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Centro Universitário de Brasília Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento ICPD Linha de Pesquisa: Psicologia e Educação EFEITO DO QUESTIONAMENTO REFLEXIVO SOBRE A EMISSÃO DE AUTORREGRAS E SOBRE A CORRESPONDÊNCIA VERBAL EM UM JOGO DE CARTAS Denise Lettieri Orientador: Dr. Carlos Augusto de Medeiros Brasília 2017

EFEITO DO QUESTIONAMENTO REFLEXIVO SOBRE A EMISSÃO DE …€¦ · Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia do Centro Universitário de

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Centro Universitário de Brasília

Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento – ICPD

Linha de Pesquisa: Psicologia e Educação

EFEITO DO QUESTIONAMENTO REFLEXIVO SOBRE A

EMISSÃO DE AUTORREGRAS E SOBRE A CORRESPONDÊNCIA

VERBAL EM UM JOGO DE CARTAS

Denise Lettieri

Orientador: Dr. Carlos Augusto de Medeiros

Brasília

2017

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Centro Universitário de Brasília

Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento – ICPD

Linha de Pesquisa: Psicologia e Educação

EFEITO DO QUESTIONAMENTO REFLEXIVO SOBRE A

EMISSÃO DE AUTORREGRAS E SOBRE A CORRESPONDÊNCIA

VERBAL EM UM JOGO DE CARTAS

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação stricto sensu em

Psicologia do Centro Universitário de

Brasília como parte dos requisitos para a

obtenção do grau de Mestre em

Psicologia.

Brasília

2017

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Banca Examinadora

A Banca Examinadora foi composta por:

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Carlos Augusto de Medeiros, Centro Universitário de Brasília - UniCEUB,

como presidente da banca;

___________________________________________________________________

Profa. Dra. Michela Rodrigues Ribeiro, Centro Universitário de Brasília - UniCEUB,

como membro interno;

__________________________________________________________________

Profa. Dra. Luciana Patrícia Verneque Formiga, Instituto Brasiliense de Análise do

Comportamento - IBAC, como membro externo.

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ii

Agradecimentos

Gostaria de agradecer ao meu marido, que foi meu apoio, meu amigo e meu

companheiro nessa árdua jornada. Obrigada por ficar acordado comigo, muitas vezes

noites a fio, me incentivando nos momentos mais difíceis. Essa conquista é nossa.

Aos meus Pais, meus irmãos e meus sobrinhos, pelo incentivo, mas

principalmente por compreenderem as minhas muitas ausências e pelo acolhimento e

colo em momentos de muito cansaço. A torcida de vocês foi sentida a distância em

muitos momentos. Obrigada de coração por tudo.

Ao meu orientador Carlos Augusto de Medeiros pela disponibilidade, por todo o

aprendizado, por todas as oportunidades, pela paciência, pelo cuidado, pelo zelo com as

correções e por todas as orientações que me permitiram chegar até aqui. Serei

eternamente grata por tudo. Quero declarar aqui minha grande admiração pelo seu

trabalho.

A Profa. Dra. Michela Rodrigues e a Profa. Dra. Luciana Verneque, membros da

banca de qualificação e de defesa, por aceitarem o convite e por todas as contribuições.

A todos os participantes que contribuíram para a realização desse estudo,

viabilizando a execução da presente pesquisa.

Aos funcionários da secretária da pós-graduação stricto sensu de Mestrado em

Psicologia, por todo auxílio e ajuda.

Aos meus amigos que torceram por mim e me acompanharam nessa jornada.

A Rayana que foi uma incentivadora constante, uma amiga preciosa que o

mestrado me deu e que levarei para a vida. Sem sua preciosa ajuda eu não teria

conseguido minha amiga. Minha eterna gratidão à você.

Minha gratidão e meus sinceros agradecimentos a todos vocês!

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iii

Índice

Agradecimentos ................................................................................................................ ii

Índice ............................................................................................................................... iii

Lista de Figuras ............................................................................................................... iv

Lista de Tabelas ................................................................................................................ v

Resumo ............................................................................................................................ vi

Abstract ........................................................................................................................... vii

Introdução ......................................................................................................................... 1

Método ............................................................................................................................ 19

Participantes ................................................................................................................... 19

Local ............................................................................................................................... 19

Materiais e Equipamentos .............................................................................................. 19

Procedimento .................................................................................................................. 20

Resultados ....................................................................................................................... 33

Discussão ........................................................................................................................ 41

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 57

Anexos ............................................................................................................................ 64

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iv

Lista de Figuras

Figura 1. Ambiente experimental.................................................................................. 21

Figura 2. Exemplo de telas do procedimento................................................................ 24

Figura 3. Divisão das condições experimentais para cada um dos Grupos................... 26

Figura 4. Porcentagem de relatos distorcidos emitidos pelos participantes dos quatros

grupos antes e depois do questionamento reflexivo....................................................... 34

Figura 5. Frequência acumulada de relatos distorcidos emitidos pelos participantes dos

quatros grupos................................................................................................................. 37

Figura 6. Porcentagem de relatos distorcidos em função do valor relatado do

computador em relação ao valor da carta do participante na rodada...............................39

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v

Lista de Tabelas

Tabela 1. Quantidade de fichas para cada faixa de pontos no jogo................................25

Tabela 2. Divisão do valor das cartas pelas faixas de pontos.........................................31

Tabela 3. Divisão do valor das cartas tiradas e relatos distorcidos do computador........32

Tabela 4. Respostas dos participantes para a última pergunta (décima primeira) do

questionamento reflexivo............................................................................................... 33

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vi

Resumo

O presente estudo teve como objetivo investigar se o procedimento de questionamento

reflexivo criaria condições para a emissão de autorregras pelos participantes e se a

correspondência verbal num jogo de cartas no qual distorcer o relato é vantajoso seria

afetada por isso. A pesquisa foi realizada com 12 participantes divididos em quatro

grupos num delineamento de linha de base múltipla. O jogo era individual e cada

participante jogou contra o computador. Instruções mínimas foram apresentadas aos

participantes de modo a diminuir a probabilidade de as contingências que favoreceriam

a emissão de relatos distorcidos passassem a controlar os seus comportamentos verbais.

Após a linha de base 1 que variou em extensão para cada grupo, foi aplicado o

procedimento de questionamento reflexivo nos participantes dos Grupos 1, 2 e 3. O

Grupo 4 foi considerado grupo controle e por isso seus participantes não passaram pelo

questionamento reflexivo. Em todos os Grupos foi utilizado um dado digital para a

checagem dos relatos e, quando havia checagem, o participante e o computador apenas

mostravam as cartas, não havendo consequências programadas para relatos

correspondentes ou não. Os dados analisados demonstraram que 66% dos participantes

emitiram a autorregra. Ou seja, o procedimento de questionamento reflexivo aplicado

no estudo foi eficaz para que a grande maioria dos participantes que foram expostos a

ele formulasse a autorregra. A correspondência verbal também parece ter sido afetada

pelo questionamento reflexivo, já que os seis participantes que emitiram a autorregra ou

aumentaram a frequência de distorções ou passaram a distorcer com maior frequência.

Os resultados encontrados contribuem para a identificação de condições que podem

afetar a correspondência verbal. Sugerem-se replicações do estudo com alterações

metodológicas para produzir maior validação do questionamento reflexivo com

procedimento capaz de gerar autorregras e de aperfeiçoar o controle discriminativo da

contingência sobre respostas verbais.

Palavras-chaves: análise do comportamento, questionamento reflexivo, jogo de cartas,

correspondência verbal.

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vii

Abstract

The present study aimed at investigating if the reflexive questioning procedure would

create conditions for the emission of self-rules by participants, and if verbal

correspondence in a card game in which report distortion is advantageous would be

thereby affected. The research was conducted with 12 participants, who were divided

into four groups along a multiple baseline design. The game was individual and each

participant played against the computer. Minimal instructions were presented to

participants, in order to reduce the likelihood of contingencies favorable to the issuance

of distorted reports controlling their verbal behavior. After a baseline that varied in

length for each group, the reflexive questioning procedure was applied to the

participants of Groups 1, 2 and 3. Group 4 was considered a control group, and its

participants were not submitted to the reflexive questioning procedure. All groups went

through report checks once they were drawn by means of a digital dice play, and, when

there was indeed a checking, the participant and the computer would only show the

cards they were holding, with no consequences scheduled either for corresponding or

non-corresponding reports. The data analyzed showed that 66% of the participants

issued the self-rule. That is, the procedure of reflexive questioning applied in the study

was effective in that the great majority of the participants exposed to it ended up

formulating the self-rule. The verbal correspondence also seems to have been affected

by reflective questioning, since six participants that issued the self-rule either increased

the distortion frequency or displayed much more distorted reports. The results found

contribute to the identification of conditions that may affect verbal correspondence. It is

suggested that replications of the study are made in the future, in which other

methodological choices are used, in order to produce greater validation of the reflexive

questioning as a procedure capable of generating self-rules, and improving the

contingency discrimination control over verbal responses.

Keywords: behavior analysis, reflexive questioning, cards game, verbal

correspondence.

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Correspondência verbal

A correspondência verbal é uma área de estudo na Análise do Comportamento

que tem sido investigada, principalmente, por pesquisadores no Brasil nos últimos anos

(Antunes & Medeiros, 2016; Brino & de Rose, 2006; Cortez, de Rose, & Montagnoli,

2013; Medeiros, Oliveira, & Silva, 2013; Sanabio & Abreu-Rodrigues, 2002; Wechsler

& Amaral, 2009). A correspondência verbal é a relação entre aquilo que uma pessoa diz

e aquilo que ela faz, ou seja, é a relação estabelecida entre o seu comportamento verbal

e o seu comportamento não verbal1 (Beckert, 2005; Catania, 1998/1999).

Segundo Skinner (1957/1978), o comportamento verbal é um comportamento

operante e ocorre entre um indivíduo que emite uma resposta (i.e., o falante) e um

indivíduo com treino a se comportar sob o controle discriminativo do produto dessa

resposta (i.e., o ouvinte). Para tal, ambos devem pertencer a uma mesma comunidade

verbal. O termo comunidade verbal se refere ao conjunto de pessoas que reforçam os

comportamentos verbais umas das outras de acordo com as circunstâncias em que

ocorrem (Baum, 1999/2006).

Os estudos envolvendo correspondência verbal utilizam um ou mais de três tipos

de treino de correspondência que, em termos da sequência comportamental treinada, se

diferenciam entre o treino das correspondências dizer-fazer, fazer-dizer e dizer-fazer-

dizer (Beckert, 2005). O autor descreve que, no primeiro, o reforçamento ocorre quando

o indivíduo verbaliza o comportamento que ele irá emitir no futuro e se comporta de

acordo com a descrição do comportamento. No segundo, o estímulo reforçador é

apresentado quando um indivíduo emite um comportamento e depois relata esse

1 Existe uma problemática a ser apontada nesse conceito. Isso porque dizer é um tipo de fazer, ou seja, o

comportamento verbal é comportamento, logo, trata-se de um “fazer”. Além disso, é possível, por

exemplo, que uma pessoa relate seu próprio comportamento verbal, ao invés de relatar um

comportamento não verbal. Entretanto, por ser essa uma definição clássica utilizada na Análise

Experimental do Comportamento, a mesma foi utilizada para contextualizar a presente pesquisa.

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comportamento com precisão. O terceiro caracteriza-se por uma sequência de elos, em

que, inicialmente é emitido um comportamento verbal acerca de um comportamento não

verbal futuro, que o autor chama de promessa. Em seguida, ocorre a emissão do

comportamento não verbal referente ao cumprimento da promessa e depois ocorre o

relato sobre o comportamento não verbal que foi emitido.

Muitas pesquisas investigando a correspondência verbal como variável

dependente foram feitas, como, por exemplo, os estudos de Ribeiro (1989/2005);

Sanabio e Abreu-Rodrigues (2002); Cortez, de Rose e Montagnoli (2013); Medeiros,

Oliveira e Silva (2013); Souza, Guimarães, Antunes e Medeiros (2014), e Antunes e

Medeiros (2016). Nesses estudos, diferentes variáveis independentes foram

manipuladas com o objetivo de verificar seus possíveis efeitos sobre a correspondência

verbal, que também foi medida de diferentes formas.

Ribeiro (1989/2005) conduziu um estudo clássico que investigou a

correspondência do relato verbal de crianças quanto ao seu comportamento de brincar.

Na sua pesquisa, o tipo de correspondência investigada era a relação fazer-dizer. Como

materiais, foram utilizados três conjuntos de brinquedos e suas respectivas fotos. Quatro

meninas e quatro meninos entre três e cinco anos de idade foram selecionadas para

participarem do estudo.

No estudo de Ribeiro (1989/2005), as sessões experimentais, compostas por

período de brincar e um período de relato, eram conduzidas diariamente durante o turno

das aulas. Na linha de base, as crianças brincavam livremente e, em seguida, relatavam

se haviam brincado ou não com cada um dos brinquedos disponíveis, ganhando uma

ficha para trocarem por guloseimas, independentemente do que relataram. Depois

ocorria a sessão com reforçamento contingente ao relato de brincar com ou sem

correspondência, feita com cada criança individualmente. Em seguida, a mesma

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manipulação foi realizada em um contexto de grupo, de modo que as crianças puderam

observar os colegas recebendo fichas para qualquer relato afirmativo de brincar. As

sessões com reforçamento de correspondência em grupo ocorriam em seguida e eram

reforçados apenas os relatos correspondentes de brincar ou não. Em seguida, ocorria

uma sessão semelhante à linha de base, com a diferença de que cada criança recebia seis

fichas de modo não contingente e as trocava por guloseimas antes da sessão de relato.

Ribeiro (1989/2005) encontrou alta ocorrência de correspondência durante a

linha de base, concluindo que crianças de três a cinco anos de idade já tinham passado

por treinos de relatar com precisão o próprio comportamento. Na fase de reforçamento

do relato de forma individual, apenas duas crianças começaram a relatar que haviam

brincado de forma não correspondente de modo sistemático. Na fase de reforçamento do

relato em grupo, cinco crianças relataram terem brincado com todos os brinquedos,

mesmo sem tê-lo feito, e só três crianças emitiram relatos correspondentes. Nessa fase,

as crianças interagiram verbalmente entre si e umas instruíram as outras à respeito das

contingências em vigor. Na fase de reforçamento de correspondência em grupo, três

crianças já iniciaram relatando com correspondência. As outras crianças passaram a

relatar com correspondência apenas no decorrer da fase. Na condição reforçamento não

contingente as crianças relataram com correspondência. O autor destacou que os relatos

com ou sem correspondência podem ter tido relação com comportamentos modelados

pelas contingências ou governado por regras presentes nas diferentes fases do

experimento.

O estudo do Ribeiro (1989/2005) demonstrou como reforçar certos relatos,

sendo eles correspondentes ou não, interferiu na sua precisão. Se o reforçamento de

relatos específicos pode afetar a correspondência verbal, conforme demonstrado por

Ribeiro (1989/2005), também seria esperado que a punição tivesse o mesmo efeito. Foi

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exatamente isso que investigou o estudo de Sanabio e Abreu-Rodrigues (2002), que

replicou os estudos de Critchfield e Perone (1990; 1993) e teve como objetivo avaliar a

correspondência verbal estudando a influência de contingências de punição sobre os

desempenhos verbais (resposta de relato) e sobre o desempenho não verbal (resposta de

escolha de acordo com o modelo). Quatro alunos universitários com idades entre 18 e

23 anos foram expostos a uma tarefa de escolha de acordo com o modelo. Após a

resposta de escolha, a pergunta “Você acertou?” era apresentada e o participante deveria

emitir a resposta de relato, indicando uma dentre duas alternativas, “SIM” e “NÃO”.

No estudo de Sanabio e Abreu-Rodrigues (2002), foram realizados dois

experimentos. Na Linha de Base (LB) do Experimento 1, o feedback “Incorreto, você

perdeu 1 ponto” não era apresentado. A LB era seguida pela sessão de condição SIM

(S), em que apenas os relatos “SIM” produziam o feedback todas as vezes que o relato

de acerto ocorria. Depois, ocorria a condição SIM/NÃO (S/N) e o feedback era de 50%

para cada um desses relatos. Por último, na condição NÃO (N), apenas os relatos

“NÃO” recebiam feedback 100% das vezes em que acorriam. Então foi feito o retorno à

Linha de Base. A ordem de exposição às condições foi balanceada, o que significa que

dois participantes foram expostos as condições na sequência LB-S-S/N-N-LB (i.e.

sequência SIM) e os outros as condições na sequência LB-N-S/N-S-LB (i.e. sequência

NÃO).

O feedback exerceu funções punitivas sobre a resposta de relato, já que foi

observado que os relatos com feedbacks aconteceram em menor frequência, resultando

em relatos de acertos ou erros não correspondentes, a depender da condição. Logo, as

consequências ao fazer tiveram efeito sobre o dizer e não sobre o fazer. Segundo

Sanabio e Abreu-Rodrigues (2002), nesse estudo pôde ser observada independência

funcional entre comportamento verbal e não verbal.

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Cortez e cols. (2013) também trabalharam com o relato de acertos e erros, como

o estudo de Sanabio e Abreu-Rodrigues (2012), entretanto, tais comportamentos eram

relatados quando ocorriam em uma atividade de leitura ou nomeação com crianças.

Cortez e cols. (2013) investigaram o padrão de correspondência do relato de crianças

com e sem histórico de fracasso escolar sobre seus desempenhos nessas atividades em

função do aumento gradual da dificuldade da tarefa. Participaram do estudo, oito

crianças com idades entre nove e 10 anos, das quais quatro apresentavam histórico de

fracasso escolar e as outras quatro não.

Para a execução da pesquisa, foi utilizado o software para ensino de habilidades

básicas de leitura. Nas sessões experimentais, cada tentativa tinha uma etapa de leitura

ou nomeação e uma etapa de relato em que os participantes tinham que clicar em um

quadrado verde para relatar que haviam acertado e em um quadrado vermelho para

relatar que haviam errado (Cortez & cols., 2013). Foi verificada a correspondência de

relatos de acerto em condições de linha de base sem consequências para relatos

realizados antes e depois dos treinos de correspondência (TC). Nos treinos de

correspondência, realizados com reforçamento contínuo e intermitente (VR2, VR3 e

VR6), reforçavam-se diferencialmente apenas os relatos de erros e acertos

correspondentes.

Segundo Cortez e cols. (2013), ao longo de quase todas as condições

experimentais, os participantes com e sem histórico de fracasso escolar apresentaram

altos níveis de correspondência de relatos de acerto, enquanto os relatos de erros

apresentaram menores índices de correspondência, principalmente na primeira linha de

base. Na condição do treino de correspondência com o reforço contínuo, foram

registrados altos índices de relatos correspondentes, tanto em relatos para acertos quanto

para erros. A correspondência verbal foi mantida no reforçamento intermitente e na fase

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seguinte de retorno a ausência de contingências para relatos. Segundo os autores, a

imprevisibilidade do reforço, característica dos esquemas intermitentes, pode ter

contribuído para a manutenção dos relatos correspondentes após o TC.

Observando as pesquisas de Ribeiro (1989/2005), Sanabio e Abreu-Rodrigues

(2002) e Cortez e cols. (2013), podem ser identificadas diferentes variáveis

independentes manipuladas com a finalidade de se estudar o que pode interferir na

acurácia do relato. Além de variáveis independentes distintas, os procedimentos

utilizados também foram bem diferentes quanto ao modo como a correspondência

verbal foi medida. Os procedimentos variados são uma característica de pesquisas que

estudam a correspondência verbal (Baer & Detrich, 1990; Brino & de Rose, 2006;

Brito, Medeiros, Medeiros, Antunes & Souza, 2014; Cortez, de Rose & Montagnoli,

2013; Critchfield & Perone, 1990; Souza, Guimarães, Antunes & Medeiros, 2014).

Hoje, na literatura, é possível encontrar vários estudos realizados em Brasília,

utilizando, por exemplo, um jogos de cartas.

Em 2013, Medeiros e cols. utilizaram um jogo de cartas elaborado especialmente

para uma pesquisa que tinha como objetivo investigar o efeito da probabilidade de

checagem sobre a correspondência verbal. No jogo, foram utilizadas as cartas de dois

naipes de um baralho, e o objetivo do jogador para vencer o jogo era eliminar todas as

cartas de uma pilha que recebia no início de cada partida.

O estudo contou com 12 participantes com idades entre 20 e 32 anos. Um

participante jogava contra o outro e, rodada a rodada, cada jogador tirava duas cartas de

cima da sua pilha (Medeiros & cols., 2013). Após relatarem os valores das suas cartas,

em todas as rodadas o dado era jogado para determinar se haveria checagem ou não das

cartas e dos respectivos valores relatados. Caso não houvesse checagem, ganhava a

rodada quem relatasse o maior valor da carta de modo correspondente ou não. As

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partidas ocorriam inteiras com a mesma probabilidade de checagem. Na probabilidade

0,5, se o dado caísse em algum número par, os participantes mostravam as suas cartas.

Na probabilidade 0,17, se o dado caísse apenas no número seis, os participantes

deveriam mostrar suas cartas. Na probabilidade 0,33, se o dado caísse no número um ou

três, os participantes mostravam as cartas. Havendo distorção no relato2 quando havia

checagem, o oponente perdia a rodada e pegava toda pilha de cartas já descartadas (i.e.,

lixo). No caso dos dois distorcerem, o lixo era dividido igualmente entre eles. Não

havendo distorção, o jogador com maior pontuação descartava as suas cartas.

No estudo, foram realizados dois experimentos. No Experimento 1, um dos

grupos de participantes jogava uma primeira partida com probabilidade de checagem de

0,5 e depois jogava uma segunda partida na probabilidade de checagem 0,17. O outro

grupo jogava as partidas em ordem invertida (Medeiros & cols., 2013). O resultado

encontrado nesse primeiro experimento foi de que, quanto menor a probabilidade de

checagem, maior a frequência de relatos distorcidos. Os autores, além da probabilidade,

citam outras variáveis que interferiram na porcentagem de distorções, como a ordem em

que eles foram expostos à probabilidade de checagem e a vez de relatar na rodada.

Quando eram os primeiros a relatar foi registrada uma diminuição da distorção dos

relatos.

Já o Experimento 2 desse estudo teve como objetivo verificar o efeito da

probabilidade de checagem em um delineamento intergrupos. Para isso, participaram 18

universitários de 18 a 30 anos, e foram divididos em três grupos, cada um com três

pares de oponentes. O jogo acontecia da mesma maneira, com a diferença que a

2 Na presente pesquisa serão utilizados relatos distorcidos ou relatos não correspondentes como

sinônimos.

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probabilidade de checagem era específica por grupo. Um grupo jogou em probabilidade

0,5, o outro em 0,33 e um terceiro em probabilidade 0,17 (Medeiros & cols., 2013).

Os resultados do Experimento 2 se assemelharam aos resultados do Experimento

1 quanto ao fato de as distorções também terem sido menores no grupo 0,5 do que no

grupo 0,17. As médias de distorções dos participantes do grupo 0,33 apresentaram

valores maiores. Os autores levantaram uma hipótese explicativa para esse resultado,

considerando a variabilidade dos dados individuais e um maior controle por regras em

detrimento do controle pelas contingências do jogo. A possibilidade do baixo valor

reforçador de ganhar no jogo para alguns participantes também pode ter contribuído

para diminuir a probabilidade de distorções durante as partidas (Medeiros & cols.,

2013).

Souza e cols. (2014) utilizaram o mesmo jogo de cartas, só que comparando os

efeitos sobre a correspondência verbal de perguntas abertas e perguntas fechadas, com

adultos e crianças como participantes. Vale ressaltar que esse estudo teve um baralho

confeccionado especificamente para ele e as cartas possuíam um número, um animal e

uma cor. A probabilidade de checagem utilizada em todo o estudo foi 0,17. Foi um

procedimento de dois dias, onde no primeiro, ocorreram as partidas jogadas com

perguntas fechadas em que o segundo participante a relatar deveria dizer se ganharia ou

não a rodada. Após os relatos, era jogado o dado para checagem. No segundo dia,

ocorreram as partidas jogadas com perguntas abertas e o mesmo ocorria, com a

diferença de que ambos os jogadores deveriam relatar o valor, a cor e a figura contida

na carta.

Os resultados encontrados pelos pesquisadores foram de mais distorções nos

relatos na condição de perguntas fechadas. A hipótese explicativa apresentada por

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Souza e cols. (2014) para esse resultado foi a de que era menos custoso3 distorcer nesse

tipo de pergunta. Nas perguntas abertas os participantes teriam que relatar o animal, a

cor e o número, sendo menos custoso apenas descrever a carta. Nas perguntas fechadas,

era apenas sim ou não. Na condição de perguntas abertas, não houve distorção dos

relatos pelas crianças e menos distorções pelos adultos.

Assim como as pesquisas anteriores que utilizaram um jogo de cartas para

investigar variáveis que afetam a correspondência de relatos verbais, em 2016, Antunes

e Medeiros utilizaram um jogo de cartas semelhante com a mesma finalidade, só que a

principal variável manipulada foi a probabilidade de reforçamento para relatos precisos.

Participaram do estudo 10 crianças que foram divididas em dois grupos com

base na ordem de exposição às condições experimentais. O procedimento consistiu em

cinco condições experimentais. Nesse Experimento, diferentemente dos anteriores,

foram utilizadas duas pilhas de cartas. A pilha 1 teve a ordem das cartas manipulada.

Desse modo, a experimentadora teria acesso prévio aos valores das cartas compradas

pelos participantes rodada a rodada. Essa era a pilha usada pelo participante para jogar.

A pilha 2 era utilizada para que os participantes pegassem as cartas em caso de relatos

distorcidos após checagem. Outra diferença é que, nesse Experimento, o registro do

valor da carta ocorria de maneira simultânea. Ou seja, o participante anotava o valor da

carta em um quadro branco e ambos mostravam os valores relatados nos seus

respectivos quadros simultaneamente. Como nos demais estudos, vencia o jogo quem,

ao final das rodadas, tivesse menos cartas em sua pilha. A probabilidade de checagem

3 Custoso no presente trabalho está relacionado ao conceito de custo de resposta, expressão empregada na

Análise do Comportamento para se referir a qualquer propriedade ou consequência do responder que

pode reduzi-lo (Catania, 1998/1999). Na bibliografia da Análise Experimental do Comportamento essa

expressão é empregada a diversos tipos de procedimentos (Costa, Soares, Becker & Banaco, 2009;

Gebrim, 2009; Nery, 2008). No procedimento do estudo feito por Souza e cols. (2014), o custo da

resposta foi relacionado a relatar na condição perguntas fechadas ou abertas. Na condição perguntas

abertas os participantes teriam que relatar o animal, a cor e o número, tendo um menor custo de resposta

simplesmente descrever a carta.

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foi de 0,17 com a diferença de que a magnitude da punição para relatos distorcidos era

fixa, ou seja, resultava na perda da rodada e retorno da carta para o final da pilha, além

de ter que pegar mais duas cartas da pilha 2 (Antunes & Medeiros, 2016).

Somente nas partidas em condições de linha de base os participantes jogavam

em igualdade de condições. Nas partidas da condição probabilidade baixa de

reforçamento para relatos precisos (PB), cada participante recebeu menos cartas de alto

valor. Na condição probabilidade alta de reforçamento para relatos precisos (PA), cada

participante recebeu menos cartas de baixo valor (Antunes & Medeiros, 2016). Foi

comparada a frequência de distorções em função da probabilidade de reforço e foram

encontradas mais distorções na condição de PB que em PA, tanto na sequência PB-PA,

quanto PA-PB, sendo confirmado que a variável independente manipulada no estudo

exerceu efeito sobre o comportamento verbal dos participantes.

De acordo com os estudos correlatos descritos, foi possível observar, que em

determinadas condições ambientais e a depender da variável manipulada, os relatos das

pessoas tendem a ser mais ou menos precisos. A despeito dos inúmeros estudos já

realizados a presente pesquisa também visa contribuir com mais dados para essa linha

de investigação. Para dar seguimento ao estudo, serão feitas descrições a respeito do

comportamento governado por regras, tendo em vista que diversos dados de pesquisas

apontam que a correspondência verbal pode ser afetada por estímulos verbais

descritores de contingências.

Comportamento Verbal e Comportamento Governado por Regras

O comportamento verbal e, mais especificamente, o controle discriminativo

entre o fazer e o dizer pode ser afetado por diversas variáveis ambientais, inclusive por

estímulos verbais que especificam contingências como reportado em Ribeiro

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(1989/2005). De acordo com Skinner (1969/1984), regras são estímulos antecedentes

verbais que especificam contingências. Ele completa essa definição explicando que

regras exercem a função de estímulos discriminativos. As regras descrevem relações

entre os eventos que antecedem o comportamento, o comportamento em si e as suas

consequências. Castanheira (2001) afirma que muitos dos repertórios acumulados na

história de vida de um indivíduo não são aprendidos por meio da exposição às

contingências de reforçamento e sim, por meio do contato com regras que descrevem

essas contingências.

Para compreender o comportamento controlado por regras, é útil distingui-lo do

comportamento modelado por contingências. O comportamento governado por regras

tem uma relação direta com uma estimulação antecedente proporcionada pelo falante

como estímulo antecedente que descreve a contingência. Baum (1999/2006) afirma que

a distinção principal entre um e outro é que o comportamento governado por regras tem

uma relação direta com o comportamento do falante como estímulo antecedente,

enquanto que o modelado por contingências se refere ao comportamento que é

modelado e mantido diretamente pelas suas consequências. As definições clássicas de

comportamento governado por regras são problemáticas porque, da forma como são

descritas podem levar a interpretações de que o comportamento de seguir regras não

seria influenciado pelas consequências (Paracampo & Albuquerque, 2005).

De acordo com Skinner (1974/2000), por serem complexas e variadas, muitas

vezes não fica claro se as contingências estão exercendo ou não controle sobre o

comportamento. Ou seja, certas contingências podem demorar a exercer controle sobre

o comportamento apenas por meio de modelagem. Nesses casos, as regras podem

descrever as contingências facilitando muito a emissão de comportamentos que poderão

a vir ser reforçados.

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Uma consequência comum do controle por regras é uma menor sensibilidade às

mudanças nas contingências (Albuquerque, de Souza, Matos & Paracampo, 2003;

Albuquerque, Matos, de Souza, & Paracampo, 2004; Hayes, Brownstein, Zettle,

Rosenfarb & Korn, 1986; Shimoff, Catania & Matthews, 1981). Abreu-Rodrigues e

Sanábio-Heck (2004) discorrem a esse respeito, apontando que a redução na

sensibilidade às contingências não possui uma relação apenas com o controle por regras.

As autoras citam dados de pesquisa básica onde o grau de contato com determinada

contingência, o conteúdo das instruções, a variabilidade comportamental, assim como, a

história de reforçamento também são possíveis variáveis que afetam a sensibilidade

comportamental de um comportamento instruído.

Algumas regras são formuladas pelos outros e algumas pelo próprio indivíduo.

Segundo Skinner (1969/1984), um indivíduo pode exercer os papéis de ouvinte e

falante. Nesse caso, ele poderia emitir para si uma regra e quando o fizesse ele estaria

formulando uma autorregra. Skinner (1969/1984) afirma que as contingências exercem

controle discriminativo sobre o comportamento verbal do indivíduo ao emitir uma

autorregra.

Assim como as regras, as autorregras também poderão exercer controle sobre o

comportamento. Para Jonas (2001), após as autorregras terem sido formuladas

especificando contingências por meio do próprio comportamento verbal do indivíduo, o

mesmo poderá ter seu comportamento controlado por elas. O autor descreve que o efeito

das autorregras sobre o comportamento exemplifica como uma parte do repertório

verbal pode afetar outra parte do repertório do indivíduo.

As autorregras são definidas por Paracampo e Albuquerque (2005) como uma

descrição da contingência que o próprio indivíduo faz após ter entrado em contato com

determinada contingência de reforçamento. Ou seja, a pessoa entra em contato com a

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contingência e faz uma descrição e essa descrição começa a influenciar o seu

comportamento futuro. Ocorre que, possivelmente, descrições podem acontecer sob o

controle de modelagem o que implicaria em dizer que uma autorregra poderia ser

formulada não só a partir de um contato direto com a contingência.

Como as regras e as autorregras podem ter uma relação direta de controle tanto

do comportamento não verbal quanto do verbal, ganha importância identificar as

contingências que determinam esse controle (Abreu-Rodrigues & Sanabio-Heck, 2004).

Muitos estudos envolvendo pesquisa básica e aplicada em Análise do Comportamento

(Albuquerque & cols., 2003; Albuquerque & cols., 2004; Hayes & cols., 1986) foram

desenvolvidos com a finalidade de atingir, em parte, esse objetivo, ou seja, identificar as

contingências que determinam o controle de regras e autorregras no comportamento

verbal e não verbal.

Nas publicações em clínica comportamental, é possível observar posições bem

distintas quanto ao uso de regras como forma de intervenção (Kohlenberg & Tsai

1991/2001; Linehan, 2010; Medeiros, 2010). Diferentes posturas acerca da emissão de

regras pelo terapeuta são observadas dentre os analistas do comportamento. São elas, a

emissão de regras sempre que necessário ou conveniente; apenas em situações pontuais;

apenas se não houver outra possibilidade de intervenção; e, em posturas mais extremas,

de maneira alguma (Medeiros, 2010).

Considerando as últimas posturas, onde emitir regras não é desejável, uma

alternativa é utilizar o questionamento reflexivo para evitar que o terapeuta emita

regras. Esse procedimento foi proposto no contexto de uma das modalidades da Terapia

Analítico-Comportamental que é Psicoterapia Comportamental Pragmática – PCP.

Sistematizada por Medeiros e Medeiros (2012) e apresentada pela primeira vez no

Encontro da Associação Brasileira de Medicina e Psicoterapia Comportamental em

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2010 (Costa, 2011), a PCP tem por objetivo propor uma vertente menos diretiva nos

modos de se atingir os objetivos terapêuticos (Medeiros & Medeiros, 2012). É válido

esclarecer que a PCP trata-se de uma proposta menos diretiva no sentido de não descrever

a regra para o cliente, ou seja, evita controle verbal imposto pelo terapeuta.

O questionamento reflexivo é um dos principais procedimentos da Psicoterapia

Comportamental Pragmática (PCP) e a presente pesquisa irá trazer contribuições no

sentido de analisar se o procedimento de questionamento reflexivo é capaz de gerar

autorregras e de aperfeiçoar o controle discriminativo da contingência sobre respostas

verbais. Esse procedimento será descrito com detalhes no capítulo a seguir.

Questionamento Reflexivo

Como já descrito, o questionamento reflexivo é um dos principais procedimentos

da Psicoterapia Comportamental Pragmática (PCP) e, de acordo com Medeiros e

Medeiros (2012) trata-se de um procedimento que visa gerar autorregras, aperfeiçoando

o controle discriminativo da contingência sobre as respostas verbais do cliente. Em

outras palavras, o objetivo final é que o cliente descreva a contingência na qual o

comportamento dele faz parte, ou seja, descreva as variáveis que controlam seu

comportamento. O questionamento reflexivo só é considerado bem sucedido quando o

cliente emite uma autorregra acurada das contingências que controlam o seu

comportamento.

O procedimento de questionamento reflexivo se dá por meio de perguntas abertas

encadeadas que favorecem respostas mais descritivas do que apenas topografias de

respostas como “sim” e “não”, que seriam produzidas por perguntas fechadas. As

perguntas visam salientar os elementos da contingência, para que o cliente passe a

descrevê-la. Medeiros e Medeiros (2012) ressaltam que, ao elaborar uma pergunta, é

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importante que o terapeuta preveja as possíveis respostas que o cliente possa vir a

fornecer. Ou seja, são perguntas que o terapeuta faz com certo grau de previsão da

resposta que o cliente irá emitir.

Recursos como ficar atento às informações coletadas anteriormente nas sessões

através dos relatos dos clientes, assim como, as análises funcionais já realizadas e

respostas a perguntas com certa semelhança, podem favorecer essa previsão. Para

Medeiros (2014), é justamente conseguir presumir as respostas do cliente que irá permitir

que as perguntas sejam realizadas de maneira encadeada, já que a resposta do cliente a

uma pergunta é o estímulo discriminativo para a elaboração da próxima. O que irá

reforçar a emissão da pergunta pelo terapeuta é justamente o cliente emitir determinadas

respostas dentro de uma classe.

Algumas pesquisas investigando o procedimento de questionamento reflexivo

quanto a sua eficácia na formulação de autorregras já foram feitas, como por exemplo,

os estudos de R. Medeiros (2016), Souza, Medeiros, Aragão, F. Medeiros e Silva (2011)

e Silva (2012). Nesses estudos, o questionamento reflexivo era uma variável

independente e foi manipulado com o objetivo de verificar seus efeitos sobre as

variáveis dependentes investigadas em cada uma dessas pesquisas.

No estudo de R. Medeiros (2016), o objetivo foi investigar o quanto que a escuta

diferencial e o questionamento reflexivo teriam influência sobre a frequência de

respostas verbais acerca de determinado tema. Cinco adultos foram selecionados para

participar da pesquisa e foi entregue para eles uma lista contendo assuntos de interesse

comuns como: Religião; Política; Esporte; Saúde; Artes; Culinária e Viagens. Os

participantes foram orientados a classificá-los em ordem decrescente de interesse, do

maior para o menor interesse.

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O entrevistador utilizou os assuntos classificados como de maior e de menor

interesse para realizar a entrevista. A entrevista foi dividida em cinco etapas e a

primeira fase foi a linha de base, onde o entrevistador somente escutava o participante.

Depois ocorria a segunda fase de reforçamento diferencial, onde o falar do assunto de

maior interesse do participante foi colocado em extinção e falar sobre o assunto de

menor interesse foi reforçado. O reforço era provido como a demonstração de interesse

por parte do entrevistador, que fazia perguntas abertas relacionadas ao tema, como:

“Que tipo de viagem você gostaria de fazer?”; “Se pudesse escolher um local para viajar

neste momento onde seria?”; “O que você gosta de fazer quando está viajando?” (R.

Medeiros, 2016).

Em seguida, ocorria a terceira fase de questionamento reflexivo, que teve como

objetivo levar o entrevistado a discriminar verbalmente as contingências em vigor do

procedimento da segunda fase. Após questionamento reflexivo, o participante deveria

emitir a autorregra de que ele devia falar sobre o assunto de menor interesse ou

variações dessa autorregra. Elaborada a autorregra, era iniciada a quarta fase e o

entrevistador retomava o procedimento da primeira fase. Na quinta e última fase, o

pesquisador repetiu o procedimento da linha de base onde apenas escutava o

participante sem prover consequências diferenciais às suas respostas verbais (R.

Medeiros, 2016).

Os resultados demonstraram que todos os participantes mantiveram

predominância nos temas de maior interesse na primeira fase de linha de base. Na

segunda fase após o reforçamento diferencial, quatro dos cinco participantes tiveram

predominância do comportamento verbal quanto aos temas de menor interesse. Os

resultados confirmaram a eficácia do reforçamento diferencial controlando a frequência

das respostas. Já os dados obtidos durante o questionamento reflexivo apontam que dois

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participantes não conseguiram descrever a contingência em vigor na segunda fase.

Diferentemente, os outros três participantes conseguiram formular verbalmente que

obtinham maior atenção para respostas verbais dos temas de menor interesse (R.

Medeiros, 2016).

Enquanto o estudo de R. Medeiros (2016) teve como objetivo investigar a

eficácia do questionamento reflexivo quanto a formulação de autorregras, a pesquisa de

Souza e cols., (2011) teve como objetivo investigar o efeito de regras e autorregras

como intervenção terapêutica. Para isso, três sessões dos terapeutas com esses clientes

foram gravadas e analisadas, registrando as regras emitidas pelos terapeutas e pelos

clientes. Foi feita uma divisão entre autorregras formuladas durante a terapia e

autorregras que o cliente já trazia para a sessão espontaneamente, isto é, sem a execução

do questionamento reflexivo.

No decorrer do procedimento, foram observados terapeutas que emitiam regras e

terapeutas que criavam condições para formulação de autorregras pelos clientes. Esses

segundos terapeutas criavam sequências de cadeias de perguntas abertas para aumentar

a probabilidade de o cliente formular descrições verbais das contingências a que

estavam expostos. Vale ressaltar que o que esses terapeutas estavam fazendo é o que

Medeiros e Medeiros (2012) chamaram de questionamento reflexivo. Mas no ano em

que a pesquisa foi realizada o procedimento ainda não tinha sido nomeado.

No estudo, foi investigado se os participantes seguiam mais suas autorregras ou

as regras emitidas pelos terapeutas e os resultados encontrados pelos autores apontaram

maior probabilidade dos indivíduos se comportarem seguindo suas próprias regras

geradas via questionamento reflexivo (Souza & cols., 2011).

Ainda sobre pesquisas que investigam o efeito de regras e autorregras como

intervenção terapêutica, Silva (2012) propôs um estudo para avaliar o seguimento de

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regras e autorregras no contexto terapêutico. Para isso o pesquisador realizou uma

pesquisa com duas clientes e um terapeuta estagiário. O procedimento consistia na

emissão de três regras pelo terapeuta no decorrer dos primeiros atendimentos realizados

com cada uma dessas clientes. Ao mesmo tempo, o terapeuta também criou condições, a

partir de questionamentos reflexivos, que pretendiam favorecer a formulação de três

regras autorregras pelos clientes. Em seguida foi analisado que tipo de regras foi

seguido com maior frequência. Assim como nos dados de Souza e cols, (2011), Silva

(2012) também encontrou que autorregras tendem a ser mais frequentemente seguidas

pelos clientes que aquelas emitidas pelo terapeuta.

Apesar de pesquisas já terem sido realizadas, a eficácia do questionamento

reflexivo ainda precisa de mais suporte empírico, tanto em pesquisa aplicada, quanto em

pesquisa básica. Para a presente pesquisa, foi utilizado um jogo de cartas semelhante ao

dos estudos de Medeiros e cols. (2013), Souza e cols. (2014) e Antunes e Medeiros

(2016) para investigar as variáveis que afetam a correspondência verbal. Foi adotado

um método de pesquisa tendo o indivíduo como seu próprio controle e foi usado

delineamento de linha de base múltipla. Na mudança de uma condição experimental

para a outra, foi aplicado o questionamento reflexivo como um procedimento para

estabelecimento de autorregras pelos participantes. O propósito foi investigar se o

procedimento de questionamento reflexivo criaria condições para a emissão de

autorregras pelos participantes e se a correspondência verbal seria afetada por isso. A

principal hipótese deste estudo era que o questionamento reflexivo seria um

procedimento que favoreceria a descrição das contingências em vigor no jogo pelos

participantes, de modo que esses distorcessem seus relatos mesmo sem a emissão de

uma regra que explicitasse que relatos distorcidos poderiam ser emitidos ao longo do

jogo, ou que seria vantajoso distorcer em termos de vencer as partidas.

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Método

Participantes

A pesquisa foi realizada com 12 participantes com idades entre 18 e 30 anos. A

seleção desses participantes aconteceu em ambiente universitário. Um critério para

participarem no estudo, foi a sua participação voluntária. Os participantes não possuíam

conhecimentos sobre correspondência verbal e não tinham entrado em contato com

estudos experimentais da Análise do Comportamento, ou seja, eram ingênuos com

relação aos procedimentos do estudo. Os universitários selecionados participaram da

pesquisa com validação da sua participação por meio da assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Anexo A). O presente estudo foi aprovado

pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), com parecer número: 2.210.549 e

CAAE: 67469317.5.0000.0023.

Local

A presente pesquisa foi realizada em uma sala oferecida pelo Centro

Universitário de Brasília (UniCEUB). A sala tinha aproximadamente 20m², uma mesa

retangular, uma cadeira, uma poltrona e um relógio de parede. A iluminação e

ventilação eram artificiais. A escolha desse local se deu pela estrutura e pelas condições

do ambiente, que possui espelhos unidirecionais com captação de áudio e isolamento

acústico, o que diminuiu as chances de interferências e interrupções durante a execução

da pesquisa.

Materiais e Equipamentos

Foram utilizados protocolos de registro (Anexo B), lista com as perguntas do

questionamento reflexivo, prancheta e caneta para o preenchimento do TCLE e para

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registro da pontuação no jogo. Também foi utilizado um gravador, um mouse adaptado,

um notebook com sistema operacional Microsoft® para executar o programa Power®

Point e um aparato de papel para cobrir suas teclas.

Foram montados arquivos no Power Point® especialmente para a aplicação do

experimento, onde os estímulos eram apresentados e as respostas poderiam ser

coletadas. O jogo foi confeccionado de modo que em cada tela de relato era apresentada

a carta do computador, o relato do computador, a carta do participante e um quadro com

os números para o relato do participante. Cada partida foi organizada de acordo com os

protocolos de registro previamente elaborados.

Foi criado e utilizado um placar de papel, composto de fichas com números

encadernados em espiral. No final do procedimento, o participante recebia fichas de

acordo com sua pontuação, para concorrer ao sorteio do vale presente de uma livraria.

Procedimento

A tarefa experimental desse estudo consistiu num jogo de cartas desenvolvido no

programa Power Point® com figuras de cartas de baralho (apenas com números de 2 a

10 de todos os quatro naipes) e um dado digital com numeração de 1 a 6. O jogo foi

executado em um notebook com sistema operacional Microsoft®. O jogo era

individual, ou seja, cada participante jogou sozinho contra o computador. A partida do

jogo era composta por rodadas. O participante vencia caso ele fizesse mais pontos que o

computador ao final do número de rodadas especificado para a partida.

Os participantes foram recrutados nos intervalos de aulas e foram selecionados

seguindo os critérios da pesquisa. Tendo estabelecido quem participaria da pesquisa, foi

montado um cronograma de aplicação (Anexo C). O cronograma foi organizado de

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forma que não houvesse regularidade na aplicação entre participantes de um mesmo

grupo. A Figura 1 mostra como ficou montado o ambiente experimental.

Figura1. Foto de como foi montado o ambiente experimental. No quadro da direita

estão organizados os protocolos, o TCLE,a lista com as perguntas do questionamento

reflexivo e caneta. No quadro da esquerda estão o mouse, o notebook e o placar.

No dia de aplicação, assim que o participante chegou ao local marcado, o mesmo

foi conduzido à sala do experimento e antes mesmo de iniciar o jogo, ele assinou o

TCLE. Depois de assinado o TCLE, o participante foi direcionado à mesa onde ficou o

notebook e posicionado de forma a iniciar o jogo. As instruções na tela do notebook

foram lidas junto com o participante. Depois de lidas as instruções com as regras do

jogo, apenas dúvidas breves foram esclarecidas oralmente. Lidas as instruções e não

havendo dúvidas, quando eram participantes do Grupo 1, 2 ou 3, a experimentadora

explicou que depois de algumas rodadas apareceria uma tela de pausa no jogo.

Aparecendo a tela, foi orientado que não fosse feito nada, devendo o participante apenas

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aguardar o retorno da experimentadora para a sala experimental. Nesse momento

também foi apresentado ao participante o placar, orientando que ele marcasse, rodada a

rodada, tantos os pontos feitos pelo computador, quanto os pontos feitos por ele. Após

tudo explicado, a experimentadora se retirou da sala e o participante iniciou ao jogo.

Abaixo são apresentadas as instruções do jogo.

Instruções

Você está prestes a participar de um experimento que consiste em um jogo de

cartas. Esse jogo conterá rodadas e, em cada rodada, você e seu oponente, que será o

computador, receberão uma carta que irá aparecer na tela a sua frente. Sua pilha de

cartas e as de seu oponente são compostas por cartas que irão do número 2 ao 10 e o

número da carta corresponde ao valor que você deverá relatar. Em todas as rodadas,

você será sempre o segundo a relatar o valor da carta e o computador será sempre o

primeiro. A carta do oponente estará oculta a você. O relato será feito clicando o

mouse em cima do número correspondente ao valor da sua carta no painel de relato à

direita de sua carta. Na próxima tela, haverá um dado e, ao clicar sobre ele, o mesmo

será girado. Se o dado cair no número 1 ou 3 a sua carta e a do computador serão

reveladas.

Quem tiver o maior valor ganha a rodada e faz um ponto. Vence o jogo quem

terminar a partida com mais pontos. O seu objetivo no jogo é fazer o maior número de

pontos que, ao final, serão trocados por números para concorrer a um sorteio de 1

(um) vale presente de uma livraria no valor de R$80,00. Quantos mais pontos você

fizer, mais números poderá ganhar e, conseqüentemente, maior será a probabilidade de

ganhar o sorteio.

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Ao final de cada rodada, após lançar o dado, você deve clicar no campo

“Clique aqui para uma nova rodada” para iniciar a próxima rodada. Quando você

estiver pronto pode iniciar o jogo. Bom jogo!

O experimento envolveu uma situação de jogo de cartas desenvolvido no

programa Power Point, onde distorcer o relato aumentava a probabilidade de se ganhar

pontos. Foi utilizado um dado digital pré-programado para a checagem dos relatos em

todas as condições experimentais e quando houve checagem, o participante e o

computador apenas mostravam as suas cartas, não havendo consequências programadas

para relatos correspondentes ou não. A probabilidade de checagem programada foi de

0,33.

O jogo iniciou com cada participante recebendo uma carta. Após receber a carta,

o participante relatava um valor. Caso o dado caísse em 2, 4, 5 ou 6, as cartas

permaneciam ocultas. No entanto, caso o dado caia em 1 ou 3, as cartas de ambos os

jogadores eram reveladas. As instruções dadas aos participantes foram mínimas, sem ser

explicado, por exemplo, que independente do relato do valor da carta ser preciso ou não,

ganhava a rodada o jogador que relatasse o maior valor.

A Figura 2 traz o exemplo de telas do procedimento representando o que seria

uma rodada com checagem. Na primeira tela (a), tem a carta do computador, que não

ficava visível, a carta do participante e, destacado em verde, o painel de relato. O relato

do computador ocorria assim que era apresentada a sua carta. Já o participante, para

relatar, tinha que clicar em um número no painel de relato. Após o relato do computador

e do participante era apresentada a tela com o dado digital (b). Ao clicar no dado,

aparecia para o participante o valor do dado de acordo com o que foi programado no

protocolo de registro. Nesse exemplo foi o valor do dado para uma rodada com

checagem (c), o que obrigava tanto o computador quanto o participante a mostrarem as

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suas cartas (d). Caso o computador tivesse relatado um valor de carta maior, o

computador ganhava um ponto (e). Caso o participante tivesse distorcido o seu relato e

tivesse relatado um valor de carta maior que o computador, ele é quem ganhava o ponto

na rodada (f).

Figura 2. Exemplo de telas do procedimento representando o que seria uma rodada com

checagem. As tentativas ocorriam na sequência das letras. Porém, dependendo da

resposta do participante, a tela da letra “d” era seguida da tela da letra “e” ou da tela da

letra “f”.

Durante todo o procedimento, enquanto o participante jogava, a experimentadora

ficou posicionada atrás do espelho unidirecional da sala. Isso a possibilitou tanto a

observar os participantes realizando a tarefa experimental, quanto permitiu que ela

fizesse o registro da pontuação do participante rodada a rodada. Considerando o valor

f

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registrado, a experimentadora separava as fichas do sorteio, se dirigia até a sala, liberava

o participante e entregava as fichas para o sorteio do vale presente da livraria.

Na preparação do experimento, a experimentadora rodou o jogo simulando duas

possibilidades distintas. A primeira o participante nunca distorcendo e a segunda o

participante distorcendo em todas as rodadas. Esse manejo possibilitou verificar qual a

pontuação mínima (i. e. 14 pontos) e qual a pontuação máxima (i. e. 40 pontos) possível

de ser atingida no jogo. A Tabela 1 traz a quantidade de fichas para cada faixa de pontos

presumida para o jogo.

Tabela 1

Quantidade de fichas para cada faixa de pontos no jogo.

Faixa de pontos Quantidade de fichas

1 – 14 2

15 – 22 3

23 – 30 4

31 – 40 5

Essa faixa de pontos não foi informada aos participantes e foi utilizada apenas

como critério para orientar a experimentadora na entrega das fichas. Assim que o

participante se retirava da sala, a experimentadora verificava as marcações feitas pelo

participante no painel de relato e registrava o valor relatado das cartas pelos jogadores a

cada rodada. O participante ter relatado um valor acima ou abaixo ao que tirou na carta,

foi contado como distorção no protocolo de registro. As ordens e valores das cartas que

foram retiradas pelo participante foram manipulados para possibilitar verificar cada

distorção, sem a necessidade da experimentadora olhar as cartas que os participantes

tiravam na tela enquanto jogavam.

Os 12 participantes foram divididos em quatro grupos de acordo com a

disponibilidade para estar no dia e no horário programado no cronograma de aplicação.

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Foram três participantes para o Grupo 1, três participantes para o Grupo 2, três

participantes para o Grupo 3 e três participantes para o Grupo 4. Cada participante

jogou 60 rodadas divididas entre a linha de base 1 (LB1) e linha de base 2 (LB2), com

exceção do Grupo 4, onde os participantes jogaram todas as rodadas apenas em

condição de linha de base 1.

Condições experimentais

Foi adotado delineamento experimental de sujeito único. O procedimento

consistiu em duas condições experimentais e foi usado delineamento de linha de base

múltipla. A linha de base múltipla teve a função de verificar se apenas a exposição às

rodadas seria suficiente para que os participantes começassem a distorcer, ou, se

independente disso, ainda seria necessário o procedimento de questionamento reflexivo

e a formulação da autorregra para os participantes distorcerem. O experimento

aconteceu com uma partida onde ocorreram rodadas em Linha de Base 1 (LB1) e

rodadas após a realização do procedimento de questionamento reflexivo (LB2). A

Figura 3 traz a divisão das condições experimentais para cada um dos Grupos.

Figura 3. Divisão das condições experimentais para cada um dos Grupos.

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Linha de base

Nas rodadas da LB1 foram distribuídas 20 rodadas para o Grupo 1, 30 rodadas

para o Grupo 2, 40 rodadas para o Grupo 3 e 60 rodadas para o Grupo 4. Após as

rodadas da linha de base 1 do estudo, o jogo foi interrompido com a seguinte mensagem

na tela do computador: “Pausa no jogo. Pode largar o mouse e apenas espere alguns

instantes até que a experimentadora retorne à sala”. Ao entrar na sala, a

experimentadora aplicou o procedimento de questionamento reflexivo no participante.

As respostas dos participantes do Grupo 1, 2 e 3 foram gravadas para possibilitar

posterior transcrição (Anexo D). Nessa pausa, a partida não se encerrou e os pontos não

foram zerados. Essa informação foi apresentada aos participantes depois de aplicado o

procedimento de questionamento reflexivo. O Grupo 4 foi o grupo controle e por isso

foram feitas apenas partidas na condição de linha de base 1. Os participantes desse

grupo não passaram pelo procedimento de questionamento reflexivo.

Jogo depois do questionamento reflexivo (LB2)

A experimentadora orientou que o participante retomasse o jogo, explicando que

o jogo continuaria da mesma maneira, com a diferença de que as instruções não seriam

apresentadas novamente. Ao retomar o jogo, aparecia uma tela com a seguinte

instrução: “Volte a jogar clicando na palavra iniciar”.

Assim, no momento logo após o questionamento reflexivo, cada participante

voltou a jogar as rodadas restantes na condição experimental LB2 (pós questionamento

reflexivo). Os participantes do Grupo 1 jogaram 40 rodadas na condição experimental

LB2, os participantes do Grupo 2 jogaram 30 rodadas e os do Grupo 3 jogaram 20

rodadas. As contingências em LB2 foram as mesmas da LB1 e foi verificado o efeito do

questionamento reflexivo sobre a correspondência verbal dos participantes ao relatarem

os valores de suas cartas.

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28

Questionamento reflexivo

O questionamento reflexivo foi utilizado como um procedimento para fazer com

que as diversas contingências do jogo passassem a exercer controle sobre o

comportamento verbal dos participantes, sem a necessidade de emissão de regras pela

experimentadora. A finalidade foi favorecer a emissão de regras descritivas das

contingências em vigor pelo participante.

Tanto durante a LB1, quanto na LB2, foram programadas tentativas para que o

relato fosse checado e a distorção verificada. Desse modo, o participante pôde ver o que

acontecia quando o outro participante, no caso, o computador, distorcia o valor da carta

que tirou. Foi programado para o computador distorcer em 25% das rodadas em cada

partida e a checagem ocorreu em um terço delas. Ou seja, nas partidas com 20 rodadas

ele distorceu em cinco rodadas e dessas cinco rodadas, em um terço, houve checagem.

Nas partidas com 30 rodadas, ele distorceu em oito rodadas e dessas oito rodadas, em

um terço, houve checagem. Nas partidas de 40 rodadas, ele distorceu em 10 rodadas e

dessas 10 rodadas em um terço, houve checagem.

Após o procedimento de questionamento reflexivo, foi esperado que o

participante emitisse a autorregra “eu posso distorcer meu relato” ou variações como “é

vantajoso mentir”, “vou mentir”, “vou falar só 10” etc. Emitindo ou não a autorregra, o

participante voltou a jogar nas mesmas condições descritas na linha de base 1, só que

depois do questionamento reflexivo. O objetivo do questionamento reflexivo que

ocorreu entre a LB1 e a LB2 era exatamente para que os participantes formulassem a

autorregra.

Além disso, foi verificado se a porcentagem de relatos distorcidos acerca dos

valores das cartas se modificou em relação ao observado na LB1 após a aplicação do

questionamento reflexivo. Os relatos distorcidos foram definidos como cliques do

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participante com o mouse em valores acima ou abaixo aos da sua carta no painel de

relato.

As perguntas feitas no procedimento de questionamento reflexivo foram:

“Quantas rodadas você ganhou?”, “Quantas rodadas você perdeu?”, “Em quantas

rodadas você falou um valor diferente da carta que você tinha?”, “Quantas vezes foi

conferido o valor que você tirou?”, “Se você falar um valor diferente do de sua carta,

qual a chance de você ser descoberto?”, “Quando era relatado um valor diferente da

carta, o que acontecia?”, “Quando alguém falava um valor de carta diferente do que

tinha tirado, quantos pontos eram perdidos?”, “Qual parte da instrução falou que você

não poderia dizer um valor diferente?”, “Suas cartas foram conferidas quando os dados

caíram em que valores?”, “Sendo o maior valor relatado que conta para ganhar ponto

na rodada, o que seria vantajoso fazer quando se tira uma carta baixa?”, “Com base

nessa conclusão, como você vai jogar daqui para frente?”.

Aqui, o procedimento de questionamento reflexivo aplicado não replicou na

integralidade o questionamento reflexivo no contexto clínico, uma vez que, no contexto

clínico, não há uma lista de perguntas à priori. Na clínica, as perguntas seguintes do

terapeuta irão variar de acordo com a resposta do cliente à pergunta anterior. Na

presente pesquisa, por questões de controle experimental, foi aplicada a mesma lista de

perguntas para todos os participantes.

Dado

O dado foi programado de modo que a pesquisadora pudesse manipular o valor

que apareceu em sua face em cada rodada. A sequência do valor que apareceu na face

do dado foi programada no protocolo de registro que consta o valor do dado para cada

rodada. Essa manipulação programada dos valores do dado teve como objetivo garantir

que a checagem não dependesse do acaso, possibilitando que de fato ocorresse

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checagem em um terço das rodadas e que a checagem das cartas ocorresse na mesma

quantidade de vezes entre participante e computador, tanto nas rodadas de LB1 quanto

nas rodadas de LB2.

Pilha de cartas

As figuras com as imagens das cartas das duas pilhas, tanto do participante

quanto do computador, apresentadas na tela, foram manipuladas pela experimentadora.

Essa manipulação teve o objetivo de fazer com que os valores das cartas que foram

retiradas pelo participante e pelo computador fossem programados previamente. Ou

seja, constam no protocolo de registro os valores das cartas que ambos retiraram rodada

a rodada. No caso do participante, o valor relatado poderia ser igual ou não ao da carta

retirada por ele. Já o computador relatou o valor exato da sua carta ou distorceu o relato

do valor de acordo com a manipulação programada no protocolo de registro.

Essa manipulação foi programada para facilitar o registro feito pela

experimentadora, dispensando a necessidade de outra pessoa para auxiliá-la nessa

função ou de outras formas de registro das cartas que cada participante tirou. Ficou a

cargo da experimentadora após o término do jogo, apenas o registro do valor relatado

das cartas que ficaram marcados no painel de relato em função do clique feito pelo

participante.

A manipulação das cartas teve outras duas finalidades, a primeira de não

permitir que o empate ocorresse no jogo, já que com a manipulação, em nenhuma das

rodadas os participantes tiveram os mesmos números nas cartas. Vale ressaltar que no

painel de relato não apareceu a opção com o número relatado pelo computador. A

segunda foi permitir que cada jogador tivesse a carta de maior valor na rodada em

metade das rodadas da partida tanto na linha de base 1, quanto nas rodadas da linha de

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base 2, garantindo a mesma probabilidade de ganho de pontos para os relatos de todos

os participantes.

A programação prévia impediu que os jogadores ganhassem até três rodadas

consecutivas caso relatassem com precisão ou não, evitando não só identificações de

regularidades de ganhos e perdas nas rodadas, como também, a constatação de que a

pilha das cartas foi manipulada pela experimentadora. De qualquer modo, mesmo com

esse controle, as possibilidades de ganhar, perder ou manter pontos variaram tanto de

acordo com a condição da partida quanto com a precisão do relato do participante.

As cartas foram organizadas em três categorias chamadas de faixa de pontos.

Como houve manipulação de um dado digital, quando se especificou o valor do dado foi

possível equalizar esse valor em função da faixa pontos também (Tabela 2).

Essa equalização foi feita para que a checagem não se concentrasse apenas nas

rodadas que o participante estivesse com cartas baixas ou altas, já que foi possível

especificar em que rodadas seriam distribuídas as checagens. A faixa de pontos foi o

parâmetro para montar o protocolo e consequentemente a pilha de carta de cada jogador.

Tabela 2

Divisão do valor das cartas nas faixas de pontos.

Faixa de Pontos Valor das Cartas

1

2

3

4

2

5

6

7

3

8

9

10

A manipulação da pilha de cartas foi feita de modo que em nenhuma rodada os

jogadores tiraram cartas em faixas de ponto iguais, ou seja, as nove cartas do baralho

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utilizadas para o jogo (do número 2 a 10) foram organizadas em três faixas de pontos

com o objetivo de que cada jogador saísse com a carta maior que o outro em 50% das

rodadas.

Na organização e montagem da pilha de cartas do computador, o valor da carta

tirada pertenceu à faixa de pontos 1 ou 2. Quando foi programada distorção, o conteúdo

do relato distorcido foi um valor da faixa de pontos 3, como mostrado na Tabela 3.

Tabela 3

Divisão do valor das cartas tiradas e relatos distorcidos do computador.

Valor Tirado na Carta Valor Relatado Pelo Computador

2

5 8

3

6 9

4

7 10

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Resultados

Uma das variáveis dependentes investigada no estudo foi a emissão da

autorregra a partir do questionamento reflexivo. A Tabela 4 mostra a respostas emitidas

pelos participantes à última pergunta desse procedimento. Com base na Tabela 4, é

possível observar que dos nove participantes que passaram pelo questionamento

reflexivo, seis formularam a autorregra. Ou seja, 66% dos participantes emitiram a

autorregra de acordo com os critérios especificados na pesquisa e estão indicados com

asteriscos na Tabela 4.

Tabela 4

Respostas dos participantes para última pergunta (décima primeira) do questionamento

reflexivo.

Grupo Participante Respostas

P1* “Eu vou continuar falando um valor mais alto do que

o computador.”

Grupo 1 P5* “Eu vou mentir.”

P9 “Acho que optando pelo mesmo valor.”

P2 Como eu vou jogar? Pra mim era um jogo se sorte. Eu

não percebi que tinha uma estratégia.

Grupo 2 P6* “Se for baixa eu coloco carta alta. Mas eu não entendi

a lógica do jogo.”

P10* “Só vou colocar número alto”

P3 “Continuar seguindo a regra. Só faço o que está

mandando aí. Pelo menos eu acho.”

Grupo3 P7* “Diferente. Vou escolher o maior valor.”

P11* “Vou botar o valor alto para todas as cartas.”

Foram comparados os resultados das frequências de distorções emitidas pelos

participantes antes da realização do procedimento de questionamento reflexivo e depois

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da realização desse procedimento, ou seja, nas rodadas que ocorreram na linha de base 1

e nas rodadas que ocorreram na linha de base 2. Foi avaliado como distorção o

participante relatar um valor diferente ao da carta que retirou.

Considerando as condições experimentais as quais os participantes foram

expostos, foram criados gráficos apresentados na Figura 4, onde se pode visualizar a

porcentagem de relatos distorcidos dos participantes de cada um dos Grupos. Para o

cálculo da porcentagem, foi considerado o número de distorções em cada condição

experimental.

Figura 4. Porcentagem de relatos distorcidos emitidos pelos participantes dos quatros

grupos antes (LB1) e depois do questionamento reflexivo (LB2). Os participantes com

asteriscos foram aqueles que emitiram a autorregra após procedimento de

questionamento reflexivo.

É possível observar que, para todos os participantes do Grupo 1, houve um

aumento na frequência de relatos não correspondentes após o questionamento reflexivo,

0

20

40

60

80

100

P1* P5* P9

Grupo 1

0

20

40

60

80

100

P2 P6* P10*

Grupo 2

LB 1 LB2

0

20

40

60

80

100

P3 P7* P11*

Grupo 3

0

20

40

60

80

100

P4 P8 P12

Grupo 4

Participantes Participantes

Po

rcen

tag

em d

e R

ela

tos

Dis

torc

ido

s

Participantes

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35

sendo que P5 e P9, diferentemente de P1, não apresentavam relatos não correspondentes

antes do questionamento reflexivo. Para os dois participantes do Grupo 1 que

formularam autorregras acuradas, P1 e P5, houve um aumento na frequência de relatos

distorcidos, principalmente para P5, que não emitiu relatos distorcidos em LB1 e emitiu

60% dos relatos distorcidos em LB2. Vale ressaltar que nesse grupo, mesmo quem não

emitiu autorregra de acordo com os critérios do estudo, no caso P9, também passou a

distorcer os relatos após o questionamento reflexivo (LB2).

No Grupo 2, para o participante P2, não foram observados relatos não

correspondentes em nenhuma das condições experimentais. O participante não emitiu a

autorregra e também não distorceu. Os dois participantes do Grupo 2 que formularam

autorregras, P6 e P10, apesar de emitirem relatos não correspondentes antes do

procedimento de questionamento reflexivo, apresentaram aumento nas porcentagens

distorções após a realização desse procedimento.

Os participantes do Grupo 3 apresentaram resultados semelhantes aos do Grupo

1 e 2, sendo que P3, assim como P2 e P9, não emitiu a autorregra. Não foram

observados relatos não correspondentes para P3 nem na condição LB1 e nem na LB2.

Para os dois participantes do Grupo 3 que formularam a autorregra, P7 e P11, foi

possível observar um aumento na porcentagem de relatos distorcidos após a aplicação

do questionamento reflexivo. Sendo que P7 não emitiu relatos distorcidos antes do

questionamento reflexivo.

No Grupo 4, os participantes P4 e P8 apresentaram relatos não correspondentes

ao longo das 60 rodadas do estudo. Esses participantes, todavia, apresentaram um

número menor de distorções que qualquer outro participante dos outros três Grupos

após o questionamento reflexivo. Vale uma ressalva para o participante P4, que

apresentou o mesmo percentual de distorções do participante P9 do Grupo 1, que não

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formulou autorregra. O participante P12 não apresentou relatos distorcidos, assim como

os participantes P2 e P3, mesmo tendo esses sidos expostos ao procedimento de

questionamento reflexivo.

A Figura 5 contém a frequência acumulada de relatos distorcidos emitidos pelos

participantes dos quatros grupos, antes e depois do questionamento reflexivo. A linha

pontilhada indica o momento em que foi aplicado o procedimento de questionamento

reflexivo.

Com a Figura 5, é possível observar que dois participantes do Grupo 1 não

distorceram até a aplicação do procedimento de questionamento reflexivo. O

participante P1 começou a distorcer um pouco antes disso, porém logo após o

questionamento reflexivo P1 aumentou quantidade de distorções ao se verificar um

aumento na inclinação da curva de frequência acumulada. O participante P5 não

apresentou nenhum relato distorcido antes da aplicação do questionamento reflexivo,

porém, já na rodada logo após o questionamento reflexivo, passou a emitir relatos não

correspondentes. Além disso, P5 distorceu praticamente em todas as rodadas após o

questionamento reflexivo. O participante P9 não formulou autorregra, mas mesmo

assim distorceu. Entretanto, a Figura 5 demonstrou que a primeira distorção desse

participante acorreu apenas após o mesmo ter jogado 35 rodadas.

Já com os participantes do Grupo 2, é possível verificar que os dois participantes

que emitiram autorregra, P6 e P10, distorceram com uma frequência baixa até a rodada

que antecedia o questionamento reflexivo. Foram oito registros de distorções para P6 e

10 registros de distorções para P10. Após a aplicação do procedimento de

questionamento reflexivo, esses dois participantes apresentaram aumentos nas

inclinações das curvas de frequência acumulada, evidenciando um aumento na

frequência de distorções.

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Figura 5. Frequência acumulada de relatos distorcidos emitidos pelos participantes dos

quatros grupos. A linha pontilhada indica o momento em que foi aplicado o

procedimento de questionamento reflexivo.

0

10

20

30

40

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59

Grupo 1P1*P5*P9

0

10

20

30

40

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59

Grupo 2P2

P6*

P10*

0

10

20

30

40

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59

Grupo 3P3

P7*

P11*

0

10

20

30

40

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59

Grupo 4P4P8P12

Fre

quên

cia

acum

ula

da

de

Rel

atos

Dis

torc

idos

Rodadas

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38

No Grupo 3, apenas os participantes P7 e P11, que emitiram a autorregra, foram

os que distorceram. P11 já vinha distorcendo antes do procedimento de questionamento

reflexivo, mas numa frequência menor. Logo após o questionamento reflexivo ele

passou a distorcer em todas as rodadas, com exceção da 46º e 52º rodadas. P11 foi o

participante com o maior número de distorções no experimento, chegando ao total de 37

relatos não correspondentes. Já o P7 passou a distorcer apenas após o questionamento

reflexivo.

Considerando os dados dos participantes do Grupo 4, observa-se que P12 não

distorceu durante todo o experimento e P4 e o P8 passaram a distorcer em momentos

diferentes. P4 apresentou a primeira distorção na vigésima nona rodada e P8 na décima

primeira rodada. Ambos participantes apresentaram pausas nos relatos distorcidos em

alguns momentos.

A Figura 6 contém a Porcentagem de relatos distorcidos em função do valor

relatado do computador em relação ao valor da carta do participante na rodada. No

Grupo 1, é possível observar que em todas as rodadas das duas condições experimentais

que os participantes distorceram, isso aconteceu quando o computador relatou um valor

maior que a carta comprada pelos participantes na rodada. O participante P5 foi o único

que distorceu mesmo quando o computador relatou um valor de carta menor. Ainda

assim, P5 apresentou 55% das distorções nas rodadas em que o computador relatou um

maior valor de carta e apenas 10% quando relatou um valor menor.

O mesmo aconteceu com os participantes do Grupo 2. Ou seja, nesse grupo

também foi verificada uma maior porcentagem de distorção dos participantes quando o

computador relatou um valor maior que carta comprada por eles na rodada. Antes do

questionamento reflexivo P6 distorceu apenas em 3% das rodadas quando o computador

relatou uma carta menor e depois em 13% das rodadas em relatos do computador com

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cartas menores. P10, após o questionamento reflexivo, apresentou apenas 13% das

distorções nas rodadas em que o computador relatou um valor menor de carta.

Figura 6. Porcentagem de relatos distorcidos em função do valor relatado do

computador em relação ao valor da carta do participante na rodada. No gráfico, “Maior”

designa as rodadas nas quais a carta do computador era maior que a do participante e

“Menor” designa as rodadas nas quais a carta do computador era menor que a do

participante.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Maior Menor Maior Menor

20 40

P1*P5*P9

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Maior Menor Maior Menor

30 30

P2

P6*

P10*

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Maior Menor Maior Menor

40 20

P3

P7*

P11*

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Maior Maior Menor Menor

60

P4

P8

P12

Porc

enta

gem

de

rela

tos

dis

torc

idos

Rodadas Rodadas

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40

No Grupo 3 também foi verificada uma maior porcentagem de distorção dos

participantes quando o computador relatou um valor maior que carta comprada por eles

na rodada. Mesmo que em uma menor porcentagem, o participante P11 apresentou

distorções quando o computador relatou um valor de carta menor. Antes do

questionamento reflexivo foram registrados 47% de relatos distorcidos e desses, 7%

ocorreram em rodadas com relatos do computador com cartas menores. Depois do

questionamento reflexivo foram registrados 90% de relatos distorcidos e desses, 25%

ocorreram em rodadas com relatos do computador com cartas menores.

Ocorreu o mesmo com os participantes do Grupo 4. Ou seja, nesse grupo

também foi verificada uma maior porcentagem de distorção dos participantes quando o

computador relatou um valor maior que carta comprada por eles na rodada.

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Discussão

O objetivo do presente estudo foi investigar se o procedimento de

questionamento reflexivo criaria condições para a emissão de autorregras acuradas pelos

participantes e se a correspondência verbal seria afetada por isso. A principal hipótese

deste estudo era que o questionamento reflexivo seria um procedimento que favoreceria

a descrição das contingências em vigor no jogo pelos participantes, de modo que esses

distorcessem seus relatos mesmo sem a emissão de uma regra que explicitasse nas

instruções do jogo que o participante poderia emitir relatos distorcidos.

Na presente pesquisa, as instruções acerca das consequências para os relatos

distorcidos no jogo eram mínimas. Foram apresentadas dessa forma para criar um

contexto que necessitasse do procedimento de questionamento reflexivo para emissão

de uma autorregra descrevendo a maneira de jogar o jogo com maior probabilidade de

vitória (i.e., distorcer era vantajoso). Os dados analisados demonstraram que 66% dos

participantes emitiram a autorregra de acordo com os critérios previamente

estabelecidos. Ou seja, o procedimento de questionamento reflexivo aplicado no estudo

foi eficaz para que a grande maioria dos participantes que foram expostos a ele

formulasse a autorregra. A primeira questão do estudo foi verificar se o procedimento

era eficaz e os dados trouxeram evidencias de que sim. Pelo menos foi para seis dos

noves participantes expostos ao procedimento.

A segunda questão da presente pesquisa foi investigar se a autorregra formulada

pelo participante afetaria sua correspondência verbal. Os dados fornecem indícios de

que afetou, já que os seis participantes que emitiram a autorregra ou passaram a

distorcer quando ainda não o faziam, ou quando já distorciam, passavam a distorcer

com maior frequência.

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No que se refere às instruções, esse trabalho partiu de uma adaptação do jogo de

cartas dos estudos de Souza e cols. (2014) e Antunes e Medeiros (2016) e o pressuposto

é que as instruções, da maneira como apresentadas nessas pesquisas, foram importantes

para que o comportamento dos participantes ficasse sob o controle das contingências

que favoreceriam relatos distorcidos. Estudos demonstraram que a manipulação do

conteúdo das instruções influencia tanto no repertório de resolução de problemas quanto

nas descrições que o sujeito faz a respeito de determinada contingências. Um desses

estudos foi o de Simonassi, Oliveira, Gosh, Silva, Mujali e Souza (1997), que

manipulou o grau de especificidade da instrução utilizada para solicitar relatos dos

participantes. A instrução foi chamada de específica ou genérica e a primeira se diferia

da segunda por fazer uma descrição dos estímulos presentes na situação experimental e

a reposta relacionada à contingência. O número de formulações de regra foi maior na

instrução específica. Essa condição teve também um número maior de sujeitos que

solucionaram o problema.

Ribeiro (1989/2005) discutiu o possível efeito das regras sobre a

correspondência verbal. Em seu estudo, ele verificou que algumas crianças passaram a

distorcer apenas quando colegas os instruíram a fazer isso, o levando a concluir que

regras podem ser importantes na correspondência verbal. Em Souza e cols. (2014) e

Antunes e Medeiros (2014), também se observou efeito das instruções na

correspondência verbal. Souza e cols. (2014) não traziam instruções de que se poderia

distorcer, e as crianças que participaram desse estudo não distorceram ao relatar. Já as

instruções do jogo de Antunes e Medeiros (2014) traziam instruções claras para que os

participantes de que estes poderiam distorcer, sendo verificada uma alta ocorrência de

relatos distorcidos pelos participantes. O jogo do presente estudo não apresentou

instruções para que os participantes distorcessem nem descreveu o que aconteceria caso

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os relatos não fossem correspondentes o que, para adultos, foi suficiente para que as

contingências que favorecem a emissão de relatos não correspondentes controlassem os

comportamentos dos participantes.

Quanto a segunda questão da presente pesquisa, cujos dados coletados

forneceram indícios de que a autorregra formulada pelo participante afetou sim a

correspondência verbal, é válido ressaltar que esses dados podem ser corroborados por

diversas pesquisas que investigaram controle por regras e demonstraram que,

participantes quando solicitados por pedidos ou perguntas, podem formular autorregras

com a probabilidade de terem seus comportamentos afetados por elas (Paracampo,

Albuquerque, Mescouto & Farias, 2013; Silva & Albuquerque, 2006).

Ocorre que ao mesmo tempo em que o participante formula a autorregra, seu

comportamento já pode estar sob o controle da contingência descrita por ele. Isso torna

difícil dizer que, ele continuar se comportando de acordo com a contingência, teria uma

relação com a modelagem pela contingência ou com a descrição que ele fez da

contingência. Silva e Albuquerque (2006), em seu estudo afirmaram que, para

identificar precisamente como as perguntas interferiram no desempenho dos

participantes, seria necessário separar as funções das perguntas das funções das

contingências de reforço. Entretanto, os autores ressaltam que esta separação seria

difícil justamente porque, quando as perguntas são feitas, os comportamentos dos

participantes já estão em contato com as contingências de reforço programadas.

Silva e Albuquerque (2006) pesquisaram os efeitos de perguntas e de histórias

de reforço contínuo sobre o seguir regra. Estudantes universitários foram expostos a um

procedimento de escolha segundo o modelo e tinham que apontar três estímulos de

comparação em sequência na presença de um estímulo contextual (i.e., duas lâmpadas

disposta paralelamente ao aparato experimental). Na primeira condição experimental as

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perguntas não foram feitas. Em duas condições experimentais seguintes foram. Os

autores concluíram que quando as perguntas foram feitas, as contingências de reforço

programadas para o comportamento não-verbal exerceram controle discriminativo sobre

o desempenho dos participantes. Quando elas não foram feitas, tal controle não foi

observado.

No presente estudo, considerando os dados do participante P11, pode ser

retomada a análise do que foi pontuado quanto ao fato de ao mesmo tempo em que o

participante formulava a autorregra, seu comportamento já estava sobre controle da

contingência. P11 já tinha apresentado algumas distorções antes mesmo de emitir a

autorregra. Porém, logo após o questionamento reflexivo ele passou a distorcer em

todas as rodadas, com exceção da 46º e 52º rodadas. Os dados de P11 apontaram que o

que pode ter ocorrido foi mais um efeito da contingência sobre o relato verbal desse

participante do que necessariamente o efeito do relato verbal sobre como ele se

comportou depois do questionamento reflexivo.

Apesar do comportamento de P11 ter ficado mais sistemático depois da

manipulação da variável independente, parecia que antes o comportamento dele já

estava sobre controle das contingências do jogo. O critério para considerar um

comportamento mais sistemático é o fato do participante ter passado a distorcer em 90%

das rodadas após a manipulação da variável independente. Os dados de P11 mostram

que de 40 rodadas de linha de base antes do questionamento reflexivo, em 19 ele

incorreu em distorção.

O mesmo pode ter acontecido com P6 e P10, já que ambos já tinham

apresentado algumas distorções antes mesmo de emitir a autorregra. Antes do

questionamento reflexivo, P6 apresentou 27% de distorções e P10 apresentou 37%.

Esses dados podem ser evidências de que quando emitiram a autorregra, esses

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participantes descreveram a contingência que aparentemente já estava controlando o

comportamento deles no jogo. As autorregras formuladas por P6 e P10 foram

respectivamente “se for baixa eu coloco carta alta” e “só vou colocar valor alto”. A

partir do momento que P6 e P10 descreveram a contingência pôde ser observada uma

maior frequência de relatos não correspondentes.

Esse resultado tem uma semelhança com o que foi encontrado nos dados dos

participantes P4 e P8 do Grupo 4. Eles foram distorcendo, mas de uma maneira pouco

sistemática, similar com o que aconteceu com os participantes P6, P10 e P11. Partindo

desse padrão, é possível hipotetizar que se tivesse sido aplicado o procedimento de

questionamento reflexivo nos participantes P4 e P8, talvez ambos passariam a distorcer

de forma mais regular (i.e., praticamente em todas as rodadas que o computador relatou

um valor de carta mais alto), assim como fizeram P6, P10 e P11, logo após o

procedimento de questionamento reflexivo.

Quando o comportamento de um participante não está de acordo com a

contingência e, após o questionamento reflexivo ou as perguntas como no experimento

de Silva e Albuquerque (2006), é percebido que o comportamento é modificado quando

ele formula a resposta à pergunta, tem-se um indício mais forte de que o comportamento

do participante ficou sobre controle da autorregra. É o que pode ter ocorrido como os

participantes P5 e P7, que só começaram a emitir relatos distorcidos depois que

passaram pelo procedimento de questionamento reflexivo e formularam a autorregra.

É válido ressaltar que muitos experimentos utilizando o jogo de cartas (Antunes

& Medeiros, 2016; Brito & cols., 2014; Medeiros & cols., 2013;) demonstraram que

quando um participante distorcia aumentava a probabilidade do outro fazer o mesmo.

Em seu estudo, Ribeiro (1989/2005) também destacou o controle por modelos que

ocorreu a partir da observação de algumas crianças que especialmente em grupo, não

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apresentaram correspondência entre sua verbalização e o seu brincar de fato, ou seja,

relataram que brincaram mesmo sem tê-lo feito.

No presente estudo, aprendizagem por observação de modelos também pode

ajudar a explicar porque alguns participantes distorceram antes do questionamento

reflexivo. Isso porque o computador ter distorcido em aproximadamente 25% das

rodadas e a checagem ter ocorrido em um terço delas pode ter servido de modelo em

rodadas com checagem. Se for observado os dados do Grupo 2, já na primeira rodada

desse Grupo, foi programado para o computador distorcer com a ocorrência de

checagem. Dos três participantes desse grupo, dois passaram a distorcer já na rodada

seguinte. P6 e P10 apresentaram outras distorções nas rodadas de linha de base 1.

Sobre o computador distorcer, é válido dizer que esse fato pode ter sido

inclusive uma limitação do presente estudo. Isso porque o computador distorcer pode

ser um modelo que aumenta a probabilidade de os participantes emitirem relatos não

correspondentes. Uma forma de resolver esse problema seria replicar esse experimento

com o computador não distorcendo em nenhuma das condições experimentais. É válido

esclarecer, que a decisão pela ocorrência de distorção pelo computador, foi tomada na

tentativa de deixar o jogo mais plausível, aumentando a probabilidade de o participante

jogar como se tratasse de jogo real, livre de manipulações experimentais prévias.

Contudo, ainda assim, permanece a sugestão de replicação do experimento com o

computador passando a distorcer em momentos distintos para diferentes grupos em um

delineamento de grupo.

Falando ainda sobre aprendizagem por modelo, essa condição também pode

ajudar a explicar porque alguns participantes distorceram mesmo sem terem emitido a

autorregra. P9, por exemplo, não formulou a autorregra e distorceu a partir da rodada

35, o que indica a possibilidade de controle pelas distorções do computador com

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checagem. Outra análise que caberia para P9 é de que talvez ele tenha emitido a

autorregra, mesmo que sua resposta não esteja de acordo com o que foi definido

previamente no procedimento. Se for tomada como base a resposta que ele deu à décima

pergunta “falar um número maior”, cabem duas possíveis interpretações. Quando P9

respondeu “acho que optando pelo mesmo valor” à décima primeira pergunta, ele podia

estar fazendo referência ao mesmo valor da carta que tirou ou podia estar fazendo

referência a um número maior. Isso pode ser evidenciado a partir da 35º rodada, onde

P9 passou a relatar sempre 10 quando o computador relatou um valor da carta maior que

o da carta dele. A partir dessa rodada, P9 só não distorceu quando a carta dele já era

maior que a do computador ou quando o computador relatou 10. Nesse último caso ele

não tinha como escolher o mesmo valor no painel de relato, tendo em vista que um dos

critérios do procedimento foi não permitir ocorrência de empate.

Para todos os participantes que emitiram a autorregra, foi observado um efeito

imediato sobre o modo como passaram a jogar. Talvez fique difícil atribuir as distorções

de P9 ao procedimento de questionamento reflexivo, já que não foi observada a questão

da contiguidade temporal. Contudo, não se pode excluir totalmente a possibilidade do

seu efeito, já que emitir uma autorregra ou alguém emitir uma regra para outra pessoa

não significa que essa autorregra será seguida de imediato (Skinner, 1953/2003).

Como já visto, Souza e cols. (2014) manipularam perguntas abertas e perguntas

fechadas para verificar os efeitos de uma e de outra sobre a correspondência verbal.

Paracampo e cols., (2013) também realizaram um estudo manipulando perguntas e

respostas, mas com um objetivo diferente dos estudos de Souza e cols (2014).

Paracampo e cols. (2013) manipularam perguntas com o objetivo verificar se as regras

dispostas em uma história infantil passariam a exercer controle sobre o comportamento.

Ou seja, se perguntas poderiam facilitar o controle por regras à medida que

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aumentassem a sensibilidade dos participantes a essas regras. As regras das histórias

utilizadas no experimento eram regras metafóricas (i.e., moral da história). As perguntas

tinham como meta aumentar o controle dessa regra sobre o comportamento de doar

bombons das crianças.

Um tipo de pergunta feita foi: “O que aconteceu quando Maurício resolveu

dividir o bolo?”. Todas as perguntas do experimento tinham uma topografia semelhante

a essa. As perguntas utilizadas no experimento de Paracampo e cols. (2013) foram

perguntas abertas conforme a definição de Medeiros e Medeiros (2012), uma vez que

esses autores afirmam que perguntas abertas são aquelas que favorecem respostas mais

descritivas. As perguntas do experimento podem ser classificadas dessa forma porque

nenhuma delas poderia ser respondida com topografias de respostas “sim” e “não”.

Os resultados encontrados por Paracampo e cols. (2013) demonstraram que a

frequência do comportamento de doar aumentou quando o experimentador fez

perguntas abertas que ressaltaram as regras contidas na história a esse respeito. Após as

crianças verbalizarem a resposta, em dois dos três grupos do experimento, a

experimentadora descrevia a resposta para as crianças. Esses resultados podem indicar

que a apresentação de perguntas abertas pode contribuir para aumentar o controle das

regras contidas em um texto, facilitando o controle por tais regras sobre o

comportamento por elas especificado.

Pode-se dizer que efeito semelhante foi observado na presente pesquisa, já que

as perguntas abertas contidas no questionamento reflexivo criaram condições para a

emissão de autorregras pelos participantes e a correspondência verbal foi afetada. Ou

seja, o questionamento reflexivo pode ter favorecido o controle pelas contingências em

vigor no jogo pelos participantes, de modo que eles distorcessem seus relatos a partir da

autorregra formuladas por eles.

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Além do custo de respostas, Souza e cols. (2014) consideraram que uma possível

história de aprendizagem para relatos precisos poderia ter contribuído para os resultados

encontrados. Talvez alguns participantes do presente estudo, em sua história de vida,

quando emitiram relatos precisos, tiveram esses comportamentos reforçados, ainda que

esses não fossem passíveis de reforçamento. Além disso, mais do que o reforçamento

para relatos precisos, também pode-se supor que eles possam ter vivido um histórico de

punição para relatos distorcidos. Skinner (1957/1978) discorre sobre isso dizendo que o

falante pode passar a não emitir determinada resposta porque ela foi punida, de modo

que essa resposta venha a se tonar um estímulo aversivo condicionado. Nesse caso, o

sujeito passaria a não emitir o comportamento passível de punição.

Os dados dos participantes P2 e P3 podem ser resultado ou de uma possível

história de aprendizagem para relatos precisos ou de uma possível história de punição

para relatos distorcidos. Isso se justifica porque não foram observados relatos não

correspondentes em nenhuma das condições experimentais para esses dois participantes.

Pode ser sugerido um estudo mais longo, em que se manipule a história de reforçamento

e punição para relatos precisos e distorcidos. A contribuição disso seria verificar se a

história de aprendizagem para relatos precisos e distorcidos afetaria como os

participantes se comportariam nesse jogo em uma condição futura.

Ainda sobre isso, considerando os dados de P9, observa-se que ele foi um dos

participantes que menos distorceu no jogo, ganhando em quantidade de distorções

apenas do participante P7, que apesar de emitir a autorregra distorceu muito pouco.

Uma hipótese para os resultados de P9 e P7 pode ser a de uma possível história de

aprendizagem para relatos precisos ou de uma possível história de punição para relatos

distorcidos, mas também para um baixo valor reforçador da consequência “vale

presente” oferecida para quem ganhasse a partida. Talvez a troca por outro reforço

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material poderia ter contribuído para aumentar o valor reforçador de vencer as rodadas.

No estudo de Souza e cols. (2014), o baixo valor reforçador da consequência foi

considerado como uma possível explicação para a pouca frequência de distorções dos

relatos das crianças. No presente estudo, considera-se a hipótese de que ganhar o jogo

talvez não tenha reforçado os comportamentos dos participantes P9 e P7 de distorcer

nas rodadas. Utilizar outro tipo de reforçador material, que não um vale presente de

livraria, pode ser uma modificação que contribua para novas pesquisas sobre esse tema.

No estudo de Souza e cols. (2014), as distorções além de ocorrerem na condição

pergunta fechada, as crianças só distorceram seus relatos quando eram as segundas a

jogar. Brito e cols. (2014) também encontraram mais distorções quando os participantes

eram os segundos a relatar. Medeiros e cols. (2013) observaram que quando os

participantes eram os primeiros a relatar foi registrada uma diminuição da distorção dos

relatos.

Apesar da vez de relatar na rodada não ter sido uma variável manipulada na

presente pesquisa, há uma probabilidade de as contingências do jogo terem tornado a

vez de relatar na rodada uma vantagem. Isso porque mesmo com checagem, o jogo

aconteceu sem punição para relatos distorcidos. Ou seja, tanto na LB1 quanto na LB2,

quando o outro participante, no caso, o computador, distorcia o valor da carta que tirou,

não tinha perda de pontos e nem compra de cartas como nos estudos de F. H. Medeiros

(2012), Medeiros e cols. (2013), Souza e cols. (2014), Antunes e Medeiros (2016) e

Brito (2017).

Brito (2017) verificou o efeito do ganho e da perda de pontos na

correspondência verbal em um jogo de cartas. Assim como no presente estudo, em seu

experimento também ganhava a partida quem conseguisse obter o maior número de

pontos com as rodadas. Brito (2017) discute que seria vantajoso ser o segundo a relatar

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na rodada, justificando que o computador relatar um valor menor que o valor da carta

que o participante tirou seria um estímulo discriminativo para distorcer o relato. Para

Brito (2017), tal estímulo faria com que o valor da carta alterasse a função do relatar

com precisão, já que o computador relatar um valor inferior daria ao participante 100%

de chance de ganhar pontos na rodada.

No estudo de Brito (2017) os pontos eram obtidos ou mantidos quando se

relatava o maior valor da carta nas rodadas em que não havia checagem, ou dependendo

da precisão do relato verbal nas rodadas em que havia checagem do relato. A depender

das contingências dispostas, quem emitisse relato não correspondente nas partidas com

checagem podia tanto perder quanto ganhar pontos. Diferentemente, no presente estudo,

independente de relatar com precisão ou não, sempre ganharia a rodada o jogador que

relatasse o maior valor. Ou seja, não ter consequência para relatos distorcidos pode ter

feito das rodadas em que o computador relatava uma carta maior contexto antecedente

para o participante distorcer. O presente estudo poderia ser replicado aplicando-se

consequências diferenciais para relatos distorcidos e precisos, investigando como

consequências para relatos não correspondentes poderiam ter influenciado nos dados

encontrados.

Em F. H. Medeiros (2012) também foi considerado que o computador relatar um

valor maior que o valor da carta que o participante tirou seria um estímulo

discriminativo para distorcer o relato. No presente estudo, os participantes que

distorceram o relato também o fizeram quando tiraram uma carta com valor menor que

o relato que do seu oponente na maioria das rodadas. O fato de o computador ter dito

um valor menor que a do participante, em princípio, não seria uma ocasião para relato

distorcido. Entretanto, ainda assim, alguns participantes distorceram nessa situação. F.

H. Medeiros (2012) e Brito (2017) também observaram o mesmo.

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Até nas rodadas onde o computador relatava a carta 10, como não se ganhava

com empate, ou seja, mesmo se o participante distorcesse, ele não teria chances de

ganhar na rodada, ainda assim foram observadas distorções. F. H. Medeiros (2012)

também encontrou casos assim. Na Figura 6, é possível observar que P5 distorceu após

o questionamento reflexivo e apresentou 10% dessas distorções nas rodadas em que o

computador relatou um valor menor. Já o participante P6 o fez antes do questionamento

em 3% das rodadas que o computador relatou um valor menor. Depois do

questionamento reflexivo P6 distorceu em 13% das rodadas que o computador relatou

um valor menor. P10, após o questionamento reflexivo apresentou 13% das distorções

nas rodadas em que o computador relatou um valor menor de carta.

Ao que se refere ao contato com a contingência, pode-se dizer que se o jogo do

experimento fosse realizado com mais que 60 rodadas, talvez o comportamento dos

participantes P2, P3 e P12 ficariam sobre controle das contingências que estavam

vigorando no jogo. Isso pode abrir perspectivas de replicação desse estudo, onde essa

seria uma possível modificação a ser testada.

Outra variável importante para os resultados desse estudo diz respeito ao modo

pelo qual foi feito o registro das respostas do participante pelo experimentador. Alguns

estudos (e.g., Antunes & Medeiros, 2016; Medeiros & cols., 2013) que investigaram a

correspondência verbal, o modo como o registro dos relatos distorcidos foi feito pelo

experimentador pode ter interferido na correspondência verbal dos participantes. Na

presente pesquisa, a experimentadora não coletou os dados na presença do participante,

sendo que a ausência pode ter influenciado de alguma maneira nos resultados

encontrados. Talvez a ausência da experimentadora possa ter favorecido a ocorrência de

mais distorções pelos participantes que não emitiram a autorregra. Pode ter contribuído

também para alguns participantes emitirem relatos distorcidos antes do questionamento

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reflexivo. Por último, pode ajudar a explicar as distorções dos participantes P4 e P8 do

Grupo 4, que não passaram pelo procedimento de questionamento reflexivo, mas que

ainda sim distorceram. F. H. Medeiros (2012) também utilizou o jogo computadorizado

onde o participante jogava sozinho, e encontrou mais distorções utilizando um jogo

programado no computador. Brito (2017) também fez o registro dos relatos a partir da

programação de um jogo computadorizado e sem a presença da experimentadora, porém

não observou aumento da frequência de distorções como ocorreu em F. H. Medeiros

(2012).

O procedimento de questionamento reflexivo utilizado no presente estudo foi

uma variável independente manipulada em outras pesquisas que investigaram a sua

eficácia na formulação de autorregras. No estudo de R. Medeiros (2016), os resultados

obtidos durante o procedimento de questionamento reflexivo apontaram que três

participantes já tinham alterado a freqüência de relatos para temas de menor interesse.

Ou seja, praticamente todos participantes conseguiram descrever que obtinham maior

atenção para respostas verbais dos temas previamente apontados por eles como sendo os

de menor interesse. Em função disso, R. Medeiros (2016) não conseguiu verificar o

efeito do questionamento reflexivo como variável independente. Já no presente estudo,

talvez em função de uma menor probabilidade do comportamento ter ficado sobre o

controle das contingências, tenha sido possível observar o efeito do questionamento

reflexivo com mais clareza. Isso pode ter uma relação como o fato do estudo de R.

Medeiros (2016) ter utilizado apenas reforçamento diferencial e a presente pesquisa ter

utilizado um jogo construído com uma grande quantidade de regras.

Na pesquisa de Souza e cols. (2011) e Silva (2012), o objetivo quanto à

manipulação do questionamento reflexivo enquanto variável independente teve outro

objetivo. Nesses estudos, o objetivo não foi verificar se o questionamento reflexivo

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produziria autorregra. O objetivo era verificar se uma vez produzida a autorregra via

questionamento reflexivo, se elas seriam seguidas ou não. Da mesma maneira que os

participantes do estudo de Souza e cols. (2011), ao formularem autorregra mudaram seu

comportamento no contexto clínico, para alguns participantes do presente estudo parece

que o mesmo ocorreu. Isso porque os participantes que emitiram a autorregra mudaram

a sua forma de jogar.

Silva (2012) também avaliou o seguimento de regras no contexto clínico. As

autorregras foram geradas, durante o processo terapêutico a partir de questionamentos

reflexivos. No presente estudo, o procedimento de questionamento reflexivo foi eficaz

para os participantes formularem a autorregra e, assim como Silva (2012) identificou o

seguimento da autorregra, nessa pesquisa também se pode dizer que foi verificado o

mesmo. A frequência das distorções encontradas nos dados dos participantes P5, P6,

P10, P7, P11 são indícios que os comportamentos desses participantes ficaram sob o

controle da contingência descrita na regra formulada por eles passando a se comportar

de acordo com essa descrição (Tabela 4).

Os estudos de R. Medeiros (2016), Silva (2012) e Souza e cols. (2014)

investigaram a eficácia do questionamento reflexivo. O procedimento de

questionamento reflexivo usado no experimento é um procedimento que vem sendo

muito utilizado na clínica (Medeiros & Medeiros, 2012). Como base nos resultados

desses estudos, e somando os dados encontrados na presente pesquisa, ganham-se

evidências de o questionamento reflexivo ser um procedimento que possa ter eficácia no

contexto clínico. Porém, essa afirmativa deve ser feita com ressalvas, já que os estudos

de Silva (2012) e Souza e cols. (2014) foram feitas no contexto de pesquisa aplicada e o

presente estudo e o de R. Medeiros (2016) foram realizados no contexto de pesquisa

básica.

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Os dados coletados nessas pesquisas são os primeiros apontamentos de que o

procedimento questionamento reflexivo está alinhado com sua proposta quanto a

aperfeiçoar o controle discriminativo da contingência sobre respostas verbais. Medeiros

e Medeiros (2012) afirmam que o questionamento reflexivo é um procedimento que se dá

por meio de perguntas abertas, que visa gerar autorregras, aperfeiçoando o controle

discriminativo da contingência sobre as respostas verbais do cliente. Os resultados da

presente pesquisa, que mostrou que o questionamento reflexivo criou condições para a

emissão da autorregras e que favoreceu a discriminação das contingências, somados a

esses de pesquisas anteriores, pode colaborar para a validação do seu uso na clínica.

Silvares e Gongora (2006) afirmaram que tanto as perguntas abertas quantos as

fechadas são ferramentas de intervenção e podem auxiliar na investigação da

correspondência verbal. Em contrapartida, Medeiros e Medeiros (2012) afirmam que são

as perguntas abertas que favorecem respostas mais descritivas do que apenas topografias

de respostas como “sim” e “não”. Vale ressaltar que o questionamento reflexivo

funciona por meio de perguntas abertas, mas não se resume a isso. As perguntas além de

abertas, elas são encadeadas e tem que estar sob controle discriminativo do que o cliente

respondeu na pergunta feita anteriormente. Na clínica, isso pode criar ocasião e

favorecer descrições verbais mais precisas pelos clientes. Para clínicos, quanto maior a

chance de se obter relatos mais precisos, maior serão as chances de se atingir os

objetivos terapêuticos (Banaco, 1999).

A presente pesquisa contribuiu no sentido de ter analisado se o procedimento de

questionamento reflexivo criaria condições para a emissão de autorregras pelos

participantes e se a correspondência verbal seria afetada por isso. Os resultados

encontrados abrem possibilidades para replicações em pesquisas futuras, contribuindo

para mais estudos ao que se refere o fenômeno nomeado de correspondência verbal,

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assim como, para a validação do questionamento reflexivo com procedimento capaz de

gerar autorregras e de aperfeiçoar o controle discriminativo da contingência sobre

respostas verbais. Esse estudo também foi uma das primeiras tentativas de se fazer um

refinamento conceitual e metodológico a respeito do seu uso dentro da Análise

Experimental do Comportamento.

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F. H. Medeiros (2012). Contingências de reforçamento positivo e punição negativa na

correspondência verbal. Monografia de Graduação, Centro Universiário de

Brasília, DF, Brasil. Retirado em 29/11/2017 de

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Hayes, S.C., Brownstein, A. J., Zettle, R. D., Rosenfarb, I., & Korn, Z. (1986). Rule-

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60

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Delliti, M. Z. Brandão, P. R. Derdyk, R. R. Kerbauy, R. C. Wielenska, R. A.

Banaco & R. Starling, Trads.). Santo André: ESETEc. (Trabalho original publicado

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Linehan, M. (2010). Terapia Congnitivo-Comportamental para Transtorno da

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Medeiros, C. A. (2010). Comportamento governado por regras na clínica

comportamental: algumas considerações. Em A. K. C. R. de-Farias (Org.), Análise

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Medeiros, C. A. (2014). Questionamento reflexivo: como intervir de forma eficaz sem

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Medeiros, C. A. & Medeiros, N. N. F. A. (2012). Psicoterapia Comportamental

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Medeiros, C. A., Oliveira, J. A., & Silva, C. O. (2013). Correspondência verbal em

situação lúdica: efeito da probabilidade de checagem. Revista Fragmentos de

Cultura, 23, (4), 563-578.

Nery, S. S. (2008). Algumas relações do comportamento cooperativo com as variáveis

custo de respostas e magnitude do reforço. Anuário de Produção Acadêmica

Docente, 2, (30), 9-30.

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61

Paracampo, C. C. P, & Albuquerque, L. C. (2005). Comportamento Controlado por

Regras: Revisão crítica de proposições conceituais e resultados experimentais.

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Paracampo, C. C. P, Albuquerque, L. C., Mescouto, W. A., & Farias, A. F. (2013).

Efeitos de Perguntas e de Respostas às Perguntas Sobre o Seguir Regras

Apresentadas em uma História Infantil. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 29, (4), 369-

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R. Medeiros, (2016). Efeito do reforçamento diferencial e questionamento reflexivo

sobre o tema do comportamento verbal. Monografia de Graduação, Centro

Universitário de Brasília, DF, Brasil. Retirado em 29/12/2017 de

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Reynolds, G. S. (1961). Attention in pigeon. Journal of the Experimental Analysis of

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Sanabio, E. T., & Abreu-Rodrigues, J. (2002). Efeitos de contingências de punição

sobre os desempenhos verbal e não verbal. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 18, (2),

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Sério, T. M. A. P.; Andery, M. A.; Gioia, P. S., & Micheletto, N. (2002). Controle de

estímulos e comportamento operante: uma (nova) introdução. São Paulo: Educ.

Shimoff, E., Catania, A. C., & Matthews, B. A. (1981). Uninstructed human

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Silva, A. P. A. (2012). Efeitos de Regras e Autorregras na Mudança Comportamental

na Clínica Psicológica. Monografia de Graduação, Centro Universitário de

Brasília, DF, Brasil. Retirado em 29/12/2017, de

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Silva, F. M., & Albuquerque, L. C. (2006). Efeitos de perguntas e de histórias

experimentais sobre o seguir regras. Psicologia:Teoria e Pesquisa, 22, (2), 133-

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Silvares, E. F. M., & Gongora, M. A. N. (2006). Psicologia clínica comportamental: a

inserção da entrevista com adultos e crianças. São Paulo: EDICON.

Simonassi, L. E., Oliveira, C. I., Gosh, C. S., Silva, A. V., Mujali, M., & Souza, A.

V.(1997). Instruções: efeito sobre solução de problema e formulação de

regras. Temas em Psicologia, 5, (1), 79-92.

Skinner, B. F. (2003) Ciência e comportamento humano. (J. C. Todorov & R. Azzi, Trads.).

São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1953).

Skinner, B. F. (2000). Sobre o Behaviorismo. (M. P. Villalobos, Trad.) São Paulo:

Cultrix. (Trabalho original publicado em 1974).

Skinner, B. F. (1978). Comportamento verbal (M. P. Villalobos, Trad.) São Paulo: Cultrix.

(Trabalho original publicado em 1957).

Skinner, B. F. (1984). Contingências do reforço: Uma análise teórica. (R. Moreno,

Trad.). Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural. (Trabalho original

publicado em 1969).

Souza, A. S., Medeiros, C. A, Aragão, M. O. F., Medeiros, F. H., & Silva, A. P. A.

(2011). Regras versus Autorregras: que tipo de regras é mais eficaz na modificação

do comportamento? Em C. V. B. B. Pessoa, C. E. Costa & M. F. Benvenuti

(Orgs.), Comportamento em Foco. (vol. 01, pp. 631-644. São Paulo: ABPMC.

Page 72: EFEITO DO QUESTIONAMENTO REFLEXIVO SOBRE A EMISSÃO DE …€¦ · Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia do Centro Universitário de

63

Souza, R. S., Guimarães, S. S., Antunes, R. A. B., & Medeiros, C. A. (2014).

Correspondência verbal em um jogo de cartas: perguntas abertas e fechadas. Em C.

V. B. B. Pessoa, C. E. Costa & M. F. Benvenuti (Orgs.), Comportamento em Foco.

(vol. 04, pp. 189-204). São Paulo: ABPMC.

Wechsler, A. M., & Amaral, V. R. (2009). Correspondência verbal: Uma Revisão da

Literatura. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 9, (2), 189-

208.

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64

Anexos

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65

Anexo A

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE

“Efeito do Questionamento Reflexivo sobre Autorregras e sobre a Correspondência Verbal em um Jogo de Cartas”

Instituição dos pesquisadores: UniCEUB –Centro Universitário de Brasília

Pesquisadores responsáveis: Denise Lettieri Moraes e Carlos Augusto de Medeiros

Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O texto abaixo apresenta todas as informações necessárias sobre o que estamos fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a qualquer momento, isso não lhe causará prejuízo. O nome deste documento que você está lendo é Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Antes de decidir se deseja participar (de livre e espontânea vontade) você deverá ler e compreender todo o conteúdo. Ao final, caso decida participar, você será solicitado a assiná-lo e receberá uma cópia do mesmo. Antes de assinar, faça perguntas sobre tudo o que não tiver entendido bem. A equipe deste estudo responderá às suas perguntas a qualquer momento (antes, durante e após o estudo). Natureza e objetivos do estudo

O objetivo específico deste estudo é verificar a influência do procedimento de questionamento reflexivo num jogo de cartas.

Você está sendo convidado a participar por ser estudante de Psicologia, sendo totalmente ingênuo ao experimento.

Procedimentos do estudo

Sua participação consiste em jogar um jogo de cartas, conforme as instruções que serão lidas e entregues por escrito.

Não haverá nenhuma outra forma de envolvimento ou comprometimento neste estudo.

A pesquisa será realizada no UniCEUB, numa sala a combinar no dia da assinatura deste termo.

Riscos e benefícios

Apesar de se reconhecer riscos mínimos em pesquisa, a presente pesquisa não traz nenhum risco aparente pela participação, por se tratar de um procedimento composto só por uma sessão, que irá se dar em ambiente universitário, com a necessidade de execução de apenas uma tarefa simples no computador, com média de duração de 40 minutos. Caso os participantes tenham algum prejuízo ao participar da pesquisa, os experimentadores se comprometem a assisti-los de maneira a minimizar desconfortos.

Medidas preventivas (como o experimentador estar próximo aos participantes para qualquer atendimento de solicitação) serão tomadas durante todo o procedimento para minimizar qualquer incômodo.

Não há benefício direto ao participante, pois a pesquisa não tem pretensão de medir diagnóstico e nem visa aplicar nenhum tratamento experimental. São participantes típicos, normais e a pesquisa se destina meramente a coletar dados. O benefício indireto é a participação em pesquisa, o que pode contribuir com sua formação científica enquanto aluno de Psicologia.

Caso esse procedimento possa gerar algum tipo de constrangimento, você não

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66

precisa realizá-lo. Participação, recusa e direito de se retirar do estudo

Sua participação é voluntária. Você não terá nenhum prejuízo se não quiser participar.

Você poderá se retirar desta pesquisa a qualquer momento, bastando para isso entrar em contato com um dos pesquisadores responsáveis.

Conforme previsto pelas normas brasileiras de pesquisa com a participação de seres humanos, você não receberá nenhum tipo de compensação financeira pela sua participação neste estudo.

Confidencialidade

Seus dados serão manuseados somente pelos pesquisadores e não será permitido o acesso a outras pessoas.

Os dados e instrumentos utilizados ficarão guardados sob a responsabilidade de Denise Lettieri Moraes com a garantia de manutenção do sigilo e confidencialidade, e arquivados por um período de 5 anos; após esse tempo serão destruídos.

Os resultados deste trabalho poderão ser apresentados em encontros ou revistas científicas. Entretanto, ele mostrará apenas os resultados obtidos como um todo, sem revelar seu nome, instituição a qual pertence ou qualquer informação que esteja relacionada com sua privacidade.

Se houver alguma consideração ou dúvida referente aos aspectos éticos da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Brasília – CEP/UniCEUB, que aprovou esta pesquisa, pelo telefone 3966.1511 ou pelo e-mail [email protected]. Também entre em contato para informar ocorrências irregulares ou danosas durante a sua participação no estudo. Eu, _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ RG __ ____ __, após receber a explicação completa dos objetivos do estudo e dos procedimentos envolvidos nesta pesquisa concordo voluntariamente em fazer parte deste estudo. Este Termo de Consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, e a outra será fornecida ao senhor(a).

Brasília, ____ de __________de _ .

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Participante

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Denise Lettieri Moraes, celular 061. 99966-6439

Endereço dos(as) responsável(eis) pela pesquisa (OBRIGATÓRIO):

Instituição: Centro Universitário de Brasília - UniCEUB

Endereço: SEPN 707/907 - Campus do UniCEUB, Campus Asa Norte - Bloco 3 – Térreo

Bairro: Asa Norte – Brasília – DF CEP: 70790-075

Telefones p/contato: (61) 3966-130

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67

Anexo B

GRUPO 1

ganhando PC PART

Faixa 1

Faixa 2

Faixa 3

3 PARA 1 /1 /1

2,3,4 5,6,7 8,9,10

3 PARA 2 /2 /2

2 PARA 1 /2 /2

Dist. PC

Protocolo de Registro

Participante:

Grupo 1 - 20/40

Condição Rodada Jogador Nº da carta

Nº relatado Nº no dado

Pontuação Tem

maior carta

Checagem

LB1

1 PC 9 9

3

PC S Part 6

2 PC 9 9

4

PC N Part 3

3 PC 7 7

2

PC N Part 4

4 PC 5 10

5

P N Part 8

5 PC 4 4

6

P N Part 8

6 PC 4 10

3

P S Part 9

7 PC 3 3

5

P N Part 9

8 PC 2 10

6

P N Part 7

9 PC 6 6

4

PC N Part 4

10 PC 9 9

1

PC S Part 6

11 PC 6 6

4

P N Part 9

12 PC 6 10

4

P N Part 9

13 PC 7 7

5

PC N Part 4

14 PC 10 10

1

PC S Part 4

15 PC 8 8 6 PC N

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68

Part 5

16 PC 2 2

3

P S Part 7

17 PC 8 8

5

PC N Part 7

18 PC 3 3

2

P N Part 6

19 PC 4 10

1

P S Part 8

20 PC 10 10

2

PC N Part 3

LB2

1 PC 9 9

3

PC S Part 6

2 PC 9 9

4

PC N Part 3

3 PC 7 7

3

PC S Part 4

4 PC 5 10

5

P N Part 8

5 PC 4 4

6

P N Part 8

6 PC 4 10

3

P S Part 9

7 PC 3 3

5

P N Part 9

8 PC 2 10

6

P N Part 7

9 PC 6 6

4

PC N Part 4

10 PC 9 9

1

PC S Part 6

11 PC 6 6

4

P N Part 9

12 PC 6 10

5

P N Part 9

13 PC 7 7

5

PC N Part 4

14 PC 10 10

1

PC S Part 4

15 PC 8 8

6

PC N Part 5

16 PC 2 2

3

P S Part 7

17 PC 8 8 5 PC N

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69

Part 7

18 PC 3 3

2

P N Part 6

19 PC 4 10

1

P S Part 8

20 PC 10 10

2

PC N Part 3

21 PC 6 6

1

PC S Part 3

22 PC 7 7

2

PC N Part 2

23 PC 4 10

3

P S Part 8

24 PC 8 8

6

PC N Part 6

25 PC 5 5

6

P N Part 8

26 PC 4 4

3

P S Part 8

27 PC 5 5

2

P N Part 8

28 PC 9 9

2

PC N Part 3

29 PC 4 10

1

P S Part 7

30 PC 2 2

6

P N Part 6

31 PC 7 7

3

PC S Part 4

32 PC 10 10

4

PC N Part 5

33 PC 9 9

3

PC S Part 3

34 PC 6 10

5

P N Part 9

35 PC 7 10

2

P N Part 9

36 PC 10 10

5

PC N Part 4

37 PC 9 9

6

PC N Part 6

38 PC 2 2

4

P N Part 8

39 PC 9 9 1 PC S

Page 79: EFEITO DO QUESTIONAMENTO REFLEXIVO SOBRE A EMISSÃO DE …€¦ · Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia do Centro Universitário de

70

Part 5

40 PC 2 10

4

P N Part 5

GRUPO 2

ganhando PC PART

Faixa 1

Faixa 2

Faixa 3

3 PARA 1 /1 /1

2,3,4 5,6,7 8,9,10

3 PARA 2 /2 /2

2 PARA 1 /2 /2

Dist. PC

Protocolo de Registro

Participante:

Grupo 2 - 30/30

Condição Rodada Jogador Nº da carta

Nº relatado Nº no dado

Pontuação Tem

maior carta

Checagem

LB1

1 PC 6 10

1

P S Part 8

2 PC 9 9

6

PC N Part 5

3 PC 2 2

3

P S Part 7

4 PC 5 5

2

P N Part 8

5 PC 5 5

3

PC S Part 3

6 PC 4 10

4

P N Part 6

7 PC 7 7

4

PC N Part 2

8 PC 9 9

1

PC S Part 3

9 PC 3 10

6

P N Part 8

10 PC 9 9

5

PC N Part 7

11 PC 6 6

1

PC S Part 3

12 PC 7 7

2

PC N Part 2

13 PC 4 10 3 P S

Page 80: EFEITO DO QUESTIONAMENTO REFLEXIVO SOBRE A EMISSÃO DE …€¦ · Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia do Centro Universitário de

71

Part 8

14 PC 8 8

6

PC N Part 6

15 PC 5 5

6

P N Part 8

16 PC 4 4

5

P N Part 8

17 PC 5 5

2

P N Part 8

18 PC 9 9

2

PC N Part 3

19 PC 4 10

1

P S Part 7

20 PC 2 2

6

P N Part 6

21 PC 7 7

3

PC S Part 4

22 PC 10 10

4

PC N Part 5

23 PC 9 9

5

PC N Part 3

24 PC 6 10

5

P N Part 9

25 PC 7 10

6

P N Part 9

26 PC 10 10

5

PC N Part 4

27 PC 9 9

3

PC S Part 6

28 PC 2 2

4

P N Part 8

29 PC 9 9

3

PC S Part 5

30 PC 2 10

5

P N Part 5

LB2

1 PC 6 10

1

P S Part 8

2 PC 9 9

6

PC N Part 5

3 PC 2 2

3

P S Part 7

4 PC 5 5

2

P N Part 8

5 PC 5 5 3 PC S

Page 81: EFEITO DO QUESTIONAMENTO REFLEXIVO SOBRE A EMISSÃO DE …€¦ · Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia do Centro Universitário de

72

Part 3

6 PC 4 10

4

P N Part 6

7 PC 7 7

4

PC N Part 2

8 PC 9 9

1

PC S Part 3

9 PC 3 10

6

P N Part 8

10 PC 9 9

5

PC N Part 7

11 PC 6 6

1

PC S Part 3

12 PC 7 7

2

PC N Part 2

13 PC 4 10

3

P S Part 8

14 PC 8 8

6

PC N Part 6

15 PC 5 5

6

P N Part 8

16 PC 4 4

5

P N Part 8

17 PC 5 5

2

P N Part 8

18 PC 9 9

2

PC N Part 3

19 PC 4 10

1

P S Part 7

20 PC 2 2

6

P N Part 6

21 PC 7 7

3

PC S Part 4

22 PC 10 10

4

PC N Part 5

23 PC 9 9

5

PC N Part 3

24 PC 6 10

5

P N Part 9

25 PC 7 10

6

P N Part 9

26 PC 10 10

5

PC N Part 4

27 PC 9 9 3 PC S

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73

Part 6

28 PC 2 2

4

P N Part 8

29 PC 9 9

3

PC S Part 5

30 PC 2 10

5

P N Part 5

GRUPO 3

ganhando PC PART

Faixa 1

Faixa 2

Faixa 3

3 PARA 1 /1 /1

2,3,4 5,6,7 8,9,10

3 PARA 2 /2 /2

2 PARA 1 /2 /2

Dist. PC

Protocolo de Registro

Participante:

Grupo 3 - 40/20

Condição Rodada Jogador Nº da carta

Nº relatado Nº no dado

Pontuação Tem

maior carta

Checagem

LB1

1 PC 9 9

3

PC S Part 6

2 PC 9 9

4

PC N Part 3

3 PC 7 7

3

PC S Part 4

4 PC 5 10

5

P N Part 8

5 PC 4 4

6

P N Part 8

6 PC 4 10

3

P S Part 9

7 PC 3 3

5

P N Part 9

8 PC 2 10

6

P N Part 7

9 PC 6 6

4

PC N Part 4

10 PC 9 9

1

PC S Part 6

Page 83: EFEITO DO QUESTIONAMENTO REFLEXIVO SOBRE A EMISSÃO DE …€¦ · Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia do Centro Universitário de

74

11 PC 6 6

4

P N Part 9

12 PC 6 10

5

P N Part 9

13 PC 7 7

5

PC N Part 4

14 PC 10 10

1

PC S Part 4

15 PC 8 8

6

PC N Part 5

16 PC 2 2

3

P S Part 7

17 PC 8 8

5

PC N Part 7

18 PC 3 3

2

P N Part 6

19 PC 4 10

1

P S Part 8

20 PC 10 10

2

PC N Part 3

21 PC 6 6

1

PC S Part 3

22 PC 7 7

2

PC N Part 2

23 PC 4 10

3

P S Part 8

24 PC 8 8

6

PC N Part 6

25 PC 5 5

6

P N Part 8

26 PC 4 4

3

P S Part 8

27 PC 5 5

2

P N Part 8

28 PC 9 9

2

PC N Part 3

29 PC 4 10

1

P S Part 7

30 PC 2 2

6

P N Part 6

31 PC 7 7

3

PC S Part 4

32 PC 10 10

4

PC N Part 5

Page 84: EFEITO DO QUESTIONAMENTO REFLEXIVO SOBRE A EMISSÃO DE …€¦ · Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia do Centro Universitário de

75

33 PC 9 9

3

PC S Part 3

34 PC 6 10

5

P N Part 9

35 PC 7 10

2

P N Part 9

36 PC 10 10

5

PC N Part 4

37 PC 9 9

6

PC N Part 6

38 PC 2 2

4

P N Part 8

39 PC 9 9

1

PC S Part 5

40 PC 2 10

4

P N Part 5

LB2

1 PC 9 9

3

PC S Part 6

2 PC 9 9

4

PC N Part 3

3 PC 7 7

2

PC N Part 4

4 PC 5 10

5

P N Part 8

5 PC 4 4

6

P N Part 8

6 PC 4 10

3

P S Part 9

7 PC 3 3

5

P N Part 9

8 PC 2 10

6

P N Part 7

9 PC 6 6

4

PC N Part 4

10 PC 9 9

1

PC S Part 6

11 PC 6 6

4

P N Part 9

12 PC 6 10

4

P N Part 9

13 PC 7 7

5

PC N Part 4

14 PC 10 10

1

PC S Part 4

Page 85: EFEITO DO QUESTIONAMENTO REFLEXIVO SOBRE A EMISSÃO DE …€¦ · Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia do Centro Universitário de

76

15 PC 8 8

6

PC N Part 5

16 PC 2 2

3

P S Part 7

17 PC 8 8

5

PC N Part 7

18 PC 3 3

2

P N Part 6

19 PC 4 10

1

P S Part 8

20 PC 10 10

2

PC N Part 3

GRUPO 4

ganhando PC PART

Faixa 1

Faixa 2

Faixa 3

3 PARA 1 /1 /1

2,3,4 5,6,7 8,9,10

3 PARA 2 /2 /2

2 PARA 1 /2 /2

Dist. PC

Protocolo de Registro

Participante:

Grupo 4 - 60

Condição Rodada Jogador Nº da carta

Nº relatado Nº no dado

Pontuação Tem

maior carta

Checagem

LB1

1 PC 6 6

1

PC S Part 3

2 PC 7 7

2

PC N Part 2

3 PC 4 10

3

P S Part 8

4 PC 8 8

6

PC N Part 6

5 PC 5 5

6

P N Part 8

6 PC 4 4

5

P N Part 8

7 PC 5 5

2

P N Part 8

8 PC 9 9

2

PC N Part 3

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77

9 PC 4 10

1

P S Part 7

10 PC 2 2

6

P N Part 6

11 PC 7 7

3

PC S Part 4

12 PC 10 10

4

PC N Part 5

13 PC 9 9

5

PC N Part 3

14 PC 6 10

5

P N Part 9

15 PC 7 10

3

P S Part 9

16 PC 10 10

5

PC N Part 4

17 PC 9 9

4

PC N Part 6

18 PC 2 2

4

P N Part 8

19 PC 9 9

1

PC S Part 5

20 PC 2 10

4

P N Part 5

21 PC 9 9

3

PC S Part 6

22 PC 9 9

4

PC N Part 3

23 PC 7 7

2

PC N Part 4

24 PC 5 10

5

P N Part 8

25 PC 4 4

6

P N Part 8

26 PC 4 10

3

P S Part 9

27 PC 3 3

5

P N Part 9

28 PC 2 10

6

P N Part 7

29 PC 6 6

4

PC N Part 4

30 PC 9 9

1

PC S Part 6

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78

31 PC 6 6

4

P N Part 9

32 PC 6 10

4

P N Part 9

33 PC 7 7

5

PC N Part 4

34 PC 10 10

1

PC S Part 4

35 PC 8 8

6

PC N Part 5

36 PC 2 2

3

P S Part 7

37 PC 8 8

5

PC N Part 7

38 PC 3 3

2

P N Part 6

39 PC 4 10

1

P S Part 8

40 PC 10 10

2

PC N Part 3

41 PC 3 10

5

P N Part 8

42 PC 7 7

3

P S Part 8

43 PC 10 10

6

PC N Part 7

44 PC 2 2

6

P N Part 7

45 PC 6 6

1

PC S Part 4

46 PC 6 6

6

PC N Part 3

47 PC 4 10

1

P S Part 8

48 PC 9 9

3

PC S Part 5

49 PC 4 10

2

P N Part 6

50 PC 9 9

3

PC S Part 3

51 PC 8 8

3

PC S Part 4

52 PC 7 7

5

PC N Part 2

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79

53 PC 4 10

6

P N Part 7

54 PC 7 7

3

PC S Part 4

55 PC 2 2

2

P N Part 6

56 PC 4 10

5

P N Part 8

57 PC 8 8

5

PC N Part 6

58 PC 5 10

6

P N Part 8

59 PC 10 10

6

PC N Part 5

60 PC 5 5

3

P S Part 8

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Anexo C

CRONOGRAMA DE APLICAÇÃO DO EXPERIMENTO

GRUPO PARTICIPANTES DIA HORÁRIO

1 Participante 1 21/ago SEGUNDA 15:00

2 Participante 2 21/ago SEGUNDA 16:00

3 Participante 3 21/ago SEGUNDA 17:00

4 Participante 4 21/ago SEGUNDA 18:00

1 Participante 5 21/ago SEGUNDA 19:00

2 Participante 6 21/ago SEGUNDA 20:00

GRUPO PARTICIPANTES DIA HORÁRIO

3 Participante 7 22/ago TERÇA 15:00

4 Participante 8 22/ago TERÇA 16:00

1 Participante 9 22/ago TERÇA 17:00

2 Participante 10 22/ago TERÇA 18:00

3 Participante 11 22/ago TERÇA 19:00

4 Participante 12 22/ago TERÇA 20:00

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Anexo D

Transcrições do questionamento reflexivo feita com os participantes do Grupo 1, 2 e 3.

GRUPO 1

TRANSCRIÇÃO – Participante I

1 - “Quantas rodadas você ganhou?”

R.: Doze.

2 - “Quantas rodadas você perdeu?”

R.: Oito.

3 - “Em quantas rodadas você falou um valor diferente da carta que você tinha?”

R.: Em muitas

4 - “Quantas vezes foi conferido o valor que você tirou?”

R.: Algumas vezes, não me lembro exatamente quantas vezes.

5 - “Se você falar um valor diferente do de sua carta, qual a chance de você ser

descoberta?”

R.: 1/3? Não, deixa eu ver...Se caísse nos números 1 ou 3 do dado.

6 - “Quando era relatado um valor diferente da carta, o que acontecia?”

R.: Da minha carta, quando eu relatava um valor diferente da minha carta, se caísse

naquela probabilidade de checagem, o computador ganhava um ponto.

7 - “Quando alguém falava um valor de carta diferente do que tinha tirado,

quantos pontos eram perdidos?”

R.: Um ponto.

8 - “Qual parte da instrução falou que você não poderia dizer um valor diferente?”

R.: Nenhuma parte.

9 - “Suas cartas foram conferidas quando os dados caíram em que valores?”

R.: No valor 1 do dado e 3.

10 - “Sendo o maior valor relatado que conta para ganhar ponto na rodada, o que

seria vantajoso fazer quando se tira uma carta baixa?”

R.: Falar um valor mais alto.

11 - “Com base nessa conclusão, como você vai jogar daqui para frente?”

R.: Eu vou continuar falando um valor mais alto do que o computador!

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TRANSCRIÇÃO – Participante V

1 - “Quantas rodadas você ganhou?”

R.: Sete.

2 - “Quantas rodadas você perdeu?”

R.: Oito.

3 - “Em quantas rodadas você falou um valor diferente da carta que você tinha?”

R.: nenhuma pra falar a verdade.

4 - “Quantas vezes foi conferido o valor que você tirou?”

R.: Todas.

5 - “Se você falar um valor diferente do de sua carta, qual a chance de você ser

descoberta?”

R.: Cinquenta por cento, eu acho?

6 - “Quando era relatado um valor diferente da carta, o que acontecia?”

R.: Ele ganhava um ponto.

7 - “Quando alguém falava um valor de carta diferente do que tinha tirado,

quantos pontos eram perdidos?”

R.: Só um.

8 - “Qual parte da instrução falou que você não poderia dizer um valor diferente?”

R.: Nenhuma pra falar verdade.

9 - “Suas cartas foram conferidas quando os dados caíram em que valores?”

R.: No valor 1 e 3.

10 - “Sendo o maior valor relatado que conta para ganhar ponto na rodada, o que

seria vantajoso fazer quando se tira uma carta baixa?”

R.: Eita...(risos)...Falar que eu tenho um carta mais alta.

11 - “Com base nessa conclusão, como você vai jogar daqui para frente?”

R.: Eu vou mentir...(risos...).

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TRANSCRIÇÃO – Participante IX

1 - “Quantas rodadas você ganhou?”

R.: Seis.

2 - “Quantas rodadas você perdeu?”

R.: Quatorze.

3 - “Em quantas rodadas você falou um valor diferente da carta que você tinha?”

R.: Nenhuma.

4 - “Quantas vezes foi conferido o valor que você tirou?”

R.: Não me recordo.

5 - “Se você falar um valor diferente do de sua carta, qual a chance de você ser

descoberta?”

R.: Acredito que nenhuma.

6 - “Quando era relatado um valor diferente da carta, o que acontecia?”

R.: Não tentei essa opção.

7 - “Quando alguém falava um valor de carta diferente do que tinha tirado,

quantos pontos eram perdidos?”

R.: Não me atentei.

8 - “Qual parte da instrução falou que você não poderia dizer um valor diferente?”

R.: Nenhuma.

9 - “Suas cartas foram conferidas quando os dados caíram em que valores?”

R.: Não me recordo.

10 - “Sendo o maior valor relatado que conta para ganhar ponto na rodada, o que

seria vantajoso fazer quando se tira uma carta baixa?”

R.: Falar um número maior.

11 - “Com base nessa conclusão, como você vai jogar daqui para frente?”

R.:Acho que optando pelo mesmo valor.

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GRUPO 2

TRANSCRIÇÃO – Participante II

1 - “Quantas rodadas você ganhou?”

R.: Cinco.

2 - “Quantas rodadas você perdeu?”

R.: Vinte e três.

3 - “Em quantas rodadas você falou um valor diferente da carta que você tinha?”

R.: Se eu falei eu não prestei atenção.

4 - “Quantas vezes foi conferido o valor que você tirou?”

R.: Nenhuma.

5 - “Se você falar um valor diferente do de sua carta, qual a chance de você ser

descoberta?”

R.: Não sei!

6 - “Quando era relatado um valor diferente da carta, o que acontecia?”

R.: Não foi relatado não!

7 - “Quando alguém falava um valor de carta diferente do que tinha tirado,

quantos pontos eram perdidos?”

R.: Nem vi que perdia ponto! (Risos..)

8 - “Qual parte da instrução falou que você não poderia dizer um valor diferente?”

R.: Nenhum!

9 - “Suas cartas foram conferidas quando os dados caíram em que valores?”

R.: Não sei não!

10 - “Sendo o maior valor relatado que conta para ganhar ponto na rodada, o que

seria vantajoso fazer quando se tira uma carta baixa?”

R.: Não sei!

11 - “Com base nessa conclusão, como você vai jogar daqui para frente?”

R.: Como eu vou jogar? Pra mim era um jogo se sorte, eu não estava prestando

atenção se tinha como eu, uma estratégia, eu não percebi que tinha uma estratégia.

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TRANSCRIÇÃO – Participante VI

1 - “Quantas rodadas você ganhou?”

R.: Poucas. Não sei precisar o número.

2 - “Quantas rodadas você perdeu?”

R.: Eu perdi muitas.

3 - “Em quantas rodadas você falou um valor diferente da carta que você tinha?”

R.: Não faço ideia.

4 - “Quantas vezes foi conferido o valor que você tirou?”

R.: Nenhuma vez.

5 - “Se você falar um valor diferente do de sua carta, qual a chance de você ser

descoberto?”

R.: Não tenho a mínima ideia.

6 - “Quando era relatado um valor diferente da carta, o que acontecia?”

R.: Às vezes eu ganhava.

7 - “Quando alguém falava um valor de carta diferente do que tinha tirado,

quantos pontos eram perdidos?”

R.: Não sei.

8 - “Qual parte da instrução falou que você não poderia dizer um valor diferente?”

R.: Nenhuma parte.

9 - “Suas cartas foram conferidas quando os dados caíram em que valores?”

R.: Ela foi conferida sempre. Sempre mostrava as cartas dos partcipantes.

10 - “Sendo o maior valor relatado que conta para ganhar ponto na rodada, o que

seria vantajoso fazer quando se tira uma carta baixa?”

R.: Somar com uma alta.

11 - “Com base nessa conclusão, como você vai jogar daqui para frente?”

R.: Se for baixa eu coloco alta. Mas eu não entendia lógica do jogo!

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TRANSCRIÇÃO – Participante X

1 - “Quantas rodadas você ganhou?”

R.: Dezoito.

2 - “Quantas rodadas você perdeu?”

R.: Onze.

3 - “Em quantas rodadas você falou um valor diferente da carta que você tinha?”

R.: Metade.

4 - “Quantas vezes foi conferido o valor que você tirou?”

R.: Acho que só quando ele não mostrou as cartas, é a sensação que eu tenho.

5 - “Se você falar um valor diferente do de sua carta, qual a chance de você ser

descoberta?”

R.: Baixa.

6 - “Quando era relatado um valor diferente da carta, o que acontecia?”

R.: Eu perdia.

7 - “Quando alguém falava um valor de carta diferente do que tinha tirado,

quantos pontos eram perdidos?”

R.: Um.

8 - “Qual parte da instrução falou que você não poderia dizer um valor diferente?”

R.: Não me lembro de ter essa informação.

9 - “Suas cartas foram conferidas quando os dados caíram em que valores?”

R.: Não lembro. Só sei que quando eu botava um valor diferente geralmente eu

ganhava.

10 - “Sendo o maior valor relatado que conta para ganhar ponto na rodada, o que

seria vantajoso fazer quando se tira uma carta baixa?”

R.: Sempre blefar.

11 - “Com base nessa conclusão, como você vai jogar daqui para frente?”

R.: Só colocar número alto.

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GRUPO 3

TRANSCRIÇÃO – Participante III

1 - “Quantas rodadas você ganhou?”

R.: Oito.

2 - “Quantas rodadas você perdeu?”

R.: Quarenta.

3 - “Em quantas rodadas você falou um valor diferente da carta que você tinha?”

R.: Não lembro!

4 - “Quantas vezes foi conferido o valor que você tirou?”

R.: Também não sei!

5 - “Se você falar um valor diferente do de sua carta, qual a chance de você ser

descoberta?”

R.: Se eu falar um valor diferente? Não sei!

6 - “Quando era relatado um valor diferente da carta, o que acontecia?”

R.: Ah sim, um estranhamento!

7 - “Quando alguém falava um valor de carta diferente do que tinha tirado,

quantos pontos eram perdidos?”

R.: Não reparei.

8 - “Qual parte da instrução falou que você não poderia dizer um valor diferente?”

R.: Não percebi isso na instrução.

9 - “Suas cartas foram conferidas quando os dados caíram em que valores?”

R.: Acho que 3 e 5.

10 - “Sendo o maior valor relatado que conta para ganhar ponto na rodada, o que

seria vantajoso fazer quando se tira uma carta baixa?”

R.: Tirar um maior número nos dados.

11 - “Com base nessa conclusão, como você vai jogar daqui para frente?”

R.: Continuar seguindo a regra. Não estou entendendo nada. Só faço o que está

mandando aí. Pelo menos eu acho!

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TRANSCRIÇÃO – Participante VII

1 - “Quantas rodadas você ganhou?”

R.: Doze.

2 - “Quantas rodadas você perdeu?”

R.: Muitas.

3 - “Em quantas rodadas você falou um valor diferente da carta que você tinha?”

R.: Nenhuma.

4 - “Quantas vezes foi conferido o valor que você tirou?”

R.: Duas.

5 - “Se você falar um valor diferente do de sua carta, qual a chance de você ser

descoberta?”

R.: Não sei.

6 - “Quando era relatado um valor diferente da carta, o que acontecia?”

R.: Não sei porque eu não fiz.

7 - “Quando alguém falava um valor de carta diferente do que tinha tirado,

quantos pontos eram perdidos?”

R.: Não sei.

8 - “Qual parte da instrução falou que você não poderia dizer um valor diferente?”

R.: Nenhuma.

9 - “Suas cartas foram conferidas quando os dados caíram em que valores?”

R.: Não sei.

10 - “Sendo o maior valor relatado que conta para ganhar ponto na rodada, o que

seria vantajoso fazer quando se tira uma carta baixa?”

R.: Escolher a opção maior.

11 - “Com base nessa conclusão, como você vai jogar daqui para frente?”

R.: Diferente! Vou escolher o maior valor.

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TRANSCRIÇÃO – Participante XI

1 - “Quantas rodadas você ganhou?”

R.: Vinte e quatro.

2 - “Quantas rodadas você perdeu?”

R.: Dezesseis.

3 - “Em quantas rodadas você falou um valor diferente da carta que você tinha?”

R.: Acho que vinte equatro, não tenho certeza

4 - “Quantas vezes foi conferido o valor que você tirou?”

R.: Não contei.

5 - “Se você falar um valor diferente do de sua carta, qual a chance de você ser

descoberto?”

R.: Depende do dado.

6 - “Quando era relatado um valor diferente da carta, o que acontecia?”

R.: O computador ganhava um ponto.

7 - “Quando alguém falava um valor de carta diferente do que tinha tirado,

quantos pontos eram perdidos?”

R.: Nenhum.

8 - “Qual parte da instrução falou que você não poderia dizer um valor diferente?”

R.: Em momento nenhum.

9 - “Suas cartas foram conferidas quando os dados caíram em que valores?”

R.: Três.

10 - “Sendo o maior valor relatado que conta para ganhar ponto na rodada, o que

seria vantajoso fazer quando se tira uma carta baixa?”

R.: Falar que você tirou a carta mais alta.

11 - “Com base nessa conclusão, como você vai jogar daqui para frente?”

R.: Vou botar o valor alto para todas as cartas...(risos)...