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3Folha de Ortopedia e Traumatologia - IOT
Governo doEstado de São Paulo
GovernadorJosé Serra
Secretário da SaúdeLuiz Roberto Barradas Barata
Hospital das Clínicasda Faculdade deMedicina da USP
Presidente doConselho Deliberativo
Marcos Boulos
SuperintendenteSuperintendenteSuperintendenteSuperintendenteSuperintendenteJosé Manoel de C. Teixeira
Diretor ClínicoDiretor ClínicoDiretor ClínicoDiretor ClínicoDiretor ClínicoJosé Otávio Costa Auler Júnior
Instituto de Ortopediae Traumatologia
Professores TitularesTarcisio E. P. Barros FilhoArnaldo Valdir Zumiotti
Olavo Pires de Camargo
Diretor CientíficoAlberto Tesconi Croci
Diretor ExecutivoLeonardo Ceccon
EditorOlavo Pires de Camargo
Cartas para a RedaçãoSandra Maria Silveira
Claudia Helena dos Santos
Instituto de Ortopediae Traumatologia
“Prof. F. E. Godoy Moreira”Rua: Dr. Ovídio Pires de
Campos, 333 - Tel./Fax: (11)3069-6815 / 3069-7900 - CEP
05403-010 - São Paulo – SP
FotosOlga Mendes Braga
José Roberto Caetano
Projeto e Execução
Tel. (11) 5181-6905www.agenciare9.com.br
Jornalista ResponsávelJornalista ResponsávelJornalista ResponsávelJornalista ResponsávelJornalista ResponsávelAntonio Luiz Mello Jr.
MTb 46.025 – SP
Tiragem:Tiragem:Tiragem:Tiragem:Tiragem: 6.000 exemplares
Distribuição Nacional
EditorialNeste número apre-
sentamos o artigo "OMédico e a Humanizaçãoda Medicina", do nossoquerido mestre ArnaldoAmado Ferreira Filho,além do artigo originalsobre Hastes Bloqueadasdo Prof. Flávio Pires deCamargo.Seguimos também com temas de atualização e resu-mos das dissertações e teses defendidas.
Prof. Dr. Olavo Pires de CamargoEditor
EditorialEditorialEditorialEditorialEditorial
Artigo reeditado - Osteossíntese IntramedularArtigo reeditado - Osteossíntese IntramedularArtigo reeditado - Osteossíntese IntramedularArtigo reeditado - Osteossíntese IntramedularArtigo reeditado - Osteossíntese Intramedular
nas fraturas do 1/3 inferior do fêmur -nas fraturas do 1/3 inferior do fêmur -nas fraturas do 1/3 inferior do fêmur -nas fraturas do 1/3 inferior do fêmur -nas fraturas do 1/3 inferior do fêmur -
modificação da prótese de Küntschermodificação da prótese de Küntschermodificação da prótese de Küntschermodificação da prótese de Küntschermodificação da prótese de Küntscher
TTTTTese defendida - Estudo comparativo entre aese defendida - Estudo comparativo entre aese defendida - Estudo comparativo entre aese defendida - Estudo comparativo entre aese defendida - Estudo comparativo entre a
via de acesso minimamente invasiva posterior evia de acesso minimamente invasiva posterior evia de acesso minimamente invasiva posterior evia de acesso minimamente invasiva posterior evia de acesso minimamente invasiva posterior e
a via de acesso lateral direta nas artroplastiasa via de acesso lateral direta nas artroplastiasa via de acesso lateral direta nas artroplastiasa via de acesso lateral direta nas artroplastiasa via de acesso lateral direta nas artroplastias
totais do quadril não cimentadatotais do quadril não cimentadatotais do quadril não cimentadatotais do quadril não cimentadatotais do quadril não cimentada
O médico e a humanização da medicinaO médico e a humanização da medicinaO médico e a humanização da medicinaO médico e a humanização da medicinaO médico e a humanização da medicina
TTTTTeses defendidaseses defendidaseses defendidaseses defendidaseses defendidas
Cursos do 2º semestreCursos do 2º semestreCursos do 2º semestreCursos do 2º semestreCursos do 2º semestre
Disciplinas de pósDisciplinas de pósDisciplinas de pósDisciplinas de pósDisciplinas de pós-graduação - 2º semestre-graduação - 2º semestre-graduação - 2º semestre-graduação - 2º semestre-graduação - 2º semestre
PPPPProgramação 2008 - Reuniões clínicas,rogramação 2008 - Reuniões clínicas,rogramação 2008 - Reuniões clínicas,rogramação 2008 - Reuniões clínicas,rogramação 2008 - Reuniões clínicas,
atualização e revisão de temasatualização e revisão de temasatualização e revisão de temasatualização e revisão de temasatualização e revisão de temas
03
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Sumário
EXPEDIENTE
18
4Abril - Junho 2008
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do
inserem logo acima dos côndilos femurais, e que,
ao se contrairem puxam o fragmento distal para
baixo. Sabemos das grandes dificuldades técnicasE ntre as contraindicações da osteossín-
tese intramedular com a prótese de
Küntscher nas fraturas da diáfise
femural, estão as fraturas localizadas no 1/3
inferior, porque é precária a imobilização que o
pino realiza, devido à pouca fixação do mesmo
no tecido esponjoso metafisário inferior. Sabemos
que o limite de localização máximo de fratura
para que a ostessíntese obtenha bom êxito nesses
casos, é quando a mesma esteja localizada pelo
menos a 7 centímetros acima do joelho. Mesmo
nestas condições, já observamos em operações
realizadas, movimentos mais ou menos amplos
do foco de fratura, sendo necessária a
imobilização em aparelho gessado. Devemos
considerar ainda certas condições anatômicas
locais, que desfavorecem a osteossíntese
intramedular nessas fraturas. Além do canal
medular nesse nível ser amplo, temos a
considerar a ação dos músculos gêmeos, que se
Fig. 1Modificação da prótese de Küntscher para asfraturas do 1/3 distal do fêmur: A – O pino vistonas suas duas faces. Notar a modificação no1/3 distal. B - A vareta que é introduzida dentrodo pino. Notar na extremidade distal as duaslâminas. C - Por meio de um mecanismo simplesas duas lâminas abrem-se e fixam-se no tecidoesponjoso ou na face interna da cortical.
Fig. 1
DR. FLÁVIO PIRES DE CAMARGO(LIVRE DOCENTE E ASSISTENTE)
Osteossíntese Intramedular nasOsteossíntese Intramedular nasOsteossíntese Intramedular nasOsteossíntese Intramedular nasOsteossíntese Intramedular nasfraturas do 1/3 inferior do fêmurfraturas do 1/3 inferior do fêmurfraturas do 1/3 inferior do fêmurfraturas do 1/3 inferior do fêmurfraturas do 1/3 inferior do fêmurOsteossíntese Intramedular nasOsteossíntese Intramedular nasOsteossíntese Intramedular nasOsteossíntese Intramedular nasOsteossíntese Intramedular nas
fraturas do 1/3 inferior do fêmurfraturas do 1/3 inferior do fêmurfraturas do 1/3 inferior do fêmurfraturas do 1/3 inferior do fêmurfraturas do 1/3 inferior do fêmurmodificação da prótese de Küntschermodificação da prótese de Küntschermodificação da prótese de Küntschermodificação da prótese de Küntschermodificação da prótese de Küntschermodificação da prótese de Küntschermodificação da prótese de Küntschermodificação da prótese de Küntschermodificação da prótese de Küntschermodificação da prótese de Küntscher
Este artigo original do Prof. Flávio Pires de Camargo publicado em 1953, correspondea um capítulo de sua Tese de Livre-Docência realizada em 1952. Constitui a primeiradescrição na literatura mundial da haste bloqueada, reconhecida por autores norte-americanos e europeus. A própria tese mostra a experiência inédita do uso da hastede Küntscher com abertura do foco de fratura que havia sido desenvolvida narecuperação mais rápida dos pilotos norte-americanos e alemães que tiveram seusaviões abatidos durante a 2ª Guerra Mundial.
Prof. Olavo Pires de Camargo
5Folha de Ortopedia e Traumatologia - IOT
para a redução incruenta destas fraturas, e que
não raras vêzes, somos obrigados a recorrer a
métodos cruentos. A fixação cirúrgica pelos
métodos habituais, é de técnica difícil, porque o
fragmento distal é curto, dando pouco apôio ao
meio de síntese empregado.
Afim de, se obter uma osteossíntese sólida
nesses casos, realizamos uma modificação na
prótese de Küntscher, que consiste na adaptação
no 1/3 distal, de duas lâminas que, ao se abrirem,
se fixam, seja no tecido esponjoso aí existente
seja na face interna da cortical. Essas duas
lâminas estão presas na extremidade de uma
vareta que é introduzida dentro do pino e se
abrem a custa de um
mecanismo simples,
na altura desejada
para cada caso. (Fig.
1).
Realizamos primeiramente uma série de
experiências em cadáveres e observamos que em
certos casos, devido a curvatura do canal
medular, a extremidade distal da prótese não
terminava exatamente no meio dos côndilos
femurais , aproximando-se mais de um dos lados
da cortical. Mesmo assim, as lâminas se abriam
e se fixavam de um lado, na face interna da cor-
tical e de outro, no tecido esponjoso metafisário,
dando uma solidez ainda maior à osteossíntese.
O acréscimo de peso do material de síntese
com esta modificação é de 40 gramas. Um pino
de aço inoxidável medindo 40 cms. de
comprimento por 9,5 mm. de diâmetro, pesa
pouco mais de 100 gramas. Um pino em
idênticas condições mais haste com as lâminas
distais, pesam 140 gramas. Este acréscimo de
pêso não trouxe qualquer inconveniente em
nossos casos.
A técnica operatória é idêntica à da
osteossíntese intramedular por via retrógrada,
com pequenas modificações que passamos a
descrever. A introdução do pino por via retrógrada
no fragmento proximal, é feita com uma haste
maciça no seu interior, cuja finalidade é impedir
que se acumulem no interior do pino, pequenos
fragmentos de tecido ósseo, tecido medular e
tecido muscular, que iriam impedir que as lâminas
se abrissem.(Fig.3). Após a redução da fratura,
faz-se a introdução do pino no fragmento distal,
sendo então retirada a haste maciça. Pela
radiografia, verificamos a penetração do mesmo
e calculamos a altura em que desejamos que as
lâminas se abram.
OSTEOSSÍNTESEINTRAMEDULARNAS FRATURAS
Fig 2As duas lâminas ao se abri-rem, se fixam quer na faceinterna das corticais querno tecido ósseo esponjoso,bastando para isso abaixarou levantar o suporte inter-no. Este detalhe deve serdeterminado antes daoperação.
Fig.3A introdução dopino no fragmentoproximal éfeita com umahaste maciçano seu interior, afim de impedirque se acumulemno interior dopino, pequenosfragmentos detecido ósseo emuscular, queimpediriam queas lâminas seabrissem.
Fig. 3
Fig. 2
6Abril - Junho 2008
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L. H., 7 anos, masc.- Fratura patológica
(quisto ósseo) do 1/3 distal do fêmur.
Osteossíntese intramedular com o
pino especial de duas lâminas distais.
Consolidação definitiva e cura do
quisto em 7 mêses. Neste caso houve
um erro de técnica, tendo a ponta do
pino atingido a epífise. Controle
radiográfico feito um ano e meio após,
mostra consolidação da cura,
parecendo haver soldadura precoce
da epífise. Nessa ocasião não havia
encurtamento.
Fig. 4
“A técnicaoperatório éidêntica à daosteossíntese
intramedular porvia retrógrada,com pequenasmodificações
que passamosa descrever”.
Atualmente a nossa casuística é de 16
casos, sendo que a primeira operação foi
realizada há 3 anos. Em 7 casos foi
necessária a imobilização em aparelho
gessado por 2 mêses, porque não houve
fixação satisfatória dos fragmentos. A marcha
foi iniciada entre 30 e 70 dias depois da
operação, havendo rápida formação de calo
ósseo e recuperação progressiva dos
movimentos do joelho. A consolidação
definitiva deu-se entre 11 e 15 mêses,
quando a prótese foi retirada, sem maiores
dificuldades ( Fig. 4, 5, 6, 7 e 8).
7Folha de Ortopedia e Traumatologia - IOT
Fig. 5
J. S., 66 anos, masc. - Fratura ligeiramente oblíqua do 1/3 inferior do fémur.
Osteossíntese com pino especial (adaptação de duas lâminas distais).
Início da marcha 70 dias após a operação
F. A., 15 anos, fem. - Fratura do 1/3 interior do fêmur E., no qual foi empregado
o pino com as duas lâminas distais. Iniciou a marcha 30 dias depois da operação.
Consolidação definitiva em 8 mêses. Tipo de calo fusiforme, desenvolveu-se
paralelamente o calo periostal e o endostal.
Fig. 7
M.P. A., 34 anos, fem. - Fratura transversa do 1/3 inferior do fêmur. Osteossíntese com pino
especial (adaptação de duas lâminas distais). Início da marcha 30 dias após a operação.
Consolidação definitiva em 11 mêses.
Fig. 6
8Abril - Junho 2008
N. B., 13 anos, masc. -
Fratura antiga do 1/3
inferior do fêmur, na
qual foi usado o pino
com as duas lâminas
distais. Iniciada a
marcha 60 dias após
a operação.
Consolidação
definitiva em 10
mêses.
RESUMOO autor apresenta um novo tipo de prótese intramedular para as fraturas do 1/3
inferior do fêmur. Consiste na adaptação na extremidade distal da prótese, de 2
lâminas, que ao se abrirem, se fixam seja na face interna das corticais, seja no tecido
ósseo esponjoso. Essas duas lâminas estão presas na extremidade de uma vareta,
que é introduzida dentro da prótese e se abrem a custa de um mecanismo simples, na
altura desejada para cada caso. Já realizou a operação em 16 pacientes, com bons
resultados.
SUMMARYThe author presents a new type of intramedullar prosthesis for the fractures of the
lower ou femur. It consists in the adaptation of two metal plates in the lower extremity
of the prosthesis, which, when they open, they are fixed upon the internal face of the
compact or on the concellous bone tissue.
These twou plates are tight at the extremity of a nail which is introduced into the
prosthesis and they open by means of a simple mechanism, in the height desired for
each case. The author has already done 16 operations with good results.RES
UM
O
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Fig. 8
9Folha de Ortopedia e Traumatologia - IOT
INTRODUÇÃONo início deste século, surgem os acessos
minimamente invasivos para artroplastia total do
quadril. Estes acessos são caracterizados por
incisões menores, com menor agressão a tecidos
profundos, o que supostamente proporcionaria
menor sangramento, melhor resultado estético,
reabilitação precoce e menor índice de
complicações e morbidade. O acesso
minimamente invasivo pode ser realizado pelo
acesso habitual do cirurgião, seja lateral ou
posterior, com incisão menor e menor dissecção
de planos profundos.
Lieberman et al (1994) e Sharrock et al (1995)
demonstram que menores perdas volêmicas em
artroplastia total do quadril têm relação direta
com menor incidência de complicações
tromboembólicas, assim como, menor
mortalidade.
Rosencher et al (2003) comprovam a disparidade
que ocorre entre o sangramento estimado e o
sangramento real calculado nas artroplastias
totais do quadril. A maioria dos autores que
utilizam acessos minimamente invasivos relatam
estimativas de sangramento extremamente
baixas, medidas por metodologias nem sempre
específicas e claras em relação a trabalhos que
utilizam metodologia minuciosa, onde a estimativa
de sangramento é significativamente maior.
O objetivo principal do nosso estudo é avaliar o
sangramento que ocorre em pacientes subme-
tidos ao acesso minimamente invasivo posterior,
tendo como comparação pacientes submetidos
ao acesso lateral direto tradicional.
Os objetivos secundários são avaliar o
posicionamento dos componentes acetabular e
femoral, assim como, avaliar a restauração do
centro de rotação da prótese, além do resultado
clínico funcional até o sexto mês após a cirurgia.
MÉTODOSRealizamos um estudo terapêutico prospectivo
comparativo, avaliando o acesso minimamente
invasivo posterior e o acesso lateral direto
tradicional.
Trata-se de um estudo bicaudal, onde a hipótese
nula (HO) é a igualdade da perda volêmica nos
dois grupos de pacientes e a hipótese alternativa
(H1), a diferença de perda volêmica nos dois
grupos de pacientes.
São estudados dois grupos consecutivos de
pacientes totalizando 76 artroplastias totais do
quadril, comparando o acesso minimamente
invasivo posterior (34 pacientes) e o acesso lateral
direto tradicional (42 pacientes).
São incluídos no estudo, pacientes com
osteoartrose primária ou secundária do quadril,
com indicação de artroplastia total do quadril do
tipo não cimentada.
Não são incluídos: pacientes com qualquer tipo
de coagulopatia, em uso de anticoagulantes ou
antiagregante plaquetário, pacientes hipertensos
Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade deSão Paulo para obtenção de título de Doutor em Ciências.
Área de concentração: Ortopedia e TraumatologiaOrientador: Prof. Dr. Alberto Tesconi Croci
Tese
de
fen
did
a
José Ricardo Vicente Negreiros
Estudo comparativo entre a via de acessoEstudo comparativo entre a via de acessoEstudo comparativo entre a via de acessoEstudo comparativo entre a via de acessoEstudo comparativo entre a via de acesso minimamente invasiva posterior e a via minimamente invasiva posterior e a via minimamente invasiva posterior e a via minimamente invasiva posterior e a via minimamente invasiva posterior e a via
de acesso lateral direta nas artroplastias de acesso lateral direta nas artroplastias de acesso lateral direta nas artroplastias de acesso lateral direta nas artroplastias de acesso lateral direta nas artroplastiastotais do quadril não cimentadastotais do quadril não cimentadastotais do quadril não cimentadastotais do quadril não cimentadastotais do quadril não cimentadas
Estudo Estudo Estudo Estudo Estudo comparativocomparativocomparativocomparativocomparativo entre a entre a entre a entre a entre a via de acessovia de acessovia de acessovia de acessovia de acesso minimamente invasiva minimamente invasiva minimamente invasiva minimamente invasiva minimamente invasiva posterior e a posterior e a posterior e a posterior e a posterior e a viaviaviaviavia
de acesso de acesso de acesso de acesso de acesso lateral direta nas lateral direta nas lateral direta nas lateral direta nas lateral direta nas artroplastiasartroplastiasartroplastiasartroplastiasartroplastiastotais do totais do totais do totais do totais do quadrilquadrilquadrilquadrilquadril não cimentadas não cimentadas não cimentadas não cimentadas não cimentadas
10Abril - Junho 2008
Tese
de
fen
did
a
sem controle medicamentoso, pacientes subme-
tidos a qualquer cirurgia prévia do quadril, e pa-
cientes com seqüela de displasia do desenvolvi-
mento do quadril, que tenham a cabeça femoral
ectópica, ou necessitem de reconstrução aceta-
bular primária correspondendo aos tipos 2, 3 e
4, segundo a classificação de Crowe et al (1979).
Figura 1: Detalhes da técnica minimamente invasiva
ResultadosVVVVVariável (média)ariável (média)ariável (média)ariável (média)ariável (média)TTTTTempo de cirurgia (min)empo de cirurgia (min)empo de cirurgia (min)empo de cirurgia (min)empo de cirurgia (min)TTTTTamanho da incisão (mm)amanho da incisão (mm)amanho da incisão (mm)amanho da incisão (mm)amanho da incisão (mm)Diferença de escore clínico pré e pós (HHS)Diferença de escore clínico pré e pós (HHS)Diferença de escore clínico pré e pós (HHS)Diferença de escore clínico pré e pós (HHS)Diferença de escore clínico pré e pós (HHS)Sangramento intra-Sangramento intra-Sangramento intra-Sangramento intra-Sangramento intra-operatório (ml)operatório (ml)operatório (ml)operatório (ml)operatório (ml)Sangramento total (ml)Sangramento total (ml)Sangramento total (ml)Sangramento total (ml)Sangramento total (ml)
Minimamente invasivoMinimamente invasivoMinimamente invasivoMinimamente invasivoMinimamente invasivo97,597,597,597,597,597,197,197,197,197,151,851,851,851,851,8
745,6745,6745,6745,6745,61083,51083,51083,51083,51083,5
ControleControleControleControleControle125,5125,5125,5125,5125,5169,3169,3169,3169,3169,343,343,343,343,343,3
1282,81282,81282,81282,81282,81682,31682,31682,31682,31682,3
VVVVValor de palor de palor de palor de palor de p 0,001* 0,001* 0,001* 0,001* 0,001*
<0,001*<0,001*<0,001*<0,001*<0,001*0,002*0,002*0,002*0,002*0,002*
<0,001*<0,001*<0,001*<0,001*<0,001*<0,001*<0,001*<0,001*<0,001*<0,001*
total do grupo MI de 1083,5 ml (Wright et
al,2004;Wenz et al,2002).
Como nossa estimativa do sangramento no
acesso minimamente invasivo posterior é signi-
ficativamente superior à literatura, porém a média
das unidades de hemácias transfundidas, assim
como a proporção dos pacientes transfundidos
é significativamente menor em relação à litera-
tura, nos deparamos com um resultado contra-
ditório, que somente pode ser explicado pela
subestimação da maioria dos autores, quanto ao
sangramento real que ocorre em uma artroplastia
total do quadril.
A maioria dos trabalhos não esclarece em sua
metodologia, como foi feita esta estimativa.
Destacamos ainda, que o otimismo e ânimo frente
à novas técnicas pode constituir um viés
metodológico, que leve a equipe ou o cirurgião
à minimizar a perda volêmica.
DISCUSSÃOObservamos em nossos pacientes uma média
menor das unidades transfundidas (0,16
unidades) nos pacientes do grupo MI assim como
uma baixa incidência de transfusão (8,8%), em
relação aos outros autores que estudam este
acesso, com médias descritas de 0,3 unidades;
0,88 unidades; 1,14 unidades e 0,7 unidades
(Wenz et al, 2002; Swanson et al, 2005; Chimento
et al, 2005; DiGioia et al, 2003).
Analisando-se apenas os seis trabalhos revistos
onde há comparação entre o acesso minima-
mente invasivo posterior com o acesso tradicional,
observamos estimativas menores de sangramento
no acesso menos invasivo com valores estimados
significativamente mais baixos (variação entre
151,8 ml e 598 ml) quando comparados à nossa
casuística com média estimada de sangramento
11Folha de Ortopedia e Traumatologia - IOT
Um estudo multicêntrico com 225 centros de
referência na Europa, avaliando 2054 pacientes
submetidos à artroplastia total do quadril,
demonstrou grande disparidade entre a perda
estimada (média de 750 ml) e a perda real
calculada (média de 1944 ml), valores estes mais
próximos da nossa estimativa dos pacientes
submetidos ao acesso lateral tradicional com
média estimada de 1680,7 ml (Rosencher et
al,2003).
Pierson et al (2004) relatam perdas calculadas
de 1428 ml e queda nos níveis de hemoglobina
de cerca de 4,0 g/dl em pacientes submetidos à
artroplastia total do quadril, o que confirma esta
subestimação.
Finalizando, observamos uma estimativa menor
de sangramento nos pacientes do grupo MI,
assim como, observamos uma tendência à
subestimação por parte da maioria dos autores
que estudam os acessos minimamente invasivos,
tendência esta confirmada pela nossa casuística
e de outros autores. (Rosencher et al,2003).
A utilização da via de acesso minimamente
invasiva posterior nas artroplastias totais do
quadril não cimentadas leva a um menor
sangramento, quando comparada à via de
acesso lateral direta, não induzindo a erro de
posicionamento dos componentes da prótese e
apresenta após seis meses resultado clínico
funcional superior em relação a pacientes
submetidos à via de acesso lateral direta.
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Gráfico 1 -Dispersão dosangramentopelo tempoda cirurgia
O médico e a humanizaçãoO médico e a humanizaçãoO médico e a humanizaçãoO médico e a humanizaçãoO médico e a humanizaçãoda Medicinada Medicinada Medicinada Medicinada Medicina
12Abril - Junho 2008
Hu
ma
niz
açã
o
recorrer a quaisquer meios para obter o que deseja,acaba por ter sua consciência duramente atingida.Dessa forma, vazio de pensamentos mais nobres,torna-se egoísta, leniente com os desvios morais einsensível ao sofrimento alheio. Esse processo dele-tério faz com que, aos poucos, perca o sentido dotrágico e passe a considerar como normais atoscondenáveis e a tolerar a brutalidade e a violência.Aos poucos aceita que a miséria moral e física, ador e a morte se transformem num mero cenáriobanal do seu cotidiano, como mostram a televisãoe o cinema.Entretanto, há no ser humano, forças interioresinatas que, além de balizar o seu comportamento,têm o poder de resgatar a sua dignidade, tornando-o capaz de resistir à degradação do seu espírito.O ser humano é dirigido por impulsos instintivosque são a base da sua constituição psíquica e queformam o denominador comum inconsciente detodos os homens condicionando seu comporta-mento. São os impulsos biológicos da auto-conservação e da sexualidade, os impulsos sociaisda auto-afirmação e da sociabilidade e os impulsosespirituais da moral, da ética, da cogitação dosentido da existência e da autotranscendência queé a aspiração do infinito.Sem que tenha que ser ensinado o homem temdentro de si, guardadas as peculiaridades culturaisde cada povo, a consciência do certo e do erradoe o sentimento do bem e do mal. Isso é tão marcan-te que fez com que o termo "humano" que designao que é pertencente ou relativo ao homem, tambémpassasse a significar, numa figura de semântica,bondoso, piedoso, indulgente e compreensivo. Dovocábulo "humano" derivou Humanismo.
Mas o que é o Humanismo?O Humanismo é uma postura filosófica epsicossocial que centra o seu interesse no homemcolocando-o como o princípio e o fim da cultura.O Humanismo busca libertar o homem das forçasque impedem a realização de suas potencialidadese o torna objeto e não sujeito do processo social.O Humanismo surgiu no Renascimento como umaatitude crítica em relação à ideologia e às impo-sições religiosas medievais que valorizavam, sobre-tudo, a influência do poder transcendental nosdestinos do homem. Naquela época, aliado aoestudo renovado das culturas grega e romana, oHumanismo foi uma redescoberta da unidade entreseres humanos e natureza e uma renovação dosprazeres da vida, antes considerados pecaminosos.
Já se disse que o paciente é o grande esque-cido da Medicina e que os médicos se preo-cupam em demasia com as doenças e esque-
cem o ser humano. Esse comportamento é, emparte, influenciado pela tecnocracia que domina omundo e que, no caso específico da Medicina, tendesuperestimar a investigação científica e o virtuosismotécnico, transformando-os na finalidade principaldas preocupações do médico. Como conseqüênciao médico tem sua atenção desviada do ser humanosensível, angustiado e sofredor, cuja saúde física emental é o objetivo maior da Ciência Médica. Épreciso salientar que esse desvio de rumo não éapanágio dos médicos, mas também podeacontecer com todos que, direta ou indiretamente,participam do complexo assistencial da saúdepública e privada.Aqui no Hospital das Clínicas sentia-se essasubliminar, porém crescente, desumanização dainstituição, fenômeno que parecia derivar de umlado da insensibilidade que a convivência constantecom a dor alheia acaba por provocar e, de outro,pela inconsciente perda progressiva do sentido darazão de ser do hospital. Dessa forma os envolvidosno atendimento hospitalar acabam por não seaperceberem que a tarefa que diligentementeexecutam é tão somente uma parte da complexaestrutura assistencial dirigida para um objetivomaior que é o ser humano doente e sofredor.Para melhor compreender o que estava aconte-cendo foram organizados, em 1989, 1990 e 1991ciclos de palestras para que os responsáveis pelosvários setores de atendimento e sustentação daestrutura hospitalar tivessem a oportunidade deexpor sua visão do problema. Coube a mim, naabertura daqueles ciclos de palestras, aquianfiteatro do IOT, analisar o papel do médiconaquele contexto, ponto de partida para minhaslucubrações sobre a complexa interação entremédico, doente e sociedade. Vivemos atualmenteuma terrível fase de instabilidade social e econômicaacompanhada por uma escalada da insensibilidademoral, da falta de respeito para com o próximo,da intolerância religiosa e da violência que vêmcontaminando todos os setores da atividadehumana. O homem moderno desorientado eansioso, que, muitas vezes, procura esquecer seusproblemas em atividades inconseqüentes, quebusca consolo e satisfação em prazeres fáceis enum consumismo sem controle, que não hesita em
O médico e a humanizaçãoO médico e a humanizaçãoO médico e a humanizaçãoO médico e a humanizaçãoO médico e a humanizaçãoda Medicinada Medicinada Medicinada Medicinada Medicina
Arnaldo Amado Ferreira Filho
13Folha de Ortopedia e Traumatologia - IOT
Assim, através dos séculos, o Humanismo tem sidoforça importante na valorização do homem.
E o que dizer da Medicina e dos médicos quesempre procuraram aliviar a dor e curar asenfermidades que têm afligido o homem nasua peregrinação histórica? Teria o médicode hoje, pressionado por fatores de naturezaeconômica, social e ideológica, perdido ograndioso sentido humanístico da suaprofissão?O exercício da arte de curar, que é tão antiga quantoo homem, nasceu como uma resposta à dor, àdoença, ao sofrimento e à morte.A Medicina primitiva era uma atividade sacerdotalporque se acreditava fossem as doenças causadaspor espíritos maléficos ou uma punição impostapelos deuses. Assim, muitas das práticas médicaseram mágico-religiosas destinadas, em grandeparte, a afastar os maus espíritos e aplacar a iradivina relegando o doente, como ser humano, aum plano secundário.A Medicina surge, num passado remoto, já comoatividade sistematizada, mas ainda intensamenteimpregnada pelo misticismo e sem perfil éticodefinido, como se lê, entre outros, nos escritos dosacerdote Imhotep, médico do faraó Zoser, no livrosagrado Ayur Veda da antiga Índia e no famosocódigo do rei Hamurabi da Babilônia consideradoa mais antiga legislação sobre a profissão médica.Entretanto, foi na Grécia clássica, berço daMedicina Ocidental, que se estabeleceram as basesfilosóficas e éticas da nossa profissão. "Os Helenos,refere Samoranch, tiveram a natureza do artífice,calcularam a ética com a precisão de um equilíbriodas tensões entre a matéria e o espírito. Admitiramseus deuses como uma superação do terreno ecomo explicação do incompreensível da vida,porém os vestiram de carne sensível para nãoperde-los no misticismo abstrato. Sua filosofia do"logos", isto é, da razão, da inteligência e doraciocínio, os levou a procurar um estado deperfeição para a vida do homem que chamaram"eudaimonia" que, em grego, significa felicidade,bem estar, sucesso. O eudemonismo admite ser afelicidade individual ou coletiva o fundamento moralda conduta humana". Podemos já perceber oprenúncio daquilo que séculos mais tarde seria oHumanismo dos nossos dias.O juramento hipocrático, célula "mater" da Deonto-logia Médica, que traça os princípios éticos que omédico deve seguir no exercício da sua arte já entãosalientava a responsabilidade do médico para comseus pacientes quando dizia: "aplicarei os regimespara o bem dos doentes, segundo o meu saber e aminha razão e nunca para prejudicar ou fazer mala quem quer que seja; a ninguém darei, paraagradar, remédio mortal nem conselho que o
induza à destruição" e, mais adiante, "na casa ondeeu for, entrarei apenas para o bem do doente". É orespeito e desvelo dos médicos da antiga Gréciapara com os doentes que se projetava no quedenominavam "philia yatriké".Aquela generosa "philia yatriké" grega setransformará em "filantropia" médica por influênciado Cristianismo e se fortalecerá no Renascimento,época em que o homem volta-se para si mesmo aprocurar o ideal de Protágoras: "O Homem comoo objetivo de todas as coisas"; o Iluminismo a trans-portará para a vida secular e ela será impregnadapelo tecnicismo, a partir do século XIX, persistindo,entretanto nos nossos dias o seu ideal, expressoem documentos como a Declaração de Genebraque diz: "Dou minha palavra que consagrarei minhavida ao serviço da Humanidade e praticarei aMedicina com dignidade e consciência".Os aspectos científicos, econômicos, sociais e éticosda Medicina atual vêm tendo sua complexidadeaumentada, de modo significativo, paralelamenteao crescimento e evolução da sociedade contem-porânea.No passado as transformações sociais e o progressocientífico aconteciam em ritmo lento e a estruturamédico-social acompanhava essa lentidão. Hoje,entretanto, essas transformações ocorrem em ritmoacelerado e as profundas alterações econômicas esociais, o avanço da investigação científica, o pro-gresso rápido e o extraordinário aumento, em nú-mero e eficiência, dos métodos diagnósticos, tera-pêuticos e profiláticos, levam a questionamentosde ordem econômica, social e ética, para os quais,tanto a Medicina como a Sociedade não estãopreparadas.Os complexos problemas envolvendo o aumentopopulacional, o controle da natalidade, o aborto,a distanásia, a eutanásia, a reprodução humanaassistida, a genética médica, a engenharia genéticae a utilização de células tronco, os problemas dasexualidade, a doação e o transplante de órgãos,o tratamento e a reabilitação dos deficientes físicose mentais e dos drogados, a profilaxia das doençasligadas à longevidade e o conseqüente crescimentoda população idosa com aumento do número develhos à margem da vida social econômica efamiliar, além de muitos outros temas polêmicosdiscutidos pela Bioética e pela Ética Médica, estãoaí desafiando médicos, psicólogos, sociólogos,economistas, teólogos e filósofos.A evolução da Medicina em meio século tem sidotão fecunda quanto revolucionária ameaçandotorná-la cada vez mais impessoal e desumanizada,na proporção em que vai sendo dominada pelaciência estatística, pela informática e pelacibernética – é quase uma Medicina sem médicos.À medida que a Medicina teve aumentado o volumedos seus conhecimentos e recursos e se transferiu
14Abril - Junho 2008
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das residências para os hospitais, a antiga imagempública do médico se modificou fazendo, rapida-mente, desaparecer a clássica figura do respeitadomédico conselheiro de família.Isolado nos laboratórios de pesquisa e nas salasde operação, preocupado e envolvido não só comquestões de ordem técnica e científica, mastambém, na prática médica diária, com o excessivonúmero de pacientes que é compelido a atender e,portanto, com pouco tempo para ouvir o que ospacientes têm a dizer, sem empenho e vontade parase exercitar na importante e difícil arte da prope-dêutica clínica por pensar que os exames subsi-diários a torna desnecessária, o médico tem afas-tado, gradativamente, sua atenção e interesse diretopelo ser humano doente que também é carente,ansioso e sofredor. Essa situação leva a umaparadoxal dicotomia: avanço técnico e científico deum lado e retrocesso humanístico de outro.O cientificismo e o tecnicismo, por sua vez, podemtornar os indivíduos presunçosos e arrogantes,fazendo-os supor que tudo sabem e tudo podem,levando-os a menosprezar os valores espirituais quefortalecem a empatia e a aproximação entre aspessoas e evitam a criação de barreiras à mútuacompreensão.Esse fenômeno, que não é apanágio do relaciona-mento médico, mas freqüente nas relaçõeshumanas em geral acaba por tornar difícil, para ohomem moderno, o diálogo com seus semelhantes.A presunção e a carência de espiritualidade e maiso egoísmo dos indivíduos isolados no seu círculode interesses pessoais, a promessa de um mundomaravilhoso ao alcance de uma minoria, poréminacessível para muitos, o desemprego crônico, aassustadora pobreza de grandes segmentospopulacionais fruto da injustiça social e daignorância, somados ao constante apelo aoconsumismo desenfreado, geram gravescontradições na sociedade e na mente dos homens,aflitos não só por não conseguirem realizar seusanseios materiais e espirituais, mas também, peladesesperança num futuro melhor.Entretanto não são somente os questionamentosmateriais, psicológicos e filosóficos dessa nossaconturbada sociedade que condicionam o com-
portamento do médico como ser humano. Outros,além dos já mencionados, diretamente relacio-nados ao exercício da Medicina, influenciam osmédicos engajados na dura labuta diária.Não é demais lembrar que o aprendizado médicoé longo, difícil, estafante e caro, que o ensino mé-dico pela proliferação de deficientes escolas mé-dicas é insuficiente, que do médico se exige dedi-cação contínua e reciclagem permanente para quepossa se manter atualizado, que sua remuneraçãoestá em desproporção com as exigências econô-micas da profissão, que é cerceado e exploradono seu mercado de trabalho pelos atravessadoresda atividade médica e que suas condições detrabalho freqüentemente são más, não por culpasua, mas pela incúria e falta de vontade políticados que deveriam zelar pela saúde da população.Por melhores que sejam suas intenções os médicossão vulneráveis às pressões sobre eles exercidas e,certamente, a eles não podemos imputar todo oônus do processo desumanizante que penaliza oexercício da Medicina, uma vez que, como osdoentes, são também vítimas de uma crise que nãoé só da nossa profissão, mas, parte de uma crisesocial maior causada pelo eterno domínio domercantilismo nas relações humanas, uma crise queé também moral gerada pela primazia do dinheirosobre os valores culturais e espirituais, da suprema-cia do "Ter" sobre o "Ser" que se reflete numa socie-dade enferma por "possuir" e carente por não "ser".Dominados, em sua grande maioria, de um lado,por uma medicina estatal quase sempre insuficientee inadimplente e, de outro, pelos chamadosconvênios médicos e seguros-saúde surgidos naesteira da equivocada e falida medicina estatal eque, freqüentemente, procuram se eximir dasresponsabilidades inerentes à assistência médicaque propõem, os médicos, na luta pela subsistênciadas suas famílias e do seu próprio sustento, têmque se desdobrar para tratar, a preço vil, umexcessivo número de doentes, tornando-se presafácil, tanto para os corruptores da sua consciênciacomo para os exploradores do seu trabalho.Por outro lado, os doentes – objetivo primeiro daMedicina – angustiados pelas provações que sofreme revoltados com as deficiências e más condiçõesde atendimento, como vem ocorrendo principal-mente em muitos hospitais públicos, voltam-secontra os médicos, como se fossem eles os respon-sáveis diretos pelos erros e falhas do sistema.
Qual a esperança no amanhã?Ainda que o panorama econômico, social e moraldo mundo de hoje seja sombrio face à violênciacrescente e à miséria e à alienação de grandessegmentos humanos, não podemos perder aesperança de um futuro melhor. Devemos reagir,com todas nossas forças, contra os que exploram
“O Humanismo buscalibertar o homem dasforças que impedem a
realização de suaspotencialidades e o torna
objeto e não sujeito doprocesso social”.
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nosso trabalho, denigrem nossa profissão, contraos maus profissionais que nos envergonham econtra os que exercem ilegalmente a medicina eprejudicam o doente, censurando-os e mesmodenunciando-os sempre que for necessário, numconstante esforço individual e, coletivamente,através das nossas entidades de classe e dospoderes constituídos responsáveis pelos órgãosfiscalizadores governamentais tão omissos nos diasatuais. Por outro lado, é preciso que nossasentidades de classe se empenhem vigorosamenteem fazer a população entender que defender odigno exercício da Medicina não é apenas defendero médico, mas, principalmente, defender os quenecessitam assistência médica!Cabe a nós médicos além de tratar nossospacientes, orienta-los na defesa dos seus direitose, sobre tudo, cuidar para que, nos embates danossa própria vida, não seja esquecido ou mesmodestruído o patrimônio humano e espiritual queherdamos dos nossos maiores.Com sensibilidade nos lembra Urdaneta Carruyo:"O homem é uma unidade de vida e espírito.Cultivar o espírito é o supremo ato da humanidade.Daí ser o Humanismo a expressão do melhor dohomem em cada momento de sua vida, o encontrocom sua origem, condição indispensável, hoje maisdo que nunca, para projetar luz sobre a magnaobscuridade que representa a alienação atual".No sábio dizer do médico e pensador mexicanoIgnacio Chavez "Os médicos são a mais amplaponte entre a ciência e o humanismo. A arte decurar se projeta inexoravelmente nas únicas formasconcretas da existência humana que são saúde evida, enfermidade e morte. Medicina é antes detudo arte, sob cujo conceito precedeu e sempreprecederá a ciência e tem humanismo quandoaspira ser algo mais do que tratar enfermidades,dando ao homem completo sentido à sua dignidadee liberdade".Já ultrapassamos os umbrais da Medicina do futuroque, segundo a Organização Mundial da Saúdeestará dedicada à promoção da saúde, à prevençãodas enfermidades, à reabilitação do paciente inváli-do e à prolongação da vida e, nessa missão gran-diosa não podemos esquecer que o valor máximoda nossa profissão ainda é o amor ao ser humano.Na antiguidade, o grande Paracelso, conhecidopelo seu desvelo para com os doentes mentais, jádizia que "O mais profundo fundamento daMedicina é o amor".Amor, não no sentido prosaico que abusiva-mente é usado, mas o amor sereno que deveser definido como respeito ao doente e ser traduzido materialmente em serviço ao nossosemelhante.A Medicina é a mais bela das profissões porque sepreocupa diretamente com o ser humano e dá a
quem a exerce a oportunidade única de ganharseu sustento e de praticar o bem servindo aopróximo.Para nós não há registro de patente a ser obedecidonem segredos técnicos a serem ocultados. O médiconada esconde do seu saber e ensina como fazeraquilo que sabe. Neste desprendimento que ahistória e a tradição médica revelam está agrandeza da nossa profissão.A dialética propõe, no confronto dos opostos, atese: o caloroso médico humanista e a antítese: ofrio médico tecnicista. Que no embate doscontrastes a síntese seja somente a soma dos fatorespositivos, o casamento perfeito do conhecimentotécnico e científico com a valorização do serhumano.A história da Medicina, em todas as épocas, temmostrado que isso não é impossível e está cheia deexemplos edificantes de grandes médicos, de vastacultura e exaustiva dedicação à ciência que, apesardos difíceis obstáculos que tiveram que vencer, nãoperderam o sentido grandioso da sua profissão.É o exemplo que nos dá Musa Ibn Maimun – MoisésMaimonides – grande médico e filósofo judeucordovês, que viveu no século XII, na sua prece,cujo espírito, em essência, se aplica aos nossos dias,como se hoje tivesse sido escrita e que diz:"Ó Deus enriquece minha alma de amor pela minhaarte e para com todas as criaturas. Não permitaque a sede de riqueza e a ambição da glória meinfluenciem no exercício da minha arte, porque osinimigos da verdade e do amor aos homenspoderiam finalmente me iludir, afastando-me donobre dever de praticar o bem a teus filhos.Fortalece meu coração para que esteja sempre aptoa servir tanto ao pobre como ao rico, ao amigocomo ao inimigo, ao bom como ao mau. Queminha inteli-gência se ilumine junto ao leito dodoente e não seja eu desviado dos meus deverespor quaisquer pensamentos menos dignos a fimde que tenha presente o que a experiência e aciência me ensinaram. Grande e sublime é apesquisa científica porque visa conservar a saúdee a vida das criaturas. Conceda-me Deus,indulgência e paciência para com os meusenfermos. Faz que seja eu moderado em tudo,porém incansável no meu amor à ciência. Afastade mim, ó meu Deus, o pensamento de que tudoposso. Dá-me força, virtude e inteligênciapara aumentar cada vez mais o meu saber. Quepossa descobrir mais no meu conhecimentodas coisas o que não supunha ontem, porque se aarte é grande, maior é a inteligência humana noavançar constante".Eis meus amigos a saga da nossa profissão e estaé a mensagem que vos deixo como seu colega maisvelho, para que meditem e se fortaleçam para adura jornada das suas vidas.
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Campolongo, G.D. - Estudo eletromiográficodo músculo masseter em indivíduos subme-tidos à expansão rápida de maxila cirurgi-camente assistida. [dissertação]. São Paulo:Faculdade de Medicina da Universidade deSão Paulo; 2007. (82p.)Nos dias atuais, uma significante parte dapopulação nacional pode apresentar alterações darelação maxilo-mandibular, chamada de máoclusão. A principal alteração do crescimento facialencontrado nos adultos é a deficiência transversalda maxila. A correção desta deficiência é realizadapor um procedimento cirúrgico denominado deexpansão rápida da maxila cirurgicamente assistida.Estas cirurgias causam uma mudança na atividademuscular, principalmente naqueles músculosresponsáveis pelo fechamento mandibular, no qualse destaca o músculo masseter. Estas alteraçõesmusculares duram em média 30 dias, quando
clinicamente note-se a dimi-nuição da força ou potencialmuscular de fechamentomandibular. Verificam-se osefeitos da expansão rápidade maxila sobre os músculosmasséteres dos pacientes,avaliando resultados obtidospor eletromiografia de su-perfície. Realizaram quatroavaliações, no 7° dia pré-operatório e no 7°, 30° e 60° dia pós-operatório,em 20 pacientes, durante a contração máximavoluntária isométrica sobre um rolete de algodão.Comprovou-se que a atividade do músculo apre-sentou diminuição no 7° dia pós-operatório para13,7% da sua atividade inicial. Nos 30º e 60º diasapós a cirurgia, observou-se a recuperação até 26,7%e 94,9% de sua atividade inicial, respectivamente.
Cristante, A.F. - Emprego das célulasprogenitoras no tratamento da lesãomedular crônica em humanos: análise dopotencial evocado somatosensitivo em 39pacientes [tese]. São Paulo: Faculdade deMedicina, Universidade de São Paulo; 2007.(120p.)O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeitoda infusão de células progenitoras indiferenciadasautógenas no tratamento de pacientes com lesãomedular crônica. Foram selecionados trinta e novepacientes com diagnóstico de lesão medular com-pleta cervical e torácica há pelo menos dois anos.Os pacientes foram submetidos à mobilização ecoleta das células progenitoras em sangueperiférico. O concentrado de células progenitorasfoi criopreservado e reinfundido por arteriografiano paciente doador caracterizando o momento zero
do experimento. Estes pa-cientes foram então ava-liados por dois anos e meio,sendo submetidos a exa-mes de potencial evocadosomato-sensitivo para avaliara recuperação neurológicaapós a infusão de célulasindiferenciadas. Vinte e seispacientes (66,7%) apresen-taram positivação e/oumelhora do tempo de latência do exame de po-tencial evocado, ou seja, apresentaram respostacortical aos estímulos periféricos. Assim, após doisanos e meio de seguimento, o protocolo descritomostrou-se seguro e levou a positivação do examede potencial evocado somato-sensitivo em pacientescom lesão medular completa.
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CIOT2009CIOT2009Congresso do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
De 16 à 18/04/2009Local: Centro de Convenções RebouçasOrganização: Soma Eventos • Tel.: (11) 3062-1722
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Simpósio Insterinstitucional de Oncologia OrtopédicaProf. Olavo Pires de CamargoDr. André Mathias BaptistaLocal: Teatro da FMUSPCurso de Avanços e Controvérsias Cirurgia de ColunaDr. Alexandre Fogaça CristanteProf. Tarcisio E. P. Barros FilhoLocal: Centro de Convenções RebouçasV Curso Teórico - Prático de Fisioterapia Aplicada àOrtopedia e TraumatologiaFt. Claudia Helena de A. CernigoyExercícios Resistidos - Prevenção e Reabilitação Mód. IProfa Júlia Maria D'Andrea GreveEd. Físico Emmanuel Gomes CiolacEncontro Avançado em Cirurgia da Mão e Micro-cirurgia ReconstrutivaProf. Rames Mattar JúniorProf. Arnaldo Valdir ZumiottiLocal: Centro de Convenções RebouçasCurso de Ombro e CotoveloDr. Arnaldo Amado Ferreira NetoExercícios Resistidos - Prevenção e Reabilitação Mód. IIProfa Júlia Maria D'Andrea GreveEd. Físico Emmanuel Gomes CiolacSimpósio de Imagenologia Músculo-Esqueléticapara FisioterapeutasFt. Ana Paula MonteiroFt. Claudia Helena CernigoyFt. Raquel Xavier Rocha
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Prof. Tarcisio E. P. Barros FilhoDr. Reginaldo Perilo Oliveira
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07/08 e 08/0814/08 e 15/0821/08 e 22/08
5ªs e 6ªs feiras - 8 às 12h3 créditos
04/09/08 a 19/09/0804/09 e 05/0911/09 e 12/0918/09 e 19/09
5ªs e 6ªs feiras - 8 às 12h3 créditos
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5ªs e 6ªs feiras - 8 às 12h
Coordenador: Prof. Olavo Pires de Camargo
Disciplinas que serão ministradasno curso de Pós-Graduação de
Ortopedia e Traumatologia
Disciplinas que serão ministradasno curso de Pós-Graduação de
Ortopedia e Traumatologia
2º SEMESTRE DE 20082º SEMESTRE DE 2008
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RRRRReuniões Clínicas, Atualização e Reuniões Clínicas, Atualização e Reuniões Clínicas, Atualização e Reuniões Clínicas, Atualização e Reuniões Clínicas, Atualização e Revisão de Tevisão de Tevisão de Tevisão de Tevisão de TemasemasemasemasemasSextas-feiras, das 10h às 11h, no anfiteatro
"Prof. Flávio Pires de Camargo"
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Outubro Novembro Dezembro
04. Ombro/Cotovelo11. Coluna Cervical18. Cirurgia da Mão25. Oncologia Ortopédica
01. Med. Física e Reabilitação08. Microcirugia15. Traumatologia22. Coluna Lombar29. Geriatria/Osteoporose/
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05. Amputados / Prótese12. Deformidades Vertebrais19. Quadril26. Neuro-Ortopedia
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Investigação Médica
07. Trauma Raquimedular14. Congresso Brasileiro21. Pós-feriado28. Pé Adulto
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Com. Cientifica, não haveráreunião nesta data.
26. Pós-feriado
PROGRAMAÇÃO - 2008
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