Upload
alvaro-carrilho
View
234
Download
2
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Epifanias - Poesias de José Guardado Moreira - 2007 Portugal
Citation preview
epifanias
José
Guardado
Moreira
Poesias
José
Guardado
Moreira
2007
Poesias
ep i f an ia s
1O presente é o momento
onde passado e futurose espelham na ilusão
da existência separadado eterno agora.
2O estar ante indica um falsa separação
que na ilusão do presentese toma por dualidade.
3 Quem olha acolhe
em si o reflexo que no presente
é a coisa real.
5JoséGuardado Moreira
Poesias
4A mente comumé o louco da casaenchendo o nadade coisa nenhuma.
5A mente que pensaé um catavento cego que afiança existirfora da realidade.
6A mente que senteo vazio do pensamentocontempla a realidadeno estado de plenitude.
ep i f an ia s
7O natural da mente é a plena claridadevazia de intenção.
8O silêncio da mente
é o primeiro sinaldo agora consciente
fluindo no real.
9O que é pensadoda memória vem
nela jazendo secomorto e sepultado.
7JoséGuardado Moreira
Poesias
10O que se imaginaé uma fantasiana retina vaziado presente sonhado.
11O nada do vazioé apenas uma ideiaque a mente imaginacomo uma ausênciasempre presente.
12O natural do seré o fluxo conscienteno não existenteda imensa claridade.
ep i f an ia s
13O natural da mente
é ser não nascidae não limitada
pelo impermanente.
14A natureza inerente
do ser cintila semprecomo uma não fantasiaao sol da noite e do dia.
15Esvazia-te pois nascer
é lembrar-se sempredo espaço sem nome
onde a essência brilha.
9JoséGuardado Moreira
Poesias
16Quem vive pela memóriaperde-se no sonho mortoque se pretende como real.
17Repousa sem agire respira na pausaa luz perfeitado não existir.
18No espaço naturalda luz transparentenão há apego nem rastoda mente original.
ep i f an ia s
19Querer parar
o fluxo da menteé o mesmo que deter
uma coisa inexistente.
20O tigre selvagem
e o dragão celestecasam na estrela polar
o sopro de lestee o cinábrio da manhã.
21Quem separaa luz da treva
e o vazio do plenonão reconhece ainda
a transparênciada não mente.
11JoséGuardado Moreira
Poesias
22A limpidez do espaçoe luz incondicionadaeis a morada daeterna não mente.
23Quem apaga a noitepara ver as estrelasesquece que o céué um véu no espaçoda luz materna.
24Sem o peso da letrao corpo é puro espaçoluminoso e vastoonde o ser respiraem júbilo constante .
ep i f an ia s
25Espaço sopro
e terra vermelhaeis a tríplice morada
da luz que encarnano corpo a unidade.
26O respirar naturale livre do instante
a instante libertao ser da morte.
27O que não findanem começa faz
do não agir a pausada longa expiração.
13JoséGuardado Moreira
Poesias
28O não agir suspendeo fluxo constanteonde se instalaa luz do instante.
29Quem quer entenderque a consciênciaé do ser a luz natural respira sem temera pausa entre a vidae a morte nascente.
30O propósito do serreside no desapegoe no discernimentoque na pausa internafazem da não menteo espelho conscienteda sapiente claridade.
ep i f an ia s
31A qualidade da atenção
revela-se a cada instantequando a pausa do alento
respira a eternidade.
32A hora da verdade
não existe no tempopois no momento
se respira a claravisão da realidade.
33Achando sem procurar
eis a resposta ao desafio da existência naturalonde o ser encontra
do fio da consciência.
15JoséGuardado Moreira
Poesias
34Querer pela intençãoser o que se éresulta em esconder de si mesmoa face iluminada.
35Nada desejar ou querernada fazer ou almejareis a condição primeiraonde a sageza se revê.
36O mar líquidodo fogo conscientesemeia na menteo pomar do infinito.
ep i f an ia s
37A mente é fumocortina e ilusão
que oculta no mundoo real da percepção.
38A sensação do realperde na memória
o acto imaculadode saber directamente.
39O silêncio do corpo
abre no oceanoda luz vasta e clara
o olho da não mente.
17JoséGuardado Moreira
Poesias
40Nu na cavernasombria da menteo clarão anunciaa eclosão consciente.
41As três cabeçasdo corpo densosustentam no pilaro vestíbulo imensoda graça abrindoa várzea consciente.
42O vento escondeno manto de chuvauma claridade fugazde tição ardendono poço do mundo.
ep i f an ia s
43A arte do agora
consiste em saboreara cada momento
o perfume intensodo contentamento.
44O aroma do mundo
que o orvalho tecerespira no fogo alegre
a presença do fundoque o alento enobrece.
45Ressoando no osso
a vibração interna canta no corpo
a mutação terrena.
19JoséGuardado Moreira
Poesias
46Ardente e veloza luz da mutaçãolamina no corpoa escória do tempoantes de alcançaro saber do momento.
47Um dia na vida basta para beberda cascata imersano eterno agora.
48A nuvem passadeixando no céu limpoa perfeita sensaçãoda sabedoria claraonde tudo respira.
ep i f an ia s
49Abrindo a porta
da torre vaziao farol ardente
reluz do centro do saber pleno.
50Entoa a escala
descendo da alvaao fundo de escada
e alenta a subidacom a força da vaga
que irradia ondasde sabedoria.
51As duas cabeças
num corpo sócantam o ouro
da estrela polarardendo no pó.
21JoséGuardado Moreira
Poesias
52O cubo negroda estrela caindona noite densa muda o corpoem prisma solar.
53A lente de areiaactiva na glândula o raio de luz unindoa volúpia terrenaao gozo celeste.
54Após a núpciao quarto conscienteespelha no corpo o ser em presença.
ep i f an ia s
55A coisa única
contém a trindadena quarta parte
onde a mão desenhaa esfera da união.
56O ardor da facequeima no véu
a ilusão negrada luz primeira.
57A chave mestraroda no corpo
e acende no portalda noite o clarão.
23JoséGuardado Moreira
Poesias
58A cada horarespira e laborapois do ardorbrota a atençãoao fulgor do nada.
59Atenta na pausaque não respirapois do nadanasce a sabedoria.
60Na face ocultapelo fumo do céubrilha a infusãoda graça plena.
ep i f an ia s
61No zero tudo
começa e acabavoltando o sem tempo ao nada.
62Se a aspiraçãonão é intensa
o sono do coraçãoé poeira densa.
63Acende na cabeça
a dupla chama da esfera alada
intensa e dourada.
25JoséGuardado Moreira
Poesias
64A balança pesaa rosa e o cardodeles extraindoo ouro do fiel.
65A massa cinzentaé apenas o espelhoonde o invisívelse torna presente.
66O silêncio é o eixoonde giram fugazesas esferas aladasdo desconhecido.
ep i f an ia s
67O som universal
é luz condensadacriando do nada
a forma da vogal.
68A consoante nasal
desdobra no soproo espanto inicial
presente no corpo.
69O arco-íris desce
no humano que senteno gosto terreno
o perfume intensodo sopro pleno.
27JoséGuardado Moreira
Poesias
70Não temas a via brevepois a longa viagemdo regresso não existe.