81
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA TEOLOGIA SISTEMÁTICA ESTUDOS PRELIMINARES certos estudos que não pertencem propriamente à Teologia Sistemática; mas, por se relacionarem mui de perto com ela, necessário é fazê-los a fim de melhor se apreciar o curso teológico. Convém, por isso, que adquiramos algumas noções dos referidos assuntos relacionados com a Teologia Sistemática, para que tiremos o devido proveito do estudo que ora iniciamos. Nosso intuito, nesta parte introdutória, é somente tratar das coisas essenciais à boa compreensão e bom preparo do trabalho que se vai seguir. Depois de conhecidos estes pontos, poderemos, mais desembaraçadamente, entrar no estudo propriamente dito de Teologia Sistemática. 1. RELIGIÃO A teologia está relacionada com a religião, assim como a botânica com a vida das plantas. Sem a vida das plantas não poderia haver botânica. Sem os astros, seria impossível a astronomia. De igual maneira, é impossível a existência da teologia sem a religião: aquela é uma consequente desta. E, portanto, necessário que tenhamos uma ideia clara da religião, pois dela depende a teologia. Sem o entendimento claro de uma, não se pode compreender bem a outra. Consideremos então a religião. 1

ESTUDOS PRELIMINARES

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Preliminares para estudar teologia

Citation preview

FUNDAMENTOS HISTRICOS DA TEOLOGIA SISTEMTICA

ESTUDOS PRELIMINARES

H certos estudos que no pertencem propriamente Teologia Sistemtica; mas, por se relacionarem mui de perto com ela, necessrio faz-los a fim de melhor se apreciar o curso teolgico. Convm, por isso, que adquiramos algumas noes dos referidos assuntos relacionados com a Teologia Sistemtica, para que tiremos o devido proveito do estudo que ora iniciamos.Nosso intuito, nesta parte introdutria, somente tratar das coisas essenciais boa compreenso e bom preparo do trabalho que se vai seguir.Depois de conhecidos estes pontos, poderemos, mais desembaraadamente, entrar no estudo propriamente dito de Teologia Sistemtica.

1. RELIGIOA teologia est relacionada com a religio, assim como a botnica com a vida das plantas. Sem a vida das plantas no poderia haver botnica. Sem os astros, seria impossvel a astronomia. De igual maneira, impossvel a existncia da teologia sem a religio: aquela uma consequente desta. E, portanto, necessrio que tenhamos uma ideia clara da religio, pois dela depende a teologia. Sem o entendimento claro de uma, no se pode compreender bem a outra. Consideremos ento a religio.1.1. Definio. A religio a vida do homem nas suas relaes sobre humanas, isto , a vida do homem em relao ao Poder que o criou, Autoridade Suprema acima dele, e ao Ser invisvel com Quem o homem capaz de ter comunho.Religio vida em Deus; porque este Ser invisvel, esta Autoridade Suprema, este Poder com Quem o homem se relaciona, so um em Deus, e conhec-lo, na genuna expresso do termo, ter vida eterna.A religio sempre a vida do homem como um ser dependente de um poder, responsvel para com uma autoridade e adaptvel a uma comunho ntima com uma realidade invisvel. Esta definio exclui a ideia que prevalece, de que a religio um corpo de doutrinas. Quem assim define a religio confunde-a com a teologia, confuso que, se no justifica, no tem razo de ser: religio vida; teologia doutrina. E, como j dissemos, a religio precede a teologia.Funda-se a religio na prpria constituio do homem. O ser humano essencialmente religioso. O salmista revelou bem claramente esta verdade quando escreveu: Assim como o cervo brama pelas correntes das guas, assim brama a minha alma por Ti, Deus (Salmos 42:1).A prova mais evidente de que o homem este ser por natureza religioso est em no haver, jamais, algum encontrado uma tribo, a mais selvagem embora, que fosse totalmente destituda de qualquer culto ou ideia religiosa. A religio. to natural no homem como a fome, a sede, a saudade, etc. A histria universal no nos fala de um s povo sem religio. Nem ainda os mais atrasados fazem exceo a esta regra; pelo contrrio, os povos mais ignorantes, mais falhos em cultura, so, em geral, os mais religiosos. Este fato assaz notvel serve para demonstrar e provar que, quando o indivduo chega a sondar a alma, sempre encontra nela a necessidade de religio, de uma relao com o Ser Supremo DEUS. Sem dvida nenhuma, o corao humano como um altar onde arde perene o fogo sagrado da religio.O fato de ser a religio natural ao homem tem-na tornado, como j vimos, universal. Causa-nos comoo a lembrana do grande esforo que faziam os homens da antiguidade para se encontrarem com o Deus vivo e verdadeiro. As oraes mais tocantes e pungentes, em toda a literatura sagrada, so as que se fizeram ao Deus desconhecido. E ainda mais, h hoje em dia muitas almas famintas e sequiosas da verdade, porque uma relao ntima com o Deus verdadeiro to essencial ao bem-estar do homem como a gua o aos peixes e a luz aos olhos.Jesus tornou bem saliente esta verdade quando disse: Eu sou o po da vida; aquele que vem a mim nunca ter fome, e quem cr em mim nunca ter sede (Joo 6:35). Na universalidade da religio tem o pregador ampla base para os seus trabalhos e para as suas pregaes.Devemos tambm considerar que a religio funciona na parte invisvel e espiritual do homem, e no na visvel e material. Em outras palavras, a religio funciona no corao; Jesus enfatizou este ponto quando disse: Deus Esprito, e importa que os que o adoram o adorem em esprito e em verdade, ou, com o esprito e em verdade (Joo 4:24).A religio no homem manifesta-se nos poderes de o mesmo pensar, sentir e querer. E, essencialmente, uma funo do corao, reforado este pela vontade e iluminado pelo raciocnio. Religio vida, e a vida tem a sua sede no corao, e no nas mos ou nos ps.Pelas consideraes j estabelecidas, chegamos concluso de que a ideia fundamental da religio a de uma vida em Deus, de uma vida em comunho ntima e contnua com o Criador, uma vida debaixo da direo e domnio do Esprito Santo, O apstolo Paulo esclareceu assaz esta verdade, dizendo: Porque nEle vivemos, e nos movemos, e existimos (Atos 17:28).Visto que a religio tem a sua sede na parte invisvel e espiritual do homem, logo abrange todos os poderes humanos. Isto , a religio deve influenciar beneficamente todas as atividades do homem, dirigi-lo em tudo o que ele e em tudo o que faz. A religio verdadeira envolve a operao unida e coesa de todas as faculdades do homem. A religio consiste mais em ser do que em fazer. Quem cristo, sempre faz obras crists; porm, quem faz obras crists nem sempre cristo.Pode algum contradizer-nos, alegando que enfatizamos demasiadamente a parte espiritual do homem, em menosprezo do corpo e de seus atos, em se tratando de religio. Porm, no assim, O corpo servo do esprito, e se o esprito for bom e reto, o corpo poder cumprir satisfatoriamente as suas funes religiosas; mas se, ao contrrio, o esprito no for bom e reto, os atos praticados em nome da religio no tm nenhum valor. Ainda que distribusse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e no tivesse amor, nada me aproveitaria (1 Corntios 13:3).Tudo o que o corpo faz no essencialmente religioso, pois a religio do esprito e no do corpo.Dissertando a este respeito disse o apstolo Paulo: Ainda que eu tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistrios e toda a cincia, e ainda que eu tivesse toda a f, de maneira tal que transportasse os montes, e no tivesse amor, nada me aproveitaria (1 Corntios 13:2).Qual , neste caso, o valor que se deve dar aos atos praticados pelo corpo? Nas passagens que acabamos de citar, temos- a resposta: Quando haja harmonia perfeita entre o esprito reto e os atos exteriorizados pelo seu corpo, ento os atos tm valor religioso, mas valor relativo, no intrnseco.Os atos religiosos so como a nota promissria, que s tem valor quando assinada e rubricada por pessoa idnea. Alm disso, podem comparar-se os atos religiosos ao papel moeda, cujo valor depende de haver, no tesouro, o seu equivalente em ouro. isto o que o apstolo Paulo ensinou nos trs primeiros versculos do captulo 13 de sua primeira Carta aos Corntios. No havendo amor depositado no corao, nenhum dos nossos atos, at o de entregar o corpo para ser queimado, tem o mnimo valor religioso.Segue-se, da, que, como j se disse, os atos do corpo tm apenas valor relativo, e no intrnseco. Todos os seus merecimentos lhe so emprestados do corao. Os atos servem para exprimir a condio do esprito, pelo que o seu valor apenas declarativo, no intrnseco. O essencial em religio o estado da alma ou do corao, e todas as nossas aes, como j o dissemos, so os meios pelos quais se revelam as condies do homem interior.Nunca ser demais acentuar esta verdade, devido sua importncia capital para os que desejam cumprir os seus deveres diante de Deus.Mui grave o erro em que muitos laboram, de confundir a religio com as suas manifestaes, como aconteceu com os fariseus. E ento lhes direi abertamente: Nunca vos conheci: apartai-vos de mim, vs que obrais a iniquidade (Mateus 7:23). E verdade que a religio envolve culto, sacrifcio prprio, orao, e, no raro, se manifesta em obras de beneficncia; estas coisas, porm, no formam a essncia da religio, pois so apenas manifestaes do esprito religioso. A glria da religio no se acha naquilo que podemos fazer e fazemos, seno na realidade de um Deus bondoso e misericordioso e numa comunho ntima entre Ele e o homem. Reiterando o que j dissemos, a religio vida em Deus, que se manifesta em obras vrias, para beneficio da humanidade e para honra e glria do Criador.A religio verdadeira na proporo em que possui e realiza a ideia da personalidade de Deus e das Suas relaes com o homem. Os povos em todos os tempos se compenetraram da importncia deste princpio, e da o grande esforo que fizeram por descobrirem a verdadeira ideia da personalidade de Deus e das suas relaes com o mundo.Todas as grandes religies do mundo, assim as de hoje como as da antiguidade, no so contos do vigrio, antes representam o esforo extraordinrio do homem para apossar-se da verdade. No h nenhuma religio que se apoderasse dum povo fundada simplesmente no embuste, originada dum simples impostor. Pode enganar-se todo um povo por algum tempo, uma parte do povo por todo o tempo, mas no se pode enganar todo um povo por todo o tempo, disse Lincoin.H sempre algo de verdade em todas as religies, Tm todas elas alguma noo a respeito de Deus e das suas relaes com o mundo, se bem que no tenham alcanado a verdadeira ideia da personalidade de Deus e das suas relaes com a criao. Neste sentido, todas as religies so imperfeitas e tm enganado os seus adeptos, ministrando-lhes a verdade de mistura com o erro.1.2. A verdadeira religio. O cristianismo arroga-se o ttulo de verdadeira religio, porque ele prega a verdade acerca de Deus, e cultiva e promove as devidas relaes deste para com o homem. Nosso intuito atravs deste curso de teologia sistemtica mostrar que o cristianismo satisfaz s exigncias de uma religio verdadeira; e, visto que no pode haver mais do que uma religio verdadeira, segue-se que a nica verdadeira o cristianismo.A religio , pois, vida em Deus, vida que se manifesta em todos os nossos atos e em todas as nossas relaes.

2. RELAO ENTRE TEOLOGIA E RELIGIO

A Teologia estuda aquilo de que a religio a realidade. A religio, como j observamos, a vida em Deus, vida em que tomam parte ativa o intelecto, a vontade e as afeies. A vida religiosa envolve o homem em todo o seu ser, e os fatos apurados das suas experincias com Deus, no transcurso da vida, constituem a sua teologia. O homem um ser que reflete, que pensa sobre as suas experincias. A teologia , portanto, coisa necessria e natural.O homem no pode deixar de ter uma teologia, salvo se ele deixar de meditar nas experincias mais sublimes e mais preciosas desta vida. Achamos, por exemplo, no livro de Gnesis, a narrativa de uma das augustas experincias de Abrao com Deus, experincia essa em que Abrao aprendeu uma preciosa verdade, ignorada, talvez, at ento. Ele aprendeu que Deus um Deus provedor. O Senhor prover, dizem as Escrituras no verso 14 do captulo 22 de Gnesis. Ora, o que Abrao aprendeu naquela ocasio tornou-se pelo menos urna parte de sua teologia (Gnesis 22:12- 14).Os Salmos esto repletos do registro de experincias idnticas de Abrao e tambm das reflexes do Salmista a respeito delas. Esta uma das razes do valor do Livro dos Salmos. E na experincia que o homem aprende melhor e mais facilmente. A nossa teologia compe-se, ento, em parte, das nossas reflexes em torno das nossas experincias com Deus. O Senhor o meu pastor, nada me faltar. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a guas mui quietas. Refrigera a minha alma: guia-me pelas veredas (Ia justia, por amor do Seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, no temeria mal algum, porque Tu ests comigo; a Tua vara e o Teu cajado me consolam. Que belas experincias! E que bela teologia!Alm das nossas experincias, a nossa teologia consta tambm das revelaes de Deus. Deus muito mais do que podemos experimentar. Se se limitasse, portanto, a nossa teologia exclusivamente quilo que podemos experimentar de Deus, sem dvida seria ela muito deficiente. Baseando-a, porm, nas nossas experincias da revelao divina, ser-nos- possvel chegar a um conhecimento muito mais elevado deste assunto.A teologia , ento, um estudo acerca de Deus, baseado na experincia do homem com Deus e na revelao divina.Trata-se, na teologia, no s da Pessoa de Deus, mas tambm das suas relaes com o universo. V-se logo que estudo vastssimo, abrangendo, de certa maneira, tudo quanto existe, porque todas as coisas se relacionam com Deus.

3. REVELAOEntendemos que revelao a manifestao que Deus faz de Si mesmo e a compreenso, parcial embora, da mesma manifestao por parte dos homens. Este modo de definir a revelao acentua que o que se revela o prprio Deus, e no apenas alguma coisa a respeito de Deus. Na revelao, Deus faz-se conhecido dos homens na sua personalidade e nas suas relaes. Revelar informar, e isto justamente o que Deus h feito. Fez conhecidos os seus caminhos a Moiss, e os seus feitos aos filhos de Israel (Salmos 103:7). Deus informou ao homem acerca de Sua Pessoa e das Suas relaes com a criao. No nos esqueamos de que o centro de toda a revelao a pessoa de Deus. Jesus frisou bem esta verdade quando disse que veio revelar o Pai: Quem me v a mim, v o Pai.A revelao no tem por fim simplesmente informar o homem acerca de Deus, mas tambm descobrir Deus ao homem. Deus quer que o homem o conhea; da a razo de ele se revelar. Os cus declaram a glria de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mos. Um dia faz declarao a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. No h linguagem nem fala onde se no ouam as suas vozes. A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras at o fim do mundo (Salmos 19:1-4).No nosso intuito aqui discutir o progresso da revelao. Podemos afirmar, todavia, sem medo de laborar em erro, que ela culminou em Cristo Jesus; portanto, aquele que conhece a Cristo, conhece o Pai. Antes de passarmos desta fase do assunto, convm que deixemos dito que estas revelaes se encontram no Velho Testamento, em Cristo Jesus, no Novo Testamento e no cristianismo. Um estudo acurado destas fontes de revelao dar-nos- a nossa teologia.

4. O OBJETIVO DA TEOLOGIA SISTEMTICAPretendemos, no estudo de teologia sistemtica, selecionar fatos que nos faam conhecer melhor a pessoa de Deus, as Suas relaes com o universo, e organiz-los num sistema racional. No se encontra na Bblia uma teologia sistemtica j feita e ordenada, mas encontram-se os fatos com os quais podemos organiz-la, dar-lhe forma, sistematiz-la.O fim, portanto, da teologia sistemtica no criar fatos, mas descobri-los e organiz-los num sistema.Queremos, estudando a teologia, apreender os pensamentos de Deus, aprender das experincias espirituais dos melhores homens que sempre existiram. Neste e tudo somos como arquitetos ocupados na construo dum grande edifcio. Mas, ao invs de trabalharmos com pedra, cal e tijolos, utilizamo-nos de tudo quanto Deus tem revelado, e de tudo quanto o homem tem experimentado das coisas divinas e celestiais. Que belo edifcio no nos dado construir! Devemos exortar-nos a ns prprios com as palavras de Paulo a Timteo: Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que no tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (II Timteo 2:15).

5. A POSSIBILIDADE DE TERMOS UMA TEOLOGIAA possibilidade de termos uma teologia baseia-se em trs grandes verdades, a saber:5.1. Deus existe e tem relaes com o mundo. No princpio criou Deus os cus e a terra (Gnesis 1:1).5.2. O homem feito imagem de Deus e capaz de receber e compreender aquilo que Deus revela. E disse Deus: Faamos o homem nossa imagem, conforme nossa semelhana: domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos cus, e sobre o gado e sobre toda a terra, e sobre todo o rptil que se move sobre a terra. E criou o homem sua imagem: imagem de Deus o criou: macho e fmea os criou (Gnesis 1:26 e 27).5.3. Deus tem-se revelado. Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e em muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a ns falou-nos nestes ltimos dias pelo Filho (Hebreus 1:1).Se Deus existe e tem-se revelado, e, se o homem capaz de receber a Sua revelao, forosamente havemos de concluir que, ao menos, possvel existir a teologia sistemtica. No estamos, pois, tentando o impossvel, dizendo alguma coisa acerca de Deus e das suas relaes para com o mundo. Devemos animar-nos neste estudo com as palavras de Jesus: E a vida eterna esta: que te conheam, a ti s, por nico Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste (Joo 17:3). 6. IMPORTNCIA DO ESTUDOSeria difcil exagerar a importncia do estudo de teologia sistemtica, porque, quem queira saber, com exatido, alguma coisa do mundo, do universo, do homem, da histria, de Cristo, da salvao, em suma, informar-se de tudo o que seja de primordial interesse ao homem, tem, por fora, de aprender de Deus. ele o grande Mestre que todas as coisas conhece. E h tanto erro a respeito de tudo isto, que se torna necessrio um conhecimento slido e seguro de todos estes assuntos de grande interesse para a humanidade.Fora das revelaes de Deus no se encontra tal conhecimento. Esta a razo por que baseamos o nosso estudo naquilo que Deus tem revelado ao homem. Devemos, neste trabalho, orar muito para que a nossa viso seja clara, puro o nosso zelo, elevado o nosso ideal e reto o nosso esprito, como o esprito dAquele a Quem almejamos conhecer. Devemos prosseguir neste estudo com o mesmo esprito que Deus recomendou a Moiss quando lhe apareceu na sara ardente. Moiss disse: Agora me virarei para l, e verei esta grande viso, porque a sara se no queima. E, vendo o Senhor que se virava para l a ver, bradou a ele do meio da sara, e disse: Moiss, Moiss. E ele disse: Eis-me aqui. E disse: No te chegues para c: tira os teus sapatos de teus ps; porque o lugar em que ests terra santa (xodo 3:3-6).

7. FONTES DA TEOLOGIA SISTEMTICADe onde vem o material da teologia sistemtica? Quais as suas fontes? De toda parte vem o material, so inmeras as fontes. Devemos aprender de tudo o que nos possa ensinar alguma verdade acerca de Deus e das suas relaes com o mundo. A teologia crist s conhece um Deus: o Criador de tudo quanto existe.Todas as coisas, por isso, tm relao com ele e podem ensinar-me muitas verdades a seu respeito. O material da teologia pode vir, pois, de toda a criao.A teologia cincia to vasta que, de certo modo, abrange tudo: as montanhas, os rios, os campos, as estrelas, o oceano, o cu, o inferno, o homem, as Escrituras, a histria, Jesus, tudo, enfim, nos fala de Deus. Os cus declaram a glria de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mos. Um dia faz declarao a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. No h linguagem nem fala onde se no ouam as suas vozes. A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras at o fim do mundo (Salmos 19:1-4). Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e em muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a ns falou-nos nestes ltimos dias pelo Filho (Hebreus 1:1).Em nossa teologia crist, a fonte principal, naturalmente, a revelao de Cristo. A revelao de Deus no somente ilumina o campo da teologia, mas tambm derrama a sua luz benfica sobre todos os assuntos em que a teologia se interessa. E, sendo Jesus a inspirao da religio crist, , por isso mesmo, o centro de toda a revelao. Tudo o que h de mais precioso, de mais valioso acerca de Deus, provm de Jesus. Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse (Colossenses 1:19).Em trs grandes classes podem dividir-se as fontes da nossa teologia, a saber: (1) de Cristo (2) do universo, (3) da histria.E pela revelao crist que podemos compreender o que est revelado no universo fsico. No devemos, naturalmente, buscar compreenso do espiritual na base da nossa compreenso do material, visto que o espiritual primeiro, a causa do material. A ordem que procuramos seguir neste estudo ser, pois, do espiritual para o material; de Deus para a criao; da causa para o efeito; doutra maneira no acertaremos o nosso alvo.Explicar o universo do ponto de vista de Deus relativamente fcil; mas explicar a Deus do ponto de vista do universo absolutamente impossvel. Eis a razo por que adotamos em nosso mtodo a ordem que parte da revelao crist, reforando-a depois com o que se acha revelado no universo. A melhor de todas as revelaes de Deus Jesus Cristo. Principiemos, pois, pela mais preciosa revelao de Deus, as nossas consideraes em torno das fontes de teologia sistemtica.

8. A REVELAO CRIST FONTE DA TEOLOGIA SISTEMTICAEntendemos que revelao crist a manifestao de Deus na pessoa e no trabalho de Jesus Cristo, e, bem assim, a preparao para a sua vinda. Mas as revelaes mais ricas, e mais espirituais, e mais efetivas, e mais verdadeiras, so as que se realizaram em Cristo Jesus, no que ele era, no que disse e no que fez.Para o grande acontecimento da vinda de Jesus, Deus preparou, de maneira muito especial, a nao israelita, da qual ele, Jesus, haveria de nascer; isto, porm, no significa que Deus no trabalhasse tambm entre as demais naes. No tal. Deus, ento, assim como hoje, guiava todos os povos. E de um sangue fez toda a gerao dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos j de antes ordenados, e os limites da sua habitao; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que no est longe de cada um de ns (Atos 17:26,27). E depois disse o Senhor a Moiss:Entra a Fara, porque tenho agravado o seu corao e o corao de seus servos, para fazer estes meus sinais no meio dele, e para que contes aos ouvidos de teus filhos, e dos filhos de teus filhos, as coisas que obrei no Egito, e os meus sinais que tenho feito entre eles: para que saibas que eu sou o Senhor (xodo 10:1,2).A histria do universo, assim como a da raa humana, uma; a nao, porm, de onde surgiria Jesus foi dirigida de um modo todo especial, sendo o intuito desta direo preparar o caminho para a vinda do Salvador do mundo. No Velho Testamento temos a histria desta grande preparao.Aps haver Jesus cumprido a sua misso, os seus discpulos, esclarecidos pelo Esprito Santo, revelaram claramente o plano da salvao ao qual Jesus viera dar cumprimento, e tambm os efeitos da sua vinda sobre a raa humana. Esta revelao encontra-se no Novo Testamento, que pode ser considerado como o produto do contato de Jesus com os seus discpulos.8.1. A maneira por que se efetuou a revelao. Podemos dizer que a revelao foi feita na vida. Esta a revelao completa e perfeita. No foi ela feita primeiramente nas Escrituras, ou em palavras, mas em vida que se traduziu em atos. Um dos livros mais interessantes da Bblia indubitavelmente o dos Atos dos Apstolos. Nele vemos Deus revelando-se na vida de seus servos. A revelao consta mais do que Deus fez do que daquilo que disse. Assim diz o Senhor , certamente, uma das maneiras por que Deus se revela; porm, o Assim fez o Senhor foi e sempre o meio eficaz por excelncia. E o Senhor disse-lhe: Que isto na tua mo? E ele disse: Uma vara. E ele disse: Lana-a na terra. Ele a lanou na terra, e tornou-se uma cobra. E Moiss fugia dela. Ento disse o Senhor a Moiss: Estende a tua mo, e pega-lhe pela cauda, e estendeu a sua mo e pegou-lhe pela cauda, e tornou-se em vara tia sua mo; para que creiam que te apareceu o Senhor, Deus de seus pais, o Deus de Abrao, o Deus de Isaque e o Deus de Jac. E disse-lhe mais o Senhor: Mete agora a tua mo no teu seio. E, tirando-a, eis que a sua mo estava leprosa, branca como a neve. E disse: Torna a meter a tua mo no teu seio. E tornou a meter sua mo no seu seio; depois tirou-a do seu seio, e eis que se tornara como a outra carne. E acontecer que, se eles no crerem, nem ouvirem a voz do primeiro sinal, crero a voz do derradeiro sinal (xodo 4:2-8). Nesta passagem, como se v, Deus revelou-se por meio de atos. Ainda outra passagem muito clara neste sentido Joo 2:14-16, que deve ser lida.Quando Deus se manifestou a Abrao, no o fez por meio de escrituras ou palavras, seno por atos. Abrao aprendeu daquilo que Deus fez. De igual maneira, quando aprouve a Deus manifestar-se a Moiss, ainda que lhe falasse muitas vezes, podemos afirmar que a revelao se nos depara muito mais abundante nos feitos maravilhosos operados por ele diante dos israelitas. Muitas vezes, quando Moiss ensinava ou exortava o povo, fazia meno de tudo o que Deus havia feito aos seus pais, nos dias passados, e aos israelitas de ento. Os Salmos e as profecias, e, finalmente, todo o Velho Testamento, constam mais do que Deus fez do que daquilo que Deus disse. Relativamente, Deus falou pouco, mas trabalhou muito. E vs j tendes visto tudo quanto o Senhor vosso Deus fez a todas estas naes por causa de vs: porque o Senhor vosso Deus o que pelejou por vs. Vedes aqui que vos fiz cair em sorte s vossas tribos estas naes que ficam desde o Jordo, com todas as naes que tenho destrudo, at o grande mar para o pr-do-sol. E o Senhor vosso Deus as empuxar de diante de vs, e as expelir de diante de vs: e vs possuireis a sua terra, como o Senhor vosso Deus vos tem dito. Esforai-vos, pois, muito para guardardes e para fazerdes tudo quanto est escrito para guardardes e para fazerdes tudo quanto est escrito no livro da lei de Moiss: para que dele no vos aparteis, nem para a direita nem para a esquerda (Josu 23:3-6).A revelao de Deus no se fez, portanto, primeiramente nas Escrituras e depois na vida, mas, pelo contrrio. Deus se manifestou primeiro na vida e depois nas Escrituras. Por exemplo, a revelao que se acha narrada no livro de xodo operou-se, antes de tudo, na vida daquele povo. A libertao de Israel do jugo egpcio constitui uma fonte riqussima de ensinamentos, pelos quais o povo compreendeu o plano de Deus; e assim por todo o Velho Testamento. Se tirarmos do Velho Testamento tudo o que Deus fez e revelou pela vida dos seus servos, v-lo-emos reduzido a um volume ininteligvel.Quando Deus se revelou em Cristo Jesus, seguiu o mesmo mtodo. J de tal forma nos habituamos a pensar que a revelao de Deus s se pode achar nas Escrituras, que chegamos at a julgar que no havia revelao antes de serem elas escritas. Porm no assim. A revelao fez-se, principalmente, na vida dos seus servos, os profetas; na de Jesus Cristo, seu Filho; e na dos apstolos. As Escrituras so, por conseguinte, o resultado dessa revelao. Deus revelou-se primeiramente na vida dos seus servos; estes, depois, transmitiram, por meio das Escrituras, essas revelaes posteridade. As Escrituras, embora sejam o resultado da revelao de Deus a seus servos, so tambm revelaes de Deus a ns. A Bblia, podemos dizer, as atas das reunies de Deus com os homens. Porque j manifesto que vs sois a carta de Cristo, ministrada por ns, escrita, no com tinta, mas com o Esprito de Deus vivo, no em tbuas de pedra, mas nas tbuas de carne do corao (II Corntios 3:3). A encarnao o grande princpio da revelao de Deus.Este mtodo de encarnar a verdade no foi escolhido arbitrariamente, porm era o nico mtodo pelo qual Deus poderia revelar-se ao homem em toda a sua plenitude. As palavras podem exprimir tudo o que pensamos, mas no tudo o que sentimos. E o grande problema de Deus no era tanto revelar ao homem os Seus pensamentos, como manifestar o que estava em Seu corao. Deus no queria to-somente revelar os seus pensamentos, seno tambm manifestar sua prpria Pessoa ao homem. Para conseguir isto, o nico mtodo possvel era o de encarnar a verdade numa pessoa divina, o que se realizou em Jesus Cristo, que no s ensinou, mas tambm viveu a verdade toda a respeito de Deus.Deparam-se-nos, a propsito, as seguintes perguntas: Ter-se-ia, porventura, completado a revelao de Deus com a vinda de Jesus? ou devemos esperar mais revelaes da parte de Deus? Ter-se-ia encerrado toda a revelao em Jesus? Sim e no, respondemos. A revelao em Cristo foi completa, porque, nele e por meio dele Deus disse tudo quando tinha que dizer. Portanto, tambm, desde o dia em que ouvimos, no cessamos de orar por vs, e de pedir que sejais cheios do conhecimento de sua vontade, em toda a sabedoria e inteligncia espiritual (Colossenses 1:9). Disse-lhes Jesus:Estou h tanto tempo convosco, e no me tendes conhecido, Filipe? Quem me v a mim v o Pai: e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? (Joo 14:9). Tudo o que Deus pensa e sente a respeito do homem est em Jesus Cristo. Ele a palavra final. Por meio dele abriu Deus, e esgotou, todo o tesouro das suas revelaes, e, por isso, nada mais devemos esperar alm daquilo que nos trouxe Jesus.Noutro sentido, porm, pode dizer-se que a revelao de Deus no est completa, considerando que o homem no compreendeu ainda a Jesus em toda a integridade de sua personalidade, e no penetrou ainda todo o tesouro de verdades que ele ensinou e praticou. Do ponto de vista do homem h muita coisa que aprender de Deus. Jesus mesmo disse que ia para o Pai e que o outro Consolador havia de vir completar a revelao de Deus. Esta uma parte da grande obra do Esprito Santo.De tudo o que fica dito, conclumos que a revelao est completa em Cristo, e que nele se encerra tudo que Deus tinha que manifestar ao mundo. E verdade que no nos temos apropriado desta revelao em toda a sua plenitude, mas temos a promessa de, instrudos pelo Esprito Santo, compreender inteiramente a suprema revelao de Deus em Cristo Jesus. O grande meio de revelao a vida. Sabemos, porm, que Deus no se limitou somente a este meio, mas tambm se revelou por outros modos, como podemos ver lendo Hebreus 1:1.8.2. A maneira de conservar a revelao. Sabemos j que o veculo principal da revelao a vida, especialmente a vida de Jesus Cristo. Queremos agora considerar o assunto de como Deus conservou esta verdade pura, revelada na vida de seus servos e na do seu Filho unignito.8.2.1. Como se conservou a revelao. Na vida foi feita a revelao crist e na vida tem ela sido preservada.A melhor maneira de preservar a verdade encarn-la. A verdade viva a nica verdade garantida. Jamais a corrupo teve algum poder contra a vida. A corrupo s aparece junto com a morte. O maior erro dos fariseus foi o de procurar conservar a pouca verdade que tinham na forma de ritos e formalidades, ao invs de a encarnarem nas prprias vidas. Mas a verdade de tal natureza que no vive em ritos e cerimnias, e a verdade que no vive desaparece. Foi isso justamente o que ocorreu com os fariseus; eles perderam quase todo o seu pequeno patrimnio de verdade, e, em muitos casos, no tinham mesmo nenhuma noo dela.Deus sempre procurou, desde o princpio, plantar, encarnar a verdade no corao de seus filhos. A encarnao de Jesus a culminao deste processo. Haja vista o grande nmero de biografias do Velho Testamento. Deus sempre exigiu dos seus escolhidos que vivessem e praticassem a verdade. O apstolo Paulo frisou bem este ponto, dizendo: Vs sois a nossa carta, escrita em nossos coraes, conhecida e lida por todos os homens (II Corntios 3:2). E o Verbo se fez carne, e habitou entre ns, e vimos a sua glria, como a glria do Unignito do Pai, cheio de graa e de verdade (Joo 1:14).Sabemos que os primitivos cristos no possuam o Novo Testamento; tinham, porm, a revelao de Deus feita por Jesus Cristo e preservada na sua vida. E realmente as doutrinas bsicas do cristianismo no nos foram dadas tanto para objeto da nossa crena como para objeto da nossa experincia. Isto indica que devemos esforar-nos por experimentar as doutrinas, visto que cada qual encerra uma preciosa experincia.Aquele que cr na doutrina e no a experimenta no compreende a sua verdadeira significao.Testemunhas da verdade eram os primitivos cristos. Testemunha quer dizer, aquele que tem experincia. A pessoa pode pregar o que ouviu ou recebeu de outrem, mas testemunhar s pode aquele que haja assistido pessoalmente, s aquele que experimentou. O cristianismo verdadeiro insiste em que as suas verdades sejam encarnadas.A prova de que a verdade s se conserva na vida vemos no fato de haver ela desaparecido das vidas fracas.Vejamos os tempos que precederam reforma de Lutero; aquela grande verdade relativamente a viverem os justos pela f havia desaparecido quase completamente, mas uma vez encarnada de novo na vida de Lutero exerceu uma tremenda fora para abalar, como de fato abalou, o mundo inteiro.O Velho Testamento serviu para preparar o mundo para a vinda de Jesus; o Novo serve para registrar o resultado de ter ele vindo e vivido a verdade. Em certo sentido, foi ele quem nos deu a Bblia, que agora nos leva a seus ps. Se Deus no houvesse conservado a verdade encarnada na vida de seus servos os profetas, os apstolos e os crentes em geral no teramos hoje da verdade a poro preciosa que possumos.8.2.2. A revelao conservada na Bblia. A revelao crist h sido conservada na Bblia Sagrada. Bblia palavra grega que significa coleo de livros. E, sem dvida nenhuma, temos na Bblia a mesma revelao que Deus fez e conservou na vida dos seus servos. E aquela mesma verdade revelada e conservada na vida, a que temos nas Escrituras.A Bblia divide-se em duas partes: O Velho Testamento, que consta dos livros da lei, dos histricos, profticos, poticos; so, enfim, a soma de toda a literatura sagrada do povo hebraico; o Novo Testamento, que consta dos quatro Evangelhos, que tratam da biografia de Jesus, dos Atos dos Apstolos e das cartas dos apstolos s igrejas. E a literatura primitiva do cristianismo.Encontramos no Velho Testamento a revelao gradual e progressiva de Deus ao povo escolhido, revelao que prepara caminho para a vinda de Jesus Cristo, seu Filho, e, no Novo Testamento, o cumprimento desta revelao com o nascimento, vida e morte de Jesus, e, ainda mais, o resultado da revelao na vida dos crentes. No h negar que a Bblia o livro por excelncia. Ela :A carta Magna de toda a verdadeira liberdade;a verdadeira precursora da civilizao;a moderadora das instituies e dos governos;a formadora das leis;o segredo do progresso nacional;o guia da histria;o ornamento e fonte essencial da literatura;a amiga da cincia;a inspiradora dos filsofos;o compndio da tica;a luz da inteligncia;a resposta aos desejos mais ntimos do corao humano;a alma de toda a vida cordial e religiosa;a luz que resplandece nas trevas;a inimiga da opresso;a adversria da superstio;a desarraigadora do pecado;a reveladora de tudo o que elevado e digno;o consolo na aflio;a fortaleza na debilidade;a senda na perplexidade;o refgio na tentao.A revelao a base das Escrituras. Deus serviu-se dos israelitas para manifestar-se ao mundo; e, ao completar a plenitude dos tempos, enviou o seu Filho unignito, a fim de consumar a revelao j comeada. A revelao de Deus progressiva e o fim da teologia bblica acompanh-la e estud-la sob este ponto de vista. No devemos, porm, supor que na Bblia temos tudo quanto Deus queria revelar, porque isto no verdade. Seria impossvel conter um s livro tudo o que Deus quisesse revelar. Joo esclarece este ponto quando diz: H, porm, ainda muitas outras coisas que Jesus fez, as quais, se cada uma de per si fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo lodo poderia conter os livros que se escrevessem (Joo 21:25). Temos, porm, no que se acha escrito na Bblia, o suficiente para servir-nos de guia e autoridade em todas as questes que acaso surjam em nossa vida. E este um dos mais importantes princpios sustentados pelos batistas.O vocbulo Bblia, j o dissemos, significa coleo de livros. E interessante saber como se formou esta coleo. Os diferentes livros que a compem foram escritos em pocas diversas, assaz distanciadas umas das outras, e, alm de tudo, no tiveram os seus autores na mente o plano de enfeix-los num todo uniforme, num s volume que se denominasse Bblia. Por exemplo: escrevendo Paulo a Filemom, no teve a ideia de que sua carta viria, mais tarde, tomar lugar na coleo dos livros inspirados de que se compe a Bblia. Da mesma maneira no tiveram os demais escritores esse intuito quando compuseram os seus livros ou epstolas. Pelo que, podemos afirmar, sem receio de errar, que a Bblia, tal qual a temos hoje, obra da providncia de Deus. Tambm podemos dizer que, de certa maneira, cada livro conquistou o seu prprio lugar na Bblia. Eles no esto l devido a uma qualquer arbitrariedade, seno devido ao valor intrnseco de cada um deles. Lancemos a vista, ainda que ligeiramente, nos livros apcrifos, e descobriremos imediatamente a razo por que foram rejeitados: falta-lhes o valor intrnseco que caracteriza os demais os cannicos.No se pode dar aqui a histria do cnon, que um estudo de muita importncia para os que almejam conhecer de fundo a origem da sua Bblia. Basta-nos, por agora, saber que os livros de que se compe a Bblia l se acham por duas razes: em primeiro lugar, devido providncia de Deus; em segundo, pelo valor intrnseco de cada um.No h duvida de que a Bblia a palavra de Deus divinamente inspirada e dada ao homem. Apesar de muito distanciados, cronologicamente falando, seus livros constituem um todo harmonioso; h entre eles a melhor unidade de assunto, de esprito, de intuito e de tratamento. Nenhum ensino dum livro anterior negado pelos posteriores. O que se nota progresso, jamais negao.Pode-se comparar a Bblia a uma catedral em cuja construo se gastaram sculos. Na de Milo, por exemplo, consumiram-se 400 anos; ao morrer Miguel Angelo, o que levantara a planta, sucederam-lhe na obra outros arquitetos, e, destarte, as geraes iam sucessivamente fazendo a parte que lhes competia, at completar-se a edificao. Assim foi com a Bblia: cada escritor sagrado contribuiu um tanto para esta maravilhosa coleo de livros, qual chamamos Bblia.Quem no queira faltar verdade jamais poder dizer que as Escrituras Sagradas so o produto do tempo em que foram compostas, porque os seus ensinamentos foram sempre muito mais elevados, quer moral quer espiritualmente, que os das pocas em que surgiram. Do ponto de vista do meio ou da poca no se pode explicar a Bblia. A nica alternativa possvel admiti-la como sendo o produto de uma vida divina entre os homens. E esta, e somente esta, a origem real da Bblia, pois at o meio em que hoje vivemos muitssimo mais atrasado, est muito aqum do padro moral advogado pelos ensinos da Bblia.Ademais, devemos notar que a Pessoa que produziu a Bblia a mesma que criou a alma, porque ela revela um conhecimento profundo da alma humana. A Bblia julga o homem, revela-lhe as culpas, condena-lhe os atos e o faz pensar em Deus. Nela encontra o homem aquilo que satisfaz s necessidades da alma, uma lmpada para os seus ps e uma luz para o seu caminho. Temos na Bblia a soluo dos nossos problemas, a inspirao para os maiores empreendimentos, o caminho que nos conduz aos ps dAquele que nos pode salvar.Concluindo: Deus o nosso Pai, e a Bblia, ancila sua, ou serva, que no-lo revela. Jesus o Salvador, e a Bblia, seu servo ou ministro, que nos leva a seus ps. O Esprito Santo o Ensinador, a Bblia o seu compndio. Exatamente como disse o Salmista: A palavra do Senhor uma lmpada para os meus ps e uma luz para os meus caminhos.9. FONTES DE TEOLOGIA FORA DA REVELAO CRIST a teologia um estudo to vasto que, alm da revelao crist, abrange o homem, a sua constituio, a sua vida, a histria e enfim o universo todo. Temos, alm da Bblia Sagrada, outro grande livro, o livro da natureza, o qual nos revela grandes coisas acerca de Deus.Faamos aqui algumas consideraes relativas ao homem e ao universo como fontes de teologia sistemtica.9.1. O homem, uma das fontes de teologia sistemtica. Na cincia da religio, o homem de grandssima importncia, pois ele o ser no qual existem as experincias religiosas e a quem as mesmas pertencem. E necessrio, por isso, que um ligeiro estudo sobre o homem preceda ao da teologia. Ainda mais, sendo o homem a criatura que neste mundo se assemelha a Deus, claro que tambm a criatura que nos pode fornecer dados mais numerosos e preciosos a Seu respeito. E no homem que devemos descobrir as verdades mais sublimes a respeito de Deus, por isso que foi feito imagem sua e semelhana. Eis por que inclumos aqui este breve estudo sobre o homem, que consideramos uma importante fonte para a teologia.Ainda neste mesmo ponto podemos incluir a histria como fonte assaz valiosa e que largamente contribui para o nosso estudo do homem e de Deus. Pela histria chegamos ao conhecimento da natureza e do carter do homem, porque na histria vamos encontrar o homem em todas as condies, das melhores s piores.Tambm por ela podemos apreciar alguma coisa da providncia de Deus em guiar e dirigir as naes numa sabedoria por excelncia divina. V-se, pois, que no fora de razo considerar a histria como fonte no menos preciosa nem menos abundante para a teologia sistemtica. E de um sangue fez toda a gerao dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos j dantes ordenados, e os limites da sua habitao (Atos 17:26).O que a histria do universo nos revela numa escala mais ampla, revela-o, em propores menores, porm no menos evidentes, a vida de cada indivduo. Sim, so de fato muito importantes, e assaz interessantes para a teologia, as observaes que se podem colher da vida particular de cada pessoa, porque h entre os indivduos relaes que nos podem ensinar lies valiosas a respeito de Deus. Por exemplo, as relaes entre pai e filho, entre esposos, etc., podem mostrar-nos coisas importantssimas relativamente s verdades que Deus quer revelar ao mundo.No estudo de teologia sistemtica devemos, portanto, esforar-nos por conhecer o carter do homem tal como , na sua constituio, vida e histria, pois quem consegue conhec-lo profundamente conseguiu j uma base excelente para o conhecimento de Deus, visto ter sido o homem feito Sua imagem. E pelo conhecimento de um ser moral que podemos chegar ao conhecimento doutro ser moral. Por isso, uma boa compreenso da natureza humana de incalculvel utilidade para quem almeje conhecer a Deus.9.2. O universo, outra fonte de teologia sistemtica. Compe-se o universo de muitos sistemas de mundos.O mundo em que vivemos um dos menores planetas. Dizem as Escrituras que os cus declaram a glria de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mos. O universo, como vemos, uma fonte abundante para a teologia sistemtica, pois obra das mos de Deus. A cincia moderna enriquece grandemente a ideia que temos do universo, e, ao mesmo tempo, a ideia de Deus. Podemos estudar na criao acerca de certos mtodos e intuitos de Deus, e dos resultados por ele alcanados no seu trabalho criador. E verdade que a natureza no nos pode dar uma ideia perfeita de Deus, mas isto no quer dizer que ela no nos possa fazer conhecer coisa alguma a seu respeito. Apelamos, ento, durante o nosso estudo de teologia sistemtica, para o universo fsico, porque, como obra das mos de Deus, certamente poder ensinar-nos alguma coisa acerca do seu Autor.

10. NOSSO MTODO DE ESTUDOTornam-se necessrias algumas palavras sobre o mtodo que adotamos. Aquele que inicia o estudo de teologia sistemtica com opinies e preconceitos j formados no aproveitar tanto do estudo como quem nele entre com a mente aberta, buscando somente saber o que as Escrituras, o universo e tudo o que nos rodeia nos ensinam acerca de Deus. H certa classe de pessoas que se aproximam da Bblia, no com o intuito de procurar sinceramente o que ela ensina, mas a fim de buscar apoio para as suas prprias ideias.Querem apoio, e no opinio das Escrituras. Este mtodo de prevenes e preconceitos jamais dar bons resultados. Que assim no seja conosco. Aproximemo-nos do estudo com a mente aberta, com humildade e com orao para que aprendamos de Deus. O Senhor, pois, tornou a chamar a Samuel terceira vez, e ele se levantou, e foi a Eli e disse: Eis-me aqui, por que tu me chamaste. Ento entendeu Eh que o Senhor chamava o mancebo. Pelo que Eli disse a Samuel: Vai-te deitar, e a h de ser que, se te chamar, dirs: Fala, Senhor, porque o teu servo ouve. Ento Samuel foi e deitou-se no seu lugar. Ento veio o Senhor, e ps-se ali, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala Senhor, porque o teu servo ouve (1 Samuel 3:8,9).

11. DIVISES DA MATRIAPode-se dividir a teologia sistemtica em sete partes, facilitando, destarte, o seu estudo ordenado. Ei-las:a) A que se refere especialmente a Deus: sua existncia, seus atributos, seu modo de existir e de proceder.b) A parte que se refere especialmente ao homem: trata de sua criao e de suas relaes.c) A que trata do pecado: sua natureza, sua realidade, etc.d) A que se refere especialmente a Jesus: sua vinda, sua histria, sua Pessoa, sua relao com Deus e com os homens, e o seu trabalho de reconciliar Deus com o homem.e) A que diz respeito salvao do homem e sua consequente reconciliao com Deus.f) A que diz respeito ao Esprito Santo e vida divina no homem.g) A que trata das coisas vindouras.

A RELAO DE DEUS COM O UNIVERSOAo tratarmos da relao de Deus para com o universo examinaremos os seguintes pontos:

1. DEUS A ORIGEM DO UNIVERSOAs Escrituras Sagradas declaram-nos que Deus criou o universo. Conclumos, dai, que o universo no tem existncia prpria. No eterno, teve princpio e, por conseguinte, ter fim. Quando foi criado o universo no impende teologia investigar. Este problema inteiramente cientfico, e no teolgico. Se a cincia puder descobrir a data da criao e resolver esta questo, a teologia lhe ficar muito agradecida. A Bblia nada diz sobre este QUANDO da gneses. Ela apenas declara: No princpio criou Deus os cus e a terra.Reafirmamos, pois, o que dissemos no incio deste captulo: DEUS A ORIGEM DO UNIVERSO.2. DEUS UM ESPIRITO LIVRE MAIOR QUE O UNIVERSOEm nosso estudo da existncia de Deus asseveramos que, sendo Deus o Criador do universo, no pode ser menor do que ele, visto que, como j sabemos saciedade, a causa no pode ser menor do que o efeito.Prosseguindo em nossas consideraes, veremos que Deus um Esprito Livre maior que o universo, que est em constante atividade por toda parte, e que habita no universo, sem, contudo, estar por ele envolvido.Assim como o esprito do homem maior do que o corpo, Deus maior do que o universo.Quanta vida de cafeeiro h? Quanta vida h envolvida num s cafeeiro? Se o mundo todo se enchesse de cafeeiros, esgotar-se-ia a fonte de vida dessa planta? No. Haveria, certamente, vida para todos quantos aparecessem e ainda para muitos mais. A vida do cafeeiro muito maior do que a vida de um cafeeiro.Assim tambm com Deus em relao ao universo. O esprito sempre maior que o corpo, e as suas capacidades de vida esto muito alm da capacidade do corpo. Deus tambm muito maior que o universo.A afirmao que acabamos de fazer, de que Deus habita no universo e maior do que este, encerra duas verdades preciosas: a imanncia e a transcendncia de Deus. Estas duas ideias so bsicas na teologia.Entende-se por imanncia que Deus est no universo, no s onipresente, mas presente. Entende-se por transcendncia que a capacidade de Deus inexaurvel, e sempre superior s suas atividades aqui no universo. Deus no est ocupado de tal maneira que no poderia, se quisesse, atender a muitos outros universos como este. Deus imanente porque habita no universo, e transcendente do universo.As ideias de imanncia e transcendncia so, s vezes, consideradas opostas entre si, mas no deve ser assim, por isso que ambas so necessrias para que tenhamos uma ideia verdadeira de Deus.Transcendncia sem imanncia nos daria deismo, e imanncia sem transcendncia nos daria pantesmo. certo que nenhuma dessas verdades existe sem a outra, e as duas coexistem em Deus. A sua onipresena a sua imanncia, porm 6 tanta a vida que h em Deus, e to grande o seu poder, que, ao invs de se ocupar s com o universo, Deus transcende de tudo. A sua onipotncia excede a todas as necessidades do universo.A presena de Deus no universo fatal ao deismo, e a liberdade de Deus a morte do pantesmo. Tudo Deus no verdade, nem tampouco o Deus tudo. verdade, porm, que dele, por ele e para ele so todas as coisas.

3. DEUS GOVERNA O UNIVERSO POR UM MTODO UNIFORMEMtodo uniforme lei. Onde quer que seja empregado mtodo uniforme, a h sempre uma lei. Quando dizemos, pois, que Deus governa segundo um mtodo uniforme, queremos dizer que ele estabeleceu leis segundo as quais dirige todas as coisas.Devemos ter muito cuidado no uso que fazemos deste termo lei. No devemos nunca pensar da lei como uma entidade independente. A lei no uma entidade: um mtodo, um plano. Dizemos, no raro, que o universo governado pela lei. No verdade. A lei no governa coisa alguma. Quem governa, no governa pela lei, mas segundo a lei. Isto quer dizer que a lei apenas um mtodo segundo o qual algum governa. A lei em si mesma no tem nenhuma fora, simplesmente um mtodo. o mtodo de uma inteligncia, de uma fora, porque sem inteligncia no h lei, e sem fora no h governo. Como j demonstramos, a presena da lei no universo prova da existncia de um ser inteligente, de um governador, de um Esprito Pessoal, perfeitamente bom, que, em santo amor, criou, sustenta e governa tudo.De ordinrio, o mtodo do governo de Deus consiste no desenvolvimento do universo, isto , na evoluo. (No usamos, aqui, este termo no seu sentido cientifico.) E este um mtodo progressivo, de dentro para fora, mas sempre s ordens de Deus. Aps haver criado cus e terra, disse Deus: Produza a terra erva e rvores. E a terra cobriu-se de opulenta vegetao. Este foi sempre o seu mtodo, desde o primeiro dia da criao at hoje. Este mtodo indica primeiramente um envolvimento feito por Deus, e, em segundo lugar, uma evoluo dirigida por Deus. Foi necessrio que houvesse primeiramente envolvimento, depois evoluo. Por isso. Deus, na criao, envolveu e depois, atravs dos sculos, evoluiu o universo. 0 universo de hoje, comparado com o universo da gneses, d-nos uma idia perfeita da obra de Deus. Mas o universo de agora no o que ele ainda ser, no futuro, por isso que Deus est trabalhando, e o seu mtodo h de produzir resultados gloriosos na perfeio do universo, assim para a glria sua como para o bem-estar das suas criaturas.Este mtodo de Deus no impede que ele, em qualquer ocasio, opere por maneiras diferentes, porque a evoluo de que aqui falamos uma evoluo por Deus mesmo dirigida. Deus um Esprito Livre, e pode agir sem estar escravizado a este ou quele mtodo, pois, sendo o Autor, pode adotar outro mtodo, se quiser. 0 milagre de fazer da gua vinho um destes casos. Sabemos que o vinho, em todo tempo, feito pela passagem da gua na videira e na uva; mas Jesus desprezou este mtodo e adotou outro, que o direto.E isto o que se chama maravilha.Se Deus Esprito Livre, sem dvida nenhuma, pratica, amide, atos que no pertencem a este ou quele mtodo por ns conhecido. E quando isto acontece neste mundo, dizemos que ocorreu um ato sobrenatural.Mas, sobrenatural para quem? Para Deus, ou para o homem? Para o homem, certamente, porque para Deus tudo o que ele mesmo faz natural; e s sobrenatural para os seres que lhe so inferiores. Assim toda a natureza. Por exemplo, o comunicar-se por escrito coisa sobrenatural ao irracional, e perfeitamente natural ao homem. E muitas coisas h naturais ao animal e sobrenatural planta. Um ato sobrenatural quer dizer, neste caso, acima do natural para aquele que o aprecia, e no para quem o pratica.As maravilhas so atos sobrenaturais ao homem, porm perfeitamente naturais a Deus. J notamos que Deus Esprito Livre, muito superior a ns, e, portanto, o que natural ao homem no pode, de modo algum, abranger tudo o que natural a Deus. Daqui as possibilidades das maravilhas, porque Deus difere de ns e nos superior, e tambm livre em todos os seus mtodos de agir. O homem, por natureza, limitado porque no pode transpor os limites das leis naturais; mas Deus, como Esprito Livre, pode agir fora delas.Cumpre notar, todavia, que uma maravilha tem que ser rara, porque, de outro modo, fora de repetir-se, fica estabelecido outro mtodo de se fazerem as coisas; e, uma vez que Deus j adotou um mtodo, no h mister de outro. Chamamos maravilha a um ato que se opera por um processo diferente, que no est de conformidade com as leis conhecidas, e para que este ato constitua uma maravilha, fora que se no repita com frequncia.Ora, se h possibilidade de maravilhas, fica ento demonstrado que o poder executivo de Deus no se limita a um nico mtodo. Sendo livre, pode agir como bem entender, sem quebra de lei alguma. Temos aqui a base universal da orao. Se Deus pode operar uma maravilha, que um ato alheio s leis naturais, pode tambm responder s oraes dos homens. Se Deus obra milagres quando estes se tornam necessrios, pode tambm responder s splicas de seu povo agindo por maneiras diferentes daquelas j estabelecidas pelas leis naturais, sem se tornar, por isso, infiel s mesmas leis.Convm considerar, ainda mais, que a orao um dos mtodos de Deus no desenvolvimento do universo fsico. Acham-se em Joo. capitulo 15. verso 7, as condies para uma orao eficaz: Se vs estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vs, pedireis tudo o que quiserdes, e vos ser feito. Os desejos dos homens, as suas splicas, tm que estar de acordo com a vontade de Deus.

4. DEUS TEM UM PROPSITO ESPIRITUAL PARA COM O UNIVERSOUm esprito capaz de dar existncia a um universo tal como o que contemplamos no o faria sem ter em vista um mui grande propsito; grande, compreensivo e at glorioso para o prprio universo.A ordem, a unidade, a uniformidade que notamos no universo inteiro testifica deste grande propsito do seu Criador. Certamente h um alvo, por Deus fixado, e para esse alvo caminha o universo inteiro. H& um fim glorioso, por causa do qual e para o qual foram criadas todas as coisas. E, este alvo sublime, este fim glorioso, todo moral e espiritual.Desde que Deus Esprito, o fim de todas as coisas h de ser espiritual. 0 universo inteiro s pode ser realmente compreendido' do ponto de vista espiritual. H nele seres espirituais, e bom que achemos o verdadeiro propsito de Deus em cri-los. Ainda mais, est ideia primeiramente sugerida, pelo menos, no fato de que cada reino inferior serve ao reino superior. 0 reino mineral serve ao reino vegetal, este, por seu turno, ao animal, o animal ao homem (que a coroa da criao), e o homem, finalmente, a Deus. Tudo se relaciona muito intimamente, como se v, com este grande propsito espiritual.Tambm, na bondade perfeita de Deus temos outra prova poderosa de que o seu propsito no universo inteiramente espiritual. Sendo Deus perfeitamente bom, s poderia marcar o melhor e mais sublime alvo para a sua criao.A melhor definio que poderamos apresentar deste propsito espiritual que Deus tem para com o universo seria a seguinte: O propsito de Deus em criar, sustentar c dirigir o universo criar espritos livres, capazes de bondade, e traz-los em ntima comunho consigo mesmo. Isto o que a revelao crist nos ensina sobre o propsito de Deus para com o universo. Tudo tem por fim a glria de Deus e a salvao do homem.

5. DEUS, COMO CRIADOR, TEM 0 DIREITO DE GOVERNAR 0 UNIVERSO TODOSe Deus o Criador de tudo, segue-se que tudo depende dele. A criao dependente do criador. Por isso tem Deus todo o direito, direito que lhe inerente, de governar toda a criao, desde o reino minera] at o reino moral.A natureza do governo de Deus sobre os demais reinos abaixo do reino moral governo absoluto. S existe uma nica vontade a de Deus.No reino moral, porm, j no acontece o mesmo, porque h mais de uma vontade: alm da vontade de Deus, h tambm a do homem. Todavia, se o homem no fora criado livre, no haveria este reino moral, no lhe teria sido possvel cair e nem ser salvo, se casse. Neste reino no absoluto o governo de Deus; isto , a vontade de Deus no a nica que existe. Sobre essa criatura moral a sua autoridade de governar no depende tanto do seu poder de governar como do seu carter. Se houvesse, por hiptese absurda, um Deus mau, o homem no seria obrigado a obedecer-lhe. Por isso, se bem que a autoridade de Deus sobre o reino mineral, vegetal e animal dependa do seu poder, a sua autoridade sobre o homem depende da sua bondade perfeita. 0 homem deve obedecer a Deus porque ele perfeitamente bom.Convm notar que a autoridade de Deus sobre os homens tambm depende do seu poder de governar, porque o soberano que no tem poder no pode ser soberano. Deus soberano no somente porque digno, seno tambm porque tem o poder de o ser.No h, entre os homens, autoridade que se compare de Deus, salvo, talvez, a de um bom pai, mas muito bom mesmo; porque em todos os governos o poder de governar atribui-se ao governador. O governador governa por intermdio de uma constituio ou por outro qualquer modo. O direito de governar no lhe inerente, porm -lhe emprestado, outorgado. Com Deus no assim: o direito que ele tem de governar lhe inerente, um direito que parte dele prprio. Ningum tem o direito de governar como Deus tem. A soberania de Deus a nica, eterna, e ela h de existir enquanto existir a relao entre o Criador e a criatura.

6. DEUS GOVERNA DIRETAMENTE TODO 0 UNIVERSO, EXCETO A PARTE REFERENTE AOSSERES MORAISA vontade de Deus em relao a toda a criao, exceo feita do homem, inteiramente absoluta, como acabamos de observar. Abaixo do reino moral no h outra vontade alm da vontade de Deus. Por exemplo, a vida da planta se acha totalmente debaixo da vontade de Deus, que se revela na prpria natureza da planta. O mamoeiro no pode produzir bananas. Se qualquer planta produz alguma coisa, tem que produzir o que Deus mandou, conforme as leis naturais por ele estabelecidas. Assim acontece com tudo quanto existe nos reinos inferiores ao reino moral. Neles Deus exerce uma direo absoluta e imediata. deveras interessante observar que jamais houve planta ou animal que desobedecesse vontade de Deus, inscrita na prpria natureza da planta ou animal. Nos reinos abaixo do reino moral, a vontade de Deus feita como nos cus.Mas Deus criou tambm seres morais, seres livres: os homens. Depois de haver criado o homem, deu-lhe Deus vontade prpria. Por isso a vontade de Deus, neste reino, no a nica, nem tampouco, infelizmente, ela realizada sempre. Parece que Deus se limitou, criando o homem com livre arbtrio, mas logo veremos que no assim, quando consideramos que, em criar o ser moral, operou ele a maior maravilha, a coroa de toda a criao. Em criar e governar um ser moral, Deus, ao invs de limitar o seu poder, abriu diante de si um campo vastssimo, em que se pode revelar.Deus no absoluto no seu governo neste reino moral, porque o homem pode desobedecer a Deus, deixando de fazer a sua vontade, desprezando as leis da sua prpria natureza e produzindo frutos contrrios natureza que lhe foi dada por Deus. Os atos dos homens so seus prprios, e eles so responsveis por estes atos perante Deus.Desde que h mais de uma vontade neste reino de esperar que alguma coisa acontea contrria vontade de Deus. E mesmo extraordinrio que Deus houvesse criado outra vontade e a houvesse dotado de livre arbtrio, num universo onde se deve fazer unicamente a sua vontade. Mas justamente aqui que se nos depara a glria da criao do homem e a glria do grande alvo espiritual do universo.S os seres morais, livres e soberanos so capazes de bondade, e s por lhes dar a graa maravilhosa da liberdade pessoal que Deus pode conseguir que tudo atinja o alvo por ele mesmo colimado.Conclumos, pois, que a vontade de Deus, em relao aos seres livres, no vontade absoluta. Deus no obriga ningum a fazer a sua vontade, porque ele quer que o homem a faa voluntariamente. A linguagem da Bblia mui clara a respeito: Se algum quer, aquele que crer, so expresses em que se no encontra o mais ligeiro vislumbre de coao da vontade deste ser moral e livre, porque, se tal acontecesse, o homem havia de ficar gravemente prejudicado. O esprito humano tem de ser influenciado, persuadido, tocado no interior e no arrastado, levado pela coao. Deus respeita, em todas as relaes, o princpio de voluntariedade do homem.Todo o plano da salvao, e at as demais doutrinas batistas, baseiam-se neste princpio de voluntariedade do homem e na sua responsabilidade pelo seu prprio destino.

7. A ATITUDE DE DEUS PARA COM 0 UNIVERSO A DE UM SBIO, SANTO E FIEL CRIADOR, QUE PAI E SERVO DAS SUAS CRIATURASTorna-se mui patente que Deus o bom servo do universo logo que nos recordamos de que dele provm toda a sabedoria, todo o amor, todo o poder e tudo o mais de que o mundo necessita. Deus to ativo hoje como era no primeiro dia da criao. O seu ministrio perptuo. Ele soberano universal, e, ao mesmo tempo, servo universal. Ningum serve como Deus serve. E, se no fosse o seu auxlio, o universo ficaria como uma casa abandonada, e em pouco tempo cairia em runa. E Deus que conserva tudo nos eixos e que conserva tudo em bom estado. Se uma estao segue outra estao, e um dia outro dia em perfeita sucesso, se h ordem perfeita no giro dos astros porque Deus continua servindo ao universo.Temos ainda a considerar a ideia de Deus como PAI. Em exprimir a relao de Deus para com o universo, esta a ideia mais fiel. PAI o nome de Deus que Cristo nos revelou. A relao de um pai verdadeiro para com o bom filho a que melhor ilustra a relao de Deus para com o universo. Dar vida a outro ser, ou ser pai a melhor analogia que se pode encontrar da relao de Deus para com o universo. 0 universo criao de Deus, que lhe deu existncia e que o reconhece como tal. Por isso mesmo o universo tem direito proteo de Deus, que o seu Criador. No h pai to fiel no cumprimento dos seus deveres para com os seus filhos como Deus o para cora a sua criao. Quem cria alguma coisa, cria e se impe, simultaneamente, certa obrigao. Ora, Deus no s reconhece a sua obrigao, mas tambm fiel no cumprimento dos seus deveres. O Salmista compreendeu muito bem a atitude de Deus para com o universo quando disse: Assim como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem (Salmos 103:13).Se as criaturas de Deus lhe forem obedientes, ele as guiar ao destino mais elevado e glorioso; mas se, em lugar disto, lhe forem infiis, desobedientes, praticando o mal, que ele aborrece, Deus as castigar, certamente, mas permanecer fiel na sua relao de Pai para cora tudo e para com todos. A Parbola do Filho Prdigo um excelente exemplo desta verdade. Deus h sido sempre fiel na sua relao de Pai para com o universo. E no ficou nisto, mas foi alm, sacrificando o seu Filho unignito, para que pudesse viver era ntima relao conosco, como vive o pai entre os seus filhos.Estes dois caractersticos de Pai e Servo no so incompatveis, porque os pais so verdadeiros servos dos seus filhos. E era mister que assim fosse, porque este universo se acha to dependente de Deus quanto a criana depende de seus pais. O esprito caritativo essencialmente paterna!. As vezes fico assombrado com a pacincia de Deus em relao ao universo e especialmente em relao ao homem. Jamais houve um pai que zelasse por aquilo que criou com a mesma solicitude com que Deus cuida do universo, o homem inclusive. A relao, pois, de Deus para com a sua criao a mesma de um Pai bom e servo fiel.

8. A SOBERANIA DE DEUS SOBRE OS SERES LIVRES EXERCIDA POR UM GOVERNO MORALO governo moral de Deus a sua administrao da vida das criaturas livres, dirigindo-lhes toda ao moral e todo destino. O governo moral o mtodo pelo qual Deus governa os seres livres. Todos os seres livres tm de relacionar-se com este governo moral. E, quanto mais desenvolvido o ser moral, mais significativo se torna este governo de Deus. Se bem que seja o homem livre, o seu procedimento e o seu destino esto sob o juzo e o cuidado de Deus. O possuir o homem o poder de escolher entre o bem e o mal e o ter ele uma conscincia que lhe sirva de guia prova que est debaixo de um governo moral. Por causa dos seus poderes pessoais, o homem pode comunicar-se com Deus, e, por isto mesmo, torna-se responsvel diante de Deus pelo uso que faz destes poderes. Dois so os princpios deste governo moral:8.1. Deus esprito perfeitamente bom, deseja o que bom para as suas criaturas, e delas exige que faam o bem. Sendo Deus bom, e perfeitamente bom, s pode exigir das suas criaturas o que bom. Este um dos princpios fundamentais do governo de Deus sobre os seres livres e morais. Deus governa segundo este principio ou lei, e de acordo com este mesmo princpio sero julgados os homens. Feliz a pessoa que respeita este princpio do governo moral de Deus.8.2. O segundo princpio acha-se no fato de que o homem ceifa o que semeia. Como j notamos, Deus quer que o homem faa o bem; se ele o fizer, resulta isto em seu prprio benefcio; porm, se, ao revs disso, o homem desrespeitar este princpio e praticar o mal, isto produzir resultados funestos em sua vida. O que o homem semear, isso mesmo ceifar. Debaixo destes dois princpios o homem vive e tem de viver. Dai a necessidade de ser Deus santo, perfeitamente bom, porque, sendo bom e santo, ele tem direito de exigir do homem bondade e santidade.O objetivo deste governo moral o bem das criaturas, porque um governo que se no orientasse por este alvo no seria amigo dos governados. Deus governa o homem para o seu prprio bem, e no para a sua condenao. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, no para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele (Joo 3:17). Este objetivo do governo moral de Deus a expresso da sua paternidade e por este meio ele quer tornar real a paternidade divina. Porque nem todo homem filho de Deus. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome (Joo 1:12).O governo de Deus para todos, e por isso no pode Deus ser indiferente a quem quer que seja. E a vontade dAquele que me enviou esta: que todo aquele que v o Filho, e cr nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no ltimo dia (Joo 9:40). Deus no faz mal a ningum e nem tampouco aprova o mal que algum perpetre. Enquanto Deus e os homens existirem, este governo moral se perpetuar e no acabar, pois Deus h de administrar para sempre a vida das suas criaturas livres e morais.

9. DEUS NO DESTRI, PELA PREDESTINAO, A LIBERDADE DO HOMEM, QUE ESSENCIAL A UM GOVERNO MORALTratando da predestinao, no discutiremos o assunto sob o ponto de vista filosfico, porque aqui que surgem as maiores dificuldades. Se examinarmos as Escrituras, no acharemos nelas uma discusso filosfica do assunto. Isto , no encontraremos a declarao de que tudo quanto acontece esteja predestinado por Deus. O que ha veremos d e achar na Bblia que o xito glorioso do trabalho de Deus j est predestinado. O eterno propsito de Deus, enviando Jesus ao mundo, a fim de operar, por meio dele, a salvao da raa, fora determinado desde o principio das coisas, ou melhor, antes da fundao do mundo.Como nos elegeu nele antes da fundao do mundo, para que fssemos santos e irrepreensveis diante dele em caridade; e nos predestinou para filhos de adoo por Jesus Cristo para si mesmo, segundo o beneplcito de sua vontade (Efsios 1:4, 5). Tendo por certo isto mesmo que Aquele que em vs comeou a boa obra, a aperfeioar at o dia de Jesus Cristo (Filipenses 1:6). Destas passagens conclumos que Aquele que comeou h de completar a sua obra em ns. Est predestinado que os filhos de Deus ho de tornar-se semelhantes a Jesus Cristo. Porque os que dantes conheceu tambm os predestinou para serem conforme imagem de seu Filho; para que seja o primognito entre muitos irmos (Romanos 8:29). Tambm est predestinado que a bananeira produza bananas, e o cafeeiro, caf. So fatos firmemente estabelecidos ainda antes da fundao do mundo. Deus no deixou o universo merc da sorte.Desde o principio ele predestinou certas leis que haveriam de concorrer como efetivamente vo concorrendo para o bom xito de tudo, e muito especialmente para o grande propsito de criar o homem sua imagem. H coisas que desde o principio foram fixadas por Deus. na ordem devida.Convm notar que a predestinao de que nos fala a Bblia no foi dada para confundir o homem, seno para consol-lo, e para servir de fundamento firme sua f e esperana. Os ensinos que ali encontramos a este respeito trazem conforto e tranquilidade ao esprito do homem, quando este bom. Nos captulos 9, 10 e 11 da Epstola aos. Romanos, escrita pelo apstolo Paulo, encontramos bons ensinamentos neste assunto.Neles o apstolo refuta vigorosamente uma das ideias errneas que prevalecem acerca da predestinao.Paulo declara formalmente que Deus salva a quem quer. Isto quer dizer que a graa de Deus livre, ideia esta absolutamente contrria quela outra de que j foi fixado o nmero e at os indivduos que sero salvos!Estudando este assunto a predestinao logo vemos que um dos pontos firmemente estabelecidos a liberdade do homem. As Escrituras sempre reconheceram a liberdade do homem. E dizia a todos: Se algum quer vir aps mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me (Lucas 9:23). Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vs o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de corao; e encontrareis descanso para as vossas almas.Porque o meu jugo suave e o meu fardo leve (Mateus 11:28, 29). Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unignito para que todo aquele que nele cr no perea, mas tenha a vida eterna (Joo 3:16). Ora, se Deus j houvesse predestinado todos os atos dos homens, no lhes falaria dessa maneira. Ele no diria: Vinde a mim, Se algum quiser, etc. Acresce ainda a seguinte circunstncia: se Deus soubesse que o homem no livre, e o tratasse como sendo livre, onde estaria a sua sinceridade? E principio sobejamente estabelecido pelas Escrituras que o homem livre, que Deus respeita esta liberdade, e que, por isso mesmo, no predestina os atos de um ser livre.Consultando a prpria razo e a prpria natureza, veremos que ambas apiam os ensinos das Escrituras.Perguntar se os atos de um ser livre so predestinados fazer pergunta sem nexo. Predestinar os atos de um ser livre tirar-lhe a liberdade, o que Deus nunca fez e jamais far. Creio na predestinao, mas no na predestinao dos atos deste ser livre que o homem. Quanto aos resultados dos atos, esto predestinados; porm, quanto aos atos propriamente, depende da vontade do homem.Como j observamos, a relao entre a soberania de Deus e a liberdade do homem uma questo mais filosfica do que teolgica. No gastemos, pois, o nosso tempo com este assunto. A Bblia no se preocupa com harmonizar a predestinao e a liberdade do homem, mas o crente pode achar a soluo deste problema na sua prpria experincia, e com isto ficar plenamente satisfeito. Reconhecemos que somos livres e responsveis pelos nossos atos; e reconhecemos, ao mesmo tempo, que Deus dirige a nossa vida. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertar (Joo 8:32). Mas quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha me me separou e me chamou pela sua graa, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, no consultei a carne nem o sangue (Clatas 1:15, 16).

10. DEUS PROVIDENCIA SOBRE O UNIVERSOProvidncia divina, assim entendemos, o cuidado que Deus tem para com a sua criao, pelo qual vai conduzindo todas as coisas a certo fim glorioso, que reservou para o universo desde os primrdios. A providncia de Deus abrange a sua direo na ordem da natureza, ou na natureza, e o seu governo sobre os seres livres e morais. Como j vimos em lio anterior, o governo de Deus sobre a natureza um governo absoluto. A vontade dele a nica que existe neste reino; e, por isso mesmo, tem que ser feita. Neste reinoDeus governa no pelas leis naturais, mas segundo as leis naturais. E estas leis, em geral, representam as providncias de Deus sobre o mundo fsico, as quais foram tomadas desde o principio do mundo. Sobre os seres morais, o governo de Deus diferente: um governo moral.Nada h que acontea fora da providncia de Deus. Ele dirige tudo segundo a natureza do objeto dirigido.No mundo fsico muito mais fcil crer na providncia de Deus. A chuva, o sol, o calor, a luz, so evidncias que dela se nos deparam. No mundo moral, porm, surgem as maiores dificuldades a respeito dessa providncia. Acontecem de uma hora para outra grandes catstrofes, como o terremoto no Japo, a grande guerra, o naufrgio do Titanic, a morte de um pai que deixa imensa prole na orfandade, etc. Ora, se nada acontece fora da providncia de Deus, qual ento a sua relao com estas deplorveis ocorrncias?Estas dificuldades se apresentam porque o homem vive e tem que viver nos dois reinos. Como j observamos, um o mtodo de governo de Deus no reino natural, e outro o do seu governo no reino moral.A dificuldade aqui que o homem vive nos dois reinos. No obstante ser livre o homem, seu corpo est sujeito s foras naturais como o de qualquer animal. A chuva cai assim sobre bons como sobre maus, sobre o irracional como sobre o homem. A abundncia e a necessidade visitam comunidades inteiras, e o til morre da mesma maneira que o intil. Um terremoto sacode as ilhas japonesas e milhares de pessoas morrem. lima montanha de gelo faz naufragar o Titanic, e centenas de pessoas perecem. Diante desses fatos, no raro, ficamos sem saber o que pensar, e interrogamos a ns prprios se realmente existe a providncia de Deus. Se Deus bom, por que no evita a morte de tantos inocentes? Onde est a providncia de Deus? Em resposta a estas perguntas, consideraremos quatro coisas sobre a relao da providncia de Deus para com esses acontecimentos.10.1. O homem vive na ordem natural, e o princpio que lhe deve servir de guia aqui que os fatos na ordem natural se explicam segundo as leis naturais. Fisicamente o homem uma parte da ordem natural, e, por ser ele tambm um ser espiritual, no altera este princpio. A providncia de Deus no isenta o homem das leis naturais nem tampouco das suas exigncias. Pode acontecer ao homem, no tocante ao corpo, o mesmo que ocorre ao irracional. Os desastres so frequentes a todos os que vivem na ordem natural, e isto sem excluso do homem. Ele est to sujeito aos acidentes como qualquer ser dos outros remos; e, como sabemos, as providncias de Deus neste reino acham-se nas leis que ele estabeleceu desde o princpio do mundo. E convm notar que Deus no suspende essas leis s porque o homem se acha em dificuldade aps haver desprezado as mesmas; porque, repetimos aqui o que j dissemos muitas vezes, a providncia divina j est nas leis. As leis naturais so a providncia divina. A atitude de Deus para com o universo a mesma de um pai previdente. Ele no anda sempre atrs do homem como a ama-seca acompanha a criana, nem tampouco mantm uma assistncia pblica a fim de socorrer s que caem frequentemente em desastres pelo desprezo que votam s leis naturais. Isto no quer dizer que Deus no tome providncias especiais, porque ele Esprito Livre e pode proceder como bem lhe aprouver. Em geral, a providncia de Deus est nas leis, mas ainda assim a ordem natural no uma garantia para os tolos. Sem dvida, conhecem os leitores os cofres em ingls chamados fire-proof, isto , prova de fogo, pelo fato de garantirem, os cofres assim chamados, os objetos neles guardados contra a ao do fogo. Ora, no sucede o mesmo quanto ao mundo, que no nenhum fool-proof, isto , prova contra a tolice.Devemos reconhecer que Deus trata o homem como homem, e no como animal irresponsvel. Reiterando:Deus no ama-seca, que ande atrs do indivduo. As suas providncias j esto tomadas desde a fundao do mundo. Por exemplo, quando algum objeto se aproxima dos nossos olhos, estes se fecham rapidamente.Isto j uma providncia tomada por Deus. A coagulao do sangue tambm uma providncia que Deus tomou quando criou o homem. No devemos, porm, esquecer-nos de que Deus pode at suspender as suas leis, e adotar qualquer outro mtodo para socorrer o homem nas horas de angstia. Ele pode tomar providncias especiais, alm das que j foram estabelecidas nas suas leis. Os milagres representam uma prova poderosa do que afirmamos, sem, contudo, destruir a ideia fundamental de que as leis da natureza representam as providncias de Deus sobre o mundo.Se pensarmos por alguns momentos sobre as funes da lei, veremos a razo disso. Por exemplo, a lei que probe o furto uma providncia tomada pelo governo para evitar o latrocnio. Assim tambm a lei natural. O homem no tem mais razo de queixar-se de Deus, quando transgride as leis, do que um ladro teria de queixar-se do governo por ser punido pelas leis. A providncia de Deus, portanto, no tem por fim nico proteger o bom, nem tampouco destruir o mau, mas as providncias dele so para todos. E como disse Jesus: Deus faz cair a chuva sobre os bons como sobre os maus.10.2. A ordem natural adaptada ao desenvolvimento moral e espiritual dos seres livres. Este o segundo fato que desejamos considerar em relao providncia de Deus.Se perguntarmos como que Deus pode providenciar na vida do homem, quando uma parte desta vida est sob o domnio das leis naturais e a outra no, a resposta ser que Deus, na lei natural, j providenciou de tal maneira que o homem pode aprender, das suas relaes com as leis naturais, lies suficientes para o seu desenvolvimento espiritual. Isto , Deus j providenciou de maneira tal que o homem pode tirar, das suas experincias com as coisas da natureza, ricas lies para o seu tesouro espiritual. Tudo quanto acontece no reino natural pode ensinar ao homem lies morais. Suponhamos que algum, numa queda, frature um brao ou uma perna. Ora, este um acontecimento puramente do reino material, indica a transgresso da lei do equilbrio. Porm pode ser que a queda leve a pessoa a converter-se e a chegar-se a Deus. Assim sendo, o homem inteligente sabe tirar lies de tudo o que o rodeia, torna-se invencvel. Ele pode regozijar-se sempre, porque, se perde de um lado, ganha de outro. Se o corpo sofre, lucra o esprito.A doena no espiritual, mas puramente material; porm pode de ricas lies espirituais ao homem que dela sabe tirar proveito. At a prpria morte do corpo tem concorrido grandemente para a espiritualizao do homem. Por isso, devido s providncias de Deus, no pode haver desgraa na vida do homem verdadeiro. Acontea o que acontecer, o crente fiel saber enriquecer o esprito com todas estas experincias.No raro, acontece que, por se lhe cortar um membro do corpo, o homem torna-se mais homem do que antes. Segundo o plano divino, deve o homem ser invencvel. Admiramo-nos, muitas vezes, daquilo que Deus j fez e est fazendo com aqueles que realmente o temem. Pelas providncias divinas, todas as coisas concorrem, em seu conjunto, para o bem daqueles que temem ao Senhor. Sabendo que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que so chamados por seu decreto (Romanos 8:28).10.3.0 terceiro fato que consideraremos em relao providncia de Deus que ele tem o poder de guiar seres livres sem lhes tolher a liberdade. Vemos, desde j, que isto um mistrio. No sabemos explicar como que Deus dirige tudo e, ao mesmo tempo, o homem goza de liberdade. No podemos duvidar, porm, de que h muita evidncia de uma providncia divina que inclui a liberdade do homem, e, entretanto, vai orientando todas as coisas para esse alvo glorioso.Meu av comprava e vendia escravos. Minha mente recusa-se a crer nisto, no porque me julgue melhor do que ele, que era um crente sincero, mas porque o mundo de hoje melhor do que o mundo daquela poca.Tal o progresso da civilizao nestas duas geraes, que a escravido est-se tornando desconhecida.Quem est dirigindo a histria no so os homens, certamente, porque eles mesmos s se convencem do progresso depois de realizado. Escrevem eles a histria dos fatos j acontecidos, e, por isso mesmo, no podem ser considerados como dirigentes da raa humana.Merece tambm nossa considerao o fato de que a irmandade e solidariedade da raa se vo tornando cada vez mais uma realidade, o que no um resultado da providncia humana, seno da providncia divina.Nos grandes movimentos sobre os quais exerceram os homens mui pequena influncia justamente onde se nos depara mais visivelmente a providncia de Deus sobre os seres livres. Cada gerao vai fazendo, de certa maneira, a vontade de Deus, embora no a faa cada indivduo em particular. No obstante, Deus continua a executar o seu plano, e todas as coisas caminham para o alvo sublime que ele prprio traou.Dentro deste grande plano de Deus, o homem goza da liberdade, embora finita e limitada. Dentro de um transatlntico em viagem pode um passageiro caminhar em todas as direes, para o sul, para o leste, etc., e, apesar de sua relativa liberdade de ir para onde queira, o fato que vai sendo conduzido para o porto de destino.10.4. Deus tem o poder de desviar o curso dos acontecimentos, se quiser, a fim de atender necessidade do homem. Geralmente a providncia divina considerada, como certos atos especiais, um milagre, pelo qual Deus intervm no curso natural das coisas. Ouvimos, muitas vezes, a expresso: Isto aconteceu pela providncia de Deus. No entanto, muito limitada esta ideia da providncia de Deus. Reiterando o que j dissemos em lio anterior: Deus no ama-seca, para andar atrs do homem por toda parte. A providncia de Deus significa muito mais do que isto. Deus tomou as suas providncias desde quando criou todas as coisas. O instinto de fugir morte, o de correr do perigo, so providncias de Deus. A coagulao do sangue tambm representa outra providncia de Deus. Deus no mdico de assistncia. Isto dizemos, reconhecendo, embora, que por vezes ele altera o curso natural das coisas, para atender splica do homem. O comandante de um navio pode alterar um pouco a sua viagem a fim de prestar socorro a outro navio que esteja em perigo, e logo depois retomar a marcha anterior, continuando a sua rota para o porto de destino. O mesmo acontece com Deus, no que diz respeito ao mtodo de suas providncias.

11. DEUS NO IMPEDIU A ENTRADA DO MAL NO UNIVERSOEncontramos no den a rvore da cincia do bem e do mal. Ainda entre as coisas criadas por Deus, ai se apresenta o mal. E o Senhor fez brotar da terra toda rvore agradvel vista, e boa para ser comida: a rvore da vida no meio do jardim, e a rvore da cincia do bem e do mal (Gnesis 2:9). Eu formo a luz e crio as trevas; eu fao a paz e crio o mal; eu, o Senhor, fao todas estas coisas (Isaas 45:7Mas, que o mal? 0 que Deus criou no era para prejuzo do homem. E sabemos que, s vezes, o que mal para um bem para outro. 0 mal , ento, relativo. No raro, acontece que o mal consiste em fazer-se, fora do tempo prprio, uma coisa que, feita no devido tempo, seria um bem. Se abrirmos os olhos ao cachorrinho antes de passar certo nmero de dias ele ficar cego. Morre o pintinho se lhe quebrarmos a casca do ovo alguns momentos antes do tempo prprio. Uma flor no desabrochar se foramos o boto a abrir-se antes do tempo. Mas, se soubermos deixar que tudo acontea no tempo apropriado, todos os eventos sero para o bem.E fcil compreendermos a relao destas coisas para com o pecado, desde que consideremos o mal do ponto de vista de um ser morai. J vimos que um mal romper o ovo antes do tempo prprio. Seria tambm um mal, e mal gravssimo, que um rapaz da escria social fosse ensinar a uma menina de quatro anos tudo o que ele sabe sobre a natureza da mulher. A menina mais tarde viria a saber tudo, naturalmente, porque isto faz parte do plano divino; porm, o saber cedo demais poderia ser a causa de sua perdio. O mal pode tornar-se em pecado, se no for bem contemplado e melhor aproveitado. Isto, porm, no devido natureza do mal, seno natureza do homem. No foi o uso, mas o abuso daquilo que Deus criou que estragou o homem e a sua posteridade.No se deve confundir o mal com o pecado, porque o mal existiu antes do pecado. Mais adiante estudaremos um e outro; por ora, porm, nos deteremos em algumas consideraes sobre o mal fsico apenas.11.1. O mal fsico existiu desde o principio. Ele radicalmente diferente do pecado e no deve ser com ele confundido. A faculdade de padecer, ou os males fsicos que afligem a humanidade, no representam assunto de pouca monta. Deus dirige e governa tudo de tal maneira que o prprio mal pode ser grandemente aproveitado para o bem do homem.11.2. O sofrimento fsico existe desde os primrdios da raa. A prpria vida animal indica a existncia da faculdade de sofrer e de gozar. O corpo humano, pela prpria natureza, est sujeito a doenas, sofrimentos e at parece que tudo quanto nasce no mundo fsico morre. Estamos muito habituados a identificar este mal original com os sofrimentos, com as dores da humanidade, quando, em verdade, so coisas muito diferentes do pecado.11.3. Apesar de o mal fsico no ser oriundo do pecado, incontestvel que a sua grande prevalncia deve-se ao pecado. Isto , o pecado multiplicou e agravou muito os sofrimentos e as dores que afligem a humanidade. Deus mesmo disse mulher: ...multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceio; com dor ters filhos e o teu desejo ser para o teu marido, e ele te dominar (Gnesis 3:16). Certamente, se a humanidade fosse libertada do jugo do pecado, desapareceriam muitos dos males que a fazem sofrer.11.4. Na vida moral, o sofrimento fsico de utilidade. Qualquer mal fsico pode servir-nos imensamente, dando-nos preciosas lies morais. Pela sabedoria e providncia de Deus, atravs dos sculos, a dor tem contribudo mui poderosamente para o aperfeioamento da raa humana. Porque a nossa leve e momentnea tribulao produz-nos um peso eterno de glria mui excelente (II Corntios 4:17).11.5. Talvez seja necessrio ao esprito, enquanto incorporado, o sofrimento. Dizem as Escrituras que Jesus foi aperfeioado pelo sofrimento (Hebreus 2:9, 10, Orig. G.). Vemos, assim, como Deus pode usar do mal na administrao do universo. O mal moral, ou o pecado, aquilo que contrrio ao carter e natureza de Deus. 0 homem de forma nenhuma deve praticar o pecado. Deus odeia o pecado por causa do seu prprio carter e tambm por causa da natureza do pecado. 0 pecado contrrio a tudo quanto Deus quer realizar neste universo. A sua presena levanta problemas de difcil soluo. Pginas adiante trataremos da natureza do pecado, limitando-nos, por enquanto, a tratar dos problemas que ele cria. E mister que digamos alguma coisa sobre a presena do pecado no universo criado por Deus perfeitamente bom, que, em santo amor, criou, sustenta e dirige tudo.

Faamos, pois, algumas consideraes em torno deste assunto.a) Segundo as Escrituras, o pecado entrou na raa pelo primeiro homem, Ado. Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim tambm a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram (Romanos 5:12). Como entrou o pecado no mundo no sabemos. A histria registrada em Gnesis limita-se a relatar o fato da entrada mediante uma tentao exterior.Ningum ainda consegue dar uma explicao satisfatria da maneira por que a tentao penetrou no corao do primeiro homem, pois as Escrituras nos dizem que ele foi criado bom. Sabemos, porm, que o homem praticou um ato proibido por Deus. E Deus no s o proibiu, mas explicou as consequncias funestas que adviriam da prtica desse ato. No obstante, o homem caiu. Quanto origem, afirmamos que o pecado se originou de um ato livre e voluntrio praticado pelo homem em plena luz da conscincia.b) Por que Deus deixou Ado pecar? Talvez no possamos jamais responder satisfatoriamente a esta pergunta; no difcil, contudo, mostrar que Deus no , de forma alguma, culpado da presena do pecado no universo.O homem, esprito livre e moral, a coroa da criao. Mas a liberdade indica que havia possibilidade de errar e pecar. A liberdade pressupe faculdade de escolha, e esta, por seu turno, pressupe a existncia de duas coisas de natureza diferente para serem escolhidas. No se pode escolher quando h s um objetivo.Ainda mais, o homem foi criado com vontade livre, e por isso ele abusou tanto de sua liberdade como de sua vontade. Na criao, sabemos que Deus fez o homem livre e deu-lhe o poder de escolher entre o bem e o mal. Sabemos, porm, que o homem foi infeliz na escolha que fez; e dai veio o pecado, que a misria e a tragdia da humanidade. A liberdade sempre envolve riscos, mas era melhor isto do que deixar de criar um ser moral.Convm notar, ainda mais, que, depois de haver criado o homem em condies tais, depois de dot-lo com liberdade, explicou-lhe bem como deveria proceder relativamente escolha entre o bem e O mal. Mostroulhe que deveria escolher o bem, e que, se escolhesse o mal, morreria naquele mesmo dia. No havia, pois, nenhuma necessidade de o homem escolher o mal. Todas as vantagens estavam ao lado do bem. 0 homem tinha diante de si o bem e o mal. Era mister uma escolha. Mas, no obstante todos os avisos de Deus e os apelos do bem, o homem escolheu o mal. A culpa, portanto, est com ele, e no com Deus.Ainda um ponto convm considerar, e este que a realidade do pecado enriquece grandemente a idia de Deus. Os Salmos esto cheios de lies sobre este ponto. No fora o pecado, conheceramos, certamente, a Deus, mas no em relao ao perdo dos nossos pecados. Tambm no conheceramos a Jesus como nosso Salvador. Sem dvida alguma, haveramos de conhec-los a ambos em outras relaes, mais elevadas. O pecado cega-nos e impede-nos de conhecer a Jesus na plenitude de sua adorvel personalidade.

12. ALGUNS PONTOS VITAIS RELACIONADOS COM O AS- SUNTO DO PRESENTE CAPITULO:a) Deus uma Pessoa, um Ser livre, a fonte de tudo, um ser capaz de exercer a sua vontade sobre as coisas criadas.b) O homem um ser tambm livre, e responsvel. E Deus, como bom pai que , administra a vida do homem para o bem.c) Deus amigo e juiz e sempre insiste no que justo e direito.d) Em Deus no h arbitrariedade, e nada que no seja moral. Em suas relaes para com o homem, um Deus em cujo amor e justia se pode descansar. um Deus em Quem encontramos plena satisfao para todas as nossas necessidades; e devemos dizer, por isto, como o Salmista: Bendize, 6 minha alma, ao Senhor, e tudo o que h em mim, bendiga o seu santo nome. Bendizei ao Senhor, todas as suas obras, em todos os lugares do seu domnio; bendize, minha alma, ao Senhor (Salmos 103:1 e 22).

Ortodoxia e heresiaOs termos "ortodoxia" e "heresia" perderam, nos dias de hoje, grande parte de seu significado original. O surgimento de atitudes contrrias ao autoritarismo nos tempos modernos levou a "ortodoxia (que significa, literalmente, o "ponto de vista correto") a ser vista como nada mais do que "um dogma coercitivamente imposto s pessoas por meio da aut