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Aspectos do desenvolvimento na infância e a formação do vínculo Curso ministrado durante o INTEGRAP – UNESP Campus de Rio Claro Autora: Profa.Dra. Silvia Marina Anaruma Set/out. 2012

Aspectos do desenvolvimento na infância e a formação do vínculo

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Page 1: Aspectos do desenvolvimento na infância e a formação do vínculo

Aspectos do desenvolvimento na infância e a formação do

vínculo

Curso ministrado durante o INTEGRAP – UNESP

Campus de Rio Claro

Autora: Profa.Dra. Silvia Marina Anaruma Set/out. 2012

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Programa

Características dos primeiros anos

A importância do cuidado

A construção do vínculo

A diferença entre apego e vínculo

Construção do vínculo e prematuridade

Aleitamento materno e desenvolvimento do vínculo

Relação entre desmame e vínculo

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Nosso bebê foi gerado, passou pela gestação, parto e nasceu e agora?

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A primeira infância Do nascimento até os três anos

As principais aquisições do desenvolvimento acontecem nesta fase

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formação do vínculo linguagem pensamento: capacidade de representação,

raciocínio, permanência do objeto motor – coordenação motora grossa e fina,

engatinhar, andar socialização – entrada na escola desmame- hábitos alimentares esfíncter – retirada da frauda consciência corporal – imagem corporal

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CUIDAR Uma das características principais desta

fase é o cuidado, uma vez a dependência da criança até os três anos é grande em vários aspectos.

O que é cuidar? Porque cuidar? Como cuidar?

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As pesquisas de René Spitz (1945) e a Síndrome do hospitalismo

Fenômeno que representa a atenção aos cuidados físicos de bebês separados de seus pais durante a guerra, mas pouco afeto e atenção.

Se caracterizava por: Apatia, falta de tonicidade motora, não se

alimenta e em casos extremos até a morte.

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Isto significa que a atenção, o toque, o carinho são essenciais para a sobrevivência nesta fase do desenvolvimento.

Esta atitude é o que chamamos de vínculo

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O que significa vínculo? “A maneira peculiar pela qual cada indivíduo se relaciona

com outro ou outros, criando uma estrutura particular a cada caso e a cada momento...Um vínculo normal parte da análise de uma das principais características das relações de objeto: as relações de dependência e as relações de independência.

Considera-se que um objeto, em uma relação adulta normal, é um objeto independente (diferenciado), ou seja, que tanto o objeto quanto o sujeito tem uma livre eleição de objeto. “

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A máxima não-diferenciação ocorre na primeira relação da criança com o peito da mãe, que inicialmente é parasitária (intra-uterina) e depois simbiótica ( em que há troca de afetos e situações emocionais) que com o tempo vai diminuindo.Em algumas ocasiões, torna-se siamésico.

O vínculo forma como um carimbo que se repete nas outras relações tanto internas quanto externas.

Este vínculo implica numa relação estabelecida com o outro de maneira particular, seja com objetos animados ou inanimados (PICHON-RIVIÉRE, 2000).

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Através do vínculo toda a personalidade do sujeito se comunica.

Os conceitos de papel e vínculo se misturam muito. Assim, para se estudar o vínculo é preciso conhecer também os diversos papéis que o sujeito assume (bonzinho, mau...), de forma consciente e voluntariamente e também de forma inconsciente (p.66).

Estes papéis são assumidos quando o sujeito consegue se colocar no lugar do outro, que fica comprometido se tiver algum bloqueio emocional.

Todas as nossas relações com os outros estão fundamentadas no interjogo de assumir e atribuir papéis.

Os papéis são atribuídos ao longo da nossa vida às pessoas com quem convivemos e podem ser menos frustrantes do que as que tivemos com as pessoas da nossa história anterior (p. 70)

Nós também assumimos papéis e em condições normais, vários ao mesmo tempo (p. 113)

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Na teoria dos papéis, vínculo é o conjunto que envolve as relações de objeto, que são “estruturas nas quais estão incluídos um sujeito e um objeto estabelecendo uma relação particular entre eles (PICHON-RIVIÉRE, 2000, p.113).”

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Se um bebê pré-termo é tocado durante sua permanência na UTI NEO (por 10 minutos, 3 vezes ao

dia) este poderá apresentar níveis mais baixos de sono ativo, de atividade motora e de

comportamento de estresse(. ..) se o tocarmos e/ou conversarmos com ele, poderá apresentar menos falhas na respiração, ganho de peso, alteração da motilidade intestinal e do choro e um progresso mais rápido em algumas áreas de funcionamento cerebral (In: BRUN ; SCHERMANN, 2007)

Construção do vínculo e prematuridade

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A Gestalt-terapia entende que a maneira como a mãe decide vivenciar a fase da gravidez e como constrói o contato afetivo com o feto influenciará sua própria vida e, possivelmente, a vida do filho em desenvolvimento.

...a construção do vínculo afetivo na gestação é fundamental e é estabelecido e vivenciado pela mãe, na maioria das vezes, em expressões de carinho e afeto através do contato com o bebê, principalmente através da fala e do toque na barriga.

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Crianças avaliadas como seguramente apegadas no intervalo dos 12 aos 18 meses mostram-se, na idade escolar, mais, sociável e positiva em suas relações com amigos e irmãos e menos dependentes dos professores, ou seja, apresentam maior independência e habilidade nas relações com os outros e fora do ambientes.

O padrão de apego seguro parece favorecer nas crianças uma maior autoconfiança e competência social. Por outro lado, crianças que apresentam apego do tipo esquivo, ansioso, resistente ou desorganizado, são mais resistentes ao contato e tem pior desempenho nas tarefas propostas . Suas mães de um modo geral demonstram uma ansiedade excessiva quanto às realizações das crianças, exigindo dos mesmos mais do que elas podem fazer, geralmente mostram-se pouco atentas, impacientes e/ou agressivas com seus filhos.

(BEE, 1996)

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Teoria do apego de Bowlby (1989): O que é apego?

“Qualquer forma de comportamento que resulte numa pessoa (criança) alcançar e manter a proximidade com algum outro indivíduo claramente identificado (mãe) considerado mais apto para lidar com o mundo”.

Esta relação fornece uma base segura para a criança a partir do qual ele pode explorar o mundo exterior e a voltar certos de que serão bem vindos, nutridos fisica e emocionalmente

Construção por volta de 1 ano e meio de um sentimento de confiança e segurança da criança em relação ao si mesma e, principalmente, em relação aqueles que os rodeiam

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No vínculo existe a necessidade da presença do outro e um acréscimo da sensação de segurança na presença dele

No apego o outro é visto como uma base segura, a partir do qual o indivíduo pode explorar o mundo e experimentar novas relações

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" Os efeitos perniciosos da privação variam de acordo com o grau da mesma. A privação traz consigo a angústia, uma exagerada necessidade de amor, fortes sentimentos de vingança e, em consequência, culpa e depressão" (p.14).

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O bebê precisa reconhecer quem cuida dele, por isso, precisa ser cuidado sempre pela mesma pessoa.

No primeiro mês, o melhor para o bebê é ser cuidado pela mãe.

Ela deve aproveitar os momentos da troca de fralda e do banho para conversar com o bebê, cantar baixinho, massagear o corpo dele, olhá-lo nos olhos.

Assim, os dois vão se conhecendo e se amando mais.

O pai deve participar ativamente desses momentos.

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Como saber se o vínculo entre mãe e bebê está sendo estabelecido:

• Durante a amamentação, o bebê procura o olhar da mãe e ela olha para ele.

• Quando o bebê está chorando e a mãe o pega no colo, ele se acalma.

• Quando a mãe está bem perto do bebê, ele tenta acompanhar, com os olhos, os movimentos dela.

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O melhor para o bebê é ser cuidado pela mãe.

O bebê gosta muito quando a mãe conversa com ele, canta baixinho, olha nos seus olhos, toca e massageia o corpo dele.

Na falta da mãe, é bom que o bebê seja cuidado sempre pela mesma pessoa, porque ele precisa reconhecer quem cuida sempre dele.

(CARTILHA DA FAMÍLIA, 2004, A 2)

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A mãe deve exercer a maternagem através de uma rotina monótona, pois são as experiências repetidas que dará ao bebê o senso de organização e ele terá a possibilidade de ir integrando estas experiências continuamente.

A aprendizagem deve ocorrer gradativamente

Apesar do sentimento de irritação e impaciência da mãe que por muitas vezes acontece, deve predominar o sentimento de gostar e paciência! (ELYSEU JR, 2000)

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A amamentação contribui para a manutenção no bebê da ilusão da continuidade intra uterina. Parece que o corpo de um se continua no corpo do outro.

É uma maneira privilegiada de acalmar a angústia do recém nascido que torna tão penoso os primeiros meses de existência.

É uma das maneiras em que o ser humano é convocado a ser sujeito (QUEIROZ, 2005).

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A relação entre mãe e bebê são tão importantes da hora da amamentação que o seu olhar para a mãe vai estimular a descida do leite

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Desmame: um caso a parte

O desmame é tão importante quanto a amamentação

É o primeiro movimento de rompimento da dependência da mãe

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A Organização Mundial de Saúde recomenda a amamentação até os dois anos ou mais

O desmame começa a partir dos seis meses de vida, quando há a introdução da alimentação complementar

O desmame definitivo varia de mãe para mãe e de bebê para bebê. É um acordo feito à dois

Como está relacionado à formação do vínculo, deve ser feita de forma gradual e quando a criança estiver segura

Muitos desmames são traumáticos porque não respeitam a necessidade e a auto regulação da criança

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Uma das razões da dificuldade de desmame ser maior do que com a mamadeira é o fato da amamentação ser muito mais intensa, além de representar um corte com o corpo da mãe (QUEIROZ, op.cit,p.63)

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Bee, H. (1996). A Criança em Desenvolvimento. Porto Alegre: Artes Médicas.

BRASIL. Unicef. Kit da Família fortalecida. Brasilia, 2004. Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10178.htm. Acesso em : 28 set 2012

Bowlby, J. (1989). Uma Base Segura: aplicações clínicas da teoria do apego. Porto Alegre: Artes Médicas.

BRUM, E.H.M. de  e  SCHERMANN, L. Intervenção para promover a qualidade do vínculo mãe-bebê em situação de nascimento pré-termo. Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. [online]. 2007, vol.17, n.2 [citado  2012-09-27], pp. 12-23 . Disponível em:

<http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822007000200003&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 0104-1282.

ELYSEU JUNIOR,S. Maternagem e personalidade: um guia para os pais. Campinas, SP, Ed. Átomo, 2000.

FONSECA, B.C.R. A construção do vínculo afetivo mãe- filho na gestação. Revista científica Eletrônica de Psicologia, ano viii, n. 14, 2010. Disponível em: http://www.revista.inf.br/psicologia/pages/artigos/ART10-ANOVIII-EDIC14-MAIO2010.pdf. Acesso em: 27 set 2010

MONDARDO, A.H. ; VALENTINA, D.D. Psicoterapia infantil: ilustrando a importância do vínculo materno para o desenvolvimento da criança. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Monografia, 1997. Disponível em: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/.../File/.../18.PDF. Acesso em: 27 set 2012.

QUEIROZ, T.C. DA N. Do desmame ao sujeito. São Paulo, casa do Psicólogo, 2005 (Coleção 1ª. Infância) .

Set/out. 2012