida do dinheiro.

Uma possível alternativa para esta rea-lidade é a criação de uma sociedade cívica, e defendo que todos os esforços devem ser despendidos na obtenção deste objectivo!

*Ex-deputado e membroda Associação Novo Macau Democrático

um gr i to no desertopaul chan wai chi*

origens da confusãoNem mesmo quando falham no desempenho das suas funções são capazes de admitir a sua incompetência, preferindo em vez disso por atribuir a sua incapacidade à falta de experiência pessoal dos quadros locais.

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hoje macau sexta-feira 24.4.2015 23Perfil

S erão certamente poucos os seleccionados do pro-grama InovContacto que mostram todos os dentes em jeito de felicidade ao se verem no grande ecrã

da selecção final colocados num destino asiático como Macau. Porém, foi isso mesmo que aconteceu com Catarina Batista, uma jovem portuguesa de 24 anos que começou a sua experiência neste continente em Março passado e é a primeira candidata do seu curso a ser seleccionada para o programa, de entre todas as edições.

“Não fazia a mínima ideia de onde ia parar, mas quando vi ‘Macau’ no ecrã, fiquei super contente e foi assim que tudo começou”, conta a agora estagiária ao HM.

Em Portugal, especializou-se numa área profis-sional bastante específica que lhe permite optar por exercer funções enquanto Arquivista ou Bibliotecária. A organização é um dos fortes de Catarina, mas isso talvez venha de nascença. ou talvez tenha sido uma característica adquirida durante o curso. Questionada sobre como é que a organização vai ao encontro do elemento “caos” que tão bem caracteriza a China, Catarina confessa que às vezes “custa um bocadinho perceber a orientação” da população.

Como exemplo, fala da posição e da forma das pessoas andarem nos passeios. “Se for uma pessoa que já está habituada ao pensamento europeu, às vezes é complicado, até porque a diferença de pensamento é imediatamente perceptível”, conta.

Para a Ásia, com amorAquele que é um dos continentes mais longínquos para os demais mortais está na vida de Catarina há já alguns anos, mais precisamente desde os tempos de faculdade. Foi através de amigos e conhecidos que começou a ter contacto com bandas e séries televisivas asiáticas, no-meadamente coreanas.

Catarina BatiSta, eStagiária arquiviSta no C&C

“Acho A culturA AsiáticA muito interessAnte”

“Sempre tive um grande interesse e também vários amigos asiáticos que vinham estudar Português para [Coimbra], um género de erasmus por seis meses”.

É assim que Catarina começa a história de como cresceu o amor por este lado do mundo. Os conhecidos foram ficando amigos, que partilharam experiências e histórias, vivências e conversas. “Quando lhes disse que vinha para Macau, juntou-se o útil ao agradável”, disse. “Acho a cultura asiática – e particu-larmente a coreana – muito interessante”, continuou a jovem.

Pouco comum será, com certeza, o regresso ao passado num país tão distante. A verdade é que Catarina achou estranho o facto de haver uma comunidade de Coimbra tão forte por estes lados.

“Fez-me alguma confusão porque ainda estou muito ligada a Coimbra e aos meus colegas que ainda visito às vezes, mas é uma coisa que já faz parte do passado”, co-meça por dizer. “Aqui, a comunidade é muito forte e não estava à espera que isso acontecesse”, confessa a jovem.

Sobre a diferença entre as culturas lusa e chinesa, Catarina adianta, desde logo, que a adaptação não foi difícil porque já vinha relativamente preparada. “Os meus amigos já me tinham explicado o que eu devia dizer ou fazer e como é funcionam as coisas por estes lados”, disse. A jovem arquivista conta ainda uma das muletas que lhe ensinaram: “nunca se devem dar relógios às pessoas porque essa oferta está relacionada com a morte”, adverte Catarina. Tudo isso, explicou, parece ter facilitado o processo. outro dos factores que diz terem ajudado à adaptação foi a forma como as pessoas a receberam.

como a Palma da mão“Fui muito bem recebida pela minha colega de casa e pela comunidade Inov daqui, sempre dispostos para ajudar e es-clarecer qualquer coisa”, explicou. São estas pessoas, outrora jovens como Catarina, que auxiliam os mais novos a procurar casa e a saber onde comer e fazer compras. estas informações

parecem ser “muito úteis” para a arquivista, já que existe no Facebook um grupo privado e se tenta ainda organizar um encontro semanal para pôr a conversa em dia.

Houve ainda oportunidade para perceber que a jovem portuguesa está a gostar de estar pelo território que, con-fessa, ainda não conhece como a palma da sua mão. No entanto, tempo e vontade não parece faltar. De entre as suas zonas preferidas do território contam-se duas, ali mesmo no coração da Barra. o Teatro D. Pedro V é, juntamente com a Biblioteca Ho Tung, um espaço de que Catarina gosta bastante. “Está-se lá muito bem à noite e a zona é calma, tal como a da biblioteca [Ho Tung]”, reitera.

chinês ou a incaPacidade de comunicaro cantonês. Bicho de sete cabeças para a maioria e ra-ramente um elemento facilitador na chegada a Macau. É essa a língua falada por esta terra fora, mas certamente não torna a vida destes jovens estagiários fácil nos primeiros dias, semanas ou até meses.

“Não é que não estivesse já à espera e confesso que em Macau não será certamente tão difícil como é na China, mas não saber chinês é das coisas que me faz mais confusão, por chegar a um sítio e não saber explicar-me correctamente, es-tando sempre dependente da minha incapacidade ou de algum amigo chinês que me ajude na tradução”, confessou ao HM.

Catarina veio do entroncamento e não tenciona voltar assim tão cedo, já que o futuro é incerto, mas quer-se, em parte, passado por estes lados. “Queria sem dúvida ficar pela Ásia, mas ainda não sei se passa exactamente por ficar aqui em Macau permanentemente, mas gostava de tentar ir para outro país”, explicou a jovem ao HM. “Espero que isto seja uma experiência enriquecedora, que possa ensinar-me bastante, até porque até agora tem sido assim”, adiantou Catarina.

leonor sá [email protected]

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hoje macau sexta-feira 24.4.2015

ASAE queria multar pais de jovens bêbadosO Ministério da Saúde acabou com o consumo de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos e os pais dos jovens apanhados a beber deveriam mesmo ser multados. É o que defendia a ASAE, a quem compete a fiscalização da lei do álcool. “É preciso arranjar mecanismos mais eficazes para notificar os pais e prever a aplicação de coimas no caso de os filhos serem apanhados a consumir”, diz ao Expresso o inspector-geral da Autoridade da Segurança Alimentar e Económica, Pedro Portugal Gaspar. O decreto-lei até aqui em vigor proibia o consumo de bebidas brancas, como o vodka e o whisky, até aos 18 anos, mas permitia que os adolescentes bebesse cerveja e vinho a partir dos 16. A distinção entre os dois tipos de álcool vai acabar com a lei que o Governo aprovou esta quinta-feira . O Ministério da Saúde elaborou um novo diploma, no sentido de impor uma lei seca até à maioridade, tal como recomenda a Organização Mundial da Saúde.

Vice-presidente do grupo Lena detidoO vice-presidente do grupo Lena Joaquim Barroca Rodrigues foi detido quarta-feira à noite, no âmbito da Operação Marquês, que envolve o ex-primeiro-ministro José Sócrates. A detenção ocorreu após buscas a residências e à sede da empresa, em Quinta da Sardinha (Leiria), em que participaram dois magistrados do DCIAP - um dos quais o procurador do processo, Rosário Teixeira - e o juiz Carlos Alexandre, apoiados pela Autoridade Tributária e pela PSP. Esta quinta-feira à tarde é presente ao juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, para interrogatório judicial e aplicação de medidas de coacção. Joaquim Barroca Rodrigues é um dos administradores do grupo Lena e accionista maioritário, filho do fundador da empresa e irmão do actual presidente, António Barroca Rodrigues.

Oblak O que faz ser do BenficaOblak, foi o melhor jogador dos ´colchoneros´ nos quartos de final da Champions. Ronaldo não ficou indiferente ao desempenho do esloveno e felicitou-o no final da partida da passada quarta-feira. No jogo da primeira-mão, o antigo jogador do Benfica realizou uma das suas melhores exibições ao serviço do Atlético de Madrid, tendo feito oito defesas espantosas que foram decisivas para que a formação de Diego Simeone não sofresse nenhum golo.

DSAT Detido chefia e funcionária por corrupção

P residentes de associações do sector imobiliário discordam em criar um novo tipo de habitação pública, conforme

anunciado pelo Governo, mas pedem antes que se alargue o âmbito das candidaturas actuais.

Em declarações ao Jornal Ou Mun, o presi-dente da Associação Geral do Sector Imobiliá-rio, Chong Sio Kin, disse concordar em oferecer vários tipos de habitação social, alargando o âmbito dos candidatos além do conceito actual de oferecer apenas a idosos e pessoas desfavorecidas.

“Por exemplo, visando os jovens, podem ser criados edifícios para eles, bem como construídas habitações sociais para satisfazer necessidades de diferentes níveis, incluindo as dos que ganham rendimentos médios mas não conseguem adquirir imóveis”.

Também o presidente da Associação dos Empresários do Sector Imobiliário de Macau,

Ung Choi Kun, não concorda com a criação de um novo tipo de habitação pública além da actual, mas propõe alargar as condições para as candidaturas à habitação social, sugerindo, por exemplo, que se possa também oferecer rendas baixas aos que ganham rendimentos médios.

Recorde-se que o Secretário para Trans-porte e Obras Públicas, Raimundo do Ro-sário, anunciou na Assembleia Legislativa (AL) na semana passada que vão começar estudos e consultas públicas em relação a um novo tipo de habitações públicas, que be-neficiem os jovens, os casais recém-casados e as pessoas com rendimentos médios que não tenham capacidade de adquirir habitação privada.

Flora [email protected]

Património China garante apoio a Macau O director da Administração Nacional do Património Cultural da China, Li Xiao, afirmou que Pequim vai “continuar” a apoiar a Região Administrativa Especial de Macau a proteger o património histórico classificado pela UNESCO. Uma nota do gabinete do Secretário dos Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que hoje termina uma visita oficial a Pequim, refere que num encontro com Li Xiao este salientou que o Governo central chinês vai continuar a apoiar Macau e ajudará a Região Administrativa Especial a elaborar um “Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau”. Por outro lado, acrescenta a mesma nota, Pequim vai “colaborar com as autoridades de Macau na fiscalização da UNESCO à zona histórica da cidade, este ano”. “No encontro (...) ambas as partes recordaram o desenvolvimento estável no âmbito da protecção do património cultural de Macau após a classificação do Centro Histórico de Macau pela UNESCO”, sublinha o comunicado.

HK Leung ataca críticosO chefe do Governo de Hong Kong atacou ontem o que chama de críticos “incivilizados”, depois de ter sido vaiado por residentes quando tentava promover o novo método de eleição para o líder do Governo, em 2017. “Ontem [quarta-feira], durante a visita a um bairro, havia um grupo de desordeiros que se pôs aos gritos e a usar palavras incivilizadas de forma a sobrepor-se ao discurso dos outros”, descreveu Leung. “Este não é um comportamento democrático. Não queremos ver cenas destas em todas as visitas que fazemos”, disse. Os manifestantes vaiaram Leung e Lam e bloquearam-lhes a passagem com chapéus-de-chuva amarelos, um símbolo do movimento democrático.

Mo Yan Ele “ousa criticar”O sinólogo e membro do comité do Nobel da Literatura Göran Malmqvist rejeita leituras de que o escritor chinês Mo Yan, premiado em 2012, seja politicamente comprometido e defende que é um autor “muito corajoso” que “ousa criticar”. “É um escritor que ousa criticar, e poucos escritores têm essa audácia. E ao mesmo tempo, não é um inimigo do Partido Comunista, é membro do partido, vice-presidente da Associação de Escritores que é, claro, uma organização do Governo. Consigo compreender a atitude dele”, afirmou hoje o especialista, num encontro com os jornalistas de Macau, na véspera da palestra “A Literatura Chinesa Contemporânea e Prémio Nobel da Literatura”.

Habitação pública EspEcialistas não quErEm novo tipo

Basta alargar o âmbito

com a TDM. As companhias conseguiram a gestão de de-zenas de parques nos últimos três anos, sendo que gerem cerca de 70% dos lugares de estacionamento público no território. Em comunicado, a DSAT assegura que dá grande importância ao caso, que inclui um funcionário de chefia. “A DSAT já instaurou um procedimento disciplinar aos funcionários em causa e sublinha que não dará tole-rância ao abuso de poder para fins particulares e à violação da lei e vai continuar a co-

laborar intensamente com o CCAC e a autoridade judiciá-ria na referida investigação. Por outro lado, a DSAT irá reforçar a gestão interna e o mecanismo de fiscalização por forma a suprir lacunas, bem como adoptar medidas apropriadas para assegurar o funcionamento normal dos parques de estacionamentos públicos”, pode ler-se no comunicado. Os homens são suspeitos da prática de crime de corrupção passiva para acto ilícito e de participação económica em negócio.

pub

dOIS funcionários da Direcção dos Serviços

para os Assuntos de Tráfego (DSAT) estão a ser acusados de corrupção pelo Comis-sariado Contra a Corrupção (CCAC), por terem recebi-do dinheiro para beneficiar empresas de auto-silos. Os dois homens já terão sido suspensos. Os dois funcioná-rios são suspeitos de aceitar subornos no valor de 16 milhões de patacas, dinheiro que terá sido pago por três empresas que gerem parques de estacionamento, de acordo