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Dossiê Ciclo Cinema Carlos Saura

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Dossiê detalhado do ciclo de cinema sobre Carlos Saura.

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CICLO CARLOS SAURA

Em plena fase de candidatura do Fado a Património da Humanidade, Festival o ART&TUR homenageará o famoso cineasta espanhol Carlos Saura, que deu um contributo significativo para o aumento da notoriedade do fado, a nível mundial.

Este ciclo é constituído por três filmes que destacam a cultura musical de três países: Portugal (filme “Fados”); Espanha (filme “Ibéria”); Argentina (filme “Tango”):

Tango (1998) - Musical: 117 minutos

Dia 26 de Setembro; às 21:30, Auditório da Biblioteca Municipal

Sinopse: Mario Suarez (Miguel Ángel Sola), dramaturgo e encenador, apesar da fama, está em crise. Abandonado pela mulher, refugia-se nos ensaios de um espectáculo que prepara, sobre o tango. Angelo Larroca (Juan Luis Galiardo), um mafioso produtor e também bailarino frustrado, sugere a Mario que dê o papel principal à sua protegida (Mía Maestro). Impressionado com o real talento e beleza da jovem, ele apaixona-se por ela.

Ibéria (2005) - Musical: 99 minutos Dia 28 de Setembro; às 21:30, Auditório da Assembleia Municipal

Sinopse: Inspirado no trabalho do compositor espanhol Isaac Albéniz, Ibéria é um musical único. A câmara é uma personagem da história compartilhando preparações, ensaios e o nascimento gradual de cada performance. Ibéria é uma celebração, unindo disciplina de tirar o fôlego com o apaixonante Flamenco, música clássica, balet e dança contemporânea. O elenco de Ibéria é estelar: Sara Baras, António Canales, José Antonio Ruiz, Aida Gómez e Patrick De Bana. Entres os músicos estão os violonistas consagrados Manolo Sanlúcar, Gerardo Núñez e José Antonio Rodríguez; pianista Rosa Torres Pardo; estrelas do flamenco-jazz Chano Domínguez e Jorge Pardo; o maior cantor vivo Enrique Morente e sua extraordinária filha Estrella Morente.

Fados (2007) - Musical: 90 minutos Dia 29 de Setembro; às 17:30, Auditório da Assembleia Municipal

Sinopse: Fados" traz uma mistura de Brasil, Portugal e África numa produção que destaca o género musical que se tornou uma referência de património cultural dos portugueses no mundo. Com Mariza, Caetano Veloso, Camané, Chico Buarque, Lila Downs, Carlos do Carmo, Lura, Toni Garrido, Ricardo Rocha, Cesária Évora e Amália Rodrigues

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Fonte: http://festivalvimuspt.wordpress.com/2008/06/25/retrospectiva-carlos-saura-2007/ Carlos Saura (4 de Janeiro de Janeiro de 1932, Atarés, Huesca, Aragão Espanha) é um dos grandes cineastas da actualidade. A ele podem ser atribuídas duas façanhas: ter saído da sombra vigorosa de Luis Buñuel (1900-1983), criando obra própria, e aberto janelas entre o cinema e outras artes - dança, teatro, pintura - de uma forma completamente original.

Favoreceu-o nessa última característica, sem dúvida, ter nascido num ambiente artístico, dominado pela mãe pianista e o irmão pintor. Adolescente, iniciou-se na fotografia. Aos 18 anos, já tinha uma câmera 16 mm na mão, com a qual fez pequenas reportagens. Mas o cinema falou mais alto.

Em 1952, inscreve-se no Instituto de Investigaciones y Estudios Cinematograficos, onde vem a descobrir a técnica e a teoria da profissão, ao mesmo tempo em que frequenta aulas ocasionais de jornalismo, aliás, uma de suas paixões marginais, que alimenta o veio neo-realista da primeira fase de sua obra.

Depois da média-metragem documental Cuenca (1958), Saura parte para uma primeira longa-metragem, Los Golfos, límpido retrato da delinquência juvenil em Madrid que foi exibido no Festival de Cannes de 1959, introduzindo seu nome no circuito internacional. Já o seu próximo trabalho, O Pistoleiro sem Lei e sem Alma (1963), um relato picaresco da figura de um fora-da-lei do século XIX, foi mutilado pela censura.

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Pressionado por este problema político, o realizador parte para a alegoria e o simbolismo, que dão o tom desta nova fase de sua obra, a partir de La Caza (1965). Temas como a família, a memória e os efeitos daninhos do puritanismo e da repressão permeiam os seus novos filmes: Peppermint Frappé (Urso de Prata no Festival de Berlim); Stress es Tres, Tres (1968); La Madriguera (1969).

El Jardin de las Delicias (1970) será o primeiro filme a evocar directamente a Guerra Civil Espanhola, desafiando o silêncio imposto pelo franquismo sobre a virulência da sua vitória sobre os republicanos, em 1939. A Prima Angélica (1973) - Prémio do Júri no Festival de Cannes - vai mais longe, ousando colocar em primeiro plano o ponto de vista de um vencido naquela guerra que dividiu tão fragorosamente a Espanha. Este é, também, o período em que a sua então esposa, Geraldine Chaplin, será sua actriz-fetiche, actuando em oito dos seus filmes.

Cria Cuervos (1975) marca o início de uma fase de grande repercussão internacional e também de um período em que Saura será o roteirista de seus trabalhos. Quase tão forte será o impacto de Elisa, Vida Minha (1977), onde os temas da criação, memória e morte se entrelaçam profundamente.

A morte de Franco, em 1975, abre um período de grande liberação para a Espanha. Livre do peso da censura, o diretor aborda sem rodeios os temas políticos em Olhos Vendados (1978), Mamã Faz 100 Anos - indicado ao Oscar de filme estrangeiro - e Doces Momentos do Passado (1981).

Superado o capítulo franquista, o autor renova sua energia criativa noutras direcções, retomando a via do realismo social em Deprisa, Deprisa (1981), com o qual vence o Urso de Ouro no Festival de Berlim. A seguir, mergulha na inspiração vital da dança flamenca, uma das raízes mais profundas da hispanidad, a partir do poderoso Bodas de Sangue (1981), inspirado na peça de Federico García Lorca. Carmen (1983) redescobre o encanto imortal da bailarina cigana criada por Prosper Merimée e vence o troféu de Melhor Contribuição Artística do Festival de Cannes, além de obter para o realizador a sua segunda indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro. O Amor Bruxo (1986) completa a trilogia flamenca, composta com a decisiva parceria do bailarino Antonio Gades.

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Se a veia política não se esgotou e brota com um misto de contundência e sentido de humor em Ai, Carmela! (1990), a dança ressurge em diversos trabalhos de plasticidade e energia eletrizantes, onde o diretor desafia as fronteiras entre a ficção e o documentário: Sevillanas (1992), Flamenco (1995) e Tango (1998, nova indicação ao Oscar de filme estrangeiro).

E a pintura que ele descortinou tão cedo com a assistência do irmão merecerá um clássico como Goya em Bordéus (1999), em que a crónica dos últimos dias de um dos maiores pintores da Espanha dá oportunidade a uma recriação de sua obra pelos meios técnicos mais apurados e distintos - inclusive a genial reconstituição da série Os Desastres da Guerra pela arte teatral do grupo La Fura del Bals.

Em 2001 faz Buñuel y la mesa del rey Salomón, seguido de Salomé (2001) e finalmente, em 2004, El Séptimo Día. Aos 72 anos, se está longe de ser uma unanimidade, Carlos Saura é, com certeza, um dos artesãos mais completos das cinematografia mundial.

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VOZ DIRECTA

Comentário sobre “Fados” – Carlos Saura (em Castelhano)

“He escuchado Fados a través de las películas que Amalia Rodrigues hizo en Portugal y cuyas canciones reinaron en mi infancia de la posguerra en Madrid, a la par que las de Imperio Argentina, y los tangos de Carlos Gardel. Es en esos años de despertar cuando se quedan grabadas para siempre en nuestra memoria imágenes y sonidos y por ello los Fados me han acompañado desde entonces.

Mi primer viaje a Portugal, camino de Lisboa, lo realicé al final de mil novecientos cincuenta, entonces me pareció un país deprimido de gentes amables y tristes.

Se escuchaba con frecuencia por la radio salazarista a Amalia Rodrigues con su voz maravillosa y única. Solo más tarde, en otros viajes, a través de amigos unas veces portugueses y otras españoles que trabajaron en Portugal, supe de la existencia de otros fadistas que como Marceneiro o Carlos do Carmo –por citar los que eran más conocidos- escuché en discos y casetes.

Un día abandoné todo por un amor imposible y marché huyendo de mi país con la intención de recorrer Portugal en automóvil y quizás con la peregrina idea de no volver nunca. Fue una experiencia maravillosa –de la que desgraciadamente no tengo apenas fotografías. Durante el recorrido compré casetes de Fados y escuché durante el viaje las voces maravillosas de mujeres y hombres cantando su tristeza que era pareja de la mía.

Cuando me propusieron la posibilidad de hacer una película sobre los Fados no lo pensé dos veces, era como recuperar algo querido que de alguna manera estaba en el cuarto de los recuerdos. Desempolvé mis discos y mis casetes y antes de decir que sí me impregné de cuanto pude de los Fados. Luego mis productores me enviaron tal cantidad de material literario y sonoro que todavía queda algo sin desempolvar; pero para entonces, mis frecuentes viajes a Lisboa y mis visitas a los espacios en donde reinaba el Fado, me permitieron un conocimiento más profundo del mismo y sobre todo el encuentro personal con artistas excepcionales como Carlos do Carmo, Mariza o Camané.

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Voces prodigiosas... y el descubrimiento de Lucília do Carmo, Teresa de Noronha, y de tantos otros maravillosas fadistas... Y también el descubrimiento de una Portugal distinta y evolucionada.

En esa búsqueda, acompañado de mi buen amigo Ivan Dias, gran conocedor de la materia, vamos a tratar de compaginar un tema que nos preocupaba: la relación del Fado con Brasil y con África --desde las “Modinhas”, hasta el llamado “Fado batido”-- en un intento de recuperar algunas de las canciones y de los ritmos que en ese ida y vuelta tanto ha enriquecido la música de nuestros países.

Fados será mi octavo musical y mi intención es llegar más allá de las experiencias anteriores, trabajando con los artistas de un país y de una ciudad, Lisboa, que quiero desde hace muchos años.”