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Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil Filiado a The General Grand Chapter of Royal Arch Masons, International Mergulhando nos Graus Capitulares Nº 10. maio/2013 Sumo Sacerdote - Rei - Escriba Comp. José Alfredo Duarte Filho, MRA

Sumo rei-escriba - nº10 -2013

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Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil Filiado a The General Grand Chapter ofRoyal Arch Masons, International

Mergulhando nos Graus Capitulares Nº 10. maio/2013

Sumo Sacerdote - Rei - Escriba

Comp. José Alfredo Duarte Filho, MRA

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SUMO SACERDOTE - REI – ESCRlBA

“Como saiu das entranhas de sua mãe, assim desnudo voltará a ir tal

como veio” (Eclesiastes 5,15).

No ritual da maçonaria operativa – dos graus

simbólicos - denominamos as Luzes como: Venerável Mestre, Primeiro Vigilante e Segundo Vigilante,representação da Divina Trindade e a dispomos em Loja na forma de um triângulo, além de outros sinais trinários utilizados pelos membros da base da pirâmide maçônica.

Nos graus filosóficos do Real Arco a nominação da

direção dos trabalhos passa a ser: Sumo Sacerdote, Rei e Escriba, referindo-se respectivamente ao Mui Venerável Mestre, ao Primeiro e Segundo Vigilantes, cujos cargos e encargos são semelhantes aqueles dos graus simbólicos, na aparência visual e administrativa. Contudo, mais profundos são os significados místicos que o ritual do Real Arco quer transmitir aos seus membros.

Fomos buscar subsídios no Livro da Lei para melhor

abordar a questão, dedicando muita atenção nainterpretação dos relatos bíblicos, porque o Livro da Sabedoria pode se transformar num livro de contos simplórios quando lido de forma literal, ao pé da letra. Ao contrário, o Livro da Lei, quando estudado na profundidade requerida por sua importância mística, veremos que seus ensinamentos convergem para além das ciências, sem contradizê-las ou com elas conflitar.

Se interpretarmos os ensinamentos que os rituais têm

a nos transmitir veremos que a alegoria nos transporta para o início dos tempos, ou seja, aquele da criação do universo como um todo, quando só existia o Ser Supremo

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na forma sutil. Como diz o Livro Sagrado: “Deus criou o mundo”, “O Verbo se fez carne”. Reconhecemos neste relato a nossa origem porque

dizemos que somos de uma Loja de São João, justa e perfeita, razão pela qual, em alguns ritos lemos o início de seu Livro, no seguinte trecho: “No começo o Verbo já existia. O Verbo estava voltado para Deus, e o Verbo era Deus. No começo ele estava voltado para Deus. Tudo foi feito por meio dele e, de tudo que existe, nada foi feito sem ele. Nele estava à vida, e a vida era a luz dos homens. Essa luz brilha na treva, e as trevas não conseguiram apagá-la”.

O que quer dizer que o espírito perfeitíssimo criou a matéria, surgindo assim a dualidade da existência, cuja visualização simbólica podemos sentir no piso mosaico.

Deus criou a matéria, que, por conseguinte veio criar

o animal homem. Mas não parou aí. Para diferenciá-lo dos demais seres animados ou inanimados deu-lhe, além da mobilidade, a inteligência.

Por isso o animal homem se destacou dos outros

animais, principalmente porque Deus tinha para ele planos maiores. Ele viria a ser o veículo de uma pequena faísca de sua chama divina, quando em missão aqui neste mundo terreno, e quando isto passou a ocorrer, este animal passou a ser o que alguns estudiosos chamam de “hominal”, o que quer dizer um animal diferente, dotado de inteligência, faculdade ausente em todos os outros. Então, temos aqui o triângulo. Deus, homem e inteligência, ou seja: a vida em diversas formas ou na forma mais completa.

As ciências têm convergido para uma concordância

com as descobertas místicas, ao ponto da ciência quântica

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confirmar afirmações tidas a muito tempo como verdades no mundo espiritual, a exemplo da impossibilidade da mensuração em separado dos elementos energia e matéria, componentes da menor partícula subatômica.

Na questão da evolução do homem já está claro que

os relatos bíblicos não se referem à época aproximada de 4 mil anos A.C., visto que há informações de que a derrocada de Atlântida teria acontecido há 15 mil anos e a da Lemúria há 40 mil anos atrás. A ciência já descobriu a existência de humanos há milhões de anos passados, como é o caso do fóssil chamado “Lucy”, encontrado na África e que, segundo testes, constatou tratar-se de material com idade de 3,5 milhões de anos. Ainda não se sabe a partir de quando o homem passou a ser espiritualizado, uma vez que a ciência física trabalha com a matéria, no espaço e no tempo, e o espiritual existe com ausência destes condicionamentos. Em síntese, não há elemento temporal para força sutil.

Voltando a simbologia do triângulo na direção dos

trabalhos ritualísticos podemos ver que o Mui Venerável Mestre representa a chama interlocutora com a energia divina, o Primeiro Vigilante representa a matéria gestada pelo Supremo Criador, e o Segundo Vigilante representa a beleza da intelectualidade generosamente doada a esta criatura de matéria. Por isso a subordinação implícita e explícita na relação destas figuras.

No Real Arco, esta figuração leva a denominação de

Sumo Sacerdote, Rei e Escriba, referindo-se à prática ocorrida nos primórdios da nossa civilização. No inicio do povoamento inteligente do nosso Planeta Terra. Mas por que estas denominações? - Diz a Escritura Sagrada, no Livro dos Gênesis: "Deus modelou o homem com a argila

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do solo, soprou-lhe nas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um vivente”. Deus que já tinha criado a matéria, agora dava forma a uma criatura para dominar o Planeta Terra, soprando-lhe no cérebro - através das narinas - o dom da inteligência. Cabe aqui ressaltar a vinculação do termo “soprou-lhe nas narinas um sopro de vida” com a prática utilizada pelos místicos, praticantes de Yoga e muito utilizada pelos orientais nos momentos que antecedem a meditação, de somente utilizar as vias nasais nos movimentos de inalação e exalação do ar, deixando de ser a respiração ou gesto automático para ser um gesto consciente e o mais próximo possível do cérebro.

Foi então criado o primeiro homem, aquele chamado

Adão, com matéria e espírito/alma, e com uma ferramenta para o trabalho de sua existência denominada inteligência. Isto é a representação da criação como se tivesse acontecido a incorporação Divina a partir de um e, dali por diante, somente através de sua descendência.

Algumas outras passagens fazem uma divisão clara

entre o homem animal que posteriormente se tornou homem espiritual, especialmente no Livro de São João, quando diz: “Quem nasce da carne é carne, quem nasce do espírito é espírito”. A interpretação é que há dois componentes de um mesmo Ser, ou seja, um corpo material e um corpo espiritual, respectivamente. “Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu”. O que quer dizer que após a morte do corpo físico este fica na terra como matéria e somente a alma/espírito sobe aos céus. “Aquele que vem do alto, está acima de todos. Quem é da terra, pertence a terra e fala como terrestre”.

Em outro trecho do Livro dos Gênesis nas Escrituras a

narração se dá da seguinte forma: “Quando os homens se multiplicaram sobre a terra e geraram filhas, os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram belas, e

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escolheram como esposas todas aquelas que lheagradaram”. Ou seja, depois que o animal homem povoou a terra, Deus doou-lhes a espiritualidade através da chama divina. Naquele momento o homem tornou-se semelhante a Deus, não em imagem, mas em espírito, o que é confirmado no Livro de São João, quando diz: “O Verbo...Ele, porém, deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que a receberam, isto é, àqueles que acreditam no seu nome.

Estes não nasceram do sangue, nem do impulso da

carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus”. Ao que concluímos que se não nasceram da carne então nasceram do espírito. Do espírito de Deus.

Aquele que nasce do espírito de Deus é um ser

espiritualizado e, portanto um ser superior. O sacerdote, e entre os Sacerdotes um deles é o Sumo

Sacerdote. O que segundo os dicionários de nosso idioma significa: “Sacerdócio corresponde a cargo, dignidade, função de sacerdote. Missão que se toma muito a sério, como uma coisa sagrada”. Por conseqüência, sacerdote é aquele, entre os antigos, que era incumbido dos assuntos ligados a Deus e que tinha como missão a representação divina entre os homens. O Sacerdote é o encarregado dos assuntos superiores junto aos homens.

O Rei e suas funções no Real Arco também tem sua

característica vinculada à passagem bíblica do Livro do Gênesis, quando diz que da descendência marital entre os filhos de Deus e as filhas dos homens foram gerados gigantes que passaram a governar a Terra de forma que não agradou a Deus porque usavam a força e a inteligência para dominar o povo e se sustentar no poder.

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“Nesse tempo - isto é, quando os filhos de Deus se uniram com as filhas dos homens e geraram filhos - os gigantes habitavam a terra. Esses foram os heróis famosos dos tempos antigos”.

Os filhos de Deus com as filhas dos homens geram heróis famosos que se apresentavam como gigantes seja por seus conhecimentos divinos repassados pelos filhos de Deus, quanto por sua robustez física fruto da saúde da força animal e pelo conhecimento da alimentação adequada adquirida pela sabedoria dos pais. Fortes, robustos e com sabedoria, tornaram-se os heróis do povo.

O desejo pelo poder lhes fizeram reis, cuja

sustentação posterior passou a ocorrer menos pela sabedoria e mais pela força física ou material. Ser Rei é comandar, é exercer o poder junto aos homens. Por isso o Rei organiza a sociedade, dá proteção e exige disciplina e fidelidade.

E o Escriba ? Ao longo dos tempos e em todas as

culturas e sociedades organizadas da história da civilização, os representantes dos Deuses - os religiosos - sempre estiveram em parceria com os representantes dos homens - os governos - ou vice-versa. Mas isto não bastava e o conjunto não estava completo. Se um tratava dos assuntos divinos e o outro da organização administrativa, fazia-se necessário alguém para registrar estes acordos. Era necessário alguém para a tarefa de Escriba, mas tinha que ser vinculado a eles, da mesma descendência, resultante da união dos filhos de Deus com as filhas dos homens. Deveria ser alguém que tivesse sabedoria herdada do pai e inteligência herdada da mãe, mas que não fosse gigante ou do estilo heróico, do contrário seria Rei. Então, foi escolhido alguém de descendência divina e humana que possuísse desenvolvimento na arte da comunicação e que a

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transformasse em registro, de forma a facilitar a transmissão do conhecimento, e tornasse permanentes as descobertas que doravante pudessem ser feitas.

A trindade estava completa. O triângulo estava

formado. A Loja estava composta pelas Luzes para dirigir os trabalhos da vida da humanidade no Planeta Terra.

Esta estrutura permanece até hoje, com modificações

na hierarquia entre as pontas deste triângulo. No início, conforme seqüência deste trabalho, a força do espiritual se sobrepunha aos outros dois, até mesmo porque dele descendiam, a partir dos relatos das Sagradas Escrituras. Mas esta situação viria a se modificar, fruto da arrogância e da vaidade do homem que passou a se considerar auto-suficiente, chegando ao máximo da pretensão de considerar-se o próprio Deus, indiferente ao verdadeiro poder e a verdadeira sabedoria divina.

A estrutura hierárquica que no começo tinha o

espiritual no comando (Sumo Sacerdote) passou a dividi-lo com o material homem, até que este o superasse, tomando-lhe o poder (Rei), cuja estrutura básica permanece até hoje nas figuras do Poder Executivo (Rei), Poder Legislativo (Escriba) e a Igreja (Sumo Sacerdote).

Em tempos passados, o Rei acumulava os poderes de

administrador, julgador e legislador. O homem exagerou e quis ficar no topo do triângulo como autoridade máxima, Foi quando veio o castigo e hoje somos filhos de Deus, mas com muitos véus sobre as grandes sabedorias da vida, da natureza e do universo, razão pela qual estamos nesta caminhada.

Assim, o ritual do Real Arco faz a representação do

início dos tempos, quando os seres realmenterepresentavam a vontade do criador e cumpriam fielmente

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a trajetória de um projeto elaborado pelo Criador e Grande Arquiteto do Universo.

Na interpretação representativa de tudo isto é que

podemos concluir que: 1- O Sumo Sacerdote é, portanto, o elo de ligação

entre os homens, a Loja, e a Sabedoria Divina ou Força Superior e autoridade máxima, se buscarmos copiar o bom começo;

2- 0 Rei é, portanto, o encarregado dos trabalhos objetivos de organização e disciplina, mais vinculados às necessidades materiais humanas, usando mais ainteligência do que a força;

3- O Escriba é, portanto, aquele que tem a função de registrar as ocorrências que dizem respeito aos trabalhos e aos ensinamentos da organização humana quanto aos aspectos espirituais e materiais.

É amplo e profundo qualquer estudo em busca da

verdade, especialmente quando se trata do conhecimento humano e suas relações com os demais seres criados pelo Grande Arquiteto do Universo, o que não poderia ser diferente nesta linha particular de pesquisa. Creio que muito mais poderia ser dito sobre este assunto, contudo, não é o propósito nem a pretensão aqui, de esgotar o tema, que certamente requer ainda grandes reflexões, razão pela qual tomamos a liberdade de agregar esta contribuição aos trabalhos.

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Bibliografia - Ritual do Real Arco – Capítulo Thomas Smith Webb, Nº 2 - Livros das escrituras sagradas – Sociedade Bíblica Católica Internacional e Edições paulinas, São Paulo, 1990. - Bíblia Online – Sociedade Bíblica do Brasil, São Paulo, 2001. - Livro Invisível da Meditação – Autor: GADU – Ed. Universo Infinito – Data Eternidade.

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A Experiência

que completa

a educação do

Mestre Maçom

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Rito de York - Mergulhando nos Graus Capitulares - Jorge R. L. Simões, PGSS, KT

Fontes:

www.artedaleitura.comwww.realarco.org.br

Trabalho Sobre o Ritual - Sumo Sacerdote - Rei - EscribaDo Companheiro José Alfredo Duarte Filho - MRA. 12/julho/2001Capítulo Thomas Smith Webb, Nº 2 de Maçons do Real Arco