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Disciplina: Ciclo Vital III AULA 01 Professor: Rodrigo Abreu Enfermagem em Clínica Cirúrgica 1. História da Cirurgia: Em 2001, arqueólogos estudando os restos de dois homens de Mehrgarh, Paquistão, que são um povo da Civilização do Vale do Indo, inclusive anterior ao período Harappa, tinham o conhecimento da medicina e odontologia. Os antropólogos que conduziram estas investigações descobriram indícios que um dente tinha sido perfurado há 9.000 anos. Pesquisadores descobriram uma mandíbula no Antigo Egito, datada aproximadamente de 2750 A.C, com duas perfurações logo abaixo da raiz do primeiro molar, indicando a realização de uma drenagem de um abscesso no dente. Escavações recentes nos locais de trabalhos da construção da Pirâmides do Egito também levaram à descoberta de evidências de cirurgias no cérebro em um trabalhador que continuou vivo por mais dois anos após os procedimentos. O médio índiano Sushruta (600 A.C) é uma importante figura na história da cirurgia. Ele viveu, ensinou e praticou sua arte cirúrgica nas margens do Ganges na área que corresponde atualmente a cidade de Benares no Norte da Índia. Devido as suas numerosas contribuições para ciência e arte da cirurgia ele é também conhecida como o "Pai da Cirurgia". Muito do que conhecemos a respeito da cirurgia investigativa está contido em uma série de volumes de usa autoria, os quais são coletivamente conhecidos como as Susrutha Samhita. Este é o mais antigo texto cirúrgico e ele descreve nos mínimos detalhes a exploração, diagnostico, tratamento, e prognósticos de numerosas indisposições, como também a realização de um cirurgia plástica. Cirurgias são hoje consideradas como uma especialização da medicina, mas profissão de cirurgião e de medico tem raízes históricas. Por exemplo, a tradição era contra a abertura do corpo e o Juramento de Hipocratico conclama aos médicos contra a pratica da cirurgia, especialmente que corta as pessoas com pedras, isto é, litotomia, uma operação para retirar pedras o rim, era para ser deixada para pessoas com tais praticas. Certamente, a maioria do conhecimento da cirurgia veio para discecação de corpos, uma ciência a qual era repulsiva para muitos médicos. Por volta do século 13, muitas cidades Européias exigia que os cirurgiões tivessem vários anos de estudo ou treinamento antes que eles pudessem praticar. As Universidades de Montpellier, Padua e Bologna eram particularmente interessadas no lado acadêmico da Cirurgia, e por volta do século 15, Cirurgia ainda era um objeto de estudo separado da medicina. Cirurgia tinha menos status que a medicina pura, isto continuou até que Rogerius Salernitanus compôs seu Chirurgia, que se tornou uma espécie de manual para cirurgia ocidental, tendo influenciado até aos tempos modernos. Entre os primeiros cirurgiões modernos estão médicos militares das Guerras Napoleônicas que primeiramente trabalharam com amputação. Cirurgiões navais eram frequentemente cirurgiões-barbeiros, que combinavam a cirurgia com seu trabalho principal de barbeiro.

Ciclo iii 01

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Disciplina: Ciclo Vital III

AULA 01

Professor: Rodrigo Abreu

Enfermagem em Clínica Cirúrgica

1. História da Cirurgia:

Em 2001, arqueólogos estudando os restos de dois homens de Mehrgarh, Paquistão, que são um povo da Civilização do Vale do Indo, inclusive anterior ao período Harappa, tinham o conhecimento da medicina e odontologia. Os antropólogos que conduziram estas investigações descobriram indícios que um dente tinha sido perfurado há 9.000 anos.

Pesquisadores descobriram uma mandíbula no Antigo Egito, datada aproximadamente de 2750 A.C, com duas perfurações logo abaixo da raiz do primeiro molar, indicando a realização de uma drenagem de um abscesso no dente. Escavações recentes nos locais de trabalhos da construção da Pirâmides do Egito também levaram à descoberta de evidências de cirurgias no cérebro em um trabalhador que continuou vivo por mais dois anos após os procedimentos.

O médio índiano Sushruta (600 A.C) é uma importante figura na história da cirurgia. Ele viveu, ensinou e praticou sua arte cirúrgica nas margens do Ganges na área que corresponde atualmente a cidade de Benares no Norte da Índia. Devido as suas numerosas contribuições para ciência e arte da cirurgia ele é também conhecida como o "Pai da Cirurgia". Muito do que conhecemos a respeito da cirurgia investigativa está contido em uma série de volumes de usa autoria, os quais são coletivamente conhecidos como as Susrutha Samhita. Este é o mais antigo texto cirúrgico e ele descreve nos mínimos detalhes a exploração, diagnostico, tratamento, e prognósticos de numerosas indisposições, como também a realização de um cirurgia plástica.

Cirurgias são hoje consideradas como uma especialização da medicina, mas profissão de cirurgião e de medico tem raízes históricas. Por exemplo, a tradição era contra a abertura do corpo e o Juramento de Hipocratico conclama aos médicos contra a pratica da cirurgia, especialmente que corta as pessoas com pedras, isto é, litotomia, uma operação para retirar pedras o rim, era para ser deixada para pessoas com tais praticas. Certamente, a maioria do conhecimento da cirurgia veio para discecação de corpos, uma ciência a qual era repulsiva para muitos médicos.

Por volta do século 13, muitas cidades Européias exigia que os cirurgiões tivessem vários anos de estudo ou treinamento antes que eles pudessem praticar. As Universidades de Montpellier, Padua e Bologna eram particularmente interessadas no lado acadêmico da Cirurgia, e por volta do século 15, Cirurgia ainda era um objeto de estudo separado da medicina. Cirurgia tinha menos status que a medicina pura, isto continuou até que Rogerius Salernitanus compôs seu Chirurgia, que se tornou uma espécie de manual para cirurgia ocidental, tendo influenciado até aos tempos modernos.

Entre os primeiros cirurgiões modernos estão médicos militares das Guerras Napoleônicas que primeiramente trabalharam com amputação. Cirurgiões navais eram frequentemente cirurgiões-barbeiros, que combinavam a cirurgia com seu trabalho principal de barbeiro.

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Em Londres, uma sala de cirurgia antes da moderna anestesia ou assepsia existirem, era aberta ao publico. Isto era encontrado em uma sala da Igreja de St Thomas em Southwark. Esta sendo hoje conhecida como a mais antiga sala de cirurgia. Fonte: Wilkpédia

2. Histórico:

Preparação pré-operatória:

1900 a 1919: se dava em sua residência , tão logo marcada a cirurgia. O paciente tinha como preparo: tomar banho de sol, hiperalimentação, tomar banhos, repouso por determinados períodos. Recebia a visita da enfermeira poucas horas antes do ato cirúrgico, onde escolhia o quarto mais adequado e preparava; tirando a mobília; fervendo as lâminas e instrumentos; acalmava o paciente. A enfermagem providenciava também a história pessoal e familiar do paciente, todavia ensinava pouco ao paciente.

1920 e 1939: os médicos preferiram os hospitais e um modelo mínimo de preparação pré-operatório começou a surgir. O conceito de consentimento do paciente para a cirurgia foi iniciado e a preparação da sala e dos instrumentos foi aplicada. Os manuais de enfermagem continham anatomia normal, fisiologia, fisiopatologia, tratamento clínico e cirúrgico, intervenções de enfermagem.

1940 e 1959: descobertas científicas, os cuidados de enfermagem tornaram-se mais complexos, a educação do paciente tornou-se parte da preparação do pré-operatório, suas necessidades individuais foram enfatizadas, e o preparo psicológico foi aplicado.

1960 a 1979: a pesquisa de enfermagem foi enfatizada (pré-operatório e pós-operatório). As necessidades emocionais foram reconhecidas à medida que se relacionava a cada paciente. Os conceitos de pré-operatório foram estruturados e validados pela pesquisa de enfermagem

1980 , dias atuais: As salas inteligentes foram criadas no fim da década de 90, nos EUA. São usadas em cirurgias pouco invasivas guiadas por imagem, principalmente em urologia, ginecologia, ortopedia, neurocirurgia e procedimentos vasculares e do abdome. Os aparelhos são comandados por voz ou monitor sem fio. No Brasil, há pelo menos seis hospitais com salas desse tipo - Hospital Salvador (Salvador), Hospital Pasteur e Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Rio) e Albert Einstein, Fleury e Hospital Santa Rita (São Paulo). Na Europa e nos Estados Unidos, são cerca de 2,5mil centros inteligentes.

O Recife dispõe hoje de um pólo médico que é considerado o primeiro de todo o Norte/Nordeste e o segundo maior e mais bem estruturado do Brasil. Formado por 417 hospitais e clínicas, esse pólo médico oferece um total de 8,2 mil leitos. Vale salientar que o crescimento estimulou o surgimento de atividades complementares, que vão desde a indústria farmacêutica, o comercio varejista de produtos farmacêuticos, artigos médicos e ortopédicos, comércio atacadista de medicamentos, serviços de plano de saúde até a de produção de softwares e formação de recursos humanos e de pesquisa.

3. Enfermagem Perioperatória:

De acordo com LADDEN (1997), a enfermagem perioperatória é um processo sistemático e planejado com uma série de passos que estão interligados, seguindo um roteiro para assegurar ao paciente uma assistência adequada e individualizada.

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CUNHA et al. (1989), relata que a assistência de enfermagem sistematizada, permite avaliação eficaz dos cuidados prestados ao paciente, por meio do uso de um planejamento especifico, para cada indivíduo e da responsabilidade do enfermeiro em realizar a evolução dos mesmos.

Inclui os períodos pré-operatório, intra-operatório e pós-operatório da experiência cirúrgica do paciente. Resgatando o cuidado de enfermagem intermediado pelo processo de enfermagem. A enfermeira elabora o histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem e implementa o plano de cuidados. A enfermeira também trabalha com outros profissionais da equipe de saúde, faz encaminhamentos, delega, supervisiona os cuidados de enfermagem.

4. CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS POR POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO SEGUNDO MINISTÉRIO DA SAÚDE

As infecções pós-operatórias devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação da ferida cirúrgica, entendido como o número de microorganismos presentes no tecido a ser operada. A classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato cirúrgico.

4.1. Operações Limpas

São aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas e traumáticas com cicatrização de primeira intenção e sem drenagem. Cirurgias em que não ocorrem penetrações nos tratos digestivo, respiratório ou urinário.

4.2. Operações Potencialmente Contaminadas

São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas discretas no transoperatório. Cirurgias limpas com drenagem, se enquadram nesta categoria. Ocorre penetração nos tratos digestivo, respiratório ou urinário sem contaminação significativa.

4.3. Operações Contaminadas

São aquelas realizadas em tecidos traumatizados recentemente e abertos, colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação seja difícil ou impossível, bem como todas aquelas em que tenham ocorrida falhas técnicas grosseiras, na ausência de supuração local. Presença de inflamação aguda na incisão e cicatrização de segunda intenção, grande contaminação a partir do tubo digestivo. Obstrução biliar ou urinária.

4.4. Operações Infectadas

São todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão, em presença de processo infeccioso (supuração local), tecido necrótico, corpos estranhos e feridas de origem suja.

4.5. Exemplo de cirurgias classificadas pelo seu potencial de contaminação

a) Limpas - Artoplastia do quadril - Cirurgia cardíaca - Herniorrafia de todos os tipos - Neurocirurgia

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- Procedimentos cirúrgicos ortopédicos (eletivos) - Anastomose portocava, esplenorenal e outras - Mastoplastia - Mastectomia parcial e radical - Cirurgia de Ovário - Enxertos cutâneos - Esplenectomia - Vagotomia superseletiva (sem drenagem) -Cirurgia vascular

b)Potencialmente contaminada - Histerectomia abdominal - Cirurgia do intestino delgado (eletiva) - Cirurgia das vias biliares sem estase ou obstrução biliar - Cirurgia gástrica e duodenal em pacientes normo ou hiperclorídricos - Feridas traumáticas limpas - ação cirúrgica até dez horas após traumatismo - Colecistectomia + colangiografia - Vagotomia + operação drenagem - Cirurgias cardíacas prolongadas com circulação extracorpórea

c) Contaminadas

- Cirurgia de cólon - Debridamento de queimaduras - Cirurgias das vias biliares em presença de obstrução biliar - Cirurgia intranasal - Cirurgia bucal e dental - Fraturas expostas com atendimento após dez horas - Feridas traumáticas com atendimento após dez horas de ocorrido o

traumatismo - Cirurgia de orofaringe - Cirurgia do megaesôfago avançado - Coledocostomia - - Anastomose bilio-digestiva - Cirurgia gástrica em pacientes hipoclorídicos (câncer, úlcera gástrica) - Cirurgia duodenal por obstrução duoenal

d) Infectadas

- Cirurgia do reto e ânus com pus - Cirurgia abdominal em presença de pus e conteúdo de cólon - Nefrectomia com infecção - Presença de vísceras perfuradas - Colecistectomia par colecistite aguda com empiema - Exploração das vias biliares em colangite supurativa

5. Sistematização de Enfermagem Perioperatória (SAEP)

5.1 Introdução:

A sistematização da assistência de enfermagem perioperatória é um tema relevante na

enfermagem, apesar da escassez de estudos na literatura nacional. A implantação de um

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método para sistematizar a assistência de enfermagem deve ter como premissa um processo

individualizado, holístico, planejado, contínuo, documentado e avaliado; esse método deve

facilitar a prestação da assistência ao paciente como um ser único, com sentimentos e

necessidades únicas, com a sua anestesia e sua cirurgia, permitindo uma participação ativa e

tendo como objetivo principal a visão global do ser humano. A continuidade da assistência

iniciada com a visita de enfermagem deve ser obtida pelo planejamento e implementação da

assistência no período trans-operatório, compreendendo a avaliação pré-operatória, trans-

operatória, e a pós-operatória de enfermagem.

Para a utilização da sistematização da assistência o enfermeiro deve levar em consideração

dois componentes básicos: um modelo conceitual que norteará a coleta de dados para

identificar os diagnósticos de enfermagem e a consequente implementação do plano de

cuidados; outro componente refere-se ao conhecimento cognitivo e afetivo necessários ao

atendimento do paciente com necessidades afetadas devido ao procedimento anestésico-

cirúrgico.

A visita pré-operatória de enfermagem é o início da sistematização da assistência de

enfermagem perioperatória; esta primeira fase é realizada por meio da visita ao paciente,

consulta ao prontuário e interação com o enfermeiro da unidade de internação. A visita pré-

operatória de enfermagem é uma atividade desenvolvida para "conhecer e manter uma

interação efetiva enfermeiro-paciente, para orientar, supervisionar e encaminhar os

problemas detectados a outros profissionais quando necessário" Fonte: www.scielo.br

A Sistematização de Enfermagem Perioperatória (SAEP) deve ser realizada para todo paciente que for submetido a um procedimento anestésico-cirúrgico será avaliado pelo enfermeiro de Centro Cirúrgico com a aplicação da SAEP, que deverá ser desenvolvida dentro das regras do SAE, porém com um enfoque especifico ao paciente cirúrgico.

A SAEP é, sem dúvida, o alicerce que dá sustentação às ações de enfermagem no CC, atualmente além de criar maior interação na assistência de enfermagem no pré, trans e pós-operatório (Possari, 2003). Tal cuidado,foi bastante prejudicado na década de 60, quando a atuação do enfermeiro na assistência perioperatória era direcionada predominantemente para a área instrumental, para o atendimento às solicitações da equipe médica e para ações administrativas relacionadas ao desenvolvimento do ato anestésico-cirúrgico. Considerando essa história pregressa da assistência de enfermagem em CC e a complexidade das atividades administrativas que os enfermeiros exercem neste setor, porque são responsáveis pelo gerenciamento do mesmo, é possível entender a grande dificuldade que os enfermeiros perioperatórios têm de aplicar a SAEP.

Sendo esta sua principal atividade direcionada a assistência no intra operatório e na recuperação anestésica.

A SAEP deve ser planejada pelos enfermeiros perioperatórios, com um instrumento adequado à realidade da instituição, para que realmente atenda a seus objetivos e não resulte em mais dificuldades para o desempenho das atividades do profissional.

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6. Os principais objetivos da SAEP são:

• Implantar a assistência de enfermagem integral, individualizada e documentada nas fases pré, trans e pós-operatórias;

• Levantar e analisar as necessidades individuais do paciente a ser submetido ao procedimento anestésico-cirúrgico;

• Ajudar o paciente e sua família a compreender seu problema de saúde, preparando-os para o procedimento cirúrgico;

• Diminuir ao máximo os riscos inerentes ao ambiente cirúrgico;

• Diminuir a inquietação e a ansiedade do paciente, contribuindo para sua recuperação.

FONTE: www.sobecc.org.br